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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
NEUROCIÊNCIA E APRENDIZAGEM INFANTIL
Virginia Berberick de Oliveira
Orientadora
Profª Marta Pires Relvas
Rio de Janeiro
2014
DOCU
MENTO
PRO
TEGID
O PEL
A LE
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RAL
1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
NEUROCIENCIA NA APRENDIZAGEM INFANTIL
Apresentação de monografia à AVM
Faculdade Integrada como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Neurociência
Pedagógica.
Virginia Berberick de Oliveira
2
AGRADECIMENTOS
Agradeço, as amigas pelo constante apoio, incentivo
e compreensão que, com seus conhecimentos,
contribuíram para a realização desse trabalho.
3
DEDICATÓRIA
A memória dos meus pais e avó que muito me ensinaram para
caminhar nessa longa jornada.
Aos meus filhos, meus grandes companheiros.
A minha orientadora que com muita afetividade e
carinho me auxiliou.
4
RESUMO
Esta monografia tem como objetivo mostrar de que forma pode-se aliar
Neurociência a Pedagogia como forma de ampliar a atuação do professor da
educação infantil, possibilitando, então, alcançar resultados.
A Educação é o estudo da aprendizagem imprescindível para o
crescimento humano.
A aprendizagem se dá através do funcionamento do cérebro. Esse,
segundo estudos sistemáticos e abordagens científicas é o objeto de estudo da
Neurociência - ciência recém-formada que nos leva a compreender
cientificamente o funcionamento do cérebro humano através dos conceitos das
suas redes neurais trazendo um novo paradigma de como se da à motivação
da aprendizagem, a consolidação da memória e a busca das informações
armazenadas, dialogando com a Educação.
Busca-se assim um novo entendimento dos já conhecidos conceitos da
aprendizagem infantil segundo a visão da Neurociência no que lhe é
pertinente:
• Afetividade, cognição e aprendizagem;
• Sensação, percepção e imagens mentais;
• A importância do repouso e do sono para a criança;
• A memória, o medo, a atenção, o humor, o movimento e a linguagem;
• O olhar do professor (a) para a educação infantil.
Sendo assim a escola é o lugar ideal para o alcance desses resultados,
bem como para o desenvolvimento de novas e diversas formas de trabalhar
com as crianças.
As creches e pré- escolas estão cada vez mais ganhando espaço e
contribuindo para o nosso país. As escolas devem ser trabalhadas com muita
atenção pelos profissionais da educação infantil, pois aí está o início de tudo
com possibilidades de ser bem sucedida.
Existe muito a fazer, e esperamos que cada vez mais haja um
aprimoramento do trabalho com a educação infantil.
Palavras-chaves: Neurociências - Aprendizagem - Educação Infantil
5
METODOLOGIA
A metodologia utilizada caracteriza-se como em uma abordagem
exploratória do tema alicerçada em pesquisa teórica: bibliográfica de teóricos
da Neurociência e da Pedagogia, e web gráfica; e, na pesquisa de campo.
Desenvolvimento do trabalho
Histórico da Neurociência e Neuropedagogia;
Áreas cerebrais e suas funções;
Neuroplasticidade cerebral e aprendizagem;
Como se processa emoção e aprendizagem;
Afetividade, cognição e aprendizagem;
Atenção & memória;
Linguagem;
Motricidade & Criatividade;
Sensação, percepção e imagens mentais;
Importância do repouso e do sono para a criança;
O medo e o humor;
Nutrição;
Pressupostos e teóricos da aprendizagem;
Porque precisamos atualizar a infância;
Novo olhar do professo r(a) para a educação infantil;
A importância das novas tecnologias para a educação infantil;
Aplicabilidade dos jogos na Educação Infantil.
6
DELIMITAÇÃO
O estudo se desenvolve a partir dos trabalhos realizados na Sala de
Jogos, nesse ano de 2013, com as 12 turmas da Educação Infantil- 2ª etapa –
crianças de 4 e 5 anos, na Escola Pública: Instituto Superior de Educação do
Estado do Rio de Janeiro - ISERJ – Fundação de Apoio a Escola Técnica –
FAETEC
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - NEUROCIÊNCIA E NEUROPEDAGOGIA
1.1- NEUROCIÊNCIA 09
1.2 - CONHECENDO OCÉREBRO HUMANO 20
1.3 - COMO O CÉRBRO FUNCIONA PARA A APRENDIZAGEM 22
1.4 - O PAPEL DAS EMOÇÕES 26
CAPÍTULO II - NEUROCIÊNCIA E APRENDIZAGEM
2.1 – APRENDIZAGEM 34
CAPÍTULO III - NEUROCIÊNCIA DIALOGANDO COM A EDUCAÇÃO INFANTIL 3.1- NEUROCIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 101
3.2 - EM BUSCA DE UMA METODOLOGIA DIFERENCIADA 121
CONCLUSÃO 127
BIBLIOGRAFIA 128
ÍNDICE 130
8
INTRODUÇÃO
UM NOVO OLHAR SOBRE A EDUCAÇÃO INFANTL
Ainda em pleno século XXI a educação é utilizada de forma mecânica e
igual para todos os alunos, sem atender a individualidade, sem considerar que
todos os alunos são únicos, que aprendem de formas diferenciadas.
As crianças da educação infantil aprendem através das brincadeiras,
portanto é necessário um novo olhar a essas crianças no tempo de hoje e
aceitar as mudanças que já existem e que elas sejam educadas nessa época
atual.
Percebe-se a vontade dos professores de resgatar brincadeiras e
vivências do passado de uma infância longínqua a qual elas não participaram.
Se continuarmos a educá-las como no passado, teremos um resultado
inverso ao que pretendemos atualmente.
É preciso aprender com as crianças a forma de trabalhar melhor dentro
da realidade delas, naquilo que elas conhecem e vivenciam. Hoje elas nascem
num contexto direto com informações, dos mais variados tipos. É preciso
transitar no mundo atual das crianças entre os jogos eletrônicos, a internet, os
clipes de músicas, as fantasias de seus heróis e personagens favoritos,
celulares, televisor, trazendo assim uma metodologia mais abrangente para a
educação infantil.
É necessário entrar no mundo imaginário atual das crianças.
9
CAPÍTULO I
NEUROCIÊNCIA E NEUROPEDAGOGIA
1.1 – NEUROCIÊNCIA
1.1.1- O que é Neurociência?
www.sciencephoto.com
O cérebro humano não é o maior órgão do corpo. Pesa apenas cerca de
um quilo e trezentas gramas. No entanto, esta estrutura maravilhosa é a fonte
de todo o comportamento humano controlando ao mesmo tempo uma miríade
de funções incrivelmente complexas. Dentro de um espaço de tempo
demasiado reduzido para ser mensurável por qualquer ser humano, o cérebro
recebe informação e transmite-a aos locais apropriados para o seu
processamento. Permite a pessoa agir com base nessa informação,
controlando a capacidade motora dos músculos. O cérebro gera emoções e
permite que se esteja atento a elas. É a fonte de cognição, da memória, dos
pensamentos e daquilo que chamamos inteligência. A capacidade para falar e
entender a fala dos outros provém do cérebro. As pessoas não têm de se
preocupar em controlar o ritmo cardíaco, a transpiração, a respiração, a
secreção hormonal ou o sistema imunitário: o cérebro faz isso
inconscientemente e automaticamente pela pessoa (Wolf, 2004).
10
HISTÓRIA DAS NEUROCIÊNCIAS
A Sociedade de Neurociências foi fundada em 1970, portanto, a
história da Neurociência só pode ser contada corretamente a partir de 1970,
entretanto o estudo do cérebro é tão antigo quanto à própria ciência. Desde a
antiguidade que o tema cérebro tem suscitado muita curiosidade, possui
estudos científicos e não científicos que remontam desde a filosofia grega até
os modernos exames de imagem atual.
Atualmente pode-se afirmar que o cérebro humano é o órgão do
pensamento, no entanto, para isso é preciso relembrar alguns dos maiores
filósofos da Antiguidade dos quais destacamos: Hipócrates, Demócrito,
Aristóteles e Galeno.
Registros pré – históricos Um exemplo disso é a prática da trepanação,
realizada por volta de 7.000 anos atrás. Especula-se que essa técnica, que
consistia em se fazer orifícios em crânios de indivíduos vivos, tinha como
objetivos curar dores de cabeça e transtornos mentais ou abrir as "portas" para
a saída de maus espíritos.
Aristóteles (384 – 322 a C) Hipócrates (469 – 379 a C)
“(…) E os homens devem saber que de nenhum lugar, a não ser do cérebro, provêm alegrias, prazeres, riscos e zombarias; tristezas, amarguras, desprezo e lamentações e, por isso, de uma maneira especial, nós adquirimos sabedoria e conhecimentos, aprendemos a ver e a ouvir o que é certo e errado, doce e amargo (“…)” Hipócrates
Na Grécia antiga, alguns eruditos começaram a perceber a relação entre
estrutura e função, o que levou à hipótese de que o encéfalo seria o órgão das
sensações. Nessa época, Hipocrates (469-379 a C), médico grego, lançou a
teoria de que o encéfalo estaria relacionado com as sensações do indivíduo e
seria a sede da inteligência. Essa teoria não era facilmente aceita e um dos
famosos opositores foi Aristóteles. Para esse filósofo, o coração seria o centro
do intelecto e o encéfalo funcionaria como uma espécie de radiador, que
resfriava o sangue superaquecido do coração.
Galeno (130-200 d C)
11
Durante o Império Romano, Galeno (130 -200 d C) por meio de
dissecções de animais, identificou partes distintas no sistema nervoso: o
cérebro, de consistência macia, o cerebelo, de consistência mais dura, e
compartimentos onde existiam fluidos (ventrículos). A partir de seus
experimentos, concluiu que para formar memórias, as sensações precisam ser
impressas no cérebro e, naturalmente, isso deveria ocorrer na parte macia
(cérebro). Os fluídos passariam pelas tubulações ocas (nervos) e gerariam os
movimentos (promovidos pelo cerebelo). Reforçava-se, então, a ideia de que o
corpo funcionaria por meio do balanço dos fluídos dos quatro ventrículos. O
cérebro comandava as sensações e cerebelo comandava os movimentos.
www.anatomiahumana.ucv.cl
Cérebro – sensações – mais macio
Cerebelo – movimentos – mais duro
Mais tarde, o matemático e filósofo René Descartes (1596-1650)
propôs que a teoria dos fluídos poderia explicar o comportamento de animais,
mas não de humanos. Para ele, o homem possuía intelecto e alma e, assim,
sugeriu que comportamentos humanos que se assemelhavam ao dos animais
tinham os mesmos mecanismos cerebrais. Já as capacidades mentais,
exclusivamente humanas, ficariam no que denominou de "mente", uma
entidade espiritual situada fora do cérebro. Essa entidade espiritual manteria
12
contato com a glândula pineal (no cérebro) e por meio desse contato receberia
informações sobre as sensações e os comandos dos movimentos.
1796 – Franz Gall
Sugeriu que o cérebro não era uma massa uniforme e que várias
faculdades mentais podiam ser localizadas em diferentes partes deste
órgão.
Século XVIII - Divisão do sistema nervoso
Durante esse século mais seria aprendido sobre o cérebro do que já se
tinha aprendido ao longo de toda a história.
Logo no início do século, o cientista italiano Luigi Galvani e o biólogo
alemão Emil du Bois-Reymond mostraram que os músculos se contraem
quando os nervos são estimulados eletricamente, e que o cérebro em si é
capaz de gerar eletricidade. Essas descobertas finalmente acabaram com a
ideia de que os nervos se comunicavam com o cérebro através do movimento
de fluídos. A publicação do estudo de Benjamin Franklin ("Experimentos e
observações sobre a eletricidade"), em 1751, com relato sobre os fenômenos
elétricos impulsionaram as pesquisas relativas ao encéfalo. Na virada do
século, Luigi Galvani e Bois-Reymond demonstrou que os músculos se
movimentavam quando os nervos eram estimulados eletricamente e que o
encéfalo podia gerar eletricidade, derrubando assim a teoria de que o encéfalo
humano funcionava graças aos fluídos.
13
Em 1810 - Charles Bell e François Magendie - apresentou esse estudo.
www.auladeanatomia.com
Raízes dorsais = sensações
Raízes ventrais = movimentos
No final do século XVIII, o sistema nervoso já havia sido completamente
dissecado. Identificou-se que toda a superfície cerebral do indivíduo continha
um mesmo padrão de saliência (giros) e sulcos e que o encéfalo era dividido
em lobos, fato que levou ao início da discussão da localização das funções
cerebrais. Sugeriu - se que todas as regiões do cérebro participariam de cada
função mental, em especial as regiões cerebrais do telencéfalo.
1834 / 1835 – Marc Dax
Relatou a associação da afasia e da paralisia dos membros direitos em
três dezenas de doentes, embora não tenha definido qualquer teoria nem se
tenha enquadrado em qualquer movimento científico.
Na linha do tempo destacam-se os trabalhos desenvolvidos pelo médico
cirurgião Paul Broca e pelo neurologista e psicólogo Karl Wernicke. Broca,
em 1861, descreveu o caso de um paciente que tinha lesão na região da
parede posterior do lobo frontal. Embora esse paciente não apresentasse
qualquer problema motor em sua língua, boca ou cordas vocais, ele era
incapaz de falar gramaticalmente em frases completas, ou de expressar seu
pensamento por escrito (afasia motora). Tais achados levaram Broca a
14
concluir que a função da linguagem estaria localizada nesta região específica.
A importância desse trabalho é tanta que, atualmente, ele é considerado
o marco inicial da Neuropsicologia.
www.neuropoint.blogspot.com
Antes da invenção do microscópio composto, no século XVIII, o tecido
neural era considerado como tendo função glandular – ideia que pode ser
rastreada até a antiguidade e a proposta de Galeno de que os nervos seriam
condutos que levariam os fluidos secretados pelo cérebro e medula espinhal
para a periferia do corpo.
Apenas no final do século XIX, com os estudos do médico italiano
Camillo Golgi e do histologista espanhol Santiago Ramón y Cajal, a estrutura
das células neurais foram descritas em detalhes.
Camilo Golgi
www.scielo.br
Método de coloração por prata
15
Cajal
www.scielo.br
Utilizou esse método para marcar células individuais
Um Neurônio típico apresenta quatro regiões morfologicamente
definidas: o corpo celular, os dendritos, o axônio e suas terminações pré-
sinápticas.
www.gsigma.ufsc.br
Ramón y Cajal formulou dois princípios importantes:
Princípio da polarização dinâmica, que propõe que os sinais elétricos fluam
em direção previsível e consistente, e apenas nessa direção, em uma célula
neural. Essa direção vai dos locais receptivos do neurônio (em geral, os dendritos
e o corpo celular) para a zona de gatilho, no cone axônico.
Princípio da especificidade conectiva implica duas considerações
importantes: Primeira, não existe continuidade citoplasmática entre as células
neurais; até mesmo na sinapse, a terminação pré-sináptica é separada da célula
pós-sináptica (pela fenda sináptica). Segunda, as células neurais não se
comunicam indiscriminadamente umas com as outras, nem formam redes ao
acaso. Ao contrário, cada célula se comunica com determinadas células-alvos
(mas não o faz com outras), e sempre por meio de pontos especializados de
contato sináptico.
16
1846 - John Hughlings Jackson
Sugere o conceito de dominância cerebral, com o enfoque mais
importante na relação entre os dois hemisférios cerebrais, apontando para a
liderança do HE na função cerebral. Sugere ainda a importância fundamental
do HD nas funções visuo - espaciais.
1861- Paul Broca
Reuniu oito casos de sujeitos que apresentavam uma lesão na porção
posterior da circunvolução frontal do Hemisfério Esquerdo (HE), mostrando
que esta lesão se associava com a afasia. Propôs que o HE era dominante na
linguagem e considerou a relação entre o uso da mão direita e a linguagem,
propondo que tanto a fala como o uso da mão direita eram atribuíveis à
superioridade congénita do HE nas pessoas dextras. De acordo com esta
“hipótese” os Indivíduos não destros (canhotos) teriam uma dominância do
Hemisfério Direito (HD), quer na “manualidade” quer na fala (linguagem).
www.auladeanatomia.com
1870 - Liepman - Demonstrou que o HE controlava os movimentos definidos
assim como a linguagem, mas que as áreas especificadas eram distintas.
Produziu evidência clínica de que algumas dispraxias severas podem estar
associadas a lesões do HE.
17
1876 - Wernicke relaciona várias alterações na produção da fala e na
compreensão da linguagem com lesões no HE.
1897 - Charles Sherrington – Definiu o termo sinapse (conexão entre
neurônios)
www.boamemoria.com
1921 – Otto Loewi – descobriu que nervos estimulados liberavam uma
substância química.
1940 - William Van Wagenen - Realizou a primeira intervenção cirúrgica de
seccionamento do corpo caloso (Split-Brain)
1959 - Penfield e Roberts - Ao intervir cirurgicamente no tratamento de
Epilepsias graves, descobrem que a estimulação de determinadas áreas do
cérebro ou a sua remoção cirúrgica afectam determinadas funções
lateralizadas à esquerda ou à direita.
1960 - Sperry - Inicia uma série de trabalhos de investigação em animais com
"cérebro-dividido", alargando depois a metodologia utilizada ao estudo de
humanos, constatando a diferenciação e lateralização hemisférica de várias
funções como a linguagem, as capacidades visuo perceptivas e as emoções.
1965 - Geschwind - Inicia o estudo das assimetrias cerebrais numa
perspectiva anatómica e morfológica, correlacionando-as com as assimetrias
funcionais já conhecidas em estudos anteriores.
1977 - Foi criada a Sociedade Brasileira de Neurociências e
Comportamento (SBNeC)
1981 - Sperry -Recebeu o Premio Nobel pelo estudo das funções dos
hemisférios cerebrais.
As modernas técnicas de neuroimagem, que nos permitem observar in
vivo o funcionamento do cérebro em tempo real, durante uma execução de
18
tarefas cognitivas ou comportamentais, nos levam hoje a visão integrada de
um cérebro entendido como um super- sistema, organizado numa dupla
vertente de especialização e integração. Neste sentido, nenhuma parte do
sistema nervoso funciona do mesmo modo isolada como o faz com as outras
partes em interação e, ao mesmo tempo, mesmo nas tarefas simples múltiplas
áreas do córtex são ativadas em simultâneo.
A história da lateralização hemisférica ainda não terminou. No entanto,
poderemos talvez concluir, para já, que não há um hemisfério ”dominante” e
outro inferior ou “dominado”. O que há é dois hemisférios complementares,
necessitando um do outro na realização de tarefas desde as mais simples
atividades reflexas até aos mais elaborados raciocínios ou atos de criação
artística.
1.1.2 - O que nos fala a Neuropedagogia
A Neuropedagogia nos fala como principio básico: COMO O
CÉREBRO HUMANO APRENDE E COMO GUARDA ESTES SABERES. Com
esta concepção, extremamente ligada à Neurociência, a Neuropedagogia irá
estudar e compreender o cérebro como impulsor do aprendizado e levar isto
para a escola considerando acima de tudo os métodos e metodologias que irão
interferir de forma significativa para o verdadeiro APRENDIZADO.
O cérebro é o órgão por excelência da inteligência. Neste caso faz-se e
necessário compreender como ocorrem os processos intelectuais, os
mecanismos cerebrais responsáveis pela aprendizagem.
O aluno, sujeito da aprendizagem, é um ser social, afetivo, cognitivo e
com um desenvolvimento motor, psicomotor e perceptivo a ser considerado. O
ser humano é muito mais amplo, com fatores a serem conhecidos não só
apenas na realidade do dia-a-dia escolar, mas no seu meio sociocultural,
sendo assim, se deve levar em consideração os quatro pilares que servem, em
19
princípio como organizador do processo de construção, de competências e
habilidades, que lhes permitam alcançar seu desenvolvimento pleno e integral,
sendo definidores de estratégias para promover uma educação de qualidade
visando sempre o desenvolvimento humano, são eles:
Aprender a Ser
Aprender a Conviver
Aprender a Fazer
Aprender a Conhecer
A Neuropedagogia é uma ciência que abrange de forma completa as
melhores considerações da aprendizagem humana. Suas intervenções são de
grande importância para atender as crianças devendo considerar que
“SOMOS TODOS DIFERENTES, E EXISTEM VÁRIAS FORMAS DE
APRENDER E VÁRIAS FORMAS DE ENSINAR”.
A Neurociência traz para a sala de aula o conhecimento sobre a
memória, o esquecimento, o tempo, o sono, a atenção, o medo, o humor, a
afetividade, o movimento, os sentidos, a linguagem, as interpretações das
imagens que fazemos mentalmente, o próprio desenvolvimento infantil e as
diferenças básicas nos processos cerebrais da infância, e tudo isto se torna
subsídio imprescindível para a nossa compreensão Neuropedagógica. Citação:Relvas, Marta Pires
21
As Regiões do Cérebro São Especializadas Para Diferentes Funções
As técnicas de imageamento desenvolvidas nos últimos anos tornaram
possível a visualização de estruturas cerebrais humanas na pessoa viva. Cada
um desses territórios neurais teve demonstrado, por muitos métodos
experimentais, sua capacidade de desempenhar funções específicas.
As funções cerebrais relacionadas à linguagem ficam localizadas
principalmente no córtex cerebral;
Em cada um dos dois hemisférios, o córtex sobrejacente é dividido em
quatro lobos anatomicamente distintos: frontal, parietal, occipital e temporal.
Principais funções do córtex
Projeção sensorial e Cognição
Planejamento e iniciação de movimentos
Planejamento e iniciação de movimentos voluntários
Processos mentais complexos (pensamento, raciocínio)
Compreensão e expressão da linguagem
Memória e Aprendizagem
Experiências emocionais e motivacionais
www.concursoefisioterapia.com
lobo frontal: planejamento das ações futuras e controle de movimento.
lobo parietal: sensação tátil e imagem corporal.
lobo occipital: visão.
lobo temporal: audição
22
E através das estruturas mais internas, o hipocampo e o núcleo
amidaloide, os aspectos de aprendizado, memória e emoção.
1.3 COMO O CÉRBRO FUNCIONA PARA A APRENDIZAGEM
1.3.1 Neuroplasticidade cerebral e aprendizagem
O Telencéfalo compreende os dois hemisférios cerebrais, direito e
esquerdo, e uma pequena linha mediana situada na porção anterior do III
ventrículo chamada de fissura longitudinal.
Os dois hemisférios cerebrais são incompletamente separados pela
fissura longitudinal do cérebro, cujo assoalho é formado por uma larga faixa de
fibras comissurais, denominada corpo caloso, principal meio de união entre
os dois hemisférios.
Cada hemisfério possui três polos e três faces: frontal, occipital e
temporal; e três faces: súpero - lateral (convexa); medial (plana); e inferior
ou base do cérebro (irregular), repousando anteriormente nos andares anterior
e médio da base do crânio e posteriormente na tenda do Cerebelo.
www.auladeanatomia.com
23
Hemisfério Direito: recebe as informações do lado esquerdo e controla as
habilidades artísticas e criativas.
Hemisfério Esquerdo: recebe informações do lado direito do corpo, e
controla certas atividades como matemática científica e de linguagem.
COMPARAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DE CADA HEMISFÉRIO
HEMISFÉRIO ESQUERDO HEMISFÉRIO DIREITO
Verbal: usa palavras para nomear,
descrever e definir;
Não verbal: percepção das coisas com uma relação mínima com
palavras; Analítico: decifra as coisas de
maneira sequencial e por partes; Sintético: une as coisas para formar
totalidades; Utiliza um símbolo que está no lugar
de outra coisa. Por exemplo: o sinal + representa a soma;
Relaciona as coisas tais como estão
nesse momento;
Abstrato: extrai uma porção pequena de informação e a utiliza para
representar a totalidade do assunto;
Analógico: encontra um símil entre
diferentes ordens; compreensão das
relações metafóricas; Temporal: se mantém uma noção de tempo, uma sequência dos fatos. Faz
uma coisa e logo outra, etc.;
Atemporal: sem sentido de tempo;
Racional: extrai conclusões baseadas na razão e nos dados;
Não racional: não requer uma base de informações e fatos reais; aceita a
suspensão do juízo; Digital: utiliza números; Espacial: ver as coisas relacionadas a
outras e como as partes se unem para formar um todo;
Lógico: extrai conclusões baseadas na
ordem lógica. Por exemplo: um
teorema matemático ou uma
argumentação;
Intuitivo: realiza saltos de reconhecimento, em geral sob padrões incompletos, intuições, sentimentos e imagens;
Linear: pensa em termos vinculados a ideias, um pensamento que segue o outro e que em geral converge em uma conclusão;
Holístico: percebe ao mesmo tempo, concebendo padrões gerais e as estruturas que muitas vezes levam a conclusões.
www.amigonerd.net
24
HABILIDADES ASSOCIADAS À ESPECIALIZAÇÃO DE CADA HEMISFÉRIO
HEMISFÉRIO ESQUERDO HEMISFÉRIO DIREITO
Escrita à mão
Fonética Sensibilidade a cores
Localização de fatos e detalhes Canto a música
Conversação e recitação Expressão artística
Surgimento de instruções Criatividade
Escuta Visualização
Associação auditiva Sentimentos e emoções
Símbolos Relações espaciais
Linguagem e leitura Figuras e padrões
www.amigonerd.net
MANEIRAS DE CONSCIÊNCIA DE CADA HEMISFÉRIO
HEMISFÉRIO ESQUERDO HEMISFÉRIO DIREITO
Lógico Intuitivo
Sequencial Azaroso
Linear Holístico
Simbólico Concreto
Baseado na realidade Orientado à fantasia
Verbal Não verbal
Temporal Atemporal
Abstrato Analógico www.amigonerd.net
25
FUNÇÕES ASSOCIADAS A CADA HEMISFÉRIO
HEMISFÉRIO ESQUERDO HEMISFÉRIO DIREITO
Lógica Sensações
Orientação a microvisão Orientação a microvisão
Palavras e Linguagem Imaginação
Fatos Símbolos e Imagens
Passado e Presente Presente e Futuro
Ciência e Matemática Filosofia e Religião
Saber Crença
Percepção de padrões Percepção espacial
Reconhecer o nome dos objetos Reconhecer as funções dos objetos
Estratégias Possibilidades
Realidade Fantasia
www.denisemineiro.com
HEMISFÉRIO ESQUERDO / HEMISFÉRIO DIREITO
www.infoescola.com
26
1.4 O PAPEL DAS EMOÇÕES
1.4.1 Como se processa emoção e aprendizagem
SISTEMA LÍMBICO
A Neurobiologia das Emoções
A expressão das emoções representa uma
grande parte do que significa ser humano. www.psicologiaamal.com.br/arquivos/artigos
www.sciencephoto.com
O Sistema Límbico é formado por estruturas filogeneticament antgas e
que tem forma altamente arqueada.
As pesquisas mostram que o lobo límbico tem interconexões profusas
com o sistema olfatório, o hipotálamo, o tálamo, o epitálamo e, numa menor
extensão, com áreas do neocórtex.
Associado com a integração de informação visceral, olfatória, somática,
elementos subjetivos e expressivos em respostas emocionais.
Estruturas do Sistema Límbico
27
Giro do Cingulado Tálamo anterior Tálamo
Área olfatória Fornix
Hipothalamus Corpo Mamilar
do Hipotálamo
Uncus Amígdala Giro para-hipocampal Hipocampos
www.brianconnection.com
Emoção
1884 - Teoria “James-Lange” da Emoção:
Experimenta-se a emoção em resposta a alterações fisiológicas em
nosso organismo. As mudanças corporais decorrem diretamente da percepção
do estímulo, e que a sensação destas mudanças no momento em que
acontecem é a emoção.
“Que tipo de emoção de medo restaria se nem a sensação de
batimentos cardíacos acelerados, nem de alteração na respiração, se nem o
tremor nos lábios, nem fraqueza nas pernas, se nem a pele arrepiada nem as
alterações viscerais estivessem presentes, me é impossível pensar”... “Eu digo
que, para nós, a emoção dissociada de todas as alterações no organismo é
inconcebível”. (Wiliam James, 1893).
Vias cerebrais da emoção segundo William James
28
Um estímulo externo é percebido pelas áreas sensoriais do córtex. Por
meio do córtex motor a fuga é produzida e controlada. As sensações
produzidas pela fuga são retransmitidas ao córtex sensorial, onde são
percebidas. A percepção das sensações somáticas, associada às reações
emocionais, é o que dá a qualidade própria das emoções, sequência das
informações sensoriais desde a percepção do estímulo até a execução da
resposta. (redesenhado de LeDoux, 1998).
1920 - Teoria “Cannon- Bard” da emoção
Vias cerebrais da emoção segundo “Cannon – Bard”
Os estímulos externos, processados pelo tálamo são enviados ao córtex
cerebral (via 2b) e ao hipotálamo (via 2a). O hipotálamo, por sua vez, envia
mensagens aos músculos e órgãos do corpo (via 3a) e ao córtex (via 3b). A
interação das mensagens no córtex para assimilação do estímulo (via 2b) e de
seu significado emocional (via 3b) resulta na experiência consciente da
emoção (sentimentos). As reações somáticas e emocionais acontecem
paralelamente (redesenhado de LEDOUX, 1998).
www.psicologia-general-ii.blogspot.com
29
1937 – Papez propõe uma teoria para explicar o mecanismo das emoções:
Circuito de Papez
James W.Papez (1883-1958)
Papez propôs uma série de conexões do hipotálamo com o tálamo
anterior, córtex cingulado e hipocampo. As experiências emocionais ocorrem
quando o córtex cingulado integra sinais do córtex sensorial e do hipotálamo.
Mensagens do córtex cingulado para o hipocampo e depois para o
hipotálamo permitem que os pensamentos localizados no córtex cerebral
controlem as reações emocionais (redesenhado de LeDoux, 1998).
A região cortical responsável pelas emoções envolveria o lobo límbico
Estruturas do Circuito de Papez
www.es.wikipedia.org
30
Sistema límbico e estruturas adicionais (à esquerda). À direita, circuito
de Papez. (1) O giro do cíngulo e outras regiões corticais se projetam para a
formação hipocampal. (2) O hipocampo processa a informação que chega e a
projeta via fórnix (3) para os corpos mamilares do hipotálamo (4). O hipotálamo
por sua vez, fornece informações ao tálamo através do trato mamilotalâmico
(5) e do núcleo anterior do tálamo ao giro do cíngulo (6).
www.naoquerodp.blogspot.com
GIRO DO CÍNGULO:
Relacionado à depressão, à ansiedade e à agressividade. Auxilia na
determinação dos conteúdos de memória.
Atividade aumentada na mentira.
GIRO PARA-HIPOCAMPAL:
Relacionado ao armazenamento da memória.
HIPOTÁLAMO:
Governa a expressão comportamental da emoção.
TÁLAMO:
Relaciona-se com a sensibilidade, motricidade, comportamento
emocional e ativação do córtex cerebral.
HIPOCAMPO:
Relaciona-se com o comportamento e a memória.
31
Estruturas relacionadas às emoções que não pertencentes ao Circuito de
Papez
AMÍGDALA
Ativada em situações com marcante significado emocional.
Relacionada ao aprendizado emocional e ao armazenamento de
memória afetiva.
SEPTO
Relacionado à raiva, ao prazer e ao controle neurovegetativo.
ÁREA PRÉ-FRONTAL
Importante na tomada de decisão e adoção de estratégias
comportamentais mais adequadas à situação física e social.
Relacionada à capacidade de seguir sequências ordenadas de
pensamento e a modalidades de controle do pensamento emocional.
CEREBELO
Os hemisférios laterais cerebelares e os núcleos denteados e
emboliformes parecem ser responsáveis pela modulação do
pensamento, formulação de estratégia, aprendizado, memória e
linguagem, características identificadas apenas em mamíferos.
O cerebelo vem sendo considerado um poderoso coordenador, capaz
de contribuir tanto para habilidades motoras quanto sensoriais e
cognitivas graças às conexões que estabelece com regiões responsáveis
por estas funções.
Tipos de emoção
Comportamento emocional: conjunto de reações frente a uma sensação
Emoções primárias: relacionadas com as necessidades imediatas com fome,
obtenção de água, sexo, fugir e defender, etc.
Emoções secundárias estados mais discriminativas e complexas como
ansiedade, satisfação, prazer, amor, etc.
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Classificação dos estados emocionais
IRA: fúria, revolta, ressentimento, raiva, exasperação, indignação,
animosidade, aborrecimento, irritabilidade, hostilidade e no extremo, o ódio e a
violência patológicos.
TRISTEZA: sofrimento, mágoa, desânimo, desalento, melancolia, autopiedade,
solidão, desamparo, desespero e quando patológico, a depressão profunda.
MEDO: ansiedade, apreensão, nervosismo, preocupação, consternação,
cautela, escrúpulo, inquietação, pavor, susto, terror e como psicopatologia, a
fobia e o pânico.
33
PRAZER: felicidade, alegria, alívio, contentamento, deleite, diversão, orgulho,
prazer sensual, emoção, arrebatamento, gratificação, satisfação, bom humor,
euforia, êxtase e no extremo a mania.
AMOR: aceitação, amizade, confiança, afinidade, dedicação, adoração, paixão.
SURPRESA: choque, espanto, pasmo, maravilha.
NOJO: desprezo, desdém, antipatia, aversão, repugnância, repulsa.
VERGONHA: culpa, vexame, mágoa, remorso, humilhação, arrependimento,
mortificação.
34
CAPÍTULO II
NEUROCIÊNCIA E APRENDIZAGEM
2.1 – APRENDIZAGEM
2.1.1 – Afetividade, cognição e aprendizagem.
Relações entre razão, emoção e sentimento.
A discussão é muito antiga sobre o papel da afetividade na constituição
da subjetividade humana.
Inserida na história da filosofia, no contexto das relações entre razão,
emoção e sentimento, foi motivo de aquecidos debates envolvendo grandes
filósofos, que ora valorizavam os conflitos existentes entre razão e
sentimentos, ora a dicotomia ou o papel superior de um aspecto sobre o outro.
(VASCONCELOS, Mário Sérgio)
Platão (427 aC / 347aC) Um dos maiores ensinamentos que ele deixou é que
o conhecimento constrói-se a partir de uma junção entre intelecto e emoção.
Para ele, a ciência, o conhecimento são frutos de inteligência e amor.
Aristóteles (384 aC / 322 aC) Numa perspectiva claramente dualista, reiterava
que os sentimentos residem no coração e que o cérebro tem a missão de
esfriar o coração e os sentimentos nele localizados.
Kan (1723-1804) Destacando a supremacia da razão construiu uma
perspectiva negativa das emoções e dos sentimentos, chegando a afirmar que
as paixões são a enfermidade da alma. De um modo geral, o que se evidencia
nos escritos dos filosóficos, da Grécia antiga até a modernidade, é uma
35
concepção dissociada, na qual a razão quase sempre tem status superior com
relação aos sentimentos.
Na história da psicologia, iniciada no séc. XIX, o cenário não foi muito
diferente. Depois que o comportamento humano foi considerado sujeito a
princípios universais e que se admitiu a ciência psicológica como possível
alguns dos problemas filosóficos foram transferidos para a psicologia. Porém,
foram formulados de tal maneira que se tornou difícil resolvê-los
"cientificamente", pois voltou à cena a divisão entre razão e emoção.
Theodor Fechner, um dos precursores da ciência psicológica, na obra
Elemente der Psychophisik, escrita em 1860, declarou que estava interessado
na ciência exata das relações funcionais entre razão e emoção. Porém,
argumentava que, para fazer ciência, era necessário medir separadamente os
dois aspectos. Alguns anos depois Fechner até tentou demonstrar a identidade
dessas "duas metades", mas encontrou resistências de vários psicólogos à sua
tentativa de unir algo que os filósofos, utilizando métodos racionalistas, tinham
separado há centenas de anos.
Tal cisão foi mantida intocável até o início do século XX, pois o
movimento dessas dicotomias ganhou força em diferentes áreas e culminaram
numa discussão quase inconciliável entre os sistemas teóricos empiristas e
inatistas que dominaram o cenário dos debates sobre conhecimento,
pensamento, comportamento e sentimentos humanos.
Os empiristas "cuidaram" da razão e os inatistas da emoção.
Posteriormente, com a consolidação de grandes teorias psicológicas como a
gestalt, a psicanálise, o behaviorismo, a epistemologia genética, a psicologia
cultural e a psicologia sócio-histórica, o problema passa a ser debatido de
modo mais aprofundado por cada modelo e começam a aparecer estudos
sobre as relações entre cognição e afetividade.
Mesmo assim, aos olhos do consumo, cada teoria acabou se dedicando
mais a um aspecto que ao outro. Além disso, algumas teorias, como, por
exemplo, o behaviorismo insistiu em continuar alimentando uma distinção
36
radical entre cognição e afetividade. Desse modo, mesmo no campo da
psicologia, ainda hoje persiste a ideia de que cognição e afetividade são
instâncias dissociadas.
Na área educacional o trajeto também não foi e não é muito diferente. É
comum, ainda hoje, no âmbito escolar, o uso de uma concepção teórica que
leva os educadores a dividirem a criança em duas metades: a cognitiva e a
afetiva. Esse dualismo é um dos maiores mitos presentes na maioria das
propostas educacionais da atualidade.
A crença nessa oposição faz com que se considere o pensamento
calculista, frio e desprovido de sentimentos, apropriado para a instrução das
matérias escolares clássicas. Acredita-se que apenas o pensamento leve o
sujeito a atitudes racionais e inteligentes, cujo expoente máximo é o
pensamento científico e lógico-matemático. Já os sentimentos, vistos como
"coisas do coração", não levam ao conhecimento e podem provocar atitudes
irracionais. Produzem fragilidades de segundo plano, próprias da privacidade
"inata" de cada um. Seguindo essa crença, as instituições educacionais
caminharam para a ênfase da razão, priorizando tudo o que se relaciona
diretamente ao mérito intelectual.
O fato é que estamos no século XXI e o uso técnico especializado do
dualismo razão e emoção seguem vivendo sobre o prisma do dualismo
cognição e afetividade.
Se no campo educacional os afetos continuam sendo tão problemáticos
para o conhecimento, cabe aos educadores desvelá-los e promover a inclusão
dos afetos avançando nessa trajetória.
37
Cognição e afetividade relação com a aprendizagem
COGNIÇÃO
Ato ou processo de conhecer. Inclui a atenção, a percepção, a memória,
o raciocínio, o juízo. O Termo que tem origem nos escritos de Platão e
Aristóteles. Com a separação entre a psicologia e a filosofia, a cognição
tem sido investigada a partir de diversos pontos de vista.
AFETIVIDADE
É a capacidade, à disposição do ser humano de ser afetado pelo mundo
externo/interno por sensações ligadas a tonalidades agradáveis ou
desagradáveis, ser afetado é reagir com atividades internas / externas
que a situação desperta.
APRENDIZAGEM É um processo de mudança de comportamento obtido através da
experiência construída por fatores emocionais, neurológicos da interação
relacionais e ambientais. Aprender é o resultado entre estruturas mentais
e o meio ambiente.
Dimensão afetiva e cognitiva indissociáveis
Vygotsky (1896-1934) afirmava que os processos pelos quais o afeto e o
intelecto se desenvolvem estão inteiramente enraizados em suas inter-relações
e influências mútuas.
Wallon (1879-1962) a teoria walloniana, denominada Psicogênese da Pessoa
Completa, defende a evolução psíquica destacando o desenvolvimento
emocional e social cultural do sujeito através da reciprocidade que esse
estabelece com o meio social e humano.
39
Emoções são sistemas de atitudes, reveladas pelo tônus. Atitude é a
expressão da combinação entre tônus (nível de tensão muscular) e
intenção; cada atitude é associada a uma ou mais situações;
A emoção aparece desde o início da vida, com os espasmos do recém-
nascido. Estes não são apenas um ato muscular, de contração dos
aparelhos musculares e viscerais: existe bem-estar ou mal-estar tanto no
espasmo como na sua dissolução. Tensão é provocada pela energia retida
e acumulada: riso, choro, soluço aliviam a tensão dos músculos;
Das oscilações viscerais e musculares vão se diferenciando as emoções:
medo, alegria, raiva, ciúme, tristeza. A cada uma, passa a corresponder um
padrão postural, que libera ou concentra energia com maior ou menor
intensidade, e depende de automatismos específicos que emergem pela
maturação funcional: reação à queda, à falta de apoio, à estimulação
labiríntica, etc.
A emoção dá rapidez às respostas, de fugir ou atacar, em que não há
tempo para deliberar. É apta para suscitar reflexos condicionados;
A emoção é uma forma concreta de participação mútua, é uma forma
primitiva de comunhão, que se apresenta nos ritos coletivos, que funde as
relações interindividuais, que funde os indivíduos e as circunstâncias
exteriores;
É também um instrumento de sociabilidade que une os indivíduos entre si;
A emoção é determinante na evolução mental: a criança responde a
estímulos musculares (sensibilidade proprioceptiva), viscerais (sensibilidade
interoceptiva) e externos (sensibilidade exteroceptiva). Esse movimento
mostra como a sensibilidade da criança se estende ao ambiente. Passa a
reproduzir os traços dos estímulos do ambiente, e o contato com o mundo
tende a afinar, tornar mais precisas, mais adequadas essas reproduções.
SENTIMENTO
40
Corresponde à expressão representacional da afetividade:
Não implica reações instantâneas e diretas como na emoção;
Opõe-se ao arrebatamento, que é uma emoção autêntica: tende a reprimi-
la, impor controles e obstáculos que quebrem sua potência;
Os sentimentos podem ser expressos pela mímica e pela linguagem, que
multiplicam as tonalidades, as cumplicidades tácitas ou subentendidas;
O adulto tem maiores recursos de expressão representacional: observa,
reflete antes de agir; sabe onde, como e quando se expressar traduz
intelectualmente seus motivos ou circunstâncias.
PAIXÃO
Revela o aparecimento do autocontrole para dominar uma situação:
Tenta para isso silenciar a emoção;
Não aparece antes do estágio do personalismo;
Caracteriza-se por ciúmes, exigências, exclusividade.
Aprendemos com a cognição, mas sem dúvida alguma,
aprendemos pela emoção, o desafio é unir conteúdos
coerentes, desejos, curiosidades e afetos para uma
prazerosa aprendizagem. (Marta Relvas)
41
2.1.2 - Atenção & Memória
O problema na aprendizagem da atenção tem tido lugar de destaque
na atualidade. Um dos motivos é que o funcionamento da atenção no mundo
contemporâneo vem assumindo uma característica marcante. É possível
observar que a atenção desliza incessantemente entre fatos e situações,
transparecendo certa dificuldade de concentração.
Numa busca acelerada de novidade a atenção é passageira, muda
constantemente de foco e é sujeita ao esgotamento em frações de segundos.
Quando se procura descrever como a atenção funciona nos dias
atuais, o primeiro aspecto que sobressai é uma acentuada dispersão, que
resulta da mudança constante do foco da atenção.
As imagens e textos constantemente veiculados pela mídia, bem como
a explosão recente das tecnologias da informação, como é o caso Internet,
torna disponível uma avalanche de informações, atravessando grandes
distâncias em alguns segundos.
Por sua vez, os celulares são também fatores importantes,
atravessando sem cessar o fluxo da vida cotidiana.
Há na sociedade contemporânea um excesso de informação e uma
velocidade acelerada que convoca uma mudança constante do foco da
atenção, em função dos apelos que se multiplicam sem cessar.
Os problemas de atenção comparecem hoje em dia na escola, na
clínica, nos ambientes de trabalho e nas famílias.
É cada vez mais frequente o diagnóstico de TDA – transtorno de déficit
de atenção - que tem como sintomas baixo rendimento na realização de
tarefas, dificuldade de seguir regras e desenvolver projetos de longo prazo, e
a cujo quadro pode estar associado à hiperatividade e à impulsividade. No
contexto escolar o problema é diretamente colocado como incidindo sobre a
atenção que é requerida no processo de aprendizagem.
42
Considera-se que a criança não aprende porque não presta atenção.
Esse funcionamento da atenção na subjetividade contemporânea não
é tratado como um problema de ordem moral, sendo antes tomado como um
transtorno que exige tratamento (CRARY, 2001).
Muitas crianças são encaminhadas para terapias de enfoque cognitivo
- comportamental, que têm em vista aumentar a capacidade de atenção para
a realização de tarefas.
O que prevalece nesse domínio é o entendimento da cognição como
processo de solução de problemas e, no que diz respeito à atenção, a ênfase
recai sobre seu papel no controle do comportamento e na realização de
tarefas.
Ela é a condição para que se dê o processo de aprendizagem, a
solução de problemas e o desempenho de tarefas cognitivas.
Tomada como uma espécie de processo subsidiário à aprendizagem e
estando a seu serviço, sua análise é restrita à atenção voltada para objetos e
estímulos do mundo externo, ou seja, para a captação e busca de
informações.
A falha no trato com as informações externas é sinal de pouca atenção
e baixa capacidade de concentração.
Tendo em vista que a noção de cognição é restrita à solução de
problemas e que a proposta clínica é declaradamente adaptativa, a questão é
como restabelecer a capacidade de prestar atenção, ou seja, como promover
a aprendizagem de uma atenção que é necessária à realização de tarefas
A noção de déficit indica que subjaz aí um entendimento da atenção
como marcada por um funcionamento binário: atenção - desatenção.
Tudo aquilo que escapa ao ato de prestar atenção fica alocado na
rubrica do negativo, da falta, do déficit. Ao procurar fazer frente ao
43
funcionamento da atenção que foge da tarefa, são igualmente consideradas
indesejáveis a dispersão e a distração.
No entanto, os fenômenos são distintos. A dispersão consiste num
repetido deslocamento do foco atencional, que impossibilita a concentração,
a duração e a consistência da experiência. Um exemplo é a pessoa que tenta
assistir televisão, mas passa a noite inteira zapeando os canais, agarrada ao
controle remoto que a conduz de um programa a outro.
Ao final da noite ela sabe quais os programas que passaram na TV,
embora de fato não tenha assistido a nenhum deles. A avidez de novidade
impede a espessura temporal e a consistência da experiência.
Já a distração é um funcionamento onde a atenção vagueia,
experimenta uma errância, fugindo do foco da tarefa para a qual é solicitado
prestar atenção e indo na direção de um campo mais amplo, habitado por
pensamentos fora de lugar, percepções sem finalidade, reminiscências
vagas, objetos desfocados e ideias fluidas, que advêm do mundo interior ou
exterior, mas que têm em comum o fato de serem refratárias ao apelo da
tarefa em questão.
É curioso notar que o distraído é alguém extremamente concentrado,
que não é meramente desatento, mas cuja atenção se encontra em outro
lugar.
Vale notar que ao restringir a atenção ao ato de prestar atenção,
identifica-se o processo de concentração ao de focalização, que não se
sobrepõem, pois pode haver focalização sem concentração e também
concentração sem foco.
A primeira prevalece no regime cognitivo que é hegemônico na
subjetividade contemporânea, enquanto a segunda revelar-se-á fundamental
no processo de invenção.
Cabe ainda sublinhar que, ainda que diversos autores considerem que
o TDA seja em parte causado pelas características da sociedade atual (além
44
da predisposição genética), ele é tratado como um problema individual,
aliando técnicas comportamentais e medicamentos como a ritalina
(metilfenidato).
Artigo: Kastrup, Virginia. A aprendizagem da atenção na
cognição inventiva. Psicol- soc; 16(3): 7-16, set- dez
MEMÓRIA
Pode-se considerar não apenas “uma memória”, mas sim um conjunto
de memórias que podem ser: simples, complexas, auditivas, visuais,
cinestésicas, olfativas, emocionais e tantas outras quanto tivermos vivido.
Para seu funcionamento adequado é necessário que sejam esquecidas
algumas informações para que se tenha espaço para novas informações.
Esquecer se torna saudável, à medida que, se não ocorresse, viver-se-ia uma
tormenta crescente de informações ao longo da vida.
A Memória possui três etapas importantes: aquisição, consolidação e
evocação das informações e, três fatores neste mesmo processo, que são os
moduladores do cérebro: atenção; motivação e nível de ansiedade.
Tem estreita relação com a aprendizagem, pois é a primeira forma do
processo mnemônico, que seria identificar informações novas.
www.auladeanatomia.com/neurologia/telencefalo
CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA
45
MEMÓRIAS são feitas por células nervosas (neurônios). Estas são
armazenadas em rede de neurônios e são evocadas pelas mesmas redes
neuronais ou por outras. São moduladas pelas emoções, pelo nível de
consciência e pelos estados de ânimo.
Moduladores da memória: acetilcolina e dopamina
Imagem: livro Cem bilhões de neurônios? LENT,Roberto,2010
Criar MEMÓRIAS é agenciar o sistema hipocampal através de fibras
excitatórias, sinapses com células de córtex entorrinal, axônios e células
piramidais = plasticidade = potenciação de longa duração.
Os sinais (emoção) e o córtex frontal (razão) requerem interação para se
tornarem impulsos. Logo, além do sistema nervoso, há a presença forte do
sistema límbico.
Memória é a base da aprendizagem: sem
memória não há aprendizagem
(RELVAS, Marta).
Se o HIPOCAMPO é o selecionador, é o LOBO FRONTAL que
coordena todas as memórias, afinal guarda e classifica as informações =
raciocínio. A Memória não está em uma estrutura isolada do cérebro: ela é um
fenômeno biológico e psicológico envolvendo uma aliança de sistemas
cerebrais que funcionam juntos. (Relvas).
46
MEMORIZAR é ativar células; é desencadear liberação de
neurotransmissores (substâncias químicas) = formação de interconexões e
novas moléculas de proteínas, carregando as informações „impressas‟ no
interior da célula.
MEMÓRIA E APRENDIZAGEM
O conceito de MEMÓRIA vai muito além do poder de recordar.
MEMÓRIA é também a capacidade de:
PLANEJAMENTO
ABSTRAÇÃO
JULGAMENTO CRÍTICO
ATENÇÃO
http://pedagogiaaopedaletra.com.br
47
TIPOS E FORMAS DE MEMÓRIA
www.psicologiacop.blogspot.com
Podem ser classificadas de acordo com sua:
Função
Conteúdo
Tempo de duração
Módulos da Memória
Funcionamento em duas fases distintas:
Memória operacional se divide em dois processos:
Memória de Curto Prazo: momento presente, segundos, minutos ou horas;
não deixa rastro bioquímico.
Memória de Trabalho: mantém a informação por um período maior para
que o sujeito possa integrá-las com as informações já retidas.
Memória de Longo Prazo: duração de semanas, meses e anos; formará
arquivos.
MEMÓRIA DE TRABALHO (córtex pré-frontal)
Analisa informações já existentes;
Gerencia a realidade;
Não é acompanhada por reações bioquímicas importantes.
48
2.1.3 – Linguagem
Definição de Linguagem
È a capacidade que a espécie humana tem de se comunicar por meio
de um código simbólico adquirido, que permite transmitir ideias, pensamento,
emoções. São símbolos gestuais, orais ou escritos. Citação: www.significados.com.br
Atualmente considera-se que o Hemisfério Esquerdo é o responsável
pelo uso da linguagem (dominante) e, o Hemisfério Direito pela prosódia e
pragmática (não dominante).
Aquisição se dá por meio de etapas que são interdependentes:
sentir o som (sensação);
reconhecer o som (percepção);
refletir sobre o percebido (elaboração) e a organização e articulação
das respostas.
HEMISFÉRIO ESQUERDO HEMISFÉRIO DIREITO
www.golfinho.com.br
49
O Hemisfério Esquerdo controla os movimentos do lado direito do corpo e
o Direito, o lado esquerdo. Ambos os hemisférios estão interligados por
conexões inter- hemisféricas e operam de maneira coordenada.
ÁREA DE BROCA / ÁREA DE WERNICKE
Área de Broca - Intima associação com a área de Wernicke
A área de Broca situa-se anteriormente a área motora primária que
controla a face, lábios e a língua.
É responsável pela EXPRESSÃO da linguagem falada. Aqui as palavras
a serem pronunciadas serão formadas
Área de Wernicke – Área associativa auditiva. Compreensão da
linguagem falada, escrita e tateada. Função interpretativa geral.
Giro Angular: transforma as palavras ouvidas, lidas e tateadas em um
único código de linguagem.
Carl Wernicke (1876) “O Complexo Sintomático da Afasia: Um Estudo
Psicológico sobre Base Anatômica”. Nesse trabalho ele descreveu um novo
tipo de afasia, relacionado ao distúrbio da compreensão, e não da execução.
Enquanto os pacientes de Broca podiam entender, mas não
conseguiam falar, o paciente de Wernicke podia falar, mas não compreendia a
fala – nem mesmo o que ele próprio dizia.
Wernicke propôs que apenas as funções mentais mais básicas, as
relacionadas com as atividades perceptivas e motoras simples, estariam
localizadas em áreas corticais únicas, e que as funções intelectuais mais
complexas resultariam das interconexões entre várias regiões funcionais. Ele
formulou, assim, a primeira evidência para a ideia de processamento
distribuído, que é, atualmente, a ideia central para a nossa compreensão do
funcionamento cerebral.
50
www.dyslexia-reading-well.com
LINGUAGEM HUMANA
O nosso ouvido está afinado com a frequência da fala humana.
Somente os seres humanos detêm a capacidade de modular a
intensidade e a frequência de sons para produzir os padrões de mais de
10.000 línguas e dialetos.
Além da fala, o ser humano produz música.
A compreensão da linguagem falada depende de um mecanismo de
audição e de percepção igualmente complexos. Para aprender a falar é
necessário repetir o som, compreender o seu significado e em seguida utilizar
na construção da própria comunicação. Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre
2.1.4 - Motricidade & Criatividade
CEREBELO
Localização do Cerebelo (em roxo) no encéfalo http://-pt.wikipedia.org
O Cerebelo é a parte do encéfalo responsável pela manutenção do
equilíbrio e pelo controle do tônus muscular e dos movimentos voluntários,
bem como pela aprendizagem motora. Dependemos do cerebelo para andar,
correr, pular, andar de bicicleta, entre outras atividades. É formado por 2
51
hemisférios - os Hemisférios Cerebelares, e por uma parte central, chamada
de Vermis. O termo cerebelo deriva do latim e significa "pequeno cérebro".
O Cerebelo fica situado na fossa craniana posterior (fossas cerebelares
do occipital), sendo coberto superiormente pela tenda do cerebelo. Constitui a
maior parte do cérebro posterior, ficando posterior ao quarto ventrículo, à
protuberância e ao bulbo.
www.sobiologia.com.br
Tem uma forma quase ovóide ou de borboleta, alongado
transversalmente e achatado ântero-posteriormente com constrição na porção
mediana, o vérmis, consistindo essencialmente em dois hemisférios
cerebelares. Participa na formação do 4º ventrículo
O cerebelo fica preso à face posterior do tronco encefálico por três
feixes simétricos de fibras nervosas, os pedúnculos cerebelares inferior, médio
e superior. Liga-se à medula e bulbo pelo pedúnculo cerebelar inferior, à ponte
pelo pedúnculo cerebelar médio e ao mesencéfalo pelo pedúnculo cerebelar
superior.
O cerebelo é a maior massa do encéfalo que se encontra dorsal à ponte
e o bulbo, formando com essas estruturas a cavidade do quarto ventrículo.
Situa-se abaixo do tentório do cerebelo na fossa posterior do crânio, separado
do cérebro por um folheto da dura-máter Sua superfície não é convoluta como
a do cérebro, porém cruzada por numerosos sulcos, que variam de
profundidade dependendo da localização. Seu peso médio no homem é de
aproximadamente 150g. Em um adulto a proporção entre o cerebelo e o
cérebro é de 1:8, em crianças é de 1:20. Podemos dividi-lo em substância
branca (interior) e substância cinzenta (exterior). A substância branca é
52
constituida por fibras nervosas mielinizadas eferentes e aferentes. A
substância cinzenta pode ser subdividida em 3 camadas: - Camada molecular -
Camada de células de Purkinje - Camada granular.
Aspectos funcionais das células do córtex cerebeloso
http://cienciasecogniçao.org
As células Trepadeiras e Musgosas são as principais vias
aferentes(input) para o córtex exercendo efeito excitatório sobre as células de
Purkinje que existem na camada ganglionar, penetrando depois na substância
branca. As células trepadeiras são as terminações nervosas das fibras dos
tractos olivo-cerebelares, vão subir através das camadas do córtex,
atravessam a camada granulosa e terminam na molecular onde as suas fibras
se vão enrolar em torno das dendrites das células de Purkinje( no entanto ao
atravessarem a camada granulosa vão sinapsar com as ramificações
dendríticas doas células granulares). Uma célula de Purkinje apenas contacta
com uma célula trepadeira, uma célula trepadeira pode ligar-se até 10 células
de Purkinje. Quanto às células musgosas, estas são fibras terminais
provenientes dos tractos ponto-cerebelares, espinho cerebelares e vestíbulo-
cerebelares. Apresentam função excitatória, são muito ramificadas, sendo 1
célula capaz de estimular milhares de células de Purkinje ( também se ligam às
células granulosas, a interneurónios inibitórios e aos núcleos cerebelosos).
Quanto às células estreladas, em cesto e Golgi, estas são neurónios inibitórios
tendo capacidade para limitar a área excitada e influenciar o grau de excitação
das células de Purkinje que lhes é conferido pelas células trepadeiras e
53
musgosas. Basicamente, exercem uma função inibitória sobre as células de
Purkinje. Células de Purkinje - verdadeiramente as unidades funcionais do
córtex cerebeloso. Transmitem impulsos nervosos inibitórios flutuantes até aos
núcleos intracerebelosos que vão modificar a actividade muscular através das
vias de controlo motor do tronco e córtex cerebral.
Os núcleos cerebelosos vão então receber informação de 2 vias
distintas:
vias inibitórias: das células de Purkinje e dos núcleos vestibulares;
vias excitatórias: dos ramos das células trepadeiras e musgosas.
Assim sendo a aferência para o cerebelo envia informações excitatórias
para os núcleos através das células musgosas e trepadeiras que recebem,
após algum tempo, informação cortical processada, inibitória, por parte das
células de Purkinje. Quanto à informação eferente, normalmente a excitatória,
parte dos núcleos para a medula espinhal e encéfalo. Este é o mecanismo que
permite a coordenação dos movimentos. O que acontece quando este
mecanismo falha e as células de Purkinje são constantemente inibidas pelos
interneurónios? Os impulsos dos núcleos do cerebelo vão ser conduzidos
sempre levando a distúrbios do movimento.
MOTRICIDADE E CRIATIVIDADE
Um olhar interdisciplinar envolvendo arte, literatura, psicomotricidade e
a música leva a educação infantil em seu dia a dia, a contribuir para uma nova
visão das práticas pedagógicas relacionadas aos projetos com as referidas
temáticas constando de vivências livres, prazerosas, expressivas e criativas
com autodeterminação, produtividade, motricidade e criatividade.
A Música como atividade expressivo-motora é construída em conjunção
com gestos e emotividade. A escuta musical e a participação interpretativa e
criativa na escuta musical, além de fazerem coordenar, lateralizar, organizar a
nível espaço-temporal levando à interiorização em contextos diferentes ao
desenvolvimento da criatividade.
54
Citação: REIS, Luísa (2007) - Contributo das atividades rítmicas
para o desenvolvimento da motricidade. Educare / Educere http:// projetoresgatandosonhos.com
Através da Psicomotricidade pode-se estimular vários conceitos como a
coordenação motora ampla, a motricidade fina, a atenção, a percepção
aprendendo a conhecer a si mesma, a conviver com seus amigos, aprender a
realidade, tornando-se capaz de desenvolver seu potencial criativo.
http://www.cefelclinicas.com
A Literatura é arte, fenômeno de criatividade que desenvolve a
coordenação motora e a motricidade. A criatividade infantil na atividade de
contar histórias tem uma perspectiva histórica cultural da subjetividade na
atividade de conto e reconto.
http://leiturasaoventomaringa.com
As atividades em Artes Plásticas envolvem os mais diferentes tipos de
materiais que indicam as crianças possibilidades de transformação, reutilização
e de construção de novos elementos, formas e texturas, contribuindo para o
desenvolvimento das habilidades motoras, perceptivas, orientação espaço
temporal, esquema temporal e lateralidade.
55
http://curso de educaçaoinfantil.com
“A criança não é nem antiga nem moderna, não está nem antes nem
depois, mas agora, atual, presente. Seu tempo não é linear, nem evolutivo,
nem genético, nem dialético, nem sequer narrativo. A criança é um presente
inatual, intempestivo, uma figura do acontecimento. E só a atenção ao
acontecimento, como o incompreensível e o imprevisível, pode levar a pensar
uma temporalidade descontínua”. (Larrosa, 2001, p 284)
A relação entre cognição, motricidade, criatividade e emoção com uma
perspectiva walloniana como fundamento para a proposição de um programa
no ambiente infantil que represente mais do que um método ou, uma técnica,
mas que seja direcionada a criança, considerando a condição infantil e que
não se limite a uma abordagem padronizada e puramente mecânica ou
tecnicista.
As principais concepções de Piaget e Wallon sobre desenvolvimento motor.
Ao discutir as questões que permeiam a problemática “corpo e
movimento” é importante traçar um referencial teórico que dê embasamento a
esta discussão. Sendo assim, o presente trabalho debruça-se nas teorias de
Piaget e Wallon com o intuito de agregar estes estudos à problemática do
desenvolvimento motor.
Os estudos de Wallon são de grande importância para este trabalho,
uma vez que, o movimento, é entendido como um dos elementos de
implicações educacionais. Das ideias desenvolvidas por ele, destaca-se a de
que o desenvolvimento motor depende de elementos como: emoção,
pensamento, linguagem e movimento.
Segundo Pellegrini et al (2003. p. 120), “O movimento exerce uma
função essencial no processo de desenvolvimento”. Outros teóricos da
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educação já trouxeram essa questão, como Piaget, ao estudar a gênese do
desenvolvimento humano e, Wallon, ao desenvolver sua teoria a respeito da
afetividade e da socialização, acreditando que o movimento é uma função
expressiva.
Para Wallon (1975, p. 45), a gênese da inteligência é biológica e social,
ou seja, o ser humano é organicamente social e sua estrutura orgânica sugere
a intervenção cultural. Nesse sentido, a teoria do desenvolvimento cognitivo de
Wallon é centrada na psicogênese da pessoa completa, além disso, a
inteligência é tradicionalmente particionada entre inteligência prática, obtida
pela interação de objetos com o próprio corpo, e inteligência discursiva,
adquirida pela imitação e apropriação da linguagem.
Torna-se mister concordar com Wallon quanto a sua afirmação de que o
desenvolvimento psíquico da pessoa depende tanto da maturação, como das
condições ambientais. As etapas do desenvolvimento acontecem de forma
descontinua, e retrocessos são normais e essenciais para o acontecimento das
mudanças.
Antes de chegar a Psicologia da educação, o autor passou pela Filosofia
e pela medicina. Na tentativa de olhar acriança como um modo integrado
delineou quatro campos, chamados de campos funcionais, sobre os quais sua
teoria vai fornecer mais elementos, são eles: O movimento, as emoções, a
inteligência e a pessoa.
A interação entre o bebê e os adultos dá-se por uma troca afetiva
comunicada por gestos e expressões faciais, onde o desenvolvimento tem seu
início na relação do organismo do bebê recém-nascido, essencialmente
reflexos e movimentos impulsivos, também chamados descargas motoras, com
o meio humano que as interpreta. Nesta fase distingue-se apenas estados de
bem-estar ou desconforto. São as reações do ambiente humano, representado
pela mãe, motivadas pela interpretação da mímica do bebê que permitem
distinguir as emoções básicas. Essa mímica não é casual, mas um recurso
biológico da espécie, essencialmente social, que faz do bebê um ser capaz de
57
produzir, no ambiente humano, ainda representado pela mãe, um efeito
mobilizador para sobreviver, posteriormente o movimento assume uma função
instrumental, de conhecer e explorar o mundo físico, auxiliando o pensamento
e inaugurando, assim, a dimensão cognitiva da afetividade motora.
Desta forma é a dimensão motora que dá a condição inicial ao
organismo para o desenvolvimento da dimensão afetiva. A criança humana
atua primeiro, não no mundo físico, mas no ambiente humano. A mobilização
do outro se faz pela emoção. É da protoconsciência, emocional, subjetiva que
irá se desenvolver a consciência reflexiva. A vida psíquica é resultante do
encontro da vida orgânica com o meio social.
Sendo assim, os primeiros meses de vida caracterizam-se por uma
fusão total com o meio e pelo desenvolvimento rápido e completo dos
automatismos emocionais responsáveis pela mobilização do meio humano
para a satisfação das necessidades dos bebês. Estes automatismos
dependem de centros nervosos especiais e aparecem na criança como fato de
maturação.
O desenvolvimento das funções depende tanto de condições de
maturação como de exercícios capazes de desenvolvê-las, portanto condições
do meio. É a ação motriz que regula o aparecimento e o desenvolvimento das
funções mentais. O movimento espontâneo se transforma aos poucos em
gesto, que, ao ser realizado a partir de uma intenção, se reveste de
significação ligada à ação, voltada para a realização da cena, fora da qual
nada significa.
O desenvolvimento das funções psicológicas superiores se dá, portanto,
a partir da dimensão motora e afetiva. É a comunicação emocional que dá
acesso ao mundo adulto, ao universo das representações coletivas. A
inteligência assim surge depois da afetividade, e a partir das condições de
desenvolvimento motor, e se alterna e conflitua com ela.
A cognição é vista como parte da pessoa completa que só pode ser
compreendida integrada a ela, cujo desenvolvimento se dá a partir das
58
condições orgânicas da espécie, e é resultante da integração entre seu
organismo e o meio, predominantemente o social. Assim, o desenvolvimento é
condicionado tanto pela maturação orgânica, como pelo exercício funcional,
propiciado pelo meio. Segundo Wallon (1979):
O que permite à inteligência essa transferência do plano motor para o
plano especulativo não é evidentemente explicável no desenvolvimento do
indivíduo (...) mas nele pode ser identificada [a transferência] (...) são as
aptidões da espécie que estão em jogo, em especial as que fazem do homem
um ser essencialmente social. (p.131)
Ao se especializar nos estudos do conhecimento humano, Piaget,
desenvolveu um grande leque de teorias psicológicas no campo educacional,
trabalhando conceitos como o de assimilação, acomodação, equilibração,
abstrações empíricas e reflexivas, como também os estágios que é um dos
grandes conceitos para se discutir a questão da motricidade.
Segundo Piaget (1979, p. 193), o desenvolvimento da inteligência não é
linear, ou seja, não ocorre por acúmulo de informação. Na visão de Piaget
esse desenvolvimento se daria por saltos e por rupturas.
Sendo assim, os estágios representam uma lógica da inteligência que
será superada radicalmente por outro estágio, um estágio superior,
apresentando assim, outra lógica de conhecimento. Ou seja, a inteligência
muda de qualidade de acordo com as mudanças de estágio, onde cada um
representa uma qualidade dessa inteligência. Assim, de acordo com a teoria
piagetiana, os estágios necessariamente são seguidos, de forma que nenhum
deles possa ser ignorado.
A fim de analisar a relação da teoria de estágio de Piaget e a
motricidade, o presente estudo enfatizará os estágios apresentados por Piaget,
sendo eles: estágio sensório-motor (0 a 24 meses), estágio pré-operatório (2 a
7 anos) e estágio operatório (7 anos em diante), dentro deste último estágio
ocorre uma divisão entre operatório concreto (7 a 12 anos) e operatório formal
(12 anos em diante).
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Piaget demonstrou com clareza que a fase de zero a dois anos é
extremamente rica, e que a inteligência começa a se estruturar e mostrar seu
valor antes mesmo da linguagem. Isso porque antigamente tinha-se a ideia de
que o bebê que tinha aproximadamente (de 0 a 2 anos) “não apresentava nada
de muito interessante” do campo de vista da inteligência e que a inteligência
começava somente a partir da linguagem.
Esta é a fase da exploração dos movimentos da cabeça, de levar os
braços, e virar a cabeça para observar e conhecer o mundo, começar a
“engatinhar”, ou seja, dar seus primeiros passos. É o estágio onde a criança
não emprega a linguagem, mas apenas suas ações e percepções. A partir da
ideia de “ação” surge à palavra motor, assim como da noção de “percepção”,
surge o a concepção de sensório, daí: o estágio sensório-motor.
A criança de dois anos de idade muda de estágio, do sensório-motor ao
pré-operatório, e como vimos, sua qualidade de inteligência se modifica neste
processo. Este estágio poderia ser chamado também de estágio da
representação, no qual há capacidade do sujeito de pensar um objeto através
de outro objeto.
A criança, por volta dos dois anos de idade, insere-se no mundo da
representação, cujos comportamentos são expressos nos desenhos, no brincar
de fazer de conta, no reconhecimento no espelho e na imitação.
Para Piaget, essa mudança de qualidade da inteligência da criança é
essencial, porque anteriormente a qualidade da inteligência da criança seria
limitada às ações, e agora segue, ainda em ação, uma nova inteligência, a de
representação.
Ainda nesta fase ocorre a introdução à linguagem, a introdução à
moralidade e o chamado egocentrismo, onde a criança vê o ponto de vista do
outro centrado no seu ponto e vista.
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Neste último estágio, o operatório, como o próprio nome já diz, tem
como elemento central, a operação, ou seja, podemos entender o conceito de
operação como uma ação interiorizada reversível.
No estágio sensório-motor a criança tem ação, no pré-operatório a
criança tem ação interiorizada, já no operatório ela tem ação interiorizada
reversível, ou seja, significa a possibilidade, em sua imaginação, em sua
mente, de forma interiorizada, pensar em uma ação e consequentemente, na
sua anulação.
Esse período se caracteriza pela organização lógica do pensamento
permitindo chegar à verdade sem contradição, a criança já consegue organizar
seu pensamento através da lógica. É nessa fase também que ocorre a divisão
entre o operatório concreto e o operatório formal, sendo os dois operatórios,
com ação interiorizada reversiva. No primeiro, a criança faz uso da capacidade
operatória em cima de objetos concretos, ou seja, objetos que ela pode
manipular, enquanto no segundo, o operatório formal, a criança é capaz de
aplicar sua lógica em objetos abstratos como textos hipotéticos, a diferença
entre essas duas fases é justamente o grau de abstração.
O estágio operatório formal é o último estágio dentre aqueles
identificados por Piaget, portanto, uma criança por volta dos doze ou treze
anos de idade consegue construir esses pensamentos abstratos,
caracterizando a fase adulta nesta perspectiva.
Dentro desses estágios estudados por Piaget, recortaremos os dois
últimos, o pré-operatório e o operatório concreto (primeiro estágio), pois é a
faixa etária que iremos abordar em nosso trabalho ao discutir os três primeiros
anos do Ensino Fundamental.
Assim como Piaget, Wallon concorda que o movimento também está
relacionado com a representação, dando suporte à representação na medida
em que torna presente um objeto ou cena imaginada através dos gestos que a
criança apropria-se para imitar.
http://efdeportes.com
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2.1.5 - Sensação, percepção e imagens mentais
SENSAÇÃO
A sensação é um processo fisiológico de ligação do organismo com o
meio, através dos órgãos sensoriais, e consiste na transmissão de um influxo
nervoso (corrente elétrica que percorre os nossos nervos) desde o órgão
sensorial até aos centros de descodificação. Realiza-se pela ação de um
estímulo específico sobre um receptor que é apropriado para recebê-lo.
Assim, por exemplo, os olhos recebem estímulos luminosos, os ouvidos
estímulos sonoros, também é reação física do corpo ao mundo físico, sendo
regida pelas leis da física, química, biologia, etc.
Os sensores são, os órgãos dos sentidos que recebem e transmitem
mensagens bioquímicas sob a forma de influxo nervoso que após serem
descodificadas e interpretadas nos centros nervosos de conexão (medula
espinal e encéfalo), desencadeiam uma resposta motora ou glandular. Com o
efeito, a sensação consiste numa espécie de apresentação isolada das
qualidades dos objetivos constituído a base da percepção, se bem que não se
possa isolar dela.
Embora por vezes se considere a sensação como o ponto de partida
para a construção da experiência e do saber, ela não é, no entanto, um dado
imediato da consciência: a sensação só se apresenta ao nosso espírito sob
uma forma mais complexa, a forma de percepção. Apenas podemos falar de
sensações nas percepções se as considerarmos em si mesmas, sem
considerar o que significam.
As sensações principais do nosso corpo são: visuais, auditivas, táticas,
gustativas e olfativas.
Sensações Visuais
O órgão sensorial que controla as nossas sensações visuais é o olho.
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Quando os olhos captam raios de luz a imagem que está no nosso
horizonte é nítida na retina, de seguida a lente está logo atrás da pupila, dobra
e foca a imagem que é depois enviada para a parte de trás do olho! A parte de
trás do olho está formada por milhares de células. Esse forro chama-se retina,
que registra a imagem e envia sinais ao cérebro via nervo óptico. Na retina há
duas espécies de células sensíveis à luz, estas são os bastonetes e os cones.
Alguns cones são sensíveis á luz vermelha, outros a verde e outros a cor azul.
Depois de enviada a imagem ao cérebro, este a põe na posição correta e
identifica o que estamos vendo.
Sensações auditivas
O órgão sensorial em que predomina nele as sensações auditivas é o
ouvido.
As vibrações as quais são denominadas som entram no nosso ouvido e
fazem o nosso tímpano vibrar. Este ao abanar faz vibrar três ossos chamados
ossículos (martelo, bigorna, estribo) que enviam as vibrações para a cóclea.
A cóclea é um órgão cheio de água que detecta a frequência do som e envia-a
ao cérebro. A parte do córtex cerebral responsável por a audição reconhece o
som.
Sensações olfativas
O órgão responsável pelo olfato e também uma parte do sistema
respiratório é o nariz.
As moléculas aromáticas (cheiros) são inaladas (misturadas no ar) pelo
nariz, onde, um conjunto de várias células chamado de epitélio olfativo. Há
prolongamentos das células receptoras que vão através da base do crânio
para o bolbo olfativo.
O bolbo olfativo envia sinais elétricos ao cérebro que reconhece o cheiro
e nesse momento temos uma sensação olfativa.
Sensações gustativas
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Pelo gosto, é possível saber se aprecia um determinado tipo de alimento
ou não.
Os receptores do paladar detectam químicos dos alimentos dissolvidos
na saliva. Quando o químico do alimento é detectado pelos receptores este
envia sinais ao cérebro que reconhece o paladar do alimento. Aí se tem a uma
sensação gustativa.
Sensações táticas
O sentido tato está em toda a pele.
Temos milhares de nervos na pele que, conforme a pressão que recai
sobre ele, envia sinais ao cérebro e aí temos uma sensação tática.
Sensações espaciais
O sentido do equilíbrio tem a ver com a sensação de lateralidade, de em
cima, em baixo. É responsável pela sensação de elevação, de queda. Um dos
seus desvios é a tontura. Funciona a partir de um intrincado sistema de órgãos
minúsculos existente no ouvido interno.
O organismo recebe constantemente um número infinito de estímulos
(sensações), sendo que interpreta somente os necessários. Os estímulos
(sensações) recebidos serão iguais para todos, o que muda é a percepção.
Percepção é a função cerebral que atribui significado a estímulos
sensoriais, a partir de histórico de vivências passadas.
O estudo da percepção
A percepção é um dos campos mais antigos dos processos fisiológicos
e cognitivos envolvidos. Os primeiros a estudar com profundidade a percepção
foram Hermann Von Helmholtz, Gustav Theodor Fechner e Ernst Heinrich
Weber, A Lei de Weber-Fechner é uma das mais antigas relações quantitativas
da psicologia experimental e quantifica a relação entre a magnitude do
64
estímulo físico e o seu efeito percebido. Mais adiante Wilhelm Wundt fundou o
primeiro laboratório de psicologia experimental em Leipzig em 1879.
Na filosofia, a percepção e seu efeito no conhecimento e aquisição de
informações do mundo é objeto de estudo da filosofia do conhecimento ou
epistemologia. Em geral a percepção visual foi base para diversas teorias
científicas ou filosóficas. Newton e Goethe estudaram a percepção de cores e
algumas escolas, como a Gestalt, surgida no Século XIX e escolas mais
recentes, como a fenomenologia e o existencialismo baseia toda a sua teoria
na percepção do mundo.
Para a psicologia a percepção é o processo ou resultado de se tornar
consciente de objetos, relacionamentos e eventos por meio dos sentidos, que
inclui atividades como reconhecer, observar e discriminar. Essas atividades
permitem que os organismos se organizem e interpretem os estímulos
recebidos em conhecimento significativo.
A percepção de figura-fundo é a capacidade de distinguir
adequadamente objeto e fundo em uma apresentação do campo visual. Um
enfraquecimento nessa capacidade pode prejudicar seriamente a capacidade
de aprender de uma criança.
À medida que se adquire novas informações, nossa percepção se
altera. Diversos experimentos com percepção visual demonstram que é
possível notar a mudança na percepção ao adquirir novas informações. As
ilusões de óptica e alguns jogos, como o dos sete erros se baseiam nesse fato.
Algumas imagens ambíguas são exemplares ao permitir ver objetos
diferentes de acordo com a interpretação que se faz. Em uma "imagem
mutável", não é o estímulo visual que muda, mas apenas a interpretação que
se faz desse estímulo.
Assim como um objeto pode dar margem a múltiplas percepções,
também pode ocorrer de um objeto não gerar percepção nenhuma: Se o objeto
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percebido não tem embasamento na realidade de uma pessoa, ela pode,
literalmente, não percebê-lo.
Passa-se a considerar cada vez mais a importância da pessoa que
percebe, durante o ato da percepção. A presença e a condição do observador
modificam o fenômeno.
Os olhos são os órgãos responsáveis pela visão, um dos sentidos que
fazem parte da percepção do mundo.
O processo de percepção tem início com a atenção que não é mais do
que um processo de observação seletiva, ou seja, das observações efetuadas.
Este processo faz com que se perceba alguns elementos em desfavor de
outros. Deste modo, são vários os fatores que influenciam a atenção e que se
encontram agrupados em duas categorias: a dos fatores externos (próprios do
meio ambiente) e a dos fatores internos.
Fatores externos
Os fatores externos mais importantes da atenção são a intensidade
(pois a atenção é particularmente despertada por estímulos que se apresentam
com grande intensidade e, é por isso, que as sirenes das ambulâncias
possuem um som insistente e alto); o contraste (a atenção será muito mais
despertada quanto mais contraste existir entre os estímulos, tal como acontece
com os sinais de trânsito pintados em cores vivas e contrastantes); o
movimento que constitui um elemento principal no despertar da atenção (por
exemplo, as crianças e os gatos reagem mais facilmente a brinquedos que se
movem do que estando parados); e a incongruência, ou seja, presta-se muito
mais atenção às coisas absurdas e bizarras do que ao que é normal (por
exemplo, na praia num dia verão prestamos mais atenção a uma pessoa que
apanhe sol usando um cachecol do que a uma pessoa usando um traje de
banho normal).
Fatores internos
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Os fatores internos que mais influenciam a atenção são a motivação
(presta-se muito mais atenção a tudo que motiva e dá prazer do que às
coisas que não interessam); a experiência anterior ou, por outras palavras, a
força do hábito faz com que haja mais atenção ao que já conhece e entende; e
o fenômeno social que explica que a natureza social faz com que pessoas de
contextos sociais diferentes não prestem igual atenção aos mesmos objetos
(por exemplo, os livros e os filmes a que se dá mais importância em Portugal
não despertam a mesma atenção no Japão).
Tipos de Percepção
O estudo da percepção distingue alguns tipos principais de percepção.
Nos seres humanos, as formas mais desenvolvidas são a percepção
visual e auditiva, pois durante muito tempo foram fundamentais à
sobrevivência da espécie (A visão e a audição eram os sentidos mais utilizados
na caça e na proteção contra predadores). Também é por essa razão que as
artes plásticas e a música foram às primeiras formas de arte a serem
desenvolvidas por todas as civilizações, antes mesmo da invenção da escrita.
As demais formas de percepção, como a olfativa, gustativa e táctil, embora não
associadas às necessidades básicas, têm importante papel na afetividade e na
reprodução.
Além da percepção ligada aos cinco sentidos, os humanos também
possuem capacidade de percepção temporal e espacial.
Percepção visual
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A visão é a percepção de raios luminosos pelo sistema visual. Esta é a
forma de percepção mais estudada pela psicologia da percepção. A maioria
dos princípios gerais da percepção fora desenvolvida a partir de teorias
especificamente elaboradas para a percepção visual. Todos os princípios da
percepção citados acima, embora possam ser extrapolados a outras formas de
percepção, faz muito mais sentido em relação à percepção visual.
Por exemplo, o princípio do fechamento é mais bem compreendido em
relação a imagens do que a outras formas de percepção.
A percepção visual compreende, entre outras coisas:
Percepção de formas;
Percepção de relações espaciais, como profundidade. Relacionado à
percepção espacial;
Percepção de cores;
Percepção de intensidade luminosa.
Percepção de movimentos.
Percepção auditiva
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A audição é a percepção de sons pelos ouvidos. A psicologia, a acústica
e a psicoacústica estudam a forma como percebemos os fenômenos sonoros.
Uma aplicação particularmente importante da percepção auditiva é a música.
Os princípios gerais da percepção estão presentes na música. Em geral, ela
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possui estruturação, boa forma, figura e fundo (representada pela melodia e
acompanhamento) e os gêneros e formas musicais permitem estabelecer uma
constância perceptiva.
Entre os fatores considerados no estudo da percepção auditiva estão:
Percepção de timbres;
Percepção de alturas ou frequências;
Percepção de intensidade sonora ou volume;
Percepção rítmica, que na verdade é uma forma de percepção temporal;
Localização auditiva, um aspecto da percepção espacial, que permite
distinguir o local de origem de um som.
Percepção olfativa
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O olfato é a percepção de odores pelo nariz. Este sentido é
relativamente tênue nos humanos, mas é importante para a alimentação. A
memória olfativa também tem uma grande importância afetiva. A perfumaria e
a enologia (ciência que estuda todos os aspectos relativos ao vinho, desde
o plantio, escolha do solo, vindima, produção, envelhecimento,
engarrafamento e venda.) são aplicações dos conhecimentos de percepção
olfativa.
Entre outros fatores a percepção olfativa engloba:
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Discriminação de odores, que estuda o que diferencia um odor de
outros e o efeito de sua combinação;
O alcance olfativo.
Em alguns animais, como os cães, a percepção olfativa é muito mais
desenvolvida e tem uma capacidade de discriminação e alcance muito maior
que nos humanos.
Percepção gustativa
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O paladar é o sentido de sabores pela língua. Importante para a
alimentação. Embora seja um dos sentidos menos desenvolvidos nos
humanos, o paladar é geralmente associado ao prazer e a sociedade
contemporânea muitas vezes valoriza o paladar sobre os aspectos nutritivos
dos alimentos. A arte culinária e a enologia são aplicações importantes da
percepção gustativa. O principal fator desta modalidade de percepção é a
discriminação de sabores.
Percepção tátil
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O tato é sentido pela pele em todo o corpo, permitem reconhecer a
presença, forma e tamanho de objetos em contacto com o corpo e também
sua temperatura. Além disso, o tato é importante para o posicionamento do
corpo e a proteção física.
O tato não é distribuído uniformemente pelo corpo. Os dedos da mão
possuem uma discriminação muito maior que as demais partes, enquanto
algumas partes são mais sensíveis ao calor.
O tato tem papel importante na afetividade e no sexo. Entre os fatores
presentes na percepção tátil estão:
Discriminação tátil, ou a capacidade de distinguir objetos de pequenos
tamanhos. (Importante, por exemplo, para a leitura em Braille);
Percepção de calor;
A percepção da dor.
Percepção temporal
Não existem órgãos específicos para a percepção do tempo, no entanto
é certo que as pessoas são capazes de sentir a passagem do tempo. A
percepção temporal esbarra no próprio conceito da natureza do tempo,
assunto controverso e tema de estudos filosóficos, cognitivos e físicos, bem
como o conhecimento do funcionamento do cérebro (Neurociência).
A percepção temporal já foi objeto de diversos estudos desde o século
XIX até os dias de hoje, quando é estudado por técnicas de imagem como a
71
ressonância magnética. Os experimentos destinam-se a distinguir diferentes
tipos de fenômenos relevantes à percepção temporal:
a percepção das durações;
a percepção e a produção de ritmos;
a percepção da ordem temporal e da simultaneidade.
Resta saber se estes diferentes domínios da percepção temporal
procedem dos mesmos mecanismos ou não e também algumas novas
considerações que decorrem da escala de tempo utilizada. Segundo o
psicólogo francês Paul Fraisse, é preciso distinguir a percepção temporal (para
durações relativamente curtas, até alguns segundos) e a estimativa temporal
que é designada como a apreensão de longas durações (desde alguns
segundos até algumas horas).
Estes fatores envolvem ainda os ciclos biológicos, como o ritmo
circadiano ou ciclo circadiano, designa o período de aproximadamente um dia
(24 horas) sobre o qual se baseia todo o ciclo biológico do corpo humano e de
qualquer outro ser vivo, influenciado pela luz solar.
Percepção espacial
Assim como as durações, não existe um órgão específico para a
percepção espacial, mas as distâncias entre os objetos podem ser
efetivamente estimadas. Isso envolve a percepção da distância e do tamanho
relativo dos objetos. A razão para separar a percepção espacial das outras
modalidades repousa no fato de que aparentemente a percepção espacial é
supra-modal, ou seja, é compartilhada pelas demais modalidades e utiliza
elementos da percepção auditiva, visual e temporal. Assim, é possível
distinguir se um som procede especificamente de um objeto visto e se esse
objeto (ou o som) está aproximando-se ou afastando-se. O lobo parietal do
cérebro representa um papel importante neste tipo de percepção.
Propriocepção
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È a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua
posição e orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada
parte do corpo em relação às demais, sem utilizar a visão. Este tipo específico
de percepção permite a manutenção do equilíbrio e a realização de diversas
atividades práticas. Resulta da interação das fibras musculares que trabalham
para manter o corpo na sua base de sustentação, de informações táteis e do
sistema vestibular, localizado no ouvido interno e responsável pelo equilíbrio.
O conjunto das informações dadas por esses receptores permitem, por
exemplo, desviar a cabeça de um galho, mesmo que não se saiba
precisamente a distância segura para se passar, ou mesmo o simples fato de
poder tocar os dedos do pé e o calcanhar com os olhos vendados, além de
permitir atividades importantes como andar, coordenar os movimentos
responsáveis pela fala, segurar e manipular objetos, se manter em pé ou
posicionar-se para realizar alguma atividade.
Percepção Social
Um último aspecto a ser considerado é o fato de que a percepção de
certos aspectos relacionados a características humanas, ou mesmo a
"construção da percepção" de certas características humanas, também pode
ser constituída socialmente. Questões de gênero, raça, nacionalidade,
sexualidade e outras, também podem ser interferidas por uma forma de
percepção que é construída socialmente.
Um dos estudos recentes mais significativos sobre estes aspectos foi
desenvolvido pelo historiador brasileiro José D'Assunção Barros (1967) que
examinou a construção social da percepção relativamente a certos aspectos
como as diferenças de sexualidade ou as diferenças.
Processo que está na base das interações sociais: consiste na formação
de impressões acerca dos outros. O modo como as situações sociais e o
comportamento dos outros são percebidos orientam o comportamento (alheio).
A percepção social está muito relacionada com os grupos sociais, com o
contexto social em que a pessoa está inserida.
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A predisposição perceptiva é precisamente o efeito que a sociedade tem
na nossa percepção. Quando se olha para algo, olha-se com os óculos da
sociedade. Existe uma ligação fundamental entre o nosso conhecimento
prévio, necessidades, motivações e expectativas de como o mundo é
constituído e a forma como se aprende.
Representações mentais
Representações internas, ou representações mentais, são maneiras de
“representar” internamente o mundo externo. As pessoas não captam o mundo
exterior diretamente, elas constroem representações mentais (quer dizer,
internas) dele.
Em princípio, pode-se distinguir entre representações mentais
analógicas e proposicionais. A imagem visual é o exemplo típico de
representação analógica, mas há outras como as auditivas, as olfativas, as
táteis.
As representações analógicas não são discretas (não individuais),
concretas (representam entidades específicas do mundo exterior), organizadas
por regras frouxas de combinação e específicas à modalidade através da qual
a informação foi originalmente encontrada (Eisenck e Keane, p. 184).
As representações proposicionais são discretas (individuais), abstratas,
organizadas segundo regras rígidas e captam o conteúdo ideacional da mente
independente da modalidade original na qual a informação foi encontrada, em
qualquer língua e através de qualquer dos sentidos.
Estas representações são “tipo - linguagem”, mas trata-se de uma
linguagem que não tem a ver com a língua nem com a modalidade de
percepção, é uma linguagem da mente que poderíamos chamar de “mentalês”.
Representações proposicionais não são frases em certa língua. São
entidades individuais e abstratas formuladas em linguagem própria da mente.
Modelos mentais, proposições e imagens
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Modelos mentais são representações analógicas, um tanto quanto
abstraídas, de conceitos, objetos ou eventos que são espacial e
temporalmente análogos a impressões sensoriais, mas que podem ser vistos
de qualquer ângulo (e aí temos imagens!) e que, em geral, não retêm aspectos
distintivos de uma dada instância de um objeto ou evento.
Um modelo mental é composto de elementos “tokens” e relações que
representam um estado de coisas específico, estruturados de uma maneira
adequada ao processo sobre o qual deverão operar. Ou seja, cada modelo já é
construído de uma maneira coerente com o uso previsto (STAF11, 1996).
Não existe um único modelo mental para um determinado estado de
coisas. Ao contrário, podem existir vários, mesmo que apenas um deles
represente de maneira ótima esse estado de coisas. Cada modelo mental é
uma representação analógica desse estado de coisas e, reciprocamente, cada
representação analógica corresponde a um modelo mental.
O Modelo mental é uma representação interna de informações que
corresponde, analogamente, ao estado de coisas que estiver sendo
representado, seja qual for ele. Modelos mentais são análogos estruturais do
mundo.
Imagem mental para Jean Piaget (1961) é a evocação simbólica de
uma realidade ausente. Se diferencia de uma representação conceitual por se
tratar de uma idéia mais específica e individualizada, podendo representar um
objeto típico representante de um determinado conceito por exemplo.
Conforme o nível operacional da criança for se desenvolvendo imagens
mentais antecipatórias podem ser usadas como forma de apoio importante no
planejamento para uma ação e de compreensão da realidade e
transformações, o que aconteceria por volta dos 7-8 anos. Antes disso Piaget
teoriza que predominariam imagens estáticas e reproduções exatas. Por outro
lado, Dias (1995) verificou que crianças em fase de alfabetização também
puderam ser beneficiadas pelo uso da imagem mental como estratégia para
75
melhorar o nível de compreensão de histórias que eram lidas para elas. Esse
recurso tem a vantagem de não ser oneroso (como slides, ilustrações ou
paineis), não precisar de muito treinamento e tratar o estudante como sujeito
ativo no aprendizado sendo assim mais adequado de ser utilizado em escolas
públicas e creches e mesmo com pessoas de nível intelectual humilde.
76
2.1.6 - Importância do sono e do repouso para criança
CICLO DO SONO
O Corpo Pineal, localizado dorsalmente ao Tálamo,secreta melatonina e
está relacionado com a regulação do sono e o comportamento sexual.
http://etcor3.blogspot.com
A glândula pineal ou simplesmente pineal é uma pequena glândula
endócrina localizada perto do centro do cérebro, entre os dois hemisférios,
acima do aqueduto de Sylvius e abaixo do bordelete do corpo caloso, na parte
anterior e superior dos tubérculos quadrigêmeos e na parte posterior do
ventrículo médio. Está presa por diversos pedúnculos. Apesar das funções
desta glândula serem muito discutidas, parece não haver dúvidas quanto ao
importante papel que ela exerce na regulação dos chamados ciclos
circadianos,que são os ciclos vitais (principalmente o sono) e no controle das
atividades sexuais e de reprodução.
A glândula pineal é uma estrutura cinza-avermelhada do tamanho
aproximado de uma ervilha (5 por 8 mm em humanos de aproximadamente
150 mg de massa).
http://acalantuscosmico.blogspot.com
77
A glândula pineal é, portanto, uma estrutura de linha média, sendo vista
frequentemente em radiografias simples de crânio, por sua alta incidência de
calcificação.
Sono é um estado ordinário de consciência, complementar ao da vigília
ou estado desperto, em que há repouso normal e periódico, caracterizado,
tanto no ser humano como nos outros vertebrados, pela suspensão temporária
da atividade perceptivo-sensorial e motora voluntária.
Ao dizer-se complementar, em conjugação com ordinário, quer-se
significar tão somente que, na maioria dos indivíduos destacando aqui, os
humanos, tais estados de consciência alternam-se, complementando-se
ordinária, periódica e regularmente.
O estado de sono é caracterizado por um padrão de ondas cerebrais
típico, essencialmente diferente do padrão do estado de vigília, bem como do
verificado nos demais estados de consciência. Dormir, nesta acepção,
significa passar do estado de vigília para o estado de sono. No ser humano o
ciclo do sono é formado por cinco estágios e dura cerca de noventa minutos
(podendo chegar a 120 minutos). Ele se repete durante quatro ou cinco vezes
durante o sono. Do que se tem registro na literatura especializada, o período
mais longo que uma pessoa já conseguiu ficar sem dormir foi de onze dias.
Os fins e os mecanismos do sono ainda não são inteiramente claros
para a ciência mas são objeto de intensa investigação.
Pode definir-se sono como "um período de repouso para o corpo e a
mente, durante o qual a volição e a consciência estão em inatividade parcial ou
completa". Já Friedman (1795-1827) definiu sono como "sendo o desencadear
deliberado de uma alteração ou redução do estado consciente, que dura
muitíssimo, em média 8 horas, tendo início sensivelmente à mesma hora, em
cada período de 24 horas, e resultando, geralmente, em sensação de
energia física, psíquica e intelectual restabelecida".
78
Existem várias definições do sono apresentadas por diferentes autores,
e, no geral, complementam-se umas às outras.
O sono é importante para a recuperação da saúde em situação de
doença, enquanto a privação deste pode afetar a regeneração celular assim
como a total recuperação da função imunitária. A especialista Mahatad Amated
diz que no período do sono que as partículas alfa do cérebro trabalham com
maior eficácia.
O total de horas de sono para uma pessoa está normalmente entre as
sete e as oito horas.
Um Ciclo do Sono dura cerca de noventa minutos, ocorrendo quatro a
cinco ciclos num período de sono noturno. Segundo LAVIE (1998, 45), o
número de ciclos por noite depende do tempo do sono, acrescentando, ainda,
que "o sono de uma pessoa jovem é, habitualmente, composto por quatro ou
cinco desses ciclos, com tendência à redução com o avançar da idade". No
entanto, o padrão comum varia entre quatro a cinco ciclos.
Durante o sono, o indivíduo passa, geralmente por ciclos repetitivos,
começando pelo estágio 1 do sono NREM, progredindo até o estágio 4, regride
para o estágio 2, e entra em sono REM. Volta de novo ao estágio 2 e assim se
repete novamente todo o ciclo.
Nos primeiros ciclos do sono, os períodos de NREM (mais
concretamente o estágio 3 e 4) têm uma duração maior que o REM. À medida
que o sono vai progredindo, os estágios 3 e 4 começam a encurtar e o período
REM começa a aumentar. Na primeira parte do sono predomina o NREM,
sendo os períodos REM mais duradouros na segunda metade.
O sono divide-se em dois tipos fisiologicamente distintos:
NREM ("Movimento Não Rápido dos Olhos"); e
REM ("Movimento Rápido dos Olhos").
Sono NREM
79
O sono NREM (ou não-REM) ocupa cerca de 75% do tempo do sono e
divide-se em quatro períodos distintos conhecidos como estágios 1, 2, 3 e 4.
Estágio 1
Começa com uma sonolência. Dura aproximadamente cinco minutos. A
pessoa adormece. É caracterizado por um EEG semelhante ao do estado de
vigília. Esse estágio tem uma duração de um a dois minutos, estando o
indivíduo facilmente despertável. Predominam sensações de vagueio,
pensamentos incertos, miocionais das mãos e dos pés, lenta contração e
dilatação pupilar. Nessa fase, a atividade onírica está sempre relacionada com
acontecimentos vividos recentemente.
Estágio 2
Caracteriza-se por a pessoa já dormir, porém não profundamente. Dura
cerca de cinco a quinze minutos. O eletroencefalograma mostra frequências de
ondas mais lentas, aparecendo o complexo K. Nessa fase, os despertares por
estimulação táctil, fala ou movimentos corporais são mais difíceis do que no
anterior estágio. Aqui a atividade onírica já pode surgir sob a forma de sonho
com uma história integrada.
Estágio 3
Tem muitas semelhanças com o estágio 4, daí serem quase sempre
associados em termos bibliográficos quando são caracterizados. Nessas fases,
os estímulos necessários para acordar são maiores. Do estágio 3 para o
estágio 4, há uma progressão da dificuldade de despertar. Esse estágio tem a
duração de cerca de quinze a vinte minutos.
Estágio 4
São quarenta minutos de sono profundo. É muito difícil acordar alguém
nessa fase de sono. Depois, a pessoa retorna ao terceiro estágio (por cinco
minutos) e ao segundo estágio (por mais quinze minutos). Entra, então, no
sono REM.
80
Este estágio NREM do sono caracteriza-se pela secreção do hormônio do
crescimento em grandes quantidades, promovendo a síntese proteica, o
crescimento e reparação tecidular, inibindo, assim, o catabolismo. O sono
NREM tem, pois, um papel anabólico, sendo essencialmente um período de
conservação e recuperação de energia física.
Sono REM
O sono REM caracteriza-se por uma intensa atividade registrada no
eletroencefalograma (EEG) seguida por flacidez e paralisia funcional dos
músculos esqueléticos. Nesta fase, a atividade cerebral é semelhante à do
estado de vigília. Deste modo, o sono REM é também denominado por vários
autores como sono pardoxal, podendo mesmo falar-se em estado
dissociativo.
Nesta fase do sono, a atividade onírica é intensa, sendo sobretudo
sonhos envolvendo situações emocionalmente muito fortes.
É durante essa fase que é feita integração da atividade cotidiana, isto é,
a separação do comum do importante. Estudos também demonstram que é
durante o REM que sonhos ocorrem. A fase representa 20 a 25% do tempo
total de sono e surge em intervalos de sessenta a noventa minutos. É
essencial para o bem-estar físico e psicológico do indivíduo.
Fatores ambientais
Segundo Phipps (1995) o sono é uma das muitas ocorrências biológicas
que tem lugar à mesma hora, cada 24 horas.
A necessidade diária de sono varia, não só de indivíduo para indivíduo
(variação inter-individual), como também no mesmo indivíduo (variação intra-
individual) de dia para dia. Existem vários factores que contribuem para a
alteração do padrão de sono, nomeadamente factores físicos, sócio-culturais,
psicológicos, ambientais e outros. Segundo um estudo efetuado por DLIN e
colaboradores (citados por THELAN, 1996), dentro do ambiente temos então:
81
Ruído: o ruído pode ser visto como um perigo ambiental que cria
desconforto e pode interferir com o sono e repouso do doente, uma vez que
activa o sistema nervoso sinpatico cuja estimulação é responsável pelo
estado de vigília ou alerta do indivíduo.
Luz: muitas pessoas apresentam um nível de sensibilidade elevado à luz,
sendo por isso facilmente perturbadas durante o sono mesmo que seja uma
luz de pouca intensidade.
Temperatura: tendo em conta que a temperatura corporal atinge o seu
pico ao final da tarde ou princípio da noite e depois vai baixando
progressivamente, atingindo o ponto mais baixo ao início da manhã, uma
diminuição ou um aumento da temperatura ambiente faz, geralmente,
acordar a pessoa ou cria-lhe um certo desconforto que o impossibilita de
dormir.
Sonho ou pesadelo: Geralmente o sonho, ou pesadelo começa a
interferir o sono quando a pessoa já esta bastante tempo adormecido. Os
dois fatores podem ser bastante responsável pela perda de sono.
Também podem ocorrer "sensações" de fuga ou luta durante os últimos
estágios do sono NREM, como ouvir o som do despertador tocando, o choro
do bebê ou um chamado pelo seu nome.
SONAMBULISMO
"Sonâmbulo é alguém que não está nem acordado nem dormindo". Os
episódios ocorrem quando a consciência e a memória dormem e a parte
motora é despertada repentinamente, pelo ronco, por um distúrbio epiléptico
ou por um barulho. A pessoa não tem um despertar normal e passa a andar ou
falar coisas desconexas.
Alguns sonâmbulos abrem portas e saem de casa. Outros trocam de
roupa, abrem janelas e gavetas, alimentam-se ou urinam. A coordenação no
82
início dos episódios é pobre, podendo tornar-se mais complexa. A expressão
facial é estática, e o indivíduo geralmente mantém os olhos abertos e fixos.
Normalmente se recomenda não acordar o sonâmbulo, apenas o conduzir
de volta para a cama, pois ele pode ficar agressivo, assustado, confuso e
machucar-se.
Às vezes, os sonâmbulos podem se machucar ao escorregar ou perder
o equilíbrio, especialmente ao descer escadas ou pular janelas. Alguns andam
de braços estendidos pela casa, como forma de evitar obstáculos. Os
episódios, que geralmente ocorrem no primeiro terço da noite, duram de
alguns segundos até cerca de 20 minutos, mas já foram registrados casos
(raros) com duração entre 30 e 40 minutos.
As causas desse distúrbio do sono ainda não são totalmente
conhecidas, e costumam ser variadas. Remédios para dormir, distúrbios
epilépticos e o ronco, por exemplo, podem deflagrar os episódios de
sonambulismo. O sonambulismo não requer tratamento, a não ser que esteja
ocorrendo numa frequência preocupante, ou a pessoa esteja sofrendo ou
causando lesões em outras pessoas.
O tratamento varia conforme a gravidade do caso e consistem em
orientação, medidas comportamentais e medicamentos. Quando acontece na
infância costuma evoluir bem. Quando começa na vida adulta é preciso fazer o
diagnóstico diferencial com outras patologias neurológicas.
VEJA O QUE OS MÉDICOS CONSIDERAM UMA BOA HIGIENE DE SONO:
Mantenha um horário regular para adormecer e acordar, todo santo dia.
Vá para a cama somente na hora de dormir. Nada de ler, falar ao telefone
ou comer entre os lençóis.
Cuide para que o ambiente seja agradável: deixe o quarto escuro e
silencioso. Se possível, regule a temperatura.
83
Escolha um colchão adequado, nem rígido nem macio demais. Lembre-se
que em nenhum outro momento do dia você ficar tantas horas na mesma
posição.
Fuja do café e de outros estimulantes como o chá preto, o mate e alguns
refrigerantes, além do cigarro.
Nada de ficar planejando as tarefas do dia seguinte nem resolvendo
problemas na hora de dormir.
Não se engane como o aparente efeito relaxante do álcool: ele é garantia
de noites turbulentas.
Não faça exercícios à noite, pois eles acendem o organismo.
Não se empanturre no jantar nem coma perto da hora de deitar. A digestão
praticamente para enquanto dormimos.
Faça atividades relaxantes após essa refeição.
Não assista TV no quarto. Ela é uma fonte enorme de estímulos capazes
de deixar a pessoa mais alerta.
www.cidadeverde.com
84
Ritmo circadiano ou ciclo circadiano (do latim circa ciclo + diem dia)
designa o período de aproximadamente 24 horas sobre o qual se baseia o
ciclo biológico de quase todos os seres vivos, sendo influenciado
principalmente pela variação de luz, temperatura, marés e ventos entre o dia e
a noite.
http://radioalo.com,br/
PLASTICIDADE
Diversos pesquisadores consideram que o sono serve, em primeiro lugar,
para preservar a plasticidade do cérebro, ou seja, sua capacidade de mudar
como reação imediata a uma experiência. Enquanto dormimos, os neurônios
do cérebro comunicam-se uns com os outros, fortalecem conexões
específicas, enfraquecem outras e apagam o que encaram como inútil. “À
noite, o cérebro adormecido está livre do mundo e é um redemoinho de
atividade”,
A Memória – está ativa durante o sono, a audição e alguns sons durante
o sono fortalecem lembranças, é possível reforçar memórias existentes por
meio de estímulos externos.
Percepção aguçada - favorece o discernimento e intuição, favorecendo
resolução de problemas de forma imediata. Fonte: Revista Science -Aprendizado: retenção de
conhecimentos
85
TÁLAMO - A equipe de Jeffrey Ellenbogen da Escola de Medicina de Harvard
suspeita que o tálamo atue como uma espécie de isolante, aumentando o
volume de atividades cerebrais de baixa frequência (entre 12 e 16 Hz) para
impedir que o cérebro identifique e responda aos sons externos.
www.fotosearch.com
Durante os primeiros anos de vida, ocorre um grande número de
importantes mudanças no crescimento e no desenvolvimento neuromotor.
Dessa forma, a boa saúde do sono é de extrema relevância para as crianças e
adolescentes por várias razões, desde o descanso físico e restauração
energética até a influência sobre o crescimento e desenvolvimento.
O SONO NA INFÂNCIA
Na infância, pode-se dizer que o sono também desempenha um
importante papel nessa modulação. Apesar do hormônio de crescimento ser
produzido durante todo o dia, à noite sua produção se eleva durante o sono
profundo.
http://coisinhasdalili.blog.sapo.pt
86
87
PERIODO MÉDIO DE SONO PARA A CRIANÇA
Primeiro mês
Não faz diferença (ultradiano) entre dia e noite
Terceiro mês
Sono (CIRCADIANO) inicia os ciclos de sono. Inicio da atonia muscular do
sono ativo (fases I e II ) Padrões de EEG: REM e NREM
Um ano
14 a 15 horas de duração - Variações individuais
De dois aos cinco anos
12 horas de duração
NREM na primeira metade da noite
REM na segunda metade da noite
http://www.weineboutiquedosbordados.com.br
COMO MELHORAR O SONO DAS CRIANÇAS
Estabeleça um esquema de horários de sono;
Defina uma rotina para a hora de dormir;
Dê um banho relaxante, ofereça um leite morno, conte uma história, leia um
livro, cante suavemente;
Prepare a casa para a hora de dormir: silêncio e escuridão são essenciais;
Evite brigas e discussões;
Mantenha os mesmos hábitos finais de semanas férias e feriados www.delas.ig.com.br
88
A importância do sono para o crescimento
O sono é um processo fisiológico ativo e dinâmico, de grande impacto
em vários aspectos da saúde, das funções corporais e do desenvolvimento.
Durante os primeiros anos de vida, ocorre um grande número de importantes
mudanças no crescimento e no desenvolvimento neuromotor. Dessa forma, a
boa saúde do sono é de extrema relevância para as crianças e adolescentes
por várias razões, desde o descanso físico e restauração energética até a
influência sobre o crescimento e desenvolvimento.
O crescimento é um processo complexo que sofre influência de vários
hormônios e neurotransmissores, os quais modulam diversos eventos
biológicos nos tecidos do corpo (cérebro, órgãos, sangue, músculos e ossos).
Um dos principais protagonistas nesse processo é o hormônio de crescimento.
Vários fatores como nutrição, estresse e exercício têm grande influência não
só na secreção desse hormônio, mas também na capacidade dos tecidos de
responder ao seu estímulo. Na infância, pode-se dizer que o sono também
desempenha um importante papel nessa modulação. Apesar do hormônio de
crescimento ser produzido durante todo o dia, à noite sua produção se eleva
durante o sono profundo.
Recém-nascidos usualmente dormem de 16 a 18 horas por dia. Como
desenvolvimento do sistema nervoso central, mudanças ocorrem no padrão de
sono, com diminuição do tempo total de sono e na proporção do sono REM
(rapid eye movement), e então progressão gradual para o padrão adulto.
Crianças de 2 a 3 anos de idade necessitam cerca de 12 a 14 horas de sono
por dia (uma combinação entre sono noturno com períodos de soneca diurna);
crianças de 4 anos necessitam cerca de 11 a 13 horas de sono (11 horas de
sono noturno). É importante frisar que algumas crianças necessitam menos
horas de sono por dia – nesses casos, segue-se um padrão individual, que
deve ser respeitado.
89
Sem o sono adequado, vários distúrbios podem ocorrer, como problemas
de coordenação e concentração durante o dia (levando à piora do
desempenho escolar e aumento do risco de acidentes), variações do humor (e
problemas de comportamento), diminuição do gasto energético e diminuição
da velocidade do crescimento.
Além da menor produção de fatores de crescimento, outros hormônios
sofrem influência negativa pelo déficit de sono, provocando alterações do
apetite e também a forma de se metabolizar os alimentos, possibilitando um
fenômeno chamado “resistência à insulina” (intimamente relacionado ao
diabetes tipo 2).
Alguns sinais podem indicar que a criança não está dormindo
adequadamente, como cansaço e letargia excessiva durante o dia; sonecas
frequentes no carro; dificuldade excessiva para despertar de manhã.
2.1.7 - Medo e o humor
SISTEMA LÍMBICO - A Neurobiologia das Emoções
A expressão das emoções representa uma grande parte do que significa
ser humano.
“Que tipo de emoção de medo restaria se nem a sensação de
batimentos cardíacos acelerados, nem de alteração na respiração, se nem o
tremor nos lábios, nem fraqueza nas pernas, se nem a pele arrepiada nem as
alterações viscerais estivessem presentes, me é impossível pensar… Eu digo
que, para nós, a emoção dissociada de todas as alterações no organismo é
inconcebível”.
(William James, 1893)
Na superfície medial do cérebro dos mamíferos, o sistema límbico é a
unidade responsável pelas emoções e comportamentos sociais. É uma região
90
constituída de neurônios, células que formam uma massa cinzenta
denominada de lobo límbico.
Originou-se a partir da emergência dos mamíferos mais antigos. Através
do sistema nervoso autônomo, ele comanda certos comportamentos
necessários à sobrevivência de todos os mamíferos, interferindo positiva ou
negativamente no funcionamento visceral e na regulamentação metabólica de
todo o organismo.
O termo límbico corresponde a um adjetivo que dá o valor de relativo ou
pertencente ao limbo, ou seja, remete para o conceito de margem. O Sistema
Límbico compreende todas as estruturas cerebrais que estejam relacionadas,
principalmente, com comportamentos emocionais e sexuais, aprendizagem,
memória, motivação, mas também com algumas respostas homeostáticas.
Resumindo, a sua principal função será a integração de informações sensitivo-
sensoriais com o estado psíquico interno, onde é atribuído um conteúdo afetivo
a esses estímulos, a informação é registada e relacionada com as memórias
pré-existentes, o que leva à produção de uma resposta emocional adequada,
consciente e/ou vegetativa. Estas formações podem dividir-se em
componentes corticais e componentes subcorticais, estando associadas a esta
região cerebral um conjunto de estruturas que, contribuem para a execução
das funções deste sistema.
Enumerando os componentes corticais pertencentes ao Sistema
Límbico pode-se observar o hipocampo e o lobo límbico de Broca. “Le grande
lobe limbique”, foi o termo criado em 1878, por Pierre-Paul Broca, referente ao
conjunto de estruturas que se situam em volta do tronco encefálico, na face
interna (medial) e inferior dos hemisférios cerebrais. Já 1664, Thomas Willlis
designou o anel cortical que circundava o tronco cerebral de cerebri limbus.
Quanto aos componentes subcorticais é possível diferenciar as amígdalas
(núcleos amigdalinos), a área septal, os corpos mamilares, os núcleos
anteriores do tálamo, os núcleos habenulares e os núcleos Accumbens. Os
componentes cerebrais associados ao Sistema Límbico são o Tronco
91
Cerebral, o Hipotálamo, o Tálamo, a Área Pré-frontal e o Rinencéfalo
(Sistema Olfativo).
Quanto às estruturas cerebrais na formação das emoções, são algumas
das partes mais importantes do sistema límbico.
http://macacoalfa.blogspot.com
Amígdala: A destruição experimental das amígdalas (são duas, uma para
cada um dos hemisférios cerebrais) faz com que o animal se torne dócil,
sexualmente indiscriminativo, afetivamente descaracterizado e indiferente
às situações de risco. O estímulo elétrico dessas estruturas provoca crises
de violenta agressividade. Em humanos, a lesão da amígdala faz, entre
outras coisas, com que o indivíduo perca o sentido afetivo da percepção de
uma informação vinda de fora, como a visão de uma pessoa conhecida. Ele
sabe quem está vendo mas não sabe se gosta ou desgosta da pessoa em
questão. Localizada na profundidade de cada lobo temporal anterior,
funciona de modo íntimo com o hipotálamo. É o centro identificador de
perigo, gerando medo e ansiedade e colocando o animal em situação de
alerta, aprontando-se para fugir ou lutar.
Hipocampo: Envolvido com os fenômenos da memória de longa duração.
Quando ambos os hipocampos (direito e esquerdo) são destruídos, nada
mais é gravado na memória. Um hipocampo intacto possibilita ao animal
comparar as condições de uma ameaça atual com experiências passadas
similares, permitindo-lhe, assim, escolher qual a melhor opção a ser tomada
para garantir sua preservação.
92
Tálamo: São lesões ou estimulações do dorso medial e dos núcleos
anteriores que estão correlacionadas com as reações da reatividade
emocional do homem e dos animais. A importância dos núcleos na
regulação do comportamento emocional possivelmente decorre, não de
uma atividade própria, mas das conexões com outras estruturas do sistema
límbico. O núcleo dorso-medial conecta com as estruturas corticais da área
pré-frontal e com o hipotálamo. Os núcleos anteriores ligam-se aos corpos
mamilares no hipotálamo(e através destes, via fórnix, com o hipocampo) e
ao giro cingulado.
Hipotálamo: É parte mais importante do sistema límbico (que atua
principalmente no controle da temperatura corporal das aves e mamíferos).
Essas funções internas são em conjunto denominadas funções vegetativas
do encéfalo, e seu controlo está relacionado com o comportamento. Ele
mantém vias de comunicação com todos níveis do sistema límbico. O
hipotálamo desempenha, ainda, um papel nas emoções. Especificamente,
as partes laterais parecem envolvidas com o prazer e a raiva, enquanto que
a porção mediana parece mais ligada à aversão, ao desprazer e a
tendência ao riso (gargalhada) incontrolável. De um modo geral, contudo, a
participação do hipotálamo é menor na gênese do que na
expressão(manifestações sintomáticas) dos estados emocionais. Quando
os sintomas físicos da emoção aparecem, a ameaça que produzem,
retorna, via hipotálamo, aos centros límbicos e, destes, aos núcleos pré-
frontais, aumentando, por um mecanismo de feed-back negativo, a
ansiedade, podendo até chegar a gerar um estado de pânico. O
Conhecimento desse fenômeno tem, como veremos adiante, importante
sentido prático, dos pontos de vista clínico e terapêutico.
Giro cingulado: Situado na face medial do cérebro entre o sulco cingulado
e o corpo caloso, que é um feixe nervoso que liga os 2 hemisférios
cerebrais. Há ainda muito por conhecer a respeito desse giro, mas sabe-se
que a sua porção frontal coordena odores, e visões com memórias
agradáveis de emoções anteriores. Esta região participa ainda, da reação
93
emocional à dor e da regulação do comportamento agressivo. A ablação do
giro cingulado (cingulectomia) em animais selvagens, domestica-os
totalmente. A simples secção de um feixe desse giro (cingulomia),
interrompendo a comunicação neural do circuito de Papez, reduz o nível de
depressão e de ansiedade pré-existentes.
Tronco cerebral: Região responsável pelas reações emocionais. Na
verdade, apenas respostas reflexas de alguns vertebrados, como répteis e
os anfíbios. As estruturas envolvidas são a formação reticular e o locus
ceruleus, uma massa concentrada de neurônios secretores de
norepinefrina. É importante assinalar que, até mesmo em humanos, essas
primitivas estruturas continuam participando, não só dos mecanismos de
alerta, vitais para a sobrevivência, mas também da manutenção do ciclo
vigília-sono.
Área tegmental ventral: Grupo de neurônios localizados em uma parte do
tronco cerebral. Uma parte dele secreta dopamina. A descarga espontânea
ou a estimulação elétrica dos neurônios da região dopaminérgica na via
mesolímbica produzem sensações de prazer, algumas delas similares ao
orgasmo. Indivíduos que apresentam, por defeito genético, redução no
número de receptores das células neurais dessa área, tornam-se incapazes
de se sentirem recompensados pelas satisfações comuns da vida e
buscam alternativas "prazerosas" atípicas e nocivas como, por exemplo,
alcoolismo, cocainomania, compulsividade por alimentos doces e pelo jogo
desenfreado.
Septo: Situado à frente do tálamo, por cima do hipotálamo. A estimulação
de diferentes partes desse septo pode causar muitos efeitos
comportamentais distintos. Anteriormente ao tálamo, situa-se a área septal,
onde estão localizados os centros do orgasmo (quatro para mulher e um
para o homem). Certamente por isto, esta região se relaciona com as
sensações de prazer, mormente aquelas associadas às experiências
sexuais.
94
Área pré-frontal: Não faz parte do Lobo límbico tradicional, mas suas
intensas conexões com o tálamo, amígdala e outras sub-corticais, explicam o
importante papel que desempenha na expressão dos estados afetivos. Está
classicamente dividido em três áreas funcionais e anatômicas: a área
dorsolateral, a área orbitofrontal e a área cingulada anterior.A área
dorsolateral está relacionada com o raciocínio, permite a integração de
percepções temporalmente descontinuas em componentes de ação dirigidos
a um objectivo. A área orbitofrontal representa um interface entre os domínio
afectivo/ emocional e a tomada de decisões centradas nos dominios pessoal
e social. A área dorsolateral, funciona como um "secretário de direcção" da
área dorsolateral, ao dirigir a atenção. Tem um papel igualmente importante
na motivação do comportamento. As três áreas contribuem para o que se
designa de "Funções Executivas". Quando o córtex pré-frontal é lesado , o
indivíduo perde o senso de suas responsabilidades sociais (lesões
orbitofrontais), bem como a capacidade de concentração e de abstração
(lesões dorsolaterais). Em alguns casos, a pessoa, conquanto mantendo
intactas a consciência e algumas funções cognitivas, como a linguagem, já
não consegue resolver problemas, mesmo os mais elementares. Quando se
praticava a lobotomia pré-frontal para tratamento de certos distúrbios
psiquiátricos, os pacientes entravam em estado de "tamponamento afetivo",
não mais evidenciando quaisquer sinais de alegria, tristeza, esperança ou
desesperança. Portanto infere-se que o essa área é essencial para
possibilitar afetividade.
95
MEDO E HUMOR
O Medo é uma sensação que proporciona um estado de alerta
demonstrado pelo receio de fazer alguma coisa, geralmente por se sentir
ameaçado, tanto fisicamente como psicologicamente. Pavor é a ênfase do
medo.
O medo é provocado pelas reações químicas do corpo sendo iniciado
com a descarga de adrenalina no nosso organismo causando aceleração
cardíaca e tremores. Pode provocar atenção exagerada a tudo que ocorre ao
redor, depressão, pânico, etc. Medo é uma reação obtida a partir do contato
com algum estímulo físico ou mental (interpretação, imaginação, crença) que
gera uma resposta de alerta no organismo. Esta reação inicial dispara uma
resposta fisiológica no organismo que libera hormônios do estresse
(adrenalina, cortisol) preparando o indivíduo para lutar ou fugir.
A resposta anterior ao medo é conhecida por ansiedade. Na ansiedade
o indivíduo teme antecipadamente o encontro com a situação ou objeto que
possa lhe causar algum mal. Sendo assim, é possível se traçar uma escala de
graus de medo, no qual, o máximo seria o pavor e, o mínimo, uma leve
ansiedade.
O medo pode se transformar em uma doença (a fobia) quando passa a
comprometer as relações sociais e a causar sofrimento psícológico. A técnica
mais utilizada pelos psicólogos para tratar o medo se chama Dessensibilização
Sistemática. Com ela se constrói uma escala de medo, da leve ansiedade até
o pavor, e, progressivamente, o paciente vai sendo encorajado a enfrentar o
medo. Ao fazer isso o paciente passa, gradativamente, por um processo de
reestruturação cognitiva em que ocorre uma re-aprendizagem, ou
ressignificação, da reação que anteriormente gerava a resposta de alerta no
organismo para uma reação mais eqilibrada.
Citação:O psicólogo português Armindo Freitas-Magalhães
criou, em 2009, a pioneira Escala de Percepção do Medo (EPM).
96
O Humor é um estado de ânimo cuja intensidade representa o grau de
disposição e de bem-estar psicológico e emocional de um indivíduo.
A palavra humor surgiu na medicina humoral dos antigos Gregos.
Naqueles tempos, o termo humor representava qualquer um dos quatro fluidos
corporais (ou humores) que se considerava serem responsáveis por regular a
saúde física e emocional humana.
O humor é uma das chaves para a compreensão de culturas, religiões e
costumes das sociedades num sentido amplo, sendo elemento vital da
condição humana. O homem é o único animal que ri, e através dos tempos a
maneira humana de sorrir modifica-se acompanhando os costumes e correntes
de pensamento.
Em cada época da história humana a forma de pensar cria e derruba
paradigmas, e o humor acompanha essa tendência sociocultural. Expressões
culturais do humor podem representar retratos fiéis de uma época.
2.1.8 - NUTRIÇÃO ADEQUADA - A BASE DO FUNCIONAMENTO CEREBRAL
Para o cérebro funcionar eficientemente na vida adulta, requer-se,
como condição fundamental, que ele tenha se desenvolvido de forma
adequada no início da vida. Nos mamíferos, o desenvolvimento do cérebro
começa já na embriogênese e continua durante uma fase relativamente curta
da vida pós-natal. Essa fase, em seres humanos, termina ao final dos
primeiros dois a quatro anos de vida.
Nesse período, o cérebro é mais vulnerável às agressões do
ambiente, inclusive às nutricionais, devido ao fato de que nessa fase os
processos implicados no desenvolvimento cerebral ocorrem com muita
rapidez. Esses processos compreendem sobretudo a hiperplasia (aumento da
quantidade de células nervosas), a hipertrofia (aumento do seu tamanho), a
97
mielinização (formação, nas fibras nervosas, de um envoltório de material
lipídico - a mielina, fundamental para a transmissão eficiente dos impulsos
elétricos neuronais) e a organização das sinapses (pontos de comunicação
entre os neurônios).
A deficiência de um ou mais nutrientes na alimentação diária pode,
sem dúvida, perturbar a organização estrutural (histológica) e bioquímica de
um ou mais dos processos acima descritos, levando, geralmente, a
repercussões sobre as suas funções.
Dependendo da intensidade e da duração das alterações nutricionais,
as consequências terão impacto maior ou menor sobre todo o organismo.
Funções neurais básicas, como o processamento de informações sensoriais
(por meio dos nossos cinco órgãos dos sentidos) e a percepção das
sensações correspondentes, bem como a execução de tarefas motoras
(produção de movimentos, resultantes da ativação dos músculos pelo sistema
nervoso) podem ser afetadas em extensões variadas e de forma diretamente
proporcional à intensidade e à duração das deficiências nutricionais. Isto
também se aplica no caso de funções neurais mais elaboradas, como
aquelas envolvendo cognição, consciência, emoção, aprendizado e
memória, processos cuja perturbação na infância pode levar a condições
patológicas importantes para a vida adulta, tanto no que se refere à qualidade
da vida do indivíduo, como à da sua contribuição para a sociedade em que
vive.
Pesquisadores: Rubem Carlos Araújo Guedes, Ana Paula Rocha de Melo e Naíde Regueira Teodósio -
Departamento de Nutrição, da (UFPE).
98
Principais nutrientes para o desenvolvimento do sistema nervoso:
Glicose
A maior parte da glicose metabolizada pelo organismo é utilizada pelo
cérebro, sendo completamente oxidada a CO2 e água. Este nutriente é a
molécula energética preferencialmente utilizada pelo cérebro, uma vez que
não é necessária a presença do hormônio insulina para a sua captação pelas
células nervosas. Desta forma, pode-se compreender a severidade dos
efeitos da desnutrição energético calórica para o sistema nervoso,
principalmente se esta coincidir com o período de desenvolvimento e
maturação cerebral, onde ocorrem eventos como a neurogênese, a
gliogênese e a migração neural.
Ácidos graxos essenciais
Os ácidos graxos desempenham importantes funções na estrutura das
membranas celulares e nos processos metabólicos. Em humanos, os ácidos
linoleicos (18:2n-6, AL) e alfa-linolênico (18:3n-3) são necessários para
manter as membranas celulares, as funções cerebrais e a transmissão de
impulsos nervosos. Esses ácidos graxos também atuam na transferência do
oxigênio atmosférico para o plasma sanguíneo, na síntese da hemoglobina e
na divisão celular.
Os ácidos graxos essenciais são aqueles que são sintetizados pelos
tecidos dos mamíferos e devem, necessariamente, ser adquiridos pela
alimentação. Tais ácidos graxos compõem a fração lipídica do leite materno,
e as concentrações nas quais eles apresentam neste alimento dependerá da
qualidade da dieta da mãe.
Proteínas de alto valor biológico
99
As proteínas de alto valor biológico (AVB) são as que contêm todos os
aminoácidos essenciais: fenilalanina, arginina, histidina, isoleucina, leucina,
lisina, metionina, treonina, valina e triptofano, que são sintetizados pelo
organismo, sendo necessária sua aquisição por meio da dieta.
O adequado funcionamento do sistema nervoso depende da síntese
eficiente de substâncias que proporcionam a comunicação neuronal, os
neurotransmissores. No sistema nervoso, alguns aminoácidos atuam
diretamente como neurotransmissores, como exemplo, a tirosina –
aminoácido precursor das catecolaminas, da dopamina, da epinefrina e da
norepinefrina; os ácidos aspártico e glutâmico – substâncias excitatórias do
cérebro, o tripofano – precursor da serotonina e da arginina – precursora do
óxido nítrico, um possível neurotransmissor. Como o triptofano e a arginina
são uns aminoácidos essenciais, a síntese dos neurotransmissores
serotonina e óxido nítrico ficam dependentes da ingestão dietética dos
referidos aminoácidos.
Oligoelementos
Entre os oligoelementos, o ferro se destaca como mais importante para
o desenvolvimento e o comportamento infantis, tendo uma função importante
na maturação neural, na mielinização, na constituição de algumas enzimas
envolvidas na síntese, na função e na degradação de neurotransmissores
cerebrais, como dopamina, adrenalina e serotonina, envolvidos no controle da
atenção e na modulação do comportamento.
Em certas áreas cerebrais, o ferro está presente em altas
concentrações. Em caso de anemia ferropriva, esses níveis diminuem
anteriormente a diminuição da produção dos glóbulos vermelhos. Estudos
vêm demonstrando que esse distúrbio nutricional está associado a prejuízo
no desempenho cognitivo, no desenvolvimento psicomotor, na percepção
espacial e na realização escolar (leitura, escrita e matemática). Além de estar
100
associado a perturbações comportamentais e emocionais, como irritabilidade,
desatenção, ansiedade, depressão e problemas sociais.
Outro oligoelemento importante, o iodo, apresenta como único papel
fisiológico conhecido à participação na síntese de hormônios tireoidianos que
são relacionados com o crescimento e com a diferenciação celular, inclusive
em nível cerebral.
O zinco, um oligoelemento de grande importância para o organismo,
contribui para vários sistemas enzimáticos, participando da composição de
metaloenzimas ou como cofator enzimático. Atuando em conjunto com a
vitamina E, ele protege as células do organismo contra danos oxidativos,
especialmente retardando a oxidação do colesterol LDL.
Oligoelementos também importantes são o selênio, que retarda o
envelhecimento, combate a tensão pré-menstrual, preserva a elasticidade dos
tecidos, previne o câncer e neutraliza radicais livres, e o cálcio, que possui
funções importantes como atuar na formação estrutural dos ossos e dos
dentes, além de participar da coagulação sanguínea com a vitamina K e agir
na sinalização intracelular, na transmissão sináptica, na contração muscular e
cardíaca e na ação de hormônios.
O cobre assim como zinco, também atua no combate aos radicais
livres, além de atuar no transporte do ferro. Sua deficiência em pacientes com
Doença de Alzheimer está relacionada a déficit cognitivo observado nestes
pacientes.
Vitaminas
As vitaminas são moléculas orgânicas que participam como
catalisadores para reações enzimáticas.
As vitaminas do complexo B compreendem oito vitaminas
hidrossolúveis com importante ação no metabolismo celular. Sua deficiência
pode levar a distúrbios neurológicos como depressão e danos cognitivos. A
carência de Ácido fólico, por exemplo, está associada à alta incidência de
malformações congênitas do sistema nervoso, como o não fechamento do
101
tubo neural de neonatos. A deficiência de vitamina B12 pode ocasionar
vertigens, cansaço, perda de memória e fraqueza muscular.
A vitamina D, uma vitamina lipossolúvel, atua como um hormônio que
mantém as concentrações de cálcio e fósforo no sangue por meio do
aumento ou da diminuição da absorção desses minerais no intestino delgado.
A vitamina E, outra vitamina lipossolúvel, preserva a integridade celular
e possui ação antioxidante capaz de neutralizar os efeitos nocivos dos
radicais livres, além de potencializar a ação antioxidante de outras vitaminas
como as vitaminas C e A.
A vitamina A ou retinol funciona como hormônio e como o pigmento
visual para os vertebrados, estando o seu estado carencial relacionado à
doença denominada xeroftalmia ou cegueira noturna. No sistema nervoso, a
carência de vitamina A está relacionada a alterações sensoriais (paladar,
olfato, audição) e lesões de nervos.
Citação: Carolina Relvas Chaves- Livro Que cérebro é esse que chegou à escola?- Cap. 12
102
CAPÍTULO III
NEUROCIÊNCIA DIALOGANDO COM A
EDUCAÇÃO INFANTIL
3.1- NEUROCIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
3.1.1 - Pressupostos e teóricos da aprendizagem
Em relação aos estudos de Piaget, Wallon e Vygostsky
TEORIA DO DESENVOLVIMENTO DE JEAN PIAGET
Formado em Biologia, Piaget especializou-se nos estudos do
conhecimento humano, concluindo que, assim como os organismos vivos
podem adaptar-se geneticamente a um novo meio, existe também uma relação
evolutiva entre o sujeito e o seu meio, ou seja, a criança reconstrói suas ações
e ideias quando se relaciona com novas experiências ambientais. Para ele, a
criança constrói sua realidade como um ser humano singular, situação em que
o cognitivo está em supremacia em relação ao social e o afetivo.
Na perspectiva construtivista de Piaget, o começo do conhecimento é a
ação do sujeito sobre o objeto, ou seja, o conhecimento humano se constrói na
interação homem-meio, sujeito-objeto. Conhecer consiste em operar sobre o
real e transformá-lo a fim de compreendê-lo, é algo que se dá a partir da ação
do sujeito sobre o objeto de conhecimento. As formas de conhecer são
construídas nas trocas com os objetos, tendo uma melhor organização em
momentos sucessivos de adaptação ao objeto. A adaptação ocorre através da
organização, sendo que o organismo discrimina entre estímulos e sensações,
selecionando aqueles que irá organizar em alguma forma de estrutura. A
adaptação possui dois mecanismos opostos, mas complementares, que
garantem o processo de desenvolvimento: a assimilação e a acomodação.
Segundo Piaget, o conhecimento é a equilibração/reequilibração entre
103
assimilação e acomodação, ou seja, entre os indivíduos e os objetos do
mundo.
A assimilação é a incorporação dos dados da realidade nos esquemas
disponíveis no sujeito, é o processo pelo qual as ideias, pessoas, costumes
são incorporadas à atividade do sujeito. A criança aprende a língua e assimila
tudo o que ouve, transformando isso em conhecimento seu. A acomodação é
a modificação dos esquemas para assimilar os elementos novos, ou seja, a
criança que ouve e começa a balbuciar em resposta à conversa ao seu redor
gradualmente acomoda os sons que emite àqueles que ouvem, passando a
falar de forma compreensível.
Segundo FARIA (1998), os esquemas é uma necessidade interna do
indivíduo. Os esquemas afetivos levam à construção do caráter, são modos de
sentir que se adquire juntamente às ações exercidas pelo sujeito sobre
pessoas ou objetos. Os esquemas cognitivos conduzem à formação da
inteligência, tendo a necessidade de serem repetidos (a criança pega várias
vezes o mesmo objeto). Outra propriedade do esquema é a ampliação do
campo de aplicação, também chamada de assimilação generalizadora (a
criança não pega apenas um objeto, pega outros que estão por perto). Através
da discriminação progressiva dos objetos, da capacidade chamada de
assimilação recognitiva ou reconhecedora, a criança identifica os objetos que
pode ou não pegar, que podem ou não dar algum prazer a ela.
FARIA (op.cit.) salienta que os fatores responsáveis pelo
desenvolvimento, segundo Piaget, são: maturação; experiência física e lógico-
matemática; transmissão ou experiência social; equilibração; motivação;
interesses e valores; valores e sentimentos. A aprendizagem é sempre
provocada por situações externas ao sujeito, supondo a atuação do sujeito
sobre o meio, mediante experiências. A aprendizagem será a aquisição que
ocorre em função da experiência e que terá caráter imediato. Ela poderá ser:
experiência física - comporta ações diferentes em função dos objetos e
consiste no desenvolvimento de ações sobre esses objetos para descobrir as
propriedades que são abstraídas deles próprios são produto das ações do
104
sujeito sobre o objeto; e experiência lógica-matemática – o sujeito age sobre os
objetos de modo a descobrir propriedades e relações que são abstraídas de
suas próprias ações, ou seja, resulta da coordenação das ações que o sujeito
exerce sobre os objetos e da tomada de consciência dessa coordenação.
Essas duas experiências estão inter-relacionadas, uma é condição para o
surgimento da outra.
Para que ocorra uma adaptação ao seu ambiente, o indivíduo deverá
equilibrar uma descoberta, uma ação com outras ações. A base do processo
de equilibração está na assimilação e na acomodação, isto é, promove a
reversibilidade do pensamento, é um processo ativo de auto-regulação. Piaget
afirma que, para a criança adquirir pensamento e linguagem, deve passar por
várias fases de desenvolvimento psicológico, partindo do individual para o
social. Segundo ele, o falante passa por pensamento autístico, fala egocêntrica
para atingir o pensamento lógico, sendo o egocentrismo o elo das operações
lógicas da criança. No processo de egocentrismo, a criança vê o mundo a
partir da perspectiva pessoal, assimilando tudo para si e ao seu próprio ponto
de vista, estando o pensamento e a linguagem centrados na criança. .
Para Piaget, o desenvolvimento mental dá-se espontaneamente a partir
de suas potencialidades e da sua interação com o meio. O processo de
desenvolvimento mental é lento, ocorrendo por meio de graduações
sucessivas através de estágios: período da inteligência sensório-motora;
período da inteligência pré-operatória; período da inteligência operatório-
concreta; e período da inteligência operatório-formal.
TEORIA DO DESENVOLVIMENTO DE HENRY WALLON
Formado em Medicina, Psicologia e Filosofia, Wallon considera a
criança, um ser essencialmente emocional e gradualmente vai constituindo-se
em um ser sócio-cognitivo. O autor estudou a criança contextualizada, como
uma realidade viva e total no conjunto de seus comportamentos, suas
condições de existência.
105
Segundo GALVÃO (2000), Wallon argumenta que as trocas relacionais
da criança com os outros são fundamentais para o desenvolvimento da
pessoa. As crianças nascem imersas em um mundo cultural e simbólico, no
qual ficarão envolvidas em um "sincretismo subjetivo", por pelo menos três
anos. Durante esse período, de completa indiferenciação entre a criança e o
ambiente humano, sua compreensão das coisas dependerá dos outros, que
darão às suas ações e movimentos formato e expressão.
Antes do surgimento da linguagem falada, as crianças comunicam-se e
constituem-se como sujeitos com significado, através da ação e interpretação
do meio entre humanos, construindo suas próprias emoções, que é seu
primeiro sistema de comunicação expressiva. Estes processos comunicativo-
expressivo acontecem em trocas sociais como a imitação. Imitando, a criança
desdobra, lentamente, a nova capacidade que está a construir (pela
participação do outro ela se diferenciará dos outros) formando sua
subjetividade. Pela imitação, a criança expressa seus desejos de participar e
se diferenciar dos outros se constituindo em sujeito próprio.
Wallon propõe estágios de desenvolvimento, assim como Piaget, porém,
ele não é adepto da ideia de que a criança cresce de maneira linear. O
desenvolvimento humano tem momentos de crise, isto é, uma criança ou um
adulto não são capazes de se desenvolver sem conflitos. A criança se
desenvolve com seus conflitos internos e, para ele, cada estágio estabelece
uma forma específica de interação com o outro, é um desenvolvimento
conflituoso.
No início do desenvolvimento existe uma preponderância do biológico e
após o social adquire maior força. Assim como Vygotsky, Wallon acredita que
o social é imprescindível. A cultura e a linguagem fornecem ao pensamento os
elementos para evoluir, sofisticar. A parte cognitiva social é muito flexível, não
existindo linearidade no desenvolvimento, sendo este descontínuo e, por isso,
sofrem crises, rupturas, conflitos, retrocessos, como um movimento que tende
ao crescimento.
106
De acordo com GALVÃO (op.cit.), no primeiro ano de vida, a criança
interage com o meio regida pela afetividade, isto é, o estágio impulsivo-
emocional, definido pela simbiose afetiva da criança em seu meio social. A
criança começa a negociar, com seu mundo sócio-afetivo, os significados
próprios, via expressões tônicas. As emoções intermediam sua relação com o
mundo.
Do estágio sensório-motor ao projetivo (1 a 3 anos), predominam as
atividades de investigação, exploração e conhecimento do mundo social e
físico. No estágio sensório-motor, permanece a subordinação a um sincretismo
subjetivo (a lógica da criança ainda não está presente). Neste estágio
predominam as relações cognitivas da criança com o meio. Wallon identifica o
sincretismo como sendo a principal característica do pensamento infantil. Os
fenômenos típicos do pensamento sincrético são: fabulação, contradição,
tautologia e elisão.
Na gênese da representação, que emerge da imitação motora-gestual
ou motricidade emocional, as ações da criança não mais precisarão ter origem
na ação do outro, ela vai “desprender-se” do outro, podendo voltar-se para a
imitação de cenas e acontecimentos, tornando-se habilitada à representação
da realidade. Este salto qualitativo da passagem do ato imitativo concreto e a
representação são chamados de simulacro. No simulacro, que é a imitação em
ato, forma-se uma ponte entre formas concretas de significar e representar e
níveis semióticos de representação. Essa é a forma pela qual a criança se
desloca da inteligência prática ou das situações para a inteligência verbal ou
representativa.
Dos 3 aos 6 anos, no estágio personalístico, aparece a imitação
inteligente, a qual constrói os significados diferenciados que a criança dá para
a própria ação. Nessa fase, a criança está voltada novamente para si própria.
Para isso, a criança coloca-se em oposição ao outro num mecanismo de
diferenciar-se. A criança, mediada pela fala e pelo domínio do “meu/minha”, faz
com que as ideias atinjam o sentimento de propriedade das coisas. A tarefa
central é o processo de formação da personalidade. Aos 6 anos a criança
107
passa ao estágio categorial trazendo avanços na inteligência. No estágio da
adolescência, a criança volta-se a questões pessoais, morais, predominando a
afetividade. Ainda conforme GALVÃO é nesse estágio que se intensifica a
realização das diferenciações necessárias à redução do sincretismo do
pensamento. Esta redução do sincretismo e o estabelecimento da função
categorial dependem do meio cultural no qual está inserida a criança.
TEORIA DO DESENVOLVIMENTO DE LEV S. VYGOTSKY
Para Vygotsky, a criança nasce inserida num meio social, que é a
família, e é nela que estabelece as primeiras relações com a linguagem na
interação com os outros. Nas interações cotidianas, a mediação (necessária
intervenção de outro entre duas coisas para que uma relação se estabeleça)
com o adulto acontecem espontaneamente no processo de utilização da
linguagem, no contexto das situações imediatas.
Essa teoria apoia-se na concepção de um sujeito interativo que elabora
seus conhecimentos sobre os objetos, em um processo mediado pelo outro. O
conhecimento tem gênese nas relações sociais, sendo produzido na
intersubjetividade e marcado por condições culturais, sociais e históricas.
Segundo Vygotsky, o homem se produz na e pela linguagem, isto é, é
na interação com outros sujeitos que formas de pensar são construídas por
meio da apropriação do saber da comunidade em que está inserido o sujeito. A
relação entre homem e mundo é uma relação mediada, na qual, entre o
homem e o mundo existem elementos que auxiliam a atividade humana. Estes
elementos de mediação são os signos e os instrumentos. O trabalho humano,
que une a natureza ao homem e cria, então, a cultura e a história do homem,
desenvolve a atividade coletiva, as relações sociais e a utilização de
instrumentos. Os instrumentos são utilizados pelo trabalhador, ampliando as
possibilidades de transformar a natureza, sendo assim, um objeto social.
Os signos também auxiliam nas ações concretas e nos processos
psicológicos, assim como os instrumentos. A capacidade humana para a
linguagem faz com que as crianças providenciem instrumentos que auxiliem na
108
solução de tarefas difíceis, planejem uma solução para um problema e
controlem seu comportamento. Signos e palavras são para as crianças um
meio de contato social com outras pessoas. Para Vygotsky, signos são meios
que auxiliam/facilitam uma função psicológica superior (atenção voluntária,
memória lógica, formação de conceitos, etc.), sendo capazes de transformar o
funcionamento mental. Desta maneira, as formas de mediação permitem ao
sujeito realizar operações cada vez mais complexas sobre os objetos.
Segundo Vygotsky, ocorrem duas mudanças qualitativas no uso dos
signos: o processo de internalização e a utilização de sistemas simbólicos. A
internalização é relacionada ao recurso da repetição onde a criança apropria-
se da fala do outro, tornando-a sua. Os sistemas simbólicos organizam os
signos em estruturas, estas são complexas e articuladas. Essas duas
mudanças são essenciais e evidenciam o quanto são importantes às relações
sociais entre os sujeitos na construção de processos psicológicos e no
desenvolvimento dos processos mentais superiores. Os signos internalizados
são compartilhados pelo grupo social, permitindo o aprimoramento da
interação social e a comunicação entre os sujeitos. As funções psicológicas
superiores aparecem, no desenvolvimento da criança, duas vezes: primeiro, no
nível social (entre pessoas, no nível interpsicológico) e, depois, no nível
individual (no interior da criança, no nível intrapsicológico). Sendo assim, o
desenvolvimento caminha do nível social para o individual.
Como visto, exige-se a utilização de instrumentos para transformar a
natureza e, da mesma forma, exige-se o planejamento, a ação coletiva, a
comunicação social. Pensamento e linguagem associam-se devido à
necessidade de intercâmbio durante a realização do trabalho. Porém, antes
dessa associação, a criança tem a capacidade de resolver problemas práticos
(inteligência prática), de fazer uso de determinados instrumentos para alcançar
determinados objetivos. Vygotsky chama isto de fase pré-verbal do
desenvolvimento do pensamento e uma fase pré-intelectual no
desenvolvimento da linguagem.
109
Por volta dos dois anos de idade, a fala da criança torna-se intelectual,
generalizante, com função simbólica, e o pensamento torna-se verbal, sempre
mediado por significados fornecidos pela linguagem. Esse impulso é dado pela
inserção da criança no meio cultural, ou seja, na interação com adultos mais
capazes da cultura que já dispõe da linguagem estruturada. Vygotsky destaca
a importância da cultura; para ele, o grupo cultural fornece ao indivíduo um
ambiente estruturado onde os elementos são carregados de significado
cultural.
Os significados das palavras fornecem a mediação simbólica entre o
indivíduo e o mundo, ou seja, como diz VYGOTSKY (1987), é no significado da
palavra que a fala e o pensamento se unem em pensamento verbal. Para ele,
o pensamento e a linguagem iniciam- se pela fala social, passando pela fala
egocêntrica, atingindo a fala interior que é o pensamento reflexivo.
A fala egocêntrica emerge quando a criança transfere formas sociais e
cooperativas de comportamento para a esfera das funções psíquicas interiores
e pessoais. No início do desenvolvimento, a fala do outro dirige a ação e a
atenção da criança. Esta vai usando a fala de forma a afetar a ação do outro.
Durante esse processo, ao mesmo tempo em que a criança passa a entender
a fala do outro e a usar essa fala para regulação do outro, ela começa a falar
para si mesma. A fala para si mesma assume a função autorreguladora e,
assim, a criança torna-se capaz de atuar sobre suas próprias ações por meio
da fala. Para Vygotsky, o surgimento da fala egocêntrica indica a trajetória da
criança: o pensamento vai dos processos socializados para os processos
internos.
A fala interior, ou discurso interior, é a forma de linguagem interna, que
é dirigida ao sujeito e não a um interlocutor externo. Esta fala interior se
desenvolve mediante um lento acúmulo de mudanças estruturais, fazendo com
que as estruturas de fala que a criança já domina, tornem-se estruturas
básicas de seu próprio pensamento. A fala interior não tem a finalidade de
comunicação com outros, portanto, constitui-se como uma espécie de “dialeto
pessoal”, sendo fragmentada, abreviada.
110
A relação entre pensamento e palavra acontece em forma de processo,
constituindo-se em um movimento contínuo de vaivém do pensamento para a
palavra e vice-versa. Esse processo passa por transformações que, em si
mesmas, podem ser consideradas um desenvolvimento no sentido funcional.
VYGOTSKY diz que o pensamento nasce através das palavras. É apenas pela
relação da criança com a fala do outro em situações de interlocução, que a
criança se apropria das palavras, que, no início, são sempre palavras do outro.
Por isso, é fundamental que as práticas pedagógicas trabalhem no sentido de
esclarecer a importância da fala no processo de interação com o outro.
Segundo VYGOTSKY (1989), a aprendizagem tem um papel
fundamental para o desenvolvimento do saber, do conhecimento. Todo e
qualquer processo de aprendizagem é ensino-aprendizagem, incluindo aquele
que aprende, aquele que ensina e a relação entre eles. Ele explica esta
conexão entre desenvolvimento e aprendizagem através da zona de
desenvolvimento proximal (distância entre os níveis de desenvolvimento
potencial e nível de desenvolvimento real), um “espaço dinâmico” entre os
problemas que uma criança pode resolver sozinha (nível de desenvolvimento
real) e os que deverá resolver com a ajuda de outro sujeito mais capaz no
momento, para em seguida, chegar a dominá-los por si mesma confira ao
educando uma boa autoestima, favorecendo assim o processo cognitivo de
toda uma vida.
Referências Bibliográficas: Revista Eletrônica Saberes da Educação – Volume 3 - 2012
3.1.2 - Porque precisamos atualizar a infância
UM NOVO OLHAR SOBRE A EDUCAÇÃO INFANTL
Ainda em pleno século XXI a educação é utilizada de forma mecânica e
igual para todos os alunos, sem atender a individualidade, sem considerar que
todos os alunos são únicos, que aprendem de formas diferenciadas.
111
As crianças da educação infantil aprendem através das brincadeiras,
portanto é necessário um novo olhar a essas crianças no tempo de hoje e
aceitar as mudanças que já existem e que elas sejam educadas nessa época
atual.
Percebe-se a vontade dos professores de resgatar brincadeiras e
vivências do passado de uma infância longínqua a qual elas não participaram.
Ao se continuar a educá-las como no passado, o resultado será
inverso ao que se deseja atualmente.
É preciso aprender com as crianças a forma de trabalhar melhor dentro
da realidade delas, naquilo que elas conhecem e vivenciam. Hoje elas nascem
num contexto direto com informações, nos mais variados tipos, precisamos
transitar no mundo atual das crianças. Que venham os jogos eletrônicos para
as escolas; que cheguem até as crianças os celulares, a Internet, as roupas de
marca, os clipes de música, as fantasias de seus heróis e personagens
favoritos; que cheguem os alimentos trazidos pelos heróis que curtem e que
elas querem iguais a eles ser, e que os educadores da infância, não tenham
medo de educar as crianças dessa maneira.
Os games adorados por crianças ainda em discussão no âmbito
acadêmico são fantásticos na forma de manter os alunos “plugados” e podem
ser mais uma ferramenta mediadora que possibilita estimular o raciocínio
lógico, atenção, concentração, conceitos matemáticos através de varias
atividades.
É necessário entrar no mundo imaginário atual das crianças.
A educação é uma arte em permanente construção. Tem seu primeiro
degrau no olhar sobre a criança de 0 a 6 anos, em creches e pré-escolas, que
cresce em importância à medida que a formação desses sujeitos, antes
majoritariamente a cargo das famílias, é cada vez mais institucionalizada em
creches e pré-escolas.
112
Contudo, a educação é o feixe central da interdisciplinaridade que
engloba aspectos antropológicos, filosóficos, biológicos e psicológicos da
espécie humana, podemos dizer que o cérebro desempenha o papel deste
feixe na formação do intelecto humano, através de conexões neurais que são a
polarização dos opostos em busca de caminhos para o aprendizado.
Os profissionais que hoje estão nas escolas precisam educar as crianças
com o que ela tem e com o que ela á hoje. Eles querem uma criança ideal,
mas somente possui uma criança real, aquela vinda do consumo, das famílias
com estruturas diferentes, do tempo diferente e das opções mais diferentes
ainda.
As crianças de hoje nascem ao lado de celulares, da internet, dos
computadores, dos sapatos e roupas da moda, e isso não é e não pode ser
necessariamente só ruim.
Será que os educadores todos do mundo acham que ter coisas é
sempre ruim? Será que não há um só educador no mundo que trabalhe a
infância a, partir de sua realidade? Por que tantos educadores querem resgatar
uma infância que já está no passado, uma infância que não tem mais espaço?
Será que eles acreditam- ainda- que era melhor que a infância de hoje? Será
que os educadores esqueceram de que as crianças que brincavam com
bonecas de panos eram ricas, as crianças pobres brincavam com bonecas de
milho, com cabos de vassoura. As crianças pobres brincavam de ciranda sim,
e como se isto na bastasse, além de apanhar, porque era legal e moral, elas
ainda trabalhavam porque isto também era legal.
No mesmo tempo da boneca de pano ou das cirandas ou de quaisquer
outras brincadeiras, as crianças também sofriam. Sofriam e morriam por
doenças simples e básicas, como amarelão, verminose e outras.
Se hoje as coisas mudaram, mudaram também para melhor. Sabemos
que ainda existem dificuldades para muitas crianças hoje em dia, sobretudo
para as que estão nas periferias, no entanto é mais fácil hoje encontrar uma
menina rica e uma menina de periferia tendo a mesma boneca, cantando a
113
mesma música da televisão e, principalmente, usando as mesmas marcas de
propaganda. E se isto não é só, também não é só ruim. Afinal, parece que hoje
as crianças podem mais partilhar do que antes, as crianças hoje podem dividir,
aproximar, consumir até muito mais que antes e com igualdades que antes
eram impossíveis.
Hoje as crianças podem ter celular, televisor, atendimento educacional,
livros e apostilas, graças a grande (ou seriam ainda pequenas) investida dos
Poderes Públicos que visam a cada ano oferecer muito mais vagas em escolas
infantis que antes. Lembrem que educação infantil ou jardim da infância nem
era realidade.
Sabe-se que há ainda muitas vagas e ofertas, além, é evidente, das
melhorias, que ainda precisam ser implantadas, mas o que se quer deixar claro
é que estes são os temas da infância. É a realidade dessas crianças de hoje, e
qualquer que seja o método educativo, esse precisa trabalhar com a criança
real, com os recursos e opções desta realidade; caso contrário, esta se
fazendo uma educação infantil do passado e não da época atual.
3.1.3 - Novo olhar do professor (a) para a educação infantil
A escola é uma instituição que complementa a família e ambas
precisam ser um lugar agradável e afetivo para os alunos/filhos. Uma depende
da outra para alcançar seu objetivo maior, influir no cognitivo da criança para
que ela aprenda e assim ter um futuro melhor.
Por entender a importância do cérebro no processo de aprendizagem, é
de extrema importância considerar, aqui, as contribuições da Neurociência
para a formação de professores, com o objetivo de oferecer aos educadores
um aprofundamento a esse respeito, para que se obtenham melhores
resultados no processo de ensino-aprendizagem, especialmente, na educação
infantil.
114
A Neurociência é e será um poderoso auxiliar na compreensão do que é
comum a todos os cérebros e poderá nos próximos anos dar respostas
confiáveis a importantes questões sobre a aprendizagem humana, pode-se
através do conhecimento de novas descobertas da Neurociência, utilizá-la na
prática educativa. A imaginação, os sentidos, o humor, a emoção, o medo, o
sono, a memória são alguns dos temas abordados e relacionados com o
aprendizado e a motivação. A aproximação entre as neurociências e a
pedagogia é uma contribuição valiosa para o professor. Acredita-se que a
Pedagogia Neurocientífica esta sendo gerada para responder e sugerir
caminhos para a educação do futuro.
O foco da educação tem sido o conhecimento a ser ensinado de
maneira mecânica e igual a todos os alunos, sem a devida atenção à
individualidade, numa demonstração de total falta de consciência da força que
possuem os modelos mentais e da influência que eles exercem sobre o
comportamento. Por sua vez os alunos, acostumados a perceber o mundo a
partir da visão do docente, aceitam passivamente essa proposta pedagógica,
desempenhando um papel de receptor de informações, as quais nem sempre
são compreendidas e geram conhecimento. Muitas pesquisas no campo
educativo apontam o professor como um dos principais protagonistas da
educação (DEMO, 2001; ASSMANN, 2001; MORIN, 2002).
Entretanto, proporcionar uma boa aprendizagem para o aluno não
depende só do professor, pois é fundamental para uma educação que
pretende ajudar o aluno a perceber sua individualidade, tornando-o também
responsável pelo ato de aprender, proporcionando suas habilidades, facilitar o
processo de aprendizagem e criar condições de aprender como aprender.
Nesse contexto conhecer o seu padrão de pensamento pessoal e saber como
usá-lo é o primeiro passo para ser um participante ativo no processo de
aprender. A compreensão de como podemos lidar com certas características
pessoais ajudará o aluno a identificar, mobilizar e utilizar suas características
criativas e intuitivas, pois cada um aprende no seu próprio ritmo e à sua
maneira.
115
É fundamental que professores estimulem individualmente a inteligência
das crianças, empregando técnicas que permitam a cada aluno aprender da
maneira que é melhor para ele, aumentando sua motivação para o
aprendizado, pois cada pessoa tem de encontrar seu próprio caminho, já que
não existe um único para todos (STERNBERG & GRIGORENKO, 2003).
Partindo desse pressuposto, ao professor cabe oferecer, através de sua
prática, um ambiente que respeite as diferenças individuais permitindo que os
aprendizes se sintam estimulados do ponto de vista intelectual e emocional.
Daí a necessidade do educador, consciente de seu papel de interventor
responsável pela mediação da informação, buscar estruturar o ensino de modo
que os alunos possam construir adequadamente os conhecimentos a partir de
suas habilidades mentais. E para isso, é imprescindível que conheçam os
significativos estudos da neurociência, uma vez que esses, sem dúvida,
influenciam na compreensão dos processos de ensino e de aprendizagem.
Os avanços e descobertas na área da neurociência ligada aos processos
de aprendizagem é sem dúvida, uma revolução para o meio educacional. A
Neurociência da Aprendizagem é o estudo de como o cérebro trabalha com as
memórias, como elas se consolidam, como se dá o acesso ás informações e
como elas são armazenadas.
Ao falar e pensar em Educação e Aprendizagem refere-se à em
processos neurais, redes que estabelecem conexões e que realizam sinapses.
Aprendizagem nada mais é do que esse maravilhoso e complexo
processo pelo qual o cérebro reage aos estímulos do ambiente, e ativa suas
sinapses (ligações entre os neurônios por onde passam os estímulos),
tornando-as mais “intensas” e velozes. A cada estímulo, cada repetição eficaz
de comportamento, torna-se consolidado, pelas memórias de curto e longo
prazo, as informações, que guardadas em regiões apropriadas, serão
resgatadas para novos aprendizados.
A Neurociência vem descortinar o que antes se conhecia sobre o cérebro,
e sua relação com o Aprender. O cérebro, esse órgão fantástico e misterioso,
116
é matricial nesse processo. Suas regiões, lobos, sulcos, reentrâncias tem cada
um sua função e importância no trabalho conjunto, onde cada área necessita e
interage com o desempenho do hipocampo na consolidação de nossas
memórias, com o fluxo do sistema límbico (responsável por nossas emoções)
possibilitando desvendar os mistérios que envolvem a região pré-frontal, sede
da cognição, linguagem e escrita e compreender as vias e rotas que norteiam a
leitura e escrita (regidas inicialmente pela região visual mais específica
(parietal) que reconhece as formas visuais das letras e depois acessa outras
áreas para a codificação e decodificação dos sons para serem efetivadas).
Faz-se necessário compreender as vias e rotas que norteiam a leitura e
escrita (regidas inicialmente pela região visual mais específica (parietal) que
reconhecem as formas visuais das letras e depois acessa outras áreas para a
codificação e decodificação dos sons para serem efetivadas).
Penetrar nos mistérios da região temporal relacionado à percepção e
identificação dos sons onde os reconhece por completo (área temporal verbal)
possibilitando a produção dos sons para que possamos fonar as letras. Não
esquecer a região occipital, que abriga como uma de suas funções o
coordenarem e reconhecer os objetos, assim como o reconhecimento da
palavra escrita.
Assim, cada órgão se conecta e interliga-se no processo, onde cada
estrutura com seus neurônios específicos e especializados desempenham um
papel na base do Aprender.
Estudos na área Neurocientífica centrados no manejo do aluno em sala
de aula nos esclarece que o processo aprendizagem ocorre quando dois ou
mais sistemas funcionam de forma inter-relacionada (conectada). Assim
podemos entender como é valioso aliar a música, os jogos, e movimentos em
atividades escolares e ter a possibilidade de trabalhar simultaneamente mais
de um sistema: auditivo, visual e até mesmo o sistema tátil com atividades
lúdicas, esportivas, e todos os movimentos surgindo de dentro para fora
(psicomotricidade), desempenho este que leva-nos ao Aprender.
117
Pode-se então inferir, desta forma, que o uso de estratégias adequadas
em um processo de ensino dinâmico e prazeroso provocará
consequentemente alterações na quantidade e qualidade destas conexões
sinápticas melhorando assim o funcionamento cerebral, de forma positiva e
permanente, com resultados satisfatórios e eficazes.
O grande desafio dos educadores é viabilizar uma aula que “facilite” esse
disparo neural, este gatilho, a sinapse e o funcionamento desses sistemas,
sem que necessariamente o professor tenha que saber como lidar
individualmente com cada aluno. Quando ciente da modalidade de
aprendizagem do aluno, o professor saberá quais e melhores estratégias
utilizar e certamente fará uso desse meio facilitador no processo Ensino –
Aprendizagem.
Outra descoberta é que através de atividades prazerosas e desafiadoras
o “disparo” entre as células neurais acontece mais facilmente: as sinapses
fortalecem-se e as redes neurais são estabelecidas com mais rapidez
(velocidade sináptica).
118
www.psiqweb.med.br
Mas como desencadear isso em sala de aula? Como o professor pode
ajudar nesse “fortalecimento neural”?
Todo ensino desafiador ministrado de forma lúdica tem esse efeito: aulas
dinâmicas, divertidas, ricas em conteúdo visual e concreto, onde o aluno não é
um mero observador de o seu próprio saber o deixam “literalmente ligado”,
plugado.
O conteúdo antes desestimulador e cansativo para o aluno é substituído
por um professor com nova roupagem que propicia novas descobertas, novos
saberes; é dinâmico, flexível, plugado em uma área informatizada, aonde a
cada momento novas informações chegam ao mundo desse aluno. Professor e
aluno interagem ativamente, criam, viabilizam possibilidades e meios de fazer
esse saber, construindo a aprendizagem com todas as rotas: auditivas, visuais,
táteis e neste universo cheio de informações, faz-se a nova Educação e um
novo modelo de Aprender.
Uma aula enriquecida com esses pré-requisitos é envolvente e dinâmica:
é o saber se utilizar de possibilidades onde conhecimento Neurocientífico e
Educação caminham lado a lado.
Mas como isso é possível? O que fazer em sala de aula?
119
A seguir algumas sugestões adotadas:
Estabelecer regras para que haja um convívio harmonioso de todos em sala de
aula, onde alunos sejam responsáveis pela organização, limpeza e utilização
dos materiais. Ao opinar e criar regras e normas adotadas, eles se sentirão
responsáveis pela sala e espaço escolar.
Utilizar materiais diversificados que explorem todos os sentidos. Visual: mural,
cartazes coloridos, filmes, livros educativos; Tátil: material concreto e objeto de
sucata planejado. Há uma riqueza de sites na internet que nos disponibilizam
atividades produtivas e prazerosas. A criatividade aflora e a aula torna-se muito
divertida; Auditivo: música e bandinhas feitas com material de sucata, sempre
com o conteúdo pedagógico inserido nelas. A criação de músicas e paródias
sobre conteúdos é uma forma muito divertida de aprender. Talentos
apareceram em salas de aula. E quem não gosta de cantar? Aulas com
dinâmica treinam as memórias de curto prazo e a auditiva (elas são
trabalhadas em áreas hipocampais) e assim retidas em memória de longo
prazo, efetivando o Aprendizado.
O cantinho da “leitura” é um pedaço de criar ideias, deixar o “Novo” entrar na
mente, através dos signos e símbolos. (Significados e significante)
Estabelecer rotinas onde possam realizar trabalhos individuais, em dupla, em
grupos (rotinas estabelecidas reforçam comportamentos assertivos e
organização). O trabalho em equipe é relevante, ativa as regiões límbicas
(responsáveis pelas emoções) e como sabemos o aprender está ligado à
emoção, e a consolidação do conteúdo se faz de maneira mais efetiva
(hipocampo).
Trabalhar o mesmo conteúdo de várias formas possibilita aos alunos “mais
lentos” oportunidades de vivenciarem a aprendizagem de acordo com suas
possibilidades neurais. Dê aos mais rápidos atividades que reforcem ainda
mais esse conteúdo, mantendo-os atentos e concentrados para que os alunos
120
em processos mais lentos não sejam prejudicados com conversas e agitação
do outro grupo de crianças.
A flexibilidade em sala de aula permite uma aprendizagem mais dinâmica
e melhor percebida por toda a classe. O professor que administra bem os
conflitos em sala de aula possui “jogo de cintura” e apresenta o conteúdo com
prazer, mantendo seus alunos “plugados”, com interesse em aprender mais,
movidos pela novidade: o prazer faz uma internalização de conceitos de
maneira lúdica e eficaz.
Desta forma, somos sabedores deste mecanismo neural que impulsiona a
aprendizagem, das estratégias facilitadoras que estimulam as sinapses e
consolidam o conhecimento, da magia onde cada estrutura cerebral interliga-
se para que todos os canais sejam ativados. Como numa orquestra
afinadíssima, onde a melodia sai perfeita, de posse desses conhecimentos e
descobertas, será como reger uma orquestra onde o maestro saberá o quão
precisamente estão afinados seus instrumentos e como poderá tirar deles
melodias harmoniosas e perfeitas.
A Neurociência veio para ser grande aliada do professor na atualidade,
em identificar o individuo como ser único, pensante, atuante, que aprende de
uma maneira pessoal, única e especial. Desvendar os segredos que envolvem
o cérebro no momento do Aprender, facilita nosso professor.
Surge um novo professor Neuroeducador, a buscar conhecimento sobre
como se processam a linguagem, memória, esquecimento, humor, sono,
medo, como interagimos com esse conhecimento e conscientemente envolvido
na aprendizagem formal acadêmica. Em posse desses novos conhecimentos é
imprescindível desenvolver uma pedagogia moderna, ativa, contemporânea,
que capacite o professor, para formar novos alunos às exigências do
aprendizado em nosso mundo globalizado, veloz, complexo e cada vez mais
exigente.
Conceitos como Neurônios, Sinapses, Sistemas Atencionais, (que
viabilizam o gerenciamento da aprendizagem), Mecanismos Mnemônicos
121
(consolidação das memórias), Neurônios Espelho (que possibilitam na espécie
humana progressos na comunicação e compreensão no aprendizado),
Plasticidade Cerebral (ou seja, o domínio de como o cérebro continua a
desenvolver-se e a sofrer mudanças) serão discutidos por neurocientístas,
neuropedagogos e família. A sala de aula será palco da ciência e neurociência,
onde o educador domina os processos do cérebro para Aprender, e assim
possibilita criar novas estratégias para Ensinar.
Através desta Neurociência, os transtornos comportamentais e de
aprendizagem passam a ser vistos e compreendidos com clareza pelos
educadores, que aliados a esta novidade educacional encontram subsídios
para a elaboração de estratégias mais adequadas a cada caso. Um professor
qualificado e capacitado, com método de ensino adequado e uma família
facilitadora dessa aprendizagem são fatores para que todo o conhecimento
que a Neurociência nos viabiliza seja efetivo, interagindo com as
características do cérebro de nosso aluno e do professor. Esta nova aliada
habilita o educador a ampliar suas atividades educacionais, abrindo uma nova
rota no campo do aprendizado e da transmissão do saber, cria novas faces do
Aprender, consolida o papel do educador, como um mediador e o aluno como
participante ativo do pensar e aprender.
Origem: Vera Lucia de Siqueira Mietto
A educação tem de surpreender, cativar, conquistar, encantar,
entusiasmar, seduzir a todo o momento, fazendo que o conhecimento se
construa com atividades que excitem a curiosidade, a imaginação, à
criatividade.
O aluno precisa aprender a ser feliz e descobrir o prazer de aprender; os
educadores também devem cultivar bons sentimentos, para poder transmitir,
estimular e contagiar suas crianças, gerando entusiasmo e desejo em
aprender.
Os professores não devem abandonar suas práticas pedagógicas de
como ensinar baseado em suas experiências e estudos e sim, complementar
122
com os avanços da Neurociência para melhoria do seu trabalho com suas
crianças.
3.2. - EM BUSCA DE UMA METODOLOGIA DIFERENCIADA
3.2.1 - A importância das novas tecnologias para a educação
infantil
A tecnologia sempre existiu, é só fazer um retrospecto histórico na
evolução da espécie humana. O homem, por meio de suas invenções e
criações, desenvolveu e criou diferentes ferramentas para viver neste planeta.
Agora o que não se pode negar é a velocidade como as informações
chegam hoje em dia e principalmente de que maneira ela é processada,
decodificada e armazenada, ou seja, a maneira como se cria o discernimento,
relacionando-se com consciência, escolhas, decisões e inteligências.
Lápis e papel, numa época em que esses eram os utensílios disponíveis
para escrever, tanto na escola como fora dela. Com o passar do tempo
chegaram outros recursos tecnológicos que são importantes aliados na
educação de qualidade, pois proporcionam ao aluno da educação infantil,
assim como em outros níveis de ensino, um aprendizado mais solto e alegre,
tornando agradável seu período da escola.
O profissional da educação é criativo e inteligente e já utiliza os recursos
tecnológicos disponíveis em sua escola há muito tempo. Quando se fala em
recursos tecnológicos para a educação infantil, ou outros níveis de ensino se
deve considerar o contexto de cada época, sendo que constantemente
melhorias são inseridas na vida das pessoas, com a invenção de novos
aparatos tecnológicos, sendo então introduzidos no ambiente escolar.
Cada época teve seu avanço tecnológico, o stencil e o mimeógrafo fez
muito sucesso no passado. Pode-se lembrar dos primeiros computadores e as
impressoras matriciais, que apesar de barulhentas eram muito úteis, e agora
os sofisticados equipamentos de informática com impressoras de alta
qualidade para imprimir atividades, provas e exercícios a um custo acessível.
123
Outro aparato tecnológico de grande importância foi à invenção das
máquinas de fotocópias, habitualmente chamadas de "xerox", que ainda
reinarão por muito tempo, devido à facilidade de uso e queda no valor unitário
por cópia.
“O uso da tecnologia no aprendizado infantil permite desenvolver
diferentes e ricas estratégias, permitindo aos alunos que aprendam de maneira
lúdica, dinâmica e prazerosa, respeitando seus limites e individualidades”.
Muitos são os recursos tecnológicos que podem ser utilizados em uma
sala de aula, como computadores, notebooks, lousas interativas,
apresentações multimídia, mesas educacionais de alfabetização interativas,
dentre outros.
Um fato a ser ressaltado é a capacitação para usar os recursos
tecnológicos aliados à educação, pois de nada adianta haver tecnologia sem
profissionais qualificados para usá-la, cabendo aos órgãos governamentais e
privados oferecerem os meios necessários, como capacitações e cursos, para
que os professores aprendam a usar as novas tecnologias em benefício do
aluno.
http://www.sol.eti.br
124
http://1.bp.blogspot.com
O uso das tecnologias na educação é inexorável nesta nova era em que
vivemos. Computadores, tabletes e celulares, já se disseminaram entre a maior
parte dos estudantes no mundo. “É preciso aliar a tecnologia aos conteúdos
trabalhados em sala e fora dela, gerando interesse e novas oportunidades de
aprendizagem”.
Lembre-se que muitos podem ser os recursos tecnológicos disponíveis
para usados na educação infantil, porém nada substituirá um professor
valorizado, criativo e feliz executando um bom trabalho com seus alunos.
3.2.2 - Aplicabilidade dos jogos na Educação Infantil
Piaget, Walon e Vigotsky veem no jogo, de modo geral, o início de
todo o desenvolvimento infantil, já que é natural desse período e deve ser
respeitado e aceito pelo professor. É através da atividade lúdica que a criança
explora e interage com o mundo externo internalizando suas regras.
A fim de facilitar o entendimento do jogo para Piaget, Wallon e Vigotsky,
segue um quadro comparativo onde figura o conceito de jogo para cada um e o
que compreendem por egocentrismo e pelo próprio jogo simbólico.
125
Teóricos Conceito de Jogo Noção de Egocentrismo Jogo
Imitação
Ficção
simbólico
Piaget prolonga as ações
vividas de acordo com
a evolução do
pensamento
da realidade.
jogo-sensório
- simbólico
- regras
a fase egocêntrica da
criança é orientada para si
(não se coloca do ponto de
vista do outro)
a fala da criança é sem
interesse no interlocutor,
sem tentativa de
comunicação (trajetória de
dentro para foras).
ocorre a partir dos 2
anos até 6/7 anos
linguagem
(contato prático).
egocêntrico parte
dos esquemas
sensório- motores.
consiste em
satisfazer o EU por
meio da
transformação do
real imagem
percebe e assimila o
mundo.
Wallon Base: acomodação
postural
imagem
explorar o mundo
jogos – funcionais
- ficção
- aquisição
- construção
o egocentrismo se dá
através da demonstração
do estado de indiferença
em que se encontra a
criança no início do seu
desenvolvimento.
são as brincadeiras
do “faz de conta”
descoberta do
mundo exterior.
Vigootsky conduta de imitações
reais campos
simbólicos (a partir
dos 3 anos)
dos 0 aos 3 anos
brincadeiras.
zona de
desenvolvimento
proximal
a ocorrência da fala
egocêntrica esta
profundamente relacionada
a fatores sociais.
a fala egocêntrica é um
estágio transicional no
desenvolvimento da fala
interna (para si) para fala
externa (outro)- (trajetória
de fora para dentro).
a partir dos 3 anos
antes não
existe.
abre espaço para o
pensamento abstrato
a criança absorve o
mundo exterior
papéis e
regras.
Origem: Kamii, C.e Devriès- Jogos em grupo na
educação Infantil S.P: Trajetória Cultural, 1991
126
Observando o quadro verifica-se que Wallon e Vigotsky têm em comum,
além da imitação como base das atividades mentais (jogos), a noção de que
egocentrismo não faz parte do desenvolvimento da criança, pois destacam a
socialização e a linguagem como fontes primordiais do processo interativo da
criança com o adulto. Neste aspecto ocorre uma diferença entre os dois
autores e Piaget, que considera o comportamento egocêntrico também na
atividade simbólica.
Piaget, Wallon e Vigotsky veem no jogo, de modo geral, o início de todo
o desenvolvimento infantil, já que é natural desse período e deve ser
respeitado e aceito pelo professor. É através da atividade lúdica que a criança
explora e interage com o mundo externo internalizando suas regras.
O jogo é fundamental na formação da criança, porém é imprescindível
entender que a definição do jogo não é a presença de regras. O que define o
jogo é a antecipação de estratégia. Desta forma, quando a criança tem que
pensar pela cabeça do outro e, ao mesmo tempo, ela tem de pensar como sua
ação pode bloquear a do outro, ela está fazendo raciocínio lógico, isto é
antecipação de estratégia e é muito positivo. No entanto, só após três anos, é
que a criança consegue ir se sensibilizando para o jogo. Antes, isto é
impossível.
Já no caso dos jogos cognitivos, eles desenvolvem o raciocínio lógico e
são extremamente positivos, os jogos de encaixe são excelentes pedidas para
esse caso. Mas, os jogos afetivos são os mais complexos para as crianças,
pois requer socialização, participação em duplas ou com mais amigos, divisão
de tarefas, e isto custa muito para as crianças que ainda não estão
socializadas. Estes jogos por serem os mais complexos precisam de maior
apoio por parte do professor. São eles dança das cadeiras, duro e mole, cabra
cega, dentre outros.
As regras não são especificidades de jogo, a atividade física tem regra,
as brincadeiras infantis têm regras, as atividades lúdicas têm regras e os jogos
também têm regras. As regras delimitam e organizam um jogo, mas elas
127
podem e devem ser revistas, adaptadas e, até mesmo, mudadas ou retiradas
antes do jogo começar. Isto é importante para que elas também testem coisa,
experimentem e façam novas propostas. É saudável mudar regras, porém,
antes do jogo começar.
http://imguol.com
No jogo, muito mais importante que perder ou ganhar é participar. O
jogo vale pela presença, participação, interação e pelo faz de conta. É o
encantamento da presença do outro, que pode ser melhor ou pior que eu, que
me faz ficar louco de vontade de jogar sempre. Além disto, o jogo testa nossos
equilíbrios humanos. Só há crescimento se houver perda, já nos ensinava
Wallon.
128
CONCLUSÃO
O estudo sobre o funcionamento do cérebro está sempre evoluindo, a aprendizagem é basicamente através da memória, pois sem memória não há aprendizagem. Os achados da área da Neurociência ligados ao processo de aprendizagem trazem uma mudança para o meio educacional. A Neurociência da Aprendizagem é o estudo de como o cérebro aprende, é o entendimento de processos neurais, redes que se estabelecem e formação de neurônios que se ligam e fazem novas sinapses.
A escola é o segundo grupo da escala social mais importante na vida das crianças, com isso, queremos provocar uma aproximação maior da Neurociência e a Pedagogia.
Acredita-se que com este trabalho pode-se levar à reflexão o desejo de se resgatar valores tão imprescindíveis a uma vida saudável emocionalmente e as relações professor-aluno, família-escola e escola- comunidade em que vive, colaborando para uma boa formação da criança de forma mais prazerosa e satisfatória com estratégias adequadas.
Os afetos se expressam nos desejos, sonhos, expectativas, palavras e gestos que cada ser humano nutre ao longo da vida, já os vínculos afetivos se tornam cada vez mais condição essencial para o crescimento e o desenvolvimento global da criança, tornando a cada dia a educação mais abrangente, onde deve se preocupar com o educando de uma forma total, respeitando a vida da criança em todas as suas dimensões.
Assim, o desenvolvimento integral da criança só se torna possível com a união do conteúdo escolar e da vivência dela em outros espaços de aprendizagem, pois a relação educativa entre aprendizagem e afetividade só se dá se levar em conta que educar é ensinar a criança a pensar sozinha, a agir de forma emocionalmente sadia para que haja uma circulação não só do conhecimento e do saber, mas que lhe proporcione bem estar e mostrar a sua capacidade de pensar, agir e interagir.
129
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130
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WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Rio de Janeiro: Andes, s/d.
ZABALZA. Miguel. Qualidade na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed,
1998.
131
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO
AGRADECIMENTO
DEDICATÓRIA
RESUMO
METODOLOGIA
DELIMITAÇÃO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - NEUROCIÊNCIA E NEUROPEDAGOGIA
1.1- NEUROCIÊNCIA 09
1.1.1- O que é Neurociência? 09
1.1.2 - O que nos fala a Neuropedagogia 18
1.2 - CONHECENDO OCÉREBRO HUMANO 20
1.2.1- Áreas cerebrais e suas funções 20
1.3 - COMO O CÉRBRO FUNCIONA PARA A APRENDIZAGEM 22
1.3.1 - Neuroplasticidade cerebral e aprendizagem 22
1.4 - O PAPEL DAS EMOÇÕES 26
1.4.1 - Como se processa emoção e aprendizagem 26
CAPÍTULO II - NEUROCIÊNCIA E APRENDIZAGEM
2.1 – APRENDIZAGEM 34
2.1.1 - Afetividade, cognição e aprendizagem 34
2.1.2 - Atenção & Memória 41
2.1.3 – Linguagem 48
2.1.4 - Motricidade & Criatividade 50
2.1.5 - Sensação, percepção e imagens mentais 61
2.1.6 - Importância do sono e do repouso para criança 76
2.1.7 - Medo e o humor 88
2.1.8 – Nutrição 95
132
CAPÍTULO III - NEUROCIÊNCIA DIALOGANDO COM A EDUCAÇÃO INFANTIL 3.1- NEUROCIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 101
3.1.1 - Pressupostos e teóricos da aprendizagem 101
3.1.2 - Porque precisamos atualizar a infância 110
3.1.3 - Novo olhar do professor (a) para a educação infantil 112
3.2 - EM BUSCA DE UMA METODOLOGIA DIFERENCIADA 121
3.2.1 - A importância das novas tecnologias para a educação
infantil 121
3.2.2 - Aplicabilidade dos jogos na Educação Infantil 123
CONCLUSÃO 127
BIBLIOGRAFIA 128
ÍNDICE 130