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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
ANA CLÁUDIA CISLAGHI MUTTERLE CHIESA
DIRETRIZES E AÇÕES PARA A GESTÃO DA COMUNICAÇÃO DA DIOCESE DE CAXIAS DO SUL
CAXIAS DO SUL 2015
ANA CLÁUDIA CISLAGHI MUTTERLE CHIESA
DIRETRIZES E AÇÕES PARA A GESTÃO DA COMUNICAÇÃO DA DIOCESE DE CAXIAS DO SUL
Monografia do Curso de Comunicação Social, apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, na Universidade de Caxias do Sul. Orientador Prof. Me. Jacob Raul Hoffmann
CAXIAS DO SUL 2015
ANA CLÁUDIA CISLAGHI MUTTERLE CHIESA
DIRETRIZES E AÇÕES PARA A GESTÃO DA COMUNICAÇÃO DA DIOCESE DE CAXIAS DO SUL
Monografia do Curso de Comunicação Social, apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, na Universidade de Caxias do Sul. Aprovado (a) em: __/__/____.
Banca Examinadora _____________________________________ Prof. Me. Jacob Raul Hoffmann - Orientador Universidade de Caxias do Sul – UCS _____________________________________ Prof.ª. Ma. Adriana dos Santos Schleder Universidade de Caxias do Sul – UCS _____________________________________ Prof. Me. Jaime João Bettega Universidade de Caxias do Sul – UCS
Dedico este trabalho ao meu esposo, Damian Paulo Chiesa, por ser sinal da comunicação diária do amor em minha vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Santíssima Trindade, exemplo perfeito do amor,
comunhão e comunicação na minha vida; é ela que me fornece a força e o sentido
para tudo o que eu sou e faço.
Agradeço ao meu esposo Damian Paulo Chiesa, pela compreensão,
companheirismo e motivação, fornecidos principalmente na elaboração desta
monografia e também durante a jornada acadêmica, a qual acompanhou desde a
minha escolha pelo Jornalismo. Agradeço por todas as vezes que me ajudou a
encontrar valor no meu dom de comunicar e a aplicá-lo no estudo, na profissão, na
missão e no nosso relacionamento.
Aos meus pais e irmãs, manifesto minha gratidão pelo zelo e cuidado comigo
durante os cinco anos de faculdade e pela paciência em relação à minha ausência
em casa motivada pelo estudo. Reconhecimento especial ao meu pai pelas
incontáveis caronas nos semestres de inverno e à minha mãe pelo carinho e
compreensão incondicionais. Agradeço aos meus amigos, participantes do grupo
São Luiz Gonzaga e do Grupo Crescer, que, além de fornecerem toda a alegria para
esta jornada, entenderam a demanda de trabalhos e conduziram a missão no meu
lugar inúmeras vezes.
Agradeço à Igreja Católica Apostólica Romana, na pessoa do Papa Francisco,
que me forneceu a motivação e o conteúdo para o estudo. Minha gratidão especial à
Diocese de Caxias do Sul, objeto de estudo desta monografia, na figura do bispo
Dom Alessandro Ruffinoni. Aos padres Oscar Chemello, Ricardo Fontana e Dom
Leomar Brustolin, por possibilitarem a realização do sonho que é trabalhar na
comunicação das paróquias, colaborando com a pesquisa. Aos entrevistados: padre
Paulo Gasparetto, seminarista Elton Marcelo Aristides e jornalista Moisés
Sbardelotto, pela participação neste trabalho.
Minha gratidão ao professor orientador Me. Jacob Raul Hoffmann, que
conduziu a monografia com profundo zelo pelo objeto de estudo e a tornou uma
tarefa agradável e instigante. Agradeço a todos os professores que, desde o Colégio
São José até a Universidade de Caxias do Sul, transmitiram o conhecimento que
tenho atualmente.
RESUMO
Este trabalho apresenta os resultados do estudo das diretrizes e ações apontadas pela Igreja Católica visando à análise e à proposição de ações para a gestão da comunicação paroquial e institucional da Diocese de Caxias do Sul. Busca-se analisar a comunicação da Diocese por meio da Hermenêutica em Profundidade, retirando os critérios de observação da Análise Documental de documentos da Igreja sobre comunicação, principalmente do Documento 99, produção mais recente e global sobre comunicação da CNBB, e da Pesquisa Bibliográfica com referenciais teóricos sobre gestão da comunicação. Para ampliar o entendimento sobre o Documento 99, realizou-se Entrevista em Profundidade com membro do Diretório da Comunicação da CNBB. O Estudo de Caso da comunicação da Diocese de Caxias do Sul foi constituído por meio de Pesquisa Quantitativa com 62 paróquias, e de Entrevistas em Profundidade com dois agentes da comunicação diocesana. Os dados foram observados de forma quantitativa e por meio da Análise de Conteúdo. Os resultados da pesquisa mostram a necessidade de gestão da comunicação diocesana feita por profissionais, articulada com pastorais da comunicação paroquiais e conduzida por um plano de comunicação diocesano que forneça orientações às paróquias. Palavras-chave: Gestão da Comunicação. Igreja Católica Apostólica Romana. Diretrizes. Ações. Diocese de Caxias do Sul.
ABSTRACT
This paper shows the result of a study on the guidelines and actions of the Catholic Church, in order to analyze and propose actions managing the parish and institutional communication of the Roman Catholic Diocese of Caxias do Sul. We chose to analyze the communication of the Diocese through Hermeneutics in depth, removing the criteria for observation from Document Analysis of the Church’s communication documents, especially Document 99, the latest and most global production about communication of the CNBB, and from bibliographic research with theoretical references about communication management. To broaden the understanding of Document 99, an in Depth Interview was held with a member of the CNBB Communication Board. This Case Study about the communication of the Diocese of Caxias do Sul was guided through Quantitative Research with 62 parishes and in depth interviews with two communication agents of the Diocese. Data was observed in a quantitative way and through content analysis. The results show a need for management of the diocesan communication by professionals, combined with the pastorals of parishes communication and led by a diocesan communication plan to provide guidance to parishes.
Keywords: Communication management. Roman Apostolic Catholic Church. Guidelines. Actions. Diocese of Caxias do Sul.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Ilustração 1 – Matriz Wave ..................................................................................... 21
Ilustração 2 – Porcentagem de paróquias respondentes por Região Pastoral ....... 60
Ilustração 3 – Função dos respondentes ............................................................... 60
Ilustração 4 – Idade dos respondentes .................................................................. 61
Ilustração 5 – Paróquias que possuem diretrizes ................................................... 61
Ilustração 6 – Documento ou estudo que ajudou na elaboração da diretriz ........... 64
Ilustração 7 – Pastoral da Comunicação paroquial ................................................ 66
Ilustração 8 – Coordenador da comunicação paroquial ......................................... 69
Ilustração 9 – Plano de comunicação paroquial ..................................................... 70
Ilustração 10 – Orçamento para comunicação paroquial ....................................... 70
Ilustração 11 – Atuação de profissional para coordenação paroquial .................... 72
Ilustração 12 – Formação de comunicação para coordenação .............................. 73
Ilustração 13 – Formação de comunicação para agentes pastorais ...................... 74
Ilustração 14 – Materiais impressos paroquiais ...................................................... 76
Ilustração 15 – Mídias digitais que a paróquia possui ............................................ 77
Ilustração 16 – Meios de comunicação de massa que a paróquia utiliza ............... 79
Ilustração 17 – Ferramentas de comunicação interna paroquial ............................ 80
Ilustração 18 – Ferramentas de ouvidoria .............................................................. 81
Ilustração 19 – Orientação profissional em ferramentas paroquiais ....................... 82
Ilustração 20 – Importância da comunicação paroquial articulada com Diocese ... 83
Ilustração 21 – Conhecimento paroquial das ferramentas da Diocese .................. 84
Ilustração 22 – Utilização paroquial das ferramentas da Diocese .......................... 84
Ilustração 23 – Plano de comunicação diocesano ................................................. 85
Ilustração 24 – Profissionalização da coordenação diocesana .............................. 87
Ilustração 25 – Pastoral da comunicação paroquial por Região Pastoral .............. 90
Ilustração 26 – Coordenador da comunicação paroquial por Região Pastoral ....... 90
Ilustração 27 – Orçamento paroquial para comunicação por Região Pastoral ....... 91
Ilustração 28 – Informativo paroquial por Região Pastoral ..................................... 92
Ilustração 29 – Mídias sociais digitais paroquiais por Região Pastoral .................. 93
Ilustração 30 – Programas periódicos paroquiais de rádio por Região Pastoral .... 94
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Respostas sobre diretrizes de comunicação paroquiais ....................... 62
Tabela 2 – Respostas sobre capacitação de pessoas para a Pascom .................. 68
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11
2 COMUNICAÇÃO SOCIAL ................................................................................. 14
2.1 BREVE HISTÓRICO DAS TEORIAS SOBRE COMUNICAÇÃO SOCIAL ....... 14
2.2 COMUNICAÇÃO NA ERA DIGITAL ................................................................ 16
3 GESTÃO DA COMUNICAÇÃO .......................................................................... 19
3.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM COMUNICAÇÃO ............................... 19
3.2 GESTÃO PROFISSIONAL DA COMUNICAÇÃO INTEGRADA ....................... 22
3.3 FERRAMENTAS DE COMUNICAÇÃO ............................................................ 25
3.3.1 Mídias Sociais Digitais ................................................................................ 26
3.3.2 Assessoria de Imprensa ............................................................................. 27
4 COMUNICAÇÃO NA IGREJA CATÓLICA ........................................................ 29
4.1 IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA ................................................. 29
4.1.1 Conferência Nacional dos Bispos do Brasil ............................................. 30
4.1.2 Paróquias ..................................................................................................... 31
4.1.2.1 Contexto atual das paróquias no Brasil ...................................................... 32
4.1.3 Dioceses ....................................................................................................... 34
4.2 HISTÓRICO DA VISÃO DE COMUNICAÇÃO PELA IGREJA CATÓLICA ....... 35
4.2.1 Comunicação atual conforme o Vaticano ................................................. 40
4.2.2 O Diretório de Comunicação da Igreja Católica no Brasil ....................... 41
4.2.2.1 Diretrizes e ações para a comunicação em dioceses e paróquias ............. 43
5 METODOLOGIA ................................................................................................ 50
5.1 HERMENÊUTICA EM PROFUNDIDADE ......................................................... 50
5.1.1 Pesquisa Bibliográfica ................................................................................ 51
5.1.2 Análise Documental .................................................................................... 52
5.1.3 Pesquisa Quantitativa ................................................................................. 52
5.1.4 Entrevista em Profundidade ....................................................................... 54
5.1.5 Análise de Conteúdo ................................................................................... 54
5.1.6 Estudo de Caso ........................................................................................... 55
5.1.6.1 Diocese de Caxias do Sul .......................................................................... 56
5.1.6.1.1 Pastoral de Comunicação da Diocese de Caxias do Sul ......................... 57
6 ANÁLISES ......................................................................................................... 59
6.1 PERFIL DO RESPONDENTE .......................................................................... 59
6.2 DIRETRIZES E DOCUMENTOS NA COMUNICAÇÃO PAROQUIAL .............. 61
6.3 ORGANIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PAROQUIAL ....................................... 66
6.4 PERFIL DO GESTOR DA COMUNICAÇÃO PAROQUIAL .............................. 71
6.5 FORMAÇÃO ..................................................................................................... 73
6.6 FERRAMENTAS DE COMUNICAÇÃO PAROQUIAIS ..................................... 75
6.7 GESTÃO DA COMUNICAÇÃO DIOCESANA .................................................. 82
6.8 COMUNICAÇÃO POR REGIÕES PASTORAIS ............................................... 89
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 95
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 101
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO NAS PARÓQUIAS ...................... 106
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO USADO NAS ENTREVISTAS COM
COORDENADOR DA COMUNICAÇÃO DA DIOCESE DE CAXIAS DO SUL,
PAULO ROQUE GASPARETTO, E COM ASSESSOR DE IMPRENSA DA
DIOCESE, ELTON MARCELO ARISTIDES ......................................................... 110
APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO USADO NA ENTREVISTA COM MEMBRO DO
DIRETÓRIO DA COMUNICAÇÃO DA CNBB, MOISÉS SBARDELOTTO .......... 111
APÊNDICE D – TABELA COM RESPOSTAS DAS PARÓQUIAS AO
QUESTIONÁRIO, ÁUDIOS DAS ENTREVISTAS EM PROFUNDIDADE COM
ENTREVISTADOS E PROJETO MONOGRÁFICO EM CD .................................. 112
11
1 INTRODUÇÃO
A Igreja Católica Apostólica Romana, com cerca de 1.253.926.000 fiéis,
sendo a maior religião cristã do mundo conforme Gomes (2010), possui a
comunicação no centro das suas dimensões constitutivas, ou seja, na partilha da fé,
na celebração eucarística e na caridade (CNBB, Documento 99, 2014, n. 51). O uso
estratégico da comunicação social pela instituição começa a ser defendido em
documentos com o Papa Pio XI, em 1936, com a Vigilanti Cura, primeira encíclica
que não busca apenas alertar sobre os perigos dos meios de comunicação, mas
também alegar a utilização dos mesmos como uma oportunidade de levar a doutrina
católica (DARIVA, 2003).
Após diferentes visões apresentadas em documentos ao longo do tempo, o
atual entendimento de comunicação defendido pela Igreja Católica, segundo o Papa
Francisco na sua Mensagem para o 48º Dia das Comunicações (2014), é a
promoção da cultura do encontro, em que o poder da comunicação está em gerar
“proximidade”. Ele destaca que a comunicação cristã não deve ser feita com
“bombardeio de mensagens religiosas”, e sim deve promover o diálogo por meio das
ferramentas de comunicação. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
declara que uma das prioridades da Igreja é criar estratégias de comunicação para
que a ação pastoral alcance seus objetivos de forma eficiente (Documento 99, 2014,
n. 126). Para Marchiori (2008), estratégias de comunicação são ações para atingir a
adequação entre uma organização e o seu ambiente, e que, para serem definidas,
necessitam diretamente da aplicação de planejamentos e de processos de gestão.
Ao perceber a importância da gestão da comunicação para a Igreja Católica,
foi levantada a questão norteadora deste trabalho: Quais as diretrizes e ações
necessárias para a gestão da comunicação em dioceses e paróquias? Assim, parte-
se do objetivo geral de Estudar diretrizes e ações visando à análise e à proposição
de ações para a gestão da comunicação da Diocese de Caxias do Sul.
Este trabalho estudará a comunicação realizada pela paróquia, por ser o
espaço considerado a presença pública da Igreja Católica e por viver um contexto
marcado pela falta de territorialidade, pluralismo religioso, consumo da fé de forma
individual e novas ofertas de vivência católica por outras associações além da
paróquia (CNBB, Documento 100, 2014). Somado a isso, a crença religiosa perdeu
sua hegemonia no “papel elucidativo” dos fatos com o desenvolvimento científico e a
12
secularização do estado (MARTINO, 2003, p. 25). Assim, a paróquia pode utilizar a
comunicação para manter seu reconhecimento perante seus fiéis e para atingir
outros públicos, como as organizações trabalham a comunicação de forma
estratégica. Também se estuda a diocese em âmbito institucional, pois a paróquia
não pode ser vista como independente, uma vez que deve estar em comunhão com
o conjunto de paróquias confiado a um bispo, que é a diocese. Por sua vez, o
conjunto de dioceses é presidido pelo Papa (CNBB, Documento 100, 2014, n. 160).
Optou-se por analisar a comunicação da Diocese de Caxias do Sul em função
da facilidade de acesso ao objeto por parte da pesquisadora e também por ser
considerada uma amostra adequada para a aplicação do estudo. A Diocese é
composta por paróquias distribuídas em diferentes municípios com peculiaridades
regionais. Além de orientar ações eficazes para cada paróquia, a Diocese precisa
garantir uma comunicação coordenada em âmbito institucional, de forma direta por
meio de ferramentas próprias e por intermédio das paróquias. Por isso, para que a
comunicação seja feita de forma planejada e monitorada, como é orientado pelo
documento Aetatis Novae (1992), é preciso que se definam as diretrizes e ações
para a gestão da comunicação.
Como objetivo específico, se busca Conhecer as orientações da Igreja
Católica para a comunicação presentes em documentos, encíclicas, decretos e
declarações da hierarquia da Igreja, e de referenciais teóricos sobre a gestão da
comunicação. Com os critérios levantados pela Análise Documental e pela Pesquisa
Bibliográfica, almeja-se, por meio da Hermenêutica em Profundidade, cumprir o
objetivo específico de Analisar comunicação institucional e paroquial da Diocese de
Caxias do Sul, visando à gestão da comunicação.
A fim de conhecer a realidade diocesana, aplicou-se uma Pesquisa
Quantitativa com as paróquias, e os dados foram analisados principalmente a partir
do Documento 99, por ser essa a produção da CNBB mais recente referente à
comunicação, além de conter, de maneira global, o pensamento da Igreja sobre o
assunto. Para ampliar o entendimento sobre o Documento, entrevistou-se o membro
do Diretório da Comunicação da CNBB, Moisés Sbardelotto. Além dos dados
quantitativos, o Estudo de Caso da comunicação da Diocese de Caxias do Sul é
constituído por meio de Entrevista em Profundidade com os principais agentes da
comunicação diocesana e observado pela Análise de Conteúdo.
13
Para realizar a gestão da comunicação, a CNBB aposta na “comunicação que
emerge das comunidades em que as leigas e os leigos são os protagonistas”.
(Documento 99, 2014, n.9). Porém, também reitera a “necessidade da formação
profissional e da especialização teórica e prática” e que “não é suficiente a mera
competência profissional, é preciso uma adequada formação humana” para os
comunicadores da Igreja (Documento 99, 2014, n. 231). Já para assessoria de
imprensa das dioceses em âmbito institucional, a CNBB reforça que a Igreja precisa
atuar com profissionais que também podem articular a Pastoral da Comunicação e a
produção para ferramentas de comunicação (Documento 99, 2014, ns. 266 e 267).
Por isso, os outros objetivos específicos desta monografia são Perceber a
necessidade de uma gestão diocesana e paroquial de comunicação e suas
atribuições que favoreçam a comunicação entre diocese, paróquias, mídias e
público, e também Identificar o perfil do profissional de comunicação que pode atuar
na gestão da comunicação em dioceses e paróquias.
Este estudo resultou em sete capítulos. O capítulo dois busca resgatar um
breve histórico das concepções sobre comunicação social, para que se percebam os
diferentes entendimentos que podem ter influenciado a visão de comunicação da
sociedade, da Igreja ao longo do tempo, e das respostas resultantes do questionário.
Também aborda as características de comunicação fornecidas pela web. O capítulo
três trabalha os aspectos para a gestão da comunicação, como o planejamento, os
agentes, as atribuições da assessoria de comunicação social e as ferramentas de
comunicação, em que se dá destaque para as mídias sociais digitais e assessoria de
imprensa, por serem bastante abordadas pela CNBB no Documento 99.
O capítulo quatro contextualiza a comunicação para a Igreja Católica,
iniciando com os conceitos sobre a organicidade da Igreja, chegando às paróquias,
dioceses e os seus atuais contextos a partir do Documento 100, produção mais
global e recente da CNBB sobre paróquia. Esse capítulo apresenta brevemente os
documentos da Igreja Católica sobre comunicação, a fim de resgatar historicamente
a visão da instituição, e também aborda as diretrizes e ações para gestão da
comunicação presentes no Documento 99. O capítulo cinco mostra a metodologia
utilizada para o desenvolvimento da pesquisa. No capítulo seis é realizada a análise
dos dados provenientes dos questionários aplicados nas paróquias e das Entrevistas
em Profundidade para o cumprimento dos objetivos. O capítulo sete traz as
considerações finais sobre os resultados obtidos na pesquisa.
14
2 COMUNICAÇÃO SOCIAL
Neste capítulo, busca-se resgatar um breve histórico das concepções sobre
comunicação social, embasado principalmente por Puntel (2005), para que se
percebam os diferentes entendimentos de teóricos que podem ter influenciado a
visão sobre comunicação da sociedade, da Igreja Católica ao longo do tempo, e das
respostas resultantes do questionário aplicado nas paróquias. Também se
apresentam as noções de Marchiori (2008) e de Rodrigues (1997) sobre
comunicação, bem como as características da comunicação na web a partir dos
autores Aparici (2012) e Spadaro (2012).
2.1 BREVE HISTÓRICO DAS TEORIAS SOBRE COMUNICAÇÃO SOCIAL
O ser humano precisa da comunicação para se relacionar. “As pessoas, ao se
expressar, estão necessariamente trocando informações, que, entendidas e
percebidas, fazem com que a comunicação se estabeleça” (MARCHIORI, 2008, p.
147). A autora explica a comunicação como um meio de transmitir significados, para
que ocorra compreensão mútua e confiança entre os agentes do processo. Já
Rodrigues (1997, p. 67) diz que a comunicação pode ser entendida tanto como os
processos “de transacção [sic] entre os indivíduos como a interacção [sic] dos
indivíduos com a natureza, dos indivíduos com as instituições sociais e ainda o
relacionamento que cada indivíduo estabelece consigo próprio”.
Para o autor, os processos comunicacionais não abrangem somente
informações e mensagens emitidas, mas também a falta delas, ou seja, silêncios,
omissões, ausências, ou formas não verbais de comunicar algo, como
comportamentos, olhares e gestos. Logo, tudo o que um sujeito ou instituição faz ou
não faz comunica algo a seu público. Porém, Rodrigues (1997, p.71) reforça que “só
existe processo comunicacional se cada um dos protagonistas vir a sua experiência
individual transformada pelo confronto com a experiência do outro interlocutor”.
A origem da comunicação de massa em si, ou seja, a veiculação de uma
mensagem para um grande grupo, remonta antes da invenção do telégrafo, ao final
do século XV, com o uso da prensa tipográfica de Gutenberg por instituições para
produzir múltiplas cópias de manuscritos e textos (THOMPSON, 2001 apud
PUNTEL, 2005, p.40). No entanto, segundo a autora, é apenas no século XX que a
15
comunicação social passa a ser um tópico presente no debate intelectual, com o
termo “meios de comunicação de massa”, que começa a ser mais utilizado na
década de 1920. Conforme Rodrigues (1997), a expressão mass media designa o
conjunto dos meios de comunicação social (imprensa escrita, radiodifusão sonora,
televisiva, publicidade e cinema).
A comunicação de massa foi vista como “dispersão de símbolos persuasivos
com a finalidade de controlar a opinião pública. Teóricos como Lippmann, Bernays e
Lasswell, apresentaram uma narrativa histórica sobre a importância da
‘comunicação’ e da ‘propaganda’ na sociedade moderna” (PUNTEL, 2005, p. 28,
grifo da autora). Laswell defendeu com a Teoria Hipodérmica que os meios de
comunicação podem manipular o público, e em seguida, alegou com outros teóricos
que a comunicação de massa pode ser geradora do efeito desejado no emissor se a
mensagem for adequada às características do grupo que se quer persuadir. Nessa
perspectiva, Lasswell e outros autores focaram seus estudos na função que os
meios de comunicação exercem na sociedade, concebendo uma visão funcionalista
à comunicação.
Conforme Puntel (2005), outras teorias que ajudaram na concepção sobre
comunicação também incluíram os estudos de Paul Lazarsfeld, a partir da década
de 1930, conhecidos como a Teoria de Efeitos Limitados, que defende que os
efeitos da comunicação de massa podem ter sua eficácia alterada a partir de fatores
como o ambiente, o próprio público e a presença de agentes mediadores que
ajudam a dar significado à informação, alterando ou não o sentido da mensagem.
Puntel (2005) afirma que o discurso dominante sobre comunicação de massa
na década de 1940 foi relacionado à Teoria da Matemática da Comunicação, de
Claude Shannon, em que a comunicação é vista como um sistema do processo
comunicativo a partir de uma noção técnica. Na mesma perspectiva, há a Teoria da
Informação, com participação dos autores Samuel Morse, Marshall Mcluhan,
Buckminster Fuller e Alvin Tofler, que acreditavam que os meios podiam melhorar as
imperfeições da comunicação humana.
Outra importante teoria sobre a comunicação é a Teoria Crítica, elaborada por
pensadores da Escola de Frankfurt, que concebem um “corpo sistemático de teoria
crítica e social, grande parte preocupado com a comunicação e sua distorção na
cultura de massa” (PUNTEL, 2005, p. 32).
16
Na linha de comunicação como produção de cultura, Puntel (2005) destaca a
Escola de Birmingham, com os pesquisadores ingleses Raymond Williams, E. P.
Thompson e Richard Hoggart, a partir do final da década de 1950. Segundo a
autora, nesta fase a mídia deixa de ser vista como transporte de informação e passa
a ser entendida como produção de conteúdo que revela os significados da cultura
que se produz. Os meios de comunicação social são concebidos como agentes
centrais na produção de cultura.
Puntel (2005) apresenta que os teóricos culturais franceses, como Pierre
Bordieu, Foucault, De Certeau e Baudrillard, também influenciaram na concepção
sobre comunicação social, com uma visão estruturalista da comunicação.
Na década de 1970, as pesquisas passaram da ênfase dos efeitos da mídia
para o foco na maneira pela qual os públicos recebem e constroem significados,
com a Teoria do Uso e Gratificações, e, em seguida, com a Teoria da Recepção. A
mídia deixa de ser onipotente, e o público é visto como atuante. A Teoria da
Recepção tem a premissa de que
o uso e os efeitos da mídia devem ser estudados em termos das construções subjetivas do significado atribuído à mídia ou dos significados gerados em resposta a ela. A metodologia de pesquisa típica, trabalhando no sentido das teorias interpretativas da recepção, é uma forma de ‘etnografia do público’ que exige do pesquisador a reconstrução do significado da mídia segundo a perspectiva do sujeito. (PUNTEL, 2005, p. 55, grifo da autora).
A Igreja Católica possui uma visão própria da comunicação social que pode
ser vista no capítulo quatro, mas a trajetória para chegar a essa visão pode ter tido
influência das teorias citadas, já que colaboraram com a concepção da sociedade
sobre comunicação ao longo das décadas.
2.2 COMUNICAÇÃO NA ERA DIGITAL
A relação dos meios de comunicação convencionais é de um emissor que
emite a muitos públicos. Na internet, a relação comunicativa é de todos com todos, e
pode-se estabelecer diversos processos de comunicação com diferentes públicos
(APARICI, 2012). Conforme o autor, na web há um novo modelo de comunicação
em que todos os sujeitos possuem a mesma função: os emissores são receptores e
os receptores são emissores, conhecido como modelo emerec (do francês
17
émetteur/receptor), do autor Jean Cloutier. Assim, o significado de comunicação
passa a ser interação, em uma relação horizontal. Todas as pessoas passam a ser
produtores de mensagens, e, ainda, podem informar com um meio de comunicação.
Para Puntel (2005), a web permite uma pluralidade e interatividade muito
maiores, chegando a questionar a potência da comunicação de massa, pois a
comunicação na web tem a possibilidade de comunicar com mais eficácia do que os
veículos convencionais, visto que também permite a personalização da mensagem.
“As redes possuem uma expansão ilimitada, integrando novos nós enquanto forem
capazes de se comunicar dentro da rede, isto é, enquanto partilharem os mesmos
códigos de comunicação” (CASTELSS, 2001 apud PUNTEL, 2005, p. 77).
Spadaro (2012) apresenta que a internet também é um novo contexto social e
que a web faz compreender os relacionamentos entre as pessoas e a troca de
conteúdos como centro do sistema.
A rede não é um simples instrumento de comunicação que se pode ou não usar, mas evoluiu num espaço, um ambiente cultural que determina um estilo de pensamento e cria novos territórios e novas formas de educação, contribuindo para definir também um novo modo de estimular as inteligências e de estreitar os relacionamentos; efetivamente é um modo de habitar o mundo e de organizá-lo. (SPADARO, 2012, p. 17).
Esse novo espaço que é a internet possui propriedades de atualização
contínua, da hipertextualidade, da interatividade, da multimidialidade, da
personalização e da memória (PALACIOS, 2003 apud BARBOSA, 2013, p. 39).
Assim, os recursos para tornar o material mais interativo, logo, fornecendo sensação
de hiper-realismo, estão cada vez mais comuns e acessíveis à produção de
conteúdo na internet. Esses mecanismos já marcam presença na web, sejam por
meio de games, redes sociais, aplicativos, infográficos, materiais multimídias, etc. O
público pode viver sensações e experiências de hiper-realidade, como o conceito
desenvolvido por McLuhan, em que os meios tecnológicos eram a extensão do
nosso corpo:
A lógica das sensações sempre esteve incorporada ao fazer jornalístico. Conforme nos lembra McLuhan (1964), os meios não são mais apenas objetos: são prolongamentos do nosso corpo, são membros hiper-sensíveis que nos habilitam a sentir o mundo com mais intensidade, mais sensação. Nessa perspectiva, a lógica da sensação é pura potência, é ritmo, é vibração que se apropria da visão. (AGUIAR; SCHAUN, 2010 apud BARSOTTI; AGUIAR, 2013, p. 308).
18
Somados às propriedades da internet, os dispositivos móveis também estão
revolucionando a comunicação na era digital, uma vez que estão sempre acessíveis
ao usuário. A web associa a sua mobilidade aos aplicativos, aos softwares e
hardwares que permitem a personalização de conteúdo, pois com a transmissão de
dados o dispositivo tem acesso à localização, a grupos de interesse, entre outras
informações. Com um conteúdo personalizado, a mensagem possui mais eficácia
perante o usuário (AGUADO, 2013).
Spadaro (2012) entende que a web e os dispositivos móveis mudaram a
forma de se relacionar e de se comunicar do homem moderno. Assim, a internet é
entendida como uma realidade em que o cristianismo deve se inserir, não somente
para difundir sua mensagem, mas para estar presente aonde o homem se
desenvolve, como algo natural da Igreja, pois em toda a sua história a instituição
tenta acompanhá-lo. “A rede não é um novo meio de evangelização, mas antes de
tudo um contexto no qual a fé é chamada a se exprimir não por uma mera vontade
de presença, mas por uma conaturalidade do cristianismo com a vida dos homens”
(SPADARO, 2012, p. 25).
19
3 GESTÃO DA COMUNICAÇÃO
Este capítulo aborda os aspectos sobre o uso da comunicação por
organizações, os quais envolvem planejamento estratégico, gestão, agentes e
ferramentas. O embasamento teórico é feito a partir dos autores Marchiori (2008),
Baldissera (2008), Kunsch (2003), Cunha (2010) e Goldschmidt (2010). As
atribuições da gestão da comunicação têm como referencial teórico os autores
Neves (2000), Kopplin e Ferrareto (2001). As ferramentas de comunicação, em que
se dá destaque para as mídias digitais e assessoria de imprensa, por serem
bastante abordadas pela CNBB no Documento 99, são embasadas teoricamente por
Fonseca (2010), Rocha (2010), Sbardelotto (2011), Spadaro (2012), Eid e Viveiros
(2007) e Garcia (2004).
3.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM COMUNICAÇÃO
A comunicação tornou-se uma ferramenta essencial para a gestão de
organizações, em função da sua característica que busca manter um relacionamento
com os públicos da instituição por meio do monitoramento de informações e
construção de diálogo (MARCHIORI, 2008). Conforme conceitua Baldissera (2008,
p. 42), “comunicação organizacional é o processo de construção e disputa de
sentidos no âmbito das relações organizacionais”, ou seja, a comunicação na
organização envolve todas as trocas de mensagens com seus públicos.
Segundo Marchiori (2008), a comunicação organizacional envolve
planejamentos e processos de gestão para definir as estratégias, que são ações
para atingir a adequação entre uma empresa e o seu ambiente. Kunsch (2003)
destaca que o planejamento não se restringe apenas ao que executar, de que forma
e com que recursos, e sim é um processo que exige conhecimentos, análises de
contexto e aplicativos instrumentais técnicos. “Visa buscar as melhores formas para
gerenciar as ações das organizações, tendo por base as demandas sociais e
competitivas, as ameaças e as oportunidades do ambiente, para que a tomada de
decisões no presente traga os resultados mais eficazes possíveis no futuro”
(KUNSCH, 2003, p. 214).
Com o objetivo de melhor se relacionar com os públicos de interesse, o
planejamento estratégico de comunicação deve ser pensado para engajar os
20
stakeholders, os chamados “públicos de interesse, grupos ou indivíduos que afetam
e são significativamente afetados pelas atividades da organização” (ROCHA, 2010,
p. 6). Engajar é diferente de se relacionar:
Dessa forma, percebe-se a necessidade de engajar diversos stakeholders, considerando-os no processo decisório, de comunicação e de gestão da empresa. Apesar de muitas vezes serem tratados como sinônimos, engajamento e relacionamento são coisas diferentes. O relacionamento da empresa com seus públicos pode ser caracterizado por qualquer contato, muitas vezes limitando-se àqueles relacionados ao processo de compra e venda. Quando esse relacionamento é bom e os públicos de interesse não têm queixas da empresa, tende-se acreditar que houve engajamento, mas segundo o Manual de Engajamento dos stakeholders, o engajamento é “o processo de buscar pontos de vista dos stakeholders sobre seu relacionamento com uma organização” ou “o esforço de uma organização para entender e envolver seus stakeholders e seus interesses no andamento de suas atividades e processos de decisão”. (GOLDSCHMIDT, 2010, p.29).
Para engajar, Goldschmidt (2010) aponta três fases: consultar, para obter
informações dos públicos de interesse, sobre eles e sobre a empresa; envolver, que
significa entender e considerar as opiniões dos públicos nos processos de decisões;
e empoderar e colaborar, estabelecendo uma parceria que visa ao desenvolvimento
mútuo.
Segundo Cunha (2010), além de conhecer quem são os públicos de interesse
da organização, é necessário promover um amplo estudo de seus comportamentos,
para que sejam considerados no planejamento estratégico. O estudo deverá conter
aspectos elementares da relação público-marca, como perfil demográfico (sexo,
classe socioeconômica, idade e aspectos geográficos). Porém, o autor ressalta que
a maior atenção da pesquisa deverá ser sobre o perfil psicográfico, “que inclui
hábitos, atitudes, expectativas, estilo de vida, projeções, associações, dentre os
inúmeros fatores comportamentais que direta ou indiretamente influenciarão a
decisão do público em questão” (CUNHA, 2010, p. 232).
A pesquisa serve como primeira etapa para desenvolver o planejamento
estratégico, composto pelas seguintes fases: identificar a realidade situacional;
levantar dados; análise de dados e construção de um diagnóstico; identificar os
públicos envolvidos; determinar objetivos e metas; adotar estratégias; prever formas
alternativas de ação; estabelecer ações necessárias; definir recursos a serem
aplicados; fixar técnicas de controle; implantar o planejamento e avaliar os
resultados (KUNSCH, 2003).
21
Para a arquitetura do plano de comunicação a partir dos stakeholders, Cunha
(2010) sugere a Matriz Wave, que objetiva visualizar as diferentes ações de
comunicação para cada público. O termo Wave sugere ondas de ações que
privilegiam a importância de cada stakeholder. A matriz pode ser visualizada na
Ilustração 1 e a explicação por Cunha de seu sistema em seguida:
Ilustração 1 – Matriz Wave
Fonte: Cunha (2010).
O conceito estratégico, no topo, é exatamente aquele indicado na estratégia de comunicação, na etapa do planejamento estratégico. [...] Umbrella indica a ação ou as ações que serão capazes de suportar o plano como um todo, na tarefa de disseminar o conceito estratégico, legitimando e dando sentido para as demais ações do plano. [...] Não se faz necessário na matriz descrever minúcias das ações, bastando dizer o que vai ser realizado. E preferencialmente, explicando como isso faz sentido a partir do conceito estratégico indicado no alto. (CUNHA, 2010, p. 244).
Como a Igreja Católica possui diversos públicos, a matriz foi considerada
adequada para a utilização no planejamento de comunicação paroquial e diocesano,
de modo que se planejam as estratégias a partir de cada segmento. A Igreja
Católica, a partir do Concílio Vaticano II, também aponta a necessidade de um maior
envolvimento dos leigos e agentes pastorais nos processos de decisão da
22
instituição, como pode ser observado no capítulo quatro desta monografia, o que a
matriz pode ajudar a fornecer.
3.2 GESTÃO PROFISSIONAL DA COMUNICAÇÃO INTEGRADA
Para o desenvolvimento do planejamento estratégico e operacionalização do
plano de ações, Marchiori (2008) defende que é necessário um grupo de gestão
estratégica, que será responsável por “desenvolver e implementar a capacidade de
fazer que o cotidiano da empresa realize especificamente as ações estratégicas
escolhidas” (COSTA, 2007 apud MARCHIORI, 2008, p. 163).
Cunha (2010) aponta que essa equipe deve ser formada pelos gestores da
organização, que geralmente possuem a visão do todo da empresa, como diretores,
os gestores do projeto, e pelos prestadores de serviço especializados, que
recomendarão e executarão as ações de cada etapa do plano. O autor explica que,
por muito tempo nas empresas, o grupo era as agências de propaganda e,
atualmente, essa tarefa aparece mais presente nas áreas de marketing e de
comunicação das empresas. É importante destacar que Cunha (2010) enfatiza a
participação de prestadores de serviços especializados na comunicação, assim
como aponta Neves (2000):
Comunicação é coisa muito mais complexa do que parece. É uma especialidade do conhecimento humano e, como tal, tem seus segredos, técnicas, macetes. Definitivamente, não é assunto para curiosos, amadores e comunicadores de fins de semana. Em comunicação, o empowerment, isto é, a delegação sem limites, é um risco de primeira grandeza para as empresas. Muitas crises empresariais com a opinião pública nasceram de iniciativas bem intencionadas tocadas por quem não era do ramo. Comunicação exige inteligência, reflexão, estudos de casos, processos, disciplina, bom senso, velocidade, trabalho em grupo. É ciência e técnica. (NEVES, 2000, p. 30).
Sobre a comunicação da empresa em situações de crises de imagem, a
atuação de um profissional é mais essencial ainda, porque “qualquer fato que lese a
imagem institucional tem maior gravidade do que no passado e, por isso, o
gerenciamento de crises ganhou novo significado” (EID; VIVEIROS, 2007, p.52).
A fim de planejar a operacionalização da comunicação empresarial, existem
dois modelos de comunicação, a clássica e a integrada. Segundo Neves (2000), a
empresarial clássica se segmenta em três frentes: a comunicação de marketing,
23
para falar com clientes e consumidores; a comunicação institucional, para cuidar
basicamente da instituição; e a comunicação interna, voltada para o público interno.
Cada uma comunica sua mensagem, da sua maneira, o que pode gerar falta de
comunicação entre os segmentos e perda de sinergia.
Já a comunicação integrada entende-se pelo direcionamento da comunicação
aos públicos de forma convergente e sinérgica (KUNSCH, 2003). Para isso, Neves
propõe um colegiado interfuncional comunicando integrados:
Para ser eficaz, a comunicação empresarial deve ser gerida por um colegiado interfuncional. Esse é o melhor processo para unificar e integrar a comunicação, diminuir o desgaste interno, somar habilidades e conhecimentos, aproveitar visões diferenciadas, economizar recursos, evitar dissonâncias, produzir conflitos positivos, criar uma cultura interna, e, por fim, assegurar a proteção à imagem empresarial. As funções de marketing, de advocacia, de relações públicas, de recursos humanos, de relações com a imprensa, relações com o governo, agências de propaganda, enfim, todas aquelas que fazem um tipo de comunicação com públicos devem trabalhar em equipe, debaixo do mesmo sistema gerencial. (NEVES, 2000, p. 70).
Conforme Neves (2000), esse colegiado de comunicação deve ser envolvido
no processo de formação das principais decisões da empresa e pode atuar do
seguinte modo: reuniões operacionais periódicas em que se discute a situação dos
negócios da empresa, os issues1, e a avaliação dos projetos de comunicação, com
resultados dos objetivos traçados; reuniões estratégicas, com menor frequência, em
que se rediscute o planejamento, adequando-o a novos cenários e criando novas
metas; e em reuniões extraordinárias, no surgimento de novos issues.
Ainda segundo Neves (2000), colegiado deve desenvolver o Planejamento
Estratégico de comunicação da Imagem (ações e programas de comunicação e
unificação do discurso), a Comunicação Simbólica (imagem da empresa perante os
públicos), os issues management e o Sistema de Objetivos (estabelecer objetivos,
analisar feedbacks e medir avanços). Os elementos da Comunicação Simbólica que
o colegiado deve observar são: histórico da empresa (história, valores, políticas,
comportamento ético), produtos e serviços, perfil dos seus clientes, comportamento
dos seus dirigentes, atitude dos empregados, a publicidade, parcerias, programação
visual, relacionamento com públicos, eventos, posicionamentos nas questões
públicas e nas crises e qualidade em geral.
1 Conforme J. K. Brown, Issue é uma condição ou pressão interna ou externa à organização, que, se
continuada, poderá afetar o funcionamento da organização ou seus interesses futuros. Issue Management é o gerenciamento de questões. (NEVES, 2000, p. 51).
24
Atualmente, o colegiado de muitas empresas possui participação da
Assessoria de Comunicação Social (ACS), que é entendida como a coordenação e
operacionalização das ações de comunicação de um assessorado com seus
públicos, por meio das áreas de jornalismo (assessoria de imprensa e jornalismo
empresarial), relações públicas e publicidade propaganda (KOPPLIN;
FERRARETTO, 2001). Conforme os autores, é possível que cada uma dessas três
áreas atue isoladamente, porém defendem que “somente com sua aplicação
conjunta e integrada uma instituição poderá sentir resultados mais abrangentes e
eficazes” (2001, p. 11). Ainda apontam que cada uma das três áreas de uma ACS
possui especialidades e características diferentes, as quais devem ser esclarecidas
para que não haja desrespeito à legislação e ao código de ética dos profissionais,
evitando conflitos de competências.
O jornalista atuando na assessoria de imprensa e no jornalismo empresarial
compreende “o serviço de administração das informações jornalísticas e do seu fluxo
das fontes para os veículos de comunicação e vice-versa, quanto à edição de
boletins, jornais ou revistas” (KOPPLIN; FERRARETO, 2001, p. 12). Conforme os
autores, além do relacionamento com os veículos, são atividades do jornalista: o
controle e arquivo de informações sobre o assessorado; organização e constante
atualização de um mailing-list, que é a relação de contatos dos veículos de
comunicação; edição dos periódicos; elaboração de outros produtos jornalísticos,
como fotografias, vídeos, programas de rádio ou de televisão; e participação na
definição de estratégias de comunicação.
Sobre relações públicas (RP), a Associação Brasileira de Relações Públicas
define as atividades desta área como “um esforço deliberado, planificado, coeso e
contínuo da alta administração para estabelecer e manter uma compreensão mútua
entre uma organização pública ou privada e todos os grupos aos quais está ligada
direta ou indiretamente” (PERUZZO, 1986 apud KOPPLIN; FERRARETTO, 2001, p.
14). Ou seja, a área de RP deverá se envolver com a criação, planejamento e
execução de programas de comunicação interna e externa, participando da definição
de estratégias globais. Para os autores, são dos RPs também a responsabilidade de
realizar pesquisas para diagnosticar opiniões e comportamentos dos públicos;
manter cadastros dos grupos de interesse da instituição, e de referências históricas
do assessorado.
25
O profissional de publicidade e propaganda deve participar da definição das
estratégias de comunicação e “criar e executar peças publicitárias e de propaganda
[...]; planejar, coordenar e administrar a publicidade, propaganda, publicidade legal,
campanhas promocionais e estudos mercadológicos” (KOPPLIN; FERRARETTO,
2001, p. 15).
3.3 FERRAMENTAS DE COMUNICAÇÃO
Para planejar ferramentas de comunicação, é importante considerar cada
público. Segundo Fonseca (2010), a comunicação ao público interno é estratégica,
pois permite o fluxo de informações operacionais para o bom funcionamento da
organização. Além disso, também é responsável por:
[...] disseminar e enfatizar entre o público interno os aspectos relacionados à missão, visão, valores e filosofia da empresa que serão determinantes para a sua forma de atuação no mercado. [...]. Outro aspecto relevante é reduzir o ruído da comunicação gerado por rumores negativos ou boatos internos, esclarecendo eventuais incertezas a fim de criar um ambiente de trabalho favorável e em que os colaboradores se sintam bem informados e de, uma forma geral, assistidos pela empresa. (FONSECA, 2010, p. 88).
Conforme Fonseca (2010), as ações importantes para um plano de
comunicação ao público interno são: criar departamento para condução do
programa; criação de cenário favorável para a comunicação; seleção de ferramentas
de comunicação, como as informacionais, como publicações, newsletter, meios de
comunicação internos, como TV e rádio, intranet, vídeos, relatórios, mural ou quadro
de avisos; e as relacionais e híbridas, como urna de sugestões, conferências e
seminários internos, treinamentos, e-mails, campanhas motivacionais, integração
dos funcionários, festas e torneios esportivos. Ou seja, de acordo com Eid e Viveiros
(2007), as mídias voltadas para o público interno têm o objetivo de estabelecer a
cultura organizacional, de modo coeso e sinérgico entre todos os membros de uma
empresa.
Já as mídias voltadas ao público externo, ainda segundo Eid e Viveiros
(2007), devem levar a fornecedores e clientes informações sobre uma organização
que não seriam encontradas em outros canais de comunicação. Conforme Rocha
(2010), os principais meios usados são os meios eletrônicos (sites, e-mails) e a
mídia impressa (encartes em jornais, revistas, flyers). De acordo com Goldschimidt
26
(2010), as ferramentas de engajamento são de natureza one-way (da organização
para o stakeholder), que, além das citadas, incluem relatórios, balanços, newsletters,
boletins, publicações, folhetos e têm o objetivo de gerar interesse sobre a empresa.
Existem também as ferramentas em que a empresa busca ouvir o stakeholder, como
painéis, focus groups (grupos focais), centrais de atendimento ao público e
consumidores, pesquisas de clima, pesquisa de percepção e outros questionários de
autopreenchimento (seja em papel ou via internet). Para Goldschimidt (2010), além
de dar transparência às informações, é necessário estimular no público a cultura de
interesse pelo conteúdo, a partir do acesso aos dados publicados nas ferramentas.
3.3.1 Mídias sociais digitais
Rocha (2010) destaca a importância das empresas utilizarem as novas
formas de comunicação com os consumidores, como internet, blogs e Twitter. A
autora aponta que a web é mais usada pelas organizações como uma comunicação
de marca do que de vendas ou de relacionamento. Por isso, reforça que a estética e
o design de sites devem fornecer a sensação e a atmosfera do produto ou do
serviço aos públicos, devendo ser planejados por profissionais. Já os blogs podem
ser pensados como ambientes de socialização virtual, em um espaço que o usuário
pode se expressar sobre determinado assunto.
Para as plataformas on-line de gerenciamento de conteúdo, utiliza-se o termo
“mídias sociais digitais”, que não é sinônimo de redes sociais.
Entende-se por mídias sociais digitais as plataformas digitais de geração e compartilhamento de conteúdo e que, potencialmente, permitem a interação entre indivíduos. Já as redes sociais são os grupos de relacionamento que emergem a partir do uso e interações nessas plataformas. Assim, por exemplo, o Facebook é uma mídia social digital que abriga inúmeras redes sociais. (RUBLESCKI; BARICHELLO; DUTRA, 2013, p.23).
Para Aparici (2012, p.18), as plataformas Facebook, MySpace, Twitter, entre
outros, podem ser usadas tanto por pessoas, como instituições, empresas e figuras
públicas, pois os meios permitem diferentes níveis de relações, visto que “enquanto
para uns é uma maneira de socializar-se e sentir-se acompanhados, para outros,
além disso, uma forma de construção social nova que permite interações e
27
conexões de diferentes naturezas”. Segundo o autor, a plataforma Facebook,
fundada por Mark Zucherberg, registrava em 2010 mais de 500 milhões de usuários.
Rocha (2010) sugere para utilização das empresas o Twitter, serviço de
publicação de mensagens curtas, pois ele permite o acompanhamento do que está
sendo realizado em tempo real com um conteúdo objetivo. Spadaro (2012) cita
Twitter e o Facebook e outras mídias sociais digitais como o espaço em que o
relacionamento entre as pessoas é o centro do sistema e da troca de conteúdos. O
autor alerta que as redes sociais podem ser uma contribuição potencial para as
relações, mas também uma ameaça, pois a relação mediada é incompleta. Por isso,
a solução para a Igreja Católica é buscar a harmonização e a integração entre o on-
line e o off-line.
Assim, nas mídias sociais digitais, os produtores de conteúdo católico podem
fornecer informações sobre a religião aos públicos, como também podem contribuir
para que eles aumentem sua vivência de fé e fortaleçam seu laço. “Nesses
ambientes (virtuais), além de informações sobre a religião, também se promove e se
incentiva a relação e o vínculo do fiel com seu Deus: o fiel também pratica a sua fé
no âmbito digital on-line” (SBARDELOTTO, 2011, p.7, grifo do autor).
3.3.2 Assessoria de imprensa
Outra ferramenta importante para o planejamento estratégico é o
relacionamento da organização com a imprensa. A relação pode ocorrer por meio de
uma assessoria de imprensa, que deve funcionar como uma agência de notícias,
percebendo a empresa para qual trabalha como uma geradora de informações e
munindo os veículos de comunicação com dados interessantes à população sobre a
instituição (EID; VIVEIROS, 2007).
De acordo com Garcia (2004), o relacionamento com a imprensa passou por
diferentes estágios ao longo do século XX. Na década de 1960, a relação com a
imprensa era constituída na base de parceria comercial. Já na década 1970, o
mercado teve uma posição mais intimista em virtude da repressão. Em meados de
1980, as instituições passaram a investir em áreas de comunicação, contratando
profissionais para manter contato com a imprensa e desde a década de 1990 a
imprensa é vista como aliada, de um modo que possa auxiliar na comunicação da
empresa com seu público e ao mesmo tempo conferir credibilidade à organização.
28
Assim, torna-se uma estratégia de comunicação manter um relacionamento
constante e transparente com a mídia, por meio de releases (notícias da empresa
enviadas aos meios de comunicação), press kit (kit com materiais sobre a instituição
destinado à imprensa), media training (treinamento ao assessorado para dar
entrevistas) e coletivas de imprensa, pois, conforme David Ogilvy citado por Garcia
(2004), a matéria jornalística sobre a organização possui seis vezes mais
credibilidade que um anúncio. A autora defende que as organizações deixaram de
ser grupos poderosos com informações escondidas e que devem ser investigadas,
para serem fornecedores de informação, e esse novo comportamento se deve a
crescente preocupação do público em estar mais comprometido com a informação.
As dioceses e paróquias, por serem instituições comunitárias, precisam
constantemente esclarecer suas ações de investimentos e de planejamento. Elas
precisam de um reconhecimento externo, conforme apresenta Martino:
A instituição, finalmente, necessita reconhecimento social de sua existência e de suas atividades. O grau de legitimidade de uma instituição, num determinado universo social, depende do grau desse reconhecimento. A legitimidade institucional depende não só do reconhecimento interno, dos membros da instituição, como também daqueles que a ela não pertencem. A legitimação dá razão de ser à ordem institucional, justifica suas regras e faz crer na pertinência de sua hierarquia interna. (MARTINO, 2003, p. 23).
Os jornalistas, de acordo com Garcia (2004), são multiplicadores de opinião e
não detratores, e essa legitimação externa por parte da imprensa pode ajudar a
Igreja Católica a manter seu reconhecimento.
29
4 COMUNICAÇÃO NA IGREJA CATÓLICA
Neste capítulo, busca-se contextualizar a comunicação para a Igreja Católica,
iniciando com os conceitos sobre a organização e a hierarquia da Igreja, a partir do
Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CNBB, 2005), do YOUCAT
(VATICANO, 2011), dos sites da Rádio Vaticana e da CNBB (2015). Para conceituar
paróquias e dioceses e o seu atual contexto, utiliza-se principalmente o Documento
100 (CNBB, 2014), pois é a produção mais global e recente da Conferência sobre
paróquia. Aborda-se brevemente os documentos da Igreja Católica sobre
comunicação, para resgatar historicamente a visão da instituição sobre o assunto, a
partir dos autores Puntel (2010), Gomes (2010), Zolin (2010), Soares (1988), Dariva
(2003) e Melo (2005). Apresenta-se o entendimento sobre comunicação a partir das
mensagens do Papa Francisco (2014, 2015) e as diretrizes e ações para a gestão
da comunicação presentes no Documento 99 (CNBB, 2014), com breve explicação
do membro do Diretório de Comunicação da CNBB, Moisés Sbardelotto (2014),
retirada de Entrevista em Profundidade.
4.1 IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA
A palavra Igreja provém do termo ekklésia, vindo do grego ekkalléin, que
significa “convocado”, conforme o catecismo jovem da Igreja Católica, o YOUCAT.
“Todos que somos batizados e cremos em Deus, somos convocados pelo Senhor.
Por isso, juntos somos a Igreja. [...] A missão da Igreja é permitir que, em todos os
povos, brote e cresça a fé que Jesus já inaugurou” (VATICANO, YOUCAT, 2011, n.
121 e n. 123).
A palavra Católica, do grego katholikós, significa estar “referido ao todo”. ‘“A
Igreja é Católica porque Cristo a chamou a confessar toda a fé, a guardar e celebrar
todos os sacramentos, a anunciar a boa-nova na sua totalidade”, e, é apostólica
“porque é fundada pelos Apóstolos, baseia-se na sua tradição e é guiada pelos seus
sucessores” (VATICANO, YOUCAT, 2011, n. 133 e n. 137).
É Romana porque:
A comunidade de Roma foi considerada desde o princípio, como a Igreja suprema, a mais antiga e conhecida, fundada e organizada por Pedro e Paulo. [...] Mercê da sua especial primazia, teve de estar em consonância
30
com esta Igreja cada uma das Igrejas, isto é, os crentes de todo o mundo, porque nela fora sempre guardada a Tradição dos Apóstolos. O fato de ambos os Apóstolos terem sofrido o martírio em Roma deu à comunidade romana um peso suplementar. (VATICANO, YOUCAT, 2011, p. 89).
A Igreja Católica tem cerca de dois mil anos de existência e está presente na
maior parte dos países do mundo, por meio das paróquias. Conforme Gomes, a
Igreja Católica:
Possui mais de 1,1 bilhão de fiéis, o que a torna a maior religião cristã do mundo. Seus aspectos peculiares são a aceitação da autoridade do Papa, o bispo de Roma, e a comunhão com ele. Os fiéis submetem-se à sua autoridade em matéria de “fé” e “moral”, e à sua afirmação de “total, supremo e universal poder sobre toda a Igreja”. (GOMES, 2010, p. 111, grifo do autor).
Conforme pesquisa divulgada pelo Site da Rádio Vaticana (2015), retirada do
último Anuário Estatístico da Igreja Católica, o número de católicos na data de 31 de
dezembro de 2013 era cerca de 1.253.926.000, com um aumento de 25.305.000 em
relação ao ano precedente. O aumento foi maior na África e América, seguido pela
Ásia, Europa e na Oceania houve uma leve diminuição. O percentual total de
católicos aumentou em 0,19%, chegando a 17,68% o que representa a importante
presença da Igreja Católica na sociedade atual.
Segundo o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CNBB, 2005, n.179),
a Igreja precisa da hierarquia eclesiástica para “apascentar” o povo de Deus e, para
isso, o próprio Jesus Cristo conferiu aos bispos, presbíteros e diáconos a autoridade:
“Os bispos e presbíteros agem, no exercício de seu ministério, em nome e na
pessoa de Cristo Cabeça”. Ainda segundo o Compêndio, o Papa, chefe do colégio
dos bispos, tem poder “pleno, supremo, imediato e universal”, é o “perpétuo e visível
princípio e fundamento da unidade da Igreja” (CNBB, 2005, n. 182). O pontífice da
Igreja Católica atual, desde 2013, é o Papa Francisco, também conhecido por Jorge
Bergoglio, nome antes de ser sagrado Papa.
4.1.1 Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) foi fundada em 14 de
outubro de 1952 e é a instituição permanente que congrega os Bispos da Igreja
católica no País. Conforme o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CNBB,
31
2005, n. 183), “o colégio de bispos, em comunhão com o papa e jamais sem ele,
exerce também sobre a Igreja o supremo e pleno poder”. No mundo, existem 5.173
bispos, conforme o Site da Rádio Vaticana (2015). Sobre os ensinamentos
apontados pelo colegiado de bispos, “o colégio de bispos em comunhão com o
papa, sobretudo reunido num Concílio Ecumênico, proclamam com ato definitivo
uma doutrina referente à fé ou à moral [...], a esses ensinamentos todo fiel deve
aderir com o obséquio de fé” (CNBB, 2005, n. 185).
A CNBB é composta pelos bispos diocesanos, bispos titulares, bispos
auxiliares e prelados das Igrejas orientais católicas (bispos de prelazias,
administração criada para um fim pastoral específico). Atualmente, a entidade conta
com 275 circunscrições eclesiásticas (arquidioceses, dioceses, vicariatos, prelazias,
etc.), 310 bispos ativos e 141 bispos eméritos (SITE da CNBB, 2015).
4.1.2 Paróquias
Etimologicamente, o termo paróquia é de origem grega e é constituído pelas
palavras paroikía, que significa “estrangeiro”; paroikein, designado a “habitar nas
proximidades”; e paroikós, que é “vizinho, que habita junto” (CNBB, Documento 100,
2014, n.161). Ainda segundo o Documento, a origem da paróquia ocorreu após o
edito de Milão declarar a liberdade religiosa para o Império Romano, em 313. Até
então, os cristãos se reuniam de forma anônima nas casas dos líderes para não
serem condenados. Quando puderam manifestar a fé publicamente, foram criados
os locais fixos de oração, no final do século III, chamados domus ecclesiae, e no
século IV, os chamados titulus, na cidade de Roma, e paróquias, comunidades
rurais afastadas da cidade onde moravam os bispos. No século V, como os bispos
não conseguiam atender aos povoados mais distantes, o sistema paroquial foi sendo
implantado aos poucos nas cidades e tornou-se urbano (CNBB, Documento 100,
2014, n. 112).
Segundo a CNBB no Documento 100, o Concílio de Trento (1545-1563)
desenhou a paróquia que chegou até o Concílio Vaticano II, iniciado em 1962, que
afirma que a paróquia só pode ser compreendida a partir da diocese, ou seja, ela é
uma parte da Igreja Particular (diocese). O Concílio Vaticano II traz a novidade de
que a paróquia está em rede, isto é, em comunhão com as demais paróquias que
formam a diocese. Assim, a Igreja deve ser compreendida primeiramente como
32
comunhão, no seu primeiro valor quando reunida em assembleia eucarística (missa),
quando favorece a todas as pessoas participarem da comunhão com Deus e quando
vive em comunhão com toda a Igreja Universal (CNBB, Documento 100, 2014, n.
123 a 126). A paróquia é chefiada por um presbítero (padre), chamado pároco,
geralmente possui agentes pastorais (leigos, clero e religiosos) na execução de
atividades paroquiais e é uma “comunidade cristã que está em comunhão na fé e
nos sacramentos com seu bispo e com a Igreja de Roma” (CNBB, Compêndio do
Catecismo da Igreja Católica, 2005, n. 167).
O Papa Francisco atualiza a importância da Paróquia para a Igreja:
A paróquia não é uma estrutura caduca; precisamente porque possui uma grande plasticidade, pode assumir formas muito diferentes que requerem a docilidade e a criatividade missionária do Pastor e da comunidade. Embora não seja certamente a única instituição evangelizadora, se for capaz de se reformar e adaptar constantemente, continuará a ser a própria Igreja que vive no meio das casas dos seus filhos e das suas filhas. Isto supõe que esteja realmente em contato com as famílias e com a vida do povo, e não se torne uma estrutura complicada, separada das pessoas, nem um grupo de eleitos que olham para si mesmos. A paróquia é presença eclesial no território, âmbito para a escuta da Palavra, o crescimento da vida cristã, o diálogo, o anúncio, a caridade generosa, a adoração e a celebração. Através de todas as suas atividades, a paróquia incentiva e forma os seus membros para serem agentes da evangelização. É comunidade de comunidades, santuário onde os sedentos vão beber para continuarem a caminhar, e centro de constante envio missionário. (BERGOGLIO, 2013, n.28, grifo do autor).
A partir deste entendimento sobre a paróquia, o Papa Francisco reconhece
que é necessária uma revisão e renovação das paróquias, “pois não deu
suficientemente fruto, tornando-se ainda mais próximas das pessoas, sendo âmbitos
de viva comunhão e participação e orientando-se completamente para a missão”
(BERGOGLIO, 2013, n.28). A aproximação das pessoas, que promove maior
participação, é um processo que passa pela comunicação paroquial, pois “a
comunicação, sobretudo em suas dimensões verbais, simbólicas e sacramentais,
representa o elemento portador das três dimensões constitutivas da comunidade
eclesial, isto é, a partilha da fé, a celebração eucarística e a caridade” (CNBB,
Documento 99, 2014, n. 51).
4.1.2.1 Contexto atual das paróquias no Brasil
33
No Brasil, existem 11.012 paróquias (ANUÁRIO CATÓLICO, 2015). A CNBB
reconhece nas Diretrizes Gerais de Evangelização de 2008 a 2010 e nas de 2011 a
2015, que, “para a maioria dos nossos fiéis, a relação da Igreja se restringe aos
chamados serviços paroquiais. [...]. Por isso, as paróquias têm um papel
fundamental na evangelização” (Documento 94, n. 57, 2011). A Conferência afirma
no seu mais recente documento sobre a realidade paroquial, o Documento 100
(2014, n. 1), que “há séculos a paróquia tem sido a presença pública da Igreja nos
diferentes lugares. Ela é referência para os batizados”.
Como visto anteriormente, o próprio Papa Francisco afirma que a paróquia
precisa passar por uma renovação para tornar-se comunidade de comunidades. O
Documento 100 orienta para a necessidade uma conversão pastoral, pois “há
paróquias que projetam a imagem de uma Igreja distante, burocrática e
sancionadora. Igualmente, os planos pastorais precisam ser mais evangélicos,
comunitários, participativos, realistas e místicos” (CNBB, 2014, n. 37). Além da
mudança de planos pastorais, o principal desafio para as paróquias, conforme o
Papa e a CNBB, é a Igreja sair em missão, “sair ao encontro das pessoas”
(Documento 100, 2014, n. 31).
A CNBB se preocupa no Documento 100 (2014, n. 34) com “o aparecimento
de grupos fechados em seus ideais sem comunhão com a diocese e resistentes ao
diálogo com o mundo” e consideram essas “associações pequenas de interesses
religiosos particulares” uma redução da experiência comunitária cristã, que
“compromete o conceito de Igreja como Povo de Deus”. Por isso, reforça que a 3ª
assembleia geral do Episcopado Latino-Americano, no México, em 1979, trouxe a
paróquia como “centro de coordenação e animação de comunidades, grupos e
movimentos” (2014, n. 132).
Ou seja, por mais que as outras formas de evangelização sejam reconhecidas
e válidas pela Igreja, como movimentos, grupos e associações, ainda se pede que
os esforços de evangelização sejam coordenados pela paróquia, de modo que “o
importante não é confundir a natureza das comunidades e assim evitar
concorrências, desgastes inúteis e ambiguidades. Todas as comunidades são
convocadas a assumir as Diretrizes da Ação Evangelizadora e dos Planos Pastorais
de cada Igreja Particular” (CNBB, Documento 94, 2011, n. 61).
Outro aspecto importante presente no Documento 100 é que há séculos a
territorialidade era o principal critério para definir qual paróquia o fiel deveria
34
participar, até o próprio conceito de paróquia é “habitar nas proximidades”, conforme
visto anteriormente. Porém, a CNBB reforça que, atualmente, o território físico não é
mais importante nas relações sociais. “Um referencial importante para o ser humano
de hoje é o sentido de pertença à comunidade e não tanto o território. Por isso,
alguém pode participar de uma paróquia que não seja a do bairro onde reside”
(Documento 100, 2014, n.40). Dessa forma, é necessário que as paróquias criem
estratégias para atrair os fiéis, e que não esperem que o fator da territorialidade
garanta público. A tradição de seguir a fé católica também não garante público, pois
no Documento 100 a Conferência (2014, n. 25) considera que “a participação na
vida eclesial tornou-se, cada vez mais, uma opção numa sociedade pluralista”.
O Documento 100 apresenta que um fator determinante para que novas
noções de espaços e de comunidades sejam criadas é tecnologia e a internet, pois
encurtam distâncias, de modo que “jovens se concentram nas redes sociais da
internet e os idosos preferem a televisão. Emerge, assim, uma experiência religiosa
com menor senso de pertença comunitária” (CNBB, Documento 100, 2014, n.26).
Porém, o Documento 100 (2014, n. 44) sugere que a alternativa para superar a nova
noção de espaço e tempo é a própria paróquia se inserindo nestes ambientes, já
que o ambiente virtual é considerado comunidade de pertença, de modo que afirma
que “não é possível trabalhar com grupos de jovens desprezando as redes sociais”.
4.1.3 Dioceses
O Concílio Vaticano II trouxe a ideia de que as paróquias são partes da
diocese e que devem estar em comunhão. A CNBB (Documento 100, 2014, n. 158)
explica que “a diocese é a porção do povo de Deus confiada a um bispo com a
cooperação de um presbitério”. Conforme o Vaticano (YOUCAT, 2011, n. 253), o
bispo é a figura que representa a comunhão visível das paróquias: “O Bispo, que
exerce o ministério pastoral com seus presbíteros e diáconos, como seus
assistentes ordenados, é o princípio visível e fundamento da Igreja local ou
particular, também chamada diocese”.
No Documento 100, a CNBB afirma que a “diocese, por sua vez, também vive
em comunhão com todas as demais dioceses que são presididas na caridade pelo
bispo de Roma, o Papa” (2014, n. 158), e essa “profunda comunhão com a realidade
além da visibilidade” deve se refletir “nas dioceses com suas paróquias que
35
constituem a Igreja visível [...], da qual a paróquia é a concretização” (2014, ns. 159
a 160). Por isso, para transmitir essa unidade e comunhão, a Conferência reforça a
importância de que os Planos Pastorais Paroquiais estejam sintonizados com o
Diocesano:
A paróquia constitui-se na menor parte de uma comunidade mais ampla que é a Igreja Particular. Essa pode ser uma diocese, uma prelazia, um vicariato apostólico,etc. A paróquia não pode ser concebida como independente, mas somente em relação à Igreja Particular na qual se encontra. Dela recebe as orientações pastorais e define sua atividade. A vitalidade da diocese, por sua vez, depende da vitalidade das paróquias. (CNBB, Documento 100, 2014, n. 160).
Para a construção de comunhão e sintonia entre paróquias e dioceses, a
comunicação é um dos principais meios, pois ela tem o “objetivo primordial criar
comunhão, estabelecer vínculos de relações, promover o bem comum, o serviço e o
diálogo na comunidade” (CNBB, Documento 99, 2014, n. 13).
4.2 HISTÓRICO DA VISÃO DE COMUNICAÇÃO PELA IGREJA CATÓLICA
A CNBB reforça no Documento 99 (2014, n.13) que “a palavra comunicação
provém do latim com-munus, aquilo que é compartilhado”. O conceito de
comunicação para a Igreja Católica está vinculado à noção de comunidade e de
partilha desde os primeiros grupos de cristãos, no Império Romano. “A comunidade
acreditava que, através do testemunho de fraternidade entre seus membros, a fé
poderia espalhar-se [...] a comunidade era um meio de irradiar a fé e as crenças”
(PUNTEL, 2010, p. 23).
Porém, com a expansão do cristianismo, a ideia de comunidade ganhou
conotação de hierarquia de funções, pois “se adequava mais pacificamente às
formas autoritárias de poder, próprias do mundo antigo, e, posteriormente, feudal”
(BOFF, 1982 apud PUNTEL, 2010, p.23). Assim, a hierarquia da Igreja ganhou
sinônimo de autoridade, entendida como centralização da tomada de decisões, de
modo a estabelecer padrões de comportamento para os adeptos da fé (PUNTEL,
2010).
Segundo Zolin (2010), a Igreja assumiu uma postura vigilante às mensagens
transmitidas pelos instrumentos de comunicação, de forma que até a invenção da
imprensa de Gutenberg foram publicados 87 documentos oficiais para ditar regras a
36
imperadores, reis, bispos e fiéis sobre como se posicionar sobre escritos, livros e
teatros. A censura ocorria após o aparecimento da obra, porém buscava zelar pelos
aspectos morais, e não reprimir essas formas de comunicação. Ainda conforme a
autora, a Igreja também contribuiu no desenvolvimento das formas de se comunicar
nesta época, quando se utilizou dos recursos disponíveis, como uso de imagens,
artes sacras, para difundir a mensagem cristã.
A comunicação social ganha uma importante ferramenta com a criação da
prensa tipográfica, por Gutenberg, em meados de 1450. As publicações poderiam
ser difundidas a mais pessoas, e outros organismos da sociedade poderiam publicar
livros. De acordo com Puntel (2010), a livre difusão de obras e a possibilidade da
liberdade de expressão eram vistas com preocupação para o Papa Inocêncio VIII,
pois ameaçava seu controle sob a produção escrita da época. Para orientar o uso,
publicou o documento Inter Multíplices, em 1487, que define o pensamento de como
abordar os meios de comunicação escritos.
O Papa Leão X afirma, em 4 de maio de 1515, no documento Inter
Solllicitudines, que a imprensa possui inúmeros benefícios, como o acesso à
instrução através da leitura, e a considera como uma providencial invenção. Porém,
justifica a censura em função dos erros de fé que muitas obras podiam induzir,
sendo uma forma de conter o racionalismo, e a contestação que marcaram o
contexto da Renascença (SOARES, 1988).
Dando continuidade à censura, Papa Paulo IV publicou o Index, em 1559,
uma relação de livros que não podiam ser lidos, revelando, conforme Puntel (2010),
o medo que a Igreja exercia sobre a livre difusão e sobre o conteúdo que estava
sendo produzido na época, por protestantes e adeptos ao racionalismo. O sucessor
de Paulo IV, Papa Pio IV, legitimou o Índex pelo Concílio de Trento, e a lista foi
extinta apenas em 1966 com Papa Paulo VI.
Porém, é com o Papa Pio XI que a comunicação social começa a ser
defendida publicamente como um meio a ser utilizado para católicos para difundir a
boa mensagem, com publicação da encíclica Vigilanti Cura, em 1936. O contexto era
o surgimento do cinema e a ideia era propor aos produtores de filmes que
baseassem suas produções com conteúdos que eram bons sob o olhar da Igreja
Católica. O documento também buscou orientar aos fiéis para que assistissem
apenas o que fosse condizente à moral católica (GOMES, 2010).
37
Em seguida, Pio XII, por meio da Miranda Prorsus, conhecida como primeira
síntese sobre a visão da Igreja a respeito da comunicação, publicada em 1957, vê
com otimismo o cinema, rádio e televisão e os reconhece como dons de Deus, à
medida que promove o desenvolvimento de valores humanos, culturais e espirituais.
Conforme Soares (1988, p. 87), “Roma está deslumbrada com a novidade técnica e
com as possibilidades utilitárias da televisão para seus projetos de propaganda da
fé”. Como dádivas divinas, o documento reforça que devem cumprir o objetivo de
divulgar os ensinamentos conforme a Doutrina da Igreja, acentuando ainda os
aspectos morais dos meios, destacando a importância da opinião crítica sobre eles,
porém reconhecendo seus potenciais de divulgação (PUNTEL, 2010).
No Concílio Vaticano II, a partir de 1962, fortalece-se uma visão mais
politizada da fé, em que “a vivência religiosa somente seria autêntica apenas em
pequenos grupos, num encontro pessoal com Deus, compartilhado com a
comunidade” (GOMES, 2010, p. 31). Neste contexto, discute-se pela primeira vez
em uma situação conciliar os meios de comunicação social, publicando o decreto o
Inter Mirifica. É o documento que revela a aceitação da comunicação social pela
Igreja e o dever da própria Igreja em utilizar os meios de comunicação para difundir
a solidariedade e a evangelização (PUNTEL, 2010).
Porém, a autora destaca que o documento sofreu críticas por parte de
jornalistas americanos por defender o dever da autoridade civil em tutelar a
verdadeira liberdade de informação, o que foi considerado contra a liberdade de
imprensa. A Igreja defendeu essa resguarda para proteger a juventude contra os
espetáculos. Segundo Soares (1988, p. 106), sobre a liberdade de imprensa, a
Igreja aderiu “a pregação do liberalismo sobre o problema, reforçando, através da
qualificação moral atribuída à boa notícia (deve ser verdadeira, íntegra, honesta e
equilibrada) a teoria da responsabilidade social defendida nos Estados Unidos e
Europa”. Fora isso, o documento fez avanços em relação aos documentos
anteriores sobre a escolha livre e pessoal ao invés da censura e cria a ação pastoral
e o Dia Mundial da Comunicação2, o único indicado por um concílio da Igreja
(PUNTEL, 2010).
2 O Decreto determinou que, cada diocese, anualmente, celebrasse “um dia dedicado a ensinar aos
fiéis seus deveres no que diz respeito aos meios de comunicação”. (n.18). [...] Por ocasião do Dia Mundial das Comunicações, além da mensagem pontifícia, o Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais publica algumas considerações adicionais, propostas de atividades e liturgia sobre o tema em questão (DARIVA, 2003, p. 287).
38
Em seguida, em 1971, a Comissão Pontifícia dos Meios de Comunicação
Social, criada em 1964, publica a Instrução Pastoral Communio Et Progresso,
conhecida até então como o documento da Igreja Católica com o olhar mais positivo
sobre a comunicação social. “Desenvolve um caminho segundo o qual a ação
pastoral deve utilizar os meios de comunicação: a esperança e o otimismo são
dominantes e o caráter moralizador e dogmático desaparece” (PUNTEL, 2010, p.46).
Assim, a Igreja destaca no documento que os meios de comunicação podem ser
ferramentas para atingir mais pessoas e moldar-lhes comportamentos, o que facilita
a propagação da religião católica:
A comunhão e o progresso da convivência humana são os fins primordiais da comunicação social e dos meios que emprega, como sejam: a imprensa, o cinema, a rádio e a televisão. Com o desenvolvimento técnico destes meios, aumenta a facilidade com que maior número de pessoas e cada um em particular lhes pode ter acesso; aumenta também o grau de penetração e influência na mentalidade e comportamento das mesmas pessoas. (COMISSÃO PONTIFÍCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, 2006, n. 1).
Conforme Soares (1988), em um contexto pós Segunda Guerra Mundial, com
a divisão do poder mundial, a Communio Et Progresso foi importante à sociedade
liberal, assegurando a liberdade humana, assim o autocontrole exercido por
associações de produtores ou de consumidores dos produtos culturais foi indicado
como solução para abusos na utilização da comunicação social.
O documento Aetatis Novae, em 1992, teria encontrado um consenso entre
comunicação de massa e a segmentada em pequenos grupos, destacando o
processo de comunicação, e não apenas o uso dos meios de comunicação
(GOMES, 2010). Conforme Puntel (2010), a época foi caracterizada por uma grande
mudança no campo midiático, com a mudança da era analógica para a digital. A
Igreja passa a ter uma visão mais ampla sobre a comunicação social, não sendo
considerados apenas os meios de comunicação seculares ou os religiosos como
formas de comunicação, mas também a comunicação feita por cristãos, agentes
pastorais e sociedades, enfatizando a importância de um plano pastoral da
comunicação nas Igrejas particulares e a formação sobre os impactos e as técnicas
dos meios de comunicação social. “Quanto aos que estarão ativamente
empenhados em trabalhos de comunicação para a Igreja, é necessário que
adquiram competência profissional em matéria de mass media, assim como uma
39
formação doutrinal e espiritual” (COMISSÃO PONTIFÍCIA DOS MEIOS DE
COMUNICAÇÃO SOCIAL, AETATIS NOVAE, 1992, n. 18).
Assim, o próprio documento possui um anexo com elementos para o plano de
pastoral dos meios de comunicação em dioceses. As linhas orientadoras para
planos pastorais de comunicação que a Aetatis Novae apresenta são: apresentação
de conjunto com métodos de comunicação; inventário do ambiente dos mass media
existentes no território, apresentando os diferentes públicos, produtores de
conteúdo, recursos financeiros, ecumênicos, educativos e técnicos, sistemas de
distribuição e colaboradores dos organismos católicos de comunicação; proposta de
estrutura dos meios de comunicação eclesiais; educação que reforce a relação entre
mass media e valores; proposta pastoral de comunicação com os profissionais do
mass media; e indicação de como obter financiamento desta pastoral (COMISSÃO
PONTIFÍCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, AETATIS NOVAE, 1992).
Ou seja:
O plano deveria propor, aos responsáveis da comunicação na Igreja, linhas diretrizes e fornecer-lhes objetivos e prioridades realistas para o seu trabalho. Nós recomendamos que uma equipe, que compreenda representantes da Igreja e profissionais do mass media, seja associada a este trabalho de elaboração, que se desenvolverá em duas fases: a) análises; b) planificação. (COMISSÃO PONTIFÍCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, AETATIS NOVAE, 1992, n. 25).
Sobre os mass media, a Comissão Pontifícia dos Meios de Comunicação
Social publicou ainda dois documentos: o Ética na Publicidade, em 1997, e o Ética
nas Comunicações Sociais, em 2000. Ambos buscaram defender a responsabilidade
dos meios de comunicação de promover o desenvolvimento integral dos homens
(PUNTEL, 2010).
Segundo Melo (2005), a história da comunicação da Igreja é dividida em
quatro fases. A primeira fase é aquela em que a Igreja utiliza a censura e a
repressão, de Inocêncio VIII ao século XIX, caracterizada pela Renascença. Já a
segunda fase registra uma aceitação desconfiada dos novos meios de comunicação,
com início em Leão XIII, que realizou a primeira audiência coletiva com jornalistas
em 1879, até a convocação do Concílio Vaticano II. A terceira fase se traduz a um
“deslumbramento ingênuo” sobre a comunicação, em que se poderia mudar
comportamentos por meio do mass media e seriam solução para os problemas da
evangelização, que tem como marco a Communio Et Progresso, em um contexto
40
pós Segunda Guerra Mundial, assegurando a liberdade humana para estar a par da
sociedade liberal. A quarta fase é quando passa a incentivar as experiências de
comunicação feitas pelo próprio povo e os agentes pastorais, como a Aetatis Novae,
e no caso da América Latina, após Puebla, como será observado mais adiante, em
um contexto em que a Igreja assume a preferência pelos pobres.
4.2.1 Comunicação atual conforme o Vaticano
A Igreja busca refletir sobre a cultura digital que vive a sociedade
contemporânea, com os documentos Igreja e internet e Ética na internet, publicados
em 2002. De acordo com Puntel (2010), o primeiro documento considera os meios
de comunicação como dons de Deus, na medida em que promovem a solidariedade
entre os indivíduos e o seu progresso integral. Por isso, incentiva a Igreja a utilizar-
se das novas tecnologias para se relacionar, de modo que propõe o treinamento
para o uso das tecnologias como parte dos programas de comunicação a membros
da Igreja. Porém, a instrução reconhece que a realidade virtual não pode substituir a
comunidade interpessoal, apenas auxiliando para formas complementares de
comunicação:
(A internet) também oferece à Igreja formas de comunicação com grupos específicos – adolescentes e jovens, idosos e pessoas cujas necessidades as obrigam a permanecer em casa, indivíduos que vivem em regiões remotas e membros de outros organismos religiosos – que, de outra forma, podem ser difíceis de alcançar. (COMISSÃO PONTIFÍCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, IGREJA E INTERNET, 2002, n. 25).
O último documento sobre a Internet produzido em seguida é a Carta
Apostólica O rápido desenvolvimento, escrita por João Paulo II e publicada no dia 24
de janeiro de 2005, em que reforça a inserção da Igreja na cultura digital e no mass
media para evangelizar e também para estar a serviço da solidariedade, pois
permite vencer barreiras de tempo, de espaço e de língua (PUNTEL, 2010).
Após a Carta de João Paulo II, em termos de produção pelo Vaticano, existem
as Mensagens dos Papas para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, que são
celebrados anualmente desde 1967, geralmente no dia 24 de janeiro, dia de São
Francisco de Sales, e são ocasiões em que “o Papa tem a oportunidade de, em
cada ano, sublinhar uma comunicação adequada e eficaz sobre as questões cruciais
41
[...] e dão um ótimo perfil das abordagens da Igreja sobre a comunicação” (DARIVA,
2003, p. 287).
Neste estudo, utilizam-se apenas as Mensagens do atual pontífice, o Papa
Francisco, para analisar com o contexto da paróquia atual visto anteriormente. A
Mensagem para o 48º Dia Mundial das Comunicações, em 2014, chamada de
Comunicação a serviço de uma autêntica cultura do encontro, apresenta como a
Igreja Católica percebe a comunicação atualmente: “Gosto de definir esse poder da
comunicação como ‘proximidade’” (BERGOGLIO, 2014, p.10, grifo do autor).
Destaca que a comunicação cristã não deve ser feita com “bombardeio de
mensagens religiosas”, mas sim com uma comunicação que permite o diálogo e o
relacionamento, de modo que a Igreja vai ao encontro do seu público,
testemunhando, envolvendo e se aproximando:
Uma boa comunicação ajuda-nos a estar mais perto e a conhecer-nos melhor entre nós, a ser mais unidos. Os muros que nos dividem só podem ser superados se estivermos prontos a ouvir e a aprender uns dos outros. Precisamos harmonizar as diferenças por meio de formas de diálogo, que nos permitam crescer na compreensão e no respeito. A cultura do encontro requer que estejamos dispostos não só a dar, mas também a receber de outros. Os meios de comunicação podem ajudar-nos nisso, especialmente nos nossos dias em que as redes da comunicação humana atingiram progressos sem precedentes. Particularmente, a Internet pode oferecer maiores possibilidades de encontro e de solidariedade entre todos; e isso é uma coisa boa, é um dom de Deus. (BERGOGLIO, 2014, p. 8).
A Mensagem para o 49º Dia Mundial das Comunicações, Comunicar a família:
ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor, publicada em 2015,
trabalha com o mesmo conceito da cultura do encontro, porém aplicado à família,
como primeiro ambiente em que se aprende a comunicar. “Essa capacidade que nos
faz compreender o que é verdadeiramente a comunicação enquanto descoberta e
construção de proximidade. Reduzir as distâncias, saindo mutuamente ao encontro
e acolhendo-se, é motivo de gratidão e alegria” (BERGOGLIO, 2015, p.8). Neste
contexto, o Papa convida a valorizar os aspectos da comunicação desde sua
primeira concepção, que é a interpessoal, e não vivenciar a comunicação apenas
pelos meios de comunicação de massa ou pelos meios digitais.
4.2.2 O Diretório de Comunicação da Igreja Católica no Brasil
42
Segundo a CNBB no Estudo 101, desde a Assembleia Geral do Episcopado
de 2007, a CNBB decidiu elaborar um Diretório de Comunicação para fornecer
diretrizes e orientações para o progresso de comunicação e melhor presença da
Igreja na mídia e sobre como trabalhar a evangelização com o advento das mídias
sociais digitais. Diretrizes, conforme a CNBB no Documento 94 (2011, n. 2), são
“rumos que indicam o caminho a seguir, abordando aspectos prioritários da ação
evangelizadora, princípios norteadores e urgências irrenunciáveis”. Por ser a CNBB
a principal autoridade da Igreja Católica no Brasil, o Documento 99, produção mais
recente sobre comunicação da Conferência, publicado em 2014, é o documento de
referência sobre a comunicação em dioceses e paróquias brasileiras.
Conforme Puntel (2010), a trajetória sobre o tema comunicação no Brasil é
espelho das especificidades da América Latina, e, por isso, as quatro últimas
assembleias do Episcopado Latino-americano, Meddellín (1968), Puebla (1979),
Santo Domingo (1992) e Aparecida (2007) trouxeram pontos que contribuíram para
o histórico da comunicação da Igreja no Brasil. Segundo Melo (2005), em Meddellín,
houve uma crença nas potencialidades das mensagens evangélicas por meio do
mass media, mas, apesar disso, havia o entendimento de que os meios de
comunicação pertenciam aos donos do poder, mais interessados em conservar a
situação a eles favoráveis do que transformá-la.
Já em Puebla, a opção preferencial pelos pobres é assumida pela hierarquia
eclesiástica. Assim, a Igreja se propõe a utilizar os meios para denunciar a
manipulação ideológica com fins políticos e econômicos (MELO, 2005). A conclusão
de Puebla é a de inserir a Pastoral da Comunicação em uma realidade sociocultural,
incentivando o acesso à participação e comunicação alternativa. Parte da Igreja na
América Latina passou a denunciar o sistema econômico, e o acesso da Igreja nos
meios de comunicação de massa tornou-se limitado, em função de na década de
1970 estar sob uma ordem capitalista e sob a ditadura militar (PUNTEL, 2010).
Em 1989, após o fim da ditadura e com o aumento da liberdade de imprensa,
a comunicação social foi tema da Campanha da Fraternidade, evento da Igreja no
Brasil destinado a suscitar a reflexão de um tema da atualidade. Com o lema
Comunicação para a verdade e a paz, não se limitou apenas em motivar os católicos
a disseminar o Evangelho por meio do mass media, mas também buscou refletir
sobre o papel dos meios na sociedade atual (MELO, 2005).
43
Conforme Puntel (2010), em Santo Domingo, os bispos percebem a
insuficiente presença da Igreja no mass media e apontam para elaboração de
políticas de estratégias de comunicação, com preparação técnica, doutrinal e moral
de todos os agentes pastorais, assim como aponta a Aetatis Novae. Já no
Documento de Aparecida entendem a comunicação como uma nova cultura, e não
apenas uso de ferramentas. Por isso, segundo a autora, a instrução apresenta a
necessidade de uma Pastoral da Comunicação, de modo que a comunicação deve
atingir todas as atividades das paróquias, os movimentos e as dioceses, e assim, os
organismos devem elaborar suas ações. Também recomenda que as ações da
Igreja sejam acompanhadas pelo melhoramento técnico e profissional.
Um documento da CNBB que marca a história da comunicação da Igreja no
Brasil, conforme Gomes (2010), é o Documento n. 59, de 1997, com o tema Igreja e
Comunicação Rumo ao Novo Milênio, com diretrizes e princípios para a
comunicação. Também auxiliaram na construção do Diretório os Estudos da CNBB
(cadernos verdes), principalmente o de nº 101, A comunicação na vida e missão da
Igreja do Brasil, publicado em 2011.
4.2.2.1 Diretrizes e ações para a comunicação em dioceses e paróquias
A CNBB contextualiza no Documento 99 (2014, n.16) a sociedade atual a
partir dos processos de comunicação centrados na pessoa, nas relações entre ela, a
sociedade e o mundo, de modo que “a própria sociedade, seus indivíduos e
instituições passam a tomar as mídias, suas práticas e lógicas como referência no
estabelecimento de processos internos”. Ainda no Documento, entende que os
processos de comunicação estão presentes no dia a dia da sociedade
contemporânea, também identificada como “sociedade da informação e da
comunicação” (2014, n.8), e que a Igreja Católica é “interpelada pelas mudanças
trazidas à sociedade contemporânea na revolução digital” (2014, n.8).
A CNBB defende no Documento 99 (2014, n. 29) que a comunicação “é um
processo social a serviço das relações” e deve “favorecer a partilha, a colaboração e
o serviço dos mais necessitados”. Ou seja, aponta para uma comunicação que
busca promover o diálogo, estimular ações solidárias e fraternas, e não apenas
como uma transmissão de informação, de doutrinas e de ideias. Sugere ainda que
44
acompanhar as mudanças de comunicação é parte da atualização da missão da
Igreja no mundo:
A Igreja no Brasil vem procurando acompanhar o desenvolvimento do processo comunicacional em sua feição midiática a fim de atualizar a sua missão no mundo. Desse modo, coloca-se como prioridade aprimorar as estratégias de comunicação para que a ação pastoral alcance seus objetivos de forma eficiente. Essa tarefa, para ser eficaz, deve ser acompanhada de um processo de sensibilização e formação dos leigos para o exercício pleno da comunicação. Tal processo de formação converte-se num dos grandes desafios para a Igreja, levando em conta o reconhecimento de que estamos vivendo uma mudança de época. (CNBB, Documento 99, 2014, n. 126).
A comunicação como processos e meios é de suma de importância para a
Igreja, de modo que a CNBB aponta para articular as iniciativas comunicacionais em
cada diocese e paróquia a Pastoral da Comunicação (Pascom), como um grupo
estratégico da ação evangelizadora. Pastoral, da palavra pastor do Antigo
Testamento, é entendida como alguém que ensina, admoesta e conduz ao bom
caminho (Documento 99, 2014, n. 245). Por isso, mais do que simplesmente
comunicar, as ações da Pascom devem colaborar na ação evangelizadora da Igreja.
Assim, a abrangência da Pascom inclui:
1) colocar-se a serviço de todas as pastorais para dinamizar suas ações comunicativas; 2) promover o diálogo e a comunhão das diversas pastorais; 3) capacitar os agentes de todas as pastorais na área da comunicação, especialmente a catequese e a liturgia; 4) favorecer o diálogo entre Igreja e os meios de comunicação, para dar maios visibilidade à sua ação evangelizadora; 5) envolver os profissionais e pesquisadores da comunicação nas reflexões da Igreja, para colaborar no aprofundamento e atualização dos processos comunicativos; e 6) desenvolver as áreas da comunicação, como a imprensa, a publicidade e as relações públicas, nos locais onde não existem profissionais especificamente designados. (CNBB, Documento 99, 2014, n. 248).
A Pascom deve se sustentar em quatro eixos: formação, articulação,
produção e espiritualidade. A formação, na área paroquial, deve abordar sobre a
produção de conteúdos e sobre os processos de comunicação, de modo que se
recomenda que as “dioceses e as paróquias se articulem para promover cursos
regulares de formação, oficinas de produção midiática, debates sobre ações
comunicativas e seu emprego na evangelização, bem como sobre a leitura crítica da
mídia” (CNBB, Documento 99, 2014, n. 227).
45
A CNBB orienta no Documento 99 (2014, n. 251) que a articulação “se propõe
a animar e envolver os agentes culturais e pastorais para que conheçam e se
comprometam com ações concretas e integradas com os processos e meios de
comunicação para o anúncio da Boa Nova de Jesus Cristo”. Ou seja, deve promover
uma rede de comunicadores em diferentes tipos de meios que contribuam para o
anúncio dos valores evangélicos. Já a produção, a Conferência entende que é a
responsabilidade de elaborar materiais, como subsídios de textos impressos e
digitais, áudios e vídeos (2014, n. 253). Sobre a espiritualidade, defende que é
responsabilidade da Pascom cultivar a espiritualidade do comunicador “mediante
retiros, leitura orante na ótica da comunicação, reflexões sobre os documentos da
Igreja no campo da comunicação” (2014, n. 253).
Ainda no Documento 99, a CNBB orienta que a instituição de Pascom em
âmbito paroquial deve funcionar com o pároco como seu referencial, atuando em
sintonia com um coordenador paroquial (2014, n. 263). Também defende que a
instituição da Pastoral só é possível se houver a participação dos leigos presentes
nas comunidades assumindo as várias atividades da comunicação da Igreja, “desde
planejamento e gestão, até ações específicas como acolhida dos fiéis, a redação de
notícias para os boletins, o cuidado com os murais, a atualização contínua dos sites,
a realização de cursos de comunicação para as comunidades” (2014, n. 138).
Porém, reforça que os leigos comunicadores devem ter “experiência e perfis
profissionais adequados” (2014, n. 125) para integrar esta missão da Igreja, de
modo que saibam promover diálogo permanente entre os diversos organismos da
sociedade.
A Conferência aponta os jovens como protagonistas da comunicação pelos
meios digitais, já que “vivem imersos nesse ambiente, dominam a linguagem das
mídias digitais, quanto ao estilo interativo e rápido de se comunicar” (Documento 99,
2014, n. 128). Assim, sugere que podem ser os responsáveis pela comunicação
paroquial, principalmente nas mídias sociais digitais. Porém, destaca que a
formação sobre os novos meios a todos os agentes de pastorais é tarefa
condicionante para a melhor evangelização da Igreja:
Se, de um lado, os recursos da informação encontram-se cada vez mais acessíveis, em decorrência do processo de digitalização e da redução de custos, facilitando sua aquisição e instalação, de outro, o domínio das linguagens da comunicação para a produção e difusão de mensagens continua necessitando de cuidados especiais, dada a especificidade do
46
contexto civilizatório contemporâneo, cada vez mais exigente. Uma formação inicial para a gestão dialógica da comunicação e para o manejo das tecnologias por parte dos agentes pastorais deve estar nos planos das Igrejas particulares. Centros de capacitação devem ser instituídos nas diferentes áreas do país, sob a liderança de instituições especializadas, para atender a esta demanda formativa. (CNBB, Documento 99, 2014, n. 218).
Moisés Sbardelotto, membro do Diretório de Comunicação, em Entrevista em
Profundidade, defende, que, para evangelizar na cultura digital, deve-se estender a
vivência comunitária para o ambiente digital e compartilhar nas mídias sociais
digitais tudo o que a paróquia faz. “Isso demanda pessoas com linguagem e
capacidade, que entendam de Igreja. É fundamental a paróquia se sentir uma
pessoa no ambiente digital. E o que a pessoa faz? Comenta e pública tudo”
(SBARDELOTTO, 2014, Informação verbal) 3.
Outro aspecto importante apontado pelo jornalista é que os responsáveis
pelas mídias sociais digitais devem acompanhar toda movimentação do público na
web, para levar ao pároco situações vivenciadas pelos fiéis, de modo que o padre
possa acompanhá-los mais de perto e “se aproveitar das redes para ser uma
receptora, acompanhar os perfis dos paroquianos para fazer pastoreio”
(SBARDELOTTO, 2014). Sugere utilizar as ferramentas e plataformas nas mídias,
como enquetes e murais, para tornar a comunicação paroquial mais democrática e
próxima do público.
Em âmbito diocesano, a Pascom “têm em sua estrutura o bispo diocesano
como referencial da comunicação, um coordenador diocesano da Pascom e um
representante de cada paróquia” (CNBB, Documento 99, 2014, n. 254). Por ser um
ambiente mais institucional que a paróquia, a CNBB defende que é necessário a
contratação de uma assessoria de imprensa profissional, que pode também ser
responsável pela produção de materiais e articular e conduzir a Pascom:
No âmbito nacional, regional e diocesano, a Igreja precisa contar com uma estrutura de assessoria de imprensa qualificada. Deve ser gerida por um profissional da área com capacidade de relações com a imprensa, capaz de administrar as eventuais situações problemáticas que poderão apresentar-se no contexto da Igreja e que seja intuitivo na divulgação de eventos importantes com repercussão na sociedade. É tarefa do assessor de imprensa preparar e conduzir as entrevistas do representante da Igreja,
3 Entrevista com Moisés Sbardelotto concedida a Ana Cláudia Cislaghi Mutterle Chiesa. Caxias do
Sul, 9 set. 2014. As próximas referências com Sbardelotto (2014) são informações verbais e referem-se a esta entrevista, cujo áudio está disponível no Apêndice D, no áudio Entrevista Moisés Sbardelotto.
47
produzir um clipping de informações e notícias divulgadas pela mídia para colocar à disposição dos responsáveis pela comunicação na Igreja e supervisionar a produção de conteúdos destinados aos sites e redes digitais. [...]. Em alguns regionais, dioceses e paróquias, o assessor de imprensa é contratado exclusivamente para desenvolver atividades técnicas, tais como: a criação, produção e alimentação de sites, blogs, mídias digitais, jornais, revistas e boletins impressos. [...] Além de exercer funções técnicas, o assessor de imprensa pode colaborar na articulação da Pascom de sua região. (CNBB, Documento 99, 2014, ns. 266 a 267).
Sbardelotto (2014) explica que a necessidade de um assessor de imprensa
profissional atuando na diocese é para garantir um discurso adequado nos meios de
comunicação: “Qualquer palavrinha, qualquer termo mal utilizado, qualquer postura,
que seja, digamos, do bispo, mal escrita, pode gerar um problema muito maior que a
paróquia que é uma coisa mais de bairro”. Porém, ressalta que a presença nas
mídias sociais digitais deve ser feita da mesma forma que a paróquia, de uma forma
mais pessoal. Ele destaca que a comunicação na diocese não deve ser
extremamente técnica:
Ou a gente não é nada profissional, ou então a gente é profissional demais, e as duas coisas são negativas. Se a gente não é profissional, fica com aquele serviço mal feito; se a gente é profissional demais, fica aquele serviço marketeiro, muito frio, distante do povo. E o próprio Papa manda a gente ir ao encontro do povo, da periferia, de pessoas concretas, de carne e osso. Então, quanto mais humanizada, mais próxima, mais concreta, melhor. (SBARDELOTTO, 2014).
Sbardelotto (2014) aponta que é válida a contratação de uma assessoria de
comunicação social para dar os encaminhamentos iniciais, como auxiliar no
planejamento, mas para a comunicação paroquial e diocesana diária é necessário
que agentes pastorais assumam o trabalho junto à coordenação, para garantir que a
comunicação seja pastoral.
Para a atuação profissional a CNBB (Documento 99, 2014, n. 210) aponta
que Igreja dispõe de profissionais da comunicação em áreas como o jornalismo, as
relações públicas e a publicidade, de modo que “pertence à Igreja uma rede de
dezenas de instituições superiores de formação de profissionais para a área e de
qualificação para o setor da Pastoral da Comunicação”, evidenciando que é
importante a participação de profissionais formados para atuar na comunicação na
Igreja.
Embora considere importante a necessidade da formação profissional e da
especialização teórica e prática, a Conferência orienta no Documento 99 que, para
48
um profissional atuante na Igreja, “não é suficiente a mera competência profissional,
é preciso uma adequada formação humana, pois os meios devem servir ao ser
humano e isso significa conhecê-lo e principalmente amá-lo” (2014, n. 231) e a
formação social para o agente de comunicação “é de fundamental importância para
alimentar a solidariedade dos fiéis nos espaços da Igreja local e para provocar um
ambiente de diálogo e de crescimento dos valores humanos e cristãos” (2014, n.
228).
Sobre o financiamento do trabalho de leigos, Sbardelotto explica que é papel
da paróquia e da diocese assumir a profissionalização dos leigos. “Se o serviço está
sendo bem feito, é uma dedicação exclusiva, cabe a Diocese pagar por esse
trabalho, ajudando a esse leigo a crescer, oferecendo cursos e materiais”
(SBARDELOTTO, 2014).
A CNBB (Documento 99, 2014, n. 270) cita a Aetatis Novae para a
importância de que cada diocese elabore um plano pastoral completo de
comunicação. O plano pode partir das diretrizes delineadas pelo Diretório, mas deve
ser elaborado a partir das necessidades locais. O projeto deve incluir a previsão
orçamentária para a realização das ações, e um meio de captação de recursos para
a execução. Para a elaboração, é necessária uma equipe qualificada e
comprometida com a comunicação. Para a execução, é necessária a criação de
mecanismo de avaliação para monitorar o andamento das atividades. O
planejamento deve visar à atuação sinérgica da comunicação entre paróquias e
dioceses, conforme apresenta a diretriz:
Os agentes da comunicação, nas diferentes realidades, leigos, ministros ordenados e consagrados, precisam desenvolver projetos e trabalhos conjuntos de comunicação, a partir de uma cultura do planejamento e da avaliação das ações comunicativas. É de vital importância promover políticas de sinergia e convergência de comunicação que envolvam todas as pessoas que trabalham com a comunicação na Igreja, em um processo que valorize sempre mais a ação comunitária sobre as ações individuais. É importante definir metas e estratégias de gestão, estabelecer critérios de decisão e promover encontros que valorizem os acontecimentos nacionais, regionais e diocesanos que possam enriquecer a comunidade. (CNBB, Documento 99, 2014, n. 137).
Em função da capilaridade territorial de algumas dioceses, a CNBB
(Documento 99, 2014, n. 264) sugere a criação pela diocese de um vicariato
episcopal para a comunicação social, que é a divisão da diocese em regiões, para a
articulação e coordenação da comunicação da Igreja de forma mais eficiente. O
49
organismo deverá estar sob a direção de um vigário episcopal nomeado pelo
ordinário local e terá a responsabilidade de promover rede de comunicadores
articulada, estreitar o relacionamento da Igreja com os meios de comunicação e
promover reflexões sobre estratégias comunicativas e de linguagem.
O Documento 99 (2014) possui pistas de ação4 para a Pascom paroquial a
partir de cada eixo. Para a formação, sugere a promoção de encontros paroquiais,
regionais e diocesanos sobre estudo do Diretório e de documentos da Igreja,
mediante encontros presenciais e virtuais, como também a participação em cursos
teórico-práticos a nível nacional. A Pascom deverá realizar cursos de mídias sociais
digitais para os catequistas, assim como cursos de comunicação para leitores,
cantores, instrumentistas e responsáveis pelas celebrações litúrgicas, além de
cursos de comunicação para presbíteros, futuros sacerdotes, religiosos e religiosas.
As ações na articulação, segundo a CNBB (Documento 99, 2014), consistem
em celebrar o Dia Mundial das Comunicações nas missas e nos encontros com os
comunicadores e profissionais para debater o tema do ano, como também convocar
a grande imprensa para entrevistas coletivas nos eventos relevantes da Igreja, como
Campanha da Fraternidade, missões e festas religiosas. Também deve estimular a
valorização das produções da imprensa que despertem na sociedade os valores
humanos, e a informação sobre os Prêmios de Comunicação da CNBB.
Para produção, as ações sugeridas pela Conferência (Documento 99, 2014) à
Pascom são: convocar profissionais da comunicação para provocar a reflexão e a
produção de subsídios impressos e digitais, para a comunicação na catequese,
liturgia e outras pastorais, além de materiais de divulgação e de murais, boletins e
cartazes da Igreja; incentivar os jovens a um engajamento pastoral digital na
produção de sites, blogs e mídias sociais digitais; e ajudar na elaboração da grade
de programação das emissoras de rádio comerciais, comunitárias e populares da
Igreja, em vista de uma programação que promova a evangelização dos ouvintes.
Para a espiritualidade, é responsabilidade da Pascom promover retiros para
os envolvidos com a comunicação da Igreja, a partir de fundamentos bíblico-
teológicos na ótica da comunicação; e envolver os comunicadores na espiritualidade
da comunicação, através de leituras que provoquem o crescimento pessoal e
comunitário nos valores humanos e cristãos (CNBB, Documento 99, 2014).
4 As pistas de ação podem ser lidas completas no Documento 99 (CNBB, 2014), nas páginas 209 a
212.
50
5 METODOLOGIA
Neste capítulo, apresenta-se a metodologia do trabalho, que trata-se da
Hermenêutica em Profundidade, embasada teoricamente por Thompson (1995).
Para realizar a análise, foi necessária a aplicação de outras ferramentas
metodológicas, como a Análise Documental, embasada por Moreira (2005) e a
Pesquisa Bibliográfica, segundo Stumpf (2005). Utilizou-se também a ferramenta de
Estudo de Caso e de Entrevista em Profundidade, embasados por Duarte (2005) e
da Pesquisa Quantitativa, a partir de Moura (2011), para levantar dados de como a
comunicação paroquial da Diocese de Caxias do Sul é realizada. Para a análise dos
dados e das entrevistas de forma integrada, foi aplicada a Análise de Conteúdo, de
Bardin (2000). Os dados da Diocese de Caxias do Sul e da Pastoral da
Comunicação da Diocese em âmbito institucional foram retirados do último Guia da
Diocese de Caxias do Sul, publicado em 2014, e de Entrevista em Profundidade.
5.1 HERMENÊUTICA EM PROFUNDIDADE
Por se tratar de uma pesquisa sobre uma realidade comunicacional, a
metodologia aplicada é a Hermenêutica em Profundidade (HP). Esta metodologia
defende que o objeto de análise é uma forma simbólica que necessita de uma
interpretação, por isso legitima a importância da interpretação/reinterpretação para a
análise (THOMPSON, 1995).
“O objeto de nossas investigações é um campo pré-interpretado, e o enfoque
da HP deve aceitar e levar em consideração as maneiras em que as formas
simbólicas são interpretadas pelos sujeitos que constituem o campo-sujeito-objeto”
(THOMPSON, 1995, p. 363). Ou seja, utiliza-se a interpretação da própria Igreja
Católica sobre comunicação, defendida em documentos, encíclicas, decretos e
diretrizes, para estudar a aplicabilidade da comunicação na Diocese de Caxias do
Sul.
Como linha metodológica, Thompson (1995) defende três fases para aplicar a
HP: análise sócio-histórica, análise formal ou discursiva e
interpretação/reinterpretação. A primeira busca estudar e reconstruir o contexto
social e histórico em que a forma simbólica é produzida; no caso desta pesquisa, o
que a Igreja compreende por comunicação social, em diferentes épocas. Segundo
51
Thompson, os principais fatores que se leva em conta para compreender o contexto
são os espaços-temporais, os campos de interação, as instituições sociais, as
estruturas sociais e os meios técnicos da construção de mensagens e de
transmissão.
Na análise formal ou discursiva, entende-se que o objeto de estudo, além de
ser produzido em um contexto, diz algo, carrega um significado em si mesmo. “Os
métodos da análise discursiva procedem através da análise, eles quebram, dividem,
desconstroem e procuram desvelar os padrões e efeitos que constituem e que
operam dentro de uma forma simbólica ou discursiva” (THOMPSON, 1995, p. 369).
A interpretação é construída a partir da análise sócio-histórica e da análise
discursiva. Assim, estuda-se a gestão da comunicação na Diocese de Caxias do Sul
a partir da compreensão de comunicação da Igreja para paróquias e dioceses e de
como a comunicação é realizada na Diocese de Caxias do Sul. De acordo com
Thompson (1995), a interpretação também é uma reinterpretação do objeto em
análise, pois o objeto faz parte e é produzido por um grupo que já possui uma
interpretação dele.
Para aplicar a HP, é necessário usar outros métodos de análise inter-
relacionados, como Entrevista em Profundidade e outros tipos de pesquisa
etnográfica. Para conhecer o contexto sócio-histórico da comunicação social na
Igreja Católica, foi aplicado neste estudo a Análise Documental dos documentos da
Igreja sobre comunicação, assim como do documento recente da CNBB que
contextualiza as condições da paróquia atualmente, o Documento 100, e do
documento com as diretrizes para a comunicação em dioceses e paróquias, o
Documento 99.
A Pesquisa Bibliográfica foi utilizada em estudos sobre comunicação social e
organizacional, para auxiliar na análise. Para estudar a gestão da comunicação da
Diocese de Caxias do Sul, foi aplicado o método de Estudo de Caso, constituído por
meio da Entrevista em Profundidade e da Pesquisa Quantitativa, trazendo dados de
como a comunicação paroquial é realizada. Para a análise dos dados e das
entrevistas de forma integrada, foi utilizada a Análise de Conteúdo, de Laurence
Bardin, a fim de descrever de forma sistemática o conteúdo obtido.
5.1.1 Pesquisa Bibliográfica
52
Para a pesquisa, é necessário saber o que foi escrito sobre o assunto, a fim
de ampliar o conhecimento sobre o tema. A Pesquisa Bibliográfica auxilia em todo o
processo da aplicação da Hermenêutica em Profundidade, já que traz fundamentos
para a compreensão e interpretação das formas simbólicas. “A pesquisa bibliográfica
é um conjunto de procedimentos para identificar, selecionar, localizar e obter
documentos de interesse para a realização de trabalhos acadêmicos e de pesquisa”
(STUMPF, 2005, p. 54).
A Pesquisa Bibliográfica foi feita a partir de referenciais teóricos sobre a
gestão de comunicação e sobre comunicação na Igreja Católica, e como resultado
da revisão bibliográfica foram elaborados quatro capítulos: Comunicação Social,
Gestão da Comunicação, Comunicação Social na Igreja Católica e Metodologia.
5.1.2 Análise Documental
Como se aborda a relação da Igreja Católica com a comunicação e suas
diretrizes, grande parte do conteúdo está em documentos oficiais da Igreja, como
encíclicas e exortações. Assim, a Análise Documental serve de base para
compreender o que a instituição defende para a realização da comunicação social,
pois permite:
a identificação, a verificação e a apreciação de documentos para determinado fim. No caso da pesquisa científica, é, ao mesmo tempo, método e técnica. Método porque pressupõe o ângulo escolhido como base de uma investigação. Técnica porque é um recurso que complementa outras formas de obtenção de dados, como a entrevista e o questionário. (MOREIRA, 2005, p. 272).
O documento principal aplicado na análise da Pesquisa Quantitativa é o
Documento 99 da CNBB. Porém, também se relaciona com outros documentos
apresentados no capítulo quatro.
5.1.3 Pesquisa Quantitativa
O contexto que a Hermenêutica em Profundidade propõe para análise pode
ser conhecido com dados sobre o objeto pesquisado. A ideia inicial do estudo não
contemplava o método de Pesquisa Quantitativa, no entanto, ao longo do processo,
53
identificou-se a necessidade de aplicar a Pesquisa, em virtude da comunicação das
paróquias e da instituição da Diocese de Caxias do Sul não possuírem nenhum dado
quantitativo que pudesse revelar e mensurar como a comunicação é realizada.
A Pesquisa Quantitativa “explora aspectos do indivíduo e de cenários que
podem ser quantificados”, com o objetivo exploratório, que “proporciona uma visão
geral de determinado fenômeno, esclarecendo-o” (MOURA, 2011, p.84). Ela permite
uma “visão geral e instantânea do objeto estudado. A foto do fato” (TEIXEIRA, 2005
apud MOURA, 2011, p.86). Em comunicação, a partir dos instrumentos de pesquisa
“voltados especificamente ao levantamento de informações, como pesquisas,
auditorias, técnicas de observação, análise documental, etc., procede-se uma
atitude exploratória em relação a dados e fatos do cotidiano organizacional”
(BASEGGIO, 2011, p.120), permitindo uma visão geral da comunicação realizada.
Para isso, aplicou-se um questionário com alternativas de respostas, que
gerou dados que foram quantificados. Em determinadas perguntas, permitiu-se que
o respondente citasse a resposta questionada, dando maior amplitude à resposta, e,
de modo que a informação poderá ser utilizada pela comunicação da Diocese
posteriormente. O questionário também contou com um campo para incluir
observações dos respondentes, caso tenham sentido necessidade de explicar
alguma questão. O objetivo da pesquisa aplicada em paróquias da Diocese de
Caxias do Sul foi conhecer e mensurar o que as paróquias possuem de
coordenação e de ferramentas de comunicação e quantas delas acreditam que a
comunicação paroquial deve ser orientada pela Diocese de forma profissional, por
meio de um plano de comunicação.
A pesquisa foi elaborada no software Google Drive, que permite efetuar um
questionário e enviá-lo pela web, além de registrar as respostas obtidas e permitir a
análise das informações por meio de gráficos. O questionário foi enviado aos e-mails
das paróquias e dos padres no dia 1º de setembro de 2015, para serem respondidos
pelos párocos ou responsáveis pela comunicação paroquial. Foi dado o prazo final
de 14 de setembro de 2015 para preencher. Nove paróquias das 74 não possuíam
e-mail, então os párocos foram entrevistados por telefone. Após o prazo, foi
estabelecido contato telefônico com as paróquias que ainda não haviam respondido,
solicitando a confirmação do recebimento do questionário por e-mail. No total, foram
coletadas as respostas de 62 paróquias, totalizando 83,78% do total de paróquias,
54
sendo que 29 paróquias responderam por telefone. O questionário está no Apêndice
A e a tabela com as respostas no Apêndice D.
5.1.4 Entrevista em Profundidade
Para recolher material para constituir o Estudo de Caso na Diocese de Caxias
do Sul, foi feita a Entrevista em Profundidade com o coordenador da Pastoral da
Comunicação, jornalista, mestre e doutor em Ciências da Comunicação pela
Unisinos (RS) e pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus em Farroupilha,
padre Paulo Roque Gasparetto, e com o seminarista, jornalista pós-graduado em
Comunicação e assessor de imprensa da Diocese, Elton Marcelo Aristides. A
Entrevista em Profundidade “é um recurso metodológico que busca, com base em
teorias e pressupostos definidos pelo investigador, recolher respostas a partir da
experiência subjetiva de uma fonte, selecionada por deter informações que se
deseja conhecer” (DUARTE, 2005, p. 63).
A Entrevista em Profundidade também foi aplicada com Moisés Sbardelotto,
jornalista, mestre e doutorando em Comunicação pela Unisinos (RS) e La Sapienza,
(Roma), e membro da Comissão Especial para o Diretório de Comunicação para a
Igreja no Brasil da CNBB, e colaborador do Instituto Humanitas Unisinos (IHU), a fim
de ampliar o entendimento sobre as diretrizes do Diretório de Comunicação, o
Documento 99.
As Entrevistas em Profundidade deste estudo foram realizadas em módulo
semi-aberta, que é o “modelo de entrevista que tem origem em uma matriz, um
roteiro de questões-guia que dão cobertura ao interesse da pesquisa” (DUARTE,
2005, p.63). As informações obtidas na entrevista se somam à Pesquisa Quantitativa
para constituir o Estudo de Caso e dar aplicabilidade em todas as etapas da análise
metodológica da Hermenêutica em Profundidade. As questões das entrevistas em
profundidade estão no Apêndice B e C.
5.1.5 Análise de Conteúdo
Para a análise das Entrevistas em Profundidade e das observações obtidas
no questionário com as paróquias, utilizou-se a técnica Análise de Conteúdo, que
busca conhecer outras realidades por meio da mensagem obtida. Visa “o
55
conhecimento de variáveis de ordem psicológica, sociológica, histórica, etc. por meio
de um mecanismo de dedução com base em indicadores reconstruídos a partir de
uma amostra de mensagens particulares” (BARDIN, 2000, p.44).
Conforme a autora, a Análise de Conteúdo organiza-se em três fases: pré-
análise, que é a organização de ideias e indicadores; a exploração do material, que
é a codificação, realizadas por unidade de registro e contagem frequencial, e a
definição de categorias em que os dados são agrupados visando à objetividade, a
pertinência com o trabalho, a homogeneidade e a produtividade; e o tratamento dos
resultados ou interferência e interpretação, que, segundo Bardin (2000, p. 101), “os
resultados brutos são tratados de maneira a serem significativos (falantes) e
válidos”.
5.1.6 Estudo de Caso
O Estudo de Caso é uma ferramenta metodológica “para explicar os vínculos
causais em intervenções da vida real que são complexas demais para as estratégias
experimentais ou aquelas utilizadas em levantamentos” (YIN, 2001 apud DUARTE,
2005, p. 220). Estudar a comunicação social da Diocese de Caxias do Sul como um
Estudo de Caso é conhecer como se opera a comunicação dessa instituição, a fim
de expandir o conhecimento sobre a comunicação social na Igreja Católica e sobre
as teorias estudadas. “O objetivo do pesquisador é expandir e generalizar teorias
(generalização analítica) e não enumerar frequências (generalização estatística)”
(YIN, 2001 apud DUARTE, 2005, p. 221). Assim, o estudo aprofundado sobre a
comunicação da Diocese de Caxias do Sul, com dados a partir da Pesquisa de
Quantitativa e Entrevista em Profundidade, confirma ou contrapõe o que é estudado
na Pesquisa Bibliográfica e na Análise Documental.
A comunicação da Diocese de Caxias do Sul foi escolhida em função da
facilidade de acesso ao objeto por parte da pesquisadora. Também por ser
considerada uma amostra adequada para a aplicação da análise, em função do seu
tempo de existência e de sua história, da existência de uma coordenação de
comunicação diocesana, de suas condições econômicas consideradas adequadas
para a existência da comunicação profissional e pela característica da região, que
valoriza o conhecimento técnico-científico. Outra motivação foi o interesse pessoal
56
da pesquisadora em aplicar o conhecimento obtido neste estudo na Diocese de
Caxias do Sul.
5.1.6.1 Diocese de Caxias do Sul
Conforme o último Guia da Diocese de Caxias do Sul, publicado em 2014, a
Diocese de Caxias foi criada em 8 de setembro de 1934, pela Bula Quae Spirituali
Christifidelium do Papa Pio XI, desmembrada da Arquidiocese de Porto Alegre, e em
10 de novembro de 1966, por Decreto da Sagrada Congregação Consistorial,
passou a denominar-se Diocese de Caxias Do Sul, tendo como o 1º bispo Dom José
Barea.
A Diocese pertence ao Regional Sul 3 da CNBB, que é o colegiado dos
bispos do Rio Grande do Sul, que compreende 18 dioceses. É composta por 74
paróquias, com 972 comunidades-igreja (comunidades com sedes subordinadas às
paróquias), em sete regiões pastorais (Caxias do Sul5, Flores da Cunha6,
Farroupilha7, Garibaldi8, Bento Gonçalves9, Nova Prata10 e São Francisco de
5 Compõe a Região Pastoral de Caxias do Sul as seguintes paróquias: Paróquia Cristo Operário;
Paróquia Divino Espírito Santo; Paróquia Imaculada Conceição; Paróquia Menino Deus; Paróquia Nossa Senhora de Caravaggio; Paróquia N. Senhora de Lourdes; Paróquia Nossa Senhora da Saúde; Paróquia N. Senhora do Rosário de Pompéia; Paróquia Sagrada Família; Paróquia Sagrado Coração de Jesus; Paróquia Santa Catarina; Paróquia Santa Fé; Paróquia Santa Lúcia; Paróquia Santa Teresa D'Avila (Catedral Diocesana); Paróquia Santíssima Trindade; Paróquia Santo Antônio; Paróquia Santo Antônio; Paróquia Santos Apóstolos; Paróquia Santo Expedito; Paróquia São Ciro; Paróquia São José; Paróquia São José; Paróquia São Leonardo Murialdo; Paróquia São Luis; Paróquia São Pedro e São Paulo; Paróquia São Pelegrino e N. Senhora da Pietá; Paróquia São Pio X; e Paróquia São Vicente de Paulo. 6 Compõe a Região Pastoral de Flores da Cunha as seguintes paróquias: Paróquia Nossa Senhora
de Lourdes; Paróquia N. Senhora do Carmo; Paróquia Sagrado Coração de Jesus; Paróquia Santo Antônio; Paróquia São Marcos; Paróquia São Marcos; e Paróquia São Pedro e São Paulo. 7 Compõe a Região Pastoral de Farroupilha as seguintes paróquias: Paróquia Jesus Bom Pastor;
Paróquia Jesus Ressuscitado; Paróquia N. Senhora de Caravaggio; Paróquia Sagrado Coração de Jesus; Paróquia Santa Cruz; Paróquia São Marcos; e Santuário Diocesano Nossa Senhora de Caravaggio. 8 Compõe a Região Pastoral de Garibaldi as seguintes paróquias: Paróquia N. Senhora das Graças;
Paróquia N. Senhora Mãe de Deus; Paróquia São João Batista; Paróquia São Lourenço Mártir; Paróquia São Marcos; e Paróquia São Pedro. 9 Compõe a Região Pastoral de Bento Gonçalves as seguintes paróquias: Paróquia Cristo Rei;
Paróquia Nossa Senhora do Rosário; Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Pompeia (Santuário Paroquial); Paróquia Santa Bárbara; Paróquia Santa Teresa; Paróquia Santo Antônio; Paróquia São Francisco de Assis; e Paróquia São Roque. 10
Compõe a Região Pastoral de Nova Prata as seguintes paróquias: Paróquia Nossa Senhora da Saúde; Paróquia Nossa Senhora do Rosário; Paróquia Sagrado Coração de Jesus; Paróquia Santo Antônio; Paróquia Santo Antônio; Paróquia Santo Antônio; Paróquia São Brás; Paróquia São João Batista e N. Sra. Aparecida; Paróquia São Jorge; Paróquia São José; Paróquia São Luis Gonzaga; Paróquia São Pedro; e Paróquia São Tiago e N. Sra. de Fátima.
57
Paula11), distribuídas em 3212 municípios. A situação geográfica da Diocese de
Caxias está no leste setentrional do Estado do Rio Grande do Sul, com limites entre
as Dioceses de Montenegro (RS), Passo Fundo (RS), Vacaria (RS), Criciúma (SC),
Osório (RS), Novo Hamburgo (RS) e Santa Cruz do Sul (RS), com uma superfície de
11.892 km², e abrange uma população de 910.066 habitantes, conforme estimativa
da população pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2013.
A Diocese é coordenada pelo bispo Dom Alessandro Ruffinoni, missionário
Scalabriniano, que nasceu aos 26 de agosto de 1943, em Piazza Brembana
(Bergamo), Itália, e tornou-se Bispo Diocesano de Caxias do Sul em 6 de julho de
2011. A Diocese possui quatro prioridades que fundamentam seu Plano de Pastoral
de 2013 a 2016, que são: a formação para a iniciação e animação da vida cristã; o
cuidado com a vida plena; a comunidade acolhedora e missionária; e a
evangelização da juventude; (com a observação de que a família entra de forma
transversal em todas as prioridades com ações concretas).
5.1.6.1.1 A Pastoral da Comunicação da Diocese de Caxias do Sul
A Diocese de Caxias do Sul possui há 23 anos a Pastoral da Comunicação
(Pascom) como órgão oficial para coordenar a comunicação da Diocese institucional
e para orientar e articular a comunicação das paróquias. A Pascom é coordenada
voluntariamente pelo jornalista, mestre e doutor em comunicação, Paulo Roque
Gasparetto, e tem como membros voluntários Ivo Adamatti, Jacob Raul Hoffmann,
Maria Helena Rech e os padres Renato Ariotti, Gilmar Marchesini e Adilson Zílio. As
reuniões geralmente são realizadas mensalmente, sem data fixa, e tem como
objetivo, segundo Gasparetto (2015, Informação verbal) 13, “agilizar e pensar a
comunicação da Diocese”.
11
Compõe a Região Pastoral de São Francisco de Paula as seguintes paróquias: Paróquia Nossa Senhora das Graças; Paróquia Santa Maria do Belo Horizonte; Paróquia São Francisco de Paula; Paróquia São José; e Paróquia São Sebastião. 12
A Diocese é constituída pelos seguintes municípios: Antônio Prado, Bento Gonçalves, Boa Vista do Sul, Cambará do Sul, Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Coronel Pilar, Cotiporã, Fagundes Varela, Farroupilha, Flores da Cunha, Garibaldi, Guabiju, Jaquirana, Monte Belo do Sul, Nova Araçá, Nova Bassano, Nova Pádua, Nova Prata, Nova Roma do Sul, Paraí, Pinto Bandeira, Protásio Alves, Santa Tereza, São Jorge, São Marcos, São Francisco de Paula, Veranópolis, Vila Flores e Vista Alegre do Prata e compreende ainda parte dos municípios de São Valentim do Sul e Imigrante. 13
Entrevista com Paulo Gasparetto concedida a Ana Cláudia Cislaghi Mutterle Chiesa, 26 ago. 2015. As próximas referências com Gasparetto (2015) são informações verbais e referem-se a esta entrevista, cujo áudio está disponível no Apêndice D, no áudio Entrevista Paulo Gasparetto.
58
Desde 17 de agosto de 2015, a Diocese contratou para assessoria de
imprensa o seminarista e jornalista Elton Marcelo Aristides, integrando a Pascom e
tendo como responsabilidade atualizar o layout do site da Diocese, alimentá-lo,
assim como a página da Diocese no Facebook e organizar coletivas de imprensa e
divulgação dos acontecimentos diocesanos. Todas as paróquias, grupos e
movimentos são convidados a enviar a ele notícias e fotos de suas atividades. Até
final de 2015, Aristides mora em Porto Alegre para concluir a faculdade de Teologia,
podendo realizar esse trabalho mais intensamente em 2016, quando morará em
Caxias e terá mais tempo disponível para a comunicação diocesana.
A Diocese de Caxias trabalha com os seguintes materiais impressos: a
produção e envio de cartazes, flyers e folders diocesanos para serem colocados nos
murais e distribuídos nas paróquias; o informativo mensal Diocese em Comunicação,
distribuído há 23 anos às paróquias e aos meios de comunicação com os principais
acontecimentos da Diocese; e a distribuição de um calendário anual com os eventos
diocesanos para todos os agentes pastorais. O informativo é escrito e diagramado
por Ivo Adamatti e os materiais gráficos são desenvolvidos pela própria gráfica que
imprime o material.
As mídias digitais coordenadas pela Pascom são o Facebook e o site
institucional, alimentadas por Aristides, que também executa a assessoria de
imprensa. Anualmente, realiza-se a confraternização com a imprensa regional, para
refletir a Mensagem do Dia Mundial das Comunicações Sociais com os jornalistas. A
comunicação com as paróquias é realizada por meio de e-mails enviados pela
secretaria do bispado. Para comunicação interna, anualmente ocorrem eventos de
integração dos funcionários das secretarias paroquiais e o retiro anual de todos os
padres
Sobre os meios de comunicação administrados diretamente pela Diocese, a
instituição possui a transmissão da missa do Santuário de Caravaggio,
semanalmente aos domingos, às 11h, ao vivo, no Canal UCS TV, seguida da
mensagem do bispo Dom Alessandro Ruffinoni. Possui a Rádio Miriam como rádio
própria, localizada em Farroupilha, com conteúdo religioso e jornalístico.
59
6 ANÁLISES
A partir do desenvolvimento da Hermenêutica em Profundidade, em que se
pesquisam os critérios de observação a partir da Análise Documental da Igreja
Católica e da Pesquisa Bibliográfica, este capítulo apresenta a Análise de Conteúdo
e quantitativa dos dados provenientes da Pesquisa Quantitativa com as paróquias e
da Entrevista em Profundidade com Gasparetto (2015) e Aristides (2015), para o
Estudo de Caso da comunicação da Diocese de Caxias do Sul. Para cumprir a
resolução dos objetivos desta monografia, os dados foram organizados pelas
seguintes categorias de análise: Perfil do respondente; Diretrizes e Documentos
para Comunicação Paroquial; Organização da Comunicação Paroquial; Perfil do
gestor da Comunicação Paroquial; Formação; Ferramentas de Comunicação
Paroquial; Gestão da Comunicação Diocesana; e Comunicação por Regiões
Pastorais.
6.1 PERFIL DO RESPONDENTE
No total, coletaram-se as respostas de 62 paróquias, totalizando 83,78% do
de 74 paróquias, sendo que 29 paróquias responderam por telefone. Sete párocos
respondentes coordenam duas paróquias; assim, por possuírem as mesmas
orientações sobre comunicação, dobrou as suas respostas para as duas paróquias,
totalizando 14 paróquias. Por Região, das 28 paróquias da Região Pastoral de
Caxias do Sul, seis não responderam, sendo quatro urbanas e duas rurais; das sete
paróquias da Região Pastoral de Flores da Cunha, uma rural não respondeu; das
sete paróquias da Região Pastoral de Farroupilha, uma rural não respondeu; das
oito paróquias da Região Pastoral de Bento Gonçalves, uma rural não respondeu;
das treze paróquias da Região Pastoral de Nova Prata, três rurais não responderam,
e da Região de Garibaldi, todas responderam, totalizando a porcentagem de
participação de cada região que pode ser observada na Ilustração 2:
60
Ilustração 2 – Porcentagem de paróquias respondentes por Região Pastoral:
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
Ao enviar o questionário, solicitou-se que o pároco respondesse, por ser
quem coordena a paróquia, ou o responsável pela comunicação paroquial, a fim de
garantir que o respondente conhecesse a comunicação da paróquia.
Ilustração 3 – Função dos respondentes
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
Como pode ser observada na Ilustração 3, a maior parte dos respondentes
foram os párocos. Em segundo os vigários paroquiais, em seguida as secretárias, e
apenas um respondente foi o assessor de comunicação, diácono ou coordenador.
Assim, percebe-se que uma parcela possui o vigário paroquial como responsável
pela comunicação ou a secretária da paróquia.
61
Ilustração 4 – Idade dos respondentes
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
A maioria dos respondentes, como pode ser observada na Ilustração 4,
possui de 42 a 56 anos, com uma parcela significativa dos 56 aos 70, seguida dos
35 aos 42. Ou seja, a grande parte foi contemporânea à implantação das mudanças
que o Concílio Vaticano II, iniciado em 1962, trouxe na Igreja e na comunicação da
Igreja, que podem ser conhecidas no capítulo quatro desta monografia.
6.2 DIRETRIZES E DOCUMENTOS PARA A COMUNICAÇÃO PAROQUIAL
Com o objetivo de perceber a organização da comunicação das paróquias, de
modo a revelar se elas possuem linhas gerais que orientam a comunicação, foi
questionado às paróquias se elas possuem diretrizes de comunicação, no sentido de
orientação, visão e/ou objetivo sobre comunicação.
Ilustração 5 – Paróquias que possuem diretrizes
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
62
A Ilustração 5 apresenta que mais de 70% não possui diretriz definida,
sugerindo que poucas apresentam de forma oficial as diretrizes de documentos da
Igreja. No capítulo quatro deste estudo, o Documento 94 aponta que as diretrizes
indicam rumos para resolver as urgências. Por isso, as paróquias que não possuem
diretrizes podem ter sua comunicação prejudicada e revelar pouca sintonia com os
estudos da Igreja. Solicitou-se que as paróquias que respondessem “sim”
escrevessem qual a diretriz:
Tabela 1 – Respostas sobre diretrizes de comunicação paroquiais
Diretriz Categoria enquadrada
“Divulgar e promover ações de evangelização, integração e formação comunitária.”
A comunicação deve ajudar na evangelização
“Divulgar as atividades e manter contato entre pastorais e comunidades.”
Divulgação das atividades
“A comunicação ajuda na evangelização.” A comunicação deve ajudar na evangelização
“Comunicação voltada para a evangelização e a pastoral.”
A comunicação deve ajudar na evangelização
“Evangelizar utilizando os recursos das mídias digitais para transmitir a fé em Jesus Cristo aos fiéis que buscam espiritualidade pela rede da internet. Agilizar a comunicação, relacionamentos, informações com os fiéis que navegam pela Rede.”
Propiciar a vivência da fé por meio dos meios digitais
“A principal forma de comunicação é acolher, aproximar e trazer as pessoas de volta para a Igreja por meio do contato pessoa, especialmente, mas também via meios possíveis neste momento.”
Comunicação interpessoal
“Utilizar da rádio para se comunicar.” Comunicação como uso da rádio
“Utilizar da rádio para se comunicar.” Comunicação como uso da rádio
“As diretrizes vêm da Congregação dos Cônegos Lateranenses.”
Diretrizes externas
“Estamos tentando articular um programa em rádio ou jornal, mas no momento não há dinheiro.”
Comunicação como uso da rádio
“Nas prioridades da Pastoral.” Diretrizes externas
“Levar aos devotos de Nossa Senhora de Caravaggio, um contato diário com o Santuário através das mais diversas formas de evangelização, mas principalmente pelas transmissões das missas celebradas no Santuário.”
Propiciar a vivência da fé por meio dos meios digitais
“Não temos nada escrito. Temos assessoria de uma empresa de relações públicas que nos ajuda com os meios que usamos e também na divulgação dos eventos.”
Divulgação das atividades
“Diretrizes pastorais da Diocese.” Diretrizes externas
“Comunidade Unida e Fraterna: Lugar de Ser Cristão.” – Diretriz Pastoral Paroquial
Diretrizes externas
“Seguir as diretrizes do documento Inter Mirifica, divulgando a comunicação a serviço da da vida.”
A comunicação deve ajudar na evangelização
“Seguir as diretrizes do documento Inter Mirifica, divulgando a comunicação a serviço da da vida.”
A comunicação deve ajudar na evangelização
“Levar notícia do evangelho as comunidades.” A comunicação deve ajudar na evangelização
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
63
Como pode ser observado na Tabela 1, das 18 paróquias que responderam
“sim”, seis respostas podem ser categorizadas como “a comunicação deve ajudar na
evangelização”, por possuírem o termo evangelização, e quatro responderam como
diretrizes externas, que são as pastorais da paróquia, congregação ou diocese.
Essas respostas ficam de acordo com o Documento 99 (2014), que a comunicação
na Igreja deve ser Pastoral, promovendo a evangelização.
Três respostas podem ser categorizadas como “a utilização de um programa
de rádio” e duas como “a divulgação das atividades”, reforçando a visão do
documento Communio Et Progresso, que apresenta os meios de comunicação como
poderosos meios de comunicação entre a Igreja e o seu públicos. Essas respostas
também possuem uma visão funcionalista da comunicação, em que o comunicar é
visto apenas a partir da sua função de divulgação e não como processo, conforme
pode ser observado no capítulo 2 desta monografia.
Duas respostas foram categorizadas como “propiciar a vivência da fé por
meio dos meios digitais”, que, conforme Sbardelotto (2011), no capítulo três desta
monografia, o fiel também pode praticar a sua fé no ambiente digital. Também neste
capítulo, é apresentado o conceito de Mcluhan, em que os meios são extensões do
corpo humano, por isso é possível que o fiel experimente a fé pelos meios. Uma
delas respondeu “acolher, aproximar e trazer as pessoas de volta para a Igreja por
meio do contato pessoal, especialmente, mas também via meios possíveis neste
momento”, que retrata as Mensagens do Papa Francisco sobre a comunicação que
vai ao encontro dos fiéis e que promove a comunicação interpessoal.
Conforme Gasparetto (2015), as prioridades da comunicação na Diocese são:
transformar paróquias, movimentos, serviços, pastorais, entidades da Igreja, em
entes comunicativos e que exista uma comunicação entre eles; traduzir mensagens
da Igreja em práticas cotidianas, transformando-as em cultura; construir a
comunicação a partir das necessidades do público e não a partir das necessidades
da Igreja; transformar os canais de comunicação da Igreja em expressão da vida dos
fiéis, não em apenas com conteúdo da instituição, mas que reflitam a vida das
pessoas e que transformem a realidade, em toda a questão social.
As duas primeiras noções de Gasparetto (2015) refletem a ideia de
comunicação como cultura que deve perpassar todos os entes, apresentadas no
Documento de Aparecida; e as outras duas possuem referências da 48ª Mensagem
do Papa para o Dia Mundial da Comunicação, em que a comunicação não é vista
64
como transmissão de informação, e sim como ir ao encontro dos fiéis e se fazer
próximo por diversos meios, sendo um deles a produção de um conteúdo adequado
à realidade do público. Também traz a visão da comunicação organizacional
segundo Baldissera (2008), no capítulo três deste trabalho, que percebe a
comunicação como toda a construção e troca de sentidos dentro de um grupo, por
isso ela abrange mais do que a simples divulgação de conteúdo, e sim torna todos
os membros do grupo entes comunicativos.
Fora Gasparetto, nenhuma das respostas mencionou o processo de incluir a
própria comunidade nos processos de decisões e de comunicação, como sugere
Goldschmidt (2010) no capítulo três deste estudo. A falta de processos participativos
pode prejudicar o envolvimento com a paróquia destes stakeholders e segue na
linha contrária dos documentos da Igreja na América Latina, que apontam para uma
maior participação dos fiéis nas decisões.
Para perceber se os documentos da Igreja Católica ou algum estudo sobre
comunicação são conhecidos pelas paróquias ou se influenciam na visão sobre
comunicação, questionou-se se havia algum documento ou estudo que contribuiu na
elaboração da Diretriz, como pode ser observado na Ilustração 6. Todos os
respondentes deveriam assinalar, não apenas quem possuía diretriz.
Ilustração 6 – Documento ou estudo que ajudou na elaboração da diretriz
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
Percebe-se que mais de 77% não utiliza os documentos nas suas linhas
orientadoras, ou seja, há pouco uso dos estudos, que, mesmo sendo apresentados
pela hierarquia da Igreja e construídos com a participação de muitos especialistas da
comunicação, ainda chegam pouco na prática comunicacional das paróquias da
65
Diocese de Caxias do Sul. No capítulo quatro desta pesquisa, a CNBB traz no
Documento 100 que a Igreja é uma comunhão das paróquias, que, por sua vez,
devem estar em comunhão com a Diocese, que é ligada ao Papa. Por isso, a Igreja
tem como característica a sintonia de linhas orientadoras, de modo que o pouco uso
dos documentos revela falta de sinergia entre seus setores. Observa-se também,
conforme as Ilustrações 5 e 6, que há mais paróquias com diretrizes próprias ou de
outras fontes do que paróquias com diretrizes orientadas pelos documentos da
Igreja.
Foi solicitado que as paróquias que respondessem “sim”, escrevessem qual o
documento ou estudo. Conforme respostas presentes no Apêndice D, das 12
paróquias que responderam, cinco citaram o Documento 99, e três citaram o Inter
Mirifica, documento aprovado no Concílio Vaticano II, que, segundo Puntel (2010),
presente no capítulo quatro deste estudo, oficializa a aceitação da comunicação
social pela Igreja, enfatizando o dever da Igreja em utilizar os meios para
solidariedade e evangelização. Isso revela que, mesmo o Vaticano atualizando seus
Documentos, ainda há padres que utilizam os mais antigos, o que pode ser em
função da idade e formação do padre ou preferência. Um citou o Documento de
Aparecida, publicado em 2007, que defende a comunicação como uma cultura que
deve perpassar todas as pastorais; um citou a Mensagem do Papa para o 48º dia
das Comunicações, porém no sentido de se promover mais encontros interpessoais
entre a Igreja e seu público; um citou uma relação de autores que escrevem sobre
Ciberteologia, e um citou o site www.paroquias.com.br, o que revela uma
preocupação com a evangelização pela internet.
Gasparetto (2015) defende que a comunicação compreendida pelo Vaticano e
a CNBB é um pensar avançado, vanguardista, e que não faltam subsídios para o
“pensar” a comunicação na Igreja. Porém, aponta que a principal dificuldade está em
aplicar os documentos, em função do tamanho da Igreja, de modo que muitas vezes
as paróquias não têm conhecimento dos documentos; pela diversidade de ideias; e
pelo respeito à individualidade de cada paróquia, como o coordenador explica:
A Igreja é um transatlântico. Você gira dez para o norte, demora cinquenta anos, porque antes de virar todo o navio, ele demora. É diferente de um barquinho que é muito mais ágil, com uma cabeça só. Vivemos o processo democrático, respeitando a caminhada de cada ente. Por isso, muitas vezes, não anda como a gente quer e na velocidade que a gente gostaria. Mas há direção. (GASPARETTO, 2015).
66
Para que os setores da Igreja atuem com as mesmas linhas norteadoras, a
CNBB, no Documento 99 (2014), presente no capítulo quatro desta monografia,
sugere que a Pascom diocesana forneça formação sobre os documentos da Igreja,
de modo a torná-los conhecidos e adequados à realidade local para favorecer a sua
prática.
6.3 ORGANIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PAROQUIAL
Para quantificar quantas paróquias seguem a orientação da diretriz n. 263 do
Documento 99, em que cada paróquia deve ter uma Pastoral da Comunicação,
perguntou-se se as paróquias possuem Pascom.
Ilustração 7 – Pastoral da Comunicação paroquial
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
Mais de 70%, ou seja, a maior parte, como pode ser observada na Ilustração
7, não possui Pascom. Mesmo o Documento 99 sendo recente, desde a Aetatis
Novae, em 1992, a Igreja defende que a comunicação na paróquia precisa ter uma
organização, e, a CNBB, no Documento de Aparecida (2007), chama essa
organização de Pastoral de Comunicação, sendo assim considerado algo já
consolidado pela Igreja. A Pascom é conhecida como a forma de organização da
comunicação paroquial, por isso, se ela não existe, pode-se compreender que não
há organização da comunicação. Marchiori (2008) apresenta, no capítulo três desta
pesquisa, que a comunicação tornou-se essencial para a gestão de organizações,
67
pois mantém relacionamento com seus diferentes públicos, mas para isso é
necessário um esforço da empresa em planejar e monitorar a comunicação por meio
de uma gestão. No caso da paróquia, conforme o Documento 99, esta gestão deve
ser feita pela Pascom, e, sem ela, como ocorre com a maioria das paróquias da
Diocese, pode haver um comprometimento na própria gestão da paróquia.
A paróquia vive um contexto, conforme a CNBB (Documento 100, 2014) no
capítulo quatro desta monografia, marcado pelo pluralismo religioso, pela falta de
territorialidade, de modo que é necessário criar estratégias para atrair fiéis, por
novas associações que oferecem a vivência da fé católica sem ser paroquial, e pela
vivência da fé de forma individual e digital. Assim, o fato de mais de 77,4% não
possuir a Pascom pode não só prejudicar a comunicação da Igreja, como também a
busca por manter e atrair os fiéis. O Papa Francisco na Evangelli Gaudium, no
capítulo quatro desta monografia, destaca que é necessária a renovação das
paróquias, para que elas sejam mais próximas das pessoas, gerando maior
comunhão e participação, o que a organização da comunicação pode ajudar a
viabilizar.
Com o objetivo de conhecer como as paróquias entendiam a Pastoral da
Comunicação, questionou-se a função da Pascom na paróquia. Conforme respostas
presentes no Apêndice D, das 14 que responderam, 13 são relacionadas às
atividades de comunicação da paróquia, o que se considera o entendimento
adequado ao da CNBB no Documento 99 (2014), e uma relacionada ao preparo da
liturgia.
Gasparetto (2015) afirma que é dever da Pascom diocesana auxiliar na
organização e formação da pastoral paroquial, porém explica que não é possível
impor o sistema às paróquias. Defende que a dificuldade para implantar as pastorais
da comunicação é a diversidade de cada setor da Igreja, como o coordenador
explica:
A dificuldade nossa é que a gente tem visões diferentes, posições diferentes. No fundo é uma coisa boa, tem que respeitar cada paróquia, a caminhada, o processo de cada uma. O difícil é conseguir unir tudo isso. Dizer: “disso tudo, o mais importante é isso aqui”. Se não um vai para o lado, outro vai para o outro, e nas divisões a gente se perde. A Igreja tem muito diversidade, é muito plural. Tem as linhas que norteiam, mas ela é muito plural. Unir tudo isso dentro de uma Diocese é o desafio.
68
Para respeitar a diversidade, o coordenador diocesano aponta que as
paróquias precisam sentir a necessidade e solicitar orientações. Assim como o
Gasparetto, Aristides (2015, Informação verbal) 14 entende que cabe a Pascom da
Diocese oferecer essa possibilidade de orientação, no entanto, reforça que cada
paróquia possui o pároco como responsável dentro da hierarquia católica, de modo
que o assessor de imprensa diocesano não pode impor as orientações:
Eu até posso sugerir a possibilidade de orientar a criação de um site paroquial, pois devemos oferecer a possibilidade de orientação. Por exemplo, para o cartaz da festa, mandam para as gráficas fazerem, e elas muitas vezes não sabem fazer. Fazem eles cheio de informações. [...] Se alguma paróquia precisa de ajuda para fazer uma arte, eu posso fazer. Mas ela precisa querer. É necessária essa referência de comunicação, que tivesse o e-mail, um telefone, para paróquias, padres e imprensa. (ARISTIDES, 2015).
Assim, percebe-se que há uma preocupação da coordenação da
comunicação diocesana em não impor diretrizes e ações, e sim, atuar no papel de
orientação às paróquias, respeitando a iniciativa de cada uma.
No campo do questionário para Observações, encontraram-se cinco
respostas justificando a ausência de Pascom pela falta de pessoas capacitadas para
o trabalho, o que foi considerado uma quantidade significativa, visto que o
preenchimento do campo foi opcional e não se solicitou a justificativa.
Tabela 2 – Respostas sobre capacitação de pessoas para a Pascom
Observações Categoria
“Falta pessoas para atuar na PASCOM paroquial, por ser uma comunidade do interior.”
Falta pessoas capacitadas para a Pascom
“Falta pessoas capacitadas para ajudar na paróquia.” Falta pessoas capacitadas para a Pascom
“Falta pessoas para ajudar, falta catequistas, não dá para pensar em comunicação quando faltam coisas básicas.”
Falta pessoas capacitadas para a Pascom
“Falta pessoas para alimentar e cuidar das ferramentas.” Falta pessoas capacitadas para a Pascom
“Penso que a pastoral da comunicação é importante. Muitas ações que acontecem na paróquia não tem uma coordenação maior. Muitas atividades estão centralizadas nos padres. Isto nos sobrecarrega bastante. Mas os leigos estão começando a participar mais. Certamente se os leigos que participam da pastoral da comunicação forem qualificados (profissionais) isto poderia ajudar muito.”
Falta pessoas capacitadas para a Pascom
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
14
Entrevista com Elton Marcelo Aristides concedida a Ana Cláudia Cislaghi Mutterle Chiesa. 8 set. 2015. As próximas referências com Aristides (2015) são informações verbais e referem-se a esta entrevista, cujo áudio está disponível no Apêndice D, no áudio Entrevista Elton Aristides.
69
Uma das soluções para a falta de pessoas capacitadas para a Pascom,
conforme a CNBB no Documento 99, é disponibilizar formação sobre comunicação e
sobre a fé católica para agentes pastorais, de modo a capacitá-los para exercer tal
função.
Para perceber se a paróquia possui um coordenador que pense a
comunicação paroquial, de modo a organizá-la, conforme a diretriz n. 263, tendo ou
não Pascom, questionou-se se a paróquia possui um coordenador de comunicação.
Ilustração 8 – Coordenador da comunicação paroquial
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
Como pode ser observado nas Ilustrações 7 e 8, há mais coordenadores de
comunicação instituídos do que a Pascom. Porém, ainda percebe-se que a grande
parte não possui nem coordenador de comunicação, o que pode prejudicar a gestão
da comunicação paroquial, conforme visto no capítulo três, em que se percebe,
conforme aponta Marchiori (2008), que a comunicação das organizações necessita
de uma gestão que mensure, monitore e oriente as atividades de comunicação.
A fim de perceber quantas paróquias possuem plano de comunicação
paroquial, foi questionado se possuem plano de comunicação:
70
Ilustração 9 – Plano de comunicação paroquial
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
Embora a Pontifícia Comissão para os Meios de Comunicação Social
destaque na Aetatis Novae (1992) a necessidade de um plano de comunicação na
diocese, não citando o paroquial, é importante considerar que Kunsch (2003), no
capítulo três desta monografia, destaca que planejamento não serve só para elencar
tarefas, e sim ter ações planejadas a partir do contexto da organização, para que
possam trazer resultados eficazes. A maioria das paróquias com ausência de plano
de comunicação revela que existe uma falta de ações coordenadas de comunicação,
o que pode prejudicar os resultados no presente e no futuro.
Ilustração 10 – Orçamento para comunicação paroquial
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
A Ilustração 10 revela que quase metade das paróquias considera que possui
verba para investir em comunicação, apontando que não seria a falta de recursos
financeiros o principal empecilho para a falta da organização da comunicação. O
71
Documento 99 (2014, n. 270) apresenta que cabe a cada diocese elaborar um plano
de comunicação adequado à realidade local, isso inclui econômica, geográfica,
social, entre outros fatores. Assim, a Diocese de Caxias, ao elaborar o plano, deve
considerar nas ações de comunicação as paróquias que possuem orçamento e as
que não possuem, propondo alternativas.
6.4 PERFIL DO GESTOR DA COMUNICAÇÃO PAROQUIAL
Para conhecer o perfil do coordenador paroquial, perguntou-se a quem
assinalou sim, quem é o coordenador da comunicação, questionando informações
como idade, profissão, atribuições na paróquia. Conforme respostas presentes no
Apêndice D, dos 18 que responderam que possuem coordenador, sete responderam
que são os padres, sendo que um destes a secretária também coordena; seis
responderam que são leigos adultos voluntários, sendo um com formação em
relações públicas e outro em design; quatro possuem como coordenador de
comunicação jornalistas contratados; e um tem como a coordenadora a secretária
paroquial.
Percebe-se que parte da mostra possui formação em Comunicação Social, o
que vem de acordo tanto no capítulo três, como aponta Neves (2000), que quem
deve cuidar da comunicação são pessoas especializadas na área; assim como no
Documento 99 (2014, n. 125), que quem coordene a comunicação deve ter perfil e
profissão adequados. Outro dado importante é que outra parte da amostra é
coordenada por padres, revelando um problema paroquial em que muitas atividades
são centralizadas na coordenação dos padres (CNBB, Documento 100, 2014,
n.200), dando pouco protagonismo aos leigos, como está no Documento 99 (2014,
n.9), e documentos da Igreja na América Latina.
Questionou-se às paróquias que possuem Pascom sobre quem integra a
Pascom paroquial, perguntando informações como idade, profissão e atribuições na
paróquia. Das 13 respostas, quatro são jornalistas contratados (os mesmos agentes
que desempenham a coordenação da comunicação), sendo que três destas
paróquias também possuem leigos voluntários, padres e religiosos compondo a
equipe, além do profissional. Quatro são compostas por padres e leigos e cinco são
compostas por leigos voluntários, sendo que duas são leigos voluntários com
habilitação em Comunicação Social.
72
Assim, embora poucas paróquias possuam Pascom, as que existem
conseguem incluir os leigos, orientação apresentada no Documento 99, e outra parte
é coordenada por profissionais de comunicação, que, conforme visto no capítulo
três, a comunicação organizacional pensada por profissionais auxilia nos processos
de gestão. Outro dado importante é que quatro paróquias possuem jovens atuando
na Pascom, o que é um fator importante destacado no Documento 99, quando
sugere a atuação juvenil nas mídias sociais digitais.
Com o objetivo de verificar a importância da formação profissional em
comunicação para atuar em paróquias, questionou-se às paróquias se elas
consideram que é necessária formação profissional em comunicação para coordenar
a comunicação paroquial.
Ilustração 11 – Atuação de profissional para coordenação paroquial
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
Conforme pode ser observado na Ilustração 11, menos da metade considera
que é necessária formação profissional para coordenar a comunicação paroquial.
Embora desde a Communio et Progresso (1972, n. 71), a Igreja enfatiza a
importância aos comunicadores de uma “especialização teórica e prática” para atuar
na comunicação, nem o Vaticano nem a CNBB orientam para a contratação de
profissionais, por entender que cada paróquia possui uma realidade
socioeconômica. O pensamento da grande porcentagem que considera que não é
necessária pode ter raiz na interpretação de que a comunicação que emerge das
comunidades, sugerida pelos documentos latino-americanos da Igreja, deve
envolver a não profissionalização. Sbardelotto (2014) aponta no capítulo quatro
deste trabalho que a comunicação paroquial não pode ser “marketeira”, ou muito
73
“técnica”, e sim “humana” e “artesanal”, por ser “pastoral”, mas isso não implica
obrigatoriamente na falta de conhecimento teórico e prático sobre comunicação.
6.5 FORMAÇÃO
O Vaticano, desde a Inter Mirifica, reforça o papel da formação fornecida pela
Igreja em formar opinião crítica sobre o mass media, e a Communio Et Progresso
aponta a importância de formação aos católicos sobre a tecnologia, para melhor
evangelizar. No Documento 99, é defendido que a Pascom tem como um dos
principais eixos o fornecimento de formação a agentes pastorais e fiéis, a fim de
melhor evangelizar por meio das novas linguagens e tecnologias. Para verificar se
ocorre algum tipo de trabalho formativo sobre comunicação, foi questionado às
paróquias se elas fornecem formação à coordenação da comunicação sobre
comunicação.
Ilustração 12 – Formação de comunicação para a coordenação
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
A maioria das paróquias não possui trabalho com a formação. A necessidade
de trabalho formativo para a comunicação foi apontada desde a Inter Mirifica (1963),
por isso considera-se pouca atuação com formação. Como pode ser observado na
Ilustração 7, há poucas pastorais da comunicação paroquiais, que, segundo o
Documento 99 e Sbardelotto (2014), no capítulo quatro desta monografia, deveriam
ser fomentadas por meio da formação. Um dos motivos responsáveis pela falta de
organização da comunicação paroquial pode ser a falta de formação.
74
Às que responderam, questionou-se qual tipo de formação. As respostas
foram unitárias, e apontaram “Sobre programa em rádio”; “Oficinas direcionadas
para a liturgia”, “Cursos dos mais diversos”, e “Assessoria para implantar a Pascom
com a coordenação diocesana”. Para verificar se há trabalho formativo com os
agentes pastorais, questionou-se às paróquias se elas oferecem formação a padres,
leigos e consagrados, sobre a comunicação.
Ilustração 13 – Formação de comunicação para agentes pastorais
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
Conforme pode ser observado nas Ilustrações 12 e 13, embora seja ainda
minoria, há mais paróquias com formação aos agentes pastorais, do que para a
coordenação de comunicação. Como citado, um dos motivos para a pouca
existência de pastorais da comunicação paroquiais é a falta de pessoas capacitadas
para a tarefa, o que seria solucionado com formação aos agentes, de acordo com o
Documento 99. Ainda segundo este Documento, para viabilizar a formação, muitas
vezes economicamente, é importante que haja uma articulação entre regiões
pastorais e diocese, atingindo um maior número de público.
Às que responderam sim, questionou-se qual tipo de formação. Três citaram a
formação sobre a comunicação na liturgia; duas leituras e estudos formativos sobre
comunicação; uma sobre programa de rádio; uma sobre manuseio do som paroquial,
e uma citou que “os padres recebem uma formação muito básica durante a sua
formação”, o que pode repercutir em pouco domínio sobre o assunto para poder
planejar uma formação aos agentes pastorais. Os documentos da Igreja, desde a
Inter Mirifica, orientam para uma formação crítica sobre comunicação aos sacerdotes
75
ainda quando seminaristas, e o Documento 99 apresenta a formação sistemática
para bispos, presbíteros, diáconos, religiosos, lideranças e comunidades (2014, n.
213).
Para Aristides (2015), os agentes pastorais que atuarão na comunicação
paroquial devem ter, mais do que entendimento de linguagem e tecnologia, uma
opinião crítica, fornecida por cursos diocesanos como o de Teologia para Leigos e o
Curso de Fé, Política e Trabalho. “Uma formação para que a pessoa saiba o que
divulgar. Se alguém tem essa sensibilidade, mostrando que a sua comunidade está
atuante, é esse o conteúdo que deve ser fornecido. O desafio é criar esse espírito de
comunicação. Às vezes, erramos por não divulgar o que se faz” (ARISTIDES, 2015).
As próximas ações da Pascom diocesana, segundo Gasparetto (2015),
envolvem um trabalho centrado na formação, como: intensificar a formação de
grupos da Pascom nas Regiões Pastorais, montando uma rede de comunicadores, e
não sendo mais iniciativas paralelas; mobilizar as mídias digitais com Aristides,
fornecendo supervisão e orientação aos produtores de conteúdos, por meio de um
conselho, que é a Pascom diocesana; viabilizar a formação, por meio de um
encontro para pensar a comunicação, aberta aos padres, às lideranças, às pastorais
paroquiais, que, de acordo com o coordenador, deverá ser “principalmente sobre a
midiatização, de todos os processos que a envolvem, e até laboratórios, pois muitas
vezes se tem o espaço, se tem boa vontade, mas algumas pessoas não têm
condições”.
Ou seja, Aristides e Gasparetto (2015) apontam prioritariamente para a
necessidade uma formação crítica sobre a mídia, mais do que operacional, diferente
do que foi citado pelas paróquias.
6.6 FERRAMENTAS DE COMUNICAÇÃO PAROQUIAIS
Conforme apresentado no capítulo três desta pesquisa, as ferramentas de
comunicação devem levar ao público informações sobre a organização, de modo
que ele pode se relacionar com a instituição (EID e VIVEIROS, 2007). Assim, para
perceber o que as paróquias utilizam de ferramentas de comunicação, verificando a
necessidade e o tipo de gestão, solicitou-se a elas para que assinalassem quais
ferramentas elas possuem. Os grupos de ferramentas foram divididos em: Material
76
impresso, Mídias Digitais (incluindo e-mail), Uso de Meios de Comunicação de
Massa, Comunicação Interna, e Espaço para Ouvidoria.
Na Ilustração 14, pode ser observada a porcentagem de cada alternativa
assinalada pelas 62 paróquias sobre os materiais impressos. As alternativas foram
Murais, Informativos (jornais, revistas) paroquiais, Cartazes, flyers, folders, etc.
(produção gráfica própria), Nenhum, ou Outro.
Ilustração 14 – Materiais impressos paroquiais
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
Percebe-se que grande parte utiliza murais, em que se colocam tanto
cartazes das paróquias, como também os encaminhados pela diocese, pela CNBB,
pelos movimentos, entre outros. Também se percebe o uso de Murais com
conteúdos religiosos, como a liturgia semanal. O Mural é uma mídia própria para
espaços fixos, por isso, como as paróquias são localizadas em templos que
recebem público, é uma mídia comum na Igreja, como pode ser observado na
Ilustração 14.
A produção gráfica própria, como cartazes, flyers e folders, também é
trabalhada pela grande maioria das paróquias, que é motivada pela própria
característica da Igreja em divulgar a realização de eventos e oferecer serviços,
como os sacramentos, segundo Gasparetto (2015). O coordenador também aponta
que, como as próprias gráficas que imprimem os folhetos realizam os layouts, torna-
se mais fácil para a paróquia o acesso a essa mídia.
A produção de informativos paroquiais, como boletins, revistas e jornais,
possui um trabalho em menor escala, como pode ser observado na Ilustração 14,
77
pois exigem mais recursos financeiros e uma produção de conteúdo própria, o que
repercute em uma organização da comunicação paroquial, que, conforme visto nas
Ilustrações 7 e 8, poucas possuem algum tipo de organização esquematizado, como
coordenação ou Pascom.
Na Ilustração 15, pode ser observada a porcentagem de cada alternativa
assinalada pelas 62 paróquias sobre as mídias digitais que as paróquias possuem.
As alternativas foram Site/blog, Mídias Sociais Digitais (Facebook, Twitter, Youtube),
Newslatter, Webtv, Webrádio, E-mails, Nenhum ou Outro.
Ilustração 15 – Mídias digitais que a paróquia possui
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
A maioria trabalha com e-mails, uma plataforma mais antiga fornecida pela
internet. Já as paróquias que possuem mídias sociais digitais são menos da metade.
No capítulo dois e três desta monografia, percebe-se que as mídias sociais digitais
podem ser usadas tanto por pessoas, como instituições, visto que fornecem
interações e conexões de diferentes naturezas (APARICI, 2012). Sbardelotto (2014),
no capítulo quatro desta pesquisa, enfatiza que as mídias sociais digitais servem
para estender a vivência paroquial para as redes, atingindo mais pessoas. Também
deve ser um ambiente em que a paróquia se coloca como receptora, para observar
seu público e definir suas decisões pastorais a partir desse monitoramento. No
capítulo quatro desta pesquisa, a CNBB aponta no Documento 100 que a solução
para o individualismo da vivência da fé é a própria paróquia estar presente neste
ambiente, atraindo de forma virtual e também para o offline. Assim, visto a
importância das mídias sociais digitais, considera-se que é uma ferramenta
78
adequada para ajudar nos desafios paroquiais atuais, e que seu pouco uso pelas
paróquias prejudica a comunicação da Igreja.
No entanto, há mais atuação nas mídias do que os índices de organização da
comunicação paroquial. Por isso, o comparativo revela que mesmo com pouca ou
sem pessoas responsáveis pela comunicação, a comunicação pelas mídias sociais
digitais é uma preocupação das paróquias. Spadaro (2012), no capítulo três desta
pesquisa, justifica essa inserção na rede não só por ser um novo “meio” de
evangelização, mas antes, um ambiente no qual a Igreja precisa estar presente, em
função de acompanhar o ser humano onde ele está. Quando questionado qual mídia
social digital se trabalha, todas responderam Facebook, que, conforme Spadaro
(2012) é caracterizada pelo relacionamento como centro da troca de conteúdo.
A Diocese possui como uma linha norteadora de comunicação a integração
entre os Facebooks paroquiais e o diocesano. “A ideia é que cada paróquia tivesse
um Facebook e tivesse alguém da Diocese com o acesso de todos eles. Esse
profissional iria buscar o que interessava, e alimentava o Facebook da Diocese. E as
coisas do Facebook da Diocese alimentavam o ‘Face’ da paróquia. Seria mais ágil”
(GASPARETTO, 2015).
O coordenador explica que a maior dificuldade em implantar o sistema é
encontrar pessoas que entendem de comunicação e da religião católica para cuidar
das mídias das paróquias. Por isso, contratou-se Aristides como profissional de
comunicação para a Diocese, de modo que ele possa monitorar e orientar os
facebooks das paróquias, e, ao longo prazo, fornecer formação aos comunicadores
paroquiais. Aristides (2015) explica que, em função da distância geográfica, existe a
impossibilidade de produzir material para as paróquias distantes: “Não tenho como
ter acesso ao 'Face' da paróquia de São Francisco de Paula, por exemplo. Essa é a
missão da rede de voluntários. Os leigos não precisam mandar a matéria pronta,
mandam algumas informações, alguns dados, para depois eu montar e divulgar”.
Uma minoria possui site, talvez em função da demanda de recursos para a
elaboração, que, diferente das mídias sociais digitais, não é gratuita e necessita de
auxílio profissional. Mais paróquias assinalaram 'Nenhum' na Ilustração 15,
comparadas à Ilustração 14, o que mostra que ainda há menos trabalhos nas mídias
digitais que em materiais impressos, talvez por ser uma tecnologia mais recente.
Na Ilustração 16, pode ser observada a porcentagem de cada alternativa
assinalada pelas 62 paróquias sobre os meios de comunicação de massa que a
79
paróquia utiliza. As alternativas foram Canal de TV próprio, Programas periódicos
em TV, Emissora de Rádio Própria, Programas periódicos em Rádio, Assessoria de
Imprensa (ou o envio de informações para a imprensa), Colunas/Artigos em
periódicos, Nenhum ou Outro.
Ilustração 16 – Meios de comunicação de massa que a paróquia utiliza
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
Percebe-se que mais da metade das paróquias utilizam programas periódicos
em rádios. O índice é maior do que comparado ao uso de mídias sociais digitais, as
quais são bastante estudadas pelos documentos recentes da Igreja. Desde o
documento Miranda Prorsus, em 1957, a Igreja trabalha a importância do uso do
rádio para a veiculação da mensagem católica, o que pode ter implantado nos
padres a cultura do uso desta mídia. Também, no capítulo dois desta monografia,
observa-se que a comunicação social foi interpretada por diversos teóricos como o
uso apenas dos meios de massa, como a de Laswell, a Funcionalista, e a da
Informação, assim, a visão de comunicação como o uso dos meios contribuiu para
que se dê uma grande importância aos mass media.
Observa-se que o Papa Francisco, em suas Mensagens, busca ampliar a
ideia de que a comunicação não é apenas comunicação de massa; assim, revela
que ainda existe na Igreja a cultura de que comunicação é somente utilizar os
veículos de comunicação, o que desde a Aetatis Novae a Igreja já amplia para a
comunicação feita pelos agentes pastorais. Ou seja, o fato de mais da metade das
paróquias utilizarem programas de rádio comparado ao uso de outras mídias
alternativas pode ser motivado pela cultura defendida antes da Aetatis Novae.
80
Também por ser o veículo de massa mais comum, de mais fácil acesso do que
televisão e com maior abrangência do que jornal impresso, o rádio torna-se
interessante às paróquias produzirem programas periódicos.
O trabalho com Assessoria de Imprensa ou o Envio de informações para a
imprensa, embora seja feito pela minoria e pouco realizado por jornalistas, se
comparado aos índices de Pascom, revela que existe uma parcela de paróquias que
manda suas informações para a imprensa, comprovando que existe a preocupação
em manter um relacionamento com os meios de comunicação. A grande quantidade
de 'Nenhum' assinalada também é motivada pelo difícil acesso aos espaços dos
meios de comunicação de massa, que, muitas vezes, necessitam de um trabalho
estratégico para se conseguir o uso, e, conforme visto nas Ilustrações 7, 8 e 9, essa
atuação existe na minoria das paróquias.
A Ilustração 17 mostra a porcentagem de cada alternativa assinalada pelas 62
paróquias sobre as ferramentas de comunicação interna que a paróquia possui. As
alternativas foram Intranet (portal de comunicação para o público interno), Eventos
de Integração entre funcionários e/ou agentes pastorais, Nenhum ou Outro. No
campo Outro, apareceu a alternativa “Telefone e nas missas” com frequência, sendo
considerado no gráfico.
Ilustração 17 – Ferramentas de comunicação interna paroquial
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
Mais de 70% assinalaram 'Nenhum', o que aponta que existem poucos
trabalhos paroquiais com a comunicação interna, envolvendo funcionários e agentes
pastorais. Conforme visto no capítulo três, de acordo com Fonseca (2010), a
comunicação interna é responsável por manter a circulação das informações, a
81
transmissão da cultura da organização e é um fator fundamental para evitar crises,
inclusive de comunicação. Gasparetto (2015) destaca que a Pascom paroquial deve
zelar pelo atendimento ao público pela secretaria paroquial, pois geralmente é o
principal vínculo do fiel com a instituição. O coordenador aponta que, na Diocese,
muitas vezes a recepção é realizada por pessoas de idade que possuem certa
dificuldade de acolhida. Por isso, o trabalho com a comunicação interna nas
paróquias e na Diocese é um importante aspecto a ser trabalhado em uma gestão
ou plano de comunicação diocesano, para garantir a eficiência da comunicação
paroquial. Na opção Outro, observou-se um número considerável de respostas
sendo a comunicação interna por Telefone e nas missas, o que revela ainda o
trabalho com a comunicação interpessoal.
Na Ilustração 18, é apresentada a porcentagem de cada alternativa
assinalada pelas 62 paróquias sobre as ferramentas de ouvidoria, para ouvir
sugestões ou reclamações. As alternativas foram Urna de sugestões/reclamações,
e-mail para contato, campo para contato no site, Nenhum, ou Outro.
Ilustração 18 – Ferramentas de ouvidoria
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
A maior parte das paróquias assinalou Nenhum, o que revela a falta de
trabalho das paróquias em buscar a opinião do público. Conforme apresentado no
capítulo três desta pesquisa, Goldschmidt (2010) defende que a primeira atitude
para envolver os stakeholders é consultar, para obter informações dos públicos de
interesses, sobre eles e sobre a empresa, para considerar as opiniões dos públicos
nos processos de decisões. No capítulo quatro desta monografia, Papa Francisco na
sua 48ª Mensagem enfatiza a importância da Igreja receber informações, se colocar
82
à disposição de ouvir, e não só de fornecer informações. Também neste capítulo,
Sbardelotto (2014) explica que a Igreja, por meio de suas ferramentas, deve se
colocar na posição de receptora, de modo a receber e monitorar informações para
diagnosticar seu público e suas ações pastorais e estratégicas. Assim, um ponto
importante a ser trabalhado pela Diocese de Caxias do Sul é a criação de sistemas
de ouvidoria pelas paróquias.
Para verificar se as paróquias necessitaram de atuação de profissional em
alguma atividade de comunicação, foi questionado se a paróquia precisou de
orientação profissional em alguma ferramenta de comunicação.
Ilustração 19 – Orientação profissional em ferramentas paroquiais
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
Conforme pode ser visto na Ilustração 19, a minoria precisou de orientação
profissional em alguma ferramenta. Talvez esse índice se justifique pelo pouco
índice de paróquias que possuem ferramentas mais elaboradas, como sites e
informativos, pois a maioria possui apenas uso de murais, cartazes e flyers. Às que
precisaram, questionou-se qual tipo de profissional e em qual ferramenta. Das sete
respostas, seis precisaram de programador para o desenvolvimento do site, sendo
que um destes contratou jornalista profissional para postar informações no site e um
precisou de jornalista. Observa-se que em grande parte são profissionais para
executar tarefas, e não na atividade de gestão ou consultoria.
6.7 GESTÃO DA COMUNICAÇÃO DIOCESANA
83
Questionou-se às paróquias se elas consideram importante que exista uma
articulação entre elas e a comunicação da Diocese, a fim de perceber a importância
de um plano de comunicação que favoreça essa relação, e de verificar se a diretriz
n. 262 do Documento 99 (2014) é adequada às realidades paroquiais da Diocese de
Caxias do Sul.
Ilustração 20 – Importância da comunicação paroquial articulada com a Diocese
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
A maioria considera que é importante a articulação entre comunicação
paroquial e diocesana, o que comprova a visão de comunhão apresentada pelo
Documento 100 (2014) no capítulo quatro desta monografia. Ainda neste capítulo, a
CNBB, no Documento 99 (2014, n.262), sugere que a articulação deve ocorrer com
o bispo diocesano como referencial, um coordenador diocesano e um representante
de cada paróquia, tendo como “principais competências a coordenação, a formação
dos agentes de pastoral, a articulação em todos os âmbitos, a produção de
conteúdos e a vivência da espiritualidade do comunicador”. Como visto nas
Ilustrações 7 e 8, menos da metade possuem alguma representação de
comunicação instituída, então, para que ocorra essa articulação, pode ser
necessário um trabalho neste aspecto pela Diocese em sintonia com a paróquia.
Questionou-se às paróquias se conhecem as ferramentas diocesanas.
84
Ilustração 21 – Conhecimento paroquial das ferramentas da Diocese
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
Conforme o índice presente na Ilustração 21, quase 100% alegou
conhecimento, comprovando que as ferramentas chegam até às paróquias.
Questionou-se às paróquias se elas utilizam as ferramentas de comunicação da
Diocese, enviando informações paroquiais para serem publicadas por essas mídias,
e/ou divulgando essas mídias ao seu público.
Ilustração 22 – Utilização paroquial das ferramentas diocesanas
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
Conforme pode ser observado na Ilustração 22, mais da metade das
paróquias utiliza as ferramentas diocesanas. Comparado com os índices de
ferramentas próprias das Paróquias, como informativo próprio, site, mídias sociais
digitais, o índice de uso das ferramentas diocesanas é maior, o que comprova que é
uma alternativa para as paróquias que não possuem suas mídias utilizaram das
85
mídias diocesanas, promovendo a articulação sinérgica, presente no Documento 99,
na diretriz n. 137 (2014).
Segundo Aristides (2015), o Facebook diocesano foi criado em maio e já se
percebe uma interatividade interessante, pois o que mais atinge o número de
visualizações são as publicações das atividades nas paróquias e comunidades; ou
seja, o testemunho das pessoas locais, mais do que notícias da Igreja. É uma
página que possui cerca de 1.400 curtidas, conforme dado de agosto de 2015. O
jornalista conta que existem leigos das paróquias que enviam materiais, de modo
que, no Corpus Christi em 2015, muitos enviaram a ele fotos feitas pelos dispositivos
móveis. Assim, a Diocese conseguiu divulgar conteúdo de mais dez paróquias da
Diocese. “Dentro das 74, é pouco, mas é algo que nunca tinha acontecido. Por isso,
precisamos criar a rede de colaboradores” (ARISTIDES, 2015).
Perguntou-se às paróquias se elas sentem a necessidade de um plano de
comunicação diocesano, com orientações de comunicação por parte da Diocese, a
fim de perceber a realidade diocesana da instrução apresentada pela Aetatis Novae
(n. 21, 1992), em que cada diocese “elabore um pano pastoral completo de
comunicação”.
Ilustração 23 – Plano de comunicação diocesano
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
A maioria das paróquias considera verdadeira a necessidade de um plano de
comunicação diocesano, que, de acordo com o Documento 99 (2014, n. 270), deve
partir das premissas do Vaticano e da CNBB, e corresponder às necessidades
locais. Esse dado comprova o que aponta Kunsch (2003) no capítulo três desta
monografia, que o planejamento auxilia em propor ações que gerem resultados no
86
presente e no futuro, a partir do contexto, e ajuda a exercer a gestão da
comunicação.
No campo de observações, três respostas foram relativas ao plano e
orientações diocesanas. Uma avaliou como negativo a criação do plano, por
entender que a “A comunicação não depende de papéis, é mais ampla. Aqui a
principal forma de comunicação é a torre que manda mensagem pelo alto falante. A
comunicação diocesana não chega à base”. Outra resposta avaliou como positiva a
criação de um plano, considerando no contexto de cultura digital, pois afirmou que
“A evangelização pela Rede é um grande desafio para a Igreja que precisa de mais
profissionalização e ousadia sem deixar de manter a fidelidade da mensagem cristã.
A elaboração de um plano de comunicação é uma boa sugestão para as dioceses”.
E a outra resposta considerou como positiva, na medida em que o plano de
comunicação oriente para a preparação de um programa de rádio. Ou seja, as três
respostas relacionaram o plano de comunicação às suas ferramentas e a sua
aplicabilidade, e não ao papel de gestão estratégica, como aponta Marchiori (2008)
no capítulo três desta pesquisa.
Sobre plano de comunicação diocesano, Gasparetto (2015) afirma que não há
nada estruturado, mas que há a ideia norteadora de facilitar a comunicação entre as
paróquias e Diocese, em que cada paróquia tenha seu Facebook e o profissional
contratado da Diocese tenha acesso a todas as contas para monitorar e fazer a
circulação de conteúdo paroquial e diocesano em ambas as redes.
Aristides afirma que possui um esqueleto de planejamento de assessoria de
imprensa operacional. Inclui produção de notícias institucionais, de cuidar e zelar
pela imagem da Igreja que é veiculada na mídia, e o contato direto com os veículos,
por meio das coletivas de imprensa, que vem ao encontro do que foi apresentado
por Eid e Viveiros (2007) sobre assessoria de imprensa no capítulo três desta
monografia. Sobre a gestão de comunicação diocesana que orienta as paróquias,
Aristides (2015) constata a necessidade de mais pessoas no planejamento e na
execução, como um grupo gestor formado pelos representantes paroquiais e
diocesanos de comunicação, atuando como um colegiado, conforme aponta Neves
(2000) no capítulo três, e não apenas todas as tarefas de gestão centradas no
assessor de imprensa diocesano:
87
No ponto organizacional, uma diocese é como uma multinacional. Cada paróquia é como uma filial. Cada paróquia, por sua vez, tem suas filiais que são as comunidades. Então são centenas de comunidades. É uma Diocese muito grande, em território. Por isso, essa diretriz, esse espírito de comunicação, deve ser propagado, há muitas pessoas querendo uma ajuda e querendo ajudar. Isso poderá ser feito. Agora, sozinho não tem como estar atento a tudo o que ocorre. (ARISTIDES, 2015).
A diretriz n. 266 do Documento 99 (2014) orienta que a assessoria de
imprensa deve ser gerida por “profissional da área com capacidade de relações com
a imprensa” e a n. 267 sugere que, além de executar funções técnicas, ele pode ser
o articulador da Pascom da diocese. Questionou-se às paróquias se elas
consideram que a coordenação da comunicação diocesana deve ser feita por um
profissional de comunicação, a fim de observar como elas percebem a
profissionalização da comunicação.
Ilustração 24 – Profissionalização da coordenação diocesana
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
Um alto índice considera que a coordenação da comunicação da Diocese
deve ser feita por um profissional, comprovando o que aponta a diretriz n. 267 sobre
a importância da condução de forma profissional e a visão sobre a profissionalização
que sugere Neves (2000) no capítulo três. Nas observações, três respostas foram
relativas à contratação de profissional para a coordenação. Uma observação
defendeu que “a comunicação deve ser coordenada por um padre”, reforçando a
importância do referencial da comunicação ser um presbítero, mas no sentido de
acompanhar e orientar o grupo; duas que “a coordenação deve ser mesclada, com
profissionais, padres e voluntários amadores”, o que é considerado adequado pelo
Documento 99.
88
Sbardelotto (2014), no capítulo quatro deste estudo, defende que quando a
atuação de um leigo ou profissional na diocese ou paróquia está gerando resultados
e despendendo uma dedicação exclusiva, cabe à instituição arcar financeiramente
pelo serviço e disponibilizar formação para que esse profissional cresça no
conhecimento sobre doutrina católica e comunicação.
Como uma solução para trabalhar com a diversidade de ideias dentro da
Igreja, Gasparetto (2015) aponta que, no momento de tomar decisões em termos de
comunicação, é necessário que o critério seja baseado na comunicação profissional,
com a lógica do mercado no sentido de priorizar a qualidade da informação e da
gestão.
Aristides (2015), assim como Sbardelotto (2014), no capítulo quatro desta
monografia, defende que é necessário diferenciar dois trabalhos de comunicação na
Diocese: um feito pela assessoria de comunicação, que poucas dioceses têm algo
estruturado por ser recente, e o trabalho da Pastoral da Comunicação. De acordo
com o assessor da Diocese, um não anula o trabalho do outro, pois são muito
específicos, com atuações diferentes, mas que ambos devem convergir, conforme
ele explica:
Hoje o que mais existe nas dioceses é o trabalho da Pascom. A principal missão dela é suscitar esse trabalho de Pascom paroquiais, nas comunidades. É muito difícil, pois é um trabalho voluntário e para alguém ser da Pascom, tem que ter esse espírito comunicativo, e, ainda mais com a tecnologia, deve ser sempre ligado, sempre disposto. Mas é muito difícil encontrar uma diocese que tenha uma Pascom em cada paróquia. E quase impossível ter um assessor contratado em cada paróquia. Para uma paróquia que não tem tantos recursos, acaba sendo visto como gasto. [...]. Quem é da assessoria de comunicação, deve produzir material, acompanhando o que acontece na Diocese, e deve ser o assessor de imprensa, o jornalista. Não tem como ser um leigo que trabalha em outras coisas para a assessoria de imprensa, pois não tem formação necessária e não tem disponibilidade de tempo. (ARISTIDES, 2015).
Segundo Gasparetto (2015) o fato de a Diocese começar a investir em um
profissional somente em 2015 não foi por questão financeira, pois de acordo com
ele, há orçamento para isso e Dom Alessandro sempre planejou ter uma assessoria
de comunicação, de modo que busca implantar isso desde que iniciou seu
episcopado na Diocese, em 2011. A demora foi pela dificuldade em achar o perfil
adequado para a função, como o coordenador explica: “Alguém que possa ter os
dois olhares. Olhar jornalístico, que nem sempre é o do mundo da Igreja, mas que
89
consegue olhar de forma profissional. E o outro olhar é de quem consegue captar e
perceber uma política interna da Igreja, entendendo desses ambientes e limites de
onde chegar”.
Neste momento, foi escolhido Aristides, mas como se tornará padre no final
de 2016, Gasparetto (2015) entende que, com a carência que a Igreja tem de
padres, não é sempre possível que os sacerdotes assumam a comunicação. Por
isso, sugere que a comunicação diocesana futuramente seja assumida por
profissionais contratados, mas de modo que estejam assessoradas por um
conselho, que possa tirar dúvidas sobre Igreja e que se encontrem mensalmente
para avaliação da comunicação, como aponta Neves (2000), no capítulo três desta
monografia, quando se refere ao colegiado.
Gasparetto (2015) afirma que a falta de tempo dos padres prejudica a
condução da comunicação, por mais que se faça com zelo: “Aquilo que a gente faz,
faz porque a gente acredita. Nunca tive um tempo a mais para fazer a coordenação
da Pascom, nem recurso a mais daquilo que se ganha como padre de paróquia para
poder fazer isso. Leva-se adiante por amor”.
6.8 COMUNICAÇÃO POR REGIÕES PASTORAIS
Ao observar as alternativas assinaladas, percebeu-se que as paróquias das
mesmas regiões pastorais possuem semelhanças entre si, em função da cultura
local, situação econômica, localização geográfica, zonas rurais ou urbanas, entre
outros fatores. Por isso, selecionaram-se para análise as questões relacionadas à
organização da comunicação paroquial com maior impacto por região, para observar
os índices. É importante destacar que a Região Pastoral de Caxias do Sul, por
exemplo, possui 22 respondentes, diferente da de Garibaldi, que teve seis
respondentes, o que interfere no comparativo. Assim, o objetivo não é comparar
uma com a outra, mas perceber de forma mais aproximada quais índices interferem
uns nos outros. As porcentagens são referentes às paróquias que assinalaram “sim”
para as questões escolhidas.
90
Ilustração 25 – Pastoral da comunicação paroquial por Região Pastoral
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
Como apresenta a Ilustração 25, percebe-se que a maioria das regiões possui
índice semelhante de Pascom paroquial, na faixa dos 15% aos 20%, exceto Nova
Prata e Garibaldi, que possuem Pastoral da Comunicação na maioria das paróquias.
Para verificar se a existência de Pascom está relacionada a uma
coordenação, selecionou-se para análise a opção da existência de coordenadores
de comunicação por paróquia, agrupadas por região.
Ilustração 26 – Coordenador da comunicação paroquial por Região Pastoral
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
Comparando a Ilustração 25 com a Ilustração 26, percebe-se que em Bento
Gonçalves e Farroupilha há mais coordenadores de comunicação que Pascom, ou
seja, existe um trabalho de organização, mas não uma Pastoral oficialmente
instituída como é sugerido no Documento 99. Em Caxias do Sul, Garibaldi e Nova
Prata, os mesmos índices que possuem Pascom, possuem coordenação,
91
comprovando sua relação. Em Flores da Cunha existe Pascom, mas não existe
coordenação, o que aponta que existe um trabalho de comunicação sem um
coordenador.
Selecionou-se a questão sobre a existência de orçamento/verba para investir
em comunicação, para observar se há a relação da organização da comunicação
paroquial relacionada à situação econômica, e se as paróquias possuem
semelhanças entre si nesse fator.
Ilustração 27 – Orçamento paroquial para comunicação por Região Pastoral
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
Percebe-se, conforme a Ilustração 27, que as paróquias de São Francisco de
Paula afirmam não possuir orçamento para a comunicação, mas possuem uma
parcela com Pastoral da Comunicação, o que revela que a atuação da organização
da comunicação nestas paróquias não necessita obrigatoriamente de recursos
financeiros. Garibaldi possui o mesmo índice de orçamento para comunicação e
Pascom, o que revela que as paróquias que possuem Pascom podem investir no
trabalho, assim como Nova Prata, que possui índices semelhantes entre orçamento
e Pascom. Farroupilha, Caxias do Sul, Flores da Cunha possuem mais paróquias
com orçamento, do que Pascom ou coordenação de comunicação, o que pode
refletir em investimentos em ações de comunicação, mas não em investimento no
trabalho de um agente ou de gestão da comunicação. Isso também ocorre em Bento
Gonçalves, que possui mais porcentagem de orçamento do que Pascom, mas
possui mais paróquias com coordenadores de comunicação, revelando que o
trabalho na maior parte desta Região não implica em recursos financeiros.
92
Para observar o uso de ferramentas de comunicação por paróquias da
mesma região, foram selecionadas as questões referentes às ferramentas que
possuem maior diferença de uso entre as regiões, ou seja, informativo paroquial,
mídias sociais digitais e programas periódicos em rádio. As outras ferramentas ou
foram com índices altos na sua maior parte, como o uso de Murais, ou foram baixas
na sua maioria, como ferramentas para comunicação interna, etc., revelando uma
realidade diocesana.
Ilustração 28 – Informativo paroquial por Região Pastoral
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
Como apresenta a Ilustração 28, São Francisco de Paula possui Pascom e
não possui verba, o que repercute na ausência de informativos, de modo que revela
que o uso dessa ferramenta implica em custos. Farroupilha, mesmo considerando
possuir recursos, possui menos paróquias com o trabalho de informativos, diferente
de Bento Gonçalves, que possui mais paróquias com informativo do que com verba;
isso ocorre em função de possuírem o Jornal Boa Notícia, que é realizado em
conjunto pela maioria das paróquias da Região Pastoral. As demais regiões
possuem a mesma margem de porcentagem para orçamento, Pascom e informativo,
o que revela que as paróquias que possuem essa organização, em grande parte,
possuem informativo.
Como o Documento 99 possui diretrizes direcionadas para o trabalho com
mídias sociais digitais, assim como as últimas Mensagens do Papa Francisco
trabalham a ideia de relacionamento por meio da internet, sendo considerada uma
atuação importante para a Igreja, selecionou-se para observação os índices das
mídias sociais digitais por região.
93
Ilustração 29 – Mídias sociais digitais paroquiais por Região Pastoral
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
Mais da metade das paróquias de São Francisco de Paula possuem mídias
sociais digitais, o que revela que, mesmo não possuindo recursos, consegue-se
trabalhar com essas mídias, geralmente por ser uma plataforma gratuita e de fácil
uso. Já Nova Prata, que possui índices maiores nas Ilustrações 25, 26 e 27,
demonstra índice menor relacionado à mídia social digital. Nas observações, foram
encontradas respostas justificando que, em muitas paróquias, por ser zona rural, a
internet não possui alcance, e a maioria da população é idosa, não sendo um
público adepto às mídias, de modo que não se possui a necessidade do trabalho
com as mesmas.
Diferente de Caxias do Sul, considerada em sua grande parte zona urbana,
que possui um índice maior de paróquias com este trabalho, comparado às
Ilustrações 25, 26, e 27. Nesta cidade, há maior presença da juventude na zona
urbana, que é considerada pelo Documento 99 o grande público da web, de modo
que em Caxias do Sul, conforme o Censo Demográfico de 2010 do IBGE, 96,66%
das pessoas de 10 a 29 anos reside na zona urbana. Garibaldi, Bento Gonçalves,
Flores da Cunha e Farroupilha mantêm sua porcentagem próxima do índice de
Informativo Paroquial, presente na Ilustração 28, o que pode revelar que o trabalho
com as mídias sociais digitais acompanha as outras atuações.
As regiões que possuem índice menor de trabalho com as mídias sociais
digitais em relação às outras, como Nova Prata e Bento Gonçalves, são as que
possuem maior índice de programas periódicos em rádios, como pode ser
observado na Ilustração 30. Por isso, escolheu-se observar a opção de programas
periódicos em rádio para perceber o trabalho com o veículo.
94
Ilustração 30 – Programas periódicos paroquiais de rádio por Região Pastoral
Fonte: Elaborada pela autora (2015).
A Região de Nova Prata, que possui paróquias alegando não trabalhar com
mídias sociais digitais por serem de Zona Rural, possui mais de 70% de paróquias
com programas de rádio. O rádio é um veículo de grande impacto na Zona Rural,
pois existem bastante idosos e, “na terceira idade, principalmente nas pessoas que
residem em comunidades no interior, o aparelho radiofônico tem um valor simbólico
muito grande, por remeter a fatos do passado que marcaram o imaginário dos
receptores” (BIANCHI, 2003 apud DONADELLI, 2014, p. 31). Na Região Pastoral de
Bento Gonçalves, todas as paróquias participam de programa periódico na Rádio
Difusora 890 AM, o que também motiva o índice de 100%.
Garibaldi, Flores da Cunha, São Francisco de Paula e Caxias do Sul
possuem o índice de uso de rádios um pouco acima das Ilustrações 25 e 27, o que
revela que o trabalho com rádio acompanha a organização da comunicação
paroquial. Já Farroupilha possui maior índice em função da Rádio Miriam, rádio
diocesana, ser localizada nesta Região, de modo que a maioria das paróquias
possui programa semanal neste veículo.
Após efetuar a análise dos dados, é possível responder a questão norteadora
para cumprir os objetivos desta pesquisa. As Considerações Finais podem ser
observadas no capítulo sete desta monografia.
95
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Igreja Católica Apostólica Romana defende a necessidade de uma
renovação paroquial, que gere uma maior aproximação e participação dos fiéis por
meio do diálogo (BERGOGLIO, 2013). Logo, essa renovação paroquial passa pela
sua comunicação. A CNBB declara que acompanhar mudanças na comunicação é
parte da atualização da missão da Igreja no mundo, de modo que é preciso
“promover políticas de sinergia e convergência de comunicação que envolvam todas
as pessoas que trabalham com a comunicação na Igreja”, de modo a “definir metas
e estratégias de gestão e estabelecer critérios de decisão” (CNBB, Documento 99,
2014, n. 137).
Para planejar essas estratégias, a Igreja Católica, desde 1992, com o
documento Aetatis Novae, defende a necessidade da criação de um plano
diocesano de comunicação que ofereça diretrizes, objetivos e prioridades às
dioceses e às paróquias. Deste modo, a partir da existência de um planejamento,
passa a ser necessário um grupo de gestão estratégica que aplique e monitore o
plano estabelecido (COSTA, 2007 apud MARCHIORI, 2008, p.163).
Assim, chegou-se na questão norteadora deste trabalho: Quais as diretrizes e
ações necessárias para a gestão da comunicação em dioceses e paróquias? O
trabalho tem como objetivo geral Estudar diretrizes e ações visando à análise e à
proposição de ações para a gestão da comunicação da Diocese de Caxias do Sul.
Para isso, buscou-se conhecer as orientações de documentos da Igreja para a
gestão da comunicação, a fim de estudar a comunicação da Diocese de Caxias do
Sul, por meio da Hermenêutica em Profundidade.
Conseguiu-se em partes o objetivo específico de Conhecer as orientações da
Igreja Católica para a comunicação presentes em documentos, encíclicas, decretos
e declarações da hierarquia da Igreja, e de referenciais teóricos sobre a gestão da
comunicação, pois, como a produção de documentos sobre comunicação pela Igreja
é vasta, não se utilizou todo o material; os critérios foram retirados principalmente do
Documento 99, por ser o mais recente da CNBB sobre comunicação e conter de
maneira global o pensamento da Igreja sobre o assunto.
O Estudo de Caso da comunicação da Diocese foi constituído por meio de
Entrevista em Profundidade com agentes da comunicação Diocesana e da Análise
de dados quantitativos e de Conteúdo dos questionários provenientes das
96
paróquias. Com isso, se atingiu o objetivo específico de Analisar a comunicação
institucional e paroquial da Diocese de Caxias do Sul, visando à gestão da
comunicação.
Para cumprir o objetivo específico de Perceber a necessidade de uma gestão
diocesana e paroquial de comunicação e suas atribuições que favoreçam a
comunicação entre diocese, paróquias, mídias e público, analisou-se a prática
comunicacional das paróquias por meio do uso de ferramentas da comunicação e de
sua organização. Com o referencial teórico e os dados pesquisados, também se
conseguiu o objetivo específico de Identificar o perfil do profissional de comunicação
que pode atuar na gestão da comunicação em dioceses e paróquias.
O primeiro dado da pesquisa é que a Diocese não possui plano diocesano de
comunicação, de modo que cada paróquia realiza a sua comunicação conforme a
própria realidade, sendo este um dos fatores encontrados para que as ações de
comunicação sejam bastante heterogêneas entre paróquias. Conforme o Documento
100, a Diocese deve fornecer orientações para que as paróquias definam suas
atividades, a fim de responder à ideia de comunhão e sintonia proposta pelo Concílio
Vaticano II. Assim, a hierarquia também legitima a importância do plano diocesano.
Mais de 77% das paróquias não possui organização de comunicação
paroquial indicadas pelo Documento 99, que é a Pastoral da Comunicação, 71% não
possui a instituição de um coordenador de comunicação e 88,7% não possui plano
de comunicação. Isso também reflete em pouco uso de ferramentas de comunicação
de forma sinérgica, que geram o diálogo e a cultura do encontro defendidos pelo
Papa Francisco, como uma maior presença nas mídias sociais digitais, criação de
ouvidorias, uso de informativos e do mass media e ações com a comunicação
interna. O pouco planejamento repercute em um maior uso de ferramentas de
divulgação unidirecionais (one-way), como flyers, cartazes e murais, revelando que a
comunicação é trabalhada com uma visão mais funcionalista e pouco relacional.
A falta de Pastorais de Comunicação paroquiais pode ser ocasionada pela
pluralidade de pensamentos dos párocos (GASPARETTO, 2015), e pela falta de
pessoas capacitadas para essa atuação, segundo os apontamentos dos
questionários. Uma das soluções para esses desafios poderia ser a implantação de
um plano diocesano que oriente a criação de Pascom, com a disponibilização de
formação dos agentes pastorais para o exercício da comunicação.
97
Percebe-se pouco trabalho formativo sobre comunicação nas paróquias, de
modo que 77,4% não fornece formação aos agentes pastorais. A formação é
amplamente defendida pelos documentos da Igreja, pois repercute diretamente na
prática comunicacional. Também pode ser uma das causas de 77,4% das paróquias
não usar os documentos da Igreja nas diretrizes paroquiais. Como existem
diferenças socioeconômicas entre as paróquias, de modo que 56,5% alegam não ter
orçamento para a comunicação, entende-se que nem todas podem fornecer
formação sobre comunicação. Por isso, é necessário que a Pascom diocesana
disponibilize formação de forma articulada aos agentes das paróquias.
Para estudar as práticas comunicativas paroquiais e perceber as atribuições
da gestão de comunicação diocesana, estudaram-se as ferramentas utilizadas pelas
paróquias. As mídias sociais digitais e os programas periódicos em rádio são as que
possuem índices de utilização de quase mais da metade das paróquias, fora as de
divulgação como flyers e cartazes. Como se observou na análise por Região
Pastoral, as regiões que possuem mais de 70% de paróquias com uso de programas
em rádio, possuem menos de 50% de paróquias com mídias sociais digitais, por
serem, em grande parte, paróquias da zona rural, com público mais idoso,
familiarizado com as programações de rádio.
Já o uso das mídias sociais digitais é mais presente na zona urbana, onde há
maior presença da juventude, considerada pelo Documento 99 o grande público da
web, de modo que em Caxias do Sul, conforme o Censo Demográfico de 2010 do
IBGE, 96,66% das pessoas de 10 a 29 anos reside na zona urbana. Essa relação
revela a busca das paróquias em usar as ferramentas mais utilizadas por seus
públicos, o que é considerado adequado, visto que as ferramentas de comunicação
devem ser planejadas para cada público de interesse conforme Cunha (2010).
Embora menos da metade, ou seja, 43,55% das paróquias da Diocese
utilizem mídias sociais digitais, se comparado com o pouco índice de Pascom, pode-
se afirmar que existe uma preocupação da paróquia em estar neste novo ambiente,
que, segundo Sbardelotto (2011), permite o relacionamento e a vivência da fé. A
necessidade de estar na web também é uma consideração apresentada pela
Pascom diocesana, de modo que se contratou um profissional de comunicação
principalmente para executar a gestão de conteúdo no Facebook diocesano e o
monitoramento dos Facebooks paroquiais. Essa perspectiva é considerada
adequada para a integração entre o on-line e o off-line, defendida por Spadaro
98
(2012), e para responder ao desafio da vivência individual da fé pelo meio digital,
pois a inserção da Diocese neste meio pode favorecer o engajamento dos fiéis,
principalmente o da juventude, que é uma das prioridades pastorais da Diocese.
Observou-se que mais de 70,97% não possui trabalho com a comunicação
interna, o que pode prejudicar o trabalho pastoral, visto que, na Igreja, muitas vezes,
os funcionários e os voluntários são os principais vínculos do público com a
instituição, seja quando participa de um evento ou quando necessita de um
sacramento da Igreja, conforme Gasparetto (2015). O público interno é responsável
pela transmissão de informação e disseminação da cultura da organização
(FONSECA, 2010), de modo que a falta de trabalho com ele pode acarretar em uma
crise de comunicação com o público externo.
A partir da visão da cultura do encontro, defendida pelo Papa Francisco, em
que é necessário gerar diálogo, percebe-se a importância de buscar a opinião do
público. Mais de 70% das paróquias não possuem trabalho de ouvidoria, o que
pode prejudicar as deliberações de comunicação e na construção de diálogo, ainda
mais na Igreja, onde se reforça a importância da participação dos leigos. É
necessário envolver os públicos de interesse, principalmente os agentes pastorais,
nas decisões de comunicação, para engajá-los. Por isso, um plano diocesano de
comunicação pode ser feito na Matriz Wave, apontada por Cunha (2010), que
planeja as ações buscando o envolvimento com cada público.
Ainda sobre ferramentas de comunicação, observou-se que 59,7% das
paróquias utilizam as ferramentas da Diocese, índice maior do que as que possuem
as ferramentas próprias, como informativo (29,3% que possuem jornal, revista ou
boletim próprio), ou mídias sociais digitais. Esse uso e a necessidade de uma
comunicação articulada entre Diocese e paróquias, que foi apontada por 91,9% das
paróquias no questionário, e de orientações diocesanas sobre a comunicação,
reforçam a importância de um plano diocesano de comunicação que oriente o uso
das ferramentas.
Como visto, a criação de um plano gera a necessidade da gestão do mesmo.
Com os desafios apresentados, como estabelecer uma articulação de formação
entre paróquias, fomentar e acompanhar as pastorais da comunicação paroquiais,
gerenciar as ferramentas de comunicação da Diocese e executar a assessoria de
imprensa, percebe-se que é necessária a atuação de um ou mais profissionais de
comunicação contratados na Diocese. A importância da visão profissional na
99
condução da comunicação, como sugere Neves (2000), também é apontada nos
documentos da Igreja, como Communio Et Progresso e Aetatis Novae. O
Documento 99 orienta que o trabalho das relações das dioceses com a imprensa
seja feito por um assessor de imprensa profissional, em função da credibilidade que
o exercício demanda, visto que, conforme Martino (2003), a relação com a imprensa
ajuda a manter a legitimidade externa que a organização necessita.
Além da importância do conhecimento técnico e teórico sobre comunicação, a
contratação de um profissional na comunicação da Diocese se justifica pela
necessidade de tempo, dedicação e formação que a atividade demanda. Observa-se
nas análises uma sobrecarga de tarefas centralizadas nos padres, que também é
apontada pelo Documento 100, o que prejudica a condução da comunicação. O
principal desafio em contratar um profissional para a comunicação diocesana, de
acordo com Gasparetto (2015), não foi a falta de orçamento, e, sim, a dificuldade em
encontrar um profissional com o perfil adequado.
No Documento 99, a CNBB cita que a Igreja dispõe de profissionais da
comunicação em áreas como o jornalismo, as relações públicas e a publicidade para
atuar na comunicação da Igreja, evidenciando que essas habilitações poderiam ser
consideradas adequadas à gestão da comunicação, pois possuem formação em
Comunicação Social. Embora o profissional conhecido para a gestão da
comunicação seja o relações públicas, para produção de conteúdo seja o jornalista e
para a publicidade seja o publicitário, conforme Kopplin e Ferrareto (2001), as três
possuem habilitação para trabalhar estratégias de comunicação, por isso, podem ser
apropriadas. Observou-se que é importante o profissional saber promover diálogo
interno e entre os diversos organismos da sociedade, e ter características de
liderança para a gestão.
Sbardelotto (2014) reforça que a condução da comunicação profissional não
pode ser “marketeira” ou impessoal, e sim com caráter humanizado, feito de forma
pastoral, pois é a comunicação característica da Igreja. Para saber trabalhar esse
aspecto, articular as pastorais paroquiais, planejar e dar formações técnicas,
doutrinais e espirituais aos entes, como propõe o Documento 99, percebe-se que o
profissional necessita ter conhecimento sobre a Igreja Católica. Não só
conhecimento da hierarquia, das políticas e doutrinas, mas também, como cita
Communio et Progresso, uma adequada formação humana capaz de inspirar
solidariedade e fraternidade na comunidade por meio de suas produções.
100
Para convergir o trabalho de assessoria de comunicação e Pascom diocesana
e ainda pensar a comunicação de forma integrada, percebe-se a necessidade da
criação de um colegiado, conforme explicado por Neves (2000), composto por todos
os entes que são ligados à comunicação da organização. Este colegiado pode se
encontrar com determinada frequência para reuniões operacionais com constante
avaliação do plano diocesano; para reuniões estratégicas, em que se reavaliam as
ações; para reuniões extraordinárias, com surgimento de imprevistos; e participar
das decisões principais da organização, de modo a dar maior envolvimento e
protagonismo aos leigos na Igreja.
Para a Pascom diocesana, que se pode relacionar com o colegiado, o
Documento 99 sugere a participação de um representante de cada paróquia, um
coordenador, que pode ser o assessor de imprensa contratado, e o bispo como
referencial. Além destes, poderiam participar o ecônomo da Diocese, para estar a
par dos investimentos financeiros de comunicação, o coordenador de recursos
humanos para auxiliar nas ações de comunicação interna, assim como o
coordenador da pastoral presbiterial, que cuida das relações com os padres. Ou
seja, todas as coordenações que fazem comunicação com públicos da Diocese.
Em função da grande distância geográfica, o colegiado pode estar subdividido
em vicariatos episcopais de comunicação, como sugere o Documento 99, para que
possam se encontrar com mais frequência entre Regiões Pastorais, e com menos
frequência com toda a diocese, além de reuniões pela internet. A criação de
vicariatos também é justificada pela semelhança nas ações comunicativas e nos
públicos de cada região. Com a presença de um coordenador mais próximo, a
comunicação poderá ser trabalhada de uma forma mais articulada, estratégica e
sinérgica entre os entes e os meios de comunicação locais.
Com este estudo, aponta-se que as seguintes diretrizes são adequadas para
a gestão da comunicação da Diocese de Caxias do Sul: a condução por um ou mais
profissionais contratados, em parceria com colegiado composto por diferentes
coordenações; a atuação como Pascom diocesana, acompanhando pastorais de
comunicação paroquiais por meio da formação, produção, espiritualidade e
articulação; elaboração e implantação de plano diocesano, que forneça orientações
às paróquias e à comunicação institucional. Estes aspectos são considerados
essenciais para que as ações possam responder aos desafios pastorais, a partir de
uma cultura de planejamento que gere encontro com públicos de interesse.
101
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106
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO NAS PARÓQUIAS
Comunicação em Dioceses e Paróquias
Este questionário servirá como fonte de informações para trabalho de conclusão de curso (graduação em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, de Ana
Cláudia Mutterle Chiesa). Assim, o preenchimento dos dados será muito importante para responder questões sobre a Comunicação em Dioceses e Paróquias.
Responder de preferência o pároco ou quem executa a comunicação paroquial.
*Obrigatório Região Pastoral: * Município/Cidade: * Idade do respondente: * Função na paróquia: * Escolaridade: *
1. SOBRE A COORDENAÇÃO DA COMUNICAÇÃO PAROQUIAL
1.1 A paróquia possui alguma diretriz (orientação, rumo, visão, objetivo) de Comunicação? *
Sim
Não
1.1.1 Se sim, qual(is)? 1.2 Algum documento da Igreja Católica, livro ou estudo ajudou na elaboração da diretriz? *
Sim
Não
1.2.1 Se sim, qual(is)? 1.3 Existe a Pastoral da Comunicação (PASCOM) na paróquia? *
Sim
Não
1.3.1 Se sim, por quem a PASCOM é formada? (Idade, formação profissional) 1.3.2 Qual a função da PASCOM na paróquia? 1.4 Há algum coordenador da comunicação paroquial? *
Sim
Não
1.4.1 Se sim, quem é? (Idade, formação profissional) 1.5 A paróquia acredita que é necessário formação profissional em comunicação para coordenar a comunicação paroquial? *
Sim
107
Não
2. SOBRE FORMAÇÃO PARA A COMUNICAÇÃO NA PARÓQUIA
2.1 É fornecida alguma formação para a coordenação da comunicação? *
Sim
Não
2.1.1 Se sim, qual formação é fornecida? 2.2 É disponibilizada alguma formação aos agentes pastorais (padres, leigos, consagrados) sobre comunicação? *
Sim
Não
2.2.1 Se sim, qual formação é fornecida?
3. SOBRE PLANO DE COMUNICAÇÃO NA PARÓQUIA
3.1 A Paróquia possui plano de comunicação? *
Sim
Não
3.1.1 Se sim, quem o planejou? (Idade, formação profissional) 3.1.2 Caso queira dar mais informações sobre como funciona o plano:
4. SOBRE FERRAMENTAS DE COMUNICAÇÃO NA PARÓQUIA
Assinale as ferramentas de comunicação social que a paróquia possui e, em seguida, se desejar, forneça mais detalhes sobre as ferramentas. 4.1 Materiais impressos *
Murais
Informativos (jornais, revistas) paroquiais
Cartazes, flyers, folders, etc
Nenhum
Outro:
4.2 Mídias digitais *
Site/blog
Mídias Sociais Digitais (Facebook, Twitter, Youtube,etc). Qual?
Newsletter (envio de informativo por e-mail)
Webtv
108
Webrádio
E-mails
Nenhum
Outro:
4.3 Meios de comunicação de massa (televisão, rádio, imprensa) *
Canal de TV próprio
Programas periódicos em TV
Emissora de Rádio própria
Programas periódicos em Rádio
Colunas/artigos em publicações
Assessoria de Imprensa (ou envio de informações para a imprensa)
Nenhum
Outro:
4.4 Comunicação interna * Comunicação com funcionários e agentes pastorais/voluntários
Intranet (portal de comunicação para público interno)
Eventos de integração entre funcionários e/ou agentes pastorais
Nenhum
Outro:
4.5 Espaço para ouvir sugestões/reclamações *
Urna de sugestões/reclamações
E-mail para contato
Campo para contato no site
Nenhum
Outro:
4.6 Foi necessária alguma orientação profissional para implantar alguma das ferramentas? *
Sim
Não
4.6.7 Se sim, de qual tipo de profissional e em qual ferramenta? 4.7 Há verba/orçamento para investir em comunicação? *
Sim
Não
109
5. SOBRE A COMUNICAÇÃO DIOCESANA
5.1 A paróquia considera importante a comunicação paroquial alinhada e articulada com a comunicação da Diocese? *
Sim
Não
5.2 A paróquia conhece as ferramentas de comunicação da Diocese? *
Sim
Não
5.3 A paróquia utiliza as ferramenta de comunicação da Diocese? *
Sim
Não
5.4 Se sim, quais? 5.5 A paróquia sente necessidade de um plano de comunicação diocesano, com orientações de comunicação por parte da Diocese? *
Sim
Não
5.6 A coordenação da comunicação diocesana deve ser feita por profissional de comunicação? *
Sim Não
6. OBSERVAÇÕES:
110
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO USADO NA ENTREVISTA COM
COORDENADOR DA COMUNICAÇÃO DA DIOCESE DE CAXIAS DO SUL,
PAULO ROQUE GASPARETTO, E COM ASSESSOR DE COMUNICAÇÃO
DIOCESANO, ELTON MARCELO ARISTIDES
1. Existe planejamento de comunicação? Se sim, o que ele prevê?
2. Qual o perfil ideal para gerenciar a comunicação da Diocese?
3. Quais são os desafios da comunicação na diocese e paróquias?
4. Quais são as ações e diretrizes da Pascom paroquial e diocesana?
5. É a diocese que deve dar formação e orientação às paróquias sobre
comunicação?
6. A gestão da comunicação tem que ser profissional?
7. Como a comunicação na diocese pode promover redes de comunicação?
8. A dificuldade em contratar profissional é o financeiro? Se não, qual?
9. Existe algum documento que tenha a visão da diocese sobre comunicação?
10. Quais ferramentas da Diocese precisaram de orientação profissional e quais são
as mais utilizadas?
111
APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO USADO NA ENTREVISTA COM MEMBRO DO
DIRETÓRIO DE COMUNICAÇÃO DA CNBB, MOISÉS SBARDELOTTO
1. Como deve ocorrer a comunicação da paróquia pela web?
2. Como deve ocorrer a comunicação da diocese na web?
3. A diocese exige gestão profissional ou a Pascom (leigos) é suficiente?
4. É a diocese responsável pela formação e orientação às paróquias sobre
comunicação?
5. É melhor formar e subsidiar o leigo ou contratar um profissional/empresa para a
gestão da comunicação?
112
APÊNDICE D – TABELA COM RESPOSTAS DAS PARÓQUIAS AO
QUESTIONÁRIO, ÁUDIOS DAS ENTREVISTAS EM PROFUNDIDADE COM
ENTREVISTADOS, E PROJETO MONOGRÁFICO EM CD-ROM