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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A AFETIVIDADE : PILAR DO SABER NA EDUCAÇÂO BÁSICA
NUMA ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA
Por: Giselle José de Souza
Orientador
Prof. Fabiane Muniz
Rio de Janeiro
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
2
2005
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A AFETIVIDADE: PILAR DO SABER NA EDUCAÇÂO BÁSICA
NUMA ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como condição prévia para a conclusão do
Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”
Psicopedagogia.São os objetivos da monografia
perante o curso e não os objetivos do aluno
Por: . Giselle J.Souza.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente, a Deus, por me ajudar e
comandar a minha vida.
Em segundo lugar aos meus pais e
minha irmã por me ajudarem e
compreenderem os meus difíceis
momentos.
Ao meu noivo, por todo apoio e carinho
prestado durante toda essa jornada.
Agradeço também aos meus amigos e
familiares por toda força prestada.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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DEDICATÓRIA
... Dedico aos meus pais, minha irmã e ao
meu noivo.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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RESUMO
O tema tem por finalidade e objetivo, mostrar que a afetividade é de
extrema importância que seja inserida no contexto escolar, pois, o papel que a
mesma desempenha no processo educativo tem a função equivalente ao grau de
necessidade que as disciplinas escolares.
A afetividade em comunhão com a psicopedagogia vem nesta pesquisa,
ressaltar que a mesma deve ser traga para as instituições e serem trabalhadas
mostrando aos educadores e educandos que através da troca recíproca de
sentimentos, podemos alcançar resultados positivos em curto prazo, pois,
utilizando o caminho da afetividade evitamos a possibilidade de uma possível
ruim relação entre professor x aluno.
O trabalho com a afetividade será mais compensador, pois à medida que
agimos com amor podemos descobrir as necessidades e dificuldades dos
outros, buscando assim uma maneira de encontrar a solução onde todos irão se
sentir bem.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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METODOLOGIA
Este trabalho foi desenvolvido, através de pesquisas bibliográficas a fim
de ampliar os estudos e os conhecimentos fornecidos.
Dentro do processo educativo, a pesquisa bibliográfica desempenha um
importante papel, e se torna fundamental em qualquer trabalho monográfico.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................. 08
CAPÍTULO I - REFLETINDO SOBRE O MUNDO.............................10
CAPÍTULO II - OS PILARES DA EDUCAÇÂO...................................17
CAPÍTULO III – A ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA...................25
CONCLUSÃO.....................................................................................31
ANEXO...............................................................................................34
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.........................................................35
ÍNDICE...............................................................................................36
FOLHA DE AVALIAÇÃO....................................................................37
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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INTRODUÇÃO
O tema abordado neste trabalho, “A AFETIVIDADE: PILAR DO SABER
NA EDUCAÇÃO BÁSICA NUMA ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA”, já foi
palco de muitas discussões, embora nunca tenha sido esgotado, pois ainda
percebemos a ignorância quando se fala da inserção da afetividade na
construção do projeto pedagógico.
Hoje, na era da informação, percebemos que não basta informar, pois os
meios de comunicação já o fazem muito bem, mas para Ter uma educação
completa como se faz necessária, é preciso educar o ser humano num todo, sem
que haja possibilidade de dissociá-lo em dois seres, racional e o emocional, pois
o ser humano é complexo e inteiro.
A escolha desse tema para pesquisa foi baseada na crença sobre a
afetividade como um dos pilares básicos da aprendizagem, uma vez que o ser
humano é inteiro e se for bem trabalhado e desenvolvido emocionalmente, logo
também estará se desenvolvendo cognitivamente .
A relação entre o saber aprender e saber sentir está entrelaçada de tal
forma que não há desenvolvimento de um sem que haja o do outro, pois o
aprender parte do interesse, da vontade e do gosto do se aprendente, que muitas
vezes está neste processo por desejo próprio ou para agradar a quem gosta.
Seja de uma forma ou de outra, ambas funcionam como estímulo de uma vontade
que partiu do sentimento, do desejo e da vontade .
Esta pesquisa tem o objetivo de discutir o lugar da afetividade como pilar
fundamental na construção do saber e do ser como um todo e, ainda, pretende
apresentar a eficácia de uma abordagem psicopedagógica na inserção da
afetividade na educação básica, mostrando assim a afetividade sendo base de
todo o trabalho desenvolvido, tanto em nível das relações entre professor \ aluno,
como também em nível global da instituição de ensino, tocando no ponto de
grande importância que é o desempenho escolar dos educandos.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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A hipótese do trabalho busca a comprovação de que a afetividade é um
pilar e parte fundamental na educação, sem a qual o ser humano não se
desenvolve num todo. Desta forma podemos dizer que não há processo de
aprendizagem eficaz que não passe pelo caminho da sensibilidade e emoção,
que não seja repleto de envolvimento e dedicação proveniente de todas as partes
atuantes na educação, seja o educador ou o educando. Dessa forma, o processo
de ensino-aprendizagem, torna-se muito mais dinâmico, interessante e
investigador quando o relacionamento afetivo está inserido na prática didático-
pedagógica.
O método de pesquisa utilizado foi o bibliográfico, que é fundamental em
todo e qualquer trabalho de monografia.
Para embasamento teórico foi necessário estudar as propostas de
Chalita, no livro Educação: a solução está no afeto, como também as teorias de
Wallon, Piaget e Freire, entre outros que trabalham como desenvolvimento
cognitivo do homem sem fragmentá-lo, ou seja, acreditam no homem que precisa
ser educado num todo, tanto nos aspectos racional, como no emocional de forma
integrada, onde não há desenvolvimento de um sem que haja o do outro.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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CAPÍTULO I
REFLETINDO O MUNDO
“Toda vida humana, por mais religiosa que seja, se não diante dos olhos o fim para o qual nasceu, é navio sem norte, é cego sem guia, é dia sem sol, é noite sem estrelas, é república sem lei, é labirinto sem fio, é armada sem farol, é exercito sem bandeira, enfim, é vontade ás escuras, sem luz de entendimento, que lhe mostre o mal e o bem, e lhe dite o que há de querer, ou do que fugir”.
Pe.Antônio Vieira.
1.1– Os excessos
Falar, avaliar o mundo parece fácil já que estamos na era da informação,
na qual todos tem acesso a tudo. O que acontece do outro lado do mundo há
muito tempo deixou de ser segredo, deixou de ser mistério neste mundo
globalizado em que as fronteiras foram extintas, e as culturas estão
generalizando-se.
O Ocidente já não é tão diferente do Oriente. Nestes últimos cem anos a
tecnologia evoluiu mais do que nos dois mil anos atrás. Culturas foram
modificadas, paradigmas quebrados, valores invertidos, enfim tudo mudou e
todos foram atingidos pelas mudanças. Já não existe um índio no Brasil que
deseje ser “índio”, preservando sua cultura. Para ter certeza é só perguntar aos
pequeninos o que desejam ser quando crescer e as respostas que ouviremos,
com certeza, não serão cacique ou pajé, mas advogado, médico, analistas, entre
outros.
Nesta era da informação, era da mudança, alcançamos coisas que há
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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alguns anos atrás diria-se impossível. Podemos saber, quase que na velocidade
de um piscar de olhos, o que acontece do outro lado do mundo, podemos
conversar com quem conhecemos e quem nunca vimos antes, podemos querer e
Ter produtos que antes não tínhamos acesso, pois importar fazia-se caro demais
e, além disso, não tínhamos se quer conhecimento sobre tais produtos.
Também as famílias mudaram. O pai já não é responsável por manter a
casa financeiramente, enquanto a mãe cuidava dos afazeres domésticos e se
responsabilizava pela educação dos filhos.
Estamos num tempo em que o “ter” tornou-se crucial para todos e em
busca desse ter, as mulheres reivindicaram seu direitos, sua independência,
liberdade.
Hoje a responsabilidade do lar é do pai e da mãe, ambos trabalham fora
para que a vida possa ter um pouco mais de conforto, para que os filhos possam
estudar em bons colégios e para que possam usar roupa de grife. A mulher já
pode comprar um novo corpo se não está satisfeita com o seu. É tão fácil quanto
comprar um quilo de carne...quanto fica, quero 200 ml de silicone no seio, quero
tirar 03 quilos de gordura dos culotes... Quanto fica doutor?
A comunicação está ágil, um e-mail atravessa o mundo em questões de
segundos, uma encomenda chega à outra cidade no dia seguinte pela manhã do
pedido, temos notícia em tempo real sobre o que está acontecendo no mundo, os
países fazem acordos entre si, estreitando as fronteiras, os mercados já (quase)
não possuem diferenças em seus produtos, pois o que podemos comprar aqui no
Rio de Janeiro, podemos comprar no Japão. Tudo isso tornou-se condição da
vida humana.
As novas estruturas familiares, os novos valores e as compensações, tudo
vem mudando o mundo e sua cultura.
A televisão educa para o consumismo, com suas propagandas atraentes,
além de passar todos os valores do modismo, que interessa apenas a quem
vende e a quem vê, que não sabe mais estabelecer limites entre o ser e o ter,
uma vez que o ser é medido pelo ter.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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1.2- As carências
Parece que todas as vezes que discutimos sobre os excessos faz-se
primordial e essencial falarmos de carência, pois onde existe excesso, em outro
lugar ou em outros aspectos haverá carência.
Pensamos sobre os excessos do mundo, as mudanças de estrutura
mundial, de valores, de informação, de tudo que nos leva a um mundo
consumista, no qual a imagem, o ter e o poder valem muito mais que ser, vale
muito mais que saber, do que o entender e o poder são medidos pela
capacidade de adquirir.
Deixamos nossos filhos em casa para serem criados pelo acaso e pelo
descaso, trocamos a atenção o carinho, o diálogo, o afeto, o toque, pelo dinheiro,
como se este pudesse comprar tudo o que o ser humano necessita.
O dinheiro pode comprar tudo que o ser vivo precisa, no entanto não pode
comprar tudo que o ser humano precisa, pois o ser humano é singular e
complexo, é sentimental, é essencial, é mágico e é pleno. O ser humano é único
na sua plenitude.
Falar em plenitude é falar de um ser que é completo, que é cheio, que é
perfeito, mas que precisa crescer, precisa aprender e ser educado nessa
plenitude, com consciência de toda essa essência humana.
Assim, com desenvolvimento da humanidade tudo parece que ficou mais
fácil, como, por exemplo, deixar o filho sozinho para trabalhar, deixar os pais na
velhice sozinhos para se divertir, pois tudo está sendo compensado pelo dinheiro,
pelo ter, que é o motivo pelo qual todos lutam.
Ter carro do ano, ter casa grande, ter dinheiro para viver bem, com
conforto. Estes sonhos seriam muito fáceis de realizar se o ser humano fosse
apenas composto pelo ter.
As pessoas esqueceram o que é conversar, o que é se dedicar ao outro, o
que é educação, o que é amor. Elas não conseguem mais ensinar o amor, pois
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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elas não sabem amar nem aos outros e nem a si mesmas.
Por isso, apesar de toda a informação e evolução, os seres humanos
estão perdidos, procurando respostas para resolver os problemas da atualidade,
seja de ordem profissional, familiar e\ ou emocional.
A humanidade está perdida mesmo diante da era da informação, pois não
sabem como criar os filhos, respeitar os pais, como serem éticos diante de um
mundo a-ético, e mais que serem éticos, ensinarem essa ética, com todos os
seus valores sobre o certo e o errado, dando o exemplo e servindo de espelho.
Hoje, o mundo muda rapidamente e essa rapidez não tem ajudado ao ser
humano a resolver seus problemas emocionais. A vida de uma família se
transformou com a mudança para essa nova era, a era do mundo globalizado, e
isso não ajudou a essa família a resolver seus problemas afetivos. A família não
tem mais tempo de dedicar-se um ao outro. Mudaram os valores, os contatos
afetivos são cada vez mais raros.
A educação parece que foi perdendo-se dentro da família, que muitas
vezes tenta transferir essa obrigação para a instituição de ensino. E mais que a
educação, também foi perdendo-se os laços afetivos, o diálogo, a essência do
ser humano, a capacidade de poder se relacionar, de racionalizar, de gostar, de
viver socialmente.
O dinheiro foi tomando conta de tudo e parecia que tudo podia, porém o
consumismo antes citado começa a gerar insatisfação, os valores que perderam-
se começam a ser cobrados pelos filhos aos pais e a todos que estão envolvidos
com o processo de construção do “outro”, então, na era da informação o homem
percebe que o produto não é o mais importante, mas sim o sujeito, o homem em
si, que perdeu a noção do verdadeiro sentido da humanidade, em que sua
complexidade não se restringe apenas ao ter, mas ao viver com o outro, com os
sentimentos, valores, éticas e estéticas, tudo envolvido de muita sensibilidade e
afetividade.
“Eis a família e sua difícil tarefa. A convivência diária pode ser penosa. E
preciso amor”.(Chalita, 2001:25) e parece que este é um assunto que mais
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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assusta a família.
_Como dar este amor que é necessário?
_Como ser criativo diante da falta de tempo para dedicar-se, atendendo
ás necessidades de todos os membros da família que se cobram
reciprocamente?
A criança quer atenção, o jovem quer conversar, o idoso quer ser
valorizado, mas parece difícil encontrar um caminho, quando na verdade seria o
mais barato, o mais simples, o mais eficiente, que é o caminho do afeto, do
amor. Mas amar requer entrega, doação e as pessoas não possuem mais tempo
para isso, preferem pagar para que outros cumpram o papel que seria seu, como
seu dinheiro pudesse comprar tudo, salvar tudo.
Devemos sempre levar em conta todas as questões sobre o mundo, como
o trabalho, escravidão, liberdade, educação, vontade de viver e a essência da
vida.
O trabalho deve ser movido da alegria, de produzir algo que beneficiará a
alguém, que deve ser escolha e não falta de opção, porém não tem preparado
homens para sonhar, mas para o mercado de trabalho cruel, que vem mudando
rapidamente e nunca é alcançado pela educação, ou seja, chega em um
determinado momento que o homem não tem como mudar frente à modernidade
e a globalização e a sua educação é influenciada por esta situação.
A educação deve construir o homem para a visão global, focando não um
mercado de trabalho, mas trabalhar e desenvolver todo o lado humano,
despertando competência e habilidades, ajudando-o a se desenvolver também
habilidades emocionais, pois o homem não pode ser desfragmentado, assim
como a educação também.
“A educação não pode ser reducionista em nenhum aspecto; deve ser ampla, na direção da formação de seres humanos completos, críticos e participativos, na direção da construção da cidadania”.
(Chalita,2001:58)
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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Educar para o trabalho é essencial, mas não é o único objetivo, mas sim
educar o homem para o trabalho e para o mundo, para que possa ter consciência
de seus direitos e deveres, participando ativamente da sociedade em que vive,
ajudando-o a transformá-la.
Hoje percebemos muitas e muitas pessoas cometendo crimes bárbaros
porque não tiveram a chance de Ter boa educação, mas diz Chalita (2001),
também há pessoas que tiveram ótimas oportunidades para a construção do
conhecimento e que cometem atrocidades incríveis. Neste caso, o que faltou não
foi acesso á educação e nem meios materiais, mas faltou afeto, sensibilidade.
Como já discutimos anteriormente o papel da família que se exime da culpa e
da responsabilidade de educar os filhos achando que pode comprar essa
educação, empurrando toda a responsabilidade para a escola.
A liberdade é outra característica fundamental do ser humano, que é
composta por vontades, desejos, sonhos, escolhas, porém, hoje nossa liberdade
é castrada, pois sempre há alguém com a poder-dominação, que nos impede de
vivermos a nossa própria liberdade, as nossas próprias escolhas.
Quantas vezes já se viu abrindo mão de um desejo porque te levaria a
perder um emprego, ou fazendo coisas contra sua vontade porque não podia
decepcionar o outro (o dono do poder)? E assim vivemos, castrando nossos
sonhos e ensinando que “manda quem pode e obedece quem tem juízo”.
A educação não pode permitir isso, mas deve ensinar a alimentar sonhos,
a lutar por seus desejos e ainda oferecer armas para essa luta, que muitas vezes
se faz desigual não só pelo poder aquisitivo, mas pela falta de informação, de
consciência dos direitos humanos e falta de horizontes.
Atualmente ainda percebemos muitas instituições de ensino que só
reproduzem o sistema capitalista e seus objetivos materiais, no qual existe uma
maioria que decide e uma maioria que cumpre e desta forma é que nos tornamos
escravos.
A solução para a vida, a sua essência está no amor, no “viver com
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intensidade”.
Viver cada momento. Amar. Amar ao outro, amar a si mesmo. Demonstrar esse
amor com gestos de afeto, de entrega, de partilha. A vida perde o sentido se
não é entusiasmada, animada por uma paixão” (Chalita, 2001:87 ), porque o
ser humano é movido por paixões, e por elas é capaz de lutar, de cometer
loucuras e sentir-se vivo.
Quantas crianças e adolescente fogem de casa hoje em dia? Para essa
pergunta há um número infindável de pessoas, no entanto a resposta não é pela
pobreza ou pela falta de oportunidade, mas pela falta de compreensão, pela falta
de afeto e de amor.
Não há como não citar a observação de um senhor na sala de espera de
um hospital, que dizia que a educação parece perdida, uma vez que os pais
estão isentados de tal responsabilidade e jogando para cima da escola. E que os
“meninos de rua” do Centro do Rio parecem todos gatinhos, que ficam se
esfregando nele, quando ele passa e afaga a cabeça de cada um deles.
Ele ainda dizia que quando parava para conversar com aquelas crianças,
a única coisa de que elas reclamavam era a falta de carinho e os maus tratos que
sofriam enquanto moravam com os pais.
“Parece existir um estreito paralelismo entre o desenvolvimento afetivo e o intelectual, com este último determinando as formas de cada etapa da afetividade, mas o que se observa no dia-dia é que a afetividade é a base sobre a qual se constrói o conhecimento racional, social e emocional”. Piaget,1971:62)
Será que algumas vezes já paramos para conversar com essas crianças
ou simplesmente sentimos medo pelo “produto” que nós mesmos criamos?
Não podemos considerar essa nossa realidade como culpa do Governo
ou dos pais que não cuidam bem dos filhos que geram, mas essa é uma
responsabilidade conjunta, na qual todos contribuem de forma direta ou
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indiretamente. Seja pelo desprezo, seja pela omissão.
CAPÍTULO II
OS PILARES DA EDUCAÇÂO
“O mais importante na construção do homem,
não é instruí- lo haverá algum interesse em fazer
dele um livro que caminha? -, mas educá- lo até
aqueles patamares onde o que liga as coisas já
não são as coisas, mas os rostos nascidos dos
laços divinos”.
Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944)
2.1-Cognitivo
A habilidade cognitiva é o lado lógico e racional da aprendizagem, que
medido pela capacidade que o ser humano possui em absorver, reter e
transmitir o que lhes é ensinado, seja de forma institucionalizada ou não.
Todo ser humano aprende, uns de forma mais acelerada outros mais
lentamente, cada um com um ritmo próprio, porém percebe-se o
desenvolvimento cognitivo á medida em que o indivíduo consegue resolver
problemas de seu cotidiano utilizando o que aprendeu, ou seja, a partir do
momento em que consegue fazer uma ponte entre a teoria e a prática.
As instituições educacionais possuem um currículo que é composto por
várias disciplinas que consideram fundamental a qualquer ensino, porém
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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estas não podem se bastar na matemática, no português, na história, entre
outras, mas devem pautar-se na educação do homem para a vida em toda a
sua complexidade, por isso faz-se fundamental a inclusão de disciplinas como
a filosofia, artes, educação física, oratória, ética e cidadania, cultura popular,
política e várias outras.
É primordial que o uso das disciplinas não sejam feitos de forma
reducionistas, encerrando-se em si mesmas, pois a interdisciplinalidade deve
existir, já que uma enriquece a outra e estão diretamente ligadas com o saber,
o aprender e com a vida, não havendo necessidade de fragmentar o ensino.
Outro ponto que deve ser discutido é sobre como se deve ensinar, pois
não haverá efetividade no ensino se o mesmo não puder ser aplicado na vida
do educando. Partindo deste principio, o ensino, as disciplinas devem ser
contextualizadas na realidade da sociedade, da comunidade, do grupo e\ ou
do indivíduo.
A importância da habilidade é usá- la para aprender, pois o educador
deve ensinar o aluno a aprender, e não ensinar a matéria em si, mas deve
ajudá-lo a aprender a aprender. Desta forma o conteúdo será apenas o meio
e não o fim em si mesmo.
O fim será a habilidade de construção do conhecimento.
2.2- Social
O segundo pilar da educação é a habilidade social. Esta deve ser
despertada no aluno em todos os momentos de sua vida, já que o ser humano
já nasce em uma sociedade, cercado por valores, costumes e crenças.
Vygotsky nos diz que talvez nosso desenvolvimento não seja tão
universal como diz Piaget, mas que está vinculado ao contexto cultural no qual
estamos inseridos e bastante influenciados por uma instrução formal, ou seja,
embora o conhecimento se construa do interior do sujeito para o meio (
Piaget), também sofre extrema influência do meio social em que cerca a
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
19
criança, pois todos os costumes, hábitos e valores são repassados dos mais
velhos e aprendidos pelos mais novos e vice-versa, mantendo sempre uma
relação de troca de quem aprende com o meio em que vive.
Então um dos objetivos da educação é inserir o indivíduo na sociedade,
de forma que ele possa saber atuar nela e fazer- se peça importante,
exercendo a sua cidadania e convivendo como outro e com as igualdades e
diferenças existentes.
Existem várias formas de fazer a integração do aluno com a
comunidade em que vive, com a família, com o seu par e com a própria
escola. Entre as sugestões, a escola pode criar um coral familiar, incentivar
pesquisas sobre o passado dos alunos ( suas origens), também pode
desenvolver vídeos comunitários entre outros projetos.
“ Não dá para viver com dignidade sem participar da história do outro (
Chalita, 2001:217). Se somos seres sociais, não há como viver sem
participarmos e sem deixar que participem da nossa história. Fazemos parte
de uma mesma época, talvez compartilhamos sonhos iguais e precisamos
aprender a conviver juntos, a fazer nossas histórias acontecerem e ajudarmos
com que outras aconteçam também.
Não há ser humano sem que haja sociedade, sem que haja
solidariedade, respeito mútuo, colaboração, cumplicidade e afeto.
Não há também como desprezar o conhecimento prévio do educando
quando ele chega á escola, pois antes de alcançar a idade certa ou a idade
de ingresso escolar, o indivíduo já passou por várias experiências que o
levaram a aprender muita coisa sobre vários aspectos da vida. Então, todas
as experiências dos educandos devem ser consideradas, até mesmo porque
são elas que ajudaram o aluno a ter mais interesse pelo que está
aprendendo.
Quando o educando é respeitado no que sabe e no que faz, o sentido e
o estímulo para aprender é bem maior e querendo ou não, a sociedade muito
ensina, seja através dos seus valores, seja através dos seus costumes, seja
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
20
através das regras predominantes.
Podemos questionar com quantas horas de entretenimento na frente de
uma televisão uma criança que chega na sala de aula ? Ou seja, podemos
dizer que a criança já ouviu e viu muito sobre o mundo, mesmo que não tenha
sido da maneira mais correta, mesmo que não tenha sido do jeito que os pais
gostariam que a criança fosse educada, mas essa é a nossa realidade e
temos que respeitar esses saberes, para que assim o educando respeite e se
interesse pelo saber que queremos que ele aprenda.
2.3- Emocional
O último e o mais importante pilar da educação sem dúvidas é o afeto,
pois “não é possível desenvolver habilidade cognitiva e a social sem que a
emoção seja trabalhada”. A emoção não é algo que se possa decorar ou
ensinar sem que haja um esforço e uma entrega muito grande por parte do
professor e do aluno. Trabalhar com a emoção é desenvolver o ser humano
para conhecer melhor a si mesmo e ao outro.
Quantos problemas o ser humano enfrenta hoje, que se formos
investigar a causa, descobriremos uma carência afetiva, um desamor, uma
decepção. São tantos os problemas que muitas vezes uma pessoa leva-os
para resto da vida, vivendo em eterna amargura, mau humor. Quando tudo o
que precisa é alguém que lhe dê a mão e a apoie nos momentos difíceis, que
a ampare a faça sentir-se valorizada, amada.
Não existe outro jeito de educar que não seja pelo amor, pois se for pelo
autoritarismo, medo ou severidade, um dia isso passa e deixa de surtir efeito,
mas o amor jamais passa e quem ama quer dar de si o melhor para o outro, e
desta forma o saber, a aprendizagem vai se construindo, onde o professor tenta
oferecer ao aluno tudo que há de melhor em si e o aluno tenta retribuir-lhe dando
o melhor de si, em dedicação, em confiança.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
21
Embora pareça difícil e não haja fórmula pronta para amar, o livro
“Educação: A solução está no afeto” destaca algumas práticas que podem ser
adotadas para despertar esse sentimento, como por exemplo o diretor fezer uma
reunião com os professores para assistir a filmes que falam sobre esse amor,
como por exemplo “Sociedade dos poetas mortos”, como vários encontros onde
o objetivo seja a troca de experiências, aprender, sentir-se seguro por saber que
o outro professor e o diretor estará ali apoiando.
É muito importante fazer com que o professor sinta-se amado e
valorizado,pode ser presenteando com um livro ou com um simples bilhetinho
elogiando-o por um trabalho, desta forma, pode ser com o prazer de receber
afeto, o professor se abra mais para dar afeto aos alunos.
O aluno precisa de afeto, de atenção, que muitas vezes é negligenciado
pela família.
Não que o professor tenha o dever de suprir as carências familiares do aluno,
mas pode por muitas vezes a ajudar o aluno e até a própria família a enfrentar o
problema pelo qual estão passando, e se for o caso até encaminhá-lo a ajuda
profissional.
No livro Vivendo, amando e aprendendo Buscaglia cita uma frase
de Carl Rogers:
“Sabe que não acredito que alguém jamais tenha
ensinado alguma coisa a outro. Duvido da
eficácia do ensino. A única coisa que sei é que
quem quiser aprender, aprenderá. E talvez o
professor seja um fator que facilite, uma pessoa
que apresenta as coisas e mostra aos outros
como é empolgante e maravilhoso, e os
convidam a provarem”. ( p. 23)
Cabe ao professor instigar o aluno, para que possa despertar o
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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interesse sobre determinados temas, pois uma vez que o próprio professor se
sentir desmotivado, não conseguirá incentivar o aluno e despertar nele a
vontade de aprender.
Para que a aprendizagem ocorra de forma mais eficaz e até mesmo
veloz, é necessário que o aprendente sintá-se envolvido com o conteúdo, ou
seja, sinta-se afetado e com necessidade e desejo de aprender o
determinado conteúdo.
Piaget diz que é incontestável que o afeto desempenha um papel
essencial no funcionamento da inteligência e que sem afeto não haveria
interesse, nem necessidade, nem motivação, e, consequentemente, perguntas
ou problemas nunca seriam colocadas e não haveria inteligência, pois a
afetividade é uma condição necessária na constituição da inteligência e ela
pode acelerar ou retardar o processo de acordo com o grau de interesse do
aluno. Daí a fundamental importância de instigar a motivação do aluno.
Dizemos motivação porque ela está intimamente ligada ao afeto, pois
funciona como uma mola que impulsiona a pessoa a realizar determinadas
coisas de acordo com o interesse e necessidade.
O aluno que se sente amado e valorizado tem sua auto-estima
elevada e com isso motiva-se muito mais a descobrir e construir o
conhecimento.
Este fato pode ser comprovado através da pesquisa realizada por
Skeel, na qual estudou um orfanato e percebeu que crianças chegavam lá com
QI normal, no entanto, no decorrer do tempo aquelas crianças tinham um QI
rebaixado para a classe de seriamente retardados.
Skeel pegou um grupo de 12 meninas para desenvolver seu estudo,
uma parte delas levou para outro lado da cidade e deixou-as em companhia
de algumas adolescentes retardadas, que adoravam Ter alguém para cuidar,
para brincar. O envolvimento foi tão grande, que no final de cada dia as
crianças não queriam voltar para o orfanato.
Resultado final, das crianças do grupo que ficaram no orfanato o tempo
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
23
todo estão em estado psicótico em uma outra instituição ou gravemente
retardadas num hospital do governo. No entanto, o grupo que foi cuidado pela
meninas, com exceção de uma, todas se formaram no ginásio, todas se
casaram, nenhuma vive às custas da assistência social e todas se sustentam.
Tudo por causa de uma única variável, o afeto que receberam de alguém, a
importância que tinham para uma pessoa que sofria de um retardamento
mental, mas ainda assim a amavam.
Além dessa pesquisa, Buscaglia cita no seu livro a experiência de Ellis
Page:
“que fez um excelente estudo sobre o
afeto, quando pegou sua turma e a dividiu em três
grupos, A, B, C . Em cada trabalho do grupo A,
ele só deu uma nota. Lembre-se de que quando
vocês escreviam aqueles trabalhos maravilhosos,
que eram um pedaço de vocês, e depois viam
que o recebiam só com uma nota neles? Um A,
um B, um C, ou um D, um F ? não tinha
significado. Você procura em algum lugar uma
manchinha de macarrão ou talvez onde se
derramou o café, de modo que possa ver que o
cara tivesse lido mesmo. O grupo B ele deu uma
nota e uma palavra, como : bom, ótimo,
excelente, bom trabalho. No grupo C ele parou e
escreveu uma carta a cada um dizendo: “Caro
Joãozinho: A sua sintaxe é atroz. Sua gramática é
inacreditável. Sua ortografia nem existe e sua
pontuação parece a de James Joyce. Mas sabe,
ontem estava sentado na cama, conversando
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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com minha mulher, e disse: “Sally, ele tem idéias
lindas nesse trabalho. E vou realmente procurar
ajudá-lo a desenvolvê-las, cordialmente o
professor. “E quando alguém fazia alguma coisa
realmente boa ele escrevia: “O brigado. Você está
sempre me surpreendendo. Um trabalho tão bom,
com tantas boas idéias. Guarde-o mal posso
esperar para ver o que você vai dizer depois.” E,
então, ele fez uma pesquisa – estatística. O grupo
A, permaneceu na mesma. O grupo B, ficou
estacionário e o grupo C cresceu e se
desenvolve” ( p: 49)
Com estas duas pesquisas podemos observar de forma clara o que
pode o afeto influenciar na atividade intelectual.
É lógico que existem estruturas que vão formar-se independente do
afeto, porém pode levar muito mais tempo do que levaria caso houvesse
interesse sobre tal assunto, pois não devemos esquecer que a aprendizagem
deve ser instigante
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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CAPÍTULO III
“ A ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA”
“No principio era o jardineiro. E o jardineiro criou
as rosas. E tendo criado as rosas, criou a chácara
e o jardim, com todas as coisas que nele vivem
para a glória e contemplação das rosas”.
Machado de Assis
Não podemos deixar de discutir sobre os atores principais da
educação, o aluno, o professor e a presença do especialista
psicopedagógico.
Primeiro é preciso entender as particularidades de cada aluno, o que
lhe é peculiar e só a ele pertence e o que pode ser comum e vivido por todos
alunos ao mesmo tempo.
O professor precisa saber ouvir, interagir e conhecer cada aluno seu,
não apenas chamá-lo pelo nome, mas conhecer sua história de vida, suas
carências, suas dificuldades e também suas potencialidades e habilidades,
para que estas possam ser trabalhadas e desenvolvidas da melhor maneira
possível, visando instigar o aluno com assuntos do seu interesse e ao mesmo
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
26
tempo trabalhando com o desenvolvimento das habilidades mais carentes.
Quando o aluno não aprende é necessário que o professor busca a
causa, e não rotule o aluno por burro, desinteressado ou outro adjetivo
qualquer, pois o aluno pode estar passando por dificuldades e não sabe como
pedir ajudar, no entanto cabe ao professor entender essa linguagem corporal
do aluno, pela qual ele pede ajuda. O professor trabalha com a educação, ou
seja, trabalha com a formação de seres humanos, então não pode esquecer-
se nunca da sensibilidade que reveste o humano, que não consegue se
dissociar e ora ser aluno, ora ser filho, ora ser neto e assim por diante. Não
podemos reduzir o educando a um único momento.
“ O aluno tratado com respeito, tendo valorizada sua história de vida,
sente-se amado, querido na escola em que estuda.” (Chalita; 2001, 161.).
Desta forma produzirá muito mais e se sentirá mais envolvido com a
aprendizagem. Para isso a LDB tornou-se flexível quanto ao seu currículo,
exigindo apenas o mínimo e o restante das disciplinas podem ser trabalhadas
de acordo com a região de cada instituição, de acordo com a história, com a
cultura, com interesses demonstrados pelos alunos, podendo trabalhar com os
currículos transversais e oculto.
Se o aluno é o sujeito da educação, por outro lado quem faz esse
sujeito acontecer, a aprender é o professor, pois este é a peça principal na
hora do ensino, não adianta recursos como livro, informática, pesquisas se
não houver a figura do professor, dinâmica, viva, audaz, apaixonada, vibrante
a cada conquista, instigante.
O professor tem que ter em mente como a criança aprende. Como
disse Frederick Molfett,(1987) que a criança aprende, captando as
habilidades pelos dedos das mãos e dos pés, para dentro de si. Absorvendo
hábitos e atitudes dos que a rodeiam, empurrando e puxando o seu próprio
mundo. Assim a criança aprende, mais pela experiência do que por erro, mais
por prazer do que pelo sofrimento, mais pela experiência do que pela
sugestão e a dissertação e mais por sugestão do que por direção. E assim
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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a criança aprende pela afeição, pelo amor, pela paciência, pela
compreensão, por pertencer por fazer e por ser. Dia a dia a criança passa, a
saber, um pouco do que você sabe, um pouco do que você pensa e entende.
Aquilo que você sonha e crê, na verdade o que esta criança está se
tornando. Se você percebe confusa ou claramente, se pensa nebulosa ou
agudamente, se acredita tola ou sabiamente, se sonha sonhos sem graça,
adoro isso, ou dourados, se você mente ou diz a verdade, é assim que a
criança aprende.
Cada vez que nós, educadores, compreendemos essa construção da
aprendizagem, com certeza alcançaremos um grau muito maior na construção
do ser humano.
O professor deve ter em mente que ele para o educando é como
espelho, onde o educando tenta ser igual vendo-se face a face.
É toda essa sensibilidade que faz com que o aluno se dedique mais, se
interesse mais, ame mais, sinta-se mais envolvido e mais amado, porém se o
professor não viver todo esse sentimento não terá como demonstrar, não terá
como conseguir que o aluno seja feliz sem demonstrar afeto, e para conseguir
esse envolvimento é preciso que se envolva, que senta para que possa dar o
que tem de melhor em si, pois ninguém não dá o que não tem.
O professor precisa ser crente em si mesmo e em sua própria missão,
precisa saber onde quer chegar com seus alunos, o que quer ajuda-los a
construir e descobrir, ou seja, precisa ter claros seus objetivos e suas metas,
podendo ser ajudado pelos alunos para estabelecerem o que querem juntos,
assim agradando a todos e a aprendizagem será uma via de mão dupla, pois
haverá uma troca de conhecimentos e experiências entre o professor e o
aluno, que deixará de ser receptor de conhecimento para ser construtor e o
professor deixará de ser o depositante de conhecimento para ser o guia, o
facilitador.
Por último, destacamos o psicopedagogo, que tem importância
fundamental dentro de uma escola e de extremo dever o mesmo, gerir tudo
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
28
que acontece dentro da instituição, solucionar problemas, ser participativo e
ativo no que se refere aos alunos e também à realidade onde a escola está
situada, desvencilhando eventuais problemas de distúrbios de aprendizagem
e dificuldades gerais dos educandos.
Também nessa relação cabe o diálogo que deve ser incentivado dentro
e fora dos horários escolares, vale ouvir, falar, construir idéias juntos e
também executa-las, pois um projeto para dar certo é preciso engajamento de
todos.
Outro papel do psicopedagogo é envolver-se com as classes e faze-las
envolver-se com os projetos psicopedagógicos da escola, dessa forma
haverá um ganho significativo para ambas às partes, que poderão
desenvolver juntos para, no entanto descobrir de fato a realidade de cada
aluno, visando ocupar os educandos em horários vagos.
No livro “Falemos de sentimentos” de Moreno (1999), há métodos
interessantes de como ensinar educandos a falarem sobre o que sentem, às
vezes em forma de respostas verbais, outras escritas e/ou desenhadas.
Com o método do livro discuti-se sensação de alegria e tristeza, mais
pode ampliar-se para raiva, medo entre tantos outros sentimentos que
existem.
Ao lermos o livro podemos acompanhar o desenvolvimento dos alunos
em relação a demonstrar os sentimentos que antes eram confusos ou claros
para o próprio aluno, mais que não conseguiam passar e transmitir o que
sentiam, achando que estava claro para todos como para si mesmo.
Ensinar o educando a demonstrar sentimentos é crucial para quem tem
objetivo de trabalhar com a afetividade, pois desta forma torna-se possível
reconhecer as necessidades que tem, como também saber o que agrada ou
não.
Construir a afetividade então passará a ser uma via de mão dupla, na
qual o próprio educando ajudará o professor a desenvolver-se profissional e
pessoalmente, pois a partir do momento em que o professor estiver ensinado
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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o aluno a demonstrar seus sentimentos, também estará aprendendo a
reconhecer os seus, bem como estará envolvendo-se muito mais com seus
alunos.
Antônio Leal (1982), no livro “ Fala Maria favela” narra sua história em
uma escola, especificamente em uma turma especial que possuía problemas
com aprendizagem. Ele criou um método que as próprias crianças ajudaram a
construir, com a linguagem e o conhecimento local.
Ele não deu ouvido aos “possíveis racionais” (já que o chamavam de
louco) e seguiu o seu desejo e seu sentimento. Ouviu os meninos, recebeu
telefonemas nas madrugadas, abrigou da noite que iria dormir ao relento,
amou, dedicou-se, apaixonou-se e mais que tudo acreditou.
O resultado?
“... o resultado do meu trabalho não foi
nenhum milagre, dos 26 alunos, que
começaram na turma III, nove não tiveram
freqüência e evadiram , três não
conseguiram avanços notáveis ao nível da
alfabetização, três ficaram preparados para
a alfabetização e só não conseguiram
alfabetizar-se porque o “estalo” só deu no
mês de novembro, 11 se alfabetizaram.”(
Leal ,1982.p.100 )
O sentimento que tinha com aqueles alunos era tão infindáveis e o amor
que tinha pelo trabalho, não sei se era maior, mais não foi perceber onde um
terminava e o outro começava... Quando ele narra esse fato de estar no final
do ano letivo e o aluno Clodoaldo, que até então não havia conseguido ler,
começou a ler uma frase desconhecida que ele havia escrito no quadro.
Quando isso aconteceu o professor Leal mostrou para turma, chorando, que o
Clodoaldo estava lendo.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
30
A observação que deve ser ressaltada neste fato é que é possível
alcançar resultados excepcionais quando acredita-se e quando trabalha-se
com paixão, que é a mola propulsora que move o homem em busca de seus
desejos e sonhos.
Então quando for preparar quaisquer que seja o trabalho,
principalmente, se este envolver o ser humano, prepare-o como gostaria que
fosse para ti, envolva-se e permita que o outro envolva-se também sentindo-se
valorizado, respeitado e amado.
É claro que não há a pretensão de que haja envolvimento
igualitariamente por todos, pois é normal que o ser humano identifique-se
muito mais com uns do que com outros, porém não há motivos para usar
diferenças ou, pior ainda, indiferença no tratamento.
Enfim construa e faça, mais lembre-se que o sentimento que envolver
no seu trabalho fará os frutos germinarem. Se descrença e desafeto, então
frutos descrentes e cheios de desamor, se esperança e afeto, então gerará
frutos esperançosos, crentes e cheios de amor, prontos para lutarem pelo que
acreditam.
Quanto maior o sentimento envolvido, maior será o resultado
alcançado, na mesma proporção do que sentiu. Se mau ou bom, cabe a você
escolher o resultado da sua ação.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
31
CONCLUSÃO
Ao começarmos uma pesquisa criamos uma expectativa muito grande,
primeiramente porque escolhemos um tema que despertou agradável satisfação
e depois pela ânsia da descoberta que nos cercava cada vez que descobrimos
algo novo.
É como se voltássemos ao início da descoberta do conhecimento. Cada
texto novo, cada livro ou autor. Cada ato alheio parece estar ligado ao que
queremos. E o que antes parecia obscuro começou a tornar-se evidente como
fonte fundamentalmente instigante e necessária ao nosso conhecimento.
Ansiamos pelo resultado final do nosso próprio trabalho. A pesquisa
passou de uma simples ciência cognitiva para adentrar na área dos sentimentos
pelo qual todo ser humano é movido e o seu desenvolvimento deu-se mútua e
paralelamente, ou seja, enquanto vamos descobrindo e aprendendo, vamos nos
aperfeiçoando, nos envolvendo, motivando a conquistar tal conhecimento.
Pudemos constatar que o desenvolvimento do conhecimento acontece
integradamente ao desenvolvimento afetivo, de tal forma que não há como dizer a
origem de um sem que perceba-se a origem do outro. A afetividade pode não ser
a única fonte de aprendizagem, mais como foi defendido no presente trabalho,
existem três pilares que são partes integrantes da educação: o cognitivo, o social
e o emocional. Desta forma podemos entender que a educação só será
equilibrada e eficiente se estiver sustentada nessas bases.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
32
Vale salientar a importância do pilar afetivo (emocional) porque o cognitivo
sempre foi trabalhado, estudado, pesquisado, mais nas salas de aula nunca foi
dada a devida importância ao lado emocional do ser humano, como se fosse
possível dissocia-lo em uma parte racional e outra emocional.
Hoje a nossa LDB já visa o pilar social, reconhecendo a importância do
conteúdo a ser ensinado, dando liberdade à instituição para montar seu próprio
currículo de acordo com a realidade existente em cada local na qual está inserida
e desta forma valorizando a cultura, as crenças e valores, ou seja, o social.
A afetividade é um tema antigo, mais parece que somente agora está
tomando corpo e sendo estudado e discutido com relação às escolas. Talvez
seja pelo fato das mudanças da nossa realidade e da realidade global, em que o
homem é produto do meio e está sendo educado mais para o livre consumo,
para o individualismo, a competitividade, a falta de respeito ao próximo.
Toda liberdade que foi dada agora gera “monstros” que não conhecem
limite, nem respeito, nem carinho, nem atenção, pois pais (ou outro responsável
qualquer), amigos, vizinhos ou mesmo desconhecidos estão sacrificando o bem
querer com o fornecer.
A educação grita por socorro, por resgate, por amor...
É bom lembrar a quem trabalha com a educação que o afeto influencia a
aprendizagem e que o afeto não é só amor, pois, como tivemos oportunidade de
demonstrar, afetar alguém significa marcar, atingir e pode afetar-se para o bem
como para o mal, ou seja, da mesma forma em que é possível fazer alguém se
desenvolver e crescer, digo o homem como um todo, com afeto (carinho) também
é possível fazer o homem regredir e traumatizar-se com o afeto (descaso).
Não podemos esquecermos de falar sobre a possibilidade de compor um
acompanhamento psicopedagógico, também pautado em sentimentos.
As vezes parece difícil: Como montar um acompanhamento
psicopedagógico inserido nele a afetividade? Basta ter em mente a estrutura do
ser humano, que é composta pelo aspecto racional, biológico, “psicológico” e
social.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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Partindo desse princípio deve se proporcionar condições para que todos
os aspectos sejam desenvolvidos em equilíbrio e quando trabalha-se com a
afetividade, a chance de alcança-lo é muito maior.
Temos que elaborar métodos em que os educandos aprendam a trabalhar
com os seus sentimentos e reconhecê-los, para que, então, possam expressar
clara e objetivamente as suas alegrias, tristezas, medos, raiva e necessidades.
Quando a comunicação é eficiente e presente os meios para a resolução
de problemas são encontrados muito mais rápido, pois a própria pessoa, seja
ela o educando, o professor ou o psicopedagogo que está precisando de ajuda
estará apontando as direções.
Precisamos ensinar os alunos a falar de seus sentimentos para que de tal
forma possamos reconhece-los e ajuda-los e mais que isso precisamos nos
permitir amar para que possamos criticá-los e elogia-los com a mesma
importância sem que haja um mínimo de sentido pejorativo.
Podemos, pois, afirmar que onde os sentimentos, a emoção se faz
presente, sem véus ou camuflagens, é possível educar dizendo sim e dizendo não
com o mesmo amor.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
35
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BUSCAGLIA, Leo. Vivendo, Amando e Aprendendo. Rio de Janeiro: Ed
Record,1995.
CHALITA, Gabriel. Educação: A solução esta no Afeto. São Paulo: Ed.
Gente,2001.
FERREIRA, Roberto Martins. Sociologia e Educação.São Paulo: Ed. Moderna,
1993.
FREIRE, Paulo. Pedagogia na Autonomia: Saberes necessários á prática
educativa. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 1996.
LEAL,Antônio.Fala Maria Favela: Uma expectativa criativa em alfabetização.
Rio de Janeiro: Ed. S.n, 1982.
MANNING, Sidney. O desenvolvimento da criança e do adolescente. São
Paulo: Ed.Cultrix, 1977.
MORENO, Monserrat et al. Falemos em Sentimentos: A afetividade como um
tema transversal. São Paulo: Ed. Moderna, 1999.
PIAGET, Jean. Psicologia da inteligência. 2ª ed. Ed. Ática. São Paulo,1967.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
36
PILLETTI, Nelson; PILLETTI, Claudino. História da educação. São Paulo:Ed.
Ática, 1990.
VISCA, Jorge. Psicopedagogia: Novas contribuições. Rio de Janeiro: Ed.
Nova Fronteira, 1991.
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I 10
REFLETINDO SOBRE O MUNDO
1.1 – Os exessos 12
1.2 – As carências 15
CAPÍTULO II 17
OS PILARES DA EDUCAÇÂO
2.1- Cognitivo 17
2.2- Social 18
2.3- Emocional 20
CAPÍTULO III 25
A ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA
CONCLUSÃO 31
ANEXO 34
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 35
ÍNDICE 36
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes
Título da Monografia: A Afetividade: Pilar do Saber na Educação Básica numa
Abordagem Psicopedagógica.
Autor: Giselle José de Souza
Data da entrega: 25/01/2005
Avaliado por: Conceito: