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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A EVOLUÇÃO DO GRAFISMO NA PRÉ-ESCOLA E SUAS CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO Por: SILVIA REGINA FLORIDO DE SOUZA RIBEIRO Orientador Profª. Ms. Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A EVOLUÇÃO DO GRAFISMO NA PRÉ-ESCOLA E SUAS

CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Por: SILVIA REGINA FLORIDO DE SOUZA RIBEIRO

Orientador

Profª. Ms. Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro

2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A EVOLUÇÃO DO GRAFISMO NA PRÉ-ESCOLA E SUAS

CONTRIBUIÇÕES NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO

Apresentação de monografia à Universidade Cândido

Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso

de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Educação Infantil e

Desenvolvimento

Por: . Silvia Regina F. S. R.

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AGRADECIMENTOS

À Deus especialmente, que foi o meu

amparo durante toda esta caminhada, aos

professores e amigos do curso, e

carinhosamente à minha orientadora Mary

Sue.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha mãe que mesmo

distante esteve sempre presente nesta minha

caminhada, ao meu marido e meu filho pelo

incentivo, apoio, estímulo, paciência e pela

compreensão das minhas ausências.

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RESUMO

O objetivo deste trabalho é desenvolver um estudo da evolução da escrita e suas

transformações até os dias atuais. Com isso procuramos demonstrar, através dos teóricos

apresentados no decorrer do estudo, a importância das pesquisas sobre o

desenvolvimento humano, os processos de aprendizagem e a própria criança em sua fase

inicial da escrita. Nossa intenção foi buscar respostas para questões presentes no nosso

cotidiano como educadores, e captar esclarecimentos voltados para explicar o processo

pelo qual a criança constrói o conhecimento da língua escrita. Assim sendo, desejamos

justificar a importância das primeiras tentativas de comunicação escrita e sua grande

importância para a aquisição das ferramentas de leitura e escrita. A pesquisa ora

apresentada é de cunho bibliográfico, onde centramo-nos nos estudos de Piaget,

Vygotsky, Ferreiro, Freinet entre outros autores citados ao longo do trabalho. Assim,

conforme será visto, trata-se de um trabalho que pretende demonstrar, através dos

estudos e experimentos dos teóricos apresentados, uma nova perspectiva que contribui

para dar um novo sentido para o trabalho pedagógico promovendo uma maior

compreensão da processo de aquisição da língua escrita. Investigar e compreender a

influência do grafismo é um dos caminhos para dar um bom desempenho na

alfabetização.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada para a realização deste trabalho foi a revisão

bibliográfica, e a coleta de produções infantis.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A História da Escrita 11

CAPÍTULO II - O Papel do professor como

mediador no processo de aprendizagem 15 CAPÍTULO III - O pensamento de alguns teóricos

e suas contribuições para o estudo do

desenvolvimento da escrita 19

CAPÍTULO IV – As fases do desenvolvimento

do Grafismo 34

CONCLUSÃO 42

ANEXOS 45

BIBLIOGRAFIA 46

ÍNDICE 49

FOLHA DE AVALIAÇÃO 50

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INTRODUÇÃO

Nos dias atuais, a sociedade contemporânea na qual vivemos, tem como uma das

principais características o uso da linguagem escrita como forma de comunicação.

Além de possibilitar a comunicação entre as pessoas, a linguagem escrita é

também instrumento de registro da história, das descobertas e das paixões dos homens.

Logo, ela é fonte de conhecimento e cumpre, desta forma, sua função social.

Partindo desta idéia, este trabalho pretende demonstrar através de dados

recolhidos, no nosso caso, desenho e escritas sobre os mesmos, o processo de

construção e aquisição da língua escrita pela criança como sistema representativo,

principalmente, no que se refere às etapas iniciais deste processo.

Para realização deste trabalho de pesquisa foram recolhidos dados e

contribuições que serão analisados, através de fundamentação teórica sobre estudioso,

tais como: Emília Ferreiro, Jean Piaget, Freinet, Vigotsky e Paulo Freire.

De acordo com a nossa pesquisa pretendemos demonstrar que os estudiosos aqui

citados, não pensaram em métodos de alfabetização, entretanto seus estudos esclarecem

o processo de aprendizagem, da escrita e da leitura que durante muito tempo

permaneceu sombrio.

Além dos objetivos explicitados acima, utilizando as teorias e pesquisa dos

autores, pretendemos relacionar o papel do professor na mediação da aprendizagem e

investigar qual a sua contribuição para a construção escrita e crianças da pré-escola.

Buscando respostas para questões presentes no cotidiano das crianças que vivem

(ou não) em um mundo letrado e, sinalizando referências através de fundamentação

teórica dos autores citados, fixamos nosso ponto de estudos sobre o desenvolvimento do

grafismo como ferramenta para o processo de aquisição da escrita na Pré-escola até a

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Alfabetização; as fases de desenvolvimento abstrato pesquisadas por Piaget; a influência

do meio ambiente e da socialização citados por Vigotsty; as etapas de aquisição da

escrita, onde Emília Ferreiro sinaliza em cinco níveis e cinco as fases da aquisição da

escrita e da leitura.

Segundo os estudos de Ferreiro:

“a criança se vê continuamente envolvida, como agente

observador, no mundo letrado. [...] se pensarmos que a escrita

remete de maneira óbvia e natural a linguagem, estaremos

supervalorizando as capacidades, que podem estar, longe de ter

descoberto sua natureza fonética [...]. A criança que nasce em

um meio letrado está exposta a influência de uma séria de

ações. E quando dizemos ações neste contexto, queremos dizer

interações através das interações adulto / adulto, adulto /

criança e criança entre si criam-se as condições para a

inteligibilidade dos símbolos.” (FERREIRO,1981, p.59-61)

Para melhor compreensão do processo de aquisição da escrita e da leitura é

importante que se leve em conta o que se conhece sobre o desenvolvimento cognitivo da

criança.

Assim pretendemos também investigar e compreender como ocorre o processo

de evolução da escrita nas séries iniciais até a classe de Alfabetização, o que ocorre mais

ou menos, aos seis anos.

Pretendemos ainda com este trabalho, prosseguir um estudo sobre o mestre

Freinet, estudo este iniciado em nossa graduação. Neste presente trabalho, faz-se

necessário um capítulo destinado as fases do desenvolvimento do grafismo infantil, ao

qual nosso mestre nos traz importantes contribuições.

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Como disse Freinet:

“A educação não é uma fórmula de escola, mas sim uma obra

de vida [...]. É já na semente, ou no broto, que o jardineiro

prudente cuida e prepara o fruto que virá. Se esse fruto é

doente, é porque a própria árvore que o gerou estava enferma e

degenerada. Não é do fruto que se deve tratar, mas da vida que

o produziu. O fruto será o que fizerem dele o solo, a raiz, o ar e

a folha. E deles que devemos cuidar, se quisermos enriquecer e

garantir a colheita.” (FREINET,1988, p.7)

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CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DA ESCRITA

O que é a escrita?1

Antes de qualquer abordagem mais atualizada sobre a escrita, é preciso fazer

uma breve retrospectiva na história da humanidade, procurando a origem remota da

escrita como processo de comunicação humana.

A utilização da escrita para o registro do saber produzido pelo homem é

acompanhada por uma transformação gradativa nos mesmos mecanismos de

transmissão do conhecimento. Inicia-se, então na Pré-história um processo de

acumulação do saber, gerando a possibilidade de criação de novos conhecimentos a

partir do que já era disponível. Se, de início, a escrita é apenas um suporte gráfico de

memória auditiva, a palavra é retirada do seu universo sonoro e transformada em

representações escritas.

Diante dos pequenos caracteres de nossas letras, sejam eles de imprensa ou

manuscritos, fica difícil, no entanto, imaginar como estes símbolos gráficos evoluíram

através de história humana. Como surgiram? Podemos falar “invenção” de escrita?

Na realidade esta, como muitas invenções do gênio humano, pode ser

considerada, como um aprimoramento de algo que já era anteriormente conhecido.

Infelizmente não conhecemos o nome de nenhum dos autores das reformas mais

importantes da história da escrita, seus nomes, como tantos outros que contribuíram

para as melhorias essenciais a vida, permaneceram para sempre no anonimato da

Antigüidade.

1 Fonte do histórico: Barbosa, José Juvêncio. Alfabetização e leitura. São Paulo: Cortez,1994.

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O homem, através dos tempos, vem buscando comunicar-se com gestos,

expressões e com a fala. A escrita tem origem no momento em que o homem aprende a

comunicar seus pensamentos e sentimentos por meios de signos que sejam

compreensíveis por outros homens que possuem idéias sobre como funciona esse

sistema de comunicação.

Podemos dizer que a pintura foi um grande antecedente da escrita. Esta era

inicialmente dirigida por um impulso estético. À medida que os desenhos passam a

transmitir, a comunicar fatos e idéias, os aspectos artísticos deixam de ser relevantes.

A pintura, o desenho passam a ser utilizados como símbolos, como auxílio para

identificar uma pessoa ou um objeto. Passam a ser mais estereotipados, sem

preocupação de detalhes minuciosos. Nesta fase, a pintura, os desenhos não tem ligação

direta alguma com o idioma, com a fala que e expressa idéias de maneira auditiva e não

visual.

A descrição evolui para uma etapa de escrita mnemônica ou representativa, isto

é, o mesmo desenho representa sempre o mesmo objeto ou ser para todos os homens

que compreendem esse sistema de representação.

O homem passa a fazer registro para a posteridade usando símbolos semelhantes

aos usados por outros homens, empregados com o auxílio da memória. De individual, o

símbolo adquire características sociais. Isto constitui fator fundamental para o

desenvolvimento da escrita.

A etapa mnemônica segue a logografia (tipo de enigma ou adivinhação em

seqüência das letras de uma palavra que deve ser alterada para se chegar à coisa certa),

ou seja, um desenho do sol significa “sol”, mas também “brilhante”, “branco” ou “dia”.

A mesma representação assume significados associados ainda desligados do idioma, da

fala, do oral.

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A mais primitiva escrita era ideográfica, isto é composta de sinais que

representavam idéias e não palavras. Assim, o desenho de um pé humano significa “pé”,

caminhar, estar em pé, ou se houver algum sinal adicional passa a significar “apressar-

se”, “carregar-se”, “alicerce”.

A escrita é considerada um marco de passagem da pré-história para a história. É

principalmente a partir do registro escrito que se recompõe a forma de vida de um povo

em uma determinada época.

O passo decisivo para o complexo desenvolvimento da escrita vai ser dado pelos

sumérios. A Suméria é considerada o berço da escrita. O primeiro registro que se

conhece é uma lápide, encontrada nos alicerces de um templo em Al Ubaide na região

Mesopotâmica. O construtor do templo escreveu nela o nome do seu rei: “Esse rei

pertenceu à dinastia entre 3.150 e3.000a.C”.

Por volta de 3.100a.C., a organização do Estado e da economia dos

sumérios tornou imprescindível o registro exato das mercadorias transportadas do

campo para a cidade e vice-versa. A questão que se colocou foi a de como registrar os

nomes das pessoas e das mercadorias de forma exata, associativa, ou logográfica. Foi

assim que a escrita sumérica evoluiu de logográfica para escrita cuneiforme, passando a

representar os nomes por desenhos dos sons desses nomes. Isto constitui uma evolução

para um sistema de escrita mais complexo, no qual o signo passa a ter valor fonético,

independente do significado: o signo torna-se palavra, a escrita vincula-se a língua oral.

Por exemplo, a palavra discórdia, que antes era representada por duas mulheres

brigando (representação ideográfica da idéia), passa a ser representada por uma mulher e

uma corda e, finalmente, por disco e uma corda (disco + corda), ligando-se à expressão

fonética. O desenho é dos sons, a representação passa a ser dos sons e não mais do

significado.

Os sumérios desenvolveram o que é conhecido por “escrita cuneiforme”. Os

cuneiformes são sinais gráficos em forma de cunhos, traçados em tijolos de argila por

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meio de instrumentos de metal. Esses sinais são em parte silábicos. A representação

gráfica (desenhada) dos sons chamamos de hieróglifos (do grego hiero = sagrado,

ghiphim = escultura, gravação, era desta forma que os gregos denominavam a escrita

egípcia).

Com a introdução do sistema de fonetização, abrem-se enormemente os

horizontes para os registros escritos. Os signos passam a ter valores silábicos

convencionais: convenção de forma e de princípios. Os signos foram normatizados, para

que todos os desenhassem da mesma forma; estabeleceram-se correspondência entre

signos, palavras e sentidos; escolheram-se os signos com valor silábico definidos;

definiram-se regras quanto à orientação da direção dos signos, à forma e seqüência e

linhas. A seqüência dos signos passou a seguir a mesma seqüência da linguagem falada.

Houve, portanto, uma alteração significativa nas convenções do sistema representativo.

A formalização da escrita exigiu não só estabelecimento de regras, como também a

aprendizagem efetiva das formas e princípios da escrita.

CAPÍTULO II

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O PAPEL DO PROFESSOR COMO MEDIADOR DA

APRENDIZAGEM

Neste capítulo o professor será apresentado como elemento mediador do

processo de aquisição da língua escrita. A partir do posicionamento do mesmo, o aluno

constrói hipóteses relevantes que auxiliarão a construção da leitura e escrita. Para tal

passamos a perguntar: professor qual a sua contribuição para a construção da escrita e

da leitura?

Segundo Curto (2000), “As crianças não aprendem espontaneamente, nem por

si mesmas. Aprendem reflexivamente, porque alguém as põe em situação de pensar”

(p.92).

Portanto, o ofício de professor requer muito conhecimento para aprender a

ensinar. Uma grande quantidade de idéias, uma grande habilidade nos procedimentos e

nas estratégias de ensinar e lidar com os alunos e atitudes corretas, valores, hábitos e

condições pessoais para o ensino.

Cabe ao professor criar algumas condições para que as crianças possam, aos

poucos ir apropriando-se da escrita, fazendo suas próprias hipóteses e sem necessidades

de exercícios repetitivos de cópias de listas de palavras com repetição silábica e sem

significado. Assim, para Paulo Freire (1992), “A leitura do mundo precede a leitura da

palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da

leitura daquele” (p.11).

Emília Ferreiro (1981) e seus colaboradores consideram que a escrita, como toda

representação, baseia-se em uma construção mental que cria suas próprias regras:

“Escrever não é transformar o que se ouve em forma gráfica, assim como ler não

equivale a produzir com a boca, o que o olho reconhece visualmente”. (p.55).

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Se a Alfabetização é um trabalho com a linguagem, entendemos que o professor

precisa desempenhar um papel diferente daquele desempenhado pelos adultos que com

elas convivem diariamente. Na família, o adulto intervém ocasionalmente e, em geral,

quando solicitado na escola, a ação do Alfabetizador é intencional e explícita, ele

proporciona a criança um contato sistemático com a escrita padronizada, que

entrecruzando-se com suas elaborações iniciais acaba por substituí-las.

De acordo com Vygotsky (1984), a linguagem é uma prática social própria de

membros de uma sociedade letrada. Nesse sentido, a elaboração da escrita, pela criança

tem início nas suas relações sociais (cotidianas e escolarizadas), contando sempre com a

participação do outro.

Nas sociedades letradas, como a nossa, a escrita vai sendo gradativamente

apontada e destacada para as crianças pelos adultos leitores. Neste momento, o papel do

professor é muito importante, pois ele é o adulto que está preparado e poderá

proporcionar atividades direcionadas com o objetivo de uma aquisição responsável e

consciente da linguagem escrita.

Para um trabalho efetivo do domínio da linguagem escrita, deve ser tecido um

trabalho de relação entre professor e alunos para que nessa relação o professor possa ter

autonomia de intervir no momento certo, fazendo o aluno elaborar com ajuda, o que, só

mais tarde, poderá fazer sozinho. A esse mecanismo de interação Vygotsky chama de

zona de desenvolvimento proximal.2

2 Os indicadores do desenvolvimento proximal seriam as soluções que as crianças conseguem atingir com a orientação e a colaboração de um adulto ou de outra criança. (Vygotsky, L.S. A formação Social da mente. São Paulo, Martins Fontes, 1984).

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Segundo a análise de Vygotsky, o aprendizado ( a atividade interpessoal)

precede e impulsiona do desenvolvimento, criando zonas de desenvolvimento proximal,

ou seja, processos de elaboração compartilhada, “aquilo que a criança é capaz de fazer

com a ajuda de alguém hoje, ela conseguirá fazer sozinha amanhã”. (Vygotsky,1984,

p.97).

Entendemos que a contribuição do professor se faz como estimulador nesse

processo quando ele proporciona situações de aprendizagens por intermédio de

materiais escritos, situações concretas e significativas as quais permitam diversidade de

realizações sempre com proposta de reflexão da parte dos alunos e com muita

motivação, respeitando o ritmo individual de cada um.

Desde muito cedo, muito antes de saber ler , as crianças entram em contato com

as características da linguagem escrita, a partir das leituras que os familiares lhes fazem

de histórias, músicas, cartazes, etc... Portanto, um dos requisitos para ser um bom

alfabetizador é ser um bom leitor como enfoca a pesquisa de Curto (2000).

O professor, ao ler para as crianças, não apenas as põe em contato com textos

escritos, mas também lhes oferece um modelo de como se lê. Gostar de ler e saber ler

com entusiasmo para os alunos, dar vida aos personagens das histórias, dramatizando

seus gestos, variando a voz de acordo com o contexto das falas, e principalmente

escolhendo boas histórias para ler e mostrando as crianças que elas são escritas.

E a produção escrita?

As sondagens feitas por Emília Ferreiro (1991) indicam que até por volta dos 4

anos as crianças fazem perguntas do tipo “como se escreve?” ou “que se diz?”, ao

mesmo tempo que solicitam do adulto a leitura de histórias ou revistas.

De acordo com Ferreiro (1991), o educador precisa ter claro que a criança

primeiro aprende a escrever para só depois dominar a ortografia. Compreendemos que é

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louvável transmitir aos alunos a idéia de estabelecer relações entre leitura / escrita,

aprofundando e ampliando o domínio de leitura, dando condições, sendo pacientes com

processos específicos e intencional de organizar e propor situações para que ocorra

determinada aprendizagem. Muitas vezes a postura adotada pelo professor é marcada

pela ansiedade e impaciência ou pelo hábito de forçar as crianças a reconhecer e a copiar

com perfeição as letras do alfabeto. Estas atitudes contribuem apenas para retardar ou

até mesmo perturbar a evolução da apropriação da escrita pela criança.

Todo professor precisa ter um bom preparo profissional que garanta, entre outros

requisitos, o domínio do saber e do saber-fazer, isto é, da metodologia do processo

ensino–aprendizagem entendido como prática transformadora.

Durante a produção de textos, seja ele qual for, a criança deverá ser encorajada

para que aos poucos comece a escrever sozinha. Para isso, é importante que o professor

valorize todas as tentativas da escrita da criança.

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CAPÍTULO III

O PENSAMENTO PEDAGÓGICO DE ALGUNS

TEÓRICOS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O ESTUDO

DO DESENVOLVIMENTO DA ESCRITA

Este capítulo trará a contribuição de alguns teóricos como Jean Piaget, Emília

Ferreiro e Vygotsky que ao longo dos anos pesquisaram e contribuíram do processo de

aquisição da linguagem escrita.

Há anos, o desenvolvimento científico e a organização social têm propiciado

condições para debate sobre conhecimento humano. Concepções diversas surgiram

buscando explicá-la, chegando-se a conclusão de que só se conhece o que se

compreende, não há conhecimento neutro, independe do objeto. O sujeito interage com

o objeto, o analisa, entende e reconstrói.

Para verificar esses pressupostos, serão apresentados, abaixo, alguns teóricos e

seus conceitos de homem, mundo, conhecimento, educação e ensino – aprendizagem.

Dentre as diversas teorias do conhecimento, destaca-se a teoria do Psicólogo e

biólogo suíço, Jean Piaget (1896 – 1980), pela produção contínua de pesquisas, pelo

rigor científico de sua produção teórica e pelas implicações práticas de sua teoria

principalmente no campo da Educação.

Conforme Bee (2003), Piaget ao investigar o desenvolvimento cognitivo, parte

do pressuposto da interação entre a criança e o objeto a ser conhecido, sendo que o

objeto existe e se torna conhecido do sujeito através da atividade deste próprio sujeito, o

que acontece por aproximações sucessivas. Piaget estuda detalhadamente e enfatiza o

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papel ativo do sujeito na aproximação do objeto a conhecer, mas não detalha o papel do

meio no processo da aprendizagem.

Segundo Piaget, isso ocorre fundamentalmente por meio da ação do indivíduo

sobre o objeto. Ao agir sobre o meio, o indivíduo incorpora a si elementos que

pertencem ao meio. Através desse processo de incorporação, chamado por Piaget de

assimilação, as coisas e os fatos do meio são inseridos em um sistema de relações e,

adquirem significado para o indivíduo.

De acordo com Bee (2003), podemos citar como exemplo a idéia da leitura de

um texto, quando o fazemos estamos assimilando o que está escrito (objeto de

conhecimento), conforme vamos estabelecendo relações com as idéias e os

conhecimentos que já possuímos, as idéias e os conceitos que já possuímos, essas idéias

e conceitos já existentes são modificados por aquilo que lemos (assimilou). Esse

processo de modificação que se opera nas estruturas do indivíduos e chamado por Piaget

de acomodação.

Seguindo o curso da teoria de Piaget apresentamos um resumo de suas idéias-

chaves3 sobre como as crianças aprendem e crescem intelectualmente:

1- As crianças têm estruturas mentais diferentes dos adultos. Não são adultos

em miniatura, elas têm seus próprios caminhos distintos, para determinar a realidade

e para ver o mundo;

2- O desenvolvimento mental infantil progride, através de estágios definidos.

Estes estágios ocorrem numa seqüência fixa – uma seqüência que é a mesma para

todas as crianças;

3- Embora os estágios do desenvolvimento mental ocorram numa ordem fixa,

diferentes tipos de crianças passam de um estágio para outro em idades diferentes.

Além disso, uma criança pode estar num determinado estágio para alguma coisa, e

em outro estágio para outras.

3 Fonte: CHARLES, C.M; tradução [da] Professora Igeborg Strake Ed. Ao livro Técnico, 1975.

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4- O desenvolvimento mental é influenciado por quatro fatores inter-

relacionados:

a) Maturação – Amadurecimento físico, especialmente do sistema nervoso central;

b) Experiência – manipulação, movimento do pensamento sobre objetos e processos de

pensamento que os envolvem;

c) Interação social – jogo, conversa e trabalho com outras pessoas, especialmente

outras crianças;

d) Equilibração – o processo de reunir maturação, experiência e socialização de modo a

construir e reconstruir estruturas mentais.

Piaget, acredita que o desenvolvimento intelectual ocorre por meio de dois

atributos inatos aos quais chama de organização e adaptação. Ele diz que organização é

a construção de processos simples – como ver, tocar, nomear – em estruturas mentais de

ordem mais elevada. Um indivíduo compõe assim seus sistemas de considerar o mundo.

Adaptação é a mudança contínua que ocorre no indivíduo como resultado de sua

interação com o meio. Isto ocorre à medida que ele assimila experiências – as adaptadas

às suas estruturas mentais já existentes – a acomoda (modifica) estruturas mentais de

modo a permitir a inclusão de experiências que não se ajustam às estruturas existentes.

Ainda dentro dos estágios de idéias-chave de Piaget, podemos entender como

importante para os professores e seu maior entendimento, os três estágios do

desenvolvimento mental que são:

Estágio

Média aproximada da idade de

entrada e saída

- Pensamento Intuitivo 4 – 7

- Operações Concretas 7 – 11

- Operações Formais 11 – 15

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Para maior compreensão destes estágios apresentaremos as descrições dos

mesmos:

• Pensamento Intuitivo – As crianças pensam e dão explicações na base de intuições –

pressentimentos – em vez de lógica.

A característica básica deste tipo de raciocínio é que nele há o predomínio da

percepção. A criança conclui sobre o que percebe. Nessa época a criança tem

curiosidade de estabelecer relações entre fatos, de descobrir as causas dos

acontecimentos. É a época dos por quês;

• Operações Concretas – Este estágio compreende o período que vai dos seis até os

doze anos. Portanto, corresponde a uma faixa etária que já ultrapassa o pré escolar.

Nessa etapa as crianças estão desenvolvendo conceitos de números, relações,

processos e assim por diante. Elas estão se tornando capazes de pensar

através de problemas, mentalmente, mas sempre pensam em objetos reais

(concretos), não em abstrações. Então desenvolvendo habilidade maior de

compreender regras;

• Operações Formais – Os estudantes podem pensar usando abstrações. Formulam

teorias sobre qualquer coisa distinta real. Estão atingindo o nível de pensamento

adulto.

5- “Operações” são ações executadas mentalmente. São componentes

necessários do pensamento racional. Os requisitos das operações incluem:

Conservação – O reconhecimento de que uma propriedade como número,

comprimento ou quantidade permanece a mesma apesar de mudanças

posição, forma ou agrupamento;

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Reversibilidade – O reconhecimento de que qualquer mudança de posição,

forma, ordem e outros, pode ser reversível, isto é retornada à posição, forma

ou ordem inicial.

6- O desenvolvimento mental das crianças impõe limitações definidas sobre o

que podem aprender e sobre como (as condições sob os quais) aprendem;

7- O pensamento cresce partindo de ações e não de palavras;

8- O conhecimento não pode ser dado às crianças. Ele tem que ser descoberto e

reconstruído através das atividades dos alunos;

9- As crianças aprendem melhor partindo de experiências concretas;

10- Por natureza, as crianças estão continuamente ativas. Elas têm de descobrir e

dar sentido ao seu mundo. Quando elas estão fazendo isto, elas refazem as estruturas

mentais que permitem tratar de informações mais complexas;

11- Este refazer de estruturas mentais torna-se possível a aprendizagem –

aprendizagem que é estável e duradoura. Quando estruturas necessárias não estão

presentes, a aprendizagem é superficial, não é útil nem duradoura. Piaget fez

descobertas importantes no estágio do pensamento intuitivo. O estágio do

pensamento intuitivo também pode ser identificado como pré-operatório.

Antes da idade de mais ou menos quatro anos, a criança deu enorme passos no

crescimento mental. Tornou-se capaz de formar “símbolos mentais” que representam

objetos reais, de usar palavras para referir-se a objetos e eventos, de agrupar objetos de

forma rudimentar (embora, às vezes inconscientemente) e de raciocinar num nível muito

simples, provavelmente usando imagens mentais em vez de palavras.

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Mais ou menos aos quatro anos, em média, a criança começa a entrar no que

Piaget chamou de pensamento intuitivo.

Sendo a linguagem, para Piaget uma função do pensamento, seu trabalho trata

das formas que ela assume e do papel que ela desempenha em cada um dos estágios do

desenvolvimento do pensamento lógico. A fala da criança é, assim, enfocada a partir do

processo do pensamento.

Nesse período, o que de mais importante acontece é o aparecimento da

linguagem, que irá acarretar modificações nos aspectos intelectual, afetiva e social da

criança.

Piaget nos aponta a linguagem verbal das crianças neste nível com dois tipos:

comunicativa e egocêntrica. Ou seja, a linguagem comunicativa consiste em falar com a

intenção de transmitir informação a outros ou de fazer perguntas. A linguagem

egocêntrica é não comunicativa; pode consistir na mímica de sons e de palavras ou pode

ser um monólogo – a criança simplesmente fala enquanto brinca, sem intenção de se

comunicar com os outros. Faz isso, assim parece, por prazer ou talvez por que ainda não

faz diferença entre palavras, coisas de atos. A linguagem egocêntrica pode abranger

40% da linguagem da criança neste estágio.

“A função simbólica” afirma Piaget, é um mecanismo individual cuja existência

prévia é necessária para tornar possível [...] a constituição ou aquisição das significações

coletivas (1975, p. 14).

Nesta afirmação de Piaget, fica evidenciada sua concepção de linguagem. A

linguagem integra-se a função simbólica. Ela não é sua causa e sim seu resultado. Ela

também é apenas um caso particular das formas de simbolização.

A seguir vamos apresentar as contribuições de Emília Ferreiro.

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Desde a década de 70, Emília Ferreiro vem afirmando que não construiu nenhum

método de alfabetização, mais que estuda o processo que percorrem aqueles que se

apropriam da leitura e da escrita.

Ferreiro (1981) afirma com clareza, em seus escritos, que considera a criança um

sujeito do conhecimento que, quando fracassa, o faz por causa de uma inadequada

proposta escolar ou por ter uma bagagem de conhecimentos muito diferente da

trabalhada pela sua escola.

Sua preocupação como pesquisadora volta-se portanto, para o caminho que

percorrem aqueles que se apropriam da leitura e da escrita, mostrando como, nesse

processo, eles desvendam a história da pré-escrita. Assim para esta autora, “Escrever

não é transformar o que se ouve em formas gráfica, assim como ler não equivale a

produzir com a boca o que o olho reconhece visualmente”. (Ferreiro, 1981, p.55)

A alfabetização segunda a autora (1981), passa necessariamente por etapas,

independentemente da camada social da criança. As etapas são iguais, variando apenas

em função da idade, nunca da condição social da criança. Desse modo entendemos que

para compreender o desenvolvimento da leitura e da escrita do ponto de vista dos

processos de apropriação de um objeto social, Ferreiro conclui que há uma série de

representação da linguagem.

Na colocação de sua psicogênese4, da língua escrita, ela nos apresenta cinco

níveis de desenvolvimento da escrita e da leitura. Os quais nos apresenta uma fase de

evolução, que foram sintetizados como base nos tópicos principais: a hipótese central da

criança, a construção gráfica, os níveis de conceituação da escrita e os de leitura.

4 Psicogênese é o estudo da origem da mente (representações mentais, memória, pensamento) e dos conhecimentos ( todo e qualquer conhecimento). Atualmente, a psicogênese da língua escrita, ou o processo de cada indivíduo para adquirir a base alfabética da língua escrita.

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Apresentamos a seguir algumas características dos níveis de aprendizagem e

evolução da escrita e da leitura apontadas por Ferreiro. Iniciamos com algumas

características da escrita pré-silábica.

Ø Escrita pré-silábica

Nessa fase a escrita constitui um sistema independente, mas relacionado ao

desenho. Embora as crianças distingam texto de desenho, elas consideram que não

podem ler um texto sem imagens, porque neste caso, faltam elementos para poder

interpretar as letras, e, ao escrever, procuram associar escrita e desenho.

“O nome, analisa é o escrito, e não a interpretação do escritor,

portanto; o que está escrito pode ser diferente do que é lido.

Isso se evidencia nas situações de leitura, nas quais a criança

interpreta o texto escrito como se fosse o nome da figura

desenhada”. (FERREIRO, 1985, p. 113).

Ø Do período silábico ao período alfabético

Já no período silábico ao período alfabético (AZENHA, 1994), podemos

entender que a partir do momento em que as crianças começam prestar atenção às

propriedades sonoras da palavra, um novo tipo de hipótese começa a ser constituído.

Elas passa a estabelecer correspondências entre partes da palavra falada e partes da

palavra escrita. A partir do momento que as letras começam a adquirir valores sonoros

estáveis, a criança passa a registrar com as mesmas letras as partes sonoras semelhantes

das palavras.

A B K E por a – ba – ca – te

A B K I por a – ba – ca – xi

I O A por pi – po – ca

R A L por Ra – fa – el

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Nessas escritas há correspondência quantitativas e qualitativas, ou seja: cada

letra é usada de acordo com seu valor sonoro convencional e corresponde a uma sílaba

da palavra falada.

Segundo Ferreiro, a hipótese silábica5 cria suas próprias condições de

contradições. As palavras monossílabas, por exemplo, que deveriam se escritas como

uma só letra, entram em contradição com a hipótese da quantidade mínima de

caracteres, e as palavras escritas pelos adultos têm sempre mais letras do que aquelas

produzidas pelas crianças.

Nessa etapa da construção da escrita, a criança usa simultaneamente a hipótese

silábica e o princípio alfabético configurado a hipótese silábico – alfabético. A criança

precisa buscar novos caminhos. Ela começa a agregar mais letras à escrita silábica,

tentando aproximá-la da escrita dos adultos. (AZENHA, 1994).

Como exemplos temos:

G A Q E por jacaré

E S A por onça

L E A O por rã

E L E F por elefante

Podemos observar como algumas palavras são escritas de acordo com a hipótese

silábico-alfabética.

“Para entender o processo construtivo da criança, o educador

precisa cortejar uma série de produções escritas e conhecer as

condições de produção, o processo de produção e a

5 Hipótese silábica – é a primeira das hipóteses que a criança constrói sobre como se dá a relação entre a escrita e os sons da língua falada. De acordo com ela, cada marca ou letra corresponde ao registro de uma sílaba oral. Assim utiliza tantas letras quantas forem as sílabas das palavras. (FERREIRO, 1989)

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interpretação final dada pelo sujeito”. (FERREIRO, 1991,

p.80).

Ø Período alfabético

Entendemos que a partir do momento em que a criança entra no processo de

apurar a relação entre o registro escrito e o registro sonoro das palavras, ela descobre

que a sílaba não pode ser considerada uma unidade, uma vez que se compõe de

elementos menores. Portanto é a partir daí, que a criança começa a constituir o princípio

alfabético, último passo que ela percorre para compreensão do sistema de escrita

socialmente estabelecido ou seja, a criança passa a perceber a correspondência entre a

letra e o som pronunciado.

Como exemplos demonstramos alguns tipos de configurações dessa fase

(Azenha, 1994):

D I N O S A U R U T A T U S S I N H O F A M I L I A C Ã U S E R E I A

Observamos, nessa etapa, a criança escrevendo com legibilidade e entendemos

que quando ela confronta o que escreve com a escrita convencional, ela começa a

perceber que a identidade dos sons não garante a identidade de letras e que a identidade

de letras também não garante a identidade de sons. Ou seja, ela percebe que os sons

podem ser representados diferentemente. Ela se dá conta de que uma letra representa

vários sons ou que um mesmo som pode ser representado por várias letras. Entrando

assim no campo dos critérios ortográficos.

Segundo Ferreiro (1985), não são mais aspectos ortográficos da língua escrita. O

conteúdo ortográfico da escrita afirma ela, depende das informações do meio e do

ensino sistemático.

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“A criança se vê continuamente envolvida, como agente e

observador do mundo letrado. [...] Se pensarmos que a escrita

remete de maneira óbvia e natural à linguagem, estaremos

supervalorizando as capacidades da criança, que pode estar

longe de ter descoberto sua natureza fonética”. (FERREIRO,

1981, p.59-61).

Por meio de pesquisas, Ferreiro possibilita descoberta de informações básicas

sobre a psicogênese da escrita, tanto da criança quanto do adulto. Esses escritos

contribuem para pontos fundamentais do processo de alfabetização.

Outro autor que fala sobre o desenvolvimento humano é o soviético Vygotsky.

Lev Semenovik Vygotsky nasceu em 1896, na Bielo-Rússia, e faleceu prematuramente

aos 37 anos de idade.

Vygotsky foi ignorado no Oriente, e mesmo na ex - União Soviética a publicação

de suas obras foi suspensa entre 1939 e 1956. Atualmente, no entanto, seu trabalho vem

sendo estudado e valorizado no mundo todo.

Para explicar a gênese da escrita na criança, Vygotsky focaliza a escrita como

uma atividade simbólica. Atribui as atividades simbólicas (gesto, desenho, jogo, etc) a

escrita, que envolve a representação de signos auxiliares para representar significados.

Vygotsky, diz que:

“O domínio dessas habilidades complexas não nasce por si

mesmo, nem é alcançada de maneira puramente mecânica e

externa, resulta de um longo e unificado processo de

desenvolvimento da atividade simbólica que começa com o uso

do gesto como signo visual.”. (VYGOTSKY,1984, p.64).

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No estudo feito por Vygotsky (1984), sobre o desenvolvimento da fala, sua visão

fica bastante clara: inicialmente, os aspectos motores e verbais do comportamento estão

misturados. A fala envolve os elementos referenciais, a conversação orientada pelo

objeto, as expressões emocionais e outros tipos de fala começa a adquirir traços

demonstrativos, e ela começa a indicar o que está fazendo e de o que está precisando.

Após algum tempo, a criança, fazendo distinções para os outros com o auxílio da fala,

começa a fazer distinções para si mesmo. E a fala vai deixando de ser um meio para

dirigir comportamento dos outros e vai adquirindo a função de auto direção.

O gesto, movimento comunicativo das mãos, dos braços, das pernas, da cabeça,

do rosto, do corpo todo, ganha sentido nas interações com os outros. A criança aprende

a dizer o que quer e a entender o outro pelo gesto. Os gestos, no dizer de Vygotsky, são

escritas no ar.

Depois, o jogo simbólico. O imaginário, feito gestos, feito palavra, transforma as

coisas. No jogo simbólico, uma coisa vale por outra.

A crianças movimenta, age, pensa, inventa, criando símbolos. Os objetos

adquirem funções diferentes. Gestos e palavras são interligados: “O brinquedo

simbólico das crianças pode ser entendido com um sistema muito complexo de ‘fala’

através de gestos que comunicam e indicam os objetos usados para brincar”.

(Vygotsky, 1984, p. 123).

Os primeiros rabiscos são marcados na areia, na terra, no papel dando

significado e explorando o movimento, a criança produz traçados. São os primeiros

rabiscos.

O desenvolvimento infantil, segundo Vygotsky, é visto a partir de três aspectos:

Instrumental, Cultural e histórico. Para melhor entendimento iremos apresentar algumas

características desses aspectos:

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• Aspecto instrumental – refere-se à natureza basicamente mediadora das funções

psicológicas complexas, não apenas responde-se aos estímulos apresentados no

ambiente, mas altera-se e usa suas modificações como um instrumento do

comportamento. Pode-se considerar instrumento tudo aquilo que se interpõe entre o

homem e o ambiente, ampliando e modificando suas formas de ação.

“A criança, analisam Vygotsky e seus colaboradores, não

nasce em um mundo “natural”. Ela nasce em um mundo

humano. Começa sua vida em meio a objetos e fenômenos

criados pelas gerações que a precedem e vai se apropriando

deles conforme se relaciona socialmente e participa das

atividades e práticas culturais”. (VYGOTSKY, 1988, p.59).

• Aspecto cultural – da teoria envolve os meios socialmente estruturados pelos quais a

sociedade organiza os tipos de tarefa que a criança em crescimento enfrenta e os

tipos de instrumentos, tantos mentais, os físicos, de que a criança pequena dispõe

para dominar aquelas tarefas. Um dos instrumentos básicos criados pela humanidade

analisado por Vygotsky é a linguagem. Por esse motivo que em toda sua obra, a

linguagem e sua relação com o pensamento é profundamente valorizada.

“[...] a palavra portanto, não é adquirida por nós no curso do

desenvolvimento. Ela nos constitui e nos transforma com suas

funções designativas e conceitual, a palavra é mediadora de

todo nosso processo de elaboração do mundo e de nós mesmos.

Ela objetiva esse processo, integra-o e direciona a atividade a

atividade mental por nós desenvolvida”. (Vygotsky, 1987,

p.71).

• Aspecto histórico – funde-se com o aspecto cultural, pois o homem usa para

dominar seu ambiente e seu próprio comportamento, foram criados e modificados ao

longo da história social da civilização. Os instrumentos culturais expandiram os

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poderes do homem e estruturaram seu pensamento, de maneira que, se não tivesse

desenvolvido a linguagem escrita e a aritmética, por exemplo, o ser humano não

possuiria hoje a organização dos processos superiores que possui. Assim, para

Vygotsky, a história da sociedade e o desenvolvimento do homem caminham juntos,

e mais do que isso, estão de tal forma intrincados, que um não seria o que é sem o

outro. A partir dessa perspectiva, é que Vygotsky estudou o desenvolvimento

infantil.

“O caminho do objeto até a criança e desta até o objeto passa

através de uma outra pessoa. Essa estrutura humana complexa

é o produto de um processo de desenvolvimento profundamente

esvaziado nas ligações entre a história individual e história

social”. (VYGOTSKY, 1984, p.37).

As crianças, desde o nascimento, estão em constante interação com os adultos,

que ativamente procuram incorporá-las as suas relações e sua cultura. O adulto ensina, a

criança utiliza os objetos. O adulto demonstra, indica, nomeia os objetos ao mesmo

tempo que atribui significações.

Aos poucos a criança aprende a falar e passa a utilizar a própria linguagem para

regular suas ações, conferir sentido às coisas.

É na sua relação com o outro que a criança vai se apropriando das significações

socialmente construídas. Assim sendo, é o grupo social que, por meio da linguagem e

das significações, possibilita o acesso a forma culturais de perceber e estruturar a

realidade.

Quando uma criança relaciona-se com o outro, a criança reconstrói internamente

as formas culturais de ação e pensamento. Assim como a significações e o uso das

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palavras que foram com ela trocadas. A esse processo interno de reconstrução de uma

operação externa, Vygotsky dá o nome de internalização6.

Desse modo, a abordagem histórico-cultural aqui explicitada considera que toda

função psicológica se desenvolve primeiramente no relacionamento com os indivíduos e

depois, no próprio indivíduo. Como vimos, para Vygotsky as origens e as explicações

do psicológico do homem devem ser buscadas nas interações sociais e na linguagem

possibilitando o desenvolvimento de formas culturais de atividades e permitam

estruturar a realidade e o próprio pensamento.

Para finalizar, não concebendo mais que a criança passe por condicionamentos

para aprender a linguagem escrita e falada, teóricos como Piaget, Ferreiro e Vygotsky

muito contribuem com reflexões relacionadas ao processo ensino – aprendizagem.

Os estudos de Emília Ferreiro sobre a psicogênese da língua escrita são

suficientemente fundados, situados entre a teoria de Jean Piaget e a sala de aula, e a

teoria sócio – interacionista de Vygotsky.

6 Internalização – Na internalização, a atividade interpessoal transforma-se para construir o funcionamento interno. (GOES, Maria C. R. de. A natureza social do desenvolvimento psicológico. Caderno Cedes, n.º 24. Campinas. 1991)

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CAPÍTULO IV

AS FASES DO DESENVOLVIMENTO DO GRAFISMO INFANTIL

Nesse capítulo trataremos de descrever como se processa o desenvolvimento das

etapas do grafismo infantil, utilizando as contribuições dos teóricos Celestin Freinet, e

Emília Ferreiro.

Procuraremos apontar, aqui as principais teorias abordadas por estes

pesquisadores, que sem dúvida, se complementam, pois os mesmos trabalharam em suas

pesquisas priorizando uma melhor compreensão da criança e de seu processo de

aprendizagem.

4.1 - O grafismo infantil de 3 a 5 anos

Nessa fase utilizaremos contribuições das experiências de Freinet, o qual tão

bem explicita este desenvolvimento do grafismo.

Freinet divide em cinco fases a aquisição da escrita:

• 1ª fase – fase do grafismo simples ou não diferenciado. A criança utiliza-se de

garatujas, grafismos separados ou ligados por linhas curvas e quebradas;

• 2ª fase – fase do grafismo diferenciado e / ou justaposto, em que, após ter percebido

êxito no seu primeiro grafismo, repete-os, diferenciando-os em muitos outros

elementos. Nesta fase, a criança lê as palavras que escreve, uma vez que só escreve

aquilo que compreende.

• 3ª fase – fase da imitação da escrita. Utilização de letras do próprio nome ou nomes

conhecidos com repetição e automatização do grafismo conseguido;

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• 4ª fase – fase da utilização dos sinais convencionais (letras e números), com ou sem

valor sonoro. A criança já percebe que há regras e formas fixas a imitar. Começa a

interpretar e reproduzir textos e a solicitar referências aos adultos.

• 5ª fase – fase da escrita alfabética. A criança domina e identifica um número

razoável de palavras e sabe se comunicar por escrito. É o começo da escrita

consciente da qual a criança não se separará mais.

Demonstraremos no desenho (1), a primeira fase, chamada fase do grafismo

simples, ou não - diferenciado. Esta fase é constituída de tentativas de exercitar a mão.

Segundo Freinet em estudo comparativo entre a evolução do grafismo e da

linguagem oral na criança, afirma:

“Ao nascer, a criança grita porque o seu aparelho respiratório

e a conformação da sua laringe são tais que produzem sons ã

passagem do ar. [...] O mesmo sucede com o primeiro grafismo.

Existe, na base, uma realidade material: a possibilidade de

dispor de um instrumento – lápis, giz ou esferográfica – que

produz o primeiro traço”. (FREINET, 1977b, p.37-38).

Entendemos que nesta 1ª fase demonstrada com ajuda dos estudos de Freinet, a

criança constrói o seu próprio conhecimento independente e é uma prática social e,

como tal dinâmica e dialética .

É enorme a quantidade de rabiscos ou linhas que aparecem neste momento, e da

disposição delas no papel ou em outra superfície como areia da praia, nas calçadas, nos

muros, etc...Todas essas manifestações, embora possam parecer muito subjetivas, são

formas de expressar, de imprimir um gesto.

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Todas as crianças passam por esta pesquisa, que chega a mais ou menos 20

linhas básicas, entre verticais, horizontais, diagonais, circulares, curvas enoveladas e

outras tantas.

Para Freinet, é como o desejo de dominar o instrumento e orientar o seu uso no

sentido que representam um começo de diferenciação.

No desenho (2) segundo Freinet, “Os traços, inicialmente direitos,

sobrepostos ou mesmos circulares, complicam-se gradualmente com a introdução de

linhas quebradas”. (Freinet, 1977b, p.40).

Nesta fase a criança está iniciando a segunda fase da escrita como nos coloca

Freinet. É o momento em que a criança vai tentar produzir mecanicamente até dominar.

Repete grafismos, diferenciando-os em muitos outros elementos, agora também

justapostos.

Esta é a fase do grafismo diferenciado e / ou justaposto. “A criança esforça-se

para reproduzir a mancha negra no meio dos rabiscos. A criança conquistou um novo

patamar”. (Freinet, 1977b, p.43).

Podemos entender, que neste momento, desenho da criança não são apenas

rabiscos ou apenas uma atividade sensório – motora, descomprometida. Nas linhas

inocentes podem estar contidos segredos existenciais, confidências emotivas e

necessidades de comunicação e, por isso, de suma importância no desenvolvimento da

criança.

Ainda na 2ª fase apresentamos mais este desenho (3), o qual tem um traçado

mais evoluído onde podemos perceber a forma circular que a criança desenha, não

representa exclusivamente algo redondo, mais o aparecimento da primeira forma

fechada, vão aparecendo pequenas células ou círculos desenhos isolados, sóis,

desembaraçando cada vez mais as linhas enoveladas.

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Observando o desenho (4), podemos perceber o surgimento da figura humana

aparecendo como uma célula que pode ser o corpo todo, ou apenas a cabeça, com duas

linhas que representam as pernas. Também vão aparecendo outros elementos como

olhos, boca e nariz.

Segundo nos coloca Freinet (1977b, p.48) : “Se o ambiente favorece a tentativa

experimental da criança, mais rapidamente ela avançará na escrita e entedenrá o que é

e o que representa”.

Podemos perceber no desenho (5) o aparecimento da figura humana com mais

detalhes. Nesta etapa a criança geralmente verbaliza, contando a historia do desenho nos

diz Freinet: “desenha grafismos bem definidos. [...] Enquanto não dominar a técnica do

grafismo, a criança avança por tentativas, ajustando lentamente as suas experiências,

repetindo os êxitos conseguidos”. (Freinet, 1977b, p. 48).

No desenho (6), já é possível o surgimento de uma escrita fictícia, que procura

reproduzir as letras que os adultos escrevem. Observamos que a escrita se diferencia

totalmente do desenho. Seus caracteres aproximam-se mais das letras convencionais,

configurando uma nova fase, como nos descreve Freinet: “Vemos aparecer o primeiro

sinal diferenciado: a cruz imita o t. É o primeiro triunfo de uma reprodução fácil e

simples.[...] É o alvorecer da verdadeira escrita”. (1977a, p. 101).

Quando acontece essa libertação, assegura Freinet,

“[...] Mas, a partir dessa separação, para que a evolução

prossiga, é necessário que intervenha um elemento novo sem o

qual a escrita não teria razão de ser. [...] O texto manuscrito

entregue a sua própria sorte não é mais que um rabiscar sem

significação intuitiva nem beleza atraente”. (FREINET, 1977a,

p. 103).

O desenho (7) apresenta o início da escrita e conforme nos diz Freinet:

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“Começa a quarta fase e é somente nela, que a criança vai se

interessar pelo texto. Só atingir o domínio da técnica, a criança

começa a estabelecer relação entre o grafismo das palavras e a

palavra oral ou pensamento”. (FREINET, 1977c, p. 49).

Aos poucos percebemos que a criança vai elaborando hipóteses as quais vai

adquirindo entre o ambiente e a escrita. Ela diferencia o desenho da escrita.

Ferreiro (1985), também confirma o que Freinet (1977) conclui, quando nesta

fase o conjunto dessas formas de escrita nos parecem “erradas” do ponto de vista

convencional são segundo Emília Ferreiro, “erros” construtivos “e passando por

hipóteses que a criança vai construindo (reinventando) a lógica do sistema Alfabético”.

Nesse sentido, os erros revelam o raciocínio da criança sobre o que é escrever e as

etapas pelas quais ela vai passando no processo de construção da escrita.

Prosseguindo o trabalho de análise baseado nos estudos de Freinet, entraremos

na quinta fase, a qual segundo Freinet, propõe explorar totalmente a livre expressão da

criança que ultrapassa em amplitude o simples globalismo, segundo o qual a criança vê

o todo antes de distinguir as partes, demonstrado no desenho (8).

Freinet (1977a, p.73) entende que: “a criança constrói pelo processo de tentativa

experimental, por atos conseguidos, sucessivamente e subordinados a uma visão central

que domina ao mesmo tempo o todo e a parte”.

De acordo com Freinet:

“Tudo aquilo que se ensina à criança impede que ela invente

[...] isso porque não há maneira de apropriar-se de um

conhecimento sem compreender seu processo de construção,

quer dizer, reconstruí-lo”. “[...] O essencial é que a criança

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sinta e mantenha a necessidade de escrever que lhe fará vencer

todas as dificuldades”. (FREINET, 1977a, p. 261).

No texto demonstrado no desenho (9) podemos observar uma composição livre,

que conta um pouco do cotidiano da criança, o qual demonstra a pouca experiência em

manejar o instrumento da escrita.

Segundo Freinet (1977), o trabalho de ajustamento da forma escrita e a sua

expressão só pode começar a partir do momento em que a criança for autônoma da

escrita.

As sondagens feitas por Ferreiro (1981) indicam que até por volta dos 4 anos as

crianças fazem perguntas espontâneas do tipo como se escreve?

Ferreiro, afirma que o interesse pela escrita não começa quando a criança atinge

determinada idade cronológica, e é possível que essa preocupação comece muito antes,

em função dos sujeitos e das condições ambientais.

Para finalizar apresentamos um estágio da forma escrita no desenho (10), onde a

criança já domina os seus grafismos; “com isso já realiza a construção de seus próprios

textos e tem a oportunidade de exprimir os pensamentos que dominam sua vida”.

(Freinet, 1977a, p. 253)

Freinet afirma que a criança possui os germes do próprio desenvolvimento e

realização. Quando motivada e orientada, cria, age, realiza, disciplina-se sozinha.

Os teóricos aqui apresentados concordam em que, cada uma a seu modo, ritmo e

tempo, todas são capazes de conhecer, progredir e tornar-se autônomas e quando

estimulada por materiais escritos, a criança constrói conhecimentos sobre a escrita e em

conseqüência, conhecimento do mundo.

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4.1.1 A Pré – Escrita: A criança de 6 anos

Nesta fase começa o trabalho de ajustamento da forma escrita ao pensamento e

expressão de seu autor.

Para entendermos essas descobertas, ou o modo de representação da linguagem e

sua correspondência com o sistema alfabético de escrita, Ferreiro (1981) esclarece-nos

questões importantes como:

• A compreensão das funções sociais da escrita pela criança determina diferenças na

sua organização da língua escrita e, portanto, gera diferentes expectativas a respeito

de o que se pode encontrar nos múltiplos objetos sociais que são portadores de

escrita (livros, jornais, cartas, embalagens de produtos comestíveis ou de

medicamentos, cartazes nas ruas, etc...);

• A leitura compreensiva de textos fundamenta a percepção dos diferentes registros de

língua escrita (textos narrativos, informativos, jornalísticos, instruções, cartas,

recados, listas, etc...) e para sua realização contribui mais a leitura silenciosa do que

a oralidade convencional;

• A produção de textos respeita os modos de organização da língua escrita;

• É preciso estimular na criança uma atitude de curiosidade e coragem diante da

língua escrita;

• A escrita representa a língua e não a fala. Qualquer tentativa de justificar a ortografia

com base na pronúncia despreza ou ignora variantes da fala das populações

socialmente marginalizadas e dificulta a aprendizagem dessas crianças.

Entendemos com estas questões que o papel do educador na visão de Ferreiro, é

propiciar atividades por meio de experiências significativas, as quais as crianças possam

interagir e compreender o uso da escrita e seu significado.

Neste momento, ou seja, nesta fase de construção da pré – escrita como nos

coloca Ferreiro:

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“[...] a evolução da escrita que nós evidenciamos não depende

da maior ou menor destreza gráfica da criança, de sua maior ou

menor possibilidade de desenhar letras como as nossas, mas

sim do que chamamos seu nível de conceitualização sobre a

escrita que quer dizer, o conjunto de hipóteses exploradas para

compreender este objeto”. (FERREIRO, 1985, p.75).

Assim sendo, baseado nos estudos dos teóricos aqui apresentados, entendemos

que a partir desta fase, ou seja, a fase da pré – escrita, a criança se apercebe como

criador de seus próprios textos.

Conforme nos orienta Freinet (1977), em sua 5ª fase – fase da escrita alfabética:

“A criança domina e identifica um número razoável de palavras e sabe se comunicar

por escrito. É o começo da escrita consciente, da qual a criança não se separará mais”.

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CONCLUSÃO

O grande questionamento na área da Educação é como aproximar a criança da

aquisição da língua escrita e falada. Algumas escolas optam por iniciar a Alfabetização,

propriamente dita, mais ou menos aos 4 – 5 anos. Emília Ferreiro afirma que a criança

não pede para ser alfabetizada, porém existem alguns pré– requisitos importantes que

precisam ser entendidos e valorizados pelos professores, que terá a função mediadora no

processo ensino aprendizagem. Nesse sentido os professores devem entender a

relevância da permanente formação, pois assim estarão contribuindo com a educação de

qualidade.

Dessa forma a intenção foi buscar respostas para questões presentes em nosso

saber pedagógico, nos textos de estudiosos e educadores do passado e do presente, em

informações ligadas a nossa prática, representa uma inversão dos procedimentos que se

utilizam para teorizar a educação. Não basta analisar apenas teoria, mas captar a

totalidade do que havia pensado e produzido. Assim é fácil entender porque muitas

teorias ainda são pouco divulgadas e utilizadas na prática escolar.

A democratização do ensino e do saber, a qual se efetiva com a conquista

resgatadas, priorizam a criança e a construção do seu conhecimento, as experiências que

procuram acompanhar a evolução da aquisição da escrita pela criança contribuem para o

aprofundamento e o entendimento das questões do ensinar e do aprender e também a

construção de um teoria de Alfabetização.

A maioria das pesquisas e estudos que analisou a psicogênese da língua escrita

são provenientes da psicologia, sociologia, da lingüística, da sociolingüística e de outras

ciências. As de Emília Ferreiro têm mérito de haver contribuído para a gradativa

mudança da prática pedagógica de alguns professores alfabetizadores.

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Hoje, os educadores começam a ter uma visão mais clara dos processos

cognitivos envolvidos nessa aprendizagem e das características de cada etapa dessa

evolução. Alguns professores tentam, sem conhecimento e adaptação metodológica,

aplicar essas pesquisas em sala de aula. Chegam a utilizá-las como se fossem um

método, com passos e seqüência a seguir. Esses professores desconhecem algo que

Ferreiro (1985, p.194) esclareceu: “que não criou nenhum método de Alfabetização,

que seus estudos são experimentativos voltados para entender e explicar o processo

pelo qual a criança constrói o conhecimento da língua escrita (sua psicogênese)”.

Os autores estudados não consideram a escrita processo isolado, linear, cujo

somatório levaria o educando a avançar letra por letra, sílaba por sílaba, palavra por

palavra, até atingir a totalidade ou vice – versa. Ao proporem um trabalho em que todos

possam expressar-se socialmente, por meio de várias linguagens, avançam no tempo e

nos deixam grandes ensinamentos.

Os teóricos ensinam muitas coisas sobre a criança e sua educação. Mostram que

atividades, interesses e tateios experimentais constituem o ponto de partida para ação

pedagógica, que os conteúdos devem ser buscados no meio em que a criança vive e se

desenvolve. O educando (criança e adulto) não é passivo, mero receptor, mas está em

constante atividade, tudo quer conhecer, cabendo à escola não anular essa vivacidade e

esse interesse com imposições e, sim ativá-las constantemente.

Não se pode esquecer da relação afetiva professor e aluno para a realização de

um trabalho de forma cooperativa, numa relação horizontal, sem imposições, na qual o

aluno possa compor e ampliar o seu repertório de significados. Como mediador

da aprendizagem, o educador deve propor problemas, provocar desequilíbrios, lançar

desafios, guiar a criança a reformular as suas idéias anteriores, nunca apresentando as

soluções. Deve conviver com os alunos, observando seus comportamentos, conversando

com eles, perguntando e sendo interrogado e com eles realizando experiências para

auxiliar sua aprendizagem e desenvolvimento.

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O processo de Alfabetização deve ter conteúdos reais e próximos da criança,

com eventos de leitura e escrita, em diferentes contextos socioculturais. A leitura e a

escrita não se aprendem mediante regras, mas por tentativas experimental, com

disponibilidade dos instrumentos para satisfazer essa necessidade de criação, expressão

e relação. É preciso valorizar o repertório e as experiências de vida da criança. Cabe o

professor motivá-la para a leitura e a escrita, acompanhar e interpretar a evolução do

grafismo, possibilitando atingir a livre expressão na escrita e a plena autonomia para

agir, descobrir, inventar e criar, para saber estabelecer relações entre os conteúdos em

um processo interdisciplinar.

Todos os autores estudados concordam em que, cada uma a seu modo, ritmo e

tempo, todas as crianças são capazes de conhecer, progredir e tornar-se autônomas, não

há possibilidade de Alfabetização sem relação escrita – mundo, escrita contexto. Como

nos fala Paulo Freire (1992, p.11), “A leitura do mundo precede a leitura da palavra,

daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura

daquele”.

Quando a criança é estimulada por materiais escritos, ela constrói conhecimento

sobre a escrita e a leitura e, em conseqüência o conhecimento do mundo. O ambiente

Alfabetizador, ao fornecer elementos estimulantes, desafia o sujeito a pensar sobre a

língua escrita como sistema de representação de significados contextuais. A

Alfabetização passa a ser um processo que se inicia muito antes da entrada na escola –

processo que, evidentemente, apresenta diferenças, pois depende do ambiente social em

que a criança vive, mais do que o desejo ou intenção das pessoas que com ela conviver.

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ANEXOS Produções de desenhos infantis citados no capítulo IV ( 1 até 10 )

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BIBLIOGRAFIA

AZENHA, Maria da graça. Construtivismo – de Piaget à Emília Ferreiro. São Paulo:

Ática, 1994.

BARBOSA, José Juvêncio. Alfabetização e Leitura. São Paulo: Cortez, 1994.

BEE, Hellen. A criança em desenvolvimento. Porto Alegre: Artmed Editora, 2003.

CHARLES, CM; tradução [da] professora Igebog strake. Piaget ao alcance dos

professores. Ed. Ao livro técnico, 1975.

CURTO Lluís Maruny; MORRILO, Maribel Ministral; TEIXIDÓ, Manuel Miralles,

trad. Ernani Rosa. Como as crianças aprendem e como o professor pode ensiná-las a

escrever e ler. Porto Alegre: Artmed Editora, 2000.

FERREIRO, Emília. Reflexões sobre Alfabetização. 24ª ed. Atualizada, 8ª reimpressão

– Questões da nossa época. Cortez Editora, 1981.

–––––––––––––––. Alfabetização em processo. Cortez Editora, 1991.

–––––––––––––––; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre.

Artes Médicas, 1985.

FREINET, Celestin. O método natural I: A aprendizagem da língua. Lisboa, Estampa,

1977a.

–––––––––––––––. O método natural II: A aprendizagem do desenho. Lisboa, Estampa,

1977 b.

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–––––––––––––. O método natural III: A aprendizagem da escrita. Lisboa, Estampa,

1977 c.

––––––––––––––. Pedagogia do Bom Senso: Lês Dits de Mathieu. Tradução: J. Baptista

– 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1988.

FREIRE, Paulo. A importância do Ato de ler. São Paulo: Cortez Editora, 1992.

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: Aprendizado e desenvolvimento – Um processo

sócio - histórico. São Paulo: Scipione, 1990.

VYGOSTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

–––––––––––––––. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.

–––––––––––––––; LURIA; LEONTIEV. Linguagem, desenvolvimento e

aprendizagem. São Paulo: Ícone / Edusp, 1988.

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ATIVIDADES EXTRA-CLASSE

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A História da Escrita 11

CAPÍTULO II

O Papel do Professor como Mediador da Aprendizagem 15

CAPÍTULO III

O Pensamento de Alguns Teóricos e suas Contribuições

para o Estudo do Desenvolvimento da Escrita 19

CAPÍTULO IV

As Fases do Desenvolvimento do Grafismo 34

4.1 – O Grafismo Infantil de 3 a 5 anos 34

4.1.1 – A Pré - Escrita: A criança de 6 anos 40

CONCLUSÃO 42

ANEXOS 45

BIBLIOGRAFIA 46

ATIVIDADES EXTRA-CLASSE 48

ÍNDICE 49

FOLHA DE AVALIAÇÃO 50

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: A evolução do grafismo e suas contribuições no processo de

alfabetização

Autor: Silvia Regina Florido de Souza Ribeiro

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito:

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