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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES A psicomotricidade na Educação de Alunos de 0 a 6 anos Portadores de Necessidades Especiais Monografia apresentada à Universidade Cândido Mendes como requisito parcial à conclusão de Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicomotricidade. Niterói Julho de 2005

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

A psicomotricidade na Educação de Alunos de 0 a 6 anos

Portadores de Necessidades Especiais

Monografia apresentada à Universidade Cândido Mendes como requisito parcial à conclusão de Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicomotricidade.

Niterói

Julho de 2005

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AGRADECIMENTOS

Aos meus filhos Gabriel, Mariana e Júlia, pelo

apoio e amizade, ao meu amigo e companheiro de

estrada Ricardo por ter acreditado em mim e me

ensinado que “o futuro é alguém que nos ressuscita”.

À grande mestre que soube se fazer

inesquecível Fátima Alves, à minha equipe de sala de

aula pelo estímulo e a minha orientadora Mary Sue, que

soube com seu carinho dar-nos confiança e a certeza

que conseguiríamos.

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DEDICATÓRIA

À Júlia Morena e a todas as crianças que

conheci nos centros de reabilitação, que com seu

sorriso feliz e confiante abriram estradas, por onde hoje

caminho, um caminho cheio de surpresas, alegrias e

vida. Quanta vida!

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo o reconhecimento da

diversidade existente na população escolar e na necessidade de respeitar e

atender as necessidades educacionais especiais. Demonstra ser a

psicomotricidade a ferramenta básica da aprendizagem; apresenta nas

atividades psicomotoras, estratégias e subsídios para a prática docente,

propondo alterações a serem desencadeadas na definição dos objetivos, no

tratamento e desenvolvimento dos conteúdos, no transcorrer de todo o

processo avaliativo e na organização do trabalho didático-pedagógico no

intuito de favorecer a aprendizagem do aluno e respeitar o direito de uma

educação de qualidade para todos.

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METODOLOGIA

A metodologia a ser usada no trabalho será a pesquisa bibliográfica, tendo como

objetivo a análise dos teóricos como Vygotsky e Piaget, dando ênfase aos estudos de

Vitor da Fonseca e Fátima Alves, tendo em vista suas vivencias e o conhecimentos

sócio/histórico/cultural de nossa sociedade.

Através de autores brasileiros, a realidade e a pratica torna-se mais coerente, mais

realista, facilitando o trabalho de profissionais e alunos da área de saúde , educação

ou afins que pesquisa, ajuda, previne e cuida do Homem na aquisição e no

desenvolvimento, que é a proposta desta pesquisa.

.

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SUMÁRIO

Introdução................................................................................................ 8

1- Portadores de Necessidades Especiais........................................ 10

2- Psicomotricidade – Alafabetização Corporal........................................ 14

3- Crianças Especiais: Educação no caminho da Psicomotricidade........ 28

Conclusão................................................................................................. 40

Bibliografia................................................................................................ 42

Atividades Culturais.................................................................................. 43

Índice........................................................................................................ 44

Folha de Avaliação .................................................................................. 45

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INTRODUÇÃO

O Presente trabalho tem como objetivo buscar na psicomotricidade dados

que facilitem o processo ensino-aprendizagem de crianças de 0 a 6 anos

portadores de necessidades especiais.

A escolha justifica-se na necessidade de capacitar e mostrar novos

caminhos aos profissionais e alunos da área de saúde , educação ou afins

que pesquisa, ajuda, previne e cuida do Homem na aquisição e no

desenvolvimento. Caminhos que promovam aquisições de saberes e

desenvolvam a as aptidões físicas e mentais da criança, para que esta

estabeleça vínculos sociais com os seus semelhantes, descubra sua

personalidade, aprenda a viver em sociedade e prepare-se para as funções

que assumirá na idade adulta.

Vemos, ainda, grandes resistências por parte de professores e de

profissionais da educação em aceitar o desafio colocado pelas propostas

inclusivistas (portadores de qualquer tipo de deficiência, o direito de estudar

em escolas comuns, assegurado por lei desde 1996), o que é perfeitamente

compreensível, dada a carência de sua formação e de literatura para esse

desafio.

É necessário que o pedagogo/professor perceba que ele também

constrói o saber no contexto de relações que vivem cotidianamente; ele é

um produto histórico, mas dessa história é também autor. E dessa autoria

dependerão novas inter-relações, novas mediações, novos trabalhos

coletivos, novas visões e concepções, e certamente novas experiências e

práticas no que concerne ao trabalho com as diferenças e deficiências.

Piaget (1976) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades

intelectuais da criança. Estas não são apenas uma forma de desafogo ou

entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que contribuem

e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Ele afirma:

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O jogo é portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício

sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade

própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real

em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de

educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material

conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades

intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil.

(Piaget 1976, p.160).

Na educação especial o acesso a criança (condição imprescindível

para a aprendizagem) por diversas vezes, pode ser complicado devido a

inúmeros fatores: agressividade, problemas de comportamento, isolamento,

falta de espaço, enfim uma série de dificuldades que podem ser, se não

solucionadas ao menos amenizadas através da psicomotricidade. (ciência

que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em

movimento e em relação ao seu mundo interno e externo, bem como suas

possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e

consigo mesmo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo

é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas). (S.B.P.1999).

Partindo do pressuposto que processo ensino/aprendizagem está

intimamente ligado ao movimento do corpo, à idéia que o indivíduo faz de

seu corpo, e como ele o conduz, concluímos que a psicomotricidade é uma

ferramenta importantíssima na educação, principalmente na educação

especial.

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1. PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS E NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS

“À criança incapacitada física, mental ou socialmente serão proporcionados

tratamento, a educação e os cuidados especiais exigidos pela sua condição

peculiar”

(Princípio V da Declaração dos Direitos da Criança)

O objetivo deste capítulo é esclarecer/conscientizar sobre o que/quem

são portadores de necessidades especiais, que por terem sido excluídos ao

longo da história da sociedade, criam expectativas, duvidas, confusões.

Ainda hoje, é desconhecido de grande parte da sociedade (todos os níveis

intelectual e social) as situações que levam a um individuo ser portador de

necessidade especial e/ou portador de necessidade educacional especial.

Os Portadores de algum tipo de deficiência que requerem uma

educação diferenciada os que os tornam Portadores de Necessidades

Educacionais Especiais. Entretanto, nem todos os portadores de

necessidades especiais são deficientes.

Portadores de Necessidades Educacionais Especiais são todos

aqueles excluídos por diversas razões, que os levam a ter necessidades

especiais, em várias dimensões da vida, particularmente a escolar.

As necessidades Educacionais Especiais podem ser identificadas em

diversas situações onde exista dificuldade de aprendizagem como as

apresentadas no PCN:

v crianças com condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais e

sensoriais diferenciadas;

v crianças com deficiência e bem dotadas;

v crianças trabalhadoras ou que vivem nas ruas;

v crianças de populações distantes ou nômades;

v crianças de minorias lingüísticas, étnicas ou culturais;

v crianças de grupos desfavorecidos ou marginalizados.

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A expressão necessidades educacionais especiais pode ser utilizada

para referir-se a crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua

elevada capacidade ou de suas dificuldades para aprender. Está associada

como vimos acima, a dificuldades de aprendizagem, não necessariamente

vinculada a deficiência (s).

Segundo Rosita Edler Carvalho (2002 p.36), “a substituição dos termos:

“excepcional”, “deficiente”, “portador de deficiência”, “pessoa com

deficiência”, e outros, pela expressão “necessidades especiais”, traduz uma

intenção persuasiva dos “especialistas” em relação aos “leigos”. Objetiva-se

favorecer, por meio de palavras, um corte epistemológico que evolua do

paradigma reducionista organicista - centrado na deficiência do sujeito - para

o paradigma interacionista - que exige uma leitura dialética e incessante das

relações sujeito/mundo”.

A atual Política Nacional de Educação Especial, aponta para uma

definição de prioridades no que se refere ao atendimento especializado a ser

oferecido na escola para quem dele necessitar. Nessa perspectiva, define

como aluno portador de necessidades especiais aquele que “...por

apresentar necessidades próprias e diferentes dos demais alunos no

domínio das aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade,

requer recursos pedagógicos e metodologias educacionais específicas.”A

classificação desses alunos, para efeito de prioridade no atendimento

educacional especializado (preferencialmente na rede regular de ensino),

consta da referida Política e dá ênfase a:

v portadores de deficiência mental, visual, auditiva, física e múltipla;

v portadores de condutas típicas (problema de conduta);

v portadores de superdotação.

Conclui-se que aluno com necessidades educativas especiais: é aquele

que, por apresentar dificuldades maiores que às dos demais alunos, no

domínio das aprendizagens curriculares correspondentes à sua idade, (seja

por causas internas, por dificuldades ou carências do contexto sócio-familiar,

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seja pela inadequação metodológica e didática, ou por história de

insucessos em aprendizagens), necessita, para superar ou minimizar tais

dificuldades, de adaptações para o acesso físico (remoção de barreiras

arquitetônicas) e/ou de adaptações curriculares significativas, em várias

áreas do currículo.

Segundo FONSECA, precisamos estar atentos para não confundir alunos

portadores de necessidade educacional especial com alunos com

deficiências diagnosticada cientificamente.

“Temos de distinguir a criança com DA (dificuldade de aprendizagem) da

criança deficiente mental e da criança que experimenta problemas de

aprendizagem por razões de desvantagem cultural, de inadequado

envolvimento pedagógico, de envolvimento sócio-econômico e sócio-

emocional frustrado ou por deficiências específicas, típicas ou múltiplas,

diagnosticada cientificamente (...); o problema está em justar processos

pedagógicos ao perfil de aprendizagem intra-individual da criança”

(FONSECA, 1995).

“A deficiência não é só impossibilidade, mas também é força. Nesta

verdade psicológica se encontra o início e o fim da educação social dos

alunos com deficiência.” (Vigotsky,1989)

Várias conferenciais foram feitas no mundo com o intuito de atender as

necessidades dos PNE, e de uma delas (1994) saiu a Declaração de

Salamanca, um documento sobre os princípios, a política e a prática de

educação para necessidades especiais. A qual recomenda que as escolas

se ajustem às necessidades dos alunos quaisquer que sejam suas

condições físicas, sociais, e lingüísticas, incluindo aquelas que vivem nas

ruas, as que trabalham, as nômades, as de minoria étnicas, culturais e

sociais, além das que se desenvolvem à margem da sociedade.

Na Declaração de Salamanca devemos considerar como um marco

histórico para a educação especial:

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- A preocupação com os alunos que apresentam necessidades especiais

que residem nas áreas rurais, normalmente mais carentes de recursos de

toda a ordem;

- A recomendação de buscar apoio da comunidade;

- A otimização dos recursos disponíveis;

A elaboração e implementação de políticas educacionais que

contemplem todas as crianças, jovens e adultos de todas as regiões do país,

independente de suas condições pessoais e econômicas, e por toda a vida.

Partindo do pressuposto de que todos nós já experimentamos

necessidades educacionais especiais, em alguma fase de nossa trajetória

escolar, elas passam a ter uma conotação de “normalidade” deixando de

servir como rótulo ou estigma para alguns. Pode-se dizer que tais

necessidades se manifestam continuamente, no qual se identificam desde

aquelas permanentes e mais intensas até as transitórias e menos

expressivas.

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2. PSICOMOTRICIDADE – ALFABETIZAÇÃO CORPORAL

Psicomotricidade é corpo, ação e emoção

Fátima Alves

Segundo Fátima Alves, a psicomotricidade envolve toda a ação

realizada pelo individuo, que represente suas necessidades e permitem sua

relação com os demais. É a integração psiquismo-motricidade. E diz ainda

que enquanto o psiquismo poderia ser considerado como o conjunto de

sensações (...) a mobilidade deve ser compreendida em sua evolução, a

partir dos movimentos coordenados que têm finalidade e gestos de valor

simbólicos.

Psicomotricidade, portanto é a demonstração dos sentimentos através

do corpo, e a observação e análise do movimento desse corpo é a base para

o trabalho psicomotor.

Desenvolvimento Psicomotor – Segundo Piaget (1968), a criança é o agente

do funcionamento de mecanismo mental que leva ao desenvolvimento das

estruturas lógicas. Esse funcionamento é constituído por sua ação, primeiro

física e prática, mais tarde mental e simbólica.

Partindo desta afirmação podemos concluir que antes da

alfabetização pedagógica faz-se necessária uma alfabetização corporal. Daí

a importância da psicomotricidade na atividade escolar da primeira infância.

Vitor da Fonseca diz, que desde o diálogo tônico entre a mãe e o filho

que as interações afetivas jogam um papel preferencial na estabilidade

emocional e no conforto e na confiança afetiva, ingredientes básicos e

energéticos da cognição humana.

Percebe-se então que o cuidado em perceber as emoções do

individuo é um dos requisitos básicos para o sucesso da alfabetização.

Qualquer alteração no desenvolvimento psicomotor da criança é um

sinal de que algo precisa ser revisto, é preciso, portanto estar atento aos

detalhes e conhecer bem o desenvolvimento psicomotor da criança.

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Esteban Levin, em entrevista a revista nova escola (2005), diz que os

movimentos são saberes que adquirimos sem saber, mas que também ficam

à nossa disposição para serem colocados em uso, diz ainda que o corpo, os

movimentos e a imagem que se tem desse corpo são fundamentais na

aprendizagem e na formação geral do adulto’.

Partindo desta afirmação, entende-se a importância e a necessidade

de ser trabalhada as áreas psicomotoras na primeira infância a fim de

estimular o corpo e promover um aprendizado efetivo, tendo em vista ser

através do corpo, que percebemos o mundo, as sensações, os prazeres, as

necessidades, etc. E se desde o nascimento aprendemos através dos

movimentos do corpo é certo que todo o conhecimento adquirido através do

corpo será absorvido e internalizado com mais eficiência.

2.1 – Conhecendo a Psicomotricidade

Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem

através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e

externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro,

com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao processo de

maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e

orgânicas. (S.B.P.1999).

Historicamente o termo “psicomotricidade” aparece no final do século

XIX apartir do discurso médico, quando foi necessário nomear as zonas do

córtex cerebral situadas mais além das regiões motoras.

No século XVII René Descartes estabelece “princípios fundamentais” a

partir dos quais se acentua a dicotomia: o corpo (algo externo não

pensante), e a alma (substancia pensante por excelência – não participa de

nada daquilo que pertence ao corpo).

“É evidente que eu, minha alma, pela qual sou o que sou, é completa e

verdadeiramente diferente do meu corpo, e pode ser ou existir sem ele.”

(Descartes, apud. LEVIN, p.22. 2000)

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No século XIX, são descobertos distúrbios que anatomicamente não

estavam circunscritos a uma área ou parte do sistema nervoso. A

necessidade médica de encontrar uma área que explicasse certos

fenômenos clínicos, fez com que em 1870, pela primeira vez se usasse a

palavra psicomotricidade.

Observamos que as primeiras pesquisas que dão origem ao campo

psicomotopr correspondem a um enfoque neurológico.

Dupré afirma em 1909, a independência da debilidade motora

(antecedente do sintoma psicomotor) de um possível correlato neurológico.

Ele rompe com os pressupostos da correspondência biunívoca entre

localização neurológica e as perturbações motoras da infância.

Em 1925 Henry Wallon ocupa-se do movimento humano dando-lhe

uma categoria fundante como instrumento na construção do psiquismo. Para

Wallon o conhecimento, a consciência, o desenvolvimento geral não podem

ser isolados das emoções

Em 1935 Guilmain determina um novo método: a reeducação

psicomotora (advinda da neuropsiquiatria infantil) é estabelecida a partir de

exercitações: exercícios para educar a atividade tônica (mímica, equilíbrio),

atividades de relação e o controle motor (atividades rítmicas, coordenação

motora, exercícios que tendem a diminuir sincinesias).

Em 1960 Ajuriaguerra (Manual de Psiquiatria Infantil, delimita com

clareza os transtornos psicomotores, que oscilam entre o neurológico e o

psiquiátrico. E é nessa oscilação que situa os transtornos propriamente

psicomotores.

A psicomotricidade clínica vai registrar seu início fora do campo

especificamente educativo, em 1970, tendo como ponto de partida a

influencia da psicomotricidade francesa, a qual nesta primeira época, a

prática clínica era basicamente reeducativa fundamentada nos trabalhos de

Ajuriaguerra e do reconhecimento feito principalmente, a autores como H.

Wallon e J. Piaget.

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2.2 - Desenvolvimento Psicomotor da Criança

Conhecer o desenvolvimento psicomotor da criança é indispensável

para uma avaliação segura do profissional envolvido, entretanto precisamos

atentar para a particularidade das crianças, do seu universo social e cultural.

As áreas psicomotoras a serem observadas são: esquema corporal;

organização espaço- temporal; equilíbrio; lateralidade; óculo-manual e óculo

pedal; ritmo e coordenação motora ampla e fina.

Esquema Corporal – “É a representação que cada pessoa tem de seu

corpo, permitindo-lhe situar-se na realidade que o cerca.” ALVES (2003)

Antes de iniciarmos alertamos que as idades são indicativas, devemos

levar em conta que apesar do esquema do desenvolvimento ser comum a

todas a crianças, existem diferenças de caráter, possibilidades físicas,

realidade sócio-familiar. Por isso devemos ter muito cuidado ao avaliar o

desenvolvimento da criança.

Desenvolvimento do esquema corporal:

Iniciaremos com a apreensão da imagem do corpo no espelho:

Até o 3o mês permanece insensível à sua imagem, a partir do 4o mês

olha fixamente para sua imagem; no 6o mês ri e estende seus braços para a

imagem, só a partir de 12 meses percebe que seus gestos são repetidos e

explora o espelho. ( olha atrás).

Reconhecimento do Próprio corpo:

Entre o 2o e o 3o mês – observa o movimento de suas mãos

4o mês – observa os movimentos dos pés

5o mês – leva os pés a boca

1 ano – bate a cabeça contra a cama, enquanto brinca

15o mês morde um dedo e é surpreendido pela dor

Percebemos que o bebê aos poucos estabelece ligações entre seus

movimentos e suas sensibilidades e no final do 2o ano segundo Fátima

Alves, a criança vai se diferenciando do meio, podendo já falar em imagem

do corpo, pois o “eu” se torna unificado e individualizado.

É possível entender o processo de estruturação do esquema corporal

através do desenvolvimento do desenho infantil.

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O desenho aos poucos vai tomando forma, a criança reflete no

desenho seu modo de ver o mundo, os acontecimentos que a cerca e sua

maturação psicomotora. Abaixo exemplificaremos o que cada idade

aproximadamente deverá ser capaz de reproduzir. Aprender a observar o

desenho infantil, e utilizá-lo como uma das ferramentas de avaliação, é muito

importante para entender o desenvolvimento da criança.

Entre as idades de um a dois anos, a criança é capaz de riscar,

geralmente linhas simples e curtas. Estes desenvolvem-se em curvas

fechadas horizontais, depois em espirais e finalmente, em confusos círculos

múltiplos.

Por volta de três anos, o movimento circular passa por uma

simplificação até que surgem os primeiros círculos.

Gradativamente, acontece uma purificação visual, com reaparecimento

de linhas mais simples, mas com firmeza e controle deliberados.

SANZ diz que dificilmente os adultos valorizam esta etapa de grafismo

infantil, mas é através dela que a criança obtém a auto-confiança necessária

para progredir com maior vigor às etapas seguintes.

Inicialmente os círculos aparecem vazios, e posteriormente, a criança o

preenche com manchas e riscos; levando-as com isto a cruzarem o círculo

com riscos firmes, de diversas maneiras.

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Em seguida o circulo é cruzado. Fazendo assim, a forma mais simples

da mandala. (desenhada pelo homem desde milhares de anos atrás, nas

cavernas, nas fachadas dos templos) e aparecem nos desenhos das

crianças do mundo inteiro.

Progressivamente, a mandala se modifica formando o sol irradiante.

A partir do sol irradiante, a criança preenche o espaço vazio com

pontos e pequenos círculos, começando assim uma nova fase, a descoberta

do rosto humano.

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Os raios que formam o sol, vão se alterando e transformam-se em

cabelos. Os raios da parte superior aumentam e os da parte inferior da

cabeça diminuem ate que se transformem em braços e pernas.

Na fase seguinte, é a descoberta da separação do corpo da cabeça,

embora não apareça o pescoço e o corpo é representado por uma linha

vertical.

Entre quatro e cinco anos, surge os dedos das mãos, dentes, orelhas,

umbigo e outras experimentações.

Nestas fases, a figura humana não apresenta proporções corretas,

pois o real valor está no relacionamento emocional com o que desenha.

Com seis anos , geralmente, a criança coloca em seus trabalhos,

influencias da cultura na qual está inserida, ela passa a desenhar momentos

vividos, o que pode favorecer a avaliação do profissional. Aparecem as

linhas de apoio, para sustentar pessoas, casas, carros

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Nesta fase é natural a criança descrever o que desenha, como se

contasse uma história.

Utilizar o desenho infantil como ferramenta de avaliação é uma opção,

entretanto não pode ser o único meio, pois a criança que apresenta um

déficit motor pode nos dar uma resposta duvidosa.

Comprometimentos - Muitos prejuízos causados pela desorganização

do esquema corporal, pois várias áreas psicomotoras dependem do

esquema corporal: o equilíbrio, a coordenação viso-motora, a percepção de

movimentos e de posição no espaço e a linguagem. Este déficit é refletido

sob múltiplas formas: a criança torna-se desajustada, demonstra dificuldade

na compreensão da palavra que designam posição espacial ( dentro/fora;

em cima/ em baixo etc.) não percebe a diferença de letras (p/b; b/d; j/ch; f/v,

etc) e palavras (porco por corpo) numerais (24por 42).

Organização Espaço-temporal – Coste nos diz que toda a nossa

percepção do mundo é uma percepção espacial (que não se reduz, nem

para o interior, nem para o exterior, à superfície da pele) na qual o corpo é o

termo de referencia.

Segundo Fonseca (1983), o caráter espacial é um dado essencial da

consciência do eu e um pólo de identidade do individuo em relação ao

mundo. O aspecto espacial encontra-se ligado às funções da memória.

A percepção do espaço se desenvolve segundo os estudos de Piaget,

durante o período das primeiras aquisições, no transcurso do espaço

sensório-motor (0 a 18 meses). Nos primeiros meses de vida o espaço

limita-se ao campo visual e às suas possibilidades motoras (o corpo da mãe,

o berço, ao alcançar a marcha, seu campo de atuação amplia-se e

multiplicam-se suas possibilidades de experiências, aprendendo a deslocar-

se, perceber as distancias e as direções, mas a percepção espacial é

sempre em relação ao seu corpo. Somente no final do segundo ano de vida

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é que a criança adquire uma percepção de espaço geral, incluindo nele

todos os demais e caracteriza as relações dos objetos entre si e sua

totalidade.

Mais tarde, com a estruturação do esquema corporal, entre os três e

os sete anos, consegue ter noção de orientação; situação; tamanho e

direção ou seja, direita/esquerda; em cima/ embaixo; alto /baixo; dentro/fora.

Organização temporal –É a capacidade de integrar simultaneamente

duração, ordem e sucessão.

O desenvolvimento da noção de tempo é muito importante para a

socialização do individuo. Ela lhe permite movimentar-se e reconhecer-se no

espaço, como coordenar seus gestos, localizar partes do seu corpo e situá-

las no espaço, coordenar e organizar sua vida.

A orientação e a organização espaço-temporal é de extrema

importância para a adaptação do individuo ao ambiente, já que o corpo

animado ou inanimado ocupa um espaço em um dado momento. A noção de

tempo é indissociável da noção de espaço, pois primeiro é preciso que a

pessoa perceba-se, se oriente para se estruturar.

A noção de tempo e espaço corresponde à organização intelectual do

meio, estando ligada à consciência do próprio corpo, à memória e as

experiências vivenciadas pelo individuo. O espaço, tal como o tempo nos

constituem, tanto quanto nós os constituímos; são partes integrantes do

nosso universo de símbolos.

Comprometimentos: A carência espacial pode prejudicar a

aprendizagem da leitura (percepção óculo motora, lateralidade, sucessão e

progressão de letras orientadas).

Equilíbrio – É a noção de distribuição de peso em relação a um espaço e a

um tempo e em relação ao eixo da gravidade.

O equilíbrio pode ser estático ou dinâmico. O primeiro apresenta mais

dificuldade, sendo mais abstrato e exigindo mais concentração. Contudo,

seu controle é importantíssimo para uma futura e adequada aprendizagem.

O equilíbrio dinâmico está em estreita relação com a constituição

estato-ponderal, com as funções tônico-motoras, com os membros e os

órgãos, tanto os sensoriais como os motores.

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Óculo manual e Óculo pedal – É a capacidade de coordenar os

movimentos em relação ao alvo visual. Refere-se a movimentos específicos

com os olhos nas mais variadas direções (com o deficiente visual, trabalha-

se com a percepção tátil).

Engloba movimentos dos pequenos músculos em harmonia na

execução da atividade, utilizando dedos mãos e punhos.

As atividades de estimulação devem atingir três particularidades de

coordenação: a destreza, a velocidade e a precisão. Essas três habilidades

desenvolvidas traduzir-se-ão em uma escrita com bom desempenho na

qualidade, legibilidade, capricho e ritmo.

Coordenação motora ampla e fina – A coordenação motora ampla, geral

ou grossa, envolve movimentos amplos por todo o corpo e desse modo

coloca grupos musculares diferentes em ação simultânea (correr, descer e

subir escadas), com vistas a execução de movimentos voluntários mais ou

menos complexos.

Sua função é permitir , de forma mais eficaz e econômica possível,

movimentos que interessam a vários segmentos corporais, implicados em

um gesto ou em uma atitude.

A coordenação motora fina é considerada como a capacidade de

controlar pequenos músculos para exercícios refinados como: recorte,

perfuração, colagem, etc. e envolve a coordenação viso-motora ou

oculomotora, a coordenação oculomanual e a coordenação musculofacial.

Ritmo – é a força criadora que esta presente em todas as atividades

humanas e se manifesta em todos os fenômenos da natureza.

Nas atividades humanas ela é inerente tanto nas atividades

intelectuais como nas físicas, caracterizando-se por uma sucessão de

movimentos diferentes.

É algo interno que se estabelece pessoal e individualmente no

movimento natural, na dança, na poesia e na musica de cada pessoa.

A atividade rítmica regulariza a força nervosa e proporciona

sensações agradáveis ao indivíduo.

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Características de cada idade:

Devemos lembrar que as crianças tem um ritmo próprio, e que o meio

contribui muito nas aquisições de habilidades, segundo Vygotsky, “a

adaptação à vida é a procura de um equilíbrio entre o individuo e o meio”,

isto quer dizer que cada ser humano é único e individual, pois a procura é

construída e não imposta.

4 semanas :

Mantém as mãos cerradas.

Em supino, predomina a posição lateral da cabeça.

Ao tentar sentar, a cabeça cai para trás.

Em prono, ergue a cabeça momentaneamente.

8 semanas:

Sentada, tem a cabeça predominantemente ereta, mas bamboleante.

Em prono, mantém a cabeça na linha média.

Tem expressão viva e esperta.

3 meses:

Em prono, mantém-se sobre os antebraços, com a cabeça sustentada.

Mantém as mãos abertas ou levemente cerradas.

Começa a balbuciar.

4 meses:

Chora quando é deixado sozinho.

Distingue os sons da língua materna.

Sentada a cabeça permanece firme, dirigida para frente.

Ri fortemente.

5 meses:

Segura a argola na mão.

Lambe, morde e chupa tudo o que estiver ao seu alcance.

Tende abrir um sorriso diante de um rosto familiar.

Mostra-se tímido na presença de estranhos.

6 meses:

Enxerga como um adulto (visão tridimensional)

Usa gestos e mímica labial

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Sentada mantém o tronco ereto.

Estica os braços para ganhar colo.

Segura a mamadeira com as duas mãos.

7 meses:

Salta ativamente quando é colocada de pé.

Começa a entender o significado de algumas palavras (não).

Sentada, mantém-se ereta, apoiada sobre as mãos.

Sacode o chocalho indefinidamente.

Passa a argola de uma mão para outra

8 meses:

Mantém-se de pé sustentada pelas mãos, por pouco tempo.

Presta atenção à conversa dos adultos.

Reconhece o próprio nome.

Vocaliza silabas simples: dá, lá, cá.

9 meses:

Bate palmas e dá tchau;

Permanece mais de 10 minutos sentada.

Em pé, mantém todo o peso, sustentando-se em uma base.

Associa o som ao objeto ou ação.

Apresenta preensão tipo pinça.

10 meses:

Engatinha.

Permanece sentada indefinidamente.

Agarra a bola rapidamente.

Começa a entender conceitos como: aqui, lá, dentro, fora.

11 meses:

Em pé eleva-se e volta ao lugar.

Toca o sino, segurando-o pela ponta do cabo.

Adora gracejos, mas reage com irritação quando contrariado.

12 meses:

Em pé, locomove-se apoiada.

Usa quatro ou cinco palavras e segue regras simples.

Não gosta de ficar sozinho.

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18 meses:

Tem marcha ligeira e corrida dura.

Constrói torre de três cubos.

Demonstra claramente o que quer e o quer não quer.

Reconhece-se em uma fotografia.

Domina cerca de trinta palavras.

24 meses:

Corre sem cair.

Usa substantivos e o possessivo meu.

Chuta a bola.

Constrói torre de seis ou sete cubos.

Capaz de fechar um zíper, destampar potes, abrir trincos.

Imita círculos na escrita.

Faz frases de três palavras.

30 meses:

Diz o seu nome completo.

Indica o uso dos objetos.

Salta com ambos os pés.

Carrega objetos sem perder o equilíbrio.

Reconhece algumas cores.

Adiciona à linguagem detalhes como adjetivos.

3 anos:

Sobe escadas em padrão cruzado.

Imita uma cruz na escrita.

Começa a descobrir a diferença dos sexos.

Tem habilidade motora para tocar instrumentos como tambor e a gaita.

Chuta bola enquanto corre.

Anda de velocípede usando o pedal.

Domina cerca de 360 palavras.

4 anos:

Salta para frente, parada ou na corrida.

É capaz de arrumar a própria roupa, lavar o rosto e as mãos.

Mantém o equilíbrio num pé só.

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Mostra preferências por roupa ou corte de cabelo.

Dois assuntos a fascinam: Deus e morte.

Usa o futuro.

Domina cerca de 500 palavras.

5 anos:

Equilibra-se na ponta dos pés.

Arma um quebra –cabeça.

Colore dentro dos limites.

Adora brincadeiras que envolvam velocidade e desafios.

Permanece na ponta dos pés com os olhos fechados.

Respeita a autoridade dos pais.

6 anos:

Copia o losango.

Desenha livremente com leve pressão sobre o lápis.

Escreve e reconhece letras de imprensa; às vezes inverte na cópia.

Domina de 1.000 a 1.200 palavras.

Para Autores como Vygotsky o processo de desenvolvimento se dá de

forma interativa, porque os conhecimentos se constitui a partir de realções

intra e inter pessoais. É na troca com outras pessoas e consigo próprio que

se vão internalizando conhecimentos, papeis e funções sociais, o que

permite a constituição de conhecimentos e da própria consciência. Desta

forma, o sujeito do conhecimento, não é apenas passivo, regulado por forças

externas que o vão moldando; não é somente ativo, regulado por forças

internas; ele é interativo.

Por isso não devemos entender este processo como um determinismo

histórico e cultural em que, passivamente, a criança absorve determinados

comportamentos para reproduzi-los posteriormente. Ele participa ativamente

da construção de sua própria cultura e de sua historia, modificando-se e

provocando transformações nos demais que com ela interagem.

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3- CRIANÇAS ESPECIAIS: EDUCAÇÃO NO CAMINHO DA PSICOMOTRICIDADE

As crianças deficientes têm necessidades especiais e apreendem de

maneiras diferentes, porém o aprendizado intelectual se dá após o

aprendizado corporal como em todas as crianças deficientes ou não, ou seja

a psicomotricidade alcança progressos em qualquer condição psíquica ou

física do individuo.

A educação psicomotora abrange todas as aprendizagens da criança,

dirige-se a elas individual ou coletivamente, processando-se por progressões

bem especificas nas quais todas as etapas são necessárias.

Os exercícios de educação psicomotora são classificados por etapas

de aquisição, segundo a idade ou o nível da criança. O seu objetivo é ajudar

a criança a perceber melhor seu corpo, dominar seu movimento para uma

melhor expressão corporal, orientar seu corpo no tempo e no espaço. Ou

seja, desenvolver a integração “corpo, ação e emoção”.

A psicomotricidade tem olhar nas possibilidades e não nas

insuficiências das crianças especiais, como defende Vygotsky “é impossível

apoiar-se no que falta a uma criança, naquilo que ela não é. Torna-se

necessário ter uma idéia, ainda que seja vaga, sobre o que ela possui, sobre

o que ela é”(1989 p.2).

Fonseca, afirma que é preciso, nos deficientes, mudar e transformar as

suas relações com a realidade, que é preciso procurar outras experiências e

outros meios de expressão, e não apenas ocupá-los com atividades

preferenciais que tendem a fixar-se e a produzir o potencial da adptabilidade

das suas áreas e dos seus níveis de realização preferencial, mas sempre

com a intenção de os desenvolver em termos de novas habilidades,

reforçando os seus esforços de modificabilidade. É preciso acreditar que as

crianças deficientes podem se modificar, mesmo os que foram no passado

extremamente privados.

A modificabilidade cognitiva é em certa medida, diferente da noção de

desenvolvimento, uma vez que este subentende-se uma mudança esperada

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e previsível, mudança na motricidade, na linguagem, enquanto aquela

implica um desvio de desenvolvimento inesperado, algo diferente do que se

podia esperar.

Trabalhar pedagogicamente tendo como base a psicomotricidade, faz

com que compreendamos o processo da modificabilidade cognitiva,

embasados na noção de Vygotski de transformação revolucionária e o

conceito do mesmo autor de zona de desenvolvimento potencial. A escola

que tem o olhar na psicomotricidade busca respostas educativas nos seus

alunos. A criança passa a ser considerada o centro do processo educativo.

A conduta humana em termos vygotsquianos não pode ser concebida

em processos reativos, nem pode subestimar ou desvalorizar o papel ativo e

transformador do sujeito na aprendizagem, ou seja, educador deve buscar

na própria criança respostas para ajudá-lo a superar às dificuldades

apresentadas.

É importante lembrar que não existem receitas prontas para atender a

cada deficiência ou necessidade especial que a natureza é capaz de

produzir. Existem milhares de crianças e adolescentes, cujas necessidades

especiais são quase únicas no mundo todo. Assim, espera-se que a escola,

ao “abrir as portas” para tais alunos, informe-se e oriente-se com

profissionais, principalmente da área da saúde, sobre as especificidades e

instrumentos adequados para que aquele aluno, especificamente, encontre

ali um ambiente adequado, sem discriminações e que lhe proporcione o

maior aprendizado possível, tanto acadêmico como social.

Para FONSECA(1995), a escola não pode esquecer que a criança é

um conjunto de pensamentos, movimentos, e também de sentimentos.

Cabendo à escola adequar um envolvimento às necessidades das crianças,

nunca desenvolvendo funções seletivas, mas, pelo contrário, integrativas.

Podendo o insucesso na escola prolongar-se para um insucesso social e até

mesmo em problema mental.

A psicomotricidade propõe atividades que estimulem o movimento,

desse movimento inicia-se noção de duração, ritmo e seqüência. A partir do

esquema corporal, nascem condições de trabalhar noções de localização,

lateralidade.

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As crianças especiais, dada a sua especificidade, apresentam

algumas desorganizações psicomotoras. Abaixo classificaremos algumas

desorganizações , para facilitar a compreensão, lembrando que não são os

únicos. Entretanto devemos atentar que há interações entre elas, desde que

sabemos ser o individuo um ser integrado e portanto uma desordem

desestrutura todo o resto, assim o individuo deve ser visto como um todo, ou

seja, devemos trabalhar todas as áreas mesmo que a queixa ou a

dificuldade seja de apenas uma das áreas.

Desorganizações psicomotoras

1. Atraso no desenvolvimento motor

A criança não consegue subir uma escada ou andar para trás.

2. Grandes déficits motores

Hemiplegia (a criança não move as pernas ou tem muita dificuldade

ao fazê-lo.

3. Perturbações do equilíbrio

A criança cai com regularidade, choca-se contra seus companheiros,

anda com os pés afastados; corre com o tronco para frente.

4. Perturbações de coordenação

A criança não tem um gesto harmônico; nas refeições é desajeitada;

suas habilidades manuais são “inadequadas”; recorta mal; seu

grafismo é hesitante; leva muito tempo para vestir-se.

5. Perturbações de sensibilidade

A criança não faz os mesmos gestos que lhe demonstramos, exceto

diante de um espelho; deixa cair das mãos os objetos que segura;

torce os tornozelos com freqüência; é relativamente sensível ao

contato.

6. Perturbações de lateralidade

A criança não sabe qual mão escolher para executar as tarefas; é

desajeitada; recorta com a mão direita, mas só brinca com a

esquerda; tem dificuldade de reconhecer direita/esquerda; “espelha”

números e letras.

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7. Perturbações do esquema corporal

A criança não conhece as partes de seu corpo, não situa bem os

membros ao gesticular.

8. Perturbações da estrutura espacial

A criança ignora os termos espaciais (em cima, ao lado, embaixo),

orienta-se com dificuldade (1 passo para frente, 2 passos para trás),

confunde na escola p com b, 6 com 9, u com n, não tem memória

espacial (esquece sempre que o interruptor é ao lado dq porta).

9. Perturbações da orientação temporal

A criança é incapaz de distinguir o que é primeiro e o que é último;

não percebe o que demora e o que vai depressa; sente dificuldade

em correr, pois sua corrida é constituída de passos muito compridos

e de passos muito curtos; a criança não tem noção, não consegue

organizar seu tempo.

10. Perturbações afetiva

A criança não consegue exprimir seus desejos, seus sentimentos; é

avessa a qualquer contato corporal.

(ALVES (2003) afirma “o psicomotricista deverá abordar os aspectos

principais do desenvolvimento psicomotor, pois de acordo com a faixa etária,

poderá detectar as variações normais e patológicas. A partir daí, ele terá

condições de estimular a criança, do ponto de vista da linguagem, da

inteligência e do corpo de uma forma equilibrada. A estimulação errônea

poderá acarretar desajustamentos, disfunções e distúrbios psicomotores que

irão interferir no processo de integração do individuo com a sociedade”.

A aprendizagem depende, portanto, do desenvolvimento prévio e

anterior ao mesmo tempo, que também depende do desenvolvimento

potencial do sujeito. Não estão só em causa as atividades que o sujeito é

capaz de realizar autônoma e independentemente, mas também as

atividades que ele pode aprender com a ajuda e a intervenção intencional

dos outros, ou seja, ele aprende por humanização, por meio de uma

interação e de uma mediatização. As crianças que rodeiam a criança, não

são objetos passivos ou simples instrumentos do seu desenvolvimento, mas

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sim companheiros ativos, que guiam, planificam, regulam, selecionam,

filtram, começam e terminam as condutas das crianças. São agentes do seu

desenvolvimento.

A psicomotricidade nos faz acreditar nas possibilidades, nos faz

compreender a importância do outro, do afeto, da atenção, do conhecimento

do outro no processo educativo.

A aprendizagem quando vivenciada, sentida no corpo é mais facilmente

aprendida e apreendida, ensinar usando jogos, brincadeiras que estimulem o

corpo, é a proposta da psicomotricidade para a educação, isto porque a

aprendizagem passa primeiro pelo corpo, e para que ela possa ser

internalizada este corpo deve estar bem desenvolvido para adaptar-se ao

novo, para absorver mais um conhecimento. Estimular o corpo é estimular o

cérebro, é desenvolver física e mentalmente. O exemplo prático desta

afirmação pode ser buscado no senso comum “quando aprende-se a andar

de bicicleta, nunca mais esquece”.

Segundo Vygotsky, o desenvolvimento é a condição da aprendizagem,

ou seja, o desenvolvimento humano consiste na incorporação do

envolvimento, gerada de forma ativa pelo sujeito. Primeiro, a criança tem de

incorporar a gravidade, apropriando-se de uma maturação neuromotora e

tônico postural, que culmina na segurança gravitacional; posteriormente,

pela ação coordenada de ambas as mãos, apropria-se das qualidades dos

objetos com que interage, incorporando a sua forma, cor peso, função, etc.,

emergindo daí a expansão das suas competências práxicas. Por interação

social e por mediação seletiva apropria-se da linguagem material e da

linguagem social, incorporando instrumentos verbais que lhe permitem

compreender o mundo e reconhecer suas experiências.

É preciso compreender que diante da deficiência de determinado

órgão, o organismo não permanece impassível; ele vai se reorganizar com o

objetivo de suprir o mau funcionamento de determinada função.

Compreender que a personalidade da criança portadora de deficiência se

desenvolve reagindo à deficiência e formando um novo sistema de

funcionamento. Trabalhar estimulando-a ajudando-a, neste processo é o

papel fundamental da psicomotricidade dentro da educação especial

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3.1 Brincadeiras Infantis (atividades psicomotoras)

A psicomotricidade avalia os jogos e as brincadeiras infantis não

apenas como simples entretenimento, mas como atividades que possibilitam

a aprendizagem de várias habilidades. O objetivo é correlacionar o lúdico, a

brincadeira de infância, com recursos capazes de contribuir para o

desenvolvimento das funções cognitivas da criança, bem como fazer

associação da atividade nervosa à cognição, objeto de estudo da

neuropsicologia.

A criança aprende brincando, é o exercício que faz desenvolver suas

potencialidades. Enquanto a criança brinca, incorpora valores, conceitos e

conteúdos que devem ser observados e sempre trabalhados.

Entre as concepções sobre o brincar, destaca-se as de Fröbel, o

primeiro filósofo a justificar seu uso para educar crianças pré-escolares.

Fröbel,foi considerado por Blow (1991) psicólogo da infância, ao introduzir o

brincar para educar e desenvolver a criança. Sua Teoria Metafísica

pressupõe que o brinquedo permite o estabelecimento de relações entre os

objetos do mundo cultural e a natureza, unificados pelo mundo espiritual

Piaget (1976) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das

atividades intelectuais da criança. Estas não são apenas uma forma de

desafogo ou entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios

que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Ele afirma:

O jogo é portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício

sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade

própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real

em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de

educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material

conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades

intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil.

(Piaget 1976, p.160).

Pode-se perceber a importância dos jogos e brincadeiras infantis para o

desenvolvimento intelectual e social da criança, mas faz-se necessário

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também associar os mecanismos da aprendizagem com a integridade do

sistema nervoso.Crianças com algum tipo de problema neurológico ou motor

necessitam de materiais especialmente criados, para auxiliá-las nas

atividades pedagógicas, assim como devemos nos atentar para cada fase do

desenvolvimento infantil, quando oferecermos um jogo ou uma brincadeira.

Outra coisa que não devemos nos descuidar, é em não transformar o jogo

ou a brincadeira em competição, não que seja vetada a competição, pois

sabemos da sua importância durante a vida, mas todo cuidado deve ser

tomado ao aplicar atividades que envolva algum tipo de competição. Isto

porque a lembrança amarga da derrota, da sensação de incompetência, de

falta de jeito, de medo de errar pode prejudicar todo o desenvolvimento

psicomotor e comprometer a aprendizagem, pois como já vimos a

aprendizagem só acontece quando se há equilíbrio afetivo, cognitivo e

motor. As atividades competitivas, portanto, deverão ser sempre aplicadas

em grupo e as atividades adaptadas para as idades e necessidades do

grupo.

Em síntese, jamais aplique jogos ou brincadeiras sem um rigoroso e

cuidadoso planejamento, e jamais avalie sua qualidade de

educador/psicomotricista pela quantidade de jogos que emprega, e sim pela

qualidade dos jogos que se preocupou em pesquisar e selecionar.

3.2 - Propostas de Atividades Psicomotoras

Colagem:

As atividades de colagem aliam tanto o picote como o recorte ao

exercício da imaginação. O picote, ou o simples ato de rasgar papéis, é uma

atividade que pode ser desenvolvida com crianças pequenas como

preparação para o uso da tesoura.

Áreas trabalhadas:

Raciocínio lógico e percepção espacial – Como são sugeridos vários

materiais, a criança terá que organizar-se mental e espacialmente,

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imaginando o que fará de acordo com o material oferecido, e também

socialmente, compartilhando os materiais. À medida que executa seu

trabalho, compara o resultado com o que havia planejado antes, percebendo

a necessidade de maior ou menor quantidade de material. Muitas vezes não

haverá nenhum planejamento anterior, e a criança simplesmente realizará

experiências, vendo o resultado.

A matemática será explorada quando a criança separar os materiais

para a colagem em caixas ou em potes, ela estará trabalhando com critérios

de classificação, também estará trabalhando a percepção das formas e

cores, ao colar e criar a partir de formas geométricas ou do tangram.

Coordenação motora fina – picotar, recortar, colar, furar, dosando a

pressão no tubo para a quantidade de cola desejada, colaboram para o

desenvolvimento da coordenação óculo-motor e motora fina.

Sucatas:

Estimula a imaginação levando a criança a criar usando materiais

tridimensionais, não ficando restrita aos materiais bidimensionais, como é o

caso do lápis e do papel. Trabalhará a capacidade de enxergar além do

óbvio.

Através do trabalho com sucatas, pode trabalhar também a questão da

conservação do meio ambiente, da poluição.

A sucata desenvolve o raciocínio lógico, a percepção espacial, a

coordenação motora fina, a coordenação óculo-motora, equilíbrio estático,

esquema corporal (quando confeccionar bonecos), etc.

Texturas:

As atividades com texturas trabalham fundamentalmente a percepção

tátil da criança, importante para o desenvolvimento da consciência de seu

próprio corpo e suas sensações.

Trabalhando com texturas, a criança estará realizando experiências

com o tato, explorando e sentido diferentes superfícies e objetos. Será

levada também a observar mais atentamente o contorno dos objetos e a

descobrir silhuetas.

Devemos lembrar que o órgão responsável pelo sentido do tato é a

pele de todo o corpo, e não apenas as mãos.

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Crianças de 3 a 6 meses:

- mudar de posição, deitar de costas, de lado, rolar, virar de bruços, de

costas, arrastar

- tocar objetos de tamanhos e formas variadas

- massagear e estimular a criança através do toque

- dar objetos nas mãos coloridos e luminosos

- interpretar a linguagem verbal e não verbal da criança

- falar com a criança sem infantilização da voz, sorrir, acariciar

- mover simultaneamente os braços e as pernas da criança

- Carinho, relaxa o músculo e faz com que a criança se sinta amada

Crianças de 6 a 9 meses:

- Deixá-la em um espaço sem obstáculos para que possa engatinhar

- colocar obstáculos no espaço para dificultar o trajeto (ex.: almofadas)

- Tocar objetos sonoros (sinos, chocalhos) para que a criança localize

- brincar de esconder o rosto

- brincar de arrastar, passar de deitado para sentado.

- brincar de esconde-esconde

Crianças de 9 meses a 1 ano:

- brincadeiras de andar, correr, saltar, girar, descer, alcançar

- brincadeiras que estimulem a coordenação motora fina

- Atividades de empurrar e puxar objetos; rasgar e amassar papel

- brincadeiras e/ou músicas que os façam mostrar as partes do corpo

- Atividades que trabalhe a higiene (lavar as mãos)

- Atividades que explorem o meio ambiente, rolar, arrastar, engatinhar, girar,

andar, ter contato com as texturas

- explorar brinquedos de encaixar

Crianças de 1 a 2 anos:

- rolar no chão e no colchão

- correr distancias variadas

- Atividades que as façam passar por pequenos obstáculos

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- Atividades de: amassar papel, desenhar, utilizar lápis de cera e tinta

- contar pequenas historias

- estimular o vestir e o calçar

- estimular hábitos sociais (jogar beijinhos, cumprimentar na chegada e

despedir-se na saída)

- Atividades que as façam manipular objetos ou brinquedos com um objetivo

a ser alcançado (subir com carrinho um morro para pegar uma flor)

- imitar os animais

- modelar com massinha

- passar por cima, por baixo; saltar com os dois pés, gritar, coxixar

- brincar com bolas

Crianças de 2 a 3 anos

- atividades que utilizem o andar, correr, pular, equilíbrio estático

- modelar com massinha, pegar, enfiar, recortar, encaixar, dobrar, amassar,

desamassar, desenhar

- Atividades de musicas, dança;

- Atividades com bola, corda

O quadro abaixo, como todo o esquema acima, deverá ser utilizado

apenas como referência, tendo em vista sabermos que cada criança é um

ser único e individualizado, e como o nosso enfoque são crianças especiais,

as peculiaridades são maiores ainda, por cada um apresentar um tipo de

patologia e de limitação. O que devemos sempre entender é que, como diz

Vygotsky a criança com deficiência não é uma criança menos desenvolvida

do que seus parceiros normais, é uma criança, mas que se desenvolve de

um outro modo.

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QUADRO DAS APRENDIZAGENS

IDADE ESQUEMA CORPORAL

LATERALIDADE ESTRUTURAÇÃO ESPACIAL

ORIENTAÇÃO TEMPORAL

PRÉ-ESCRITA

30 MESES A 4 ANOS

O corpo vivido Grande motricidade Motricidade refinada Conhecimento do corpo Ponto de vista motor: perceber as partes do corpo conhecer sua denominação

Primeira abordagem por jogos de lateralidade

Conhecimento das noções Ponto de vista motor: Conhcer o espaço imediato Desenvolver diferentes noções.

De 4 a 5 anos

Conhecimento do corpo Discriminação visual. Desenvolver várias noções corporais Reproduzir uma figura humana Apurar os sentidos Aprendizagem das diversas posições e conseguir reproduzi-las,

Todos os jogos de lateralidade: Membros superiores e membros inferiores

Desenvolver noções em espaço plano e em espaço com três dimensões Exercícios de reproduções de: - formas, - grandezas, - movimentos Noções de fila, fileira, frente a frente, costas contra costas. Desenvolver as orientações: - seguir um trajeto - descobrir sua orientação quando os pontos de referencia mudam. - completar o que ta faltando - encontrar figuras idênticas.

Ordem e sucessão: - Empregar os termos “antes”e “depois”; “ontem”e “hoje” - Colocar na ordem em que as coisas são vistas - Descobrir a ordem cronológica dos gestos da vida cotidiana Duração do tempo: - perceber um tempo curto e longo; - noção vaga de hora; noção de “cedo demais”, “tarde demais”.

Exercícios motores

- trabalho de cada articulação Grafismo: No plano

vertical, horizontal, Quadrados Semicírculos Círculos.

De 4 a 5 anos

Conhecimento do corpo Discriminação visual. Desenvolver várias noções corporais Reproduzir uma figura humana Apurar os sentidos Aprendizagem das diversas posições e conseguir reproduzi-las,

Todos os jogos de lateralidade: Membros superiores e membros inferiores

Desenvolver noções em espaço plano e em espaço com três dimensões Exercícios de reproduções de:formas, - grandezas, - movimentos Noções de fila, fileira, frente a frente, costas contra costas. Desenvolver as orientações: - completar o que ta faltando - encontrar figuras idênticas.

Ordem e sucessão: - Empregar os termos “antes”e “depois”; “ontem”e “hoje” - Colocar na ordem em que as coisas são vistas Duração do tempo: - perceber um tempo curto e longo; noção de “cedo demais”, “tarde demais”.

Exercícios motores

- trabalho de cada articulação Grafismo: No plano

vertical, horizontal, Quadrados Semicírculos Círculos.

De 5 a 6 anos

Associar objetos a diferentes partes do corpo. Perceber corrigir, reproduzir diversos movimentos. Refinar seus movimentos; exercícios de coordenação equilíbrio, de habilidade. Mímicas.

Retomar os jogos para os membros inferiores e superiores Jogos de reconhecimento de esquerda e direita. Exercícios de orientação simples. Transposição para outro.

Colorir figuras idênticas Exercícios de previsão: - dominós; - ludo. Orientar-se de olhos abertos e de olhos fechados. Jogos de trajetos e de mapas. Dobraduras Quebra-cabeças com peças quadradas; Mosaicos.

Ordem e sucessão: - memorizar uma ordem; - descobrir a ordem cronológica; - descobrir seqüências lógicas. - utilizar os termos”cedo”, “tarde”; - ordem das estações; - gestos da manhã, da noite.

No plano vertical; - caramujo; - ondas; -pontes; -argolas; -triângulo. - exercícios de pressão do lápis. -colorir; -desenho sem levantar o lápis.

Fonte: livro: Psicomotricidade: educação e reeducação. P.45

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As atividades psicomotoras, proporciona à criança o contato com o

outro, a aprendizagem mediatizada, como diz Vitor da Fonseca, ou seja a

aprendizagem que tem a interferência humana que transforma, adapta os

estímulos do mundo exterior para o indivíduo.

“Do mesmo modo que a criança em cada etapa do desenvolvimento, em

cada fase sua, representa uma peculiaridade qualitativa, uma estrutura

específica do organismo e da personalidade, a criança com deficiências

representa um tipo peculiar, qualitativamente distinto de seu

desenvolvimento.”

Vitor da Fonseca

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Conclusão

Durante muito tempo foi negado o acesso a educação às pessoas

portadoras de algum tipo de deficiência. A história nos mostra os anos de

exclusão que foram submetidas.

No período anterior ao século 20, que pode ser definido como fase da

exclusão, na qual a maioria das pessoas com deficiência e outras condições

eram tidas como indigna da educação escolar.

A fase da segregação, já no século 20, começou com o atendimento às

pessoas deficientes dentro de grandes instituições que, entre outras coisas,

propiciavam classes de alfabetização. A partir da década de 50 e mais

fortemente nos anos 60, com a eclosão do movimento dos pais de crianças

a quem era negado ingresso em escolas comuns, surgiram as escolas

especiais e, mais tarde, as classes especiais dentro das escolas comuns. O

sistema educacional ficou com dois subsistemas funcionando paralelamente

e sem ligação uma com a outra: a educação comum e a educação especial.

N década de 70, constituiu a fase da integração, embora a bandeira da

integração já tivesse sido defendida a partir do final dos anos 60. Nesta nova

fase, houve uma mudança filosófica em direção à idéia de educação

integrada. Só que se considerava integrados apenas aqueles estudantes

com deficiência que conseguissem adaptar-se à classe comum como esta

se apresentava, portanto sem modificações no sistema. As leis sempre

tinham o cuidado de ressaltar a condição “preferencialmente na rede regular

de ensino”, o que deixava em aberto a possibilidade de manter crianças e

adolescentes com deficiência nas escolas especiais.

Finalmente, na segunda metade da década de 80, incrementando-se

nos anos 90 e adentrando o século 21, surge a de inclusão. A idéia

fundamental desta fase é a de adaptar o sistema escolar às necessidades

dos alunos. A inclusão propõe um único sistema educacional de qualidade

para todos os alunos, com ou sem deficiências e com ou sem outros tipos de

condição atípica.

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Enfim, os alunos com deficiências até hoje encontra

resistências, até hoje os profissionais busca condições, ferramentas,

métodos de melhor atender aos portadores de necessidades especiais.

A psicomotricidade é um novo conceito, uma nova ferramenta,

que deve ser utilizada por todos os profissionais envolvidos na melhoria da

qualidade de vida dos deficientes, é um novo olhar para a dificuldade de

aprendizagem, de locomoção, de comportamento.

Utilizada em todas as áreas voltada para a organização motora,

afetiva social e intelectual do individuo. Partindo da idéia que somos um ser

integrado, ou seja, não podemos dividir, separar, as emoções, o motor, o

intelectual e trabalhar/estimular uma área separadamente

Neste aspecto, não podemos esquecer que a criança é um conjunto de

pensamentos, movimentos e também de sentimentos, e que as

aprendizagens desenvolve-se passo a passo num ambiente psicológico

adequado e identificador, e quando este ambiente não está adequado, ou

quando há pouco estímulo, o desenvolvimento das capacidades de

aprendizagens está comprometido.

A intervenção da psicomotricidade nos primeiros anos escolares das

crianças especiais ou não, é de extrema importância, pois a inteligência

simbólica resulta da transformação da informação, integrada e reorganizada

em períodos precisos do desenvolvimento. Vitor da Fonseca, explica ainda

que, não foi possível ensinar Vitor (menino lobo descoberto em Aviron em

1799) a falar, a ler e a escrever, porque ele já estava com 12 anos, e já não

dispunha mais de interconexões sinápticas livres, pois sabe-se hoje, que as

interconexões sinápticas terminam o seu crescimento intra e

interneurossensorial por volta dos 10 anos. Está assim provada a

importância do estímulo psicomotor nos primeiros anos de vida, mesmo em

crianças com grande comprometimento físico e/ou mental.

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Atividades Culturais

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Bibliografia

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Wak, 2003.

ALVES, Fátima (org). Como aplicar a psicomotricidade. Rio de Janeiro: Wak,

2004.

ALVES, Fätima. Inclusão: muitos olhares, vários caminhos e um grande

desafio. Rio de Janeiro: Wak, 2003.

LEVIN, Esteban. A clínica psicomotora: São Paulo:Vozes, 2000.

BASTOS, Audir, SÁ, Claudia. Psicomovimentar. São Paulo: Papirus, 2001.

CARVALHO, Rosita E. Removendo barreiras para a aprendizagem. Porto

Alegre: Mediação, 2002.

COSTE,Juan Claude. A psicomotricidade. Rio de Janeiro:Guanabara

Koogan, 1992

FONSECA, Vítor. Educação especial. Porto Alegre: Artmed, 1995.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança. São Paulo: Paz e terra, 2000.

MEUR, A. STAES, L. Psicomotricidade: educação e reeducação. São Paulo:

Manole, 1991.

RAPPAPORT, Clara R. Teorias do desenvolvimento. Vol.1. São Paulo: EPU,

1981.

REIS, Silvia. 150 idéias para o trabalho criativo com crianças de 2 a 6 anos.

São Paulo: Papirus, 2001.

SANZ, Paulo de tarso. Pedagogia do desenho infantil. São Paulo: Átomo,

2001.

VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins

Torres,1989.

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Índice

Agradecimentos 3

Dedicatória 4

Resumo 5

Metodologia 6

Sumário 7

Introdução 8

Capítulo 1: Portadores de Necessidades Especiais 10

Capítulo 2: Psicomotricidade – Alfabetização Corporal 14

2.1 – Conhecendo a Psicomotricidade 15

2.2 – Desenvolvimento Psicomotor da criança 17

Capítulo 3: Crianças Especiais: Educação no caminho da Psicomotricidade 28

3.1– Brincadeiras Infantis (Atividades Psicomotoras) 33

3.2 – Propostas de atividades psicomotoras 34

Conclusão 40

Atividades Culturais 42

Bibliografia 43

Índice 44

Folha de avaliação 45

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

Pós-graduação “Latu Sensu”

Título da Monografia: A psicomotricidade na Educação de Alunos de 0 a 6

anos Portadores de Necessidades Especiais

Data da Entrega:

Avaliação:

Avaliado por: Grau

Niterói, de de

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

A psicomotricidade na Educação de Alunos de 0 a 6 anos

Portadores de Necessidades Especiais

Autor

Tani Margareth Balardino

Professor-Orientador

Mary Sue Pereira

Niterói

Julho de 2005