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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS- GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE LIDERANÇA EFICAZ Por: Bianna Vieira de Oliveira Miranda Orientadora Prof. Ana Cristina Niterói 2010

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS- GRADUAÇÃO “LATO … · do homem) são as de dar vida às nossas potencialidades, de nos desenvolvermos ou aperfeiçoarmo-nos continuamente, de

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS- GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

LIDERANÇA EFICAZ

Por: Bianna Vieira de Oliveira Miranda

Orientadora

Prof. Ana Cristina

Niterói

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS- GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

LIDERANÇA EFICAZ

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

Obtenção do grau de especialista em

Gestão de Recursos Humanos.

Por: Bianna Vieira de Oliveira Miranda

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que sempre está ao meu

lado, aos meus parentes e amigos

que sempre me dão força para continuar.

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RESUMO

Esta monografia tem como principal objetivo demonstrar a importância da

liderança para o cumprimento de metas nas organizações contemporâneas. O

estudo se justifica e se faz relevante, pois partindo-se da premissa que o líder

nas organizações contemporâneas deve ser capaz de motivar o

desenvolvimento de competências e o desempenho individual, este estudo se

justifica e se faz relevante pois o papel da Liderança nas organizações

modernas fundamenta-se, em síntese, na capacidade de articular as

necessidades demandadas das orientações estratégicas em harmonia com as

necessidades dos indivíduos, orientando as necessidades de ambas as partes

na direção do desenvolvimento institucional e individual. Concluiu-se que seria

desejável que o sistema de liderança adotado por uma empresa fosse capaz

de, à medida que for mensurando seu desempenho, identificar onde esta

precisa incrementar suas competências. Assim, estaria-se fazendo

constantemente um levantamento das necessidades de treinamento e sempre

com foco no desempenho global da organização.

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METODOLOGIA

O objetivo desta monografia visa tratar o tema “liderança”. Será utilizado como

métodos de pesquisa bibliográfica revistas, livros, questionários e Internet.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 8

1.1 Objetivos ..................................................................................................... 10

1.2 Problema .................................................................................................... 10

1.3 Justificativa ................................................................................................. 10

2 A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO .................................................................. 12

3 A GESTÃO DO DESEMPENHO ....................................................................... 23

3.1 Eficácia da implementação da gestão do desempenho .............................. 24

3.2 O problema da visão compartimentada ...................................................... 24

3.3 As estratégias como ponto unificador ......................................................... 26

4 O LÍDER NAS ORGANIZAÇÕES CONTEMPORÂNEAS .................................. 27

5 A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO .................................................................. 30

5.1 Dados Históricos ......................................................................................... 30

5.2 Conceito e Objetivos ................................................................................... 32

5.3 Vulnerabilidade da avaliação de desempenho ........................................... 37

5.4 Campo de abrangência da avaliação de desempenho ............................... 38

5.5 Tendências na avaliação do desempenho .................................................. 40

6 GESTÃO DE COMPETÊNCIAS ........................................................................ 43

6.1 Avaliação da função de Recursos Humanos .............................................. 47

6.2 Critérios de avaliação de ARH .................................................................... 49

6.3 Métodos de avaliação da ARH.................................................................... 50

6.4 Pesquisas internas de avaliação................................................................. 52

6.5 Pesquisas externas de avaliação................................................................ 52

7 A LIDERANÇA VOLTADA PARA A MOTIVAÇÃO E GESTÃO DE

COMPETÊNCIAS ................................................................................................. 53

7.1 O líder como gestor de talentos .................................................................. 57

7.2 Programas de incentivos e valorização das pessoas ................................. 60

7.2.1 A remuneração por competências ou habilidades ................................ 62

7.2.2 Universidades Corporativas ................................................................. 62

8 A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO NO CUMPRIMENTO DE METAS NAS

ORGANIZAÇÕES CONTEMPORÂNEAS ............................................................ 66

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8.1 O líder no estabelecimento de estratégias competitivas ............................. 66

8.2 O líder na transformação do Departamento de Recursos Humanos nas

Empresas .......................................................................................................... 69

CONCLUSÃO ......................................................................................................... 7

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 54

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1 - INTRODUÇÃO

Analisando a liderança na organização e / ou Empresa. Sua importância

para o desenvolvimento e a sobrevivência destas é essencial. Fazendo com

que o líder e sua equipe atuem num cenário dinâmico de interações permeadas

por intenções e finalidades em algum tipo de estrutura.

A importância emergente dos serviços em quase todos os negócios

ressaltou a noção de que o empregado bem treinado, desenvolvido e orientado

para serviços, ao invés de orientado para matérias-primas, tecnologia de

produção ou os próprios produtos, constitui o recurso mais crítico e escasso

hoje em dia. Esses empregados serão ainda mais críticos no futuro em um

crescente número de setores industriais.

Do ponto de vista estratégico, a gestão do desempenho constitui-se

em um processo que objetiva adequar a empresa a um mercado direcionado

ao cliente. Deste modo, a relação da empresa com o mercado, passa a ser a

prestação de um serviço realizado por clientes internos para os clientes

externos. É desta forma que o endomarketing fornece estímulo a toda a

organização, capacitando-a a manter-se direcionada para o atendimento do

mercado.

Nesse sentido, a gestão do desempenho objetiva simplificar e

realizar interações construindo relacionamentos sólidos com o público interno,

compartilhando os objetivos da organização, mantendo em harmonia e

fortalecendo estas relações. Sua função consiste em integrar a noção de

cliente nos processos internos da estrutura da empresa propiciando uma

melhoria na qualidade dos produtos e serviços através da produtividade

pessoal e da otimização dos processos.

O gerenciamento de atitudes, habilidades e competências é um

processo contínuo, ao passo que o gerenciamento da comunicação pode não

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apresentar a mesma continuidade, incluindo aí, atividades referentes à

propagação da informação em determinados momentos.

As abordagens atuais que investigam o papel da gestão empresarial

apontam para a necessidade de integrar o papel de administrador com o papel

de líder.

Diversas pesquisas sugerem que determinadas habilidades ou

competências se sobrepõem às demais, tais como: a competência de

identificar um caminho a ser seguido; a competência de mobilizar as pessoas

em torno de idéias inovadoras; a competência de motivar e estruturar equipes;

a competência de motivar pelo exemplo e de reconhecer pessoas e equipes.

O papel da gestão nos dias atuais encontra-se ampliado e deve tirar

partido da energia individual, baseado numa liderança transformadora que

começa pelo indivíduo, fortalece a capacidade administrativa e se dissemina

pelas organizações com as quais o indivíduo interage.

Acredita-se que a meta fundamental da liderança motivadora deva ser viabilizar

a implementação de mudanças que façam a diferença. E a diferença é

produzida por líderes e equipes que agem fazendo com que os resultados

aconteçam. Do exposto infere-se que o papel das lideranças deva ser o de

assegurar igualdade de oportunidades a todos os membros das equipes,

abordando de maneira eficiente as questões técnicas, econômicas e

financeiras, bem como as questões sociais e políticas. A arte da liderança é um

desafio para qualquer pessoa do mundo secular. Porem não é qualquer líder

que consegue reter o interesse e a motivação dos funcionários para os

objetivos em comum. Esta é a diferença do líder eficaz. Ele abraça a empresa

e faz com que os funcionários façam o mesmo.

A força propulsora deve ser a busca do propósito compartilhado,

baseado no qual todos possam transformar idéias em ações, e ações em

resultados, fazendo com que o líder seja responsável por implementar e

motivar a busca por transformações.

A liderança contemporânea visa a gestão de competências que

possibilita a identificação das carências, referentes aos recursos humanos que

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implicam na geração de idéias e na eficiência dos projetos de pesquisa e

desenvolvimento, enfim, no alcance das metas e dos objetivos estratégicos da

empresa.

1.1 Objetivos

Esta monografia tem como principal objetivo demonstrar a

importância da liderança motivadora para o cumprimento de metas nas

organizações contemporâneas.

O objetivo geral desta pesquisa será alcançado através dos objetivos

específicos listados a seguir:

• Definir o líder no contexto da contemporaneidade;

• Demonstrar qual o papel do líder na implementação das mudanças

organizacionais necessárias na atualidade;

• Discutir a importância das políticas motivacionais na empresa.

1.2 Problema

Qual o papel do líder nas organizações contemporâneas?

1.3 Justificativa

A tendência atual aponta para a formação de equipes de alto

desempenho, capazes de otimizar resultados, por meio do desenvolvimento e

aprimoramento na gestão de pessoas.

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Partindo-se da premissa que o líder nas organizações

contemporâneas deve ser capaz de motivar o desenvolvimento de

competências e o desempenho individual, este estudo se justifica e se faz

relevante pois o papel da Liderança nas organizações modernas fundamenta-

se, em síntese, na capacidade de articular as necessidades demandadas das

orientações estratégicas em harmonia com as necessidades dos indivíduos,

orientando as necessidades de ambas as partes na direção do

desenvolvimento institucional e individual.

Quando exercida com excelência a liderança estimula o

comprometimento dos indivíduos, conduzindo-os a altos desempenhos, o que

certamente gera resultados positivos crescentes para a organização.

O estilo de líder empreendedor gera eficácia nas organizações, uma

vez que busca o exercício de uma gestão com foco em resultados,

fundamentado-se em articular a prática do desenvolvimento da satisfação dos

colaboradores e comprometimento dos mesmos com os objetivos

organizacionais.

É fundamental para a organização contemporânea que seus líderes

desenvolvam as competências necessárias para o sucesso do seu negócio,

que participem ativamente, assumam responsabilidades e riscos, sejam

eternos aprendizes e mestres, tenham senso inovador e visão de negócio. Este

perfil de liderança torna-se cada vez mais, fator indispensável para pessoas

que assumem postos gerenciais nas empresas.

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2 - A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO

A motivação está estreitamente ligada às necessidades.

O querer da vontade é sempre um querer motivado, além de

intelectualizado.

Motivação pode-se entender como o conjunto dos “meus” motivos,

quer dizer, de tudo aquilo que, a partir do meu interior, me move a fazer (e a

pensar e a decidir). Pode expressar também a ajuda que me presta outra

pessoa para reconhecer os meus motivos dominantes, a ter outros mais

elevados, a retificar motivos “torcidos” (não retos ou corretos), a ordená-los ou

hierarquizá-los.

A nossa vontade necessita de razões e motivos. Um motivo é o efeito

da descoberta de um valor. Há, pois, uma estreita relação entre motivos e

valores.

Os valores são especificações do bem. Por isso, devo perguntar-me:

o que considero valioso? É-o realmente?

Somos seres que damos, mas também temos necessidades. É muito

conhecida a teoria sobre a motivação desenvolvida por Abraham Maslow,

centrada nas necessidades.

“O homem é um ser indigente” - afirma Maslow. – “ Mal uma das

suas necessidades é satisfeita, aparece outra no seu lugar. Este processo é

interminável. Dura desde o nascimento até à morte. “

Descobre que as necessidades humanas estão organizadas numa

série de níveis, segundo uma hierarquia de valor. De menor à maior

importância, existem cinco níveis de necessidades, segundo ele: fisiológicas,

de segurança, sociais, do eu e de auto-realização.

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As necessidades de cada nível são motivadoras enquanto não estão

razoavelmente satisfeitas. Pelo contrário, uma necessidade satisfeita não é um

motivador do comportamento humano.

São necessidades fisiológicas, a comida, a bebida, o descanso, o

exercício, o abrigo, a proteção contra os elementos, etc. As necessidades

adquiridas podem-se incluir neste nível.

As necessidades de segurança são bem conhecidas e diversas; na

atualidade gozam de um apreço muito especial.

As necessidades sociais são as de pertencer, estar associado, ser

aceito pelos companheiros, ter amizades, etc.

As necessidades do eu são, por uma parte, as relacionadas com a

auto estima (confiança em si mesmo, autonomia, sucesso, competência,

preparação, etc.); por outra, são as que se fazem com a própria reputação

(gratidão, apreço, respeito, prestígio, etc.).

As necessidades de auto realização (no vértice das necessidades

do homem) são as de dar vida às nossas potencialidades, de nos

desenvolvermos

ou aperfeiçoarmo-nos continuamente, de sermos criativos, de realizarmos um

projeto pessoal de vida, de realizar aquilo que de melhor há em nós.

Em muitos seres humanos as necessidades de quinto nível

permanecem adormecidas, em grande parte por frustrações experimentadas

no que se refere a necessidades de níveis inferiores ou por terem gasto as

energias interiores na luta pela satisfação dessas necessidades.

O esquema de Maslow assinalou uma série de exceções à hierarquia

de necessidades. Por exemplo, em certas pessoas as necessidades de auto

estima parecem ser mais importantes que as necessidades sociais.

Em pessoas altamente criativas, o impulso para criar parece ser mais

importante do que qualquer outra necessidade. É o caso de muitos artistas.

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Em algumas pessoas o nível de aspiração parece ficar bloqueado

num patamar muito baixo. Isto é frequente nas pessoas que sofreram grandes

privações.

Em certas pessoas parecem não existir as necessidades sociais.

Talvez não tenham encontrado afeto nos primeiros meses da sua vida, e por

isso não mostrem desejos de dar e de receber afeição.

Além disso, convém ter em conta que Maslow, apesar da importância

que atribui à satisfação das necessidades como condição para o

desenvolvimento psíquico, reconhece que a satisfação desordenada das

necessidades humanas pode ter consequências patológicas. O

desenvolvimento de uma personalidade sã vai para além da questão da

satisfação das necessidades básicas. Por outras palavras, a permissividade é

patogênica. Segundo Balancho (1996, p.123), “é preciso uma dose de firmeza,

disciplina e frustração para fazer uma pessoa madura. “

Maslow fez uma excelente análise das necessidades humanas. Os

primeiros quatro níveis reterem-se a necessidades de carência. O quinto, ao

contrário, inclui necessidades de realização. Em todo o caso, as necessidades

apontam para valores ou bens, materiais e imateriais.

Face ao exposto, podemos concluir que a motivação está

estritamente ligada a bens materiais e imateriais, e mais exclusivamente a

recompensas.

A auto-realização não esgota as necessidades - ou melhor, as

aspirações - do ser humano, como se pode ver na teoria da motivação de

Victor Frankl, que pode ser observada no filme “A Vida é Bela”. Este famoso

psiquiatra viu com particular clarividência, a partir das sua experiência de

atrozes sofrimentos em campos de concentração alemães, que o homem é um

ser que procura sentido para a vida e que esta mesma vontade de sentido o

sustém na existência.

A procura e a consecução de metas têm um efeito motivador na

medida em que são valiosos. (Quando o parecem, mas não são valiosos,

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podem motivar durante a sua busca, mas a sua consecução produz

desencanto ou frustração).

Frankl refere-se à meta última.

A verdadeira meta da existência humana não se pode

encontrar no que se denomina auto-realização. Esta não

pode ser em si mesma uma meta, pela simples razão de

que quanto mais o homem se esforçar por consegui-la,

mais se lhe escapa, pois só na medida em que o homem

se compromete no cumprimento do sentido da sua vida,

nessa mesma medida se auto realiza. Por outras

palavras, a auto-realização não se pode alcançar quando

se considera um fim em si mesma, mas quando acontece

como efeito secundário da própria transcendência

(FRANKL, 1986, p. 109).

O esquema da motivação humana de Pérez López tem muitos

pontos de contacto com Frankl. Pérez López distingue três tipos de

motivações, que denomina respectivamente motivação extrínseca, intrínseca e

transcendente. Esta diferenciação apóia-se na observação de que toda a ação

humana se realiza num ambiente - por exemplo, a organização - e que gera

consequências em três dimensões diferentes.

Os motivos movem o ser humano pelas consequências que espera

em virtude da ação executada. Na motivação extrínseca, pelas consequências

que espera alcançar devido às reações do ambiente; na motivação intrínseca

pelo que espera que produza nele a sua própria ação; na motivação

transcendente pelas que espera que a sua ação produza em outra ou outras

pessoas presentes à sua volta.

São três motivações que se encontram em todas as pessoas

humanas, embora em proporções distintas. Se predomina a motivação

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extrínseca a pessoa está dependente, de certo modo, das reações dos outros e

atua interesseiramente; se predomina a intrínseca, a pessoa pode decidir-se

pela ação tendo em vista a sua melhoria pessoal; se predomina a

transcendente a pessoa atua pensando ou abrindo-se às necessidades alheias

ou à melhoria pessoal dos destinatários da sua atividade.

Este esquema das intenções das motivações é muito interessante,

porque não se centra tanto no que o ser humano sente, mas sim no que a

pessoa realmente quer. Destaca as intenções do sujeito, os fins que se propõe.

Está muito relacionada, portanto, com vontade humana.

É sabido que um dos maiores requisitos para a excelência

organizacional é a motivação de seus funcionários. Funcionários motivados

possuem um maior envolvimento com os interesses organizacionais.

Cerqueira (1999, p.7) propõe uma comparação entre Norte Cultural e

Norte Tecnológico, asseverando que a divergência evidenciada entre eles é

responsável pelas falhas que ocorrem nas empresas. Isto porque as pessoas

possuem a capacidade de conduzir o desenvolvimento tecnológico para onde

julgar ser mais vantajoso. O autor aconselha também, que sejam aproveitados

os recursos humanos e tecnológicos existentes, a fim de que seja possível o

estabelecimento de uma cultura organizacional sinérgica, que deverá ser

elaborada e disponibilizada a todos os funcionários.

Tendo sua obra direcionada ao comportamento, Cerqueira (1999,

p.9), afirma que existem duas formas das pessoas responderem aos estímulos

recebidos:

A primeira, considerada reativa negativa, caracteriza-se

quando a pessoa concorda externamente com o estímulo

emitido pela outra. Portanto, sua adesão à ordem

recebida é apenas superficial, ocorrendo por um

processo natural de defesa, por conveniência, medo, etc.

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Para criar uma caracterização deste estado psicológico,

decidiu chamá-lo de relação de envolvimento.

Na segunda forma de relacionamento, considerada

reativa positiva, a pessoa concorda internamente com as

ordens recebidas, gerando uma predisposição

psicológica de fazer bem feito suas tarefas, ocorrendo

por um processo voluntário de adesão. Este estado, o

autor denominou relação de comprometimento.

De acordo com Cerqueira (1999, p.10), “existe um estágio de nível

intermediário entre as formas de relacionamento que foram descritas acima,

caracterizado pelas pessoas que variam entre uma e outra situação,

designadas oscilantes”.

Tendo descritas as formas de relacionamento, Cerqueira (1999, p.14)

passou, em um segundo momento, a discorrer a respeito das condutas, valores

culturais e projetos que fossem capazes de estatuir sinergia e

comprometimento, definindo o posicionamento de todas as pessoas na

empresa. Admite, no entanto, que é difícil a obtenção do comprometimento de

todos em tempo integral, mas estabelece que o desejável é obter “o máximo de

pessoas o maior tempo possível comprometidas, poucas pessoas oscilantes no

comprometimento e o mínimo envolvidas” (CERQUEIRA, 1999, p. 15).

Segundo Cerqueira (1999, p.16),

[...] as pessoas que não se transformam culturalmente e

permanecem envolvidas, por destoarem do resto do

grupo, cedo ou tarde, ou mudam de atitude ou mudam de

empresa, pressionadas pela filosofia do

comprometimento que será amplamente difundida nas

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empresas que adotarem este valor como norte cultural,

ressaltando que esta irradiação será obtida com muito

trabalho, de forma lenta e gradual.

O valor cultural é definido por Cerqueira (1999, p.17), como “tudo

aquilo que nos incentiva à prática de uma atitude preestabelecida, tendo como

base algo que reconhecemos como válido e bom para nós” e o que é válido e

bom para o homem ocidental, de acordo com o autor supracitado, encontra-se

intimamente relacionado ao seu interesse individual, isto porque o ego é um

fator predominante para determinar-se o comprometimento.

Neste sentido, Cerqueira (1999, p.19) sugere três valores essenciais

ao desenvolvimento de relações de comprometimento nas empresas. São eles:

a) Auto-Estima – significa gostar de si próprio. É um

estado caracterizado por uma força interior que leva as

pessoas a um maior e melhor estado de motivação para

o comprometimento. Este valor preconiza que todos têm

o direito de interagir, dando ordens, pedindo ou

consultando, mas que devem lembrar-se, por sua vez,

que o outro não deve ter sua auto-estima afetada

negativamente;

b) Empatia – é colocar-se psicologicamente e em

sentimento no lugar do outro, sentindo suas

necessidades. Isto facilita a aceitação e a adesão interna

das outras pessoas. Este valor apregoa que todos estão

livres para interagir, mas que devem observar sempre

que estão tratando com pessoas;

c) Afetividade nas Relações Interpessoais – constitui-se

em ser razoável nos pedidos e determinações. Este

valor, além de grande facilitador da empatia, propala a

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natureza igualitária das pessoas, independentemente do

nível hierárquico em que se situam, não devendo haver

relações de prepotência ou discriminação, de ninguém

para ninguém. O autor alerta, entretanto, que deve-se ter

cuidado com as atitudes de hipocrisia.

Cerqueira (1999, p.20-21) demonstra ainda que existem outros

valores, sendo que estes decorrem dos outros três valores considerados

essenciais já apresentados. São eles:

a) Transparência – tem na verdade a sua instância maior.

Considerado como uma manifestação da empatia, este

valor decorrente contribui para a eliminação gradativa da

mentira, da omissão e da hipocrisia, consistindo em um

primeiro obstáculo aos boatos;

b) Alavancagem de Soluções – significa acabar com o

estado de omissão existente nas empresas, ao

considerar que “todos os problemas são problemas de

todos”. Este valor, que não deve ser interpretado como

ingerência, gera ações multidirecionais;

c) Espírito Desarmado – é evitar a predisposição

existente nas pessoas de atacar e de agredir. Este valor,

decorrente do valor básico empatia, apregoa que as

pessoas têm o direito de interagir, formal ou

informalmente, mas não o de agredir;

d) Os Espaços Vazios Devem Ser Preenchidos em Toda

a Empresa – significa a abertura de um canal de

comunicação como facilitador da interação afetiva. Os

chefes estáticos abrem espaços para a ação do poder

informal, reduzindo a sua influência pessoal;

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e) Busque em Primeiro Lugar o Positivo, Depois o

Negativo - em todas as relações de trabalho é necessário

identificar primeiramente as coisas positivas,

manifestando satisfação com isto; para o negativo,

orientação e educação para o aprimoramento;

f) A Valorização do Esforço, da Iniciativa e da

Criatividade É a Base da Obtenção de Resultados – Agir

sem reconhecer estas qualidades em seus subordinados

é afetar negativamente suas auto-estimas, gerando

atitudes futuras de simples envolvimento;

g) Concessão x Conquista – este valor decorrente deve

ser amplamente explicitado, gerando o entendimento de

que nas empresas nada se ganha, tudo se conquista,

evitando-se o paternalismo;

h) É Proibido Prometer – a promessa é um tipo de

interação enganosa, ou de envolvimento do superior.

Este deve substituí-la pela alavancagem.

Após definir quais são os valores culturais necessários para

conseguir-se o comprometimento, Cerqueira (1999, p.46-47) aponta os três

grandes inimigos que constituem-se em ameaças às empresas.

A primeira ameaça apontada pelo autor é a indefinição do norte

cultural e de seus valores, pois objetivos e valores mal definidos não viabilizam

o desenvolvimento do senso de comprometimento; a segunda ameaça aponta

é a ausência de planejamento dos líderes, normalmente direcionados a uma

gestão corretiva ou direcionada ao controle burocrático e, por último, terceira

ameaça identificada diz respeito às dificuldades que os líderes intermediários

têm em repassar para seus superiores, problemas de seus subordinados.

Segundo Cerqueira (1999, p.47) “não adianta investir somente na

cultura, em novos valores ou nas cabeças das pessoas. É necessário criar

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apoios no sistema que facilitem a prática e, conseqüentemente, a consolidação

da sinergia do comprometimento”.

Os apoios aos quais o autor se refere são os treinamentos de cunho

cultural, que vêm acompanhados de projetos que objetivam impulsionar a

prática dos valores e do comprometimento sinérgico, incentivando as

mudanças comportamentais. Tais projetos devem ser organizados e colocados

em prática sobre uma base sólida de valores em todos os departamentos da

empresa.

De acordo com Brum (1998, p.20) a falta de motivação no ambiente

de trabalho é comum nas pessoas, mas quando torna-se recorrente, é preciso

que seja feito um exame minucioso para identificar suas causas, que podem

estar associadas a diversos fatores, tais como: salário baixo; ausência de

informação a respeito da empresa e de seus processos; desconhecimento da

própria performance no seu cargo; descontentamento devido à perda de uma

promoção; falta de condições necessárias para realizar uma determinada

tarefa; acúmulo de tarefas; aumento do número de tarefas.

No que diz respeito à dificuldade de se obter maior eficiência,

produtividade e, conseqüentemente, maior competitividade através da

introdução de novos conceitos administrativos, a resposta negativa associa-se

à resistência dos recursos humanos às técnicas e estratégias modernas da

empresa, pois muitas vezes, os funcionários não acreditam no sucesso do que

está sendo implantado. A este respeito, a autora sugere que os clientes

internos sejam trabalhados no sentido de oferecer sem o melhor aos clientes

externos.

Sendo assim, os empresários precisam criar ambientes de trabalho

mais saudáveis e transformar seus funcionários em aliados, abrindo espaço

para liberdade de informação e incentivando a criatividade.

O processo de mudanças organizacionais requer, acima de tudo,

uma comunicação eficaz com os funcionários, utilizando-se instrumentos e

metodologias integradas ao programa de comunicação interno, objetivando

mantê-los informados e comprometidos com seus reais objetivos.

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Assim, é possível fazer com que o funcionário se comprometa com a

nova postura adotada pela empresa, o que requer que se trabalhe com a

verdade e a transparência em todos os projetos propostos. Dito de outra

maneira, é preciso fazer o funcionário acreditar nas vantagens da mudança.

De acordo com Brum (1998, p.26) “um programa de Comunicação

Interna bem feito é capaz de encorajar idéias, diálogos, parceria e

envolvimento emocional. Tudo isso traz a felicidade das pessoas no ambiente

de trabalho”. Segundo a autora, somente a comunicação interna pode

empreender relacionamentos integrados entre os recursos humanos, valendo-

se de programas participativos capazes de conquistar o comprometimento dos

mesmos.

Brum (1998, p.27) classifica o público interno em dois grupos: líderes

intermediários, que subdividem-se em diretores de área, gerentes, chefes de

departamentos, supervisores e os demais funcionários, que não ocupam

cargos de chefia, sendo estes últimos divididos em pessoal de apoio e pessoal

de linha de frente.

Esclarece, ainda que:

[...] a diferença entre pessoal de apoio e de linha de

frente é que este atende o público externo, e tem como

responsabilidade repassar ao consumidor a imagem da

empresa, mas que ambos devem receber o mesmo nível

de informação, pois trabalham com vistas a um cliente

(BRUM, 1998, p.28).

Do exposto depreende-se que antes de dar início a um programa de

comunicação interna, a empresa deve ter seus objetivos definidos com clareza.

Brum (1998, p.29) sugere as seguintes metas como primordiais:

“aumentar a produtividade; aperfeiçoar a qualidade do produto; aproximar a

empresa da comunidade; conquistar a credibilidade dos funcionários; melhorar

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o atendimento do público; trabalhar com funcionários felizes; aumentar os

lucros da empresa”.

3 - A GESTÃO DO DESEMPENHO

A definição e conceito de gestão do desempenho, se bem que muito

utilizada, muda consoante as organizações, isto é, não há uma definição

comum.

Para a organização: “é sinônimo de gestão por objetivos; é a

apreciação dos indivíduos; é um processo que liga o desempenho à

remuneração” (NEVES, 1999, p.23).

Estas definições são muito restritivas, a gestão do desempenho

habitualmente é descrita como “um processo ou um conjunto de processos que

visam estabelecer uma compreensão partilhada dos objetivos, bem como

motivar os indivíduos, na perspectiva de aumentar as possibilidades de

prossecução desses objetivos” (CARVALHAL, 1999, p.26).

Deste modo, é conceder às organizações uma grande capacidade

para determinar os elementos que constituem este processo: objetivos

estratégicos; definição de funções; fixação dos objetivos individuais; apoio aos

indivíduos e respectivo acompanhamento; análise de desempenho; formação

para diversas competências; remuneração em função do desempenho;

formação e desenvolvimento do pessoal.

O processo de gestão do desempenho tem maior probabilidade de

êxito se for considerado como um ciclo integrado.

Assim, a Gestão do Desempenho, enquanto processo integrado vai

garantir aos empregados: qual estejam ao corrente daquilo que a organização

espera deles; qual o seu contributo do quadro geral; que se apliquem, de forma

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a atingirem os objetivos; que compreendam de que forma o seu desempenho

irá ser avaliado; que tenham capacidade para aceitar e corresponder aos

desafios que lhes são propostos; que a empresa reconheça a sua importância,

e receba uma remuneração adequada ao seu desempenho.

3.1 Eficácia da implementação da gestão do desempenho

De um processo eficaz de Gestão do Desempenho pode-se retirar

muitas vantagens tanto para as empresas como para os trabalhadores. Assim,

o funcionamento eficaz da Gestão do Desempenho numa organização está,

segundo Shimizu (2001, p.119), dependente de vários fatores:

1. Clarificar a razão da sua implementação e determinar quais os

resultados que se esperam.

2. Conceber o processo correspondente a estes objetivos. Processo

este que vai diversificar consoante as organizações, com o objetivo de refletir

diferentes funções e empregos.

3. Consiste em dar formação a todos os que estão envolvidos no

processo.

4. Realizar uma avaliação contínua do impacto da atividade. Assim,

poder-se-á saber se esta atinge os objetivos, se há necessidade de ser

modificada, ou se deve ser utilizada em todas as situações e funções.

A Gestão do Desempenho é uma atividade em desenvolvimento, que

deve funcionar cada vez melhor.

3.2 O problema da visão compartimentada

Múltiplos instrumentos de gerência, sobretudo quando implantados

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de forma pontual e atomizada, acabam por causar confusão em gestores e, por

tabela, nos empregados em geral. Muitas vezes tudo se passa como se a

gestão devesse ter sempre o “sabor do dia”, cada nova filosofia ou sistema

tentando substituir o que já existia antes, com a promessa de novos resultados

e impactos. Pior, quando vários processos se sucedem por iniciativas de áreas

diferentes, fica a sensação de redundância e que tudo deverá ser feito apenas

para se atender burocraticamente ao que a administração está pedindo.

Não é muito diferente o que ocorre com alguma freqüência com os

Processos de Gestão de Desempenho e de Competências existentes

atualmente em muitas organizações. Aos já clássicos sistemas de gestão de

desempenho se vêem somando atualmente novas práticas de avaliação de

competências, com seus respectivos planos de desenvolvimento. O quadro se

complica quando os responsáveis pelas duas iniciativas estão em áreas e

comandos distintos. “Agora, estou falando de desempenho, noutro momento

estou falando de competência.” A resultante prática é que, por trás de todas

essas ações, acaba ficando a sensação de descoordenação de esforços e até

mesmo de inutilidade.

Fato é que, mais do que simples problema de implantação e

comunicação, a raiz do problema está mesmo na concepção dos modelos a

serem implementados. Assim, no caso específico, a gestão de desempenho

com seu ciclo anual de planejamento, monitoração e avaliação de metas,

quase sempre parte do pressuposto que dar maior clareza ao papel dos

gestores em atingir os resultados dos negócios - alinhando expectativas de

desempenho, planos de desenvolvimento individual, avaliação – em última

instância, leva a melhorar os resultados da organização. Hoje, com a maior

divulgação dos modelos de competências, se dá algo semelhante: a definição

de um perfil de competências, a avaliação dos “gaps” existentes entre o perfil

desejado e o perfil real das pessoas, e o estabelecimento de um plano de

desenvolvimento que, certamente, levará a melhores ganhos para a

organização. Mas fica a pergunta: um processo não substituiria o outro? Ao

falar de competência, estamos falando também de desempenho? Em que

medida? São dois os planos de desenvolvimento a serem feitos? Na prática, as

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decisões que tomamos a respeito das pessoas vão levar em conta

desempenho ou competência?

3.3 As estratégias como ponto unificador

O ponto nevrálgico que a nosso ver pode unificar e alinhar ambos os

processos é o fato de que toda sua arquitetura conceitual e prática pode

convergir para a obtenção de resultados de negócio a partir das estratégias da

organização e, mais especificamente, das estratégias de pessoas. Na verdade,

a convergência se amarra neste ponto de partida – os desafios de negócio

traduzidos em desempenho esperados das pessoas – e também na

contribuição específica e convergente de cada subsistema: melhorar o

desempenho da empresa e as competências necessárias para esse

desempenho. Para isso, a idéia de competência tem que ser assumida como o

conjunto de comportamentos que, por definição, maximiza o desempenho

esperado.

Reconhece-se assim, que a gestão de desempenho focaliza o que se

espera em termos de negócio e pressupõe que os objetivos estabelecidos

estejam alinhados, discutidos e negociados entre gerente e equipe, gerente e

indivíduo com vistas à obtenção, acompanhamento e avaliação destas metas.

Por outro lado, as competências individuais devem estar de tal sorte

detalhadas que fiquem claros os comportamentos visíveis que são capazes de

levar aos resultados e prioridades de negócio. Entendemos que o timing dos

dois ciclos é diferente: o ciclo de desempenho se desenvolve em torno do ano

calendário e o ciclo de competências alcança um horizonte um pouco mais

longe – digamos, três anos.

Algumas premissas conceituais relativas à implantação dos dois

subsistemas podem, a nosso ver, orientar a convergência esperada.

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4 - O LÍDER NAS ORGANIZAÇÕES

CONTEMPORÂNEAS

A liderança consiste na capacidade de exercer influência sobre as

pessoas em diferentes situações e contextos. Ocorre em grupos de diversos

segmentos, onde o processo de comunicação entre as pessoas funciona como

meta para a consecução dos objetivos almejados.

Com o advento da globalização, o mundo vivenciou intensas

mudanças, tais como: o rompimento da sociedade pós-industrial, o advento da

Era da Informação, a crescente busca da informatização, o surgimento da

Biotecnologia e a priorização do conhecimento, habilidades e competências.

Neste cenário, as organizações contemporâneas foram impulsionadas a buscar

novas formas de relações humanas, pois a globalização tornou a concorrência

mais acirrada e o ritmo crescente das inovações tecnológicas, demanda por

estratégias mais eficazes.

Chiavenatto (2001, p.112) destaca que “não é a tecnologia, mas, sim,

o seu uso apropriado que cria valor agregado, visto que a capacidade de

adquirir, tratar, interpretar e utilizar a informação de forma eficaz é que

promove o diferencial estratégico”.

As empresas para garantirem sua competitividade, em qualquer

segmento terão que transformar sua cultura. Seus colaboradores terão que

pensar mais rápido, trabalhar de forma inteligente, pensar diferente e,

sobretudo, possuir competências que conduzam à excelência do desempenho

individual.

O líder deixa de gerenciar pessoas e passa a gerenciar

competências.

De acordo com Bitencourt (2004, p.58),

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[...] gerenciar competências é um processo contínuo e

articulado, de formação e desenvolvimento de

conhecimentos, habilidades e atitudes, em que o

indivíduo é responsável pelo seu próprio

desenvolvimento, a partir da interação com outras

pessoas no ambiente de trabalho, visando aprimorar sua

capacitação, podendo, desta forma, adicionar valor às

atividades da organização, da sociedade e a si próprio.

De acordo com a autora a sociedade do conhecimento tem produzido

um interessante paradoxo: para se tornarem mais competitivas, as empresas

precisam se tornar mais humanas.

Os líderes contemporâneos terão que ser capazes promover

mudanças rápidas que diferenciem a administração moderna da administração

tradicional. O papel do novo líder deve ser auxiliar os colaboradores a descobrir

e desenvolver suas competências, criando um ambiente propício à discussão,

à liberação da capacidade criativa e à aprendizagem.

As lideranças em muitas organizações estão produzindo cada vez

mais maneiras de estimular e capacitar seus colaboradores na busca de

soluções criativas e alternativas inovadoras. Não é regra ainda, mas caminha-

se para uma visão muito melhor do que há alguns anos. Cada vez mais, tem-se

evidenciado inúmeras vitórias associadas à criatividade e à inovação.

De acordo com Chiavenato (2001, p.70-71) a liderança

transformadora de que tratam os pesquisadores que têm estudando o assunto,

é aquela que percebe que não existe liderança eficaz sem que haja seguidores

convictos.

Do exposto depreende-se que a liderança transformadora,

necessária às organizações contemporâneas, é aquela que se baseia na

credibilidade, na construção da confiança mútua; é aquela que identifica uma

visão de futuro que inspire a ação dos liderados, levando-os a entender a

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necessidade de desenvolver suas competências para que obtenham

desenvolvimento individual.

Num mundo tão complexo, a colaboração e o desenvolvimento de

processos participativos se tornam cada vez mais importantes.

As organizações tiveram seus processos abertos pela tecnologia e a

disseminação da informação. Nesse novo contexto, indivíduos e organizações

buscam pontos comuns entre dedicação e engajamento, desempenho e

resultados, procuram motivos para a ação.

Segundo Bitencourt (2004, p.18-21) o modelo de gestão de pessoas

deve ser compreendido como um conjunto de políticas, padrões atitudinais e

ações utilizadas por uma empresa para interferir no comportamento de seus

colaboradores, direcionando-os no ambiente de trabalho. Do ponto de vista

organizacional, tais iniciativas provêm de diferentes instâncias organizacionais

e se misturam com as estratégias e práticas dos próprios funcionários.

A nova concepção de liderança valoriza o talento humano

conduzindo e motivando os funcionários na busca do desenvolvimento de seu

potencial.

Chiavenato (2001, p.111-112) aponta quatro indicadores de

desempenho sistêmicos, englobando toda a empresa, a equipe e a própria

pessoa: financeiros, ligados ao cliente, internos e de inovação. Considera a

evolução dos índices de desempenho em confronto com outros indicadores,

tanto econômicos por mercado, região ou país, quando de empresas do

mesmo ramo.

Sendo assim, a identificação da competência organizacional fornece

excelentes subsídios para que se defina as estratégias e as potencialidades da

empresa, viabilizando também uma gestão de pessoas mais eficiente e

coerente baseada na obtenção dos resultados propostos.

É importante que a organização, ao administrar seus recursos

humanos, incentive a promoção de novas idéias e encorage a adoção das

mesmas. A gestão de competências ajuda a organização identificar as

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contribuições efetivas de cada funcionário e, viabiliza sua recompensa com um

incentivo à criatividade e à motivação.

De acordo com Ribeiro (2006), um modelo integrado de recursos

humanos com a estratégia de negócios utiliza competências individuais como

referência para outras funções e instrumentos de gestão de recursos humanos,

apontando estratégias e mecanismos de recrutamento e seleção, treinamento e

desenvolvimento, recompensa e gestão de carreiras.

Desta forma, diagnósticos de competências do funcionário tornam-se

de suma importância para a gestão de pessoas e para a implementação de

avaliações de desempenho por resultados, de ações de desenvolvimento

profissional e de reciclagem de processos ou políticas internas da empresa.

A Liderança exerce influência direta sobre as pessoas, quando da

sua aceitação. Impulsiona o grupo liderado ao alcance dos objetivos da

empresa, o que certamente promoverá ações para tornar a equipe eficaz e

preparada para os desafios.

Segundo Chiavenato (2001, p.113), o líder deve sempre buscar dar

assistência e orientação à sua equipe, preocupando-se com seu

desenvolvimento, com a auto-estima do grupo, com o senso de realização das

pessoas, escolhendo os melhores caminhos e melhores soluções para o bem

estar daqueles que nela trabalham e colaboram.

5 - A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

5.1 Dados Históricos

Os primeiros praticantes de RH eram os capatazes das fábricas, que

contratavam, demitiam e supervisionavam seus trabalhadores. Com o passar

do tempo, surgiram papéis mais especializados. A década de 20 assistiu o

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surgimento dos "departamento de pessoal" em conseqüência da escassez de

mão de obra, o desenvolvimento dos testes psicológicos e uma atenção

crescente pelos estudos científicos do trabalho, como aqueles realizados por

Frederick W Taylor. Durante a Grande Depressão da década de 30, a atenção

dada à área de RH diminuiu. O subseqüente aparecimento dos sindicatos e

das atividades trabalhistas gerou a necessidade de novas especializações,

dessa vez na forma de negociadores e especialistas em relações trabalhistas.

Durante os anos 50, o crescimento do sindicalismo e das atividades trabalhista

levou os empregadores a buscarem novas formas de organizar o

relacionamento com seus empregados. Isto conduziu ao modelo industrial de

relações humanas, cujo enfoque está nas regras do trabalho, planos de

carreira claros, recompensa por antiguidade e administração de relações

contratuais de emprego freqüentemente complexas. O sistema de avaliação de

desempenho, o julgamento de méritos e outras regras burocráticas

especializadas geraram uma forte demanda por especialista de RH

(MILKOVICH, BOUDREAU, 2000).

As décadas de 60 e 70 viram a mudança de enfoque das relações

trabalhistas para a administração de pessoal, e a emergência do "profissional

de pessoal". A legislação foi a mola propulsora dessa modificação. De acordo

com a historia, a maior parte das leis de oportunidades iguais de trabalho foram

criadas na década de 60, o que criou a necessidade de profissionais que

soubessem interpretá-las e implementar as políticas apropriadas. O moral

passou a ser um indicador básico do sucesso, e tornou-se amplamente aceita a

idéia de RH como um conjunto integrado de atividades projetadas para ajudar

os empregados e a organização a atingirem seus objetivos(MILKOVICH,

BOUDREAU, 2000).

Os anos 80 e 90 trouxeram pressões econômicas ainda maiores e a

consciência de que as empresas e os indivíduos enfrentam uma crescente e

definitiva competição globalizada – e também, oportunidades. A área de RH

não ficou imune a essas mudanças. A crescente importância das pessoas para

o modelo de envolvimento é um argumento para um número maior de

profissionais de RH nas empresas (MILKOVICH, BOUDREAU, 2000).

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Modelos ainda mais radicais têm surgido. Se os processos de

trabalho se movem em direção às equipes flexíveis, por que não fazer a

reengenharia de atividades como seleção, recompensa, treinamento e

comunicação para que as equipes possam realizá-las sozinhas? Se uma outra

empresa consegue treinar seus empregados melhor e a um custo mais baixo,

já que e dedicada apenas ao treinamento, por que não pagar a ela por esse

serviço e extinguir seus programas internos de treinamento? Se a tecnologia e

a informática permitem que as pessoas verifiquem sozinhas suas informações

pessoais, como fundo de pensão ou atualização de dados, porque manter

administradores de recursos humanos para fazer isto? O resultado pode ser

um modelo de alta flexibilidade para a função de RH, no qual a organização

passa a ser uma rede solta de alianças (MILKOVICH, BOUDREAU, 2000).

Toda organização precisa ainda identificar, conquistar, desenvolver,

remunerar e fazer prosperar seus recursos humanos. A necessidade de uma

abordagem diagnóstica para RH não desaparece. Entretanto como mostra o

modelo descentralizado, as organizações no futuro podem encontrar essa

capacidade tanto dentro como fora da empresa, ou até nas mãos dos próprios

administradores e empregados. Assim sendo, é muito importante compreender

as competências essenciais sobre as quais a função de RH será construída

(MILKOVICH, BOUDREAU, 2000).

5.2 Conceito e Objetivos

Segundo Marras (2001, p.173):

Desempenho humano é o ato ou efeito de cumprir ou

executar determinada missão ou meta previamente

traçada. É diretamente proporcional a duas condições do

ser humano: o “querer fazer”, que explica o desejo

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endógeno de realizar (a motivação), e o “saber fazer”,

isto é, a condição cognitiva e experiencial que possibilita

o indivíduo realizar com eficiência e eficácia alguma

coisa.

Para Chiavenato (1999, p.189):

A avaliação do desempenho é uma apreciação

sistemática do desempenho de cada pessoa em função

das atividades que ela desempenha, das metas e

resultados a serem alcançados e do seu potencial de

desenvolvimento. A avaliação de desempenho é um

processo que serve para julgar ou estimar o valor, a

excelência e as qualidades de uma pessoa e, sobretudo,

a sua contribuição para o negócio da organização.

Trata-se de um instrumento bastante válido e de extrema importância

na administração de Recursos Humanos, haja vista que reporta os resultados

dos investimentos realizados em uma determinada carreira profissional por

meio do retorno que a organização recebeu.

A avaliação de desempenho foi criada, basicamente, com o objetivo

de:

[...] acompanhar o desenvolvimento cognitivo dos

empregados durante sua permanência na organização e

especificamente para medir seu nível de CHA

(conhecimentos, habilidades e atitudes). Era através

desse instrumento que as empresas direcionavam os

seus programas de treinamento e desenvolvimento e

mensuravam o atingimento dos resultados desses

programas (MARRAS, 2001, p.174).

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Esse procedimento continua sendo utilizado pelas organizações

modernas; no entanto, os programas de avaliação de desempenho, devido à

prática e ao seu aperfeiçoamento evidenciado ao longo dos tempos, foi tendo

modificados e ampliados seu nível de abrangência e sua dimensão, a fim de

que fosse capaz de fazer frente às demandas do controle administrativo.

Entre as diversas utilidades encontradas na utilização do instrumento

de avaliação de desempenho, Marras (2001, p.174) aponta as seguintes,

dentre as mais utilizadas, dependendo da perspectiva que se assume:

1. identificar aqueles empregados que necessitam de

aperfeiçoamento;

2. definir o grau de contribuição (individual ou grupal) nos

resultados da empresa;

3. descobrir o surgimento de novos talentos na

organização;

4. facilitar o auto desenvolvimento dos empregados;

5. fornecer feedback aos empregados;

6. subsidiar programas de mérito, promoções e

transferências.

A avaliação de desempenho pode ser considerada um dos mais

importantes instrumentos de que dispõe a administração de uma empresa para

analisar os resultados à luz da atuação de sua força de trabalho e para prever

posicionamentos futuros, considerando o potencial humano disponível em seus

quadros.

Como instrumento complementar à administração salarial, serve não

apenas para apreciar o desempenho do indivíduo no exercício das funções

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inerentes ao seu cargo, mas também para situá-Io na escala impessoal de

salários criada por aquela administração (Figura 1).

Figura 1 – Objetivos da avaliação do desempenho

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Fonte: Marras (2001)

Recebe difere

avaliação dos emprega

funcional etc. Têm surg

360°, de difícil implemen

Em geral, se

conjunto de técnicas vi

estimar a qualidade da

Para tanto é necessári

meios de superá-Ias. Cu

maximizá-Ios, incentivan

diferentes denominações, tais como: avalia

pregados, relatórios de progresso, avaliaçã

surgido algumas formas inovadoras, entre e

lementação e a avaliação de desempenho glo

al, segundo Tachizawa et al (2001, p.207), “

cas visando a obter e analisar informações q

de da contribuição prestada pelo empregado

essário identificar as causas de eventuais de

as. Cumpre também examinar os aspectos po

ntivando assim o potencial de crescimento do

36

avaliação de mérito,

aliação da eficiência

ntre elas a avaliação

ho global.

07), “trata-se de um

ões que possibilitem

gado à organização”.

ais deficiências e os

tos positivos, a fim de

nto dos empregados.

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Eis seus objetivos principais:

[...] adequação do indivíduo ao cargo; identificação das

necessidades de treinamento; promoções; incentivo

salarial ao bom desempenho; melhoria do

relacionamento entre supervisores e liderados; auto-

aperfeiçoamento do funcionário; estimativa do potencial

de desenvolvimento dos empregados; estímulo à maior

produtividade; divulgação dos padrões de desempenho

da instituição; feedback para o próprio indivíduo avaliado;

e decisões sobre transferências, dispensas e

progressão/ascensão funcional (TACHIZAWA et al, 2001,

p.207).

Avaliam-se os seguintes desempenhos: a) do empregado; b) do

supervisor; c) dos vários grupos; d) dos setores; e) dos departamentos, e f) da

organização como um todo.

5.3 Vulnerabilidade da avaliação de desempenho

Há muita controvérsia sobre a validade do emprego de um programa

de avaliação de desempenho.

Algumas organizações defendem fortemente esse instrumento e o

praticam com muito sucesso há muito tempo, ao longo de toda a pirâmide

organizacional.

Outras, utilizaram-no por algum tempo e chegaram à conclusão que

sua utilização nada ou pouco acrescentava no processo administrativo.

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Algumas empresas, entre as que compõem essa amostra chegaram

a afirmar ter sido melhor extinguir sua utilização pois o uso comprometia

seriamente a imagem da administração de RH (MARRAS, 2001, p.174).

Segundo Marras (2001, p.174):

Na prática, é preciso destacar e reconhecer que esse

instrumento carrega no seu processo uma dose forte de

subjetividade, o que o reveste de uma ambiguidade

realmente discutível. Esta ambigüidade, contudo, deve

ser reconhecida apenas em certos tipos de metodologia

utilizados na aplicação do instrumento. Entenda-se a

palavra metodologia no seu sentido mais amplo, isto é,

levando em conta todos os aspectos que envolvem a

prática e a administração do programa de avaliação do

desempenho humano.

Ao discutir a questão da sua validade, o fato mais relevante dentro

de todo o instrumento avaliativo é, pois, a subjetividade inserida no processo

de julgamento praticado pelo ser humano. Principalmente quando esse

julgamento diz respeito a outro ser humano. Daí a vulnerabilidade bastante

significativa creditada inexoravelmente ao programa de avaliação de

desempenho.

5.4 Campo de abrangência da avaliação de desempenho

Conforme demonstrado por Marras (2001, p.175), através de uma avaliação de

desempenho, uma organização visualiza normalmente a viabilidade de

mensurar três campos organizacionais, que são:

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1. Campo dos resultados: área de visão que integra uma

diversidade de fatores ligados geralmente às metas de

trabalho predefinidas pela organização e que devem ser

alcançadas em determinado espaço de tempo pelo

empregado. Os resultados a serem avaliados podem

estar expressos de duas formas distintas:

quantitativamente (quando o fator numérico está explícito

na meta e no resultado a ser alcançado); e

qualitativamente (quando os parâmetros de exigência e

atingimento da relação meta-resultado não estão

determinados em termos numéricos mas, sim, por

propriedades ou valores que, uma vez alcançados,

definem a aceitação daquilo que foi fixado).

2. Campo do conhecimento: área em que a organização

deseja conferir o andamento ou trajetória da bagagem

cognitiva do empregado. Nessa campo, avalia-se

geralmente o grau com que o empregado assimila e

atinge o volume de informações que lhe é composto,

através de programas de treinamento ou

desenvolvimento intelectual, bem como o que ele próprio

se autodetermina como padrão cultural.

3. Campo do comportamento: é aquele em que a

organização mensura os valores, as atitudes e os

comportamentos do empregado, relacionando-os aos

padrões culturais pré-definidos pela empresa e às

responsabilidades que lhe são conferidas para exercer

suas funções dentro ou fora da organização. Conforme o

grau e a forma com que esses componentes impactam

nos agentes e cenários que circundam a empresa, esta

pode se beneficiar ou ser penalizada.

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5.5 Tendências na avaliação do desempenho

Chiavenato (1998) detalha as nove principais tendências na

avaliação do desempenho.

“1. Os indicadores tendem a ser sistêmicos, visualizando a empresa

como um todo e compondo um conjunto homogêneo e integrado que privilegia

todos os aspectos importantes ou relevantes” (CHIAVENATO, 1998, p.346).

Em princípio, eles devem decorrer do planejamento estratégico da

companhia, que deverá definir o que medir, como e quando. Através do efeito

de cascata, facilita-se a localização de metas e objetivos dos diversos

departamentos e níveis hierárquicos envolvidos. Se possível, os indicadores

devem estar ligados aos principais processos empresariais e focalizados no

cliente interno ou externo.

“2. Os indicadores tendem a ser escolhidos e selecionados como

critérios distintos de avaliação, seja para premiações, remuneração variável,

participação nos resultados, promoções, etc.” (CHIAVENATO, 1998, p.346).

Dificilmente um único indicador pode ser tão flexível e universal para

servir igualmente a critérios diferentes. Torna-se necessário distinguir os

indicadores adequados para servir a cada um dos critérios específicos.

“3. Os indicadores tendem a ser escolhidos em conjunto para evitar

possíveis distorções e para não desalinhar outros critérios de avaliação”

(CHIAVENATO, 1998, p.346).

É o caso do comissionamento de vendedores calculado apenas da

receita de venda: não considera a lucratividade do produto vendido e leva o

vendedor a esforçar-se para vender apenas os produtos de maior valor unitário,

deixando de lado os demais produtos da linha.

“4. Avaliação do desempenho como elemento integrador das práticas

de RH” (CHIAVENATO, 1998, p.347).

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A empresa procura identificar talentos, que serão responsáveis e

cobrados somente pelo resultado final global de suas unidades de negócios.

Assim, a avaliação de desempenho continua e complementa o trabalho dos

processos de provisão de pessoas no sentido de monitorar e localizar as

pessoas com características adequadas para os negócios da empresa. Ela

também complementa os processos de aplicação no sentido de indicar se as

pessoas estão bem integradas em seus cargos e tarefas. Complementa

também os processos de manutenção ao indicar o desempenho e os

resultados alcançados. Complementa os processos de desenvolvimento ao

indicar os pontos fortes e fracos, as potencialidades a serem ampliadas e as

fragilidades a serem corrigidas. Complementa igualmente os processos de

monitoração e controle ao proporcionar retroação às pessoas.

Assim, a avaliação do desempenho adquire um papel extremamente

importante como chave integradora das práticas de RH. Trata-se de um

processo que serve de ligação para os demais processos de administração de

RH.

5. Avaliação do desempenho através de processos

simples e não estruturados, isto é, sem mais os antigos

rituais burocráticos baseados no preenchimento de

formulários e na comparação com fatores de avaliação

genéricos e abrangentes. Uma desburocratização e

desregulamentação da avaliação do desempenho

(CHIAVENATO, 1998, p.348).

A avaliação não estruturada e flexível é geralmente realizada pelos

executivos do nível imediatamente mais alto, através do contato direto e

cotidiano com as pessoas envolvidas no processo. A avaliação resulta de um

entendimento entre avaliador e avaliado, não mais um ato de julgamento

superior e definitivo do comportamento do funcionário. Quase uma negociação,

no sentido de que ambos trocam idéias e informações, resultando daí um

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compromisso conjunto: de um lado, de proporcionar as condições necessárias

para o crescimento profissional e, de outro lado, o atingimento de determinados

objetivos ou resultados. Ocorrem mudanças na forma e no conteúdo do

processo. Assim, os velhos métodos de escalas gráficas, de escolha forçada,

de pesquisa de campo, incidentes críticos, etc., estão sendo completamente

reformulados para chegar a uma nova configuração que atenda às novas

imposições.

“6. Avaliação do desempenho como forma de retroação às pessoas”

(CHIAVENATO, 1998, p.348).

A avaliação constitui-se num poderoso instrumento de realimentação

da informação, ou seja, de retroinformação das pessoas para proporcionar-lhes

orientação, auto-avaliação, autodireção e, consequentemente, autocontroce,

tanto no que tange ao treinamento das pessoas, capacitando-as para melhor

alcançar os objetivos propostos, seja no que tange à participação nos

resultados, como forma de incentivo e reforço pelos resultados obtidos.

“7. Avaliação do desempenho requer a medição e comparação de

algumas variáveis individuais, grupais e organizacionais” (CHIAVENATO, 1998,

p.349).

Para que não caia na subjetividade ou na falta de critérios, o sistema

de avaliação do desempenho deve-se apoiar em um amplo referencial que

fortaleça as consonância em todos os seus aspectos.

8. “Avaliação do desempenho está enfatizando cada vez mais os

resultados, as metas e os objetivos alcançados do que o próprio

comportamento” (CHIAVENATO, 1998, p.349).

Os meios estão cedendo lugar aos fins alcançados ou que se

pretendiam alcançar. Os meios ficam por conta das pessoas que os escolhem

livremente segundo suas preferências ou habilidades pessoais. Os fins passam

a ser o parâmetro da avaliação para recompensar o trabalho excelente. Aliás, o

desempenho eficaz e não simplesmente o desempenho eficiente. As empresas

de alto desempenho procuram constante e enfaticamente criar as condições

ideais para obter e manter alto desempenho de seus funcionários. E isto não é

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uma mera coincidência. Segundo Chiavenato (1998, p.350): “A ênfase nos

resultados, nas metas e nos objetivos estabelecidos de maneira clara, unívoca

e simples permite três vertentes extremamente interessantes: a

desburocratização, a avaliação para cima e a auto-avaliação”.

“9. A avaliação do desempenho está sendo intimamente relacionada

com a noção de expectância: a relação entre as expectativas pessoais e as

recompensas decorrentes do nível de produtividade do indivíduo”

(CHIAVENATO, 1998, p.350).

Trata-se de uma teoria da motivação na qual a produtividade é

visualizada como um resultado intermediário em uma cadeia que conduz a

determinados resultados finais desejados, como dinheiro, promoção, apoio do

gerente, aceitação grupal, reconhecimento público, etc. Tudo dentro do modelo

contigencial de expectância, visando elevar o nível de valência positiva da

produtividade e da qualidade no trabalho. isto significa convencer as pessoas

de que a excelência no desempenho traz benefícios à empresa, mas sobretudo

e também às pessoas envolvidas.

6 - GESTÃO DE COMPETÊNCIAS

Para gerir o conhecimento organizacional, faz-se necessária a

anterior gestão do conhecimento e competências do indivíduo, pois a maneira

como ele aprende é o alicerce de todo e qualquer tipo de pesquisa sobre o

conhecimento organizacional. Desta forma, o desenvolvimento de

conhecimentos específicos, habilidades e atitudes tem sido o caminho mais

preconizado para esta mudança de paradigma.

De acordo com Leite (2004),

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[...] a adoção de um estilo de gestão do conhecimento

envolve a decisão por gerenciar predominantemente o

conhecimento tácito ou o explícito ou ambos

simultaneamente, categorizando, assim, os métodos de

Gestão do Conhecimento nos citados quatro estilos

(Disponível em: <http://www.interface-

ti.com.br/docs/relatorio_de_resultados.PDF>. Acesso: 27

mar 2007).

Os quatro estilos encontram-se demonstrados na Figura 2.

Figura 2 – Estilos de gestão do conhecimento

Fonte: Leite (2004)

Segundo a autora, “as empresas que adotam o estilo Dinâmico são

aquelas que possuem práticas que promovem, equilibradamente, tanto o

conhecimento tácito quanto o explícito e também são aquelas que apresentam

melhor resultado de negócio” (Disponível em: <http://www.interface-ti.com.br/

docs/relatorio_de_resultados.PDF>. Acesso: 27 mar 2007).

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É sabido que nos dias de hoje, o Desempenho Individual vem sendo

utilizado pelas empresas com o objetivo motivar pessoas na aprendizagem de

novas habilidades e no aperfeiçoamento das já existentes, haja vista que as

pressões sociais, tecnológicas, econômicas, culturais e políticas sinalizam às

organizações modernas, caminhos para que se adaptem às exigências

impostas pelo mercado, dando prioridade ao capital humano, que constitui-se

em um ativo intangível.

Vários autores desenvolveram o conceito de avaliação de

desempenho.

Segundo Santos (1996, p.22), "[...] a avaliação do desempenho é

uma apreciação sistemática do desempenho de cada pessoa no cargo e o seu

potencial de desenvolvimento futuro. "

De acordo com Chiavenato (1997, p.337):

A avaliação ou administração de desempenho é um

método que, visa, continuamente, estabelecer um

contrato com os funcionários referente aos resultados

desejados pela organização, acompanhar os desafios

propostos, corrigindo os rumos, quando necessário, e

avaliar os resultados conseguidos.

Para Carvalho (1998, p.242), "[...] a avaliação de desempenho

constitui-se numa série de técnicas com a finalidade de obter informações

sobre o comportamento profissional do avaliado durante o seu desempenho no

trabalho".

Uma organização sofre a ação de estímulos internos e externos e

reage a eles. Através desses estímulos ela gera conhecimento e,

conseqüentemente, diferencial competitivo. A avaliação do desempenho

organizacional necessita de uma anterior avaliação do conhecimento do

indivíduo. Desta forma, é necessário a utilização de que técnicas de elicitação

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de conhecimento individual objetivando a criação de uma memória

organizacional similar ao somatório das estruturas mentais de seus recursos

humanos.

Portanto, se constata-se que o conhecimento é um elemento

essencial da competência e que a competência requer uma ação bem-

sucedida, pode-se afirmar que a avaliação desta ação bem-sucedida, tanto na

dimensão dos indivíduos quanto da empresa, por meio de um modelo que

viabilize, inclusive, o confronto do alinhamento com a estratégia, conduz,

conforme demonstra Leite (2004) ao estabelecimento de “um conjunto

sistêmico de processos e ferramentas que, em última instância, poderia vir a se

constituir, inclusive, no embrião de um modelo de gestão orientado para o

conhecimento” (Disponível em: <http://www.interface-

ti.com.br/docs/relatorio_de_resultados.PDF>. Acesso: 27 mar 2007).

Esta idéia encontra-se demonstrada na figura 3.

Figura 3 - Integração entre Gestão do Conhecimento, Estratégia Empresarial,

Gestão de Competências e de Resultado e impacto no resultado de negócio

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Fonte: Leite (2004)

6.1 Avaliação da função de Recursos Humanos

Como qualquer unidade organizacional, a função de RH precisa

contribuir para os objetivos de eficiência.

O papel cada vez mais proeminente dos profissionais de RH nas

organizações, e as crescentes conexões entre as informações de RH e os

membros da organização, criam grandes desafios para a manutenção da

equidade, justiça e respeito à privacidade no ambiente de trabalho.

Obviamente, os desafios futuros para os profissionais de RG deverão tornar-se

cada vez mais mutantes e financeiramente importantes (MILKOVICH,

BOUDREAU, 2000).

Segundo Chiavenato (2004, p.86), “desenhar e implementar um bom

sistema integrado de Gestão de Pessoas é, sem dúvida, um desafio bastante

complexo”. Mas tornar esse sistema equilibrado, coerente, eficiente e eficaz é

outro bem diferente. Para garantir que todos os processos funcionem bem e de

maneira integrada e sistêmica. A solução é avaliá–los, monitorá-los e auditá-los

continuamente. Em resumo: É necessário saber se a ARH está cumprindo bem

o seu papel? Mas, afinal de contas qual é o seu papel?

A avaliação da função de Gestão de Pessoas – também conhecida

como auditória de RH – é uma revisão sistemática e formal desenhada para

medir custos e benefícios do programa legal de RH e comparar sua eficiência e

eficácia atual com o desempenho passado, com o desempenho em outras

organizações comparáveis e sua contribuição para os objetivos da

organização.

Segundo Chiavenato (2004, p.89):

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Auditoria de RH é a analise sistemática das políticas e

práticas de pessoal e a avaliação de seu funcionamento

tanto para a correção dos desvios como para sua

melhoria continua. A auditoria é um sistema de controle e

se baseia na determinação de padrões de quantidade,

qualidade, tempo e custo.

Esses padrões permitem a avaliação e controle através da

comparação do desempenho com os resultados daquilo que se pretende

controlar.

Segundo Chiavenato (2004, p.91), a avaliação da função de RH deve

considerar os seguintes aspectos:

Quais são as funções de RH? O primeiro passo é obter

opiniões dos gerentes de linha a respeito daquilo que a

ARH deve fazer na organização

Qual a importância dessas funções? Os participantes

devem avaliar cada uma das funções de RH em uma

escala de importância de 10 pontos, indo desde

pequena, media e alta importância.

Como essas funções são desempenhadas? Os

participantes devem avaliar cada uma das funções como

são desempenhadas atualmente.

Quais as necessidades de melhoria? O próximo passo e

determinar quais são as funções avaliadas como mais

importantes e que não são bem desempenhadas.

A função de RH utiliza eficazmente seus recursos? Trata-

se de verificar onde o dinheiro está sendo aplicado para

comparar os custos e benefícios decorrentes. Quanto

gasta e qual sua contribuição?

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A função de RH pode ser mais eficaz? Definir as áreas

que necessitam melhorias e como eles podem ser

melhorados.

6.2 Critérios de avaliação de ARH

Segundo Chiavenato (2004, p.101), “para que seja objetiva, toda

avaliação deve se basear em critérios e indicadores previamente

estabelecidos. A avaliação deve levar em conta as influências ambientais

externas, bem como as influências organizacionais internas”

Os critérios para avaliação da eficácia da ARH podem ser subjetivos

ou objetivos.

De acordo com Chiavenato (2004, p.112-113), os principais critérios

subjetivos da avaliação da ARH são:

1 Nível de cooperação do órgão de ARH com os demais

da organização.

2 Opinião dos gerentes de linha sobre a eficácia do RH.

3 Grau de abertura e disponibilidade do RH a todos

funcionários para lidar com problemas ou explicar

políticas da organização.

4 Atitude e confiança dos funcionários do RH.

5 Rapidez e eficácia das respostas para as questões

encaminhadas ao RH.

6 Avaliação da qualidade do serviço oferecido pelo RH

aos gerentes de linha.

7 Avaliação da qualidade da informação e assessoria

oferecida a administração de topo.

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8 Satisfação ou insatisfação dos clientes – gerentes de

linha e funcionários.

9 Filosofia e políticas de RH.

10 Resultados finais desejáveis alcançados, como

práticas éticas e socialmente responsáveis, produtos e

serviços competitivos e de alta qualidade e qualidade de

vida no trabalho.

11 Valor agregado à organização e às pessoas pelo RH.

12 Os principais critérios objetivos para avaliação da

ARH são:

13 Grau em que a estratégia de RH apóia e alavanca a

estratégia global da organização.

14 Ação afirmativa e impulsionadora no alcance dos

objetivos.

15 Tempo de resposta para atender às solicitações.

6.3 Métodos de avaliação da ARH

Segundo Chiavenato (2004, p.118), as organizações bem-sucedidas

utilizam técnicas contábeis e estatísticas e realizam pesquisas internas e

externas periodicamente para saber como vai o desempenho da ARH.

Quando reconhecida a necessidade de avaliar a eficiência da função

de ARH e da utilização das pessoas em prol da organização, o passo inicial é

definir quais as medidas ou critérios de eficácia a serem aplicados.

Segundo Ivancevich (1995, p.661-662), os critérios avaliativos podem

agrupar-se da seguinte forma:

Medidas de desempenho

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Desempenho global da ARH: como custos laborais

unitários por unidade de resultado.

Custos e desempenho do DRH: como custo dos

programas de RH por funcionário.

Medidas de adequação

Adequação aos requisitos legais: como salário mínimo,

remuneração dos funcionários, programas de higiene e

segurança do trabalho.

Adequação à missão e aos objetivos organizacionais.

Medidas de satisfação dos funcionários

Satisfação dos funcionários através de pesquisas de

atitude.

Satisfação dos funcionários com as atividades de RH:

como programas de treinamento, remuneração,

administração de dos benefícios e programas de

desenvolvimento de carreiras, através de pesquisas de

atitude.

Medidas Indiretas de desempenho dos funcionários

Rotatividade do pessoal: índice de rotatividade do

pessoal por departamento e por tempo (mensal e anual).

Absenteísmo do pessoal: índice de ausências voluntárias

do pessoal por departamento e por tempo (mensal e

anual).

Índices de desperdício: como baixa qualidade dos

resultados, índice de manutenção de máquinas e

equipamentos, horas perdidas de produção.

Índice de qualidade.

Número de funcionários que solicitam transferências ou

desligamento.

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Número de greves e reclamações por unidade e no total

da força de trabalho por tempo.

Índices de segurança e de acidentes.

Números de sugestões de melhoria por funcionário por

departamento e por tempo.

6.4 Pesquisas internas de avaliação

A pesquisa interna constitui em excelente instrumento para avaliação

da função de RH. Ela viabiliza “a coleta de dados e informações, opiniões e

atitudes de todas as pessoas envolvidas por meio de técnicas de questionário

para obtenção de informações e tabulação de resultados através de critérios

estatísticos” (CHIAVENATO, 2004, p.120).

Existem diversas modalidades de pesquisa, quais sejam: de atitude e

opinião, de clima organizacional, de satisfação no trabalho, cada uma delas

com sua finalidade específica (CHIAVENATO, 2004).

6.5 Pesquisas externas de avaliação

Segundo Chiavenato (2004, p.122):

[...] a avaliação dos processos e programas de RH pode

também envolver uma comparação externa com aquilo

que fazem outras organizações excelentes, sejam ou não

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do mesmo ramo de atividades, O benchmarking é a

principal técnica utilizada para as pesquisas externas de

RH.

O Benchmarking é uma estratégia utilizada para descobrir como e

porque algumas organizações podem desempenhar mais e melhor,

determinadas tarefas com relação a outras. O benchmarking torna possível a

comparação das diferenças com relação à qualidade, velocidade e

desempenho em custo de uma empresa com outras de classe mundial. O

propósito de fazer benchmarking é melhorar ou tentar imitar o desempenho de

outras empresas bem sucedidas (CHIAVENATO, 2004).

7 - A LIDERANÇA VOLTADA PARA A MOTIVAÇÃO E

GESTÃO DE COMPETÊNCIAS

A partir dos anos 80 iniciou-se as discussões sobre competências

nas empresas e pesquisadores organizacionais e consultores começaram a se

ter maior interesse pelo assunto.

A princípio, a temática parecia confusa, haja vista que tratava-se de

algo novo e muito avançado para a época.

Segundo Ribeiro (2006), foi a partir da escola de relações humanas

de Elton Mayo que introduziu-se a abordagem humanística no mundo do

trabalho, objetivando tornar mais humana e democrática as relações entre as

pessoas e as organizações, surgindo a preocupação com aspectos não só

psicológicos mas também sociológicos, dando início a estudos e aplicação de

conceitos tais como: motivação, liderança e comunicação.

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De acordo com Chiavenato (2001, p. 29):

[...] pouco a pouco, a cultura organizacional reinante nas

empresas deixou de privilegiar as tradições antigas e

passadas e passou a concentrar-se no presente, fazendo

com que o conservantismo e a manutenção do status

quo cedessem lugar à inovação e mudança de hábitos e

de maneira de pensar e agir. A velha concepção de

Relações Industriais foi substituída por uma nova

maneira de administrar as pessoas, a qual recebeu o

nome de Administração de Recursos Humanos. Os

departamentos de recursos humanos (DRH) visualizavam

as pessoas como recursos vivos e inteligentes e não

mais como fatores inertes de produção; RH como o mais

importante recurso organizacional e fator determinante

do sucesso empresarial.

Por outro lado, como comenta Bitencourt (2004, p. 240), “no fim da

Idade Média, a expressão competência já era associada à linguagem jurídica.

Onde, naquela época, dizia respeito à faculdade atribuída a alguém ou a uma

instituição para apreciar e julgar certas questões.”

Esta mesma autora define competências como:

Processo contínuo e articulado de formação e

desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e

atitudes onde o indivíduo é responsável pela construção

e consolidação de suas competências

(autodesenvolvimento) a partir da interação com outras

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pessoas no ambiente do trabalho, familiar e/ou em outros

grupos sociais (espaço ampliado), tendo em vista o

aprimoramento de sua capacitação, podendo, dessa

forma, adicionar valor às atividades da organização, da

sociedade e a si próprio (auto-realização)

(BITENCOURT, 2004, p. 230).

A liderança das organizações modernas não está mais voltada para

o todo da empresa, ela refere-se ao desenvolvimento de competências

humanas. Hoje, não mais se fala em Recursos Humanos e sim em Talentos

Humanos.

Neste sentido o objetivo do líder na gestão de pessoas por

competências é implementar ações que permitam conhecer, potencializar,

integrar e subsidiar a gestão das competências individuais visando a auto-

realização das pessoas e a excelência no cumprimento da missão institucional.

O foco neste momento é o desenvolvimento de habilidades individuais,

incentivo ao diálogo e ao constante aperfeiçoamento, conforme exemplificado

na figura 4.

Depreende-se então que os ambientes criativos são fundamentais no

processo de liderança.

As competências individuais, de acordo com Ribeiro (2006) ganham

destaque no mundo moderno e passam a ser tratadas como um processo de

aprendizagem contínua, em constante evolução, tendo por objetivo obter

melhor desempenho, fundamentado em propósitos pessoais aliados aos

organizacionais de forma responsável. Os novos cenários passaram a

promover mudanças de paradigmas, viabilizando novas contribuições às

dimensões do conhecimento, das habilidades, e, principalmente, do

comportamento humano.

Figura 4 – Gestão de competências

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Fonte: Fleury e Fleury (2

Atualmente, n

capaz de propiciar con

outras pessoas, identific

da Empresa. Isto porqu

unidades menores de

mundo dos negócios.

Neste contex

resultados desafiadores

para a administração,

desenvolvam, auxiliar

impulsioná-las para qu

Empresa, são algumas

difere de tudo o que se

eury (2000)

nte, no desempenho de sua função, o líder

ar condições favoráveis ao florescimento da

entificando e cultivando líderes potenciais em

porque as grandes organizações estão se d

s de negócios a fim de se tornarem mais c

ios.

contexto, enfrentar riscos, ser persistente

dores, ter coragem e ética, construir sempre

ção, fazer com que os recursos humanos d

xiliar as pessoas conscientizando-as da no

ra que busquem transformações que agr

umas das muitas responsabilidades do líde

ue se postulou e esperou dos líderes do passa

56

líder eficaz é aquele

nto da liderança em

is em todos os níveis

se decompondo em

ais competitivas no

tente para alcançar

empre novos valores

nos da empresa se

a nova realidade e

e agreguem valor à

o líder de hoje, que

passado.

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57

O líder deixou de gerenciar pessoas, passando a gerenciar talentos.

7.1 O líder como gestor de talentos

As organizações modernas necessitam de maior velocidade e menor

custo nas soluções de seus problemas. Estes aspectos relacionam-se,

principalmente, com a necessidade de se estabelecer vínculos expressivos no

relacionamento, cooperação e aprendizagem entre talentos humanos,

facilitando, desta forma, o desenvolvimento da criatividade, senso de inovação

e eficiência, diferenciais de suma importância para o sucesso organizacional.

Segundo Chiavenato, a liderança é uma influência interpessoal

exercida em uma dada situação e dirigida através do processo de comunicação

humana, para consecução de um ou mais objetivos e podendo ser dividida em:

[...] liderança como influência: uma pessoa pode influenciar

outra em função do relacionamento existente entre elas;

liderança que ocorre em determinada situação: ocorre em

dada estrutura social decorrente da atribuição de

autoridade para a tomada de decisão; liderança dirigida

pelo processo de comunicação humana, capacidade de

induzir o grupo a cumprir as obrigações atribuídas a cada

um com zelo e correção;

liderança visando à concepção de um ou de diversos

objetivos específicos: o líder como meio para atribuir seus

objetivos ou necessidades (CHIAVENATO, 2001, p. 137).

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Do exposto depreende-se que a liderança não pode ser confundida

com as atividades de direção ou gerência, haja vista que esta ação deve ser

conduzida por um bom líder que não necessariamente ocupa a função de

diretor ou gerente dentro de uma empresa. O líder deve atuar em todos os

níveis hierárquicos e em todas as áreas da empresa, devendo ser

empreendedor e capaz de persuadir os recursos humanos da empresa a

buscar pelo desenvolvimento em si próprios do que convencionou-se chamar

de “Tecnologia Individual”.

As organizações passam, neste novo contexto, a priorizar a criação

de ambientes organizacionais que as coloquem em patamares mais elevados

de competitividade. Sendo assim, passam a compreender que é fundamental

estimular o desenvolvimento de competências nas pessoas que integram suas

equipes para manter a empresa numa dinâmica competitiva, construindo novos

valores e culturas organizacionais mais flexíveis e portanto, com maior poder

de adaptação ao novo cenário (Figura 5).

Figura 5 – Níveis de análise das competências no contexto organizacional

Fonte: Fleury e Fleury (2000)

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De acordo com Chiavenato (2001, p.140),

[...] existe uma grande diferença entre gerenciar pessoas

e gerenciar com pessoas. No primeiro caso, as pessoas

são o objeto da gerência, são guiadas e controladas para

alcançar determinados objetivos. No segundo caso, as

mesmas são o sujeito ativo da gerência, são elas que

guiam e controlam para atingir os objetivos da

organização e os objetivos pessoais.

O gerenciamento de pessoas passa assim, a ser a maior

preocupação das organizações a fim de que seus objetivos sejam atingidos,

através da participação de uma equipe eficiente e motivada, liderada por um

gestor que tenha como meta os seguintes desafios estratégicos, propostos por

Chiavenato (2001, p.146):

[...] atrair, capacitar e reter talentos; gerir competências;

gerir conhecimento; formar novo perfil do profissional

demandado pelo setor; gerir novas relações trabalhistas;

manter a motivação no clima organizacional; desenvolver

uma cultura gerencial voltada para a excelência; RH

reconhecido como contributivo para o negócio; RH

reconhecido como estratégico; conciliar redução de custo

e desempenho humano de qualidade; equilíbrio com

qualidade de vida no trabalho; descentralizar gestão de

RH.

Dentro das novas tendências em gestão de pessoas, Bitencourt

(2004) chama a atenção para a necessidade de não considerar as pessoas

como recursos, propondo o seguinte questionamento:

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60

Seriam os Recursos Humanos, no discurso dito

tradicional e fortemente ideologizado, uma simples área

para amortecer o conflito capital-trabalho, ao reproduzir

os interesses de uma camada social? Ou seria, conforme

apregoam aqueles com uma visão funcionalista, uma

área preocupada somente com a reprodução ferramental

de uma práxis? Ou, dentro de uma visão mais

pragmática, seria uma área que necessita demonstrar

como cria valor para a organização? (BITENCOURT,

2004, p. XIV).

A fim de que seja possível uma eficaz mediação do relacionamento

entre os indivíduos e a empresa, o novo papel do gestor de pessoas vai além

da tradicional missão de selecionar, recrutar, orientar, treinar, avaliar e reter

talentos por meio de pacotes de remuneração e benefícios salariais. Políticas

de motivação e a criação de um clima organizacional flexível e favorável às

mudanças devem ser implementados. Assim, acredita-se estar inserida no

novo papel do gestor de pessoas, a necessidade de estabelecer e implementar

modelos, políticas e práticas de gestão com vistas a obter o comprometimento

do trabalhador para com a empresa.

7.2 Programas de incentivos e valorização das pessoas

Com a evolução tecnológica e dos métodos de trabalho, e em tendo

em vista a grande diversidade da mão-de-obra, clientes, fornecedores e

parceiros, bem como a globalização, muitos paradigmas e procedimentos

passaram a ser redefinidos, dando espaço para o florescimento de novas

idéias, novas estratégias e formas de gerenciar o desempenho das pessoas

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nas empresas, evidenciando-se, assim, um substancial aumento na busca por

profissionais altamente qualificados.

É sabido que nenhuma organização existe sem o fator humano. Por

isso, faz-se necessária a ressalva de que quando modifica-se as estruturas de

uma empresa, modifica-se também as pessoas.

O grande desafio dos líderes contemporâneos é conseguir fazer com

que seus colaboradores aceitem e sejam receptivos às novas

responsabilidades; que conscientizem-se que as suas funções relacionam-se

com as de outros colaboradores; que sejam capazes de se adaptar às

freqüentes transformações organizacionais; e, principalmente que estejam

afinados com as pessoas em sua volta, realizando seu trabalho de forma mais

eficaz, apresentando maior produtividade individual e se tornando pessoas

melhores.

Para fazer surgir e reter os talentos humanos, as organizações têm

lançado mão de várias estratégias, tais como: implementação de programas de

incentivos e benefícios salariais, participação no lucro das empresas, qualidade

de vida no trabalho e oferecimento de cursos de especialização e capacitação,

através das Universidades Corporativas.

De acordo com Ribeiro (2006), através da implementação de

Programas de Incentivos e Valorização das pessoas algumas empresas estão

chegando ao sucesso, pois tais programas buscam estimular os talentos para o

desempenho de suas funções com acentuados níveis de motivação e altas

performances, onde suas potencialidades são encorajadas à aplicação e suas

expectativas de desenvolvimento são atendidas, culminado em muitos casos

em forte impacto positivo na motivação e no clima Organizacional.

Considerando-se que os programas de incentivos e valorização das

pessoas, motivam, agregando valor à empresa, passa-se à análise de alguns

destes benefícios que podem ser os responsáveis pelo maior desenvolvimento

da Empresa.

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7.2.1 A remuneração por competências ou habilidades

A remuneração por competências ou habilidades diz respeito a uma

nova forma de estratégia utilizada na administração de cargos e salários da

empresa, tendo sido bastante destacada nos programas direcionados à gestão

de pessoas.

Essa nova estratégia de remuneração valoriza, em primeiro lugar, a

pessoa, e, em segundo lugar, o cargo ocupado por ela. Tal mudança de visão é

o que a faz diferente dos modelos adotados pelas estratégias tradicionais de

remuneração. Dentro deste enfoque, a avaliação é realizada sobre as

atividades e responsabilidades que o funcionário assume na organização.

Diversos pesquisadores consideram que os modelos tradicionais de

remuneração não serão extintos completamente. Tais modelos são de grande

valia para a definição dos salários dos cargos considerados operacionais e não

estratégicos. Porém, já se observa como tendência, a utilização da

remuneração por competência para mensurar talentos considerados

importantes pela empresa para a excelência das organizações e, também, por

não realizarem atividades rotineiras.

De acordo com Chiavenato (2001, p.189) “a administração de

salários, é um conjunto de normas e procedimentos utilizados para estabelecer

e/ou manter estruturas de salários equitativas e justas na organização”.

A função da sua existência nas organizações a de implantar um

sistema de remuneração que mantenha adequada a relação vertical entre

salários, ajustando esse sistema ou plano à realidade de mercado e

estabelecendo um correto regime de estímulos ao aumento da eficiência e

produtividade do trabalhador.

7.2.2 Universidades Corporativas

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A Educação Corporativa é uma estratégia utilizada pelas

organizações para preparar seus funcionários de forma que possam se

constituir em uma vantagem competitiva. O desafio é mantê-los atualizados em

todas as suas competências que dizem respeito a seus cargos, e em algumas

competências básicas para os negócios.

Segundo Meister (1999, p.133), no século XXI, a universidade

corporativa vem surgindo como o setor de maior crescimento no ensino

superior. Algumas destas universidades originaram-se da reestruturação da

função da educação em toda a empresa.

Observa-se que o grande desafio que se impõe é a criação de um

ambiente de aprendizagem no qual todo funcionário e todo componente do

sistema comercial da empresa compreenda a importância da contínua

aprendizagem associada às metas empresariais.

O ideal é que o tipo de estrutura de controle vincule as principais

estratégias empresariais ao projeto e desenvolvimento de soluções de

aprendizagem. Em essência, o sistema controlador oferece quatro papéis-

chave: identificar e priorizar as necessidades de aprendizagem atuais e futuras,

vincular o treinamento a essas principais estratégias empresariais; assegurar

projeto, desenvolvimento, apresentação e avaliação consistentes e oferecer

orientação para o desenvolvimento de uma filosofia de aprendizagem.

Evidencia-se diversos motivos que levam uma empresa ao desejo de

criar uma universidade corporativa, tais como a criação de valores para os

funcionários, a criação de uma boa imagem externa, causando uma boa

impressão aos clientes ou sócios e também uma boa imagem interna.

De acordo com Meister (1999, p.114), “uma universidade corporativa

deve envolver-se com todas as fases da educação, desde a identificação das

necessidades atuais e futuras da empresa e a elaboração de cursos até a

prática dos mesmos propriamente dita”. Uma universidade corporativa de

qualidade não treina somente seu pessoal, mas treina também clientes,

fornecedores e a comunidade onde está instalada.

Segundo Hashimoto (2006, p.91):

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O objetivo principal da educação corporativa é evitar que

o profissional se desatualize técnica, cultural e

profissionalmente e consequentemente perca sua

capacidade de exercer a profissão com competência e

eficiência, causando prejuízos à profissão, além do

sentimento de incapacidade profissional. Educação

corporativa é, portanto, o conjunto de práticas

educacionais planejadas para promover oportunidades

de desenvolvimento do funcionário, tendo por objetivo

ajudá-lo a atuar mais efetivamente na sua vida

institucional.

Os programas atualmente existentes de educação corporativa

destacam-se como um sistema de desenvolvimento de pessoas e talentos

humanos associado às estratégias de negócio. Tais programas necessitam

associar o desenvolvimento das pessoas e as estratégias de negócios da

empresa, visando o diferencial competitivo.

Sendo assim, depreende-se que a missão da universidade

corporativa consiste no ideal de formar e desenvolver os talentos humanos na

gestão dos negócios, promovendo a gestão do conhecimento organizacional

através de um processo de aprendizagem ativo e contínuo. A fim de que

alcance este objetivo, é fundamental que se utilize de tecnologia de ponta

associada a uma nova metodologia de trabalho.

Pode-se deduzir que a meta primordial é a de desenvolver as

competências críticas em vez de habilidades.

Muitas das organizações brasileiras acreditam que as pessoas só

dão importância aos fatores externos em detrimento ao conteúdo do próprio

trabalho realizado. Sendo assim, Hashimoto (2006) afirma que um programa de

educação corporativa deve não somente atender aos fatores externos de

satisfação em relação ao processo de aprendizagem dentro da empresa, como

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também encontrar e adotar recursos organizacionais e educacionais capazes

de não sufocar as forças motivacionais inerentes às próprias pessoas, mas sim

incentivá-las.

Sendo assim, os programas de Educação Corporativa têm se

espalhado e evoluído, numa busca constante pela adequação e têm sido

implantados de diversas formas: através de treinamentos, cursos de

desenvolvimento pessoal e profissional e das tão louváveis Universidades

Corporativas, que integram, na maioria das vezes, as ferramentas necessárias

para a difusão do conhecimento e da educação em toda a empresa.

Mais do que investir em educação, investir em pessoas parece o ser

o caminho certo para o crescimento das empresas. A utilização Educação

Corporativa como ferramenta que alia essas duas bases é, então, um

excelente cainho na busca não só da eficiência, como também da eficácia

organizacional.

Conclui-se que a educação corporativa constitui, assim como a

educação básica, em um fator fundamental para o desenvolvimento sustentável

das organizações e da sociedade como um todo. Ambas, contribuem para

suportar a produção de bens e serviços de uma nação.

As melhores universidades corporativas são aquelas que existem

para ajudar as corporações a atingir os seus objetivos. Cada organização

existe por uma razão, e a razão está normalmente explicitada em uma missão.

A maioria das melhores organizações desenvolve estratégias ou planos para

cumprir a sua missão. Ter uma universidade corporativa deve ser visto não

como um objetivo organizacional, mas como um meio para ajudar a

organização a atingir os seus objetivos. Vista desta forma, a universidade

corporativa é um instrumento poderoso para ajudar a organização a chegar

onde deve chegar.

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8 - A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO NO

CUMPRIMENTO DE METAS NAS ORGANIZAÇÕES

CONTEMPORÂNEAS

8.1 O líder no estabelecimento de estratégias competitivas

Promover um clima de inovação em toda a organização tem sido o

grande desafio dos responsáveis por desenvolvimento organizacional e RH nas

empresas. A idéia é que existem muitos funcionários que possuem, de forma

inata, ou a semente pronta para desabrochar, o espírito empreendedor que,

dadas as devidas circunstâncias de liberdade, autonomia e apoio, podem

resultar em grandes idéias para melhorar o desempenho, reduzir erros e riscos

ou aumentar as receitas. Nesse sentido, Hashimoto (2006, p.96) apresentando

o conceito de intra-empreendedorismo.

Empreendedorismo, de acordo com Hashimoto (2006, p.96-97) é a

capacidade de transformar uma idéia em realidade, seja ela inovadora ou não.

Ser empreendedor é ser capaz de identificar oportunidades, desenvolver uma

visão do ambiente; ser capaz de contagiar pessoas com suas idéias; é estar

pronto para assumir riscos e aprender com os erros; é ser um profundo

conhecedor do todo e não só de algumas partes; é, dentre outras atribuições,

ser capaz de utilizar essas informações para seu próprio aperfeiçoamento.

Segundo Hashimoto (2006, p.97):

Intra-empreendedorismo ou empreendedorismo

corporativo é o assunto do momento no meio

empresarial. Cresce o número de empresas que se

interessam em promover uma cultura empreendedora

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dentre seus colaboradores, com o intuito de aumentar a

capacidade de gerar inovações, novos negócios,

soluções a problemas e diferenciais competitivos.

O empreendedor interno nasce e se expande em função da natureza

da cultura das empresas. Na maioria, a estrutura de poder e teias hierárquicas

sufocam a liberdade dos empregados, calando também a sua capacidade de

inovar. Nas poucas que tem a ousadia se manterem estruturas flexíveis, a

criatividade dos seus integrantes têm sido decisiva para o seu

desenvolvimento.

Em todos os casos, no nosso tempo o empreendedor interno é um

dos mais importantes recursos das empresas de alta competitividade.

Ao alcançar determinado nível de estabilidade, uma organização

pode perder ou ver reduzido o seu potencial empreendedor, entendido como a

capacidade de inovar através da recriação e reinvenção dos processos e

técnicas que a permitem encontrar novos mercados e novos produtos.

É por isto que o intra-empreendedorismo é indispensável para as

organizações já estabelecidas, pois recria a cultura empreendedora interna.

Segundo Hashimoto (2006), ainda que seja um conceito recente, já

foi amplamente divulgado. Empresas se dizem empreendedoras ao

simplesmente colocar em prática algum programa interno de idéias de

funcionários, a famosa 'caixa de sugestões', só que o intra-empreendedorismo

é muito mais do que isto. Requer uma radical mudança cultural interna que

permita o surgimento de novos modelos de negócio e agilidade para a

implantação dos projetos.

Qualquer pessoa que trabalha em uma empresa de grande porte

sabe que os principais entraves para se instaurar uma cultura empreendedora

passa pela rigidez dos processos de aprovação e decisão, líderes egoístas,

burocracia, falta de espírito de equipe, delimitações impostas pelas descrições

de cargo, obediência irrestrita às normas e padrões internos, pouca ou

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nenhuma tolerância a erros e fracassos, falta de orçamentos para

empreendimentos de risco, entre outros.

As organizações que deram início a uma jornada nesta direção

começaram por romper os paradigmas que tradicionalmente delimitam suas

fronteiras. Antes, o ciclo externo era bastante claro: fornecedor - empresa -

cliente. Hoje poderíamos dizer que o que temos é algo parecido com: parceiro -

empresa - parceiro. Cada vez mais as empresas estão delegando parte de

suas operações para fornecedores e clientes, dividindo responsabilidades com

eles, incorporando os valores dos clientes de seus clientes e a realidade dos

fornecedores de seus fornecedores. A tecnologia tem permitido os clientes e

fornecedores entrarem e participarem cada vez mais dos seus processos

internos visando ganhos mútuos e tornando os limites mais e mais difusos e

indistintos.

De acordo com Hashimoto (2006, p.111) na geração de uma cultura

corporativa empreendedora, este mesmo movimento está acontecendo agora

dentro da organização. Almeja-se assim que funcionários e líderes se tornem

parceiros da empresa, gozando de autonomia e independência para iniciar e

conduzir projetos de alto valor agregado, capacitando seus colaboradores a se

tornarem verdadeiras empresas, com noções de marketing, finanças,

operações, dando-lhes condições para estruturar uma idéia e negociá-la,

noções de gestão de projetos e liderança, habilidades para tecer relações e

obter apoio, tanto político como financeiro.

Empreendedores são, também por definição, inovadores. Não é

demais supor que o serão também na gestão, e, portanto, o estudo das suas

ações é de grande interesse para a avaliação das melhores práticas de

liderança. Dessa avaliação decorre que o conceito de empreendedor deve

levar em conta a sua capacidade de liderança.

Da importância da relação entre empreendedorismo e inovação,

percebe-se que uma definição apropriada deve necessariamente enfatizar

essa relação. Nesse sentido, também é necessário ter em mente que não se

trata da criatividade por si só, mas aplicada a um objetivo organizacional, o

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que significa que o líder empreendedor deva ser capaz de fundamentar uma

visão da inovação sólida o suficiente para motivar com ela seu grupo de

trabalho, o que se dá no campo da gestão das organizações.

Os funcionários inovadores se comportam de forma semelhante aos

líderes proprietários, ou seja, são pessoas capazes de agregar valores ao

cliente. Porém, para que se tenha empregados intra-empreendedores na

empresa é muito importante que ela própria seja empreendedora. De acordo

com Hashimoto (2006, p.113), “não adianta a empresa contratar empregados

empreendedores sem que ela tenha criado uma cultura interna para recebê-

los”.

Os líderes empreendedores são os verdadeiros agentes de

mudanças nas organizações, conforme a experiência. Hoje os intra-

empreendedores utilizam-se das conquistas relativas à atividade

empreendedora.

Nesse período de rápidas transformações, as empresas que não

adquirirem competência empreendedora, não conseguirão assegurar sua

sobrevivência no mercado.

As empresas que não inovarem inevitavelmente envelhecerão e

declinarão e estarão fadadas ao insucesso e, conseqüentemente, sua queda

será rápida.

8.2 O líder na transformação do Departamento de Recursos

Humanos nas Empresas

Muitas são as obras que apontam a necessidade de uma liderança

transformadora, modificando o Departamento de Recursos Humanos.

Ribeiro (2006) analisou detalhadamente a gestão do fator humano no

dia-a-dia das empresas. Por ter ampla experiência como profissional de

Recursos Humanos, presenciou a implantação de inúmeros projetos voltados à

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criação de ambientes mais colaborativos. O autor analisa a evolução do

pensamento administrativo nos últimos cem anos, demonstrando como se deu

a interferência nas atuais teorias administrativas, bem como quais são as suas

tendências.

Para tanto, analisa as Teorias da Administração, desde a Administração

Científica de Taylor, Escola Normativista de Fayol, Escola das Relações

Humanas, Escola do Comportamento Humano, Escola Burocrática, Escola

Estruturalista, Escola de Sistemas, Escola de Administração por Objetivos,

Escola do Desenvolvimento Organizacional até a Teoria da Contingência.

Hashimoto (2006), apresenta em Espírito empreendedor nas

organizações o exemplo de 11 empresas que implementaram uma cultura

voltada ao empreendedorismo interno: Algar, Amil, Brasilprev, Credicard,

Microsiga, Satélite Distribuidora, Serasa, Suzano Bahia Sul, Tokio Marine,

Fundições Tupy e Unimed Vales do Taquari e Rio Pardo. São onze casos

diferentes, onze culturas diferentes e onze negócios diferentes.

Na falta de uma metodologia única, cada uma construiu seu próprio

modelo. A diversidade das histórias mostra como é possível adequar o clima

empreendedor em qualquer circunstância, desde que os responsáveis tenham

em si a atitude empreendedora de fazer o programa acontecer.

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CONCLUSÃO

A rápida abertura econômica de nosso país pressionou as empresas

a buscar a excelência como a única alternativa para a sobrevivência em um

mundo complexo e fortemente desafiante.

A excelência é a base da lucratividade. Uma de suas conseqüências

foi a súbita redução de níveis hierárquicos por práticas de downsizing e

enxugamento, diminuindo acentuadamente a distância entre chefes e

subordinados.

A aproximação pela compressão hierárquica trouxe inevitavelmente

novas tendências na avaliação do desempenho humano, tanto no nível do

desempenho individual, quanto no nível do desempenho coletivo, resultante do

trabalho em equipe. Com isto, os complexos processos estruturados e

formalizados de avaliação de desempenho não têm encontrado aceitabilidade,

passando a prevalecer o esforço de avaliação qualitativa das pessoas de forma

direta e sem depender de relatórios sucessivos até chegar ao responsável pelo

tratamento da informação e tomada de decisão.

Por outro lado, tem-se buscado a excelência principalmente na base

de investimentos em treinamento, capacitação e desenvolvimento das pessoas,

hoje consideradas talentos humanos a serem estimulados e desenvolvidos e

não simplesmente recursos humanos em disponibilidade.

De nada vale, porém, promover essas mudanças comportamentais

sem o devido treinamento orientador e motivador dos principais agentes

dessas transformações – as pessoas – para que possam ser alvo delas e,

simultaneamente, compreendê-las e fazê-las acontecer como sujeitos ativos.

Por outro lado, de nada vale treinar, capacitar e desenvolver as

pessoas sem um adequado sistema de avaliação do desempenho capaz de

indicar o acerto ou não das medidas tomadas, isto é, mostrar se o caminho

escolhido está sendo seguido e se irá conduzir aos objetivos desejados. Ainda

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mais em um contexto ambiental em constante mudança e transformação, a

avaliação do desempenho torna-se muito mais necessária para verificar

permanentemente os rumos para as eventuais correções ou alterações. E essa

detecção dos ajustes necessários caminha em relação às pessoas, às equipes

e às áreas e, sobretudo, à empresa como um todo.

Além de todas essas influências, os rumos da avaliação do

desempenho têm sido marcados por dois outros fatores importantes.

O primeiro deles é a gradativa substituição da organização funcional

e departamentalizada pela organização por processos, alterando os sistemas

de indicadores e de medições dentro das empresas.

O segundo é a participação dos trabalhadores nos resultados das

empresas, que requer um sistema de medições e indicadores que permita

negociações francas e objetivas entre elas e seus funcionários. O que se

percebe é a ausência de indicadores de desempenho em muitas empresas ou

a utilização desordenada de vários indicadores dispersos e desconexos que

não proporcionam a visão global necessária.

Com todas essas tendências, conclui-se que a avaliação do

desempenho – antes burocratizada, rotineira repetitiva e autocontida -, está-se

tornando flexível, não estruturada ou mesmo semi-estruturada, mas guardando

ampla liberdade de forma e de conteúdo.

O que importa é dirigir os esforços das pessoas para objetivos

capazes de servir ao negócio da empresa e aos interesses individuais das

pessoas, na melhor forma possível de integrar objetivos organizacionais e

objetivos individuais. Sem conflitos e reforçando a colocação de que a

avaliação do desempenho não é um fim em si, mas um importante meio para

melhorar e impulsionar o comportamento das pessoas.

Somente as pessoas são capazes de desenvolver-se, pois têm uma

enorme necessidade de crescimento. O desenvolvimento organizacional

procura modificar as organizações mecanicistas transformando-as em

organizações orgânicas através da compatibilização dos objetivos

organizacionais e dos objetivos individuais dos participantes.

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A partir desta premissa de desenvolvimento organizacional conclui-

se que o papel das organizações atualmente deixou de ser apenas o tradicional

e ganhou novas responsabilidades. A mais importante delas é a de promover o

desenvolvimento de toda a sociedade, e para que esse papel seja cumprido de

maneira satisfatória, faz-se necessário que os seus colaboradores diretos

estejam conscientes da necessidade de estarem preparados como cidadãos

conscientes. Isso implica que tenham acesso à educação e à cultura de forma

ampla, para que possam agregar valor ao trabalho que eles realizam.

As universidades corporativas são a prova mais concreta de que o

modelo de Treinamento e Desenvolvimento utilizado na era industrial não

atende mais ao atual objetivo de desenvolver e reter os talentos na quantidade

e qualidade de que as empresas necessitam para competir de maneira eficaz

na era do conhecimento. O aumento cada vez maior dessas universidades

corporativas constitui-se na resposta estratégica das organizações bem-

sucedidas que estão preparando o sucesso da empresa no futuro através do

desenvolvimento contínuo de seus talentos internos e externos.

As empresas estão criando um sistema de aprendizagem contínuo

em que toda organização pode aprender e trabalhar com novos processos e

novas soluções. Nesse sentido, o desafio maior é criar um ambiente de

aprendizagem no qual todo funcionário da empresa seja capaz de

compreender a importância da aprendizagem contínua para o atingimento das

metas empresariais.

A maior parte das universidades corporativas objetivam aumentar a

aptidão do funcionário para a aprendizagem, tentando conscientizar cada um

deles da importância de uma aprendizagem permanente. Em síntese, a

universidade corporativa aprimora a filosofia de aprendizagem da organização,

oferecendo a todos os níveis de funcionários o conhecimento, as qualificações

e as competências necessárias para atingir os objetivos estratégicos da

organização. Para o treinamento tradicional, o processo de aprendizagem é

algo que tem começo, meio e fim. Já a universidade corporativa encoraja seus

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funcionários a lutar continuamente para adquirir novas qualificações e

competências durante toda a vida profissional.

Chega-se, portanto, ao final desse estudo evidenciando-se que os

programas de treinamento são de extrema importância para a manutenção de

uma organização competitiva dentro do novo cenário mundial. Porém, para que

estes programas cumpram seu papel, faz-se necessário que sejam

direcionados de forma a suprir as reais carências da organização nas busca de

atingir seus objetivos globais.

A fim de que os programas de treinamento sejam planejados e

executados de forma eficiente, deve ser realizada uma criteriosa pesquisa de

levantamento das necessidades de treinamento. Esta pesquisa deve ser um

processo contínuo, que envolva a empresa de uma forma global e integrada, e

combine um diagnóstico confiável da situação atual com os interesses atuais e

futuros.

Quanto às ferramentas tradicionalmente utilizadas para a atividade

de Levantamento das Necessidades de Treinamento, estas apresentam

limitações que impedem o seu uso efetivo. Dentre essas limitações, ressalta-se

a dificuldade em se obter uma visão integrada da empresa e uma forte

tendência de serem influenciados por opiniões individuais. Tal dificuldade tem

conseqüências maiores quando se deseja identificar a lacuna existente entre o

que seria necessário para se alcançar as metas e os objetivos de uma empresa

e o que esta realmente possui.

Face ao exposto, seria desejável que o sistema de liderança adotado

por uma empresa fosse capaz de, à medida que for mensurando seu

desempenho, identificar onde esta precisa incrementar suas competências.

Assim, estaria-se fazendo constantemente um levantamento das necessidades

de treinamento e sempre com foco no desempenho global da organização.

Ainda com relação ao que já discutiu-se anteriormente, também seria

desejável que tal sistema fosse capaz de mostrar como os diversos setores

interagem entre si e qual o papel de cada um na busca pelos objetivos de curto

e longo prazo da organização. Dessa forma, seria mais fácil justificar como o

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desenvolvimento de competências individuais pode colaborar com os

resultados globais de uma empresa.

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