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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PROGRAMA VEZ DO MESTRE DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR INDISCIPLINA NA ESCOLA MARCELO FREITAS BARBOZA RIO DE JANEIRO –RJ 2005.

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROGRAMA VEZ DO MESTRE

DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR

INDISCIPLINA NA ESCOLA

MARCELO FREITAS BARBOZA

RIO DE JANEIRO –RJ 2005.

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROGRAMA VEZ DO MESTRE

DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR

INDISCIPLINA NA ESCOLA

MARCELO FREITAS BARBOZA

Monografia apresentada como

requisito Parcial para obtenção

de título de Especialista em

Docência do Ensino Superior da

Universidade Candido Mendes. Orientador: Carlos Alberto

Cereja de Barros.

RIO DE JANEIRO –RJ 2005.

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SUMÁRIO

RESUMO .............................................IV

1.INTRODUÇÃO ..........................................l

2.A Questão da Violência...............................5

3.Conceito de disciplina...............................8

4.A Disciplina no Âmbito Familiar.....................12

5.A Escola Durante o Século XX........................15

6.A Escola na Atualidade..............................18

7.A Prática Pedagógica................................21

7.1 O Papel da Escola................................ 21

7.2 O Papel do Professor..............................24

7.3 O Papel do Aluno..................................27

8. CONCLUSÃO.........................................30

BIBLIOGRAFIA..........................................32

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RESUMO

Esta pesquisa mostra como o aluno que está na

escola atualmente sofre todo tipo de influências em face

de novas formas de cultura, novas relações, novas formas

de ver o mundo de acordo com os padrões ditados pela

midia, pela evolução tecnológica, pelo consumismo, pela

violência, pela injustiça social. Essa nova conjuntura

interfere diretamente no processo disciplinar dos

adolescentes, trazendo como consequência a indisciplina

na escola.

É apresentada, através de abordagem teórica sobre os

fatores que conduzem a escala da violência na sociedade,

seguido pelo processo disciplinar no ambiente familar,

onde as transformações advindas da globalização traz o

consumismo e a crise econômica que contribuem na

desestrutura dos lares fazendo com que os filhos passem a

ter uma liberdade não controlada, e a escola, por sua

vez, mal estruturada, não consegue frear o processo

disciplinar sem o apoio da família e da sociedade.

Procurou-se mostrar também o papel desempenhado pela

escola, professores e alunos diante das mudanças sociais.

Ao final deste trabalho apresenta-se uma conclusão

relativa à pesquisa teórica, com a finalidade de

contribuir para a busca de novas concepções para

facilitar o trabalho pedagógico.

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1. Introdução

A desigualdade social no Brasil tem na sua origem

o passado colonial que impôs, sob a égide da cruz e da

espada, um modelo sócio-econômico e cultural, o que fez

surgir uma sociedade rigidamente hierarquizada, tendo ao

topo uma elite apátrida, alheia aos problemas da nação.

Na atualidade, a entrada do Brasil no mundo globalizado

(ou aldeia global), através da adoção da cartilha

neoliberal produzida segundo o consenso de Washington,

aprofundou ainda mais o abismo social e cultural no país

(TOFFLER, 1985). Em todo mundo a reprodução desta nova

roupagem do capitalismo numa escala sem precedentes na

história, através da integração das economias dos

chamados Estado - nação, fez emergir querelas aqui e

alhures, como a acentuação da pobreza e da miséria, o

analfabetismo funcional, o racismo e a xenofobia, além

do fundamentalismo religioso, conflitos de caráter

étnico, terrorismo, atuação de grupos mafiosos, de

narcotraficantes. Por outro lado tais questões,

associadas com problemas de natureza ecológica, como a

necessidade da preservação e conservação da

biodiversidade, bem como o debate em terno da ética, da

filosofia e da espiritualidade entre outras, revelando a

crise pela qual passa a civilização ocidental. Há muito

que o homem rompeu com o equilíbrio necessário à

manutenção da vida, colocando em perigo não só a sua

existência como espécie, bem como de toda forma de vida

existente no planeta. É notório que o ser humano tem nas

relações sociais a maneira mais clara de interagir com

outros de seu meio, através da solidariedade, do

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trabalho, da cooperação, da negociação. Entretanto,

outras formas de relacionar-se também se fazem presente,

como o conflito, a violência, o crime, a marginalidade,

o vandalismo, que denotam situações de marginalização e

exclusão social.

O instinto mais evidente do ser humano encontra-se

intimamente relacionado a sua necessidade de

sobrevivência. O advento do neoliberalismo, com toda sua

reengenharia, informatização, enxugamento das empresas e

dos governos (Estado mínimo) e outras soluções de

caráter tecnocrático, acirrou ainda mais a animosidade e

a competitividade, não apenas no que diz respeito ao

mercado de trabalho, mas em todas as instâncias da vida.

As formas de desemprego (tecnológico, conjuntural,

estrutural), o reduzido poder de barganha dos

sindicatos, em virtude da mudança das leis trabalhistas,

fizeram com que milhares de trabalhadores aderissem à

economia informal como única maneira possível de

sobreviver às mudanças no sistema capitalista mundial

(TOFFLER, 1992).

Por outro lado, se fez necessário que as pessoas

deveriam possuir um mínimo de instrução, seja para se

resignarem com os novos acontecimentos e,

principalmente, consumir os novos produtos que surgem a

cada dia. Para tanto, estabeleceu-se uma cultura

mundial, onde o lazer (cinema, espetáculos), as

revistas, os jornais, as formas de se vestir, o consumo,

devem se assemelhar em qualquer lugar do mundo.

O aprofundamento das desigualdades sociais, bem

como a crise de valores éticos e morais que assola a

civilização ocidental, faz com que o convívio humano

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seja cada vez mais pautado pela violência, uma das mais

degradantes formas de relação social. Este fenômeno

social encontra-se em todas instituições que compõe uma

determinada sociedade.

O sistema educacional brasileiro reproduz as

desigualdades sociais existentes no país, traduzindo

fielmente, aos magotes, todos os anos, analfabetos

funcionais que irão, no máximo, desempenhar funções

subservientes no mercado de trabalho. Tal sistema há

muito contribui para a segregação social e o abismo

cultural acima citados. Ao não valorizar o ensino

básico, impede-se que os docentes venham a desenvolver

competências e habilidades, Além disso, por não

valorizar o corpo docente, através da criação de um

modelo de gestão que valorize os profissionais de

educação, bem como o corpo de apoio, através de

incentivo a atualização constante e um plano de cargos e

salários que reponham as perdas acumuladas ao longo dos

últimos tempos. Outra degradação do sistema diz respeito

ao patrimônio ou capital social: equipamentos públicos

mal conservados, em ruínas, desvio de verbas,

malversação do erário público, poucas escolas.

A realidade vivida pela escola denota que os

problemas, apesar de saltarem aos olhos, encontram-se no

meio social, sendo necessário a busca por soluções

para as dificuldades que afligem ao meio escolar,

através da compreensão da realidade social ali inserida,

favorecendo a criação de um ambiente sadio, saudável,

onde todos possam participar efetivamente do processo

democrático.

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As transformações sociais, culturais, econômicas e

tecnológicas que refletem os sinais dos tempos, resultou

em mudanças radicais nas formas de convívio humano, seja

no ambiente familiar, escolar ou social.

Os problema disciplinar na escola tornou-se um

motivo de preocupação constante entre os educadores, que

quase sempre se vêem num dilema, tornando-se reféns da

indisciplina, não sabendo ao certo a quem encaminhar o

problema, se o ignora, qual a saída, o que fazer.

Quase sempre procura-se encontrar este ou aquele

fator como responsável da crise disciplinar, que

conduzem a crianças e adolescentes a realizarem

atitudes não condizentes com o meio onde estão

inseridos.

Sendo assim, o presente trabalho busca apresentar um

breve estudo qualitativo, através de pesquisa

bibliográfica, sobre as causas da indisciplina na

escola, que por muito interferem no processo de

aprendizagem e na prática pedagógica.

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2. A Questão da Violência

É cada vez mais comum os meios de comunicação

banalizarem a questão da violência em nossa sociedade,

sobretudo no que diz respeito as causas, conseqüências,

tipo, significado .

“Existe violência quando alguém, voluntariamente

faz uso da força para obrigar uma pessoa ou grupo a agir

de forma contrária à sua vontade, quando os impede de

agir de acordo com sua própria intenção, ou, ainda,

quando priva alguém de algum bem.” ARANHA & MARTINS

(1998, p.186).

Ao longo de sua existência, a sociedade humana

passou por inúmeras situações que geram uma certa

complexidade sobre o significado de tal fenômeno

(MINAYO, 1999).

A violência encontra-se presente no mundo

contemporâneo de maneira sem precedentes na história da

humanidade. A todo momento a mídia relata episódios que

provocam repúdio, medo, insegurança, desespero na

população. Os acontecimentos acabam criando nos

indivíduos comportamentos hostis e defensivos. Muitas

vezes, tais sentimentos são incorporados como normais ou

comuns, não sendo reconhecidos como agressões ao bem-

estar individual e coletivo, desencadeando a banalização

do estado em que as coisas se encontram, levando a

indiferença diante de situações como a exploração da

mão-de-obra, a prostituição infanto-juvenil, a

marginalização, a degradação ambiental.

A violência deve ser entendida como uma questão

sócio-cultural, presente nas mais diversas partes do

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planeta, desde os tempos mais remotos. ODÁLIA (1985)

considera que o viver em sociedade foi sempre um viver

violento e por mais que recuemos no tempo, constatamos

que a violência está presente. Os atos de violência que

assustam a sociedade não são inéditos, apesar de serem

bárbaros.

A presença de conflitos são constantes em qualquer

sociedade. Entretanto, sua presença não justifica o

aparecimento e o crescimento da violência, uma vez que

se constituem em elementos de crescimento quando

conseguem ser superados. Todavia, a dificuldade de lidar

com os mesmos e resolvê-los de maneira satisfatória pode

vir a contribuir para o crescimento da violência.

O crescimento da violência associa-se às

dificuldades sociais e de privação de bem-estar da

população. A situação de precariedade em que vive grande

parte da massa populacional do país, torna mais intenso

e com maior agravante os mecanismos de violência. A

sociedade capitalista, ainda mais individualista nesses

tempos de neoliberalismo, tende a descartar aqueles que

não se enquadram de acordo com as regras do jogo,

colocando em xeque a própria existência da vida, através

de um consumismo exacerbado e de regras de conduta que

conduzem ao acúmulo e concentração de riquezas, em

detrimento de uma grande massa de famintos e incultos.

A civilização atual, a partir da consolidação da

globalização , onde o sistema capitalista, baseado na

vigência da propriedade privada, na busca incessante

pelo lucro, viu cair por terra todos os paradigmas,

ideologias e filosofias que a norteavam. A revolução

técnico-científica, o avanço das comunicações e da

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informática (que fez surgir a internet, revolucionando

a economia mundial, tornando empresas mais competitivas,

informatizando todos os setores da sociedade (bancos,

instituições financeiras, hospitais, escolas); outros

setores não menos importantes, como a biotecnologia e a

robótica, além de novas formas de administração,

tornaram o mercado de trabalho mais competitivo,

exigindo maiores investimentos em educação.

Todas estas questões e transformações exigem

mudanças no processo de formação humana, principalmente

no que diz respeito a função de educar, ao papel da

educação no mundo pós-moderno ou globalizado, com

relação a qualidade do ensino, a formação humana e a

inclusão social.

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3. Conceito de disciplina

Todo ser humano, desde seu nascimento, é submetido a

regras externas, pela família ou pessoas próximas,

normalmente com costumes adequados à sociedade maior de

qual fazem parte. Assim, quando padrões de comportamento

que são habituais e aceitáveis ao seu grupo social, se

torna um indivíduo socializado e faz com que atue, sinta

e pense de forma semelhante aos demais com quem convive.

"Unidades complexas, como o ser humano ou a

sociedade, são multidimensionais: dessa forma, o ser

humano é ao mesmo tempo biológico, psíquico, social,

afetivo e racional. A sociedade comporta as dimensões

histórica, econômica, sociológica, religiosa..." (MORIN,

2001, p. 38). Nesse contexto é importante salientar que

o ser humano desenvolve sua personalidade influenciado

pelos fatores do meio, formando sua história pessoal,

que considera os dados adquiridos e os dados

biopsicológicos herdados, os quais são características

próprias que o tornarão único e portanto, irão

diferenciá-lo na sociedade.

Nessa sociedade, seja ela abrangente ou apenas

pequenos grupos, como a família, as influências

culturais na formação de atitudes são múltiplas e

constantes e procuram fazer com que as pessoas passem a

agir e a pensar da forma que eles propõem. Para tanto

são formuladas regras, normas ou leis.

Segundo CARVALHO (1996, p. 134) "a palavra regra

pode expressar a ideia de um regulamento tácita ou

explicitamente formulado, através de proibições,

exigências e permissões; pode expressar instruções ou

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ainda preceitos morais e religiosos que visam guiar a

ação de um indivíduo", ou seja, é cada indivíduo saber

onde pode ir, agir, falar e fazer sem que afete o meio

em que vive e sem prejudicar a outros. É o que pode ser

interpretado como limite.

Observando os comportamentos individuais do ser

humano inserido na sociedade é que se pode dizer se ele

está de acordo com as regras ou não.

"Ocorre que as relações entre os homens podem ser

alienadas, reificadas, coisificadas, ou seja, os limites

estabelecidos podem não corresponder às reais

necessidades dos sujeitos, mas à necessidade de um ou

outro, ou de apenas um grupo em detrimento dos

demais"(VASCONCELLOS, 2000, p. 41.). Qualquer postura do

indivíduo em relação aos limites a que é submetido, pode

ser considerado (in)disciplina.

Para entender a indisciplina primeiramente é preciso

conhecer os conceitos de disciplina, que podem ter

enfoques diferentes conforme a visão de cada autor e que

merecem ser comentadas.

"A disciplina consciente e interativa, portanto pode

ser entendida como o processo de construção da auto-

regulação do sujeito e/ou grupo, que se dá na interação

social e pela tensão dialética adaptação-transformação,

tendo em vista atingir conscientemente um objetivo".

(VASCONCELLOS, 2000, p. 42).

A pessoa que aceita os limites impostos

passivamente, ficando alienado às várias situações, onde

o silêncio, a falta de iniciativa caracterizam a falta

de interação desta com o meio em que está inserido,

também pode ser caracterizada como indisciplinada.

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Na visão do autor, a disciplina não é apenas uma

maneira passiva de se agir um respeito mútuo, onde as

normas e limites são colocadas para que se possa

trabalhar, desenvolver e transformar a realidade sem

agredir a já existente.

Portanto, há a necessidade de se adaptar às regras e

isto se dá num processo interpessoal do sujeito assim

como da convivência em grupo e também em sociedade.

Após este processo de adaptação é que estará apto a

interagir e transformar o ambiente em que vive e

consequentemente criando novas normas a serem seguidas.

Isto vem de encontro às palavras de FREIRE, citado

por VASCONCELLOS (2000, p, 41): " Ninguém disciplina

ninguém. Ninguém se disciplina sozinho. Os homens se

disciplinam em comunhão, mediados pela realidade".

Considerando a palavra disciplina, ao analisar o seu

significado, percebe-se que apesar de ser amplo vai de

encontro aos vários conceitos que assume em seus mais

variados meios. VOLKER (2000) define: "Disciplina, que

possui a mesma raiz da palavra discípulo e discente,

significa ensino, instrução, ciência, educação, sistema,

princípios éticos. Deste modo, disciplina é educação em

sentido amplo".

Analisando os conceitos de disciplina no sentido

geral percebe-se que está diretamente ligada a todos os

meios: social, morai e intelectual, refletindo

principalmente nas escolas que são responsáveis em

ajudar no desenvolvimento dos indivíduos em todos os

seus aspectos. Desse modo é necessário compreender a

disciplina, também no contexto escolar, que apesar de

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ter a mesma fundamentação pode assumir conotações

específicas pois a escola reúne pessoas de grupos

diferentes que buscam um objetivo comum. Para tanto as

normas mudam em relação ao meio de origem de cada um.

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4. A Disciplina no Âmbito Familiar

A primeira interação social da criança é com seus

familiares. É com o pai e a mãe, ou quem os represente,

que a criança aprenderá as primeiras regras e valores de

convivência social. Dessa forma, uma estrutura familiar

torna-se fundamental para um bom desenvolvimento da

personalidade.

Todavia, as relações estabelecidas na família são

marcadas por bons e maus momentos. O sentimentalismo é

muito forte nestas relações e se torna difícil

equilibrar o emocional e o racional. Muitas vezes as

transgressões disciplinares são encobertas por esses

sentimentalismo.

Para ZAGURY (2000), “os pais de hoje trabalham a

mais e passam menos tempo com os filhos. Quando chegam

do trabalho, ambos estão cheios de culpa pela ausência e

para minimizar esse sentimento, tornam-se muito

permissivos, deixam de estabelecer limites e de ensinar

o que é certo ou errado.”

A Teoria Psicanalítica na educação, tem influenciado

muitos pais por se basear no pressuposto de que as

dificuldades de aprendizagem estão ligadas a problemas

emocionais, como carência afetiva, frustações e falta de

adequação das situações emocionais vividas. Por medo que

os filhos sofram esses problemas, acabam por afrouxar a

disciplina familiar, ceder às vontades dos filhos com

muita facilidade e com pouco ou nenhum limite, acabando

por afetar, de modo quase irreversível, a formação dos

mesmos.

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Outra preocupação que aflige pais é a idéia de que

a disciplina está relacionada ao autoritarismo.

Confundem normas com vontades próprias e esquecem que

autoridade não quer dizer autoritarismo. A liberdade em

casa, pode ser estabelecida mesmo que existam regras,

pois ser livre é ter opção de escolha, de agir com

responsabilidade, sem ultrapassar os limites a que está

sujeito.

Outra dificuldade está na falta de diálogo. O

excesso de obrigações profissionais e sociais faz com

que os pais tenham cada vez menos tempo para conviver

com os filhos. Este problema se agrava quando os pais

são separados, pois a convivência, que já era limitada,

torna-se ainda restrita, com os pais se perdendo no

momento de estabelecer limites aos filhos e na cobrança

do cumprimento dos mesmos.

Há ainda o fator da estimulação precoce que faz os

filhos se tornarem mais críticos cada vez mais cedo. E

essa precocidade é reflexo do medo dos pais de uma

sociedade competitiva. Segundo ZAGURY (2000), “cada vez

mais cedo os pais procuram dar estímulos para os filhos

não ficarem para trás. Só que acabam exagerando.” Por

causa disso, acabam incentivando atitudes não muito

éticas e perdem a credibilidade perante os filhos.

Analisando com mais detalhes, tudo está relacionado

à mudanças da sociedade como um todo. A partir da década

de 1970, houveram mudanças profundas no perfil da

sociedade: uma crescente urbanização ocasionando um

desenraizamento econômico, cultural, afetivo e

religioso, com acelerado processo de industrialização e

de expansão das telecomunicações.

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A globalização, que pode ser definida com um

complexo de processos e forças de mudança, segundo HALL

(1999, p.34-37), provoca uma homogeneização cultural que

torna a vida social mediada por diferentes estilos,

lugares e imagens fornecidos pela mídia e pelos sistemas

de comunicação globalmente interligados. Isso faz com

que as identidades culturais se tornem desvinculadas de

tempo e lugar, ao mesmo tempo que favorece o consumismo

e altera hábitos familiares no sentido de que os pais

perdem espaço para a mídia que dita regras, modas e

influencia diretamente na escolha dos costumes

principalmente de crianças e jovens.

A sociedade do século XXI vive um período de crise

ética, que no Brasil está constantemente retratada

principalmente no campo da política quando vêm à tona

casos de corrupção, desvios de dinheiro público, má

distribuição de renda e indiferença dos governantes à

classe trabalhista, acentuando o desemprego e o

subemprego. A crise econômica, o consumismo, a

competição exacerbada no mercado de trabalho e os

valores invertidos são os principais fatores de

desagregação familiar.

Parafraseando GUIMARÃES (1996, p. 55-57), se

quisermos compreender a experiência partilhada por

pequenos grupos, como a família ou a escola por exemplo,

devemos fazer um deslocamento do global para o local,

tentando detectar como a sociedade vive e se organiza

dentro grupos.

Segundo a autora, os indivíduos vivem o social

mediante as regras estabelecidas pelas instituições, que

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ela define por dever/ser. Mas vivem também a socialidade

que representa as atitudes cotidianas dos mesmos nos

pequenos grupos, o querer/viver. Quando a sociedade fica

limitada ao social e se esquece das pequenas ações que

acontecem no cotidiano dos grupos, exerce um poder de

dominação que acaba por desencadear uma violência

cotidiana. Quanto mais o poder instituído procura

igualar indivíduos, homogeneizando-os, mais a violência

pode acontecer, seja frontalmente pelos arrombamentos,

depredações, pichações, entre outros tantos; ou de forma

banal, pelas resistências passivas como ironia,

zombaria, que são formas que o indivíduo encontra para

lutar contra as regras estabelecidas e sobreviver

individual e socialmente.

Se a lógica do querer/viver se estabelece, surgem

tensões que servem para impedir que aconteça a dominação

e consequentemente pode evitar a violência. A

indisciplina nesses parâmetros vem a ser a prática de

atitudes que geram conflitos dentro dos grupos mas que

pode servir como aliada ao combate à dominação e à

monopolização das regras.

Pensar em disciplina exige pensar também em limite e

em sentido. A desorientação da sociedade, principalmente

nas classes que definem o sentido (partidos, igreja,

família, escola, ciência) representam realidades cada

vez mais instáveis, servindo para definir a identidade

social dos indivíduos com profunda crise de sentidos.

De acordo com PELLANDA (2000,p.30), "a situação

comtemporânea exige de nós um esforço para compreender o

que está acontecendo, para além de nossos preconceitos,

para além dos limites, que nos são impostos pela cultura

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particular no seio da qual estruturamos nossas maneiras

de fazer sentido".

Ao analisar todos esses fatores, percebe-se que para

uma criança advinda de ambientes problemáticos ou

desestruturados, onde o cumprimento das normas se faz

ausente, ou aquela que é fruto de um meio social em

crise, é fácil passar por dificuldades de adaptação ou

mesmo de compreensão dos limites impostos por

organizações sociais, como a escola.

Isso contribui muito para que se propague um número

cada vez maior de casos de indisciplina no âmbito

social, familiar e escolar.

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5. A Escola Durante o Século XX.

A indisciplina aparece como grande vilã do dia-a-dia

da escola, sendo alvo das reclamações constantes por

parte dos profissionais de educação e revelando um

quadro de insatisfação geral que aumenta com o passar do

tempo. E dessas reclamações surgem teorias que buscam

uma resposta para o problema a partir da análise de suas

causas no ambiente escolar.

Ao longo do turbulento século XX, a sociedade

brasileira passou por inúmeras transformações, assim

como o sistema escolar no país que, uma vez analisado

sua evolução histórica, permite uma maior compreensão da

questão da indisciplina escolar no século XXI.

No ínicio do século XX as normas disciplinares eram

rígidas, semelhantes às disciplinas militares e eram

empregadas para controlar e ordenar o corpo e a fala. O

silêncio nas aulas era absoluto e fora delas era

contido.

A escola da época era semelhante a um quartel com a

função de modelar moralmente os alunos e também seguia

rigorosamente as leis às quais os deveres escolares

estavam submetidos.

A escola tinha um caráter conservador e destinava-se

prioritariamente às classes sociais privilegiadas. As

vagas eram limitadas porque achava-se que se aumentasse

o número de vagas haveria um rebaixamento na qualidade

de ensino.

O professor era um superior hierárquico, detentor de

todo o conhecimento e próximo da lei, com a dupla função

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de transmitir o conhecimento elaborado e exigir o

cumprimento das normas.

Já as relações escolares eram determinadas em termos

de obediência e subordinação dos papéis bem definidos. A

disciplina era algo externo, imposto, que nada tinha a

ver com os alunos, por isso fazer indisciplina era

heroísmo porque expressava o desejo de muitos, mas que

apenas poucos se aventuravam a fazer. As punições desse

período eram encaminhamentos à direção, suspensão da

escola e, até mesmo, expulsão, dependendo da gravidade

do ato. Também nesse período considerava-se indisciplina

apenas a falta cometida pelo aluno.

As mudanças ocorreram e desta visão totalmente

tradicional passou-se para o oposto, ou seja, totalmente

liberal, onde a liberdade quase sem controle e sem

limites foi ganhando espaço, surgindo os grandes

problemas de indisciplina que aflige a maioria das

escolas.

Entre as causas para essa falta de controle sobre as

atitudes das crianças e adolescentes no ambiente escolar

pode-se apontar a transformação da sociedade, que antes

reprimia muito e agora, dentro das novas visões teóricas

da psicologia, a família deixou de cobrar certas

atitudes da criança por medo de causar traumas, que

poderiam afetar a sua aprendizagem.

Nas escolas, a mudança da sociedade, contribuiu para

a formação das novas regras e princípios que

organizariam o trabalho, onde do rigor absoluto passou-

se para a democracia que não foi bem entendida, fugindo

ao controle dos envolvidos nesse contexto A escola

idealizada e implantada para indivíduos subordinados

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tornou-se incapacitada de administrar o seu território

de maneira a atender esse novo sujeito, por não

conseguir formar cidadãos que ultrapassem o senso comum

e com isso acabar educando cidadãos subalternos, sem

conhecimentos necessários para transformar a si mesmos e

a sociedade. (FRANCO, 1986, p.66)

Além dessas transformações ocorridas na sociedade e

das regras escolares, VASCONCELLOS ainda fala do papel

da escola há algumas décadas, como instrumento de

ascensão social e fonte privilegiada de informações.

Valorizava-se o professor por ser mediador dessa

ascensão social, o qual tinha uma formação mais

consciente da realidade e melhor remuneração. A família

apoiava incondicionalmente a escola. A clientela que

freqüentava a escola tinha maior afinidade com o tipo de

saber que ali era vinculado.

A queda do mito da ascensão social através da escola

provocou uma crise de indisciplina por ocasionar falta

de motivação do aluno em adquirir o conhecimento

transmitido por ela.

A escola não conseguiu acompanhar o desenvolvimento

da sociedade e mesmo com pedagogias novas, ainda

resistem os métodos tradicionais, desse modo, os alunos

se sentem pouco motivados dentro da escola, porque fora

dela existem muito mais atrativos.

Nessa mudança o aluno não encontra parâmetros para

seguir e acaba por agir de forma inadequada, seja por

meio de agressividade ou passivamente. Falta-lhe

perspectiva: estudar para quê?

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6. A Escola na Atualidade

A humanidade encontra-se pautada em novas relações

sociais que, se por um lado salta aos olhos como aquilo

de mais positivo produzido pelo gênio humano, em termos

materiais voltados ao conforto: a internet, a

biotecnologia (há muito que termos como transgênico,

DNA, clonagem, célula-tronco, fazem parte do

vocabulário popular), a robótica, a mídia e uma

diversidade de produtos de consumo com várias

finalidades, entre elas a tida como a principal (segundo

a mídia), produzir “felicidade”. Por outro, essas novas

relações necessitam de uma abordagem mais profunda por

parte de cientistas sociais, sobretudo no que diz

respeito aos valores éticos e morais. Visto que, em um

mundo onde as formas de cultura, as visões de mundo são

ditadas pela mídia, padronizando o modo de ser, de

pensar e de agir, limitando o senso crítico, a

liberdade, as habilidades humanas, torna-se cada vez

mais difícil a criação de relações humanas que

evidenciem a importância do olhar para questões que

venham a envolver a existência daquele que é visto como

o outro, o diferente na sociedade, como os excluídos

(desempregados, subempregados, desalojados, mendigos,

etc.). A sociedade consumista, fecha os olhos para as

injustiças sociais, uma vez que o lhe interessa é cada

vez mais um número maior de pessoas consumindo

excessivamente.

As transformações ocorridas nas últimas décadas

ainda não fizeram surtir o efeito de grande parte da

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humanidade viver sob a égide da “democracia global”, que

traz consigo os ideais de livre comércio, direitos

humanos, pluralidade cultural e cidadania_ em todos os

seus aspectos, sobretudo no que tange ao direito à

educação, condição indispensável ao desenvolvimento

interior e social das pessoas.

Contudo, observa-se que no Brasil ainda não fora

concedida igualdade de oportunidades educacionais para

todos, em virtude de problemas sócio-econômicos e de

qualidade de ensino, o que cria dificuldades para a

vida das pessoas em todos os sentidos, privando-as de

desenvolverem-se intelectualmente, tendo relação direta

com a riqueza material e a dependência econômica do

país.

Uma das querelas enfrentadas pela educação

brasileira diz respeito ao fracasso escolar. Fracasso

este que denota à evasão escolar, à repetência, a

defasagem dos alunos em relação ao fator idade e anos de

estudo (sobretudo no ensino público, onde se observa,

muitas vezes, adolescentes freqüentando turmas

primárias, ao lado de crianças menores), além da baixa

qualidade de ensino, resultando na formação precária,

todos os anos, de milhares de brasileiros, considerados

analfabetos funcionais.

Através de uma abordagem inovadora desta temática,

CHARLOT (2000, p.16) afirma não existir o fracasso

escolar, e sim “(...) situações de fracasso, histórias

escolares que terminam mal. Esses alunos, essas

situações, essas histórias é que devem ser analisadas, e

não algum objeto misterioso, ou algum vírus resistente,

chamado fracasso escolar’”. O foco da questão altera-se

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significativamente, agora voltado ao ponto de vista da

compreensão da situação que conduziu o aluno ao

fracasso.

A questão da violência no ambiente escolar, sob a

forma de indisciplina, tema desta monografia, assim como

as histórias de alunos que fracassaram no ambiente

escolar, constitui um fenômeno que afeta todo o processo

de ensino e prejudica o aperfeiçoamento do sistema

educacional brasileiro.

Diante desse novo paradigma social, segundo o Núcleo

Curricular Básico da Secretaria Municipal de Educação do

Rio de Janeiro é “(...) necessário que a escola possa

adequar a ação pedagógica à nova realidade tecnológica e

cultural, criada pelo desenvolvimento dos meios de

comunicação e de processamento de informação

(MULTIEDUCAÇÃO, 1996,p.132).

Entretanto, é necessário que os educadores tenham

consciência de seu papel, não apenas no que diz respeito

a sua atuação no sistema educacional, bem como na

sociedade. Cabe aos docentes possuir uma capacidade de

informar-se sobre as mudanças ocorridas e que vem

ocorrendo ao seu redor, filtrando-as. Além disso devem

dominar novas tecnologias, sobretudo aquelas que podem

ser usadas como ferramentas educacionais. Também há a

necessidade de atualização constante, através de leitura

de livros, cursos de extensão e pós-graduação,

palestras, participação em eventos culturais.

Quanto à escola, cabe a adoção de normas flexíveis,

coerentes, que possam ser revistas, que proporcionem o

respeito pelo outro, pois a escola não é apenas um

espaço físico, e sim um lugar em que há uma grande

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diversidade cultural. Outra questão diz respeito aos

paradigma(s) pedagógico(s) adotado(s) pela escola. Como

este(s) têm contribuído para a formação da personalidade

do educando, para que ele seja dotado de autonomia,

tenha possibilidade de desenvolver o seu potencial, o

seu senso crítico, a liberdade de pensamento, expressão

e idéias, cabendo a mesma o papel de “(...)formar

cidadãos autônomos e conscientes, contribuindo para que

os alunos se posicionem criticamente frente à massa de

informações a qual são expostos, diariamente, desde a

infância”(MULTIEDUCAÇÃO, 1996, p.133).

Cabe a escola criar as condições necessárias para

que a criança e o jovem tornem-se seres mais felizes e

venham a interagir com outros elementos de sua

sociedade.

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7. A Prática Pedagógica

7.1 O Papel da Escola

Para entender e posteriormente desenvolver técnicas

que busquem solucionar, pelo menos em parte, o problema

da indisciplina no contexto escolar, é preciso ter

clareza do que cada instituição considera como

indisciplina.

Normalmente, a indisciplina é relegada apenas ao

comportamento do aluno, quando este rompe com as normas

institucionais, provocando uma desorientação e como

consequência, criam-se novos movimentos e novas regras.

Para a escola, ter disciplina é manter a ordem,

como expressa PASSOS (1996, p. 118) e para isso são

estabelecidas regras, tanto individuais como coletivas

que servem para desenvolver nos alunos "uma dependência

quase infantil, que os impede de crescer como sujeitos

auto-suficientes e auto-motivados".

Um indivíduo que se submete constantemente à

autoridade severa, acaba por produzir uma auto-imagem de

submissão, afetando sua auto-estima e perdendo a

confiança em si próprio quando precisa tomar decisões.

A escola está acostumada a ver os como iguais,

procura homogeneizá-los através das regras disciplinares

ou de atividades que controlam "tempo, espaço,

movimento, gestos e atitudes dos alunos, dos

professores, dos diretores, impondo-os uma atitude de

submissão e docilidade". (GUIMARÃES, 1996, p. 78)

A única disciplina exigida nesse caso é aquela que

visa controlar o comportamento dos alunos e dos

profissionais da educação. CARVALHO (1996, p. 132) acha

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que "essa crença de que exista um único tipo de

comportamento a que chamamos de disciplinado é

responsável por muitas das aflições que temos em relação

à suposta indisciplina dos alunos."

Se for analisada a disciplina cobrada em

instituições religiosas e militares, percebe-se que as

pessoas são levadas a assumir um comportamento

padronizado, respeitando as regras das mesmas, E em

muitos casos a escola tenta manter um estatus parecido

com o destas instituições e acaba gerando mais

indisciplina por estar desta forma, quebrando o vínculo

democrático e desrespeitando o direito de cada indivíduo

numa organização heterogénea como é, que deve educar

justamente para a democracia.

Disciplina é uma prática social, porém "ter

disciplina para realizar algo não significa ser

disciplinado para tudo." (CARVALHO, 1996, p. 137). Em

muitos momentos é necessário fugir da ordem ou do padrão

comportamental para que o ensino/aprendizagem aconteça.

A disciplina precisa ser entendida pelas escolas

não apenas como algo do aluno, mas de todos os

envolvidos com o processo ensino/aprendizagem, pois está

relacionada à forma como a escola organiza e desenvolve

o seu trabalho.

O aluno, principal alvo das reflexões, precisa

conhecer exatamente o sentido da escola. O pensar de

VASCONCELLOS (2000, p. 57-59) faz refletir sobre a

função social da escola, que deixou de ser o lugar de

busca de ascensão social e por isso deixou também uma

desorientação enorme tanto em alunos, quanto em pais e

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professores que sentem dificuldades de entender a

efetiva função social da escola.

Deve-se levar em conta que o sistema

sócio/político/econômico/cultural exclui e que não há

lugar para todos. É nesse pensar que se deve construir

um projeto político pedagógico, para desenvolver nos

alunos a consciência de que precisam estudar para

adquirir competência e com isso transformar a sociedade.

Mas para que isso aconteça devem ter objetivos comuns

que serão construídos com a compreensão e o esforço

coletivos. O autor ainda cita: "Para alcançar a

disciplina é fundamental, pois, que se tenha um

horizonte buscado juntos, objetivos

comuns"(VASCONCELLOS, 2000, p. 58).

Deve-se deixar claro ao aluno que ele deve

respeitar o pensar da escola assim como a escola

respeita-o no que pensa. Criar uma espécie de pacto

social, usando coerência no momento de estabelecer

regras escolares.

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7.2 O Papel do Professor

Assim como a escola tenta homogeneizar seus alunos

também procura fazer o mesmo com os professores,

tentando usar a mesma linha pedagógica dentro de um

estabelecimento de ensino. Sabe-se, porém, que na

realidade isto não funciona, pois, cada professor segue

uma linha própria de pensamento sendo que alguns

procuram adequar a sua prática com a pedagogia proposta

pela escola e outros trabalham de acordo com a sua

visão.

Apesar de constantes aperfeiçoamentos e de

pedagogias progressistas estarem ganhando espaço ainda

há aquele professor que atua tradicionalmente. Para este

só há uma maneira de conseguir disciplina que é através

da repressão. O professor usa da sua autoridade para

fazer cumprir as regras sem discussão. O aluno, muitas

vezes por medo, fica estático, sem qualquer

possibilidade de agir espontaneamente, só faz aquilo que

lhe é imposto. Com isto a ação pedagógica fica

debilitada, onde a reação professor e aluno passa a

"desenvolver um ódio surdo e que, por debaixo da falsa

harmonia do respeito formal, destrói o relacionamento e

o compromisso educacional" (VASCONCELLOS, 2000, p. 30).

Em contrapartida tem a visão liberal, onde os

professores procuram deixar o aluno livre, permitindo

todo tipo de manifestação, julgando que ele deve ter

responsabilidade e para isso precisa ter liberdade

total.

A teoria do "cada um na sua", que dirigir ativamente uma

sala de aula significa "repressão, implica que o professor na

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sua trincheira decreta unilateralmente a paz, encosta de lado

a metralhadora do professor tradicional e levanta a cabeça. E

os alunos, do outro lado da "terra de ninguém", abaixados e

submetidos pelo enorme poder de fogo do professor tradicional

têm então a oportunidade de mandar as suas balas. Perplexo, o

professor cai ferido, perguntando "por que isto, se estou lhes

oferecendo a liberdade?" (VASCONCELLOS, 2000, p. 32)

Na prática do professor que atua na visão

tradicional, qualquer atitude do aluno que se contradiz

às normas dadas é tido como indisciplina. Porém a

indisciplina passiva, ou seja, àquela em que o aluno

está sempre quieto, não apresenta nenhum ato de

rebeldia, mas que em contraposição ,também não

desenvolve nenhuma das tarefas que lhe são propostas

fica despercebido pelo professor. Já na prática liberal,

grande parte dos professores que a praticam, não

conseguem deixar claro tudo, o quê e como os alunos

devem desenvolver suas atividades, ocasionando, assim,

atitudes não condizentes com o ambiente escolar, ou

seja, a indisciplina ativa passa a tomar conta das salas

de aula. O professor não consegue trabalhar como

deveria, pois não soube colocar parâmetros e limites

para o desenvolvimento das atividades.

Desta maneira, se observam duas práticas totalmente

opostas, uma justificando-se assim por causa da outra e

vice-versa. Os tradicionais não permitem a liberdade

para não virar bagunça e os liberais não permitem

qualquer repressão para não serem tradicionais e ambos

acabam ocasionando indisciplina, um por reprimir demais

e o outro por liberar demais, formando assim um círculo

vicioso fechado em si próprio.

Para VASCONCELLOS (2000, p. 32):

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“O que angustia é ver que justamente o tipo de professor

que se desejaria ter - aberto, crítico, consciente, com uma

proposta pedagógica significativa -, não querendo reproduzir

a prática autoritária, mas não tendo clareza da nova postura,

se perde no meio do caminho: na busca de uma postura

libertadora acaba chegando a uma postura liberal-

espontaneísta (falta de compromisso, de responsabilidade, de

disciplina, de conteúdos, etc.).”

Existem professores que atuam se equilibrando

entre as duas tendências pedagógicas, nem liberal nem

tradicional. Seguem uma linha progressista onde a

procura de aperfeiçoamento e mudança se faz constante.

Sendo assim se tornam pessoas críticas, com capacidade

de auto-análise, maleáveis e dispostos a modificar a

realidade. Mesmo trabalhando dessa forma, estes

professores também esbarram com problemas de

indisciplina, pois o aluno que passa por vários

professores acaba por não saber agir de acordo com a

proposta de cada um deles, porque em cada sala de aula a

metodologia de trabalho é diferente, fazendo com que o

aluno confunda um pouco as normas. Também deve-se

considerar que os fatores externos (emocionais,

familiares, sócio-econômicos, etc.) que interferem na

atitude de cada um.

Na visão de VASCONCELLOS (2000, p. 31), nesta

busca do novo, os professores ainda inseguros deixam

transparecer aos alunos que se aproveitam dessa

situação. A falta de convicção do que se está propondo

leva a um afrouxamento da cobrança de limites,

consequentemente, vão se acumulando as dificuldades,

podendo chegar ao ponto de uma confusão generalizada na

classe.

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O professor tem nas mãos o papel fundamental da

formação das novas gerações. O desenvolvimento dos seres

humanos é mediado pelo trabalho do professor. É na sala

de aula que se estabelecem complexas redes de relações e

é destas relações que podem surgir conflitos. Por isso o

professor precisa estar atento para perceber estas

manifestações, caso contrário vai transferir para si ou

para os alunos tais conflitos.

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7.3 O Papel do Aluno

É nas relações vividas em coletivo que o ser humano

se desenvolve e que a criança modela sua personalidade.

Na adolescência tais relações são muito intensas e

significativas, o que faz com que pais e educadores

tenham grandes responsabilidades frente à formação de

crianças e de adolescentes. Mas quando se fala em

disciplina nem sempre há clareza e consenso na hora de

educar. É preciso considerar que "disciplina é a postura

do aluno em querer aprender e indisciplina é parte do

processo educativo e não há como fazer educação sem

indisciplina." (VOLKER, 2000} Por isso, o aluno

geralmente é instável, pode mudar de humor e de

interesses pelo saber de forma muito rápida, são os

altos e baixos , que pode se caracterizar como

indisciplina. Os educadores devem saber que não é todo

dia que o aluno vai estar predisposto à aprendizagem,

podem haver momentos que ele não vai querer aprender,

que o seu interesse vai estar voltado para outros

assuntos, corno conversas ou brincadeiras, ou assuntos

de sua vida pessoal que traz junto consigo para a sala

de aula. Essa indisciplina ligada ao saber pode ser

considerada normal, porém o que vem acontecendo nas

escolas é a não-disciplina tida por VOLKER (2000) como

uma postura contra o processo educativo, o aluno não tem

nenhuma vontade de estar na escola, não tem respeito

pela escola e nem postura para frequentá-la. Essa

postura muitas vezes chega a ser violenta e destrutiva e

o indivíduo que a pratica muitas vezes é considerado

"portador de distúrbio comportamental" (AQUINO, 2002).

Mas o que leva o aluno a desenvolver tal postura?

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Uma análise crítica sobre família, sociedade e

escola, pode inferir alguns traços dessa postura, porém

nem família, nem escola ou sociedade podem ser

consideradas culpadas por isso, apesar de apresentarem

fatores contribuintes para tal acontecimento.

O aluno que chega à escola com certo grau de

motivação normalmente é aquele que se adequa às normas e

faz parte do sistema escolar sem causar conflitos. Para

estar motivado, em primeiro lugar é preciso o incentivo

da família para a educação, tornando indispensável a

integração família/escola. Ao chegar à escola também

precisa encontrar uma certa compatibilidade do que é

ensinado aos seus interesses particulares, em sintonia

com a vida real. E principalmente deve encontrar na

escola um ambiente que favoreça o seu desenvolvimento

físico e psíquico. Observado isso, o aluno terá uma

motivação natural para a aprendizagem e consequentemente

estará de acordo com a disciplina exigida dele. O que se

vê, no entanto, são alunos com pouca ou nenhuma

motivação, derivadas dos fatores já citados, como também

de outros fatores próprios de cada um, ligados na

maioria das vezes ao estado emocional e intrapessoal do

aluno naquele momento. Portanto, as relações

professor/aluno e aluno/aluno são essenciais para manter

a disciplina. TAPIA (2000, p. 90) considera que "os

processos de ensino-aprendizagem são satisfatórios

quando se estabelece uma conexão, uma sintonia entre o

professor e os alunos, uma cumplicidade."

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Comenta ainda que quando a sociedade não oferece

condições de emprego e chance profissional aos jovens

quando estes saem da escola, devido à falta de

perspectivas, este fica desmotivado e a tarefa de

motivar recai nos professores, que nem sempre tem

preparo profissional ou mesmo vocação para isto, visto

que também muitas vezes estão desmotivados e isso

transparece no decorrer de seu trabalho agravando ainda

mais a falta de motivação dos alunos. Pois, segundo o

autor, "além da comunicação explícita, daquilo que o

professor diz e explica, ele comunica muitas outras

coisas: maneira de raciocinar, estilo cognitivo,

personalidade, atitudes, valores. Sabemos que as

atitudes, os valores, a ética se mostram, não se

demonstram" (TAPIA, 2000, p. 92). O aluno que depara com

professores mal preparados sem dúvida vai precisar de um

esforço muito maior que o normal para conseguir

permanecer na escola e mais ainda, conseguir se manter

disciplinado.

A motivação é, portanto, fator essencial para

favorecer aprendizagem e a disciplina na sala de aula. O

mais difícil é conseguir manter uma turma heterogênea

motivada. TAPIA (2000, p. 113-123) simplifica os fatores

motivacionais, reduzindo-os a quatro grupos: "a

informação recebida se processará em melhores condições

se existir atenção, se for considerada útil, se prever

que se vai Ter êxito e se a atividade produzir alguma

satisfação."

Ainda considera a qualidade motivacional relacionada

com as funções intrínsecas de cada indivíduo, por isso

relata os motivos ou necessidades que dirigem os alunos

em sua aprendizagem e o tipo de aluno com que o

professor se depara: satisfazer a própria curiosidade

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(aluno curioso); Cumprir as obrigações (aluno

consciencioso); Relacionar-se com os demais (aluno

sociável); Obter êxito ( aluno que busca êxito).

De acordo com essas idéias, uma única estratégia não

pode ser válida para todos os alunos e portanto, o

trabalho a ser desenvolvido na sala de aula deve levar

em conta o tipo de aluno que se faz presente em cada

turma, procurando uma forma de atingir a todos, com

métodos de ensino variados e estratégias que favoreçam

os diversos grupos de alunos.

Também é indispensável um trabalho familiar e social

procurando suprir as deficiências e auxiliar na

motivação pessoal de cada aluno, fator chave para

minimizar os problemas disciplinares educacionais.

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CONCLUSÃO

Ao ter como objetivo a investigação, através de

estudos bibliográficos, sobre a questão da indisciplina

na escola, relacionada a interferência de fatores sócio-

econômicos e culturais, advindos das transformações da

sociedade globalizada, verifica-se que as principais

causas de indisciplina relacionadas aos alunos são a

falta de entendimento de regras e do estabelecimento de

critérios internos de valores. Assim como as relações

familiares desagregadoras, distorções de valores e de

auto-estima e a própria fase de adolescência contribuem

na ocorrência da indisciplina.

Muitas vezes a desorientação do adolescente frente

às normas é reflexo de uma sociedade competitiva,

globalizada e consumista, o qual deixa a família sem

parâmetros e sem clareza de que limites exigir dos

filhos.

Esse problema fica evidente, não acontecendo

apenas nas famílias menos favorecidas economicamente,

mas sim em todas as classes sociais.

Apesar de toda a sociedade brasileira ser composta

de famílias onde predomina o baixo nível econômico e

cultural, conclui-se que este fator não é decisivo para

a questão disciplinar. a indisciplina pode ser

ocasionada também pela falta de estrutura familiar.

Percebe-se que o papel da escola no que é

relevante, não para compensar carências afetivas e

disciplinares da família, mas sim de provocar

transformações e desencadear novos processos de

desenvolvimento e comportamento.

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Assim como o lugar do professor no ambiente

escolar é de agente vital de transformação da escola,

interagindo juntamente com o aluno, resgatando a auto-

estima do mesmo, criando um espaço de cooperação,

criando regras de convívio baseadas nos ideais

democráticos de justiça e igualdade.

Enfim, muitos são os fatores causadores da

indisciplina na escola, mas em todos eles se faz

presente a questão dos limites não colocados

adequadamente ou não cobrados devidamente. Pode-se dizer

também que eles existem mas não estão claros suficientes

para que seja cumpridos na sua pura e íntegra razão de

existir.

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