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Unidade 4 Filosofia A NECESSIDADE DA ÉTICA As pessoas não são isoladas, vivem em interações com outras pessoas, com omeio, com as atividades do trabalho, com as atividades do pensar. Ética faz-se necessária nessa relação, nessa inter-relação, nessa interdependência. Assista ao vídeo e reflita: por que ética não combina com a solidão? o que a ética tem a ver com as nossas inter- relações? COMPREENDENDO ÉTICA A palavra ética é muito utilizada em situações diferentes. Pode ser a ética que é observada e exigida num ambiente de trabalho , pode ser uma ética que é vinculada com a atuação de uma função ou profissão , pode ser uma ética na sociedade , na política , na ciência . Isso significa que ética está presente e longe de ser um "manual" pronto, traz a implicação de pensar sobre como agimos e nos relacionamos . A palavra ética tem origem grega. Havia duas palavras quase parecidas com uma letra diferente. Havia a distinção entre éthos - “ήθος” (escrito com éta, vogal longa) e êthos - “έθος” (escrito com epsilon, vogal breve). “ήθος” possuía o sentido que se referia ao local onde se habita, indicava o lugar de onde nasce o ato, centro a partir de onde o agir emana, levando a respeitar ou a transgredir a tradição, os usos, os costumes, em suma, os valores e atitudes consagrados por uma dada coletividade, transmitidos de geração a geração (“έθος”). Já “έθος” define um conjunto de valores e atitudes, culturalmente circunscritos, ordenados a um fim (“ήθος”). Esse termo foi traduzido para o latim como “mos” e seus derivados (moral, moralidade,

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A NECESSIDADE DA ÉTICA

As pessoas não são isoladas, vivem em interações com outras pessoas, com omeio, com as atividades do trabalho, com as atividades do pensar.

Ética faz-se necessária nessa relação, nessa inter-relação, nessa interdependência. Assista ao vídeo e reflita: por que ética não combina com a solidão? o que a ética tem a ver com as nossas inter-relações?

COMPREENDENDO ÉTICA

A palavra ética é muito utilizada em situações diferentes. Pode ser a ética que é

observada e exigida num ambiente de trabalho, pode ser uma ética que é

vinculada com a atuação de uma função ou profissão, pode ser uma ética na

sociedade, na política, na ciência. Isso significa que ética está presente e longe

de ser um "manual" pronto, traz a implicação de pensar sobre como agimos e

nos relacionamos. 

A palavra ética tem origem grega. Havia duas palavras quase parecidas com uma letra diferente. Havia a distinção entre éthos - “ήθος” (escrito com éta, vogal longa) e êthos - “έθος” (escrito com epsilon, vogal breve).

“ήθος” possuía o sentido que se referia ao local onde se habita, indicava o lugar de onde nasce o ato, centro a partir de onde o agir emana, levando a respeitar ou a transgredir a tradição, os usos, os costumes, em suma, os valores e atitudes consagrados por uma dada coletividade, transmitidos de geração a geração (“έθος”).

Já “έθος” define um conjunto de valores e atitudes, culturalmente circunscritos, ordenados a um fim (“ήθος”). Esse termo foi traduzido para o latim como “mos” e seus derivados (moral, moralidade, moralismo). Significa que esse sentido foi traduzido para o mundo latino como moral.

Se no grego havia um campo semântico que definia uma distinção entre “ήθος” e “έθος” “êthos”. No latim, as palavras  confundem-se e o termo “mos” acolheu, pela indistinção, os dois sentidos.

Então, ética e moral estão próximos, porém são diferentes!

Vamos olhar para essa diferença?

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ÉTICA x MORAL

Ética refere-se à reflexão sobre normas, costumes, valores, ações. A ênfase para a compreensão ética é a reflexão. Pensar sobre o porquê agimos de uma forma, para que agimos. 

Ética é um segundo nível de reflexão sobre os códigos, juízos, ações morais. Nela a pergunta relevante é "POR QUE DEVO?". Em outras palavras, a ética tem de dar razão mediante a reflexão teórica, filosófica (conceitual e com pretensões de validade universal) da moral, isto é, tem de acolher o mundo moral em sua especificidade e dar reflexivamente razão dele.

A moral é o conjunto de códigos ou juízos que pretendem regular as ações

concretas das pessoas referidas, seja no que tange ao comportamento

individual, social ou no que diz respeito ao relacionamento com natureza.

Oferecendo normas com conteúdo, ela trata de responder à questão "QUE DEVO

FAZER?".

Então, a ética é a que questiona a moral. Por isso, ética não é algo fixo, mas pensa, questiona o que está acontecendo, questiona como a sociedade está organizada, como os seres humanos relacionam-se.

Ética pergunta pelo porquê algo é feito. E possui a implicação da busca de se "viver melhor"; averigua se há possibilidades diferentes de se viver.

Moral são os valores, condutas e juízos já vividos. Geralmente, apenas são feitos, realizados. Todos num grupo fazem, comportam-se, relacionam-se de formas já existentes.

Moral está próxima da cultura, refere-se aos ritos, costumes vividos. A

moral estabelece o que se pode ou não pode fazer dentro de um grupo. 

Por exemplo, Leila Diniz, famosa atriz dos anos 1960, escandalizou a sociedade brasileira por tirar uma foto em público com sua barriga de grávida. Para a moral da época foi um escândalo, mas para a reflexão ética foi uma revolução, pois a gravidez foi fotografada publicamente como ação de liberdade.

Se hoje a barriga de grávida não é mais um sinal de escândalo, significa que a ética pode modificar a moral, e a moral é a matéria-prima de reflexão para a ética.

Se a moral estabelece o jeito de se conviver, a ética questiona se esse jeito

possibilita liberdades, justiça, igualdade.A ética preocupa-se se de fato o jeito

como vivemos possibilita o bem viver de todos.

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Moralismo

A moral não é necessariamente algo negativo. Ao contrário, grupos estabelecem o seu modo de viver e conviver. São valores herdados e construídos. Entretanto, moralismo sim pode indicar algo legalista. Moralismo é a absolutização de determinados valores, os quais são colocados a todos. Não há abertura ao questionamento.

O moralismo é a busca apenas pelo cumprimento da lei e não pergunta pela origem, motivos e razões dessa lei ou norma.

Define-se como moralismo, de forma crítica, toda tentativa filosófica que se consagra exclusivamente à moral como um princípio fundamental e absoluto do agir, excluindo de antemão todos os outros aspectos como moralmente irrelevantes.

Trata-se de um pensamento moralmente rigoroso que reduz juízos morais ou a moralidade (hábitos, costumes, tradições, etc.) a princípios de legalidade formal-abstrata, transformando a diversidade da vida moral num apanhado de leis, mandamentos e proibições. Esta posição é também conhecida como legalismo.

 

O moralismo converte-se num diagnóstico aplicado amplamente ao saldo

civilizatório das modernas sociedades industriais e pós-industriais. Diante

da perda do sujeito no atual momento civilizatório, o moralismo como diagnóstico

aparece como um meio de governos, empresas, igrejas, etc. apelarem ao

coletivo não organizado. Logo, há o controle moralista que não permite

questionar e refletir. 

ASPECTOS TEÓRICOS DA ÉTICA

A compreensão de ética é diferente dependendo do tempo e do lugar, porém mantém uma preocupação com ideais, com valores universais, isto é, que deveriam nortear a vida de todos.  A ética surge do fato que o ser humano, diferente dos animais, não nasce pronto. Seus instintos não são suficientes para a vivência. Assim, como o ser humano é um ser relacional, a ética questiona os porquês dessas relações, aqualidade dessas relações.

Vamos verificar, de forma mais próxima, alguns aspectos da história da filosofia sobre ética?

Ética, assim, como reflexão sobre nossas ações é fundamental em todas

as nossas relações!

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Ética é algo que parece tão simples e tão necessário, porém tem se

tornado apenas algo utilizado nas profissões. Todavia, isso é apenas um

código de conduta que pode ser modificado por reflexões éticas.

Na Antiguidade, as discussões de Socrátes com os pré-socráticos ainda possui

densidade argumentativa. Os sofistas, filósofos ligados à vida prática,

afirmavam que não haveria uma única ética, pois os valores seriam apenas

subjetivos e relativos.Conforme a situação, a ação poderia mudar e cada um

agiria como convém. 

Sócrates, ao contrário, considerava que era a razão - comum a todo o ser

humano - que possibilitaria uma ética adequada. Isto é, se o ser humano

pensar, ele agirá corretamente. Logo, em Sócrates há uma ética racionalista.

Platão dizia que era necessário não se deixar guiar por desejos, sentidos. Também pela razão seria possível chegar à Ideia de Bem. Contudo, não há como o ser humano ser ético sozinho, apenas sendo "bom" cidadão é possível ser um "bom" ser humano.

Há outras escolas filosóficas que discutiam a ética como uma paz interior, autocontrole individual, aceitação da realidade, fuga da dor. São éticas mais individualistas, mas possuem a implicação de uma compreensão de autoconhecimento.

Sem o dualismo (matéria x Ideia) de Platão,Aristóteles preocupou-se com uma

ética mais concreta e questionava sobre a finalidade última do ser

humano. Para Aristóteles, era necessário evitar vícios, excessos e carências

praticando a virtude,agindo através do hábito se dá o agir correto. Nem

demais, nem de menos, o ser humano como racional é singular. A ética seria o

meio-termo, o equilíbrio. Por exemplo, nem covardia, nem excesso de temor, a

coragem seria ética, o meio-termo.

Na Idade Média, a filosofia cristã acentuou o lado subjetivo e também apropriou-se de conceitos que foram atribuídos a uma divindade, Deus. Por exemplo, se para Aristóteles a felicidade era a finalidade última das pessoas, para Tomás de Aquino essa felicidade era Deus.

As preocupações com liberdade, o livre-arbítrio, diferente da Antiguidade, foram então ganhando um caráter mais subjetivo, individual e metafísico com o pensamento cristão.

Já no período Moderno há uma virada antropológica, isto é, a ênfase recai sobre o humano novamente. O filósofo Nietzschecriticou toda a metafísica, os costumes por convenção. Criticou o cristianismo por ser algo apenas de aparência e até paracontrolar e tutelar o comportamento humano. 

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Já Kant, dedicou-se ao estudo da moral e da ética. Para Kant, a autonomia é importante e ele elabora a noção de deverque se confunde com liberdade. Em Kant, há uma ética formalista. 

Para Kant, a razão é reguladora das ações humanas e é dela que surgem normas universais. Ele compreende que as normas teriam origem na razão. Assim, é uma ética do dever.

"Age apenas segundo uma máxima (um princípio) tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal" (KANT, 1988, p. 59)

Kant elabora o imperativo categórico, que é uma determinação imperativa que

norteará as decisões e ações morais. Claro, Kant não se refere ao conteúdo da

ética e da moral, mas se preocupa em como ela funciona.

Jürgen Habermas, um filósofo contemporâneo, enfatiza a linguagem, o

consenso como paradigma de ação.Habermas elabora a teoria do agir

comunicativo. Ele busca uma ética democrática, não autoritária construída

comdiálogo.

ÉTICA? CONFLITOS E VIOLÊNCIAS

ÉTICA

DECISÕES

RESPONSABILIDADE

CONVIVÊNCIA

Ética teorizada até parece vazia de sentido. Todavia, quando nos deparamos com situações que exigem decisão, que implicam conflito, a ética aparece ou desaparece.

No trânsito, por exemplo, foram elaboradas normas que possibilitam o trânsito seguro de todas as pessoas. A ética perpassa essa situação, pois questiona e defende as normas como a possibilidade do trânsito. Contudo, os altos índices de morte no Brasil indicam o quanto as pessoas não refletem que o que sustenta a lei é um princípio de vida, de segurança.

Ou na área do conhecimento, da saúde, surge a bioética, a qual implica na pergunta pelos limites da manipulação da ciência sobre a vida. 

A eutanásia, a biopirataria, a utilização de animais em experimentos de alimentos

e produtos. Há limite? Ou tudo é permitido?Onde fica a autonomia e o respeito à vidamesmo quando o argumento é para o progresso e conforto humanos?

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E como ficam as relações humanas quando nos deparamos com os números de trabalho escravo ainda nos dias de hoje? Grandes marcas e grifes mantêm pessoas em condições imundas.

A ética questiona a justificativa de um ser humano escravizar outro. Qual o limite das relações de trabalho? Como romper com processos de tráfico de pessoas?

Ou ainda, nas relações entre homens e mulheres, por que a violência tem sido tão presente? O Ministério de Política especial entre as mulheres aponta que cerca de 12 mulheres morrem por dia no Brasil, vítimas de seus companheiros, maridos, namorados. 

Como romper com esse tipo de violência? A ética pergunta como podemos nos relacionar de forma igualitária e justa. Todavia, por que nem todas as pessoas agem dessa forma?

Enfim, ética é a reflexão sobre nossas ações. Há uma exigência de responsabilidade e, ao mesmo tempo, trata-se de um exercício de autonomia. Em cada momento, é possível refletir sobre o que se está fazendo e não apenas fazer como algo automático. Ética tem aimplicação de convivência, não há ética que fique apenas dentro de casa, ela perpassa todas as relações que estabelecemos e estabelece limites para a violência, a

indiferença. Ética tem tudo a ver com educação.Primeiramente, num sentido de queeducadores e educadoras precisam ser éticos em suas ações. Afinal, conflitos estarão presentes.

Num segundo sentido, ética precisa ser promovida como um componente em todo o processo de ensino-aprendizagem. Não é algo de um conteúdo, mas de todos. Queremos pessoas éticas que reconheçam as diferenças humanas, que não apelem para a violência para resolverem seus conflitos.

 

Vamos dialogar??!!

1) Você se considera uma pessoa ética? Por quê?

2) Qual a diferença entre ética e moral? E como a ética contribui para a construção de uma sociedade diferente da que estamos vivendo? Isso é possível?

 

Sim, porque toda a minha conduta moral está submetida aos meus princípios éticos.

Pois fui educada pelo tempo antigo, onde a criança pedia a benção ao seus pais, avós e

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tios, devíamos respeitar sempre as pessoas mais velhas e acatar sempre com

submissão a decisão dos pais. Fui educada dentro de uma doutrina Cristã, onde até

hoje a minha moral esta submetida a essa ética Cristã, Porque segundo o apóstolo

Paulo, “Tudo é lícito mas nem tudo me convém”. Quem vai determinar isso, é minha

ética. Pois sei que os princípios não mudam, mas valores morais podem ser mudados

de acordo com a época, mas devem estar submetidos a nossa ética.

Contudo, compreendo que ética e refere-se à reflexão sobre normas, costumes,

valores e ações. Quanto a moral, são os valores, condutas e juízos já vividos.

Então, a ética é a que questiona a moral. Por isso, ética não é algo fixo, mas pensa, questiona o que está acontecendo, questiona como a sociedade está organizada, como os seres humanos relacionam-se.

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mostra que a mudanÁa de padr„o de com-portamento implica uma renovaÁ„o dos relacionamentos demodo a alterar as relaÁıes interpessoais, a fim de que todasas partes envolvidas se sintam representadas, ouvidas e par-ticipantes do ambiente no qual elas convivem.

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A violência nas escolas, é um fenômeno complexo e múltiplo. Existem escolas que são historicamente violentas e outras que passam momentaneamente por tais situações. Há violências que são ocasionais, outras que são permanentes e elas dependem tanto das condições internas quanto externas da escola. Por isso, o combate a violência e a prevenção da violência não podem ser feitos de maneira determinista e nem fechada, mas requer estratégias que modifiquem o padrão de relacionamento da comunidade escolar, a qual é composta por alunos, professores , diretores e pais.

As escolas devem encontrar estratégias que sejam eficazes no sentindo de melhorar o relacionamento entre os integrantes da comunidade escolar.Estabelecendo valores e normas de convivência mutua, onde eles possam interagir de maneira respeitosa com ética, dentro do espaço escolar.