68
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO E s c o l a d e E n g e n h a r i a d e L o r e n a – E E L RAFAEL TEBECHERANI ESTUDO DO USO DE CATALISADORES ELETROQUÍMICOS PARA O TRATAMENTO DE ÁGUA DE UMA TORRE DE RESFRIAMENTO EM UMA INDÚSTRIA QUÍMICA NO VALE DO PARAÍBA Área de Concentração: Engenharia Química LORENA 2015

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

  • Upload
    vomien

  • View
    217

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

E s c o l a d e E n g e n h a r i a d e L o r e n a – E E L

RAFAEL TEBECHERANI

ESTUDO DO USO DE CATALISADORES ELETROQUÍMICOS PARA O

TRATAMENTO DE ÁGUA DE UMA TORRE DE RESFRIAMENTO EM UMA

INDÚSTRIA QUÍMICA NO VALE DO PARAÍBA

Área de Concentração: Engenharia Química

LORENA

2015

Page 2: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

RAFAEL TEBECHERANI

ESTUDO DO USO DE CATALISADORES ELETROQUÍMICOS PARA O

TRATAMENTO DE ÁGUA DE UMA TORRE DE RESFRIAMENTO EM UMA

INDÚSTRIA QUÍMICA NO VALE DO PARAÍBA

Monografia apresentada à Escola de

Engenharia de Lorena – Universidade de

São Paulo como requisito parcial para

obtenção de título de Engenheiro Químico.

Orientador: Prof. Dra. Elisangela de Jesus Candido de Moraes

LORENA

2015

Page 3: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL

DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU

ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE

CITADA A FONTE.

CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO

Assessoria de Documentação e Informação

Escola de Engenharia de Lorena – USP

Page 4: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Ciro e Salete, meus grandes exemplos de vida, pelo amor, educação,

suporte dado e por sempre me apoiarem em todas as minhas decisões.

A minha família, por sempre ter acreditado em meu pontecial e ter torcido para o meu

sucesso.

A minha orientadora, Prof. Dra. Elisangela de Jesus Candido de Moraes, por me apoiar

e me ajudar no direcionamento do meu projeto.

Aos meus amigos, os quais foram como uma segunda família durante esta jornada, por

todo o companheirismo, risadas e momentos inesquecíveis proporcionados.

Page 5: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

EPÍGRAFE

“Sonhos determinam o que você quer. Ação determina o que você conquista”

ALDO NOVAK

Page 6: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

RESUMO

TEBECHERANI, R Estudo do uso de Catalisadores Eletroquímicos para o

Tratamento de Água de uma Torre de Resfriamento em uma Indústria

Química no Vale do Paraíba. 2015. Monografia – Escola de Engenharia de Lorena,

Universidade de São Paulo, Lorena, 2015.

As torres de resfriamento são equipamentos que têm como principal finalidade o

resfriamento de águas industriais, como por exemplo, aquelas provenientes de

trocadores de calor. Uma torre de resfriamento é essencialmente uma coluna de

transferência de massa e calor, projetada de forma a permitir uma grande área de

contato entre uma corrente de água aquecida e uma corrente de ar, através de um

recheio. No contato direto entre as duas correntes ocorre a evaporação da água,

principal fenômeno que produz seu resfriamento. Devido às características

operacionais das torres de resfriamento (evaporação, que concentra os íons na água

de circulação e o contato íntimo entre água e ar, que pode arrastar contaminantes

deste), um correto tratamento de água é condição fundamental para o bom

funcionamento destas. Este trabalho é uma pesquisa ação, focada na melhoria da

qualidade da água de uma torre de resfriamento de uma empresa química do Vale

do Paraíba, visando o aumento da confiabilidade dessa e de seus equipamentos

associados. Para tal, será implementado um sistema de tratamento da água de

resfriamento, tendo como principal elemento um catalisador eletroquímico. O

principal objetivo da pesquisa é constatar a eficiência do tratamento aplicado

através dos resultados que serão obtidos, como a normalização dos parâmetros

físico-químicos da água de resfriamento, redução da perda de produção, associada

com as falhas das bombas da torre, e aumento de sua eficiência térmica.

Palavras-chave: Torres de Resfriamento. Tratamento de Água. Catalisadores

Eletroquímicos. Confiabilidade.

Page 7: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

ABSTRACT

TEBECHERANI, R. Study of Catalyst Materials Water Treatment for a Cooling

Tower in a Chemical Industry of Vale do Paraíba. In 2015. Monograph Project – Escola

de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2015.

Cooling towers are equipments which are mainly used for cooling industrial water, as

those from heat exchangers. A cooling tower is essentially a transfer heat and mass

column, designed to allow a large contact area between water and air stream through a

fill. As a result of this contact the water evaporates. Due to the operating conditions

which cooling towers work (ions concentration increases and dust drags), a correct

water treatment is essential for a good operation. This work is an action research focused

on the improvement of the cooling water quality in a chemical industry of Vale do Paraíba

in order to enhance the tower and associated equipments reliability. It will be implemented

a cooling water treatment system which has as mainly component a catalyst material.

The objective of this research is to verify the treatment efficiency through the results

obtained, as cooling water physicochemical parameters normalization, production losses

reduction and thermal efficiency improvement.

Keywords: Cooling Towers. Water Treatment. Catalyst Materials. Reliability.

Page 8: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

LISTA DE ABREVIATURAS

AT Alcalinidade Total

DC Dureza Cálcica

ETE Estação de Tratamento de Efluentes

LSI Langelier Scaling Index

PSI Puckorius Scaling Index

PSO Phosphino Succinic Oligomer

RSI Riznar Stability Index

TDS Total Dissolved Solids

Page 9: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Aquecimento da água de resfriamento no trocador de calor ............................... 12

Figura 2 – Sistema de resfriamento aberto de recirculação .................................................. 13

Figura 3 – Modos de medição para temperaturas de bulbo seco e úmido ........................... 15

Figura 4 – Fluxo básico de massas em uma torre de resfriamento ....................................16

Figura 5 – Interligaçao entre os problemas..........................................................................24

Figura 6 – célula corrosiva eletroquímica e as reações que ocorrem no ânodo

e cátodo ................................................................................................................................ 28

Figura 7- Porcentagem de economia da água de reposição associado ao

aumento do ciclo de concentração........................................................................................ 33

Figura 8 - Cristais de carbonato de cálcio em seu estado “normal”

(ampliação: 2000X).............................................................................................................. 34

Figura 9 – Cristais de carbonato de cálcio, distorcidos, crescendo lentamente após

o tratamento com poliacrilatos (ampliação 2000X) ............................................................ 35

Figura 10 – Polímero altamente aniônico adsorvido por patículas de fouling suspensas,

aumentando a carganegativa desta ...................................................................................... 36

Figura 11 – Repulsão entre as partículas de sólidos em suspensão ................................... 36

Figura 12 – Íon atravessando a região do condicionador magnético .................................. 39

Figura 13 – Exemplo de catalisador eletroquímico .............................................................. 41

Figura 14 - Ciclo de pesquisa-ação ..................................................................................... 42

Figura 15 – Esquema do sistema de resfriamento ............................................................... 45

Figura 16 – Infraestrutura do sistema de tratamento de água da torre em estudo............... 50

Figura 17 – Plano de atividades.......................................................................................... 56

Page 10: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Taxa de corrosão em função do pH da água .................................................... 20

Gráfico 2 – Solubilidade de CaCO3 em águas quentes e frias .............................................. 21

Gráfico 3 – Lista dos dez equipamentos responsáveis pelas maiores perdas de produção em

2013). As P-910 indicadas na figura são as bombas da torre de resfriamento em

estudo................................................................................................................................... 47

Gráfico 4 – Lista dos dez equipamentos responsáveis pelas maiores perdas de produção em

2014). As P-910 indicadas na figura são as bombas da torre de resfriamento em

estudo................................................................................................................................... 47

Gráfico 5 – Perda de produção devido as P-910 no primeiro quarto de 2014 e 2015......... 59

Page 11: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Conversão da condutividade para TDS ..............................................................22

Tabela 2 – Tendência da corrosão e incrustação em função do RSI .................................... 31

Tabela 3 – Tendência da corrosão e incrustação em função do RSI e PSI........................... 32

Tabela 4 – Resultado das análises da água de reposição, comparado com os respectivo

limites recomendados.............................................................................................................49

Tabela 5 – Resultado das análises da água de circulação, comparado com os respectivos

limites recomendados............................................................................................................ 49

Tabela 6 – Valores de pHs, pHeq e PSI para cada ciclo de concentração............................ 53

Tabela 7 – Resultado das análises da água de circulação, após um mês de tratamento,

comparado com os respectivos limites recomendados (ciclo de concentração igual a

3)........................................................................................................................................... 57

Tabela 8 – Resultado das análises da água de circulação, após dois meses de tratamento,

comparado com os respectivos limites recomendados (ciclo de concentração igual a

5)............................................................................................................................................58

Page 12: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10

2. OBJETIVOS ............................................................................................................... 11

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 12

3.1. IMPORTÂNCIA DAS TORRES DE RESFRIAMENTO NA INDÚSTRIA ....... 12

3.2. TERMINOLOGIA DAS TORRES DE RESFRIAMENTO ................................... 13

3.3. BALANÇOS DE MASSA EM TORRES DE RESFRIAMENTO........................15

3.4. PRINCIPAIS PARÂMETROS DA ÁGUA CONTROLADOS EM SISTEMAS

DE RESFRIAMENTO ........................................................................................... 19

3.4.1. pH ................................................................................................................ .19

3.4.2. Dureza .......................................................................................................... 20

3.4.3. Teor de Ferro ............................................................................................... .21

3.4.4. Alcalinidade Total ....................................................................................... .21

3.4.5. Sílica Total ................................................................................................... 22

3.4.6. Condutividade elétrica e Sólidos Totais Dissolvidos (TDS) ....................... .22

3.4.7. Cloretos ........................................................................................................ 23

3.4.8. Sólidos Suspensos ........................................................................................ 23

3.4.9. Contagem Microbiológica ............................................................................ 23

3.5. PRINCIPAIS PROBLEMAS OCORRENTES EM SISTEMAS DE

RESFRIAMENTO................................................................................................ ... 24

3.5.1. Depósitos........................................................................................................25

3.5.2. Corrosão..........................................................................................................27

3.5.3. Desenvolvimento Microbiano........................................................................29

3.6. ÍNDICES DE ESTABILIDADE DA ÁGUA – TENDÊNCIA CORROSIVA E

INCRUSTANTE ..................................................................................................... 30

3.6.1. Índice de Saturação de Langelier .................................................................. 31

3.6.2. Índice de Estabilidade de Ryzner ................................................................ .31

3.6.3. Índice de Puckorius (PSI).............................................................................32

3.7. TRATAMENTOS DE ÁGUA EM TORRES DE RESFRIAMENTO ................... 32

3.7.1. Tratamentos Químicos ................................................................................. 33

3.7.1.1. Químicos Inibidores de Incrustação .................................................. 34

3.7.1.2. Químicos Inibidores de Depósitos Sedimentares.............................. 35

Page 13: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

3.7.1.3. Químicos Inibidores de Corrosão.......................................................37

3.7.1.4. Químicos Inibidores de Desenvolvimento Microbiano .................... 38

3.7.2. Tratamentos Físicos .................................................................................... 38

3.7.2.1. Condicionadores Magnético ………………………………...……...38

3.7.2.2. Catalisadores Eletroquímicos ........................................................... 40

4. METODOLOGIA ......................................................................................................... 42

4.1. Método de pesquisa: Pesquisa-Ação.......................................................................... 42

4.2. Objeto do Estudo ....................................................................................................... 44

4.2.1. Companhia ................................................................................................... 44

4.2.2. Processo de Resfriamento ............................................................................ 44

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 46

5.1. Fase Preliminar- Contexto e Propósito..................................................................... 46

5.2. Coleta de dados......................................................................................................... 48

5.3. Feedback dos dados.................................................................................................. 48

5.4. Análise dos dados...................................................................................................... 49

5.4.1. Ciclo de concentração máximo com base nas condições operacionais........52

5.4.2. Ciclo de concentração máximo em sílica.....................................................52

5.4.3. Ciclo de concentração ideal com base no índice de estabilidade................ 52

5.4.4. Vazão de água a ser filtrada......................................................................... 54

5.5.Planejamento da ação................................................................................................. 55

5.6.Implementação........................................................................................................... 56

5.7.Avaliação................................................................................................................... 57

6. CONCLUSÃO.................................................................................................................. 61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 62

Page 14: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

10

1. INTRODUÇÃO

As torres de resfriamento são equipamentos presentes nas mais diferentes

indústrias onde há necessidade de remoção do calor gerado no processo. Através da

transferência de massa e calor devido ao contato íntimo do ar com a água

aspergida no recheio, esta é resfriada. O resfriamento da água ocorre através da

transferência de calor latente (evaporação da água) e sensível (diferença de

temperatura entre água e ar), sendo estas responsáveis por, respectivamente, 80% e

20% da totalização do calor transferido (ALPINA, 2014). Após alguns ciclos de

operação, é necessária a reposição da água devido às perdas por evaporação, arraste e

purgas.

Com a evaporação, os sólidos dissolvidos e suspensos na água concentram-

se. A alta concentração de sais, aliada as condições em que as torres de

resfriamento operam, favorecem problemas como depósitos, corrosão e

proliferação de micro-organismos. A água de resfriamento não tratada implica em

perdas de eficiência térmica das torres e danos, tanto aos seus componentes, como a

tubulações e equipamentos presentes no sistema, além de poder acarretar em paradas

não programadas (NALCO, 2009).

Com o conceito de confiabilidade sendo cada vez mais difundido na cultura

das grandes empresas, estas vêm buscando meios de manter seus processos

funcionando como o requerido, evitando eventos não planejados. As torres de

resfriamento se enquadram neste contexto, pois processos que dependem de algum

tipo de refrigeração necessitam de alta confiabilidade, uma vez que mesmo pequenas

oscilações de temperatura podem, muitas vezes, além de prejudicar a produção,

comprometer a segurança do processo.

Este trabalho foi desenvolvido sobre o conceito de confiabilidade aplicado a

uma torre de resfriamento de uma empresa química do Vale do Paraíba, que utiliza

este equipamento para manter o funcionamento do sistema de vácuo dos secadores

principais no processo, além de refrigeração eventual de suas camisas.

Page 15: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

11

2. OBJETIVOS

O objetivo principal foi melhorar a qualidade da água de resfriamento,

ajustando os principais parâmetros químicos desta para faixas de limites aceitáveis,

preservando assim a integridade dos equipamentos e tubulações do sistema,

garantindo a estabilidade do processo e ajudando no alcance da meta da companhia

em se tornar uma empresa altamente confiável. Para tal melhora, foi instalado um

sistema de tratamento de água de resfriamento composto por: catalisador

eletroquímico (principal equipamento do tratamento); filtro de areia com retro-lavagem

automática; dosador de passagem de biocida; sistema de dreno automático com

condutivímetro e uma válvula controladora de nível com flutuador, do tipo bóia, para

a reposição automática da água.

Os catalisadores eletroquímicos são equipamentos de passagem de água,

através do qual a água tem contato com uma célula metálica. Este contato estabelece

uma diferença de potencial entre os metais da célula e os metais presentes na água

(cálcio, sódio, ferro, magnésio, etc), havendo transferência de elétrons da célula para

a água. Essa presença de elétrons na água neutraliza os potenciais de incrustação e

corrosão da mesma (CLEAN SYSTEM, 2014).

Page 16: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

12

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. IMPORTÂNCIA DAS TORRES DE RESFRIAMENTO NA INDÚSTRIA

As torres de resfriamento são equipamentos fundamentais para a maioria dos

processos industriais que utilizam água como líquido de resfriamento. Sistemas de

resfriamento controlam a temperatura transferindo o calor gerado pelo fluido aquecido do

processo para a torre de resfriamento, que transfere esse calor para o ambiente. Com

isso, a água de resfriamento, aquecida, precisa ser resfriada ou reposta (Figura 1). A

eficiência do processo gerador de calor dependerá diretamente da capacidade do sistema

de resfriamento em manter a temperatura ideal de operação. O tipo de desenho e

efetividade da torre de resfriamento irá depender do tipo de processo a ser resfriado, das

características da água e condições ambientais (NALCO, 2014).

Figura 1 – Aquecimento da água de resfriamento no trocador de calor.

Fonte: Nalco, 2014.

O sistema de resfriamento no qual as torres de resfriamento se enquadram são

denominados sistemas abertos com recirculação, como mostrado na Figura 2. Este tipo de

sistema é o mais usado nas indústrias, consistindo de uma bomba, trocadores de calor e

uma torre de resfriamento. A bomba mantém a água recirculando através dos trocadores,

que transferem o calor para a torre, que por sua vez, livra-se deste através da evaporação

Page 17: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

13

da água. Devido a esta evaporação, os sólidos dissolvidos e suspensos tendem a se concentrar

(NALCO, 2014). Para reduzir o acúmulo desses sólidos, a água das bacias das torres de

resfriamento é purgada de tempos em tempos.

Figura 2 – Sistema de resfriamento aberto com recirculação.

Fonte: Nalco, 2014.

3.2. TERMINOLOGIA DAS TORRES DE RESFRIAMENTO

As torres de resfriamento possuem um vocabulário próprio, associados tanto às

condições de projeto e operação como aos seus componentes. Segundo Stanford III (2003),

estes termos são de fundamental importância para um bom entendimento desses

equipamentos e podem ser encontrados a seguir:

Recheio (“enchimento”): meio no qual ocorre a transferência de calor em uma torre

de resfriamento. O recheio é projetado para “maximizar” o contato entre a água a

ser resfriada e o ar ambiente.

Bicos dispersores: dispositivos que controlam o fluxo de água através da torre.

Normalmente, esses bicos são projetados para produzir um “spray” de água.

Bacia coletora: bacia que coleta a água resfriada que passa através do recheio e

será bombeada de volta para o processo.

Page 18: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

14

Ventiladores: pás que forçam o fluxo de ar através da torre.

Eliminador de gotículas: aparato que impede ou minimiza a perda de água por

arraste na corrente de saída de ar no topo da torre para a atmosfera.

Arraste: perdas de gotículas de águas, que não foram evaporadas, pela exaustão do

ar.

Aproximação ao bulbo úmido: diferença entre a temperatura da água que está

saindo da torre e a temperatura de bulbo úmido.

Salto térmico: diferença entre as temperaturas de entrada e saída de água na torre.

Reposição: água adicionada para repor as perdas desta por evaporação, arraste e

purga.

Purga: água intencionalmente descartada do sistema para controlar a

concentração de sólidos ou outras impurezas da água.

Capacidade térmica: quantidade total de calor que uma torre de resfriamento pode

dissipar para uma dada vazão, aproximação ao bulbo úmido e temperatura de bulbo

úmido.

Evaporação: mudança de fase da água do estado líquido para vapor.

Pluma: mistura de vapor d’água e ar aquecido que deixa a torre de resfriamento.

Em contato com o ar ambiente, a pluma torna-se visível.

Ciclo de concentração: parâmetro que indica quantas vezes a concentração de um

soluto não volátil presente na água de recirculação é maior do que a concentração

deste mesmo soluto na água de reposição.

Temperatura de bulbo seco: é a própria temperatura do ar.

Temperatura de bulbo úmido: segundo McCabe, Smith, Harriot (2005), é a

temperatura atingida por uma “pequena” porção de água em regime permanente,

exposta a uma corrente contínua de ar não saturado, em condições adiabáticas,

sem efeito de radiação térmica. A temperatura de bulbo úmido é a temperatura

mais baixa que pode ser alcançada apenas pela evaporação da água. Ao contrário

da temperatura de bulbo seco, a temperatura de bulbo úmido é uma indicação da

quantidade de umidade no ar. Quanto menor a umidade relativa do ar, maior o

resfriamento. Essas duas temperaturas podem ser medidas como mostrado na

Figura 3.

Page 19: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

15

Figura 3 – Modos de medição para temperaturas de bulbo seco e úmido

Fonte: Mello, 2008.

3.3. BALANÇOS DE MASSA EM TORRES DE RESFRIAMENTO

Um esquema das entradas e saídas em uma torre de resfriamento pode ser

representado pela Figura 4.

Page 20: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

16

Figura 4 – Fluxo básico de massas em uma torre de resfriamento

Fonte: Fogaça, 2013.

Onde:

Q = Vazão de circulação

E = Vazão de perda por evaporação

A = Vazão de perda por arrate de gotículas

D = Vazão de descarga de fundo

P = Vazão correspondente a outras perdas de água líquida

R = Vazão de água de reposição

O balanço de massa para uma torre de resfriamento pode ser dado pela

Equação 1:

𝑹 = 𝑬 + 𝑫 + 𝑨 + 𝑷 (1)

As perdas por evaporação estão sujeitas a carga térmica do processo, da vazão

Page 21: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

17

de água de circulação (Q) e das condições metereológicas. Porém, por simplificação, em

países tropicais, a evaporação pode ser determinada pela transferência de calor sensível

perdido pelas gotículas da corrente que não foi vaporizada (Q-E) para a outra parte das

gotículas que terão um calor latente suficiente para a evaporação (E), como demonstrado

na Equação 2 (FOGAÇA, 2013).

𝑬. ∆𝑯𝒗 = (𝑸 − 𝑬). 𝒄. ∆𝑻 (2)

Onde:

∆𝐇𝐯= Calor latente de vaporização da água (2,42 x 103 kJ kg

-1) a 25 ºC

c = Calor específico sensível da água (4,18 kJ kg-1

ºC-1

)

∆𝑻= Diferença entre a temperatura da água quente de entrada e a água fria de

saída (salto térmico).

Portanto:

𝑬. (𝟏 + 𝟏, 𝟕𝟑. 𝟏𝟎−𝟑. ∆𝑻) = 𝟏, 𝟕𝟑. 𝟏𝟎−𝟑. 𝑸. ∆𝑻

O ∆𝑻 normalmente varia entre 5 e 20 ºC (FOGAÇA, 2013), sendo maior do

que a parcela entre parêntesis. Simplificando:

𝑬 = 𝟏, 𝟕𝟑. 𝟏𝟎−𝟑. 𝑸. ∆𝑻 (3)

A vazão de perda por arraste de gotículas pode ser calculada pela Equação 4

𝑨 = 𝒇𝑨. 𝑸 (4)

Onde:

𝒇𝑨= Fator de perda por arraste

Normalmente o fator de perda por arraste oscila entre 0,1 a 2,0.10-3

na maioria

das torres com equipamentos que diminuem o arraste.

Page 22: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

18

O balanço de massa em uma torre de resfriamento também pode ser realizado

por componentes, como mostrado na Equação 5.

𝒄𝒓. 𝑹 = 𝒄𝒆. 𝑬 + 𝒄𝒍. 𝑳 (5)

Onde:

cr= Concentração da espécie na vazão de água de reposição

ce= Concentração da espécie na vazão de evaporação

cl= Concentração da espécie na vazão de perda total de fase líquida

L= Perda total de fase líquida (L = A+D+P)

Se considerarmos uma espécie não volátil, como por exemplo a sílica (SiO2),

sua concentração na fase vapor será nula e, portanto, a Equação 5 pode ser

simplificada (FOGAÇA, 2013):

𝒄𝒓. 𝑹 = 𝒄𝒍. 𝑳 (6)

Rearranjando:

𝑹

𝑳=

𝒄𝒍

𝒄𝒓= 𝒙 (7)

Onde:

x= Ciclo de concentração

Com as Esquações 1 e 6, podemos obter a relação entre o ciclo de concentração

e a perda total da fase líquida:

𝑳 =𝑬

𝒙−𝟏 (8)

Page 23: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

19

3.4. PRINCIPAIS PARÂMETROS DA ÁGUA CONTROLADOS EM

SISTEMAS DE RESFRIAMENTO

Para o bom funcionamento das torres de resfriamento, alguns parâmetros

químicos da água, tanto de circulação como de reposição, devem ser controlados e

monitorados, uma vez que estes estão diretamente ligados com os maiores

problemas em águas de resfriamento: formação de depósitos, corrosão e

desenvolvimento microbiano.

3.4.1 pH

O pH é um indicador de acidez, possuindo uma escala que vai de 0 a 14,

com 0 sendo a acidez máxima e 14 totalmente básico (oposto de ácido). O cálculo do

pH é dado pela Equação 9.

𝑝𝐻 = − log[𝐻+] (9)

O controle do pH é muito importante para o tratamento de água em

torres de resfriamento. Em linhas gerais: a corrosão dos metais aumenta com o pH

abaixo de uma determinada faixa, como mostrado na Gráfico 1; a formação de

incrustações começa ou aumenta acima de determinada faixa de pH; a maioria dos

organismos vivem em pH igual a 7 e a água natural tem um pH entre 6,5 a 9,5

(NALCO, 2014).

Page 24: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

20

3

Gráfico 1 – taxa de corrosão em função do pH da água.

Fonte: Stanford III, 2003.

3.4.2 Dureza

A dureza é medida pela quantidade de íons cálcio e magnésio presentes na água,

sendo o cálcio responsável por (2

3) da dureza total dessa. É a principal fonte de depósitos

em trocadores de calor, caldeiras e tubulações, uma vez que os sais de magnésio

( Mg2+

) e cálcio ( Ca2+

) formados com os ânions sulfato (SO42-

), carbonato (CO32-

) e fosfato

(PO43-

), têm sua solubilidade diminuída com o aumento da temperatura, como mostrado no

Gráfico 2, para o carbonato de cálcio (CaCO3) (GONDIM, 2014).

Page 25: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

21

Fonte: Nalco, 2009.

3.4.3 Teor de Ferro

O ferro está presente na água em dois estados diferentes: ferroso e férrico. No

estado ferroso, o ferro está parcialmente oxidado (Fe2+) e é bastante solúvel, enquanto que

no estado férrico (Fe3+ ) ele encontra-se totalmente oxidado e tem baixa solubilidade

(PENNA, 2009).

3.4.4 Alcalinidade Total

A alcalinidade total é a quantidade de íons hidróxido (OH

-), bicarbonato (HCO3

-)

e carbonato (CO32-

) na água, podendo ser definida como a capacidade de reação de um

meio, face a adição de um ácido. Representa a capacidade que um sistema aquoso

tem para neutralizar ácidos sem perturbar de forma extrema as atividades biológicas

que nele decorrem (efeito tampão natural da água) (STANFORD III, 2003) (PENNA,

2009).

É uma das determinações mais importantes no controle da água, estando

relacionada com a coagulação, redução de dureza e prevenção de corrosão (PENNA,

2009).

Gráfico 2 – Solubilidade de CaCO3 em águas quentes e frias.

Page 26: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

22

3.4.5 Sílica Total

A sílica total é distribuída em dois tipos: sílica reativa (íons silicatos SiO44-

) e não

reativa (coloidal, SiO2). A sílica reativa reage com Ca2+

e Mg2+

para formar silicatos

complexos a altas temperaturas, depositando nas áreas quentes do sistema de resfriamento

(GONDIM, 2014). A sílica não reativa deposita na forma de depósitos sedimentares.

3.4.6 Condutividade e Sólidos Totais Dissolvidos (TDS)

A condutividade é uma medida da habilidade da condução de eletricidade em meio

aquoso devido à presença de sais dissolvidos. Uma alta concentração de sais dissolvidos

contidos na água significa que esta água apresenta uma elevada condutividade, sendo

assim maior sua probabilidade de proporcionar corrosão ou incrustação nos sistemas de

troca térmica (PENNA, 2009). A condutividade é medida em μS/cm (micro Siemens por

centímetro).

A conversão da condutividade em sólidos totais dissolvidos (TDS) está apresentada

na Tabela 1 (GONDIM, 2014).

Tabela 1 – Conversão da condutividade para TDS.

Fonte: Gondim, 2014.

A maioria dos sistemas de purga automática são baseados na monitoração

contínua do TDS, indicado pela sua condutividade.

Page 27: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

23

3.4.7 Cloretos

O íon cloreto (Cl

-) é um constituinte comum da água, devido a sua grande

solubilidade nesta. Estes íons aceleram a corrosão de metais, especialmente em aços

inoxidáveis, mesmo em baixas concentrações, dependendo da temperatura (GONDIM,

2014).

3.4.8 Sólidos Suspensos

Os sólidos suspensos é a medida de materiais sedimentáveis em suspensão e

coloidais ou como partículas grossas. Estes sólidos sedimentam na água quando em

repouso. Além de causarem depósitos em tubulações e equipamentos, favorecem o

desenvolvimento de micro-organismos que aceleram processos corrosivos microbiológicos

(PENNA, 2009).

3.4.9 Contagem Microbiológica

Os micro-organismos presentes em águas de resfriamento contribuem para o

desenvolvimento de deposição sedimentar e corrosão nos equipamentos, além de

poderem causar doenças, como é o caso da bactéria Legionella Pneumophilia (GONDIM,

2014).

Page 28: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

24

3.5. PRINCIPAIS PROBLEMAS OCORRENTES EM SISTEMAS DE

RESFRIAMENTO

A formação de depósitos, o estabelecimento de processos corrosivos e o

desenvolvimento microbiano são os principais problemas ocorrentes em sistemas de

resfriamento. Estes problemas são capazes de gerar perda de eficiência operacional ou,

até mesmo, a parada de um sistema de resfriamento ou de unidades e equipamentos

que dele dependem de modo direto ou indireto. Os depósitos, a corrosão e o

desenvolvimento microbiano são, muitas vezes, associados ou interligados, sendo um

deles a causa do outro, conforme mostrado na Figura 5 (PEREIRA, 2007).

Figura 5 – Interligação entre os problemas.

Fonte: PEREIRA, 2007.

Os seguintes casos servem como exemplos de interligação entre depósitos,

corrosão e desenvolvimento microbiano (GENTIL, 2003):

A formação de depósitos não uniformes e porosos cria condições para o

desenvolvimento de processo corrosivo por aeração diferencial sob

depósito.

A formação de depósitos cria condição para o desenvolvimento de

bactérias anaeróbias sob depósito.

A corrosão do ferro pode produzir óxido de ferro (III) gerando depósitos

Page 29: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

25

sedimentares em regiões onde a água flui com baixa velocidade.

A corrosão inicial do ferro conduz à formação de íons Fe2+

que podem

levar ao desenvolvimento de bactérias aeróbias oxidantes do ferro (II) a

ferro (III), com possibilidade da formação de depósito de óxido férrico.

Bactérias encapsuladas e formadoras de limo microbiano são geradoras

de depósitos de biomassa que podem atuar como aglutinadores de

outros tipos de depósitos.

Micro-organismos são responsáveis pelo estabelecimento de processos

corrosivos microbiologicamente induzidos ou influenciados.

Portanto, qualquer que seja o método escolhido para o condicionamento da

água, este deve atuar de modo a inibir os três problemas: corrosão, formação de

depósitos e desenvolvimento microbiano.

3.5.1. Depósitos

Os depósitos são formações que aderem com maior ou menor intensidade às

superfícies dos equipamentos ou dos tubos e conexões (PEREIRA, 2007). Em torres de

resfriamento, além de reduzir a taxa de transferência de calor (diminuição da

eficiência térmica), também podem aumentar o risco de corrosão e restringir a vazão

dessas (FRAYNE, 1999).

Existem três tipos fundamentais de depósitos (PEREIRA,2007): incrustações

verdadeiras, depósitos sedimentares e depósitos tipo incrustação.

As incrustações verdadeiras têm origem em sólidos inicialmente dissolvidos na

água. Quando o meio aquoso proporciona condições como alteração de pH ou de

temperatura, a solução pode atingir o seu limite de solubidade, tornando-se uma

solução saturada. Ao ultrapassar esse limite, a solução atinge um estado de

supersaturação, propiciando a formação de pontos de nucleação cristalina, sobre a

superfície do material, atuando como sementes de cristalização. Segue-se então, a etapa

de crescimento cristalino, com formação de uma incrustação verdadeira, geralmente

muito aderente e de difícil remoção (PEREIRA, 2007).

As incrustações verdadeiras mais comuns são as de carbonato de cálcio e as de

Page 30: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

26

silicatos, geralmente de cálcio e/ou magnésio.

A incrustação calcária (incrustações de carbonato de cálcio) é formada devido

ao aumento do pH ou da temperatura da solução. Segundo a equação do equilíbrio

bicarbonato-carbonato (reação endotérmica), representada pela Equação 10, um

aumento da temperatura ou do pH da solução desloca o equilíbrio no sentido da

formação do íon carbonato, que irá reagir com o íon cálcio presente na água, formando

precipitado de carbonato de cálcio (PEREIRA, 2007).

2HCO3(aq)− ↔ CO3(aq)

2− + CO2(g) + H2O(l) (10)

Portanto, o controle de pH é de suma importância para evitar esse tipo de

incrustação.

As incrustações silicatadas (incrustações de silicatos), por sua vez, são

mais diversificadas e têm origem em reações de precipitação entre os íons silicatos

(SiO32-

, SiO44-

, Si2O76-

) com alguns íons metálicos presentes na água (PEREIRA,

2007).

A prevenção da formação de incrustações silicatadas é feita pelo controle

do ciclo de concentração, evitando que seja superado o produto de solubilidade do

silicato pouco solúvel.

Os depósitos sedimentares têm sua origem em sólidos em suspensão

dispersos no meio aquoso, podendo ser de natureza orgânica, inorgânica ou

microbiana. Quando o meio opera em baixa velocidade de fluxo, os sólidos sofrem

sedimentação, formando depósitos sobre a superfície do material (PEREIRA, 2007)

A deposição sedimentar pode ser atenuada pelo condicionamento

adequado da água de reposição. Entretanto, em torres de resfriamento, a incorporação

à água de partículas sólidas presentes no ar é praticamente inevitável. Em casos onde

esse tipo de contaminação ocorre de forma mais drástica, normalmente se recorre a

uma filtração de 3% a 10% (até um máximo de 20%) da água de circulação,

denominada filtração lateral, reduzindo de maneira expressiva a concentração de

sólidos em suspensão presentes na água (PEREIRA, 2007) (DUAN et al.,2015).

Os depósitos sedimentares são, menos aderentes que as incrustações

verdadeiras, sendo assim de maior facilidade para a remoção (uma simples varetagem,

contra-fluxo de água e/ou drenagem localizada são o suficiente). Este tipo de depósito

também pode ser removido com o uso de agentes dispersantes específicos (PEREIRA,

Page 31: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

27

2007).

Os depósitos tipo incrustação são precipitados que, formados no seio do

líquido, decantam como depósitos sedimentares. Este tipo de depósito possui grau de

aderência intermediário entre depósitos sedimentares e incrustações verdadeiras

(PEREIRA, 2007).

3.5.2. Corrosão

Corrosão é a deterioração de um material, geralmente metálico, pela a ação

química ou eletroquímica do meio ambiente (GENTIL, 2003).

Existem duas formas básicas de corrosão: generalizada e localizada.

Na corrosão generalizada, a perda de massa ou espessura do material ocorre de

forma praticamente constante ou homogênea ao longo de sua superfície, segundo um

mecanismo eletroquímico com transferência de elétrons de um ânodo para um cátodo

(GENTIL, 2003).

Um exemplo dessa célula eletroquímica, bem como suas reações, é mostrado

na Figura 6.

Page 32: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

28

Figura 6 – célula corrosiva eletroquímica e as reações que ocorrem no ânodo e cátodo

Fonte: Adaptado de Nalco, 2014.

Em meio aerado, o íon ferro (II) é oxidado a ferro (III), ocorrendo a formação

de óxido de ferro (III) hidratado, pouco solúvel, como mostrado na Equação 11.

2 𝐹𝑒(𝑎𝑞)2+ + 4 𝑂𝐻(𝑎𝑞)

− + 1

2 𝑂2 (𝑎𝑞) → 𝐹𝑒2𝑂3. 2𝐻2𝑂(𝑠) (11)

Na corrosão localizada, a perda de massa ocorre em locais pontuais do

material, sendo, muitas vezes, mais severas.

Os tipos de corrosão localizada mais frequentes em sistemas de resfriamento

são a galvânica, por aeração diferencial sob depósitos e as induzidas por

microrganismos (PEREIRA, 2007).

A corrosão galvânica resulta do contato direto de materiais diferentes , em

presença de um meio corrosivo, levando à formação de pilhas de ação local (GENTIL,

Page 33: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

29

2003).

A corrosão por aeração diferencial ocorre quando regiões de uma mesma

superfície metálica estão submetidas a diferentes concentrações de oxigênio

dissolvido, em presença do meio corrosivo. As diferentes concentrações de oxigênio e

a presença de eletrólitos dissolvidos no meio aquoso dão origem a uma pilha de

aeração diferencial, sendo que a área anódica, onde ocorre a corrosão localizada do

metal, fica situada na região menos aerada (sob depósito) (GENTIL, 2003).

3.5.3. Desenvolvimento Microbiano

O crescimento descontrolado de micro-organismos pode causar formação de

depósitos (biofilme), contribuindo para um maior potencial de corrosão (formação

de pilhas de aeração diferencial nos metais utilizados e crescimento de

microrganismos causadores de processos corrosivos), incrustação e depósitos

sedimentares, interferindo assim na performance da torre de resfriamento

(MACHADO, 2004).

O biofilme é uma película sobre a superfície metálica formada por bactérias

sésseis e planctônicas, fungos e algas, aprisionadas dentro do produto do

metabolismo da própria colônia, uma substância denominada glicocálix, que serve

como um adesivo capaz de encapsular as células, evitando que a colônia seja

arrastada com o fluxo da água (MACHADO, 2004).

O combate ao desenvolvimento microbiano pode ser feito pelo uso de biocidas

oxidantes (que possuem ação satisfatória no combate ao desenvolvimento de algas e

bactérias aeróbias), biodispersantes (possuem uma melhor ação sobre bactérias

formadoras de limo e bactérias anaeróbias) e biocidas não-oxidantes (boa ação sobre

fungos, algas e bactérias) (PEREIRA, 2007).

Page 34: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

30

3.6. ÍNDICES DE ESTABILIDADE DA ÁGUA – TENDÊNCIA

CORROSIVA E INCRUSTANTE

Os índices de estabilidade da água fazem a predição do potencial de

incrustação do CaCO3 na água, sendo os principais índices:

Índice de Langelier ( LSI Langelier Scaling Index);

Índice de Ryznar (RSI Ryznar Stability Index);

Índice de Puckorius (PSI Puckorius Scaling Index)

A seguir, estão representadas as equações para o cálculo do pH de

saturação do carbonato de cálcio (pHs) e dos índices citados acima (GONDIM, 2014):

𝑝𝐻𝑠 = (9,3 + 𝐴 + 𝐵) − (𝐶 + 𝐷) (12)

Onde:

A = 0,1 x [log(TDS) – 1]; [TDS]= mgL-1

B = [-13,12 log(T°C + 273)] + 34,55; [T]= °C

C = [log (Dureza Cálcica)] – 0,4; [Dureza Cálcica]= mgL-1

; Como(CaCO3)

D = log (Alcalinidade Total); [Alcalinidade Total]= mgL-1

; Como(CaCO3)

𝐿𝑆𝐼 = 𝑝𝐻 − 𝑝𝐻𝑠 (13)

𝑅𝑆𝐼 = 2 𝑝𝐻𝑠 − 𝑝𝐻 (14)

𝑃𝑆𝐼 = 2 𝑝𝐻𝑠 − 𝑝𝐻𝑒𝑞 (15)

Onde:

pHeq = 1,465 log(Alcalinidade Total) + 4,54; [Alcalinidade Total]= mgL-1

; Como

(CaCO3)

Page 35: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

31

3.6.1. Índice de Langelier (LSI)

O Índice de Langelier mede o grau de saturação da água com relação ao

CaCO3, e portanto sua tendência à incrustação em águas de resfriamento. Valores

positivos de LSI indicam tendência à incrustação, devido a precipitação de CaCO3.

Já valores negativos indicam uma água corrosiva, a qual irá dissolver as

incrustaçõs de carbonato. Quando LSI = 0, a água está em condição de equilíbrio.

O LSI também não leva em conta a presença de inibidores de incrustação (YANG,

2005). As regras para interpretação do LSI estão apresentadas na Tabela 2.

Tabela 2 – Regras para interpretação do LSI.

Fonte: Gondim, 2014.

Embora o LSI seja um bom preditor de incrustação, ele não fornece o

potencial desta.

3.6.2 . Índice de Ryznar (RSI)

O RSI é uma variação do cálculo do LSI, tendo sido desenvolvido para,

além de predizer as tendências à incrustação e corrosão, estimar o quão corrosivo ou

incrustante é o potencial da água. Um valor de RSI igual a 7 indica uma água em

condição de quilíbrio. A medida que esse valor vai caindo, a água vai se tornando

mais incrustante, enquanto que a medida que o valor sobe a água se torna mais

corrosiva (YANG, 2005). A Tabela 3 mostra as escalas dos potencias de corrosão e

incrustação para diferentes faixas de RSI.

Page 36: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

32

Tabela 3 – Tendência da corrosão e incrustação em função do RSI e PSI.

Fonte: Gondim, 2014.

Tanto o RSI como o LSI se tornam não confiáveis quando os sólidos

totais dissolvidos na água estão acima de 5000 mg/L (YANG, 2005).

3.6.3. Índice de Puckorius (PSI)

O PSI se baseia no cálculo do pH do sistema, em vez do pH real. Esse método

modificado proporciona uma melhor capacidade de previsão das tendências à

incrustação e corrosão na água de resfriamento, refletindo a alcalinidade real da água

(GONDIM, 2014). A Tabela 3 apresenta a interpretação dos valores do índice de

estabilidade de Ryznar (RSI) e Puckorius (PSI) com relação à tendência de corrosão e

incrustação.

3.7. TRATAMENTO DE ÁGUA EM TORRES DE RESFRIAMENTO

Os tratamentos de água de resfriamento se dividem em duas vertentes:

tratamento químico e tratamento físico. Ambos os tratamentos possuem suas

vantagens e desvantagens (KITZMAN et al., 2014).

Tratamentos físicos reduzem o consumo de água operando em altos ciclos de

concentração, podendo operar em ciclos de 6 a 8 ( tratamentos químicos

normalmente operam com bom desempenho com ciclos de 3 a 5). O aumento no

ciclo de concentração também reduz o volume de purga, diminuindo assim o volume

de água a ser tratado na estação de tratamento de efluentes. A Figura 7, a seguir,

mostra a redução aproximada no consumo de água com o aumento dos ciclos de

concentração.

Page 37: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

33

Figura 7- Porcentagem de economia da água de reposição associado ao aumento do ciclo de

concentração.

Fonte: Adaptado de Meio filtrante, 2014.

Embora o uso de inibidores de incrustação no tratamento químico seja mais

eficiente para o controle desta, os depósitos remanescentes oriundos deste tipo de

tratamento são de maior dificuldade de remoção. Em tratamentos físicos, há a

possibilidade de dissolução de incrustações já existentes.

O tratamento químico promove um melhor controle de corrosão, embora as taxas

de corrosões decorrentes do tratamento físico estejam dentro dos limites aceitáveis na

indústria.

Tratamentos físicos possuem uma melhor performance no controle microbiológico

da água. No entanto, o tratamento químico é mais eficaz quando em relação ao controle de

algas.

Vale ressaltar que independente do tipo de tratamento escolhido, torres de

resfriamento que operam a altos ciclos de concentração devem considerar o uso de filtros

(filtragem lateral) para melhorar a limpeza do sistema devido ao baixo nível de purga.

Estes filtros também tem a função de proteger os dispositivos mecânicos dos tratamentos

físicos de água. Em ambientes muito abrasivos (muito pó e areia do ar) pode ser

necessário o uso de mais de um filtro (CHO; Mc LACHLAN,2008).

3.7.1 Tratamentos Químicos

Os tratamentos químicos foram os primeiros métodos empregados para o

tratamento de água em torres de resfriamento, sendo ainda hoje os mais empregados

(método mais consolidado).

Page 38: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

34

Existem dois tipos de sistema de dosagem de químicos para o tratamento de águas

de resfriamento hoje no mercado: temporizados e de correção automática.

3.7.1.1.Químicos Inibidores de Incrustação

Existem dois tipos de inibidores químicos de incrustação:

Inibidores limitantes: previnem a formação de incrustações mantendo os

minerais formadores destas em solução, não permitindo que o processo de

cristalização comece. Um exemplo desses inibidores são ácidos como

H2SO4 e HCl (NALCO, 2014).

Inibidores cinéticos: diminuem a velocidade de precipitação dos sais,

interferindo no processo de cristalização destes, formando assim

microcristais, que não irão depositar na forma de depósitos tipo

incrustação e nem formarão incrustações verdadeiras (YANG, 2005). Um

exemplo comparando cristais de carbonatos de cálcio antes e depois

deste tipo de tratamento (no caso, com poliacrilatos) pode ser visto nas

Figuras 8 e 9.

Figura 8 - Cristais de carbonato de cálcio em seu estado

“normal” (ampliação: 2000X).

Fonte: Nalco, 2014.

Page 39: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

35

Figura 9 – Cristais de carbonato de cálcio, distorcidos,

crescendo lentamente após o tratamento com poliacrilatos

(ampliação 2000X).

Fonte: Nalco, 2014

3.7.1.2. Químicos Inibidores de Depósitos Sedimentares

Químicos inibidores de depósitos sedimentares agem mantendo os sólidos em

suspensão suspensos, não deixando que eles sedimentem, prevenindo a deposição em

superfícies metálicas ou ajudando na remoção dos depósitos deste tipo já existentes.

Existem dois tipos de químicos inibidores de depósitos sedimentares (NALCO, 2009):

Reforçadores de carga: são agentes dispersantes que fazem com que os

sólidos em suspensão sejam repelidos entre si, devido ao aumento de

suas cargas elétricas negativas, fazendo com que não se aglomerem e,

assim, sedimentem, como mostrado nas Figura 10 e 11. Os reforçadores

de carga mais comumente usados são polímeros aniônicos.

Page 40: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

36

Figura 10 – Polímero altamente aniônico adsorvido por patícula de sólido em suspensão,

aumentando a carga negativa desta.

Fonte: Nalco, 2009.

Figura 11 – Repulsão entre as partículas de sólidos em suspensão

Fonte: Nalco, 2009.

Page 41: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

37

Agentes umectantes: São agentes que diminuem a tensão superficial da

água, inibindo novas formações de depósitos e removendo os já

existentes (possibilidade). Isto mantém as partículas no fluxo de água

de resfriamento, onde elas têm maior possibilidade de serem

removidas do sistema, através de purga ou filtração. Os agentes

umectantes mais usados são os surfactantes.

3.7.1.3. Químicos Inibidores de Corrosão

Químicos inibidores de corrosão atuam interferindo nos mecanismos de

reação, afetando as reações catódicas ou anódicas. Existem três tipos de inibidores

químicos de corrosão (NALCO, 2009):

Inibidores de corrosão anódica: estes tipos de inibidores formam um

filme protetor sobre o ânodo. Embora esse seja um método efetivo

para inibir a corrosão ele possui uma grande desvantagem: no caso

de uma quantidade insuficiente do inibidor anôdico, todo potencial

de corrosão se concentrará nas áreas desprotegidas do ânodo, severas

corrosões pontuais. Os principais químicos inibidores de corrosão

anódica são: molibdênios, ortofosfatos, nitritos e silicatos.

Inibidores de corrosão catódica: estes tipos de inibidores formam um

filme protetor sobre o cátodo. Este tipo de inibidores fornecem uma

redução na taxa de corrosão diretamente proporcional à redução da

reação catódica. Os principais químicos inibidores de corrosão

catódica são: bicarbonatos, polifosfatos, zinco e PSO (Phosphino

Succinic Oligomer).

Inibidores de corrosão geral: estes tipos de inibidores formam um

filme protetor tanto no cátodo como no ânodo. Os principais

químicos inibidores de corrosão geral são: óleos solúveis e triazóis

para cobre.

Page 42: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

38

3.7.1.4. Químicos Inibidores de Desenvolvimento Microbiano

Os três tipos de químicos inibidores de desenvolvimento microbiano mais

usados são (NALCO, 2014):

Biocidas oxidantes: oxidam importantes componentes celulares dos

micro-organismos, resultando na morte destes. Os biocidas

oxidantes mais usados são: cloro gasoso e hipoclorito de sódio

(líquido).

Biocidas não-oxidantes: são compostos orgânicos que reagem com

componentes específicos das células dos microrganismos, causando o

envenenamento enzimático deste e, assim, os destruindo. Os biocidas

não-oxidantes mais usados são: sais quartenários de amônio e agentes

organossulfurosos.

Biodispersantes: não matam os microrganismos. Ao invés,

amolecem os biofilmes, desprendendo estes das superfícies metálicas

e assim removendo-os através das purgas no sistema. Em adição,

também previnem a formação dos biofilmes. Os biodispersantes mais

usados são: glicóis alquilênicos e amidas graxas.

3.7.2. Tratamentos Físicos

Os tratamentos físicos da água são aqueles sem a dosagem de químicos,

reduzindo assim os riscos ambientais associados a estes, sendo os mais recentes

métodos de tratamento de água em torres de resfriamento.

É importante ressaltar que a maioria dos sistemas de tratamento físicos,

independente do principal componente, utilizam filtros como parte dos equipamentos

em ambientes muito abrasivos

3.7.2.1.Condicionadores Magnéticos

Os condicionadores magnéticos, normalmente, são instalados em um ponto da

tubulação, na parte externa desta. Quando a água de resfriamento passa por esse

ponto, o campo magnético, perpendicular ao movimento dos íons presentes nessa,

Page 43: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

39

produz uma força perpendicular a ambos (movimento e campo magnético) e

proporcional a velocidade, como mostrado na Figura 12. As forças sobre íons de

cargas opostas são em direções opostas. Com isso, há um aumento da frequência

de colisões entre íons de cargas opostas. Estes íons, tendo energia cinética

suficiente, irão formar partículas coloidais ao colidirem. Estas partículas ficarão

suspensas na água, podendo depositar nas superfícies das tubulações ou equipmentos

eventualmente. No entanto, esses depósitos são pouco aderentes, podendo ser

removidos com a própia passagem da água de resfriamento (desde que esta possua

uma velocidade suficiente) e posteriormente retirado da solução através da purga

(CHO; Mc LACHLAN, 2008).

Figura 12 – Íon atravessando a região do condicionador.

Fonte: Cho; Mc Lachlan, 2008.

A maioria dos condicionadores magnéticos são para fluxos pequenos,

tubulações com diâmetro menor 3”. Uma vez que os condicionadores normalmente

são fixados na parte externa das tubulações, se estas tiverem diâmetros acima de 3”,

a força e o tamanho do campo magnético irão diminuir dentro dos tubos (CHO; Mc

LACHLAN, 2008).

Este tipo de tratamento não tem se mostrado muito consistente em parte

pela necessidade de uma velocidade ótima de escoamento da água, uma vez que à

velocidades baixas os íons não possuem a energia cinética suficiente para a

Page 44: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

40

formação dos colóides, enquanto que à velocidades altas o tempo de permanência do

volume afetado pelo campo pode ser insuficiente para fazer com que esses íons

mudem suas direções e colidam (CHO; Mc LACHLAN, 2008).

3.7.2.2. Catalisadores Eletroquímicos

Os catalisadores eletroquímicos são os dispositivos de maior eficácia dentro

dos dispositivos hoje existentes para o tratamento físico das águas de resfriamento.

Apesar do uso desses catalisadores para o tratamento de água terem começado na

década de cinquenta, seus maiores avanços aconteceram somente em anos recentes

(CLEAN SYSTEM, 2014).

Os materiais usados como catalisador são ligas metálicas ou de óxidos

metálicos, sendo a composição exata segredo das empresas de tratamento de água ou

então patentes.

Esses catalisadores basicamente se utilizam do princípio eletroquímico da

eletronegatividade.

A eletronegatividade do catalisador é menor do que a eletronegatividade

global da água de resfriamento, fazendo com que este doe elétrons para esta

(CLEAN SYSTEM, 2014). Portanto, quando a água passa pelo catalisador, este

rapidamente muda o potencial de óxido-reducão desta de aproximadamente +

200mV para -500mV. Esta mudança de potencial tem um grande impacto nas

reações que estão ocorrendo no sistema, e é o fator responsável pela neutralização

dos potenciais de oxidação e redução da água das seguintes formas (KUSMIERZ;

BABB, 1999):

A adição de elétrons na água: altera a composição cristalina dos compostos

formadores de incrustação, tornando estas menos duras e de fácil remoção (LEE et al.,

2006); fazem com que os sólidos em suspensão sejam repelidos entre si, devido ao

aumento de suas cargas elétricas negativas, fazendo com que não se aglomerem e,

assim, sedimentem.

A mudança do potencial de óxido-redução da água cria um campo elétrico no

qual a maioria dos micro-organismos não consegue sobreviver. Além de estes

poderem se depositar nas superfícies dos equipamentos, algumas bactérias, como as

Page 45: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

41

redutoras de sulfato, produzem bioprodutos corrosivos à maioria dos metais.

A corrosão é inibida devido ao excesso de elétrons na água (suprido pelo

catalisador), uma vez que esse excesso polariza o ânodo (no caso, ferro), elevando

seu potencial de redução para valores acima do qual se estabiliza o cátodo (meio

ao redor, solução aquosa) e, assim, prevenindo a ionização dos átomos de Fe

(inibição da corrosão) (CLEAN SYSTEM, 2014).

Um exemplo de catalisador eletroquímico pode ser visto na Figura 13.

Figura 13 – Exemplo de catalisador eletroquímico.

Fonte: Clean System, 2014.

Page 46: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

42

4. METODOLOGIA

4.1. Método de pesquisa: Pesquisa-Ação

O método de pesquisa a ser utilizado nesse trabalho foi o de pesquisa-ação.

A pesquisa-ação é um método de pesquisa o qual foi criado com o objetivo

de suprir a lacuna entre teoria e prática (ENGEL, 2000). Neste tipo de pesquisa, os

pesquisadores desempenham um papel ativo no equacionamento dos problemas

encontrados, no acompanhamento e na avaliação das ações desencadeadas em função

dos problemas (TURRIONI, 2011).

Esse método de pesquisa é cíclico, e é dividido em seis passos, como

mostrado na Figura 14.

Figura 14- Ciclo de pesquisa-ação.

Fonte: Guedes et. al., 2010.

Os ciclos de coleta, realimentação, análise de dados, planejamento das

ações, tomada das ações e avaliação ocorrem periodicamente na medida que ações

Page 47: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

43

particulares são planejadas e implementadas.

Segue abaixo uma descrição dos passos (TURRIONI, 2011):

Coleta de dados: A coleta de dados é o primeiro passo desse método. A

geração dos dados vem através do envolvimento ativo no dia-a-dia dos

processos organizacionais relacionados com o projeto de pesquisa-ação. Os

dados não são gerados apenas da participação e observação das equipes no

trabalho, de problemas sendo resolvidos, decisões sendo tomadas, mas também

através de intervenções que são feitas para avançar o projeto.

Realimentação dos dados: Nessa etapa, os dados coletados são compilados,

de maneira a tornar estes disponíveis, de maneira clara, para a etapa de análise.

Análise dos dados: A análise dos dados coletados e compilados é colaborativa,

ou seja, tanto o pesquisador como os membros do time fazem-na juntos.

Planejamento da ação: Após as análises, o pesquisador e os membros do

time definem os quais e os quem das ações, assim como prazo adequado para

cada uma.

Implementação: Após definidas as ações, com seus respectivos donos e

prazos, o time implementa as ações planejadas. Essas ações correspondem

ao que precisa ser feito, ou transformado, para realizar a solução de um

determinado problema.

Avaliação: Após as devidas implementações, é feita uma avaliação sobre os

resultados destas, tanto intencionais quanto não intencionais, uma revisão do

processo para que o próximo ciclo de planejamento e ação possa beneficiar-

se do ciclo completado. A avaliação é a chave para o aprendizado. Sem ela

as ações são implementadas ao acaso, independente de sucesso ou fracasso, e

os erros se proliferam, gerando um aumento da ineficácia e da frustração.

O monitoramento é um meta-passo que ocorre em todos os ciclos. Este

monitoramento consiste em um conjunto de observações e medições de

parâmetros, de modo contínuo ou frequente, seguindo como controle ou

alarme de desvios. Portanto, a oportunidade para a aprendizagem contínua

existe.

Page 48: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

44

4.2. Objeto de estudo

4.2.1. Companhia

No trabalho em questão, o estudo foi feito em uma planta produtora de

fungicidas da companhia.

A companhia atua em várias frentes em relação à confiabilidade, desde

iniciativas ligadas à manufatura (confiabilidade operacional), como estratégias bem

estruturadas para a redução de falhas de equipamentos, até as ligadas à corporação

como um todo.

4.2.2. Processo de Resfriamento

A água de resfriamento da torre do presente trabalho alimenta

(constantemente) quatro condensadores barométricos, parte integrante do sistema

de vácuo (ejetores) dos secadores finais do processo, e as camisas desses

(eventualmente), como mostrado na Figura 15.

Figura 15 – Esquema do sistema de resfriamento.

Fonte: Arquivo pessoal

O sistema de resfriamento, que contempla a torre do trabalho em questão, é

considerado como “aberto com recirculação”, uma vez que a torre não possui um

Page 49: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

45

sistema de purga (apenas um ladrão para evitar transbordo), não sendo, assim,

totalmente aberto. Isto faz com que não haja uma boa renovação da água, e,

consequentemente, aumente muito a concentração dos sais e proliferação de

microrganismos nesta. A reposição de água é feita pela descarga de uma bomba de

vácuo de selo líquido (sistema de vácuo de um dos filtros do processo, o qual não

opera continuamente) e manualmente por uma válvula esfera no final da linha de

reposição de água bruta, quando o nível da bacia está muito baixo.

Além da alta concentração de sais, devido à falta do sistema de purga, outro

fator contribuinte para a má qualidade da água de resfriamento é o contato direto

desta com o fungicida (pó) e orgânicos voláteis, arrastados junto com o vapor dos

ejetores na etapa de secagem.

Page 50: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

46

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Fase Preliminar- Contexto e Propósito

Como mostrado no item anterior (3.2.2. Processo de Resfriamento), as condições

do processo, aliadas a falta do sistema de purga, fazem com que a qualidade da água de

resfriamento da torre em questão seja de péssima qualidade. Esta péssima qualidade da

água causa problemas de incrustação e corrosão através das linhas e equipamentos

associados, além de perda de eficiência térmica da torre. Estes problemas trazem

grandes prejuízos à empresa estudada no trabalho, seja pela perda de produção, devido

a paradas não programadas, ou pelo aumento do custo de manutenção gerado.

Um exemplo destes prejuizos pode ser verificado nos Gráficos 3 e 4, os quais

mostram o tamanho da contribuição das bombas de circulação da torre nas perdas de

produção por equipamento em 2013 e 2014 (estas perdas estão associadas a falhas das

bombas causadas, na sua grande maioria, pela corrosão e incrustação dos/nos internos

destas bombas e de suas válvulas de retenção).

Page 51: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

47

Gráfico 3 – Lista dos dez equipamentos responsáveis pelas maiores perdas de produção em

2013). As P-910 indicadas na figura são as bombas da torre de resfriamento em estudo.

Fonte: Arquivo pessoal

Gráfico 4 – Lista dos dez equipamentos responsáveis pelas maiores perdas de produção em

2014). As P-910 indicadas na figura são as bombas da torre de resfriamento em estudo.

Fonte: Arquivo pessoal

0

20000

40000

60000

80000

Perda do produto (pó) em toneladas

Equipamentos

2013

0

20000

40000

60000

80000

100000

Perda do produto (pó) em toneladas

Equipamentos

2014

Page 52: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

48

Através deste contexto, viu-se a oportunidade da instalação de um sistema de

tratamento de água para a torre de resfriamento em questão, com o propósito de

aumentar sua confiabilidade operacional e dos equipamentos e linhas associadas a ela,

visando reduzir os prejuízos exemplificados.

Foi optado pelo tratamento físico da água de resfriamento, uma vez que este tipo

de tratamento permite trabalhar com um menor volume de purga (o sistema de

tratamento de efluentes da empresa trabalha constantemente com alta demanda,

impossibilitando receber maiores demandas extras para serem tratadas).

5.2. Coleta de dados

Os dados coletados nesta primeira etapa do ciclo da pesquisa-ação foram algum

parâmetros físico-químicos chaves, tanto da água de circulação como da água de

reposição da torre (água bruta). Estes parâmetros foram: pH, dureza, teor de ferro,

alcalinidade total, sílica, TDS, cloretos, sólidos suspensos e contagem microbiológica.

As amostras foram coletadas durante duas semanas, dia sim dia não, pelos

operadores do segundo turno da área de utilidades, não havendo nesse período nenhuma

anormalidade que afetasse tal amostragem.

Após as duas semanas, a empresa contratada responsável pelo tratamento de água

realizou a análise das amostras em seu laboratório.

5.3. Feedback dos dados

A empresa responsável pelo tratamento de água entregou os resultados das

análises com valores médios dos parâmetros físico-químicos da água, já comparados

com os valores limites recomendados pela mesma. As Tabelas 4 e 5 mostram os

resultados.

Page 53: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

49

Tabela 4 – Resultado das análises da água de reposição, comparado com os respectivos limites

recomendados

Fonte: Arquivo pessoal

Tabela 5 – Resultado das análises da água de circulação, comparado com os respectivos limites

recomendados

Fonte: Arquivo pessoal

5.4. Análise dos dados

A partir dos resultados obtidos, foi feita a análise dos dados para decidir como

seria o tratamento da água. A análise levou as seguintes conclusões:

Apesar da água de reposição estar com alta concentração de sílica, a

companhia preferiu não realizar o tratamento da água de reposição, uma

vez que um eficiente tratamento da água de circulação já compensaria

estas altas concentrações. Entretanto, uma alta concentração de sílica na

água de reposição impediu trabalhar em maiores ciclos de concentração.

Page 54: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

50

Para a correção dos limites ultrapassados na água de circulação, o

melhor tratamento seria a partir de um sistema composto de: controlador

de purga, composto por um condutivímetro e válvula solenóide (controle

da condutividade, TDS e ciclo de concentração); válvula controladora de

nível to tipo bóia (reposição automática da água), catalisador

eletroquímico (diminuição dos potencias de incrustação e corrosão da

água, além de ajudar no controle microbiano), pastilhas de biocida

(controle microbiano), filtro de areia automático (remoção das partículas

em suspensão e proteção do catalisador). Devido o pH estar apenas 0,25

acima do limite superior da faixa de controle, apenas a instalação do

controlador de purga iria ser o suficiente para esta correção.

A Figura 16 mostra um esboço da infraestrutura do sistema de tratamento.

Figura 16 – Infraestrutura do sistema de tratamento de água da torre de resfriamento

Fonte: Arquivo pessoal

Page 55: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

51

Para uma maior eficácia do tratamento, alguns cálculos foram feitos como o de

ciclo de concentração máximo (de acordo com as condições operacionais), ciclo de

concentração máximo em sílica, ciclo de concentração ideal (com base no Índice de

Puckorius) e a vazão de água a ser filtrada (filtração lateral)

5.4.1. Ciclo de concentração máximo de acordo com as condições

operacionais

Desde que as perdas indesejáveis de fase líquidas (vazamentos,

transbordamentos, utilizações não previstas) sejam nulas (P = 0), o valor do ciclo de

concentração máximo será obtido com o fechamento da descarga (D = 0). Segundo a

Equação 7

𝒙 =𝑹

𝑳=

𝑬 + 𝑨 + 𝑫 + 𝑷

𝑨 + 𝑫 + 𝑷

Substituindo:

𝒙 =𝑬+𝑨

𝑨 (16)

Substituindo as Equações 3 e 4 em:

𝒙 =𝟏,𝟕𝟑.𝟏𝟎−𝟑.𝑸.∆𝑻+𝒇𝑨.𝑸

𝒇𝑨.𝑸 (17)

Rearranjando:

𝒙 =𝟏,𝟕𝟑.𝟏𝟎−𝟑

𝒇𝑨 . ∆𝑻 + 𝟏 (18)

Onde:

𝒇𝑨= Fator de perda por arraste

∆𝑻= Diferença entre a temperatura da água quente de entrada e a água fria de

saída.

Page 56: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

52

Considerando 𝐟𝐀= 1,5.10-3

e ∆𝐓 = 6 °C (40-34):

𝒙 = 𝟖

Portanto, o ciclo de concentração máximo considerado para o tratamento foi de

8.

5.4.2. Ciclo de concentração máximo em sílica

Atualmente, não existe um sistema de purga, o que reflete na alta concentração

de sílica na água de circulação (389 ppm, agravada pela falta de um sistema controlado

da água de reposição, que possui uma alta concentraçao de sílica, 50 ppm),

ultrapassando em muito o limite de 150 ppm. Esta presença excessiva de sílica na água

de circulação pode levar a formação de silicatos de cálcio e/ou magnésio, além de

sílicas coloidais.

O ciclo de concentração máximo em sílica pode ser calculado usando a

Equação 7. Substituindo os valores:

𝑥 =150

50= 3

5.4.3. Ciclo de concentração ideal com base no índice de estabilidade

Considera-se como ciclo de concentração ideal aquele que conduz a níveis de

concentração de alcalinidade e dureza cálcica capazes de produzir um índice de

Puckorius (PSI) numa faixa entre 6,2 – 6,8, como mostrado na Tabela 3 (página 32).

A partir dos resultados obtidos para a água de reposição e de medidas de

temperatura da água na entrada e na saída no sistema, temos:

Alcalinidade total (AT) =100 ppm

Page 57: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

53

Dureza cálcica (DC) = 51 ppm

Sólidos totais dissolvidos (TDS) = 296 ppm

Temperatura média da água no sistema (T) = 37 °C

Calculando-se os valores de pHs, pHeq e PSI, usando as Equações 12 e 15, para

cada ciclo de concentração, obtemos a Tabela 6

Tabela 6 – Valores de pHs, pHeq e PSI para cada ciclo de concentração.

PARÂMETRO/CICLO 1 2 3 4 5

AT (ppm) 100 200 300 400 500

DC (ppm) 51 102 153 204 255

TDS (ppm) 296 592 888 1184 1480

T (°C) 37 37 37 37 37

pHs 8 7,4 7,1 6,9 6,7

pHeq 7,5 7,9 8,2 8,4 8,5

PSI 8,5 6,9 6 5,4 4,9

Fonte: Arquivo pessoal

Portanto, poderíamos considerar como um ciclo de concentração ideal para o

sistema um ciclo de concentração entre 2 e 3. No entanto, como o sistema será tratado,

poder-se-a trabalhar com ciclos maiores, sendo escolhido para o início do tratamento

um ciclo de concentração de 3. Com o decorrer do tratamento, dependendo da resposta

do sistema, o ciclo será aumentado, uma vez que tratamentos físicos de água

conseguem trabalhar com ciclos mais elevados.

Considerando um ciclo de 3 para o começo do tratamento, este foi controlado

pelo uso do sistema automático de purga. Sendo a condutividade da água de reposição

do sistema igual a 296 ppm, para a obtenção de um ciclo de 3, segundo a Equação 7, o

valor de TDS na água de circulação deverá ser mantido em torno de 888 ppm, o que

equivale a um valor de condutividade de 1184 S/cm, de acordo com a Tabela 1, que

será “setado” no condutivímetro.

A partir dos resultados obtidos para a água de circulação, podemos calcular o

índice de Puckorius, que nos mostrará o potencial corrosivo e incrustante da água de

resfriamento atual em relação ao sistema ferro-carbonato de cálcio. Seguindo:

Page 58: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

54

Alcalinidade total (AT) = 430 ppm

Dureza cálcica (DC) = 400 ppm

Sólidos totais dissolvidos (TDS) = 2340 ppm

Temperatura média da água no sistema (T) = 37 °C

Calculando-se os valores de pHs, pHeq e PSI, usando as Equações 12 e 15,

obtemos:

pHs = 6,6

pHeq = 8,4

PSI = 4,8

Segundo Tabela 3, a água possui intensa formação de incrustações.

5.4.4. Vazão de água a ser filtrada

A vazão de água a ser filtrada por filtração lateral é dada pela Equação 19

(PEREIRA, 2007):

𝐹 =2,3 𝑉

𝑡. log

𝑐1

𝑐2− 𝐿 (19)

Onde:

F = Vazão de filtração (m3/h)

V = Volume de água no sistema (m3)

t = Tempo de filtração (h)

L = Perda de fase líquida (m3/h), sendo L= A+D+P

C1 = Concentração inicial de sólidos suspensos (ppm)

C2 = Concentração de sólidos suspensos após a filtração (ppm)

Segundo a Tabela 5 a concentração de sólidos suspensos na água de circulação

deve cair de 90 ppm para um valor de 10 ppm.

Page 59: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

55

Sabendo que a vazão de circulação do sistema é de 150 m3/h, o volume estático

é de 68 m3, o ciclo de concentração inicial para o tratamento será de 3, a diferença entre

a temperatura da água quente de entrada e a água fria de saída é de 6 °C e substituindo a

Equação 3 em 8 e esta nova na Equação 20 , obtemos:

𝐹 =2,3 𝑉

𝑡. 𝑙𝑜𝑔

𝑐1

𝑐2−

1,73.10−3.𝑄.∆𝑇

𝑋−1 (20)

Substituindo os valores e considerando uma filtração de 8h (considerando 3

retrolavagens diárias):

𝐹 =2,3 68

8. log

90

9−

1,73.10−3. 150. 6

3 − 1

Portanto:

𝐹 = 18,8 𝑚3/ℎ

Ou seja:

𝐹

𝑄=

18,8

150. 100% = 12,5%

5.5. Planejamento das ações

Após as análises dos dados, foi montado o planejamento das ações, com todos

os diretamente envolvidos, estipulando responsáveis e prazos para cada tarefa, para

viabilizar o sistema de tratamento da água da torre. A Figura 17 mostra o plano de

atividades.

Page 60: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

56

Figura 17 – Plano de atividades.

Fonte: Arquivo pessoal

5.6. Implementação

A implementação do sistema de tratamento de água da torre ocorreu de acordo

com a etapa de planejamento, tendo sido cumpridos todos os prazos estipulados para

cada tarefa.

Para o start up, foi estipulado um set de condutividade de 1184 S/cm (ciclo de

concentração igual a 3) e uma filtração lateral de 12,5% da água de circulação (a priori

com apenas um filtro).

Para o monitoramento, além do check list diário criado (verificar a passagem de

água no catalisador, verificar quantidade de pastilha de biocida restante, realizar leitura

do condutivímetro e retirada de uma amostra da água de circulação uma vez por turno

Page 61: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

57

para análises de pH e condutividade), foi acordado visitas semanais da empresa ao site,

nas quais esta verificaria os equipamentos do comodato, faria medições em campo de

pH e condutividade, retiraria amostras da água de circulação e reposição para análise

(resultados mensais dos parâmetros anteriormentes definidos) e faria a calibração do

condutivímetro, além de possíveis ajustes no set de condutividade.

5.7. Avaliação

Um mês após o start up, foi gerado o primeiro relatório pela empresa

responsável pelo tratamento. A Tabela 7 mostra os resultados para a água de circulação.

Tabela 7 – Resultado das análises da água de circulação, após um mês de tratamento,

comparado com os respectivos limites recomendados (ciclo de concentração igual a 3).

Fonte: Arquivo pessoal

Os resultados mostram uma grande melhora da qualidade da água, estando

apenas a sílica logo acima do limite recomendado. No entanto, devido a presença do

catalisador, os depósitos de sílica e carbonato foram logo removidos pelo próprio fluxo

da água de circulação.

Entretanto, o catalisador também foi responsável, em parte, por furos causados

em pontos da tubulação que liga todo o sistema de resfriamento: as incrustações que

estavam há anos em pontos da linha, contribuiram para que estes tivessem suas

espessuras reduzidas significamente (corrosão sob depósito). Com o amolecimento

dessas incrustações e o fluxo da água de circulação, essas incrustações foram

arrastadas, junto com restante de aço em tais pontos, o que acarretou em pequenos

Page 62: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

58

vazamentos. Esses vazamentos foram sanados, através de solda, e a tubulação ficou

livre das incrustações que a tempos estavam restringindo em parte o fluxo na linha.

A partir dos resultados obtidos, foi decidido aumentar o ciclo de concentração

de 3 para 5, alterando o set de condutividade de 1184 S/cm para 2185 S/cm, visando

reduzir o número de purgas (devido a capacidade da estação de tratamento de efluentes,

ETE) e diminuir a reposição de água. Apesar de a análise do PSI apontar para uma

intensa formação de incrustações de carbonato para um ciclo de concentração já acima

de 3, e a concentraçao de sílica aumentar bastante para um ciclo de 5, acreditou-se que

o sistema de tratamento ainda assim manteria-se eficiente. Mesmo mudando o ciclo de

concentração, foi mantida a mesma vazão de filtração, uma vez que a qualidade da água

foi melhorada.

Após mais um mês de tratamento, foi gerado o segundo relatório pela empresa

responsável pelo tratamento. A Tabela 8 mostra os resutados para a água de circulação.

Tabela 8 – Resultado das análises da água de circulação, após dois meses de tratamento,

comparado com os respectivos limites recomendados (ciclo de concentração igual a 5).

Fonte: Arquivo pessoal

Os resultados mostram uma maior concentração dos parâmetros físco-

químicos estudados, tendo os limites de sílica, alcalinidade total, TDS e sólidos

suspensos ultrapassados. Apesar do aumento da concentração, a água ainda se manteve

com baixo potenciais de incrustação e corrosão, devido a presença do catalisador. O

pH, apesar de ter aumentado, manteve-se dentro da faixa de controle. No entanto, foram

necessárias 4 retrolavagens diárias pelo filtro, ao invés de 3, em todos os dias do mês

Page 63: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

59

analisado.

A partir dos resultados obtidos, foi decidido manter o ciclo de concentração de 5

para o próximo mês de tratamento, uma vez que um novo aumento do ciclo poderia,

além de ultrapassar o limite do pH, aumentar ainda mais o número de retrolavagens,

prejudicando tanto a ETE como a própria filtração (aumento do tempo morto para a

retrolavagem, possível aumento de sólidos suspensos e, portanto, possíveis danos ao

catalisador e piora da qualidade da água).

Durante os 3 meses de tratamento (considerando como o primeiro mês Janeiro),

não foram registradas ocorrências de falhas das bombas de circulação da torre, o que

representa uma redução da perda de produção durante o mesmo período em 2014 de

7800 toneladas, como mostrado no Gráfico 5.

Gráfico 5 – Perda de produção devido as bombas de circulação da torre no primeiro quarto de

2014 e 2015

Fonte: Arquivo pessoal

Após os 3 meses de tratamento, houve um aumento da eficiência térmica. O

cálculo da eficiência térmica, em porcentagem, é dado pela Equação 26 (OLIVEIRA,

2010):

𝜂 = (𝑇1−𝑇2

𝑇1−𝑇𝑏𝑢) . 100 (21)

Onde:

0

2000

4000

6000

8000

10000

ANO 2014 ANO 2015

Toneladas

PERDA DE PRODUÇÃO DEVIDO AS BOMBAS DE CIRCULAÇÃO DA TORRE NO PRIMEIRO QUARTO DE

2014 E 2015

Page 64: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

60

Eficiência energética

T1= Temperatura de entrada da água na torre

T2= Temperatura de saída da água na torre

Tbu= Temperatura de bulbo úmido do ar ambiente

Antes do tratamento:

𝜂 = (40−34

40−24) . 100 =37,5%

Após o tratamento, a temperatura de saída da água na torre caiu de 34 °C para

32 °C em média. Calculando a eficiência, considerando uma mesma temperatura

média de bulbo úmido de 24 °C, temos:

𝜂 = (40−32

40−24) . 100 =50%

Portanto, houve um aumento da eficiência térmica da torre de resfriamento em

12,5 %.

Page 65: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

61

6. CONCLUSÃO

A metodologia empregada neste trabalho (pesquisa-ação) mostrou-se interativa

e dinâmica, tendo sido uma ferramenta de grande valia para o autor, auxiliando no

gerenciamento do projeto para a implementação do tratamento de água na torre de

resfriamento.

Após 3 meses de tratamento da água de circulação da torre de resfriamento em

estudo, pôde-se concluir que o sistema de tratamento de água escolhido (tendo como

principal elemento um catalisador eletroquímico) foi eficaz para o tratamento da torre,

resultando em um aumento da eficiência térmica da torre em 12,5%, removendo

incrustações existentes e garantindo uma boa qualidade da água de circulação (baixos

potenciais de incrustação e corrosão) até um ciclo de concentração igual a 5 (o qual só

não pôde ser maior devido a qualidade da água de reposição e a baixa capacidade da

ETE). Vale ressaltar a importância da filtração lateral em sistemas como o da torre de

resfriamento em questão, o qual possui grande concentração de sólidos suspensos.

Page 66: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

62

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALPINA. Torres de Resfriamento de Água . Artigos e Pubilcações

Alpina Equipamentos. Disponível em:

< http://www.alpina.com.br/novoe/alpina_torres_concreto.pdf >. Acesso em 10 Set.

2014.

CHO . Y. I.; Mc LACHLAN. Physical water treatment for cooling towers. In: Cooling

Technology Institute Annual Conference, 2008, Houston. Disponívem em: <

https://estatusa.com/uploads/PWT_For_Cooling_Towers.pdf>. Acesso em: 13 Set.

2014.

CLEAN SYSTEM. Catalisadores eletroquímicos. Disponível em:<

http://www.cleansystem.com.br/home/produtos/catalisadores/>. Acesso em: 13 Set.

2014.

DUAN. X.; WILLIAMSON.J.L.; McMORDIE.K.L; BOYD.B.K.. Side Stream

Filtration For Cooling Towers. Disponível em: <

http://energy.gov/sites/prod/files/2013/10/f3/ssf_cooling_towers.pdf>. Acesso em: 8

Abr. 2015

ENGEL, G. I. Pesquisa ação. Educar. Editora da UFPR. Curitiba: Universidade

Federal do Paraná, 2000. P.181-191.

ENGINEERINGOPERATIONS. Fouling of heat exchangers what exactly is fouling

in heatexchangers?. Disponível em: <

http://engineeringoperations.blogspot.com.br/2010/12/fouling-of-heat-changers-what-

exactly.html>. Acesso em: 13 Out. 2014.

FOGAÇA, J. V. S. Utilização da ferramenta QC Story para redução do consumo

de água em torres de resfriamento do tipo contracorrente. Lorena: Universidade de

São Paulo, 2013. 79 p. Trabalho de Conclusão de Curso.

FRAYNE, C. Cooling Water Treatment - Principles and Practice. Chemical

Publishing Company Inc. 1999. 512p.

Page 67: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

63

GENTIL, V. Corrosão. 4 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003. 341 p.

GONDIM, N. M. Alternativas para redução do consumo de água e energia em

sistemas de água de resfriamento e geração de vapor em refinarias de

petróleo do Brasil. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro,

2014. 195 p. Tese de Mestrado.

GUEDES, F. N. et al. Projeto conceitual de componentes de um forno industrial

por meio da integração entre a engenharia reversa e o DFMA. Gest. Prod., São

Carlos, v. 17, n. 3, p. 497-511, 2010.

Joel E. Kusmierz; George R. Babb. COOLING TOWER WATER TREATMENT

SYSTEM. US 005858219A, 12 Jan. 1999.

KITZMAN, K. A.; MAZIARZ, E. F.; BLUMENSCHEIN, B. C. D. B.; SMITH,

A.

Chemical vs. Non-chemical Cooling Water Treatments – a Side-by-Side Comparison. Disponível em < http://cdn2.hubspot.net/hub/241918/file-

31103680- pdf/docs/alcoa_report_chemical_vs._non-chemical_evaluation.pdf>. Acesso em 13 Set.

2014.

LEE, G. J.; TIJING, L. D.; PAK, B. C.; BAEK, B. J.; CHO, Y. I. Use of catalytic

materials for the mitigation of mineral fouling. International Communications in

Heat and Mass Transfer, , v. 33, n.1, p. 14–23, Jan. 2006. Disponível em: <

http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0735193305001545>. Acesso em:

13 Set.2014.

MACHADO, L. P. Reúso de esgotos sanitários tratados para fins de água de

reposição em torres de resfriamento – sistemas semi-abertos. Rio de Janeiro:

Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2004 . 181 p. Tese de Mestrado

McCABE, W. L.; SMITH, J. C.; HARRIOT, P. Unit operations of chemical engineering.

7th

ed. New York: McGraw Hill. 2005. 1114 p.

MEIO FILTRANTE. Água de resfriamento, porquê mantê-la limpa? Disponível

em:

<http://www.meiofiltrante.com.br/materias.asp?action=detalhe&id=72>. Acesso em:

13 Set. 2014.

MELLO, L. C. Influência de variáveis de processo no desempenho de torre

Page 68: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - sistemas.eel.usp.brsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2015/MEQ15053.pdf · autorizo a reproduÇÃo e divulgaÇÃo total ou parcial deste trabalho,

64

de resfriamento. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2008. 138 p. Tese de

Mestrado.

NALCO. Cooling Water Treatment. Catálogo. Disponível em:

< http://www.nalco.com/documents/Brochures/B-34.pdf>. Acesso em 10 Set. 2014.

NALCO COMPANY. The Nalco Water Handbook. 3rd

ed. New York: McGraw-

Hill Professional. 2009. 1280 p.

OLIVEIRA, V. F. Diagnóstico de eficiência energética de uma torre de

resfriamento de água da Arcelomittal INOX Brasil. Belo Horizonte: Universidade

Federal de Minas Gerais,2010. 110 p. Dissertação de Pós-Graduação.

PENNA, K. S. F. Remoção do óleo do meio filtrante no processo de retrolavagem

em filtros de areia. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2009. 96

p. Tese de Doutorado.

PEREIRA, C. A. Tecnologia Mais Limpa Aplicada ao Tratamento de Água em

Sistemas de Resfriamento Abertos com Recirculação Rio de Janeiro: Universidade

do Estado do Rio de Janeiro, 2007. 76 p. Tese de Mestrado.

STANFORD III, W.H. HVAC Water Chillers and Cooling Towers

Fundamentals, Application, and Operation. New York: Marcel Dekker, Inc., 2003.

295 p.

TURRIONI, J. B.; MELLO, C. H. P. Pesquisa-ação na engenharia de produção.

Itajubá: Universidade Federal de Itajubá, 2007. 150 p

YANG, N. Physical Conditioning for Scale Prevention during Desalination by

Reverse Osmosis. Göteborg: Chalmers University of Technology, 2005. 60 p.

Master’s Thesis.