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Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Caracterização química e estabilidade oxidativa de produto reestruturado de frango sob a ação de embalagem ativa adicionada de extratos de resíduos agroindustriais Juan Sebastian Serrano León Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Ciência e Tecnologia de Alimentos Piracicaba 2015

Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura ...repositorio.educacionsuperior.gob.ec/bitstream/28000/1741/1/T... · facilitaram o desenvolvimento do meu mestrado. A Prof.a

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Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

Caracterização química e estabilidade oxidativa de produto

reestruturado de frango sob a ação de embalagem ativa adicionada

de extratos de resíduos agroindustriais

Juan Sebastian Serrano León

Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Ciência e Tecnologia de Alimentos

Piracicaba

2015

2

Juan Sebastian Serrano León Químico de Alimentos

Caracterização química e estabilidade oxidativa de produto reestruturado de

frango sob a ação de embalagem ativa adicionada de extratos de resíduos

agroindustriais

versão revisada de acordo com a resolução CoPGr 6018 de 2011

Orientadora: Prof

a. Dra. CARMEN JOSEFINA CONTRERAS CASTILLO

Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Ciência e Tecnologia de Alimentos

Piracicaba

2015

3

A os meus queridos pais,

A minha avó, minha tia

e toda minha família e amigos

DEDICO

4

5

AGRADECIMENTO

A meus pais pelo infinito carinho e apoio incondicional.

A minha avó e minha tia pelo grande carinho e ilusão.

A “Secretaria Nacional de Educación Superior Ciencia Tecnología e Innovación”

(SENESCYT) e ao governo Equatoriano, pelo financiamento, e apoio económico que

facilitaram o desenvolvimento do meu mestrado.

A Prof.a Dra. Carmen Contreras Castillo, pela ajuda e cordialidade prestada desde o

primeiro e-mail de contato até a culminação deste mestrado, além da grande

oportunidade, conhecimentos, ajuda, paciência e amizade adquiridos neste

processo.

A Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz e a Universidade de São Paulo,

pela oportunidade de fazer parte da minha formação, é um orgulho poder ter sido

parte desse seleto grupo de pessoas formadas nesta prestigiosa instituição.

A Prof.a Dra. Kity Yoshida, pela toda a ajuda no desenvolvimento dos filmes ativos e

pela amabilidade, amizade, e conhecimentos prestados desde o dia que tive o

prazer de conhecê-la.

A Prof.a Dra. Sonia, pela grande ajuda com as análises estatísticas.

A os professores Drs. Severino, Cristiana, Solange, Ana e Natalia, pela ajuda com a

rápida correção da minha dissertação.

A o Erick Saldaña pela sua grande ajuda dentro desta pesquisa, além da parceria,

amizade e solidariedade durante esta etapa no Brasil.

A Miriam Selani, pela todas as dicas e ajuda durante o projeto todo, além de ser uma

grande amiga e profissional.

A Kathelyn Araújo pela sua grande amizade, companhia, e por ser minha mestre de

língua portuguesa e por fazer me sentir como em casa.

A Bia, pela grande ajuda prestada com as análises além da sua amizade.

A Bruna, Dario, Melina, pela ajuda durante as análises, processamentos e pela sua

amizade.

A o resto do pessoal do Laboratório de Processamento e Qualidade de Carne,

Mariana, Caio, Clara, Jair, Marcio, pela ajuda e parceria prestada durante este

mestrado.

Ao Vitor, Miriam, Jader, Mario, Andreia pela sua ajuda na correção do português e

pela sua amizade.

6

A os amigos e amigas, Kathy, Maris, Bia, Mima, Bruna, Balue, Daniel, Erick pelas

tantas alegrias e grandes momentos que compartilhamos juntos, que fizeram deste

desafio uma experiência inesquecível.

A o Fabio e Ana Paula pela ajuda prestada além da sempre amabilidade e amizade.

A os funcionários e todos que fizeram e fazem parte do Departamento de

Agroindústria, Alimentos e Nutrição pela ajuda prestada.

A os meus amigos sempre lembrados no Equador, pelo apoio e carinho

incondicional.

E em fim a todos aqueles que fizeram parte desse desafio acadêmico, e experiência

única, que lembrarei pelo resto da minha vida.

Por tudo isso e por muito mais, meu mais profundo agradecimento.

7

“Todo lo que hagas en la vida será insignificante,

pero es muy importante que lo hagas,

porque nadie más lo hará.”

M. Gandhi.

8

9

SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................................... 13

ABSTRACT ............................................................................................................... 15

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 21

2.1 Carne de frango e sua composição ....................................................................... 21

2.2 Oxidação Lipídica ..................................................................................................... 22

2.3 Oxidação lipídica em carne ..................................................................................... 25

2.4 Produtos e efeitos da oxidação lipídica em carne ................................................ 26

2.5 Fatores que favorecem a oxidação lipídica em carne .......................................... 27

2.5.1 Composição da gordura ............................................................................ 27

2.5.2 Oxidação lipídica induzida por luz ............................................................. 27

2.5.3 Oxigênio .................................................................................................... 28

2.5.4 Temperatura ............................................................................................. 28

2.6 Antioxidantes ............................................................................................................ 29

2.7 Mecanismo de reação dos antioxidantes .............................................................. 30

2.8 Antioxidantes sintéticos aplicados em carnes ....................................................... 31

2.9 Antioxidantes naturais aplicados em carnes ......................................................... 33

2.10 Embalagem ativa ..................................................................................................... 36

2.11 Quitosana .................................................................................................................. 38

2.12 Resíduos Agroindustriais ........................................................................................ 39

2.12.1 Película de amendoim ......................................................................................... 41

2.12.2 Pimenta Rosa ....................................................................................................... 41

3 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 43

3.1 Obtenção dos extratos de resíduos agroindustriais de pimenta rosa e película

de amendoim ..................................................................................................................... 43

3.2 Determinação de compostos fenólicos totais. ....................................................... 44

3.3 Preparo da embalagem antioxidante: filmes ativos de quitosana ....................... 44

3.3.1 Caracterização das embalagens antioxidante (filmes ativos de quitosana) .... 45

3.3.2 Espessura ....................................................................................................... 45

3.3.3 Teor de umidade no filme ................................................................................ 46

3.3.4 Taxa de permeabilidade .................................................................................. 46

3.3.5 Solubilidade ..................................................................................................... 46

3.3.6 Propriedades mecânicas ....................................................................................... 47

10

3.4 Avaliações nas amostras de produto de frango reestruturado ............................ 47

3.5 Determinações da concentração ótima de extrato antioxidante de película de

amendoim e pimenta rosa nas embalagens bioativas e aplicação no produto

cárneo ................................................................................................................................. 49

3.5.1 Preparo das amostras (Primeira Etapa) ................................................................ 49

3.5.2 Delineamento experimental .................................................................................... 49

3.6 Avaliação dos efeitos físico-químicos e microbiológicos com adição de extratos

diretamente na massa do produto cárneo e no filme ativo ........................................... 50

3.6.1 Preparo das amostras (Segunda Etapa) ............................................................... 51

3.7 Análise dos experimentos ....................................................................................... 52

3.8 Composição centesimal .......................................................................................... 52

3.9 Cor instrumental ....................................................................................................... 53

3.10 Avaliação do pH ....................................................................................................... 53

3.11 Determinação da oxidação lipídica (TBARS) ........................................................ 53

3.12 Índice de peróxido .................................................................................................... 54

3.13 Análises Microbiológicas ......................................................................................... 55

3.14 Análise sensorial baseado na resposta dos consumidores (Terceira Etapa) .... 56

3.14.1 Preparo das amostras ................................................................................... 56

3.14.2 Teste de aceitação e caracterização sensorial com consumidores .............. 57

3.14.3 Análise de dados sensoriais ......................................................................... 57

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 59

4.1 Teor de compostos fenólicos totais ........................................................................ 59

4.2 Otimização da quantidade de antioxidante adicionada ao filme ativo de

quitosana para retardar oxidação lipídica ....................................................................... 60

4.3 Caracterização dos filmes ativos de quitosana com extrato antioxidante .......... 70

4.4 Composição Centesimal .......................................................................................... 73

4.5 Avaliação do pH ....................................................................................................... 74

4.6 Cor instrumental ....................................................................................................... 75

4.7 Determinação da oxidação lipídica ........................................................................ 77

4.8 Avaliação microbiológica ......................................................................................... 84

4.9 Avaliação sensorial .................................................................................................. 89

4.9.1 Aceitabilidade geral .................................................................................. 89

4.9.2 Caracterização sensorial utilizando perguntas CATA .............................. 90

5 CONCLUSÕES .................................................................................................... 97

11

RECOMENDAÇÕES ................................................................................................. 99

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 101

ANEXOS .......................................................................................................................... 121

12

13

RESUMO

Caracterização química e estabilidade oxidativa de produto reestruturado de frango sob a ação de embalagem ativa adicionada de extratos de resíduos

agroindustriais

A qualidade, aceitabilidade e a vida útil da carne de frango e principalmente seus produtos industrializados, dependem de vários fatores, sendo a oxidação lipídica um dos principais problemas de estabilidade do produto. O crescimento da tendência de consumo de compostos naturais por parte da população mundial e a demanda das indústrias de alimentos para controle da oxidação lipídica, surge como alternativa muito promissora a utilização de antioxidantes naturais. O Brasil, com uma grande produção de produtos vegetais e a economia fortemente baseada na agroindústria gera grandes quantidades de resíduos vegetais, sendo os resíduos de película de amendoim e pimenta-rosa potenciais fontes de antioxidantes. Estes resultados confirmados conforme ensaios preliminares in vitro, uma vez que são ricos em compostos bioativos, como compostos fenólicos. Além disto, a quitosana apresenta-se como uma boa matriz para incorporação de extratos contendo compostos bioativos, além de ter capacidade de formar filmes. Assim, o objetivo do estudo foi desenvolver filmes de quitosana com incorporação de antioxidantes naturais a partir dos extratos de resíduos de película de amendoim e pimenta rosa, e avaliar seu efeito sobre a oxidação lipídica em produto reestruturado de frango. O estudo foi dividido em três etapas: a primeira foi utilização da metodologia de superfície de resposta para determinação de uma concentração ótima de extrato de resíduo agroindustrial que incorporado ao filme de quitosana promova inibição da oxidação lipídica (valor de sustâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico, TBARS). Na segunda etapa, foi avaliada a incorporação da concentração ótima dos extratos diretamente na carne e nos filmes ativos de quitosana, sobre as características físico-químicas (pH, cor instrumental, índice de peróxidos, e valor de TBARS) e microbiológicas dos tratamentos. Na terceira etapa foram avaliadas as características sensoriais e de aceitabilidade dos tratamentos que apresentaram menor oxidação lipídica. Os resultados revelaram que, na primeira etapa foram otimizadas as concentrações dos extratos de resíduos nos filmes ativos de quitosana. Os teores otimizados foram 80 mg de compostos fenólicos totais (CFT) / kg de carne para os resíduos de película de amendoim e de 90 mg CFT / kg de carne para pimenta rosa. Na segunda etapa, ao final do tempo de armazenamento, pode-se observar que não houve diferença significativa (p > 0,05) para os parâmetros de cor, pH e contagem de mesófilos totais. Para oxidação lipídica, todos os tratamentos apresentaram diferença significativa (p < 0,05), quando comparados com o controle. Para contagem de micro-organismos psicrotróficos totais houve diferença significativa para os tratamentos com filme ativo + extratos, quando comparados com os demais tratamentos. Na terceira etapa, os resultados mostraram que não houve diferença significativa na aceitabilidade entre os tratamentos. Adicionalmente também foi realizada uma caracterização sensorial com consumidores usando a metodologia Check-all-that-apply (CATA). Assim pode-se concluir que foram desenvolvidos filmes ativos de quitosana com adição de extratos de resíduos agroindustriais, com exelente potencial na atividade antioxidante e antimicrobiana em produtos carneos, sem influenciar na aceitabilidade sensorial.

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Palavras-chave: Filme ativo; Quitosana; Extrato de película de amendoim; Extrato de pimenta rosa; Oxidação lipídica; Carne de frango

15

ABSTRACT

Chemical and oxidative stability of restructured chicken product stored under active packaging with addition of agro-industrial residues extracts Quality, accessibility, shelf life of chicken meat and mainly of its processed

products depends on several factors, wherein lipid oxidation is a major stability product problem. The growth of the consumption trend of natural compounds by the world's population, and the demand from the food industry to control lipid oxidation appear as a very promising alternative to the use of natural antioxidants. Brazil, with a large production plant products and a strong economy based on agro-industry generates large amounts of crop residues where peanut shells and pink pepper residues are potential sources of antioxidants. According to preliminary in-vitro tests of these residues, these are rich in bioactive substances such as phenolic compounds. Moreover, chitosan presents itself as a good matrix for incorporation of extracts containing bioactive compounds, in addition to having the ability to form films. The aim of this study was to develop chitosan films incorporating natural antioxidants from peanut shells and pink pepper residues extracts, as well as to evaluate their effect on the lipid oxidation of a chicken restructured product. The study was divided into three stages: first was the use of response surface methodology to determine an optimal concentration of agro-industrial waste extract, which was incorporated into the chitosan film to promote inhibition of lipid oxidation (as an amount of reactive substances to thiobarbituric acid, TBARS). The second stage evaluated the incorporation of this optimal concentration of extracts applied directly in both the meat and the chitosan active films, in relation to the physical-chemical (pH parameters, instrumental color, peroxide value, and TBARS value) and microbiological characteristics of the treatments. The third stage evaluated the sensory characteristics and acceptability of treatments that had a lower lipid oxidation. The results revealed that the first stage optimized the concentrations of extracts from residues into the active chitosan films. The optimized concentration was 80 mg of total phenolic content (TPC) / kg of meat for peanut shells residue extract, and 90 TPC mg / kg of meat for the pink pepper extract. On the second stage, at the end of the storage time, it can be seen that there was no significant difference (p > 0.05) in parameters like color, pH and total mesophylls counts. For the lipid oxidation parameters, all treatments showed significant differences (p < 0.05) when compared with the control treatment. The microbial count of total psychrotrophic microorganisms showed significant differences for treatments with active films + residues extracts when compared with the other treatments. In the third stage, the results showed no significant difference in acceptability between treatments. Additionally, a sensory characterization with consumers using the Check-all-that-apply (CATA) methodology was also performed. Thus, it was concluded that the development of active chitosan films incorporated with extracts of agro-industrial waste was possible, which possess an antioxidant and antimicrobial potential activity without altering the sensory acceptability of the final product.

Keywords: Active film; Chitosan; Peanut shells extract; Pink pepper extract; Lipid

oxidation; Chicken meat

16

17

1 INTRODUÇÃO

A carne é considerada um dos alimentos mais importantes na dieta humana

devido ao seu alto valor nutritivo. A carne de frango se destaca pela grande

aceitação do consumidor, e isso ocorre em função do seu sabor agradável, baixo

conteúdo de gordura saturada, maciez e baixo custo, além de ser uma importante

fonte de proteínas ricas em aminoácidos essenciais (CAVA, 2007). A carne de

frango é a segunda mais consumida no mundo e, no Brasil, a avicultura é uma

atividade que tem crescido e ganhado importância nas últimas décadas. Em 2013, o

consumo per capita no Brasil chegou a 45,7 kg/ano (UNIÃO BRASILEIRA DE

AVICULTURA, 2014), sendo que a produção alcançou 12.770 milhões de toneladas,

0,98% a mais que o registrado em 2012. As exportações em 2014 foram de 3,995

milhões de toneladas, representando um crescimento de 2,6% em relação ao ano

anterior (PORTAL DA AVICULTURA, 2015).

No entanto, a carne de frango apresenta alguns problemas de conservação,

sendo a oxidação lipídica um dos principais fatores que afetam a sua qualidade, vida

útil e aceitabilidade pelos consumidores (SELANI et al., 2011). Como consequência

da oxidação lipídica, ocorrem alterações das características sensoriais, qualidade

nutricional, e a segurança do alimento, pela formação de compostos poliméricos

potencialmente tóxicos à saúde humana (SILVA; BORGES; FERREIRA, 1999).

Durante muito tempo, se buscou desenvolver estratégias para evitar a

deterioração oxidativa que acontecem em produtos cárneos. A maior parte dessas

estratégias tem como objetivo limitar a entrada do oxigênio aos componentes da

carne que são susceptíveis aos processos de oxidação como lipídeos e proteínas.

Paralelamente, vem se desenvolvendo técnicas e metodologias de armazenamento

dos produtos cárneos, como embalagem a vácuo e atmosfera modificada, com a

finalidade de evitar fenômenos de oxidação no produto final (PETTERSEN et al.,

2004; LUND et al., 2011). Uma das maneiras de prevenir a oxidação na carne ou

produto cárneo é o uso de antioxidantes.

Neste contexto, para prevenir ou retardar a oxidação lipídica, a indústria de

produtos cárneos tem utilizado aditivos sintéticos com propriedades antioxidantes

(RAMALHO; JORGE, 2006). Entretanto, o uso destes tem despertado preocupação

quanto às suas doses de segurança e toxicidade, devido às pesquisas que indicam

possíveis riscos à saúde relacionados ao seu consumo quando utilizados em

grandes quantidades (NANTITANON et al., 2010). Atualmente, tem aumentado o

18

interesse por antioxidantes naturais de extratos vegetais, aliado a proibição de

antioxidantes sintéticos em alimentos pela comunidade europeia. Os antioxidantes

sintéticos mais utilizados pela indústria de alimentos têm despertado preocupação

quanto às doses de segurança e toxicidade, pois podem estar envolvidos com

muitos riscos à saúde quando utilizados em grandes quantidades, (BARREIROS;

DAVID, 2006; MOHDALY et al., 2010; BREWER, 2011). Extratos de frutas, vegetais,

cereais, sementes e seus resíduos, são ricos em antioxidantes naturais como o

ácido ascórbico, tocoferóis, carotenoides e em compostos fenólicos (WOLFE; WU;

LIU, 2003; MANACH et al., 2005) que podem ser utilizados como fonte de

antioxidantes naturais.

Nos últimos anos novas tecnologias de embalagem estão sendo desenvolvidas

para melhorar a preservação, qualidade e segurança dos produtos alimentícios,

dentre destas estão às embalagens ativas. Muitos estudos têm sido publicados

sobre o desenvolvimento destas embalagens, principalmente para aplicação em

alimentos (MANSO et al., 2013), por meio da aplicação de filmes antimicrobianos

(OUATTARA et al., 2000; CAGRI et al., 2001) e filmes antioxidantes (BOLUMAR et

al., 2011), as quais têm mostrado bons resultados. Segundo Kannat et al. (2012), a

embalagem ativa é uma tecnologia promissora na área de alimentos visando o

aumento de vida de prateleira, com destaque na área de carnes.

As elevadas taxas de produção de resíduos agroindustriais gerados a partir de

vegetais e a importância dos antioxidantes naturais para o controle da oxidação

lipídica em alimentos e para saúde da população, torna-se importante estudos nesta

área. Assim, a incorporação de extratos obtidos de resíduos agroindustriais de

amendoim, pimenta-rosa em embalagens ativas para retardar a oxidação lipídica de

produto reestruturado de frango, pode fornecer subsídios para aplicação e

substituição de aditivos sintéticos na indústria de alimentos.

Diante do exposto, os objetivos desse estudo foram:

Desenvolver e caracterizar as embalagens ativas pela a incorporação de

extratos de resíduos agroindustriais brasileiros em filmes de quitosana.

Determinar uma concentração ótima de extratos de película de

amendoim e pimenta rosa no filme ativo a ser aplicado sobre o produto

reestruturado de frango para diminuir a oxidação lipídica.

Avaliar química, física e microbiológicamente a carne de frango crua

com aplicação dos extratos de película de amendoim, pimenta rosa

19

incorporada na massa cárnea e no filme ativo de quitosana como

revestimento.

Caracterizar sensorialmente e hedônicamente os tratamentos que

apresentem menor oxidação lipídica.

20

21

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Carne de frango e sua composição

A carne de frango é umas das carnes mais consumidas no mundo. O alto

rendimento de crescimento do frango e o custo relativamente barato da carne

aumentou seu consumo mundial. O Brasil é o terceiro maior produtor de carne de

frango no mundo, e no ano de 2013 chegou a uma produção de 26 bilhões de

toneladas de carne de frango (FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF

THE UNITED NATIONS, 2015). Em 2013, o consumo per capita no Brasil chegou a

45,7 kg/ano (UNIÃO BRASILEIRA DE AVICULTURA, 2014), sendo que a produção

no mesmo ano alcançou 12.770 milhões de toneladas, 0,98% a mais que o

registrado em 2012. As exportações em 2014 foram de 3,995 milhões de toneladas,

representando crescimento de 2,6% em relação ao ano anterior (PORTAL DA

AVICULTURA, 2015).

A carne encontra-se constituída por fibras musculares que estão agrupadas

pelo tecido conectivo, através do qual passam vasos sanguíneos e nervos. As fibras

musculares estão recobertas por proteína solúvel em água e outros compostos

nitrogenados além de sais minerais. A porção comestível da carne é composta,

principalmente, pelas proteínas actina e miosina com pequenas porções de

colágeno, elastina e reticulina (KIRK; SAWYER; EGAN,1996).

A composição básica da carne varia muito entre os diferentes tipos de corte,

assim como também dependendo da raça, tipo de alimentação e idade do animal. A

carne de frango sem pele e colágeno possui em média 74 a 78 % de água, 19 a 24

% de proteína e de 1 a 5 % de gordura, dependendo do corte (KIRK; SAWYER;

EGAN,1996). Em termos gerais, a gordura deste tipo de carne possui maior

quantidade de ácidos graxos insaturados (10-15% do total de ácidos graxos), que as

carnes bovinas e caprinas, além de uma notável presença de ácidos graxos poli

insaturados. O ácido linoleico (18:2) é ácido graxo predominante, seguido do alfa

acido linoleico (VALSTA; TAPANAINEN; MANNISTO, 2005). Outros ácidos graxos

como o ácido mirístico (14:0), ácido palmítico (16:0), ácido cis palmitoleico (16:1),

ácido linoleico (18:1), ácido oleico (18:0) ácido linolênico (18:3), ácido araquidônico

(20:4), também podem ser encontrados na carne de frango (WOOD et al., 2002;

ENSER, 1996). Estudos demonstraram que a composição de ácidos graxos da

gordura presente em coxas e sobrecoxa de frango são aproximadamente de 18:1 n-

22

9 (35,2%) 18:1 n- 7 (4,8%), 18:2 n-6 (12,4%), 20:4 n-6 (2,2%), 18:3 n-3 (0,7%), 20:5

n-3 (0,3%), 22:5 n-3 (0,4%) e 22:6 n-3 (0,4%) (KARTIKASARI et al.2012).

2.2 Oxidação Lipídica

As gorduras dos alimentos se encontram principalmente formadas por

triacilglicerois e em menores quantidades de di e monoacilglicerois, fosfolipídios,

ácidos graxos livres entre outros materiais gordurosos não insaponificáveis. A

oxidação lipídica é a principal reação de deterioração da gordura contida em um

alimento. Este processo se caracteriza pela autooxidação dos ácidos graxos que se

encontram dentro dos alimentos, enquanto maior quantidade de ácidos graxos

insaturados tem a gordura o nível de rancidez será mais elevado.

Sensorialmente a decomposição da gordura de um alimento ocasiona “off-

flavor” que é o odor desagradável de ranço, característico de gordura oxidada, típico

de alimentos ricos em ácidos graxos insaturados (HAMILTON, 1994). A oxidação

lipídica gera uma perda de qualidade nutricional e sensorial do alimento como cor,

sabor, odor, perda de vitaminas e segurança alimentar do produto (SHAHIDI;

JANITHA; WANANSUDARA, 1992).

Quando o oxigênio que se encontra na atmosfera ou se encontra dissolvido

no produto entra em contato com o sítio mais reativo de uma molécula triglicerídea,

dá-se o início da reação de oxidação lipídica. Quimicamente, os sítios mais reativos,

são os carbonos alfa que encontram-se do lado de uma dupla ligação (REGITANO-

D’ARCE, 2006). A reação de autooxidação é uma reação em cadeia gerada pelos

radicais livres formados a partir da oxidação de um ácido graxo insaturado.

A oxidação lipídica é iniciada pelo radical hidroxila que capta um hidrogênio

do grupo metileno adjacente das duplas ligações em um ácido graxo (Figura 1). O

ácido graxo pode fazer parte de um triglicerídeo, ou de um fosfolipídio ou

esterificado a um grupo –OH do colesterol numa lipoproteína. Esse processo origina

a um radical lipídico instável, no qual sofre um reordenamento de duplas ligações e

mais a adição do oxigênio molecular forma o radical peroxil. O radical peroxil pode

reagir com o grupo acila do ácido graxo vizinho e assim começa uma reação em

cadeia, dando início ao processo de peroxidação. A reação em cadeia poderia

terminar eventualmente devido a formação de um hidroperóxido lipídico. (JAIRAM;

UCHIDA; NARAYANASWAMI, 2012).

23

Figura 1 - Peroxidação lipídica. O processo pode ser dividido em três etapas: iniciação, propagação e terminação; São apresentados os segmentos com as duplas ligações. Sendo:

RH = ácido graxo R. = radical de ácido graxo ROO. = radical peróxido ROOH = hidroperóxido Fonte: Adaptado de JAIRAM, I UCHIDA NARAYANASWAMI (2012)

A primeira etapa da oxidação lipídica, denominada iniciação, pode ter início

pela presença de compostos e radicais endógenos (H2O2, ROOH e radicais -O2,

ROO-, -OH), ou exógenos (NOx, SO3-,). Assim também pelo efeito de luz UV,

radiação, íons metálicos e temperatura (SIMIC et al., 1992), a iniciação que é

caracterizada pela captação de um átomo de hidrogênio do grupo carbonila mais

próximo da dupla ligação causado por alguns desses compostos e fatores. Segundo

Schafer e Buettner (2000) outro fator importante que pode melhorar as reações de

oxidação lipídica é a redução do pH na presença de ferro, já que é um catalisador

desta reação aumentando sua solubilidade nas células. Os íons metálicos

(especialmente de metais polivalentes) apresentam características catalíticas a

través de reações de oxidação ou redução de hidroperóxidos (Figura 2) (WATERS,

1971).

24

Figura 2 - Reações de oxidação (a) e redução (b) catalítica dos hidroperóxido por efeito do ferro (2

+,3

+).

Fonte: Adaptado de El Baky e El-Baroty (2013)

A segunda etapa de oxidação lipídica é a chamada de propagação que

geralmente começa quando um oxigênio molecular é adicionado a um radical livre

R· para formar o radical livre ROO·, logo esse radical (ROO·), subtrai um hidrogênio

a partir de um RH, para formar um ROOH e um novo radical (RO·), este processo é

o que limita a velocidade da etapa de propagação (PORTER; CALDWELL; MILLS,

1995).

Os passos da etapa de propagação em cadeia de radicais livres são mais

complexos que processos de transferência e adição de elementos, pois incluem

acoplamento de radicais com o oxigênio (Figura 3a), transferência de átomo ou

grupo funcional (3b), a fragmentação (3c), o rearranjo (3d), ou ciclização (3e)

(HOWARD, 1973).

Figura 3 - Reações de propagação na auto-oxidação de lipídeos Fonte: Adaptado de Porter, Caldwell, Mills, (1995)

A etapa de término da oxidação lipídica inicia-se com o esgotamento dos

substratos. Para isto, as reações de propagação terminam e começa a formação de

produtos finais mais estáveis. As reações de radicas terminam quando dois radicais

reagem formando um composto não radical. Os radicais dos hidroperóxidos (RO2•)

25

podem reagir ainda com outros radicais de hidroperóxidos (reação a, Figura 4),

como outros radicas livres alquila (R•) (reação b, Figura 4), ou sofrer reações de

polimerização, reações químicas características da etapa de término da oxidação

lipídica, (KUBOW, 1992). Esses hidroperóxidos produtos do término da oxidação

lipídica sofrem rupturas e decomposição, para gerar compostos menores como

álcoois, aldeídos, cetonas, ésteres e outros hidrocarbonetos, produtos de elevado

peso molecular resultantes de reações de dimerização (principalmente) e

polimerização (reação c, Figura 4), (ESTERBAUER, 1993).

Figura 4 - Reações da fase da terminação da oxidação lipídica Fonte: C. FERRARI, 1998

2.3 Oxidação lipídica em carne

A oxidação lipídica é um dos problemas mais comuns em carne uma vez que

gera perda de propriedades sensoriais e mudanças bioquímicas por influência da

luz, oxigênio, temperatura, fatores tecnológicos (moagem, cocção, adição de sais,

etc.) e micro-organismos. A deterioração da carne é principalmente produzida pela

oxidação de lipídios polinsaturados das membranas celulares, que também causam

oxidação dos pigmentos proteicos da carne produzindo mudanças na cor

(ANDERSEN et al. 2003).

A carne bovina é a carne que possui a gordura mais saturada, pois sua

composição conta com 50 % de ácidos graxos saturados, o que a faz uma carne que

demora mais para oxidar, enquanto a carne suína e a de frango possuem mais de

60% de ácidos graxos insaturados, que as tornam mais susceptíveis à oxidação

lipídica (YÚFERA, 1998a, b). A oxidação lipídica em carne em geral, gera alterações

como: perda por gotejamento, descoloração, começo de odores e sabores estranhos

(off odour e off flavour), e produção de compostos tóxicos (MORRISSEY et al., 1994;

GRAY et al., 1996).

A oxidação lipídica na carne começa desde as primeiras etapas de obtenção,

desde o pré-abate, pôs-abate, e processamento. As mudanças bioquímicas durante

26

o pré-abate e pós-abate vão depender de alguns fatores, tais como a idade, espécie,

condições do abate e estresse do animal na etapa de pré-abate e eventos como pH

da carcaça, temperatura, encurtamento pelo frio das fibras musculares e técnicas

aplicadas de amaciamento, como a estimulação elétrica que podem submeter a

modificações na oxidação lipídica na etapa pós-abate. (BUCKLEY; MORRISSEY;

GRAY, 1995).

Segundo Morrissey (1998), na etapa pôs-abate no processo de conversão de

músculo em carne é o momento em que começa a deterioração lipídica. Reações

típicas da etapa post-mortem que favorecem o início da oxidação lipídica tais como:

parada da circulação de sangue e nutrientes, início de metabolismo anaeróbico,

queda do pH, interrupção do sistema antioxidante preventivo enzimático, onde o

retículo endoplasmático libera o cálcio, proteinases dependentes do cálcio começam

a degradação proteica, ferro quelante de peso molecular baixo é liberado, dando

inicio as reações de oxidação lipídica nas membranas celulares.

Diferentes estudos têm demonstrado que a quantidade de iões metálicos, tais

como os compostos de ferro heme, cobre, zinco, metais pesados que estejam

presentes nas enzimas e metaloproteínas ou aqueles que têm migrado a partir das

máquinas de processamento, seja por abrasão ou devido ao ácido ou dissolução de

metais poderiam promover um aumento na taxa de velocidade de oxidação na

carne, acelerando o processo de deterioração (JACOBSEN et al., 2008).

Além dos processos bioquímicos típicos, qualquer tipo de processamento

mecânico, como desossa, moagem, cocção, podem alterar as estabilidade das

membranas musculares da carne, facilitando interações pró-oxidantes dos ácidos

graxos insaturados e favorecendo os processos oxidativos (OLIVO, 2006).

2.4 Produtos e efeitos da oxidação lipídica em carne

Produtos da oxidação lipídica também têm sido associados com a

fisiopatologia de algumas doenças, incluindo aterosclerose, e diabetes (OLKKONEN;

LEHTO, 2004; JAVITT, 2008).

Um dos compostos que é determinante para avaliar estado oxidativo de uma

amostra, é o malonaldeído, que é um dialdeído de três carbonos. Este composto é

um dos aldeídos junto com o hexanal, pentanal, 4 hidroxinonenal que são produtos

da quebra dos hidroperóxidos resultantes da oxidação lipídica. A quantificação do

27

malonaldeído é relevante para produtos cárneos, principalmente nos que incluam

processos de moagem, mistura e cocção, pois favorecem a formação deste

composto, sendo um teste fundamental para avaliação da qualidade do produto final

(OSAWA; FELICIO; GONÇALVES, 2005).

2.5 Fatores que favorecem a oxidação lipídica em carne

2.5.1 Composição da gordura

A composição química da gordura do produto ou matéria prima de uma

determinada amostra afeta diretamente a velocidade de oxidação lipídica. Fatores

como a quantidade de ácidos graxos insaturados e, número de insaturações por

ácido graxo, são variáveis que afetam diretamente a oxidação lipídica. Existem

outras variáveis que afetam esse processo, tais como a posição da dupla ligação,

que influencia o processo de absorção de oxigênio, isômeros cis, que são mais

susceptíveis à oxidação, bem como os ácidos graxos na posição beta do

triglicerídeo, que estão mais protegidos contra oxidação lipídica (REGITANO-

D’ARCE, 2006).

2.5.2 Oxidação lipídica induzida por luz

A luz é um dos fatores que podem favorecer a velocidade de reação da

oxidação lipídica. A luz ultravioleta é uma das mais prejudicais para estabilidade

oxidativa, atuando e catalisando as reações dos ácidos graxos insaturados auto-

oxidados. A luz UV acelera a quebra dos hidroperóxidos, liberando, radicais livres,

que continuam a reação em cadeia de peroxidação. A luz do espectro visível possui

forma similar de atuação, porém existe a necessidade de compostos fotoquímicos

pró-oxidantes, tal como a clorofila, para acelerar a quebra dos hidroperóxidos

(REGITANO-D’ARCE, 2006).

A luz também pode produzir um efeito de foto-oxidação, o qual não atua

diretamente nos ácidos graxos, e sim no oxigênio presente na amostra. A luz tem a

capacidade de converter a configuração eletrônica do oxigênio molecular ao seu

estado fundamental. Em outras palavras, a absorção de energia proveniente da luz

transforma a estrutura em um oxigênio triplete (3O2), a um estado mais reativo de

oxigênio singlete 1O2. Nessa configuração, o oxigênio atua sobre os lipídios da

amostra, gerando outros oxigênios em estado singlete, como aqueles que possuem

os hidroperóxidos (BELITZ; GROSCH, 1999).

28

2.5.3 Oxigênio

O oxigênio é o elemento fundamental no processo de oxidação lipídica. Sua

presença pode estar ligada ao emprego de embalagens, como à vácuo, sachês

absorvedores de oxigênio, atmosfera inerte (nitrogênio), além de materiais com

baixa permeabilidade ao oxigênio, que podem ser opções recomendáveis para

incrementar a vida de prateleira dos produtos (REGITANO-D’ARCE, 2006).

A utilização de atmosferas modificadas em carne consiste em uma tecnologia

muito comum na área de preservação. As atmosferas mais utilizadas para embalar

carne contem alto teor de oxigênio, objetivando a preservação da estabilidade da cor

da carne (JEREMIAH, 2001), embora a presença desse elemento possa acelerar os

processos oxidativos da carne (ABUJA; ALBERTINI, 2001).

2.5.4 Temperatura

A temperatura é um parâmetro físico que tem incidência direta sobre as

velocidades das reações químicas e bioquímicas na natureza. No processo de

oxidação lipídica não é diferente: a velocidade da reação entre o oxigênio molecular

e lipídeos é diretamente proporcional ao aumento da temperatura (NAWAR, 1996).

Estima-se que a cada 15°C de aumento da temperatura, a velocidade de reação

dobra. Tal fator é explicado pelo fato de que um aumento inicial de temperatura

acelera dois fatores: as reações de propagação em cadeia e a decomposição dos

peróxidos, resultando em aumento nas concentrações de radicais livres disponíveis,

tanto para o inicio quanto para a disseminação das cadeias de reação (REGITANO-

D’ARCE, 2006).

O processo de cozimento gera aumento significativo na oxidação lipídica em

carnes (BERTELSEN; JENSEN; SKIBSTED, 2000). A aceleração das reações de

oxidação lipídica, depois do cozimento, é atribuída às modificações induzidas pelo

calor em componentes do músculo, inclusive a alteração do compartimento celular e

a exposição dos lipídios das membranas a um ambiente pró-oxidativo, ativação

térmica e liberação do ferro livre catalítico da mioglobina. Ao contrario do cozimento,

o armazenamento em temperaturas baixas gera declínio das reações químicas,

bioquímicas e microbiológicas, ajudando assim a conservar as características do

produto (KRISTENSEN; ANDERSEN, 1997; MONAHAN, 2000).

29

2.6 Antioxidantes

O termo antioxidante vem sido atribuído, geralmente, a toda sustância que,

quando em baixas concentrações, em relação à concentração do substrato oxidável,

tem por função regenerar o substrato oxidável, regenera o substrato ou previne

significativamente a oxidação do mesmo (GODIC et al., 2014). Nesse contexto, ao

reagir com o radical livre, o antioxidante cede um elétron, oxidando-se e se

transformando num radical débil, não possuindo efeitos tóxicos (HALLIWELL, 1990).

Os antioxidantes impedem a formação de radicais livres ou espécies reativas de

oxigênio, atuando como um sistema de prevenção. Porém, outras, substâncias, além

de realizarem essa inibição, favorecem a recuperação e reconstituição das

estruturas biológicas lesionadas (ARMENTEROS et al. 2012).

A atividade antioxidante pode ser efetivada por diferentes processos como,

inibição de reações de oxidação de radicais livres; inibição da formação de radicais

livres; interrupção das reações em cadeia da fase propagação na auto-oxidação

lipídica; ativação do oxigênio singlete; agentes redutores de hidroperóxido, gerando

compostos mais estáveis; quelantes de metais de transição, como o ferro; inibidor de

enzimas pro-oxidantes. (MIN; BOFF, 2002; POKORNY´, 2007; KANCHEVA, 2009).

O uso de antioxidantes na indústria de alimentos tem importância na

preservação das características típicas de cada alimento, como o sabor, cor e odor.

Desta forma, o uso de antioxidantes na indústria alimentícia vem crescendo, sendo

que estas substâncias podem ser sintéticas ou naturais (MOURE et al. 2000). Além

disso, se somarmos a alta eficiência de antioxidantes naturais (como por exemplo os

tocoferóis), além da crescente preocupação dos consumidores pela segurança

alimentar, cria-se a necessidade de identificar fontes alternativas naturais e de

antioxidantes alimentares mais seguros (WANASUNDARA; SHAHIDI, 1998).

A atividade antioxidante dos compostos fenólicos presentes em frutas,

vegetais e especiarias deve-se principalmente às propriedades redox e a estrutura

química que podem atuar como agentes redutores, eliminando radicais livres ou

como agentes quelantes de metais (RICE-EVANS et al., 1997). Além disso, alguns

desses compostos fenólicos podem regenerar outros antioxidantes e atuar de forma

sinérgica (PEDRIELLI; SKIBSTED, 2002).

30

2.7 Mecanismo de reação dos antioxidantes

Dentro da classificação dos antioxidantes existem três componentes

principais, que têm como função direta eliminar a formação de radicais livres:

antioxidantes, eliminadores de radicais livres e quelantes. Deve-se destacar que os

antioxidantes e eliminadores de radicais livres podem ser considerados usualmente

como sinônimos (porém nem sempre são utilizados com essa nomenclatura).

Somado aos antioxidantes diretos, existem mais dois importantes grupos de

inibidores de radicais livres: as enzimas antioxidantes e compostos com ação

antioxidante indireta. Esse último atua na formação de radicais livres na via indireta,

por exemplo, inibindo ação de enzimas pro-oxidantes (EVENGENY; DENISOV;

AFANAS´EV, 2005b).

Os inibidores de radicais livres diretos eliminam a formação de radicais livres

reagindo para formar radicais inativos ou quelando cataliticamente com metais de

transição ativos para formar complexos inativos (EVENGENY; DENISOV;

AFANAS’EV, 2005a). Em alimentos, nas reações 1 e 2, apenas os antioxidantes

com grupos fenólicos participam, produzindo radicais fenoxi estabilizados por

ressonância. Os radicais fenoxi do antioxidante perdem a capacidade de “reparar”

cadeias de ácidos graxos insaturados quando cedem o hidrogênio (H). Apesar disso,

os compostos ainda tem a capacidade de capturar radicais alcoxi ou peroxi (reações

3 e 4), formando compostos mais estáveis e interrompendo a propagação na

oxidação lipídica (BELITZ,1999).

𝑂𝐻⦁ + 𝐴𝑛𝑡𝐻 → 𝐻2𝑂 + 𝐴𝑛𝑡⦁ Reação 1

𝑅𝑂𝑂⦁ + 𝐴𝑛𝑡𝐻 → 𝑅𝑂𝑂𝐻 + 𝐴𝑛𝑡⦁ Reação 2

𝑅𝑂⦁ + 𝐴𝑛𝑡⦁ → 𝑅𝑂𝐴𝑛𝑡 Reação 3

𝑅𝑂𝑂⦁ + 𝐴𝑛𝑡⦁ → 𝑅𝑂𝑂𝐴𝑛𝑡 Reação 4

Estudos realizados por Kirsch e De Groot (2001), demonstraram que os

antioxidantes possuem também função “reparadora” de biomoléculas, pela interação

da formação de radicais livres com os antioxidantes. Os autores acreditavam que a

31

função “reparadora” dos antioxidantes era mais importante que a própria ação na

eliminação de radicais livres.

𝑅𝑂𝑂⦁𝑜𝑢 𝐻𝑂⦁ + 𝑅𝐻 → 𝑅𝑂𝑂𝐻 𝑜𝑢 𝐻2𝑂 + 𝑅⦁ Reação 5

𝑅⦁ + 𝐴𝑛𝑡𝐻 → 𝑅𝐻 + 𝐴𝑛𝑡⦁ Reação 6

As reações 5 e 6 podem acontecer em sistemas biológicos, mas é difícil de

estimar a sua importância, justamente porque sempre haverá uma competição entre

a função de reparação e a reação radical livre pelo oxigênio molecular (Reação 5).

Se as constantes de velocidade da reação 7 forem muito maior em várias ordens de

magnitude que a da reação 6, a probabilidade da função “reparadora” do

antioxidante será muito pequena (EVENGENY; DENISOV; AFANAS´EV, 2005c).

𝑅⦁ + 𝑂2 → 𝑅𝑂𝑂⦁ (𝑅𝑂𝑂⦁ + 𝐴𝑛𝑡𝐻 → 𝑅𝑂𝑂𝐻 + 𝐴𝑛𝑡⦁) Reação 7

2.8 Antioxidantes sintéticos aplicados em carnes

Os fenômenos de oxidação na carne e produtos cárneos podem ser reduzidos

com a adição de ingredientes sintéticos ou naturais com potencial antioxidante, que

tenham a capacidade de eliminar os radicais livres e, assim, finalizar a cadeia de

reações que iniciam os processos oxidativos. A utilização de antioxidantes na

indústria cárnea é de grande importância porque durante o processamento ocorrem

vários fenômenos oxidativos que podem promover mudanças em suas

características, tais como cor, sabor, aroma e textura que vão alterar a qualidade

organoléptica do produto (KANNER, 1994; GRAY et al., 1996).

Tradicionalmente, a indústria de produtos cárneos utilizam vários tipos de

antioxidantes sintéticos como um método eficiente e econômico para diminuir a

aparência de fenômenos oxidativos e, assim, minimizar a produção de odores e

sabores desagradáveis, perda de vitaminas ou aminoácidos no produto pronto

(LAGUERRE et al., 2007). Os antioxidantes sintéticos mais utilizados são o butil-

hidroxi-anisol, o E-320 (BHA), butil-hidroxi-tolueno, o E-321 (BHT), o galato de

propilo (PG) e a terbutil-hidroquinona (TBHQ) (Figura 5), (SHAHIDI et al., 1987).

Porém, existem uma limitação nas quantidades específicas desses antioxidantes e

32

ainda podem apresentar inconvenientes, pois são bastante voláteis e de fácil

decomposição em temperaturas altas (AHN et al., 2007).

Figura 5 - Antioxidantes sintéticos comerciais utilizados na indústria de alimentos. a. Butil hidroxitolueno b. butil hidroxianisol c. galato de propilo d. tercbutil hidroxiquinona e. etoxiquina f. ácido cítrico g. ácido tartárico

O emprego dos antioxidantes é questionado do ponto de vista da segurança

alimentar. Diversos estudos clínicos têm comprovado o efeito tóxico destes aditivos

sintéticos. Esses produtos têm sido fortemente regulados e restringidos em muitos

países, justamente pela comprovação que níveis altos de BHT, BHA e TBHQ, que

podem atuar como agentes promotores de doenças ou como teratógenos e produzir

aumento significativo do tamanho do fígado (hepatomegalia) e marcante proliferação

do retículo endoplásmico (VAN ESCH, 1996).

Na obtenção de alguns produtos cárneos e especificamente produtos cozidos,

como os presuntos, geralmente são adicionados antioxidantes sintéticos como o

BHA ou o BHT (LAGARES; FREIXENET, 1991). Dado esse fato, adicionou-se leis

de segurança alimentar, que começaram a serem mais restritivas e paralelamente,

teve um aumento da demanda de consumidores por produtos “mais naturais”. Isto

gerou interesse por parte da indústria cárnea pela procura de antioxidantes de

33

origem natural que tenham capacidade antioxidante nas reações de oxidação na

carne e seus derivados.

2.9 Antioxidantes naturais aplicados em carnes

As principais substâncias de origem natural com capacidade de diminuir os

fenômenos oxidativos de lipídeos e proteínas são: especiarias, frutos, extratos

vegetais e produtos derivados de sementes oleaginosas, entre outros (SÁNCHEZ-

ESCALANTE et al., 2003). Os antioxidantes naturais podem ser classificados em

função de seu valor nutritivo ou de acordo com a sua solubilidade. Dentro desse

último podemos diferenciar os antioxidantes em: antioxidantes hidrofóbicos (vitamina

E e carotenoides) ou hidrofílicos (vitamina C e compostos fenólicos). Dentro dos

antioxidantes hidrofóbicos, a vitamina A pertencente ao grupo dos carotenoides e a

um conjunto de compostos fenólicos conhecidos como tocoferóis (Figura 6). O alfa

tocoferol é o mais comum e biologicamente o que tem maior ação vitamínica, é um

antioxidante lipofílico que está localizado nas membranas celulares, cuja absorção e

transporte estão vinculados com o transporte dos lipídeos. (TRABER; ATKINSON,

2007).

Figura 6 - Estruturas da vitamina E, e estrutura base dos compostos fenólicos.

Os carotenoides (Figura 7) são os responsáveis por grande parte das cores

amarelas, laranjas ou vermelhas nos alimentos vegetais e também das cores laranja

de vários alimentos de origem animal. Alguns atuam como antioxidantes do

organismo, protegendo-o frente aos radicais livres. Os mecanismos de ação,

biodisponibilidade e o poder antioxidante ainda estão sendo questionado (KRINSKY,

1989).

34

Figura 7 - Estrutura química dos carotenoides.

Dentro dos antioxidantes hidrofílicos tem-se, a vitamina C (ácido ascórbico) e

os polifenóis (compostos fenólicos) (Figura 8). A vitamina C é um importante

antioxidante hidrossolúvel que atua potencializando os efeitos de outros

antioxidantes, como a vitamina E. Suas principais funções são neutralizar o oxigênio

(O2), capturar radicais hidroxilas e aníons superóxido, além de regenerar a forma

oxidada da vitamina E, atuando de forma sinérgica com a mesma. Além disso, é

comprovado que existe melhor absorção, se na formulação contiverem vitamina E

(SHEKELLE, et al., 2003).

35

Figura 8 - a. Estrutura química da vitamina C. b. Estrutura química de alguns compostos fenólicos.

Existe grande variedade de compostos fenólicos ou polifenóis, que são

componentes naturais de plantas, frutos e verduras. Uma grande quantidade é

procedente majoritariamente das plantas e tem demonstrado ter propriedades

antioxidantes contra a oxidação de lipídeos e proteínas em óleos, carne, peixes e

sistemas modelos cárneos (ESTÉVEZ et al., 2007). Vários autores têm demonstrado

que alguns frutos e vegetais são boa fonte de antioxidantes naturais, devido ao

conteúdo de flavonóides e ácidos fenólicos (GIL et al., 2002; PANTELIDIS et al.,

2007).

A utilização de antioxidantes naturais em carne permite estender a vida útil do

produto, circunstância essa que é refletida em aumento da estabilidade da cor, que

evita a transição da mioglobina para metamioglobina, assim como mantem suas

condições organolépticas inalteráveis, retardando fenômenos oxidativos, tais como o

aumento da rancidez do produto ou aumentando a resistência em relação a

proliferação bacteriana, pois os antioxidantes de natureza polifenólica possuem

também atividade antimicrobiana (NAVEENA et al., 2008).

Os extratos de plantas e óleos essenciais são ricos em compostos fenólicos,

que se apresentam como os melhores candidatos para serem utilizados como fonte

de antioxidantes em produtos cárneos, já que podem ser obtidos facilmente a partir

de fontes naturais e também evitam aparecimento de fenômenos oxidativos. As

propriedades antioxidantes desses compostos têm sido testadas com sucesso tanto

36

em sistemas modelo como em produtos cárneos (ESTÉVEZ et al., 2007; ESTÉVEZ

et al., 2008).

Segundo Sanchéz-Escalante (2001), o extrato de alecrim foi utilizado com

êxito em carnes processadas de hambúrgueres de bovinos, e apresentou alta

capacidade antioxidante, além de efeito antimicrobiano. Este fato sugere a

possibilidade de que esses antioxidantes naturais podem ser usados como

alternativa ao uso de antioxidantes sintéticos em produtos cárneos. Porém, tais

efeitos não foram muito efetivos em produtos cárneos cozidos, elaborados a partir

de matéria prima de porco, e inclusive o emprego desses antioxidantes naturais

promoveram um pequeno efeito pró-oxidante. A presença de baixa quantidade de

antioxidantes endógenos na matéria-prima pode influenciar a atividade dos

antioxidantes naturais adicionados diretamente ao produto (ESTÉVEZ et al., 2007).

Outro método eficaz na redução dos processos oxidativos de lipídeos e

proteínas da carne ou produtos cárneos é a adição de vitamina E (tocoferóis) na

alimentação do animal. Estudos recentes demonstraram que a suplementação da

dieta do animal com vitamina E é um método eficaz para reduzir a aparição de

fenômenos de oxidação e, dessa maneira, melhorar algumas das características da

carne como cor, maciez, capacidade de retenção de água, e aumento da vida útil

destes produtos. Isto acontece pela incorporação da vitamina E no tecido muscular

pela dieta do animal aumentando a estabilidade oxidativa da carne durante o

processamento (RUIZ et al., 1999; VENTANAS et al., 2007).

2.10 Embalagem ativa

A tecnologia de embalagens ativas é baseada no conceito da incorporação de

componentes ativos dentro dos sistemas de embalagem, que liberam ou absorvem

sustâncias do alimento para embalagem e desta para o alimento embalado ou do

ambiente do produto com a finalidade de prolongar a vida de prateleira e garantir a

qualidade, segurança e características sensoriais do alimento (CAMO; BELTRÁN;

RONCALÉS, 2008; VERMEIREN et al., 1999). As tecnologias de embalagem ativas

envolvem as interações entre o produto, o filme e a atmosfera (SUPPAKUL et al.,

2003). Exemplos de embalagens ativas são os absorvedores e removedores de

substâncias (umidade, oxigênio, etileno, odores), filmes antimicrobianos,

antioxidantes e auto aquecíveis. As embalagens ativas ganharam bastante interesse

por parte da indústria de alimentos devido a seu potencial de estender a vida de

37

prateleira do produto, por manter sua qualidade e por manter a segurança da saúde

humana (WORANUCH; YOKSAN; AKASHI, 2014).

As embalagens ativas consistem em uma base polimérica com a incorporação

de aditivos bioativos na própria matriz ao invés de serem adicionados diretamente

nos produtos, tais como, agentes antimicrobianos, antioxidantes, bactericidas,

antibióticos, enzimas, dentre outros. Plásticos e polímeros celulósicos compostáveis

e recicláveis são as referências no uso de biopolímeros em embalagens de

alimentos (YOSHIDA, 2009; SARANTÓPOULOS et al., 2012).

Segundo Coma (2008), as funções das embalagens estão em manter,

transportar ou liberar sobre a superfície do alimento os compostos bioativos

(antimicrobiano, antioxidante, vitaminas, etc.). A outra vertente atual do setor de

embalagens gera a necessidade de geração e busca de alternativas para

substituição parcial dos plásticos (polímeros típicos), que são muito utilizados em

embalagens de alimentos e apresentam difícil biodegradação (YU et al., 2013).

Filmes biopoliméricos podem ser utilizados na constituição de uma embalagem

ativa, com as vantagens de serem biologicamente sintetizadas, de alta

biodegradabilidade e baixa toxicidade ao humano.

Hoje em dia a utilização de filmes elaborados a partir de biopolímeros se

apresenta como substituto potencial das embalagens de polímeros sintéticos em

produtos alimentícios, devido à alta tendência do mercado por este tipo de produtos

e por serem materiais ambientalmente “amigáveis” (HAN; ZHANG; BUFFO, 2005).

Nos últimos anos vários estudos foram realizados com aplicação de filmes ativos

com uma base biopolimérica, principalmente derivados de hidratos de carbono

como, a quitosana, celulose, amido, e alginatos (RUBIO; GUERRERO, 2012). Uma

embalagem ativa e biodegradável obtida a partir da blenda entre quitosana e

celulose, incorporando ácido caféico (polifenol) maximizou a prevenção de oxidação

lipídica em uma emulsão a base de peixe (YU et al., 2013). Garcia et al. (2004)

demonstraram que os filmes derivados de celulose e especificamente feitos de

carboximetilcelulose tem a capacidade de absorver óleo de alimentos submetidos à

fritura. Outro biopolímero muito utilizado na indústria de alimentos é o amido, onde

filmes derivados de amido apresentaram um efeito positivo na preservação de

caramelos, uva passas, e contra a oxidação lipídica de nozes e dátiles

(THARANATHAN, 2003).

38

2.11 Quitosana

A quitosana é um polissacarídeo que se obtém a partir da quitina pela da

remoção dos grupos acetila utilizando uma base forte (AZEVEDO, 2007) (Figura 9).

A quitosana também pode ser descrita como a forma desacetilada da quitina, sendo

um biopolímero que possui ampla gama de aplicação em alimentos (SHAHIDI;

ARACHCHI; JEON, 1999). As fontes de obtenção da quitina na natureza são

abundantes, especialmente nos exoesqueletos de moluscos e insetos (PETER et al.,

2002). A quitosana é obtida pela N-deacetilação da quitina e o processo de

isolamento que envolve basicamente a deproteinização e demineralização

(GILDBERG; STENBERG, 2001). De acordo com o grau de desacetilação da

quitina podem-se obter vários tipos de quitosana, que variam em algumas

propriedades físico-químicas, tais como a solubilidade, pkA e a viscosidade (SILVA

et al., 2006). A quitosana ainda é caraterizada por dois parâmetros principais: grau

de acetilação e a média do peso molecular (MUZZARELLI,1996).

Figura 9 - Reação química da desacetilação da quitosana. Fonte: DUTTA, et al., (2008).

Segundo Azevedo (2007) a quitosana em concentrações baixas é solúvel em

solução ácida de ácido acético à 1% (v/v) ou 0,01 M, tornando-se um polímero

catiônico com a protonação do grupo amino (NH2). A presença desses grupos amino

livres na cadeia do copolímero e a carga positiva em meio ácido conferem a

quitosana algumas propriedades, dentre as quais destaca-se a capacidade de

ligação (FERREIRA; ANCELMO, 2013).

39

A quitosana nos últimos anos tem chamado à atenção dos pesquisadores

devido as suas propriedades, principalmente biodegradabilidade, biocompatibilidade,

propriedades antimicrobianas e pela capacidade de formar filmes (DEVLIEGHERE;

VERMEULEN; DEBEVERE, 2004). A quitosana é um excelente formador de filmes,

justamente por possuir uma cadeia linear de polímeros como eixe central da sua

estrutura, formado por resíduos de -(1-4) 2-acetamido-2-deoxy-D-glicose (N-acetil

glicosamina) e resíduos de glicosamina (GlcN). Todavia os filmes de quitosana são

bastante frágeis e precisam de plastificantes, tanto para diminuir as forças de fricção

nas cadeias do polímero, quanto para melhorar as propriedades mecânicas do filme,

(PARK; MARSH; RHIM, 2002; ZIANI et al., 2008; VIEIRA et al. 2011).

Uma das características dos filmes de quitosana é atuar como um efetivo

conservante de alimentos, pois a atividade antimicrobiana foi comprovada por

diversos autores (PORTES et al., 2009; VÁSCONEZ, et al., 2009). A quitosana tem

apresentado em alimentos uma atividade antimicrobiana contra microrganismos

como: enterobacterias, mesófilos, pseudômonas, leveduras, bactérias ácido láticas e

alguns patogênicos (GEORGANTELIS et al., 2007). De acordo com Roller e Covill

(2000), a atividade antimicrobiana é melhorada com o uso de temperaturas de

refrigeração. Um revestimento antimicrobiano a partir de quitosana e uma blenda de

quitosana e caseinato de sódio foram considerados como alternativas para o

controle da microbiota de queijo e salame, inibindo significantemente o

desenvolvimento de bactérias mesófilas, psicrotróficos, leveduras e bolores

(MOREIRA et al., 2011).

Embora a quitosana seja um recurso de interesse para aplicação como

embalagem ativa, ainda não possui uma atividade antioxidante significativa sobre os

alimentos, sendo que a melhora dessa qualidade poderia expandir suas aplicações

em alimentos (WANG et al. 2013).

2.12 Resíduos Agroindustriais

Ao redor do mundo inteiro uma das atividades que mais gera quantidade de

resíduos é a agroindústria. Os tratamentos desses resíduos geralmente consistem

em problemas municipais nos aterros sanitários devido à alta biodegradação dos

resíduos, que aumentam a produção de lixiviados e metano (MISI; FORSTER,

2002). Os resíduos agroindustriais de frutos e vegetais geralmente são

caracterizados por serem, em sua maioria, cascas, sementes e partes não

40

comestíveis, que apresentam, na sua composição, 75 % de açúcares, 9 % celulose

e 5 % de lignina e quantidades baixas lipídeos, em extrato seco (KOSSEVA, 2011).

Estudos comprovaram que aplicação de resíduos como substituto na nutrição

animal podem beneficiar a qualidade de vida do animal, no entanto, apresentou

alterações em seus subprodutos. Ângulo et al. (2012) adicionaram na ração de

bovinos lactantes Holstein (produtores de leite) resíduos de frutas e vegetais. Nesse

estudo demonstrou que a adição destes resíduos na dieta pode ser uma ração

alternativa sem prejuízo na produção de leite e com melhora de qualidade do

produto. Outros estudos realizados comprovaram que na grande maioria os resíduos

de frutas e vegetais contém substâncias antioxidantes, como vitamina C, vitamina E,

carotenoides e compostos fenólicos (RHODES, 1996). A Figura 10 ilustra os

compostos obtidos a partir de resíduos de frutas e vegetais, e algumas aplicações

(MIRABELLA; CASTELLANI; SALA, 2013).

Figura 10 - Utilidade e compostos de resíduos de frutas e vegetais Fonte: Adaptado de Mirabella; Castellani; Sala (2013)

41

2.12.1 Película de amendoim

Até o momento, não foi encontrado na literatura informações sobre os efeitos

dos compostos bioativos presentes na película de amendoim. A película, que é um

resíduo do processamento do amendoim, apresenta coloração marrom e sabor

adstringente, devido principalmente ao grande teor de compostos fenólicos (YU et

al., 2005). Estima-se que para uma produção de amendoim de 29,1 milhões de

toneladas (safra mundial 1999/2000), a média do conteúdo de película gerada foi de

2,6%, o que corresponde a 750 mil toneladas (SOBOLEV; COLE, 2004). Nepote,

Grosso e Guzmán (2002) encontraram aproximadamente 150 mg de fenólicos totais

por grama de matéria seca e desengordurada na película de amendoim. Em estudos

anteriores, Bergamaschi (2010) avaliou diferentes resíduos produzidos na

agroindústria de alimentos no Estado de São Paulo e, observou maiores teores de

fenólicos e atividade antioxidante em extrato etanólico e aquoso da película de

amendoim. Dentre a gama de compostos fenólicos identificados na película de

amendoim, seis fazem parte da família das procianidinas do tipo A, (LOU et al.,

2004).

Estudos realizados por Duh e Yen, (1995); Yen e Duh, (1996) demonstraram

que a película de amendoim possui alto efeito antioxidante e antimutagênico e o

composto antioxidativo foi identificado como luteolina. A presença de compostos

fenólicos na película de amendoim é um fato que podem ser evidenciados pela

mudança de cor da camada externa do mesocarpo da película de amendoim

associada à presença de compostos como os flavonóides (DAIGLE et al., 1988).

Geralmente, os compostos fenólicos se concentram nas camadas mais externas das

plantas, como as cascas e tegumentos, com a finalidade de proteger materiais

contidos na porção interior (MA, et al., 2013). Os compostos fenólicos são

abundantes em quantidade e em tipos na película de amendoim e, entre eles, inclui-

se principalmente os ácidos fenólicos, unidos, esterificados e livres, flavonóides,

catequinas, epicatequinas e seus polímeros e estilbenos (difeniletilenos), (YU;

AHMEDNA; GOKTEPE, 2005).

2.12.2 Pimenta Rosa

A pimenta-rosa (Schinus Terebinthifolius Raddi) é um dos mais sofisticados

condimentos utilizados na culinária mundial e seu consumo vem sendo estimulado

desde a década de 80. As partes que apresentam propriedades medicinais são: as

42

cascas, as folhas e os frutos, apresentando atividades antidiarréica, anti-inflamatória

(AMORIM; SANTOS, 2003), cicatrizante (LUCENA et. al., 2006; LIPINSKI, 2008),

antibacteriana (DEGÁSPARI; WASZCZYNSKYJ; PRADO, 2005; SANTOS, 2007) e

antifúngica (SANTOS et. al., 2010). A análise fitoquímica em função da presença de

substâncias fenólicas dessa planta revelou a presença de alto teor de tanino,

bioflavonóides e ácidos triterpênicos na casca e de até 5% de óleo essencial

formado por mono e sequiterpenos nos frutos e nas folhas (LORENZI; MATOS,

2008).

As variedades distintas de pimenta caracterizam-se por ter alto conteúdo de

diferentes compostos fitoquímicos como vitamina C, compostos fenólicos,

flavonóides e carotenóides (ALVAREZ-PARRILLA, et al. 2011). Esse alto conteúdo

proporciona ao fruto qualidade nutricional e sensorial, em termos de cor, gosto,

aroma e sabor, e também, oferecendo efeitos benéficos para saúde (ORNELAS-PAZ

et al., 2010). A concentração de compostos fenólicos, vitamina C, carotenoides,

depende da maturidade, condições de crescimento, e manipulação pós-colheita da

pimenta. Estes compostos são conhecidos por apresentar alta atividade antioxidante

(MATERSKA; PERUCKA, 2005).

A pimenta rosa possui muitas propriedades bioativas, a pouca informação

científica encontrada, associam ao alto conteúdo de polifenóis. Estes polifenóis

encontram-se distribuídos por todos os órgãos vegetais, como folhas, cascas, flores,

frutos e nas sementes (SANTOS et al,. 2012). Tem se reportado nas folhas e frutos

altas concentrações de monoterpenos, hidrocarbonetos de sesquiterpênicos e

ácidos graxos (AFFONSO et al., 2012).

43

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Obtenção dos extratos de resíduos agroindustriais de pimenta rosa e

película de amendoim

Após a coleta dos resíduos agroindustriais de pimenta rosa e película de

amendoim, realizou-se uma extração em solvente alcoólico (etanol 80%).

Primeiramente, foram pesadas 1 g de resíduo seco dentro de um tubo de vidro e

adicionou-se 10 ml de etanol:água (8:2, v/v). Na sequência, o material foi extraído

em banho de água, a 90ºC por 30 minutos. Em seguida, o material foi submetido a

uma extração por ultrassom por mais 15 minutos, para finalmente ser filtrado em

papel filtro Whattman Nº 3. O extrato hidroalcoólico foi armazenado a 3ºC até o

momento das análises (BERGAMACHI, 2010).

Pessagem 1 g residuo

+

10 ml Etanol 80 %

Armazenamento do

extrato 3 ºC

Banho de agua 95 ºC por

25 minutos

Ultrassom por 15 minutos

Filtrado

Extrato Pimenta Extrato Amendoim

Figura.11 - Fluxograma do processo de extração dos compostos antioxidantes dos resíduos de película amendoim e pimenta rosa

44

3.2 Determinação de compostos fenólicos totais.

A análise do teor de compostos fenólicos totais dos extratos dos resíduos

vegetais foi realizada de acordo com o método espectrofotométrico de Folin-

Ciocalteau, descrito por Singleton, Orthofer e Lamuela (1999). O ácido gálico foi o

padrão comparativo. O reagente de Folin-Ciocalteau é uma solução complexa de

íons poliméricos formados a partir de heteropoliácidos fosfomolibdicos e

fosfotungsticos. Esse reagente oxida os fenolatos, reduzindo os ácidos a um

complexo azul Mo-W. A leitura foi realizada em espectrofotômetro a λ=740 nm. Os

extratos dos resíduos de película de amendoim e pimenta rosa foram diluídos 500

vezes, coletando-se uma alíquota de 0,5 mL da amostra diluída e transferindo-a para

um tubo onde se adicionou 2,5 mL do reagente Folin-Ciocalteau, diluído em água

1:10 (1:9 v/v). A mistura permaneceu em repouso de 3 a 5 minutos. Em seguida,

adicionou-se 2 mL da solução de carbonato de sódio e água (4% m/v) seguido de

repouso por duas horas, em local escuro.. A absorbância foi medida em

espectrofotômetro UV-mini 1240 (Shimadzu-Co) a λ=740 nm. Uma amostra em

branco foi conduzida nas mesmas condições e os resultados dos compostos

fenólicos totais foram expressos em equivalente de ácido gálico (mg AG/g resíduo

vegetal), calculados por meio do ajuste da curva de calibração do ácido gálico com

concentrações que variaram de 5 a 80 µg/mL.

3.3 Preparo da embalagem antioxidante: filmes ativos de quitosana

A metodologia para a obtenção dos filmes consistiu, primeiramente, na

dispersão de quitosana (Primex – ChitoClear®) ao 2 % (m/v) em solução aquosa

de ácido acético (1%, em volume), seguida de homogeneização até solubilidade

total por 60 minutos. A partir da solução filmogênica, os extratos dos resíduos

agroindustriais foram adicionados segundo as concentrações de compostos

fenólicos totais de cada extrato, para obter concentrações de 1, 14, 45, 77 e 90

mg / kg de cada um em relação à massa de carne, e glicerol como plastificante

em concentrações 0,25% (m/v), sob agitação branda de 5 a 10 minutos. Em

seguida, 20 mL da solução foi aplicada em suportes planos (placa de Petri de

plástico circulares de 9 cm, tanto na tampa como na base da placa), ocorrendo o

processo de evaporação do solvente em estufa de convecção forçada a 40ºC por

24 horas (Figura 12).

45

Figura 12 – Filmes de ativos de quitosana obtidos

3.3.1 Caracterização das embalagens antioxidante (filmes ativos de quitosana)

Os filmes foram caracterizados quanto à sua espessura, teor de umidade,

propriedades mecânicas, propriedades de barreira ao vapor de água, e

microestrutura. Estes estudos foram realizados para determinar a influência do

plastificante sobre aspetos tecnológicos do filme e também algumas propriedades de

barreira no intercambio gasoso e líquido entre o produto e o filme ativo de quitosana.

3.3.2 Espessura

As medidas da espessura dos filmes foram efetuadas utilizando um

micrômetro com sensibilidade de 0,001 mm (Modelo nº 293, Mitutoyo, Japan). A

espessura média (mm) dos filmes foi determinada a partir de cinco medidas

aleatórias (Figura 13).

Figura 13 – Medição da espessura dos filmes ativos de quitosana com micrómetro

46

3.3.3 Teor de umidade no filme

O teor de umidade dos filmes foi medido pela porcentagem da perda de

peso após a secagem em uma estufa à temperatura de 115 ºC por 24 horas

(MAHMOUD; SAVELLO, 1992).

3.3.4 Taxa de permeabilidade

Taxa de permeabilidade ao vapor d’água (TPVA): foi determinada

utilizando o método padronizado ASTM E96-95 (2005), que corresponde à técnica

gravimétrica, onde os filmes foram fixados na parte superior de um recipiente que

contém um dessecante (sílica). Este sistema foi acondicionado em uma câmara com

temperatura e umidade relativa controlada (25°C, 75% UR). A medida da massa final

foi feita após um tempo pré-determinado de incubação do sistema, e então, foi

determinado o valor da massa (M) adquirida, correspondente à diferença entre a

massa inicial e final do sistema. A determinação foi realizada utilizando-se cinco

amostras de cada ensaio (Figura 14).

Figura 14 – Sistema para medição da taxa de permeabilidade ao vapor d’água

3.3.5 Solubilidade

A matéria total solúvel (MTS) pode ser definida como a quantidade de

matéria solúvel após 24 horas de imersão em água. Os filmes (5 repetições de cada

tratamento) foram cortados em quadrados de 5 x5 cm2, secos durante 3 horas na

47

estufa a 40ºC, e imersos em 100mL de água destilada por 24 horas sob agitação

branda em temperatura ambiente. Foram preparados sistemas de filtração com

papel filtro qualitativo e tarado em balança analítica. Em seguida, retirou-se e filtrou-

se essa solução. Esse resíduo do filme não solubilizado é retido no papel filtro. O

papel filtro mais o filme não solubilizado foram secos por 24 horas e pesados. O

calculo foi feito por perda de matéria solubilizada. (SOTHORNVIT; KROCHTA,

2000).

3.3.6 Propriedades mecânicas

As amostras foram avaliadas pelo teste de tração de acordo com o

método ASTM D882 (AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS,

1995), utilizando-se um texturômetro de Brookfield. As amostras foram cortadas em

retângulos uniformes de 10 x 2,54 cm. A tensão na ruptura (TS), a elongação na

ruptura (E), o módulo elástico (MS) foram determinados, sendo a distância inicial de

separação fixada em 50 mm e a velocidade de realização do teste em 1,0 mm/s. Os

resultados foram comparados com teste de t de Student, com nível de significância

de 5%.

3.4 Avaliações nas amostras de produto de frango reestruturado

Para avaliação da estabilidade oxidativa em produto de frango reestruturado,

as análises foram realizadas em três etapas. Na Figura 15 é apresentado o

esquema do planejamento experimental do estudo.

48

PRODUTO REESTRUTURADO

DE FRANGO

PRIMEIRA ETAPA

SEGUNDA ETAPA

DETERMINAÇÃO DE CONCENTRAÇÃO

OTIMA DE EXTRATO NOS FILMES ATIVOS

0 DIAS

1,5 DIAS

5 DIAS

8,5 DIAS

10 DIAS

ANALISES DE ESTABILIDADE

OXIDATIVA:

TBARS

CONCENTRAÇÕES OTIMAS DE

EXTRATO ANTIOXIDANTE PARA

INIBIÇÃO OXIDATIVA

DETERMINAÇÃO DOS MELHORES

TRATAMENTOS INIBIDORES DA

OXIDAÇÃO LIPIDICA

0 DIAS

4 DIAS

3 BLOCOS

7 DIAS

MELHORES TRATAMENTOS

INIBIDORES DA OXIDAÇÃO LIPIDICA

ANALISES:

TBARS, pH, Cor, Microbiológicas, Índice

de Peróxido

TERCEIRA ETAPA

DETERMINAÇÃO DA ACEITABILIDADE

DOS MELHORES TRATAMENTOS PARA

OS CONSUMIDORES E PRODUTO

IDEAL

ANALISE SENSORIAL

Teste de

aceitabilidade,

CATA

Figura 15 - Planejamento experimental de processos e analises.

49

3.5 Determinações da concentração ótima de extrato antioxidante de película

de amendoim e pimenta rosa nas embalagens bioativas e aplicação no

produto cárneo

3.5.1 Preparo das amostras (Primeira Etapa)

As amostras de sobrecoxa de frango foram obtidas de abatedouro, localizado

no município de Rio Claro – SP, a partir de aves abatidas de aproximadamente 45

dias de idade. As aves foram depenadas, evisceradas, resfriadas, seguido de

separação das sobrecoxas para posterior resfriamento em câmara fria. O material foi

transportado em caixas térmicas com gelo até o Laboratório de Qualidade e

Processamento de Carnes do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição

da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – Piracicaba-SP, onde foi

realizado o processamento da carne de frango.

As sobrecoxas foram processadas, trituradas (4B22-2, Hobart®) e

homogeneizadas em um cutter, adicionando-se em todos os tratamentos cloreto de

sódio, na porcentagem de 1,5%. A partir dessa mistura foram pesadas porções de

aproximadamente 50 g de carne processada de frango, moldadas na forma de

hambúrguer. As amostras cruas foram armazenadas sobre as placas Petri de 9 cm

de diâmetro, onde previamente foram elaborados os filmes ativos de quitosana,

observando cuidadosamente se o filme ficou aderido nos dois lados do hambúrguer.

Posteriormente, foram armazenadas em uma BOD (ELETROlab modelo EL101/3)

acondicionada com radiação controlada, a 1500 LX e a 3 1ºC. O tempo de

armazenamento sob refrigeração, nesta primeira etapa do estudo, foi de 10 dias de

armazenamento refrigerado.

3.5.2 Delineamento experimental

Para a otimização das concentrações de antioxidantes aplicadas nos filmes

ativo de quitosana, utilizou-se um planejamento experimental fatorial, através da

metodologia de superfície de resposta (MSR), do tipo composto central rotacional,

envolvendo duas variáveis exploratórias (tempo e concentração de extrato) e uma

variável dependente (Valor de TBARS). As faixas de concentrações de antioxidantes

utilizadas no ensaio foram tomadas baseando-se no teor de compostos fenólicos

totais (CFT) dos extratos de PA e PM. Baseado na Portaria nº 1.004, da Secretaria

de Vigilância Sanitária (BRASIL, 1998), que estabelece como limite para

50

antioxidante comercial Butil hidroxi tolueno; 0,01g BHT/100g de carne (100mg/kg),

composto que foi nosso padrão comercial de comparação. Foram utilizadas faixas

mais baixas de compostos fenólicos totais dos extratos (< 100 mg/kg de carne). O

tempo de avaliação foi de 10 dias, tempo superior do que a vida útil do produto

comercial (8 dias), justamente para poder observar melhor as interações com o

antioxidante.

As faixas do estudo são apresentadas na Tabela 1:

Tabela 1 - Faixas de estudo das variáveis exploratórias em analise de estabilidade oxidativa de produto reestruturado de frango de frango através de valor de TBA.

Nível de Variação

Variáveis

Exploratórias -1,41 -1 0 +1 +1,41

Tempo, dias 0 1,5 5 8,5 10

Concentração,

mg CFT/kg carne 1 14.0 45.5 77 90

No total foram realizados 11 ensaios combinando-se as variáveis e incluindo

três repetições do ponto central. Todos os experimentos foram realizados de

maneira aleatória e utilizando os mesmos equipamentos e as mesmas condições de

armazenamento e iluminação. Após análise dos efeitos foram analisados pela

metodologia de superfície de resposta e análise de regressão múltipla. O modelo

matemático de segunda ordem foi ajustado, incluindo termos lineares e quadráticos,

e interações entre variáveis exploratórias. Os modelos foram avaliados em relação

ao coeficiente de determinação (R2) e teste de F. O teste F, que testa a significância

da regressão e da falta de ajuste do modelo, foi realizado por meio da análise de

variância comparado ao valor da tabela de 95% de probabilidade para uma

distribuição de referência.

3.6 Avaliação dos efeitos físico-químicos e microbiológicos com adição de

extratos diretamente na massa do produto cárneo e no filme ativo

Na segunda etapa do estudo foram selecionadas duas concentrações da

região ótima da superfície de resposta, uma do extrato de película de amendoim e

uma do extrato da pimenta rosa, que foram tomadas para comparação de

tratamentos com adição das mesmas concentrações diretamente no produto cárneo,

51

adição dessas concentrações nos filmes ativos com um antioxidante comercial e

com um controle negativo.

3.6.1 Preparo das amostras (Segunda Etapa)

As matérias primas foram obtidas e transportadas até a planta de

processamento de igual forma que no item 3.3.1. Nesta segunda parte do estudo

delineou-se seis tratamentos, onde dois desses consistiram na aplicação de extrato

de película de amendoim e pimenta rosa no filme ativo de quitosana, outros dois

aplicando a mesma quantidade de extrato de película amendoim e pimenta rosa

adicionado diretamente na massa cárnea, um tratamento com BHT (antioxidante

sintético), de acordo com a Portaria nº 1.004, da Secretaria de Vigilância Sanitária

(BRASIL, 1998), sendo 0,01g BHT/100g de carne 100mg/kg), e, por fim, o controle

negativo, sem embalagem e sem adição de antioxidante (Tabela 2).

Tabela 2 - Codificação dos tratamentos

Tratamento Descrição

C Controle, produto reestruturado de frango sem adição de antioxidante.

AS Antioxidante Sintético, produto reestruturado de frango com adição de 0,1g por kg de produto.

MP Massa Pimenta, Adição do extrato de pimenta rosa direto na massa cárnea de frango. Volume equivalente a 90 mg CFT/kg de carne.

MA Massa Amendoim, Adição do extrato de película de amendoim direto na massa cárnea de frango. Volume equivalente a 80 mg CFT/kg de carne.

FP Filme Pimenta, aplicação de filme ativo de quitosana com adição do extrato de pimenta rosa sobre a produto reestruturado de frango. Volume de antioxidante no filme equivalente a 90 mg CFT/kg de carne.

FA Filme Amendoim, Adição do extrato de película de amendoim no filme ativo de quitosana. Volume de antioxidante no filme equivalente a 80 mg CFT/kg de carne.

C:Controle, AS: Antioxidante Sintético, MP: Massa Pimenta, MA: Massa amendoim, FP: Filme Pimenta, FA: Filme Amendoim.

As sobrecoxas foram processadas e trituradas (4B22-2, Hobart®), e

homogeneizadas em cutter adicionando em todos os tratamentos cloreto de sódio na

porcentagem de 1,5% (em massa). Os extratos de película de amendoim e pimenta

rosa foram adicionados direto na massa cárnea no processo de homogeneização, o

antioxidante sintético BHT, foi dissolvido em 5 mL de óleo de soja sem adição de

antioxidantes. Para diminuir o erro todos os tratamentos foram adicionados o mesmo

volume de óleo de soja. A partir dessas misturas foram pesadas porções de

aproximadamente 50g de carne processada de frango, moldadas na forma de

hambúrguer. As amostras cruas foram armazenadas cuidadosamente dentro das

52

placas Petri de 9 cm de diâmetro. Todos os tratamentos foram armazenados em

uma BOD acondicionada com radiação controlada, a 1000 LX e a 3(1) ºC. Os

tempos de armazenamento sob refrigeração nesta etapa do estudo foram de 7 dias

de armazenamento refrigerado (Figura 16).

Figura 16 – Sequência do processamento das sobrecoxas de frango.

Após o processamento, foi coletada a primeira unidade experimental para

realização de análises físico-químicas e microbiológicas. As amostras restantes foram

coletadas nos tempos de 4 e 7 dias de armazenamento. O delineamento experimental

utilizado nesta segunda etapa do estudo foi de desenho de blocos ao acaso no

esquema fatorial 6 x 3, com teste de comparação de médias (Teste de Tukey).

3.7 Análise dos experimentos

As amostras cárneas desta segunda etapa foram avaliadas pela estabilidade

oxidativa, carga microbiana e qualidade das amostras, conforme as análises

descritas abaixo.

Para acompanhar a qualidade e estabilidade oxidativa do produto

reestruturado de frango durante o período de armazenamento refrigerado foram

realizadas análises de cor instrumental, avaliação do pH, determinação da oxidação

lipídica (TBARS), índice de peróxido, no primeiro dia após o processamento, após

quatro dias e sete dias de armazenamento sob refrigeração (31 ºC), 1000 LX.

3.8 Composição centesimal

Para a determinação da composição centesimal das amostras foram feitas as

análises: teor de umidade, determinada por gravimetria em estufa a 105°C, até peso

53

constante (ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS, 1999). O teor

de proteína bruta, pela determinação do nitrogênio total, pelo método de

Microkjeldahl, e conversão em proteína, multiplicando-se o valor obtido pelo fator de

6,25 (JOHNSON; ULRICH, 1974). O teor de cinza foi determinado por calcinação da

matéria orgânica em forno mufla a 550°C (PREGNOLATTO; PREGNOLATTO, 1985;

WINTERS; TENNYSON, 2005) e a quantidade de amostra utilizada seguiu o

recomendado por Winters e Tennyson (2005). O teor de lipídeos totais foi

determinado pelo método de Soxhlet, utilizando hexano como solvente extrator

(PREGNOLATTO; PREGNOLATTO, 1985). Todas as análises foram realizadas em

triplicata, em amostras cruas. Todos os resultados foram calculados em base úmida

e expressos em porcentagem (%).

3.9 Cor instrumental

A cor instrumental foi determinada utilizando colorímetro portátil da marca

Minolta Chroma Meter, Modelo CR-400, realizando-se a leitura dos parâmetros L*

(luminosidade), a* (intensidade de vermelho/verde), b* (intensidade de amarelo/azul)

do sistema CIEL*a*b*, calibrado em porcelana branca padrão com Y=93,7, x=0,3160

e y=0,3323, com uma área de medição de 8 mm de diâmetro, um ângulo de

observação de 10 ° e um iluminante D65 com o componente especular incluído.

A análise foi realizada em cinco amostras de cada tratamento, com duas

leituras em cada amostra, sobre uma superfície opaca.

3.10 Avaliação do pH

A determinação do pH foi realizada com eletrodo de penetração de corpo de

vidro, em cinco amostras de cada tratamento, com leitura em dois diferentes pontos

de cada amostra. O aparelho utilizado foi um potenciômetro da marca Oakton, pH

300, série 35618, com compensação automática de temperatura.

3.11 Determinação da oxidação lipídica (TBARS)

A determinação do valor das substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico

(TBARS) foi realizada após processamento nos tempos de 0, 4 e 7 dias de

armazenamento refrigerado (3°C). As análises foram feitas em duplicata, utilizando 3

amostras por tratamento, segundo metodologia descrita por Vyncke (1970, 1975) e

Sorensen e Jorgensen (1996). Foi utilizado como padrão o 1,1,3,3 tetraetoxipropano

(TEP), cuja hidrólise ácida gera malonaldeído na proporção de 1mol:1mol, para

54

obtenção de uma curva padrão, composta por nove pontos de diferentes

concentrações (0; 0,1; 0,3; 0,5; 1,0; 1,5; 2,0; 3,0 e 5,0 μmol/L de TEP).

Os aldeídos foram extraídos pela ultrahomogeneização a 3500 rpm (Ultra

Turrax) de 15 mL de uma solução de ácido tricloroacético (7,5%) com adição de

propil galato (0,1%) e adição de um agente quelante; o EDTA (0,1%), com

aproximadamente 5 g de amostra. Em seguida a mistura foi filtrada em papel de filtro

qualitativo, 12,5 mm. Foram coletados 5 mL do filtrado e foram adicionados de 5 mL

da solução de TBA (0,02M), agitados e colocados a 100°C (banho-maria) durante

40 minutos para reação dos compostos, e para a formação do complexo colorido,

medido em espectrofotômetro Shimadzu, modelo UV-Vis mini 1240, em

comprimentos de onda de 532 e 600 nm.

Para os cálculos da curva padrão, a concentração e a absorbância foram

plotados no eixo x e y, respectivamente, determinando a equação da reta de uma

regressão linear, a partir da qual obteve-se a concentração da amostra. Os

resultados foram expressos em valor de TBARS, definido como mg de malonaldeído

(MDA) / kg de amostra.

3.12 Índice de peróxido

A extração de gordura foi realizada de acordo com o método de Bligh and

Dyer (1959), seguindo as modificações propostas por Christie (1982) e Smedes e

Thomasen (1996). A determinação do índice de peróxido foi realizada de acordo

com a metodologia proposta pela AOCS Cd 8-53 (1990). Pesou-se 3 mL da amostra

em erlenmeyer de 250 mL com tampa esmerilhada, adicionou-se 30 mL de solução

de ácido acético clorofórmio. Agitou-se o frasco até a dissolução da amostra.

Adicionou-se 0,5 mL de solução saturada de KI. Deixou em repouso no escuro com

agitação ocasional por 1 minuto e adicionou-se 30 mL de água destilada. Titulou-se

com Na2S2O3 0,02 M, adicionando-se com vigorosa agitação até que a cor amarela

quase desapareceu. Adicionou-se 0,5 mL de solução de amido indicador e continuou

a titulação agitando vigorosamente até o desaparecimento da coloração azul. Para o

cálculo do Índice de Peróxido (mEq de peróxidos.1000 g-1 de gordura) foi utilizada a

seguinte equação:

𝐼𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑃𝑒𝑟ó𝑥𝑖𝑑𝑜(𝑚𝐸𝑞 𝑑𝑒 𝑂𝑥𝑖𝑔ê𝑛𝑖𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑘𝑔 𝑑𝑒 𝑔𝑟𝑎𝑠𝑎) = 𝑉 𝑥 𝑀 𝑥 1000

𝑔 𝑔𝑜𝑟𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑥 2

55

Sendo:

V = volume de Na2S2O3 gasto na titulação da amostra;

M = molaridade da solução de Na2S2O3.

3.13 Análises Microbiológicas

As avaliações microbiológicas foram feitas com base na contagem total de

mesófilos e psicrotróficos aeróbios. As análises foram realizadas em três pontos de e

em dias diferentes, no tempo inicial (0 dias), após 4 e 7 dias respectivamente. De

cada lote de 21 amostras do tratamento, coletou-se 3 por ponto de analise, onde

foram retirados uma porção de 25 g de cada amostra. Foi pesada e diluída em 225

mL de água peptonada 0,1% e homogeneizada. Esse processo foi realizado em

sacos plásticos adequados em um equipamento tipo Stomacher MK 1204 (ITR) por

8 minutos. Após a diluição decimal seriada para contagem de Mesofilos, foram

plaqueadas pelo método pour plate, alíquotas de 1 mL em meio Plate Count Agar

DifcoTM , em triplicata de cada diluição. Em seguida as placas foram incubadas a

35°C por 48 horas. No caso dos Psicrotrófilos foram plaqueadas pelo método de

superfície, alíquotas de 0.1 mL em superfície no meio Plate Count Agar DifcoTM, em

3 placas para cada diluição correspondente. Depois as placas foram incubadas a

7°C por 10 dias. As placas a serem contadas foram as que apresentaram uma faixa

entre 25 e 250 colônias (SILVA, 2001).

Antes da avaliação sensorial foi realizada a analise microbiológica enquanto a

patógenos se refere das amostras comprovando-se assim a segurança alimentar do

produto e a integridade da saúde dos provadores. As análises microbiológicas

realizadas foram as seguintes: Clostridios sulfito redutores (LABBE, 2001),

Coliformes termotolerantes (INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR

STANDARDIZATION 7251, 2005), Estafilococos Coagulase Positiva (BENNETT et

al., 2001) e Salmonella spp. (INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR

STANDARDIZATION, 6579, 2007). Todas as análises foram realizadas no Centro de

Tecnologia de Carnes do Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), sob a

certificação da International Organization for Standardization - 9001.

56

3.14 Análise sensorial baseado na resposta dos consumidores (Terceira

Etapa)

Considerando os resultados obtidos nas duas etapas anteriores foram

selecionados os melhores tratamentos, quanto à oxidação lipídica, para avaliação

sensorial. Os testes sensoriais foram realizados após processamento e obtenção

dos resultados dos testes microbiológicos das amostras cruas. Isto para garantir que

as amostras estavam dentro dos limites permitidos pela legislação para ingestão. As

análises foram realizadas no Laboratório de Avaliação Sensorial do Departamento

de Agroindústria, Alimentos e Nutrição, que dispõe de cabines individuais para teste,

além de controle de iluminação, segundo as recomendações de Meilgaard; Civille e

Carr (1999). O projeto foi avaliado pelo Comitê de Ética da ESALQ para a realização

das análises sensoriais com a utilização de humanos adultos acima de 18 anos, não

fumantes (COET/0213, Protocolo nº 161).

3.14.1 Preparo das amostras

Foram selecionadas as amostras dos tratamentos com melhor estabilidade

oxidativa apresentaram (que foram MP, adição de extrato ativo de pimenta na massa

cárnea, e o tratamento FP, aplicação de filmes ativa de quitosana com adição de

extrato de pimenta na carne), além de um controle negativo. Os tratamentos foram

comparados com um produto do mercado com características similares em

duplicata, constituindo assim 5 tratamentos apresentados na Tabela 3.

Tabela 3 - Tratamentos que foram avaliados sensorialmente

Tratamento Descrição

C Controle, tratamento controle sem adição de antioxidante. MP Massa Pimenta, tratamento com adição do extrato de pimenta rosa direto na

massa cárnea. FP Filme Pimenta, tratamento com adição do extrato de pimenta rosa no filme ativo

de quitosana e aplicado na produto reestruturado. CM1 Comercial 1, hambúrguer comercial 1. CM2 Comercial 2, hambúrguer comercial 2.

FP: Filme pimenta, CM1: amostra comercial 1, MP: Massa pimenta, C: Controle, CM2: amostra comercial 2.

A análise sensorial foi realizada após obtenção dos resultados da análise

microbiológica, aproximadamente 5 dias após processamento. O cozimento do

produto reestruturado de frango (hambúrgueres) foi feito em chapa elétrica tipo grill,

até que as mesmas atingissem a temperatura interna de 72°C por 4 a 5 minutos.

57

3.14.2 Teste de aceitação e caracterização sensorial com consumidores

Para a avaliação foram recrutados 81 consumidores de hambúrguer dentre os

alunos e funcionários do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da

ESALQ/USP, sem restrições quanto ao sexo, idade e frequência de consumo, das

classes sociais A/B/C, segundo o Critério Padrão de Classificação Econômica Brasil

2015 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE PESQUISA, 2015).

Foram servidas monádicamente as 5 amostras usando um delineamento

completo balanceado, numerando os pratos com a amostra com algarismos de 3

dígitos. Os consumidores indicaram sua aceitabilidade utilizando uma escala

hedônica híbrida de 10 pontos, ancorada em 0=desgostei extremamente; 5=Nem

gostei nem desgostei e 10=gostei extremamente (VILLANUEVA, 2005).

Além do teste de aceitabilidade, foi aplicada a metodologia CATA (Check All

That Apply), traduzida como: “marque tudo o que aplique" (ARES et al., 2010). Para

o levantamento dos atributos usados no CATA, foi usado o método de rede com

consumidores, onde foi solicitado aos consumidores que descrevessem com a

seleção de características apropriadas para descrever cada amostra. Em seguida foi

pedido aos consumidores que marcaram as características que eles considerassem

como um produto idealizado descrito como “um hambúrguer com as caraterísticas

sensoriais ideais” (WORCH, 2010). Os atributos solicitados para descrição das

amostras e de um produto ideal foram: cor típica de frango, cor não típica de frango,

odor de pimenta, odor de ranço, odor estranho, odor característico, sabor de

pimenta, sabor de vinagre, sabor característico de hambúrguer, sabor não

característico de hambúrguer, sabor de ranço e aparência característica de

hambúrguer (Anexo A). Os atributos foram aleatorizados para cada amostra e para

cada provador de acordo ao recomendado por Ares et al. (2014).

3.14.3 Análise de dados sensoriais

Os dados da aceitação serão avaliados utilizando análise de variância de

duas vias (provador e amostra). Caso em que as diferenças entre as amostras foram

significativas, se realizou uma comparação de medias usando a diferença

honestamente significativa de TUKEY (HSD) com nível de significância de 5%. Os

dados coletados pelo CATA foram avaliados por Analise de Penalização, análise de

Q de Cochran e os dados que apontaram diferença significativa entre as amostras

foram consideradas na Análise de Correspondência.

58

59

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Teor de compostos fenólicos totais

Os teores de compostos fenólicos totais dos extratos de resíduos de película

de amendoim e de pimenta rosa, adicionados no produto reestruturado de frango

processada, apresentaram pequena variação de acordo com cada extração. Para o

cálculo de concentração de fenólicos totais a serem adicionados nos filmes ativos e

na carne processada de frango foi necessário determinar a concentração de

compostos fenólicos totais (CFT), expressos como ácido gálico (AG), contidos nos

resíduos agroindustriais. Os valores médios do conteúdo de fenólicos totais obtidas

a partir dos resíduos de pimenta rosa e película de amendoim estão apresentados

na Tabela 4.

Tabela 4 – Média ± desvio padrão do conteúdo de fenólicos totais dos extratos de resíduos agroindustriais

Extrato Média

Resíduos de película de amendoim (mg AG/mL) 11,96 ± 0,10

Resíduos de película de amendoim (mg AG /g) 107,69 ± 0,92

Resíduos de pimenta rosa (mg AG /mL) 5,88 ± 0,041

Resíduos de pimenta rosa (mg AG /g) 45,01 ± 0,54

mg AG/g: miligramas de ácido gálico por gramas de resíduo agroindustrial mg AG/mL: miligramas de ácido gálico por mililitros de solução Todos os resultados apresentaram um coeficiente de variação < 1 % nas analises.

Os teores de compostos fenólicos totais obtidos a partir de extrato etanólico

de amendoim foram de 107,69 mg AG/ g de resíduo de película de amendoim.

Valores semelhantes ao presente estudo foram encontrados por Nepote, Grosso e

Guzmán (2002), que relataram teor de fenólicos totais em extrato etanólico de 114,8

mg AG/g de película de amendoim. A extração dos compostos fenólicos pode variar

de acordo com o tipo de solvente utilizado. O estudo realizado por Ma (2014),

utilizando acetona, obteve concentrações similares, a partir de 4 diferentes

tratamentos variando na faixa de 166-120 mg AG/g de película de amendoim.

No caso da pimenta rosa, o teor médio de compostos fenólicos totais

encontrado foi de 45,01 mg AG/g de resíduo. Este resultado é maior do que o valor

de 10,77 mg AG/g de amostra seca apresentado por Bertoldi (2006), e é similar ao

encontrado por Biazotto (2014), encontrou um teor de 49,51 mg AG/g . Bergamachi

(2012), verificou que o etanol de 80% (etanol: água), teve melhores efeitos como

60

solvente para resíduos de plantas. O conteúdo de CFT em resíduos agroindústrias

de película de amendoim e pimenta rosa, obtidos pela extração com etanol (80%),

foram de 112,54 mg AG/g de resíduo seco de película de amendoim e de 38,42 mg

AG/g de resíduo seco de pimenta rosa.

Os valores obtidos de CFT atenderam os resultados desejados em base ao

encontrado na literatura, sendo possível pela eficiente ação do solvente extrator. O

etanol (80 etanol: 20 água) é um composto com alta polaridade, caracterizado por

ser um bom solvente para compostos polares e apolares, como são os compostos

fenólicos. Assim, fatores externos como temperatura e tempo, favorecem a extração

dos CFT dos resíduos, concordando com o estabelecido por Bergamashi (2010).

Segundo o estudo realizado por Pagani et al. (2014), os principais compostos

fenólicos responsáveis pela ação antioxidante da pimenta rosa são os ácidos p-

cumárico, vanílinico, e ferúlico. Este mesmo estudo quantificou estes três compostos

principais e obteve valores de 4,49, 10,76, 3,94 mg/g de pimenta rosa,

respectivamente. A variação de concentração de CFT pode ocorrer devido a fatores

como o tipo de armazenamento, tipo de coleção e local de coleta dos resíduos.

Uma vez quantificado o conteúdo de compostos fenólicos dos extratos dos

resíduos de película de amendoim e pimenta rosa, na segunda etapa desta pesquisa

foram otimizadas as concentrações a serem incorporadas nos filmes ativos de

quitosana, tomando como limite superior a concentração de 90 mg AG/kg carne, que

é o menor valor permitido pela legislação brasileira para o antioxidante comercial

butilhidroxitolueno (BHT), até 100 mg / kg de carne (BRASIL, 1998).

4.2 Otimização da quantidade de antioxidante adicionada ao filme ativo de

quitosana para retardar oxidação lipídica

Para a primeira etapa da pesquisa, na qual objetivou-se a determinação da

concentração ótima de compostos fenólicos a ser adicionada no filme ativo de

quitosana, foram testadas várias concentrações, variando de 1 até 90 mg AG/kg de

carne. A avaliação da concentração ótima de extratos naturais de película de

amendoim e pimenta rosa a serem incorporados como antioxidantes nos filmes

ativos de quitosana foi realizada utilizando a análise de superfície de resposta, com

delineamento composto central rotacional. Os níveis utilizados e os ensaios

experimentais para o extrato de película de amendoim, em função das duas

61

variáveis independentes, tempo (zero até dez dias) e concentração (1 até 90 mg

AG/kg de carne), bem como a variável dependente (TBARS) são apresentados na

Tabela 5.

Tabela 5 – Valores codificados e reais das variáveis independentes para a resposta de oxidação lipídica (TBARS)

Ensaios

Concentração (mg AG/kg de carne)

Tempo (dias) TBARS

(mg MDA/kg amostra)

Valor Codificado Valor Real

Valor Codificado

Valor Real

Filme Quitosana + Extrato película

amendoim

1 -1 14 -1 1,5 3,68

2 -1 14 1 8,5 4,84

3 1 77 -1 1,5 3,58

4 1 77 1 8,5 4,66

5 -1,41 1 0 5 4,60

6 1,41 90 0 5 4,11

7 0 45,5 -1,41 0 3,10

8 0 45,5 1,41 10 5,67

9 0 45,5 0 5 4,29

10 0 45,5 0 5 4,34

11 0 45,5 0 5 4,31

Observa-se que com o decorrer do tempo de armazenamento e conforme a

diminuição da concentração do extrato, os valores de TBARS aumentaram. As

amostras no início do período de armazenamento apresentaram o valor mais baixo

de TBARS (3,10 mg AG/kg). Concentrações mais elevadas de antioxidante no filme

apresentaram valores reduzidos de TBARS (4,10 mg AG/kg).

Os efeitos estimados dos valores TBARS são mostrados na equação 1, sendo

que as duas variáveis, concentração (x) e tempo (y), apresentaram efeito quadrático

significativo e negativo (p≤0,05), indicando uma região de aumento da produção de

TBARS. O modelo, de acordo a regressão, foi:

𝑻𝑩𝑨𝑹𝑺 = 𝟑, 𝟑𝟐𝟐𝟗 + 𝟔, 𝟎𝟔𝟗𝟗 × 𝟏𝟎−𝟓𝒙 − 𝟑, 𝟏𝟖𝟑𝟐 × 𝟏𝟎−𝟓𝒙𝟐 + 𝟐, 𝟏𝟗𝟗 × 𝟏𝟎−𝟏𝒚 − 𝟑, 𝟒𝟔𝟓𝟒 ×

𝟏𝟎−𝟒𝒚𝟐 − 𝟏, 𝟔𝟖 × 𝟏𝟎−𝟒𝒙𝒚 (1)

A Tabela 6 apresenta a análise de variância (ANOVA) dos resultados obtidos.

O modelo de regressão foi significativo pois apresentou um F calculado maior do

62

que do F tabelado. Deste modo, este modelo poderia ser utilizado para predizer a

variável dependente, no caso de valor de TBARS.

Tabela 6 – Analise da variância para valores de TBARS produzidos.

Fonte de Variação

Soma de Quadrados

Graus de Liberdade

Média Quadrática

F cal F tab p

Regressão 4,429953 5 0,885991 14,36804 5,050329 0,005464

Resíduo 0,308320 5 0,061664

Falta de ajuste 0,307054 3 0,102351 161,6814 19,16429 0,006153

Erro puro 0,001266 2 0,000633

Total 4,738273 10 0,473827

R2 = 0,9349.

O coeficiente de correlação (R2) da regressão foi de 0,93, ou seja, uma

porcentagem de variação explicada pelo modelo de 93,49%, indicando que o mesmo

se ajusta bem aos resultados obtidos. O teste F da regressão mostra que o valor do

F calculado é maior que do F tabelado, indicando significância entre as variáveis. O

F da falta de ajuste também apresentou alta significância (p ≤ 0,05), mas este valor

não afetou a predição do modelo (Anexo B).

A Figura 17 mostra as superfícies de contorno e de resposta obtidas da

interação entre tempo e a concentração, na resposta da produção de TBARS como

medida de oxidação lipídica para os filmes com extrato de película de amendoim.

63

Figura 17 – a. Superfície de contorno do efeito tempo e a concentração do extrato de película de

amendoim no filme ativo sobre a produção de TBARS, b. Superfície de resposta da variável produção de TBARS

A

B

64

Observa-se que a produção de TBARS é maior em amostras de carne de

frango com uma concentração baixa de extrato de película de amendoim (< 45 5 mg

AG/kg) e quando o tempo de armazenamento foi maior (> 6 dias). A superfície de

contornos mostra que entre o quarto e quinto dia e no intervalo de concentrações de

1 à 45,5 mg AG/kg de carne, dois dos pontos analisados apresentaram uma iso-

resposta, o que indica que não há diferença significativa nessa faixa de

concentrações em relação aos valores de TBARS. A superfície de contornos e de

resposta também demostraram que a concentrações maiores a 45,5 mg AG/kg de

carne e depois do dia 5, as respostas de formação de TBARS começam a diminuir

proporcionalmente a este aumento da concentração. Nossos resultados mostraram

relação inversamente proporcional entre a concentração de antioxidante e a

produção de TBARS.

No tempo de armazenamento de 1,5 dias foram avaliadas duas

concentrações de extrato, onde foi possível perceber diferentes tipos de respostas,

mesmo em um período curto. Apesar da pequena diferença nos valores de TBARS,

as respostas mostraram que existia uma maior produção de TBARS em

concentração baixa (14 mg AG/kg de carne) quando comparada com a

concentração alta (77 mg AG/kg de carne).

No caso da pimenta rosa, a otimização da concentração de extrato também

foi determinada pela análise de superfície de resposta, utilizando delineamento

composto central rotacional e nas mesmas condições de tempo e concentração que

para otimização da concentração do extrato de película de amendoim. Na Tabela 7

apresentam-se os níveis utilizados e os ensaios experimentais, em função das duas

variáveis independentes, tempo (zero até dez dias) e concentração (1 até 90 mg

AG/kg de carne) e a variável dependente, a resposta com valor de TBARS.

65

Tabela 7 – Valores codificados e reais das variáveis independentes para resposta de oxidação lipídica

Tratamento

Concentração (mg AG/kg de carne)

Tempo (dias) TBARS

(mg MDA/kg amostra)

Valor Codificado

Valor Real

Valor Codificado

Valor Real

Filme Quitosana + Extrato pimenta

1 -1 14 -1 1,5 3,49

2 -1 14 1 8,5 4,32

3 1 77 -1 1,5 3,37

4 1 77 1 8,5 4,01

5 -1,41 1 0 5 4,75

6 1,41 90 0 5 3,74

7 0 45,5 -1,41 0 3,11

8 0 45,5 1,41 10 5,11

9 0 45,5 0 5 4,21

10 0 45,5 0 5 4,15

11 0 45,5 0 5 4,13

Os resultados indicam relação direta entre a maior concentração de extrato e

o menor valor de TBARS. Os valores mais baixos de TBARS foram verificados no

tempo zero (3,11 mg AG/kg) e em amostras de carne de frango em concentrações

mais elevadas do extrato de pimenta rosa (3,74 mg AG/kg).

Os efeitos estimados sobre a resposta de oxidação lipídica (TBARS) são

apresentados pela equação 2, sendo que as duas variáveis, concentração (x) linear

e quadrática, apresentaram efeito significativo negativo (p≤0,05), indicando uma

região de aumento da produção de TBARS.

𝑻𝑩𝑨𝑹𝑺 = 𝟑, 𝟐𝟖𝟓𝟓 − 𝟑, 𝟔𝟗𝟕 × 𝟏𝟎−𝟒𝒙 − 𝟓, 𝟒𝟔𝟎𝟔 × 𝟏𝟎−𝟓𝒙𝟐 + 𝟐, 𝟔𝟖𝟏𝟗 × 𝟏𝟎−𝟏𝒚 − 𝟗, 𝟔𝟎𝟗𝟖 ×

𝟏𝟎−𝟑𝒚𝟐 − 𝟒, 𝟏𝟕𝟒 × 𝟏𝟎−𝟒𝒙𝒚 (2)

A Tabela 8 apresenta a análise de variância (ANOVA) dos resultados obtidos.

O modelo de regressão foi significativo apresentando, F calculado maior que do F

tabelado. Deste modo, o modelo poderia ser utilizado para predizer a variável

dependente, no caso o valor de TBARS.

66

Tabela 8 – Analise da variância para valores de TBARS produzidos.

Fonte de Variação

Soma de Quadrados

Graus de Liberdade

Média Quadrática

F cal F tab p

Regressão 2,849045 5 0,569809 4,41257 5,050329 0,06451

Resíduo 0,645666 5 0,129133

Falta de ajuste 0,642232 3 0,214077 124,6821 19,16429 0,007967

Erro puro 0,003434 2 0,001717

Total 3,494710 10 0,349471

R2= 81,52%.

O coeficiente de correlação (R2) foi de 0,82, indicando que o mesmo se ajusta

bem a os resultados obtidos. O teste F da regressão mostra que o valor do F

calculado é menor que do F tabelado, indicando significância entre as variáveis. O F

da falta de ajuste apresentou alta significância (p ≤ 0,05), no entanto estes valores

não afetaram a predição do modelo. (Anexo C).

A Figura 18 mostra as superfícies de contorno e de resposta obtidas da

interação entre tempo e concentração na resposta de produção de TBARS como

medida de oxidação lipídica no filme com extrato de pimenta rosa.

67

Figura 18 – A. Superfície de contorno do efeito tempo e a concentração de extrato de pimenta rosa no filme ativo sobre a produção de TBARS, B. Superfície de resposta da variável produção de TBARS

A

B

68

É possível observar também que a produção de TBARS é maior quando

utiliza-se concentração baixa e quando o tempo transcorrido foi maior. Contrário a

superfície de contornos do extrato de película de amendoim (Figura 17), a superfície

de contornos da pimenta rosa (Figura 18), mostra que entre o quarto e quinto dia há

variação da resposta na faixa de concentrações que vão de 1 à 45,5 mg AG/kg de

carne, sendo que a área de maior concentração de antioxidante apresenta uma

menor produção de TBARS. A superfície de reposta demonstra que a relação entre

a concentração do extrato de pimenta rosa e a produção de TBARS é inversamente

proporcional.

Baseando-se na superfície de contornos, a resposta apresentada para as

amostras no quinto dia de armazenamento e com concentração de 1 mg AG/kg

(quase nula) foi de 3,74 mg MDA/kg, este valor é muito similar à resposta

apresentada após 8,5 dias em amostras com concentração de 77 mg AG/kg de

carne (4,01 mg MDA/kg carne). Considerando esse resultado, verifica-se que a

adição de 77 mg AG/kg de carne poderia prolongar a vida útil do produto já que

apresenta valores baixos de TBARS. Após 1,5 dias de armazenamento, as amostras

com concentração de 14 mg AG/kg apresentaram valor de TBARS de 3,49 mg

MDA/kg. Enquanto que as amostras com concentração de 90 mg AG/kg de carne e

um tempo de armazenamento de 5 dias, apresentaram valores próximo a esse (3,74

mg MDA/kg), indicando um ganho de 3,5 dias para o tratamento com 90 mg AG/kg.

Com base nas superfícies de respostas e de contornos, se comparamos a

eficiência do extrato de pimenta rosa e do extrato de amendoim como antioxidantes

naturais adicionados em uma embalagem de quitosana para aplicação em carne de

frango, podemos afirmar que o extrato de pimenta rosa foi mais eficiente (em função

da diminuição da oxidação lipídica), especialmente quando a concentração

adicionada é maior, sendo que o teor ideal foi de 90 mg AG/kg de carne.

Não foram encontrados estudos relacionados à adição de extratos de película

de amendoim ou pimenta rosa como antioxidantes em carnes ou em filmes de

quitosana. No entanto, existem vários estudos relacionados à incorporação de

outros extratos antioxidantes em filmes ativos de quitosana. Quin et al. (2013) e

Siripatrawan e Noipha (2012), comprovaram que a incorporação de extratos

polifenólicos de chá verde em filmes de quitosana (em concentrações de 30% de

extrato e 20% extrato, respetivamente) aplicados em hambúrgueres de porco

69

tiveram efeito significativo no retardo da oxidação lipídica. Georgantelis et al. (2007),

também demonstrou que a incorporação de extrato de alecrim (260 mg diterpenos

fenólicos/ kg de carne) em filmes de quitosana apresentaram efeito positivo para

retardar a oxidação lipídica, com reduções de até 87% do teor de malonaldeído em

comparação a um controle.

A adição de extratos vegetais no filme de quitosana se apresentou como uma

alternativa eficaz para retardar a oxidação lipídica, já que proporcionou caraterísticas

antioxidantes ao filme (PONCE et al. 2008), embora neste trabalho as

concentrações utilizadas foram mais baixas que das encontradas na literatura

demonstrou-se que teve uma boa eficiência inibindo a oxidação lipídica. Através dos

dados observados, existe a possibilidade de que, com o aumento das concentrações

de CFT (maiores das avaliadas neste estudo) através da maior adição de volume

dos extratos de película de amendoim e pimenta rosa, possam ainda ser obtidos

melhores resultados.

Na literatura não foram encontrados estudos utilizando metodologia de

superfície de resposta com condições variáveis de concentração de antioxidante e

tempo na avaliação da produção de TBARS. Neste estudo, a metodologia de

superfície de resposta permitiu avaliar as concentrações ideais de extrato de

resíduos para aplicação no filme ativo de quitosana, indicando ótimos resultados

para as concentrações mais altas estudadas além de indicar a possibilidade de que

maiores concentrações dos extratos estudados (> 90 mg AG/kg) possam resultar em

valores ainda mais baixos de TBARS.

Neste estudo, pudemos observar que as regiões da superfície que

apresentaram a menor produção de TBARS foram as que indicavam as

concentrações mais altas de extrato antioxidante (90 mg AG/kg de carne). Dessa

forma, foram selecionadas da região ótima da superfície de resposta, e de forma que

as concentrações de extratos de ambos resíduos a foram as utilizadas na próxima

etapa deste estudo. Assim, para o extrato de película de amendoim foi selecionada a

concentração de 80 mg AG/kg de carne e no caso do filme de quitosana com adição

de extrato de pimenta rosa, o valor aleatório de concentração de extrato escolhido

foi de 90 mg AG/kg de carne. A concentração utilizada para o extrato de película de

amendoim foi mais baixo (80 mg AG/kg de carne) pois apresentou uma isso-

resposta, entre 80 e 90 mg AG/kg de carne, enquanto que para o extrato de pimenta

70

rosa apresento uma resposta com valores mais baixos de oxidação lipídica em 90

mg AG/kg de carne.

4.3 Caracterização dos filmes ativos de quitosana com extrato antioxidante

Os filmes de quitosana contendo os extratos antioxidantes de película de

amendoim e pimenta rosa, apresentaram elevada flexibilidade que ajudou para

evitar rasuras quando foram retirados das placas petri, assim também possuíram

aparências semelhantes entre eles. A coloração foi amarelada, com bastante

flexibilidade e uma textura lisa. Aparência era de filmes resistentes e moldados ao

tamanho do produto de carne reestruturado de frango.

Os filmes foram caracterizados quanto à espessura, solubilidade em água,

teor de umidade, barreira ao vapor d’água (Tabela 9) e propriedades mecânicas. A

caracterização dos filmes foi realizada na segunda etapa do experimento, utilizando

as concentrações de 80 mg AG/ kg carne para o extrato de película de amendoim e

90 mg AG/ kg de carne para o extrato de pimenta rosa.

Tabela 9 – Média ± desvio padrão dos valores de espessura, solubilidade em água, teor de umidade

e permeabilidade ao vapor de água para os filmes ativos de quitosana.

Tipo de Filme Espessura

(mm) Solubilidade

em água (%)

Umidade (%)

TPVA (gmm/m

2hkPa)

Quitosana + extrato de pimenta

0,063 ± 0,003 27,25 ± 0,27 20,18 ± 0,44 1.72 x 10-8

± 7,05x10-10

Quitosana + extrato de película

de amendoim 0,064 ± 0,003 27,12 ± 0,41 20,12 ± 0,82 1,77 x 10

-8 ± 7,94 x 10

-10

Todos os resultados apresentaram um coeficiente de variação < 5% nas analises. TPVA: Taxa de permeabilidade ao vapor d’água.

A espessura média dos filmes ativos de quitosana contendo extratos de

resíduos de película de amendoim (FA) e pimenta rosa (FP), foi similar, 0,063 mm e

0,064 mm, respectivamente. De acordo com o estudo realizado por Siripatrawan e

Harte (2010), no qual avaliaram a propriedades físicas dos filmes ativos de

quitosana (2 % m/v) com incorporação de extrato de chá verde, esses autores

obtiveram valor de espessura de 0,0628 mm, valores que são quase iguais aos

71

obtidos nesta pesquisa. A medição da espessura dos filmes mostra-se importante já

que é base para cálculo de alguns parâmetros de caracterização dos filmes.

O tipo de extrato antioxidante incorporado aos filmes de quitosana, não

alterou significativamente a solubilidade em água, sendo 27,25% para o FA e

27,12% para o FP. A solubilidade nos filmes é uma característica importante pois

indica o comportamento do filme em meio aquoso, também pode mostrar a

resistência à agua e além de ser um fator para medir a biodegradabilidade do filme

(GNANASAMBADAM, HETTIARACHCHY, COLEMAN, 1997). Martins et al. (2012)

avaliaram as propriedades dos filmes de quitosana (1,5 % m/v) com a incorporação

de diferentes concentrações de α-tocoferol (0, 0,1,0,2%) e comprovou-se que não

existiu diferença significativa na solubilidade pela adição deste composto, obtendo

solubilidades na faixa de 29,1-31,6 %. Wang et al. (2013) também estudaram

propriedades de filmes de quitosana (4 % m/v, em solução de 2 % v/v, de ácido

acético) com incorporação de polifenóis de chá em extrato aquoso em várias

concentrações (10, 20, 30, 40 %) esses autores determinaram que a solubilidade

estava na faixa de 25%. Estes resultados foram bastante parecidos aos obtido nesta

pesquisa.

Os valores do teor de umidade para FA foi de 20,18 % e para FP foi de 20,12

%. Sendo que o conteúdo de água na matriz filmogênica influencia nas propriedades

de barreira do filme, onde um aumento de concentração de água no filme ou de

temperatura implica movimento molecular, portanto nas propriedades de difusão

como a permeabilidade (MEHYAR, HAN, 2004). No estudo realizado por Van Beest

(2013), foi avaliada a aplicação de filmes de quitosana (1% m/v) com óleos

essenciais de orégano (CHO) e tomilho (CHT), sendo que o teor de umidade

encontrado para esses filmes foram de 24 % para o CHO e 23,7 % o CHT,

resultados similares aos obtidos neste estudo.

A permeabilidade ao vapor de água caracteriza a permeação do vapor de

água a uma temperatura estabelecida através da superfície do filme. Os resultados

para PVA foram também bastante similares para os dois tipos de filme: 1,72 x 10-5

para o FA e de 1,77 x 10-5 gmm/m2hkPa para o FP. A permeabilidade de um filme

depende da estrutura química e morfológica, natureza do material permeável e a

temperatura do ambiente. A baixa permeabilidade apresentada pelos filmes ativos

FP e FA pode ser devido ao fato que as interações covalentes entre a matriz da

quitosana e os compostos fenólicos, limitam a disponibilidade dos hidrogênios para

72

formar ligações hidrofílicas com a água, para posteriormente resultar diminuição da

afinidade do filme pela água (SIRIPATRAWAN, HARTE, 2010). Assim estudos

realizados por Martins et. al. (2012), avaliaram as propriedades dos filmes de

quitosana com a incorporação de diferentes concentrações de α-tocoferol (0,

0,1,0,2%) e obtiveram valores semelhantes a este estudo, na faixa de 6,0 - 7,3 x 10 -

-4 g m-1 h-1 kPa-1 pelo que corrobora nossos resultados.

4.3.1 Propriedades mecânicas

As propriedades mecânicas dos filmes ativos de quitosana forma medidas,

avaliando os parâmetros de tensão na ruptura (TS), elongação na ruptura (ξ) e

módulo de elasticidade (E).

Tabela 10 – Média ± desvio padrão dos valores dos parâmetros mecânicos para os filmes ativos de quitosana.

Tipo de Filme TS (MPa) ξ (%) E (GPa)

Quitosana + extrato de pimenta

16,40 ± 1,3 19,82 ± 1,7 0,12 ± 0,01

Quitosana + extrato de película de amendoim

18,84 ± 1,6 17,36 ± 0,6 0,12 ± 0,01

TS: Tensão na Ruptura; ξ: Elongação na ruptura; E: Módulo de elasticidade Todos os resultados apresentaram um coeficiente de variação < 10 % nas analises.

Os filmes contendo extrato de película de amendoim apresentaram maior

resistência e menor flexibilidade, representados pela maior TS e menor ξ, se

comparados com os filmes contendo extrato de pimenta rosa. Na comparação pelo

teste de t de Student para TS, não houve diferença significativa (p > 0,05), enquanto

para ξ houve diferença (p < 0,05) entre esses dois tipos de filmes ativos. O Módulo

de elasticidade, que indica a rigidez do material, não apresentou diferença

significativa entre os dois tratamentos. Yoshida e Oliveira (2009), reportaram valores

de TS de 21,15 MPa e ξ de 17,10 %, para filme de quitosana (1% m/v) com 0,25%

de glicerol, estando os resultados obtidos no presente trabalho dentro da faixa

encontrada para filmes de polímeros naturais com adição de glicerol.

Souza et al. (2010), avaliaram o efeito de campos elétricos sobre a estrutura

de filmes comestíveis de quitosana (1,5 % m/v), sendo que para o tratamento sem

aplicação de campos elétricos obteve TS de 14 MPa e ξ de 16 %, esses autores não

73

determinaram o valor do modulo de elasticidade. Bonilla et al. (2013) avaliaram as

propriedades mecânicas dos filmes de quitosana-amido de trigo com incorporação

de extratos de óleos essenciais, ácido cítrico e α tocofereol, sendo que o tratamento

com adição de ácido cítrico foi o que teve resultados mais próximos a este trabalho,

assim obtiveram valores de 34 MPa de TS, um ξ de 0,141 GPa, sendo que o único

valor que diferiu foi o de E, que obteve um 3%. Estas variações podem ser devidas a

vários fatores como: composição da quitosana e fonte de obtenção, presença de

plastificante, a preparação do filme e o armazenamento (SÁNCHEZ-GONZÁLEZ et

al., 2009). Park, Marsh, e Rhim, (2002), reportaram que a TS pode aumentar de

acordo com o peso molecular da quitosana, enquanto Ziani et al. (2008) fizeram

referência de que o aumento da TS e a ξ, estão relacionados com o grau de

desacetilação da amostra utilizada.

4.4 Composição Centesimal

Na segunda etapa do experimento, foi realizado em cada bloco experimental,

a caracterização físico-química da massa cárnea comum de todos os tratamentos

(sem adição dos extratos de resíduo). Na Tabela 11 apresentam-se a média dos

resultados da composição centesimal da massa cárnea utilizada.

Tabela 11 – Média mais ou menos o desvio padrão da composição centesimal (umidade, proteína, lipídeos e cinzas) da massa cárnea utilizadas nas repetições

Parâmetro Massa cárnea de sobrecoxas de frango

processado

Umidade (%) 73,46 ± 0,10

Proteína (%) 16,87 ± 0,08

Gordura (%) 7,82 ± 0,10

Cinzas (%) 1,05 ± 0,02

O coeficiente de variação para todas as repetições de cada parâmetro < 5%.

Os valores médios encontrados na caracterização da massa cárnea inicial

coincidem com os valores descritos pela Tabela Brasileira de Composição de

Alimentos (TACO; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, 2006), a qual

apresentou para sobrecoxa de frango sem pele os valores de 72,7 % de umidade,

17, 6 % de proteína, 9,5 % de lipídeos, e 0,9% de cinzas.

74

4.5 Avaliação do pH

Os resultados de pH demonstraram que não houve diferença significativa (p >

0,05) entre os tratamentos avaliados, entre o tempo de armazenamento e nem a

interação entre eles (Anexo D). Todos os tratamentos apresentaram o mesmo

comportamento durante o tempo de armazenamento, onde se observa que no 4o dia

de armazenamento houve elevação dos valores de pH em relação ao tempo inicial,

seguido de queda no último dia de estocagem (7 dias de armazenamento).

Os valores de pH obtidos no final do período de armazenamento variaram na

faixa de 6,30 até 6,51. Embora o pH dos tratamentos com aplicação dos filmes

ativos tenham se apresentado mais elevados, não foi verificada diferença

significativa. As mudanças de pH nas carnes processadas estão sujeitas a vários

fatores como pH da solução de extrato, bactérias presentes na matéria prima,

condições de armazenamento, tipo de corte do frango. Os filmes de quitosana

possuem um pH baixo por serem preparados a base de ácido acético, enquanto que

os extratos de película de amendoim e pimenta rosa são fonte de compostos

fenólicos, sendo que muitos são ácidos fenólicos, como o ácido gálico, os quais irão

garantir caráter ácido ao extrato (LORENZO et al., 2014). Além disto, o aumento de

pH também pode ser explicado pelo aumento na produção de bases voláteis

produzidas por bactérias endógenas, que utilizam compostos de baixo peso

molecular, como aminoácidos da carnes, para decompô-las em amônia alcalina e

amônia e trimetilamina (MASNIYOM, BENJAKUL, VISESSANGUAN, 2002).

Na literatura não existe registro de estudos nos quais foram aplicados extratos

de pimenta rosa ou película de amendoim em carne ou em filmes ativos para

avaliação de pH. Porém existem vários estudos que avaliaram a aplicação de

extratos naturais em carne de frango. Selani et al. (2011) comprovaram que a adição

de extratos etanólicos de resíduos de uvas não alteraram significativamente (p >

0,05), os valores de pH de carne de frango crua apresentou valores de 6,5. Também

Teruel et al. (2015) não encontraram diferença significativa no valor de pH após a

adição de extrato de alecrim em nuggets de frango congelado, o qual apresentou

valor de pH igual a 6,35. Comparando estes valores encontrados na literatura,

verifica-se que os valores são similares aos obtidos neste estudo.

A incorporação de baixas concentrações de extratos de resíduos

agroindustriais na massa cárnea de frango processada, assim como em filmes ativos

de quitosana não alteraram o pH do produto, preservando a condição inicial de pH.

75

4.6 Cor instrumental

A cor da carne de frango foi avaliada pelos parâmetros de luminosidade (L*),

intensidade de cor vermelha (a*) e intensidade de cor amarela (b*). Os resultados

demonstraram que não houve efeito significativo (p > 0,05) entre os tratamentos e

nem efeito de interação tratamento versus tempo (Tabela 12). Isto indica que a

adição dos extratos diretamente na massa cárnea e no filme não alteraram a cor da

carne de frango processada.

Tabela 12 - Média ± desvio padrão dos parâmetros L*,b*,a* na carne crua de frango, segundo as interações de tempo e armazenamento

Parâmetr

o

Tratamentos

C AS MP MA FP FA

L* 68,67 ± 2,29a

67,93 ± 1,92a 66,66 ± 1,80

a 67,44 ± 2,22

a 67,61 ± 1,45

a 67,89 ± 1,71

a

a* 9,03 ± 1,38a 9,30 ± 0,99

a 9,41 ± 1,23

a 9,24 ± 1,04

a 9,35 ± 0,81

a 9,19 ± 1,00

a

b* 17,83 ± 0,96a 17,99 ± 1,26

a 17,58 ± 0,88

a 17,57 ± 1,26

a 18,11 ± 1,22

a 17,89 ± 1,13

a

Média seguida de letras representam diferencia estatística (p<0,05) entre os tratamentos pelo Teste de Tukey. C: Controle, AS: Antioxidante Sintético, MP: Massa Pimenta, MA: Massa amendoim, FP: Filme Pimenta, FA: Filme Amendoim.

63

64

65

66

67

68

69

70

0 4 7

L*

Tempo (dias)

0

2

4

6

8

10

12

0 4 7

a*

Tempo (dias)

76

Figura 19 – Comportamento dos valores médios dos parâmetros L*, a* e b*, em relação ao tempo de

armazenamento.

Os parâmetros de cor da carne de frango não apresentaram diferença

estatisticamente significativa entre os tratamentos aplicados. Na Figura 19 observou-

se que após o tempo de armazenamento sob refrigeração, os valores do parâmetro

L* tiveram um aumento durante o tempo de refrigeração, o comportamento dos

valores de a* foi oposto ao observado para luminosidade L*, já que estes diminuíram

no final do período de armazenamento e os valores de b* não tiveram um

comportamento definido, já que no 4º dia houve incremento no valor e no 7º dia

houve redução. Apesar desses comportamentos, nenhum parâmetro de medição de

cor mudou significativamente. A baixa concentração de mioglobina presente na

carne de frango pode ter contribuído para que os valores de luminosidade não

mudem significativamente, assim como a presença de compostos antioxidantes

diminuem a velocidade de formação de MMb (GENOT et al. 1991).

Mesmo sem ter sido verificada diferença significativa entre os tratamentos,

observou-se queda na intensidade de cor vermelha (a*), a qual ocorreu

possivelmente devido à iniciação de oxidação lipídica, já que com ela inicia-se

também a oxidação dos pigmentos heme da carne, reduzindo sua cor vermelha

(O’GRADY et al., 2011). Muitas das modificações apresentadas na coloração de

produtos cárneos adicionando extratos de plantas dependem muito da natureza do

extrato. A diferença observada em valores de b* da carne pode ser atribuída aos

pigmentos presentes nos extratos naturais e não ao processo de oxidação

(FERNANDEZ-LOPEZ et al., 2005). A coloração avermelhada do extrato de película

de amendoim assim como a cor amarelada do extrato de pimenta rosa foram

16

17

18

19

0 4 7

b*

Tempo (dias)

77

insignificantes na coloração do produto, apesar de possuir considerável tonalidade

no extrato. A coloração vermelha escura do extrato de película de amendoim é

atribuída aos taninos presentes nesta matéria prima (O’KEEFE; WANG, 2006),

enquanto na pimenta rosa a coloração amarelada é atribuída à mistura de

compostos fenólicos, flavonoides e carotenoides (ALVAREZ-PARRILLA, et al. 2011).

Não existem trabalhos na literatura que relatem o comportamento da cor

instrumental de carne de frango crua que possui extrato de película de amendoim e

pimenta rosa, ou de aplicação em filmes ativos. Resultados similares aos obtidos

pelo presente trabalho foram também observados por Selani et al. (2011), estudando

carne de frango crua com aplicação de extratos de uva e Teruel et al. (2015),

avaliando a aplicação de extrato de alecrim (em vários solventes) em nuggets de

frango congelado, os quais não obtiveram diferença significativa entre os

tratamentos com antioxidantes naturais e o controle. Os resultados desses autores

obtiveram um comportamento semelhante ao que foi observado neste trabalho.

De forma geral, a adição de extratos naturais na massa cárnea e nos filmes

de quitosana para avaliação da cor apresentou efeitos positivos já que

instrumentalmente não houve modificação significativa da cor do produto.

4.7 Determinação da oxidação lipídica

Para determinação do estado oxidativo da gordura do produto reestruturado

de frango e cru, foram realizadas duas análises: índice de peróxido (POV) e valor de

TBARS (substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico). O POV avalia o estágio da

rancidez da gordura presente na carne antes de haver percepção organoléptica

(quantifica hidroperóxidos, que são os primeiros produtos da oxidação lipídica)

(CECCHI, 1999). O valor de peróxidos expressa, em miliequivalentes de oxigênio

ativo, a quantidade de peróxido contida em 1 kg de gordura (EUROPA, 2005). A

análise TBARS avalia as reações dos hidroperóxidos para dar origem a uma série

de produtos secundários da oxidação, sendo o malonaldeído (MDA) uma das

principais substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico. A análise de TBARS é

expressa em mg de MDA por kg de produto. Os resultados obtidos para POV em

produto reestruturado de frango cru, durante 7 dias de estocagem estão

apresentados na Tabela 13, e a análise de variância indicou que houve diferença

significativa (p < 0,05) entre os tratamentos e entre os tempos de armazenamento.

78

Tabela 13 - Média ± desvio padrão do valor de POV (mg meq O2/kg de gordura) da carne de frango crua de acordo a tratamento e tempo de armazenamento

Tratamentos Tempo de armazenamento (dias)

0 4

7

C 2,48 ± 0,84

a 4,09 ± 0,92

d 6,81 ± 0,70

e

AS 2,49 ± 0,85

a 2,81 ± 0,88

ab 3,43 ± 0,92

bcd

MP 2,32 ± 0,79

a 2,49 ± 0,80

a 3,01 ± 0,82

abc

MA 2,45 ± 0,85

a 2,84 ± 0,86

ab 3,54 ± 0,70

bcd

FP 2,49 ± 0,80

a 3,01 ± 0,80

abc 3,52 ± 0,83

bcd

FA 2,45 ± 0,81

a 2,95 ± 0,74

abc 3,63 ± 0,80

cd

Médias seguidas de diferentes letras indicam diferencia significativa entre os tratamentos e no tempo (p<0,05), pelo Teste de Tukey. a,b,c,d,e: indicam diferença significativa para o tempo, considerando os tratamentos. C:Controle, AS: Antioxidante Sintético, MP: Massa Pimenta, MA: Massa amendoim, FP: Filme Pimenta, FA: Filme Amendoim.

Logo após o processamento (tempo), observa-se que não houve diferença

significativa entre os tratamentos para os valores de POV. Neste período, a média

dos valores iniciais (dia inicial) para todos os tratamentos foi de 2,45 meq O2/kg de

gordura. Após 4 dias de armazenamento, observa-se que o tratamento C difere

significativamente dos demais tratamentos, e embora o tratamento MP tenha

apresentado o menor valor, este não foi estatisticamente diferente dos demais. No

último dia de armazenamento, o tratamento C apresentou valores significativamente

mais altos (6,81 meq O2/kg de gordura) quando comparado aos outros tratamentos.

Neste tempo de armazenamento o tratamento que apresentou o valor de POV mais

baixo foi o MP, com 3,01 meq O2/kg de gordura. Este comportamento indica que a

adição de antioxidantes na carne foi efetivo, já que diminuiu a velocidade de reação

da oxidação dos lipídeos, evitando formação em quantidades altas de

hidroperóxidos (Figura 20).

79

Figura 20 - A. Valores médios de POV para produto reestruturado de frango crua por tratamento e durante o tempo de armazenamento. C:Controle, AS: Antioxidante Sintético, MP: Massa Pimenta, MA: Massa amendoim, FP: Filme Pimenta, FA: Filme Amendoim.

A ausência de adição de antioxidantes no controle aliado aos fatores

catalizadores de reações de oxidação, tais como presença de luz, tratamento

tecnológico, adição de sal no produto e alto teor de gordura, resultaram em aumento

na velocidade da oxidação e consequentemente aumento na velocidade de

produção de peróxidos. Este processo acontece devido à presença do oxigênio, que

na presença de ácidos graxos insaturados encontrados na gordura da carne de

frango, reagem com o sitio ativo da molécula que contém o ácido graxo, produzindo

um radical livre, que reage com outra molécula de oxigênio para a produção de

hidroperóxidos, que são considerados os primeiros produtos da oxidação de

gorduras (WONG, 1995). Estudo realizado por Sallam, Ishioroshi, Samejima (2004),

que avaliaram o efeito da adição de alho em diferentes concentrações como

antioxidante em salsichas de frango armazenados a 3°C e comparados com controle

e antioxidantes comerciais, obteve valores de índice peróxido na faixa de 10 – 11

meq O2/kg, após 6 dias para o controle e 5 – 6 meq O2/kg para os tratamentos com

adição de alho. Estes valores foram maiores que os encontrados pelo presente

estudo e esta diferença pode ser atribuída a maior efetividade dos antioxidantes

0

2

4

6

8

0 4 7

Ind

ice d

e P

eró

xid

o

Tempo (dias)

C AS MP MA FP FA

80

utilizados nesta pesquisa, assim como a erros sistemáticos das análises de POV e

devido à sensibilidade do método.

Waszkowiak e Dolata (2007) avaliaram o efeito do extrato de alecrim em

carne bovina processada armazenada a 4°C, e obtiveram valores de POV no

primeiro dia de armazenamento de 2,84 meq O2/kg para o controle e 1,87 meq O2/kg

para o tratamento com alecrim e após 3 dias de armazenamento, valores de 2,88

meq O2/kg para o controle e 1,92 meq O2/kg para o tratamento com alecrim. No

presente estudo, mesmo não havendo ponto de medição no 3º dia, no 4º dia os

valores de POV foram 4,09 meq O2/kg para o C e 2,49 meq O2/kg para o MP (valor

mais baixo de POV), os quais estão de acordo com os resultados de Waszkowiak e

Dolata (2007).

O POV é uma análise que pode ser alterada facilmente por vários fatores

externos, e dependendo da metodologia aplicada e das unidades em que os

resultados foram expressos, pode apresentar diversidade de erros sistemáticos que

podem alterar a resposta final. Assim, o índice peróxido não pode ser tomado como

única analise indicativa do estado oxidativo de uma amostra gordurosa. Isto se deve

ao fato de que os hidroperóxidos (compostos que são quantificados pela técnica)

são os primeiros compostos produzidos pela oxidação lipídica e sua estabilidade é

muito baixa, gerando vários produtos secundários que não são quantificados pelo

método, ocasionando, muitas vezes, falsos positivos sobre o estado oxidativo de um

produto. No entanto, um valor baixo de POV não necessariamente demonstra que

uma gordura não esteja oxidada. Nesse sentido Hęś, Korczak, Gramza (2007),

avaliaram as mudanças na oxidação lipídica de produtos cárneos congelados, e

verificaram que produtos que tiveram a adição de extrato de chá verde como

antioxidante e após 60 dias de armazenamento reportaram valores maiores que 25

meq O2/kg, enquanto que o valor de TBARS foi menor que 0,5 mg MDA/kg amostra.

Estes resultados demonstram que não existe uma relação direta entre estas

metodologias, mas que poderiam se complementar. Por esse motivo alguns autores

acompanham a avaliação do POV com outras técnicas que avaliem produtos

secundários da oxidação lipídica. A determinação das substâncias reativas ao ácido

tiobarbitúrico (TBARS) é uma das mais utilizadas, além de ser altamente eficiente na

medição do estado oxidativo da gordura. Pois os hidroperóxidos e o malonaldeído (e

outros compostos reativos ao ácido tiobarbitúrico) se originam da mesma fonte, da

81

oxidação de ácidos graxos poli-insaturados, mas de diferentes fases do processo

(EL-ALIM et al., 1999), razão pela qual foram realizadas neste estudo.

Os valores determinados para oxidação lipídica medidos pelo valor de

TBARS, como complemento à análise anterior de POV, mostraram que houve

diferença significativa (p < 0,05) entre os tratamentos e o controle, considerando

como fontes de variação, o tratamento, tempo de armazenamento e a interação

linear entre os dois.

De acordo com a Figura 21, o tratamento controle apresentou um valor mais

alto de TBARS (4,86 mg MDA/kg de amostra) ao final da estocagem (7 dias), em

comparação com os outros tratamentos. O tratamento MP apresentou valor de

TBARS mais baixo em relação as demais amostras, embora não houve diferença

significativa. Este comportamento possivelmente se deve ao fato da pimenta rosa

apresentar alta quantidade de taninos, biflavonóides e ácidos triterpênicos na casca

e de até 5% de óleo essencial formado por mono e sequiterpenos nos frutos e nas

folhas (LORENZI; MATOS, 2008). Assim as características oxido-redutoras dos

flavonóides, permitem atuar como redutores quelantes de metais de transição

(ARORA; NAIR; STRASTBURG, 1998).

Não foram encontrados trabalhos nos quais extratos de película de amendoim

e pimenta rosa foram adicionados sobre produto reestruturado de frango crua.

Estudos semelhantes realizados por Hoac et al. (2006), em peito de frango,

detectaram ao final do armazenamento por 6 dias e 8°C, valores de 0,1 -0,3 mg

MDA/ kg, valores estes que são bem menores que os apresentados neste estudo

pelo tratamento mais eficiente (MP) contra oxidação lipídica, o qual resultou em 1,75

mg MDA/kg. Esta diferença pode ser explicada pelos vários fatores que influenciam

a formação de compostos da oxidação lipídica, tais como luz, temperatura, oxigênio,

presença de ferro ou sais e nitritos adicionados (ANDERSEN et al. 2003).

Além disso, se considerarmos o tipo de corte da carne e a idade dos animais,

os resultados podem ser explicados, uma vez que o presente estudo foi realizado

utilizando sobrecoxas de frango, de animais abatidos com aproximadamente 45 dias

de idade, contendo aproximadamente 7,82% de gordura e expostos 1000 LX de luz,

que além catalisar reações de auto-oxidação dos lipídeos insaturados, muda a

configuração eletrônica do oxigênio incorporado no produto pelo processo

tecnológico, assim como o oxigênio presente no microambiente do hambúrguer, o

82

qual vai passar a um estado mais ativo, com efeito direto sobre os lipídeos para

oxidá-los (REGITANO-D’ARCE, 2006; BELITZ; GROSCH, 1999).

Figura 21 - Valores médios de TBARS para produto reestruturado de frango crua por tratamento e durante o tempo de armazenamento. C:Controle, AS: Antioxidante Sintético, MP: Massa Pimenta, MA: Massa amendoim, FP: Filme Pimenta, FA: Filme Amendoim.

Para todos os tratamentos, o valor de TBARS aumentou com o tempo de

armazenamento. Este fato é devido à oxidação dos lipídeos e aos fatores de indução

para que este fenômeno aconteça, os quais foram discutidos previamente. O

tratamento controle apresentou o maior valor de TBARS ao final do tempo de

armazenamento.

Logo após o processamento dos hambúrgueres (tempo inicial) pode-se

observar que não existe diferença significativa entre os tratamentos em relação ao

valor de TBARS. No 4º dia de armazenamento foi observada diferença significativa

entre os tratamentos, onde o tratamento C apresentou valores significativamente

maiores que o tratamento MP (menor valor). Finalmente, no final do período de

armazenamento (7 dias) os valores TBARS foram significativamente diferentes.

Segundo a Tabela 14, existe diferença significativa no tempo para os valores de

TBARS considerando cada tratamento.

0

1

2

3

4

5

6

0 4 7

TB

AR

S

Tempo (dias)

C AS MP

MA FP FA

83

Tabela 14 - Média ± desvio padrão do valor de TBARS (mg MDA/kg de carne) da carne de frango crua de acordo a tratamento e tempo de armazenamento

Tratamentos Tempo de armazenamento (dias)

0

4 7

C 1,38 ± 0,73 ab

3,05 ± 0,36 cd

4,86 ± 0,81 e

AS 1,12 ± 0,79 a 1,92 ± 0,94

abcd 2,36 ± 0,83

abcd

MP 1,15 ± 0,64 a

1,47 ± 0,94 ab

1,75 ± 0,78 abc

MA 1,41 ± 0,87 ab

1,95 ± 0,73 abcd

2,43 ± 0,46 abcd

FP 1,33 ± 0,64 a 1,97 ± 0,91

abcd 2,89 ± 0,28

cd

FA 1,37 ± 0,74 ab

2,72 ± 0,33 bcd

3,14 ± 0,18 d

Médias seguidas de diferentes letras indicam diferencia significativa entre os tratamentos e no tempo (p<0,05), pelo Teste de Tukey. a,b,c,d,e: indicam diferença significativa para o tempo, considerando os tratamentos. C:Controle, AS: Antioxidante Sintético, MP: Massa Pimenta, MA: Massa amendoim, FP: Filme Pimenta, FA: Filme Amendoim.

O tratamento C apresentou valores mais altos quando comparado com o

tratamento FA. Já os tratamentos AS, MP, MA e FP apresentaram resultados

similares entre eles. Isso indica que para o tempo final de armazenamento da carne

de frango, o melhor tratamento considerando os resultados da oxidação lipídica foi o

MP, que reduziu em 64% a oxidação, seguido do AS, MA, FP e FA, com reduções

de 51,4 %, 50 %, 41,5% e 35,4 dos valores de TBARS, respectivamente, sendo

todos esses valores referenciados ao valor da oxidação lipídica apresentada pelo

controle. Embora tenham sido aplicadas condições diferentes de estocagem,

estudos realizados por Selani et al. (2011), com aplicação de extrato de semente e

casca de uva (Isabel) sobre carne processada de frango crua congelada e após de 6

meses de estocagem, indicaram redução de 61% no valor de TBARS em relação ao

controle e Brannan e Mah (2007) também estudando extrato de uva (0,1%) sobre

carne de frango nas mesmas condições e reduziram em 59 % os valores de TBARS

em relação ao controle. Os resultados apresentados por estes estudos foram

similares às porcentagens obtidas pelos tratamentos aplicados neste estudo.

Com base nos tratamentos MP e FP, nos quais as concentrações de extrato

antioxidante de pimenta rosa utilizada foi a mesma, o tratamento MP apresentou 22

% mais eficiência contra oxidação lipídica que o FP; quanto aos extratos de película

de amendoim, o tratamento MA foi 14% mais efetivo; mesmo assim não houve

diferença estatística significativa entre cada par de tratamentos que possuem o

84

mesmo tipo de extrato. Este resultado nos permite afirmar que o uso de

antioxidantes em filmes ativos apresenta-se como uma alternativa viável de

aplicação na área de carnes em substituição à aplicação direta na massa cárnea, o

que poderia evitar mudanças sensoriais no produto final, sendo efetivo contra

oxidação lipídica.

As análises de TBARS e POV são medidas de controle de qualidade,

principalmente em óleos, gorduras e também em alimentos que possuam os

mesmos na sua composição. Além disso, estas duas análises avaliam os dois

primeiros produtos da oxidação lipídica: em primeiro lugar a formação dos

hidroperóxidos e em segundo a formação de malonaldeído, que é um aldeído

produto da quebra desses hidroperóxidos.

Os estudos da rancidez são fundamentais para manutenção da qualidade e

vida útil devido à produção de produtos sensorialmente indesejáveis e a oxidação de

vitaminas lipossolúveis e ácidos graxos essenciais, reduzindo valor nutricional dos

alimentos gordurosos (CECCHI, 1999). O estudo da estabilidade oxidativa do

produto reestruturado de frango cru, demonstrou que pequenas quantidades de

antioxidantes podem produzir mudanças significativas, retardando velocidades de

reação da oxidação lipídica (e formação de produtos iniciais, intermediários e finais),

ajudando assim a preservar suas características físicas, químicas e sensoriais

(HALLIWELL; GUTTERIDGE, 1995).

4.8 Avaliação microbiológica

As avaliações microbiológicas foram feitas após o processamento (tempo

inicial) e depois de 4 e 7 dias de armazenamento, para micro-organismos mesófilos

(MMA) e psicrotróficos aeróbios (MPA). Os valores da contagem microbiológica

demonstraram que não houve diferença significativa entre os tratamentos (p > 0,05).

A Figura 22 representa os valores logarítmicos da contagem após 0, 4 e 7 dias de

estocagem.

85

Figura 22 – Valores médios de log UFC/g de microrganismos mesófilos da produto reestruturado de

frango crua por tratamento e durante o tempo de armazenamento. C:Controle, AS: Antioxidante Sintético, MP: Massa Pimenta, MA: Massa amendoim, FP: Filme Pimenta, FA: Filme Amendoim.

Apesar de não ter sido verificada diferença significativa entre os tratamentos,

os tratamentos FP e FA, apresentaram menor crescimento microbiano para

mesófilos aeróbios (4,82; 4,76 log UFC/g) ao final dos sete dias de estocagem.

Nestes tratamentos foram recobertos com os filmes ativos de quitosana e este efeito

de diminuição de crescimento microbiano pode ter se dado pela ação sinérgica do

filme de quitosana com os extratos ativos de pimenta e película de amendoim.

Nesse sentido, pode-se justificar à marcada atividade antimicrobiana da quitosana,

que devido à presença de grupos amino que se encontram carregados

positivamente pode interagir com as membranas das células bacterianas, que

estiveram carregadas negativamente, provocando danos irreversíveis na célula

bacteriana por perda de componentes intracelulares que constituem o

microrganismo, concordado com o estudo realizado por Kanatt et al. (2012).

Não existem pesquisas na literatura que relatem o uso dos mesmos tipos de

extratos avaliados que os utilizados na presente pesquisa, mas sim com filmes

ativos de quitosana. Petrou et al. (2012) avaliaram a atividade antimicrobiana, após

9 dias e os resultados obtidos mostraram que o tratamento de quitosana com óleo

3

3,5

4

4,5

5

5,5

6

6,5

7

7,5

8

0 4 7

Mesó

filo

s, lo

g U

FC

/g d

e a

mo

str

a

Tempo (dias)

C AS MP

MA FP FA

86

de orégano apresentou valores mais baixos de contagem microbiana, reduzindo o

crescimento de MMA em até 3,0 log UFC/g quando comparado com o controle (sem

adição de quitosana nem óleo de orégano). Georgantelis et al. (2007), avaliaram o

efeito antimicrobiano de extrato de alecrim e quitosana adicionados em salsichas de

porco, onde após 10 dias de armazenamento, a contagem de MMA do tratamento

que continha extrato de alecrim e quitosana conseguiu reduzir até 2,1 log UFC/g

quando comparado ao controle (sem nenhum dos três compostos). Os resultados

apresentados por esses autores estão de acordo com resultados do presente

trabalho, em que os tratamentos FP e FA, apesar de não terem apresentado

diferença significativa em relação aos outros tratamentos após sete dias diminuíram

1,2 log UFC/g o crescimento de MMA.

Em relação ao crescimento de micro-organismos psicrotróficos aeróbios

(MPA), houve diferença significativa (p < 0,05) entre os tratamentos e no tempo de

avaliação. A Figura 23 mostra os valores médios da contagem de MPA em log

UFC/g de amostra versus tempo de estocagem.

Figura 23 - Valores médios de log UFC/g de microrganismos psicrotróficos para produto reestruturado de frango crua por tratamento e durante o tempo de armazenamento. C:Controle, AS: Antioxidante Sintético, MP: Massa Pimenta, MA: Massa amendoim, FP: Filme Pimenta, FA: Filme Amendoim.

2

3

4

5

6

7

8

0 4 7

Psic

rotr

ófi

co

s l

og

UF

C/g

Tempo (dias)

C AS MP MA FP FA

87

Observa-se que no tempo inicial os valores iniciais (aproximadamente 3 log

UFC/g) da contagem microbiológica foram muito parecidos, os quais foram

aumentando durante o tempo de avaliação. No 4º dia de armazenamento os

tratamentos FP e FA (com filme ativo) apresentaram valores significativamente mais

baixos de contagem microbiana quando comparados com os outros tratamentos. O

tratamento MA apresentou o valor mais alto (mas não significativos). Finalmente no

tempo final no 7º dia, os tratamentos FP e FA também mostraram valores (4,01; 4,02

log UFC/g) significativamente mais baixos de contagem de MPA quando

comparados com os outros tratamentos, sendo que o tratamento que apresentou

maior contagem foi o AS (6,63 log UFC/g).

Este resultado está de acordo com o relatado anteriormente para os MMA.

Dessa forma, assume-se que o mecanismo de ação da quitosana é análogo ao

mecanismo de ação sobre os MPA. Segundo o estudo de Melo et al. (2012), que

avaliou a atividade de óleo essencial de alecrim incorporado em filme de celulose

aplicado em carne de frango refrigerada (2 ± 2°C), os valores da contagem de MPA

foram < 1 log UFC/g para todos os tratamentos no começo da avaliação e de 6,86

log UFC/g para o tratamento com maior atividade microbiana (50% de óleo essencial

de alecrim no filme de celulose) após 6 dias de armazenamento. Os resultados

apresentados por esses autores são maiores que os observados neste estudo

provavelmente devido a maior eficiência dos filmes de quitosana como agentes

antimicrobianos. Higueras et al. (2014), avaliaram a atividade de filmes de

quitosana/ciclodextrina com incorporação de cravacrol em filés de frango. Após 9

dias de estocagem os resultados da contagem de MPA foram de 4,8 log UFC/g para

o melhor tratamento, enquanto que para o controle (sem componentes ativos) foi de

6 log UFC/g. Os resultados apresentados por esses autores são apenas maiores

aos resultados obtidos neste trabalho, o que pode ser possivelmente explicado

devido ao fato de que os tempos da contagem do estudo foram maiores (9 dias) que

os realizados em nosso estudo (7 dias).

Segundo descrito anteriormente pode-se afirmar que a quitosana tem efeito

antimicrobiano sobre MMA e MPA, e seu espectro de aplicação como antimicrobiano

é amplo contra muitos tipos de microrganismos. Os resultados obtidos neste

trabalho permitem comprovar que, a tecnologia de incorporação de extratos

antioxidantes nos filmes ativos de quitosana como embalagem do produto

reestruturado de frango, se apresenta como uma tecnologia altamente eficiente,

88

revelando que além de atuar contra oxidação lipídica pode também retardar

significativamente o crescimento microbiano.

O poder antimicrobiano dos filmes ativos desenvolvidos pode ser ainda mais

amplo, pois tem uma atividade comprovada contra E. coli O157:H7 (LIU et al.2009),

L. monocytogenes (ROBERTS; GREENWOOD, 2003), bactérias Gram positivas e

Gram negativas (NO et al. 2002). B. Cereus, S. aureus, S. typhimurium (PRANOTO;

RAKSHIT; SALOKHE, 2005), pelo que provavelmente e de acordo com os estudos

desses autores, a utilização de maiores concentrações de extratos de pimenta rosa

e película de amendoim poderiam potencializar a atividade antimicrobiana dos filmes

de quitosana.

Antes da análise sensorial, tomou-se o cuidado de realizar estudos

microbiológicos para microrganismos patogênicos, garantindo a segurança alimentar

do experimento. A Tabela 15 apresenta as contagens microbiológicas para os

tratamentos C, MP, e FP, os quais apresentaram valores de oxidação lipídica mais

baixos, além de um controle e um produto de carne processada de frango comercial

(CM), que foram avaliados sensorialmente.

Tabela 15 – Contagem de microrganismos patogênicos para os tratamentos que foram avaliados sensorialmente

Determinações C CM MP FP Padrão

Clostridios sulfito redutores a

46ºC (UFC/g) <1,0x10 <1,0x10 <1,0x10 <1,0x10 3,0x10

3

Coliformes a 45°C (NMP/g) 3,6 9,2 3,6 3,6 5,0x103

Estafilococos coagulase

positiva (UFC/g) <1,0x10

2 <1,0x10

2 <1,0x10

2 <1,0x10

2 5,0x10

3

Salmonella spp. (em 25g) Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente

UFC – Unidades formadoras de colônias; NMP – Número Mais Provável; (est) – contagem estimada.

Observa-se que todos os valores de contagem microbiana se apresentaram

satisfatórios de acordo com a legislação brasileira RDC nº 12, de 12 de janeiro de

2001, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2001), que estabelece

para produtos de carnes cruas, preparadas de aves, o limite de 5x103 NMP/g de

coliformes a 45°C, 5x103 UFC/g de estafilococos coagulase positiva, 3x103 UFC/g de

clostrídios sulfito redutores e ausência de Salmonella spp. em 25 g.

89

4.9 Avaliação sensorial

4.9.1 Aceitabilidade geral

A aceitabilidade de um produto é um parâmetro muito importante para ser

avaliado, pois os consumidores julgam a aceitabilidade de um produto baseado no

sabor ao invés de outras características, como benefícios na saúde. (LUCKOW;

DELAHUNTY, 2004). Segundo a Figura 24 os cinco hambúrgueres apresentaram

um nível médio-alto de aceitabilidade com escores próximos e acima de seis,

considerado como limite comercial. Para um nível de confiança de 95 % pode-se

afirmar que não existiram diferenças significativas nos escores médios de

aceitabilidade das cinco amostras avaliadas, o que indica que ocasionaram o

mesmo nível de aceitação na população de consumidores considerada, embora as

amostras não diferiram significativamente na aceitabilidade geral, foi observado uma

tendência onde a amostra MP apresentou uma menor aceitabilidade média

manifestando uma atitude hedônica média (próxima ao 5). Esses resultados podem

ser estar relacionados a incorporação do extrato bioativo de pimenta rosa direto na

massa cárnea, podendo ter gerado sabores estranhos aos palatos dos

consumidores. Uma análise mais detalhada é apresentada no item de

Caracterização sensorial utilizando as perguntas CATA.

Figura 24 – Média dos escores da aceitabilidade dos cinco hambúrgueres avaliados FP: Filme pimenta, CM1: amostra comercial 1, MP: Massa pimenta, C: Controle, CM2: amostra comercial 2.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

FP CM1 C MP CM2

Aceit

ab

ilid

ad

e

Tratamentos

90

4.9.2 Caracterização sensorial utilizando perguntas CATA

A metodologia CATA consistiu em apresentar aos consumidores uma lista de

termos, da qual selecionaram aqueles que consideraram apropriados para descrever

os hambúrgueres avaliados (VARELA; ARES, 2012). Na Tabela 16 apresenta-se a

frequência de menção de todos os atributos e tratamentos, segundo a resposta dos

consumidores utilizando a pergunta CATA (Anexo A). Foram considerados 12

termos descritores segundo a experiência do grupo envolvido nesta pesquisa, assim

como testes prévios utilizando o método de rede com 12 consumidores.

Tabela 16 – Tabela de contingência dos termos sensoriais utilizados nas perguntas CATA para todas as amostras

Atributos Tratamentos

FP CM1 C MP CM2 Ideal

Cor típica de frango 64 65 66 65 59 77

Odor estranho 17 9 9 21 14 2

Sabor característico de hambúrguer

43 43 50 26 34 73

Sabor vinagre 1 1 1 13 3 2

Sabor ranço 7 10 5 5 11 2

Cor não típica de frango 10 8 13 11 9 0

Odor de pimenta 4 4 5 12 1 9

Odor de ranço 3 4 6 2 5 2

Sabor não característico 28 22 19 29 34 1

Aparência característica 50 52 49 41 48 72

Odor característico 45 49 48 35 44 62

Sabor de pimenta 17 11 21 44 13 17

FP: Filme pimenta, CM1: amostra comercial 1, MP: Massa pimenta, C: Controle, CM2: amostra comercial 2.

Seis dos doze atributos avaliados foram significativos segundo o teste Q

Cochran (Tabela 17), o que indica discriminação intermediária por parte dos

consumidores, sugerindo que esta metodologia permitiu detectar diferenças na

percepção dos consumidores sobre os hambúrgueres de frango avaliados.

91

Tabela 17 – Teste Q Cochran dos termos sensoriais usados nas perguntas CATA para todas as amostras

Atributos Valores-p FP CM1 C MP CM2

Cor típica de frango 0,578 0.790 a 0.802

a 0.815

a 0.802

a 0.728

a

Odor estranho 0,032 0.210 a 0.111

a 0.111

a 0.259

a 0.173

a

Sabor característico de hambúrguer 0,002 0.531

ab 0.531

ab 0.617

b 0.321

a 0.420

ab

Sabor vinagre 0,000 0.012 a 0.012

a 0.012

a 0.160

b 0.037

a

Sabor ranço 0,332 0.086 a 0.123

a 0.062

a 0.062

a 0.136

a

Cor não típica de frango 0,731 0.123 a 0.099

a 0.160

a 0.136

a 0.111

a

Odor de pimenta 0,006 0.049 ab

0.049 ab

0.062 ab

0.148 b 0.012

a

Odor de ranço 0,568 0.037 a 0.049

a 0.074

a 0.025

a 0.062

a

Sabor não característico 0,094 0.346 a 0.272

a 0.235

a 0.358

a 0.420

a

Aparência característica 0,284 0.617 a 0.642

a 0.605

a 0.506

a 0.593

a

Odor característico 0,137 0.556 a 0.605

a 0.593

a 0.432

a 0.543

a

Sabor de pimenta 0,000 0.210 a 0.136

a 0.259

a 0.543

b 0.160

a

FP: Filme pimenta, CM1: amostra comercial 1, MP: Massa pimenta, C: Controle, CM2: amostra comercial 2,

Os termos “Odor estranho”, “Sabor característico de hambúrguer”, “Sabor de

vinagre”, ”Odor de pimenta”, “Sabor de pimenta”, foram significativos, indicando que

os consumidores perceberam diferenças (Teste Q de Cochran; p<0,05) entre as

amostras. Estas diferenças resultaram do fato de que os provadores selecionaram

distintos termos, provavelmente devido à adição de extrato de pimenta rosa na

massa ou no filme. Sendo que o hambúrguer ideal de frango foi descrito com a

presença dos seguintes atributos: cor típica de frango, sabor característico de

hambúrguer de frango, sabor de pimenta, aparência típica, odor característico.

Na Figura 25, é mostrada a representação dos atributos e das amostras nas

duas primeiras dimensões da Análise de Correspondência, realizada sobre os

resultados da pergunta CATA. As duas primeiras dimensões da análise conseguiram

explicar 92,99% da inércia dos dados experimentais.

92

Figura 25 – Representação dos atributos e das amostras nas duas primeiras dimensões da Analise de Correspondência das perguntas CATA.

A representação das amostras na Análise de Correspondência (Figura 25),

permite diferenciar claramente 3 grupos com características sensoriais diferentes. O

primeiro grupo formado pela amostra “Ideal” (imaginária), a qual foi correlacionada

com os seguintes atributos: “Sabor característico de hambúrguer”, “Aparência

característica” e “Odor característico”. O segundo grupo formado pelas amostras

CM1, CM2, C, e FP, foram correlacionadas com os atributos: “Odor de ranço”,

“Sabor de ranço”, “Cor típica de frango”, “Odor característico”, “Aparência

característica”, “Sabor de ranço” e “Cor não típica de frango”. O terceiro grupo

esteve formado pela amostra MP, a qual foi correlacionada com os seguintes

atributos: “Sabor de pimenta”, “Sabor de vinagre”, e “Odor de pimenta”. Estes

atributos não fazem parte de um produto ideal descrito pelos consumidores. Por

esse motivo as amostras (MP) que apresentaram essas características tiveram uma

queda na aceitabilidade. Sendo que a adição de extratos pode diminuir a

aceitabilidade de um produto, como já foi constatado por alguns autores. Selani et al.

(2011), encontraram um efeito significativo na alteração do sabor quando foi

adicionado extrato de uva em carne de frango congelada. Os tratamentos foram

percebidos como “sabor de carne de frango altamente alterado”. Por outro lado,

Siripatrawan e Noipha (2012), reportaram que quando foi incorporado extrato de chá

Cor tipica de Frango

Odor Estranho

Sabor Caracteristico de

Hamburguer

Sabor vinagre

Sabor ranço

Cor não tipica de frango

Odor de Pimenta

Odor de ranço Sabor não Caracteristico

Apariência Caracteristica

Odor caracteristico

Sabor de pimenta

FP CM1

C

MP

CM2

Ideal

-0,5

-0,3

-0,1

0,1

0,3

0,5

0,7

-0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2

Dim

2 (

31.5

1 %

)

Dim 1 (61.48 %)

93

verde em filmes de quitosana usados como revestimento em salsichas de porco,

houve diminuição na aceitabilidade do odor.

Na Figura 26 pode-se observar que os atributos que estão perto da

“Aceitabilidade”, que contribuem positivamente na sua aceitação. Assim os atributos

“Sabor característico de hambúrguer” e “Odor característico” contribuem para a

aceitabilidade, enquanto que os atributos: “Sabor não característico” e “Odor

estranho”, e não contribuem com a aceitabilidade do produto.

Figura 26 – Representação dos atributos e da aceitabilidade da Analise de Coordenadas Principais das perguntas CATA

A Figura 27 mostra os gráficos da queda da aceitabilidade em função da

porcentagem de consumidores, que descreveram cada amostra de forma diferente

para o hambúrguer ideal. Segundo Agudelo, Varela e Fiszman (2015), os atributos

com sinal (-) indicam que aquele atributo não esteve presente na amostra real e sim

na amostra “Ideal”, porém é um atributo que deveria estar presente na amostra real.

Assim os atributos: “Sabor característico”, “Aparência característica” “Odor

característico” e “Cor típica de frango” causaram diminuição da aceitabilidade maior

que 1, numa escala hedônica híbrida de 10 cm, percebida por mais de 20 % dos

consumidores. Por outro lado, o sinal (+) indica que o atributo esteve presente na

amostra real e não na “Ideal”, porém é um atributo que não deveria estar na amostra

real. A presença do atributo “Sabor não característico” provocou diminuição da

aceitabilidade maior que 1 numa escala hedônica híbrida de 10 cm, percebida por

Cor tipica de Frango

Odor Estranho

Sabor Caracteristico de

Hamburguer

Sabor vinagre

Sabor ranço

Cor não tipica de frango

Odor de Pimenta

Odor de ranço

Sabor não Caracteristico

Apariência Caracteristica

Odor caracteristico

Sabor de pimenta

Aceitabilidade

-1

-0,5

0

0,5

1

-1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5Dim

. 2

Dim. 1

94

mais de 20 % dos consumidores. A partir dos resultados foi demonstrado que a

aplicação de antioxidantes diretamente no produto reestruturado de frango pode

levar à redução em sua aceitabilidade. Assim, a tecnologia de filmes ativos com

incorporação de extratos apresenta-se como uma alternativa viável, já que os

resultados mostraram que aplicação de filmes com extratos no produto não gerou

sabores nem odores residuais, motivo pelo qual foram similares ao controle negativo

(sem adição de extratos nem filme).

Cor tipica de Frango

Sabor Caracteristico

de Hamburguer Odor de Pimenta

Apariência Caracteristica

Odor caracteristico

Sabor de pimenta

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

0 20 40 60 80 100

Qu

ed

a d

a a

ceit

ab

ilid

ad

e

Porcentagem de consumidores

A

95

Figura 27 – Queda da aceitabilidade em função da porcentagem de consumidores que descreveram

as amostras de forma diferente que a amostra ideal. A: (-) indica que os atributos não estavam presentes nas amostras e sim no ideal, B: (+) indica que os atributos estavam presentes nas amostras mas não no ideal.

Portanto, para que as amostras tenham maior aceitabilidade, tem que

apresentar os seguintes atributos: “Sabor característico”, “Aparência característica”

“Odor característico”, “Cor típica de frango” e ter ausência do atributo “Sabor não

característico”.

Cor tipica de Frango

Odor Estranho

Sabor vinagre

Sabor ranço

Cor não tipica de frango

Odor de Pimenta

Odor de ranço

Sabor não Caracteristico

Sabor de pimenta

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

0 20 40 60 80 100

Qu

e d

a a

ceit

ab

ilid

ad

e

Porcentagem de consumidores

B

96

97

5 CONCLUSÕES

As concentrações ótimas de extratos de resíduos agroindustriais (película de

amendoim e pimenta rosa) para inibição da oxidação lipídica estiveram nas faixas de

80 - 90 mg AG/ kg de amostra, para ambos os extratos;

O tratamento de filme de quitosana com adição de extrato de pimenta rosa

(FP) apresentou maior eficiência contra a oxidação lipídica em relação ao tratamento

de filme de quitosana com adição de extrato de película de amendoim (FA);

O tratamento de massa cárnea com adição de extrato de pimenta rosa (MP),

com incorporação do extrato de pimenta rosa diretamente na massa cárnea do

produto restruturado de frango, foi o tratamento que apresentou melhor atividade

antioxidante, produzindo valores de oxidação lipídica mais baixos, embora não

significativamente diferentes dos outros tratamentos com adição de antioxidantes

naturais e sintéticos no filme e na massa cárnea (controle, massa amendoim, filme

amendoim, filme pimenta, antioxidante sintético);

Os tratamentos FP e FA, com incorporação de extratos de pimenta rosa e

película de amendoim no filme de quitosana, respectivamente, foram os melhores

tratamentos do ponto de vista microbiológico, diferenciando-se significativamente

dos outros tratamentos;

Os extratos de resíduos agroindustriais aplicados tanto no filme ativo de

quitosana como diretamente no produto reestruturado de frango não alteraram nem

o pH e nem a cor das amostras;

A adição de dos extratos antioxidantes na massa cárnea e no filme ativo de

quitosana não produziram queda na aceitabilidade sensorial do produto

reestruturado de frango;

Neste estudo conseguiu-se desenvolver filmes ativos de quitosana com

adição de extratos de resíduos agroindustriais brasileiros, com potencial atividade

antioxidante e antimicrobiana, sem influenciar negativamente a aceitabilidade

sensorial. Na incorporação de extratos antioxidantes de película de amendoim (MA),

pimenta rosa (MP) e antioxidante sintético BHT (AS) diretamente na massa cárnea,

o tratamento MP foi o que apresentou melhor atividade antioxidante, enquanto que

para a incorporação dos extratos de película de amendoim (FA) e pimenta rosa (FP)

no filme ativo de quitosana, o tratamento que apresentou melhor atividade

antioxidante foi o FP. Porém desses dois tratamentos (MP e FP), o FP apresentou-

se como melhor tratamento por possuir um maior espectro de ação, pois além da

98

atividade antioxidante, teve diferença significativa na inibição do crescimento

microbiano quando comparado à todos os tratamentos. Além disso, quanto à

aceitabilidade sensorial e caracterização de atributos, o FP foi um dos tratamentos

que apresentou maior aceitabilidade, além de características mais parecidas com as

amostras comerciais.

99

RECOMENDAÇÕES

Recomenda-se para estudos futuros, considerar um teor mais elevado de

extratos de resíduos agroindustriais (maior teor de CFT) a serem adicionados no

filme ativo de quitosana com intuito de melhorar ainda mais a atividade antioxidante

e antimicrobiana, já que nas concentrações utilizadas neste estudo não modificaram

significativamente a aceitabilidade sensorial.

100

101

REFERÊNCIAS

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120

121

ANEXOS

122

123

Anexo A

Figura 28 - Modelo da ficha CATA aplicada na analise sensorial da carne de frango processada.

124

Anexo B

125

Figura 29 – Gráfica de valores preditos versus valores obtidos, da superfície de resposta para FA. B. Gráfica da distribuição normal para os valores obtidos na superfície de resposta da FA. C. Diagrama de Pareto dos valores obtidos para FA.

126

Anexo C

127

Figura 30 – Gráfica de valores preditos versus valores obtidos, da superfície de resposta para FP. B.

Gráfica da distribuição normal para os valores obtidos na superfície de resposta da FP. C. Diagrama de Pareto dos valores obtidos para FP.

128

Anexo D

Figura 31 - Valores médios de pH para produto reestruturado de frango crua por tratamento e durante

o tempo de armazenamento

5,9

6,1

6,3

6,5

6,7

6,9

tempo-0 tempo-4 tempo-7

pH

Tempo de armazenamento (dias)

C AS MP

MA FP FA