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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM - Faculdade Integrada A INFORMÁTICA COMO TECNOLOGIA EDUCACIONAL Por: Iara Fernandes Ribeiro Orientador Profª. Geni Lima Rio de Janeiro 2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · conhecimentos, concepções ideológicas e pré-concepções sobre os diferentes âmbitos da realidade. Nos últimos dez anos,

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM - Faculdade Integrada

A INFORMÁTICA COMO TECNOLOGIA EDUCACIONAL

Por: Iara Fernandes Ribeiro

Orientador

Profª. Geni Lima

Rio de Janeiro

2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM - Faculdade Integrada

A INFORMÁTICA COMO TECNOLOGIA EDUCACIONAL

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Orientação Educacional e Pedagógica

Por: Iara Fernandes Ribeiro

AGRADECIMENTOS

A Deus pelo pela oportunidade de aprimorar meus conhecimentos e poder fazer uso deles em benefício de outras pessoas;

Ao meu esposo Carlos Alberto por ser paciente, companheiro e incentivador em todas as horas;

Aos meus filhos Everton e Renata, razão de orgulho e grandes alegrias.

À minha nora Renata, e meu genro Rafael, pelo carinho, compreensão e incentivo.

À minha irmã Águida pelo carinho, incentivo e exemplo de coragem e perseverança.

Aos amigos que incentivaram e oraram para que eu cumprisse com êxito mais etapa da minha vida.

Aos professores que com carinho contribuíram para meu aprendizado.

À professora Geni Lima, por seu sorriso e pela paciência e dedicação na orientação deste trabalho.

DEDICATÓRIA

Ao meu esposo Carlos Alberto pelos anos de carinho, compreensão e permanente incentivo.

Resumo

O mundo do aluno moderno é cheio de tecnologia: televisão, videogames, computadores, internet, celular. O grande desafio da escola é fazer com que o ensino acompanhe a evolução rápida da tecnologia. O meio informático possibilita aos alunos uma enorme quantidade de informações de uma maneira rápida e eficiente, vinda de qualquer parte do mundo. Com isso cabe aos educadores estarem também familiarizados e atualizados com as novas tecnologias de ensino. É necessário que assumam o papel de grandes incentivadores da pesquisa e busca do conhecimento e que esta tecnologia esteja embasada numa estrutura pedagógica que estimule verdadeiramente a criatividade, a reflexão crítica e, por conseguinte, a cidadania responsável. As escolas particulares brasileiras há muito vem investindo em novas tecnologias, mas nem sempre com embasamento pedagógico adequado. O governo brasileiro vem investindo na Informatização das escolas públicas, equipando laboratórios de informática com computadores conectados à internet. É importante salientarmos, que a tecnologia informática tem características que nenhuma outra tecnologia educacional até hoje apresentou, pois reúne diversas finalidades operacionais e recursos de multimídia (som, imagem (estáticas e/ou em movimento), além de proporcionar a resposta imediata de questionamentos e pesquisas e a virtualização das informações enviadas ou recebidas). Ainda hoje, nos deparamos com escolas que possuem laboratórios de informática, porém, são subutilizados ou a informática é apenas uma disciplina da grade curricular, com 50 minutos de aula e provas para nota. Infelizmente, esse ainda é o quadro encontrado na maioria das escolas que utilizam o computador com seus alunos. Porque a escola ainda não utiliza a tecnologia informática como uma ferramenta pedagógica de auxílio ao professor e aos alunos no processo de construção de saberes? Este estudo propõe uma reflexão sobre a utilização desta tecnologia a favor da educação, como um conjunto de ferramentas que proporciona ao professor várias vantagens, como a praticidade para adquirir as informações necessárias à construção do conhecimento ao longo da sua vida. A aplicação dos métodos antigos somados com as novas tecnologias pode proporcionar aos professores, o enriquecimento e dinamismo necessário para desenvolvimento das suas atividades pedagógicas.

Metodologia

Após um levantamento criterioso de literatura sobre os pensamentos

de teóricos de expressão nos campos da Educação e Tecnologia Educacional,

dando relevância à tecnologia informática como meio no processo educativo,

seguimos embasados em teorias fundamentadas por pesquisadores como

(ALMEIDA, M. Elizabeth; BEHRENS, Marilda A.; DEMO, Pedro; FREIRE, Paulo;

LITWIN, Edith; LÉVY, Pierre; LOLLINI, P.; MASSETO, Marcos T.; MORAN, José

Manuel; PELLANDA. Eduardo C.; WEISS, A.M. Lemme; KENSKI, V. M.), dentre

outros.

Com este embasamento teórico, este trabalho pode significar para a

escola uma fonte de pesquisa bastante abrangente, servindo de fundamentação

na implantação de projetos de capacitação inserindo-o na proposta pedagógica

da escola, incorporando o uso de tecnologias especialmente a informática à

prática pedagógica.

O empenho e preocupação com os Meios Informáticos na educação

escolar em tornar a aprendizagem para o aluno mais dinâmica e cheia de

significados a partir das realidades que são trazidas para dentro da sala de aula e,

servir como instrumento de apoio ao trabalho-didático científico do professor e a

tentativa em contribuir para a superação das limitações da escola e profissionais

docentes nesta área, deu corpo a esta pesquisa bibliográfica que está organizada

em quatro capítulos: no primeiro traz um breve histórico do surgimento e da

evolução da aquisição da tecnologia informática pela escola; o segundo capítulo

discorre sobre como a escola vem se apropriando desta tecnologia no processo

ensino-aprendizagem; o terceiro capítulo elenca a proposta de vários teóricos,

que nos leva a refletir e identificar vantagens associadas ao uso dos meios

informáticos no processo de ensino aprendizagem e como eles podem ser

inseridos no contexto da educação escolar. Finalmente no quarto capítulo,

propomos uma reflexão sobre a resistência pelos profissionais de educação na

utilização das tecnologias informáticas e como o projeto pedagógico pode

colaborar para a transformação desta realidade de forma efetiva.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................... 8

CAPÍTULO I - A Tecnologia Informática na escola......................................... 10

CAPÍTULO II - A educação Escolar e tecnologia informática......................... 15

CAPÍTULO III – Educação Escolar e o Meio Informático................................. 23

CAPÍTULO IV – Professor X Novas tecnologias e Projeto Pedagógico......... 31

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 41

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA................................................................................ 43

ÍNDICE...................................................................................................................... 46

FOLHA DE AVALIAÇÃO............................................................................................ 47

8

INTRODUÇÃO

A velocidade crescente de novas tecnologias, a expansão da

Informática em quase toda a atividade humana e a disponibilidade da internet

permite que a aquisição da informação e do conhecimento seja modificada rápida

e profundamente, evidenciando uma sociedade mergulhada na informação

imediata. Com isso as crianças chegam à escola com um grande potencial de

conhecimentos, concepções ideológicas e pré-concepções sobre os diferentes

âmbitos da realidade.

Nos últimos dez anos, tem-se observado pouca mudança em relação

ao uso da informática nas escolas, seja por falta de um Projeto Político

Pedagógico efetivo que contemple a tecnologia informática como ferramenta

pedagógica inserida no planejamento ou pela resistência por parte de professores

que ainda insistem em uma prática pedagógica tradicional, não permitindo a

mudança facilitadora que as novas tecnologias apresentam na educação; ou

ainda por falta de infra-instrutora na escola. Surge então, a reflexão sobre como a

Escola vem utilizando os meios informáticos que estão disponíveis nas mais

diversas formas e que podem auxiliar no aprimoramento e atualização dos

professores e no desenvolvimento de aprendizagem do aluno do ensino básico.

“A utilização dos meios informáticos no ensino básico como tecnologia

educacional no processo ensino-aprendizagem vem sendo utilizado de maneira

eficiente?”

Este estudo bibliográfico sobre o uso da tecnologia informática na

educação tem base em teorias científicas fundamentadas por vários

pesquisadores (ALMEIDA, M. Elizabeth; BEHRENS, Marilda A.; DEMO, Pedro;

FREIRE, Paulo; LITWIN, Edith; LÉVY, Pierre; LOLLINI, P.; MASSETO, Marcos T.;

MORAN, José Manuel; PELLANDA. Eduardo C.; WEISS, A.M. Lemme; KENSKI,

V. M.), dentre outros. Tem como objetivo contribuir com Educadores e Gestores

escolares, com uma reflexão discursiva sobre a Tecnologia Informática e seu uso

enquanto ferramenta educacional.

9

Este trabalho pretende ainda:

-Sugerir à escola um planejamento que contemple a utilização da

tecnologia informática como ferramenta auxiliar no desenvolvimento da prática de

ensino, inserido na Proposta Política Pedagógica.

-Contribuir com o profissional docente para o desenvolvimento de uma

prática educacional pedagógica apoiada na reflexão sobre como a tecnologia

informática pode contribuir no processo ensino-aprendizagem na educação básica

do segundo segmento;

-Criar um trabalho de reflexão docente para desmistificar o uso da

tecnologia informática auxiliando no enfrentamento de desafios tecnológicos que

ainda persistem por parte de alguns profissionais de educação.

A Informática tornou-se uma realidade bem presente no cotidiano do

indivíduo, e a escola deve ter a responsabilidade de não fechar os olhos para esta

realidade. A informática significa a consolidação de mudança de hábitos

intelectuais e culturais, e da mudança das relações humanas. Porém o uso da

tecnologia informática só funcionará efetivamente, como instrumento no processo

de ensino-aprendizagem, se for inserido num contexto de atividades que

estimulem a criatividade, que desafiem os alunos a crescerem, construindo seu

conhecimento na relação com o outro (o professor e os colegas) e que levem o

professor a aprender, a orientar e auxiliar na aprendizagem do aluno.

A importância deste estudo dá-se pelo fato de estarmos numa época

em que todos vivem mergulhados numa sociedade tecnologizada e o educador

precisa compreender a relevância da utilização destas tecnologias para, de fato,

poder incorporá-las com dinamismo e pertinência à sua práxis profissional. Sendo

assim, o profissional de educação precisa dispor de fontes de informação

atualizadas, claras e competentes que lhe estimulem a elaborar projetos para uso

das tecnologias educacionais e, dentre elas, a informática. A incorporação desta

tecnologia no ensino é inevitável, mas terá que acontecer como princípio

educativo, em abordagens didáticas e com princípios educativos centrados nas

relações sociais e contemporâneas.

10

CAPÍTULO I

A Tecnologia Informática na escola

... o desenvolvimento da tecnologia atinge de tal modo as formas de vida da sociedade que a escola não pode ficar à margem. Não se trata simplesmente da criação da tecnologia para a educação, da recepção crítica ou da incorporação dos meios na escola. Trata-se de entender que se criaram novas formas de comunicação, novos estilos de trabalho, novas maneiras de ter acesso e de produzir conhecimento. Compreendê-los em toda sua dimensão nos permitirá criar boas práticas de ensino para a escola de hoje.

Edith Litwin, 1997, p.131.

Com a revolução eletrônica na década de 60, percebe-se profunda

mudança na vida e nas relações sociais. A velocidade das comunicações

começava a aumentar. A informação repassa através do rádio e da televisão é

decodificada por milhões de pessoas, atingindo jovens e adultos de todo o

mundo, em diferentes níveis de acordo com suas diferentes realidades

econômicas, e a explosão dos meios de comunicação de massa atingiu também a

escola. Mas, somente na década de 70 os recursos computacionais surgem com

velocidade acelerada, alterando as estruturas escolares. Nessa época “o acesso

às ferramentas de comunicação de massa já não era mais uma exclusividade”,

demonstrando a descentralização dos meios de comunicação na sociedade,

inclusive na escola.

A partir dos anos 80 difundiu-se as Tecnologias de Informação e

Comunicação (TIC) com o surgimento de sofisticados meios de armazenamento e

processamento possibilitando a criação de sistemas multimídia (som, imagem e

texto) (PELLANDA, 2000)

11

Na década de 80, foram iniciadas experiências de informatização das

escolas de ensino básico. Desde essa época, além de algumas experiências em

colégios particulares, a iniciativa de órgãos públicos - da esfera federal, estadual e

municipal – fomentou o desenvolvimento de políticas, diretrizes e estratégias para

a formação de recursos humanos e para a aquisição de equipamentos, visando a

implementação e o uso de laboratórios de informática educativa em escolas

públicas e particulares.

Somente em 1997, surge o Programa Nacional de Tecnologia

Educacional (PROINFO), um programa educacional criado pela Portaria nº

522/MEC, para promover o uso pedagógico de Tecnologias de Informática e

Comunicações (TICs) na rede pública de ensino fundamental e médio com o

objetivo de promover o desenvolvimento e o uso da telemática como ferramenta

de enriquecimento pedagógico visando a melhoria na qualidade do processo

ensino-aprendizagem, propiciar uma educação voltada para o progresso científico

e tecnológico, preparar o aluno para o exercício da cidadania numa sociedade

desenvolvida e valorizar o professor.

O PROINFO tem como principal condição à preparação dos

professores, os quais são capacitados em dois níveis: multiplicadores e de

escolas. O professor-multiplicador é um especialista em capacitação de

professores para o uso da telemática em sala de aula (professor capacitando

professor). Os multiplicadores capacitam os professores das escolas nas bases

tecnológicas nos estados chamados de NTE – Núcleos de Tecnologia

Educacional – que dão suporte técnico e capacitação aos professores. Os

professores envolvidos são profissionais da rede pública de ensino e voluntários

selecionados com base em critérios previamente estabelecidos nos projetos

estaduais.

Mesmo com projetos como o PROINFO e outros projetos de inclusão

digital promovidos por Governos Federal, Estadual ou Municipal e por instituições

privadas, ainda existem muitas escolas “fora” do processo de informatização. Este

fato acontece muitas vezes por motivos alheios a nossa vontade ou pela

12

resistência à mudanças apresentada pela escola e/ou pelos profissionais de

educação.

“Quando a caneta esferográfica apareceu, grande foi a relutância de nossos professores. Durante anos continuaram impondo o uso da pena e do tinteiro, instrumentos nobres e elegantes. A mesma cruzada em favor da pena de ganso fizeram os professores que antecederam os nossos, e foram derrotados” (LOLLINI, 1991, p. 14).

O autor ainda diz que “As sugestões fornecidas em meio a medo e

rotina não levam em conta as necessidades do aluno, e a educação não os

satisfaz (...)”.

A escola precisa discutir com professores, direção, coordenação

pedagógica e outros profissionais da educação, a importância da incorporação

das tecnologias na prática pedagógica e defina o que quer que seu aluno

aprenda, qual o método a ser utilizado, a fim de verificar as reais possibilidades

da utilização da tecnologia informática e seus desafios para que, através da

superação desses, se atinja um ensino de qualidade.

É necessário que a escola reflita sobre o papel do sujeito que aprende,

adotando uma postura em que o aluno não seja apenas um receptor passivo de

informações, mas sim, um indivíduo ativo, responsável pela sua própria

aprendizagem. WEISS, A. M. (1998, p. 18) destaca ainda que:

“Não será a mera entrada da informática e sua transformação em disciplina curricular, que vai alterar o curso do processo ensino-aprendizagem. Mas sim, sua utilização como uma mídia educacional, servindo como ferramenta dentro de um ambiente de aprendizagem, por intermédio de conteúdos significativos e integrados”

13

A pesquisadora Beatriz Scoz (1994) in WEIS, ressalta que:

“é preciso planejar situações educativas que promovam uma aprendizagem efetiva, levando os alunos a explicitarem seus conhecimentos, a preencherem lacunas de informações, questionarem, e a se apropriarem de novos conhecimentos. [...]”. p. 49.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais,1999 (PCNs

p.208), SALGADO propõe que :

“A Informática não deve ser considerada como disciplina, mas como ferramenta complementar às demais já utilizadas na escola, colocando-se, assim, disponível para todas as disciplinas. Uma ferramenta diferenciada, porém, pois tem linguagem própria: símbolos, gramática, formas de interação e de interlocução, entre outras especificidades que serão oportunamente apresentadas e detalhadas. Com este conjunto de elementos combinatórios, o aluno encontra oportunidades para o uso dos vários recursos tecnológicos que podem intermediar a aprendizagem de conteúdos multidisciplinares, por meio da pedagogia de projetos, por exemplo, além de desenvolver as competências necessárias para se inserir e manter-se no mercado de trabalho.”

Na concepção de (ALMEIDA, 2000), a Informática pode ser implantada

na escola de duas maneiras:

A primeira tomando por base uma abordagem Instrucionista. Dentro

desta abordagem as aulas de informática são ministradas por técnicos

contratados e é utilizada como forma de preparar o aluno para o uso dos recursos

do computador. Não se preocupa com o ensino-aprendizagem. Realiza-se dentro

de um laboratório, à parte do que é trabalhado em sala de aula. Os softwares

utilizados são baseados na instrução programada, sendo compostos por

14

atividades mecânicas e repetitivas, baseadas na Teoria Behavorista de

B.F.Skinner.

A segunda maneira é a que segue uma abordagem Construcionista,

onde o computador é utilizado como um instrumento que permite aos alunos

buscarem suas informações a fim de confrontá-las com as obtidas por seus pares.

Neste confronto são criadas situações que permitem aos alunos dialogar com o

conhecimento, tornando-os, então, sujeitos de sua própria aprendizagem.

Assim o conhecimento não é fornecido ao aluno, mas é construído por

ele, formando-o dentro de uma concepção crítico-reflexiva, possibilitando a

formação de um cidadão mais crítico e consciente, com autonomia para a

construção de seus próprios conhecimentos.

A escola não deve apenas implantar a informática como um meio de

promoção política ou econômica, mas, implantar no seu currículo pedagógico uma

proposta de ensino que utiliza a tecnologia informática como um meio pedagógico

que possa contribuir para a construção dos diferentes saberes, comprometendo-

se com a democratização do ensino.

15

CAPÍTULO II

A educação escolar e a tecnologia Informática

“A escola não pode ficar alheia ao universo informatizado se quiser, de fato, integrar o estudante ao mundo que o circunda, permitindo que ele seja um indivíduo autônomo, dotado de competências flexíveis e apto a enfrentar as rápidas mudanças que a tecnologia vem impondo à contemporaneidade. (SALGADO, 1999, p. 207).

A partir de reformas do sistema educacional (PCNs PARÂMETROS

CURRICULARES NACIONAIS, 1999) incorporam-se como conteúdo básico

comum à aprendizagem das novas tecnologias da informação, em particular os

procedimentos básicos do uso do computador. Promove-se, além disso, o

emprego de computadores como meio de ensino e de aprendizagem em cada

uma das áreas ou cadeiras escolares. Para isso as instituições educacionais

necessitam de computadores, impressoras e demais artefatos de conexão,

programas utilitários, linguagens de programação, software educativo e,

fundamentalmente de pessoal docente capacitado.

Em 1993, (SCHUSTER, – in LITWIN, p.18), destacava que:

“Provavelmente por desconhecimento do meio, quando a escola compra informática compra uma oficina de computadores, Isto é, uma sala com computadores e um técnico que ensina aos alunos, em horário especial, sistemas operativos e softwares de aplicação geral sem conteúdos coerentes com o resto das disciplinas curriculares”.

16

A era da informação requer profunda revisão do sistema educativo. “Sua tarefa é formar as novas gerações, respeitando a sua natureza e tendo a consciência de suas necessidades, que estão mudando, e a escola não pode ignorar isso”.

Seguindo o pensamento de LOLLINI (1991) a escola é uma instituição

que resiste a mudanças, mas, já estamos vivendo a era da informação que requer

significativas revisões no Sistema Educacional. O principal objetivo da escola

enquanto instituição é formar as novas gerações, respeitando a sua natureza e

tendo consciência das suas.

Para WEISS (1998), e as crianças da atualidade já nascem

mergulhadas no mundo tecnológico e seus interesses e padrões de pensamentos

já fazem parte deste universo. Chegam à escola com um grande potencial de

conhecimentos, concepções ideológicas e pré-concepções sobre os diferentes

âmbitos da realidade. As transformações sociais se processam rapidamente e a

mudança se tornou uma regra.- Nessa situação dinâmica, a educação é um

processo contínuo de construção e reorganização dos conhecimentos, tendo

como finalidade o desenvolvimento global e harmonioso da personalidade, para

formar o indivíduo crítico num contexto histórico. Cabe à escola, refletir sobre sua

adesão nas mudanças que envolvem o uso de novas tecnologias, pois é

necessário que se entenda qual o seu significado, quais os pontos positivos e

pontos negativos que podem ser observados e quais as conseqüências que foram

geradas por esses fatores de mudança.

A bagagem tecnológica que já vem com a criança, muitas vezes cria

uma imensa barreira entre professores e alunos que usam e que não usam os

meios tecnológicos regularmente. Crianças e jovens que fazem parte desta

geração “tecnologizada” exibem um perfil muito diferente dos excluídos digitais, e

as diferenças não estão apenas na fluência com que utilizam computadores e a

internet. A conduta destes jovens em atividades diárias em seus computadores

muda também a maneira como agem quando não estão conectados. Esta nova

maneira de pensar e agir das novas gerações digitais influenciará o futuro da

17

escola e da educação de modo geral. Será preciso, cada vez mais investir na

capacitação docente, e ampliar ações que vão além do uso escolar de

computadores conectados a grande rede e se ampliem de forma intensiva para o

acesso em espaços sociais diferentes (KENSKI, 2007).

Para a pesquisadora, a escola, no entanto, ainda é – em todos os seus

níveis e formas – o espaço privilegiado e próprio para desencadear a ação e a

fluência digital.

LYOTARD (1988 e 1993) diz que “o grande desafio da espécie humana

é a tecnologia”. Segundo ele,

“a única chance que o homem tem para conseguir acompanhar o movimento do mundo é adaptar-se a complexidade que os avanços tecnológicos impõem a todos indistintamente. Este também é o duplo desafio para a educação: Adaptar-se aos avanços das tecnologias e orientar o caminho de todos para o domínio e apropriação crítica desses novos meios”.

A educação é um poderoso mecanismo de articulação das relações

entre poder, conhecimento e tecnologia. Desta forma, exercendo o poder em

relação aos conhecimentos e ao uso das tecnologias que farão a mediação entre

professores alunos e os conteúdos a serem apreendidos, a escola, não pode ter

um olhar simplista sobre a tecnologia, principalmente a informática. É

imprescindível que a escola esteja receptiva aos meios e materiais tecnológicos

para que possam ser incorporados com propriedade à práxis educativa. Porém,

incorporar a tecnologia na escola como veículo de construção de conhecimentos,

ajustada ao nível e a realidade de cada aluno, de modo a poder contribuir para o

processo de aprendizagem coletiva e cooperativa, requer, no mínimo, tempo de

estudo e desejo de aprender. Sem essas duas condições primeiras, as

tecnologias até podem estar presentes na escola, porém não estarão inseridas

em abordagem que as assumam como elementos mediadores da compreensão

da realidade que vivemos (HIDELBRAND, 2010).

18

A literatura mostra várias razões que justificam a apropriação de novas

tecnologias pela instituição escolar. Segundo alguns autores, o Estado – também

representado por seu sistema educacional - tem a responsabilidade intransferível

de garantir a toda população o acesso às condições que lhe permitam

compreender e manipular as tecnologias do seu tempo. Muitos declaram que as

potencialidades educativas das novas tecnologias podem colaborar não apenas

para redução das crescentes desigualdades sociais, mas também para produção

de aprendizagens significativas (Liguori, 1997; Sampaio e Leite, 1999; Moran,

2010; Moreira, 1999-a; 1999-b.; Weiss, 1998). Há ainda teóricos como Greenfield

(1988) e Valente (2000), que alegam que as referidas tecnologias dão ao

educador maiores chances de entender os processos mentais, e as estratégias

que são utilizadas pelos alunos em aprendizagem para participar da construção

do conhecimento. Dentre tantas outra justificativas, em resumo, podemos

enfatizar:

“...as instituições educacionais enfrentam o desafio não apenas de incorporar as novas tecnologias de informação como conteúdos de ensino, mas também reconhecer e partir das concepções que as crianças e os adolescentes têm sobre estas tecnologias para elaborar, desenvolver e avaliar práticas pedagógicas que promovam o desenvolvimento de uma disposição reflexiva sobre os conhecimentos e os usos tecnológicos (LIGUORI, 1997, p.85).”

Segundo José Manuel MORAN, especialista em mudanças na

educação presencial e a distância, em seu artigo, “A integração das tecnologias

na educação” as tecnologias chegaram à escola, porém os programas de gestão

administrativa estão mais desenvolvidos do que os voltados à aprendizagem.

Apesar da resistência institucional, as pressões pelas mudanças são

cada vez mais fortes. A interconectividade que a Internet e as redes

desenvolveram nestes últimos anos está começando a revolucionar a forma de

ensinar e aprender, provocando o início de mudanças significativas na educação

presencial e a distância.

19

Dentro deste contexto,

“A escola como promotora de conhecimento não pode funcionar como alienada da sociedade, deixando de criar condições para a apropriação crítica desta tecnologia, correndo o risco de condenar seus membros a uma forma de "analfabetismo". WEISS (1998)

A educação não pode escapar da fascinação tecnológica, porque é no

fundo a mesma do conhecimento. Como foi nos espaços educacionais que o

conhecimento mais se desenvolveu, seria de se esperar que o espaço que mais

se beneficiaria dele seria a própria educação. Hoje, já não é bem assim. As

instituições educacionais se atrasaram, e não conseguem acompanhar os

avanços tecnológicos. O mercado produz conhecimento inovador em proporção

muito maior – e somente o que interessa ao mercado – que a universidade.

Mesmo assim, o próprio fato de que a tecnologia praticamente resolveu o

problema da informação – já temos o problema contrário de sermos massacrados

pela informação excessiva – indica que a parte da educação dedicada a transmitir

conhecimento será apropriada por processos informatizados (DEMO, 2000).1.

A isto, o acadêmico alude Tapscott (1998), quando imagina interpretar

a "net generation"2 como resolutamente contrária ao instrucionismo.

“Ninguém iria mais para as entidades educacionais para escutar o que já sabem ou

1 Palestra ministrada por Pedro Demo no dia 27/5/2000 no Educador 2000 --

Congresso Internacional de Educação.

2 Geração Net - O termo Geração Net foi introduzido por Don Tapscott no seu livro Growing Up Digital (Crescendo ‘Digital’) e faz referência aos jovens que nasceram a partir de 1977.

20

podem encontrar em qualquer sítio da internet. Aulas reprodutivas estão com os dias contados, porque não só surrupiam a possibilidade reconstrutiva da aprendizagem, como sobretudo imbecilizam os alunos. Parte importante da aprendizagem se refere a saber lidar, procurar e produzir informação, para que não sejamos dela apenas objetos manipulados. A aula interessante será aquela que a isto leva, não que isto obstaculiza.”

Para Pedro Demo, a tecnologia em educação não pode reduzir-se

apenas a procedimento técnico, Precisa ser um processo tipicamente educativo

emancipatório, constituído em uma oportunidade mais decisiva, de conquistar

aprendizagem reconstrutiva política, capaz de contribuir para a constituição de

sujeito crítico e criativo.

A abordagem pedagógica que valoriza a aprendizagem colaborativa

depende dos professores e dos gestores de educação, que deverão tornar-se

sensíveis aos projetos criativos e desafiadores. Redimensionar a metodologia

oferecida dentro da sala de aula demanda contemplar atividades que ultrapassem

as paredes das salas, dos laboratórios e dos muros da escola e universidades. A

abertura para contatos pela rede informatizada, que poderá ocorrer do professor

para o professor, do professor para o aluno, dos alunos entre si e dos alunos e

professores com os usuários da rede, propicia a inserção no universo mundial da

informação (BEHRENS, 1998).

Para Moran, a metodologia informática pode ser identificada com a

técnica da resolução de problemas e com a metodologia da pesquisa. O fato de

resumir em um único quadro fragmentos da trajetória escolar definidos durante

anos e em diferentes modos não deve parecer uma tarefa forçada. Existem

coordenadas culturais que, juntas, dão uma visão do ambiente de aprendizagem

como um ambiente de pesquisa, e a metodologia informática se alinha nessa

direção.

21

“A escola é uma instituição mais tradicional que inovadora. A cultura escolar tem resistido bravamente às mudanças. Os modelos de ensino focados no professor continuam predominando, apesar dos avanços teóricos em busca de mudanças do foco do ensino para o de aprendizagem (MORAN, 2010).”

Uma escola em que o projeto educativo prevalece sobre os programa

rotineiros e genéricos se rege por uma atitude experimental. Semelhante atitude

se expressa na problematização da realidade, que não é analisada para dela se

extraírem noções, mas para explorar a correlação perceptiva vivida na

experimentação que é a origem de todo conhecimento posterior.

De acordo com LOLLINI (1991), a informática propõe uma metodologia

da resolução de problemas como caminho para o desenvolvimento de habilidades

gerais, que exige a execução de alguns procedimentos:

• decomposição da realidade (do conteúdo de aprendizagem ou da

atividade) em problemas mais simples;

• delimitação do problema a ser resolvido;

• atomização em subproblemas mínimos;

• descoberta ou invenção do correto procedimento para a solução dos

problemas.

O uso do computador é um dos passos do processo de informatização

isso faz sentido numa escola que faz pesquisa. De qualquer forma, o computador

não pode ser responsabilizado pela atividade didática.

A escola tem por finalidade fornecer habilitações transferíveis, de

ampla aplicação, tendo como finalidade o desenvolvimento global e harmonioso

da personalidade, que não pode ser prejudicado por metas parciais que

promovam um aspecto em detrimento dos outros.

De acordo com o teórico as escolas introduzem metodologias

informáticas na escola de duas maneiras:

22

Uma, aparentemente consensual, defende não tanto o uso do

computador e de seus acessórios, mas a conquista de um hábito mental e de

capacidades lógicas racionais, aplicáveis em todos os campos do saber e do

comportamento. Nessa visão a máquina se torna um subsídio como tantos outros,

do qual se pode prescindir, mas que não deve ser dispensado nos trabalhos

educativos.

A segunda posição é defendida por quem pensa que a informática

existe enquanto existe o computador; portanto a presença da máquina é condição

indispensável para falar seriamente de informática na escola.

Na realidade, ainda há muito para se discutir em torno do assunto.

“A metodologia informática pode ser uma técnica ou algo mais. Pode representar o triunfo da máquina, a veneração do feitiço tecnológico, pode deixar de ser uma metodologia para se tornar tecnicismo. O computador se identifica com a informática, o meio torna-se fim. Uma escola que opta por essa orientação logo percebe que precisa repensar o seu fazer pedagógico. As idéias não saem da máquina, mas do projeto educativo em que a máquina se insere” (LOLLINI, 1991).

23

CAPÍTULO III

Educação escolar e o meio informático

“A escola (...) entrou na defensiva diante dos meios, entregando para outros o espaço do diálogo, o espaço do ouvir, o espaço da referência. A escola, no fundo, trabalha o aluno privado, não o aluno público, comunicante, ator, sujeito, o aluno pensante. (...) Há aquela famosa interrogação, que vez ou outra volta quando se pensa em educação escolar: quando a escola vai deixar de ser reprodutora para ser mediadora? Quando nós vamos deixar de reproduzir conteúdos para mediar sensibilidades, para mediar consciência crítica, para mediar transformação na vida social?” SOUSA, (2001).

Há muito tempo escola e tecnologia, convivem no mesmo espaço,

embora nem sempre integradas, Paredes que guardam quadros de giz e murais

revelam a importância da comunicação visual para a educação contemporânea. O

mundo dos sons, no que se refere à música, ao silêncio e aos efeitos sonoros,

muitas vezes é desconsiderado pelo universo escolar. As imagens coloridas e em

movimento que, apresentadas em ritmos próprios, dão vida ao cinema, ao vídeo,

à televisão raramente invadem o espaço da sala de aula...

Sem dúvida, a maioria dos meios materiais e dos recursos que a

escola incorpora em suas atividades é de natureza impressa, fato que tem levado

alguns autores a se questionarem sobre o lugar das tecnologias de nossa época

na escola contemporânea (MOREIRA,1995). Se livros didáticos, mapas,

enciclopédias, dicionários e outros impressos dão expressiva contribuição ao

ensinar e ao aprender, por que não permitir a incorporação de outras tecnologias

significativas se elas também poderão contribuir para a qualidade da prática

pedagógica?

24

Nos últimos anos, passou-se a falar de novas tecnologias educativas

que incluem materiais de feitura industrial, que aproveitam as descobertas da

moderna tecnologia e oferecem serviços de cunho mecânico, eletrônico ou

automatizado.

A tecnologia digital permite registrar, editar, combinar, manipular toda e

qualquer informação, por qualquer meio, em qualquer lugar, a qualquer tempo,

multiplicando possibilidades de escolha, de interação. As tecnologias num

primeiro momento são utilizadas de forma separada – computador, celular,

Internet, mp3, câmera digital – caminham na direção da convergência, da

integração, dos equipamentos multifuncionais que agregam valor.

Ainda hoje, podemos concordar com LOLLINI (1991), quando diz que

muitas escolas, principalmente da rede particular de ensino, lançam mão de

equipamentos tecnológicos como retroprojetor, quadro-negro luminoso, máquina

fotográfica, projetor de slides, filmadoras, câmaras, data show; telas touch

screen3, que na maioria das vezes, ou por falta de um processo curricular

competente ou por falta de pessoal qualificado para utilizá-los, são subutilizados e

outras tantas nem mesmo são usados, permanecendo apenas em exposição para

os que visitam a escola. O autor ressalta ainda que são várias as razões que

despertam a resistência de professores ao uso destas tecnologias. Mas é

evidente que, mesmo prescindindo dos altos custos, quem assenta sua prática

educativa sobre a aula tradicional e sobre o uso de sistemas de simbolização de

adultos para instruir crianças não usa muitos materiais, nem baratos e nem caros

e confia mais nas palavras do que nos fatos. E tentam se desculpar dizendo que

algumas crianças carecem de lógica.

Toda metodologia tem os seus instrumentos preferenciais e deles não

pode abrir mão sem se sacrificar muito, porém, a máquina não deve determinar o

3 Tela sensível ao toque: é um tipo de tela sensível à pressão, dispensando assim a necessidade de outro periférico de entrada de dados, como o teclado. Possuem uma película táctil e pode ser ativada com a pressão de um dedo ou de uma caneta de feltro (sem tinta) Disp. Em http://pt.wikipedia.org

25

projeto educativo e tornar-se a finalidade dele, todavia utilizá-la faz parte da lógica

das coisas.

O mundo contemporâneo está diante de várias mudanças ocasionadas

pelo desenvolvimento da alta tecnologia, que conseqüentemente afeta os modos

de aprendizagem, pois hoje, nas salas virtuais, em situações lúdicas os jovens

incorporam, por exemplo, o papel de um personagem (AVATAR)4 que, sozinho ou

em grupo, enfrenta obstáculos impostos, ou não, por outro(s) personagem(ns).

Sendo assim, enquanto ambientes de elevada sonoridade que

apresentam formas visuais incomuns dotadas de cores, luzes e movimentos

intensos, as referidas salas possibilitam que a(s) pessoa(s) vivencie(em) jogos de

simulação e competição, que acontece(m) entre ela(s) mesma(s) e o(s)

programa(s) de comunicação interativa, instalado(s) na(s) própria(s) máquina(s).

Formas de comunicação eletrônicas - como a troca de e-mail, os bate-

papos em salas virtuais, os fóruns de discussões os programas de mensagens

instantâneas pelo computador ou pelo celular... - preenchem um tempo, cada vez

maior, da vida dos jovens que abriram mão dos limites da idade...

Imagens captadas por radares e satélites permitem aos centros de

controle de tráfego aéreo informar às equipes de vôo à bordo, as condições do

tempo nas diversas altitudes da troposfera, com satisfatório grau de fidedignidade.

Além disso, permitem que tais centros façam monitoramento não só das aerovias,

mas também da aproximação das aeronaves aos aeródromos durante os

procedimentos de pouso e decolagem, sem maiores dificuldades. Permitem ainda

a localização e visualização nítida, quase que imediata, de qualquer parte do

4 Essa palavra Avatar se tornou popular entre os meios de comunicação e informática devido às figuras que são criadas à imagem e semelhança do usuário, permitindo sua "personalização" no interior das máquinas e telas de computador. Tal criação assemelha-se a um avatar por ser uma transcendência da imagem da pessoa, que ganha um corpo virtual, desde os anos 80, quando o nome foi usado pela primeira vez em um jogo de computador.Disponível: http://pt.wikipedia.org/wiki/Avatar em 23/02/2011.

26

planeta. O comércio eletrônico, o tele-trabalho e a educação à distância

avançaram...

...O desenvolvimento das redes digitais interativas favorece outros movimentos de virtualização que não o da informação propriamente dita. Assim, a comunicação continua, com o digital, um movimento de virtualização iniciado há muito tempo pelas técnicas mais antigas, como a escrita, a gravação de som e imagem, o rádio, a televisão e o telefone. O ciberespaço encoraja um estilo de relacionamento quase independente dos lugares geográficos (tele-comunicação, telepresença) e da coincidência dos tempos (comunicação assíncrona). Não chega a ser uma novidade absoluta, uma vez que o telefone já nos habituou a uma comunicação interativa. Com o correio (ou a escrita em geral), chegamos a ter uma tradição bastante antiga de comunicação recíproca, assíncrona e a distância. Contudo, apenas as particularidades técnicas do ciberespaço permitem que os membros de um grupo humano (que podem ser tantos quantos se quiser) se coordenem, cooperem, alimentem e consultem uma memória comum, e isto quase em tempo real, apesar da distribuição geográfica e da diferença de horários. O que nos conduz diretamente à virtualização das organizações que, com a ajuda das ferramentas da cibercultura, tornam-se cada vez menos dependentes de lugares determinados, de horários de trabalho fixos e de planejamentos a longo prazo. Da mesma forma, continuar no ciberespaço, as transações econômicas e financeiras acentuam ainda mais o caráter virtual que possuem desde a invenção da moeda e dos bancos (LÉVY, 1999, p. 49).

Pode-se atribuir à Internet grande parte dessa evolução, o que está

modificando profundamente os modos de aquisição de informações e

conhecimentos, dando origem a uma nova sociedade - Sociedade da Informação.

27

Hoje se podem realizar pesquisas sobre os temas mais variados ou se comunicar

com qualquer parte do planeta utilizando o computador conectado à Internet.

Para essa nova forma de organização social, é exigido um novo

homem que possua novas capacidades para lidar com o conhecimento, apto a

adaptar-se às mudanças, pois a cada momento que passa as transformações são

mais rápidas e profundas. Se antes era valorizado o homem detentor de uma

grande quantidade de informações devido à precariedade das formas de

comunicação vigentes, hoje é fundamental um homem que consiga lidar com o

enorme volume informativo potencial disponível. Tal mudança gerou a

necessidade de que a educação escolar reveja sua função para que diante dessa

nova sociedade, adote uma postura pedagógica mais rica e adequada ao novo

cotidiano.

Considerando a necessidade de a escola estar inserida no mundo

globalizado e de oportunizar condições para que os alunos utilizem os recursos

disponíveis para uma aprendizagem mais significativa, faz-se imprescindível uma

reflexão acerca do novo papel que a é exigida frente aos conhecimentos, a fim de

se adequar diante da Sociedade da Informação. E como é impossível ocultar a

presença da Internet, é fundamental que sua utilização seja incorporada ao novo

paradigma educacional.

Dentre as outras relevantes funções que as recentes tecnologias

podem promover no âmbito da vida escolar, MORAN (1999 e 2001), relaciona o

bate-papo em rede, a troca de correspondência eletrônica, a consulta às

bibliotecas virtuais e às revistas online e as orientações de estudo telepresentes,

que colocam educando e educador em contato sem que esbarrem nas limitações

de dias, horários e espaços físicos, impostos pelos processos educativos

convencionais.

LÉVY (1999), de certa forma expõe as funções passíveis de serem

exercidas pelos meios informáticos quando afirma que

...o ciberespaço suporta tecnologias intelectuais que ampliam, exteriorizam e alteram muitas funções cognitivas humanas: a memória (bancos

28

de dados, hipertextos, fichários digitais [numéricos] de todas as ordens), a imaginação (simulações), a percepção (sensores digitais, telepresença, realidades virtuais), os raciocínios (inteligência artificial, modelização de fenômenos complexos). (...) Devido ao fato de que estas tecnologias intelectuais (...) são objetivadas em documentos numéricos (digitais), ou em softwares disponíveis em rede (ou de fácil reprodução e transferência), elas podem ser partilhadas entre um grande número de indivíduos, incrementando, assim, o potencial de inteligência coletiva dos grupos humanos (p.1).

Com este pensamento Pierre Lévy nos leva a refletir e identificar

vantagens associadas ao uso dos meios informáticos no processo de ensino

aprendizagem: favorece a socialização e a construção coletiva de saberes;

promove um desenvolvimento crescente de estruturas mentais e suas

competências, pois o aluno não raramente se defronta com problemas em

distintos graus de dificuldades; estimula a memória, a percepção, o

desenvolvimento da curiosidade e da imaginação criadora; desenvolve a

habilidade de busca de informações organizadas em sistemas diferentes; permite

conhecer novos programas disponíveis em rede, facilmente reproduzíveis ou

transferíveis; alfabetiza o aluno tecnologicamente nas várias modalidades de

expressão; incentiva o relacionamento humano, promovendo o contato com

pessoas alheias ao seu círculo de relações; incentiva a produção textual e a

leitura de diferentes linguagens, permite que o aluno entre em contato com outros

idiomas; propicia o desenvolvimento do raciocínio lógico e da seqüência lógico-

temporal; aumenta a flexibilidade do pensamento e dá maiores condições de

organização de tarefas; possibilita ao estudante lidar com diferentes exigências

temporais e com os próprios erros, de forma produtiva.

Assim, a aprendizagem que os meios informáticos desenvolvem,

através de um processo dinâmico, pode promover dentre outros pontos, a

negociação de significados, a inserção do aluno na sociedade, o estabelecimento

de elos e de conexões entre os vários saberes que ele mesmo constrói.

29

A sala de aula, então, converte-se em espaço vivo, onde os estudantes

que se destacam no uso das tecnologias podem ajudar os colegas que nela estão

sendo iniciados. Isso, sem dúvida, é altamente benéfico ao alargamento das

relações humanas à medida que estimulam habilidades comunicativas e

contribuem para a formação de estruturas mentais cada vez mais complexas

(GREENFIELD, 1988). Quer dizer, o aluno pode aprender através de vários

caminhos, desenvolvendo suas múltiplas inteligências, enquanto se alfabetiza

tecnologicamente no uso dos diferentes modos de expressão da comunicação

informática.

Os meios não apontam os fins, mas condicionam os métodos, os

conteúdos e as verificações. Fazer pesquisas copiando o texto das enciclopédias

ou dos velhos livros escolares não é a mesma coisa que fazê-las através do

computador, pela internet, por exemplo. De onde a escolha dos meios define uma

escola. Usar a Internet significa sair da classe, viajar pelo mundo, ir ao encontro

da vida. Nem sempre é uma maneira cômoda de dar aula, mas sem dúvida, é

uma maneira de fazer uma escola melhor.

BACCEGA (1996) acredita que só a escola poderá formar pessoas que

“usem a tecnologia para diminuir a distância entre o homem-cidadão e o homem-

desrespeitado na sua condição humana”. Para ela, o ato de se incorporar a

tecnologia à prática educativa, conferindo-lhe a dimensão devida, é, tal como a

própria Educação no dizer de Paulo Freire, um ato político. A autora reconhece

que o desafio não é pequeno: o que ocorre, na maioria das vezes, é que essas

(...) conquistas tecnológicas continuam fora da

escola. Aí reside o grande perigo. Ao invés de

estarmos lutando para que a comunicação que

nos chega através dos meios seja efetivamente

praticada como um direito social, estamos ainda

brigando contra essa modalidade de

comunicação, (...) como se fosse dado a alguém

ou a alguma instituição (no caso a escola) o

direito de impedir os avanços tecnológicos e as

mudanças dele decorrentes (1997).

30

Para alcançar sua possibilidade transformadora, a informática na

educação deve ser amplamente planejada e vivenciada com a comunidade

escolar, sendo inserida dentro de um projeto Pedagógico, onde professores,

técnicos, direção e alunos atribuam sentido a sua introdução. Desta forma, a

informática e outros recursos tecnológicos podem ser inseridos transversalmente

e de forma crítica dentro do contexto significativo das áreas do conhecimento e ao

mesmo tempo, instrumentalizando de forma mais geral o manejo crítico destes

instrumentos.

Utilizar a informática fazendo com que seja apenas mais uma disciplina

a ser cumprida, com nota, prova teórica, significa reforçar os meios já

desgastados da escola, burocratiza-se mais esta oportunidade de transformação

da educação escolar.

“A informática na Educação que considero, utiliza o computador como um recurso num meio transformador do ambiente de aprendizagem, com a exploração viva e empolgada de alunos e professores, através das possibilidades deste instrumento em buscar diferentes caminhos de resolução de problemas de forma rápida, integrada e motivante, rompendo fronteiras entre os diferentes conteúdos curriculares.

[...]Sendo um meio, um instrumento pedagógico, a informática estará atuando no acesso e coordenação de informações e, poderá ser um forte agente no processo de construção e reconstrução do conhecimento” (WEISS, 2004).

31

CAPÍTULO IV

Professor X Novas tecnologias5 e o Projeto pedagógico

“Não basta a escola dispor de um técnico medianamente capacitado encarregado do laboratório de informática que ensina como utilizar, tecnicamente, computadores de última geração; os docentes de todas as áreas devem estar capacitados para que possam promover a utilização do computador como um meio facilitador do ensino-aprendizagem. (LITWIN, p 84)”.

A tão esperada revolução na educação através da informática, ainda

não está acontecendo. As mudanças no ensino, não se processa apenas com a

aquisição de computadores na escola, é preciso definir e compreender a

utilização que vai ser dada à máquina.

(WEISS, 1998) Destaca que a capacitação do docente no uso das

novas tecnologias deveria ser considerada como uma das condições para a

implantação e para a avaliação de projetos pedagógicos em nível de instituição,

que estimulem a valorização e a assimilação construtiva das inovações

tecnológicas. A pesquisadora também alerta que muitas escolas contratam

técnicos em informática, sem nenhuma preparação pedagógica e estabelecem

um horário para as aulas que, na maioria das vezes não integram efetivamente as

atividades com as diversas disciplinas escolares. No máximo que realizam de

“integração” é a confecção de trabalhos, que podem ser uma simples digitação,

ou ainda, (pequenas ilustrações) pedidos por professores de outras áreas.

5 Por novas tecnologias entendemos o uso da informática, do computador, da Internet, do CD-ROM e de outros recursos e linguagens digitais que atualmente dispomos e que podem colaborar significativamente com o processo de educação mais eficiente e mais eficaz (MORAN, 2010, p152).

32

Encontram como “forma de incentivo” da informática, o “valer para nota” ou fazem

do computador um instrumento de competição entre os alunos.

Desta forma, este valioso instrumento, deixa de ser um aliado no

processo ensino-aprendizagem e permanece apenas como um instrumento que

funciona isoladamente e muitas vezes, para atividades extras da escola, quando,

conforme a pesquisadora, o ideal seria que a equipe de informática estivesse

integrada com os professores de todas as áreas para que houvesse troca efetiva,

um conteúdo programático e um acompanhamento à cerca do desenvolvimento,

atitudes e postura dos alunos nas aulas de informática. Porém, muitas vezes a

integração com as aulas de informática não ocorre, simplesmente, pela

resistência dos professores.

Os professores estão encontrando dificuldades em acompanhar as rápidas mudanças tecnológicas e sociais pelas quais estão passando neste século. Há conflitos entre sustentar as tradições ou adotar valores novos (REINHOLD, 1997).

Embora haja uma constante interação no cotidiano, com alguns meios

ou sistemas computadorizados, como os caixas eletrônicos dos bancos, os jogos

eletrônicos, a troca de mensagens instantâneas pelo celular, etc. muitas vezes há

um temor só em pensar em ter que manejar um computador.

LIPP (2002).relata o depoimento de vários professores:

“é como sentir que o mundo está girando a muitas rotações a mais do que nós mesmos, o sentimento opressivo de que as outras pessoas estão fazendo as coisas certas, usando os computadores e programas mais modernos e que estamos ficando para trás na carreira e nos relacionamentos”.

33

A autora ressalta ainda a complexidade da reação que ocorre quando o

ser humano tenta e não consegue absorver toda a estrutura operacional de uma

máquina em uma tentativa de entendê-la e com ela se comunicar. Isto gera um

alto grau de estresse. (Tecnostress envolve uma falha na interação máquina-

gente, em geral atribuída à dificuldade do homem em entender a máquina.)

Ocorre quando as exigências da interação homem-máquina ultrapassem a

capacidade do ser humano de entender as mensagens tecnológicas para poder

fazer uso do potencial técnico prometido.

Numa época em que todos vivem mergulhados numa sociedade

tecnologizada, o educador precisa compreender a relevância da utilização destas

tecnologias para, de fato, poder incorporá-las com dinamismo e pertinência à sua

práxis profissional. Sendo assim, O Gestor Escolar precisa dispor de fontes de

informação atualizadas, claras e competentes que lhe estimulem a elaborar

projetos para uso das tecnologias educacionais e, dentre elas, o computador –

meio de ligação entre as gerações tecnológicas anteriores e as que se

estabelecem.

Escola e tecnologia precisam dividir o mesmo espaço. Sendo assim, a

presença e a interferência dos meios de informação e comunicação na vida

cotidiana das pessoas é forte e intensa, pois no mundo atual, a técnica invade

todos os domínios da atividade social, inclusive o do lazer.

É corrente na literatura a afirmação de que a civilização tecnológica

tem influenciado profundamente nossos modos de ser, de pensar, de sentir, de

nos relacionar, de comunicar, viver... Do mesmo modo é freqüente encontrar a

asserção de que a organização social baseada no progresso do conhecimento, da

34

informação e da técnica – típicas da sociedade em que vivemos – superou, em

apenas 200 anos, o progresso técnico que a própria humanidade havia

acumulado até a época da revolução industrial (FLORIANI, 1999).

Hoje nos perguntamos como a escola tem se comportado frente à

questão da tecnologia Informática? Tem procurado conhecer e dominar códigos,

linguagens, formas de expressão e de representação contemporâneas? Como os

educadores, os administradores e demais agentes comprometidos com o ato

educativo tem discutido e abordado o assunto? Enfim, que valor a instituição

escolar tem atribuído aos meios informáticos? Reconhece neles consistentes e

importantes aliados no processo ensino-aprendizagem?

Perguntamos ainda, se a escola tem preparado seus docentes para

refletirem sobre as informações que acessam, se tem incorporado objetivos e

conteúdos que viabilizem a alfabetização da comunidade escolar no domínio dos

códigos da expressão contemporânea, se tem priorizado a capacitação dos

professores como leitores críticos desses meios. A escola tem pensado a

tecnologia de uma forma crítica, considerando-a instrumento capaz de servir à

libertação dos homens ou à sua dominação/exclusão? Tem levado em conta que

a técnica resolve uma situação, mas, em contrapartida, gera complicadores

derivados da própria solução que estabelece?

Normalmente tudo o que é novo cria uma certa resistência. Para que

se desmistifique a introdução da informática na escola e essa seja vista como um

instrumento aliado na construção de saberes é fundamental que se reflita com o

professor sobre qual é seu papel dentro dessa nova dinâmica. Hoje, diante da

enorme variedade de dados atualizados disponíveis pela Internet, o aluno pode

35

tornar-se um sujeito ativo frente a sua aprendizagem. Pode, então, procurar e

selecionar as informações de acordo com seu interesse e necessidade. Assim, o

modelo tradicional de acúmulo de conhecimento e memorização de dados precisa

ser substituído.

Dentro desse contexto de transformação, caberá ao professor trabalhar

no sentido de, incentivar em seus alunos o hábito da pesquisa - formar o aluno-

pesquisador. Estimular nos alunos o desenvolvimento de um senso criterioso para

que consigam selecionar e obter as informações que necessitam. E, finalmente,

desenvolver o hábito da crítica frente às informações obtidas via Internet, como as

obtidas através de outros meios de comunicação (LOLLINI, 1991).

Para que os professores consigam desenvolver esse tipo de trabalho,

precisam reconhecer que os dados se transformam constantemente e de maneira

veloz, chegando em tempo real; precisam ainda, reconhecer que a superação do

modelo tradicional é o grande desafio para a educação e não simplesmente a

utilização da informática (computador e internet).

Mas para que se consiga a superação da postura tradicional do

professor, é preciso que se invista na formação profissional, dentro de uma

concepção de continuidade, que não acontece em um encontro de um dia, mas

que pode ser feita se incorporada à prática a utilização da Internet desde os

cursos de graduação.

Moreira (1999) apresenta razões para justificar a inserção dos meios e

materiais na práxis pedagógica. Segundo o autor, os meios são um dos

componentes substantivos do processo de ensino; são parte integrante dos

processos comunicacionais relacionados ao ensino; permitem acesso a

conhecimentos dificilmente alcançáveis devido à distância no tempo ou no

espaço; são potencializadores de habilidades intelectuais dos estudantes; são

veículos expressivos para a comunicação de idéias, sentimentos e opiniões; são

36

suportes capazes de conferir estabilidade e inalterabilidade à informação; são, por

um lado, recursos facilitadores das aprendizagens escolares e, por outro, objetos

de estudo e conhecimento.

Porém, saber lidar com o computador e utilizar diferentes elementos

(processadores de texto, banco de dados, planilhas eletrônicas), utilizar softwares

e navegar na internet constituem um conjunto de saberes técnicos e habilidades

importantes; no entanto, não significa que esteja capacitado para poder realizar a

tarefa docente de maneira autônoma. Essa formação deve oferecer um suporte

tecnológico, pois há a necessidade de o educador conhecer todos os recursos

que são oferecidos pelo computador, mas, prioritariamente, um suporte

pedagógico, para que a introdução da informática não se restrinja a trabalhos com

jogos ou ao "cursinho" de técnico de informática.

Dentro desse paradigma, a formação objetiva promover a autonomia

do educador e comprometê-lo com o seu próprio desenvolvimento profissional, se

tornando um pesquisador de sua prática pedagógica, e com autonomia para

construir seu caminho.

Marcos Masseto (2010) no texto denominado “Mediação pedagógica e

uso da tecnologia”, explicita porque cabe às tecnologias papel tão secundário na

educação escolar. Em primeiro lugar, afirma, que, em todos os níveis,

“o papel da escola é o de ‘educar’ seus alunos – entendendo por ‘educação’ transmitir um conjunto organizado e sistematizado de conhecimentos de diversas áreas [...] – e exigir deles memorização das informações que lhes são passadas e sua reprodução nas provas e avaliações [...]. Visando a consecução desses objetivos, o professor é formado para valorizar os conteúdos e ensinamentos acima de tudo, e privilegiar a técnica da aula expositiva para transmitir esses ensinamentos” [...] (p.133 – 134).

37

Neste contexto, questiona: para que se preocupar com as tecnologias

que podem colaborar para um ensino e uma aprendizagem mais eficaz? O que a

escola quer não é senão o domínio do conteúdo apregoado?

Uma das razões apontadas por MASSETO (2010) para a não-

valorização do uso da tecnologia em educação se dá pelo fato que nos próprios

cursos de formação de professores (cursos de licenciatura e pedagogia) percebe-

se por parte dos alunos a valorização do domínio do conteúdo nas áreas

específicas em detrimento das disciplinas pedagógicas. Alunos e, por vezes

professores, dos mais variados cursos afirmam, que o importante para se formar

professor é o domínio dos conteúdos dos respectivos cursos sem a preocupação

de agregar valores à competência para magistério.

O uso da tecnologia adequada ao processo ensino aprendizagem é

pouco utilizado mesmo nos cursos superiores,

“o que faz com que os novos professores do ensino fundamental e médio, ao ministrarem suas aulas, praticamente copiem o modelo de fazê-lo e o próprio comportamento de alguns de seus professores de faculdade, dando aula expositiva e, às vezes, sugerindo algum trabalho em grupo com pouca ou nenhuma orientação” (p135).

Em consequência, encontramos professores desde o 6º ano do ensino

básico, passando pelos três anos do ensino médio e lecionando nas faculdades,

especializados em conteúdos de suas disciplinas, transmitindo-os da forma que

melhor lhes apraz, em geral, como amadores quanto ao conhecimento e à prática

dos aspectos fundamentais para se desenvolver um processo de aprendizagem,

incluindo relações interpessoais – professor/aluno, metodologia de trabalho e

processo de avaliação.

38

Para o autor, um dos pontos desfavorável à incorporação das

tecnologias educacionais encontra-se no fato de que o cenário tecnicista, imposto

à educação escolar, gerou inúmeras críticas de educadores e desencadeou

atitudes de rejeição ao uso dessas mesmas tecnologias.

Assim, ressalta ele:

“ainda hoje, falar em eficácia e/ou eficiência do processo de aprendizagem causa calafrios em muitos educadores, seja pela lembrança deste período [...], seja pela associação desses conceitos aos programas de qualidade total implantados nas empresas e transferidos diretamente para a escola, sem maiores críticas [...]” (p.135 – 136).

No entanto, o surgimento da informática e da telemática resgata a

discussão em torno da temática mediação pedagógica6 e tecnológica, que

permitiu que os usuários - tanto os discentes quanto os docentes - se colocassem

em contato com as mais novas e recentes informações, pesquisas e produções

científicas, culturais... Em decorrência, isto

• garantiu a oportunidade de desenvolvimento da auto-aprendizagem e da

interaprendizagem à distância;

• proporcionou, a partir dos microcomputadores, o surgimento de novas

formas de se construir o conhecimento, a integração do movimento, luz,

som, imagem [...], novas formas de apresentação de resultados, tornando

possível o desenvolvimento da criticidade para se situar diante de tudo o

que se vivencia por meio do computador, da curiosidade para buscar

6 A reflexão do autor em torno do conceito de mediação pedagógica mostra que “ela acontece na postura do professor, na forma de tratar um conteúdo, no modo de estabelecer relacionamento entre os alunos, e destes com seu contexto maior. As técnicas que usam para favorecer ou facilitar a aprendizagem também podem ser trabalhadas numa perspectiva de mediação pedagógica. Para o autor, “a mediação pedagógica coloca em evidência o papel de sujeito do aprendiz e o fortalece como o ator de atividades que lhe permitirão aprender e conseguir atingir seus objetivos e dar um novo colorido ao papel do professor e aos novos materiais e elementos com que ele deverá trabalhar para crescer e se desenvolver”. (p. 146)

39

coisas novas, da criatividade para se expressar e refletir, da ética para

discutir os valores contemporâneos;

• possibilitou a orientação do educando em período distinto ao horário

escolar; viabilizou o ensino e a aprendizagem a distância; cursos;

teleconferências, listas e grupos de discussão, experiências de

aprendizagem colaborativa, troca de e_mails, pesquisas em centros

distantes...

BACCEGA (1995) acredita que só a escola poderá formar pessoas que

"usem a tecnologia para diminuir a distância entre o homem-cidadão e o homem-

desrespeitado na sua condição humana" (p.8). Para ela, o ato de se incorporar a

tecnologia à prática educativa conferindo-lhe a dimensão devida, é, tal como a

própria Educação no dizer de Paulo Freire, um ato político. A autora reconhece

que o desafio não é pequeno: o que ocorre, na maioria das vezes, é que essas

“conquistas tecnológicas continuam fora da escola. Aí reside o grande perigo. Ao invés de .estarmos lutando para que a comunicação que nos chega através dos meios seja efetivamente praticada como um direito social, estamos ainda brigando contra essa modalidade de comunicação, como se fosse dado a alguém ou a alguma instituição (no caso a escola) o direito de impedir os avanços tecnológicos e as mudanças dele decorrentes.” (1995, p.8).

Assim sendo, a autora acredita que "o papel primeiro da escola, de

ensinar com criticidade, é retomado de maneira definitiva nesses novos tempos

de tecnologia" (p.9), e que o maior desafio que a escola precisa enfrentar é o da

incorporação desta mesma tecnologia em sua dimensão sócio-cultural.

40

A apropriação da tecnologia pela escola melhora as relações

interpessoais entre os seus pares, dando mais satisfação e prazer ao docente em

sua capacidade de realização.

A proposta pedagógica da escola deve estar comprometida com os

eixos da atuação escolar e nela as novas tecnologias e educação, apropriados

por todas as disciplinas, devem concorrer para o alcance dos propósitos

estabelecidos.

O meio informático ao nível de suas potencialidades é um poderosos

aliado da educação escolar, em quaisquer disciplinas curriculares, por inúmeras

razões que se possa elencar, sejam elas: por estarem inseridos na vida cotidiana

das pessoas; por intervirem na construção de saberes significativos, como se

fossem uma escola paralela; por mediarem inúmeros processos comunicacionais;

por subsidiarem, com freqüência, conteúdos e saberes escolares e até

viabilizarem que o ensino e a aprendizagem aconteçam à distância e de forma

interativa...

Por distintas razões, então, estes meios devem manter estreita relação

com o projeto pedagógico definido por cada instituição de ensino, pois as

possibilidades didático-pedagógicas e técnico-expressivas que têm podem

contribuir para uma prática educativa verdadeiramente crítica e historicamente

situada; prática que, de fato, esteja comprometida com a elevação da formação-

cidadã de pessoas envolvidas na busca de autonomia, do diálogo, da interação,

da leitura crítica do mundo para que, desvelado, possam intervir no seu curso e

construção.

41

Considerações Finais

A partir do estudo e da análise das contribuições teóricas apresentadas

neste trabalho, levando em conta a utilização da tecnologia informática pela

escola concluímos que os meios tecnológicos, ao nível de suas potencialidades,

são poderosos aliados da educação escolar, em quaisquer disciplinas

curriculares, por inúmeras razões que se possa elencar, sejam elas: por estarem

inseridos na vida cotidiana das pessoas; por intervirem na construção de saberes

significativos, como se fossem uma escola paralela; por mediarem inúmeros

processos comunicacionais; por subsidiarem, com freqüência, conteúdos e

saberes escolares e até viabilizarem que o ensino e a aprendizagem aconteçam à

distância e de forma interativa.

A educação é um poderoso mecanismo de articulação das relações

entre poder, conhecimento e tecnologia. Desta forma, exercendo o poder em

relação aos conhecimentos e ao uso das tecnologias que farão a mediação entre

professores alunos e os conteúdos a serem apreendidos, a escola, não pode ter

um olhar simplista sobre a tecnologia, principalmente a informática. É

imprescindível que a escola esteja receptiva aos meios e materiais tecnológicos

para que possam ser incorporados com propriedade à práxis educativa.

A proposta pedagógica da escola deve estar comprometida com os

eixos da atuação escolar e nela estar implícita a relevância e o poder educacional

transformador que possuem os meios informáticos, pois as possibilidades

didático-pedagógicas e técnico-expressivas que têm, pode contribuir para uma

prática educativa verdadeiramente crítica; prática esta que, de fato, esteja

comprometida com a elevação da formação-cidadã de pessoas envolvidas na

busca de autonomia, do diálogo, da interação, da leitura crítica do mundo, pois o

uso das tecnologias digitais conectadas à internet transforma a educação escolar,

dando à escola uma dimensão do “tamanho do mundo”.

Os espaços virtuais como Orkut, Messenger, Blogs, Wikipédia, entre

outros, mostram a força desta realidade. As mudanças são evidentes no cotidiano

das pessoas que acessam estes espaços de comunicação e aprendizagem

42

interativa. A presença e a interferência dos meios de informação e comunicação

na vida cotidiana das pessoas é forte e intensa. Neste contesto, a escola e

tecnologia precisam dividir o mesmo espaço, pois no mundo atual, a técnica

invade todos os domínios da atividade social, inclusive o do lazer.

Tal mudança gerou a necessidade de que a educação escolar reveja

sua função para que diante dessa nova sociedade, adote uma postura

pedagógica mais rica e adequada ao novo cotidiano dando relevância para a

constante e efetiva capacitação docente no uso das novas tecnologias e a

implementação de projetos pedagógicos em nível de instituição, que estimulem a

valorização e a assimilação construtiva das inovações tecnológicas, considerando

a necessidade da escola estar inserida no mundo globalizado e de oportunizar

condições para que os alunos utilizem os recursos disponíveis para uma

aprendizagem mais significativa.

43

Levantamento bibliográfico

ALMEIDA, M. Elizabeth. Informática e formação de professores, livro 9, p. 10 -15 Disponível em: http://escola2000.net/eduardo/paginas/textproinfo.htm Acessado em dezembrode 2010.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO....................................................................................... 2

AGRADECIMENTO....................................................................................... 3

DEDICATÓRIA............................................................................................. 4

RESUMO....................................................................................................... 5

METODOLOGIA............................................................................................ 6

SUMÁRIO...................................................................................................... 7

INTRODUÇÃO.............................................................................................. 8

CAPÍTULO I - A Tecnologia Informática na escola...................................... 10

CAPÍTULO II - A educação Escolar e tecnologia informática...................... 15

CAPÍTULO III – Educação Escolar e o Meio Informático............................. 23

CAPÍTULO IV – Professor X Novas tecnologias e Projeto Pedagógico...... 31

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 41

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA................................................................... 43

ÍNDICE.......................................................................................................... 46