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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AS COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO PRÉVA FRENTE AO PRINCÍPIO DO LIVRE ACESSO À JUSTIÇA.
AUTORA
MARIA TERESA NEVES VIERA
ORIENTADOR
PROF. CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO
RIO DE JANEIRO 2009
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AS COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO PRÉVA FRENTE AO PRINCÍPIO DO LIVRE ACESSO À JUSTIÇA.
Monografia apresentada à Universidade Candido Mendes – Instituto a Vez do Mestre, como requisito parcial para a conclusão do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Direito e Processo do Trabalho. Por: Maria Teresa Neves Vieira.
3
AGRADECIMENTOS
aos meus parentes, amigos, professores e a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a conclusão deste trabalho.
4
DEDICATÓRIA
Dedico à minha família, por todo carinho, compreensão e apoio.
5
RESUMO
A presente monografia trata da criação das Comissões de Conciliação Prévia, tendo como enfoque principal a questão da constitucionalidade desse instituto. Para parte da doutrina, da qual pertence Vicente José Malheiros da Fonseca o entendimento é que tal instituto afronta o Princípio constitucional da inafastabilidade da justiça, vez que de acordo com o art. 625-D da CLT, qualquer demanda trabalhista deve submeter-se às CCPs criando assim um embaraço ao livre acesso à justiça. Já para o jurista Ives Granda Martins Filho, esse dispositivo não atenta ao livre acesso ao judiciário, pois não obsta que o empregado após passar por essa Comissão recorra ao Judiciário, caso seja infrutífera a negociação. A partir desse conflito de posições foi ajuizada perante o Supremo Tribunal Federal uma ação direta de inconstitucionalidade, visando dirimir essa questão. Em 13 de maio de 2009, o STF, através de liminar, por maioria de votos entendeu ser inconstitucional a obrigatoriedade da submissão às Comissões de Conciliação Prévia, pois estaria limitando o livre acesso ao Judiciário. Logo, o que vigora atualmente em relação a estas comissões é que cabe ao empregado decidir por sua livre iniciativa se deseja ou não levar sua demanda às CCPs. Se não for da sua vontade fazê-lo pode o trabalhador procurar diretamente a via judicial, sem correr o risco de ter seu processo extinto sem o julgamento do mérito.
6
METODOLOGIA
Neste trabalho foi utilizado principalmente a pesquisa bibliográfica,
apurando a bibliografia relativa ao tema, colhendo material em livros, revistas,
publicações avulsas e imprensa escrita.
Foram consultados ainda, vários entendimentos jurídicos e doutrinários,
assim como a jurisprudência dos Tribunais brasileiros, além do entendimento
do Supremo Tribunal Federal, os principais autores citados neste trabalhos
são: Vólia Bomfim Cassar, João Luís Vieira Teixeira, Valentim Carrion e
Francisco Antônio de Oliveira, dentre outros renomados doutrinadores.
Vislumbrou-se uma enfoque especial a Constituição Federal, bem como
a leis infraconstitucionais, principalmente a lei 9.958 de 12 de janeiro de 2000,
que instituiu as Comissões de Conciliação Prévia.
A presente pesquisa contou também com a utilização de sites jurídicos e
revistas especializadas, visando oferecer uma maior atualização acerca da
questão em pauta.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A Origem das Comissões de Conciliação Prévia 10
CAPÍTULO II - Princípio Constitucional do Livre Acesso à Justiça 19
CAPÍTULO III – o estudo das Comissões de Conciliação Prévia 27
CAPÍTULO IV - Posições doutrinárias e jurisprudenciais acerca da
constitucionalidade da submissão às Comissões de Conciliação Prévia 35
CONCLUSÃO 41
BIBLIOGRAFIA 43
ÍNDICE 45
FOLHA DE AVALIAÇÃO 47
8
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa tem como objetivo discutir acerca do instituto das
Comissões de Conciliação Prévia (CCP),
É de conhecimento de todos que as Varas e Tribunais brasileiros,
estão sobrecarregados com o elevado número de demandas à espera de
julgamento.
Os problemas sociais e econômicos enfrentados por nosso país, a
injusta distribuição de renda e o desrespeito às leis trabalhistas acabam por
ensejar um grande número de pessoas que precisam recorrer à justiça para
garantir seus direitos.
Em contrapartida, o judiciário trabalhista não atende as expectativas de
toda essa população, principalmente pelo número insuficiente de juízes e
servidores para dar andamento aos processos.
Nesse contexto em 13 de Janeiro de 2000, foi publicada a lei 9.958,
que altera e adiciona artigos à CLT, os quais dispõem sobre as Comissões de
Conciliação Prévia e autorizam a execução de título executivo na Justiça do
Trabalho.
Dentre as vantagens das CCPs, que é um meio de solução
extrajudicial, vislumbram-se as seguintes: seu procedimento é mais informal,
ou seja, basta que a demanda seja apresentada pelo trabalhador e reduzida a
termo pelo membro do órgão conciliador, dispensando assim certos
formalismos, como por exemplo, a fundamentação jurídica dos pedidos.
Também é menos custosa, vez que não há exigência do pagamento de custas
processuais, ou qualquer outra despesa, e por fim é mais célere, porque a lei
determina um prazo máximo de dez dias, para a realização da sessão que
busca conciliar as partes.
A empresa também obtém vantagens com a utilização desse meio de
solução extrajudicial, como por exemplo: a redução do passivo trabalhista da
mesma, ou ainda, não correriam o risco de por motivo de citações deficientes,
serem prejudicadas pela revelia e confissão.
9
Além disso, é sabido que uma solução negociada é sempre mais
interessante do que uma imposta.
Não obstante ao exposto, desde a sua criação pela Lei 9.958 de 2000,
muitos questionamentos surgiram entre os operadores do Direito.
O presente trabalho tem como enfoque principal estudar se a criação
dessas comissões não afrontaria o Princípio do Livre acesso à justiça,
garantido constitucionalmente.
O citado Principio defende que caso exista, qualquer lesão ou mesmo
ameaça fundada a algum direito, surge de imediato, o direito subjetivo público
do lesionado a ter sua demanda examinada pelo Poder Judiciário.
A questão em debate é se o artigo 625-D da CLT contraria a
Constituição Federal, ao passo que obriga qualquer demanda trabalhista a ser
submetida antes a esta Comissão.
Havendo, inclusive a necessidade de que caso seja infrutífera essa
conciliação, a futura reclamação trabalhista venha instruída com uma
declaração de tentativa da mesma, ou ainda, ocorrendo motivos relevantes
que impeçam a realização da negociação, que tais razões constem na petição
inicial.
Nesse diapasão temos aparentemente um choque com o princípio da
inafastabilidade da jurisdição, vez que segundo ele a lei não excluirá da
apreciação jurisdicional lesão ou ameaça a direito.
Em suma a proposta desse trabalho é abordar o instituto das
Comissões de Conciliação Prévia e o Princípio do livre acesso à justiça,
buscando demonstrar como se dá a convivência entre ambos.
Bem como demonstrar o posicionamento da jurisprudência e doutrina
trabalhistas em relação a esse impasse jurídico, além da posição dos Tribunais
do Trabalho brasileiros e do Supremo Tribunal Federal.
10
CAPÍTULO I
A ORIGEM DAS COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO
PRÉVIA
1.1 Origem da Conciliação
Inicialmente, antes de adentrar no instituto das Comissões de
Conciliação Prévia (CCP), será abordado o instituto da Conciliação e sua
importância no meio jurídico.
Vale salientar o conceito de conciliação, segundo Wilson de Souza
Campos Batalha:
A conciliação constitui negócio jurídico, com efeitos substanciais entre as partes e o órgão judicante. Constituindo negócio jurídico, aplicam-se-lhes os princípios que regem os contratos e, assumindo efeitos processuais, aplicam-se-lhes os princípios pertinentes a coisa julgada·.
A conciliação surge da necessidade humana de resolver de forma
pacífica os conflitos oriundos da vida em sociedade, nas palavras do renomado
professor Cândido Dinamarco:
Melhor seria se não fosse necessária tutela alguma às pessoas se todos cumprissem suas obrigações e ninguém causasse danos nem se aventurasse em pretensões contrárias ao direito. Como esse ideal é utópico, faz-se necessário pacificar as pessoas de alguma forma eficiente, eliminando os conflitos que as envolvem e fazendo justiça. O processo estatal é um caminho possível, mas outros existem que, se bem ativados, podem ser de muita utilidade.1
1 DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. 5ª ed. São Paulo: Malheiros, 2005, p.138.
11
No campo jurídico encontram-se referências à conciliação na Grécia
antiga. Os gregos dividiam a parte processual em arbitragem privada e
arbitragem pública.
A arbitragem privada era a forma mais simples de se resolver um
conflito, através dela as partes escolhiam os árbitros que julgariam com o
intuito promover um acordo ou uma conciliação entre os demandantes, e não
era realizada no tribunal.
Já na arbitragem pública o árbitro era escolhido pela magistratura, e o
principal objetivo era emitir um julgamento, sendo que a decisão, neste caso,
não era ajustada, mas sim imposta.
Em nossa legislação pátria as primeiras menções se originam das
Ordenações Renóis portuguesas, pelas quais se estabelecia que a conciliação
era uma formalidade indispensável ao processo, conforme verifica-se nas
Ordenações Filipinas, que, em seu Livro III, Título XX, § 1º, dispõe ipsis verbis:
E no começo da demanda dirá o Juiz a ambas as partes, que antes que façam despesas, e sigam entre elles os ódios e disensões, se devem concordar, e não gastar suas fazendas por seguirem suas vontades, porque o vencimento da causa sempre é duvidoso. E isto, que dissemos de reduzirem as partes à concórdia, não de necessidade, mas somente de honestidade nos casos, em que o bem poderem fazer. Porém, isto não haverá lugar nos feitos crimes, quando os casos forem tais, que segundo as Ordenações a Justiça haja lugar.
No Brasil colonial a Constituição Imperial brasileira de 25 de março de
1824, em seu artigo 161, tratou expressamente desse tema, quando afirmava
que sem se fazer constar, que se tem intentado o meio da reconciliação, não
se começará processo algum.2
2 SANTS, Altamiro J. dos. Comissão de Conciliação Prévia-Conviviologia Jurídica e harmonia Social. São Paulo: Ltr, 2001, p.161.
12
A partir desse trecho fica claro que a tentativa de conciliar sempre foi
almejada na história do Brasil, sendo, normalmente, um dever do juiz propô-la
antes da instrução processual.
Nos dias atuais a conciliação está presente em diversos diplomas do
nosso ordenamento jurídico tais como: Código de Processo Civil de 1973 (arts.
125, IV, 269, III, 277, 331, 448, 449, 584, III, e 475-N, III e V, aditado pela Lei
nº 11.232 de 22.12.2008); Consolidação das Leis do Trabalho – CLT de 1943
(arts. 764, 831, 847 e 850); Código Civil de 2002 (art. 840); Lei de Arbitragem
(arts. 21, §4º, e 28); Código de Defesa do Consumidor (arts. 5º, IV, 6º, VII, e
107); e Lei nº 9.099/1995 dos Juizados Especiais, na qual se posta como
princípio jurídico no art. 2º: "O processo orientar-se-á pelos critérios da
oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade,
buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação."
Esse meio alternativo de solução de conflitos encontra escopo em
grande parte dos operadores do Direito, tais como os célebres professores
Cintra, Grinover e Dinamarco:
A primeira característica dessas vertentes alternativas é a ruptura com o formalismo processual. A desformalização é uma tendência, quando se trata de dar pronta solução aos litígios, constituindo fator de celeridade. Depois, dada a preocupação social de levar a justiça a todos, também a gratuidade constitui característica marcante dessa tendência. Os meios informais gratuitos (ou pelo menos baratos) são obviamente mais acessíveis a todos e mais céleres, cumprindo melhor a função pacificadora. Por outro lado, como nem sempre o cumprimento estrito das normas contidas na lei é capaz de fazer justiça em todos os casos concretos, constitui característica dos meios alternativos de pacificação social também a delegalização, caracterizada por amplas margens de liberdade nas soluções não-jurisdicionais (juízos de equidade e não juízos de direito, como no processo jurisdicional).3
Com isso observa-se a recorrente preocupação do legislador em
incentivar a conciliação como um meio mais rápido de solução perante os
3 CINTRA, Antônio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria Geral do Processo. 24ª ed. São Paulo: Malheiros, 2008, p.32
13
conflitos existentes. Nesse diapasão converge o ilustre doutrinador Antônio
Carlos Marcato:
A importância da conciliação fica evidenciada quando se considera que ela, além de resultar da vontade das partes – dispensando, assim, a intervenção direta e impositiva do Estado-juiz na resolução do conflito levado a debate judicial, também atua como causa eficiente de redução do custo financeiro e do tempo de duração no processo.4
1.2 A conciliação aplicada ao Direito do trabalho e a criação da lei
9.958/2000.
A conciliação no âmbito trabalhista visa à harmonização das
controvérsias de diretos e deveres entre empregados e empregadores, através
da autocomposição do litígio. A Organização Internacional do Trabalho - OIT
defende como uma de suas prioridades, a tentativa de conciliação, como forma
de solucionar as lides trabalhistas.
Como forma de ratificar essa tese, vale observar que originalmente, os
órgãos de primeiro grau da Justiça trabalhista, eram chamadas de Juntas de
Conciliação e Julgamento, o que denotava desde logo sua função.
Significava que preliminarmente o objetivo era conciliador, e somente
depois de frustrada a conciliação é que o órgão passava a desempenhar suas
atividades de julgamento, caso em que a solução era dada através de uma
sentença, ou seja, de forma heterônoma, pois era realizada com a intervenção
estatal, proclamada pelo Estado-Juiz.
Nesse diapasão revela-se a principal função dos juizes classistas, na
época, que era a de buscar a composição entre as partes:
Uma das prerrogativas fundamentais dos juizes classistas é a de aconselhar as partes à conciliação. essa seria, talvez, a função principal do juiz classista:tentar aconselhar as partes para que elas próprias cheguem a um termo final, resultando
4 MARCATO, Antônio Carlos. et al. Código de Processo Civil Interpretado. São Paulo: Atlas, 2004, p.987
14
na solução negociada do conflito individual. O juiz do trabalho só interferiria quando as partes não chegassem á conciliação, convertendo o juízo conciliatório em arbitral.5
Frise-se que posteriormente, através da Emenda Constitucional n.24,
de 9 de dezembro de 1999, houve a extinção da representação classista,
deixando os órgãos de primeiro grau de ser colegiados, passando a ser
monocráticos, denominando-se varas do trabalho, porem restou preservada a
tentativa de conciliação antes da atividade contenciosa:
A tentativa conciliatória inicial é o momento mais importante do procedimento trabalhista, pois busca a autocomposição das partes num momento em que os ânimos não estão acirrados. Diz um ditado popular que é melhor um mau acordo do que uma boa demanda. Guardadas as proporções devidas, o dito popular tem muito de verdade. As partes no momento conciliatório abdicam daquilo que acham que teriam direito e se conciliam sem discutir o mérito dos seus possíveis diretos, chegando a um consenso razoável.6
A conciliação dos conflitos entre as partes, geralmente, ocorre via os
órgãos jurisdicionais. No caso da justiça trabalhista por força no disposto no
artigo 764 § 3º da CLT, a qualquer tempo é possível que as partes celebrem
acordo, pondo fim ao processo, mesmo depois da fase conciliatória.
A obrigatoriedade da conciliação se dá em dois momentos: antes do
oferecimento da defesa pelo réu e após as razões finais.
Sob pena de nulidade, a conciliação tem de ser tentada antes do oferecimento da defesa pelo réu e também antes do julgamento do feito. O instante próprio era previsto pelo legislador para depois que o autor, conhecendo o teor da defesa, avaliasse o ônus probatório e as dificuldades para o reconhecimento do pleiteado. A alteração havida evidencia a pobreza criativa do legislador e o desconhecimento da realidade da primeira instância. Mas a ausência de registro em ata da ultima tentativa de conciliação antes da sentença não implica nulidade automática; exige o exame de cada caso; é o que a insistência do juiz e até dos funcionários para obter o
5 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho.16ª ed. São Paulo: Atlas, 2001,p.285. 6 OLIVEIRA. Francisco Antonio de. O Processo na Justiça do Trabalho.5ª ed.São Paulo:Ltr,2008,p.406.
15
acordo e aliviar o pesado fardo das pautas, inchadas nos grandes centros, convence do contrário. 7
Com isso verifica-se que a conciliação já era tentada judicialmente,
pela justiça do trabalho. Com o advento da lei 9.958 de 12 de janeiro de 2000,
que veio instituir as Comissões de Conciliação Prévia (CCP), também tornou-
se possível que essa composição fosse tentada extrajudicialmente. As CCPs
podem ser instituídas facultativamente, no seio das empresas ou no âmbito do
sindicato.
A criação da lei das CCPs teve sua origem na Mensagem Presidencial
n.952, resultante do projeto de Lei n. 4.694/98.
Preliminarmente, a lei exigia a criação de Comissões de Conciliação
Prévia por toda empresa pública, privadas e entes públicos que efetuassem
contratações pelo regime celetista, e que contassem com mais de cinquenta
empregados.
Contudo, após alguns ajustes, a criação das Comissões passou a ser
exigida para aquelas empresas que tivessem mais de 200 empregados, e por
fim, o modelo que foi aprovado e está em vigor reza que a criação das CCPs
se dá de forma facultativa.
Sem dúvidas, a principal meta dessa lei era de promover a conciliação
das partes antes de seu ingresso no judiciário. Diante disso decorreriam alguns
benefícios para ambos os lados: o conflito seria solucionado com maior
brevidade, e seria por uma comissão em que estariam presentes os
representantes de trabalhadores e empregadores, ou seja, seria uma solução
tomada em comum acordo.
Outro objetivo dessa lei era o de preencher a lacuna deixada pela
eliminação dos chamados juizes classistas, a quem cabia a tentativa de
conciliação na justiça do trabalho.
E, obviamente visava desafogar a justiça do trabalho, que há tempos
encontra-se assoberbada, com o grande número de demandas, vez que o
termo de homologação advindo das CCPs constitui um termo executivo
7 CARRION. Valentim. Comentários à Conciliação das Leis do Trabalho. 33ªed. São Paulo: Saraiva.2008,p.577.
16
extrajudicial, que caso não for cumprido poderá ser executado no Judiciário
trabalhista.
1.3 Direito comparado.
Muitos países já adotaram o método de soluções extrajudiciais como
meio de resolver conflitos decorrentes da relação do trabalho.
Na América Latina, pode-se citar o exemplo o Uruguai, onde conforme
o Decreto-Lei n. 14.188, de 5 de abril de 1974, é impossível iniciar, um
processo trabalhista sem antes ser tentada uma conciliação previa perante o
Ministério do Trabalho e da seguridade social.
A Argentina também segue essa linha, com a entrada em vigor das leis
n.25.573 de1995, que instituiu a obrigatoriedade da mediação prévia em todos
os juízos, além da lei n.24.635 de 1996, determinado as regras para a
composição na justiça do trabalho. O que significa dizer que, as lides
individuais e coletivas de direito na justiça do trabalho, devem ser submetidos à
conciliação em caráter compulsório, constituindo um requisito prévio.
O conciliador neste país deve ser bacharel em Direito e possuir
experiência na advocacia trabalhista, quem o designa é o Serviço Nacional
Laboral Obrigatório, recebendo honorários, estabelecidos pelo Ministério da
Justiça, a proposta de conciliação deve ser apresentada no prazo de vinte dias.
Frustrada essa tentativa, o conciliador poderá sugerir a adoção da arbitragem
para solucionar o litígio.
Na Europa, vislumbra-se o caso da Espanha, onde a tentativa de
conciliação, perante o respectivo serviço administrativo, constitui-se um
requesto prévio para a tramitação do processo, consoante a “Lei de
Procedimento Laboral”, do ano de 1995. Em 1997, foi criado um órgão
independente, denominado Instituto de Mediação, que possui composição
tripartite, atuando de forma complementar aos órgãos jurisdicionais
trabalhistas. O que for acordado em conciliação terá força executiva entre as
partes, passando a valer sem necessitar da ratificação perante o judiciário.
17
No Estado francês, existem os chamados Conciliadores Locais, que
são membros de conduta ilibada na comunidade local, que possuem mandatos
amplos para tentarem reconciliar as partes, buscando um resultado
interessante para ambas os lados. Se não for possível o acordo, aí sim o
processo é encaminhado ao órgão de instrução e julgamento, pertencente ao
próprio Tribunal. Da decisão desse Conselho é cabível recurso, direcionado ao
tribunal Comum.
Os conciliadores são membros respeitados da comunidade local que têm seu escritório geralmente nas prefeituras e detêm um mandato amplo para tentar reconciliar os litigantes com vistas à aceitação de uma solução mutuamente satisfatória. Os conciliadores, indicados pelo Primeiro Presidente da Corte de Apelação com jurisdição sobre a localidade, também são chamados a dar conselhos e informações .8
Na Itália, a conciliação é facultativa, também podendo ser feita em
âmbito sindical ou administrativo, muito semelhante ao que ocorre no Brasil.
Antes de ingressar com uma ação trabalhista, o empregado deve apresentar
sua pretensão diretamente à empresa, e somente depois da decisão dessa
pretensão, ou após o decurso do prazo de trinta dias sem uma solução é que
ele está autorizado a ingressar na justiça.
A inconstitucionalidade desta jurisdição condicionada já foi suscitada
perante a Corte Constitucional Italiana, sob o argumento de que a Constituição
deste país defende que ninguém será privado do juiz natural constituído por lei.
Contudo, a inconstitucionalidade não foi acatada, pois segundo a
Corte Constitucional Italiana, esse procedimento, não tornou inacessível o
exercício do direito de ação.
Em Portugal, as Comissões de Conciliação foram extintas, havendo só
a tentativa de conciliação no âmbito judicial.
8 CAPPELLETTI, Mauro; CARTH, Bryant. Acesso à Justiça. Tradução e revisão: Ellen Gracie Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 1988, p.84
18
No Japão devido a mentalidade da população em evitar o
enfrentamento judicial, o método de solução de conflitos via conciliação foi
muito bem aceito.
O sistema jurídico japonês oferece exemplo conspícuo do uso largamente difundido da conciliação. Cortes de conciliação, composta por dois membros leigos e (ao menos formalmente) por um juiz, existe há muito tempo em todo o Japão, para ouvir as partes informalmente e recomendar uma solução justa. A conciliação pode ser requerida por uma das partes, ou um juiz pode remeter um caso judicial à conciliação 9.
Com isso, verifica-se que a conciliação é uma tendência mundial e
deve ser incentivada como meio de se buscar uma solução mais célere e
satisfatória para ambas as partes, nesse diapasão também vale destacar o
posicionamento do Conselho Nacional de Justiça brasileiro a esse respeito:
Esse procedimento se constitui em um método de prevenção de litígios e funciona como opção alternativa ao ingresso na via judicial, objetivando evitar o alargamento do número de demandas nos foros e a abreviação de tempo na solução das pendências, sendo acessível a qualquer interessado em um sistema simples ao alcance de todos. [...] A principal característica dessa modalidade de conciliação é a promoção de encontros entre os interessados, nos quais um conciliador buscará obter o entendimento e a solução das divergências por meio da composição não adversarial e, pois, ainda antes de deflagrada a ação. [...] É bem-vinda a participação e a integração a essa atividade dos profissionais e dos setores que atuam na área social (equipes multidisciplinares), possibilitando o entrosamento entre os vários serviços existentes. [...] Vale destacar, obtido o acordo em sede de conciliação pré-processual (informal), tem lugar a lavratura do instrumento particular de composição do conflito, ou seja, do ajuste celebrado entre as partes, o qual pode se constituir, desde logo, quando for o caso, em título executivo extrajudicial (art. 585, II, do CPC, com a assinatura de testemunhas), nada obstando, onde admitido, haja encaminhamento à homologação judicial.10
9 Ibidem, p.88
10 PROJETO MOVIMENTO PELA CONCILIAÇÃO / Obra coletiva de autoria do Conselho Nacional de Justiça com a colaboração de Eduardo Lorenzoni, Germana Moraes, Marco Aurélio Gastaldi Buzzi, Mariella Ferraz de Arruda Pollice Nogueira, Orivaldo Ribeiro dos Santos e Equipe de Apoio. Disponível em: <http://www.conciliar.cnj.gov.br/cms/verTexto.asp?pagina=projeto>. Acesso em: 09 ago. 2009.
19
CAPÍTULO II
O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DO LIVRE ACESSO À
JUSTIÇA
2.1- Conceito de Princípios constitucionais.
Preliminarmente vale salientar o conceito de Princípio, o qual seja é a
orientação que leva o intérprete a se posicional desta ou daquela forma. Em
outras palavras tem como finalidade ser um norte, uma orientação, e por isso
tem a função interpretativa. Nas palavras da professora Vólia Bomfim Cassar:
Servem não só de parâmetro para a formação de novas normas jurídicas, mas também de orientação para a interpretação e aplicação das normas já existentes. Designam a estruturação de um sistema jurídico através de uma idéia mestre que ilumina e irradia as demais normas e pensamentos acerca da matéria.11
Com o advento da Constituição Federal de 1988, os princípios foram
galgados à categoria de norma, adquirindo nova abordagem a partir de então.
Diante disso vislumbra-se que o direito converge no sentido de não
tratar os princípios constitucionais como fontes secundárias, preponderando
assim, as cláusulas abertas, que são mais flexíveis e menos concretas,
permitindo ao direito resolver um maior número de questões e acompanhar
aos novos apelos sociais.
A doutrina pós-positivista diferencia os princípios jurídicos dos
princípios constitucionais, vez que enquanto os primeiros orientam o operador
e inspira o legislador, os segundos são espécies de norma jurídica, com força
normativa, ou seja, possuem um comando geral, abstrato impessoal e
imperativo.
O doutrinador José Joaquim Gomes Canotilho classificou os princípios
em hermenêuticos e jurídicos, sendo os primeiros aqueles que têm um papel
11 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho.2ª ed. Niterói: Impetus 2008,p.166
20
argumentativo, expondo normas que não estão expressamente dispostas em
um comando legal, já os segundos são normas jurídicas de conduta.
Canotilho explora esse tema e expõe que os princípios não só
iluminam, como também estruturam, dirigem ou normatizam. “O que interessa
na visão do autor, na verdade não é a função hermenêutica, mas o princípio
visto como norma de conduta, e sobre este prisma prossegue sua obra”.12.
Segundo palavras do próprio autor: “Os princípios, ao constituírem
exigências de otimização, permitem o balanceamento de valores e interesses
(não obedecem como as regras, à lógica do tudo ou nada), consoante o seu
peso e a ponderação de outros princípios textualmente conflitantes”13
Para José Afonso da Silva, também fundamentado na visão de
Canotilho, defende que os princípios constitucionais são, divididos em duas
categorias: os princípios político-constitucionais e os princípios juridicos-
constitucionais. Segundo o que diz esse renomado constitucionalista:
Os primeiros constituem-se daquelas decisões políticas fundamentais concretizadas em normas confirmadoras do sistema constitucional positivo, ou seja, normas fundamentais de que derivam logicamente - e em que, portanto, já se manifestam implicitamente, relações especificas da vida social. Já os princípios jurídico-constitucionais são princípios constitucionais gerais informadores da ordem jurídica nacional.
Os princípios constitucionais servem de alicerce para o restante das
normas constitucionais.
Na visão atual brasileira defende-se a idéia que os princípios têm força
normativa, advindo de sua eficácia jurídica, vale lembrar que eficácia é a
capacidade de alcançar objetivos previamente fixados como metas.
2.2- Histórico do Princípio do Livre acesso à justiça.
O princípio do livre acesso à justiça tem sua origem no due process of
law. Sendo que sua finalidade básica é assegurar que ninguém será privado
12 Ibidem, p.172. 13 Idem
21
de sua vida, liberdade ou propriedade, sem a observância de um tipo de
processo legalmente previsto. Neste diapasão o processo devido é aquele
previsto em lei para a aplicação de penas privativas da vida, liberdade e da
propriedade, “o due process of law equivale ao processo justo definido por lei
para se dizer o direito no memento jurisdicional de aplicação de sanções
criminais particularmente graves”14
Vale ressaltar que o código penal brasileiro quando em seu artigo 345,
proíbe o exercício arbitrário das próprias razões, faz alusão à necessidade e
obrigatoriedade de se buscar a via judicial para a solução de diretos violados.
No Brasil a primeira menção explicita ao princípio da acessibilidade
ampla ao poder judiciário, nasceu com a Constituição de 1946, que continha a
seguinte redação: “A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
qualquer lesão do direito individual”.
Contudo, vale salientar que em determinados momentos históricos o
acesso à justiça foi eliminado, ou muito limitado por questões políticas e de
preconceito. Essas exceções tiveram lugar quando o país vivia um regime
totalitário avesso à democracia, o que acontecia também em vários outros
paises, inclusive da Europa.
O exemplo mais contundente desse momento foi a edição do Ato
Institucional 5/68, cujo o artigo 11, preceituava o seguinte: Excluem-se de
qualquer apreciação judicial todos os atos praticados de acordo com este Ato
Institucional e seus atos Complementares, bem como os respectivos efeitos”.
O que informa este comando é que qualquer ato, por mais simples que
seja, para modificar a Constituição deve emanar do agente público competente
para a sua prática.
É cediço que sob o regime de exceção, o autoritarismo não se
submete a regras e, ao invés de inutilizar em definitivo a Constituição da
República, preferiram usá-la de forma oblíqua, como se simplesmente
estivesse cumprindo-a com algumas pequenas alterações, claro que tudo isso
se tratava de uma forma de mascarar a reais intenções do regime ditatorial.
14 GERAIGE NETO, Zaide. O Principio da Inafastabilidade do controle Jurisdicional. São Paulo:RT, 2003,p.4
22
Com a promulgação da Constituição Federal de 5 de outubro de 1988,
o país voltou a ser um Estado de Direito, avocando a tarefa de concretizar o
acesso à justiça, como podemos inferir no artigo 5° da Carta magna, que trata
dos direitos e garantias fundamentais da pessoa humana:
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade nos termos seguintes:
XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos.
Como principal destinatários do artigo 5º, XXXV temos o próprio
legislador, na medida que, ao legislar, deve observar este principio
constitucional, que poderá atingir a todos indistintivamente a todos. com
previsão ao principio da inafastabilidade do controle jurisdicional, tendo esta
como as demais normas destinatários indistintos.
“Infere-se deste comando que lei alguma poderá autoprevenir-se contra a apreciação do Poder Judiciário no que respeita à sua constitucionalidade, jamais podendo conter o seu texto previsão de sua intangibilidade pelos jurisdicionados perante o órgão judicante. Prova bastante de que, pelo menos em tese, vivemos em um Estado de Direito que consagra a independência harmônica das funções do poder, na medida em que prevê o controle de constitucionalidade das leis, em observância, também, ao principio do acesso amplo à justiça.”15
15 Ibidem, p.34
23
Ressalta-se que houve uma alteração no texto legal em relação ao
livre acesso à justiça, na Constituição de 1946, ele era redigido da seguinte
forma: “A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão do
direito individual”. O termo individual, hoje retirado do comando constitucional,
dava a impressão que apenas as pessoas poderiam socorrer-se da jurisdição.
Contudo mesmo com a utilização da expressão direito individual, ela já
era interpretava extensivamente em seu sentido genérico e amplo.
Atualmente o texto disposto no inciso XXXV, do artigo 5º da
Constituição da República é o seguinte: “a lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. O que demonstra que a
eliminação da expressão direito individual não foi a única modificação, pois
também foi acrescentado a previsão de se utilizar preventivamente da via
judicial, quando ele prevê a lesão ou ameaça a direito.
“A própria Constituição, ao declarar os diretos individuais e suas garantas, prescreve normas que incidem diretamente sobre a proteção processual dos direitos e interesses do cidadão em face do poder público e de outros cidadãos. Torna-se evidente, desarte, que o chamado direto de ação é garantido a todos, indistitivamente, compreendendo as pessoas físicas, as jurídicas e os entes jurídicos despersonalizados, criados como verdadeiros institutos e com legitimidade processual.”16.
Se a obrigatoriedade de efetivo acesso ao Judiciário é ordem
constitucional, não será possível interpretação legislativa que desobedeça a
busca do objetivo estabelecido. O que quer dizer que: a interpretação da
norma processual civil deverá sempre prestigiar o acesso à justiça.
Também é oportuno lembrar que não é necessário que se esgote
primeiro os meios administrativos para só depois o ingressar em juízo.
“Em decorrência do princípio em análise, não mais se admite no sistema constitucional pátrio a chamada jurisdição condicionada ou instancia administrativa de curso forçado, conforme se verificava no art.153, § 4º, da CF/69, na redação
16 Ibidem, p.40.
24
dada pela EC n.7, de 13.04.1977. para ingressar (bater às portas) no Poder Judiciário não é necessário, portanto o prévio esgotamento das vias administrativas.”17
Significa que existindo alguma violação do direito, mesmo que por
simples ameaça, o Poder Judiciário será chamado a intervir, e que, sendo
plausível, ele será obrigado a efetivar o pedido de prestação judicial pela parte
de forma regular.
“O princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, também chamado principio da proteção judiciária, constitui, segundo José Afonso da Silva, a principal garantia dos direitos subjetivos. Mas, ele por seu turno, fundamenta-se no principio da separação dos poderes, reconhecido pela doutrina como garantia das garantias constitucionais. Aí se junta uma constelação de garantias: as da independência e imparcialidade do juiz, a do juiz natural ou constitucional, a do direto de ação e de defesa. Tudo ínsito nas regras dos art. 5º, XXXV, LIV e LV.”18
2.3- Acesso à justiça aplicado ao Direito do Trabalho e o jus
postulandi.
Como demonstrado anteriormente, o acesso à justiça é o pilar central
do nosso ordenamento jurídico.
O Direito do trabalho também possui princípios constitucionais
especifico dentre eles os contidos nos artigos 7°, 8°, 9° e 11 da CRFB.
Já o direito do livre acesso à justiça é considerado um Principio geral
constitucional do Direito do Trabalho.
Nessa esteira, pode-se afirmar que o jus postulandi é um exemplo do
livre acesso à justiça aplicado ao judiciário trabalhista, pois segundo o art. 791
da CLT, os empregados e empregadores podem reclamar pessoalmente,
perante a justiça do trabalho, sem a representação obrigatória de um
advogado.
17 LENZA. Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 13ªed. São Paulo: Saraiva, 2009, p.699. 18 GERAIGE NETO, Zaiden, op.cit, p.21.
25
Vale destacar que no caso de eventual recurso extraordinário para o
Supremo Tribunal Federal, ou ainda um recurso direcionado ao Superior
Tribunal de Justiça, deve o mesmo ser postulado por advogado, sob pena do
apelo não ser conhecido.
Apesar de ser fruto de várias criticas vez que o empregado na maioria
das vezes não possui conhecimento técnico para sua autodefesa,
desconhecendo inclusive os trâmites do processo trabalhista, é inegável que
esse instituto torna mais simples o acesso à justiça.
No entanto, cabe assinalar a posição dos que não concordam com a
manutenção desse direto de postulação.
A capacidade postulatória das partes na justiça do trabalho é ranço pernicioso originário da fase administrativa e que ainda hoje persiste em total discrepância com a realidade atual. O Direito do Trabalho constitui hoje, seguramente, um dos mais, senão o mais, dinâmico dentro do ramo do Direito e a presença do advogado especializado já se faz necessária. Pretender-se que leigos penetrem nos meandros do processo, que peticionem, que narrem fatos sem transformar a lide em desabafo pessoal, que cumpram prazos, que recorram corretamente, são exigências que não mais se afinam com a complexidade processual, onde o próprio especialista, por vezes, tem dúvidas quanto a medida cabível em determinados momentos. E é a esse mesmo leigo a quem, em tese, é permitido formular perguntas em audiência. fazer sustentação oral de seus recursos perante os tribunais. Na pratica, felizmente, a ausência do advogado constitui exceção e ao leigo não se permite fazer perguntas em audiência, mesmo porque sequer saberia o que perguntar. 19
Corrente minoritária defende o argumento de que o art.791 da CLT não
estaria mais em vigor, em função do art. 133 da Constituição Federal que
disciplina que o advogado é indispensável à administração da justiça.
Baseando-se também, posteriormente, na lei 8.906/1994 (Estatuto da OAB),
que em seu art. 1º, inciso I, disciplinou que são atividades privativas da
advocacia “a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados
especiais”.
19 OLIVEIRA. Francisco Antonio. O Processo na Justiça do Trabalho.5ªed. São Paulo: Ltr, 2008, p.209.
26
Contudo, o Supremo Tribunal Federal concedeu liminar em
06.10.1994, através da ADIN 1.127-8, proposta pela Associação dos
Magistrados do Brasil – AMB, decidindo que nos casos dos Juizados de
Pequenas Causas, atualmente chamados Juizados Especiais, na Justiça do
trabalho e na chamada Justiça de Paz, a capacidade postulatória do advogado
não é obrigatória, conferindo às partes a legitimidade para exercerem
diretamente o jus postulandi.
O que converge com a jurisprudência majoritária dos tribunais
trabalhistas no sentido de que o art. 791 da CLT, permanece em vigor, mesmo
após a promulgação da Constituição federal de 1988.
O jus postulandi previsto no art. 791 da CLT, não foi revogado pela atual Carta da Republica, já que o referido texto constitucional está adstrito aos limites da CLT e das Leis ordinárias especificas. Assim, continuam em pleno vigor o principio insculpido no art. 14, da lei n. 5.584/70, acrescido dos requisitos estabelecidos no Enunciado súmula n. 219 do TST, não sendo aplicável a esta Justiça especializada o principio da sucumbência, estabelecido no art. 20, do CPC. (TST, RR N. 133.293/97.7, Indalécio Gomes Net, Ac. 1ª T. n. 852/95).
Salienta-se ainda que, a Emenda Constitucional n. 45 responsável por
ampliar a competência material da justiça do trabalho, entende que o jus
postulandi da parte é restrito às ações que envolvam relações de emprego,
não sendo aproveitado nas demandas que tenham por objeto relação de
trabalho distintas as relações empregatícias.
Portanto só e aplicável o art. 791 da CLT, em caso de relação de
emprego, em que são partes empregados e empregadores.
Por todo o exposto, depreende-se que a preocupação está não só em
possibilitar o livre acesso à Justiça enquanto instituição estatal, porém mais
importante do que isso, é viabilizar o acesso a uma ordem jurídica justa.
27
CAPÍTULO III
O ESTUDO DAS COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO
PRÉVIA.
3.1 O funcionamento das Comissões de Conciliação Prévia.
As comissões de conciliação prévia foram autorizadas pela lei n.
9958/2000, no âmbito das empresas e dos sindicatos. Essas comissões
podem ser formadas de quatro formas: com a participação de apenas uma
empresa, com a participação de várias empresas, de um sindicato, ou, ainda,
intersindical.
Dessa maneira, as empresas e os sindicatos podem instituir
Comissões de conciliação prévia. As sociedades de economia mista e as
empresas públicas também podem organizar suas comissões, não há nada
que obste. “as sociedades de economia mista e as empresas públicas
submetem-se a qualquer tipo de comissão, empresarial ou sindical, porque
estão sujeitas ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive
quanto aos diretos e obrigações trabalhistas”20
Vale ressaltar que no projeto de lei que deu origem a Lei das CCPs,
sua criação era obrigatória. Porém, o substitutivo votado em 21 de outubro de
1999, tornou a criação das comissões facultativa, no âmbito das empresas e
sindicatos.
Em relação às despesas com o funcionamento das comissões, elas
correm por conta, exclusiva, do empregador, segundo corrente majoritária na
doutrina.
No que diz respeito ao funcionamento das CCPs, a lei não fixou suas
condições, exceto em relação ao número mínimo e máximo de representantes
da CCP de âmbito empresarial.
20 TEIXEIRA, João Luís Vieira, Comissões de Conciliação Prévia Trabalhistas,: São Paulo: Ltr, 2003. p. 34.
28
O que significa que, no ato da criação das comissões devem ser
estabelecidas suas normas de funcionamento. Quanto à paridade que se deve
existir, legalmente, o que se é exigido é a representação paritária para a sua
criação, mas não para o seu funcionamento. O que faz alguns autores
defenderem que, durante as sessões de conciliação, a comissão poderá
funcionar com um membro somente.
Contudo, não é cabível que esse seja o espírito da lei. Essa
composição paritária deve ser observada não só na composição, mas também
no seu funcionamento, sob pena de se desvirtuar o objetivo da lei.
Após criada a CCP é de bom alvitre, apesar de não ser obrigatória, a
comunicação de sua instituição ao Tribunal Regional do Trabalho, ou as varas
do trabalho, dependendo do caso. Uma vez instituída a CCP ela ganha
autonomia, e por conseqüência, de acordo com alguns autores não poderá ser
extinta por ato unilateral do empregador.
Porém, no entendimento do Ministério do Trabalho e Emprego, uma
empresa está autorizada a encerrar as atividades de uma comissão, criada
internamente, unilateralmente, por qualquer razão que enseje a
desconstituição das atividades da CCP.
Entretanto a empresa deverá respeitar a estabilidade provisória
concedida aos representantes do empregados membros da CCP, tanto aos
titulares, como aos suplentes, de até um ano após o mandato, salvo
cometimento de falta grave.
No caso de extinção da empresa, automaticamente, por óbvio também
se extinguirá a CCP.
No tocante a composição das comissões, de acordo com o art. 625-B
da CLT, no âmbito empresarial, elas deverão ser composta por no mínimo dois
e no máximo dez representantes, paritariamente, divididos. Metade eleita pelos
empregados e, a outra metade, indicada pelo empregador, devendo existir um
suplente para cada representante.
Esse tipo de comissão dispensa negociação coletiva para ser
instituída, diferentemente das criadas no âmbito sindical.
29
Quanto às comissões sindicais, a lei apenas dispõe que a CCP seja
fruto de negociação coletiva, que deverá conter suas normas de constituição e
funcionamento.
Com relação à Comissão de Conciliação Prévia trabalhista, criada no âmbito do sindicato, suas normas de funcionamento e constituição deverão ser definidas em convenção coletiva de trabalho ou acordo coletivo de trabalho. Isso é que nos diz o art. 625-C da CLT. Seria interessante que o estatuto da CCP dispusesse sobre o procedimento adotado por ela, fixando ainda, um quórum mínimo para deliberações e, outro, para eleição de seus membros. 21
Observa-se também que, por analogia, a única exigência com relação
a comissão sindical, é a sua composição paritária, tal como ocorre na CCP
empresarial, mesmo que não conste expressamente no texto legal, vez que
esta é a essência da lei. Mas não é vedado que a CCP sindical seja constituída
com um número superior a dez membros, quando houver um considerável
número de empregados ou na hipótese de uma base territorial muito extensa.
Para que ocorra a instituição de Comissão de Conciliação prévia sindical deve haver a convocação de uma Assembléia Geral, especialmente convocada para esse fim, de acordo com o que dispõe o art. 612 da CLT, ou conforme o disposto nos estatutos do sindicato, desde que observada a norma de conteúdo mínimo. A assembléia é que autoriza o sindicato a celebrar ACT ou CCT. No caso de ACT, são os empregados da empresa, ou de empresas, que fazem parte do acordo, que autorizam o sindicato da categoria profissional a celebrar o ajuste. 22
Depreende-se da lei que os representantes dos trabalhadores devam
ser empregados do estabelecimento, caso se trate de CCP criada por iniciativa
empresarial. No caso de ser instituída no âmbito sindical, em principio não
haverá estabilidade no emprego para os representantes dos trabalhadores,
salvo se existir cláusula contendo esta estabilidade.
21 Ibidem, p. 40 22 Idem.
30
Da conciliação fruto da CCP não é cabível nenhum recurso. No caso
de ocorrer algum vicio ou nulidade na conciliação, essa questão poderá ser
dirimida pelo Poder Judiciário, vez que o acesso a ele não fica impedido.
O mandato dos membros da CCP, criadas no âmbito empresarial, é de
um ano, inclusive para os suplentes, permitida uma única reeleição. No âmbito
sindical a duração do mandato é definida em ACT ou CCT.
Durante este mandato, os membros gozam de estabilidade, conferida
pela CLT, que é de até um ano após o término dos mandatos. A referida
estabilidade só é cabível para o representante dos empregados.
Contudo, a lei não expressa quando se inicia esse período de
estabilidade, mas entende-se que ele começa a contar a partir do momento em
que efetivamente, o representante toma posse.
Sabendo-se que o mandato é de apenas um ano, temos que o período de estabilidade dos membros será, logicamente, de dois anos (salvo se for reeleito). Durante esse período, eles gozarão de estabilidade provisória, apenas podendo ser dispensados no caso de cometimento de falta grave, que para certos doutrinadores, deverá ser comprovada mediante inquérito judicial (arts. 482 e 493 da CLT), ação essa, proposta pelo empregador, para que se torne possível (caso constatada a falta grave) o rompimento do contrato de trabalho do trabalhador estável.23
Em relação a necessidade de inquérito judicial para apuração de falta
grave, este é uma aspecto controvertido, pois para outros estudiosos seria
desnecessário o inquérito, vez que a lei não exige. Nesse sentido, observa-se
a jurisprudência do TRT da 9ª Região: ”Inexigível inquérito judicial intentado
pelo empregador para apuração da justa causa do empregado por estabilidade
contratual anual: a lei somente o impõe se decenal, ou de dirigente sindical.
Incidência do art. 5º, inc. II da CF/88.” (Tribunal do Trabalho da 9ª região – Ac.
3ª T- n.890/1995 – Rel. juiz João Oreste Dalazen – DJPR 27.1.1995.
Salienta-se que as horas despendidas durante os trabalhos da
comissão são consideradas como horas trabalhadas, e de acordo com o
23 Ibidem, p.43
31
entendimento majoritário as horas excedentes da jornada normal ensejarão
pagamento de horas extras.
A partir do momento da provocação da parte interessada a CCP terá o
prazo máximo de dez dias para a realização da sessão. Findo este prazo não
havendo a solução do conflito, será fornecida uma declaração de que a parte
provocou a comissão.
No caso de aceita a conciliação será lavrado um termo assinado pelas
partes e pelos membros da comissão, gerando um título de eficácia liberatória
geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas. Observa-se aqui
o extremo cuidado conferido aos créditos trabalhistas, pois a parte ressalvada
da conciliação permitirá que ela seja fruto de discussão futura, inclusive
através de uma ação trabalhista correspondente.
Conforme disposto no art. 625-G da CLT, considera-se suspenso o
prazo prescricional a partir do momento da provocação da CCP. O prazo
voltará a fluir a partir da tentativa da conciliação ou do decurso do prazo legal
de dez dias para esta tentativa. A prescrição suspensa é apenas a extintiva e
não a qüinqüenal.
PRESCRIÇÃO DO ART. 7º, INCISO XXIX, “a”, DA CARTA MAGNA- ART. 625-G DA CLT- A apresentação da demanda junto à comissão de conciliação prévia não altera a contagem da prescrição qüinqüenal do art. 7º, inciso XXIX, alínea “a”, da CF/88, suspendendo apenas a prescrição extintiva, a qual recomeça a fluir, pelo que resta, a partir da tentativa frustrada de conciliação, nos termos do art. 625-G da CLT. (Tribunal Regional do Trabalho da 9ª região – RO n. 2.981/2002 _ (19969/2002) – Rel. Juiz Luiz Celso Napp – DJPR 6.9.2002).
O local da CCP será o da sede da empresa, caso ela tenha âmbito
nacional. Ainda há a possibilidade de ser criada uma comissão em uma
agencia ou filial da empresa, pois não há qualquer óbice legal para isso.
32
3.2 Funções das CCPs.
As CCPs têm como atribuições a tentativa de conciliação entre as
partes, no caso de dissídios individuais, já os dissídios coletivos serão
analisados privativamente pelos Tribunais do Trabalho. E os títulos advindos
desta conciliação terão força de títulos executivos extrajudiciais.
Nesse diapasão fica evidente que a função dessas comissões é tão
somente tentar conciliar, não lhe é permitido criar ou ditar soluções. Uma outra
atribuição decorrente da primeira é a de certificar o resultado da tentativa, da
qual depende a formação do titulo executivo. Essa função ocorrerá no caso de
não ser consumada a transação, ou se esta não for realizada no prazo legal de
dez dias. E a CCP não pode se recusar a fornecer certidões.
“Mas, é bom que se frise, a atribuição de certificar não se confunde com a de homologar a manifestação da vontade das partes no negócio jurídico que fazem diante da Comissão. O órgão que concilia não exerce a atribuição de assistência aos sujeitos da transação, confirmando a sua vontade de dar firmeza ao negócio jurídico, tal como ocorre na homologação. O citado negócio só se realiza com a manifestação das partes, que as Comissões apenas tornam certas, com relação à emissão e ao conteúdo da vontade expressada.” 24
Com isso temos que as atribuições da CCP se dividem em três, são
elas: a avaliação do litígio, a tentativa de conciliação e a certificação do
resultado.
A partir dessas funções bem delimitadas, surge a indagação em
relação a possibilidade ou não da produção de provas numa CCP. Esse tema
é discutível e deve ser analisado cuidadosamente, pois as provas numa
comissão teriam a função apenas de auxiliar seus membros a estipular uma
quantum, para efeitos de uma tentativa de conciliação extrajudicial a ser
proposta. Não seria possível a eles discutir questões de fato, nem o valor
probante dos documentos, sob pena de caracterizar uma intromissão indevida
na competência da Justiça do trabalho.
24 Ibidem, p. 50.
33
Outra questão interessante é a presença ou não do advogado nessa
sessão. A lei 9.958/2000 é silente quanto ao assunto, mas é importante frisar
que na maioria das vezes o empregado não conhece seus direitos e garantias
profundamente, e o advogado é o profissional indicado para prestar essa
assessoria, até porque, via de regra, o empregador, está assessorado por seu
corpo jurídico, quando comparece a uma CCP.
Em síntese, embora a lei não exija a presença do advogado, nas sessões das CCPs, a prudência recomenda que as partes se façam acompanhar por advogado, a fim de que possam ter maior segurança jurídica no tocante à conveniência ou não, de se conciliarem; e, no caso e haver conciliação, quais são o alcance e os efeitos jurídicos desse ato bilateral, negocial.25
3.3 Submissão das demandas trabalhistas às Comissões de
Conciliação Prévia
De acordo com o art. 625-D da CLT: “qualquer demanda de natureza
trabalhista será submetida à Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade
da prestação de serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito da
empresa ou do sindicato a categoria”. O que significa que havendo esta
comissão no local da prestação do serviço, deve-se submeter à demanda a
ela.
Ainda segundo o § 1° do art.625-D: “a demanda será formulada por
escrito ou reduzida a termo por qualquer dos membros da Comissão, sendo
entregue copia datada e assinada pelos membros aos interessados.”
Depreende-se da leitura desse comando que a cópia do termo de propositura
da demanda trabalhista pela CCP, devidamente assinada é fundamental, para
comprovar que o empregado se submeteu a ela, evitando, desta forma, alguns
possíveis transtornos no momento de uma eventual propositura de uma ação
trabalhista. Frise-se que caso não se chegue a um acordo deverá ser fornecida
uma certidão de negociação intentada, porém frustrada.
25 Ibidem, p. 56
34
Ademais, considera-se suspenso o prazo prescricional até que seja
fornecida uma certidão.
O § 3° do art. 625-D, autoriza que, no caso de motivos relevantes que
impossibilitem a submissão de um litígio trabalhista à CCP, esse deverá vir
descrito na petição inicial da ação intentada perante a Justiça do trabalho.
Como exemplos de motivos relevantes, seguem dois exemplos,
verificados pela jurisprudência.
CONCILIAÇÃO PRÉVIA-COBRANÇA DE TAXA- A cobrança de taxa pela Comissão de Conciliação Prévia, caracteriza motivo relevante que impossibilita a observância prevista no caput do art. 625-D, pois se o trabalhador é a parte insuficiente da relação, não se justifica a cobrança de qualquer taxa para a tentativa de uma conciliação. (Tribunal do Trabalho da 15ª região- proc. N. 8.124/2002- (21.667/2002)- 3ª T _ Rel. juiz Luiz Carlos de Araújo _ DOESP 3.10.2002 – p.15). COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA – Tratando-se de categoria diferenciada, não está o autor obrigado a submeter-se à Comissão de Conciliação Prévia instituída entre a empresa reclamada e o sindicato de sua atividade preponderante. (Tribunal Regional do trabalho da 18ª região – RO n.1.905/2001- Rel. juiz Octávio José de Magalhães Drummond Maldonado _ DJGO 12.11.2001 – p.114).
35
CAPÍTULO IV
POSIÇÕES DOUTRINÁRIAS E JURISPRUDENCIAIS
ACERCA DA CONSTITUCIONALIDADE DA SUBMISSÃO
ÀS COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA.
4.1 A submissão às Comissões de Conciliação Prévia como
afronta à Constituição Federal.
O eminente jurista Jorge Pinheiro Castelo entende que a submissão
prévia das demandas às Comissões representa uma afronta ao principio
constitucional da inafastabilidade da jurisdição, tendo em vista que o legislador
infraconstitucional não pode criar mecanismos que afastem ou obstaculizem do
Poder Judiciário qualquer lesão ou ameaça de direito.
Na Quinta Turma do TST, a Ministra Kátia Arruda defende que a
conciliação prévia não pode ser requisito para o ajuizamento da reclamação
trabalhista, “sob pena de atingir o princípio constitucional do livre acesso à
justiça”.
Ainda na Segunda, Terceira e Quinta Turmas do TST, o entendimento
que impera é no sentido de que a passagem pela CCP não é obrigatória.
“Trata-se de mecanismo extrajudicial de solução de conflitos, e não de
pressupostos processual ou mesmo condição da ação”, entende o Ministro
Renato de Lacerda Paiva, da Segunda Turma.
Observa-se ainda ampla jurisprudência no sentido de considerar
inconstitucional tal exigência:
“COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA – DIREITO DE AÇÃO- INOCORRENCIA DE OBSTACULIZAÇÃO – O legislador, ao criar a possibilidade de conciliação extrajudicial dos conflitos trabalhistas através da Comissão de Conciliação Prévia, por certo pretendeu evitar que todos os litígios trabalhistas desaguassem perante a Justiça do trabalho, entretanto a opção do trabalhador em não participar da referida comissão é legítima e não impede o regular exercício do direito
36
de ação. Tanto assim é que, originariamente, o Projeto de Lei n. 4.694/98 (do qual derivou a lei n.9.958/2000), continha em seu art. 836-C §3º, disposição no sentido de que a ausência de tentativa de conciliação implicava na extinção da ação trabalhista sem julgamento do mérito, porem, tal restrição acabou não sendo aprovada, como se observa na redação definitiva, constante no art. 625-D, da CLT. E não poderia ser diferente, visto que a lei não pode erguer obstáculos ao exercício do direito de ação, principio estatuído no art. 5º, XXXV, da Constituição federal”. (TRT/24ª- RO n. 80/2001 _ AC. N. 1.370 _ Rel. Juiz Amaury Rodrigues Pinto Júnior – J. 3.5.2001 _ DLMS 5.6.2001 – p. 26). COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA – Submeter a controvérsia à Comissão de Conciliação Prévia não é um dos pressuposto da ação. É uma faculdade da parte. Raciocinar em sentido contrário seria obstaculizar o exercício da cidadania constitucionalmente previsto, e que assegura a todos o acesso ao Poder Jurisdicional para dirimir questões que envolvam violação a direito, a uma norma de hierarquia inferior, no caso a lei 9.958/2000” (TRT/2ª – RS 01/2002 – AC. 20020221422- 4ª T. Rel. Juiz Sérgio Winnik _ DOESP 19.4.2002).
Vale salientar ainda que o Tribunal Regional de São Paulo, já emitiu
súmula sobre esta questão no mesmo sentido:
Súmula 2 – TRT/SP: COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA. EXTINÇÃO DE PROCESSO (RA n° 08/2002 – DJE 12/11/02, 19/11/02, 10/12/02 e 13/12/02): O comparecimento perante a Comissão de Conciliação Prévia é uma faculdade assegurada ao obreiro, objetivando a obtenção de um título executivo extrajudicial, conforme previsto pelo artigo 625-E, parágrafo único da CLT, mas não constitui condição da ação, nem tampouco pressuposto processual na reclamatório trabalhista, diante do comando do art. 5°, XXXV, da Constituição Federal.
Depreende-se da leitura destas decisões que, entendem estes juristas,
não ser obrigatória a passagem pelas CCPs, seja pela ausência de sanção
legal expressa, para ambas as partes, pelo não comparecimento à sessão, ou
por defenderem que tal exigência configura um obstáculo ao exercício de ação
garantido constitucionalmente.
37
4.2 Obrigatoriedade da submissão às Comissões de
Conciliação Prévia como condição da ação e sua
compatibilidade com a Constituição Federal.
Para outros juristas como Estevão Mallete e Ives Granda Silva Martins,
a tentativa de conciliação prévia nas comissões não representa uma afronta à
Constituição Federal, mas sim uma condição da ação.
Sabe-se que as condições da ação são exigências essenciais para a
existência da ação, bem como para alcançar-se a tutela jurisdicional, os quais
devem ser obrigatoriamente verificados preliminarmente à análise do mérito.
As condições da ação são: possibilidade jurídica do pedido, interesse
processual e legitimação para agir.
O interesse processual significa que, apesar do Estado tenha o dever
de prestar a tutela jurisdicional quando invocado, não convém acionar a
Justiça, sem que dessa atividade possa era extraído algum resultado efetivo,
Portanto, é necessário que a prestação jurisdicional solicitada seja, necessária
e apropriada.
A necessidade da tutela judicial se dá quando há uma impossibilidade
de se obter a satisfação do requerido direito sem a obrigatória intervenção do
Estado.
Logo, o interesse processual, é aquele que se exterioriza pela
indispensabilidade do uso do processo pelo autor, sob pena de ficar sem
formas para validar seu direito material alegado.
Nesse diapasão, a criação das Comissões de conciliação prévia serve
como uma nova forma de se alcançar o mesmo resultado que seria pretendido
numa ação trabalhista, sem a necessidade de provocar o judiciário.
Dessa forma, elas serão consideradas como uma condição da ação
trabalhista individual, uma vez que sem tentativa de conciliação prévia perante
aquelas, faltará o interesse processual, o que acarretará, a extinção do
processo, sem julgamento do mérito, mas sem significar o cerceamento do
38
exercício do direito de ação no plano constitucional. Observa-se o
entendimento de João Luís Vieira Teixeira:
o procedimento criado pelo art. 625-D da CLT não pode ser considerado inconstitucional, pois ele apenas criou uma nova condição para exercício da ação, ou condição da ação, lembrando-se que as condições da ação situam-se entre os pressupostos processuais e o mérito.26
Assim, no tocante a exigência constante no art. 625-D §2° e 3° da CLT,
de apresentação do conflito perante a CCP, antes de propor qualquer ação
trabalhista, não está em desconformidade com a Carta Magna, vez que não
retira do trabalhador a possibilidade de se acessar o judiciário, ou seja, exercer
seu direito constitucional de ação, mas apenas impõe-se que o mesmo, antes
de procurar o judiciário, faça uso dos meios extrajudiciais de solução dos
conflitos, restando infrutífera esta tentativa, demonstra-se plausível o interesse
em apresentar ao Estado essa demanda a fim de se busque um resultado
através de uma sentença judicial.
Para ratificar esse entendimento, verificam-se as seguintes
jurisprudências:
“COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA- INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI N. 9.958/2000- O art. 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal, garante ao cidadão o acesso ao Poder Judiciário. Contudo, isto não significa que este acesso ao órgão será feito sem limites ou condições previstos em lei. Assim, ao estabelecer o art.625-D da CLT, que qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à Comissão de Conciliação Prévia, se, na localidade da prestação de serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito da empresa ou do sindicato da categoria, o legislador infraconstitucional não quis impedir a apreciação da ação trabalhista pelo Poder Judiciário, mas tão-somente, determinou que a questão litigiosa seja submetida, preliminarmente,à tentativa de composição amigável, perante a Comissão de Conciliação Prévia, valorizando o principio da conciliação no Direito d Trabalho e a negociação individual ou coletiva como forma de solução de conflitos trabalhistas. Nada mais, nada menos, sem qualquer prejuízo para o empregado, que, frustrada a fase conciliatória perante a Comissão de
26 TEIXEIRA. João Luís Vieira. op.cit.p. 64.
39
Conciliação Prévia, terá garantido o acesso ao Poder Judiciário”. (Tribunal do Trabalho da 3ª Região – RO n. 1.827/2000- Acórdão da 3ª T _ Rel. juiz Rodrigo Ribeiro Bueno – DJMG 5.12.2000). COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA – CONDIÇÃO DA AÇÃO- A previsão do art. 625-D da CLT e do seu § 2º é imperativa. Trata-sede condição da ação, que somente pode ser determinada pela legislação ordinária. Não tem do o reclamante passado pela comissão, deve ser extinto o processo sem julgamento do mérito. (TRT/2ª – RS n. 17567200290202000- (200204162150- 3ª T- Rel. p/o Ac. Juiz Sergio Pinto Martins _ DOESP 25.6.2002).
4.3 Entendimento do Supremo Tribunal Federal.
Verifica-se que a constitucionalidade das Comissão de Conciliação
Prévia gera inúmeras discussões no campo jurídico, razão pela qual, como
forma de dirimir os posicionamento antagônicos foram intentadas ações diretas
de inconstitucionalidade perante o STF.
Na análise das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADINs) 2139 e
2160, os Ministros discutiram se a obrigatoriedade de submeter as demandas
trabalhistas a uma Comissão de Conciliação Prévia limitaria o direito do
empregado de ver suas causas julgadas pelo Poder Judiciário.
As ações foram ajuizadas na Corte pelo PC do B, PSB, PT e PDT
(ADIN 2139) e Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio –
CNTC (ADIN 2160).
Como resultado das citadas ADINs, o STF, em sessão realizada no dia
13 de maio de 2009, entendeu que a exigência de submissão da demanda à
CCP (art. 625-D da CLT) viola o princípio do livre acesso ao judiciário, e
portanto é inconstitucional.
Esta decisão ainda é uma liminar, mas já surte os efeitos do pedido
principal. E como a liminar recebeu votos da maioria dos Ministros, muito
provavelmente a decisão deverá ser mantida no julgamento do mérito da ação.
40
STF. Comissão de Conciliação Prévia – CCP. Ação direta de inconstitucionalidade. Princípio do livre acesso ao Judiciário CF/88, art. 5º, XXXV. CLT, art. 625-D. Interpretação conforme aCF/88. O STF por reputar caracterizada, em princípio, a ofensa ao princípio do livre acesso ao Judiciário (CF/88, art. 5º, XXXV), por maioria, deferiu parcialmente medidas cautelares em duas ações diretas de inconstitucionalidade, para dar interpretação conforme a Constituição Federal relativamente ao art. 625-D (redação da Lei 9.958/2000) — que determina a submissão das demandas trabalhistas à Comissão de Conciliação Prévia — a fim de afastar o sentido da obrigatoriedade dessa submissão (ADI 2.139 MC/DF, Rel. orig. Min. Octávio Gallotti, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio – J em 13/05/2009. ADI 2.160 MC/DF, rel. orig. Min. Octávio Gallotti, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio – J. em 13/05/2009).
Dessa forma, o empregado que entender ter direitos a receber já pode
entrar com ação na Justiça do Trabalho sem precisar antes se submeter à
decisão da Comissão de Conciliação Prévia,
As Comissões continuarão instauradas, mas os empregados só irão
recorrer a elas se assim desejarem.
41
CONCLUSÃO
A presente monografia descreveu o instituto das Comissões de
Conciliação Prévia, criadas em 13 de janeiro de 2000 pela lei 9.958, que tem
como função primordial solucionar extrajudicialmente as demandas de
natureza trabalhista, as quais poderão ser realizadas tanto nas empresas como
em âmbito sindical.
O principal objetivo das Comissões é dar maior celeridade aos conflitos
trabalhistas, ou seja, desafogar a justiça do trabalho e evitar o desgaste sofrido
pelas partes, que esperam, na maior parte das vezes, por longos anos até
chegar ao desfecho de sua ação.
Contudo, essa lei gera polêmica quando obriga, tanto empregados,
como empregadores, a submeterem-se às CCP ou aos Núcleos Intersindicais
de Conciliação, nas localidades onde existirem, antes de qualquer tentativa de
busca ao Judiciário.
O que enseja questionamentos se estaria ferindo o princípio disposto
no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal de1988, o qual preceitua que a lei
não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
Nesse diapasão se formaram dois entendimentos: os doutrinadores
que defendem que essa obrigatoriedade é inconstitucional, e os que não
vislumbram qualquer inconstitucionalidade nessa submissão.
Para os doutrinadores como Vicente José Malheiros da Fonseca , juiz-
presidente do TRT da 8ª Região, que entendem pela inconstitucionalidade,
seus argumentos versam tanto no fato do desrespeito ao princípio da
inafastabilidade de jurisdição (CF, art. 5º, XXXV), quanto no fato de que a
Comissão estaria de certo modo apoderando-se da competência da Justiça do
Trabalho.
Em contrapartida, o jurista Ives Gandra da Silva Martins Filho pertence
a corrente que defende não haver inconstitucionalidade na obrigatoriedade da
passagem prévia da demanda perante a comissão de conciliação.
42
No entendimento do citado autor as comissões de conciliação prévia
não constituem óbice ao acesso ao Judiciário, assegurado pelo art. 5º, XXXV,
da Constituição Federal, pois são apenas instâncias prévias conciliatórias e
que, de forma alguma, impede ao acesso ao Judiciário.
Ademais também entende essa corrente ser a submissão a CCP uma
nova condição da ação, não retirando do trabalhador o direito de acesso à
Justiça.
Para solucionar esta divergência foi interposta perante o Supremo
Tribunal Federal uma ação de inconstitucionalidade, ADI 2139. Nela, o PC do
B, o PSB, o PT e o PDT alegam que a exigência da passagem às CCPs viola a
liberdade dos trabalhadores de submeterem ao Poder Judiciário a apreciação
de suas ações de natureza trabalhista, transgredindo, portanto, o inciso XXXV
do artigo 5º da Constituição Federal.
O STF no julgamento da referida ação se posicionou, através de
liminar pela inconstitucionalidade da obrigatoriedade da submissão às CCPs,
entendendo que cerceamento de acesso à Justiça é inconstitucional.
As comissões continuam existindo, mas o empregado só recorre a elas
por livre vontade.
Com isso a presente monografia concluiu que o direito de ação por ser
garantido pela Constituição Federal, que é a lei máxima em nosso país, a qual
todas as outras devem submissão, não deve sofrer nenhum tipo de óbice.
Tornar obrigatória a prévia passagem pelas CCPs, antes de ingressar
com um ação em juízo estaria violando o livre acesso à justiça, e em última
análise o exercício da cidadania, razão pela qual essas comissões devem ter
cunho facultativo.
Acertado foi o posicionamento do Supremo Tribunal Federal que
decidiu no sentido da não obrigatoriedade da submissão às CCPs, com o
respaldo de não estar criando qualquer embaraço a propositura de uma ação
trabalhista, e, portanto não limitar o acesso do cidadão à justiça.
43
BIBLIOGRAFIA
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do Trabalho. 6ªed. Ltr, 1993.
CAPPELLETTI, Mauro; CARTH, Bryant. Acesso à Justiça. Tradução e revisão:
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2008.
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. 5ª ed.
São Paulo: Malheiros, 2005.
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Saraiva, 2009.
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44
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ed.São Paulo:Ltr,2008.
PROJETO MOVIMENTO PELA CONCILIAÇÃO / Obra coletiva de autoria do
Conselho Nacional de Justiça com a colaboração de Eduardo Lorenzoni,
Germana Moraes, Marco Aurélio Gastaldi Buzzi, Mariella Ferraz de Arruda
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Acesso em: 09 ago. 2009.
SANTS, Altamiro J. dos. Comissão de Conciliação Prévia-Conviviologia
Jurídica e harmonia Social. São Paulo: Ltr, 2001.
TEIXEIRA, João Luís Vieira, Comissões de Conciliação Prévia Trabalhistas,
São Paulo: Ltr, 2003.
45
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
A origem das comissões de conciliação prévia 10
1.1 – Origem da conciliação 10
1.2 – a Conciliação aplicada ao Direito do Trabalho e a criação da lei
9.958/2000. 13
1.3- Direito comparado 16
CAPÍTULO II
O Princípio constitucional do livre acesso à justiça 19
2.1 – Conceito de Princípios constitucionais. 19
2.2 – Histórico do Princípio do livre acesso à justiça 20
2.3- Acesso à justiça aplicado ao Direito do trabalho e o jus postulandi 24
CAPÍTULO III
O estudo das Comissões de Conciliação Prévia. 27
3.1 – o funcionamento das Comissões de Conciliação Prévia 27
3.2 – Função das Comissões de Conciliação Prévia 32
3.3–Submissão das demandas trabalhistas às Comissões de Conciliação
Prévia. 33
46
CAPÍTULO IV
Posições jurisprudenciais e doutrinárias acerca da constitucionalidade
das Comissões de Conciliação Prévia. 35
4.1- A submissão às Comissões de Conciliação Prévia como afronta a
Constituição Federal 35
4.2- Obrigatoriedade da submissão às Comissões de Conciliação Prévia
como condição da ação e sua compatibilidade com a Constituição
Federal. 37
4.3 - Entendimento do Supremo Tribunal Federal 39
CONCLUSÃO 41
BIBLIOGRAFIA 43
ÍNDICE 45
47
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: