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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA ATUAÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL Por: Diana Evelyn Barbosa Rodrigues Orientador: Profª Mary Sue de Carvalho Pereira Rio de Janeiro 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO ...O ouro de aluvião, recolhido nos rios e retirado das baetas, era processado, fundido e enviado para a Europa, operação igualmente

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

ATUAÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO

PROFISSIONAL

Por: Diana Evelyn Barbosa Rodrigues

Orientador: Profª Mary Sue de Carvalho Pereira

Rio de Janeiro

2015

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDAE INTEGRADA

ATUAÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO

PROFISSIONAL

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Administração e Supervisão Escolar

Por: Diana Evelyn Barbosa Rodrigues

3

AGRADECIMENTOS

Ao Deus da minha salvação, pelo dom da vida e pelo Teu infinito amor; Aos meus pais, pelo exemplo, pelo apoio e amor incondicional; Às minhas irmãs, amigas inseparáveis, sempre me apoiando e incentivando a alcançar lugares altos; Às minhas amigas, Bianca e Paula, pelo carinho e apoio de sempre; A minha sobrinha Sofiee que eu tanto amo, pela sua infinita alegria ; À minha avó Arminda, pelos seus gestos cuidadosos;

À todos os professores que contribuíram para que esta etapa da minha vida fosse alcançada;

A toda minha família, aos meus amigos e aos colegas de trabalho que acompanharam e acompanham a minha caminhada.

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DEDICATÓRIA

“Não há nenhuma atividade humana da qual se possa excluir qualquer intervenção intelectual. Além disso, fora do trabalho, todo homem desenvolve alguma atividade intelectual; ele é, em outras palavras, um “filósofo”, um artista, um homem com sensibilidade; ele partilha uma concepção do mundo, tem uma linha consciente da conduta moral, e, portanto contribui para manter ou mudar a concepção do mundo, isto é, para estimular novas formas de pensamento”.

Gramsci

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6

RESUMO

Esta monografia tem como objetivo compreender as diversas atribuições do Pedagogo e dos demais agentes de educação da modalidade de Aprendizagem Industrial de uma escola profissionalizante para a indústria e de que forma o pedagogo pode contribuir para a formação profissional e pessoal dos jovens aprendizes. Apresenta fundamentos da relação entre Trabalho e Educação a partir do contexto brasileiro. Tematiza o trabalho a partir da história da indústria e da classe trabalhadora a fim de compreender como se chegou à conjuntura atual. Analisou a exigência de transformações na metodologia utilizada pelos professores para a formação de seus alunos, tendo em vista mudar a realidade atual, onde o ensino é realizado de forma pragmática e parcial, seguindo os moldes do sistema capitalista. A autora utilizou sua experiência profissional para pontuar a rotina de trabalho dos agentes educacionais do Setor de Educação Profissional e a necessidade de estruturar um novo fluxo de processos, considerando suas observações e atuações neste campo. Finalizando o estudo, enfatiza uma educação com perspectivas sociais e democráticas, sem a falsa flexibilidade do trabalho, defendendo a construção crítica de um pensamento voltado para a superação educacional do trabalhador. Aponta que o Pedagogo tem papel mediador nesta ação em busca dos interesses dos trabalhadores, por ser um profissional transformador do conhecimento e do comportamento humano.

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METODOLOGIA

Tematizar o trabalho a partir da história da indústria e da classe

trabalhadora a fim de compreender como se chegou à conjuntura atual e

apresentar fundamentos da relação entre trabalho e educação a partir do

contexto brasileiro. Realizar uma contextualização sobre o sistema S, a lei da

aprendizagem e objetivo do programa jovem aprendiz. Analisar a exigência de

transformações na metodologia utilizada pelos professores para a formação de

seus alunos, tendo em vista mudar a realidade atual, onde o ensino é

realizado de forma pragmática e parcial, seguindo os moldes do sistema

capitalista. Através da experiência profissional da autora, pontuar as

características principais deste segmento de ensino profissionalizante e as

problemáticas relacionadas ao acúmulo de funções identificadas na prática

diária e para finalizar o estudo, estabelecer uma rotina de processos a fim de

que o Pedagogo assuma o seu papel no que se refere à supervisão escolar e

acompanhamento do desenvolvimento do aprendiz como transformador do

conhecimento e do comportamento humano.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I - Retrospectiva histórica sobre a Indústria no Brasil, A classe

trabalhadora e o surgimento do Sistema S 13

CAPÍTULO II - O SENAI Laranjeiras, a Aprendizagem Industrial e a

Metodologia SENAI de Educação Profissional 24

CAPÍTULO III – Função do Especialista em Educação da Escola de Educação

Profissional e suas principais atribuições 33

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA 45

INDICE 48

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INTRODUÇÃO

A escola na qual esta autora trabalha, foco central dessa pesquisa,

encontra-se situada em um bairro de classe média da Zona Sul e é a única

escola do segmento audiovisual que existe no Sistema SENAI do Rio de

Janeiro. A unidade oferece cursos nas modalidades de aprendizagem

industrial, treinamento, aperfeiçoamento e especialização de adultos, bem

como iniciação profissional e cursos de qualificação profissional. Além da

atuação no segmento audiovisual, a Escola atua nos segmentos de formação

profissional nas áreas de Gestão e Tecnologia da Informação.

O foco dessa pesquisa é o segmento de aprendizagem industrial. A

autora iniciou a sua experiência profissional no SENAI CTS Automação e

Simulação, situado em Benfica, como estagiária de pedagogia, no ano de

2009, e após um ano surgiu a oportunidade de ser contratada como auxiliar

administrativo da modalidade de Aprendizagem Industrial, dando apoio à

pedagoga deste segmento. Trabalhou por 03 anos nesta função e nesta

Unidade Operacional, e logo que se formou, em 2012, participou de processo

seletivo interno para a vaga de Pedagoga, sendo aprovada para a Unidade de

Laranjeiras, no qual se encontra exercendo a função de coordenadora da

Aprendizagem Industrial atualmente.

Decidiu realizar uma pesquisa com foco neste segmento por entender

que o surgimento do SENAI se deu devido a ele e por sua atuação desde que

iniciou como estagiária sempre ter sido nesta modalidade de ensino

profissionalizante. Durante a Segunda Guerra Mundial, os pais de família

estavam sendo recrutados para a guerra e os jovens precisavam aprender um

ofício, a fim de ocuparem o lugar do chefe de família da casa. Neste sentido,

esse segmento de Aprendizagem Industrial representou a missão da instituição

e o motivo de sua existência, pois para a manutenção desta Instituição de

Ensino, as empresas industriais contribuíam nos termos do Decreto-Lei nº

4.048 de 22/01/1942 e do Art. 1º do Decreto nº 6.246 de 05/02/1944, com 1%

do montante da folha de salários. Ademais, as empresas industriais eram

obrigadas a contratar como jovem aprendiz um determinado número de jovens

de acordo com a quantidade de funcionários que possui.

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Nesse sentido, o coordenador pedagógico do segmento de

aprendizagem industrial é responsável por realizar atendimento às empresas

que são obrigadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego a cumprir cotas com

jovens aprendizes, de acordo com a Lei 5.598 da Aprendizagem Industrial no

que se refere à serviços de assessoria, orientações sobre a legislação,

realização de processo seletivo, suporte no período de contratação desses

jovens junto às empresas e acompanhamento do jovem dentro do programa.

Além disso, este profissional é responsável pela supervisão da prática

pedagógica dos docentes que atuam nos cursos de qualificação profissional

(denominada etapa de fase escolar no contrato de trabalho entre

aprendiz/empresa), planejamento das aulas e do calendário de atividades

escolares, acompanhar o processo de ensino - aprendizagem do jovem

aprendiz, realizando orientação do mesmo, bem como informar mensalmente o

desempenho do aprendiz para empresa através de relatórios de

aproveitamento e frequência. Ao final da fase escolar e transição para fase

prática na empresa, deverá realizar o planejamento junto aos supervisores e

setor de recursos humanos das atividades de trabalho do aprendiz, bem como

acompanhar o desenvolvimento do jovem nos postos de trabalho, por meio de

visitas regulares às empresas.

Diante de um acúmulo de atribuições de cunho administrativo, de

supervisão e de orientação, a autora propôs o redirecionamento das ações do

especialista em educação da escola profissionalizante através de um novo

fluxo de processos, a fim de que o mesmo consiga dar conta de suas diversas

atribuições, tendo clareza de sua verdadeira função no contexto

escolar/profissional. A proposta é de que o papel do educador no que tange à

qualificação profissional dos alunos desta instituição seja a de um mediador

nas esferas de ação, com o objetivo de utilizar seus conhecimentos na

transformação do comportamento humano dos jovens que estão se inserindo

no mercado de trabalho, com intuito de valorizar não somente as competências

técnicas, como também o desenvolvimento do trabalhador cidadão e as

questões sociais, cognitivas e comportamentais, considerando que estas

possuem a mesma relevância quanto às competências técnicas.

Face a essa questão, a autora realizou uma retrospectiva histórica sobre

a Indústria, a Classe Trabalhadora e o surgimento do Sistema S, buscando

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compreender porque a Educação Profissional desta instituição se encontra tal

como ela é hoje e a partir da experiência da autora como pedagoga do Setor

de Educação Profissional dessa escola, como o especialista em educação da

escola de Aprendizagem Industrial pode contribuir para a formação do aprendiz

cumprindo com a essência do seu contrato de trabalho, que preconiza o

desenvolvimento do trabalhador cidadão, uma vez que possui um acúmulo de

atribuições que competem a diferentes agentes de educação.

O objetivo principal da pesquisa não é apenas levantar hipóteses, e sim,

trazer contribuições acerca da real função do especialista em educação na

escola profissionalizante, ou seja, defender a ideia de que através da

implementação de novos procedimentos e rotinas de processos, o profissional

de educação das escolas de aprendizagem cumpra com eficiência sua função

de educador e suas diversas atribuições. Entretanto para alcançar esse

objetivo, faz-se necessário remodelar o trabalho de administração e supervisão

escolar dessa instituição de educação profissional, tendo em vista que os

professores que atuam com os aprendizes nos cursos de aprendizagem

industrial são profissionais de mercado e por muitas vezes tendem a reproduzir

os conhecimentos de forma fragmentada seguindo a lógica de trabalho

capitalista.

13

CAPÍTULO I

Retrospectiva histórica sobre a Indústria no Brasil, A classe

trabalhadora e o surgimento do Sistema S

O processo de produção no Brasil teve origem nos primeiros anos do

século XIX, refletindo as mudanças institucionais decorrentes da chegada da

família real portuguesa ao Rio de Janeiro. Até aquela época o Brasil estava

subordinado administrativamente a Portugal, que detinha poderes legislativos

sobre a Colônia, não merecendo assim legislação favorável a seu

desenvolvimento econômico e social. Entre o ano da descoberta do Brasil e o

momento da chegada da família Real, é possível identificar algumas iniciativas

de construção ou de produção em escala, como, por exemplo, o plantio da

cana de açúcar introduzido no Brasil ainda nas primeiras décadas do século

XVI, quando Martim Afonso de Sousa montou na vila de São Vicente, hoje a

cidade de São Paulo, os primeiros engenhos e o processamento da mandioca.

Apesar do monopólio da exploração dos produtos coloniais pela

metrópole, pode-se dizer que havia no Brasil rudimentos de indústria. A relação

de troca com a metrópole não era favorável aos produtores, pois Portugal

explorava a produção tanto do açúcar quanto da farinha de mandioca,

garantindo toda a lucratividade e utilizando o trabalho servil de índios no início

e, posteriormente, de negros africanos. Pode-se considerar a extração de ouro

e sua fundição em lingotes outra forma inicial de produção em escala, que

caracteriza a atividade industrial. O ouro de aluvião, recolhido nos rios e

retirado das baetas, era processado, fundido e enviado para a Europa,

operação igualmente complexa, que envolvia diversos trabalhadores.

O Brasil se abre para o século XIX em 1808, quando a Corte Portuguesa

se estabeleceu de fato na colônia. A partir desta data D. João VI permite então

o estabelecimento de fábricas e manufaturas, anulando a legislação de D.

Maria, que em 1785 proibiu através de um alvará que indústrias brasileiras se

instalassem e se desenvolvessem no Brasil. Até o momento só era possível

explorar os produtos agrícolas como algodão, fumo, feijão e o café, que

começava a ser explorado no Vale da Paraíba.

14

Com a expansão da agroindústria açucareira e com a intensificação da

atividade extrativa de minérios em Minas Gerais durante os primeiros séculos

de colonização, os núcleos urbanos que abrigavam a burocracia do Estado e

as atividades de comércio foram se desenvolvendo. Essa população urbana

criou um mercado consumidor para os mais diversos produtos artesanais e

utensílios domésticos, o que gerou a necessidade do trabalho especializado

dos diversos artesãos: sapateiros, ferreiros, carpinteiros e outros. Dessa forma,

os colégios jesuítas, que foram os principais precursores da educação

profissional no Brasil Colônia, desenvolveram escolas-oficinas.

Os jesuítas trouxeram da Europa trabalhadores especializados no

desempenho de ofícios mecânicos e estes foram designados como irmãos-

oficiais para ensinarem aos aprendizes atividades de tecelagem, ferramentas,

armas-de-fogo dentre outros. As crianças e adolescentes eram

preferencialmente escolhidos para serem os aprendizes, a fim de desempenhar

tarefas acessórias da produção. Foi intensa a atividade dos jesuítas no ensino

de ofícios nas Reduções Guaranis. De acordo com Cunha,

A aprendizagem dos ofícios, tanto para os escravos, quanto pra os

homens livres, era desenvolvida no próprio ambiente de trabalho sem

padrões ou regulamentações, sem atribuições de tarefas para os

aprendizes. [...] Os aprendizes não eram necessariamente crianças e

adolescentes, mas os indivíduos que eventualmente demonstrassem

disposições para aprendizagem, em termos tanto técnicos (força,

habilidade, atenção) quanto sociais (lealdade ao senhor e ao seu

capital, na forma das instalações, instrumentos de trabalho, matéria-

prima, mercadorias e a conservação de si próprio, também capital).

(CUNHA, 2000, p.32).

Como o objetivo do capitalismo é o lucro, após a Revolução Industrial, a

manufatura passou a ser substituída pela maquinofatura. A manufatura

consiste no processo de trabalho em que são concentrados em uma oficina,

trabalhadores de vários ofícios e independentes por cujas mãos tem de passar

um produto desde o início até o processo final, sob o comando de um gestor, o

capitalista, que é o único que detêm o conhecimento do processo produtivo por

completo.

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Antes do capitalismo manufatureiro, o mestre artesão detinha o domínio

e o conhecimento sobre todo o processo de trabalho do início ao fim. O

trabalho não era fragmentado; com a Revolução Industrial e o advento das

máquinas, esta passa a ser muito mais rápida e produtiva do que o homem,

apresentando vantagens inegáveis para o capital devido à redução do custo de

produção que proporciona.

De acordo com Bianchetti e Palangana,

o período em que predominou a produção manufatureira foi uma

espécie de “vestibular” ao qual a humanidade foi submetida a fim de

adequar-se à forma própria de produção capitalista, em um

determinado período. A fragmentação do saber e a imposição de um

ritmo extra-organismo de trabalho eram indispensáveis para a

produção maquinofatureira. Porém, se ‘a burguesia foi capaz de gerar

forças produtivas mais variadas e potentes do que todas as gerações

precedentes juntas em conjunto’, como afirmam Marx e Engels, as

relações de produção continuavam a apresentar pontos de

estrangulamento conspiratórios à acumulação do capital.

(BIANCHETTI e PALANGANA, 2010, p.06).

A educação, como uma instituição que sempre está sujeita às

exigências da economia vigente, tem o ensino universitário e científico voltado

para atender, prioritariamente, aos interesses dos industriais, ao investimento

de novas tecnologias para o contínuo processo de modernização e atualização

das máquinas. Por outro lado, a educação escolar e/ou profissionalizante de

nível médio volta-se para a formação mínima e técnica de uma mão de obra de

baixo custo para atuar na produção. Neste sentido esta leva a certa

desqualificação do trabalhador, vez que nega a este uma formação mais

abrangente, contribuindo assim para o processo de desumanização, alienação

do homem.

A educação encontra-se dentro de um paradigma: Ao mesmo tempo em

que ela desqualifica o trabalhador e contribui para o processo de trabalho, a

lógica produtiva que aliena o homem, ela é a “porta aberta”, a “chave para a

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mudança” do homem e da sociedade capitalista. Segundo Bianchetti e

Palangana,

O sucesso do paradigma taylorista-fordista pode ser percebido à

medida que essa verdadeira técnica de subsunção do trabalho ao

capital foi gradativamente ultrapassando os muros da fábrica,

invadindo outros espaços do social, penetrando nos mais ocultos e

diferentes setores. Um destes setores, sem dúvida, é a escola. E isto

vai trazer repercussões uma vez que esta passa a preparar para o

trabalho numa perspectiva na qual a questão do cognitivo, do

conhecimento permanece relegada a um segundo plano. A prioridade

é educar no trabalhador as atitudes, as disposições, as formas de

comportamento, conduta e aceitação das relações sociais imperantes

(BIANCHETTI E PALANGANA, 2010, p. 07).

Com o fim da escravidão e a proclamação da República, vários setores

da sociedade começaram a demonstrar a vontade de que se estabelecesse no

Brasil um ensino que preparasse o trabalhador para as atividades da indústria.

Era necessária a melhoria da mão de obra, justificada pelo aumento de

indústrias no país. Com o início da Era Vargas, o governo precisava dar provas

de que ao chegar ao poder, inaugurava um novo tempo. Portanto, investia em

indústrias e novas tecnologias, gerando benefícios econômicos e políticos, uma

vez que atendia à população e à economia urbanas, que representavam

naquele momento força renovadora e contrária às oligarquias dominantes,

como veremos a seguir.

Na época da chegada dos portugueses, os povos nativos que existiam

no Brasil já possuíam sua forma de educação através do trabalho. Os homens

eram responsáveis pela caça e pesca, colheita, plantio e confecção de

artefatos. Às mulheres competiam os afazeres domésticos, tais como cuidar

das crianças, preparo de alimentos, pequenos artesanatos, dentre outros. Os

mais novos aprendiam com os mais velhos, observando e posteriormente

participando da atividade. De acordo com Manfredi (2002) trata-se de um

processo de Educação Profissional que integrava “saberes” e “fazeres”

mediante o exercício das múltiplas atividades da vida em comunidade.

17

Pode-se afirmar que eles foram os primeiros educadores de artes e

ofícios no Brasil, tendo em vista que os trabalhadores que exerciam atividades

manuais na época da colonização eram escravos negros, indígenas, mestiços

e brancos pobres. O sistema escravocrata predominava nas formas de

produção e organização do trabalho e teve duração de aproximadamente três

séculos, deixando marcas profundas na construção das representações sobre

o trabalho como atividade social e humana.

Além de envolver a violência cometida contra os habitantes nativos,

impondo-lhes um modo de vida que não era o seu, e de afugentar os

trabalhadores livres, o emprego da mão de obra escrava para a execução de

atividades manuais e de manufatura acabou criando a representação de que

todo e qualquer trabalho que exigisse esforço físico e manual consistiria em um

trabalho desqualificado.

Segundo Cunha (2000) o trabalho artesanal no Brasil, desde o Período

Colonial até o Império pautou-se pelo modo coorporativo da metrópole,

organizado em corporações embandeiradas (irmandades) e em ofícios não

embandeirados. Os aprendizes das escolas jesuítas eram em sua maioria

crianças e adolescentes, aos quais iam sendo atribuídas tarefas acessórias da

produção. As corporações de ofícios foram extintas pela Constituição de 1824,

após a independência. Nelas,

a aprendizagem de cada ofício ficava a critério dos mestres, mas a

irmandade controlava pontos importantes. Os mestres eram

obrigados a registrar os aprendizes na mesa de irmandade, e cada

mestre não podia ter mais de dois menores trabalhando com ele e

aprendendo o ofício. O tempo de aprendizado era de quatro anos no

mínimo. Sem que esse período tivesse terminado, o aprendiz não

podia empregar-se na oficina de outro mestre. Após esses quatros

anos, o mestre passava uma certidão declarando terminado o

aprendizado. O então oficial poderia pedir à mesa da irmandade para

ser examinado. Eram os juízes dos ofícios que examinavam os

candidatos, numa banca integrada também pelo juiz da mesa de

irmandade e por dois peritos eleitos para esse fim (CUNHA, 2000,

p.51).

18

Por terem sido os índios e escravos os primeiros aprendizes de ofício no

Brasil, a formação do trabalhador ficou estigmatizada como servidão, e os

ensinos das casas de ofícios aos jovens desvalidos e pobres. Foi a partir de

1827 que tivemos o primeiro projeto aprovado pela Câmara que organizava o

ensino público no Brasil. O ensino ficou dividido em quatro séries distintas, e o

ensino de ofícios ficou incluído na 3º série das escolas primárias, e depois nos

Liceus no estudo de desenho, necessário às artes e ofícios. Pode-se perceber

o caráter dos ofícios para os menores abandonados no Decreto nº 1.331 – A

de 01 de Fevereiro de 1854, criando asilos onde receberiam a instrução de 1º

grau e posteriormente seriam enviados às oficinas públicas ou particulares para

aprenderem um ofício.

Com o fim da escravidão e a proclamação da República, percebeu-se

uma sutil mudança no ensino de ofícios. A partir de 1906 foi aprovado um

crédito do governo Federal para que os Estados criassem escolas técnicas

profissionais. A Constituição da República de 1891, que instituiu o sistema

federativo de governo, consagrou também a descentralização do ensino e a

dualidade de sistemas, que delegou à União a criação e o controle do ensino

superior e o ensino secundário; aos Estados coube criar e controlar o ensino

primário e o ensino profissional.

No início da criação de escolas para trabalhadores no Brasil, em 1910,

no governo de Nilo Peçanha, as escolas encontravam-se em situação bastante

precária, pois não existiam professores especializados, além da falta de

estrutura e consequentemente baixo rendimento dos alunos. Somente houve

uma aceleração no processo de instalação de novas escolas

profissionalizantes a partir da Primeira Guerra Mundial. Nosso país tinha o

costume de importar os produtos industriais de outros países, e com as

dificuldades de importação ocasionadas pela guerra, o país viu-se forçado a

instalar grande número de indústrias e qualificar trabalhadores para atuarem

nas áreas específicas. Todavia, persistia ainda a tradição de que o trabalho

manual era destinado aos sujeitos de classe desfavorecida.

Até o surgimento das Leis Orgânicas de Ensino, a partir de 1942, o

ensino profissional, à exceção das escolas federais, não tinha nenhuma

regulamentação, porém esta data foi um marco na história do ensino

19

profissional. O governo demonstrou uma falsa preocupação de engajar as

indústrias na qualificação de seu pessoal, além de obrigá-las a colaborar com a

sociedade na educação de seus membros, mas, o que se constata é o início da

transferência de responsabilidades, isto é, o Estado passa para os empresários

a responsabilidade da qualificação dos trabalhadores, situação esta que

perdura até os dias atuais. Criou-se um sistema paralelo ao sistema oficial,

visto que era pouco eficiente, do qual foi organizado em convênio com as

indústrias, através da Confederação Nacional das Indústrias, a CNI. A partir

disso, criou-se então o Sistema Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI),

como se verá no próximo capítulo.

O Sistema ‘S’ surgiu a partir de uma conjuntura política, econômica e

social em que o Estado tinha interesses políticos para negociar com a classe

industrial a criação de um organismo que seria por ela organizado, dirigido e

financiado, dando a ela oportunidade de estabelecer programas e atividades.

Nessa época, o Estado passou por uma transição do modelo agroexportador

para o modelo de industrialização, realizado mediante pesados investimentos

públicos na criação da infraestrutura necessária ao desenvolvimento industrial

do país. A política educacional vigente naquela época legitimou a separação

entre o trabalho manual e o intelectual, pois ressaltava a sintonia entre a

divisão social do trabalho e a estrutura escolar, isto é, um ensino secundário

destinado às elites condutoras e os ramos profissionais do ensino médio

destinados às classes menos favorecidas. Segundo Kuenzer,

(...) Historicamente, a classe social que detém a posse dos

instrumentos materiais, também e não por coincidência, detém a

posse dos instrumentos intelectuais que lhe permitem sistematizar o

saber socialmente produzido, transformando-o em “teoria”. Assim,

mesmo existindo nas relações sociais, o saber é elaborado pela

classe dominante, passando a assumir o ponto de vista de uma

classe social, que o utiliza a seu favor (KUENZER, 1997, p. 27).

A distinção entre trabalho manual e intelectual emergiu através da

divisão de classes, com o surgimento da propriedade privada: a classe de

proprietários e a de não proprietários (expropriados das terras), sendo estes

obrigados a trabalhar para os proprietários. A escola surgiu então como uma

20

educação diferenciada: apenas a classe de proprietários tinha acesso e era

vista como uma atividade digna para ocupar o ócio, ao passo que a educação

dos não proprietários se dava a partir do trabalho, lidando com a terra, com a

prática, e nessa lógica, era considerada uma atividade indigna, inferior.

Pode-se perceber o motivo pelo qual a escola e a educação profissional

do trabalhador se constituíram tal como ela é hoje: devido a suas origens e seu

desenvolvimento. Através do desenvolvimento da sociedade capitalista, surge

a necessidade da generalização da escola aonde a divisão de classes cada

vez mais vem se fortificando. Era necessário apenas o mínimo de instrução, ou

seja, generalizar apenas a educação escolar básica de tal forma que o

trabalhador pudesse dispor do básico para apenas operacionalizar as

máquinas e para inserir-se na sociedade e no processo produtivo.

A educação científica e aprofundada está disponível apenas para a

classe dirigente. Impõe-se a heterogestão como forma de organização básica

do trabalho produtivo capitalista, onde aqueles que detêm o conhecimento

científico sobre o processo de trabalho por completo detêm a gestão e o

domínio sobre aqueles que não o possuem. A escola que se tem hoje está

inserida no modo capitalista de produção, sendo assim, ela contribui para este

processo. Todavia, de acordo com Kuenzer,

Isto não significa que se deva abandonar a escola como alternativa

de distribuição do saber, mesmo desigual, porque esta é a sua função

no capitalismo. Ao contrário, deve-se reivindicar a democratização de

sua proposta e a expansão de sua oferta, em todos os níveis, a toda

a população. Tem-se claro que só a pressão das camadas populares

forçará sua revisão; para isto, é preciso que novas alternativas sejam

coletivamente elaboradas, o que exige clareza teórica e

comprometimento político (KUENZER, 1997, p. 33).

Em sua origem, os projetos de construção do SENAI fizeram parte de

uma estratégia empregada pelos industriais paulistas para disciplinar o

trabalhador brasileiro e garantir a paz social, alicerçando-se nas premissas de

colaboração entre capital e trabalho e na representação de que o

desenvolvimento industrial conveniente aos empresários também interessa aos

21

trabalhadores e a todos os brasileiros, independentemente da condição de

classe.

No período anterior ao surgimento do SENAI, que vai de 1935 a 1942,

houve intensa repressão por parte do governo sobre as organizações

independentes dos trabalhadores. Em meados de 1943, o governo iniciou um

projeto de atração da massa de trabalhadores urbanos, transformando a

maioria dos sindicatos em apêndices do Estado. Nesse período de transição os

direitos dos trabalhadores que até então não existiam, como, por exemplo, o

salário mínimo, férias remuneradas, limitação da jornada de trabalho, dentre

outros, passaram a ser incorporados na legislação vigente.

Ficava visível o interesse do governo em apoiar e qualificar os

profissionais da época: estimular a industrialização e o crescimento econômico

do país através da exploração da mão de obra do trabalhador das classes

menos favorecidas, alienados do sistema de produção capitalista, utilizando

uma falsa aparência de neutralidade, em que a preocupação era melhorar a

qualidade de vida e a produção do trabalhador. Isso se explica através do

sindicalismo corporativista implantado no período de transição do Estado Novo,

onde a mobilização de amplos setores sociais se tornou uma necessidade

inadiável para os interesses políticos da época, além do forte apoio dado as

elites do ramo empresarial. De acordo com Manfredi,

(...) assim como nos dias atuais, os discursos que estão por trás das

discussões e das disputas pela racionalização técnica e pela

modernização da economia da sociedade brasileira representam

tentativas de criação de mecanismos institucionais que garantam aos

empresários novas possibilidades de intervenção nas relações

sociais, no âmbito das empresas e na sociedade civil. No primeiro

caso, trata-se de manter seu poder e sua supremacia no interior das

fábricas, mediante a promoção de novas formas de organização do

trabalho e de socialização do trabalhador e, no segundo, de poder

disputar a hegemonia com outros grupos, nos planos políticos e

ideológicos. No caso específico dos industrialistas dos anos 30, além

da disputa da hegemonia com os trabalhadores, havia também a

disputa com outros grupos dominantes, que duvidavam da

22

contribuição que a indústria poderia dar para o progresso econômico,

social e político (MANFREDI, 2002, p.192).

Liderados pelos empresários Roberto Simonsen e Roberto Mangue, no

final do Estado Novo e na gestão de Eurico Gaspar Dutra, o SENAI – Serviço

Nacional de Aprendizagem Industrial surgiu através de um projeto desenvolvido

por industriários, engenheiros, sanitaristas e educadores, em virtude da

necessidade de expansão da indústria nacional, no contexto das políticas sócio

econômicas de desenvolvimento da era Vargas. Tendo em vista a carência de

mais operários especializados, causada pelo aumento da produção industrial e

pela redução da imigração no período de guerra, surge o SENAI, objetivando a

racionalização do ambiente industrial, tanto dentro como fora da fábrica.

Segundo Weinstein,

Os decretos-leis que criaram o SENAI e o SESI e a legislação

posterior regulamentando esses novos órgãos traçaram apenas um

esboço muito geral de suas estruturas. Os decretos do governo,

embora bastante explícitos quanto à composição dos órgãos

administrativos e aos meios de financiamento, descreveram as

respectivas missões de maneira muito vaga. Assim, as formas

definitivas que o SESI e o SENAI assumiram mostraram-se flexíveis o

bastante para enfrentar conjunturas de mudanças políticas,

econômicas e ideológicas, mas o contexto que deram origem a esses

dois órgãos explicam as suas duradouras características

institucionais (...) As próprias estruturas do SENAI e do SESI, à

semelhança de sua estrutura de representação sindical, obviamente

excluíam as organizações operárias de uma participação direta e

restringiam o papel dos representantes do governo, deixavam os

industriais e seus técnicos de mãos livres para dirigir esses órgãos,

mantendo suas características básicas, mesmo em contextos sociais

em rápido processo de mudança (WINSTEINS apud MANFREDI,

2002, p.181)

De acordo com Manfredi (2002), o Sistema S nasceu com a pretensão

de ser um organismo público, embora sempre tenham tido uma gestão privada,

a cargo das entidades de representação patronal, o que revela as relações de

cumplicidade entre associações sindicais e os grupos que mantêm o poder no

interior do Estado brasileiro e explica as disputas recorrentes, no campo

23

político e ideológico, com os setores organizados dos trabalhadores industriais.

Segundo Kuenzer,

A educação para o trabalho se dá então de forma diferenciada, a

partir da origem de classe; a pequena parcela da população que

ingressa e permanece na escola se apropria, no seu interior, do saber

sobre o trabalho sob a forma de princípios teóricos e metodológicos,

o que lhe permitirá ocupar, mediante alguma negociação frente à

oferta de ocupações, as funções intelectuais na hierarquia do

trabalhador coletivo. À grande maioria da população, composta pela

classe trabalhadora excluída do sistema de ensino, resta aprender o

trabalho na prática (KUENZER, 1997, p. 30).

O SENAI é regido, em âmbito nacional, pela Confederação Nacional das

Indústrias (CNI) e, em cada Estado, pela respectiva Federação das Indústrias.

Sua estrutura é federativa. Compõe-se de órgãos normativos e órgãos de

administração, de âmbito nacional e de âmbito regional. Como instituição

mantida e administrada pelo empresariado industrial tem o SENAI orientado

suas atividades para dois objetivos paralelos: o econômico, isto é, a

capacitação de mão de obra para o aumento da produção e melhoria da

produtividade; e o social, que visa proporcionar aos trabalhadores da indústria

oportunidades de qualificação que lhes possibilitem melhores salários e

promoção social.

24

CAPÍTULO II

O SENAI Laranjeiras, a Aprendizagem Industrial e a Metodologia

SENAI de Educação Profissional

A equipe pedagógica dessa escola é composta por 28 funcionários:

sendo 20 docentes das áreas de gestão, tecnologia da informação e

audiovisual; 02 pedagogas, sendo cada uma responsável por cada segmento

(01 uma para o segmento de qualificação e cursos livres, que são cursos de

curta duração, para profissionais já qualificados, que desejam um

aprofundamento em uma determinada área específica de sua formação e 01

para aprendizagem industrial) que trabalham em conjunto com os técnicos de

educação; 02 auxiliares administrativos; 01 secretária escolar, responsável pela

expedição de documentos e matrícula dos alunos; e 01 chefe de setor, gestor

do setor de educação profissional.

As pedagogas trabalham em conjunto com os técnicos de educação,

cada um responsável por uma das áreas de referência técnica do SENAI.

Ambos são responsáveis por garantir o bom andamento dos cursos do SENAI

e coordenar o corpo docente. Os técnicos devem garantir que os docentes

recebam material didático e que as oficinas e ambientes pedagógicos estejam

em perfeito funcionamento e as pedagogas são responsáveis pela

coordenação, implantação, acompanhamento e manutenção das atividades

didático-pedagógicas, cabendo-lhes assegurar a eficácia dos processos

educativos como um todo.

O foco dessa pesquisa, o segmento de Aprendizagem Industrial, visa à

formação metódica de jovens aprendizes de 14 a 24 anos incompletos em

Centros de Formação Profissional do SENAI, em Centros pertencentes ao

Sistema SENAI-Empresas ou no próprio local de trabalho. Além dos cursos

mantidos para os aprendizes já em serviço na indústria, o SENAI oferece,

conforme as vagas existentes, cursos de aprendizagem a outros menores que

aspirem a uma qualificação para atividades industriais.

A Aprendizagem é um instituto que cria oportunidades tanto para o

aprendiz quanto para as empresas, pois prepara o jovem para desempenhar

25

atividades profissionais e ter capacidade de discernimento para lidar com

diferentes situações no mundo do trabalho, bem como permite às empresas

formarem mão-de-obra qualificada, cada vez mais necessária em um cenário

econômico em permanente evolução tecnológica.

A formação técnico-profissional deve ser constituída por atividades

teóricas e práticas, organizadas em tarefas de complexidade progressiva, em

programa correlato às atividades desenvolvidas nas empresas contratantes,

proporcionando ao aprendiz uma formação profissional básica. Essa formação

realiza-se em programas de aprendizagem organizados e desenvolvidos sob

orientação e responsabilidade do SENAI.

O aprendiz é o jovem com idade entre 14 e 24 anos, matriculado em

curso de aprendizagem profissional e admitido por estabelecimentos de

qualquer natureza que possuam empregados regidos pela CLT. O jovem

aprendiz deverá estar matriculado na escola regular, caso não tenha concluído

o Ensino Médio. A matrícula em programas de aprendizagem deve observar a

prioridade legal atribuída aos Serviços Nacionais de Aprendizagem e,

subsidiariamente, às Escolas Técnicas de Educação e às Entidades Sem Fins

Lucrativos (ESFL) que tenham por objetivo a assistência ao adolescente e a

educação profissional, registradas no Conselho Municipal dos Direitos da

Criança e do Adolescente (CMDCA), em se tratando de aprendizes na faixa

dos 14 aos 18 anos. Em relação aos aprendizes com deficiência, não se aplica

o limite de 24 anos de idade para sua contratação. Por se tratar de norma de

natureza trabalhista, cabe ao Ministério do Trabalho e Emprego fiscalizar o

cumprimento da legislação sobre a aprendizagem, bem como dirimir as dúvidas

suscitadas por quaisquer das partes envolvidas.

De acordo com o Manual do Aprendiz, a Aprendizagem Industrial

proporciona a qualificação social e profissional adequada às

demandas e diversidades dos adolescentes, em sua condição

peculiar de pessoa em desenvolvimento, dos jovens, do mundo de

trabalho e da sociedade quanto às dimensões ética, cognitiva, social

e cultural do aprendiz. Mais do que cumprir o que determina a

legislação, as empresas, conscientes de sua responsabilidade social,

26

terão interesse em admitir jovens de 14 a 24 anos. É um contrato de

trabalho especial, ajustado por escrito e de prazo determinado, com

duração máxima, em regra, de dois anos. O empregador se

compromete, nesse contrato, a assegurar ao adolescente/jovem com

idade entre 14 e 24 anos (não se aplica o limite de 24 anos para o

jovem com deficiência), inscrito em programa de aprendizagem, uma

formação técnica-profissional metódica, compatível com seu

desenvolvimento físico, moral e psicológico. O aprendiz, por sua vez,

se compromete a executar, com zelo e diligência, as tarefas

necessárias a essa formação (art. 428 da CLT). [...] O contrato deverá

conter, expressamente, o curso, a jornada diária e semanal, a

definição da quantidade de horas teóricas e práticas, a remuneração

mensal e o termo inicial e final do contrato, que devem coincidir com

o início e término do curso de aprendizagem, previsto no respectivo

programa. (2009, p. 09).

Seu programa técnico-profissional prevê a execução de atividades

teóricas e práticas, sob a orientação de entidade qualificada em formação

técnico-profissional metódica, com especificação do público-alvo, dos

conteúdos programáticos a serem ministrados, período de duração, carga

horária teórica e prática, mecanismos de acompanhamento, avaliação e

certificação do aprendizado, observando os parâmetros estabelecidos na

Portaria MTE nº 615, de 13 de dezembro de 2007.

São consideradas atividades teóricas aquelas desenvolvidas em cada

Unidade Operacional do SENAI, podendo o contrato contemplar determinada

quantidade de atividades práticas na empresa em que o jovem é contratado,

podendo esta ser realizada após o término da parte teórica de curso

desenvolvido no SENAI ou de forma concomitante. O SENAI é responsável por

fornecer à empresa o respectivo plano de curso e orientá-la para que ela possa

compatibilizar o desenvolvimento da prática à teoria ministrada.

Os cursos de Aprendizagem Industrial são divididos em três módulos:

Módulo Básico, comum a todos os cursos desenvolvidos no SENAI, que

contempla Unidades Curriculares de Gestão, como Leitura e Comunicação,

Cidadania e Ética, Trabalho e Empreendedorismo, Planejamento e

Organização do Trabalho, entre outros. Esse módulo tem por objetivo

desenvolver a autonomia dos aprendizes enquanto profissional, pois entende-

27

se que o profissional de hoje em dia não necessita apenas ter habilidades

específicas relacionadas com sua área de trabalho, mas sim ter conhecimentos

gerais e pressupõ-se ser esse o principal módulo a ser trabalhado com os

jovens questões relacionadas à autonomia, tomada de decisão, auto-

conhecimento, entre outros. Já no módulo específico introdutório, são

desenvolvidas unidades de competência relacionadas aos conteúdos

introdutórios da área específica do curso e no módulo específico profissional,

que é o último módulo do curso, as atividades práticas pertinentes à função

profissional do curso.

A Metodologia SENAI de Educação Profissional, baseia-se no

desenvolvimento de competências e perfis profissionais, originada pelo

Departamento Nacional do SENAI. Privilegia metodologias ativas centradas no

sujeito que aprende, a partir de ações desencadeadas por desafios, problemas

e projetos. O foco do trabalho é deslocado do ensinar para o que é preciso

aprender no mundo contemporâneo e futuro. O docente deve ser o facilitador e

mediador do processo de aprendizagem, visando formar alunos com

autonomia, iniciativa, pró-atividade, capazes de solucionar problemas, alcançar

a metacognição, realizar auto-avaliação e por consequência, conduzir sua

auto-formação e aperfeiçoamento. Enfatiza a importância do planejamento

sistemático das atividades pedagógicas pelos docentes em termos de

atividades e projetos para o exercício das competências pretendidas, bem

como do processo de avaliação.

Estas abordagens acerca da prática pedagógica nos conduzem à

reflexão sobre a função do docente que acaba por agregar duas necessidades

fundamentais: de conhecimentos específicos da profissão na área técnica em

que atua e de metodologia adequada para o desenvolvimento da referida

prática pedagógica. Sendo assim, o docente tem duplo papel, desenvolvendo

simultaneamente conteúdos e processos cognitivos que são pré-requisitos da

aprendizagem significativa.

É importante ressaltar que na metodologia utilizada pelo SENAI, a

prática pedagógica eficaz não depende somente do docente, mas de toda

equipe envolvida no processo de aprendizagem. De acordo com Perrenoud

(1999), a “Revolução das Competências” só acontecerá se, durante a formação

28

profissional, os futuros (e atuais) docentes experimentarem-na pessoalmente.

Sem essas estruturas de apoio, é muito difícil pedir para que se trabalhe na

perspectiva das competências. E acrescenta:

Não podemos esperar, no entanto, que tudo fique claro para agirmos.

Toda a prática educacional tem por base certas apostas teóricas.

Aceitas tais apostas, é importante ganhar o maior número delas. A

amplitude das incertezas e a complexidade das noções implicadas

não são os menores obstáculos, ao contrário, um dos maiores

desafios é conquistar o maior número de parceiros nesta luta e

caminhar em conjunto. É necessário coletivizar incertezas,

reconhecer os próprios limites e os limites da instituição e, dentro

desses limites, avançar o máximo possível e só saberemos os limites

do possível se tentarmos o impossível, como disse Hinkelamaert

(PERRENOUD, 1999, p.51).

Formar por competências, de acordo com a metodologia desenvolvida

pelo SENAI, pressupõe a ruptura com alguns conceitos e práticas

educacionais. Até o momento anterior a essa metodologia, o SENAI priorizava

que o aluno desenvolvesse as competências específicas e operacionais, não

considerando ser necessário realizar interlocuções com áreas de

conhecimentos afins e que aprendessem habilidades nas áreas de gestão,

como escrita, oralidade, postura profissional, comportamental, entre outros.

Essa ruptura não quer significar anulação, mas evolução dos valores

construídos a partir desse modelo educacional que se consolidou ao longo do

tempo. Na nova metodologia, o profissional que o mercado de trabalho

necessita, de acordo com a visão do SENAI, deve ir além da execução de

tarefas específicas na área de trabalho, isto é, ter domínio sobre as áreas

correlatas e abordagem integrada de campos de conhecimentos afins, como os

citados acima.

A interdisciplinaridade é um dos pontos principais a ser desenvolvido

nesse novo método de formação profissional, através do desenvolvimento de

projetos integradores, pesquisas, resoluções de situações-problemas e

desafios. Todos os cursos de aprendizagem industrial devem desenvolver um

projeto integrador, que passa por todas as unidades curriculares de todos os

29

módulos. Cada unidade curricular deve destinar uma determinada quantidade

de horas, a critério do professor e dos alunos, para trabalhar um tema a fim do

Projeto. O tema do projeto é definido em conjunto com os alunos e professores,

onde professores podem estimular os alunos, verificando quais são seus

interesses, e esse projeto deverá ser apresentado ao final do curso.

O desenvolvimento da capacidade dos alunos é ponto primordial nesta

metodologia, tendo em vista que as capacidades são transversais,

manifestando-se em uma ou mais competências, ou, ainda, uma mesma

competência pode solicitar múltiplas capacidades. Trata-se, pois, de avançar

para além do desempenho aparente expresso em tarefas e práticas prescritas,

descobrindo e estimulando o desenvolvimento de capacidades que permeiam

transversalmente as competências, sabendo que as mesmas se aprimoram ao

longo da vida.

A avaliação da aprendizagem é vista sob a ótica de função reguladora,

diagnóstica, formativa, processual e promotora da melhoria contínua, no âmbito

do ensino e da aprendizagem. Segundo Luckesi,

a avaliação é uma forma de tomar consciência sobre o significado da

ação na construção do desejo que lhe deu origem. Sem ação não há

crescimento e a ação contém dentro de si a disciplina que orienta a

busca da satisfação das necessidades (LUCKESI, 1996, p.83).

Os programas de educação profissional do SENAI são estruturados a

partir de desenhos curriculares com base nas competências de um perfil

profissional correlato com a área específica do curso e áreas afins, e desta

forma é possível realizar a avaliação superando a lógica de conteúdos. Assim é

porque a formação favorece que os alunos mobilizem as distintas

competências (básicas, específicas e de gestão) em contextos reais ou

simulados, indo além da aprendizagem de tarefas isoladas. O docente deve

saber criar momentos de avaliação em situações mais amplas, e saber e

querer envolver os alunos na avaliação de suas competências explicitando e

debatendo os objetivos e critérios, favorecendo a avaliação mútua, os balanços

do conhecimento e a auto-avaliação.

30

Os ambientes de aprendizagem são extremamente importantes, neste

sentido, e entende-se por ambiente de aprendizagem não só apenas a sala de

aula convencional ou a oficina pedagógica. Múltiplas são as oportunidades de

aprender e múltiplos são os espaços de aprendizagem. Pode-se aprender tanto

na escola como fora dela. Potencializar o uso dessas diversas possibilidades,

recorrendo a outros ambientes como bibliotecas, espaços da comunidade e

das empresas, ambientes naturais, dentre outros, alarga horizontes e

enriquece a formação.

Na avaliação por competências, não existem notas, e sim conceitos. O

professor se utiliza de trabalhos em grupos, trabalhos individuais, práticas nas

oficinas, situações problemas, participação nas atividades desenvolvidas nos

ambientes pedagógicos, frequência e assiduidade para avaliar o aluno, isto é, a

avaliação é realizada diariamente. Ao final de cada unidade curricular, o aluno

obtém um conceito. São eles: (AE) – alcançou as competências com

excelência, dentro de um percentual de aproveitamento de 100% a 90%; (A) –

alcançou as competências, dentro de um percentual de aproveitamento de 89%

a 70%; (NA) – não alcançou as competências, tendo um aproveitamento de

69% a 10% e o (EP) – em processo de alcançar as competências. No caso do

aluno que obtém conceito EP, este é submetido à recuperação paralela, seja

com objetivo de compensação de ausências ou por dificuldades de

aprendizagem, podendo esta se dar no desenvolvimento das unidades

curriculares subsequentes, até a conclusão do curso, considerando que os

indivíduos possuem tempos de aprendizagem diferenciados. Além das

atividades de recuperação, pode o aluno ser submetido à Unidade Curricular

Estudos Complementares no contra turno do curso em que encontra-se

matriculado, refazendo as unidades de competência em que encontra-se em

processo. Esgotando-se as possibilidades de superação das dificuldades desse

aluno e comprovando-se a aprovação, atribui-se o conceito A e no caso da não

superação, o conceito NA.

Porém, na prática, a avaliação por competências não é exercida por

todos os professores, seja por inflexibilidade dos professores de romper com a

velha prática pedagógica, tendo em vista que os professores dos cursos

profissionalizantes são profissionais de mercado, não possuem formação

31

pedagógica adequada e se restringem a serem “repassadores” de

conhecimentos ou repetidores de práticas profissionais rotineiras. Além disso,

tendem a reproduzir estratégias e técnicas de inspiração

behavorista/comportamentalista, que valoriza a experiência planejada como a

base do conhecimento. O que importa é aprender a fazer, a atuar conforme

modelos previamente estabelecidos e nesse caso, a aprendizagem ocorre pelo

reforço e pela contigência desse reforço. Nesse sentido, o professor reproduz

uma pedagogia tecnicista, que desconsidera fortemente a essência do contrato

de trabalho do jovem aprendiz, que é a formação do trabalhador cidadão,

contribuindo assim para a formação de um trabalhador alienado, reprodutor do

processo capitalista.

Nesse sentido, é necessário que o pedagogo, enquanto o profissional

responsável por assegurar a eficácia das condições didático-pedagógicas

dentro da Escola de Educação Profissional, intervenha e atue articuladamente

com a equipe de professores, permitindo que o trabalho escolar caminhe para

um desenvolvimento integrado e interdisciplinar. Dessa forma, o alcance dos

objetivos dos processos de ensino e aprendizagem não depende somente do

docente, mas de toda equipe escolar envolvida. Embora o docente exerça um

papel fundamental nos processos de ensino e aprendizagem, ele deve ser

orientado e acompanhado pela coordenação pedagógica, cujo papel primordial

deve ser o de subsidiar o docente, não somente como suporte e apoio, mas

também desenvolvendo ações que possibilitem que o docente desenvolva o

domínio da Metodologia SENAI de Educação Profissional, além dos

conhecimentos específicos da sua área e da cultura geral. Todavia, o

profissional de educação responsável pela coordenação da Aprendizagem

Industrial, não é somente responsável pela Supervisão Escolar, mas também

pela Administração e Orientação Educacional, e para que possa realizar suas

atribuições de forma contínua e eficaz, se faz necessário uma reorganização

do fluxo de processos, como veremos no capítulo a seguir.

32

CAPÍTULO III

Principais atribuições do Coordenador Pedagógico do Segmento

de Aprendizagem Industrial

O coordenador pedagógico do Programa Jovem Aprendiz é o

profissional responsável por atividades relacionadas à administração,

supervisão escolar e orientação educacional. Para que possa dar contar de

todas as atribuições pertinentes à sua função, faz-se necessário inicialmente

que o mesmo tenha clareza a cerca de suas responsabilidades enquanto

profissional de educação e daquilo que lhe compete. Além disso, precisa

mergulhar nos documentos norteadores da Metodologia SENAI de Educação

Profissional, bem como compreender todas as Normas Administrativas e

Instruções Operacionais elaboradas pela Gerência de Educação Profissional

do SENAI RJ. Por ser um profissional que irá trabalhar na operação de

processos que possui uma fundamentação teórica própria da instituição, sem o

domínio do material desenvolvido pela Gerência de Educação Profissional e

Departamento Nacional, o trabalho será ineficaz, pois exige que se tenha

embasamento técnico e científico para operacionalização dos processos da

Unidade.

Nesse sentido, esse profissional precisa ser preparado ao iniciar suas

atividades na instituição, pois caso contrário, sua atuação passa a ser

confundida como um profissional por somente resolver problemas do tipo

“apagar incêndio” devido a extensa gama de atividades burocráticas próprias

da instituição, perdendo-se assim a característica do seu trabalho intelectual,

de ser um supervisor do corpo docente e orientador do corpo discente instruído

por uma Metodologia de Ensino.

A Metodologia própria desta instituição está sintonizada com a legislação

educacional vigente, que coloca em relevo a necessidade de uma nova

organização curricular, com base em competências, em atenção as demandas

requeridas pelo mercado de trabalho. Nesse sentido, prima pela desconstrução

do processo de ensino fragmentado, perpetuado desde o advento da revolução

industrial. De acordo com a metodologia,

33

“o maior desafio na proposição de uma metodologia

dessa natureza é a capacitação de toda a equipe

educacional, pois a sua utilização requer uma mudança

de paradigma. O docente, em especial, precisa romper

com a visão tradicional de ensino focada na reprodução

de conteúdos e na aprendizagem passiva do aluno

para assumir o papel de mediador da aprendizagem”

(SENAI, 2013, p.107).

Isto significa que para aplicação efetiva da Metodologia SENAI de

Educação Profissional, toda a equipe que atua na Administração e Supervisão

Escolar precisa estar engajada, cumprindo suas responsabilidades e

atribuições, visando assessorar e dar suporte aos docentes. Todavia, devido ao

excesso de atribuições burocráticas, à luz da Lei da Aprendizagem e

atendimento às indústrias que recolhem compulsório mensal para o SENAI RJ,

caso o pedagogo não defina claramente uma linha de trabalho que preconize

atividades relacionadas à auto desenvolvimento e atualização pedagógica,

automaticamente provoca-se a tendência de permanecer em sua “zona de

conforto” além de distanciar-se de sua origem intelectual e do motivo de sua

formação acadêmica inicial, ocasionando também um distanciamento entre o

embasamento teórico e a aplicação deste conteúdo específico na prática

docente.

A problemática central dessa questão está relacionada a quantidade de

responsabilidades que o Pedagogo adquire na rotina de trabalho, isto é,

acompanhamento e operacionalização de processos que vão do “micro ao

macro”, e a falta de auxiliares para dar conta de atividades que são importantes

porém podem ser operacionalizadas por outros agentes de educação que

compõe o Setor de Educação Profissional da Escola. Compreende-se ainda

que por se tratar de uma Escola de Educação Profissional, o técnico de

educação possui um papel de relevância tão fundamental quanto o pedagogo

no trabalho de supervisão escolar, tendo em vista que o mesmo não possui

formação técnica específica da área de formação do professor para dar conta

sozinho das atividades relacionadas à prática docente. Uma vez que se atribui

34

somente ao Pedagogo o papel de supervisor educacional, a tendência é que

este profissional encontre-se limitado e estafado de responsabilidades que

deveriam ser divididas entre os pares de trabalho. Seguindo essa lógica, o

chefe do setor de educação profissional precisa legitimar o papel do técnico de

educação, sendo este um profissional responsável por também atuar junto ao

corpo discente e docente em parceria com o pedagogo.

No que se refere a descrição minuciosa das atribuições do pedagogo no

Setor de Educação Profissional propriamente ditas, destaca-se todo o serviço

de assessoria às empresas parceiras do Programa Jovem Aprendiz, realizando

o atendimento inicial, munindo a empresa de orientações e informações

necessárias, bem como dar prosseguimento ao processo seletivo e

acompanhamento de todo o processo de contratação do aprendiz pela

empresa, conforme a legislação vigente e instrução operacional da instituição.

Deverá também atualizar constantemente o projeto político pedagógico da

Escola, por meio de leituras afins e contatos com empresas e profissionais da

área de educação.

É responsável também por acompanhar pedagogicamente a

aprendizagem dos alunos, colaborando nos processos de avaliação

diagnóstica e contínua, promovendo a realização de conselho de classe, de

acordo com a metodologia aplicada, bem como contribuir para a efetividade da

aprendizagem, por meio de acompanhamento e avaliação sistemática dos

resultados dos rendimentos dos alunos, elaborando diagnósticos, propondo

alternativas e efetivando medidas. Também deverá acompanhar o

monitoramento dos conteúdos curriculares dos cursos ministrados pela Escola,

mediante coordenação, acompanhamento e avaliação dos planos de cursos,

acompanhamento e avaliação da ação docente, por meio da observação de

sua performance e do planejamento e desenvolvimento de atividades de

capacitação, atualização e aperfeiçoamento pedagógico.

Além disso, deverá elaborar planejamentos curriculares, visando a

implementação de cursos de Educação Profissional, preparando equipe

docente, recursos didáticos e ambientes pedagógicos, planejar e organizar

reuniões técnico-pedagógicas, objetivando assessorar os docentes e assegurar

as condições necessárias à realização das atividades pedagógicas.

35

Por fim e não menos importante, deverá promover a orientação

educacional e realizar avaliação do corpo discente por meio de processo

seletivo, registrar o processo de aprendizagem dos alunos através de relatórios

técnico-comportamentais dos aprendizes cotistas em fase escolar, identificando

os perfis profissionais e orientando às empresas parceiras na alocação dos

mesmos nas áreas correlatas às competências desenvolvidas na fase prática

do contrato de trabalho. Desenvolve também treinamento dos gestores

responsáveis pelos aprendizes nas empresas e planejar reuniões periódicas,

com objetivo de dirimir os ofensores identificados nas visitas pedagógicas de

acompanhamento da prática profissional, buscando a formação plena do

trabalhador cidadão. Todas as suas ações devem ser norteadas pelo

Regimento Escolar da Instituição, Norma Administrativa da Aprendizagem, que

prevê todo os procedimentos relacionados ao Programa Jovem Aprendiz, pela

Série Azul desenvolvida pelo Departamento Nacional sobre Metodologia SENAI

de Educação Profissional e documentos norteadores elaborados pela Gerência

de Educação Profissional, relacionados à Conselho de Classe, Planejamento,

Desenvolvimento e Avaliação da Aprendizagem e Projeto Integrador.

É possível identificar que este especialista em educação acumula

diferenciadas funções que nas escolas de ensino regular, são designadas à

agentes de educação diferenciados, mas que trabalham articuladamente.

Nesse sentido, para garantir a eficácia as condições didático - pedagógicas,

este profissional precisa estabelecer uma rotina de trabalho que assegure não

somente o atendimento às empresas, mas que tenha como foco do trabalho

pedagógico a supervisão escolar e a educação profissional.

No que se refere às ações da esfera de supervisão escolar, podemos

identificar que as ações pedagógicas que privilegiem atualizações,

capacitações e acompanhamentos da ação docente, quer sejam elas

individuais ou coletivas, são de extrema necessidade, a fim de que a

Metodologia seja incorporada à prática docente. Todavia, se essas ações não

forem sistemáticas, tendo desdobramento e continuidade, torna-se impossível

promover a ruptura com alguns conceitos e práticas educacionais tradicionais.

Cabe ressaltar que essa ruptura não significa anulação, mas uma nova

compreensão do propósito educacional que viabilize um modelo de ensino

comprometido com o desenvolvimento do aluno como protagonista do

36

processo de aprendizagem e o docente como protagonista do processo de

ensino e mediador do processo de aprendizagem.

O desenvolvimento de reuniões pedagógicas mensais, com vistas à

aplicação efetiva da Metodologia, é umas das possibilidades de sensibilização

da necessidade de ruptura da visão tradicional de ensino focada na reprodução

de conteúdos e na aprendizagem passiva do aluno para assumir o papel de

mediador de aprendizagens. Contudo, reuniões pedagógicas isoladas tornam-

se ineficazes se outras ações de acompanhamento não forem incluídas no

plano de ação. Nesse sentido, propõe – se que através dessas reuniões,

sejam apresentados temas específicos e como desdobramento, avaliar a

apropriação dos temas específicos através de acompanhamento da ação

docente pontuais, isto é, em loco.

Seguindo essa lógica, pedagogo e técnico de educação assistirão aula

do docente e observarão se os temas abordados nas reuniões estão sendo

aplicados na metodologia utilizada pelo mesmo em sala de aula. O pedagogo

poderá sugerir a aplicação de situações problemas, sub projetos, estudos de

casos, entre outras situações de aprendizagem desafiadoras, a fim de nortear a

prática docente. Metas individuais podem ser estabelecidas a longo prazo, que

deverão constar na avaliação de desempenho do docente, realizada pelo chefe

de setor de educação profissional. Nota-se a necessidade da articulação entre

equipe técnico-pedagógica e direção da escola, para funcionalidade efetiva da

estratégia.

Essa estratégia tem como objetivo oportunizar que o docente aproprie-

se da proposta pedagógica da escola, do Regimento Escolar, do plano de

curso e utilize essas ferramentas como norteador das ações de planejamento,

desenvolvimento e avaliação da aprendizagem, isto é, possibilitar que o mesmo

planeje, organize e proponha situações de aprendizagem, atuando como

mediador para favorecer a construção de conhecimentos e o desenvolvimento

de capacidades que sustentem as competências explicitadas no Perfil

Profissional. Sugere-se ainda reuniões quinzenais entre a equipe técnico-

pedagógica, pois o técnico também precisa desenvolver o domínio da

metodologia e nesses reuniões podem ser privilegiados os grupos de estudos,

compartilhamento de conhecimentos, a fim de que todos os membros do Setor

37

de Educação Profissional estejam alinhados com a teoria, incluindo secretaria

escolar e o gestor do setor de educação.

A rede de escolas do SENAI e a equipe técnico - pedagógica da

instituição que atuam na operação são coordenadas por analistas de

educação, profissionais com formação em Pedagogia que trabalham na

Gerência de Educação Profissional localizada na Sede do Sistema Firjan e

responsáveis por prestar assessoria às escolas e suporte no desenvolvimento

e aplicação da Metodologia SENAI de Educação Profissional, bem como

acompanhar se as normas administrativas, instruções operacionais e regimento

interno estão sendo cumpridos, caso contrário, efetivar medidas e propor

melhoria para alcance das metas planejadas. Diante do trabalho das analistas,

faz-se necessário identificar a principal problemática da falta de domínio da

equipe técnico - pedagógica e propor grupos de capacitação desses

profissionais, acompanhando o desenvolvimento dessas ações de forma mais

efetiva.

Diante deste grupo de capacitação, a equipe operacional poderá realizar

o desdobramento dessas capacitações através de um fluxo de ações:

Acompanhamento sistemático da ação docente, com atendimentos individuais

e proposições de melhorias, agendando data de retorno da visita, a fim de que

o docente planeje suas estratégias; capacitação com base na Metodologia

SENAI de Educação Profissional, dividida por grupos de trabalho, identificando

as deficiências e formando grupos de acordo com a necessidade específica;

acompanhamento da equipe da GEP para acompanhar essas ações e propor

sugestões de melhorias e novas ações com base nas já desenvolvidas e

implementadas.

Ressalta-se ainda que é de extrema importância iniciar essas ações em

pequenos grupos, compreendendo o excesso de demandas que a equipe

técnico-pedagógica possui. Traçar um plano de ação englobando toda a equipe

docente de imediato, tornará impossível o desenvolvimento de ações

contínuas, uma vez que o Pedagogo possui várias atribuições pertinentes a

diversos agentes de educação dentro da instituição, e somente através do

estabelecimento de momentos específicos, prazos, metas, é que a ação

poderá se tornar viável e prioridade para equipe técnico - pedagógica.

38

Faz-se necessário ainda, que a equipe técnico-pedagógica busque seu

desenvolvimento pessoal, através de aprofundamento de estudos da

Metodologia SENAI de Educação Profissional. É preciso desenvolver a

conscientização que por mais que a equipe trabalhe na operação, precisa

imprimir em suas ações operacionais características de cunho intelectual, a fim

de garantir efetivamente a aplicação da Metodologia. A equipe que realiza a

assessoria da equipe de operação precisará desenvolver ações de

sensibilização a fim de que todos estejam engajados no processo de

aprofundamento e incorporação de atividades intelectuais no fluxo de trabalho

rotineiro.

Como sugestão de desdobramento de ações relacionadas à capacitação

e emprego da Metodologia de forma adequada, visando quebrar paradigmas,

propõe-se também o desenvolvimento de atividades de multiplicação de boas

práticas, isto é, o grupo de docentes que já passou por ações de capacitação

com a equipe pedagógica, podem multiplicar as práticas que já foram

desenvolvidas por eles e incluídas no plano de ação para os docentes que

ainda não foram capacitados, realizando assim um trabalho de construção

entre equipes. Tal atividade oportunizará a continuidade ao processo de

aplicação da metodologia, promovendo assim o compartilhamento de

competências técnicas entre os docentes de diversas áreas, a fim de que

conhecimentos sejam trabalhados na lógica da interdisciplinaridade, trazendo

real sentido para o processo de produção do trabalhador, uma vez que deixa

de ser fragmentado e passa a ser unificado.

Será necessário também, ouvir o docente e dar o suporte necessário ao

trabalho realizado em sala de aula através da realização de Conselhos de

Classe ao final de cada módulo do curso, a partir dos apontamentos realizados

pelos docentes com relação aos alunos, realizar o trabalho de orientação

educacional através de atendimentos individuais, iniciando essas atividades

sempre no início de cada mês subsequente, favorecendo assim ações

continuas de supervisão escolar e orientação educacional, integrando a família,

sempre que necessário no acompanhamento do desenvolvimento do jovem

aprendiz.

Cabe ainda ressaltar que sem o estabelecimento de um fluxo de

processos, contemplando um cronograma de datas, prazos, plano de

39

prioridades, não haverá possibilidades de colocar em prática o plano de ação,

que precisará estar adequado ao contexto escolar, compreendendo a rotina de

trabalho e dinâmica da escola. Este acompanhamento deverá ser planejado e

supervisionado por todos os agentes educacionais do Setor, em especial a

equipe responsável pela Administração e Supervisão Escolar, ou seja, equipe

técnico-pedagógica e diretor escolar. As avaliações de desempenho da equipe

docente realizada pelo diretor escolar deverão ter como elementos norteadores

todas as ações utilizadas para aplicação da Metodologia e a equipe técnico-

pedagógica é que acompanhará e efetivará ações que promovam o

engajamento de todos.

40

CONCLUSÃO

O papel dos agentes educacionais, incluindo direção escolar, equipe

técnico-pedagógica e equipe docente, no que tange à qualificação profissional

dos alunos aprendizes do SENAI, deverá ser o de mediador nas esferas de

ação, com o objetivo de utilizar seus conhecimentos na transformação do

comportamento humano dos jovens que estão se inserindo no mercado de

trabalho, conscientizando os alunos sobre a forma que as empresas estão

investindo na formação profissional dos trabalhadores, isto é, os jovens que

serão futuros trabalhadores devem tomar ciência de como funciona a

reprodução do sistema capitalista, com o objetivo de não se tornarem cidadãos

alienados. Desta forma, toda a equipe deve contribuir para a formação

educacional do futuro trabalhador enquanto cidadão, conhecedor de seus

direitos e deveres.

Os cursos profissionalizantes não devem primar apenas pela capacidade

técnica do profissional em desenvolver determinada atribuição, mas sim em

ensinar os procedimentos teóricos e metodológicos, fazer interlocução com as

diferentes áreas de conhecimentos a fins, com vistas a transformar o ensino

fragmentado, dando a possibilidade de que os alunos possam dominar o

conceito de forma autônoma e emancipatória.

É necessário conscientizar os jovens trabalhadores enquanto cidadãos

que vivem em sociedade, fazê-lo entender também a verdadeira essência do

sistema capitalista, ou seja, os trabalhadores encontram-se tão alienados à

lógica do capital, que vendem sua força de trabalho por uma determinada

quantidade de dinheiro para o capitalista, que passa a ter o direito de apropriar-

se de seu trabalho e de todos os produtos gerados pela atividade desse

trabalhador. É preciso fazer entender que essa situação não é natural e

espontânea, e sim, histórica e social, bem como gerenciada pelo Estado e

como tal a sociedade encontra-se impregnada de valores gerada pelo modo de

reprodução capitalista vigente.

Dessa forma, é dando conhecimento aos alunos de como o sistema

influencia em suas vidas, é que podemos provocar inferências e

transformações em suas vidas enquanto sujeitos pertencentes a uma

41

sociedade. Segundo Kuenzer, “o trabalhador recebe a ‘qualificação’ que é

conveniente aos interesses do capital, não devendo receber nem a mais, nem

a menos, desenvolvendo-se um processo de distribuição desigual do saber, ao

qual articula-se a escola.” (1997, p. 28)

Nesse sentido, o desafio do professor consiste em fazer o engate entre o

conceito com as vivências particulares dos alunos, sabendo-se que essas

vivências são reflexos das relações sociais mais amplas, do passado e do

presente. Portanto, o papel essencial do ensino escolar e profissional é o de

socializar as verdades, já descobertas a partir dos interesses dos

trabalhadores. O conteúdo encontra-se como a única possibilidade de luta

contra a farsa do ensino.

Assim, para tornar os alunos cidadãos emancipados, não primando

apenas pela apreensão de conteúdos técnicos, e sim, pela sua formação

enquanto sujeito que vive em uma sociedade, o professor precisa dominar a

Metodologia SENAI de Educação Profissional, pois assim ele poderá promover

uma práxis transformadora, ganhando sentido na vida dos alunos e

possibilitando-os buscar a “autodisciplina intelectual e autonomia moral”

(ZANELLA, 2003).

Para que o ensino do concreto se materialize como ensino ativo,

transformador e superador da sociedade capitalista, faz-se necessária uma

pedagogia crítica. De acordo com Zanella, a construção da liberdade dos

trabalhadores se dará através do trabalho como princípio educativo de ensino,

pois o trabalho é o nexo entre fazer e pensar. O trabalho, nessa lógica, é o

caminho para o nexo prática e teoria, ciência produtiva e ciência humanista,

escola profissionalizante e escola desinteressada.

Para aplicação desse conceito na prática docente, é preciso

primeiramente que a relação entre professor e aluno seja uma relação ativa

considerando-os como sujeitos históricos e sociais. Ninguém aprende sem

ensinar e ninguém ensina sem aprender, o conhecimento é algo dinâmico e

está sempre em processo de troca, portanto todo professor é sempre aluno e

todo aluno é sempre professor. Além disso, o docente precisa manter a tarefa

de estar qualificado, ou seja, ele precisa dominar os fundamentos teóricos e

42

metodológicos de sua filosofia e estar sempre alinhado com sua pedagogia,

teoria, filosofia e prática (ZANELLA, 2003).

Pensando no trabalhador como peça fundamental das organizações, sendo

públicas ou privadas, é necessário fazer com que os alunos se tornem cada vez

mais capacitados, a fim de desempenharem o seu papel da melhor maneira

possível. E uma das competências é o desenvolvimento do trabalho em equipe.

Percebeu-se ao longo dessa pesquisa que os instrutores possuem grandes

dificuldades de fazer com que seus alunos trabalhem como equipe, percebeu-se

ainda um ensino muito individualizado, preconizando-se apenas a formação

técnica e específica, e nesse momento o pedagogo pode entrar em ação, fazendo

com que alguns conceitos e práticas sejam redimensionados, através das

propostas apresentadas no capítulo anterior. No momento em que se trabalha em

grupos-equipes, desenvolvem-se novas atitudes, tais como: a autonomia, a

cooperação, a participação e o diálogo.

Essas atitudes exigem uma nova postura, novos conhecimentos, ou seja,

possibilita-se que o futuro profissional tenha uma formação ampliada, aprendendo

novos conceitos que deixaram de ser vivenciados na educação formal desses

alunos, devido a fraca formação oferecida no Ensino Regular, não apenas voltada

para a formação técnica.

O pedagogo pode passar a ter uma função especial a desempenhar,

sendo o motivador, o articulador ou o mediador entre as diferentes instâncias do

sistema de formação profissional, visando o desenvolvimento de novas

competências com o intuito de atender as demandas do mercado e

principalmente, as necessidades dos alunos. Sua atuação visa o crescimento

tanto pessoal quanto profissional dos alunos. Esse crescimento acontece através

da aquisição de novos conhecimentos que lhes são proporcionados por meio de

atividades que não tenham só uma especificidade imediata com a área de

qualificação do curso. O pedagogo deve interagir, ouvir e interpretar as

necessidades dos componentes principalmente no espaço de trabalho em

equipe.

O pedagogo deve estar constantemente em contato com o grupo,

buscando saber se o indivíduo está realmente satisfeito com a formação

43

profissional oferecida e se ele quer se aprofundar cada vez mais naquela área,

pois muitas vezes o aluno deseja fazer o curso de formação profissional

apenas pela cota que recebe da empresa enquanto jovem aprendiz, e não para

aprender um ofício. Saber qual é o perfil daquela pessoa, suas capacidades,

seus interesses também são informações importantes na tomada de decisão

sobre a política de formação a ser adotada.

Outro ponto importante para a formação profissional do educando é a

participação da família e da empresa no processo de formação educacional do

jovem aprendiz. Pelo fato do jovem aprendiz possuir entre 14 a 24 anos

incompletos, às vezes, não possui a maturidade suficiente para compreender

que está sendo remunerado para cumprir carga horária de trabalho, e que está

no SENAI aprendendo um ofício, a serviço da empresa que o contratou como

funcionário. O contrato de aprendizagem é regido pelo Estatuto da Criança e

do Adolescente, e tanto os responsáveis como a empresa devem participar do

crescimento e desenvolvimento profissional e pessoal do aluno. Reuniões de

pais e reuniões com os representantes das empresas constituem um aspecto

obrigatório no processo de aprendizagem e o pedagogo deve realizar essas

reuniões impreterivelmente a cada término de módulo.

Pensar no que pode ser feito para valorizar o ser humano em sua

totalidade, fazendo com que ele não acredite que veio ao mundo para apenas

produzir e gerar lucro para as empresas, como se fosse uma máquina, é tentar

aplicar nos cursos de formação profissional uma cultura em que o trabalhador é

um intelectual e não apenas mais uma “máquina”. É preciso reconhecer que

ele tem as suas necessidades, os seus desejos e realizações, que a nossa vida

fora do trabalho também tem que fazer algum sentido.

O Pedagogo deve ter como base a importância do aprendizado contínuo

no desenvolvimento do profissional focalizando a mudança da visão dos

processos nos indivíduos trabalhadores e, dessa forma, constatando a

ocorrência do aprendizado.

Em suma, a qualidade da educação deve ser objeto de reflexão e

debate, pensando-se nos resultados da aprendizagem de todos os sujeitos

envolvidos, onde os atores educativos devem primar pelo crescimento

44

profissional e desenvolvimento pessoal dos educandos, possibilitando que

possamos constantemente rever e analisar criticamente nosso próprio papel

enquanto educador, a fim de tornarmos nossa gestão verdadeiramente

democrática e livre, na qual o trabalhador é reconhecido em sua voz e é

respeitado dignamente em seu verdadeiro valor.

45

BIBLIOGRAFIA

CUNHA, Luiz Antônio. O ensino de ofícios artesanais e manufatureiros no

Brasil escravocrata. São Paulo: Ed. Unesp; Brasília: Flacso, 2000.

GRISPUN, M.P.S. Supervisão e orientação educacional. São Paulo. Cortez,

2003.

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Cortez, 1994.

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–Brasília:SENAI/DN,2013.

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LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem Escolar. 4. Ed. São

Paulo: Cortez, 1996.

MANFREDI, Silvia Maria. Educação Profissional no Brasil. São Paulo:

Cortez, 2002.

MANUAL DA APRENDIZAGEM: o que é preciso saber para contratar o

aprendiz – 4. ed. – Brasília: MTE, SIT, SPPE, ASCOM, 2009.

PERRENOUD, Philippe. Construir as competências desde a escola. Porto

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SINGER, Paul. O capitalismo: sua evolução, sua lógica e sua dinâmica. São

Paulo: Moderna, 1987.

46

WEBGRAFIA

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escola e sistema produtivo: desafios qualificacionais. Boletim Técnico do

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http://www.senac.br/informativo/bts/262/boltec262d.htm. Acesso em abr. de

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FRIGOTTO, Gaudêncio. A contradição aparente entre a falta e a sobra de

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RAMOS, M. (Orgs.) Anais do Seminário de Pesquisa – II: Novas e antigas

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2007. Rio de Janeiro: UFF, UERJ E EPSJV, 2008.

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ZANELLA, José Luiz. O trabalho como princípio educativo do ensino. Tese

de Doutorado. Campinas: FE-UNICAMP, 2003. Disponível em:

http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000311548. Acesso em: mai. de

2012.

47

48

INDICE

FOLHA DE ROSTO

AGRADECIMENTO

DEDICATÓRIA

EPIGRAFE

RESUMO........................................................................................................... 6

METODOLOGIA................................................................................................ 8

SUMÁRIO........................................................................................................... 9

INTRODUÇÃO.................................................................................................. 10

CAPÍTULO I

Retrospectiva histórica sobre a indústria no Brasil, A classe Trabalhadora

e o Surgimento do Sistema S ....................................................................... 13

CAPÍTULO II

O SENAI Laranjeiras, a Aprendizagem Industrial e a Metodologia SENAI de

Educação Profissional................................................................................... 24

CAPÍTULO III

Função do Especialista em Educação da Escola de Educação Profissional

e suas principais atribuições......................................................................... 33

CONCLUSÃO................................................................................................... 40

BIBLIOGRAFIA................................................................................................ 45

ANEXOS........................................................................................................... 40

INDICE.............................................................................................................. 48