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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO MOANA MACLOVE HOLANDA MACIEL A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E O CRITÉRIO ESCOLARIDADE NA IDENTIFICAÇÃO DE CANDIDATOS A MOTORISTAS MACEIÓ - AL 2014

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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO

MOANA MACLOVE HOLANDA MACIEL

A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E O CRITÉRIO ESCOLARIDADE NA

IDENTIFICAÇÃO DE CANDIDATOS A MOTORISTAS

MACEIÓ - AL

2014

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MOANA MACLOVE HOLANDA MACIEL

A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E O CRITÉRIO ESCOLARIDADE NA

IDENTIFICAÇÃO DE CANDIDATOS A MOTORISTAS

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof Ms. Alessio Sandro de Oliveira Silva

MACEIÓ - AL

2014

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MOANA MACLOVE HOLANDA MACIEL

A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E O CRITÉRIO ESCOLARIDADE NA

IDENTIFICAÇÃO DE CANDIDATOS A MOTORISTAS

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.

APROVADO EM ____/____/____

________________________________________________________

PROF MS. ALESSIO SANDRO DE OLIVEIRA SILVA

ORIENTADOR

_______________________________________________________

PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________

PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA

BANCA EXAMINADORA

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DEDICAÇÃO

Dedico especialmente aos meus pais que sempre me acompanharam em todo esse

período tão conflituoso de associação da vida laboral e acadêmica.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente à Deus por ter me dado força de vontade para nunca desistir

apesar das dificuldades.

É com muita satisfação que dedico este trabalho ao meu pai e a minha mãe,

que sempre me incentivaram e estiveram presentes em todas as minhas decisões,

me auxiliando e me fazendo enxergar a importância de uma escolha sensata e

correta, e por terem confiado em mim a capacidade para tornar-me aquilo que eles

tanto desejaram ver.

Ao meu namorado que esteve ao meu lado durante todo o período de estudo

e que me apoiou com seus incentivos e carinho.

A todos os professores que de alguma forma contribuíram para esta

conquista.

Aos verdadeiros amigos que ganhei no decorrer deste período.

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“Para ser válida toda a educação, toda ação

educativa, necessariamente deve ser precedida de

uma reflexão sobre o homem e de uma análise do

meio de vida concreto, do homem concreto a quem

queremos educar, ou melhor, a quem queremos

ajudar que se eduque.”

(Paulo Freire)

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RESUMO

Essa monografia analisou a avaliação psicológica e o critério escolaridade na identificação de candidatos a motorista que representam algum risco para o trânsito. O objetivo foi desenvolver um estudo descritivo sobre de que forma a escolaridade dos candidatos pode influenciar no momento da avaliação psicológica e consequentemente, à concessão de licença de motorista na cidade de Macapá – AP. Assim, foi realizada pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo do tipo documental, com levantamentos e análise qualitativa e quantitativa, dos registros elencados através de 98 testes (dos tipos: Teste de Atenção Concentrada – AC, Teste de Atenção Alternada – TEALT e Teste de Atenção Dividida - TEADI) ministrados pela Psicóloga da Clínica Instituto Integrare em Macapá, analisados pelo método analítico descritivo, e apresentados em gráficos e tabelas. Os resultados demonstram que os candidatos avaliados tinham idade de 18 a 59 anos completos, sendo uma amostra composta por 41% mulheres e 59% homens, sendo 65% avaliados como aptos, 35% re-testes e nenhum caso de inaptidão. Em relação ao critério escolaridade, constatou-se que a amostra analisada era composta por 37% do ensino superior, 46% ensino médio e 17% ensino fundamental, e a maior taxa de re-teste é de candidatos que possuem o ensino fundamental. Concluiu-se que a avaliação psicológica é de suma importância para conceder carteira de motorista, mas também identifica que os indivíduos que possuem um menor nível de escolaridade (ensino fundamental) são os que compõem em maior taxa comparativa com as demais (ensino médio e superior), a necessidade de averiguação de atenção (re-teste). Os testes analisados verificam a acuidade da percepção, concentração, reação, habilidade motora, inteligência, personalidade. Então, se houver deficiência em uma dessas funções, a avaliação do psicólogo de transito será de que tal candidato não tem condições psicométricas para dirigir adequadamente. Todas essas exigências devem ser cumpridas tanto por motoristas idosos, quanto pelos jovens e de meia idade, interessados em obter sua carteira de motorista. Palavras-chave: Psicologia do Trânsito- Avaliação Psicológica - Escolaridade.

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ABSTRACT

This monograph examined the psychological assessment and education criteria in identifying candidates for driver who represent a risk to traffic. The goal was to develop a descriptive study on how the education of candidates can influence the time of psychological assessment and therefore the granting of driver's license in the city of Macapa - AP . - AC , Alternating Attention Test - TEALT and Attention Test of Sustained Attention Test : Thus , literature and field research of documentary type, with surveys and qualitative and quantitative analysis , the listed records through 98 tests ( of sorts was held split - TEADI ) undertaken by the Clinical Psychologist Integrare Institute in Macapa , analyzed by descriptive analytical method , and presented in graphs and tables . The results demonstrate that candidates reviews were aged 18-59 years completed , with a sample comprised 41 % women and 59 % men , 65% assessed as fit , 35 % re - testing and any case of disability . Regarding criterion education, it was found that the sample analyzed was composed of 37 % of higher education , 46 % high school and 17 % elementary school , and the highest rate of re - testing is candidates who have elementary school . It was concluded that the psychological evaluation is of paramount importance to provide a driver's license , but also identifies individuals who have a lower level of education ( elementary school ) are those included in most comparative rates with other ( secondary and higher education ) , the need for investigation of attention ( re - test) . The tests analyzed verify the accuracy of perception, concentration , reaction, motor skills , intelligence , personality . So if there is deficiency in one of these functions , the evaluation of the traffic psychologist is that such candidate has psychometric conditions to drive properly . All these requirements must be met by both elderly drivers , as the young and middle age, interested in getting your driver's license . Keywords : Traffic Psychology Psychological Assessment Education .

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 - Distribuição por sexo da população geral. ............................................... 47

Gráfico 2 - Distribuição por escolaridade da população geral ................................... 49

Gráfico 3 – Resultados das Avaliações Psicológicas ................................................ 50

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Candidatos avaliados por gênero sexual (março a dezembro/2012)....... 48

Tabela 2 - Resultados das Avaliações Psicológicas (março a dezembro/2012) ....... 51

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 15

2.1 A Psicologia do Trânsito .................................................................................. 15

2.2 Avaliação Psicológica e sua Origem ............................................................... 28

2.3 Testes Psicológicos .......................................................................................... 39

3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 45

3.1 Ética .................................................................................................................... 45

3.2 Tipo de Pesquisa ............................................................................................... 45

3.3 Universo ............................................................................................................. 46

3.4 Sujeitos e Amostra ............................................................................................ 46

3.5 Instrumento de Coleta de Dados ..................................................................... 46

3.6 Procedimentos para Coleta de Dados ............................................................. 46

3.7 Procedimentos para Análise dos Dados ......................................................... 46

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 47

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 54

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 55

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1 INTRODUÇÃO

A psicologia do trânsito representa uma área científica que tem desvendado

inúmeros eventos importantíssimos no que concerne o comportamento humano seja

como pedestre, seja como motorista no dia-a-dia desse trânsito confuso que se

percebe atualmente no mundo, de forma, que tem se mostrado um elemento

imprescindível para desnudar caracteres relacionados aos indicadores que

representam algum tipo de risco nesse arranjo dinâmico, do qual se faz parte

cotidianamente, cada vez mais freqüentemente, com a evolução cada vez mais

rápida das tecnologias que envolvem veículos motorizados.

Essa área científica da qual se faz referência tem conseguido colocar em

suspensão extraordinariamente aqueles fatores significativos que muito bem

sinalizam todos os fatores que envolvem o ser humano se comportando no trânsito e

para isso apresenta em seu estudo as várias vertentes que traduzem os reais

elementos que constituem esse ambiente tão complexo e ao mesmo tempo nômade,

que conforme o contexto temporal vai assumindo diferentes roupagens,

acrescentado ou mesmo subtraindo e reformulando, de acordo com o cenário

vivenciado.

Ao se seguir esse contexto mutante, se pode facilmente encontrar os

conceitos daquela que rege e afunila mais ainda o assunto explorado, que vem a ser

a avaliação psicológica incluindo seu surgimento mundial e em um ciclo mais

restrito, que aponta seu surgimento no Brasil, bem como seu desenvolvimento e

conquista de caráter válido e fidedigno mediante não somente a classe na qual

surgiu, mas em uma visão universal, constituindo padrões delimitadores de condutas

e diretrizes seguidas mundialmente.

Se trata de uma abordagem que mostra a cada dia que passa a importância

de se considerar a influência do mundo interno de alguém interferindo nas

interrelações diárias, mas acima de tudo que existe um mundo interior dentro de

cada ser humano que funciona independente de determinações de padrões

socialmente aceitos e que se precisa conhecer essas nuances para que se tenha

esclarecimento o suficiente para que se possa elaborar padrões indicadores e

avaliativos do que pode ser nocivo ou não a conduta de um motorista.

Em se tratando de uma abordagem complexa e muito completa da visão do

ser humano enquanto comportamento dinâmico, não se pode deixar de evidenciar o

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aspecto também externo que propõe-se estudar não só a Psicologia do Trânsito,

mas também a avaliação psicológica, uma vez que nada mais é do que uma rede

que está interligada seja pelo método científico utilizado, seja, pela interpretação

dada aos dados coletados, a técnica avaliativa utilizada, ou ainda aos próprios

prospectos emergentes das possibilidades ou potencialidades advindas do

comportamento humano.

Se considera ainda que a aliança entre essas duas feras da ciência

psicológica constitui um termômetro por assim displicentemente dizer do estado

patológico ou mesmo das capacidades singulares de cada pessoa. Sim porque a

estreita ligação percebida entre essas duas áreas termina equalizando

possibilidades muito proveitosas para aquele profissional que precisa de padrões

avaliativos de confiança mediante o exercício da peritagem, mais especificamente

no conhecimento de uma breve leitura acerca das condições das funções mentais

de um candidato a carteira nacional de habilitação e saúde de suas funções mentais.

Pode-se entender dessa maneira, que analisar a eficácia da avaliação

psicológica na identificação de candidatos a CNH que apresentam algum indicativo

de comportamento de risco na direção, poderia contribuir e muito para a

identificação e redução da inserção desse risco para a sociedade em geral, não

somente considerando a ligação direta dos motoristas das vias, mas também do

ambiente como um todo, incluindo aquelas pessoas envolvidas indiretamente, mas

que podem sofrer em grande escala com um possível prejuízo desses indivíduos

que venha a apresentar algum risco.

Para tanto necessário faz-se necessário clarificar como a avaliação

psicológica pode funcionar como um fator de prevenção, quanto a um ambiente

cercado de conturbações e perigos e risco á vida, muito embora este trabalho não

tenha um caráter em nada preditivo, mas sim de poder esclarecer o quão fidedigno

pode ser este instrumento psicológico que é a avaliação psicológica, na identificação

de características não recomendáveis para o comportamento humano no trânsito e

assim com segurança poder interpretar o dados colhidos com essa testagem

psicológica realizada com candidatos a CNH ou mesmo na renovação da carteira de

motorista desse público-alvo, para assim, apresentar resultados dentro de um

contexto de direção segura.

Atribui-se a singularidade de cada caso observado um conceito de extrema

importância para essa discussão, já que envolve um contexto único e que faz-se o

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foco da análise do trabalho, que não pode deixar de enxergar dentro de cada caso,

as condições reais que um determinado indivíduo esteja apresentando no momento

de sua avaliação, revelando o estado de sua saúde psicológica, que leva o

profissional a conhecer a capacidade ou aptidão desse possível condutor e

classificá-lo como apto ou não para exercer a função de dirigir.

Esse trabalho apresenta uma proposta audaciosa no sentido de afirmar a

comunidade mundial, a existência de contextos psíquicos que habitam a moradia

muitas vezes do inconsciente despercebidamente, mas que estão ávidos a

prejudicar diante de um acontecimento qualquer e que casualmente no

estabelecimento das relações do dia-a-dia não podem ser percebidos. E que esse

contexto psíquico possui um funcionamento prático e que interfere diretamente nas

ações dos seres humanos e que não cabem apenas ao arranjo de discussões

subjetivas, mas que apesar de possuir um ramo forte de levantamentos teóricos, é

na prática que se revelam suas consequências desastrosas.

A Psicologia detém em suas mãos uma arma benéfica para conjecturação e

enredamento de sinais indicadores de comportamentos e indícios patológicos ou

ainda desajustes de um funcionamento que por algum motivo se adaptou não

saudavelmente e que por um determinado período estabeleceu esse padrão de

funcionamento, provavelmente única forma encontrada para coexistir com a

dificuldade sentida e que muitas vezes quando da não interferência profissional,

arrastam esse comportamento até o fim da vida sem perceber. Entretanto, esse

ajuste não saudável poderá causar alguma interferência negativa a alguém que não

possui ligação direta com esse acontecimento e é assim que podemos evitar tipos

de situações como essas, tendo uma leitura clara e fidedigna do quadro

apresentado.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A Psicologia do Trânsito

Ao iniciar-se uma análise sobre a psicologia do trânsito, deve-se

primeiramente partir da análise de seu objeto conceitual principal, o Trânsito, o qual,

na perspectiva do estudo do termo, descreve o dicionário Michaelis (2010), como o

sentido e entendimento de tratar-se de ação ou efeito de transitar,em outras

palavras, significa o ato caracterizado pelo movimento de pessoas e veículos que

vem e vão, numa cíclica de buscar chegar a um destino ou a pé ou utilizando de um

dos vários tipos de veículos automotores existentes e que circulam nas vias públicas

de todas as cidades ou estradas rodoviárias.

Consta no § 1º do art. 1º da Lei nº 9.503, de 23 de Setembro de 1997, a qual

regulou e instituiu o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a descrição conceitual do

termo trânsito. Segundo a lei maior de trânsito no Brasil, o trânsito representa o meio

que pessoas, veículos, animais, de modo solitário ou coletivo, fazem uso do que

comumente se chama de vias. Pessoas essas que podem estar a pés ou com algum

meio de transporte, e visam dessa forma, realizar atividades de circulação para

conquistarem seus objetivos de chegar a um determinado local. Acresça-se a tal

conceito, os aspectos das vias, podendo estar destinadasàs pessoas (circulação

humana ou paradas em um só lugar), também podem ser utilizadas como

estacionamento e ainda no manejo dos automóveis para realizarem carga e

descarga.

De acordo com Ferreira (2006), o trânsito possui várias vertentes científicas

de estudo, todas confirmam uma característica essencial, a da complexidade em ser

definido e analisado, ao se requerer uma constante atualização teórica em estudos e

pesquisas para elucidar de forma específica, as características científicas e

conseqüências aos seres humanos que o trânsito pode acarretar.

Nesse sentido, Rozestraten (1988),apresenta uma análise conceitual bem

esclarecedora sobre uma das finalidades científicas de se analisar as consequências

biofísicas do trânsito nos seres humanos, ou seja, como impactam o ser humano

que eventualmente participa desse contexto, e terminam por enfatizar a esfera da

Psicologia, um sentido, que valoriza o ato das pessoas se deslocarem de um lugar

para o outro, com total integridade e responsabilidade. Trata-se de um conceito que

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insere diretivamente as ferramentas utilizadas para que tal finalidade seja

conquistada, no caso, do uso de automóveis.

Sobrinho (2010) e Ferreira (2006), dispensam conclusões similares ao

sistema do trânsito e o deslocamento humano, pois enfatizam ser o trânsito o meio

pelo qual acontecem todos os deslocamentos realizados por pessoas, mesmo que

elas estejam ou não uso das vias públicas, incluindo-se no conceito de pedestres

que se utilizam das calçadas (beira das vias) para se locomoverem e se deslocarem

de um lugar para outro.

Trata-se de uma sistemática um tanto complexa, como salienta Rozestraten

(1988), pois, nesse viés do deslocamento há sempre interesses envolvidos.Em

outras palavras, existem diferentes intenções com que cada pessoa utiliza para se

deslocar que podem ser:para irem trabalhar ou para realizar alguma forma de lazer,

o que demonstra uma série de possibilidades intencionais que podem contribuir ou

não para o desenvolvimento de patologias para o corpo humano. No entanto, o

objeto da Psicologia de Trânsito ainda busca o equilíbrio entre os inúmeros desejos

e intenções que os humanos têm para se deslocarem, o que evidencia um

estabelecer de equilíbrio com a criação de regras e legislações para orientar

comportamentos emanados durante o trânsito.

Marín-León; Vizzotto (2003),apontam algumas divergências que os conceitos

apresentados pelos autores anteriores demonstram, pois enfatizam que todos os

conceitos são coerentes, mas entram em dissonância por não definirem

explicitamente que, o sentido do trânsito aquilata a locomoção, ou seja, expõe o

desejo de se movimentar, de circular, de se mover para o cidadão, tornando-se

participante de uma mudança espacial, expondo sua liberdade de ir e vir. De forma

que, termina por priorizar a proteção dos que estão consigo sobrepondo em todo o

seu trajeto de mobilidade, a aplicação de uma série de tratados de segurança, de

satisfação e de direitos conquistados.

Pastore (2006), ao comentar sobre as contribuições do trânsito expõe que são

gerados mais problemas do que benefícios, já que importa uma ideia causal do caos

urbano nos dias atuais e expõe que movimentar-se e deslocar-se é essencial para

os indivíduos realizarem suas principais atividades cotidianas, desde uma simples

ida à casa de um vizinho até a visita de parentes em outra cidade, todo o processo

de locomoção e os utensílios usados para se movimentar como carros, ônibus, trens

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e outros auxiliam a esboçar um conceito claro e conciso, cientificamente, de trânsito

nos referenciais teóricos.

Como foi assinalado anteriormente, o trânsito desencadeia um considerável

quantitativo de desordem urbana, e segundo Tebaldi& Ferreira (2004), não deve ser

visto como um problema técnico, mas como um tema chave de um dos inúmeros

problemas sociais e políticos que circundam a vida dos cidadãos em suas vidas diárias.

Os autores sublinham que essa visão sociopolítica de trânsito deve ser estimada

justamente por esboçar uma série de características e comportamentos da sociedade

que vão desde o trânsito, ao se considerar congestionamentos e acidentes, até a

sua gestão mais profunda, ao levar em conta a análise e criação de políticas

específicas para o trânsito, o que reforça, uma constante análise pela sociedade civil

e pelos representantes do governo das cidades, estados e da nação, de uma linha

de pensamento que aborda uma constante reavaliação dos processos que são

inerentes ao trânsito, às pessoas, aos automóveis, enfim, todos que participam do

ato de locomover-se.

E para se falar em trânsito e avaliação do trânsito, deve-se compreender que

trata-se de um mecanismo gerador de problemas de várias ordens, os quais

precisam ser tratados e avaliados, com um olhar voltado para uma intervenção

multidisciplinar coerente com cada problemática desencadeada pelo trânsito. Dessa

forma, o aspecto multidisciplinar reforça a necessidade de compreensão dos

problemas gerados pelo trânsito e tratados por várias ciências, entre as quais,

aquelas que buscam descrevê-lo pelas suas influências no meio ambiente, nos

aspectos da qualidade de vida dos cidadãos e nas inúmeras patologias endêmicas

causadas na saúde, ou seja restrito a esse ambiente do trânsito ou a essa contexto

mais específico (MORETZSOHN & MACEDO, 2005).

Tebaldi & Ferreira (2004) e Pastore (2008), compartilham a mesma opinião,

ao relatarem que no Brasil, o trânsito tem gerado diversos problemas na saúde dos

brasileiros, haja vista ser considerado um problema que afeta todas as cidades de

forma preocupante e com dados avassaladores e representativos do constante

crescimento de número de mortes causadas essencialmente durante o percurso

realizado no trânsito. O Brasil, estatisticamente, possui um dos trânsitos mais

perigosos do mundo. Não há segurança nas vias públicas, e sim a falta de

sinalização, falta de consciência dos condutores, falta de responsabilidade no

manuseio da condução veicular, dentre outras questões, são inúmeros os problemas

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motivados essencialmente por condutores descompromissados com a lei e com as

regras sociais, muitas vezes, quando assumem a direção de um veículo sob efeito

de álcool e drogas ilícitas, ou então, em momentos de circulação no trânsito com alta

velocidade, ou até mesmo, no desrespeito aos pedestres.

Pastore (2008), dedica-se a compreender que políticas sociais para o trânsito

tem sido criadas, assim como as legislações estão em estado de evolução e em

mutação constante, mas ainda cabe ao bom senso, o entendimento e

conscientização do valor da vida por parte de quem está no trânsito, ora como

pedestre, ora como condutor. Então, como bem demonstrado por Marín-León

&Vizzotto (2003),vê-se o fator humano como principal causador dos acidentes no

trânsito. Dessa forma, segundo os autores, após essa compreensão, surgiram os

primeiros estudos que puderam fazer descrições dos comportamentos no trânsito

como principal objeto de estudo, entre esses campos, consta a Psicologia de

Trânsito.

A Psicologia do Trânsito surgiu com Hugo Münsterberg em 1910, que foi

convidado por William James para ocupar o cargo de diretor do laboratório de

psicologia experimental nos Estados Unidos em Harvard. Também tem em seu

Curriculum ter sido aluno de Wundt e ser o primeiro responsável por aplicar testes

de habilidade nos profissionais que trabalhavam como motoristas de bondes na

cidade de Nova York (HOFMANN; CRUZ; ALCHIERI, 2011).

Sabe-se que houve boa aceitação e ótimos resultados dos testes utilizados no

período correspondente a Primeira Guerra Mundial, com a justificativa da

contribuição para o aumento da produtividade e redução nos níveis de acidentes de

trabalho. Este ambiente constituiu-se em um solo fértil para a introdução da técnica

psicométrica nas indústrias e pouco a pouco no ambiente do trânsito. Que já nessa

época, tinha o intuito de regular os quantitativos de ocorrência de acidentes ao fazer-

sea aplicação de testes com possíveis motoristas e os motoristas das empresas a

julgar-se suas aptidões mentais de modo a embasar as funções do intelecto, frente

às reações, questões motoras e emocionais.

Deacordo com Hofmann; Cruz; Alchieri (2011), a Psicologia do Trânsito

mantém estreita ligação com outras áreas, como com a Psicologia Ambiental, além

de outras áreas imprescindíveis para a possibilidade de esclarecimento acerca da

aplicação da Psicologia do Trânsito de forma adequada. Julga-se uma disciplina

ligada a Psicologia Ambiental por representar o arranjo no qual desenrolam-se todos

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os acontecimentos pertinentes a Psicologia do Trânsito, de maneira que são

reconhecidos como subsistemas que inter-relacionam-se, como veículos e vias, por

exemplo.

Qualquer transformação que seja realizada em um dos participantes

automaticamente outras subsequentes mudanças ocorrerão, como num efeito em

cadeia, contribuindo inclusive para alteração do comportamento de um indivíduo, já

que entende-se que a via significa um ambiente que ao sofrer mudança

obrigatoriamente contribuirá para uma reação também que deverá sofrer

transformação, que está ligada a uma reação segura ou não de um indivíduo. A se

entender que seja uma relação estreita entre ambos (HOFMANN; CRUZ; ALCHIERI,

2011).

Por isso, Hofmann; Cruz; Alchieri (2011), afirmam que a Psicologia do

Trânsito vem esclarecer que um modelo automotivo em movimento, ou o ato de

andar de uma pessoa – mesmo que em uma calçada – são elementos que precisam

estar ordenados e afinados com o ambiente, por isso, em frações de segundos,

pode ser desencadeada uma quebra de equilíbrio, por falta de atenção, que

facilmente pode ser transformada em um acidente. Nesse sentido, esses autores

pontuam que ao iniciar-se uma explanação sobre um assunto tão complexo e

importante, requer que saiba-se o ponto de partida. Assim, a Psicologia iniciou seu

processo de atuação mediante o estudo dos transportes terrestres em meados da

década de 1920, quando então passou a evoluir constituindo quatro pilares que

pautam o discurso de sua história.

Pode-se começar a ressaltar uma área restrita as primeiras aplicações

psicotécnicas, como eram chamadas nessa época as avaliações realizadas, o que

aponta para o reconhecimento da Psicologia como uma profissão científica, para o

estabelecimento e afirmação, mesmo que inicial da Psicologia do Trânsito, inclusive,

também, um caráter científico e atingindo uma terceira fase vista como o

acompanhamento do crescimento e difusão dessa área de atuação e estudo, além

de sua culminância num quarto ponto advinda do estabelecimento do Código de

Trânsito Brasileiro por meio da lei 9.503, de 23/09/1997 (HOFFMANN; CRUZ;

ALCHIERI, 2011).

A formação e desenrolar da Psicologia no Brasil iniciou-se num período que

corresponde aos anos entre 1920 e 1930, período reconhecido como fase em que a

Psicologia passou a ser vista com uma ciência e profissão. De forma que através de

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estudos tomou-se conhecimento de que trata-se do berço do surgimento do título

que foi empregado a esse capítulo, A Psicologia do Trânsito, marco inicial da

instrumentalização teórico-técnica em meio à classe afim, por meio de um grupo

pedagógico inserido nesse contexto (HOFFMANN, CRUZ e ALCHIERI, 2011).

Ao seguir-se esse raciocínio de implantação da Psicologia no Brasil, pode-se

citar a fase de produtividade científica dentro das faculdades, concomitante a sua

criação, o que possibilitou de pronto o desencadeamento de capacidades de

intervenção, fosse nos manicômios ou mesmo em hospitais e áreas de saúde

ligadas a essa extensão de atividade. Não pode-se deixar de concluir que esse

pensamento faz reverência as consequências do trabalho e aprendizado

provenientes da psicologia industrial, trazida pelas marcantes heranças deixadas

pelo taylorismo forte na época(HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERI, 2011).

Os arranjos citados acima, nada mais são do que o cerne e a idéia originária

que incitou as demandas acerca de educação, saúde mental e trabalho que

estruturaram a Psicologia no Brasil, que moldaram os caracteres necessários ao

exercício da Psicologia, tanto de cunho diagnóstico, como de orientação e

assistência.

Ao utilizar-se de um apontamento mais específico observa-se que o setor que

primeiro experimentou a atuação prática da Psicologia do Trânsito foi a do

transporte, com o Laboratório de Psicotécnica na Estrada de Ferro em Sorocaba,

com a criação do Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT), o Centro

Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional (CFESP) e o Serviço Nacional de

Aprendizagem Industrial (SENAI), comandados, conforme Carelli (1975 apud

Hofmann; Cruz; Alchieri, 2011) por Roberto Mangue, conhecido como o precursor da

Psicologia do Trânsito no Brasil. E posteriormente a instalação do Serviço

Psicológico voltado diretamente para os condutores de veículos.

A história continua então construindo o cenário da concretização da

Psicologia no âmbito da prática no Brasil, seguindo com o surgimento do Instituto de

Seleção e Orientação Profissional (ISOP), pelas mãos da Fundação Getúlio Vargas,

que posteriormente tornou-se referência para toda a América Latina, dirigida por

Emilio Mira y López.

Como essa monografia abarca questões como a prevenção, não pode-se

deixar de pontuar que Emilio Mira y López significou e significa para a comunidade

científica ligada a essa área de estudo, o pai da atividade preventiva na classe dos

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condutores e profissionais da condução. Além de ter sido o Primeiro Instituto a

utilizar a vertente da avaliação da personalidade aliada a provas de aptidão e técnica

da entrevista para a investigação avaliativa de condutores da década de 1950.Ações

como essas foram possíveis após o CONTRAN em 8 de Junho de 1953aprovar a

resolução que tornava obrigatório o então conhecido Exame Psicotécnico para

aqueles que almejavam a profissão de motoristas, mas que de imediato só

conseguiu adesão do DETRAN de Minas Gerais, único capaz de obedecer tais

exigências, o que contribuiu para que este Estado se tornasse nome referência na

avaliação de condutores e para que em 27 de Agosto de 1962 a Psicologia fosse

regulamentada como profissão, dando início a expressiva batalha pela busca de

melhoras nessa área de atuação (HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERI, 2011).

Segundo Hoffman; Cruz; Alchieri (2003), no Brasil a década de 1950

representou o início do investimento sério e mais rigoroso quanto a valorização do

comportamento dos motoristas. De forma que através da lei n.º 9545, foi instituída a

hoje conhecida avaliação psicológica para aqueles candidatos a CNH, que foi

inserida através do chamado ISOP (Instituto de Seleção e Orientação Profissional)

que ficara com a responsabilidade de fazê-la.

A Psicologia então passou a trilhar por um novo rumo, o da ciência que

estuda o comportamento humano no trânsito, seja ele no âmbito dos processos

internos ou externos (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2000, p.10.).

Com a Psicologia do Trânsito já iniciada, passou-se a outra etapa, que foca

seu processo de estabelecimento no país, com pontapé inicial a partir de 1963, bem

próximo ali do golpe militar em 1964. De forma que, pôde-se acompanhar sua

transformação, já que passou de um olhar mais técnico, prático e aplicado

restritivamente ao contexto tradicional, para alcançar níveis mais amplos e

generalistas, muito através também de sua interseção por meio das disciplinas da

área da psicologia que levaram ás pessoas conhecimento acerca das suas teorias e

mais ainda, sua relevância para a sociedade (HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERI,

2011).

O exame psicotécnico então passa a ser chamado de avaliação psicológica,

com o propósito de que se entenda a importância de considerar uma avaliação mais

completa, e menos técnica no sentido literal da palavra e mais aprofundadas ao

levar-se em conta a avaliação da personalidade do ser humano em questão, o que

oferece uma proposta de conhecimento mais exata do comportamento dessa

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pessoa. Ou seja, deixa-se de investigar apenas o caráter de capacidade e eficiência,

para considerar-se questões mais intrínsecas, estruturais e múltiplas relevantes.

O cruzamento do ranço deixado pela Psicologia Industrial, mais as áreas de

atuação da psicologia, agora difundidas, como foi dito em parágrafos anteriores,

possibilita que nessa época seja iniciado um projeto de aperfeiçoamento das

práticas da psicologia ao seu campo de estudo. E como consequência já podia-se

observar que a área clínica passou a atrair grande investimento em termos de

estudo e disseminação de posturas de intervenção para a produção cada vez mais

qualitativa de tratamentos psicológicos efetivos, o que provocou pesquisas

apontadas para os exames psicológicos, considerando mais do que nunca, a sua

veracidade através dos testes psicológicos.

Nesse momento percebe-se a inserção da psicologia na comunidade, porque

percebe-seas tentativas dos órgãos governamentais de introduzir ações que

envolvessem a participação de profissionais ligados a uma conduta psicossocial.

Aliada a essa descrição, mas ainda na linha de desenvolvimento da psicologia do

trânsito, avalia-se que a renovação do Código de Trânsito Brasileiro que gerou a

introdução por lei da realização de avaliação psicológica (HOFFMANN; CRUZ;

ALCHIERI, 2011).

A criação do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e Conselhos Regionais

de Psicologia (CRP’S) assumiram um papel imprescindível para o fortalecimento da

Psicologia de trânsito. Foram então nomeados em meados de 80, estudiosos no

assunto para chefiarem uma comissão ligada a avaliação desses condutores, sendo

eles: Reinier Rozestraten, Efrain Rojas-Boccalandro e J.A. Della Coleta

(HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERI, 2011).

Segundo Hofmann; Cruz; Alchieri (2011), foi com a atuação e contribuição

ímpar do Psicólogo Reinier Rozestraten que a Psicologia do Trânsito deu um grande

salto e firmou-se no Brasil, devido uma aplicação efetiva e direcionada aos padrões

que tem-se hoje do que seja a linha de trabalho da Psicologia do trânsito,

conjuntamente a uma Segurança Viária, já que Rozestraten diferencia-se dos tantos

outros colaboradores, por considerar o estudo da origem e desenvolvimento dos

processos mentais ou psicológicos da mente ou da personalidade, geradoras de

alterações no comportamento humano.

A história da Psicologia levou a uma mudança em cadeia tanto no olhar da

sociedade, quanto no olhar da administração pública que aprenderam a considerar

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uma visão mais humanizada dos acidentes, bem como na própria conduta daqueles

profissionais psicólogos ligados diretamente aos DETRANS, que chamou-os a

responsabilidade de seus papéis como os respondentes pela segurança viária, em

virtude de uma etapa caracterizada pelo descrédito atribuído a classe, em

consequência de suas condutas nem sempre adequadas (HOFFMANN; CRUZ;

ALCHIERI, 2011).

Para Hofmann; Cruz; Alchieri (2011), foram lançados eventos importantes

para tratar de questões relevantes ao quadro vivenciado pela psicologia do trânsito,

como o III Congresso Brasileiro de Psicologia do Trânsito ocorrido no Estado de São

Paulo, com a participação e mais com a direção científica de Dr. Renier Rozestraten;

que, segundo Baruki (1987), incitou a reformulação da Resolução 584/81, que

tratava da Habilitação dos Condutores de Veículos, referente ao "Exame de

Sanidade Física e Mental", no sentido de propor que houvesse um profissional

habilitado especificamente na área de medicina do trânsito.

Sem contar com outros acontecimentos, como a ocorrência de concursos

públicos para psicólogos atuantes nos DETRAN’S, novas Resoluções como a

670/87 que refletia propostas emanadas por psicólogos antigos na área, como a

entrevista psicológica de condutores envolvidos em acidentes, ou que estivessem

envolvidos em ações que deliberassem o recolhimento da CNH e imputassem

pontuações na sua carteira, além de Congressos Internacionais e Nacionais como o

ocorrido em Uberlândia, que contou com a participação daquela que hoje pode ser

considerada uma das maiores conhecedoras da Psicologia no Trânsito Maria Helena

Hoffman ou ainda o 5º Congresso Brasileiro de Psicologia no Trânsito e o 1º

Congresso de Educação e Fiscalização do Trânsito que aconteceram no ano de

1989 em Goiânia e representaram um debate interdisciplinar (HOFFMANN; CRUZ;

ALCHIERI, 2011).

Pôde-se notar que eclodiram nessa época inúmeras manifestações inclusive

provenientes do Ministério da Justiça através do reconhecimento de que o ano de

1989 foi um ano ímpar e representativo visto como o “Ano Brasileiro de Segurança

no Trânsito”. Como também a inauguração da Associação Nacional de Psicologia do

Trânsito pelos direcionamentos de Rozestraten, entra em vigor o primeiro curso

interdisciplinar de trânsito em Minas Gerais e nova proposta de Código de Trânsito

Brasileiro, que chegou até o Congresso Nacional (HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERI,

2011).

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Em 1997 foi aprovado o novo Código de Trânsito Brasileiro que passou a

vigorar em Janeiro de 1998, que trouxe no seu conteúdo um comprometimento de

uma visão mais ampla, que passou a considerar o circuito humano, não apenas do

prisma dos veículos motorizados, mais acima de tudo partindo do próprio homem

(HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERI, 2011).

Desde então, tem sido mais fácil enxergar que a questão da circulação

humana no trânsito passou a ser discutida nas salas de aula das universidades, por

meio das disciplinas ministradas que retratam uma realidade que exige políticas

públicas de saúde e educação, o que inaugurava diferentes áreas antes

impensadas, mas que em virtude do crescente número de casos de acidentes de

trânsito emergentes, rompantes socioeconômicos e psicológicos sob um ponto de

vista caótico, não puderam ser deixados de lado e que funcionaram como uma mola

propulsora para a entrada da Psicologia do Trânsito nas discussões diárias no

Brasil(HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERI, 2011).

Picolotto; Wainer; Picolotto (2007),acentuam que a Psicologia de Trânsito

preocupa-se com o deslocar dos homens e veículos. Durante esse ato, descreve a

existência de comportamentos, que para essa ciência, através de métodos

científicos e válidos, mensura de que forma podem ser afetados os comportamentos

dos condutores, tanto incluindo questões externas e internas, conscientes e

inconscientes que podem facilitar a ocorrência de acidentes, e assim, mediante os

resultados dos seus testes, comprovar a existência de fatores preditivos de

anormalidades que possam vir a impedira concessão de um indivíduo locomover-se

por meio de um veículo.

A Psicologia de trânsito carrega consigo um status de uma ciência nova,

descoberta somente em 1920 com a finalidade de estudar sobre os transportes

terrestres e a circulação. Em seu contexto, existem os comportamentos dos

condutores, que são caracterizados pela ciência como comportamentos simples,

mas que, se não forem vistos, sob o viés científico, e considerados adequados,

poderão contribuir para ocorrência de acidentes e crescimento dos índices que estão

em observação e não param de crescer nos dias atuais com a estatística de casos

de mortes e acidentes no trânsito cada vez mais notável.

Dessa forma, segundo Rozestraten (1981), os comportamentos para a ciência

representam um quê, de importância tal, que são descritos através das condições

ideais do indivíduo para locomover-se no trânsito ao utilizar-se veículos. Entre seus

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comportamentos, são enumerados a atenção do indivíduo e seus principais

processos de detecção de objetos, diferenciação dos sinais de trânsito e percepção

dos pedestres e demais veículos em um congestionamento por exemplo,sem contar

também que pode-se enumerar aspectos da memória do indivíduo, aspectos da

aprendizagem da educação de trânsito; a motivação, a tomada de decisões e uma

série de automatismos percepto-motores, no que tange as aptidões do ser humano

nesse ambiente do trânsito, de manobras rápidas, reflexos e de mecanismos de

reação prontamente ligados ao feedback.

Nesse sentido Belina (2005), contribui com a análise ao dizer que o ato de

dirigir, significa um dos objetos de pesquisa da Psicologia de Trânsito e não se

relaciona única e exclusivamente com o ato de dirigir um veículo, mas em âmbito

psicossocial, possui vários significados, especialmente no momento em que a

direção é tomada pelo condutor.

Faz-se preciso entender que na individualidade de cada ser humano existe

uma história de vida, personalidades singulares, buscas pessoais norteadas por

motivações, interesses e necessidades únicas, de um modo geral, um constante

buscar de sentir-se bem e feliz consigo e com os demais ao seu redor. Em matéria

de trânsito, geralmente, esses aspectos entram em conflito, pois cada pessoa possui

uma linha idiossincrásica, e consequentemente uma visão distinta de obediência das

regras e das leis, ou seja, estabelecem uma interpretação subjetiva que deturpa os

valores conscientes em algum momento (BELINA, 2005).

Tebaldi; Ferreira (2004), entendem que essa busca individual, torna o

condutor susceptível quanto à tomada de uma decisão durante sua locomoção no

trânsito. É imperioso afirmar que a escolha tomada toca a necessidade própria para

seu benefício, mas a ciência já conseguiu identificar nos comportamentos as razões

que podem justificar pôr a própria vida em risco, ao desfazer-se dos princípios da

segurança no trânsito e tornar-se alvo de acidentes. É nesse liame, que os autores

esclarecem existir a justificativa para a inoperância da lei nos condutores. Alguns

agem coerentemente, outros não, e comportam-se como se a lei não existisse,

estabelecendo uma lei pessoal própria, que não condiz com os termos oficiais

descritos nos sinalizadores e arcabouços de trânsito e até mesmo na Lei de Trânsito

Brasileira.

Nesse contexto, o papel do psicólogo do trânsito segundo Moretzsohn;

Macedo (2005),gira em torno de ampliar sua atuação para conseguir avaliar

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psicologicamente os candidatos dispostos a obter sua Carteira Nacional de

Habilitação (CNH). Desta feita, implanta métodos e técnicas capazes de descrever a

multiplicidade de comportamentos dos indivíduos propensos a impedi-los de obter a

CNH. Nesse sentido, esse profissional deve ter ciência da suma importância que

possui para a melhora do sistema de planejamento urbano, do trânsito, da saúde

pública e para o convívio dos indivíduos condutores em sociedade e em momentos

de circulação e locomoção.

De modo resumido e breve, Rozestraten (1981), apresenta os principais

objetivos da Psicologia do Trânsito, ao enfatizara análise dos processos

psicológicos, psicofísicos e psicossociais relacionados aos problemas do

trânsito,realização de exames psicológicos de aptidão profissional em candidatos a

habilitação para dirigir veículos automotores,construção de estudos das implicações

psicológicas e outros distúrbios no contexto do trânsito, além da análise da relação

causa-efeito na ocorrência de acidentes de trânsito.

Ainda segundo Rozestraten (1981), podem ser elencados como objetivos da

psicologia de trânsito o desenvolvimento de ações sócio-educativas com pedestres,

ciclistas, condutores infratores e outros usuários das vias, como professores, entre

outros.A elaboração e implantação de programas de saúde, educação e segurança

no trânsito, a participação de equipes multiprofissionais no planejamento e

realização das políticas de segurança para o trânsito e estudos de campo e em

laboratórios sobre o comportamento individual e coletivo em diferentes situações no

trânsito a fim de sugerir medidas preventivas quanto a esse certame.

Os cursos na área do trânsito hoje oferecidos sejam eles de pós-graduação

(lato senso), Psicólogo Perito Examinador de Trânsito, Núcleos de estudos e

pesquisas detentores de grandes discussões do assunto, ou a produção científica de

teses e dissertações voltadas ao trânsito, inclusão de matérias opcionais

interdisciplinares em cursos de graduação e maior proximidade e acompanhamento

dos Conselhos tanto Federal como os Regionais com a questão da responsabilidade

social da Psicologia com a participação no planejamento e arquitetura urbana, vêm

corroborando para uma mudança positiva e constante da conduta adequada do

profissional dessa área.

Contudo vive-se numa era de construção, reengenharia, em que pode-se criar

partindo do arcabouço já fabricado e deixado pelos antecessores mestres no

assunto, para que assim os profissionais que se seguem em desenvolvimento

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possam repensar valores concernentes a um fazer profissional descente, pautado na

ética e comprometimento com vidas, pois podem partir de um contexto dinâmico e

científico, já que somente assim pode-se elaborar condutas sérias, eficientes,

técnicas, porém aprofundadas e coerentes (HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERI, 2011).

Para a Psicologia Ambiental, tudo aquilo que tende a influenciar o

comportamento humano no trânsito vem a ser visto como indispensável para seu

estudo, o que deixa claro que o centro da atenção de um profissional que eleja esse

objeto como foco de análise, deva se constatar que todo aquele ambiente

considerado vivo que exerça uma ação sobre o Homem, também obrigatoriamente

irá sofrer influência (HOFFMANN, CRUZ e ALCHIERI, 2011).

O homem que é transportado se serve de um elemento do ambiente; um animal ou um automóvel constitui seu ambiente em movimento, seu ambiente mais próximo (HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERI, 2011, p. 31-32).

Tudo aquilo, ou todo aquele que usado for no ambiente do trânsito para a

facilitação ou apenas contribuição da dinâmica do ser humano nessa teia de

acontecimentos sejam eles ambientes em movimento em uma via , sejam rolantes

como carros ou ambulantes, como as pessoas como é dito por Hofmann; Cruz;

Alchieri (2011), precisam estar conectados de alguma forma para a perfeita

obediência as exigências de cada via, o que provavelmente terá consequência num

resultado harmonioso.

O que comumente conhece-se como via, no estudo da Psicologia do Trânsito

vê-se como um ambiente repleto de determinações a serem seguidas para que seja

alcançado um equilíbrio de funcionamento. E essa via juntamente com suas

diretrizes mostra ao motorista o que pode, deve ou não fazer. Esse conceito tão

simples representa um pilar para um condutor veterano ou recente na arte de dirigir

seguramente. Pois fatores emocionais e comportamentais intelectuais e reacionais,

também fazem parte desse quadro mesmo que silenciosamente sejam os

responsáveis talvez por essa onda crescente de mortes ocorridas todos s anos

(HOFFMANN; CRUZ; ALCHIERI, 2011).

Para tanto, o trabalho do psicólogo de trânsito para ser realizado de forma

adequada e correta, precisa estar coerente com os métodos e técnicas

implementados no processo de avaliação psicológica, o qual é o próximo item da

revisão bibliográfica a ser analisado.

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2.2 Avaliação Psicológica e sua Origem

Nesse momento de análises, pretende-se realizar uma leitura da avaliação

psicológica, ou seja, em matéria de Psicologia do Trânsito este item torna-se um

componente alvo que merece atenção, justo que naturalmente contribui para a

explosão de questões de cunho psicológico durante todo o momento de circulação e

locomoção dos seres humanos no trânsito, segundo os comentários de Pasquali

(1999), Gouveia (2002) entre outros.

A vertente histórica da avaliação psicológica tem data recente, Pasquali

(1999), ao versar sobre o resgate de memórias associadas a esse tema expõe que

desde as primeiras vivências e trocas entre os organismos vivos, já se observava

que suas relações eram mediadas pela utilização de códigos reguladores de

condutas e que funcionavam como grandes diferenciais para uma convivência

harmônica, ou no mínimo dentro de um padrão aceitável de vivência.

Só no final do século IX, que os psicólogos atuaram de forma sinequa non,

para a implantação da avaliação ainda com uma característica mais informal, mas

que, com o avanço dos anos, chegou ao que se conhece hoje como a avaliação

psicológica, assim, enquadra-se sua condição ímpar de importância dentro desse

universo que é a Psicologia do Trânsito, até atingir o conceito científico que possui

atualmente (GOUVEIA, 2002).

A avaliação psicológica segundo Damian (2008), significa um saber técnico. E

numa linguagem mais simplificada, capaz de gerir não somente as relações

estabelecidas, como também a história de vida de uma pessoa. Mas que justamente

por ser um saber científico e técnico, conta com uma análise profunda de dados

coletados e interpretados a luz de todos os prospectos considerados importantes

nessa área, como características de personalidade, indicativos comportamentais

subsidiados por métodos construídos ao logo dos tempos, que possuem um foco e

objetivo final para que se tenha a segurança de classificar apto ou inapto um

determinado avaliando.

De acordo com os resultados listados em pesquisas realizadas pelo Conselho

Regional de Psicologia – 8.ª Região em 2011, ao se considerar avaliação psicológica

para a retroalimentação do que entende-se sobre a inter-relação dessa área com o

trânsito, logo pode-se começar a tratar de sua origem no Brasil, que dependeu

quase que estritamente da aprovação do Código de Trânsito Brasileiro. O que sabe-

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se a esse respeito gira em torno de um conceito que representa diversos autores e

estudiosos no assunto, que podem exibir suas nuances singulares sobre um mesmo

ponto (CRP, 2011).

Tais definições abarcam delimitações acerca de um conjunto de técnicas

científicas especializadas relacionados a coleta de dados, estudos e interpretação

de informações provenientes do conhecimento de funcionamentos psicológicos

incitados pelo estudo e avaliação de um ser humano que seja submetido a testes

psicológicos, entrevista psicológica, questionário e observação como afirma o site de

pesquisa (CRP, 2011).

Como o passar do tempo o comportamento humano no trânsito passou a ser

enxergado por meio de estudos, como um elemento de alta complexidade, já que

representa a articulação de fatores distintos como habilidades, capacidades,

atividades e atitudes, bem como nível adequado de amadurecimento intelectual e

emocional, o que proporcionou que se pudesse conhecer atualmente a real

importância de ter-se técnicas como as avaliativas no contexto do trânsito como uma

forma de decifrar possíveis reações humanas pertinentes para as ações nesse

ambiente (CRP, 2011).

O universo participativo dessa teia relacional que faz-se aqui referência,

acolhe num mesmo sentido que seja dado ao Homem a permissão de que exerça o

direito de dirigir, caso reúna as condições necessárias e imprescindíveis para tal, se

assim ficar comprovado por meio da avaliação psicológica que esse indivíduo possui

condições para o exercício de sua cidadania, com responsabilidade e visando a

segurança de todo aquele que de alguma forma possa vir a ser atingido pelo simples

ato de dirigir. Para tanto há que se considerar todos os fatores importantes para que

se conceda tal privilégio, trabalho esse do psicólogo perito examinador do trânsito

(CRP, 2011).

Na visão de Noronha (1999), a inter-relação da avaliação psicológica e

psicologia do trânsito têm a capacidade de juntar em um mesmo arranjo ciência,

técnica, interpretação dos dados coletados provenientes do que pode-se chamar de

estudos das informações elencadas por meio das diretrizes psicológicas que

orientam a construir, seja pela instrumentação ou metodologia utilizada que

constroem um arcabouço acerca dos fatores diretamente relacionados com

indicadores concernentes e elucidativos a respeito das capacidades significativas do

comportamento humano no contexto da capacidade cognitiva ou sensório-motoras,

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assim como aspecto social, afetivo, motivacional, ou mais direto ainda, indicadores

de aptidões específicas e psicopatológicas.

No caso da avaliação psicológica, possibilita ao profissional especializado na

peritagem conhecer as reais condições do candidato em termos das funções

importantes para a sua avaliação, favorecendo também a construção de um

diagnóstico embasado cientificamente, ou ainda um respaldo fidedigno acerca das

condições, construído em cima de bases seguras de orientação e tomada de

decisão quanto a possibilidades de estar apto ou não para critérios imprescindíveis a

um condutor saudável biopsicossocialmente.

Faz-se necessário esclarecer que essa discussão passeia pelos meandros de

um contexto restritivo com um foco de discussão, que vai verificar dentro de cada

caso, as condições reais que possuem e representam a saúde psicológica, que leva

ao conhecimento da capacidade de conduzir de forma adequada, tanto para a sua

vida, quanto para todo aquele que possa mesmo que momentaneamente

estabelecer relação com esse condutor, seja ele outro condutor ou pedestre por

exemplo (CADERNO DE PSICOLOGIA DE TRANSITO E COMPROMISSO

SOCIAL,2000).

Entende-se como de suma importância que a avaliação psicológica nesse

âmbito tem a função de agir como mais uma ferramenta de prevenção, ou seja, de

evitar que determinado candidato, possa se tornar um risco em potencial para a

ocorrência de uma situação de periculosidade no trânsito, o que exime qualquer

ideia preditiva, já que não se sabe a existência da possibilidade de antecipar,

através de um teste que um ou outro indivíduo se envolva em um acidente (PIRES;

MANERA, 2005).

A avaliação psicológica representa um arranjo científico que tem por objetivo

avaliar um indivíduo e suas funções psicológicas, ao fazer uso de instrumentais

técnicos adequados e específicos para uma determinada função. Cabe somente ao

psicólogo a tarefa de avaliar, já que somente ele reúne condições quanto a

compreensão técnica necessária para a interpretação correta de elementos

elencados durante a avaliação e devolução do resultado por meio do que se

conhece como feedback da pessoa avaliada, o que automaticamente deixa recair

sobre esses profissionais como responsabilidades éticas e sigilosas (PIRES;

MANERA, 2005).

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A postura que deve assumir o profissional psicólogo mediante o uso da

avaliação psicológica num determinado caso avaliado, condiz com uma conduta

humanizada, porém técnica que englobe no decorrer do conteúdo avaliativo as

informações psicossociais desse indivíduo para que assim se possa com clareza

emitir um laudo fidedigno de suas condições (DAMIAN, 2008).

Trata-se então de uma técnica científica que pode ser feita individualmente ou

em grupo, o que depende da área de conhecimento explorada e que portanto

determina padrões de aplicação. Através da avaliação obtém-se com clareza e

veracidade informações imprescindíveis para o entendimento do funcionamento dos

fenômenos psicológicos que se quer explorar, para que seja alcançado um trabalho

avaliativo final de excelência (CFP, 2013).

Contudo, parece interessante desmistificar a semelhança criada no senso

comum entre avaliação psicológica e testagem psicológica, que em uma discussão

mais aprofundada consegue-se entender que são diferentes, partindo do

pressuposto de que a primeira significa uma teia emaranha de informações

indispensáveis que são conseguidas por diversos caminhos, entrevista psicológica,

uso de teste, dinâmicas, observações feitas durante um determinado período e a

análise final desse conjunto de informativos. E a outra representa uma dessas

possibilidades dentro de um quadro maior de atividade (CFP, 2013).

Para a realização de uma avaliação qualificada faz-se necessário

implementar algumas noções primordiais para o trabalho. Ter um foco motivacional

para essa tarefa, sem deixar de incluir características peculiares a cada caso a ser

explorado, como as necessidades que precisam ser atingidas na atividade fim, o que

promoverá escolhas sábias quanto ao material e conduta a ser utilizada pelo

profissional competente (CFP, 2013).

Considera-se ainda nessa avaliação que seja feito um arrecadamento de

informações que possa subsidiar um resultado final, ao utilizar-se testes, entrevistas,

observações e a análise desses dados para conseguir-se alcançar provavelmente o

objetivo traçado por meio da inter-relação e interpretação dessa coletânea e nunca

somente fazer uso de apenas uma única ferramenta (CFP, 2013).

Sabe-seque com essa socialização de informações que pode-se desenvolver

as hipóteses tanto iniciais desse processo como diagnósticas ao fazer-se referência

a um resultado final e quem sabe se necessário lançar mão de outras técnicas que

possam reforçar o padrão de qualidade e tornar a avaliação ainda mais técnica e

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confiável. Ao término faz-se a devolução, a resposta as perguntas e hipóteses

levantadas no início do processo com o candidato e a certeza da realidade

apresentada pelo estudo feito com uma pessoa (CFP, 2013).

Por meio da avaliação psicológica o profissional responsável pelo

direcionamento da dinâmica, ou seja, o psicólogo fica sabendo de informações

extremamente importantes e responsáveis por montar ou desenvolver hipóteses

acerca de tendências psicológicas desse ou desses candidatos em questão, o que

sinaliza como uma determinada pessoa possivelmente agirá mediante uma dada

situação, ou ainda apontará seu nível inter-relacional com outros indivíduos em um

acontecimento a ser estudado. Vale lembrar que pode-se dizer que trata-se de uma

regra proporcional, ou seja, que depende dos mecanismos e técnicas utilizadas com

um candidato, que quanto mais ou menos profunda a avaliação proporcional é seu

resultado (CFP, 2013).

No final de tudo pode-se entender que a avaliação psicológica tem a intenção

de abranger aqueles apontamentos que fazem referência ao estado e

funcionamento psicológico de uma pessoa, bem como qual sua interferência em

situações estipuladas, como atenção, concentração, fatores estruturais e etc, no

entanto o profissional da área precisa entender e enxergar os limites da sua

atuação, já que pode-se compreender a complexidade do funcionamento humano,

também se entende que há um limite a se respeitar, ao se acreditar que nem tudo

que faz parte da psiquê facilmente se revela (CFP, 2013).

O artigo 11, pertencente a resolução CFP nº 002/2003, orienta que a escolha

de um teste psicológico deve seguir estudos realizados dentro desse universo e que

possam comprovar por meio da publicação de dados condizentes com a pesquisa a

comprovação e padronização de tais resultados, de forma que mostrem que

realmente existem resultados concernentes ao que se faz referência (CFP, 2013).

Essa escolha precisa ser orientada por critérios que possam oferecer

fidedignamente a possibilidade de responder aos problemas elencados nesse

sentido e ainda apresentar uma capacidade plena de classificação diagnóstica,

descrição, predição, planejamento de intervenções e acompanhamento. Assim como

também não se pode deixar de fazer uma citação acerca de que quanto mais

afinada estiverem o objetivo que se quer alcançar, juntamente com o contexto

vivenciado e os melhores estudos desenvolvidos nessa área, maior precisão se terá

para a escolha adequada do teste (CFP, 2013).

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No ambiente do trânsito em que seja focado a avaliação psicológica,

comumente busca-se chegar a um caráter de previsão de comportamento de risco,

comportamentos que reflitam atuação inadequada dentro desse contexto, que

possam trazer a idéia de insegurança. Dessa forma, percebe-se como, mais

plausível que utilize-se todo aquele instrumento que tenha seus estudos apontados

para essas características, o que certamente irá justificar a sua escolha(CFP, 2013).

No momento da escolha do material precisa-se lembrar sempre do padrão de

qualidade que deseja-se alcançar com essa avaliação, por isso desde o início do

processo, não pode-se perder o foco e precisão. Em consequência disso alguns

critérios foram criados para orientar o psicólogo, dentre eles pode-se destacar o

conhecer a fundamentação teórica da psicologia, suas abordagens, bem como da

psicopatologia, já que ambas estruturam esse profissional no sentido de ter a noção

do significado e importância de desenvolvimento, inteligência, memória,

emotividade, atenção e suas ramificações, além das problemáticas que podem ser

consequência de determinados quadros de personalidade, conhecer questões

ligadas a psicometria, capacidade de entendimento do que envolve a aplicação da

avaliação e todos seus complicadores para que em qualquer situação tenha a

capacidade de agir pontualmente, não deixar aberta nenhuma lacuna (CFP, 2013).

Na conduta desse profissional também não pode-se deixar de considerar que

tenha uma leitura ampla e clara de tudo que acontece e pertence ao momento da

avaliação. Precisa conseguir sentir-se à vontade e deslocar-se com tranquilidade

nesse ambiente não somente físico, mas psíquico, o que contribui para a extinção

de atitudes impensadas, desmedidas e improvisadas, mas espontâneas e seguras.

Junto a isso tudo, estar bem informado acerca do material utilizado, da área na qual

desempenha seu trabalho, através de reciclagens constantes, ser o responsável por

uma ambientação adequada, adquirir materiais bem conceituados e aprovados pelo

CFP, construir e sustentar uma conduta ética e respaldada (CFP, 2013).

Trabalhar incessantemente para alcançar a excelência, a ética, o

comprometimento, a eficácia não somente no atendimento e oferecimento do

serviço, ao candidato em avaliação, mas trata-se de exercitar e promover um

trabalho amplo, que ao mesmo tempo que é feito em uma sala de avaliação, atinge

o restante da sociedade que poderá fazer uso e colher bons frutos. Esse conceito

transpõe-se no objetivo e função de todo aquele psicólogo perito do trânsito, que

possui responsabilidade social e com a vida (CFP, 2013).

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O ato de avaliar psicologicamente é uma tarefa que requer constante atenção

do psicólogo responsável, pois representa um trabalho de investigação do tipo

intervencionista, ou seja, o psicólogo irá pesquisar a vida do candidato a obtenção

da CNH, e consequentemente, em paralelo, irá analisar a aptidão psicológica para

tal anseio ser conquistado. E essa constatação só ocorrerá mediante a utilização de

conteúdos, técnicas e métodos capazes de estudar e intervir no comportamento do

indivíduo, especificamente em momentos que apontem alguma relação de

identidade com a condução do ser humano no contexto do trânsito (ALCHIERI;

CRISTO E SILVA& CARLOS GOMES, 2006).

Segundo Alchieri; Moraes; Cruz (2003),a avaliação psicológica reproduz um

meio pelo qual o psicólogo irá contribuir, independentemente, do processo

multidisciplinar de concessão da CNH, ao implantar estratégias avaliativas através

de métodos e técnicas que possuem a finalidade de observar e medir os fenômenos

e processos psicológicos ou funções mentais, de forma a enquadrá-los nos

conformes estipulados em teorias gerais psicológicas, para que então, possa

conceder parecer favorável a aptidão ou não ao indivíduo candidato.

No Brasil, percebe-se que a avaliação psicológica significa uma área da

psicologia que muito tem participado o psicólogo do trânsito como bem expressa

Hoffmann (1996). Essa área de trabalho lança mão de exames psicológicos

obrigatórios pelo Departamento Nacional de Trânsito, amparado pelo CTB para

obter e renovara sua CNH. Dessa forma, a finalidade do antigo exame psicotécnico,

exame realizado pelo psicólogo perito examinador de trânsito, hoje conhecido e

adotado pelo nome de avaliação psicológica é evidenciado em toda a história dos

psicólogos, pela evolução das técnicas e pela diversidade de testes existentes e

validados para que sejam utilizados no processo avaliativo dos indivíduos em

questão, marcando sua capacidade elucidativa quanto sua aptidão.

Esse processo de avaliação é caracterizado pela coerência dos

procedimentos contidos em lei, que assim, configuram um rol de itens a serem

avaliados pelo psicólogo do trânsito, o qual, deverá intervir com situações práticas

para confirmar a existência ou não de problemáticas ligadas ao estado psíquico

humano. Assim, poder identificar transtornos e descompensações psicológicas

relacionadas ao seu funcionamento psíquico, avaliar a qualidade da interação social

e a adaptação na atividade de trabalho, ambos calcados em um formalismo teórico

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abraçados pela classe de psicólogos e baseados no uso extensivo de técnicas de

exames representam o objetivo estabelecido para esse perito.

Dessa forma, a avaliação psicológica sustenta-se essencialmente no que

Alchieri; Moraes; Cruz (2011), denominam de delimitação dos critérios avaliativos, ou

seja, pode-se representar a avaliação psicológica como resultado de três critérios ou

aspectos interdependentes, vistos como medida, instrumento e o processo de

avaliação. Cada um deles possui representação teórica e metodológica própria e

que concebe assim, de forma constitutiva, uma via própria de compreensão do seu

objeto de investigação, denominado de fenômenos ou processos psicológicos.

Pode-se compreender que o processo de avaliação psicológica precisa estar

totalmente fundamentado nos preceitos contidos nos documentos publicados pelo

Conselho Nacional de Trânsito, especialmente as suas diversas resoluções que

tratam sobre a sua realização assim como, quais instrumentos deve o psicólogo de

trânsito fazer uso. Entre os quais, consta a Resolução nº. 0267/2008/CONTRAN que

trata especificamente do processo avaliativo psicológico, realizado por psicólogo

com formação e visa, única e exclusivamente, propor ao candidato, meios cabíveis

legalmente para se enquadrar no perfil oficial de um condutor que receberá sua

CNH.

A Resolução nº. 0267/2008/CONTRAN ainda elenca em seu bojo, algumas

observações específicas aos candidatos a CNH.Por exemplo, realizar uma avaliação

de processos psíquicos, a maturação da mente, a atenção, os reflexos, enfim, toda

uma sistemática de prioriza a manutenção da visão, a atenção (difusa, concentrada,

distribuída), a detecção, discriminação e identificação. Outra importante contribuição

da resolução citada, é o processo de obtenção de dados sobre o candidato, que se

fundamenta na orientação espacial e avaliação de distância, na capacidade de

aprender, memorizar e respeitar as leis e as regras de circulação e de segurança no

trânsito entre outros aspectos. E por fim, identifica a importância da tomada de

decisão, expondo ser fundamental para escolher dentre as várias possibilidades que

são oferecidas no ambiente de trânsito, o comportamento seguro para a situação

que se apresenta.

Dessa maneira, entende-se que a Resolução 267/2008 do CONTRAN foi

criada com o intuito de elencar itens essenciais para auxiliar o psicólogo de trânsito

a examinar e avaliar psicologicamente o candidato no que concerne a obtenção da

CNH. Assim, seu conteúdo deve ser todo obtido durante o processo avaliativo, para

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que, coerentemente, possa ser exposto fidedignamente, um perfil psicológico do

avaliado.

A característica essencial do processo de avaliação psicológica é a

demonstração de dados que indiquem com clareza, segurança e confiança dados

confiáveis e capazes de tornar aptos a obter a CNH os candidatos que os realizam.

Dessa forma, o CONTRAN preocupou-se em desenvolver e conceituar as técnicas e

métodos de avaliação psicológica para, cada qual a seu modo e implementação,

possam expor subsídios para o desenvolvimento de um parecer por parte do

psicólogo responsável pela avaliação do candidato.

Consta na Resolução nº. 07/2009/CFP a definição de um dos principais

instrumentos para a realização da avaliação psicológica, que ressalta os aspectos

essenciais da entrevista psicológica, que caracteriza-se formalmente como o

primeiro momento de diálogo entre psicólogo e candidato. Pressupondo-se obter

subsídios técnicos capazes de auxiliar prematuramente na construção de conceitos

a nível de comportamentos e reações às questões do candidato, é um meio para

que se consiga visualizar os comportamentos por parte do candidato, capazes de

auxiliar a compreender o agir, o pensar, o falar, as reações, os reflexos.

Segundo o Conselho Federal de Psicologia (2005), tem-se a finalidade de

completar os dados obtidos, e juntá-los com os resultados que serão conquistados

nos demais testes a serem aplicados seguidamente. Ao comentar sobre os demais

resultados obtidos com outros instrumentos de avaliação, a Resolução citada é

enfática ao abordar em seu art. 1.º o seguinte conteúdo:

Art. 1º - Ficam aprovadas as normas e procedimentos para avaliação psicológica de candidatos à Carteira Nacional de Habilitação e condutores de veículos automotores, que dispõe sobre os seguintes itens: I Conceito de avaliação psicológica II Habilidades mínimas do candidato à CNH e dos condutores de veículos automotores III Instrumentos de avaliação psicológica IV Condições da aplicação dos testes psicológicos V Mensuração e avaliação VI Do resultado da avaliação psicológica (BRASIL, 2009).

De acordo com Cristo; Silva (2009), a entrevista faz parte das atividades

iniciais da fase que avalia psicologicamente as aptidões do candidato. Para esses

autores a competência do psicólogo na realização de seu trabalho, fica evidente na

forma de atuar, do fazer referência e uma atuação ética e coerente com o

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planejamento e sistemática propostos pelo CONTRAN. Ainda conforme essa linha

de raciocínio, compreende-seque a avaliação psicológica possui vários instrumentos

capazes de realizar tal tarefa, aos quais, denominam-se testes psicológicos,

inventários e questionários.

Cristo; Silva (2009),baseiam-se nos estudos a respeito dos testes

psicológicos, e esboçam conceitualmente a finalidade de medir, aferir e padronizar

aspectos comportamentais dos candidatos, ou seja, são instrumentos criados com a

finalidade de aferirem cientificamente os aspectos comportamentais dos candidatos

a CNH. Nesse sentido, são os testes quem irão expor as diferenças ou semelhanças

entre indivíduos ou, ainda, discrepâncias entre as reações de um mesmo indivíduo

em diferentes momentos.

Para Damian (2008), os testes psicológicos são essenciais para a realização

do processo de avaliação psicológica, por diversas razões, como fazer o psicólogo

implantar procedimentos com regras e situações bem definidas e um código

operacional de tal forma que seja possível chegar ao resultado obtido por outro

psicólogo dentro do mesmo período. Outro sim, a autora enumera os instrumentos

de avaliação psicológica para se atribuir status científico às observações do

psicólogo de trânsito:

1. Que seja comprovada a existência de dados científicos sobre os

instrumentos, sobretudo validade e precisão;

2. Que hajam evidencias de registro preciso e objetivo de todas as respostas

do sujeito, que em concordância com o tipo de prova podem ser gráficas, de

execução ou verbais;

3. Que sejam apresentadas a existência de uma situação padronizada tanto

para a aplicação quanto para as condições do material do teste, demonstrando

objetividade e clareza nas instruções, de modo que o teste possa ser administrado

igualmente para todos os sujeitos;

4. Que evidencie a presença de normas padronizadas para avaliação e

classificação das respostas que o sujeito apresentou, em relação a um grupo de

referência.

Machado; Souza (2000), analisam a questão, esboçando certa preocupação

que o psicólogo, ao ministrar avaliação psicológica, deve ter em relação aos

aspectos técnicos de sua atuação antes, durante e depois da realização dos testes.

Assim, recomenda-se ao profissional que possua um knowhow acerca do manuseio

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das principais técnicas e métodos de avaliação psicológica, deve também ter uma

consciência crítica para não ser legalista ou antiético na relação dos resultados de

suas avaliações com os testes ministrados, e deve-se sempre buscar atualizar-se

profissionalmente, em busca de novas técnicas e novos métodos capazes de

melhorar a eficácia da avaliação em questão.

Essa preocupação do psicólogo deve também surgir com algumas dimensões

de sua atuação. Iniciando-se com a dimensão relacional, Machado; Souza (2000)

dizem ser uma das mais importantes na atuação do psicólogo de trânsito, pois

informa sobre mecanismos transferenciais e contra-transferenciais que sempre estão

presentes no momento da avaliação. Sem um conhecimento amplo nessa área, o

psicólogo poderá ver-se influenciado por atitudes dos candidatos (simpatia, sedução

e educação) que irão descrebilizar o seu trabalho e sua avaliação de futuro a médio

e longo prazos. Para tanto, recomenda-se realizar constantemente exercícios de

auto percepção e autocrítica que, muitas vezes, vem acompanhado de um processo

psicoterapêutico.

Na sequência do estudo das dimensões do psicólogo na avaliação

psicológica, segue-se a apresentação da dimensão ética, a qual relaciona-se

estritamente com os valores e com a avaliação das condutas por parte dos

psicólogos. A ética, em um contexto dimensional da atuação do psicólogo de

trânsito, refere-se especificamente ao processo de entendimento do próximo, ou

seja, do respeito ao semelhante, à sua dor, às obrigações de causar o menor dano

possível com a sua intervenção e à sustentação dos resultados, mesmo que haja

impressões de todos os tipos (pais, chefias e outros) (MACHADO; SOUZA, 2000).

Em seguida, no aspecto da dimensão legal, Machado; Souza (2000),alertam

quanto a necessidade do psicólogo atuar com a compreensão investigativa da vida

de um cidadão, que está à sua frente para realizar um objetivo, um desejo, um

anseio de obter sua CNH.

Consequentemente, há também a dimensão profissional, nesse caso, os

psicólogos devem ser coerentes com a realidade dos candidatos, ao lançar mão da

ética e respeito, mas sem deixar de observar implicações e consequências de ordem

profissional no momento de uma avaliação, da entrega de um laudo ou da devolução

de resultados.Por isso, não considera-se como fácil um processo de avaliação

psicológica, haja vista que possui uma série de consequências para o psicólogo

caso venha expor uma decisão infundada, inconclusiva e inoperante em seu

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resultado final no que tange a aptidão do candidato que está em avaliação

(MACHADO; SOUZA, 2000).

2.3 Testes Psicológicos

De acordo com Tyler (1973), o conceito idealizado para definição de teste

psicológico configura certo grau de complexidade, haja vista requerer análises em

sua etimologia que nesse caso, dilui-se seu significado ao afirmar conforme esse

autor que, teste é um termo que deriva da língua inglesa e assume o sentido do

termo “prova” na língua portuguesa. Dessa forma, em esfera mundial, trata-se de um

termo que possui estreita relação com uma modalidade de medição, e que visa

através de suas proposições elementares (questões e/ou atividades diversas)

propõe-se a entender e descobrir algo sobre o indivíduo, em vez de responder a

uma questão geral.

Percebe-se conveniente comentar que o processo de realização de testes

visa obter níveis diferenciados que possam existir entre os indivíduos considerados

aptos ou não, no caso desse trabalho, para obter a CNH, o que enfatiza entre as

inúmeras divergências que sua finalidade possui, entender determinadas

características entre diversos sujeitos, ou então o comportamento desse indivíduo

em diferentes ocasiões.

Tonglet (2002), em sua introdução sublinha que os testes psicológicos

compõem o estudo da psicometria, que constitui-se na teoria e nos métodos de

medidas em ciências do comportamento, a qual tem recebido questionamentos

dentro e fora do contexto psicológico. Nesse sentido, o ato de avaliar o psicológico

passa por um momento de reflexão e transição e ao receber a influência da atuação

multidisciplinar do trânsito deverá apresentar novos desdobramentos,de forma a

assumir um enfoque educacional, normativo, formativo e preventivo.

A avaliação psicológica no contexto dos testes deve ser encarada como um

momento dentro do processo de formação do candidato a obtenção da CNH e como

uma possibilidade de revisão periódica das funções mentais do condutor

profissional. Os testes psicológicos passam a ser considerados não apenas do ponto

de vista de seleção, mas como termômetros avaliadores ou ainda tarefas que fazem

parte de um estágio preparatório na formação do condutor e parte de uma etapa

preventiva na reciclagem do motorista profissional (TONGLET, 2002).

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Cabe ao teste psicológico ser um medidor objetivo e padronizado para

demonstrar de que formas o sujeito se comportará, no sentido de revelar as

diferenças, as hipóteses confirmadas ou refutadas, enfim, todo um estudo de

reações do mesmo indivíduo em diferentes momentos. No entender de Pasquali

(2001), todos os testes psicológicos que possam ser utilizados, conduzem a

reflexões sobre sua objetividade e subjetividade.

A objetividade, para Pasquali (2001) pode ser descrita principalmente, quando

os testes conseguem facilitar o entendimento sobre o que pretende-se observar nos

indivíduos analisados, dentro de um olhar científico. Para o autor, os aspectos

subjetivos relacionam-se mais com as técnicas projetivas e em suas conjecturas,

levam o psicólogo a desenvolver uma grande gama de interpretações de atuação do

inconsciente do indivíduo, ademais, possui seu critério cientifico questionável por

não levar em consideração a confirmação das provas empíricas. De forma que,

segundo generalização do autor frente as duas características dos testes

psicológicos em suas conclusões, expõe que pela forma flexível e livre de trabalho

complementam, reforçam ou fundamentam clinicamente um diagnóstico, além de

permitir uma valorização da subjetividade baseada nos estudos de Wundt(1879apud

PEREIRA; NETO, 2003).

Por conta disso Erné (2000),ressalta que o processo de análise psicológica a

partir de testes assume uma grande importância para o desenvolvimento e

estabelecimento social da psicologia como ciência. Suas possibilidades de serem

utilizados são diversas, desde uma avaliação psicológica, até mesmo envereda-se

para a investigação dos aspectos educacionais, sociológicos e culturais dos

indivíduos que estão analisados e provados.

Alguns autores confirmam os mesmos ideais em relação a realização e aos

resultados dos testes psicológicos, como no caso de Anastasi; Urbina (2000),

Pasquali; Azevedo; Ghesti (1997) e Hutz; Bandeira (1993), que confirmam em seus

estudos, a importância dos testes, por determinarem a utilização de conteúdos como

a natureza e sequência do desenvolvimento mental, aspectos intelectuais dos

indivíduos, tipos de personalidade e características ambientais e de participação em

grupos. Segundo enfatizado por Hutz Bandeira (1993), os testes possuem a função

de auxiliar a seleção e classificação de pessoal para as funções que pretendem

exercer em uma organização por exemplo, ou, no caso dessa pesquisa, para

obterem a sua CNH.

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De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (Brasil, 2000), desde que os

testes psicológicos tenham sua interpretação realizada de modo adequado, podem

contribuir para futuras decisões a serem tomadas. Por isso, esses instrumentos são

capazes, por si só de demonstrar o quão importantes são para o sucesso do

candidato a CNH e seus desdobramentos na direção e no trânsito, durante sua

locomoção, e também na utilização dos aspectos biopsicológicos envolvidos durante

o ato de dirigir.

Tonglet (2002), diz que a Legislação de trânsito através do Código de Trânsito

Brasileiro se constituiu numa mola propulsora para repensar o comportamento do

condutor e proporcionar condições mais favoráveis para enfrentar o trânsito bem

como preparar-se de maneira mais adequada para inserir-se num novo contexto

legislativo, onde a falta de informação poderá acarretar consequências desastrosas.

Einsberg; Fabes (1992), fazem uma distinção entre habilidade ao referir-se

como aptidão e competência. Os autores argumentam que habilidade representa o

potencial expressado concretamente, em realizações ou desempenhos,

envolvimento com a apresentação de respostas corretas para problemas e o

conhecimento de determinado conteúdo e competências que indicam um nível de

padronização de realização, o que implicaria um determinado nível de realização

atingido. Esta abordagem relaciona os conceitos de habilidade, conteúdo e nível de

realização.

Por outro lado, habilidade, no sentido utilizado por Carroll (1993), pressupõe a

ideia de potencial de realização, ou seja, a existência de uma relativa facilidade em

lidar com informações e problemas de uma determinada classe ou conteúdo. Assim,

torna-se possível pensar que a habilidade não necessariamente implica

competência, mas indica a facilidade em lidar com um tipo de informação, portanto,

para que transforme-se em competência, faz-se necessário um investimento em

experiências de aprendizagem. Ao considerar-se o mesmo montante de experiência,

com a mesma qualidade, no tocante a duas pessoas com habilidades diferentes,

estas diferirão na facilidade com que se tornarão competentes em determinada

atividade.

Tonglet (2002),traz em seu discurso teórico que a experiência na avaliação

psicológica para motorista tem demonstrado que muitos candidatos a obtenção de

CNH tem seu primeiro contato com a Psicologia por intermédio desta avaliação.

Nesse sentido, os testes devem deixar de ser algo estranho e alheio ao cotidiano do

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condutor e precisam estar de acordo com a realidade tanto do trânsito como da

função mental necessária a ser utilizada no ato de conduzir um veículo aplicador.

O psicólogo no seu novo papel de aplicador necessita treinar e focalizar os

seus próprios sistemas de atenção para obter maiores informações sobre o

candidato no momento em que ocorre a execução dos testes. Nesse sentido, a sua

função científica assemelha-se a do médico quando realiza um exame de

ultrassonografia. Porém, o psicólogo acompanha as atividades mentais. Para a

aplicação dos testes, deve-se contribuir tanto com a avaliação psicológica para

motorista como também à avaliação neuropsicológica, porque ambas passam a ter a

sua disposição tabelas atualizadas e padronizadas para a população brasileira e

também por facilitar uma avaliação mais integrada da função mental do candidato.

Entre os principais testes de avaliação psicológica consta a Bateria Geral de

Funções Mentais (BGFM), a qual possui uma série de instrumentos psicológicos

para investigar, avaliar, classificar e padronizar as funções mentais relacionadas ao

campo cognitivo, representadas basicamente pelos sistemas atentivos, memória e

raciocínio lógico. Segundo Tonglet (2002), são tarefas propostas aos candidatos que

são experimentados tanto no instituto como no trânsito. O candidato além de ser

avaliado, também acaba convidado a perceber-se e orientar-se como se estivesse

no trânsito. Não que a situação de avaliação simule o trânsito, mas lhe proporciona a

oportunidade de auto-observação, quando necessitar recorrer às funções mentais

necessárias para dirigir um veículo.

Por isso, a BGFM representa uma proposta integrativa desde a base de sua

construção até os símbolos que são utilizados, já que são as mesmas placas que

são captadas através dos diferentes níveis de atenção do motorista na condução do

seu veículo. Dessa maneira, para esse trabalho, pretende-se analisar três formas

específicas de teste psicológico, os chamados: Teste de Atenção Concentrada (AC),

Testes de Atenção Alternada (TEALT) e Teste de Atenção Dividida (TEADI).

Tonglet (2002),argumenta que os testes de atenção da BGFM-1 não devem

ser classificados como testes de aptidões físicas, os quais foram construídos para

atender necessidades de ordem profissional e também para servir de complemento

aos denominados testes de inteligência. Assim, recorre-se aos testes de funções

mentais, porque em certo momento tem que utilizar sua atenção de forma difusa e

em outro momento precisa empregar sua atenção de maneira concentrada e ainda

em outro instante focalizada sua atenção de modo discriminativo.

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A atenção é uma qualidade da percepção. Pelo fato do ser humano dar maior ênfase aos aspectos visuais, observa-se que o motorista ao volante de seu veiculo é invadido por uma multiplicidade de estímulos que surgem e desaparecem em segundos ou frações de segundo, devido ao aspecto dinâmico de seu deslocamento. Além disso, sua percepção visual é capaz de detectar eventos, como uma pessoa atravessando fora da faixa de pedestres [...] ou até mesmo uma motorista estacionando em fila dupla defronte á uma escola (TONGLET, 2002, p. 21).

Compreende-se que o condutor ao constatar a existência de sinais e dos

chamados obstáculos no trânsito, tende a efetuar manobras precisas com o intuito

de garantir sua circulação de maneira segura. Por isso, a percepção é muito

importante para que detecte-se possíveis déficits e características dotadas de

alguma alteração, partindo-se da utilização de uma tabela padrão, que apresenta

níveis qualitativos de produtividade, que transformam-se em informações vitais para

a evitação de distorções na elaboração e análise dos dados coletados. Para Tonglet

(2002), a atenção constitui-se em uma função complexa e importante no que

concerne a avaliação psicológica, pois representam funções de diferentes

ramificações, mas que são consideradas na sua totalidade ou parcialidade em meio

ao comportamento humano e em especial no comportamento dos motoristas.

Dentre os diferentes tipos de atenção, pode-se citar a atenção difusa, que

para os aspectos esboçados por Tonglet (2002), focaliza de uma só vez, diversos

estímulos que estão dispersos espacialmente e realizam uma captação rápida de

informações e fornecem um conhecimento instantâneo para o indivíduo. Essa forma

de atenção é a mais utilizada por todos os participantes envolvidos no trânsito,

sejam pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas. A avaliação psicológica então,

é feita através de instrumentos psicológicos conhecidos como testes que permitem a

observação, o controle das variáveis e também uma comparação dos resultados do

indivíduo em relação ao grupo.

A atenção concentrada, conforme Tonglet (2002), corresponde a uma função

mental em que os interesses de focalização dos estímulos são dirigidos a um centro

onde existe apenas um estímulo ou onde estão reunidos um grupo de estímulos que

tenham características em comum. No caso do motorista, um tipo de informação

recebida de forma contínua em que ele necessita concentrar sua atenção, sem

ocasionar prejuízos nos outros tipos de atenção, constitui-se nas placas de

sinalização. Neste sentido, o motorista perceberá o estado interno do seu organismo

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e coordenará os movimentos necessários à direção do veículo, ao centrar sua

atenção, entre outros estímulos externos, nas placas de advertência e de

regulamentação.

A atenção alternada para Tonglet (2002), trata que o TEADI mede a

capacidade do indivíduo de dividir a atenção. Tal medida é baseada nos estímulos

que deveriam ser marcados e que foram assinalados devidamente, subtraindo-se os

erros e omissões, ou seja, estímulos distratores que não deveriam ser assinalados,

mas o foram, e estímulos-alvo que não foram marcados. No total, o teste se

apresenta com 450 estímulos, distribuídos em 30 linhas. O tempo médio de

aplicação é de 5 minutos.

O TEALT, por sua vez, mede a capacidade de se alternar a atenção. O

resultado é calculado com base nos estímulos corretamente marcados, subtraindo-

se os erros e omissões, ou seja, estímulos distratores marcados indevidamente e

estímulos alto deixados em branco. O teste é composto por 352 estímulos

distribuídos em 16 linhas, requisitando-se que para cada linha do teste a pessoa

procure um estímulo diferente da seguinte. O tempo total de realização é de 2

minutos e 30 segundos.

Dessa forma, o motorista deve estar vigilante ao dirigir seu veiculo, e sua

atenção tem que ser mantida de modo constante, pois qualquer distração ou desvio

de atenção, ainda que por frações de segundo, poderá induzi-lo a uma infração e

consequentemente a um acidente de trânsito. Portanto, a medida em que são

investigados e definidos parâmetros de atenção pode-se obter avaliações mais

precisas e condizentes com a realidade do motorista através dos diferentes testes

de atenção.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Ética

Foram utilizados nesta pesquisa testes psicológicos realizados em candidatos

a obtenção da CNH atendidos no Instituto Integrare, os quais, por não terem sua

participação direta na pesquisa, já que trata de uma pesquisa documental, com

análise somente dos prontuários psicológicos, não foi requerida a obrigatoriedade de

submissão de instrumentos de coleta de dados.

3.2 Tipo de Pesquisa

Foi desenvolvido um estudo descritivo sobre a avaliação psicológica na

identificação de candidatos que representam algum risco para o trânsito na cidade

de Macapá – AP. Atendidos no Instituto Integrare no período de junho a setembro de

2013.

Foi realizada pesquisa bibliográfica para o levantamento de informações

sobre o tema. Os dois processos onde foram obtidos os dados foram a

documentação direta e a indireta. “A primeira constituiu-se em geral no levantamento

de dados [...]. A segunda serviu de fonte de dados coletados por outras pessoas,

pois constituiu-se de material já elaborado ou não” (MARCONI & LAKATOS, 2008, p.

43).

Dessa forma, a pesquisa bibliográfica se enquadrou neste perfil duplo de

obtenção de dados. Em relação ao primeiro movimento, onde os dados foram

obtidos a partir de levantamentos de dados, estes foram compostos por livros e

artigos científicos, os quais foram obtidos através de acervos eletrônicos da Scielo,

Bireme, Lilacs e outras bases de dados disponibilizadas na internet.

A segunda etapa consistiu na pesquisa de campo do tipo documental, com

levantamentos e análise qualitativa e quantitativa, dos registros elencados através

dos testes psicológicos aplicados nos candidatos a CNH atendidos pela referida

Clínica em Macapá. Escolheu-se a pesquisa documental, pois segundo Santos

(2000, p. 12) esta é “[...] realizada a partir de documentos, contemporâneos ou

retrospectivos, considerados cientificamente autênticos”.

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46

3.3 Universo

No presente estudo foram avaliados aspectos da atenção concentrada,

dividida e alternada em cerca de 98 prontuários psicológicos de candidatos

participantes dos Testes ministrados pela Psicóloga Moana, Diretora/ Presidente do

Instituto Integrare, localizado na Avenida Almirante Barroso, n.º 2721, bairro: Santa

Rita, Macapá - AP.

3.4 Sujeitos e Amostra

Do universo participante dos procedimentos será utilizada a amostra

composta por 98 folhas de testes psicológicos, de ambos os sexos e com diferentes

faixas etárias. Pontua-se que todos os prontuários utilizados na amostra desse

trabalho foram de candidatos atendidos pela psicóloga do Instituto Integrare, Moana.

3.5 Instrumento de Coleta de Dados

Folhas de Testes Psicológicos.

3.6 Procedimentos para Coleta de Dados

No Instituto Integrare existe uma dependência chamada Arquivo localizado no

depósito do subsolo onde são arquivados todos os documentos e prontuários de

atendimentos realizados pelo instituto por um período de 5 anos. Os dados são

catalogados e possuem a data inicial de arquivamento remetida ao ano de 2009.

3.7 Procedimentos para Análise dos Dados

Os resultados foram analisados pelo método analítico descritivo, onde

construiu-se primeiramente uma análise do perfil da amostra. Em seguida, foram

analisados os testes psicológicos, usados para catalogar os resultados como

objetivo de ratificar o papel da avaliação psicológica na identificação de candidatos

em que o critério escolaridade se tornou preponderante para sua aptidão ou não.

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47

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A apresentação dos dados como resultados, bem como, sua discussão neste

estudo serão demonstradas nesse capítulo, através de gráficos e tabelas. Através

dos dados apresentados, observa-se no Gráfico 1, que durante o ano de 2013, cerca

de 59% dos dados dos testes pertenciam a indivíduos do sexo masculino e 41% do

sexo feminino.

Gráfico 1 - Distribuição por sexo da população geral.

Fonte: Dados da pesquisa. Macapá/AP. (2013).

Estudos similares sobre a análise das diferenças de gêneros sexuais em

momentos de avaliação psicológica são escassos e os que estão publicados, não

enfocam especificações sobre a forma pretendida para ser analisada nesse trabalho.

Sendo primeiramente necessário enfatizar as relações de gêneros no tema trânsito.

Dessa maneira, Foucault (1985), diz que sexo é um conceito referente aos

aspectos biológico e anatômico de cada ser humano, que podem ser diferentes nas

duas possibilidades: o homem e a mulher e muito raramente, os hermafroditas. Scott

(1995), contribui nessa discussão, ao expor que gênero é um conceito diretamente

ligado ao desenvolvimento humano, pois torna-se evidente em âmbito psicossocial,

cultural e histórico, contribuindo na definição dos papéis sexuais, na personalidade,

no comportamento sexual, na aparência física, entre outras características.

Nesse sentido, o estudo de Almeida et al. (2005), que teve o objetivo de

estudar acerca do fenômeno gênero no âmbito do sistema de trânsito num tempo e

59%

41%

Masculino (59%) Feminino (41%)

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num espaço, demonstrou em seus resultados que desde o processo de

industrialização que a humanidade passou a se desenvolver estrutural e

socialmente, então, os gêneros também sofreram evoluções em suas atitudes e nos

seus valores e crenças, o que demonstra assim a independência existente entre

homens e mulheres nas demandas sociais. No trânsito, essas disparidades são

evidentes nas formas de tratamento entre os gêneros, que se tratam com

significações torpes. À mulher, as conquistas lhe possibilitaram trabalhar, ter uma

vida social e entender seu papel na sociedade. Os homens permanecem com a

tradição de mantenedores e de agentes do poder. Muitas vezes ao homem pertence

a idéia de que não cabe a mulher responsabilidades e comportamentos destoantes

de desvios e tarefas domésticas, ao ouvir-se com frequência que o mundo das

mulheres muitas vezes gira em torno de uma casa, fogão, não do ato simples de

dirigir.

Mas também não pode-se deixar de contemplar que certas idéias também

aparecem mais comumente na visão das mulheres, que costumou associar aos

homens as causas de seu envolvimento em acidentes de trânsito.

O estudo caracteriza adequadamente as diferenças de gênero no trânsito,

principalmente ao esclarecer que os homens são competitivos e as mulheres

sociáveis no trânsito, de forma, ao exteriorizar-se um comportamento que é reflexo

da história social e familiar, muitas vezes, fica difícil romper essas barreiras

históricas, pois essa diferença homem-mulher está introjetada na sociedade de

modo geral. Dessa forma, fica claro que não cabe discutir quem exerce o melhor

papel no trânsito, mas criar um ambiente em que haja espaço para que todas as

diferenças sejam respeitadas e circulem livremente (ALMEIDA et al.,2005).

A Tabela 1, apresenta os resultados organizados segundo o gênero sexual

dos candidatos a CNH avaliados por periodicidade mensal.

Tabela 1 – Candidatos avaliados por gênero sexual (março a dezembro/2012)

Jun. Jul. Ago. Set. Total

Masculino 8 18 12 20 58

Feminino 6 18 10 5 39

Total 14 36 22 25 97

Fonte: Dados da pesquisa. Macapá/AP. (2013).

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Pode-se constatar que entre o período dos meses de junho a setembro do

ano de 2013, o total de 97 testes foram aplicados, sendo que destes: 58 foram de

candidatos do sexo masculino e 39 do sexo masculino.

Assim observa-se que a amostra de testes analisada atuou diretamente com

uma porcentagem maior de candidatos do sexo masculino. Em relação ao nível de

escolaridade, observa-se no Gráfico 2, que durante o ano de 2013, cerca de 37%

dos dados dos testes pertenciam a indivíduos que tinham completado o ensino

superior, 46% tinham completado o ensino médio, e 17% o ensino fundamental.

Gráfico 2 - Distribuição por escolaridade da população geral

Fonte: Dados da pesquisa. Macapá/AP.(2013).

Neste contexto, Marin-León; Vizzotto (2003), expõem que a educação e o

conhecimento da legislação e aplicação das leis de trânsito são fatores que podem

contribuir para a ocorrência dos acidentes de transito. Para os jovens, os cursos e

intervenções para obtenção da carteira são favoráveis para a redução da ocorrência

de colisões. Por sua vez, De Souza et al. (2007), em seu estudo afirma que nas

regiões Sul e Sudeste do Brasil onde o nível educacional é mais alto, houve uma

redução dos acidentes de trânsito envolvendo os mais jovens.

Barbosa (2005), ao analisar os resultados da Conferência Pan-Americana

sobre Segurança no Trânsito no Brasil afirmou que os acidentes de transito são

causados por fatores conhecidos, que demonstram um prévio conhecimento

construído ou aprendido sobre as questões de trânsito, e assim, conclui que os

acidentes em sua maioria, são eventos previsíveis e possíveis de serem prevenidos.

37%

46%

17%

Ensino Superior (37%) Ensino Médio (46%)

Ensino Fundamental (17%)

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Assim, conforme Davantelet al. (2009), quando maior o nível de escolaridade, maior

o uso de dispositivos de segurança ao dirigir.

Desse momento em diante, as análises dos resultados voltam-se para os

resultados obtidos com a folha dos Testes aplicados a amostra analisada. A

intenção aqui não foca no desenvolver de uma discussão de resultados detalhada

de cada tópico do teste citado, mas debruçar estudos sobre três critérios avaliativos

conclusivos decididos pelo psicólogo avaliador. Tais critérios pautam-se sobre a

denominação de candidatos aptos, inaptos e re-testes, como bem demonstrado no

Gráfico 3.

Gráfico 3 – Resultados das Avaliações Psicológicas

Fonte: Dados da pesquisa. Macapá/AP. (2013).

Verifica-se que, cerca de 65% das avaliações psicológicas realizadas

receberam o parecer apto, 35 receberam recomendação para realizarem novamente

o teste conhecido como re-teste e não houveram candidatos inaptos.

Em relação aos instrumentos que foram aplicados aos candidatos a motorista

no Instituto Integrare verifica-se que, de maneira geral, a atenção pode ser

entendida como um processo utilizado para o alcance de tarefas ou realização de

certos objetivos, no qual os estímulos úteis são selecionados para serem utilizados,

enquanto os demais são ignorados.

A tabela 2, expressa uma relação dos somente dos casos encaminhados para

re-teste, totalizando uma amostra de 16 candidatos, descrito no espaço temporal

65%

35%

0%

Aptos (65%) Re-testes (35%) Inaptos (0%)

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mensal estipulado pela pesquisa, organizados segundo o sexo e o nível de

escolaridade.

Tabela 2 - Resultados das Avaliações Psicológicas (março a dezembro/2012)

Re-testes Masculino Feminino Total

N % N % N %

Ens. Fundamental 6 60% - - 6 38%

Ensino Médio 4 40% 3 50% 7 44%

Ensino Superior - - 3 50% 3 18%

10 100% 6 100% 16 100%

Fonte: Dados da pesquisa. Macapá/AP.(2013).

A proposta do tema do trabalho foi demonstrar o critério escolaridade como

forma de, através da avaliação psicológica, constatar a aptidão ou não do candidato

a obter carteira de motorista. Dessa forma, pôde-se constatar na amostra analisada

as seguintes características específicas:

- Em relação ao gênero masculino, cerca de 60% dos re-testes era de

indivíduos do ensino fundamental e 40% do ensino médio;

- Em relação ao gênero feminino, 50% dos re-testes era de mulheres com

ensino médio e 50% de mulheres com ensino superior.

Com tais resultados, pode-se compreender que no período de junho a

setembro de 2013, no Instituto Integrare, a maior ocorrência de re-testes envolviam

indivíduos do sexo masculino e com escolaridade de nível fundamental. Justifica-se

esses resultados, de acordo com o empirismo, salientando que o processo de

avaliação requer conhecimentos de identificação dos números e letras, não sendo

somente uma linguagem simbólica, mas requerendo a complexidade na leitura, na

escrita e na interpretação dos processos, e dessa maneira, os indivíduos posto a re-

testes foram assim enquadrados por não terem desenvolvidos essas capacidades

com completude, requerendo que seja explicado por mais de uma vez os

procedimentos de preenchimento dos testes.

Convém salientar também que o grande número de mulheres com ensino

superior postas para fazer o re-testes se deve ao fato do índice de avaliação ser

mais criterioso que as demais modalidades de ensino.

De acordo com a Resolução nº 012/ 2000/CRP o processo de realização da

avaliação psicológica tem como principal característica a obtenção de dados, bem

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como sua interpretação dos indivíduos, os quais são obtidos através de um conjunto

de procedimentos que auxiliarão o psicólogo a avaliar a veracidade do

comportamento. Entre os procedimentos, constam os testes psicológicos, entre

outros instrumentos.

Existem estudos que apresentam uma visão crítica dos processos de

obtenção da CNH no Brasil, especificamente em relação a avaliação psicológica e

sua obrigatoriedade. No estudo de Gouveia et al. (2002), ao buscar compreender a

opinião dos motoristas, constatou que a Avaliação Psicológica apenas dificulta os

candidatos a obterem sua CNH, sendo um obstáculo a mais para irem ao transito

por vias legais. Em contrapartida, esse mesmo estudo demonstrou que os

motoristas pesquisados consideram o procedimento o meio mais eficiente para

identificar a aptidão dos candidatos ou não, para dirigir em via pública, sendo então

de suma importância para detectar sinais, previamente, de má conduta e

imprudência do candidato no trânsito. Primi (2010), descreve que a avaliação

psicológica é apenas a primeira etapa para o candidato obter sua CNH de um total

de seis.

Nesse sentido, Quintela (2007), em sua pesquisa concluiu que a avaliação

psicológica é uma ciência que em sua evolução histórica sempre esboçou

dificuldades e limitações para encontrar seu espaço social, pois as varias teorias não

dispensam um consenso plausível sobre o aumento da segurança nos

deslocamentos nas vias públicas. Para Rozestraten (1990), recomenda aos

psicólogos que elaborem constantemente investigações de cunho cientifico sobre

sua prática, disseminando uma ideologia de constante reavaliação dos testes,

atualização dos procedimentos e principalmente, da atualização e criação de cursos

no âmbito acadêmico para a melhor atuação do psicólogo, de modo a não se

enganarem em suas avaliações e na conclusão de suas predições nos prontuários

psicológicos.

Convém salientar ainda que qualquer que seja o instrumento utilizados pelos

psicólogos e pelas clínicas para realizar a avaliação psicológica, configura-se de

certa forma, o estabelecimento de níveis de aprendizado, reconhecimento dos

melhores e dos piores, e principalmente, adequa a liberação de licença de trânsito.

Para tanto, é preciso que o psicólogo busque conhecer e saiba compreender

as diferenças psicológicas de cada ser humano, para não classificar um candidato

de forma inadequada. Mesmo assim, a avaliação psicológica e seus representantes

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conquistaram seu espaço social, com muitas lutas e com um constante processo de

reavaliação dos procedimentos, cada vez mais, criteriosa e qualificável. Tanto que

em 2008, o DETRAN publicou no Diário Oficial determinação para os profissionais

atuantes na área do transito tornem-se especialistas com certificação expedida pelo

CFP, devendo então se adequar em definitivo até o ano de 2013 (Diário Oficial,

2008). Desde então, cresceu o numero de profissionais dispostos a obter

certificação para atuarem no trânsito.

Assim, é importante compreender que os testes psicológicos auxiliam no

desenvolvimento da Psicologia de Trânsito e também contribuem para apresentar

avaliações coerentes e reais sobre as condições psicológicas dos candidatos a

obtenção de licença de trânsito. Tornando-se assim, um importante instrumento para

desenvolver a ciência e contribuir para a Psicologia conquistar seu espaço em

definitivo em nossa nação.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trânsito tem sido um assunto frequente nas mesas de discussões informais,

assim como tem tornado-se uma preocupação nacional devido suas peculiaridades

sofrerem tantas mudanças desde que passou a ser um objeto de estudo e

aperfeiçoamento de estudiosos no assunto. Inúmeros são os casos de direção

perigosa que culminam com graves acidentes, inclusive com alto índice de

mortalidade a cada ano que passa, assim como são notáveis os discursos repetidos

que preconizam políticas públicas que ajudem na redução desses acidentes, se

esquecendo de valorizar ferramentas pertencentes a avaliação psicológica,

possuidora de um histórico marcante no mundo, mas também no Brasil, desde a

promulgação da Lei nº 9.503/1997 criadora do Código de Trânsito Brasileiro.

Os testes psicológicos coexistem para auxiliar na identificação de

comportamentos que representem algum risco para o ambiente do trânsito, mais

conhecido na classe de psicólogos como avaliação psicológica e num cenário mais

específico e científico faz-se referência ao teste de atenção difusa, como elemento

importante, fidedigno e integrante de uma rede disponível para que se possa apontar

comportamentos indicativos de risco no trânsito não somente do ponto de vista dos

motoristas, mas em relação a todos os envolvidos nesse ambiente.

Assim, os resultados demonstrados no corpo da pesquisa responderam os

objetivos da pesquisa e confirmaram a hipótese, de que realmente há eficácia na

avaliação psicológica em tipificiar através da escolaridade as condições do individuo

virem a dirigir e obter sua CNH, como daqueles candidatos a renovação e mudança

de categoria.

Por fim, para avaliar todas as funções básicas e precondições essenciais, a

avaliação psicológica precisa de informações sobre a interação das capacidades

com as atitudes e os hábitos. Assim, a escolaridade é fator preponderante para que

o individuo possa participar da avaliação psicológica de forma satisfatória, pois

conseguirá interpretar os símbolos e a linguagem simbólica do transito.

Por isso, pode-se concluir que a validade do diagnóstico de candidatos a

obtenção de CNH não pode ser restringido à relação entre resultados de testes e

dados comportamentais, mas nas precondições para direção adequada, como:

interações de capacidades, atitudes e hábitos que podem ser descritos como um

conjunto de fatores preditivos favoráveis ou desfavoráveis.

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