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i UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE CONTROLE DA QUALIDADE NA PRODUÇÃO Por: Athayde de Souza Julio Filho Orientador Profª. Ana Cristina Rio de Janeiro 2006

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

CONTROLE DA QUALIDADE NA PRODUÇÃO

Por: Athayde de Souza Julio Filho

Orientador

Profª. Ana Cristina

Rio de Janeiro

2006

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

CONTROLE DA QUALIDADE NA PRODUÇÃO

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como condição prévia para a conclusão do

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Engenharia

da Produção. Por: Athayde de Souza Julio Filho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à meus pais, por tudo que me ensinaram até os

dias de hoje; À todos que de alguma forma, contribuíram

para que eu chegasse até aqui; E principalmente à Deus.

“Um dia desses só restarão lembranças vagas e distantes,

mas sei que, a cada vitória que esta carreira me

proporcionar, estareis por trás dela, como estivestes em

cada momento de minha vida”

Muito obrigado!

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família, amigos e à todos os

meus professores, que apesar de, muitas vezes,

enfrentarem dificuldades, lutam para passar da melhor forma

os seus conhecimentos à nós.

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RESUMO

O presente trabalho descreve a importância de se aplicar o sistema de

controle da qualidade no processo de produção. Já algum tempo a idéia da

qualidade dos serviços prestados entrou na pauta de discussões das grandes

empresas. O comércio externo está cada dia ditando regras do mercado e um

diferencial desta regra é o gerenciamento da produção industrial através do

controle da qualidade dos produtos e serviços.

Será demonstrado que aliando método de controle de processo ao controle

da qualidade obtém-se resultados bastantes satisfatórios e que apesar da

implantação do sistema da qualidade ser um processo lento e trabalhoso os frutos

deste trabalho é facilmente percebido ao longo de todo o processo de

implantação. Este trabalho busca dar uma visão panorâmica, percorrendo os

principais aspectos relativos ao processo produtivo, enfocando a necessidade do

sistema da qualidade, passando a ser uma questão de garantia de sobrevivência,

no atual ambiente competitivo.

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METODOLOGIA

Como metodologia para a confecção desta monografia, foram utilizadas

consultas sobre bibliografia existente em livros, artigo e apostilas relacionadas a

controle da qualidade na produção, principalmente nas idéias já conhecidas dos

renomados especialistas em controle da qualidade, que definem as bases dos

atuais sistemas e nas tendências e perspectivas futuras deste controle de

gerenciamento do mundo contemporâneo, assim como na experiência adquirida

com o decorrer do tempo em trabalhos e empresas que utilizam ou pensam

utilizar este método de controle de gerenciamento da produção.

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SUMÁRIO

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INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 1

1. ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO............................................................. 5

1.1 CONTEÚDO BÁSICO DE AVALIAÇÃO DE NOVOS PROJETOS............................................5

2. A IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE NA PRODUÇÃO .............................................................. 11

2.1. ABORDAGEM TRANSCENDENTAL ............................................................................................... 122.2. ABORDAGEM BASEADA EM MANUFATURA................................................................................... 122.3. ABORDAGEM BASEADA NO USUÁRIO.......................................................................................... 122.4. ABORDAGEM BASEADA EM PRODUTO ........................................................................................ 132.5. ABORDAGEM BASEADA EM VALOR ............................................................................................. 132.6. QUALIDADE – A VISÃO DA OPERAÇÃO ........................................................................................ 132.7. QUALIDADE – A VISÃO DO CONSUMIDOR.................................................................................... 19

3. PLANEJAMENTO E CONTROLE DA QUALIDADE .................................................................. 20

3.1. PRIMEIRO PASSO: DEFINIR AS CARACTERÍSTICAS DA QUALIDADE ............................................... 203.2. SEGUNDO PASSO: DECIDIR COMO MEDIR CADA CARACTERÍSTICA ............................................... 223.4. TERCEIRO PASSO: ESTABELECER PADRÕES DE QUALIDADE ....................................................... 223.4. QUARTO PASSO: CONTROLAR A QUALIDADE CONTRA OS PADRÕES ............................................ 23

3.4.1. Checagens..................................................................................................................... 243.4.2. Checar cada produto/serviço ou uma amostra? ........................................................... 253.4.3. Como as chegagens devem ser feitas? ........................................................................ 26

4. CONTROLE ESTATÍSTICO DE PROCESSO............................................................................. 30

4.1. GRÁFICOS DE CONTROLE ......................................................................................................... 31

5. AMOSTRAGEM DE ACEITAÇÃO............................................................................................... 31

6. CONTROLE SOB A ÓTICA DO TQC ......................................................................................... 32

6.1.FUNÇÃO QUALIDADE..........................................................................................................32 6.2. ATUAÇÃO NO PROCESSO ................................................................................................32 6.3. ENTRADA/SAÍDA (FORNECEDOR/CONSUMIDOR) .........................................................32 6.4. MELHORIAS CONTÍNUAS ..................................................................................................336.5. O CICLO PDCA..................................................................................................................... 38

7. O CÍRCULO DE CONTROLE DE QUALIDADE - CCQ .............................................................. 41

8. CONTATO COM O CAMPO PARA MELHORIA DO SQ............................................................ 43

CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................ 45

FOLHA DE AVALIAÇÃO ................................................................................................47

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INTRODUÇÃO

O Cenário despontado na primeira metade dos anos 90 deixou à mostra

resultados pouco promissores para as grandes empresas no Brasil e no mundo.

Ao contrário, as pequenas experimentaram um crescimento em número de

faturamento não visto em períodos anteriores.

A qualidade é muito importante no processo produtivo. Devido a sua

grande relevância, em muitas organizações há uma parte separada e identificável

da função de produção, que é dedicada exclusivamente ao gerenciamento da

qualidade.

Devido ao ambiente turbulento e instável, caracterizado pela alta

competitividade, a qualidade tem ganhado muita importância, sendo temas de

muitos artigos de jornais e revistas. Devido a competitividade acirrada, as

organizações estão tomando consciência de que bens e serviços de alta

qualidade podem dar à organização uma considerável vantagens competitiva.

Boa qualidade diminui os custos de trabalho, refugo e devoluções e, mais

importante, boa qualidade gera consumidores satisfeitos, satisfação essa que

deve ser visada por todas as empresas que desejarem sobreviver na Era da

Informação.

Há muitos fatores motivadores para a prática da Qualidade. Entre eles

podem ser destacados:

Redução de custos por meio da racionalização dos processos,

diminuição do desperdício, eliminação do retrabalho e término da burocracia e

dos controles desnecessários.

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Estreitamento dos laços da empresa com sua clientela, em

permanente e sistemática troca de informações, conduzindo a

aperfeiçoamentos e inovações de sucesso garantido.

Ênfase nas necessidades e aspirações do cliente, ampliando a

percepção do empresário para novos negócios e novas oportunidades.

Delegação de competências, prática da gerência participativa,

treinamento, incentivo e valorização do empregado, criando um clima positivo

e produtivo que acaba por comprometer o empregado com o futuro da

empresa.

Aumento da lucratividade da empresa, sem que isso signifique

necessariamente preços mais elevados e maiores encargos para a sociedade.

Esses fatores, entretanto, ainda não foram suficientes para modificar,

significativamente, o cenário da qualidade no Brasil. O jornal Folha de SP

divulgou, em 13/03/94 as seguintes estatísticas sobre qualidade no Brasil:

Média mundial Média japonesa BrasilPeças rejeitadas 200/milhão 10/milhão 23000 a 28000/milhão

Retrabalho 2% 0,001% 30%Prazo de entrega 3 dias 2 dias 35 dias

Treinamento xx 10% das horas de trabalho

1% das horas de trabalho

Fonte : Jornal Folha de São Paulo, série sobre qualidade publicada com a

colaboração do SEBRAE, 1994.

Esses dados são confirmados pela pesquisa de Brunstein e Buzzino 2

durante a qual foram ouvidas (questionários e entrevistas) 80 médias empresas

brasileiras, de dez setores diferenciados, oito de cada setor, sobre as métodolo-

gias utilizadas para o gerenciamento da qualidade total, em termos de:

conscientização, envolvimento, comprometimento, recursos infra-estrutura,

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trabalho em equipe, treinamento, compreensão, crenças, processos, desdobra-

mento de políticas nestes setores pesquisados. Os dados cobriram o período de

1987 a 1995.

Os pesquisadores concluíram que:

Poucas atividades de qualidade têm sido implantadas em busca de

uma cultura de prevenção/melhoria contínua/TQM;

Aparentemente, a cultura de melhoria contínua ainda é um conceito

abstrato. O problema não é só onde, como, quanto recursos e quando

começar a implantar a qualidade sistêmica. Embora algumas empresas destes

setores pesquisados tenham avanços incipientes em algumas atividades de

qualidade, fundamentalmente, em síntese, todas as empresas dos setores

pesquisados encontram-se confusas sobre uma definição da sua própria

cultura de TQM, faltando a todas elas:

A compreensão da qualidade (em termos de políticas, planos e

ações);

Comprometimento e liderança para a qualidade e

Estratégias para a qualidade, em termos de sistemas, capacidade e

controle.

Alguns gerentes de produção acreditam que, a longo prazo, a qualidade é

o mais importante fator singular que afeta o desempenho de uma organização em

relação aos seus concorrentes.

O capítulo inicial tem a intenção de mostrar as diversas etapas do

desenvolvimento de um produto. Passo importante no processo inicial de uma

linha de produção.

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O capítulo seguinte descreve a importância da qualidade na linha de

produção com as suas diversas abordagens, custos operacionais e sua

implementação.

O terceiro capítulo é o momento do planejamento e controle da qualidade.

Nesse capítulo comenta-se os passos que uma empresa deve seguir para

qualificar o seu produto. Informa a importância das checagens e do papel da

auditoria da qualidade.

A intenção do quarto e quinto capítulo é comentar a importância do controle

estatístico do processo produtivo através da amostragem de aceitação.

O sexto capítulo tem como principal objetivo mostrar as técnicas do

controle da qualidade do processo produtivo e as formas de medir e melhorar o

sistema da qualidade.

O penúltimo capítulo tem a finalidade de mostrar a importância do

comprometimento dos funcionários de uma empresa no sistema da qualidade.

O último capítulo é a avaliação do produto no campo e no cliente. Com

esse retorno da informação é que a fábrica/produção se orienta para a melhoria

do produto.

Este trabalho abordará o controle de qualidade na produção, um tema atual

e relevante dentro do processo produtivo. Acredita-se que com esses

procedimentos, uma empresa terá ferramenta suficiente para garantir a boa

funcionalidade do seu produto.

Brunstein, I. Buzzini, R. R., TQM: Um Paradigma Visionário para asMédias Empresas Brasileiras: Estudo de Casos, Anais do XVI ENEGEP, outubro 96,Piracicaba, SP.

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1. ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO

A avaliação de novos projetos deve acompanhar cada etapa do desenvolvimento

do produto, onde cada organização da empresa deve executar tarefas em per-

feita sintonia com as outras organizações.

Devem colocar de uma maneira resumida as seguintes etapas:

1ª Etapa :Estudo

É um estudo de viabilidade. O objetivo é se chegar a uma decisão para a

alocação ou não de recursos para o desenvolvimento de um produto.

2ª Etapa: Projeto/Protótipos

Nesta etapa o projeto é executado e protótipos são construídos.

3ª Etapa: Linha Piloto/ Produção Normal

O projeto está praticamente aprovado; a linha piloto serve para verificar

a "manufaturabilidade" do produto e um refinamento da verificação do projeto.

Lançamento do Produto. Feedback de campo

A comercialização do produto é iniciada e os resultados de campo são

comparados com aqueles obtidos nos testes de qualificação.

1.1 Conteúdo básico de avaliação de novos projetos

Esta avaliação documentada deverá conter a descrição da participação de cada

organização da empresa.

1. Resumo do projeto/programa

2. Desenvolvimento

3. Manufatura

4. Qualidade

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5. Materiais

6. Suporte ao campo

7. Marketing

8. Finanças

Identifica-se em cada um desses itens somente aqueles relacionados com a

função qualidade.

1. Resumo do projeto/programa

Irá conter:

- Uma breve descrição do produto.

- Objetivos do produto (o que é necessário para atender às expectativas do

cliente; o que é necessário para atender às necessidades do mercado).

- Dados sobre confiabilidade, disponibilidade e mantenabilidade.

- Cronograma de introdução.

2. Desenvolvimento

Envolve as tarefas da engenharia de projetos:

- Plano de desenvolvimento

Descrição das tarefas, cronogramas, recursos necessários para que a engenharia

de desenvolvimento cumpra a sua parte no programa.

a) Tarefas

Exemplos:

. Especificar R/AIM (confiabilidade, disponibilidade e mantenabilidade).

. Participar na qualificação do produto.

. Emitir a especificação do produto.

b) Cronogramas

Exemplos:

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. Datas de início e término das tarefas acima mencionadas.

. Data de liberação do protótipo.

. Data de embarque da primeira unidade.

c) Recursos

. Pessoal.

. Equipamento.

- Plano de documentação

Descrição e programa de emissão de todos os documentos necessários ao

projeto, compra, fabricação, qualificação, instalação, operação e suporte do

produto durante a sua vida.

- Atualização

Descrição do estado atual: real x plano, principalmente dos itens tidos como

críticos.

3. Manufatura

- Plano de manufatura

Descrição das tarefas, cronogramas e recursos necessários para que a atividade

de manufatura cumpra sua parte no programa.

a) Tarefas

Exemplos:

. Definição dos processos de manufatura.

. Compra e instalação de equipamentos.

. Construção de unidades piloto.

. Emissão das instruções de montagem.

b) Cronogramas

Exemplos:

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. Datas de início e término das tarefas mencionadas.

. Data de embarque da primeira unidade.

c) Recursos

. Pessoal.

. Equipamento.

4. Qualidade

- Plano da qualidade:

Descrição das tarefas, cronogramas e recursos necessários para que a atividade

da qualidade cumpra sua parte no programa.

a) Tarefas

. Plano de qualificação:

Componentes

Subconjuntos

Produto acabado

Em campo

. Plano de certificação dos principais fornecedores.

. Plano da qualidade de manufatura:

Controle do material comprado

Controle de processo

Auditorias de processo e do produto acabado

Inspeções pela manufatura

Inspeções pelo departamento da qualidade

Definição das operações críticas à qualidade

Treinamento da mão-de-obra direta

Certificação

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Controle de documentação

Pontos de coleta de dados

Testes em subconjuntos

Testes no produto acabado

Determinação da necessidade de burn-in.

b) Cronogramas

Datas de início e término das tarefas mencionadas.

c) Recursos

. Pessoal.

. Equipamento.

- Atualização

Comparação do realizado x planejado.

5. Materiais

- Plano de materiais

Descrição das tarefas, cronogramas e recursos necessários para que a atividade

de materiais cumpra sua parte no programa.

a) Tarefas

Exemplos:

. Identificação de fornecedores.

. Compra de peças para as unidades de linha-piloto.

. Compra de ferramentas.

b) Cronogramas

. Datas de início e término das tarefas mencionadas acima.

c) Recursos

. Pessoal.

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. Equipamento.

6. Suporte ao campo

Esta seção deve ser preparada pela assistência técnica e outros departamentos

da fábrica envolvidos com o suporte ao campo.

- Plano de suporte ao campo

Descrição das tarefas, cronogramas e recursos necessários para que o suporte

ao campo possa ser realizado de modo eficaz.

a) Tarefas

Exemplos:

. Elaborar plano de peças de reposição

. Estabelecer programa para treinamento de técnicos de campo em fábrica.

. Elaboração do plano de testes de campo.

. Preparação do manual de funcionamento e operação.

.Elaboração de estratégia de manutenção.

b) Cronogramas

. Datas de início e término das tarefas acima mencionadas.

c) Recursos

. Pessoal.

. Equipamento/ferramentas/dispositivos.

- Atualização

Comparação do realizado x planejado.

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2. A IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE NA PRODUÇÃO

Qualidade significa “fazer certo as coisas”, mas as coisas que a produção

precisa fazer certo variarão de acordo com o tipo de operação. Por exemplo, na

fábrica de automóveis, qualidade significa carros fabricados conforme as

especificações e que sejam confiáveis. Todos os componentes são corretamente

montados e todos os extras e documentos são apresentados no local correto.

Visualmente, o carro deve ser atraente e sem manchas e riscos.

Assim, pode-se verificar que a qualidade é importante. Bom desempenho

de qualidade em uma operação não apenas leva à satisfação de consumidores

externos. Também torna mais fácil a vida das pessoas envolvidas na operação.

Quanto menos erros em cada microperação ou unidade de produção,

menos tempo será necessário para a correção e, conseqüentemente, menos

confusão e irritação.

Assim, constata-se que a qualidade é tão importante para o desempenho

de qualquer organização, uma tarefa chave da função de operações deve ser

garantir que ela proporcione bens e serviços de qualidade para seus

consumidores internos e externos.

GARVIN1 caracterizou muitas das várias definições em “cinco abordagens”

de qualidade, as quais apresenta-se a seguir.

1 GARVIN, David. What does “Product Quality” really mean? Sloan Management Review, Fall 1984.

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2.1. Abordagem transcendental

A abordagem transcendental vê a qualidade como um sinônimo de

excelência inata. Um carro de “qualidade” é um Bora. Um vôo de “qualidade” é o

proporcionado pela Varig. Um relógio de “qualidade” é um Rolex. Usando essa

abordagem, a qualidade é definida como absoluta – o melhor possível, em termos

da especificação do produto ou serviço.

2.2. Abordagem baseada em manufatura

A abordagem baseada em manufatura preocupa-se em fazer produtos ou

proporcionar serviços que estão livres de erros que correspondem precisamente a

suas especificações de projeto.

Um carro mais barato do que um Bora, ou um relógio Swatch, ou um vôo

econômico, embora não necessariamente o “melhor” disponível, são definidos

como produtos de qualidade desde que tenham sido feitos ou entregues

precisamente conforme suas especificações de projeto.

2.3. Abordagem baseada no usuário

A abordagem baseada no usuário assegura que o produto ou o serviço

está adequado a seu propósito. Essa definição demonstra preocupação não só

com a conformidade a suas especificações, mas também com a adequação das

especificações ao consumidor. Um relógio que é feito precisamente de acordo

com suas especificações de projeto e quebra depois de dois dias é claramente

“não adequado a seu propósito”.

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O serviço de bordo em um vôo noturno de Sidney a Estocolmo pode ter

sido projetado para servir drinques aos passageiros a cada 15 minutos, refeições

a cada quatro horas e avisos freqüentes sobre a posição do avião. Essas

especificações de qualidade podem não ser adequadas, todavia, para o

consumidor cuja principal necessidade é ter um bom sono.

2.4. Abordagem baseada em produto

A abordagem baseada em produto vê a qualidade como um conjunto

mensurável e preciso de características, que são requeridas para satisfazer ao

consumidor. Um relógio, por exemplo, pode ser projetado para funcionar sem

precisar de assistência técnica por pelo menos cinco anos, mantendo o tempo

preciso mais ou menos cinco segundos.

2.5. Abordagem baseada em valor

A abordagem baseada em valor leva a definição de manufatura a um

estágio além e define qualidade em termos de custo e preço. Essa abordagem

defende que qualidade seja percebida em relação a preço. Um consumidor pode

muito bem estar querendo aceitar algo de menor especificação de qualidade, se o

preço for menor. Um relógio simples e inexpressivo pode ter bom valor, se

funciona satisfatoriamente por um período de tempo razoável.

2.6. Qualidade – a visão da operação

Qualidade é a consistente conformidade com as expectativas dos

consumidores.

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O uso da palavra conformidade indica que há necessidade de atender a

uma especificação clara (a abordagem da manufatura); garantir que um produto

ou serviço esta conforme às especificações é uma tarefa chave de produção.

Consistente implica que a conformidade às especificações não seja um

evento ad hoc, mas que materiais, instalações e processos tenham sido

projetados e então controlados para garantir que o produto ou serviço atenda às

especificações, usando um conjunto de características de produto ou serviço

mensuráveis (a abordagem baseada em produto).

O uso da expressão expectativas dos consumidores tenta combinar as

abordagens baseadas no usuário e no valor. Reconhece que um produto ou

serviço precisa atingir as expectativas dos consumidores, que podem, de fato, ser

influenciadas por preço.

O uso da palavra expectativa nessa definição, em vez de necessidades ou

exigências, é importante. Exigência implicaria que qualquer coisa que o

consumidor queira deveria ser proporcionada pela organização. Necessidades

implica somente atingir os requisitos básicos.

Função qualidade é o conjunto de todas as atividades através das quais

obtem-se produtos adequados ao uso ou em conformidade com as

especificações,

não importando quais os departamentos que realizam essas atividades

(engenharia industrial, engenharia de produtos, controle da qualidade etc.).

Custos da qualidade representam a quantia de dinheiro gasta na

companhia pela função qualidade.

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2.6.1 Custo da operação

O objetivo do sistema de custos da qualidade é fornecer informações a

respeito dos custos da qualidade. Obviamente, o sistema estabelece

procedimentos para determinação dos Custo da Qualidade e a administração da

qualidade age identificando áreas oportunidade para a diminuição dos custos e

melhoria da qualidade.

Essa atuação da administração da qualidade se faz desde o nascimento do

produto até a sua entrega ao cliente, envolvendo, dependendo do caso,

assistência técnica.

O sistema de custos da qualidade identifica os custos "não controle da

qualidade", isto é, aquelas despesas incorridas em departamentos outros que não

o controle da qualidade e que contribuem para a qualidade, conforme a definição

da função qualidade.

O sistema de custos da qualidade é um sistema de controle de custo

separado, orientado para o produto, que cruza as linhas de organização

departamentais, resumindo, em um único relatório, informações não disponíveis

ou que podem estar dispersas em outros documentos e sob unidades diferentes

(horas, quantidade de peças sucateadas etc.).

2.6.1.1 Categorias

Os custos da qualidade se dividem nas seguintes categorias:

prevenção

avaliação

falhas internas

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falhas externas

2.6.1.1.1 Custos de prevenção

São os custos de todas as atividades exercidas com a finalidade de

prevenir defeitos no projeto, desenvolvimento, mão-de-obra e outros aspectos do

começo e criação de um produto. Estão incluídos os custos das ações

preventivas efetuadas durante o processo produtivo.

2.6.1.1.2 Custos de avaliação

São os custos associados com a medida ou avaliação dos produtos,

componentes internos e materiais adquiridos externamente, a fim de determinar

se eles estão em conformidade com as especificações ou são adequados ao uso.

2.6.1.1.3 Custos das falhas internas;

São os custos associados aos itens que não estão em conformidade com

as especificações, ou não são adequadas ao uso, assim como os custos de

análise das falhas. São os custos que desapareceriam se não existissem defeitos

nos produtos, antes de serem embarcados.

2.6.1.1.4 Custos das falha externas

São os custos que desapareceriam se não houvesse defeitos nos produtos,

após serem embarcados.

2.6.1.2 Elementos do custo da operação

A lista apresentada a seguir foi estabelecida quando o Sistema Custo Da

Qualidade foi implantado em uma fábrica de componentes.

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2.6.1.2.1 Custo de prevenção

- Planejamento e administração da qualidade

Custos de executar: planejamento da qualidade, manual de controle da

qualidade, programas de melhoria da qualidade etc.

Treinamento de pessoal

São os custos de preparar e conduzir treinamento para a melhoria da

qualidade, assim como conduzir a certificação dos operadores.

- Relatórios sobre a qualidade

São os custos de resumir e publicar informações sobre a qualidade.

- Engenharia de controle da qualidade

Inclui as seguintes atividades :

. Emissão de procedimentos de auditoria e inspeção.

. Controle de documentos (desenhos, modificações de engenharia etc.).

. Avaliação de fornecedores.

. Visita técnica a clientes.

. Estudos sobre capacidade de processos.

. Avaliação de mudanças no processo.

. Qualificação de componentes.

- Aquisição de dados sobre a qualidade

São os custos relacionados com a obtenção de dados sobre a qualidade.

- Controle de processo

São os custos decorrentes da análise e atuação preventiva nos processos

de manufatura.

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2.6.1.2.2 Custos de avaliação

Inspeção de entrada

São os custos da avaliação da qualidade dos produtos adquiridos

externamente, na recepção, incluindo-se análises de laboratório.

Inspeção no processo

São os custos de avaliação de subconjuntos e produtos acabados.

Testes

São os custos decorrentes da realização de testes elétricos, incluindo-se

bake, burn-in e preparação/correção de programas de teste.

Materiais e serviços consumidos

São os custos de subconjuntos e produtos acabados consumidos através

de testes destrutivos (teste de tração de fios, tração da matriz etc.), materiais

consumidos através de análises (ácidos, solventes etc.) e serviços comprados

externamente.

2.6.1.2.3 - Custos de falhas internas

Perda de rendimento

São os custos provenientes do processamento de produtos abaixo do

rendimento padrão estabelecido.

Retrabalho

São os custos de correção de peças, subconjuntos e produtos acabados

defeituosos, com a finalidade de torná-los adequados ao uso ou em conformidade

com as especificações.

Reteste

São os custos de reinspeção e repetição do teste dos subconjuntos e

produtos acabados.

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19

Análise das falhas

São os custos decorrentes da identificação da(s) causa(s) do(s)

problema(s) e sua(s) solução(ões).

Disposição de produtos

São os custos para decidir se os produtos que estão em desacordo com as

especificações podem ser usados.

2.6.1.2.4 - Custos de falhas externas

Produtos devolvidos

São todos os custos associados à recepção,avaliação,retrabalho,reteste e

substituição dos produtos defeituosos.

2.7. Qualidade – a visão do consumidor

Um problema de basear a definição de qualidade nas expectativas do

consumidor é que as expectativas dos consumidores individuais podem ser

diferentes. Experiências passadas, conhecimento individual e seu histórico vão

dar forma a suas expectativas.

Além disso, os consumidores, ao receberem o produto ou serviço, podem

percebê-lo, cada um de maneira diferente.

A qualidade precisa ser entendida do ponto de vista do consumidor porque,

para o consumidor, a qualidade de um produto ou serviço em particular é aquilo

que ele percebe como sendo qualidade.

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20

3. PLANEJAMENTO E CONTROLE DA QUALIDADE

A atividade do planejamento e controle da qualidade é garantir que os

produtos e serviços são de fato produzidos conforme suas especificações.

O planejamento e o controle de qualidade podem ser divididos passos

seqüenciais, que serão apresentados a seguir.

3.1. Primeiro Passo: Definir as características da qualidade

Muito do que define a “qualidade” de um produto ou serviço terá sido

especificado, pelo menos implicitamente, no projeto. Mas nem todos os detalhes

de projeto de um produto ou serviço são úteis, contudo, no controle da qualidade

de sua produção.

Por exemplo, o projeto de um televisor pode especificar que seu gabinete

externo seja feito de um material em particular e que cada componente eletrônico

deve ter características particulares. Cada televisor não é, todavia, checado para

se ter certeza que o gabinete é de fato feito daquele material o que cada

componente tem suas características especificas. Antes, são as conseqüências

das especificações do projeto que são examinadas – a aparência do gabinete e a

nitidez de imagem, por exemplo.

Estas conseqüências para o planejamento e controle de qualidade do

projeto são chamadas características de qualidade do produto ou serviço.

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21

A Tabela 1 mostra uma lista de características de qualidade que são

geralmente úteis para planejar e controlar a qualidade tanto de produtos como de

serviços.

Tabela 1. Características de qualidade

Característica de qualidade Descrição

Funcionalidade

Significa quão bem o produto ou serviço faz o

trabalho para o qual foi destinado. Isso inclui o

desempenho e as características ou recursos

inerentes ao produto ou serviço.

Aparência

Refere-se às características sensoriais do produto

ou serviço: seu apelo estético, visual, sensorial,

sonoro e olfativo.

Confiabilidade

É a consistência do desempenho do produto ou

serviço ao longo do tempo, ou o tempo médio

dentro do qual ele se desempenha dentro da faixa

tolerada de desempenho.

DurabilidadeSignifica a vida útil total do produto ou serviço,

supondo ocasionais reparos e modificações.

Recuperação

Significa a facilidade com que os problemas com

o produto ou serviço podem ser retificados ou

resolvidos.

ContatoRefere-se à natureza do contato pessoa a pessoa

que pode acontecer.

Fonte: Garvin, David A.,Managing Quality: the Strategic and Competitive Edge,

The free Press, New York, 1988

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22

3.2. Segundo Passo: Decidir como medir cada característica

Para qualquer produto ou serviço em particular essas características

devem ser definidas de tal forma que possam ser medidas e então controladas.

Isso envolve tomar uma característica de qualidade geral como “aparência” de um

carro e desdobrá-la o máximo possível em seus elementos constituintes.

Por exemplo, “aparência”, como tal é difícil de medir, mas “casamento de

arranhões visíveis” são todos capazes de ser descritos de maneira objetiva. Eles

podem mesmo ser quantificados. Se isso acontece, a organização pode medir

mudanças em níveis de qualidade ao longo do tempo.

Algumas das características de qualidade de um produto ou serviço não

podem ser medidas. A “cortesia” do pessoal de uma companhia de aviação, por

exemplo, não tem nenhuma medida quantificada objetiva, nem mesmo

aproximada. Em casos como esse, a operação terá que tentar medir as

percepções de cortesia dos consumidores.

3.4. Terceiro Passo: Estabelecer padrões de qualidade

Quando os gerentes de produção já identificaram como as características

de qualidade podem ser medidas, precisam de um padrão de qualidade com o

qual elas possam ser checadas; de outro modo não saberiam se elas indicam

bom ou mau desempenho.

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A maioria dos produtos manufaturados e serviços entregues não é

“perfeita”. Nenhum carro vai durar para sempre. Se um carro é feito para

“sobreviver” por um tempo razoável, a questão crítica para operações é quanto é

razoável? Com que rapidez um carro deve acelerar de 0 a 100 km/h? Qual deve

ser o tempo médio entre falhas de um produto?

O padrão de qualidade é o nível de qualidade que define a fronteira entre o

aceitável e o inaceitável. Tais padrões podem ser limitados por fatores

operacionais, como o estado da tecnologia na fábrica, o número de pessoas na

folha de pagamento e os limites de custos de fazer o produto. Ao mesmo tempo,

entretanto, eles precisam estar de acordo com as expectativas dos consumidores.

3.4. Quarto Passo: Controlar a qualidade contra os padrões

Depois de estabelecer os padrões adequados que são capazes de ser

atingidos pela operação, e que vão atingir as expectativas dos consumidores, a

operação vai então checar se os produtos ou serviços estão conforme aos

padrões. Em todas as operações, haverá momentos nos quais os produtos ou

serviços são produzidos e não estão conformes aos padrões.

Ao fazer bens manufaturados, as ferramentas podem estragar, ou pode

haver variação nos materiais usados, ou pode haver variabilidade no

comportamento do pessoal. De maneira similar, em operações de serviços pode

haver quebras técnicas e variabilidade no comportamento do pessoal. Mudanças

de humor e de comportamento de consumidores que contatam com o pessoal

poderia, cevar a diferentes consumidores tratados de formas diferentes.

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3.4.1. Checagens

A tarefa-chave para gerentes de produção é identificar os pontos de

controle críticos nos quais serviço, produtos ou processos precisam ser checados

para garantir que os produtos ou serviços estarão conformes às especificações.

Há três lugares principais onde as checagens podem ser feitas: no início do

processo, durante o processo e depois do processo.

No início do processo, os recursos de entrada a serem conformados

poderiam ser inspecionados para garantir que estão conformes às especificações.

Por exemplo, uma manufatura de carro pode desejar checar que os faróis que são

fornecidos para sua produção estão dentro da especificação correta.

Durante o processo, as checagens podem acontecer em qualquer estágio,

ou de fato em todos os estágios, mas existem alguns pontos particularmente

críticos no processo em que as inspeções podem ser importantes.

Antes de uma parte do processo particularmente custosa;

Antes de uma série de processos durante os quais a checagem pode

ser difícil;

Imediatamente depois de parte do processo com uma alta taxa de

defeitos ou pontos de falha;

Antes de uma parte do processo que pode esconder problemas ou

defeitos prévios;

Antes de um “ponto sem volta”, depois do qual retificação e

recuperação podem ser impossíveis;

Antes que dano em potencial ou perturbações possam ser causados;

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Antes de uma mudança de responsabilidade funcional.

As checagens, como afirma anteriormente, também podem ocorrer depois

do processo em si, para garantir que o produto ou serviço está conforme a suas

especificações ou que os consumidores estão satisfeitos com o serviço que

receberam.

3.4.2. Checar cada produto/serviço ou uma amostra?

Neste ponto se faz importante abordar a questão de checar cada produto e

serviço ou uma amostra.

Tendo decidido os pontos nos quais os bens ou serviços serão checados, a

próxima decisão é quantos dos produtos ou serviços checar. Apesar de parecer

ideal checar cada produto produzido, ou cada serviço prestado, há muitas razoes

pelas quais isso pode não ser sensato.

Esta é uma questão que deve ser analisada conforme o produto ou serviço

produzido.

Contudo, o uso de checagens de 100%, mais que tudo, não garante que

todos os defeitos ou problemas serão identificados por algumas razões.

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3.4.3. Como as chegagens devem ser feitas?

Na prática, a maioria das operações vai usar a forma de amostragem para

chegar a qualidade de seus produtos ou serviços. A decisão então é que tipo de

procedimento de amostragem adotar. Há dois métodos diferentes de uso comum,

para checar a qualidade de uma amostra de produto ou serviço de modo a fazer

interferências sobre toda a saída da operação. Ambos os métodos levam em

conta os riscos estatísticos envolvidos em amostragem.

O primeiro, e de longe o mais conhecido, é o procedimento chamado

controle estatístico de processo (SPC – statical process control). O SPC

preocupa-se com a amostragem do processo durante a produção dos bens ou a

entrega dos serviços. Com base nessa amostragem, as decisões são tomadas

quanto ao processo estar ou não “sob controle”, isto é, se está operando como

devia.

O segundo método é chamado amostragem de aceitação e preocupa-se

mais com olhar se um lote de materiais de entrada ou saída ou se os

consumidores são aceitáveis ou não.

3.4.3.1 – Auditoria

Auditoria é uma verificação independente, com a intenção de verificar

conformidade com um padrão, relatar as observações e assegurar ação corretiva.

O termo independente significa que o auditor não deve estar envolvido,

nem ser responsável pelas operações verificadas.

Auditoria não é sinônimo de inspeção por amostragem com o propósito

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de aceitar ou rejeitar produtos.

O gerenciamento moderno não deseja simplesmente ouvir que tudo

está sob controle e ser pego de surpresa com problemas quando o produto é

vendido, mas, sim, ter certeza de que o produto ou serviço irá satisfazer os

clientes antes do embarque. Isto significa que deve haver uma avaliação inde-

pendente das operações (sistema da qualidade, produto etc.).

Tipos mais comuns de auditoria:

- Auditoria do produto em processo.

- Auditoria do produto acabado.

- Auditoria de processo.

- Auditoria de procedimentos.

- Auditoria do sistema da qualidade

Implantar auditoria não significa resolver magicamente todos os problemas da

empresa.

O sistema da qualidade deverá levar em consideração algumas

técnIcas/filosofias relacionadas com a movimentação e o controle de materiais,

tais como:

a) Jit - Just-In-time

Produzir somente as unidades necessárias na época e quantidades

necessárias, eliminando assim inventário desnecessário.

O objetivo é eliminar desperdício - tudo aquilo que não adiciona nenhum

valor ao produto.

Assim:

- Estoque é desperdício, pois necessita espaço, necessita registro de movimento

de material, é dinheiro "parado", pode se tornar obsoleto.

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- Peça defeituosa é desperdício.

b) Kanban

É um método de produçãojust-in-time (no momento exato) que usa

containers padronizados com um cartão anexado. É um sistema de "puxar" as

necessidades de produtos acabados - as estações de trabalho, que usam peças,

sinalizam, com um cartão, que necessitam retirar peças das operações anteriores.

Kanban, em japonês, significa anotação visível, placa visível ou cartão.

c) Planejamento das Necessidades de Material (Material Requirements

Planning - MRP)

Planejamento de necessidades de material é um sistema que usa as

informações das listas de materiais, dados de inventário, ordens em aberto e o

programa-mestre de produção (master production schedule) para calcular as

necessidades de materiais. É um sistema de "empurrar".

d) Planejamento de Recursos da Manufatura (Manufacturing Resource

Planning - MRP 11)

É um conjunto de funções para completar o ciclo do fluxo de materiais,

desde a compra e controle de fabricação interna até o planejamento e controle do

estoque de linha, estoque, embarque e distribuição do produto acabado.

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3.4.3.2. Avaliação de produtos acabados

Para essa avaliação, dentro desta área-chave, considera-se os seguintes

tipos de auditoria: auditoria de pré-embalagem, auditoria de pós-embalagem,

auditoria de pós-embarque e auditoria de instalações.

Dependendo do tipo de produto, as auditorias de pré e pós-embalagem

podem se confundir, quando a embalagem quase nada acrescenta ou interfere

na qualidade do produto acabado. Por outro lado, para produtos complexos, a

embalagem e a documentação que acompanham a unidade são tais que

influenciam na sua qualidade.

O mesmo tipo de raciocínio se aplica às auditorias de pós-embarque e de

instalações.

a) Auditoria de pré-embalagem:

É a avaliação executada no produto final, de acordo com um procedimento

escrito, antes de ser embarcado e geralmente expressa em deméritos.

b) Auditoria de pós-embalagem:

É a avaliação executada no produto final, de acordo com um procedimento

escrito, após ter sido embalado e geralmente expressa em deméritos.

c) Auditoria pós-embarque:

É a avaliação do produto, de acordo com um procedimento escrito, desde a sua

chegada às instalações do cliente até a sua colocação em funcionamento. Visa

fornecer feedback principalmente quanto a detalhes de embalagem/transporte e

dificuldades/problemas durante a instalação.

Essa avaliação deve fornecer também um nível da qualidade, geralmente em

deméritos.

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d) Auditoria de instalações

É uma avaliação periódica executada na "casa do cliente", com o objetivo

principal de recolher dados a respeito da performance do produto e dificuldades

de operação.

4. CONTROLE ESTATÍSTICO DE PROCESSO

O controle estatístico de processo preocupa-se com checar um produto ou

serviço durante sua criação. Se há razoes para acreditar que há um problema

com o processo, ele pode ser parado (onde é possível e adequado) e os

problemas podem ser identificados e retificados.

Por exemplo, uma rede de restaurantes, como o Mc Donald’s,

regularmente pode perguntar a uma amostra de consumidores se a limpeza de

seu restaurante é satisfatória.

Se um número inaceitável de consumidores em uma amostra é encontrado

infeliz, a gerência do restaurante pode ter que considerar melhorar os

procedimentos locais para limpeza das mesas.

De maneira similar, uma manufatura de carros periodicamente vai checar

se uma amostra dos painéis das portas está conforme aos padrões de modo a

saber se o equipamento que os produz está apresentando desempenho correto.

Novamente, se uma amostra sugere que pode haver problemas, então as

máquinas terão que ser paradas e o processo checado.

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4.1. Gráficos de controle

O valor do SPC, todavia, não é só fazer checagens de uma simples

amostra, mas monitorar os resultados de muitas amostras ao longo de um

período de tempo. Ele faz isso usando gráficos de controle para ver se o processo

está com desempenho esperado, ou alternativamente, se está saindo de controle.

Se o processo de fato parece estar saindo de controle, então passos podem ser

dados antes que haja um problema ou, um problema maior.

5. AMOSTRAGEM DE ACEITAÇÃO

O controle de processo é usualmente o método preferido para controlar

qualidade, porque a qualidade está sendo “construída” no processo em vez de ser

inspecionada ao final. Nem sempre isso é possível ou prático, todavia. Pode ser

necessário inspecionar lotes inteiros de produtos ou serviços, seja antes ou

depois de um processo. O propósito de amostragem de aceitação é decidir, com

base em uma amostra, se aceita ou rejeita todo um lote. Os exemplos sobre

quando lotes são julgados com base em uma amostra incluem partes de

componentes eletrônicos de um fornecedor, ou um lote de produtos acabados, um

grande número de questões de exame de um examinador interno, ou um lote de

questionários respondidos de uma empresa de pesquisa de mercado.

A amostragem de aceitação é usualmente executada com base em

atributos em vez de sê-lo com base em variáveis. Usa a proporção de certos e

errados, ou defeituosos e aceitáveis. Por exemplo, um defeituoso por mil pode ser

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aceitável para componentes de entrada ou produtos acabados; uma taxa de 10%

de falha pode ser normal para um exame particular.

6. CONTROLE SOB A ÓTICA DO TQC

O TQC está assentado em cinco pontos:

- Função qualidade.

- Atuação no processo.

- Entrada/saída (fornecedor/consumidor).

- Melhorias contínuas.

- Envolvimento dos empregados.

6.1 Função qualidade

É a coleção de atividades executada pelas diversas organizações da empresa

(Engenharia Industrial, Engenharia de Produto, Controle da Qualidade etc.) com a

finalidade de se obter produtos de qualidade.

6.2 Atuação no processo

O TQC exige que enxergue todas as situações sempre a nível de material,

método, mão-de-obra e máquina, ou seja, processo.

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6.3 Entrada/saída (fornecedor/consumidor)

Em uma empresa, unidades como pessoas, setores, departamentos recebem

entradas e geram saídas, que podem ser serviços ou produtos.

ENTRADA SAÍDA

Figura 6.1 E/S - fornecedor/consumidor.

Compreendido entre os limites da entrada e saída, há um ou mais processos.

ENTRADA SAÍDA

Figura 6.2 Processo dentro de EIS.

Para uma secretária, a entrada pode ser um rascunho. A saída, nesse

caso, será uma carta datilografada. Para que haja grandes chances da saída ser

boa, a entrada também deverá ser adequada. Se a entrada tiver problemas, a

única chance da saída ser boa é através da modificação do processo, com

inclusão de retrabalho e reinspeção que com certeza causarão refugo. Na

realidade, existirão cadeias de unidades de entrada/saída.

E S E S E

Figura 6.3 Cadeias EIS..

PROCESSO

A B C

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Essas cadeias irão salientar o fato de que a saída da unidade A é a entrada

de B, e assim por diante. Em outras palavras, A é fornecedor de B ou B é

consumidor de A. Conclui-se daí que, dentro das empresas, existem dezenas,

centenas e até milhares de fornecedores e consumidores internos. Os

fornecedores devem identificar e satisfazer as necessidades dos seus

consumidores. Com isso, o TQC abrange a empresa como um todo, não ficando

restrito às atividades do chão de fábrica:

6.4 MELHORIAS CONTINUAS

O TQC é caracterizado por melhorias contínuas, ou seja, é um processo

através do qual melhorias são perseguidas e alcançadas.

Em outras palavras, não é uma mágica que propicia melhorias de uma só

vez.

Melhoria

Tempo

Figura 6.4 Melhorias contínuas.

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A palavra "defeito" engloba erros, retrabalhos, tempo de processo,

inventário, absenteísmo, atraso nas entregas etc.

A globalização da economia e a crescente concorrência pelos mercados

consumidores têm levado as empresas a repensarem seus processos produtivos

e a forma como os mesmos são administrados.

Neste aspecto, o Just-in-time (JIT) para as questões estruturais da

produção e o Controle da Qualidade Total (TQC) para a identificação, análise e

solução de problemas têm se mostrado como o melhor caminho para o

melhoramento contínuo das empresas.

As ferramentas empregadas pelo TQC podem e devem ser entendidas e

empregadas pelo pessoal do Planejamento e Controle da Produção (PCP) nas

suas atividades, principalmente na função de controle do programa de produção.

O posicionamento do PCP perante esta nova visão de sistema produtivo.

Neste sentido, inicialmente, defini-se o que é processo e o que é controle

para chegar à definição de controle do processo produtivo dentro da ótica do

TQC.

O TQC define um processo como a reunião organizada de seis fatores, ou

causas, conhecidos como os “6M” (matérias-primas, máquinas, mão-de-obra,

métodos, medidas e meio ambiente), no sentido de gerar uma saída ou um efeito

(em nosso caso, um produto).

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A representação deste processo é feita através do diagrama de causa-

efeito de Ishikawa, também conhecido como “espinha de peixe”, devido a seu

formato:

CUSTOQUALIDADEENTREGASERVIÇOS

Máquina Mão-de-obra Medida

Matéria-prima Método Meio ambiente

Causas Efeitos

Itens de VerificaçãoPROCESSO

Itens de ControleSAÍDA

Figura 6.5. Diagrama de Ishikawa

Fonte: Ishikawa, K, Controle de Qualidade Total à maneira Japonesa, Editora Campu, Rio de Janeiro, 1993.

Nesse diagrama os processos são representados por um conjunto de

fatores que, quando acionados, resultam num efeito ou produto. O diagrama de

Ishikawa permite que processos complexos sejam divididos em processos mais

simples e, portanto, mais controláveis.

O desempenho de um processo pode ser avaliado através de seus “itens

de controle”, os quais podem ser definidos como índices numéricos relacionados

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com as quatro dimensões da qualidade (custo, qualidade, entrega e serviços)

analisadas em cima do efeito do processo ou produto.

Por sua vez, olhando para dentro do processo, ou seja, para suas causas,

pode relacionar os itens de controle com os chamados “itens de verificação” das

causas, que são também índices numéricos estabelecidos sobre as causas que

influem em determinado item de controle.

Por exemplo, para o índice de controle do custo produtivo de um lote tem-

se os índices de verificação sobre o custo da mão-de-obra, o custo de materiais, o

custo de depreciação dos equipamentos, o custo de programação da produção,

etc.

Pode-se dizer que um problema ocorre em um processo quando um índice

de controle deste processo está fora do padrão esperado. Logo, a idéia geral no

TQC é de que para manter um processo sobre controle, deve estabelecer itens de

controle sobre seu efeito, e itens de verificação sobre suas causas, de maneira

que sempre que um problema ocorra, ou seja, o índice de controle esteja fora do

padrão, o processo seja analisado e identificado, através de seus índices de

verificação, quais as causas que geraram este problema. Estas causas devem ser

atacadas e bloqueadas para evitar que problemas futuros desta natureza tornem

a ocorrer.

Esta lógica do TQC é justamente o que se espera da função de

acompanhamento e controle da produção realizada pelo pessoal do PCP, ou seja,

o PCP deve manter itens de controle relacionados ao desempenho do processo

produtivo quanto à qualidade, custo, entrega e serviços do programa de produção

emitido.

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Sempre que ocorra um problema, ou seja, um item de controle fora do

padrão, como, por exemplo, atraso no prazo de entrega de um lote, este poderá

ser identificado e solucionado através da análise dos seus itens de verificação

sobre o processo, como, por exemplo, prazo de entrega da matéria-prima ou

tempo de setup da máquina, isolando assim suas causas fundamentais.

O método gerencial empregado para operacionalizar esta lógica do

controle de processos é o chamado “ciclo PDCA”, que será descrito a seguir.

6.5. O ciclo PDCA

O ciclo PDCA para controle de processos é o método de gerenciamento da

qualidade proposto pelo TQC. Esse método gerencial é composto de quatro

etapas básicas seqüenciais, formando um ciclo fechado, que são:

1. P – Plain – Planejar;

2. D – Do – Executar;

3. C – Check – Verificar;

4. A – Action – Agir corretivamente.

A proposta do TQC é de que cada pessoa na empresa, dentro da sua

atribuição funcional, empregue o ciclo PDCA para gerenciar suas funções,

garantindo o atendimento dos padrões.

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O PCP, como co-responsável pela eficiência no atendimento do programa

de produção, deve atuar e apoiar os participantes da cadeia produtiva no

gerenciamento do ciclo PDCA.

A etapa de planejamento, que inicia o giro do ciclo, tem por função

estabelecer os objetivos à serem alcançados com o processo, ou, em outras

palavras, as metas sobre os itens de controle do processo, assim como decidir

sobre os métodos a serem empregados para atingir estas metas.

O PCP deve atuar nesta etapa de planejamento, em conjunto com os

demais participantes do processo produtivo, no sentido de estabelecer as

diretrizes de controle, ou seja, as faixas de valores-padrão para os itens de

controle (custo-padrão, qualidade-padrão, entrega-padrão, serviço-padrão), e os

procedimentos-padrões de operação para que estes valores sejam atingidos.

A segunda etapa do ciclo é a execução desses procedimentos-padrões de

operação pelos funcionários. Inicia-se esta etapa pela educação e treinamento,

segundo os procedimentos-padrões definidos, das pessoas que irão executar o

trabalho e a coleta dos dados.

O PCP deve participar desta etapa dando suporte ao treinamento dos

funcionário no uso correto da documentação, emitida por ele, que autorizará a

fabricação e montagem dos itens. Também apoiará com treinamento nas técnicas

de coleta de dados e preenchimento desta documentação.

Uma vez executado o trabalho e coletados os dados, a terceira etapa do

ciclo PDCA é a verificação, comparando-se os resultados obtidos com os padrões

de qualidade estabelecidos. Esta etapa é a base da função de acompanhamento

e controle, executada pelo PCP:

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O PCP deve manter gráficos de controle dos itens de controle relacionados

ao programa de produção, de forma que os problemas sejam rapidamente

identificados. Caso não existam problemas, a rotina de trabalho é mantida; caso

surjam desvios, inicia-se ao quarto passo do ciclo.

A etapa de agir corretivamente dentro do ciclo PDCA visa eliminar

definitivamente o problema, de maneira que o mesmo nunca mais se repita. A

ação nesta etapa se dá em dois momentos: sobre o resultado do problema,

visando colocar o processo novamente em funcionamento, e sobre as causas

fundamentais que originaram este problema, visando evitar que ele se repita.

Problemas no cumprimento do programa de produção devem ter uma ação

rápida por parte do PCP. Por exemplo, encontrada uma ordem de fabricação que

esteja com sua data de conclusão atrasada, deve-se inicialmente apressá-la,

fazendo um novo sequenciamento, para colocá-la em dia.

Em decorrência do método de gerenciamento proposto pelo ciclo PDCA,

cada vez que um problema é identificado e solucionado, o sistema produtivo

passa para um patamar superior de qualidade.

Desta forma, buscar trabalhar dentro da ótica do melhoramento contínuo,

em que problemas são vistos como oportunidades para melhorar o processo.

O ciclo PDCA também pode ser utilizado para induzir melhoramentos, ou

seja, melhorar as diretrizes de controle. Neste caso, na etapa inicial do ciclo

planeja-se uma meta a ser alcançada. Executa-se a ação segundo a nova diretriz

e verifica se foi efetiva no atendimento da meta. Em caso afirmativo, padroniza

esta nova sistemática de ação; em caso de não-atendimento da meta, volta a

etapa inicial e planeja novo método. Este ciclo PDCA é conhecido como método

de solução de problemas.

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7. O CÍRCULO DE CONTROLE DE QUALIDADE - CCQ

O CCQ é à organização de pequenos grupos de pessoas (5 a 12),

devidamente treinados, que normalmente trabalham em conjunto para prever e

resolver vários problemas associados ao seu ambiente de trabalho.

O raciocínio para se referir à viabilidade da idéia é simples, pois as

pesquisas revelam que os funcionários de uma empresa conhecem cerca de 70%

dos problemas dela. Assim, quando devidamente treinados, motivados e

conscientizados, estes funcionários poderão solucionar grande parte destes

problemas ou fazer melhoramentos que evitem a reincidência dos mesmos.

Resultados positivos do CCQ:

Racionalização dos processos;

Redução dos custos;

Aumento da qualidade;

Aumento da produtividade e da eficiência;

Criação de um ambiente de confiança e otimismo;

Participação ativa e consciente dos funcionários nas decisões,

melhorias e soluções de problemas;

Maior aceitação das mudanças;

Maior conhecimento e visão da organização como um todo e dos

sistemas de trabalho;

Lealdade e identificação para com a empresa e seus objetivos;

Aparecimento de novas lideranças de maior capacidade técnica,

administrativa e motivacional.

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A maioria das empresas usa somente os músculos dos seus

funcionários. Ainda não perceberam que os trabalhadores são inteligentes

e possuem criatividade inexplorada.

O TQC requer que propicie aos empregados a oportunidade de

participar em tarefas mais nobres.

A isso chama-se de envolvimento dos empregados. Exemplo de

tarefa mais nobre é o trabalho em grupo para identificar, analisar e resolver

problemas, a coleta de dados durante o processo produtivo e a confecção

do controle estatístico do processo

Duas coisas são importantes neste processo de envolvimento:

treinamento e reconhecimento. Juntando-se o conhecimento e a

experiência dos funcionários com o treinamento em técnicas estatísticas, a

empresa obtém uma sinergia valiosa. O reconhecimento pode ocorrer sob

várias formas, incluindo a recompensa financeira.

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8. CONTATO COM O CAMPO PARA MELHORIA DO SQ

O termo contato com o campo, aqui descrito, abrange todos os aspectos

relacionados aos produtos, após terem saído da fábrica, incluindo-se os clientes e

a organização de assistência técnica. A fábrica pode fazer contatos com o cliente

através da assistência técnica , com a assistência técnica ou diretamente com o

cliente . O objetivo desse contato é a avaliação da satisfação do cliente e a

tomada de ações corretivas quando for necessário.

Os clientes avaliam qualquer empresa através de fatores tais como:

- Corpo de vendas;

- Produto em si;

- Assistência técnica;

- Imagem da companhia.

As grandes coisas que são feitas dentro da fábrica praticamente são invisíveis

aos clientes/público, a não ser quando mostradas através da publicidade ou

quando houver a intervenção da garantia da qualidade do fornecedor (cliente). A

nível de qualidade, o cliente irá perceber a performance do produto em si e a

assistência técnica.

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CONCLUSÃO

A produção de uma empresa deve ser capaz de satisfazer as necessidades

dos consumidores.

Sendo assim, o planejamento e controle da produção, preocupa-se com

operar esses recursos no nível diário de modo a fornecer bens e serviços que

satisfarão as exigências dos consumidores.

O planejamento e controle da produção nos permite ter uma produção

organizada e definida, de modo a ser suficiente de atender às demandas dos

consumidores e com qualidade. Produzir o melhor com o menor emprego de

recursos possíveis.

Com o aumento da competitividade e da globalização, surge a necessidade

dos produtos, para competirem no mercado, terem qualidade. O controle da

qualidade deve ser rigoroso, ao ponto de possibilitar a fabricação de produtos e

serviços de qualidade. O controle da qualidade é muito importante, ele pode

determinar o fracasso ou sucesso da organização. Ele também interfere nas

campanhas de marketing da organização. Por exemplo, se o Marketing faz uma

campanha que seus automóveis são de qualidade, resistentes, duradouros etc., e

os automóveis começam a apresentar defeitos constantes, arruinará a campanha

do marketing.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

TUBINO, Dalvio Ferrari. Manual de planejamento e controle da produção. São

Paulo : Atlas, 1997.

MAYER, Raymond. Administração da Produção. São Paulo : Atlas, 1980.

LEME, Rui Silva. Controles na Produção. São Paulo : Pioneira, 1974.

ROCHA, Duílio R. Fundamentos administrativos de produção. Fortaleza :

Unifor, 1993.

MOREIRA, Daniel Augusto. Introdução à administração da produção e

operações. São Paulo : Pioneira, 1998.

SLACK, Nigel. Administração da Produção. São Paulo : Atlas, 1996.

ZACCARELLI, Sérgio. Administração estratégica da produção. São Paulo :

Atlas, 1990.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO i

AGRADECIMENTO iii

DEDICATÓRIA iv

RESUMO v

METODOLOGIA vi

SUMÁRIO vii

INTRODUÇÃO 1

CAPÍTULO I

ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO 5

CAPÍTULO II

A IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE NA PRODUÇÃO 11

CAPÍTULO III

PLANEJAMENTO E CONTROLE DA QUALIDADE 19

CAPÍTULO IV

CONTROLE ESTATÍSTICO DE PROCESSO 29

CAPÍTULO V

AMOSTRAGEM DE ACEITAÇÃO 31

CAPÍTULO VI

CONTROLE SOB ÓTICA DO TQC 31

CAPÍTULO VII

O CÍRCULO DE CONTROLE DA QUALIDADE – CCQ 40

CAPÍTULO VIII

CONTATO COM O CAMPO PARA A MELHORIA DO SQ 43

CONCLUSÃO 44

BIBLIOGRAFIA 45

ÍNDICE 46

FOLHA DE AVALIAÇÃO 47

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: Controle da Qualidade na Produção

Autor: Athayde de Souza Julio Filho

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