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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA PAULO ROBERTO BARNABÉ ANÁLISE DE CAPACIDADE PRODUTIVA ATRAVÉS DA IMPLANTAÇÃO DE FERRAMENTAS DE QUALIDADE E MELHORIA DE PROCESSO EM UMA INDÚSTRIA DE PEQUENO PORTE: UM ESTUDO DE CASO. Lorena-SP 2015

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

PAULO ROBERTO BARNABÉ

ANÁLISE DE CAPACIDADE PRODUTIVA ATRAVÉS DA IMPLANTAÇÃO DE

FERRAMENTAS DE QUALIDADE E MELHORIA DE PROCESSO EM UMA

INDÚSTRIA DE PEQUENO PORTE: UM ESTUDO DE CASO.

Lorena-SP

2015

PAULO ROBERTO BARNABÉ

ANÁLISE DE CAPACIDADE PRODUTIVA ATRAVÉS DA IMPLANTAÇÃO DE

FERRAMENTAS DE QUALIDADE E MELHORIA DE PROCESSO EM UMA

INDÚSTRIA DE PEQUENO PORTE: UM ESTUDO DE CASO.

Trabalho de conclusão de curso

apresentado à Escola de Engenharia de

Lorena da Universidade de São Paulo

para obtenção da graduação em

Engenharia Química.

Área de Concentração: Engenharia da

qualidade

Orientador: Prof. MSc. Fabrício Maciel

Gomes

Lorena

2015

Dedico esse trabalho à minha família, que sempre me apoiou nos

momentos mais difíceis de toda minha vida acadêmica e

profissional.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus, por ter me dado forças para conduzir este trabalho

de maneira serena e perseverante.

Ao amigo e professor Marcelo Micadei Rangel, por ter me encorajado a

desenvolver este tema, o qual trabalhou a vida inteira desenvolvendo e

compartilhou um pouco do seu vasto conhecimento comigo e me fez sentir

afinidade em desenvolver trabalhos baseado nesta idéia.

Ao meu amigo, professor e orientador Fabrício Maciel Gomes, que norteou

a mim o desenvolvimento deste tema de maneira sucinta e prazerosa de trabalhar.

Foi o grande responsável por simplificar minha visão na abordagem deste trabalho.

Ao meu amigo Álvaro Francischini por fornecer o espaço de seu

empreendimento e suporte para coleta dos dados para que esse trabalho tivesse o

seu desenvolvimento.

EPÍGRAFE

“O insucesso é apenas uma

oportunidade para recomeçar de novo

com mais inteligência.”

Henry Ford

BARNABÉ, P. R. ANÁLISE DE CAPACIDADE PRODUTIVA ATRAVÉS DA

IMPLANTAÇÃO DE FERRAMENTAS DE QUALIDADE E MELHORIA DE

PROCESSO EM UMA INDÚSTRIA DE PEQUENO PORTE: UM ESTUDO DE

CASO. 2015. Monografia (Trabalho de Graduação em Engenharia Química) – Escola de

Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2015.

RESUMO

Para se manterem no mercado em plena atividade e gerando sempre

resultados positivos é que as corporações têm investido cada vez mais em

ferramentas de qualidade e seus respectivos aprimoramentos. Através delas é que

se obtém cada vez mais o aprimoramento das técnicas produtivas, do fluxo de

produção e, consequentemente resultados que se mostram viáveis com sua

aplicação. Este trabalho é um estudo de caso que leva em consideração o fato da

sua aplicabilidade ser irrestrita, em questão de tamanho ou volume produtivo,

devida essas ferramentas de qualidade ter grande aplicabilidade para praticamente

qualquer processo, desde a indústria de grande porte até mesmo pequenas

empresas. Ainda nesse estudo há uma ênfase em aplicação do Controle Estatístico

de Processos, que é uma ferramenta de qualidade largamente usada pelas

corporações para a avaliação de parâmetros qualitativos de processo produtivo. A

abrangência desse estudo de caso leva a aplicação dessa ferramenta em uma linha

produtiva de uma pequena empresa de plásticos moldados, e que mostra é possível

obter parâmetros produtivos importantes para se determinar decisões a serem

tomadas para manter o processo sob controle e possibilitar o estudo de implantação

de melhorias.

PALAVRAS CHAVE: Gráficos de Controle, Análise de Capacidade do Processo,

Estudo R&R, Ferramentas de qualidade.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Folha de verificação para proporção de itens com defeito .................... 18

Figura 2 - Folha de verificação para frequência de defeitos em acabamentos das

peças .............................................................................................................. 19

Figura 3 - Folha de verificação para localização de defeitos ................................ 19

Figura 4 - Folha de verificação para levantamento das causas de defeito ........... 20

Figura 5 - Folha de verificação para estudo de distribuição de peças defeituosas

....................................................................................................................... 20

Figura 6 - Gráfico de frequências demonstrando dispersão de dados .................. 21

Figura 7 - Diagrama de Pareto acumulativo para causa de defeitos em peças .... 22

Figura 8 - Histograma com distribuição Normal .................................................... 23

Figura 9 - Histograma com distribuição assimétrica positiva e negativa ............... 24

Figura 10 - Histograma com distribuição em platô ................................................ 24

Figura 11 - Histograma com distribuição bimodal ................................................. 24

Figura 12 - Histograma de um processo sob controle com folgas entre os limites

de especificação ............................................................................................. 25

Figura 13 - Histogramas com perfis de identificação de controle de processo ..... 26

Figura 14 - Diagrama de causa e efeito (Diagrama de Ishikawa) ......................... 27

Figura 15 - Exemplo de gráfico de controle .......................................................... 28

Figura 16 - Faixa de distribuição Normal para gráficos de controle ...................... 29

Figura 17 - Padrões anormais de variação de processo ....................................... 30

Figura 18 - Fluxograma para a determinação de uso de carta de controle por

variáveis ......................................................................................................... 33

Figura 19 - Fluxograma de determinação do tipo de carta de controle para

atributos .......................................................................................................... 34

Figura 20 - Exemplo de diagrama de dispersão e suas correlações ..................... 35

Figura 21 - Índices de Capacidade de processo Cp e PPM .................................. 38

Figura 22 - Válvula de retenção ............................................................................ 48

Figura 23 - Fluxograma para definição de carta de controle adequada. ............... 49

Figura 24 - Gráfico de Pareto para incidência de defeitos .................................... 50

Figura 25 - Paquímetro de relógio MITUTOYO ..................................................... 51

Figura 26 - Resultado gráfico do estudo R&R ....................................................... 52

Figura 27 - Gráficos de controle para média e amplitude amostral referente à

tampa .................................................................................................................... 57

Figura 28 - Resultado gráfico para análise de capacidade de produção da tampa

.............................................................................................................................. 58

Figura 29 - Gráficos de controle para média e amplitude amostral referente à base

.............................................................................................................................. 59

Figura 30 - Gráficos de controle para valor individual e amplitude móvel referente

à base ................................................................................................................... 60

Figura 31 - Resultado gráfico para análise de capacidade do processo de

produção da base ................................................................................................. 61

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tabela de interpretação de resultados de estudo R&R........................ 43

Tabela 2 - Medidas obtidas para o estudo R&R.................................................... 51

Tabela 3 - Medidas das amostras coletadas referente à tampa da peça .............. 55

Tabela 4 - Medidas das amostras coletadas referente à base da peça ................ 56

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABS- Acrilo-butadieno-estireno

AIAG- Automotive Industry Action Group

ARL- Average Range Length (Comprimento Médio das Frequências)

ASQC- American Society for Quality Control

CCQ- Círculo do Controle da Qualidade

CEP- Controle Estatístico de Processos

LIC- Limite inferior de Controle

LIE- Limite Inferior de Especificação

LM- Linha Média

LNTI- Limite Natural de Tolerância Inferior

LNTS- Limite Natural de Tolerância Superior

LSC- Limite Superior de Controle

LSE- Limite Superior de Especificação

MAS- Meansurement Analisys System (Sistema de Análise de Medidas)

PEAD- Polietileno de Alta Densidade

PEBD- Polietileno de Baixa Densidade

PPM- Partes por Milhão

SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................ 7

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................................................... 10

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12

1.1 Contextualização .............................................................................................................................12

1.2 Justificativa ......................................................................................................................................12

1.3 Objetivo ............................................................................................................................................13

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................... 14

2.1 O CEP e seu surgimento nos meios de produção ....................................................................14

2.2 As Ferramentas estatísticas para o controle de qualidade .....................................................16 2.2.1 Folha de verificação ..................................................................................................................... 17 2.2.2 Estratificação ................................................................................................................................. 21 2.2.3 Diagrama de Pareto ...................................................................................................................... 21 2.2.4 Histograma ..................................................................................................................................... 22 2.2.5 Diagrama de Causa e Efeito (Diagrama de Ishikawa) ......................................................... 26 2.2.6 Gráficos de Controle .................................................................................................................... 27

2.2.6.1 Cartas de controle por variáveis ....................................................................................... 31 2.2.6.2 Cartas de controle por atributos ....................................................................................... 33

2.2.7 Diagrama de dispersão ............................................................................................................... 34

2.3 Capacidade do processo ...............................................................................................................35

2.4 Sistemas de medição .....................................................................................................................38 2.4.1 Conceitos estatísticos para sistemas de medição .............................................................. 39 2.4.2 Estudo da capacidade de medição .......................................................................................... 40 2.4.3 Estudos de repetibilidade e reprodutibilidade (R&R) ......................................................... 40

3 MÉTODO ........................................................................................................... 44

3.1 Panorama fabril da empresa .........................................................................................................44

3.2 Método para o preparo da análise do estudo de caso .............................................................45

3.3 Descrição do procedimento do estudo de caso .......................................................................47

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................................... 50

4.1 Identificação dos defeitos .............................................................................................................50

4.2 Avaliação do sistema de medição ...............................................................................................51

4.3 Processo de amostragem e coleta de dados .............................................................................55

4.4 Gráfico de Controle e avaliação da capacidade do processo ................................................57

5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 62

6 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 64

7 ANEXOS ............................................................................................................ 66

12

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

Em um mercado cada vez mais competitivo, faz se necessário a busca das

corporações em geral pela melhoria dos seus processos produtivos. Elas têm que

estar atentas às necessidades do mercado e sempre aprimorando e aperfeiçoando

suas técnicas de manufatura com a finalidade de atender às necessidades dos seus

clientes. O grande desafio das empresas hoje é produzir mais produtos com custos

menores, fazendo então o seu portfólio ficar mais competitivo (WECKERNA, 2005).

Os sistemas de produção podem ser melhorados de várias formas, sendo

que uma das formas mais eficazes é a eliminação dos desperdícios. O conceito de

desperdício para uma corporação está ligado ao fato de que nada que não agregue

valor ao cliente deve ser incluso no processo.

1.2 Justificativa

Muitas empresas têm como carro chefe o foco no cliente e,

consequentemente, na qualidade do produto final. Porém essa é uma realidade

aplicada somente nas grandes corporações, via de regra. O número de pequenas

e médias empresas que adotam as ferramentas de qualidade como ideologia para

sua sobrevivência e personalidade corporativa ainda é pequeno, se comparado

com as grandes corporações. Esse é um fator que normalmente influencia

diretamente o capital da empresa, o que pode acarretar em possíveis quebras

futuras, pois, na maioria das vezes, os pequenos e médios empreendimentos ficam

vulneráveis em épocas de crise devido ao fato de não terem em mente que seu

produto deve ter foco no cliente final, pois ele que é responsável direto pela receita

das empresas. Outro fator a ser levado em consideração é o fato de que essas

ferramentas podem ser o diferencial no quesito competitividade, pois elas dão foco

principalmente para a voz do cliente (SLACK, CHAMBERS, 2007).

13

1.3 Objetivo

O principal objetivo desde trabalho é obter os principais parâmetros

produtivos da linha de produção de válvulas retentoras de ar, produzidas pela

VIDIMAX Indústria e Comércio de Plásticos Ltda. A principal ferramenta que fará a

mensuração desses parâmetros será o Controle Estatístico de Processos (CEP),

que executará a mensuração e permitirá obter uma avaliação desses parâmetros

produtivos.

Posteriormente, partindo deste ponto, o foco será analisar a estabilidade do

processo produtivo e mensurar a capacidade do mesmo. Essa etapa contará com

o uso do software MINITAB v.17, que projetará os resultados analíticos em forma

de gráficos e relatórios quantitativos.

A partir daí, o alvo desse estudo de caso será avaliar o processo como um

todo, discutindo todos os parâmetros obtidos e sintetizando de modo analítico os

resultados obtidos através desta análise referente a performance produtiva.

Tendo esses parâmetros totalmente avaliados e discutidos, a finalidade após

essa etapa e discutir a viabilidade da aplicação, considerando o tempo de

aplicação, o investimento feito para que essa análise fosse possível ser executada,

o planejamento de uma futura inspeção, os investimentos relacionados à mudança

do sistema de medição e os benefícios trazidos para a empresa com esse estudo

de caso.

14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O CEP e seu surgimento nos meios de produção

Acredita-se que a análise produtiva por Controle Estatístico de Processos é

tão antiga quanto a própria indústria. O Controle da qualidade da época

basicamente era ponderado e controlado pela perícia e experiência dos artesãos

que participavam do processo de confecção de determinado produto. A mistura

entre a experiência e o domínio do processo produtivo era a garantia da qualidade

do produto a ser manufaturado (CARVALHO et al.,2006).

A modernização resultante das práticas fabris resultou em uma divisão de

operações complexas em várias operações mais simples. Isso acabou por eliminar

a necessidade da profunda especialização do trabalhador na linha de montagem,

fazendo com que ele se especializasse apenas nas tarefas pelo qual fosse

designado. Ou seja, este operário era apenas responsável pela fabricação de uma

parte do produto em manufatura. Sendo assim, o novo sistema de fabricação de

produtos gerou a possibilidade de produção em massa a baixo custo. Porém, esta

nova experiência trouxe novos problemas, sendo um deles a necessidade do

intercambio adequado de peças componentes de um determinado produto, o que

passou a ser exigência básica de uma produção baseada na linha de montagem

(SIQUEIRA, 1997).

Tendo em vista esse ponto, surgiu o conceito de inspeção, com o objetivo

principal de assegurar que as peças sejam intercambiáveis e os produtos,

uniformes. Sendo assim, o ato de inspecionar visava, sobretudo, separar produtos

em conformidade dos produtos em não-conformidade, a partir de parâmetros pré-

estabelecidos de especificações e limites de tolerância. Sendo reconhecido como

uma ferramenta que assegura a qualidade do produto final, a inspeção era

realizada em todo produto acabado, sendo denominada inspeção 100%

(BARÇANTE, 1998).

Com o crescimento da demanda e a intensificação da produção em massa,

houve a necessidade de se aprimorar os métodos de inspeção e tentar reduzir seu

custo para atender a necessidade de aumento da produtividade industrial. Partindo

deste princípio, é que nasce a inspeção por amostragem como sendo uma

15

alternativa à “inspeção 100%” e o uso dos métodos estatísticos na indústria

(BARÇANTE,1998).

Mesmo com todo o aprimoramento dos métodos de inspeção, ainda não era

possível se obter parâmetros que às relacionassem com a medição da qualidade,

pois a inspeção só serviria para separar os produtos em conformidade dos produtos

em não conformidade. Foi a partir daí que, levando em consideração a crescente

preocupação com o custo da produção e a produtividade, levantou-se a seguinte

questão: qual a relação entre os resultados obtidos na inspeção e a melhoria da

qualidade dos produtos e como procedê-las de maneira efetiva?

A resposta dessa questão levou pesquisadores do setor a reconhecerem que

a variabilidade era um fator inerente ao processo produtivo e podia ser interpretada

pela estatística e a probabilidade. Esse ponto levou ao entendimento de que não

era necessária uma inspeção 100% para se obter todas as informações dos

parâmetros produtivos, podendo assim ser feita através de amostras bem

dimensionadas e planejadas. Também deixou de ser necessário a finalização de

um ciclo produtivo para fazer as medições, sendo assim estas podendo ser

realizadas durante o processo de fabricação (SIQUEIRA,1997).

A primeira Carta de Controle foi desenvolvida por W. A. Shewhart em 1924,

quando atuava na Bell Telephone Laboratories. Este é considerado o início do CEP

e Shewhart o “Pai” do CEP. Essa poderosa ferramenta de avaliação de estabilidade

de processo teve seu reconhecimento sacramentado em 1942, ao final da Segunda

Guerra Mundial, se tornando, inclusive, segredo de Estado pelos EUA

(SIQUEIRA,1997).

Em 1946 surgiu a American Society for Quality Control (ASQC), entidade que

fornecia treinamentos, palestras, conferências e publicações de trabalhos

relacionados ao CEP em todos os tipos de sistemas produtivos e serviços.

W. Edwards Deming, um dos disseminadores da aplicação do CEP em

sistemas produtivos, iniciou em 1950 uma série de conferências a engenheiros

japoneses sobre a aplicação desta ferramenta estatística e sobre a

responsabilidade da qualidade. Esta, direcionada aos executivos de indústrias

japonesas.

Em 1954 M. Juran fez sua primeira visita ao Japão e enfatizou muito a

responsabilidade da gerência na busca pelo constante melhoramento da qualidade.

16

Foi um marco importante, pois a partir deste momento os japoneses definiram

padrões de qualidade parar o resto do mundo, através da utilização desses

conceitos, segundo SIQUEIRA(1997).

O primeiro Círculo do Controle da Qualidade (CCQ) foi formado em 1960 no

Japão por Kaoru Ishikawa, onde as técnicas simples para controle de qualidade

eram aprendidas e aplicadas por todos os colaboradores do sistema produtivo,

incluindo os operadores.

Devido à grande repercussão sobre a eficiência do uso das ferramentas de

qualidade, gerentes americanos começaram a viajar com frequência para o Japão

no final da década de 70 com a finalidade de descobrirem o milagre japonês.

Embora não fossem necessárias essas viagens terem sido feitas, pois Juran e

Deming já haviam relatado tal “milagre” em seus livros, estas marcaram o

renascimento da qualidade nos EUA, que ocorre a partir do final da década de 80

(SIQUEIRA, 1997).

2.2 As Ferramentas estatísticas para o controle de qualidade

A garantia da qualidade é um conceito que está intimamente ligado a

variabilidade nas medições do produto, sendo eventos que dependem da sua

proporcionalidade inversa (VIEIRA, 2012). Ou seja, quanto mais deseja-se garantir

que a qualidade seja assegurada menor deverá ser a variabilidade entre peças ou

produtos fabricados. Porém, a variabilidade de um processo pode apresentar

diversas fontes de geração, muitas vezes de forma camuflada dentro de um sistema

fabril.

Levando em consideração esse fato é que as ferramentas estatísticas para

o controle de qualidade foram criadas e desenvolvidas através das experiências

obtidas em um processo de fabricação (RANGEL, 1995). Elas agem de forma eficaz

para tomadas de decisão, no caso do surgimento da necessidade de se corrigir um

processo ou, até mesmo, aumentar sua capacidade dentro de suas dimensões pré-

estabelecidas. Ressalva-se ainda que tais ferramentas ainda permitem resolver boa

parte dos empasses estatísticos que possam surgir ao longo da análise de dados,

na prerrogativa de prezar pela qualidade. Além de indispensáveis para uma análise

efetiva de dados estatísticos, ainda têm como vantagem a facilidade de serem

17

aprendidas por colaboradores de sistemas produtivos sem treinamento formal. São

elas:

Folha de verificação;

Estratificação;

Diagrama de Pareto;

Histograma;

Diagrama de causa efeito (Ishikawa);

Gráficos de Controle;

Diagrama de dispersão.

2.2.1 Folha de verificação

É uma ferramenta de utilidade muito efetiva para o controle da qualidade,

pois coleta e analisa dados de maneira rápida e automatizada. A folha de

verificação tem como efeito imediato a economia de tempo, evita anotações

rascunhadas e os desenhos mal feitos, pois ela age de maneira simples, porém

sistemática (VIEIRA, 2012). Ainda segundo a autora, as folhas são usadas em

processos produtivos para funções, como por exemplo:

Registro de não conformidades e segurança;

Estabelecimento da localização de defeitos no produto ao final do

processo;

Investigação das causas dos defeitos;

Estudo de distribuição de uma variável;

Monitoramento e controle do processo de fabricação.

As Folhas de Verificação são elaboradas partindo dos princípios e

parâmetros que são importantes nas etapas de fabricação de um produto (VIEIRA,

2012). Antes de elaborá-las deve-se ter em mente que toda tomada de decisão

durante o processo de elaboração deve respeitar todas as variáveis inerentes ao

processo de fabricação, como quantidade, tamanho, localização e tempo. Portanto,

para sua elaboração é necessário:

Decidir o que deve ser observado, como por exemplo, dimensão das

peças produzidas, operador e máquinas que as produzem e dias da

semana em que são produzidas;

18

Decidir quantos dados devem ser coletados, a partir do dimensionamento

da amostra e sua frequência de amostragem;

Decidir quando realizar a coleta de dados;

Verificar a disponibilidade de tempo para realização das coletas e registro

dos dados;

Dimensionar a planilha de maneira que haja espaço suficiente para coletar

todos os dados inerentes ao processo de confecção da peça em questão

Assegurar que atributos (nomes, locais, data, horário e pessoa

responsável) tenham seu espaço assegurado;

Fazer um teste para saber a efetividade da folha de verificação elaborada.

Há ainda alguns exemplos de Folhas de Verificação, baseadas em

finalidades específicas de um ambiente produtivo. Os exemplos a seguir detalham

mais claramente quais são essas necessidades essas finalidades:

LEVANTAMENTO DE PROPORÇÃO DE ITENS DEFEITUOSOS: para

cada amostra de um lote analisado é feito o levantamento de peças

defeituosas e calculado a proporção. Nesta folha de verificação deve ter

espaço para anotar o número (n) de peças analisadas, a quantidade (d)

de peças defeituosas e a proporção (P) de itens com defeito sob inspeção

no momento, de acordo com a Figura 1, a seguir:

Figura 1 - Folha de verificação para proporção de itens com defeito

Fonte: VIEIRA (2012).

19

INSPEÇÃO POR TIPO DE DEFEITO: normalmente é usada em

acabamentos da peça e serve para analisar a frequência com que um

determinado defeito ocorre. Facilita a investigação de não-conformidades

e se sua origem depende do operador ou do maquinário. A Figura 2 é um

exemplo desse tipo de folha de verificação e pode ser vista a seguir:

Figura 2 - Folha de verificação para frequência de defeitos em acabamentos das peças

Fonte: VIEIRA (2012).

INSPEÇÃO POR DEFEITO LOCALIZADO: é um método de inspeção que

facilita a detecção de defeitos em locais específicos em muitos produtos

fabricados em série, que costumam apresentar defeitos externos. Na

inspeção, o funcionário marca o local do defeito neste croqui e o tipo de

defeito, usando um código previamente estabelecido. Usa-se folhas de

verificação que apresentam o croqui do produto, de acordo com a Figura

3, a seguir.

Figura 3 - Folha de verificação para localização de defeitos

Fonte: VIEIRA (2012).

20

INSPEÇÃO DE LEVANTAMENTO DE CAUSA DE DEFEITO: como o

próprio nome já diz, essa folha de verificação serve para auxiliar na

investigação da causa do defeito. Ela leva em consideração todas as

variáveis do processo, seja de maquinário, preparo do operador, data e

hora de fabricação, desgaste de ferramenta, etc. A Figura 4 é um exemplo

desse tipo de folha de verificação e pode ser vista a seguir:

Figura 4 - Folha de verificação para levantamento das causas de defeito

Fonte: VIEIRA (2012).

ESTUDO DE DISTRIBUIÇÃO VARIÁVEL: é um tipo de folha de

verificação para analisar as faixas de distribuição de determinada medida

de uma peça e com que frequência ela ocorre. Além de fácil manuseio,

viabiliza o monitoramento da variabilidade da peça em fabricação. Esta,

pode ser melhor observada na Figura 5, a seguir:

Figura 5 - Folha de verificação para estudo de distribuição de peças defeituosas

Fonte: VIEIRA (2012).

21

2.2.2 Estratificação

Um processo produtivo pode conter vários fatores que interferem

diretamente na qualidade do produto final. Eles variam desde causas relacionadas

ao funcionamento das máquinas até as causas relacionadas ao operador. Esse fato

dificulta uma análise de produção mais precisa, pois cada amostra tomada para

inspeção pode apresentar um ou vários efeitos desses fatores, o que acarreta em

uma variabilidade maior de resultados (VIEIRA, 2012).

Partindo deste princípio é que surge a estratificação, que consiste em

agrupar os resultados das inspeções de acordo com as condições onde é realizada

a amostragem, separando-as em subgrupos. Esse procedimento facilita a

interpretação dos dados e auxilia na investigação de defeitos em produtos. Ele pode

ser representado através de gráficos de controle, diagramas de dispersão e

histogramas, sendo necessário que cada dado seja plotado de maneira sistemática,

para que sejam possíveis a interpretação e a investigação do fator que esteja

interferindo e gerando defeitos. A seguir, na Figura 6 é representada um gráfico de

frequências que demonstra dispersão dos dados.

Figura 6 - Gráfico de frequências demonstrando dispersão de dados

Fonte: VIEIRA (2012).

2.2.3 Diagrama de Pareto

A maior preocupação de quem deseja implantar um sistema produtivo

eficiente é o desperdício. Este, nem sempre pode ser identificado em um primeiro

22

momento, porém acarreta em perdas desnecessárias para o meio produtivo. Para

isso, o Diagrama de Pareto foi desenvolvido, buscando sempre identificar a fonte

de desperdícios e apontando as perdas mais significativas do meio produtivo

(VIEIRA, 2012).

O Diagrama de Pareto é uma ferramenta que mostra a distribuição de perdas

através da frequência em que elas ocorrem. O analista pode estudar primeiramente

os desperdícios mais frequentes e estabelecer prioridades ao qual as perdas

devem ser sanadas. Esta ferramenta da qualidade não só auxilia na resolução de

problemas mais graves, como também pode-se ordenar o custo da solução de um

problema ou a importância prática no uso do produto.

O Diagrama de Pareto serve, não somente, para apontar frequência e erros

em produtos, mas também servem para apontar erros de procedimentos em um

sistema produtivo. A Figura 7 é um exemplo diagrama de Pareto e pode ser vista a

seguir:

Figura 7 - Diagrama de Pareto acumulativo para causa de defeitos em peças

Fonte: VIEIRA (2012).

2.2.4 Histograma

Histograma é uma poderosa ferramenta de agrupamento de dados que lida

basicamente com número elevado fonte de dados. Com o agrupamento de dados

23

fica mais viável a análise de frequências dos mesmos e a visualização de

tendências às quais esses dados denotam ao analista.

Esta ferramenta tem por finalidade mostrar a distribuição dos dados e sua

forma, para visualizar se as medidas de um determinado item têm comportamento

aparentemente normal. Ela também verifica se o processo produtivo está centrado

no valor nominal e verifica a dispersão do processo (VIEIRA, 2012).

Para se elaborar um histograma é necessário que haja ao menos 50 dados,

que devem estar organizados por distribuição de frequência em uma tabela. A partir

daí é traçado um eixo horizontal dividido em faixa de medidas previstas pela tabela.

Então, posteriormente, é traçado um eixo vertical contabilizando a frequência com

que essas medidas ocorrem e na sequência são traçados os retângulos

correspondendo as faixas de medidas e as frequências.

Quanto a análise, deve-se levar em consideração que os dados tenham sido

coletados enquanto o sistema opera em sua normalidade, o que diminui a chance

de discrepâncias e, consequentemente, a não validação desses dados. Tendo

esses parâmetros obedecidos, é possível fazer a análise e encontrar nelas as

possíveis formas, de acordo com as Figuras 8, 9, 10 e 11 a seguir:

Distribuição Normal

Figura 8 - Histograma com distribuição Normal

Fonte: VIEIRA (2012).

Distribuição Assimétrica

24

Figura 9 - Histograma com distribuição assimétrica positiva e negativa

Fonte: VIEIRA (2012).

Distribuição em Platô

Figura 10 - Histograma com distribuição em platô

Fonte: VIEIRA (2012).

Distribuição com dois picos modais (bimodal)

Figura 11 - Histograma com distribuição bimodal

Fonte: VIEIRA (2012).

O estudo de um histograma é feito a partir do momento em que se tem os

limites de especificação pré-estabelecidos. Sendo assim, é necessário que um

gráfico de controle já tenha sido elaborado e seus limites já determinados.

25

Um processo que esteja sob controle é aquele que apresenta uma folga

entre os Limites de Especificação Superior e Inferior, ou seja, a probabilidade de

que ocorra a confecção de peças ou produtos fora do limite de especificação é

baixa, portanto, confere mais confiabilidade no processo(VIEIRA, 2012). A Figura

12 é um exemplo de um histograma de processo com folga:

Figura 12 - Histograma de um processo sob controle com folgas entre os limites de especificação

Fonte: VIEIRA (2012).

Porém deve-se ficar atento a outros tipos de perfis de histograma, pois

indicam sinais de que o processo pode não estar controlado. Estes perfis são:

Processo sem folga;

Processo com muitas perdas;

Processo não concentrado;

Grande dispersão de dados.

O perfil sem folga é visualizado em A. Em B tem-se o perfil de processo com

muitas perdas. O histograma C exemplifica um processo não centrado e o

histograma D representa um processo com grande dispersão. Esses perfis podem

ser melhor visualizados na Figura 13:

26

Figura 13 - Histogramas com perfis de identificação de controle de processo

Fonte: VIEIRA (2012).

2.2.5 Diagrama de Causa e Efeito (Diagrama de Ishikawa)

O diagrama de causa e efeito, também conhecido como diagrama de

Ishikawa ou “espinha de peixe”, embora não seja um método estatístico de fato, é

uma ferramenta muito poderosa na busca e investigação de determinado problema

no processo. Ele também é elaborado para organizar as ideias quando a equipe

tem múltiplas e variadas sugestões, quando realizado o brainstorming (VIEIRA,

2012).

Para se elaborar um diagrama de causa e efeito é necessário reunir uma

equipe de investigação, para a realização de um brainstorming. Tendo o problema

em vista, a discussão para a investigação leva em conta seis aspectos que podem

interferir direta ou indiretamente na produção. Estes são:

Métodos

Máquinas

Mão de obra

Material

Medidas

Meio ambiente

27

A partir desses parâmetros é feita a busca pelas causas secundárias dentro

de cada causa primária. A partir daí são realizadas as perguntas direcionadas na

obtenção de respostas dessas causas primárias. A Figura 14 e um exemplo de

diagrama de causa e efeito:

Figura 14 - Diagrama de causa e efeito (Diagrama de Ishikawa)

Fonte: CAMPOS (1992)

2.2.6 Gráficos de Controle

Gráfico de Controle é a principal ferramenta da qualidade para análise de

variabilidade de processos ao longo de um determinado período (VIEIRA, 2012).

Apresenta aspecto bem típico, onde há três linhas paralelas:

Linha Central, que representa o valor médio característico de um processo

(Linha Média ou �̿�).

Linha Superior que representa o Limite Superior de Controle (LSC)

Linha Inferior, que representa o Limite Inferior de Controle (LIC)

28

Figura 15 - Exemplo de gráfico de controle

Fonte: SILVA (2006)

As amostras tomadas em intervalos de tempo diferentes são representadas

por pontos unidos por seguimentos de reta. Segundo, VIEIRA (2012), essa

representação gráfica é plotada dessa maneira para mostrar a variabilidade do

processo, no caso, do característico de qualidade.

Ainda segundo VIEIRA (2012), a principal função de um gráfico de controle

é mostrar a variabilidade com a qual o processo é percorrido ao longo da produção.

Além disso, ele também serve para a verificação de controle do processo,

monitoramento corretivo e preventivo, no caso de causas especiais de variação

para que sejam corrigidas, e a verificação da efetividade das melhorias feitas para

conferir se há menor variabilidade.

Pode se dizer que o processo está sob controle quando os pontos ao longo

do gráfico de controle estão distribuídos em um padrão Normal de variação de

pontos (SIQUEIRA, 1997). A Figura 6 exemplifica de melhor maneira como se

distribui a variabilidade do processo ao longo de um gráfico de controle:

29

Figura 16 - Faixa de distribuição Normal para gráficos de controle

Fonte: SIQUEIRA (1997)

A porcentagem de cada zona da figura representa a probabilidade de

distribuição dos pontos ao longo da medição de um processo sob controle,

respeitando uma distribuição Gaussiana, como visto na figura (SIQUEIRA,1997).

Diz-se que o processo está sob controle quando obedece as seguintes

condições (VIEIRA, 2012):

Todos os pontos dentro dos limites de controle do gráfico

Quando a distribuição desses pontos é aleatória

Diz-se que o processo está fora de controle quando o gráfico de controle se

comporta de acordo com os padrões a seguir:

Padrão 1: um único ponto além dos limites superior e inferior de controle;

Padrão 2: nove consecutivos pontos de um só lado da linha central;

Padrão 3: mais de seis pontos consecutivos com tendência a subida ou

descida ao longo do gráfico;

Padrão 4: quatorze pontos consecutivos em oscilação ao longo do

gráfico;

Padrão 5: Zona A do gráfico contendo dois em três pontos;

Padrão 6: Zonas A ou B contendo o quatro em cinco pontos consecutivos

de um mesmo lado do gráfico;

Padrão 7: quinze pontos consecutivos contidos na Zona C do gráfico,

acima ou abaixo da média;

Padrão 8: oito pontos consecutivos distribuídos em qualquer lado da linha

média, fora da faixa que determina a Zona C.

É valido ressalvar que, embora esses padrões sejam úteis como um alarme

de medida corretiva para o processo em vigência, eles não são via de regra para

julgar se um processo está realmente fora de controle. Isso se deve pelo fato de o

30

processo estar vulnerável a sofrer de variações especiais e também pelo fato de

que esses alarmes de processo não levam em consideração o número de amostras

para a análise do processo. Portanto, embora sirvam de parâmetro como alarme

de processo, deve-se levar em consideração esses fatores citados. Esses padrões

poder ser visualizados na Figura 17:

Figura 17 - Padrões anormais de variação de processo

Fonte: SIQUEIRA (1997)

Cada parâmetro a ser analisado em um processo necessita de um gráfico

de controle específico, respeitando as principais características deste parâmetro.

Considerando uma aplicabilidade generalizada, as duas principais cartas ou

gráficos de controle mais usados para avaliar esses parâmetros são as Cartas de

Controle por Variáveis e as Cartas de Controle por atributos (COSTA, 2012).

31

2.2.6.1 Cartas de controle por variáveis

É um gráfico de controle que analisa variáveis do processo que sejam

mensuráveis, como por exemplo, o volume de um determinado produto, o

comprimento de uma determinada peça ou o peso da mesma. A análise costuma

vir em dois gráficos: um para monitorar a média central �̿�. que representa o

característico da qualidade, e outro para monitorar a amplitude amostral �̅�, que

representa a dispersão da variável em questão. (COSTA, 2012).

A Linha Média (LM) é o valor das médias esperadas para o característico da

qualidade de �̿�, e os limites de controle são determinados pelo estabelecimento de

três desvios padrões dessa média, como é mostrado nas equações a seguir:

𝐿𝑆𝐶�̅� = �̿� + 𝐴2�̅� (1)

𝐿𝐼𝐶�̅� = �̿� − 𝐴2�̅� (2)

𝐿𝑀 = �̿� (3)

O parâmetro 𝐴2 é tabelado de acordo com o tamanho da amostra em análise

e nos 3 desvios padrões que dependem do número de amostras, propostos por

Shewhart (VIEIRA, 2012). Essa tabela encontra-se no apêndice deste trabalho. O

�̅� é a média das amplitudes de cada amostra analisada, ou range. Esse tipo de

análise gera o que chamamos de Gráfico de Controle �̅� − 𝑅, que tem por função

analisar a variação média da amplitude. Este modelo somente deve ser usado para

amostras pequenas de mesmo tamanho, sendo o mais conhecido e largamente

usado na prática.

Em casos onde esse gráfico de controle não é aplicável, há a opção de se

usar o gráfico de controle �̅� − 𝑠, que faz o monitoramento da variação média do

desvio padrão. Este modelo pode ser usado em amostras de tamanho moderado

(𝑛 > 10) ou quando têm tamanhos variáveis, ocasiões onde o gráfico para

mensurar médias de amplitude não é aplicável (ROSÁRIO, 2004). Segue a seguir

as equações para determinar os limites de controle do modelo citado:

32

𝐿𝑆𝐶�̅� = �̿� + 𝐴3�̅� (4)

𝐿𝐼𝐶�̅� = �̿� − 𝐴3�̅� (5)

𝐿𝑀 = �̿� = ∑�̅�𝑖

𝑛

𝑛𝑖=0 (6)

�̅� = ∑𝑠𝑖

𝑛

𝑛𝑖=0 (7)

O parâmetro 𝐴3 é tabelado também de acordo com o tamanho da amostra

(𝑛) em questão e obedecendo o critério dos 3 desvios padrões propostos por

Shewhart. O 𝑠̅ é a média das variâncias das medidas de cada subgrupo de

amostras.

Já o calculo dos limites superior e inferior para a confecção do gráfico das

amplitudes podem ser descrevidos através das fórmulas a seguir:

𝐿𝑆𝐶�̅� = 𝐷4. �̅� (8)

𝐿𝑀 = �̅� (9)

𝐿𝐼𝐶�̅� = 𝐷3. �̅� (10)

O parâmetros 𝐷3 e 𝐷4 são tabelados também de acordo com o tamanho da

amostra (𝑛) em questão e obedecendo o critério dos 3 desvios padrões propostos

por Shewhart.

A Figura 18 exibe um fluxograma de determinação do tipo de carta de

controle por variáveis mais adequada, de acordo com o processo em análise:

33

Figura 18 - Fluxograma para a determinação de uso de carta de controle por variáveis

Fonte: RIBEIRO & CATEN (2000)

2.2.6.2 Cartas de controle por atributos

O parâmetro monitorado nesta carta de controle é a variação do número ou

da proporção de itens não conformes ocorrentes em um processo ao longo de um

determinado tempo. O gráfico controla a variação do número de itens não

conformes em amostras de tamanhos constantes e o mais utilizado é o gráfico de

controle p ou np. Na verdade, trata-se de uma ferramenta de medição de qualidade

a partir de parâmetros imensuráveis ou parâmetros mensuráveis que, por alguma

razão como tempo ou dinheiro, não são medidas como variáveis (ISHIKAWA,1993).

As cartas np controlam a proporção de itens defeituosos, ou não conformes,

de amostras de tamanho constante ou variável ao longo do processo produtivo. Já

as cartas p trabalham sob as mesmas condições, porém com amostras de tamanho

constante. Ainda existem as cartas c, que monitoram o número de defeitos por

unidades produzidas de tamanho constante, e a carta u, que faz o mesmo

monitoramento das cartas p, porém podendo fazer também o monitoramento de

unidades de tamanho variável (RIBEIRO & CATEN, 2000).

Ainda segundo os autores essas cartas de controle têm como limitação o

fato de não poderem ser utilizadas para medir a qualidade de parâmetros

mensuráveis. Outra limitação é que as mesmas só podem ser usadas para medir

34

um único parâmetro para cada item avaliado, ou seja, para cada parâmetro medido

de um único item haverá a necessidade da elaboração de uma carta de controle.

Se houver x parâmetros, haverá x cartas de controle para um único item.

Um fluxograma de apoio na escolha do tipo de carta de controle de acordo

com o processo pode ser visto a seguir, de acordo Figura 19:

Figura 19 - Fluxograma de determinação do tipo de carta de controle para atributos

Fonte: RIBEIRO & CATEN (2000)

2.2.7 Diagrama de dispersão

Diagramas de dispersão são gráficos que permitem visualização da

interação de duas variáveis numéricas. Através de sua interface é possível

visualizar de duas variáveis interagindo entre si ou se há uma terceira variável

afetando essas variáveis, ou seja, se determinado problema se manifesta a partir

de alguma causa secundária (VIEIRA, 2012).

Essa correlação é muito importante para identificar causas de problemas em

processos produtivos. Algumas delas são demonstradas na Figura 20:

35

Figura 20 - Exemplo de diagrama de dispersão e suas correlações

Fonte: SILVA (2006)

2.3 Capacidade do processo

Há pontos no projeto da produção que não dependem só dos Limites de

Controle. Isso se deve por haver uma faixa de tolerância que o projeto produtivo

deve respeitar. Essa faixa é chamada de Limite de Especificação, onde a peça ou

produto em confecção pode ter suas medidas variadas (VIEIRA, 2012).

Tipicamente são especificados:

a) O Valor Nominal (VN) que toda peça ou produto em questão deve ter

b) O Limite Superior de Especificação (LSE), que é o limite superior do intervalo

em que a medida pode variar;

c) O Limite Inferior de Especificação (LIE), que é o limite inferior do intervalo

em que a medida pode variar;

Tolerância do Projeto é o a diferença entre o LSE e o LIE em que há a

variação das medidas. Porém é necessário levar em consideração alguns conceitos

básicos em relação a essa tolerância:

Os Limites de Especificação são estabelecidos de acordo com projeto,

portanto, não há relação matemática padrão para estabelecê-los. Diferente

dos Limites de Controle, que são estabelecidos através da variabilidade do

processo e medidos a partir do desvio padrão e da amplitude;

36

Todo e qualquer processo inédito requer novos ajustes e regulagens. Afinal,

o processo atinge o estado de controle estatístico a partir de o momento as

causas especiais de variação estão controladas;

Os Limites Naturais de Tolerância são definidos por µ±3σ. O Limite Natural

de Tolerância Superior e Inferior (LNTS e LNTI, consequentemente);

A capacidade do processo é medida pelo limite de 6σ. Porém o valor de σ é

desconhecido, na maioria das vezes, e capacidade do processo é dada por

uma estimativa de σ obtida de dados. Consequentemente, o termo “seis

sigma” é na prática um intervalo obtido através de estimativa de dados do

processo;

O estudo da capacidade do processo só é possível a partir do momento em

que se considera o processo em estado de controle estatístico. Só a partir

daí é que se faz ajustes, regulagens e outras correções cabíveis. As causas

especiais de variação não são levadas em consideração em um estudo de

capacidade do processo, mesmo que esta seja causada devido ao desgaste

de máquinas e ferramentas.

Para melhor verificação da adequação de um processo às necessidades de

um produto, há a necessidade de se realizar um estudo de capacidade do processo

ou da razão entre a capacidade do processo e a diferença de seus limites de

especificação (SIQUEIRA, 1997). Essa razão também é conhecida como índice de

capacidade (𝐶𝑝) e é dada pela fórmula a seguir:

Índice de Capacidade 𝐶𝑝 = 𝐿𝑆𝐸−𝐿𝐼𝐸6𝜎

(11)

Ainda segundo o autor, essa análise é de grande auxílio nas tomadas de

decisões sobre a adequação do processo às especificações estabelecidas. Ainda

há uma regra geral para esta análise, que é descrita a seguir:

Quando Cp < 1, dizemos que o processo é vermelho e sua capacidade

não se adequa a tolerância exigida. Neste caso, a sugestão é produzir

usando outro processo, se viável, tentar diminuir a variabilidade do

processo e, por último, alterar as especificações do produto, se possível.

Quando 1 ≥ 𝐶𝑝 ≥ 1,33, o processo é considerado amarelo e deve-se

tomar as mesmas precauções que o processo vermelho. Para se manter

37

o controle do processo e evitar a produção de produtos fora da

especificação, o uso de gráficos de controle se torna bastante útil.

Quando Cp >1,33, o processo é verde e a sua capacidade é adequada a

tolerância exigida pelo processo.

No entanto, como descreve SIQUEIRA (1997) essa regra é aplicável para

processos que sempre estão centrados na média. Como na prática nem sempre é

possível o seu uso pode conduzir em conclusões erradas dentro de um estudo de

capacidade do processo. Neste caso, Kane (1986) propôs que fosse utilizado o

Índice de Performance, Cpk que é descrito pela fórmula a seguir:

𝐶𝑝𝑘 = min [𝑋−𝐿𝐼𝐸

3𝜎,

𝐿𝑆𝐸−𝑋

3𝜎] (12)

Há também um índice que mede o número de peças de não conformidade

no processo produtivo, o PPM, que é elucidado em partes por milhão. Este índice

mede com mais clareza o desempenho do processo devido ao seu fornecimento

mais concreto em quantidade de peças não conformes de acordo com os Limites

de Especificação, ou seja, ele mede a quantidade de peças que estão fora do Limite

de especificação estabelecido com mais precisão do que o Cpk, que é um índice

que elucida a performance do processo como um todo.

Os riscos de interpretações equivocadas causados pelo uso do Índice de

Capacidade para análise de processos que estão fora da sua centralidade na média

podem ser observados através da Figura 21:

38

Figura 21 - Índices de Capacidade de processo Cp e PPM

FONTE: Equipe Estatcamp

2.4 Sistemas de medição

De acordo com COSTA(2012), todo monitoramento de processo se dá por

meio de medição de uma característica de qualidade, através de um sistema de

medição. No entanto, não há como garantir que esse sistema não apresente erros,

seja sistemático (da ferramenta de medição) ou operacional (provindo de falhas no

ato da medição feita por um operador). Se em uma determinada peça fizermos

várias medições de uma determinada característica os resultados colhidos

apresentarão uma determinada dispersão, devido ao erro sistemático do processo

de medição. Cada medida arrasta consigo uma variabilidade que pode ser de

origem real, ou seja, resultante da variabilidade do próprio processo, ou provém do

sistema de medição adotado para medir os parâmetros em questão.

Em um sistema fabril onde deseja-se contar com a implantação de controle

estatístico de processos é muito importante contar com um sistema de medição

com capacidade adequada. Também é válido ressalvar que para uma análise de

sistema de medição (MAS) adequada é necessário ter conhecimento das seguintes

39

ferramentas estatísticas: exatidão, estabilidade, repetitividade e reprodutibilidade

(WEKERNA, 1995)

2.4.1 Conceitos estatísticos para sistemas de medição

WECKERNA (1995) ressalva que é preciso conhecer alguns conceitos de

estatística para analisar um sistema de medição de maneira eficaz. O conceito de

exatidão está sempre presente nesses parâmetros e é fundamental para melhor

interpretação dos resultados em um sistema de medição. Chamado também de

viés ou tendência, esse conceito implica no quão distante a das medidas retiradas

de uma determinada peça está distante do valor real, ou do padrão de qualidade.

Para dar continuidade a análise do sistema de medição é preciso considerar

a estabilidade do mesmo. Isso é possível a partir do momento em que se considera

que o sistema esteja em estado de controle estatístico. Sua medida através de uma

rotina de mensuração de peças. Tendo essas medidas em mãos, pode-se avaliar

se há variabilidade que possa ser encontrada e, através de uma análise da

dispersão da exatidão e sua projeção em um gráfico de controle, verifica-se se há

a estabilidade (WEKERNA, 1995).

Outro parâmetro estatístico importante é a repetibilidade ou precisão

inerente ao sistema de medição. Essa é uma etapa da análise do sistema de

medidas que é inerente à variação de medidas feitas através de um mesmo

instrumento de maneira repetitiva por um operador. A mensuração da repetibilidade

é feita através do cálculo do desvio padrão das medidas. Quanto menor o desvio

padrão maior a repetibilidade (VIEIRA, 2012).

O último parâmetro a ser considerado para a análise do sistema de medidas,

segundo a autora, é a reprodutibilidade. Este é inerente aos operadores, em outras

palavras, quando á mais de um operador realizando as medidas e a operação de

medição gera uma variação esperada. Quanto menores forem as diferenças entre

as médias medidas maior será a reprodutibilidade entre os operadores.

40

2.4.2 Estudo da capacidade de medição

VIEIRA (2012) explica que, na prática, não é possível obter repetibilidade e

reprodutibilidade em definição. Esses parâmetros são obtidos através da repetição

das medições de várias peças de maneira replicada com um mesmo operador ou

um mesmo instrumento de medição. A partir daí é construído um gráfico x-R para

testar a capacidade da medição de um instrumento e o quanto ela é efetiva.

Há de se levar em consideração que pontos fora desse gráfico de controle

�̅� indicam que foram tomadas peças de tamanhos diferentes para medição, o que

é necessário para que o procedimento seja válido e para melhor verificação da

discriminação das diferenças executada pela medição dos instrumentos.

Entretanto, não deverá existir pontos fora dos limites de controle desse gráfico, visto

que se espera que as medidas realizadas na mesma peça tenham menor

variabilidade, indicando repetibilidade. Quando isso ocorre considera-se que houve

erro de procedimento de medida, indicando também que houve dificuldades na

realização das mesmas no momento da medição realizada pelo operador ou o

instrumento de medição não é confiável.

O desvio padrão dos erros de medida podem ser determinados através da

amplitude �̅� (variabilidade) do gráfico de controle em razão da variável 𝑑2, tabelado

de acordo com o tamanho da amostra, como pode-se notar na Equação 10:

𝑆𝑒𝑟𝑟𝑜 = �̅�/𝑑2 (13)

Em razão desta determinação é que torna-se comum o cálculo da razão da

capacidade de medição, indicada por P/T, que, em outras palavras, indica a razão

da precisão em relação à tolerância,

𝑃

𝑇=

6𝑠𝑒𝑟𝑟𝑜

𝐿𝑆𝐸−𝐿𝐼𝐸 (14)

onde 𝑃/𝑇 ≤ 0,1, para que o sistema de medição seja aceitável (VIEIRA 2012).

2.4.3 Estudos de repetibilidade e reprodutibilidade (R&R)

Para se iniciar um estudo de R&R com efetividade é preciso ter em mente

que algumas questões sobre o assunto precisam estar esclarecidas. A primeira

questão é o estabelecimento do número de operadores que realizarão as medições,

41

indicado pela variável k e deve ser maior do que 2. Posteriormente é preciso

determinar o número de ensaios em que se farão as medidas, ou seja, o número

de replicatas em que cada peça medida será submetida, normalmente indicado por

r, que deve ser maior de que 2 vezes. Outra questão a ser levantada é o número

de peças n que serão utilizadas para a análise do sistema de medidas. Esse

número deve ser igual ou maior que 5 peças. Recomenda-se ter k x n > 15 para

maior confiabilidade nos resultados (VIEIRA, 2012).

A autora ainda faz a ressalva de que todo procedimento deve ser aleatório.

Isso inclui todas as variáveis de medição já citadas anteriormente. As peças

deverão ser fornecidas aos operadores de forma aleatória. Ainda se recomenda

usar uma técnica bastante conhecida, instituída pelo Automotive Industry Action

Group (AIAG), indicada por 3/3/10, é a seguinte:

Número de operadores, k = 3

Número de repetições, r = 3

Número de peças, n = 10

Obtendo-se os resultados das medidas a partir da execução correta deste

procedimento, é possível então iniciar o estudo de R&R a partir dos métodos

descritos a seguir:

Estudo de R&R através do método da média ou da amplitude:

De acordo com COSTA (2012), a variabilidade total presente em valores de

x gerados através da medição de peças por um instrumento de medição provém da

combinação entre a variabilidade inerente ao processo produtivo e da variabilidade

gerada por essa medição. Partindo desse ponto em questão é que consideramos

que a variância do erro de medida é a soma da variância inerente a repetibilidade

com a variância inerente a reprodutibilidade:

𝜎𝑒𝑟𝑟𝑜2 = 𝜎𝑟𝑒𝑝𝑒𝑡𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒

2 + 𝜎𝑟𝑒𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒2 (15)

Vale ressalvar que o método em questão para o estudo de R&R permite que

o erro de medida seja separado das variações em função da repetibilidade e

reprodutibilidade. Primeiro, mensura-se a repetibilidade a partir do procedimento

descrito a seguir:

42

Cálculo da média para cada operador e a amplitude das medidas de cada

peça;

Cálculo da média das médias e da amplitude para cada operador;

Cálculo das médias das amplitudes obtidas das medidas dos operadores;

�̿� =𝑅1̅̅̅̅ +𝑅2̅̅̅̅ +𝑅3̅̅̅̅ …+𝑅𝑘̅̅ ̅̅

𝑘 (16)

Cálculo do desvio padrão (estimativa da repetibilidade);

𝜎𝑟𝑒𝑝𝑒𝑡𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =�̿�

𝑑2 (17)

O parâmetro 𝑑2 da equação é tabelado de acordo com o tamanho da

amostra, obedecendo o critério de 3 desvios padrões propostos por Shewheart.

O Cálculo da reprodutibilidade também é necessário para se dar

continuidade no processo de análise de sistema de medidas. Lembrando que esse

parâmetro mede a variação de medidas feita pelos operadores ou por instrumentos

de medição diferentes. Essa medida é a variação entre as médias das medições

realizada por diferentes operadores, considerando as mesmas peças e condições

VIEIRA (2012). O cálculo da reprodutibilidade é demonstrado a partir dos seguintes

procedimentos:

Calculo da diferença entre a maior média e a menor média obtida pela

medição dos operadores. Isso pode ser representado pela formula a

seguir:

𝑅�̿� = �̿�𝑚𝑎𝑥−�̿�𝑚𝑖𝑛 (18)

Cálculo do desvio padrão (estimativa de reprodutibilidade):

𝜎𝑟𝑒𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = √(𝑅�̿�

𝑘2)

2

−𝜎𝑟𝑒𝑝𝑒𝑡

2

𝑟𝑛 (19)

O parâmetro k2 é definido pelo número de operadores, de acordo com as

replicatas realizadas, e pode ser visto tabelado no apêndice desta monografia.

43

Estudo de R&R através da análise de variância:

Segundo VIEIRA (2012), embora o estudo de R&R pelo método da média e

da amplitude seja direto ele pode ser trabalhoso e demandar tempo. Porém esse

método pode ter seus cálculos efetuados através de muitos programas estatísticos

em computadores. Por isso se faz a opção do uso do método de análise de

variância (ANOVA), que exibe melhores qualidades estatísticas.

A análise de variância em um modelo com duas classificações e efeitos

aleatórios é o mais indicado para realizar o estudo da variação total do sistema de

medição. Este método pode ser facilmente manipulado através do uso de muitos

programas de computador existentes no mercado, a partir do momento em que os

dados são compilados.

Para analisar os dados e julgar se o sistema de medição é capaz para esse

estudo de caso, adota-se o software MINITAB versão 17 para a análise dos

gráficos. A Tabela 1 mostra como deve ser feita a interpretação dos resultados e

suas ações de resposta:

Tabela 1 - Tabela de interpretação de resultados de estudo R&R

RR Decisão Comentários

Abaixo

de 10%

Sistema de medição

geralmente

considerado

aceitável

Recomendável, especialmente útil quando tentamos ordenar ou classificar

peças ou quando for requerido um controle apertado do processo.

Entre

10% e

30%

Poder ser aceito

para algumas

aplicações

A decisão deve ser baseada primeiro, por exemplo, na importância da

aplicação da medição, custo do dispositivo de medição, custo do

retrabalho ou reparo. O sistema de medição deve ser aprovado pelo

cliente.

Acima

de 30%

Considerado

inaceitável

Todos os esforços devem ser tomados para melhorar o sistema de

medição. Esta condição pode ser resolvida pelo uso de uma estratégia

apropriada para a medição; por exemplo, utilizar a média de diversas

medições da mesma característica da mesma peça a fim de reduzir a

variabilidade da medida final.

FONTE: Estatcamp Consultoria.

44

3 MÉTODO

Esta monografia se baseia em um estudo de caso onde é usado um caso

prático de aplicação de Gráficos de Controle para a avaliação do processo. Porém,

é importante ter em mente que qualquer atividade que seja implantada exige

conhecimento de campo, ou seja, do ambiente fabril e da dinâmica do processo em

estudo. Esse desenvolvimento também depende de um preparo de terreno para

trabalho, que é fundamental para poder mapear os parâmetros que serão avaliados

no processo e suas vertentes. Partindo desta hipótese é que se elabora um plano

de ação prévia para a aplicação do estudo de caso, onde alguns parâmetros serão

previamente analisados e compilados, para a partir disso se fazer o estudo de

capacidade do processo.

Neste caso, trata-se de uma indústria de fabricação de plásticos injetados,

moldes e outros processos de injeção, a VIDIMAX Injeção de Plásticos e

Ferramentaria Ltda. A VIDIMAX é uma empresa de injeção de peças plásticas com

ferramentaria própria, com a missão de realizar parcerias comerciais, portanto seu

trabalho está voltado a fabricar moldes e peças oriundas desses moldes que

satisfaçam plenamente às especificações de seus clientes. Esta indústria está

situada na zona oeste de São Paulo-SP nas proximidades da Rodovia dos

Bandeirantes, e possui uma razoável gama de produtos, sobretudo, trabalhando

com base em especificações. Dentre suas atividades estão o desenvolvimento do

produto, caso o cliente ainda não tenha um projeto, e manutenção dos moldes de

injetoras.

É válido ressalvar também que esse estudo de caso foi realizado através da

concessão do espaço da planta de produção e dos dados coletados pertinentes ao

processo fabril a ser analisado. Portanto, não há vínculo empregatício entre a

organização e o autor desse estudo de caso em questão.

3.1 Panorama fabril da empresa

A VIDIMAX possui uma cartela de clientes fiéis aos produtos que ela oferece.

A gama de produtos/serviços que a VIDIMAX dispõe na área de termoplásticos

injetados de engenharia são:

45

ABS;

Policarbonato;

Poliuretano;

Polipropileno;

Polietileno de baixa e alta densidade (PEBD e PEAD);

Poliamidas;

Poliestirenos;

Acetatos;

No quesito qualidade, a empresa possui alguns mecanismos de controle.

Porém esses mecanismos estão um tanto obsoletos e necessitam passar por

reformulação, apesar de gerar resultados aceitáveis, considerando os limites de

especificação do cliente.

Na questão do controle da qualidade, a organização tem rotinas de controle

de qualidades relativamente eficientes para a demanda que ela apresenta hoje.

Porém, precisam sem aprimoradas para atender o mercado, que está em expansão

e não há um plano de mudança para atender uma demanda futura. Essa situação

é preocupante, pois deixa a empresa vulnerável a pressões do mercado e coloca

em risco a qualidade já existente.

3.2 Método para o preparo da análise do estudo de caso

O principal objetivo deste trabalho é a análise do sistema produtivo da

Vidimax. Para isso, é necessário que o procedimento tenha uma metodologia bem

estabelecida. Isso facilitara o trabalho de campo, já que se trata de um estudo de

caso puramente analítico. Portanto o trabalho será dividido em etapas bem

definidas que dependerá do consenso entre o estudo de caso e a facilidade de se

obter esses dados para o estudo. Essas etapas são:

Verificação do sistema fabril: serão checadas informações que têm

influência direta no processo como variedade de produtos que passam

por processo e suas peculiaridades, número de operadores da planta,

capacidade produtiva, apontamento de erros ou desvios relevantes que

influenciem diretamente na produção e a existência de programas de

avaliação e controle de qualidade e em que situação eles se encontram.

46

Se tratando da empresa em questão e para maior praticidade dessa

análise será definido um produto como parâmetro.

Escolha de um determinado produto da linha: esse procedimento é o mais

importante nesse estudo de caso, pois afeta diretamente nos resultados

e discussões que serão abordadas ao decorrer deste estudo. Os critérios

que serão adotados deverão respeitar às seguintes condições:

Considerável ocorrência de defeitos: essa é uma condição

necessária para se analisar um parâmetro de produção de

maneira quantitativa e qualitativa.

Tempo de mercado/cliente: isso permite que se possa adotar

para análise um produto que se manteve dentro de

especificações praticadas durante um longo tempo. Também é

possível concluir que através dessa condição pressupõe que o

produto passou por poucas ou nenhuma modificação em suas

especificações e que já é um produto de linha da empresa.

Grande quantidade produzida por um determinado período de

tempo: essa condição permite um processo de coleta de

amostras com mais riqueza de informação.

Tendo como base essas informações é que passamos para a próxima

etapa.

Conclusão do tipo de defeito mais recorrente: essa etapa pode ser

determinada através da elaboração de diagrama de Pareto a partir de

coletados de amostras defeituosas. Isso permite determinar o tipo de

defeito e, sendo o defeito detectado provindo medidas mensuráveis, como

dimensão, peso ou densidade, por exemplo, aplica-se um Gráfico de

Controle por Variáveis. Se for de grandeza imensurável como

acabamento, pintura ou risco, por exemplo, aplica-se um Gráfico de

Controle para Atributos.

Aplicação da Análise dos Sistema de Medição: Onde será realizado

um estudo R&R. Os dados coletados das amostras serão analisados

através da ferramenta estudo R&R, disponível para uso no software

MINITAB versão 17.

47

Amostragem para inspeção e coleta de dados: será o ponto de partida

para medir a eficiência do processo. A partir da coleta de amostra

seguindo criteriosamente o processo de amostragem é que se obtém a

“foto” do sistema produtivo. As amostras são dimensionadas de acordo

com o grau de produção da empresa. Serão coletados os dados de um

determinado lote de maneira periódica. Consequentemente, esses dados

são compilados e usados para a próxima etapa.

Confecção de gráficos de controle: etapa executada de acordo com as

conclusões tiradas do gráfico de Pareto do sistema produtivo. Os gráficos

serão confeccionados através do software MINITAB versão 17

Análise da Capacidade do Processo: será a avaliação da estabilidade

e viabilidade do processo, definindo se o processo é capaz. Esse

parâmetro será avaliado e mensurado através do software MINITAB

versão 17.

Discussão dos resultados: etapa que discute os parâmetros que podem

intervir nos resultados obtidos nas etapas anteriores.

3.3 Descrição do procedimento do estudo de caso

Partindo-se da premissa que a linha de produção da VIDIMAX possui uma

certa variedade de produtos, todos confeccionados a partir de especificações de

clientes, é que se faz necessário determinar alguns critérios para a escolha do

produto em produção.

O procedimento tomado para a escolha seguiu os parâmetros na ordem de

relevância a seguir:

Produto de longo tempo de produção;

Produto com grau de defeitos acima dos parâmetros;

Produto de produção em larga escala por período de tempo.

Partindo desses parâmetros é que foi escolhido um produto fabricado

através de injeção de polietileno. No caso, trata-se de uma válvula de retenção de

ar usado em mascaras de proteção para ambientes insalubres, que possui 3 anos

em tempo na produção, grau de incidência de defeitos considerável e são

produzidas 2400 unidades por hora. O ciclo da injetora para a produção de 12

48

peças, contendo a tampa e a base dessa válvula de retenção. Esta válvula pode

ser melhor observada na Figura 22:

Figura 22 - Válvula de retenção

Fonte: ARQUIVO PESSOAL.

A próxima etapa foi a elaboração de uma folha de verificação adequada.

Para isso, levou-se em consideração os parâmetros de qualidade especificação

exigida pelo cliente. Esses parâmetros são:

Dimensão da tampa e da base

Rebarbas resultantes do processo de injeção

Falhas e cavidades não especificadas

Falhas de pigmentação

Falhas de textura

Manchas e borrões

Outros defeitos isolados

Com base nesses parâmetros é que se elabora um diagrama de Pareto, para

definir qual o melhor caminho a ser tomado e avaliar qual é o parâmetro mais

significativo. A partir daí que se iniciam os estudos R&R e elabora-se um plano de

amostragem para melhor inspeção e coleta de dados para a confecção do gráfico

de controle adequado. A Figura 23 mostra um fluxograma explicativo de como será

definido o tipo de carta de controle usada neste estudo de caso:

49

Figura 23 - Fluxograma para definição de carta de controle adequada.

Fonte: ARQUIVO PESSOAL

Deve se elucidar, neste estudo de caso, que os fatores de entrada a serem

trabalhados serão as medidas dos diâmetros requeridos da tampa e da base da

válvula retentora de ar. Esses parâmetros serão trabalhados e analisados através

do uso do software MINITAB v.17, que fara todo estudo necessário para a obtenção

das respostas sobre desempenho do processo produtivo. Já a resposta a ser obtida

será o desempenho do sistema através das Cartas de Controle e pela Análise da

Capacidade do Processo.

Os comparativos para validar o modelo proposto serão as referências

teóricas usadas para desenvolver esta monografia, visto que os parâmetros

propostos por esta são largamente usados na prática, ao se tratar da avaliação do

desempenho produtivo e de sua capacidade.

50

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Identificação dos defeitos

Essa etapa deve ser elaborada levando em consideração os parâmetros já

citados anteriormente. Neste caso, elaborou-se uma folha de verificação para

investigar quais defeitos são mais relevantes, ou seja, qual tipo de defeito tem maior

incidência no volume total da produção.

Partiu-se então para análise das peças defeituosas. Foram analisadas 200

peças e anotado qual tipo de defeito a peça defeituosa apresentava. A partir deste

ponto foi elaborado um gráfico de Pareto para identificar o tipo de defeito mais

relevante, que levará ao procedimento desse estudo de caso. O gráfico resultante

pode ser observado na figura 23:

Figura 24 - Gráfico de Pareto para incidência de defeitos

Fonte: ARQUIVO PESSOAL.

Com base nos resultados e na análise dos recursos usados pode se concluir

que o defeito mais relevante é o diâmetro da válvula retentora de ar. Mais

especificamente falando, os diâmetros da tampa e da base do retentor apresentam

folgas entre si que impedem um bom padrão de qualidade.

O sistema de avalição de processos que mais se adequou ao sistema

produtivo em estudo foi o que emprega o uso de Gráficos de Controle por Variáveis,

pois se trata de problemas dimensionais interferentes no padrão de qualidade da

peça.

51

4.2 Avaliação do sistema de medição

Nesta etapa, o procedimento que irá avaliar o desempenho do sistema de

medição para a peça será o estudo R&R (Repetitividade e Reprodutibilidade). Para

iniciarmos o procedimento de repetibilidade, foi selecionado um operador para

executar inspeções em algumas peças de maneira aleatória. O instrumento usado

para avaliar o parâmetro em questão foi um paquímetro de relógio Mitutoyo,

idêntico ao da Figura 24:

Figura 25 - Paquímetro de relógio MITUTOYO

Fonte: ARQUIVO PESSOAL.

O parâmetro a ser medido é o diâmetro interno da tampa da válvula retentora

de ar. A seguir, a Tabela 2 mostra os dados das medidas coletadas pelos

operadores A, B e C, e das peças 1, 2 e 3, referente às amostras coletadas para o

Estudo R&R:

Tabela 2 - Medidas obtidas para o estudo R&R

Operador A Operador B Operador C

Peça 1

30,95 30,96 30,97

30,97 30,96 30,95

30,97 30,94 30,94

Peça 2

31,02 31,00 31,01

31,04 31,02 31,03

31,03 31,04 31,02

Peça 3

31,01 30,98 30,97

30,99 30,99 31,00

31,00 30,99 30,99

Fonte: ARQUIVO PESSOAL

52

Para a obtenção do estudo R&R, os dados foram imputados no MINITAB

v.17 e consequentemente foram gerados parâmetros deste estudo. A figura a

seguir demonstra os resultados obtidos através da análise da variância pelas

medidas tomadas:

Figura 26 - Resultado gráfico do estudo R&R

Fonte: ARQUIVO PESSOAL.

De acordo com a Figura 25, pode-se observar no gráfico de Componentes

de Variação do Estudo teve considerável contribuição no quesito Repetibilidade.

Quando observa-se a amplitude amostral na Carta R por operador, nota-se que há

maior amplitude entre operadores nas medidas da peça 2 e 3, que pode também

ser observado na Carta Xbarra por operador. E, finalmente, no gráfico de interação

Peça x Operador notamos uma disparidade que denota melhor essa amplitude de

medidas nas peças 2 e 3. As causas dessa disparidade podem ser intrínsecas do

53

próprio método de medição ou até mesmo do próprio manuseio do instrumento de

medição, no caso, o paquímetro.

Podemos observar melhor os resultados das interações peça x operador, a

partir de um relatório gerado através do MINITAB v.17, que identifica as

porcentagens inerentes a esse Estudo R&R, pelo método ANOVA:

Estudo de R&R da Medição - Método ANOVA

R&R da Medição para resultado

Nome do sistema de medição: Estudo R&R

Data do estudo: 12/05/2015

Informado por: Paulo

Tolerância: 0,01 mm

Div:

Tabela ANOVA com Dois Fatores com Interação

Fonte GL SQ QM F P

peça 2 0,0213852 0,0106926 1154,80 0,000

operador 2 0,0006741 0,0003370 36,40 0,003

peça * operador 4 0,0000370 0,0000093 0,06 0,993

Repetibilidade 18 0,0028000 0,0001556

Total 26 0,0248963

Tabela ANOVA com Dois Fatores sem Interação

Fonte GL SQ QM F P

peça 2 0,0213852 0,0106926 82,9164 0,000

operador 2 0,0006741 0,0003370 2,6136 0,096

Repetibilidade 22 0,0028370 0,0001290

Total 26 0,0248963

R&R da Medição

%Contribuição

Fonte CompVar (de CompVar)

Total de R&R da Medição 0,0001521 11,47

Repetibilidade 0,0001290 9,73

Reprodutibilidade 0,0000231 1,74

operador 0,0000231 1,74

Peça a Peça 0,0011737 88,53

Variação Total 0,0013258 100,00

54

Var do %Var do

Estudo Estudo

Fonte DesvPad (DP) (6 × DP) (%VE)

Total de R&R da Medição 0,0123319 0,073992 33,87

Repetibilidade 0,0113559 0,068135 31,19

Reprodutibilidade 0,0048083 0,028850 13,21

operador 0,0048083 0,028850 13,21

Peça a Peça 0,0342599 0,205559 94,09

Variação Total 0,0364117 0,218470 100,00

Número de Categorias Distintas = 3

Neste relatório é importante esclarecer alguns parâmetros gerados pelo

MINITAB v.17, que são:

GL Grau de Liberdade

SQ Soma Quadrática

QM Quadrados Média

F valor-f

P valor-p

CompVar Componente de Variação

DesvPad Desvio Padrão

Var do Estudo Variância do Estudo

Análise dos resultados numéricos: pode-se observar que o resultado do total

do estudo de R&R da medição foi de 11,47%. Essa faixa é considerada aceitável,

pois de enquadra dentro dos limites estabelecidos por esse parâmetro (R&R entre

10% e 30%), porém ainda passível de ajustes. Como, neste estudo de caso, trata-

se de uma peça de baixo valor agregado, onde causaria inviabilidade de investir na

melhoria do seu método de mensuração, pode se considerar o resultado

satisfatório. Pode se avaliar também que a reprodutibilidade, em 1,74%, e a

repetibilidade, em 9,73%, estão em bom desempenho.

Neste caso, a melhora do sistema de medição deve levar em consideração

o custo para ser melhorado. Tendo em vista que o valor agregado da válvula de

retenção é muito baixo, o investimento na melhora do sistema de medição se torna

inviável, devido aos custos de novos sistemas de medição, como micrômetro, por

55

exemplo, serem relativamente elevados ao custo de produção. Portanto, considera-

se aceitável o sistema de medida avaliado.

4.3 Processo de amostragem e coleta de dados

Para iniciar o processo de coleta de dados, foi necessário dimensionar as

amostras de acordo com o tempo de atividade da injetora. Sendo o horário de

funcionamento da máquina das 8 às 18:30 horas e para cada hora de

funcionamento a máquina produz 2400 peças por hora (12 peças a cada ciclo de

18 segundos), estabeleceu-se que a cada 30 minutos fossem inspecionadas 5

peças (tampa e base) e, em seguida anotado as dimensões obtidas. Os dados

referentes às medidas coletadas das amostras da tampa da válvula retentora de ar

podem ser vistos a seguir na Tabela 3:

Tabela 3 - Medidas das amostras coletadas referente à tampa da peça

Horário X1 X2 X3 X4 X5 �̅� R

8:00 31,05 31,08 31,07 31,09 31,03 31,064 0,06

8:30 31,08 31,11 31,05 31,03 31,12 31,078 0,09

9:00 31,02 31,06 31,04 31,01 31,07 31,04 0,06

9:30 31,09 31,10 31,05 31,03 31,09 31,072 0,07

10:00 30,99 30,98 31,02 31,00 31,01 31,00 0,04

10:30 31,05 31,06 31,03 31,04 31,01 31,038 0,05

11:00 31,00 31,05 31,03 31,04 31,07 31,038 0,07

11:30 31,11 31,09 31,08 31,02 31,05 31,07 0,09

12:00 31,07 31,07 31,04 31,02 31,11 31,062 0,09

12:30 31,10 31,08 31,09 31,04 31,05 31,072 0,06

13:00 31,02 30,98 30,99 31,02 30,96 30,994 0,06

13:30 31,01 30,99 30,98 31,00 31,03 31,002 0,05

14:00 31,08 31,06 31,10 31,09 31,06 31,078 0,04

14:30 31,04 31,05 31,07 31,03 31,09 31,056 0,06

15:00 31,00 31,02 30,99 30,96 31,03 31,00 0,07

15:30 31,01 31,04 31,00 30,97 30,99 31,002 0,07

16:00 31,08 31,11 31,13 31,09 31,07 31,096 0,06

16:30 31,10 31,08 31,05 31,11 31,06 31,08 0,06

17:00 31,05 31,03 31,02 31,06 31,07 31,046 0,05

56

Horário X1 X2 X3 X4 X5 �̅� R

17:30 31,01 31,04 31,05 31,08 31,07 31,05 0,07

18:00 31,02 30,98 30,99 31,01 31,03 31,006 0,05

18:30 30,97 31,00 31,02 31,01 31,05 31,01 0,08

Fonte: ARQUIVO PESSOAL.

A seguir temos os dados referentes às medidas coletadas das amostras da

base da válvula de retenção de ar, que podem ser vistos na Tabela 4:

Tabela 4 - Medidas das amostras coletadas referente à base da peça

Horário X1 X2 X3 X4 X5 �̅� R

8:00 30,99 30,97 30,95 31 30,96 30,974 0,05

8:30 30,92 30,94 30,96 31,01 30,99 30,964 0,09

9:00 30,93 30,96 30,95 30,97 30,98 30,958 0,05

9:30 30,94 30,99 30,95 30,96 30,98 30,964 0,05

10:00 30,92 30,9 30,92 30,95 30,96 30,93 0,06

10:30 30,94 30,93 30,97 30,94 30,96 30,948 0,04

11:00 30,94 30,99 30,98 31,00 30,98 30,978 0,06

11:30 30,99 30,96 30,94 30,99 30,97 30,97 0,05

12:00 30,92 30,96 30,95 30,93 30,93 30,938 0,04

12:30 30,98 30,97 30,91 30,95 30,93 30,948 0,07

13:00 30,93 30,95 30,96 30,94 30,94 30,944 0,03

13:30 30,97 30,98 30,90 30,96 30,94 30,95 0,08

14:00 30,97 31,00 30,96 30,92 30,94 30,958 0,08

14:30 30,98 30,95 30,96 30,89 30,98 30,952 0,09

15:00 30,96 30,98 30,95 30,92 30,97 30,956 0,06

15:30 30,95 30,94 30,93 30,96 30,97 30,95 0,04

16:00 30,98 30,98 30,95 30,94 30,95 30,96 0,04

16:30 30,97 30,93 30,94 30,95 30,96 30,95 0,04

17:00 30,96 30,95 30,97 30,94 30,94 30,952 0,03

17:30 30,98 30,96 30,93 30,97 30,96 30,96 0,05

18:00 30,94 30,92 30,93 30,97 30,91 30,934 0,06

18:30 30,93 30,94 30,97 30,95 30,94 30,946 0,04

Fonte: ARQUIVO PESSOAL.

A partir daí, através do software MINITAB versão 17, foram confeccionadas

as cartas de controle para os dois parâmetros avaliados.

57

4.4 Gráfico de Controle e avaliação da capacidade do processo

Com base nos resultados obtidos, criou-se então um gráfico de controle para

avaliar o processo de produção da base e tampa da válvula de retenção. O primeiro

item a ser analisado é o da tampa da válvula de retenção. Os gráficos de controle

para média amostral e amplitude amostral podem ser observados a seguir:

Figura 27 - Gráficos de controle para média e amplitude amostral referente à tampa

Fonte: ARQUIVO PESSOAL.

Pela análise dos gráficos de controle, pode-se observar que o processo está

sob controle, pois obedecem todos pré-requisitos de classificação de um processo

controlado.

Partindo-se desse princípio é que torna-se possível prosseguir à próxima

etapa, que é a análise de capacidade do processo da produção da base da válvula

de retenção. Essa análise também é gerada através do programa MINITAB v.17 e

pode ser observada a seguir:

58

Figura 28 - Resultado gráfico para análise de capacidade de produção da tampa

Fonte: ARQUIVO PESSOAL.

De acordo com os resultados gerados na análise de capacidade, vemos que

Cp e Cpk estão dentro da faixa que indica que o processo é capaz. Observamos

pelo gráfico que a distribuição das medidas se aproximam bastante de uma

distribuição normal, o que indica que o potencial de capacidade do processo. Pode-

se dizer também que o processo está dentro dos parâmetros ideais de um processo

capaz.

O próximo item a ser analisado é a base da válvula de retenção. Os gráficos

de controle para média amostral e amplitude amostral podem ser observados a

seguir:

59

Figura 29 - Gráficos de controle para média e amplitude amostral referente à base

Fonte: ARQUIVO PESSOAL

Ao analisar o gráfico nota-se que o comportamento do processo, para a

média amostral, está fora de controle, pois temos 7 pontos fora dos limites de

controle calculados e gerados pelo MINITAB v.17. Em um primeiro momento, a

análise não permite ao certo constatar que o processo está fora de controle, podem

haver fatores correlacionados no processo que induz o gráfico a ter esse tipo de

resposta. Para confirmar se há fatores correlacionados é necessário elaborar um

novo gráfico, porém desta vez levando em consideração a correlação de fatores no

processo, que leva a constatar a necessidade de um gráfico de controle com

amplitude móvel. Este gráfico pode ser visualizado a seguir:

60

Figura 30 - Gráficos de controle para valor individual e amplitude móvel referente à base

Fonte: ARQUIVO PESSOAL.

Ajustando os parâmetros para a análise dos gráficos de controle com

amplitude móvel, é possível visualizar que o processo encontra-se sob controle.

Isso deve-se ao fato de o processo possuir fatores correlacionados, que induzem a

necessidade de usar os gráficos de controle com amplitude móvel para melhor

constatação do controle sob o processo.

Partindo-se desse princípio que é possível prosseguir à próxima etapa, que

é a análise de capacidade do processo. Essa análise também é gerada através do

programa MINITAB versão 17 e pode ser observada a seguir:

61

Figura 31 - Resultado gráfico para análise de capacidade do processo de produção da base

Fonte: ARQUIVO PESSOAL.

Ao se fazer a análise da capacidade do processo em questão, observamos

que o processo está centrado, tendendo tenuemente em direção ao limite superior

de especificação devido ao valor de Cpk, de 2,54. Contudo, conclui-se que o

processo é capaz, pois os valores de Cp e Cpk estão dentro dos limites aceitáveis.

Apesar dos valores de Cp e Cpk estarem dentro dos limites aceitáveis e

mostrarem que o processo é capaz, se faz necessário um estudo para o ajuste do

processo devido ao deslocamento do alvo do processo em direção ao limite

superior de especificação. Isso porém acontece devido à diferença entre os valores

da Média Amostral, de 31,0434mm, e o valor do Alvo do processo, que é de

31,00mm. Ainda sim, o processo se encontra dentro dos Limites superior e inferior

de especificação.

62

5 CONCLUSÃO

De acordo com os resultados obtidos através da análise de sistema de

medição, ou estudo R&R, pode-se constatar que o Sistema de medição se mostrou

consideravelmente capaz. Ainda que sejam necessários alguns ajustes para que o

sistema de medição pudesse ser mais confiável e suprisse plenamente às

condições de um sistema de mensuração ideal, seu desempenho pode ser

considerado satisfatório, uma vez que a melhora do sistema de medição seja

inviável, perante às condições gerais de manufatura de peça. Tal fator deve-se pela

razão de o produto em questão, a válvula retentora de ar, ter valor agregado muito

baixo e alto grau de produção por período de tempo. O investimento para obter

essa melhoria requisitada pelo sistema de medição é alto, se comparado com valor

agregado do fluxo produtivo.

Foi constatado também que o processo de produção da tampa da válvula

retentora de ar encontra-se em estado de controle, segundo a interpretação gráfica

do desempenho do processo. Já a análise de capacidade do processo se mostrou

positiva, mostrando que o processo está em plena capacidade.

Já na produção da base da tampa da válvula retentora tivermos um

panorama diferenciado, pois em um primeiro momento as cartas de controle

mostraram que o processo estava fora de controle. Porém, foi necessário fazer uma

segunda avaliação do andamento produtivo usando-se o método das amplitudes

móveis, o que posteriormente foi notado que o processo estava sob controle,

contrariando a primeira impressão, fato que ocorreu devido ao processo possuir

fatores correlacionados. Porém, na análise da capacidade do processo notou-se

que, embora o processo respondesse de maneira satisfatória em relação aos

parâmetros Cp e Cpk, ainda havia uma certa tendência da curva normal do

processo deslocar-se para o Limite Superior de Especificação de maneira tênue.

Esse fato pode ser considerado um alerta de produtividade e requer ajustes no

futuro para se adequar de maneira ideal.

Ainda pode-se concluir que, de modo geral, o processo funciona de maneira

satisfatória. Porém ainda é recomendado um estudo de melhoria de processos para

se obter o aumento da performance de alguns parâmetros. Esse estudo poderá ser

realizado em um momento futuro onde haja viabilidade de ser aplicado em algum

63

momento no decorrer da produção, de maneira que não comprometa o fluxo

produtivo e o andamento das atividades desenvolvidas durante o processo, visando

assim alcançar os parâmetros produtivos desejados.

Tendo em vista todo a metodologia para a realização desse estudo de caso

na VIDIMAX INDUSTRIA E COMÉRCIO DE PLÁSTICOS LTDA, as ferramentas

usadas para desenvolver esse estudo e a disponibilidade para a realização do

mesmo, pode se considerar que a implantação do Controle Estatístico de

Processos nesta empresa se mostrou viável para a avaliação produtiva e

apontamento de parâmetros que podem ser solucionados e, até mesmo,

melhorados no futuro.

64

6 REFERÊNCIAS

BARÇANTE, L. C.; Qualidade Total, uma visão brasileira. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

CAMPOS, V. F.; TQC- Controle de Qualidade Total (No estilo japonês), 2ª ed. Belo Horizonte:

Fundação Christiano Ottoni, 1992.

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2006.

COSTA, A. F.; EPPRECH, E. K.; CARPINETTI, L. C.; Controle Estatístico de Qualidade, 2ª ed.

São Paulo: Atlas, 2012.

EQUIPE ESTATCAMP (2014). Software Action. Estatcamp - Consultoria em estatística e

qualidade: São Carlos URL<http://www.portalaction.com.br> acesso em 07 de abril de 2015.

ISHIKAWA, K.; Controle da Qualidade Total (à maneira japonesa), 6ª ed. Rio de Janeiro-RJ:

Campus, 1993.

MONTGOMERY, D. C.; Introdução ao Controle Estatístico de Qualidade. 4ª Ed. Rio de

Janeiro: LTC, 2012.

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São Paulo: Pioneira, 1997.

SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R., Administração da Produção. São Paulo: Editora

Atlas S.A., 2007.

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RIBEIRO, J. L. D.; CATEN C. T.; Controle Estatísticos de Processos. Porto Alegre: 2000. Apostila

de Curso. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Escola de Engenharia,

Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

ROSÁRIO, M. B.; Controle Estatístico de Processo: um estudo de caso em uma empresa de

eletrodoméstico. 2004

65

SOMMER, W. A.; Apostila Avaliação da Qualidade. Programa de Pós-Graduação em

Engenharia de Produção, Florianópolis: UFSC, 2000.

TAGUE, N. R.; The Quality Toolbox. 2a ed. Milwaukee: ASQ Quality Press, 2005. P. 451.

VIEIRA, S.; Estatística para a Qualidade, 2ª ed. Rio de Janeiro-RJ – Elsevier, 2012.

WECKERNA, C.; Ferramentas Estatísticas Básicas para o Gerenciamento de Processos. Vol

II. Belo Horizonte: Fundação Cristiano Ottoni, 1995

66

7 ANEXOS

Anexo A - Tabela de fatores para a construção de um gráfico de controle

para variáveis

Tamanho

da Amostra Para médias Para desvios padrões Para amplitudes

n A2 A3 B3 B4 d2 D3 D4

2 1,880 2,659 0,000 3,267 1,128 0,000 3,267

3 1,023 1,954 0,000 2,568 1,693 0,000 2,575

4 0,729 1,628 0,000 2,266 2,059 0,000 2,282

5 0,577 1,427 0,000 2,089 2,326 0,000 2,115

6 0,483 1,287 0,030 1,970 2,534 0,000 2,004

7 0,419 1,182 0,118 1,882 2,704 0,076 1,924

8 0,373 1,099 0,185 1,815 2,847 0,136 1,864

9 0,337 1,032 0,239 1,761 2,970 0,184 1,816

10 0,308 0,975 0,284 1,716 3,078 0,223 1,777

11 0,285 0,927 0,321 1,679 3,173 0,256 1,744

12 0,266 0,886 0,354 1,646 3,258 0,283 1,717

13 0,249 0,850 0,382 1,618 3,336 0,307 1,693

14 0,235 0,817 0,406 1,594 3,407 0,328 1,672

15 0,223 0,789 0,428 1,572 3,472 0,347 1,653

16 0,212 0,763 0,448 1,552 3,532 0,363 1,637

17 0,203 0,739 0,466 1,534 3,588 0,378 1,622

18 0,194 0,718 0,482 1,518 3,640 0,391 1,608

19 0,187 0,698 0,497 1,503 3,689 0,403 1,597

20 0,180 0,680 0,510 1,490 3,735 0,415 1,585

21 0,173 0,663 0,523 1,477 3,778 0,425 1,575

22 0,167 0,647 0,534 1,466 3,819 0,434 1,566

23 0,162 0,633 0,545 1,455 3,858 0,443 1,557

24 0,157 0,619 0,555 1,445 3,895 0,451 1,548

25 0,153 0,606 0,565 1,435 3,931 0,459 1,541

Fonte: Montgomery, D. C. Introdução ao Controle Estatístico de Qualidade. 4ª Ed. Rio de Janeiro. LTC,

2012.

67

Anexo B - Valores de k2 para números diferentes de operadores (Estudo

R&R)

Operadores k2

2 1,41

3 1,91

4 2,24

Fonte: Tague, N. R. The Quality Toolbox. 2a ed. Milwaukee: ASQ Quality Press, 2005. P. 451.

Anexo C - Tabela de valores de k3 para números diferentes de peças

Peças k3

2 0,7071

3 0,5231

4 0,4467

5 0,4030

6 0,3742

7 0,3534

8 0,3375

9 0,3249

10 0,3146

Fonte: Vieira, S. Estatística para a Qualidade. 2. ed. Rio de Janeiro. Elsevier, 2012.