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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A Importância da Estimulação Precoce na Síndrome de Down
Por: Daniela Carvalho Coelho
Orientador
Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho
Rio de Janeiro
2007
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A Importância da Estimulação Precoce na Síndrome de Down
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em psicomotricidade
Por: Daniela Carvalho Coelho
3
Agradecimentos
Agradeço aos professores Vilson Sérgio de
Carvalho e Fátima Maria Oliveira Alves,
aos meus amigos que me ajudaram e a
todos aqueles que direta ou indiretamente
contribuíram para a elaboração deste
trabalho.
4
DEDICATÓRIA
Primeiramente a Deus , Meus Pais,
minha irmã e minha filha por todo
apoio.
5
Resumo
O nascimento de um filho é um fato muito importante na vida de um casal. Durante 9 meses eles ficam na expectativa de como será o filho e imaginam o nascimento de uma criança, forte e saudável. Durante os 9 meses eles mobilizam toda família e preparam conforme suas condições financeiras tudo para que seu filho tenha todo o conforto.Derrepente se deparam com a notícia de que seu filho é portador da Síndrome de down.Devido a isso, os pais têm que receber desde cedo orientação da equipe médica do bebê e orientação psicológica para que ambos aceitem seu filho da maneira como ele é. Recebendo o apoio da equipe médica, psicólogo e equipe multidisciplinar desde cedo os pais irão aceitar e se conformar mais rápido com o problema apresentado pelo seu filho, com isso, não irão sentir vergonha de mostrá-lo para seus familiares e para a sociedade e irão ter consciência de que quanto mais cedo a criança iniciar o tratamento de estimulação melhor para seu desenvolvimento.
6
METODOLOGIA
O presente trabalho de monografia previu um levantamento através de
referências bibliográficas, porém esse estudo limita-se a pesquisa do papel da
Estimulação Precoce na Síndrome de Down.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................... 9
CAPÍTULO I - SÍNDROME DE DOWN ............................................................... 10
1.1 - Conceito...................................................................................... 10
1.2 - Histórico..................................................................................... 11
1.3 - Etiologia..................................................................................... 13
1.4 - Classificação .............................................................................. 16
1.5 - Características ..........................................................................
1.5.1- Mentais.................................................................................
1.5.2- Físicas...................................................................................
17
17
18
1.6 - Patologias Associados ............................................................... 22
CAPÍTULO II - ETAPAS EVOLUTIVAS DA CRIANÇA COM SÍNDROME
DE DOWN .................................................................................................................
25
2.1 - Motora ....................................................................................... 25
2.2 - Linguagem ................................................................................. 28
CAPÌTULO III - DIAGNOSTICO ..........................................................................
29
3.1 - Durante a Gravidez .................................................................. 29
3.2 - Depois do Nascimento ............................................................... 33
3.3 - A Comunicação do Diagnóstico ................................................ 34
3.4 - Orientação aos Pais.................................................................... 37
CAPÌTULO IV - ESTIMULAÇÃO PRECOCE .................................................... 39
4.1 - Função Motora .......................................................................... 40
4.2 - Função Sensorial ....................................................................... 42
4.3 - Função Cognitiva ...................................................................... 44
8
CAPÌTULO V - ATUAÇÃO DA EQUIPE MULTIPLICINAR......................... 46
5.1 - Fisioterapia................................................................................ 46
5.2 - Fonoaudiólogo ......................................................................... 47
5.3 - Terapeuta Ocupacional ............................................................ 47
5.4 - Psicomotricista .......................................................................... 48
5.5 - Psicoterapeuta ........................................................................... 48
CONCLUSÃO .......................................................................................................... 49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - .......................................... 50
9
INTRODUÇÃO
Sempre quis trabalhar ou estar ligada a crianças “especiais”. Pois apesar de
suas limitações e deficiências são seres humanos maravilhosos e muitas vezes
carentes.
Por essas e outras razões, sempre quis poder dar mais de mim para ajudar a
essas crianças, já que a sociedade as discriminam, achando-as incapazes, agressivas,
idiotas e etc.
Antes de mais nada, é importante lembrar nesta introdução, que o presente
trabalho, não irá buscar inovações ou mesmo propor novas técnicas em relação a
estimulação precoce na Síndrome de Down. E sim sensibilizar a todos por ser esta uma
situação que pode acontecer com qualquer família, pois, ninguém está imune.
Sabendo que a Síndrome de Down é uma etapa nova e desafiadora na vida
de qualquer família é que procuramos dar possibilidade de trabalho para integrar e
estabelecer os portadores dessa síndrome a cidadania através da Estimulação Precoce.
Será transcrito neste trabalho, pontos importantes sobre a Síndrome de
Down, como um breve histórico, a etiologia, o diagnóstico, suas caracte-rísticas, as
patologias associadas, a importância da estimulação precoce e a atuação da
Fonoaudiologia nos portadores desta síndrome.
Espero responder a todos que buscam a importância de uma intervenção
precoce e em que ela pode contribuir no desenvolvimento do portador da Síndrome de
Down.
10
Capítulo I
SÍNDROME DE DOWN
1.1 – Conceito
A Síndrome de Down é essencialmente um atraso no desenvolvi-mento,
tanto das funções motoras do corpo como das funções mentais.
Levando-se em consideração o significado de Síndrome, que quer dizer
conjunto de sinais e sintomas que caracterizam um determinado quadro clínico. No caso
da Síndrome de Down um dos sintomas é a deficiência mental Em razão do excesso de
material genético, provocado pela anomalia cromossômica, há um certo atraso no
desenvolvimento global do portador da Síndrome referida, tanto das funções motoras
quanto das mentais. Esta Síndrome é uma das mais comuns aberrações autossômicas,
tendo provável origem de não separação do cromossomo 21 durante sua divisão.
A Síndrome de Down é caracterizada por malformações múltiplas, retardo
mental e desenvolvimento muito afetado do Sistema Nervoso Central. Ela é conhecida
popularmente, como mongolismo, devido às características apresentadas por seu
portador, fazendo lembrar o aspecto das pessoas da raça mongólica (amarela).
O portador desta Síndrome geralmente apresenta várias anomalias
morfológicas, tais como: cabeça pequena e achatada atrás, nariz curto e de base larga,
prega cutânea vertical, ligando as duas pálpebras, no interno do olho, fendas palpebrais
inclinadas para fora e para hipotonia muscular, alte-rações ósseas e freqüentemente
outras malformações em particular do coração.
Segundo Claudia Werneck, em todo o mundo, pais, cientistas, pro-fissionais
das áreas de saúde e educação, se unem no sentido de não permitir que a pessoa que tem
Síndrome de Down seja chamada de mongolóide, mongol ou de mongo. Termo
intrinsecamente pejorativo não só para eles como para a população da Mongólia.
Certamente, não basta trocar a denominação, é preciso reverter o quadro da falta de
informações sobre o assunto em todos os segmentos da sociedade, do meio médico à
mídia, do pai ao leigo, divulgando incessantemente dados sobre a verdadeira
potencialidade dos portadores desta Síndrome.
11
A Síndrome de Down é relativamente freqüente: de cada quinhentos e
cinqüenta bebês que nascem um tem a Síndrome atualmente, estima-se que existem
entre crianças e adultos, mais de cem mil brasileiros com Síndrome de Down.
Qualquer casal pode ter um filho com Síndrome de Down, não importando
sua raça, credo ou condição social. Entretanto, a chance de nascer um bebê com
Síndrome de Down é maior quando a mãe tem mais de 40 anos. No início da gestação,
quando começa a se formar o bebê, já está determinado se ele terá a Síndrome ou não,
portanto nada que ocorra durante a gravidez, como quedas, sustos ou emoções fortes
pode ser a causa da Síndrome.
Não existe cura para a Síndrome de Down, até o momento, embora no
mundo inteiro se façam pesquisas nesse sentido. A Síndrome de Down é uma anomalia
das próprias células e não existem drogas, vacinas, remédios, escolas ou técnicas
milagrosas capazes de curá-la.
Mas a estimulação precoce no portador desta Síndrome vai fornecer as
oportunidades para o seu desenvolvimento e amenizar suas deficiências; por isso é de
suma importância praticá-la o mais cedo possível.
1.2 – Histórico
O registro mais antigo da Síndrome de Down deriva das escava-ções de um
crânio saxônio, datado do século VII, o qual apresentava modifi-cações estruturais
vistas com freqüência em crianças portadoras da Síndrome.
Logo após muitas conjecturas históricas foram citadas no século XV e
XVII, que retratavam rostos semelhantes aos de pessoas com Síndrome de Down.
Nenhum relatório bem documentado foi publicado antes do século XIX, por
várias razões:
1 – Haviam poucas revistas médicas naquela época.
2 – Somente alguns pesquisadores estavam interessados nessas crianças.
3 – Doenças como infecções e desnutrição predominavam ofus-cando
problemas genéticos e malformações.
12
4 – Até meados do século XIX somente metade das mães sobre-viviam após
os 35 anos e muitas crianças com Síndrome de Down morriam na
primeira infância.
Em 1846 Edouard Seguin descreveu um paciente com feições que sugeria
Síndrome de Down e denominou de “idiotia furfourácea”.
Em 1866 Ducan registrou uma menina “com cabeça pequena e redonda,
olhos parecidos com os chineses, projetando uma grande língua e que conhecia só
algumas palavras”. Neste mesmo ano John Langdon Down publicou um trabalho no
qual descreveu algumas das características da Síndrome que hoje leva seu nome.
Down merece crédito pela descrição de características físicas clássicas desta
condição distinguindo estas crianças de outras com Deficiência Mental.
Down acreditava que a Síndrome era um retorno a um tipo racial mais
primitivo, ao reconhecer nas crianças afetadas uma aparência oriental criou então o
termo “mongolismo”, chamou-os inadequadamente de “Idiotas Mongolóides”.
No início do século XX, alguns médicos pensavam que o período da
malformação do bebê com Síndrome de Down tinha que ocorrer no início da gestação
portanto alguma influência do ambiente durante os dois primeiros meses resultariam
nesta condição. Outros mais corretamente acreditavam que fatores genéticos eram
responsáveis.
Relatórios sem fundamentos, especulações e concepções errôneas levavam a
várias hipóteses insustentáveis de que alcoolismo, a sífilis, a tuberculose e etc, fossem
causas da Síndrome de Down, porém faltava a maioria uma base científica sólida e hoje
elas nos parecem totalmente absurdas considerando todos os avanços atuais da
medicina.
No início de 1930, alguns médicos já suspeitavam que a Síndrome de Down
poderia ser resultado de um problema cromossômico, porém o exame dos cromossomos
não eram avançados o suficiente para comprovar tal teoria.
Em 1956 os novos métodos laboratoriais permitiram a visualização e estudo
científico dos cromossomos.
Descobriu-se então que ao invés dos 48 cromossomos havia 46
cromossomos em cada célula humana normal.
13
Três anos mais tarde Lejuine associou a Síndrome de Down com uma
aberração cromossômica.
Em estudos de tais crianças ele observou 47 cromossomos em cada célula
ao invés dos 46 esperados e, ao invés dos dois cromossomos 21 comuns, encontrou três
cromossomos 21 em cada célula, o que levou o termo “Trissomia 21”.
Com os recentes avanços médicos, educacionais e sociais, estas crianças
podem desenvolver-se muito mais do que as primeiras gerações achavam possíveis.
Cercadas de carinho, empenho e dedicação dos pais e da sociedade desde os
primeiros dias de sua vida elas podem aprender a cuidar de si, a ler, a praticar atividades
manuais e viver como membros afetuosos e contribuintes do meio que o cerca.
Existem ainda muitas perguntas sem resposta e muitas pesquisas a serem
realizadas dos progressos e lições de vida que essas crianças podem chegar a alcançar.
1.3 – Etiologia
“A Síndrome de Down faz parte do grupo de encefalopatias não
progressivas que a medida que o tempo passa não mostram acentuação da
lentidão do desenvolvimento, nem o agente da doença se torna mais grave.
Encefalopatias são as doenças localizadas no cérebro. Uma criança com a
Síndrome de Down tem tendência espontânea para melhora, porque o seu
sistema nervoso central continua a amadurecer com o decorrer do tempo,
o problema é que esse amadurecimento é mais lento do que o observado
nas crianças normais.” (Léfreve,Beatriz Helena.Estudos Psicológicos e
Terapêutica Multiprofissional da Síndrome de Down.São Paulo: Savier
1984)
A sua causa atribui-se simplesmente de um erro ou acidente biológico.
Um bebê normal recebe 46 cromossomos, 23 pares. Destes 23 vem da mãe
através do óvulo e os outros 23 que farão par com os primeiros vêm do pai através do
espermatozóide.
Um bebê com Síndrome de Down tem 47 cromossomos, com um
cromossomo extra do par 21 acrescido ao par normal.
14
Quando o espermatozóide fertiliza o ovo, resulta uma célula chamada zigoto
ou ovo fertilizado, que tem 46 cromossomos, isto é, 23 pares. Esta célula passa por um
processo de divisões celulares: divide-se em duas células idênticas; estas se dividem em
4; as 4 se transformam em 8 e assim por diante. Cada vez que uma célula se divide, os
cromossomos devem também se dividir.
O que acontece é um erro na distribuição cromossômica. Uma das duas
novas células recebe um cromossomo de número 21 extra, e as outras células não.
Todos os outros cromossomos se distribuíram corretamente, exceto o par 21.
A divisão celular falha pode ocorrer no espermatozóide, no óvulo ou
durante a primeira divisão da célula após a fertilização.
Os cromossomos são pequenas estruturas responsáveis pelos nossos “fatores
hereditários”, ou genes. Estes cromossomos possuem milhares de genes enriquecidos de
material genético, essenciais para o desenvolvimento e crescimento de qualquer
organismo.
O cromossomo 21 extra presente nas células do organismo do portador da
Síndrome de Down é responsável pelas alterações no seu desenvolvimento físico e
mental.
A presença do cromossomo 21 extra pode ocorrer no portador de Síndrome
de Down de três formas:
• Trissomia 21 completa
• Translocação (G/D ou G/G) 3,3%
• Mosaicismo de trissomia 21 / normal 2,4%
Trissomia típica: Ocorre na proporção de 1 para 600 nascimentos. O
número total de cromossomos é 47, em vez dos 46 normais. Se durante a gametogênese
materna, não ocorre a separação dos dois cromossomos do par 21, produz-se um óvulo
anormal e, consequentemente, uma criança com Trissomia 21.
Esta acontece com os bebês de mães em idade avançada.
Translocação: É raro. Os cromossomos do par 15 são anormalmente
grandes devido à translocação de material do cromossomo 21 extra, o que provoca a
Síndrome de Down.
15
Nesta situação a diferença é que o cromossomo 21 não é um cromossomo
“livre”, mas está ligado ou translocado a outro cromossomo.
Tais indivíduos porém tem o mesmo excesso de cromossomo 21 que se
observa nos portadores de Trissomia Típica.
Crianças com Síndrome por translocação provém comumente de pais
jovens, um dos quais traz a translocação 15/21. O portador tem 45 em vez de 46
cromossomos porém é normal a quantidade de material do cromossomo 21.
Embora pai e mãe sejam perfeitamente normais física e mentalmente e
tenham quantidade de material genético normal dois de seus cromossomos estarão
ligados um ao outro, tal pessoa é um portador balanceado ou portador de translocação,
ocorrendo neste caso um risco maior do portador ter filhos Down.
Mosaicismo: É raríssimo. Consiste na coexistência, em um indivíduo, de
células com números diferentes de cromossomos.
É considerado como sendo resultado de um erro em uma das primeiras
divisões celulares. Posteriormente após o nascimento encontram-se algumas células
com 47 e outras com o número normal de 46 cromossomos. As crianças com Síndrome
do tipo mosaicismo apresentaram traços menos acentuados e seu desempenho
intelectual é melhor do que na média.
O acidente biológico do qual resulta a Síndrome é chamado não-disjunção e
ocorre mais freqüentemente na meiose materna. Daí atribui-se o fato de que o risco do
nascimento de uma criança ofertada aumentada de acordo com a idade materna.
Os riscos de ocorrência para o grupo etário materno são:
• Entre 15 e 29 anos: 1:1500
• Entre 30 e 34 anos: 1:800
• Entre 40 e 44 anos: 1:1000
• Acima de 45 anos: 1:50
• Após 49 anos: 1:10
16
1.4 – Classificação
Uma vez estabelecido o diagnóstico da Síndrome de Down, interessa a nós
conhecermos o grau de transtorno para qual será utilizados o quociente intelectual.
Devido a isso os pacientes portadores da Síndrome de Down possuem as seguintes
classificações:
A) Limítrofe:
Os pacientes que possuem, essa classificação possuem um QI variado entre
70/80. Se possuir uma boa estimulação, ele será levemente educável por métodos
usuais, podendo atingir sua independência no fim de sua adolescência, efetuando
operações de complexidade no que diz respeito a oficina pedagógica e sua vida social.
B) Leve:
Possuem atraso mínimo nas áreas sensoriais e motoras o QI varia de 55 a
69. Com isso podem ser levemente educáveis por métodos especiais, podendo adquirir
com isso conhecimentos e habilidades no fim de sua adolescência, que os tornarão
independentes realizando operações de complexidade média.
C) Moderado:
Os pacientes dessa classificação têm capacidade de se comunicarem com
seu meio. O seu QI varia de 40 a 54, podendo ser com isso, treináveis. Adquirindo com
isso aptidões ocupacionais simples que os tornam semi dependentes ou seja, não
dependem totalmente de quem os cuidam.
No que diz respeito a escolaridade, os pacientes portadores da Síndrome de
Down moderada possuem um progresso lento não conseguindo passar com isso do
1°grau.
D) Severo:
A essa classificação faz-se a seguinte observação: Os pacientes portadores
de Síndrome de Down severa possuem um QI variado entre 25/39. Devido a isso podem
ser educáveis embora com dificuldade e quando chegarem no fim de sua adolescência
17
estarão aptos a realizarem operações muito simples conquistando, com isso sua
independência.
E) Profundo:
Os pacientes portadores de Síndrome, de Down profunda possuem um
grande atraso psíquico devido ao seu QI, 0/24. Consequentemente, sua coordenação
motora e suas percepções sensoriais são rudimentares necessitando com isso de
cuidados especiais para poderem sobreviver.
Devido as suas condições não são aptos para serem treináveis a fim de
realizarem um ofício (profissão).
1.5 – Características
1.5.1 – Mentais
Normalmente as crianças portadoras de Síndrome de Down são submetidas
a uma avaliação psicológica e essa avaliação visa verificar como está o
desenvolvimento geral da criança. Consequentemente o seu QI (Quociente Intelectual).
Os pais quando levam seus filhos portadores de Síndrome de Down para
serem submetidos a esta avaliação psicológica normalmente ficam ansiosos com a
espera do resultado, pois eles querem saber como está o desenvolvimento mental de seu
filho. Quanto mais cedo os pais levarem seu filho portador de Síndrome de Down para
ser submetido a essa avaliação melhor; pois, ela será estimulada mais cedo baseada no
resultado de sua avaliação psicológica, devido a isso, ela terá um bom progresso de
aprendizagem que facilitará a sua vida de um modo geral e na adolescência conquistará
sua independência social podendo trabalhar em oficina abrigada.
A avaliação psicológica é feita de forma qualitativa baseada na abordagem
dinâmica da criança.
Orientados pelos psicólogos os pais estimulam seus filhos no que diz
respeito a atenção, as habilidades e até mesmo o tipo de escolaridade mais propícia para
criança no momento.
18
Os profissionais que lidam com a criança portadora de Síndrome de Down
não devem fazer comparações com os resultados de uma criança normal com os da
criança portadora de Síndrome de Down, visto que consideravelmente o QI(Quociente
Intelectual) não é o mesmo devido ao conseqüente retardo mental que a mesma
apresenta.
O cérebro dessa criança está sempre amadurecendo uma vez que a Síndrome
não ocasiona piores danos conforme o crescimento da criança e sim melhoras. Devido a
isso, se a criança for estimulada desde cedo suas funções cerebrais amadurecerão com
todas as suas funções sensoriais e motoras.
Devemos desenvolver um trabalho de estimulação de modo que seja de
forma lenta estimulando a parte sensorial, motora e cognitiva da criança etapa por etapa,
não é recomendado exigir muito da atenção dessas crianças por muito tempo, pois elas
não se concentram o tempo suficiente para guardar ordens dadas, são dispersas ou seja,
não se concentram muito tempo em uma só coisa.
Apesar de todos esses progressos alcançados pelas crianças portadoras de
Síndrome de Down o seu raciocínio para tarefas abstratas é falho. Geralmente seu
raciocínio para realizar tarefas abstratas é estacionado em uma faixa etária
correspondente a evolução de uma criança normal com 7 à 8 anos de idade cronológica:
Elas conseguem desenvolver e alcançar o progra-ma de primeira e segunda série de uma
escola especializada, que é apresentado lentamente para elas, mas não conseguem
terminar a 8ª série, pois já requer muita abstração.
Há contudo, um outro tipo de raciocínio também abstrato que é
compreendido pela criança mongólica é o chamado raciocínio lógico.
1.5.2 – Físicas
A aparência física e as funções de todo ser humano são originados,
principalmente pelos genes. Dessa forma, os genes são responsáveis pelas ca-
racterísticas físicas de criança com Síndrome de Down.
As crianças herdam esse genes originados, tanto da mãe quanto do pai, desta
forma, elas parecerão até certo ponto, com seus pais, em aspectos físicos como estrutura
19
corporal, cor de olhos e cabelos. Contudo, devido ao material genético adicional no
cromossomo 21 extra, as crianças com Síndrome de Down possuem características
físicas marcantes que as diferenciam aparentemente de seus pais, irmãos e até mesmo
de outras crianças sem deficiência. Como já foi dito anteriormente o cromossomo 21
extra é encontrado nas células de todas as crianças com Síndrome de Down e ele exerce
uma influência na formação corporal em todas essas crianças de forma semelhante.
Desta maneira, as crianças com Síndrome de Down apresentam muitas características
em comum e se assemelham um pouco entre si.
Os genes do cromossomo 21 adicional causam alterações no desen-
volvimento de certas partes do corpo do bebê em formação (embrião), porém os
cientistas ainda não descobriram como estas mudanças ocorrem ou de que modo o gene
do cromossomo 21 adicional venha interferir na seqüência normal do desenvolvimento
embrionário, além do que eles ainda não podem explicar o porque de algumas crianças
portadoras de Síndrome de Down apresentarem certas características e condições e
outras não como por exemplo: aproximadamente 40% das crianças têm problemas
cardíacos e 60% não apresentam esse tipo de problema.
Após pesquisar, percebemos que vários médicos cientistas que pesquisam
sobre a Síndrome de Down, relatam de forma semelhante as características físicas que
uma criança portadora de Síndrome de Down apresenta.
No parágrafo a seguir será apresentado os sinais específicos que são
freqüentemente apresentados pelas crianças portadoras de Síndrome de Down em
qualquer idade.
A cabeça da criança portadora da Síndrome de Down costuma ser menor
comparada com as das crianças normais e sua parte posterior é levemente achatada
dando a cabeça uma aparência arredondada.
Uma criança pequena com síndrome, normalmente costuma apresentar o
rosto achatado e os ossos faciais pouco desenvolvidos.
No que diz respeito ao formato dos olhos, geralmente costumam ser normais
com as pálpebras estreitas e levemente oblíquas fazendo com que os olhos se tornem
puxados.
A boca apresenta um tamanho pequeno e algumas crianças costumam
mantê-las abertas com a língua projetada para fora. Conforme a criança vai ficando mais
20
velha a língua tende a ficar com estrias. O céu da boca (palato) costuma ser mais
estreito quando comparado com o de uma criança normal e a mandíbula pequena.
As orelhas são pequenas e muitas vezes a borda superior também chamada
de hélix é dobrada. Alterando ocasionalmente a estrutura da orelha e os canais do
ouvido se tornam estritos.
O pescoço na maioria das vezes possui a aparência larga e grossa.
Existem casos em que a criança apresenta o osso peitoral afundado devido
ao formato do tórax (tórax afunilado).
Os pulmões na maioria das vezes não costumam ser normais. Alguns bebês
têm pulmões subdesenvolvidos (hipoplásticos).
O abdome da criança geralmente não apresenta anormalidades. Não
descartando com isso a possibilidade dos bebês com Síndrome de Down apresentarem
os músculos abdominais fracos consequentemente o abdome pode ser um pouco
protuberante. Às vezes a linha média do abdome pode se projetar por causa do
desenvolvimento muscular pobre na região abdominal.
Os órgãos genitais dos meninos e meninas com Síndrome de Down
normalmente não costumam ser afetados, mas podem ser pequenos.
As mãos e os pés possuem tendência a serem pequenas e grossas. Cerca de
50% das crianças com Síndrome de Down possuem uma única dobra atravessando a
palma de uma ou de ambas as mãos. As impressões digitais em comparação com a das
outras crianças também costumam ser diferentes. Os dedos dos pés normalmente são
curtos e muitas crianças em conseqüência da frouxidão dos tendões possuem os pés
chatos.
Os bebês com Síndrome de Down apresentam o tônus muscular pobre em
conseqüência a isso eles possuem uma reduzida força muscular e sua coordenação
muscular também é limitada.
A pele da criança com Síndrome de Down costuma ser clara e pode
apresentar na primeira infância uma aparência manchada.
Durante o inverno a pele da criança costuma ficar ressecada, mãos e rosto
podem ficar rachados facilmente. Conforme elas vão ficando mais velhas a pele pode se
tornar áspera.
21
É bom lembrar que nem todas as crianças com Síndrome de Down
apresentam todas as características físicas acima citadas. Além do mais alguma
características são mais acentuadas em umas crianças do que em outras. Assim sendo,
como a maioria das crianças com Síndrome de Down possam ser identificadas por sua
aparência física semelhante nem todas se parecem e algumas das características dessa
criança se modificam no decorrer do tempo, isso pode vir a provar que a maioria dos
fatores físicos anteriormente mencionados não interferem no desenvolvimento e saúde
da criança.
Convém ainda mencionar que as malformações congênitas são comuns e
bastante capacitantes. Aproximadamente 40 à 60% das crianças com Trissomia 21 são
afetadas por malformações cardíacas especialmente defeitos septais responsável pela
maioria das mortes no início da 2ª infância.
Infecções graves tais como infecções respiratórias, infecções de ouvido, são
também importante causa de morbilidade e mortalidade. Como na maioria das outras
características clínicas, a base do aumento da susceptibilidade a infecção não é
claramente compreendida, sabe-se que o desequilíbrio cromossomial também aumenta o
risco de desenvolvimento de leucemias agudas. Tem sido observado em recém-nascidos
muitas anomalias congênitas no trato gastrintestinal, a maior parte dessas anomalias
congênitas requer intervenção cirúrgica.
Alguns estudos relatam que na 1ª infância, algumas crianças com Síndrome
de Down apresentam problemas de alimentação e peso abaixo do esperado
principalmente nos casos em que a criança têm doença cardíaca congênita severa. As
crianças comem mal e não se desenvolvem conforme o esperado mas assim que o
problema for detectado e tratado elas começam a ganhar peso adequado.
É recomendado que criança com Síndrome de Down façam uma dieta
balanceada evitando-se alimentos com valor calórico alto, a partir da 1ª infância e é
recomendado também exercícios físicos para que seja evitado o excesso de peso. Os que
sobrevivem após os 35 anos podem adquirir doença de Alzheimer prematura. A
expectativa de vida é de 30 anos em média.
O prognóstico geral para indivíduos com Síndrome de Down melhorou
bastante num passado recente, devido ao controle mais adequado das infecções.
Atualmente estima-se que cerca de 80% dos pacientes livres da cardiopatia congênita
22
podem viver uns 30 anos. O prognóstico é menos favorável para aqueles com
malformações cardíacas. A maioria dos que sobrevivem até ½ idade desenvolvem
alterações histológicas metabólicas e neuroquímicas da doença de Alzheimer, vários
desenvolvem demência franca. A base dessa associação ainda está sendo investigada,
havendo esperança de se encontrar indicações da patogenia da doença de Alzheimer.
Através destas análises conclui-se que indivíduos com Síndrome de Down
podem apresentar numerosos problemas médicos em freqüência maior de que em
indivíduos sem essa desordem cromossomial. Entretanto, muitos deste indivíduos não
apresentam nenhum problema médico e se encontram em plena condição de saúde. De
qualquer maneira é fundamental que indivíduos com Síndrome de Down sejam
examinados periodicamente por seu médico e dentista e submeta-se a exames tais como:
audiométrico, oftalmológico, teste de função tireóidea, raios X do pescoço e quando for
indicado exames de triagem para que se possa identificar precocemente problemas de
saúde e o tratamento seja iniciado mais rápido possível.
1.6 – Patologias Associadas
Citarei apenas as patologias mais comuns encontradas no portador da
Síndrome de Down porém sem um aprofundamento nas mesmas. Necessitando obter
mais informações além das que aqui transcreverei, julgo necessário a busca de
bibliografia e leitura mais aprofundadas sobre o assunto.
Doença Congênita do Coração
O problema mais comum está relacionado com a parte central do coração,
onde orifícios nas paredes entre as câmaras e o desenvolvimento normal das válvulas
podem estar presentes.
As anomalias do coração são as que atingem em maior grau o portador da
Síndrome de Down geralmente as crianças são atingidas em 40% dos casos com
comprometimentos cardíacos graves, necessitando por vezes realização de várias
cirurgias para que a criança atinja uma melhor qualidade de vida.
É absolutamente necessário que um recém-nascido portador da Síndrome de
Down seja submetido a um eletrocardiograma precocemente possível detectando assim
qualquer comprometimento que possa surgir.
23
Anomalias do Trato Gastrointestinal
Muitas destas anomalias tem sido observados em recém-nascidos portador
da Síndrome de Down.
Podem bloquear o tubo alimentar, ocorre bloqueio do intestino adjacente,
ausência de nervos em algumas partes do intestino, etc.
A maioria dessas anormalidades requerem cirurgia imediata e devem ser
detectadas precocemente.
Distúrbios Visuais
Muitas das crianças têm problemas visuais. Em relatos 50% tem dificuldade
para ver de longe e 20% para ver de perto. Um número acentuado apresenta estrabismo,
inflamações nas margens das pálpebras (blefarite) e as vezes movimento rápido de
olhos (nistogmo). Além de alguns casos desenvolverem cataratas congênitas.
Estas crianças devem ser examinadas regularmente por um oftalmologista
pediátrico.
Uma deficiência visual acentuada pode prejudicar muito o desempenho
global aumentando suas dificuldades em alcançar progressos na aprendizagem.
Déficits Auditivos
Podem apresentar déficits auditivos de leves a moderados, infecções
freqüentes no ouvido, acúmulo de secreções e cerume e/ou formato anormal dos
pequenos ossos.
As crianças devem passar por avaliações auditivas de rotina o mais cedo
possível para detectar qualquer deficiência nesta área lembrando que qualquer
deficiência sensorial não diagnosticada ou presente sem o acompanhamento necessário
pode prejudicar a aprendizagem e estímulos indispensáveis para o desenvolvimento de
qualquer criança.
Disfunção da Glândula Tireóide
24
Podem apresentar hipertireoidismo ou hipotiroidismo. A glândula tireóide
tem grande importância nas funções do corpo humano, um baixo nível de hormônios no
organismo prejudica o desenvolvimento intelectual.
Se tal disfunção não for diagnosticada precocemente poderá comprometer
funções do sistema nervoso central.
Anormalidades Esqueléticas
É recomendado que todas as crianças com Síndrome de Down entre 2,5 e 3
anos se submetam a um raio X da coluna cervical para detectar problemas decorrentes
destas anormalidades.
Podem apresentar instabilidade atlantoaxial e atlantooceptal. Ambas
relacionadas com a frouxidão de ligamentos na região do pescoço.
Podem apresentar problemas de marchas, desconforto na região do pescoço
e sinais neurológicos específicos. Não devem participar de atividades que poderiam
danificar seu pescoço.
Em alguns casos a intervenção cirúrgica pode ser indicada.
Doenças de Alzheimer
Na idade adulta pode ocorrer sinais precoces de doença de Alzheimer, em
alguns indivíduos portadores da Síndrome.
Venho alertar que tais patologias apresentadas podem ou não se manifestar
em indivíduos portadores da Síndrome de Down porém se julga necessário um
acompanhamento médico rígido que possa detectar precocemente qualquer problema
clínico grave para que o processo de aprendizagem adequado sistemático e bem
direcionado possa caminhar de maneira globalizada em todos os sentidos.
25
Capítulo ii
ETAPAS EVOLUTIVAS DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN
2.1- Motora
Share e colaboradores, no ano de 1974 elaborou uma tabela referente à
época do aparecimento das atividades motoras em uma criança adiantada ou atrasada
em relação a esta tabela.
ATIVIDADE MOTORA IDADE
Segurar bem a cabeça 5 meses
Rolar bem o corpo lateralmente 7 meses
Passar um objeto de uma mão para outra 10 meses
Sentar-se sem apoio durante um minuto 11 meses
Arrasta-se ou gira em círculo no chão 13 meses
Senta-se sozinha 17 meses
Engatinhar 17 meses
Andar apoiada em móveis 20 meses
Parar de pé sem apoio 23 meses
Andar sem apoio 24 meses
Sentar-se sozinha em uma cadeira 28 meses
Subir degraus apoiando-se em corrimão 30 meses
Subir degraus sem apoio 48 meses
Subir e descer escada sozinha 48 meses
Rabiscar e limitar um círculo 48 meses
Vestir roupas simples sozinha 48 meses
(In, LEFRÉVE, Beatriz Helena. p. 46)
26
Piaget descreveu diferentes estágios que uma criança com Síndrome de
Down percorre no seu desenvolvimento geral:
Primeiro Estágio
A criança só têm movimentos reflexos e se alguém põe um dedo ou um
objeto em sua mãozinha ela aperta sem conseguir soltar. Nessa fase é difícil para a
criança sugar o seio com a força necessária, engolir e segurar a cabeça, pois ela faz tudo
de maneira fraca, sem forças, porque a Síndrome de Down causa uma hipotonia
generalizada. Ela é mais molinha que a maioria das crianças e quando deitada de costas
fica sem forças para levantar a cabeça, as pernas ou braços; quando de bruços a
cabecinha cai para frente. Esta hipotonia tão grande nos primeiros meses vai
melhorando com a solicitação motora da criança, pois com exercícios adequados os
reflexos vão desaparecendo e em seu lugar começam surgir os atos voluntários:
aproximar sua mão para segurar um chocalho, a mamadeira ou a chupeta.
Segundo Estágio
Como os movimentos da criança vão se tornando voluntários, ela consegue
pegar sua chupeta e com o tempo conseguirá colocá-la na boca. Sabendo fazer
movimentos, ela inicia a exploração do seu corpo, olha para tudo, acompanhando o que
se passa, escutando os sons que se fazem à sua volta. Nesta fase ela gosta de repetir
muitas vezes o que sabe fazer. Como já sabe pegar as coisas, inicialmente só segura os
objetos que lhe são oferecidos, mas logo depois sabe colocá-los na boca e chupá-los,
fazendo isto com tudo que pega.
Nesse momento estão se exercitando sua visão, sua preensão, sua audição,
seu tato, enfim todos os sentidos são solicitados quando se brinca com a criança.
Terceiro Estágio
Agora a criança coordena os movimentos da mão com a visão e repete,
muito interessada, as novas atividades que descobre para fazer: sacode e puxa objetos,
aperta-os na mão, procura o que derrubou, ainda não consegue desviar uma mamadeira
para corrigir a posição do bico que quer chupar, mas já saiu da fase em que só sabia
olhar e escutar. É importante que se respeitem suas novas capacidades, para lhe oferecer
27
coisas que lhe interessem e aumentem sua vontade de explorar e experimentar o mundo
que o rodeia.
Quarto Estágio
A criança agora tem um objetivo, uma finalidade, embora ainda não saiba
executar todos os tipos de movimento; gosta de jogar tudo que cai nas mãos e acha
graça nesse jogo. Consegue imitar movimentos que viu alguém fazer e também já sabe
imitar os sons de que gosta. Se a criança não sabe realizar o gesto que deseja, pega a
mão do adulto para conseguir que quer, usando-a como um intermédio para aquilo que
ainda não pode fazer sozinha.
Quinto Estágio
Neste momento de sua vida a criança vai se aproveitar de sua própria
experiência para inventar modos de brincar, observando o que acontece quando realiza
suas façanhas. Ela levanta um objeto, deixa-o cair ou repete estes atos com outro objeto,
sempre observando os resultados. Joga uma bola alto ou longe, para um lado ou para
outro. Se um brinquedo está longe ela tenta alcançá-lo puxando o pano em que está ou o
fio que está amarrado, chegando a empurrar com um pauzinho. Ao tentar obter os
objetos, ela está agindo sobre eles. Ao mesmo tempo ela já sabe brincar com os objetos
e é possível que de repente o pauzinho se transforme num cigarro e ela imite alguém
fumando. Experimenta tudo, procura novidades, está se encantando com o mundo que
lhe oferece tanta variedade de coisas para brincar.
Sexto Estágio
Surge agora a combinação mental, passamos neste estágio para um nível
superior onde a inteligência da criança trabalha inventando e utilizando as idéias que ela
já possui dentro de sua cabecinha. Ela já sabe abrir uma caixa de fósforos de maneira
prática, enfiando o dedinho na fenda que aparece na caixa. Lembra-se das coisas que já
viu e que estão ausentes.
Segundo Lenneberg, a linguagem é tão difícil de ser aprendida com suas
regras e categorias peculiares a cada idioma, que ouvir uma criança falar corretamente,
usando regras gramaticais, constitui um verdadeiro milagre.
28
Existe uma série de pré-requisitos básicos para que seja permitido o
aprendizado da linguagem, que se concentram em dois canais: receptores e os efetores
Dessa forma, é recebida a informação falada através da audição, e a
informação é transmitida através da audição e a informação é transmitida através do
órgãos fonoarticulatórios (boca, língua, dentes, laringe, etc.)
Como a linguagem é um sistema de símbolos e sinais e demandam
codificação e decodificação, faz-se necessário haver um nível de inteligência para que
seja permitido esse processamento de dados.
É preciso que o sistema nervoso central esteja em boas condições para que
seja realizado o processo de linguagem visto que a mesma é uma função superior do
sistema nervoso central.
Conclui-se através destas afirmações que para se adquirir a linguagem é
necessário possuir Sistema Nervoso Central, aparelho fonoarticulatório e senso receptor.
Existe ainda antes da aquisição da linguagem infantil a fase pré-lingüística
em que a criança se comunica em seu próprio idioma.
Muitos deficientes mentais e portadores de Síndrome de Down, não passam
pela fase de alfabetização apresentando com isso, uma pobreza de vocabulário desde
cedo o que as coloca em desvantagem comparando-as com uma criança normal.
2.2 - Linguagem
Assim como num indivíduo normal a linguagem de um indivíduo portador
da Síndrome de Down varia em comparação com outro. Alguns falam melhor desde
cedo e outros apresentam dificuldade em articular as palavras (dislalias). Chegando a
idade adulta sem conseguir uma fluência normal.
A etapa de aquisição da linguagem é a mesma tanto de um indivíduo normal
como para um indivíduo portador da Síndrome de Down, porém devido ao seu retardo
mental o indivíduo portador de Síndrome de Down demora mais a adquirir a fala.
É bom lembrar que é recomendado o exame audiométrico na criança
portadora de Síndrome de Down, pois algumas podem apresentar uma perda auditiva, o
que dificultará na sua aquisição de linguagem.
29
CaítuloIII
DIAGNÓSTICO
3.1 –Durante a Gravidez
Toda a gestação é acompanhada de alguma ansiedade quanto à constituição
do feto. Sendo que, a maior preocupação é saber se esta criança em formação será ou
não normal.
O diagnóstico pré-natal é indicado para um casal considerando os seguintes
fatores:
• Idade materna avançada, acima de trinta e cinco anos;
• Pais portadores de translocação cromossômicas equilibradas;
• Filho anterior com alguma anomalia cromossômica;
• Pais portadores de anomalias congênitas que podem ser diagnosticadas
“in útero”;
• Mãe portadora de anomalias ligadas ao cromossomo X;
• História familiar de defeito no tubo neural.
Além dos exames de rotina do pré-natal, existem outros mais específicos
que permitem aos médicos uma avaliação minuciosa da saúde da criança. Isto não
significa que todas essas técnicas forneçam, necessariamente, um diagnóstico preciso da
presença da Síndrome ou de outras doenças congênitas.
Alguns exames somente sugerem o diagnóstico, são eles:
Ultra-sonografia Transabdominal
É a ultra-sonografia comum habitualmente feita durante a gestação com o
objetivo de se avaliar o tamanho, a posição e a idade gestacional do feto, além da
localização da placenta.
No caso da Síndrome de Down, existe a coincidência de achados como
pescoço largo, cabeça pequena, excesso de pele na nuca e membros curtos,
especialmente o fêmur, sugerem a presença da Síndrome. E bom lembrar, porém, que
30
estas características, isoladamente, também podem ser notadas em fetos não portadores
da trissomia.
Dosagens Bioquímicas no Sangue
São testes que podem ser feitos no sangue da grávida durante o quarto mês
de gestação. No Brasil, estes exames ainda não são feitos rotineiramente com o objetivo
de diagnosticar síndromes cromossômicas fetais.
Ultra-sonografia Transvaginal
Este exame dispensa qualquer tipo de anestesia e é indolor. É indicado
quando o médico precisa saber mais detalhes sobre a morfologia do feto, o que é obtido
graças ao uso de cristais de maior resolução. Ele só transmite imagens de pouca
profundidade, habitualmente seis centímetros.
É um exame muito utilizado diante da necessidade um diagnóstico precoce
da gravidez, que pode ser obtido após a 1ª semana de atraso menstrual, quando já é
possível visualizar um minúsculo saco gestacional de menos de um centímetro de
diâmetro.
Na hipótese do diagnóstico de Síndrome de Down, este tipo de ultra-som
raramente nos possibilita obter dados mais precisos e indicativos da presença da
trissomia do par 21 no feto, havendo assim a necessidade de exames complementares.
Alguns exames que confirmam o diagnóstico, são eles:
Amniocentese
Quando o embrião adere à parede do útero, é envolvido por uma bolsa de
parede fina que se enche de um líquido produzido, principalmente, pelos tecidos do
próprio embrião e de substâncias provenientes da circulação materna. Esse é o líquido
amniótico que envolve o embrião durante a gestação. A colheita de uma amostra deste
líquido para posterior análise cromossômica denomina-se amniocentese:
A amniocentese é sempre precedida de ultra-sonografia para localização do
feto, da placenta e do cordão umbilical, assim como para determinar o melhor local para
a punção, a fim de evitar prejuízo para o feto ou para a placenta. A incisão é monitorada
31
através da ultra-sonografia para não atingir o feto. Mesmo assim, há um risco de aborto
de 0,5%.
Após a assepsia do abdome é feita uma pequena punção no útero, retirando-
se cerca de 20 ml do líquido amniótico para serem estudados.
A amniocentese é realizada entre a décima Sexta e décima sétima semanas
da gestação, contadas a partir da última menstruação.
AVC
Existe também a AVC, ou seja, Amostra do Vilo-Corial que foi introduzida
no Brasil desde 1985 e pode ser realizada rotineiramente a partir da oitava semana de
gravidez. Tem a vantagem de que seu resultado poderá sair em apenas três dias ou após
uma semana. Se por um lado o vilo-corial é o método mais rápido para se checar a
existência de alguma anomalia genética, por outro lado seus riscos são maiores, pois
este exame se realiza numa fase bastante precoce da gravidez e o embrião ainda se
encontra muito vulnerável.
O exame pode ser feito por via vaginal ou via abdominal. No primeiro caso,
só é possível entre a oitava e a décima primeira semana, quando o chamado saco
gestacional ainda não ocupa totalmente a cavidade uterina. Uma outra contra-indicação
do exame por via vaginal é quando a mulher apresenta alguma infecção genital que
pode contaminar o ovo. Por via abdominal, o exame pode ser realizado entre a décima
primeira e a décima terceira semana. Após esse período, costuma-se recorrer à
amniocentese.
Por via vaginal, dispensa-se punção e, consequentemente a anestesia, um
tubo plástico bem fino, chamado cateter, é introduzido pela vagina e colo do útero até o
local onde a placenta se desenvolve. Tudo é gerado por um aparelho de ultra-som que
visualiza o feto e o percurso do tubo que vai aspirar uma pequena amostra do tecido. Já
por via abdominal, o médico aplica anestesia local, antes da punção para retirada do
material.
32
Cordocentese
É uma amostra do sangue fetal obtida pela punção do cordão umbilical.
Com o auxílio da ultra-sonografia, localiza-se o cordão e punciona-se a via umbilical,
retirando-se de 2 a 5 ml de sangue, que irá fornecer inúmeras informações sobre o feto.
Se a gravidez já ultrapassou a décima oitava semana, a cordocentese permite
o estudo cromossômico a partir das células de sangue do feto.
O cordão umbilical é uma via de acesso para transfusões de sangue em
casos de anemia fetal ou de incompatibilidade do fator Rh entre mãe e filho.
Importante
Deve ficar claro que mesmo quando a amniocentese, a biópsia do vilo-corial
e a cordocentese apresentam resultado negativo isto não exclui totalmente a
possibilidade de que o bebê seja portador de algumas doenças que, num percentual
baixíssimo, não podem ser observadas.
Estabelecendo um vínculo de afeto com o médico, compreendendo e
respeitando suas considerações, homem e mulher terão condições de tomar a decisão. O
conflito é grande e a decisão pós-diagnóstico, quando positivo, cabe exclusivamente ao
casal, que não contarão nem com o respaldo legal do obstetra caso deseje interromper a
gravidez.
Está em estudo o novo ante projeto do Código Penal que prevê um alteração
da lei do aborto, redigida em 1940. Esta alteração inclui a não penalização do aborto
quando o feto é portador de anomalia grave e incurável. Do ponto de vista médico, a
grávida já tem o respaldo ético do Conselho Federal de Medicina para proceder a um
aborto eugênico, que significa um abortamento que tem por objetivo interromper a
gestação de um ser humano que teria poucas chances de sobrevida fora do útero.
33
3.2 – Depois do Nascimento
Existem estudos que designam os sinais mais importantes para o diagnóstico
de Síndrome de Down em recém-nascidos. Esses sinais chamados de cardinais, ocorrem
em mais de 40% (quarenta por cento) dos afetados. São eles, entre outros: ausência do
reflexo de moro, hipotonia muscular generalizada, face achatada, fenda oblíqua nas
pálpebras, orelhas pequenas e implantadas de forma anômala, pele abundante no
pescoço, prega palmar e plantar transversal única e hiperelasticidade articular.
Apenas dois exames são capazes de dar o diagnóstico após o nascimento. O
teste de Walker, (que sugere diagnóstico) e o cariótipo (que confirma esse diagnóstico).
Teste de Walker (sugere o diagnóstico)
Usado desde 1953 o índice de Walker deve ser feito logo após o
nascimento, sendo a forma mais rápida de diagnóstico pós-natal da doença. O médico
observa e, analisa 16 características palmares e plantares, do bebê – dermatoglifos – às
quais atribui um valor em função ainda da intensidade com que se apresentam.
Comparando o total obtido com uma tabela própria, chega-se a um resultado que
dificilmente não é, posteriormente confirmado pelo cariótipo.
Este exame passou a ser utilizado na década de 60, quando se observou que
as anomalias cromossômicas estão associadas a dermatoglifos pouco comuns. Estas
impressões digitais constituem um sistema de linhas da pele (cristas dérmicas) formadas
durante o terceiro e quarto mês da gravidez e que não se modificam até o fim da vida.
Os dermatoglifos podem ser estudados a partir da observação direta dos dedos e da
palma da mão, mas geralmente são colhidas através da expressão gráfica em papel com
uso de tinta apropriada e analisados com o auxílio de uma lupa.
Ao contrário do cariótipo, o dermatoglifo é um exame absolutamente
simples, que exige apenas alguém capacitado para tirar as impressões com critério, além
de um biólogo especializado no assunto para analisá-las.
Cariótipo (confirma o diagnóstico)
Pode ser feito durante a gravidez ou após o nascimento do bebê. Só é
indicado quando existe suspeita de alguma anomalia cromossômica. Além de fornecer o
34
diagnóstico, é usado no aconselhamento genético para calcular o risco de nascer uma
nova criança com a mesma anomalia.
Quando fazer o cariótipo de um casal ? Ou de um feto ? Esta é uma questão
bastante controvertida. Existem indicações precisas, mas sobre ela atuam também
fatores de ordem emocional. Muitas vezes, a grávida deseja tanto conferir a
normalidade de seu filho que está gerando que, embora não tenha um indicação médica
para o exame, sua ansiedade crescente se torna uma indicação de ordem pessoal para a
punção do líquido amniótico ou da biopsia do vilo-corial.
Há países como a Inglaterra que orientam todas as grávidas no sentido de
fazerem amniocentese ou biopsia do vilo-corial a partir dos 35 anos. No Brasil, esta
indicação – não oficial – acaba ficando mais à mercê da capacidade que cada centro de
saúde tem não só de fazer o exame, mas também de atender à demanda das grávidas, do
que de uma análise mais precisa. Inicialmente, são pouquíssimos os centros médicos
públicos em condições de proceder a retirada da amostra e mais ainda de analisá-los.
Ambos os procedimentos são delicados, caros, exigem a leitura do cariótipo é o maior
impedimento para a divulgação e uso rotineiro do método na população de modo geral.
Em relação aos adultos, a indicação mais comum da realização do cariótipo
antes de uma gravidez é quando já existe um filho anterior com algum tipo de
malformação. O estudo citogenético, neste caso, é indicado para todas as pessoas de
famílias que tenham casos de translocação equilibrada (principalmente para os que
ainda estejam em idade reprodutiva). Há casos, ainda, que o cariótipo é feito apenas
para tranqüilizar os pais que, por uma razão ou por outra, temem ter um bebê com
anomalias cromossômicas. É o que acontece com muitos casais cujo filho é portador de
Síndrome de Down por trissomia simples, há apenas o risco de 1% (um por cento) de
que o acidente ocorra novamente, e mesmo assim, eles decidem fazer o cariótipo de
todos os filhos que, dali por diante, gerarem.
3.3 – A Comunicação do Diagnóstico
A Síndrome de Down é uma das anomalias cromossômicas mais comuns
mas, apesar disso, continua envolvida em idéias errôneas e muito profissionais,
principalmente da neonatologia, encontram dificuldade ao lidar com esse diagnóstico.
35
Ao contrário de outras anomalias congênitas, a Síndrome de Down pode não
ser claramente perceptível para os pais e cabe ao médico decidir quando comunicar o
diagnóstico. Nesse momento é muito importante que os pais possam viver a tristeza, o
luto pela perda do filho idealizado, sem no entanto perder as esperanças, pensando no
filho que agora tem, para que seja possível ir se estabelecendo um vínculo afetivo com a
criança real, aceitando-a como ela é, com suas limitações.
Geralmente a grande maioria dos médicos tem dificuldade de dizer aos pais
que o bebê deles é um portador da Síndrome de Down. Vários autores levantaram
alguns aspectos que parecem ser importantes para um melhor encaminhamento da
situação.
Geralmente, quem transmite o diagnóstico é o médico obstetra ou pediatra.
Quando os pais conhecem o médico, a comunicação é mais fácil, porém, mais
importante do que quem comunica o diagnóstico é como essa comunicação é feita. Uma
mãe guardava ainda, depois de anos, a lembrança afetuosa da frase de seu pediatra, por
ocasião do nascimento de sua filha com Síndrome de Down: “Vocês tiveram uma
criança com problema, mas juntos vamos verificar tudo o que pode ser feito e que tipo
de tratamento será necessário. Uma das dificuldades que irá surgir é a lentidão no
aprendizado”.
Outro aspecto importante na comunicação do diagnóstico é para quem ele é
transmitido. A maioria dos pais prefere que a notícia seja dada ao casal, a fim de que,
desde o início, possam apoiar-se mutuamente, compartilhar o sofrimento, as dúvidas e
as preocupações decorrentes de ter um filho com Síndrome de Down. Um pai relatou
que por três meses sofreu sozinho, sem coragem de contar para a esposa, “torcendo”
para que ela percebesse algo de diferente no filho. Contar para um só dos pais, significa
sobrecarregá-lo emocionalmente com a responsabilidade de informar ao outro sobre o
diagnóstico e impedi-lo de receber o apoio tão necessário nesse momento.
É aconselhável que a criança esteja presente na ocasião da transmissão da
notícia e que haja uma atitude afetiva por parte do médico. É importante para os pais ver
o médico segurando a criança, brincando com ela, chamando-a pelo nome. Essa atitude
pode facilitar os primeiros contatos do casal com o filho. Para os pais, um dos
pensamentos mais assustadores é o de ter que enfrentar a marginalização que existe em
relação à pessoa portadora da Síndrome de Down. Nesse sentido, o profissional, com
36
uma atitude de aceitação, pode amenizar a situação, mostrando outros caminhos e
possibilidades. Para que tanto o médico como os outros elementos da equipe possam
auxiliar os pais, não convém que o diagnóstico seja comunicado no momento da alta
hospitalar.
É difícil decidir sobre a quantidade de informação necessária nesse
momento. Por um lado, é importante que os pais tenham uma visão adequada da
síndrome e suas implicações, por outro lado, pode não ser conveniente fornecer muitas
informações nesse momento em que os pais estão tão ansiosos. Muitas vezes, o médico
tem apenas uma entrevista com o casal, então essa ocasião deve ser aproveitada tanto
quanto possível. Dispondo de algumas informações, a família não se sentirá totalmente
desorientada e poderá procurar os recursos existentes quando necessitar.
Geralmente, os pais tem interesse em conhecer outras famílias de portadores
de Síndrome de Down e eles também necessitam saber os recursos que a comunidade
oferece, como clínicas e escolas especializadas. O objetivo do contato com outros pais é
dar-lhes apoio estratégico, oferecer apoio emocional, “estar junto”, pois o fato de
estarem familiarizados com a situação pode trazer uma identificação e fazer com que os
pais recentes, aos poucos, sintam-se mais seguros.
Apesar de não existir um modelo para a comunicação do diagnóstico, vários
estudiosos do assunto propuseram alguns pontos a serem observados.
Comunicar aos pais:
• Tão logo seja possível.
• Por alguém com conhecimento suficiente e que inspire credibilidade.
• Se possível, ao casal, juntos.
• Se possível, com a criança presente, à qual o médico se referirá pelo
nome.
• Num lugar privado, confortável, sem interrupções.
• De forma direta, usando palavras simples, com tempo suficiente para
perguntas.
• Com um ponto de vista equilibrado e não uma lista de pro-blemas.
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• Deixando a possibilidade aberta para outras entrevistas e um nú-mero de
telefone para o caso dos pais precisarem de outras informações.
• Com indicação de outros recursos, incluindo contato com outros pais.
• Possibilitar aos pais estarem sozinhos com a criança pelo tempo ne-
cessário, após a entrevista.
3.4 – Orientação aos Pais
O nascimento de um filho é um fato muito importante na vida de um casal.
Durante 9 meses eles ficam na expectativa de como será o filho e imaginam o
nascimento de uma criança forte e saudável. Durante os 9 meses eles mobilizam toda
família e preparam conforme suas condições financeiras tudo para que seu filho tenha
todo o conforto.
Quando é dada para os pais a notícia, por intermédio dos médicos que seu
filho é portador de Síndrome de Down eles ficam chocados e muitas vezes rejeitam a
criança por não estarem preparados para cuidar dela.
As mães costumam questionar com os médicos se a culpa por ter gerado um
filho portador de Síndrome de Down foi dela e muitos casais se separam devido ao fato
do filho nascer com Síndrome de Down.
Devido a isso, os pais têm que receber desde cedo orientação da equipe
médica do bebê e orientação psicológica para que ambos aceitem seu filho da maneira
como ele é. Recebendo o apoio da equipe médica, psicólogo e equipe multidisciplinar
desde cedo os pais irão aceitar e se conformar mais rápido com o problema apresentado
pelo seu filho, com isso, não irão sentir vergonha de mostrá-lo para seus familiares e
para a sociedade e irão ter consciência de que quanto mais cedo a criança iniciar o
tratamento de estimulação melhor para seu desenvolvimento.
No Brasil, existem instituições como APAE, Pestalozzi e Colibri que são
destinadas principalmente a cuidar dessas crianças atualmente ditas “crianças
especiais”. Os pais podem colocar seus filhos nessas instituições e dar continuidade a
esse trabalho em suas respectivas residências.
38
É bom ressaltarmos por fim que os sentimentos de ansiedade e de culpa que
são adquiridos pelos pais, estão sempre em risco de dar à criança portadora de Síndrome
de Down uma proteção maior do que na realidade ela necessita.
Motivados pela culpa os pais estão tentando negar ou compensar seus
sentimentos íntimos de hostilidade e rejeição.
A excessiva preocupação e exagerada proteção são uma das formas que os
pais tem de reassegurar-se de que são bons pais. Na medida em que esses sentimentos
predominam, os pais não serão capazes de impor limites e usar os controles adequados.
Tais comportamentos de super-proteção, irão interferir no desenvolvimento sadio da
personalidade da criança. Diante do exposto, viemos mencionar que a missão da equipe
multidisciplinar também consiste em orientar os pais fazendo com que o “eu” deles seja
capaz de perceber a realidade sem deformá-la. Embora as defesas deformem a realidade,
o objetivo dessa orientação aos pais também consiste em trabalhar com ou através
destas defesas sem perturbar a organização de sua personalidade. Eles necessitam
aprender de si mesmos, de suas reações e sentimentos em relação a seu filho, bem como
as informações sobre a natureza e extensão da excepcionalidade da criança.
39
Capítulo IV
ESTIMULAÇÃO PRECOCE
Não há dúvidas de que a importância do diagnóstico precoce da Síndrome
de Down está diretamente relacionada ao quanto é indispensável, para essas crianças
serem estimuladas nos seus primeiros meses de vida. Caso contrário correm o risco de
ficar com seu desenvolvimento global bastante prejudicado. Tais crianças geralmente
nascem com tudo o que necessitam para sua satisfação, e é fundamental que sejam
estimuladas precocemente, para o seu futuro desenvolvimento.
A estimulação precoce tem por objetivo a melhoria do desenvolvimento
sensorio-motor-cognitivo e social do bebê. Esta forma de desenvolvimento motor e
mental dependerá da qualidade da estimulação oferecida à criança.
O desenvolvimento motor, segue uma seqüência relativamente típica:
primeiro, o levantar da cabeça quando de bruços, seguido do rolar, sentar-se, arrastar,
engatinhar, ficar de pé e andar. Mais tarde, aparecem atividades mais complexas.
Porém, muitas habilidades em conjunto com outras são aos poucos incluídas na
estimulação motora que permite à criança explorar seu ambiente de forma mais
elaborada e detalhada.
No caso da criança portadora da Síndrome de Down é importante vivenciar
o maior número de estímulos possível, desde os sensoriais, pas-sando pelos motores,
chegando até os cognitivos. Esta estimulação não depen-derá somente da capacidade do
portador desta síndrome, pois é uma tarefa de todos que o cercam.
Entretanto é fundamental observar o que a criança realiza com facilidade e
dificuldade, pois ela é única e individual. Assim, a estimulação deve ser feita de acordo
com o que ela apresenta e de acordo com suas capacidades.
Porém, é importante salientar que existe uma grande variação no
desenvolvimento de crianças com esta Síndrome. Isto é o esperado, pois são
encontradas diferenças, que são maiores numa criança com atraso. Por isso, o ritmo e a
velocidade desta criança devem ser respeitados na fase do desenvolvimento em que ela
40
se encontra. A estimulação deve ser feita de forma global, tanto no aspecto motor, como
no aspecto da comunicação e fala.
Por esse motivo, quando falamos que a estimulação precoce no bebê com
Síndrome de Down deve começar ontem, falamos de uma série de exercícios
específicos usados para desenvolver a capacidade daquela criança de acordo com seu
grau de comprometimento e da fase de desenvolvimento em que se encontra.
É importante ressaltar que cada criança com Síndrome de Down tem o seu
programa de estimulação. O que serve para um pode não servir para outra. Há bebês que
por não terem perdido alguns de seus reflexos iniciais (reflexos típicos de um recém-
nato que deveria desaparecer aos poucos, nos meses seguintes ao nascimento),
necessitam de uma antiestimulação (exercícios embitórios). E o rendimento dos
exercícios será tanto maior quanto mais forem incorporados à rotina do bebê e de sua
família.
4.1 – Função Motora
O bebê com Síndrome de Down normalmente apresenta atraso no que diz
respeito a iniciação das atividades motoras tais como: rolar, rastejar, engatinhar, etc.
Qualquer uma das atividades seja ela motora, sensorial ou cognitiva, têm que ser
realizada com paciência e treinamento, elas têm que ultrapassar um grande número de
obstáculos que retardam o ritmo de sua aquisição de atividades motoras como por
exemplo: a fraqueza muscular e o tônus pobre (hipotonia muscular) que trarão como
conseqüência, o déficit motor, que dificultará o uso dos membros (superiores e
inferiores) e tronco, principalmente na realização de tarefas que exijam saltar, pular,
subir, levantar um peso, trabalhar contra a resistência (empurrar um objeto ou pedalar
um velocípede).
É de suma importância que a criança sinta e experimente livremente o seu
corpo no espaço, rolar, movimentar os braços e pernas, enfim, sentir e explorar todas as
suas posições.
Quando o momento for oportuno, a criança deve ser deixada nua pois assim,
ela terá movimentos mais amplos e espontâneos e enriquecidos com o maior volume de
experiências sensitivas, sensoriais e motoras.
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É necessário ainda que os pais participem ativamente dessas atividades,
ajudando o seu filho nestas primeiras experiências de aprendizagem, uma vez que os
mesmos oferecem meios para a criança se movimentar, com o tempo elas mesmas farão
movimentos novos que serão estimulados, reforçados, aprimorados e consequentemente
farão bem para sua tonicidade e força muscular. Este trabalho resultará na consciência
de seu próprio corpo. Crianças não são submetidas a esses tipos de atividades podem se
sentir frustradas e expressar esse sentimento através do choro, recusando o alimento ou
até mesmo limitando a sua tentativa de comunicação. Para que isso seja evitado os pais
devem encontrar atividades satisfatórias, atrativas e agradáveis.
É fundamental que os pais transmitam carinho, confiança amor e o sorriso
para as crianças portadoras de Síndrome de Down, isso estimulará mais o seu
desenvolvimento.
Os estágios de desenvolvimento da criança com Síndrome de Down devem
ser cuidadosamente seguidos dentro de suas etapas de evolução. Como por exemplo:
antes da criança ser estimulada para andar ela deve ser estimulada à sentar com apoio e
depois em apoio, esta seqüência deve ser respeitada assim como as outras para que a
criança supere com mais facilidade as diferentes etapas.
Nos parágrafos à seguir serão expostos algumas dicas de orientação à
estimulação motora da criança portadora de Síndrome de Down.
1 – O bebê recém nato com Síndrome de Down tende a ficar deitado numa
posição atípica, com as pernas abertas e giradas para fora e os joelhos dobrados. Esta
posição quando se torna habitual pode se levar a padrões falhos de movimentos no
sentar e andar. Quando carregadas no colo as pernas da criança devem estar se tocando,
elas têm um quadro importante de hipotonia muscular devido a isso a melhor posição
para carregar uma criança com Síndrome de Down varia conforme o indivíduo,
dependendo do grau de debilidade muscular nos diferentes segmentos corporais,
geralmente o bebê recém nato com Síndrome de Down bambeia e balança muito a
cabeça quando estão no colo, isso se faz devido ao fato de a mesma possuir essa
debilidade muscular, para que isso seja evitado faz-se necessário um pouco mais de
apoio na cabeça e no tronco do que na criança normal.
2 – Conforme os meses forem passando e os pais forem viven-ciando o
quadro atual do seu filho ou seja, sabendo como está o movimento do corpo do seu
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filho, os pais devem fazer com que os mesmos realizem mo-vimentos mais amplos,
elaborados e variados de uma forma que proporcione satisfação e alegria em realizar os
movimentos.
3 – Após verificação da etapa a ser vencida se a criança estiver apta ela deve
passar para a etapa seguinte, caso a criança esteja em fase mais adiantada faz-se
necessário com isso a passagem de uma etapa mais avançada, como por exemplo: caso a
criança esteja sentada em uma cadeira de encosto e a mesma for capaz de ir mais para
frente e pegar um brinquedo é sinal que ela já está sendo capaz de ir para frente e sentar
sem apoio. Se a criança já for capaz de sentar bem, sozinha, e se elevar apoiando-se nos
móveis, poderá ser feita a solicitação da mesma ir empurrando a cadeira ou carrinho
apoiando-se nos mesmos o que levará a ela dar os primeiros passos.
É de suma importância que a criança realize esses movimentos es-
pontaneamente pois, se elas forem forçadas a realizarem os exercícios as etapas do
desenvolvimento poderão ser quebradas.
Se as crianças portadoras de Síndrome de Down tiverem irmãos mais velhos
é aconselhável, embora a maioria dos irmãos brinquem com ela naturalmente, faz-se
necessário orientar esses irmãos que brinquem obedecendo a vontade da criança.
4 – É necessário quando a criança usar movimentos espontâneos com o
corpo fazer o uso de estímulos verbais objetivando melhor integração e conhecimento
de seu próprio corpo como por exemplo: quando a criança ele-var os braços para o alto
dizer: – “Coloque a mão no cabelo ou a mão na cabeça, toque no olho”.
5 – Os pais devem ser orientados a não cansar a criança exigindo dela
exercícios motores o dia todo. Os exercícios devem ser feitos em momentos de
tranqüilidade e o espaço utilizado deve estar tranqüilo e sem muitas crianças a sua volta,
pois pode despertar a atenção da criança.
4.2 - Função Sensorial
A estimulação consequentemente o treinamento das funções sensoriais nos
primeiros anos de vida da criança portadora de Síndrome de Down deve facilitar a visão
consequentemente a criança deve perceber o que ocorre a sua volta.
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É necessário que ela tenha oportunidade de olhar o mundo que a rodeia e
quando for possível colocá-la no chão na posição de bruços pois o chão é o lugar mais
estimulante para ser realizado o treinamento. A posição de bruços é essencial pois ela
facilita e fortalece os movimentos da cabeça fazendo com que ela se interesse em
perceber os movimentos da cabeça fazendo com que ela se interesse em perceber os
movimentos que ocorrem em sua volta ou seja, os movimentos de seus familiares indo
para um lado e para outro se aproximando e se distanciando dela. Vendo ela é capaz de
sentir e imitar as diferentes posições do adulto e o adulto deve repetir as posições que a
criança assume espontaneamente.
Devem ser oferecidos a criança, nos primeiros anos de sua vida objetos que
despertem a visão consequentemente a atenção da mesma para que ela explore e
manipule ao máximo este objeto.
Os pais devem oferece-los em sua mão direita e depois na esquerda
espontaneamente, reforçando este estímulo verbal juntamente com todos os outros
sentidos que devem ser trabalhados e explorados. Manipulando o objeto ela desenvolve
o tato sentindo a consistência e os diferentes tamanhos e formas, sua visão seguirá os
diferentes movimentos (em cima, embaixo, ao lado) e sua audição descriminará os
diferentes sons.
É necessário fazer com que a atenção da criança seja sempre despertada para
que ela espontaneamente brinque com os brinquedos que lhe serão oferecidos.
Como todos os outros sentidos (olfato, tato, audição, paladar) a estimulação
visual deve seguir da etapa mais simples para a mais complexa. O sentido da visão deve
ser estimulado com objetos coloridos e que emitam algum barulho, para que a criança
fixe toda sua atenção neste objeto, depois o mesmo deve ser deslocado mais lentamente
para todas as direções. Quando o objeto for colocado na mão da criança a mesma fará os
movimentos feitos anteriormente além de outros que ela desejar fazer, com isso, ela
estará exercitando sua coordenação viso-manual com seus olhos e mãos trabalhando em
conjunto.
Os exercícios de estimulação e percepção auditiva devem ser feitos de uma
maneira em que se desperte o interesse da criança fazendo com que ela vire a cabeça
para o lado em que o som for emitido. A medida em que for se obtendo a resposta
desejada pela criança, vai-se introduzindo outros diferentes sons de modo que seja
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exercitada sua atenção e esses diferentes sons, se a mesma estiver apta, é permitido ser
deixado que a criança escolha e repita cada um dos diferentes sons.
Se a criança for hiperativa e tiver dificuldade em fixar sua atenção é
recomendado que os exercícios sejam feitos em ambiente tranqüilo, sem muito estímulo
visual do mesmo para que não seja dispersada ainda mais sua atenção. Quando for
percebido o cansaço pela criança, consequentemente o desinteresse, faz-se necessário
fazer uma pausa e não forçar os estímulos.
4.3 – Função Cognitiva
Como já foi mencionado anteriormente a estimulação das crianças
mongólicas deve se iniciar nos primeiros dias de vida. Seja ela sensorial, motora,
cognitiva, incluindo-se também a fala, pois devido a Síndrome de Down essas crianças
demoram mais para despertar para o mundo que as rodeia.
É necessário ser feito com elas uma série de atividades com a finalidade de
estimular e desenvolver todas as funções nela prejudicadas.
Nos primeiros meses deverão ser propostas pela mãe ou educador atividades
que estimulem a parte sensório-motora. É recomendado que se faça uma observação no
comportamento do bebê para verificar se o mesmo está apto para realizar essas
atividades, é importante que os pais não comparem a evolução de uma criança
mongólica com a evolução de uma criança normal, pois isso pode gerar ansiedade por
parte dos mesmos.
Assim como nas outras funções todos os estágios da função cognitiva
devem ser seguidos etapa por etapa, é necessário também que se desperte na criança o
gosto e interesse pelos objetos que forem oferecidos para a mesma.
É essencial que se saiba a hora de parar a estimulação para não cansar a
criança.
Muitos pais ficam ansiosos para que a criança mostre alguma resposta aos
estímulos e acabam cansando e consequentemente pressionando a criança, com isso, o
trabalho de estimulação cognitiva não rende, ou seja, não se torna proveitoso.
É necessário que essa estimulação seja feita com objetos conhecidos pela
criança, ou seja, objetos que sejam de seu convívio no dia a dia.
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Exemplos: bonecas, bolas, copos, chocalhos, tambor, brinquedos de dar
corda, jogos de encaixe, miniaturas de animais, mesa, sapato entre outras que façam
parte da sua vida diária.
Esses objetos podem ser explorados pela criança de maneira construtiva e
diferente, sem haver necessidade da mãe comprar objetos mais sofisticados. Explorando
esses objetos manualmente, fará com que a criança crie ações diversificadas de uma
maneira espontânea.
Com todas essas atividades a mãe estará estimulando e desenvolvendo a
inteligência do seu filho cada vez que o mesmo explorar um tipo de objeto. É bom
lembrar novamente que todas essas atividades fazem parte de um processo evolutivo.
Inicialmente tem de ser observado, o que a criança sabe fazer com o objeto,
pois se a mesma ainda não souber pegar deve ser solicitado que ela passe primeiramente
pela estimulação sensorial vista anteriormente.
Se a criança souber pegar têm de ser observado o que ela sabe fazer com os
objetos (leva até a boca, sacode, explora demoradamente, joga o objeto longe, etc.).
Quando a criança gosta e se diverte com os objetos a mãe deve deixar que a mesma
explore esse objeto da maneira que quiser, observando atentamente o número de
variedade de ações que a criança faz com o mesmo. A exploração e manipulação
espontânea do objeto fará com que a criança crie ações diversificadas a serem realizadas
com o mesmo. A curiosidade da criança consequentemente será despertada. A criança
irá adquirindo aos poucos crescimento intelectual.
É recomendado que a mãe esteja presente em todo o momento que seu filho
estiver realizando as atividades e que a mesma dê confiança, alegria, carinho, paz em
todo momento.
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Capítulo V
ATUAÇÃO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR
É de suma importância que a criança portadora de Síndrome de Down tenha
o acompanhamento da equipe multidisciplinar para que a mesma obtenha um melhor
desenvolvimento físico e mental.
É essencial que esta equipe trabalhe em conjunto e que cada profissional
informe como está sendo desenvolvido o trabalho com a criança.
Essa equipe é indicada pelos médicos, psicólogos ou ainda por professores,
mas no Brasil nem todas as cidades possuem clínicas psicopedagógicas ou de
reabilitação especializada para o tratamento da criança portadora de Síndrome de Down.
À seguir serão mostrados os profissionais que fazem parte desta equipe
multidisciplinar e que atuam no tratamento das crianças portadoras de Síndrome de
Down, juntamente com suas respectivas funções.
5.1 – Fisioterapeuta
O fisioterapeuta exerce a função de estimular e desenvolver a motricidade
global da criança portadora de Síndrome de Down.
Essa estimulação é feita através de técnicas especiais que procuram eliminar
as reações patológicas.
Na maioria das vezes a criança portadora de Síndrome de Down apresenta
uma hipotonia muscular generalizada, hipotonia esta que faz parte do quadro de
sintomas da criança. Devido a essa hipotonia generalizada, desde o nascimento ela
apresenta o corpo flácido demorando com isso para adquirir força e tônus muscular
adequado para que a mesma se mantenha firme e segura nas diversas posições. Em
conseqüência a esse fato é indicado a fisioterapia para o bebê portador de Síndrome de
Down desde seus primeiros meses de vida.
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5.2 – Fonoaudiólogo
O fonoaudiólogo vai atuar no desenvolvimento da fala da criança portadora
de Síndrome de Down, pois desde cedo sua comunicação apresenta-se deficiente devido
aos distúrbios nela encontrados. Devido a hipotonia facial, a criança portadora de
Síndrome de Down irá encontrar dificuldade em realizar as atividades pré-fônicas
(sucção, mastigação e deglutição), além de encontrar dificuldade em controlar os
movimentos de lábios e língua. Essas dificuldades de praxia bucofacial irão ocasionar o
retardo da articulação e da fala expressiva.
O fonaudiólogo além de contribuir para o progresso na habilidade verbal e
da articulação irá orientar também a mãe da criança com relação ao tratamento e de
como a mesma pode dar continuidade ao tratamento em casa para que haja um
progresso mais rápido.
Este trabalho é realizado lentamente, etapa por etapa e pode durar muitos
anos.
5.3 – Terapeuta Ocupacional
Cabe ao terapeuta dar estímulos sensório-motores, perceptivos, especiais e
temporais, além de dar estímulos aos hábitos de atividade da vida diária. Estão
compostos nestes hábitos diversos gestos que serão empregados para que a criança
possa utilizar o objeto.
O terapeuta ocupacional irá analisar todos os gestos da criança para depois
treinar as funções que irão tornar a mesma independente.
Mesmo nos gestos mais elementares realizados pela criança é recomendado
que se faça uma investigação de como se realiza esse gesto e qual é a sucessão de
movimentos, para que se auxilie a criança a programá-lo de forma mais adequada e
gastar menos tempo no seu aprendizado.
Pode ser dito então que nesse treinamento será dado o aperfeiçoamento ao
movimento no espaço e em um determinado tempo, com coordenação motora.
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5.4 – Psicomotricista
A psicomotricidade ou terapias psicomotora têm o objetivo de tornar a
criança plenamente consciente das atividades que a mesma realiza no espaço e no
tempo.
Essa conscientização é feita através de terapia psicomotora.
A terapia psicomotora possui uma finalidade educativa pois tornará a
criança capaz de realizar gestos coordenados com habilidade de se locomover no espaço
que há em sua volta de modo harmonioso, ajudando-a ainda a conhecer através dos
sentidos da visão, audição e tato, o mundo que a rodeia.
Essa terapia é melhor aproveitada pelas crianças mongólicas, quando as
mesmas possuírem 7 ou mais anos de idade, antes disso é recomendado que elas façam
fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional.
5.5 – Psicoterapeuta
O psicoterapeuta é encarregado de solucionar os problemas emocionais que
as crianças apresentam.
Pouco se tem realizado e estudado em relação a psicoterapia em crianças
com deficiência mental, havendo contudo trabalhos que relatam resultados pouco
encorajadores e outros, todavia, muito positivo.
O campo de trabalho do psicoterapeuta têm sido ampliado com novas
técnicas e pesquisadores acreditam que a psicoterapia deverá num futuro bem próximo
ser ampliada com novas técnicas e ela deverá ser procurada à partir do momento que a
criança apresentar distúrbios de personalidade e de comportamento que a família não
consegue resolver.
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CONCLUSÃO
Após a realização deste trabalho fica certeza de que recebendo a
estimulação essencial adequada, a criança possuirá um melhor desenvolvimento físico e
mental para quando chegar na adolescência conquistar sua independência e poder
trabalhar em oficina pedagógica de acordo com sua potencialidade.
Muitos avanços já foram alcançados em relação a Síndrome de Down cabe
não só a família, a escola e profissionais atuantes mas sim a toda a sociedade acreditar
que eles podem alcançar progressos surpreendentes. Um conjunto de características
físicas apenas, não determinam a capacidade em poder dizer que serão incapazes para
sempre.
Tentamos aqui deixar claro, que a luta deve continuar e que não devemos
desistir de ajudar a essas crianças que tanto precisam de nosso amor e compreensão.
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