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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
ARTE EM EDUCAÇÃO E SAÚDE
A CRIATIVIDADE EM SALA DE AULA
Por: Marilene Leal Quintino
Orientadora
Profa. Fabiane Muniz
Rio de Janeiro
2014
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
ARTE EM EDUCAÇÃO E SAÚDE
A CRIATIVIDADE EM SALA DE AULA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada, como requisito parcial para obtenção do
título de especialista em Arte Terapeuta.
Orientadora: Prof. Fabiane Muniz.
Rio de Janeiro
2014
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço A Deus e a todos que me
auxiliaram na construção desse
trabalho, de modo especial à minha
nora Cecília, à minha coordenadora
pedagógica Gina Paula, aos meus
tutores: Fabiane Muniz, Ana Paula,
Narcisa Melo e Vilson Sérgio e à
Bianca Carvalho.
4
DEDICATÓRIA
A minha família e a meus pais, em memória.
5
RESUMO
A presente monografia tem como objetivo principal, analisar o estímulo
da criatividade do aluno em sala de aula pelo professor, visando o
aperfeiçoamento de habilidades cognitivas e afetivas, dispondo o interesse e o
prazer do aluno pelo ato de fazer e aprender.
As aulas de artes ocorrem em um dos espaços onde as crianças podem
executar suas potencialidades perceptivas, imaginativas ou fantasiosas. Pro
isso são vários os autores que reforçam a necessidade de educarem-se e
adquirirem condições para que essas potencialidades possam desabrochar e
desenvolver-se.
Os resultados das pesquisas de criatividade tem provocado um impacto
no desenvolvimento de objetivos educacionais, estratégias de entusiasmo,
práticas administrativas e clima de sala de aula, chegando à conclusão de que
o desenvolvimento do potencial criativo deve ser estimulado desde a infância.
6
METODOLOGIA
Este estudo foi desenvolvido utilizando a pesquisa bibliográfica baseada
em: Alencar, Eunice Soriano; Ferraz, Maria Heloísa C. de T.; Fusari, Maria F.
de Rezende e Novaes, Maria Helena; além de pesquisa de campo em
instituição de ensino privada, onde foram observadas turmas com
aproximadamente trezentos e sessenta alunos ao todo, utilizando o estímulo
da criatividade. O estudo foi efetivado no período de março a maio de 2014 e
realizado em sala especializada de artes (laboratório) tendo como tema
“Cartões Postais do Rio de Janeiro”. Ao final da atividade foi feita uma
exposição e em paralelo a avaliação por profissionais de educação e saúde,
para concluir o desenvolvimento da criatividade de cada um.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Criatividade e Educação 10
1.1 - A Arte na Educação 10 1.2 - Criatividade no contexto educacional: o papel do professor 14 1.3 – Formando jovens capazes de criar 17 CAPÍTULO II - A Pedagogia nova e as aulas de Arte 19
2.1 – A Educação pela Arte 21 2.2 – Dialogando com outros recursos 21
2.3 – Recursos aplicados em sala de aula 24 2.4 – Em busca de novos talentos na escola 26 CAPÍTULO III – Característica do professor criativo 29
3.1 – Desenvolvendo competências 29 3.2 – O despertar do mestre para a criatividade 31 ANEXOS 33
CONCLUSÃO 38 BIBLIOGRAFIA 39
8
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo principal analisar o estímulo da
criatividade do aluno em sala de aula, visando o aperfeiçoamento de
habilidades cognitivas e afetivas, dispondo o interesse e o prazer do aluno pelo
ato de fazer e aprender.
O estudo da criatividade tem despertado um interesse crescente por
parte de psicólogos e educadores que vem desenvolvendo pesquisas a
respeito das diferentes facetas compreendidas neste construto, tais como o
processo, o produto, as pessoas e as condições ambientais que favorecem a
expressão e a criatividade no ambiente escolar. Apesar do reconhecimento de
que o ambiente educacional tem um papel importante no desenvolvimento da
expressão criativa dos alunos, como relatado no capítulo I.
Na área do desenvolvimento da criatividade, o ponto em que mais tem
centrado a atenção e que tem gerado o maior número de trabalhos de
pesquisa e práticas de intervenção é constituído pelo papel da escola e pela
percepção que os professores possuem acerca destas características.
Considerando a criatividade como um fenômeno multidimensional, que
sofre influência de diversos aspectos cognitivos, afetivos, ambientais e sociais,
o que se sabe hoje é que deveria ser estimulada e desenvolvida no processo
educacional, sendo que, no entanto, o ensino atual não estimula, nem valoriza
a formação de pessoas criativas. O chamado ensino tradicional, em que o
estudante tem um papel fundamentalmente passivo, acaba por impedir o
desenvolvimento da criatividade nos alunos. Por estas e outras razões torna-se
cada vez mais importante o papel que os professores exercem nesse
processo, atentando para a importância de que se familiarizem com as
características do pensamento criativo, conhecendo a maneira pela qual as
capacidades criativas se desenvolvem de forma que possam identificar os
9
comportamentos e estimular os alunos em direção às suas possibilidades
máximas, assunto abordado no capítulo II.
Desta forma, reconhecemos a importância que o ambiente exerce
sobre a criatividade. Ambientes cheios de normas e pressão ao conformismo
atuam como inibitórios à criatividade à medida que estimulam certos
comportamentos e bloqueiam outros. Estudos apontam que jovens criativos
não estiveram sozinhos enquanto crianças. Eles tiveram contatos com pessoas
mais experientes e receberam suporte destes, o que permitiu não somente um
desenvolvimento mais flexível, mas também a eliminação dos bloqueios à sua
criatividade, daí a importância da participação do professor em sala de aula,
conforme detalhado no capítulo III.
Verificou-se ainda que o avanço das pesquisas na área da criatividade
faz com que o foco se altere a partir da década de 1970, com o surgimento da
investigação do papel do contexto sociocultural no desenvolvimento da
criatividade. O foco passou das habilidades cognitivas e traços de
personalidade para a relação entre fatores sociais, culturais e históricos e o
desenvolvimento da expressão criativa, entretanto essa mudança de
percepção demora a ser difundida no Brasil, fazendo com que os primeiros
estudos da criatividade no ambiente educacional comecem a surgir por volta
da década de 1990.
Neste sentido a escola tem papel fundamental no desenvolvimento das
crianças e dos jovens, uma vez que é neste meio que o aluno poderá explorar,
elaborar e testar hipóteses e fazer uso de seu pensamento criativo. No
entanto, tais oportunidades serão possíveis, se o professor estiver consciente
de sua importância neste processo, de forma que esteja preparado para
oferecer e permitir condições que possibilitem o desenvolvimento da
criatividade na sala de aula, evitando o modelo perpetuado na maioria das
escolas, de ênfase à memorização, ao conformismo e à passividade.
10
CAPÍTULO I
CRIATIVIDADE E EDUCAÇÃO
Muitas são as definições propostas para o termo criatividade.
Porém, de acordo com Soriano (2005), analisando-as, pode-se constatar que
não há acordo quanto ao significado exato do termo, nem consenso se seria
uma habilidade distinta da inteligência, ou, pelo contrário, uma faceta da
inteligência que não tem sido avaliada tradicionalmente pelos testes de
inteligência. Ao discutir criatividade, alguns autores, como Mansfield e Busse
(1981), lembram ainda que:
“A criatividade é um conceito relativo, salientando que os produtos são
considerados criativos somente em relação a outros em um determinado
momento da História”.
1.1 – A Arte na Educação
A temática criatividade tem sido trabalhada pelos pesquisadores há
algum tempo, entretanto, hoje, a linha cognitiva especialmente com Howard
Gardner e Lev Vygostky vem despertando interesse e necessidade em
aprofundar conhecimentos nesta vertente da psicologia educacional.
Vygostky (1982) salienta que a vida que nos cerca está plena de
premissas necessárias para criar e tudo que vai além da rotina, envolvendo
uma partícula mínima de novidades, se origina no processo criador do homem.
Portanto a criatividade é a base do universo.
Ao analisarmos a dimensão das artes plásticas no contexto social,
observamos a presença desta em todos os momentos do cotidiano. Portanto,
11
vivemos e convivemos com a criação de artistas plásticos, ou seja, a
criatividade envolve os indivíduos em seus momentos vivenciais, pois a
inteligência humana capta os mais variáveis estímulos em um determinado
contexto.
Segundo Szent-Gyorgyi, prêmio Novel de Bioquímica, “Criatividade
consiste em ver o que todo mundo vê e pensar o que ninguém ainda pensou.”.
O papel da arte na educação é grandemente afetado pelo modo como
o professor e o aluno veem o papel da arte fora da escola.
A arte não tem importância para o homem somente como instrumento
para desenvolver sua criatividade, sua percepção, etc... mas tem importância
em si mesma, como assunto, como objeto de estudo (Barbosa, 1975).
Uma aula criativa vai motivar o aluno e um aluno motivado vai desejar
buscar aprender. O professor que adota em sua metodologia um instrumento
criativo para desenvolver os seus conteúdos, está criando automaticamente,
um agente motivador, que fará com que a aprendizagem seja conduzida e
encarada como uma meta a ser conquistada a custa de um prêmio, o
aprendizado. Ao preparar uma aula, o professor deve refletir no sentido de
durante sua aula, proporcionar um aprendizado que seja realmente significativo
para o aluno.
É nesse contexto que o professor deve criar situações que levem o
aluno a propor soluções e ideias para melhorar o aprendizado em sala de aula.
Observamos que muitas vezes os métodos utilizados em sala de aula
favorecem o educador e sua rotina. Na maioria das vezes são utilizados por
uma acomodação. O professor já tem aquela aula pronta, aquela atividade que
já usou outras vezes, então porque preparar outra? A resposta é simples:
porque os alunos são outros (Cunha, 1977).
12
Existem tantas formas de avaliar e muitas vezes nos deparamos
apenas com a mais tradicional e digamos que é a mais fácil para o professor
corrigir e mensurar. Defendo veementemente que o professor deve utilizar pelo
menos três instrumentos de avaliação diferenciada em cada processo. Ele
precisa ser criativo na avaliação também, para poder atingir aos diferentes
estilos de aprendizagem. Existe aluno que sempre vai ter resultados negativos
em provas escritas ou porque fica nervoso ou porque não escreve bem, etc.
Segundo Ferraz e Fusari (2009), o professor deve além de inserir em
seus conteúdos nas aulas de prática de ensino, discussões sobre a sala de
aula criativa, buscando também aplicar em suas aulas, aspectos de uma aula
criativa, como: relacionar o conteúdo às experiências dos alunos, alterar o
formato das carteiras dos alunos antes deles chegarem para as aulas,
começar a aula com situações reais vividas pelos próprios alunos, buscando
envolve-los em todo o processo, ensinar objetivando uma mudança de postura
real por parte do aluno, frente aquele conhecimento, ensinar de uma forma
agradável, feliz, fazer com que o aluno se sinta valorizado no contexto social e
pessoal também. Tudo isso e muitos outros elementos, só se tornarão reais na
prática do professor, se ele permitir apaixonar-se pela arte e pelo prazer de
ensinar e aprender.
Também é considerado por Ferraz e Fusari (1999), que a metodologia
educativa na área artística inclui escolhas profissionais do professor, quanto
aos assuntos em arte, contextualizados e a serem trabalhados com os alunos
nos cursos. Referem-se também à determinação de métodos educativos, ou
seja, de trajetórias pedagógicas (com procedimentos técnicos e proposições de
atividades) para os estudantes fazerem, apreciarem e analisarem os
conteúdos de arte. Referem-se ainda às escolhas de materiais e meios de
comunicação para a produção artística e estética nas aulas. A metodologia do
ensino e aprendizagem nos cursos de Artes refere-se, então, aos
encaminhamentos educativos que visam a ajudar os alunos na apreensão viva
e significativa de noções e habilidades culturais em arte. São noções a respeito
13
de produções artísticas pessoais e apreciações estéticas ou análises mais
criativas de trabalhos em arte, nas diversas modalidades (artes visuais,
verbais, música, teatro, dança, artes audiovisuais, dentre outras), dependendo
da formação do professor.
14
1.2 – Criatividade no contexto educacional: o papel do
professor
Ao examinarmos a literatura sobre criatividade no contexto
educacional, nota-se que uma atenção especial tem sido direcionada ao
ensino fundamental, tendo grande número de estudos sido realizados com
amostras de professores e alunos deste segmento. Tanto Torrance (1987,
1992), como Cropley (1997), Renzulti (1992), Martinez (1995), Alencar (1991,
1994. 1995, 1996, 2000) e outros, desenvolveram distintas estratégias para se
promover a criatividade na escola, chamando a atenção, sobretudo, para o
papel do professor, além de apontarem mudanças que se fazem necessárias,
no sentido de se ampliar, por exemplo, os objetivos educacionais para que
estes contemplem também o desenvolvimento do pensamento crítico e
criativo.
Torrance (1992) caracterizou o professor com aquele que respeita as
perguntas e ideias dos alunos; faz perguntas provocativas, reconhece as ideias
originais; ajuda o aluno a se conscientizar do valor de seu talento criativo. É um
professor que promove nos alunos: envolvimento, motivação, persistência e
determinação; curiosidade, espírito de aventura na exploração dos tópicos
abordados; autoconfiança; impulso para experimentar e tentar tarefas difíceis.
Faz-se ressaltar a necessidade de um programa de curso de arte bem
estruturado, que leve em consideração as experiências dos alunos com a
natureza e culturas cotidianas e garanta a ampliação deste e de outros
conhecimentos. Nada é mais desanimador do que repetir as mesmas aulas em
todas as séries escolares, sem um progressivo desafio de aprofundamento dos
conhecimentos de arte.
O professor é um mediador da aprendizagem, um incentivador e num
ambiente de cooperação com outras interações positivas, a ação individual
deste, será mais eficaz. As novas maneiras de relação social e os novos
15
hábitos culturais passam a exigir mudanças na forma de ensinar as crianças e
os jovens, pois eles estão crescendo inseridos num mundo virtual e educados
indiferentes às transformações culturais.
Segundo Pinheiro (2010), “a atitude mediadora exige de nós o
estarmos disponíveis e atentos ao outro, seja como observador ou como
ouvinte, percebendo conceitos e pré-conceitos, as preferências e o que causa
estranhamento. Ludicamente podemos chegar até nossos alunos por vias mais
ousadas, menos “escolares”, mais repletas de vida que a arte reflete”. (Apud,
Martins, 2005, p. 121).
Faz-se necessário garimpar, facilitar, lapidar, criar um caracol, para
atingir a meta definida, que é a de ensinar para cada clientela diversificada,
consciente de que é preciso encontrar caminhos que também apresentem
diversidade. Para ensinar artes visuais é preciso trabalhar seriamente,
adequando-se ao contexto, percebendo as diferenças, realidades e situações
presentes no seu cotidiano de professor. Estudar, ler, descobrir métodos,
saber sempre mais sobre a vida e as obras dos artistas (Soriano, 1999).
Existe a consciência da escola sobre a necessidade de se manter a
aprendizagem focada nos conteúdos tradicionais; conteúdos estes que já não
despertam a curiosidade do aluno, no contexto atual.
Segundo Ferraz e Fusari (1999), compete ao professor e
professorando de Metodologia do Ensino de Arte um contínuo trabalho de
verificação e acompanhament5o em seus processos de elaborar, assimilar e
expressar os novos conhecimentos de arte e de educação escolar de crianças,
em arte, tratados ao longo do curso. A avaliação das atividades artísticas tem
sido muito polemizada, pelas complexidades que envolvem, principalmente
quando se refere ao estabelecimento de critérios, à expressão de julgamentos
sobre a produção estética e expressiva (visual, dramática, musical, poética).
Por outro lado, preocupa-nos uma possível descaracterização do verdadeiro
sentido de ação avaliativa. Por isso consideramos necessário buscar subsídios
16
para discuti-la mais detalhadamente e não inibir o desenvolvimento da
criatividade.
No artigo: “Avaliação educacional escolar: para além do autoritarismo”,
Luckesi reafirma que a avaliação é um meio e não um fim em si mesmo; se dá
em um vazio conceitual mas mostra, na prática das aulas, as concepções de
mundo e de educação que nós, professores, temos; indica, igualmente, que a
avaliação escolar, em um modelo liberal conservador, é mais classificatória,
autoritária, controladora (enquadrando e disciplinando os alunos ao equilíbrio
social já estabelecido); por outro lado, em um modelo transformador, a prática
avaliativa na escola preocupa-se mais com os indicadores de mudanças
necessárias (e com as maneiras de sair do autoritarismo para uma autonomia
do educando), com vistas à participação democrática de todos na sociedade
(FERRAZ e FUSARI, Metodologia do Ensino da Arte, 1999, pág. 121).
17
1.3 – Formando jovens capazes de criar
Contextualizar não significa utilizar qualquer tema da atualidade,
defende o ativista social Bernardo Toro, que sugere que sejam canalizadas as
energias para assuntos que fazem sentido na vida dos alunos.
A escola tem a obrigação de formar jovens capazes de criar, em
cooperação com os demais, uma ordem social na qual todos possam viver
com dignidade, afirma o intelectual colombiano. "Para que seja eficiente e
ganhe sentido, a educação deve servir a um projeto da sociedade como um
todo." Por isso, ele defende que a prioridade seja o convívio na democracia,
cuja base é a tolerância.
Partindo de sua visão sobre as realidades social, cultural e econômica,
Toro elaborou uma lista onde identifica as sete competências que considera
necessárias desenvolver nas crianças e jovens para que eles tenham uma
participação mais produtiva no século 21. São os Códigos da Modernidade:
1- Domínio da leitura e da escrita;
2- Capacidade de fazer cálculos e resolver problemas;
3- Capacidade de analisar, sintetizar e interpretar dados, fatos e situações;
4- Capacidade de compreender e atuar em seu entorno social;
5- Receber criticamente os meios de comunicação;
6- Capacidade de localizar, acessar e usar melhor a informação acumulada;
18
7- Capacidade de planejar, trabalhar e decidir em grupo.
Recentemente, o intelectual acrescentou uma oitava capacidade à sua
relação: a de desenvolver uma mentalidade internacional. "Quando o jovem
chegar à idade adulta, seu campo de atuação será o mundo", justifica.
"Sua principal contribuição é construir uma ponte entre o mundo real,
isto é, o das sociedades modernas em constante transformação, e o mundo da
escola, que tem diante de si a tarefa de formar os cidadãos", avalia a
professora Lúcia. Toro valoriza também o que chama de saber social, um
conjunto de conhecimentos, práticas, valores, habilidades e tradições que
possibilitam a construção das sociedades e garantem as quatro tarefas básicas
da vida: cuidar da sobrevivência, organizar as condições para conviver, ser
capaz de produzir o que necessitamos e criar um sentido de vida. A escola,
assim, é apenas um dos ambientes em que ocorre a aprendizagem. A família,
os amigos, a igreja, os meios de comunicação as empresas são outras
importantes fontes de conhecimento para os indivíduos. Mobilizar, conforme
sua definição é convocar vontades para atuar na busca de um propósito
comum, sob uma interpretação e um sentido também compartilhados.
19
CAPÍTULO II
A PEDAGOGIA NOVA E AS AULAS DE ARTE
2.1 – A educação pela arte
A ”Pedagogia Nova”, também conhecida por movimento da escola
nova, tem suas origens na Europa e Estados Unidos (século XIX), sendo que
no Brasil vai surgir a partir de 1930 e ser disseminada a partir dos anos 50 – 60
com as escolas experimentais.
A ênfase principal é a expressão como um dado subjetivo e individual
em todas as atividades. A preocupação com o método com o aluno, seus
interesses, sua espontaneidade e o processo do trabalho caracterizavam uma
pedagogia, essencialmente experimental, fundamentada na psicologia e na
biologia.
Diferentes autores vêm marcando os trabalhos dos professores de arte
no século XX, no Brasil, firmando a tendência da “Pedagogia Nova”. Entre eles
destacam-se John Dewey (a partir de 1900) e Viktor Lowenfeld (1943), da
Inglaterra. Com a publicação de seu livro “Educação pela Arte”, traduzido em
vários países, Read contribuiu para a formação de um dos movimentos mais
significativos do ensino artístico. Influenciado por esse movimento no Brasil,
Augusto Rodrigues liderou a criação de uma “escolinha de arte”, no Rio de
Janeiro, em 1948, estruturada nos moldes e princípios da educação através da
arte, (Fusari, 1999).
Sabemos que expressar ideias é meio de reorganizá-las e o fato de
entrelaça-las provoca a interação das informações levando à simplicidade e
20
eficácia das mesmas. Uma educação com sentido criador deve visar não só a
coordenação dos diversos modos de percepção e de sensação entre si e com
o meio-ambiente, mas também a expressão dos sentimentos de forma
comunicável.
Contudo, segundo Novaes (1985), o processo criador estará
logicamente na dependência direta dos meios que o possibilitem, das
experiências adquiridas e do acervo das informações obtidas. Criar pressupõe
estabelecer relações novas e originais, porém, essas só são possíveis, na
medida em que o indivíduo que as estabeleça tenha conhecimento prévio das
suas propriedades e funções, em outras palavras, a sua possibilidade está na
razão direta da experiência e conhecimento relacionados.
Partindo do princípio que o processo educativo tem por objetivo
desenvolver as potencialidades do indivíduo, deverão ser utilizados recursos
que favoreçam não só a aquisição de conhecimentos, mas, sobretudo, a
expansão e a afirmação da personalidade do educando, podendo a
capacidade criadora dos indivíduos ser desenvolvida e canalizada para
diversas atividades e setores de realização pessoal.
21
2.2 Dialogando com outros recursos
Compreender a arte como área do conhecimento e como espaço de
desenvolvimento pleno das potencialidades, é princípios básicos para
implantar práticas inovadoras e instigantes dentro da escola.
Sendo a arte disciplina obrigatória, ainda não é bem compreendida e
explorada por profissionais da educação, que atuam na escola básica.
Exemplo disso discute Hernandez (1999), ao expor que os métodos de
trabalho realizados no ensino de arte, ainda hoje, pauta-se em abordagens que
surgiram em outros contextos históricos, cujo principal objetivo era desenvolver
habilidades manuais. Não obstante, na proposta dos parâmetros curriculares
nacionais (PCNs), a arte tem uma função tão importante quanto a dos outros
conhecimentos, no processo de ensino e aprendizagem. A educação da em
arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção
estética, por isso o profissional de arte possui conhecimento de todas as
ciências. O aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto
ao realizar formas artísticas, quanto na ação de apreciar e conhecer as formas
traduzidas por ele e pelos colegas, pela natureza nas diferentes culturas
(Brasil, 1997, p. 12).
Numa outra perspectiva, “a arte é um importante trabalho educativo,
pois procura através das tendências individuais, encaminhar a formação do
gosto, estimulando a inteligência e contribuindo para a formação da
personalidade do indivíduo.” (Educação, 2010). Esta concepção parece
complementar o pensamento de Fusari (1992) ao afirmar que: “a arte é uma
das maiores inquietantes e eloquentes produções do homem”. Arte como
técnica, lazer, derivativo existencial, processo intuitivo, genialidade,
comunicação, expressão, são variantes do conhecimento ligado ao sentimento
da humanidade (Fusari, 1992, p. 99).
22
Porém, apesar das tantas possibilidades que o ensino de arte acarreta,
é preciso que o docente encarregado de tal, tenha uma formação compatível
com o trabalho, que irá desenvolver. Segundo Coutinho (2010), “cabe a este
profissional, por sua vez, o exercício de uma formação continuada. E preciso
cuidar da formação dos professores formados e aprender dos bacharelandos,
aprofundando as linhas de pesquisas e propondo um deslocamento das
disciplinas de licenciatura, para os centros de educação, apresentar uma
reforma da educação coerente”.
Entretanto, essa separação pode acentuar o distanciamento entre
quem faz arte e quem ensina arte, devido à maioria dos cursos de pedagogia
não estarem preparados na formação atualizada de seus próprios educadores.
O professor de arte precisa interagir com os espaços culturais e se conectar as
redes de informação, buscando o conhecimento onde ele se encontra
(Coutinho, 2010, p. 7). Outro problema que parece permear o âmbito nas
escolas são as barreiras que inibem a criatividade no sistema educacional
brasileiro. Neste sentido, Alencar (1992, p.55), enfatiza que o tradicionalismo e
a reprodução de conhecimento são os grandes vilões do aprendizado e a
criança acredita, desde muito cedo, que existe apenas uma resposta correta
para qualquer questão ou problema. A sua curiosidade é muito pouco
aproveitada. A autora ainda discute que o cúmulo de conteúdos e o pouco
tempo que os alunos passam na escola, prejudicam os períodos dedicados a
outras matérias, a exemplo da arte. A disciplina e cobrança exagerada em
relação ao comportamento dos alunos também prejudica o desenvolvimento de
propostas e atividades que estimulam a criatividade e senso crítico.
O receio de que a aula de arte se torne uma “bagunça”, muitas vezes
inibe a possiblidade de aulas e produções contextualizadas com o conteúdo
proposto. Alguns professores simplesmente não acreditam no potencial criador
dos estudantes e acabam não valorizando propostas de trabalhos que ampliem
conceitos.
23
E lamentável que a disciplina de arte ainda sofra com o descaso de
escolas, professores e, por extensão, alunos no Brasil (Duarte Junior, 2003).
De fato, tal ensino pode contribuir significativamente com o desempenho de
outras matérias, auxiliando, por exemplo, o processo de alfabetização e
letramento. Para que isso aconteça, os professores precisam, de acordo com
Ferreira (1997), contextualizar suas propostas e ter objetivos bem claros, como
descobrir o conhecimento prévio dos alunos, identificar as hipóteses e faces
conceituais de desenvolvimento feitas por eles, estimular a construção de
habilidades cognitivas, respeitar o tempo de aprendizagem de cada criança e
desenvolver propostas significativas e interdisciplinares. Em outras palavras, a
arte pode ser um grande aliado ao processo.
Desta forma, muitas práticas pedagógicas relativas ao ensino de arte
no Brasil, precisam ser reformuladas e a ideologia presente em aula de arte,
ser superada. Só assim será possível vislumbrar um ensino de arte significativo
e empenhado em desenvolver habilidades, não só manuais como também
perspectivas e intelectuais nos nossos alunos.
24
2.3 Recursos aplicados em sala de aula
É possível aplicar a criatividade em sala de aula, independente do
espaço físico ideal, da qualidade dos equipamentos e da infraestrutura da
escola. Poucos recursos, muitas ideias e uma pitada de ousadia podem criar
um ambiente diferenciado no espaço escolar. A defesa é da educadora, artista
e docente da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, Marcia Maria
Strazzacappa Hernandez. Seus argumentos estão apresentados, na forma de
experiências, no livro organizado por ela Era uma vez uma história contada
outra vez (Editora Librum, 2012).
O livro Integra mais de uma pesquisa, pois articula investigações de
cinco docentes ligados a três instituições de ensino (Universidade Federal de
Goiás, Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Unicamp) e seus
respectivos programas de pós-graduação, além de três pesquisas de mestrado
e duas de Iniciação Científica. O tema da pesquisa principal é a arte na
formação de professores, pedagogos e licenciados.
A autora afirma que um dos desafios que tiveram foi o de enfrentar o
que estava relacionado ao escasso repertório trazido pelos professores da
rede no tocante à literatura infantil, aos contos de fadas, às lendas. Outro
desafio era a relação do professor com seu corpo, seu gesto, sua voz, sua
expressão. Na formação de professores são priorizadas discussões teóricas e
pouco se trabalha a arte em suas diferentes linguagens (dança, música, teatro
e artes visuais). Logo, o desenvolvimento da criatividade e da expressão fica
em segundo plano.
Destaca ainda que há espaço para a criatividade nas práticas
educativas, porém constatam que ele é pouco aproveitado e que depende
quase que exclusivamente da atitude do professor de sala. Em sua pesquisa
25
encontram professores (e diretores de escolas) envolvidos, com desejo e
disposição de fazer diferente, criar, encantar as crianças. Mas também
encontramos professores desmotivados, pouco engajados e por diversas
razões. As oficinas funcionavam como motivadores.
O livro compartilha algumas experiências, justamente com o propósito
de mostrar como é possível usar a criatividade em sala de aula, independente
de ter um espaço físico ideal, uma excelente infraestrutura na escola. Os
relatos mostram que, com poucos recursos, muitas ideias e uma pitada de
ousadia, é possível criar um ambiente diferenciado em sala de aula, dando
espaço para a imaginação e a criação.
26
2.4 – Em busca de novos talentos na escola
Piske (2013), em seu livro Criatividade na Escola, retrata um olhar
necessário em relação à criatividade. Aprender com o estímulo criativo, por
meio de atividades que interessam ao aluno e que despertam sua curiosidade,
seus sentimentos, suas emoções e sua imaginação, significa o caminho para o
processo de ensino-aprendizagem, bem-sucedido, com resultados
satisfatórios.
Negar a existência do potencial criador é impedir que o aluno
desenvolva suas habilidades de forma plena, é tirar a condição da vida que
existe em seus desenhos, em suas pinturas, em seu mais íntimo do ser. No
entanto, muito se tem falado sobre instigar a criatividade do aluno, mas pouco
se tem feito nas escolas. Uma das condições para se colaborar com um
ensino que promova a existência da criatividade no contexto escolar é
proporcionar ao aluno um ambiente que possibilite a sua liberdade de
expressão. Esta liberdade pode dar à luz muitas descobertas de talentos que
existem no contexto escolar, e que está escondido por não haver oportunidade
de expressão.
A criatividade pode ser considerada uma ferramenta essencial pela
sua relevância na área intelectual, social e emocional.
Transformar o velho em novo: a integração da criatividade na
educação que a escola precisa oferecer possibilidades de ações criativas
por meio do aspecto afetivo, no intuito de emancipar e ampliar o conhecimento
por meio de uma construção ativa e pela interação entre os sujeitos inseridos
no contexto escolar, baseando-se em referenciais teóricos clássicos.
27
A partir do conceito teórico sólido, indicam que a sala de aula deve ser
um ambiente que contenha recursos materiais e humanos para haver um
contexto propício no trabalho da criatividade na escola.
O ensino de estratégias e táticas sobre a criatividade pode trazer
benefícios significativos para todos os sujeitos envolvidos neste processo de
ensino-aprendizagem pela constante evolução e pela complexidade existente
em nossa sociedade é importante contar com o apoio de sujeitos criativos
que sejam capazes de solucionar problemas e proporcionar soluções a
situações que venham surgir no contexto social.
A partir de uma reflexão profunda e conhecedora da obra de
Piaget, a autora desvenda caminhos para uma educação que possibilite
o pleno desenvolvimento de tomadas de consciência e de criações
significativas para cada aprendiz.
A utilização dos testes de criatividade na escola pode auxiliar nas
descobertas do conhecimento que cada ser humano apresenta, e possibilita
conhecer mais sobre os sujeitos criativos. Há diversos benefícios na
utilização destes testes no contexto escolar, na medida em que não se
conhece outra forma de expor a existência da criatividade fora do cérebro
humano. A autora sistematiza uma taxonomia inovadora para organizar os
aspectos objetivos da criatividade e indica a existência de métodos capazes de
julgar e conciliaras mais contraditórias teorias desse fenômeno na escola e no
mundo.
No âmbito da escrita e da leitura e tendo a teoria de Vygotsky como
pilar, fica constatado como fatores físicos, sociais, cognitivos, motivacionais e
emocionais se interligam de forma única para gerar de modo singularmente
inesperada e aparentemente inexplicável o interesse por ler. Tal informação
nos proporciona inúmeras pontes para uma prática pedagógica criativa. A
distinção entre criatividade e imaginação na obra de Vygotsky é explorada
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também por outros autores. Partindo destes conceitos, a autora lança as bases
explicativas e orientadoras de uma escola fomentadora de práticas criativas e
estimuladoras do pensamento imaginativo, justificando como diferentes
perguntas podem envolver os alunos na aprendizagem criativa. Alunos e
professores podem e devem potencializar a sua imaginação e criatividade.
A acessibilidade e inclusão social por meio das tecnologias assistidas é
tema abordado por Vania Ribas Ulbricht e Tarcísio Vanzin, como
colaboradoras do livro de Fernanda Hellen Ribeiro Piske (2013, Criatividade na
Escola). Ulbricht e Vanzin constatam que não existe nenhum indicativo
acadêmico de que os indivíduos que apresentam alguma deficiência,
exceto a cognitiva, sejam menos criativos. E apontam que estes sujeitos, pelo
contrário, são tão criativos quanto aqueles que não apresentam
deficiência porque a Criatividade é fruto de operações intelectuais. Além disso,
com inserção das tecnologias assistidas aos recursos da web 2.0 e do
atual desenvolvimento das plataformas de EAD, é possível formar
comunidades com sujeitos de diferentes grupos de necessidades especiais e
avançar na inclusão criativa de tecnologias no meio escolar.
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CAPÍTULO III
CARACTERÍSTICA DO PROFESSOR CRIATIVO
3.1 – Desenvolvendo competências
Segundo Torrance (1987), é possível ensinar criativamente, utilizando-
se vários meios, sendo que os meios de maior sucesso envolvem a função
cognitiva e emocional, possibilitam adequada estrutura e motivação e dão
oportunidades para envolvimento, prática e interação entre professores e
alunos. Condições motivadoras e facilitadoras fazem a diferença para efetivar
a criatividade, sobretudo quando o professor é deliberadamente envolvido.
Para Wechsler (2002), um professor criativo é aquele que está aberto
a novas experiências e assim sendo, é ousado, curioso, tem confiança em si
próprio, além de ser apaixonado pelo que faz. Trabalha com idealismo e
prazer, adotando uma postura de facilitador e quebrando paradigmas da
educação tradicional. Algumas atitudes do professor que possibilitam o
desenvolvimento da criatividade em sala são: ouvir ideias diferentes das suas,
encorajar os alunos a realizar seus próprios projetos, estimular o
questionamento, dando-lhes tempo para pensar e para testarem hipóteses,
estimular a curiosidade, criar um ambiente sem pressões, amigo, seguro, usar
a crítica com cautela e buscar descobrir o potencial de cada aluno.
Também Cropley (2005) chama a atenção para comportamentos
típicos do professor estimulador da criatividade, como: encorajar o aluno a
aprender de forma independente, motivar seus alunos e dominar o
conhecimento fatual, de tal forma que tenham uma base sólida para propor
novas ideias, encorajar o pensamento flexível em seus alunos, considerar as
sugestões e questões deles, dar oportunidades ao aluno para trabalhar com
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uma diversidade de matérias sobre diferentes condições, ajudar os alunos a
aprendes com a frustração e o fracasso de tal forma que tenham coragem para
tentar o novo e o inusitado, além de promover a avaliação dos alunos, por eles
mesmos.
O professor estimulador da criatividade em sala de aula permite ao
aluno pensar, desenvolver ideias e pontos de vista, fazer escolhas, valorizar o
que for criativo, não rechaça o erro, mas o vê como etapa do processo de
aprendizagem, considera os interesses, habilidades e provê oportunidades
para que os alunos se conscientizem de seu potencial criativo, cultiva o senso
de humor em sala de aula, demonstra entusiasmo pela atividade e disciplina
que ministra (Fleith, 2001). Segundo a autora, ainda realça que o professor
facilitador da criatividade procura promover um clima em sala de aula em que a
experiência de aprendizagem seja prazerosa. Para que haja um clima criativo
em sala de aula, o professor deve adotar, entre outras atitudes a de proteger e
encorajar o trabalho criativo e a elaboração de produtos originais, a de procurar
desenvolver nos alunos a habilidade de pensar em termos de possiblidade, de
explorar consequências, de sugerir modificações e aperfeiçoamentos para as
próprias ideias, não se abatendo pelas limitações do contexto e de envolver o
aluno na solução de problemas reais (Fleith e Alencar, 2005).
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3.2 – O despertar do mestre para a criatividade
É defendido por Ferraz e Fusari (1999), que o domínio de
conhecimentos sobre educação escolar em arte (em creches, pré-escolas,
séries iniciais de escolas de ensino fundamental) torna-se mais concreto
quando os professorandos vivenciam atividades nas quais realizam
aproximações entre prática e teoria na área educativa artística. Há diversas
atividades onde essas aproximações são possíveis com o intuito de
compreender o processo de ação docente e a inter-relação da arte com as
crianças. Durante o curso de Metodologia do Ensino da Arte podem-se abrir
espaços para os estudantes se introduzirem nas diferentes situações
profissionais, de maneira a concretizar tais vivências que buscam uma união
entre prática e teoria de educação escolar e arte.
Ao abordar qualquer assunto sobre Metodologia de Ensino de Arte
pode-se propor a observação para embasar os conhecimentos a serem
trabalhados. Os professorando podem observar que atividades expressivas
estão sendo desenvolvidas com as crianças nos cursos escolares de Arte; que
materiais eles utilizam, como o professor organiza as atividades, qual o tempo
de aula dedicado a elas, etc. Posteriormente, em sala de aula, deverão
participar das explicações sobre o tema trabalhado, apoiando-se nos seus
relatos, perguntas e questionamentos. Quando novos conhecimentos forem
introduzidos à classe, devem ser conduzidos de tal maneira que os estudantes
revejam sua participação nas observações iniciais. Outra modalidade para
analisar os dados da observação é através de seminários ou painéis de
discussão, assim inicia-se o estímulo à criatividade.
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Segundo Cunha (1977), entre os anos 80 e 90, pesquisas foram
efetivadas, visando encontrar definições operacionais, a elaborar instrumentos
de medidas que permitam avaliar as capacidades criativas e a melhor
estudarem a natureza do fenômeno do despertar da criatividade, bem como os
fatores condicionadores da produção criativa. Matisse (1969) afirma que criar
é expressar o que se tem dentro de si, portanto, a concepção criativa é sempre
original e individual, um autêntico esforço de criação interior.
Em Guilford (1968) encontramos: “criatividade, num sentido restrito,
diz respeito às habilidades que são características dos indivíduos criadores,
como fluência, flexibilidade, originalidade e pensamento divergente". Tendo o
professor essas habilidades, torna-se um poderoso aliado no desenvolvimento
do processo de desenvolvimento da criatividade de seus alunos.
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ANEXOS
Pão de açúcar
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Arcos da Lapa e Cristo Redentor (versão moderna)
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Amanhecer no Rio de Janeiro
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Versão moderna do Pão de Açúcar e Anoitecer no Pão de Açúcar
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CONCLUSÃO
O objetivo principal da pesquisa foi estudar o ato de estimular a
criatividade do aluno em sala de aula, visando o aperfeiçoamento de
habilidades cognitivas e afetivas, proporcionando o interesse e o prazer do
aluno em aprender e fazer.
É extremamente importante utilizar o momento na sala de aula entre o
professor de arte e seus alunos, para desenvolverem as habilidades criativas
de cada um.
Foi muito importante e desafiador o trabalho proposto com o tema:
“Cartões Postais do Rio de Janeiro”. Nela foi possível observar vários
momentos de ação cognitiva e criatividade, pois alguns alunos nunca tinham
feito experiência com tela. O resultado em todas as turmas do sexto ano do
ensino fundamental ao terceiro ano do ensino médio foi bom. Alguns ao
término do trabalho se perguntaram: “como eu consegui?”. Cada um
desenvolveu o trabalho da maneira que pode, vencendo suas dificuldades,
com a orientação e provocação do professor de arte. Dentre eles destacaram-
se alguns alunos com telas belíssimas! Em relação à parte psicológica, foram
detectados pelo psicopedagogo alguns casos no decorrer do trabalho e o que
mais chamou a atenção, foi o aluno que pintou o Pão de Açúcar com três
nuvens pretas e perguntou se ficou bonito e obteve a resposta positiva, porém
foi questionado o porquê das três nuvens pretas. A resposta foi que as nuvens
representavam a sua família, o aluno, o pai e a mãe. O pai havia saído de casa
e ele não aceitava a situação.
Concluiu-se então a importância que exerce o profissional de artes no
contexto educacional, criativo e social.
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BIBLIOGRAFIA
ALENCAR, Eunice Soriano. Criatividade. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, 1995. CROPLEY, A.J. Ofício Professor: o tempo e as mudanças. San Diego: Academic Press, 1999. CUNHA, Rose Marie Maron da. Criatividade e Processos Cognitivos. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1977. FERRAZ, Maria Heloisa Correa de Toledo; FUSARI, Maria F. de Rezende e. Metodologia do Ensino de Arte. São Paulo: Cortez Editora, 1999. FLEITH & ALENCAR, E.M. L. S. Escala sobre o clima para criatividade em sala de aula. Editora da Universidade de Brasília, 1985-1991. HERNANDEZ, Márcia Maria Strazzacappa, Era uma vez uma história contada outra vez. Editora Librum, 2012. NOVAES, Maria Helena. Psicologia da Criatividade. Petrópolis: Editora Vozes, 1985. PISKE, Fernanda Hellen Ribeiro, Criatividade na Escola: o desenvolvimento de potencialidades, altas habilidades, superdotação e talentos. Juruá Editora, 2013. TORO, José Bernardo. Códigos da Modernidade: capacidades e competências mínimas para participação produtiva no século XXI. Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho, Porto Alegre, 2002.