38
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A AFETIVIDADE : PILAR DO SABER NA EDUCAÇÂO BÁSICA NUMA ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA Por: Giselle José de Souza Orientador Prof. Fabiane Muniz Rio de Janeiro

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … JOSÉ DE SOUZA.pdf · Por isso, apesar de toda a informação e evolução, os seres humanos estão perdidos, procurando respostas

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A AFETIVIDADE : PILAR DO SABER NA EDUCAÇÂO BÁSICA

NUMA ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA

Por: Giselle José de Souza

Orientador

Prof. Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

2

2005

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A AFETIVIDADE: PILAR DO SABER NA EDUCAÇÂO BÁSICA

NUMA ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como condição prévia para a conclusão do

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”

Psicopedagogia.São os objetivos da monografia

perante o curso e não os objetivos do aluno

Por: . Giselle J.Souza.

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

3

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus, por me ajudar e

comandar a minha vida.

Em segundo lugar aos meus pais e

minha irmã por me ajudarem e

compreenderem os meus difíceis

momentos.

Ao meu noivo, por todo apoio e carinho

prestado durante toda essa jornada.

Agradeço também aos meus amigos e

familiares por toda força prestada.

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

4

DEDICATÓRIA

... Dedico aos meus pais, minha irmã e ao

meu noivo.

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

5

RESUMO

O tema tem por finalidade e objetivo, mostrar que a afetividade é de

extrema importância que seja inserida no contexto escolar, pois, o papel que a

mesma desempenha no processo educativo tem a função equivalente ao grau de

necessidade que as disciplinas escolares.

A afetividade em comunhão com a psicopedagogia vem nesta pesquisa,

ressaltar que a mesma deve ser traga para as instituições e serem trabalhadas

mostrando aos educadores e educandos que através da troca recíproca de

sentimentos, podemos alcançar resultados positivos em curto prazo, pois,

utilizando o caminho da afetividade evitamos a possibilidade de uma possível

ruim relação entre professor x aluno.

O trabalho com a afetividade será mais compensador, pois à medida que

agimos com amor podemos descobrir as necessidades e dificuldades dos

outros, buscando assim uma maneira de encontrar a solução onde todos irão se

sentir bem.

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

6

METODOLOGIA

Este trabalho foi desenvolvido, através de pesquisas bibliográficas a fim

de ampliar os estudos e os conhecimentos fornecidos.

Dentro do processo educativo, a pesquisa bibliográfica desempenha um

importante papel, e se torna fundamental em qualquer trabalho monográfico.

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................. 08

CAPÍTULO I - REFLETINDO SOBRE O MUNDO.............................10

CAPÍTULO II - OS PILARES DA EDUCAÇÂO...................................17

CAPÍTULO III – A ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA...................25

CONCLUSÃO.....................................................................................31

ANEXO...............................................................................................34

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.........................................................35

ÍNDICE...............................................................................................36

FOLHA DE AVALIAÇÃO....................................................................37

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

8

INTRODUÇÃO

O tema abordado neste trabalho, “A AFETIVIDADE: PILAR DO SABER

NA EDUCAÇÃO BÁSICA NUMA ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA”, já foi

palco de muitas discussões, embora nunca tenha sido esgotado, pois ainda

percebemos a ignorância quando se fala da inserção da afetividade na

construção do projeto pedagógico.

Hoje, na era da informação, percebemos que não basta informar, pois os

meios de comunicação já o fazem muito bem, mas para Ter uma educação

completa como se faz necessária, é preciso educar o ser humano num todo, sem

que haja possibilidade de dissociá-lo em dois seres, racional e o emocional, pois

o ser humano é complexo e inteiro.

A escolha desse tema para pesquisa foi baseada na crença sobre a

afetividade como um dos pilares básicos da aprendizagem, uma vez que o ser

humano é inteiro e se for bem trabalhado e desenvolvido emocionalmente, logo

também estará se desenvolvendo cognitivamente .

A relação entre o saber aprender e saber sentir está entrelaçada de tal

forma que não há desenvolvimento de um sem que haja o do outro, pois o

aprender parte do interesse, da vontade e do gosto do se aprendente, que muitas

vezes está neste processo por desejo próprio ou para agradar a quem gosta.

Seja de uma forma ou de outra, ambas funcionam como estímulo de uma vontade

que partiu do sentimento, do desejo e da vontade .

Esta pesquisa tem o objetivo de discutir o lugar da afetividade como pilar

fundamental na construção do saber e do ser como um todo e, ainda, pretende

apresentar a eficácia de uma abordagem psicopedagógica na inserção da

afetividade na educação básica, mostrando assim a afetividade sendo base de

todo o trabalho desenvolvido, tanto em nível das relações entre professor \ aluno,

como também em nível global da instituição de ensino, tocando no ponto de

grande importância que é o desempenho escolar dos educandos.

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

9

A hipótese do trabalho busca a comprovação de que a afetividade é um

pilar e parte fundamental na educação, sem a qual o ser humano não se

desenvolve num todo. Desta forma podemos dizer que não há processo de

aprendizagem eficaz que não passe pelo caminho da sensibilidade e emoção,

que não seja repleto de envolvimento e dedicação proveniente de todas as partes

atuantes na educação, seja o educador ou o educando. Dessa forma, o processo

de ensino-aprendizagem, torna-se muito mais dinâmico, interessante e

investigador quando o relacionamento afetivo está inserido na prática didático-

pedagógica.

O método de pesquisa utilizado foi o bibliográfico, que é fundamental em

todo e qualquer trabalho de monografia.

Para embasamento teórico foi necessário estudar as propostas de

Chalita, no livro Educação: a solução está no afeto, como também as teorias de

Wallon, Piaget e Freire, entre outros que trabalham como desenvolvimento

cognitivo do homem sem fragmentá-lo, ou seja, acreditam no homem que precisa

ser educado num todo, tanto nos aspectos racional, como no emocional de forma

integrada, onde não há desenvolvimento de um sem que haja o do outro.

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

10

CAPÍTULO I

REFLETINDO O MUNDO

“Toda vida humana, por mais religiosa que seja, se não diante dos olhos o fim para o qual nasceu, é navio sem norte, é cego sem guia, é dia sem sol, é noite sem estrelas, é república sem lei, é labirinto sem fio, é armada sem farol, é exercito sem bandeira, enfim, é vontade ás escuras, sem luz de entendimento, que lhe mostre o mal e o bem, e lhe dite o que há de querer, ou do que fugir”.

Pe.Antônio Vieira.

1.1– Os excessos

Falar, avaliar o mundo parece fácil já que estamos na era da informação,

na qual todos tem acesso a tudo. O que acontece do outro lado do mundo há

muito tempo deixou de ser segredo, deixou de ser mistério neste mundo

globalizado em que as fronteiras foram extintas, e as culturas estão

generalizando-se.

O Ocidente já não é tão diferente do Oriente. Nestes últimos cem anos a

tecnologia evoluiu mais do que nos dois mil anos atrás. Culturas foram

modificadas, paradigmas quebrados, valores invertidos, enfim tudo mudou e

todos foram atingidos pelas mudanças. Já não existe um índio no Brasil que

deseje ser “índio”, preservando sua cultura. Para ter certeza é só perguntar aos

pequeninos o que desejam ser quando crescer e as respostas que ouviremos,

com certeza, não serão cacique ou pajé, mas advogado, médico, analistas, entre

outros.

Nesta era da informação, era da mudança, alcançamos coisas que há

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

11

alguns anos atrás diria-se impossível. Podemos saber, quase que na velocidade

de um piscar de olhos, o que acontece do outro lado do mundo, podemos

conversar com quem conhecemos e quem nunca vimos antes, podemos querer e

Ter produtos que antes não tínhamos acesso, pois importar fazia-se caro demais

e, além disso, não tínhamos se quer conhecimento sobre tais produtos.

Também as famílias mudaram. O pai já não é responsável por manter a

casa financeiramente, enquanto a mãe cuidava dos afazeres domésticos e se

responsabilizava pela educação dos filhos.

Estamos num tempo em que o “ter” tornou-se crucial para todos e em

busca desse ter, as mulheres reivindicaram seu direitos, sua independência,

liberdade.

Hoje a responsabilidade do lar é do pai e da mãe, ambos trabalham fora

para que a vida possa ter um pouco mais de conforto, para que os filhos possam

estudar em bons colégios e para que possam usar roupa de grife. A mulher já

pode comprar um novo corpo se não está satisfeita com o seu. É tão fácil quanto

comprar um quilo de carne...quanto fica, quero 200 ml de silicone no seio, quero

tirar 03 quilos de gordura dos culotes... Quanto fica doutor?

A comunicação está ágil, um e-mail atravessa o mundo em questões de

segundos, uma encomenda chega à outra cidade no dia seguinte pela manhã do

pedido, temos notícia em tempo real sobre o que está acontecendo no mundo, os

países fazem acordos entre si, estreitando as fronteiras, os mercados já (quase)

não possuem diferenças em seus produtos, pois o que podemos comprar aqui no

Rio de Janeiro, podemos comprar no Japão. Tudo isso tornou-se condição da

vida humana.

As novas estruturas familiares, os novos valores e as compensações, tudo

vem mudando o mundo e sua cultura.

A televisão educa para o consumismo, com suas propagandas atraentes,

além de passar todos os valores do modismo, que interessa apenas a quem

vende e a quem vê, que não sabe mais estabelecer limites entre o ser e o ter,

uma vez que o ser é medido pelo ter.

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

12

1.2- As carências

Parece que todas as vezes que discutimos sobre os excessos faz-se

primordial e essencial falarmos de carência, pois onde existe excesso, em outro

lugar ou em outros aspectos haverá carência.

Pensamos sobre os excessos do mundo, as mudanças de estrutura

mundial, de valores, de informação, de tudo que nos leva a um mundo

consumista, no qual a imagem, o ter e o poder valem muito mais que ser, vale

muito mais que saber, do que o entender e o poder são medidos pela

capacidade de adquirir.

Deixamos nossos filhos em casa para serem criados pelo acaso e pelo

descaso, trocamos a atenção o carinho, o diálogo, o afeto, o toque, pelo dinheiro,

como se este pudesse comprar tudo o que o ser humano necessita.

O dinheiro pode comprar tudo que o ser vivo precisa, no entanto não pode

comprar tudo que o ser humano precisa, pois o ser humano é singular e

complexo, é sentimental, é essencial, é mágico e é pleno. O ser humano é único

na sua plenitude.

Falar em plenitude é falar de um ser que é completo, que é cheio, que é

perfeito, mas que precisa crescer, precisa aprender e ser educado nessa

plenitude, com consciência de toda essa essência humana.

Assim, com desenvolvimento da humanidade tudo parece que ficou mais

fácil, como, por exemplo, deixar o filho sozinho para trabalhar, deixar os pais na

velhice sozinhos para se divertir, pois tudo está sendo compensado pelo dinheiro,

pelo ter, que é o motivo pelo qual todos lutam.

Ter carro do ano, ter casa grande, ter dinheiro para viver bem, com

conforto. Estes sonhos seriam muito fáceis de realizar se o ser humano fosse

apenas composto pelo ter.

As pessoas esqueceram o que é conversar, o que é se dedicar ao outro, o

que é educação, o que é amor. Elas não conseguem mais ensinar o amor, pois

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

13

elas não sabem amar nem aos outros e nem a si mesmas.

Por isso, apesar de toda a informação e evolução, os seres humanos

estão perdidos, procurando respostas para resolver os problemas da atualidade,

seja de ordem profissional, familiar e\ ou emocional.

A humanidade está perdida mesmo diante da era da informação, pois não

sabem como criar os filhos, respeitar os pais, como serem éticos diante de um

mundo a-ético, e mais que serem éticos, ensinarem essa ética, com todos os

seus valores sobre o certo e o errado, dando o exemplo e servindo de espelho.

Hoje, o mundo muda rapidamente e essa rapidez não tem ajudado ao ser

humano a resolver seus problemas emocionais. A vida de uma família se

transformou com a mudança para essa nova era, a era do mundo globalizado, e

isso não ajudou a essa família a resolver seus problemas afetivos. A família não

tem mais tempo de dedicar-se um ao outro. Mudaram os valores, os contatos

afetivos são cada vez mais raros.

A educação parece que foi perdendo-se dentro da família, que muitas

vezes tenta transferir essa obrigação para a instituição de ensino. E mais que a

educação, também foi perdendo-se os laços afetivos, o diálogo, a essência do

ser humano, a capacidade de poder se relacionar, de racionalizar, de gostar, de

viver socialmente.

O dinheiro foi tomando conta de tudo e parecia que tudo podia, porém o

consumismo antes citado começa a gerar insatisfação, os valores que perderam-

se começam a ser cobrados pelos filhos aos pais e a todos que estão envolvidos

com o processo de construção do “outro”, então, na era da informação o homem

percebe que o produto não é o mais importante, mas sim o sujeito, o homem em

si, que perdeu a noção do verdadeiro sentido da humanidade, em que sua

complexidade não se restringe apenas ao ter, mas ao viver com o outro, com os

sentimentos, valores, éticas e estéticas, tudo envolvido de muita sensibilidade e

afetividade.

“Eis a família e sua difícil tarefa. A convivência diária pode ser penosa. E

preciso amor”.(Chalita, 2001:25) e parece que este é um assunto que mais

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

14

assusta a família.

_Como dar este amor que é necessário?

_Como ser criativo diante da falta de tempo para dedicar-se, atendendo

ás necessidades de todos os membros da família que se cobram

reciprocamente?

A criança quer atenção, o jovem quer conversar, o idoso quer ser

valorizado, mas parece difícil encontrar um caminho, quando na verdade seria o

mais barato, o mais simples, o mais eficiente, que é o caminho do afeto, do

amor. Mas amar requer entrega, doação e as pessoas não possuem mais tempo

para isso, preferem pagar para que outros cumpram o papel que seria seu, como

seu dinheiro pudesse comprar tudo, salvar tudo.

Devemos sempre levar em conta todas as questões sobre o mundo, como

o trabalho, escravidão, liberdade, educação, vontade de viver e a essência da

vida.

O trabalho deve ser movido da alegria, de produzir algo que beneficiará a

alguém, que deve ser escolha e não falta de opção, porém não tem preparado

homens para sonhar, mas para o mercado de trabalho cruel, que vem mudando

rapidamente e nunca é alcançado pela educação, ou seja, chega em um

determinado momento que o homem não tem como mudar frente à modernidade

e a globalização e a sua educação é influenciada por esta situação.

A educação deve construir o homem para a visão global, focando não um

mercado de trabalho, mas trabalhar e desenvolver todo o lado humano,

despertando competência e habilidades, ajudando-o a se desenvolver também

habilidades emocionais, pois o homem não pode ser desfragmentado, assim

como a educação também.

“A educação não pode ser reducionista em nenhum aspecto; deve ser ampla, na direção da formação de seres humanos completos, críticos e participativos, na direção da construção da cidadania”.

(Chalita,2001:58)

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

15

Educar para o trabalho é essencial, mas não é o único objetivo, mas sim

educar o homem para o trabalho e para o mundo, para que possa ter consciência

de seus direitos e deveres, participando ativamente da sociedade em que vive,

ajudando-o a transformá-la.

Hoje percebemos muitas e muitas pessoas cometendo crimes bárbaros

porque não tiveram a chance de Ter boa educação, mas diz Chalita (2001),

também há pessoas que tiveram ótimas oportunidades para a construção do

conhecimento e que cometem atrocidades incríveis. Neste caso, o que faltou não

foi acesso á educação e nem meios materiais, mas faltou afeto, sensibilidade.

Como já discutimos anteriormente o papel da família que se exime da culpa e

da responsabilidade de educar os filhos achando que pode comprar essa

educação, empurrando toda a responsabilidade para a escola.

A liberdade é outra característica fundamental do ser humano, que é

composta por vontades, desejos, sonhos, escolhas, porém, hoje nossa liberdade

é castrada, pois sempre há alguém com a poder-dominação, que nos impede de

vivermos a nossa própria liberdade, as nossas próprias escolhas.

Quantas vezes já se viu abrindo mão de um desejo porque te levaria a

perder um emprego, ou fazendo coisas contra sua vontade porque não podia

decepcionar o outro (o dono do poder)? E assim vivemos, castrando nossos

sonhos e ensinando que “manda quem pode e obedece quem tem juízo”.

A educação não pode permitir isso, mas deve ensinar a alimentar sonhos,

a lutar por seus desejos e ainda oferecer armas para essa luta, que muitas vezes

se faz desigual não só pelo poder aquisitivo, mas pela falta de informação, de

consciência dos direitos humanos e falta de horizontes.

Atualmente ainda percebemos muitas instituições de ensino que só

reproduzem o sistema capitalista e seus objetivos materiais, no qual existe uma

maioria que decide e uma maioria que cumpre e desta forma é que nos tornamos

escravos.

A solução para a vida, a sua essência está no amor, no “viver com

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

16

intensidade”.

Viver cada momento. Amar. Amar ao outro, amar a si mesmo. Demonstrar esse

amor com gestos de afeto, de entrega, de partilha. A vida perde o sentido se

não é entusiasmada, animada por uma paixão” (Chalita, 2001:87 ), porque o

ser humano é movido por paixões, e por elas é capaz de lutar, de cometer

loucuras e sentir-se vivo.

Quantas crianças e adolescente fogem de casa hoje em dia? Para essa

pergunta há um número infindável de pessoas, no entanto a resposta não é pela

pobreza ou pela falta de oportunidade, mas pela falta de compreensão, pela falta

de afeto e de amor.

Não há como não citar a observação de um senhor na sala de espera de

um hospital, que dizia que a educação parece perdida, uma vez que os pais

estão isentados de tal responsabilidade e jogando para cima da escola. E que os

“meninos de rua” do Centro do Rio parecem todos gatinhos, que ficam se

esfregando nele, quando ele passa e afaga a cabeça de cada um deles.

Ele ainda dizia que quando parava para conversar com aquelas crianças,

a única coisa de que elas reclamavam era a falta de carinho e os maus tratos que

sofriam enquanto moravam com os pais.

“Parece existir um estreito paralelismo entre o desenvolvimento afetivo e o intelectual, com este último determinando as formas de cada etapa da afetividade, mas o que se observa no dia-dia é que a afetividade é a base sobre a qual se constrói o conhecimento racional, social e emocional”. Piaget,1971:62)

Será que algumas vezes já paramos para conversar com essas crianças

ou simplesmente sentimos medo pelo “produto” que nós mesmos criamos?

Não podemos considerar essa nossa realidade como culpa do Governo

ou dos pais que não cuidam bem dos filhos que geram, mas essa é uma

responsabilidade conjunta, na qual todos contribuem de forma direta ou

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

17

indiretamente. Seja pelo desprezo, seja pela omissão.

CAPÍTULO II

OS PILARES DA EDUCAÇÂO

“O mais importante na construção do homem,

não é instruí- lo haverá algum interesse em fazer

dele um livro que caminha? -, mas educá- lo até

aqueles patamares onde o que liga as coisas já

não são as coisas, mas os rostos nascidos dos

laços divinos”.

Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944)

2.1-Cognitivo

A habilidade cognitiva é o lado lógico e racional da aprendizagem, que

medido pela capacidade que o ser humano possui em absorver, reter e

transmitir o que lhes é ensinado, seja de forma institucionalizada ou não.

Todo ser humano aprende, uns de forma mais acelerada outros mais

lentamente, cada um com um ritmo próprio, porém percebe-se o

desenvolvimento cognitivo á medida em que o indivíduo consegue resolver

problemas de seu cotidiano utilizando o que aprendeu, ou seja, a partir do

momento em que consegue fazer uma ponte entre a teoria e a prática.

As instituições educacionais possuem um currículo que é composto por

várias disciplinas que consideram fundamental a qualquer ensino, porém

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

18

estas não podem se bastar na matemática, no português, na história, entre

outras, mas devem pautar-se na educação do homem para a vida em toda a

sua complexidade, por isso faz-se fundamental a inclusão de disciplinas como

a filosofia, artes, educação física, oratória, ética e cidadania, cultura popular,

política e várias outras.

É primordial que o uso das disciplinas não sejam feitos de forma

reducionistas, encerrando-se em si mesmas, pois a interdisciplinalidade deve

existir, já que uma enriquece a outra e estão diretamente ligadas com o saber,

o aprender e com a vida, não havendo necessidade de fragmentar o ensino.

Outro ponto que deve ser discutido é sobre como se deve ensinar, pois

não haverá efetividade no ensino se o mesmo não puder ser aplicado na vida

do educando. Partindo deste principio, o ensino, as disciplinas devem ser

contextualizadas na realidade da sociedade, da comunidade, do grupo e\ ou

do indivíduo.

A importância da habilidade é usá- la para aprender, pois o educador

deve ensinar o aluno a aprender, e não ensinar a matéria em si, mas deve

ajudá-lo a aprender a aprender. Desta forma o conteúdo será apenas o meio

e não o fim em si mesmo.

O fim será a habilidade de construção do conhecimento.

2.2- Social

O segundo pilar da educação é a habilidade social. Esta deve ser

despertada no aluno em todos os momentos de sua vida, já que o ser humano

já nasce em uma sociedade, cercado por valores, costumes e crenças.

Vygotsky nos diz que talvez nosso desenvolvimento não seja tão

universal como diz Piaget, mas que está vinculado ao contexto cultural no qual

estamos inseridos e bastante influenciados por uma instrução formal, ou seja,

embora o conhecimento se construa do interior do sujeito para o meio (

Piaget), também sofre extrema influência do meio social em que cerca a

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

19

criança, pois todos os costumes, hábitos e valores são repassados dos mais

velhos e aprendidos pelos mais novos e vice-versa, mantendo sempre uma

relação de troca de quem aprende com o meio em que vive.

Então um dos objetivos da educação é inserir o indivíduo na sociedade,

de forma que ele possa saber atuar nela e fazer- se peça importante,

exercendo a sua cidadania e convivendo como outro e com as igualdades e

diferenças existentes.

Existem várias formas de fazer a integração do aluno com a

comunidade em que vive, com a família, com o seu par e com a própria

escola. Entre as sugestões, a escola pode criar um coral familiar, incentivar

pesquisas sobre o passado dos alunos ( suas origens), também pode

desenvolver vídeos comunitários entre outros projetos.

“ Não dá para viver com dignidade sem participar da história do outro (

Chalita, 2001:217). Se somos seres sociais, não há como viver sem

participarmos e sem deixar que participem da nossa história. Fazemos parte

de uma mesma época, talvez compartilhamos sonhos iguais e precisamos

aprender a conviver juntos, a fazer nossas histórias acontecerem e ajudarmos

com que outras aconteçam também.

Não há ser humano sem que haja sociedade, sem que haja

solidariedade, respeito mútuo, colaboração, cumplicidade e afeto.

Não há também como desprezar o conhecimento prévio do educando

quando ele chega á escola, pois antes de alcançar a idade certa ou a idade

de ingresso escolar, o indivíduo já passou por várias experiências que o

levaram a aprender muita coisa sobre vários aspectos da vida. Então, todas

as experiências dos educandos devem ser consideradas, até mesmo porque

são elas que ajudaram o aluno a ter mais interesse pelo que está

aprendendo.

Quando o educando é respeitado no que sabe e no que faz, o sentido e

o estímulo para aprender é bem maior e querendo ou não, a sociedade muito

ensina, seja através dos seus valores, seja através dos seus costumes, seja

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

20

através das regras predominantes.

Podemos questionar com quantas horas de entretenimento na frente de

uma televisão uma criança que chega na sala de aula ? Ou seja, podemos

dizer que a criança já ouviu e viu muito sobre o mundo, mesmo que não tenha

sido da maneira mais correta, mesmo que não tenha sido do jeito que os pais

gostariam que a criança fosse educada, mas essa é a nossa realidade e

temos que respeitar esses saberes, para que assim o educando respeite e se

interesse pelo saber que queremos que ele aprenda.

2.3- Emocional

O último e o mais importante pilar da educação sem dúvidas é o afeto,

pois “não é possível desenvolver habilidade cognitiva e a social sem que a

emoção seja trabalhada”. A emoção não é algo que se possa decorar ou

ensinar sem que haja um esforço e uma entrega muito grande por parte do

professor e do aluno. Trabalhar com a emoção é desenvolver o ser humano

para conhecer melhor a si mesmo e ao outro.

Quantos problemas o ser humano enfrenta hoje, que se formos

investigar a causa, descobriremos uma carência afetiva, um desamor, uma

decepção. São tantos os problemas que muitas vezes uma pessoa leva-os

para resto da vida, vivendo em eterna amargura, mau humor. Quando tudo o

que precisa é alguém que lhe dê a mão e a apoie nos momentos difíceis, que

a ampare a faça sentir-se valorizada, amada.

Não existe outro jeito de educar que não seja pelo amor, pois se for pelo

autoritarismo, medo ou severidade, um dia isso passa e deixa de surtir efeito,

mas o amor jamais passa e quem ama quer dar de si o melhor para o outro, e

desta forma o saber, a aprendizagem vai se construindo, onde o professor tenta

oferecer ao aluno tudo que há de melhor em si e o aluno tenta retribuir-lhe dando

o melhor de si, em dedicação, em confiança.

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

21

Embora pareça difícil e não haja fórmula pronta para amar, o livro

“Educação: A solução está no afeto” destaca algumas práticas que podem ser

adotadas para despertar esse sentimento, como por exemplo o diretor fezer uma

reunião com os professores para assistir a filmes que falam sobre esse amor,

como por exemplo “Sociedade dos poetas mortos”, como vários encontros onde

o objetivo seja a troca de experiências, aprender, sentir-se seguro por saber que

o outro professor e o diretor estará ali apoiando.

É muito importante fazer com que o professor sinta-se amado e

valorizado,pode ser presenteando com um livro ou com um simples bilhetinho

elogiando-o por um trabalho, desta forma, pode ser com o prazer de receber

afeto, o professor se abra mais para dar afeto aos alunos.

O aluno precisa de afeto, de atenção, que muitas vezes é negligenciado

pela família.

Não que o professor tenha o dever de suprir as carências familiares do aluno,

mas pode por muitas vezes a ajudar o aluno e até a própria família a enfrentar o

problema pelo qual estão passando, e se for o caso até encaminhá-lo a ajuda

profissional.

No livro Vivendo, amando e aprendendo Buscaglia cita uma frase

de Carl Rogers:

“Sabe que não acredito que alguém jamais tenha

ensinado alguma coisa a outro. Duvido da

eficácia do ensino. A única coisa que sei é que

quem quiser aprender, aprenderá. E talvez o

professor seja um fator que facilite, uma pessoa

que apresenta as coisas e mostra aos outros

como é empolgante e maravilhoso, e os

convidam a provarem”. ( p. 23)

Cabe ao professor instigar o aluno, para que possa despertar o

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

22

interesse sobre determinados temas, pois uma vez que o próprio professor se

sentir desmotivado, não conseguirá incentivar o aluno e despertar nele a

vontade de aprender.

Para que a aprendizagem ocorra de forma mais eficaz e até mesmo

veloz, é necessário que o aprendente sintá-se envolvido com o conteúdo, ou

seja, sinta-se afetado e com necessidade e desejo de aprender o

determinado conteúdo.

Piaget diz que é incontestável que o afeto desempenha um papel

essencial no funcionamento da inteligência e que sem afeto não haveria

interesse, nem necessidade, nem motivação, e, consequentemente, perguntas

ou problemas nunca seriam colocadas e não haveria inteligência, pois a

afetividade é uma condição necessária na constituição da inteligência e ela

pode acelerar ou retardar o processo de acordo com o grau de interesse do

aluno. Daí a fundamental importância de instigar a motivação do aluno.

Dizemos motivação porque ela está intimamente ligada ao afeto, pois

funciona como uma mola que impulsiona a pessoa a realizar determinadas

coisas de acordo com o interesse e necessidade.

O aluno que se sente amado e valorizado tem sua auto-estima

elevada e com isso motiva-se muito mais a descobrir e construir o

conhecimento.

Este fato pode ser comprovado através da pesquisa realizada por

Skeel, na qual estudou um orfanato e percebeu que crianças chegavam lá com

QI normal, no entanto, no decorrer do tempo aquelas crianças tinham um QI

rebaixado para a classe de seriamente retardados.

Skeel pegou um grupo de 12 meninas para desenvolver seu estudo,

uma parte delas levou para outro lado da cidade e deixou-as em companhia

de algumas adolescentes retardadas, que adoravam Ter alguém para cuidar,

para brincar. O envolvimento foi tão grande, que no final de cada dia as

crianças não queriam voltar para o orfanato.

Resultado final, das crianças do grupo que ficaram no orfanato o tempo

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

23

todo estão em estado psicótico em uma outra instituição ou gravemente

retardadas num hospital do governo. No entanto, o grupo que foi cuidado pela

meninas, com exceção de uma, todas se formaram no ginásio, todas se

casaram, nenhuma vive às custas da assistência social e todas se sustentam.

Tudo por causa de uma única variável, o afeto que receberam de alguém, a

importância que tinham para uma pessoa que sofria de um retardamento

mental, mas ainda assim a amavam.

Além dessa pesquisa, Buscaglia cita no seu livro a experiência de Ellis

Page:

“que fez um excelente estudo sobre o

afeto, quando pegou sua turma e a dividiu em três

grupos, A, B, C . Em cada trabalho do grupo A,

ele só deu uma nota. Lembre-se de que quando

vocês escreviam aqueles trabalhos maravilhosos,

que eram um pedaço de vocês, e depois viam

que o recebiam só com uma nota neles? Um A,

um B, um C, ou um D, um F ? não tinha

significado. Você procura em algum lugar uma

manchinha de macarrão ou talvez onde se

derramou o café, de modo que possa ver que o

cara tivesse lido mesmo. O grupo B ele deu uma

nota e uma palavra, como : bom, ótimo,

excelente, bom trabalho. No grupo C ele parou e

escreveu uma carta a cada um dizendo: “Caro

Joãozinho: A sua sintaxe é atroz. Sua gramática é

inacreditável. Sua ortografia nem existe e sua

pontuação parece a de James Joyce. Mas sabe,

ontem estava sentado na cama, conversando

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

24

com minha mulher, e disse: “Sally, ele tem idéias

lindas nesse trabalho. E vou realmente procurar

ajudá-lo a desenvolvê-las, cordialmente o

professor. “E quando alguém fazia alguma coisa

realmente boa ele escrevia: “O brigado. Você está

sempre me surpreendendo. Um trabalho tão bom,

com tantas boas idéias. Guarde-o mal posso

esperar para ver o que você vai dizer depois.” E,

então, ele fez uma pesquisa – estatística. O grupo

A, permaneceu na mesma. O grupo B, ficou

estacionário e o grupo C cresceu e se

desenvolve” ( p: 49)

Com estas duas pesquisas podemos observar de forma clara o que

pode o afeto influenciar na atividade intelectual.

É lógico que existem estruturas que vão formar-se independente do

afeto, porém pode levar muito mais tempo do que levaria caso houvesse

interesse sobre tal assunto, pois não devemos esquecer que a aprendizagem

deve ser instigante

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

25

CAPÍTULO III

“ A ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA”

“No principio era o jardineiro. E o jardineiro criou

as rosas. E tendo criado as rosas, criou a chácara

e o jardim, com todas as coisas que nele vivem

para a glória e contemplação das rosas”.

Machado de Assis

Não podemos deixar de discutir sobre os atores principais da

educação, o aluno, o professor e a presença do especialista

psicopedagógico.

Primeiro é preciso entender as particularidades de cada aluno, o que

lhe é peculiar e só a ele pertence e o que pode ser comum e vivido por todos

alunos ao mesmo tempo.

O professor precisa saber ouvir, interagir e conhecer cada aluno seu,

não apenas chamá-lo pelo nome, mas conhecer sua história de vida, suas

carências, suas dificuldades e também suas potencialidades e habilidades,

para que estas possam ser trabalhadas e desenvolvidas da melhor maneira

possível, visando instigar o aluno com assuntos do seu interesse e ao mesmo

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

26

tempo trabalhando com o desenvolvimento das habilidades mais carentes.

Quando o aluno não aprende é necessário que o professor busca a

causa, e não rotule o aluno por burro, desinteressado ou outro adjetivo

qualquer, pois o aluno pode estar passando por dificuldades e não sabe como

pedir ajudar, no entanto cabe ao professor entender essa linguagem corporal

do aluno, pela qual ele pede ajuda. O professor trabalha com a educação, ou

seja, trabalha com a formação de seres humanos, então não pode esquecer-

se nunca da sensibilidade que reveste o humano, que não consegue se

dissociar e ora ser aluno, ora ser filho, ora ser neto e assim por diante. Não

podemos reduzir o educando a um único momento.

“ O aluno tratado com respeito, tendo valorizada sua história de vida,

sente-se amado, querido na escola em que estuda.” (Chalita; 2001, 161.).

Desta forma produzirá muito mais e se sentirá mais envolvido com a

aprendizagem. Para isso a LDB tornou-se flexível quanto ao seu currículo,

exigindo apenas o mínimo e o restante das disciplinas podem ser trabalhadas

de acordo com a região de cada instituição, de acordo com a história, com a

cultura, com interesses demonstrados pelos alunos, podendo trabalhar com os

currículos transversais e oculto.

Se o aluno é o sujeito da educação, por outro lado quem faz esse

sujeito acontecer, a aprender é o professor, pois este é a peça principal na

hora do ensino, não adianta recursos como livro, informática, pesquisas se

não houver a figura do professor, dinâmica, viva, audaz, apaixonada, vibrante

a cada conquista, instigante.

O professor tem que ter em mente como a criança aprende. Como

disse Frederick Molfett,(1987) que a criança aprende, captando as

habilidades pelos dedos das mãos e dos pés, para dentro de si. Absorvendo

hábitos e atitudes dos que a rodeiam, empurrando e puxando o seu próprio

mundo. Assim a criança aprende, mais pela experiência do que por erro, mais

por prazer do que pelo sofrimento, mais pela experiência do que pela

sugestão e a dissertação e mais por sugestão do que por direção. E assim

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

27

a criança aprende pela afeição, pelo amor, pela paciência, pela

compreensão, por pertencer por fazer e por ser. Dia a dia a criança passa, a

saber, um pouco do que você sabe, um pouco do que você pensa e entende.

Aquilo que você sonha e crê, na verdade o que esta criança está se

tornando. Se você percebe confusa ou claramente, se pensa nebulosa ou

agudamente, se acredita tola ou sabiamente, se sonha sonhos sem graça,

adoro isso, ou dourados, se você mente ou diz a verdade, é assim que a

criança aprende.

Cada vez que nós, educadores, compreendemos essa construção da

aprendizagem, com certeza alcançaremos um grau muito maior na construção

do ser humano.

O professor deve ter em mente que ele para o educando é como

espelho, onde o educando tenta ser igual vendo-se face a face.

É toda essa sensibilidade que faz com que o aluno se dedique mais, se

interesse mais, ame mais, sinta-se mais envolvido e mais amado, porém se o

professor não viver todo esse sentimento não terá como demonstrar, não terá

como conseguir que o aluno seja feliz sem demonstrar afeto, e para conseguir

esse envolvimento é preciso que se envolva, que senta para que possa dar o

que tem de melhor em si, pois ninguém não dá o que não tem.

O professor precisa ser crente em si mesmo e em sua própria missão,

precisa saber onde quer chegar com seus alunos, o que quer ajuda-los a

construir e descobrir, ou seja, precisa ter claros seus objetivos e suas metas,

podendo ser ajudado pelos alunos para estabelecerem o que querem juntos,

assim agradando a todos e a aprendizagem será uma via de mão dupla, pois

haverá uma troca de conhecimentos e experiências entre o professor e o

aluno, que deixará de ser receptor de conhecimento para ser construtor e o

professor deixará de ser o depositante de conhecimento para ser o guia, o

facilitador.

Por último, destacamos o psicopedagogo, que tem importância

fundamental dentro de uma escola e de extremo dever o mesmo, gerir tudo

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

28

que acontece dentro da instituição, solucionar problemas, ser participativo e

ativo no que se refere aos alunos e também à realidade onde a escola está

situada, desvencilhando eventuais problemas de distúrbios de aprendizagem

e dificuldades gerais dos educandos.

Também nessa relação cabe o diálogo que deve ser incentivado dentro

e fora dos horários escolares, vale ouvir, falar, construir idéias juntos e

também executa-las, pois um projeto para dar certo é preciso engajamento de

todos.

Outro papel do psicopedagogo é envolver-se com as classes e faze-las

envolver-se com os projetos psicopedagógicos da escola, dessa forma

haverá um ganho significativo para ambas às partes, que poderão

desenvolver juntos para, no entanto descobrir de fato a realidade de cada

aluno, visando ocupar os educandos em horários vagos.

No livro “Falemos de sentimentos” de Moreno (1999), há métodos

interessantes de como ensinar educandos a falarem sobre o que sentem, às

vezes em forma de respostas verbais, outras escritas e/ou desenhadas.

Com o método do livro discuti-se sensação de alegria e tristeza, mais

pode ampliar-se para raiva, medo entre tantos outros sentimentos que

existem.

Ao lermos o livro podemos acompanhar o desenvolvimento dos alunos

em relação a demonstrar os sentimentos que antes eram confusos ou claros

para o próprio aluno, mais que não conseguiam passar e transmitir o que

sentiam, achando que estava claro para todos como para si mesmo.

Ensinar o educando a demonstrar sentimentos é crucial para quem tem

objetivo de trabalhar com a afetividade, pois desta forma torna-se possível

reconhecer as necessidades que tem, como também saber o que agrada ou

não.

Construir a afetividade então passará a ser uma via de mão dupla, na

qual o próprio educando ajudará o professor a desenvolver-se profissional e

pessoalmente, pois a partir do momento em que o professor estiver ensinado

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

29

o aluno a demonstrar seus sentimentos, também estará aprendendo a

reconhecer os seus, bem como estará envolvendo-se muito mais com seus

alunos.

Antônio Leal (1982), no livro “ Fala Maria favela” narra sua história em

uma escola, especificamente em uma turma especial que possuía problemas

com aprendizagem. Ele criou um método que as próprias crianças ajudaram a

construir, com a linguagem e o conhecimento local.

Ele não deu ouvido aos “possíveis racionais” (já que o chamavam de

louco) e seguiu o seu desejo e seu sentimento. Ouviu os meninos, recebeu

telefonemas nas madrugadas, abrigou da noite que iria dormir ao relento,

amou, dedicou-se, apaixonou-se e mais que tudo acreditou.

O resultado?

“... o resultado do meu trabalho não foi

nenhum milagre, dos 26 alunos, que

começaram na turma III, nove não tiveram

freqüência e evadiram , três não

conseguiram avanços notáveis ao nível da

alfabetização, três ficaram preparados para

a alfabetização e só não conseguiram

alfabetizar-se porque o “estalo” só deu no

mês de novembro, 11 se alfabetizaram.”(

Leal ,1982.p.100 )

O sentimento que tinha com aqueles alunos era tão infindáveis e o amor

que tinha pelo trabalho, não sei se era maior, mais não foi perceber onde um

terminava e o outro começava... Quando ele narra esse fato de estar no final

do ano letivo e o aluno Clodoaldo, que até então não havia conseguido ler,

começou a ler uma frase desconhecida que ele havia escrito no quadro.

Quando isso aconteceu o professor Leal mostrou para turma, chorando, que o

Clodoaldo estava lendo.

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

30

A observação que deve ser ressaltada neste fato é que é possível

alcançar resultados excepcionais quando acredita-se e quando trabalha-se

com paixão, que é a mola propulsora que move o homem em busca de seus

desejos e sonhos.

Então quando for preparar quaisquer que seja o trabalho,

principalmente, se este envolver o ser humano, prepare-o como gostaria que

fosse para ti, envolva-se e permita que o outro envolva-se também sentindo-se

valorizado, respeitado e amado.

É claro que não há a pretensão de que haja envolvimento

igualitariamente por todos, pois é normal que o ser humano identifique-se

muito mais com uns do que com outros, porém não há motivos para usar

diferenças ou, pior ainda, indiferença no tratamento.

Enfim construa e faça, mais lembre-se que o sentimento que envolver

no seu trabalho fará os frutos germinarem. Se descrença e desafeto, então

frutos descrentes e cheios de desamor, se esperança e afeto, então gerará

frutos esperançosos, crentes e cheios de amor, prontos para lutarem pelo que

acreditam.

Quanto maior o sentimento envolvido, maior será o resultado

alcançado, na mesma proporção do que sentiu. Se mau ou bom, cabe a você

escolher o resultado da sua ação.

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

31

CONCLUSÃO

Ao começarmos uma pesquisa criamos uma expectativa muito grande,

primeiramente porque escolhemos um tema que despertou agradável satisfação

e depois pela ânsia da descoberta que nos cercava cada vez que descobrimos

algo novo.

É como se voltássemos ao início da descoberta do conhecimento. Cada

texto novo, cada livro ou autor. Cada ato alheio parece estar ligado ao que

queremos. E o que antes parecia obscuro começou a tornar-se evidente como

fonte fundamentalmente instigante e necessária ao nosso conhecimento.

Ansiamos pelo resultado final do nosso próprio trabalho. A pesquisa

passou de uma simples ciência cognitiva para adentrar na área dos sentimentos

pelo qual todo ser humano é movido e o seu desenvolvimento deu-se mútua e

paralelamente, ou seja, enquanto vamos descobrindo e aprendendo, vamos nos

aperfeiçoando, nos envolvendo, motivando a conquistar tal conhecimento.

Pudemos constatar que o desenvolvimento do conhecimento acontece

integradamente ao desenvolvimento afetivo, de tal forma que não há como dizer a

origem de um sem que perceba-se a origem do outro. A afetividade pode não ser

a única fonte de aprendizagem, mais como foi defendido no presente trabalho,

existem três pilares que são partes integrantes da educação: o cognitivo, o social

e o emocional. Desta forma podemos entender que a educação só será

equilibrada e eficiente se estiver sustentada nessas bases.

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

32

Vale salientar a importância do pilar afetivo (emocional) porque o cognitivo

sempre foi trabalhado, estudado, pesquisado, mais nas salas de aula nunca foi

dada a devida importância ao lado emocional do ser humano, como se fosse

possível dissocia-lo em uma parte racional e outra emocional.

Hoje a nossa LDB já visa o pilar social, reconhecendo a importância do

conteúdo a ser ensinado, dando liberdade à instituição para montar seu próprio

currículo de acordo com a realidade existente em cada local na qual está inserida

e desta forma valorizando a cultura, as crenças e valores, ou seja, o social.

A afetividade é um tema antigo, mais parece que somente agora está

tomando corpo e sendo estudado e discutido com relação às escolas. Talvez

seja pelo fato das mudanças da nossa realidade e da realidade global, em que o

homem é produto do meio e está sendo educado mais para o livre consumo,

para o individualismo, a competitividade, a falta de respeito ao próximo.

Toda liberdade que foi dada agora gera “monstros” que não conhecem

limite, nem respeito, nem carinho, nem atenção, pois pais (ou outro responsável

qualquer), amigos, vizinhos ou mesmo desconhecidos estão sacrificando o bem

querer com o fornecer.

A educação grita por socorro, por resgate, por amor...

É bom lembrar a quem trabalha com a educação que o afeto influencia a

aprendizagem e que o afeto não é só amor, pois, como tivemos oportunidade de

demonstrar, afetar alguém significa marcar, atingir e pode afetar-se para o bem

como para o mal, ou seja, da mesma forma em que é possível fazer alguém se

desenvolver e crescer, digo o homem como um todo, com afeto (carinho) também

é possível fazer o homem regredir e traumatizar-se com o afeto (descaso).

Não podemos esquecermos de falar sobre a possibilidade de compor um

acompanhamento psicopedagógico, também pautado em sentimentos.

As vezes parece difícil: Como montar um acompanhamento

psicopedagógico inserido nele a afetividade? Basta ter em mente a estrutura do

ser humano, que é composta pelo aspecto racional, biológico, “psicológico” e

social.

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

33

Partindo desse princípio deve se proporcionar condições para que todos

os aspectos sejam desenvolvidos em equilíbrio e quando trabalha-se com a

afetividade, a chance de alcança-lo é muito maior.

Temos que elaborar métodos em que os educandos aprendam a trabalhar

com os seus sentimentos e reconhecê-los, para que, então, possam expressar

clara e objetivamente as suas alegrias, tristezas, medos, raiva e necessidades.

Quando a comunicação é eficiente e presente os meios para a resolução

de problemas são encontrados muito mais rápido, pois a própria pessoa, seja

ela o educando, o professor ou o psicopedagogo que está precisando de ajuda

estará apontando as direções.

Precisamos ensinar os alunos a falar de seus sentimentos para que de tal

forma possamos reconhece-los e ajuda-los e mais que isso precisamos nos

permitir amar para que possamos criticá-los e elogia-los com a mesma

importância sem que haja um mínimo de sentido pejorativo.

Podemos, pois, afirmar que onde os sentimentos, a emoção se faz

presente, sem véus ou camuflagens, é possível educar dizendo sim e dizendo não

com o mesmo amor.

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

34

ANEXOS

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

35

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BUSCAGLIA, Leo. Vivendo, Amando e Aprendendo. Rio de Janeiro: Ed

Record,1995.

CHALITA, Gabriel. Educação: A solução esta no Afeto. São Paulo: Ed.

Gente,2001.

FERREIRA, Roberto Martins. Sociologia e Educação.São Paulo: Ed. Moderna,

1993.

FREIRE, Paulo. Pedagogia na Autonomia: Saberes necessários á prática

educativa. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 1996.

LEAL,Antônio.Fala Maria Favela: Uma expectativa criativa em alfabetização.

Rio de Janeiro: Ed. S.n, 1982.

MANNING, Sidney. O desenvolvimento da criança e do adolescente. São

Paulo: Ed.Cultrix, 1977.

MORENO, Monserrat et al. Falemos em Sentimentos: A afetividade como um

tema transversal. São Paulo: Ed. Moderna, 1999.

PIAGET, Jean. Psicologia da inteligência. 2ª ed. Ed. Ática. São Paulo,1967.

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

36

PILLETTI, Nelson; PILLETTI, Claudino. História da educação. São Paulo:Ed.

Ática, 1990.

VISCA, Jorge. Psicopedagogia: Novas contribuições. Rio de Janeiro: Ed.

Nova Fronteira, 1991.

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 10

REFLETINDO SOBRE O MUNDO

1.1 – Os exessos 12

1.2 – As carências 15

CAPÍTULO II 17

OS PILARES DA EDUCAÇÂO

2.1- Cognitivo 17

2.2- Social 18

2.3- Emocional 20

CAPÍTULO III 25

A ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA

CONCLUSÃO 31

ANEXO 34

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 35

ÍNDICE 36

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

37

Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre

38

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia: A Afetividade: Pilar do Saber na Educação Básica numa

Abordagem Psicopedagógica.

Autor: Giselle José de Souza

Data da entrega: 25/01/2005

Avaliado por: Conceito: