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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “A VEZ DO MESTRE” ESTUDO DO USO DE DROGAS ENTRE OS JOVENS E A SUA PREVENÇÃO CRISTIANE DE OLIVEIRA CABRAL ORIENTADOR: PROF. CARLOS ALBERTO CEREJA DE BARROS RIO DE JANEIRO MARÇO/2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

ESTUDO DO USO DE DROGAS ENTRE OS JOVENS

E A SUA PREVENÇÃO

CRISTIANE DE OLIVEIRA CABRAL

ORIENTADOR: PROF. CARLOS ALBERTO CEREJA DE BARROS

RIO DE JANEIRO MARÇO/2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

Apresentação de monografia ao Conjunto UniversitárioCandido Mendes como condição prévia para aconclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”em Supervisão Escolar.

RIO DE JANEIRO MARÇO/2004

ESTUDO DO USO DE DROGAS ENTRE OS JOVENS

E A SUA PREVENÇÃO

CRISTIANE DE OLIVEIRA CABRAL

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AGRADECIMENTOS

Agradeço o apoio que me foi dado por todos da minha família na elaboração desta monografia.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha família e a todas aspessoas que cedem o seu tempo na recuperaçãode toxicomas.

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RESUMO

O fenômeno do consumo de drogas faz parte, hoje, da vida social e

independe de raça, religião, ou classe social. A evolução deste consumo é

alarmante. Mas, você sabe o que é droga? Quais os efeitos causados por cada

tipo de droga? E o usuário, você o reconhece? Afinal, qual a melhor saída para

esse fenômeno?

Neste trabalho é apresentada uma tentativa de resposta a essas

questões. Busca-se desenvolver um estudo que fale claramente sobre a droga e

seus efeitos e indique um caminho que possa ser seguido, tanto pela família

quanto pela escola, com o objetivo de ajudar os adolescentes e jovens de nossa

sociedade.

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METODOLOGIA

Este trabalho pretende, a partir de uma pesquisa bibliográfica, fazer um

estudo dos motivos que levam um indivíduo a fazer uso da droga. Pretende-se

estudar os motivos deste ingresso nas drogas, se tem uma origem familiar, no

grupo social ou mesmo na influência dos amigos.

Tentaremos a partir de estudos em publicações e livros, identificar e

descrever as razões que levam um indivíduo entrar no mundo das drogas.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Você sabe o que é droga? 10

CAPÍTULO II

As principais drogas 15

CAPÍTULO III

Perfil de usuário de drogas 25

CAPÍTULO IV Educação e prevenção 33

CONCLUSÃO 44

BIBLIOGRAFIA 46 ÍNDICE 47 ANEXOS 48 FOLHA DE AVALIAÇÃO 49

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INTRODUÇÃO

A droga faz parte da realidade social. Pais, educadores e jovens, não

podem viver como se ela não existisse, ou não os perturbasse. Ela está em toda

parte; por isso, é necessário estar bem informados a seu respeito.

A incidência, cada vez mais crescente, do consumo de drogas na

juventude não ocorre por acaso. Resulta, principalmente, da gravidade da crise no

mundo em que vivemos. O jovem se vê cercado por várias pressões, sofrimentos,

contradições e perigos. Encontra-se exposto a constates informações que o

convidam a beber e a fumar, enfim, o seu uso é estimulado. Neste momento, corre

para droga como quem corre para uma fórmula mágica, capaz de resolver todos

os seus conflitos, fugindo da realidade.

A droga o alivia, o ilude e, magicamente, o leva a um sonho de prazer.

A angústia é aliviada e, momentaneamente, sente paz e força. Mas esse efeito é

passageiro, e logo sente esse prazer desmoronar, voltando a se confrontar com a

realidade.

Nesta busca de contestação por parte da juventude, que ameaça os

valores tradicionais da sociedade, as drogas oferecem alternativas atraentes.

Culpar os jovens significaria jogar a responsabilidade em sua mãos. A sociedade

tem que se responsabilizar por este fato, ao invés de simplesmente condenar o

que ela mesma promulga. Constatações quanto à presença de elementos nocivos

na sociedade não faltam.

Indiscutivelmente, todos os especialistas e estudiosos dos problemas

relativos ao uso de drogas acreditam que o melhor tratamento é a prevenção.

Apesar de ser um trabalho difícil, a prevenção às drogas não parece impossível de

ser concretizada.

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É preciso desmistificar o assunto e adotar atitude de compreensão.

Porém, o grande dilema da escola está na sua forma de atuar.

A escola deve trabalhar o tema “drogas” a partir de uma perspectiva

realista, buscando isentar os preconceitos, a fim de que perceba que não existe

“escola sem drogas”, trabalhando a auto-estima de seus alunos, tendo segurança

para abordar os problemas que surgirem aos questionamentos dos pais e alunos.

“A tarefa da escola não se limita ao mero desenvolvimento da área cognitiva ou da transmissão de conhecimentos. A dimensão educativa deve incluir os aspectos afetivos e sociais que integram a personalidade do indivíduo como um todo” (VIZZOLTO, 1987, p. 8-9).

A concepção educativa de prevenção não pode ser confundida tão

somente com, informação, e o mais importante é a atenção aos aspectos

biopsicossociais do jovem, seus sentimentos, suas aspirações, expectativas,

alternativas de prazer, sempre tendo em vista as necessidades de auto-afirmação

e auto-estima.

Além disso, o trabalho preventivo impõe a participação da escola e da

família, já que são os dois alicerces fundamentais à formação da personalidade do

jovem.

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CAPÍTULO I

VOCÊ SABE O QUE É DROGA?

De acordo com Organização Mundial de Saúde (OMS), droga significa

“toda substância, natural ou sintética, que introduzida no organismo vivo, pode

modificar uma ou mais de suas funções”.

Esta definição abrange todas as substâncias, inclusive aquelas usadas

na medicina, ou aquelas utilizadas para outros fins, como tintas, colas, agrotóxicos

etc.

Entretanto, no sentido leigo, a droga designa substâncias tóxicas que

produzem alterações psíquicas ou de comportamento, pelos efeitos que causam

no sistema nervoso central. É o uso por razões não-médicas. É a tentativa de

influenciara mente e o corpo, alterando os sentidos, produzindo uma sensação de

fuga da realidade. Em geral, para quem a utiliza, leva a uma sensação de prazer,

tais como: sedação, excitação, alucinação e volúpia. Essas sensações podem

alterar a percepção, a inteligência, a memória, o raciocínio e o autocontrole.

As drogas podem ser usadas pelo organismo de várias formas: por

inalação, por ingestão (via oral), por injeção (intramuscular ou intravenosa) ou

aplicação tópica (na pele) ou pela via retal (através do anus).

As drogas podem ser naturais sintéticas, dependendo de sua origem.

As drogas naturais são provenientes das plantas, enquanto as drogas

sintéticas são produzidas em laboratórios, ainda que muitas vezes desdobradas a

partir de substâncias naturais. É importante esclarecer que uma droga não causa

menos malefícios ao organismo do que outra pelo fato de ser natural. Existem

venenos mortais que são naturais, como por exemplo, o cianureto.

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As drogas dividem-se em lícitas e drogas ilícitas. As drogas lícitas são

aquelas vendidas legalmente, controladas ou não. Essas drogas só são lícitas

legalmente e não organicamente. Álcool (maior consumo), tabaco, cola de

sapateiro, moderadores de apetite, estimulantes, morfina, éter, benzina,

barbitúricos, xaropes e tranqüilizantes são os principais exemplos. As drogas

ilícitas são as drogas comercializadas ilegalmente. Maconha, cocaína, crack e

LSD são as mais utilizadas.

A questão da legalidade constitui-se hoje num artifício jurídico,

destinado a beneficiar fabricantes, comerciantes e promotores das drogas lícitas,

tão ou mais prejudiciais do que as ilícitas. A legalidade ou não de um produto nem

determinado contexto sócio-cultural não ocorre em função da gravidade dos

problemas sociais ou de saúde que produz, mas sim de critérios econômicos e

políticos. O consumo de drogas não se opõe ao funcionamento da sociedade, mas

nela se insere, participando da alta lucratividade do mercado.

O uso de droga é considerado pelo OMS como uma epidemia social.

Como toda epidemia, existem três fatores fundamentais: o agente (a droga), o

hospedeiro (o usuário) e o ambiente favorável (a família).

O abuso do uso está ligado a uma série de fatores, tais como: tipo de

droga utilizada, dosagem, forma de administração, estado de saúde física e

mental do indivíduo e motivações de uso, dentre outros.

“A droga é usada como forma de alienação (fuga) da realidade, de relaxamento das tensões da vida ou como tentativa de superação de problemas. Porém, está claro que ela nunca ajudará da possibilidade de um enfrentamento concreto, rela e objetivo em relação aos problemas” (SANTOS, 1997, p. 17-18).

Os males acarretados pelo consumo de drogas são vários: vão desde a

autodestruição, passando pelo aumento da criminalidade e da violência.

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O prejuízo que as drogas causam ao organismo é bem maior que o

prazer que estas lhe proporcionam.

Existem conceitos importantes em relação às drogas que devem ser

destacados. São eles:

1. Dependência química:

É o potencial de criar no sujeito a dependência. Cada droga tem seu

potencial, seu grau de intensidade ou de tempo. Umas são mais fortes que outras;

umas são a curto prazo e outras a longo prazo.

2. Dependência física ou psíquica:

É aquele comportamento que faz com que a droga seja parte integrante

da personalidade ou da ação do indivíduo, de forma que sem ela se torna difícil ou

impossível viver.

3. Tolerância:

É a tendência a absorver os efeitos de uma droga no organismo de

forma a necessitar maiores dosagens para que a mesma produza seus efeitos. O

organismo se acostuma com a droga, tendo assim que aumentar sua dosagem.

4. Relevância:

É aquela situação na qual a droga assume o comando ou a prioridade

do comportamento, de forma que todas as ações e conseqüências estão

vinculadas à influência da droga.

5. Overdose:

É a ingestão de má droga em quantidade superior à capacidade de

absorção ou metabolização do indivíduo.

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6. Compulsão:

É um desejo incontido de usar a droga, apesar do conhecimento de

seus efeitos e do desejo inconsciente de deixar de usá-la.

7. Síndrome de abstinência:

É o conjunto de reações típicas do organismo ocorridas após certo

intervalo de suspensão do uso da droga, de forma que revelam que essa droga

entrou no metabolismo do indivíduo, passando a fazer parte de suas reações

bioquímicas.

8. Reinstalação da dependência (recaída):

É a conduta de quem, após Ter abandonado temporariamente o uso de

uma droga, retorna a este mesmo vício.

9. Toxicomania:

É o quadro típico do indivíduo que, além de apresentar as condutas de

um usuário habitual, tem as marcas físicas e mentais da droga estampadas em

seu corpo e em sua personalidade.

10. Fissura:

É o desejo intenso e quase incontrolável de tornar novamente a usar a

droga, podendo incluir algumas recaídas. Representa uma parada instável.

11. Tratamento e cura:

Existem dois tipos de tratamentos: o agudo, que é feito em situação de

emergência, através de remédios, e o crônico, que é feito através de terapias,

tanto de caráter orgânico quanto psicológico. A cura é a situação de superação e

abandono do uso das drogas.

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As situações variam de acordo coma droga utilizada, sendo que

algumas drogas não produzem determinados tópicos aqui abordados: a overdose

pelo uso de tabaco, por exemplo, é de ocorrência praticamente inexistente. Existe

ainda uma grande variabilidade pessoal a ser considerada, sendo importante

destacar o meio social do usuário.

Dependendo da ação do cérebro, as drogas podem ser divididas em

três grandes grupos: as depressoras, as estimulantes e as perturbadoras.

As depressoras diminuem a atividade cerebral, ou seja, deprimem seu

funcionamento e, por esta razão, são chamadas de depressoras da atividade do

sistema nervoso central (SNC). A pessoa que faz uso deste tipo de droga fica

“desligada”, “devagar”, “flutuando”.

As estimulantes aumentam a atividade do cérebro e recebem o nome

técnico de estimulantes da atividade do sistema central. O usuário fica “ligado”,

“elétrico”.

Por fim, as drogas perturbadoras. As mudanças que elas produzem não

são do tipo quantitativo, como aumentar ou diminuir a atividade do cérebro. Elas

fazem com que esse órgão passe a funcionar fora de seu normal, ou seja, a

pessoa fica com a mente perturbada. Por essa razão, esse terceiro grupo de

drogas recebe o nome de perturbadoras da atividade do sistema nervoso central.

As drogas têm uma maneira própria de atuar em cada organismo,

fazendo com que qualquer tentativa de fazer previsões acerca dos riscos de cada

uma caia no terreno das possibilidades.

É claro que as drogas produzem seus efeitos por conterem substâncias

químicas, sendo possível estabelecer algumas variáveis a seu respeito.

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CAPÍTULO II

AS PRINCIPAIS DROGAS

a Álcool

(Situação: venda proibida para menores de 18 anos).

O tipo de álcool presente nas bebidas alcoólicas é o etílico.

Depressor do SNC promove, em doses moderadas, uma sensação de

bem-estar, relaxamento e desibinição. Mas, conforme a dose aumenta, o usuário

vai apresentando problemas de coordenação motora, de raciocínio, irritabilidade e,

freqüentemente, tendo reações agressivas. Em doses realmente altas, o álcool

provoca perda de consciência, como profundo e a morte por depressão

respiratória. A ingestão do álcool ocasiona vaso dilatação (aumentado diâmetro

dos vasos) e perda de calor pela pele, diminuindo a temperatura corporal.

O uso regular leva ao desenvolvimento de tolerância. Erroneamente,

este usuário é considerado “ forte” ou “resistente” à bebida, porque bebe mais do

que os outros sem ficar bêbado.

a Ansiolíticos (tranqüilizantes)

(Situação: substâncias vendidas em forma de medicamentos, mediante

receita médica).

Existem medicamentos que têm a propriedade de atuar quase

exclusivamente sobre a ansiedade e a tensão. Essas drogas foram denominadas

tranqüilizantes, porque apresentam esse efeito sobre a pessoa tensa e ansiosa.

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Os ansiolíticos produzem uma depressão da atividade do cérebro,

causando diminuição da ansiedade, indução do sono, relaxamento muscular e

redução do estado de alerta.

Sua utilização por mais de algumas semanas pode causar

dependência, tanto física quanto psíquica, sendo que a tolerância ao medicamento

também se desenvolve.

Os efeitos colaterais apresentados pelo usuário são: dificuldade de

coordenação motora e lentidão dos movimentos, aumentando as chances de

acidentes. O aumento do apetite, sonolência excessiva, diminuição da memória e

do desejo sexual são outras conseqüências indesejadas.

A síndrome de abstinência pode trazer ansiedade, insônia, agitação,

zumbidos, tremores, tonturas, dores de cabeça, irritabilidade, cãibras,

desconfortos abdominal, vômitos, náuseas e diarréias. Outro sintoma que pode

ocorrer é a convulsão.

a Inalantes ou Solventes

(Situação: produtos vendidos livremente para utilização caseira ou

industrial).

Solvente é a substância capaz de dissolver outras substâncias, e

inalantes é a substância que pode ser introduzida no organismo através da

aspiração pelo nariz ou pela boca (via pulmonar).

Praticamente quase todos os solventes são voláteis (evaporam à

temperatura ambiente), podendo ser inalado voluntária (pessoas que cheiram os

produtos de propósito, em busca de uma sensação diferente) ou involuntariamente

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(pessoas que ficam expostas ao ar contaminado por essas substâncias). Por essa

razão, os solventes são também chamados de inalantes.

Muitos produtos, tais como colas, esmaltes, vernizes, aerosóis, tintas,

tíners, removedores, propelentes, graxas, ceras, fluidos para isqueiros,

combustíveis etc., contém esses solventes.

O cheirinho de loló e o lança perfume também fazem parte desse

grupo. O primeiro é um produto de fabricação clandestina que contém éter e

clorofórmico. O efeito embriagante é parecido com o lança perfume, esse último

contém cloreto de etila perfumado.

Inicialmente, os inalantes, que agem como depressor do SNC,

produzem sensações de topar, leveza, excitação e euforia, acompanhadas de

impulsividade e agressividade. Doses maiores podem trazer desorientação do

usuário, confusão, visão embaralhada, perda do autocontrole e da coordenação

motora, tonturas e sonolência. Estágios mais graves de intoxicação podem

provocar perda de consciência, alucinações e convulsões. Seu uso crônico

acarreta lesões hepáticas cardíacas, cerebrais e dos músculos. Pode levar até a

morte.

Deduz-se que os inalantes podem ser a porta de entrada para o

consumo de outras drogas entre nossos jovens.

Não foi comprovado que essas drogas provoquem dependência física

ou psíquica. A tolerância pode ver-se em caso de inalação regular. A síndrome de

abstinência pode trazer hiperatividade, alucinações, delírios, ansiedade, calafrios e

irritabilidade.

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a Anfetaminas

(Situação: substancias vendidas em forma de medicamento, mediante

receita médica).

As anfetaminas são drogas estimulantes do SNC. Sob o efeito delas, o

cérebro trabalha mais depressa, fazendo com que o organismo funcione acima de

sua capacidade: a pessoa tem insônia, inapetência (falta de apetite) e fica em um

estado de excitação constante, tornando-se loquaz, inquieta e extrovertida. Doses

excessivas, além de acentuar esses efeitos, podem produzir tendências

agressivas e psicose aguda, febre alta e convulsões, além de paranóia com

delírios persecutórios.

Além da incapacidade do usuário de anfetaminas, quando sob ação da

droga, para avaliar suas condições físicas e psicológicas, estas drogas ainda

causam problemas cardíacos (arritimia), irritabilidade, perda de peso, ansiedade,

tensão, tremores, vertigens, irritações na pele, dilatação das pupilas (midríase) e

hipertensão arterial.

Ainda não está comprovado que as anfetaminas provoquem

dependência física. Mas, além de produzir uma elevada tolerância, sabe-se que a

dependência psíquica desta droga é muito forte.

Nem todos os estudos concordam que a retirada de anfetaminas pode

causar abstinência, mas há registros de depressão e desânimo acentuados.

a Cocaína

(Situação: substâncias de comercialização, produção e consumo

proibidos por lei).

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Estimulantes do SNC, a cocaína é um pó branco, normalmente inalado

(cheirado) ou diluído em água para ser injetado nas veias. Quase sempre vendida

em pequenas quantidades, embrulhada em pedaços de plásticos ou papel

alumínio, conhecido como papelote.

Além da sensação de prazer, a cocaína produz também um estado de

excitação, euforia, inquietação, hiperatividade, insônia, falta de apetite, ansiedade

e perda de cansaço.

Com doses maiores, e dependendo da sensibilidade da pessoa, a

cocaína começa a produzir sintomas mentais mais sérios, como irritabiliadade,

agressividade, delírios e alucinações. Também podem ocorrer convulsões devido

ao aumento da temperatura do corpo.

Além de causar dependência, a cocaína reduz a capacidade intelectual.

Seu uso contínuo perfura o septo nasal, causando hemorragias, dores de

cabeças, problemas pulmonares e cardíacos. Se o usuário utilizar-se de uma

superdosagem, ocorrerá a overdose.

Existem dúvidas se a cocaína desenvolve ou não tolerância no

organismo, ou seja, se há ou não a necessidade de tomar doses cada vez maiores

para que o usuário sinta os mesmos efeitos. Existem dúvidas também em relação

a abstinência , mas, devido, ao alto poder desta droga para criar dependência, os

usuários ficam deprimidos e obcecados para consumi-la após algum tempo sem

usá-la.

a Crack

(Situação: substância de comercialização, produção e consumos

proibidos por lei).

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O crack é a cocaína fumada. Produz pelo aquecimento de cocaína

misturada a água e ao bicarbonato de sódio. O resultado desta mistura solidifica-

se à temperatura ambiente, formando “pedras” de formatos irregulares. Essas

“pedras”, que constituem o crack propriamente dito, são fumadas com ajuda de

um cachimbo.

Os efeitos produzidos no usuário são basicamente iguais ao da

cocaína, porém com mais intensidade. Causa irritabilidade, depressão e paranóia,

algumas vezes levando o usuário a ficar violento. Afeta a memória e a

coordenação motora, provocando um emagrecimento acentuado, debilitando o

organismo como um todo.

Mais barata que a cocaína, o crack produz um efeito forte que dura

pouco tempo, fazendo com que seu consumo aumente, tornando-se dispendioso

para o usuário.

A compulsão para o uso do crack (fissura) é muito mais poderosa que a

desenvolvida pela cocaína.

O caminho entre a experimentação e a dependência é muito rápida.

O crack, como a cocaína, não produz tolerância, e não há concordância

entre os pesquisadores de que possa gerar estado fisiológico de abstinência.

Porém, o alto poder desta droga de criar dependência, como já foi dito, deixa o

usuário deprimido e obcecado pelo seu consumo ao passar algum tempo sem

usá-la.

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a Tabaco

(Situação: produto de comercialização, produção e consumo permitidos

por lei. O consumo é regulamentado por leis locais, proibido fumar em escolas,

hospitais etc.).

O tabaco é preparado para ser fumado de várias maneiras: cigarros,

cachimbos, charutos, fumos em corda, palheiros e rapés; todas apresentando

substâncias e malefícios ao organismo muito semelhantes.

O tabaco, de fonte natural, tornou-se uma das drogas mais usadas no

mundo.

Entre as substâncias encontradas no tabaco, destacam-se o alcatrão,

que causa sérias lesões pulmonares, e a nicotina, que possui efeitos excitantes no

cérebro e que pode levar o usuário à dependência.

A nicotina é responsável pelos efeitos prazerosos do cigarro, pela

dependência, pelo cheiro e pela cor marrom característicos do tabaco. O alcatrão

é o que resta da remoção da umidade e da nicotina e consiste em hidrocarbonetos

aromáticos, alguns dos quais são cancerígenos.

A diminuição dos batimentos cardíacos, da pressão arterial e da

respiração; câncer do pulmão, da boca, da garganta, do esôfago, da laringe e da

bexiga; angina de peito e enfarto do miocárdio; isquemias ou hemorragias

cerebrais; tosse típica, são alguns dos problemas ocasionados pelo fumo.

A dimensão dos problemas causados pela dependência do tabaco é

gigantesca. Os sintomas físico-psicológicos da droga no organismo do usuário são

os grandes responsáveis pela dificuldade em larga o vício. Entre eles estão

clareza de pensamentos, maior capacidade de atenção e de concentração,

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aumento da memória, diminuição de irritabilidade e da agressividade, relaxamento

da musculatura e diminuição do apetite.

Tanto a tolerância como a síndrome de abstinência assinalam a

dependência à nicotina e contribuem para manter o hábito de fumar.

a Maconha

(Situação: substância de comercialização, produção e consumo

proibidos por lei).

A maconha é a droga mais discutida atualmente em nosso país,

fortalecendo e aumentando os mitos existentes em torno deste alucinógeno.

Normalmente, a droga é fumada sob forma de cigarros, mas também

pode ser ingerida por via oral.

O THC (tetrahidrocanabinol) é uma substância química produzida pela

própria planta, sendo a principal responsável pelos efeitos da maconha.

Os efeitos da maconha dependem de forma de administração da droga

(fumada ou ingerida), da quantidade utilizada e de cada pessoa.

Como sinais aparentes podem-se destacar os olhos vermelhos, boca

seca e fome exagerada com vontade acentuada em ingerir doces.

Apesar do THC ser um depressor do SNC, se a maconha for utilizada

em grupos pode trazer sensação de euforia e risos. Quando usada

individualmente costuma produzir relaxamento e sonolência.

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Dentre os malefícios causados aos usuários, podem-se destacar

taquicardia, baixa do hormônio testosterona, câncer, afecções respiratórias, perda

da memória a curto prazo, perda da discriminação de tempo e espaço, além de

piorar o quadro de doenças psíquicas, dentre outros.

Não há casos comprovados de overdose por consumo de maconha

entre seres humanos.

A droga causa dependência psíquica; mas, apesar de vários usuários

apresentarem irritação, insônia e perda do apetite quando deixam de usá-la, a

dependência física e a tolerância não estão ainda devidamente comprovadas.

a LSD

(Situação: substância de comercialização, produção e consumos

proibidos por lei).

Insípido, incolor e inodoro, o LSD (Dietilamida do ácido lisérgico) é

talvez a mais ativa das substâncias que agem sobre o cérebro humano. Com

pequenas doses já são produzidas alterações mentais como delírios, ilusões e

alucinações.

Os efeitos do LSD, bem como dos demais alucinógenos, variam de

acordo com a personalidade, a expectativa, a sensibilidade e as preocupações do

usuário. Outros fatores, como o ambiente e a dose ingerida, também influem

diretamente nos efeitos. Por isto, o usuário tento pode obter sensações agradáveis

como visões terríveis.

Dentre os efeitos orgânicos causados pelo LSD estão a dilatação das

pupilas, taquicardia, palpitação, aumento da pressão arterial, náuseas, tremores,

fotofobia (medo de luz), aumento da temperatura e fraqueza muscular.

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Ainda não se sabe se o LSD causa ou não dependência física ou

psíquica. A overdose pode acontecer em altas doses.

a Êxtase

(Situação: substância de comercialização, produção e consumos

proibidos por lei).

Comprimidos que têm como principal elemento ativo a

metilenedioxemetanfetamina (MDMA). Ganhou notoriedade ao ser utilizada de

várias formas como inibidor de apetite, no tratamento de Parkinson, como

antidepressivo, e até mesmo como desinibidor durante sessões de psicoterapia.

A ingestão desta droga aumenta a produção de seratonima, o hormônio

que regula a atividade sexual (provocando um estado de excitação quase

incontrolável no usuário), humor e sono, ajudando a romper os bloqueios

emocionais do usuário, aflorando a libido e fornecendo uma sensação de bem –

estar. Causa enrijecimento dos músculos e aumento dos batimentos cardíacos,

que pode levar a um superaquecimento do corpo e desidratação.

O uso contínuo da droga, provocar paralisia cerebral e morte. A

overdose pode acontecer não apenas por doses excessivas da droga, mas

também quando estiver associada a outras drogas, como o álcool e cocaína.

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CAPÍTULO III

PERFIL DE USUÁRIO DE DROGAS

3.1. PERSONALIDADE DO USUÁRIO

Ao estudar a personalidade do usuário de drogas, constata-se duas

tendências contraditórias: uma tenta definir um modelo único de personalidade e a

outra se opõe a qualquer redução das diversas formas e dos diferentes tipos de

usuários a em modelo único.

A primeira tendência pode ser encontrada entre profissionais que

possuem pouco contato direto com o usuário de drogas: juristas, policiais,

educadores, pais, que esperam poder detectá-lo com facilidade para aplicar-lhe as

medidas apropriadas.

A segunda tendência é manifestada pelos clínicos com uma longa

prática no contato com os usuários de drogas. Estes profissionais sabem, por um

lado, que as substâncias “ilícitas” não são as únicas a provocar dependência ou

distúrbios físicos. Eles reconhecem, por outro lado, que não se deve confundir

usuário ocasional e usuário dependente. Além disso, estão conscientes também

de que a droga provoca rações diferentes em cada indivíduo.

Parece absolutamente for de questão que um indivíduo possa

pertencer, num determinado momento, a um tipo de personalidade considerada

“normal”, e que entre, em seguida, numa categoria de personalidade tida como

“toxicomaníaca”, para depois voltar a um tipo “normal” de personalidade, assim

que tiver abandonado sua dependência.

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Parece também totalmente descartada a possibilidade de se falar dos

toxicômanos de uma maneira muito generalizada, ou de forma global. Na

realidade, não existe um único modelo de toxicômano.

Pelo fato de não existir uma estrutura de personalidade própria à

toxicomania, e de a toxicomania não se apresentar como exclusiva, nem de um

estado mórbido, nem de um estado natural da própria estrutura do indivíduo,

conclui-se que a dependência, independente da natureza química, pode, por um

lado, desenvolver-se em qualquer tipo de estrutura mental e, por outro lado,

corresponder a qualquer momento da evolução desta estrutura.

Lopes (1996), afirma que

“A dependência de um produto tóxico é buscada pelo sujeito, enquanto tentativa de defesa e de organização contra as deficiências ou as falhas ocasionais que a estrutura possa apresentar” (LOPES, 1996, p. 6).

Na vivência do toxicômano, o tempo vivido é pois um elemento

fundamental, parte integrante de ser gozo e de seu sofrimento, de sua oscilação

entre a plenitude prazerosa e o vazio da falta. O tempo vivido é de inegável valor

para se compreender as turbulências pelas quais passa o dependente de drogas

na busca de um equilíbrio precário que lhe permita viver o seu sonho.

Não se deve adotar a lei do “tudo ou nada”, isto é, todos os

toxicômanos se explicam de tal forma e todo o sujeito que tem determinadas

experiências vai tornar-se toxicômano.

O toxicômano não nasce toxicômano. A personalidade toxicômana não

é inata. Não encontra explicações em fatores inatos, nem biológicos. Esta visão é

capciosa, pois propicia a discriminação, justifica a impotência de ações, a

repressão, a exclusão e a reclusão.

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Para Lopes (1996),

“O toxicômano deve ser encarado como um sujeito portador de um grave defeito no seu processo de desenvolvimento, e a droga como uma tentativa de compensar esta falha” (LOPES, 1996, p. 13-14).

Perturbações mentais e desajustes são fatores de predisposições ao

uso de drogas. As drogas em si não desajustam personalidades que já não tragam

consigo um desajuste preexistente. A dependência à droga poderá ser a

complicação de um problema já existente numa personalidade doente.

Mesmo as pessoas normais apresentam variações de humor. Em

certos momentos estão alegres, noutros, tristes.

As personalidades introvertidas, voltadas, para si mesmas, correm o

risco de se tornarem dependentes das drogas estimulantes. As personalidades

extrovertidas, que facilmente passam da alegria à tristeza, tendem a buscar os

excitantes cerebrais.

As personalidades tidas como anormais possuem maior probabilidade

de se tronarem dependentes das drogas, porque psiquicamente, internamente,

não se sentem bem, procurando assim alívio e libertação da pressão interior que

as perturba. Momentaneamente, as drogas produzem o efeito desejado, trazendo

até um certo alívio e conforto.

O importante é estar atento aos comportamentos e às atitudes

estranhas nas crianças e nos adolescentes para tratá-los a tempo.

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3.2. O QUE LEVA AO USO DAS DROGAS

Hoje, os jovens vêem a droga como símbolo de nova geração. Eles

fumam, consomem álcool, cheiram com muita naturalidade e aquele jovem que

não o faz se sente desintegrado no grupo a que pertence.

Os grupos de amigos exercem maior influência do que a família. Os

laços familiares estão enfraquecidos.

Os valores aceitos por uma sociedade podem facilitar ou dificultar o uso

das drogas. Isto ocorre também em relação ao ambiente familiar e escolar.

Além destes aspectos, a droga é vista em toda as classes sociais,

deixando de ser comportamento do submundo, de delinqüentes ou marginais.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, existem alguns fatores de

risco que aumentam a possibilidade do uso de drogas. São eles a pessoa que

possui saúde deficiente, que está insatisfeita com sua qualidade de vida, que tem

personalidade deficientemente integrada, que não possui informações adequadas

sobre as drogas e que tem fácil acesso a estas.

Quando a pessoa é bem informada, com uma boa saúde, tanto física

quanto mental, possuindo uma qualidade de vida satisfatória, estando bem

integrada à família e à sociedade e possuindo um difícil acesso às drogas, a

possibilidade de utilizá-las passa a se bem inferior.

Além destes fatores que proporcionam ou não, segundo a OMS, o uso

das drogas, pesquisas apontam motivos de ingressos nas drogas. A curiosidade,

ou seja, o desejo de saber o que é, de experimentar como é, trona-se comum nos

jovens. Outros motivos são as pressões grupais. O indivíduo tende a imitar, a

desejar pertencer a ser aceito pelo grupo, caso típico na adolescência. A

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contestação e a agressão são outros motivos de ingresso nas drogas. O desejo de

oposição é a forma que o indivíduo encontra para se auto-afirmar e

autodeterminar. A transgressão ocorre como forma de afirmação. Os problemas

familiares, como: dificuldade de ajustamento, de relacionamento e de diálogo,

sintomas de conflitos intrafamiliares, ausência de modelos familiares, propiciam

também o ingresso no mundo das drogas.

Finalmente, os desejos de estimulação e desinibição também

contribuem para o ingresso. Tenta-se, através das drogas, superar as inibições

nas relações interpessoais ou os estados de depressão.

Além dos motivos de ingresso, existem aqueles motivos de

permanência nas drogas; ingressar não é permanecer, experimentar não é

depender. Estatísticas mostram que apenas uma minoria de experimentadores

ficam dependentes, especialmente das drogas ilícitas.

A dependência resulta do encontro físico bem – sucedido da droga com

o sentido simbólico da mesma para o drogado, a partir de uma trajetória

existencial específica deste, aliada a circunstâncias sócio-culturais

desencadeantes.

Podem ser destacadas os seguintes motivos pessoais de permanência

na droga. São eles: a baixa auto-estima, a ausência ou excesso de limites, a

ausência de perspectivas e de projetos de vida, e os desejos de compensação por

frustrações.

3.3. TIPOS DE USUÁRIOS

É muito importante para pais, educadores e sociedade em geral

compreenderem os diferentes níveis de consumo de drogas pelos adolescente e

jovens. Existem três níveis: o experimentador, o eventual e o dependente.

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O experimentador é aquele que faz experiência com as drogas.

Pessoas que dizem ter experimentado uma droga, alguma vez, por algum motivo,

como curiosidade ou pressão do grupo.

A experiência tem seus riscos, pois uma experiência agradável poderá

trazer o desejo de repeti-la. Esse resultado está condicionado ao estado

psicológico da pessoa, à expectativa e ao grau de transgressão das normas sócio-

culturais.

Os jovens de hoje estão pressionados a experimentar maconha ou

outras drogas da mesma forma como os jovens das gerações anteriores eram

pressionados a experimentar o álcool e o cigarro.

O usuário eventual é aquele que ocasionalmente usa a droga por

prazer, ou por outro motivo, mas não se entrega descontroladamente ao uso. São

muitos os jovens que usam a droga de forma ocasional: festas, reuniões, fins de

semana etc.

O usuário eventual é capaz de abandonar o uso da droga se fizer algum

esforço.

Segundo Sanchez (1982),

“Embora o uso ocasional não caracterize a dependência física e/ou psíquica, traz grandes riscos, pois a tendência é buscar mais prazer e isto poderá ocorrer com drogas mais perigosas e com maior freqüência, expondo o usuário a uma chance maior de se tornar dependente” (SANCHEZ, 1982, p. 3-5).

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O usuário depende (toxicômano) é aquele que busca a droga não

somente pelo motivo que o levou a usá-la, mas pela necessidade compulsiva de

fazer desaparecer o mal-estar que a privação provoca.

O dependente passa a viver como escravo da droga. O mais importante

é realmente obter a droga.

Neste estágio, a droga já não provoca o mesmo prazer. Trata-se de

uma mistura de prazer e sofrimento, de alívio e angústia.

O dependente totaliza em 10% a 15% dos indivíduos que entram em

contato com a droga.

Primeiro, o usuário entra no estágio de tolerância, havendo depois uma

progressividade no uso da droga, das mais fracas até as mais poderosas. A droga

passa a fazer parte do estilo de vida do usuário; a maior ou única razão de sua

vida.

A dependência é uma doença que deve ser tratada como qualquer

outra, procurando-se o tratamento mais indicado. Porém, não se pode rotular todo

usuário de droga como um dependente. Deve saber diferenciar-se estes usuários

para melhor ajudá-los.

3.4. RECONHECENDO O USUÁRIO DE DROGAS

As drogas agem no sistema nervoso central e por isso modificam o

psiquismo do usuário. Estas modificações afetam seu comportamento. Por isso,

alguns sinais podem ajudar a identificar se uma determinada pessoa é usuária.

Eles devem ser observados em seu conjunto. Isto deve ser feito de maneira

discreta, sem alarme e sem conotação de fiscalização ou repressão, pois uma

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atitude neurótica ou polialesca é extremamente negativa uma vez que denuncia a

falta de confiança.

Os sinais que serão apresentados a seguir devem ser entendidos como

“sinais”, e não como certezas. São apenas indícios de que alguma coisa não vai

bem, e isto pode ter origem em uma série de circunstâncias, não obrigatoriamente

no uso de drogas.

• Mudanças bruscas de comportamento;

• Falta de motivação para as atividades comuns;

• Queda no rendimento escolar (trabalho) ou abandono dos estudos

(trabalho);

• Inquietação, irritabilidade, insônia ou, ao contrário, depressão e

sonolência;

• Mudança de turma;

• Espaçamento ou ausência de vida sexual;

• Olhos avermelhados ou dilatados;

• Alteração no aspecto físico, desleixo;

• Presença de instrumentos necessários para consumir drogas

(seringas, colheres, colírios, etc.);

• Alterações acentuadas no apetite (aumento ou diminuição);

• Atitudes furtivas ou impulsivas;

• Lesões e irritações nasais constantes;

• Problemas de saúde incomuns;

• Dívidas financeiras;

• Troca do dia pela noite.

Por meio de testes e exames de laboratórios, também é possível

detectar se uma pessoa está utilizando droga ou não. Porém, esta atitude

desestimula o diálogo e a confiança, trazendo mais problemas ao relacionamento.

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CAPITULO IV

EDUCAÇÃO E PREVENÇÃO

4.1. REPRESSÃO OU PREVENÇÃO EDUCATIVA?

A prevenção ao uso das drogas é uma prática que deve merecer muita

atenção, dados os malefícios decorrentes do crescente consume. Porém, o que se

tem feito para melhorar esta situação?

A questão das drogas é encarada hoje em duas grandes linhas de

atuação: repressão e prevenção educativa. São posições contrárias. A repressão

recorre à fiscalização e a punição, com a finalidade de reduzir a disponibilidade de

drogas (ilícitas) no mercado, usando como meio a repressão do tráfico e a ação

judiciária. Congressos são realizados, companhas são desenvolvidas, enormes

somas de dinheiro são gastas e grandes buscas e invasões policiais a favelas são

feitas. Mas, pergunta-se: Reprimir é o melhor caminho?

Percebe-se cada vez mais que os mecanismos são insuficientes para

diminuir a procura de drogas, pois a evolução do consumo de drogas é alarmante.

Segundo Fontanive (1996),

“Reprimir o consumo só faz aumentar a gravidade desta situação. Primeiro, porque não ajuda em nada o indivíduo que, por algum motivo, se sente atraído pela droga, apenas aumenta seu problema. Segundo, porque a proibição desperta a curiosidade” (FONTANIVE, 1996, p. 27-28).

Tudo isso leva a reconhecer que a verdade medida preventiva deve se

dar pela educação. A educação destinada a prevenir o uso de drogas é

considerada pela UNESCO como necessidade universal e premente. Afinal, o que

é prevenção?

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A educação preventiva está baseada em uma informação fácil, clara e

verdadeira sobre as drogas. Essa proposta alternativa possui três princípios.

Primeiro, ela nos mostra que a droga não é um mal que vem de fora do grupo

social. Porém é resultante dos problemas do próprio grupo. Segundo, que o

usuário da droga é um cidadão e não um viciado, um doente, uma pessoa má. E

em terceiro, é a necessidade da isenção de todo e qualquer preconceito em

relação à droga.

A proposta dos defensores da prevenção e da educação em relação às

drogas é quanto à sociedade, a necessidade urgente de trabalhar no sentido de

superar seus desequilíbrios e desigualdades. E, quanto aos cidadãos, informar,

compreender e orientar sem demagogia ou terrorismo. A educação em relação às

drogas consiste numa atitude lógica e válida.

A solução não está na liberdade do uso das drogas, tampouco na

repressão pura e simples aos usuários. A grande arma e a informação, e nenhuma

atitude isolada parece eficaz. Se a família e a escola falarem naturalmente sobre

este assunto, as crianças crescerão sabendo dos riscos sem curiosidade e

desejos. Cabe às famílias e à escola conscientizar-se quanto ao seu potencial

reflexivo e criativo e responsabilizarem-se pelas ações formativas a serem

desenvolvidas no contato com as crianças e jovens.

Segundo Vizzolto (1987),

“o trabalho preventivo não é monopólio de especialistas, mas responsabilidade de toda a sociedade: pais, educadores, profissionais de saúde, justiça, serviço social e outros” (VIZZOLTO, 1987, p. 16-17).

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Prevenir não significa tratar o tema com sensacionalismo ou terrorismo.

A concepção educativa de prevenção está centralizada nos seguintes aspectos:

formação do ser humano, valores, motivações, estilo de vida isento de drogas,

alternativas no campo de lazer, esporte e artes etc.

Basicamente, a prevenção deve concentrar-se menos nos perigos e

nos aspectos farmacológicos e mais informar na busca da auto-estima, auto-

afirmação, dificuldade de enfrentar problemas e limites e a questão do prazer. A

presenção alerta sobre os riscos da dependência e focaliza a responsabilidade

pessoal pela opção a ser tomada.

Para Fontanive (1996),

“(...) prevenir significa dispor com antecipação, preparar, chegar antes. Em relação às drogas, pressupõe um conjunto de medidas utilizadas para impedir, ou pelo menos, reduzir seu consumo abusivo” (FONTANIVE, 1996, p. 34).

Para que a prevenção seja realmente operante, enfatiza-se que leve em

conta o conjunto das aspirações e dos anseios da juventude. Abordada desta

maneira, será revelada toda a dimensão social e existencial da própria

problemática de drogas. sem o confronto com esta realidade, não se entende a

amplidão da questão nem que ela faz parte de um contexto mais abrangente.

A educação preventiva se quiser surtir efeitos amplos e contínuos na

população, deve permear todas as ações sociais e educacionais; tem de se

basear no respeito à diferença e na ausência de toda e qualquer discriminação.

Essa educação deve incluir o respeito permanente aos valores culturais e às

necessidades e aspirações que impregnam uma determinada população, qualquer

que seja seu nível sócio-econômico.

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A educação preventiva ultrapassa o âmbito da saúde pública, investindo

na formação, não apenas científica, mas também ética e cultural do jovem, com

vistas à sua capacitação para se responsabilizar pelas suas opções, em pleno

exercício da sua cidadania.

Longe de ser comparável a uma vacina, administrável uma ou poucas

vezes para surtir um efeito protetor duradouro, esta educação corresponde a um

processo em longo prazo. Propõe-se a restaurar aqueles valores humanos que,

esmagados sob o peso do desrespeito aos direitos básicos do homem, são

imprescindíveis para a auto - realização do ser humano, com dignidade, lucidez e

tino.

A prevenção às drogas passa por três níveis:

1) Prevenção primária: acontece antes que surja o problema da droga;

é caminho fértil para a família e a escola. Ela se dá no final da idade infantil e no

começo da idade juvenil (5ª a 8ª série).

As ações relacionadas com esta prevenção são a presença de modelos

identificatórios positivos, atividades prazerosas, estímulos à auto-estima, estímulo

à crítica, treino das habilidades para lidar com frustrações, fracassos e

ansiedades.

2) Prevenção secundária: ocorre quando o consumo de drogas

começa a surgir. É uma etapa difícil para a família que, muitas vezes, não quer

enxergar, e para a escola, que fica sozinha e se sente impotente. Ocorre na

adolescência e na juventude. É preciso apoiar os jovens com atividades

alternativas, Ter um diálogo aberto, promover discussões, buscar auxílio de

pessoas especializadas; enfim, procurar, junto com o jovem, ver o que está por

trás desta situação.

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3) Prevenção terciária: ocorre quando a pessoa já chegou à

dependência das drogas. Implica incentivar os usuários procurar uma terapia

adequada, contar com as pessoas de sua confiança para convencê-lo a encontrar

ajuda especializada, incentivar o diálogo com a família, acreditar que ele é

recuperável, oferecer alternativas de vida para ele, denunciar os facilitadores da

droga.

A prevenção se baseia em dois grandes princípios. O primeiro é o

desenvolvimento de atitudes positivas em relação à ida, a saber: o incentivo de

atividades criativas, o estímulo a valores vitais e a promoção de ações psico-

afetivas integrais. O segundo é a promoção de modelos identificatórios

estruturantes, ou seja, de pais, professores e dos próprios jovens.

Eis, pois o sentidos da educação preventiva: transmitir mensagens

verdadeiras, contribuindo para a formação do jovem e preparando-o para as

opções a serem tomadas na sua vida futura e que sejam as mais saudáveis

possíveis.

4.2. PREVENINDO NA FAMÍLIA

É na família que a prevenção ao uso de drogas pode ser mais eficaz.

Porém, o preconceito, a falta de intimidade com os filhos e a desinformação

impedem uma conversa mais franca sobre o assunto.

Segundo Lopes (1996),

“Os pais que tratam deste assunto como tabu fazem advertências dramáticas e aterrorizantes, criam um clima de suspeita, despertando a curiosidade e afastando ainda mais os jovens dos adultos” (LOPES, 1996, p. 29-30).

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Falar com naturalidade e segurança é de boa política, procurando não

mistificar este assunto, mas buscando integrá-lo aos outros temas da vida

cotidiana.

O grande dilema dos pais refere-se ao que fazer para que os filhos não

comecem a usar drogas, ou que seus filhos deixem de usá-las, ou ainda para que

não voltem a fazê-lo.

A família precisa repensar seu papel, suas relações; não usar de

autoritarismo nem de liberalismo, mas ser uma presença firme e flexível, sabendo

usar a sua “autoridade”.

As drogas podem causar grandes dramas. As atitudes mais adequadas

em termos preventivos, quando a família constata o uso de drogas pelo filho,

devem ser: não abafar, não castigar e não condenar; procurar saber o nível de

comprometimento, melhorar as relações dentro de casa e procurar ajuda de

especialistas.

Mas a questão que mais aflige os pais é qual o momento certo para se

conversar sobre drogas com seus filhos. Muitas vezes protelam o assunto por

temer que isto os desperte para as drogas. O assunto vai surgir, se não em casa,

entre colegas ou amigos; e é por isto que, quanto mais cedo abordar o problema,

melhor.

A família depara-se com o problema revelando extrema perplexidade e

total desespero sobre o assunto, procurando encontrar soluções mágicas e

imediatas. Não adianta conversar com os filhos se os ais não estão preparados

para isto. É preciso procurar informações verdadeiras e claras para abordar este

assunto este assunto.

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É importante que os filhos tenham credibilidade nos pais e com eles

possam esclarecer abertamente suas dúvidas, sem medo de serem repreendidos.

Além do esclarecimento, é necessário que os pais cultivem a auto-estima.

Segundo Zagury (1996),

“a família precisa perceber que a prevenção se inicia desde cedo, de modo que os esclarecimentos sobre drogas devem fazer parte da comunicação habitual, sempre tendo como base a convivência a afetiva” (ZAGURY, 1996, p. 41-42).

A família deve assumir sua parte da responsabilidade, compreendendo

que o jovem usuário é portador de um sintoma que inclui o familiar, e cada qual

deve procurar o significado deste sintoma. Repensar a respeito da história familiar

não significa culpar os pais.

Não existem culpados; a família é parte do problema e, como tal, é

parte da solução. O meio familiar exerce um papel importantíssimo na formação

do indivíduo e no aprendizado da vida social.

Em suma, a preservação ao uso de drogas deve seguir a seguinte

trilogia: amor, bom-senso (equilíbrio) e diálogo (informação).

4.3. PREVENINDO NA ESCOLA

A maioria das escolas lava as mãos quando faz algum curso sobre

drogas ou quando tem algum especialista dentro da escola. A prevenção

educativa deve ser feita por todos os professores através de suas atitudes; todos

têm essa missão. O trabalho não pode ficar somente no discurso. Palestras

isoladas não vão minorar o problema, mas podem ser uma boa maneira de

começar um trabalho mais amplo com os pais, supervisores escolar, professores e

alunos.

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Um programa de prevenção deve começar com a identificação precisa

da população-alvo, isto é, quais as suas necessidades, os seus valores,

ideologias, questões políticas, econômicas, dentre outros dados. Resta definir os

objetivos do programa, para, em seguida, estabelecer as estratégias que serão

utilizadas.

No trabalho com pequenos grupos, deve-se procurar utilizar métodos

que desenvolvam a consciência crítica, que reduzam o preconceito; que discutam

os valores e que alertem sobre os riscos da dependência.

Para Vizzolto (1987),

“Prevenção na escola significa estar atento ao jovem, abrir um canal de comunicação, valorizá-lo como ser humano, organizando um projeto coletivo e um espaço para que ele fale e escute” (VIZZOLTO, 1987, p. 32-33).

Além disso, a escola em o papel de atingir as famílias, pois estas se

encontram despreparadas para lidar com a droga.

É preciso desmistificar o assunto e adotar uma atitude de compreensão.

Porém, o grande dilema da escola está na sua forma de atuar. Constata-se que o

profissional se encontra despreparado para atuar na prevenção. Ás vezes,

participa de cursos, mas não viabiliza sua prática, e se sente impotente para se

adaptar à sua realidade.

A prevenção às drogas deve fazer parte do próprio projeto político-

pedagógico da escola, pois o projeto é contínuo, constante, e assim deve ser a

prevenção: permanente e total.

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Trabalhar com a prevenção às drogas envolve repensar as relações e o

fazer pedagógico dentro da escola. Trabalhando com a criatividade na construção

de um projeto pedagógico coerente com a realidade da escola, professores e

alunos só têm a ganhar.

A prevenção às drogas nas escolas é uma decisão política e conjunta.

Política porque depende das decisões das forças existentes na escola, e conjunta

porque depende de toda a comunidade escolar para obter sucesso. Um projeto de

prevenção deve abordar um contexto amplo de valorização da vida, oferecendo

programas culturais e de educação afetiva.

A escola deve trabalhar, o tema “drogas” numa perspectiva realista e

isenta os preconceitos, afim de que perceba que não existe “escola sem drogas”,

trabalhando a auto-estima de seus alunos, tendo segurança para abordar os

problemas que surgirem, respondendo aos questionamentos dos pais e alunos.

Neste sentido, a prevenção na escola, para Ter alcance educativo, deve

situar-se num espaço mais amplo: o uso de drogas não pode ser visto como um

aspecto isolado da vida social. Assim, as informações científicas ficam em

segundo plano, dando lugar às reflexões sobre valores, sentido da vida e sobre o

projeto existencial de cada ser humano.

4.4. COMO É FEITO UM PROGRAMA DE PREVENÇÃO

Cada escola buscará coletivamente um caminho para a implantação de

um programa de prevenção.

Antes de tudo, é preciso formar uma comissão que integre diretor,

supervisor escolar, orientador e coordenador pedagógico e professor.

Profissionais de saúde, representantes de pais e funcionários da escola também

devem participar.

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Segundo Santos (1997),

“É preciso ter em mente, ao implantar um programa de prevenção, que a saúde deve ser entendida como completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença” (SANTOS, 1997, p. 24-25).

Esta comissão coordenará o planejamento, execução e avaliação do

programa, buscando sempre a adesão e a participação de toda a comunidade

escolar nas diferentes fases do programa. O programa deverá ser sempre

integrado à mobilização comunitária.

A comissão ficará encarregada de instituir medidas que favoreçam a

implantação e desenvolvimento do programa, como preparação dos professores e

dos materiais que serão utilizados.

Caberá ao supervisor escolar estar atento para que sejam dadas a

informação e a formação a toda comunidade escolar.

Com isso, a escola estará trabalhando com a prevenção primária e

secundária. Para trabalhar a prevenção terciária, a escola deverá estabelecer

contatos com órgãos e instituições da comunidade que se dediquem à

recuperação de usuários de drogas.

Fazer prevenção “estilo campanha”, informar os alunos através de

palestras, pedir que façam pesquisas sem antes conhecer o material a ser

utilizado, solicitar a realização de entrevistas, abordar o tema em feiras escolares,

elaborar cartazes e murais, oportunizar depoimentos de ex-drogados, desenvolver

trabalhos isolados, envolver-se na repressão ao tráfico, são algumas atividades

que devem ser evitadas num programa de prevenção.

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Uma das estratégias que a escola poderá usar são as reuniões de pais.

Mas é muito importante consultar previamente os pais sobre horário, dia e

duração, além de informá-los sobre o assunto. Ser objetivo e claro, promovendo

um clima informal, de livre expressão e abeto ao diálogo, também contribuirá para

que se obtenha êxito nas reuniões.

É importante avaliar cada uma das ações do programa de prevenção

em cada fase, através de observação constante.

Considerando que esta proposta tem como objetivo desenvolver todas

as pessoas que faze, parte da comunidade escolar, com ações efetivas, nos

aspectos cognitivo e afetivo, a avaliação deverá verificar os resultados, tanto de

conhecimentos quanto de mudança de atitudes e comportamentos.

No aspecto cognitivo é sumamente importante que se verifiquem os

conceitos que os alunos já obtinham e os conceitos adquiridos no programa; ou

seja, saber de onde partiu e em nível de conhecimento se encontra o grupo ou a

turma. E, no aspecto afetivo, a observação deve ser contínua, para se constatar

as mudanças de comportamento e de atitude dos envolvidos no programa. Este

aspecto e mais difícil de ser avaliado.

Vale a pena ressaltar mais uma vez que cada escola deve buscar o

melhor caminho a fim de minimizar o problema do uso de drogas, de acordo com

sua realidade. Não se pretende, com o que foi exposto anteriormente, criar uma

receita infalível, pretende-se apenas apontar meios que possa,m contribuir para a

implantação de um programa de prevenção. Além disso, é cabível salientar a

importância de um projeto político-pedagógico preventivo, que busque a

valorização da vida.

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CONCLUSÃO

A droga é hoje uma ameaça onipresente, trata-se de um imenso

arsenal químico oferecido, todos os dias, legal e ilegalmente, para preencher o

vazio ou como uma solução para dor e sofrimento.

O uso abusivo de drogas faz parte integrante de um processo de

alienação social, não estando o dependente exercendo um papel próprio e único,

isolado do grupo, e sim, apresentando uma resposta socialmente aceita por uma

sociedade alienada e alienante, que perdeu seu ponto de equilíbrio, vive uma

transição de valores e faz constante propaganda da solução artificial, externa.

Para qualquer problema emocional ou social, o uso de drogas não é causa e, sim,

a conseqüência de uma desestruturação maior.

É natural que os pais sintam medo, pois muitas vezes a família não

sabe até onde o uso da droga pode torna-se crônico e compulsivo, e depois

também há o perigo do envolvimento com a violência de tráfico e outros usuários.

A dependência pode ser definida como a perda de controle sobre tudo

aquilo que envolve o consumo da droga: a quantidade, a qualidade e a freqüência,

um dependente químico, portanto, é um doente e precisa ser tratado.

A dificuldade é convencer o dependente de que ele tem um problema

sério de saúde, e não uma rebeldia, um inconformismo às vezes, encarado por ele

como uma coisa positiva.

Infelizmente, o suo da droga hoje é quase como um rito de passagem

para o adolescente, a família tem de prestar muita atenção nessa “iniciação”,

porque a recuperação de um dependente é muito difícil.

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É preciso entender que o problema do uso abusivo de drogas deve ser

enforcado pelos ângulos da prevenção e do tratamento. Por prevenção,

entendemos também, a informação, o controle, a fiscalização e a repressão.

É fundamental investir num projeto de prevenção, que deve ocorrer

tanto dentro da escola, como dentro da própria família, com profissionais

qualificados para que se possa ter um trabalho consistente e constante.

Juntas, escolas e família devem permitir que nossos jovens vivenciem

experiências positivas de ajuda e solidariedade, desenvolvendo habilidades de

comunicação e relacionamento.

Entretanto é preciso ficar claro que para o projeto de prevenção dar

certo, é necessário tratar o tema sem radicalismo, dando todas as informações

possíveis e principalmente observando a realidade do público que você quer

atingir.

Nesta situação, podemos concluir, que a escola é um local privilegiado

para a promoção a saúde e a prevenção dos riscos e dos danos relacionados ao

uso e ao ambiente nos quais substâncias psico ativas são utilizadas por nossos

jovens. Mais do que nunca, e estratégico temos uma abordagem honesta e

verdadeira para com nossos alunos, refletindo o mundo em que vivemos e as

dificuldades que encontramos pelo caminho.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Você sabe o que é droga? 10 CAPÍTULO II As principais drogas 15 CAPÍTULO III Perfil de usuário de drogas 25 3.1. Personalidade do usuário 25 3.2. O que leva ao uso das drogas 28 3.3. Tipos de usuários 29 3.4. Reconhecendo o usuário de drogas 31 CAPÍTULO IV Educação e prevenção 33 4.1. Repressão ou prevenção educativa? 33 4.2. Prevenindo na família 37 4.3. Prevenindo na escola 39 4.4. Como é feito um programa de prevenção 41 CONCLUSÃO 44 BIBLIOGRAFIA 46 ANEXOS 48 FOLHA DE AVALIAÇÃO 49

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ANEXOS

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES Instituto de Pesquisa Sócio-Pedagógicas Pós-Graduação “Latu Sensu” Título da Monografia Estudo do uso de drogas entre os jovens e a sua prevenção. Data da Entrega: ___________________________ Avaliado por: ______________________________Grau: ________________

Rio de Janeiro, ______ de ______________________ de ________ _______________________________________________________________