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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
VAMOS JOGAR COM A LÍNGUA INGLESA
Por: Ana Paula Lins Ferraz dos Santos
Orientador
Profª. Narcisa Castilho Melo
Rio de Janeiro
2009
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
VAMOS JOGAR COM A LÍNGUA INGLESA
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Psicopedagogia.
Por: Ana Paula Lins Ferraz dos Santos
3
AGRADECIMENTOS
... a todos os professores e alunos que
passaram na minha vida e aos que
ainda passarão.
5
RESUMO
O presente trabalho procurou discutir sobre a viabilidade do uso de jogos
no processo de ensino-aprendizagem da Língua Inglesa para crianças. Para a
realização desse trabalho, optamos por uma abordagem qualitativa, onde
realizamos uma pesquisa bibliográfica acompanhada de uma entrevista com
alunos e professores. Como resultado, percebe-se que, através dos jogos, os
alunos não entendem somente a matéria, mas se apropriam das regras que
são imprescindíveis para o convívio social.
6
METODOLOGIA
O instrumento utilizado para a realização deste trabalho será uma
pesquisa bibliográfica onde temos como principal fonte Winnicott, D. O brincar
e a realidade, acompanhada de questionário feito com 5 perguntas (Você acha
difícil aprender Inglês?, Por quê?, Qual sua maior dificuldade?, O que você
mais gosta na aula?, O que você acha de aprender com jogos?) a serem
respondidas por 5 alunos de idades entre 8 e 11 anos que estão iniciando o
aprendizado da Língua Inglesa. Também entrevistamos 2 professores da
Língua (Na sua opinião, qual é a maior dificuldade dos alunos?, Como eles
reagem ao utilizar jogos em sala de aula?, Você acha que facilita o
aprendizado?). Todos de uma Escola de Idiomas situado na cidade do Rio de
Janeiro.
A aplicação dos mesmos será feita pela própria autora em dia e horário a
ser combinado na instituição escolar. Ao final da coleta desses dados os
mesmos serão avaliados a partir de alguns critérios específicos que serão de
suma importância para o desenvolvimento e conclusão do nosso trabalho, tais
como: dificuldade de aprendizagem da língua inglesa, interesse pela matéria e
facilidade de aprendizagem com jogos.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - O Ensino de Inglês para crianças 11
CAPÍTULO II - Jogo Didático para Crianças 19
2.1. A criança 19 2.2. O jogo 23 CAPÍTULO III – Porquê utilizar os jogos 26
CONCLUSÃO 31
ANEXOS 34
BIBLIOGRAFIA 39
8
INTRODUÇÃO
O primeiro contato com a aprendizagem da Língua Estrangeira, em
especial o Inglês, vem se tornando cada vez mais precoce. Um dos fatores
mais importantes para esse processo são as características do mundo
moderno, visto que para ser um indivíduo atuante na sociedade é preciso ser
capaz de se comunicar na língua materna além de uma ou mais línguas
estrangeiras.
A mídia divulga que o mercado de trabalho vem exigindo mais e mais
qualificação dos candidatos a vagas, aumentando a competição entre esses
candidatos. Como conseqüência dessas exigências do mercado, os pais estão
se preocupando com o futuro profissional de seus filhos cada vez mais cedo.
Nos dias atuais, ter conhecimento de outro idioma é condição sine qua
non para ter uma melhor posição no mercado de trabalho, principalmente, com
a globalização. Neste sentido, considerando que o aprendizado de uma língua
estrangeira é essencial e não apenas um diferencial, escolas públicas,
particulares, e cursos livres têm oferecido a disciplina de Inglês como Língua
Estrangeira cada vez mais cedo.
No decorrer do trabalho educacional com o ensino de Língua Inglesa
para crianças de 7 a 11 anos, entretanto, são freqüentes os questionamentos
de como ensinar a língua estrangeira a este público, que assim como os
demais períodos da vida, possuem características e exigências próprias.
Para atender a esse público (alunos desta faixa etária), estudiosos e
professores da área têm se preocupado com a forma de ensinar a língua
9estrangeira, visto que as crianças apresentam uma forma de compreensão
diferente do adulto. Até aproximadamente os 12 anos, de acordo com a
proposta de Piaget (1973), as crianças não desenvolvem as operações de
raciocínio abstrato, logo, necessitam aguçar sua capacidade sensorial e
simbólica. Especificamente no ensino de língua estrangeira para crianças,
podemos considerar a visão sócio-interacionista de Vygotsky, na qual as
relações sociais estabelecidas no ambiente escolar são fatores essenciais
neste processo.
Assim, as atividades lúdicas foram as formas encontradas para atender
tal demanda, uma vez que tais atividades englobam as histórias infantis, as
dramatizações, os jogos e as brincadeiras.
As crianças se vêem envolvidas com o ensino da Língua estrangeira já
nos primeiros anos escolares. E diante desse fato, crianças que acabaram de
ser alfabetizadas com a Língua materna, deparam com uma outra Língua; e
em fase de brincadeira seria o jogo um facilitador desse aprendizado?
O professor da Língua Inglesa encontra muitos obstáculos ao introduzir a
Língua não só falada como também escrita em níveis iniciais. Acreditamos que
com essa dificuldade infantil podemos ajudar fazendo o que as crianças mais
se interessam que é a brincadeira.
Além das atividades visuais e auditivas, os professores precisam dispor
de atividades físicas, como jogos e brincadeiras, que possam promover
interação entre as crianças, atividades sensoriais como o fazer e o sentir
(BROWN, 1994).
Ao encontrar dificuldade no ensino da Língua, o jogo ajudaria a criança a
assimilar com mais facilidade. Uma vez que com a brincadeira torna-se mais
interessante a aprendizagem para eles.
10 Veremos assim se realmente o jogo seria um facilitador nessa
aprendizagem de outra Língua que não a materna, em nosso caso a Língua
Inglesa.
No primeiro capítulo, abordaremos a relevância do ensino da Língua
Inglesa para crianças, bem como, o desenvolvimento cognitivo.
Após teremos o segundo capítulo que trata do jogo didático. Onde
primeiro trataremos do desenvolvimento da criança, segundo Piaget, e a
importância do jogo didático.
Em nosso terceiro e último capítulo, traremos a pesquisa feita com
alunos e professores de uma Escola de Idiomas.
11
CAPÍTULO I
O ENSINO DE INGLÊS PARA CRIANÇAS
Atualmente, é de suma importância o domínio escrito e falado da língua
inglesa. O Inglês constitui praticamente, embora formalmente assim não seja
enunciado como tal, o idioma universal, aquele que qualquer um, em qualquer
parte do mundo, deverá dominar, se quiser ter sucesso nesta era da
Globalização. O Inglês conseguiu o estatuto de ser invariavelmente a
alternativa à língua de origem de qualquer país.
Com isso, os pais preocupados com o futuro dos filhos, tendem a
matriculá-los cada vez mais cedo em escolas bilíngües ou cursos livres que
ensinam a Língua Inglesa, primeiramente, podendo até depois partir para o
aprendizado de uma outra língua.
As crianças assimilam uma Língua Estrangeira, em particular o inglês,
com maior naturalidade quando começam mais cedo, pois dessa forma
poderão dedicar mais tempo ao aprendizado da língua alvo, acumulando um
conhecimento maior e mais sólido, porém têm grande resistência ao
aprendizado formal, artificial e dirigido. Algumas das razões para o ensino da
Língua Inglesa para criança, deriva da curiosidade que é um grande fator de
motivação. A aula de Língua Inglesa para crianças nas séries iniciais tem que
ser bastante lúdicas.
No decorrer do trabalho educacional com o ensino de Língua Inglesa
para crianças de 5 a 11 anos, entretanto, são freqüentes os questionamentos
de como ensinar a língua estrangeira a este público, que assim como os
demais períodos da vida possuem características e exigências próprias.
12 Para atender a esses alunos, estudiosos e professores da área têm se
preocupado com a forma de ensinar a língua estrangeira, visto que as crianças
apresentam uma forma de compreensão diferente do adulto. Até
aproximadamente os 12 anos, de acordo com a proposta de Piaget (1973), as
crianças não desenvolvem as operações de raciocínio abstrato, logo,
necessitam aguçar sua capacidade sensorial e simbólica. Especificamente no
ensino de língua estrangeira para crianças, podemos considerar a visão sócio-
interacionista de Vygotsky, na qual as relações sociais estabelecidas no
ambiente escolar são fatores essenciais neste processo.
Assim, as atividades lúdicas foram as formas encontradas para atender
tal demanda, uma vez que tais atividades englobam as histórias infantis, as
dramatizações, os jogos e as brincadeiras.
A idade ideal para se aprender uma língua estrangeira e as razões a ela
associadas têm sido motivos de discussão e controvérsias há vários anos.
Ressalta-se atualmente a crença de que as crianças aprendem uma língua
estrangeira de maneira mais eficiente do que o adulto. Os estudiosos da área,
por outro lado, não afirmam tal questão, mas sim consideram vários fatores
que ora privilegiam as crianças, ora os adultos. Todos concordam, entretanto
que a criança se sobressai na pronúncia e que o importante é conhecer a
faixa-etária em que os alunos se encontram, refletindo onde, porque e como o
processo de ensino-aprendizagm se desenvolve.
De acordo com Schütz (2004) há uma idade crítica a partir dos 12 anos,
aproximadamente, na qual adolescentes e adultos passam a ter mais
dificuldade para aprender uma língua estrangeira. Entende-se neste aspecto,
que essa dificuldade varia de indivíduo para indivíduo e depende das
características do ambiente lingüístico em que o aprendizado ocorre.
O autor indica vários fatores que podem afetar o desenvolvimento
cognitivo do ser humano que sustentam a asserção acima exposta: fatores
biológicos, cognitivos, de ordem afetiva, o ambiente e o input [ou insumo]
lingüístico.
13O primeiro, diz respeito às funções do cérebro e do aparelho auditivo, os
quais se enquadram nas contribuições da neurociência em prol do âmbito
educacional. De acordo com estes estudos, até a puberdade os dois
hemisférios do cérebro (direito – criativo, artístico; esquerdo – lógico, analítico)
estão interligados. Fato esse que indicaria um período mais propício para a
assimilação da língua estrangeira, logo, este seria o período de aprendizagem
máxima.
O aparelho auditivo nas crianças, por sua vez, segundo Schütz (2004)
conta com maior flexibilidade muscular quanto aos sons, o que auxilia a
exploração de uma acuidade auditiva superior em relação a dos adultos. O
autor argumenta que a criança possui maior habilidade para expandir sua
matriz fonológica, podendo adquirir um amplo sistema de fonemas da língua
estrangeira, com ao quais tem contato. Este processo é mais difícil para um
adulto monolingue, devido a sua matriz fonológica sedimentada, e que produz,
portanto, apenas fonemas de sua língua materna.
Já os fatores cognitivos postulam que os conceitos aprendidos pelas
crianças se associam diretamente às estruturas neurais do cérebro,
responsáveis pelas formas da língua. Comparativamente, Schütz (2004)
exemplifica que o adulto já possui seus conceitos formados e suas respectivas
estruturas neurais fixas sendo que as novas formas da língua estrangeira não
se relacionam com as formas já fixas, tornando assim, a relação mais difícil de
ser estabelecida.
Fatores psicológicos e afetivos, por sua vez, também influenciam
diretamente o processo de aquisição de línguas. Tais fatores dizem respeito à
hipótese do filtro afetivo, discutida por Krashen (1982 apud. Carioni,1988). O
filtro afetivo é um processo interno de aquisição lingüística que seleciona
subconscientemente o insumo, baseando-se em fatores de ordem psicológica/
afetiva, os quais podem causar um impacto direto no aprendizado. Dentre eles
destacam-se: (des)motivação, perfeccionismo, autoconsciência, ansiedade,
necessidades, atitudes e estados emocionais do indivíduo.
14Outra hipótese do referido autor refere-se ao ambiente e ao input
lingüístico. Neste caso, o input está vinculado à aquisição a qual se processa
de forma gradual e que tem como foco a mensagem, ou seja, o uso lingüístico
na e para a comunicação. O crescimento lingüístico é permitido pela
compreensão de formas novas, cujo processo ocorre em conjunção com uma
série de fatores de ordem emocional, cultural e social. Quanto ao ambiente,
neste devem ocorrer situações reais. O argumento que se poderá levantar a
partir desses aspectos é que, embora não se possa generalizar, ao aprender
uma língua estrangeira a criança geralmente se interessa ou se prende à
mensagem, ao uso do idioma, ao passo que muitos adultos se prendem mais
às formas ou à estrutura do mesmo, ativando constantemente seu “monitor”
(espécie de fiscal lingüístico) o que torna sua aprendizagem mais lenta.
Uma teoria de ensino-aprendizagem igualmente relevante para o ensino
da língua estrangeira em sala de aula é a psicolinguística de Vygotsky (1978-
1987). Um dos princípios desta teoria, que embora não direcionado ao
aprendizado de segunda língua, é discutida por teóricos da educação bilíngüe.
Este princípio considera o pensamento e a linguagem como duas operações
distintas que crescem juntas apenas no animal humano, cujo crescimento
ocorre por volta de dois anos. A partir desta idade pensamento e linguagem se
desenvolvem de forma inter-relacionada, reforçando e transformando o outro
ao longo do desenvolvimento. Com base neste aspecto Castro (1996), por
exemplo, assevera que segundo os teóricos da educação bilíngüe:
O desenvolvimento cognitivo de uma criança é prejudicado se a
educação na língua materna for abruptamente substituída pela
educação na língua na qual a criança ainda não é fluente. Por outro
lado, isto faz com que seja revisto o papel da língua estrangeira no
desenvolvimento da língua materna, e vice-versa, a partir de seis/sete
anos de idade, quando a criança já é fluente na língua mãe. Até
bastante recentemente acreditava-se que o aprendizado de uma
segunda língua em paralelo ao início da alfabetização na língua
materna (geralmente por volta de sete anos) poderia prejudicar o
desenvolvimento desta. Pelo contrário, à luz dos estudos
vygotskianos, entende-se agora que o aprendizado da segunda
15língua nessa época favorece a percepção metalingüística da língua
mãe. Ao mesmo tempo, o oposto também é verdadeiro, isto é, o
estudo sistemático da língua materna favorece igualmente a
percepção da língua estrangeira. O desenvolvimento tanto do
pensamento como da linguagem da criança é, portanto, estimulado.
(CASTRO, 1996, p. 42)
Brown (1994), por sua vez, postula que o ensino de língua estrangeira
para crianças requer habilidades específicas que diferem das que seriam
utilizadas com adultos. O professor deve estar atento a importantes questões:
quem são os alunos, onde e porque as crianças estão aprendendo uma língua
estrangeira, além de refletir como este processo está sendo desenvolvido.
Conforme indicado pelo autor, a diferença entre crianças e adultos está
no contraste entre a espontaneidade das crianças em aprender uma língua
estrangeira, cujo foco é a mensagem e a atenção dos adultos quanto à forma,
ou seja, nas regras da língua alvo.
Brown (1994) aponta que o ensino efetivo de língua estrangeira para
crianças requer habilidades específicas que diferem daquelas que seriam
utilizadas com o adulto (como ensinar?). Para isso, algumas categorias são
apresentadas:
Primeiramente, o intelectual development, se refere ao fato de que as
crianças até os 11 anos estão ainda em um estágio intelectual que Piaget
chama de “operação concreta”. É preciso lembrar então de suas limitações.
Regras, explicações e outros elementos abstratos sobre a linguagem
devem ser usados com cuidado extremo. Crianças não apreciam as
noções adultas de “correção” e eles, certamente não podem
compreender a metalinguagem utilizada para descrever e explicar
conceitos lingüísticos. (Brown, 2004, p. 91, tradução nossa)
Outra categoria levantada é quanto à curva de atenção envolvida em
uma atividade por uma criança e por um adulto. Se uma aula de língua
estrangeira é considerada “difícil”, desnecessária ou “chata” pela criança, esta
não direcionará sua atenção ao desenvolvê-la. Logo, a professora deve aplicar
16atividades interessantes e divertidas, ou seja, uma aula deve conter várias
atividades que despertem a curiosidade dos alunos além de serem animadas e
terem “senso de humor”. Esta categoria está diretamente vinculada à próxima
categoria a qual postula que os cinco sentidos das crianças devem ser
estimulados, contemplando-se neste caso, as atividades físicas, as sensoriais,
auditivas bem como as não verbais (gestos, toques e traços faciais).
Entendemos aqui que todos os tipos de percepção são canais de
aprendizagem.
Quando o Inglês é apresentado como diversão, as crianças passam a
serem estimuladas e desenvolvem uma ótima capacidade de concentração.
Através de trabalhos lúdicos, a criança passa a ter uma finalidade em seu
aprendizado. “Conseqüentemente, caberá ao professor dar uma melhoria da
qualidade do processo ensino-aprendizagem, cabendo a ele desenvolver
novas práticas didáticas que permitam aos discentes um maior
aprendizado”.(NUNES, 2004, on line) Por meio de uma aula lúdica, a criança
passa a ser estimulada, tendo uma nova razão em seu aprendizado.
As atividades lúdicas têm o poder sobre a criança de facilitar tanto o
progresso de sua personalidade integral, como o progresso de cada uma de
suas funções psicológicas intelectuais e morais. (NUNES, 2004, on line)
As atividades lúdicas, geralmente, são mais empregadas no ensino da
matemática, contudo, elas devem se inseridas na prática de outras disciplinas,
como é o caso na língua estrangeira. Pois, assim, ela facilitará o aprendizado
da mesma e motivará, tanto criança como adultos, a aprenderem.
Desse modo, percebe-se o quão importante a ludicidade no contexto escolar,
visto que ela proporciona uma maior interação entre o estudante e o
aprendizado, fazendo com que os conteúdos fiquem mais fáceis aos olhos dos
alunos, os quais ficam mais interessados em assistir à aula. (NUNES, 2004, on
line)
17
Assim:
As atividades lúdicas têm o poder sobre a criança de facilitar tanto o
progresso de sua personalidade integral, como o progresso de cada
uma de suas funções psicológicas intelectuais e morais. Ademais, a
ludicidade não influencia apenas as crianças, ela também traz vários
benefícios aos adultos, os quais adoram aprender algo ao mesmo
tempo em que se distraem (NUNES, 2004, ON-LINE)
O ensino da Língua Inglesa para crianças tem diferença do que seria
utilizado para um adulto. Crianças não apreciam as noções de um adulto de
correção e eles certamente não podem compreender certas explicações
metalingüísticas (Brown, 2004, p.91). Situações emocionantes são mais
motivadoras.
Analisando o uso do Inglês como uma ferramenta para a formação da
criança como cidadão, a Língua Inglesa pode promover a auto-estima, para
que a criança nas séries iniciais valorize o que produz individualmente ou no
grupo, favorecendo a convivência, considerando a igualdade e a identidade
para que aprenda a conhecer, a fazer a ser e a conviver dentro de seu idioma
ou em qualquer outro.
O papel que o Inglês representa em função do poder e da influência da
economia norte-americana, cresceu ao longo deste século, principalmente a
partir da Segunda Guerra Mundial, e atingiu seu apogeu na chamada
sociedade globalizada e de alto nível tecnológico, em que alguns indivíduos
vivem neste final de século. O Inglês, hoje, é a língua mais usada no mundo
dos negócios, e em alguns países como Holanda, Suécia e Finlândia, seu
domínio é praticamente universal nas universidades. (Brasil, MEC, 1998, p.23).
Porém, apresentação da Língua Inglesa para crianças, serve para alertar
os profissionais sobre as diferenças individuais levando em consideração a
formação para a cidadania, pois a partir desta perspectiva do ensino da Língua
18Inglesa nas séries iniciais, vislumbramos a proposta de que a escola possibilite
o desenvolvimento da autonomia moral, condicionando a reflexão ética, e o
domínio de um novo idioma.
19
CAPÍTULO II
JOGO DIDÁTICO PARA CRIANÇAS
Primeiro vamos identificar as características da faixa etária escolhida
para este assunto – as crianças. Entendendo que ao conhecer nossos alunos,
poderemos desenvolver atividades que respeitem suas necessidades e
interesses.
Em seguida, trataremos de questões específicas às brincadeiras e aos
jogos, abordando seus conceitos e importância no desenvolvimento
físico/afetivo das crianças bem como no ensino/aprendizagem da língua
inglesa.
2.1. A criança
Entender como a criança se desenvolve é um ponto essencial para os
profissionais da educação que atuam na faixa-etária de 0 a 12 anos. Piaget
(1973), recorrente neste campo, se preocupou em estudar a evolução do
pensamento até a adolescência, procurando compreender os mecanismos
mentais que o indivíduo utiliza para interagir com a realidade.
Para o autor, a criança não pensa como o adulto devido à ausência de
algumas habilidades. Logo sua teoria compreende que os seres humanos
passam por etapas, ou seja, uma série de mudanças ordenadas e previsíveis
20que evoluem como um espiral, de modo que cada estágio engloba a anterior e
o amplia. Piaget não estabelece idades rígidas para os estágios, mas estes
apresentam uma seqüência constante. Assim, o desenvolvimento psíquico
pode ser comparado ao crescimento orgânico no sentido de que evolui para
um equilíbrio final, representado pelo espírito adulto. A inteligência, por
exemplo, evolui de idéias incoerentes na infância até chegar ao pensamento
sistematizado dos adultos. O mesmo ocorre com a afetividade, em que o
equilíbrio dos sentimentos é alcançado pelo adulto.
Em suma, os estágios propostos por Piaget são: estágio sensório-motor
(aproximadamente 0 a 2 anos); estágio pré-operacional (2 a 6 anos); estágio
das operações concretas (7 a 11 anos) e estágio das operações formais (12
anos em diante).
Devido à faixa etária contemplada deste estudo, é oportuno
considerarmos somente as características que compreende o 3o estágio, o das
operações concretas, que são abordadas na teoria de Piaget.
Para Piaget é neste estágio que se reorganiza verdadeiramente o
pensamento. No estágio anterior as crianças são sonhadoras, muito
imaginativas e criativas. É a partir deste estágio (operações concretas) que
começam a ver o mundo com mais realismo, deixam de confundir o real com a
fantasia. É neste estágio que a criança adquire a capacidade de realizar
operações. Podemos definir operação como a ação interiorizada realizada no
pensamento, composta por várias ações e pode voltar ao ponto de partida. A
criança já consegue realizar operações, no entanto, precisa de realidade
concreta para realizar as mesmas, ou seja, tem que ter a noção da realidade
concreta para que seja possível à criança efetuar as operações.
Para compreendermos qual o aspecto fundamental do período que
estamos a analisar, fazemos referência à experiência dos copos de água. Se
no estágio anterior a criança não conseguia perceber que a quantidade era a
mesma independentemente do formato do copo, neste estágio elas já
percebem que a quantidade (volume) do líquido é a mesma, pois já
21compreendem a noção de volume, bem como peso, espaço, tempo,
classificação e operações numéricas.
Apesar de neste estágio a criança já conseguir efetuar operações
corretamente, precisa ainda de estar em contacto com a realidade, por isso o
seu pensamento é descritivo e intuitivo (parte do particular para o geral). Ao
longo deste período já não tem dificuldade em distinguir o mundo real da
fantasia. A criança já interiorizou algumas regras sociais e morais e, por isso,
as cumpre deliberadamente para se proteger. É nesta fase que a criança
começa a dar grande valor ao grupo de pares, por exemplo, começa a gostar
de sair com os amigos, adquirindo valores tais como a amizade,
companheirismo, partilha, etc., começando a aparecer os lideres.
Progressivamente a criança começa a desenvolver capacidade de se
colocar no ponto de vista do outro, descentralização cognitiva e social. Nesta
fase deixa de existir monólogo passando a haver diálogo interno. O
pensamento é cada vez mais estruturado devido ao desenvolvimento da
linguagem. A criança tem já mais capacidade de estar concentrada, e algum
tempo interessada em realizar determinada tarefa.
Nesta faixa etária, se reorganiza verdadeiramente o pensamento as
crianças são sonhadoras, muito imaginativas e criativas. É a partir deste
estádio (operações concretas) que começam a ver o mundo com mais
realismo, deixam de confundir o real com a fantasia. Este fator tem como
conseqüência três modificações gerais.
A primeira delas é que aqui a criança já possui uma organização mental
integrada, isto significa que os sistemas de ação reúnem-se de modo
integrados. Piaget fala em operações de pensamento ao invés de ações. A
criança é capaz de ver a totalidade de diferentes ângulos. Conclui e consolida
as conservações do número, da substância e do peso. Apesar de ainda
22
trabalhar com objetos, agora representados, sua flexibilidade de pensamento
permite inúmeras e diversificadas aprendizagens.
No início desse período ou estádio, por volta dos sete ou oito anos de
idade, o equilíbrio entre a assimilação e a acomodação torna-se mais estável,
e é claro, que o fim deste estágio marca a transição da infância para a
puberdade.
A segunda modificação é a capacidade das crianças efetuarem análises
lógicas, ocorrendo também um aumento da empatia com os sentimentos e
atitudes dos outros (ultrapassagem do egocentrismo), mostrando de forma
mais evidente, sua alteridade de ser.
Também nesse estágio - ou estádio - do desenvolvimento é que começa
a haver a terceira modificação que é a compreensão, por parte da criança, de
relações causa-efeito mais complexas. Observamos com evidência o salto no
desenvolvimento da capacidade da criança no uso do pensamento simbólico.
Mesmo antes das operações concretas, a criança ordena uma série de
objetos por tamanhos. Ela também compara dois objetos indicando qual o
maior. No entanto, não será ainda capaz de compreender a propriedade
transitiva: se o objeto A é maior que o objeto B e se B é maior que C,
significando que ela ainda não está apta para concluir que A é maior que C. Se
colocar A e C ao pé um do outro, perceberá que A é maior que C mas não se
trata de um inferência.
Entretanto, a criança, no inicio desse estágio, é capaz de compreender a
propriedade transitiva desde que aplicada a objetos concretos que tenha visto,
o objeto A (por exemplo: um cavalo), ou o objeto B (por exemplo: um cão). No
entanto, não é ainda capaz de compreender a propriedade transitiva quando
aplicada a objetos hipotéticos. Por exemplo, se puser o problema da seguinte
23
forma: A maior que B e B é maior que C, qual é maior A ou C? Esse problema
nos revelará uma criança que não é capaz de responder. A resolução de
problemas, como este, só será possível - de resolver - no estágio de
desenvolvimento seguinte.
2.1. O jogo
Os materiais didáticos são ferramentas fundamentais para os processos
de ensino e aprendizagem, e o jogo didático caracteriza-se como uma
importante e viável alternativa para auxiliar em tais processos por favorecer a
construção do conhecimento ao aluno.
O jogo didático simula uma brincadeira, porém não é feito
espontaneamente pela criança. Deve haver a interferência do professor, que
deverá criar regras, organizar e comandar a atividade. Deve ser utilizado
quando se tenta ensinar conteúdos didáticos empregando uma atividade com
cara de brincadeira.
Cyrre (2002) nos diz que o jogo muitas vezes é visto de forma negativa
por ser considerado como atividade inútil, “que não produz bem ou serviços”.
Porém, menciona Piaget, que considera o jogo como uma nova prática
pedagógica importante para o desenvolvimento da criança incluindo o
desenvolvimento da personalidade. Além disso, menciona Huizing (apud Cerry,
2002) para quem “o jogo é uma ação ou uma atividade voluntária, realizada em
certos limites fixos de tempo e lugar, segundo uma regra livremente
consentida, mas absolutamente imperiosa, prevista de um fim em si,
acompanhado de uma sensação de tensão e de júbilo, e com a consciência de
ser de outro modo na vida real” (p. 240).
Freud (apud Cyrre, 2002) acredita que cada criança quando em situação
de jogo “se comporta como um poeta que crê num mundo próprio, ou melhor,
24reordena as coisas de seu mundo em uma nova forma que o agrada”.
(CYRRE, 2002, p. 240Além disso, considera que o jogo é o oposto do real e a
criança sabe diferenciar tal fato e experimenta prazer ao unir situações
imaginárias com as coisas tangíveis e visíveis do mundo real.
A idéia de um ensino despertado pelo interesse dos alunos tornou o
jogo uma ferramenta ideal para a aprendizagem. Nele, o aluno constrói novas
descobertas, desenvolve e enriquece sua personalidade e simboliza um
instrumento que estimula a aprendizagem, pelo fato de, como visto acima, o
lúdico fazer parte do cotidiano das crianças. Além disso, o lúdico transforma o
aprendizado numa atividade prazerosa, interessante e útil. Dessa forma, o
aluno pode ter o interesse em aprender a língua inglesa despertado. Também,
o lúdico pode facilitar a aquisição de certo conhecimento.
Ur (1996) defende a utilização dos jogos no ensino de crianças,
orientando os professores a não deixarem que esta característica do lúdico
seja tomada como fonte de diversão e atividade sem seriedade. “Crianças,
geralmente aprendem bem quando elas atuam; e quando a ação é canalizada
em um jogo agradável elas estão freqüentemente dispostas a investir tempo
considerável e se esforçam em jogá-lo” (1996, p. 290, tradução nossa)
Dessa forma, a utilização do lúdico, em particular os jogos, no ensino-
aprendizagem da criança é importante devido aos novos rumos tomados pelo
ensino, assim como ao novo papel do professor em sala de aula. Novas
práticas pedagógicas devem ser utilizadas no ensino, para que haja a
interação aluno-professor e não somente este seja o transmissor de
conhecimento, como era antigamente.
Sendo o lúdico uma atividade que corresponde a um impulso natural da
criança, o ensino-aprendizagem transforma-se num processo mais prazeroso,
justificando sua utilização. Além disso, o lúdico ativa esquemas mentais que
juntamente com a atividade física ativa o pensamento.
Os jogos são capazes de facilitar a aquisição e aprendizagem de uma
língua permitindo a realização de ajuda entre a teoria e a prática,
25transformando a aprendizagem em algo agradável e significativo. O fato de o
jogo criar uma necessidade de expressão capaz de deflagrar a utilização
imediata do idioma o transforma em um poderoso aliado do professor de
línguas que busca, de forma incessante, maneiras de tornar suas aulas cada
vez mais atrativas e importantes para a vida do educando. (Schröter, on line)
O jogo ganha um espaço como a ferramenta ideal de aprendizagem, na
medida que propõe estímulo ao interesse do aluno. O jogo ajuda-o a construir
suas novas descobertas, desenvolve e enriquece sua personalidade e
simboliza um instrumento pedagógico que leva ao professor a condição de
condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem.
O jogo didático no ensino da Língua Inglesa, é uma proposta de ensino
que surgiu da dificuldade de ensinar uma língua estrangeira e procurou-se
compreender o processo de aquisição da mesma.
Quando o jogo didático é usado em sala de aula, o professor pode
introduzir, retomar, revisar, avaliar, aprofundar um conteúdo, assim atrai o
interesse do aluno de maneira lúdica e divertida com melhores resultado e
enriquecendo suas aulas. Sobre tudo o jogo didático é um recurso pedagógico
necessário, adequado e indispensável ao ensino da Língua Inglesa, ou seja,
pode e deve ser utilizado para facilitar o ensino e a aprendizagem dos
diferentes componentes curriculares. (Schröter, on line)
A Língua Inglesa quando apresentada ao aluno traz um universo cheio
de descobertas, conflitos, dúvidas, aprendizagem, o que facilitará seu convívio
na sociedade. A língua está inserida em nosso meio social e a cada dia que
passa torna-se mais importante dominá-la devido à globalização estar em
constante transformação.
26
CAPÍTULO III
PORQUÊ UTILIZAR OS JOGOS
Neste capítulo, discutiremos os procedimentos metodológicos adotados
para a realização desta pesquisa. Com este fim, explicitaremos o contexto, os
participantes, os procedimentos e os instrumentos de coleta e análise dos
dados, buscando responder à pergunta de pesquisa: o jogo seria um facilitador
do aprendizado da língua inglesa?
Este estudo foi desenvolvido em um curso livre de Idiomas na cidade do
Rio de Janeiro numa turma de nível básico para crianças com idades entre 8 e
11 anos. Os dados foram coletados em maio de 2009
O grupo escolhido para a pesquisa foram 5 crianças com faixa etária
entre 8 e 11 anos, sendo três sujeitos do sexo feminino e dois do sexo
masculino. Todos os alunos estudaram nesta escola o ano anterior e já tinham
estabelecido contato com a língua inglesa deste então.
Vários autores têm caracterizado a brincadeira como a atividade ou
ação própria da criança, voluntária, espontânea, delimitada no tempo e no
espaço, prazerosa, constituída por reforçadores positivos intrínsecos, com um
fim em si mesma e tendo uma relação íntima com a criança. (Brougère, 1997;
Kishimoto, 1988; Piaget, 1973)
A partir dessas informações, é importante ressaltar que o brincar faz
parte da infância, porém, em várias ocasiões, os adultos (pais ou professores)
propõem determinadas atividades para as crianças que parecem não cumprir
os critérios acima discutidos, mas que são chamadas “brincadeiras” pelos
próprios adultos.
27Toda atividade com brinquedos pode trazer aprendizagem a criança,
mesmo que ela seja realizada independente de um acompanhamento de um
adulto, sozinha a criança pode descobrir e inventar novas maneiras de brincar
com determinado brinquedo , apesar de que desta maneira a criança poderá
levar mais tempo para se relacionar nas brincadeiras de grupos, ou que ela
seja realizada de forma direcionada, intencional pelo adulto que vai lhe
conduzir para adquirir determinadas habilidades.
No processo da educação infantil, o papel do professor é
essencialmente importante, pois é ele que cria os espaços, disponibiliza
materiais, participa das brincadeiras, ou seja, faz a mediação da construção do
conhecimento.
O bom uso de jogos em aula requer que tenhamos uma noção clara do
que queremos explorar ali e de como fazemos. É importante direcionar para
quem, onde e para qual realidade aplicaremos os jogos. O ato de brincar
proporciona a construção do conhecimento de forma natural e agradável. É um
grande agente de socialização, onde cria a desenvolve a autonomia.
Conforme o autor Kishimoto (1988), a formação lúdica possibilita ao
educador conhecer-se como pessoa, saber de suas possibilidades,
desbloquearem resistências e ter uma visão clara sob a importância do jogo e
do brinquedo na vida da criança, do jovem e do adulto.
Devemos observar com muita atenção o que pretendemos ensinar aos
nossos alunos, que tipo de cidadãos queremos formar, porque é através de
jogos e brincadeiras que cada um se desenvolve e vai formar a sua identidade.
Para as crianças o jogo é sempre uma diversão, mas cabe ao professor
focar o trabalho no que deseja. Devemos também tomar muito cuidado para
que não vire uma bagunça a sala de aula. Aproveitando o momento de
descontração, para que seja introduzida no entendimento do aluno a nova
língua.
28 É evidente que os jogos e brincadeiras sempre estiveram presentes na
vida da criança, independente do tempo, costumes e do grupo social a que
fazem parte. É também na infância que as brincadeiras estão mais latentes e é
por meio delas que as crianças satisfazem grande parte de seus desejos e
interesses particulares, bem como, aprendem a viver em sociedade, exige-se
conviver e respeitar determinadas regras.
O lúdico deve ser parceiro na prática do professor e as atividades
selecionadas devem ser significativas oportunizando a criança vivenciar
descobertas. Não é possível conceber a escola apenas como mediadora de
conhecimentos e sim, como um lugar de construção coletiva do saber
organizado.
O professor não deve tornar o jogo algo obrigatório. Deve buscar sempre
jogos em que o fator sorte não interfira nas jogadas, permitindo que vença
aquele que descobrir as melhores estratégias, estabelecer regras que possam
ser modificadas no decorrer do jogo, trabalhar a frustração pela derrota na
criança, no sentido de minimizá-la, e analisar as jogadas durante e depois da
prática.
Jogos educativos podem facilitar o processo de ensino-aprendizagem e
ainda serem prazerosos, interessantes e desafiantes. O jogo pode ser um
ótimo recurso didático ou estratégia de ensino para os educadores e também
ser um rico instrumento para a construção do conhecimento.
Segundo Campagne (1989, apud Kishimoto, 1998): “o brincar tem duas
funções: lúdica: o ato de brincar, jogar predomina; e, educativa: elimina o
hedonismo, (do grego, hedone: prazer) resta apenas o ensino”. O equilíbrio
entre as duas funções é o objetivo do jogo pedagógico.O professor precisa
organizar seu trabalho de forma que compreenda quais aprendizagens estão
entrelaçadas nesse brincar, como ato pedagógico. Brougére (2000) assim se
refere :
29“Não se pode fundamentar, na brincadeira, um programa pedagógico
preciso. Quem brinca pode sempre evitar aquilo que lhe desagrada.
Se a liberdade valoriza as aprendizagens adquiridas na brincadeira,
ela produz, também, uma incerteza quanto aos resultados. Daí a
impossibilidade de assegurar aprendizagens, de um modo preciso, na
brincadeira. É o paradoxo da brincadeira, espaço de aprendizagem
fabuloso e incerto.”
Mas isto não tira o valor e a importância de se ensinar para todas as
crianças um repertório lúdico diversificado. Quanto maior for a riqueza cultural
relacionada ao lúdico, maiores as ferramentas e possibilidades da criança
nesse diálogo com a própria cultura. Conforme a criança amplia seu universo
lúdico, maior as chances de cada uma valorizar e criar novas atividades dentro
de cada contexto.
Moura (2003), afirma que os jogos passaram a ser considerados nas
práticas escolares uma importante ferramenta para o processo de
aprendizagem. No entanto, alerta que os mesmos não podem ser vistos como
únicas estratégias didáticas que garantam a construção do conhecimento. Na
mesma direção, Kishimoto (2003, p.37-38) apóia essa posição quando afirma
que:
A utilização do jogo potencializa a exploração e a construção do
conhecimento, por contar com a motivação interna, típica do lúdico,
mas o trabalho pedagógico requer a oferta de estímulos externos e a
influência de parceiros bem como a sistematização de conceitos em
outras situações que não jogos.
Mrech (2003), também possui o mesmo posicionamento e acrescenta
que
o professor não deve perder a sua autonomia nesse processo de ensino
aprendizagem,apesar de reconhecer o saber impotencial que estes objetos
possuem. Também alerta que esse saber, que os jogos trazem, podem ou não
ser ativados pelo aluno. Daí, a figura do professor, para ele, ser tão importante,
pois este vai mediar as situações e criar outras extra-jogo para a
30sistematização dos conhecimentos. Para o autor, os jogos é um recurso
importante a ser utilizado pelo professor, desde que ele tenha clareza do seu
papel e de que os jogos por si só não vão garantir a aprendizagem de certos
saberes que precisam ser sistematizados e co-relacionados à proposta e aos
objetivos pedagógicos que se esperam atingir.
Os professores entrevistados são a professora que iniciou o trabalho de
ensino da língua inglesa e, o professor que dá continuidade a esse trabalho
após um ano com a primeira professora.
Nas aulas em que os professores fizeram uso de jogos, pode-se
perceber que o envolvimento dos alunos com a Língua Inglesa foi mais
produtivo, embora houvesse dificuldade para alguns alunos em falar inglês.
Mas a interação que ocorre com o uso de jogos em sala é importante para o
desenvolvimento infantil.
Com essa nossa entrevista, podemos concluir que a aplicabilidade do
jogo é de grande valia para a aprendizagem. Além de termos verificado isso no
nosso questionário, alguns autores concordam com essa afirmação.
31
CONCLUSÃO
Motivação e relevância são fundamentais para que um processo de
aprendizagem caminhe bem. Quando utilizamos com propriedade jogos na
aula de língua estrangeira, ajudamos a criar um ambiente favorável, tornando a
aprendizagem não só mais significativa mas, também, prazerosa.
Sabemos que os jogo ajudam a manter o interesse do aluno pela
aprendizagem e que pode ser bastante divertido, mas o grande mérito de sua
utilização está na criação de contextos nos quais a língua inglesa possa ser
experimentada como um instrumento de comunicação significativo e útil. Um
outro aspecto relevante é que, através de jogos, atitudes e procedimentais
podem ser explorados, visto que em muitos deles depende-se da cooperação
entre os participantes para a solução de situações-problema. É essencial que
o professor tenha objetivos bastante claros quando opta pela aplicação de
jogos ao longo de seu curso. Naturalmente, escolher os jogos mais adequados,
de acordo com a idade, o nível de conhecimento, o tempo e o material
necessários, dentre outros critérios, é o passo seguinte. Via de regra, um jogo
pode ser considerado bom quando propõe aos participantes algum desafio.
Do mesmo modo, o comportamento lúdico é universal, pertence a todas
as pessoas. É um símbolo de humanidade, sem preconceitos, não necessita
de passaporte nem tem idioma, bandeira ou moeda, porque não tem fronteiras.
Hoje em dia se encontram muitos jogos educativos e cabe ao educador
selecionar e avaliar esses, buscando utilizá-los da melhor forma possível.
Esses podem ser mais um dos agentes transformadores da educação, mas vai
32depender muito da forma como serão utilizados e explorados. Os educadores
têm papel fundamental, pois é através do contexto, reflexão crítica e
intervenções que os jogos educativos vão contribuir para o desenvolvimento
dos educandos e a construção da aprendizagem.
Jogos educativos além de serem divertidos dando destaque ao lúdico,
quando usados pedagogicamente, auxiliam os educandos na criação e
familiarização de conhecimentos, possibilitam interação entre os jogadores
e/ou trabalho em equipe. Destacam-se os jogos como um recurso a mais a ser
construído e explorado com os alunos, vindo a somar positivamente no
processo de ensino-aprendizagem. Utilizados de forma adequada e com
mediações por parte dos educadores, com certeza, acrescentam-se à
educação como mais um agente transformador, enriquecendo as aulas de
forma divertida e animada, pois brincando também se aprende e é muito mais
prazeroso.
Como dito anteriormente, neste estudo nos propomos investigar
perceber a reação dos alunos frente às atividades realizadas a partir de jogos
didáticos. Tendo em vista as teorias estudadas e a aplicação dos jogos para
crianças num curso de idiomas de Língua Inglesa, verificamos que o lúdico
exerce papel importante no ensino-aprendizagem de Língua Estrangeira, aqui
especificamente Língua Inglesa, para crianças entre 8 e 11 anos de idade.
A partir da aplicação dos jogos didáticos verificamos que as crianças
sentem-se estimuladas a aprender a Língua Estrangeira quando o ensino se
faz, também, através do lúdico. Apesar de não terem a noção formal do que é
uns jogos didáticos, muitos já consideram que o jogo dentro da sala de aula é
para ajudar a aprender. Desta forma, entendemos ser importante o jogo
didático no processo de aprendizagem de Língua Inglesa para crianças em
fases iniciais, visto que o lúdico é uma característica da idade e, assim,
estimula a aquisição da língua estrangeira, assim como também desenvolve
33algumas funções psicológicas, como memória, o raciocínio, a percepção e a
capacidade de tomar decisões e a autonomia.
Além do mais, o jogo didático tira a idéia de que é somente o professor
quem está usando a Língua Estrangeira, mas permite que o aluno utilize o
vocabulário que acabou de aprender. Tal atitude permite que haja uma
interação professor-aluno, dando a este a noção de colaboração dentro do
processo ensino-aprendizagem.
34
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 - Entrevistas com alunos;
Anexo 2 - Entrevistas com os professores.
35
ANEXO 1
ENTREVISTAS COM ALUNOS
Danilo B, 10 anos
1. Você acha difícil aprender Inglês?
Resposta: Acho.
2. Por quê?
Resposta: É muito difícil.
3. Qual sua maior dificuldade?
Resposta: Falar.
4. O que você mais gosta na aula?
Resposta: Filme.
5. O que você acha de aprender com jogos?
Resposta: Sim.
Luana M., 8 anos
1. Você acha difícil aprender Inglês?
Resposta: Às vezes.
2. Por quê?
Resposta: Sei lá.
3. Qual sua maior dificuldade?
Resposta: Escrever.
4. O que você mais gosta na aula?
36Resposta: Quando o professor brinca com a gente.
5. O que você acha de aprender com jogos?
Resposta: Legal.
Lucas M., 9 anos
1. Você acha difícil aprender Inglês?
Resposta: Não.
2. Por quê?
Resposta: Eu gosto muito.
3. Qual sua maior dificuldade?
Resposta: Música.
4. O que você mais gosta na aula?
Resposta: Brincar.
5. O que você acha de aprender com jogos?
Resposta: Adoro.
Marcella L., 10 anos
1. Você acha difícil aprender Inglês?
Resposta: Não.
2. Por quê?
Resposta: Porque é muito fácil.
3.Qual sua maior dificuldade?
Resposta: Não sei.
37
4. O que você mais gosta na aula?
Resposta: Tudo.
5. O que você acha de aprender com jogos?
Resposta: Muito legal.
Taís F., 11 anos
1. Você acha difícil aprender Inglês?
Resposta: Mais ou menos.
2. Por quê?
Resposta: Tem coisa que é difícil de entender.
3. Qual sua maior dificuldade?
Resposta: Falar
4. O que você mais gosta na aula?
Resposta: Eu só não gosto quando tem que falar muito.
5. O que você acha de aprender com jogos?
Resposta: Eu adoro quando tem brincadeira na aula.
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ANEXO 2
ENTREVISTAS COM PROFESSORES
Tábata Cruz
1. Na sua opinião, qual é a maior dificuldade dos alunos?
Resposta: Acredito que a pronúncia e os fonemas que não são comumentes
usadas na nossa língua, como, por exemplo, th, wh, cc.
2. Como eles reagem ao utilizar jogos em sala de aula?
Resposta: O jogo é sempre para o aluno como uma distração.
3. Você acha que facilita o aprendizado?
Resposta: Com certeza, desde que aplicado na forma correta e tempo
oportuno.
Gabriel Melo
1. Na sua opinião, qual é a maior dificuldade dos alunos?
Resposta: No que diz respeito à pronúncia, falar os fonemas que não existem
na sua língua materna, como o "th", por exemplo. No uso do inglês em si, é
quando e como usar o past perfect e o present perfect.
2. Como eles reagem ao utilizar jogos em sala de aula?
Resposta: Sempre recebem muito bem ao uso de jogos, principalmente se
tiver prêmio pro vencedor. É uma quebra da rotina, sempre é bom.
3. Você acha que facilita o aprendizado?
Resposta: Tudo depende do jogo e da hora em que ele é usado, às vezes é
mais útil do que uma explicação, outras vezes só ajuda a criar bagunça na
aula.
39
BIBLIOGRAFIA
BRASIL, MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua estrangeira/ Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEf, 1998.
BROUGÈRE, G. Brinquedo e Cultura. São Paulo: Cortez Editora, 1997.
BROWN, H.D. Teaching by principles – An interactive approach to language pedagogy. USA: Prentice Hall, 1994.
CASTRO, Solange T. Ricardo de. As teorias de aquisição/aprendizagem d 2ª língua/língua estrangeira: implicações para a sala de aula, 1996.
CYRRE, Magda Regina Lourenço. O Lúdico no Ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa. Porto Alegre: Ciências e Letras, 2002.
KISHIMOTO, Tizuco M. O Jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 1988.
KLEIMAN, Ângela B. & Marilda C. Cavalcanti (orgs.). 2007. Lingüística Aplicada: suas faces e interfaces. Campinas, SP: Mercado de Letras. 360 p.
NUNES, Ana R. S. Carolino de Abreu. O Lúdico na Aquisição da Segunda Língua. Disponível em www. linguaestrangeira.pro.br/artigos. Acesso em 11 de maio de 2009.
PIAGET, Jean. Six Étuds de Psychologie. (Seis Estudos em Psicologia). Tradução de D’AMORIME Maria Alice Magalhães; SILVA, Paulo Sérgio Lima. Rio de Janeiro: Forense Universitária. LTDA, 1973.
Rev. Fac. Educ. vol.24 n.2 São Paulo July/Dec. 1998. Disponível em www. scielo.br/scielo. Acesso em 10 de abril de 2009.
SCHRÖTER, Brigite Augusta Farina. O Jogo e o Ensino de Línguas. Disponível em http://biblioteca .universia.net/ Acesso em 23 de abril de 2009.
SCHÜTZ, Ricardo. A Idade e o Aprendizado de Línguas. Disponível em www.sk.com.br/sk-apre2.html. Acesso 24 de fevereiro de 2009.
WINNICOTT, D. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.
40
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
O Ensino de Inglês para crianças 11
CAPÍTULO II
Jogo Didático para Crianças 19
2.1. A criança 19 2.2. O jogo 23 CAPÍTULO III
Porquê utilizar os jogos 26
CONCLUSÃO 31
ANEXOS 34
BIBLIOGRAFIA 39
ÍNDICE 40