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53 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: BREVE hISTóRICO ARTIGO NATUREZA, SAÚDE E SUSTENTABILIDADE Resumo As Unidades de Conservação são uma realidade recente no Brasil, até porque a legislação que as regulamentou é do ano de 2000. Em 2007, foi criado o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com a finalidade de ser o responsável pela administração das Unidades de Conservação federais, além de fo- mentar e executar programas de pesquisa, proteção e conservação da biodiversidade. Palavras-chave: SNUC, unidade de conservação, meio ambiente, compensação ambiental. Abstract Conservation Units are a recent reality in Brazil, because the legisla- tion that regulates them is the year 2000. In 2007 was created the Chico Mendes Institute for Biodiversity Conservation (ICMBio), in order to be responsible for the administration of federal conserva- tion units, as well as promote and implement programs of research, protection and conservation of biodiversity. Keywords: SNUC, unit conservation, environment, environmental compensation. Paulo Menis 1 Iane Paula Rego Cunha 2 53

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UNIDADES DE CONSERVAÇÃO:

BREVE hISTóRICO

ARTIGO NATUREZA, SAÚDE E SUSTENTABILIDADE

ResumoAs Unidades de Conservação são uma realidade recente no Brasil, até porque a legislação que as regulamentou é do ano de 2000. Em 2007, foi criado o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com a finalidade de ser o responsável pela administração das Unidades de Conservação federais, além de fo-mentar e executar programas de pesquisa, proteção e conservação da biodiversidade.

Palavras-chave: SNUC, unidade de conservação, meio ambiente, compensação ambiental.

AbstractConservation Units are a recent reality in Brazil, because the legisla-tion that regulates them is the year 2000. In 2007 was created the Chico Mendes Institute for Biodiversity Conservation (ICMBio), in order to be responsible for the administration of federal conserva-tion units, as well as promote and implement programs of research, protection and conservation of biodiversity.

Keywords: SNUC, unit conservation, environment, environmental compensation.

Paulo Menis1 Iane Paula Rego Cunha2

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OS AUTORES

1Paulo Menis

Especialista em Didática Universitária e em Gestão Ambiental, graduado em Econo-

mia, mestrando em Educação na Unidade Católica de Brasília, professor de Econo-

mia Política e Economia Ecológica – ([email protected]).

2Iane Paula Rego Cunha

Doutoranda em Botânica pela Universidade Federal de Pernambuco, mestre em

Ciên cias Biológicas (Unesp/Botucatu), graduada em Ciência, professora de Botânica

Criptogâmica e Fisiologia Vegetal – ([email protected]).

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No ano de 1876, provavelmente inspirado pela criação do Par-que de Yellowstone, nos Estados Unidos, o engenheiro André Rebouças sugeriu a criação de Parques Nacionais em Sete Que-das e na Ilha do Bananal (Assis, 2005).

1. orIgens dAs unIdAdes de conservAção

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Normalmente é creditado ao parque estadunidense, criado em 1872, localizado entre os estados de Wyoming, Montana e Idaho – Parque Nacional de Yellowstone – o título de primeiro parque nacional do mundo (Obara e silva, 2001). Entretanto, em 1864, portanto oito anos antes, também nos Estados Unidos, no estado da Califórnia, foi criado o Parque Estadual de Yosemite, um local para proteger e enaltecer a natureza (GOdOy, 2000).

A diferença entre os parques é que, em Yellowstone, pela pri-meira vez, se unem novas técnicas e tecnologias visando a uma resposta estética e científica sobre a natureza, para atuar sobre a diversidade existente (GOdOy, 2000).

Langdorf (1872 apud GOdOy, 2000) cita a seguinte orientação sobre os objetivos do Parque Nacional de Yellowstone:

não é desejo do Departamento que seja feita qualquer tentativa para embe-

lezar ou adornar esta reserva, mas apenas preservá-la de qualquer lesão ou

exploração de madeira, depósitos minerais e várias curiosidades dessa região,

mantê-la, na medida do possível, na sua condição natural.

Segundo Milano (1989 apud Obara e silva, 2001), o Parque Na-cional de Yellowstone tornou-se modelo para a maioria dos par-ques naturais e das áreas protegidas que foram implantados ul-teriormente, tanto nos Estados Unidos como em diversos outros países: Canadá, em 1885; Nova Zelândia, em 1894; Austrália, África do Sul e México, em 1898; Argentina, em 1903; Chile, em 1926; Equador, em 1934 e Venezuela, juntamente com o Brasil, em 1937.

2. HIstórIco dAs pré-unIdAdes de conservAção no BrAsIl

Revista UNI • Imperatriz (MA) • ano 1 • n.1 • p.53-62 • janeiro/julho • 2011

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Em 1908, visando a criar dois núcleos coloniais, a Fazen-da Federal adquiriu do Visconde de Mauá as terras que constituíram inicialmente o Parque do Itatiaia. Em 1929, criou-se no local uma Estação Biológica e finalmente, em 14 de junho de 1937, foi criado o Parque Nacional de Itatiaia, no Rio de Janeiro, o primeiro Parque Nacional Brasileiro (ibaMa, 2010).

Em 1939, foram implantados no estado do Paraná o Parque Nacional do Iguaçu e no estado do Rio de Janeiro o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Obara, 2001).

No ano 1940, o Brasil participou, em Washington, da Con-venção sobre a Proteção da Natureza e Preservação da Flora, Fauna e Belezas Cênicas Naturais dos Países da América e, em 1948, o Congresso Nacional Brasileiro aprovou as disposições da convenção, estabelecendo as definições de Parques Nacio-nais, Reservas Nacionais, Monumentos Naturais e Reservas Es-tritamente Silvestres.

Em 1959, foram criados mais três Parques Nacionais: o Parque Nacional do Araguaia no hoje estado do Tocantins, destinado a proteger uma amostra do ecossistema de transição entre o Cerrado e a Floresta Amazônica e de uma porção da Ilha do Ba-nanal; o Parque Nacional de Ubajara no estado do Ceará, com o intuito de proteger uma pequena amostra da Floresta Subcadu-cifólia Tropical, representativa de serra úmida em região semiári-da e sua transição até atingir a Caatinga e o Parque Nacional de Aparados da Serra no Rio Grande do Sul, para conservar amos-tra significativa das formações vegetais existentes na unidade, bem como proteger os aspectos geológicos e geomorfológicos da área (IbaMa, 2010).

Segundo Brito (2000 apud Obara, 2001), em 1965, frente às deficiências do Código Florestal de 1934, que não conseguia conter a crescente destruição dos recursos florestais no país, criou-se o novo Código Florestal, que, entre outras medidas, criou categorias e introduziu uma divisão conceitual entre elas:

a) Unidades que não permitiam a exploração dos recursos naturais – restritivas/uso indireto (Parques Nacionais e Reservas Biológicas); e

EM 1965 o novo

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b) Unidades que permitiam a exploração dos recursos naturais – não restritivas/uso direto (Florestas Nacionais, Florestas Prote-toras, Florestas Remanescentes, Reservas Florestais e Parques de Caça Florestais).

Com a fundação da nova capital federal (Brasília) em área de Cerrado, a atenção para a região foi aumentada e gerou-se a necessidade de criação de áreas protegidas neste bioma. Foram então criados, em 1961, os Parques da Chapada dos Veadeiros e das Emas no estado de Goiás e o de Brasília no Distrito Federal.

Posteriormente, outras áreas de excepcionais atributos naturais tornaram-se parques nacionais: Caparaó - maciço montanhoso onde se localiza o Pico da Bandeira, anteriormente considera-do o ponto culminante do Brasil; Monte Pascoal - de relevan-te importância histórica, por abrigar a primeira terra avistada pela expedição de Cabral; Tijuca - área de florestas sobranceira à cidade do Rio de Janeiro; Sete Cidades - visando a proteger monumentos geológico-geomorfológicos excepcionais e São Joaquim - uma das últimas áreas remanescentes de araucária (aMbiente brasil, 2010).

Em 1967, foi criada uma autarquia federal, vinculada ao Minis-tério da Agricultura, para ser o órgão responsável pela admi-nistração das unidades já criadas, adicionando-se às suas atri-buições a de criar novos parques nacionais, reservas biológicas, florestas nacionais e os parques de caça e a gestão dos recursos naturais renováveis e do desenvolvimento florestal do país, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF).

Até a primeira metade da década de 1970 (Obara e silva, 2001), tanto os Parques Nacionais como as Reservas Florestais e as Flo-restas Protetoras foram implantadas “aleatoriamente”, quase que exclusivamente pela beleza cênica que elas continham, pois não existia uma política nacional de planejamento e implanta-ção de Unidades de Conservação (UCs) no país.

Há que se ressaltar, entretanto, que, em 1974, a criação da reserva Ecológica de Poço das Antas, a primeira reserva biológica no país, idealizada para assegurar a sobrevivência do mico-leão-dourado e da preguiça-de-coleira, foi de extrema importância para o surgimen-to das Ucs.

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Ainda no ano de 1973, foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema), responsável, em 1977, pelo programa de criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental, que abrangeu todo território nacional (Obara e silva, 2001).

3. InícIo do sIstemA de unIdAdes de conservAção no BrAsIl

Somente a partir de 1979, em decorrência do Plano de Sistema de Unidades de Conservação do Brasil - I Etapa (1979) e II Etapa (1982), desenvolvido pelo IBDF, que critérios e normas técnico-científicos foram levados em conta na criação, implantação e gestão das UCs (Obara e silva, 2001).

O documento “Uma Análise de Prioridades em Conservação da Natureza na Amazônia” (Wetterberg et al., 1976) norteou a pre-paração da primeira e segunda versões do Plano de Sistemas de Unidades de Conservação do Brasil. Este documento carac-terizou-se como o primeiro a contemplar critérios científicos, técnicos e políticos para a indicação de um sistema de unidades de conservação no Brasil (schenini, 2004).

De acordo com Pádua (1978 apud schenini, 2004), os objetivos do Plano nas suas duas primeiras etapas foram:

• escolher, através de critérios técnico-científicos, e inventa-riar em nível nacional as áreas de potencial interesse, como unidades de conservação;

• identificar as lacunas e áreas protegidas de maior impor-tância do atual sistema;

• estabelecer critérios técnico-científicos significativos das áreas a incluir no sistema;

• rever a conceituação geral, designadamente no que toca a objetivos de manejo, precisando-os e aumentando-os, se aconselhável;

• propor as ações prioritárias para o estabelecimento, plani-ficação, manejo e administração desse sistema.

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Segundo o IBDF (1979), foram propostas treze áreas na primeira etapa do Plano, das quais nove foram oficial-mente criadas entre 1979 e 1981. São elas:

1. Parque Nacional do Pico da Neblina (AM)

junho de 1979 - 2.200.000 ha

2. Reserva Biológica do Rio Trombetas (PA)

setembro de 1979 - 409.585,00 ha

3. Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (MA)

junho de 1981 - 155.000 ha

4. Parque Nacional da Serra da Capivara (PI)

junho de 1979 - 100.000 ha

5. Parque Nacional do Jaú (AM)

setembro de 1980 - 2.272.000 ha

6. Parque Nacional do Cabo Orange (AP)

julho de 1980 - 619.000 ha

7. Reserva Biológica do Lago Piratuba (AP)

julho de 1980 - 395.000 ha

8. Reserva Biológica do Atol das Rocas (RN)

junho de 1979 - 36.349 ha

9. Parque Nacional de Pacaás Novos (RO)

setembro de 1979 - 764.801 ha

Das dezoito áreas propostas na segunda Etapa do Plano do Sis-tema de Unidades de Conservação, somente quatro foram cria-das em 1982, por decreto (Ibdf, 1982). São elas:

1. Reserva Nacional da Serra do Divisor, no Acre, com 605.000 ha;

2. Reserva Biológica do Guaporé, em Rondônia, com 600.000 ha;

3. Reserva Biológica do Abufari, no Amazonas, com 288.000 ha;

4. Parque Nacional do Monte Roraima, em Roraima, com 116.000 ha.

Entre o final da década de 1970 e os primeiros anos da década de 80 do século XX, em decorrência do Plano em suas duas eta-pas, numerosas áreas foram estabelecidas, atingindo cerca de 8.820.000 ha de Parques Nacionais e 2.360.000 ha de Reservas Biológicas (schenini, 2004).

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Devido à junção do IBDF, Sema, Sudepe e Sudhevea, também em 1989, foi criado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), que ficou responsável pela implan-tação e gestão das Unidades de Conservação em nível federal, além de dar assistência técnica no âmbito estadual e municipal (Obara e silva, 2001).

Em 1989, o IBDF, juntamente com a Fundação Pró-Natureza (Funatura), revisaram e atualizaram o Plano do Sistema de Uni-dades de Conservação, fato que resultou no projeto de Lei Nº 2.892, de 1992, que foi a base para a instituição do Sistema de Unidades de Conservação (SNUC) no Brasil (Obara e silva, 2001).

4. sIstemA nAcIonAl de unIdAdes de conservAção (snuc)

A lei nº 9.985/2000, que regulamenta o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e IV da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências (Medauar, 2009).

A Lei estabelece o ordenamento de inúmeras leis dispostas sobre manejo, como também vem a definir critérios e normas para o estabelecimento e gestão das áreas protegidas, sejam estas federais, estaduais ou municipais, e divide as unidades de con-servação que integram SNUC em dois grupos: as Unidades de Proteção Integral e as Unidades de Uso Sustentável.

A Lei 9.985/2000 estabelece como objetivo básico das Unidades de Proteção Integral a preservação da natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, exceto os casos previstos em lei, e o objetivo básico das Unidades de Uso Sustentá-vel sendo o de compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais (Medauar, 2009).

O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas se-guintes categorias de unidade de conservação: Estação Ecológica (ESEC), Reserva Biológica (Rebio), Parque Nacional (Parna), Monu-mento Natural (MN) e Refúgio de Vida Silvestre (Revis).

O grupo das Unidades de Uso Sustentável contém as seguin-tes categorias de Ucs: Área de Proteção Ambiental (APA), Área

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de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), Floresta Nacional (Flona), Reserva Extrativista (Resex), Reserva de Fauna, Re-serva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) e Reserva Par-ticular do Patrimônio Natural (RPPN) (schenini, 2004).

As categorias possuem características específicas, entre-tanto, existem assimilações quanto a alguns critérios. Nas Estações Ecológicas e nas Reservas Biológicas, é proibida a visitação pública, exceto aquela com objetivo educacio-nal, de acordo com regulamento específico. Estas duas unidades, juntamente com o Parque Nacional, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna e Reserva de Desenvolvimento Sustentável são de posse e domínio público.

O Monumento Natural e o Refúgio de Vida Silvestre podem ser constituídos por áreas particulares, desde que seja possível com-patibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários, e as Áreas de Proteção Ambiental e de Relevante Interesse Ecológico podem ser criadas em terras públicas ou privadas.

A única unidade de conservação que deve obrigatoriamente ser caracterizada como área privada é, como o próprio nome define, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (Schenini, 2004).

De acordo com os dados publicados no portal do ICMBio, o total de Unidades de Conservação Federal é de 304, divididos conforme demonstrado na tabela 1, afetando 711 municípios.

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Tabela 1– Total de Unidades de Conservação Federais - Brasil

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Fonte: ICMBio, fev.2010

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Em agosto de 2007, com o desmembramento do Ibama, foi criado o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiver-sidade (ICMBio), autarquia vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, integrante do Sisnama (Sistema Nacional de Meio Ambiente).

O ICMBio foi criado com a finalidade de ser o responsável pela administração das Unidades de Conservação federais, de fo-mentar e executar programas de pesquisa, proteção e conser-vação da biodiversidade em todo o território brasileiro, além de executar as políticas de uso sustentável dos recursos naturais renováveis e de apoio ao extrativismo e às populações tradicio-nais nas unidades de conservação federais de uso sustentável (Medauar, 2009).

Existem unidades de conservação atípicas que, mesmo abriga-das pelo ordenamento brasileiro, não fazem parte do SNUC: Área de Preservação Permanente (APP), Reserva Legal, Áreas de Servidão Florestal, as Reservas Indígenas etc. Essas áreas foram excluídas do SNUC, devido à enorme dispersão territorial e diver-sidade, dificultando a gestão no âmbito do SNUC (schenini, 2004).

ASSIS, Alexandre C. A compensação am-biental como fonte de custeio de unidades de conservação in B. Cient. ESMPU, Brasília, a. 4 - n.14, p. 73-86 - jan./mar. 2005.

GODOY, Apna. O modelo da natureza e a natureza do modelo. São Paulo: São Paulo em Perspectiva vol. 14 nº 4. 2000. 10 págs.

MEDAUAR, Odete. Coletânea de legisla-ção ambiental, Constituição Federal. 8 ed. rev.,ampl. e atual. – São Paulo: Editora Re-vista dos Tribunais, 2009.

OBARA, A.T.; SILVA, E. S. População Huma-na, Biodiversidade e Unidades de Conserva-ção do Brasil. In: VILLALOBOS. J.U.G. Terra e Agricultura. Maringá, 2001, p. 1-19.

referêncIAs

SCHENINI, Pedro C.; COSTA, Alexandre M.; CASARIN, Vanessa Wendt. Unidades de Conservação: aspectos históricos e sua evolução. Congresso Brasileiro de Cadas-tro Técnico Multifinalitário. UFSC Floria-nópolis, 2004.

Sites consultados

http : / /www. ibama.gov.br / s iucweb/mo.php?seqUc=88. Acesso em 14.fev.2010

h t t p : / / w w w. i c m b i o . g o v. b r / i n d e x .php?ie=yes. Acesso em 14.fev.2010

http://www.yellowstone.net/. Acesso em 14. fev.2010

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