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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
O ORIENTADOR EDUCACIONAL E A SUA INTERVENÇÃO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO
ESPECIAL NUMA ESCOLA PÚBLICA
Por: Katiana Souza Reis
Orientadora Professora Orientadora: Flávia Cavalcanti
Niterói-RJ 2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
O ORIENTADOR EDUCACIONAL E A SUA INTERVENÇÃO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO
ESPECIAL NUMA ESCOLA PÚBLICA
Por: Katiana Souza Reis
Monografia apresentada ao Instituto A Vez do Mestre como requisito parcial para a obtenção do titulo de especialista em Orientação Educacional e Pedagógica
Orientadora: Professora Flávia Cavalcanti
Niterói-RJ 2016
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por me permitir chegar ao final desta jornada. A toda a minha família pelo apoio, dedicação e amor. Aos meus pais por ter me dado a oportunidade de estudar enquanto criança e até hoje estarem presentes na minha vida com: simplicidade,compreensão, carinho, amor. Sem eles não conseguiria finalizar mais uma etapa da minha vida!
4
DEDICATÓRIA
Dedico aos meus pais e a toda minha família que mesmo de longe sempre me apoiaram. Á Alberto por acreditar no meu potencial e por sempre ter me apoiado nos meus momentos de busca de novos conhecimentos. A Professora Flávia Cavalcanti pelo profissionalismo e por me orientar pelos melhores caminhos para realizar esta monografia. Obrigada a todos vocês!
5
RESUMO
Por entender que a área de educação especial solicita a presença de
profissionais capacitados para atender as suas necessidades educativas e por
solicitar recursos didáticos e pedagógicos adaptados com atendimento na sala
regular e na sala de recursos além de frequentar espaços terapêuticos
externos á escola, venho através do presente estudo conhecer e analisar a
atuação de uma Orientadora Educacional desenvolvendo as suas atividades
profissionais numa escola pública na qual atende alunos com necessidades
especiais educativas. A Orientadora Educacional participa entre outras
atividades, da elaboração do PPP (Projeto Politico Pedagógico) por isso, uma
das áreas de atuação desta profissional é a área de currículo e conteúdo.
Devido os alunos com necessidades especiais educativas, para terem acesso
ao conhecimento formal, solicitarem materiais tecnológicos e adaptados a
didática e a linguagem utilizada na sala de aula pelo pedagogo são
disponibilizados ao aluno de forma a promover o seu aprendizado de forma
significativa garantindo assim, a sua permanência neste ambiente permeado de
significados que propiciará a ele ressignifica-los diariamente.
Além da sala de aula regular o aluno com necessidades especiais educativas
frequenta a sala de recursos no contraturno e neste espaço ele tem a
possibilidade de se apropriar do espaço e de manipular os diversos materiais
existentes e produzidos para a sua necessidade especial. O público
participante da sala de recursos são os alunos matriculados na instituição de
ensino e por frequentarem as aulas regularmente garantem o seu direito de
participar das atividades propostas na sala de recursos.
Para utilizar como referência um contexto de uma escola inclusiva
apresentarei como exemplo a experiência vivenciada pela Orientadora
Educacional Fabiane que, junto com os Professores, equipe técnica, diretor,
comunidade e parceiros externos desenvolvem com maestria um excelente
trabalho numa escola pública e inclusiva localizada na cidade de São Gonçalo -
RJ.
Palavras chave: escola, orientador educacional, educação especial.
6
METODOLOGIA
A pesquisa utilizada para a elaboração deste trabalho será a descritiva, pois,
apresenta, além da história da educação especial, o trabalho desenvolvido por
uma orientadora educacional numa escola pública na qual estão inseridos
alunos com necessidades especiais educativas.
Nesta pesquisa apresentamos os processos que acontecem no ambiente de
uma escola pública que apresenta no seu quadro de matriculas, alunos com
necessidades especiais educativas. A sala regular, a sala de recursos, as
atividades realizadas, a intervenção da orientadora educacional, a recepção
dos alunos com necessidades especiais educativas em relação aos materiais
pedagógicos construídos e os fabricados e é qualitativa porque demonstra
através de resultados a influência que o compartilhar de conhecimentos exerce
na formação da criança que solicita um atendimento personalizado e planejado
individualmente.
Visando apresentar uma experiência dos alunos com necessidades especiais
educativas inseridos no ambiente da escola regular optei por escolher a Escola
Municipal Professora Zulmira Mathias Netto Ribeiro como exemplo de escola
inclusiva. Esta instituição localiza-se na cidade de São Gonçalo-RJ e o
atendimento que é realizado na mesma atende com excelência a demanda dos
alunos que apresentam deficiências relacionadas a visão, audição, Síndrome
de Down, de Asperger, dificuldades de aprendizagem (dislalia,
dislexia,discalculia, etc.)
Atualmente estão matriculados duzentos e quarenta alunos freqüentando as
turmas de educação infantil e ensino fundamental até o 4º ano nos turnos
manhã e tarde.
Na escola existe a sala de recursos por isso, além de frequentarem a sala
regular no contraturno os alunos participam das atividades elaboradas pelo
professor buscando assim, desenvolver as habilidades e trabalhar de forma
cooperativa buscando atender aos objetivos almejados previamente.
A partir da observação e da análise na instituição educacional constatamos que
o trabalho realizado pela Orientadora Educacional abarca aspectos práticos e
teóricos da profissão pois, além de realizar intervenções junto aos profissionais
7
da escola, ela participa e convida os pais para reuniões, produz e participa dos
projetos, encaminha os alunos para serem atendidos por profissionais da rede
para que eles possam participar de contextos multidisciplinares, mantém
contato permanente com a Vara da Infância e Adolescência e Conselho
Tutelar, convida profissionais para palestrar na escolar sobre temas
relacionados a realidade escolar, promove encontro entre os professores afim
de estimular a troca de experiências entre todos enfim, o trabalho desenvolvido
pela Orientadora Fabiane conduz para um ambiente favorável, acolhedor e
disseminador de ideias, informações e conhecimentos que faz dela uma
profissional altruísta.
O acesso a materiais didáticos e a autores renomados sobre o assunto
são fundamentais por isso, buscaremos desenvolver uma pesquisa com base
teórica para justificar o que na prática acontece com o trabalho que é
desenvolvido pela Orientadora Educacional e as interfaces presentes na
relação escola e aluno com necessidades especiais educativas. O
levantamento bibliográfico apresentará como pilar de orientação os seguintes
autores: Maria Thereza Mantoan Egler, Mirian Grinspun e Rosana Glat.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I 11
A história do Orientador Educacional 11
no Brasil
CAPÍTULO II 16
Breve Histórico da Inclusão Escolar 16
2.1- História Geral da Inclusão Escolar 16
2.2- A História da Inclusão Escolar no Brasil 21
CAPÍTULO III 25
A Experiência de uma Escola e da
sua Orientadora Educacional numa
Prática Inclusiva
3.1- Os Parceiros da Escola 28
3.2- A Relação Familia x Escola no Cenário 29
3.3- Sala de Recursos Multifuncionais: Um 31
Espaço de Estímulo ao desenvolvimento
CONCLUSÃO 35
BIBLIOGRAFIA 40
WEBGRAFIA 41
9
INTRODUÇÃO
Por pensar na importância que o trabalho desenvolvido por um
orientador educacional representa numa escola de educação pública este
estudo, terá entre seus objetivos apresentar as estratégias que este
profissional utiliza para promover a integração família e escola, identificar o
planejamento do curricular adaptado para atender aos alunos portadores de
necessidades especiais e as relações pessoais e interpessoais que acontecem
no espaço intra e extra muros da escolas com vistas a buscar o entrelaçamento
de interesses voltados para os alunos que apresentam dificuldades para atingir
os objetivos de um currículo formal de aprendizagem.
Devido a complexidade que envolve o atendimento que é realizado pelo
orientador educacional numa escola pública, o conhecimento dos direitos e
deveres do alunos precisam ser respeitados e por isso, o trabalho do orientador
será embasado seguindo as orientações dos documentos legais (leis, normas,
Decretos, etc.). Disseminar a importância do orientador educacional para os
atores educacionais (equipe pedagógica, técnica e de apoio) é fundamental,
pois, será a partir deles que irá começar o compartilhar do trabalho que será
desenvolvido na instituição educacional visando assim a sua inserção de fato
no ambiente escolar do aluno que é portador de necessidades especiais.
A parceria entre o orientador educacional, o professor da sala regular, o
professor de apoio especializado, as instituições que atendem o aluno e o
professor da sala de recursos representará ganhos significativos no trabalho
que será desenvolvido com os alunos, pois, os resultados adquiridos nestes
ambientes favorecerão o desenvolvimento dos alunos freqüentadores destes
espaços.
Para realizar este trabalho monográfico apresentaremos a experiência de uma
orientadora educacional inserida numa escola municipal pública e que nela
estão matriculados alunos portadores de necessidades especiais, além de
pesquisa em livros, teses, monografias, sites especializados de forma a se
apropriar do conhecimento e realizar o exercício da pesquisa buscando o
10
aprofundamento do tema de forma a responder os questionamentos presentes
ao longo do seu desenvolvimento.
Conforme a seguir:
O capitulo I diz respeito a história do orientador educacional no Brasil
O capítulo II será dividido em: histórico da inclusão escolar, História geral da
inclusão escolar, Historia da inclusão escolar no Brasil e apresenta as leis
elaboradas para garantir presença dos alunos portadores de necessidades
especiais numa instituição escolar compartilhando experiências numa sala de
aula regular.
O capítulo III será apresentada a experiência da Escola Municipal Zulmira
Mathias Netto Ribeiro onde alunos com portadores de necessidades especiais
educativas participam das aulas e acompanham o conteúdo curricular de forma
adaptada e, em igualdade de condições com todos os alunos fortalecendo
assim, o processo da real inclusão.
A instituição escolar está localizada na cidade de São Gonçalo - RJ, possui 8
salas e 12 alunos matriculados na educação infantil e ensino fundamental I são
portadores de necessidades especiais
Abordaremos também neste capítulo, o espaço da sala de recursos, a
importância da participação efetiva da família no desenvolvimento do aluno, as
responsabilidades da escola e da família estabelecidas previamente para
alcançar os objetivos almejados. Além das possíveis parcerias com espaços
multidisciplinares que favorecerão experiências que complementarão o trabalho
desenvolvido no ambiente escolar.
Acreditamos que estes temas estudados nesta pesquisa representam um
possível cenário, construído, ampliado e favorecedor de experiências para o
trabalho do orientador educacional promover a real inclusão entre escola,
aluno, família e sociedade.
11
CAPÍTULO I A HISTÓRIA DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NO BRASIL
Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.
Chico Xavier
Para se tornar lei regulamentar a profissão de orientador educacional passou
por vários momentos históricos e estes foram fundamentais para que nos dias
atuais, os alunos tenham os serviços que este profissional presta com
excelência no ambiente escolar. A seguir apresentaremos um breve resumo
desta história.
Em 1908, na cidade de Boston (EUA),Frank Parsons (considerado na literatura
internacional o pai da orientação vocacional, profissional e de carreira), criou
um sistema de orientação para adolescentes que ainda não haviam optado por
uma carreira profissional. Este trabalho que o profissional realizava denominou-
se Orientação Profissional.
Alguns anos depois, nos EUA, o trabalho focado na Orientação Profissional
ampliou-se para um maior número de escolas e assim, alunos puderam ter
acesso ao sistema de orientação profissional e realizar as suas escolhas
profissionais de forma mais assertiva. Atualmente este trabalho denomina-se
orientação vocacional e é desenvolvido por profissionais das áreas de
Psicologia e Pedagogia que aplicam técnicas visando orientar as pessoas na
sua escolha profissional.
Na França, a orientação profissional era desenvolvida apenas no âmbito
escolar e tinha como objetivo conhecer o aluno no ambiente formal e informal
através dos fatores emocional e psicológico.
A partir de estudos desenvolvidos e com as experiências com os alunos
concluiu-se que a concretização do processo educacional do aluno dependia
do equilíbrio dos fatores emocional e psicológico do mesmo. Esta constatação
fez com que o trabalho de aconselhamento existisse junto com o de Orientação
12
Educacional se perdurou por algum tempo, inclusive, teve influência no Brasil
conforme cita Grinspun (2011):
No Brasil, a Orientação Educacional teve, em sua implantação, grande influência da orientação americana, em especial o counselling (aconselhamento), e da orientação educacional francesa. (GRINSPUN, 2011, p. 26).
Enquanto nos EUA e na França a Orientação Educacional contribuía com os
alunos para a sua escolha profissional, no Brasil, nas décadas de 1920 e 1930
aconteciam experiências muito ricas em discussões sobre Educação
englobando a Pedagogia e os grupos de Socialistas, anarquistas, liberais,
conservadores. Todos os homens influentes dos partidos políticos debatiam o
mesmo assunto.
No entanto, estes debates prejudicaram os alunos que estavam matriculados
nas escolas conforme cita Porto (2009):
Em 1929, mais da metade da população brasileira (65%) de 15 anos ou mais havia sido excluída da escola (PORTO, 2009, p. 28).
Este acontecimento caracterizou uma vergonha nacional no entanto, e diante
do resultado acima, os responsáveis pelos debates promoveram alguns
avanços na área de educação entre eles estão: a fundação, por Lourenço
Filho, do primeiro serviço público de Orientação Profissional, em 1931; a
publicação do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, em 1932 e em 1934, o
surgimento da primeira Constituição da República dedicando espaço
significativo à educação.
No ano de 1942 surge no cenário legislativo federal brasileiro, o Decreto-Lei nº
4.073, de 30 de janeiro de 1942, trazendo, pela primeira vez, a expressão
Orientação Educacional conforme consta no capítulo XIII -
da orientação educacional:
Art. 50. Instituir-se-á, em cada escola industrial ou escola técnica, a orientação educacional, que busque, mediante a aplicação de processos pedagógicos adequados, e em face da personalidade de cada aluno, e de problemas, não
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só a necessária correção e encaminhamento, mas ainda a elevação das qualidades morais.
Art. 51. Incumbe também à orientação educacional nas escolas industriais e escolas técnicas, promover, com o auxílio da direção escolar, a organização e o desenvolvimento, entre os alunos, de instituições escolares, tais como as cooperativas, as revistas e Jornais, os clubes ou grêmios, criando, na vida dessas instituições, num regime de autonomia, as condições favoráveis à educação social dos escolares.
Art. 52. Cabe ainda à orientação educacional valor no sentido de que o estudo e o descanso dos alunos decorram em termos da maior conveniência pedagógica.
No mesmo ano, no dia 9 de setembro, o legislador apresenta a Lei nº 4.244,
denominada Lei Orgânica do Ensino Secundário que estabeleceu a função da
Orientação Educacional nas instituições de ensino do mesmo nível conforme
Capítulo VI - da Orientação Educacional:
Art. 80. Far-se-á, nos estabelecimentos de ensino secundária, a orientação educacional. Art. 81. E' função da orientação educacional, mediante as necessárias observações, cooperar no sentido de que cada aluno se encaminhe convenientemente nos estudos e na escolha da sua profissão, ministrando-lhe esclarecimentos e conselhos, sempre em entendimento com a sua família. Art. 82. Cabe ainda à orientação educacional cooperar com os professores no sentido da boa execução, por parte dos alunos, dos trabalhos escolares, buscar imprimir segurança e atividade aos trabalhos complementares e velar por que o estudo, a recreação e o descanso dos alunos decorram em condições da maior conveniência pedagógica.
Após o ano de 1942, outras leis surgem no cenário brasileiro e a partir destas
verifica-se a importância da orientação educacional no ambiente escolar e na
formação pessoal e profissional dos alunos conforme a seguir;
Lei nº 5.564, 21 de dezembro de 1968 que providencia o exercício da profissão
do orientador educacional em níveis médio e fundamental; assistência ao
educando, individual ou em grupo; e citava a regulamentação, pelo Poder
Executivo, do Código de Ética dos Orientadores Educacionais.
14
Lei de Diretrizes e Bases, nº 5.692, de 1971, em seu Art. 10, instituiu
obrigatoriamente a Orientação Educacional, incluindo o aconselhamento
vocacional em cooperação com professores, família e comunidade.
Decreto nº 72.846 26 de setembro de 1973, foi homologado o, que
regulamenta a profissão do orientador, em vigor até os dias de hoje. Em seu
Art. 1º escreve:
Art. 1º. Constitui o objeto da Orientação Educacional a assistência ao educando, individualmente ou em grupo, no âmbito do ensino de 1º e 2º graus, visando o desenvolvimento integral e harmonioso de sua personalidade, ordenando e integrando os elementos que exercem influência em sua formação e preparando-o para o exercício das opções básicas.
Nos artigos 2º e 3º, o legislador estabeleceu quem poderia atuar como
orientador educacional. Dentre tais profissionais, encontram-se aqueles
licenciados em Pedagogia e habilitados em Orientação Educacional e os
diplomados em nível de pós-graduação nessa especialização.
O Art. 5º dessa lei estabeleceu que tal profissão seria exercida na órbita
pública e privada, “por meio de planejamento, coordenação, supervisão,
execução, aconselhamento e acompanhamento relativos às atividades de
orientação educacional, bem como por meio de estudos, pesquisas, análises,
pareceres compreendidos no seu campo profissional”.
O Art. 9º dispôs de outras atribuições a esse profissional, como “participação
no processo de identificação das características básicas da comunidade, da
caracterização da clientela escolar, da elaboração do currículo pleno da escola,
da composição, caracterização e acompanhamento de turmas e grupos e da
integração escola-família-comunidade”.
Neste texto, que cita as atribuições do orientador, percebemos que o papel do
orientador, ampliou-se. O campo de atuação desse profissional se estende por
toda a escola, cativando colegas, família e comunidade. São as questões
psicológicas e pedagógicas presentes no mesmo espaço e sendo trabalhadas
de forma a beneficiar todos que estão envolvidos no ambiente escolar,
conforme pontua Grinspun:
15
O orientador, que já havia sido concebido como um agente de mudança, um terapeuta que deveria rogerianamente atender os alunos-problema, um psicólogo que só deveria trabalhar as relações interpessoais dentro da escola, um facilitador da aprendizagem, vai, pouco a pouco, deixando essas funções/denominações para assumir, com mais competência técnica, seu compromisso político na e com ela (2011, p. 31).
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional trouxe, em seu Art. 1º, a educação como centro do
processo nos diversos setores da sociedade:
Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na
vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e
manifestações culturais.
Conforme podemos constatar, as atribuições do orientador educacional no
cenário brasileiro, a conquista do seu código de ética, as leis ratificando o seu
trabalho, passou por muitas intervenções e questionamentos, por isso, o
privilégio dos alunos terem acesso a este profissional imprescindível no
ambiente escolar perpassa um histórico permeado de significados nos campos
políticos, sociológicos e psicológicos em busca de uma formação de excelência
para o seu aluno conforme destaca GRINSPUN (2011):
Sempre apoiada na fundamentação psicológica de conhecer melhor o aluno, visando a seu ajustamento, a Orientação foi caminhando em sua trajetória no Brasil, agora fortificada por ser legalmente instituída (GRINSPUN, 2011, p. 28).
16
CAPÍTULO II BREVE HISTÓRICO DA INCLUSÃO ESCOLAR
Quando abordamos a inclusão escolar como um assunto a ser
explorado devemos considerar as particularidades deste tema desde quando
houve a sua inserção na sociedade. Conforme verificaremos nas próximas
linhas desta monografia a sociedade vivenciou mudanças significativas sobre
este tema desde a antiguidade por isso, a história da inclusão escolar é um
processo que na contemporaneidade ainda suscita questionamentos que
poderão se perdurar gerando assim, a construção de melhores cenários para
todos que precisam ser incluídos no contexto escolar e participes de uma
sociedade.
.
2.1- História geral da inclusão escolar Buscando compreender a forma como se organizou a estrutura que existe
atualmente para que o aluno com necessidades especiais educativas tenha
acesso ao ensino na sala regular e na sala de recursos, se faz necessário
buscar informações na história, nos personagens, movimentos, leis,
documentos oficiais pois eles responderão e mostrarão com propriedade o
percurso que foi necessário recorrer para que todos, independente da sua
deficiência fosse matriculado numa instituição de ensino e fosse percebido pela
sociedade como parte integrante.
Segundo Mazzotta:
A defesa da cidadania e do direito à educação das pessoas com deficiência é atitude muito recente em nossa sociedade. Manifestando-se através de medidas isoladas, de indivíduos ou grupos, a conquista e o reconhecimento de alguns direitos dos portadores de deficiência podem ser identificados como elementos integrantes de políticas sociais, a partir de meados deste século. (MAZZOTTA,2005, p.15).
Conforme citação do autor antes de chegarmos a um cenário onde os
deficientes participam de espaços até então considerados incompatíveis devido
17
a sua deficiência porém, o percurso foi longo e requereu a participação de
grupos diversos por isso faz-se necessário conhecer alguns momentos e
passagens da história que fizeram parte do tema deficiência no mundo.
Desde a antiguidade já existiam em algumas sociedades pessoas com
alterações e anormalidades de origem genética resultantes de complicações no
parto, pós-parto ou causas diversas surgidas no decorrer da vida do homem.
A partir do momento que o médico constatava a deficiência, os portadores
desta, eram vistos como incapazes para conviver em sociedade e sofriam
consequências discriminatórias que o excluía inclusive, do convívio social e
familiar.
Os povos gregos e romanos valorizavam a beleza, a estética e a inteligência
devido a essa cultura, o olhar que eles tinham para os deficientes era de
indiferença por isso, escondiam todos que não possuíam o padrão definido por
sua sociedade. A atitude de esconder os deficientes aconteceu no mesmo
cenário onde na Antiga Grécia as crianças deficientes eram condenadas a
morte.
Na Idade Média, as mães que geravam filhos com deficiência eram
reconhecidos como amaldiçoados e estes poderiam ser executados na forca ou
eram queimados vivos.
A ausência de conhecimento sobre as deficiências fazia com que as pessoas
deficientes fossem marginalizadas, ignoradas. A própria religião, ao afirmar ser
o homem feito à imagem e semelhança de Deus, sendo assim um ser humano
perfeito, perseverava à crença de que as pessoas com algum tipo de
deficiência por não estarem inclusas no critério de perfeição eram colocadas à
margem da condição humana.
Embora a religião defendesse a idéia de homem perfeito o cristianismo
apresentava outra postura sobre a imagem que o individuo com deficiência
apresentava conforme citação de Mantoan (1997):
O Cristianismo modificou a postura diante da deficiência incluindo seu portador entre as “criaturas de Deus”, assim ele não poderia ser abandonado, já que possui alma. Sob a influência do Cristianismo os portadores de deficiência passam a ser assistidos em suas necessidades básicas de alimentação e abrigo, mas não havia a preocupação com seu desenvolvimento e educação.(MANTOAN,1997, p.215).
18
Nos séculos XVIII e XIX, o preconceito e a exclusão permanecem e os
deficientes viviam em regime de internato em instituições que incluíam:
orfanatos, manicômios, prisões e conviviam com outros homens que também
eram excluídos e deste grupo faziam parte: delinquentes, doentes
mentais,velhos e pobres. Devido a forma como os deficientes eram tratados
pela sociedade este período ficou conhecido como fase de exclusão, pois
aconteceu numa época em que a pessoa com deficiência não recebia apoios
nem nas áreas de educação e assistência social. Os deficientes formavam uma
classe ignorada, rejeitada e, muitas vezes, perseguida e explorada (JIMENEZ,
1994).
Apesar de existir um cenário onde a maioria das pessoas tinha um pensamento
de excluir nesta mesma época, ocorria também a formação de movimentos
contrários pois, os pensadores como o filosofo Locke, o educador Rousseau e
Pestalozzi que utilizando-se da filosofia iluminista passaram a divulgar uma
visão mais humanitária e tratamento respeitoso para os deficientes.
Os pensadores e políticos liberais da Revolução Francesa também
influenciaram através das suas idéias e propagação de um olhar mais humano
para as pessoas que apresentavam algum tipo de deficiência.
Nesta mesma época, a medicina inicia estudos sobre a deficiência pois esta
era vista como uma doença e devido a este interesse a área médica se inclui
no cenário.
No século XX, devido a uma grande demanda escolas especiais são criadas e
tinha como política a separação e a isolação das crianças com deficiência
daquelas que não apresentavam características para serem consideradas
especiais. Embora as crianças a partir daquele momento pudessem frequentar
uma escola existia ainda uma discriminação arraigada pois eles permaneciam
marginalizados e excluídos do seu direito de conviver em sociedade. Segundo
Carmo (1991) estas escolas eram instituições voluntárias, em sua maioria,
religiosas, tinham permissão do governo, mas sem nenhum outro tipo de ajuda.
Este cenário foi visto até a década de 60 quando, um grupo de pais
começaram uma série de movimentos para incluir os filhos com deficiência nas
escolas regulares.
19
Esta mobilização chegou aos tribunais da Pensilvânia (1971/1972) que após
analisar a situação dos deficientes e a exclusão presente no processo de
escolarização estabeleceu que todas as crianças com deficiência teriam direito
a educação pública e gratuita.
Após atingirem os objetivos almejados e da mobilização da sociedade para que
a educação especial acontecesse no mesmo ambiente da educação regular
houve várias modificações para que a inclusão acontecesse entre as quais
estão: a mudança do termo deficiência por necessidade educativa especial e a
divulgação dos direitos da criança como participe do processo educativo.
A integração acontecia de forma lenta e os profissionais da educação tratavam
a deficiência como um problema da criança dificultando assim, o processo real
da inclusão pois, ao invés da escola adaptar-se as necessidades do aluno era
o aluno que deveria adaptar-se a ela. As crianças que utilizavam cadeira de
rodas precisavam do apoio de outras pessoas para chegarem, até a sala de
aula pois na escola não existia rampa adaptada para a cadeira de rodas.
Estes e em outros cenários onde as pessoas com deficiência eram ignoradas e
tratadas com discriminação iniciou seu processo de mudança quando em 1981
foi declarado pela ONU que este seria o Ano Internacional da Pessoa
Deficiente (AIPD).
Conforme cita de acordo com Figueira (2008):
Se até aqui a pessoa com deficiência caminhou em silêncio, excluída ou segregada em entidades, a partir de 1981 – Ano Internacional da Pessoa Deficiente -, tomando consciência de si, passou a se organizar politicamente. E,como conseqüência, a ser notada na sociedade, atingindo significativas conquistas em pouco mais de 25 anos de militância. (FIGUEIRA, 2008, p. 115).
Organismos internacionais sempre foram mobilizadores de opinião e sensíveis
a causa dos deficientes por isso, outros movimentos e documentos foram
elaborados tendo em vista informar e mobilizar a atenção do mundo para a
importância da inclusão entre os quais podemos citar a Declaração de
Salamanca (Junho - 1994) que aconteceu na Espanha e representou o marco
histórico da inclusão. O evento foi realizado pela UNESCO e teve como titulo:
Conferência Mundial Sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e
Qualidade. Neste evento 92 países assinaram o documento da declaração que
20
tem como princípio fundamental: "Todos os alunos devem aprender juntos,
sempre que possível, independente das dificuldades e diferenças que
apresentem.” (p. 05).
E neste mesmo evento o conceito de inclusão foi propagado e confirmado
através da escrita no documento oficial da Declaração conforme o seguinte
texto:
... Parte do princípio de que todas as diferenças humanas são normais e de que a aprendizagem deve, portanto, ajustar-se às necessidades de cada criança, em vez de cada criança se adaptar aos supostos princípios quanto ao ritmo e à natureza do processo educativo. Uma pedagogia centralizada na criança é positiva para todos os alunos e,conseqüentemente, para toda a sociedade. (p. 18).
A partir desta Declaração mudanças de paradigmas até então contrários a
inclusão aconteceram pois mundialmente conhecida, a Declaração de
Salamanca junto á Convenção sobre os Direitos da Criança (1989) documento
adotado pela Assembléia Geral das Nações Unidas como Carta Magna para as
crianças de todo o mundo e á Declaração Mundial sobre Educação para
Todos(1990) documento produzido a partir de um evento ocorrido em Jomtien,
Tailândia em 1990, tornam significativamente presente a mobilização de todos
objetivando a educação inclusiva.
A convenção Sobre os Direitos da Criança (1990) é composto por 54 artigos,
divididos em três partes que buscam definir o conceito de criança e estabelece
parâmetros de orientação e atuação política de seus Estados-partes tendo em
vista proclamar o bem estar da criança entre elas as que apresentam
necessidades especiais conforme se estabelece nos artigos de 23 a 27:
Os Estados-partes deverão proporcionar à criança portadora de deficiências físicas ou mentais uma vida plena e decente, em condições que garantam sua dignidade e facilitem sua participação ativa na comunidade, visando assegurar o seu acesso à educação, à reabilitação e ao trabalho e sua integração social, devendo, ainda, promoverem, com espírito de cooperação internacional, intercâmbio neste campo de assistência médica, incluindo a assistência preventiva, a orientação aos pais e a educação e serviços de planejamento familiar, inclusive reconhecendo a todas as crianças o direito
21
de usufruir da previdência social e do seguro social”. (arts. 23 a 27).
Se por um lado a Convenção dos Direitos da Criança define estratégias e
convoca os Estados para modificar o cenário de investimentos que existe para
a formação da criança a Declaração Mundial de Educação Para Todos defende
que todas as pessoas, independente da idade, tem direito a educação por isso
estes dois eventos mundiais são tão representativos para a sociedade tendo a
vista a mudança de concepção em relação a educação.
Sabe-se que as mudanças não ocorrem de forma simultânea em todos os
setores da sociedade, o processo é lento e exige empenho, dedicação e
perseverança por parte das pessoas que desejam mudar paradigmas que
existem há muitos séculos no entanto, a inclusão tem um significado de
libertação para aqueles que até então estavam na sociedade mas não existiam
para ela e para os seus libertadores tem um significado de buscar modificar
uma prática segregadora e discriminatória promovendo assim um movimento
de incluir e humanizar.
2.2 - A História da Inclusão Escolar no Brasil A partir de eventos mundiais que aconteciam na Europa, Estados Unidos,
Canadá entre outros países, o Brasil observava os movimentos que eram feitos
para o público deficiente e ações isoladas eram realizadas. Com o
conhecimento adquirido das experiências bem sucedidas ocorridas na Europa
e Estados Unidos pequenos grupos no século XIX se organizavam para
atender aos deficientes.
Segundo registros, somente no final dos anos 50 e início da década de 60 do
século XX, é que ocorre a inclusão da Educação Especial na política
educacional brasileira.
Durante estas décadas existem dois períodos em destaque na Educação
especial no Brasil e que pontua as ações efetivas que foram realizadas visando
atender os deficientes a saber:
22
1º) 1854 a 1956: período em que acontecia as iniciativas oficias e particulares
de forma isolada;
2º) 1957 a 1993: neste período acontecia as iniciativas oficiais de âmbito
nacional.
Com relação a estes períodos não existem registros de que as ações eram
focadas na área educacional conforme citação de Mazzotta (1996):
Sobre o tipo de assistência prestada há, no entanto,informações insuficientes para sua caracterização como educacional. Poderia tratar-se de assistência médica a crianças deficientes mentais e não propriamente atendimento educacional; ou ainda, atendimento médico pedagógico.(MAZZOTTA, 1996,p.30).
Apesar de verificarmos que nos dois períodos acima e na citação do autor
constar dúvidas em relação as ações realizadas para atendimento a criança
com necessidade especial construções especificas e adequadas para
atenderem a esta demanda foram realizadas e até os dias atuais permanecem
realizando um atendimento de excelência aos que buscam uma formação
educacional.
O investimento em locais adaptados para atender ao público com deficiência foi
um dos marcos da administração pública de D. Pedro II, pois foi durante o seu
reinado que foram construídos dois espaços que permanecem até os dias de
hoje prestando um atendimento de excelência aos deficientes visuais e
auditivos que são: o Instituto Benjamim Constant (IBC) criado em 1854 através
do Decreto Imperial nº 1.428, na cidade do Rio de Janeiro que na época
recebeu a denominação: Imperial Instituto dos Meninos Cegos e o Instituto
Nacional de Educação de Surdos (INES). (Id, p.28).criado pela lei Nº839 ( Rio
de Janeiro) que recebeu inicialmente o nome de Imperial Instituto dos Surdos-
mudos, (MAZZOTTA, 2005, p.28).
Além destas duas instituições, as instituições educacionais iniciavam as
matrículas para alunos deficientes no contexto da sala regular e buscavam
inseri-los no contexto escolar de forma ainda iniciante. A metodologia e os
recursos didáticos e pedagógicos eram ineficientes para atender a demanda da
educação especial.
23
Embora a inclusão já tivesse sido discutida e implementada nos países
nórdicos e nos Estados Unidos apenas nos anos 90 assistimos ao Brasil
promover mudanças na estrutura da educação escolar tendo em vista a
inclusão de todos os alunos independente da sua deficiência na escola regular.
O sistema educacional precisou modificar os seus currículos, promover cursos
de formação para os seus professores e para todos os profissionais que
trabalhavam nas escolas, o espaço físico foi reformado enfim, havia um novo
espaço sendo construído tanto no âmbito estrutural como psicológico
pois,independente da formação religiosa todos estavam participando da história
e do seu processo de mudança no qual integraria todas as crianças num
espaço democrático e repleto de diversidade conforme citação da Mantoan
(2003):
Penso que sempre existe a possibilidade de as pessoas se transformarem, mudarem suas práticas de vida, enxergarem de outros ângulos o mesmo objeto/situações, conseguirem ultrapassar obstáculos que julgam intransponíveis, sentirem-se capazes de realizar o que tanto temiam, serem movidas por novas paixões... Essa transformação move o mundo, modifica-o, torna-o diferente, porque passamos a enxergá-lo e a vivê-lo de um outro modo, que vai atingi-lo concretamente e mudá-lo, ainda que aos poucos e parcialmente. (MANTOAN,2003,p.6).
A citação da Mantoan convida a todos os atores educacionais a se apropriarem
de todas as questões que envolvem a inclusão no âmbito escolar pois as ações
pedagógicas escolhidas e praticadas serão de importância crucial para que os
alunos se percebam parte integrante daquele contexto tão múltiplo de opções
de aprendizagem, de convívio social e de trocas significativas de experiências.
De acordo com o MEC (1994) a integração educativo-escolar refere-se ao
processo de educar-ensinar, no mesmo grupo, crianças com e sem
necessidades especiais durante uma parte ou na totalidade do tempo de
permanência na escola.
Portanto, a integração deve acontecer de forma a fortalecer as relações
interpessoais independente do tempo em que as crianças tenham para
compartilharem o mesmo espaço.
24
A forma como as relações acontecerão na escola dependerá dos estímulos e
das atividades que promovam um integrar verdadeiramente sustentável
conforme cita Glat (1991), sobre a integração:
É um processo espontâneo e subjetivo, que envolve direta e pessoalmente o relacionamento entre seres humanos. (GLAT,1991, p.17)
As mudanças na educação e na formação cidadã não aconteceram apenas na
prática, aliás, para que todos os alunos tivessem direito a educação e fizessem
parte da lista de presença de uma turma regular uma série de documentos
incluindo leis, decretos e pareceres foram elaborados para respaldar e ratificar
um direito adquirido e legalmente registrado em documento oficial conforme
apresentaremos a segui.
Desde 1988 na Constituição Federal é possível constatar que o olhar para a
inclusão está presente conforme escrita no artigo 208, inciso III, no qual
determina que:
O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiências, preferencialmente na rede regular de ensino. (p.22)
E no artigo 227,parágrafo enfatiza, engloba e complementa a responsabilidade
de todos para que a inclusão se torne presente no cotidiano dos deficientes
inclusive daqueles que estão ingressando no mercado de trabalho:
II §- 1º criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos. (p.132).
Para ratificar a Constituição Federal surge a LDB (Lei de Diretrizes e Bases nº
9394/96- 20/12/1996), que no seu artigo 4º, inciso III, consta que:
O atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, deve acontecer preferencialmente na rede regular de ensino. (p.12).
25
A LDB (Lei de Diretrizes e Bases nº 9394/96 - 20/12/1996) aborda ainda a
importância da formação do professor para atender ao aluno com qualidade e
excelência conforme descrição dos artigos abaixo:
Artigo 58 § 1º - Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.(p.46).
Artigo 59- Os sistemas de ensino asseguram aos educandos com necessidades especiais: III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior,para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns.(p.47)
Paralelo as leis que estabelece a inclusão resoluções são elaboradas para
tratarem da qualidade da educação que é uma particularidade fundamental
para o ensino da educação especial conforme determina no artigo 2º da
Resolução CNE/CEB nº 2/2001:
Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. (MEC/SEESP,2001,p.01).
Devido a importância desta e de outras leis que foram apresentadas a
sociedade pelos legisladores, o espaço escolar adaptou o seu espaço físico
para atender as necessidades dos alunos que se matriculavam na instituição.
CAPÍTULO III - A EXPERIÊNCIA DE UMA ESCOLA E DA SUA ORIENTADORA EDUCACIONAL NUMA
PRÁTICA INCLUSIVA Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas se você não fizer nada, não existirão resultados.
Mahatma Gandhi Sabemos da importância que a profissional de orientação educacional
representa para uma escola por isso, nesta pesquisa, reservamos um espaço
26
para apresentar a experiência da orientadora educacional Fabiane no seu
ambiente de trabalho.
A orientadora educacional Fabiane trabalha na escola Municipal Professora
Zulmira Mathias Netto Ribeiro. A instituição é pública e está localizada na
cidade de São Gonçalo-RJ. Estão matriculados alunos da educação básica
desde a educação infantil até o ensino fundamental I. Neste grupo, 12 alunos
são portadores de necessidades especiais educativas.
O trabalho que a orientadora educacional realiza na escola está respaldado em
leis e documentos entre as quais estão: lei nº 5.564, de 21 de dezembro de
1968. Lei que provê sobre o exercício da profissão de orientador educacional e
o código de ética.
Conforme código de ética do orientador educacional no capítulo I, destaca-se
entre os deveres fundamentais:
Artigo 1º- São deveres fundamentais do Orientador Educacional: a) exercer suas funções com elevado padrão de competência, senso de responsabilidade, zelo, discrição e honestidade; b) atualizar constantemente seus conhecimentos; g) Lutar pela expansão da Orientação Educacional e defender a profissão; h) Respeitar a dignidade e os direitos fundamentais da pessoa humana; i) Prestar serviços profissionais desinteressadamente em campanhas educativas e situações de emergências, dentro de suas possibilidades.
Com base nesses deveres a orientadora educacional realiza as seguintes
ações na escola:
1- O trabalho desenvolvido pela Orientadora Educacional na área de educação
especial é de identificar os alunos matriculados, entrevistar os pais e
responsáveis, verificar as suas necessidades educativas e se necessário
orienta-los e encaminha-los para atendimento multidisciplinar externo.
Além de prestar atendimento aos pais dos alunos, a orientadora educacional
mantém contato diário com o Professor de Apoio Especializado, Professor da
sala regular, o Professor da Sala de Recursos, com a equipe de apoio,
Diretoria e secretaria;
27
2- Mensalmente, a orientadora educacional se reúne com os professores que
desenvolvem atividades juntos aos alunos da educação especial e durante este
encontro são apresentados relatórios de desenvolvimento do aluno, planos de
aula, recursos aplicados, novas ideias de atividades e recursos, enfim, durante
este dia de planejamento a orientadora educacional e os professores
compartilham informações, conhecimentos e ampliam a sua prática pedagógica
de forma a atender aos alunos com necessidades especiais educativas;
3- A Orientadora Educacional atende as solicitações do conselho tutelar, da
Vara da Infância e Adolescência, entre outros órgãos públicos e particulares
que solicitem informações sobre os alunos;
4- Busca parcerias com clinicas, hospitais e profissionais autônomos para
realizarem atendimento (psicólogo, fonoaudiólogo, otorrino, dentista, etc),
através de encaminhamentos dos alunos,
5- Identifica espaços culturais para visitação das crianças;
6- Mantém contato com os pais caso aconteça ausência do aluno na escola e
em casos de necessidade;
7- Realiza campanhas temáticas na escola;
8- Convida profissionais ( fonoaudiólogos, médicos, fisioterapeutas, etc.) para
realizar palestras na escola;
9- Incentiva os professores da educação inclusiva a participar de eventos
científicos apresentado os trabalhos que realiza com os alunos;
10- Estimula o uso dos espaços da escola pelos alunos com necessidades
especiais e propõe a criação de outros no intuito de haver uma maior
mobilidade e apropriação dos espaços pelo aluno
Segundo fala da orientadora Fabiane:
Estas são algumas das muitas atribuições que eu exerço como orientadora educacional nesta escola. Cada escola tem as suas necessidades e o orientador educacional deve adaptar-se ao contexto em que a escola está inserida e desenvolver a sua atividade permeada na ética e na responsabilidade que a profissão exige buscando sempre o exercício cotidiano de inclusão real de todos os alunos.
Este depoimento da orientadora educacional nos remete a um olhar global e
integral da real necessidade de matricular e acompanhar o aluno portador de
28
necessidades educativas durante a sua vida escolar, oferecendo-lhes recursos
adaptados e didáticas de aprendizagem adaptadas, respeitando sempre a sua
individualidade conforme citação a segui:
A educação inclusiva pode ser definida como “a prática da inclusão de todos” – independente de seu talento, deficiência, origem socioeconômica ou cultural – em escolas e salas de aula provedoras, onde as necessidades desses alunos sejam satisfeitas. Stainback e Stainback (1999, p. 21),
3.1- OS PARCEIROS DA ESCOLA Na cidade de São Gonçalo existe uma rede de instituições que prestam
serviços diferenciados para atender os alunos portadores de necessidades
especiais.
A orientadora educacional mantém contato diário com os profissionais que
atendem os alunos e esta relação favorece a troca de informações e de
impressões sobre o desenvolvimento dos alunos.
Relatórios, e-mails, ligações telefônicas e comunicados na agenda do aluno
são formas de comunicação utilizadas entre a orientadora educacional e os
parceiros.
Entre os parceiros estão:
Vara da Infância e Adolescência
Conselho Tutelar
APAE - atendimento de crianças, jovens e adultos com deficiência que se
enquadram nos seguintes critérios: necessitam de atendimentos
multiprofissionais; avaliados pela rede do SUS, residentes no município de São
Gonçalo e adjacências.
Presta serviços nas áreas de: fonoaudiologia, musicoterapia, oficina
terapêutica, atendimento odontológico, etc.
Centro de Inclusão Municipal helen Keller(CIM) - Atendimento a estudantes da
Educação Infantil e Ensino Fundamental que precisam de atendimento
especializado.
29
NAPES - Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado em São Gonçalo e
formação continuada de professores.
CAP - Centro de Apoio Pedagógico ao Atendimento de Pessoas com
Deficiência Visual - centro de referência responsável pela produção de material
em Braille e em alto relevo para alunos cegos e em escrita ampliada para
alunos com baixa visão da rede estadual.
3.2- A RELAÇÃO FAMÍLIA X ESCOLA NO CENÁRIO DA INCLUSÃO A família exerce um papel fundamental no desenvolvimento escolar do seu
filho.
Por ser o 1º núcleo social da criança a família possui conhecimento sobre as
experiências do seu filho desde o seu nascimento até o momento que inicia a
vida escolar.
São estas informações que precisam constar no questionário inicial quando o
aluno é matriculado na escola. Este questionário é preenchido pelo Orientador
Educacional a partir de uma entrevista com os pais no qual, os mesmos devem
responder as perguntas sem omissão dos fatos e relatar de forma detalhada.
Será também, a partir deste questionário que as Professoras da sala de
recursos e a professora de apoio especializado planejarão as atividades e
experiências que serão desenvolvidas com e pela criança no ambiente escolar.
Segundo a orientadora educacional:
Infelizmente muitos pais não comparecem para a entrevista inicial e preenchimento do questionário sobre a vida do aluno. Este distanciamento dos pais e a falta de interesse dos pais e a falta de interesse na vida escolar do seu filho nos preocupa.
A partir deste relato percebemos o quanto a comunicação é fundamental para
que aconteça e se faça presente a relação efetiva entre família e escola
estreitando assim, os seus laços.
Se partirmos do fato, que existem leis que determinam a responsabilidade dos
pais para com os seus filhos teremos os seguintes exemplos:
De acordo com os artigos 205 e 227 da Constituição Federal,
30
Art. 205. [...] a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1998)
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no seu artigo 4º discorre:
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à liberdade e a convivência familiar e comunitária. (BRASIL, 1990)
Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que no seu artigo 1º trás o seguinte discurso:
A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisas, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. (BRASIL, 1996).
Embora as leis existam e as informações constantes nelas sejam de fácil
compreensão muitos pais permanecem omissos e parece não se importarem
com as questões escolares do seu filho.
A orientadora educacional da escola pesquisada nos conta que, em alguns
casos, já precisou ir até a residência da família para informar aos pais sobre a
importância de dividi com a escola a formação educacional do filho. Esta
atitude da profissional é bem quista quando o interesse pelo aluno, é apenas
unilateral, ou seja, apenas da escola. Para ilustra esta postura Reis cita:
31
A escola nunca educará sozinha, de modo que a responsabilidade educacional da família jamais cessará. Uma vez escolhida a escola, a relação com ela apenas começa. É preciso o diálogo entre escola, pais e filhos. (REIS, 2007, p. 6)
A partir desta citação, constata-se a importância do diálogo entre a escola, os
pais e os filhos pois juntos, os resultados, as conquistas, as dificuldades, as
vitórias e todos os momentos são vividos, vivenciados e experienciados de
forma colaborativa fortalecendo assim as relações e tornando o ambiente
propício ao comunicar-se permanente.
3.3- Sala de Recursos Multifuncionais: Um Espaço de Estímulo ao Desenvolvimento O exercício de aprender e de compartilhar experiências no espaço escolar não
necessariamente precisa acontecer na sala de aula regular por isso, surgiu
este importante projeto do MEC (Ministério da Educação e Cultura) de
implantação de Salas de Recursos Multifuncionais. Este projeto está presente
nas escolas municipais e estaduais e tem como principal meta apoiar os
sistemas de ensino na oferta do atendimento educacional especializado de
forma complementar ou suplementar ao processo de escolarização, conforme
previsto no inciso V do artigo 8º da Resolução CNE/CEB n° 2/2001 que Institui
as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica.
Por compreender a importância do desenvolvimento da criança na escola e por
existir a necessidade de construção de um espaço onde as suas dificuldades
fossem avaliadas e trabalhadas de forma a ressignificá-las de forma positiva
transformando-as em oportunidades surge no cenário uma sala onde as
singularidades são vivenciadas num contexto coletivo.
Para Alves (2006, p.13):
As salas de recursos multifuncionais são espaços da escola onde se realiza o atendimento educacional especializado para alunos com necessidades educacionais especiais, por meio do desenvolvimento de estratégias de aprendizagem, centradas em um novo fazer pedagógico que favoreça a construção de conhecimentos pelos
32
alunos, subsidiando-os para que desenvolvam o currículo e participem da vida escolar.(ALVES,2006, p.13).
Conforme definição, percebemos a importância do envolvimento de todos os
atores da educação, pois, o olhar para a diversidade deverá ser vivenciado por
todos e mudanças precisarão ser feitas pois as salas serão incluídas no espaço
físico da escola de forma a agregar valor aquele cenário que até então não
existia de fato. Alguns documentos escolares terão mudanças adaptativas
como exemplo, o PPP (Projeto Político Pedagógico).
Neste projeto, um novo item: as estratégias de aprendizagem deverá ser
incluído, pois, o atendimento educacional especializado não pode ser
confundido com atividades de mera repetição de conteúdos Programáticos
desenvolvidos na sala de aula e advindos de livros didáticos, mas deve
constituir um conjunto de procedimentos específicos mediadores do processo
de apropriação e produção de conhecimentos onde o aluno se perceba parte
indispensável de cada etapa experienciada. (ALVES, 2006,p.15).
Os alunos que serão atendidos na sala de recursos multifuncionais são aqueles
que apresentarem alguma necessidade educacional especial e que estejam
entre os três grupos conforme determina o documento intitulado: Diretrizes
Nacionais para a Educação Especial na educação Básica, no Art. 5º que são:
Art. 5º Consideram-se educandos com necessidades educacionais especiais os que, durante o processo educacional, apresentarem: I- dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares, compreendidas em dois grupos: a) aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica; b) aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências; II- dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, demandando a utilização de linguagens e códigos aplicáveis; III- altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os levem a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes.
A frequência dos alunos na sala de recursos multifuncionais e o seu
desenvolvimento acontecerá de forma efetiva se vários movimentos em prol da
mudança acontecer como, por exemplo, a adaptação no projeto pedagógico de
33
uma escola inclusiva conforme Parecer CNE/CEB n° 17/01, pois, ele deverá
atender ao princípio da flexibilidade para que o acesso ao currículo seja
adequado às necessidades do aluno, favorecendo seu processo escolar de
forma favorável ao seu desenvolvimento nas etapas posteriores do seu ensino
conforme detalha Alves:
Dessa forma, devem ser observadas as variáveis que podem interferir no processo de aprendizagem tais como: as de cunho individual do aluno, as condições da escola, a prática docente, as diretrizes do sistema de ensino, bem como a relação entre todas elas. (ALVES,2006, p.16).
Portanto, o privilégio de participar das atividades desenvolvidas na sala de
recursos e de ter um atendimento educacional especializado pertence a todos
os alunos que encontrem neste espaço respostas as suas necessidades
educacionais especiais e estas respostas se estabelece no entrelaçamento
entre a modalidade de educação especial e as etapas da educação.
Para ratificar a importância da relação de confiabilidade e de trocas
significativas de experiência entre aluno e professor especializado o Decreto nº
6.571, de 17 de setembro de 2008 descreve:
Art. 2º São objetivos do atendimento educacional especializado: I- prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular aos alunos referidos no art. 1º; II - garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular; III - fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e IV - assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis de ensino.” (p.01).
Com bases nestes objetivos percebemos que a efetivação destes se fará com
uma equipe presente e atuante onde todos os seus participantes estejam
engajados e determinados a participar do processo de inclusão e propor a
todos os alunos com necessidades especiais educativas estratégias que
facilitem o seu acesso ao conhecimento. Para ilustrar e apresentar como o
trabalho deve ser desenvolvido na prática o autor FOREST (1987) apresenta a
metáfora da inclusão que é a do caleidoscópio.
34
Sobre ela o autor afirma:
O caleidoscópio precisa de todos os pedaços que o compõem. Quando se retiram pedaços dele, o desenho se torna menos complexo, menos rico. As crianças se desenvolvem, aprendem e evoluem melhor em um ambiente rico e variado". (FOREST E LUSTHAUS, 1987, p.6).
Para compreender a citação do autor é preciso que nos transportemos para o
ambiente da escola, pois, na prática, vamos perceber que todos os processos
precisam acontecer de forma dinâmica, flexível e criativa e por termos capital
humano inserido no contexto a diversidade e o respeito a sua limitação devem
existir pois, além de favorecer a integração enriquecem a qualidade da
educação para os alunos portadores de necessidades especiais que buscam
através das suas condições pessoais, superar as suas limitações e a partir dos
estímulos mediados e compartilhados ter acesso ao mundo que existe na sua
imaginação.
35
CONCLUSÃO
Ao realizar a leitura de vários documentos, leis, livros, artigos, acessar sites,
entrevistar e acompanhar o trabalho de uma orientadora educacional numa
escola pública municipal, apresento neste espaço considerações que foram
elaboradas durante as pesquisas que aconteceram quando eu estava imersa
sobre um tema que condiz com a prática de um profissional capacitado para
atuar no ambiente escolar.
Apesar de verificarmos que por muitos anos, os alunos portadores de
necessidades especiais tenham sido excluídos da vida em sociedade e
principalmente do ambiente escolar a elaboração de leis especificas e do
envolvimento das pessoas comprometidas por participar do processo de
inclusão representa uma vitória importante nesta caminhada que incluem a
capacitação dos recursos humanos e investimentos em recursos adaptados
para atender aos alunos que estão freqüentando as salas de aula regulares
matriculados nas escolas públicas.
Além de participar das atividades regulares os alunos participam do ambiente
da sala de recursos e por isso, eles têm a oportunidade de se desenvolverem
intelectualmente e conseguem acompanhar as atividades que são
desenvolvidas na sala de aula com base no currículo formal ocasionando
assim, resultados de aprovação que ano após ano deixa o aluno motivado para
alcançar suas conquistas. Atualmente, o aluno matriculado na sala de recursos
tem garantido em lei a sua aprovação garantida com apresentação ou não do
laudo médico. No entanto, para ser aprovado o aluno terá que ser assíduo nas
aulas da sala regular e na freqüência a sala de recursos além de participar das
atividades e alcançar os objetivos propostos pelo professor a partir da
observação e acompanhamento dos resultados obtidos. A avaliação é
realizada a partir de relatórios e não por notas, por isso, a avaliação é
qualitativa e não quantitativa.
A sala de recursos representa um avanço importante para a área de educação
especial pois neste projeto do MEC (Ministério da Educação e Cultura) existe
um olhar focado para o aluno que necessita de um atendimento especializado
e de intervenções significativas para que o seu desenvolvimento nas áreas
36
biopsicomotor, social, linguagem e comunicação aconteça e desempenhe as
funções de forma a favorecer a sua qualidade de vida.
Devido os materiais pedagógicos, mobiliário e recursos tecnológicos terem sido
disponibilizados pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura) existe um
documento onde todos os materiais estão relacionados e anualmente a escola
preenche um documento onde consta os materiais que temos funcionando e se
houve alguma danificação, quebra ou defeito após análise há uma reposição.
Os cuidados que o professor da sala de recursos deve ter para manter e como
preservar o espaço físico e o que existe dentro dele, consta num documento
que é entregue a ele a partir do momento que este se torna o professor da
sala. Existe um termo de responsabilidade que habilita o professor e lhe dá
autonomia para manter contato com a Secretaria de Educação especial sempre
que ele desejar solicitar algum material pedagógico, solicitar conserto ou
mesmo troca de produtos.
Os recursos humanos são fundamentais para que o trabalho na sala de
recursos aconteça de forma organizada, planejada, coletiva e individual pois
neste espaço a heterogeneidade se faz presente e o plano de aula deve ser
individual respeitando as particularidades que envolver o contexto de vida do
aluno. Como por exemplo, o aluno com deficiência visual, demanda de
recursos adaptados para a sua necessidade como, por exemplo, o soroban,
materiais impressos em Braille, livros didáticos falados, em Braille e em
caracteres ampliados, entre outros. O aluno autista para desenvolver-se
precisa ter acesso a recursos pedagógicos e tecnológicos.
O MEC (Ministério da Educação e Cultura) disponibiliza os recursos materiais e
o Município junto a Secretaria de Educação oferece os cursos de formação
continuada visando promover a capacitação dos professores que atuam na
sala de recursos. No Município de São Gonçalo - RJ este curso de formação
acontece uma vez por semana, todas as quartas-feiras e tem a duração de
quatro horas. Nestes encontros os professores trocaram experiências sobre os
seus alunos, elaboram estratégias, pesquisam sobre síndromes, dificuldades
de aprendizagem, etc., assistem a palestras com fonoaudiólogos, assistentes
sociais, neurologistas, pediatras, psicólogos, professores de Braille e Libras
enfim, existe uma rede formada e organizada para prestar um serviço de
37
qualidade tanto para o professor quanto para o aluno que se favorece também
do conhecimento adquirido pelo seu professor nos encontros de formação
continuada.
Vários documentos fazem parte da sala de recursos e alguns deles são: Os
formulários de metas e os relatórios bimestrais. Eles são preenchidos conforme
os prazos do calendário escolar e devem estar condizentes com o
desenvolvimento adquirido pelo aluno a partir dos estímulos recebidos e das
atividades propostas. O relatório de metas deve ser elaborado a partir do 1º dia
do inicio de cada bimestre. Devido a escola possuir quatro bimestres, durante o
ano quatro relatórios de metas são preenchidos. Enquanto que os relatórios
bimestrais, são, preenchidos no final do bimestre e nele constam os avanços e
retrocessos que o aluno apresentou naquele período de dois meses. Estes
documentos são apresentados junto com o diário de classe no dia do conselho
escolar a direção da escola.
Os materiais pedagógicos, tecnológicos e produzidos artesanalmente fazem
parte do cotidiano da sala e oferecem ao aluno a oportunidade de manuseá-los
de forma a lhe disponibilizar ferramentas e mobilidade visando a sua autonomia
e independência. Os materiais que os alunos produzem são de fundamental
importância pois desperta neles a curiosidade e desenvolvem a coordenação
motora fina, a percepção visual, a criatividade além de poder confeccionar e
criar maneiras de produzi o seu próprio brinquedo. Este brinquedo transforma-
se em atividade pedagógica e num plano de aula onde o aluno é responsável e
co-autor da sua aprendizagem, do seu desenvolvimento.
Neste processo o professor torna-se mediador oferecendo ao aluno a
oportunidade de desenvolver suas estruturas mentais de forma colaborativa. E
por fim, mas não menos importante, todas as pessoas físicas e jurídicas,
setores públicos, privados, movimentos sociais, organizações não
governamentais ou seja, todos os segmentos da sociedade devem estar
imbuídos da busca pela questão que envolve a inclusão de todos os cidadãos
Portadores de necessidades especiais.
Quando a sociedade se mobiliza e apresenta situações onde um cidadão
indefeso, portador de alguma necessidade especial sofre discriminação, as
ações que surgiram destes movimentos em algum momento irão apresentar
38
resultados que promoverão uma mudança de cenário. Esta forma de analisar a
situação e elaborar estratégias de ação aconteceu de forma efetiva quando no
ano de 1854 o Imperador do Brasil construiu o Imperial Instituto dos Meninos
Cegos que atualmente é conhecido como Instituto Benjamin Constant.
Instituição referência quando o assunto é deficiência visual. Durante todos
estes anos tem buscado oferecer um atendimento de excelência a todos os
deficientes visuais disseminando e contribuindo para que todas as instituições
de ensino tenha materiais didáticos e pedagógicos adaptados para atender
com qualidade os alunos com deficiência visual.
Além desta instituição localizada na cidade do Rio de Janeiro existe na cidade
de São Gonçalo-RJ, entre outras instituições, a APAE que realiza atendimento
de crianças, jovens e adultos portadores de necessidades especiais que se
enquadram nos seguintes critérios: necessitam de atendimentos
multiprofissionais; avaliados pela rede do SUS , residentes no município de
São Gonçalo e adjacências e prestam serviços nas áreas de
fonoaudiologia, musicoterapia, oficina terapêutica, atendimento odontológico,
etc.
A história nos apresenta avanços e retrocessos na questão que envolve o olhar
da sociedade para estas pessoas por isso, a percepção que se vislumbra na
contemporaneidade é que todos os cidadãos portadores de necessidades
especiais terão a oportunidade de inserir-se nos espaços e de assumir a sua
identidade sem excluir-se.
O trabalho que o orientador educacional desenvolve na escola e favorece a
inclusão é fundamental pois a partir das suas estratégias e metas traçadas os
profissionais da escola independente da sua área de atuação se torna
participante desse processo e cada um conforme a sua função trabalha de
forma a corroborar com a inclusão e promover no espaço escolar um
movimento positivo em torno da garantia do direito do aluno portador de
necessidades especiais educativas está participando do ambiente escolar
independente da sua forma de ser e está.
A orientadora educacional propõe a todos refleti diariamente sobre o seu
trabalho, as suas responsabilidades, o seu compromisso com a inclusão e
estes exercícios resultam numa ação de concatenação da equipe escolar que
39
vai muito além do interesse individual de cada profissional desenvolver
simplesmente as suas atividades, representa a sua função social e o desejo de
modificar cenários antes segregados em cenários compartilhados respeitando
os direitos e deveres de cada indivíduo de está, seja como for, presente no
mundo.
40
BIBLIOGRAFIA
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