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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE CONSOLIDAÇÃO SOCIETÁRIA NA TELE CELULAR SUL (TIM SUL) : PLANEJAMENTO FISCAL E ESTRATÉGICO Claudio Nascimento Pedroso Prof : Jorge Tadeu Vieira Lourenço Rio de Janeiro-RJ / 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

CONSOLIDAÇÃO SOCIETÁRIA NA TELE CELULAR SUL

(TIM SUL) : PLANEJAMENTO FISCAL E ESTRATÉGICO

Claudio Nascimento Pedroso

Prof : Jorge Tadeu Vieira Lourenço

Rio de Janeiro-RJ / 2009

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AGRADECIMENTOS

.... especialmente à nossa atenciosa e

estimada professora Luciana Madeira,

que, com seu jeitinho informal, conseguiu

passar o conteúdo de suas aulas com

muita originalidade e sabedoria,

conquistando a todos nós.

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DEDICATÓRIA

.....dedica-se à minha inesquecível e adorada

filha Isis, razão da minha vida, que partiu tão

jovem e inesperadamente para o outro lado

da vida.

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RESUMO

O objetivo deste trabalho é mostrar ganhos empresariais e corporativos

com planejamento tributário e estratégico, baseado no aproveitamento de

prejuízos, destacando a sua especial importância no mercado de fusões e

aquisições, segmento que vem ganhando maior espaço negocial no Brasil, como

demonstram os recentes casos de Brazil Foods, da Super Tele (Oi + Brasil

Telecom) e Ambev, por exemplo. Identificamos na reestruturação das operadoras

da Tele Celular Sul (“TCSL”), ocorridas em novembro de 2002 e julho de 2003, um

exemplo de planejamento estratégico e tributário bem executado com ganhos em

tributos diferidos.

A estratégia da companhia consistiu em concentrar um maior

endividamento na TELEPAR, que gerou significativas despesas financeiras,

principal motivo para os resultados negativos da operadora paranaense em 2000,

2001 e 2002, enquanto a sua co-irmã TELESSC apurava lucro líquido nos

mesmos exercícios.

Com o fechamento de capital da CTMR e da TELESC, que se tornaram

subsidiárias integrais da TELEPAR, e o fato de ter obtido rentabilidade nos

balanços seguintes, possibilitaram o aproveitamento desses créditos fiscais pela

TELEPAR, gerando valor para os seus acionistas, como demonstramos no final

deste trabalho, através da metodologia EVA.

Além do aproveitamento de créditos fiscais, o caso ilustra ainda a utilização

de ágio decorrente do processo de privatização da TSCL, que foi transferido da

controladora para as suas subsidiárias, a fim de produzir efeitos dedutivos sobre o

imposto de renda e contribuição social devidos.

O processo de consolidação das operadoras da TSCL ainda prosseguiu com a

incorporação da TELESC e da CTMR pela TELEPAR, que passou a se chamar

TIM SUL.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 07

PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 08

COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS 09

EVA (ECONOMIC VALUE ADDED) 20

CASE TELE CELULAR SUL – “TCSL” 25

CONCLUSÃO 31

BIBLIOGRAFIA 33

ANEXOS 34

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1. INTRODUÇÃO :

Em nosso trabalho, apresentamos diversas definições acerca do

planejamento tributário ressaltando a sua importância no dia a dia das empresas,

visando diminuir o pagamento de tributos e consequentemente melhorar os seus

resultados financeiros, maximizando o lucro e criando valor para o negócio.

Posteriormente, elegemos o aproveitamento do benefício fiscal decorrente

de prejuízos fiscais como uma das principais formas dos grupos econômicos

buscarem o planejamento tributário, principalmente nas situações de fusão e

aquisição de empresas. Levantamos o histórico de tal artifício legal até chegar na

sua atual disposição legal, na letra das instruções CVM nr. 371 de 27/06/02,

reforçada depois pela Resolução nr. 3.059, de 20/12/02, do Banco Central. Em

seguida, são levantadas algumas situações de fusão e aquisição de empresas em

que são cabíveis a aplicação deste tipo de crédito fiscal, e também quando não é

cabível.

Por fim, ilustramos a utilização de um caso específico de benefício fiscal

derivado de prejuízos fiscais, enfocando a consolidação das operadoras da

Holding Tele Celular Sul (“TCSL”), com criação de valor, aplicando a metodologia

de EVA.

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2. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

Em sua obra que leva o nome deste capítulo, Borges enfatiza que a ação

empresarial que visa harmonizar as transações futuras ao objetivo de excluir,

minimizar ou adiar o correspondente débito fiscal, mediante meios e instrumentos

legítimos, vem ocupando, dia a dia, uma posição de vanguarda na estratégia

global das organizações.

Os fundamentos de tais idéias e planos estão baseados no direito à

economia de impostos, que busca uma conseqüência fiscal menos onerosa,

mediante a rigorosa observância da totalidade de requisitos formais e substanciais

que a lei exige.

Borges enumera algumas regras básicas aplicadas pelas organizações

empresariais na elaboração de planos voltados à economia de impostos,

principalmente na área de tributos indiretos :

• Verificar se a economia de impostos é oriunda de ação ou omissão

anterior à concretização da hipótese normativa de incidência;

• Examinar se a economia de impostos é decorrente de ação ou omissão

legítimas;

• Analisar se a economia de impostos é proveniente de ação realizada por

meio de formas de direito privado normais, típicas e adequadas;

• Investigar se a economia de impostos resultou de ação ou conduta

realizadas igualmente a suas formalizações nos correspondentes

documentos e registros fiscais.

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3. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS

3.1 - HISTÓRICO SOBRE O IMPOSTO DE RENDA

DIFERIDO

A postura inicial adotada pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM no

tratamento dispensado ao crédito fiscal, derivado de prejuízos fiscais acumulados,

foi bastante conservadora e até restritiva. Esse posicionamento ia ao encontro do

entendimento internacional dado à matéria na época também na linha do

conservadorismo.

Através do Parecer de Orientação CVM nr. 10/86, de 23.05.86, a autarquia

vedou tacitamente o registro do imposto de renda diferido ativo, lastreado em

prejuízos fiscais acumulados.

Em pronunciamento posterior (Parecer de Orientação nr. 14/87, de

14.12.87), a CVM ampliou o escopo de normatização da matéria, ao chamar a

atenção das companhias abertas para o fato de que o diferencial existente entre o

patrimônio líquido apurado pela correção monetária integral e o elaborado pela

legislação societária implicaria a necessidade de reconhecimento de uma

exigibilidade futura ou de um crédito futuro. Este novo posicionamento da CVM foi

considerado, ainda que de forma superficial, precursor da idéia das diferenças

intertemporais nas bases contábil e fiscal de ativos e passivos, embora o enfoque

dado ao cálculo do imposto de renda diferido estivesse ainda centrado na linha de

resultado.

O tratamento contábil dispensado aos ativos e passivos fiscais no Brasil

esteve sempre atrelado às disposições da legislação do imposto de renda, que,

durante algum tempo (até RIR/94), estabeleceu algumas premissas que

influenciaram, de certo modo, o momento do reconhecimento do imposto de renda

diferido nas demonstrações contábeis das empresas. As orientações emanadas

aos contribuintes eram as seguintes :

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i) Prejuízos Fiscais apurados até 31.12.91 – Base Legal: Decreto-lei

1598/77, art. 64 e RIR/94, art. 503 : “A pessoa jurídica poderá

compensar o prejuízo apurado em um período-base, encerrado em

31.12.91, com o lucro real determinado nos quatro anos-calendários

subseqüentes.”

ii) Prejuízos Fiscais apurados no Ano-Calendário de 1992 – Base Legal:

Lei 8383/91, art. 38, e RIR/94, art. 504 : “O prejuízo fiscal apurado

em um mês do ano de 1992 poderá ser compensado com o lucro

real de períodos-base subseqüentes.”

iii) Prejuízos Fiscais apurados a partir de 31.12.93 – Base Legal: Lei

8541/92, art. 12, e RIR/94, art. 505 : “Os prejuízos fiscais apurados a

partir de 1o. janeiro de 1993 poderão ser compensados com o lucro

real apurado em até quatro anos-calendário, subseqüentes ao ano

da apuração.”

Assim, tais disposições legais concorreram para o entendimento

generalizado de que o estoque de prejuízos fiscais acumulado até 31.12.91 e a

partir de 01.01.93 prescreveria em 4 (quatro) anos-calendário subseqüentes,

enquanto o estoque de prejuízos fiscais acumulado exclusivamente no ano-base

de 1992 reputava-se imprescritível para efeito de compensação com lucros

tributáveis futuros.

Nessa linha, visando estabelecer nova postura a ser adotada pelas

companhias abertas no reconhecimento do crédito fiscal derivado de prejuízos

fiscais acumulados, a CVM manifestou-se, através do Parecer de Orientação nr.

24/92, de 15.01.92, no sentido de permitir o registro do imposto de renda diferido

nas demonstrações contábeis, desde que subordinado a uma estimativa razoável

de sua realização (histórico de lucros tributáveis por parte da companhia; prejuízo

fiscal não recorrente) e fundado em imposto de renda de longo prazo.

Este posicionamento menos conservador, porém ainda restritivo por parte

da CVM – acatar o registro do ativo fiscal – representou um avanço no tratamento

dado à matéria, seguindo nova tendência internacional.

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A partir da edição da Lei 8.981/95, uma das premissas do PO 24/92, qual

seja a realização do imposto de renda diferido ativo, derivado de prejuízos fiscais,

em até 4 (quatro) exercícios subseqüentes ao seu registro, caiu por terra, pois o

seu direito a compensação dos prejuízos fiscais passou a ficar limitado a 30% do

lucro tributável apurado em cada período e os prejuízos fiscais apurados até o

ano-calendário de 31.12.94, cujo direito de compensação tivesse expirado,

tornaram-se imprescritíveis para efeito de dedutibilidade, da mesma forma que os

apurados após essa data base.

Permaneceram, entretanto, norteando o tratamento a ser dado aos créditos

fiscais algumas premissas do PO 24/92, tais como histórico de rentabilidade e

expectativa de lucros tributáveis futuros, condições sine qua non para

caracterização da substância econômica do ativo.

Encerrando o que pode ser considerado como uma primeira fase de

pronunciamentos emitidos acerca da matéria, a CVM, ratificando o PO 14/87,

expediu o Parecer de Orientação nr. 27/94, em 27.01.94, abordando, mais uma

vez, a questão das diferenças intertemporais criadas pelos critérios contábeis

distintos utilizados na elaboração das demonstrações contábeis pela correção

integral e pela legislação societária. Até então, a autarquia não havia entrado no

mérito de reconhecimento de ativos e passivos fiscais, optando, nesse momento,

por indicar a utilização do método do diferimento, que prescreve a contabilização

do imposto de renda diferido, ativo ou passivo, com base na alíquota efetiva em

vigor.

Em se tratando de métodos de reconhecimento do imposto de renda

diferido, estes são classificados doutrinariamente, segundo a FIPECAFI/Arthur

Andersen, em :

i) Método do diferido ou do diferimento, através do qual os efeitos

fiscais das diferenças intertemporais são reconhecidos aplicando-se

a taxa de imposto em vigor em que as diferenças se originaram. Os

impostos diferidos assim provisionados não são ajustados pelas

subseqüentes alterações nas taxas de imposto ou para refletir a

imposição de novos impostos ou a eliminação de impostos

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anteriores. Contudo, quando os eventos subseqüentes ou alterações

nas condições converterem diferenças intertemporais para

diferenças permanentes, os impostos diferidos anteriormente

provisionados são eliminados nessa oportunidade e, se significativos,

os valores revertidos são divulgados. O enfoque de cálculo dos

ativos e passivos fiscais está voltado para a demonstração de

resultado.

ii) Método do passivo, através do qual os imposto diferidos sobre as

diferenças intertemporais são provisionados com base nas taxas de

impostos presumivelmente em vigor quando essas diferenças vierem

a se reverter. A menos que exista evidência em contrário, a taxa de

imposto que estará presumivelmente em vigor naquela oportunidade

será a taxa contemporânea. O enfoque de cálculo dos ativos e

passivos fiscais está voltado para o balanço patrimonial, para as

rubricas individualmente.

iii) Método líquido de imposto, através do qual os efeitos das diferenças

intertemporais nos impostos são reconhecidos mediante ajustes no

valor contábil (ajustes de avaliação) dos ativos e passivos que

ocasionaram as diferenças intertemporais, ou seja, os efeitos no

imposto são abatidos nos ativos ou passivos a que se referem.

Em seu pronunciamento XX, anterior à Deliberação 273/98, que tratava da

contabilização do imposto de renda, o IBRACON propunha adotar um quarto

método de reconhecimento do imposto de renda diferido – método misto,

mesclado por elementos do método do diferido e por elemento do método do

passivo. O ativo fiscal seria calculado com base na alíquota em vigor, enquanto o

passivo fiscal seria calculado com base na alíquota presumivelmente em vigor.

Em se tratando dos ativos fiscais diferidos, originados de prejuízos fiscais, a

Deliberação 273/98 manteve exigências que já existiam em normativos anteriores

para seu registro, requerendo como condição precípua a expectativa provável de

lucros tributáveis no futuro, em montante suficiente para compensação de tais

prejuízos, indicando como critérios de avaliação da probabilidade de lucros futuros

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a existência de diferenças temporárias tributáveis suficientes, a existência de

prejuízos fiscais não recorrentes, ou a oportunidade identificada de planejamento

tributário, respeitados os Princípios Fundamentais de Contabilidade.

No tocante aos ativos fiscais diferidos, decorrentes de diferenças

temporárias dedutíveis, as exigências requeridas para seu registro abrangem a

expectativa provável de lucros tributáveis no futuro e a existência de obrigação

fiscal diferida em montante e em período de realização compatíveis com os do

ativo fiscal.

Quanto ao método de contabilização e reconhecimento de ativos e passivos

fiscais diferidos, a Deliberação 273/98 elegeu o método do passivo, ao requerer

que ativos e passivos sejam registrados com base nas alíquotas aplicáveis ao

prazo de realização ou liquidação, sendo ainda acompanhados e revisados

sempre quando das mudanças nas alíquotas aplicáveis ou na expectativa de

realização dos ativos. Conforme mencionado anteriormente, esse método foca o

cálculo de ativos e passivos fiscais no balanço patrimonial (pelas diferenças

individuais entre as bases fiscal e contábil das rubricas), contemplando portanto as

diferenças temporárias derivadas de realizações de ativos, as quais não

resultariam em imposto de renda diferido caso fosse adotado o método do

diferimento.

Com respeito à forma de classificação e apresentação, os impostos

corrente e diferido são registrados no resultado ou no patrimônio líquido,

dependendo de sua origem, e apresentados separadamente no circulante e no

realizável ou exigível a longo prazo, só sendo admitida a compensação de ativos e

passivos fiscais diferidos em caso de a entidade possuir respaldo legal e pretender

quitá-los em bases líquidas.

No que concerne às exigências de divulgação de informações, previstas na

Deliberação, estas compreendem, quando relevantes :

i) montante dos impostos corrente e diferido registrados no resultado,

patrimônio líquido, ativo e passivo;

ii) natureza, fundamento e expectativa de prazo para realização de

cada ativo e obrigações fiscais diferidos;

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iii) efeitos no ativo, passivo, resultado e patrimônio líquido decorrentes

de ajustes por alteração de alíquotas ou por mudança na expectativa

de realização ou liquidação dos ativos ou passivos diferidos;

iv) montante das diferenças temporárias e dos prejuízos fiscais não

utilizados para os quais não se reconheceu contabilmente um ativo

fiscal diferido, com a indicação do valor dos tributos que não se

qualificaram para esse reconhecimento;

v) conciliação entre o valor debitado ou creditado ao resultado de

imposto de renda e contribuição social e o produto do resultado

contábil antes do imposto de renda multiplicado pelas alíquotas

aplicáveis, divulgando-se também tais alíquotas e suas bases de

cálculo;

vi) natureza e montante de ativos cuja base fiscal seja inferior a seu

valor contábil.

3.2 - INSTRUÇÃO CVM NR. 371 DE 27/06/02

Os escândalos contábeis das grandes empresas americanas para aumentar

artificialmente os resultados ecoaram nas autoridades brasileiras, tendo a CVM

expedido a Instrução 371, de 27/06/02, disciplinando o registro contábil do ativo

fiscal decorrente de prejuízos fiscais e base negativa da CSLL acumulados.

Aquela Instrução que é aplicável para as empresas de capital aberto

restringe o registro contábil do Ativo Fiscal Diferido. O seu art. 2o. dispõe que para

fins de reconhecimento inicial do Ativo Fiscal Diferido, a companhia deverá

atender, cumulativamente, às seguintes condições :

I- apresentar histórico de rentabilidade ;

II- apresentar expectativa de geração de lucro tributários futuros,

fundamentada em estudo técnico de viabilidade, que permitam a

realização do ativo fiscal diferido em um prazo máximo de dez anos;

e

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III- os lucros futuros referidos no inciso anterior deverão ser trazidos a

valor presente no prazo total estimado para sua realização.

O art. 3o. da Instrução dispõe que presume-se não haver histórico

rentabilidade na companhia que não obteve lucro tributável em, pelo menos, três

dos cinco últimos exercícios sociais. Essa presunção poderá ser afastada com

demonstrações fundamentadas de geração de lucro tributável.

No Manual de Contabilidade Tributária, os autores consideram que “os

pressupostos utilizados para a avaliação da probabilidade de ocorrência de lucros

tributáveis futuros, que envolvem providências internas da administração, são

evidências mais concretas, ou melhor administráveis do que pressupostos que

envolvem terceiros ou uma situação de mercado (por exemplo, significativo

aumento das vendas ou dependência de preço de commodities). Também, os

pressupostos se tornam mais imprecisos na medida em que o período das

projeções aumenta. Ao aumentar esse período, diminui a capacidade de

administração em elaborar suas melhores estimativas.”

A Resolução nr. 3.059, de 20/12/02, do Banco Central dispõe sobre o

registro contábil de créditos tributários de instituições financeiras decorrentes de

prejuízos fiscais e de base negativa da CSLL. O seu art. 1o. determina o

atendimento, cumulativo, das seguintes condições :

I- apresentem histórico de lucros ou receitas tributárias para fins de

impostos de renda e contribuição social, comprovado pela ocorrência

destas situações em, pelo menos, três dos últimos cinco exercícios

sociais, período este que deve incluir o exercício em referência;

II- haja expectativa de geração de lucros ou receitas tributárias futuros

para fins de imposto de renda e CSLL, conforme o caso, em

períodos subseqüentes, baseadas em estudo técnico que demonstre

a probabilidade de ocorrência de obrigações futuras com impostos e

contribuições que permitam a realização do crédito tributário em um

prazo máximo de cinco anos.

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A Circular nr. 3.171, de 30/12/02, do Banco Central estabeleceu os

procedimentos para reconhecimento, registro contábil e avaliação de créditos

tributários e obrigações fiscais diferidas.

3.3- FUSÃO, INCORPORAÇÃO E CISÃO

O Decreto-lei nr. 1.730/79 revogou o quinto parágrafo do art. 64 do Decreto-

lei nr. 1.598/77 que permitia à sociedade resultante de fusão e à que incorporar

outra pessoa jurídica ou parte do patrimônio de sociedade cindida o direito de

compensar os prejuízos das sociedades extintas.

Segundo Higuchi, “a alteração na legislação foi introduzida para evitar a

evasão ou postergação no pagamento do imposto de renda que a cisão e a

incorporação ensejavam. O art. 33 do Decreto-lei nr. 2.341/87 dispõe

expressamente que a pessoa jurídica sucessora por incorporação, fusão ou cisão

não poderá compensar prejuízos fiscais da sucedida. No caso de cisão parcial, a

cindida poderá compensar os seus próprios prejuízos, proporcionalmente à

parcela remanescente do patrimônio líquido (art. 514 do RIR/99)”.

Essa disposição expressa foi introduzida para eliminar definitivamente a

controvérsia que ainda permanecia. Alguns entendiam que a revogação da

permissão para compensar os prejuízos fiscais das sucedidas sem impor a

vedação expressa da compensação permitiria à sociedade sucessora compensar

os prejuízos fiscais das sucedidas porque os direitos e obrigações se sucedem na

incorporação, fusão ou cisão.

No caso da incorporação, a legislação fiscal deveria permitir a

incorporadora compensar os prejuízos fiscais da incorporada, proporcionalmente à

sua participação societária desde que tenha o controle do capital há mais de cinco

anos. Ninguém irá fazer um empreendimento com vista a obtenção de prejuízo. O

prejuízo é uma fatalidade.

Vale salientar, contudo, o impedimento das empresas quanto à utilização de

seus prejuízos fiscais e base negativas da contribuição social quando

cumulativamente ocorrerem a modificação de seu controle acionário e a mudança

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do seu ramo de atividade entre a data da apuração do prejuízo e a data da

compensação.

Para Higuchi, um dos abusos de forma que vemos com freqüência é a

sociedade com vultoso prejuízo fiscal incorporar sociedade lucrativa para em

seguida, por razões de nome comercial, a incorporadora tomar a denominação da

incorporada. Nesse caso, a incorporada de fato foi a sociedade com prejuízo fiscal

e com isso a compensação futura está prejudicada.

O 1o. CC decidiu que os prejuízos compensáveis, de acordo com a

legislação fiscal (RIR/80, art. 382) são os sofridos pela própria pessoa jurídica,

sendo a defesa a compensação de prejuízos da empresa incorporada com os

lucros da incorporante. Comprovado, com base nos elementos constantes dos

autos, que a declaração de vontade expressa nos atos de incorporação era

enganosa para produzir efeito diverso do ostensivamente indicado, a autoridade

fiscal não está jungida aos efeitos jurídicos que os atos produziriam, mas à

verdadeira repercussão tributária nos fatos subjacentes.

O 1o. CC decidiu que no caso de compensação de prejuízos fiscais na

última declaração de rendimentos da incorporada, não se aplica a norma de

limitação a 30% do lucro líquido ajustado.

O entendimento é justo porque o prejuízo fiscal e base negativa de CSLL da

sociedade incorporada que não forem compensados na última declaração de

incorporação não poderão ser aproveitados pela sucessora. Se o entendimento

firmar-se em jurisprudência, há risco de ser utilizado como meio de planejamento

tributário.

Se na incorporação de sociedade não houver limite de 30% para

compensar os prejuízos fiscais e base negativa da CSLL, com maior razão não

pode haver limite de declaração na última declaração de extinção de pessoa

jurídica. O único problema é a empresa não poder ser extinta se o órgão da

Receita Federal não aceitar a compensação de 100% dos prejuízos, até decisão

final na área administrativa.

Inúmeros acórdãos do 1o. CC têm decidido que a compensação integral, do

lucro real ou da base negativa da CSLL, ainda que aplicável fosse o limite de 30%,

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configuraria hipótese de postergação, pois representaria modalidade de

antecipação de redução do lucro acarretando diferimento do imposto que está a

exigir.

Os órgãos julgadores não têm competência para alterar a capitulação legal

constante dos autos de infrações, isto é, de redução indevida de lucro para

inobservância do regime de competência com postergação no pagamento de

tributos. Com isso, o provimento ao recurso voluntário é concedido para cancelar o

auto e a notificação de lançamento.

3.4 - OS PREJUÍZOS FISCAIS E A FORMAÇÃO DO PREÇO

DA COMPANHIA

Na obra organizada por Jairo Saddi, Leandro Luiz Zancan ressalta que,

“nos processos de fusão e aquisição, nem sempre o estoque de prejuízos e de

bases de cálculo negativas da contribuição social sobre o lucro é considerado

pelas partes envolvidas nas negociações como um item relevante formador do

preço da transação. Todavia, é razoável supor que o comprador do negócio

vislumbre a possibilidade de lucros futuros, daí seu interesse pelos ativos. “

3.5 - MODIFICAÇÃO DO CONTROLE SOCIETÁRIO E DA

ATIVIDADE

A pessoa jurídica não poderá compensar seus próprios prejuízos fiscais, se

entre a data da apuração e a da compensação houver ocorrido, cumulativamente,

modificação de seu controle societário e do ramo de atividade, dispõe o art. 32 do

Decreto-lei 2.341/87 (art. 513 do RIR/99).

A modificação do controle societário, direto ou indireto, é fácil de ser

detectada. Por controle societário, entende-se a relação societária em que a

sociedade controladora é titular de sócio que lhe assegure, de modo permanente,

preponderância nas deliberações sociais e poder de eleger a maioria dos

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administradores da sociedade controlada. Não é necessário ter maioria do capital,

basta ter maioria do capital votante.

A maior controvérsia ficará com a modificação do ramo de atividade porque

o termo é vago e amplo. Entende-se por ramo de atividade a divisão em atividades

industriais, comerciais e de serviços ou indústria metalúrgica, química, alimentícia

ou das subdivisões menores ?

O cerco à aquisição de empresas inativas com vultoso prejuízo fiscal ainda

não está completado. A vedação de compensar seus próprios prejuízos fiscais

deveria ser aplicada quando ocorrer, cumulativamente, alteração do controle

societário e da razão ou denominação social.

É comum a empresa lucrativa adquirir outra do mesmo ramo de atividade,

com vultoso prejuízo fiscal, e, em seguida, a empresa deficitária incorpora a

lucrativa. Para preservar o nome comercial, a incorporadora altera a razão social,

tomando o nome da empresa incorporada. Essa prática é mais de sonegação que

de evasão fiscal por utilizar abuso de forma.

O 1o. CC decidiu que é inaceitável a compensação de seus próprios

prejuízos, por parte da empresa incorporadora, quando a referida incorporação se

deu de forma apenas aparente, tendo de fato sido extinta a empresa que aparece

com a roupagem de incorporadora e sobrevivido a que é tido como incorporada.

O que caracteriza legalmente a incorporação é a extinção da incorporada.

Se a incorporadora perde sua identidade no evento, pois adota a mesma

denominação, o mesmo endereço, a mesma atividade e funciona com o mesmo

maquinário e pessoal da suposta incorporada ela é que foi extinta.

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4- EVA (ECONOMIC VALUE ADDED) 4.1- CONCEITO :

O EVA é um conceito de lucro econômico proprietário da Stern Stewart

desenvolvido na década de 80. É bastante simples e recupera a antiga idéia de

lucro econômico, segundo a qual só há lucro quando todos os custos são

cobertos, inclusive o custo de capital, tão relevante em indústrias de capital

intensivo.

No lucro líquido contábil deduz-se apenas o custo do capital de terceiros

(despesas de juros), deixando de considerar o custo do capital próprio. A

contabilidade tradicional não considera o custo do acionista, pois este não cobra

juros, ao contrário da dívida bancária. Assim, o lucro líquido superestima o

verdadeiro lucro.

O lucro econômico considera o custo do capital próprio e de terceiros ao

comparar o custo médio ponderado de capital (CMPC ou WACC, em inglês) com a

rentabilidade do capital investido.

Em outras palavras, uma importante vantagem do EVA em relação a outras

métricas é que ela contrapõe, de uma maneira simples e objetiva, o lucro

operacional e os recursos de capital necessários para gerá-lo. Deste modo, ele

mede o quanto foi gerado além (ou aquém) do retorno mínimo requerido pelos

investidores na empresa (credores e investidores).

4.2- METODOLOGIA DE CÁLCULO DO EVA

O ponto de partida para o cálculo do EVA são as demonstrações

financeiras. Para o cálculo do EVA, diversos ajustes a esta base contábil são

realizados com o objetivo de explicitar o desempenho econômico.

Como mostra a fórmula abaixo, o EVA consiste em um Lucro Operacional

Líquido (NOPAT – Net Operating Profit After Taxes) menos um Encargo de Capital.

EVA = NOPAT – Encargo de Capital

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Esse Encargo de Capital representa o custo de oportunidade dos recursos

investidos no negócio. Seu valor é obtido multiplicando-se o volume de recursos

empregados para gerar o NOPAT (chamado de capital empregado) pelo custo de

oportunidade destes recursos (custo de capital).

EVA = NOPAT – (Capital x Custo de Capital)

4.2.1- NOPAT

NOPAT significa “Net Operating Profit After Taxes”, ou lucro operacional

líquido após impostos, e representa o lucro gerado pelas operações da empresa,

independentemente de como ela é financiada. Seu objetivo é medir o resultado

operacional gerado pelos ativos da companhia, que é resultado das decisões

operacionais de seus administradores. Já o resultado das decisões de

financiamento da companhia (que refletem a composição entre dívida e capital

próprio que financiam os ativos operacionais) são capturados através do encargo

de capital.

De uma maneira simples, o NOPAT é igual a receita líquida menos os

custos e despesas operacionais, depreciação e impostos, inclusive de renda e

contribuição social. A tabela abaixo mostra uma comparação entre a

demonstração de resultados contábil e o NOPAT.

A despesa financeira é excluída do NOPAT, pois o custo do capital de

terceiros é cobrado através do Encargo de Capital, conforme verificado na tabela

abaixo (Quadro 1). Já a receita financeira é retirada do NOPAT porque a definição

utilizada pela Stern Stewart de Capital Empregado exclui o Caixa.

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Demonstração de Resultados NOPATReceita Bruta Receita Bruta(-) Impostos e Deduções (-) Impostos e Deduções(=) Receita Líquida (=) Receita Líquida(-) Custos dos Serviços Prestados (-) Custos dos Serviços Prestados(=) Lucro Bruto (=) Lucro Bruto(-) Despesas Operacionais (-) Despesas Operacionais(=) EBITDA (=) EBITDA(-) Depreciação (-) Depreciação(=) EBIT (=) EBIT(+) Receita Financeira(-) Despesa Financeira(=) Lucro Operacional (=) NOPBT(+/-) Resultado Não Operacional(+/-) Itens Extraordinários(=) Lucro Antes dos Impostos (=) NOPBT(-) Imp. De Renda e Contrib. Social (-) Imposto Operacional Caixa(-) Participação de Minoritários (-) Participação de Minoritários

Quadro 1 Fonte : Consultoria Stern Stewart

4.2.2- CAPITAL EMPREGADO

O capital pode ser analisado sob duas perspectivas: a da origem dos

recursos (capital financeiro), e o da aplicação dos recursos (capital operacional). O

capital representa o volume de recursos empregados na empresa para que ela

possa gerar o NOPAT.

4.2.2.1- CAPITAL FINANCEIRO

Ele é composto por capital de terceiros, capital de acionistas e ajustes. O

capital de terceiros compreende todas as dívidas onerosas da empresa, incluindo

aquelas não contabilizadas no balanço patrimonial, como dívidas com fundos de

pensão. O capital de acionistas compreende o patrimônio líquido. Note que os

passivos não onerosos aparecem no capital financeiro, ao contrário do que ocorre

no balanço patrimonial. Estes passivos não onerosos são excluídos do capital da

empresa porque representam uma fonte de financiamento espontâneo, cujo custo

já está reconhecido no custo dos produtos vendidos. Desta maneira, o custo deste

capital já está incorporado no NOPAT e seria cobrado em duplicidade caso o

incluíssemos no encargo de capital.

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4.2.2.2- CAPITAL OPERACIONAL

O capital operacional é composto pelo capital de giro líquido, mais ativos de

longo prazo e ajustes, menos os passivos não onerosos de longo prazo.

Chamamos de capital de giro líquido o ativo circulante operacional menos o

passivo não oneroso de curto prazo. Este último representa a porção do capital

que possui financiamento espontâneo, sendo as principais contas : duplicatas a

receber, estoques, impostos a recuperar, despesas antecipadas, fornecedores,

impostos a pagar, salários a pagar.

4.3 - CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL – WACC

(Weighted Average Cost of Capital)

È a taxa que representa o retorno mínimo requerido pelos fornecedores de

capital à companhia (credores e acionistas). Seu cálculo é realizado através da

seguinte fórmula :

WACC = Cd x (D/C) + Ce x (E/C), onde :

Cd = Custo de capital de terceiros após impostos;

Ce = Custo de capital de acionistas;

D/C = Capital de terceiros / Capital total;

E/C = Capital de acionistas / Capital total.

4.3.1 - Custo de capital de terceiros após impostos (Cd)

O custo da dívida deve ser estimado após os impostos porque excluímos o

benefício fiscal gerado pelo pagamento de juros do NOPAT. Assim, este benefício

deve ser considerado no cálculo do encargo de capital, através do WACC.

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4.3.2 - Custo de capital de acionistas (Ce)

O custo de capital de acionistas não representa um desembolso de caixa,

mas sim um custo de oportunidade. O modelo utilizado para determinar este custo

é chamado de CAPM (“Capital Asset Pricing Model”), que é descrito na fórmula a

seguir :

Ce = Rf + (βL x MRP), onde :

Rf = Taxa livre de risco;

βL = Beta alavancado da empresa, que mede seu risco em relação ao

mercado;

MRP = “Market Risk Premium”, ou prêmio de risco de Mercado, que

corresponde a diferença entre o retorno esperado de uma carteira diversificada de

ações e a taxa livre de risco.

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5 - CASE TELE CELULAR SUL – “TCSL” 5.1 - HISTÓRICO Em janeiro de 1998, o Sistema Telebrás passou por um processo de

reestruturação, com o desmembramento dos serviços de telefonia fixa e celular. A

Telepar Celular, a Telesc Celular e a CTMR foram criadas nessa reorganização,

juntamente com outras operadoras celulares. Em maio daquele mesmo ano, a

Telebrás foi cindida e originou 12 novas empresas holdings, sendo quatro

fornecedoras de serviços de telecomunicação fixa e oito de serviços de

telecomunicação móvel.

Para a exploração do Serviço Móvel Celular – SMC, o território nacional foi

dividido em dez áreas de atuação, numeradas de 1 a 10, e duas sub-faixas de

freqüência foram disponibilizadas: a banda A, destinada às empresas sucedâneas

do Sistema Telebrás, e banda B, destinada às novas entrantes.

A Tele Celular Sul Participações – “TCSL” é uma das novas holdings, e

adquiriu o capital acionário das três operadoras mencionadas. Logo depois, em

julho de 1998, o Governo Federal vendeu a maior parte de suas ações nessas

holdings ao setor privado. O controle acionário da Tele Celular Sul foi adquirido por

um novo consórcio formado pela UGB Participações Ltda. e a Bitel Participações

Ltda., empresa que integra o grupo italiano Telecom Italia Mobile – TIM. Em

dezembro de 1998, a UGB, por sua vez, vendeu a participação acionária na TCSL

para a Bitel.

A Telepar e a Telesc eram operadoras celulares controladas pela Tele

Celular Sul, para as quais foram outorgadas concessões por um período de quinze

anos, com vencimento em 03.09.2007, 30.09.2008 e 14.04.2009, respectivamente.

A Telepar e a Telesc atuavam na área 5 do SMC, abrangendo os estados de

Santa Catarina e Paraná, exceto os municípios de Londrina e Tamarana, que são

atendidos pela operadora independente Sercomtel Celular S.A). A CTMR prestava

serviços celulares na área 6 do SMC, representada por todo o estado do Rio

Grande do Sul, mas a sua atuação estava restrita aos municípios de Pelotas,

Capão do Leão, Morro Redondo e Turuaçu. A área de cobertura da TCSL engloba

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cerca de 19 regiões metropolitanas, e equivale aproximadamente a 3,5% do

território nacional

5.2 – ESTRUTURA DAS EMPRESAS

Estrutura Original

Estrutura em Novembro de 2002

Estrutura em julho de 2003

TELE CELULAR SUL

TELE SC CELULAR TELE PAR CELULAR CTMR CELULAR

O = 91,6% TOTAL = 83,1%

O = 87,4% TOTAL = 73,6%

O = 81,3% TOTAL = 78,6%

TELE CELULAR SUL

TELE SC CELULAR

TELE PAR CELULAR

CTMR CELULAR

TOTAL = 100,0%

O = 87,4% TOTAL = 73,6%

TOTAL = 100,0%

TIM SUL S.A

TELE CELULAR SUL

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5.3 - REORGANIZAÇÃO PARA TRANSFERÊNCIA DO

ÁGIO

O prêmio sobre o valor escritural das ações ordinárias da empresa (“ágio”)

foi contabilizado pela Bitel na época da privatização. A Bitel integra o grupo italiano

TIM. O valor do ágio, líquido de amortização até março de 200, era de R$ 604

milhões.

No primeiro trimestre de 2000, a Bitel deu início a uma reorganização

societária para transferir o ágio a certas subsidiárias, de forma que a amortização

do ágio pudesse ser enquadrada como dedução do lucro para fins de cálculo do

imposto de renda e contribuição social sobre os lucros devidos pelas subsidiárias.

Em 31 de dezembro de 2002, o valor restante do benefício fiscal diferido

relacionado à porção não amortizado do ágio era de R$ 178,1 milhões.

No primeiro passo da reorganização societária, o ágio foi transferido para a

Tele Celular Sul mediante um processo que envolveu a criação pela Bitel de uma

nova subsidiária, à qual transferiu o ágio, e a fusão dessa subsidiária com a TCSL.

Essa fase foi concluída em 28 de abril de 2000.

Na segunda fase da reestruturação, concluída em 30 de junho de 2000, a

TCSL transferiu para cada uma de suas subsidiárias operacionais a parte

respectiva de cada subsidiária no ágio, assim como a provisão e reserva

relacionadas. O valor que cabia a cada subsidiária foi determinado por avaliação

independente. O objetivo dessa segunda fase foi obter a máxima vantagem fiscal

da possibilidade de deduzir a amortização do ágio.

De acordo com a legislação brasileira, o benefício fiscal gerado pela

amortização do ágio pode reverter em favor da empresa que detém o controle. A

controladora pode, portanto, capitalizar o benefício fiscal e emitir novas ações para

a sua controladora, a Bitel, desde que os acionistas restantes tenham o direito de

manter sua participação acionária proporcional na controladora, comprando da

Bitel essas novas ações emitidas, pelo seu custo de emissão. Assim, em troca da

transferência do ágio, as condições da reorganização previam a emissão anual

para a Bitel de um determinado número de ações na controladora igual em valor

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ao benefício fiscal obtido da amortização do ágio, calculado com base no preço de

mercado dessas ações então vigente. Os acionistas minoritários da controladora

têm o direito de preferência na subscrição das ações dessa nova emissão em

proporção igual à sua participação no capital social da controladora. Esse direito

pode ser exercido a um preço igual ao usado para calcular o número de ações a

serem emitidas para a Bitel. Se qualquer acionista minoritário optar por exercer

esse direito terá que pagar à Bitel um valor igual ao das ações em relação às

quais o direito foi exercido. Nos exercícios de 2000, 2001 e 2002, o benefício fiscal

obtido pela empresa em decorrência da amortização do ágio montou R$ 9,9

milhões, R$ 17,6 milhões e R$ 29,2 milhões, respectivamente.

5.4 - NOVA ORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA (NOV./2002)

As subsidiárias foram reestruturadas em novembro de 2002. A

reorganização societária foi efetuada mediante a troca de ações da Telesc Celular

e da CTMR Celular, resultando em um aumento de capital da Telepar Celular,

enquanto que a Telesc e a CTMR se tornaram subsidiárias integrais da Telepar,

em vez de subsidiárias diretas da TCSL. Em decorrência desse terceiro estágio,

os acionistas da Telesc e da CTMR se tornaram acionistas da Telepar, que se

tornou uma empresa maior com ações de maior liquidez na Bovespa.

Em 23 de novembro de 2002, os acionistas da Telesc e CTMR aprovaram

relações de troca das ações da Telesc e da CTMR, baseadas nos valores

econômicos a ela atribuídos em relatórios emitidos por consultoria independente,

mais um prêmio de 19%.

A reestruturação societária através da troca de ações foi fruto da intenção

da administração das companhias de integrar a parte operacional das mesmas, o

que permitirá melhor aproveitamento de sinergias já existentes entre os negócios,

a conseqüente redução de custos, assim como a concentração da liquidez das

ações em uma única companhia aberta, com um benefício para todo o conjunto

dos acionistas.

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5.5 - INCORPORAÇÃO DA TELESC E DA CTMR

(JUL./2003)

Em 31 de julho de 2003, com a anuência da Anatel, a Assembléia Geral de

Acionistas da Telepar Celular Sul S.A e de suas subsidiárias, aprovaram a

proposta do Conselho de Administração para a incorporação dos acervos líquidos

contábeis da Telesc Celular S.A e da CTMR Celular S.A . Nessa mesma

Assembléia, tendo sua denominação social alterada passando de Telepar Celular

S.A para TIM Sul S.A .

Na ocasião, a única operadora da TCSL a deter crédito fiscal decorrente de

prejuízos fiscais era a Telepar, que vinha de quatro exercícios consecutivos com

resultados negativos, acumulando uma base negativa de R$ 170.853 e R$

170.956 para imposto de renda e contribuição social, respectivamente, em função

principalmente do seu elevado endividamento. A Teles c não apresentou prejuízos

desde 1998 e a CTMR reverteu os saldos existentes de ativos diferidos de

prejuízos fiscais, por não existir histórico de rentabilidade nos últimos três

exercícios sociais, bem como projeções futuras de rentabilidade que garantam a

realização do crédito tributário. Assim, se a incorporação fosse realizada pela

Telesc, os créditos fiscais oriundos de prejuízos fiscais da Telepar não poderiam

mais ser aproveitados pelo Grupo Tim. A situação das três operadoras quanto ao

registro de créditos fiscais decorrentes de prejuízos fiscais e rentabilidade estão

demonstradas a seguir :

OPERADORAS 2001 2002 3T03CTMR 539 0 0TELESC 0 0 0TELEPAR 75.611 58.075 53.173

TRIBUTOS DIFERIDOS (R$ Mil) / PREJUÍZOS FISCAIS

OPERADORAS 1998 1999 2000 2001 2002CTMR 4.106 3.090 -502 -83 -2.163TELESC 87.413 57.860 47.753 93.826 119.509TELEPAR 49.678 -54.649 -42.074 -18.296 -1.843

LUCRO LÍQUIDO (R$ Mil)

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A reestruturação societária, através da incorporação da Telesc e da CTMR

foi resultante da intenção das companhias de integrá-las operacionalmente, o que

permitiu melhor aproveitamento de sinergias já existentes entre os negócios e a

conseqüente redução de custos administrativos necessários à manutenção de três

estruturas jurídicas distintas entre as companhias.

Como a Telepar Celular S.A era a única acionista da Telesc e da CTMR, não

houve aumento do capital social e, por conseguinte não houve, também, a

emissão de ações, uma vez que os patrimônios da Telesc e da CTMR já se

encontravam refletidos em seu balanço patrimonial. Em virtude da incorporação,

as ações detidas pela Telepar Celular S.A na Telesc e na CTMR foram

canceladas.

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6. CONCLUSÕES:

Podemos dizer que o processo de consolidação societária na realizado na

TIM SUL significou uma melhora no EVA das operadoras, pois no final de 2002 as

operadoras apresentavam um EVA da ordem R$ 54.538 mil negativos, e após a

consolidação em uma única operadora (TIM SUL) em dezembro de 2003 passou a

ter um EVA positivo de R$ 6.945 mil.

A evolução crescente do EVA consolidado das operadoras e principalmente após a

incorporação na TIM SUL pode ser verificada no gráfico 1 abaixo. Vale lembrar

que os efeitos da consolidação só ocorreram a partir do segundo semestre de

2003.

TIM SULTELEPAR 1999 2000 2001 2002 2003WACC 22,5% 19,3% 21,2% 26,6% 23,0%NOPAT 27.905 41.667 51.823 61.913 166.378Ativo Econômico 564.590 578.722 583.065 442.217 693.187(-) WACC 127.033 111.693 123.610 117.630 159.433(=) EVA -99.128 -70.026 -71.787 -55.717 6.945

TELESC 1999 2000 2001 2002WACC 22,5% 19,3% 21,2% 26,6%NOPAT 47.724 38.029 72.726 79.647Ativo Econômico 322.222 300.995 329.321 266.571(-) WACC 72.500 58.092 69.816 70.908(=) EVA -24.776 -20.063 2.910 8.739

CTMR 1999 2000 2001 2002WACC 22,5% 19,3% 21,2% 26,6%NOPAT 1.553 (49) (575) (2.912)Ativo Econômico 26.828 22.054 21.103 17.477(-) WACC 6.036 4.256 4.474 4.649(=) EVA -4.483 -4.305 -5.049 -7.561

1999 2000 2001 2002 2003RESULTADO EVA -128.387 -94.395 -73.926 -54.538 6.945

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EVOLUÇÃO EVA

-140.000-120.000-100.000-80.000-60.000-40.000-20.000

020.000

1999 2000 2001 2002 2003

RESULTADO EVA

Gráfico 1

FÓRMULAS:

- NOPAT = Lucro ou Prejuízo + Despesas financeiras – Receitas financeiras

- Ativo Econômico = NCG + Ativo Imobilizado + Ativo Diferido

- Necessidade de Capital de Giro (NCG) = Estoque + Contas a Receber –

Impostos – Fornecedores

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7 - BIBLIOGRAFIA :

1- BEZERRA DA SILVA, José Carlos; COSTA JUNIOR, Jorge Vieira; Imposto de

Renda Diferido e Contribuição Social Diferida; 8a. Semana de

Contabilidade do BACEN.

2- BORGES, Humberto Bonavides; Planejamento Tributário. São Paulo: Ed.

Atlas, 2001.

3- HIGUCHI, Hiromi; HIGUCHI, Celso Hiroyuki; Imposto de Renda das

empresas Interpretação e Prática. São Paulo: Ed. Atlas, 28a. Edição, 2003.

4- IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens; Manual

de Contabilidade das Sociedades por ações. São Paulo. Ed. Atlas, 5a.

Edição, 2000.

5- NEVES, Silvério das Neves; VICECONTI, Paulo E. V.; Contabilidade

Avançada e Análise das Demonstrações Financeiras. São Paulo. Ed. Frase,

11a. Edição, 2002.

6- OLIVEIRA, Luís Martins; CHIEREGATO, Renato; PEREZ JUNIOR, José

Hernandez; GOMES, Marliete Bezerra; Manual de Contabilidade Tributária.

São Paulo. Ed. Atlas, 2a. Edição, 2003.

7- SADDI, Jairo (Organizador); Fusões e Aquisições: Aspectos Jurídicos e

Econômicos. São Paulo. IOB, 2002.

8- STERN STEWART & Co, Análise da Rentabilidade do Setor de Telefonia

Fixa no Brasil, junho/2004

9- Demonstrações Financeiras Padronizadas (DFP’s) das operadoras CTMR

Celular, TIM SUL e Telesc Celular referente ao período 2000/2003, disponíveis

na CVM.

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8 - ANEXOS :

8.1 – ANEXO I : CUSTO DE CAPITAL (WACC)

Relacionamos a seguir as premissas adotadas para o cálculo do custo de

capital a seguir descritas :

Taxa livre de risco Média histórica do retorno do T-Bond de 10 anos

(dez/96 a dez/03)

Prêmio pelo risco Brasil Média de yields de títulos de dívida de países

com o mesmo raptem do Brasil

Prêmio pelo risco de mercado Média aritmética de 1928 a 2003 da diferença

dos retornos dos títulos livre de risco e do mer-

cado acionário norte-americano (fonte: Prof.

Damodaran-NYU)

Beta alavancado Utilizamos dados da consultoria Economática,

focando empresas pares do setor de telefonia

celular

Alíquota de impostos Utilizamos a alíquota cobrada pelo governo

brasileiro (IR e CSSL)

Custo marginal da dívida em Como estimativa para o custo marginal de dívida

moeda constante (pré impostos) empregamos a última realizada por uma empre-

sa do setor (Telemar em 18/12/03). O custo desta

captação foi convertido em reais constantes pe-

las estimativas de taxas de swap e inflação da

época (fonte : Focus/Bacen).

Alavancagem (dívida / capital) Utilizamos uma alavancagem “target” para o se-

tor, com base no endividamento líquido a valor

contábil das empresas nos últimos três anos

(2001 a 2003).

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Fonte : Consultoria Stern Stewart (Análise da Rentabilidade do Setor de

Telefonia Fixa no Brasil)

1999 2000 2001 2002 2003 2004EWACC em Moeda Constante 12,5% 12,5% 12,5% 12,5% 12,5% 12,5%Inflação Brasileira 8,9% 6,0% 7,7% 12,5% 9,3% 6,1%

WACC em R$ 22,5% 19,3% 21,2% 26,6% 23,0% 19,4%

Custo de Capital % FórmulaInflação norte-americana 2,0% IusInflação brasileira 6,0% IbrTaxa Livre de Risco 5,2% RfCRP 6,0% CRPTaxa Livre de Risco Brasil 11,2% Rfbr = Rf + CRPBeta desalavancado 0,85 βUBeta alavancado 1,15 βL = βU x {1 + [(1 - t) x D/E]}Prêmio pelo risco de mercado 6,5% MRPCusto do capital próprio em US$ 18,7% Re = Rf + CRP + (βL x MRP)Custo do capital próprio em moeda constante 16,3% Re' = [(1 + Re) / (1 + Ius)] -1Custo da dívida antes de impostos R$ 17,8% CdAlíquota marginal de impostos 34,0% tCusto de dívida após impostos em R$ 11,7% Rd = Cd x (1 - t)Custo de dívida pré-impostos em moeda constante 11,1% Cd' = [(1 + Cd) / (1 + Ibr)] - 1Custo de dívida após impostos em moeda constante 5,4% Rd' = [(1 + Rd) / (1 + Ibr)] - 1

Dívida total / capital total 35,0% WdDívida total / capital próprio 54,0% D / E = Wd / (1 - Wd)WACC em moeda constante 12,5% WACC' = RE' x we + Rd' x Wd

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7.2 - ANEXO II – BALANÇO E DRE OPERADORAS (TIM

SUL, TELESC E CTMR)

BALANÇO – TIM SUL (ANTIGA TELEPAR CELULAR)

1998 1999 2000 2001 2002 2003ATIVO TOTAL 484.134 747.383 871.183 801.651 1.500.350 1.606.190Ativo Circulante 86.618 177.086 167.376 119.484 293.165 735.022Disponibilidades 14.356 631 66.440 6.156 92.625 408.509Contas a Receber 56.422 94.507 73.908 79.808 91.498 230.824Tributos Diferidos 15.840 14.474 8.789 12.533 24.756 49.019JCP a Receber 74.163 0Estoques 0 30.792 6.980 11.225 7.742 16.241Outros 0 36.682 11.259 9.762 2.381 30.429

Ativo Realizável a LP 13.168 47.985 143.371 148.517 111.482 159.563Crédito com Pessoas Ligadas 0 0 5.899 142 0 0Tributos Diferidos 13.168 39.726 125.154 133.771 99.178 138.098Tributos a Recuperar 1.837 3.912 2.622 6.200Depósitos Judiciais 0 8.259 8.943 9.052 9.215 14.939Outros Ativos 0 0 1.538 1.640 467 326

Ativo Permanente 384.348 522.312 560.436 533.650 1.095.703 711.605Investimentos 20 20 20 20 647.318 20Imobilizado 383.922 509.958 535.687 490.921 415.299 676.822Diferido 406 12.334 24.729 42.709 33.086 34.763

PASSIVO TOTAL 484.134 747.383 871.183 801.951 1.500.350 1.606.190Passivo Circulante 216.204 531.438 214.634 143.196 356.532 397.461Empréstimos e Financiamentos 115.821 388.891 27.773 21.767 32.203 42.751Debêntures 0 0 7.674 8.860 210.114 0Fornecedores 59.909 75.483 49.492 33.466 74.877 196.496Impostos 9.980 7.518 13.090 8.132 30.531 68.967Dividendos a Pagar 14.622 1.087 1.057 1.030 0 23.126Provisões 591 667 0Dívidas com Pessoas Ligadas 0 0 111.576 64.464 3.438 6.967Outros 15.281 57.792 3.972 5.477 5.369 59.154

Passivo Exigível LP 18.275 20.939 326.362 346.864 135.270 109.880Empréstimos e Financiamentos 16.573 7.730 93.482 81.987 55.783 39.432Debêntures 0 0 200.000 200.000 0 0Provisões 1.702 13.209 513 4.150 5.294 11.611Impostos e Contr. a Recolher 32.367 60.727 74193 58.837

Patrimonio Liquido 249.655 195.006 330.187 311.891 1008548 1.098.849

Dívida Total 132.394 396.621 440.505 377.078 301.538 89.150

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DRE – TIM SUL (ANTIGA TELEPAR CELULAR)

DRE – TELESC CELULAR

1998 1999 2000 2001 2002 2003DREReceita Bruta 321.147 461.206 502.025 555.085 617.028 1.061.153Deduções (62.438) (93.671) (113.375) (135.261) (140.008) (248.572)Receita Líquida 258.709 367.535 388.650 419.824 477.020 812.581Custo de Prod./Serv. Vendidos (96.156) (253.818) (248.622) (237.285) (287.364) (449.636)Resultado Bruto 162.553 113.717 140.028 182.539 189.656 362.945Despesas com Vendas (32.751) (70.655) (96.056) (106.767) (104.855) (178.351)Despesas Gerais e Adm. (24.655) (35.677) (25.434) (38.407) (32.628) (62.167)Receitas Financeiras 10.233 5.212 23.770 46.524 82.248 88.124Despesas Financeiras (39.324) (87.766) (107.511) (116.643) (146.004) (95.201)Outras Rec./Desp. Operacionais 3.403 (2.016) (2.312) (1.783) (1.045) (22.576)Resultado da Equiv. Patrimonial 0 0 0 0 36.377 96.914Resutado Operacional 79.459 (77.185) (67.515) (34.537) 23.749 189.688Resultado Não Operacional (38.214) (5.823) 1.378 269 (395) 179Resultado Antes Tributação/Part. 41.245 (83.008) (66.137) (34.268) 23.354 189.867Prov. p/ IR e CS (8.178) 28.873 24.533 15.972 (25.197) (30.566)IR Diferido 0 0 0 0 0 0Participações (591) (514) (470) 0 0 0Reversão JCP 17.202 0 0 0 0 0Lucro/Prejuízo 49.678 (54.649) (42.074) (18.296) (1.843) 159.301

1998 1999 2000 2001 2002DREReceita Bruta 304.009 382.832 418.078 487.146 521.610Deduções (72.360) (78.832) (93.022) (124.400) (110.429)Receita Líquida 231.649 304.000 325.056 362.746 411.181Custo de Prod./Serv. Vendidos (82.128) (182.834) (172.992) (164.266) (199.981)Resultado Bruto 149.521 121.166 152.064 198.480 211.200Despesas com Vendas (10.490) (43.242) (71.490) (71.204) (77.025)Despesas Gerais e Adm. (34.579) (17.731) (18.710) (25.453) (40.593)Receitas Financeiras 19.506 39.084 31.396 28.769 61.342Despesas Financeiras (29.099) (28.948) (21.672) (7.669) (21.480)Outras Rec./Desp. Operacionais 2.080 6.010 (9.976) (12.912) (14.101)Resultado da Equiv. Patrimonial 0 0 0 0 0Resutado Operacional 96.939 76.339 61.612 110.011 119.343Resultado Não Operacional (39) 0 0 (3) 66Resultado Antes Tributação/Part. 96.900 76.339 61.612 110.008 119.409Prov. p/ IR e CS (31.621) (18.167) (13.580) (16.182) 100IR Diferido 0 0 0 0 0Participações (338) (312) (279) 0 0Reversão JCP 22.472 0 0 0 0Lucro/Prejuízo 87.413 57.860 47.753 93.826 119.509

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BALANÇO – TELESC CELULAR

1998 1999 2000 2001 2002ATIVO TOTAL 390.536 518.594 643.650 683.307 555.294Ativo Circulante 170.022 121.955 127.747 228.446 460.460Disponibilidades 128.076 391 24.576 116.946 325.787Contas a Receber 32.857 94.001 61.230 67.832 73.503Tributos Diferidos 8.072 15.531 3.603 19.165 19.105Tributos a Recuperar 0 0 29.319 13.061 33.722JCP a Receber 0 0 0 0 0Estoques 0 12.744 4.833 10.004 6.844Outros 1.017 -712 4.186 1.438 1.499

Ativo Realizável a LP 0 131.843 228.435 165.900 94.834Crédito com Pessoas Ligadas 0 130.241 110.157 63.493 1.698Tributos Diferidos 0 0 116.380 99.079 81.998Tributos a Recuperar 0 0 0 1.308 1.303Depósitos Judiciais 0 0Outros Ativos 0 1.602 1.898 2.020 9.835

Ativo Permanente 220.514 264.796 287.468 288.961 243.899Investimentos 0 0Imobilizado 220.514 259.033 277.607 265.816 225.581Diferido 0 5.763 9.861 23.145 18.318

PASSIVO TOTAL 390.536 518.594 643.650 683.307 799.193Passivo Circulante 85.425 171.608 101.242 70.942 157.338Empréstimos e Financiamentos 28.739 70.558 3.569 202 5.377Debêntures 0 0 0 0 0Fornecedores 15.719 32.676 40.778 26.057 45.756Impostos 7.501 16.643 11.758 11.419 11.919Dividendos a Pagar 20.760 14.694 13.905 23.996 75.600Provisões 2.910 1.042 0 0 0Dívidas com Pessoas Ligadas 0 20.793 28.522 3.045 964Outros 9.796 15.202 2.710 6.223 17.722

Passivo Exigível LP 0 0 19.515 21.679 19.245Empréstimos e Financiamentos 0 0 18.644 19.812 15.753Debêntures 0 0 0 0 0Provisões 0 0 871 1.867 3.492Impostos e Contr. a Recolher 0 0 0 0 0

Patrimonio Liquido 305.111 346.986 522.893 590.686 622.610

Dívida Total 28.739 91.351 50.735 23.059 22.094

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BALANÇO – CTMR CELULAR

1999 2000 2001 2002ATIVO TOTAL 33.852 37.693 34.845 30.040Ativo Circulante 9.690 10.008 11.827 10.260Disponibilidades 389 2.852 5.815 5.496Contas a Receber 6.722 4.949 2.978 3.591Tributos Diferidos 831 1.030 1.515 0Tributos a Recuperar 0 369 501 104JCP a Receber 0 0 0 0Estoques 1.457 552 627 987Outros 291 256 391 82

Ativo Realizável a LP 1.939 5.413 2.481 3.337Crédito com Pessoas Ligadas 1.939 2.534 0 32Tributos Diferidos 0 2.813 2.356 2.490Tributos a Recuperar 0 0 54 741Depósitos Judiciais 0 66 71 74Outros Ativos 0 0 0 0

Ativo Permanente 22.223 22.272 20.537 16.443Investimentos 0 0 0 0Imobilizado 22.001 22.014 18.742 14.990Diferido 222 258 1.795 1.453

PASSIVO TOTAL 33.335 37.693 34.845 30.040Passivo Circulante 6.776 6.439 3.708 5.027Empréstimos e Financiamentos 871 6 18 472Debêntures 0 0 0 0Fornecedores 2.214 5.199 2.650 3.056Impostos 1.360 520 389 488Dividendos a Pagar 538 120 112 49Provisões 0 0 0Dívidas com Pessoas Ligadas 1.793 521 244 478Outros 73 295 484

Passivo Exigível LP 1 1.812 1.778 1.415Empréstimos e Financiamentos 0 1.637 1.740 1.384Debêntures 0 0 0 0Provisões 1 175 38 31Impostos e Contr. a Recolher 0 0 0 0

Patrimonio Liquido 26.558 29.442 29.359 23.598

Dívida Total 2.664 2.164 2.002 2.334

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DRE – CTMR CELULAR

DRE 1999 2000 2001 2002Receita Bruta 22.883 23.929 20.450 22.243Deduções (4.649) (5.373) (5.428) (5.023)Receita Líquida 18.234 18.556 15.022 17.220Custo de Prod./Serv. Vendidos (11.193) (11.619) (10.645) (13.195)Resultado Bruto 7.041 6.937 4.377 4.025Despesas com Vendas (3.417) (5.150) (3.453) (3.569)Despesas Gerais e Adm. (2.696) (1.992) (2.031) (2.805)Receitas Financeiras 1.731 279 1.116 1.967Despesas Financeiras (194) (732) (624) (1.218)Outras Rec./Desp. Operacionais 1.965 (208) 84 199Resultado da Equiv. Patrimonial 0 0 0 201Resutado Operacional 4.430 (866) (531) (1.200)Resultado Não Operacional 0 0 0 0Resultado Antes Tributação/Part. 4.430 (866) (531) (1.200)Prov. p/ IR e CS (1.296) 364 448 (963)IR Diferido 0 0 0 0Participações (44) 0 0 0Reversão JCP 0 0 0 0Lucro/Prejuízo 3.090 (502) (83) (2.163)