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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE ESTUDO SOBRE CAPTAÇÃO DIFERENCIADA DE TALENTOS HUMANO – SELEÇÃO POR COMPETÊNCIAS Por: Aline de Souza da Silva Orientadora Prof.ª Emília Maria Mendonça Parentoni Rio de Janeiro 2007

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … DE SOUZA DA SILVA.pdf · Os jogos com foco em competências são criados ou escolhidos criteriosamente para observar a presença ou

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

ESTUDO SOBRE CAPTAÇÃO DIFERENCIADA DE TALENTOS

HUMANO – SELEÇÃO POR COMPETÊNCIAS

Por: Aline de Souza da Silva

Orientadora

Prof.ª Emília Maria Mendonça Parentoni

Rio de Janeiro

2007

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

ESTUDO SOBRE CAPTAÇÃO DIFERENCIADA DE TALENTOS

HUMANO – SELEÇÃO POR COMPETÊNCIAS

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes, Instituto a Vez do Mestre, como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em gestão de recursos humanos.

Por:. Aline de Souza da Silva

3

AGRADECIMENTOS

A todos os amigos e a professora

orientadora.

4

DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia a mim como mais

uma conquista.

5

RESUMO

Muito se tem publicado sobre gestão por competências, por esta razão

este estudo apresentou as técnicas e ferramentas mais atualizadas do

mercado para recrutamento e seleção, e que podem ser utilizadas para

qualquer cargo, do operacional ao executivo.

O primeiro passo da metodologia é a construção de um mapeamento de

competências, isto é, o perfil de competências (PC) do cargo ou função. Caso

o perfil já exista, deverá ser atualizado. Depois desta etapa, com base no perfil

de competências (PC) é possível elaborar a entrevista comportamental e os

jogos com foco em competências.

A entrevista comportamental é uma entrevista personalizada. Nesta

entrevista não se recomendam às perguntas hipotéticas, fechadas, de múltipla

escolha, indutivas, etc. O objetivo é fazer perguntas abertas específicas, com

verbos de ação no passado, isto é investigando comportamentos passados em

situações específicas da função, perguntas comportamentais que o ajudarão a

investigar a presença ou ausência de competências específicas do PC no

comportamento do candidato.

Os jogos com foco em competências são criados ou escolhidos

criteriosamente para observar a presença ou ausência de competências do PC,

no comportamento presente do candidato. No jogo as pessoas reproduzem

comportamentos do dia-a-dia, até mesmo sem perceber. Por isso é uma

poderosa e preciosa ferramenta de observação de comportamentos no

processo de seleção de pessoal. É claro que deve ser usada seguindo critérios

rigorosos, sem os quais perderia sua eficácia. Esta fase do processo seletivo

conta com participação do requisitante como observador. Desta forma,

teremos uma captação diferenciada de talentos.

6

METODOLOGIA

Este estudo será elaborado a partir de leituras de livros e artigos

relacionados ao título abordado e consulta a artigos na internet. Referência

bibliográfica a ser consultada: Seleção por competência, Maria Odete Rabaglio,

Editora Educator.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 9

MAPEAMENTO DO PERFIL DE COMPETÊNCIAS: CONSTRUINDO O PERFIL

IDEAL 9

1.1 – Estabelecer parceria com a área requisitante 11

1.2. - Buscar os indicadores de competências, ou seja, todas as informações

sobre o cargo 14

1.3 - Extrair de cada indicador as competências imprescindíveis para a eficácia

do colaborador no cargo 17

1.4 - Formar grupos de competências similares e mensurá-los 20

1.5 - Compartilhar e validar com o requisitante as definições dos grupos de

competências 22

CAPÍTULO II 24

ENTREVISTA COMPORTAMENTAL COM FOCO EM COMPETÊNCIAS 24

2.1 - Desmembrando a resposta comportamental do candidato 25

2.2 - Como investigar as competências comportamentais 28

2.3 - Quando usar perguntas fechadas? 30

2.4 - Perguntas de provas contrárias 30

2.5 - Cuidado com o pré-julgamento 31

2.6 - Administrando o silêncio com empatia 31

2.7.-.Observando a coerência entre Comunicação Verbal e Não-Verbal 32

8

2.8 - Etapas da Entrevista Comportamental 34

2.8.1 - Preparando a entrevista – Etapa de planejamento 34

2.8.2 - Conduzindo a Entrevista: Hora da verdade 35

2.8 3 - Mensuração da Entrevista 36

CAPÍTULO III 38

JOGOS COM FOCO EM COMPETÊNCIAS 38

3.1- Tamanho de grupos para jogos 39

3.2 - Duração dos jogos 39

3.3 - Condutores, coordenadores ou facilitadores 39

3.4 - Observadores 39

3.5 - Etapas do jogo com foco em competências 40

3.5.1. - Elaborando as atividades 40

3.5.2. - Preparando o jogo 42

3.5.3. - Conduzindo o jogo 43

CONCLUSÃO 45

ÍNDICE DE ANEXOS 46

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 55

FOLHA DE AVALIAÇÃO 56

9

INTRODUÇÃO

A gestão por competências, muito mais do que uma forma de

administrar, é uma filosofia de desenvolvimento de talentos nas empresas.

Através dela podemos orientar as ações das pessoas no intuito de se

construir uma organização eficaz, ou seja, aquela que atinge as suas metas

e seus objetivos traçados. Entretanto, é possível utilizar as técnicas e

ferramentas de gestão por competências no recrutamento e seleção?

Atualmente a seleção por competências vem ganhando espaço nas

organizações, porque é capaz de medir cada habilidade que os indivíduos

possuem para um bom desempenho no cargo. A Seleção por Competências

tem como benefício, a objetividade e o foco que outras metodologias de

Seleção não oferecem.

Este estudo identifica as chances de a seleção dar certa, analisar e

avaliar a eficácia na seleção de pessoas com competências similirares ao

cargo pretendido, com delimitação a cargos operacionais.

No Capítulo I veremos que o primeiro passo para uma seleção por

competências é a construção do mapeamento de competências do cargo ou

função. Caso o perfil já exista, deverá ser atualizado, consultando área

requisitante, clientes internos, etc. Depois do mapeamento pronto,

veremos no Capítulo II que é possível elaborar a entrevista comportamental

com base no perfil de competências levantado. Já no capítulo III veremos

que os jogos, também conhecidos como dinâmicas de grupo, se bem

aplicados também é uma ótima ferramentas para seleção por competências.

Este estudo será elaborado a partir de leituras de livros e artigos

relacionados ao título abordado e consulta a artigos na internet. Referência

bibliográfica a ser consultada: Seleção por competência, Maria Odete

Rabaglio, Editora Educator.

10

CAPÍTULO I

MAPEAMENTO DO PERFIL DE COMPETÊNCIAS:

CONSTRUINDO O PERFIL IDEAL

Competência é um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e

comportamentos que permitem ao indivíduo desempenhar com eficácia

determinadas tarefas, em qualquer situação. Sendo assim, o perfil de

competências, que compreende competências técnicas e comportamentais, é o

diferencial competitivo de cada pessoa ou profissional.

As competências comportamentais têm sido foco de muitas atenções no

mercado de trabalho, porque o mercado do passado só tinha olhos para as

competências técnicas (Veja o anexo 1). Se o profissional fosse tecnicamente

competente, já possuiria os requisitos para ocupar seu lugar no mercado de

trabalho. Ao contrário, hoje no mercado atual o comportamento é um

diferencial competitivo.

As competências técnicas referem-se ao conhecimento e habilidade que

são pré-requisitos do cargo em atividades técnicas ou funções específicas. E

as competências comportamentais referem-se a comportamentos necessários

para eficácia em resultados nas atribuições a serem desempenhadas pelo

cargo.

Um profissional tem competências para exercer uma determinada

função ou cargo quando tem conhecimentos (saber), habilidades (saber fazer)

e atitudes (querer fazer), veja um exemplo de competências na tabela 1. E

logo em seguida, vejamos passo a passo a elaboração deste perfil de

competências.

11

Competências

Técnicas Comportamentais

Conhecimentos Habilidades Atitudes

X Pós Graduação

em gestão de

recursos

humanos;

X Graduação em

Administração de

Empresas;

X Informática

Avançada

X Experiência de

dois anos em

recrutamento e

seleção com foco

em competências;

X Habilidade em

lidar com pessoas;

X Inglês Fluente;

X Habilidade de

pesquisa;

X Agilidade;

X Flexibilidade;

X Dinamismo;

X Concentração;

X Detalhista;

X Capacidade de

síntese;

X Observação;

X Percepção;

X Foco no perfil;

X Boa

comunicação

verbal e escrita;

X Espírito de

equipe;

X Empatia;

X Bom humor;

X Atenção no

12

ouvir;

X Ética;

X Organização;

X Planejamento;

X Administração

do tempo;

X Foco no

resultado;

X Relacionamento

interpessoal;

X Objetividade;

Tabela 1 - levantamento de competências para um analista de recrutamento e seleção

Fonte: Rabaglio, Maria Odete. Seleção por Competências, Educator, 2007.

1.1. - Estabelecer parceria com a área requisitante

Conscientizar, sensibilizar e orientar tecnicamente o requisitante (cliente

interno ou externo), para que ele entenda com clareza qual o papel do

selecionador no processo seletivo e perceba que o resultado não é de

responsabilidade exclusiva da área de seleção, e sim um trabalho conjunto de

responsabilidade compartilhada. O cliente deve participar das dinâmicas de

grupo como observador e consensar observação com o selecionador, realizar a

entrevista técnica e consensar a decisão final. Se necessário, fazer a

atualização da descrição de cargo da vaga em aberto em parceria com o

requisitante e se for o caso de um cargo novo criar a descrição de cargo.

Preencher corretamente a requisição de vaga junto ao requisitante, para

ter garantia de reunir todas as informações crie um formulário (veja abaixo a

13

tabela 2). Desta forma eliminamos a possibilidade de esquecer algum detalhe

significativo para obtenção do melhor resultado, e estará trabalhando com

organização e planejamento, competências fundamentais para um

selecionador.

Perfil da Vaga e do Candidato

Cargo: Nº de vagas:

Requisitante da vaga:

Departamento:

Data de Abertura da Vaga:

Data prevista para término do processo:

Escolaridade mínima:

Experiências imprescindíveis:

Atitudes comportamentais imprescindíveis:

Curso(s):

Idiomas:

Informática:

Carteira de Habilitação: ( )SIM ( )NÃO

Dados Técnicos

14

Contratação: ( )Efetivo ( )Temporário por ____ meses ( )Autônomo

( )Tercerizado

Motivo da abertura da vaga:

Local de trabalho:

Horário: Turno: Sistema de Folgas:

Treinamento: ( )SIM ( )NÃO Duração:

Salário: R$

Alimentação

( )Vale-refeição ( )restaurante no local ( )ajuda de custo ( )cesta básica

( )vale-alimentação ( )_____________________

Saúde

( )Assistência médica ( )assistência odontológica ( )assistência

psicológica ( )ginástica laboral ( )convênio com academias

( )___________________

Seguro

( )Vida ( )Carro ( )Residência ( )Funeral ( ) ____________________

Transporte

( )vale-transporte ( )ajuda de custo ( )____________________

_________________

15

( )______________

Gerência:

Superior Imediato do cargo:

Subordinados do cargo:

Tabela 2 - Exemplo de formulário de uma vaga em aberto para Analista de Recrutamento e Seleção

Fonte: Criado por Aline de Souza da Silva

1.2 - Buscar os indicadores de competências, ou seja,

todas as informações sobre o cargo.

Encontramos estes indicadores na descrição de cargos, no campo

responsabilidades (veja abaixo a tabela 3).

Descrição de Cargo

1. Identificação Data: 01.07.07

Título do Cargo: Analista de Recrutamento e Seleção

Nome do Ocupante:

Departamento: Recursos Humanos

2. Missão do Cargo

Coordenar e executar atividades de recrutamento e seleção de pessoal,

visando contribuir para a manutenção de um quadro de profissionais

qualificados e que atendam às necessidades de crescimento e

desenvolvimento da empresa.

3. Responsabilidades

16

Elaborar descrição de cargos em português e inglês junto ao departamento

envolvido.

Cumprir prazos conforme regulamento interno do setor.

Identificar e selecionar fontes de recrutamento.

Divulgar vagas em aberto.

Realizar triagem de currículos que atendem o perfil do cargo.

Convocar candidatos para testes e entrevistas de seleção.

Aplicar dinâmicas de grupo e traçar avaliação comportamental dos candidatos.

Aplicar e analisar testes específicos, fazendo as observações e recomendações

em relação à indicação do candidato para o cargo.

Fazer entrevistas com candidatos.

Conduzir programas de treinamento e integração de novos funcionários,

visando sua rápida adaptação e entrosamento com as respectivas equipes.

Participar do processo de seleção interna para promoções ou transferência,

através de entrevistas e aplicação de testes específicos.

Realizar entrevistas de desligamento, visando identificar causas de rotatividade

e propor ações ou programas para corrigir distorções de procedimentos e

manter o nível de rotatividade sob controle.

Elaborar relatórios gerenciais, com informações e dados estatísticos sobre

recursos humanos, visando fornecer subsídios para decisões e correções de

políticas ou procedimentos na área de recursos humanos.

4. Pré-requisitos

Disponibilidade para viagens

17

5. Competências

Conhecimentos: pós-graduação em gestão de recursos humanos, graduação

em administração de empresas, informática avançada.

Habilidades: experiência de dois anos em recrutamento e seleção com foco em

competências, habilidade em lidar com pessoas, inglês fluente, habilidade de

pesquisa.

Atitudes: agilidade, flexibilidade, dinamismo, concentração, detalhista,

capacidade de síntese, observação, percepção, foco no perfil, boa

comunicação verbal e escrita, espírito de equipe, empatia, bom humor, atenção

no ouvir, ética, organização, planejamento, administração do tempo, foco no

resultado, relacionamento interpessoal, objetividade.

6. Assinaturas

Ocupante: Superior Imediato:

Tabela 3 - Exemplo de descrição de cargos para analista de recrutamento e seleção

Fonte: Rabaglio, Maria Odete. Seleção por Competências, Educator, 2007.

1.3 - Extrair de cada indicador as competências

imprescindíveis para a eficácia do colaborador no cargo.

Nesta etapa exploramos todos os indicadores (veja abaixo a tabela 4),

um a um, e não importa se já colocamos a competência em indicadores

anteriores, repetimos quantas vezes for necessário, sempre colocando todas

as competências indicadas pelo “indicador”. Não podemos correr o risco de

nos desfocar do indicador e pensar no cargo como um todo, o que levará a um

mapeamento superdimensionado e distante da realidade do cargo. Todo

indicador poderá indicar competências técnicas e comportamentais ou apenas

18

competências comportamentais, mas nunca indicará apenas técnicas, porque

estas sempre precisarão da comportamental para eficácia de sua realização.

Indicadores Competências Necessárias

Elaborar descrição

de cargos em

português e inglês

junto ao

departamento

envolvido.

Espírito de equipe, empatia, atenção no ouvir,

relacionamento interpessoal, capacidade de síntese, boa

comunicação escrita.

Cumprir prazos

conforme

regulamento interno

do setor.

Administração do tempo, organização e planejamento.

Identificar e

selecionar fontes

de recrutamento.

Habilidade de pesquisa.

Divulgar vagas em

aberto.

Boa comunicação escrita, capacidade de síntese,

detalhista, objetividade.

Realizar triagem de

currículos que

atendem o perfil do

cargo.

Agilidade, detalhista, concentração, foco no perfil,

objetividade.

Convocar

candidatos para

testes e entrevistas

de seleção.

Dinamismo, empatia, boa comunicação verbal.

Aplicar dinâmicas Experiência em conduzir dinâmicas de grupo com foco

19

de grupo e traçar

avaliação

comportamental

dos candidatos.

em competências, organização, planejamento, empatia,

percepção, observação, boa comunicação verbal e

escrita, flexibilidade, bom humor, ética, técnicas de

avaliação comportamental.

Aplicar e analisar

testes específicos,

fazendo as

observações e

recomendações em

relação à indicação

do candidato para o

cargo.

Conhecimento técnico de testes específicos,

administração do tempo, empatia, relacionamento

interpessoal, bom humor, capacidade de síntese, foco no

resultado, boa comunicação escrita.

Fazer entrevistas

com candidatos.

Experiência em entrevistas com foco em competências,

organização, planejamento, empatia, habilidade de

formular perguntas abertas específicas, atenção no ouvir,

percepção, observação, boa comunicação verbal e

escrita, ética.

Conduzir

programas de

treinamento e

integração de

novos funcionários,

visando sua rápida

adaptação e

entrosamento com

as respectivas

equipes.

Relacionamento interpessoal, empatia, boa comunicação

verbal, bom humor, planejamento, organização.

Participar do

processo de

seleção interna

Experiência em entrevistas com foco em competências,

conhecimento técnico de testes específicos,

20

para promoções ou

transferência,

através de

entrevistas e

aplicação de testes

específicos.

administração do tempo, organização, planejamento.

Realizar entrevistas

de desligamento,

visando identificar

causas de

rotatividade e

propor ações ou

programas para

corrigir distorções

de procedimentos e

manter o nível de

rotatividade sob

controle.

Relacionamento interpessoal, empatia, boa comunicação

verbal e escrita, atenção no ouvir, foco no resultado,

objetividade, organização, planejamento, percepção,

observação, ética.

Elaborar relatórios

gerenciais, com

informações e

dados estatísticos

sobre recursos

humanos, visando

fornecer subsídios

para decisões e

correções de

políticas ou

procedimentos na

área de recursos

Boa comunicação escrita, organização, foco no

resultado, objetividade, informática avançada.

21

humanos.

Tabela 4 - Exemplo de competências por indicadores do cargo de Analista de Recrutamento e Seleção

Fonte: Rabaglio, Maria Odete. Seleção por Competências, Educator, 2007.

1.4 - Formar grupos de competências similares e

mensurá-los.

Estes grupos têm por objetivo organizar as competências de famílias

similares para criar as ferramentas de seleção por competências, que são: a

entrevista comportamental e os jogos com foco em competências. A base para

mesurar competências é a quantidade de indicadores de cada cargo.

Após termos os grupos ou famílias de competências, precisamos contar

quantos indicadores do cargo apontaram alguma competência daquela família.

Vamos observar que, como se trata de competências similares usados em

situações comuns, uma competência do grupo ou família tendo sido indicada, o

grupo ou família está identificado pelo indicador.

O cargo que estamos usando como exemplo, Analista de Recrutamento

e Seleção, tem apenas 13 indicadores então vamos trabalhar com graus de 1 a

5, sendo grau 1 para a quase ausência das competências e grau 5 para

necessidade máxima do grupo ou família de competências (veja abaixo as

tabelas 5 e 6).

Grau 1 Grau 2 Grau 3 Grau 4 Grau 5

Nenhuma

necessidade

da família de

competências

Pouca

necessidade

da família de

competências

Média

necessidade

da família de

competências

Alta

necessidade

da família de

competências

Altíssima

necessidade

da família de

competências

Tabela 5 – Mensurando Competências

Fonte: Rabaglio, Maria Odete. Seleção por Competências, Educator, 2007.

22

Grupos de Competências Similares

Grau 1 Não tem.

Grau 2 Agilidade, flexibilidade, dinamismo.

Grau 3 Concentração, detalhista, capacidade de síntese,

observação, percepção, foco no perfil.

Grau 4 Inglês fluente, informática avançada, habilidade de

pesquisa, experiência em conduzir dinâmicas de grupo

com foco em competências, técnicas de avaliação

comportamental, conhecimento técnico de testes

específicos, experiência em entrevistas com foco em

Competências, habilidade de formular perguntas

abertas específicas.

Grau 5 Organização, planejamento, administração do tempo,

foco no resultado, objetividade.

Grau 5 Boa comunicação verbal e escrita, espírito de equipe,

empatia, bom humor, atenção no ouvir, ética,

relacionamento interpessoal.

Tabela 6 - Exemplo de grupos de competências similares do cargo de Analista de

Recrutamento e Seleção respectivamente mensuradas.

Fonte: Rabaglio, Maria Odete. Seleção por Competências, Educator, 2007.

1.5 - Compartilhar e validar com o requisitante as

definições dos grupos de competências.

23

Depois de terminado as definições dos grupos de competências o

recrutador deve ter o de acordo do requisitante e agir com flexibilidade sempre

que necessário se for solicitado mudanças no levantamento.

Terminada esta etapa temos o mapeamento do perfil de competência

em mãos, uma ferramenta poderosa para o sucesso da contratação. Por isso,

devemos dedicar grande esforço à obtenção dessas informações. Esta

ferramenta detalhada dará origem ao planejamento do processo seletivo e à

escolha das ferramentas que serão utilizadas para encontrar a pessoa certa

para o lugar certo, que é objetivo prioritário de todo selecionador.

A área de seleção quando contrata corretamente, está trazendo solução

para a empresa, quando faz uma contratação equivocada está trazendo

problemas, despesas e retrabalho para organização. Sem critérios bem

definidos, metodologia de trabalho, técnicas e ferramentas, é impossível

encontrar o perfil ideal para o cargo.

Além disso, todas as informações sobre a vaga devem ser fornecidas

aos candidatos no primeiro contato e somente dar continuidade se houver

compatibilidade entre a expectativa do candidato e as especificações do cargo

em questão.

O selecionador não pode correr o risco de desenvolver um processo

seletivo e perder o candidato no final, por falta de uma informação compatível

com as necessidades do candidato, que poderia ter sido fornecida no início do

processo. Tal descuido poderá acarretar retrabalho, além de tomar tempo do

candidato, demonstrando falta de organização e planejamento.

24

CAPÍTULO II

ENTREVISTA COMPORTAMENTAL COM FOCO EM

COMPETÊNCIAS

A entrevista comportamental com foco em competências é uma

investigação de experiências vividas pelo candidato, construída de forma

estratégica para investigação de competências específicas que estão no

mapeamento de competências e que são critérios de sucesso para realizar

as atribuições do cargo.

A entrevista é uma das técnicas mais utilizadas em seleção e com maior

credibilidade, desde que praticada por profissionais tecnicamente

preparados para uma investigação de perfil comportamental.

A entrevista comportamental pode ser usada para qualquer cargo, do

operacional ao executivo. O que muda é a redação empregada nas

perguntas, adequando a linguagem a cada cargo que está sendo trabalhado

e tomando o cuidado para que cada pergunta realmente possa investigar a

competência desejada.

O Dr. Paul Green da empresa Behavioral Technology, em Memphis,

Tennessee, EUA, foi grande disseminador da Entrevista Comportamental

com foco em competências desde a década de 1970. Como premissa para

criar a Entrevista Comportamental ele disse: “Os comportamentos usados no

passado servem como base para prever os comportamentos futuros”.

Isso não significa que as pessoas são estáticas e seus comportamentos

também; porém, esta afirmação mostra que a forma mais eficaz até o

momento para prever comportamentos futuros é analisando

comportamentos passados.

O entrevistador provará por evidências comportamentais demonstradas

nas respostas do candidato, a presença ou ausência das competências

25

investigadas. Esta técnica é muito mais consistente do que perguntar sobre

hipóteses de futuro, que o candidato não vivenciou e que trarão respostas

idealizadas que poderão estar totalmente distantes da realidade.

A ferramenta base para a construção das perguntas comportamentais é

o mapeamento do perfil de competências. Para cada família de

competências é preciso criar perguntas suficientes para contemplar e

investigar todas as competências da família.

2.1 - Desmembrando a resposta comportamental do

candidato

Toda resposta comportamental pode ser desmembrada em três partes:

Contexto, Ação e Resultado. Essas três palavras “mágicas” formam uma sigla:

CAR, que terá fundamental importância para aumentar a habilidade para ouvir

e interpretar a presença ou ausência das competências dos candidatos.

Contexto: O cenário onde se dá a situação. É preciso conhecer este

cenário para evitar interpretações equivocadas, ou seja, entender qual a

situação colocada.

Ação: Entender quais as ações tomadas dentro do contexto é

fundamental para perceber a presença ou ausência das competências

investigadas. Portanto, caso o candidato seja econômico na sua comunicação

e expressão verbal, devemos fazer perguntas complementares que nos ajudem

a entender exatamente quais as ações desencadeadas para resolver a

situação.

Resultado: Por fim, é necessário saber qual o resultado alcançado

através das ações. O fato de o resultado ser positivo ou negativo, não importa;

o que precisamos perceber é se os comportamentos investigados foram

usados pelo candidato. Não podemos correr o erro de associar resultado

positivo com presença de competência ou vice-versa. O resultado pode não

ser o desejado, apesar de o candidato ter usado todas as competências

26

necessárias para solucionar um dado problema, mas as variáveis externas

podem não ter contribuído para uma solução eficaz.

No planejamento da entrevista, devemos tomar os seguintes cuidados:

♦ Adequar a linguagem ao repertório do candidato: tomar cuidado com a

formulação das perguntas que, além de serem objetivas, devem estar de

acordo com a compreensão e nível de escolaridade do candidato;

♦ Falar sobre situações comuns do dia-a-dia do candidato e não sobre

exceções;

♦ Usar de empatia, ser facilitador da interação, buscando estabelecer um

vínculo positivo e harmonioso para que o candidato sinta-se à vontade para

compartilhar suas experiências.

♦ Permitir que o candidato pense quando não se lembrar imediatamente

da resposta;

♦ Ter claras as competências que devem ser observadas em cada

resposta.

O objetivo será investigar todos os comportamentos relevantes que

constam no mapeamento de competências. A entrevista não poderá ser

encerrada se restem dúvidas e, se algo não ficou claro, basta fazer mais

perguntas investigando aquelas competências que não puderam ser bem

observadas. Uma entrevista comportamental tem duração de 45 minutos a

uma hora, justamente para termos tempo suficiente de investigar todas as

competências do PC.

Exemplo de CAR incompleto:

Conte-me sobre um problema que aconteceu nesta empresa que gerou

transtornos.

27

Resposta: O fornecedor estava atrasado com a entrega da matéria-prima e a

produção parou por algumas horas, mas o problema não era nosso.

♦ Contexto: atraso da matéria-prima na produção.

♦ Ação: qual foi? Não está presente na resposta.

♦ Resultado: não há nenhuma indicação do resultado na resposta.

Essa resposta exige perguntas complementares para obter do candidato a

resposta completa:

♦ O que foi feito para resolver o problema da falta de matéria-prima e qual

a sua participação nisso?

♦ Qual foi o resultado desta situação adversa?

Exemplo de CAR completo:

Conte-me uma situação que precisou tomar medidas mais severas com

algum funcionário.

Resposta: Estava percebendo um comportamento estranho no funcionário.

Então, comecei a observar sua rotina e descobri que ele estava lesando a

empresa. Em flagrante, chamei o segurança, fiz um BO e o demiti.

♦ Contexto: notou o comportamento estranho no funcionário.

♦ Ação: observou o dia-a-dia, descobriu que lesava a empresa e planejou

um flagrante.

♦ Resultado: deu flagrante, fez BO e o demitiu.

Uma resposta sem necessidade de perguntas complementares.

28

Uma pergunta comportamental deve ter como resposta exemplos reais

da atuação passada descrita pela, pergunta, isto é, respostas com verbos de

ação no passado. Deixar claro que é o autor daquela ação ou qual foi sua

participação na ação e relatar um comportamento contendo Contexto

compreensível, deixando clara a Ação que foi tomada e o Resultado.

O selecionador deve recusar respostas genéricas, vazias ou evasivas,

ou seja, declarações que forneçam poucas informações e não permitam a

observação dos comportamentos investigados. Em face de qualquer um

desses tipos de declarações, poderemos fazer perguntas complementares.

Exemplos:

♦ Cansei de realizar tarefas que não eram minhas. / Eu gostaria de saber

quais as tarefas que você realizava que não faziam parte das suas

atribuições.

♦ Eu sempre fui uma pessoa muito ativa. / Dê-me um exemplo de uma

situação na qual você demonstrava ser ativa.

♦ Sempre me esforcei muito, embora não fosse reconhecida. / Conte-me

uma situação de muito esforço em que você não se sentiu reconhecida.

2.2 - Como investigar as competências comportamentais

Tendo em mãos o PC, temos a base para construção de todas as

ferramentas, inclusive desenvolver perguntas específicas para investigar cada

competência. Lembrando a premissa básica da metodologia, comportamento

passado prediz comportamento futuro, iremos construir perguntas que

investiguem esse comportamento passado, usando sempre os verbos no

tempo passado e que contemplem como aconteceu determinada ação.

Exemplos:

♦ Conte-me um grande problema que aconteceu em sua carreira.

29

♦ Quais os maiores obstáculos que administrou no seu último emprego?

♦ Dê-me um exemplo de uma situação na qual você teve de lidar com um

funcionário muito resistente a mudança e o que você fez.

♦ Como você resolveu problemas de comunicação interna com a sua

equipe?

Não podemos esquecer que cada pergunta tem como objetivo fundamental

investigar presença ou ausência de competências específicas e que cada

pergunta pode investigar uma ou várias competências (veja abaixo a tabela 7).

Grupos de

Competências Similares

Perguntas Grau 1 a 5

Agilidade, flexibilidade,

dinamismo.

Conte-me a respeito de

um processo seletivo

feito por você que foi

requisitado para ser

finalizado em um curto

período de tempo.

Organização,

planejamento,

administração do tempo,

foco no resultado,

objetividade.

Conte-me sobre algum

projeto de que você

participou ou coordenou

e precisou ter prazo

prorrogado.

Boa comunicação verbal e

escrita, espírito de equipe,

empatia, bom humor,

atenção no ouvir, ética,

relacionamento

interpessoal.

Descreva-me uma

situação em que você

“bateu de frente” com

sua liderança.

Quais medidas você

toma para não rotular e

30

não discriminar um

candidato?

Tabela 7 – Perguntas que estudam comportamentos passados.

Fonte: Rabaglio, Maria Odete. Seleção por Competências, Educator, 2007.

2.3 - Quando usar perguntas fechadas?

Já ficou claro que as perguntas abertas servem para fazer falar, portanto

as perguntas fechadas servirão para fazer calar. Porém, o que é uma pergunta

fechada? É uma pergunta de resposta curta, na maioria das vezes,

monossilábica.

Há vários tipos de candidatos, entre eles aqueles que são extrovertidos,

falantes e que quando começam a responder a uma pergunta, não param de

falar. O controle da entrevista deve ficar nas mãos do entrevistador. Quando o

candidato já respondeu à pergunta, as competências já foram observadas e ele

continua falando, a técnica mais eficaz é interromper com uma pergunta

fechada, aguardar que ele responda com um monossílabo e imediatamente

fazer outra pergunta comportamental. É esta a melhor forma de retomar o

controle da entrevista para administrar o tempo planejado para a mesma.

Exemplos de perguntas fechadas: Então você atingiu seu objetivo?, Foi

assim que chegou ao resultado?. Esta foi a sua estratégia?

2.4 - Perguntas de provas contrárias

É muito importante desenvolver uma estratégia para conhecer o

candidato como um todo. Sendo assim, se fizermos só perguntas positivas,

que dêem ao candidato oportunidade de “se vender”, não vamos conhecer o

outro lado e corremos o risco de não perceber seus comportamentos nocivos

para as atribuições do cargo. Portanto, é importante perguntar sempre

buscando provas contrárias para conhecer como administra o erro, o acerto, o

sucesso e o fracasso.

31

Exemplos de perguntas negativas: Qual foi o projeto de maior sucesso

que você coordenou? Conte em detalhes. Agora relate um projeto que, por

maior que tenha sido o esforço, não atingiu a expectativa.

2.5 - Cuidado com o pré-julgamento

Há pessoas que confiam totalmente na “intuição” para tomar uma

decisão em processo seletivo. É importante lembrar que a intuição é um

grande diferencial em cada pessoa, mas não há nenhuma prova científica de

que é uma ferramenta de assertividade em processos seletivos.

Vale lembrar também que nossa “intuição” e subjetividade são

carregadas de preconceitos, pressupostos, rótulos e discriminações. Quando

nos limitamos a usar apenas a “intuição” e a subjetividade, estamos correndo o

risco de cometer grandes erros, contaminando com nossas experiências

pessoais, a interação com uma pessoa que estamos entrando em contato pela

primeira vez.

Não existe candidato bom nem candidato ruim. Existe perfil compatível

ou incompatível com o perfil da vaga. Por isso precisamos de metodologias,

técnicas e ferramentas que nos ajudem a identificar, entre os candidatos, o

perfil mais compatível com o perfil da vaga.

2.6 - Administrando o silêncio com empatia

Quando o entrevistador faz uma pergunta e o candidato demora para se

lembrar da resposta, como fica o clima na sala de entrevista?

A angústia do silêncio é natural para qualquer ser humano, porém, o

facilitador desta interação é o entrevistador e cabe a ele entender que o

candidato tem o direito de pensar. Cabe, portanto, ao entrevistador mediar

esta situação para reduzir as tensões e ansiedades, fazendo interferências

empáticas como, por exemplo:

♦ Pode pensar tranquilamente, temos tempo!

32

♦ Pense mais um pouquinho. É comum esquecer, mas, se concentrando,

acabará lembrando.

♦ Vou pegar uma água ou um café enquanto você pensa.

Neste caso, se o candidato se lembrar de uma reposta que permita

observar claramente a presença da competência investigada, é só dar

continuidade à entrevista. Caso contrário, se a resposta for inconsistente, é

importante observar qual competência, até se certificar de sua presença ou

ausência no repertório comportamental do candidato.

2.7.-.Observando a coerência entre Comunicação Verbal e

Não-Verbal.

A observação desta coerência é fundamental para perceber contradições

apresentadas pelo candidato.

Reações do candidato ao relatar situações verdadeiras que lhe causam

orgulho:

♦ Inclina o trono suavemente para frente aproximando-se do entrevistador;

♦ Relaxa a postura física;

♦ Gesticula com maior naturalidade;

♦ Cruza olhar do entrevistador maior número de vezes;

♦ Fala com riqueza de detalhes;

♦ Fala com maior intensidade na voz, mais ritmo e velocidade;

♦ Demonstra orgulho e é capaz de detalhar qualquer parte do relato;

♦ Fornece respostas mais longa, transparentes e consistente.

Reações do candidato ao responder inverdades:

33

♦ Respostas objetivas, curtas;

♦ Postura física mais rígida;

♦ Olha mais para o vazio e evita cruzamento de olhar com o entrevistador;

♦ Tom de voz mais frio, mais baixo;

♦ Procura se livrar rapidamente da resposta.

O candidato deve sair da entrevista com todas as informações sobre os

próximos passos, e o que for combinado é importante que seja cumprido, pois

para o candidato a seleção é a empresa: Se não cumprir o que prometeu

estará comprometendo a imagem da empresa, pois candidatos comentam

muito sobre o comportamento das empresas nos processos seletivos.

Dicas preciosas:

♦ Dar ênfase às experiências relevantes para o comportamento que está

sendo investigado e o perfil de competências que está sendo selecionado.

♦ O candidato deve ficar à vontade para falar sobre um comportamento

negativo, por isso capriche no vínculo.

♦ Devemos analisar todos os comportamentos, sejam positivos ou

negativos, e não aplicar julgamentos de valor.

♦ Cuidado com o comportamento não-verbal. Da mesma forma que você,

o candidato também percebe seu comportamento não-verbal e pode se

influenciar por ele.

♦ Mantenha a auto-estima do candidato elevada.

♦ Devemos agir como verdadeiros detetives para conseguir atender todos

os aspectos do comportamento que está sendo narrado pelo candidato.

34

♦ Anote o grau imediatamente quando ouvir uma evidência de

competência investigada.

♦ Trabalhe o clima da entrevista, sendo facilitador de um clima de

descontração e bem-estar, que permita que o candidato se expresse com

tranqüilidade. No mesmo comportamento, poderão aparecer duas ou mais

competências. Com a experiência, isso fica cada vez mais claro.

Quanto maior a freqüência de uma competência nas respostas do

candidato, maior a segurança em afirmar que ela está presente no seu

repertório comportamental, e a mensuração em cada resposta dá ainda maior

consistência a esta questão.

2.8 - Etapas da Entrevista Comportamental

2.8.1 - Preparando a entrevista – Etapa de planejamento

A entrevista comportamental deve acontecer no final de um processo

seletivo, tome as seguintes providências: análise do currículo, confira os pré-

requisitos, a pretensão salarial, as consistências, a falta de informações, etc.,

prepare todas as informações a respeito do cargo antes de iniciar.

Use um local reservado, sem interrupções, sem barulho e com poucos

estímulos visuais, mas agradável. É preferível usar mesa redonda ou apenas

cadeiras/poltronas (a mesa inibe, impõe distância entre o entrevistador e o

candidato, além de deixar a leitura não-verbal do candidato comprometida).

Seja pontual O candidato já vem tenso, ansioso, por estar passando por

um processo seletivo, e os atrasos por parte do entrevistador causarão mais

estresse. A pontualidade significa respeito pelo ser humano, ética profissional

e marketing positivo do trabalho da seleção e da imagem da empresa.

Tenha em mãos todo o material necessário: currículo, todo mapeamento do

perfil de competências, descrição do cargo, formulários com perguntas de

acordo com o PC e relógio.

35

2.8.2 - Conduzindo a Entrevista: Hora da verdade

Em primeiro lugar, apresente-se, estabelecendo um vínculo positivo,

fazendo um bom quebra-gelo para deixar o candidato à vontade, num ambiente

descontraído. Por exemplo, ofereça uma água ou um café. Comente que fará

anotações e peça o consentimento do candidato para isso. Se a entrevista for

o primeiro contato, fale resumidamente sobre a empresa e sobre a vaga para

qual a pessoa está se candidatando Será importante deixar claro todas as

condições da vaga e verificar se há real interesse por parte do candidato a fim

de não perder tempo.

Cheque as informações profissionais (onde trabalhou, datas, motivos das

saídas, formação acadêmica, experiências, atualizações, etc.) e pessoais (local

de moradia, interesses pessoais, questões familiares, etc.) contidas no

currículo e pegue informações que faltem ou que sejam inconsistentes. Não se

estenda muito, esse não é o foco da entrevista.

A partir das perguntas baseada no PC previamente preparadas, identifique

os comportamentos que exemplifiquem as competências para o cargo em

questão. Deve-se dedicar maior tempo a esta fase, investigando bem.

Para finalizar, dê oportunidade ao candidato para expressar algo que ele

ache importante ou para fazer alguma pergunta. Explique quais serão os

próximos passos e a duração aproximada do processo completo.

Comprometa-se (e cumpra) a dar uma resposta sobre a fase atual, seja

negativa ou positiva. Isso é importante. Qualquer pessoa fica muito ansiosa

para ter a resposta de uma entrevista. E, às vezes, essa resposta pode ser

decisiva para o fechamento de uma outra oportunidade de trabalho. Além

disso, é respeito pelo candidato e zelo pela imagem profissional do

selecionador da empresa que representa. Outro ponto é o tempo, devemos

tomar cuidado e planejar como utilizaremos o tempo da entrevista (veja abaixo

a tabela 8)

Fase da Entrevista Tempo Aproximado

36

Introdução da entrevista e quebra-gelo Até 5 minutos

Investigação do perfil de competências Até 35 minutos

Informações adicionais (pessoais, sociais, familiares, etc.) Até 8 minutos

Encerramento Até 2 minutos

Tempo da entrevista Até 60 minutos

Tabela 8 - Administração do tempo na entrevista

Fonte: Rabaglio, Maria Odete. Seleção por Competências, Educator, 2007

2.8.3 - Mensuração da Entrevista

O entrevistador deve notar se há compatibilidade entre o que está sendo

narrado e o perfil de competências, se a postura e estilo pessoal do candidato

são adequados à cultura da empresa, se as competências que obtiveram

baixo desempenho (no caso das competências técnicas) seriam possíveis de

treinamento e, nesse caso, quanto tempo seria necessário e se isso seria

viável para a vaga em questão, se as expectativas e as reivindicações do

candidato vão ao encontro da empresa e se as contribuições serão efetivas

para a empresa.

Existem várias metodologia para mensurar competências, a mais

utilizada é a metodologia de Paul Green.

1)Atribua uma nota de 1 a 5 para cada resposta a determinada pergunta

(veja a tabela 9).

5 4 3 2 1

37

Excelente Bom Médio Insatisfatório Inaceitável

Dê nota 5 se

achar muito

forte

evidência da

competência

investigada

Dê nota 4 se

você achar

boa evidência

da

competência

investigada

Dê nota 3 se

você achar

média

evidência da

competência

investigada

Dê nota 2 se

você achar

pouca

evidência da

competência

investigada

Dê nota 1 se

você não

achar

nenhuma

evidência da

competência

investigada

Tabela 9 – Mesurando Competências

Fonte: Rabaglio, Maria Odete. Seleção por Competências, Educator, 2007

No caso de você ter formulado mais de uma pergunta para avaliar uma

competência, continue:

2)Faça a somatória de todas as notas atribuídas a cada resposta.

3)Tire uma média de todas as notas, esta será a nota do candidato para

a competência pesquisada.

38

CAPÍTULO III

JOGOS COM FOCO EM COMPETÊNCIAS

O jogo, ou como é popularmente conhecido, dinâmica de grupo, é uma

técnica vivencial, utilizada para observar comportamentos específicos, com

base no PC do cargo, realizada em grupos de 6 a 12 candidatos, por meio

de exercícios diversos, como jogos, simulações, estudos de caso, etc.

O jogo com foco em competências permite investigar melhor os

comportamentos dos indivíduos e identificar com maior confiança as

competências presentes no repertório comportamental, uma vez que

estamos com o candidato diante de nossos olhos, vendo-o atuar e se

comportar dentro de situações preestabelecidas estrategicamente.

Na entrevista comportamental, observamos presença ou ausência no

comportamento passado do candidato. No jogo, observamos presença ou

ausência de competências específicas no comportamento presente do

candidato; portanto, são ferramentas complementares. Sendo assim, o

objetivo do jogo é observar competências que são pré-requisitos de sucesso

para o cargo.

A análise desses dados entre selecionador e requisitante (observador) e

a decisão sobre o desempenho dos candidatos devem ser feitas logo após o

encerramento da dinâmica de grupo, enquanto as informações e

observações estão todas na lembrança. Esses dados devem ser evidência

de comportamentos específicos do PC. Dessa forma, o grande diferencial

desse tipo de dinâmica está nas atividades propostas.

Se essa etapa for o primeiro contato do candidato com a empresa, deve-

se passar as informações relevantes sobre a empresa e a vaga,

esclarecendo todas as dúvidas dos candidatos e permitindo que desistam ou

permaneçam no processo.

39

3.1- Tamanho de grupos para jogos

A quantidade de pessoas em um jogo pode variar entre 6 e 12 participantes.

Este número permite uma participação efetiva de todos os candidatos e melhor

observação de seus comportamentos. Um número menor do que 6

empobrecerá as atividades e dificultará a observação, e um maior do que 12

não dará chance a todos os candidatos de atuarem, além de alongar muito a

dinâmica e torná-la cansativa.

3.2 - Duração dos jogos

Sugerimos uma duração de aproximadamente quatro horas. Um tempo

maior do que este cansa os candidatos e os observadores, fazendo com que a

atividade perca sua objetividade.

3.3 - Condutores, coordenadores ou facilitadores

O condutor deverá atuar como facilitador, fornecendo todas as instruções e

recursos para a realização da atividade e auxiliando os candidatos a manter o

foco. Fará a observação atenta dos comportamentos desejados e as devidas

anotações na ferramenta de mensuração, que também deverá estar em mãos

dos observadores.

Deverá, ainda, tomar nota quando encontrar evidências das competências

necessárias para o cargo. Por último, irá fazer a análise dos dados fornecidos

pelos candidatos juntamente com os observadores e, em consenso, decidir

pelos candidatos que continuarão no processo.

3.4 - Observadores

Os observadores são pessoas estratégicas para a decisão sobre o

preenchimento da vaga. A decisão final é do requisitante da vaga, que

participa ativamente do processo seletivo e que, como observador no processo

de dinâmica de grupo, tem a rica oportunidade de conhecer um pouco mais o

comportamento de cada candidato para processar a escolha.

40

O papel do observador é apenas observar e registrar os

comportamentos específicos dos candidatos na ferramenta de mensuração.

É necessário que o observador esteja preparado para participar dessa

parceria, ajudando e não atrapalhando o facilitador e o grupo de candidatos.

Para tanto, é importante observar os seguintes pontos:

♦ O observador deverá ter sido informado previamente sobre as técnicas

que serão utilizadas nos jogos e as competências que deverão ser observadas

em cada jogo, para não perder o foco da observação.

♦ O observador deverá ter sido instruído sobre as formas de mensuração

das competências e conciliar essa mensuração com a do facilitador, para que

haja uma forma padrão de avaliação.

♦ O observador deverá tomar cuidado com seu comportamento não-

verbal, evitando olhares expressivos, sorrisos, etc.

♦ O observador deverá permanecer dentro da sala de dinâmica de grupo

durante todo o período de duração da atividade.

♦ Os observadores não deverão ter conversas paralelas entre si, nem

trocar comunicações não-verbais.

♦ Os observadores não deverão responder a nenhuma pergunta dos

candidatos; isso cabe ao facilitador.

3.5 - Etapas do jogo com foco em competências

3.5.1. - Elaborando as atividades

Ao elaborar um jogo com o propósito de mensurar competências,

algumas premissas devem ser observadas:

♦ Deve-se tomar como base o comportamento a ser observado durante a

atividade.

41

♦ O foco deverá ser no comportamento apresentado e não na

personalidade, valores, etc..

♦ Deverá permitir que todos os candidatos tenham oportunidades iguais

para fornecerem informações relevantes a seu respeito.

♦ A dinâmica deverá ter objetivos e critérios específicos relacionados com

as competências a serem observadas.

O jogo deve necessariamente conter algumas atividades principais, que

são aquelas que permitirão a mensuração de grande parte das competências.

Outras atividades, como, por exemplo, apresentação dos candidatos,

aquecimento, extravasamento e encerramento, deverão ser incluídas e são tão

importantes quanto a principal, pois integram o grupo, proporcionam clima de

bem-estar e permitem que as pessoas se expressem com mais liberdade, o

que dá ao facilitador e aos observadores maiores possibilidades de observação

de presença ou ausência das competências do PC no comportamento dos

candidatos.

É recomendável que as dinâmicas de integração e aquecimento sejam,

preferencialmente, dinâmicas lúdicas e que usem movimentos físicos, porque

ajudam a extravasar as tensões, emoções e ansiedades, deixando os

candidatos mais à vontade para as atividades que vêm a seguir.

Para elaborar a atividade principal, o primeiro passo é separar as

competências do PC que podem ser vistas numa atividade em grupo (algumas

competências são mais bem mesuradas na Entrevista Comportamental. Essa

análise deve ser feita pelo selecionador). Com essas competências em mãos,

começamos a pensar em atividades que possam dar indícios de

comportamentos que as evidenciem.

Exemplo: Para medir empreendedorismo, precisamos desenvolver uma

atividade na qual pequenos grupos de pessoas tenham de desempenhar

determinadas ações. O fato de estarem atuando em grupo proporciona às

pessoas que tenham essa competência a oportunidade de demonstrarem-na

42

naturalmente. O mesmo vale para as demais competências do PC, que

deverão estar relacionadas ao cargo a ser ocupado, sendo essa uma maneira

objetiva de avaliar um candidato. Poderemos vê-lo numa simulação de sua

futura atividade e, com isso, ter a oportunidade de avaliar se suas

competências estão de acordo com o perfil do cargo que irá ocupar. Além

disso, permitiremos que os candidatos desempenhem uma ação que já

experimentaram anteriormente, diminuindo a sua ansiedade e oferecendo a

todos a mesma chance de demonstrar o seu desempenho.

Dispomos hoje de uma farta bibliografia de dinâmicas de grupo, e seja um

jogo lúdico ou uma simulação, temos as mesmas oportunidades de observação

de competências.

A principal preocupação deve residir em:

1. Escolher um jogo cuja dinâmica permita a clara observação dos

comportamentos investigados;

2. Escolher um jogo que seja compatível com o cargo e o público-alvo que

esteja sendo selecionado;

3. Definir em cada jogo quais competências serão observadas, ou se for um

jogo mais longo, em cada etapa, quais serão as competências observadas.

Exemplo: Escolher jogos mais lúdicos para faixas etárias mais baixas, ou

jogos mais estratégicos para cargos gerenciais ou de especificidades técnicas.

3.5.2. - Preparando o jogo

Certifique-se de que todos os candidatos e observadores estejam

devidamente avisados quanto ao dia, horário e local das atividades. Prepare

todo o material necessário para a condução da dinâmica: lista de presença,

crachás ou etiquetas com os nomes dos candidatos, materiais para as diversas

atividades (levando em conta o número de participantes) e para apresentação

da vaga e da empresa (se for o caso).

43

3.5.3. - Conduzindo o jogo

No início do jogo, cumprimente os candidatos empaticamente e

apresente-se, falando sobre o seu papel na empresa e especificamente nessa

dinâmica de grupo.

Se for o primeiro contato com os candidatos, apresente a empresa e

forneça informações sobre a vaga. Mencione os observadores, sem identificá-

los. Descreva o que vai acontecer na dinâmica de grupo, solicitando aos

candidatos a sua participação, enfatizando sobre sua importância no processo

seletivo e deixando claro que tanto o condutor como os observadores irão

tomar notas. Certo de que não restam dúvidas sobre a vaga, empresa ou a

dinâmica em si, inicie as atividades.

Deixe os candidatos à vontade e tranqüilos, para que eles possam ter

uma atuação mais próxima possível da realidade de seu perfil, com um nível

baixo de ansiedade e nervosismo. Para conseguir isto, inicie sempre com uma

atividade lúdica, que tenha movimento físico, para extravasar tensões,

emoções e ansiedades. Siga a agenda programada, procurando não deixar o

grupo se estender demais e extrapolar o tempo previsto.

Ao concluir as atividades, apresente os observadores de forma

completa. Caso eles tenham interesse, poderão falar um pouco mais sobre a

área e responder a dúvidas dos candidatos. Fale sobre as próximas fases do

processo e, se for possível, dê noção de duração ou datas das próximas fases.

Comprometa-se a dar retorno sobre a participação de cada um no processo (e

cumpra) e agradeça aos candidatos pela participação, acompanhando-os até a

recepção.

Após coletar todos os dados de comportamentos, mensure as

competências segundo o modelo de pontuação escolhido previamente no

módulo da Entrevista Comportamental.

Sugerimos a confecção de outro formulário para facilitar a avaliação dos

candidatos, como no exemplo seguinte. Finalmente, baseando-se no PC,

44

condutor e observadores reúnem-se para conciliar suas avaliações e discutir

sobre quais candidatos serão convidados para continuar no processo.

Para o critério de mensuração de competências, será atribuída uma nota

de 1 a 5 para a intensidade do comportamento observado (como na entrevista

comportamental), faça a comparação de comportamentos entre os candidatos

e análise final com o observador e, em consenso, defina a intensidade da

competência observada.

Para não esquecermos nenhum detalhe, podemos elaborar uma tabela

com as competências exigidas e os nomes dos participantes e assim

pontuarmos o grau de evidência de cada competência em cada candidato.

CONCLUSÃO

Seleção por competências é uma metodologia desenvolvida para os

gestores selecionarem seus times de trabalho com consistência, foco e

objetividade. A seleção por competências tem o objetivo de fornecer aos

gestores e profissionais de recursos humanos ferramentas que permitam

mapear o perfil de competências. Com base no perfil de competências, esta

metodologia cria recursos personalizados para identificar, entre os possíveis

45

candidatos, quem possui o perfil mais compatível com a vaga disponível. Estas

ferramentas usadas são a Entrevista Comportamental com foco em

competências e o Jogo com foco em Competências.

A seleção por competências pode ser usada pela empresa que já

implantou a gestão por competências e também pela organização que ainda

não a implantou. A empresa que adotou a seleção por competência,

naturalmente vai adaptar esta metodologia ao modelo de gestão que

implementou. Pode ser usada também para qualquer cargo, do operacional ao

executivo, com decisões e planos estratégicos para cada cargo. Qualquer

empresa pode usar esta técnica, com objetivo de profissionalizar seus recursos

humanos, seus gestores e valorizar a seleção bem feita com foco em

resultados. Afinal, a seleção é a porta da empresa, o início de tudo. Não basta

admitir pessoas, se busca perfis específicos para o sucesso em atribuições

específicas e para isso, é preciso ter técnica, ferramenta que permita um

trabalho de qualidade.

Desconhecemos as desvantagens desta técnica, por se tratar da técnica

mais atual para seleção de talentos humanos. É um trabalho que exige

planejamento estratégico e se gasta um pouco mais de tempo na organização,

mas o custo benefício vale a pena. Essa técnica oferece um método com

ferramentas de fácil utilização que dá objetividade à leitura de comportamento,

sendo possível de ser desenvolvido por qualquer pessoa que esteja disposta a

aprender e inovar para obter resultados mais eficazes.

46

ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Reportagem;

Anexo 2 >> Dinâmica de Grupo – Roda Confusa;

Anexo 3 >> Dinâmica de Grupo – A Vaca.

47

ANEXO 1

REPORTAGEM

Site RH.com.br

Conteúdo / Recrutamento e Seleção

A Importância da seleção por competências

Patrícia Pires de Matos

Bacharel em psicologia pela Universidade de Franca e pós-graduada em Psicologia Organizacional pela mesma. Atua

com RH em trabalhos de consultoria.

Hoje em dia a seleção por competências vem ganhando espaço nas

organizações. Isso porque através dela se diminui as chances da seleção dar

errada, sendo capaz de medir cada habilidade que os indivíduos possuem para

um bom desempenho no cargo.

Entre as vantagens da seleção por competências destacam-se:

* mais objetiva, processo sistemático;

* maior facilidade na avaliação do desempenho futuro;

* maior garantia de uma contratação de sucesso;

* maior adequação do profissional à empresa;

* turnover mais baixo, maior produtividade.

Hoje nas seleções para contratações se valorizam mais as

características pessoais do indivíduo do que as técnicas. As pessoas mais

procuradas são as competentes com habilidades técnicas, políticas e

48

comportamentais que atinjam resultados, compartilhem valores, planejem,

liderem, organizem, controlem e satisfaçam os requisitos na execução de seu

papel na empresa.

Com a competitividade predominando nas organizações as empresas

passaram a exigir mais de seus funcionários, sendo fundamental que se

adeque ao cargo, produza e se relacione bem. Por isso, a importância de

pessoas qualificadas com aptidões e dons para desempenhar suas funções. As

aptidões podem permanecer ocultas quando outros fatores não favorecem sua

manifestação. Podem ser substituídas quando as condições psicológicas

permitam ao indivíduo diversas condições de ajustamento. São divididas em

sensoriais, motoras e mentais.

Nos dias de hoje, a pessoa que não tem competência está fora do

mercado de trabalho e não é vista de boa maneira. A palavra "competência"

tornou-se requisito fundamental para se conseguir um emprego. Identificando

as competências se tem a pessoa certa, para o lugar certo, no momento certo.

Segundo Reis (2003, p. 12) numa pesquisa realizada pela Gazeta

Mercantil, em 4 de janeiro de 2000, viu-se que as competências mais

procuradas pelas empresas são: influência, desenvolvimento de pessoas,

autoconfiança, habilidade para gerenciar mudanças, liderança de pessoas e

perseverança.

Ao identificar competências e habilidades técnico-operacionais, pessoais

e gerenciais para todos os cargos, em mais ou menos quinze empresas,

Resende (2000) concluiu que é muito importante fazer gestão de competências

dos cargos. Chegou a essa conclusão por ver que na seleção, treinamento,

remuneração, administração de talentos, carreira, sucessão e avaliação de

desempenho é necessário considerar as competências dos cargos.

A seleção por competências é fundamentada em fatos reais e

mensuráveis como as capacidades, os atributos e as qualidades

comportamentais. É preciso analisar suas limitações nos aspectos que

49

envolvem número de candidatos, tempo para preenchimento da vaga, perfil do

cargo, estrutura da empresa selecionadora e capacidade técnica do avaliador.

Reis (2003) diz que na entrevista com foco em competências comportamentais

o desempenho passado constitui o melhor indicador do desempenho futuro,

tendo como principal objetivo investigar a presença ou a ausência das

competências no comportamento do candidato. As competências necessárias

para a realização das tarefas são definidas a partir das atribuições do cargo. O

perfil de competências é montado a partir das áreas físicas da organização,

equipamentos, cultura da empresa, cultura da equipe, perfil do líder da equipe,

atribuições ou descrição de cargo atualizada, principais desafios e dificuldades

do cargo e características principais do cargo.

Além dessas competências, devem ser complementados o perfil da vaga

e o perfil pessoal e profissional. No perfil da vaga inclui salário, benefícios, local

de trabalho, horários, folgas, atribuições, responsabilidades, valores pessoais

do candidato e da empresa. No perfil pessoal e profissional inclui idade, sexo,

local de moradia, experiência profissional, conhecimentos e exigências legais.

A competência é instalada quando há conhecimento, habilidades e

atitudes interagindo, de forma dinâmica, nas diversas ocasiões vivenciadas

pelo indivíduo. Depois de reunir as informações sobre o cargo a ser preenchido

é necessário escolher as técnicas de seleção para conhecer e escolher os

candidatos adequados. As técnicas de seleção utilizadas são: entrevista,

provas de conhecimento ou capacidade, testes psicométricos, testes de

personalidade e técnicas de simulação.

Geralmente, escolhe-se mais de uma técnica de seleção. Para os cargos

simples aplicam-se geralmente entrevistas de triagem, provas de conhecimento

e provas de capacidade. Para os cargos complexos aplicam-se provas de

conhecimento, testes psicométricos, testes de personalidade, técnicas de

simulação e entrevistas.

50

Cabe a cada organização determinar os processos e os procedimentos

de seleção mais adequados e que sejam capazes de proporcionar os melhores

resultados. Todo o processo seletivo precisa ser eficiente e eficaz. A eficiência

quer dizer fazer corretamente as coisas e a eficácia em alcançar resultados e

atingir objetivos.

51

ANEXO 2

DINÂMICA DE GRUPO

Fonte: Rabaglio, Maria Odete. Seleção por Competências, Educator, 2007.

Roda Confusa

Objetivo: solução de problema em conjunto.

Competências a serem observadas: solução de problemas, liderança,

criatividade, resistência à frustação, visão do todo, foco em resultados,

cooperação, espírito de equipe.

Material: espaço físico livre para movimentação inicial do grupo.

Duração: aproximadamente 25 minutos.

Instruções:

Todos os participantes em círculo, de mãos dadas. O facilitador pede a todos

que memorizem quem é a pessoa da direita e quem é a pessoa da esquerda.

Depois pede que comecem a andar pela sala, respirar fundo, sem usar o

verbal, e vai dando outras instruções como:

• Pular só com o pé esquerdo

• Só com o direito

• Com os dois pés

• Passo de formiguinha

• Passo de elefante

52

• Aviãozinho

• Trenzinho

• Congela

Neste ponto ninguém deve sair do lugar, e o facilitador vai pegando na mão

direita de cada um e juntando com a esquerda da pessoa que está ao lado,

fazendo o mínimo de movimento, até que todos estejam novamente de mãos

dadas. Nesse momento o facilitador lança o desafio de que eles deverão

retornar ao círculo inicial sem soltar as mãos.

53

ANEXO 3

DINÂMICA DE GRUPO

Fonte: Rabaglio, Maria Odete. Seleção por Competências, Educator, 2007.

A Vaca

Objetivo: realização de trabalho não-estruturado e reflexão sobre como atingir

os melhores resultados.

Competências a serem observadas: trabalho em equipe, participação,

cooperação, organização, planejamento estratégico, comunicação, liderança,

foco em resultados, visão do todo, foco no cliente.

Materiais: papel, material de desenho, tesoura para cada grupo, cartões com

nomes de partes do corpo de uma vaca: cabeça, rabo, olhos, orelha esquerda,

orelha direita, pata traseira esquerda, pata traseira direita, pata dianteira

esquerda, pata dianteira direita, tetas, etc.

Duração: aproximadamente 45 minutos.

Instruções:

1ª Etapa

Dividir o grupo em subgrupos sem que haja nenhuma comunicação

entre eles. O coordenador distribui cartões com os nomes das partes da vaca

e orienta os subgrupos a fazerem os desenhos correspondentes. Não dá mais

nenhuma orientação. Os subgrupos se reúnem, fazem seus desenhos.

2ª Etapa

Em plenário, todos se juntam e montam a vaca. Em geral a vaca adquiri

uma figura desproporcional. O coordenador puxa a reflexão sobre o que isso

quer dizer no trabalho cotidiano.

54

• Por que isso acontece?

• Como se poderia ter uma vaca mais adequada?

Uma complementação da dinâmica é que os subgrupos voltem a desenhar

os complementos da vaca; dessa vez, planejando e distribuindo tarefas para

que todos participem e atinjam juntos o objetivo.

55

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Albigenor & Rose Militão. SOS Dinâmica de Grupo, Qualitymark, 1999.

Ancora Lopez, M. & Figueiredo, L.C.M. Guia Psi, Marco Zero, são Paulo, 1990.

Domingos, Claudia. Apostila de Seleção por Atributos e Competências, 2000.

Fleury, Afonso & Maria Tereza Leme. Estratégias Empresariais e Formação de

Competências, Atlas, 2000.

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