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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM BALANÇO SOCIAL: A IMPORTÂNCIA DA ELABORAÇÃO PARA MAIOR TRANSPARÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO Por: Cláudia Iacovino Dantas Orientadora Professora Ana Claudia Morrissy Rio de Janeiro 2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2011. 7. 11. · para o atendimento do objetivo de disponibilizar informações tanto aos usuários como aos clientes,

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

BALANÇO SOCIAL:

A IMPORTÂNCIA DA ELABORAÇÃO PARA MAIOR

TRANSPARÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO

Por: Cláudia Iacovino Dantas

Orientadora

Professora Ana Claudia Morrissy

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

BALANÇO SOCIAL:

A IMPORTÂNCIA DA ELABORAÇÃO PARA MAIOR

TRANSPARÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Finanças e

Gestão Corporativa

Por: Cláudia Iacovino Dantas

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por sempre se

mostrar presente em minha vida e por

me dar forças na busca pelos meus

objetivos;

A todos os professores do curso pelos

ensinamentos passados no decorrer

dos anos.

A todos os meus colegas e amigos de

turma pela maravilhosa e prazerosa

convivência.

A todos os demais colegas e amigos

que contribuíram de forma direta ou

indireta para a realização deste

trabalho.

4

RESUMO

Este trabalho visa demonstrar às empresas nacionais o que é e para

que serve o Balanço Social, focando a importância da elaboração e divulgação

para o atendimento do objetivo de disponibilizar informações tanto aos usuários

como aos clientes, buscando-se explicar, de forma objetiva e clara, a

finalidade, utilidade e benefícios obtidos com a publicação dessa demonstração

nas organizações empresariais. Apesar de no Brasil ter havido um crescimento

na divulgação do Balanço Social entre as empresas, ainda é muito grande o

número de entidades que desconhecem os benefícios que podem se

conseguidos com sua elaboração, observando-se ainda que algumas sequer a

conheçam. Por isso, mesmo não sendo uma demonstração obrigatória, é

importante que se tenha a visão de que o Balanço Social é uma ferramenta de

suma importância para as empresas que querem crescer e permanecer no

mercado, o qual está cada vez mais exigente, especialmente sobre a adoção

de uma postura digna e ética por parte das mesmas em relação à preservação

ambiental, respeito aos funcionários e, principalmente, respeito às pessoas que

fazem parte da sociedade em que está inserida e atuando.

5

METODOLOGIA

Os métodos utilizados para desenvolvimento deste trabalho foram a

pesquisa bibliográfica em livros e visitas em sites da internet que exploram o

tema.

6

SUMÁRIO

RESUMO...........................................................................................................04

SUMÁRIO..........................................................................................................06

INTRODUÇÃO...................................................................................................07

CAPÍTULO I: ORIGEM E EVOLUÇÃO DO BALANÇO SOCIAL.....................09

1.1 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL..............................09

1.2 – A EMPRESA-CIDADÃ.........................................................13

1.3 – A HISTÓRIA DO BALANÇO SOCIAL..................................17

1.4 – COMO COMEÇOU NO BRASIL..........................................18

CAPÍTULO II: CONTEXTO DO BALANÇO SOCIAL.......................................20

2.1 – O QUE É BALANÇO SOCIAL.............................................20

2.2 – DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO (DVA)........24

2.3 – FINALIDADE E OBJETIVO DO BALANÇO SOCIAL...........25

2.4 – ASPECTOS LEGAIS SOBRE A PUBLICAÇÃO..................26

CAPÍTULO III: A IMPORTÂNCIA DO BALANÇO SOCIAL.............................29

3.1 – BENEFICIOS DA PUBLICAÇÃO DO BALANÇO SOCIAL..29

3.2 – A IMPORTÂNCIA DO BALANÇO SOCIAL NO MUNDO

EMPRESARIAL............................................................................30

3.3 – O BALANÇO SOCIAL GERANDO O MARKETING

POSITIVO PARA AS EMPRESAS...............................................33

CONCLUSÃO....................................................................................................37

ANEXOS............................................................................................................39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................47

REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS......................................................................49

7

INTRODUÇÃO

Em um cenário cada vez mais competitivo, as empresas devem estar

preparadas para atender, de forma eficiente, o que seus clientes e usuários,

enquanto cidadãos esperam delas como organizações responsáveis, que não

forneçam apenas produtos de qualidade e preços baixos, mas que suas

atividades tragam benefícios à sociedade e que não agridam o ambiente ao

qual está inserida.

De acordo com essa ponderação, este trabalho de conclusão de curso

visa demonstrar que o Balanço Social é uma peça chave para maior

transparência da organização perante a sociedade em que atua, e que,

infelizmente, no nosso país, ainda é muito pequeno o número de empresas que

conhecem e publicam esta demonstração.

Tendo em vista o desconhecimento do que seja e qual a importância

da adoção dessa prática, com a realização deste trabalho, propunha-se a

responder as seguintes questões: “O que é e para que serve o Balanço

Social?, e Qual a importância em elaborá-lo e divulgá-lo?”

Segundo Ribeiro (2006, p.13):

O aspecto mais polêmico do Balanço social é a questão da obrigatoriedade: enquanto alguns entendem que é necessário impor sua publicação, outros acreditavam que ela deveria ser deixada à escolha das empresas. Para os defensores dessa segunda linha de pensamento, as empresas, o mercado e a comunidade devem definir a evolução e o amadurecimento do Balanço Social, sem imposições legais e sem engessá-lo com um padrão que não, necessariamente, é o mais adequado para todas. Já quem pleiteia a obrigatoriedade entende que, se a forma de apresentação das informações não for padronizada, será difícil avaliar a função social das empresas, tendo em vista a tendência de informarem apenas o que lhes é conveniente, sem dimensionar os valores gastos, o que dá ao Balanço Social a conotação de instrumento de marketing.

8

As empresas devem estar cientes de que a elaboração do Balanço

Social é de suma importância, pois nele podem-se evidenciar, de forma

transparente, como elas estão aplicando seus recursos em todas as áreas da

sociedade, capacitando-as a crescer e permanecer no mercado já que este

investimento social gera um retorno em marketing, que possibilita sair à frente

na concorrência de mercado.

Tornar a publicação do Balanço Social obrigatória seria uma maneira

de conter aquelas empresas que indiretamente utilizam os incentivos fiscais

para aumentar ainda mais sua margem de lucro, visto que algumas empresas

apenas informam que contribuem com ajudas sociais.

Segundo Herbert de Souza, o Betinho (Disponível em:

www.balancosocial.org.br):

A idéia precisa tornar-se realidade e espalhar-se por todo país. Nesse sentido, não importa quem é o pai ou a mãe da idéia. Todos devem colaborar o mais amplamente possível e com a maior transparência junto ao público que é, em última análise, o beneficiário final do balanço.

Assim por meio do presente trabalho tem-se a intenção de justificar a

importância que o Balanço Social representa para a sociedade, enfatizando a

necessidade das empresas privadas em mostrar os resultados oriundos de

investimentos em projetos sociais, culturais e ambientais que tanto influenciam

e são parceiras na melhoria da qualidade de vida da população e com isso

contribuir para que mais empresas adotem esta demonstração que, mesmo

não sendo legalmente obrigatória, é de grande relevância no que diz respeito à

divulgação de informações sociais acerca das atividades desenvolvidas pelas

organizações empresarias.

Quanto à metodologia, o estudo deste trabalho de conclusão de curso

será de caráter exploratório, calcado em análise documental e pesquisa

bibliográfica, que segundo Cervo e Bervian (2002, p. 65) “explica um problema

a partir de referências teóricas publicadas em documentos”.

9

CAPÍTULO I

ORIGEM E EVOLUÇÃO DO BALANÇO SOCIAL

1.1 – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

É necessário promover uma adaptação à ciência contábil, para que

possa desenvolver e incorporar em seus conceitos e métodos formas de

registrar, mensurar e informar os eventos econômicos relativos ao meio

ambiente e à sociedade, com o objetivo de fornecer uma maior diversidade de

informações para a tomada de decisão. Mesmo que não atue de forma direta e

sem prejuízo das informações e dos relatórios por ela publicados poderia

demonstrar o inter-relacionamento entre empresas, meio ambiente e

sociedade, como o patrimônio econômico destas é afetado em função de

causas ambientais, como cada uma age para reduzir ou eliminar as agressões

ao meio externo e, ainda, como as empresas estão posicionadas em relação

ao equilíbrio de suas ações que visam ao desenvolvimento sustentável.

A evolução do conceito de sustentabilidade ocorreu da seguinte forma,

de acordo com Melo Neto & Brennand (2004, p. 82):

No período de 70 a 80, o conceito de Sustentabilidade era totalmente influenciado pelas questões de preservação do meio ambiente. É a fase do “ambientalismo sustentável”. Nas décadas seguintes (anos 80 e 90), as questões de Responsabilidade Social tornaram-se predominantes no modelo de Sustentabilidade das empresas. Assim, a visão de Sustentabilidade tornou-se mais abrangente, pois incluiu questões de Responsabilidade Social e de preservação do meio ambiente. É a fase da “Cidadania Empresarial”. No início dos anos 2000, sobreveio uma nova dimensão de Sustentabilidade – a governança corporativa – com sua ênfase na transparência da gestão e das ações empresariais.

10

Para Ribeiro (2006, p.06) “desenvolvimento sustentável corresponde à

satisfação das necessidades sociais, sem o prejuízo das gerações futuras”.

São notáveis as mudanças significativas que tem ocorrido no meio ambiente

em que as organizações operam. Empresas que eram vistas apenas como

instituições econômicas com o propósito de resolver os problemas econômicos

fundamentais têm presenciado o surgimento de novos papeis. Agora é preciso

considerar também novas alternativas de geração de emprego e renda,

melhoria na qualidade de vida e na solução de problemas sociais, já que a

sociedade vem tomando as rédeas do seu desenvolvimento, obrigando as

empresas a se tornarem cada vez mais sustentáveis.

Segundo Ribeiro (2006, p. 06):

Minimizar a produção de resíduos, em qualquer processo produtivo, implica, além de danificar menos o meio ambiente, utilizar melhor o potencial das matérias-primas, evitar penalidades da legislação ambiental, diminuir o risco de indenizações por danos a terceiros, e preservar sua imagem na sociedade, principalmente, perante clientes interessados no controle e na preservação ambiental. Assimilando esses conceitos, alguns empresários já reconhecem publicamente que a proteção e a preservação do meio ambiente podem propiciar um melhor fluxo de rendimento.

A perda do capital natural vai impactar as condições em que as

empresas operam, exigindo assim uma nova postura por parte dos gestores

relacionada ao trato com as questões que envolvem o meio ambiente. Serão

afetadas não apenas as formas de produção, mas também as preferências e

expectativas dos stakeholders.

Em uma empresa, o público alvo é visto como o consumidor final dos

produtos ou serviços, dentro do conceito de Responsabilidade Social que vem

sendo desenvolvido pelas empresas, o público alvo passa a englobar um

número muito maior de pessoas e empresas. São os chamados stakeholders,

um termo criado para designar todas as pessoas ou empresas que, de alguma

maneira, são influenciadas pelas ações de uma organização, segundo artigo

11

disponibilizado no site da Fundação Getulio Vargas de São Paulo por Andréa

Goldschmidt.

Para promover o entrosamento e a análise das possíveis orientações

estratégicas das empresas quanto à responsabilidade social nos negócios,

podem-se avaliar as alternativas no quadro apresentado no anexo 01, como

representativas do foco essencial de relação da empresa com cada grupo de

seus stakeholders (Ashley et al. 2002).

Ainda segundo o autor, essas orientações estratégicas podem ser

combinadas entre si. O posicionamento de cada organização estará coligado

ao perfil cultural dos públicos que efetivamente preenche poder sobre a direção

organizacional, e esse perfil se reflete na direção quanto à sua

responsabilidade social.

A redução das barreiras de comércio e a crescente globalização das

economias acrescentaram competitividade às empresas. O resultado é a maior

pressão para produzir e distribuir bens e serviços da maneira mais eficiente

possível além de encorajar a administração a satisfazer as demandas dos

stakeholders da melhor forma. Isso fornece um incentivo adicional para que as

companhias melhorem a gestão de dados e informações sobre sua

preocupação com os impactos ambientais e sociais.

Com o intuito de desenvolver e divulgar diretrizes para elaboração de

relatórios de sustentabilidade abrangendo informações decorrentes dos seus

produtos, serviços e atividades, as empresas estabeleceram a abordagem do

triple bottom line.

A definição de Triple Bottom Line ou People, Planet, Profit na

Wikipédia, são os resultados de uma empresa medidos em termos sociais,

ambientais e econômicos. Estes resultados são apresentados nos relatórios

corporativos das empresas comprometidas com o desenvolvimento

sustentável, que por enquanto, são medições de caráter voluntário.

Também conhecido como tripé da sustentabilidade, pois a imagem de

um tripé é perfeita para entender a sustentabilidade. No tripé estão contidos os

aspectos econômicos, ambientais e sociais, que devem interagir, de forma

holística, para satisfazer o conceito. Uma empresa era sustentável se estivesse

12

economicamente saudável, ou seja, tivesse um bom patrimônio e um lucro

sempre crescente, mesmo que houvesse dívidas. Para um país o

desenvolvimento teria que incluir uma repartição da riqueza gerada pelo

crescimento econômico, por meio de mais empregos criados ou por mais

serviços sociais disponibilizados para a população em geral.

“Uma empresa, para tornar-se sustentável, deve ir além do produzir e

do vender. Deve agir como um agente promotor do desenvolvimento

sustentável da sociedade e, sobretudo, das comunidades próximas de suas

unidades” de acordo com Melo Neto & Brennand (2004, p.75). Enquanto os

relatórios financeiros tradicionais focam essencialmente a lucratividade, a

informação econômica da triple bottom line é fornecida para ilustrar as relações

e os impactos econômicos, tantos diretos quanto indiretos, que as empresas

têm com os stakeholders e com a comunidade na qual esta inserida.

Apesar de a publicação desses relatórios serem um ponto de partida

para a demonstração do compromisso das empresas em relação à

sustentabilidade do negócio e do ambiente que as cercam, tal procedimento

não se constitui garantia de equilíbrio das ações de natureza econômica em

contrapartida às de caráter socioambiental. Por isso, é necessário o

desenvolvimento de mecanismos capazes de verificar o nível de equilíbrio

dessas ações, com vistas à obtenção de informações acerca da

sustentabilidade do empreendimento.

A sustentabilidade, então, não é simplesmente uma questão de

cidadania – ganhar pontos por reduzir quantidades de emissões nocivas de

uma fabrica ou fornecer benefícios médicos aos empregados. Também não é

uma simples questão de ética corporativa – fazer o que é certo quando em

confronto com um dilema moral que surge na prática dos negócios. A

sustentabilidade é a exigência de escolhas inovadoras e novas formas de

pensar.

Segundo Ribeiro (2006, p. 8,9):

A implantação dos conceitos inerentes ao desenvolvimento sustentável deve viabilizar a coexistência entre economia e ecologia, a fim de sanar os

13

problemas advindos da miséria que assola grande parte da população mundial, e simultaneamente, preservar, proteger e recuperar o ambiente. Para tanto, ele deve ao mesmo tempo que produz riquezas, proporcionar os mínimos riscos possíveis à saúde, limitar a utilização dos recursos naturais renováveis aos seus níveis de recomposição, ponderar ao máximo o emprego dos recursos naturais não renováveis, e minimizar os efeitos nocivos do processo produtivo. Ao atender a esses requisitos, poderemos atingir as condições de sustentabilidade.

Elaborar relatórios de sustentabilidade é a pratica de medir, divulgar e

prestar contas às partes interessadas em uma organização, sejam elas

internas ou externas, do desempenho organizacional visando ao

desenvolvimento sustentável. Deve-se verificar que o relatório de

sustentabilidade é um termo amplo considerado sinônimo de outros relatórios

cujo objetivo é descrever os impactos econômicos, ambientais e sociais (triple

bottom line) de uma organização.

Promover e garantir o desenvolvimento social, erradicar a pobreza e

reduzir as diferenças sociais são e sempre serão deveres do Estado,

entretanto, é impossível deixar de reconhecer que as empresas precisam

exercer também a sua função social, principalmente zelando pelo

desenvolvimento e bem-estar daquelas pessoas que direta ou indiretamente

delas dependem para sobreviver, não se esquecendo de prestar contas com o

público através da publicação do demonstrativo contábil, como forma de

mostrar a veracidade e comprometimento da empresa perante a população.

1.2 - A EMPRESA-CIDADÃ

As maiorias das empresas sempre atuaram somente com

responsabilidades subjugadas à sua função econômica, cumprindo etapas que

necessariamente levavam, e que continuam levando, ao processo de

acumulação e reprodução do capital. Esta função, basicamente, continha e

14

ainda contém obrigações relacionadas apenas ao desenvolvimento econômico

em termos nacionais, estaduais ou municipais.

As novas tendências do mercado indicam a mudança de consciências

empresarial de não só eternizar a sua condição geradora de lucros, mas

também de repensar a utilidade da empresa para a sociedade, preocupando-se

com a sua contribuição social à comunidade em que estiverem inseridas.

Ioschpe (1997, p. 81), contribui dizendo que as empresas são uma constituição

viva, capaz de absorver todas as transformações que acontecem ao longo de

nossa historia.

Os primeiros passos a serem levados em consideração para o

reconhecimento de uma empresa pública e cidadã de boa cidadania

consideram: Tinoco (2001, p. 119-120), apud: Corporate Social Responsability,

citado em guia de Boa Cidadania Corporativa 2000, p.10-11.

1. Desenvolva uma missão, uma visão e um conjunto de valores a ser seguidos. 2. Para que a responsabilidade social seja uma parte integrante de cada processo decisório, é preciso que ela faça parte do DNA da companhia – seu quadro de missões, visões e valores. Isso leva a um comprometimento explícito das lideranças e dos funcionários com questões como ética nos negócios e respeito a acionistas, clientes, fornecedores, comunidades e meio ambiente. 3. Coloque seus valores em prática. È básico, de nada adianta ter uma maravilhoso quadro de valores na parede do escritório se eles não são exercitados e praticados a cada decisão tomada. Em 1999, a consultoria Arthur Andersen divulgou um estudo que mostra que programas de ética e comprometimento social usados apenas para proteger a reputação da empresa e de seus líderes podem ter um efeito muito mais nocivo do que não ter nenhum programa. 4. Promova a gestão executiva responsável. Esse é um exercício diário e permanente. É preciso fazer que cada executivo leve em consideração os interesses dos chamados stakeholders antes de tomar alguma decisão estratégica. 5. Comunique, eduque e treine. As pessoas só conseguirão colocar valores de cidadania corporativa em prática se os conhecerem e souberem como aplica-los no

15

dia-a-dia. Seminários, treinamentos e a divulgação de boas práticas ajudam a disseminar os conceitos por toda a organização. 6. Publique balanços sociais e ambientais. Elaborados por especialistas e auditores externos, eles garantem uma visão crítica de como os acionistas, funcionários, organizações comunitárias e ambientalistas enxergam a atuação da empresa. 7. Use sua influência de forma positiva. O mundo corporativo é formado por uma grande rede de relacionamentos. Use os valores cidadãos de sua empresa para influenciar a atuação de fornecedores, clientes e companhias do mesmo setor.

A empresa solidária é aquela que faz doações para hospitais, ajuda

creches, distribuem materiais escolares, em caso de calamidade pública se

coloca à disposição para ajudar no que for necessário. O setor privado está

descobrindo que não basta apenas “seduzir” o cliente ou expor um produto de

qualidade, para manter a competitividade, é fundamental tornar-se uma

empresa cidadã. Quando a empresa assume um compromisso efetivo com a

sociedade, ela está fazendo nada mais do que se fortalecer, aumentando o seu

conceito junto à sociedade que vive em torno dela. O consumidor de classe

média faz questão de dar preferência para a empresa que respeita seus

funcionários, que não polui o meio ambiente, que diminui a injustiça social e

que trata de seus produtos e serviços com todo respeito. Inclusive o instituto

Ethos, no qual seu principal objetivo é despertar e ajudar as empresas a

compreender e incorporar o conceito de responsabilidade social no cotidiano

da sua gestão, preocupando-se com a qualidade ética das relações

empresariais com o diverso público que o rodeia, por intermédio dos seus

estudos vem salientar a crescente preocupação das empresas com as ações

sociais, pois acreditam que investir no social é uma boa estratégia econômica

de sair à frente no mercado.

De acordo com Ioschpe (1997, p. 83), a empresa-cidadã assume uma

posição dinâmica, cria políticas de relacionamento e define um conjunto de

valores expostos num código de ética para empresa. Estas atividades

geralmente acontecem por intermédio de uma fundação ou instituto, criados

expressamente para atender ao compromisso com o social da empresa.

16

Incorporar o papel social preocupando-se em melhorar a sociedade, é um

importante diferencial na disputada batalha do mercado globalizado.

Baseando-se neste aspecto surge a questão do Balanço Social, na

qual as empresas consideradas cidadãs têm a opção de publicar seus

demonstrativos contábeis a respeito da sua atuação humanitária. Este relatório

colocaria em exposição à dimensão do lucro operacional que as empresas

estariam destinando para ajudar as pessoas que precisam. Tornar público o

Balanço Social de uma empresa demonstra a sua seriedade e respeito para

com o cidadão que valoriza atitudes de honestidade e consideração.

Neste cenário, Tinoco (2001, p. 28), dá sua contribuição mencionando

que:

...a sociedade, sujeito e objeto das atividades humanas, vêm propugnando por maior abertura, quanto à revelação de informações econômicas, financeiras, sociais e ambientais, que justifiquem a razão de ser das entidades, como sujeitos públicos, inserindo-se, portanto, no contexto dos usuários do Balanço Social. As entidades consomem recursos naturais, renováveis ou não, direta ou indiretamente que constituem parte integrante do patrimônio da humanidade, utilizam recursos humanos, físicos e tecnológicos, que pertencem a pessoas e, portanto à sociedade.

Tornar a idéia do Balanço Social obrigatória é muito importante, para

que não seja utilizada como ferramenta de desvios de comportamento por

parte de empresas que buscam outras fontes para benefícios próprios.

A empresa moderna é aquela que investe no social porque sabe que o

retorno institucional é positivo. Publicar seu demonstrativo contábil é mostrar

sua convivência de maneira real com o povo brasileiro.

17

1.3 - A HISTÓRIA DO BALANÇO SOCIAL

Sempre houve, no mundo inteiro, manifestações populares pela busca

de direitos que a sociedade achava que estavam sendo violados. No âmbito

Social, essas manifestações sempre foram mais notáveis.

Com o surgimento do Balanço Social não poderia ser diferente. A

discussão sobre a questão da Responsabilidade Social das Empresas teve

origem nos Estados Unidos da América a partir da década de 60, devido à

insatisfação popular gerada pelas trágicas conseqüências da guerra do Vietnã,

onde a sociedade deu início a um movimento de desvio à aquisição de

produtos e ações das empresas ligadas ao conflito. Devido a isso se motivou a

conscientização de que as empresas não podem agir livremente, produzindo

bens e serviços sem respeitar o homem e o meio ambiente (Torres, Disponível

em: www.balancosocial.org.br).

De acordo com Tinoco (2001, p. 126):

(...) nos Estados Unidos, a preocupação dos empresários quanto à publicação de informações socioeconômica está vinculada: • ao comportamento a respeito da poluição; • à participação em obras culturais; • à contribuição da empresa aos transportes coletivos na cidade e a outros benefícios à coletividade.

Visando reagir às pressões da sociedade, que exigia nova postura

ética, as empresas passaram a prestar contas de suas ações justificando seu

objetivo social, com o intuito de melhorar a imagem junto aos seus clientes e

usuários. A pressão dos cidadãos por meio de associações, sindicatos, clube

de investidores e, consequentemente, a resposta das empresas, elaborando e

divulgando relatórios com informações de caráter social, resultou no que hoje

se chama Balanço Social.

Segundo Torres (Disponível em: www.balancosocial.org.br):

A idéia de responsabilidade social das empresas popularizou-se, nos anos 70, na Europa. E foi a partir

18

desta idéia, que em 1971 a companhia alemã STEAG produziu uma espécie de relatório social, um balanço de suas atividades sociais. Porém, o que pode ser classificado como um marco na história dos balanços sociais, propriamente dito, aconteceu na França em 72: foi o ano em que a empresa SINGER fez o, assim chamado, primeiro Balanço Social da história das empresas.

Complementando, segundo Begalli & Perez (1999, p. 189), foi a França

que tornou obrigatória a elaboração do Balanço Social. A partir dos anos 70,

também como resultado das pressões sociais (movimento estudantil de 1968),

as empresas francesas começaram a publicar quadros com dados relativos ao

pessoal e às condições sociais, juntamente com as demonstrações financeiras.

Foi a Lei nº. 77.769, de 12 de julho de 1977 que tornou obrigatória a

elaboração do Balanço Social nas empresas com mais de 750 funcionários, e

em 1982 que se tornou obrigatória para empresas com mais de 300

funcionários.

Diversos países da Europa seguiram os passos da França e hoje

também exigem a elaboração do documento. Entre eles estão Alemanha,

Holanda, Bélgica, Inglaterra e Portugal.

1.4 - COMO COMEÇOU NO BRASIL

Apesar do número reduzido de empresas que publicam o Balanço

Social no Brasil, a idéia começou a ser discutida na década de 60 com a

criação da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas – ADCE. Mas

apenas em 1977 mereceu destaque a ponto de ser tema do 2º Encontro

Nacional de Dirigentes de Empresas. Contudo, somente nos anos 80 surgiram

os primeiros balanços sociais de empresas, onde a precursora foi a Nitrofértil

em 1984, empresa estatal situada na Bahia, seguida pelo Banco do Estado de

São Paulo (Banespa) que publicou oito anos depois um relatório completo

divulgando todas as suas ações sociais.

19

Só a partir do início dos anos 90 é que algumas empresas passaram a

levar a sério esta questão e divulgar sistematicamente em balanços e relatórios

sociais as ações realizadas em relação à comunidade, ao meio ambiente e ao

seu próprio corpo de funcionários.

De acordo com Freire & Silva (2001, p.22,23):

(...) Pode-se dizer aqui que esse processo deu-se por uma conjunção de interesse, vontade e necessidade do meio empresarial. Os anos 90 aparecem, assim, como palco da disputa por novos modelos de desenvolvimento, retirada do Estado de setores tradicionais de atuação, reafirmação de valores liberais e de mercado, novas práticas corporativas e uma nascente e crescente renovação do pensamento empresarial no Brasil.

A proposta, no entanto, só ganhou visibilidade nacional quando o

sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que, juntamente com o Instituto

Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas - IBASE - lançou, em 1997, uma

campanha nacional pela divulgação voluntária do Balanço Social. Com o apoio

e a participação de lideranças empresariais, a campanha decolou e vem

suscitando uma série de debates através da mídia, seminários e fóruns.

Segundo Negra Teixeira & Carmo (2002, p. 72), em 18 de junho de

1997 foi declarado o lançamento oficial do Balanço Social, onde empresários

assumiram o compromisso de apresentar o papel desempenhado por suas

empresas no plano social, incluindo aspectos internos, como as relações com a

comunidade local.

É necessária uma conscientização das empresas para publicação do

Balanço Social. No Brasil, podemos observar um avanço na consciência sobre

responsabilidade de preservar o meio ambiente e de viabilizar parte dos lucros

a programas ou projetos que colaborem com o desenvolvimento do país,

entretanto o conjunto de empresas que o publicam ainda é bastante restrito.

20

CAPÍTULO II

CONTEXTO DO BALANÇO SOCIAL

2.1 - O QUE É BALANÇO SOCIAL

Como propõe Freire & Silva (2001, p.124) o “balanço social é um

documento publicado anualmente” onde constam informações sobre projetos,

benefícios e ações sociais direcionadas aos empregados, investidores,

acionistas e a toda comunidade. O critério proposto por Tinoco (2001, p.34) é

que o “balanço social tem por objetivo ser eqüitativo e comunicar informação

que satisfaça a necessidade de quem dele precisa”. Além do mais, Freire &

Silva (2001, p.126) coloca que o balanço social deve atingir seu objetivo de

gerenciamento empresarial e para isso “é preciso que por meio dele seja

possível medir e julgar fatos sociais vinculados à empresa, tanto no seu interior

(empresa x funcionário) como a sua volta (empresa x comunidade)”.

Através do Balanço Social é possível avaliar e multiplicar o exercício da

responsabilidade social, como também mostra o que a empresa faz por seus

funcionários, dependentes e a população como um todo. A visão de Tinoco

(2001, p.64) com relação ao Balanço Social é que ele reúne todos os relatórios

contábeis tradicionais, desde o balanço patrimonial, o demonstrativo de

resultado até o relatório de administração, capaz de permitir uma análise do

desempenho econômico e social das organizações.

Tinoco & Kraemer (2004, p. 87) afirma que: “Balanço Social é um

instrumento de gestão e de informação que visa evidenciar de forma mais

transparente possível, informações contábeis, econômicas, ambientais e

sociais, do desempenho das entidades, aos mais diferentes usuários.” A

afirmação acima deve ter atenção especial já que a globalização esta cada vez

mais forte no mundo, excluindo e consolidando as empresas competitivas.

Para Melo Neto (1999, p. 12):

21

Balanço Social é o instrumento de avaliação do desempenho da empresa no campo da cidadania empresarial, pois demonstra todas as ações sociais desenvolvidas em determinado período. Neste instrumento são discriminadas as ações sociais quanto à sua natureza, seja de responsabilidade interna ou externa, à sua especificidade (doações, investimentos) e ao valor gasto.

O Balanço Social é um importante instrumento de avaliação

proporcionando aos analistas de mercado, investidores e órgãos de

financiamento uma forma de conhecer e avaliar os riscos de projeção da

empresa, auxiliando na tomada de decisões. Os empresários de hoje devem

estar cientes de que sua empresa não é apenas uma prestadora de serviços ou

fornecedora de produtos aos seus clientes, mais uma organização que tem a

função de contribuir para o desenvolvimento da sociedade onde atua. O

relacionamento da empresa com os vários segmentos da sociedade deixa

evidente a dimensão de sua responsabilidade social, facilitando sua

permanência no mercado.

A empresa tem um forte impacto na política e na economia de um país,

já que interfere na vida de milhares de pessoas, seja pela oferta de postos de

trabalho ou pela comercialização de produtos e serviços. Por outro lado, ela

também afeta negativamente a sociedade, seja pela degradação do meio

ambiente, pela prática de preços abusivos, pela sonegação de impostos, pela

interferência nas decisões políticas, etc. Assim, suas ações promovem

impactos que refletem nas transformações políticas, sociais, econômicas e

ambientais em escala global, regional ou local.

Segundo Gelbcke, Iudícibus e Martins (2000, p.31):

O Balanço Social busca demonstrar o grau de responsabilidade social assumido pela empresa e assim prestar contas à sociedade pelo uso do patrimônio público, constituído dos recursos naturais, humanos e o direito de conviver e usufruir os benefícios da sociedade em que atua.

22

A expressão “Balanço Social” tem sido definida de várias formas,

entretanto com pouca divergência no que diz respeito ao caráter de prestação

de contas das ações sociais. O importante é entender que o Balanço Social é

um conjunto de informações econômicas e sociais, que tem como objetivo a

divulgação de informações sobre o desempenho econômico e financeiro e sua

atuação em benefício da sociedade.

Para Sucupira (Disponível em: www.balancosocial.org.br), embora

tenha sua origem na Contabilidade, o Balanço Social não deve ser visto como

um demonstrativo meramente contábil, mas como uma forma de explicar a

preocupação das empresas com o cumprimento de sua responsabilidade

social.

Desta forma, a contabilidade deve ser uma ferramenta de auxilio a

elaboração do Balanço Social, contribuindo de forma a fornecer as informações

necessárias à sua correta confecção.

Para Freire & Silva (2001, p.126), o balanço deve ser simples, como

maneira de estimular o maior número de corporações, independente do

tamanho e setor de atuação. O que se pretende com isso é que o modelo de

apresentação de informações seja algo padrão, capaz de permitir uma

adequada avaliação da atuação social da empresa, no decorrer dos anos. O

Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), junto com a

Comissão de Valores Imobiliários (CVM), elaborou um modelo de Balanço

Social padrão, para ser adotado no Brasil (no anexo 02 modelo do Balanço

Social elaborado pelo IBASA/2007). O Instituto Ethos também possui um

arsenal de indicadores que também ajudam as empresas na elaboração de seu

Balanço Social.

O Instituto de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) estipulou

indicadores para ajudar na análise comparativa e dar maior transparência à

operação. Tinoco (2001, p.41) faz uma sucinta relação de indicadores

econômicos e sociais que permitem uma análise quantitativa e qualitativa:

Podem-se obter indicadores de caráter econômico, como:

• valor adicionado por trabalhador;

23

• relação entre salários pagos ao trabalhador em relação ao valor adicionado;

• relação entre salários e as receitas brutas da empresa;

• contribuição do valor adicionado da empresa para o Produto Interno Bruto;

• produtividade social da empresa; • carga tributária da empresa em relação a seu valor

adicionado etc.

Os indicadores de caráter social podem ser, por exemplo:

• evolução do emprego na empresa; • promoção dos trabalhadores na escala salarial da

empresa; • relação entre remuneração do pessoal a nível de

gerencia e os operários; • participação e evolução do pessoal por sexo e

instrução; • classificação do pessoal por antigüidade na

empresa; • nível de absenteísmo; • benefícios sociais concedidos (médio,

odontológico, moradia, educação); • política de higiene e segurança no trabalho; • política de proteção ao meio ambiente etc.

Através destes indicadores o público pode verificar o desempenho que

a empresa atinge ao longo dos anos e assim analisar o que é destinado às

ações sociais.

O Balanço Social é um demonstrativo publicado anualmente pela

empresa que evidencia, de forma clara e objetiva, todas as ações

desenvolvidas em prol da comunidade onde atua que visam o bem estar da

sociedade e a minimização de possíveis danos ambientais decorrentes de suas

atividades, dando transparência aos seus clientes, usuários e interessados.

Devido a isso, vale dizer que o Balanço Social é uma importante

ferramenta de gestão que as empresas possuem, e que contribui para uma

melhora na sua estrutura organizacional, possibilitando maior número de

informações, maior comunicação entre os setores, melhora na produtividade e

no desempenho de suas atividades.

24

2.2 - DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO (DVA)

Gelbekem Iudicibus & Martins (2000, p.31) salientam que:

A demonstração do Valor Adicionado objetiva evidenciar a contribuição da empresa para o desenvolvimento econômico-social da região onde está instalada. Discrimina o que a empresa agrega de riqueza à economia local e, em seguida, a forma como distribui tal riqueza.

A Demonstração do Valor Adicionado – DVA – é um complemento do

Balanço Social, o qual tem a função de divulgar e identificar o valor da riqueza

gerada pela entidade, e como essa riqueza foi distribuída entre os diversos

setores que contribuíram, direta ou indiretamente, para a sua geração.

Constitui-se da receita de venda deduzida dos custos dos recursos adquiridos

de terceiros. É, portanto, o quanto a entidade contribuiu para a formação do

Produto Interno Bruto (PIB) do país (no anexo 03 o modelo da DVA, elaborado

pela Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras da

USP, com instruções para preenchimento).

Para Tinoco (2001, p.68):

A elaboração da DVA não tem o objetivo de substituir a Demonstração de Resultado do Exercício, cuja função principal é informar como se forma o resultado liquido de determinado período. Na DVA, o objetivo principal é fornecer informações a diversos grupos participantes nas operações, ou seja, os stakeholders.

Essa demonstração procura comparar o valor da produção de uma

entidade com o custo dos insumos adquiridos fora da empresa, tanto em forma

de produtos como de serviços. A contabilidade utiliza a Demonstração do Valor

Adicionado, para identificar quanto a atividade da empresa gera de recursos

adicionais para a economia local, como e para quem os distribui.

A Comissão de Valores Imobiliários (CVM) vem incentivando e

apoiando a divulgação voluntária de informações de natureza social, tendo

25

emitido o Parecer de Orientação CVM nº 24/92 sobre a divulgação da

Demonstração do Valor Adicionado. Além disso, fez incluir no anteprojeto de

reformulação da Lei nº. 6.404/76 a obrigatoriedade da divulgação da DVA e de

informações de natureza social e de produtividade. (Disponível em:

www.cvm.gov.br)

Portanto, a DVA é uma demonstração de grande importância para fins

de análise financeira, já que evidencia como foi que a empresa produziu

riqueza.

2.3 - FINALIDADE E OBJETIVO DO BALANÇO SOCIAL

Para Perottoni (2002, p. 54), o Balanço Social tem como finalidade

demonstrar aos seus usuários, de forma transparente e confiável, como foram

investidos os recursos gerados pela atividade da empresa.

Com o novo ambiente globalizado que esta se formando, as empresas

devem estar preparadas para atender a todas as necessidades e desejos de

seus clientes. Para isso é necessário a incorporação de tecnologias novas para

produzir produtos com qualidade e que se aproximem do que o consumidor

precisa, já que ele está cada vez mais exigente diante da diversidade de novas

marcas, produtos e serviços. Esse mesmo consumidor procura se informar à

cerca da atuação da empresa no meio em que ela esta inserida, decidindo em

aceitar ou não seus produtos. Para não perder mercado a empresa procura

informações sobre os segmentos de consumidores a serem atendidos, as

condições de higiene e segurança do trabalho, o emprego de mão de obra e

oportunidades futuras. Com este propósito, elas podem ver no Balanço Social

um valioso instrumento capaz de gerar informações que supram as

necessidades de todos os seus interessados.

Segundo Tinoco (2002, p. 57), é um relatório que visa prestar,

simultaneamente, contas da ação da empresa a respeito de seu desempenho,

bem como de suas relações com o meio ambiente.

26

O Balanço Social servirá como um mecanismo da contabilidade para

geração de informações das atividades da empresa no campo social,

registrando suas ações neste campo e avaliando os resultados destas.

O objetivo principal do Balanço Social é desenvolver uma estável e

profunda responsabilidade social em todo o setor empresarial, buscando um

maior, melhor e mais justo desenvolvimento humano, social e ambiental. A

intenção é melhorar o relacionamento das empresas com a sociedade. O

Balanço Social avalia as contribuições e as necessidades empresariais em

relação ao desenvolvimento da comunidade e a melhoria da qualidade de vida

da população, avaliando também os problemas sociais. Sob este aspecto,

Tinoco (2001, p.30) expõe que além de prestar informações o balanço social

possui dois objetivos primordiais:

1) No plano legal, fornece um quadro de indicadores a um grupo social, que após ter sido apenas um simples fator de produção, encontra-se promovido como parceiro dos dirigentes da empresa; 2) No plano de funcionamento da empresa, serve de instrumento de pilotagem no mesmo título que os relatórios financeiros. Os Trabalhadores encontram-se assim associados à elaboração e à execução de uma política que os liga ao principal dirigente.

Com isso, conclui-se que o Balanço Social tem a finalidade de conferir

maior transparência às informações que interessam não apenas aos sócios e

acionistas, como também aos empregados, fornecedores, investidores,

parceiros, consumidores e comunidade.

2.4 – ASPECTOS LEGAIS SOBRE A PUBLICAÇÃO

O Balanço Social é uma demonstração que ainda não tem sua

publicação legalmente obrigatória, ou seja, não existe nenhuma lei no Brasil

que exija sua publicação pelas empresas.

27

Pensando em consolidar cada vez mais o setor que ajuda ao próximo,

existe um projeto de lei de nº. 3116, criado por Marta Suplicy, Maria da

Conceição Tavares e Sandra Starling, que está no congresso com o objetivo de

tornar obrigatório à exposição anual do Balanço Social no qual seria explicado

o destino dos recursos como também a proporção remetida pelas empresas

que decidem cooperar com a coletividade, no qual propõe a seguinte definição:

Art. 2º. Balanço Social é o documento pelo qual a empresa apresenta dados que permitam identificar o perfil da atuação social da empresa durante o ano, a qualidade de suas relações com os empregados, o cumprimento das cláusulas sociais, a participação dos empregados nos resultados econômicos da empresa e as possibilidades de desenvolvimento pessoal, bem como a forma de sua interação com a comunidade e sua relação com o meio ambiente.

Este projeto conseguiu chegar à Comissão do Trabalho, Administração

e Serviço Público da Câmara dos Deputados, sendo arquivado em 1998, de

acordo com o artigo 105 do Regimento Interno das Câmaras dos Deputados.

De acordo com Tinoco (2001, p.201), este projeto foi substituído e melhorado

pelo de n°. 0032/99, de autoria do deputado Paulo Rocha, apresentado em 03

de fevereiro de 1999, o seu conteúdo dispõe para as empresas privadas a

partir de cem funcionários e para as públicas independente da quantidade de

empregados, a obrigatoriedade da divulgação do Balanço Social. O projeto de

lei que cria o Balanço Social foi aprovado pela Comissão do Trabalho em 17 de

novembro de 1999, onde continua tramitando na Comissão de Finanças.

Apesar de ainda não ter sido concluído a legalidade do projeto, é

imprescindível reconhecer esta iniciativa que vem demonstrar o caráter correto

e transparente que o Balanço Social precisa ter para ser levado a sério, com o

verdadeiro objetivo de ajudar e contribuir com a sociedade.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) apresentou, em audiência

pública, proposta de inclusão do Balanço Social nas demonstrações financeiras

já exigidas das empresas de capital aberto, não tendo havido consenso na

época quanto ao encaminhamento da matéria. No momento, a CVM vem

28

elaborando um projeto de lei que prevê alterações e inovações nas

informações contábeis divulgadas pelas sociedades anônimas e limitadas.

Dentre estas, destaca-se a obrigatoriedade da divulgação do Balanço Social

por empresas de grande porte, que tenham faturamento anual superior a R$

150 milhões e ativos de mais de R$ 120 milhões, mesmo que não tenham

capital aberto.

Para Gonçalves (1980, p.90):

A questão está ligada mais a um processo de conscientização e ética das empresas do que a obrigá-las a adotar esta ou aquela política. Mesmo porque, nós já temos várias demonstrações de que, lamentavelmente, nem sempre o que legislado é cumprido e se o é, muitas vezes ocorre por caminhos sinuosos que, na maioria das vezes, não demonstram a veracidade dos fatos. Portanto, acredito mais no trabalho de conscientização do empresário sobre a questão social do que em leis de obrigatoriedade que podem gerar processos de “maquiagem” do balanço social.

Os autores têm opiniões sobre o assunto muito divergentes no que diz

respeito à obrigatoriedade ou não da publicação desta demonstração. Mas a

maioria deles concorda que o Balanço Social não deve surgir apenas de uma

obrigação legal, mas da consciência dos empresários em informar à sociedade

como um todo sobre os benefícios que suas entidades podem trazer à

comunidade e como estão tratando o ambiente em que estão inseridas.

Para Perottoni (2002, p.54), com certeza, a obrigatoriedade social será

um fator superior à obrigatoriedade legal, pois as empresas, por exigência de

seus clientes, se verão obrigadas a prestar contas de todas as suas atividades

perante a sociedade, para que assim, adquiram mais confiança e credibilidade,

garantindo um lugar no mercado.

29

CAPÍTULO III

A IMPORTÂNCIA DO BALANÇO SOCIAL

3.1 - QUAIS OS BENEFICIOS DA PUBLICAÇÃO DO BALANÇO

SOCIAL

Para Herbert de Souza (Disponível em: www.balancosocial.org.br), o

Betinho, “O Balanço Social não tem donos, só beneficiários”.

Não há dúvidas que o principal beneficiário do Balanço Social é a

empresa que o publica. Ele funciona como uma poderosa arma que as

empresas podem utilizar para mostrar aos usuários de suas informações como

ela vem agindo no meio em que atua como já visto anteriormente. Mas além

dela, é grande o número de beneficiados com a sua publicação. Entre eles

estão dirigentes, fornecedores, investidores, funcionários e consumidores.

Para Freire & Silva (2001, p. 126), o balanço social favorece a todos os

grupos que integram com a empresa. Para os dirigentes irá fornecer

informações que serão úteis na tomada de decisões relativas às atividades

sociais que a empresa desenvolve. Aos funcionários possibilita demonstrar que

a empresa está valorizando seu trabalho, criando condições melhores e

estimulando sua participação nas ações sociais desenvolvidas por ela, criando

um maior nível de comunicação interna e integração nas relações entre

dirigentes e empregados. Já aos fornecedores e investidores, informa como a

empresa age em relação aos recursos humanos e à natureza, o que se não for

favorável, poderá vir a denegrir sua imagem perante a sociedade. Enquanto

que para os consumidores, dá uma idéia de qual é a postura dos dirigentes e a

qualidade do produto ou serviço oferecido, demonstrando o caminho que a

empresa escolheu para construir sua marca. E, finalmente, ao Governo,

demonstra se a empresa realmente está cumprindo com as obrigações legais,

sejam elas trabalhistas, tributárias, fiscais, etc.

30

Tinoco (2002, p.59) diz que a publicação do Balanço Social implica em

responsabilidade e dever de comunicar com exatidão e diligência os dados de

sua atividade, de modo que a comunidade e os distintos núcleos que se

relacionem com a entidade possam avaliá-la, compreendê-la e, se entenderem

oportuno, criticá-la.

Portanto, para que realmente haja beneficiados com a publicação do

Balanço Social, ele deve ser elaborado de forma exata e real, e com as

informações de acordo com o objetivo, que é o de bem informar.

3.2 - A IMPORTÂNCIA DO BALANÇO SOCIAL NO MUNDO

EMPRESARIAL

Para Herbert de Souza (Disponível em: www.balancosocial.org.br), o

Betinho, “Realizar o Balanço Social significa uma grande contribuição para

consolidação de uma sociedade verdadeiramente democrática”, enquanto para

Tinoco (2002, p. 70):

As entidades devem satisfazer, adequadamente, as demandas de seus clientes e seus parceiros nos negócios e atividades, e, especialmente, divulgar e dar transparência aos agentes sociais e a toda a sociedade, de sua inserção no contexto das relações econômicas, financeiras, sociais, ambientais e de responsabilidade pública por meio do balanço social, que é o relatório apropriado para isso.

Agindo assim, a empresa estará demonstrando aos seus diversos

interessados que é digna de confiança e credibilidade, pois exporá o que está

fazendo de bom em relação ao desempenho de suas atividades. E para que

ela se exponha dessa forma deve estar segura de que cumpre com suas

funções sociais com responsabilidade. Com isso estará ganhando respeito e

confiança de todos que fazem com que ela permaneça no mercado.

31

O Balanço Social é o melhor instrumento para divulgar ao público o que

sua empresa vem fazendo na área social. Por meio dele, fornecedores,

investidores e consumidores podem ter uma radiografia de como a empresa

encara suas responsabilidades públicas, podendo tal atitude, pesar muito na

hora de decidir-se entre uma ou outra empresa.

Para Kroetz (2000, p. 82):

Sua contribuição para qualidade dos negócios é essencial, pois será ele, uma demonstração que irá divulgar os investimentos e as influências da entidade para com o ambiente externo, e será, ainda um importante instrumento gerencial, á medida que apresentar diversos indicadores e parâmetros, capazes de interferir no desenvolvimento do planejamento organizacional, em todos os seus níveis.

O Balanço Social é uma ferramenta estratégica atualmente. Com sua

elaboração, é gerado um ambiente vantajoso dentro da empresa, que permite

conviver com a globalização.

Ao optar pela elaboração do Balanço Social, o empresário não terá

somente um instrumento para gerenciamento dos recursos humanos e naturais

de sua empresa, como também terá um instrumento capaz de representar

todos os seus parceiros, fazendo com que eles participem de suas atividades.

Para Gelbcke, Iudícibus & Martins (2000, p. 32), as informações do

Balanço Social têm importância para divulgar a postura da empresa e para que

os interessados em sua continuidade tomem conhecimento da linha de conduta

que está sendo adotada pela companhia.

As informações apresentadas no Balanço Social possibilitam

comparações da atuação social de uma empresa ao longo dos anos e entre

outras empresas que pertencem ao mesmo setor econômico.

O Balanço Social acrescenta muitos benefícios à empresa, sejam eles

vindos como forma de melhor organizar e gerenciar a empresa ou de obter

uma maior integração e, conseqüentemente, melhor desempenho da empresa

junto à sociedade.

32

Um ponto levantado por Tinoco (2001, p.123), que é muito importante,

é o fato da empresa não só divulgar o seu Balanço Social, mas que também

haja uma auditoria para que se verifique o trabalho dos agentes sociais nas

atividades desenvolvidas pelas organizações e até mesmo para que os

agentes e controladores das entidades tenham a garantia certa de seus

investimentos. O empresário pode controlar a maneira como estão sendo

cuidados os funcionários, o meio ambiente e a comunidade onde a empresa

está localizada, neste aspecto Tinoco (2001, p.205) coloca que:

Elaborar o Balanço Social é um estímulo à reflexão sobre as ações das empresas no campo social. O Balanço Social estimulará o controle social sobre o uso dos incentivos fiscais ou outros mecanismos de compensação de gastos com trabalhadores. Ajudará na identificação de políticas de recursos humanos e servirá como parâmetro de ações dos diferentes setores e instâncias da empresa, no campo das políticas sociais.

A empresa, a partir da publicação do Balanço Social, cria um espaço

de multiplicação das suas ações sociais e ambientais, pois pode servir como

incentivadora da pratica social/ambiental para outras organizações da cadeia

produtiva, devendo relacionar opiniões e sugestões de seus públicos na

construção desse instrumento de informação pública. É muito importante a

sociedade saber o que a empresa está fazendo em relação às questões sociais

e ambientais. A empresa, como se sabe, é um sistema vivo integrado à

sociedade. Portanto, existe a responsabilidade da empresa em promover ações

de interesse da própria sociedade, não se restringindo à comercialização de

bens e serviços. Nesse caso, o balanço social assume o papel de comunicação

com o público interno e externo da empresa.

Uma questão que deve ser levantada para o sucesso do Balanço

Social é a sua acessibilidade para o público. O relatório deve ser elaborado de

forma que seja possível a compreensão por qualquer leitor, pois o objetivo

principal é de tornar pública a informação. Geralmente, um demonstrativo

contábil não é qualquer pessoa que consegue analisar e tirar conclusões sobre

33

a empresa. A empresa deve se preocupar com isso, a literatura do balanço

social deve ser de fácil entendimento.

No sentido de melhorar a imagem da empresa junto à sociedade, em

1998, para estimular a participação de um maior número de corporações, o

IBASE lançou o Selo IBASE/Betinho. O selo é conferido anualmente a todas as

empresas que publicam o balanço social no modelo sugerido pelo IBASE,

dento da metodologia e dos critérios propostos.

Com a apresentação deste Selo as empresas podem mostrar, em seus

anúncios, embalagens, Balanço Social, sites e campanhas publicitárias, que

investem em educação, saúde, cultura, esportes e meio ambiente, e que estão

cumprindo com sua parte em relação à responsabilidade social.

Segundo dados do IBASE, o Selo IBASE/Betinho demonstra que a

empresa já deu o primeiro passo para tornar-se uma verdadeira empresa-

cidadã, comprometida com a qualidade de vida dos funcionários, da

comunidade e do meio ambiente; apresenta publicamente seus investimentos

internos e externos por meio da divulgação anual do seu balanço social.

3.3 – O BALANÇO SOCIAL GERANDO O MARKETING

POSITIVO PARA AS EMPRESAS

O marketing social é uma forma de provocar mudanças sociais para

que sejam combatidos os problemas sociais da comunidade, na qual todas são

fontes importantíssimas para o fortalecimento do conceito de responsabilidade

social, e o marketing social vem mostrar a necessidade de transparência e

divulgação de resultados em prol de ações sociais. Para que seja feita esta

demonstração de investimento por parte das empresas, é preciso uma

mudança de cultura, de motivação e gestão de pessoas na sociedade, e isto só

é possível mediante o crescimento em investimentos sociais e apresentação do

Balanço Social.

34

Segundo Melo Neto (1999), existem várias formas de se utilizar

marketing social, a saber:

a. Marketing de filantropia: fundamenta-se na doação feita pele

empresa a uma entidade ou pessoa que será beneficiada;

b. Marketing de campanhas sociais: significa veicular mensagens de

interesse público através de embalagens de produtos, organizar

uma força de vendas para determinado percentual ou dia de

vendas ser destinado a entidades, ou veicular em média televisiva

como novelas;

c. Marketing de patrocínio dos projetos sociais: o patrocínio pode ser

a terceiros, com as empresas atuando em parceria com os

governos no financiamento de suas ações sociais, e também o

patrocínio próprio, em que as empresas, através de seus

institutos e fundações, criam seus projetos e os implementam

com recursos próprios;

d. Marketing de relacionamento com base em ações sociais: a

empresa utiliza o pessoal de vendas, representantes e

distribuidores para orientar os clientes como usuários de serviços

sociais;

e. Marketing de promoção social do produto e da marca: a empresa

utiliza o nome de uma entidade ou logotipo de uma campanha,

agregando valor ao seu negócio e gerando aumento de vendas.

Os consumidores apóiam essas idéias e as consideram como algo bom

e que trará benefícios à sociedade, muitos se dispõem até mesmo a pagar

mais por determinado produto ou serviço por saber que este adicional no preço

está destinado a uma entidade que defende uma causa social.

Para Melo Neto (1999, p.166):

O retorno social institucional ocorre quando a maioria dos consumidores privilegia a atitude da empresa de investir em ações sociais e o desempenho da empresa obtém o reconhecimento público. Como conseqüência, a empresa vira notícia, potencializa sua marca, reforça sua imagem, assegura a lealdade de seus empregados, fideliza

35

clientes, reforça laços com parceiros, conquista novos clientes, aumenta sua participação no mercado, conquista novos mercados e incrementa suas vendas.

Ainda segundo o autor, “o retorno social corresponde aos ganhos

materiais e imateriais obtidos pela empresa investidora que canaliza recursos

para projetos sociais e ações comunitárias de interesse da comunidade e do

governo local”. Este retorno se dá em dois aspectos: a obtenção do lucro

social, expresso nos indicadores constantes do Balanço Social, e o alcance do

reconhecimento junto aos stakeholders.

O Balanço Social pode ser visto pela empresa privada como um

instrumento de publicidade, despertando maior interesse para os empresários.

É preciso deixar claro que a prioridade do Balanço Social não é a propaganda

empresarial: seu objetivo é entender a atuação social da instituição que se

dedica a melhorar constantemente uma deficiência social, permitindo uma

análise e constatação da veracidade das informações.

Ashley et al. (2002) divulgam em sua obra alguns dados que

demonstram a preocupação das empresas com a prática da responsabilidade

social, e citam uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica

Aplicada (IPEA), segundo a qual 90% das empresas pesquisadas afirmam que

começaram a investir em ações sociais por acreditarem estar melhorando a

sua imagem institucional. A ampliação das relações da empresa com a

comunidade foi apontada por 74% das empresas como um motivo relevante

para ações de responsabilidade social. Apenas 19% acreditam que ser

socialmente responsável incrementa a lucratividade e 34% acreditam que

aumentam a motivação interna e a produtividade.

Do ponto de vista organizacional, pode-se dizer que o marketing social

é uma conseqüência da responsabilidade social, no entanto a empresa deve

estar sempre atenta, observando o modo de como fazer, por que fazer e

quando fazer. Dessa forma, as organizações praticantes da responsabilidade

social através do marketing social podem conseguir sustentabilidade para

sobrevivência e destaque no mercado onde atuam, pois terá, em longo prazo,

um valor diferencial para a marca, agregação de valor ao produto ou serviço,

36

aquisição de clientes, possibilitando uma vantagem competitiva para as

empresas.

37

CONCLUSÃO

Diante de toda pesquisa feita, pode-se concluir que o Balanço

Social é o instrumento de gestão e de informação que evidencia plenamente as

informações econômicas, financeiras e sociais do desempenho das entidades,

proporcionando uma visão completa da participação, contribuição social e

econômica da empresa em seu ambiente de atuação, agregando, assim, um

conjunto de informações, relacionando as despesas das empresas a itens

considerados sociais.

Sua adoção deve ser vista como um compromisso de

transparência em relação às pessoas envolvidas direta ou indiretamente com a

organização, de modo que a sua grande estratégia está em divulgar e

compartilhar as informações e não retê-las. Nesta perspectiva, o presente

trabalho buscou enfatizar a grande importância de se fazer o Balanço Social.

As empresas socialmente sustentáveis que pensam não somente

no lucro, mas também no ser humano, são mais valorizadas e reconhecidas,

com preferência dos seus clientes. Essas ações estão se transformando numa

poderosa vantagem competitiva no desenvolvimento dos negócios das

organizações, já que os consumidores valorizam a preocupação das empresas

em tornar a sociedade mais equilibrada, com menos injustiças e

desigualdades.

Com a exigência cada vez maior da sociedade por empresas que

cumpram com suas obrigações sociais, que não agridam o meio ambiente e

que tratem com dignidade seus funcionários, é importante que os órgãos

competentes declarem obrigatório a publicação do Balanço Social, assim sua

divulgação passará a ser um fator decisivo de permanência no mercado. No

entanto, enquanto isso não acontece de fato ele deve ser fruto de uma ação

espontânea da organização.

No Brasil, é necessário que os empresários tenham consciência

de sua importância, passando a implantá-las em suas empresas, pois o

Balanço Social só vem acrescentar benefícios à empresa, seja no intuito de

38

melhor organizar e gerenciar a empresa como também de manter uma

integração entre a empresa e a sociedade na qual está inserida.

Não há dúvidas que o Balanço Social seja um grande instrumento

de marketing social sobre as atividades das empresas para os indivíduos no

contexto da sociedade. O Balanço Social vem a ser um poderoso conjunto de

informações nas definições de regulamentação dos recursos humanos, nas

decisões de incentivos fiscais, no auxílio sobre novos investimentos e no

desenvolvimento da consciência para cidadania. Não esquecendo que é

preciso consolidar uma nova cultura do empresariado com a utilização de uma

política de transparência para com seu público interno e externo. Ao se prestar

conta do seu investimento nas ações sociais, possibilita-se à sociedade

acompanhar o seu desempenho e responsabilidade com aquilo que desenvolve

ou se propõe a fazê-lo.

O tema esta sendo discutido, mas ainda é só o começo de uma

verdadeira revolução empresarial. Para que isso se torne de fato parte da

cultura das organizações, cabe aos profissionais que lidam com as informações

tomar iniciativa na consolidação dessas mudanças, no intuito de divulgar as

ações das empresas e ser capaz de inserir neste contexto a sua contribuição

para criar cada vez mais empresas cidadãs.

39

ANEXOS

Índice de anexos

ANEXO 01: Orientação, objetivo, visão da organização para seus stakeholders

ANEXO 02: Modelo do Balanço Social elaborado pelo IBASE/2009

ANEXO 03: Modelo da DVA, elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas

Contábeis, Atuariais e Financeiras da USP, com instruções para preenchimento

40

ANEXO 01

Orientação, objetivo, visão da organização para seus stakeholders segundo

Ashley et al. (2002 p.37).

ORIENTAÇÃO OBJETIVO VISÃO

Acionistas Maximização do lucro Econômica

Estado/Governo Cumprimento das obrigações legais Jurídica

Empregados Reter e atrair funcionários qualificados

Da área de Recursos Humanos

Comunidade

Relacionamento socialmente responsável com a comunidade na qual se insere

Assistencialista

Fornecedores e Compradores

Relações comerciais éticas

Cadeia de produção e consumo

Publicação de relatórios e promoção da marca Balanço Social Marketing social

Ambiental natural Desenvolvimento sustentável Ambiental

41

ANEXO 02

42

43

ANEXO 03

Modelo da DVA, elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis,

Atuariais e Financeiras da USP, com instruções para preenchimento.

(Disponível no site: http://www.cvm.gov.br/)

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO

DESCRIÇÃO R$ Mil

1 – RECEITAS

1.1) Vendas de mercadorias, produtos e serviços.

1.2) Provisão p/ devedores duvidosos – Reversão / (Constituição)

1.3) Não operacionais

2 – INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (inclui ICMS e IPI)

2.1) Matérias-primas consumidas

2.2) Custo das mercadorias e serviços vendidos

2.3) Materiais, energia, serviço de terceiros e outros

2.4) Perda / Recuperação de valores ativos

3 – VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)

4 – RETENÇÕES

4.1) Depreciação, amortização e exaustão

5 – VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4)

6 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA

6.1) Resultado de equivalência patrimonial

6.2) Receitas financeiras

7 – VALOR ADICIOADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6)

8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO*

8.1) Pessoal e encargos

8.2) Impostos, taxas e contribuições

8.3) Juros e aluguéis

8.4) Juros s/ capital próprio e dividendos

8.5) Lucros retidos / prejuízo do exercício

* O total do item 8 deve ser exatamente igual ao item 7.

44

Instruções para preenchimento:

Como as informações extraídas são da contabilidade, deverão ter como base o Princípio Contábil do Regime de

Competência de exercícios.

1 – RECEITAS (soma dos ítens 1.1 a 1.3)

1.1) Vendas de mercadorias, produtos e serviços.

Inclui os valores do ICMS e IPI incidentes sobre essas receitas, ou seja,

corresponde á receita bruta ou faturamento bruto.

1.2) Provisão p/ devedores duvidosos – Reversão/Constituição

Inclui os valores relativos á constituição/baixa de provisão para devedores

duvidosos.

1.3) Não operacionais

Inclui valores considerados fora das atividades principais da empresa, tais

como: ganhos ou perdas na baixa de imobilizados, ganhos ou perdas na baixa

de investimentos, etc.

2 – INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (soma dos ítens 2.1 a 2.4)

2.1) Matérias-primas consumidas (incluídas no custo do produto vendido).

2.2) Custo das mercadorias e serviços vendidos (não inclui gastos com

pessoal próprio).

2.3) Materiais, energia, serviço de terceiros e outros (inclui valores relativos

às aquisições e pagamentos a terceiros).

Nos valores dos custos dos produtos e mercadorias vendidas, materiais,

serviços, energia etc., consumidos deverão ser considerados os impostos

(ICMS e IPI) incluídos no momento das compras, recuperáveis ou não.

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2.4) Perda / Recuperação de valores ativos

Inclui valores relativos a valor de mercado de estoques e investimentos etc. (se

no período o valor líquido for positivo deverá ser somado).

3 – VALOR ADICIONADO BRUTO (diferença entre ítens 1 e 2)

4 – RETENÇÕES

4.1) Depreciação, amortização e exaustão

Deverá incluir a despesa contabilizada no período.

5 – VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE

(diferença entre os ítens 3 e 4)

6 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA (soma dos

ítens 6.1 e 6.2).

6.1) Resultado de equivalência patrimonial (inclui os valores recebidos como

dividendos relativos a investimentos avaliados ao custo). O resultado da

equivalência poderá representar receita ou despesa; se despesa, deverá ser

informado entre parênteses.

6.2) Receitas financeiras (incluir todas as receitas financeiras

independentemente de sua origem).

7 – VALOR ADICIOADO TOTAL A DISTRIBUIR (soma dos ítens 5 e 6).

8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (soma dos ítens 8.1 a 8.5)

8.1) Pessoal e encargos

Nesse item deverão ser incluídos os encargos com férias, 13º salário, FGTS,

alimentação, transporte etc., apropriados ao custo do produto ou resultado do

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período (não incluir encargos com o INSS – veja tratamento a ser dado no item

seguinte).

8.2) Impostos, taxas e contribuições

Além das contribuições devidas ao INSS, imposto de renda, contribuição social,

todos os demais impostos, taxas e contribuições deverão ser incluídos neste

item. Os valores relativos ao ICMS e IPI deverão ser considerados como os

valores devidos ou já reconhecidos aos cofres públicos, representando a

diferença entre os impostos incidentes sobre as vendas e os valores

considerados dentro do item 2 – Insumos adquiridos de terceiros.

8.3) Juros e aluguéis

Devem ser consideradas as despesas financeiras e as de juros relativas a

quaisquer tipos de empréstimos e financiamentos junto à instituições

financeiras, empresas do grupo ou outras e os aluguéis (incluindo-se as

despesas com leasing) pagos ou creditados a terceiros.

8.4) Juros s/ capital próprio e dividendos

Inclui os valores pagos ou creditados aos acionistas. Os juros sobre o capital

próprio contabilizados como reserva deverão constar do item “lucros retidos”.

8.5) Lucros retidos / prejuízo do exercício

Devem ser incluídos os lucros do período destinados às reservas de lucros e

eventuais parcelas ainda sem destinação específica.

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negócios. São Paulo: Saraiva, 2002. BEGALLI, Glaucos Antonio; PEREZ JÚNIOR, José Hernandez.

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