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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
TURISMO SUSTENTÁVEL COMO INSTRUMENTO DE MANEJO NAS UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL – O CASO DA APA
GERICINÓ-MENDANHA
Por: Marcelo Augusto Gurgel de Lima
Orientador
Prof. Dr. Sérgio Vilson de Carvalho
Rio de Janeiro
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
TURISMO SUSTENTÁVEL COMO INSTRUMENTO DE MANEJO NAS UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL – O CASO DA APA
GERICINÓ-MENDANHA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada
como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Gestão Ambiental.
Por: Marcelo Augusto Gurgel de Lima
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AGRADECIMENTOS
Agradeço ao professor e orientador Vilson
Sérgio pela orientação, delimitação do
tema proposto e por acreditar que teríamos
tempo!
Agradeço também as famílias Gurgel, Lima
e Paiva (em ordem alfabética) pela ajuda e
confiança durante mais este desafio.
Por fim, aos amigos da turma de Gestão
Ambiental por tornarem as aulas mais
espirituosas e as atividades extraclasses
aprazíveis.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Srª Limase Lima e ao
Sr. João Lima, meus pais. Ao meu irmão,
Marcos Lima e sobrinhos, Lucas e Matheus –
o meu núcleo familiar.
À Leny Pereira, acima de tudo uma amiga do
qual sou profundo admirador...
Ao amigo Andre de Paiva pela revisão do
trabalho, disponibilidade de tempo e sugestão
de tema.
Por fim, à professora e amiga Ana Cláudia
Paraense que me ensinou a “pensar
ecologicamente” e, despertando assim, o meu
interesse pelo assunto.
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RESUMO O turismo, em sua forma mais simples, pode ser entendido como uma
corrente massiva caracterizada pelo deslocamento de uma pessoa ou grupo de um local de origem até uma localidade a ser visitada, o destino turístico.
Em termos globais, o turismo é um dos maiores setores econômicos. No entanto, ao mesmo tempo em que se apresenta como uma força favorável ao crescimento econômico de muitas localidades e da própria sociedade, o turismo também pode ser responsável, quando mal administrado, por severos impactos ambientais, sociais e econômicos no planeta.
Para reverter este cenário ou ao menos minimizar seus impactos negativos, desenvolveram-se vários instrumentos, tais como a Educação Ambiental, além da conscientização de práticas sustentáveis e socialmente responsáveis. Neste aspecto, o turismo sustentável é um importante instrumento que, além de resgatar a relação homem-natureza, poderá ser trabalhado como um aliado dela, preservando as Unidades de Conservação e, ao mesmo tempo, ajudando a manter a economia ativa, unindo responsabilidade ao desenvolvimento desses espaços.
Assim, pretende-se apresentar neste trabalho uma das funções mais importantes das Unidades de Conservação: a proteção ambiental. Para que esta missão tenha êxito, contudo, vários especialistas recomendam que uma das melhores formas de proteção é envolver, conquistar e conscientizar mais pessoas de sua importância. Quanto mais visitantes, mais interessados ficarão as pessoas em aprofundar o tema e perceber a relevância para a região, para o país e para todos nós.
6
METODOLOGIA
Para o referido estudo, foi escolhido a APAGM por alguns motivos. Entre eles, por ser o único maciço costeiro da cidade do Rio de Janeiro; por ser um modelo de unidade de conservação da natureza de uso sustentável; por localizar-se em uma região importante e de poucos investimentos públicos e ainda menos conhecido pela sociedade.
O levantamento de dados consistiu de duas grandes etapas. Em um primeiro momento, foi realizada a pesquisa através da busca principalmente através do site do Google e do periódico do CAPES.
No segundo momento, foi realizada visita as principais bibliotecas de Graduação e do Programa de Pós Graduação de Geografia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, UERJ, e da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.
Após pesquisa bibliográfica, a terceira e última etapa foi a visitação à sede da APAGM, localizada no município de Mesquita, baixada fluminense, onde foi possível adquirir mapas e dados mais recentes da área de proteção.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I 11 1.1 Uma breve história do turismo e seus conceitos 11 1.2 O Turismo Sustentável 14 CAPÍTULO II 22 2.1 A importância da Gestão Ambiental 22 CAPÍTULO III 27 3.1Unidades de Conservação 27 3.2 Classificação das Unidades de Conservação 32 3.3 Turismo em Unidades de Conservação 36 CAPÍTULO IV 4.1 ÁPAGM 41 4.2 Atrativos da APAGM e do PNMNI 45 4.3 Impactos do turismo e do lazer na APAGM e no PNMNI 47 CONCLUSÃO 57 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 60 ÍNDICE 64 FOLHA DE AVALIAÇÃO 65
8
INTRODUÇÃO
Desenvolver a atividade turística na natureza e, em particular, o turismo
sustentável, é um dos grandes desafios atuais desta importante atividade
econômica. Desafio este que também foi aceito pelo Brasil e, mais
precisamente, nas regiões nacionais em que se predominam os ecossistemas
florestais, como a Mata Atlântica.
Uma das maneiras mais eficientes para se proteger a biodiversidade na
natureza foi a criação das Unidades de Conservação da Natureza ou UC.
Estas áreas são conhecidas como espaços territorialmente protegidos e
organizados legalmente no país por meio do Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza, o SNUC.
Há certo consenso de que o turismo está diretamente conectado ao
ambiente natural, principalmente ao uso das belezas naturais. Em geral, a
prática da atividade turística ocorre nas unidades de conservação de forma
desordenada e sem respeito às questões ambientais. Em muitas regiões
brasileiras observamos que o que se desenvolve é o chamado “turismo na
natureza” e não o turismo propriamente ecológico. Isso torna a conservação
das florestas é um dos grandes desafios do homem. No Brasil e, mais
especificamente no Estado do Rio de Janeiro, a Mata Atlântica, só é
encontrada agora em pequenos fragmentos, isolada e pouco protegida.
Segundo estudos (GAMA, 2006), o Rio de Janeiro é responsável pela maior
destruição de florestas tropicais em todo o país. Este dado, por si só, já seria
suficiente para a preservação dos atuais remanescentes de mata. Entre as
unidades de conservação no estado fluminense que se encontram nesta
situação, podemos citar a Área de Proteção Ambiental Gericinó-Mendanha ou
APAGM, como também é conhecida.
A APAGM pertence à categoria de Unidade de Conservação do grupo
de Uso Sustentável cuja característica básica é a de conciliar a conservação da
natureza com o uso sustentável de parte dos seus recursos naturais. Ela está
localizada na periferia urbana da capital fluminense. Dois Parques Municipais
estão inseridos em seus limites, o Parque Natural Municipal da Serra do
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Mendanha, o PNMSM, que está localizado na Zona Oeste da cidade do Rio de
Janeiro e o Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu, o PNMNI, que se
encontra na Serra de Madureira, abrangendo parte dos municípios de Nova
Iguaçu e Mesquita. Essas três UCs protegem legalmente cerca de 8.000
hectares do Maciço Madureira-Mendanha-Gericinó e o Morro do Marapicu
(EARTH TECH, 2004).
A unidade foi considerada - em 1996 - Reserva de Biosfera pela
UNESCO; entretanto, vem acumulando um histórico de processos exploratórios
dos seus recursos naturais como a caça, coleta de plantas ornamentais e a
extração mineral. Além dessa exploração, é comum na região o conflito de uso
do solo, decorrente da localização em área metropolitana. Somados a estes
problemas, a unidade vem sofrendo também com a visitação turística crescente
e sem planejamento. Desta forma, torna-se fundamental a gestão da APAGM e
para tal necessita-se de prévio estudo e pesquisa das potencialidades e
limitações da unidade.
É sabido que a atividade turística sempre causará impacto ao meio
ambiente. Na verdade, qualquer ação do homem terá em contrapartida uma
reação do ambiente em que ele vive. No entanto, estes impactos poderão ser
mais sutis, decorrentes de elaboração e de planejamento. Para isto,
desenvolvemos este trabalho de pesquisa cuja problematização será averiguar
em que medida o turismo sustentável pode se constituir em instrumento de
conservação nas unidades de uso sustentável e, em especial, na APA
Gericinó-Mendanha, identificando a utilização do turismo sustentável nesta
unidade, bem como, seus impactos.
Desta forma, como hipótese norteadora do presente trabalho, parte-se
do pressuposto de que as atividades e práticas do turismo sustentável
possibilitam o desenvolvimento e geram maior conscientização ambiental por
parte dos visitantes na Área de Proteção Ambiental Gericinó-Mendanha e nos
seus limites. Neste sentido, são estabelecidos os seguintes objetivos:
• Geral: Identificar a utilização do turismo sustentável nas Unidades de
Uso Sustentável na APA de Gericinó-Mendanha
• Específicos: Averiguar os impactos da utilização do turismo sustentável
na APA de Gericinó-Mendanha, pertencente ao grupo das Unidades de
10
Uso Sustentável no estado do Rio de Janeiro no âmbito social e
ambiental.
• Identificar os possíveis problemas na prática da utilização desse modelo
de turismo na APA em questão e conhecer as alternativas para
possíveis soluções.
Esta pesquisa parte do princípio de que somente delimitar uma grande
área e normatizá-la não é seria o bastante para cumprir o principal objetivo de
sua criação, a conservação. Faz-se necessário uma gestão eficaz e contínua.
11
CAPÍTULO I
1.1 Uma breve história do turismo e seus conceitos
O turismo, tal como o conhecemos atualmente, surgiu no século XIX,
tendo o seu apogeu no século seguinte, mais precisamente após a Segunda
Guerra Mundial. Entretanto, séculos antes a atividade turística já caminhava
lado a lado com a História Universal, como por exemplo, podemos citar os
períodos do Império Romano e a Revolução Industrial, quando o turismo
experimentou um notável impulso e desenvolvimento.
Na segunda metade do século XX em diante, o mundo foi marcado por
mudanças importantes tanto na economia, quanto nas questões sociais e
geopolíticas. No centro dessas mudanças, encontra-se uma expansão
acelerada do consumo e dos serviços, tendo o turismo recebido cada vez mais
destaque. Movimento este que também foi observado por DIAS (2003, p.9), “no
final do século XX, o turismo converteu-se na atividade mais importante do
mundo, caracterizando-se por um crescimento espetacular”. Por envolver
muitos setores da economia e usufruindo da mão-de-obra de diversas
atividades e profissionais de diferentes setores, a atividade turística vem se
destacando e tornando-se um dos setores que mais crescem no mundo. Como
é evidenciado abaixo:
“Ao afetar direta ou indiretamente vários setores da economia, o turismo torna-se um poderoso instrumento de desenvolvimento, abrindo a possibilidade de geração de um número significativo de empregos diretos e indiretos. O turismo pode ser considerado hoje umas das poucas alternativas à destruição do emprego tradicional devido às mudanças tecnológicas e à globalização”. (DIAS, 2003, p. 10)
Conceituar turismo é tarefa muito controversa. Muitos autores já o
definiram, entretanto, a discussão sobre o seu melhor significado continua até
os dias de hoje. O certo é que não se pode restringir a definição única, visto
que o turismo se insere em quase todos os aspectos sociais conforme explica
ANSARAH (2000): “a grande variedade de conceitos, todos eles válidos,
circunscreve-se aos campos em que o turismo é estudado”.
12
Seu caráter multidisciplinar também é explicado por ACERENZA (2002)
que, em seus estudos, apresenta o turismo como um fenômeno social
complexo, que “pode ter significados diferentes em função do papel que as
pessoas que trabalham com ele assumem”.(p. 25)
Uma das primeiras definições de turismo data de 1911 e foi
desenvolvida por Hermann von Schullern zu Schattenhofen, economista
austríaco que definiu o turismo como o “conceito que compreende todos os
processos, especialmente os econômicos, que se manifestam na chegada, na
permanência e na saída do turista de um determinado município, país ou
estado”.
Parte das discussões e estudos referentes a sua definição é
compreendida pelo fato de que o turismo, como o conhecemos, é uma
atividade nova e só há, mais ou menos, meio século, foi tratado como um
fenômeno de massa. Desta forma, muitos estudos ainda estarão por vir para
construir o seu “corpus de conhecimento”.
Embora não haja uma definição única, países membros da ONU –
Organizações das Nações Unidas – adotaram o conceito da Organização
Mundial do Turismo, a OMT, que define turismo como “as atividades que as
pessoas realizam durante suas viagens e permanência em lugares distintos
dos que vivem, por um período de tempo inferior a um ano consecutivo, com
fins de lazer, negócios e outros.”
Segundo BARRETTO (2003), “o turismo é contextualizado dentro do
conceito de lazer e este, dentro da sociedade industrial, chamando a atenção
para aspectos que os estudos do tempo livre usualmente não abordam”.
O entendimento de que o turismo é uma conquista social é
desenvolvida também pelos escritores MATHIESON & WALL (1982). Segundos
os quais: “o turismo já não é a prerrogativa de uns poucos, senão uma parte
adotada, acostumada ou mesmo esperada de formas de vida de um grande
número de pessoas” (p. 90).
CUNHA (1997) é outro autor que possui uma visão próxima sobre o
conceito de turismo: “o turismo deixou de ser um bem inacessível para se
transformar num bem de consumo corrente; deixou de ser prerrogativa das
elites para se transformar num fenômeno de massas” (p. 56).
13
Neste contexto, um dos maiores estudiosos do assunto, OSCAR DE LA
TORRE (1997) escreve que “o turismo é o meio mais nobre para conhecer,
compreender e começar amizades entre os homens e entre os povos” (p. 12).
Ainda de acordo com o pesquisador mexicano:
“O turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem do seu local de resistência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica e cultural”. (p. 19)
Assim sendo, ao longo das décadas, o fenômeno turístico vem
ganhando discussões sejam nas ciências humanas, biológicas e até mesmo
em segmentos da arquitetura e das engenharias. A partir do século XXI, a
atividade turística ganha mais espaço e força cultural e socioeconômica
relevantes para torná-lo um dos setores econômicos que mais se desenvolve
no mundo, de acordo com informações da Organização Mundial do Turismo, a
OMT. Para a organização, o turismo moderno “está intimamente ligado ao
desenvolvimento e abrange um número crescente de novos destinos. Esta
dinâmica tem transformado o turismo em um fator-chave para o progresso
socioeconômico”.
Ainda segundo a OMT, esse progresso se explica pelo crescente
volume de negócios que se iguala ou até mesmo supera o volume das
exportações de alguns produtos alimentares, do petróleo ou da indústria
automobilística. Atualmente, o turismo representa uma das principais fontes de
renda para muitos países em desenvolvimento e a sua contribuição para a
atividade econômica mundial é estimada em cerca de 5%.
Expoentes não apenas do conceito, mas também do estudar o
fenômeno turístico, os autores acima citados enxergam o turismo como um
importante impulsionador socioeconômico, representando também a
possibilidade da conquista democrática de lazer ao alcance de todos. A OMT,
assim como outros autores, também constata a importância da atividade
turística para a economia:
14
“A atividade turística caracteriza-se por sua grande complexidade, não só pela grande quantidade de elementos pelos quais é composta, mas, também, pelos diferentes setores econômicos do seu desenvolvimento. Neste sentido, o turismo é considerado geralmente como uma exportação de uma região ou nação até o lugar de destino, gerando renda e divisas, criando empregos, aumento de impostos públicos e aquecendo a atividade econômica empresarial global” (OMT, 2001, p. 10)
Conforme observado acima, o turismo é um fenômeno altamente
consumidor de recursos naturais. Por este motivo, há uma profunda relação de
dependência entre a atividade turística e o meio ambiente, fazendo com que o
homem torne-se um grande consumidor da natureza. Fato este que pode ser
explicado pelo crescimento no número de turistas/visitantes que procuram por
regiões ricas em belezas naturais. E este número irá crescer, em boa parte,
quanto maior for o grau de conservação daquelas regiões.
Dentre os muitos modelos de turismo que estão se desenvolvendo
atualmente podemos destacar o ecoturismo e o turismo sustentável. Dois
modelos caracterizados pelo resgate e preservação dos recursos naturais. Esta
relação de proximidade entre o meio ambiente e o turismo começou a surgir a
partir do século XX. Foi neste momento também que o turismo de massa
passou a ser amplamente desenvolvido em todo o mundo. Inicialmente, a
relação era vista como de coexistência, isto é, não se imaginavam
interferências entre ambos. Situação que começou a mudar ainda na década
de 1960, quando os impactos negativos em virtude do crescimento do turismo
de massa passaram a interferir sobre as áreas naturais. Uma década depois,
em 1970, com o começo da consciência ambiental, aquela interferência
transformou-se em uma relação perigosa. Na década seguinte, 1980, enquanto
os conflitos eram intensificados, surgem também as primeiras ideias e projetos
que possibilitaram o início de uma relação mais benéfica entre o turismo e o
meio ambiente.
1.2 O Turismo Sustentável
Não muito tempo atrás, o turismo era uma atividade restrita a um
número reduzido de privilegiados, de elites que possuíam tempo e dinheiro
15
para viajar em busca de conhecimento. Atualmente, o volume de pessoas que
possuem tempo livre e dinheiro vem crescendo de forma constante. A atividade
deixou de ser um privilégio de poucos, passando a ser, segundo RUSCHMANN
(2000) uma “prerrogativa de alguns cidadãos privilegiados; sua existência é
aceita e constitui parte integrante do estilo de vida para um número crescente
de pessoas em todo o mundo”.
Com um número maior de turistas, aumenta também a procura e
consumo dos recursos naturais. Mais e mais turistas visitando regiões
costeiras, campos, montanhas, entre outros aspectos que são capazes de
atrair visitação, como o clima, que junto aos aspectos geográficos, constituem
os recursos naturais fundamentais para a experiência turística.
O turismo sustentável vem se tornando um importante modelo capaz
de proporcionar várias soluções para reduzir os impactos negativos do turismo,
principalmente do turismo de massa. Este sempre foi um vilão ao levarmos em
conta o número incalculável e sempre crescente dos deslocamentos gerados
pelo fenômeno do turismo. Estes deslocamentos terminaram por gerar
impactos nas comunidades receptoras de caráter tanto social, quanto cultural
e, especialmente, ambiental, conforme comenta SWARBROOKE (2000): “o
turismo sustentável não é apenas proteção ao meio ambiente, ele também está
ligado à viabilidade econômica a longo prazo e à justiça social”.
À proporção que foram sendo identificados os primeiros impactos
negativos do turismo, uma série de medidas foram estudadas e testadas pelos
órgãos públicos na tentativa de administrar a prática turística e, assim reduzir
aqueles impactos. Inicialmente, as ações eram de cunho emergencial e apenas
voltadas para o curto prazo, também eram, geralmente, em pequena escala e
não se aprofundavam na causa, muito menos na necessidade de se alterar o
formato de turismo utilizado.
O retorno à natureza é explicado por alguns pesquisadores em virtude
da depreciação dos centros urbanos o que intensifica a procura, durante as
férias, finais de semana e ou feriados, por regiões ricas em belezas naturais.
Além desse motivo, outros ainda contribuem para o aumento dos fluxos
turísticos em determinadas regiões, entre eles, o aumento do tempo livre com a
diminuição da jornada de trabalho em consequência do avanço da
16
produtividade, evolução técnica, aumento na renda da população,
desenvolvimento da atividade turística, diminuição das formalidades
aduaneiras, juntamente com a eliminação de exigência de vistos entre alguns
países e unificação de documentos de viagem, entre outros motivos.
Segundo RUSCHMANN (2000), de alguns anos para cá, a qualidade
de um destino turístico vem sendo avaliado de acordo com a originalidade dos
atrativos naturais que o mesmo possua. Além, da infraestrutura que o destino
tenha a oferecer. A autora ainda comenta que:
“A questão fundamental que se coloca nesse caso é a premente necessidade de controlar o crescimento quantitativo dos fluxos turísticos em todo o mundo, uma vez que os ecossistemas sensíveis ficam irremediavelmente comprometidos quando se ultrapassam os limites de sua capacidade de carga – carrying capacity”. (RUSCHMANN, 2000. p. 17)
O termo sustentabilidade no turismo resulta, em boa parte, do
movimento que vem ganhando destaque de algumas décadas para cá: o
desenvolvimento sustentável. Esta expressão surgiu durante a Conferência de
Estocolmo, em 1972, e de acordo com DIAS (2003, p. 60) o termo possuía uma
abordagem para o ecodesenvolvimento, considerando três pilares essenciais:
equidade social, prudência ecológica e eficiência econômica, ou seja, “deverá
ser suportável ecologicamente em longo prazo, viável economicamente e
equitativo desde uma perspectiva ética e social para as comunidades locais”.
Ainda segundo o autor (DIAS, 2003, p. 47), o desenvolvimento sustentável
procura “estabelecer uma relação harmônica do homem com a natureza, como
centro de um processo de desenvolvimento que deve satisfazer às
necessidades e às aspirações humanas”.
De acordo com a definição de desenvolvimento sustentável,
considerando os princípios básicos da Carta de Turismo Sustentável de
Lanzarote de 1995, Espanha, o autor Dias comenta:
“O desenvolvimento sustentável é um processo orientado que contempla uma gestão global dos recursos com o objetivo de assegurar sua durabilidade, permitindo conservar nosso capital natural e cultural, incluindo as áreas protegidas. Sendo o turismo um poderoso instrumento de desenvolvimento, pode e deve participar ativamente na estratégia de desenvolvimento sustentável. Uma boa gestão do turismo exige garantir a sustentabilidade dos recursos dos quais depende” (DIAS, 2003, p. 60)
17
De acordo com a World Conservation Union (IUCN) citado pela OMT –
Organização Mundial do Turismo (2001, p. 245) o desenvolvimento sustentável
do turismo pode ser interpretado como “o processo que permite o
desenvolvimento sem degradar ou esgotar os recursos que tornam possíveis o
mesmo desenvolvimento”.
Seguindo este mesmo pensamento, Dias (2003) explica que para que
se atinja a sustentabilidade no turismo é importante a participação do poder
público juntamente com a criação e execução de um planejamento. Ao mesmo
tempo em que não será possível conceber a atividade turística sem a
participação dos diferentes setores da economia.
Para outro pesquisador do tema, o escritor SWARBROOKE (2000), a
expressão turismo sustentável passou a ser comumente utilizada a partir do
final dos anos 1980:
“A partir do final dos anos 80, quando os estudantes de cursos superiores e os profissionais do turismo começaram a considerar as implicações do Relatório Brundtland em suas próprias atividades. Contudo, as expressões “questões verdes” e “turismo verde” eram usadas mais comumente naquela época. Uma importante conferência em Leeds, em 1990, sobre o que seria agora chamado de turismo sustentável, por exemplo, foi chamada de “Gradações de Verde”. O uso da expressão “turismo verde” refletia o aumento do interesse em questões ambientais, no final dos anos 80 e o crescimento de “políticas verdes”, no Reino Unido, na Alemanha e na França. O turismo verde incluía a redução dos custos e a maximização dos benefícios ambientais do turismo” (p. 12)
Hoje, a participação de todos os atores e setores da economia é cada
vez mais imprescindível para o desenvolvimento do turismo sustentável. Fato
que também é citado pela publicação do SEBRAE:
“Ecologia, economia e turismo estão ficando cada vez mais integrados – numa rede de causas e efeitos. O turismo deve ser ambientalmente e socialmente sustentável antes de o ser economicamente. Para isto, deve ser estimulada a compreensão dos impactos do turismo sobre os ambientes natural, cultural e humano, não podendo ser implantado sem um diálogo fundamentado e construído a partir das necessidades regionais”. (2001, p. 34)
Desta forma, estarão garantidos os recursos naturais da localidade,
bem como, a sua herança cultural. Para isto, é importante que o turismo passe,
assim como outras atividades econômicas, por um processo de planejamento e
18
gestão. Com iniciativas como esta, os recursos naturais terão mais chances e
sucesso de recuperação, preservação e conservação. Como escreveu
RUSCHMANN (2000):
“O turismo ‘brando’, ecológico, naturalista, personalizado e realizado em grupos pequenos de pessoas tende a caracterizar os fluxos turísticos do futuro. As atividades seletivas realizadas em equipamentos qualitativamente estruturados, tanto nos serviços prestados como em sua arquitetura e em seu tamanho, constituem o potencial dos movimentos turísticos para o próximo milênio” (p. 17)
Como se pode observar, tanto Ruschmann quanto outros autores
concordam que há uma interrelação entre o meio ambiente e a atividade
turística. Relação esta que seria incontestável, na medida em que o meio
ambiente constitui a matéria-prima do turismo. Os mesmos autores concordam
também que o homem termina poluindo além do seu meio, outros ambientes,
gerando uma forma de relacionamento nada harmonioso; um ciclo vicioso onde
pouco se preocupava com a preservação e conservação de meios naturais.
Entretanto, começa-se a enxergar sinais que aquela interação venha a se
tornar mais justa, crescente e harmoniosa. Alguns países passaram a estudar a
relação do turismo com o meio ambiente, entre eles, a França. Na década de
1990, estudos apresentavam quatro fases deste relacionamento.
O primeiro momento ocorreu no século XVIII, tendo como característica
a “descoberta da natureza e das comunidades receptoras”, ou seja, os turistas
possuíam muita curiosidade sobre os destinos visitados. As principais
motivações eram descobrir lugares onde o processo de industrialização ainda
não tivesse chegado ainda. Destinos com muito sol e que proporcionassem
banhos também estavam na lista dos mais procurados.
Em um segundo momento, chega-se ao final do século XIX e início do
século XX. Este turismo tinha características de se comportar de forma mais
dirigida e elitista, era a Belle Époque. Não havia preocupações ainda com o
meio ambiente e com as inúmeras agressões das quais o ambiente era vítima
para o advento das grandes construções e estradas. Alguns estudiosos
explicam que era a fase onde a natureza foi domesticada, mas não esquecida
em sua totalidade.
Na década de 1950 temos o surgimento do turismo de massa e com
ela, a terceira fase. A demanda turística cresce demasiadamente nos países
19
desenvolvidos e as localidades receptoras passam a conviver com um
crescimento descontrolado. Muitas regiões vivem o período da saturação e
outras localidades que antes eram praticamente inacessíveis, passaram a
receber cada vez mais um número maior de visitantes. Este momento pode ser
descrito como um período de excessos.
A última fase descrita é a que muitos países se encontram atualmente.
Fase caracterizada pela conscientização dos danos ambientais provocados
direta e/ou indiretamente pelo turismo. Já se sabe que a prática do turismo nos
espaços naturais não é uma fase ou modismo, portanto, comunidades,
governantes, entre outros atores passaram a se conscientizar sobre a
importância de proteger o meio ambiente como escreveu RUSCHMANN
(2000):
“Se, pelo lado da demanda, a motivação “contato com a natureza” se torna cada vez mais intensa, a natureza intacta e protegida passa a ser um argumento comercial importante. Assim, o turismo de qualidade pode tornar-se economicamente viável, desde que associado à proteção dos espaços naturais e à excelência dos serviços e equipamentos oferecidos aos clientes. É preciso que o turismo e o meio ambiente encontrem um ponto de equilíbrio, a fim de que a atratividade dos recursos naturais não seja a causa da sua degradação”. (p. 27)
Em síntese, o turismo sustentável nos é apresentado como um modelo
que abrange três dimensões importantes e atuais: a proteção ambiental, a
dinâmica cultural e, por último, a geração de emprego e renda para as
comunidades envolvidas. Portanto, este novo modelo poderá ser responsável
pelo surgimento de políticas públicas sustentáveis de desenvolvimento local,
resultando na melhor distribuição da renda e revertendo o quadro da
desigualdade social em determinadas comunidades, especialmente no caso
brasileiro.
Tratando-se de turismo sustentável um dos questionamentos mais
comum é se o ecoturismo pode ser visto como turismo sustentável. Ou ainda
se estes dois modelos de turismo são sinônimos. Alguns autores utilizam os
dois termos de forma intermutável; enquanto outros enxergam os dois
fenômenos diametricalmente opostos. Entre estes últimos, encontramos
SWARBROOKE que explica da seguinte maneira os ecoturistas e ecoturismo:
20
“Os ecoturistas não estão inicialmente motivados por um desejo de proteger o meio ambiente, mas sim, de ver o ecossistema nativo em primeira mão. Se o ecoturismo tivesse que crescer em uma área sem regulamentação, poderia facilmente tornar-se tão prejudicial quanto outras formas atuais de turismo. Na verdade, por tender a ocorrer em áreas com ecossistemas raros e frágeis, ele poderia ser até mais prejudicial”. (2000, p. 40)
Este tema foi um dos motivos do encontro que reuniu nos Estados
Unidos, no ano de 2000, vinte países que representavam a maioria dos
principais programas de certificação em turismo sustentável e ecoturismo em
todo o mundo. O encontro ficou conhecido como o “Acordo de Mohonk”, e
segundo este turismo sustentável e ecoturismo são assim diferenciados: o
turismo sustentável “é aquele que busca minimizar os impactos ambientais e
socioculturais, ao mesmo tempo que promove benefícios econômicos para as
comunidades locais e destinos (regiões e países)". O ecoturismo “é turismo
sustentável em áreas naturais, beneficia o meio ambiente e as comunidades
visitadas, promove o aprendizado, respeito e consciência sobre aspectos
ambientais e culturais."
O termo Ecoturismo passou a ser comumente utilizada no Brasil a partir
do final da década de 1980, acompanhando a tendência que ocorria em todo o
mundo de valorização do meio ambiente. Para isto, a Embratur (Instituto
Brasileiro de Turismo) implantou em 1985 o Projeto “Turismo Ecológico”.
Entretanto, foi com a realização da Rio 92 que este segmento do turismo ficou
notório, passou a ser tema de discussão e ganhou mercado. Na década
seguinte, em 1994, a Embratur e o Ministério do Meio Ambiente, publicaram as
“Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo” que trás como conceito
de turismo ecológico a seguinte definição:
“Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações”.
Dentre as muitas definições, esta tem sido referência no Brasil. O
documento ainda reconhece que o ecoturismo tem liderado a introdução de
21
práticas sustentáveis na atividade turística, no entanto, faz a distinção clara
entre o turismo sustentável e o ecoturismo:
“Sobre isso, conforme a Organização Mundial de Turismo – OMT e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA referem-se ao Ecoturismo como um segmento do turismo, enquanto os princípios que se almejam para o Turismo Sustentável são aplicáveis e devem servir de premissa a todos os tipos de turismo em quaisquer destinos. Sob esse enfoque, o Ecoturismo caracteriza-se pelo contato com ambientes naturais e pela realização de atividades que possam proporcionar a vivência e o conhecimento da natureza, e pela proteção das áreas onde ocorre. Ou seja, assenta-se sobre o tripé: interpretação, conservação e sustentabilidade”.
Para SWARBROOKE (2000), apesar de muitos perceberem uma
íntima relação entre o turismo sustentável e o ecoturismo, este último nada
teria de intrinsecamente sustentável. O autor explica que o “ecoturismo é um
termo tão vago que talvez seja o caso de se adotar uma visão mais abrangente
de seu significado” e em muitos casos, pode-se observar que aquele fenômeno
cresce de forma tão acelerada que chega a se aproximar dos piores aspectos
do turismo dito de massa. Em estes impactos negativos pode-se citar: a
produção de resíduos sólidos; degradação de ecossistemas frágeis; perda da
biodiversidade; compactação dos solos resultante do pisoteamento;
aceleramento de processos erosivos; pichações nas rochas; migração das
pessoas, a poluição sonora, entre tantos outros exemplos.
Por causa dos problemas gerados pela prática do turismo em áreas
naturais, principalmente do ecoturismo, destaca-se a importância do
estabelecimento de limites para o seu crescimento, em nível mais amplo; e o
planejamento e monitoramento das atividades desenvolvidas em cada unidade
com o intuito de minimizar os impactos negativos e otimizar os positivos não só
para a área, mas para a população envolvida.
22
CAPÍTULO II
2.1 A importância da Gestão Ambiental
Apesar de o tema ser muito abordado de alguns anos para cá, a gestão
ambiental não é um conceito novo; muito menos uma necessidade igualmente
nova. Há muitos anos, pesquisadores relatam e estudam a interação entre o
homem e a natureza, principalmente na interação responsável do homem com
o meio ambiente e nos impactos negativos de quando aquela interação
responsável não acontece. Antes dos problemas ambientais que o ser humano
passou a enfrentar mais recentemente, o meio ambiente passou por outras
provações tais como o acúmulo de resíduos na Idade Média europeia e a
poluição das águas e do ar oriundos da Revolução Industrial, somente para
citar dois exemplos.
Desde os anos 80 e mais recentemente, organizações públicas e/ou
privadas, bem como a sociedade em geral e o indivíduo, tem tomado uma
atitude mais proativa, reconhecendo e discutindo a gestão ambiental. Ela tem
sido usada como um importante instrumento legal para intensificar a imagem
de corporação, aumentar os lucros e a competitividade, reduzir os custos e
prevenir acidentes, entre outros. Como constata Maria Cristina Fogliatti (2004):
“Nos países desenvolvidos e em alguns países em desenvolvimento, como no Brasil, cresce cada vez mais o interesse e a participação do público nas questões relacionadas à preservação do meio ambiente e nas tomadas de decisão baseadas na avaliação de alternativas de projetos, onde a variável ecológica assume importância vital” (p. 4)
Atualmente, a implementação de sistemas de gestão ambiental (ou
simplesmente SGA) em empresas permanece voluntária. Entretanto, em
muitos países, ela já é um instrumento que vem ganhando destaque não
apenas no quesito financeiro, mas também na diminuição dos riscos e
acidentes ambientais. Além do mais, ela proporciona uma melhor imagem à
empresa que se mostra preocupada com o meio ambiente.
Desta forma, aquelas empresas apresentam ações satisfatórias em
relação ao meio ambiente, conquistando o novo perfil de turista, conhecido
23
entre alguns pesquisadores como o “turista verde”, “consumidor verde” ou
ainda como simplesmente “novo turista”.
VITERBO (1998) define a gestão ambiental como “a forma que uma
organização administra as relações entre suas atividades e o meio ambiente
que as abriga, observadas as expectativas das partes interessadas. Ou seja, é
parte da gestão pela qualidade total”.
Para o autor Marcelo Souza (2000), gestão ambiental é entendida
como:
“A gestão ambiental pode ser entendida, conforme mencionado, como o conjunto de procedimentos que visam à conciliação entre desenvolvimento e qualidade ambiental. Essa conciliação acontece a partir da observância da capacidade de suporte do meio ambiente e das necessidades identificadas pela sociedade civil ou pelo governo (situação mais comum) ou ainda por ambos (situação mais desejável). A gestão ambiental encontra na legislação, na política ambiental e em seus instrumentos e na participação da sociedade suas ferramentas de ação” (p. 11)
Conforme Weaver & Oppermann (2000), o número de turistas mais
conscientes das questões ambientais só cresce, principalmente devido ao
movimento ambiental que também ganha mais visibilidade com o passar do
tempo. Este “turista verde”, seja viajando sozinho ou em pequenos grupos, em
oposição ao turismo de massa, já constitui um segmento turístico
representativo e que cresceu rapidamente nos últimos anos. É a transição do
turismo de massa para um modelo de turismo “verde”. Estudiosos enxergam
um futuro em que o novo segmento venha a dominar o mercado, superando
até mesmo a tradicional forma de turismo de massa.
Entretanto, outros estudiosos contestam a existência do “turista verde”.
Dentre eles, encontramos SWARBROOKE & HORNER (2002). Os autores
indagam e deixam em questionamento se essa forma de turista não passaria
de mito:
“Muito se tem dito e escrito sobre “consumidores verdes” em geral, e mais especificamente sobre “turistas verdes”. No entanto, são poucas as evidências empíricas de sua existência, pelo menos no campo do turismo. Poder-se-ia argumentar que, por essa razão, até o momento, grande parte dessa discussão tem se baseado em elocubrações favorecendo ou grupos de interesse e observadores comprometidos, por um lado, ou, por outro, profissionais de marketing ávidos por vender produtos que confiram aos clientes a motivação de “sentir-se bem” ao comprá-los”. (p. 257).
24
Divergências postas de lado, é grande o número de organizações
preocupadas em apresentar resultados satisfatórios à sociedade,
principalmente no aspecto ambiental. Neste aspecto, a gestão ambiental é um
instrumento fundamental para a busca do desenvolvimento sustentável. E para
que isto ocorra, é preciso que a organização interessada passe por uma
revisão de paradigmas e por uma mudança em sua cultura empresarial.
A gestão ambiental facilita o processo de gerenciamento empresarial,
originando muitos benefícios econômicos, com a economia de custos;
benefícios estratégicos, além do ambiental. Neste contexto, segundo
FOGLIATTI (2004):
“A gestão ambiental do meio ambiente assume papel fundamental, pois visa manter ou melhorar as condições de vida dos povos sem causar danos ao meio ambiente, minimizando os efeitos negativos da implantação e operação de projetos de engenharia ou de outras atividades” (p. 4)
Atualmente, é cada vez maior o número de organizações que desejam
aumentar sua “ecoeficiência”, isto é, garantir eficiência em relação a sua
utilização dos recursos naturais, matéria-prima, utilização de energia e
consumo de água, uso do solo, do ar, entre tantos outros. Em relação aos
resíduos, é quase unanimidade, entre os estudiosos, que os resíduos
originados das atividades, processos, produtos e serviços de uma organização,
sejam tratados no momento de sua geração e não apenas no final do processo.
O autor VITERBO (1998) é um da grande maioria de estudiosos que explica a
importância da adoção de um sistema de gestão:
“O sistema de gestão da organização é a base para o estabelecimento de um método de gerenciamento que vise a melhoria contínua dos resultados e promova o desenvolvimento sustentável. A sobrevivência da organização está intimamente ligada ao conceito de desenvolvimento sustentável pois a sociedade não mais tolera ou tolerará as agressões ao meio ambiente como aquelas causadas nas décadas passadas por empresas que não tinham essa preocupação” (p. 15).
Igualmente ao termo “gestão ambiental”, a expressão “impacto
ambiental” não é uma definição nova, apenas tornou-se mais comumente
aplicada por todos. Segundo SOUZA (2000), ela torna-se mais usual a partir
das décadas de 1970 e 1980, quando os países e seus governantes começam
25
a perceber a necessidade de avaliar os efeitos da intervenção humana ao meio
ambiente.
Entende-se como impacto ambiental a modificação do meio ou de
algum componente por determinada ação ou atividade. “Estas alterações
precisam ser quantificadas, pois apresentam variações relativas, podendo ser
positivas ou negativas, grandes ou pequenas”, como explica SOUZA (2000).
Quanto a esta alteração, ela tem que provocar uma alteração, o desequilíbrio
das relações do ambiente.
Conforme conceito encontrado no Instituto Ambiente Brasil (2010),
impacto ambiental é:
“Um desequilíbrio provocado pelo choque da relação do homem com o meio ambiente, surgindo a partir da evolução humana, ou seja, no momento em que o homem começou a evoluir em seu modo de vida. Nos primórdios da humanidade o homem mantinha uma relação de submissão com o meio ambiente”. (p. 1)
No mundo, o conceito de impacto ambiental sob os termos jurídicos
são reconhecidos a partir da Revolução Industrial e, de lá para cá, a sua
interpretação tem sofrido alterações de maneira dinâmica, em virtude do
surgimento de novas atividades humanas que terminam por originar novas
formas de matérias e/ou energias que poderão causar algum dano ao meio
ambiente (VIOLA, 1987).
Até então, os problemas ambientais conhecidos eram vistos apenas
como uma situação localizada. As ações para evitar ou sanar o dano eram de
natureza corretiva e repressiva, sendo aplicadas multas, proibições e
atividades de controle. Contudo, para Marcelo Souza (2000), no início dos anos
de 1970, o cenário começa a mudar:
“(...) começaram a surgir novas e decisivas propostas com posturas inovadoras, oriundas da comunidade internacional, no que diz respeito à proteção ambiental. De maneira gradativa, começou a ser revista a posição de incompatibilidade entre crescimento econômico e qualidade ambiental. Esse período também foi marcado por uma grande recessão econômica mundial devido à Crise do Petróleo, o que contribuiu para que se observasse a necessidade de incorporar a questão ambiental — no caso, a escassez de recursos — aos processos de desenvolvimento” (p. 2).
26
Em nosso país, a definição jurídica de impacto ambiental é encontrada
no artigo 1º da Res. 1, de 23 de janeiro de 1986, do Conselho Nacional do
Meio Ambiente – CONAMA, nos seguintes termos:
“considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas, que direta ou indiretamente, afetam-se: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos naturais” (BRASIL, 1986).
Segundo o inciso II do artigo 6º da Resolução, o impacto ambiental
pode ser tanto positivo, gerando benefícios, quanto negativo, adverso, e pode
proporcionar ônus ou benefícios sociais. Portanto, não é possível ter um
impacto, sem qualificá-lo.
As maiores catástrofes já registradas pelo homem e que ameaçaram
de forma concreta o homem foram: a guerra nuclear; o lixo atômico acumulado
e acidentes em usinas nucleares; o efeito estufa e o enfraquecimento da
camada de ozônio na atmosfera (VIOLA, 1987). O Brasil, ainda segundo
Eduardo Viola (1987), “só acordou subitamente para a preocupação com os
recursos naturais não-renováveis com o choque do petróleo em 1973”.
Para Fenker (2007) o ser humano e o meio ambiente são um só
elemento. Eles necessitam desta integração e ao se perceber que uma das
partes está se exaurindo, o homem desenvolverá mecanismos de
sobrevivência. O autor conclui que:
“A partir disto, pode-se concluir que são totalmente estéreis maior parte das discussões em torno da temática ambiental que visam tão somente reduzir o consumo dos recursos não-renováveis (o que é um consenso, é senso comum) e não levam em conta a simultânea criação de substitutos ou complementares renováveis em igual ou maior proporção, até se obter a sustentabilidade”.
Desta forma, entendemos que a gestão ambiental vem cada vez mais
se tornando habitual também no Brasil. Isto porque muitas instituições estão
em busca não apenas de um maior progresso econômico, mas também de
criarem oportunidades de desenvolvimento sociocultural e ambiental. Neste
aspecto, a gestão ambiental vem se configurando como uma das mais
27
importantes atividades relacionadas não apenas ao meio ambiente, mas a
sociedade de uma maneira geral.
28
CAPÍTULO III
3.1Unidades de Conservação
A ação humana representa o principal agente de transformação do
meio ambiente. Isto resultado de suas inumeráveis intervenções no espaço
geográfico, para conquistar novos territórios, sobreviver, entre outros motivos.
E estas intervenções, embora em alguns casos até sejam necessárias,
ocorrem de forma tão agressiva que, década após década, torna-se mais
embaraçada e confusa a ideia de conservação (COSTA, 2002).
Diante disto, a criação das unidades de conservação surge como uma
alternativa cujo objetivo será não apenas oferecer à sociedade um espaço para
pesquisa, visitação, mas também despertar a consciência ambiental através da
aproximação do homem com a natureza, fazendo-o compreender que os
recursos naturais além de belos, necessários, também são finitos.
O conceito de unidade de conservação, UC ou área protegida, de
acordo com pesquisas (COSTA, 2002; DIAS, 2003) despontou no Brasil nos
anos 1930. Isto, devido à criação do Parque de Itatiaia, em 1937, localizado na
região serrana do estado do Rio de Janeiro. Entretanto, no mundo, a história
das UCs começou há muitos anos atrás. Normalmente, começa-se a
apresentar o histórico acerca do tema com a criação do Parque Nacional de
Yellowstone, em 1º de março de 1872, nos Estados Unidos. Todavia, a história
registra que iniciativas semelhantes ao do Parque já eram comuns em outros
lugares do mundo, como o caso das reservas de caça da realeza europeia;
cabendo ao referido parque americano a importância da evolução do conceito
de parque nacional, na forma constituída em Yellowstone. Nos Estados
Unidos, antes mesmo da criação do referido parque, a atual área conhecida
como Parque Nacional de Yosemite já tinha sido decretada como “inalienável
em qualquer tempo”, pelo presidente da época, Abraham Lincoln, em 30 de
junho de 1864. A iniciativa foi devido à crescente expansão industrial e também
pelo conhecido Bosque da Mariposa, onde se podem observar as gigantescas
sequóias.
29
Igualmente como ocorreu no Brasil, o Parque Nacional de Yellowstone
surgiu com a ideia de proteção e manutenção do grande espaço natural,
primeiramente compreendido apenas como um espaço para recreação em
virtude do extermínio quase total das comunidades indígenas e também devido
ao processo de urbanização e do capitalismo americano. É concedido aos
exploradores do Rio Yellowstone, segundo alguns historiadores, a luta pela
preservação da região. Aqui, temos o sentido dos parques juntamente com a
noção de “wilderness”, isto é, vida natural e/ou selvagem. Somente alguns
anos depois, com Yellowstone, que observamos a primeira criação no mundo
de uma área com “status” de parque nacional.
O modelo americano foi copiado por outros países e tinha como
característica comum a postura preservacionista, isto é, a presença do homem
sempre trará impactos negativos para a natureza. Após a virada do século XX,
o número de parques criados aumentou consideravelmente e com isto novas
motivações foram sendo agregadas. O caráter preservacionista foi perdendo
espaço para a ideia de preservação da biodiversidade da fauna e flora e,
principalmente, das pesquisas científicas, por exemplo, dos bancos genéticos.
Com isto, passou-se a considerar a presença do homem nestes espaços com a
finalidade de executar pesquisas científicas. Mesmo assim, a presença do
homem ainda era permitida em situações muito particulares e restritas.
No Brasil Império, em 1876, o então político e engenheiro brasileiro
André Rebouças propôs ao governo a criação de parques nacionais nas áreas
de Sete Quedas, no Paraná, e da Ilha do Bananal, nos rios Tocantins e
Araguaia, no estado do Tocantins. Todos receberiam inspiração do Parque
Nacional de Yellowstone. Um pouco antes, durante o Brasil Colônia, já se
observava a preocupação em se manter e preservar áreas naturais,
manifestada nos hortos e nos jardins botânicos, originados a partir da migração
e posterior instalação da Família Real Portuguesa, no país.
Setenta anos depois do projeto do engenheiro André Rebouças é que
se concretizou a criação do Parque Nacional de Itatiaia, embasado no Código
Florestal de 1934. Este estabeleceu as primeiras definições para parques
nacionais, florestas nacionais e florestas protetoras. Com aquele, vieram o
30
Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, e o Parque Nacional da Serra dos
Órgãos, no Rio de Janeiro.
Também na década de 1930, a legislação brasileira avançou
consideravelmente em relação às questões ambientais. Fato ilustrado na
Constituição de 1937, em seu artigo 134 que estabelece:
“Os monumentos históricos, artísticos e naturais, assim como as paisagens ou os locais particularmente dotados pela natureza, gozam da proteção e dos cuidados especiais da Nação, dos Estados e dos Municípios. Os atentados contra eles cometidos serão equiparados aos cometidos contra o patrimônio nacional”.
Completando a história cronológica das unidades de conservação,
COSTA (2002) comenta que:
“Em 13 de fevereiro de 1948, o Decreto Legislativo nº 3 foi aprovado, fazendo vigorar a Convenção para proteção da flora, da fauna e das belezas cênicas dos países da América Latina e definindo as categorias de áreas de preservação como Parque Nacional, Reserva Natural, Monumento Natural e Reserva de Região Virgem, sem promover grandes alterações nas categorias de áreas protegidas já existentes no Brasil” (p. 19)
Dezessete anos depois, em 15 de setembro de 1965 o governo
brasileiro oficializou o Novo Código Florestal, através da Lei nº 4.771. Uma das
suas principais características foi a separação das áreas de preservação em
áreas que possibilitaram a exploração dos recursos naturais, no caso das
Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais das que proibiram qualquer forma
de exploração dos recursos naturais, no caso dos Parques Nacionais,
Estaduais e Municipais e das Reservas Biológicas.
Em 1967, surgi o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, o
IBDF, organismo originalmente ligado ao Ministério da Agricultura e que, por
muitos anos, foi responsável pelas normatizações e instruções das unidades de
conservação no país.
A Constituição de 1988 determina, em seu artigo 225, do Capítulo IV a
seguinte resolução:
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
31
Para COSTA (2002), a inclusão do referido artigo da Constituição
Brasileira representou um grande avanço, “pois aborda a preservação visando
o bem-estar de gerações futuras, o que obviamente indica a preocupação com
a qualidade de vida dos brasileiros”.
Caminhando lado a lado com o conceito está o seu objetivo, que pode
ser definido como a necessidade de se manter e proteger áreas naturais
existentes. A manutenção dessas áreas é atributo do poder público, seja ele
federal, estadual ou municipal, que precisa adotar e gerir medidas legais
visando a integridade, o ordenamento das atividades que possam ser
executadas, bem como, a implantação de projetos e obras desde que não
causem impactos negativos nestes espaços.
No Brasil, a Lei 9985, de 18 de junho de 2000, instituiu o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação, o SNUC. A lei apresenta as normas e
os critérios legais para a criação, implantação e gestão das unidades de
conservação. A SNUC define unidade de conservação como:
“O espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, aos quais se aplicam garantias adequadas de proteção” (SNUC, Lei nº 9.985, Art. 2º, 2000).
De acordo com VALLEJO (2002) unidades de conservação são “áreas
naturais protegidas pelo poder público e/ou pela iniciativa privada, destinadas à
conservação da biodiversidade e outros fins”. Ainda segundo o autor:
“O estudo das unidades de conservação contempla a discussão conceitual do território sob várias abordagens (biológica, cultural e econômica), além da possibilidade de se tratar também do problema da desterritorialização, tão importante no contexto histórico e contemporâneo”. (p. 1)
Nos dias de hoje, o surgimento das UCs representa uma forma
relevante de intervenção governamental com o objetivo claro de diminuir as
perdas da biodiversidade. Esta, principalmente em consequência da
degradação ambiental que o planeta vem sendo vítima. Não tão acelerada
quanto à degradação ambiental, mas ainda sim, bastante relevante, cresce
32
também a conscientização diante da questão ambiental, o que resulta em
pressões junto aos principais governos a constituição de políticas
conservacionistas. Para COSTA (2002) o conhecimento das unidades de
conservação possui outras importâncias, como “proporcionar a identificação e o
entendimento de fatos e problemas relacionados ao segmento do ecoturismo,
em franco desenvolvimento no país”.
O processo de criação das UCs tanto pode ser oriundo do governo
federal, quanto estadual ou municipal, sendo requerido através de decreto ou
lei. Porém, a extinção de uma unidade de conservação somente se dará por
meio de lei. COSTA (2002) complementa que:
“Embora a criação ocorra oficialmente mediante diploma legal, a existência da UC apenas se dá após a adoção de medidas concretas, ou seja, que efetivem a sua criação, tais como: demarcação do terreno, instalação de infraestrutura, colocação de recursos humanos, entre outros”.
Quanto ao órgão que são vinculadas, as unidades de conservação
podem pertencer a diferentes instituições administrativas, isto porque irá variar
de acordo com a natureza, o objetivo e o estatuto. Este motivo é o mesmo que
leva a criação, por exemplo, da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, pela
Unesco e da criação das Áreas Especiais de Interesse Turístico, as AEIT, pela
Embratur. Estas unidades, no entanto, são exemplos minoritários, uma vez que
a grande maioria das UCs são vinculadas, tanto direta ou indiretamente, ao
Ibama ou ainda aos órgãos governamentais estaduais ou municipais
competentes na área ambiental.
Quanto à classificação, O SNUC divide as unidades de conservação
em dois grupos: as Unidades de Proteção Integral e as Unidades de
Conservação de Uso Sustentável. É característica das primeiras a preservação
da natureza de forma mais restrita, com a permissão apenas do uso indireto
dos recursos nelas encontrados, com exceção dos casos previstos na própria
lei. As suas terras são necessariamente públicas. Fazem parte desse grupo as
seguintes categorias: Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional,
Refúgio de Vida Silvestre e Monumento Natural.
33
As Unidades de Uso Sustentável não possuem normas tão restritas
quanto à anterior. Nelas, é possível unir à conservação da natureza com o uso
sustentável dos seus recursos naturais. somando-se a isto, teremos a proteção
dos ecossistemas ao desenvolvimento socioeconômico da região. Suas
unidades tanto podem ser criadas em terras públicas quanto particulares. É
integrado pelas seguintes categorias: Área de Proteção Ambiental, Área de
Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista,
Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva
Particular do Patrimônio Natural.
Importante ressaltar que não há uma categoria de UC mais importante
ou menos importante que a outra, mas apenas diferentes níveis de proteção. A
combinação das demais unidades e sua adaptação às realidades locais é que
proporcionará a sustentabilidade da conservação da região.
3.2 Classificação das Unidades de Conservação
Quanto à classificação, O SNUC divide as unidades de conservação
em dois grupos: as Unidades de Proteção Integral ou de uso indireto e as
Unidades de Conservação de Uso Sustentável. É característica das primeiras a
preservação da natureza de forma mais restrita, possuem o mínimo de
alteração possível e com a permissão apenas do uso indireto dos recursos
nelas encontrados, com exceção dos casos previstos na própria lei. As suas
terras são necessariamente públicas. Fazem parte desse grupo as seguintes
categorias: Estação Ecológica (ESEC), Reserva Biológica (REBIO), Parque
Nacional (PARNA), Refúgio de Vida Silvestre e Monumento Natural.
As Unidades de Uso Sustentável não possuem normas tão restritas
quanto às anteriores. Nelas, é possível unir à conservação da natureza ao uso
sustentável dos seus recursos naturais. Somando-se a isto, teremos a proteção
dos ecossistemas ao desenvolvimento socioeconômico da região. Suas
unidades tanto podem ser criadas em terras públicas quanto particulares. É
integrado pelas seguintes categorias: Área de Proteção Ambiental, Área de
Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista,
34
Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva
Particular do Patrimônio Natural (RPPN).
Importante ressaltar que não há uma categoria de UC mais importante
ou menos importante que a outra, mas apenas diferentes níveis de proteção. A
combinação das demais unidades e sua adaptação às realidades locais é que
proporcionará a sustentabilidade da conservação da região.
Estação Ecológica (ESEC) – De posse do domínio público, as Estações
Ecológicas tem como objetivo a preservação da área e prática de pesquisas
científicas. Elas representam áreas de um ou vários ecossistemas brasileiros.
Aqui, é proibida a visitação pública, com exceção daquelas realizadas com
objetivo educacional, desde que esteja de acordo com Plano de Manejo da
unidade. Quanto à atividade turística nessas unidades ela é praticamente
inexistente, visto que não existe infraestrutura para receber o turista. No
entanto, também não há uma restrição legal quanto à visitação.
Reserva Biológica (REBIO) – São áreas delimitadas, de domínio público, com
a finalidade de conservação e proteção integral da fauna e flora. Possuem
características semelhantes às Estações Ecológicas, entretanto possuem um
uso mais restrito. Tem proibida a visitação pública, exceto aquela com caráter
educacional, segundo o regulamento específico. É admitida a realização de
pesquisas científicas desde que possuam a autorização prévia do órgão
responsável.
Parque Nacional (PARNA) – Encontra-se em um espaço natural de domínio
público, em áreas superiores a 1.000 ha, que apresenta características naturais
únicas de valor nacional. As unidades dessa categoria, quando criadas pelo
Estado ou Município, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e
Parque Natural Municipal. Os Parnas são conhecidos como uma unidade
básica do SNUC, pois foi através desse modelo de unidade de conservação
que surgiram as demais categorias. Além disso, são geralmente associados ao
ecoturismo o que resulta em uma grande procura de visitantes.
Monumento Natural – Possui como objetivo básico a preservação dos sítios
naturais raros, singulares ou de grande importância cênica. Diferente do que
ocorre nas categorias anteriores, o Monumento Natural pode ser constituído
por áreas particulares. Para isto, é imprescindível que a atividade desenvolvida
35
pelo proprietário da terra seja compatível com os objetivos da unidade. A
visitação pública estará sujeita às condições e restrições do Plano de Manejo
da unidade.
Refúgio da Vida Silvestre – As áreas assim destinadas têm como objetivo
proteger os ambientes naturais, assegurando condições para a existência ou
reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou
migratória. Nesta categoria, é possível existir também em áreas particulares e a
visitação pública irá depender das normas e restrições encontradas no Plano
de Manejo da unidade. Quanto a sua utilização para pesquisa científica, será
solicitada autorização prévia do órgão responsável.
Com o objetivo de compartilhar a conservação da natureza com o uso
sustentável de parte dos seus recursos naturais, teremos as seguintes
categorias das Unidades de Uso Sustentável:
Área de Proteção Ambiental – Também conhecida como APA, esta unidade
de conservação tem como característica uma área geralmente extensa e com a
presença humana. Nela, encontram-se atributos tanto abióticos, quanto
bióticos, estéticos ou culturais de grande relevância para a qualidade de vida
das populações humanas. Possui como objetivo a proteção da diversidade
biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do
uso dos recursos naturais nela encontrados. As APAs podem ser constituídas
tanto por terras públicas quanto por terras privadas. Outra característica das
APAs é que é possível estabelecer normas e restrições para utilização de uma
propriedade privada em sua área, desde que se respeitem os limites
constitucionais. Um dos exemplos mais comum é a cidade de Petrópolis, na
região serrana do Estado do Rio de Janeiro. Ela, em toda a sua extensão, é
uma Área de Proteção Ambiental. Em relação à visitação pública e à realização
de pesquisa científica, nas áreas sob domínio público, será concedida pelo
órgão gestor da unidade. Nas áreas de domínio particular, caberá ao
proprietário estabelecer normas para pesquisa e visitação, observando-se as
exigências e restrições legais.
Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE)– Área normalmente
localizada em pequena extensão, inferior a 5.000 ha, em áreas públicas ou
privadas, com pouca ou nenhuma ocupação humana. Nela, podem ser
36
encontradas características naturais extraordinárias ou exemplares raros da
biota regional, exigindo-se assim, cuidados especiais. Uma de suas
características é que, nesta categoria, é possível a criação de uma propriedade
privada localizada dentro de sua área, desde que sejam respeitados os limites
constitucionais.
Floresta Nacional (FLONAS) – São áreas de domínio público, providas de
cobertura vegetal nativa, em sua grande maioria. Estas unidades são criadas
para promover o manejo dos recursos naturais, assim como incentiva o
desenvolvimento de pesquisa científica, da educação ambiental e das
atividades de recreação, lazer e turismo. É concedido o direito de permanência
das populações tradicionais que já a habitavam quando de sua criação. Quanto
à visitação pública, esta é permitida, de acordo com normas do órgão
responsável. As unidades desta categoria, quando criadas pelo Estado ou
Município, serão denominadas, respectivamente, Floresta Estadual e Floresta
Municipal.
Reserva Extrativista – É uma área de domínio público utilizada por
populações extrativistas tradicionais que sobrevivem da exploração auto-
sustentável. As Reservas Extrativistas têm como objetivo a proteção dos meios
de vida e da cultura daquelas populações, assegurando o uso sustentável dos
recursos naturais da unidade. A visitação pública é permitida levando-se em
consideração os interesses locais e de acordo com o disposto no Plano de
Manejo da área. As pesquisas científicas além de serem permitidas são
também incentivadas. Nestas unidades são proibidas a exploração de recursos
minerais e a caça amadorística ou profissional.
Reserva de Fauna – Área natural, de domínio público, com populações
animais de espécies nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias,
adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico
sustentável dos recursos faunísticos. A visitação pública só é permitida se
constar no Plano de Manejo da unidade e o exercício da caça amadorística ou
profissional é expressamente proibido.
Reserva de Desenvolvimento Sustentável: área natural que abriga
populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de
exploração dos recursos naturais desenvolvidos por gerações, adaptados às
37
condições ecológicas locais e que desempenham papel fundamental na
proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica. O objetivo é
preservar a natureza e assegurar as condições e os meios necessários para a
reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida, bem como
valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do
ambiente desenvolvidas por estas populações.
Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN): áreas de conservação
da natureza em propriedades privadas. A existência de uma RPPN é um ato de
vontade, ou seja, o proprietário é que decide se quer fazer de sua propriedade,
ou de parte dela uma RPPN, sem que isso acarrete perda do direito de posse.
É gravada com perpetuidade e pode ser usada para pesquisa científica,
visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais e extração de
recursos naturais (exceto madeira) que não coloquem em risco as espécies e
os ecossistemas que justificaram a criação da unidade.
3.3 Turismo em Unidades de Conservação
De acordo com a União Internacional para Conservação da Natureza, a
UICN, o Brasil está na lista dos quatro países mais ricos em diversidade da
fauna e flora em todo o mundo. Juntando-se a ele, a Colômbia, o México e a
Indonésia. Este título representa uma enorme variedade de espécies que estão
presentes na diversidade de ecossistemas que o país apresenta. E todos estes
números terminam por atrair um número crescente não só de pesquisadores,
cientistas, como também de curiosos, aventureiros e, por fim investidores e
turistas.
Entre as Unidades de Conservação, as Reservas Particulares do
Patrimônio Natural, as Áreas de Proteção Ambiental e os Parques são as que
categorias mais importantes para o incremento do turismo.
De acordo com COSTA (2002) o sucesso do turismo em algumas UCs
foi observado pelo poder público enxergou ali um amplo filão do turismo em
áreas naturais:
“No âmbito federal, o Ibama lançou, em 2000, uma publicação sobre oportunidades de investimento em Parques Nacionais mudando, assim, o perfil centralizador quanto à gestão dessas áreas naturais, o
38
“Programa de Uso Público e Ecoturismo em Parques Nacionais: oportunidades de negócios”. Hoje, a terceirização de serviços voltados ao atendimento ao visitante de parques é uma realidade, mas não é uma constante”. (p. 40)
O autor ainda comenta a escassez de estudos limitantes de áreas e da
possível utilização de algumas UCs para fins turísticos. Este momento se dá,
em boa parte, devido à falta de um Plano de Manejo. Sem ele, todas as ações
de gestão da área e da prática correta da atividade turística ficarão
comprometidas.
O Plano de Manejo é um documento técnico resultado de um trabalho
intenso de pesquisa, entre vários profissionais, de diferentes áreas do
conhecimento científico que, juntamente com as comunidades locais
envolvidas, estabelece diretrizes básicas para o manejo de uma determinada
unidade. É através do plano que as unidades de conservação poderão cumprir
seus objetivos, isto é, poderão proteger os ecossistemas que abrigam. Após a
elaboração do Plano de Manejo, é necessário fazer atualizações constantes
para assim, torná-lo um documento dinâmico e ajustado às mudanças que
venham a acontecer.
De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade, o ICMBio, define que tanto o manejo quanto “a gestão
adequados de uma UC devem estar embasados não só no conhecimento dos
elementos que conformam o espaço em questão, mas também numa
interpretação da interação destes elementos”.
No Brasil, poucas UCs possuem Plano de Manejo e o número daquelas
que além de ter um plano o colocam em prática é ainda menor. Por causa
disto, considera-se uma característica histórica a ausência de investimentos do
poder público nas unidades de conservação.
A ausência de planejamento turístico e do Plano de Manejo nas
unidades de conservação é uma dos grandes problemas para a gestão de uma
unidade, pois em alguns casos, atividades de lazer e de turismo poderão
impactar negativamente o meio ambiente, comprometendo a qualidade
ambiental. Em termos globais, estes impactos são gerados pelo manejo
incorreto dos recursos naturais. Mas o turismo não gera apenas impactos
negativos, muito pelo contrário. Muitas UCs já foram criadas por causa do
39
desenvolvimento do turismo em determinadas regiões. O Ibama comenta a
relação do turista com as unidades de conservação através do documento
“Diretrizes para visitação em Unidades de Conservação. Áreas Protegidas do
Brasil”:
“O turismo, ao mesmo tempo em que fortalece a apropriação das Unidades de Conservação pela Sociedade, incrementa a economia e promove a geração de emprego e renda para as populações locais. Por outro lado, o desafio consiste em fazer com que o turismo seja desenvolvido de maneira harmônica e integrada para que a atividade não prejudique a manutenção dos processos ecológicos, a diversidade sociocultural e conhecimentos tradicionais e a conservação da biodiversidade”. (BRASIL, 2006, p. 10)
Justo pela falta do Plano de Manejo, geralmente, a unidade não estará
preparada para receber este grande volume de fluxo de visitantes, o que pode
resultar na perda da interação entre homem e meio ambiente. Para tanto,
espera-se que se estabeleça um plano de gestão de visitas, integrando o
visitante ao meio ambiente sem que isto modifique consideravelmente este
último. Outra importante medida é que a unidade enquadre, em sua equipe,
membros da comunidade local. Muitos moradores possuem conhecimento do
espaço, das espécies vegetais e animais, além de passarem informações
sobre a cultura local. A estes moradores pode ser dada a oportunidade de
trabalhar em atividades como guias-locais.
Outro fator resultado da ausência de um plano e de investimento, boa
parte da infraestrutura necessária para garantir a condição de um bom
atendimento ao turista termina sendo prejudicada. E em relação àquelas
necessidades básicas ao bom atendimento na atividade turística, COSTA
(2002) considera como as mais comumente encontradas nas RPPNs, nas
APAs e nos Parques: a construção e implantação de estrutura administrativa in
loco; contratação e treinamento de pessoal; definição física da área da
unidade, através da utilização de placas, cercas, entre outros meios; abertura
ou melhoria nas condições físicas de trilhas de visitação; desenvolvimento de
um amplo e bem estruturado programa de comunicação; implantação de
sistema de sinalização, dentro e fora da UC; cadastramento de potencialidades
turísticas do entorno, considerando o patrimônio natural e cultural; incentivo à
participação de instituições e comunidades do entorno; criação de material
40
promocional e educativo; promoção de estudos e desenvolvimento de
pesquisas.
Com a infraestrutura acima citada, sera possível garantir o
funcionamento eficaz do turismo nas unidades de conservação, equilibrando os
fatores econômicos, sociais e ecológicos. Além da infraestrutura básica
necessária, alguns serviços básicos também são apresentados como
relevantes para o turismo e também para a educação ambiental, seriam eles:
as informações documentadas, salas de exibição e palestras, água potável e
sanitários, caminhos e trilhas de interpretação, instalações para estudos e
pesquisas, mirantes e acessos, estacionamentos, guias ou condutores de
visitantes.
Outro importante aspecto a ser estudado é o controle do uso turístico
nas unidades de conservação. A este controle é dado o nome de capacidade
de carga, expressão comum na literatura do turismo, que pode ser explicada
como a relação entre o visitante, o espaço e o tempo, isto é, o número de
pessoas que poderão visitar uma determinada área durante um período de
tempo estabelecido, sem gerar impactos negativos ao meio ambiente. O autor
COOPER et al. (2001) afirma que “a idéia de capacidade de carga é central ao
conceito de sustentabilidade”. E o define como “a capacidade de um hotel,
resort ou mesmo uma região, de absorver o uso pelo turismo sem deteriorar-
se”.
De acordo com MATHEUS (2003), várias metodologias para traçar a
capacidade de carga e manejo de visitantes foram criadas e aplicadas em UCs
em grande parte do mundo, principalmente nos Estados Unidos, Canadá,
Austrália e Costa Rica. Entre aquelas metodologias, as mais utilizadas seriam,
de acordo com o autor: Visitor Impact Managemente (VIM) ou Manejo do
Impacto da Visitação; Limits of Acceptable Change (LAC) ou Limites Aceitáveis
de Câmbio; Recreation Opportunities Spectrum (ROS) ou Espectro das
Oportunidades de Recreação; Environmental Impact Assessment (EIA) ou
Estudo de Impacto Ambiental; Visitor Experience and Resource Protection
(VERP) ou Experiência do Visitante de Proteção de Recursos; Visitor Activity
Management Process (VAMP) ou Processo de Gestão das Atividades de
Visitação; e, Tourism Optimization Model (TOMM) ou Modelo de Gestão de
41
Otimização do Turismo. Dentre estas, e para boa parte dos gestores, a mais
difundida e de maior utilização é a de Capacidade de Carga de Miguel
Cifuentes.
Para COSTA (2002), todos os estudos sobre capacidade de carga
turística em unidades de conservação apresentam os seguintes fatores:
tamanho da área e espaço utilizável pelo turista; fragilidade do ecossistema a
ser visitado; recursos naturais, com o número, diversidade e distribuição das
espécies vegetais e animais; tipografia, relevo e hidrografia; sensibilidade e
mudanças de comportamento de espécies animais diante dos visitantes;
percepção ambiental dos turistas; disponibilidade de infraestrutura e
facilidades; oportunidades existentes para que os visitantes desfrutem dos
recursos.
Além da capacidade de carga, existem outros mecanismos que
conferem o controle do uso turístico em unidades de conservação, como o
Limite Aceitável de Câmbio (LAC) e o Monitoramento de Impactos dos
Visitantes (VIM). No entanto, não será apenas o controle do número de
pessoas que visitam uma determinada região que irá garantir a conservação
dos recursos naturais encontrados em uma UC, mas também as atividades
nelas desenvolvidas e o comportamento dos turistas que as visitam.
42
CAPÍTULO IV
4.1 Área de Proteção Ambiental de Gericinó-Mendanha
A APA de Gericinó-Mendanha – APAGM – teve sua criação autorizada
pela a Lei Estadual 1.331, de 12 de julho de 1988, e foi efetivamente
implantada pelo Decreto Estadual nº 38.183, de 05 de setembro de 2005. No
entanto, de acordo com o Inea – Instituto Estadual do Ambiente do Rio de
Janeiro, já havia desde o final da década de 1930 a iniciativa, por parte do
governo, em proteger o Maciço do Gericinó. O instituto comenta que, após o
Código Florestal, em 1965, “as florestas remanescentes do compartimento de
Serras do Mendanha e Madureira foram consideradas de preservação
permanente pelo governo federal”. No mais, foi preciso aguardar alguns anos,
até a década de 1980, para que o Maciço Gericinó-Mendanha se torna uma
unidade de conservação, devido a indicação da criação do Parque Estadual na
Serra de Madureira, que abrangeria a Gleba Modesto Leal, no vale do Rio
Dona Eugenia, no município de Nova Iguaçu. Segundo o Inea:
“Em 1988, ambientalistas, pesquisadores e moradores de comunidades do entorno do Maciço Gericinó Mendanha, organizados em um movimento de defesa da Gleba Modesto Leal e da Serra de Madureira, propuseram projeto de Lei à Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro com vistas à criação da Área de Proteção Ambiental de Gericinó Mendanha, o que resultou na autorização para tal por ato legislativo ao poder executivo”.
Apesar de o projeto ter sido autorizado por ato legislativo ao poder
executivo, a APA Estadual Gericinó-Mendanha foi criada pelo Governo do
Estado do Rio de Janeiro. O Instituto Estadual do Ambiente é a autarquia
pública responsável pela administração da APAGM; enquanto que, a Secretaria
Municipal de Meio Ambiente (SMAC) é quem faz a gestão do Parque Natural
Municipal da Serra do Mendanha e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e
Agricultura (SEMAM) é a encarregada do Parque Natural Municipal de Nova
Iguaçu.
A unidade possui área interna com 105 km2, abrangendo as Serras
Marapicu, Mendanha e Madureira, nas cotas acima de 100 metros de altitude e
de acordo com o seu regulamento tem como objetivos: assegurar a proteção
43
do ambiente natural, das paisagens de grande beleza cênica e dos sistemas
geo-hidrológicos da região, que abrigam, em áreas densamente florestadas,
espécies biológicas raras e ameaçadas de extinção, estruturas vulcânicas
(como a chaminé do vulcão de Nova Iguaçu) e nascentes de inúmeros cursos
de águas contribuintes do Rio Guandu, que abastece os Municípios do Rio de
Janeiro e da região do Grande Rio.
A APA está localizada entre a Baixada Fluminense e é integrante do
Mosaico Carioca de Áreas Protegidas. A APAGM engloba os Municípios de
Nova Iguaçu e Mesquita; na Zona Oeste do município do Rio de Janeiro,
regiões caracterizadas pelo denso povoamento no Estado. Ao todo, a APA
reúne, em sua extensão, quinze bairros dos três municípios fluminenses, são
eles: Centro, Caonze, Da Luz, Jardim Alvorada, Dannon, Jardim Cabuçu,
Valverde, Marapicu, Km 32 e Paraíso, em Nova Iguaçu; Centro, Santa
Teresinha e Chatuba, em Mesquita; e Bangu e Campo Grande, no Rio de
Janeiro.
Na APA, de acordo com o Inea, é possível encontrar importantes
elementos de caráter físico e natural, que justificam sua proteção ambiental
como as estruturas geológicas vulcânicas – o vulcão de Nova Iguaçu e
Chaminé Lamego –, as duas grandes bacias hidrográficas da Guanabara e
Baía de Sepetiba, os sistema de Rios do Guandu, Iguaçu e Sarapuí, as
florestas remanescentes de Mata Atlântica, dentre outros recursos naturais.
Conforme foi incluído como objetivos da APA, em relação a hidrografia,
a unidade de conservação encontra-se entre as duas grandes bacias da
Região Metropolitana do Rio de Janeiro que são: a bacia da Baía de
Guanabara, representada pelos rios Iguaçu e Sarapuí; e pela bacia de
Sepetiba, representada pelo Rio Guandu.
Na área da APA do Gericinó-Mendanha encontram-se vários tipos de
uso e ocupação do solo como: áreas de mata com visitação, sítios agrícolas,
áreas de plantação de bananeiras, sítios de lazer, áreas de reflorestamento,
áreas de pedreiras, áreas de expansão urbana de média e renda baixa e áreas
de mata sem visitação.
Quanto aos atrativos turísticos da APA, podem ser citadas as
cachoeiras, poços naturais, trilhas, grutas, rampa de vôo livre, rapel na Pedra
44
da Cotenda, alguns sítios históricos e, com destaque, a cratera do vulcão de
Nova Iguaçu.
A APA está localizada no Maciço do Gericinó que inclui o Morro do
Marapicu e as Serras do Mendanha, do Gericinó e de Madureira. Conforme
EARTH TECH (2004), dois Parques Municipais estão inseridos em seus limites,
o Parque Natural Municipal da Serra do Mendanha (PNMSM) está localizado
na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro e o Parque Natural Municipal de
Nova Iguaçu (PNMNI) que se encontra na Serra de Madureira, abrangendo
parte dos municípios de Nova Iguaçu e Mesquita. As três unidades de
conservação protegem legalmente cerca de 8.000 hectares do Maciço
Madureira-Mendanha-Gericinó e o Morro do Marapicu.
Segundo informações da Biblioteca Virtual de Meio Ambiente da
Baixada Fluminense, o Maciço possui importância fundamental para a região,
principalmente em relação ao clima:
“O maciço influi nos microclimas do seu entorno, seja pelo relevo, que atua como barreira à passagem de ventos e de massas úmidas, seja pela presença das matas, que contribuem para a absorção de calor e para o nível de umidade do ar. A vegetação original da APA do Gericino-Mendanha é composta pala Mata Atlântica, que ao longo dos anos foi sendo devastada pelo intenso processo de ocupação humana, através da expansão das atividades rurais e urbanas, que foram modificando a sua paisagem”.
Atualmente, a área apresenta conflitos entre os usos urbano, industrial,
rural e o de preservação, acentuado pelo uso inadequado e, mais
recentemente, por atividades relacionadas ao uso do tempo livre nos esportes,
turismo e lazer. A APA recebe freqüentadores habituais, formados pelos
próprios moradores, visitantes eventuais, formado geralmente por moradores
de municípios próximos, e também pelos visitantes assíduos, formados pelos
trilheiros. Todos eles exercem um tipo de interação e ao mesmo tempo de
pressão no sistema geoambiental, o que ocasiona ou intensifica problemas
ambientais que são reconhecidos e devem ser controlados para melhor gestão
da unidade. No caso da APAGM e do PMM (GAMA, 2003), desde quando
foram criadas as duas categorias, a população vem crescendo em seu entorno,
dando origem aos “vizinhos”, que seriam aqueles que estão situados no seu
entorno imediato - baixada, tendo como limite o eixo da Avenida Brasil,
45
provocando embates e conflitos com aquela população previamente
estabelecida, denominada de “moradores” - aqueles que habitam edificações
precárias ou não o próprio Maciço, acima da cota de 80m.
Estes moradores (Gama, 2003) estão nas proximidades imediatas da
APA delimitada pela cota de 100m ou mesmo em seu interior, entre sítios
agrícolas, sítios de lazer ou mesmo algum tipo de invasão. O número de
moradores é pequeno, sendo necessário realizar investigação mais detalhada
para levantamento de dados, principalmente os relativos a situação fundiária, o
tempo de residência, e outros pertinentes à compreensão do perfil dos
mesmos. De acordo com GAMA et e at (2006):
“Os moradores, em pequeno número, estão nas proximidades da APA ou em seu interior, nos sítios agrícolas, de lazer ou como invasão. São sitiantes herdeiros, tiram o sustento do uso agrícola, vivem precariamente, desejam vender ou passar o ponto. Na maioria, estão nas porções mais baixas (sede do empreendimento) e utilizam as terras altas para o plantio, cuja mão-de-obra envolve o trabalho familiar. Os moradores de fim de semana (herdeiros ou compraram terras para lazer), apresentam melhores condições financeiras e mantém o local em boas condições de uso e, aqueles que invadiram as terras, vivem em condições precárias, explorando o turismo ainda incipiente”.
Os autores ainda contextualizam os conflitos existentes entre as
populações que vivem no entorno, tanto da APA, quanto do Parque Municipal
do Mendanha, é muito preocupante, principalmente para a manutenção do
espaço. A população que vive em torno se distribui entre sítios, conjuntos,
loteamentos e nos bairros de Campo Grande e Bangu, regiões limítrofes ao
Maciço. Esta população, formada em sua grande maioria por membros de
baixa renda, cresce a cada ano e, consequentemente, a vegetação natural
continua sendo devastada para as construções de novas moradias. “Esse
desmatamento gradual concorre para a diminuição de áreas verdes, dos
mananciais de águas e para o desaparecimento de espécies vegetais e
animais, além de propiciar a adaptação de vetores transmissores de doenças
às condições urbanas”, concluem os autores.
Se junta a este problema, o uso institucional do complexo de presídio,
do aterro sanitário e do campo de atividades do Exército, que terminam por
contribuir para a intensificação dos problemas ambientais. Além disso, os
46
autores destacam outros problemas como a falta de esgotamento sanitário,
falta de água tratada, falta de local adequado para destinação do lixo e a
presença de animais domésticos, entre outros encontrados que terminam por
prejudicar a unidade de conservação.
4.2 Atrativos da APAGM e do PNMNI
Como principais atrativos naturais do Parque Natural Municipal de
Nova Iguaçu, encontramos a cachoeira Véu da Noiva, a antiga Represa
Epaminondas Ramos, o Poço das Cobras e o Poço do Casarão. Além desses,
é possível observar muitos lagos naturais e cachoeiras formadas pelo rio Dona
Eugênia e seus afluentes.
O PMNI – como já explicado – faz parte da Área de Proteção Gericinó-
Mendanha, uma região com aproximadamente 10.500 hectares, considerados
pela UNESCO, em 1992, como uma Reserva da Biosfera da Mata Atlântica
(RBMA). Doze anos depois, em 05 de junho de 2004, conquista a categoria de
Geoparque - o primeiro localizado no Estado do Rio de Janeiro. A elevação de
categoria se deu devido ao grande número de atrativos geológicos existentes
na região.
Não foram apenas os atrativos naturais que atraíram a atenção para o
Parque. Em sua região também é grande os atrativos histórico-culturais. De
acordo com informações contidas no Plano de Manejo, a Serra da Madureira
foi durante o período colonial refúgio dos escravos que fugiam das fazendas
localizadas nas proximidades da área. Ainda segundo o documento, a região
apresenta um número ainda não preciso, mas grande, de sítios históricos, tanto
dentro da APA, quanto nas suas imediações. Entres os achados, encontram-se
antigas obras hidráulicas, ruínas de fazendas, cemitérios de escravos e,
catalogado até o momento, um cemitério indígena. Entre os principais atrativos
do PNMNI encontram-se:
Casarăo – Nesta trilha, encontram-se vários poços que podem ser utilizados
para banho. Nas proximidades, existe a entrada para o Poço do Casarão e o
início da trilha do Pau Pereira.
47
Circuito das Águas (MELLO, 2008) – Considerado um dos principais atrativos
do parque, por receber muitos visitantes, principalmente nas estações mais
quentes do ano. Os visitantes vão à busca dos poços, cascatas e
represamentos do rio Dona Eugênia. São onze (11) poços autorizados para o
banho, destacando o Poço das Cobras com capacidade para até cem (100)
pessoas. Outra importante área de banho é o complexo Cachoeira Véu da
Noiva, com 55m de altura; o Poço do Casarão; o Poço das Esmeraldas,
próximo ao Casarão, que também podem receber até 100 pessoas (MELLO,
2008).
Mirante do Alto - O Mirante do Alto está localizado a 313m de altitude, na
zona de uso extensivo do PNMNI. Ainda não há estrutura física no mirante.
(MELLO, 2008).
Pedra do Quilombo (ou da Contenda)- O atrativo está localiza próximo ao
limite nordeste do Parque. A Pedra do Quilombo está a 443 metros de altitude
e é considerada uma trilha de nível moderado e com duração, aproximada de
1h até a trilha que dá acesso a Contenda. No local, existe uma gruta do mesmo
nome, embora como Gruta da Contenda, seja mais recente, datando do final do
sec. XIX. O motivo se deve a uma disputa por limites entre as fazendas Santa
Eugênia e o Engenho do Madureira (MELLO, 2008).
Pedreira Săo José – Desativada há muitos anos, a Pedreira de sienito São
José, fica a 158 metros de altitude e 200m da guarita de entrada do parque.
Atualmente é um grande espaço destinado a apresentações e eventos
relacionados à educação ambiental e atividades físicas. Também considerado
ponto de observação de aves.
Rampa de Vôo Livre – Localizada a 780m, aproximadamente, em um dos
extremos do parque, a rampa vôo livre de Nova Iguaçu é um dos principais
atrativos da unidade de conservação e, também, considerada o segundo
melhor ponto do país e o melhor no Estado do Rio de Janeiro, para a prática do
esporte (MELLO, 2008). O seu acesso se dá através da Estrada do Tatu-
Gamela como também é conhecida, a Estrada do Itamar.
Represa Epaminondas Ramos - A represa foi construída em 1948 no
município de Mesquita e faz fronteira ao parque, atualmente é de propriedade
da CEDAE, sendo desativada no ano de 1981. A visitação é permitida, no
48
entanto, banhar-se em suas águas é proibido em virtude do assoreamento na
área. Neste ponto, a observação de pássaros é um dos principais destaques,
principalmente das seguintes espécies: socozinhos, martins pescador, biguás e
mergulhões (MELLO, 2008).
Trilha do Levi – Possui 1080 metros de extensão, iniciando seu percurso ao
lado da entrada da Pedreira desativada. É uma das trilhas mais bonitas e,
inicialmente, percorre por dentro de mata secundária sendo inteiramente
sombreada. Possui seis pontos de descanso alguns com bancos e 03 mirantes,
com destaque para o Mirante do Levi e da Maritaca.
Trilha do Mata Fome – Esta trilha é de nível moderado e recebeu este nome
por cruzar o vale e riacho do Mata-Fome. Esta trilha corta o PNMNI, cruzando-
o e chegando até a estrada do Tatu-Gamela.
Trilha do Pau-pereira - A trilha do Pau Pereira possui aproximadamente 600m
de comprimento. Ao final da trilha, o visitante encontra um mirante, situado a
240m de altitude. De lá, é possível ver a Cachoeira Véu da Noiva.
Trilha do Varginha – Esta trilha é considerada uma das mais antigas com
aproximadamente 2,045 km. Ao longo de sua caminhada existem bancos e
placas sinalizando registros geológicos importantes como o espelho da falha,
atrativo do segundo caminho Geológico do Parque. O melhor acesso é através
da entrada oficial do Parque. O nível da caminhada é moderado para difícil por
ser muito exposto ao sol, inclinada, com aproximadamente 2 horas de
percurso.
4.3 Impactos do turismo e do lazer na APAGM e no PNMNI
O Município do Rio de Janeiro possui três grandes e importantes
unidades de conservação (INEA): o Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB),
o Parque Nacional da Tijuca (PNT) e a APA Gericinó-Mendanha. Estas três
áreas sofrem a pressão exercida por uma população de cerca de 6,5 milhões
de pessoas e “das maiores ações de degradação ambiental de toda a cidade”,
segundo GAMA (2005). Semelhanças posta de lado, a diferença entre aquelas
unidades está na capacidade de suporte de cada uma em relação a essa
pressão. Enquanto que o Parque Nacional da Tijuca possui uma ocupação
49
maior em relação ao Parque Estadual da Pedra Branca e a APA Gericinó-
Mendanha, estas duas últimas unidades são vizinhas dos bairros de maior
densidade ou crescimento populacional do Grande Rio.
Estudos associados de MOURA (1997), COSTA (1998), GAMA (1998),
e RAMALHO (2000), apresentam em suas conclusões que o acelerado
crescimento e, principalmente, desordenado na Zona Oeste do Município do
Rio de Janeiro, nas últimas décadas, vem contribuindo para o surgimento de
um cenário nada satisfatório à questão ambiental. Como características desse
cenário encontraram: declínio das áreas agrícolas; desmatamento e ocupação
das terras no entorno de áreas protegidas, através da exploração imobiliária,
atividades agropastoris, atividade turística ou outros; conversão de áreas em
“ilhas verdes” sob pressão externa a despeito da legislação vigente (zona
tampão/ amortecimento).
Portanto, em uma análise pelos estudos acima, constata-se que a
ocupação humana, tanto nas áreas da Baixada Fluminense, quanto ao entorno
do Maciço afeta consideravelmente a unidade de conservação “em escala local
e a própria Reserva da Biosfera em escala regional”, de acordo com GAMA et
al (2005). Ainda segundo os autores:
“Os solos de vocação e de uso agrícola no sopé do Maciço estão cedendo à pressão urbana, as manchas de cultivos estão bastante reduzidas, favorecendo a instalação de loteamentos, indústrias ou instalações de grande porte. Essa mudança de uso tem facilitado algumas significativas transformações ambientais e também a geração de novos conflitos entre os usuários - moradores (interior da APA ou Parque), vizinhos (no entorno imediato) e freqüentadores da UC”. (p. 1)
Em relação à região da APAGM, os estudos também registraram que o
aumento do número de visitantes no interior da floresta apresentou “conflito de
uso institucional e problemas de suporte de carga turística”. Situações que são
incompatíveis com a proposta de preservação e com as determinações legais
existentes. Somados a isto, encontramos o estado de abandono, práticas
exploratórias dos recursos naturais, entre eles, a extração de minerais, a caça
e a retirada de espécies vegetais de valor paisagístico; e a utilização
inadequada de atividades relacionadas ao uso do tempo livre nos esportes, no
turismo e no lazer (GAMA, 2005). Outros estudos (RAMALHO, 2000; COSTA
50
2004) também apontam as atividades de lazer e turismo no Maciço como
fatores que impactam negativamente a unidade de conservação. Apesar do
quadro pouco otimista, dos três maciços localizados em áreas urbanas é o que
apresenta maior extensão de mata, ou seja, cerca de 60% está recoberto por
Floresta Tropical Atlântica.
Segundo (GAMA, 2005), as cachoeiras e, em especial, as trilhas
representam o principal motivo de visitação das unidades de conservação
localizadas próximas as áreas urbanas. As trilhas, para os visitantes que as
frequentam, pode tanto estar relacionadas como produto de lazer, onde o
prazer esteja nelas mesmas, como também servirem como vias de acesso a
outros atrativos, principalmente, as cachoeiras, rios, riachos e fontes.
Observação confirmada pelas pesquisadoras Teresa Magro e Daniela Talora
(2006), os fatores motivacionais que fazem com que as pessoas utilizem as
trilhas se dividem em dois grandes grupos básicos:
“Para uma parte das pessoas, a trilha é a forma mais rápida para chegar ao seu destino, para outras, é uma forma de apreciação da natureza e elas aproveitam cada momento do percurso como inspiração para a própria vida. Dentro destes dois grupos teremos variações, com pessoas de diferentes idades, motivações pessoais, disponibilidade de tempo, capacidade de interação social, necessidades e limitações físicas” (p. 01)
Devido a presença de visitantes, é primordial que a unidade ponha em ação o manejo de trilhas em sua área, diminuindo o impacto negativo resultado do transito de pessoas pela vegetação. Magro e Talora (2006) traçam as principais considerações necessárias para o correto planejamento das trilhas:
“Ao planejarmos trilhas devemos considerar, além das condições físicas e ambientais do local, qual o perfil dos usuários da área e também dos seus usuários potenciais. Muitas vezes as características da área, relacionadas à topografia do terreno e mesmo às condições ambientais (calor ou frio intenso) podem requerer maior investimento no planejamento de novas trilhas ou ainda inviabilizar a implantação de novos projetos”. (p. 01)
Um dos primeiros problemas apresentados, na concepção de Mello
(2008) é que “a maior parte da dispersão dos visitantes adeptos de caminhadas
em trilhas, ecoturistas e visitantes não autorizados, ocorre em trilhas não
reconhecidas oficialmente pelo plano de manejo e fiscalizadas pelo PNMNI”.
51
Informação que vem de encontro ao conceito e importância das trilhas feito por
Salvatti (2000):
“São caminhos existentes ou estabelecidos, com diferentes formas, comprimentos e larguras, que possuam o objetivo aproximar o visitante ao ambiente natural, ou conduzi-lo a um atrativo específico, possibilitando seu entretenimento ou educação através de sinalizações ou de recursos interpretativos”. (p, 01)
Quanto a sua classificação, o autor, distribui as trilhas de acordo com a
sua função: vigilância, recreativa, educativa, interpretativa e de travessia;
quanto à forma: circular, oito, linear e atalho; quanto ao grau de dificuldade:
caminhada leve, moderada e pesada; quanto à declividade do relevo que pode
ser ascendente, descendente ou irregular e, por último, quanto aos recursos
utilizados para a interpretação ambiental da trilha, podem ser catalogadas
como guiadas ou monitoradas e autoguiadas.
Hoje, um dos principais problemas em traçar um plano de manejo é
fazer com que não só os visitantes, mas também moradores do entorno que há
anos utilizavam trilhas sem qualquer cuidado ambiental, passem a preservar e
conservar estes caminhos. Salvatti (2000) explica que grande parte das trilhas
que hoje são utilizadas para a prática do ecoturismo, são caminhos há muito
tradicionais utilizados por algumas comunidades para se locomoverem: “Desde
a época do Brasil Colônia os portugueses utilizavam os caminhos abertos pelos
indígenas para alcançarem o interior do país. Hoje em dia, especialistas detém
conhecimentos que transformam a abertura de trilhas em um trabalho
científico, pedagógico e paisagístico”.
No caso específico da APAGM, a Trilha das Cachoeiras, como ficou
conhecida entre seus freqüentadores, é o caminho para o principal atrativo da
região, a Cachoeira do Escorrega, sem contar as demais cachoeiras. Conforme
pesquisas (GAMA, 2005), o uso indiscriminado dessa unidade de conservação
está na compactação dos solos, fazendo com que o solo fique exposto à ação
erosiva das chuvas, ocasionada pela pisoteio de um grande número de
visitantes. O autor ainda comenta:
“A partir de tais resultados podemos comprovar que a Trilha da Cachoeira apresenta deflagrações de processos erosivos mais intenso, como sulcos, cicatrizes e ravinas, evidenciando a
52
necessidade de estudos mais profundos para um uso sustentável, já que o seu atual uso indiscriminado caracteriza um conflito com o próprio conceito que define a unidade de conservação em que se insere” (p. 11).
O trabalho de pesquisa de Gama entre outros pesquisadores (COSTA,
2004) também ouviu os visitantes da APA que demonstraram conhecimento e
preocupação em relação ao estado de conservação da unidade. Segundo o
autor, muitos relataram as irregularidades no piso das trilhas e,
consequentemente, a dificuldade em caminhar. Outros problemas detectados
pelos visitantes da APA foram a presença de lixo e resíduos deixados pelos
próprios visitantes e a poluição sonora provocada também pelos moradores e
visitantes.
Em relação a utilização das trilhas, estas não são devidamente
sinalizadas, cadastradas e não há controle em relação ao número de visitantes
que as utilizam diariamente. Estes fatores estão prejudicando as condições
naturais da unidade conforme explica Mello (2008):
“Embora a abertura de uma trilha já represente um impacto considerável, em trilhas existentes o impacto mais diretamente relacionado com o uso das trilhas é causado pelo pisoteio, responsável pela compactação do solo e aceleração dos processos erosivos, também possui grande importância na relação com a flora” (p. 78).
Apesar disto, pesquisadores como Teresa Magro e Daniela Talora (2006), vêem impactos positivos na utilização das trilhas. Estes ainda serão predominantes aos danos ambientais de uma unidade de conservação:
“(...) as trilhas concentram o uso em uma parcela pequena do terreno e evitam que grandes áreas da paisagem sejam pisoteadas. Assim elas podem ser consideradas como mais uma ferramenta no manejo de áreas protegidas. Trilhas bem feitas incluem considerações que vão desde o planejamento e traçado até a interpretação dos recursos que elas dão acesso”. (p. 2)
Também são listados como outros impactos negativos do turismo nas
demais trilhas: a degradação da cobertura vegetal, principalmente o início da
trilha, fuga da fauna nativa, concentração de lixo em suas margens, diminuição
da declividade natural do percurso – o que gera a diminuição da capacidade no
estabelecimento da vegetação local.
53
Estudos apresentados por Dutra (2004), em relação à Estrada de
Furnas, identificam como principais pontos críticos: nas cotas mais elevadas,
que se referem à deflagração dos processos erosivos e principalmente pela
influência do cultivo de bananas; aqueles das cotas mais baixas, considerados
pontos mais problemáticos que ocorrem em função da presença de casas e/ou
sítios e por uso comercial, por exemplo, bares e restaurantes.
Estes impactos já presentes são os mesmos apresentados por Salvatti
(2000) em seu trabalho de pesquisa onde o autor aborda os maiores riscos
provenientes da falta de um plano de manejo para trilhas, ressaltando que a
lista pode ser ainda maior, visto que não se conhece todas as consequencias
da sua má utilização.
Ainda de acordo com as pesquisas o conhecimento dos impactos
causados pelo uso indiscriminado da trilha das cachoeiras permitem a
identificação dos vetores de degradação nesse ambiente e contribui para a
investigação dos vetores de pressão no interior da UC. Aquele conhecimento
viria também da elaboração de zoneamento para o Maciço, destacando áreas
potenciais para preservação e áreas para uso do turismo e lazer. As técnicas
para minimizar os impactos negativos não se restringem apenas com o solo e a
vegetação. Para Salvatti (2000), a fauna presente na unidade precisará ser
catalogada e estudada durante meses, ou até anos, para que se possa
conhecer os hábitos comportamentais de todas as espécies em uma
determinada área para, então, conhecer a sua capacidade de suporte:
“O planejamento da implantação de trilhas visa assegurar que os impactos negativos estarão dentro dos limites aceitáveis de mudança. Pode ser entendida como os limites aceitáveis de mudança que um determinado nível de uso de um sítio ou área pode suportar sem causar danos significativos aos recursos e sistemas ecológicos necessários para o seu equilíbrio, garantindo a qualidade da experiência do visitante”. (p, 01)
Entre as medidas de controle de impactos negativos em trilhas (GAMA,
2005; SALVATTI, 2000), primeiramente será necessário estabelecer o
zoneamento das áreas de uso e não-uso e o manejo das áreas de uso. Feito
isso, os autores recomendam o estabelecimento de “técnicas que identifiquem
o impacto potencial e os parâmetros para monitoramento da vida silvestre”.
54
Concluindo este ciclo de etapas, aplicar a educação ambiental como
instrumento fundamental para minimizar os impactos negativos da visitação e
potencializar os impactos positivos. Por fim, é de comum acordo entre os
pesquisadores e autores aqui apresentados que, salvo algumas intervenções
de ordem estrutural e de segurança, os sítios de visitação não devem ser
adaptados aos visitantes, mas sim estes é que precisarão ser preparados para
a visitação.
De acordo com a pesquisa de Mello (2008), mesmo com a elaboração
e implantação do plano de manejo, este não significa o sucesso nas práticas
adotadas em algumas unidades de conservação, neste caso, do PNMNI. Para
o autor:
“Em avaliação preliminar do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Nova Iguaçu vigente, ao se considerar o programa de Uso Público, nos subprogramas de Recreação e Lazer e Ecoturismo percebe-se que o mesmo não possui análise mais detalhada do potencial turístico e de lazer, tendo privilegiado os lugares já consolidados para a visitação, como os poços e cachoeiras e caminhadas curtas em sua principal via - a Estrada da Cachoeira”. (p 19).
O autor ainda em sua pesquisa expõe que mesmo o parque recebendo
um número crescente de visitantes, a procura de atividades relacionadas ao
lazer e ao turismo, os seus administradores e gestores não conseguem
interferir efetivamente na gestão do mesmo. Obras de infraestrutura previstas
no plano de manejo não foram concluídas, nem mesmo iniciadas. Entre elas,
pode ser citado o espaço destinado ao piquenique, o centro de visitantes e a
malha de trilhas com mais roteiros.
É importante ressaltar que a visitação destinada ao lazer e ao turismo
corresponde a uma das mais importantes interfaces entre as UCs e a
população. Isto, desde que, aquelas atividades estejam previstas legalmente
em cada unidade de conservação. E esta ligação, torna-se a cada tempo mais
próxima e mais necessária. Fato este observado por Dumazedier (1979), o
autor comenta que “o espaço de lazer será cada vez mais necessário para o
equilíbrio humano de cidades cada vez maiores, constituídas por uma
população cada vez mais rica, cada vez mais instruída, e que trabalha cada
vez menos". Opinião compartilhada pelo autor Flávio Mello (2008):
55
“A adequada gestão da visitação é fundamental para que as unidades de conservação cumpram o seu papel de conservação e preservação do patrimônio natural, dentro dos padrões de sustentabilidade, assim como propiciar a adequada apreciação e qualidade da visitação por seus diferentes tipos de usuários. O monitoramento regular da dispersão de visitantes se converte, então, em uma ferramenta de gestão, visto que o deslocamento dos visitantes em áreas naturais normalmente ocorre através do uso das trilhas” (p.98)
Sem um plano de manejo, as trilhas poderão resultar em inúmeros
impactos em virtude do uso e entre os aspectos mais relevantes encontram-se
a descaracterização de sua paisagem ou perda dos atrativos para onde
conduzem; impactos na flora e fauna induzidas pela fragmentação das massas
florestais e pelo acesso dos visitantes. Entretanto, muitos desses impactos
podem ser reduzidos e eliminados através do conhecimento dos processos que
atuam na área de implantação e manejo (LECHNER, 2006). Mesmo assim, a
prática de atividades de lazer e turismo, entre elas, a abertura de trilhas, por si
só, pode ser classificada como uma agressão ao meio ambiente.
Analisadas por este ângulo, as trilhas poderão ser estudadas como
indicadores das condições de uso da unidade de conservação, intensidade no
número de visitantes, qualidade e segurança dos serviços oferecidos e
alterações no patrimônio natural. Será possível avaliar a relação custo-
benefício das intervenções do homem na unidade de conservação (MELLO,
2008).
Dentre os pontos considerados nos principais trabalhos (COSTA, 2004;
GAMA, 2005; MELLO, 2008) observa-se a necessidade urgente de melhorar as
condições das trilhas, da estrada de acesso ao parque, tanto no que diz
respeito a sua limpeza quanto ao asfalto; fiscalização constante; colocação de
sinalizações direcionais, desde o centro urbano até a entrada do parque e
manutenção e/ou colocação de placas sinalizadoras dentro da unidade, com as
suas devidas distâncias ambiências e, por último, mas não menos importante,
investir na segurança do local e do seu entorno.
O autor Flávio Mello (2008)acrescenta a lista a necessidade de guias e
de controle na entrada do PNMNI:
“De fato, a utilização de trilhas com maior potencial para atividades ecoturísticas como as caminhadas nas trilhas da Varginha, Mata-fome e do Quilombo (Contenda), onde ocorrem práticas de lazer e
56
esportes na natureza como rapel, bouldering e escalada e ainda as práticas de Vôo Livre na Rampa, recebem acompanhamento extremamente superficial, praticamente inócuo; sem controle de entrada ou projeções de visitação” (p 52).
Até o momento, foram apresentados os resultados de estudos recentes
sobre o impacto negativo da visitação na APA Gericinó-Mendanha e da falta de
um plano de manejo posto em prática. Entretanto, muito daqueles impactos
negativos poderiam ser evitados caso a população que mora ao entorno da
unidade e os seus visitantes tivessem mais conhecimentos sobre a importância
da APA para a qualidade de vida e todos e das gerações que estão por vir, isto
é, precisariam ser educados ambientalmente ou, como explicou a autora Doris
Ruschmann (1997), possuírem uma “cultura turística”:
“Em quase todas as destinações turísticas tem-se constatado a falta de “cultura turística” das pessoas que viajam, o que faz com que se comportem de uma forma alienada em relação ao meio que visitam – acreditando não terem nenhuma responsabilidade na preservação da natureza e na originalidade das destinações. Entendem que seu tempo livre é “sagrado”, que têm direito ao uso daquilo pelo que pagaram e, permanecendo pouco tempo (individualmente), julgam-no insuficiente para serem responsabilizados pelas agressões ao meio ambiente” (p. 10).
Em síntese, se faz necessário encontrar o equilíbrio entre os interesses
econômicos, o desenvolvimento sustentável e o turismo nas unidades de
conservação de uso sustentável. Atingir este equilíbrio não é tarefa simples,
principalmente porque o controle do turismo nas UCs requer uma boa política
ambiental e turística o que ainda parece distante. Especificamente na APAGM
e no PNMNI, outra questão a ser observada é a aproximação das duas
unidades aos municípios de Nova Iguaçu e de Mesquita, que juntos, possuem
aproximadamente um milhão de habitantes, de acordo com dados do IBGE. A
grande concentração de pessoas associada ao número reduzido de opções de
lazer e turismo favorece a massificação do lazer e do ecoturismo nestas
unidades. Muitos desses visitantes possuem pouco ou conhecimento algum em
relação às questões ambientais e a necessidade de manter as unidades,
reduzindo ao máximo os impactos negativos naquelas áreas (MELLO, 2008).
57
CONCLUSÃO
A sociedade, como um todo, vem sofrendo as consequências de um
problema gerado a partir da relação conflituosa entre o homem e o meio
ambiente. Na verdade, o problema poderia ser melhor caracterizado como a
ausência quase que total de relação ou de interação homem-natureza. Com a
atividade turística também não seria diferente. O turismo praticado em nossos
dias é um consumidor voraz da natureza e vem aumentando, em boa parte,
devido a crescente busca pela vivência do “verde”.
Durante o ócio, nos períodos de férias e/ou descanso, as pessoas
buscam um contato maior com a natureza, com o objetivo de fugir dos grandes
centros urbanos e do estresse das cidades e a fim de abandonar
temporariamente a rotina e desfrutar de um ambiente mais harmonioso e
tranquilo. Assim, um grande número de pessoas vem visitando ambientes
considerados mais sensíveis e, em sua maioria dos casos, desprovidos de um
planejamento para atender o grande afluxo de visitantes (RUCHMANN, 1997).
Mesmo considerado um país rico em biodiversidade, o Brasil não esta
imune aos problemas ambientais. Esta mesma riqueza natural é responsável
pelo crescimento do número de visitantes e praticantes do ecoturismo que
visitam o país em busca das suas belezas naturais e atratividades ecológicas.
Estas atividades tanto podem resultar em benefícios como em prejuízos.
Em relação a Área de Proteção Gericinó-Mendanha, os principais
resultados obtidos permitiram concluir, em relação ao objetivo geral e
específicos do referido trabalho, que o turismo sustentável é pouco utilizado
como instrumento de manejo na área estudada. Por este motivo, muitos são
os impactos negativos, frente aos positivos, que a unidade de conservação
apresenta. Conforme explicaram os autores PRIMACK & RODRIGUES (2001):
“a partir do momento em que uma área de proteção é legalmente estabelecida,
ela deve ser eficazmente manejada se quisermos que a diversidade biológica
seja mantida”.
Com relação a utilização das trilhas, estas não são devidamente
sinalizadas, cadastradas e não há controle em relação ao número de visitantes
58
que as utilizam diariamente. Estes fatores estão prejudicando as condições
naturais da unidade conforme explica Mello (2008):
“Embora a abertura de uma trilha já represente um impacto considerável, em trilhas existentes o impacto mais diretamente relacionado com o uso das trilhas é causado pelo pisoteio, responsável pela compactação do solo e aceleração dos processos erosivos, também possui grande importância na relação com a flora” (115).
Apesar disto, pesquisadores como Teresa Magro e Daniela Talora (2006), identificam impactos positivos na utilização das trilhas. Estes ainda serão predominantes aos danos ambientais de uma unidade de conservação:
(...) “as trilhas concentram o uso em uma parcela pequena do terreno e evitam que grandes áreas da paisagem sejam pisoteadas. Assim elas podem ser consideradas como mais uma ferramenta no manejo de áreas protegidas. Trilhas bem feitas incluem considerações que vão desde o planejamento e traçado até a interpretação dos recursos que elas dão acesso”. (p. 2)
É notório, entre as pesquisas apresentadas até o momento e entre
funcionários das unidades de conservação, que a grande maioria dos
visitantes, principalmente do PNMNI, possuem como interesse maior o banho
nos poços do Rio Dona Eugênia. Este atrativo recebe o maior número de
visitantes durante os meses mais quentes do ano e nos feriados e finais de
semana (MELLO, 2008).
Ainda de acordo com os pesquisadores, nas unidades de conservação
estudadas, o uso das trilhas com o objetivo principal de realização de
caminhadas e da prática do ecoturismo é praticamente inexpressiva. Constata-
se que as atividades de turismo sustentável, entre elas, o ecoturismo, não são
exploradas naquelas unidades. Isto, tanto em relação aos produtos possíveis
de trabalho, quanto de consumidores. Desta forma, para melhor colocar em
prática a gestão das unidades, se fará necessário conhecer o perfil médio do
visitante, seus interesses e práticas comportamentais. Assim, através do perfil
dos visitantes será possível conhecer o seu público, apontando tendências,
novos produtos, infraestrutura necessária e, principalmente, o uso dos recursos
naturais.
O problema encontrado naquelas unidades, assim como na maioria
das UCs pelo Brasil, é a escassez de mão-de-obra, de recursos humanos e
59
materiais necessários para manutenção da área. Com a falta de profissionais e
de técnicos qualificados, a tendência é que cada vez mais, os gestores
concentrem os visitantes nas áreas já consolidadas e de fácil acesso,
simplesmente por uma prática questão operacional. Fato que contrapõe com a
ideia inicial imaginada para as unidades de conservação que é justamente
evitar a massificação de visitantes, o que pode gerar um desinteresse pela
unidade e até sua desqualificação em algumas situações.
Por estes e outros motivos, demonstra ser primordial investigações que
avaliem corretamente o nível de fragilidade da APAGM e dos parques
localizados em sua área. Prática, aliás, que deve ser rotineira em todas as
unidades de conservação que permitam a realização de práticas turísticas e de
lazer em suas áreas. Iniciativas como esta, além de diminuírem os danos
ambientais, contribuirão para também reduzirem os riscos de deslizamentos
e/ou desmoronamentos.
O referido estudo procurou relacionar e analisar as situações de
fragilidade das práticas relacionadas ao lazer e ao turismo, na expectativa de
poder contribuir minimamente com a gestão da APA ajudando, assim, uma das
mais importantes unidades de conservação do estado do Rio de Janeiro.
Todavia, é certo que o estudo não apenas na unidade apresentada, mas em
todas as UCs caracterizadas como de uso sustentável, deva ser contínuo. Isto
porque é de comum acordo com todos os pesquisadores e autores referidos
aqui, que a atual situação requer urgentemente de ações corretivas e
preventivas para que os danos ambientais não sejam ainda mais
potencializados.
Por fim, como escreveu Callenbach (1993): ”nós, seres humanos,
somos organismos que pensam. Não precisamos esperar que os desastres nos
ensinem a viver de maneira sustentável”.
60
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64
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I 11
1.1 Uma breve história do turismo e seus conceitos 11
1.2 O Turismo Sustentável 14
CAPÍTULO II 22
2.1 A importância da Gestão Ambiental 22
CAPÍTULO III 27
3.1Unidades de Conservação 27
3.2 Classificação das Unidades de Conservação 32
3.3 Turismo em Unidades de Conservação 36
CAPÍTULO IV 41
4.1 ÁPAGM 41
4.2 Atrativos da APAGM e do PNMNI 45
4.3 Impactos do turismo e do lazer na APAGM e no PNMNI 47
CONCLUSÃO 57
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 60
ÍNDICE 64
FOLHA DE AVALIAÇÃO 65
65
FOLHA DE AVALIAÇÃO