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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A INSERÇÃO DOS CONHECIMENTOS DE NEUROCIÊNCIA NA ÁREA DA EDUCAÇÃO Por: ADRIANA MARTINS PEREIRA Orientador Prof. MARTA PIRES RELVAS Rio de Janeiro 2012

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · talentosos até os psicopatas criminosos. (Connors, 2008, p.10) A frenologia, ciência que relaciona a estrutura da cabeça com

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A INSERÇÃO DOS CONHECIMENTOS DE NEUROCIÊNCIA NA

ÁREA DA EDUCAÇÃO

Por: ADRIANA MARTINS PEREIRA

Orientador

Prof. MARTA PIRES RELVAS

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A INSERÇÃO DOS CONHECIMENTOS DE NEUROCIÊNCIA NA

ÁREA DA EDUCAÇÃO

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Neuropedagogia.

Por: Adriana Martins Pereira

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AGRADECIMENTOS

A minha amiga Adelina que me

incentivou a dar continuidade em meus

estudos.

A minha tia Norma que muito me

incentivou e ajudou nos cuidados com

a minha filha para que pudesse cumprir

o meu objetivo.

A todos os professores, com os quais

aprendi grandes lições e fez crescer a

paixão pela educação.

Ao pai da minha filha, Jorge Luiz, que

assim como a minha tia não poupou

esforços para que eu pudesse

concretizar mais um sonho.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a meus professores,

minha filha Gabriele, a tia Norma e ao

Jorge Luiz, os quais ajudaram no meu

crescimento intelectual e profissional.

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RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo fazer uma análise do currículo e das

práticas pedagógicas nas escolas, fazer com que o leitor compreenda o

educando como um ser complexo e com particularidades, propor práticas

educativas que motivem o educando em suas diferentes habilidades levando-

os a conhecer a organização do cérebro, suas funções, as habilidades

cognitivas e emocionais, as potencialidades e limitações do sistema nervoso,

as dificuldades de aprendizagem, conhecer os avanços consideráveis na

história da neurociência e as intervenções apropriadas que podem tornar o

trabalho do educador mais significativo e eficiente, com repercussões positivas

para os aprendizes e mostrar que o funcionamento do cérebro é de extrema

importância para aprendizagem, por este motivo é necessário o conhecimento

das bases neurobiológicas na formação do professor.

Palavras-chave: Cognitivas. Neurociência. Neurobiológica.

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METODOLOGIA

A pesquisa a ser apresentada é fundamentada em pesquisa

bibliográfica através de livros, artigos, site da internet e na lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A História da Neurociência 10

CAPÍTULO II - A Organização do Cérebro para Aprendizagem 20

CAPÍTULO III – A Contribuição da Neurociência para as Práticas

Pedagógicas nas séries iniciais 30

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42

ÍNDICE 44

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INTRODUÇÃO

O presente estudo representa a importância da contribuição da

neurociência para prática educativa nas séries iniciais. Acredita-se que a

inserção dos conhecimentos de neurociência na área da educação leva o

educador a conhecer a organização do cérebro, suas funções, as habilidades

cognitivas e emocionais, as potencialidades e limitações do sistema nervoso,

as dificuldades de aprendizagem, e intervenções apropriadas, que podem

tornar o trabalho do educador mais significativo e eficiente.

As escolas de hoje ainda se prendem a um currículo no qual os métodos

utilizados acabam por ser igual a todos os alunos como se cada indivíduo não

fosse um e não tivessem particularidades, as quais precisam ser levadas em

consideração de forma a se respeitar a individualidade de cada aluno, diante

desta questão pretendo mostrar para o leitor que a neurociência pode ser um

poderoso auxiliar na compreensão do desenvolvimento do aluno no processo

ensino aprendizagem, pois conhecendo melhor o funcionamento do cérebro e

suas funções o professor poderá entender melhor as particularidades de cada

aluno podendo planejar sua aulas de forma que esta tenha maior

aproveitamento das potencialidades de cada educando.

O primeiro capítulo expõe os avanços consideráveis no conhecimento

da neurociência, mostra que embora o estudo do encéfalo seja antigo, a

neurociência é uma palavra nova, os neurocientistas que se dedicaram ao

estudo do sistema nervoso são oriundos de diferentes áreas como a biologia,

psicologia, medicina, matemática, física e química.

O segundo capítulo mostra que a Neurociência estabelece relação entre

o cérebro e a cognição em importantes áreas da educação, o que nos permite

diagnósticos precoces de transtornos de aprendizagens e o professor quando

preparado, com conhecimento neurocientifico, mesmo sabendo que muito

ainda há de se descobrir; tem a possibilidade de aplicar diversos métodos para

motivar os portadores de necessidades especiais.

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O terceiro capítulo descreve a responsabilidade da escola diante do

aluno com necessidades educacionais especiais levando o leitor a reflexão

sobre a falta de preparo e conhecimento do professor sobre os transtornos

neurobiológicos que afetam o aprendizado e sobre a importância de uma

formação continuada.

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Capítulo I

História da Neurociência

Durante muitos anos o homem se dedicou a viver de forma a garantir

sua sobrevivência, criou a agricultura, começou a domesticar animais com o

desenvolvimento da civilização os homens começaram a construir teorias

complexas, a fazer questionamentos para compreender o mundo.

Apesar da vida ter surgido há 3,5 bilhões de anos, os encéfalos humanos só

apareceram há 100.000 anos, na sua forma final, e o encéfalo dos primatas

surgiu a aproximadamente 20 milhões de anos e a evolução deu origem ao

encéfalo humano de hoje.

Em 1970, Michael S. Gazzaniga junto com George A. Miller estavam a

caminho de um jantar oferecido por cientistas das Universidades Rockfeller e

Cornell quando durante a corrida de táxi surgiu o termo neurociência cognitiva.

Segundo Connors, em 1970 foi fundada a associação Norte Americana

de neurocientistas profissionais. Embora a palavra neurociência seja “nova”, o

estudo do encéfalo é antigo, os neurocientistas que se dedicaram ao estudo do

sistema nervoso foram oriundos da medicina, biologia, psicologia, física,

química e matemática; durante seus estudos esses cientistas descobriram que

para compreender como funciona o encéfalo seria preciso combinar

abordagens tradicionais para se construir uma nova síntese.

A história nos mostra que nossos ancestrais já compreendiam que o

encéfalo era imprescindível para vida.

Há 7.000 anos se fazia um processo chamado de trepanação que eram

orifícios abertos no crânio com intenção de curar, tais orifícios eram abertos

para curar transtornos mentais e dores de cabeça, pois eles acreditavam que

por esses sairiam maus espíritos.

Alguns escritos de médicos do Egito antigo foram recuperados e

mostram que eles já tinham o conhecimento de sintomas e lesões cerebrais,

porém o coração era a sede do espírito e responsável pelas memórias, sendo

então, o coração a sede da consciência e do pensamento. Esta visão

permaneceu até a época de Hipócrates.

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Para o pai da medicina ocidental, Hipócrates (460-379 a.C), o encéfalo

era o órgão das sensações e a sede da inteligência.

Para Aristóteles (384-322 a.C) o coração era o centro do intelecto, para

ele o encéfalo era um radiador para esfriar o sangue que era superaquecido

pelo coração. Ele acreditava que o temperamento racional dos humanos era

explicado pela grande capacidade de resfriamento do encéfalo.

O escritor e médico grego Galeno (130-200 d.C), foi a figura mais

importante na medicina romana; ele concordava com a idéia de Hipócrates

sobre o encéfalo. Galeno tentou descobrir a função do encéfalo a partir das

estruturas do cérebro e do cerebelo. Cutucando com o dedo um encéfalo

recém dissecado, percebeu que o cerebelo era mais firme e o encéfalo, mais

macio deduzindo que o cérebro estava relacionado à recepção das sensações

e o cerebelo por ser mais firme deveria comandar os músculos. As deduções

de Galeno estavam bem próximas da verdade, o cérebro realmente é

comprometido com as sensações e percepções, é um repositório da memória

e o cerebelo primariamente um centro de controle motor.

Ao abrir o encéfalo Galeno observou que ele era escavado

internamente, nos espaços escavados, chamados de ventrículos, havia um

fluido. Para Galeno a teoria estava de acordo com a teoria de que o corpo

funcionava conforme o balanço de quatro fluidos vitais, os movimentos então

eram iniciados pelo movimento desses fluidos a partir do ou para os ventrículos

cerebrais, através dos nervos, que naquela época acreditavam serem

tubulações ocas assim como os vasos sanguineos.

A visão de Galeno permaneceu por aproximadamente 1.500 anos. O

anatomista Andreas Vesalius (1514-1564) acrescentou mais detalhes a

estrutura do encéfalo, porém a localização ventricular da função cerebral

continuou inalterada.

No século XVII inventores franceses começaram a desenvolver

dispositivos mecânicos controlados hidraulicamente, o que acabou por reforçar

que o encéfalo era um tipo de máquina que executava uma série de funções.

Acreditava-se que um fluido forçado para fora dos ventrículos poderia bombear

e dar movimento aos membros.

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René Descartes (1596-1650) foi um matemático e filósofo francês que

defendia a teoria de fluido mecânico do funcionamento encefálico, mas essa

teoria não explicava o amplo espectro de comportamentos humanos. Ele

acreditava que as pessoas tinham intelecto e uma alma dada por Deus

diferentemente dos outros animais.

Para Descartes as capacidades mentais exclusivas dos seres humanos

existiriam fora do encéfalo, na “mente”, e que a mente era uma entidade

espiritual que recebia sensações e controlava os movimentos comunicando-se

com o encéfalo pela glândula pineal, sendo assim, mecanismos cerebrais

controlavam o comportamento humano somente à medida que esse se

assemelhasse ao dos animais.

Durante os séculos XVII e XVIII, outros cientistas começaram a dar mais

importância à substância cerebral, observaram que o tecido cerebral era

dividido em substância cinzenta e substância branca e relacionaram a estrutura

da substância branca como a que dava continuidade com os nervos do corpo e

que continha fibras que levava e trazia a informação para substância cinzenta.

No final do século XVIII a anatomia grosseira do sistema nervoso já

havia sido descrita em detalhe por já ter sido dissecado completamente.

Em 1751 Benjamin Franklin publicou um panfleto intitulado

“Experimentos e Observações em Eletricidade”, o que fez com que tivessem

um outro olhar para os fenômenos elétricos. O cientista italiano Luigi Galvani e

o biólogo alemão Emil Du Bois- Reymond, na virada do século mostraram que

os músculos podiam ser movimentados quando os nervos eram estimulados

eletricamente e que o encéfalo podia gerar eletricidade, formando o conceito

de que os nervos conduziam sinais elétricos do e para o encéfalo, tais

descobertas desconstruíram a noção de que os nervos se comunicavam com

o encéfalo por meio de fluidos.

Em 1810 Charles Bell, médico escocês e um fisiologista francês,

François Magendie através de suas pesquisas concluíram que em cada nervo

existia uma mistura de muitos fios, uma parte deles carregavam informações

para o encéfalo e para medula espinhal e outra parte levava informações para

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os músculos. Segundo Bell e Magendie em cada fibra motora ou sensorial, a

transmissão se dava exclusivamente em um único sentido.

Em 1823, o fisiologista francês Marie-Jean-Pierre Flourens usou o

método de ablação experimental, que é a destruição de determinadas partes

do encéfalo para testar a ocorrência de deficiências motoras e sensoriais, em

diferentes animais para mostrar que o cerebelo tinha alguma função na

coordenação dos movimentos chegando a conclusão que o cérebro também

estava envolvido na percepção sensorial.

Franz Joseph Gall, estudante de medicina austríaco, acreditava que as

circunvoluções na superfície do cérebro eram reflexos das saliências na

superfície do crânio e em 1809 propôs que alguns traços da personalidade

podiam estar relacionados com as dimensões da cabeça.

Para sustentar sua alegação Gall e seus seguidores

coletaram e mediram cuidadosamente o crânio de

centenas de pessoas, representando uma grande

variedade de tipos de personalidades, desde os muito

talentosos até os psicopatas criminosos. (Connors, 2008,

p.10)

A frenologia, ciência que relaciona a estrutura da cabeça com traços da

personalidade, não tinha credibilidade para comunidade científica da época,

mas caiu no gosto da imaginação popular e o livro de frenologia publicado em

1827 vendeu mais de cem mil cópias.

No século XIX, os frenologistas liderados por Franz Gall e J.G.

Spurzheim disseram que o cérebro era organizado por 35 funções específicas

que variavam de funções básicas cognitivas até capacidades mais complexas,

como a auto-estima e a esperança eram tidas como se ocupassem regiões

específicas do cérebro. Eles acreditavam que se uma pessoa usava uma das

partes do cérebro com mais freqüência que as outras, a parte do cérebro

relacionada a tal função cresceria.

Gall analisou o córtex cerebral, em sua superfície para reforçar a idéia

de que diferentes funções cerebrais são localizadas em pequenas regiões

cerebrais.

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Pierre Flourens, fisiologista experimental, questionou a visão

localizacionista de Gall, ele estudava alguns animais principalmente pássaros e

em seus estudos decobriu que lesões em áreas particulares do cérebro não

causavam alguns déficits por muito tempo no comportamento. Era indiferente a

localidade da lesão no encéfalo, a recuperação no pássaro sempre acontecia.

Embora Flourens tenha sido um crítico embasado em experiências bem

fundamentadas foi Paul Broca quem influenciou a opinião da comunidade

científica. Ele tratou um homem que havia sofrido um acidente vascular

cerebral, após a morte deste paciente em 1861, que compreendia a linguagem,

mas não conseguia falar estudou minuciosamente seu encéfalo e encontrou

uma lesão no lobo frontal esquerdo e baseado nesse e em outros casos

parecidos, Broca chegou a conclusão que essa área do cérebro humano era

responsável pela produção da fala. O encéfalo do paciente de Broca foi

preservado e mapeamentos recentes do encéfalo deste paciente revelaram

que a lesão era bem maior do que a descrita por Broca.

Carl Wernicke, em 1876, com apenas 26 anos relatou o caso de uma

vítima de acidente vascular cerebral que podia falar quase normalmente,

diferentemente do paciente de Broca, mas as palavras ditas por ele não tinha

sentido, não compreendia a linguagem escrita ou falada. A parte do cérebro

lesionada era a região mais posterior do hemisfério esquerdo, na área e ao seu

redor, onde os lobos parietal e temporal se encontram.

Nesta época, os investigadores não tinham como observar a fundo o

cérebro, os médicos observavam apenas o local que foi atingido, quando

alguém era atingido por uma bala era preciso esperar o paciente morrer para

identificar a localidade da lesão e quando a morte levava meses ou anos

muitas vezes não era possível fazer a observação porque o médico perdia o

contato com o paciente depois de sua recuperação e quando o paciente vinha

a óbito o médico não era avisado e assim acabava por não examinar o

encéfalo e correlacionar a região lesionada do cérebro com os déficits de

comportamento da pessoa, hoje todos os neurologistas compreendem como o

encéfalo responde as doenças focais e a região lesionada é determinada em

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poucos minutos com métodos de imagem que mapeiam e fotografam o

encéfalo vivo.

Logo depois a descoberta de Broca, em 1870, os fisiologistas alemães

Gustav Fritsch e Eduard Hitzig mostraram que a aplicação de uma corrente

elétrica pequena em determinada região da superfície do cérebro podia

produzir pequenos movimentos. Davi Ferrier, neurologista escocês repetiu o

experimento, que antes foi feito em cachorros, em macacos e em 1881,

mostrou que se fosse retirada a mesma região do cérebro a conseqüência

seria uma paralisia muscular. Em relação a descoberta de Fritsch e Hitzig

Gazzaniga (2006, p.23) diz que:

Essa descoberta levou os neuroanatomistas a uma análise mais detalhada do córtex cerebral e sua organização celular; eles queriam apoio para suas idéias sobre a importância de regiões localizadas. Como essas regiões executavam diferentes funções, concluíram que deviam olhar de modo diferente o nível celular.

Baseando-se nessa nova visão, neuroanatomistas alemães passaram a

analisar o encéfalo microscopicamente para observar a diversidade de células

em várias regiões cerebrais.

Korbinian Brodmann analisou a organização celular do córtex,

caracterizou 52 regiões e através de tecidos corados foi possível a visualização

de diferentes tipos de células em diferentes regiões cerebrais. Por serem as

células diferentes entre as regiões cerebrais, a divisão foi chamada de

citoarquitetônica, ou arquitetura celular. Vários anatomistas como: Vladimir

Betz, Oskar Vogt, Theodor Meynert, Constantin vin Economo, Gerhard, Von

Bonin e Percival Bailey ajudaram nesse trabalho, alguns subdividiram mais o

córtex e descobriram que diversas áreas cerebrais descritas pela arquitetura

celular representavam regiões cerebrais com funções diferentes.

O italiano Camillo Golgi acreditava que todo o encéfalo era um sincício,

ou uma massa contínua de tecido que compartilhava o mesmo citoplasma, ele

desenvolveu uma coloração que impregnava neurônios individuais com prata e

esta permitia a visualização de um único neurônio. O espanhol Santiago

Ramón y Cajal, usando o mesmo método de Golgi, descobriu que a visão de

Golgi estava errada, os neurônios eram entidades únicas. Cajal foi o primeiro a

identificar que o neurônio era unitário e que transmitia informação elétrica em

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uma única direção, dos dentritos para o axônio. Tal revolução na compreensão

do sistema nervoso ocorreu no sul da Europa, na Itália e na Espanha.

Johannes Evangelista Purkinje, tcheco, educado em Praga, inventou o

estroboscópio, descreveu a primeira célula nervosa e fenômenos visuais

comuns e encaminhou várias outras descobertas.

Sigmund Freud participou da história do neurônio como jovem cientista,

estudou anatomia microscópica com alemão Ernst Brücke, escreveu um

ensaio sobre seu trabalho subseqüente e independente acerca do lagostim. Ao

que parecem algumas biografias de Freud sugerem que ele defendia a idéia de

que o neurônio era unidade fisiológica distinta e separada.

Hermann Von Helmholtz contribuiu para os primeiros estudos sobre o

sistema nervoso, ele sugeriu que os invertebrados poderiam ser modelos para

o entendimento dos mecanismos cerebrais dos vertebrados, também

contribuiu para física, medicina e psicologia.

Charles Darwin (1809-1882), em 1859 publicou A origem das espécies

propondo a Teoria da Evolução, explicando que as espécies evoluem por um

processo de seleção natural, as espécies de organismos evoluíram de um

antepassado comum e no processo de reprodução os filhos algumas vezes

carregam traços físicos diferentes dos pais, quando esses traços são

vantagens para sobrevivência, os filhos ficam mais propensos a reprodução e

faz com que esse traço seja passado para geração posterior, levando o

desenvolvimento de traços que diferenciam as espécies hoje.

Hoje se sabe que existe uma clara divisão de trabalho no cérebro, com

diferentes partes realizando funções bem diferentes. Os cientistas, hoje,

exigem uma experimentação sólida antes de delegar uma função a uma

porção do encéfalo.

Dificilmente se vê hoje um famoso cientista contribuir para diferentes

áreas como Helmholtz, esse fenômeno parece ser coisa do passado, não que

isso não aconteça, mas atualmente não são reconhecidos com facilidade, por

ser a ciência hoje um grande empreendimento não é permitida a entrada de

estudiosos de outras áreas,” e cada sub disciplina tem seu próprio quadro de

heróis e vilões. Esses guardiões de um determinado tema relutam em deixar

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estranhos entrarem em seus debates.” (GAZZANIGA; IVRY; MANGUN, 2006,

p. 27)

O trabalho de Cajal, argumentava sobre a importância dos neurônios

isolados, mas não se faz necessário saber a ação de todos eles para entender

como o encéfalo funciona, visto que este é composto de bilhões de neurônios.

A estratégia da neurociência cognitiva é trabalhar em diferentes níveis de

organização, o que se precisa saber é qual o comportamento produzido e não

conhecer todas as possibilidades de interações que ocorrem entre os

elementos relacionados.

No início do século XX o fisiologista inglês Sir Charles Sherrington

acreditava que o neurônio funcionava como uma unidade e criou o termo

sinapse para fazer a descrição da junção entre dois neurônios, houve bastante

resistência para que novas idéias fossem aceitas porque figuras importantes

do início dos estudos cerebrais estavam divididas em suas teorias. Algumas

propostas eram razoáveis como a idéia de contemporâneos de Broca. Pierre

Marie demonstrava a variabilidade da localização cortical, enquanto Broca

estava defendendo a importância da localização das funções. Marie observou

e fez o relato que somente metade de seus pacientes apresentava dificuldades

de fala quando as lesões eram na área de Broca e que vários pacientes que

não atingiam essa área tinham afasia do tipo de Broca.

O encéfalo humano tem muitas variações, portanto em parte Marie

estava certo e errado, por meio da estrutura subjacente ele poderia ter

descoberto que uma região do encéfalo trocava de um lugar para outro durante

o desenvolvimento.

Ainda hoje algumas pessoas não acreditam que se pode explicar como

o encéfalo funciona, através da função de um único neurônio ou de pequenas

áreas do encéfalo. Visão essa que é tão comum assim como no século XX.

Ainda na época de Broca o professor de fisiologia alemão Friedrich

Goltz removeu grande parte do córtex de seu cachorro, embora alguns danos

fossem percebidos, o comportamento do cachorro era funcional;

posteriormente foi mostrado que a lesão era menor que a relatada, Goltz

mostrou seu cachorro no congresso Internacional de Medicina em 1881.

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É comum que as pessoas fiquem surpresas com a falta de sintomas em

um paciente com lesão cerebral, diante da extensão da lesão vista em um

exame de imagens do cérebro. Um grande avanço havia sido feito.

No início do século XX muitos queriam provar que algum grau de

localização funcional ocorria no córtex cerebral. Goltz percebeu várias

diferenças na remoção do lobo occipital em comparação a remoção do córtex

motor de seus animais. Na visão original se insistia na ausência de qualquer

localização de funções encefálicas, e no século XX os críticos diziam que era

impossível localizar funções corticais superiores como o pensamento e a

memória, tais ressalvas vão de acordo com a primeira observação articulada

por Hughlings Jackson, que se deve diferenciar entre a evidência para

localização de sintomas e a idéia da localização da função.

Para Hughlings Jackson quando uma lesão cerebral viesse a produzir

um sintoma bizarro, não queria dizer que a área afetada fosse especializada

somente nessa função. A diferenciação de Hughlings Jackson foi uma das

primeiras evidências de que comportamentos expressam uma diversidade

muito grande de atividades independentes.

No início da década de 1930, Clinton Woolsey, Philip Bard e outros

começaram a descobrir mapas sensoriais e motores no encéfalo. Nas décadas

de 1970 e 1980, adquirimos o conhecimento que os múltiplos mapas existem

em cada modalidade sensorial. “Até hoje, mais de 30 mapas de informação

visual foram encontrados no encéfalo de primatas” (GAZANNIGA, IVRY,

MANGUN, 2006, p.31).

As descobertas das localizações das áreas no encéfalo são fantásticas

como a área médio-temporal, em sua especialização no processamento da

informação visual de movimento. A neurociência está a todo tempo revelando

sua complexidade.

Para Heber Maia (2011) a década de 90 trouxe consideráveis avanços

para o conhecimento das bases neurobiológicas do comportamento e

aprendizado humano de forma que quase tudo na atualidade carregue o peso

da determinação genética e biológica para as ações humanas em um viés

socioantropólogico e existencial, sendo o cérebro a base do desenvolvimento.

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Se o cérebro determina a maneira e a qualidade da capacidade de aprendizagem de uma criança, ter o conhecimento de como esta aprendizagem pode ser otimizada por meio de estratégias neuroeducativas é desejável. (MAIA, 2011,p.35)

As considerações feitas a este pensamento influenciaram a pedagogia nas últimas décadas. Os primeiros homens a pensar em neuroeducação antecedem a década do cérebro, a neuropsicologia desde seus primórdios históricos no século XVI, junto com o avanço da neuroimagem já vinha trazendo suas contribuições para esta área.

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Capítulo II

A organização do cérebro para aprendizagem

Todo ser humano nasce dotado da capacidade de aquisição de

conhecimentos, porém alguns aprendizados dependem de um mediador e

outros surgem por meio de reflexos e instintos que se aprimoram à medida que

o indivíduo se desenvolve e é exposto aos diversos estímulos como mamar,

andar e falar.

. Segundo Gazzaniga (2006, p.88) o sistema nervoso tem duas

subdivisões principais: o sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso

periférico (SNP), o sistema nervoso central é constituído pelo encéfalo e

medula espinal, o sistema nervoso periférico é responsável por levar as

informações sensoriais ao SNC, colocando-o em contato com os órgãos

efetores.

Por meio dos estudos em neurociência se torna possível compreender

que o sistema nervoso é um conjunto de órgãos especializados e responsáveis

pelo controle do funcionamento dos diferentes órgãos, tem como principais

funções a motricidade e equilíbrio, sensibilidade como tato e temperatura,

funções cognitivas (pensamento e emoção), o controle do meio interno como

liberação hormonal, circulação e respiração e sentidos (olfato, gustação, visão

e tato). O cérebro mais desenvolvido é dotado de atribuições complexas dentre

elas o planejamento e iniciação de movimentos voluntários, pensamento,

raciocínio, memória, aprendizagem, compreensão e expressão da linguagem.

O encéfalo é composto por diferentes órgãos e está localizado no

interior do crânio, envolvido por três membranas, que são chamadas de

meninges (dura-máter, aracnóide e pia-máter). “É formado por Bulbo

raquidiano, Hipotálamo, Corpo caloso, Córtex cerebral, Tálamo, Formação

reticular, Cerebelo e Hipófise.” (RELVAS, 2010, p.21).

O encéfalo é considerado a mais complexa porção da matéria no

universo, ele consiste em uma variedade de moléculas, com diferentes

funções, sendo algumas exclusivas do sistema nervoso, as quais definem a

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função cerebral, tais moléculas interagem e dão ao neurônio suas

propriedades particulares.

Os neurônios são as células mais importantes para as funções

exclusivas do encéfalo, são formados pelo corpo celular, os axônios e os

dendritos. O corpo celular contém o núcleo celular e possui grande número de

prolongamentos chamados dendritos. É por meio dos dendritos que cada

neurônio recebe as informações dos demais neurônios a que se associa e

cada neurônio tem somente um axônio e por ele saem as informações

eferentes. Milhões de neurônios formam circuitos complexos que realizam

diferentes funções e dão origem aos sistemas. Os neurônios percebem as

modificações no ambiente, comunicam essas modificações a outros neurônios

e comandam as respostas corporais a essas sensações. De acordo com Heber

Maia e Rita Thompson pode-se afirmar que:

Considera-se ocorrido o aprendizado quando a rede neural atinge uma solução generalizada para uma classe de problemas. Somente no cérebro, existem cerca de 86 bilhões de neurônios, arranjados em núcleos, feixes, camadas, interligados por prováveis um quatrilhão de sinapses. O resultado desse complexo e dinâmico sistema de comunicações é o conjunto de funções neuropsicológicas de que os animais são capazes. Do ponto de vista evolutivo, cada espécie tem o sistema nervoso de que necessita para sua sobrevivência.

Através da formação do sistema nervoso é possível entender a

adaptação dos seres vivos com objetivo de se ajustar as mudanças do

ambiente com a finalidade de se preservar a espécie, utilizando-se de

aspectos fundamentais para adaptação dos seres ao meio ambiente, sendo

eles a irritabilidade que faz com que a célula detecte as modificações no

ambiente, contratilidade que faz com que a célula se movimente e

condutibilidade que faz com que a célula conduza a outra parte da célula a

sensibilidade causada por um estímulo tais funções são realizadas no sistema

nervoso, por meio dos neurônios.

A aprendizagem é comum ao animal irracional e ao ser humano, porém

o cérebro precisa de estímulos para aprender, Relvas (2010, p.260) diz que:

Em uma visão neurobiológica da aprendizagem, pode-se dizer que, quando ocorre a ativação de uma área cortical, determinada por um estímulo, provoca alterações também em outras áreas, pois o cérebro não funciona como regiões isoladas.

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O cérebro é a parte mais desenvolvida do sistema nervoso central e é o

que difere o homem das demais espécies sendo compreendido por dois

hemisférios com quatro lobos cada um:

Lobo frontal: planeja os atos, modula a memória imediata, controla a atenção e

a organização psicomotora, o afeto, o raciocínio, a personalidade, controla a

motricidade e é responsável pela articulação da fala.

Lobo parietal é responsável pelo reconhecimento tátil de objetos e formas,

elaboração grafomotora e processamento espacial, leitura em interfaces com

lobo temporal, registra e interpreta as sensações (registro tátil), imagem do

corpo, gnosia digital.

Lobo temporal percebe e interpreta os estímulos auditivos verbais e não

verbais relacionados à memória e as emoções primitivas, percebe e interpreta

o paladar e o olfato.

Lobo occipital percebe e interpreta as sensações visuais.

O tronco encefálico faz com que o indivíduo tenha atenção, vigilância,

integração neurossensorial motora, integração vestibular e integração tônica.

O cerebelo ajuda na coordenação dos movimentos automáticos e

voluntários, segurança, proprioceptividade, regulação de padrões motores.

O Hipocampo participa no fenômeno da memória de longa duração. Ele

é importante na organização de fatos vividos, na formação de um conjunto de

informações coerentes. A transformação das informações em memória

acontece também no neocórtex (massa cinzenta que envolve a fronte do

cérebro).

O Tálamo é responsável pela reatividade emocional do homem e dos

animais, conecta-se com estruturas corticais da área pré-frontal e com o

hipotálamo e, por meio da via fórnix, com o hipocampo e com o giro cingulado.

O Hipotálamo é uma região do sistema límbico muito importante porque

controla o comportamento emocional. Relvas (2009, p.103) diz que:

... Parece, pois, fora de dúvida que as manifestações emocionais, são, pelo menos em parte, coordenadas e integradas em nível hipotálamo. Não há, entretanto, evidência de que os aspectos subjetivos de emoção se passam no hipotálamo, ou seja, que se pode sentir emoção em nível hipotálamo. Ao que parece, isto depende basicamente do córtex, e o hipotálamo coordena principalmente as manifestações periféricas da emoção.

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Heber Maia (2011) diz que os hemisférios cerebrais direito e esquerdo

contém áreas semelhantes, porém cada hemisfério realiza etapas diferentes

do mesmo processo.

Normalmente o hemisfério dominante é o esquerdo que se ocupa das

funções da linguagem, sendo responsável por funções específicas como a

decodificação da leitura, escrita, cálculos primários, etc.

O hemisfério direito tem maior capacidade de processar a informação

visório-espacial. Procura unir as informações em um todo coerente

correlacionando-as com dados anteriores e os que ainda estão por vir.

Também estão associados ao hemisfério direito a posição das partes do corpo

durante o movimento, o reconhecimento dos objetos e as relações espaciais

de objetos e reorganização no espaço extra corporal.

As áreas corticais são dividas em áreas primárias, responsáveis pela

análise inicial das modalidades sensoriais e comando motor. As áreas

sensoriais (visual, auditiva, gustativa, olfativa e somestésica) tem uma área

primária que recebe o estímulo específico e uma área motora primária que

controla o músculo de cada segmento corporal. As áreas secundárias analisam

e interpretam os aspectos relacionados a modalidade sensorial ou motricidade.

As áreas terciárias são responsáveis pelas formas mais complexas de

atividade mental, pela integração multifuncional das informações para que

aconteçam processamentos complexos como fala, raciocínio lógico-dedutivo,

leitura, escrita, etc.

Heber Maia (2011, p.25) exemplifica o papel de tais áreas com o ato da

leitura e diz que para enxergar utiliza-se a área primária; quando se organiza

espacialmente os elementos gráficos, a simbologia que neste caso é o código

alfabético usa-se a área secundária e quando se correlaciona cada grafema

com um som correspondente, quando buscamos informações anteriores ou

damos significado de forma que se entenda a mensagem do texto utilizamos a

área terciária.

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Devemos concomitantemente ao processo utilizar atos motores complexos (área secundária), como movimentos oculares de acompanhamento da leitura. Podemos, concomitantemente, para facilitar o processo usar recursos motores, como seguir com o dedo (área primária), régua de apoio ou sublinhar (com cores diferentes, remontamos uma organização visual (área secundária e terciária)... ou até ler em voz alta (apoiando-se na articulação e na percepção sensório motora para lembrar com se lê adequadamente e para dar ritmo e coerência ao texto lido ou manter mais a atenção pela associação da via auditiva com a visual – ÁREA TERCIÁRIA).

São muitas as conexões entre os lobos dos hemisférios direito e

esquerdo, embora não tenham simetria sempre trabalham juntos. As

informações recebidas pelos órgãos dos sentidos são decodificadas na parte

posterior do SNC, são processadas e modificadas por neurônios de

associação e saem pela parte anterior da medula e do cérebro. Diferentes

conexões intermediárias acontecem de forma a modular a informação, tanto na

entrada como na interpretação ou na saída.

Outras estruturas do tronco encefálico fazem parte do processo de

aprendizagem. Diferentes aprendizados se dão em diferentes locais, mas se

dão em épocas diferentes e de forma harmoniosa se dá a aquisição do

conhecimento.

Ao conjunto de funções básicas que permitem a recepção e o

processamento de estímulos e respostas é dado o nome de funções

cognitivas. Elas expressam o funcionamento do córtex cerebral em relação

com diferentes estruturas encefálicas subcorticais e aferências sensoriais.

A neurociência mostra que o sistema nervoso central (SNC) recebe

informações advindas do meio externo através dos sentidos da visão, tato,

audição, gustação e olfato; isso acontece porque os órgãos especializados

captam e traduzem em estímulos nervosos: a luz, o cheiro, as impressões

cutâneas e o sabor. A percepção se dá quando o SNC dá significado ao que

está sentindo.

A denominação das capacidades adaptativas do cérebro é chamada de

plasticidade cerebral, o que permite as reconexões neuronais.

Relvas (2009) diz que a plasticidade cerebral é a denominação das

capacidades adaptativas do SNC, sua habilidade para modificar sua

organização estrutural própria e funcionamento. Diz-se que o indivíduo

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aprende e reaprende atividades desenvolvidas por ele previamente de forma

espontânea e harmoniosa, no entanto, este é um processo gradativo, que se

dá de forma lenta. Por ser mais plástico, o sistema nervoso de uma criança, do

que de um adulto, a atuação correta na estimulação da plasticidade é muito

importante para máxima função motora, sensitiva do educando, com objetivo

de facilitar o processo de aprender a aprender no cotidiano escolar.

Todo o processo de aprendizagem e reabilitação das funções motoras e

sensoriais, quando ocorrem lesões dependem da plasticidade cerebral. Para

se entender o potencial para recuperação funcional após uma lesão deve-se

levar em conta a idade da pessoa, o tempo da lesão e a sua natureza. Quando

altera a capacidade, a recuperação das funções perdidas deve ser medida por

partes próximas do tecido nervoso não lesionado e o efeito da lesão vai

depender da quantidade do tecido poupado mais do que a localização da

lesão.

A memória é uma das funções mais importantes do cérebro, ela é um

fenômeno biológico e psicológico, é a base do aprendizado e da existência

humana, o cérebro funciona por meio da memória, todas as nossas ações se

dão quando lembra-se como fazer. Ao adquirir novos conhecimentos, passa-se

por um processo de assimilação e se envia as informações para memória de

curta ou de longa duração, o hipocampo se ativa e ajuda na seleção dos fatos

que serão armazenados, ele age como um filtro usa e descarta informações de

curto prazo e direciona as informações de longo prazo para diversas partes do

córtex cerebral.

O lobo frontal é responsável por guardar as informações, coordenar e

classificar de acordo com tipo, todas as memórias dando origem ao raciocínio.

Para Goldberg (p.22) “Os lobos frontais são as mais unicamente humanas de

todas as estruturas do cérebro e desempenham um papel crítico no sucesso

ou fracasso de qualquer empenho humano.”

É importante o educador conhecer como a atenção se manifesta e a

evolução dela ao longo do desenvolvimento infantil, a atenção é uma

competência essencial para o desenvolvimento da aprendizagem assim como

as experiências vividas, a memória e a motivação. Através da atenção o

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indivíduo seleciona e controla a entrada de informações externas e internas, a

atenção é uma habilidade cognitiva indissociável de um conjunto maior

chamado de funções executivas que são um conjunto de habilidades

cognitivas que permitem que a pessoa desenvolva uma atividade com objetivo

final determinado. No processo de aprendizagem é necessária a participação

harmônica de uma série de funções específicas e as funções executivas

organizam essas funções sejam elas perceptivas, mnésicas (memória) e

práxicas (ação).

Estudos revelam que a Neurociência estabelece relação entre o cérebro

e a cognição em importantes áreas da educação, o que permite diagnósticos

precoces de transtornos de aprendizagens e o professor quando preparado,

com conhecimento neurocientifico, mesmo sabendo que muito ainda há de se

descobrir; tem a possibilidade de aplicar diversos métodos para motivar os

portadores de necessidades especiais, ele deve planejar suas aulas de acordo

com a maturidade de seus alunos, respeitando o desenvolvimento e as

particularidades, as limitações de cada um. O papel do mediador deve ser o de

estimulador do conhecimento, deve aproveitar o melhor que cada aluno pode

dar levando em conta o contexto no qual está inserido em relação ao processo

ensino aprendizagem. Sabe-se que cada pessoa é única e deve haver a

preocupação com o currículo escolar que por vezes tende a tratar os alunos

como iguais ignorando totalmente este ser como um indivíduo capaz de

aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a conhecer, aprender a

conviver e aprender a ser achando que somente eles são os detentores do

saber e acabam por não dar a seus alunos a oportunidade da troca de

conhecimentos.

É imprescindível que na educação se perceba a individualidade de cada

educando. O educador deve ser um facilitador do processo ensino

aprendizagem, deve saber como utilizar a característica de cada um e construir

um ambiente adequado a partir das habilidades dos mesmos para facilitar a

aprendizagem e fazer com que seus educandos aprendam a construir seu

próprio conhecimento, para isso, se faz necessário o estudo da neurociência,

visto que, esta influência na compreensão do processo ensino aprendizagem.

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Para que as informações que o educando tem sejam transformadas em

aprendizagem, as aulas precisam estar envolvidas com a emoção. A aula

significativa e que passa pela emoção, se tornam arraigadas, ou seja, são

fixadas na memória e não serão esquecidas.

Relvas diz que quando o educador oferece um estímulo já conhecido do

sistema nervoso central, provoca uma lembrança e quando o estímulo é novo,

provoca uma mudança. Com a Neurociência Pedagógica aprende-se que

existem várias maneiras de aprender e ensinar pelos circuitos neurais.

Para criar e elaborar o pensamento é necessária a junção de saberes

cognitivos e emocionais; portanto o cérebro tem de estar pronto a realizar

novas conexões e desejar que isso aconteça, pois para aprender é preciso que

o indivíduo deseje.

O educador deve utilizar as conexões afetivas e emocionais do sistema

límbico para despertar o interesse pela aprendizagem. Estas conexões

ativarão o cérebro de recompensa e irão liberar serotonina e dopamina que

são hormônios responsáveis pelo prazer, satisfação e humor, cabe ao

educador instigar a curiosidade no processo ensino aprendizagem.

A aprendizagem acontece através de novas memórias e pelo

crescimento das redes neuronais que guardam o que já foi trabalhado. Pode-

se dizer que toda aprendizagem provoca uma mudança de comportamento, ela

é resultado da experiência com meio no qual o individuo está inserido, porém,

nos dias de hoje ainda é possível nos depararmos com educadores que tratam

seus educandos da mesma forma, e esperam que todos tenham o mesmo

rendimento, é um tratamento inadequado porque cada uma deles é único.

De acordo com Heber Maia (2011) algumas diferenças podem ser

observadas como:

Diferenças evolutivas, onde o amadurecimento ocorre em diferentes

tempos e as dificuldades e potencialidades também são distintas. Cada criança

tem seu jeito de aprender, sendo essas diferenças relacionadas aos

mecanismos internos das crianças ou resultantes de sua interação com

ambiente.

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Diferenças ambientais que são as experiências tanto positivas, quanto

negativas, que quando precoces têm impacto duradouro.

Diferenças de classe social onde crianças de alto nível socioeconômico

levem vantagem por ter acesso a serviços básicos de saúde,

acompanhamento familiar, de vivências e nutrição.

Diferenças culturais as crianças precisam entender as diferenças e

aceitá-las para que desenvolvam flexibilidade no grupo social a que pertence.

Diferenças lingüísticas, algumas crianças se diferem do padrão aceito,

por diferenças entre a situação familiar e o ambiente impessoal da escola, o

que as tornam confusas.

Alguns fatores também podem provocar dificuldades no processo

escolar como fatores relacionados a família, sendo estes o histórico familiar de

doenças, tratamento inadequado a criança, baixa escolarização dos pais, a

falta de uma estrutura familiar. Os fatores relacionados a escola são

professores despreparados, a falta de material didático adequado, as

condições físicas da escola e os fatores relacionados com a criança são os

problemas físicos gerais, psicológicos e neurológicos.

Sem dúvida, a aprendizagem é um processo de aquisição que se cumpre no SNC, onde se produzem modificações estruturais (novas conexões) mais ou menos permanentes, que se traduzem por uma modificação funcional (áreas da linguagem, das gnosias, das praxias, da atenção, da memória) ou de conduta, permitindo uma melhor adaptação do individuo ao seu meio. (MAIA, 2011, p.23)

A Neuropedagogia é uma integração entre a área da saúde e da

educação, através da transdisciplinaridade a pedagogia dá uma maior

importância a aprendizagem por esta ter a base nos processos cerebrais e

pela ampliação paralela tanto da aquisição de conhecimentos quanto do

desenvolvimento do cérebro infantil.

Para educar é preciso facilitar a aquisição de novos comportamentos

que são resultados do funcionamento cerebral. O educador precisa saber

trabalhar com as diferenças, deve ser o mediador entre o educando e o objeto

de estudo, deve oportunizar experiências, deve ser um estimulador, fazer com

que a criança se sinta motivada. O educador deve perceber que as

competências dos educandos é algo muito mais do que boas notas, ele precisa

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fazer com que seus alunos desenvolvam competências em várias áreas do

saber, assim como torná-lo capaz de ter um olhar crítico ao apossar-se dos

conhecimentos humanos, aplicando-os em um contexto e que saibam buscar o

conhecimento de forma independente.

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Capítulo III

A contribuição da Neurociência para as práticas

pedagógicas nas séries iniciais

Para Bettina Steren dos Santos em seu artigo Aprendizagem Tempos e

Espaços de Aprender o século XXI iniciou em um momento de muitas

mudanças paradgmáticas relacionadas a construção de conhecimentos dos

seres humanos. Nos anos que antecedem este período, a epistemologia era

direcionada por um modelo cartesiano, que não dava conta da dimensão do

fenômeno do conhecer, o modelo empirista destaca a igualdade para todos,

considerando inertes as habilidades cognitivas de um organismo que responde

a estímulos externos, sendo a mente humana predeterminada pelo mundo

externo.

Anos depois, estudiosos buscam modificar a forma de compreender o

processo de conhecimento humano e entre diversos conceitos está o

construtivismo. Sabe-se que no construtivismo o conhecimento é adquirido

mediante a interação do sujeito com o mundo, o que determina que o

conhecimento seja as características do sujeito e da própria realidade.

A partir dos pressupostos construtivistas a ciência passou a apresentar

vários conceitos com outro olhar. No paradigma tradicional o sistema nervoso

recebe as informações por meio dos sentidos que são receptíveis a entrada de

conhecimentos. Considerando-se que até mesmo os fetos aprendem e que

aprendemos até o momento da morte, o processo de aprendizagem pode ser

considerado dinâmico por toda vida, sendo fundamental esta consciência para

que se possa viver bem e ter qualidade de vida. Diante desta afirmação se

compreende que os seres vivos constroem o conhecimento pela interação com

o meio em que vive. A capacidade de construir conhecimento se dá através do

processo interno que é a emoção e a racionalização onde a informação é

interpretada pela mente que constrói gradualmente explicações mais

complexas.

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Embora se possa reconhecer que algumas mudanças aconteceram em

termos da educação, muito ainda precisa ser modificado, percebe-se ainda

hoje algumas práticas que precisam ser revistas e que acabam por punir,

aprovar, reprovar, qualificar, selecionar, através da disposição das carteiras em

sala de aula, ao praticar avaliações continuadas, como provas e testes, entre

tantas outras. A educação deve promover maior inclusão social.

Através da inclusão escolar procura-se contribuir para qualidade de vida

de todos, é um processo que deve ser construído gradualmente por

educadores, alunos, comunidade e familiares. Os educadores devem investir

no potencial dos alunos e o papel dos professores é o de viabilizar a inclusão,

por este motivo se faz necessário a formação contínua destes profissionais. O

ideal é que ela ocorra num processo articulado dentro e fora da escola. Cada

educador deve ser responsável por seu processo de desenvolvimento pessoal

e profissional, não haverá programa de formação contínua ou política que

consiga aperfeiçoar um professor que não queira.

Ao longo da história da Educação tem sido muito questionada a maneira

como são formados nossos professores. A cada ano, mais ações formadoras

têm sido colocadas a disposição dos professores e mais professores tem se

engajado nelas, favorecendo a reflexão do próprio docente sobre o seu fazer e

suas dificuldades no trabalho pedagógico.

Relvas (2010, P.34) diz que é fundamental que educadores

conheçam as estruturas cerebrais como interfaces da aprendizagem e que

sejam sempre um campo a ser explorado. Os educadores que tem como

objetivo principal a promoção do desenvolvimento dos diferentes estímulos

neurais, portanto se faz necessário que se conheça e identifique cada área

funcional, com intuito de promover outras alternativas para aquisição da

aprendizagem, utilizando-se de recursos sensoriais como ferramenta do

pensar e do saber.

Segundo Heber Maia (2011, p.31) “O aprendizado escolar é um

processo que requer prontidões neurobiológicas, cognitivas, emocionais e

pedagógicas, além de estímulos apropriados”. A criança aprende com o meio

social no qual está inserida e, este influência na qualidade do aprendizado.

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O Projeto Político Pedagógico (PPP) deve contemplar o atendimento à

diversidade e o aparato que a equipe terá para ensinar a todos. Já o currículo

deve tornar flexível o cumprimento das atividades para que se atendam as

diferentes necessidades. Sabemos que hoje as crianças aprendem de forma

diferente. Por isso há a necessidade de atender a todos e considerar as

diversas habilidades.

Ensinar crianças com dificuldades de aprendizagem requer, por parte do

professor, uma investigação de como cada criança aprende. No entanto, boa

parte dos professores desconhecem a sua participação como fundamental e

se isentam de sua responsabilidade, pondo a culpa nas famílias e nos próprios

alunos pelo insucesso escolar e como resultado da falta de comprometimento

acabam obtendo alunos desmotivados, dispersos e cada vez mais, com mais

dificuldades, motivo de parte da evasão escolar, onde o aluno se sente

desvalorizado, com autoestima baixa e com grande prejuízo no funcionamento

global.

Os educadores precisam se reconhecer como facilitadores do processo

ensino aprendizagem fazendo com que seu aluno se torne o construtor desse

processo, capaz de transformar o conhecimento e não ser apenas um

receptor. O aluno consciente, que desenvolve suas próprias idéias facilita seu

aprendizado sobre determinado assunto e esta é a função da educação, fazer

com que o aprendizado se torne significativo.

Não se pode trabalhar com as dificuldades de aprendizagem sem

entender os problemas cognitivos, motores e perceptivos. Os educadores não

podem continuar com uma formação que não lhe dá uma base necessária

para compreender quem é seu aluno com dificuldades, é necessário uma

formação continuada e investimentos com envolvimento de toda comunidade

escolar para que esta se torne inclusiva. A responsabilidade da escola com os

alunos com necessidades educacionais especiais só aumenta na presença do

laudo à luz das diretrizes e leis, a responsabilidade com estas criança é de

todos.

Suely H. Satow (julho de 2010, p. 26) em artigo publicado na revista

Ciranda da Inclusão, com o título de “O aluno com incapacidade motora e sua

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educação” diz que, ainda há muitos obstáculos em nossa sociedade para

promover a inclusão. A incapacidade motora cerebral ocorre quando há falta

de oxigenação no cérebro, podendo em alguns casos prejudicar a transmissão

de informações entre os neurônios, sendo a deficiência uma conseqüência de

problemas do parto.

As características das crianças com incapacidade motora são:

movimentos involuntários, espasmos, lentidão, porque as mensagens que o

cérebro envia para o corpo não correspondem a velocidade dele, falta

equilíbrio e as vezes tem convulsões. Em alguns casos há dificuldade de fala e

coordenação motora, e/ou deficiência visual ou auditiva, conforme o lugar do

cérebro em que ocorreu a alteração. Poucas pessoas com incapacidade

motora cerebral podem apresentar deficiência intelectual. Através do

acompanhamento e intervenção correta pode-se conseguir uma melhora em

sua qualidade de vida.

Para que se obtenha o êxito de uma verdadeira inclusão social é preciso

trabalhar com a potencialidade de cada criança. Assim como cada criança é

diferente, as crianças com deficiências também são.

O peso do preconceito aparece nos olhares, atitudes das pessoas e

palavras ditas. Precisa-se haver uma conscientização de que a identidade

humana é construída na diversidade.

Aquisição de linguagem

É muito importante que os educadores se informem sobre os principais

distúrbios fonoaudiológicos que os alunos podem apresentar, pois

compreender as teorias de aquisição da linguagem, o tratamento e quais as

contribuições da escola trará para o aluno um melhor desenvolvimento, já que

mediante o reconhecimento da dificuldade as intervenções poderão ser feitas o

quanto antes. Estudos indicam que a aquisição de linguagem se inicia nos

primeiros contatos do bebê com o mundo, por meio da interação com o meio

em que vive. A linguagem é compreendida como um fenômeno social e

cultural, no qual o desenvolvimento ocorre através de estímulos e as

interferências do ambiente. Quando uma criança recebe pouco ou nenhum

estímulo, conseqüentemente pode apresentar mais tarde algum distúrbio de

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linguagem em decorrência da falta de estímulos, por isso é importante que a

criança seja estimulada a falar e falar de maneira correta. Alunos da creche e

da educação infantil devem ser estimulados para uma boa aquisição da

linguagem. E caso tenham alguma deficiência, a estimulação da linguagem se

torna mais necessária.

Estudos confirmam que o déficit fonológico é a causa principal dos

distúrbios de leitura e escrita.

De acordo com Shaywitz, ainda no feto, ocorre um erro quando

o cérebro está se formando para linguagem e, desta forma, milhares

de neurônios que carregam as mensagens fonológicas importantes

para linguagem não se conectam adequadamente para formar as

redes de ressonâncias necessárias para boa leitura, e então a

criança passa a ter um problema fonológico que interfere na

linguagem falada e escrita. (2006 apud SHAYWITZ; SAMPAIO, 2011,

P.45)

Já nas séries iniciais do Ensino Fundamental I, a criança mostra

dificuldades de leitura, mas é no terceiro ano que a deficiência se torna mais

evidente já que neste período a criança deveria ter tal competência.

O diagnostico de distúrbios de aprendizagem é imprescindível para que

se crie uma estrutura de apoio e se organize estratégias para suprir as

necessidades dos educandos precocemente.

Segundo Sampaio, a dislexia é um dos distúrbios de aprendizagem que

mais tem sido mencionado nos últimos tempos. É na escola que se manifesta

os obstáculos próprios da dislexia, interferindo não só na leitura, mas também

na redação, gramática, ortografia e na escrita. Entre as características de

dislexia estão a deficiência fonológica; falta de interesse por livros impressos,

dificuldade em aprender e recordar os nomes e sons das letras; dificuldade em

perceber rimas e aliterações e a criança esquece nome de objetos, pessoas,

lugares.

Ao receber o diagnostico de dislexia de seu aluno o professor precisa se

mobilizar para tomar algumas medidas diferenciadas em relação ao processo

de aprendizagem, é importante a ajuda de todos os educadores envolvidos

nesse processo, inclusive, coordenador e diretor. É preciso evitar o

constrangimento desse aluno pedindo para que leia em voz alta.

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Os professores e a família precisam saber que é importante identificar

as dificuldades o quanto antes, já que há a possibilidade de através da

estimulação das habilidades fonológicas, amenizar as dificuldades e

desenvolver meios que facilitem a leitura.

Para estimular a linguagem na educação infantil é

necessário usar estratégias verbais como: manter diálogo (turno

comunicativo); respeitar o ritmo de conversação da criança,

aumentando a expansão narrativa (pareamento); não usar

diminutivos; evitar interromper a criança e incentivá-la; apropriação

do momento; evitar correções no meio do contexto sintático;

reconhecer as tentativas de comunicação da criança e estratégias

não verbais como: falar próximo, mas usar sempre primeiro a voz

para chamar a atenção; estimular a brincadeira simbólica; manter

“olho no olho”; entonações ricas; conhecimento da língua; ser

sensível a capacidade de atenção da criança; utilizar jogos imitativos

não verbais; estimular posturas tônicas adequadas, compreendendo

suas interfaces.

No ensino fundamental é preciso vivenciar situações de

diálogo, a fim de poder explicar, argumentar, contrapor, perguntar e

responder; observar e experimentar atividades diversificadas de fala

e escuta em que faça sentido ouvir atentamente, esperar a vez de

falar, respeitar a fala do outro, assim como discutir e combinar quais

as regras e as atitudes adequadas aos diferentes contextos de

situações comunicativas; operar mentalmente com o que se ouve ou

o que se vê, interpretando criticamente o que está veiculado,

identificando o papel de elementos discursivos conferindo sentido ao

seu uso; permitir o uso da linguagem expressiva em elaboração de

projetos em grupo, plano de ação, jogos e outras atividades que

antecipem a produção escrita. Heber Maia (2011, p.74 e 75)

Costa e Maia dizem que crianças com deficiência mental e TDAH

também poderão apresentar questões específicas no campo da linguagem a

se expressar no campo comportamental, a deficiência mental em decorrência

de um rebaixamento cognitivo difuso e o TDAH por disfunção nas habilidades

de atenção, organização, planejamento e flexibilidade mental. As funções

executivas são determinantes da capacidade de aprendizagem. Embora haja

relação entre nível intelectual e a capacidade de aprendizagem, é possível que

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as crianças portadoras de inteligência normal e problemas com função

executiva tenham baixo rendimento acadêmico. É o caso dos portadores de

TDAH.

Josselma G. da Silva em artigo publicado no livro Transtornos e

Dificuldades de Aprendizagem diz que discalculia é um transtorno silencioso

que se mistura a muitos outros aspectos do desenvolvimento do indivíduo, o

que faz com que só se perceba somente quando a criança já tem um histórico

escolar e vários fracassos, principalmente nas habilidades lógico-matemáticas.

A discalculia se mistura a outros elementos do desenvolvimento e quando se

fala em nível de desenvolvimento é porque se está além das dificuldades

externas, podendo se dizer que transtorno é caracterizado como algo de ordem

neurológica.

Sendo a discalculia um transtorno neurológico é preciso que os

profissionais envolvidos com a educação tenham uma preocupação especial,

já que compreende-se que quando ocorre aprendizagem, redes neurais

evoluíram e a criança tem a possibilidade de avançar no processo de

aprendizado.

Para o discalcúlico as situações concretas são mais fáceis de promover

aprendizagens significativas, são indispensáveis para esses educandos

situações vivenciadas com uso da matemática e o manuseio de materiais

como palitos, números móveis, material dourado, sucatas, tampas, barras de

Cuisinaire, jogos de encaixe matemáticos, quadros adaptados para fixar tais

materiais, dinheiro sem valor monetário, placas de montagem com formas

coloridas.

O jogo é um importante aliado na promoção da aprendizagem da

criança com discalculia, dentre alguns estão :

Pega – varetas, a sua prática desenvolve a percepção visual por causa das

cores que apresenta; a classificação pela pontuação de cada cor; a

motricidade, pela habilidade de retirar as vareta e de estratégias de ação no

momento de escolher a vareta que será retirada; a capacidade de cálculos de

adição, subtração divisão e multiplicação;

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Quebra – cabeça- desenvolve organização visual e espacial ao ter que

encaixar as peças;

Dominó, pela necessidade de contar, planeja e concentrar-se;

Jogo da velha, por ter que planejar;

Jogos de trilha, por envolver cálculos em forma de desafios e situações

problemas;

Bingo; pela capacidade de lidar com abstrato, usando o símbolo e

transformando-o em simbólico caracterizando um ato de evolução.

Roneide Valeriano afirma que a disortografia é a dificuldade de fazer a

associação entre os fonemas e os grafemas, é a incapacidade de transcrever

corretamente a linguagem oral, podendo haver troca ortográficas e confusão

de letras. Consiste em confusões de letras, sílabas e palavras, com trocas

ortográficas já conhecidas e trabalhadas pelo professor. A substituição de

letras semelhantes; omissões e adições, inversões e rotações; uniões e

separações; omissão ou adição de “h”; escrita de “n” em vez de “m” antes de p

ou b; substituição de r por rr, são indicadores de disortografia.

O educando com disortografia nem sempre tem como causa a uma

escrita disgráfica, mas sim alguns erros que se manifestam quando a criança

adquiri os mecanismos de leitura e de escrita.

O córtex visual primário é o responsável pelo processamento dos

símbolos gráficos e as áreas do lobo parietal são responsáveis pelas questões

visório-espaciais da grafia, diante do exposto percebe-se que o processo de

aquisição da linguagem escrita assim como o da linguagem oral envolvem

diversas regiões cerebrais. “As informações processadas são reconhecidas e

decodificadas na área de Wernicke, responsável pela compreensão da

linguagem escrita necessita da ativação do córtex motor primário e da área de

Broca” (Sampaio, 2011, p.92). Os alunos devem ser bem direcionados por

educadores e profissionais da saúde, conjunto com as famílias para obter

melhores resultados escolares. Os educadores devem estimular a descoberta

e a utilização da lógica do seu pensamento na construção de palavras e textos

e na representação de fonemas, oportunizar escrita e leitura espontâneas;

explorar produções de textos, cartas e bilhetes, explicar a diferença entre a

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língua falada e a língua escrita, a estimulação da linguagem escrita deve ser

através de atividades lúdicas. A família deve estimular através da leitura de

histórias infantis, da leitura de rótulos e propagandas, jogos com letras e

desenhos, a criança precisa sentir prazer ao ler e escrever.

Para se obter a inclusão dos educandos com distúrbios de

aprendizagem é preciso que o currículo e o plano de aula seja flexível no que

diz respeito as diferentes formas de ensinar e o tempo de aprendizagem de

cada educando. A LDB nº 9.394/96 ampara tais educandos afirmando que “os

sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:

currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica,

para atender às suas necessidades.” Diante dessa exigência, precisa-se

observar se a adaptação curricular, o ritmo do educando, os métodos de

ensino aplicado e os modelos de avaliação, porém sabe-se que hoje a inclusão

dos educandos com necessidades especiais é bem diferente do que se espera

e isso engloba as crianças com transtornos pelas necessidades que estes

precisam, como estratégias diferenciadas para intervir na aprendizagem.

Diante do exposto percebe-se a importância das ações pedagógicas

com objetivo de fazer com que as crianças com transtornos possam melhorar e

ampliar suas aprendizagens, visto que a criança possui competência para o

aprendizado e se difere somente quanto ao tempo que precisa para adquirir

esse aprendizado assim como o instrumento e as propostas oferecidas pelo

professor.

A neurociência pedagógica mostra que o funcionamento do cérebro é

imprescindível para aprendizagem, os cursos de formação de professores

deveriam inserir em sua grade curricular uma disciplina de conhecimentos

neurocientificos, pois quando o professor conhece o desenvolvimento do

sistema nervoso da criança e as fases de desenvolvimento e aquisição de

habilidades cognitivas e sociais pode trabalhar de forma que se consiga

amenizar as dificuldades escolares. Através dos conhecimentos adquiridos em

neurociência percebe-se que os educadores com conhecimento do sistema

nervoso podem melhorar sua prática mediante uma boa fundamentação que

lhes permita avaliar o desempenho e a evolução dos educandos interferindo de

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maneira adequada no processo ensino aprendizagem e que quanto mais cedo

o professor intervir, terá mais probabilidade de sucesso no desenvolvimento da

aprendizagem do aluno, sendo a Neurociência um importante auxiliar na

compreensão do que é comum a todos os cérebros. A aproximação entre as

neurociências e a pedagogia é uma contribuição valiosa para o professor.

Atualmente os cursos de formação Pedagógica ensinam que o papel do

professor deve ser o de facilitador do processo ensino aprendizagem e que

deve criar condições para se promover a educação como desenvolvimento

humano, sendo assim o aluno deve aprender como aprender e o professor

deve prepará-lo para aprender a conhecer visando um repertório de saberes

codificados para que se compreenda o mundo que o rodeia, aprender a fazer

para que possa por em prática os seus conhecimentos, aprender a conviver

para que se resolva os conflitos de forma pacífica, aprender a ser para que se

elabore pensamentos autônomos e críticos, deve usar técnicas que permitam

a cada aluno aprender da maneira que é melhor para ele, aumentando sua

motivação para o aprendizado.

Quando o educando sente-se parte atuante do processo de

aprendizagem, esta se torna prazerosa, daí se dá a importância dos quatro

pilares da educação que embora independentes devam ser executado

harmoniosamente e, nesse contexto, ao professor consciente de seu papel de

interventor responsável pela mediação da informação, através de sua prática,

cabe oferecer um ambiente que respeite as diferenças individuais permitindo

que os aprendizes se sintam estimulados do ponto de vista intelectual e

emocional, deve-se conhecer o padrão de pensamento pessoal de cada

educando e saber como usá-lo é o primeiro passo para ser um participante

ativo desse processo, buscar estruturar o ensino de modo que os alunos

possam construir adequadamente os conhecimentos a partir de suas

habilidades mentais faz com que os estudos da neurociência seja muito

significativo, uma vez que esse, influencia na compreensão dos processos de

ensino e de aprendizagem. No entanto, é possível nos dias de hoje, ver alguns

professores transmitindo os conhecimentos de forma mecânica e igual para

todos os alunos, ignorando a individualidade de cada um; isso nos mostra a

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falta de consciência e de conhecimentos dos professores que na maioria das

vezes estão presos a um currículo no qual se tem que dar conta de livros e

materiais didáticos até o final do ano, o que reflete um total

descomprometimento com tal individualidade.

A Neurociência Pedagógica leva ao entendimento da aprendizagem

neural e, através de várias reflexões compreende-se que se a aprendizagem

se dá de forma individual e que cada um tem um ritmo de aprendizagem, é

possível chegar a conclusão que isso não está de acordo com o currículo

escolar. Na instituição escolar o educando tem um tempo para “aprender” os

conteúdos e muitas vezes esse tempo não é o ritmo da sinapse neural. É

preciso repensar as práticas pedagógicas e os objetivos educacionais para se

valorizar o educando como um ser biológico, emocional, afetivo, social e

cultural.

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CONCLUSÃO

Através desta pesquisa conclui-se que aprender representa a

complexidade de elementos biológicos, pedagógicos, emocionais e culturais. A

neuropedagogia é uma área muito nova que visa contribuir para a criação de

recursos educativos importantes para que o processo de inclusão seja uma

prática real baseando-se na lei nº 9.394/96, que estabelece as Diretrizes e

Bases da Educação Brasileira e que em seus artigos 58 e 59 falam da

importância do atendimento educacional a pessoas com necessidades

especiais, que deverão ser ministrados em escolas regulares, e que estabelece

que sejam criados serviços de apoio especializado e sejam assegurados

currículos, métodos e técnicas, recursos educativos e organizações específicas

para atender às peculiaridades dos alunos, porém ainda hoje se percebe a

falta de políticas publicas e profissionais capacitados para que se faça da

escola um lugar em que realmente se aprenda, um lugar de ensinar o que o

educando pode aprender e como este deve aprender. Todas as crianças e

essencialmente a criança especial precisa de amparo, ser tratada com amor

para que se desenvolva biopsicossocialmente.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BRASIL. Lei Darcy Ribeiro 1996. LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

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VALLE, Luiza Elena l. Ribeiro do; VALLE, Eduardo L. Ribeiro do. NEUROPSIQUIATRIA infância e adolescência: Abordagem multidisciplinar de problemas na clínica, na família e na escola. 2ª ed. Rio de Janeiro, Wak,2007.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DA NEUROCIÊNCIA 10

CAPÍTULO II

A ORGANIZAÇÃO DO CÉREBRO PARA

APRENDIZAGEM 20

CAPÍTULO III

A CONTRIBUIÇÃO DA NEUROCIÊNCIA PARA AS

PRÉTICAS PEDAGÓGICAS NAS SÉRIES INICIAIS 30

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42

ÍNDICE 44