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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PRINCÍPIOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Marcelo Florêncio Reis
Orientador
Prof. Luiz Claudio Lopes Alves – D.S.c.
Rio de Janeiro
2009
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PRINCÍPIOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre
– Universidade Candido Mendes como requisito parcial
para obtenção do grau de especialista em Finanças e
Gestão Coorporativa
3
AGRADECIMENTOS
Aos meus professores da Pós e aos amigos
do Unibanco que tanto me deram força para
que eu continuasse neste curso, que vai me
ajudar muito na minha vida profissional.
4
DEDICATÓRIA
.....
Dedico esta obra à minha mãe, cujo o amor e apoio e incondicional me deram forças para conquistar esse ideal; à minha noiva: alma gêmea e cúmplice por estar sempre ao meu lado; e aos meus filhos: Anna Clara e Claudinho (in memorian), que são minhas inspirações.
5
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo entender exatamente qual é a
rentabilidade esperada, quais são os diferentes tipos de risco associados a cada
alternativa de investimentos e sua respectiva liquidez, que são fatores fundamentais
para que o cliente investidor possa se decidir pelo produto que melhor atenda suas
necessidades e expectativas.
Antes de sugerirmos qualquer alternativa de investimento, por mais
conservadora e simples que pareça, precisamos obter de nosso cliente uma serie de
informações, a partir das quais poderemos fazer uma recomendação responsável,
tendo a certeza de que estará alinhada com o objetivo de investimento e perfil de
risco do nosso cliente.
6
METODOLOGIA
Os métodos de pesquisa empregados nesta obra foram oriundos de consultas
a livros, apostilas e da experiência dos meus dois anos de carteira no Mercado
Financeiro.
7
SUMÁRIO
Introdução
Capítulo I – Principais Fatores de Analises de Investimento
1- Rentabilidade
1.2 - Liquidez
1.3 - Risco
Capítulo II – Principais Risco do Investidor
2.1 - Risco de Mercado
2.2 - Risco de Liquidez
2.3 - Risco de Crédito
2.4 – Exemplos de Rating de Crédito
Capítulo III – Fatores Determinantes na Seleção de Produtos
1 - Horizonte de Tempo
2 - Risco Versus Retorno – Índice de Sharpe
Capitulo IV – Diversificação e Limites de Redução dor Risco Incorrido
4.1 – Efeito da Carteira e Diversificação de Risco (Carteira de Ações)
4.2 – Risco diversificável e o Efeito Correlação
4.3 - Risco Sistemático
4.4 - Efeito Correlação
Conclusão
Bibliografia
8
INTRODUÇÃO
Existe uma parcela da renda das pessoas que foi poupada e que precisa ser investida, respeitando seus objetivos pessoais de curto, médio e longo prazos, que podem ser: preservação de capital , aposentadoria , compra de bens , poupança para viagens , etc.
O importante para o profissional competente é entender quais os fatores de analise de investimento que deve ser assimilado para que este possa assessorar seu cliente na hora de decidir pelo investimento a ser contratado naquele momento.
Ao tomar suas decisões de investimentos, os investidores, de forma direta ou indireta, são norteados pela relação retorno x risco. Por mais leigo que seja um investidor, esta relação está sempre implícita no seu raciocínio.
Um terceiro ponto que é considerado pelo investidor é a capacidade de transformar o investimento em dinheiro, ou seja, a sua liquidez.
Sabemos então que o tripé sobre o qual se apóia a análise de investimentos é: rentabilidade x risco x liquidez.
Estes três fatores são interdependentes, e funcionam como os três pés de uma banqueta: se faltar um deles na análise , fatalmente a banqueta cai , machucando quem estava sentado.
Entender exatamente qual é a rentabilidade esperada, quais são os diferentes tipos de risco associados a cada alternativa de investimentos e sua respectiva liquidez são fatores fundamentais para que o cliente investidor possa se decidir pelo produto que melhor atende suas necessidades e expectativas.
9
CAPÍTULO I
PRINCIPAIS FATORES DE ANÁLISE DE INVESTIMENTO
1.1 - Rentabilidade
A Rentabilidade é a variação entre um preço inicial e um preço final. Está
envolvido, portanto, o conceito de tempo. Não faz sentido falar de rentabilidade sem
fazer referência ao tempo.
Dizer que um título rende 20% ao ano não significa nada, se não for
acompanhada da informação do prazo de vencimento do título. Da mesma forma
dizer que o retorno esperado de uma ação é de 20%, não significa nada se não
estiver associado ao tempo em que se espera o retorno.
Rentabilidade Relativa x Rentabilidade Absoluta
Se o preço de uma ação variou de R$ 10 para R$ 11, dizemos que sua
Rentabilidade absoluta foi de 10 %. Rentabilidade Absoluta é então, a própria
variação de preço de um ativo.
Rentabilidade Relativa é o que se espera ter como remuneração a taxa livre
de risco ou benchmark (referencia) do mercado.
Rentabilidade Esperada x Rentabilidade Observada
Rentabilidade Esperada é aquela que ainda não ocorreu. Trata-se de uma
previsão, e como toda previsão, embute um certo risco de não se concretizar no
futuro. Este risco pode ser maior ou menor, dependendo da natureza do
investimento. Ações, por exemplo, têm rentabilidades esperadas menos precisas
que títulos de renda fixa por exemplo. Outro fator importante é o tempo. Quanto
maior o período para frente, menos precisa é a rentabilidade esperada.
Rentabilidade Observada, por sua vez, é rentabilidade que já ocorreu, já se
realizou. As Rentabilidades dos diversos ativos publicadas nos jornais são todas
Observadas.
10As decisões de investimentos deveriam considerar apenas as rentabilidades
esperadas. As rentabilidades Observadas devem servir apenas como uma base
inicial para se tentar projetar as rentabilidades Esperadas.
No entanto, o que normalmente se vê é que as rentabilidades tendem a ser a
única base para a tomada de decisão do investimento.
Não por outro motivo, em todo material sobre fundos de investimento,
é obrigatória mensagem com seguinte teor: “Rentabilidade passada não é garantia
de rentabilidade futura”.
Entre outras palavras, o investidor deveria sempre olhar para frente, e não dirigir
olhando pelo espelho do retrovisor.
1.2- Liquidez
Liquidez de um investimento nada mais é do que a capacidade de transformá-
lo em recursos disponíveis novamente, a qualquer tempo, quando bem quisermos,
por preço justo.
Fácil não!
Bem, não é tão simples assim.Grandes mestres em finanças dizem que as
três coisas mais importantes de um investimento são :
Em primeiro lugar liquidez em segundo a Liquidez e, em terceiro lugar a
Liquidez, nesta ordem!
Parece brincadeira mas, sem liquidez, todos os conceitos aqui apresentados
perdem seu sentido.
De que valem os conceitos de rentabilidade e retorno esperado se optarmos
por determinado investimento cuja liquidez é baixa?
Assim, um investimento é considerado liquido, ou de alta liquidez, quando o
investidor consegue resgatá-lo (ou vende-lo)no mercado secundário, a qualquer
momento e por um preço justo.
Alguns produtos financeiros já são adquiridos com essa condição de liquidez,
por exemplo:
11Cotas de fundo de investimento podem, normalmente, ser resgatadas a
qualquer momento, ou seja, oferecem liquidez diária ao investidor, sem perda de
rentabilidade, desde que obedecidas regras básicas de tributação.
Ações são valores mobiliários que o investidor pode vender no mercado (na
Bolsa de Valores) a qualquer momento. Algumas ações, porém , são bem mais
líquidas que outras , mas no geral é um investimento que se caracteriza como tendo
um bom nível de liquidez
Outras modalidades de investimento , no entanto , não oferecem esta mesma
condição. Vamos ver um exemplo a seguir.
Um RDB Recibo de Depósito Interbancário é um depósito á prazo,
remunerado, que não pode ser resgatado antes do vencimento. Isso significa que é
um investimento sem liquidez, ou seja, o investidor terá de esperar o dia do seu
vencimento para ter o seu dinheiro de volta, acrescido da taxa de juros contratada.
De acordo com o objetivo do investimento, o investidor terá maior ou menor
necessidade de liquidez. Ele deve procurar produtos com ala liquidez para seus
objetivos de curto prazo e pode, eventualmente, aceitar alternativas de menor
liquidez para seus objetivos de médio e longo prazo.
Quando abrimos mão de liquidez temos que ter sempre em mente que
devemos ganhar algo em troca, resta apenas: rentabilidade ou segurança.
Por isto que investimentos no mercado financeiro, como Fundos, Renda Fixa
e até mesmo alguns Fundos de ações são os preferidos quanto ao quesito liquidez.
Investimentos sem liquidez terão preços arbitrariamente definidos pelo
mercado.
Liquidez está definitivamente associada a rentabilidade e a risco, que
caminham juntas e não há como separá-las.
Liquidez define se a relação risco retorno escolhida será obtida. Sem liquidez,
qualquer, investimento vira apenas um exercício acadêmico.
12
1.3 - Risco
O último item do nosso tripé de investimento é o risco.
Antes de defini-lo vamos assumir alguns pressupostos ligados ao tema:
1 .O risco está presente, maior ou menor grau, em qualquer tipo de investimento.
2. É diretamente proporcional aos outros dois participantes de nosso tripé, a
rentabilidade e a liquidez.
3. Quando abrimos mão de liquidez, estamos incorrendo em maior risco e, por
conseguinte, temos que objetivar um retorno maior para este investimento.
4. Inversamente,quando quisermos alta liquidez e baixo risco, certamente estaremos
optando por alternativas menos rentáveis.
5. O nível de risco assumido será a conseqüência da combinação dos outros dois
participantes do nosso tripé, rentabilidade e liquidez.
Definições mais comuns sobre Risco
- É a possibilidade de se ter um retorno diferente do que o esperado em um
investimento.
-Isto inclui a possibilidade de se ter perda parcial ou total do valor originalmente
investido. Pode ser avaliado observando-se comportamento passado de uma classe
ou ativo especifico.
-É a possibilidade quantificável de perdas ou menores retornos em um investimento.
-Genericamente podemos definir Risco como sendo a incerteza de se atingir
objetivos para um especifico período de tempo.
Percebam que quando estamos tratando de análise de investimentos,
normalmente, estamos fazendo referência ao risco de um investimento não atingir
seu retorno esperado. Nestes casos, estamos nos referindo ao que é tecnicamente
chamado de “risco de mercado”.
Sabemos, entretanto que os riscos associados a qualquer investimento
podem ser de várias naturezas, citando apenas três: risco de crédito, risco de
liquidez e risco de mercado.
13Para este nosso primeiro ensaio sobre o conceito de risco vamos definir
então que estamos nos referindo a um conjunto de riscos que podem fazer com que
um investimento não atinja o retorno esperado.
No próximo tópico estaremos abordando este conjunto de riscos associados a
investimento. São eles:
- Risco de Mercado
-Risco de Crédito
- Risco de Liquidez
Desde já vamos ter um conceito: Não se pode neutralizar nenhum destes três
riscos em um investimento, o que se pode e deve-se fazer é gerenciá-los. O papel
de quem analisa e faz aconselhamento financeiro, é conhecer os riscos e a discorrer
sobre eles com naturalidade, pois risco sempre estará presente. Em maior ou menor
escala, em todos os produtos de investimento.
14
CAPÍTULO II
PRINCIPAIS RISCOS DO INVESTIDOR
2.1 – Risco de Mercado
O risco de mercado advém da possibilidade de ocorrerem perdas mediante
movimentos desfavoráveis nos valores de mercado ou no preço de ativos, títulos ou
instrumentos do mercado financeiro, por razões normais de mercado (taxa de
câmbio, juros ou Bolsa de Valores, fatores econômicos, etc.).
É o risco de variações, oscilações nas taxa e preços de mercado, tais como
taxa de juros, preços de ações e outros índices. É ligado às oscilações do mercado
financeiro. Por exemplo, no mercado acionário, o preço das ações é influenciado por
vários fatores como: conjuntura macroeconômica, problemas específicos de
algumas empresas ou setores econômicos, o próprio nervosismo do mercado.
O risco de mercado é maior nos ativos que apresentam maior volatilidade
nos preços, ou seja, quando há maior preço em relação á sua média.
Exemplo clássico de risco de mercado é o da Bolsa de Valores.
Chamamos sua atenção para uma primeira reflexão sobre o assunto que diz
respeito ao termo “valor de mercado”. O que estamos querendo dizer é que a
análise de investimentos considera perda ou risco a simples constatação de que
houve um movimento adverso de preço em um investimento que você é titular.
Muitas vezes ouvimos dizer coisas como:
- Ainda não realizei minha perda, portanto, não posso dizer que tive um prejuízo,
esta declaração é uma gafe! Você já deve ter percebido que quando a cota de um
Fundo de Investimento que você vende sofre variação negativa, o cliente reconhece,
corretamente, esta variação como perda, independente de resgatar ou não os
recursos.
Desta forma, vamos conceituar perdas, como sendo a “a constatação de
redução no valor de mercado de determinado investimento” que pode ou não ter
sido realizada.
15Para avaliar esta situação introduzimos agora um novo conceito relativo a
quantificação do risco de mercado : a volatilidade de um investimento.
Em primeiro lugar devemos diferenciar nossa análise de risco de mercado de
acordo com a natureza de cada tipo de investimento.
Ao quantificarmos os investimentos em classes ou naturezas de risco, fica
claro que investimentos na Bolsa de Valores são mais arriscados do que
investimentos em Fundos de Renda Fixa. Desta forma, seu cliente jamais vai
comparar o desempenho do seu investimento em Fundo de Renda Variável com o
Fundo DI que você vendeu.
A pergunta importante é a seguinte: que tipo de análise de risco nos
interessa fazer?
A análise de risco deve ser a relativa, isto é, que toma como parâmetro um
benchmark, como por exemplo:
Para um investimento no Fundo de Renda Variável o investidor deverá ser
assessorado a comparar riscos e performance ao índice Ibovespa. Ele estará
fazendo uma análise de risco relativa.
Para quantificarmos o risco de mercado vamos entender o conceito de
volatilidade.
Volatilidade é uma medida da velocidade do mercado: mercados que
apresentam oscilação de preços lentamente são mercados de baixa volatilidade e os
que apresentam oscilações de preços com variações bruscas e se movem
rapidamente são mercados de alta volatilidade.
Teoricamente, o número “volatilidade” associado ao preço de uma mercadoria
é a variação de preço referente a um desvio padrão, expresso em porcentagem, ao
fim de um período de tempo.
É importante também consideramos os Riscos de Mercado Externo, que está
diretamente relacionada com a carteira de ativos financeiros negociados no exterior
e, conseqüentemente, a performance desta carteira pode ser afetada por requisitos
legais ou regulatórios, por exigências tributárias relativas a todos os países nos
quais seja realizado um investimento, ou ainda, pela variação da moeda local em
relação a outras moedas (variação do Real frente o Dólar, por exemplo).
16Este tipo de risco expõe os investimentos a alterações nas condições política,
econômica ou social nos países onde são feitos os investimentos, o que pode afetar
negativamente o valor de seus ativos.
Podem ocorrer ainda atrasos na transferência de juros, dividendos, ganhos de
capital ou mesmo do principal entre países onde o investidor realize seus
investimentos e o seu país de origem, o que pode interferir na liquidez e no
desempenho do investimento.
As operações, por ordem do investidor, poderão ser executadas em Bolsas de
Valores, de Mercadoria e Futuros ou registradas em Sistema de Registro, de
Custódia ou de Liquidação Financeira de diferentes países que podem estar
sujeitos a distintos níveis de regulamentação e supervisionados por autoridades
locais reconhecidas. Entretanto, não existem garantias acerca da integridade das
transações e nem tampouco sobre a igualdade de condições de acesso aos
mercados locais.
2.2 – Risco de Liquidez
O Risco de Liquidez surge da dificuldade em se conseguir encontrar
compradores potenciais de um determinado ativo no momento e no preço desejado.
Ocorre quando um ativo está com baixo volume de negócios e apresenta grandes
diferenças entre o preço que o comprador está disposto a pagar(oferta de compra)
e aquele que o vendedor gostaria de vender(oferta de venda). Quando é necessário
vender algum ativo num mercado com pouca liquidez, tende a ser difícil conseguir
realizar a venda sem sacrificar o preço do ativo negociado.
Um mercado líquido é um mercado no qual os participantes podem realizar
um grande volume de negócios, rapidamente, com pequeno impacto sobre os seus
preços.
O Risco de Liquidez pode acarretar as seguintes conseqüências:
- Falta de referência de preços para avaliação correta de uma carteira (Marcação á
Mercado).
-Problemas na venda de ativos para fazer face a saques de cotistas de um Fundo
de Investimento, por exemplo.
17- Prejuízos inesperados em função de não obtenção de preço justo para
determinado ativo que dentre outros motivos, pode ter sido ocasionado por uma
posição maior do que se deveria ter.
Outros fatores podem contribuir para um mercado ser considerado líquido,
além é claro, dos aqui já mencionados, são eles:
- Ambiente estruturalmente moderno e seguro.
-Mercados de Derivativos para transferência de riscos.
- Variedade de Instrumentos Financeiros. Como gerenciar o Risco de Liquidez?
- Comprar Ativos de emissores de primeira linha - os mais líquidos.
- Não deter grandes posições, isoladamente, de determinados Ativos.
-Adequar o prazo dos Ativos com a necessidade de Caixa ou perfil dos investidores
ou do Fundo de Investimento.
- Observar o histórico de liquidez destes papéis em situações adversas de mercado.
2.3 – Risco de Crédito
O Risco de Crédito pode ser definido como a perda potencial que pode
ocorrer devido a mudanças na qualidade de crédito ou até mesmo o default (não
pagamento de uma obrigação) de uma contraparte.
Apesar de não ser facilmente observado como o risco de mercado, o risco de
crédito representa o grande desafio de gerentes de carteira nos últimos anos, devido
ao aumento nos eventos de perdas desta natureza.
Incorremos em risco de crédito quando adquirimos dívidas emitidas por
empresas do setor privado, Instituições Financeiras, sendo as mais populares os
CDB’s e as debêntures.
Aos poucos vamos percebendo que os riscos, em suas diversas naturezas,
podem e certamente estarão integrados.
Por exemplo, um eventual default de crédito pode ter sido originado com risco
de mercado. Imagine um Banco que tenha se exposto demasiadamente à risco de
mercado e, por este motivo, tenha sofrido perdas que não conseguiu suportar.
18O mercado, percebendo isto, restringe seus limites de crédito e pronto o
Banco quebra. Todos aqueles que compraram títulos que compraram títulos
(CDB,RDB, etc.) desta instituição vão perder dinheiro.
Outro ponto interessante para comentarmos é que para comentarmos é que ,
quando adquirimos ações de uma companhia, apesar de corremos risco de um
pedido de concordata ou até mesmo de falência, tecnicamente não estamos
incorrendo em risco de crédito e sim em risco de mercado.
Isto porque, apesar de minoritários, somos sócios desta empresa e não
credores.
O risco de crédito está presente em todas as operações de renda fixa quando
o investidor adquire títulos emitidos por empresas dos setores público ou privado.
A gestão de Risco de crédito pode ser feita, basicamente, de duas formas:
1 - O gestor da carteira de um fundo de investimento, por exemplo, deve selecionar
ativos que possuam boa qualidade de crédito. Esta análise pode ser feita:
a) Internamente, conduzida pelo comitê de crédito da instituição financeira
b)Utilizando a classificação de empresas especializadas nesse trabalho, as
agências classificadoras de risco como a Standard & Poors, Moodys e Fitch,
por exemplo.
2- Diversificar a carteira de investimento incluindo títulos de diversos emissores.
Aliás, essa é uma das características dos fundos de investimento.
Quando se tratar de Fundos de Investimentos, gestores de carteiras estarão
preocupados como risco de crédito dos títulos que compõem suas carteiras, bem
como com a concentração em emissores, setores da economia, ou qualquer outro
fator que possa levá-los a grandes perdas em função da concentração que
eventualmente exista em grupos emissores de dívidas constantes de sua carteira.
Vamos então ao ponto mais importante para este treinamento de análise de
crédito.
Como gestores e investidores fazem para não incorrer em riscos mal
avaliados de emissores de dívida?
Resposta: baseados nos ratings destas Instituições.
19Rating é uma avaliação feita por uma terceira parte com isenção de
interesses. Um rating atribuído pela Standart &Poor’s à uma emissão é:
“Uma opnião atualizada sobre a qualidade de crédito de um emissor
com relação a uma obrigação financeira especifica ou à uma classe de
obrigações financeiras”.
São levados em conta, também, a qualidade de crédito de fiadores,
seguradoras, ou outras formas de redução de risco da obrigação e am moeda na
qual esta é denominada.
O rating não é uma recomendação de compra, venda, ou manutenção em
carteira de uma obrigação financeira, pois não faz comentários sobre o preço de
mercado ou sua adequação a um investidor em particular.
Os ratings são baseados em informações fornecidas pelos emissores ou
obtidas pela Agência de Rating de outras fontes de sua confiança.
Em nenhum caso a Agência de Rating audita as informações financeiras
utilizadas na atribuição de um rating e pode, em determinadas ocasiões , basear-se
em informações não auditadas.
Ratings podem ser mudados, suspensos, ou retirados, caso tais informações
sejam revistas ou sua disponibilidade seja comprometida.
Ratings podem ser de longo ou curto prazo.
Os ratings de curto prazo referem-se as obrigações consideradas de curto
prazo dentro do seu mercado relevante. No Brasil, por exemplo, isso significa
obrigações com um vencimento original inferior a 365 dias, a partir dái temos a
classificação de longo prazo.
2.4 – Exemplos de Ratings de Crédito
Na escala Global de Ratings é levado em conta não somente a capacidade do
próprio emissor em honrar suas dividas como também, o ambiente de negócios de
seu país, o chamado risco soberano.
Desta forma, um grande banco brasileiro pode ter uma classificação Global
apenas “B” e uma classificação Nacional ‘AA’. Vamos conferir!
20AAA Uma obrigação classificada como ‘AAA’ possui a rating mais alto designado
pela Standard & Poor’s. O emissor possui capacidade EXCEPCIONAL de honrar
seus compromissos financeiros.
AA Uma obrigação classificada como ‘AA’ difere muito pouco das obrigações com
rating mais alto. O emissor é CERTAMENTE CAPAZ de cumprir seus
compromissos financeiros.
A Uma obrigação classificada como ‘A’ é um pouco mais suscetível a condições
econômicas adversas e mudanças conjunturais do que as obrigações em categorias
com rating mais alto. Porém, o emissor ainda possui BOA capacidade de cumprir
seus compromissos financeiros.
BBB A obrigação classificada como ‘BBB’ exibe parâmetros de proteção
ADEQUADOS. Porém, condições econômicas adversas ou mudanças conjunturais
provavelmente levarão a uma capacidade menor do emissor de honrar seus
compromissos financeiros.
BB Uma obrigação classificada como ‘BB’ é MENOS VULNERÁVEL á inadimplência
do que as emissões especulativas. Porém, ela enfrenta grandes dificuldades devido
á condições financeiras, econômicas e comerciais adversas, que poderiam levar á
inadequação da capacidade do emissor de honrar seus compromissos financeiros.
B Uma obrigação classificada como ‘B’ está MAIS VULNERÁVEL á inadimplência do
que as obrigações com rating ‘BB’, mas o emissor apresenta capacidade de honrar
seus compromissos financeiros. Condições financeiras, econômicas e comerciais
adversas podem prejudicar a capacidade ou disponibilidade do emissor de honrar
seus compromissos financeiros.
CCC Uma obrigação classificada como ‘CCC’ está ALTAMENTE VULNERÁVEL á
inadimplência, e depende de condições econômicas, financeiras e comerciais
favoráveis para que o emissor cumpra seus compromissos financeiros. No caso de
condições financeiras, econômicas e comerciais adversas, o emissor provavelmente
não terá a capacidade de honrar seus compromissos financeiros.
CC Uma obrigação classificada como ‘CC’ está ALTAMENTE VULNERÁVEL á
inadimplência.
21C O rating ‘C’ pode ser utilizado para cobrir uma situação onde o pedido de falência
foi preenchido ou alguma ação semelhante foi desempenhada, mas os pagamentos
dessa obrigação continuam sendo honrados
D Uma obrigação classificada como ‘D’ é inadimplente. A categoria de rating ‘D’ é
utilizada quando os pagamentos de uma obrigação não são feitos na data devida,
mesmo durante o período de carência, a não ser que a Standart &Poor’s considere
que tais pagamentos serão feitos durante este período. O rating ‘D’ também será
utilizado no pedido de falência ou alguma ação semelhante, se os pagamentos das
obrigações forem colocados em risco.
Um sinal de mais (+) ou menos (-): Os ratings de ‘AA’ a ‘CCC’ podem ser
alterados pela adição de um sinal de mais ou menos para sinalizar posições
relativas dentro das principais categorias de risco.
22
CAPITÚLO III
FATORES DETERMINANTES NA SELEÇÃO DE PRODUTOS
3.1 – Horizonte de Tempo
Horizonte de tempo em qualquer investimento (ativo financeiro ou não
financeiro) depende do tempo que se imagina seja necessário para obter um melhor
retorno.
Assim, quando se compra ações, em geral, os analistas recomendam
disponibilidades de longo prazo. Embora as ações possam ser vendidas a qualquer
momento, o ideal é que o investidor atue neste mercado com uma estratégia de
buscar retorno no longo prazo.
Não convém aplicar hoje, em ações, o dinheiro que será usado para pagar a
prestação da casa própria amanhã.
Também não se deve comprar um imóvel sabendo que será necessário
vende-lo em seis meses. É melhor esperar um momento adequado, que poderá
ocorrer em seis meses, ou não.
3.2- Risco Versus Retorno – Índice de Sharpe
Uma das coisas mais importantes que investidor deve saber é que não existe
retorno sem risco, ou seja, quanto maior, ou menor, o risco de um determinado
investimento, maior ou menor o retorno esperado.
Então o retorno de um investimento está diretamente associado aos riscos
dos ativos e valores mobiliários que compõem a carteira de investimento.
Determinado investimento compensou o risco que corremos? Valeu a pena
ter investido neste ou naquele ativo?
Existem técnicas, algumas até certo ponto sofisticadas, para tentar responder
á esta pergunta, mas não se preocupe, vamos traduzir tudo isto numa linguagem de
fácil acesso.
23Vamos então entender a tal relação Risco & Retorno
Em primeiro lugar, não há como fugir da máxima que diz que retorno
está associado a risco
Mas isso nós já sabemos. O que possivelmente ainda não sabemos é
quantificar, relação risco retorno. Mas como fazer isto?
Vamos apresentá-lo ao famoso Índice de Sharpe.O Índice de Sharpe, criado
por Willian Sharpe em 1966, é um dos mais utilizados na avaliação de fundos de
investimento. Ele expressa sua relação risco&retorno. Informa se o investimento,
normalmente de um Fundo de Carteira, oferece rentabilidade compatível com o risco
a que expõe o investidor.
Quanto melhor for a relação de risco& retorno de determinado Fundo de
Investimento maior será o seu Índice de Sharpe. O inverso é verdadeiro.
Portanto, ele não premiará o Fundo mais rentável somente, mas o Fundo
que, com a menor volatilidade, obteve os melhores rendimentos.
Sua fórmula matemática é retorno do fundo – retorno do benchmark /
volatilidade do fundo
Vamos entendê-la:
Numerador: O numerador é a medida aritmética do retorno excedente oferecido
pelo fundo durante o retorno excedente oferecido pelo fundo durante um
determinado tempo. Retorno excedente é a parcela do rendimento oferecido pelo
fundo que ficou acima ou abaixo da rentabilidade de um indexador adotado
livremente.
Denominador: Temos aquele conceito de volatilidade traduzido em uma medida
estatística chamada desvio padrão, que traduz a dispersão que a taxa de retorno
deste fundo apresentou em função de sua média retorno.
Quociente: Quando se divide um pelo outro, se obtém a resposta: para cada
unidade de retorno, quantas unidades de risco o fundo apresentou.
Para que o índice de Sharpe tenha confiabilidade, ou seja, possa ser utilizado
pelo investidor como medida de segurança na hora de escolher uma aplicação que
24tenha algum risco, é necessário que tenha sido apurado de acordo com critérios
corretos.
É preciso que o cálculo tenha considerado um número mínimo de dados, ou
seja, de retornos excedentes. O ideal é que se façam comparações de dados. No
mínimo, anuais. Quanto maior o período, mais confiável o índice.
O indexador escolhido, aquele cuja variação será comparada com o
rendimento nominal do fundo para apuração do retorno excedente, deve ter relação
com o segmento a que pertence o fundo ou com seu objetivo de rentabilidade.
Ele deve proporcionar o rendimento que o investidor obteria se não corresse
nenhum risco e, por isso, é considerado risco zero.
Para os fundos de renda fixa, um possível indexador é a taxa do CDI-
Certificado de Depósito Interbancário, título emitido por instituições financeiras e
trocados entre elas, cujos juros estão atrelados á taxa básica da economia, a Selic.
O Administrador que quisesse obter para o fundo rendimento referenciado ao
CDI(caso dos fundos DI) poderia alcançar esse objetivo correndo um risco muito
baixo.
Não é indicado utilizar o índice de Sharpe para análise de todo e qualquer tipo
de fundo. Ele é bastante útil para fundos de Gestão Ativa, aqueles que tenham
como objetivo de rentabilidade ultrapassar a variação de seu indexador.
Finalmente, feita a análise, o investidor deve ainda observar que o Sharpe
é calculado a partir de resultados obtidos pelo fundo num período. Portanto, ele
mostra o passado do fundo. Não há como prever retornos a partir do Sharpe.
Mas ele pode ser um bom indicativo de padrão de volatilidade de um investimento:
- Quando a volatilidade não é expressiva, o fundo, provavelmente, corre baixo risco.
- Quando a volatilidade é alta, o fundo corre muito risco, provavelmente.
25
CAPITÚLO IV
DIVERSIFICAÇÃO E LIMITES DE REDUÇÃO DO RISCO INCORRIDO
4.1 – Efeito Carteira e Diversificação de Risco (Carteira de Ações)
Você deve se lembrar de alguns ditados populares como aquele que diz que
“não devemos colocar todos os ovos na mesma cesta”?
Pois bem, sabemos, até por intuição, que é menos arriscado construir um
portifólio de várias ações e títulos de Renda Fixa, do que investir seu dinheiro
apenas em ações, e assim por diante.
Aqui levantamos uma posição importante:
Por que o risco total de uma carteira diversificada de investimento não é a
soma do risco de seus componentes individualmente?
A resposta a esta questão é que a diversificação reduz o risco total porque
preços de diferentes ativos não se movem exatamente juntos, ou na mesma direção.
Mesma em pequena diversificação pode provocar uma substancial redução
na volatilidade de um portifólio ou no seu risco, mas, a maior parte deste benefício
você obterá com um portifólio com relativamente poucos ativos.
4.2 – Risco Diversificável e o Efeito Correlação
O Risco de Mercado de uma ação ou carteira de ações é o resultado da
combinação do risco diversificável (ou não sistemático) com o risco de mercado (ou
sistemático), não diversificável.
O risco diversificável está relacionado com o desempenho do investimento
exclusivamente. Depende somente de sua performance.
Seja uma ação ou um fundo, risco diversificável, é o risco da aplicação no
qual você investiu porque, simplesmente, acredita em sua performance.
26
4.3 – Risco Sistemático
A partir do momento que se compra uma ação, ou cotas de um fundo de
ações, estamos inseridos no chamado risco sistemático e, uma vez no mercado, não
existe proteção.
Podemos citar com exemplo o ataque terrorista ocorrido nos EUA em
setembro de 2001, onde todas as Bolsas de Valores do mundo sofreram enormes
perdas.
É o risco inerente a todos os papéis da Bolsa de Valores e está relacionado
ao desempenho da economia do país, das expectativas dos agentes econômicos e,
por fim, se traduz na performance de um benchmark, o Ibovespa, por exemplo.
Apesar das ações apresentarem níveis de sensibilidade diferentes para o
chamado risco sistemático, é um risco que não pode ser diluído pela formação de
uma carteira ou pela combinação de vários papéis, daí, ser conhecido como risco
não diversificável.
4.4 – Efeito Correlação
Para se obter uma diversificação eficiente deve-se formar uma carteira com
as menores correlações possíveis, isto é, de setores diferentes da economia. Desta
forma, enquanto os fatores que fazem o preço de uma ação cair, podem exercer
fatores inversos nos preços de outras ações.
• Correlação Negativa: Significa que dois papéis se movem em direção
opostas
• Correlação Positiva: Significa que dois papéis se movem na mesma
direção.
Imagine que você esteja pensando em combinar 4 ações de empresa líderes
de seus setores, acreditando em seu desempenho nos próximos anos.
Os setores eleitos são: financeiro, alimentação, matéria-prima e aviação, com
seus respectivos papéis: Banco XYZ, Sadia, Petrobrás e Embraer.
Os preços destas ações deverão ter comportamentos diferentes, em
momentos diferentes.
27Desta forma, e como já vimos anteriormente, o que você fez até agora foi
diluir, através da diversificação, o tal do risco diversificável.
E, se você foi feliz na escolha de seu portifólio, você estará combinado papéis
que devem lhe proporcionar um bom retorno médio, em algum período de tempo
esperado.
Mas será que se ao invés de 4 ações construíssemos nosso portifólio com 40
ações estaríamos diluindo ainda mais nosso risco?
A resposta é não. Existe um número mínimo de papéis necessários para se
obter a diversificação de uma carteira mas, a medida que elevamos indefinidamente
sua quantidade , a carteira tende a ser menos eficiente em sua diversificação.
O risco e a performance de uma carteira bem diversificada depende
fundamentalmente do risco não diversificável ou sistemático.
O risco não diversificável ou sistemático não pode ser evitado, independente
de quão diversificada seja sua carteira.
O risco que pode ser reduzido através de diversificação é o risco específico,
também conhecido como risco não sistemático.
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CONCLUSÃO
Aprendemos que quem decide qual o melhor investimento é o cliente e que
não existe investimento financeiro que não represente risco , por menor que seja.
Nosso papel, com dissemos, é assessorá-lo a tomar essa decisão de forma
inteligente e consciente, pois afinal, nos somos os consultores financeiros.
Antes de sugerir qualquer alternativa de investimento, por mais conservadora
e simples que pareça, precisamos obter de nosso cliente uma série de informações,
a partir das quais poderemos fazer uma recomendação responsável, tendo a certeza
de que estará alinhada com seu objetivo de investimento e perfil do risco.
Liquidez, Risco e Rentabilidade formam o tripé de análise de investimento
financeiro.
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BIBLIOGRAFIA
GITMAN, L. J. – Princípios de Administração Financeira. São Paulo. Harbra,1997. PETTINGE,R, A decisão de investimento. Lisboa, 2003, pp. 13-40, ISBN: 972-8563-36-1. BRUNE,Adriano Leal –Mercado financeiro: Para a Certificação Prof. ANBID (CPA 10) 2005 ISBN 8522 439 680. CAVALCANTE, Francisco e MISUMI,Jorge. Mercado de Capitais. Rio de Janeiro, 2002. BANKRISK, 2005.
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ÍNDICE
Introdução.....................................................................................................................8
Capítulo I – Principais Fatores de Analises de Investimento.......................................9
1- Rentabilidade...........................................................................................................9
1.2 -Liquidez...............................................................................................................10
1.3 – Risco..................................................................................................................12
Capítulo II – Principais Risco do Investidor................................................................14
2.1 - Risco de Mercado..............................................................................................14
2.2 - Risco de Liquidez...............................................................................................16
2.3 - Risco de Crédito.................................................................................................17
2.4 – Exemplos de Rating de Crédito.........................................................................19
Capítulo III – Fatores Determinantes na Seleção de Produtos..................................22
1 - Horizonte de Tempo.............................................................................................22
2 - Risco Versus Retorno – Índice de Sharpe...........................................................22
Capitulo IV – Diversificação e Limites de Redução dor Risco Incorrido.....................25
4.1 – Efeito da Carteira e Diversificação de Risco (Carteira de Ações).....................25
4.2 – Risco diversificável e o Efeito Correlação.........................................................25
4.3 - Risco Sistemático...............................................................................................26
4.4 - Efeito Correlação...............................................................................................26
Conclusão...................................................................................................................28
Bibliografia..................................................................................................................29