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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS UNISANTOS MBA PORTOS E LOGÍSTICA EMPRESARIAL IMPACTOS DOS ATENTADOS TERRORISTAS DE 11 DE SE- TEMBRO DE 2001 NAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS PARA OS EUA Autora: Flávia Loureiro Brito Orientador: Eduardo Martins Fernandes Paranaguá 2007

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOSUNISANTOS

MBA PORTOS E LOGÍSTICA EMPRESARIAL

IMPACTOS DOS ATENTADOS TERRORISTAS DE 11 DE SE-TEMBRO DE 2001 NAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS PARA

OS EUA

Autora: Flávia Loureiro Brito

Orientador: Eduardo Martins Fernandes

Paranaguá

2007

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IMPACTOS DOS ATENTADOS TERRORISTAS DE 11 DE SETEM-BRO DE 2001 NAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS PARA OS EUA

Flavia Loureiro Brito

Monografia submetida ao corpo docente da Universidade Católica de Santos como requisito parcial para a conclusão do MBA PORTOS E LOGÍSTICA EMPRESARIAL (curso de pós-graduação lato sensu).

Aprovada por:

_________________________________________Prof. Eduardo Martins Fernandes - OrientadorM.Sc. em Administração - COPPEAD/UFRJ

Paranaguá

2007

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FICHA CATALOGRÁFICA

Brito, Flavia Loureiro.

Impactos dos Atentados Terroristas de 11 de Setembro de 2001 nas Exportações Brasileiras para os EUA/ Flavia Loureiro Brito – Paranaguá, 2007.

vii, 62 f.: il.

Monografia MBA Portos e Logística Empresarial (Pós-Graduação Lato Sensu). Universidade Católica de Santos, 2007.

Orientador: Eduardo Martins Fernandes

1. Comércio Internacional. 2. Exportação. 3. Portos. 4. Atentados Terroristas 5. 11 de SetembroI. Fernandes, Eduardo Martins (Orient.). II. Universidade Católica de Santos. III. Impactos dos Atentados Terroristas de 11 de Setembro de 2001 nas Exportações Brasileiras para os EUA.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, Decio e Carmina, por toda a força e incentivo que me deram no decorrer do curso. Pelas palavras de apoio e carinho. Pais adoráveis e dedicados que sempre me incentivaram e contribuíram com meus estudos e educação afim de me tornarem uma cidadã mais digna. Meus agradecimentos por terem se privado de minha companhia todos os fins de semana em silencio.

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AGRADECIMENTOS

Ao professor e orientador, Eduardo M. Fernandes, pelo incentivo e orientações

na elaboração da monografia e aos puxões de orelhas dados durante o curso;

Aos demais professores, pelo empenho e dedicação em saírem de seus lares

nos fins de semana para se dedicarem a enriquecer o conhecimento de outros;

Aos meus colegas de curso, por compartilhar da trajetória que foi chegar até

aqui; todas as vezes em que pensava em desistir, estavam eles lá com uma

palavra de carinho;

Ao Sindop - Sindicato dos Operadores Portuários por abrirem suas portas e

nos dar a acomodação para a realização do curso;

Aos meus pais, Decio e Carmina, a minha afilhada Nathaly que agüentaram a

minha ausência nos fins de semana;

A Allink Transportes Internacionais Ltda., que me liberou nas sextas feiras mais

cedo para que eu pudesse me deslocar até Paranaguá para a realização do

curso;

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RESUMO

O presente trabalho apresenta o panorama atual da relação dos Estados Unidos da América com o Brasil após o atentado terrorista de 11 de setembro de 2001. Trata da Lei norte–americana implantada em 12 de dezembro de 2003, o “Bioterrorism Act of 2002”, e o título que mais prejudica os exportadores brasileiros, a “Proteção da Segurança Alimentar e o Fornecimento de Medicamentos” que constitui um pacote de regras que rastreiam as importações desde a produção até a entrega no importador. No trabalho também é citada a CSI (Container Security Iniciative) – iniciativa para Segurança de containeres – que aumenta a fiscalização nos portos de onde saem as mercadorias. São apresentados no estudo os fatores que afetam os portos ao se adequarem à nova realidade dos termos de segurança. Dentro desse contexto, são citadas as barreiras ao mercado internacional à que o Brasil está sujeito além dos problemas que afetam o setor de transportes, principalmente o portuário, em que o Brasil se apresenta de maneira defasada e precária em relação à vários países.

Palavras-chave: Exportação; 11 de Setembro de 2001; Relações Comerciais

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ABSTRACT

This project shows the current panorama of the United States of America relationship with Brazil after the terrorist attack of the September 11th, 2001. It report deal with the North American Law implanted on December 12th., 2003, the “Bioterrorrism Act of 2002”, and the most import subject the harms the Brazilian exporters, the “Protection of the Alimentary Security and Medicine Supply”, and consists of a package of rules that track imports since the production until the delivery of it to the importers. Also deal in this project with the CSI (Container Security Initiative), initiative for Container Security, which will increase fiscalization in the ports where the goods are exported. There are also agreements being firmed, where the port will have a North America customs representative fiscalizing the containers that leave the port. It presents the problems for ports will have to adjust to the new reality in terms of security. In this context, are showed the barriers to international market, it subjects Brazil, also the problems are affect the transport department, specially shipping, which Brazil is delayed and precarious if compared with other countries.

Key-words: Export; September 11th, 2001; Trading Relations.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 01

1 - ANTECEDENTES HISTÓRICOS 04

2 - RELAÇÃO COMERCIAL BRASIL X EUA 08

2.1 - FOCO DA EXPORTAÇÃO BRASIL X EUA 11

2.2 - BARREIRAS COMERCIAIS 15

2.3 – POLÍTICA E RELAÇÕES COMERCIAIS 18

3 - PANORAMA ATUAL 21

3.1 – A ALCA 24

4 - MEDIDAS DE SEGURANÇA ADOTADAS PELOS EUA 28

4.1 - LEI DO BIOTERRORISMO 28

4.2 - LEI DE COMÉRCIO 32

4.3 - LEI DE SEGURANÇA INTERNA 34

4.4 - LEI DE SEGURANÇA DO TRANSPORTE MARÍTIMO 35

5 - NOVAS INICIATIVAS DE SEGURANÇA 38

5.1 - ISPS CODE 38

5.2 - LEI DE SEGURANÇA PARA CONTAINERS 41

6 - SETOR DE SERVIÇOS 43

6.1 - SERVIÇOS DE TRANSPORTE 44

7 - PORTOS E O TRANSPORTE MARÍTIMO 46

7.1 - IMPORTÂNCIA DO TRANSPORTE MARÍTIMO NO COMÉRCIO BRASIL X EUA

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7.2 - INFLUÊNCIA SOBRE AS CARGAS MARÍTIMAS 52

CONCLUSÃO 54

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 57

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INTRODUÇÃO

Em 11 de setembro de 2001, na 18ª Assembléia Geral da Organização

dos Estados Americanos estavam reunidos em Lima todos os países que

compõem a América Latina - com exceção de Cuba - e acrescentando a

participação do Canadá, num evento que parecia ser um avanço político e

comercial (ALMEIDA, 2002).

Na manhã deste mesmo dia, quatro aviões foram seqüestrados nos

EUA, acredita-se que pelo grupo terrorista Al Qaeda, com centenas de

passageiros a bordo, onde três deles foram lançados sobre edifícios, causando

a morte de milhares de pessoas.

Dois dos aviões seqüestrados foram lançados contra as torres gêmeas

do World Trade Center. O impacto da queda dos edifícios foi tão forte que

abalou os prédios vizinhos, que acabaram por desabar também. O terceiro

avião foi lançado contra o Pentágono, o prédio onde está localizado o Quartel-

General do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. O plano foi tão

inteligente que para destruir os edifícios do World Trade Center e o Pentágono

seriam necessárias bombas muito grandes e estas provavelmente seriam

detectadas pelo sistema de segurança e os terroristas teriam dificuldade no

transporte das mesmas.

Almeida (2002) cita que, estes terríveis ataques terroristas fizeram com

que o Secretário de Estado Colin Powell, que também participava da

assembléia, saísse do evento às pressas e regressasse aos EUA com

urgência. No entanto, com todo o mal ocorrido, o objetivo da Assembléia Geral

da OEA leva a outros rumos, outras prioridades políticas para os EUA.

Após os atentados terroristas ao World Trade Center e ao Pentágono

os EUA dividiu o mundo em países amigos e inimigos e deu prioridade ao

combate ao terrorismo. Esta nova realidade afetou as relações econômicas,

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sociais e políticas em todo o globo. Além disso, a “Guerra contra o Terror”

decretada pelo presidente George W. Bush provocou ainda mais mortes e

desentendimentos.

O ataque terrorista foi de tamanha ousadia que, além dos aviões-

bombas lançados contra o World Trade Center e o Pentágono, os EUA viveu

momentos de terror com correspondências enviadas com Anthrax à órgãos

americanos. Esta nova forma de terrorismo trouxe muito pânico e insegurança

a população, com cinco óbitos e treze pessoas infectadas.

Neste novo panorama surge uma nova ordem internacional pós

“Guerra contra o terror” que cria novas regras e estratégias para a Segurança

Nacional Norte-Americana e que foi anunciada em setembro de 2002, o

“Bioterrorism Act of 2002”. Na verdade estas novas estratégias contra os

ataques terroristas trouxeram um grande tumulto na economia internacional,

afetando diretamente as indústrias, os produtores, bem como os exportadores

em geral, pois a nova lei tem como principal objetivo a proteção da população

norte-americana, principalmente no que se refere à contaminação de alimentos

e produtos tóxicos como anthrax e botulina, tentando evitar assim, novos

atentados e contaminação da população.

Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo principal

apresentar a relação entre as alterações de segurança que foram impostas

pelo governo americano com o mercado brasileiro. Dentro deste contexto, é

feita uma abordagem das novas normas norte-americanas para importação de

produtos, além de serem apresentados alguns dos possíveis problemas que

surgiram com estas mudanças sob o ponto de vista econômico do Brasil como

país exportador.

O presente trabalho pode ser de suma importância no aprofundamento

de estudos referentes à este fato da história, que foram os atentados de 11 de

setembro de 2001, assim como poderá ser útil para profissionais ligados aos

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setores de comércio exterior, de logística e, principalmente, do setor portuário,

responsável pela maior parte de nossas exportações, que vem passando por

diversas alterações e ainda está se adaptando às novas medidas

estabelecidas.

Este trabalho será desenvolvido, primeiramente, com uma abordagem

histórica dos antecedentes aos eventos ocorridos, além dos fatos que poderiam

desencadeá-los. Em seguida será analisada a relação comercial entre o Brasil

e os Estados Unidos, considerando-se também os principais produtos

exportados, as exigências e barreiras comerciais para a exportação e uma

análise referente à legislação de comércio americana, além do panorama da

atual situação das exportações entre esses países.

Na seqüência serão discutidas as principais normas e medidas de

segurança adotadas pelos americanos. Logo após, será analisado o setor de

serviços, que também foi, em grande parte, afetado por essas mudanças, e

serão analisados os problemas e efeitos sobre os portos e terminais marítimos,

e as alterações decorrentes dos atentados.

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1. ANTECEDENTES HISTÓRICOS

As disputas, conquistas, batalhas, guerras sempre existiram, desde o

início da humanidade. Apesar do ser humano estar acostumado à vida em

grupo sempre existiram disputas entre a posição social, poder e riquezas.

Inicialmente a posse de terras para os homens era sobrevivência, já, com o

passar dos anos esta iniciativa tornou-se poder e necessidade de expandir seu

domínio. Os povos passaram a se medir pela força e pelo poder de suas

armas, e, para uma população possuir esses recursos, são necessárias

pessoas inteligentes para desenvolvimento de novas tecnologias, assim, a

atividade intelectual passa a ser de fundamental importância.

Após a 2ª Guerra Mundial, em 1945, surgiram duas grandes potências,

por um lado os Estados Unidos e por outro a União Soviética. Os EUA vinha

se recuperando da crise de 1929 e aproveitou a 2ª Guerra para se reestruturar

e ditar as regras ao mercado mundial. Já, os países europeus necessitavam de

ajuda financeira, e viam a União Soviética como inimiga, uma vez que esta de-

fendia o comunismo, assim uniram-se aos EUA numa aliança Anti Comunista

comandada pelos próprios norte-americanos, e que impedia que o socialismo

crescesse entre os países europeus e asiáticos. (ATLAS, 1995, p.270)

Em março de 1947, os EUA era governado por Truman, que anunciava

a ‘Doutrina de Segurança Nacional’, que indicava que o país iria reprimir

qualquer avanço ao comunismo, mandando tropas para os países que estives-

sem se sentindo ameaçados. Junto com esta nova atitude surgia o ‘Plano

Marshall’ que tinha como objetivo a recuperação das economias afetadas com

a 2ª Guerra Mundial. Neste mesmo ano também foi aprovada a ‘Lei de

Segurança Nacional’ e a formação do Departamento de Defesa, que coordena-

riam a Guerra Fria. Os EUA tinha a intenção de se certificar em relação à

segurança dos países europeus no que se referia aos ataques comunistas

além da sua própria segurança (HISTÓRIA DO SÉCULO XX, 1968, p.2322).

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Segundo Recco (2001),

"(...) a recuperação da economia mundial comandada pelos EUA, privilegiava o capital monopolista das nações desenvolvidas e a concentração de renda, amparada no interesse em impedir a expansão do Socialismo na Europa e até mesmo na Ásia. Esse comportamento teve reflexos diretos e imediatos sobre os países latino-americanos, muitos dos quais viviam uma fase de desenvolvimento industrial, como o Brasil, e que não se encaixavam nas necessidades da nova ordem pós-guerra".

Para os países latino-americanos que estavam se desenvolvendo no

campo industrial, esta nova fase teve reflexos negativos, pois não atendiam as

necessidades do pós-guerra.

Os grupos que envolviam os Estados Unidos e seus aliados e URSS e

seus satélites, para Schilling (2002), “consideravam-se regimes inconciliáveis,

Capitalismo e Comunismo, Democracia e Totalitarismo, e apenas aguardavam

o momento oportuno para desencadear a 3ª Guerra Mundial que, dado o

potencial atômico que dispunham seria a guerra final. Esta idéia do equilíbrio

de forças entre as superpotências, no entanto, não correspondia à realidade,

pois, o potencial norte-americano, excetuando-se na capacidade de mútua

destruição, sempre foi inúmeras vezes superior ao dos soviéticos".

Na mesma época, após a II Guerra, com o crescimento rápido da

economia, os EUA forçaram a reestruturação de todo o sistema portuário sob

uma ótica de três aspectos: a descentralização da área política-administrativa

com a construção de portos mais próximos às áreas de produção, ou de

hidrovias, rodovias e ferrovias. Também, foram construídos terminais privados

que provocam redução nos custos e agilidade nos embarques. O segundo

aspecto foi o setor operacional que recebeu modernização e automatização,

além da introdução dos contêineres, visando redução de custos e melhoria da

qualidade de serviços, proporcionando maior controle. Por último, a relação

capital/trabalho, onde vence a livre-iniciativa aceita com unanimidade por

trabalhadores, empresários e autoridades do país. (OLIVEIRA, 2000, p.135)

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No ano de 1985, Mikhail Gorbatchov e Ronald Reagan reduzem sua

presença na Europa e declaram fim à Guerra Fria.

Os EUA por serem uma grande potência mundial e possuírem vários

interesses em comum com outros Estados, acabam por se envolverem em

grande número de guerras e conflitos mundiais. Dentre estes, os conflitos no

Oriente Médio, onde existem grupos ortodoxos fundamentalistas, dispostos até

mesmo a sacrifícios para atingir seus inimigos.

De acordo com VIZENTINI (2003),

“com o colapso do bloco soviético, foi proclamado o advento de uma Nova Ordem Mundial de paz, democracia e prosperidade, e teve início uma era pós-moderna de globalização e neoliberalismo, apresentada como panacéia universal. Mas o fim da Guerra Fria também privou Washington de um inimigo definido, que negociava os conflitos localizados, o que desequilibra um país que se construiu por oposição ao outro. Com isso, antigos aliados, entre os quais fundamentalistas que a CIA armou contra os soviéticos, foram abandonados e acabaram se voltando contra os EUA, o que certamente provocaria conseqüências político-militares.”

O final da Guerra Fria também mostrou ao mundo uma nova

perspectiva em relação à segurança, apresentando o terrorismo de uma

maneira mais ampla e mortal, como citado por PERL (2003):

“Armas e tecnologia tradicionalmente disponíveis apenas a países parecem estar chegando a indivíduos e grupos ou organizações transnacionais ou sub-nacionais; Indivíduos e grupos descontentes procuram e podem conseguir acesso a armas de destruição em massa; A globalização, o livre comércio e a expansão de regimes democráticos oferecem uma oportunidade de movimenta-ção mais livre para terroristas e grupos criminosos em todo o mundo.”

A tragédia que ocorreu nos EUA no dia 11 de setembro de 2001

provocou uma desordem no panorama mundial, pois, junto ao ocorrido pôde-se

notar claramente a fragilidade do mundo globalizado pós-Guerra Fria,

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ocasionando grande insegurança nos governantes de todos os países

VIZENTINI, 2003, p.1).

Logo após os atos terroristas ocorridos com o World Trade Center e

com o Pentágono, os Estados Unidos passou mais momentos de terror com

correspondências contaminadas pelo Anthrax, bactéria que se aloja no pulmão

da vítima e se torna um parasita espalhando toxinas. A ousadia dos terroristas

foi tanta que uma das cartas foi enviada ao líder do senado, Tom Daschle e à

emissora NBC News, entre outros lugares.

Pela primeira vez o país foi atingido de maneira tão drástica,

principalmente em seus principais símbolos econômico-financeiros e militar.

Mesmo tendo participado de todas as grandes guerras do séc. XX seu território

nunca havia sido atingido. Os atentados não abalaram somente a maior

potência do planeta, porém, abalou o centro econômico mais importante do

Ocidente Capitalista. Com isso, os EUA passou a utilizar-se de cuidados para

que não aconteçam mais atentados, assim todas as regras do turismo e do

comércio internacional passaram a serem revistas.

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2. RELAÇÃO COMERCIAL BRASIL X EUA

Todos os problemas ocorridos na América latina, incluindo revoluções,

ditaduras, corrupção, entre outros, poderiam ter sido considerados irrelevantes

sob a visão norte-americana não fosse a necessidade da preservação do Canal

do Panamá com a marinha dos EUA. No entanto, a atenção americana para

interesses globais se voltou para a Europa no início do século XX. De acordo

com Grieco (1998, p.90), “a crise econômica e as ideologias teriam efeito sobre

os governos latino-americanos, fortalecendo a tendência às ditaduras que

seriam selecionadas por Washington na escolha de parceiros de sua

convivência política”.

No que se refere ao plano brasileiro de relações econômicas, o início

das exportações do Brasil foi marcado pela concentração da balança comercial

em um produto principal, sendo que no início do século XX, quando as

negociações eram realizadas apenas com os britânicos, o Brasil começou

também a disputar mercados como a França, Alemanha e também os Estados

Unidos.

Até a proclamação da República, as relações comerciais do Brasil

eram quase que totalmente com a Europa, onde existiam as casas reais que

possuíam estreitas relações com a família imperial brasileira. Os primeiros

contatos com os dirigentes da revolução para a Independência dos Estados

Unidos foram feitos pelos inconfidentes mineiros e, assim que ocorreu a queda

do Império brasileiro em 1889, foi intensificado o intercâmbio comercial entre os

dois países (OLIVEIRA, 2001, p.36).

A sociedade brasileira iniciou uma harmonização social e cultural, e,

segundo Grieco (1998, p.116), o “Brasil aumentou (1890-1906) suas

exportações globais de 26,4 milhões de libras esterlinas para 55 milhões,

registrando (1906) concentração do café e borracha (em pleno surto) de 78,5%

na pauta de produtos. A participação brasileira no comércio internacional era

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de 0,2%. A taxa de câmbio mil réis-libra foi desvalorizada (1890-1908) em

cerca de 40%: comprovada a realidade de nossos termos de intercâmbio

desfavoráveis”.

O Brasil também foi afetado pela Depressão mundial, isso resultou na

redução dos preços dos produtos primários, em especial o café. O país só

começou a recuperar-se a partir de 1935, com o aumento da produção nacional

bem como das exportações, principalmente para países que se apresentavam

para a guerra.

Com todas as mudanças que surgiam no mundo, na Europa firmavam-

se tendências extremistas de esquerda ou de direita, entre outros fatores, o

então presidente dos EUA, Franklin D. Roosevelt, que assumiu o cargo em

1933, adotou um novo sistema denominado “New Deal”, que ficou estabelecido

por cerca de dez anos, e tinha uma política “intermediária”, bem diferente das

outras políticas adotadas nos demais países; esse sistema terminou com a

entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial (GRIECO, 1998).

Após a Segunda Guerra Mundial, os EUA saíram fortalecidos em

relação à outros países, e sua economia, que foi abalada pela crise de 1929 se

recompôs passando a ditar regras no comércio internacional. Por outro lado, a

Europa estava em fase de recuperação tanto no patamar físico como

econômico, e de certa forma dependia dos EUA, que via na URSS1 o principal

inimigo do desenvolvimento capitalista e da democracia. Isso deu início à

formação de uma aliança anti-comunista, sob comando americano (RECCO,

2001).

Sob uma ótica inicial, a América Latina manteve-se estável

financeiramente, no entanto, à maioria destes países se apresentava em

desenvolvimento e utilizavam-se do final da Guerra para aumentarem suas

exportações, como foi o caso do Brasil. Porém, próximo ao ano de 1953 houve

1 União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

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uma grande queda nos preços do setor agrário, que na época era a base da

estrutura econômica do país, ocasionando enfraquecimento das camadas

populares do campo e queda na importação, afetando tanto as camadas

médias da população, como a indústria e a economia nacional, resultando em

aumento da dívida externa e inflação (RECCO, 2001).

A guerra uniu mais americanos e brasileiros dos vários níveis sociais e

de relacionamento, homens de governo com mentalidades liberais e

autoritárias, deixaram para trás as noções de superioridade e ressentimentos

crônicos (GRIECO, 1998, p.131).

A queda das exportações brasileiras para os EUA iniciou-se devido a

vários fatores, sendo um deles a assinatura do NAFTA2. De 1977 a 1987, as

exportações brasileiras para o mercado norte-americano cresciam em média

10%, e continuavam com uma taxa de 20% de crescimento até 1985. A partir

disso, as vendas foram caindo em razão principalmente da crise do Kuwait,

reduzindo para 10%, e com uma boa recuperação por volta de 1992. Neste

mesmo ano, o Brasil fez críticas ao GATT3 que se referiam ao fato de que as

altas tarifas americanas afetavam mais de 30% das exportações brasileiras e,

ao mesmo tempo, as barreiras não-tarifárias (BTNs) também reduziram as

vendas em 26%. (GRIECO, 1998, p.258)

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores (MRE, 2005), um

fator fundamental para o aumento e melhoria das relações Brasil-EUA vem

sendo:

“A percepção norte-americana da importância crescente do Brasil, especialmente sob a ótica econômica. Com a abertura comercial e com o aumento do estoque de capitais norte-americanos no país, tanto a estabilidade política quanto a saúde da economia brasileira passaram a constituir aspectos mais relevantes aos interesses norte-americanos do que no passado. Por outro lado, os entendimentos relativos à conformação da área de livre

2 Acordo Norte-Americano de Livre Comércio3 General Agreement on Tariffs and Trade (1947) – Acordo Geral sobre tarifas e Comércio –

Conjunto de normas e concessões tarifárias.

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comércio hemisférica deverão representar elemento de particular relevância no futuro das relações econômicas entre o Brasil e os EUA".

De acordo com Freire (2003), os EUA são o maior parceiro comercial

do Brasil. No primeiro semestre de 2003 foram exportados US$ 8 bilhões em

mercadorias brasileiras, um aumento de 18% em relação ao mesmo período do

ano anterior. Em 2002, o Brasil teve um superávit de mais de US$ 5 bilhões

com os americanos.

O mercado dos EUA gerou em 2002 um PIB (Produto Interno Bruto),

de US$10,5 trilhões e possui um lugar de destaque no que se refere às

exportações do agronegócio brasileiro. Dentre os principais produtos

exportados para o mercado norte-americano, estão o suco de laranja, o café, o

açúcar, o fumo e o tabaco e as carnes. Cerca de 17% dos produtos desse setor

são destinados aos EUA, que também absorve mais de 50% das exportações

destinadas aos países que podem vir a constituir a ALCA, ou Área de Livre

Comércio das Américas. Portanto, apesar de todas as barreiras que foram e

vêm sendo impostas pelo governo norte-americano referentes ao agronegócio

brasileiro, o mercado dos EUA representa uma grande fatia na expansão das

exportações de produtos agrícolas (FAESP, 2004).

2.1. FOCO DA EXPORTAÇÃO BRASIL - EUA

Os primeiros contratos de exportação entre os norte americanos e o

Brasil foram estabelecidos pelos inconfidentes mineiros e, em 1891, os dois

países assinaram o primeiro pacto comercial, chamado de Acordo de

Reciprocidade Aduaneira, e que tratava-se da entrada de café, açúcar e

tabaco, com isenção tributária nos EUA, e por outro lado, o Brasil recebia trigo,

carne de porco, máquinas e livros, nas mesmas condições (OLIVEIRA, 2001,

p.37).

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Já, no século seguinte, por volta de 1985, o Brasil exportava sete

bilhões de dólares para os EUA, o que significou um aumento considerável na

economia exportadora do país.

Por outro lado, com a adaptação do Brasil às exigências estabelecidas

pelo FDA (Food and Drug Administration), o País passa a ter maior

oportunidade de crescimento, pois o comércio bilateral entre os dois países é

favorável, uma vez que 67% dos produtos brasileiros que entram nos EUA

possuem tarifa zero ou quase zero, e, apenas os outros 33% é que são

afetados pelas barreiras tarifárias. O problema é que os produtos de barreira

tarifária elevadas são os produtos agrícolas, dentre estes, são 57 produtos com

tarifa acima de 50% sobre o valor da mercadoria. Os produtos mais

prejudicados são tabaco, açúcar, leite e suco de laranja (ATLAS, 1995, p.295).

Além das taxas tarifárias serem elevadas para estes produtos, os

exportadores, embaladores e armazenadores deste tipo de mercadoria

precisam se registrar junto ao FDA, enviar aviso prévio e nomear um

representante residente nos EUA.

No triênio 1989-1991, uma crise econômica nos Estados Unidos afetou

em grande parte os setores têxtil e de calçados, no entanto, o maior prejuízo

deu-se aos vendedores de suco de laranja devido à supersafra da Flórida.

Após essa crise, à partir de 1992 houve uma recuperação econômica

no setor de exportações. No Quadro 1 abaixo pode-se observar como se

encontrava esse segmento em relação aos principais produtos exportados ao

mercado norte-americano no ano de 1995.

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QUADRO 1 - Exportação Brasil-Estados Unidos (US$ milhões) em 1995

DISCRIMINAÇÃO 1995 Part. %TOTAL GERALESTADOS UNIDOS

Calçados, e afins

Ferro, aço e derivados

Aparelhos transmissores/receptores

Peças automotivas

Motores de pistão e peças

Fumo

Bombas/compressores e partes

Ferro gusa

Suco de laranja concentrado congelado

Pasta química de madeira (soda ou sulfato)

Outros produtos

46.506,28.682,8

1.010,4

320,8

352,8

383,0

329,0

141,3

316,9

236,4

130,4

434,6

5.027,9

100,0018,67

2,17

0,69

0,76

0,82

0,71

0,30

0,68

0,51

0,28

0,93

10,81 FONTE: GRIECO, 1998, p.258

Atualmente, o Brasil tem grande necessidade de mudar o foco de suas

exportações, diversificar sua linha de produtos industrializados, que não entram

na nova Lei, além de possuírem tarifa zero ou quase zero.

A importância do mercado do EUA pode ser comprovada em números,

No ano de 2003, os norte-americanos possuíam o maior mercado internacional

do mundo, estavam em primeiro lugar em se tratando de importação mundial4,

e concentravam 16,8% das importações mundiais, bem distante do segundo

colocado que era a Alemanha com 7,7%. Além de estarem em segundo lugar

com 9,7% em relação às exportações mundiais, perdendo para Alemanha que

se encontrava com 10% do mercado. Com isto notamos que os EUA compra

muito mais mercadoria no mercado internacional do que vende, que o equivale

dizer que eles compravam em 2003 algo em torno de USD 1,5 trilhão por ano

contra USD 1,0 trilhão por ano de venda. (FONTES, 2004)

4 O Brasil ocupava a 30ª posição

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Quando falamos de exportação do Brasil para o país norte americano,

o cenário não é diferente. No ano de 2003, os EUA foi o maior comprador de

produtos brasileiros com 22,8%, o que significa quase um quarto do

faturamento brasileiro, enquanto os segundos colocados foram a Argentina e a

China com 6,2% cada um (FONTES, 2004).

Sendo bem diferente da Europa, que foca em importar produtos

básicos, 70% dos produtos que entram no país norte-americano são produtos

industriais ou manufaturados. Isto se explica quando verificamos a economia

norte-americana e encontramos 76% dela voltada a prestação de serviços.

Com isto os países exportadores que souberem aproveitar esta oportunidade

terão mais arrecadação de divisas e oportunidade de emprego (BARBIERI,

2004).

O Brasil tem boas relações com os norte-americanos e podia estar

explorando muito mais este mercado de exportação. Em 2003, Taiwan

exportou mais para os EUA que o Brasil. Um país muito menos desenvolvido e

capacitado aproveitou melhor a oportunidade. De acordo com o consultor Carlo

Barbieri (2004), “é mais fácil o Brasil dobrar suas vendas para os norte-

americanos do que Taiwan aumentá-las em 2%”.

A China é o concorrente mais forte que o Brasil enfrentará nos

próximos anos, pois estão investindo fortemente no comércio internacional. Em

meados de 1985, exportavam para os EUA cerca de 3,8 bilhões de dólares, já,

nesse mesmo período o Brasil exportava 7,5 bilhões de dólares. Em 2002, a

China deu uma virada na economia e chegou a exportar USD 125 bilhões

enquanto o Brasil exportou 15,8 bilhões (EMBAIXADA DO BRASIL, 2003,

p.17).

Dentro deste quadro de conflitos internacionais, Luís Fuccille (apud

BRAZIL, 2004), acredita que o Brasil tem adotado uma posição bastante

diplomática, de condenação enfática dos atentados, porém, buscando soluções

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alternativas para a ‘Guerra contra o Terror’, diplomaticamente, e, ao mesmo

tempo, também não acredita que este país seja futuramente alvo de possíveis

atentados terroristas.

Em relação às exportações brasileiras, deve ser destacado o fato de

que o Brasil retrai seus embarques para os mercados mais prósperos, onde

realmente existem perspectivas de crescimento, independente do tempo,

sendo assim, não aproveitou o aumento dos mercados dos países

industrializados, tampouco se preparou para uma maior ampliação futura

(OLIVEIRA, 2001, p.24).

2.2. BARREIRAS COMERCIAIS

Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (MDIC-SECEX,

nov/2005a) "no atual cenário do comércio internacional, é de fundamental

importância que esforços sejam desenvolvidos no sentido de aumentar

significativamente a participação das exportações brasileiras no mercado

mundial”.

Em 1998, o regime protecionista americano utilizou-se de normas

sanitárias, fitossanitárias e ambientais com o objetivo de barrar as exportações

do Brasil e, entre as barreiras não-tarifárias o Brasil foi um dos países mais

penalizados pela imposição americana, de medidas anti-dumping e

compensatórias. Francisco de Assis Grieco cita que “como os efeitos dessas

práticas são retroativos, as simples aberturas de investigação desestimulam as

vendas” (GRIECO, 1998, p.272).

O surgimento de barreiras comerciais incidiu negativamente no acesso

dos produtos brasileiros no mercado norte-americano. Ultimamente, o

problema se agravou, pois foram aplicadas mais medidas anti-dumping e

anti-subsídios, principalmente em se tratando de produtos siderúrgicos

(EXPORTNEWS, 2001).

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Contudo, é de fundamental importância a identificação das barreiras às

exportações incidentes sobre os produtos brasileiros para que estas façam

parte das negociações internacionais que procuram a redução ou até a

eliminação das dificuldades nas negociações. É dada bastante ênfase às

barreiras não tarifárias, pois as tarifárias constam dos compromissos

assumidos em foros internacionais, sendo mais amplamente divulgadas

(APEX, 2005).

Segundo citado em Exportnews (2001), “a redução de barreiras

tarifárias e não tarifárias que afetam as vendas brasileiras no mercado norte-

americano exige uma atuação coordenada entre os setores público e privado

no que se refere à identificação e à negociação e à influência nos diversos

foros de negociação”.

A atividade portuária, em grande parte, é a responsável pela execução

das políticas de comércio exterior. É no trânsito portuário que se aplicam as

tarifas aos produtos, bem como as barreiras, que são bastante questionadas na

maioria dos países, inclusive no Brasil, devido ao bloqueio da globalização da

economia (PORTO e TEIXEIRA, 2001, p.55).

A Associação de Comércio Exterior do Brasil - AEB (apud GRIECO,

1998, p.273), acreditava que a eliminação das barreiras comerciais entre os

dois países poderia aumentar as exportações brasileiras na ordem de US$5

bilhões ao ano, isto em 1998, antes dos atentados terroristas, que dificultaram

ainda mais a situação do setor no Brasil .

Já a ALCA, sendo área de livre comércio, “não discriminará em tarifa

externa comum e não antecipará a eliminação de barreiras físicas (bens e

pessoas); movimentação de serviços financeiros; tributação comunitária; ou

futuramente, criação de moeda única” (GRIECO, 1998, p.278).

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Portanto, pode ser de suma importância o sucesso nas negociações,

com organizações como a ALCA por exemplo, que devido às proximidades

políticas, podem dar prioridades ao Brasil em relação à outros mercados mais

avançados, além de salvaguardarem a exportação brasileira contra a

imposição de inúmeras barreiras não tarifárias. Porém, considera-se também

que o comércio Brasil - Estados Unidos pode dobrar e até mesmo triplicar no

decorrer dos anos com ou sem negociações desse tipo. Isto pode ser de

grande valia considerando-se a competitividade de alguns produtos brasileiros

que sofrem restrições por parte dos EUA. Entre os principais produtos mais

competitivos estão os citados na figura a seguir:

TABELA 1 – Produtos Brasileiros Competitivos

Produto Custo no Brasil Custo nos EUA

Soja

Custo de produção médio:

•R$ 321,00/tonelada •ou US$ 111,14/toneladaUS$ 3,02/bushel)

Preço pago ao produtor:

•R$ 413,33/tonelada ou

•US$ 142,52/tonelada

Custo de produção médio:

•R$ 656,00/tonelada ou •US$ 227,00/tonelada(US$ 6,19/bushel)

Preço mínimo na Farm Bill:

•US$ 183,72(US$ 5,00/bushel)

Target Price na Farm Bill:

•US$ 213,11(US$ 5,80/bushel)

Pagamentos diretos:

•US$ 16,17/tonelada

Carne de Frango

Custo de produção:

•R$ 1,41/quilo ou •US$ 0,49/quilo

Custo ao Consumidor final:

•US$ 0,67/quilo

Custo de produção:

•R$ 3,87/quilo ou •US$ 1,34/quilo

Custo ao Consumidor final:

•US$ 2,00/quilo

FONTE: MDIC-SECEX, nov/2005b

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Com mais exigências causadas pela nova Lei “Bioterrorism Act of

2002”, o custo da mercadoria que chega nos EUA aumenta sensivelmente,

principalmente em função da necessidade de se manter um agente residente.

Por outro lado, o exportador brasileiro que se adaptar a nova realidade e

adequar-se mais rapidamente às novas exigências podem obter vantagens

competitivas em relação a outros.

Sendo assim, diante desses problemas o governo brasileiro se

apresenta bastante atuante, apresentando diversas críticas referentes à

legislação e política comercial dos EUA na OMC.

2.3. POLÍTICA E RELAÇÕES COMERCIAIS

Para Rubens Ricupero (2002),

“a realidade histórica é que, desde muito tempo, pelo menos desde a metade da primeira presidência de Franklin Delano Roosevelt (1934) e, com absoluta nitidez, a partir do fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos têm sido indiscutivelmente os principais autores, garantes e líderes do sistema mundial de comércio e, nesse papel, não há no horizonte próximo nenhuma potência capaz de substituí-los. A causa responsável por essa situação é apontada e desenvolvida nas diversas variantes da chamada "teoria da estabilidade hegemônica", o paradigma conceitual dominante entre os autores mais representativos da economia política das relações internacionais contemporâneas.”

A adoção de uma política liberal de comércio pelos Estados Unidos a

partir de 1934 e, mais acentuadamente, de 1944-45, quando o país assume a

total responsabilidade hegemônica frente à nova ordem econômico-financeira

com o Bretton Woods, o FMI, o Banco Mundial e o GATT, e político-estratégica

mundiais com a Carta de São Francisco, a ONU e a Aliança Atlântica, gerou a

superação do processo protecionista do mercado americano que ocorria na

época, o que também colaborou em grande parte para o aumento das

negociações externas (RICUPERO, 2002).

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Ao longo dos anos, o Brasil tem mantido uma boa relação comercial

com os Estados Unidos, apesar de algumas divergências, sendo que,

no decorrer da última década, essa relação tem apresentado um

grande aumento no que se refere ao volume de negociações. De

acordo com Carvalho (1999), “esse comércio bilateral que em 1989,

atingia cerca de US$ 12,25 bilhões, praticamente dobrou, e, em 1996,

já registrava algo em torno dos US$ 22 bilhões”.

Considerando-se o processo de abertura iniciado no Brasil na década

de 80, parte desse aumento pode estar relacionado à implantação do Plano

Real em 1994. A união de fatores como a estabilidade da moeda, a apreciação

da taxa de câmbio nominal e a utilização de importações como forma de

controle de preços domésticos, levaram a uma forte demanda por produtos

importados, o que resultou na reversão da balança comercial bilateral, que, em

1995, se tornou deficitária para o Brasil (CARVALHO et al, 1999).

Mesmo os Estados Unidos sendo um dos maiores mercados para a

exportação brasileira, existe uma perda de competitividade que pode ser

atribuída em parte pelo NAFTA5, que levou parte das exportações brasileiras

em benefício do México e Canadá. Já, em se tratando das importações

brasileiras vindas dos Estados Unidos, a situação se apresentava contrária,

com bastante crescimento no volume de produtos e negociações.

De acordo com a Embaixada do Brasil (2003, p.98) em Washington,

“historicamente, a legislação comercial norte-americana inclui mecanismos para remediar efeitos indesejáveis da abertura comercial – desde práticas de competidores que configurem alegada ‘concorrência desleal’ com produtores nacionais, como dumping e subsídios, até restrições a título de segurança nacional, passando por instrumentos que permitem contrarrestar um súbito influxo de importações no mercado interno ou pressionar pelo fim de barreiras alegadamente discriminatórias à exportação de produtos norte-americanos a outros países.”

5 Acordo de Livre Comércio entre Estados Unidos, Canadá e México, em vigor desde 1994.

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Em relação ao Brasil e as suas legislações comerciais, pode-se citar

que o país participa desde 1947 do GATT, acordo que defende os princípios da

liberalização do comércio internacional, o que é de extrema importância na

condução da política brasileira. Além disso, o Brasil batalhou pela diminuição

dos direitos de importação e eliminação de barreiras não-tarifárias sobre os

produtos agrícolas e industrializados, sendo também de grande relevância a

sua participação na problemática dos excedentes agrícolas europeus e

americanos (GRIECO, 1998, p.154).

Segundo Rubens Ricupero (2002),

“(...) certas tarifas americanas, em especial as incidentes sobre exportações que excedam quotas, são de tal maneira elevadas que eliminam qualquer possibilidade de exportação. Esse é, por exemplo, o caso do açúcar (236% extra-quota), tabaco (350% extra-quota), etanol (2,5% mais US$ 0,52 por galão), suco de laranja (US$ 0,785 por litro). Ademais, diversos estudos indicam que cerca de 60% de todos os produtos exportados pelo Brasil para os EUA são afetados, de uma maneira ou de outra, por barreiras tarifárias e não-tarifárias, alguns tendo desaparecido completamente do mercado americano após a imposição de sanções, outros tendo de enfrentar tarifas altíssimas como certos têxteis (38% ad valorem, mais US$ 0,485 por quilo). Seria, portanto, enganador utilizar a média ponderada por volume de comércio, já que não se pode estimar qual seria o fluxo das exportações se as tarifas e outras barreiras não fossem tão aniquiladoras de qualquer comércio.”

Diante disso, pode-se avaliar que em negociações comerciais, ou em

qualquer outra negociação internacional, não pode-se perder de vista a

centralização do poder, neste caso em especial o poder do mercado, ou seja, a

capacidade de um governo como o dos Estados Unidos de dosar o acesso de

seus parceiros a seu mercado de acordo com as concessões obtidas por estes.

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3. PANORAMA ATUAL

Segundo Vizentini (2002), antes e após os atentados, o mal-estar

norte-americano estava visível. Ele afirma que "os escândalos que

caracterizaram os anos finais do governo Clinton revelam um confronto interno,

que ficou patente na complicada e questionada eleição de Bush, a qual

desgastou a imagem da democracia americana".

No entanto, as exportações são a fonte número um da criação de

empregos nos Estados Unidos e o principal fator de crescimento da economia.

Sendo assim, de acordo com Vizentini (2002), em 1994 foi publicado um

trabalho pelo Departamento de Comércio americano que teve como tema

principal os países com mercados emergentes, e que fundamentava que o

comércio com os parceiros tradicionais teria pequena evolução, ao passo que

as nações em desenvolvimento conquistariam três quartos do crescimento

mundial do comércio. Os países em desenvolvimento têm como critérios

favoráveis para o crescimento econômico: a grande área territorial que

possuem, uma população considerável representando mercado em vários

produtos, além de possibilidades de expansão econômica. De acordo com

Carlos Oliveira (2001, p.75), ”na América Latina estão incluídos a Argentina, o

México e o Brasil e a participação desse bloco de países em 1991 era de

10,2% e apresenta expectativa de 20,7% em 2010”.

Por outro lado, para Vizentini (2002), a economia americana inseriu-se

num contexto de,

“(...) instabilidade, agravada pelo colapso econômico-financeiro de vários países. Então o século XXI inicia com um governo fraco e deslegitimado, o que é agravado por atitudes unilaterais como a não adesão americana ao Protocolo de Kyoto ou omissões como a ausência de mediação no Oriente Médio. Em seguida ocorre o 11 de setembro, chocando e traumatizando a população americana e do Primeiro Mundo, mas dando aos EUA uma nova iniciativa.”

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Logo após esses transtornos econômicos é que ocorre o “11 de

setembro”, chocando e traumatizando a população americana e de grande

parte do mundo, porém, dando aos EUA uma nova iniciativa.

Após estes atentados, a imprensa internacional deu, de acordo com

Felicíssimo (2004),

"(...) ênfase aos rumos que a ordem política e econômica mundial, em especial, o sistema supranacional, constituído pelo concerto das nações após os dois conflitos mundiais, cujas colunas principais são a Organização das Nações Unidas (ONU) e seu Conselho de segurança e a Organização Mundial do Comércio (OMC), irão seguir após os acontecimentos de 2001 nos Estados Unidos".

Almeida (2002), acredita que após esses atentados alterou em grande

parte o panorama da América Latina, com uma enorme negatividade nas

condições econômicas, políticas e sociais, pois “a indiferença manifestada

pelos EUA em relação aos problemas econômicos e sociais de uma região que

notoriamente não se situava no eixo principal das preocupações

monotemáticas do novo Império, assim como a mini-recessão americana, se

aliaram para deixar o continente entregue a própria sorte”.

Isto resultou em um abalo no Brasil e em outros países que

terminaram por recorrer ao FMI (Fundo Monetário Internacional), devido à

quedas na taxa de crescimento, e nas exportações.

No caso do Brasil, "como, nos últimos anos, as exportações foram o

principal motor da economia brasileira, devido ao desaquecimento da demanda

doméstica, alguns consultores e o Governo passaram a discutir a possibilidade

de o aquecimento interno causar danos às vendas externas. Uma das grandes

preocupações é com a sustentabilidade do crescimento" (A TRIBUNA, 2004).

Devido aos eventos ocorridos, o país obrigou-se a reforçar a segurança

na entrada de produtos e pessoas do país. O Congresso Americano respondeu

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aos atentados com a criação do “Bioterrorism Act of 2002”, assinada pelo

presidente norte–americano George W. Bush em 12 de junho de 2002. A nova

Lei que entrou em vigor em 12 de dezembro de 2003, tem a função de evitar

que produtos – tanto do gênero alimentício como do farmacêutico -

contaminados entrem no país causando qualquer tipo de risco à saúde pública

da população norte–americana (FELICÍSSIMO, 2004).

Em vários setores, persistem barreiras consideráveis no acesso ao

mercado norte-americano, em especial para produtos agrícolas e manufaturas

de menor valor agregado. A tarifa média de importação dos Estados Unidos é

baixa, mas encobre picos, escaladas e quotas tarifárias que dão alto nível de

proteção a tais setores, junto à numerosas barreiras não-tarifárias

(EMBAIXADA DO BRASIL, 2003, p.20).

No entanto, Juan Clinton Lerena (apud FURTADO, 2003) afirma que

mesmo com essas alterações pode-se também criar oportunidades de mercado

para os exportadores brasileiros pois, foi previsto que entre 16% e 20% das

empresas de todo o mundo que vendem para os EUA podem alterar suas

vendas para outros países e se o Brasil estiver preparado, acaba por ocupar

esse espaço no mercado.

Reginaldo Nasser (apud NOOLHAR, 2002), cita que, “os atentados de

11 de setembro mudaram os rumos da política externa americana. As atenções

voltaram-se para o Oriente Médio e para as medidas de proteção territorial. As

políticas anti-terroristas passaram a ocupar toda a pauta do governo norte-

americano e empurraram a aproximação com a América Latina para um

segundo momento. Ou até surgir alguma preocupação com algum dos países

latinos".

Por outro lado, Almeida (2002) conclui que “nada no panorama social,

político ou econômico da América Latina parece distanciá-la de um passado

tão distante quanto atual: crise econômica, fragilidade financeira e dependência

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externa, concentração das exportações em produtos tradicionais, aprofunda-

mento da pobreza, da instabilidade política e da insatisfação social”.

3.1 A ALCA

De acordo com Barlow (2000), a ALCA, ou Área de Livre Comércio

das Américas, é um tratado organizado pelos líderes de 34 países da América

do Norte, América Central, do Sul, e Caribe, durante a Cúpula das Américas

em Miami, nos Estados Unidos em 1994. Segundo este Autor,

“é o nome dado ao processo de expansão do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) a todos os restantes países do Hemisfério Ocidental, exceto Cuba. Com uma população de 800 milhões e um PDB combinado de $11 trilhões americanos, a ALCA seria a maior zona de livre comércio do mundo. Se os relatórios provenientes dos Grupos de Negociação que se ocupam dos elementos fundamentais do acordo estiverem corretos, a ALCA se tornará o acordo de livre comércio de maior alcance no mundo, com um âmbito que penetrará em todos os aspectos da vida dos cidadãos das Américas.”

Esse encontro teve como objetivo a realização de um acordo de livre

comércio baseado no NAFTA, que pudesse ir do Alaska ao extremo da América

do Sul, unindo suas economias e melhorando a integração entre os países

envolvidos. (BARLOW, 2000)

No entanto, quatro anos após, na próxima Cúpula da Américas

realizada no Chile, apresentou-se muito pouco progresso, porém, foi lançado um

Comitê de Negociações Comerciais, além de outros Comitês que tratavam de

outras questões econômicas. (BARLOW, 2000)

Em 2002, foi aprovado um documento com procedimentos e diretrizes

das negociações de mercado, e diante disso, os países apresentaram cada

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um, sua oferta inicial de concessões tarifárias, incluindo o Brasil. (KUME e

PIANI, 2003)

Porém, para o Brasil e outros países do Mercosul, houve um fator

negativo, uma vez que o governo dos Estados Unidos tomou a iniciativa de

fazer acordos bilaterais, o que desfavorecia países menos desenvolvidos

incluídos no tratado.

No entanto, pouco tempo depois, os presidentes do Brasil e Estados

Unidos tentaram encontrar meios que favorecessem os países com acordos

que tratavam de acesso a mercado, e itens relacionados que poderiam de certa

maneira diminuir os prejuízos que poderiam ser causados (KUME e PIANI,

2003).

Enquanto as negociações sobre a ALCA vão crescendo e se

solidificando, também vão aumentando as dúvidas relacionadas ao Mercosul e

à pressão do governo norte-americano para esvaziar este acordo, pois, para os

Estados Unidos, a entrada do Mercosul na ALCA faz parte de suas estratégias

de mercado, e traz inúmeros benefícios aos norte-americanos, uma vez que os

países participantes do Mercosul representam uma grande parte da população

e do PIB da América Latina. (MENDONÇA, 2003)

O Brasil, sendo considerado a maior potência econômica da América

Latina, pode ser também o maior perdedor com a implementação da ALCA,

pois terá que renunciar ao direito de definir a sua estratégia de

desenvolvimento e de proteção à indústria local, podendo também afetar, ou

até mesmo romper, a sua relação com o Mercosul, quando sabemos que 83%

das empresas exportadoras da maior região industrial do país, que é São

Paulo, fazem transações comerciais com o Mercosul, enquanto que apenas

24% destas negociam com o mercado norte-americano. (MENDONÇA, 2003)

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Sob uma outra ótica em relação ao Brasil, a ALCA para Almeida

(2002a),

“(...) representa uma espécie particular no gênero integracionista, tratando-se de um processo de liberalização controlada dos mercados e de abertura administrada da economia que já vem sendo aplicado pelo Brasil desde que ele assumiu compromissos negociais nesse sentido em princípios dos anos 60 e, com maior ênfase, a partir dos esquemas bilaterais de integração com a Argentina (1986-88) e, de forma quadrilateral, com os demais parceiros do Mercosul (1991). Os cálculos sobre custos e benefícios desse gênero de abertura foram conduzidos de forma mais ou menos empírica pelos responsáveis políticos e econômicos em cada uma dessas oportunidades e julgados compatíveis com as necessidades de desenvolvimento do Brasil, ainda que em nenhum dos casos se tenha alcançado a liberalização total e a integração completa dos mercados.”

A relação entre o Brasil e Estados Unidos em toda a história vem

sendo marcada por fases de grande tensão, bem como por momentos de

proximidade e integração. Em relação às medidas anti-dumping do governo

norte-americano contra produtos brasileiros, criou-se grandes divergências no

comércio entre os países.

Porém, toda a ameaça protecionista causou reações sérias e distintas

nos diversos setores brasileiros, não apenas na economia, devido aos

princípios da ALCA de se manter vantagens apenas de maneira unilateral,

favorecendo os Estados Unidos.

Assim, o estabelecimento da área de livre comércio seria um

instrumento para fortalecer a posição dos Estados Unidos na abertura de novos

mercados para seus produtos e serviços, porém, sem a reciprocidade.

(SANTOS, 2001)

De acordo com Santos (2001),

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“esse temor decorre da percepção de que os Estados Unidos vem usando medidas antidumping, discutindo aspectos de legislação trabalhista e recorrendo à exigência de padrões mínimos de proteção ambiental para mascarar sua política protecionista. Uma parte dessa percepção decorre da posição desvantajosa que o Brasil apresenta na balança bilateral de comércio, sendo forçoso reconhecer que outra parte é conseqüência da falta de competitividade que algumas companhias brasileiras ainda apresentam.”

Diante desse quadro da ALCA, Harrington (2000) considera que "os

dias de protecionismo e barreiras comerciais estão chegando ao fim. Nosso

futuro - o futuro dos Estados Unidos, do Brasil e nossos parceiros neste

hemisfério - está no livre comércio e em economias competitivas”. O autor

ainda cita que o que está por vir poderá trazer diversas e boas oportunidades

não somente para nós como para todas as nações democráticas das Américas.

Sob o ponto de vista atual, não se sabe ao certo quais as pretensões

do Presidente norte-americano George W. Bush com o Brasil, já que acredita

que a ALCA deverá ser deixada de lado por algum tempo. Porém, atualmente

têm buscado tratados relacionados ao biocombustível, pois os EUA produzem

etanol de milho que é de custo bastante superior ao etanol da cana-de-açúcar.

Em função do Brasil e dos Unidos possuírem juntos 72% do etanol mundial, foi

proposta pelo Presidente norte-americano a formação de um mercado de

biocombustíveis. Esta proposta deverá ser necessariamente estudada de forma

minuciosa, para que não se torne uma nova “ALCA” na história comercial entre

os dois países (ISTO É, 2007).

Porém, pode-se finalmente citar que, de acordo com Rattner (2003),

“a ALCA, tal como proposta pelos EUA, configura um acordo global abarcando além do livre comércio de mercadorias, as transações de serviços, operações financeiras, as compras governamentais, os investimentos e a lei de patentes. O acordo preconiza a extensão e o aprofundamento da desregulamentação a todos esses setores, com as conseqüências desastrosas facilmente previsíveis à luz das disparidades e assimetrias

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tecnológicas e financeiras existentes entre o Norte e o Sul”.

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4. MEDIDAS DE SEGURANÇA ADOTADAS PELOS EUA

Além da Lei do Bioterrorismo, uma das mais comentadas no setor,

outras iniciativas foram colocadas em prática afim de garantir uma maior

segurança nos produtos que entram no país.

Essas outras medidas se enquadram nas três leis seguintes, todas de

2002, Lei de Comércio (Trade Act), Lei de Segurança Interna (Homeland

Security Act), e a Lei de Segurança do Transporte Marítimo (Maritime

Transportation security Act).

4.1. LEI DO BIOTERRORISMO

Em decorrência dos incidentes relativos a utilização de agentes

químicos e biológicos para fins de contaminação da população, surgiram várias

iniciativas, e entre estas, a Lei do Bioterrorismo6 (CAMBOIN, 2003).

Foi elaborada em função da preocupação do governo americano diante

da possibilidade de atentados bioterroristas que possam causar danos à saúde

pública.

O impacto potencial sobre a cadeia produtiva exportadora para o

mercado norte-americano acabou sendo extremamente significativo, em razão

das providências de ordem burocrática que foram exigidas. Nesse caso foram

de fundamental importância as alterações do setor exportador nacional em

relação aos novos requerimentos de registro de cada estabelecimento

comercial e aviso prévio de embarque de cada carga (EMBAIXADA DO

BRASIL, 2003, p.22).

6 Public Health Security and Bioterrorism Preparedness and Response Act of 2002

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No caso de alimentos e medicamentos, esta Lei autoriza o FDA a reter

alimentos caso haja evidências ou informações que estes apresentem qualquer

risco à saúde ou morte de seres humanos ou animais, bem como a proibição

da importação de alimentos por parte de pessoa física ou jurídica que possua

qualquer histórico de importação de alimentos adulterados.

De acordo com o Food and Drug Administration (2005), esta Lei é

constituída de cinco títulos:

“-Título I: Preparação Nacional para o Bioterrorismo e outras emergências da Saúde Pública;

-Título II: Intensificar Controle em Toxinas e Agentes Biologicamente Perigosos;

-Título III: Proteção de Segurança Alimentar e do Fornecimento de Medicamentos;

-Título IV: Bebendo Água com Segurança; -Título V: Provisões Adicionais.”

O Título III, que constitui um conjunto de regras com a finalidade de

rastrear as importações que entram no país, é o que mais afeta os

exportadores brasileiros.

Sob o ponto de vista econômico, estas novas regras lançadas pelo

governo norte–americano sobre a Segurança Nacional causam ainda mais

incertezas e lançam muitas dúvidas sobre o novo cenário da Economia

Internacional.

Sendo assim, todos que tiverem intenção de exportar produtos

alimentícios, bebidas e/ou produtos farmacêuticos para os EUA devem se

adaptar aos novos requisitos, evitando assim que entre algum produto

contaminado no país.

O FDA é um órgão do governo americano que tem como principal

função, o controle do comércio de alimentos e suplementos dietéticos, bem

como de todos os suprimentos alimentares. Também compete ao FDA zelar e

proteger a saúde pública e adotar procedimentos em conjunto com

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representantes de outros países para conciliar as exigências dos regulamentos

(ALMEIDA, 2002).

Segundo o MDIC-CAMEX (ago/2005), "a lei, que entrou em vigor a

partir de 12 de dezembro de 2003, teve seu processo de implementação

inicialmente flexibilizado pelo FDA e pela U.S. Customs and Border Protection,

o órgão alfandegário dos EUA". Os oito primeiros meses de implementação da

lei foram utilizados para a educação e adaptação dos exportadores no que se

refere às novas normas.

De acordo com o MDIC-SECEX (ago/2005),

"a Lei do Bioterrorismo afeta a importação norte-americana de produtos alimentares como laticínios, frutas frescas, produtos da pesca, biscoitos, chicletes, ração bovina, pó-de-guaraná, água engarrafada e bebidas alcoólicas. São excetuados apenas os produtos regulados exclusivamente pelo Departamento de Agricultura – carne, frango e produtos de ovos - além dos produtos processados nos seguintes tipos de estabelecimentos: residências particulares, estabelecimentos e estruturas de coleta e distribuição de água potável não engarrafada, estabelecimentos sem fins lucrativos, fazendas, restaurantes, estabelecimentos varejistas, embarcações pesqueiras e veículos de transporte".

Em 2003, o FDA registrou todos os proprietários, operadores ou

agentes encarregados de empresas, americanas ou estrangeiras, que

manufaturem, processem, embalem ou estoquem alimentos ou suplementos

alimentares destinados ao consumo humano ou animal com intenção de

exportar aos EUA. Foi a maneira mais eficaz que os americanos encontraram

para se obter um controle total sobre todas as importações que chegam (local

onde se produz, processa ou armazena alimentos). (EMBAIXADA DO BRASIL,

2003)

De acordo com a Cartilha do CAMEX (MDIC-CAMEX, out/2005), estão

isentos de registro os seguintes estabelecimentos:

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a)Agrícolas, que não exportem diretamente seus produtos aos EUA;

b)Instituições sem fins lucrativos que preparem ou sirvam alimentos

diretamente aos consumidores;

d)Embarcações pesqueiras que não processam a pesca;

e)Residências particulares;

f)Estabelecimentos de coleta e distribuição de água potável;

g)Restaurantes e varejistas;

h)Fazendas;

i)Veículos de transporte de alimentos em seu trajeto.

Além do registro no FDA, é necessário ao exportador o envio de um

aviso prévio ao FDA com a informação de todos os embarques, antes da

chegada destes aos EUA, obedecendo o prazo determinado de no máximo

cinco dias antes da chegada da carga. E, por via terrestre ou rodoviário a

informação será feita no mínimo 2 horas antes da chegada da carga no país;

já, por via aérea ou ferroviária a informação é feita 4 horas antes da chegada

da carga no país, e por via marítima ou fluvial 8 horas antes da chegada da

carga no país. (EMBAIXADA DO BRASIL, 2003)

Também, segundo FREIRE (2003), "uma das novas regras determina

que as embalagens dos produtos devem informar a composição e a origem de

todos os componentes usados para a fabricação do produto".

O aviso prévio também poderá ser enviado pelos compradores ou

pelos importadores desde que estes residam ou mantenham local de atividade

comercial nos EUA. O FDA também é responsável em manter os registros

atualizados e apreender os alimentos que tragam qualquer tipo de suspeita de

estar contaminado e trazer risco a saúde pública norte – americana (MDIC-

CAMEX, out.2005).

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A Lei exige que os registros sejam mantidos durante um certo período.

No caso de alimentos perecíveis e comida para animais o prazo é de um ano e

para alimentos de outras espécies o prazo será de dois anos.

4.2. LEI DE COMÉRCIO

A história da política comercial dos Estados Unidos teve um de seus

períodos mais marcantes entre 1962 e 2001. Em função do que ocorria aos Ti-

gres Asiáticos nos anos 70 e 80 e à queda da competitividade na indústria, o

Congresso aprovou a legislação “1974 Trade Act”, inaugurando duas práticas

importantes que foram a Fast Track, que atualmente é a Trade Promotion

Authority, ou TPA; e a utilização da política comercial para suavizar o declínio

de indústrias americanas menos competitivas (SEKLES, 2004).

Esta lei foi promulgada em 1974, e tem como base principal a política

de liberalização e expansão do comércio internacional e de medidas relativas à

proteção das empresas norte–americanas e adotaram medidas apropriadas

que garantissem essa proteção.

Para Souza (2002), a Lei de Comércio norte americana foi

estabelecida em um momento histórico de dificuldades para a economia não só

do país como mundial; em uma fase que os Estados Unidos enfrentavam

problemas de ameaça de recessão, queda na balança comercial, bem como o

aparecimento de países fortes concorrentes no cenário econômico mundial.

Todo esse contexto levou os legisladores norte-americanos a introduzir

na lei comercial, uma série de medidas de natureza protecionista à economia

do Estados Unidos que, se forem analisadas de uma forma geral, são

consideradas restritivas e podem, até mesmo, anular os objetivos de

liberalidade que foram pré-estabelecidos.

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Porém, essa lei também conferiu ao Presidente dos Estados Unidos

poderes para que pudesse negociar e celebrar acordos que visassem a

harmonia, diminuição ou até a eliminação de barreiras tarifárias e não tarifárias

de produtos. Também apresenta a possibilidade da instituição de um sistema

generalizado de preferências que determina isenções de tarifas aduaneiras

para uma boa gama de produtos exportados pelos países em processo de

desenvolvimento (SOUZA, 2002).

Para se compreender melhor o ambiente dos anos 1970, época da

instituição dessa lei, foi consolidado o comércio internacional com liberalização

de produtos e melhoria de preços, baseados nos princípios da fidelidade e

reciprocidade (CARVALHO et al, 1999).

Sob vários aspectos, a política comercial norte-americana é

semelhante à das demais economias industrializadas, tanto do lado das

medidas liberalizantes quanto dos instrumentos de proteção, exceto num ponto

fundamental, que são os instrumentos de retaliação criados com a Seção 301

desta Lei de Comércio, e que foram reforçados em 1988, com a chamada

“Special 301”, e em 1989, com a “Super 301”. De fato, em nenhum outro lugar

no mundo existem mecanismos unilaterais desse tipo que, como já

questionados por vários governos, estão à beira da ordem jurídica que ampara

a OMC. (ARSLANIAN, 1994)

A Lei de Comércio de 1974 e suas emendas excluíram alguns produtos

dos benefícios do SGP7, como: artigos têxteis e de vestuário, relógios, com

certas exceções, eletrônicos e produtos de aço de importações consideradas

frágeis, calçados e artigos de couro como malas, valises, luvas e outros. As

restrições não se aplicam a produtos importados diretamente dos países

constantes da lista LDBDC8. A lista dos produtos enquadrados no SGP se

7 Sistema Geral de Preferências dos Estados Unidos8 LDBDC - Least Developed Beneficiary Developing Countries - países considerados de menor

desenvolvimento relativo. Um país é considerado LDBDC quando sua renda per capita, estimada pelo Banco Mundial, está abaixo de US$ 786.

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encontra na HTSUS9 e, em grande parte, inclui manufaturados,

semimanufaturados, e alguns produtos agrícolas, de pesca e do setor primário

(BECKER; POLIAKOFF, 2006).

Para o Brasil o crescimento das exportações é um fator que pode

atingir diretamente no aumento e geração de empregos, além de melhorias na

economia, portanto faz-se aí a necessidade da busca dos empresários e do

Governo Brasileiro em lutar contra as barreiras que impedem esse

crescimento.

Para Souza (2002), pode-se constatar que,

“(...) os Estados Unidos adota medidas protecionistas ao seu mercado de forma bastante efetiva; mas apesar do Brasil estar buscando novas alternativas, os EUA, assim como a União Européia continuam representando os maiores e mais tradicionais parceiros comerciais do Brasil, absorvendo mais de 50% (cinqüenta por cento) das vendas externas brasileiras”.

Daí a importância do Brasil proteger sua economia em relação às

medidas norte-americanas, bem como sua atuação na Organização Mundial do

Comércio e outros órgãos afins.

4.3. LEI DE SEGURANÇA INTERNA – HOMELAND SECURITY ACT

A Lei de Segurança Interna “estabelece a forma como todas as

entidades se devem articular com vista a que as suas atividades garantam a

ordem, a segurança e a tranqüilidade públicas, protejam as pessoas e bens,

previnam a criminalidade e contribuam para assegurar o normal

funcionamento das instituições democráticas” (DIOGO e GOUVEIA, 2005).

9 HTSUS -Nomenclatura Tarifária Harmonizada dos Estados Unidos (Harmonized Tariff Schedules of the United States.

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Esta lei criou, por sua vez, o ‘Departamento de Segurança Interna’,

que é considerado o maior órgão governamental dos Estados Unidos desde

a criação do Departamento de Defesa, em 1947. Este Departamento engloba

também a alfândega norte-americana e a Administração para segurança dos

transportes.

De acordo com Raphael Perl (PERL, 2003), essa norma proíbe "o

envolvimento dos militares na aplicação da lei doméstica. A cooperação da

aplicação da lei é fundamental para a nova Estratégia Nacional para Combater

o Terrorismo". Este Autor cita como exemplo disso o fato que desde os

atentados de 2001, o FBI deu início a programas de cooperação com

Cingapura, Malásia, Tailândia e Indonésia, que tem como objetivo prender

suspeitos de terrorismo, bem como compartilhou conhecimentos e tecnologia

com as agências de aplicação da lei desses países.

Segundo Bernardine Dohrn (2003), a linguagem da Lei de Segurança

Interna é que existem “atos perigosos para a vida humana que constituem uma

violação das leis penais se mostrarem pretender influenciar a política de um

governo por intimidação ou coerção", com isso, homens do Governo e da

Justiça poderiam enquadrar qualquer coisa sob essa linguagem. Este Autor

afirma que "as ferramentas já estão no lugar para criminalizar, como terrorismo

interno, protestos básicos e a desobediência civil".

4.4. LEI DE SEGURANÇA DO TRANSPORTE MARÍTIMO10

Por último, a Lei de Segurança do Transporte Marítimo auxilia a

minimizar as vulnerabilidades dos portos norte-americanos, principalmente com

um sistema de identificação automática de navios comerciais.

10 MARITIME TRANSPORTATION SECURITY ACT

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Dentro da segurança de transporte marítimo foi criada em janeiro de

2002, devido aos atentados de 2001, a CSI, ou Container Security Initiative,

que tem como objetivo principal uma maior proteção dos portos, bem como de

todo o território norte-americano, isto se faz importante devido aos containeres

serem o maior utilitário de transporte de cargas de todos os tipos entre os

países.

De acordo com TRAINMAR (2005), os pontos mais importantes do CSI

são:

“a) Uso de inteligência e informações processadas eletro-nicamente para identificar e contêineres de alto risco;

b) Pré-escaneamento desses contêineres de alto risco, no porto de embarque, antes de chegarem aos Estados Unidos;

c) Uso de tecnologia de detecção no pré-escaneamento dos contêineres de alto risco, com auxílio de 'scanners' de raios-x para contêineres.”

Já, segundo Embaixada do Brasil (2003) em Washington, essa lei tem

como principal objetivo minimizar as vulnerabilidades dos portos dos Estados

Unidos através de cinco pontos básicos que são o sistema de identificação

automática em navios comerciais, algumas restrições a bens oriundos de

transbordos em portos estrangeiros, e que possuem segurança inadequada, o

desenvolvimento de planos de segurança obrigatórios para certos navios e

portos norte-americanos, o desenvolvimento de sistemas de transporte de

carga que tenham maior segurança, além de cartões de identificação

biométricos para os funcionários dos portos.

Em relação às exportações brasileiras, o sistema de identificação

automática pode ser o fator de maior custo para os navios brasileiros que

operam nos portos norte-americanos.

Por outro lado, essa lei permite que as operadoras de terminais

marítimos e empresas de transporte marítimo independentes se unam em

questões de interesse comum. Também, reconheceu que há ocasiões em que

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seria de grande valia a permissão para que operadoras de transportes

multimodais e empresas de transporte marítimo independentes troquem

informações relacionadas às suas operações comerciais. Essas trocas

representam importante papel na resolução dos problemas do setor, além de

proporcionarem a conexão para as comunicações necessárias e facilitarem as

negociações, a fim de se obter vantagem das melhores oportunidades.

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5. NOVAS INICIATIVAS DE SEGURANÇA

Em decorrência dos fatos ocorridos nos Estados Unidos relacionados

à atentados com utilização de agentes químicos e biológicos que poderiam

contaminar e oferecer riscos à população, surgiram iniciativas para auxiliar a

segurança dos produtos que visam a entrada nos EUA. Uma delas, foi criada

em âmbito internacional, é o ISPS Code, ou seja, Código de Segurança para

Portos e Embarcações, visto mais detalhadamente abaixo.

5.1. ISPS CODE

O ISPS Code foi elaborado pelo Comitê de Segurança Marítima da

Organização Marítima Internacional (OMI) e aprovado pela Resolução nº 2 da

Conferência Diplomática SOLAS 1974, em reunião realizada em dezembro de

2002 em Londres. (IMO, 2004)

É assim denominado, pois é um código Internacional de segurança de

navios e instalações portuárias, e está contido na resolução da Organização

Marítima Internacional, que adotou novas medidas de segurança a partir de

algumas emendas na SOLAS11, para que todos os portos implementassem

medidas de proteção, prevenção e retenção aos atos ilícitos, às ameaças de

terrorismo e qualquer outro ato que atente a segurança nas áreas portuárias.

Esse sistema foi implantado para todas as cargas enviadas aos EUA após os

atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 (DIOGO e GOUVEIA, 2005).

Segundo Camboim (2003), “essa regulamentação é compulsória e

determina a avaliação de procedimentos de segurança existentes nos terminais

portuários e seu descumprimento acarretará proibição na entrada dos portos

norte-americanos”.

11 Safety of Life at Sea – Convenção internacional para Salvaguarda da Vida Humana no Mar

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De acordo com Porto e Teixeira (2001, p.121), a SOLAS é uma

convenção adotada em 1974 e promulgada no Brasil em 1982 pelo Decreto nº

87.186, e tem como objetivo principal especificar padrões mínimos de

segurança para a construção, equipamentos e no operacional de navios. Esses

Autores citam também que “os países signatários são responsáveis por

assegurar que navios sob a sua bandeira atendam às exigências previstas pela

Convenção”, além disso deve-se ressaltar que a SOLAS recebe emendas

anuais que devem ser acompanhadas pelos profissionais e autoridades da

área.

Dentro de todo este contexto de mudanças no setor de exportação, um

fator de grande relevância são os certificados de segurança para portos e

terminais internacionais do país.

Todos os portos brasileiros que participam da Organização Marítima

Internacional tem a necessidade de se adequar às novas normas de segurança

da IMO.

O recebimento do certificado é feito por uma segurança credenciada

do Governo Federal, que apresenta um estudo de avaliação de risco. Além do

estudo também são avaliadas áreas dos terminais, como as de acesso às em-

barcações, controle e acesso nas áreas de manutenção, os práticos, reboque,

áreas de estoque e fundeio, comunicação entre outras (CAMBOIM, 2003).

Em seguida é feita a solicitação do ISPS Code e, após a aprovação, é

realizada uma fiscalização e a divulgação dos portos e terminais brasileiros que

serão autorizados.

Todo este procedimento é extremamente detalhado e inclui: serviços

prestados e atividades desenvolvidas nas instalações portuárias, tráfego e tipos

de embarcações que freqüentam a instalação portuária, procedimentos

operacionais de atendimento ao navio, manuseio de cargas e suprimentos no

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costado dos navios e a contrabordo, prestadores de serviços e assemelhados

que atuam nas instalações portuárias, pontos de vulnerabilidade da instalação

e suas vias de acesso, aquaviárias ou terrestres, modelo de segurança da

instalação portuária e áreas ou instalações de origem ou destinos de carga,

incluindo-se a unitização (ALVES, 2003).

Periodicamente, são realizados estudos de avaliação de riscos nos

portos e, diante de 183 casos, 113 instalações portuárias mostraram planos de

segurança com apenas 36 que foram devolvidos para apenas alguns ajustes

(MJ, 2004).

A responsabilidade da implementação do ISPS Code é dos governos

nacionais membros da OMI e signatários da SOLAS, que possuem as

seguintes funções de acordo com a Organização Marítima Internacional (IMO,

2004):

• Estabelecer os níveis de proteção para os navios e portos;

• Orientar as companhias navais e as instalações portuárias sobre as

formas de se protegerem;

• Determinar quando será necessária uma declaração de proteção

marítima entre navio-porto ou navio-navio;

• Acordar medidas e responsabilidades sobre proteção marítima de

acordo com o estabelecido na parte obrigatória do Código;

• Comunicar informações à OMI, aos representantes do transporte

marítimo e às instalações portuárias.

Em 2004, o Governo Federal liberou R$100 milhões para a adaptação

de portos e terminais à essa nova legislação, desse total, R$40 milhões foram

destinados a Polícia Federal para uma melhoria na segurança e o restante

destinado ao Ministério dos Transportes com o objetivo de melhorias nas

instalações físicas de segurança dos portos (MJ, 2004).

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5.2. LEI DE SEGURANÇA PARA CONTAINERS

Dentro dessas iniciativas criadas pelos EUA para melhorar a

segurança, algumas são, no entanto, de caráter voluntário e não obrigatório,

mas facilitam em grande parte as negociações de exportação.

Uma dessas iniciativas foi a Lei de Segurança para Containers, que de

acordo com Camboim (2003), é “objeto de acordos bilaterais entre os Estados

Unidos e os países que demonstrarem interesse em participar de sua

implementação”.

O programa de Iniciativa de Segurança de Containers (CSI) foi criado

através do Serviço de Aduana e Proteção de Fronteiras norte-americano após

os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Tem como principal objetivo

a proteção do comércio global e das rotas comerciais entre os portos dos

países integrantes do CSI e dos Estados Unidos.

Além disso, foi criado o processo da Notificação Prévia de Embarque

de Carga, que atualmente é baseada nos princípios da CSI, e que tem como

principal objetivo a transmissão de avisos prévios de carga para os containers

destinados aos EUA tanto por via marítima, como carga aérea ou terrestre

(EMBAIXADA DO BRASIL, 2003, p.93).

No caso do Brasil, apenas em 2003 foi registrado o primeiro caso de

empresa brasileira que poderia ter sido afetada pela CSI em suas vendas para

os EUA (EMBAIXADA DO BRASIL, 2003, p.93).

O Porto de Santos foi o primeiro porto nacional a participar da iniciativa

de segurança, e acredita-se que com isso, o Brasil vem a participar do único

programa multinacional que está atualmente em vigor no mundo, e que protege

as rotas de comércio global contra a exploração e a ruptura por terroristas

internacionais. É o maior porto da América do Sul, além de ser um grande

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centro de exportações, o que torna seu local estratégico para a inspeção prévia

de cargas destinadas aos Estados Unidos. (DEFESANET, 2005)

Os quatro elementos considerados de extrema importância dentro do

contexto da CSI são a utilização de inteligência e informação automatizada

para que se possa identificar e marcar containers que apresentem risco de

terrorismo, a inspeção prévia de containers suspeitos nos portos de partida

antes da chegada nos portos norte-americanos, o uso de tecnologia de

detecção para se conseguir rápida inspeção, e a utilização de containers

modernos de alta segurança.

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6. SETOR DE SERVIÇOS

Diante de várias mudanças e transformações nos processos de

exportação após os atentados de 11 de setembro de 2001, o setor de serviços,

acaba sofrendo também alterações nos processos.

Os serviços mais utilizados junto aos trâmites de exportação são os

profissionais, como a advocacia, telecomunicações e financeiros. Entre os

serviços financeiros, encontram-se seguradoras e correlatos às quais compete

aos Estados Norte-Americanos a supervisão e regulamentação das atividades

dessas empresas, obrigando os prestadores de serviços estrangeiros a

passarem por diferentes procedimentos de obtenção de licenças para poderem

operar em cada Estado (EMBAIXADA DO BRASIL, 2003, p.71).

Outro setor que também possui grande interesse nessas alterações

relacionadas à exportação é o bancário. Isto se deve à grande quantidade de

depósitos estrangeiros realizados nos bancos americanos .

Porém, nesse caso, ainda que a Lei Riegle-Neal12 tenha facilitado um

grande aumento nas operações de bancos estrangeiros nos EUA, a legislação

não removeu duas importantes restrições, onde a primeira exige que bancos de

varejo destinem parcela de seus depósitos segurados pela FDIC13 a projetos

comunitários, sendo que os bancos estrangeiros, que na maioria são bancos

de atacado, passam a se submeter à lei CRA14 após a compra de bancos de

varejo, mesmo que os depósitos do banco comprado deixem de ser segurados

pela FDIC (o que não ocorre com bancos norte-americanos). A Segunda

restrição é a imposição de cobrança dos custos das auditorias anuais a bancos

estrangeiros pelo Banco Central dos EUA (EMBAIXADA DO BRASIL, 2003,

p.81).

12 Lei para Eficiência Bancária Interestadual e Abertura de Agências (Interstate Banking and Branching Efficiency Act – de 1994), que reduziu as barreiras a operações bancárias interestaduais.

13 Corporação Federal de Seguro de Depósitos (Federal deposit Insurance Corporation)14 Lei de Reinvestimento Comunitário – (Community Reinvestiment Act)

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Para fins do presente estudo, no entanto, o setor de serviços de maior

importância nas exportações é o de transporte, tanto aéreo como marítimo,

devido à necessidade fundamental da utilização destes para a realização dos

procedimentos de exportação.

6.1. SERVIÇOS DE TRANSPORTE

Dentro do contexto desse estudo, os serviços de transporte utilizados

diretamente são os aéreos e, principalmente os marítimos.

Em relação ao transporte aéreo existe nos EUA a Lei de Aviação

Federal15, datada de 1958, e que não permite às empresas estrangeiras a cota

de capital de mais de 49% das empresas aéreas norte-americanas, bem como

o direito à voto restrito a 25% (EMBAIXADA DO BRASIL, 2003, p.82).

Já o transporte marítimo, responsável pela maior parte das cargas de

exportação do Brasil para os EUA, requer a utilização de um número maior de

legislações e normas para se obter a liberação deste. Uma dessas é a Lei da

Marinha Mercante16, datada de 1936, e que trata da construção naval dos EUA,

afetando diretamente o custo dos fretes norte-americanos. Além disso, esta lei

exige também que, em caso de emergências, os navios que estejam utilizando

os terminais sejam disponibilizados para as Forças Armadas americanas, bem

como evita que navios de bandeira dupla não se registrem. (CAMBOIM, 2003)

Para o transporte marítimo, como qualquer outro tipo, também

considera-se algumas políticas de embarque, onde a Administração Marítima

do Departamento de Transporte dos Estados Unidos cria e implementa

políticas sobre serviços de transporte aquático em que se incluem operações

com navios, construção e reparos de navios e operações portuárias para o

comércio e a defesa nacional. Por outro lado, as cargas embarcadas pelo

15 Federal Aviation Act16 Merchant Marine Act

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governo norte-americano ou em nome deste são reservadas principalmente

para navios de bandeira norte-americana, podendo ser citado também que as

exportações de petróleo bruto do norte do Alasca podem ser transportadas

somente em navios-tanque de bandeira do país. Já os navios estrangeiros

podem transportar até 50% das cargas preferenciais, dependendo do tipo de

carga. Essas cargas representam menos de 1% do total dos embarques

oceânicos internacionais. (EMBAIXADA DO BRASIL, 2003)

Também, diante desse contexto, existe a Lei Jones, de 1920, que exige

que navios utilizados para a prática de cabotagem sejam de bandeira e

tripulação norte-americanas (EMBAIXADA DO BRASIL, 2003, p.82).

Sempre em torno das medidas contra o terrorismo após o 11 de

setembro, a Alfândega dos Estados Unidos criou um programa que propõe a

adesão voluntária de empresas importadoras sob diretrizes de segurança e

transparência em relação aos conteúdos internalizados nos Estados Unidos,

incluindo via marítima, terrestre e aérea, em troca de um tratamento melhor nos

trâmites de liberalização alfandegária das cargas que são importadas. Este

programa foi denominado de Parceria Comércio-Alfândega contra o Terrorismo

(EMBAIXADA DO BRASIL, 2003).

Também, diante desse contexto dos atentados, os Estados Unidos

acabaram por extrapolar de certa maneira a soberania de outros países, pois

se encontra em extrema vigilância do tráfego do frete em geral, ultrapassando

amplamente o âmbito dessas medidas de vigilância. Dentro desse conceito,

exige dos Estados a pronunciarem sobre a norma ISO TC 204, que se

apresenta como uma verdadeira revolução nos transportes, permitindo o

rastreamento das mercadorias no mundo inteiro, a intermodalidade dos meios

de transporte em geral, além da interoperabilidade dos sistemas. Todo esse

processo ocorre devido às novas tecnologias da informação e da comunicação.

(LAÏDI, 2005).

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7. PORTOS E O TRANSPORTE MARÍTIMO

Dentro do contexto desse estudo, observa-se a grande importância do

transporte marítimo, bem como do bom funcionamento dos portos e terminais

desse setor. Sendo assim, o presente capítulo faz uma abordagem sobre os

possíveis efeitos provocados nos serviços portuários pelos atentados

terroristas, e as alterações que foram impostas pelos órgãos de defesa norte-

americanos.

A atividade portuária foi iniciada exclusivamente pela sua função

comercial, e mesmo antes da existência dos portos já haviam as atividades,

precárias, onde as embarcações procuravam locais abrigados, mais próximos à

terra e nos quais pudessem desembarcar em águas mais rasas. A função

comercial possui prioridade na atividade portuária até os dias de hoje e, com

isso, o porto acabou se consolidando como importante fator de

desenvolvimento e nacionalização. (PORTO e TEIXEIRA, 2001, p.48)

De acordo com Carlos Oliveira (2000, p.152), o sistema portuário do

planeta está dividido em três principais regiões, a América do Norte, a Europa e

a Ásia, no entanto, fora dessas áreas, estão localizados os portos da América

Latina, da África e Oceania, que até por coincidência não se privilegiam das

grandes rotas marítimas. Sendo assim, o Brasil mesmo possuindo uma enorme

diversidade e quantidade de produtos para exportação já se apresenta em

desvantagem diante de outros mercados marítimos mundiais devido à sua

localização geográfica.

Após a Segunda Grande Guerra, a partir de 1945, toda a economia

mundial foi alterada, conseqüentemente, os portos e terminais marítimos

também tiveram mudanças e modernizações.

O Brasil não acompanhou as inovações tecnológicas desenvolvidas por

alguns países no setor portuário, que transporta cerca de 95% do comércio

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exterior do país e, de acordo com Oliveira (2000, p.28), “não só os

equipamentos, guindastes, gruas etc. são obsoletos, mas a arcaica estrutura

portuária, ainda da década de 30, não está de forma alguma à altura do

desenvolvimento alcançado por outros segmentos da economia”. Contudo, a

importância da modernização dos portos brasileiros apresenta um caráter não

só estrutural, mas principalmente operacional, para que possam trabalhar em

conjunto com os principais terminais mundiais.

No Brasil existe também como fator agravante, o domínio na formação

dos preços apresentados frente à modernização institucional x ambiente, pois,

a partir do momento em que se tem noção dos custos indiretos, incluindo-se os

impactos ambientais, existe a chance de se conseguir um grande salto na

qualidade das funções de planejamento, intervenções, operações, manuten-

ção, regulação, verbas e monitoramentos (PORTO e TEIXEIRA, 2001, p.33).

No final do século XX, essas modificações necessárias foram

relacionadas a dois aspectos complementares, a regulamentação

extremamente defasada, datada da década de 60, e que não incluía nem ao

menos os contêineres. Regulamentação essa que foi adaptada através de

portarias e emendas, provocando um maior custo nos transportes e sujeitando

os serviços a sindicalismos. Por outro lado, outro aspecto importante era o das

instalações e equipamentos, que faziam com que o custo da movimentação

fosse elevado se comparado com os mais modernos do mundo, principalmente

relacionado à mão-de-obra (GRECO, 1998).

No entanto um dos maiores problemas do Brasil em relação a essa

modernização é a falta de recursos e, por outro lado, o setor privado não tem o

interesse de investir enquanto não detém o poder e controle dos serviços. Com

isso, a estratégia adotada foi a passagem dos serviços para o setor privado,

que passou a ter interesse em aumentar os investimentos com o objetivo de

obter resultados melhores e mais competitivos (OLIVEIRA, 2000, p.30).

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Assim, torna-se imprescindível para a melhoria econômica das

exportações brasileiras o desenvolvimento de programas relacionados às

regulamentações e aos equipamentos do setor marítimo e portuário nacional.

Diante dessa situação, foram criados terminais privados que, de certa maneira,

oferecem melhores oportunidades às operações portuárias mais eficientes.

Portanto, os portos brasileiros estão divididos em dois grupos, primeiro

os estatais, como por exemplo os terminais da Petrobrás17, os terminais

privados (OLIVEIRA, 2000, p.35).

Para a economia brasileira, o setor de exportação marítima é de

grande importância, devido ao grande volume de produtos exportados e, sendo

o Brasil, um país de imensa gama de oportunidades, porém de precária

estrutura, termina por perder grande parte desses negócios.

Outro fator que também altera toda a movimentação econômica desse

setor é a intervenção dos trabalhadores da área e seus sindicatos, que tentam

impedir a entrada de novas tecnologias, fazendo com que o setor privado

também se posicione em um patamar em que possa ter o controle da situação.

Já, os EUA, em excelente localização geográfica frente ao mercado

mundial possui seus principais portos nos Oceanos Atlântico e Pacífico, e

aposta no grande crescimento do mercado asiático, verificado pelo crescimento

das cargas enviadas pelos portos do Pacífico. No entanto os principais são o

da Louisiana e Nova York. (FREIRE, 2003)

Oliveira (2000, p.133) observa que, a partir de 1945, quando a

economia americana começou a aumentar, “aos poucos foi adotada política de

descentralização e o marco disto foi a estagnação do movimento do porto de

Nova York, fazendo com que este perdesse o título de maior porto do mundo

para Roterdã”.

17 Operações de petróleo e derivados

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Além disso, o sistema portuário, amplo e bem organizado chega a ser,

sem dúvida uma das bases da economia norte-americana. Também, “como

não poderia deixar de ocorrer no país líder da economia de mercado, a livre

iniciativa impera em todos os sentidos na atividade portuária que, de tal forma

ágil e flexível, tornou-se importante instrumento para consolidação dos EUA no

comando das exportações mundiais” (OLIVEIRA, 2001, p.91).

Outros fatores importantes relacionados aos portos norte-americanos

são a localização variada e quantidade, refletindo em uma competição e com

isso na melhoria da qualidade, eficiência e custo dos serviços, além da

diminuição com o transporte interno. Também, devido às legislações estaduais

do país, podem não ocorrer movimentos nacionais e sindicalistas devido à

concorrência interestadual.

Após os atentados terroristas, a defesa norte-americana tem procurado

se aperfeiçoar cada vez mais nos sistemas de segurança dos portos, e um

exemplo disso é que, de acordo com Alves (2003), “a Guarda Costeira norte-

americana estima que gastará, em dez anos, US$ 7,3 bilhões para garantir

proteção máxima em portos, navios, instalações costeiras e offshore”.

7.1. IMPORTÂNCIA DO TRANSPORTE MARÍTIMO NO COMÉRCIO BRASIL X EUA

A economia dos EUA, líder do mercado mundial, tem como uma de

suas bases principais a estrutura portuária estritamente bem organizada e de

grande porte. São no total 185 portos, que estão situados nos Oceanos

Atlântico e Pacífico, no Golfo do México, e na região dos Grandes Lagos ao

norte. Além destes, há ainda os localizados no Alasca, Porto Rico, Havaí,

Guam e Ilhas Virgens. (FREIRE, 2003)

Os Estados Unidos utilizam o transporte marítimo na movimentação de

95% das suas importações e exportações. Cerca de vinte e cinco por cento das

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toneladas-milhas dos produtos domésticos são embarcados pela água

(PORTO; TEIXEIRA, 2001).

De acordo com Porto e Teixeira (2001), em 2000, os Estados Unidos

eram a 12ª maior frota mercante do mundo, considerando-se navios de mais de

1000 toneladas brutas. O quadro 2 a seguir apresenta os dados desse período

que comparam as frotas americana e mundial.

QUADRO 2 – Frotas Mercantes Mundial e Norte-Americana em Milhares de Ton. de Peso Morto – 2000

BANDEIRA NORTE-AMERICANA OUTRA BANDEIRAPorta-contêiners

Carga-seca

Navios-tanques

Roll-on/ Roll-off

Cruzeiro/passageiro

Outros

Total

2.990

579

8.515

554

07

696

13.341

63.967

276.196

324.503

14.542

1.205

82.875

763.288FONTE: PORTO; TEIXEIRA, 2001

Em relação ao Brasil, um fator bastante determinante para o aumento

das relações comerciais entre os países é o aumento da frota, principalmente

considerando-a como uma visão estratégica, e até mesmo uma necessidade

para o país, já que cerca de 95% do comércio internacional brasileiro depende

de navios. Sendo assim, o país com uma frota nacional pequena, acaba

dependente da utilização de embarcações de bandeiras estrangeiras para

continuar suas relações comerciais com as outras nações, além de aumentar a

perda de divisas com despesas em outra moeda, que são então destinadas

aos armadores de outros países. De acordo com Machado (2006), o Brasil

gasta cerca de "US$ 10 bilhões por ano com transporte marítimo, mas menos

de 4% desse valor é para pagar pela utilização de navios nacionais”.

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A eficácia desse meio de transporte pode reduzir o custo das

mercadorias e aumentar a base de impostos, o que o torna dependente de uma

economia crescente. Além disso, tem a vantagem de estimular o crescimento

econômico, gerando novos empregos e aumentando a receita de impostos.

O Brasil, apesar de seu potencial, ainda é considerado um mercado

emergente frente ao comércio norte-americano.

Um fator a ser destacado na importância do crescimento do comércio

marítimo foi a criação da conteinerização, além de outros avanços tecnológicos

nos projetos e operações de navios, neste caso muitas vezes introduzidas por

companhias norte-americanas, que aumentaram em grande parte o volume de

carga, não somente de porto a porto mas também para portos internos em

qualquer parte do mundo.

O quadro 3 na sequência a seguir, apresenta as estatísticas do

comércio bilateral Brasil/EUA, incluindo as exportações para os Estados

Unidos, as importações provenientes dos EUA, além do saldo e do somatório

comercial do país com o Brasil no decorrer do período de 1996 a 2002.

Por este quadro, pode-se verificar o grande crescimento comercial

entre os dois países no período, mesmo levando-se em conta que a ocorrência

dos atentados de 11 de setembro foi considerada nessa estatística, fato que

não reduziu as transações comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos.

QUADRO 3 - Estatísticas do Comércio Bilateral Brasil/EUA – Em milhões de US$ - Balança comercial

DESCRIÇÃO 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 A- Export. P/ os EUA

B- Import vindas dos EUA

Saldo= A-B

Corrente Comercial = A+B

9.312 9.407 9.872 10.849 13.366 14.378 15.535

11.865 14.336 13.695 11.880 13.002 13.043 10.438

-2.553 -4.929 -3.823 -1.031 364 1.335 5.097

21.177 23.743 23.567 22.729 26368 27.421 25.973FONTE: EMBAIXADA DO BRASIL, 2003.

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De acordo com a Embaixada do Brasil (2003) em Washington, a

variação das exportações destinadas aos EUA no período de 2001/2002 –

período pós–atentados – foi de 8,05%, e das importações provenientes dos

Estados Unidos foi de –19,97%, tendo como saldo entre as duas 281,80%,

apresentando um grande crescimento médio anual.

7.2 INFLUÊNCIA SOBRE AS CARGAS MARÍTIMAS

As cargas, um dos elementos-chave do sistema portuário, além de

possuírem características específicas de tratamento, exigem diversos

procedimentos que auxiliam na redução de perdas e na agilidade do processo,

entre outros cuidados específicos que devem ser tomados.

O transporte de produtos através do comércio marítimo é uma

atividade que demanda, além de grande esforço, a utilização de tecnologia e

equipamentos adequados para cada produto a ser transportado, a fim de se

obter maior produtividade na realização desse trabalho. Por outro lado, a

escolha da tecnologia e dos equipamentos mais adequados depende de vários

fatores como custo, tipo, natureza da mercadoria, mão-de-obra especializada,

entre outros detalhes, para que seja possível conseguir a otimização na

movimentação de carga , visando torná-la a mais eficiente possível.

No que se refere à carga em geral, de acordo com a Embaixada do

Brasil (2003, p.83) em Washington, “existem numerosos instrumentos legais

que requerem que certos produtos ou mercadorias pertencentes ou financiados

pelo governo norte-americano sejam transportados apenas por navios

comerciais de bandeira dos EUA”.

Além disso, diante dos problemas causados pelos atentados de 11 de

setembro, surgiram inúmeros fatores que de certo modo prejudicam produtos e

empresas em suas negociações, além de diversas mudanças relacionadas à

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modernização e praticidade, como também à melhoria na segurança dos

portos.

As mudanças tecnológicas do setor portuário vêm sendo responsáveis

por um novo conceito de porto. A utilização de containers, pallets, esteira

rolante, sistema roll-on roll-off, correia transportadora, entre outros, vem

gerando uma transformação cada vez maior nos portos que operavam com

transporte de carga ensacada ou carga não unitizada em geral. No entanto,

essas mudanças exigem investimentos e adequações, que têm por finalidade

proporcionar maior a agilidade nos processos, a fim de se conseguir que os

navios se mantenham por menos tempo nos portos, e diminuam as perdas,

reduzindo os custos dos processos, bem como dos produtos.

Portanto, essas mudanças podem ser, de certa forma, classificadas

como barreiras, ou tratadas como problemas, pois de algum modo geram

custos altos para todos os envolvidos no processo, além de outros transtornos

relacionados.

Dentro deste contexto, a utilização de containers possui cada vez mais

a supremacia no comércio marítimo, uma vez que se adequa às necessidades

comerciais atuais, em especial as relacionadas à segurança e à burocracia

decorrente dos registros e documentos.

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CONCLUSÃO

Inúmeros documentos foram escritos por homens do governo dos

Estados Unidos, referentes a uma nova parceria entre os países baseada na

cooperação, ação coletiva de organizações regionais e internacionais, com

objetivo de contribuir para a democracia, a propriedade, a paz e a redução de

armamentos. No entanto, a esperança de que através disso se instituíssem

princípios e ações foi desmoronando aos poucos e, desde as quatro décadas

da Guerra Fria, os problemas básicos de segurança coletiva e a

redemocratização, da autodeterminação e controle de armas provocaram

crises e conflitos que acabaram por resultar em ações fortuitas, geralmente não

planejadas e precipitadas.

Porém, dentro de todo esse contexto de divergências, entre a

comunidade internacional aumentou o número de conflitos tanto de ordem

cultural, como religiosa, ocasionando vários ataques terroristas como o ocorrido

em 11 de setembro de 2001, citado nesse trabalho.

Diante desse quadro de terrorismo, foram implantadas novas normas

nos Estados Unidos, principalmente referentes à segurança da população e

aos produtos que entram no país através de importações. Junto a estas novas

regulamentações houve um fechamento do mercado americano e uma série de

barreiras à entrada de produtos, isto resultou numa enorme queda nas

exportações brasileiras e numa árdua tarefa para os empresários do ramo

poderem atender às adequações que foram obrigados a fazer.

O Brasil é um dos países que mais sofrem com o protecionismo

americano, principalmente quando se sabe que os vinte maiores produtos de

exportação do Brasil enfrentam tarifas quatro vezes maiores que os vinte

maiores produtos americanos do mesmo setor, ou seja, vários produtos

brasileiros que são mais competitivos e que possuem condições de entrar em

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outros mercados acabam sendo impedidos de ganhar acesso ou crescer no

mercado norte-americano devido às restrições que se apresentam.

Um dos setores brasileiros que mais foi afetado pelas alterações é o

setor de transporte, principalmente o marítimo, o mais utilizado nas

exportações. Isto se deve a vários fatores, sendo que entre eles, além das

adequações às novas normas americanas, estão a falta de infra-estrutura do

sistema portuário nacional, a burocracia, a carga tributária, entre outras

referentes às estratégias de negociação.

Sendo os EUA, os principais compradores dos produtos brasileiros,

torna-se de fundamental importância a adequação às novas normas e padrões

que possam beneficiar as exportações e o mercado internacional para o Brasil.

Diante da infra-estrutura do transporte marítimo, sabe-se que os portos,

terminais e cargas são pontos chave do sistema, necessitando ser cada vez

mais bem estruturados e organizados para permitir a carga e descarga de

mercadorias de maneira mais rápida e eficaz, conseguindo-se menor tempo

nos portos, e assim, menores custos e despesas para os transportadores.

Sabe-se que atualmente, o comércio entre as Américas encontra-se

em um grande impasse. Com isso, quanto mais se caminha para o comércio

livre, aberto e honesto, mais o setor necessita estar bem equipado para poder

trabalhar com volumes cada vez maiores que são exigidos. Todo esse

crescimento do comércio marítimo entre os países vem surpreendendo

fortemente e, em função disso, as dificuldades relacionadas à portos

sobrecarregados e conexões intermodais são mais facilmente detectadas e

passíveis de serem corrigidas.

Como existe um grupo de produtos brasileiros cujas exportações para

o mercado norte-americano são praticamente nulas, mas que em outros

mercados têm apresentado forte competitividade, pode-se acreditar que a

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eliminação de suas barreiras comerciais provoque um forte aumento nas

vendas dessas mercadorias nos Estados Unidos.

Este fato pode ser uma das únicas maneiras das negociações com os

norte-americanos se tornarem de certo modo razoáveis para o Brasil, pois,

caso contrário, os Estados Unidos poderão obter vantagens que superam cifras

bilionárias.

Apenas com um planejamento adequado e forte colaboração dos

empresários do setor e governantes, o comércio das Américas poderá obter um

aumento no volume de seus negócios.

Sendo assim, para o Brasil, é de grande valia o esforço em direcionar o

potencial de seus produtos de exportação para portos de mais fácil acesso ao

mercado, atitude que vem sendo tomada por outros países a fim de se

conquistar novos mercados enquanto tentam se adaptar às novas normas

norte-americanas.

No entanto, não devem ser desconsideradas as dificuldades que as

barreiras comerciais provocam aos empresários brasileiros do setor e que

afetam não somente a parte econômica, mas também outros setores das

empresas.

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