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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS DE 10 A 13 ANOS COM SÍNDROME DE DOWN E AUTISMO Por: Sonia Regina Gomes Orientador Profa. Ms. Fátima Alves Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO DE

CRIANÇAS DE 10 A 13 ANOS COM SÍNDROME DE DOWN E

AUTISMO

Por: Sonia Regina Gomes

Orientador

Profa. Ms. Fátima Alves

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO DE

CRIANÇAS DE 10 A 13 ANOS COM SÍNDROME DE DOWN E

AUTISMO

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Psicomotricidade

Por: Sonia Regina Gomes

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AGRADECIMENTOS

Á minha família e a Deus por permitir

que eu concluísse esta pós-graduação.

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DEDICATÓRIA

Dedico ao meu filho Renato que me dá

forças para continuar a lutar por uma vida

digna e melhor.

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RESUMO

Este trabalho constitui-se de um estudo que expõe os conceitos sobre

Psicomotricidade, Síndrome de Down e Autismo e as conseqüências que a

mesma afeta no ensino-aprendizagem das crianças com estas deficiências.

Posteriormente o enfoque é dado em cima da educação de crianças portadoras

destas duas deficiências, em sua aprendizagem e na contribuição da

psicomotricidade para a sua educação. Por fim, a conclusão que se chega ao

analisar todas estas questões.

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METODOLOGIA

Este estudo surgiu devido a dificuldade que se encontram os familiares

com relação ao ensino-aprendizagem das crianças que possuem Síndrome de

Down e Autismo.

Como estas crianças se expressam basicamente pelo corpo, já que

geralmente las não falam, a psicomotricidade viria a ser um instrumento que

auxiliaria bastante como facilitadora de conhecimento do seu próprio corpo, de

comunicação e interação social.

A monografia foi através de um estudo descritivo como leitura de livros,

revistas, monografias, teses, que tinham como tema a psicomotricidade

associada à aprendizagem e às dificuldades de aprendizagem, como também

web bibliografias sobre conceitos de Síndrome de Down e Autismo, suas

características e sua educação nas escolas.

O foco ambiental foi uma Escola do Município do Rio de Janeiro, por ter

classe especial a qual possuiria docente capacitado/especialista para lidar com

estas crianças.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - O que é Psicomotricidade 10

CAPÍTULO II - Conceitos de Síndrome de Down

e Autismo 22

CAPÍTULO III – A Educação de Crianças com

Síndrome de Down e Autismo 30

CAPÍTULO IV – A Contribuição da Psicomotricidade

na Educação da Criança com Síndrome

de Down e Autismo 38 CONCLUSÃO 44

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 47

WEBGRAFIA CONSULTADA 48

ÍNDICE 49

FOLHA DE AVALIAÇÃO 51

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INTRODUÇÃO

Ser diferente foi sempre visto ao longo da história como um indivíduo

que deveria ser normatizado. Seus comportamentos foram sempre motivo

de discriminação, negação e solidão.

A idéia deste estudo surgiu diante da necessidade de despertar nos

profissionais da Educação, da Saúde e da família, de encontrar alternativas

no campo psicomotor. No trabalho em educação, a psicomotricidade

contempla a criança além das suas necessidades especiais, buscando na

integração de pensamento e ação novas formas de comunicação,

desenvolvimento emocional e interação social.

A psicomotricidade originou-se em bases reeducativas dando atenção

em técnicas disciplinadoras de movimento, percepção e da organização

espaço-temporal entre outras.

Com o avanço crescente das teorias cognitivas, das neurociências e da

afetividade, passou-se a focar mais no sujeito e a sua relação com o corpo.

E Henri Wallon que foi um teórico que se preocupou com a afetividade e o

movimento corporal.

Na área da educação, a psicomotricidade envolve um campo preventivo

e o melhor seria que todos os educadores adquirissem conhecimentos

básicos do assunto. É importante ver na atividade lúdica da criança em

idade escolar o tipo de atividade estimuladora necessária para expressão do

seu “eu” e a maturação da imagem do corpo.

Autismo e Síndrome de Down são deficiências que individualmente são

mais fáceis de detectar e de trilhar um caminho, para promover seu

desenvolvimento e autonomia. Mas conjuntamente já não se apresenta

facilmente. Principalmente porque a Síndrome de Down “mascara” de certa

forma o Autismo. E ao depararmos com profissionais de saúde que não

tenham um olhar apurado e uma boa percepção do comportamento da

criança ainda bebê, esta criança poderá ser estimulada de um modo

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errôneo, comprometendo muitas vezes a evolução de seu aprendizado e de

seu desenvolvimento psicomotor.

O leitor poderá acompanhar neste estudo a noção de que através da

psicomotricidade pode se obter ganhos consideráveis para a garantia de

uma aprendizagem eficaz, proporcionando uma melhor relação e noção de

seu corpo que se faz tão atuante para expressão dos seus sentimentos,

promovendo assim sua integração na sociedade.

Partindo do conceito de que os problemas psicomotores estão ligados

aos problemas cognitivos e afetivos, o estudo abrangerá nos primeiros

capítulos deste estudo, a colocação dos conceitos sobre Psicomotricidade,

Síndrome de Down e Autismo para depois associar as implicações da

psicomotricidade na área educativa e a maneira e o olhar que os docentes

poderão despertar para contribuir na eficácia de uma aprendizagem de

qualidade.

Terminamos o trabalho com um pensar integrado que abrange as áreas

da educação e saúde, promovendo uma intercomunicação que irão além de

uma conduta meramente individualizada. Ação e pensamento são fios

condutores que se bem estimulados precocemente, já no Ensino Infantil,

poderão ser a diferença na vida de uma criança especial.

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CAPÍTULO I

O QUE É PSICOMOTRICIDADE

“ Psicomotricidade significa a associação estreita entre o desenvolvimento da motricidade, da inteligência e da afetividade” (Heuyer, 1948)

1.1 – O Conceito

“A criança responde às impressões que as coisas lhe causam com gestos

dirigidos a elas” (Henri Wallon)

É a ciência que tem como objeto de estudo o homem através de

seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está

relacionada ao processo de maturação onde o corpo é a origem das aquisições

cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada por 3 (três) conhecimentos

básicos: o movimento, o intelecto e o afeto.

A nossa vida é movimento e através dele que entendemos o homem, o

corpo e o movimento em si. O corpo e a mente sempre se mantiveram

integrados, pois existe um interdependência entre o corpo, a mente e o

ambiente. E na educação infantil ela é 99% movimento, pois as crianças

aprendem através das vivências, do movimento. Aprender e apreender de uma

forma bem equilibrada e melhor desenvolve-se através da psicomotricidade,

adquirindo habilidades motoras, comportamentais e mentais.

A psicomotricidade é o que na pedagogia visa auxiliar no

desenvolvimento integral da criança no processo de ensino-aprendizagem a

qual ajuda nos aspectos físico, mental, afetivo-emocional e sócio-cultural,

procurando estar sempre em harmonia com a realidade dos educandos.

Segundo Le Bouche (1969), a psicomotricidade se dá através de ações

educativas de movimentos espontâneos e atitudes corporais da criança,

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proporcionando-lhe uma imagem do corpo, contribuindo para a formação de

sua personalidade.

Ela reflete um estado de vontade que se relaciona a execução de

movimentos corporais. Esses podem ser voluntários ou involuntários. Os atos

voluntários são relacionados e dependem de inteligência e do afeto. A

psicomotricidade ajuda na prevenção e tratamento das dificuldades no

processo de ensino-aprendizagem da criança proporcionando a união dos

aspectos cognitivos, afetivos e sociais do desenvolvimento infantil, que se

comunicam no relacionamento com o espaço, o tempo, os objetos, as pessoas

e com seu próprio corpo.

Podemos dar exemplos de palavras relacionadas a esta ciência para

formar a palavra PSICOMOTRICIDADE como está abaixo:

P aixão M exer

S entir O ouvir

I nventar T ocar

C ativar R ir

O bservar I mitar

C rer

I nteragir

D edicar

A mar

D emonstrar

E ducar

Conceitos segundo autores de psicomotricidade:

• Pierre Vayer (1986): A educação psicomotora é uma ação pedagógica

e psicológica que utiliza os meios da educação física com o fim de

normalizar ou melhorar o comportamento da criança.

• Jean Claude Coste (1978): É a ciência encruzilhada onde se cruzam e

se encontram múltiplos pontos de vista biológicos, psicológicos,

psicanalíticos, sociológicos e lingüísticos.

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• Jean de Ajuriaguerra (1970): É a ciência do pensamento através do

corpo preciso, econômico e harmonioso.

• Sidirley de Jesus Barreto (2000): Afirma que é a integração do

indivíduo, utilizando para isso, o movimento e levando em

consideração os aspectos relacionais ou afetivos, cognitivos e

motrizes. É a educação pelo movimento consciente, visando melhorar

a eficiência e diminuir o gasto energético. (Prof.ª. ESPECIALISTA

MARACELI D. MARCELINO F. TOSTA,

www.favams.com.br/pos/PSICOMOTRICIDADE_material.ppt, Acesso

em 28/09/2011 às 16:00)

As estruturas psicomotoras definidas como básicas são:

- Locomoção

- Manipulação

- Tônus Corporal

Elas se integram com a organização espaço-temporal, as coordenações

finas e amplas, coordenação óculo-segmentar, o equilíbrio, a lateralidade, o

ritmo e o relaxamento.

1.2 – Objetivos do Trabalho Psicomotor

Psico

Aspectos biomaturacionais

Aspectos cognitivos

Aspectos Afetivos

Motricidade

Movimento

Ação corporal

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A psicomotricidade é uma disciplina educativa, estimuladora

reeducativa e terapêutica, ou seja, destaca a relação existente entre o

movimento, a mente e a afetividade.

Em sua prática pedagógica objetiva contribuir para o desenvolvimento

integral da criança no processo de ensino-aprendizagem, facilitando os

aspectos físico, mental, afetivo-emocional e sócio-cultural, estando sempre

condizente com a realidade dos educandos.

Trata-se de uma ciência relativamente nova que, por ter o homem

como seu objeto de estudo, engloba várias outras áreas: educacionais,

pedagógicas e de saúde (Bueno, 1998)

Ela é uma ciência cabível em qualquer época da nossa vida. Seja na

infância, adolescência, adulta ou velhice.

O trabalho psicomotor, portanto, é fundamental em qualquer fase de

nossas vidas. Na infância aonde o corpo é um universo particular. Nele nos

movemos, sentimos, agimos, percebemos e descobrimos novos universos. Ele

trabalha em cima de aspectos básicos, os fatores psicomotores:

- Equilíbrio /Tonicidade

- Noção Corporal

- Lateralidade

- Estruturação Espacial

- Estruturação Temporal

- Coordenação Motora Global

- Coordenação Motora Fina

Então se desenvolve um ciclo evolutivo: movimento---àsensação-

àpercepção--àcognição-àMovimento

Pode-se dizer que a psicomotricidade através de um trabalho

psicomotor visa desenvolver: esquema corporal, lateralidade, estruturação

espacial, estruturação temporal, controle das diversas coordenações, equilíbrio,

controle da respiração e tônus muscular.

1.3 Áreas de Atuação da Psicomotricidade

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Os primeiros trabalhos realizados tinham uma proposta reeducativa,

um caráter terapêutico, já que se preocupavam em reabilitar funções

psicomotoras que se encontravam prejudicadas.

A educação psicomotora conceituada por Piaget surge com a intenção

de estimular as crianças de forma adequada em cada fase do seu

desenvolvimento.

Atualmente as áreas de atuação da psicomotricidade são: de

estimulação psicomotora, educação psicomotora, reeducação psicomotora e

terapia psicomotora.

1.3.1 – Estimulação

A importância da estimulação psicomotora precoce nos primeiros

meses do bebê é fundamental, uma vez que ele é psicologicamente ativo e o

desenvolvimento das suas funções sensório-motoras dependem amplamente

dos estímulos oferecidos pelo ambiente.

Ela surge através de preocupações fundamentadas na educação, na

prevenção e mesmo na cura de distúrbios apresentados muito precocemente

em determinadas crianças. Ele interferirá e estimulará os vários níveis de

expressão corporal, encontrados no bebê, como o gestual, tônico, mímico,

ocular, sinestésico e auditivo. Na ausência de estímulos poderão paralisar a

maturação e mexer com a organização do sistema nervoso de maneira a

ocorrer perda definitiva de funções inatas.

1.3.2 – Educação Psicomotora

Segundo Le Bouche (1982, apud ALMEIDA, 2007, p. 27), a educação

psicomotora deve ser vista como uma educação básica da escola primária. Ela

conduz toda uma aprendizagem pré-escolar, leva a criança a tomar

consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o

tempo, a adquirir a coordenação de seus gestos e movimentos. Ela deve ser

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praticada desde cedo na criança; conduzida com persistência, permite prevenir

inadequações, difíceis de corrigir quando já cristalizadas. É direcionada

também a aplicação dentro da sala de aula, como nos segmentos da Educação

Infantil e do Fundamental I. Iniciou-se na França, com o professor de educação

física Jean Le Bouche, na segunda metade da década de 60, já objetivando o

desenvolvimento global da criança por meio de movimentos, assim como

auxiliando nos distúrbios de aprendizagem. Sendo assim, a psicomotricidade

trabalha no sentido de estimular as experiências corporais através de

ambientes propícios a isto.

1.3.3 – Reeducação Psicomotora

Ensinar a criança a reaprender a executar determinadas funções

motoras. Tanto no adulto quanto na criança esta tem um caráter tão profilático

quanto terapêutico.

Seu atendimento é individual ou em pequenos grupos de crianças,

adolescentes ou adultos, que apresentam algum déficit de ordem psicomotora.

Tais déficits podem estar relacionados à distúrbios mentais, orgânicos,

psíquicos, neurológicos e relacionais.

1.3.4 – Terapia Psicomotora

No âmbito terapêutico o atendimento se fará individualmente ou em

pequenos grupos de crianças, adolescentes ou adultos que apresentem

grandes disfunções psicomotoras.

Ao longo da história da psicomotricidade, tem um grande valor as

contribuições da área psicológica, como a psicologia genética, que passa a

considerar a passagem do motor para o corpo, em que o mesmo passa a ser

instrumento de construção da inteligência humana. Aqui a situação se volta

para não mais no plano motor, mas num corpo em movimento, produtor da sua

ação e do intelecto. Portanto, já se trata de uma terapia psicomotora que

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trabalha em um corpo, que se move, constrói uma realidade, conhece, sente,

se emociona e que esta se manifesta pelo tônus muscular.

1.4 Psicomotricidade Funcional e Relacional

Um bom desenvolvimento psicomotor é essencial para que se tenha

consciência dos movimentos corporais integrados com sua emoção e

expressos por tais movimentos. E a fase mais importante para trabalhar com

todos os aspectos do desenvolvimento (motor, intelectual e sócio-emocional) é

na faixa etária que compreende o nascimento até completar 8 anos

aproximadamente. É nesse período que as principais dificuldades com relação

ao meio ao qual está inserido afloram. Após este período há um refinamento de

suas capacidades básicas que só é possível com a integração de suas

condutas motoras, intelectuais e emocionais as quais consideraremos como

psicomotoras que se subdividem em funcionais e relacionais.

1.4.1 – Psicomotricidade Funcional

As condutas funcionais são aquelas em que a ação, qualidade e

medida são possíveis de detectar e que em conjunto formam a integração

motora do indivíduo em um espaço e num tempo determinados.

Elas se dividem em áreas que são:

• Coordenação Dinâmica Global – “A criança progressivamente se

descobre através de uma atividade corporal global ou instintiva a

princípio, diferenciada e intencional depois e esta atividade lhe

permite descobrir o mundo que a rodeia” (DAMASCENO, 1992)

É a atividade simultânea de diferentes grupos musculares na

ação de movimentos voluntários amplos e relativamente

complexos. Apresenta-se sob 2 aspectos: estática e dinâmica.

• Coordenação Motora Fina – Envolve todas as atividades

motoras finas onde relaciona a função de coordenação dos

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movimentos dos olhos durante a atenção e da manipulação de

objetos que cobram um controle visual, além de envolver

programação, regulação e verificação dos trabalhos de atenção

e manipulação mais finos e complexos.

• Equilíbrio – Conjuga as aptidões estáticas (sem movimento) e

dinâmicas (com movimento); envolvendo a postura e o

desenvolvimento das habilidades de locomoção.

O equilíbrio estático é conseguido em determinada posição, ou a

capacidade de manter-se sob certa postura em cima de uma

base O equilíbrio dinâmico é aquele que se atinge com o corpo

em movimento que determinam sequencialmente alterações da

base de sustentação.

• Esquema Corporal – É a consciência de seu próprio corpo e de

suas partes, aceitando que seu corpo se relacione com espaços,

objetos e pessoas que o rodeia.

É por meio do corpo que a criança vai descobrir o mundo,

experimentar sensações e situações, expressar-se, perceber-

se e perceber as coisas que a cercam. A medida que a criança

se desenvolve, quanto mais o meio permitir, mais ela vai

ampliando suas percepções e controlando seu corpo por meio

da interiorização das sensações. Com isso, ela vai conhecendo

seu corpo e ampliando suas possibilidades de ação. O corpo é,

portanto, o ponto de referência que o ser humano possui para

conhecer e interagir com o mundo. (ALVES, 2007, p.49)

• Lateralidade – É a habilidade de experimentar os movimentos

utilizando os 2 (dois) lados do corpo, ora o direito, ora o

esquerdo.

• Estruturação Espacial – Através do corpo da criança é que se

desenvolve a noção espacial. Toda a percepção que se tem de

mundo é espacial e o corpo é a nossa referência. Ela se inicia do

concreto para o abstrato. Desenvolve-se a partir da visão. No

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início a criança localiza a si própria e depois localiza a posição

que seu corpo ocupa no espaço para no fim passar a localizar os

objetos. É no olhar de seu tamanho, dos objetos e das pessoas

que a cercam que ela vai adquirindo a noção de espaço.

• Estruturação Temporal – Esta noção se desenvolve a partir da

audição. É mais difícil do que a de espaço.

Temos o tempo rítmico que determina tudo que fazemos e é

individual e cronológico que diz respeito ao tempo em si, como o

presente, passado, futuro. E também a de tempo subjetivo que

atua de acordo com a nossa ansiedade através da afetividade.

• Ritmo – É o movimento próprio de cada um. Como por exemplo o

ritmo lento, moderado, acelerado, cadenciado e a noção de

duração e o que vem antes e depois. A ausência desta habilidade

rítmica pode comprometer a leitura com pontuação e entonação

inadequadas.

• Percepções – É a área que se obtém informações sobre um

ambiente, diferenciando cada informação, envolvendo as

diferentes formas, tamanhos, cores, sons, etc.. Divide-se em:

auditiva, visual, tátil, olfativa, gustativa.

1.4.2 – Psicomotricidade Relacional

Lapierre (1986) afirma: “Não podemos existir no desejo do outro a não

ser na medida em que o outro existe”. E esta abordagem só se desenvolve por

meio do corpo que se expressa, dialoga, comunica com outros corpos,

revelando sua personalidade agressiva ou afetiva que se mistura na

personalidade de outros, pelo movimento deste corpo e por meio da

psicomotricidade.

No passado, através de mudanças da passagem de um conceito

mecanicista para a holística da realidade, já é possível adaptá-la em todos os

campos e permite dominar a época atual.

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Ela divide-se em: expressão, comunicação, afetividade, agressividade,

limites e corporeidade.

• Expressão – É por meio dela que a criança exprime

verdadeiramente seus sentimentos e por conseqüência, suas

dificuldades, sejam de ordem, psicológica, física ou biológica.

Criar é expressar o que se tem dentro de si com esforço interior.

O descobrimento e o valor do corpo do indivíduo devem estar

relacionados à forma de manifestação expressa em determinada

situação.

• Comunicação – A relação entre comunicação e expressão é

fundamental. Pois quando a criança sabe se expressar

corporalmente ela impõe a sua identidade.

Mesmo que o indivíduo não queira conversar ou olhar, mesmo

assim estará se comunicando o seu desejo de não contato.

Quando ela ocorre de maneira distorcida, fragmentada, diminui-

se a relação mas é pelas diferentes formas de comunicar, tanto

verbal como não verbal, que o ser humano estabelece as

relações com os outros e os objetos. Por isso é primordial a

comunicação indivíduo-ambiente e que aprendizagem depende

dos processos de comunicação. Precisa-se ouvir e observar

atentamente a linguagem não verbal.

• Afetividade – É fator estimulante e necessário em todo o

desenvolvimento psicomotor e a primeira comunicação da

criança com o meio. É através da psicomotricidade, pelo

movimento necessitando permanecer na vida desta.

Quando há disponibilidade corporal, a relação e a troca ocorrem

e explode a afetividade. E no início desta troca se dá pelo

principal material de expressão que é o seu corpo.

Piaget (1986) coloca que existe um paralelo entre o

desenvolvimento da afetividade e o das funções intelectuais e

que nenhum ato é só intelectual ou só afetivo, mas sempre nas

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condutas relativas aos objetos e pessoas essas funções se

entrelaçam porque um supõe o outro.

Wallon (1995) dá à afetividade um valor funcional. Para ele, a

afetividade “é o resultado de sensações agradáveis e

desagradáveis de sentimento de amor e ódio, que determinam a

conduta postural e dão ao corpo sua expressão”.

• Agressividade – É algo que impulsiona. Segundo Lapierre e

Aucouturier (1986), ela é o “resultado de um conflito entre o

desejo de afirmação pela ação e os obstáculos e interdições que

essa afirmação encontra.”

De acordo com Ajuriaguerra (1980), ela faz parte da afetividade

do homem. Ninguém agride por agredir puramente, a pessoa

sempre espera uma resposta. Não deixa de ser uma forma de

comunicar, primitiva, uma vontade de se vincular ao outro. Ela

deve ser bem canalizada pela criança a ajudá-la a acabar as

manifestações próprias de uma fase, desviando-as bem

elaboradamente ou modificadamente para a fase seguinte,

fazendo com que a criança amadureça. Através de objetos

simbólicos de representação é que devemos trabalhar o conflito

existente e que não se sabe lidar com a dada situação.

• Limites – Quando a criança se relaciona com outra é que

percebe o limite do outro. Como a criança tem direitos e

privilégios, assim como deveres e responsabilidades, este limite

está diretamente relacionado à liberdade.

Na instituição escolar existe uma confusão entre disciplina e

poder e também a subordinação do indivíduo aos desejos e

imposições desta. Moreira (1995) aborda para o risco da

“domesticação corpórea” na qual a disciplina fabrica corpos

dóceis e submissos, dissociando o poder do corpo.

Segundo Garcia (1988) na “conquista do corpo harmônico, o

prazer e a necessidade de limites não querem dizer repressão.

Não tem que reprimir, mas sim controlar.

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• Corporeidade – Vayer e Toulouse (1985) afirmam que não existe

ação que não seja corporal. Na psicomotricidade é através dos

movimentos que se dá o melhor canal para desenvolver a

corporeidade. Esta está intimamente ligada à noção de

identidade para que apareça o corpo e se reúne numa imagem

global. O objeto e o brinquedo que ajuda na descoberta das

mais variadas conquistas espaciais e sensoriais sendo um canal

para a descoberta do seu corpo.

Santin(1992) afirma que na prática com esse corpo que “a

corporeidade humana deve ir mais além, precisa considerar a

sensibilidade afetiva, as emoções, os sentimentos, os impulsos

sensíveis, o senso estático, etc.. São esses os elementos e os

sinais que precisam ser desenvolvidos, isto é, cultivados e

portanto, orientados , estimulados, fortalecidos.” É assim que

compartilhamos com suas idéias. Há que se concordar com

Bruhns (1989) que diz que se prestarmos atenção somente para

um aspecto, como o motor, por exemplo, pomos em risco a

unidade da pessoa, pois estaremos focando o indivíduo

unilateralmente.

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CAPÍTULO II

CONCEITOS SOBRE SÍNDROME DOWN E AUTISMO

Primeiramente, ler o texto abaixo descreve bem os sentimentos

envolvidos em uma mulher em gerar um filho deficiente. Ele é um hino e uma

visão objetiva de uma mãe que se vê deparada com um desafio pela frente,

que é criar um filho especial e de compreender um novo mundo que começa a

desabrochar. Portanto, conceituar tanto a Síndrome de Down quanto o

Autismo, ou outra deficiência qualquer, é fundamental que se sensibilize com

as mães que geram crianças tão especiais e peculiares como estas e entrar em

seus respectivos mundos.

BEM VINDO À HOLANDA

“Freqüentemente, sou solicitada a descrever a experiência de dar à luz a uma criança com deficiência - Uma tentativa de ajudar pessoas que não têm com quem compartilhar essa experiência única a entendê-la e imaginar como é vivenciá-la. Seria como... Ter um bebê é como planejar uma fabulosa viagem de férias - para a ITÁLIA! Você compra montes de guias e faz planos maravilhosos! O Coliseu. O Davi de Michelângelo. As gôndolas em Veneza. Você pode até aprender algumas frases em italiano. É tudo muito excitante.

Após meses de antecipação, finalmente chega o grande dia! Você arruma suas malas e embarca. Algumas horas depois você aterrissa. O comissário de bordo chega e diz:

- BEM VINDO À HOLANDA!

- Holanda!?! - Diz você. - O que quer dizer com Holanda!?!? Eu escolhi a Itália! Eu devia ter chegado à Itália. Toda a minha vida eu sonhei em conhecer a Itália!

Mas houve uma mudança de plano vôo. Eles aterrissaram na Holanda e é lá que você deve ficar.

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A coisa mais importante é que eles não te levaram a um lugar horrível, desagradável, cheio de pestilência, fome e doença. É apenas um lugar diferente.

Logo, você deve sair e comprar novos guias. Deve aprender uma nova linguagem. E você irá encontrar todo um novo grupo de pessoas que nunca encontrou antes.

É apenas um lugar diferente. É mais baixo e menos ensolarado que a Itália. Mas após alguns minutos, você pode respirar fundo e olhar ao redor, começar a notar que a Holanda tem moinhos de vento, tulipas e até Rembrants e Van Goghs. “

Emily Perl Knisley, 1987

2.1 –Conceito sobre Síndrome de Down

A Síndrome de Down é uma anomalia genética que ocorre pela

presença de um par extra de cromossomo no par 21, nas células do

organismo. Também chamada de Trissomia 21. A Síndrome foi descoberta por

John Langdon Down em 1866 e a anomalia pelo professor Jérome Lejoune em

1959.

Mas o que significa Síndrome? Síndrome quer dizer conjunto

de sinais e de sintomas que caracterizam um determinado

quadro clínico. Assim, a Síndrome de Down envolve vários

sinais, entre eles o mais significativo é a deficiência intelectual.

(WERNECK, 1995, p.60)

Estudando sobre os cromossomas humanos, Lejeune percebeu que ao

invés de 46 cromossomos por célula, agrupados em 23 pares, tinham 47,

portanto, um a mais. Futuramente Lejeune descobriu e identificou este

cromossomo extra no par 21, que em vez de dois, passava a ter 3

cromossomos. Com isso, trata-se de um acidente genético que pode acontecer

com qualquer casal em qualquer idade.

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A Síndrome de Down, em razão do excesso de material genético, várias

reações químicas importantes para o adequado funcionamento do mesmo não

ocorrem devido a isto. Além disso, fatores de ordem biológica, outros, de

ordem ambiental podem aumentar ou limitar o QI do indivíduo.

Atualmente, no Brasil, onde serviços de saúde são precários e

inadequados, o número de pessoas com deficiência intelectual seja superior ao

que se conhece. No entanto, no mundo, com a evolução da medicina e dos

programas de saúde, a esperança de vida de um Down está na casa dos 60

anos.

2.1.1. – Características

Algumas características convém destacar para que se detecte um

indivíduo com Síndrome de Down.

O bebê com Síndrome de Down geralmente nasce com estatura e peso

baixos. E conforme for se desenvolvendo, a defasagem fica mais clara a partir

do 6º. Mês.

• Sistema Nervoso Central – Existe uma grande parte dos

indivíduos com Síndrome de Down desenvolve Mal de

Alzheimer.

Os lobos cerebrais são pequenos. Os mais danificados são os

lobos frontais. A deficiência intelectual tem explicação a partir do

pressuposto que o número de neurônios é menor do que o dos

sem deficiência.

• Aparelho cardiovascular – Quase a metade dos indivíduos tem

caridiopatias que podem ser resolvidas com cirurgia nos

primeiros anos de vida.

• Aparelho gastro-intestinal – Perto de 10% dos indivíduos tem

atresia duodenal.

• Aparelho genital – O tamanho do pênis e do saco escrotal são

pequenos.

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• Aparelho respiratório –Existe uma predisposição para infecções

respiratórias, tais como sinusite.

• Dermatologia – A pele é áspera e seca.

• Infecções – São suscetíveis a infecções por possuírem um

sistema imunológico deficiente, necessitando reforçá-lo com

uma vacinação mais abrangente.

• Odontologia –Tem um desalinhamento dentário e ausência de

alguns dentes.

• Ortopedia –As mãos e pés são pequenos devido a terem suas

extremidades ósseas encurtadas. Há também instabilidades

atlanto-cervical e coxo femural em alguns indivíduos.

• Visão – Tem tendência a ter miopia e estrabismo os quais são

tratados com o uso de óculos.

2.1.2 – Diagnóstico

Todos desejam um filho perfeito e saudável. Com a gravidez da

mulher, é natural que se converse sobre isto e leve suas preocupações e

dúvidas ao seu médico. Depois dos exames pré-natais rotineiros, podem ser

feitos outros mais específicos que darão ao casal e ao médico um diagnóstico

mais preciso de como anda a saúde do feto. Ainda assim esses exames todos

não dão a certeza da presença da Síndrome ou de outras anomalias. Alguns

podem até ter uma margem de erro.

É importante ficar claro que esses exames dão uma sugestão do

diagnóstico para a Síndrome, necessitando de outros mais complexos.

Durante a gravidez podem ser feitos estes mais específicos:

Ultrassonografia transabdominal (exame de rotina); Ultrassonografia

transvaginal (exame de rotina); Amniocentese (específico); Biopsia do vilo-

corial (específico); cordocentese (específico).

A conversa entre o casal e o médico é necessária para saber dos

riscos e das probabilidades. É essencial uma interpretação precisa das

informações dos exames. A amniocentese, a biopsia vilo-corial e a

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cordocentese podem apresentar resultados negativos , mas não exclui a

possibilidade de ter uma síndrome rara de difícil diagnóstico por acontecer num

percentual baixo.

Depois do nascimento:

Com uma equipe bem preparada e principalmente composta de um

bom pediatra, ela terá quase a totalidade de acertar o diagnóstico de Síndrome

de Down nas primeiras horas de vida do bebê.

Mesmo assim, pela experiência obtida em nascimentos de bebês com

Síndrome de Down, os pais só ficam convencidos do diagnóstico quando

fazem o cariótipo do bebê, que comprova a anomalia.

Apenas dois exames são capazes de dar o diagnóstico da Síndrome de

Down após o nascimento: o teste de Walker, e o cariótipo que confirma a

Síndrome de Down.

Teste de Walker

É feito no nascimento do bebê com 16 características observadas na

palma das mãos e nos pés, denominadas dermatoglifos, que sugere a

possibilidade da Síndrome.

Cariótipo

Pode ser feito durante a gestação retirando uma amostra do sangue do

feto, ou líquido amniótico (amniocentese), ou depois do nascimento quando se

desconfia de alguma anomalia cromossômica. Além disso contribui para saber

se o casal poderá a ter uma outra criança com a mesma anomalia.

2.2–Conceito sobre Autismo

Transtorno global do desenvolvimento caracterizado por: um

desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes da

idade de três anos, e apresentando uma perturbação

característica do funcionamento em cada um dos três domínios

seguintes: interações sociais, comunicação, comportamento

focalizado e repetitivo. Além disso, o transtorno se acompanha

comumente de numerosas outras manifestações inespecíficas,

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por exemplo: fobias, perturbações de sono ou da alimentação,

crises de birra ou agressividade. (CID-10 – 2000)

Para explicar como é o autismo, pode-se dividi-lo em:

• Biológico – Com lesões no cérebro. São várias as facetas, cerca de 25%

a 40% dos casos ligados a outras síndromes.

• Sintomático – É o que observamos na maneira que se comportam.

• Cognitivo – É o funcionamento da sua percepção e interpretação

O autismo é também conceituado como um transtorno com

influência genética, causado por defeitos em partes do cérebro,

como o corpo caloso (que faz a comunicação entre os dois

hemisférios), a amigdala (que tem a função associada ao

comportamento) e cerebelo (parte posterior dos hemisférios

cerebrais, os lobos frontais). (Revista Nova Escola Ed.

Especial – Inclusão – no. 24, p.23)

A origem dos primeiros estudos sobre autismo data do ano de 1943,

pelo psiquiatra Leo Kanner que observou um grupo de crianças que fugiam

dos padrões da literatura das síndromes psiquiátricas, por terem

características clínicas específicas. O que identificou como relevante foi “o

isolamento ou afastamento social” desde os primeiros períodos do

desenvolvimento.

2.2.1 – Características

O autismo apresenta algumas características descritas abaixo que

compõem o diagnóstico clássico do mesmo. Porém existe uma gama de

sintomas que muitas crianças não consideradas autistas mas que possuem

algumas delas que se encaixam no autismo, sendo denominados TEA

(Transtorno do Espectro Autista).

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Características mais marcantes no autismo: dificuldades de interação

social, comportamento (movimentos estereotipados, como ficar rodando uma

bola, uma moeda fixamente) e de comunicação (atraso da fala).

De acordo com o neurologista José Salomão Schwartzman, docente de

pós-graduação em distúrbios de desenvolvimento da Universidade

Presbiteriana Mackenzie, em SP, 50% dos autistas tem graus variáveis de

deficiência intelectual. Alguns, no entanto possuem habilidades especiais e se

tornam gênios em tocar instrumentos musicais ou de realizar cálculos

matemáticos, por exemplo.

Características comuns:

• Não estabelece contato com os olhos

• Parece surdo

• Pode começar a desenvolver a linguagem, mas repentinamente

isso é interrompido sem retorno.

• Age como se não tomasse conhecimento do que acontece com

os outros.

• Ataca e fere outras pessoas mesmo que não exista motivos para

isso.

• É inacessível perante as tentativas de comunicação das outras

pessoas.

• Ao invés de explorar o ambiente e as novidades, limita-se a fixa-

se em poucas coisas

• Apresenta certos gestos imotivados como balançar as mãos ou

os dedos, ou balançar-se

• Cheira ou lambe os brinquedos

• Mostra-se insensível aos ferimentos podendo inclusive ferir-se

intencionalmente.

2.2.2 – Diagnóstico

É muito difícil até os dias de hoje ter um diagnóstico preciso, se um

bebê tem ou não autismo. Mas é fundamental que os familiares relatem ao

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pediatra todos os comportamentos, movimentos diferentes observados até os

três primeiros anos de vida, pois dependerá de um diagnóstico preciso para

que haja um desenvolvimento psicomotor e uma autonomia adequados e assim

poder inseri-lo em sociedade.

Infelizmente não existe ainda um exame ou teste que possa ser feito

para se diagnosticar o autismo durante a gestação ou após o nascimento. O

diagnóstico é feito clinicamente, pela entrevista e histórico do paciente. Entre

os vários critérios de diagnóstico, três não podem faltar: limitadas ou poucas

manifestações sociais, comunicação não desenvolvida e comportamento,

interesses e atividades repetitivos.

Os pais são os primeiros a notar algo diferente nas crianças com

autismo. O bebê se mostra indiferente a estimulação por pessoas ou

brinquedos, fixando sua atenção demorada em determinados itens.

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CAPÍTULO III

A EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS COM SÍNDROME DE

DOWN E AUTISMO

A palavra educação vem do latim “educare”, que significa “caminho”.

Assim, a educação foi sendo construída ao longo dos anos, tornando-se um

processo, aliás, nem se pode dizer tornando-se, mas sim que ela é um

processo. Tanto, que se constrói no seio familiar, na comunidade onde se vive,

na escola, na igreja, enfim, pertencendo a todo um âmbito social.

Em se tratando de crianças com necessidades educativas especiais, a

educação precisa ter uma sensibilidade e uma abrangência maior. Não pode

estar dissociada da questão da saúde. Ambas devem caminhar e trilhar

caminhos e condutas paralelas. Os profissionais de saúde e educação

necessitam construir uma interatividade permanente, pois desta parceria

dependerá o desenvolvimento e autonomia destas crianças.

O brincar na educação é um assunto bem sério e que para uma criança

Down e Autista deve ser explorada ao máximo. Pelo brincar é que pode

desenvolver a corporeidade, a interação social, a concentração, sequências,

habilidades, solução de problemas, afetividade e criatividade. Portanto, a

brincadeira está muito ligada à questão da educação de crianças especiais.

Ainda mais, tanto os docentes, quanto os profissionais da saúde necessitam

saber que cada criança é única e que o processamento da informação em seu

cérebro é diferente. Por isso, adequar os brinquedos, espaços, brincadeiras é

essencial, como também ser um observador minucioso das atitudes e condutas

destas crianças, visando um trabalho adequado às suas necessidades.

As crianças especiais não se concentram muito em palavras, já que

muitas delas não verbalizam, ou que o cognitivo é mais afetado, mas em

ações. A linguagem não verbal é muitas vezes a única forma de comunicação.

E segundo Wallon e Ajuriaguerra, o corpo é o centro de sua afetividade, de sua

expressão e de seu psiquê. O esquema corporal é importante para que futuras

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habilidades possam ser desenvolvidas no processo de ensino-aprendizagem.

Procurar agir para dar o exemplo de alguma atividade que se deseja que ela

faça, é o melhor caminho. Eles aprendem e se concentram melhor com

exemplos práticos de condutas no âmbito familiar e escolar. Não adianta

pressão para que se faça algo, mesmo que seja importante para a sua

aprendizagem, mas criar alternativas, tranquilamente, serenamente e

harmoniosamente ao conduzi-la. Assim, a psicomotricidade é uma importante

ferramenta na aprendizagem destas crianças, já que o corpo e o movimento se

constituem o seu canal de comunicação e expressão, da sua afetividade,

emoções e conhecendo-o bem, trará benefícios efetivos para a aquisição de

novas habilidades, socialização, conduzindo-as a uma plena inserção em

nossa sociedade.

O cérebro deles, em sua maioria, tem má formação em alguma área,

comprometendo muitas vezes o seu desenvolvimento psicomotor e sua

aprendizagem. Conhecendo preferencialmente, qual a área atingida, fica mais

claro quanto ao entendimento de seu comportamento, deficiências e então

permitir desenvolver atividades lúdicas e que façam parte do seu cotidiano.

3.1–A História da Educação Especial no Brasil

A educação no Brasil fica entre as piores do mundo. E referente à

Educação Especial, o quadro ainda piora. No entanto ela vem evoluindo ainda

que muito lentamente, através da divulgação da mídia e de algumas

instituições.

O início dela tem como ponto principal a criação de instituição para

surdos e cegos. Posteriormente foram se deteriorando e eram puramente de

caráter assistencialista, ou seja, prestavam um “favor” à população.

Desde o século XVI as instituições eram assistencialistas e

institucionalizadas através de asilos e manicômios.

No império, em se tratando de deficientes, os mentais eram conduzidos

para os manicômios e os cegos e surdos eram privados do convívio social.

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Mesmo após a proclamação da República a educação especial foi se

espalhando, mas lentamente. E por acolher deficientes que pertenciam a área

médica, os serviços de saúde e higiene mental deram lugar à inspeção médica

escolar.

Nas décadas de 30/40, as instituições para atender deficientes

aumentaram significadamente. A preocupação da República na escola

começou com os deficientes mentais e ela originou-se devido à condições de

higiene. Por isso a criação da inspeção médica escolar.

Há uma expansão da quantidade de estabelecimentos de ensino

especial entre 1950/59 para deficientes intelectuais. Neste período as classes

menos favorecidas começam a ser mais atendidas pela escolarização e a

criação de classes especiais para deficientes mentais mais leves.

“Na década de 60, os cientistas deram um grande impulso ao movimento ao

iniciarem uma discussão de que deficiente mental não seria sinônimo de

doença mental” (Werneck, 2000, p.47). Foram criados os primeiros cursos de

formação de professores em Educação Especial e em 1985 o governo resolve

criar condições políticas na questão dos portadores de deficiência.

A Declaração de Salamanca, criada em 1994, na Conferência Mundial

sobre Necessidades Educativas Especiais, através da Unesco e o governo da

Espanha,foi o ponto de partida para educação inclusiva e o Brasil adotou-a

como modelo para a educação especial em suas instituições escolares. A LDB

(1996) também contribuiu para o desenvolvimento deste segmento, no entanto

ainda precisa alcançar muitos objetivos que não foram adequadamente

implantados nas instituições escolares. Há, por parte de vários setores da

educação, muita resistência em quebrar paradigmas criados através de anos

na educação no Brasil.

É necessário comentar que em se tratando de avanços para indivíduos

com necessidades educativas especiais, no Brasil até hoje só dois institutos

produzem livros em Braille no país. A questão fica ainda mais preocupante em

se tratando de indivíduos com transtornos de desenvolvimento global e os

deficientes intelectuais, que ficam à mercê das políticas públicas, de infra-

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estrutura, da conscientização da sociedade, de informação, capacitação

profissional que deixa muito a desejar e que avançam em passos lentíssimos.

3.2– A Metodologia Aplicada na Educação de Crianças com

Síndrome de Down e Autismo

Os caminhos que levam a dotar a melhor metodologia a crianças com

Síndrome de Down e Autismo são baseados principalmente na observação dos

comportamentos e de sua percepção do mundo que as rodeia.

É um desafio compreender e aceitar, tanto para profissionais da saúde,

quanto docentes e até familiares, a criança que tem Down e diríamos nem o

autismo clássico, mas o Transtorno do Espectro Autista (TEA) que é mais

abrangente. Assim como agiria um professor ou um responsável a ter

determinada postura em relação à criança que só fosse Down, ou só tivesse

TEA, é bem diferente possuindo ambas as deficiências, pois as dificuldades

aumentam.

No início o bebê é diagnosticado só como Down, já que as

características fisionômicas e a comprovação do resultado do cariótipo são

taxativas. Já o Autismo é bem mais complexo, podendo levar anos a ser

diagnosticado e a Síndrome de Down “mascarar” tal transtorno. Portanto, pais,

responsáveis, terapeutas, devem estar atentos aos mínimos detalhes do

comportamento da criança quando bebê até os 3 anos de idade, já que nesta

faixa etária que é detectado o autismo e os prognósticos são mais promissores

para o desenvolvimento global desta criança.

Assim, desenvolver um trabalho para uma criança com ambas

deficiências, há que se estimulá-las através de atividades voltadas para TEA,

para assim podermos avançar na Síndrome de Down e alcançar um objetivo

maior que é o ensino-aprendizagem.

Existem várias intervenções adotadas para o desenvolvimento de

crianças com TEA, sendo as principais:

• TEACCH – Tratamento e Educação para Autistas e Crianças

Relacionadas à Comunicação. É uma intervenção terapêutica e clínica.

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Entendimento profundo como pensa, age a criança e/ou adolescente

autista.

O TEACCH se baseia em objetivos bem definidos e no que se pretende

mudar em termos de comportamento, excluindo ou amenizando os mesmos

com reforços positivos. Para a sua metodologia pedagógica são usados

estímulos visuais, fotos, figuras, cartões que o autista se utiliza em casa e na

escola. Com isso são estimulados o corpo, gestos, aplausos, apontar objetos,

estímulos auditivos, cinestésicos e visuais, sons e movimentos associam-se às

fotos. Com materiais concretos seqüenciados também é possível para permitir

um trabalho que se baseia no nome, objeto e ação ensinada, sempre com

significado em sua comunicação.

• ABA – Análise Aplicada do Comportamento.

Esta intervenção é baseada na teoria de Skinner (comportamental) com

reforços positivos. A criança vai adquirindo novas habilidades a partir de

um exemplo modelo.

Os métodos TEACCH e ABA são baseados na teoria comportamental.

• Terapia da Linguagem – Devido à deficiência na comunicação, o autista

é observado pelo processo de aquisição da linguagem.

Proporcionar as iniciativas da criança com autismo, motivando-o,

induzindo-o à capacidade de atingir um objetivo, ultrapassando os

obstáculos.

• Floortime – Sua filosofia é de interação com a criança autista. O

significado ao pé da letra é “tempo no chão”. Ele prioriza o emocional da

criança. O adulto interage através de atividades no chão para assim ficar

olho no olho com a criança.

• Psicoterapia – Ela pode beneficiar a criança autista. O profissional

escolherá a técnica mais adequada para o tratamento de acordo

também com o nível cognitivo, sua capacidade de se comunicar e de

interagir. A ludoterapia muitas vezes não é benéfica, sendo usada a

técnica comportamental.

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• Tratamento com medicação – É adotado em situações que o indivíduo

não consegue ter uma qualidade de vida saudável e portanto, possa

evoluir em termos pedagógicos e terapêuticos.

Então, paralelamente a estas intervenções, adota-se procedimentos

metodológicos que se adequem também à Síndrome de Down, uma vez que

ela caminha junto. Um detalhe que é relevante é que Wallon era enfático em

descrever em seus estudos a questão da afetividade e do espaço físico

necessário ao ambiente escolar e terapêutico, tão necessários a criança com

estas deficiências.

De acordo com Wallon, deve entender o indivíduo a partir da sua

maturação, contribuindo para assimilar as “falhas” existentes no

desenvolvimento do autista. Por isso, para que a criança com Síndrome de

Down e Autismo aprenda é necessário que 3 vias de acesso sejam atendidas:

• É necessário a criança se auto-organizar. Criar bases para a sua

interação com o outro.

• A organização mental é primordial para que ela compreenda o que está

manipulando e explorando de acordo com sua ansiedade e imaginação.

• O querer aprender é fundamental para aquisição de novas habilidades e

desafios.

3.3–A Escola para Crianças com Síndrome de Down e Autismo

A instituição escola necessita de uma revolução ou está fadada ao

fracasso se isso já não está acontecendo.

É observado em escolas inclusivas, especiais e a quantidade de

crianças que são atendidas pelas mesmas, deixando a desejar em termos de

capacitação de docentes, espaço físico inadequado, salas que deveriam ter

melhor infra-estrutura para atender às necessidades de tais crianças.

Não é só colocar as crianças na escola, é mais abrangente. O PPP

(Projeto Político Pedagógico) da escola deverá ser elaborado para atender

essas crianças mediante o conhecimento prévio e embasamento de toda a

comunidade escolar acerca da clientela que frequentará as classes especiais

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ou ainda os incluídos nas classes regulares. E mesmo com o direcionamento

para a inclusão, deve-se refletir se será benéfica para os autistas. É dito autista

em primeiro lugar, pois a criança com Síndrome de Down e Autismo, o que vão

surgir e prevalecer em termos de comprometimento e comportamento são as

características autísticas.

Especialmente no caso de alunos autistas, a inclusão ainda é

mais polêmica, pois mesmo os educadores que, por vezes, já

ouviram sobre o autismo, ignoram as discussões sobre sua

gênese e não estão familiarizados com as principais

características destes transtornos. (Suplino, 2005 Apud: Dayse

Serra, www.Polêmica.UERJ.br. Acesso em 08/10/2011)

Apesar dos principais documentos que tratam da educação para alunos

com necessidades educativas especiais em igualdade de direito à educação,

pesquisas mostram um fracasso em sua maioria nestas propostas de inclusão

total de alunos com autismo. E estas pesquisas demonstram que os autistas

não evoluem adequadamente quando não há ambientes adaptados às suas

características.

Há casos de denúncias de experiências de inclusão que não houve as

devidas adequações. O cérebro deles funciona diferentemente, já que o

processamento da informação não é como indivíduos que não possuem esta

deficiência. Há inclusive geralmente uma má formação em áreas que envolvem

o comportamento, a linguagem, prejudicando a comunicação. Assim, em

alunos autistas, não há aprendizagem sem um devido suporte, já que possuem

uma forma própria de raciocínio e a inclusão deverá respeitar seu eu, ter uma

flexibilização nos programas adotados.

Apesar do avanço dos estudos e terapias psicopedagógicas na

educação de alunos autistas e adequada para a inclusão, a realidade muitas

vezes mostra que estas abordagens não funcionam.

Muitas vezes o tempo entre a desconfiança dos pais, a confirmação do

diagnóstico e a espera de uma vaga na escola é em média quando o aluno

chega na idade de 8 anos. E é então que se faz uma avaliação e um

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planejamento para adequar às suas necessidades. Portanto, esta intervenção

se torna comportamental e a aprendizagem fica condicionada ao

comportamento.

Como o foco de estudo foi uma Escola Municipal do Rio de Janeiro, de

uma forma mais particular, uma classe especial para alunos com Transtorno

Global de Desenvolvimento (TGD), onde se incluem as crianças com Síndrome

de Down e Autismo, o atendimento é individualizado, permitindo uma

aprendizagem mais direcionada às suas necessidades e especificidades. Este

atendimento poderia ser prejudicial num primeiro momento em um grupo. O

aluno em questão necessita se organizar mentalmente, para posteriormente

incluir num pequeno grupo e depois numa turma regular, se possível, mas com

as devidas adaptações.

Como exemplo, as Atividades de Vida Diária (AVD) devem pertencer ao

currículo das classes de TGD e em casos particulares, serão estes os

conteúdos que deverão ser ensinados para alcance dos objetivos propostos em

adquirir habilidades para sua inclusão na sociedade.

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CAPÍTULO IV

A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE NA

EDUCAÇÃO DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN

E AUTISMO

A psicomotricidade na visão holística e transdisciplinar apóia-se

na vivência do corpo na relação com o outro e com o mundo, e

é por meio desse corpo que a criança vai se relacionar,

trazendo suas características pessoais e jeito de ser, mesmo

que patológica. (JOCIAN MACHADO BUENO, 1998 Apud:

Carlos Alberto de Mattos Ferreira, Maria Inês Barbosa Ramos,

2009, p. 159)

4.1– A Psicomotricidade e o ensino-aprendizagem

Deve-se ressaltar, no trabalho da psicomotricidade, o papel do

professor, que se ao invés de ensinar, de transmitir

conhecimentos já estabelecidos, assumir o papel de facilitador

do desenvolvimento da capacidade de aprender, dando à

criança tempo para suas próprias descobertas, oferecendo

situações e estímulos cada vez mais variados, proporcionando

experiências concretas e plenamente vividas com o corpo

inteiro; não deixar que sejam transmitidas apenas verbalmente,

para que ela própria possa construir seu desenvolvimento

global. (FÁTIMA ALVES, 2008, p.136)

Portanto, o movimento é o componente central dentro da

psicomotricidade e ele faz parte da vida de um indivíduo desde o ventre

materno. Associados a ele vem o pensamento e a emoção que vão influir no

relacionamento dele consigo mesmo, com o mundo e com os objetos que

manipula.

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Ao aprender determinada ação, a criança cria condições de galgar

outros patamares para a sua autonomia e inteligência.

Ela precisa querer aprender, ter a curiosidade e o professor é o grande

mediador e facilitador, estimulando-a através do seu melhor canal de

comunicação, de emoção e cognição. Ao ensinar é necessário ser um

observador minucioso do comportamento do indivíduo, mediante a sua relação

com os objetos que manipula, do seu tônus muscular, sua postura, sua

afetividade que é carregada de emoção. Notar qual a percepção (sentidos) é

mais eficiente em absorver novas aquisições.

Embora seja um desafio educar atualmente em se tratando de inclusão,

pelo quantitativo existente em cada turma, da diversidade cultural e

comportamental, só se adquire conhecimento se existe um desejo, uma noção

plena do seu próprio corpo, da cognição e da afetividade bem resolvida.

A motivação é a alavanca para todo o processo de ensino-

aprendizagem. Sem ela, quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende

ensina ao aprender, segundo Paulo Freire (WWW.passeiweb.com\na

ponta_lingua\livros\resumos_comentarios\p\pedagogia_da_autonomia), o

grande educador que foi. Portanto, cada vez mais se conclui que a

corporeidade, com sua expressão não verbal, vai assumindo um papel

fundamental dentro da educação.

“A psicomotricidade favorece a aprendizagem quando reconhece que

diferentes fatores de ordem física, psíquica e sócio cultural atuam em conjunto

para que se dê a aprendizagem”. (Fátima Alves, 2008, p. 136)

4.2– A Psicomotricidade nas Classes de TGD

As palavras-chave para toda a equipe escolar e responsáveis pelas

crianças da classe de TGD (transtorno global de desenvolvimento) são:

paciência, persistência, psicologia, conscientização e informação.

Principalmente pela razão existente na ligação íntima entre saúde, escola e

família. Sem elas não existirá uma verdadeira inserção do indivíduo portador de

necessidades educativas especiais, na sociedade.

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Para que haja intercâmbio entre professor-aluno-

aprendizagem, o trabalho da psicomotricidade é da mais

valiosa função, principalmente a partir do maternal, como na

pré-escola e alfabetização, por haver um estreito paralelismo

entre o desenvolvimento das funções psíquicas (FÁTIMA

ALVES, 2008, p. 136).

Portanto, nas classes de TGD é necessário o preenchimento de certos

requisitos tais como: espaço físico adequado, ambiente estimulador e

acolhedor, como também a interação professor-aluno de forma que se possa

desenvolver atividades que proporcionem autonomia e um significado para o

aluno.

Além disso, criticando a perspectiva seletiva, individualista e

competitiva do sistema de ensino, Wallon sugere um ensino

mais centrado no conhecimento científico do ser humano em

desenvolvimento, um ensino mais democrático e mais justo em

termos sociais, no qual se possam harmonizar as aptidões

individuais com as necessidades sociais, em que o professor

não seja mero espectador do desenvolvimento das crianças e

dos jovens, mas, sim, um verdadeiro mediatizador dos seus

potenciais adaptativos, mais conhecedor das suas

necessidades de movimento, das suas emoções e dos seus

estilos de processamento cognitivo e, portanto em melhores

condições para resolver os conflitos inerentes ao seu processo

dialético do desenvolvimento. (VITOR DA FONSECA , 2008, p.

52)

Assim sendo, a integração da família com a escola e saúde vai

alavancar e muito o desenvolvimento desta criança com necessidades

educativas especiais, pois cria vínculos duradouros que podem auxiliar de

maneira eficaz o ensino-aprendizagem nesta classe.

O desenvolvimento psicomotor é um quesito para que se observe a

relação do indivíduo com o ambiente que o cerca e suas relações com o outro.

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Para Wallon e Piaget a criança passa por vários estágios de desenvolvimento e

existe uma maneira própria destes estudiosos de compreender tais estágios

respectivamente. Enquanto Piaget é mais razão, Wallon é mais emoção, no

entanto há pontos de vista comuns e diferentes. Já Ajuriaguerra vem contribuir

com seus conhecimentos da neuropsiquiatria infantil que se completa nas

teorias destes.

O pensamento e a ação se integram para se estruturar e organizar. Eles

formam o comportamento através da expressividade.

A sua diferença está no enfoque e nos métodos utilizados para

avaliar. Como o psiquismo e a motricidade se inter-relacionam

em termos de comportamento, só a compreensão do sistema

nervoso pode elucidar sobre a qualidade dessas relações, o

que pressupõe obviamente, uma transdisciplinariedade entre a

neurologia e a psicologia e a motricidade, ou seja, aquilo que

Ajuriaguerra(1961, 1974, 1976 e 1980) designou de

neuropsicomotricidade. (VITOR DA FONSECA, 2008, p. 54)

Enfim, professores e familiares devem estar conscientes das várias

facetas que englobam a aprendizagem de crianças em classes de TGD

através da psicomotricidade, principalmente quando se trata da fase de

puberdade, em que afloram vários comportamentos devido às mudanças

hormonais. Todo um trabalho psicomotor gera muito mais benefícios quando

iniciados na infância, para quando se alcançar esta fase, a criança esteja bem

resolvida em termos de afetividade, motricidade, comunicação e interação

social. Inclusive devem ficar informados sobre a necessidade de se explorar

este campo, que vem sendo posto de lado mediante as necessidades do

sistema escolar. Convém apoiar tais famílias para alicerçar seus

conhecimentos perante os desafios e comprometimentos das crianças em

classes de TGD, para que possam contribuir em sua educação global.

4.3– A Criança com Síndrome de Down e Autismo e a

Psicomotricidade

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Conforme estudos sobre Síndrome de Down e Autismo, mais

particularmente este último, denominado de TEA (Transtorno do Espectro

Autista), esta criança é mais comprometida nas suas aquisições de linguagem,

comunicação, interação social e afetividade. Sendo importante ressaltar que

estas deficiências tem relação com o seu desenvolvimento psicomotor.

Geralmente se encontram crianças somente com síndrome de down ou

somente com autismo isoladamente o que torna mais “fácil” se trilhar um

caminho para a sua aprendizagem.

A psicomotricidade vem atuar de forma relevante desde a mais tenra

idade na relação do “eu” e na relação com o ambiente que vive, através de

atividades que envolvam a estimulação de sua percepção, da afetividade, da

interação social e de sua comunicação. Por meio de atividades de vida diária

pode-se desenvolver um bom trabalho, pois envolve as várias áreas

psicomotoras, como a lateralidade, noção espaço-temporal, coordenação

motora ampla e fina, esquema corporal, equilíbrio e tônus. Como exemplo

pode-se estimular esta criança a auxiliar nos serviços domésticos, como

colocar a lata de lixo na rua, ensinar a passar roupa, varrer a casa, tomar um

banho no qual se tem um trabalho de consciência corporal, equilibrar um talher

dentro de um prato para colocá-lo na pia para lavar, etc.

De alguma forma esta criança se comunica, o seu corpo é a sua

ferramenta para isso. Portanto, a linguagem corporal é manifestada desde

bebê e é nesta fase que se deve atuar através da psicomotricidade, para

adquirir ganhos substanciais na sua estrutura organizacional-mental futura.

No entanto, falar em psicomotricidade sem falar sobre o conhecimento

do cérebro e suas estruturas, fica muito superficial.

O cérebro é um importante órgão que faz tudo acontecer. E em uma

criança com síndrome de down e autismo seu estudo esclarecerá vários pontos

que ficam pendentes na compreensão da mesma. Tanto docentes quanto

familiares e profissionais da saúde necessitam estar bem informados e

capacitados para compreender o porquê das várias atitudes e comportamentos

que são adquiridos ou afloram em determinada faixa etária desta criança e a

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sua relação com o mundo, que são afetadas pelo cérebro. Uma criança com

estes comprometimentos tem alguma área do cérebro comprometida,

principalmente no autismo em que estudos feitos abordam que o corpo caloso,

uma área do cérebro que faz a comunicação dos dois hemisférios cerebrais,

tendo uma má formação, pode ser a causa do mesmo, embora não se saiba o

que a ocasionou. Já a síndrome de down é de origem genética em que a

maioria acontece num acidente ocorrido na fecundação, com excesso de carga

genética. Entretanto, o potencial do cérebro ainda não é completamente

desvendado, mas é sabido que existe a plasticidade cerebral em que o cérebro

é capaz de fazer novas conexões quando uma área é lesionada ou afetada.

Na escola, a equipe gestora é uma grande aliada para o acolhimento e

desenvolvimento das habilidades da vida diária de uma criança com estes

comprometimentos para auxiliá-la em sua inserção na comunidade escolar.

Esclarecendo e informando sobre a importância da psicomotricidade desde a

equipe de limpeza até a equipe gestora, a direção da escola é responsável pelo

bom andamento da relação aluno-equipe escolar, dando oportunidades,

vivências e experiências em comum acordo com a docência no

desenvolvimento de relações interpessoais e psicomotoras. A criança com

NEE em se sentir acolhida e segura dentro do ambiente escolar será um

grande passo para sua evolução e consequentemente será vista com respeito

e compreensão diante de suas necessidades e desafios.

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CONCLUSÃO

Pelos estudos feitos e pesquisas realizadas até aqui, surge uma reflexão

muito grande sobre o papel do educador perante à educação. Pois ela não

atinge somente os indivíduos sem deficiência, mas sim e muito os que a tem.

Ou seja, a formação do aluno vai mais além do que adquirir habilidades, pois

de acordo com a formação ética dos educadores é que avançaremos ou não

no desenvolvimento e evolução dos alunos com necessidades educativas

especiais.

A humanização do professor é essencial, ela é que norteia seu caminho

rumo a uma conscientização de toda a comunidade escolar, auxiliando os pais

ou responsáveis e profissionais da saúde a contribuírem para uma educação

ética, de não manipulação política que se vêem envolvidos todos em várias

camadas sociais, sobretudo as de baixa renda.

Se a educação que é influenciada histórico-culturalmente pela sociedade

que está inserida, o capitalismo reinante que a domina levando a um

consumismo exacerbado e a uma alienação via meios de comunicação está

fadada ao fracasso, imaginem a educação especial. Aluno com síndrome de

down e autismo não tem condições de ser crítico nem reflexivo como deveria

ser a maioria que não é deficiente, mas tem percepções, emoções,

observações talvez, muito mais aguçados para notar a postura do educador.

Este deve lutar por técnicas inovadoras e antenadas com o contexto social e

econômico do aluno, mesmo que seja aos poucos, mas visando sempre a

evolução e o prazer de proporcionar felicidade neste mesmo aluno ao

ultrapassar as barreiras e os desafios que surgem.

Portanto observa-se que a psicomotricidade vem a ser um importante

elo no processo educacional deste indivíduo que muitas vezes pela falta de

visão de muitos profissionais, pela normatização de nossa sociedade que

insiste em perpetuar, ela é mais importante através da informação aliada a

capacitação, não só de educadores, como de profissionais da saúde. Assim,

irão certamente ter conseqüências devastadoras futuramente se não

acordarem para a perpetuação de uma concepção normalizadora e

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ultrapassada, já que um gesto do professor pode influir na vida de um

educando através da afetividade e postura e da importância para uma reflexão

sobre tudo isto.

Respeitar o canal de comunicação da criança e de seu cotidiano em

casa (que é o seu “habitat”) é que muitas vezes se obtém sucesso em suas

atividades, pois cria um vínculo e nele é que se exploram os movimentos para

chegarmos ao pensamento. Sendo assim, um trabalho através de exercícios

motores que desenvolvam o esquema corporal, a lateralidade, coordenação

motora ampla e fina, equilíbrio, ritmo, estrutura espaço-temporal, pode-se

chegar a uma evolução tanto física como mental. A psicomotricidade é a

ferramenta chave para a aquisição de novas habilidades e ela deverá ser

explorada concomitantemente na relação da criança com síndrome de down e

autismo com o seu ambiente. O toque, a maneira e o timbre de voz são vitais

para fazer com que a criança evolua como um todo em seu aspecto cognitivo,

afetivo, social e motor, sem desmembrar uma parte da outra. Isto sim será a

verdadeira educação através da tão importante e utilíssima psicomotricidade.

As classes de TGD são espaços educativos que necessitam preencher

certos requisitos para atender as necessidades dos alunos como: espaço físico

adequado, equipamentos que tenham vínculos com o seu cotidiano em casa,

espelhos, tapetes para exercícios físicos, até uma ou outra cadeira e mesa

para não comprometer as atividades que envolvam movimentos amplos.

As crianças com síndrome de down e TEA requisitam atenções por parte

do educador no sentido de se trabalhar adequadamente no que ela tem prazer

em fazer e ao seu ritmo de aprendizagem.

A observação, segurança e a paciência são requisitos fundamentais

para se alcançar os objetivos propostos. E a criatividade é uma importante

aliada na busca de novas habilidades, sempre respeitando a maturação da

criança.

Uma questão básica que é essencial abordar é a interação que se deve

ter entre a disciplina de educação física e o professor regente. Com essa inter-

relação e comunicação permanente será um ganho muito relevante na

aprendizagem de crianças deficientes ou não. É através desta relação que

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avançaremos não só na sua motricidade como na interação social, sua

percepção e comunicação. Tanto um professor como o outro trabalharão em

parceria para adequar às necessidades dos alunos e às do currículo escolar

sendo este devidamente adaptado.

Outro aspecto a ser citado está ligado ao estado fisiológico da criança

que necessita estar em boas condições para não comprometer seu

comportamento, pois muitas não verbalizam, sendo assim sua comunicação é

através do corpo. Como exemplo convém citar as necessidades fisiológicas

que em alguns casos não possuem a percepção do que está ocorrendo com

seus corpos. O esfíncter urinário pode estar bem controlado, mas o anal como

é mais complexo e depende da maturação neurológica, pode levar algum

tempo para a criança adquira uma verdadeira autonomia. Como a síndrome de

down acarreta alguns problemas como a atresia duodenal, a qual é resolvida

cirurgicamente e a criança leva uma vida normal, esta talvez, pode contribuir

para um atraso e uma dificuldade maior na evolução e autonomia da criança

em fazer suas necessidades, além do fator neurológico que nesta fase é mais

delicado. O autismo por sua vez contribui no aumento de chances de

desenvolver quadros de diarréia freqüentes. Até a criança ter a noção de

controlar o esfíncter anal, pode acontecer, mas tardiamente. Por isso deve-se

ter paciência e persistência em ensinar a desenvolver esta autonomia, visto

que sua cognição e percepção são comprometidas, tanto pela síndrome quanto

pelo autismo. Isto tudo tem que ser bem compreendido e bem esclarecido por

toda a equipe escolar.

Enfim, a criança com estas deficiências pode evoluir e muito apesar das

dificuldades imensas, principalmente quando alcança a pré adolescência, que

tem que ultrapassar, mas não é impossível. Dependerá do bom trabalho

durante a educação infantil, da importância dada à psicomotricidade tanto do

lado dos pais quanto da equipe escolar e de esclarecimento e informação

permanentes. Sem estas condições não avançará. Será mais uma criança nas

estatísticas dos que freqüentam a escola e que esta não terá nenhum prazer e

significado para ela.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALVES, Fátima (org) Como Aplicar a Psicomotricidade: uma atividade multidisciplinar com amor e união – Rio de Janeiro: Wak Editora . 2009. 180p. BUENO, Jocian Machado Psicomotricidade: Teoria e Prática – Estimulação, Educação e Reeducação Psicomotora com Atividades Aquáticas. Ed. Lovise, 1998 FONSECA, Vitor Desevolvimento Psicomotor e Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2008. 584p. MACHADO, José Ricardo Martins 100 Jogos Psicomotores: uma prática relacional na escola/ José Ricardo Martins Machado, Marcus Vinícius da Silva Nunes – Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011. 164p. Psicomotricidade: educação especial e inclusão social/organizadores Carlos Alberto de Mattos Ferreira, Maria Inês Barbosa Ramos, 2ª. Ed. – Rio de Janeiro: Wak Ed., 2009 REVISTA NOVA ESCOLA – Ed. Especial – Inclusão: Como ensinar os conteúdos do currículo para alunos com deficiência. Ed. Abril, Julho de 2009 RODRIGUES, Janine Marta Coelho; SPENCER, Eric A Criança Autista: um estudo psicopedagógico – Rio de Janeiro: Wak Editora, 2010. 132p. ROSA NETO, Francisco Manual de Avaliação Motora Ed. Artmed, 2002. WERNECK, Claudia Muito Prazer, eu existo: um livro sobre as pessoas com síndrome de down. 4ª. Ed. Rio de Janeiro: WVA Editora, 1995. 280p.

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WEBGRAFIA CONSULTADA

Autismo Disponível em http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/autismo.htm Acesso em 28/09/2011 INSTITUTO INDIANOPOLIS Artigo: “O Brincar como auxílio no comportamento e na comunicação da criança autista” Disponível em < http://www.indianopolis.com.br > Acesso em 08/10/2011 Pedagogia da Autonomia Disponível em < HTTP://www.passeiweb.com\na ponta_lingua\livros\resumos_comentarios\p\pedagogia_da_autonomia > Acesso em 23 de outubro de 2011. REVISTA AUTISMO Acessível em http://www.revistaautismo001.com.br Ano 1 Número 1. Abril de 2011. Acesso em 17|09|2011. SERRA, Dayse A Educação de Alunos Autistas: Entre os discursos e as práticas inclusivas das escolas regulares. Labore Laboratório de Estudos Contemporâneos. Polêmica Revista Eletrônica. Disponível em http://www.polemica.uerj.br Acesso em 08/10/2011. TOSTA, Maraceli D. Marcelino F. Psicomotricidade Acessível em www.favams.com.br/pos/PSICOMOTRICIDADE_material.ppt, Acesso em 28/09/2011 Um Olhar Diferente Disponível em http://www.umolhardiferente-to.webs.com/etiologia.htm Acesso em 08/10/2011.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

O QUE É PSICOMOTRICIDADE 10

1.1 – O Conceito 10

1.2 – Objetivos do Trabalho Psicomotor 12

1.3 - Áreas de Atuação da Psicomotricidade 14

1.3.1 - Estimulação 14

1.3.2 – Educação Psicomotora 14

1.3.3 - Reeducação Psicomotora 15

1.3.4 – Terapia Psicomotora 15

1.4 – Psicomotricidade Funcional e Relacional 16

1.4.1 – Psicomotricidade Funcional 16

1.4.2 – Psicomotricidade Relacional 18

CAPÍTULO II

CONCEITOS SOBRE SÍNDROME DE DOWN

E AUTISMO 22

2.1 – Conceito sobre Síndrome de Down 23

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2.1.1 – Características 24

2.1.2 – Diagnóstico 25

2.2 – Conceito sobre Autismo 26

2.2.1 – Características 27

2.2.2 – Diagnóstico 28

CAPÍTULO III

A EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS SÍNDROME DE DOWN

E AUTISMO 30

3.1 – A História da Educação Especial no Brasil 31

3.2 – A Metodologia Aplicada na Educação de Crianças

Com Síndrome de Down e Autismo 33

3.3 - A Escola para Crianças com Síndrome de Down

E Autismo 35

CAPÍTULO IV

A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE

NA EDUCAÇÃO DA CRIANÇA SÍNDROME DE DOWN

E AUTISMO 38

4.1 – A Psicomotricidade e o Ensino-Aprendizagem 38

4.2 – A Psicomotricidade nas Classes de TGD 39

4.3 – A Criança com Síndrome de Down e Autismo e

A Psicomotricidade 41

CONCLUSÃO 44

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 47

WEBGRAFIA CONSULTADA 48

ÍNDICE 49

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

Título da Monografia: A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE

NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS DE 10 A 13 ANOS COM

SÍNDROME DE DOWN E AUTISMO

Autor: SONIA REGINA GOMES

Data da entrega: 04 DE FEVEREIRO DE 2012

Avaliado por: Conceito: