49
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE SUPERVISÃO ESCOLAR E PRÁTICA DOCENTE - Contribuições do Supervisor na Prática Docente - Por: Lidiane Costa Sousa de Oliveira Orientador Prof. Antonio Fernando Vieira Ney Brasília 2010 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

SUPERVISÃO ESCOLAR E PRÁTICA DOCENTE

- Contribuições do Supervisor na Prática Docente -

Por: Lidiane Costa Sousa de Oliveira

Orientador

Prof. Antonio Fernando Vieira Ney

Brasília

2010

DOCU

MENTO

PRO

TEGID

O PEL

A LE

I DE D

IREIT

O AUTO

RAL

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

SUPERVISÃO ESCOLAR E PRÁTICA DOCENTE

- Contribuições do Supervisor na Prática Docente -

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Supervisão

Escolar.

Por: Lidiane Costa Sousa de Oliveira

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

3

AGRADECIMENTOS

A Deus pelo fôlego de vida e

oportunidade de trilhar caminhos de

vitória, aos meus pais pelo esforço em

investir nos meus estudos.

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

4

DEDICATÓRIA

Dedico a minha pessoa pelo esforço

inesgotável mesmo diante das

dificuldades.

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

5

RESUMO

Apresentamos por meio deste estudo uma reflexão e análise do papel

desempenhado pelos supervisores perpassando por um contexto histórico que

nos situará no processo de modificação e ressignificação do papel de tal

profissional, que outrora era mais focado na liderança impositiva e de

resultados imediatos. Sabemos que hoje a escola requer mais que um líder de

presença mais alguém que tenha presença motivadora para facilitar o

desenvolvimento dos trabalhos desenvolvidos. Passando pela analise do papel

da escola teremos a oportunidade de compreender quais os seus objetivos e

que tipo de profissionais é necessário para se obter tais resultados. O corpo

docente também é analisado no aspecto de grupo homogêneo desejado e de

liderança participativa. Professores motivados partem de uma liderança

motivada e que saiba lidar com as peculiaridades de cada um. O trabalho

coletivo é um dos focos de analise tendo em vista que todo o processo

educacional envolve a participação de todos seja da parte administrativa até

mesmo da contribuição da comunidade no que diz respeito ao enriquecimento

do pratica escolar.

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

6

METODOLOGIA

O desenvolvimento do tema será feito por meio de bibliografia (livros,

módulos) e pesquisas a meios eletrônicos.

A partir de diversas referências citadas vale destaca a do autor

Demerval Savianni que criticamente nos acrescenta a controvérsia que há na

definição do papel do supervisor educacional até os dias de hoje.

Passando por uma análise histórica observamos a luta em definir a

função do supervisor para profissão de supervisor, no entanto ao nos

depararmos com uma estrutura rígida que passou a determinar o que deveria

ser feito, quando houve necessidade, acabamos por encontrar profissionais

que desempenham papéis que não necessariamente gostariam de

desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus).

O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos e

de relação com o espaço educativos a partir das reflexões do autor Francisco

Imbernón que diz da mudança do espaço educativo e consequentemente da

necessidade de formação (continuada e permanente) docente para uma

devida adequação da nova realidade e necessidade social/discente associada.

SUMÁRIO

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - A HISTÓRIA 11

CAPÍTULO II - O PAPEL DA ESCOLA 18

2.1 - O PROJETO POLITICO PEDAGÓGICO 21

2.2 - A LIDERANÇA 24

2.3 - OBJETIVOS DO SUPERVISOR 27

2.4 - O PROFESSOR E SUA PRÁTICA 29

2.5 - RELAÇÃO PROFESSOR – ALUNO 33

CAPÍTULO III – O SUPERVISOR E O TRABALHO DOCENTE 39

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44

WEBIOGRAFIA 47

ÍNDICE 48

FOLHA DE AVALIAÇÃO 49

INTRODUÇÃO

O trabalho do supervisor escolar por vezes é tido pelo corpo docente

como burocrático ligado a ordens e propostas prontas a serem executadas;

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

8

alguém às vezes inatingível por evidenciar uma liderança autoritária, sem

espaços para diálogo ou quando acontece sem chances de argumentos.

Observamos que uma liderança focada na ordem, no pronto para

executar faz com que se alimente um grupo resistente as propostas

pedagógicas. Na realidade não podemos condenar ou atirar pedras em quem

na maioria das vezes é obrigado a ser e se comportar dessa forma – o sistema

impõem e cobra que seja feito e quem não se enquadrar por vezes é

convidado a se retirar. Analisaremos os dois lados: o supervisor e sua

liderança com propostas que venham suprir a “carência pedagógica” por parte

docente, bem como o comportamento do professor frente as suas

responsabilidades pedagógicas junto a sua liderança imediata.

Num primeiro momento parece-nos que a relação docente e superiores

era algo distante e muito além do esperando, uma educação que talvez não

funcionasse ou mesmo funcionasse de acordo com o que era desejado pelo

sistema.

Não há de se estranhar que os incômodos com tal sistema começam a

surgir quando naturalmente, ou pela imposição da sociedade, as indagações

perturbam a mente de alguns educadores e lideres educacionais.

Chega-se a um momento em que as coisas parecem não responder da

mesma forma e até mesmo a própria clientela parece querer mais do que é

oferecido.

Entendendo que a educação acontece em seus vários âmbitos como diz

Brandão há de se perceber que cedo ou tarde essas clientela começaria a

indagar certos posicionamento. É chegada a hora por necessidade preparar

esse docente para novas realidades dentro de sala, novas culturas, novas

dúvidas. O supervisor como responsável em conduzir e preservar tal sistema

também se vê em certa crise de ideais e interesses. O professor demanda

auxilio e não ordens. Não há como ter controle daquilo que eu ainda não sei

como deve ser controlado,

Há de se considerar também o papel que cada função cumpre junto à

sociedade, junto a si mesmo num âmbito profissional.

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

9

Passamos assim a uma ressignificação de papéis. O próprio aluno trás

de fora essa necessidade enquanto cidadão e os profissionais dentro da

escola mais ainda precisam desse definição de papéis a fim de acompanhar e

fazer entender as modificações sócias vividas.

É preciso considerar também como acontece à prática docente e quem

são esses personagens, o que pensam, a experiência que trazem, o que

esperam de quem os lidera, etc. Pela imposição das mudanças surge mais

ainda a necessidade do trabalho em conjunto, a troca de experiências, as

vivências que tanto contribuem para quem acaba de se inserir no processo.

Uma instituição educacional de sucesso precisa de uma equipe de

sucesso e mais ainda; de um líder centrado em seu papel e que não se deixe

levar pelas ondas do burocrático, um inovador e por que não um revolucionário

da época?

A parceria escola e personagens envolvidos (professores, funcionários,

comunidade, alunos, etc) fazem recair sobre a liderança, no caso especifico o

supervisor, uma responsabilidade pedagógica além das paredes da instituição

escolar, além das reuniões com o grupo para traçar metas, e pelo corpo

docente o comprometimento e compromisso com o seu papel frente a uma

sociedade que espera dele instrumentos que os façam ser e aparecer

enquanto cidadão.

O supervisor passa a deixar seu lado burocrático para trabalhar e

valorizar mais ainda o lado pedagógico que pode ser considerado o sentido

primo de todo o processo educativo.

A partir da análise de um contexto histórico e do âmbito educacional

vamos refletir o que é esperado desse grupo (professor, lideres) frente a uma

sociedade com sede de atualização que às vezes não é dada e/ou permitida

pelos controladores governamentais. Profissionais dispostos a mudar esse

quadro e essa história terão que se instrumentalizar tanto pedagogicamente

como tecnicamente a fim de terem suporte para enfrentar as resistências que

com certeza surgem frente ao novo ou a resistência a um sistema pronto e

imposto.

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

10

É certo que esse novo contexto que surge requer também força de

vontade, pois não é fácil lutar também contra a falta de reconhecimento e

valorização de quem contribui significativamente com a formação do cidadão.

E talvez esse desnível seja propositalmente fazendo com que no decorrer do

caminho muitos desistam ou simplesmente se contentem em somar as

estatísticas dos que fazem cumprir as ordens tracionais do sistema.

CAPÍTULO I

SUPERVISORES ESCOLARES – ANÁLISE POLÍTICA E

CONTEXTO HISTÓRICO

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

11

A análise do papel do supervisor e o contexto no qual ele estava e está

inserido requer uma reflexão histórica que abarca também uma análise política

e seu conceito mais específico.

O termo política requer uma significação mais ampla, além do sentido

partidário. Remete-nos a atitudes, posturas diante da nossa realidade e

contribuição a nossa sociedade. Em outras palavras podemos dizer ser uma

atitude manipuladora de atitudes para alcance de objetivos.

Entendermos que esta concepção não tem mais espaço na vida

profissional do supervisor escolar engajado na construção de uma sociedade

igualitária e justa. Neste sentido concordamos com Maar, quando explicita

que, “na prática cotidiana, a atividade política assume a perspectiva de realizar

dimensões humanas mais profundas no relacionamento pessoal, com respeito

à diversidade individual e crítica a formas predeterminadas de conduta

(1985:24)”.

O autor Dallari (1984), analisando o conceito de alguns autores reflete:

“política é a arte e ciência de governar, é arte porque comporta e exige muita invenção e uma sensibilidade especial para conhecer os seres humanos, suas necessidades, suas preferências, seus caprichos, suas virtudes; e é ciência porque hoje existem várias ciências que estudam os comportamentos humanos”.

A prática da política em si requer mais do que a arte do convencimento,

vai além do conhecer as pessoas e seus anseios para conquista de um

resultado concreto e que contribua para o bem estar de todos.

Vale citar que a prática política não é para aqueles que se dizem

entendidos, tendo em vista que subjetivamente praticamo-nas em nossas

relações cotidianas.

Para compreendermos o termo política não basta só explicar seus vários

sentidos, é preciso uma análise histórica. Maar (1985) esclarece que o

significado do termo política hoje, é resultado de um longo processo histórico,

durante o qual ele se firmou como atividade na vida social dos homens.

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

12

A política como pratica transparente torna-se também um ato

pedagógico e para tanto contempla aqui o ponto central de nossa análise.

Quando me refiro à política tramita um pensamento coletivo que por

vezes não é observado no grupo educacional que compõem os supervisores.

Para que haja uma hegemonia é necessário a pratica de um pensamento

coletivo por parte de todos, uma unicidade em seus objetivos.

Analisando o termo supervisão para nos adentramos ao tema pela

autora Mary Rangel tem-se:

“... o prefixo “super” une-se à “visão” para designar o ato de “ver” o geral, que se constitui pela articulação das atividades específicas da escola. Para possibilitar a visão geral, ampla, é preciso “ver sobre”, e é este o sentido de “super”, superior, não em termos de hierarquia, mas em termos de perspectiva, de ângulo de visão, para que o supervisor possa “olhar” o conjunto de elementos e seus elos articuladores.” (Rangel, 1999 pág. 76).

Esse deve ser o sentido que deve ser seguido pelos profissionais, e daí

às vezes o porquê ele é tido com certa aversão por parte de professores, não

por ter esse sentido de prática, mas por uma má interpretação do que venha a

ser esse olhar para além do que está a vista. Decorre-se daí certa relação com

a política e pessoas com posição de “poder”. É necessário entender a natureza

do trabalho supervisor que vai além do interesse político:

“A supervisão assim concebida, vai muito além de um trabalho meramente técnico-pedagógico, como é entendido com freqüência, uma vez que implica uma ação planejada e organizada a partir de objetivos muito claros, assumidos por todo o pessoal escolar, com vistas ao fortalecimento do grupo e ao posicionamento responsável frente ao trabalho educativo. Nesse sentido, a supervisão deixa de ser apenas um recurso meramente técnico para se tornar um fator político, passando a se preocupar com o sentido e os efeitos da ação que desencadeia mais que com os resultados imediatos do trabalho escolar.” (Rangel, 1999. Pág. 175).

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

13

Uma das grandes contribuições para uma reflexão a cerca do papel do

supervisor é justamente esta explicitada pela autora Rangel quando do

posicionamento que esse profissional deve ter frente a sua responsabilidade

política. É dividir o espaço com os afazeres burocráticos por assim dizer e

privilegiar também e mais ainda, o político que nos leva a pensar em formação

de alunos para a cidadania. Não uma política controladora e pré estabelecida,

mais uma política que situe o sujeito enquanto agente atuante na sociedade.

O papel dos supervisores em tempos remotos retinha-se em conservar

uma ideologia liberal na qual era importante o controle, a fiscalização em

detrimento da análise e acompanhamento pedagógico do processo.

O papel “manipulador” do supervisor estava justamente em conseguir

que todos seguissem o que já era determinado pelo sistema vigente.

Para Nogueira (1989), a função do(a) Supervisor(a) Educacional no

contexto histórico brasileiro é essencialmente política, e não técnica como tem

sido veiculada contrapondo-se ao que afirma a autora Rangel. Historicamente

desde a idade media o papel do supervisor já confirmava uma presença

fiscalizadora e controladora como diz Saviani(2000).

Com o Parecer nº 252 de 1969 houve uma reformulação dos cursos de

Pedagogia a fim de definir o que por muitos era desejado: o papel do

supervisor. No entanto segundo Saviani (1999):

“Por intermédio desse Parecer, em lugar de se formar o “técnico em educação” com varias funções, sendo que nenhuma delas era claramente definida, como vinha ocorrendo, pretendeu-se especializar o educador numa função particular, sem se preocupar com a sua inserção no quadro mais amplo do processo educativo. Tais funções foram denominadas “habilitações”. (Saviani 1999- PAG 29).

Uma das críticas mais importantes com relação a esse “avanço” foi à

forma como ele foi se desenrolando. O objetivo seria profissionalizar a função

de supervisor partindo de uma base teórica e principalmente prática, no

entanto o que acabava acontecendo era uma formação ampla que acontecia

para todas as habilitações e para a parte específica quem tivesse o perfil

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

14

simplesmente era tido como supervisor independente de como se dava a parte

especifica. “Em termos práticos essa falta de especificidade se traduzia na

reversibilidade com que os diferentes “profissionais” ocupavam os postos da

burocracia educacional, independente do tipo de habilitação constante em seu

diploma”. (Saviani, 1999. Pág. 32 e 33)

Na realidade em termos de escola significava que se houvesse a

necessidade de um supervisor, era importante a sua formação em educação

(Pedagogia); quanto à habilitação não era tão relevante. Podemos dizer que

daí surge uma descaracterização do profissional, ou seja, uma falta de

definição de papéis.

Entendemos ser indispensável, antes de refletirmos sobre a escola,

falarmos da educação de modo geral, tendo em vista que a analise do papel

do supervisor perpassa a um espaço educacional e seus diversos subespaços

(sala de aula, coordenação, projetos, etc). Sabemos que a educação existe em

todos os lugares e de diferentes maneiras, uma vez que, cada povo por mais

simples que seja sua organização social possui meios educativos que

assegure sua continuidade no tempo e no espaço, ou seja, tem um tipo de

educação que lhe é específico. A educação segundo Brandão (1995) acontece

em vários espaços da sociedade. Existem então, dois tipos de educação:

formal e a informal, sendo que a primeira é sistemática e a segunda é

espontânea e natural.

A educação formal acaba traduzindo um sistema previamente imposto e

que deveria ser seguido, controlado e fiscalizado por quem lhe cabia –

supervisor; na segunda instância a educação informal acontecia das vivências

e culturas que eram vivenciadas e experimentadas.

Percebemos o desafio da época e quem sabe até de hoje quando

falamos em praticas educativas; tínhamos uma que deveria prevalecer sobre a

outra e o supervisor responsável por perdurá-la, no caso a formal tinha seus

parâmetros pré estabelecidos que deveriam ser seguidos.

A escola por sua vez passa por uma trajetória de tendências que a

acompanham até hoje e em alguns casos define sua linha de atuação. Libâneo

(1990) exemplifica com as tendências pedagógicas, onde o contexto da liberal

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

15

tradicional remete a uma preparação intelectual deixando de lado os

problemas sociais que devem ser resolvidos pela sociedade.

No contexto da tendência liberal renovada progressista:

...a escola tem a função não só de adequar as necessidades individuais do aluno ao meio social, mas também suprir as experiências que permitam ao aluno educar-se, num processo ativo de construção e reconstrução do objeto, numa interação entre estruturas cognitivas do indivíduo e estruturas do ambiente (Libâneo: PAG 19) .

Observamos que o sistema procurou amenizar o que realmente era

preciso (confirmar o controle da sociedade para os interesses próprios de

quem as controlava).

A tendência liberal tecnicista cobra da escola o preparo para o

mercado de trabalho e a libertária progressista faz com que a escola foque na

transformação da personalidade do aluno no sentido de gestão própria

discente.

A crítico-social dos conteúdos, segundo Libâneo (1990), diz que a

função da escola ocorre na “preparação do aluno para o mundo adulto e suas

contradições, fornecendo-lhe um instrumental, para uma participação

organizada e ativa na democratização da sociedade”. Aos poucos se observa

um amadurecimento das idéias relacionadas ao sistema educacional e como

ele é controlado.

A prática da supervisão passa por uma trajetória que vai desde a

fiscalização até a necessidade da formação de um profissional que

contribuísse no controle e avaliação de todo o processo bem como dos

envolvidos.

Passando por uma caracterização da profissão administrativamente a

sua formação também abarcava tais tendências. É claro que isso contribui

também para a eficiente atuação do supervisor junto ao grupo no controle e

acompanhamento, no entanto não era visto com bons olhos pelos professores

que achavam ser apenas executores de ordens.

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

16

Diante desse contexto, muitos supervisores refugiaram-se nas

atividades burocráticas, trabalhando junto à secretaria e à direção da escola,

envolvendo-se na organização de conselhos de classe e reuniões, o que serviu

para aumentar o distanciamento entre o supervisor e o grupo de professores.

No final dos anos oitenta e início dos anos noventa percebe-se a

necessidade da pedagogia aproximar-se da prática social.

Segundo o autor Edy Przbylski:

“No desempenho de suas funções o supervisor dedica-se a atividades diversas com o de conseguir o melhor resultado na situação ensino-aprendizagem, considerando-se que a supervisão é um processo que tem por fim orientar o planejamento, o desenvolvimento e a avaliação das atividades educacionais, tendo em vista o melhor desempenho do pessoal que atual na área da educação e a unidade das ações pedagógicas” (Edy Przbylski: 1977 PAG 15).

Na realidade o caminho para a consolidação desse profissional passou

por um período de tentativas e acertos. Cria-se uma pedagógica com mais

uma habilitação, além do magistério, onde professores estariam se

especializando no que era chamada inspeção escolar. O perfil fiscalizador

ainda prevalecia.

“Nesse quadro, o desempenho das funções da supervisão escolar não correspondia, ainda, a uma habilitação específica; ficava a cargo de professores com prática em atividades docente, não necessariamente formados em pedagógica. Suas funções permaneciam estritamente de vigilância mantendo as mesmas características anteriormente desenvolvidas na inspeção escolar “(Juliette Kaló, 1980, PAG 8).

Algumas considerações devem ser feitas com relação à atuação do

supervisor entre elas as características fiscalizadoras que de certa forma

moldaram o profissional, a criação de cursos paliativos para suprir uma

iminente carência do profissional e por essa emergência acabou-se por

priorizar os procedimentos e não conteúdos e métodos, certa confusão

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

17

relacionada ao papel realmente a ser desempenhado além de uma

multiplicidade de termos a se referirem aos supervisores (Kaló, 1980).

Talvez um dos maiores desafios seja justamente situar esse profissional

quanto ao seu papel dentro da instituição educacional e significação para a

sociedade.

Há de se entender também que justamente por essa abertura na

ocupação do papel do supervisor no deparamos com perfis não condizentes ou

não lineares para todos da categoria. Tinha-se que alguém com iminente perfil

de líder, carismático, controlador dos afazeres burocráticos apresentava-se

perfeito para ocupar tal posição.

É um desafio para quem realmente busca o preparo para atuar de modo

significativo no espaço escolar e muito além dele como vamos observar, pois o

supervisor com perfil pesquisador e criativo é o que precisa ser cultivado

dentro das escolas.

Entende-se também que a partir do momento em que as pessoas são

delegadas as suas funções e devidamente instruídas quantos aos objetivos a

serem alcançados não haverá necessidade de alguém fiscalizador mais sim

um orientador e auxiliar no desenvolvimento das praticas. É claro que em

tempo mais remotos e não muito distantes da nossa realidade o medo seria

talvez o que observamos, justamente a ruptura de um sistema controlador em

busca de seus próprios interesses e formação minoritária que estaria

perpetuando o modelo.

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

18

CAPÍTULO II

O PAPEL DA ESCOLA

A educação existe no imaginário das pessoas e na ideologia dos grupos sociais e, ali, sempre se espera, de dentro, ou sempre se diz para fora, que a sua missão é

transformar sujeitos e mundos em alguma coisa melhor, de acordo com as imagens que se tem de uns e outros. Brandão (1999, em seu artigo).

O desenvolvimento de uma pratica democrática na sociedade sem

dúvida nenhuma deve começar os seus ensaios na escola, espaço esse rico

em vivência, culturas, valores, conflitos que se ajustam etc. esse espaço tem

como uma de seus pilares a firmação de cidadãos e para tanto é preciso

pessoas que lá atuem com os mesmo objetivos engajados na inserção de

pessoas dispostas a lutar a se fazerem presença na sociedade vigente.

Essa interligação e a apropriação desses saberes se tornam elemento

decisivo para o processo de democratização. A contribuição significativa da

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

19

escola para a democratização da sociedade e para o exercício da democracia

participativa fundamenta e exige a gestão democrática na escola.

Para Imbernón “a educação democrática precisa de outras instâncias

de socialização que ampliem seus valores. Para tanto é necessária uma

reestruturação das instituições educativas. Abre-se uma nova perspectiva que

é ver a instituição educativa como agente de mudança” (2005, PAG 82).

As ações precisam ser coletivas para que surtam o efeito esperado. É

preciso que o trabalho seja realizado em conjunto.

Há que se pensar em um espaço que contribua que se faça atrativo

tanto para professores quanto para alunos.

Segundo Nilda Alves (1999, pág. 132) “a escola foi pensada como um

espaço/tempo que garantiria ao final um lugar no mundo do trabalho, de

acordo com as qualificações adquiridas durante o tempo de escolarização.”

“O ideário escolar prometia sempre um mundo melhor àqueles que seguissem as normas, se mostrassem diligentes, atentos, estudiosos, obedientes. Os que não correspondiam às expectativas escolares iam sendo marcados, estigmatizados, segregados e finalmente excluídos, por terem se mostrado pouco capazes de atingir os objetivos que a escola lhes colocava” (Nilda e Regina, 1999 pág. 132).

No entanto diante desse desagradável contexto Alonso (1999, pág. 172

e 173) nos mostra que “estudos sobre a mudança educacional, particularmente

os que analisam a questão do ponto de vista do professor, têm mostrado que

as condições de vida da sociedade tecnológica atual requerem outro tipo de

homem, com outra formação, preparado para enfrentar os desafios da

modernidade.”

Afirma que:

“Dadas às crescentes condições de desigualdade social, entende-se que à escola cabe a função compensatória, que ajude a reduzir essa distância – abrindo possibilidades de atendimento para as diferenças existentes -, o que requer deixar sua função homogenizadora,

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

20

tornando-se mais pluralista, diferenciada, e isso implica a abertura de novos espaços, flexibilidade, autonomia.” (Alonso, 1999 pág. 173)

O ato de educar deve ultrapassar as noções de interiorizar conteúdos

que muitas vezes não são significativos por quem os detêm. Segundo Alonso

(1999, pág. 174) “a escola terá, portanto que atuar num outro nível que o da

transmissão; deverá ser a sistematizadora do conhecimento adquirido fora e,

sobretudo, garantir a produção de conhecimento mais elaborado...”

Ressignificar o espaço escolar significa dar sentido a professores e alunos do

papel a ser desempenhada por cada, além da satisfação da presença e ao

supervisor a oportunidade de juntamente com o grupo contribuir para e no

crescimento do grupo como atuantes na sociedade. O aluno precisa do sentido

de estar ali e o professor da valorização do seu profissionalismo e a

comunidade como um todo da satisfação de estar inserida em um espaço

coletivo no qual ela também tem a liberdade de opinar.

Conforme Freire (1998), a educação libertadora passou a inspirar novos

conceitos que orientam uma nova sociedade baseada nos princípios de

liberdade, de participação e de busca pela autonomia.

Há na escola a oportunidade de formação não só do educando para a

sociedade mais de todos e principalmente do professor.

É no espaço da escola que encontraremos oportunidade de refletir

sobre as culturas internas e externas. O supervisor antes de tudo tem o papel

de equilibrar e fazer com que tais valores sejam aproveitados na formação

comum. Forquin (1993) para melhor esclarecer diz de duas culturas existentes

na escola: a cultura escolar que diz respeito a combinação de diferentes

âmbitos culturais (professor, aluno, funcionários, etc) e a cultura da escola que

diz da dimensão cultural que participa da própria configuração da instituição

escolar, ou seja que reúne elementos presentes em qualquer escola

independente da realidade que se encontra. Entender tais dimensões culturais

nos faz entender a própria identidade que se forma.

Segundo Imbernón a formação centrada na escola envolve todos e

todas as estratégias empregadas conjuntamente pelos formadores de modo

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

21

que respondam as necessidades definidas da escola para elevar a qualidade

do ensino e da aprendizagem em sala de aula.

Não é apenas uma formação tida como conjunto de técnicas e

procedimentos, mas tem uma carga ideológica, valores, atitudes e crenças.

Para que a escola possa cumprir com este papel, será necessário

investir na mudança de atitude do seu professor, do supervisor, no sentido de

criar condições que favoreçam este elo objetivando a valorização e a cultura do

aluno, promovendo o dialogo com ambos. Nesse contexto o supervisor deve

estar preparado principalmente para as mudanças e novos conceitos que

surgem. Preparado e atualizado afim de que possa trazer para dentro da

escola bagagem rica em conhecimento e vivencias que venham contribuir

também na pratica do professor em sala de aula e em sua atuação.

Nas palavras de Imbernón:

Abre-se uma nova perspectiva que é ver a instituição educativa como agente de mudança. Pouco a pouco se começa a abandonar a rigidez do enfoque formal das escolas, vistas a partir de suas estruturas, de seus papéis, seus objetivos e regulamentações oficiais (2005, PAG 82 e 83).

É possível percebermos uma evolução quando a visão macro da escola,

da educação e principalmente dos personagens que a compõem. Não se pode

considerar valores, culturas, vivências unas dentro da escola. O que é trazido

de fora se mistura ao que já existe dentro e a partir daí as indagações acerca

dos sentidos de existir, ser e atuar. O supervisor deve ser aquele que também

ajuda o professor a entender e a ajudar os seus alunos nessa travessia do

conhecimento e atuação na sociedade, e se essa sociedade almeja a presença

do cidadão a escola precisa estar preparada e mais ainda preparar os seus

profissionais.

A educação é a base de qualquer país. O papel da escola é oferecer a

todos os cidadãos conhecimentos formais e o desenvolvimento de

competências para uma melhor cidadania. Uma escola somente poderá ser

considerada inclusiva quando estiver organizada para favorecer a cada aluno,

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

22

independentemente de etnia, sexo, idade, deficiência, condição social, ou

qualquer outra situação. A escola deve conhecer cada aluno, respeitar suas

potencialidades e necessidade, e oferecer a eles um ensino de qualidade. É

importante a participação ativa de gestores, professores famílias e membros

da comunidade para se planejar uma escola inclusiva. Portanto, para se

construir uma escola inclusiva faz necessário transformações no contexto

educacional. Transformação de idéias tanto no assunto político como no

administrativo e também no didático pedagógico.

2.1. O Projeto Político Pedagógico

Para Rangel (1999) a supervisão participa do projeto pedagógico da

escola, da sua elaboração – os componentes estruturais, conceituais, os

fundamentos, finalidade – e da sua utilização, como referência, não só do que

é, mas também do que se pretende que seja o trabalho coletivo.

Segundo ela:

“Projeto é algo que se quer alcançar, aponta a meta, mas também indica o caminho; é algo de hoje e, como tal, expõe e explica o que se faz no presente; é algo do passado porque nele encontram os fundamentos, os percalços, os fatores de avanço; é algo do futuro porque, aproveitando o passado e contemplando o presente, faz uma projeção do amanhã.” (Rangel, 1999 pág. 94)

Tem que constar no Projeto Político Pedagógico como prioridade o que

se vai fazer, por que se vai fazer, para que se vai fazer para quem se vai fazer

e como se vai fazer, visando os princípios, os objetivos educacionais para

proporcionar um melhor aprendizado as crianças e adolescentes da

comunidade.

Rangel (1999) deixa claro que o projeto deve trazer à finalidade da

educação, da escola, o histórico, a origem, o percurso, o contexto do bairro, da

cidade, do Estado; objetivos específicos do trabalho educativo a que a escola

se propõe; a comunidade, os pais e sua participação; a organização estrutural

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

23

e funcional; os planos, os setores, o currículo, o processo de avaliação e

recuperação.

São vários os passos a serem seguidos na construção do projeto

político pedagógico, como por exemplo: o que entendemos por educação?

Qual o papel e a função da escola na formação do cidadão?

Como é a relação escola e comunidade?

Como tem sido a participação da comunidade no cotidiano escolar?

Como tem sido a participação dos pais no cotidiano escolar? (entre outros)

A comunidade precisa questionar a escola que tido de cidadãos ela quer

formar?

Que tipo de comunidade esta escola deseja desenvolver?

Alunos, professores, funcionários, pais é importante esta interação para

desenvolver este projeto político pedagógico. Cada um deles dando suas

sugestões. Esta participação de todos precisa ser planejada para alcançar os

resultados educacionais pretendidos pela escola. O Projeto Político

Pedagógico é uma busca da melhoria da qualidade de ensino para todos que

planejam e participam.

É importante que todos que fazem parte da escola estejam avaliando

questões como, por exemplo: como está estruturada esta escola? Como e

praticado a gestão escolar? Como é o fazer pedagógico cotidiano? (entre

outros).

Nas palavras de Alonso (1999):

“Para tanto, é preciso que a escola e os seus responsáveis conheçam as expectativas e necessidades dos alunos, para definir prioridades de formação e construir um projeto pedagógico coerente e realista (Alonso, 1999 pág. 169)”

O próximo passo da elaboração do projeto pedagógico 1) caracterização

sócio-politica da escola 2) caracterização estrutural da escola 3) Objetivos

gerais 4) objetivos específicos 5) administração 6) didático-pedagógico 7)

avaliação (entre outros).

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

24

Cabe a escola unir professores, funcionários para discutir os princípios

objetivos e metas estabelecidas no projeto político pedagógico. A direção de

uma escola precisa ser dinâmica, comprometida e motivadora para a

participação de todos os atores sociais. Outro papel importante da direção

exercer liderança na comunidade. Trazer as famílias e demais setores da

comunidade para dentro da escola. Com isto fortalece a escola na busca de

seus objetivos. E família e sociedade passam a se sentir útil. O diretor é o

grande articulador da gestão pedagógica, é aquele que vai direcionar todo

trabalho pedagógico do ano em curso e auxiliando nessa tarefa pelo

coordenador pedagógico, quando existe.

Segundo Celestino Alves (1999):

“Se a supervisão e a escola compreendem e assumem verdadeiramente o trabalho coletivo, elas sabem também que o projeto pedagógico unificador do esforço de todos os trabalhadores do ensino não pode ser reduzido à idéia de plano diretor e muito menos à idéia de plano “do diretor”. Pensar o projeto pedagógico é pensar o futuro da escola, delinear o horizonte para o qual ela encaminhará sua trajetória, é pensar “o que a escola quer ser quando crescer?”. Um plano diretor fruto da reflexão coletiva, e todos os demais que se fizerem necessários constituirão etapas de trabalho no rumo dessa caminhada até o horizonte pretendido” (1999 pág. 232)

À supervisão deve coordenar a elaboração dos projetos e buscar das

demais instituições, órgãos públicos privados e empresas, a possibilidade da

realização de parcerias e convênio de cooperação. O trabalho pedagógico tem

que ser realizado na realidade do cotidiano das salas de aula. Esse trabalho

precisa ser ativo e inerente em toda escola. É importante a participação da

família na vida escolar de seus filhos também, e isto acontecendo todos

estarão participando de um processo de socialização família, escola

comunidade. Quando há essa socialização aí a escola pode levar ao

conhecimento da comunidade que é dever da escola realizar projetos que

atendam a necessidade das famílias, de seus alunos

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

25

2.2 A LIDERANÇA

O termo liderança tem deixado de lado um reflexo de autoritarismo para

tomar o espaço de controle dirigido conscientemente ou não. Fala-se de

liderança conquistada.

A liderança pode ser analisada a partir de duas vertentes: aquela

delegada a alguém ou simplesmente aquela dita conquistada. Nesse aspecto

acredita-se que a liderança tem um caráter comportamental e para tanto pode

ser aprendido

O supervisor precisa estar atento aos comportamentos. Segundo

Nelma (2009, pág. 6 e 7): “Quanto maior e mais diversificado for o

conhecimento que o líder tem de si mesmo e do outro, maior probabilidade de

eficácia no seu relacionamento com as pessoas com quem trabalha.” Isso que

dizer que é preciso atentar-se também ao próprio comportamento tendo em

vista que esse será o espelho para o grupo e com certeza influenciará na

motivação do mesmo. Quando eu conheço o grupo eu sei suas peculiaridades

e a forma como lidar com cada pessoa. Isso é importante, principalmente em

uma organização escolar.

A comunicação também é fator e condutor importante no processo de

socialização. “Comunicação é o elemento que o líder usa na flexibilidade de

ação”. (Nelma 2009, pág. 15). Uma falha na comunicação poderá prejudicar

todo um processo em andamento. Nota-se também que comportamento e

comunicação apresentam certa relação e ou contraposição. Às vezes o que é

dito pelo líder não é interpretado pelo grupo da maneira desejada devido um

comportamento contrário a fala. Por exemplo: um líder que elogia, mas o olhar

e os gestos deixam transparecer falta de sinceridade, olhares que não se

cruzam, ou de repente um discurso forçado. Pode parecer que não haja

importância, mas quantas pessoas têm executadas tarefas erradamente por

falhas na comunicação ou quantas pessoas não têm deixado desafetos

tomarem conta de suas vidas devido percalços na comunicação e/ou no

comportamento interpretados erroneamente?

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

26

Podemos dizer que a liderança tem com certeza a contribuição dos

liderados que a direcionam para o sucesso ou fracasso. As pessoas mantêm-

se unidas num grupo, baseadas em detalhes cotidianos. A dimensão aqui

corresponde à evidência com que a moral se apresenta no líder, desde

eventos simples até os mais sofisticados e complexos. A base aqui existente

traduz, sobremaneira, o elo que une as pessoas e as mantêm grupalmente de

forma sólida. A troca de conhecimento por meio da aprendizagem bem ilustra

esta característica de liderança. Outro item é a compreensão que as pessoas

podem ter umas das outras, ao ouvi-las atentamente, tornando-se mais

empáticas e gerando entendimento mais profundo. Em suma, nas relações

humanas, onde haja um modelo de liderança que atua com profundidade, de

cuja base é a confiança; encontramos motivos e desenvolvimento pessoal e

profissional com comprometimento.

A motivação é outro aspecto a ser desenvolvido pelo líder, se não for

um dos principais. Falar de motivação é falar de comportamento a ser induzido

para a conquista de algo, alcance de algum objetivo.

Segundo Iravam e Norma (pág. 3 e 4) “a motivação surge como uma

mola propulsora para se alcançar o desempenho esperado. Somente pessoas

motivadas conseguirão desenvolver seus projetos de forma a atender às metas

e aos objetivos traçados pela organização, no caso da nossa reflexão a

instituição escolar”. E foi justamente fazendo essa análise do comportamento

de pessoas em empresas, estas motivadas ou não, que analisamos os

comportamentos dentro da escola e a função da liderança pedagógica no que

diz respeito ao alcance de metas e fatores que pudessem interferir em

resultados.

Não é fácil lidar com um grupo que a todo o momento apresenta

resistência quanto às propostas da escola, resistência ligada a interferências

internas que dizem respeito à motivação, stress, falta de valorização

profissional e outros.

No contexto educacional a liderança é tida como foco importante no

momento da integração e interação do grupo com o líder. Na escola isso é

impar quando da execução de alguma atividade, o supervisor antes de tudo

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

27

precisa apresentar argumentos que façam o grupo interessarem-se pela

proposta, em outras palavras abraçar a causa. É preciso também que o grupo

sinta confiança naquele que os rege. Essa relação de confiança não é algo

imposto mais conquistado. Escolas de sucesso têm pessoas de sucesso que

trabalham coletivamente e a palavra de ordem é coletividade, caminhar com

objetivos significativos e de interesse de todos.

A participação do grupo nas decisões e etapas do processo também

contam ponto para o sucesso. Lideres que impõem não são aceitos e acabam

por frustrar o planejado, já lideres tidos democráticos, sabem ouvir e partilhar

suas idéias de modo a conquistar o consenso nas ações. Algumas

características do líder democrático valem à pena citar segundo Nelma (2009,

pág.18):

- Supõe que seu poder lhe é conferido pelo grupo;

- Orienta-se para o grupo;

- Dá considerável liberdade aos seus subordinados no trabalho;

- dá ordens somente depois de consultar o grupo, providencia que as

direções sejam elaboradas em discussão do grupo e com a aceitação do

grupo;

- Explicita previamente os planos a longo prazo;

- Torna claro que elogio ou repreensão é assunto para o grupo;

- Participa do grupo como um dos membros.

Quando se tem uma liderança com os mesmos objetivos do grupo e

vice versa fica fácil até mesmo entender as metas e traçar ações para

alcançar.

A valorização do que é conquistado também precisa ser colocado em

relevo. Pessoas gostam de ser elogiadas e valorizadas pelo que fazem e

falam.

“O líder atual precisa ser um aglutinador, tem que, acima de tudo, ter a

capacidade de gerir pessoas, antes mesmo de pensar tarefas, estruturas e

tecnologias.” (Iravam e Norma pág.13)

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

28

Um lugar onde tenho pessoas com culturas e crenças distintas ou não,

precisam ser bem tratadas e avaliadas pelo supervisor. Antes de tudo o

supervisor precisa ser um pesquisador de campo para saber como lidar.

2.3 OJETIVOS DO SUPERVISOR

A Supervisão entendida em tempos anteriores deveria deter o

autoritarismo e para tanto confirmava uma educação controladora que

justificasse o sistema vigente. Com o passar do tempo e um “abrir a mente”

começa-se a questionar determinadas coisas e fatos e principalmente o papel

a ser desempenhado.

O supervisor hoje deve trabalhar de forma coletiva, com todos da

unidade (professores, Direção etc.), para que se possa fazer uma análise

consciente sobre o cotidiano escolar e do cotidiano da sociedade, para uma

melhor qualidade de ensino.

Pensar na formação dos supervisores requer avaliar os objetivos dos

alunos, professores dos quais ao lado irá se construir o profissional. Significa,

conseqüentemente, formar para a prática coletiva.

O supervisor, na atual realidade, é capaz de pensar e agir com

inteligência, equilíbrio, liderança e autoridade, valores esses que requerem

habilidade para exercer suas atividades de forma responsável e comprometida.

É necessário que o supervisor escolar tenha uma visão macro de todo o

processo ensino-aprendizagem, de tal forma que o possibilite perceber que

para se alcançar o objetivo de um trabalho não se deve perder a dimensão

humanística, ou seja, que trabalhamos com pessoas e para pessoas, e,

portanto, temos que saber lidar com as diversas situações do cotidiano das

relações sociais que ocorrem no interior da escola e da comunidade

articulando e mediando conflitos, gerando oportunidades de participação e

acesso na comunidade escolar, esta entendida como professores, zeladores,

merendeiras, funcionários da secretaria, a Direção, a comunidade do bairro,

etc.

Enfim, a prática da supervisão deve possibilitar ao outro o sentimento

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

29

de inclusão no processo.

Para Passerino (1996:40), “o trabalho do supervisor educacional deve

ser orientado pela concepção libertadora de educação, exige um compromisso

muito amplo, não somente com a comunidade na qual se está trabalhando,

mas consigo mesmo”. Trata-se de um compromisso político que induz a

competência profissional e acaba por refletir na ação do educador, em sala de

aula, as mudanças almejadas. Nas palavras de Mary Rangel:

“No sonho desdenha-se o supervisor competente, entendendo-se que a competência é, em si, um compromisso com o público, com o social e, portanto, com o político, com a sua etimologia na polis, “cidade”, coletividade. E o interesse coletivo opõe-se ao interesse individualizado, na educação e no seu serviço supervisor”. (Rangel, 1999. Pág. 74).

Todavia, a tarefa do supervisor é muito difícil de ser realizada, exige

participação para a integração em sua complexidade.

A caracterização da Supervisão precisa ser definida e assumida pelo

Educador e pelo Supervisor. É uma opção que lhe confere responsabilidade e

a tranqüilidade de poder. O supervisor precisa ter uma lente de aumento para

analisar a realidade e a partir daí definir estratégias de ação; deverá ser capaz

de desenvolver e adotar esquemas conceituais autônomos e não dependentes

diversos de muitos daqueles que vem sendo empregados como modelo, pois

um modelo de Supervisão não serve a todas as realidades.

O Supervisor possui uma função globalizadora do conhecimento através

da integração dos diferentes componentes curriculares. É justamente essa

visão macro de todo processo que pode ricamente contribuir no trabalho

interdisciplinar orientando o docente à melhor maneira de desenvolver seu

trabalho em sala de aula.

O objetivo primo da supervisão só pode ser definido a partir da analise

dessa realidade que o é apresentado e precisa ser investigado em todos os

seus aspectos.

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

30

2.4 O PROFESSOR E SUA PRÁTICA

A realidade atual exige do educador novas posturas, entre elas, o

retomar constante de sua prática pedagógica e um olhar amoroso diante das

dificuldades do educando. Entendemos que o contexto estrutural em nada

colabora para uma empolgação pedagógica, grandes revoluções educacionais.

No entanto para acompanhar as mudanças vigentes é preciso que o professor

se incorpore de inovações.

“Essa necessária renovação da instituição educativa e esta nova forma de educar requerem uma redefinição importante da profissão docente e que se assumam novas competências no quadro de um conhecimento pedagógico, cientifico e cultural revistos. Em outras palavras a nova era requer um profissional da educação diferente” (Imbernón, 2005, PAG 12).

Embora muitos sejam os aspectos que determinem o sucesso ou o

fracasso na aprendizagem, o professor é o grande responsável e não pode se

isentar de sua responsabilidade.

Não há como continuar com uma prática da reprodução, abarcando

interesses de uma minoria, pois hoje a maioria começa a se fazer presente e

luta por espaço na sociedade e as inquietações e dúvidas são despejadas no

professor que precisa estar preparado para responder.

Hoje a profissão docente requer outras funções além das que já são de

práxis segundo Imbernón: “motivação, luta contra a exclusão social,

participação, animação de grupos, relações com estruturas sociais, com a

comunidade... e isso requer uma formação inicial e permanente.” Podemos

dizer que prática não acontece mais sozinha e o professor precisa estar

preparado para receber e entender que ele já não é mais visto como o detentor

de todo o conhecimento e para isso é procurado. Temos o professor que é

indagado politicamente, profissionalmente, socialmente. Como lidar com essa

demanda que extrapola o conhecimento cientifico do docente? Para Imbernón

“isso implica uma mudança nos posicionamentos e nas relações com os

profissionais, já que isolados eles se tornam mais vulneráveis ao entorno

político, econômico e social.” Outro aspecto importante é o profissional

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

31

conhecer a realidade onde atua, relacionando o conteúdo com as vivências do

aluno e com a realidade atual tornando-o significativo. De acordo com Libâneo

(1994), o trabalho docente deve ter como referência a prática social, isto é, a

realidade social, política, econômica e cultural da qual tanto o professor como

os alunos são parte integrante.

“Um aspecto que deve ser introduzido no conceito de desenvolvimento

profissional refere-se ao coletivo ou institucional, ou seja, o de

desenvolvimento de todo o pessoal docente que trabalha na instituição”

(Imbernón, 2005 pág. 45)

Quando nos referimos à pessoal é importante destacar também todos

que fazem parte do processo como cita Imbernón: “Portanto, nesse conceito

seriam incluídas as equipes de direção, o pessoal não-docente e os

professores.”

Quando falamos em formação inicial e permanente Imbernón traduz

bem o novo olhar sobre formação:

“Abandona-se o conceito de que a formação é a atualização cientifica didática e psicopedagógica do professor para adotar um conceito de formação que consiste em descobrir, organizar, fundamentar, revisar e construir a teoria” (2005, PAG 49).

E diz mais:

“A formação permanente tem o papel de descobrir a teoria para ordená-la, fundamentá-la, revisá-la e combatê-la, se for preciso. Seu objetivo é remover o sentido pedagógico comum, para recompor o equilíbrio entre os esquemas práticos e os esquemas teóricos que sustentam a prática educativa”. (2005, PAG 59).

Não adianta entender a docência como a incorporação de conteúdos

facilmente internalizados por seus locutores. O desafio do professor é

justamente lidar com eles nas diversas situações que se apresentam no

decorrer de sua pratica. Uma formação permanente requer também a pesquisa

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

32

por parte desse profissional e sabemos que a estrutura não é tão propicia para

tal. Na realidade atual professores sobrecarregados com provas, às vezes com

mais de 5 turmas, trabalhando em escolas diferentes o que também influencia

no perfil desse profissional que precisa caracterizar-se de acordo com o

espaço, alem do reconhecimento que as vezes deixa a desejar. Acredita-se

que se existem falhas no sistema educacional a melhor maneira de

redimensionar o trabalho é assumir o compromisso de fazer do trabalho

educacional uma meta a ser atingida por todos. Nessa busca incessante por

uma nova postura de trabalho, o professor possui um papel fundamental, por

isso, deve recuperar o ânimo, a sede e a vontade de educar e fazer do ensino

uma ação construtiva. Deve agir como um verdadeiro aprendiz na busca pelo

conhecimento e fazer desta ferramenta um compromisso social.

Para Nóvoa: “A troca de experiências e a partilha de saberes consolidam

espaços de formação mútua, nos quais cada professor é chamado a

desempenhar, simultaneamente, o papel de formador e de formando. (1997,

p.26)”

O elo de ligação de responsabilidade do supervisor está justamente em

proporcionar espaços para troca de experiências e vivências entre os

docentes. Infelizmente o que observamos em algumas realidades educacionais

é que tais momentos acontecem rapidamente em um ou dois dias de jornada

pedagógica onde os responsáveis às vezes se detêm em teorias e esquece-se

de ouvir quem as pratica ou não. Limitar a troca de vivências em jornadas é

perder grandes oportunidades durante o ano letivo de enriquecer o

aprendizado do próprio docente. As coordenações coletivas se bem

direcionadas poderiam suprir tais carências no decorrer do ano.

É de suma importância para o grupo andar no mesmo caminho, falando a

mesma linguagem o que contribui para que o trabalho pedagógico flua

naturalmente. Resistências e pequenos grupos que se formam são normais e

deve ser tido como um desafio para o supervisor no momento que tiver que

lidar com os conflitos.

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

33

O sucesso profissional do professor, o espaço ideal para seu

crescimento, sua formação continuada, pode ser também seu local de

trabalho. Estudos apontam que existe a necessidade de que o professor seja

capaz de refletir sobre sua prática e direcioná-la segundo a realidade em que

atua, voltada aos interesses e às necessidades dos alunos.

Para Imbernón “a qualidade não está unicamente no conteúdo, e sim na

interatividade do processo, na dinâmica do grupo, no uso das atividades, no

estilo do formador ou professor, no material que se utiliza.” (2005, PAG 99).

“O docente deve reconhecer então que ele próprio é um aprendiz e

quando aprende, provoca uma transformação em si mesmo, de modo que

continuamente ele se converte numa pessoa diferente” (Edy Przbylski, 1977.

pág. 40).

2.5 RELAÇÃO PROFESSOR - ALUNO E A APRENDIZAGEM

Para falarmos da relação professor aluno nos cabe oportunamente

exemplificar como se dão segundo as tendências pedagógicas relacionadas

por Libâneo (1985) referidas pelo autor Aquino (1996):

“Dentre as tendências liberais a conservadora referenda basicamente a autoridade do professor... na renovada progressivista não há uma posição central para o professor; antes seu papel é auxiliar o desenvolvimento livre e espontâneo da criança...; a renovada não diretiva, por sua vez, privilegia uma educação centrada no aluno, onde o professor é um especialista em relações humanas, ao garantir um clima de relacionamento pessoal e autêntico. Por fim na tecnicista, o que define as relações é o grau de estruturação e objetividade, bem como uma definição clara dos papéis de professor e aluno” (Aquino, 1996 pág. 24).

Nesse entendimento percebemos que o papel do professor é

primordialmente centralizador e o aluno um mero receptor do conhecimento

sem qualquer consideração a ser feita sobre o seu pessoal e o que há para

contribuir no processo de ensino aprendizagem. Não há de se negar que

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

34

mesmo com todo esse afastamento da participação discente, a formação

acontecia voltada a interesses externos (sistema).

Já nas tendências progressistas:

“... a libertadora é aquela que busca um tipo de conscientização sem qualquer relação de autoridade. No diálogo, como método básico, a relação horizontal, onde educador e educandos se posicionam como sujeitos do ato do conhecimento. Por sua vez, a libertária se imcube da transformação da relação professor-aluno no sentido da não diretividade, isto é, considerar desde o início a ineficácia e a nocividade de todos os métodos à base de obrigações e ameaças. (...) o professor é um orientador e um catalisador... Por último, na crítico-social dos conteúdos, o que se visa são as trocas entre o sujeito e o meio, onde a relação pedagógica consiste no provimento das condições em que os professores e alunos possam colaborar para fazer progredir essas trocas. (...) esse esforço do professor em orientar, em abrir perspectivas a partir dos conteúdos, implica um envolvimento com estilo de vida dos alunos, tendo consciência inclusive do contraste entre suas culturas.” (Aquino, 1996 pág. 24)

Independente da abordagem segundo reflexão de Libâneo (1985) não

há como negar que a “figura do professor é invariavelmente aquela que

imprime força e sentido a relação.

Há uma participação forte do professor nessas tendências no aspecto

social da vida dos alunos, seja como orientador, facilitar ou mesmo

colaborador. O autor Grillo (1988) citado por Aquino nos diz que a prática

educativa viabilizada através da interação professor-aluno, transcende o

espaço da sala de aula, constituindo-se, também, numa prática social. Por isso

é fundamental a todo professor ter uma clara visão de mundo, de sociedade e

uma filosofia de educação explicita que lhe permitam reconhecer que seu

compromisso com o educando não se restringe aos conteúdos escolares, mas

que há também entre eles um compromisso político.”

É o que podemos comprovar no que é defendido pelas tendências

progressistas apresentadas. Tamanha é tal influência que poderá influenciar

também no comportamento do aluno.

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

35

“Todo professor é avaliado a cada minuto por sua turma: tanto pode ser

considerado um exemplo a seguir como ser taxado de incompreensível,

volúvel, de comportamento estranho.”(Nova Escola 2010 pág.76).

Os rumos da prática educativa em sala de aula dependerão do

comportamento do professor não só no sentido de conduzir o aprendizado

como de influenciar na captação e utilização deste na realidade discente.

A aprendizagem é gradual, isto é, vamos aprendendo pouco a pouco,

durante toda a nossa vida. Portanto, ela é um processo constante, continuo.

Cada indivíduo tem seu ritmo próprio de aprendizagem (ritmo biológico) que,

aliado ao seu esquema próprio de ação, irá constituir sua individualidade.

A partir do que o aluno trás em sua bagagem cultural o professor terá

mais subsídios para traçar as metas de aprendizagem a serem alcançadas,

entendo ser de grande importância essa relação de significância entre o saber

do aluno e o novo saber que será sistematizado em conteúdos ministrados

pelo professor.

Aprendemos por nós mesmos, não podemos aprender pelos outros. As

novas aprendizagens do individuo dependem de suas experiências anteriores

(Piaget). Assim, as primeiras aprendizagens servem de pré-requisitos para as

subseqüentes. Por esse motivo, dizemos que aprendizagem é um processo

cumulativo, ou seja, cada nova aprendizagem vai se juntar ao repertorio de

conhecimentos e de experiências que o individuo já possui, indo constituir sua

bagagem cultural.

Existem pelo menos sete fatores fundamentais para que a

aprendizagem se efetive, seja qual for à teoria de aprendizagem considerada e

ao conjunto desses elementos, Brunner (2007) chamou de prontidão para

aprendizagem:

Saúde física e mental;

Motivação;

Prévio domínio;

Maturação;

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

36

Inteligência;

Concentração ou atenção.

Dizemos que o aluno está pronto para aprender, quando ele apresenta

um conjunto de condições, capacidades, habilidades e aptidões consideradas

como pré-requisitos para o inicio de qualquer aprendizagem. Quando falamos

em prontidão, portanto, não nos referimos apenas a uma habilidade, mas a um

conjunto de habilidades que ele deverá desenvolver de modo a ser tornar

capaz de executar determinadas atividades.

O inicio da escolarização no nível de primeiro grau deve ser precedido

de uma avaliação das capacidades e habilidades da criança. Isso é muito

importante, pois evita que ela inicie um curso para o qual talvez ainda não

apresente os pré-requisitos exigidos.

Os problemas de aprendizagem que podem ocorrer tanto no inicio como

durante o período escolar surgem em situações diferentes para cada aluno, o

que requer uma investigação no campo em que eles se manifestam.

Qualquer problema de aprendizagem implica amplo trabalho do

professor junto á família, para analisar situações e levantar características,

visando descobrir o que está representado dificuldade ou empecilho par que o

aluno aprenda.

É importante ressaltar que, se o professor não conhece as

manifestações próprias do pensamento desse aluno para as várias faixas

etárias, terá dificuldade em identificar o estágio em que ele se encontra.

Contando com seus conhecimentos na área da psicologia e da Didática,

o professor deve ter em mente uma noção bastante clara do que é normal,

problemático e anormal ( ou patológico) no comportamentos discente.

No entanto, para o professor que necessita avaliar um problema de

aprendizagem, é importante apenas estabelecer um critério seguro e

significativo.

Como o movimento discente para a liberdade e a autonomia acontece

de maneira gradativa (através da superação de cada crise de

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

37

desenvolvimento), cabe ao professor reconhecer as características próprias do

de cada faixa etária.

Em contrapartida para que o aluno se desenvolva bem, precisa de um

ambiente efetivamente equilibrado, onde ele receba amor autentico de onde

lhe permitam satisfazer as necessidades próprias seu estado. Quando isso não

acontece, inicia-se uma luta entre o ambiente em que ele vive e as exigências

que apresenta o que fatalmente levará a uma situação de desequilíbrio,

possível geradora de comportamentos problemáticos ou até patológicos.

Entendemos os problemas de aprendizagem às situações difíceis

enfrentadas pela criança normal e pela criança com um desvio do quadro

normal, mas com expectativa de aprendizagem em longo prazo.

Pela intensidade com que se apresentam os sintomas e

comportamentos, pela duração que eles têm na vida escolar e pela

participação do lar e da escola nos processos problemáticos, fica difícil para o

professor diferenciar um distúrbio de um problema de aprendizagem.

Portanto, estabelecer claramente os limites que separam “problemas” de

aprendizagem dos chamados “distúrbios” de aprendizagem é uma tarefa muito

complicada, que fica a critério do especialista na área em que a deficiência se

apresenta.

Cabe ao professor apenas detectar as dificuldades de aprendizagem

que aparecem em sua sala de aula, principalmente nas escolas mais carentes,

e investigar as causas de forma ampla, que abranja os aspectos orgânicos,

neurológicos, mentais, psicológicos adicionados à problemática ambiental em

que a criança vive. Essa postura facilita o encaminhamento do aluno a um

especialista que, ao tratar da deficiência, tem condições de orientar o professor

a lidar com alunos em salas normais ou, se considerar necessário, de indicar

sua transferência para salas especiais.

Existem inúmeros fatores que podem desencadear um problema ou

distúrbio de aprendizagem. São considerados fundamentais:

- Fatores orgânicos - saúde física deficiente, falta de integridade

neurológica (sistema nervoso doentio), alimentação inadequada etc.

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

38

- Fatores psicológicos/inibição, fantasia, ansiedade, angustia,

inadequação à realidade, sentimento generalizado de rejeição e etc.

- Fatores ambientais - o tipo de educação familiar, o grau de

estimulação que a criança recebeu desde os primeiro dia de vida, a influencia

dos meios de comunicação etc.

Na verdade, quando o ato de aprender se apresenta como problemático,

é preciso uma avaliação muito mais abrangente e minuciosa. O professor não

pode esquecer de que o aluno é um ser social com cultura, linguagem e

valores específicos aos quais ele deve estar sempre atento, inclusive para

evitar que seus próprios valores não o impeçam de auxiliar o aluno em seu

processo de aprender. O aluno é um todo e, quando apresenta dificuldades de

aprendizagem, precisa ser avaliado em seus vários aspectos.

No entanto, os alunos que apresentam distúrbios ou problemas de

aprendizagem (considerados como um grupo significativo), não têm essa

oportunidade.

CAPÍTULO III

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

39

O SUPERVISOR E O TRABALHO DOCENTE

O supervisor antes de qualquer coisa precisa ser um constante

pesquisador, é necessário que ele antecipe conhecimentos para o grupo de

professores, lendo muito, não só sobre conteúdos específicos, mas também

livros e diferentes jornais e revistas.

“A pesquisa é focalizada pela supervisão, de modo a entender que o professor é não apenas sujeito, mas participante de investigações, e que a escola não só é instância de ensino, mas também de produção de conhecimento.” (Rangel, 1999 pág. 94).

Para Rangel “a pesquisa também é objetivo comum, que motiva,

mobiliza e aproxima professores e setores, de modo que cada caso ou

experiência sejam objetos de análise conjunta, de forma crítica e

sistematizada. E a escola, então, amplia os horizontes de suas contribuições à

comunidade que se utiliza de seus serviços, e à educação, que nela se

sintetiza”. (1999, pág. 95)

Ao supervisor compete provocar a discussão e a negociação de idéias,

promover a reflexão e a aprendizagem em equipe, organizar o pensamento e a

ação do coletivo das pessoas como indivíduos. Concretamente segundo Edy

Przbylski “o supervisor pode contribuir para a mudança na conduta docente

dedicando-se a”:

“ Ajudar os docentes a descobrir novos problemas, a examinar e selecionar novos objetivos educacionais, cooperar com eles em diversos programas de investigação ou estudo em grupo, estimular uma maior criatividade e originalidade, formular elogios e infundir confiança para a realização de investigações, apoiar e estimular aos docentes principalmente aos iniciantes, proporcionar materiais relacionados com o currículo ou recursos de ensino, estabelecer boas relações humanas na escola, sugerir métodos de melhoramento para os docentes, estimular a diversidade de opiniões e conduta docente” (1977, PAG 39)

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

40

O supervisor nesse ponto de vista é um elo e interação entre os

professores e para tanto deve ter garantida a confiança dos professores,

tendo em vista que boa parte da prática é ou pelo menos deve ser mediada

por esse profissional. Deve considerar que a sua responsabilidade vai além

da sala de aula, colaborando na articulação entre escola e comunidade

também. O comprometimento do supervisor e dos educadores com as

transformações que ocorrem é fundamental e isso se dá através do diálogo

entre os mesmos a fim de alcançar a construção da relação de mediação.

A supervisão tem um papel político-pedagógico e de liderança no

espaço escolar. Atualmente se busca a construção de uma nova identidade

supervisora, que atenda às demandas de um momento histórico que busca

novas significações e novos desafios se inserem no cotidiano das instituições

de ensino. Diante do que espera a nova demanda o supervisor escolar

representa uma figura de inovação. Surge um profissional sensível as

mudanças e perceptível as transformações, tanto da administração escolar, a

fim de fazer com que sejam cumpridas as normas e como facilitador da

atividade docente, garantindo o sucesso do aprendizado.

Essa parceria professor supervisor se dá pelo fato do primeiro dominar os

conteúdos e o segundo as diversificações de métodos a serem aplicados para

a eficácia do ensino. Remetemo-nos a uma relação de trocas e integração de

ambos os trabalhos desempenhados. Assim, torna-se desafio do professor a

busca do conhecimento para poder encaminhar e articular o trabalho nas

diferentes áreas; reflexões permanentes sobre os princípios que fundamentam

os valores, objetivando a construção da cidadania no espaço escolar.

Nas palavras de Alonso:

“... ao pensar o processo de mudança a partir da escola, sob a égide da supervisão, é preciso considerar o estágio de desenvolvimento dos professores e da equipe escolar em termos de conhecimento e compreensão das bases teórico-práticas em que ele se assenta. Implica dizer que é preciso prepará-los, ajudá-los a compreender e analisar o próprio trabalho e sua prática a luz dos resultados quantitativos e qualitativos.” (Alonso, 1999 pág.177)

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

41

Assim, acredita-se que uma das funções específicas do supervisor é a

socialização do saber docente por meio da troca de experiências e vivencias

que contribuem também para o crescimento do profissional.

Entendendo a supervisão como um trabalho de assessoramento, Alonso

(1999, pág. 179 e 180) destaca algumas condições para o desenvolvimento de

um trabalho de parceria tais como:

- manter um clima de abertura, cordialidade, encorajamento; fortalecer o sentimento grupal; trabalhar com professores partilhando idéias e estimulando e fortalecendo as lideranças, propiciando o trabalho em equipe, a troca de experiência, a reflexão sobre a prática, sugerindo, trazendo contribuições, mostrando caminhos e alternativas; - conhecer a legislação, seus limites e brechas, otimizando seu uso em proveito da escola e dos objetivos educacionais, preocupando-se sempre com a renovação da escola e das práticas pedagógicas, criando laços com a comunidade; - estimular o desenvolvimento de experiências e seu compartilhamento com o grupo; - atentar para as dificuldades apresentadas pelos professores, criando mecanismos que permitam a consulta e a discussão do assunto; - subsidiar os docentes com informações e conhecimentos atuais sobre temas complexos, de forma direta ou indireta, orientando leituras, dando referências ou propiciando encontros com especialistas da área; - atuar junto a administração da escola e/ou do sistema no sentido de viabilizar encontros para debates/estudos/intercâmbio, agilizando meios e condições para tanto.

Tarefa não muito fácil de cumprir, no entanto quando se demonstra força

de vontade e acima de tudo prazer naquilo que realiza em prol da formação do

educando, as dificuldades transformam-se em desafios.

CONCLUSÃO

Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

42

Entender o papel do supervisor na atual realidade a qual no inserimos

leva-nos a refletir sobre o tipo de educação formal que queremos para nossos

filhos e gerações subseqüentes.

É notório perceber que a palavra chave de toda nossa reflexão é:

coletividade. O trabalho em equipe harmoniosamente é o segredo para se

romper estruturas cristalizadas pelo tempo, é também forma de enriquecer

estratégias de ensino envelhecidas por profissionais que querendo ou não se

viram naufragados em métodos tidos hoje como fracassados e/ou incompletos.

Não é fácil romper com estruturas as quais a maior parte de seus

profissionais tem medo e ou não se arriscam em mudar e isso não por culpa

própria mais pelas condições as quais foram educados que na maioria das

vezes hoje pode explicar algumas perpasses na nossa prática educativa. Um

dos desafios do supervisor é justamente conquistar a confiança desse grupo

que detêm em suas mãos uma grandiosa competência: formar cidadãos.

A parceria que deve ser perseguida – professor/supervisor – precisa

cuidadosamente ser conquistada, primeiramente por uma investigação por

parte do supervisor, conhecendo o grupo, seus anseios, perspectivas. O

mesmo supervisor precisa a partir de diagnóstico despertar nesse docente o

prazer pela educação, pelo ensinar, mesmo que tal prazer não supere as

dificuldades encontradas no cotidiano escolar. Tarefa não fácil quando nos

deparamos com sistemas que mascaram uma formação continuada em 3 a 4

dias de semana pedagógica para disfarçadamente transmitir o que querem dos

alunos por meio dos professores no decorrer do ano. Vencida essa etapa é

hora do supervisor cultivar esse prazer e essa confiança no decorrer dos anos

letivos.

É preciso ter em mente que o principal personagem de toda essa

história – aluno – precisa ser preparado, como diz a nossa Carta Magna para a

cidadania, não uma cidadania imposta, mais uma cidadania na qual ele possa

se sentir preparado e saiba argumentar na hora certa, as coisas certas.

Durante nossa reflexão é percebido também a importância da escola e

principalmente dos seus envolvidos na hora de trabalhar para a mudança.

Dificilmente uma escola onde os superiores detenham um pensamento

Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

43

tradicional e seus professores progressistas conseguirão falar e trabalhar na

mesma língua. O supervisor deve ser então o elo entre as partes (professores

e direção) a fim de que um consenso sempre em favor do aluno e da

comunidade seja traçado e seguido por todos.

Acredito que o maior avanço em toda a discussão é justamente

reconhecermos a tempo que muito ainda se precisa mudar na educação e isso

deve começar por quem está liderando o grupo e daí a importância de um

supervisor pesquisador que estando a frente das novas tendências pode levá-

las a discussão e reflexão de seu grupo de trabalho para a partir daí traças

ações de sucesso.

A autora Naura Silva (1999, pág. 237) explica muito bem ao enfatizar

que “um novo conteúdo, portanto, se impõe, hoje, para a supervisão; novas

relações se estabelecem e novos compromissos desafiam os profissionais da

educação a outra prática não mais voltada só para a qualidade do trabalho

pedagógico e suas rigorosas formas de realização, mas também e,

sobremaneira, compromissada com a construção de um novo conhecimento –

o conhecimento emancipação -, com as políticas públicas e a administração da

educação no âmbito mais geral”.

Buscamos dessa forma clarificar um pouco a respeito do papel do

supervisor enquanto controlador para um novo perfil de líder que sabe

trabalhar em equipe.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Page 44: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

44

ALONSO, Myrtes. A Supervisão e o Desenvolvimento Profissional do Profesor. In: FERREIRA, Naura S. C. (org). Supervisão Educacional para uma Escola de Qualidade. São Paulo: Cortez, 1999.

ALONSO, Myrtes. (org). QUELUZ, Ana Gracinha (orient.). O Trabalho Docente: Teoría e Prática. São Paulo: Pioneira, 1999.

ALVES, Nilda (org.) Formação de Professores: pensa e fazer. 8ª Ed. São Paulo Cortez, 2004 (questões da nossa época).

ALVES, Nilda & Garcia, Regina Leite (org) O sentido da escola. Rio de Janeiro DP&A editora, 1999.

AQUINO, Julio Groppa. Relação professor-aluno: do pedagógico ao institucional. São Paulo, Summus, 1996.

BRANDÃO, C. R. O que é educação. Disponível in: www.brasil.gov.br, 1999.

BRUNNER, S. Jerome. Uma nova teoria de aprendizagem. Rio de Janeiro, Bloch, 1969.

CARVALHO, Vilson Sérgio. Refletindo sobre a escola: Espaço de Reflexão. Rio de Janeiro, A vez do Mestre – Tópicos Especiais em Educação e Legislação Educacional, Módulo II, 2009.

DALLARI, Dalmo. Ser Cidadão. São Paulo: Lua Nova, 1984.

DROUET, Ruth Caribe da Rocha. Distúrbios da Aprendizagem, 3ª. Edição. São Paulo, Ática, 1997.

DUTRA, Joelma Dias de Pontes. Planejamento Educacional e o Processo de Ensino Aprendizagem. Rio de Janeiro, A vez do Mestre – Planejamento Educacional, Módulo III, 2009.

FERREIRA, NAURA SYRIA CARAPETO (org.). Supervisão Educacional para uma escola de qualidade: da formação à ação. São Paulo: Cortez, 1999.

FREIRE, PAULO. Pedagogia da Autonomia. 20ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

FORQUIN, Jean-Claude. Escola e Cultura: as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar. Porto Alegre : Artes Médicas, 1993.

IMBERNÓN, Francisco. Formação Docente e profissional: forma-se para a mudança e a incerteza. 5ª Ed. São Paulo, Cortez 2005. – (Coleção Questões da nossa época).

Page 45: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

45

KALÓ, Leila Juliette. Dissertação. Supervisão Escolar: Expectativas e percepções do Supervisor Escolar, do Coordenador de área e do professor, quanto ao desempenho das funções do supervisor escolar. Rio de Janeiro, FGV, 1980.

LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública. São Paulo, Loyola, 1990

NÓVOA, ANTONIO. (coord). Os professores e sua formação. Lisboa-Portugal, Dom Quixote, 1997.

MACEDO Iravam Ferreira. Motivação. Rio de Janeiro, A vez do Mestre – Dinâmica das Relações Humanas, Módulo II, 2009.

MACHADO, L. M. (org.); FERREIRA, Naura Syriia Carapeto (org). Política e Gestão da Educação: dois olhares. 1ª Ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

MEDINA, A. S. Novos olhares sobre a supervisão. Supervisor Escolar: parceiro político-pedagógico do professor. Campinas, SP: Papirus, 1997.

MOREIRA, Norma Suely. Motivação. Rio de Janeiro, A vez do Mestre – Dinâmica das Relações Humanas, Módulo II, 2009.

NEY, Antonio Fernando Vieira. Elaborando o Projeto Político Pedagógico. Rio de Janeiro, A vez do Mestre – Planejamento Educacional, Módulo II, 2009.

OLIVEIRA, Maria Esther de Araújo. Refletindo sobre a escola: Espaço de Reflexão. Rio de Janeiro, A vez do Mestre – Tópicos Especiais em Educação e Legislação Educacional, Módulo II, 2009.

PASSERINO, L. R. l. M. O Supervisor educacional à luz da concepção libertadora. Revista Acadêmica, PUC - PR: 1996.

PINTO, Nelma Alves Marques. Liderança. Rio de Janeiro, A vez do Mestre – Dinâmica das Relações Humanas, Módulo III, 2009.

PRZYBYLSKI, Edy. Dissertação. Supervisão Escolar, a integração e o aprimoramento do professor. Porto Alegre, 1973 (1977).

REVISTA NOVA ESCOLA..São Paulo; Fundação Victor Civita. 2010. Mensal(janeiro/fevereiro). págs. 76 e 77.

SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia. São Paulo: Autores Associados, 1987.

SILVA, Naura, S. F.C. Supervisão Educacional: uma reflexão crítica. 11ed, vozes: Petrópolis 1999.

Page 46: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

46

SILVA JR., Celestino A. e RANGEL, Mary (orgs.). Nove Olhares sobre a

Supervisão, 3a ed. Campinas, SP: Papirus, 1999.

TOME, Neila Maria de Almeida. O processo de aprendizagem. Rio de Janeiro, A vez do Mestre – Aspectos psicopedagógicos aplicados à supervisão escolar, Módulo II, 2009.

URRUTIGARAY, Maria Cristina Fontes. Repensando o conceito de inteligência. Rio de Janeiro, A vez do Mestre – Aspectos Psicopedagógicos Aplicados a Supervisão Escolar, Módulo III, 2009.

WEBIOGRAFIA

ARAUJO, Odair José Moura. Pratica docente e formação para a cidadania.Disponível em: http://www.webartigos.com/articles/1059/1/a-pratica-

Page 47: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

47

docente-e-a-formacao-cidada/pagina1.html. publicado em 31/01/2007 e acessado em 27/11/2009. MAGALHÃES, Hilda Gomes Dutra. A pratica docente na era da globalização, Rio de Janeiro, 2001 Disponível em: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/prof04.htmhttp acesso em dia mês ano e acessado em 27/11/2009. KELER, Marcia. A parceria ideal entre o professor e supervisor escolar. Disponível em: http://www.webartigos.com/articles/26207/1/a-parceria-ideal-entre-o-professor-e-o-supervisor-escolar/pagina1.html, publicado em 10/10/2009 e acessado em 27/11/2009. SANTOS, Pablo. A historia da supervisão escolar. Disponível em: http://pt.shvoong.com/humanities/483027-supervis%C3%A3o-escolar-nas-palavras-um/. publicado em 08/02/2007 e acessado em 27/11/2009. MACHADO, Ana.Gestão Escolar. Disponível em: http://www.webartigos.com/articles/2377/2/supervisatildeo-escolar--novos-desafios-e-propostas/pagina2.html, publicado em 12/10/2007 e acessado em 27/11/2009. GIANCATERINO, Roberto. A supervisão educacional: as mudanças sob um olhar de uma educação libertadora Disponível em: http://www.meuartigo.brasilescola.com/educacao/a-supervisao-educacional-mudancas-sob-olhar-uma-educacao-.htm, publicado em dia mês ano acessado em 27/11/2009. FIGUEIREDO, Giovanni Costa. O papel do supervisor escolar Disponível em: http://sites.google.com/site/einarlogan/Home/pp, publicado em dia mês e ano acessado em 27/11/2009.

ÍNDICE

Page 48: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

48

FOLHA DE ROSTO

AGRADECIMENTO

DEDICATÓRIA

RESUMO

METODOLOGIA

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I

Supervisores Escolares – Análise política e contexto histórico

CAPÍTULO II

O papel da Escola

2.1 O projeto político pedagógico

2.2 A liderança

2.3 Objetivos do Supervisor

2.4 O professor e sua pratica

2.5 Relação professor aluno

CAPÍTULO III

O supervisor e o trabalho docente

CONCLUSÃO

BLIOGRAFIA CONSULTADA

ÍNDICE

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Page 49: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO …€¦ · desempenhar. (Nereide Saviani – grifos meus). O papel do professor também é analisado em seus aspectos práticos

49

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: