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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A Multiplicidade da atuação do Pedagogo Por: Manoela Ferreira Morgado Orientador Prof. Mario Luiz Rio de Janeiro 2006

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A Multiplicidade da atuação do Pedagogo

Por: Manoela Ferreira Morgado

Orientador

Prof. Mario Luiz

Rio de Janeiro

2006

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A Multiplicidade da Atuação do Pedagogo

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como condição prévia para a conclusão do

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em

Pedagogia Empresarial.

Por: . Manoela Ferreira Morgado

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AGRADECIMENTOS

A minha mãe cujo apoio, estímulo e

amor me permitiram superar os

obstáculos.

Ao meu querido irmão João Marcelo

que me incentiva sempre a procurar a o

conhecimento e conseqüentemente o

meu crescimento pessoal e profissional.

A todos que me apoiaram, se

preocupam e não permitiram o meu

desânimo nos momentos difíceis.

Ao professor Mario Luiz carinho e

paciência na orientação deste trabalho.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha

mãe Lucia Maria Ferreira por toda

compreensão, paciência, dedicação

a mim durante toda minha vida,

justificando dessa forma, todo o amor

que sente por mim. E a aqueles que

me ajudaram de forma direta ou

indiretamente para que eu pudesse

realizar este trabalho.

5

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo analisar a prática da atuação do pedagogo nas organizações, identificando quais atividades ele pode desenvolver na área empresarial. Pensando na amplitude da função do pedagogo no mercado de trabalho, como será que o pedagogo está se “comportando” nesses novos locais de atuação. Nesse norte, a pesquisa foi buscar informações sobre como o pedagogo pode usar o seu conhecimento fora do ambiente escolar, analisando e refletindo o mercado de trabalho dentro das organizações, verificando como está ocorrendo a formação do mesmo e, assim, analisando o papel do pedagogo nas instituições não-escolares, em especial, na organização que foi o foco da pesquisa. Conclui-se que o pedagogo pode e deve atuar em vários setores da organização. O que se pretendeu pontuar neste estudo é a multiplicidade da atuação do pedagogo e da importância de se buscar um sólido conhecimento para a obtenção de metodologias adequadas e assim, para alcançar os objetivos propostos e valorizando sempre a gestão do conhecimento.

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METODOLOGIA

O presente trabalho foi desenvolvido por meio de uma pesquisa

bibliográfica com a contribuição de autores reconhecidos: Idalberto Chiavaneto,

Amélia Escotto Amaral, José Carlos Libâneo, entre outros. Além disso, foram

realizadas buscas em sites da Internet para o enriquecimento do trabalho.

Neste trabalho foram utilizados meios para que possa ser bem entendido

por todos, qual é a verdadeira função do pedagogo dentro das organizações.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - As Tendências Educacionais 10

CAPÍTULO II - O Pedagogo nas Organizações 24

CAPÍTULO III – A Pedagogia Empresarial e o Treinamento 31

CONCLUSÃO 38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 40

FOLHA DE AVALIAÇÃO 42

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INTRODUÇÃO

O mundo se transforma a cada instante e o resultado mais notável deste

processo é o conhecimento antiquado que estimula à atualização continuada.

As novas tendências sociais e as novas direções impostas pela Era da

Informação influenciam diretamente a educação e o conhecimento. Gerir a

quantidade de informações veiculadas e estar atualizado, hoje em dia é uma

empreitada extremamente complexa e especializada.

Cada vez mais as organizações descobrem a relevância da educação no

trabalho e descobrem a influência da ação educativa do Pedagogo na

organização. O Pedagogo não mais só atua no ambiente escolar. Ao contrário,

dispõe de uma vasta área de atuação, tais como: empresas, ONGS, hospitais,

Centros Culturais, editoras, sites, consultorias, enfim, em todas as áreas que

necessitam de um trabalho educativo.

Assim, educação nestes espaços vem ratificar esta discussão que se

vivencia hoje em dia, o pedagogo sai então do espaço escolar, que até pouco

tempo, era seu espaço limitado de trabalho, para se inserir neste novo espaço de

atuação com uma visão redefinida da atuação deste profissional.

O pedagogo está sendo requisitado no sentido de preparar os

profissionais da área empresarial, desenvolvendo habilidades humanas e

técnicas com objetivo de entender as transformações provocadas pelo avanço

das ciências e das novas tecnologias, visando melhorar o desempenho das

pessoas e conseqüentemente, dos produtos e serviços.

Este estudo tem como objetivo contextualizar o Pedagogo dentro das

organizações, buscando informações sobre como o Pedagogo pode utilizar o

seu conhecimento fora do âmbito escolar.

Assim, o Capítulo I apresenta pontos relevantes sobre as Tendências

Educacionais de Ensino, valorizando o contexto brasileiro.

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No Capítulo II aborda-se o Pedagogo dentro das organizações,

identificando as atividades desenvolvidas pelo pedagogo empresarial e a

influência que ele pode exercer no dia a dia.

Já o Capítulo III trata de uma atividade específica que é a Pedagogia

Empresarial e o Treinamento, tema aprofundado neste capítulo, ressaltando os

pontos positivos e os negativos do treinamento.

Enfim, o tema analisado se mostra oportuno devido ao ambiente se

modificar continuamente afetando as organizações e permitindo uma nova visão

sobre os colaboradores.

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CAPÍTULO I

As Tendências Educacionais

Nas Organizações existem profissionais com diferentes formações

acadêmicas. Mas, os pedagogos se encontram mais familiarizados com as

Tendências Pedagógicas. As organizações podem adotar as Tendências nos

seus processos metodológicos para o desenvolvimento de seus colaboradores.

Para Libâneo (1986) e para Amorim e Gomes (S/D), as tendências se

classificam em liberais e progressistas. Como vertentes da Pedagogia Liberal,

encontram-se a tradicional, a renovada progressivista, a renovada não-diretiva e

a tecnicista. Dentro da Progressista, estão a libertadora, a libertária e a critico-

social dos conteúdos.

A tendência progressista libertária, não tem muita menção entre os

autores estudados, por não ter muita presença na educação brasileira.

Já Mizukami (1986), prefere chamar as tendências de abordagens e as

divide assim: abordagem tradicional; abordagem comportamentalista;

abordagem humanista; abordagem cognitivista e abordagem sócio-cultural.

Neste estudo, foram analisadas as contribuições dos autores citados,

mas, para organização das idéias, utilizou-se às classificações de Libâneo e

Amorim e Gomes.

Tendências Liberais

As tendências liberais apareceram para justificar o capitalismo.

Possuem, portanto, um caráter ideológico e uma função conservadora de

educação.

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Tendência Liberal Tradicional

A tendência liberal tradicional caracteriza-se por dar ênfase ao ensino

humanístico, de cultura geral, onde o aluno tem que atingir, pelo próprio esforço,

sua realização. Não há relação com o cotidiano do aluno, há predominância da

palavra do professor.

Amorim e Gomes afirmam:

“A tendência tradicional é a primeira manifestação

da pedagogia liberal. No entanto, não podemos

considerá-la coisa do passado. Ela permanece viva,

consciente ou inconscientemente, na prática escolar da

maioria dos professores!” (S/D, p. 55).

Para Mizukami (1986), “Trata-se de concepção e uma prática

educacionais que persistiram no tempo, em suas diferentes formas, e que

passaram a fornecer um quadro referencial para todas as demais abordagens

que a ela se seguiram” (p.07).

Percebe-se, então, que esta tendência ainda é viva e atuante na

Educação Brasileira.

Nesta tendência, os conteúdos de ensino valorizados são os

conhecimentos de valores sociais acumulados pelas gerações adultas e

repassados ao aluno como verdades absolutas. Eles não têm nenhuma ligação

com a experiência e a realidade do aluno.

Estes conteúdos são passados sempre por uma exposição verbal da

matéria e/ou demonstração feitas pelo professor, que valoriza a repetição de

conceitos ou a memorização de fórmulas.

Ainda de acordo com Amorim e Gomes:

“A escola tradicional valoriza os exercícios, a

repetição de conceitos, a memorização. Nas suas

manifestações mais ortodoxas, os castigos físicos, as

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ridicularizações são aconselháveis para que a disciplina

física e mental seja conseguida” (S/D, p. 56).

Para Mizukami (1986), esta tendência afirma que os alunos são

“instruídos” e “ensinados” pelo professor. São valorizadas as situações de sala

de aula em que há preocupação maior com a variedade e quantidade de noções

/ conceitos / informações que com a formação do pensamento reflexivo.

Assim, o professor tem a função de disciplinar. Ele é o disciplinador: seu

poder decisório é que predomina. “A relação professor-aluno é vertical, sendo

que um dos polos (o professor) detém o poder decisório quanto à metodologia,

conteúdo, avaliação, forma de interação na aula etc” (Mizukami, 1986, p. 14).

Nesta tendência, algumas disciplinas são mais consideradas do que

outras. São privilegiados: o verbal, as atividades intelectuais e o raciocínio

abstrato.

Por todo estes aspectos descritos, na verificação da aprendizagem, há

exclusividade dos aspectos quantitativos.

Para Amorim e Gomes (S/D), “A avaliação, nesta proposta pedagógica,

camufla as relações de poder do professor sobre o aluno e também valoriza a

quantidade de informações em detrimento da qualidade do aprendido” (p. 57).

Percebe-se, então, que esta pedagogia valoriza a transmissão de

conteúdos, onde o aluno é um ser passivo, um receptáculo de conhecimentos

escolhidos e elaborados por outros. A função do aluno define-se por “lutar para

superar suas dificuldades e conquistar seu lugar junto dos mais capazes...”

(Libâneo, 1986, p. 23).

Tendência Liberal Renovada Progressivista

A tendência liberal renovada progressivista, que apresenta as idéias que

vão caracterizar a Escola Nova, dá ênfase ao desenvolvimento das aptidões

individuais, e, por considerar a educação um processo interno, parte das

necessidades e interesses individuais necessários para adaptação do educando

ao meio.

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Segundo Libâneo (1986), valoriza o aluno como sujeito do

conhecimento; a experiência direta sobre o meio; um ensino centrado no aluno e

no grupo. Podem-se destacar, como representantes desta postura, nomes como,

Anísio Teixeira, Montessori, Dewey, Piaget.

Ainda de acordo com o mesmo autor, na educação brasileira, esta

tendência é difundida nos cursos de licenciatura, mas é pouco aplicada.

Nesta tendência, deve-se valorizar experiências que satisfaçam, ao

mesmo tempo, os interesses do aluno e as exigências sociais.

Segundo Mizukami :

“O objetivo da educação, portanto, não consistirá

na transmissão de verdades, informações,

demonstrações, modelos etc, e sim pretenderá que o

aluno aprenda, por si próprio, a conquistar essas

verdades, mesmo que tenha de realizar todos os tateios

pressupostos por qualquer atividade real” (1986, p. 71).

Quanto aos conteúdos, Libâneo (1986) afirma, “Os conteúdos de ensino

são estabelecidos em função de experiências que o sujeito vivencia frente a

desafios cognitivos e situações problemáticas... Trata-se de aprender a

aprender...” (p.25).

São valorizadas as tentativas experimentais, a pesquisa, a descoberta, o

estudo do meio natural e social, o método de solução de problemas, que partem,

sempre, da etapa do desenvolvimento do aluno. Também é valorizado o trabalho

em grupo, não apenas como técnica, mas como condição básica do

desenvolvimento mental:

“Valoriza-se, também, o trabalho em grupo, a fim

de que sejam reproduzidas, no seio da escola, situações

sociais que impliquem em autonomia, organização e

comunicação recíprocas entre as pessoas a fim de

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prepará-las para futura vida numa sociedade democrática”

(Amorim E Gomes, S/D, p. 62).

Sendo assim, “aprender se torna uma atividade de descoberta, é uma

auto-aprendizagem, sendo o ambiente apenas o meio estimulador” (Libâneo,

1986, p. 26).

Na Escola Nova, o relacionamento professor-aluno assume uma

dimensão de horizontalidade, ou seja, deixa de ter como figura principal o

professor e passa a considerar o aluno como centro e sujeito do processo

educativo. Libâneo (1986) afirma, “Não há lugar privilegiado para o professor;

antes, seu papel é auxiliar o desenvolvimento livre e espontâneo da criança; se

intervém, é para dar forma ao raciocínio dela” (p.26).

Percebe-se que é de extrema importância um relacionamento positivo

entre professores e alunos, para instaurar uma vivência democrática, como deve

ser a vida em sociedade.

Infere-se que, a Escola Nova, ao verificar o rendimento escolar, dá

atenção aos aspectos quantitativos e aos aspectos qualitativos, dando mais

ênfase ao segundo. Assim, é na Escola Nova que surge a avaliação. “A

avaliação é fluida e tenta ser eficaz à medida que os esforços e os êxitos são

pronta e explicitamente reconhecidos pelo professor” (Libâneo, 1986, p. 26).

A avaliação, nesta tendência, perde as características que assumia na

escola tradicional. Ela é apenas uma das etapas da aprendizagem, e não o seu

centro, por considerar o processo válido para o aluno e não para o professor.

Não valoriza somente os aspectos intelectuais, mas também as atitudes e a

aquisição de habilidades. Não há competição, mas sim cooperação e

solidariedade.

Esta tendência sofreu severas críticas, como afirmam Amorim e Gomes

(S/D): “A supervalorização da criança e a conseqüente depreciação do adulto

foram responsáveis por severas críticas à pedagogia nova, acusando-a do

grande risco de puerilismo” (p.60).

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Tendência Liberal não-diretiva

Mizukami (1986) indica que, na formulação de Rogers, a tendência

liberal não diretiva é orientada para os objetivos de auto-realização e para as

relações interpessoais. “Considerando-se a literatura mais difundida e estudada

no Brasil, têm-se dois enfoques predominantes: o de C. Rogers e o de A. Neil”

(Mizukami, 1986, p. 37).

As idéias de Rogers influenciam um número considerado de educadores

e professores, principalmente orientadores, educadores e psicólogos que se

dedicam ao aconselhamento.

Nesta concepção, o aluno é visto como pessoa e a educação visa à

pessoa inteira, englobando os três tipos gerais de aprendizagem: cognitiva,

afetiva e psicomotora.

Mizukami afirma:

“Trata-se da educação do homem e não apenas

da pessoa em situação escolar, numa instituição de

ensino. Trata-se da educação centrada na pessoa, já que

essa abordagem é caracterizada pelo primado do sujeito.

No ensino, será o ensino centrado no aluno” (1986, p. 44).

Para Libâneo (1986), “O resultado de uma boa educação é muito

semelhante ao de uma boa terapia” (p. 27).

Esta tendência da mais ênfase ao desenvolvimento das relações e da

comunicação, não valorizando a transmissão de conteúdo. Mesmo assim, “a

pesquisa dos conteúdos será feita pelos alunos, que deverão, por sua vez, ser

capazes de criticá-los, aperfeiçoá-los ou até mesmo substituí-los” (Mizukami,

1986, p.54).

O professor tem a função de facilitar a aprendizagem, ele é um

“facilitador”. Sempre que possível, ele deve diminuir ao máximo suas

intervenções, “... e nesse clima facilitador, o estudante entrará em contacto com

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problemas vitais que tenham repercussão na sua existência” (Mizukami, 1986,

p.52).

Segundo Libâneo (1986), a função do professor se restringe a ajudar o

aluno a se organizar. Para isso, faz uso de técnicas de sensibilização, onde os

sentimentos de cada aluno podem ser expostos, sem nenhuma ameaça.

Percebe-se, então, mais evidente, uma educação centrada no aluno.

Nesta pedagogia, a avaliação não faz o menor sentido. Só é valorizada a

auto-aprendizagem, pois se concentra no aluno.

Segundo Mizukami:

“O aluno, conseqüentemente deverá assumir

responsabilidades pelas formas de controle de sua

aprendizagem, definir e aplicar os critérios para avaliar até

onde estão sendo atingidos os objetivos que pretende”

(1986, p. 56).

Para o mentor desta pedagogia, Carl Rogers:

“ A avaliação de cada um de sua própria

aprendizagem é um dos melhores meios pelo qual a

aprendizagem auto-iniciada se torna aprendizagem

responsável” (Rogers, 1972, apud Mizukami, 1986, p.56).

Pode-se ver, desta forma, que Rogers defende a auto-avaliação.

Segundo Puente (1978 apud Mizukami, 1986):

“A não-diretividade pretende ser um método não

estruturante do processo de aprendizagem, pelo qual o

professor se abstém de intervir diretamente no campo

cognitivo e afetivo do aluno introduzindo valores, objetivos

etc, constituindo-se apenas num método informante do

processo de aprendizagem do aluno, pelo qual o professor

não dirige propriamente este processo, mas apenas se

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limita a facilitar a comunicação do estudante consigo

mesmo, para ele mesmo estruturar seu comportamento

experiencial” (p. 49).

Tendência liberal Tecnicista

A tendência liberal tecnicista se destina à preparação de mão-de-obra

para a indústria. Dá ênfase as técnicas e não ao contexto.

Na percepção de Amorim e Gomes:

“O tecnicismo visa a reordenar o processo

educativo de modo a torná-lo objetivo e eficaz, nos

mesmos moldes do princípio de especialização de

funções introduzido na indústria pela teoria taylorista” (S/D

p. 74).

O relacionamento professor-aluno é bem estruturado e objetivo. O

professor é o que administra as condições de transmissão da matéria e ao aluno

cabe receber, aprender e fixar as informações. É o professor que tem o papel de

ligar a verdade objetiva e o aluno. Para isso, “ o ensino é um processo de

condicionamento através do uso de reforçamento das respostas que se quer

obter”. (Libâneo, 1986, p. 30).

A avaliação, nesta tendência, tem um caráter autoritário, pois ela é

baseada no desempenho mínimo esperado do aluno que é pré-estabelecido nos

objetivos operacionais, mesmo assim, ela se encontra em todas as etapas do

processo de aprendizagem.

Sob a forma de pré-testagem, ela inicia o processo, visando a identificar

os comportamentos previamente apresentados pelo aluno, em função dos quais

será feito o planejamento das etapas subseqüentes.

Ocorre, também, a avaliação no decorrer do processo.

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De acordo com Amorim e Gomes (S/D): “observa-se, ainda, a avaliação

no final do processo, visando a verificar se os objetivos foram atingidos em

termos comportamentais” (p. 77-8).

De acordo com Guimarães (1987), no tecnicismo há três tipos de

avaliação: avaliação diagnóstica (sondagem dos pré-requisitos); avaliação

formativa (objetivo de acompanhar o processo) e avaliação somativa (verificar,

classificar). Nesta tendência, o aspecto quantitativo, tem mais valor que o

qualitativo.

No sistema educacional brasileiro, esta tendência “foi introduzida mais

efetivamente no final dos anos 60, com objetivo de adequar o sistema

educacional à orientação, político-econômica do regime militar” (Libâneo, 1986,

p. 31).

Conclui-se que esta tendência está preocupada em transmitir informação

atendendo “aos objetivos de caráter social, à medida que atende aos objetivos

daqueles que lhe confundem o poder” (Mizukami, 1986, p. 29).

Assim:

“Conclui-se, pois, que se para a pedagogia

tradicional a questão central é aprender e para a

pedagogia nova aprender a aprender, para a pedagogia

tecnicista o que importa é aprender a fazer” (Saviane apud

Amorim e Gomes S/D, p. 77).

Tendências Progressistas

Na Pedagogia Progressista, as tendências partem de uma análise

criticas das realidades sociais, sustentando as finalidades sócio-políticos da

educação.

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Tendências Progressistas Libertadora

Esta tendência é mais conhecida como pedagogia de Paulo Freire,

onde o autoritarismo não existe, há a valorização da experiência vivida e idéia de

autogestão pedagógica.

Esta tendência alcançou diversos países como Chile, África, etc. No

Brasil, ela tem mais força nos movimentos populares e sindicatos e na “educação

popular”. Apesar das formulações teóricas de Paulo Freire falarem só da

educação de adulto ou da educação popular em geral, muitos educadores as

vêm colocando em prática em todos os níveis do ensino.

Ela “questiona concretamente a realidade das relações do homem com

a natureza e com os outros homens, visando a uma transformação” (Libâneo,

1986, p. 33). Tem-se então uma educação crítica.

Libâneo ainda afirma:

“... que a educação é uma atividade onde os

professores e alunos, mediatizados pela realidade que

apreendem e da qual extraem o conteúdo da

aprendizagem, atingem um nível de consciência dessa

realidade, a fim de nela atuarem, num sentido de

transformação social” (1986, p.33).

Segundo Mizukami:

“A educação assume caráter amplo, não restrita a

escola em si e nem a um processo de educação formal.

Caso a escola seja considerada, deve ser ela um local

onde seja possível o crescimento mútuo, ao professor e

aos alunos, no processo de conscientização o que implica

uma escola diferente da que se tem atualmente, com seus

currículos e prioridades” (1986, p. 94).

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Percebe-se que Paulo Freire não deixa o caráter político de fora na sua

pedagogia, assim impede que ela seja posta em prática, em termos

sistemáticos, antes da transformação da sociedade. Daí porque sua atuação se

dá mais em nível da educação extra-escolar. O que não tem impedido que seus

princípios sejam adotados e aplicados por professores conscientes que tentam

ajudar “... na construção de uma nova ordem social, mesmo no âmbito da

educação formal” (Amorim e Gomes, S/D, p.79).

Os conteúdos de ensino, nesta tendência, são chamados “temas

geradores” pois são extraídos da problematização da prática de vida dos

educandos.

De acordo com Amorim e Gomes (S/D), os conteúdos devem emergir

da realidade do contexto social dos alunos e possibilitar a compreensão crítica

da mesma. Sendo assim, a apreensão dos significados é considerada

indispensável e conseqüentemente, a expectativa vivencial é fundamental na

Pedagogia de Paulo Freire.

Percebe-se que aprender é um ato de conhecimento da realidade

concreta que só tem sentido quando resulta de uma aproximação critica dessa

realidade. O que é aprendido não decorre de uma imposição ou memorização.

O que o aluno transfere, em termos de conhecimentos, é o que foi

incorporado como resposta às situações de opressão, ou seja, sem engajamento

na militância política. “Uma situação de ensino-aprendizagem, entendida em seu

sentido global, deverá procurar a superação da relação opressor-oprimido”

(Mizukami, 1986, p. 97).

Assim, a verdadeira educação será a educação problematizadora que

ajudará a superar esta relação. Esta “educação objetiva o desenvolvimento da

consciência critica e a liberdade” (Mizukami, 1986, p. 97).

Nesta tendência, o professor tem a função de adaptar o processo de

ensino-aprendizagem, a partir das características culturais de seus alunos. A

21

relação professor-aluno é horizontal, tendo como forma o diálogo, onde o

professor e os alunos se posicionam como sujeitos do ato do conhecimento.

Segundo Amorim e Gomes:

“O aluno é entendido como um homem concreto,

histórico, sujeito de seu próprio processo educacional,

cabendo à educação a sua promoção, através de um

contínuo processo de ação-reflexão-ação” (S/D, p.80).

Então, tanto o professor quanto os alunos procurarão criar condições

para que a consciência ingênua seja superada e para que possam perceber as

contradições da sociedade e aos grupos em que vivem. Assim, “tanto o professor

quanto o aluno ocupam lugar de destaque” (Amorim, S/D, p.84).

Quanto à avaliação, não há praticamente menção alguma na proposta

de Paulo Freire. Mas, pode-se dizer que, resta pedagogia, educar significa

conscientizar, a tarefa de avaliar se encontra revestida de uma enorme

complexidade.

Segundo Libâneo (1986), “admite-se a avaliação da prática vivenciada

entre educador-educando no processo de grupo e, ás vezes, a auto-avaliação

feita em termos dos compromissos assumidos com a prática social” (p. 34).

Para Amorim e Gomes:

“... a avaliação deixa de situar-se no aluno e se

volta para a prática educativa como um todo e, em

harmonia com o método dialógico, há de envolver todos

aqueles que participam da relação educacional” (S/D p.

90).

Mizukami completa:

“Qualquer processo formal de notas, exames, etc.

deixa de ter sentido em tal abordagem. No processo de

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avaliação proposto, tanto os alunos como os professores

saberão quais suas dificuldades, quais seus progressos”

(1986, p. 102).

A avaliação visa a uma tomada de decisão, que leva a uma

transformação, preparando os alunos para a participação social. “a avaliação é

da prática educativa e não de um pedaço dela” (Freire apud Mizukami, 1986, p.

102).

Conclui-se que a liberdade é um dos valores básicos desta tendência

onde o homem se torna o sujeito da educação “...ninguém educa ninguém,

ninguém se educa, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”

(Freire apud Mizukami, 1986, p. 98).

Tendência Progressista “crítico-social dos

conteúdos”

Esta tendência faz uma síntese superadora da pedagogia tradicional e

renovada; valoriza a ação pedagógica inserida na prática social; entende a

escola como mediação entre o individual e o social, onde ocorre a articulação

entre transmissão dos conteúdos e assimilação do aluno, que resulta o saber

crítico, “...observa-se uma valorização do homem concreto, histórico e não uma

visão pré-determinada do homem”. (Amorim e Gomes, S/D,p.94), o aluno, é um

ser participante da sociedade, um cidadão.

Segundo Libâneo (1986), um dos autores pioneiros desta tendência foi

Makarenko. Podemos destacar ainda, Manacorda, Charlot e o brasileiro

Dermeval Saviani.

No Brasil, há professores que usam essa pedagogia articulada com a

adoção de métodos preconizados pelas tendências descritas anteriormente.

Assim, então, garantindo a participação do aluno e avançando na

democratização do ensino.

De acordo com Libâneo:

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“A função da pedagogia dos conteúdos é dar um

passo à frente no papel da transformação da escola, mas

a partir das condições existentes. Assim, a condição para

que a escola sirva aos interesses populares é garantir a

todos um bom ensino, isto é, a apropriação dos conteúdos

escolares básicos que tenham ressonância na vida dos

alunos” (1986, p. 39).

Os conteúdos trabalhados são universais, socialmente acumulados, mas

que devem ser reavaliados, sempre que necessário, pelos alunos, diante das

realidades sociais, com a mediação do professor.

Sendo assim, esta tendência pode ser dividida em 5 etapas. A

primeira etapa é a prática social, comum a professores e alunos, a segunda

etapa é a problematização, identificação de problemas que necessitam se

resolvidos no âmbito da prática social e dos conhecimentos necessários para

que se torne possível a sua superação, a terceira etapa é a instrumentalização,

apropriação de instrumentos teóricos e práticos indispensáveis à solução de

problemas anteriormente referidos, a quarta etapa é a cártase, onde

incorporamos os elementos de transformação social, e a última etapa é o ponto

de chegada que a própria prática social. Então, a prática social tanto é o ponto

de partida quanto o ponto de chegada.

É o professor que vai orientar a aprendizagem, quando o educando e o

processo educativo. Quanto à avaliação, o professor irá verificar no rendimento

do aluno, o domínio de conteúdo e se ele desenvolveu a capacidade crítica.

Percebe-se que, nesta tendência, também há a avaliação do trabalho

escolar. Segundo Guimarães (1987), ela se preocupa tanto com os aspectos

qualitativos quanto com os aspectos quantitativos. Eles têm o mesmo valor, o

mesmo peso.

Conclui-se que, a tendência progressista critico social dos conteúdos

“resulta de uma compreensão critica das tendências tanto liberais quanto

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progressistas que as antecederam, valorizando aspectos positivos de cada uma

delas ...” (Amorim e Gomes, S/D, p.93).

CAPÍTULO II

O Pedagogo nas Organizações

Durante o decorrer da história a visão da função do pedagogo vem se

modificando, antigamente ele era visto como um servo que guardava as crianças.

Hoje, o pedagogo é considerado um especialista em educação e ensino. São

exigidos ao pedagogo novas habilidades, novos conhecimentos e finalmente

novas competências.

A figura do pedagogo atravessa séculos exercendo a sua função de

facilitador do conhecimento e transformando o comportamento humano. Hoje no

século XXI, há uma ampliação nesta visão, sua efetiva atuação em espaços

também não escolares com o mesmo propósito da educação formal.

“Verifica-se hoje uma ação pedagógica múltipla na sociedade. O

pedagógico perpassa toda a sociedade, extrapolando o âmbito escolar formal,

abrangendo esferas mais amplas da educação informal e não-formal” (Libâneo,

2002, p.28).

Libâneo ressalta o verdadeiro significado da Pedagogia:

“A Pedagogia ocupa-se de fato, dos processos

educativos, métodos, maneiras de ensinar. Mas antes

disso ela tem um significado bem mais amplo, bem mais

globalizante. Ela é um campo de conhecimento sobre a

problemática educativa. Na sua totalidade e historicidade

25

e, ao mesmo tempo, uma diretriz orientadora da ação

educativa” (2000, p.22).

Portanto a Pedagogia procura dentro de seus métodos, estratégias que

promovam mudanças nas pessoas, melhorando a qualidade de vida delas e

conseqüentemente ampliando a capacidade de trabalho.

A Pedagogia tanto na escola quanto na empresa age em direção a

realização de idéias e propósitos pré-determinados com o intuito de promover

mudanças nos comportamentos das pessoas. “A esse processo de mudança

provocada no comportamento das pessoas sem direção a um objetivo

chamamos de aprendizagem e a aprendizagem é a especialidade do pedagogo”

(Holtz, 1999, p.06).

Sabe-se que a educação não se dá somente no ambiente escolar. Ela

está presente em todos os locais, na igreja, na família, no trabalho.

“A Educação não termina quando o aluno se

forma na escola tradicional. Na antiga economia, a vida

de um indivíduo era dividida em dois períodos: aquele

que ia para a escola e o posterior a sua formatura, em

que ele começava a trabalhar. Agora, espera-se que os

trabalhadores construam sua base de conhecimento al

longo da vida” (Meister, 1999, p.23).

Assim, como são exigidas novas competências ao pedagogo, a

graduação de Pedagogia vem se modificando para atender a demanda deste

novo mercado. O campo de atuação do pedagogo a cada dia que passa vem se

ampliando, surgindo uma nova perspectiva para a Pedagogia.

A crescente preocupação das organizações em desenvolver seus

funcionários reforça-se um novo mercado para os pedagogos.

26

Desde o início da década de 90, as organizações passaram a valorizar o

capital humano como um grande recurso, capaz de assegurar o esforço

competitivo e realizar mudanças constantes.

Hoje as empresas têm o pensamento de ter em seu quadro pessoas

bem qualificadas para atingirem um diferencial na competitividade. Elas

precisam de funcionários trabalhando, participando, produzindo, assumindo

funções que necessitam de novas competências. Para isso, é preciso haver um

investimento em educação. O Pedagogo Empresarial colabora nestes

processos.

O grande benefício em se ter um pedagogo dentro de uma organização

está relacionado na qualidade da aprendizagem, facilitando o desenvolvimento e

a qualificação do capital humano.

O pedagogo é responsável pela formação qualificada dos trabalhadores

atendendo as necessidades da organização, elevando a qualidade e a

produtividade das empresas, possibilitando assim, o equilíbrio entre o ser

pessoa e a técnica.

Esta preocupação com a educação continuada que as organizações

estão cada vez mais mostrando, é um traço marcante da chamada gestão por

competências. Terra afirma sobre a gestão do conhecimento:

“Não trata propriamente de um mundo novo, mas

de um novo olhar sobre o velho mundo, da mesma

forma que o movimento da qualidade utilizou o

ferramental já existente para, na sua época, construir

novos óculos para enxergar os problemas

organizacionais” (2003, p.145).

Surge então a Pedagogia Empresarial, segundo Ferreira:

27

“Um dos propósitos da Pedagogia na Empresa é

a de qualificar todo o pessoal da organização nas áreas

administrativas, operacional, gerencial, elevando a

qualidade e produtividade organizacionais” (Ferreira

apud Ribeiro, 2004,9).

Assim, a Pedagogia Empresarial tem o objetivo de implementar

programas de qualificação, difundindo o conhecimento, traçando estratégias e

metodologias que asseguram uma melhor aprendizagem dos funcionários. Cabe

a Pedagogia Empresarial, valorizar o potencial de cada colaborador, respeitando

sempre o limite de aprendizagem de cada um.

Enfim, a Pedagogia Empresarial busca o entendimento da atitude

humana em relação à aprendizagem.

No entanto, qual a função do pedagogo dentro de uma organização?

Em um primeiro momento, o pedagogo pode levar a questão

metodológica, que é pouca desenvolvida na área de liderança e a organização

de processos de qualificação. Outra atividade seria o desenvolvimento dos

processos de relacionamento interpessoal e da transmissão da cultura da

empresa, crenças e valores para todos os colaboradores.

Segundo Ribeiro (2004), as atividades que o Pedagogo Empresarial

desempenha nas organizações são: atividades pedagógicas, sociais,

burocráticas e administrativas.

Sendo assim, o pedagogo é um profissional qualificado para conceber,

planejar, desenvolver e administrar essas atividades.

Após a leitura de um artigo de Herbert Lobo Ribeiro no site

www.empregos.com.br no dia 22/5/2003 pode-se constatar que atualmente o

campo de trabalho para o pedagogo se mostra em franca expansão.

Assim como a valorização da reciclagem, as organizações estão

investindo cada vez mais na qualificação de seus funcionários, o que amplia o

mercado para os profissionais de Educação.

28

O Pedagogo Empresarial é considerado um colaborador junto à

empresa, ele precisa desenvolver suas atividades indo de encontro com a visão

e a missão da empresa.

O pedagogo deve ter a presteza de admitir uma postura de facilitador, de

guia, visando sempre o crescimento profissional de cada colaborador.

O pedagogo precisa ser flexível e permitir que a aprendizagem seja

realizada pelos próprios colaboradores, divulgando as metas e desempenho

esperado de cada um deles. Isto não isenta o pedagogo a posição de direção do

processo.

“Em nenhum momento esta postura implica

espontaneísmo ou que o docente abra mão da direção

do processo, deixando – se seduzir pela idéia romântica

de que o aprendiz aprende por si mesmo. Assumir uma

postura de guia do processo significa assegurar a

liberdade do crescimento do próprio” (Litt apud Ribeiro,

2004, p.27).

Baseado nos pensamentos de Libâneo (2001) pode-se entender que o

pedagogo é um profissional essencial em diversos segmentos do mercado de

trabalho e não apenas no ambiente escolar. Ele pode trabalhar em conjunto com

outros profissionais como psicólogos assistentes sociais.

Sua área de atuação hoje em dia é muito ampla e não há limites para o

desenvolvimento de suas atividades, pois pode atuar como consultor de

empresas, junto aos departamentos pessoais e até mesmo na seleção de

profissionais.

Pode se constatar que o campo de trabalho para este tipo de profissional

é bastante extenso, é preciso que o pedagogo esteja bem preparado, devido ele

lidar com os fatos, situações, acontecimentos e estruturas no que envolve a

práticas educativas.

29

Para um real avanço da organização, o Pedagogo Empresarial precisa

se inteirar da cultura organizacional da empresa, além disso, é preciso ter uma

dedicação especial, como afirma Ribeiro:

“O pedagogo que atua na empresa precisa ter

sensibilidade suficiente para perceber quais estratégias

podem ser usadas em que circunstâncias para que não

se desperdice tempo demais aplicando numerosos

métodos e com isso se perca de vista os propósitos tanto

da formação quanto da própria empresa” (2004, p.23).

Observa-se que o pedagogo nas organizações está quase sempre

vinculado ao setor de treinamento e da seleção de pessoal, que por sua maioria

trabalha de forma a gerar satisfação pessoal e profissional e, conseqüentemente,

lucro para as empresas.

Como a pedagogia tem como objeto de estudo o ato de construção do

saber, é necessário que em cada treinamento o pedagogo observe as técnicas

do treinamento, a sua eficiência, as técnicas que devem ser efetivadas de acordo

com as necessidades levantadas, procurando os instrumentos para que a prática

educativa ocorra com sucesso.

Uma outra prática para o treinamento é a Universidade Corporativa.

Nestas universidades acontece um aprendizado contínuo relacionado com as

necessidades específicas de cada organização e de seus funcionários. As

Universidades Corporativas vão de encontro à missão da empresa.

Além de sua presença no processo de treinamento, o pedagogo pode

contribuir despertando potencialidades, criatividade e autonomia dos

funcionários, onde os mesmos possam interagir com os processos pessoais.

O Pedagogo Empresarial também incentiva as pessoas a terem um

comportamento participativo agregando mais conhecimento à empresa.

De acordo com Ribeiro:

30

“Vale acrescentar que o incentivo é um fator

indispensável ao funcionário posto que ele se sentirá

valorizado no seu próprio trabalho o que influirá

positivamente na boa qualidade do seu desempenho”

(2004, p.56).

Uma outra atividade que cabe ao pedagogo dentro da empresa é a

avaliação permanente do funcionário em relação ao seu desempenho visando

diagnosticar e corrigir os problemas constatados.

No espaço empresarial o pedagogo pode direcionar o seu trabalho em

duas vertentes, no colaborador ou no serviço. No segundo caso, o pedagogo

atuará em empresas que comercializam produtos educacionais.

Segundo Holtz (1999), a principal tarefa do Pedagogo Empresarial “é

conhecer soluções para as questões que envolvem a produtividade das pessoas

humanas – o objetivo de toda empresa” (p.06). Pode-se considerar como uma

característica marcante da atividade do pedagogo é a mediação entre o

empregado, empregador e outros.

Enfim, o Pedagogo Empresarial pode desempenhar diversas atividades

dentro de uma organização, como promoção de treinamento, desenvolvimento de

projetos pedagógicos, consultoria em administração, assessoria aos funcionários

e ao corpo gerencial, desenvolvimento de sistemas de avaliação, etc.

Ele só não pode esquecer o seu maior propósito que é facilitar o

aprendizado no trabalho; intensificar as relações interpessoais; valorizar o ser

humano.

Para isso acontecer, o pedagogo precisa ter um abrangente alicerce

teórico, tendo como parâmetro à promoção de metodologias e recursos

pedagógicos, adequando sempre a realidade empresarial.

Apesar da Pedagogia Empresarial ser uma fonte nova, ela vem

ganhando o seu espaço, se destacando nas grandes empresas, assim

conquistando posições.

31

32

CAPÍTULO III

A Pedagogia Empresarial e o Treinamento

Há algum tempo acompanha-se no setor empresarial debates sobre a

eficiência de se investir em treinamento. As opiniões são das mais variadas.

O treinamento tornou-se um forte aliado às organizações que procuram

sempre manter seus funcionários a par das novas técnicas, tecnologias e

conceitos. O aumento da competitividade, junto ao contínuo crescimento da

tecnologia, faz com que as empresas passem a se preocupar com o freqüente

aperfeiçoamento de seus colaboradores. Além de sustentar as mudanças e

possibilitar melhores resultados com melhor qualidade de vida.

Ribeiro ressalta as vantagens do treinamento:

“Aumento da produtividade em menor espaço do tempo.

Funciona como forma de diagnóstico permanente das necessidades de formação/treinamento.

Permite um acompanhamento mais preciso dos desempenhos individuais e grupais.

Oferece feedback permanente.

Aprimora aspectos relacionais e motivacionais.

Oferece oportunidade de valorização do aprendiz.

Contribui para a diminuição dos desperdícios quer na utilização dos equipamentos, quer na utilização do tempo.

Permite identificar as potencialidades e talentos”

(2004, p.65).

O que se vê nas organizações é que o conhecimento do que treinar a

equipe de trabalho é algo impreterível e precioso, entretanto, a maioria delas não

consegue obter os resultados esperados, não alcançando o interesse dos

33

funcionários ou até mesmo, não conseguindo com que a empresa perceba a

importância do trabalho.

Porém, os especialistas da área têm o diagnóstico para este problema,

o que acontece com quase todas as empresas é planejar o treinamento sem que

ele esteja alinhado às estratégias da empresa ou, simplesmente, não planejá-lo.

Mas como garantir a real efetivação do treinamento?

Para garantir o sucesso do treinamento algumas considerações devem

ser levadas em conta: a alta direção precisa estar comprometida; focar o

investimento nas reais necessidades; o treinamento necessita de dados

mensuráveis para verificar o custo/benefício do processo, etc.

É preciso que o objetivo e o tempo do treinamento sejam bem definidos,

“além disso, o que se pretende como resultado precisa estar suficientemente

claro em termos de conhecimentos, habilidades ou atitudes dos treinandos”

(Ribeiro, 2004, p.107). Primeiramente antes de escolher qual treinamento será

realizado, tem que saber se o que a empresa procura é o treinamento ou o

desenvolvimento. Treinar, é operacional, é à busca de resultados imediatos, já o

Desenvolvimento é buscar os resultados dentro de uma visão mais humanística

do negócio.

A atividade do pedagogo na organização está vinculada ao desempenho

produtivo das pessoas, proporcionando a estabilização entre a técnica e a

humanização. È imprescindível à presença do pedagogo dentro dos processos

de treinamento. Nestes processos as atividades serão voltadas para a

aprendizagem, diagnosticando as reais necessidades de treinamento,

planejando a melhor forma de aplicá-lo, além de promover uma avaliação

constante dos funcionários.

Segundo Neto (2003), constata-se que agrupar funcionários numa sala

de aula, apontando erros, criticando-os, ameaçando-os e diminuindo-os, para

muitos isto é um treinamento, pois associam o treinamento exclusivamente à sua

duração e não à sua metodologia e conteúdo.

O que se percebe logo após a crítica, é que surgem algumas tentativas

de solução, mas sem resultados, pois não basta identificar o problema e sim, faz

34

se necessário um convencimento sobre o que está errado e mostrar instrumentos

para realizar a mudança.

Se só ocorrer a crítica não se pode chamar de treinamento e sim

adestramento. Porque quando se adestra condiciona-se o comportamento e a

qualquer desvio volta-se logo para o modelo idealizado.

Treinar pessoas é fazer com que elas entendam quais são os pontos

falhos e, principalmente, preparando-as para uma postura crítica diante de sua

atividade, capacitando-as a solucionarem novos problemas, ou no mínimo a

identificarem o que não anda bem e, por fim, buscarem criativamente, uma

solução, “quanto maior o envolvimento do aprendiz nos processos de

aprendizagem, maior a capacidade de retenção” (Ribeiro, 2004, p.21).

Quando se usa o adestramento está se reproduzindo o que o ensino

tradicional passa, gerando não questionamento, mas sim, a pura repetição

daquilo que viram ou ouviram de alguém.

De acordo com Aquino:

“Quando o treinamento se restringe ao método

preletivo, os resultados apresentam abaixo da expectativa.

Os conhecimentos transmitidos raramente são

absorvidos, em virtude de falta de esforço pessoal de

aprendizagem” (1984, p.179).

O treinamento mais aconselhável nos dias atuais é o que privilegia a

aprendizagem em equipes, as técnicas de dinâmicas de grupo.

Baseado em Chiavenato (2002), Bonfim (1995) e outros autores, o

treinamento para ter sucesso deve seguir no mínimo três etapas:

· Levantamento de necessidades - o que fazer para atingir os

objetivos da empresa;

· Elaboração de projetos planos de treinamento;

· Avaliação de resultados em treinamento.

35

Assim, o sistema de treinamento deve seguir estes passos para a

facilitar e ter uma ação mais objetiva, não só intuitiva ou impulsiva.

Segundo Holtz (2003), os treinamentos são todas as ações dirigidas

para desenvolver e aperfeiçoar nossa vocação, nossos dons, aptidões,

habilidades e capacidades para determinadas atividades. Pode-se entender que

na concepção desta autora, os treinamentos nos conduzem a três componentes:

· Qualidade – é a característica própria de uma pessoa ou empresa,

capaz de distingui-la das outras. É o que permite dar-lhe valor,

aprová-la, aceitá-la ou recusá-la. É o seu dom, a sua competência.

Cada pessoa ou empresa é única na humanidade. Não existe

ninguém ou nenhuma igual.

· Tranqüilidade - É o estado mental em que sentimos calma,

equilíbrio, paz, alegria e segurança. É proporcional à intensidade da

nossa fé. Nesse estado, somos especialmente produtivos e

atraímos situações favoráveis, tanto para nossa vida profissional

como pessoal. Somos muito mais produtivos em estado de

tranqüilidade e bloqueados no estado de agitação. A tranqüilidade

é indispensável para expressarmos a nossa qualidade. Os

treinamentos ensinam como conquistarmos e mantermos a nossa

tranqüilidade e o nosso equilíbrio.

· Produtividade – É a faculdade natural que a pessoa humana tem

de produzir, de ser rendoso, ser proveitoso, ser criativo, ser

elaborador e de ser realizador em tudo que sabe fazer. Basta

aprender e treinar a fazer melhor. A nossa produtividade se

manifesta proporcionalmente ao nosso estado emocional de

tranqüilidade e alegria.

36

O conceito de educar no trabalho pode ser vista como educação

corporativa. Esta idéia é uma ruptura com os modelos de treinamento

tradicionais. A educação privilegia o ser humano, enquanto o treinamento focaliza

a tarefa, o repetitivo.

Nesta abordagem, não há mais espaço para o funcionário burocrático,

que se limita a executar as funções para as quais foi treinado. O perfil do

funcionário desta nova gestão inclui autonomia, espírito crítico, liderança e

flexibilidade.

Para traçar o colaborador ideal, a Educação Corporativa tem que

desenvolver as competências básicas para o sucesso dos negócios. De acordo

com CHIAVENATO (2002), as competências exigidas atualmente são no total de

sete:

· Aprendendo a aprender. O funcionário deve ser capaz de fazer

perguntas, buscar respostas e aplicar o conhecimento existente a

novas situações.

· Comunicação e Colaboração. Hoje é preciso saber trabalhar em

equipe, colaborar com o grupo para compartilhar as melhores

práticas negociais e relacionar-se com clientes e fornecedores.

· Raciocínio criativo e resolução de problemas. Foi-se o tempo

em que a direção era única responsável pela produtividade da

empresa. Todos devem contribuir para identificar problemas e

apontar soluções.

· Conhecimento tecnológico. É preciso saber usar, por exemplo, a

INTRANET e a INTERNET para pesquisar produtos, serviços e

ofertas competitivas.

37

· Conhecimentos de negócios globais. As pessoas precisam

conhecer a conjuntura internacional para pensar estratégias de

negócios globalizados.

· Desenvolvimento de liderança. Os funcionários. Os funcionários

devem ser agentes de mudança em vez de receptores passivos de

instruções.

· Autogerenciamento da carreira. Cabe ao próprio funcionário

traçar seu plano de carreira e buscar as qualificações necessárias

para a evolução (p.520-521).

Essas competências estão inseridas no contexto da educação e cabe

aos pedagogos investir nessa nova oportunidade profissional.

De acordo com Vasconcellos (2003):

“Só o homem, por ser dotado de inteligência e

sabedoria, é capaz de realizar a manutenção e a produção

das máquinas. Como a empresa, o homem busca seu

desenvolvimento econômico e a elevação de seu nível

social. Mas isso não será possível sem o aumento das

habilidades, sejam elas intelectuais ou técnicas. Logo, a

capacitação e as habilidades das pessoas é função

primordial do treinamento”.

Para ele a qualificação é uma das responsabilidades gerenciais de

maior importância atualmente. Pode-se perceber que ele tem uma visão de

treinamento como educar, mudar o comportamento, pois só assim, as pessoas

podem adquirir novos conhecimentos, novas habilidades. Treinar deve ser visto

como ensinar a pensar, aprender a aprender.

Um programa de treinamento bem estruturado deve servir como um

instrumento eficaz na solução de problemas, tais como: perda da qualidade,

38

baixa produtividade, falta de sintonia com avanços tecnológicos, perda da

motivação e auto-estima, conflitos internos, acomodação, lentidão na execução

das tarefas, atrasos e faltas no trabalho.

Por isso o papel do treinamento nas organizações não poderá se

restringir a apenas oferecer condições para que o funcionário qualifica-se ou

desenvolva-se melhor, mas também, para que crie forças capazes de intervir na

organização e no processo produtivo.

Deste modo, o pedagogo empresarial pode dar à empresa o que ela

espera, ajuda na tarefa de maximizar resultados, minimizar custos e otimizar os

recursos humanos disponíveis.

39

CONCLUSÃO

Pode-se concluir que a atuação do pedagogo está se ampliando. Nos

dias de hoje pode-se ver pedagogos em hospitais, ONGs, empresas, centros

culturais, entre outros. Dessa forma, observa-se amplitude, a multiplicidade desta

profissão, possibilitando enxergar além dos muros das escolas.

Frente a tudo o que foi descrito teoricamente sobre a função do

pedagogo na área empresarial, como: as funções que podem ser ocupadas por

ele dentro da organização por meio do desenvolvimento do ensino –

aprendizagem; das tarefas técnicas que podem ser agrupadas nas funções de

planejamento, coordenação, avaliação, planejamento e assessoramento é que se

buscou elucidar a campo de atuação desse profissional, que não é limitado

apenas ao campo escolar.

Verificou-se que além das características pessoais, este

profissional ainda deve empenhar-se na criação de métodos, que levem todo o

pessoal a satisfazerem suas necessidades profissionais.

Conclui-se que a tarefa do Pedagogo Empresarial é, entre outras, a de

ser mediador de ações educativas na administração de informações dentro do

processo contínuo de mudanças e de gestão de conhecimento. Estas são

características principais para as organizações que pretendem se manter ativas

e competitivas no mercado.

Nesta monografia, descreveu as tendências educacionais que devem ser

utilizadas pelos pedagogos empresariais, é preciso ter cuidado ao escolher qual

metodologia irá ser usada e adequá-la para que os objetivos da organização não

sejam desvirtuados. A tendência que o pedagogo escolher precisa ser bem

entendida. Mas, aconselha-se que o Pedagogo Empresarial escolha uma postura

mais moderna que valorize tanto os aspectos técnicos, quanto relacionais.

Acredita-se então, depois do que foi exposto, que o pedagogo tem

qualificação e competência para atuar frente a determinados setores, como por

exemplo, o setor de treinamento de pessoal. Contudo, além de sua formação

40

acadêmica acredita-se que a especialização de acordo com seus objetivos irá

proporcionar subsídios mais profundos a sua prática profissional.

Pôde-se ver que as organizações estão começando a enxergar para a

educação continuada, mas é necessário que as universidades iniciem a

formação do pedagogo para uma formação geral e não só voltada para a área

escolar.

Até pouco tempo a visão da função do pedagogo era a de só atuar no

âmbito escolar. Este olhar está se modificando, a educação formal não deixa de

ser um foco para o pedagogo, mas não é o único.

Enfim, é necessário separar o que é escolar do que é educativo. O

pedagogo pode atuar, como se constatou neste estudo, em todas as áreas que

requerem trabalhos educativos, que envolvam processos de ensino-

aprendizagem, assim, pode atuar tanto nas escolas, quanto em organizações que

valorizem a qualificação profissional, o importante é se ter um conhecimento

sólido a respeito das atividades exercidas.

É este o atual cenário do pedagogo, onde houver uma prática educativa,

existirá uma ação pedagógica.

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

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