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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM MARKETING DE GUERRILHA UMA VANTAGEM COMPETITIVA Por: Leandro Quintella Aires Orientador Prof. Jorge Vieira Rio de Janeiro 2011 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · ferramentas de Marketing de Guerrilha que poderão ser utilizadas frente a um nicho de mercado em que ação esta sendo direcionada

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

MARKETING DE GUERRILHA

UMA VANTAGEM COMPETITIVA

Por: Leandro Quintella Aires

Orientador

Prof. Jorge Vieira

Rio de Janeiro

2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

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FACULDADE INTEGRADA AVM

MARKETING DE GUERRILHA

UMA VANTAGEM COMPETITIVA

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão

Estratégica de Vendas e Negociação.

Por: Jorge Vieira

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AGRADECIMENTOS

A todas as pessoas que são cúmplices de

um sentimento fiel de afeição, estima e

ternura.

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DEDICATÓRIA

A todos profissionais que compartilham os

conhecimentos e buscam a sabedoria nas

suas atitudes.

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RESUMO

O estudo realizado compete em mostrar algumas ferramentas e

exemplos do marketing de guerrilha e as possibilidades que existem para

pequenas e médias empresas estarem com condições de disputar mercados

cada vez mais competitivos, não só aumentando suas vendas, mas também

desenvolvendo o valor de suas marcas.

Inicialmente é apresentada uma visão globalizada de grandes avanços

tecnológicos que facilitam a comunicação em todo o mundo e permitem as

comercializações e disseminação de informação de forma muito mais prática e

ágil. E diante deste cenário são citados alguns conceitos do marketing de

guerrilha e como podem se tornar grandes vantagens competitivas,

principalmente para pequenas e médias empresas que na maioria das vezes

não possuem tantos recursos financeiros para o investimento de propagandas.

No estudo mostra também algumas agências especializadas no

marketing de guerrilha e a importância que tem o uso da web e seus aplicativos

para pulverizar um conceito ou identificar grupos sociais.

Para o uso correto das ações do marketing de guerrilha é indispensável

planejamento, mas destaca-se o uso sempre da criatividade e ousadia, pois

assim as empresas criaram sua própria mídia e forma de se comunicar com

seu público, conseguindo destaque das demais. .

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada para buscar os resultados foram pesquisas

bibliográficas, pesquisas em revistas especializadas, internet e em conjunto

algumas experiências próprias e conversas informais com profissionais da área

de marketing, estratégia e comercial.

Para a discussão mais conceitual do mercado e as vantagens

competitivas foram utilizados textos e referências bibliográficas, sendo a base

para a inicialização do trabalho.

A utilização da internet como fonte de pesquisa foi uma das mais

trabalhadas pelo fato do tema marketing de guerrilha, além de ter poucos livros

que citam exemplos práticos de sua existência no mercado, ter também total

afinidade com as ferramentas da web como rede sociais, blogs, etc.

Apesar de no mercado, as empresas não utilizarem muito das

ferramentas do marketing de guerrilha, pelo menos não de forma consciente ou

planejada, percebe-se que já existe uma movimentação para tornar esses

estudos cada vez mais apurado para utilização correta dos empresários. Muitas

agências especializadas em marketing de guerrilha buscam orientar e

profissionalizar suas ferramentas.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------ 6

CAPÍTULO I - MARKETING DE GUERRILHA PARA “GUERRA”

NO MERCADO ----------------------------------------------------------------------------- 8

1.1 Competitividade e Globalização --------------------------------------------------- 8

1.2 Origem e conceitos do Marketing de Guerrilha ------------------------------ 9

1.3 Modelos e práticas para o Marketing de Guerrilha ------------------------- 12

1.3.1 Marketing de Emboscada --------------------------------------------------------- 12

1.3.2 Astroturfing ---------------------------------------------------------------------------- 15

1.3.3 PR Stunt ------------------------------------------------------------------------------- 15

1.3.4 Marketing Invisível ------------------------------------------------------------------ 15

1.3.5 Marketing Viral On-line e Off-Line ---------------------------------------------- 15

1.3.6 Arte Urbana --------------------------------------------------------------------------- 15

1.3.7 Eventos e Patrocínios - ------------------------------------------------------------ 15

CAPÍTULO II – MOTIVOS DE INVESTIR NO MARKETING DE

GUERRILHA ------------------------------------------------------------------------------- 20

CAPÍTULO III – EMPRESAS DO MARKETING DE

GUERRILHA ------------------------------------------------------------------------------- 20

3.1 Agências Especializadas ------------------------------------------------------------ 20

3.1.1 Espalhe -------------------------------------------------------------------------------- 20

3.1.2 Attack ---------------------------------------------------------------------------------- 20

3.1.3 Riot ------------------------------------------------------------------------------------- 21

3.1.4 Salem ---------------------------------------------------------------------------------- 21

3.2 Casos Marketing de Guerrilha na Web ----------------------------------------- 28

3.3 Casos Marketing de Guerrilha “Tubaínas” ------------------------------------ 28

3.4 Outros Casos Marketing de Guerrilha ------------------------------------------ 28

CONCLUSÃO ----------------------------------------------------------------------------- 30

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INTRODUÇÃO

Esse trabalho tem como objetivo demonstrar a capacidade do Marketing

de Guerrilha em trazer resultados positivos e de maneiras inovadoras.

Surpreender e mostrar que hoje, o mercado necessita mais de criatividade do

que recursos financeiros e que precisa de algo dinâmico, inteligente, ousado e

que acompanhe a velocidade crescente de um mercado cada vez mais

globalizado e competitivo.

O Marketing de Guerrilha então vem como mais uma ferramenta para as

empresas e seus profissionais saírem do cotidiano e gerar maiores vantagens

competitivas, com criativos investimentos em alternativas para influenciar o

comportamento e a decisão do consumidor no mercado globalizado.

No primeiro capítulo desse projeto é abordado o nível de competitividade

entre empresas e como se apresenta a estrutura do Marketing de Guerrilha e

suas principais características técnicas bem como a sua utilização como

ferramenta prática para aumento de vendas e o fortalecimento da presença da

marca na mente do consumidor.

No segundo capítulo descreve-se mais sobre fatores que podem ser

decisivos nas estratégias das empresas para aplicação de algumas

ferramentas do marketing de guerrilha. Desatacam-se pontos relevantes de

como o marketing de guerrilha pode atuar sobre o momento das mídias

convencionais e como o consumidor atua em cada um desses formatos de

comunicação do produto ou marca.

O terceiro capítulo mostra como as empresas podem conseguir aplicar

no seu dia a dia as ferramentas do marketing de guerrilha, destacando algumas

ações e agências especializadas no tema. E para ficar mais real segue também

nesse capítulo, algumas reportagens, testemunhos e casos reais de como o

marketing de guerrilha são planejados e está presente na atualidade.

Esse trabalho será concluído com a identificação da importância da

profissionalização do marketing de guerrilha e notificar os empresários de como

essa ferramenta pode fazer muita diferença em um mercado que apresenta

cada vez mais marcas e preços mais baratos.

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CAPÍTULO I

MARKETING DE GUERRILHA PARA

“GUERRA” NO MERCADO

1.1 Competitividade e globalização

No ambiente empresarial a competitividade vem se intensificando

significativamente ao longo dos anos. O grande número de concorrentes

inseridos no mercado e as transformações que ocorrem rapidamente em todo

mundo são alguns dos fatores que afloram a necessidade das empresas

buscarem alternativas de vantagem competitiva para se manterem no mercado.

Para Porter (1990), a vantagem competitiva surge do valor que a

empresa consegue criar para seus clientes e que este valor ultrapasse o custo

de fabricação. Porém, as empresas atuais não podem apenas olharem para o

próprio umbigo e ter uma alta gestão de custos, processos etc. As empresas

para crescerem ou até sobreviverem precisam também olhar para o mercado

como todo, analisar seus concorrentes e buscar diferenciações. Segundo

Hamel e Prahalad (1997), a competitividade não é apenas em nível de produto

versus produtos ou negócios versus negócios e sim entre empresas. Com esta

visão, Ferraz (1997), coloca que a competitividade entre as empresas depende

da capacidade delas conseguirem se aproximar de seus clientes e

fornecedores, a fim de desenvolverem produtos e compartilharem informações

e tecnologias. Neste raciocínio ainda acrescento o investimento contínuo para

desenvolvimento da marca da empresa ou produto.

Dentro desta enorme “guerra” competitiva, as empresas para terem

sucesso ou sobreviverem precisam estar resguardadas financeiramente e com

recursos suficientes para o investimento contínuo em sua linha de produtos,

desenvolvimento da marca, entrada em novos mercados etc. É um desafio bem

grande, porém muito maior para as pequenas e médias empresas que

possuem diversas limitações e principalmente na maioria das vezes limitações

financeiras.

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Segundo Casarotto (1998), com a globalização cada vez mais

acentuada, os riscos para as pequenas e médias empresas estão aumentando

rapidamente. Causados pela globalização da economia e os crescentes

avanços tecnológicos, principalmente pela tecnologia da informação, hoje,

facilmente grandes empresas localizadas em diferentes partes do mundo

podem oferecer concorrência para as empresas locais. Com isto, imagina-se

que dificilmente as empresas de pequeno e médio porte possam desbravar o

mercado e se manterem competitivas. Porém, se isso não fosse possível, não

teríamos inúmeros micros empresários e empreendedores de sucesso. Apesar

de termos estatísticas no Brasil de um grande número de empresas que são

iniciadas e entre 1 e 5 anos já fecharam, deve-se destacar as outras que

conseguem se estabelecer no mercado e as vezes atingir status de grandes

empresas.

1.2 Origem e conceitos do Marketing de Guerrilha.

Segundo POSSAMAI (2007), a origem para o termo Marketing de

Guerrilha teve como fonte de inspiração o próprio cenário das guerras. Esta

associação foi feita com a própria guerrilha bélica, afirmando que mesmo com

poucos armamentos pode-se obter vantagem sobre o seu oponente e

conseqüentemente vencer uma guerra.

Em geral, táticas de guerrilha eram usadas por uma parte mais fraca

contra uma mais forte. Quando uma das partes possuía desvantagem de

treinamento, armamento e outros recursos necessários para a batalha

procuravam maneiras que pudessem desarmar o inimigo sem uma linha de

frente, assim atuavam com ataques surpresas, obtinham um maior

conhecimento do terreno de combate, lugares de refúgio etc.

Por esta idéia, as ferramentas de Marketing de Guerrilha são utilizadas

por empresas menores com o objetivo de combater grandes concorrentes ou

simplesmente sobreviverem.

O Marketing de Guerrilha foi descrito pela primeira vez por Jay Conrad

Levinson, em seu livro Marketing de Guerrilha em 1982 e utiliza-se de maneiras

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não convencionais para executar suas atividades de marketing e com

orçamentos “apertados”.

Atualmente Levinson é considerado o “guru” do Marketing de Guerrilha,

assim como Philip Kotler é no marketing tradicional. Levinson foi o primeiro a

falar e discutir os conceitos do Marketing de Guerrilha e suas principais

ferramentas, trazendo para o mundo dos negócios uma nova linguagem

estratégica.

Além dele, Al Ries e Jack Trout, descreveram em 1986 o livro Marketing

de Guerra que também aborda o tema, afirmando que o marketing já não era

mais o mesmo e havia a necessidade de ser repensado. Depois de mais de

duas décadas nota-se a evolução dos conceitos descritos por estes autores,

sendo criadas a cada dia novas ferramentas de Marketing de Guerrilha para

suprir os avanços da comunicação junto com as exigências e as necessidades

tão mais globalizadas do mercado e dos seus consumidores cada vez mais

exigentes.

Segundo LEVINSON (1998), o Marketing de Guerrilha tem como

princípio alcançar objetivos tradicionais, como a lucratividade, através de

metodologias não convencionais, como investir energia ao invés de dinheiro. O

principal objetivo é gastar menos e ganhar mais. LEVINSON (1998) diz que

empresas de pequeno porte são bastante diferentes de grandes companhias. A

maneira de dirigir uma empresa de pequeno porte, não se encaixa nos padrões

de gestão de multinacionais, onde a inclusão de pessoas e a tomada de

decisões são extremamente mais difíceis. Como normalmente as pequenas

empresas sofrem muito com a falta de recursos financeiros com o objetivo de

investir nas ferramentas de marketing tradicionais, torna-se necessário buscar

novas opções para se destacarem no mercado, utilizando armas mais

eficientes em relação ao seu micro e macro ambiente. Essas armas devem

basear-se na criatividade e na inovação. Criatividade em planejar métodos não

tradicionais de promoção é uma exigência dos profissionais que almejam usar

o Marketing de Guerrilha, encontrando fontes baratas ou gratuitas, para

divulgar seu negócio ou a sua marca. Para isso as empresas devem introduzir

o espírito de guerrilha para conseguir concretizar ações e contaminar as

pessoas que trabalham na empresa para que também o façam. Mas criar

ações de forma desorientada e descontínua não trará resultados. Assim

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LEVINSON (1998) sugere um Plano de Marketing de Guerrilha que deve ser

pensado pelas pequenas empresas.

O plano de Marketing de Guerrilha é a melhor forma de aperfeiçoar os

recursos da empresa, estabelecer responsabilidades e tarefas, com a

viabilidade de propor prazos para posteriormente ser realizada a avaliação dos

resultados.

Para desenvolver este plano LEVINSON (1998) sugere a definição do

principal objetivo estratégico com o intuito de alcançar e definir quais são as

principais vantagens competitivas e os maiores benefícios da empresa. Após

esse momento deverá ser definido o seu público alvo juntamente com as

ferramentas de Marketing de Guerrilha que poderão ser utilizadas frente a um

nicho de mercado em que ação esta sendo direcionada criando assim a

identidade do negócio e a verba destinada ao projeto.

As questões acima podem ser descritas em parágrafos, de forma

simples. O Plano de Marketing de Guerrilha não deve ser muito amplo e nem

complexo. É preciso que todos os colaboradores da empresa possam ler e

entender perfeitamente o objetivo estratégico e a meta que foi traçada. Depois

de desenvolver o plano de guerrilha, para que ele realmente funcione é

necessário o comprometimento e a dedicação do empresário, que não deve

abandoná-lo. É preciso haver continuidade ao plano traçado, mesmo que

sejam necessárias algumas mudanças, nunca se deve desistir do planejamento

de marketing.

Seus clientes devem confiar na sua empresa, sentir que são realmente

reconhecidos e que realmente fazem parte do seu cotidiano. Respeitando esse

planejamento com o passar do tempo e fazendo bom uso das armas do

Marketing de Guerrilha, os lucros serão conseqüências das vendas. Mas

devemos prestar atenção que uma única ferramenta de guerrilha nunca trará

efeitos. Somente com a união dessas armas e de uma forma inteligente é que

o consumidor consegue associar as informações de maneira correta e

convincente.

Hoje se sabe que estar onde o cliente quer e vender o que o cliente

necessita, não é o suficiente e nem mesmo gera para a empresa um diferencial

competitivo diante dos seus concorrentes. A pequena empresa deve estar

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preparada, organizada e bem posicionada inventando as melhores formas de

se aproximar do seu público-alvo juntamente as suas metas e objetivos.

1.3 Modelos e práticas para o Marketing de Guerrilha.

Existem diversas maneiras de se aplicar o marketing de guerrilha nas

empresas, dependendo do porte, recursos ou produtos da mesma. Mas o mais

importante continua sendo a criatividade aplicada à oportunidade de mercado.

Vejamos algumas das principais estratégias do marketing de guerrilha

1.3.1 Marketing de Emboscada.

Segundo LEVINSON (1998) o Marketing de Emboscada é usado ou

aplicado quando a empresa que pratica o marketing de guerrilha se aproveita

de um evento patrocinado por outra companhia com o objetivo de mostrar a

sua marca, sem ter que pagar nenhum tipo de cota de patrocínio. É a inclusão

da marca a um evento e aos valores físicos e psicológicos embutidos ao

evento, sem a permissão dos organizadores.

Milhões investidos através dos patrocinadores, e quando menos se

espera vê a marca de outra empresa ou até mesmo de seu concorrente

aparecendo no mesmo evento, recebendo os mesmos benefícios, e que até

então deveria ter total exclusividade como saldo de um grande investimento. A

emboscada pode confundir o consumidor quem realmente é o patrocinador

oficial do evento, minimizando o impacto das ações dos investidores.

O Marketing de Emboscada teve o seu início nos Jogos Olímpicos de

Los Angeles, em 1984. A marca Fuji obteve todos os direitos exclusivos de

patrocínio dos jogos olímpicos, e a sua concorrente Kodak tornou-se a principal

patrocinadora da transmissão dos jogos e de um time específico dos Estados

Unidos. Como os eventos esportivos sempre possuíram uma forte cobertura da

mídia, principalmente nos EUA. Esses dois eventos acabaram sendo alvos do

Marketing de Emboscada, e vistos como excelentes oportunidades de mostrar

a sua marca para o mundo.

LEVINSON (1998) diz que o Marketing de Emboscada pode ser

trabalhado através do patrocínio da transmissão de um evento específico,

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patrocínios de subcategorias (times, atletas, artistas), compra de janelas

(espaços) durante a transmissão do evento, promoções que conflitam de forma

direta com o evento, entre outros.

Em relação à legalidade desta ferramenta, algumas empresas

condenam e outras até permitem. Analisando comercialmente, o Marketing de

Emboscada é considerado apenas parte do jogo (concorrência, batalha ou

guerra). Mas outros acreditam que a sua utilização pode prejudicar de forma

direta as empresas que realmente tornaram a realização do evento em uma

realidade.

As grandes marcas, como Adidas, Coca-Cola e Nike entre outras

marcas, praticam o Marketing de Emboscada, mesmo tendo outras inúmeras

armas para competir com seus concorrentes.

Durante a Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, a FIFA se mostrou

contra uma ação feita através do Marketing de Emboscada. A marca Bavaria,

concorrente direta da patrocinadora oficial do evento, a Budweiser, distribuiu

centenas de calças com a sua marca para os torcedores. A FIFA considerou a

ação uma tentativa de burlar a exclusividade de imagem da Budweiser, onde

durante a partida, a marca Bavaria seria filmada inúmeras vezes.

Consequentemente a FIFA obrigou torcedores holandeses a assistirem a

partida entre Holanda e Costa do Marfim usando apenas a roupa de baixo.

Outra forma de atuar com essa estratégia pode ser percebida no caso

da Neutragena uma empresa de cosméticos desenvolveu um filtro solar em

aerosol chamado Fresh Cooling que tinha a proposta de combinar a proteção

contra os raios UVA e UVB com a refrescância desejada nos dias de calor

intenso. A apresentação desse produto foi feita durante o verão de 2008

através de uma interessante ação de Emboscada. Com o objetivo de ressaltar

o diferencial do produto foram montados três cubos de gelos gigantes, com oito

toneladas cada um, colocados na praia de Copacabana, no Guarujá, e na

Berrini em São Paulo. Foram introduzidos diversos frascos do protetor solar da

Neutragena dentro dos blocos de gelo, e que com o passar do tempo e com

ajuda do calor eles iam derretendo e os curiosos iam pegando esses frascos

que estavam dentro dos blocos. A partir dessa idéia eles fizeram outra ação

bem parecida, colocaram várias embalagens de gelo de mais de sete kilos com

protetor nos seus interiores e os posicionaram diante de conceituadas

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farmácias da cidade de São Paulo, e durante o dia as pedras de gelo derretiam

e os interessados iam pegando as amostras do protetor da Neutragena, e de

forma indireta iam chamando a atenção de quem passava por perto

consequentemente favorecendo a propaganda boca-boca.

1.3.2 Astroturfing.

É uma ação que a princípio parece ter a cara de um evento criado de

forma espontânea e popular, mas na verdade é uma ação executada para falar

sobre uma marca ou empresa, que está por trás. Esse termo vem do inglês

AstroTurf1, tenta criar um movimento de falsas raízes para dar suporte a uma

determinada posição, estratégia de um bem ou serviço.

Um exemplo dessa estratégia foi realizado pela empresa OI telefônica

que para se diferenciar dos seus concorrentes ofereceu celulares

desbloqueados para seus clientes e em paralelo lançou uma campanha com

objetivo de incentivar o desbloqueio de celulares, criando um levante popular

contra as concorrentes, fazendo com que as pessoas ficassem com o

sentimento de indignação e consequentemente trocassem de operadora.

Objetivando uma ação que busca ter uma cara de movimento espontâneo e

popular, a OI realiza a campanha com celebridades como Ronaldinho Gaúcho

para apoiar a idéia.

1.3.3 PR Stunt2

A Alesat Combustíveis, uma das maiores distribuidoras de combustíveis

do Brasil gerou uma ação em que ressaltava a grandiosidade da muralha da

China e que a mesma poderia ser vista do espaço, indagava como o coliseu de

Roma é impressionante pelos anos de história que carrega e que ninguém

poderia negar que é praticamente impossível pensar na França sem lembrar

logo da Torre Eiffel. Com isso a empresa afirma que nenhuma dessas obras de

grande magnitude possui o estilo exclusivo da nova maravilha de Natal, capital

1 É um termo utilizado para designar ações políticas ou publicitárias que tentam criar a impressão de que são movimentos espontâneos e populares. O termo em inglês vem de Astro Turf (grama sintética) em oposição ao termo grassroots (que são movimentos espontâneos da comunidade). http://tradutor.babylon.com/portugues/Astroturfing/ Acessado em 12 de Junho de 2011. 2 PR vêm de relações públicas, e stunt significa golpe, truque, façanha, proeza. Assim PR Stunt se caracteriza pela criação de ações com grande potencial de divulgação na mídia.

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do Rio Grande do Norte, que seria o maior boneco de posto do Mundo. O

boneco teria o tamanho do Cristo Redentor, com 30 metros, o novo ponto

turístico deixou a paisagem da cidade ainda mais incrível. Essa ação chamou a

atenção de todos da cidade inclusive da mídia e isso tudo de maneira gratuita.

1.3.4 Marketing Invisível

POSSAMAI (2007) afirma que hoje a sociedade está cansada de

receber tantas informações, com base nessa idéia surgiu o Marketing Invisível.

Esta ferramenta é utilizada para divulgação de um novo produto e de detecção

da reação do público perante determinada novidade. A atenção é alcançada

sem apelos formais ou pela assinatura direta de uma marca, pois o objetivo

principal é chamar a atenção de consumidores sem transparecer apelo ou

informação comercial.

O marketing invisível requer bastante cuidado e planejamento, pois caso

o produto não seja bem visto ou a mensagem não seja bem transmitida, os

consumidores não despertarão real curiosidade. Além disso, podem descobrir

que a real intenção da ação foi de tino comercial e terão opiniões contrárias à

marca e ao produto. Nenhum consumidor gosta de se sentir manipulado para

gostar de um produto, a ação deve ser desdobrada da maneira mais natural

possível, para não gerar um marketing negativo.

Além de praticada no meio físico e de aparecer gratuitamente na mídia

tradicional, a internet tem sido um espaço muito favorável para a prática do

marketing invisível, por permitir uma disseminação de

informações, comentários de maneira instantânea e rápida.

LEVINSON (1998) diz que na internet podem-se utilizar os blogs focados

no assunto alvo do cliente, para obter um canal de comunicação. Depois é

preciso espalhar as informações pela internet, esta ação pode ser realizada por

um profissional especializado. A alternativa seria a criação de comunidades no

Orkut, e outras redes sociais mais recentes que são administradas pela

empresa ou pela agência de guerrilha, incentivando o ingresso de verdadeiros

internautas ao projeto ou ação. A marca do cliente só irá aparecer quando

houver um substantivo número de integrantes do ambiente virtual, porém é

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preciso realizar estas ações de forma planejada e inteligente, com o objetivo de

que os internautas não percebam que se trata de uma ação pré-determinada.

Um exemplo que podemos citar de extrema criatividade do marketing

invisível vem pela história do navegador brasileiro Amyr Klink, que fez um

documentário de quatro capítulos sobre sua última aventura que foi

televisionada pelo canal National Geographic. Duas semanas antes do

lançamento do programa, a agência de guerrilha Espalhe criou uma ação para

divulgar o lançamento. Em um envelope de revelação de fotografia, foram

colocadas cinco fotos feitas por Amyr Klink na viagem com anotações à mão e

do lado externo deste envelope, escreveu-se também o nome do aventureiro e

um número de telefone. Foram feitos um total de cinco mil envelopes que foram

“esquecidos” em diferentes pontos da cidade de São Paulo, como cafeterías,

universidades, táxis, shopping centers etc. Quem achava o telefone não resistia

acabava ligando para o número com a intenção de devolver as fotos

esquecidas de Amyr Klink, que no Brasil, é uma espécie de herói. A ligação

caía na caixa postal com a mensagem com a voz de Amyr Klink dizendo que

ele não estava em casa por que finalizava o documentário da National

Geographic que estrearia no dia sete de março. Neste fato, destaca-se mais

uma vez uma das características marcantes do marketing de guerrilha, a

criatividade que personaliza e realmente faz a mensagem alcançar as pessoas

de forma direta, que por sua vez realizam o boca-a-boca e disseminam o

ocorrido e consequentemente o documentário.

1.3.5 Marketing Viral on-line e off-line

O principal conceito de marketing viral vem se desenvolvendo,

principalmente nos últimos anos, com a forte ampliação do número de usuários

de internet pelo mundo e do aumento das conexões de banda larga. Para

ROSEN (2001), uma vez em que todo o cliente que recebe informações de um

amigo pode consecutivamente reproduzi-las e distribuí-las de maneira

instantânea entre dezenas ou centenas de amigos, essa forma de marketing

por intermédio da Internet foi batizado de ‘Marketing Viral’. O termo viral se

baseia na idéia de epidemia, inicialmente esse termo foi utilizado pelos serviços

de e-mails grátis, que convidavam outras pessoas a também possuírem um

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serviço específico. Mas o Marketing Viral não é apenas uma ação objetivando

um resultado específico, ele deve fazer parte de uma estratégia de campanha e

deve produzir uma mensagem com uma oferta de qualidade única ou um

incentivo que realmente faça valer a pena passar a idéia adiante. Um dos

principais pilares do Marketing Viral é a exploração de redes sociais pré-

existentes para produzir aumentos exponenciais em conhecimento de marca.

ROSEN (2001) ressalta que o Marketing Viral somente será eficiente

quando seu conteúdo for realmente interessante a um ou a vários grupos

semelhantes, ou mesmo incomuns, a ponto de ser indicado para amigos e

familiares; quando houver um conteúdo envolvente existirá a integração entre

produto e pessoa, entre pessoas e serviços e a integração entre os grupos e

consumidores. Também de acordo com ROSEN (2001) o bom do Marketing

Viral é passivo, as empresas que irão se destacar será aquelas que utilizarem

de maneira criativa, discreta e de modo menos invasivo.

Essa ferramenta pode ser utilizada tanto no meio on-line como também

off-line. Um bom exemplo de Marketing Viral off-line seria à de um

acontecimento inspirado em um ritual relatado no livro Ho Voglio di Te, de

Federico Moccia, vários jovens italianos estão pendurando cadeados com

recados de amor em postes de pontes do país, é a chamada Luchettimania.

Esse ritual teve um efeito realmente viral, pois se vê cadeados pendurados aos

postes por quase toda a Itália. O principal ponto da Luchettimania, a Ponte

Milvio, em Roma, já virou até ponto turístico, com direito à venda de cadeados

para turistas e até mesmo um site foi elaborado para que os apaixonados do

mundo inteiro possam colocar seus cadeados sem ter que viajar até Roma.

1.3.6 Arte Urbana

A arte urbana é uma ferramenta utilizada nas ruas, que tem como

principal objetivo atingir e interagir com o público. As formas mais praticadas

são: grafite, os adesivos, aplicações, construções e cartazes. Não utiliza

formas muito sofisticadas, ao contrário, age de forma simples e prática, por

meio de desenhos, esculturas ou instalações para chamar a atenção do seu

target.

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Um exemplo desta ferramenta foi utilizado pelo empreendimento

imobiliário Reserva Jardim em São Paulo. Com o intuito de gerar tráfego e o

único com quadra de tênis na região, espalharam centenas de bolas de tênis e

adesivos, com o telefone e o link “www.prepareseusaque.com.br”. Além das

bolas de tênis, foi criado um espaço que imitava uma quadra de tênis e os

clientes que acertassem um saque certeiro, poderiam ganhar uma TV LCD.

No início da história da Coca-Cola também tivemos muito o uso de

grafites em vários estabelecimentos e em muros extensos de vários bairros dos

Estados Unidos.

1.3.7 Eventos e Patrocínios

POSSAMAI (2007) afirma que essa ferramenta tem como objetivo criar

ou patrocinar um evento direcionado a um público-alvo. A possibilidade de

chegar com a sua marca aos consumidores potenciais fazem do patrocínio e

da elaboração de eventos uma das principais ferramentas do Marketing de

Guerrilha. A sua prática não é recente, há vários anos grandes empresas como

a Nike, Coca-Cola e Pepsi já a utilizam. Mas as pequenas empresas também

têm a oportunidade de trabalharem com essa ferramenta, só que em formas

mais proporcionais ao seu tamanho e recursos. Para exemplificar essa

ferramenta tenho um exemplo pessoal, no qual um atleta de jiu-jitsu compete

em campeonatos nacionais, porém não possui nenhum tipo de patrocínio,

sendo assim bem vindo qualquer tipo de ajuda. Desta forma, possibilita uma

empresa pequena possuir algum tipo de exposição nos campeonatos ou pelo

próprio atleta oferecendo condições básicas de ajuda no transporte, uniforme,

alimentação, principalmente se o produto tiver ligado a uma dessas

combinações.

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CAPÍTULO II

MOTIVOS DE INVESTIR NO

MARKETING DE GUERRILHA

Durante a descrição sobre alguns conceitos e ferramentas do marketing

de guerrilha, observa-se como principal diferencial o valor necessário de

investimento, que se torna bem menor do que algumas mídias tradicionais por

se utilizar da criatividade e oportunismo no mercado ao invés de grandes

investimentos financeiros. Por esse motivo, a ênfase na aplicabilidade dessas

ferramentas em pequenas e médias empresas é maior, porém essas ações

não podem se limitar nas mesmas. O marketing de guerrilha pode e deve ser

utilizado também por empresas maiores. Isso, porque o menor valor de

investimento para criar planos estratégicos sobre as ferramentas do marketing

de guerrilha não é o único motivo para adotar essas ações. Existem diversos

outros fatores, que para todo empresário, podem gerar maiores vantagens

competitivas com o uso do marketing de guerrilha.

Como descrito no início do capítulo anterior, a competitividade do

ambiente empresarial vem se intensificando significativamente ao longo dos

anos, cada vez mais concorrentes, com mais produtos, marcas e até varejistas

com suas marcas próprias, tema de outras discussões. Com toda essa

variedade, os consumidores sofrem com o excesso de informação e muitas das

vezes não absorvem a mensagem em que a empresa pretendia passar. Em

vista dessa falha de comunicação e saturação das mídias mais convencionais,

os princípios básicos do marketing de guerrilha voltam a se destacar, pois com

criatividade e ousadia a empresa é capaz de sair da mesmice e criar a própria

forma de mídia e chamar mais a atenção dos consumidores para a mensagem

desejada.

Ainda em relação às mídias convencionais, cita-se a televisão que é

uma das mais procuradas para realização de propaganda e possui um

problema para várias empresas. Percebe-se que desde a criação do controle

remoto, muitas empresas despendem de fortunas para muitas das vezes não

conseguirem atingir a grande massa da população que já possui um hábito de

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trocar de canal quando entra os curtos minutos dos comerciais. A solução

encontrada por grandes empresas nessa situação já é uma forte tendência, na

qual suas propagandas dos comerciais televisivos migram para o próprio

conteúdo da programação. Porém, essa nova solução se limita a empresas

com recursos financeiros bem maiores, tirando de jogada as pequenas e

médias empresas mais limitadas. Por isso as ferramentas do marketing de

guerrilha surgem mais uma vez como uma ótima forma alternativa de mídia e

vem ganhando espaço nesse cenário. As empresas e seus profissionais

precisam se reinventar para continuar atingindo seus resultados.

Com todas essas possibilidades vistas até o momento já se pode

concluir que o uso do marketing de guerrilha é de suma importância para a

competição no mercado ou até mesmo a sobrevivência de uma pequena

empresa. Mas ainda é possível encontrar outros diferenciais com o uso do

marketing de guerrilha de forma estratégica e contínua. Um dos mais

importantes, se não o principal efeito que essas ferramentas podem gerar é a

divulgação do “boca-a-boca”. Já confirmado por diversas pesquisas, essa

forma é uma das melhores para divulgação de qualquer bem ou serviço.

Muitas empresas ainda pecam em concentrar suas propagandas em

mídias generalistas que atingem até um grande número de pessoas, mas longe

de um real envolvimento individual. A divulgação boca-a-boca consegue ao

mesmo tempo alcançar grandes números de pessoas sem deixar de ser mais

influente. No marketing de guerrilha isso pode acontecer tanto pelo próprio

produto da empresa que realmente se destaca com alguns diferenciais e

atende alguma nova necessidade ou desejo do consumidor como também

pelas formas criativas e ousadas de divulgar tudo isso. Na maioria dos

exemplos citados no capítulo anterior, percebe-se o envolvimento, que todos

da empresa possuem com a execução de alguma ferramenta de guerrilha.

Assim, você gera um entusiasmo para esses funcionários fazerem a

propaganda boca-a-boca, além é claro, de muitas das ações serem chamativas

e que mudam a rotina do público de tal forma que se torna interesse de

comentar com outras pessoas.

O boca-a-boca é uma ferramenta muito econômica, principalmente com

a ampliação do uso da internet que possibilita diversas pessoas de todo o

mundo comprarem, ou melhor, participarem de um conceito, propaganda,

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lançamento de um produto ou marca. Hoje, encontra-se uma rápida adaptação

de várias empresas utilizando das redes sociais para criarem grupos em

comuns de interesse em um produto ou simpatizantes com uma marca, que

crescem em uma velocidade exponencial através do boca-a-boca.

Para todo esse processo ser realmente resultante para empresa é

preciso de bastante energia, voltando a citar Levinson (1998) que afirma a

importância de investir energia, tempo, imaginação e informação ao invés de

dinheiro. Toda essa energia precisa ser bem canalizada e hamônica com o

plano estratégico da empresa e seus objetivos, porque o boca-a-boca assim

como pode ajudar muito em um lançamento ou divulgação do seu negócio,

podem atuar de forma negativa se as empresas não estiverem atentas e

cometerem falhas na comunicação que comprometa toda uma estrutura.

Além do “boca-a-boca”, outro ponto a destacar como vantagem do uso

do marketing de guerrilha é a questão da segmentação, na qual pequenas

empresas conseguem criar sua marca e produtos para atuar em um nicho de

mercado que na maioria das vezes não é atingindo pelas grandes marcas.

Assim como as mudanças tecnológicas e econômicas, percebe-se também a

constante evolução da sociedade que altera seus comportamentos e valores.

Como por exemplo, no mercado consumidor brasileiro nota-se o aumento do

poder de consumo nas cidades do “interior”, a crescente participação

econômica das regiões Norte e Centro-Oeste, diminuição da participação dos

jovens e a elevação da participação do segmento direcionado à terceira idade.

A população mais velha adota um estilo de vida mais jovial, aumentando o

número de domicílios com uma só pessoa, melhora o padrão educacional da

população, há um grande aumento do número de mulheres no mercado de

trabalho, os consumidores prestam mais atenção à saúde, à alimentação e ao

condicionamento físico. Todos esses fatores permitem uma diversidade de

interesses e nível de consumo e que para serem atendidos precisam de uma

atuação mais direcionada e segmentada. Por isso mais uma vez as

ferramentas do marketing de guerrilha podem e devem ser utilizadas como

principal meio de comunicação com esses nichos de mercado.

Dentre essas vantagens do marketing de guerrilha existem diversas

outras que as empresas na maior parte ainda buscam entender como aplicar e

usufruir melhor dessas ferramentas. Porém, para finalizar este capítulo ainda

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destaca-se como um diferencial o fato de que passamos por um momento em

que por facilidades da tecnologia e acesso a informação, os produtos têm se

apresentado ao público, geralmente, tão similares uns com os outros, que a

única diferença entre eles está nas estratégias de marketing. Então, as

empresas investem em jingles, propagandas com artistas e outras tantas

produções dispendiosas, mas esquecem que essas alternativas também estão

sendo feitas por tantas outras empresas. Por isso precisam entender que essas

ações de marketing podem não ter o mesmo efeito que o esperado e que está

na hora de pesquisar mais como utilizar as ferramentas do marketing de

guerrilha, podendo substituir ou complementar suas ações de propaganda de

forma muito mais econômica. Ressaltando que com mais criatividade e ousadia

é possível despertar muito mais interesse do público aingido e reforçar o

conceito da marca.

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CAPÍTULO III

EMPRESAS DO MARKETING DE GUERRILHA

3.1 Agências especializadas

Nas situações apresentadas em que as mídias tradicionais deixam de

ser a principal ferramenta na busca por resultados mais eficientes para as

empresas, surge também a necessidade de uma reformulação das estruturas

de trabalho das agências de comunicação. Por isso o posicionamento das

agências vem se modificando, estando mais focadas e especializadas,

buscando ferramentas mais eficazes.

De forma a orientar os leitores e empresas segue algumas agências

especializadas no marketing de guerrilha.

3.1.1 Espalhe

A agência Espalhe, é a primeira agência de Marketing de Guerrilha do

Brasil. Seus trabalhos começaram em 2003 em uma sede localizada em São

Paulo. Gustavo Fortes, fundador e diretor foi o responsável pelo

reconhecimento dos conceitos de guerrilha no Brasil. FORTES (2000) afirma

que suas principais ferramentas foram o website da empresa, um blog e a

comunidade que ele mesmo criou na rede de relacionamentos no Orkut.

Através destes três meios, muitas pessoas criaram interesse pelo assunto, que

foi naturalmente se espalhando pela rede. A partir desse momento Gustavo

Fortes vem recebendo convites para participar de programas de televisão,

entrevistas em jornais, em blogs, e outros. É importante destacar que a agência

Espalhe não investiu dinheiro em revistas especializadas ou anúncios em

jornal. Todos os materiais publicitários foram divulgados de forma espontânea

e gratuita, sendo a web o canal mais utilizado e que proporcionou aparecer em

outras mídias.

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3.1.2 Attack

A Attack é a primeira agência especializada em marketing de guerrilha

do Estado de Sergipe. Para os fundadores dessa agência, marketing de

guerrilha surge para surpreender, proporcionando uma interação do

consumidor com uma marca ou produto, criando um diferencial capaz de gerar

boca-a-boca. Seu site funciona apenas como um direcinador para outras

ferramentas da web como twitter, orkut dentre outros que possibilita o contato

com a agência e a vizualização dos trabalhos realizados.

3.1.3 Riot

Criada em 2006, a Riot é a primeira agência latino-americana de e-

marketing viral do país, focada em ações de guerrilha na web e mídias sociais,

possibilitando ações de baixo custo financeiro e maior especialização no

trabalho via internet. Essa agência trabalha com algumas ferramentas

exclusivas e um sistema de pesquisa chamado Viral Sense, que possui a

capacidade de informar como um produto ou serviço e a concorrência estão

posicionados nas redes sociais. A agência identifica grandes conectores

sociais e possíveis formadores de opinião dentro das redes na internet, criando

um esforço para que estas pessoas recebam as informações e as divulguem

de maneira natural.

Uma frase posta pela equipe desta agência se mostra bem interessante

com a realidade das mídias e os fatos que foram apresentados até o momento.

Eles dizem que “hoje, para impactar o consumidor de forma relevante, as

organizações não mais precisam falar com ele, e sim conversar”.

Outro ponto que é destacado no próprio site da agência é em relação ao

conteúdo postado na mídia. Principalmente nas ferramentas da web

percebemos vídeos, games e outros aplicativos às vezes simples e com baixa

produção, mas totalmente difundidos e comentados. A agência afirma que “se

o conteúdo é pertinente e relevante o próprio consumidor irá divulgá-lo”

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3.1.4 Salem

A Salem é uma das mais premiadas agência em marketing direto. Porém

além deste oferecer o serviço de marketing direto, criou estruturas

independentes, para avançar no mercado. Por isso a agência é dividida em

áreas como propaganda, guerrilha e digital, onde oferece ações diferenciadas e

específicas sempre buscando os melhores resultados. Na área de Marketing de

Guerrilha a agência trabalha com ferramentas como: eventos, Ambush

Marketing, PR Stunts, blogs, Marketing Viral entre outros.

Todas essas agências possuem também sua própria forma de

divulgação sendo a principal as próprias estratégias de guerrilha, utilizando a

web e seus aplicativos de redes sociais.

Existem muitas outras agências, de vários portes e abrangências, mas o

importante é que todas buscam realmente sua forma de diferenciar e

personalizar o serviço prestado para os empresários. Como a criatividade é

uma das características mais marcantes do marketing de guerrilha e esta tem

um caráter individual é possível vislumbrar e se diferenciar em cada trabalho.

3.2 Casos do Marketing de Guerrilha na Web

Com o foco ainda nas ações realizadas na web e suas ferramentas

voltamos a destacar a vantagem competitiva na reportagem Mercados e

Tendências da ComputerWorld, que mostra como o avanço das redes sociais

em atividades como colaboração, troca de informações e fonte de pesquisas

esgueirou-se com facilidade no seio das empresas e sua aceitação rápida e

estrondosa pegou todos de surpresa. No início, eram consideradas fontes de

dispersão, principalmente para funcionários mais jovens. Mas elas ganharam

características profissionais e impactaram o mundo corporativo. Os casos de

sucesso provam que não é mais possível ignorar as redes sociais.

Algumas companhias ingressaram nesse mundo com ações

direcionadas ao atendimento a clientes via Facebook e Twitter. Não demorou

em perceberem que as discussões geradas nessas redes sobre a empresa

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poderiam ser usadas de forma estratégica, inclusive para a criação de novos

serviços e mapeamento mais eficiente do mercado.

O consultor sênior da TGT Consult, Waldir Arevolo, afirma que esse uso

convergente da mídia está se mostrando a melhor prática do mercado.

Segundo ele, usar as inovações das redes e se aproveitar da coletividade para

gerar boas experiências “é uma forma de manter a marca sempre em

evidência, aprimorar os serviços e impactar os negócios”.

Outro elemento importante que as redes sociais trouxeram foi uma forma

mais eficiente e rápida de avaliar a imagem perante clientes, assim como

resultados de campanhas de marketing. De acordo com o analista da

consultoria IDC, e professor de pós-graduação da PUC-SP, Alexandre

Campos, antes as empresas só conseguiam identificar certas tendências

relacionadas à sua marca ou a serviços por meio de extensas pesquisas de

mercado. “Hoje, o retorno é imediato e o aumento do acesso às redes só vai

reforçar isso, principalmente no Brasil”, diz, acrescentando que vale destacar a

chegada do Facebook no Brasil como indicativo da importância de tendências

como marketing digital e negócios na web 2.0.

As redes também contradizem a idéia de que um alcance abrangente só

era viável para grandes empresas, com altas quantias para investir. A opinião

de especialistas é que elas trouxeram outro nível de competitividade,

reforçando a crença de que entrar nelas, com planejamento, é uma atividade

fundamental atualmente.

Seguindo as tendências das redes sociais, a Bolsa de Mercadorias e

Futuros Bovespa (BM&F Bovespa) começou a estudar, em 2009, qual seria a

estratégia ideal para tirar proveito delas com a meta de popularizar o mercado

de ações, que até alguns anos tinha um público muito restrito. A primeira etapa

foi escolher as que tinham mais a ver com a proposta, o que resultou na

escolha do Twitter, Facebook, Yahoo Respostas e Orkut.

O Twitter, pela característica de fonte de informações rápidas, passou a

ser utilizado para divulgar cursos gratuitos, inscrições, números da bolsa, entre

outros. O Yahoo Respostas para responder questões de usuários da rede

sobre os temas que dizem respeito à Bovespa. E Orkut e Facebook como

comunidades: participantes entram, tiram dúvidas, criticam e dão orientações

para nortear a estratégia da Bovespa.

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A empresa ainda não tem métricas bem definidas dos resultados, mas já

notou grande retorno em seguidores, que formam um público diferente dos que

apenas visitavam o site. “Trata-se de um grupo que interage mais e que gera

informações importantes. Essa experiência já apóia vôos maiores da Bovespa

nas redes sociais”, avalia a gerente de Internet da BM&F Bovespa, Renata

Martins.

A experiência foi turbinada com o lançamento de um aplicativo que

simula a participação no mercado de ações e é uma competição, em que os

participantes compartilham resultados e conseguem comparar o desempenho

com outros amigos. “O planejamento para 2011 é manter esse trabalho e

aumentar a abrangência de atuação nas redes, aproveitando as tendências e

oportunidades”, diz Renata.

A operadora Porto Seguro também possui atuação intensa nas redes

sociais, mas iniciou estratégia um pouco antes, em 2007, quando a área virou

uma gerência específica diretamente ligada à vice-presidência executiva da

organização. O primeiro trabalho foi de monitoramento das redes sociais, para

o qual contratou uma empresa especializada. “Terceirizar foi importante para

começar, não tínhamos tanto conhecimento e precisávamos diagnosticar as

redes sociais. Surpreendemos-nos com alguns dados que indicavam como as

pessoas se relacionavam com a marca, entre outras informações. A partir daí,

traçamos estratégias”, relata o gerente de Canais Eletrônicos da Porto Seguro,

Rafael Caetano.

O foco inicial era ser forte em atendimento, integrando o processo com o

serviço de atendimento ao cliente (SAC) da empresa, cujas solicitações

acontecem mais via Twitter. Depois, realizamos ações no Facebook, Orkut,

LinkedIn, Twitter e Youtube, inclusive via compartilhamento de vídeos e fotos

relativos a atividades da companhia.

Em relação à tecnologia, a empresa usa algumas das principais

ferramentas do mercado para monitorar, o que apóia a equipe interna. Hoje, a

Porto não contrata mais profissionais para esse fim, a menos que precise de

um esforço pontual maior, em campanhas específicas.

Para Caetano, a integração das redes sociais com outras mídias

também traz muitos frutos. Foi o que aconteceu na campanha do Trânsito Mais

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Gentil, que pregava tolerância no trânsito e tinha como um dos objetivos reduzir

o número de sinistros, que impactam diretamente no negócio da organização.

“A campanha foi disseminada por meio dessa integração e tornou-se um

dos nossos casos de sucesso.” Para o futuro, o gerente de Canais Eletrônicos

da Porto Seguro relata a busca por compreender como as pessoas interagem e

se comportam nas redes para ajudar os corretores de seguros a estreitarem

relacionamento com os clientes por meio desses canais. “É importante que o

grupo de corretores consiga entender e diagnosticar necessidades dos clientes

pelas redes que não seriam identificadas de outras formas. A Web 2.0 tem

esse poder”, afirma.

3.3 Casos do Marketing de Guerrilha “Tubaínas”

O nome Tubaína se originou de uma marca de refrigerante pertencente

à empresa Ferráspari, criada em 1932 em Jundiaí, interior paulista. A bebida

com gosto semelhante ao tutti-frutti, muito parecido com o Guaraná se tornou

bem popular na região de atuação por apresentar custo baixo, cerca de 20%

mais barato que as líderes. Este nome e a criação de outras marcas de

refrigerantes regionais começaram a aparecer nas décadas de 40 e 50,

tornando mais popular ainda o consumo dessas tubaínas, como é conhecido

até hoje os refrigerantes e outras linhas de produtos mais baratos, com sabores

inusitados e que se encontram em vários pequenos e micros varejos de suas

regiões.

De acordo com publicação do dia 24/09/2010 no site www.em.com.br, o

domínio do mercado por grandes marcas e as políticas de exclusividade das

gigantes do setor com os pontos de vendas não são capazes de acabar com a

tradição e nostalgia dos refrigerantes regionais. Apesar de as marcas de

atuação local terem perdido quase 10% de participação de mercado nos

últimos seis anos, passando de 31,2% em 2003 para 21,6% em 2009, o

momento é propício para investimentos.

O poder de compra das classes C, D e E é um dos fatores que ajudam o

crescimento do setor, mas para as marcas tubaínas fazerem a diferença neste

mercado de grande “monopólios” como Coca-Cola, Ambev e outros, as

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empresas precisam se unir e atuar com estratégias de guerrilha para

continuarem ganhando seu espaço no gosto e no bolso da população.

As marcas para terem mais força e lutarem por vantagens competitivas

se uniram na criação em 2005 da Afrebras, Associação dos Fabricantes de

Refrigerantes Regionais do Brasil, que atualmente também responde pelo setor

de cerveja e água mineral.

Assim como o marketing de guerrilha possui um diferencial em atuar de

forma mais segmentada e atingir nichos de mercados, a marcas tubaínas

buscam atingir outros espaços e oportunidades de aumentar seus volumes de

vendas. Como exemplo, a marca Xereta exporta seus refrigerantes para 11

países, entre eles EUA, Inglaterra, China e Austrália. É atendido o mercado da

“saudade”, que são os brasileiros no exterior, caso dos EUA e Inglaterra, ou

ainda o mercado “exótico” que são compradores da Austrália, onde o guaraná

é visto como energético natural. Outro ponto que surge como vantagem

competitiva para os fabricantes das tubaínas é o avanço do mercado das

marcas próprias para os supermercados, pois são eles que ficam com a

produção das marcas do Carrefour, Extra, Wal-Mart e outros.

Todo esse poder de segmentação das tubaínas pode ser muito

explorado pelo marketing de guerrilha, através de uma relação mais pessoal

com seu público, criação de sabores específicos e até o nome da marca pode

influenciar a região como é caso dos refrigerantes “Frevo” de Pernambuco,

mesmo nome da sua famosa dança de carnaval.

Recentemente de forma brilhante, a cervejaria nacional CBBP

(Companhia Brasileira de Bebidas Premium), com fábricas no Ceará e

Pernambuco atua com uma miraculosa ação de marketing de guerrilha para

cima do conhecido programa Pânico na Tv da emissora RedeTv. A ação

começou com duas jovens lindas, simpáticas e loucamente apaixonadas pelo

Brasil. Em alguns meses atrás, “Michaela” e “Dominica” diziam ser nascidas na

República Tcheca, protagonizavam um blog chamado “We Love Brazil”, no qual

apareciam em poses sensuais e dizendo-se loucas para aproveitar as delícias

tropicais do Brasil. E de forma viral fizeram grande sucesso despertando

interesse da produção do programa Pânico, da RedeTv, logo entraram em

contato com as moças que foram convidadas a participarem de um reality show

de 6 meses com a Sabrina Sato, uma das apresentadoras do programa. Após

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as gravações e aparições das moças na televisão, fora publicado pelo jornal

Folha de S.Paulo, que as duas garotas na verdade são inglesas e foram

contratadas em Dezembro de 2010 pela cervejaria CBBP que pagam para elas

anunciarem o novo rótulo da cervejaria “a Proibida”, a ser lançada em Junho.

No final de tudo o programa Pânico que possui contrato com a gigante,

Ambev, concorrente direta da CBBP está sendo notificado pela Ambev que

retirem todas as imagens das personagens Michaela e Dominica. De qualquer

forma, independente de como irá reagir o programa e a Ambev, a imagem das

meninas já estão na mídia e a CBBP terá grandes vantagens do uso dessas

personagens em suas propagandas.

3.4 Outros Casos do Marketing de Guerrilha

A primeira empresa ou marca citada neste tópico é a Arisco, criada com

base em uma receita simples de sal, alho, cebola e salsinha, a marca

expandiu-se por centenas de varejistas e prateleiras. Várias de suas ações

foram inspiradas nas táticas promocionais de guerrilhas. Diante do mercado de

marcas líderes, suas tabelas chegavam a ser 30% mais baratas que as dos

concorrentes tradicionais.

A Arisco entrava no mercado em uma época de pouca competição, que

favorecia práticas de oligopólios. E por isso cada produto lançado da Arisco era

festejado pelos supermercadistas e outros compradores, como uma alternativa

de ter um produto de qualidade, boa visibilidade e com um preço bem

favorável, podendo eles se desprender mais das negociações complexas com

as marcas líderes de mercado.

Outra forma de guerrilha que possibilitou o crescimento rápido da Arisco

foi a combinação de campanhas publicitárias agressivas com táticas de

guerrilha no ponto de venda, dentre uma delas a distribuição de bônus em toda

a cadeia do negócio, desde o distribuidor até o consumidor final. Além disso,

possuía um diferencial nas negociações, pois avaliavam e respeitavam as

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diferenças regionais de renda e os hábitos de consumo, permitindo atingir de

forma mais assertiva o gosto e o bolso do consumidor daquela região.

Para finalizar o caso da Arisco e suas ações de guerrilha, destaca-se

dentre tantas que realizou uma ação que permitiu realmente um disparo do

nome da marca no mercado. Em um de seus anos após sua fundação a

empresa colocou um imenso outdoor ao final do sambódromo no Rio de

Janeiro e manteve coberto com um pano preto até o dia do início dos desfiles

que possuíam alguns patrocinadores e que não era a Arisco. O restante da

história já pode se imaginar. Todas as emissoras de TV que faziam a cobertura

nacional e internacional dos desfiles estamparam para milhões de pessoas a

marca Arisco que localizava sua propaganda em um ângulo, no qual era

impossível não ser visualizado pelas câmeras que cobriam o desfile. Como

citado nas ferramentas do marketing de guerrilha, essa foi uma emboscada que

rendeu milhões de aparições em uma das festas mais tradicionais do Rio de

Janeiro e do Brasil.

Após atingir faturamentos bilionários, a Arisco foi vendida para a

empresa americana Bestfoods, na qual no mesmo ano foi incorporada a

tradicional Unilver.

O empresário João Alves de Queiroz Filho, conhecido como Júnior, que

era o dono da Arisco, hoje é dono da Assolan e com o mesmo empenho e

algumas estratégias que possuía com a marca Arisco, já fez a nova empresa

crescer bastante em um mercado que era dominado pela marca Bombril. Júnior

diz, “hoje, o negócio é fazer empresa de nicho e crescer no meio dos flancos e

das falhas das multinacionais”. E desta forma já planeja sua volta na linha de

alimentos com aquisição da linha Etti.

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CONCLUSÃO

Após todos os levantamentos e estudos penso em um tema muito

comentado em outros trabalhos, o endomarketing. Este que conceitua em

adaptar estratégias e elementos do marketing tradicional, o normalmente

utilizado pelas empresas para abordagens ao mercado, para uso no ambiente

interno das corporações pode e deve ser adequado também ao marketing de

guerrilha, no qual todos dentro da empresa entendam que não basta cuidar do

cliente, mas praticar pequenas ações e ter atitudes que realmente mostram a

eles que você não apenas cuida em termos financeiros para empresa, mas

também está preparado para dar-lhes atenção e seguir na busca das

tendências e novos hábitos dos clientes, sendo possível largar na frente dos

concorrentes, tendo como vantagem competitiva o uso criativo e integrado da

informação com o negócio estabelecido.

Mas falando diretamente sobre o marketing de guerrilha é preciso

ampliar esses conceitos no mercado, pois o que vemos sobre essas

ferramentas são aplicações ainda tímidas, principalmente no Brasil. As

empresas que investem nessas ações servem até como case de sucesso,

quando na verdade isso já deveria ser uma prática do empresário, comerciante

e outros agentes comerciais. As empresas precisam se informar e se planejar

de como o marketing de guerrilha pode ser mais bem aproveitado e adequado

as suas estratégias.

O mercado globalizado que nos encontramos possui características

únicas e de rápidas evoluções. Seu poder tecnológico que permite o tráfego de

informação e a criação de possibilidades de consumo em tempos mais curtos

cria uma constante mudança também na sociedade que obrigam as

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adaptações também das empresas e seus profissionais. Hoje o que chamamos

de geração “Y”, em resumo, pessoas que já nasceram na era da tecnologia e

acesso a internet, possuem seus hábitos muito mais mutáveis. O

comportamento das pessoas diante o acesso imediato a milhares de

informações criam novas tendências e formas de consumo.

Toda essa transformação vem com o aumento de produtos, marcas,

concorrentes e consequentemente mais informações de propaganda,

publicidades que por muitas vezes poluem a mente do consumidor.

Por isso para crescer ou até sobreviver neste cenário, o marketing de

guerrilha começa a aparecer com mais destaque como uma forma de

conseguir atingir de maneira eficiente os consumidores.

Lembra-se que para ter resultados efetivos com o marketing de

guerrilha, as empresas devem fazer planejamentos e traçar ações contínuas e

que a base para ter vantagem competitiva no uso do marketing de guerrilha é a

criatividade, ousadia e energia de todos os colaboradores, que podem ser os

próprios clientes.

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BIBLIOGRAFIA

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ELETRÔNICAS Blog de Guerrilha, disponível na URL

http://www.blogdeguerrilha.com.br/astroturfing/estrategia-de-astroturfing-da-oi/

Marketing Invisível, disponível na URL

http://www.infoescola.com/marketing/marketing-invisivel/

Marketing de Guerrilha, disponível na URL

http://www.artigonal.com/marketing-e-publicidade-artigos/marketing-de-

guerrilha-1599179.html

Blog com caso cerveja Proibida, disponível a URL

http://marketingdeguerrilha.wordpress.com/

Conceito Endomarketing

http://www.endomarketing.com/endomarketing.html

Associação das Tubaínas, disponível na URL

http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/8265_TUBAINAS+UNIDAS

Caso Arisco, disponível na URL

http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/0702/noticias/servido-

m0048617

Caso Arisco, disponível na URL

http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/0759/noticias/comecar-de-

novo-m0052365

Caso Arisco, disponível na URL

http://www.paradigmaglobal.com.br/artigos/artigos6.html