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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A SÍNDROME DE DOWN E A ESTIMULAÇÃO PRECOCE Por: Renata Pascarillo Ferreira Orientador Prof.ª Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A SÍNDROME DE DOWN E A ESTIMULAÇÃO PRECOCE

Por: Renata Pascarillo Ferreira

Orientador

Prof.ª Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A SÍNDROME DE DOWN E A ESTIMULAÇÃO PRECOCE

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em educação

inclusiva.

Por: Renata Pascarillo Ferreira

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AGRADECIMENTOS

Agradeço pelo apoio e carinho ao meu

noivo, minha família, amigos e

professores.

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DEDICATÓRIA

Dedica-se ao meu noivo, meus pais,

irmão, avós, amigos, professores e as

crianças do Recanto do Saber.

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RESUMO

O objetivo desse estudo foi pesquisar como a estimulação precoce

pode ajudar ao desenvolvimento cognitivo, psíquico, social e físico da criança

com síndrome de Down. Todas as crianças com síndrome de Down têm seu

desenvolvimento global atrasado devido à trissomia 21. Para ajudar o

desenvolvimento há a necessidade de iniciar, quanto mais cedo, o trabalho de

estimulação precoce. Esse trabalho engloba todas as áreas de

desenvolvimento, desde a física até a mental. Realizado com uma equipe

multidisciplinar que tem por objetivo promover o desenvolvimento pleno do

bebê com síndrome de Down. Além da ajuda dos pais nos exercícios,

promovendo a relação de pais e filhos e fortalecendo os laços familiares e

sociais da criança.

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METODOLOGIA

Este trabalho trata de uma pesquisa bibliográfica. Os principais autores

utilizados na realização deste trabalho foram Siegfried Pueschel, Claudia

Werneck, Maria Antonieta M.A. Voivodic, Karen Stray- Gundersen.

O trabalho de observação foi realizado no Núcleo de apoio escolar

Recanto do Saber.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I - 10 Síndrome de Down: O que é? CAPÍTULO II - 19 Expectativa do desenvolvimento CAPÍTULO III – 27 Estimulação precoce CONCLUSÃO 37 ANEXO 39 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45 BIBLIOGRAFIA CITADA 46 47 ÍNDICE FOLHA DE AVALIAÇÃO 48

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INTRODUÇÃO

O tema deste estudo é a síndrome de Down.

A questão central deste trabalho é a estimulação precoce no

desenvolvimento cognitivo, social, psíquico e físico do bebê com síndrome de

Down.

O tema sugerido é de fundamental relevância e importância numa

sociedade que a cada dia que passa se torna mais inclusiva e globalizada.

Apesar de a literatura relatar a síndrome de Down, suas causas, dificuldades,

limitações, ainda faltam estudos e pesquisas mais séria nessa área e são

poucas as informações sobre esse assunto, insuficientes para esclarecer e

guiar atitudes educacionais e principalmente para pais que recebem uma

criança portadora da síndrome de Down e se sentem perdidos, desorientados,

sem saber o que fazer.

A síndrome de Down é decorrente de uma alteração genética ocorrida

logo após a concepção. Essa alteração se caracteriza pela presença do

autossomo 21, ao invés do individuo ter dois cromossomos 21 ele tem três,

denominado trissomia 21. Devido essa anomalia no trimossoma 21 é alterado

todo o desenvolvimento cognitivo, físico e maturação do organismo, gerando

alguns problemas de saúde, dificuldades de aprendizagem devido ao retardo

mental, a hipotonia muscular e outras características relacionadas à síndrome.

Essa alteração se inicia desde o nascimento e se prolonga durante toda a vida

desta criança.

Por isso é necessário que a estimulação precoce comece desde o

primeiro dia de vida do bebê com síndrome de Down, mas nem sempre esse

estímulo começa nessa fase. Alguns pais sem conhecimento e sem orientação

acabam procurando os tratamentos adequados de estimulação muito tarde,

havendo assim uma perda irreparável, acentuando mais as dificuldades e

limitações dessa criança.

A estimulação precoce é feita em bebês de zero a três anos, por

diversos profissionais das áreas médica, educacional, psíquica, motora,

terapêutica, em um trabalho interdisciplinar, promovendo assim o

desenvolvimento pleno desse bebê. É muito importante também o auxilio dos

pais nos exercícios, pois são eles que darão continuidade aos exercícios em

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casa, estimulando a relação entre pais e bebês e fortalecendo os laços

familiares e sociais dessa criança.

Sabemos que devido à grande plasticidade neural em bebês esse

desenvolvimento se torna mais fácil desde que haja uma intervenção

prematura estimulando as áreas mais afetadas pela trissomia 21.

Hoje muitos mitos foram derrubados e preconceitos vencidos.

Sabemos que uma criança com síndrome de Down tem uma vida normal como

qualquer outra, podendo ser socializada e incluída em qualquer ambiente

desde que tenha sido trabalhada, integrada, estimulada, incluída,

compreendida, amada e respeitada.

Esse é o caminho em direção a uma inclusão mais ampla e com a

maior possibilidade de sucesso futuro na escola, no convívio social, no

trabalho, na vida.

São, portanto os objetivos desta pesquisa: a definição; a causa; as

características desta alteração genética; como ocorre o desenvolvimento desse

bebê; seu crescimento; seus estágios de desenvolvimento; como é feita a

estimulação precoce em bebês com síndrome de Down; quando essa

estimulação deve ser iniciada; quais são esses tratamentos; quais são os

profissionais indicados para ajudar no desenvolvimento global desse bebê; a

falta de informação dos pais; a ajuda dos pais; o bem estar da família e do

bebê; o cuidado dos pais com seus filhos com síndrome de Down.

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CAPÍTULO I

SÍNDROME DE DOWN: O QUE É?

De acordo com Pueschel (2002), o registro mais antigo da síndrome

de Down deriva de um crânio saxônico do século VII. Na tentativa de identificar

crianças com a síndrome, Hans Zellweger concluiu que vários pintores usaram

imagens bem semelhantes à síndrome de Down, como as pinturas da artista

Andrea Mantegna, do século XV. Quadros de Madonas com o menino Jesus

era sugestiva as feições de uma criança com síndrome de Down. Mas nada foi

documentado antes do século XIX, pois não havia revistas cientificas,

pesquisas, nem interesse em crianças com problemas genéticos e de

deficiência mental e devido à desnutrição e as infecções da época muitas

crianças deficientes morriam ao nascer.

Então em 1866 o cientista John Langdon Down apresentou um

trabalho no qual descreveu algumas características como “O cabelo não é

preto, como é o cabelo de um verdadeiro mongol, mas é de cor castanha, liso e

escasso. O rosto é achatado e largo. Os olhos posicionados em linha oblíqua.

O nariz é pequeno. Estas crianças têm um poder considerável para a imitação.”

(Pueschel, 2002, p. 48).

A palavra síndrome significa um conjunto de características que

prejudica de algum modo o desenvolvimento da pessoa, Down é o sobrenome

do médico e cientista John Langdon Down, e foi dado o sobrenome em sua

homenagem. Ele comparou as crianças com síndrome de Down a crianças da

Mongólia devido à aparência similar, por isso foram chamados durante muito

tempo de “mongolóide”, atualmente é um termo pejorativo e ofensivo, não mais

utilizado, pois embora tenham a deficiência mental, eles são capazes de

aprender e se relacionar socialmente.

Posteriormente vários estudos foram feitos, neste sentido Pueschel

(2002, p. 54) afirma que depois de três anos o cientista Jerome Lejeune

descobriu a causa da síndrome de Down, ele constatou ao momento da

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fecundação que os 23 cromossomos do pai e os 23 cromossomos da mãe se

unem e formam um total de 46 cromossomos, mas se uma célula germinativa

tiver 23 cromossomos e outra com 24 cromossomos, isso levará, no momento

da concepção nova célula com 47 cromossomos, se encontrar três

cromossomos 21 ao invés de dois, o individuo nascerá com a síndrome de

Down. Após o parto todas as células do sangue, como todas as células corpo

terão 47 cromossomos.

Esses cromossomos que determina a cor dos olhos, altura, sexo e

pelo funcionamento e forma de cada órgão interno, como o estômago, cérebro

e o coração.

A síndrome de Down não é uma doença e sim um acidente genético

que acontece no momento da fecundação e que gera uma anomalia cerebral.

1.1– Três tipos de alteração genética

Existem três tipos de alteração na divisão celular no momento da

concepção. Dentro das células ficam os cromossomos que são responsáveis

pelo funcionamento da pessoa. Metade dos cromossomos é da mãe e a outra

metade do pai que juntos formam um óvulo, dando origem a um bebê. A má

formação ou qualquer alteração em uma célula pode causar uma anomalia

originando o retardo mental, doenças e o mau funcionamento dos órgãos.

Essa alteração genética se divide em três tipos distintos:

Trissomia simples - Os cromossomos são pequenas estruturas em

forma de barras que portam os genes que estão contidos dentro de uma célula

durante a fase de divisão celular. No momento da concepção o espermatozóide

e o óvulo se unem, normalmente haverá 46 cromossomos na primeira célula.

Esta célula começará a se dividir em cópias iguais. Se um desses pares de

cromossomos tiver o cromossomo a mais, o cromossomo 21, essa célula

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germinativa vai ter 47 cromossomos com três cromossomos 21 em suas

células, dando origem a síndrome de Down.

De acordo com Pueschel (2002, p.57) o erro na divisão celular pode

ser no óvulo, no espermatozóide ou durante a primeira divisão da célula após a

concepção. Essa última possibilidade é muito rara. Estima-se que 20%

resultam da falha no espermatozóide e 80 % o cromossomo 21 vem da mãe.

Translocação - Na trissomia 21 por translocação a célula contém 46

cromossomos, mas o cromossomo 21 está unido a outro cromossomo, muito

das vezes ao cromossomo 14, 21 ou 22. No momento da divisão celular se

formam novamente três pares com cromossoma 21. Em alguns dos casos

esse acidente é genético já que um dos pais é portador de dois pares de

cromossomos unidos, com isso seu número total é de 45 cromossomos ao

invés de 46. Esse pai ou essa mãe terá a maior chance ter um filho com

síndrome de Down tipo translocação. Por isso é necessário que os pais façam

exames para detectar a translocação, evitando o risco de terem outro filho com

síndrome de Down. Em outros casos a translocação ocorre durante a

concepção espontaneamente.

Mosaicismo – É o tipo menos comum da síndrome de Down. Após a

concepção ocorre um erro nas primeiras divisões celulares por essa razão

algumas células do cromossomo têm o cromossomo 21. Com isso quando o

bebê nasce pode se observar algumas células com 47 cromossomos e outras

com 46 cromossomos. Pelo fato de algumas células terem o cromossoma extra

as crianças com mosaicismo apresentam menos característica físicas e um

melhor desempenho intelectual.

Quanto mais velha a mãe, de acordo com Pueschel (2002, p. 64)

maior é o risco de ter um filho com síndrome de Down, por isso médicos

enfatizam a necessidade de um acompanhamento pré-natal. Cada vez que a

idade da mãe avança observamos (gráfico 1) que cresce o índice de ter um

bebê com alguma anomalia. Uma mulher de 35 anos corre o risco de ter um

bebê com síndrome de Down em cerca de 1 em 200 a 1 em 300 nascimentos.

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Gráfico 1 : Relação entre idade materna e a Síndrome de Down

(Fonte:Pueschel, S. Síndrome de Down. 6ª. Ed.,Campinas,SP: Papirus,2002, p. 63)

Essa é uma anomalia que não tem cura nem causa comprovada.

Atualmente inúmeros estudos continuam sendo realizados e sabe-se que um

pequeno segmento do cromossomo 21 contribui para a síndrome de Down,

mas não se sabe como as células e os cromossomos se separam

incorretamente.

1.2 – Características físicas

Devido a trissomia 21 a criança com síndrome de Down tem suas

características próprias diferentes das características dos pais e irmãos. Essas

características são parecidas em todas as crianças com trissomia 21.

Conforme Pueschel (2002, p.79) as crianças com síndrome de Down

tem baixa estatura, o rosto é pequeno, a cabeça é achatada e menor do que a

cabeça de uma criança normal, o cabelo é escasso e ralo de cor clara, os olhos

são puxados, com pregas no canto dos olhos e grandes, as orelhas são

pequenas com a borda superior dobrada, o canal do ouvido é estreito, a boca é

pequena, sempre aberta e com a língua projetada para fora, com a idade a

língua pode vir a ter estrias, o palato é mais estreito, o pescoço pode ser largo

e grosso, as mãos e os pés são pequenos e grossos, há um espaço entre o

dedão e o segundo dedo, o quinto dedo é um pouco curvado, o dedo dos pés

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são curtos, com prega única na palma da mão, a pele é clara ou escura

dependendo da cor dos pais, hipotonia muscular.

A hipotonia muscular é uma falta de rigidez no tônus muscular. Essa

flacidez dá origem a uma série de dificuldade desde o nascimento do bebê.

Essa hipotonia deixa o bebê molhinho com dificuldade ao sentar, rolar,

levantar, de andar, levando a uma demora maior no desenvolvimento físico.

Além da flacidez muscular bucal que faz com que o bebê tenha dificuldade em

aceitar alimentos sólidos e com o decorrer do tempo a boca da criança fica

aberta e a língua para fora.

Essas características são fáceis de serem percebidas, sendo essa

uma das maiores dificuldades e dificilmente vencidas, pois essa síndrome está

visível na criança.

1.3 - Características mentais

O sistema nervoso da criança com síndrome de Down apresenta uma

anomalia na estrutura e no funcionamento, resultando em uma disfunção

neurológica originando o retardo mental, que varia do moderado ao leve.

“O desenvolvimento mental e as habilidades intelectuais

dessas crianças abrangem uma larga extensão entre o

retardo mental severo e a inteligência proximal à normal.

Inclusive, o comportamento e a disposição emocional

variam significativamente; algumas crianças podem ser

plácidas e inativas, enquanto outras podem ser

hiperativas. A maioria das crianças com síndrome de

Down, porém, apresentam comportamentos normais.”

(PUESCHEL, 2002, p. 105)

O cérebro controla todo o desenvolvimento do corpo, que inclui a

coordenação motora, os sentidos, o comportamento e a inteligência. A criança

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com trissomia 21 tem o cérebro afetado e esse desenvolvimento acaba sendo

atrasado e a inteligência afetada devido ao retardo mental.

A classificação dos tipos de deficiência mental, segundo o DSM-IV-TR-

TM (2002):

Retardo mental leve

Grau de QI de 50 -55 a aproximadamente 70

Retardo mental moderado

Grau de QI de 35 – 40 a 50 – 55

Retardo mental grave

Grau de QI de 20 – 25 a 35 – 40

Retardo mental profundo

Grau de QI de 20 ou 25

Os testes de QI continuam sendo utilizados, mas não são mais os

únicos, muitas definições e terminologias têm sendo usadas para caracterizar a

deficiência mental.

Conforme a Associação Americana de Retardo Mental (AAMR, 1992,

apudhttp://sentidos.uol.com.br/canais/materia.asp?codpag=7589&cod_canal=1

3, 2005) algumas considerações em relação ao diagnóstico da dificuldade da

aprendizagem deve–se as diversidades culturais e lingüísticas; capacidade

especifica existente com outra habilidade adaptativa; apoio apropriado durante

período prolongado; limitação em áreas especifica decorrentes do meio, idade

e necessidades individuais.

Como foi analisada, a maioria das crianças com síndrome de Down

tem retardo mental leve, mas não devemos analisar somente o QI como meio

de diagnosticarmos o nível de deficiência metal. O meio em que essa criança

esta inserida, as experiências vividas, a idade física e cronológica, o apoio

familiar, a estimulação recebida, são também fatores importantes que devem

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ser analisados antes de dar um diagnóstico preciso de qual o nível de retardo

ou atraso essa criança tem.

1.4 - Questões médicas

A criança com síndrome de Down tem muitos problemas de saúde,

que já se inicia desde o nascimento até a idade adulta. Muitos cuidados devem

ser tomados e alguns tratamentos feitos. Dependendo do problema a operação

e internação será necessária. São elas:

1. Problemas Respiratórios- Com infecções na garganta, nas vias

nasais e pulmões, seu agravamento pode levar a bronquite e a

pneumonia. Devido à incapacidade de tossir, de expelir as

secreções nasais e seu sistema de imunidade baixo, essas

infecções respiratórias são mais frequentes em crianças com

defeito congênito no coração.

2. Distúrbios Visuais- 20 % têm dificuldade de enxergar de perto e

50% de enxergar de longe. Um grande número de crianças com

síndrome de Down tem estrabismo (vesguice), blefarite (inflamação

nas pálpebras), nistagmo (rápido movimento dos olhos). Por isso é

grande o número crianças com óculos de grau. Outro problema é a

catarata, ela ocorre em 3% dos casos. A catarata não deixa a luz

penetrar na retina, necessitando ser removida logo após o

nascimento. Sua remoção é feita através de uma cirurgia simples.

Ela ocorre em 3% dos casos.

3. Anomalia Gastrointestinal – 12 % das crianças com essa síndrome

nascem com problemas intestinais. As anomalias mais comuns são

o bloqueio do tubo alimentar, abertura irregular da traquéia e o

esôfago, um nó no intestino, a ausência de nervos em partes do

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intestino grosso, ausência de abertura anal. Isso se deve a má

formação congênita. A maioria delas requer operação imediata.

4. Doença no Coração- 40% dos bebês com síndrome de Down

nascem com defeito cardíaco. Os principais defeitos estão no septo

ventricular, no septo atrial, tetralogia de Fallot e entre outros. Todo

recém nascido deve fazer exames cardíacos para detectar mais

cedo os problemas, evitando o risque de adquirir o aumento de

pressão nos vasos do pulmão. Alguns problemas são resolvidos

através de cirurgia.

5. Convulsão- Espasmo infantil é um tipo de convulsão observado em

bebês de 5 a 10 meses. As convulsões mais severas são

especificas na fase infantil e na adolescência. Adultos com

síndrome de Down podem desenvolver convulsões devido a

doença de Alzheimer. A maioria das convulsões é tratada com

medicamentos anticonvulsivos.

6. Distúrbios Auditivos- De 60% a 80% podem apresentar déficits

auditivos do leve ao moderado, devido o excesso de cera no canal

do ouvido, infecções, acúmulo de secreção, formato anormal dos

pequenos ossos no ouvido médio. A criança com síndrome de

Down deve sempre se submeter a exames específicos para

tratamento e se for necessário o uso do aparelho auditivo.

7. Glândula Tireóide- Sua disfunção se deve ao aumento do hormônio

da tireóide ou o baixo nível desse hormônio. Se grande quantidade

de hormônio for encontrada o desenvolvimento intelectual pode ser

prejudicado. Por isso o diagnóstico de hipotireoidismo e o

tratamento devem ser precoces.

8. Doença de Alzheimer- Cerca de 15% a 25% dos adultos com

síndrome de Down apresentam traços precoce da doença de

Alzheimer ao envelhecer, mas ainda não se pode afirmar que essa

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doença esta presente nessas pessoas. Raramente exibem

mudanças de personalidades ou problemas psicológicos

observados em pessoas com doença de Alzheimer.

9. Desordens Psíquicas - Observa-se que um grande número de

crianças com síndrome de Down apresenta depressão, distúrbio de

comportamento e problema de ajustamento. Esse quadro de

desordem psíquica ocorre ao perder um ente querido, na fase da

adolescência enfrentam estresse ou fracasso. Ao diagnosticar esse

quadro, a criança ou adolescente deve ser encaminhado para

tratamento psicológico.

10. Apnéia do sono – A apnéia ocorre devido a alguma obstrução no

fundo da garganta, por amígdalas e grandes adenóides. As

crianças com síndrome de Down apresentam respiração

barulhenta, roncam e tem curtos episódios durante o sono em que

não respiram. A apnéia pode reduzir a oxigenação no sangue, além

de causar sonolência e pouca concentração. Se a apnéia do sono

for causada pela obstrução das vias aérea superiores podem ser

tratadas com a remoção cirúrgica das amígdalas e adenóides

aumentadas.

11. Obesidade – 30% das crianças com síndrome de Down são

obesas. Essa obesidade é decorrente da falta de exercício, da

hipofunção da tireóide e de defeitos cardíacos. Se a criança não

tiver uma boa saúde não há necessidade da obesidade. O

exercício e a boa alimentação irão ajudá-los a manter o peso e a

saúde.

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CAPÍTULO II

EXPECTATIVA DO DESENVOLVIMENTO

Todas as pessoas passam pelo processo de desenvolvimento físico,

psicológico, social, cultural, mas cada pessoa tem uma maneira única de se

desenvolver, tem seu tempo e é influencia pelo meio que vive. Como afirma

Stray-Gundersen o desenvolvimento evolui independente das influencias

negativas ou positivas. É através desse processo que o indivíduo desenvolve

seu potencial. O desafio é como construir um processo melhor para promover o

desenvolvimento pleno.

De acordo com psicólogo suíço Piaget (1896, apud LIMA, 1980, p. 75)

o desenvolvimento infantil passa por vários estágios, e ressalta que o mais

importante não é a idade, mas sim a sequência, tendo um limite de variação

que é determinado pelo processo de maturação de cada indivíduo. Cada

indivíduo nasce apenas com potencialidades (capacidade inata) a capacidade

de aprender, todo conhecimento e todo o desenvolvimento da criança depende

de exposição ao meio e dos estímulos advindos deste.

1. Período Sensório – motor (0 a 2 anos) – O bebê começa a

construir esquema de ação a partir de reflexos neurológicos

básicos. A inteligência é mais prática. O contato com o meio é

mais direto e imediato sem pensamento. Reações relativas ao

próprio corpo e descobrimento de novos meios. É nesse

momento, em qualquer criança, que deve começar a

estimulação precoce, pois o bebê começa sua relação com o

meio que a rodeia, aumentando as chances de melhor

desenvolvimento.

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2. Pré - operacional (2 a 7 anos) – A criança torna - se capaz de

representar mentalmente pessoas e situações. Sua percepção é

global, sem discriminar detalhes. Deixa se levar pela aparência,

sem relacionar aspectos. Inicia o pensamento simbólico, a

imitação. É centrada em si mesma, egocêntrica. É nesta fase

que a criança com síndrome de Down começa a aquisição da

fala. Ela começa a iniciar o diálogo, a comunicação e a troca de

informações. E neste momento que a criança com síndrome de

Down deve ser matriculada nas escolas regulares de ensino.

Como afirma Stray-Gundersen (2007, p. 188) é nessa época

que as crianças começam a se socializar e a trocar

experiências, por isso a educação infantil é o melhor momento

de começar a inclusão da criança com síndrome de Down.

3. Operacional – concreto (7 a 11 anos) – A criança já começa a

relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade.

Ainda depende do concreto para fazer abstração. Desenvolve a

capacidade de refazer o trajeto mental, voltando ao ponto inicial.

É o inicio do pensamento intuitivo. É nessa fase que as crianças

com síndrome de Down começam a alfabetização, a leitura e

escrita.

4. Lógico – formal (12 anos em diante) - A criança já tem a

abstração total. É capaz de pensar em todas as relações

logicamente. Essa é a fase da adolescência, de descobertas,

inquietação em que eles têm suas próprias conclusões. As

crianças com síndrome de Down passa pelas mesmas

descobertas, mas de uma forma diferente, devido a idade

mental não acompanhar o desenvolvimento do corpo. Suas

deduções e hipóteses são infantilizadas, dificultando o

desenvolvimento. Mas conforme crescem conseguem controlar

suas emoções, se tornando independentes.

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As crianças com síndrome de Down passam por todas essas etapas

de desenvolvimento, mas como qualquer criança, ela se desenvolve de uma

maneira mais lenta, o tempo e a idade é relativa a cada individuo. Devido à

alteração genética, a trissomia 21 afeta todo seu desenvolvimento. Na maioria

das vezes são dificuldades generalizadas que afetam todas as capacidades:

linguagem, motricidade, interação social, aprendizagem, crescimento. Elas

podem aparecer em maior ou menor grau, como nos adverte Schwartzman

(1999, apud VOIVODIC, 2008, p. 42)

”Não devemos esquecer, em nenhum momento, das

grandes diferenças existentes entre os vários indivíduos

com SD no que se refere ao próprio potencial genético,

características raciais, familiares e culturais, para citar

apenas algumas e que serão poderosos modificadores e

determinantes do comportamento a ser definido como

características daquele indivíduo.”

O desenvolvimento tanto o comportamento de qualquer pessoa é

determinado pelo ambiente em que vive, pela alteração genética, por tudo que

a rodeia. Por isso o desenvolvimento de uma criança com síndrome de Down

tem diferenças significativas se compararmos com uma criança considerada

normal.

2.1– Desenvolvimento motor A criança com síndrome de Down nasce com hipotonia ou tônus

muscular baixo. O recém nascido pode se mexer menos e não conseguir ficar

“durinho“. A hipotonia deixa os músculos frouxos e flácidos gerando um atraso

no desenvolvimento motor. Esse atraso afeta, geralmente, todos os músculos

do corpo prejudicando as habilidades motoras mais importantes como sentar,

andar, correr, ficar em pé, mamar, falar, se alimentar, controlar a cabeça e tudo

sem muita coordenação. A hipotonia e a fraqueza muscular podem prejudicar o

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desenvolvimento global da criança com síndrome de Down. Com isso a criança

passa por algumas limitações e dificuldades que irão sendo vencidas ao

decorrer de suas vidas. Esses efeitos não desaparecem, mas melhoram muito

com atendimento precoce e com os passar dos anos diminuem.

As crianças com síndrome de Down são hiperextensíveis, suas

articulações são extremamente flexíveis. Seus quadris e pernas podem girar

para fora e curva–se na cintura mais facilmente. Isso se deve ao tônus

muscular baixo e a hipotonia, que deixa os músculos frouxos levando a

flexibilidade articular excessiva, que afeta todo o desenvolvimento motor e

diminuindo a estabilidade dos membros. Ao sentar, engatinhar e andar, as

crianças precisam de um apoio estável, porém a hipotonia dificulta o alcance

dessas habilidades.

A hipersensibilidade tátil pode prejudicar a criança com síndrome de

Down. Quando elas começam a explorar o ambiente com o tato, sua

hipersensibilidade pode atrapalhar, fazendo com que elas não consigam tocar

em nada e sentem como se suas vidas fossem ameaçadas, preferindo ser

tocadas.

2.2 – Desenvolvimento mental

A deficiência mental é um atraso em todas as áreas de

desenvolvimento da criança, devido o material genético extra, ter afetado o

funcionamento do cérebro, impedindo ele de atingir seu desenvolvimento

pleno, dificultando as crianças em falar, andar, sentar, aprender, se concentrar,

observar, lidar com questões abstratas, integrar socialmente, cuidados

pessoais e autonomia.

O desenvolvimento da criança com síndrome de Down não depende

somente do retardo mental, mas vários fatores interferem no desenvolvimento.

O meio social que essa criança esta inserida, a alimentação do recém nascido,

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a estimulação recebida desde a tenra idade, o ambiente familiar que a rodeia, a

aceitação dos pais em receber uma criança com síndrome de Down, o estimulo

emocional, cognitivo e social. Tudo isso acarretara benefícios e malefícios a

criança, seja ela com alguma síndrome ou não.

A característica mais comum da síndrome de Down é a deficiência

mental. O retardo mental pode ser classificado em leve, moderado, severo ou

profundo. Ela aparece nas crianças com síndrome de Down com mais

freqüência do nível leve ao moderado (gráfico 2), quando as crianças

desempenham funções abaixo da média, ou seja, se o QI (quociente de

inteligência) for 70 ou abaixo disso, elas apresentam a deficiência mental.

Gráfico 2 : Deficiência mental

(Fonte:Pueschel, S. Síndrome de Down. 6ª. Ed.,Campinas,SP: Papirus,2002, p. 112)

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Isso significa que a criança aprenderá mais lentamente que as outras,

seu desenvolvimento global será mais lento. Eles se desenvolvem de forma

diferente necessitando um apoio maior. Conforme Melero (1999, apud

VOIVODIC, 2008, p. 43) a inteligência não se define, se constrói, se adquire

conforme o tempo, conforme as interações com o meio, com a família, com a

estimulação. Por isso não podemos rotular nenhuma criança, mesmo aquelas

que apresentam retardo, deficiência ou transtorno.

2.3 – Desenvolvimento da linguagem É na área da linguagem que a criança com síndrome de Down tem as

maiores dificuldades. Elas têm dificuldades em aprender a falar, se expressar

com clareza. Isso está relacionado ao tônus muscular baixa na boca e na

língua, deficiência auditiva, ao déficit de atenção, pouca memória e no próprio

desenvolvimento cognitivo, conseqüência da alteração genética.

Esse atraso da fala já se apresenta nos primeiros anos de vida quando

a criança começa a falar. E se prolonga às vezes durante a vida inteira. Devido

à dificuldade na fala e ao se expressarem os pais acabam infantilizando mais

ainda a criança e evitando o diálogo. Assim acabam bloqueando a linguagem

dificultando ainda mais o processo de aquisição da fala.

A criança com síndrome de Down começa a falar as primeiras palavras

por volta dos dezoito meses, mas sua compreensão é maior do que a fala

verbalizada. Elas conseguem compreender melhor as regras de convivência

que a cercam, como a verbalização da mãe e dos que mais a rodeiam.

O desenvolvimento da linguagem ocorre conforme a aquisição da

própria fala, de um modo mais lento e com mais dificuldade. A fala, o som, a

emissão são construídos conforme a criança cresce e se cerca da

comunicação, da troca de informações, do diálogo.

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Assim como todas as etapas de desenvolvimento, essa também

requer tempo e estimulação. Apesar de toda dificuldade eles conseguem se

comunicar e se expressar.

2.4 - Desenvolvimento cognitivo e aprendizagem O desenvolvimento cognitivo da criança com síndrome de Down é

lento e se constrói de forma diferente. Devido ao retardo mental há um

comprometimento intelectual que afeta todo o raciocínio, o pensamento e a

aprendizagem. Como afirma Inhelder (1963, apud VOIVODIC, 2008, p.47) as

crianças com deficiência mental têm o mesmo processo de evolução das

crianças “normais”, elas não chegam a um equilíbrio definitivo e seu raciocínio

é móvel e em via de progressão. Todas as crianças passam pelos mesmos

estágios de evolução, uns mais lentos outros mais rápidos. As crianças com

retardo mental passam pelos processos, mas sempre em construção, similares

a de qualquer outra criança, porém mais jovem. A idade mental deles é sempre

inferior a de uma criança “normal” com a mesma idade, isto está relacionado à

deficiência mental por isso eles sempre estão em evolução.

Quanto à memorização, as crianças com síndrome de Down têm ótima

memória e nunca se esquecem o que aprendem bem. A memória visual é bem

melhor do que a memória auditiva, pois inicialmente eles têm mais estímulos

na visão do que na audição.

O pensamento se encontra bem diminuído e em diferentes níveis.

Devido à dispersão, as crianças com síndrome de Down não conseguem

globalizar, nem abstrair os conceitos de percepção em uma representação

simbólica.

Os portadores de síndrome de Down apresentam dificuldades em

resolver atividades que envolvem a abstração de conceitos e a aprendizagem.

Porém eles não são desprovidos de inteligência, mas devido ao retardo mental,

a hipotonia e a aquisição de habilidades tardia comprometem o

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desenvolvimento afetando a aprendizagem fazendo com que eles demorem

mais a se desenvolver.

O déficit de atenção é observado em algumas crianças com síndrome

de Down desde os primeiros anos de vida. A atenção é um elemento

importante no processo de aprendizagem e sua ausência pode prejudicar o

desenvolvimento cognitivo, a maneira como a criança explora o meio,

coordenar habilidades, se concentrar por longo tempo. Segundo Flores (1995,

apud VOIVODIC, 2008, p. 45) alguns fatores neurológicos presentes em

crianças com síndrome de Down como as alterações corticais do lado frontal,

nas ramificações dendítricas, a redução na formação sináptica além de fatores

ambientes podem amenizar ou aumentar essas dificuldades.

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CAPÍTULO III

ESTIMULAÇÃO PRECOCE

Os primeiros anos de vida é o período mais importante para uma

criança. Nesta fase que a criança desenvolve o potencial cognitivo, físico e

social. Quando a criança nasce com síndrome de Down, seu desenvolvimento

é mais lento a diferente do de outras crianças. Para que o seu desenvolvimento

ocorra é necessário que desde o nascimento o bebê participe de programas de

estimulação precoce.

O diagnóstico da síndrome de Down é dado logo após o nascimento e

ele é imprescindível para que os pais iniciem o trabalho de estimulação

precoce, conforme afirma Werneck (1993, p. 143) a estimulação precoce é

fundamental para o desenvolvimento da criança, ela tendo ou não síndrome de

Down. Ao contrário, a criança pode ter seu desenvolvimento sensório-motor

prejudicado ao longo da vida, sem conseguir resgatar o tempo que passou. Em

Conformidade, White (apud STRAY-GUNDERSEN, 2007, p. 139) afirma:

”Após dezessete anos de pesquisa sobre como os

humanos adquirem suas capacidades, tornei-me

convencido de que é para estes três anos de vida que

devemos agora voltar à maior parte de nossa atenção.

Meus estudos, assim como os trabalhos de muitos

outros, indicaram claramente que as experiências desses

primeiros anos são muito mais importantes do que

pensávamos anteriormente. Em suas simples atividades

cotidianas, as crianças constituem as bases de todo o

seu desenvolvimento posterior... Começar a observar o

desenvolvimento educacional de uma criança quando

esta tem dois anos já é demasiadamente tarde...

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A estimulação precoce é uma serie de exercícios específicos para

desenvolver as capacidades da criança com alguma dificuldade ou

comprometimento. Ela é direcionada para crianças entre 0 a 3 anos de idade.

Cada criança tem um programa diferenciado de tratamento, pois cada criança

tem suas limitações e se desenvolve de maneira diferente. A estimulação faz

com que a criança aprenda a sentar, engatinhar, andar, amamentar, comer,

correr, falar, se socializar.

O trabalho de estimulação melhora o desenvolvimento da criança com

síndrome de Down. Como podemos observar (tabela 1) as crianças com

síndrome de Down que estavam participando de programas de estimulação

precoce se desenvolveram mais rápido do que as crianças “normais”. Nota-se

que a diferença entre crianças com Down estimuladas das não estimuladas é

muito grande. Sem estímulos elas demoram mais a desenvolver as áreas

cognitivas e físicas. A estimulação trará resultados benéficos na aprendizagem

e no crescimento.

Tabela 1: Desenvolvimento da criança com síndrome de Down

(Fonte:Stray-Gundersen, S. Síndrome de Down. 2ª. Ed.,Porto Alegre,RS: Artmed, 2007, p. 151)

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O trabalho de estimulação precoce deve ser realizado a todo o

momento para que o bebê vivencie desde cedo todos os movimentos

prazerosos e eficientes. Assim como afirma Werneck (1993, p. 143) ser

estimulada precocemente é essencial para o desenvolvimento futuro das

crianças, principalmente se essa criança nasce com alguma deficiência à

estimulação adquire uma importância maior. Em casa, na rua, no centro de

estimulação, a estimulação deve sempre contar com a parceria família –

profissionais. Todos os estímulos devem ser trabalhados.

1. Estimulação tátil – são importantes as experiências sensoriais,

esse contato é uma fonte de valiosa informação. O bebê é

estimulado ao manusear e tocar objetos, ficar no colo dos pais,

tomar banho, deixá-lo em diferentes superfícies e em diferentes

de posições. A estimulação visual e auditiva deve ser integrada

a estimulação tátil, isso faz com que a estimulação fique mais

rica, contribuindo para o desenvolvimento físico e psicológico do

bebê.

2. Estimulação oral - o bebê irá explorar todo o tipo de objetos com

as mãos, os pés e inclusive com a boca. Essa exploração inicia

o movimento dos lábios, língua e outras estruturas da boca

como a mastigação e a deglutição. A alimentação também é

uma estimulação, pois ao comer sentimos o saber, a

temperatura, a textura do alimento, exercitando a musculatura

da boca, colaborando para a aquisição da fala.

3. Estimulação visual – o bebê desde cedo se expressa ao olhar e

sempre procura algo para ver. Como afirma Pueschel (2002, p.

122) os bebês gostam de observar o rosto humano. Eles

costumam seguir os rostos e sabem definir se é o pai ou a mãe.

Para estimular o bebê é importante prender objetos coloridos e

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atrativos no berço, além de brinquedos, todo o tipo de objetos

que chamam a atenção do bebê.

4. Estimulação auditiva - os bebês usam expressões faciais,

balbucios, gritos e choro para se comunicarem. Demonstram

respostas aos estímulos auditivos por meios de expressões

faciais, sonoras e movimentos. Utilizar sempre música,

diferentes sons, alterando a voz e sempre conversar com o

bebê, pois a voz humana os atrai e faz com que eles tentem se

comunicar.

5. Estimulação motora - é essencial explorar o desenvolvimento

motor desde o nascimento. Os estímulos contribuirão para que

a criança controle a cabeça, erga o corpo, vire de cabeça para

cima, sente, deite, role, engatinhe, fique em pé, ande, corra,

suba, pula. Esses estímulos são realizados através de

exercícios da estimulação dos músculos.

O brincar também é importante para o desenvolvimento, através de

brinquedos adequados a idade, eles podem enriquecer as experiências de

aprendizagem da criança com síndrome de Down. Ajudando o

desenvolvimento da motricidade manual fina. Como afirma Pueschel (2002,

p.155) é importante observar e compreender as maneiras como a criança

brinca manipulando os objetos do que ficar comparando- os a outras crianças.

O desenvolvimento global da criança é influenciado por diversos aspectos do

brincar. O interesse, a força muscular a atenção e a experiência são alguns

fatores podem resultar no sucesso ou no fracasso da brincadeira.

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3.1– Tratamentos específicos

O trabalho dos profissionais envolvidos na estimulação é bem

abrangente. Eles que convencem a família da necessidade do tratamento, da

ajuda das famílias, esclarecendo que não adianta o excesso de estimulação e

sim a qualidade da estimulação recebida pelo bebê.

O trabalho de estimulação deve ser feito com amor e carinho como

afirma Werneck (1993, p.145) esse estímulo tem efeito surpreendentemente

bom, que nem nos damos conta da influência que temos nesse processo de

estimulação precoce. São as especialidades e os programas oferecidos de

estimulação:

1. Fisioterapia – atua como facilitadora do desenvolvimento motor

amplo. Estimulando as reações corporais e posturais. Os

exercícios ajudam na percepção do espaço, sensações do

corpo, estabilidade, reflexo, desenvolvimento do tônus

muscular, habilidade motora mais ampla e independente. Como

afirma Stray-Gundersen (2007, p.162) o objetivo da fisioterapia

é ajudar a criança a usar os músculos para se mover e criar

padrões motores melhores e mais adequados a criança.

2. Terapia ocupacional – proporciona o desenvolvimento neuro-

motor, perceptivo-cognitivo e desenvolve as habilidades

motoras finas. Observam como as crianças se movem, como

posicionam os ombros, braços e as mãos. Estimulam as

atividades lúdicas para favorecer o amadurecimento das

funções motoras e perceptivas. Atua nas habilidades básicas

que permite a independência das atividades diárias como tomar

banho, se alimentar e se vestir.

3. Fonoaudiologia - visa o melhoramento das funções de sucção,

mastigação, deglutição, respiração e fonação, que atua como

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pré-requisito para fala, desenvolvendo as primeiras habilidades

comunicativas, como a compreensão da linguagem, o uso de

gestos e produção de som. Conforme a criança inicia o

processo de fala a fonoaudióloga atua na construção da

linguagem verbal e não verbal

4. Psicomotricidade – objetiva explorar o meio e captar

rapidamente seus estímulos. Proporciona a melhora motora e

postural tendo em vista o desenvolvimento psicomotor. Sua

prática procura impedir maus hábitos de auto-estimulação e

deformação.

5. Educador infantil – o professor da educação infantil irá estimular

a criança com síndrome de Down a desenvolver a capacidade

de compreender conceitos e a conviver socialmente. Na faixa

etária dos 2 aos 4 anos a criança inicia sua vida escolar. O

professor planeja suas atividades com a criança de acordo com

a sua idade e o seu nível de desenvolvimento. Atualmente com

a inclusão as crianças com síndrome de Down freqüentam as

escolas regulares de ensino. Como afirma Pueschel (2002,

p.171) a criança com síndrome de Down pode aprender

infinidades de coisas na creche e na pré-escola. Esse é o

primeiro passo para a inclusão da criança portadora de

necessidades especiais. E nessa fase que as crianças estão

descobrindo o mundo, vivendo sem preconceitos, a partir daí

que a criança tem a chance de explorar o mundo que a cerca e

a se socializar com as pessoas, a construir e obedecer a regras.

6. Psicologia – O psicólogo atua de diversas maneiras, fazendo o

acompanhamento psicológico da criança, orientando a família

no decorrer do desenvolvimento da criança, além orientar outros

profissionais envolvidos no trabalho de estimulação.

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7. Pediatra - é o pediatra que vai fazer o acompanhamento clínico

da criança com síndrome de Down. É ele que dará os principais

diagnósticos e encaminhará o bebê com síndrome de Down

para os tratamentos adequados. Além de esclarecer as

principais dúvidas aos pais em relação à síndrome de Down e

ao tratamento adequado.

Todos os profissionais envolvidos na estimulação devem trabalhar de

forma integrada, para que o trabalho tenha equilíbrio e facilite positivamente o

processo de aprendizagem da criança.

3.2– Pais e família

A família é a primeira comunidade que a criança participa. Ao receber

uma criança com síndrome de Down, primeiramente a família entra em “luto”

profundo ao descobrir que tem uma criança “diferente”, que ela requer

cuidados especiais. Com o tempo este estado de “luto” vai desaparecendo e

surgindo uma vontade de ajudar, de se dar. Dar amor, carinho, proteção,

aconchego. É a partir daí que começa a estimulação, o desejo, a vontade de

ajudar o filho com necessidades educativas especiais.

Neste sentido família se refere a pai, mãe, avós, irmãos, tios, amigos e

todo aquele que divide a angústia e a alegria com uma criança com síndrome

de Down. Todos devem estar envolvidos no trabalho de incentivar, estimular,

dar amor, atenção, respeito, vivenciar o sucesso, mesmo que ele seja

pequeno. Eles necessitam de um ambiente no qual crescem com segurança,

desenvolvendo a auto- estima e independência.

A falta de informação dos pais leva a perda de tempo e por isso

raramente procuram os especialistas capazes de orientá-los, prejudicando

ainda mais o desenvolvimento da criança. A estimulação deve ser iniciada a

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partir do nascimento do bebê, logo após o diagnóstico da síndrome de Down.

Primeiramente os pais devem ter o bom senso de procurar profissionais

competentes e experientes que trabalhem com a estimulação precoce.

Os pais devem estar receptivos e se sentindo bem, pois o seu bem-

estar levará ao bem-estar da criança. A vencer desafios, mostrar

disponibilidade assim como estar aberto a receber informações. Isto lhes

proporcionará mais segurança. Dar a criança um papel ativo e uma função na

família contribuem para seu melhor desenvolvimento. Como afirma Werneck

(1995, p. 104) cuidar de um filho portador de síndrome de Down é uma

capacidade maior de se dar. É com a ajuda e dedicação da família, em

especialmente da mãe, que o bebê superará suas deficiências genéticas

podendo se tornar um adulto com grandes potencialidades.

É importante para o desenvolvimento da criança com síndrome de

Down ser aceita pelos pais e família, pois suas dificuldades podem ser

trabalhadas com mais satisfação e interesse. A família deve ser sempre unida,

proporcionando a ela a oportunidade de conviver em sociedade, de se

comunicar e expressar. Conforme D’ Antino (apud VOIVODIC, 2008, p.57)

“Acredito, porém, que quanto mais estruturada

emocionalmente for à família, com relações afetivas

satisfatórias, convivências de trocas verdadeiras, e quanto

mais precocemente puder ser orientada, tanto maior será

sua possibilidade de reestruturação e redimensionamento

de funções e papéis e, conseqüentemente, de facilitação

do processo de desenvolvimento de seu filho, na totalidade

do “ser”

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A família das crianças com síndrome de Down também são atendidas

com o trabalho de estimulação precoce, pois elas têm seus problemas

compartilhados, ouvidos e apoiados. Há o trabalho realizado para fortalecer

essas famílias. Esse trabalho é de incentivo e ajuda. A família é incluída no

trabalho de estimulação, visando melhorar a qualidade de suas vidas,

modificando posturas e atitudes, transformando o relacionamento com seus

filhos, estabelecendo novas formas de interação. Passando a incluí-la no grupo

familiar.

A união dos pais e profissionais da estimulação reflete diretamente na

criança. Pois o trabalho de estimulação deve continuar em casa através dos

pais. A estimulação dos pais favorece o desenvolvimento da criança,

proporcionando a maior afeição entre pais e filhos, mantendo uma ligação de

carinho e afeto. Além das atividades do cotidiano na família oferecer a

oportunidade de aprender através do modelo e da participação conjunta.

Conforme Werneck (1993, p. 149) com os bebês deficientes, os estímulos

devem ser mais diretos e às vezes exagerados, o suficiente para despertar

sentidos adormecidos. Algumas orientações aos pais:

• O ambiente familiar deve ser calmo e tranqüilo, favorecendo

estímulos variados como cores diferentes, conversa de tons

variados, brinquedos, músicas, movimento das pessoas, rádio,

TV, crianças brincando. Mas esses estímulos não devem

acontecer simultaneamente para não confundir o bebê;

• Mudar o bebê de posição várias vezes ao dia. Variar sempre a

decoração do quarto, a posição dos objetos. Essa mudança fará

com que o bebê tome consciência de partes diferentes de seu

corpo em relação ao espaço ao seu redor;

• Deixar o bebê sempre perto das pessoas da casa. Nunca o

deixe isolado em um ambiente sozinho, sem movimento, sem

barulho;

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• O bebê deve participar de todos os passeios da família,

conhecendo novos ambientes e pessoas;

• Dar as primeiras papinhas, passando os alimentos sólidos em

uma peneira, para que o bebê consiga diferenciar os alimentos

sólidos e líquidos;

• Massagear o bebê na hora do banho, principalmente a coluna,

áreas dos pés e palma das mãos. Estimulando a sensibilidade

táctil do bebê;

• Não colocar muita roupa, para que o bebê não perca os

movimentos, deixando os pés e as mãos soltas;

• Os brinquedos que ficam pendurados no berço devem ser

coloridos, de vários tamanhos, formas, tecidos e com diferentes

sons.

Todas as conquistas realizadas nesses primeiros anos de vida da

criança com síndrome de Down são à base da aprendizagem futura, visando o

desenvolvimento social, cognitivo e afetivo. Conforme Pueschel (2002, p. 35)

muitos pais se surpreendem ao perceber que o desenvolvimento das crianças

com síndrome de Down é parecido ao de outras crianças em muitos aspectos.

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CONCLUSÃO

Como vimos síndrome de Down é o nome dado a uma alteração

genética no trimossoma 21, que ocorre no momento da fecundação do bebê e

que gera uma anomalia cerebral. Essa síndrome foi descrita pelo cientista John

Langdon Down há quase 200 anos atrás. Ela é um atraso no desenvolvimento,

tanto das funções motoras do corpo, como das funções mentais. Devido a

trissomia 21 a criança pode ter uma série de doenças mais freqüentes que as

outras crianças.

As crianças com Síndrome de Down apresentam hipotonia, tônus

muscular mole, que prejudica o desenvolvimento motor, a fala, o tato, a

mastigação. Além da deficiência mental que não permite que a criança consiga

resolver problemas abstratos, mas isso não a impede de executar tarefas

simples. Todas as crianças passam pelo mesmo processo de desenvolvimento,

inclusive as crianças com síndrome de Down, só que de uma maneira

diferente, mais lenta, mais difícil, mais gradual.

Para que ocorra o desenvolvimento global e a superação de inúmeras

dificuldades é preciso que desde o nascimento, o bebê com síndrome de Down

comece a freqüentar trabalhos de estimulação precoce. A estimulação precoce

é uma série de exercícios específicos que engloba as áreas motora, mental e

psicológica. Todas as crianças com síndrome de Down podem desenvolver a

aprendizagem mediante o estímulo recebido através do tato, da audição, da

visão, da oralidade, do movimento. A aprendizagem se constrói na medida em

que a criança adquire maturidade, confiança, respeito.

São vários os profissionais envolvidos no trabalho de estimulação: o

fonoaudiólogo, a psicóloga, a terapeuta ocupacional, a professora, o pediatra, o

fisioterapeuta, a psicomotricista. Cada um com sua função e responsabilidade,

fazendo um trabalho interdisciplinar para estimular e auxiliar a criança com

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Síndrome de Down na construção do conhecimento acerca do mundo e de si

mesmo. Essa relação deve ser de atenção, carinho e motivação.

É importante a participação dos pais no desenvolvimento e na

continuidade do trabalho de estimulação precoce, pois o primeiro contato da

criança é a família, os pais são os primeiros a estimular o desenvolvimento. A

partir do momento que a família passa aceitar as dificuldades e limitações da

Síndrome de Down, a criança consegue desenvolver suas habilidades, se

tornando útil e motivada.

Esse trabalho de estimulação deve ser de união entre as famílias e os

profissionais da estimulação precoce, um complementando o outro para que o

desenvolvimento da criança seja satisfatório e completo.

A estimulação não tem o tempo certo para terminar, ela é um

tratamento continuo, conforme melhora e desenvolvimento ela será substituído

por outros necessários a cada fase do desenvolvimento até a chegar à fase

adulta.

O importante é que a sociedade tenha a consciência que as crianças

com síndrome de Down não são doentes, nem idiotas. Elas conseguem chegar

ao nível de qualquer criança “normal”, desde que tenha sido estimulada, amada

e respeitada.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Conteúdo de revistas especializadas;

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ANEXO 1

PRODUZINDO O MATERIAL

Inserida em: 11/2/2005 REVISTA SENTIDOS

EVISTA SENTIDOS Deficiência Mental

Definição e Diagnóstico por Ida Janete Rodrigues, Psicóloga, Psicopedagoga e Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento

No passado e durante décadas, as pessoas com deficiências viveram em condições desfavoráveis e excluídas da sociedade. Muitas delas eram e ainda são protegidas em demasia por seus familiares, outras em total abandono e descaso. O fato é que, em ambos os casos, não são proporcionados estímulos para a independência e o desenvolvimento das habilidades, comprometendo assim, o uso de recursos essenciais como à comunicação, interação afetiva, social e produtiva destas pessoas. O desconhecimento e a falta de informações, ainda nos dias atuais, infelizmente, geram visões distorcidas a respeito das deficiências, principalmente quando a parte intelectual é mais prejudicada. Esta realidade imputa ao deficiente, desde a total condição de criança, incapaz, apática, excepcional, especial, doente, "louca", sexualmente perigosa, escolhida por Deus, etc. Muitos destes mitos já foram quebrados e atualmente encontramos pessoas com deficiências nas escolas regulares, mercado de trabalho, campeãs nos esportes e destaques no ballet, artesanato, enfim, em diversas modalidades ligadas às artes, dentre outros. Figueira (1993) refere que as entidades, associações e profissionais que lidam com as deficiências, devam trabalhar para apresentar uma imagem positiva destas pessoas, substituindo temores, preconceitos e permitindo que as pessoas as vejam como:

• Seres humanos como quaisquer outros, nas suas necessidades e sentimentos.

• Pessoas que podem aproveitar o que a vida oferece e trazer felicidade para aqueles que a conhecem.

• Pessoas que com ajuda adequada, podem crescer em habilidades e fazer as suas próprias contribuições para a família e a comunidade.

• Seres humanos que merecem o mesmo respeito que qualquer outro ser humano. O conceito de deficiência Mental, com o decorrer dos anos, tem passado por diversas definições e terminologias para caracterizá-la, tais como: Oligofrenia, Retardo mental, Atraso mental, Deficiência mental, etc. De acordo com Krynski et al. (1983), a deficiência mental é um vasto complexo de quadros clínicos, produzidos por várias etiologias e que se caracteriza pelo desenvolvimento intelectual insuficiente, em termos globais ou específicos. Tal deficiência pode ou não ser acompanhada por manifestações patológicas. Segundo o DSM-IV-TR-TM (2002), os critérios para o diagnóstico da DM são:

• Funcionamento intelectual significativamente inferior à média; • Déficits ou prejuízos concomitantes no funcionamento adaptativo atual; • Início inferior aos 18 anos.

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Com relação ao primeiro critério, é considerado desempenho significativamente inferior à média, ou seja, um escore de 70 ou menos obtido em um teste de QI administrado. Quanto ao segundo, os déficits são analisados em relação a efetividade da pessoa em atender aos padrões esperados para a sua idade e por seu grupo cultural em pelo menos duas das seguintes áreas: -Comunicação; -Cuidados Pessoais; -Vida Doméstica; -Habilidades Sociais e interpessoais; -Uso dos Recursos Comunitários; -Independência; -Habilidades Acadêmicas; -Trabalho; -Lazer e -Saúde e Segurança. As habilidades acadêmicas referem-se às habilidades cognitivas e àquelas que correspondem ao aprendizado escolar, cuja aplicação se dá na vida pessoal, tais como: leitura, escrita, matemática, ciência. A AAMR (1992) acrescenta ainda que devam ser considerados os seguintes aspectos no diagnóstico de dificuldade de aprendizagem:

• diversidades culturais e lingüisticas, assim como as diferenciadas formas de comunicação e comportamentos;

• limitações nas áreas adaptativas de acordo com as exigências de cada meio, idade e necessidade de suportes individualizados;

• capacidades específicas sempre coexistem com outras habilidades adaptativas;

• possibilidade de oferecer apoio apropriado durante período prolongado.

Shalock (1999) acrescenta que a incapacidade deve ser vista como resultado da interação do indivíduo com o meio onde ele está inserido. Assim, o ambiente assume a responsabilidade de oferecer condição de aproveitamento das limitações funcionais da pessoa por meio de apoios necessários à sua condição. Neste sentido, não basta apenas classificar a sua deficiência, mas também verificar qual o tipo de apoio necessário para ampliar o seu leque de habilidades. Essa concepção favorece a auto-determinação, a inclusão social, a igualdade, as possibilidades e a capacidade da pessoa com necessidades especiais, promovendo assim, uma melhor qualidade de vida. Apesar de não haver cura para a DM, as limitações desse indivíduo passam a não ser definitivas e imutáveis à medida em que houver o apoio necessário para cada caso. Além disso, a prevenção da DM é uma prioridade evidente, porém, ela só é possível em alguns casos. O período peri-natal é o período crítico de instalação dos problemas ou das lesões responsáveis pela deficiência mental, mas também, esta é a fase em que os profissionais da área médica, podem muitas vezes modificar os fatores da deficiência mental (DM), contribuindo para a sua prevenção. A preservação da vida feto e do recém nascido é tão importante quanto prevenir alterações cerebrais e proteger a integridade funcional.

De acordo com Ajuriaguerra (1983), as principais causas da deficiência mental podem ser divididas em dois grandes grupos: 1. deficiência mental subcultural. 2. doenças orgânicas.

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A deficiência mental Subcultural compreende: a) herança de inteligência inferior, (também conhecido como retardo mental primário) b) ambiental, sendo esta relacionada com: -privação psicossocial; -práticas educacionais restritas e -deficiência nutricional. Causas Gerais Pré, Peri e Pós natais que podem levar à DM segundo Diament & Cypel (1996): Causas Pré-Natais: -Aberrações autossômicas: autossômicas sexuais -Causas gênicas -Malformações cerebrais Ambientais: -Infecciosas (rubéola, CMV, HIV, toxoplasmose, sífilis, listeriose) -Drogas Teratógenicas (álcool, tabaco, cocaína e anti-epilépticos) -Outras condições (desnutrição intra-uterina, radiações) Causas Perinatais -Anoxia ou hipoxia (asfixia, trauma de parto, encefalopatia hipóxico-isquêmica) -Prematuridade -Baixo peso -Infecções (HSV, estreptococo beta-hemolítico, listeria) Causas Pós-natais -Infecções (meningencefalites e encefalites) -Traumas cranianos -Desmielinizações (primárias e pós-infecciosas) -Desnutrição proteíco-calórica e privação econômico-sócio-afetivo-cultural -Intoxicações exógenas(CO,Pb) -Radiações -Convulsões: (status epilepticus, crises febris prolongadas, síndromes de West e Lennox-Gastaut) Outras causas como: asfixia por afogamento, choque elétrico e outros acidentes. Os autores referem ainda, que as doenças orgânicas que comprometem a função cognitiva e/ou motora, podem ser também conhecidas como Encefalopatias Crônicas na Infância (ECI). O termo ECI foi primeiramente utilizado por Trousseau há quase um século. As ECIs podem ser de dois tipos com relação à evolução do quadro clínico:

• Encefalopatia Crônica na Infância Não Evolutiva (ECINE) • Encefalopatia Crônica na Infância Evolutiva (ECIE) Os termos "evolutivo" e "não evolutivo" são empregados no sentido de indicar se a lesão anatomopatológica é progressiva ou não. Quando é empregado o termo "não evolutiva", fica implícito que a encefalopatia é conseqüência de uma lesão anatomopatológica estacionária estabelecida. No caso da ECINE, o quadro clínico normalmente é estável e a criança pode adquirir novas habilidades, ou vencer etapas da evolução neuropsicomotora, ainda que as seqüelas das encefalopatias permaneçam. Entretanto, em alguns casos de ECINE, novas habilidades podem não ser adquiridas, como se o desenvolvimento das habilidades ficasse estagnado em um plano evolutivo. Isto pode ser observado, por exemplo, em casos de holoprosencefalias ou hidranencefalias. Em relação aos eventos causadores, a ECINE pode ser decorrente de fator pré, peri ou pós-natal. Já as ECIE, via de regra, são decorrentes de causas pré-natais, tais como: erros inatos do metabolismo ou heredodegenerações. Além disso, as degenerações adquiridas no sistema nervoso, também podem fazer parte das ECIEs.

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Em suma, a compreensão dos diferentes fatores etiológicos das DMs podem ser úteis tanto para o estabelecimento de hipóteses diagnósticas, prevenção da DM, quanto para a orientação dos pais, professores e profissionais que lidam com estas crianças. Entretanto, como será discutido adiante, a simples classificação da DM pode subestimar as habilidades da criança avaliada. Existe uma extensa faixa de classificação da deficiência mental que abrange desde aqueles indivíduos com grau acentuado de comprometimento cognitivo, até os que são portadores de atraso bem discreto, o que não chega a prejudicar significativamente a aprendizagem de uma forma global. (Diament & Cypel, 1996). Roux (1996) reconhece a utilidade da classificação para o diagnóstico e estabelecimento dos cuidados médicos peculiares a cada indivíduo, bem como para o direcionamento de suas necessidades de habilitação. Classificações dos tipos de DM, segundo o DSM-IV-TR-TM (2002) 317 Retardo Mental (RM) Leve Grau de QI de 50-55 a aproximadamente 70 318.0 Retardo Mental Moderado Grau de QI de 35-40 a 50-55 318.1 Retardo Mental Grave Grau de QI de 20-25 a 35-40 318.2 Retardo Mental Profundo Grau de QI abaixo de 20 ou 25 319 Retardo Mental de grau inespecificado O termo RM de grau não especificado é utilizado quando existem fortes indícios de retardamento mental, mas impossível a utilização de instrumentos padronizados devido aos déficts graves e/ou problemática comportamental, como também nos casos de bebes com atraso evidente no desenvolvimento neuropsicomotor. Evangelista (2002) indica que a simples categorização pode subestimar a capacidades das crianças em psicodiagnóstico, impondo-lhes limites que poderão ser incompatíveis com as suas habilidades, levando ao que chamou de rótulos. A classificação regida por normas que favoreçam a segregação, pode ser substituída por normas que contribuam com a inclusão e o bem estar de todos. No mesmo sentido, Roux (1996) indica que a simples classificação não favorece os direitos e a igualdade da pessoa avaliada. Importante ressaltar que, segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde (1999), a Deficiência Mental Leve (DML) corresponde a 85% das pessoas portadoras de DM. Como as crianças com DML apresentam atraso discreto no desenvolvimento neuropsicomotor, o diagnóstico nem sempre é feito na primeira infância (0 a 2 anos). As dificuldades, via de regra, só são percebidas nos primeiros anos escolares, pois essas crianças não conseguem acompanhar a programação escolar comum. É comum apresentarem dificuldades nas primeiras séries, principalmente na leitura, escrita e cálculos aritméticos que envolvam maior complexidade. Os pais normalmente alertados pela professora, raramente suspeitam de déficit cognitivo. Esse fato desfavorece, sobretudo, o equilíbrio emocional do indivíduo, que se sente cobrado em relação aos aspectos do âmbito acadêmico que superam suas possibilidades e não atingem a expectativas dos pais e professores. É comum o fato de serem discriminados no lar e na escola, culminando em angústia imensurável. A critica de sua condição desfavorável e conseqüente inadaptação social, escolar e familiar, somadas a carência em termos de compreensão e afeto, reforçam sentimentos negativos, podendo desencadear problemas de conduta e distúrbios psiquiátricos, sendo freqüente nestes indivíduos, o auto-conceito empobrecido, a depressão, isolamento social, etc. No geral quando a família se conscientiza das limitações que a deficiência acarreta, se bem amparada e orientada, pode propiciar os apoios para o desenvolvimento adequado, para que, na adolescência e vida

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adulta, a pessoa deficiente, possa usufruir de atividades profissionalizantes e optar por ocupações de maior interesse, prazer e produtividade.

Importante lembrar que os deficientes mentais de menor gravidade, têm percepção de si mesmo e da realidade, diferenciando-os da doença mental. São evidentes, os interesses e as necessidades próprias, como independência, sexo, casamento, filhos, casa própria, trabalho, esporte, cursos e outras aspirações. As limitações não os impedem de sonhar e planificar, mesmo que de maneira pueril e pouco consistente, sendo de fundamental importância, a compreensão, afetividade, orientações e supervisões dos familiares e educadores. A Multidisciplinariedade, as Novas Classificações no Diagnóstico Psicológico, os Movimentos Mundiais, Leis e a Inclusão social, escolar e laboral, visam garantir e preservar os direitos dos portadores de deficiências, propiciando assim, a melhora da qualidade de vida destas pessoas. A verdadeira Inclusão, que é muito diferente da integração, permite aos deficientes, exercerem sua cidadania, com direitos à dignidade e respeito. Apesar da enorme deficiência do sistema, devemos lutar para uma sociedade mais justa, onde, nossas crianças desde bem cedo, aprendam a lidar com as diversidades. A família e a escola têm o papel principal de educar e desenvolver seres humanos melhores, capazes de interagir e principalmente, respeitar o seu próximo, independente de sua condição.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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DO LUTO À LUTA. Evaldo Mocarzel. Brasil, Rio de Janeiro, 2005.

SASSAKI, Romeu Kazumi. Construindo uma sociedade para todos. 7ª edição.

Rio de Janeiro: WVA, 2006.

TUNES, Elizabeth; PIANTINO, L Danezy. Cadê a Síndrome de Down que

estava aqui? O gato comeu... . 3ª edição. Campinas, SP: Autores Associados,

2006.

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BIBLIOGRAFIA CITADA

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual de diagnóstico e

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LIMA, Lauro de Oliveira. Piaget para principiantes. São Paulo: Summus, 1980.

PUESCHEL, Siegfried M. Síndrome de Down: guia para pais e educadores.

Tradução Lucia Helena Reily. Campinas, SP: Papirus, 1993.

RODRIGUES, Ida Janete. Deficiencia mental. Revista Sentidos. http://sentidos.uol.com.br/canais/materia.asp?codpag=7589&cod_canal=13. Acesso: 22 de abril de 2010.

STRAY-GUDERSEN, Karen. Crianças com Síndrome de Down: guia para pais

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VOIVODIC, Maria Antonieta M.A. Inclusão escolar de crianças com Síndrome

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WERNECK, Claudia. Muito prazer, eu existo. 2 ª edição. Rio de Janeiro: WVA,

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

SÍNDROME DE DOWN: O QUE É? 10

1.1 - Três tipos de alteração genética 11

1.2 - Características físicas 13 1.3 - Características mentais 14

1.4 - Questões médicas 16

CAPÍTULO II

EXPECTATIVA DO DESENVOLVIMENTO 19

2.1 - Desenvolvimento motor 21

2.2 - Desenvolvimento mental 22

2.3 - Desenvolvimento da linguagem 24

2.4 - Desenvolvimento cognitivo e aprendizagem 25

CAPÍTULO III

ESTIMULAÇÃO PRECOCE 27

3.1 - Tratamentos específicos 31

3.2 - Pais e família 33 CONCLUSÃO 37

ANEXOS 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45

BIBLIOGRAFIA CITADA 46

ÍNDICE 47

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