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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP O POTENCIAL DA INTERATIVIDADE AUDIOVISUAL NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Dissertação apresentada ao Programa de Pós- graduação em Comunicação da Universidade Paulista – UNIP para a obtenção do título de Mestre em Comunicação. SAMUEL FIGUEIRA JORGE São Paulo 2010

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

O POTENCIAL DA INTERATIVIDADE AUDIOVISUAL

NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Paulista – UNIP para a obtenção do título de Mestre em Comunicação.

SAMUEL FIGUEIRA JORGE

São Paulo

2010

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

O POTENCIAL DA INTERATIVIDADE AUDIOVISUAL

NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Paulista – UNIP para a obtenção do título de Mestre em Comunicação. Orientador: Prof. Dr. Antonio Adami.

SAMUEL FIGUEIRA JORGE

São Paulo

2010

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Jorge, Samuel Figueira

O potencial da interatividade audiovisual na Educação a

Distância / Samuel Figueira Jorge – São Paulo, 2010.

96 f.

Dissertação (mestrado) – Apresentada ao Instituto de

Ciências Sociais e Comunicação da Universidade Paulista,

São Paulo, 2010.

Área de Concentração: Comunicação e cultura midiática

“Orientação: Prof. Dr. Antonio Adami”

1. Educação a Distância 2. Interação 3. Recursos

Audiovisuais 4. Ciberespaço 5. Ambientes Virtuais de

Aprendizagem

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SAMUEL FIGUEIRA JORGE

O POTENCIAL DA INTERATIVIDADE AUDIOVISUAL

NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Dissertação para a obtenção do título de mestre em Comunicação apresentada à Universidade Paulista – UNIP.

Banca Examinadora

Prof. Dr. Antonio Adami – UNIP/SP

Prof. Dr. Milton Pelegrini – UNIP/SP

Prof. Dr. Pelópidas Cypriano de Oliveira – UNESP/SP

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Dedico este trabalho aos amigos que não

hesitaram em empenhar parte de seu tempo

para que juntos pudéssemos estudar e discutir

os assuntos que hoje estão expostos nesta

pesquisa: Mônica, Rafael e Debora.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a D’us, pelo dom inefável da vida.

Ao Prof. Dr. Antonio Adami, pela orientação deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Milton Pelegrini, pelo direcionamento acadêmico.

Ao Prof. Dr. Pelópidas Cypriano, pelo entusiasmo das causas da educação a

distância.

Aos professores das disciplinas cursadas na UNIP/SP, pelos conhecimentos

proporcionados e aos colegas que participaram comigo desta jornada,

acrescentando algo de positivo em meu trabalho.

Aos professores, funcionários e amigos da UNIP, pelo apoio e companheirismo.

Aos amigos que acompanharam esse período, pelo incentivo.

Ao amigo João Rafael de Ulhôa Cintra Lopes, pela inestimável colaboração.

À amiga e revisora Mônica de Moraes Oliveira, pela dedicação.

À amiga e Debora Benatti Conde, pelo carinho e cuidado.

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RESUMO

O objetivo deste estudo é identificar e analisar os processos de interação

entre os participantes em cursos na modalidade a distância. O intuito é sugerir a

melhor forma de utilização dos recursos audiovisuais interativos na EaD. Procura-se

comparar os ambientes virtuais de aprendizagem, proporcionados por diferentes

plataformas em instituições de ensino, objetivando proporcionar uma contribuição

teórico-prática para sua utilização didática audiovisual.

Este trabalho evidencia a importância da adequação metodológica para a

eficiente utilização das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação – NTIC

com relação ao seu potencial interativo na EaD.

O processo metodológico de busca se deu por meio de pesquisa qualitativa

envolvendo renomadas instituições de ensino superior em EaD. Este trabalho é

composto por informações e relatos colhidos em campo através do

acompanhamento funcional do processo de ensino em EaD.

Inicialmente, faz-se um breve histórico do processo evolutivo da Comunicação

e sua relação com o caminhar da EaD. Em seguida, procura-se contextualizar o

processo de recepção envolvendo os Meios de Comunicação de Massa – MCM e o

quanto destes pode-se aplicar à EaD. Em uma abordagem conceitual sobre

Ciberespaço, são estudados os Ambientes Virtuais de Aprendizagem – AVA. Na

sequência, é apresentado um cenário prático para se discutir a atual recursividade

tecnológica na EaD. No final, são apresentadas três Plataformas Virtuais de Ensino

utilizadas em universidades e recomendações sobre o uso de seus recursos

audiovisuais.

Palavras-chave: EaD; Interação; Recursos Audiovisuais; Ciberespaço; Ambientes

Virtuais de Aprendizagem

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ABSTRACT

The main goal of this study is to identify and analyze the interaction process

among distance learning course participants. The idea is to suggest the best way to

take advantage of the audiovisual interactive features in the distance learning

courses. Different Virtual Learning Environments were compared in different Virtual

Learning Platforms. The target was to contribute with theory and practical

experiences when pedagogically using those virtual environments.

Its importance lies on how to possibly adequate an efficient methodology when

using the New Information Technology e Communication tools, especially concerning

their interactive potential towards Distance Learning.

The researching method was done by a qualitative survey in the analyzed

Distance Learning institutions. The content consists of information retrieved from

them as well as data collected in the field from their normal and daily operational

routine.

Initially, a brief historical Communication evolution is shown and its relation

with the Distant Learning development. Secondly, the reception on the Mass

Communication Means is contextualized in order to know how much of it can be

applied to the Distance Learning practices. Thirdly, a conceptual Cyberspace point of

view is focused. The Virtual Learning Environments are studied. Fourthly, a practical

scenario is presented in which all the actual Distant Learning IT tools are discussed.

Finally, several Virtual Learning Platforms are presented and studied.

Recommendations are made on how to use and manage the audiovisual tech

facilities for the Distant Learning best performance.

Key words: interaction - audiovisual interactive features - distance learning –

Cyberspace - Virtual Learning Environments

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Página inicial do Sistema Blackboard - Unip Interativa. ........................................... 62

Figura 2 - Página da plataforma Blackboard – Conteúdo de aula disponível – SEI. ............ 63

Figura 3 - Página da plataforma Blackboard - Tela para exibição da videoaula. .................. 64

Figura 4 - Página inicial do TelEduc. ..................................................................................................... 70

Figura 5 - Ferramentas e funcionalidade do TelEduc. .................................................................... 71

Figura 6 - Página Interna da plataforma TelEduc – Conteúdo instrucional – Estrutura AVA. .................................................................................................................................................................... 72

Figura 7 - Página Interna da plataforma TelEduc – Ferramenta “Grupos”. ............................ 73

Figura 8 - Página Interna da plataforma TelEduc – Ferramenta “Intermap”. ....................... 74

Figura 9 - Página Interna da plataforma TelEduc – Ferramenta Intermap – Grafo. ........... 75

Figura 10 - Página Interna da plataforma TelEduc – “bate-papo”. ............................................. 76

Figura 11 - Página Interna da plataforma TelEduc - “Fórum de discussão”. .......................... 77

Figura 12 - Página Interna da plataforma TelEduc – Ferramenta "diário de bordo".......... 79

Figura 13 - Página Interna da plataforma TelEduc – Ferramenta “Portifólio”. .................... 80

Figura 14 - Página inicial do site da Univesp. .................................................................................... 82

Figura 15 - Página inicial do site da TV Univesp – Transmissão de vídeos – “teleaula”. ... 83

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................... 9

1. NOVOS PARADIGMAS COMUNICACIONAIS NA SOCIEDADE INFORMACIONAL ............. 11

1.1. Tecnologias de Informação e Comunicação no cotidiano ..................................... 13

1.2. O ciberespaço .............................................................................................................................. 17

1.3. Educação a Distância: Retrospectiva Histórica ........................................................... 20

1.4. Modelos de EaD no Brasil ..................................................................................................... 22

2. O SISTEMA FORMAL DE ENSINO ....................................................................................................... 25

2.1. Revisão metodológica frente à mutação tecnológica .................................................. 26

2.2. Privilégios da EaD ......................................................................................................................... 27

2.2.1. “Materialidade” e Tecnologia na EaD ......................................................................... 28

2.2.2. Aceitação da EaD ................................................................................................................. 32

2.2.3. “Usabilidade” ........................................................................................................................... 33

3. POTENCIAL DA INTERATIVIDADE AUDIOVISUAL: REFLEXÕES SOBRE A AULA PRESENCIAL, A VIDEOAULA E A ESTRUTURA DE UMA INSTITUIÇÃO DE EaD ................... 35

3.1. A aula presencial ........................................................................................................................... 35

3.2. A aula em EaD e a necessidade de capacitação docente ........................................ 39

3.3. Estrutura e planejamento das aulas em EaD .................................................................. 42

3.3.1. Estrutura física para EaD .................................................................................................. 43

3.4. A utilização de recursos interativos em EaD .................................................................... 50

4. EXPERIÊNCIAS E PLATAFORMAS DE EaD ..................................................................................... 59

4.1. O Blackboard ................................................................................................................................... 61

4.2. O TelEduc ......................................................................................................................................... 69

4.3. Experiências: O projeto da UNIVESP ................................................................................. 81

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................... 87

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................ 90

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INTRODUÇÃO

Estuda-se neste trabalho a relação entre as diversas variáveis que

influenciam o processo de comunicação voltado para a Educação a Distância (EaD)

e a complexidade com que ocorre esse específico processo dialógico e interativo de

Comunicação. Sua complexidade, associada ao fato de este assunto estar em

contínuo aperfeiçoamento, faz com que o tema seja tratado com certa

superficialidade, no entanto, foi possível enxergar a Comunicação entre os seres

humanos e a necessidade dos mesmos em aperfeiçoarem suas técnicas em todas

as suas práticas do cotidiano.

A comunicação é a razão pela qual o homem dedica a maior parte de seus

esforços, guiado pela necessidade de traduzir e entender o outro, a si mesmo e ao

mundo que o cerca, para sentir-se pertencente a um grupo, com identidade e

confiança. Este fato se reflete na Economia, na Política, nas Relações Sociais, na

Educação, etc. O mundo sistêmico é movido pelo suporte tecnológico em todo o

conjunto de seus aparatos e ambientes. As inovações que a Indústria apresenta ao

Mercado de consumo dedicam-se a acelerar e acirrar os lançamentos, cada vez

mais práticos, para facilitar todas as formas de comunicação entre as pessoas. A

eficiência e o dinamismo entre as diversas formas de se produzir sentido é algo que

possui valor intangível. O saber é o maior bem do ser humano, portanto, existe uma

corrida mercadológica para se facilitar esse acesso.

Este trabalho analisou o impacto provocado pela utilização de Recursos

Audiovisuais na Educação a Distância (EaD), principalmente quanto ao seu

potencial interativo.

No primeiro capítulo foi possível entender a EaD atual por meio de um breve

histórico do processo evolutivo da Comunicação e a crescente utilização dos Meios

de Comunicação de Massa (MCM) que migram para a Internet dando origem ao

Ciberespaço. Foram estudadas as possibilidades proporcionadas pelos Ambientes

Virtuais de Aprendizagem (AVA) na EaD.

No capítulo dois colocou-se em foco o sistema tradicional de ensino e sua

obsolescência metodológica frente à crescente abrangência dos MCM que

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influenciam o conteúdo na sala de aula e oferecem recursos audiovisuais. Neste

cenário, questionou-se a forma como o conteúdo pode ser eficazmente “virtualizado”

com o apoio dos recursos audiovisuais interativos proporcionados pelas Novas

Tecnologias da Informação e da Comunicação (NTIC).

No capítulo três foi apresentado um cenário prático e feita uma reflexão sobre

o processo de planejamento e desenvolvimento do conteúdo da EaD. Discutiu-se a

atual recursividade tecnológica na EaD, a infraestrutura física necessária e foram

avaliados pontos críticos metodológicos.

No capítulo quatro estudou-se o AVA de algumas plataformas utilizadas por

universidades que oferecem seus cursos na modalidade de EaD. Trata-se de relatos

que são fruto da experiência com a utilização destas. Um estudo comparativo foi

demonstrado, seguido de reflexões e recomendações, em especial, sobre a

utilização de recursos audiovisuais interativos nesses ambientes. Perspectivas de

êxito para a EaD contemporânea são refletidas com base em projeto governamental

em funcionamento no Estado de São Paulo.

Para fechar o estudo, foram feitas considerações sobre o potencial de

interatividade dos recursos audiovisuais aplicados à EaD.

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1. NOVOS PARADIGMAS COMUNICACIONAIS NA SOCIEDADE INFORMACIONAL

A partir da década de 50 muitas escolas se dedicaram a compreender uma

série de fenômenos gerados na sociedade contemporânea. A transmissão de

programas de TV cruzou as fronteiras internacionais, criando uma Aldeia Global, o

mundo ficou pequeno, suas fronteiras se estreitaram.

Um novo paradigma foi iniciado com a aceleração do tempo, gerada pela

instantaneidade da informação. Essas mudanças trouxeram impactos e reações

sociais profundas, que postulam tanto estudos linguísticos, antropológicos e sociais

quanto semióticos e comunicacionais de interpretação, produção e recepção dos

conteúdos intermidiáticos. Estamos vivendo um vislumbramento frente aos adventos

tecnológicos comunicacionais.

A rede informacional1, dentro dessa perspectiva histórica, criou um efeito de

entorpecimento na identidade do ser humano. Ficamos atônitos ao constatar uma

redução progressiva entre os intervalos das inovações tecnológicas da comunicação

(conforme histórico descrito acima), considerando também seu intrínseco conjunto

de técnicas, métodos, ferramentas, dispositivos, enfim, de toda sua parafernália

estrutural como suporte necessário para a difusão de informações.

Redes são estruturas abertas capazes de expandir de forma ilimitada, integrando novos nós desde que consigam comunicar-se dentro da rede, ou seja, desde que compartilhem os mesmos códigos de comunicação (por exemplo, valores ou objetivos de desempenho). Uma estrutura social com base em redes é um sistema aberto altamente dinâmico suscetível de inovação sem ameaças ao seu equilíbrio. (CASTELLS, 1999, p.499)

O mercado de Comunicação hoje, com toda sua infraestrutura e com seus

aparatos, representa a terceira esfera da economia mundial, perdendo apenas para

a indústria aeroespacial e bélica, respectivamente. É um caminho que já foi trilhado

1 O conceito de sociedade informacional, global e em rede serve para identificar uma nova forma de economia que surgiu em escala global após a revolução da tecnologia da informação, que forneceu a base material indispensável para sua criação. Para Castells (1999), estaríamos testemunhando um ponto de descontinuidade histórica.

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e avança sem freios em busca do consumo e do lucro como uma prioridade. À

medida que começa a ganhar complexidade, a sociedade demanda urgentemente

novos estudos que possam dar conta de entender as consequências de seus

fenômenos para alcançar uma negociação harmônica e compatível com seus

conteúdos.

Referindo-se ao desafio do colapso causado pelos novos meios, McLuhan

(1974, p. 82) aponta a grande descoberta do século XX, a “técnica da suspensão do

juízo”, fazendo um paralelo entre a psiquiatria e os novos meios. Explica como os

meios de comunicação agem, fazendo intervenções sem analgésicos no sistema

social causando um entorpecimento coletivo. Pela invenção de Bertrand Russel,

seria possível, então, alcançar a doença como um procedimento cirúrgico no corpo

social, de forma sistematizada, garantindo sua salutar manutenção.

Com o desdobramento e a evolução dos Meios de Comunicação de Massa

(MCM), os Estudos da Comunicação começaram a ganhar complexidade, surgiu a

necessidade de se explicar os fenômenos gerados na sociedade do pós-industrial. A

indústria dos bens de consumo perdeu espaço para a indústria cultural, esta

repercutida pela mídia. Os processos de globalização e de cultura global

influenciaram o comportamento, como veremos mais adiante.

Essas novas características temporais e espaciais, que resultam na

compressão de distâncias e de escalas temporais, estão entre os aspectos mais

importantes da globalização a ter efeito sobre as identidades culturais. A

globalização não é um fenômeno recente: "a modernidade é inerentemente

globalizante" (GIDDENS, 1991, p. 63). As enormes transformações na sociedade

contemporânea (nas esferas econômica, política, cultural, sociais e tecnológica)

modificaram a produção social, rompendo definitivamente com os padrões da

sociedade industrial.

Desde o início do século XX a nova estrutura social foi chamada por diversas

nomenclaturas: sociedade pós-industrial2, pós-moderna, informática3, da informação,

do conhecimento4, tecnizada5 ou sociedade em rede6. A questão mais importante a

2 LYOTARD, Jean-François. A condição pós-moderna. Lisboa: Gradiva, s.d. 3 SCHAFF, Adam. A sociedade informática. São Paulo: Brasiliense, 1995. 4 TOFFLER, Alvin. Powershift. Rio de Janeiro: Record, 1990. 5 MACHADO, Lucília. Sociedade industrial X sociedade tecnizada. Universidade e Sociedade, ano III, n. 5, julho 1993, p. 32-37. 6 CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

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ser entendida, além das nomenclaturas dos autores, aponta para o que vem

acontecendo da década de 50 até o presente. Essa sucessão de grandes mudanças

do cotidiano é imanente ao processo global do sistema econômico sob domínio de

seu viés tecnológico. Molda-se uma sociedade altamente tecnicista e cientificada,

com ênfase na produção econômica, onde os serviços, atrelados à informação e ao

conhecimento, representam o poder.

Diante dessas transformações, a indústria dos bens de consumo perdeu

espaço para a Indústria Cultural, esta repercutida pela mídia. Esse fato ganhou

relevância com os primeiros estudos voltados para a cultura social e consumo, daí o

surgimento do conceito de Indústria Cultural, em 1947, por Adorno e Horkheimer, no

texto "A dialética do Iluminismo"7. O termo foi cunhado em oposição à cultura de

massa, que dava a ideia de uma cultura surgida espontaneamente da própria

massa.

1.1. Tecnologias de Informação e Comunicação no cot idiano

Resta saber o que fazer e para onde ir com tudo isso. É evidente que se trata

de conquistas capazes de elevar a condição humana, de serem aperfeiçoadas as

formas de tratamento, de auxílio mútuo, de resgate de identidade, de acesso ao

conhecimento, para que se consiga alcançar novamente a harmonia e convívio

pacífico entre os povos e a sociedade como um todo. Para isso, é preciso que o

próprio homem tenha consciência para identificar o caminho ideal. A Comunicação

tem esse papel de transmitir a informação, traduzi-la e acompanhar seus resultados

para que se possa combater a ignorância.

O aperfeiçoamento das formas didáticas e tecnológicas de se transferir o

conhecimento é cumulativo, à medida que verificado na práxis. As inovações

oferecidas pela microeletrônica, pela informática, pela telemática e pelas novas

tecnologias de comunicação dão suporte para uma comunicação em rede.

7 ADORNO, Theodor; W. HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. Fragmentos filosóficos. Tradução de Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1985.

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Segundo Schaff (1995), as três últimas décadas do século XX mostram as

sociedades humanas em meio a uma acelerada e dinâmica revolução da

microeletrônica na qual as possibilidades de desenvolvimento são enormes, da

mesma forma, que são enormes os perigos inerentes a elas, não só nos aspectos

tecnológicos, mas igualmente nas relações sociais, uma vez que as transformações

da ciência e da técnica, com as consequentes transformações na produção e nos

serviços deverão conduzir a transformações também nas relações sociais.

Uma pessoa hoje, por exemplo, pode adquirir uma impressora contendo um

manual impresso, um CD e um link no site do fabricante com vídeos demonstrativos.

Várias opções instruem como montar, instalar e utilizar o dispositivo, além de textos

explicativos com ilustrações que se tornam úteis, à medida que a pessoa necessita

explorar recursos muito específicos. Esta, sem dúvida, não deixa de ser uma

modalidade de ensino a distância. Seria o recurso audiovisual uma forma efetiva de

se aprender a manusear tal equipamento? Utilizando esta mesma metodologia

comunicacional, seria possível veicular qualquer outro conteúdo nessa multimídia

interativa, talvez conteúdos que comprovem sua eficácia ou depoimentos de

usuários (em um blog ou em uma lista de discussão). O produto pode ser dissecado

de várias formas (visual, sonora e/ou textualmente) e seus recursos “degustados”.

O canal de TV a cabo, Discovery Channel, utiliza um método de apresentação

dos seus temas veiculados no qual os recursos audiovisuais são organizados a

partir de uma tela interativa. Instrui envolvendo o espectador com recursos de

computação gráfica aliados à sonorização e, em apenas cinco minutos, pode-se

aprender muito. Dessa forma o professor, em sua aula expositiva, com o giz e o

livro, consegue levar para a sala de aula um conteúdo muito aquém do que foi

assistido pelo jovem, não em relação à visão crítica, mas em relação à

recursividade.

Na década de oitenta, o conteúdo do manual de uma impressora só poderia

ser absorvido pela versão impressa, mesmo assim, muitas dúvidas persistiriam pela

falta da tridimensionalidade, movimento e som. Hoje a demonstração do produto

pode ser acessada antes mesmo de se efetuar a compra, até mesmo para se checar

a variedade de modelos, preços e demais informações relacionadas ao dispositivo.

Por meio do smartfone é possível acessar chats, listas de discussão, visitar blogs ou

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enviar e-mail a fim de checar a veracidade dos benefícios e vantagens de

determinada impressora, bem como, encontrar pessoas que já conhecem o produto

para troca de informações na rede, operacionalizada pela hipermídia. Torna-se

possível sincronizar os múltiplos recursos audiovisuais disponíveis a partir de

qualquer ponto do planeta, aprender por intermédio do celular o “passo-a-passo” da

utilização do equipamento. Para se efetivar a compra pela Internet, uma pesquisa

poderá ser feita, relacionando-se o custo-benefício em sites de busca por preços,

marcas e modelos, para em seguida fazer a transação financeira.

Para os atuais usuários, catalisadores da construção deste tipo de Ensino a

Distância, que sabem explorar todas essas possibilidades, esse é o método ideal de

aprendizagem instantânea, claro que para uma finalidade técnica, obviamente, mas

que serve como exemplo pelo seu conjunto de possibilidades. É a forma de

operacionalizar o ambiente virtual para o ensino. Podem ser trocadas mensagens de

voz e texto para tirar dúvidas sobre determinado assunto, assim como uma pessoa

pode ligar para o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da empresa a fim

de conhecer o produto de seu interesse. Claro que o nível de conhecimento do

instrutor é sempre superior ao do atendente de telemarketing assim como o

professor é capaz de sanar as dúvidas e dificuldades pessoais de seus alunos em

sala de aula, pois se tornou especialista da disciplina que leciona (ensina como lidar

com o processo comunicacional e interativo da informação, a fim de se realizar uma

ação bem sucedida). Nesse ponto o professor, em sua presença, é insubstituível. O

programa de TV a cabo Animal Planet, por exemplo, é capaz de proporcionar uma

quase vivência interativa com riquíssimos detalhes e impressões, mas não interage

com o espectador para responder suas perguntas. Tomando-se todos estes

recursos e os organizando com os critérios necessários propostos pelos grandes

pensadores e teóricos da Educação, poder-se-ia ter uma modalidade funcional de

Educação a Distância mais eficiente?

Dos anos 80 para cá, a utilização das Novas Tecnologias da Informação e

Comunicação – NTIC – passou a ser cada vez maior nas salas de aula. Do

mimeógrafo a álcool passamos para as projeções fílmicas, do vídeo-texto passamos

para a reprodução de cópias com um clique no mouse, transferindo conteúdos

gigantescos de informação para um pendrive ou para fazer um download por meio

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de um simples link enviado ao e-mail pessoal. Tornou-se possível, em vinte anos,

enviar todo o conteúdo das aulas de todo o semestre ou ano letivo para o aluno via

Internet sem fio. Já existe a sala de aula com lousa digital para se ministrar aula com

interação digital áudio sonora. A atual conjuntura tecnológica possibilita que os

alunos recebam mais estímulos sensoriais (graças a esses novos recursos), além

dos recursos anteriores básicos (giz, lousa, livros, cadernos). Hoje qualquer aluno

pode acessar o Google, mesmo durante a aula, para buscar mais informações e

incrementar a discussão com o mestre e os colegas de sala.

Docentes já estão se familiarizando com as novas mídias, o quadro negro aos

poucos vai dividindo espaço com o brilho das luzes (estejam elas em retroprojetores,

nos tubos de imagem dos antigos aparelhos de televisão ou na forma de lúmens dos

projetores digitais). Agora o professor está priorizando sua capacitação para ter o

domínio desses Meios de Comunicação em sala de aula, para abastecer a demanda

de informação necessária para entreter o aluno.

O advento da televisão já configurava um cenário que romperia com os

antigos parâmetros utilizados na transmissão de informação como o rádio e o jornal.

Isso teve forte impacto na maneira de se transmitir conhecimentos aos alunos. Até

pouco tempo, a grande estrela ainda era o retroprojetor que, em uma tela de lona,

exibia as tão utilizadas transparências. Não demorou para que a utilização de áudio

começasse a sacudir as salas de aula com as fitas-cassete. A televisão também

ganhou a sala de aula exibindo vídeos em fita VHS, depois em CDs, DVDs e agora o

já difundido popularmente no mercado, o Blu-Ray, um disco com maior capacidade

de armazenamento de dados e alta definição de imagem, ideal para a tecnologia 3D

em áudio e vídeo, muito comum na comercialização de filmes originais e nas

locadoras.

Os slides e transparências não são mais práticos, os projetores digitais,

conectados aos computadores, reproduzem com maior qualidade a informação sem

passar pelo processo de impressão do arquivo. É o padrão digital. A Internet aliada à

tecnologia High Definition (HD) e ao acesso móvel conectou as salas de aula ao

mundo. O que antes só dependia dos livros passou a surgir nas telas de

computadores portáteis nas mãos dos próprios alunos enquanto o professor faz sua

introdução ao tema da aula a ser ministrada. Junto com isso colocam-se os vários

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problemas de autoria, o que seria outro vasto assunto, que não merece ser tratado

aqui, senão apenas brevemente.

1.2. O ciberespaço

Eu defino ciberespaço como o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores. Essa definição inclui o conjunto dos sistemas de comunicação eletrônicos (aí incluídos os conjuntos de redes hertzianas e telefônicas clássicas), na medida em que transmitem informações provenientes de fontes digitais ou destinadas à digitalização. Insisto na codificação digital, pois ela condiciona o caráter plástico, fluido, calculável com precisão e tratável em tempo real, hipertextual, interativo. (LÉVY, 1999, p.92).

O fascínio é uma marca patenteada pelo novo ambiente, que envolve todas

as pessoas e desvela segredos profundos. Com alguns cliques é possível abrir tanto

um portal quanto um abismo. Certamente os cientistas da Comunicação estão

criando gramáticas das relações humanas com o espaço cibernético, como algo que

nasce com a mesma grandeza das coisas do mundo natural, porque ali tudo existe e

tudo pode. Limites e fronteiras não são reais. Ninguém oferece nada, o Internauta

escolhe o ponto destinado. Até aí já é possível falar do todo, porque consiste em

uma lógica do impossível. Aquilo que era complicado se descomplica; o que era

longe está aqui; o que não se conhece, fica se conhecendo.

Pelo ciberespaço se consegue obter soluções, mas também encontrar sérios

problemas. O ambiente, em si, jamais poderá assumir responsabilidade disso ou

daquilo, porque não existe dono, ninguém pode acusar a Internet por ter tido o

cartão de crédito clonado ou de ter perdido tudo o que “estava” no Disco Rígido (HD)

de seu computador por causa de um vírus. A responsabilidade é de cada um. Todos

sabem que a cada fronteira atravessada, é assumido um risco. É um mar aberto

entregue à sorte. Dessa forma, pode-se entrar em uma página de uma pessoa

conhecida assumindo-se outra identidade para não deixar registrado o nome na lista

dos visitantes. Ao escapar ileso desse flagrante delito, por exemplo, a pessoa

descobre que pode ser qualquer um e que ninguém terá como provar o contrário. A

pessoa pode ter vários avatares para diversas finalidades em sua rede de contatos,

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em seus ambientes de convívio social virtualizados. Sua alteridade passa a ser tão

valiosa que aos poucos pode assumir sua própria identidade. A pessoa cai em um

envolvimento tamanho que acaba por interferir em seu comportamento, o que pode

ser muito bom, ou não. Sua alteridade pode ser preciosa e deve ser conservada de

várias formas. Um exemplo clássico desse fenômeno são os hackers e crackers8.

É possível também haver uma modificação da noção espácio-temporal. A

Internet acelera a cronologia e dá uma falsa impressão de tempo, podendo-se ter

sensação de intervalos de tempo menores ou maiores que se poderia ter no mundo

natural. No ambiente de trabalho essa vantagem atribula, pois atualmente há uma

obrigação de desempenhar um acúmulo de atividades justamente graças a essa

aceleração. A relação espacial é algo a se pensar seriamente, porque, sem sair de

casa tornou-se possível, por exemplo, estabelecer contatos com diversas pessoas,

em diversos lugares ao mesmo tempo (na vizinhança ou do outro lado do planeta).

Não apenas isso, mas criou muitas facilidades como declarar o imposto de renda, ir

ao banco, fazer compras, procurar um serviço, pesquisar uma informação útil.

As noções de distância, pertencimento, identidade e tempo se fundem na

razão impossível da máquina como em um filme de ficção científica. O internauta

entra na máquina e por meio dela consegue ler, visitar Paris, ver uma exposição de

arte em um museu japonês, conversar com um alemão, ouvir música americana e

fazer compras no site ao mesmo tempo em que almoça assistindo TV. Com um login

e uma senha o internauta assume a identidade de um novo cidadão; o que antes

não era possível nem em pensamento, agora é corriqueiro. O choque entre o mundo

exterior e o interno e virtual permite a ampliação dos sentidos e, por conseguinte,

uma alienação mental, pois é mais divertido, mais prático e quebra o tempo ocioso.

Temos acesso a tantas coisas e tantas línguas que já não sabemos o que queremos. Hoje há tanta informação que é muito difícil saber o que é importante. Mas o problema para mim não é o que vão fazer os meios, mas o que fará o sistema educacional para formar pessoas com capacidade de serem interlocutoras desse entorno; não de um jornal, uma

8 Os crackers são anônimos que utilizam seu conhecimento para invadir computadores e roubar informações confidenciais

utilizadas para aplicar golpes na Internet. Os hackers utilizam seu conhecimento para testar os recursos de segurança instalados na empresa, ou seja, agem de forma contrária aos crackers.

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rádio, uma TV, mas desse entorno de informação em que tudo está mesclado. Há muitas coisas a repensar radicalmente. (BARBERO, 2009)9

Um novo modelo para a aquisição do conhecimento é proposto. Crescem as

redes sociais virtuais de aprendizagem. Neste novo quadro, o professor figura como

um condutor do processo de aprendizagem, alguém que motiva a reflexão do que se

tem disponível no mundo. Ele tem a seu dispor a hipermídia10 que converge o

conteúdo de livros, revistas, jornais, TV, rádio, biblioteca, bancos de dados de todos

os tipos para a Internet.

(...) o espaço cibernético está se tornando um lugar essencial, um futuro próximo de comunicação humana e de pensamento humano. O que isso vai se tornar em termos culturais e políticos permanece completamente em aberto, mas, com certeza, dá para ver que isso vai ter implicações muito importantes no campo da educação, do trabalho, da vida política, das questões dos direitos, como por exemplo, no direito de propriedade. Hoje não se pode ter um projeto técnico se você não tiver uma visão cultural organizadora desse projeto, assim como não se pode ter um projeto cultural sem incluir a técnica. Por isto, é difícil estar distinguindo essas dimensões sociais, culturais e técnicas. (LÉVY, 1994)11

Vale a pena refletir sobre qual seria uma boa forma de lidar com este

novíssimo cenário. Produzir aulas presenciais ou interativas no intuito de entreter os

alunos contribui para a Educação, aumenta a capacidade de o aluno construir e

coletivizar o saber de forma madura e crítica, tendo em vista que a tecnologia, por si

só, não garante um ensino de qualidade, é preciso mudar o modelo de educação,

para que as tecnologias possam estar a serviço de um projeto pedagógico. O ensino

precisa da Internet como instrumental de apoio. Soares (1999) vê “a necessidade da

inclusão dos usos da tecnologia de informação na educação, mas também a

promoção de sua reflexão como um fenômeno cultural emergente”.

(...) ou fazemos dos meios nossos aliados ou os MCM seguirão sendo nossos inimigos e competindo conosco, deslealmente, fazendo-nos perder

9 Entrevista de Jesús Martín-Barbero à Folha de S. Paulo, Caderno Mais, 23/08/2009. 10 Hipermídia vem de um termo criado pelo sociólogo, filósofo e pioneiro de sistemas de informação estadunidense. Ted Nelson em 1960 promoveu a fusão dos vários tipos de mídia – como o áudio, vídeo, texto e gráficos – para criar um meio de comunicação único, de leitura não-linear, com características próprias e gramática peculiar, o hipertexto . 11 Pierre Lévy - A emergência do cyberspace e as mutações culturais - Palestra realizada no Festival Usina de Arte e Cultura, promovido pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, em Outubro, 1994. Tradução Suely Rolnik. Revisão da tradução transcrita por João Batista Francisco e Carmem Oliveira. Disponível em: http://www.sociologia.de/soc/index1.htm. Acesso em 11/09/2003.

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relevância na educação das crianças e, finalmente deixando-nos marginalizados de seu desenvolvimento educativo real, ou seja, esse que se dá fora do espaço da escola (OROZCO, 1993, p.62).

1.3. Educação a Distância: Retrospectiva Histórica

A História nos mostra que a transmissão de informações e conhecimento à

distância não é algo novo. Inicialmente a Educação a Distância era um recurso que

conseguia suprir deficiências educacionais, profissionais, aperfeiçoando técnicas e

atualizando conhecimentos de milhões de pessoas que, por vários motivos, não

podiam frequentar uma instituição de ensino.

A EaD, também chamada de Teleducação, surgiu na Grécia e depois em

Roma. Havia uma rede de comunicação formada pela correspondência, com

informações sobre os reinos e províncias, populações, mas principalmente

informações científicas. Oficialmente, a EaD apareceu com o anúncio publicado na

Gazeta de Boston, em 1728, pelo professor de taquigrafia Cauleb Phillips: "Toda

pessoa da região, desejosa de aprender esta arte, pode receber em sua casa várias

lições semanalmente e ser perfeitamente instruída, como as pessoas que vivem em

Boston". Há quem atribua o marco inicial da EaD ao inventor da estenografia12,

Isaac Pitmann, em 1840, na Inglaterra, quando o governo britânico lançou o selo,

comercializado pelo correio. Esse foi o primeiro curso por correspondência instruindo

como operacionalizar um invento.

Como menciona Jacques Vigneron no texto Comunicação on-line e Educação

a distância13, a primeira instituição a utilizar o ensino a distância foi o Instituto

alemão de idiomas chamado Toussaint e Langenseherdt, em 1856. Em 1873, em

Boston, USA, Anna Ticknor fundou a Sociedade de Apoio ao Ensino em Casa e, no

mesmo ano, a Universidade de Bloomington criou um departamento de curso por

correspondência. A partir de 1977 na França, apareceram várias companhias

oferecendo cursos de cultura geral, artes, línguas estrangeiras e de preparação para

concursos. Depois, no início do século XX, a EaD já alcançava crianças de regiões

12 Escrita por abreviatura feita tão rapidamente quanto a pronúncia. 13 Disponível em: http://encipecom.metodista.br/mediawiki/images/3/37/GT6Texto013.pdf

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isoladas, particularmente na Austrália, no Canadá e na Nova Zelândia. Em 1922, a

antiga União Soviética organizou um sistema de ensino por correspondência que em

dois anos passou a atender 350.000 usuários14. De acordo com Marcelo Donizete da

Silva15, a França criou, em 1939, um serviço de ensino via postal para alunos

deslocados pelo êxodo causado pela guerra.

As rádios serviram de suporte à EaD já em 1921 com a Rádio Universitária

dos Mormons de Salt Lake City, a Rádio Luxemburgo, em 1927, e a Rádio-Paris

PTT. No mesmo ano a BBC ofereceu programas de apoio às crianças das escolas

primárias. A partir daí, o rádio adentrou também no ensino formal. O rádio teve

grande sucesso com experiências nacionais e internacionais, foi muito explorado na

América Latina por meio de diversos programas de EaD no Brasil, Colômbia,

México, Venezuela, entre outros. Com a popularização do rádio de pilha no Brasil,

no início da década de 1960, o Movimento de Educação de Base – MEB –

desenvolveu o programa de alfabetização de adultos pelo Sistema Rádio Educativo.

O aperfeiçoamento dos serviços de correio, a agilização dos meios de

transporte e, sobretudo, o desenvolvimento tecnológico aplicado ao campo da

comunicação e da informação sempre influenciaram a EaD. Com a TV, as

ferramentas de comunicação ficaram mais sofisticadas e mais diversificadas:

minicassetes, videocassete até chegar a Internet. Nas décadas de 60 e 70, a EaD

manteve os materiais didáticos impressos como base em seu método de

aprendizagem, mas incorporou integralmente e de forma articulada o audiovisual, as

transmissões de rádio e televisão, o vídeo-texto, a informática e a recente tecnologia

dos multimeios, combinando textos, sons e imagens, criando assim, caminhos

alternativos para melhor aprendizagem (hipertextos, diferentes linguagens) e

instrumentos para fixação de aprendizado com resposta imediata.

Nos anos 90, o progresso foi acelerado pela tecnologia, TV por satélite e a

cabo, videoconferência, dos CD-ROMs, da Internet e do correio eletrônico,

permitindo maior interação e eficiência. Hoje ocupa um papel privilegiado e está em

plena ascensão no cenário educacional brasileiro. Nas últimas décadas conseguiu

rápida evolução pela capacidade de se sintonizar com as tecnologias. Influencia as

14 Disponível em: http://ensinoadistancia.wikidot.com/como-surgiu-onde-surgiu 15 Disponível em: http://www.artigonal.com/educacao-online-artigos/educacao-a-distancia-o-futuro-do-processo-de-ensino-aprendizagem-dentro-das-novas-tecnologias-1230816.html

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instâncias educacionais e a sociedade, inaugurando uma nova era na arte de

educar, com elevado prestígio acadêmico e pedagógico em diversos países.

De acordo com Otto Peters (2004, p.296), pode-se dividir a história da EaD

em três gerações. Primeiramente, a fase do ensino por correspondência; depois, a

fase das universidades abertas com as novas mídias; e, por último, a fase chamada

de e-learning. Já o professor Michael Moore (2007, p. 25-48) indica cinco gerações:

a primeira fase de ensino por correspondência; a segunda fase foi a transmissão por

rádio e televisão; a terceira fase foi uma abordagem sistêmica envolvendo as

universidades abertas (como foi o caso da pioneira Open University, na Inglaterra); a

quarta fase foi a utilização de teleconferência e, por último, a fase da Internet/web.

Na primeira fase, além da EaD feita por meio das correspondências, cabe ressaltar

que, no Brasil, durante o período do governo militar (1968-73), houve forte utilização

de fitas-cassete, mas como eram enviadas via correio, as fitas eram surrupiadas no

caminho e não chegavam ao destino, por isso o projeto não vingou.

1.4. Modelos de EaD no Brasil

O Instituto Universal Brasileiro foi pioneiro na EaD, com cursos técnicos e,

mais tarde, cursos de primeiro e segundo graus (hoje, ensino fundamental e médio).

Analisando a sequência histórica da EaD em suas diferentes épocas,

percebemos que seus caminhos conceituais buscam compreender as formas de agir

e de pensar dos indivíduos da época vigente. Um grande impulso à EaD no Brasil se

deu por meio dos telecursos, quando a Fundação Roberto Marinho desenvolveu

material impresso que podia ser acompanhado e estudado com o apoio de

programas exibidos na TV Globo. Passou-se por uma fase inovadora, que rompeu

com os parâmetros anteriores tornando a aquisição de conhecimento e a formação

educacional das pessoas algo cada vez mais autônomo. Baseada na construção de

comunidades de aprendizagem, na pesquisa e no desenvolvimento de novas

práticas educacionais, a tecnologia da informação, aliada à comunicação em rede,

leva-nos a novas oportunidades educacionais.

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Segundo Ossamu (2009), o levantamento da ABED (Associação Brasileira de

Ensino a Distância) mostra que, em 2009, foram oferecidos 1.752 cursos. O número

de alunos chega a quase 2,65 milhões, dos quais 37% em cursos de pós-graduação,

26,5% em graduação e 34,6% em cursos de Tecnólogo e complementação

pedagógica. Em 2008 foram lançados 269 cursos, um crescimento de 90% em

relação a 2007. 70% dos alunos têm mais de 30 anos de idade. O perfil das pessoas

mostra que são trabalhadores que têm pouco tempo, ou moram longe, em outra

cidade. No entanto o modelo da maioria das escolas no Brasil está em desacordo

com a revolução digital que a rede trouxe, de forma que essa situação tornou-se

outro grande desafio.

A EaD explora certas técnicas de ensino a distância, incluindo as hipermídias, as redes de comunicação interativas e todas as tecnologias intelectuais da cibercultura. Mas o essencial se encontra em um novo estilo de pedagogia, que favorece ao mesmo tempo as aprendizagens personalizadas e a aprendizagem coletiva em rede. Neste contexto, o professor é incentivado a tornar-se um animador quando adaptamos os programas previstos às necessidades dos alunos, criando conexões com o cotidiano, com o inesperado e transformando a sala de aula em uma comunidade de investigação. O professor precisa assumir o papel de mediador, facilitador, ou de alguém que articula um processo interativo envolvendo o ensino e a aprendizagem. Com o potencial das tecnologias, que podem trazer hoje dados, imagens, resumos de forma rápida e atraente, a aquisição da informação, dos conteúdos dependerá cada vez menos do professor. Não podemos dar aula da mesma forma para alunos diferentes, para grupos com diferentes motivações. Precisamos adaptar nossa metodologia, nossas técnicas de comunicação a cada grupo. (LÉVY, 1999, p. 158)

O desenvolvimento tecnológico abriu uma oportunidade nunca antes prevista

para a EaD e com isso foram abertas outras possibilidades como a inclusão digital e

a democratização da Educação para um nível bastante acessível. Essa é uma forte

característica da EaD e é muito explorada para a prospecção de seus cursos.

A emancipação humana é um objetivo indireto da EaD para fortalecer o

exercício da cidadania. A EaD consegue romper a relação espaço/tempo e se apoia

na comunicação mediada pelas Novas Tecnologias de Informação e Comunicação

(NTIC). Com os novos processos gerados pela globalização da economia, as

demandas por formação inicial e continuada se ampliaram significativamente.

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Reforçada pela diversificação dos campos disponíveis do saber, há uma

pressão que desafia as instituições educacionais, mesmo as de nível superior, que

já não têm condições de atender os novos padrões de qualificação exigidos tanto

pelos alunos quanto pelas Secretarias e o Ministério do Governo. É necessário

apresentar propostas que contemplem uma reorganização geral não apenas do

trabalho dos docentes, mas do suporte necessário para a implementação dos novos

métodos. Mas isso só poderá servir de acordo com a alteração das políticas voltadas

para a oferta de cursos a distância de forma regulamentar.

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2. O SISTEMA FORMAL DE ENSINO

No sistema formal de ensino verificam-se gaps na comunicação. Os MCM

podem auxiliar a incrementar a interatividade e suprir essas diferenças e

necessidades em sala de aula, porém, não podem garantir o ensino, pois o aluno

aprende na relação de confiança com seu professor. Quanto melhor a relação

estabelecida entre professor e seus alunos, maior poderá ser a participação destes.

Pode haver dificuldades para se estabelecer relações participativas entre um

professor e seus alunos, mas, se este estabelecer com seus aqueles uma relação

de parceria, possivelmente isso terá reflexos positivos no processo de ensino-

aprendizagem.

De acordo com Moran (2009)16, a cultura da imposição e do controle talvez

seja a barreira mais difícil de ser derrubada no processo pedagógico. Diante desse

embate é preciso encontrar um modelo que seja bom para todos, inclusive para o

professor, que reclama da falta de tempo para atualizar os conteúdos e da

participação dos alunos nas atividades interativas.

Na opinião de Moran, um lado negativo da Internet é ser muito dispersiva e superficial. Muitos alunos ainda estão numa fase de deslumbramento, são curiosos e não têm organização e maturidade para se concentrar num tema: "Eles navegam em vários lugares ao mesmo tempo, abrem mil páginas e não são muito seletivos, abrindo o primeiro link que encontram numa pesquisa, copiando e colando o conteúdo. Eles não refletem ou se aprofundam, mas esta não é uma questão meramente tecnológica e sim pedagógica, pois cabe ao professor incentivar esse aprofundamento e a reflexão, fazendo com que o aluno tenha uma visão mais crítica”.

[...]

Também há resistência de professores em adotar novas ferramentas e metodologias: “Há uma parte dos professores que, mesmo tendo laboratórios e acesso à Internet, resiste a métodos que não sejam os tradicionais. Por outro lado, há os que descobrem as novas mídias, mas não desenvolvem formas de ensino que possam ser interessantes em salas de aula, não usam técnicas de pesquisa ou de apresentação mais

16 “A Internet nos ajuda, mas ela sozinha não dá conta da complexidade do aprender". Entrevista do professor José Manuel Moran (Doutor em Comunicação pela USP. Professor de Novas Tecnologias no Curso de Pós-Graduação da ECA-USP e da Universidade Mackenzie), cedida em 15/06/2000 ao Portal Educacional. Disponível em: http://www.educacional.com.br/entrevistas/entrevista0025.asp#topo. Acesso em: 15/07/2010.

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avançadas, preferem jogar os alunos nos laboratórios. Equilibrar o melhor do ensino presencial e do espaço virtual é fundamental”. (OSSAMU, 2009)

O desafio só poderia ser lançado por um esforço conjunto entre as instâncias

da sociedade, de maneira a querer planejar suas ações para formular novos

métodos de ensino baseados no processo de ensino-aprendizagem aliados à rede

de informação da hipermídia e seus novos e novíssimos meios de acesso. Além

disso, deve-se pensar na capacitação dos professores em reais condições de

trabalho, uma vez que algumas instituições de ensino exigem que seus docentes

trabalhem com as novas tecnologias, mas sem ajudá-los a transformar sua

capacidade técnica e metodológica.

2.1. Revisão metodológica frente à mutação tecnológ ica

Não é novidade para as instituições de ensino, tanto à distância quanto

presencial, que existe a necessidade de constantes investimentos na própria

infraestrutura para se criar o ambiente virtual cada vez mais adequado aos alunos.

Isto também se dá frente à velocidade de obsolescência dos recursos tecnológicos.

Há a necessidade permanente do suporte tecnológico e metodológico qualificado a

uma instituição de ensino para se almejar a melhoria da qualidade no aprendizado.

As instituições, as companhias e a sociedade em geral transformam a tecnologia, qualquer tecnologia, apropriando-a, modificando-a, experimentando-a [...] esta é a lição que a história social da tecnologia ensina [...]. A comunicação consciente (linguagem humana) é o que faz a especificidade biológica da espécie humana. Como nossa prática é baseada na comunicação, e a Internet transforma o modo como nos comunicamos, nossas vidas são profundamente afetadas por essa nova tecnologia da comunicação. (CASTELLS, 1999, p.10)

Uma universidade não conseguiria ter retorno de um grande investimento

tecnológico sem que, antes, todo seu investimento já estivesse obsoleto. Ainda

assim, hoje, com a quantidade de ofertas, de distintos produtos para variados fins,

marcas e modelos, ficaria difícil estabelecer um padrão de linguagem para se tornar

um meio apropriado e bastante difundido no mercado (como a Microsoft sustentou

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tantos anos, produzindo os Personal Computers, ou como a BlackBerry com seu

Smart Phone, na telefonia do setor corporativo). Se o reitor de uma universidade

optasse por uma plataforma qualquer, um sistema, uma interface, ou por

determinado programa (mesmo que fosse bastante apropriada sua adoção), entraria

em desacordo com outra universidade porque aquela possui menor ou maior volume

de investimento. É, por um lado, um o conflito de interesses, de tempo e de

investimentos; por outro, seria a dinâmica de mercado com suas “irresistíveis”

ofertas inovadoras.

O Linux é um exemplo da tentativa de reverter esse processo consumista que

nada tem a ver com as escolas e universidades, é uma grande esperança, se não,

uma realidade. Instaurou o padrão dos softwares livres, ou seja, que não precisam

ser pagos, com atualizações gratuitas. Há também a linguagem atualíssima

chamada PHP, uma linguagem de programação seguindo esse conceito freeware,

utilizada para gerar conteúdo dinâmico para a Internet, a exemplo da Wikipédia.

Como padronizar a utilização do conjunto de recursos necessários para a

educação frente à corrida lançada pelas indústrias, com suas inovações

tecnológicas em decorrência do Mercado? Além da necessidade de investimento em

hardware e software, é preciso que a capacitação dos professores seja adequada,

que sua remuneração seja melhor para que ele possa se dedicar mais, preparar

melhor seu material didático interativo, etc.

Mudanças na grade curricular dos estudantes são necessárias para que eles

possam entender as facilidades e barreiras na utilização das novas mídias na

escola, em casa e no trabalho, como entretenimento e em seu convívio social. Como

entender o ser humano nas suas múltiplas relações homem-máquina, homem-

mundo tecnológico, homem-mundo virtual?

2.2. Privilégios da EaD

O ensino não presencial mobiliza hoje a atenção e interesse da pedagogia

mundial, em países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Cursos novos e mais

complexos vão sendo produzidos, tanto no âmbito formal de ensino quanto nas

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áreas de treinamento profissional. Isso está sendo analisado como uma das

soluções para os tempos atuais.

Em ritmo de ascensão, a EaD no Brasil possui amplos apoios políticos e

sociais pelo fato de atender às necessidades educativas da população. Tem por

característica marcante acompanhar as tecnologias de comunicação e informação

do seu tempo, possui uma grande variedade metodológica, atinge estruturas e

conquista projetos de aplicação para seus projetos educacionais. Utiliza e aprimora

diversas ferramentas interativas, configurando uma modalidade de ensino alternativo

e flexível se comparado ao sistema convencional de ensino, o presencial. Simula

ambientes de ensino abastecendo os elementos fundamentais que constituem o

processo de aprendizagem. Além disso, leva comodidade aos alunos e é

reconhecida pelo Ministério da Educação com uma vasta gama de disciplinas e

formações regulares.

William Harper17, já em 1886, mencionava que um dia o volume da instrução

recebida por correspondência seria maior do que o transmitido nas aulas das

academias e escolas e que o número de estudantes por correspondência

ultrapassaria o número de alunos presenciais. Já que o modelo de aula tradicional

não encontra mais seu espaço antes cativo entre as mais distintas camadas da

sociedade, a EaD vem preenchendo perfeitamente essa lacuna, dialogando com o

modelo de aula presencial, ao passo que conquista sua própria autonomia,

amadurecendo critérios relevantes no seu formato de ensino.

2.2.1. “Materialidade” e Tecnologia na EaD

As Novas Tecnologias da Informação e Comunicação – NTIC, em seu

marcante papel na cultura e na sociedade, constituem um campo em constante

mutação, por isso seu impacto começa agora a ser mensurado. Merecem muita

atenção no que se refere a estudos comunicacionais, até que sejam estabelecidas

17 Em 1892, o Reitor da Universidade de Chicago, William R. Harper (que já havia experimentado, em 1886, a utilização da correspondência na formação de docentes para as escolas dominicais) criou uma Divisão de Ensino por Correspondência no Departamento de Extensão daquela Universidade. Disponível em: http://www2.abed.org.br/visualizaDocumento.asp?Documento_ID=261

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políticas que regulamentem suas atividades sem prejuízo social. Muitos fenômenos

aparecem como a difusão de informações abertas por intermédio da Internet, o

ativismo político em rede, o aparecimento de comunidades inteligentes e uma gama

de novas possíveis experiências de entretenimento, artísticas e culturais, de lazer e

educacionais.

O final do século XX coincidiu com a privatização do sistema nacional de

Telecomunicações, a TELEBRÁS. As redes transmissoras de dados e de

comunicação, voz por sinal de satélite, fibra ótica e telefonia móvel foram largamente

ampliadas pelas novas companhias multinacionais. Houve uma revolução que

“bateu na porta” de todas as pessoas e mudou a maneira de se relacionarem,

mudando também seus hábitos, trabalho, estudo e lazer.

A disponibilização da Internet nas residências possibilitou a muitas pessoas

passar mais tempo se comunicando seja pelo e-mail, bate-papo ou transmissão de

voz e vídeo, sem que para isso tivessem um gasto desproporcional. Muitos novos

ambientes surgiram na tela do computador, desde programas até websites. Tudo o

que se quer fazer ou aprender tornou-se acessível. O mundo de uma vez por todas

se abriu. Novos mercados surgiram e muitas escolas foram criadas para ensinar e

utilizar este suporte para seus diversos fins.

Nesse percurso de ensino, as relações entre as NTIC e as técnicas e

métodos de ensino propriamente ditos têm sido tema de extensas discussões. Hoje,

com o nível de desenvolvimento que a tecnologia possibilitou, há muitas escolhas a

serem feitas quanto à criação e o enriquecimento das novas propostas para a EaD,

inclusive gerando novas formas dialógicas entre docentes e discentes livremente.

Verifica-se que os educadores, através da NTIC resolveram parcialmente

problemas cruciais enfrentados na Educação. Essas questões, para a EaD, são

ligadas, em especial, à interatividade, que dispõe de ferramentas para fazer

consultas, discutir opiniões, apontar problemas e sugerir propostas com seus

professores, tutores e outros usuários. O que fica como aprendizado é a consciência

de que constantemente se aprende a criar novas e melhores formas de utilizar

programas capazes de atualizar as informações desejadas para cada finalidade.

O acesso e a maneira de utilização das informações, sempre renovadas,

passam a ser valor agregado. É como uma forma de enxergar sempre à frente, o

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que está por vir, na vanguarda das informações, das tendências, da moda, dos

padrões estéticos vigentes, ligado no tempo presente. Isso talvez explique a procura

por essa ou aquela tecnologia, pois influenciam os espaços lúdicos das crianças e

dos jovens, por exemplo, como um convite irrecusável para se fazer parte das

atividades ali propostas, seja para entretenimento ou educação. Esse procedimento

não é mais um obstáculo, já é uma Cultura, uma prática conhecida e bastante

explorada.

O sistema educacional não compartilhava esse mesmo pensamento, pois não

dependia tanto da linguagem cibernética para se estruturar, não sofria essa pressão,

mas à medida que a tecnologia avançou e ao mesmo tempo cristalizou-se como

cultura para os estudantes, houve a necessidade de serem feitos ajustes. Esse

sistema entrou em crise por causa do impacto tecnológico e cultural, mas deve

encontrar novas maneiras de dialogar com o mundo interativo dos alunos (o mesmo

mundo no qual as Secretarias de Ensino tiveram resistência em querer entrar e

relutam em permanecer fora dele, num conflito causado, talvez, por um

desconhecimento por causa da política educacional obsoleta).

O caráter centralizador do conhecimento desse sistema educativo tradicional

tornou-se questionável. Qual é o nível de resposta que as instituições de ensino

disponibilizam com relação ao acesso rápido à informação em condições mutáveis?

Essa falta de percepção, esse medo ou barreiras culturais que vêm de antigas

gerações chegou à beira de um abismo, pois se pode perder o vínculo com algo

preciosíssimo: o interesse dos alunos em aprender.

Seu papel autêntico seria o de mergulhar nessas novas tecnologias, estudá-

las e utilizá-las de maneira natural, como ferramenta para a construção de

conhecimento, absorvendo as facilidades da tecnologia para revitalizar o ambiente

ou a atmosfera acadêmica.

Aprender a desempenhar um papel de destaque nessa nova dinâmica

educacional e comunicativa significa aprender a interpretar e dar respostas

instantâneas, adquirir uma fluência interpretativa e produtiva como uma criança

aprende a falar e andar, começando pela coordenação de seus movimentos até

saltitar ao longe, mas reconhecendo e sendo razoável ao ter de lidar com suas

limitações e explorar seus potenciais.

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Essa política tão resistente aos adventos tecnológicos é também detentora da

exímia capacidade de relacionar e extrair sentido. Pode facilmente propor atividades

cognitivas diversas, por exemplo, selecionar ambientes e plataformas, levantar

hipóteses e variáveis, apontar soluções e resolver problemas.

Segundo Peraya (2002, p. 49), a utilização de determinada tecnologia como

suporte à EaD ''não constitui em si uma revolução metodológica, mas reconfigura o

campo do possível”. Assim, pode-se usar uma tecnologia tanto na tentativa de

simular a educação presencial com o uso de uma nova mídia como para criar novas

possibilidades de aprendizagem por meio da exploração das características

inerentes às tecnologias empregadas.

As tecnologias de informação e comunicação – TIC – deverão ser usadas

como recursos didáticos no processo de ensino-aprendizagem, sendo que sua

utilização se faz importante devido ao distanciamento entre professores e alunos.

Por causa desse afastamento as tecnologias devem ser vistas como facilitadoras no

processo de formação, proporcionando o diálogo interativo no qual os acadêmicos

devem tirar dúvidas com seu professor, realizar pesquisas na Internet, digitar

trabalhos, etc.

Com relação às novas tecnologias, “os novos processos de interação e comunicação no ensino mediado pelas tecnologias visam ir além da relação entre ensinar e aprender. Orienta-se para a formação de um novo homem autônomo, crítico, criativo, consciente de sua responsabilidade individual e social, enfim um novo cidadão para uma nova sociedade”. (KENSKI, 2003, p.264).

O grande mote do trabalho de Ted Nelson18 tem sido tornar os computadores

acessíveis para pessoas comuns. Seu lema é “Uma interface para um usuário deve

ser tão simples que um iniciante, numa emergência, deve entendê-la em 10

segundos”.

18 Theodor Holm Nelson, filósofo e sociólogo estadunidense, nascido em 1937. Pioneiro da Tecnologia da Informação, inventou os termos hipertexto e hipermídia, em 1963, e os publicou em livro, no ano de 1965. Também inventou os termos transclusão, transcopyright e virtualidade.

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2.2.2. Aceitação da EaD

Transmitir informações de um ponto a outro se tornou comum, mas, no que

tange à EaD, foi a partir das pesquisas dos anos 70 e 80, que a mesma passou a

ser encarada como um processo de ensino-aprendizagem mediado por tecnologias,

onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente (MORAN;

MASETTO; BEHRENS, 2000). De forma alguma a EaD poderia ser entendida como

um modelo de ensino presencial, mas, se comparada, diferencia-se em

características que lhe são peculiares, especialmente por uma questão física e

temporal professor-aluno, especialmente pela imposição da virtualidade.

Não é de se espantar que tal cenário venha demandando um conjunto de

(re)ajustamentos nos processos de ensino-aprendizagem da EaD. Esses

ajustamentos exigem uma interface humana de organização que garanta ao

processo educativo uma segura e efetiva mediação legal, administrativa e

pedagógica, sem perder a qualidade dos serviços oferecidos para a Educação

(PRETI, 2000), o que seguramente acarretaria em um retroceder educativo e em

descrédito da EaD como forma eficiente de ensino. A EaD demanda a criação de

metodologias educativas sistemáticas que exigem a presença de multimeios em

conformidade com estratégias da comunicação, como também o estabelecimento de

um processo continuado, com fins educacionais, que se apoiam em uma

metodologia ou abordagem do processo de ensino-aprendizagem.

Chermann e Bonini (2000) destacam o fato de a EaD facilitar a

autoaprendizagem a partir da interposição de recursos didáticos, metodicamente

organizados e apresentados por meio de diferentes apoios de informação utilizados

isoladamente ou combinados. Esses autores evidenciam que a mesma deve ter

igual característica da educação presencial enquanto prática social de natureza

cultural, devendo, portanto, estar vinculada ao contexto histórico, social e político.

Estudamos a seguir algumas das ferramentas audiovisuais interativas mais

utilizadas no Brasil, que poderão abrir portas para a construção de um novo ensino a

distância, capaz de reconhecer a interconexão entre os sujeitos, seus respectivos

objetos de estudo e da interseção dos mesmos, proporcionando um diálogo entre o

ser humano e o mundo de forma complexa. Esse diálogo permite que os sujeitos

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ajam e reajam em conexões de relacionamento que se estabelecem de tal maneira

que já não se possa desconectá-los. Toda essa dinâmica de hipertextos permitem

ao internauta conduzir sua pesquisa e seu aprendizado não-linear na rede, em prol

da interligação de conteúdos e de saberes.

2.2.3. “Usabilidade”

O nível de facilidade e simplicidade com que as pessoas podem utilizar a

interface de programa de computador ou um website, por exemplo, é chamado de

usabilidade. O termo está relacionado à ergonomia e à interação humano-

computador-dispositivo. O nível de usabilidade pode ser mensurado de acordo com

alguns critérios relacionados ao ambiente virtual em questão: se é de fácil

aprendizagem, se permite uma utilização eficiente e apresenta poucos erros, se é de

fácil memorização e se agrada o usuário. Tanto nos meios digitais (como a Internet)

quanto nas novas mídias, o termo é bastante difundido.

A necessidade de entender os interagentes no ambiente virtual facilita a

compreensão do conteúdo disponibilizado, tornando os cliques do hipertexto

autossuficientes. Mesmo quem possua limitações motoras ou falta de conhecimento

técnico poderá atingir o objetivo de webwriting19 projetado pelo webdesigner (criação

estética e hierárquica do conteúdo informativo) e webmaster (linguagem de

programação, manutenção e hospedagem). Se os processos de usabilidade forem

seguidos à risca, conseguirá deixar o usuário à vontade e mais independente

(CYBIS; BETIOL; FAUST, 2007).

Partindo daí, podemos falar no design de interface com o aluno e na técnica

de usabilidade. Sabemos da importância da mediação tecnológica, pois faz parte do

contexto na entrega do conteúdo ao aluno. Cabe nova reflexão para saber se, do

ponto de vista da necessidade de haver troca reativa, a simples exibição de um

vídeo com o qual o aluno aprenda como algo funciona, se caracterizaria no que

chamamos de interativo em EaD.

19 Conjunto de técnicas que auxiliam na distribuição de conteúdo informativo em ambientes digitais.

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Para avaliar a eficiência ou o nível de usabilidade de um ambiente virtual, no

que se diz respeito a todas as funções oferecidas ao usuário no momento da

navegação, bem como o índice de satisfação do mesmo, é altamente recomendado

que se faça um procedimento padrão chamado Análise Heurística. Este é um

método rápido e barato para analisar a usabilidade de um website. Recomenda-se

que a análise seja realizada entre 3 e 5 especialistas em usabilidade. Os avaliadores

devem ter conhecimento sobre o website e seus usuários, podendo assim avaliar

criteriosamente20 a interface. A avaliação pode ter um observador que retira dúvidas

dos avaliadores, explica o funcionamento do sistema e sugere possíveis tarefas

(NIELSEN, 2003).

20 Critérios primários: Linguagem Adequada; Estética e minimalismo; Coerência; Controle de erros; Ajuda e documentação; Critérios secundários: Feedback; Reconhecimento; Flexibilidade e eficiência; Liberdade e controle do usuário.

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3. POTENCIAL DA INTERATIVIDADE AUDIOVISUAL: REFLEXÕ ES SOBRE A AULA PRESENCIAL, A VIDEOAULA E A ESTRUTURA DE UMA INSTITUIÇÃO DE EaD

Para expor o potencial da interatividade audiovisual, faz-se necessário

contrastar os ambientes presenciais de uma sala de aula e a proposta de

“virtualização” por meio da EaD. A dimensão e discussão dos princípios e

características dos recursos audiovisuais na EaD contemporânea e seu potencial de

interatividade.

3.1. A aula presencial

A forma utilizada pelo professor para se dirigir aos alunos presentes em uma

sala de aula sensivelmente afeta o nível de interação, aceitação, ou seja, a resposta

à sua maneira de se comunicar pode proporcionar maior ou menor grau persuasivo.

Segundo Citelli (2000, p.6), “o elemento persuasivo está colado ao discurso como a

pele ao corpo”, fato que faz com que, mesmo que os alunos não tenham

consciência, a comunicação quase sempre seja permeada por maior ou menor grau

persuasivo. Talvez sejam poucos os docentes que se preocupem em revestir seu

discurso de persuasão.

Ainda tão importante quanto o grau de persuasão colocado na fala do mestre,

tem-se a questão do signo que se complementa quando o mesmo une significante e

significado, ou seja, o visual concreto material e o aspecto conceitual do que se quer

transmitir. A junção significado e significante, quando não se utiliza apenas palavras,

é crucial para contextualizarmos uma situação. O docente tem então um palco para

interpretar suas histórias que ilustram o saber e assim envolver seus alunos, os

quais internalizam o conteúdo. Notamos que a linguagem persuasiva do professor

em sala de aula pode facilitar o processo.

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A escola continuará para se fazer uso da redundância formal, mas com carga significativa ampliadora, sendo escola, portanto, lócus de sistematização e, sobretudo, produção de saber. A ‘leitura’ dos sistemas de comunicação, no seu compósito de produção, circulação e, sobretudo, recepção, deve estar integrada aos fluxos críticodialógicos dos demais discursos com os quais a escola trabalha. (CITELLI, 2000, p.16)

Além da questão comunicacional persuasiva do professor em sala, outros

aspectos fazem parte desse cenário. Percebemos que as críticas condições de

trabalho e os problemas referentes à formação dos docentes criam o cenário para a

impossibilidade da produção de materiais didáticos mais ajustados às realidades que

marcam as diversas regiões onde estão localizadas as escolas. Citelli (2000) ainda

evidencia a urgência em se reconsiderar os modelos didáticos e pedagógicos

advindos de um contexto enciclopédico, cujo esgotamento se traduz em

desinteresse e ineficiência.

Face aos problemas expostos, pode-se aventar a possibilidade de

transformação deste cenário por meio da capacitação docente sob alguns aspectos

primordiais. Um destes estaria relacionado à utilização dos recursos disponíveis. O

mais básico deles, o quadro-negro, constitui importante papel nesse cenário,

importante recurso visual citado pelos autores Wittich e Schüller (1964) na obra

Recursos Audiovisuais na Escola. Naquela época já se procurava explorar ao

máximo os recursos proporcionados pela lousa e Wittich e Schüller (1964)

demonstravam uma preocupação com detalhes visuais importantes:

1. Deve proporcionar o máximo contraste entre o fundo e as linhas traçadas ou símbolos escritos. Ou seja, a superfície deve “expor” uma boa imagem a giz.

2. Deve eliminar o brilho. Este e um dos problemas mais comuns das superfícies polidas dos quadros tradicionais, ou das superfícies com as quais se tem pouco cuidado.

3. Deve ser fácil de apagar ou limpar sem deixar “fantasmas” ou nódoas. Isto é válido tanto para giz branco quanto colorido.

4. A côr deve combinar com a sala, sendo ao mesmo tempo eficiente em têrmos de apresentação visual. Encontram-se bons quadros em côr pastel, verde ou amarelo, e em prêto. [sic] (WITTHC; SHÜLLER, 1964, p.57)

Considerando essa citação, verifica-se que até mesmo o tradicional quadro-

negro pode não ter tanto valor quando utilizado inadequadamente. Será que este

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mesmo raciocínio poderia ser aplicado a quaisquer recursos contemporâneos?

Afinal, seria possível incrementar essa discussão trazendo à baila os recursos

audiovisuais presentes no dia-a-dia deste novo perfil de aluno?

O quadro-negro não se tornou obsoleto, pois, como visto anteriormente,

quando utilizado com critério se torna mais eficiente, trata-se de possibilidades.

Assim também todo o cenário tecnológico que nos rodeia tem que ser ajustado à

dinâmica da sala de aula e aos alunos. O novo perfil de aluno, não mais como

simples sujeito passivo de sua aprendizagem, não se encaixa no cenário tradicional

da sala de aula apenas, ele ganhou ferramentas próprias e autonomia para buscar

informação bem como recebê-las de outras formas e por outros meios e mídias.

O Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e o uso das Novas Tecnologias

de Informação e Comunicação (NTIC’s) são de extrema importância para o

desenvolvimento de um processo educacional interativo. Tomando como base as

considerações feitas nas análises de Maria Elizabeth B. de Almeida (2003), os

ambientes digitais de aprendizagem são sistemas disponíveis na Internet,

destinados ao suporte de atividades mediadas pelas TIC – Tecnologias de

Informação e Comunicação. Esses ambientes se valem de multimídias, linguagens e

recursos variados, sendo que o objetivo é elaborar e socializar produções via

Internet.

Segundo Prado e Valente (2002), as abordagens de EaD por meio das TIC

podem ser de três tipos:

1 - Broadcast que constitui do simples “entregar da informação ao aluno” da mesma

forma que ocorre com o uso das tecnologias tradicionais de comunicação como o

rádio e a televisão.

2 - Virtualização da sala de aula presencial, ou seja, os recursos das redes

telemáticas são utilizados da mesma forma que na sala de aula presencial. Através

da “virtualização” da transferência do conteúdo para o meio virtual. É o paradigma

do espaço–tempo da aula e da comunicação bidirecional entre professor e alunos.

3- “Estar junto virtual”. É o que se conhece como “Aprendizagem Assistida por

Computador (AAC) que explora a potencialidade interativa das NTIC gerando a

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comunicação multidimensional aproximando os emissores dos receptores”.

(PRADO; VALENTE, 2002, p.29)

Esse cenário nos permite falar sobre uma importante colaboração, pois não

basta simplesmente colocar os alunos em ambientes digitais, as interações precisam

ser significativas com temáticas coerentes. Por esta razão, o simples disponibilizar

da informação para os alunos não parece ser produtivo.

Neste ponto, Almeida (2003, p.330) adverte sobre a necessidade de se criar

um ambiente “que favoreça a aprendizagem significativa ao aluno, ‘desperte a

disposição para aprender (Ausubel apud Pozo, 1998), disponibilize as informações

pertinentes de maneira organizada e, no momento apropriado, promova a

interiorização de conceitos construídos’”. Tal ambiente poderia ser proporcionado

por meio do acompanhamento por parte de professores e tutores. Por esta razão é

difícil admitir que o acesso a hipertextos e recursos multimidiáticos dê conta da

complexidade dos processos educacionais.

Por mais que sejam utilizados softwares considerados inteligentes e que

produzam respostas automáticas que simulem a interação síncrona com o aluno,

como nos afirma Lévy (1999), isso “não constitui em si uma revolução metodológica,

mas re-configura o campo do possível”. Não é só substituirmos este “acompanhar”

traduzido no “Estar junto virtual” de Prado e Valente (2002, p.29), pois as atividades

devem depender do diálogo com os pares para a troca de informações e o

desenvolvimento de produções em colaboração.

Algumas instituições que utilizam a modalidade de EaD entendem tal

necessidade e fazem com que haja eventualmente o “acompanhar” sem entrar no

“jogo de corpo a corpo” e sem tentar controlar o desempenho do aluno. Isso reforça

a independência deste, o que é fundamental para que os ambientes digitais de

aprendizagem funcionem.

Em suma, não se pretende que a “Virtualização da sala de aula presencial”

perpetue uma abordagem de ensino tradicional já instaurada como inadequada e

ineficiente na EaD. A ação ideal parece sinalizar uma possível educação para os

meios, pois, segundo Orozco (1993, p. 60), “os meios de comunicação estão

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reproduzindo situações reais, que se não têm muito que ver com o ensino, têm a ver

e muito mais com a facilitação da aprendizagem”.

Neste sentido, McLuhan, em 1964, discorreu sobre os meios de comunicação

como extensões do homem e suas relações com os outros, o que provoca profundo

sentido de participação. Associando suas reflexões com os mais famosos conceitos

de "aldeia global", ele afirmou que "a nova interdependência eletrônica cria o mundo

à imagem de uma aldeia global", considerando que o meio é o alerta inicial da

mensagem e que ela precisa ser interpretada para ser compreendida, independente

de seu contexto.

Torna-se, nesse momento, responsabilidade do docente assumir o papel de

mediador crítico do processo de seleção e recepção dos meios de comunicação,

uma vez que a utilização de ferramentas não direcionadas exclusivamente para fins

educativos, porém similares às mídias sociais, tem crescido expressivamente. Ainda

dentro desse contexto, a aula expositiva com quadro-negro e giz vem sendo

substituída pelas tecnologias de mídia social como ferramentas de educação, porém

de maneira não crítica, a ponto de fazer com que o aprendizado seja passivo, sem

espaço para questionamentos ou estímulo a profundas análises e reflexões.

3.2. A aula em EaD e a necessidade de capacitação d ocente

O ambiente proposto em EaD é diferente. Trata-se de um método no qual a

rotina diária da sala de aula não existe. Todo esse contexto traz à reflexão a questão

do preparo do professor para atuar nessa modalidade. O Ministério da Educação e

Cultura – MEC – tem apoiado e incentivado a perpetuação da EaD e sugere, como

saída, a capacitação dos docentes. A maioria das instituições que atuam nessa

modalidade possui programas de capacitação. Ocorre que boa parte do atual corpo

docente não está preparada para fazer uso das plataformas virtuais de ensino,

requerendo antes um treinamento sobre o funcionamento e manuseio de tais

ferramentas.

Para analisar como funciona uma aula na modalidade EaD, utilizaremos uma

das instituições pesquisadas. Não cabe aqui citar todo o processo de preparo desde

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a fase de elaboração do material e os diversos passos até o planejamento

pedagógico, portanto, partiremos da etapa em que selecionamos um professor para

as gravações em estúdio.

O professor passa pelo que se chama de “aula-piloto”. Durante essa

experiência o docente se familiariza com o ambiente e a rotina do estúdio. Passa por

um rápido treinamento e tem a possibilidade de estudar seu desempenho por meio

de um DVD gravado, contendo sua atuação em uma aula experimental. Em segundo

passo, o professor é convocado a elaborar material com base em livro-texto

administrado a ele, contendo a disciplina a ser ministrada. Com base nesse

conteúdo, o professor elabora os slides da sua aula, estudos de caso, exercícios,

etc. Depois disso, o professor vai ao estúdio com todo o seu material revisado pela

equipe do planejamento pedagógico. As aulas gravadas são divididas em quatro

blocos de quinze minutos cada. Entre esses blocos ocorre o que se chama de

momento interativo, composto por uma pergunta com alternativas. O aluno deve

assistir e responder para voltar ao início do próximo bloco.

Essas aulas podem ser na modalidade ao vivo ou não. Na versão ao vivo,

existem momentos mais interativos, quando o professor trava um bate-papo via chat

com os alunos e propõe um estudo de caso ou atividade antes da videoaula. Os

alunos encontram-se reunidos nos polos em diversas localidades para receber a

transmissão da aula que permanece gravada no sistema para futuro acesso. Até

esse momento, as aulas gravadas não costumam passar por nenhum processo de

edição e o dinamismo necessário não é empregado ao material que se torna um

desafio a ser assistido por parte dos alunos. Nota-se que as instituições insistem na

simples propagação do modelo de aula presencial, apenas gravando as aulas em

vídeo e disponibilizando-as na rede.

Após a revolução provocada pelo Rádio e a TV e agora com o crescimento da

Internet, dotada de tantos recursos audiovisuais, gerou-se uma nova dinâmica para

a forma como usufruímos da sala de aula. Apenas uma evidência é que escrevemos

manualmente cada vez menos e a utilização da lousa cedeu seu lugar aos

projetores que dinamizam o conteúdo da aula. Dessa forma, copiar os moldes de

uma aula tradicional para a Internet jamais funcionará.

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Existe um dinamismo necessário a qualquer audiovisual, sem o qual é muito

improvável que consigamos levar o espectador a assistir. A Televisão já descobriu

isso há muito tempo. Algumas instituições de EaD ainda não utilizam ilhas de edição

para tratar o conteúdo da aula antes de veiculá-lo na Internet. Essa edição contribui

para o dinamismo referido. Em estúdio, frases repetidas são suprimidas, o conteúdo

principal é linearmente organizado e recursos audiovisuais são adicionados para

tornar a explicação mais clara e envolvente. Assim temos um estilo de aula EaD que

começa a entrar nos moldes aceitos pela Internet.

Outro ponto é o tempo de duração. A velocidade da Internet não permite

imagem e som que prenda o expectador por mais de 3 minutos. Ao perceber isso,

algumas instituições dividiram suas aulas em blocos para o que o aluno de EaD

possa se organizar para assistir separadamente e voltar aos vídeos subsequentes

oportunamente.

O usuário de Internet aprendeu a demandar alto grau pronta resposta. É o

que se chama de interatividade online. Algumas ferramentas de chat (ou bate-papo,

como são conhecidas) permitem ao aluno compartilhar ou interagir com professores

e alunos que estejam conectados no mesmo momento. Um padrão de simples vídeo

gravado e disponibilizado na rede não permitiria uma interação com o vídeo nos

moldes proporcionados por ferramentas (tais quais o Captivate) em que o aluno

pode interagir com a tela.

O aluno internauta do século XXI aprendeu que pode usufruir de autonomia

de navegação, ou seja, assim como transita livremente de um hiperlink a outro,

direciona sua busca conforme aumenta o interesse por diferentes tópicos. Quando

todos esses pontos não são observados, pesa ainda mais a questão motivacional.

Índices recentes apontam para um alto grau de evasão justamente por esses

motivos.

Uma alternativa que algumas instituições encontraram foi a de manter uma

modalidade chamada de semipresencial. Nesse formato de aula em EaD, os alunos

frequentam normalmente a sala de aula, apenas em número reduzido de vezes.

Ocorre que existe um professor tutor que conduz a aula e ministra parte dela

aliando-se a um professor que faz a transmissão ao vivo simultaneamente. Os

alunos dispõem de todo o material que fica na rede para seus estudos, além de

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manter um relacionamento presencial com os colegas que se encontram uma ou

duas vezes por semana.

Além da questão do audiovisual, existem as tarefas que podem ser

executadas por meio da plataforma virtual de estudos. Constitui uma universidade

virtual. Lá o aluno tem acesso até à secretaria virtual, onde faz solicitações, etc.

A resposta aos exercícios propostos pode ser computada como presença dos

alunos às aulas gravadas. O aluno ainda pode participar de fóruns, ter acesso aos

outros colegas e contar com o suporte de tutores que mantêm canal aberto de

comunicação via sistema ou via telefone.

Os estudos em EaD exigem dedicação, disciplina e força de vontade por parte

do aluno. Os conteúdos são retirados e trocados automaticamente no sistema toda

semana. O aluno não desfruta da companhia de colegas e professores e essa

solidão o força a tocar seus estudos de forma mais autônoma. Um importante

agente catalisador dessa interação acaba sendo o tutor, que tem como função

motivar e dar total suporte aos alunos de EaD.

3.3. Estrutura e planejamento das aulas em EaD

A construção de uma Aula em EaD envolve muitas atividades que precisam

ser interativas, pois planeja-se desde a busca de conteúdo que dará origem ao livro-

texto. Após o conteúdo ser aprovado por um docente da área, é submetido a

revisores. A fase que segue é de interesse deste trabalho de pesquisa, pois se trata

da diagramação de todo o conteúdo e a criação do visual atribuído ao material. Só

então o conteúdo fica disponível na rede para as aulas de EaD.

As aulas são igualmente planejadas sob o comando do departamento de

planejamento pedagógico que direciona as atividades que compõem os estudos em

EaD. O questionário ajuda na computação da presença do aluno, tratando-se de

questões de múltipla escolha randomizadas automaticamente a todo novo acesso

feito pelo aluno ao sistema. Essa randomização não permite que o mesmo copie o

gabarito de respostas e repasse aos seus colegas de estudo.

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O professor propõe atividades computadas como complementares. Estas

recebem um número de horas de acordo com a classificação estipulada pela

instituição.

Também compõe as aulas em EaD as participações interativas dos alunos via

chat, como são conhecidas as ferramentas de bate-papo entre professores alunos e

colegas de estudo. Nesse mesmo estilo de participação, existem os fóruns de

discussão, nos quais o docente atribui um tema para debate e os alunos abrem

várias frentes de discussão mediadas pelo professor/tutor.

3.3.1. Estrutura física para EaD

O funcionamento e o reconhecimento de um curso superior de EaD está

sujeito às normas ditadas pelo Ministério da Educação em relação ao conteúdo

programático e à estrutura física e organizacional da Instituição, que serão

brevemente apresentados. Atualmente, os docentes e investidores possuem acesso

a recursos presentes em seus próprios computadores pessoais que permitem a

criação de aulas à distância e que podem ser compartilhadas na rede. Também é

possível manter contato com os alunos que assistem às aulas, fazer comentários e

tirar dúvidas sobre os temas apresentados. No entanto, para se ter algo

institucionalizado, de forma reconhecida e bem implementada, é necessário que se

tenha uma estrutura mais elaborada do que a atual.

O funcionamento de um curso superior à distância depende do bom

funcionamento de vários departamentos, equipamentos e pessoas. Os

procedimentos, os processos e toda a logística envolvida precisam ser dinâmicos,

otimizados e bem planejados. Levando em consideração o fato que as modalidades

podem ser semipresenciais ou totalmente à distância, a utilização de computador

conectado à Internet será mandatória por parte dos alunos.

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Planejamento pedagógico / Revisão de textos / Prova s / Exercícios

O planejamento pedagógico de um curso de EaD difere-se de um curso

presencial, uma vez que a metodologia de ensino deve se encaixar em um novo

cenário tecnológico de linguagens líquidas nesta era da mobilidade em que vivemos

(SANTAELLA, 2007). Pode-se compreender, portanto, que os recursos audiovisuais

ajudam na explanação do conteúdo e fornecem mais dinamismo às aulas.

Assim como nos demais cursos acadêmicos, faz-se necessária a produção de

um Plano de Ensino contendo o programa completo das disciplinas. O departamento

de Planejamento Pedagógico é responsável por elaborar o cronograma de aplicação

dessas disciplinas por meio de um calendário eletrônico, além de organizar as aulas,

de forma estratégica, em unidades ou módulos. Dessa forma, os alunos sabem o

que estudarão a cada semana e durante qual período cada conteúdo estará

disponível. Tal departamento é também responsável pela cobrança e recebimento

de materiais que serão por ele divulgados, tais como exercícios, temas para o fórum

de discussão, provas e atividades elaboradas por professores e/ou equipe

pedagógica. Atribuída a esse departamento está a responsabilidade pelos

agendamentos, monitoria de gravação das aulas em estúdio, bem como a coleta dos

slides e materiais da aula dos docentes.

Tutoria

Outro membro importante dessa Instituição é a tutoria, composta por pessoas

que exercem atividades de suporte e apoio de forma direta aos alunos,

intermediando o relacionamento direto com o professor, especialmente quando isso

não é possível. Essas pessoas possuem conhecimento específico das disciplinas e

do funcionamento geral de todo o sistema de EaD, portanto, tiram dúvidas e

fornecem até apoio motivacional aos alunos.

A Educação a Distância por vezes se torna desafiadora, pois requer disciplina

e perseverança por parte do aluno que poderá se sentir desmotivado e até mesmo

perdido em alguns momentos, especialmente pela distância. É neste momento que o

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tutor tem um papel extremamente importante de orientar e conduzir seus

orientandos para os objetivos das disciplinas às quais são designados para atender.

O tutor deve possuir as características de um docente, tais como facilidade

para se comunicar (especialmente ao telefone), dinamismo, criatividade, liderança e

iniciativa para realizar com eficácia o trabalho de facilitador junto ao grupo de alunos

sob sua tutoria. Inúmeras tarefas podem ser atribuídas aos tutores eletrônicos,

desde a correção de atividades complementares até o monitoramento dos fóruns de

discussão, postados para os alunos na Internet. Os tutores são agentes facilitadores

que contribuem para o processo de ensino-aprendizagem na EaD.

Professores na EaD

O professor que atua na EaD vem se capacitando tanto comunicacional como

tecnologicamente, sem mencionar a preparação para o desafio de enfrentar as

câmeras de um estúdio para gravar aulas a alunos com os quais ainda não possui

contato algum.

Esse docente se familiariza com o livro-texto de sua disciplina e recebe todas

as instruções do Departamento de Planejamento Pedagógico para confeccionar os

slides que serão exibidos durante a sua aula gravada, exercícios, questões de

prova, entre outros.

Em data previamente agendada, o professor é direcionado ao estúdio para a

gravação ou exibição de sua aula ao vivo. No caso de aula ao vivo, o professor

também permanece conectado aos alunos para um bate-papo virtual, no qual os

alunos, através de seus computadores, podem fazer perguntas ao professor.

Setor de treinamento para professores EaD e Tutoria

O professor candidato a lecionar na EaD frequenta um breve curso de quatro

encontros presenciais e alguns outros à distancia a fim de começar a se familiarizar

e criar identidade com a sistemática da EaD. Durante os encontros presenciais, o

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professor vivencia um ambiente real de estúdio e tem a oportunidade de colocar em

prática tudo o que já vinha estudando de forma teórica à distância.

Os assuntos abordados nesse curso vão desde um breve histórico da EaD e

suas diversas fases até uma atividade final prática que consiste em ministrar uma

mini-aula no modelo EaD. Quando habilitado, o professor recebe um certificado e

pode, então, exercer seu papel como professor da EaD.

Um ponto interessante desse treinamento é que o professor começa a

entender todo o funcionamento dos departamentos que compõem uma instituição de

Educação a Distância. Sendo assim, sabe exatamente o seu papel além de entender

o processo como um todo.

Nesses encontros, o docente conscientiza-se de que transmitir uma aula à

distância é muito mais do que apenas recitar sua aula para uma câmera e percebe

que é possível criar uma aula envolvente e interativa com os alunos, desenvolvendo

seu potencial de comunicação frente às câmeras e utilizando de forma eficiente

recursos audiovisuais que auxiliem no processo de explicação do conteúdo.

Departamento de Tecnologia da Informação

De extrema importância, o Departamento de Tecnologia da Informação (TI) é

considerado o coração de todo o sistema e provedor das ferramentas para execução

das aulas (sejam elas à distância ou não). O departamento é composto por pessoas

especializadas, tais como programadores, especialistas em programação e

administração de banco de dados, além de ser guardador da infraestrutura de

servidores conectados à Internet o tempo todo. Não cabe aqui detalhar as inúmeras

funcionalidades da área de TI que contribuem para o sucesso do processo como um

todo, entretanto, vale salientar a importância do departamento como parte da

estrutura necessária à EaD.

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Plataforma virtual de estudos

A plataforma virtual de estudos é uma universidade virtual por meio da qual o

aluno tem acesso às aulas, aos livros-texto, exercícios, fóruns, avisos e pode manter

contato com seus tutores. De acordo com a plataforma de estudos utilizada, o aluno

pode ter acesso a inúmeras facilidades e ferramentas de comunicação com

professores, tutores, colegas virtuais e presenciais.

Uma das plataformas gratuitas mundialmente conhecidas é o Moodle. No

caso da Unip-Interativa, a plataforma selecionada é o Blackboard, utilizado por

várias instituições de ensino superior, por ser bastante flexível e moderno. Tal

plataforma pode ser customizada e melhor adequada às necessidades de cada

instituição e de seus alunos. Um dos recursos que mais chamam a atenção é a

possibilidade de os alunos assistirem às teleaulas por meio da própria plataforma,

além de gravar as aulas ou serem acompanhadas “ao vivo” com apenas alguns

minutos de atraso, dependendo da velocidade do link de comunicação.

Estúdios e ilhas de edição

Contribuindo para a composição das partes integrantes da estrutura de um

sistema de EaD estão os estúdios e o importante trabalho de edição e produção do

conteúdo gravado, feito nas chamadas ilhas de edição. Atualmente, quase toda

facilidade de entendimento de um assunto ou tema acontece por meio de recursos

audiovisuais que transformam as explicações em animações enquanto o professor

as apresenta. Vale salientar que a capacidade comunicacional do docente bem

como seus exemplos envolventes e toda a sua facilidade em lidar com as câmeras,

seja ela advinda da prática durante o treinamento ou até predisposição inata,

contribuirão de forma significante.

De qualquer modo, a simples seleção de falas mais objetivas ou ainda, mais

funcionais, por parte do pessoal de edição fará toda a diferença. Por esse motivo é

que deve haver pessoal capacitado para tal edição, pois, escolher a fala ou ainda

animar sistemas para a explicação de determinado assunto requer, quase sempre,

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conhecimento ou apoio com indicações talvez do próprio docente que formulou e

gravou a aula. Uma forma é deixar anotações em forma de observações ou uma

explicação pessoal feita de forma direta aos criadores ou designers.

Secretaria Virtual

A secretaria virtual é parte integrante da estrutura de EaD e é por meio dela

que o aluno tem acesso aos serviços disponíveis na Instituição. Seu funcionamento

geralmente é feito por um sistema independente acoplado à plataforma virtual de

estudos. Requerimentos, trancamentos, solicitações, dados relacionados a notas,

histórico e faltas são acessados pela Secretaria Virtual. Esse setor trabalha em

sinergia constante com o departamento de Tesouraria que monitora os pedidos de

serviços, taxas, mensalidades, etc.. A atuação precisa e ágil desse departamento

pode evitar insatisfações que terminem com a desistência do aluno. O sistema que

alimenta todos esses dados da Secretaria Virtual e permite sintonia com a

plataforma virtual de estudos é o Lyceum.

Polos

Para que uma instituição de EaD funcione, é preciso contar com pontos de

apoio espalhados por diversas localidades que possuam acesso à Internet ou a

outros meios que permitam a entrega do conteúdo transmitido. Esses pontos são

denominados polos, que precisam possuir infraestrutura de atendimento e apoio ao

aluno, uma vez que neles este fará os encontros presenciais; realizará as provas,

trabalhos, consultas à Internet; entregará suas atividades complementares, etc..

Esses polos tornam a EaD uma realidade, pois, se não houvesse um ponto

fixo de apoio e estrutura, todo esse processo perderia parte de sua credibilidade.

Atualmente, até mesmo para efeitos de avaliação, o Ministério da Educação exige

que seja preservada a metodologia presencial assistida. O personagem

importantíssimo presente nesses polos que supre essa obrigatoriedade é o tutor de

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sala. O polo também pode ser uma localidade com funções de administração e

coordenação.

Assessoria / Parceria / Comercial

O relacionamento e o suporte aos donos de polos são fatores de extrema

importância para que se estabeleça credibilidade e continuidade da estrutura de

EaD. As negociações, parcerias, contratos, regras, procedimentos administrativos e

decisões estratégicas são itens que propõem um desafio ao departamento chamado

de Assessoria.

Gráfica / Departamento de materiais impressos / Mar keting

Ainda que uma mudança de hábito esteja sendo estabelecida globalmente e

que os conceitos ecologicamente orientados ajudem a fundamentar a tese de

diminuição da utilização de material impresso em prol do material digital, existe forte

dependência por parte do aluno em manusear livros-texto. O departamento de

marketing, entre outras responsabilidades, tem que assessorar o processo de

formulação de identidade visual em todos os seus anúncios, material de divulgação,

campanhas na própria Internet, etc..

Departamento de telemarketing (0800)

Considerando a distância e pouco contato presencial dos alunos com a

Universidade, o maior volume de contatos atualmente ainda é feito via telefone, o

que faz com que a Instituição tenha uma linha de atendimento gratuito.

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3.4. A utilização de recursos interativos em EaD

Lucia Santaella, (2007) em seu livro Linguagens líquidas na era da Mobilidade

nos faz refletir sobre o cenário atual proposto, inclusive por facilidades ligadas à vida

moderna e seus aparatos tecnológicos que adotam formas visuais de comunicação.

Recursos audiovisuais transmitem (de forma instantânea e muitas vezes até

inconsciente) informações que direcionam e moldam o comportamento das pessoas

nesta nova era das “linguagens líquidas = meios”, inerente ao dia-a-dia das pessoas.

Esses recursos não são mais questionados ou criticados, mas sim absorvidos quase

que similarmente a um processo de osmose.

Este trabalho enfatiza a forma de videoaulas na EaD, um dos principais

recursos do mundo moderno e vastamente explorado pela televisão. Nós nos

acostumamos ao entretenimento visual de forma tal que é quase impossível não

convivermos com tais recursos, amplamente utilizados, especialmente para a

transmissão de informação.

As instituições que utilizam a modalidade de EaD fazem crescente uso dos

recursos audiovisuais em seus processos de ensino. Esses recursos têm se

mostrado muito eficientes, no entanto, observa-se que o modo como são utilizados e

seu produto final podem ou não ter o sucesso esperado de acordo com a

atratividade e interatividade gerada por uma série de fatores.

Os alunos já não se sujeitam mais a uma tela estática que transmite conteúdo

sem envolvê-los por meio de ilimitadas peripécias tecnológicas e pelo dinamismo

proporcionado por equipes treinadas (suas ilhas de edição após a gravação do

conteúdo). O grande desafio é esses novos padrões ou leis das telas fazerem

Educação à Distância, uma vez que, neste novo mundo, o tempo de aula se

relativiza à medida que envolvemos o aluno contextualizando adequadamente o

conteúdo que precisa ter seu valor percebido. De igual forma, as habilidades

comunicacionais do docente (tais como linguagem verbal, quanto à entonação,

inflexão e a parte de movimentação corporal adequada) também contribuem para

tais aspectos que serão detalhados oportunamente neste trabalho.

Uma videoaula pode ser transformada por seu audiovisual trabalhado, desde

a confecção de seus slides, geralmente utilizados com o Power Point, até a correta

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organização e seleção do conteúdo a ser ministrado. Um exemplo disso é o trabalho

feito nos trailers de filmes. Em muitas situações a produção audiovisual nos envolve,

convence e nos faz querer saber mais sobre o tema. O conteúdo assistido na íntegra

posteriormente precisa estar em conformidade com toda a maquiagem feita pela

utilização de tais recursos. Da mesma forma os alunos naturalmente gostam das

disciplinas em que há maior interação com os professores. Os recursos utilizados

por docentes em uma aula presencial podem ser adaptados para os vídeos das

atuais aulas da EaD.

A forte e constante utilização de computadores pessoais aumentou os

recursos para o chamado “ensino individualizado”. Novos instrumentos, máquinas,

aparelhos e tecnologias da cultura (que incluem formas simbólicas – tais como a

linguagem oral, os sistemas de escrita, os sistemas numéricos, os recursos icônicos

e as produções musicais) permitem e exigem novas formas de experiência que

requerem outros tipos de competências. Isso quer dizer que as pessoas que

compartilham este novo cenário, cada vez mais, se tornarão familiares a ele. Cabe

às instituições de EaD a correta adequação de suas metodologias e ferramentas

para poder obter êxito nesse mercado com a utilização mais eficiente desses

recursos.

Recursos e instrumental da EaD

Para falar sobre os recursos utilizados na EaD, recorreremos primeiramente

ao que conhecemos tradicionalmente como TIC (Tecnologias de Informação e

Comunicação), mais recentemente abordadas como NTIC (Novas Tecnologias de

Informação e Comunicação). Estas surgiram com o que se chama de Revolução

Informacional, Revolução Telemática ou ainda, como dizem alguns, Terceira

Revolução Industrial. Essas tecnologias foram sendo desenvolvidas, aprimoradas e

colocadas em uso desde a década de 70 e acentuadas nos anos 90.

Em sua grande maioria, essas tecnologias se incumbem de tornar os

processos menos palpáveis tornando o conteúdo da comunicação envolvida mais

virtual por meio da digitalização ou da comunicação em redes, que podem ter ou não

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sua mediação feita por computadores. O propósito é, geralmente, captar, transmitir

ou distribuir a informação sendo que esta pode estar em forma de texto, imagem,

vídeo ou som.

Pela forma como toda essa revolução tecnológica ocorreu, alguns chegam a

dizer que vivemos na sociedade da informação. Alguns se referem a esta como

sociedade do conhecimento estruturada em redes telemáticas. O conjunto de

tecnologias de transmissão de dados resultante da junção entre os recursos das

telecomunicações e os da informática tornou possível o processamento,

armazenamento e a comunicação por meio de dados nos formatos de texto, imagem

e som.

Alguns dos componentes tecnológicos responsáveis por esse grupo das NTIC

que utilizamos diariamente e que podem ter seu potencial de interatividade

audiovisual aplicado a EaD são: computadores pessoais, conectados ou não à rede

mundial de computadores à WWW (World Wide Web); câmeras de vídeo e foto para

computador; aparelhos domésticos utilizados para gravação, armazenamento ou

utilização para programas (CDs, DVDs, pendrives, cartões de memória, etc.)

Outra parte dessas NTIC é constituída de redes de telefonia fixa e móvel, TV

por assinatura (cabo, rádio, aberta ou via antena parabólica). A própria Internet é

propagada por esses meios, majoritariamente via cabos e fibra óptica e

recentemente difundida com a grande explosão do acesso à Internet sem fio e via

tecnologia 3G comercializada pelas empresas de telefonia móvel.

Um fato é que a simples criação do sistema de e-mail para a troca de

correspondência via correio eletrônico, acabou por revolucionar a forma como nos

correspondemos. Esse canal de transmissão de voz e dados via Internet, possibilitou

a troca de arquivos dos mais variados, contendo textos, imagens, vídeos,

aplicativos, programas, etc.

Todas essas possibilidades sinalizam possíveis e aplicáveis ferramentas para

a EaD. Constituem farto grupo recursivo à disposição das instituições que trabalham

com a Educação. Essas ferramentas proporcionam atividades que podem ser

caracterizadas como síncronas e assíncronas. As atividades feitas simultaneamente

por duas ou mais partes são as síncronas, isto é, dependem da resposta imediata da

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outra parte para ocorrerem; as atividades assíncronas são elaboradas por seus

integrantes que aguardam o momento de a outra parte acessar para responder.

A evolução das tecnologias da informação e comunicação tem estimulado o

crescimento gradativo de pesquisas sobre mídias contemporâneas e o papel das

mesmas no cenário social e cultural. O impacto de veículos como Internet, TV Digital

e equipamentos portáteis de som e imagem pode ser considerado marcante e

promotor de mudanças sociais, especialmente no se refere à dissipação da

informação em ambiente aberto.

Por meio de ferramentas eletrônicas que permitem publicações pessoais

online, hoje é possível afirmar que tais meios estimulam a emergência de coletivos

inteligentes, novas experiências artísticas e, principalmente, eventos educacionais e

de desenvolvimento acadêmico.

Levando em consideração que veículos de massa como a TV e rádio

evoluíram para o celular, e que os livros evoluíram para grandes produções de

cinema e teatro, esses mesmos meios de comunicação em massa podem ser

aplicados no âmbito educacional.

Para aprofundar a análise da evolução dos meios de comunicação no

segmento acadêmico e explorar as variadas possibilidades recursivas aplicadas à

EaD serão enfatizados abaixo os recursos audiovisuais interativos mais utilizados no

segmento atualmente, caracterizando cada um deles de forma que suas

funcionalidades possam ser utilizadas a favor da EaD. Vale ressaltar que, em muitos

casos, tais soluções ainda não foram implementadas e aqui servem de sugestão, ou

seja, como algo a mais.

Aproveitamos para externar ideias e possibilidades, citando, como exemplo,

que a maioria das instituições de EaD utilizam uma ferramenta de bate-papo (chat)

coletivo com os alunos, principalmente por ocasião dos encontros para transmissão

das aulas ao vivo. Esse sistema permite que a interação aconteça com um aluno por

vez, mas nem sempre o resultado da pergunta alheia interessa à maioria dos que

acompanham o bate-papo. Alternativamente a esse modo de interação com os

alunos, podemos contar com recursos que permitem um conversa audiovisual

denominada teleconferência. Recentemente até o Governo do Estado de São Paulo

autorizou que presos fossem ouvidos por meio desse sistema. Popularmente,

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conhecemos o Skype que, na essência, funciona da mesma forma. Outras

ferramentas se tornaram móveis, especialmente a bordo dos SmartPhones que

possuem sistemas operacionais que rodam todos os programas atualmente

utilizados em laptops e computadores. Desta forma, o aluno não só pode fazer uso

do Skype para videoconferência, como pode utilizar o próprio aparelho telefônico

para assistir à videoaula e estudar na modalidade de EaD.

Recursos

Os recursos audiovisuais que atualmente são cogitados para a EaD têm

raízes na história do rádio. Inclusive, toda a estrutura encontrada nas emissoras de

TV. Pois, ocorreu uma migração de seus integrantes para este novo meio. O cunho

informativo do rádio continua vivo. Este se tornou grande atratividade na época das

novelas radiofônicas e o estilo programático da TV foi herdado deste. Costa (2005)

ressalta que a TV “promoveu um processo de identificação cultural nunca antes

experimentado na história”. Isto também foi herdado do rádio. Ela ainda salienta que

“até mesmo a literatura brasileira, tão jovem, ainda em meados do século XX, havia

se desenvolvido numa época em que os meios de comunicação já se faziam notar

na nossa cultura”. Até os dias atuais, algumas das obras mais antigas, como contos

de Machado de Assis, continuam sendo adaptados para o rádio, como nos relata

Adami (2001, p.4) no projeto “Personagem Procura Radioator” da Rádio Cultura FM

de São Paulo – 103,3MHz: “depois da aceitação pública, pude constatar o crescente

interesse por este tipo peculiar de produção”

Há uma forte influência do audiovisual em nossa literatura. Cabe lembrar que,

em outros países, essa influência é quase imperceptível e incomum para o rádio. O

audiovisual dessa mesma televisão que nasceu do rádio tem importante papel na

cultura brasileira. Essa influência precisa ser repensada quando se aborda a

questão da Educação no Brasil. Segundo (COSTA, 2005), uma escola que pretenda

trabalhar com a cultura do aluno, no Brasil, terá que assumir a responsabilidade de

levar em consideração nossa produção televisiva para apontar seus defeitos, para

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ensinar o público a ser mais exigente, ou para trabalhar com o veículo que hoje é

nossa praça pública.

A televisão faz parte da vida das pessoas e, por esta razão, está no dia-a-dia

de professores e alunos. Dados apontam para a TV como fonte midiática mais

utilizada por docentes. Em pesquisa exposta no trabalho da professora Cristina

Costa (2005), dos diversos meios de comunicação de massa, a TV já era

responsável por 20% do tempo gasto levando em consideração os principais meios.

A Internet era responsável por 16% deste tempo gasto. Atualmente, era da

mobilidade, em que vivemos o processo de convergência hipermidiática, como

descreve Santaella (2007), internautas brasileiros domiciliares passam, em média,

26 horas e 15 minutos online, segundo o IBOPE Nielsen Online (2010)21. É o maior

índice mundial e uma marca inédita no Brasil, registrada no mês de Março de

201022. Essas informações e estatísticas mostram a importância crescente da

Internet para a EaD, com relevância especial para este trabalho, em que os recursos

audiovisuais podem ser utilizados nos ambientes virtuais de aprendizagem. Cabe

salientar que a maneira como um determinado recurso é utilizado é mais importante

que sua ultima versão, pois a tecnologia se aprimora a cada dia e o foco deve estar

em adaptar-se à metodologia pedagógica para os ambientes virtuais de

aprendizagem.

Um recurso que utiliza vídeo, por exemplo, deve ter seus métodos e

atividades relacionadas independentemente de um novo programa apresentar mais

ou menos recursos. Ou seja, mesmo que haja constante mutabilidade tecnológica e

que aumentem as NTIC, a responsabilidade do professor que expõe um tema está

relacionada à sua absorção por parte do alunado e ao desenvolvimento intelectual

por meio da problematização do conteúdo, em vez de simples disponibilização deste

na rede.

21 Disponível em: http://info.abril.com.br/noticias/Internet/brasil-e-campeao-de-tempo-gasto-na-Internet-06052009-18.shl.

22 Disponível em: http://oglobo.globo.com/tecnologia/mat/2008/04/24/tempo_gasto_por_brasileiros_na_Internet_chega_24_horas_mensais-427036168.asp

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O vídeo e o processo de mutabilidade tecnológica

Relacionarmos linguagem audiovisual e o professor pode, inicialmente,

causar estranheza por certos medos e preconceitos historicamente sedimentados na

prática pedagógica. No entanto, como ressalta Marília Franco (1997) a visão sobre o

audiovisual na Educação encontra-se desarticulada, inclusive, por falta de

informação histórica. Por exemplo, a maioria dos professores do ensino médio

desconhece que o cinema educativo nasceu entre nós na década de 20. É normal

escutarmos nos corredores comentários entre docentes que rotulam a utilização de

vídeos em sala de aula como uma forma de “matar aula”. Ora, este fato pode ter

advindo de inúmeros projetos mal realizados com a incorreta utilização das

linguagens audiovisuais na Educação. Traz-se a questão à reflexão no intuito de

resgatarmos nossa cidadania audiovisual docente e aqui propor formas para a

reversão desse quadro com a correta aplicação de tais recursos objetivando a

inclusão docente neste cenário que sinaliza as mesmas práticas para a EaD.

Embora seja esse um aspecto importante, existem outros recursos muito

presentes em nosso cotidiano, tanto no dos alunos quanto dos professores, e devem

ser encarados da mesma maneira, ou seja, com maior naturalidade, pois os

aparatos tecnológicos da comunicação são uma realidade dentro e fora da sala de

aula. Em outras palavras, colocadas por Jesús Martin Barbero,

Nem os meios são o inimigo (ou o contrário) da educação, nem estão destruindo ou substituindo a escola. O que os meios fazem é desorganizar a hegemonia da escola, desafiando sua pretensão de prosseguir sendo o único espaço legítimo de organização e transmissão de saberes. (BARBERO, 2004, p. 391).

Recursos tecnológicos: dos tubos de imagem à hologr afia

No tocante à parte física, a tecnologia utilizada para a exibição é variada e em

constante mutação. Foram diversos os meios utilizados para a reprodução de

imagens, sons e movimento ao longo das últimas décadas. Iniciamos com a TV em

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preto e branco, época em que se utilizavam tubos de imagem que foram sendo

aperfeiçoados. Recentemente, experimentamos os monitores de tela plana, em

seguida os LCDs – Liquid Cristal Displays (tecnologia que utiliza cristal líquido, junto

com os televisores de Plasma). Chegou a era “touch”, em que o toque com os dedos

na superfície da tela responde a nossos comandos, aumentando definitivamente o

potencial de interatividade homem-máquina. Ultimamente, temos essa mesma

tecnologia aplicada a visores fabricados com LEDs – Light Emiting Code (diodo

emissor de luz, muito mais econômico e durável). Isso sem falar no potencial

interativo da tecnologia 3D que há muito é utilizada para treinamento de pilotos de

aeronaves e agora disponível para o cinema. Videogames com tecnologia Wii da

Nintendo que respondem a movimentos lidos por sensores permitem que uma

pessoa haja como se estivesse jogando tênis na frente de uma tela de TV. Por

último, a tecnologia holográfica, que projeta a imagem vertical gerando a impressão

de presença quase que real.

Cabe a reflexão para saber quais desses recursos podem ser utilizados e

como fazer isso de maneira razoável e eficiente, tanto com relação ao custo,

acessibilidade quanto com relação à fácil utilização por professores e alunos,

considerando-se a facilidade na geração constante de conteúdo interativo e

instrutivo.

Animações

Os recursos de animação apresentam-se nas mais variadas maneiras e

valorizam o conteúdo exibido de forma notável. Ao receber informações de uma

fonte em movimento, ou seja, em funcionamento, o cérebro faz esforços por meio de

combinações neurais que respondem de forma mais efetiva para entender e extrair

impressões cognitivas que não se comparam à visualização de um quadro estático

nem à dinâmica em funcionamento.

São inúmeros os softwares capazes de oferecer esse recurso para utilização

na EaD. Como caráter ilustrativo, cita-se aqui a tecnologia Flash como a mais

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propícia e completa em relação a recursos de animação audiovisual e efeitos

múltiplos.

Outro recurso capaz de gravar a tela do computador do professor enquanto a

aula está sendo ministrada e, posteriormente, gerar um pequeno vídeo, é o

Camtasia. Essa ferramenta é utilizada também para disponibilizar aulas na Internet.

O recurso Captivate, da Adobe, permite que o aluno interaja com a tela da

videoaula e que o professor faça perguntas ao alunos após explicação dos temas.

Quando a pergunta é feita, o vídeo é pausado automaticamente e os alunos são

convidados a colocar a resposta na tela. Enquanto a resposta não for correta, o

vídeo não tem continuidade.

No caso de disciplinas mais específicas e de conteúdo mais complexo, as

empresas de tecnologia realizam pesquisas e desenvolvem softwares customizados

com o intuito de estimular e facilitar o aprendizado. Um dos programas mais

conhecidos para atuação acadêmica na área de física/química é o Phun.

O recurso Chroma key vem sendo muito utilizado pela facilidade de substituir

o fundo do vídeo/tela para que as aulas sejam mais atrativas e realistas. Com esta

ferramenta é possível fazer com que aulas sejam gravadas em qualquer localidade

e, posteriormente, sejam editadas e aplicadas a cenários diversos (de acordo com a

aula). É possível também fazer com que essas animações sejam aplicadas junto à

imagem do professor.

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4. EXPERIÊNCIAS E PLATAFORMAS DE EaD

O processo de inclusão digital do atual corpo docente é crucial para que os

mesmos possam atuar compartilhando esses ambientes virtuais de aprendizagem.

No entanto, esse processo é, talvez, ainda mais complexo para o professor do que

para o aluno. Seu início pode ser dado pelo entendimento do funcionamento dos

recursos disponíveis nas atuais plataformas virtuais de ensino. A partir daí, o

professor pode utilizar adequadamente esse processo de forma a interagir e

participar com os alunos que compartilharem o uso da mesma plataforma.

O que aparentemente parece fácil, na prática, revela outra realidade. Apesar

dos esforços do professor, nas experiências vivenciadas a distância, poucos

resultados têm sido vistos nesse sentido. Especialmente na aplicação de aspectos

ligados às questões pedagógicas, essa “Aprendizagem Colaborativa online” já

apresentava as mesmas dificuldades, como aponta o trabalho de Oeiras (1998). Isto

pode ter seu principal motivo dada a complexa transição do contexto presencial para

o à distância, sendo necessária a proposição de novas metodologias relacionadas

aos ambientes computacionais baseados na Internet como é o caso das Plataformas

Virtuais de aprendizagem que atualmente se propõem a oferecer esses cursos.

Talvez o ponto que mereça significativa atenção seja o aspecto comunicacional,

base de qualquer processo colaborativo.

O trabalho de Wildner-Bassettt (2002) relata algumas experiências em cursos

semipresenciais e totalmente à distância. Boa parte dos problemas ocorreu quando

algumas ferramentas de comunicação foram utilizadas com fins pedagógicos. Elas

foram incorporadas sem considerar o propósito original de seus desenvolvimentos e

suas interfaces. O resultado em várias situações é a ineficácia, uma vez que não se

considera primordialmente a questão colaborativa desses ambientes. Nota-se que a

comunicação, quanto a sua fluidez e praticidade, é essencial em tais ambientes.

Um dos resultados verificados na literatura de Sociologia é o efeito positivo

que a confiança entre os participantes exerce, que pode crescer significativamente

(KOLLOCK, 1998). Diante de fatos como este, pode-se questionar qual modalidade

de comunicação pode afetar mais ou menos esse resultado e quão significativas são

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as diferenças entre as variadas formas de comunicação. Jensen et al. (1999),

indicam que esse questionamento é de suma importância para o desenvolvimento

de ambientes colaborativos em rede.

A primeira instituição de ensino a utilizar as Tecnologias de Informação e

Comunicação em sala de aula foi a Universidade Paulista – UNIP / Colégio Objetivo.

Mais tarde, foi criada a UNIP-Interativa, que implementou seu próprio método.

Para que se possa compreender a importância da interatividade no processo

educativo e fundamentar com mais detalhamento este trabalho de pesquisa, faz-se

necessária uma reflexão inicial sobre o cenário de EaD na Instituição, atualmente

pautado em duas principais modalidades: SEI – Sistema de Ensino Interativo – e

SEPI – Sistema de Ensino Presencial Interativo.

O SEI é destinado aos alunos que, por diversas razões, não possuem

flexibilidade ou disponibilidade geográfica e/ou temporal que permitam frequentar um

curso universitário presencial e, por isso, precisam de programação prévia das horas

de estudo para poder acompanhar o conteúdo letivo. Pela indisponibilidade

presencial, esses alunos não participam dos encontros grupais, porém têm acesso a

todo conteúdo transmitido ao vivo pela Instituição Acadêmica em que está

matriculado. Embora a presença física, constante e regular não seja mandatória no

conceito do SEI, o Ministério da Educação determina algumas situações específicas

em que o aluno obrigatoriamente deve estar presente em um dos polos de apoio da

Universidade, tais como: avaliação; estágio obrigatório; trabalho de conclusão de

curso e atividades em laboratórios especializados, quando estipulados na ementa do

curso.

De acordo com a Associação Brasileira de Educação à Distância (ABED), o

número de alunos inscritos no ano passado nos cursos credenciados pelo Ministério

da Educação para ensino superior à distância aumentou 91% em relação a 2005.

Entretanto, ainda que com boa receptividade e crescente adesão, algumas reflexões

sobre o tema demonstram que, ao longo dos anos, os alunos frequentadores do SEI

passaram a apresentar dificuldades em manter a atenção e interação com o

conteúdo apresentado somente em gravações.

A alternativa desenhada pela UNIP-Interativa para reverter essa condição

entre seus alunos foi dividir os 60 minutos de aula em 4 blocos de 15 minutos e

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inserir um momento interativo entre um bloco e outro no qual o aluno é convocado a

responder uma pergunta feita pelo professor. Esta interação também contribuiu para

que o aluno pudesse segmentar o conteúdo com maior facilidade e organizar seu

horário de retorno aos estudos partindo sempre de um bloco para o seguinte.

Ainda neste contexto, insere-se o SEPI, cujas características são similares ao

SEI, porém com adição do deslocamento do aluno até o polo para assistir às aulas

transmitidas ao vivo. No caso da UNIP-Interativa, a duração de cada uma dessas

aulas é de 90 minutos, com intervalos estratégicos para interatividade.

Ao mesmo tempo em que essa reflexão é feita e acompanhada de mudanças

no escopo da aula gravada, é possível perceber que o recurso audiovisual pode ser

melhor explorado como propulsor de maior interatividade com o aluno. Sendo assim,

as análises feitas neste trabalho passam, a partir deste momento, a focar-se mais

nos aspectos audiovisuais interativos utilizados nas vídeoaulas aplicadas em

algumas das grandes universidades do país.

Plataformas de Ensino à Distância

Para que se possa entender melhor a utilização de novas modalidades

técnicas como instrumentos de EaD, será feita uma breve apresentação e posterior

comparação entre projetos e plataformas. O intuito desta apresentação não é

demonstrar um manual de funcionamento dos sistemas, mas sim explorar as

funcionalidades audiovisuais existentes e o potencial interativo das mesmas, bem

como acrescentar as observações coletadas durante períodos letivos.

4.1. O Blackboard

Como já mencionado anteriormente, as duas modalidades mais importantes

do EaD da instituição UNIP são o SEI e o SEPI. Ambas as modalidades possuem

características distintas no que se refere à interatividade dos professores com os

alunos, porém destaca-se aqui a principal delas que é o fator transmissão da

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vídeoaula. Enquanto na modalidade SEPI a transmissão ocorre ao vivo durante os

encontros presenciais semanais de alunos nas unidades, denominadas polos de

apoio, as aulas transmitidas pela modalidade SEI são vídeoaulas gravadas e

acompanhadas individualmente pelo aluno em sua residência ou local de maior

facilidade, o que caracteriza o processo de aprendizado mais solitário.

A plataforma utilizada pela UNIP-Interativa, denominada Blackboard, foi

desenvolvida com tal detalhamento e complexidade que pode ser considerada o

“coração” do sistema EaD da UNIP atualmente, explorando a identidade da

educação à distância com o conceito presencial de Universidade, especialmente

pelo fator de interação que a plataforma permite entre alunos, colegas, professores e

tutores.

Não somente disponível para exposição do conteúdo temático educacional,

essa plataforma permite que os alunos tenham acesso livre à consulta dos serviços

disponíveis na Instituição, realização de solicitações via secretaria virtual,

atualização de dados pessoais, acompanhamento do calendário letivo, entre outras

funcionalidades que podem ser elucidadas pela figura 1:

Figura 1 - Página inicial do Sistema Blackboard - Unip Interativa.

Fonte: www.unip.br/ead

Para garantir que o conteúdo programático mandatório seja exibido por

completo em áudio e vídeoaulas, cada professor, após passar por um treinamento

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de capacitação, é responsável pela produção de seus slides seguindo os critérios

pré-estabelecidos pela Instituição. A fim de garantir a qualidade e alinhamento das

informações, todo material produzido é revisado antes de ser exibido aos alunos via

Blackboard (figura 2):

Figura 2 - Página da plataforma Blackboard – Conteúdo de aula disponível – SEI. Fonte: www.unip.br/ead

Faz-se importante ressaltar a qualidade na produção do material elaborado

pelo docente, especialmente quanto ao volume de texto disponibilizado nos slides

(apresentados lateralmente durante a gravação da videoaula), conforme verificamos

na figura 3:

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Figura 3 - Página da plataforma Blackboard - Tela para exibição da videoaula.

Fonte: www.unip.br/ead

Durante o curso de capacitação do corpo docente da instituição, o professor

também recebe curso que dita regras e formas para a elaboração dos slides,

especialmente quanto a características visuais que comunicam rapidamente, sem

que o mesmo dependa da leitura integral de seu conteúdo.

Nota-se grande dificuldade por parte dos alunos em ler o texto disponibilizado

lateralmente pelo professor e ouvir o que o mesmo diz, simultaneamente. De igual

forma, efetuar a leitura de texto em excesso causa insatisfação por parte dos alunos

que têm dificuldade de se envolver com a mensagem transmitida pelo professor.

O docente é responsável por produzir questionários com alternativas múltiplas

para aplicação e avaliação dos alunos. Estes são disponibilizados semanalmente e

funcionam como forma de medir a presença dos alunos com o acesso à plataforma

virtual. Ao efetuar o questionário online, o aluno visualiza logo em seguida a

correção feita pelo sistema. Ocorria que muitas vezes o aluno ficava na dúvida, sem

saber os motivos pelos quais errou determinada questão. Para solucionar esse

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problema, o professor foi convidado a formular um campo extra destinado à inclusão

de comentários que justifiquem a escolha da alternativa correta. Isso permitiu que o

processo de absorção pelo aluno fosse mais efetivo e interativo.

Assim como na maioria das plataformas virtuais, o docente pode promover

fóruns de discussão. É uma atividade assíncrona que permite que alunos e

professores troquem diferentes pontos de vista e opiniões sobre determinado

assunto. Embora as atuais ferramentas permitam a troca de informações utilizando

recursos audiovisuais, tais como videoaulas, salas de bate-papo online, entre outros,

discute-se o grau de interatividade e interação proporcionada por tais recursos. No

caso do fórum, a maior parte dos participantes se resume a ler os debates,

raramente usufruindo do potencial dialógico que esse meio possibilita. É a

capacidade dialógica que anima a crescente utilização e envolvimento por parte dos

participantes (esse fato foi observado também nos veículos de mídia de massa).

Seria talvez a sensação de estar sendo ouvido e obter um retorno quase que

imediato sobre o que se diz.

Nas modalidades semipresenciais, um fator observado, de grande êxito, é

que são colocados professores que acompanham e conduzem as atividades durante

a transmissão ao vivo das teleaulas. Existe, inclusive, uma parte presencial da aula.

Essa metodologia pode ser útil na condução da aula e pode evitar que os

participantes se distraiam ou iniciem conversas paralelas, perdendo o foco proposto

pela teleaula.

Ocorre que algumas instituições não utilizam o método de colocar docentes

em sala durante a transmissão da teleaula. Optar-se-ia por capacitar os tutores

presenciais que efetuariam um trabalho mais efetivo de condução das atividades,

não como docentes, mas como extensores do trabalho docente. Uma das formas

para capacitar esse profissional é utilizar a própria estrutura de EaD da instituição e

fornecer treinamentos virtuais a todos os seus polos.

Outro fato observado durante o estudo é que nem sempre o perfil das

pessoas selecionadas para essa função atende às características necessárias, tais

como: facilidade na comunicação e no relacionamento com pessoas, desinibição

para falar em público e conhecimento específico de todo o funcionamento do

sistema de EaD da instituição em questão.

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Com relação à edição do conteúdo gravado em estúdio para as videoaulas,

nota-se que muitas instituições apenas virtualizam o conteúdo gravado

disponibilizando na plataforma virtual a gravação da aula integral com pouca ou

nenhuma utilização dos recursos de edição. Isso é desmotivador e não envolve, pelo

entretenimento, a atenção do aluno. Orozco (1993), em um de seus artigos sobre a

questão da utilização desse meio audiovisual, em especial na mídia televisiva, traz

uma reflexão que talvez explique o motivo para tal falta de interesse. Segundo esse

autor, considera-se que só aquelas mensagens culturais ou instrutivas sejam

recomendáveis, sem considerar que a pesquisa empírica mostra de maneira

contundente que são precisamente os programas educativos e culturais os que as

crianças não gostam e por isso não os veem.

Frente a esse estereótipo, a recomendação é a de ir compreendendo que se

pode educar entretendo. Talvez não seja o caso de entreter tão somente, mas

dinamizar o conteúdo pela inserção de animações, utilizando os recursos do Chroma

Key, que permite adicionar explicações extras com ilustrações enquanto o professor

explica.

Algumas instituições costumam utilizar o chat para participação prévia da

transmissão ao vivo da teleaula, ou seja, antes do início da aula é feita uma

interatividade com os alunos em uma sala de bate-papo comunitária. Todos os polos

têm os acessos mediados pelos chamados tutores eletrônicos que, presencialmente,

oferecem suporte em cada um dos polos. Ocorre que o número de pessoas

envolvidas é muito grande e para que uma pessoa possa participar do chat-atividade

é necessário que a mesma solicite ao mediador (tutor eletrônico) que digite a

pergunta desejada. Esta aparece para todos e o professor, na medida do possível,

vai respondendo às pessoas.

Em algumas instituições, o chat-atividade é uma atividade condicionada à

leitura do conteúdo de aula (livro-texto), análise e reflexão. O professor prepara dois

arquivos de atividade para entregar junto com os outros materiais anteriormente

mencionados. Um dos arquivos tem a atividade para os alunos e o outro é uma

versão da atividade para os monitores de sala, conhecidos também como tutores

presenciais. A seguir, veja um modelo que atividade encaminha aos alunos e o

modelo encaminhado ao monitor de sala com os procedimentos necessários:

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A seguir o modelo de atividade com orientações para o monitor:

Disciplina Comunicação Empresarial

Professor Iara Yamamoto

Tema da aula Componentes principais de um texto

Tipo de aula AO VIVO

Data 12/10/2006

Para refletir e avaliar

CASE 2: O jornal está muito caro 1

Situação: O jornal interno de uma indústria de porte médio é muito bem recebido pelos

funcionários, que se sentem valorizados e bem informados sobre assuntos de interesse da

empresa e do seu corpo funcional. A publicação desempenha um importante papel motivacional

para a formação de um ambiente de trabalho caracterizado pela integração e engajamento dos

profissionais dos mais diversos níveis.

O jornal, de periodicidade mensal, é terceirizado por meio de prestação de serviços de

um jornalista autônomo, que administra todo o processo de produção. Fica a cargo desse

profissional a responsabilidade jornalística, que engloba as seguintes funções: apuração de

matérias, redação de notícias e reportagens, realização de entrevistas e coberturas jornalísticas

de eventos que a empresa realiza ou participa, revisão gráfica e gramatical, edição,

acompanhamento da editoração eletrônica e avaliação das provas finais (prelo),

acompanhamento gráfico da produção e coordenação da distribuição. A empresa contratante

arca com os custos relativos aos serviços gráficos, editoração eletrônica, fotolitos, fotografias e

distribuição.

Apesar de todo o sucesso e reconhecimento do jornal pelo seu público-leitor, e por

clientes e fornecedores que conheciam a publicação, o diretor financeiro da empresa convoca o

jornalista e diz estar achando o custo muito alto, uma vez que, a seu ver, aquele produto não

gerava qualquer tipo de lucro. O diretor comunica ter autonomia para tomar a decisão de reduzir

a periodicidade do jornal para trimestral. O jornalista contra-argumenta, conseguindo provar o

contrário e revertendo a opinião do diretor, convencendo-o inclusive a pensar na mudança para

uma versão quinzenal.

1 MATOS, Gustavo Gomes de. Comunicação sem complicação. 2004. p.142.

Questão: quais argumentos você usaria para convencer o diretor financeiro dessa empresa a

mudar seu ponto de vista inicial desfavorável à importância do jornal interno?

Bom trabalho!

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Disciplina Comunicação Empresarial

Professor Iara Yamamoto

Tema da aula Componentes principais de um texto

Tipo de aula AO VIVO

Data 12/10/2006

Orientação para a atividade:

Prezado tutor de sala, Distribua uma cópia do estudo de caso para cada grupo de estudo com as seguintes orientações:

1. Primeiro, forme grupos de até cinco integrantes;

2. Orientá-los a estudar e refletir sobre o caso individualmente;

3. Estimular o debate e a reflexão sobre os dados apresentados, procurando estabelecer correlações com a

matéria oferecida;

4. Pedir-lhes que, em grupo, iniciem a elaboração das respostas e enviem os resultados via chat;

5. A seguir, o professor analisará o caso e comentará os trabalhos realizados também pelo chat.

Para refletir e avaliar

CASE 2: O jornal está muito caro 1

Situação: O jornal interno de uma indústria de porte médio é muito bem recebido pelos funcionários, que

se sentem valorizados e bem informados sobre assuntos de interesse da empresa e do seu corpo

funcional. A publicação desempenha um importante papel motivacional para a formação de um ambiente

de trabalho caracterizado pela integração e engajamento dos profissionais dos mais diversos níveis.

O jornal, de periodicidade mensal, é terceirizado por meio de prestação de serviços de um

jornalista autônomo, que administra todo o processo de produção. Fica a cargo desse profissional a

responsabilidade jornalística, que engloba as seguintes funções: apuração de matérias, redação de

notícias e reportagens, realização de entrevistas e coberturas jornalísticas de eventos que a empresa

realiza ou participa, revisão gráfica e gramatical, edição, acompanhamento da editoração eletrônica e

avaliação das provas finais (prelo), acompanhamento gráfico da produção e coordenação da distribuição.

A empresa contratante arca com os custos relativos aos serviços gráficos, editoração eletrônica, fotolitos,

fotografias e distribuição.

Apesar de todo o sucesso e reconhecimento do jornal pelo seu público-leitor, e por clientes e

fornecedores que conheciam a publicação, o diretor financeiro da empresa convoca o jornalista e diz

estar achando o custo muito alto, uma vez que, a seu ver, aquele produto não gerava qualquer tipo de

lucro. O diretor comunica ter autonomia para tomar a decisão de reduzir a periodicidade do jornal para

trimestral. O jornalista contra-argumenta, conseguindo provar o contrário e revertendo a opinião do

diretor, convencendo-o inclusive a pensar na mudança para uma versão quinzenal.

1 MATOS, Gustavo Gomes de. Comunicação sem complicação. 2004. p.142.

Questão: quais argumentos você usaria para convencer o diretor financeiro dessa empresa a mudar seu

ponto de vista inicial desfavorável à importância do jornal interno?

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Este trabalho de pesquisa mostrou que poderiam ser utilizados recursos mais

interativos envolvendo a participação ao vivo do professor. A partir de um dos

estúdios seria estabelecida a comunicação com cada um dos polos no formato de

videoconferência. Seria também possível visualizar os alunos. Isso ocorreria em um

polo por vez. No momento da visita virtual do professor a cada polo, as solicitações

de atividades propostas e perguntas seriam previamente administradas aos alunos

pelos tutores eletrônicos de cada um dos polos.

Como já mencionado anteriormente, existe a necessidade de pertencer,

inerente ao ser humano. Sendo assim, algumas instituições de EaD, possuem em

sua plataforma virtual uma ferramenta que permite a criação de comunidades dos

alunos, da mesma forma que as conhecidas redes sociais. Isso pode acentuar o

potencial interativo dos alunos entre si, com os tutores e professores.

4.2. O TelEduc

Nesta etapa do estudo, serão feitas análises sobre a plataforma de EaD

aplicada na UNESP, o TelEduc, que se apresenta hoje como o principal meio de

transmissão de informações e conteúdos letivos à distância, ainda que sem recursos

audiovisuais interativos. O TelEduc foi concebido inicialmente para capacitar

docentes para o processo de implementação e atuação da Universidade no conceito

em EaD e sua construção foi feita em parceria com pesquisadores do Núcleo de

Informática Aplicada à Educação – NIED, da Unicamp.

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Figura 4 - Página inicial do TelEduc.

Fonte: www.unesp.br

Para que os aspectos dessa plataforma possam ser expressos com mais

riqueza, muitas das informações apresentadas são procedentes do contato direto

com uma das criadoras do sistema, a professora Heloísa Rocha, da Unicamp.

Percebemos que, ao longo do tempo, essa ferramenta foi evoluindo e tendo

suas ferramentas idealizadas, projetadas e depuradas segundo necessidades

relatadas por seus usuários. Como foi desenvolvida sob medida, sua interface é de

fácil entendimento e manuseio por parte do usuário, mesmo que este não tenha

conhecimento inicial nenhum. Segundo Alava (2002), as experiências individuais de

cada um são diferentes e geram percepções distintas, mas são indispensáveis na

dinâmica educacional e colaboração no Ciberespaço.

Durante todo este estudo comparativo, foram avaliadas as possibilidades e

limitações das modalidades de comunicação utilizadas nesses ambientes

computacionais de EaD e, considerando o TelEduc nesse contexto, a plataforma se

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adequa por estar em constante mudança para se moldar às necessidades daqueles

que o utilizam, até mesmo sob aspectos pedagógicos.

A figura 5 ilustra o interesse e importância das atividades que requerem a

interação síncrona entre os usuários, ou seja, aquelas que permitem envio e

recebimento simultâneo de informações e a execução de tarefas ao mesmo tempo,

que representa as funcionalidades do TelEduc:

Figura 5 - Ferramentas e funcionalidade do TelEduc.

Fonte: Adaptado de ROCHA (2002)

Por essa figura pode-se ter uma visão geral, uma espécie de mapa da

engenharia de navegabilidade do sistema e de como suas ferramentas e conteúdos

estão dispostos. Segundo Rocha (2002), no ambiente virtual de aprendizagem do

TelEduc, as funcionalidades das ferramentas podem ser subdivididas por seu

propósito em três grandes grupos: coordenação, administração e comunicação,

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conforme diferenciados por cores na legenda de um visual adaptado de seu livro. As

ferramentas de coordenação são recursos que organizam e subsidiam as ações de

um curso.

A figura 6 representa uma das telas principais de navegação da plataforma

TelEduc:

Figura 6 - Página Interna da plataforma TelEduc – Conteúdo instrucional – Estrutura AVA.

Fonte: www.unesp.br

Para que se possa compreender um pouco mais sobre as diferenças do

Blackboard e do TelEduc, algumas funcionalidades do sistema podem ser

apresentadas com mais detalhe, como seguem:

A Agenda controla a dinâmica do curso, cuja finalidade é prover um espaço

para o formador explicitar os objetivos do curso, tempo de duração, formas de

avaliação, cronograma, etc.

As opções Atividades , Material de Apoio e Leituras foram concebidas para

que os formadores organizassem o material didático do curso (atividades, software,

manuais de uso, textos bibliográficos, etc.) e são semelhantes em sua forma de

implementação, apresentando basicamente as mesmas funcionalidades.

O ícone Parada Obrigatória está fortemente relacionado à metodologia

desenvolvida pelo NIED e seu uso se dá por meio da proposta de uma atividade

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especial, visando explorar todo o conteúdo visto até então e integrar atividades e

leituras, que o aluno pode ter percebido, não relacionadas.

Perguntas Frequentes é uma função que gerencia uma lista organizada de

perguntas e respostas. As perguntas mais frequentes podem ser armazenadas pelos

formadores e consultadas pelos seus alunos.

As informações gerais sobre o TelEduc relacionadas à autenticação de

acesso dos cursos por meio de senha e identificação, informações sobre a página

de entrada do curso, uma breve descrição de cada ferramenta do ambiente podem

ser encontradas no ícone Estrutura do Ambiente.

Outra ferramenta agregada ao TelEduc, Grupos , permite a organização de

pessoas visando o trabalho em grupo, como ilustra a figura 7:

Figura 7 - Página Interna da plataforma TelEduc – Ferramenta “Grupos”.

Fonte: www.unesp.br

Existem três tipos de usuários na plataforma do TelEduc e os acessos e

comandos são disponibilizados conforme hierarquia e cargo. Os tipos são

coordenador, formador e aluno.

Outra ferramenta muito interessante e eficiente é o Intermap (Interaction

Map), que possibilita observar graficamente, utilizando técnicas de visualização de

informação, como as pessoas interagem entre si nas ferramentas. Esse é um

recurso não disponível na plataforma Blackboard da Unip-Interativa.

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Figura 8 - Página Interna da plataforma TelEduc – Ferramenta “Intermap”.

Fonte: www.unesp.br

Há ainda outra modalidade, chamada “grafo ”, um aplicativo que disponibiliza

a informação de interação entre os membros dos grupos com o simples passar do

mouse. Os participantes descobrem em fração de segundos que funcionam os

canais ativos de comunicação entre grupos e participantes. Esse é um diferencial

interessante, pois permite mapear e saber se ocorre interação entre os participantes

em um curso, possibilitando a análise da existência da troca de experiências, o

estabelecimento de parcerias e a colaboração.

A ferramenta Intermap fornece informações que o formador pode utilizar para

tomar atitudes para (re)planejar e conduzir o processo de aprendizagem de seu

curso.

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Figura 9 - Página Interna da plataforma TelEduc – Ferramenta Intermap – Grafo.

Fonte: www.unesp.br

As ferramentas de comunicação do TelEduc demonstram a interação e a

colaboração entre os participantes de um curso em EaD e são fundamentais em

qualquer sistema que busque apoiar a colaboração, pois são elas que possibilitam a

interação entre seus usuários. Têm como objetivo permitir a comunicação síncrona e

assíncrona entre os participantes.

O Bate-papo é a ferramenta que permite conversas síncronas no ambiente

de forma semelhante a outros bate-papos disponíveis na Web.

Para cada instância de curso no TelEduc existe uma única sala na qual as

conversas se desenrolam de forma pública. Toda sessão é registrada em base de

dados para facilitar sua recuperação por quem não pôde participar e sua análise por

qualquer participante.

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Figura 10 - Página Interna da plataforma TelEduc – “bate-papo”. Fonte: www.unesp.br

Os formadores têm a opção de marcar uma sessão estabelecendo data,

horário de início e término e o assunto que será abordado. Esse agendamento

prévio é importante no contexto de EaD para avisar os alunos do momento em que o

formador estará online para uma conversa com os alunos.

Como base em estudos na área de EaD, a utilização dessa ferramenta tem

possibilitado a colaboração entre os participantes de várias formas: conversas

informais, agendadas a fim de promover a socialização entre todos no início de um

curso; votação, como apoio a tomada de decisões por um grupo de pessoas;

discussões temáticas, para permitir a todos exporem seus pontos de vista e

relatarem suas experiências sobre o assunto tratado; plantão de dúvidas, como

forma de o professor orientar os trabalhos em andamento; entre outros.

No caso da Unip-Interativa o recurso de bate-papo ainda tem utilização

limitada nas aulas no modelo SEPI, como relatadas anteriormente. O ideal seria que

cada um dos docentes tivesse acesso aos seus alunos e a ambientes iguais a esses

para marcar sessões de bate-papo programadas, ou, ao menos, verificar os alunos

que estivessem online. Assim, os próprios alunos poderiam desenvolver canais de

comunicação sobre seus estudos.

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Os Fóruns de Discussão permitem ao formador criar tópicos para organizar

a discussão assíncrona sobre temas de interesse para um curso. Dessa forma, a

depender da atividade proposta, cada participante pode interagir com os outros para

compartilhar saberes, dúvidas; organizar ou discutir trabalhos em andamento;

conhecer as opiniões dos demais e postar a sua; ações estas que potencializam a

reflexão e o (re)fazer de idéias e conhecimentos.

Essa interação se dá por meio da troca de mensagens que podem ser

visualizadas pelo usuário em várias formas de ordenação: árvore (estrutura

encadeada), autor, data ou título, como demonstra a figura 11:

Figura 11 - Página Interna da plataforma TelEduc - “Fórum de discussão”. Fonte: www.unesp.br

Inicialmente no TelEduc não havia ferramentas que permitissem saber

informações sobre os participantes. Com o foco nessa demanda e nas necessidades

evidentes de alunos que estudam e se comunicam espacialmente apartados, foram

criados outros itens no sistema tais como: o Perfil, o Diário de Bordo e o Portfólio.

Identificar e conhecer um pouco a respeito de cada participante foram

necessidades sentidas durante um curso da área de Educação, o que ocasionou a

inclusão do Perfil , que é um resumo do aluno. Muitos autores relatam sobre a

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solidão sentida por parte dos alunos que utilizam o sistema de EaD para seus

estudo. Analisando o TelEduc sob esse aspecto, notamos que a inclusão da

ferramenta Perfil tem o objetivo de fornecer um espaço para que os participantes se

conheçam e que assim sejam desencadeadas ações de comprometimento entre

todos, abrindo caminho para a escolha de parceiros para desenvolver as atividades

do curso e a formação de grupos de pessoas com interesses em comum.

Assim como nas redes sociais da Internet, no TelEduc a construção do perfil é

feita pelos participantes a partir de um formulário que tem orientações de

preenchimento elaboradas pelos formadores, de acordo com o contexto do curso.

Os perfis podem ser acessados por meio de uma lista que os organizam nos três

papéis possíveis dentro do TelEduc: alunos, formadores e coordenador. Esses dois

aspectos, conteúdo contextualizado e organização por papéis, contribuem para que

as informações no ambiente reflitam quem são os membros da comunidade e suas

respectivas funções. Na lista de participantes, o nome é um link para o respectivo

perfil que, quando acessado, ocasiona a abertura de uma janela com as informações

pessoais em forma de texto e com a foto da pessoa, caso ela a tenha inserido.

Outra ferramenta que provê espaço para reflexão de todos participantes é o

Diário de Bordo , mais comumente usado em cursos presenciais para registrar as

experiências em sala de aula. A intenção é que os usuários utilizem essa ferramenta

sempre que possível e de forma espontânea, para descrever e refletir sobre seu

processo de aprendizagem. Cada participante pode analisar seu modo de pensar,

registrar expectativas, conquistas, questionamentos e suas reflexões sobre a

experiência vivenciada no curso e nas atividades propostas. Os registros são

apresentados em forma de itens que possuem título, data de postagem, tipo de

compartilhamento e comentários, como mostra a figura 12:

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Figura 12 - Página Interna da plataforma TelEduc – Ferramenta "diário de bordo".

Fonte: www.unesp.br

Ao contrário do compartilhamento de dados existentes nas ferramentas de

coordenação (Atividades, Material de Apoio, Leituras e Parada Obrigatória), que

organizam o andamento de um curso e ficam disponíveis apenas para formadores, o

fato de se compartilhar essas ferramentas de comunicação acaba por flexibilizar a

escolha de para quem um participante deseja mostrar determinada informação.

O TelEduc apresenta três opções de compartilhamento: totalmente

compartilhado, ou seja, um item será visto e poderá receber comentários de todos;

compartilhado com formadores, ou seja, será visto e possivelmente comentado

somente por docentes; não compartilhado, refere-se a algo pessoal que seu autor

não deseja compartilhar, ou mesmo que ainda está em elaboração e por isso ainda

não pode ser exibido para outras pessoas. Nesse último tipo, somente o próprio

autor pode comentar seus itens.

A importância desse recurso está relacionada ao fato que ele permite que

docentes ou tutores tenham acesso a possíveis dificuldades de seus alunos. O

docente pode incluir comentários e ajudar os alunos em novos direcionamentos.

Entre os alunos, esse é um importante mecanismo de socialização, que potencializa

o suporte mútuo e o encorajamento de esforços.

Outros aspectos do sistema ficam mais restritos, pois são de uso exclusivo

dos formadores e do coordenador do curso. Um deles é a ferramenta voltada para a

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Administração que permite gerenciar as ferramentas do curso, as pessoas que

participam do curso e ainda alterar dados do curso.

O TelEduc é essencialmente uma ferramenta que gerencia a transferência

organizada entre alunos, grupos e docentes. Permite que os mesmos se

comuniquem utilizando recursos síncronos e assíncronos. A interação entre os

membros é efetiva e participativa. O sistema também se vale da utilização de links

em forma de URL, ou seja, endereços eletrônicos, como se fossem hiperlinks que se

encarregam de direcionar os usuários para a abertura de arquivos diversos. Da

forma em que se pode ver na figura 13:

Figura 13 - Página Interna da plataforma TelEduc – Ferramenta “Portifólio”.

Fonte: www.unesp.br

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Como o cerne deste estudo é a interatividade audiovisual, nota-se que o

TelEduc poderia desenvolver as ferramentas que utilizassem recursos de vídeo, pois

contribuem sobremaneira para a interação e envolvimento do aluno com seus

estudos.

Um dos pontos de fundamental relevância é que o TelEduc é um software

livre, ou seja, é possível redistribuí-lo e/ou modificá-lo sob os termos da GNU

(General Public License). Detalhes desta licença podem ser vistos na publicação da

Free Software Foundation pelo endereço eletrônico:

http://propg.ead.unesp.br/~teleduc/cursos/aplic/estrutura/gpl.txt

Por fim, um dos destaques sobre o TelEduc é o fato de o aluno ter a liberdade

de criar grupos de discussão, instaurar novas funcionalidades e tocar atividades

autonomamente, além de montar seu próprio perfil e escolher a foto com a qual

melhor se identifique. Isto faz com que o aluno se sinta parte do contexto e sinta que

está sendo visto por seus professores e colegas.

4.3. Experiências: O projeto da UNIVESP

De um projeto ousado nasceu a Universidade Virtual do Estado de São Paulo

(Univesp) criada através de decreto de número 53.536, de 9 de outubro de 2008.

Esse programa tem como meta ampliar o acesso à Educação superior pública. As

três instituições de ensino que fazem parte em forma de parceira são a Universidade

de São Paulo - USP, a UNICAMP e a UNESP, além do Centro Paula Souza. A

estrutura consorciada da Univesp agrega ainda outras importantes instituições, entre

elas a Fundação Padre Anchieta, a Fapesp, a Fundap e a Imprensa Oficial.

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Figura 14 - Página inicial do site da Univesp.

Fonte: www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br

As universidades participantes da UNIVESP planejam e compõem o conteúdo

dos cursos oferecidos. Estas são responsáveis pelo processo de seleção para o

ingresso dos estudantes. A Univesp é a mantenedora e cuida das condições

materiais, financeiras e tecnológicas do programa.

Cada instituição monta seu processo seletivo. A USP, por exemplo, utilizou a

Fuvest e, para o caso de cursos de graduação, farão parte do vestibular as

disciplinas do ensino médio. Já para os cursos de especialização a seleção será

voltada para particularidades de cada curso escolhido.

A Univesp une as NTIC (inclusive Internet e a sua TV digital) ao processo de

metodologias presenciais de aprendizagem nas atividades para os seus alunos que

estudam nos polos. Da mesma forma que as outras instituições aqui pesquisadas, o

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aluno entra em contato com os conteúdos do curso por intermédio do material

didático oferecido por diferentes mídias, inclusive a impressa.

Pela plataforma virtual de aprendizagem, denominada Tidia-Ae, os alunos

podem ter acesso aos conteúdos preparados especificamente para cada curso.

Existe um endereço da Internet que exibe um mini vídeo tutorial explicando detalhes

de como tal plataforma funciona (http://tidia-ae.usp.br/video/). Por essa plataforma

são disponibilizadas as ferramentas de interatividade, as atividades a serem feitas,

em cada fase do curso.

A Univesp conta ainda com a sua TV digital que traz conceitos, processos e

aspectos motivadores do conteúdo dos cursos. São utilizadas técnicas de

comunicação específica para TV, na forma de apresentação ou documentário. O

calendário com os programas são transmitidos pela Univesp TV:

http://www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br/tv/

Figura 15 - Página inicial do site da TV Univesp – Transmissão de vídeos – “teleaula”.

Fonte: www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br/tv

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Essa possibilidade de trabalhar com a TV traz à tona a questão da utilização

de recursos audiovisuais como ferramenta. No caso do TelEduc, ainda não existe

um canal ou videoaulas a partir do qual os professores possam transmitir suas

aulas.

O curso recebe assessoria de tutores que recebem as atividades individuais

ou de grupos. Estas são corrigidas, avaliadas e orientadas. Os trabalhos concluídos

ficam armazenados em uma área de portfólio para consultas posteriores. Assim

como em outras instituições de EaD, o cumprimento das tarefas equivale à presença

do aluno em “sala de aula” no modelo de educação presencial. Sua presença física

também será exigida em atividades presenciais nos polos (em aulas de laboratório

ou nas provas).

Os participantes do curso podem manter diálogo permanente com os tutores

e docentes da universidade, ou seja, mantêm diálogo online com o aluno e com os

grupos de trabalho, estimulando a criação de listas de discussões, debates e

pesquisa de textos. Existem os fóruns de discussão, cujos encontros são realizados

em horários predeterminados.

Assim como nas outras instituições pesquisadas, a Univesp também possui

polos presenciais para apoio pedagógico e acompanhamento de desempenho e

avaliação dos alunos, instalados nos campi das instituições parceiras e em espaços

físicos, especificamente cedidos para esse fim por outras entidades públicas. A

quantidade dos polos depende de cada curso, pois exigem uma infraestrutura

diferente.

As salas de aulas presenciais são os polos. Estes devem atendem aos

requisitos de infraestrutura. Contam com salas para as atividades pedagógicas

equipadas com TV e projetor multimídia, aparelhos para recepção do canal digital da

TV e computadores com acesso à Internet.

Nestes pontos de apoio é possível esclarecer dúvidas sobre as atividades

presenciais, assistir aos programas transmitidos e realizar as atividades previstas.

As avaliações presenciais são necessariamente feitas nestes polos, o programa

conta com um monitor responsável pelas ações técnico-administrativas.

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A plataforma virtual de aprendizagem é a Tidia-Ae. A sigla designa Tecnologia

de Informação para o Desenvolvimento da Internet Avançada. As letras Ae traduzem

as iniciais de aprendizagem eletrônica. O Tidia-Ae é um ambiente virtual de

aprendizagem dotado de um conjunto de ferramentas que permite o

desenvolvimento das mesmas atividades pedagógicas realizadas em sala de aula no

ambiente eletrônico da Internet (http://tidia-ae.usp.br/video/)

Assim como nas outras plataformas, as ferramentas podem ser de dois tipos:

síncronas, usadas em situações em que há a necessidade de simultaneidade, como

nos bate-papos; e assíncronas, como, por exemplo, as que se destinam aos

ambientes de fórum, onde todos os participantes têm perguntas e respostas, nos

mecanismos de busca, nos calendários, cadernos de anotações, filmes, áudios, etc.

O projeto Univesp tem suscitado muita polêmica no meio acadêmico entre

formadores de opinião dirigentes das grandes instituições públicas de ensino

superior, especialmente na Universidade de São Paulo, a USP. Muitas das

reflexões, discussões e questionamentos possuem fundamento. Nesta etapa do

trabalho tentaremos elucidar alguns desses pontos.

Fala-se muito sobre os impactos do Programa Univesp e sobre a educação

superior pública no Estado de São Paulo. Muitos enxergam esse projeto como algo

que proporcionará a “democratização” do ensino, outros se apresentam

extremamente preocupados com a questão da qualidade do ensino oferecido. Boa

parte alega que, com relação à questão educacional, a prática da EaD no país pode

trazer inúmeras limitações para os estudantes, desde a ausência de programas de

iniciação científica até a dificuldades de acesso a boas bibliotecas e a laboratórios

bem equipados.

Ora, é sabido que a abertura de vagas na universidade pública para a

modalidade de EaD pode funcionar como ameaça aos mais conservadores que

temem que isso possa resultar na desvalorização dos diplomas da USP, Unicamp e

Unesp no “Mercado”. Até que ponto esses que alegam a falta de “qualidade” de

ensino, não estão temerosos com a perda do valor social do diploma? Seria possível

oferecer cursos à distância sem que se perca a comprovada qualidade do ensino

presencial?

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Outros defendem a utilização da EaD como processo de formação

complementar ao ensino presencial. Destes questionamentos apresentados, é

possível destacar que o senso de responsabilidade exigido pela USP, Unesp e

Unicamp impõe muita cautela para que não se comprometa a qualidade do ensino.

Ademais, ninguém, ao que se saiba, defende a substituição ou a redução do ensino

presencial, mas o que está sendo proposto é a melhoria do ensino no Brasil

trazendo como alternativa o acesso da universidade a todos.

Quadro comparativo

Plataformas Recursos

audiovisuais

Interface

amigável

Parâmetros

pedagógicos

Customização

alunos / perfil

Blackboard SIM NAO NAO NAO

TelEduc NAO SIM SIM SIM

Tidia-Ae TV SIM SIM NAO

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dado o grau de abrangência e influência dos Meios de Comunicação de

Massa e o desenvolvimento das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação,

faz-se necessária a utilização de recursos audiovisuais na EaD. A Comunicação

existente no Ciberespaço mostrou-se totalmente permeável à recursividade

audiovisual atualmente em atividade na Internet. É desta maneira que os alunos

poderão se projetar na narrativa participando dos efeitos midiatizados provenientes

dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem pelo vídeo e pelo som. A orquestração

deste discurso só pode ser conduzida pelo professor.

A interface dos programas não pode adivinhar o enredo da trama. O professor

ou tutor deve compreender essa dinâmica para que sua disciplina tenha resultado,

porque de nada vale se apresentar um espetáculo audiovisual se o retorno se esvai.

O nível interativo acontece em boa medida pelo volume de resposta dos alunos.

Esse “estar junto distante” pode ou não estimular o aluno, dependendo do

dinamismo que emprega nas aulas, em suas estratégias de apreensão e controle do

envolvimento do grupo. Trata-se de um jogo de sedução do aprendizado baseado

em sentidos. O Ciberespaço pode apresentar uma perspectiva que conduz o aluno

diretamente para dentro do ambiente virtual de tal forma que ele passa a ser agente

no processo enunciativo.

Os elementos do discurso são a própria materialidade da exibição, como o

texto escrito e falado, a imagem estática e em movimento, o som da voz com o

sonoro, do gestual, do material e da composição estética dispostos em sincronia,

agindo simultaneamente em uma provocação de encantamento para que o aluno

ceda ao comando do professor, de realizar as tarefas e colocá-las em apreciação,

de querer fazer sua devolutiva para que tenha sucesso em sua busca.

Esta interação acontece muito mais por parte dos agentes que do aparato

tecnológico em si. Este serve apenas como o suporte para que a aula aconteça e

para que provoque no aluno maior interesse, para que consiga se concentrar e, o

que é mais fundamental, para que não só goste, mas participe da enunciação.

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Diante desse desafio de envolver o aluno, a questão estética do visual é muito

importante porque dentro desse aspecto existem elementos que falam, indicam,

sugerem, implícita ou explicitamente, determinado sentido. Podemos perceber que

no design moderno o minimalismo está imperando, isso porque a era do Photoshop

passou e, com isso, todas as imagens sobrepostas, que formavam um mundo

altamente figurativo, cromático morfológico, apontavam para várias e nenhuma

direção. Cada traço semântico tem ali sua função significante no discurso, produz no

todo um efeito importante, nem que seja apenas para agradar o cérebro, exigindo

dele menos energia para a interpretação e assimilação da mensagem anunciada.

Para os que ainda não estiverem convencidos da importância do trabalho de

edição estética, aplicado às videoaulas pela inclusão de objetos animados, basta

observarem os ícones que, a propósito, são excelentes recursos para se economizar

esforços (são tão úteis que se tornaram padrões de navegação para qualquer

sistema, programa, interface ou site). A mídia impressa imita sua disposição porque,

além de serem extremamente úteis, já fazem parte de uma cultura global.

Existem muitos designers que trabalham no desenvolvimento destes

sinalizadores de navegação, assim como sinalizações de trânsito são universais.

Isso é um traço curioso. A linguagem multimidiática é infinita. O texto mostra a

imagem que fala a voz que lê. A elaboração destes elementos do discurso podem se

apresentar de maneiras diversas, cada vez tentando interpretar o assunto proposto.

Desta forma esses recursos audiovisuais se tornam extremamente abrangentes, por

isso é possível que um internauta consiga produzir de dentro do seu quarto um filme

que pode fazer sucesso no Youtube ou um blog super criativo, com uma proposta

única, com um requinte ímpar.

As formas de se utilizar esteticamente os recursos audiovisuais estão muito

mais inclinadas para a pessoa do professor do que para suas ferramentas

disponíveis no ambiente de EaD. Mas isso não é só agora que está acontecendo,

sempre foi assim, é essa capacidade do ser humano de transformar as coisas, que

sustenta a condição de se superar constantemente, como fazem os artistas.

O professor é sem dúvida um ator que encena uma peça de conhecimento

cientifico apresentando a sua narrativa para seu público de alunos. Há um

engendramento de todos os elementos semânticos e sintáticos coordenados no

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momento da aula, simulada ou sincronizada, de acordo com a sequencialidade dos

argumentos da explanação do professor. Nesta sinergia pode-se imaginar o nível

poético midiatizado na aula. A combinação dos assuntos (alinhados com o som, as

imagens, as pausas, as acelerações, as alternâncias, tudo isso, utilizado como

figuras retóricas pelo professor) serve para o aluno contemplar a aula, aplaudir

tacitamente a conquista daquele aprendizado, que é a devolutiva do professor.

A EaD é uma resposta Cibercultural. Aqui foi possível comparar plataformas

virtuais de ensino mais ou menos funcionais, sendo que a adequação pedagógica e

metodológica mostrou-se indispensável. Foi possível apreender que não se trata da

versão mais recente do programa utilizado e sim do modo como este é manuseado

pelo professor. O princípio é a essência. O modo como se utiliza é que cria o

interlocutor-professor e o enunciatário-aluno, daí então pode ser compreendida a

questão da estratégia discursiva: Fazer-entender; Fazer-crer; Fazer-ser; Fazer-

Fazer. Para finalizar, verifica-se a necessidade de capacitação docente para que

este possa atuar com sucesso neste novo modelo educacional proposto, fazendo

uso dos recursos audiovisuais presentes na EaD.

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