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1 de 36 Orientação Técnica 0007/2020 UNIDADE ORÇAMENTÁRIA: Todas Unidades Orçamentárias INTERESSADO: Gestores de Contratos ASSUNTO: Orientação Técnica sobre obtenção do preço de referência Cuiabá - MT Novembro/2020

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Orientação Técnica 0007/2020

UNIDADE ORÇAMENTÁRIA: Todas Unidades OrçamentáriasINTERESSADO: Gestores de ContratosASSUNTO: Orientação Técnica sobre obtenção do preço de referência

 

Cuiabá - MTNovembro/2020

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SUMÁRIO1. INTRODUÇÃO2. OBJETIVO3. ABRANGÊNCIA/APLICAÇÃO4. REFERÊNCIAS NORMATIVAS5. DEFINIÇÕES6. PREÇO DE REFERÊNCIA

6.1. Planejamento da Contratação6.2. Cesta de Preços6.3. Formalização do Mapa de Preços6.4. Da Contração Direta6.5. Compras emergenciais6.6. Inexigibilidade de Licitação6.7. Contratações diretas de baixa materialidade6.8. Da especificação do objeto6.9. Fontes de Informação6.10. Do cuidado com a utilização de valores de outro certame licitatório paracompor o preço de referência6.11. Cotação por item ou por lote?6.12. Possibilidade de cotações endereçadas a outros órgãos6.13. Cotações não assinadas

7. PREÇO MÁXIMO8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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1 INTRODUÇÃO

1. Considerando a missão institucional desta Controladoria Geral do Estado, de contribuirpara melhoria dos Serviços Públicos prestados pelo Poder Executivo do Estado de MatoGrosso, por meio do aperfeiçoamento dos Sistemas de Controles, da Conduta dosServidores e dos Fornecedores, ampliando a Transparência e fomentando o Controle Social. 2. Considerando os diversos questionamentos realizados pelos órgãos e entidades acercado preço de referência e vantajosidade, aplicados aos processos licitatórios e renovaçõescontratuais. 3. Considerando, por fim, a emissão da Ordem de Serviço nº 195/2020, de lavra doSecretário-Controlador Geral do Estado, que determina a emissão de orientação técnica aosórgãos e entidades quanto a realização de pesquisas de preços para formação do Preço deReferência. 4. Emite-se a presente Orientação técnica.

2 OBJETIVO

5. Orientar os órgãos e entidades quanto às boas práticas a serem adotadas, quanto darealização da pesquisa de preços, bem como orientação quanto a formalização do Preço deReferência e emissão de parecer sobre sua concepção.

3 ABRANGÊNCIA/APLICAÇÃO

6. Esta Orientação Técnica aplica-se aos órgãos e entidades da Administração Direta eIndireta do Poder Executivo Estadual.

4 REFERÊNCIAS NORMATIVAS

  Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, institui normas para licitações e contratos daAdministração Pública e dá outras providências.

 Lei 10.520, de 17 de julho de 2002, que institui no âmbito da União, Estados, DistritoFederal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviçoscomuns, e dá outras providências.

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  Decreto nº 3.555/00 de 8 de agosto de 2000, que Aprova o Regulamento para amodalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviçoscomuns.

Decreto 840/MT de 10 de fevereiro de 2017, que regulamenta as modalidadeslicitatórias vigentes, às aquisições de bens, contratações de serviços, locações de bensmóveis, imóveis e o Sistema de Registro de Preço no Poder Executivo Estadual, oCadastro Geral de Fornecedores do Estado de Mato Grosso, dispõe sobre aconcessão de tratamento diferenciado e simplificado para às microempresas eempresas de pequeno porte nas licitações públicas no âmbito da AdministraçãoPública Estadual, e dá outras providências.

IN 73/2020 de 05 de agosto de 2020, que dispõe sobre o procedimento administrativopara a realização de pesquisa de preços para a aquisição de bens e contratação deserviços em geral, no âmbito da administração pública federal direta, autárquica efundacional.

5 DEFINIÇÕES

Preço de referência: é o parâmetro para julgamento da licitação, obtido por meio dapesquisa de preços e confecção do Mapa de Preços pela unidade.Pesquisa de preços: procedimento realizado ainda na fase inicial do processo decontratação, cuja finalidade é verificar se existem recursos suficientes para que aadministração pública realize o processo de aquisição. Mapa de Preços: conjunto obtido por meio de pesquisa de preços onde serãodocumentados os valores obtidos, assinado por servidor orçamentista responsávelpelas pesquisas e convalidado por servidor distinto. É o documento que indica qual é opreço de referência obtido. Preço Máximo: informação facultativa nos processos, mas uma vez utilizada, vinculaque no processo contenham propostas assinaladas com valores superiores. Uma vezque se opte por utilizá-lo deve ser divulgado.Sistema de Aquisições Governamentais SIAG: sistema central de aquisições doGoverno do Estado de Mato Grosso, onde todas as aquisições devem ser registradas.Pesquisa de mercado: procedimento de consulta junto às condições existentes nomercado, relacionadas ao objeto a ser licitado, fundamentais para o processo dedefinição correta do objeto, bem como preparo para sua logística de aquisição.Exemplo: prazos de entrega, garantias, forma de execução, especificações,qualidades, desempenho etc.Média:  obtém-se somando os valores de todos os dados e dividindo a soma pelo

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número de dados.Mediana: representa o valor central de um conjunto de dados.Quartis (Q1, Q2 e Q3): São valores dados a partir do conjunto de observaçõesordenado em ordem crescente, que dividem a distribuição em quatro partes iguais. Oprimeiro quartil, Q1, é o número que deixa 25% das observações abaixo e 75% acima,enquanto o terceiro quartil, Q3, deixa 75% das observações abaixo e 25% acima. JáQ2 é a mediana, deixa 50% das observações abaixo e 50% das observações acima.Sobrepreço: valor obtido quando o preço de referência se encontra maior que o preçode mercado. (Acórdão TCU 310/2006-P) Superfaturamento: ocorre quando o valor pago pela administração é superior ao preçode mercado. (Acórdão TCU 310/2006-P)Outliers: é um valor que foge da normalidade e que pode (e provavelmente irá) causaranomalias nos resultados obtidos por meio de algoritmos e sistemas de análise.

6 PREÇO DE REFERÊNCIA

6.1 PLANEJAMENTO DA CONTRATAÇÃO

7. Durante a fase de planejamento da contratação, é dever da Administração definir o valorestimado. Isso porque as contratações da Administração Pública devem submeter-se àscondições de aquisição e pagamento semelhantes às do setor privado (art. 15, inc. III, da Leinº 8.666/1993), para assegurar a adequação do critério de aceitabilidade a ser empregadono julgamento da licitação. 8. Com o passar do tempo, consolidou-se a praxe administrativa de definir o valor estimadoda futura contratação com base em três orçamentos elaborados por fornecedores que atuamno ramo do objeto pretendido. Porém, cada vez mais se verifica que essa praxe, em regra,não conduz a bons resultados, na medida em que os fornecedores não têm interesse algumde informar para a Administração contratante, antes da realização do procedimentolicitatório, o real valor de mercado. 9. Com o objetivo de promover a alteração neste cenário, ainda em 2012 a ControladoriaGeral do Estado (à época ainda Auditoria Geral do Estado) editou a Orientação Técnica nº463/2012/AGE-MT, com o intuito de esclarecer os riscos envolvidos nessa prática e deprovocar nos gestores uma mudança de pensamento, quando da realização das suaspesquisas de preços para composição do Preço de Referência. 10. Dentre outras recomendações sugeridas na OT 463/2012, estão a priorização emrelação a qualidade e diversidade das fontes de preços obtidas, da necessidade de

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avaliação da qualidade da informação coletada e ainda, da necessidade de comparaçãocom os demais contratos similares, realizados por outros órgãos públicos. Começou aindanesse ano, o desenho para aquilo que mais tarde se tornaria a chamada Cesta de Preços. 11. Ao analisar-se o trecho do Acórdão nº 3.395/TCU/2013 da 2ª Câmara, é possível notarque o entendimento da então Auditoria Geral do Estado estava alinhado ao do Tribunal deContas da União:

ao estimar o custo de contratação, adote como base, preferencialmente, ospreços praticados em contratações similares, bem como aquelesparametrizados em indicadores setoriais, tabelas de fabricantes, valoresoficiais de referência, tarifas públicas ou outros equivalentes, se for o caso,nos termos do art. 15, inciso XII, b, da IN SLTI 2/2008, valendo-se deconsultas de preços diretamente junto a potenciais fornecedores somentequando não for possível utilizar-se dos citados expedientes. (TCU, Acórdãonº 3.395/2013, 2ª Câmara.) 

12. Essa orientação foi mantida em manifestações subsequentes da Corte de Contas, aexemplo do Acórdão nº 1.548/2018 do Plenário:

A pesquisa de preços para elaboração do orçamento estimativo da licitaçãonão deve se restringir a cotações realizadas junto a potenciais fornecedores,devendo ser utilizadas outras fontes como parâmetro, a exemplo decontratações públicas similares, sistemas referenciais de preços disponíveis,pesquisas na internet em sítios especializados e contratos anteriores dopróprio órgão. (TCU, Acórdão nº 1.548/2018, Plenário.) 

13. Em 2015 o Tribunal de Contas do Estado, por meio da edição da 5ª edição da cartilhatrouxe:

 14. Em 2016, o egrégio Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso, por meio da ediçãoda Resolução de Consulta nº 20/2016, confirmou entendimento realizados pelos demaisórgãos de controle, bem como o seu próprio entendimento, emanado na 5º edição dacartilha:

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A pesquisa de preços de referência nas aquisições públicas deve adotaramplitude e rigor metodológico proporcionais à materialidade da contrataçãoe aos riscos envolvidos, não podendo se restringir à obtenção de trêsorçamentos junto a potenciais fornecedores, mas deve considerar o seguinteconjunto (cesta) de preços aceitáveis: preços praticados na AdministraçãoPública, como fonte prioritária; consultas em portais oficiais dereferenciamento de preços e em mídias e sítios especializados de amplodomínio público; fornecedores; catálogos de fornecedores; analogia comcompras/contratações realizadas por corporações privadas; outras fontesidôneas, desde que devidamente detalhadas e justificadas.Nos processos de inexigibilidade e de dispensa de licitação, inclusiveaqueles amparados no art. 24, I, II, da Lei nº 8.666/1993, devem serapresentadas as respectivas pesquisas de preços, nos termos do art. 26 daLei. 

15. A ausência da construção da cesta de preços, faz com que os gestores estejamsuscetíveis ao cometimento da irregularidade apontada na cartilha do TCE-MT, pois a suaconfecção, contribui para que os preços praticados no processo licitatório, sejam maiscondizentes com os preços de mercado. 16. Essa lacuna, é um forte indício que o processo licitatório não passou por umplanejamento adequado vez que conforme descrito alhures, a estimativa de preços éessencial no planejamento da contratação. 17. Por fim, tem-se o Decreto Estadual 840/2017/MT, especificamente em seu artigo 7º eseus parágrafos que detalha quais são os elementos necessários para que se construamuma Cesta de Preços eficaz.

6.2 CESTA DE PREÇOS

18. A ideia de uma cesta de preços, baseada em uma diversidade de fontes não é nova. Oparágrafo primeiro do artigo 15 da Lei 8.666/93 já trazia:

O registro de preços será precedido de ampla pesquisa de mercado. 

19. Em 2015, por meio do Acórdão 2637/2015-P, o Tribunal de Contas da União, reforçou aideia da amplitude, no entanto incluindo aqui um novo elemento: a avaliação do risco dacompra; para que fosse possível a justificativa, em determinados certames, sobre umprocesso mais simplificado de construção do preço de referência. 

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20. Ocorre que essa avaliação do risco, pode assumir um caráter muito subjetivo, adepender da maturidade da unidade que está realizando a contratação. 21. No aludido acórdão inclusive, o TCU relata que a vantajosidade estaria comprovada seno processo ficar demonstrado que pesquisa de preços foi feita de acordo com a melhortécnica possível para cada caso, a exemplo dos parâmetros definidos na IN-SLTI/MPOG

(Acórdão 2637/2015-P).5/2014 22. Nesse cenário é fundamental a análise do Art. 7º do Decreto 840/2017/MT, que elencouuma série de requisitos a serem observados, quando da construção do preço de referência. De forma didática, realiza-se a explicação de cada um dos blocos. 

 Art. 7º O preço de referência será providenciado pela unidade de aquisiçõesdo órgão ou entidade e deverá ser informado no sistema de aquisiçõesgovernamentais disponibilizado e gerenciado pela Secretaria de Estado deGestão, para consulta de outros órgãos e entidades no respectivo prazo devalidade, de acordo com as regras estabelecidas nos parágrafos seguintes.§ 1º O preço de referência terá validade de até 180 (cento e oitenta) dias, acontar de sua elaboração, e será o resultante de pesquisa de mercadocompatível com o objeto licitado das seguintes fontes:I - contratos de órgão/entidade em execução ou concluídos nos 180 (cento eoitenta) dias anteriores à data da pesquisa de preços;II - preço público de contratos e/ou atas de registro de preços similares deoutros entes públicos, em execução ou concluídos nos 180 (cento e oitenta)dias anteriores à data da pesquisa de preços;III - orçamentos de empresas que atuem no ramo do objeto licitado,formalmente solicitados e devidamente identificados, devendo-se aguardarprazo de resposta de 05 (cinco) dias úteis;§ 2º As fontes indicadas nos incisos I a IV deverão necessariamente fazerparte da pesquisa de mercado, salvo nos casos em que não for possível edevidamente justificadas nos autos.§ 3º Para a obtenção do resultado da pesquisa de preços, não poderão serconsiderados os preços manifestamente inexequíveis ou os excessivamenteelevados, nos seguintes termos:I - será considerado inexequível o preço inferior a 70% (setenta por cento)da média dos demais preços, salvo justificativa específica do fornecedor;II - será considerado excessivamente elevado o preço superior a 30% (trintapor cento) da média dos demais preços;III - os preços inexequíveis ou excessivamente elevados não serão utilizados

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na elaboração do mapa de preços, evitando a distorção do preço médio aser adotado pelo órgão licitante;IV - as pesquisas de preços devem ser realizadas em procedimento queobserve ato de validação por agente público distinto.§ 3º-A A não consideração de propostas inexequíveis ou excessivamenteelevadas deve ser declarada expressamente pela área técnica competente,sendo possível a ressalva de situações excepcionais devidamentejustificadas de acordo com a natureza ou especificidade do bem ou serviçoem cotação. (Parágrafo acrescentado pelo Decreto Nº 219 DE 21/08/2019).§ 4º Para fins do inciso II, poderá ser considerado como preço de referênciao indicado em tabela ou informativo oficial de preços de órgão ou entidadeda administração pública. (Redação do parágrafo dada pelo Decreto Nº 219DE 21/08/2019). (Tabela FIPE? BPS banco de preços em saúde)§ 5º O agente público autor do mapa comparativo responsabiliza-sefuncionalmente pela informação produzida nesta etapa devendo atenção aosriscos de orçamentos incompatíveis aos padrões de mercado e que podemculminar com aquisições não vantajosas.§ 6º Para a regularidade dos atos, ainda na fase interna do certame deveráser realizada uma análise crítica do mapa comparativo, visando certificar queo objeto orçado possui a especificação compatível com o objeto a serlicitado, e que seu preço esteja condizente com o praticado no mercado.(Parágrafo acrescentado pelo Decreto Nº 219 DE 21/08/2019).§ 7º A análise crítica descrita no parágrafo anterior deverá ser realizada porservidor ou setor diverso daquele que elaborou o mapa comparativo, a serdefinido por cada órgão ou entidade, observada a respectiva estruturaorganizacional, visando garantir a segregação de funções. (Parágrafoacrescentado pelo Decreto Nº 219 DE 21/08/2019). 

a) Da necessidade de construção de um Banco de Preços em Mato Grosso. 23. O CAPUT do artigo sétimo do Decreto 840/2017/MT traz:

Art. 7º O preço de referência será providenciado pela unidade de aquisiçõesdo órgão ou entidade e deverá ser informado no sistema de aquisiçõesgovernamentais disponibilizado e gerenciado pela Secretaria de Estado deGestão, para consulta de outros órgãos e entidades no respectivo prazo devalidade, de acordo com as regras estabelecidas nos parágrafos seguintes. 

24. Esta é a primeira inovação trazida pelo dispositivo, em relação a obrigatoriedade de seinformar no sistema de aquisições governamentais, qual é o preço de referência obtido, para

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que possa servir de parâmetro para futuras aquisições da administração estadual. b) Do prazo de validade do preço de referência 25. O parágrafo primeiro traz a seguinte redação:

§ 1º O preço de referência terá validade de até 180 (cento e oitenta) dias, acontar de sua elaboração, e será o resultante de pesquisa de mercadocompatível com o objeto licitado das seguintes fontes: 

26. Tem-se desse modo a definição de uma validade de 180 (cento e oitenta dias), cujotermo a quo é a data da elaboração do Preço de Referência. 27. Essa informação é imprescindível e deve estar disponível, inclusive, no sistemainformatizado de aquisições do Órgão Central. c) Das fontes necessárias para construção do preço de referência 28. Traz os incisos do parágrafo primeiro:

I - contratos de órgão/entidade em execução ou concluídos nos 180 (cento eoitenta) dias anteriores à data da pesquisa de preços;II - preço público de contratos e/ou atas de registro de preços similares deoutros entes públicos, em execução ou concluídos nos 180 (cento e oitenta)dias anteriores à data da pesquisa de preços;III - orçamentos de empresas que atuem no ramo do objeto licitado,formalmente solicitados e devidamente identificados, devendo-se aguardarprazo de resposta de 05 (cinco) dias úteis;  

29. Aqui a amplitude obrigatória da pesquisa, envolve outros contratos ou preços públicos,realizados pela administração (incisos I e II) e orçamentos obtidos diretamente de empresas,com a inovação em relação ao prazo de 05 (cinco) dias úteis, que a administração precisaaguardar, antes de descartar um possível fornecedor. 30. Nesse ponto, reforça-se a necessidade de que as interações realizadas junto aspesquisas com os fornecedores ocorram, preferencialmente, por meio eletrônico (e-mail)para que fique registrada cada interação realizada e facilite a juntada processual daconstrução do mapa de preços e preço de referência. d) Da possibilidade de mitigação da amplitude da fonte de pesquisa 

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31. O parágrafo segundo do artigo sétimo, traz a possibilidade de que nem todas as fontesexigidas pelo Decreto, estejam contidas na criação do Preço de Referência:

§ 2º As fontes indicadas nos incisos I a IV deverão necessariamente fazerparte da pesquisa de mercado, salvo nos casos em que não for possível edevidamente justificada nos autos. 

32. Observa-se que o Órgão precisa demonstrar, processualmente, que realizou as buscaspelas informações exigidas nos incisos I a III, no entanto, caso essas buscas não tenhamtrazido resultados satisfatórios ou tenham sido frustradas basta que exista justificativa sobrecada uma delas, explicando suas ausências. 33. Toma-se como exemplo, a inexistência de contratos similares realizados pelaadministração, no prazo previsto no inciso I, de determinada contratação. Basta que nessecaso a administração realize justificativa, informando o período que realizou a busca porcontratos, o servidor responsável pela busca, os locais pesquisados e o resultado negativoda busca. 34. Note que é preciso demonstrar processualmente que a busca por contratos não

.retornou resultados e não apenas uma declaração que inexistem contratos vigentesA mera confecção deste documento sem demonstração processual do seu embasamento

.não atende aos requisitos de dispensa elencados no parágrafo segundo e) Da memória de cálculo do mapa de preços 35. É fundamental que os preços coletados, não tragam referências distorcidas sobre arealidade de mercado. A influência de possíveis marcas, centros de distribuição, podemdestoar a amplitude dos preços encontrados. 36. Por essa razão, os parágrafos: §3º, §3º-A e §4º, trouxeram algumas diretrizes paraindicar qual deve ser a memória de cálculo adotada pela administração a nível estadual: 

§ 3º Para a obtenção do resultado da pesquisa de preços, não poderão serconsiderados os preços manifestamente inexequíveis ou os excessivamenteelevados, nos seguintes termos:I - será considerado inexequível o preço inferior a 70% (setenta por cento)da média dos demais preços, salvo justificativa específica do fornecedor;II - será considerado excessivamente elevado o preço superior a 30% (trintapor cento) da média dos demais preços;

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III - os preços inexequíveis ou excessivamente elevados não serão utilizadosna elaboração do mapa de preços, evitando a distorção do preço médio aser adotado pelo órgão licitante;IV - as pesquisas de preços devem ser realizadas em procedimento queobserve ato de validação por agente público distinto.§ 3º-A A não consideração de propostas inexequíveis ou excessivamenteelevadas deve ser declarada expressamente pela área técnica competente,sendo possível a ressalva de situações excepcionais devidamentejustificadas de acordo com a natureza ou especificidade do bem ou serviçoem cotação.§ 4º Para fins do inciso II, poderá ser considerado como preço de referênciao indicado em tabela ou informativo oficial de preços de órgão ou entidadeda administração pública. (Tabela FIPE? BPS banco de preços em saúde) 

37. Os incisos I e II, indicam os limites inferior e superior a serem adotados, para criação domapa de preços. Esses valores são obtidos por meio da média dos demais preços,adotando-se os parâmetros especificados de corte nos respectivos incisos.  38. No inciso III, ocorre a vedação expressa de que tais valores, quando não justificados,não componham a confecção do mapa, para que se evite distorções dos valoresencontrados. 39. Insta salientar que os valores registrados em Atas e contratos firmados com o poderpúblico, em execução ou executados, que se enquadrarem na situação acima, não deverãoser considerados inexequíveis, uma vez que, tendo sido executados pela administração oupreviamente avaliados no processo de licitação já tiveram sua exequibilidade demonstrada.Aqui cabe a ressalva para valores de contratos realizados em períodos de exceção, quedevidamente justificados, podem ser descartados (considerados um outliers) para que nãodestoe de valores obtidos fora desse período. Um exemplo são os contratos realizados noperíodo pandêmico do COVID-19 (marços de 2020 até setembro 2020) em Mato Grosso,que podem conter valores majorados em relação aos produtos, devido à alta procura noperíodo e baixa oferta. 40. Neste ponto, cabe uma atenção especial sobre a fórmula a ser seguida quando daconfecção do mapa de preços. Para tanto, vale-se de um exemplo hipotético de construçãodo mapa, para que se alicerce o entendimento dos limites mencionados. 

e.1) Exemplo de utilização dos valores expressos acima. 

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Caneta azul;Produto: Caneta esferográfica, corpo sextavado em material transparente, comDescrição:

orifício para entrada de ar no corpo da caneta distante 6 cm da ponta superior e8,3cm da ponta inferior, ponta com biqueira plástica e esfera em tungstênio, comescrita em 0,8mm,fixação da carga por pressão entre a biqueira e o tubosextavada transparente, tubo de carga com no mínimo 11cm de altura e 1,25cmde espessura e 10cm de carga de tinta, tampa da biqueira e da parte superiorfixado por pressão no corpo sextavado transparente, validade mínima de 3 anos;

1000 (mil) unidades.Quantidade: entrega em até 15 dias da ordem de fornecimento.Entrega:

05/05/2020Data da demanda:

40.1 Observa-se na descrição acima, um resumo sintético de um produto aser adquirido (caneta azul), em uma determinada quantidade e prazo. Existeainda descrição sobre o material de composição e validade, o que por si, jáfiltram as possibilidades de marcas a serem consultadas. Esses fatores sãoessenciais para se determinar um preço estimado de um produto. 40.2 Nesse ponto é importante que, caso o orçamentista não disponha deinformações suficientes para realização da pesquisa, que manifeste ao setorresponsável o complemento das informações, sob pena de avocar aresponsabilidade sobre uma cotação mal realizada. É o primeiro e um dosprincipais juízos críticos esperados do orçamentista, vez que pode, nestaetapa, solicitar que uma falha de especificações, quando da criação doTermo de Referência, seja corrigida em tempo. 40.3 Partindo-se da descrição simplificada acima e entendendo que todas asinformações necessárias para cotação se encontram juntada aos autos, oorçamentista encontra 5 contratos que atendem aos requisitos contidos noArt. 7º, §1º, I e II do Dec. 840/2017/MT e possuem objetos que são similaresao pretenso. A tabela abaixo demonstra os contratos encontrados: 

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. 40.4 De posse dos dados acima, o orçamentista, certifica em documento quea discrepância entre os valores apresentados, pode ter ocorrido, em virtudeda quantidade licitada, fruto de uma possível economia em escala. Esse émais um juízo crítico esperado. 40.5 Prosseguindo na busca da cesta de preços, é realizada a juntada de 5orçamentos obtidos com fornecedores (Art. 7º, §1º, III, Dec. 840/2017/MT):

 40.6 Com as informações acima, ocorre o descarte do orçamento 5, por nãoatender a quantidade exigida. Assim chega-se ao seguinte resultado:

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 40.7 Nesta etapa o orçamentista deve fazer mais um juízo crítico sobre asinformações apresentadas. 40.8 Em que pese todos os orçamentos acima estejam dentro dos prazos devalidade exigidos, existe uma discrepância entre o menor valor obtido (R$0,35) e o maior (R$ 1,50). 40.9 Nesse caso, após uma análise dos dados obtidos, orçamentistaconstata que o menor valor foi fruto do chamado, efeito barganha, pois alicitação pesquisada efetuou registro de preço de 10.000 (dez mil) unidades.Ao entrar em contato com o fornecedor o orçamentista descobre ainda, queinexiste interesse do mesmo em fornecer a quantidade pretensa pelaadministração. 40.10 Assim, fundamentado no Art. 7º, §3º-A, o orçamentista, mesmodocumentando, descarta o valor que não atenderia a administração,chegando aos seguintes preços (ordenados):

 40.11 Agora diante dos preços acima, o orçamentista deve aplicar a logísticado Art. 7º, §3º encontrando os seguintes valores:

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 40.12 O cálculo acima é encontrado aplicando-se a literalidade do Art. 7º,§3º, onde demonstra-se abaixo o exemplo encontrado na primeira linha (R$0,55): a) Primeiro passo, soma-se os demais valores, excetuando-se o valor dalinha de referência.R$0,60 + R$0,75 + R$0,85 + R$0,85 + R$0,95 + R$0,98 + R$1,50 = R$ 6,48b) Divide-se o valor da soma, pela quantidade para encontra-se a média:6,48/7 = 0,93 (aproximadamente).c) Repete-se o cálculo acima para cada uma das linhas. 40.13 Diante dos dados acima, encontra-se que três dos preços utilizados,não preenchem aos requisitos do Dec. 840. (valores das linhas destacadasem vermelho). 40.14 Nesse ponto, cabe mais uma intervenção do orçamentista que deveanalisar com acuidade os dados e verificar se realmente são valores queprecisam ser descartados. 40.15 Neste exemplo, ao verificar que o Órgão estado MT 01, efetuoulicitação em janeiro de 2020 (portanto recente), e conseguiu valores de R$0,55, por uma quantidade muito próxima da pretensa, o orçamentista,poderia manter este, como um preço válido. A justificativa estaria alicerçadano § 3º-A do próprio artigo sétimo do dec. 840, bem como no fato de serempreços públicos. Justificativa similar, serviria para o preço do Órgão estadoMT 02. 40.16 Ocorre que além deste fato é essencial que sejam avaliados osaspectos relacionados a: 

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a) Fornecedor dos contratos: tendo em vista que os fornecedores doscontratos acima analisados, podem inclusive ser uma das empresas(ABCDE) que enviaram o orçamento para o Estado.b) A tempestividade da entrega: ver se o prazo dado atende ao requisito daárea demandante.c) A localização do fornecedor: pois pode envolver custos extras de entrega. d) Quantidade: se as quantidades são equivalentes. 40.17 Adotando-se como hipótese que tais preços não preencheram a umdos requisitos acima e associados ao limite inferior do Dec. 840, essespreços serão retirados da lista. 40.18 No que tange ao limite superior, considerando que já existem valoressuficientes para montagem de um mapa de preços, o preço pode serdescartado, restando a seguinte tabela (já ordenada):

 a) Média dos preços: R$ 0,88. (0,75 + 0,85+0,85+0,95+0,98) / 5b) 1º Quartil: R$ 0,80; Mediana: R$ 0,85; 3º Quartil= R$ 0,97 40.19 Neste ponto, o orçamentista deve demonstrar cada um dos valorescomo resultado do seu mapa de preços, cabendo a administração a escolhade qual valor será o preço de referência (média, mediana, quartil etc.). 40.20 Normalmente adota-se o valor da média como referência, mas éessencial toda essa construção exposta para que a administração tenhasubsídios para decidir quais são os valores praticados no mercado e qual é olimite de preço aceitável a ser adjudicado, e que não configure comosobrepreço. e.2) E quando os limites do dec. 840 não resultarem em preços válidos? 40.21 Adotando-se os mesmos requisitos do exemplo acima, maspartindo-se do pressuposto que não foram encontrados preços públicos,

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apenas orçamentos enviados por empresas, tem-se a primeira listagem defornecedores e seus preços (ordenados de forma crescente):

 40.22 Aqui o orçamentista consegue avaliar que os preços se encontramacumulados nos dois extremos, logo ao aplicar os limites do Dec. 840,chega-se ao seguinte resultado:

 40.23 Verifica-se que após aplicação dos limites, nenhum dos valoresencaixa-se dentro do padrão exigido pelo Dec. 840. 40.24 Prosseguindo com os cálculos, sem descartar nenhum dos valores, asreferências encontradas seriam: a) Média dos preços: R$ 1,55. (0,85+0,82+0,88+2,25+2,40+2,10) / 6b) Mediana: R$ 1,49c) 1º Quartil: R$ 0,86; 3º Quartil= R$ 2,21 40.25 Aqui o orçamentista deve valer-se de outras medidas estatísticas,diferentes das medidas indicadas no Decreto 840, para compor seu mapa depreços. Neste caso, ele poderia amparar-se na medida estatística doprimeiro quartil, para fundamentar o preço de referência, por entender quemais se aproximaria a valores reais e economicamente viáveis àadministração. 40.26 Reforça-se que o parágrafo § 3º-A, permite que a administração possaconsiderar outros métodos estatísticos a fim de manter (ou excluir)

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determinado orçamento recebido. O importante é fundamentar a decisãoassim como a certificação, por parte do orçamentista, que os fornecedoresque não tiveram seus orçamentos descartados realmente atendem aosrequisitos do objeto pretenso e são potenciais participantes de um futurocertame. e.3) Quando posso utilizar o menor preço pesquisado? 40.27 Reforça-se que quando o processo se tratar de: a) dispensa de licitaçãob) alterações qualitativas de contratosc) número restrito de empresas ou mercado oligopolizado (ex. elevadores) 40.28 Recomenda-se a adoção do menor valor encontrado, vez que, comoserão casos de ausência de certame (casos a e b) ou de preços que terãopouquíssima variação durante o certame, a melhor referência é o menororçamento válido encontrado. 40.29 Convergem a esses entendimentos os acórdãos:

Acórdão 7.290/2013 Segunda Câmara:9.2. notificar a Infraero de que, quando da pesquisa de preços demercado para definição de valores referenciais de licitações,devem ser adotadas encontradas sempreas cotações mínimasque se tratar de insumo ou equipamento fornecido exclusivamente

(grifo nosso)por um conjunto restrito de empresas;26. Por outro lado, quando são cotados equipamentos fornecidosexclusivamente por poucas empresas, de certo porte, deve-se simadotar o mínimo valor cotado, pois é de se presumir que hajaestabilidade nesses preços. É o caso de elevadores. Certamente,o preço cotado junto a uma Atlas, Otis ou outra congênere nãorepresenta uma "liquidação" ou promoção temporária. Acórdão 8.514/2017-2ª Câmara:Na elaboração de orçamento estimativo para equipamentos aserem fornecidos em mercado restrito, devem ser adotados osvalores decorrentes das cotações mínimas. As médias oumedianas de cotações de preços devem ser empregadas apenasem condições de mercado competitivo.

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 41. Prosseguindo, no inciso IV, existe previsão de revisão pelos pares, onde determina queos preços sejam revisados do responsável pelas coletas.por servidor distinto 42. O parágrafo 3º-A, indica a formalidade necessária para a declaração de preços nãoaceitáveis, bem como a previsão de que preços que se encontrem nas situações previstasno inciso I e II, estejam dentro da memória de cálculo do mapa de preços. Em ambas assituações, o dispositivo legal prevê a necessidade de fundamentação. 43. Aqui cabe uma constatação que a previsão contida nesse dispositivo, apenas refleteposicionamento já exarado pelo Tribunal de Contas da União - Acórdãos2.943/2013-Plenário, 2.637/2015-Plenário. Nesses dispositivos, o TCU consolidouentendimento que a Administração deva desconsiderar dos preços obtidos, aqueles que serevelem destoantes da média de mercado, para evitar distorções no preço médio apurado econsequentemente no valor máximo aceito, durante a realização da licitação. 44. Por fim, o parágrafo quarto traz a possibilidade de adoção de preços contidos em tabelaou informativo oficial de preços de órgão ou entidade da administração pública.  Nesseponto, tem-se o entendimento por equiparação, que preços disponíveis em mídiasespecializadas, se enquadrariam nesse parágrafo. Como exemplo, a Tabela FIPE, que tevereconhecimento como fonte de referência para compra de veículos confirmado, pelo Tribunalde Contas da União Acórdão 7.502/2015-2ªC f) Da responsabilidade 45. Em que pese exista obrigatoriedade da confecção da pesquisa de preços, a legislação ésilente quando a sua responsabilidade. 46. No Acórdão 28/2013/TCU/Plenário o TCU publicou: 

49. De início, cumpre destacar que a Administração tem o dever de comprovar apertinência dos preços estimados em seus orçamentos básicos. Em obediênciaao previsto nos arts. 6º, inciso IX, alínea f, 7º, § 2º, inciso II e 48, inciso II, da Lei8.666, 21 de junho 1993, o gestor público deve exigir do orçamentista aapresentação de documentação que comprove a compatibilidade dos custos de

constantes do orçamento apresentado com os de mercado.insumos 

47. Nesse ponto, cabe uma análise em conjunto com art. 113 da Lei 8.666/93. Estedispositivo da lei de licitações traz que é competência do gestor a demonstração da

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legalidade e regularidade da despesa e execução. 48. A concepção do preço de referência, está inclusa na demonstração de regularidadeprocessual. Ocorre que diversos órgãos de controle, tem entendimento que essaresponsabilidade, sobretudo pelo fato de não serem expressas, devam ser tratadas de formasolidária entre os envolvidos. 49. Os Acórdãos 509/2005-P e 2.136/2006-1C trazem que mesmo existindo um setorresponsável pela criação da pesquisa de preços, a Comissão de Licitação e os Gestoresresponsáveis pela homologação do processo, não se eximem à responsabilidade de verificara efetividade da construção dos preços de referência. 50. A Lei nº 8.429/92 (lei de improbidade) traz previsão em seu artigo 10, V: permitir oufacilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao demercado. 51. O parágrafo quinto do artigo sétimo do Decreto 840/2017 traz: 

§ 5º O autor do mapa comparativo agente público responsabiliza-se devendo atenção aosfuncionalmente pela informação produzida nesta etapa

riscos de orçamentos incompatíveis aos padrões de mercado e que podemculminar com aquisições não vantajosas. 

52. Logo, é fundamental que seja realizada uma normatização para identificar osresponsáveis (ou setor responsável) pela concepção e aprovação dessa pesquisa de preçosem cada Unidade do Estado.  Essa normatização pode ser estabelecida por RegimentoInterno, Portarias etc. O importante é dar transparência, ciência e publicidade aosresponsáveis. g) Do quadro de pessoal 53. Algumas Secretarias, podem ter dificuldade em selecionar e capacitar servidores, paracompor uma equipe especializada em realizar cotações. 54. Nesse cenário, o risco inerente a essa atividade é a falta de pessoal especializado pararealização da pesquisa de preços. Em Mato Grosso (SES/MT), o Tribunal de Contas daUnião constatou por meio do Acórdão 1.863/2015/TCU que:

Nesse contexto, a situação reportada pelos gestores em 24/7/2014 foi de que a vinha sendo exercida exclusivamente poratividade de cotação dos medicamentos

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colaboradores tidos como terceirizados, admitidos apenas há 20 dias e, ainda,sem treinamento (peça 17, p. 2). 

55. A situação narrada no acórdão, pode levar a responsabilização solidária dos gestores,por eventuais estimativas realizadas e que tragam eventual distorções de preços. 56. A alternativa dada pelo Decreto 840/2017, está contida nos parágrafos sexto e sétimo doartigo 7, descrevem:

§ 6º Para a regularidade dos atos, ainda na fase interna do certame ser deverárealizada uma , visando certificar que oanálise crítica do mapa comparativoobjeto orçado possui a especificação compatível com o objeto a ser licitado, e queseu preço esteja condizente com o praticado no mercado.§ 7º A descrita no parágrafo anterior ser realizada análise crítica deverá por

, a ser servidor ou setor diverso daquele que elaborou o mapa comparativodefinido por cada órgão ou entidade, observada a respectiva estruturaorganizacional, visando garantir a segregação de funções. 

57. Assim, observa-se que é necessário, para cada mapa de preço elaborado, que ele sejaapreciado por servidor ou setor, diverso, daquele que elaborou o mapa. A ideia aqui, alémde privilegiar a segregação de funções, é permitir uma revisão pelos pares, para que semitigue eventuais erros causados durante a fase de concepção do preço. 58. Desse modo, em não sendo possível na estrutura organizacional das unidades quesejam criados setores específicos para elaboração do mapa de preços, é essencial que sejaregulamentado que o mapa comparativo confeccionado e assinado por um determinadoservidor da unidade, seja necessariamente, avaliado por outro servidor como condiçãoessencial da sua validade. 

6.3 FORMALIZAÇÃO DO MAPA DE PREÇOS

59. Por se tratar de um procedimento administrativo, a pesquisa e montagem do mapa depreços, exige uma documentação apropriada, para que se identifique todos os responsáveise procedimentos realizados. 60. O TCU por meio do acórdão 1.988/2013-Plenário, estabeleceu dentre outrasrecomendações, que os procedimentos de pesquisa de preços sejam padronizados: 

Determinar à UFPEL e à FAU que desenvolvam, em até 180 dias, métodos

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eficientes para a crítica e pesquisa de preços dos materiais a seremadquiridos, estabelecendo procedimento padronizado de forma a possibilitarjuízo crítico dos valores levantados, evitando compras por preços destoantese antieconômicos em datas próximas devido a não utilização da melhornegociação disponível. 

61. Uma padronização permite, dentre outros benefícios:  uma uniformização do processo,uma facilidade na transmissão do conhecimento, facilidade para que o setor/servidorresponsável possa fazer a crítica e uma facilidade para verificação do processo por partedos sistemas de controle do órgão. 62. Nesse sentido, busca-se por meio desta orientação, que a padronização adotada paraconfecção do mapa de preços, contenha pelo menos os seguintes pontos: 

a) Data e local do documento juntado;b) Identificação do servidor(es) responsável(eis) por cada uma das cotações (nome,matrícula, e-mail;c) Despacho indicando as empresas pesquisadas incluindo um breve parecer de queatuam em ramo pertinente a pesquisa realizada bem como certificando que elas nãopossuem relação entre si.d) Agrupamento das fontes utilizadas (e-mail com cotações; registros de preços;contratos administrativos; etc.). Caso uma eventual fonte não contenha registro, trazeruma folha com despacho, com o nome do servidor que realizou a pesquisa, data eperíodo pesquisado.e) Breve descrição da metodologia aplicada (no caso do executivo estadual, cada umdos itens do Art. 7º), acompanhado da conclusão obtida.f) Juntada dos pareceres sobre eventuais preços não utilizados ou utilizados mesmoque contrários aos limites conforme Art. 7º, §3º-A do Decreto 840/2017.g) Parecer sobre o mapa de preços, realizado por servidor/setor distinto do queconfeccionou o mapa. 

63. Todas as informações acima devem compor o processo de montagem do mapa depreços, sobretudo a indicação da memória de cálculo, para que fique evidente o critérioadotado pelo Órgão, para compor o preço de referência.

6.4 DA CONTRAÇÃO DIRETA

64. Mesmo nos processos em que não ocorra efetivamente licitação é essencial que a Cestade Preços seja construída, para que a administração pública não arque com preços

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destoantes dos preços de mercado. 65. No que tange as compras diretas, registre-se que não compõe a cesta de preços, valoresadjudicados em outros certames, tendo em vista que aqui ocorrerá justamente a ausência decertame. 66. Desse modo, o mapa de fazer uso dos orçamentos recebidos devendo-se constituircomo preço de referência, o menor valor encontrado. Aqui leva-se em conta as acuidades jádescritas alhures e relação ao orçamento solicitado (quantidade, tempestividade etc.). 67. O mapa de preços, uma vez finalizado, precisa ser cadastrado no SIAG, e aguardar-se oprazo de 48 (quarenta e oito) horas, onde os fornecedores cadastrados recebem a intençãode compra e podem, neste prazo, ofertar um melhor orçamento a unidade. 68. Reforça-se que essa composição de preço de referência, pode e deve ser utilizada paraa justificativa exigida pelo Art. 26 (e seus incisos) da 8.666/93.

6.5 COMPRAS EMERGENCIAIS

69. Em relação as compras emergenciais, o Acórdão do TCU nº 4.442/2010-1C, trazrecomendação expressa para construção de um preço de referência fundamentado nãoapenas com a juntada de três orçamentos, conforme se observa: 

1.5.1.3. instrução dos processos de dispensa por emergencialidade com a, não sendo suficiente apenas a necessária e imprescindível justificativa de preços

inserção das cotações de preços obtidas com três ou mais empresasdesacompanhada de análise fundamentada dos valores apresentados econtratados.

 

6.6 INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO

70. Nos casos de inexigibilidade o mapa de preços é sintético, devendo conter documentosque permitam à administração verificar se o preço ofertado a ela é condizente ao praticadopelo mercado. Assim é essencial a juntada de: 

a) documentos fiscais ou instrumentos contratuais de objetos idênticos,comercializados pela futura contratada, realizados em até 1 (um) ano, da data deautorização da inexigibilidade pela autoridade competente.

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b) Tabelas de preços ofertados pela futura contratada, em sítios eletrônicos, contendodata e hora de acesso. (quando existir) 

71. Reforça-se aqui a necessidade de avaliação do preço de referência encontrado, comconfecção de parecer nos moldes do Art. 7º, §6º, Dec. 840/2017 e análise por servidordistinto, conforme Art. 7º, §7º do mesmo dispositivo legal.

6.7 CONTRATAÇÕES DIRETAS DE BAIXA MATERIALIDADE

72. A construção do preço de referência, demanda tempo e envolve consequente um custoadministrativo. Logo, convém ressaltar o princípio da racionalidade administrativa e gestãode risco. O artigo 14 do Decreto-Lei 200/1967 traz: 

Art. 14. O trabalho administrativo será racionalizado mediante simplificaçãode processos e supressão de controles que se evidenciarem comopuramente formais ou cujo custo seja evidentemente superior ao risco. 

73. Assim, as contratações de , podem ter apenas um despachobaixa materialidadefundamentado, indicando uma simplificação do processo de montagem do preço dereferência (ou sua ausência) em relação ao objeto contratado. 74. Nesse cenário, busca-se evitar que o custo do controle seja superior ao próprio objetocontrolado.

6.8 DA ESPECIFICAÇÃO DO OBJETO

75. Um dos pontos mais essenciais associados ao planejamento da contratação econstrução do preço de referência é a especificação correta do objeto pretenso àcontratação. Mais que uma necessidade, o esmero em especificar o objeto é entendidocomo uma obrigação por parte dos órgãos de controle. A Súmula 177 do Tribunal de Contasda União relata: 

A definição precisa e suficiente do objeto licitado constitui regraindispensável da competição, até mesmo como pressuposto do postulado deigualdade entre os licitantes, do qual é subsidiário o princípio da publicidade,que envolve o conhecimento, pelos concorrentes potenciais das condiçõesbásicas da licitação, constituindo, na hipótese particular da licitação paracompra, a quantidade demandada uma das especificações mínimas eessenciais à definição do objeto do pregão.

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 76. Ocorre que na prática, tem-se constatado especificações superficiais de objetos,manifestadas pelos setores demandantes, e que não são aperfeiçoadas ao longo doprocesso, chegando ao orçamentista, objetos especificados de maneira inconsistente,ocasionando grandes dificuldades para cotação, pois o orçamentista não dispõe deinformações suficientes para realizá-la. 77. Aqui, é cabível também, uma crítica ao orçamentista, que tem o dever de devolver oprocesso sempre que não encontrar neste, informações suficientes que descrevam comclareza a natureza técnica do objeto pretenso.  A devolutiva processual, deve fundamentaros pontos que causam dúvidas e explicar o que precisa ser preenchido sobre as informaçõesdo objeto. Quando o orçamentista não toma esse cuidado, ele assume os riscos de umaconstrução de preços de referências equivocada, logo a responsabilidade pela falha naconstrução. 78. Desse modo, para que uma estimativa de preços que traduza o real valor de mercado, éessencial uma especificação adequada do objeto. 79. O artigo 9º, inciso I do DECRETO Nº 7.892/2013, que regulamenta o sistema de Registrode Preços, traz uma definição excelente sobre essa especificação: 

I - a especificação ou descrição do objeto, que explicitará o conjunto deelementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado para acaracterização do bem ou serviço, inclusive definindo as respectivasunidades de medida usualmente adotadas; 

80. Inclui-se ainda, além da especificação, uma avaliação do mercado fornecedor, análisedas marcas e modelos que sejam aderentes à especificação do objeto, análise dascondições de atendimento e fornecimento que componha a organização logística e quecontenham, dentre outras informações: a) Marcas, modelos e fabricantes disponíveisb) Custo de frete;c) Local e prazo de entrega;d) Condições de pagamento;e)  Garantia;f) Suporte técnico;g) Treinamento;h) Periodicidade estimada dos pedidos;

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i) Quantidades estimadas de fornecimento (com memória de cálculo); 81. O rol acima é exemplificativo, mas já  auxilia na obtenção de informações  Tomando-secomo premissa, a definição de contida no artigo 9º, I, bem como as condições defornecimento especificadas acima, é possível que o órgão adote mecanismos que permitam a padronização de especificações de objetos para que facilidade, tanto a área demandantequanto a área responsável pela construção do orçamento. 82. Uma boa prática, que mitiga esse ruído de informação, é a adoção de estudos técnicospreliminares, antes de cada contração (ou grupo de contratações). O acórdão6.638/2015-1C/TCU trouxe:

1.8.2. adotar controles internos de forma a assegurar que as contrataçõessejam precedidas de estudo técnico preliminar, que servirá de base para aelaboração do termo de referência ou projeto básico, devendo conter anecessidade da contratação, o alinhamento aos planos do órgão, osrequisitos da contratação, a relação entre a demanda prevista e aquantidade de cada item pretendido, o levantamento do mercado, a escolhado tipo de solução a contratação, estimativas preliminares dos preços,descrição da solução como um todo, justificativas para o parcelamento ounão da solução, os resultados pretendidos, as providências para adequaçãodo ambiente do órgão, se for o caso, análise de risco, bem como declaraçãoda viabilidade da contratação;

83. Nesse estudo, ocorre o aperfeiçoamento da descrição do objeto, discussão sobre sualogística de fornecimento e, como o estudo é feito por equipe multidisciplinar, pode ocorrersugestão de agrupamento de contratações ou de justificativas para parcelamento da soluçãopretensa. 84. O processo de especificação não é simples. Observa-se que é fundamental enfrentar ospontos citados acima, para que o objeto seja bem especificado e consequentementetraduzam em um preço de referência mais condizente com a realidade de mercado.

6.9 FONTES DE INFORMAÇÃO

85. Conforme já relatado, o Decreto 840/2017 em seu artigo sétimo parágrafo primeiro,descreve as fontes mínimas, a serem consultadas quando da formação do preço dereferência.  Aqui descreve-se que não só estas fontes de informação, como outras quepodem ser utilizadas para construção do preço de referência.Detalha-se abaixo cada um dos itens. 

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a) Contratos realizados pelo órgão 85.1 O inciso I, do parágrafo primeiro traz a seguinte redação:

I - contratos de órgão/entidade em execução ou concluídos nos 180 (cento eoitenta) dias anteriores à data da pesquisa de preços; 

85.2 Aqui o orçamentista tem como fonte de consulta primária, o Sistema deAquisições Governamentais do Estado e Mato Grosso SIAG, onde deve consultarpreços de referência de contratos, do mesmo objeto, dentro do executivo estadual. 85.3 Deve, no entanto, atentar-se para a forma de logística de execução do objeto,encontra-se aderente a especificação do seu Termo de Referência, pois conformeexplicado alhures, esse item pode influenciar no preço de referência adotado. b) Preços Públicos

II - preço público de contratos e/ou atas de registro de preços similares deoutros entes públicos, em execução ou concluídos nos 180 (cento e oitenta)dias anteriores à data da pesquisa de preços;

 85.4 Neste ponto, trata-se de preços públicos praticados. O orçamentista pode fazeruso de sistemas como:  RADAR do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso,Comprasnet (da União), Painel de Preços (da União - gov.br/paineldeprecos), Bolsa deLicitações e Leilões (BLL), pesquisas pelo Google  entre outros. 85.5 Pode ainda fazer uso de soluções particulares que efetuam pesquisas, masrobustas e trazem dados categorizados, que podem facilitar o trabalho de coleta depreços para composição do preço de referência. c) Cotação de fornecedores

III - orçamentos de empresas que atuem no ramo do objeto licitado,formalmente solicitados e devidamente identificados, devendo-se aguardarprazo de resposta de 05 (cinco) dias úteis;

 85.6 A cotação de preços dos fornecedores, compõe uma das fontes existentes depesquisa e não a única ou a prioritária. 85.7 Aqui cabe alertar a respeito do prazo de 05 (cinco) dias úteis para retorno dofornecedor, que se trata de um prazo mínimo de aguardo. 

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85.8 Reforça-se a necessidade de que, antes de descartar um fornecedor por ausênciade envio de cotação, que estejam nos autos demonstrativos por parte do orçamentistade que este envidou esforços, durante o decurso do prazo, para obtenção umaresposta do fornecedor e este quedou-se inerte ou manifestamente tenha se negado aenviar cotação. 85.9 Por fim, ressalta-se que o preço informado pelo fornecedor, na fase de pesquisade preços, não vincula a manutenção deste junto a sua proposta, mas pode serutilizado pelo pregoeiro para solicitação de justificativa por parte do fornecedor, antesde uma adjudicação, sobre eventual majoração do preço informado na fase de cotação,sobretudo se a proposta ainda estiver dentro do prazo de validade. 85.10 Caso persista a diferença e ocorra recusa por parte do fornecedor em justificarou reduzir o valor da nova proposta, o pregoeiro deve, juntamente com a adjudicação,juntar observação sobre a diferença detectada informando ao gestor da pasta para que,avaliando o cenário, decida por homologar ou não o certame. d) Mídia especializada, de sítios eletrônicos especializados ou de domínio amplo. 85.11 Em que pese o decreto 840/2017, não mencione essa fonte no rol necessário,toma-se como referência a IN 73/2020 da União que traz:

Art. 5º, III - dados de pesquisa publicada em mídia especializada, de sítioseletrônicos especializados ou de domínio amplo, desde que atualizados nomomento da pesquisa e compreendidos no intervalo de até 6 (seis) mesesde antecedência da data de divulgação do instrumento convocatório,contendo a data e hora de acesso; ou

 85.12 A mídia especializada é aquela que serve de referência para avaliações enegociações de produtos no mercado nacional trazendo uma referência média depreços de produtos. 85.13 A Tabela FIPE é um dos principais exemplos deste tipo de fonte e inclusive játeve o reconhecimento da sua eficácia e validade pelo Tribunal de Contas da União,por meio do Acórdão 7.502/2015-2C.

6.8. Conforme vem se consolidando a jurisprudência dessa Corte de Conta(Acórdãos 2.877/2011, 3.019/2011, 5.324/2011, 5.325/2011, 6.758/2011,7.723/2011, todos da 2ª Câmara), os preços de referência dos veículos sãoaqueles pesquisados pela Fundação de Pesquisas Econômicas Fipe,segundo a qual, as tabelas baseiam-se em pesquisas de preços médios

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praticados em 24 estados brasileiros, descartando valores muito abaixo ouacima da média. Dessa forma, a variação causada pelas diferençasregionais já se encontra precificada nas tabelas de referência.

 85.14 Outro exemplo que pode ser mencionado é a Agência Nacional do Petróleo -ANP combustíveis (http://preco.anp.gov.br/). 85.15 Em relação a sites especializados, são sites que se dedicam a um grupoespecífico de mercado trazendo preços médios de um determinado segmento deproduto. Cita-se como exemplo, no caso de imóveis, o site nacionalmente conhecido:https://www.imovelweb.com.br/; 85.16 No que tange a sites de domínio amplo são aqueles que realizam comércioeletrônico e que sejam legalmente constituídos com cadastros de pessoa jurídica CNPJ. Cita-se como exemplos: www.magazineluiza.com.br, www.amzon.com.br entreoutros. 85.17 No caso deste tipo de pesquisas, deverá ser juntada aos autos a cópia da páginaconsultada, de modo que conste o preço, a descrição e a data da consulta realizada. e) Pesquisas realizadas pessoalmente 85.18 Embora não recomendável (pela não praticidade), mas ainda possível, naspesquisas realizadas desta maneira, deverá ser juntado aos autos documento emnome da empresa, contendo a data, o nome e a assinatura do representante ouresponsável pelo fornecimento do preço.

 86. Em todos os casos é importante que o orçamentista detalhe cada um dos procedimentosrealizados sobre a coleta de informações. É preciso que guarde elementos que comprovema temporalidade da pesquisa realizada, bem como os elementos utilizados pelo mesmo paracoletar as informações. 87. O Art. 7º, §2º dec. 840/2017, reforça que caso alguma das fontes indicadas sejafrustrada, que existe a necessidade de o orçamentista indicar no processo as justificativasque comprovem essa frustração, aqui pode ser tomado como exemplo de e-mails enviados aum determinado fornecedor, durante um período de dias, solicitando orçamento e sem obterresposta do mesmo, no prazo mínimo de 05 dias. 88. É importante ressaltar que no cenário acima é fundamental que se demonstre empenho

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do orçamentista em tentar conseguir a informação, com pedidos reiterados que precisamaparecer no processo, antes que seja descartada a fonte de informação. Esse mesmoprocedimento deve ser adotado para as demais fontes.

6.10 DO CUIDADO COM A UTILIZAÇÃO DE VALORES DE OUTRO CERTAMELICITATÓRIO PARA COMPOR O PREÇO DE REFERÊNCIA

89. Os itens devem ter condições semelhantes às pretensas no processo licitatório e devemrefletir objeto idêntico. Aqui deve-se observar todos os itens já explicados anteriormente quepodem influenciar no preço (prazo de entrega, logística, garantia etc.) 90. Cita-se o Acórdão 2.816/2014-P:

Quanto à alegação de que, devido à especificidade do objeto, não teria sidopossível encontrar atas de registro de preços que pudessem seraproveitadas nas estimativas, entendemos que cabem algumasconsiderações. De fato, em razão das peculiaridades dos eventospromovidos pelas diferentes unidades, é muito difícil que a composição deuma licitação seja aproveitada por outra em sua integralidade. Não obstante,ainda que organizados de diferentes maneiras, há diversos itens queaparecem de forma recorrente nos certames destinados às contratações dotipo, que poderiam ser aproveitados na fase de planejamento dacontratação, auxiliando o gestor na elaboração do orçamento estimado. 

91. Observa-se que é preciso um cuidado ao se utilizar essa fonte de pesquisa. Por oportunomenciona-se ainda o Acórdão 1.551/2008-P

2. A comparação de preços praticados em contratos distintos exige que seprocedam aos necessários ajustes de forma a tornar homogêneos osserviços comparados. Se o preço-base refere-se a peça de menorcapacidade, é lícito proceder-se aos ajustes adequados para fins decomparação com o preço do elemento mais robusto sob avaliação.4. Embora seja válida a utilização de planilha de preços e quantitativos docontrato de uma obra como padrão comparativo da planilha de outra obracom características construtivas semelhantes, mormente para os serviços demaior complexidade tecnológica, a avaliação deve sempre que possível sercomplementada com as cotações constantes dos sistemas de custostradicionais, públicos ou privados, de ampla aceitação neste Tribunal, comoo Sinapi, o Pini, o Sicro, resolvendo-se os eventuais conflitos em favordestes últimos.

 

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92. Reforça-se ainda orientação que apenas os preços efetivamente homologados noprocesso licitatório podem ser utilizados, não havendo margem para utilização de propostasque não lograram êxito no procedimento. 93. Também é fundamental assegurar que o preço tomado como referência em um outroprocesso licitatório, tenha sido efetivamente o preço praticado, levando-se emconsiderações, inclusive, possíveis reajustes já aplicados neste valor, quando da realizaçãoda consulta. 94. Para isso é essencial o contato com o gestor do contrato, para extração correta dasinformações atualizadas.

6.11 COTAÇÃO POR ITEM OU POR LOTE?

95. A regra geral é que a pesquisa de mercado seja específica para cada item do objetolicitado. É inclusive o entendimento extraído da Súmula nº 247 do TCU:

É obrigatória a admissão da adjudicação por item e não por preço global,nos editais das licitações para a contratação de obras, serviços, compras ealienações, cujo objeto seja divisível, desde que não haja prejuízo para oconjunto ou complexo ou perda de economia de escala, tendo em vista oobjetivo de propiciar a ampla participação de licitantes que, embora nãodispondo de capacidade para a execução, fornecimento ou aquisição datotalidade do objeto, possam fazê-lo com relação a itens ou unidadesautônomas, devendo as exigências de habilitação adequar-se a essadivisibilidade. 

96. Cita-se ainda o Acórdão TCU 2901/2016-P:nas licitações para registro de preços, é obrigatória a adjudicação por itemcomo regra geral, tendo em vista o objetivo de propiciar a ampla participaçãode licitantes e a seleção das propostas mais vantajosas. A adjudicação porpreço global ou lote deve ser vista como medida excepcional que necessitade robusta motivação, por ser incompatível com a aquisição futura por itens.Voto:25. Outra grave irregularidade que observei no Pregão Presencial 10/2006foi a escolha da adjudicação por lote de medicamentos em vez da opção daadjudicação por item. A meu ver, tal opção foi uma das principais causas dossobrepreços observados nas contratações decorrentes desse certame.26. Consoante o Relatório de Auditoria 189854 da CGU, relativo às contasda Funasa do exercício de 2006, ao distribuir os 138 itens de medicamentos

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em quatro lotes distintos, sem especificar os critérios de tal alocação, e aodefinir que seriam desclassificadas as propostas que não contemplassemtodos os itens e seus respectivos quantitativos constantes em cada lote,ocorreu restrição à participação de empresas fabricantes de medicamentos,inclusive dos laboratórios públicos, sendo que, em decorrência disso,somente empresas distribuidoras teriam apresentado propostas de preçospara o Pregão 10/2006.27. O critério adotado para adjudicação - o menor preço por lote - afastou daconcorrência os fabricantes de medicamentos, porquanto não conseguiriamcotar preços para todos os itens de determinado lote. Igual situaçãoocorreria para o caso de haver distribuidor exclusivo para um ou mais itensde um mesmo lote, o que ensejaria o afastamento de outras empresas dadisputa do respectivo lote e, consequentemente, a falta de competição paraos itens remanescentes. Ou seja, tal critério de adjudicação causou a ofertade preços mais elevados.29. A adjudicação do objeto para a empresa que ofertou o menor preçoglobal por lote não assegura a observância do princípio da seleção daproposta mais vantajosa, na medida em que as futuras adesões à ata deregistro de preços podem se basear apenas em itens específicos para osquais a licitante detentora dos preços registrados não necessariamenteofertou o menor valor do item em relação aos demais participantes docertame.

 97. Dessa forma, a cotação deve seguir, em regra, o critério que será utilizado comoreferência par adjudicação do certame. 98. Não obstante, em algumas situações, a adjudicação por item, por conseguinte, a cotaçãopor item, pode se tornar antieconômica trazendo custos administrativos elevados oupromover embaraços de ordem técnica para a adequada execução do objeto. 99. A logística de frete, por exemplo, pode encarecer uma determinada cotação se realizadade forma individualizada item a item, a despeito de lotes completos. 100. Questões relacionadas a padronização e compatibilidade de produtos, também sãoobstáculos a serem justificados caso não seja possível a aquisição individualizada. 101. Logo é necessário construir a solução adequada de acordo com o caso concreto,sempre justificando a necessidade de não se realizar a adjudicação por item (econsequentemente sua cotação) no processo licitatório.

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6.12 POSSIBILIDADE DE COTAÇÕES ENDEREÇADAS A OUTROS ÓRGÃOS

102. Partindo-se da premissa que as contratações realizadas por outras unidades são tidascomo referências válidas para formação do preço de referência, admite-se, por conseguinteque orçamentos enviados a outras unidades do executivo estadual, componham a referênciade preços. 103. Entretanto é necessário cautelas como:

a) Se a cotação está dentro do prazo de validade de 180 dias previsto no Decreto840/2017/MT;b) Se as condições de execução do objeto são semelhantes.c) Se os locais e condições de fornecimento são compatíveis. 

104. Enfim deve-se assegurar as mesmas condições entre os objetos. 105. No entanto, informa-se que a utilização de cotação endereçada para terceiro, nãoafasta a responsabilidade de quem a utilizar, cabendo a realização de um juízo crítico sobreos valores obtidos. 106. Por fim, vislumbra-se para que futuramente o órgão central de aquisições, desenvolvamecanismos para que as unidades possam registrar no Sistema de Aquisições os preçospesquisados individualmente até a confecção do Mapa de Preços definitivo, para que outrasunidades do Estado, possam valer-se destas referências para confecção mais célere dosseus respectivos Mapas.

6.13 COTAÇÕES NÃO ASSINADAS

107. Em relação a ausência de assinatura no documento de cotação, embora desejável paravinculação do signatário, entende-se que essa ausência não afasta a utilidade da cotaçãopara composição do mapa de preços. Isso porque efetivamente, ela fica assemelhada a umparâmetro de preço obtido por sítio da internet ou pesquisa telefônica. 108. Nesse caso, vale-se da fé-pública do agente que lavra a cotação e assina o mapa depreços.

7 PREÇO MÁXIMO

109. O preço máximo não pode ser confundido com o preço de referência.  Enquanto esteobrigatório conforme explicado até aqui, aquele é opcional (art. 40, X, da Lei 8.666/93).

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 110. O acórdão TCU nº 2.688/2013-P define com clareza a diferença:

9. Mais especificamente, orçamento ou valor orçado ou valor de referênciaou simplesmente valor estimado não se confunde com preço máximo. Ovalor orçado, a depender de previsão editalícia, pode eventualmente serdefinido como o preço máximo a ser praticado em determinada licitação,mas não necessariamente. Num dado certame, por exemplo, o preçomáximo poderia ser definido como o valor orçado acrescido de determinadopercentual. São conceitos, portanto, absolutamente distintos, que não seconfundem. 

111. Uma vez que se estabeleça o para um determinado certame, preço máximo esse l (acórdãos 392/2011 e 2.166/2014, ambos do Plenário), nãodeve ser divulgado no edita

podendo ocorrer adjudicação do objeto com valor superior a ele. Quaisquer propostas comvalor superior devem ser desclassificadas.  112. Quando ausente, conforme explicado anteriormente a administração deve-se valer doscritérios de corte, estabelecidos no Art. 7º do Decreto 840/2017/MT para realizar a exclusãode preços excessivamente altos, obtidos no processo de confecção do Mapa de Preços.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

113. Pelo exposto, demonstrou-se a importância do esmero na confecção do preço dereferência, montagem do mapa de preços bem como toda metodologia que deve serobservada para sua confecção. 114. É fundamental que as unidades realizem o processo de construção do preço dereferência, utilizando-se os critérios apresentados para que os certames contenham preçosmais aderentes a realidade de mercado. 115.   O esmero na construção do preço de referência é fator mitigante para que aadministração não licite objetos com sobrepreço ou realize aquisições comsuperfaturamento. É a orientação.

À apreciação superior.

Cuiabá, 25 de Novembro de 2020

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_______________________________Anderson Andrey Paes Escobar

Auditor do Estado

_______________________________Breno Camargo Santiago

Superintendente de Controle