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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO
CAMILA MARCELINO LOUREIRO
Quantificação sérica das subunidades NR1 e NR2 do receptor N-Metil-D-Aspartato em
primeiro episódio de transtorno mental com manifestações psicóticas
Ribeirão Preto
2016
CAMILA MARCELINO LOUREIRO
Quantificação sérica das subunidades NR1 e NR2 do receptor N-Metil-D-Aspartato em
primeiro episódio de transtorno mental com manifestações psicóticas
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Medicina (Clínica Médica) da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo (FMRP-USP) para
obtenção do título de Mestre em Ciências.
Área de Concentração: Investigação
Biomédica
Orientador: Prof. Dr. Paulo Louzada Junior
Ribeirão Preto
2016
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada à fonte.
FICHA CATALOGRÁFICA
FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO
Loureiro, Camila Marcelino
Quantificação sérica das subunidades NR1 e NR2 do receptor N-Metil-D-Aspartato
em primeiro episódio de transtorno mental com manifestações psicóticas. Ribeirão Preto,
2016.
173 f. :il. 30 cm
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina
(Clínica Médica). Área de concentração: Investigação Biomédica – Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Orientador: Paulo Louzada Junior
1.Subunidades NR1 e NR2; 2. Primeiro episódio psicótico; 3. Receptor N-Metil-D-
Aspartato; 4. Esquizofrenia; 5. Glutamato
ERRATA
LOUREIRO, C. M. Quantificação plasmática das subunidades NR1 e NR2 do receptor
N-Methyl-D-Aspartato em primeiro episódio de transtorno mental com manifestações
psicóticas. 2016. 173 f. Dissertação (Mestrado em Clínica Médica) - Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto, 2016.
ERRATA
Folha Linha Onde se lê Leia-se
Capa 04 sérica plasmática
Folha de rosto 02 sérica plasmática
02 06 sérica plasmática
FOLHA DE APROVAÇÃO
Camila Marcelino Loureiro
Quantificação plasmática das subunidades NR1 e NR2 do receptor N-Metil-D-Aspartato em
primeiro episódio de transtorno mental com manifestações psicóticas.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Medicina (Clínica Médica) da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo (FMRP-USP) para
obtenção do título de Mestre em Ciências.
Aprovado em: ____/ ____/ ____
Banca Examinadora
Prof. Dr. __________________________________________________________________
Instituição: _______________________________ Assinatura: _______________________
Prof. Dr. __________________________________________________________________
Instituição: _______________________________ Assinatura: _______________________
Prof. Dr. __________________________________________________________________
Instituição: _______________________________ Assinatura: _______________________
Prof. Dr. __________________________________________________________________
Instituição: _______________________________ Assinatura: _______________________
Prof. Dr. __________________________________________________________________
Instituição: _______________________________ Assinatura: _______________________
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Edvanir e Maria Imaculada,
que participaram, participam e continuarão
participando de cada etapa cumprida em minha vida.
A vocês, que me deram a vida e me ensinaram a vivê-
la com dignidade, não bastaria um obrigado.
A vocês, que iluminaram os caminhos obscuros com
afeto e dedicação para que eu trilhasse sem medo e
cheios de esperanças, não bastaria um muito obrigado.
A vocês, que se doaram inteiros e renunciaram aos
seus sonhos, para que, muitas vezes, pudesse realizar
os meus.
A vocês, pais por natureza, por opção e amor, não
bastaria dizer, que não tenho palavras para agradecer
tudo isso.
Mas é o que me acontece agora, quando procuro
arduamente uma forma verbal de exprimir uma
emoção ímpar.
Uma emoção que jamais seria traduzida por palavras,
Amo vocês!
Aos pacientes psicóticos,
Já alguém sentiu a loucura vestir de repente o nosso corpo? Já.
E tomar a forma dos objetos? Sim.
E acender relâmpagos no pensamento? Também.
E às vezes parecer ser o fim? Exatamente.
Como o cavalo do soneto de Ângelo de Lima? Tal e qual.
E depois mostrar-nos o que há-de vir muito melhor do que está?
E dar-nos a cheirar uma cor que nos faz seguir viagem
sem paragem
nem resignação?
E sentirmo-nos empurrados pelos rins
na aula de descer abismos
e fazer dos abismos descidas de recreio
e covas de encher novidade?
E de uns fazer gigantes
e de outros alienados?
E fazer frente ao impossível
atrevidamente
e ganhar-lhe, e ganhar-lhe
a ponto do impossível ficar possível?
E quando tudo parece perfeito
poder-se ir ainda mais além?
E isto de desencantar vidas
aos que julgam que a vida é só uma?
E isto de haver sempre ainda mais uma maneira pra tudo?
Tu Só, loucura, és capaz de transformar
o mundo tantas vezes quantas sejam as necessárias para olhos individuais.
Só tu és capaz de fazer que tenham razão
tantas razões que hão-de viver juntas.
Tudo, exceto tu, é rotina peganhenta.
Só tu tens asas para dar
a quem tu vier buscar.
Almada Negreiros
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Paulo Louzada Junior pela orientação, confiança e oportunidade de trabalhar em
sua linha de pesquisa. Admiro muito a maneira como conduz sua pesquisa. Aproveito a
oportunidade para parabenizar-lhe pelos avanços e sucessos conquistados nos últimos anos.
Obrigada pela paciência e ajuda de sempre!
À Profª Drª Cristina Marta Del Ben pela oportunidade que me deu de poder desenvolver meu
trabalho de mestrado em um grupo de excelência em pesquisa em Psiquiatria no Brasil,
iniciando-me no estudo do EU-GEI. Agradeço pela colaboração e orientação nesse trabalho,
pelos ensinamentos e explicações. Agradeço pelo carinho e cuidado no período em que
trabalhei em seu laboratório.
Ao Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica, do Departamento de Clínica Médica da
FMRP-USP, pelos excelentes professores e pela qualidade de formação que é oferecida.
À FAPESP e Capes pelo apoio financeiro, imprescindível para a realização deste trabalho.
Ao Laboratório Biomolecular de Ribeirão Preto do HCFMRP-USP. À Stella, em especial,
pela dedicação, presteza e ajuda que foram imprescindíveis para a realização deste trabalho.
Agradeço pelas centenas de tubinhos marcados, “passados” e analisados e também pelos
conselhos e discussões sobre os experimentos. Mas, principalmente, agradeço pela amizade
sincera, carinho, conversas, pelos ótimos momentos que passamos e pelas inúmeras risadas
que demos juntas nesses últimos dois anos!
À Basília, Muriel, Paula e Ronaldo pela ajuda na realização dos experimentos. Agradeço
também por sempre me ajudar com muita atenção e eficiência nos momentos em que precisei.
À equipe médica do Setor de Psiquiatria da Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas
da FMRPUSP, em especial, ao Dr. Vinícius Guandalini Guapo e ao Dr. Gabriel Elias Oliveira
pela atenção e presteza no acompanhamento dos pacientes e no fornecimento dos dados
clínicos.
À equipe de enfermagem da Unidade Psiquiátrica de Internação Breve do Hospital das
Clínicas da FMRP-USP pela atenção, dedicação, paciência e presteza no cuidado aos
pacientes.
Aos pacientes que participaram deste estudo pela compreensão e paciência. Espero ter
contribuído um pouco que seja para o entendimento dos mecanismos de ação do sistema
glutamatérgico em doenças psiquiátricas, para que no futuro essa nova abordagem terapêutica
para o tratamento de transtornos mentais possa ser melhorada. Agradeço por terem me
ajudado a me tornar uma pessoa melhor, verdadeiramente humana.
A todos meus companheiros de pesquisa que de diferentes formas contribuíram para este
trabalho. Agradeço pela amizade sincera, força e ajuda em todas as fases desse trabalho. Em
especial, agradeço aos meus amigos Daniela, Fabiana, Helene, Marcos, Natália, Rosana e
Taciana e Vinícius pela amizade e carinho, por me escutarem tantas vezes, por
compartilharem sonhos e esperanças e pela ajuda incondicional.
Aos meus amigos do STREAM, e também “bruxinhas” Amália, Camila, Carolina, Débora,
Elizabeth, Gabriela e Paola pela amizade e carinho, pela força e apoio nos momentos em que
precisei e pelos bons momentos compartilhados em nossas saídas e encontros. Foi muito bom
conviver com vocês nesses últimos dois anos!
Aos meus queridos pais, Edvanir e Maria Imaculada, pelo amor e apoio incondicionais que
sempre recebi para ir em busca de meus sonhos. Saibam que cada conquista minha é um
triunfo de vocês.
Ao meu querido Fabio, meu amor, minha referência... Agradeço a Deus, sempre, por ter
colocado você em minha vida. Obrigada pela compreensão, carinho, apoio e ajuda
incondicionais, principalmente nesses últimos tempos. Essa conquista também é sua e tenho
certeza de que outros tantos sonhos nós conquistaremos juntos.
A Deus pela minha existência, pelo amor incondicional, pela saúde, força e capacidade que
me dá todos os dias.
“O maior pecado contra a mente humana é acreditar em coisas sem evidências. A
ciência é somente o supra-sumo do bom-senso – isto é, rigidamente precisa em sua
observação e inimiga da lógica falaciosa.”
Aldous Huxley
Resumo
RESUMO
LOUREIRO, CM. Quantificação plasmática das subunidades NR1 e NR2 do receptor N-
Metil-D-Aspartato em primeiro episódio de transtorno mental com manifestações
psicóticas. 2016. 173f. Dissertação (Mestrado em Clínica Médica) – Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2016.
Introdução: Os receptores ionotrópicos do glutamato, como o N-metil-D-Aspartato
(NMDA), estão envolvidos em desordens psiquiátricas. NMDARs são complexos
heteroméricos que incorporam tres diferentes subunidades: NR1, NR2 e NR3. Objetivos:
quantificar os níveis plasmáticos das subunidades NR1 e NR2 NMDAR em pacientes em
primeiro episódio psicótico (PEP), em comparação com os irmãos e controles saudáveis.
Métodos: Este é um estudo transversal de PEP na região de Ribeirão Preto, Brasil, sendo o
grupo controle composto por indivíduos saudáveis, pareados por idade, sexo e mesma área de
abrangência dos casos. Foram coletados 5 mL de amostra de sangue próxima a data de
diagnóstico de PEP. A quantificação plasmática das subunidades NR1 e NR2 foi realizada por
ELISA. Os dados foram analisados por ANOVA (significante se p<0,05) e curva ROC.
Resultados: Foram incluídos 166 pacientes em PEP (idade: x = 30,34 ± 12,2 anos; 64%
homens), destes 84 com diagnóstico de psicose não afetiva, 51 com transtorno bipolar e 31
com transtorno depressivo. Foram tambem incluídos 76 irmãos e 166 controles saudáveis. Os
níveis plasmáticos das subunidades NR1 e NR2 foram significativamente menores em
pacientes com transtornos psicóticos (NR1: x = 71,0 ± 100,3 pg/mL, NR2: x = 2,5 ± 2
ng/ml), transtorno bipolar (NR1: x = 185,7 ± 319,5 pg/ml; NR2: x = 2,1 ± 2,2 ng/ml),
transtorno depressivo (NR1: x = 83,2 ±185,0 pg/ml; NR2: x = 2,1± 2,1 ng/ml) em
comparação com os irmãos (NR1: x = 140,6 ± 193,8 pg/ml; NR2: = 6,2 ± 1,5 ng/ml) e
voluntários saudáveis (NR1: x = 146,7 ± 361,1 pg/ml; NR2: x = 4,8 ± 2,2 ng/ml) [NR1 e
NR2, p < 0,001]. Indivíduos com valores plasmáticos de NR2 inferiores a 3,648 ng/mL
apresentam um risco 14,72 vezes maior de estar doente (PEP) de quem não possui o NR2
abaixo deste valor. Conclusões: Este é o primeiro estudo relatando a quantificação e a
redução das concentrações plasmaticas das subunidades NR1 e NR2 em transtornos
psiquiátricos graves quando comparados aos irmãos e controles, podendo a subunidade NR2
ser um candidato a biomarcador plasmático em pacientes com PEP.
Palavras-chave: Primeiro episódio psicótico, Receptores NMDA, Esquizofrenia,
Subunidades NR1 e NR2, glutamato.
Abstract
ABSTRACT
LOUREIRO, CM. Quantification of NR1 and NR2 subunits NMDA receptor plasma
levels in first episode of mental disorders with psychosis. 2016. 173f. Thesis (Master in
Clinical Medicine) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo,
Ribeirão Preto, 2016.
Background: Ionotropic glutamate receptors, such as N-Methyl-D-Aspartate (NMDA), are
involved in pathophysiology of several psychiatric disorders. NMDARs are described as
heteromeric complexes incorporating distincts subunits within a repertoire of three types:
NR1, NR2 and NR3. Aim: to quantify the NR1 and NR2 subunits NMDAR plasma levels in
patients with first episode psychosis (FEP), compared with siblings and healthy controls.
Methods: This is a cross-sectional study of FEP conducted in Ribeirão Preto, Brazil. The
control group were composed by healthy subjects matched for age, sex and same coverage
area of cases. 5 ml of blood sample were collected next to the date of FEP diagnosis. NR1 and
NR2 subunits plasmatic quantification was performed by ELISA. Data were analyzed by
ANOVA (significant at p < 0.05) and ROC curve. Results: FEP sample comprised 166
patients (age: x = 30.34 ± 12.2 years; 64% men), of these 84 with a diagnosis of psychotic
disorder, 51 with bipolar disorder and 31 with depressive disorder. It was also included 76
siblings and 166 healthy controls. NR1 and NR2 subunits plasma levels were significantly
lower in patients with psychotic disorders (NR1: x = 71.0 ± 100.3 pg / ml, NR2: x = 2.5 ± 2
ng/ml), bipolar disorder (NR1: x = 185.7 ± 319.5 pg/mL; NR2: x = 2.1 ± 2.2 ng/ml),
depressive disorders (NR1: x = 83.2 ± 185.0 pg/mL; NR2: x = 2.1 ± 2.1 ng/ml) compared
with siblings (NR1: x = 140.6 ± 193.8 pg/mL; NR2: x = 6.2 ± 1.5 ng/ml) and healthy
volunteers (NR1: x = 146.7 ± 361.1 pg / mL; NR2: x = 4.8 ± 2.2 ng/ml) [NR1 and NR2, p <
0.001]. Interestingly, individuals with NR2 plasma values less than 3.648 ng/ml present 14.72
times a higher risk to be in FEP than other patients. Conclusions: This is the first study
reporting the measurement and reduction of NR1 and NR2 subunits plasma concentrations in
severe psychiatric disorders when compared to siblings and controls. And highlighting that
NR2 subunit can be a candidate for plasma biomarker in patients with FEP.
Keywords: First episode psychosis, NMDA receptors, Schizophrenia, NR1 and NR2
subunits, Glutamate.
Lista de Figuras
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Estrutura do receptor NMDA, com suas subunidades NR1 e NR2 (Paoletti e
Neyton, 2007). .......................................................................................................................... 56
Figura 2 – Representação dos 26 municípios do DRS XIII de Ribeirão Preto. ....................... 68
Figura 3 – Gráfico da curva padrão para receptor NR2 em escala logarítmica........................ 73
Figura 4 – Fluxo de triagens de possíveis pacientes em PEP, de inclusões e exclusões no
estudo caso-controle em três anos de coleta (n=494). .............................................................. 83
Figura 5 – Distribuição dos irmãos dos pacientes psicóticos que foram incluídos e excluídos
do estudo caso-controle. ........................................................................................................... 88
Figura 6 – Número de controles captados, quantidade de coletas de sangue realizadas e
número de amostras sanguíneas de controles pareadas para análise das subunidades NR1 e
NR2. .......................................................................................................................................... 89
Figura 7 – Representação das médias e distribuição dos valores absolutos da subunidade NR1
NMDAR de cada grupo participante do estudo........................................................................ 93
Figura 8 – Representação das médias e distribuição dos valores absolutos da subunidade NR2
NMDAR de cada grupo participante do estudo........................................................................ 94
Figura 9 – Correlação entre a concentração plasmática do NR2 e o escore da BPRS. ............ 95
Figura 10 – Curva ROC das concentrações plasmáticas da subunidade NR1.......................... 99
Figura 11 – Curva ROC das concentrações plasmáticas da subunidade NR2.......................... 99
Lista de Quadros
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Critérios diagnósticos para os transtornos psicóticos e de humor, de acordo com o
DSM-5 ...................................................................................................................................... 47
Quadro 2 – Diferenças nas classificações dos DSMs para os transtornos mentais .................. 49
Quadro 3 – Receptores ionotrópicos do glutamato .................................................................. 54
Lista de Tabelas
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Prevalência de esquizofrenia em populações específicas ....................................... 52
Tabela 2 – Estudos que investigaram anticorpos específicos publicados até março de 2015
(n=8) ......................................................................................................................................... 58
Tabela 3 – Razões para exclusão de pacientes do estudo (n=172) ........................................... 83
Tabela 4 – Razões para a não participação de pacientes em PEP no estudo caso-controle
(n=101) no período de três anos de coleta ................................................................................ 84
Tabela 5 – Diagnósticos estabelecidos de acordo com a SCID (DSM-IV) em 166 pacientes em
primeiro episódio psicótico identificados durante o período de três anos de estudo ............... 85
Tabela 6 – Descrição de variáveis sóciodemográficas e clínicas dos pacientes em primeiro
episódio psicótico ..................................................................................................................... 87
Tabela 7 – Uso das medicações psicotrópicas nos pacientes em PEP...................................... 88
Tabela 8 – Frequência e porcentagem dos participantes do estudo em relação à escolaridade e
estado civil ................................................................................................................................ 90
Tabela 9 – Descrição da idade média de cada grupo participante em relação ao sexo ............ 91
Tabela 10 – Uso de substâncias psicoativas por grupos diagnósticos identificados de abril de
2012 a março de 2015 ............................................................................................................... 91
Tabela 11 – Média e desvio padrão (DP) das concentrações plasmáticas das subunidades NR1
e NR2 do NMDAR de acordo com o grupo diagnóstico (n = 408), em valores absolutos e
valores submetidos à transformação logarítmica (Log) ........................................................... 92
Tabela 12 – Concentrações das subunidades NR1 e NR2 em relação ao tempo de tratamento
nos pacientes em PEP ............................................................................................................... 96
Tabela 13 – Concentrações das subunidades NR1 e NR2 dos pacientes em relação ao uso de
substância psicoativa ................................................................................................................ 96
Tabela 14 – Concentrações das subunidades NR1 e NR2 em relação ao tempo da doença dos
pacientes em PEP até o momento da coleta de sangue............................................................. 97
Tabela 15 – Distribuição dos participantes (pacientes e saudáveis) segundo os pontos de corte
das concentrações plasmáticas das subunidades NR1 e NR2 obtidos a partir das análises da
curva ROC ................................................................................................................................ 98
Lista de Abreviaturas e Siglas
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AMPA Ácido-amino-3-hidroxi-5-metil-isoxazol-4-propiônico
APA American Psychiatric Association
APEP Ambulatório de Primeiro Episódio Psicótico
BPRS Escala Breve de Avaliação Psiquiátrica
cAMP Adenosina 3',5'-monofosfato cíclico
CEQ Cannabis Experiences Questionnaire
CID Classificação Internacional de Doenças
CV Coeficiente de Variação
D2 Receptor de dopamina tipo 2
DA Dopamina
DO Densidade Óptica
DP Desvio Padrão
DRS Distrito Regional de Saúde
DSM Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais
DUP Duração de Psicose Não Tratada
EDTA Ácido etilenodiaminotetracético
EOP Esquizofrenia e Outras Psicoses
FMRP Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
HCFMRP-USP Hospital das Clínicas de Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo
HRP Peroxidase de Rábano
IC Intervalo de Confiança
KA Cainato
iGluRs Receptores ionotrópicos de glutamato
LCR Líquido Cefalorraquidiano
mGluRs Receptores metabotrópicos de glutamato
NA Não Aplica
NI Não Informado
NK Natural Killer
NMDA N-Metil-D-Aspartato
NMDARs Receptores do tipo NMDA
NOS Cronograma dos Sintomas de Nottingham
NR Não Realizado
NS Não Significante
OCM Outra Condição Médica
OMS Organização Mundial da Saúde
OPAS Organização Pan-Americana de Saúde
OR Odds Ratio
PEP Primeiro Episódio Psicótico
SCID Structured Clinical Interview for DSM
SNC Sistema Nervoso Central
SP Sintomas Psicóticos
SPA Substância Psicoativa
SUS Sistema Único de Saúde
TAB Transtorno Afetivo Bipolar
TD Transtorno Depressivo com Sintomas Psicóticos
THC Tetrahidrocanabinol
TMB Peroxidase de 3,3’,5,5’-Tetramethylbenzidine
TP Transtorno Psicótico
UPCUE Unidade de Psiquiatria da Unidade de Emergência
Sumário
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 45
1.1 CONCEITO DE TRANSTORNOS MENTAIS COM MANIFESTAÇÕES
PSICÓTICAS ........................................................................................................................ 45
1.2 INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA DOS TRANSTORNOS MENTAIS COM
MANIFESTAÇÕES PSICÓTICAS ..................................................................................... 50
1.3 BASES NEUROBIOLÓGICAS DOS TRANSTORNOS MENTAIS COM
MANIFESTAÇÕES PSICÓTICAS ..................................................................................... 52
1.3.1 Sistema Glutamatérgico ................................................................................... 53
1.3.2 Níveis plasmáticos de glutamato e seus derivados ......................................... 57
1.4 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO E CONTRIBUIÇÕES CIENTÍFICAS
ESPERADAS ........................................................................................................................ 59
2. OBJETIVO ..................................................................................................................... 63
2.1 HIPÓTESES .............................................................................................................. 63
3. METODOLOGIA ............................................................................................................... 67
3.1 LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ESTUDO ................................................................... 67
3.2 DELINEAMENTO DO ESTUDO ................................................................................. 68
3.3. PARTICIPANTES ......................................................................................................... 68
3.3.1 Pacientes ................................................................................................................. 68
3.3.2 Irmãos ..................................................................................................................... 69
3.3.3 Controles ................................................................................................................ 69
3.4 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO ..................................................................... 70
3.4.1 Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-IV ................................................ 70
3.4.2 Cronograma dos Sintomas de Nottingham ......................................................... 70
3.4.3 Escala de Avaliação Psiquiátrica Breve dos Sintomas Psicóticos ..................... 70
3.4.4 Lista de medicações presente e ou passada ......................................................... 71
3.4.5 Questionário de Experiências com Maconha ...................................................... 71
3.5 ANÁLISE DAS SUBUNIDADES NR1 E NR2 DO NMDAR ................................. 72
3.5.1 Kit ELISA para a subunidade NR1 NMDAR ................................................ 72
3.5.2 Kit ELISA para a subunidade NR2 NMDAR ................................................ 73
3.5.3 Especificidades e sensibilidade dos kits .......................................................... 74
3.6 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS ................................................ 74
3.6.1 Pacientes ................................................................................................................. 74
3.6.2 Irmãos ............................................................................................................... 76
3.6.3 Controles ........................................................................................................... 76
3.7 AVALIADORES............................................................................................................ 77
3.8 PROCEDIMENTO PARA ARMAZENAMENTO DOS DADOS .......................... 78
3.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA........................................................................................ 78
3.10 ASPECTOS ÉTICOS ................................................................................................... 79
4. RESULTADOS................................................................................................................... 83
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ........................................................................ 83
4.1.1 Pacientes ............................................................................................................ 83
4.1.2 Irmãos ............................................................................................................... 88
4.1.3 Controles ........................................................................................................... 89
4.2 CARACTERÍSTICAS SÓCIODEMOGRÁFICAS DOS PARTICIPANTES ......... 90
4.3 NÍVEIS PLASMÁTICOS DE NR1 E NR2 NMDAR .............................................. 92
4.3.1. Níveis plasmáticos de NR1 e NR2 ................................................................... 92
4.3.2 Correlação dos níveis plasmáticos de NR1 e NR2 com o escore da BPRS ...... 95
4.3.3 Níveis plasmáticos de NR1 e NR2 de acordo com variáveis clínicas ................ 96
4.3.4 Validade preditiva ................................................................................................ 97
5. DISCUSSÃO ................................................................................................................. 103
5.1 LIMITAÇÕES E FORÇA DO ESTUDO ............................................................... 109
5.1.1 Pontos positivos do nosso estudo........................................................................ 110
6. CONCLUSÕES ............................................................................................................ 113
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 117
Apêndices ............................................................................................................................... 127
Anexos .................................................................................................................................... 131
1. Introdução
45
1. INTRODUÇÃO
1.1 CONCEITO DE TRANSTORNOS MENTAIS COM MANIFESTAÇÕES
PSICÓTICAS
A importância de estabelecer um diagnóstico clínico preciso é relevante para a
psiquiatria, visto que testes diagnósticos ou marcadores biológicos não possuem, até o
momento, validade preditiva que permitam a inclusão de resultados de exames
complementares como critérios diagnósticos dos transtornos mentais. Por isso, os
profissionais da saúde mental têm que confiar em psicopatologia descritiva e sua interpretação
para diagnosticar os pacientes (Van Os et al., 2013).
As classificações diagnósticas atuais em Psiquiatria baseiam-se nos Manuais
Diagnóstico e Estatístico dos Trantornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of
Mental Disorders, DSM (APA, 2013) da Associação Americana de Psiquiatria, e na
Classificação Internacional de Doenças, da Organização Mundial da Saúde (CID, (OMS,
1993), para uso clínico e de pesquisa. Ambos os sistemas de classificação adotam uma
abordagem descritiva e ateórica e, de maneira geral, têm boa concordância entre si (Loch et
al., 2011; Loch e Wang, 2015). A décima edição da CID foi publicada em 1993 e o DSM
encontra-se atuamente na sua quinta edição, publicada em 2013 (OMS, 1993; APA, 2013).
Para a classificação dos transtornos mentais, o DSM propõe um conjunto de critérios
diagnósticos que indicam quais sintomas devem estar presentes e sua duração, bem como
prejuízo funcional causado pelo transtorno mental, distúrbios e condições que devem ser
excluídos (APA, 2013).
Os sintomas psicóticos são definidos pelo DSM-5 por anormalidades em um ou mais
de cinco domínios, como delírios, alucinações, pensamento (discurso) desorganizado,
comportamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal (incluindo catatonia) e
sintomas negativos (APA, 2013). Os delírios são crenças fixas, não passíveis de mudança à
luz de evidências conflitantes e seu conteúdo pode incluir uma variedade de temas, entre eles,
o persecutório, de referência, somático, religioso e de grandeza. As alucinações são
experiências semelhantes à percepção que ocorrem sem um estímulo externo. São vívidas e
claras e podem ocorrer em qualquer modalidade sensorial. A desorganização do pensamento
costuma ser inferida a partir do discurso do indivíduo, o qual pode mudar de um tópico a
outro (descarrilamento ou afrouxamento das associações) e as respostas a perguntas podem ter
uma relação oblíqua ou não ter relação alguma (tangencialidade). O comportamento motor
46
grosseiramente desorganizado pode-se manifestar de várias formas, desde o comportamento
“tolo e pueril” até a agitação imprevisível. Os problemas podem ser observados em qualquer
forma de comportamento dirigido a um objetivo, levando a dificuldades na realização das
atividades cotidianas. E, por fim, os sintomas negativos envolvem a expressão emocional
diminuída, avolia, alogia, anedonia e a falta de sociabilidade (APA, 2013).
Os sintomas psicóticos são características essenciais da Esquizofrenia e outros
transtornos psicóticos, mas também podem estar presentes em Transtornos de Humor. O
quadro 1 apresenta os critérios diagnósticos para os transtornos psicóticos e de humor, de
acordo com o DSM-5. Com relação à edição anterior (DSM-IV, 1994), não houve mudanças
significativas nos critérios diagnósticos dos transtornos psicóticos e de humor As
modificações intriduzidas no DSM-5 foram feitas para melhor caracterizar os sintomas e os
comportamentos de pessoas que estão em busca de ajuda clínica, mas que não eram bem
definidos pelo DSM-IV-TR (APA, 2013). No quadro 2 são mostradas as diferenças entre os
DSMs para a nova classificação dos transtornos mentais.
Quadro 1 – Critérios diagnósticos para os transtornos psicóticos e de humor, de acordo com o DSM-5
Transtornos Psicóticos
Esquizofrenia – A. Presença de dois (ou mais) sintomas, sendo um pelo menos delírios, alucinações ou discurso desorganizado e, os demais,
comportamento amplamente desorganizado ou catatônico, sintomas negativos. B. Por uma porção significativa do tempo, uma ou mais áreas
importantes do funcionamento estão acentuadamente abaixo do nível alcançado desde o início. C. Perturbação que dura pelo menos seis
meses. D. Exclusão de Transtorno Esquizoafeito ou Transtorno do Humor. E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de
uma substância ou outra condição médica. F. Relação com o Transtorno Global do Desenvolvimento e diagnóstico adicional de esquizofrenia.
Transtorno Esquizofreniforme – A. Satisfaz os critérios A, D e E para Esquizofrenia. B. Caracteriza-se por um quadro sintomático
equivalente à esquizofrenia, exceto por sua duração (isto é, a perturbação dura de um a seis meses) e ausência da exigência de um declínio no
funcionamento.
Transtorno Esquizoafetivo – A. Um episódio de humor e sintomas do critério A da esquizofrenia são concomitantes. B. Duas semanas ou
mais de delírios ou alucinações sem sintomas proeminentes de humor. C. Sintomas que não satisfazem os critérios para um episódio de humor
estão presentes por uma porção substancial da duração total dos períodos ativo e residual da doença. D. A perturbação não se deve aos efeitos
fisiológicos diretos de uma substância ou outra condição médica.
Transtorno Delirante – A. Presença de um ou mais delírios com duração de um mês ou mais. B. Critério A para Esquizofrenia jamais foi
satisfeito. C. Exceto pelo impacto do(s) delírio(s) ou de seus desdobramentos, o funcionamento não está acentuadamente prejudicado, e o
comportamento não é claramente bizarro ou esquisito. D. Se episódios de humor ocorreram durante os delírios, sua duração total deve ser
breveem relação ao período delirante. E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância ou outra condição
médica.
(Continua)
47
(Conclusão)
Transtornos Psicóticos
Transtorno Psicótico Breve – A. Presença de no mínimo um dos seguintes sintomas: delírios, alucinações, discurso desorganizado e
comportamento amplamente desorganizado ou catatônico. B. Perturbação psicótica com duração mínima de um dia e, no máximo um mês,
com retorno completo ao nível de funcionamento pré-mórbido. C. A perturbação não é mais bem explicada por Transtorno do Humor com
características psicóticas, Transtorno Esquizoafetivo ou Esquizofrenia, nem se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância ou outra
condição médica.
Transtornos de Humor
Transtorno Afetivo Bipolar – A. Um período distinto (pelo menos uma semana), durante o qual existe um humor anormal e persistentemente
elevado, expansivo ou irritável. B. A perturbação do humor deve ser acompanhada por pelo menos três sintomas adicionais, como autoestima
inflada ou grandiosidade, necessidade de sono diminuída, pressão por falar, fuga de idéias, distratibilidade, maior envolvimento em atividades
dirigidas a objetivos ou agitação psicomotora e envolvimento excessivo em atividades prazerosas com alto potencial para consequências
dolorosas. C. A perturbação deve ser suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou exigir
hospitalização ou é marcada pela presença de características psicóticas. D. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma
substância ou outra condição médica.
Transtorno Depressivo Maior – A. Cinco ou mais sintomas presentes por pelo menos duas semanas, a maior parte do tempo, dentre eles,
humor deprimido e perda de interesse ou prazer (anedonia) deve ser um; outros são perda ou ganho de peso acentuados sem estar de dieta,
insônia ou hipersônia, agitação ou retardo psicomotor, fadiga e perda de energia, sentimento de inutilidade ou culpa excessiva, capacidade
diminuída concentração e pensamentos de morte recorrentes. B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no
funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. C. Os sintomas não se devem aos efeitos
fisiológicos diretos de uma substância ou outra condição médica. D. A perturbação não é mais bem explicada por transtornos do espectro da
esquizofrenia ou outras desordens psicóticas. E. Os sintomas não satisfazem os critérios para episódio maníaco ou hipomaníaco.
Fonte: DSM-5 (APA, 2013) (adaptado).
48
Quadro 2 – Diferenças nas classificações dos DSMs para os transtornos mentais
Nomenclatura Fonte
DSM-IV-TR (2000) DSM-V (2013)
Esquizofrenia/Transtorno
Esquizofreniforme
- Presença de no mínimo dois dos cinco sintomas
para ser preenchido;
- Dois dos cinco sintomas do Critério A para o
diagnóstico;
- Exigência que pelo menos um deles seja delírios,
alucinações ou discurso desorganizado;
- Os subtipos foram eliminados;
- Critério A preenchido com apenas um sintoma nos
casos de delírios bizarros ou alucinações auditivas de
primeira ordem;
- Retirada por se considerar que a classificação de um
delírio como bizarro é pouco confiável.
Transtorno Esquizoafetivo
- Diagnóstico transversal; - Torna-se um diagnóstico longitudinal;
- Requer a presença de um episódio de alteração
importante do humor (depressão ou mania) durante a
maior parte do curso da doença, após o
preenchimento do Critério A de Esquizofrenia.
Transtorno Delirante - Característica essencial é a presença de um ou mais
delírios não bizarros;
- Não há exigência de o delírio não ser bizarro;
- Especificador – tipo bizarro;
Transtorno Bipolar e Outros
Transtornos Relacionados
- Inclusão da valorização do aumento de atividade ou
energia;
- Especificador com sintomas ansiosos;
- Transtorno Bipolar I – especificador com
características mistas;
- Diagnóstico como outro Transtorno Bipolar e
Transtorno Relacionado Especificado.
Transtornos Depressivos
- Os sintomas não são mais bem explicados por luto;
- Inclusão do Transtorno Disruptivo da Desregulação
do Humor (substituição do diagnóstico excessivo de
transtorno bipolar na infância e adolescência);
- Reconhecimento do luto como estressor
psicossocial grave. Luto de 1 a 2 anos.
Fonte: DSM-5 (APA, 2013) (adaptado).
49
50
A etiologia das psicoses é multifatorial e dados da literatura mostram evidências de
que fatores biológicos e ambientais possam interagir de forma sinérgica, aumentando o risco
de desenvolvimento de psicose. Dentre os fatores biológicos estão a predisposição genética,
infecções no período de vida intra-uterino, as complicações obstétricas e alterações de
neurodesenvolvimento. Quanto aos fatores ambientais, traumas na infância ou adolescência,
migração e uso de substâncias psicoativas são as mais comumente associadas às psicoses
(Tournier, 2013).
Sendo assim, torna-se difícil uma exata demarcação categórica dos pacientes em
primeiro episódio psicótico (PEP) pela sobreposição das manifestações clínicas e de
alterações genéticas, neurobiológicas e biológicas. Manifestações psicóticas podem estar
presente em vários transtornos psiquiátricos, com diferentes mecanismos fisiopatológicos,
dificultando o estudo epidemiológico e etiopatogênico do PEP devido à sua múltipla
casualidade (Tournier, 2013).
1.2 INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA DOS TRANSTORNOS MENTAIS COM
MANIFESTAÇÕES PSICÓTICAS
Em 1992, vinte e três estudos na Europa e na América do Norte foram revistos e,
encontrou-se uma taxa da incidência de transtorno mental de 2,5 para 10.000 pessoas (Nakane
et al., 1992). Dados da Organização Pan-Americana de Saúde – OPAS e da OMS (2001)
estimaram, na época, que cerca de 450 milhões de pessoas no mundo sofriam de transtornos
neuropsiquiátricos, dentre eles, transtornos depressivos unipolares, transtornos afetivos
bipolares e esquizofrenia (OPAS, 2001). Assim, tem-se que os transtornos mentais são
responsáveis por 14% do quadro global de doenças (OPAS, 2001).
Em relação aos trantornos mentais com manifestações psicóticas, a esquizofrenia é o
diagnóstico mais reconhecido e é caracterizado por um transtorno mental complexo que afeta,
em média, 1% da população mundial, inclui sintomatologia e evolução clínicas heterogêneas
e muitas vezes debilitantes (Messias et al., 2007; Kato et al., 2011). Além disso, é
considerado um grave problema de saúde pública, com alta morbimortalidade (Mcgrath et al.,
2008; Ezeoke et al., 2013).
Os estudos brasileiros tiveram índices próximos de 0,8% para a prevalência de
transtornos psicóticos (TP) no decorrer de um ano, diferindo do norte-americano que foi de
0,4%. Desta forma, estima-se entre 679.192 e 1.358.393 adultos no Brasil com transtornos
51
psicóticos (Mello et al., 2007). Já a incidência anual de TP está entre 14 e 30/100.000 em
pessoas na faixa etária de 18 a 64 anos, sendo mais frequente em jovens e duas vezes maior
em homens menores que 45 anos e, semelhante em ambos os sexos após essa idade (Tournier,
2013).
Para os transtornos do humor, o TAB apresenta uma incidência de cerca de 0,5% a
1,0% igualmente distribuído entre homens e mulheres e prevalência de 4% (Noga et al., 2001;
Ketter, 2010). É considerada a sexta principal causa de incapacidade em todo o mundo devido
às significativas cargas emocional e financeira tanto para os pacientes quanto para suas
famílias (Woods, 2000).
Para a OMS, a depressão é um dos desafios mais significativos do século 21, devido
ao seu efeito sobre a perda de função, sendo considerada uma das principais doenças nas
Américas (Opas, 2001). As taxas de prevalência ao longo da vida de grandes estudos
epidemiológicos são elevadas de 18 a 30% (Jenkins et al., 1997; Kendler et al., 1999; Kessler
et al., 2005). Estima-se que 15% dos pacientes deprimidos apresentarão sintomas psicóticos
(Del Porto, 1999). Um estudo multicêntrico europeu investigou a prevalência dos sintomas
psicóticos em pacientes com depressão e obteve índices de 18,5% e 0,4% na população geral
(Ohayon e Schatzberg, 2002). No Reino Unido, a incidência de transtorno depressivo com
sintomas psicóticos (TD) foi semelhante à da esquizofrenia, alertando os profissionais para o
maior conhecimento deste transtorno (Crebbin et al., 2008).
Estudo prospectivo de primeiro episódio psicótico (PEP) realizado na cidade de São
Paulo identificou, em um período de 3 anos, 367 casos de PEP, sendo 51% mulheres.
Aproximadamente, 40% preencheram os critérios diagnósticos para esquizofrenia ou
transtorno esquizofreniforme e 13,6% para TD. A taxa de incidência de psicose foi de
15,8/100.000 pessoas-ano em risco (95% IC: 14,3-17,6), sendo a incidência de TP maior entre
os jovens do sexo masculino (Menezes et al., 2007).
Os transtornos mentais com manifestações psicóticas possuem uma característica
familiar. A incidência em parentes de pacientes é mais elevada do que na população em geral
e, a concordância de gêmeos monozigóticos é superior à de gêmeos dizigóticos (Sadock e
Sadock, 2012). Conforme descrito na tabela 1 a prevalência de esquizofrenia em gêmeos
monozigóticos (MZ, 45 a 50%) é bem maior do que aquela observada em gêmeos dizigóticos
(DZ, 12 a 15%). Essas diferenças também são encontradas no TAB, onde foi observada uma
concordância de 51 a 79% entre gêmeos MZ e de apenas 19 a 30% para DZ (Bertelsen et al.,
1977; Torgersen, 1986; Mcguffin et al., 1991; Kendler et al., 1993). Em uma metanálise
epidemiológica, foi observado um risco de 2,8 vezes de depressão entre os parentes de
52
primeiro grau (Sullivan et al., 2000). Enquanto, em parentes de terceiro grau observou-se o
risco de 5,2 (Weissman et al., 2005). Em um estudo com irmãos gêmeos recrutados de centros
de tratamento psiquiátrico demonstrou-se fortes influências genéticas no desenvolvimento de
depressão, sendo esta de até 70% (Mcguffin et al., 1996).
Tabela 1 – Prevalência de esquizofrenia em populações específicas
Populações específicas Prevalência (%)
População geral 1 a 1,5
Parentes de primeiro grau (pai e mãe) 10 a 12
Parentes de segundo grau (irmãos fraternos ou univitelíneos) 5 a 6
Filho de dois pais com esquizofrenia 40
Gêmeos dizigóticos 12 a 15
Gêmeos monozigóticos 45 a 50
Fonte: Manual de Psiquiatria Clínica (Sadock e Sadock, 2012).
1.3 BASES NEUROBIOLÓGICAS DOS TRANSTORNOS MENTAIS COM
MANIFESTAÇÕES PSICÓTICAS
Apesar de inúmeros estudos epidemiológicos mostrarem a alta incidência de psicose,
são ainda necessários estudos que investiguem a participação de fatores biológicos como
marcadores da doença, na tentativa de encontrar indicadores diagnósticos e índices
prognósticos mais precisos. A busca por marcadores biológicos, além de contribuir para uma
maior acurácia do diagnóstico psiquiátrico, também permite o melhor entendimento da
etiologia dos transtornos psicóticos.
Vários neurotransmissores têm sido implicado na etiologia da esquizofrenia e outras
psicoses. Em meados dos anos 1950, com base nas respostas clínicas observadas com a
clorpromazina e outras fenotiazinas, que se mostraram efetivas no controle da psicose, ao
bloquear o receptor de dopamina do tipo D2, considerou-se a hipótese da disfunção
dopaminérgica para explicar a fisiopatologia da esquizofrenia (Nordström et al., 1993).
Até o momento, esta é uma das hipóteses mais estabelecidas sobre a esquizofrenia,
sustentada por dois fortes achados, a) quadros psicóticos induzidos por anfetaminas e, b) o
bloqueio dos receptores dopaminérgicos do tipo D2 pelos antipsicóticos, minimizando os
sintomas positivos, como delírios e alucinações (Bressan e Pilowsky, 2003).
53
Além da dopamina, outros neurotransmissores passaram a ser pesquisados, como a
serotonina, epinefrina, norepinefrina e, o mais estudado atualmente, o glutamato, pela falta de
resposta dos pacientes aos antipsicóticos típicos, antagonistas dopaminérgicos do tipo D2
(Brenner e Merlo, 1995).
Desde a descoberta de que a fenciclidina (PCP) um antagonista não competitivo
potente do NMDAR (Zukin e Zukin, 1979; Lodge e Anis, 1982; Anis et al., 1983) causava
sintomas psicóticos em voluntários sadios (Luby et al., 1959) teve-se suporte para um
envolvimento glutamatérgico na esquizofrenia, levando à ideia de que a neurotransmissão
glutamatérgica e o receptor NMDA estavam envolvidos no transtorno (Javitt e Zukin, 1991).
A primeira indicação de anormalidade glutamatérgica na esquizofrenia foi relatada por Kim e
seus colegas, com base nos níveis de glutamato reduzidos no fluido cerebrospinal (CSF) dos
indivíduos com esquizofrenia (Kim et al., 1980), o que favoreceu várias pesquisas posteriores,
baseadas em evidências mais sólidas que serão discutidas neste estudo.
1.3.1 Sistema Glutamatérgico
O glutamato é o principal neurotransmissor excitatório do sistema nervoso central
(SNC) e está envolvido desde estágios precoces do desenvolvimento, como a morte ou
sobrevida de neurônios, até a fase adulta, com a participação de funções fisiológicas
importantes como, a plasticidade sináptica, memória e aprendizado (Ozawa et al., 1998;
Meldrum, 2000; Pires et al., 2006; Reis e Arruda, 2011).
Os seus receptores podem ser classificados em dois grupos, como os metabotrópicos
(mGluRs) e os ionotrópicos (iGluRs). Os mGluRs são receptores acoplados à proteína-G e
respondem aos mecanismos intracelulares por meio da ativação de segundos mensageiros,
como a adenosina 3',5'-monofosfato cíclico (cAMP) e o Diacilglicerol (Schoepp et al., 1990)
(Tanabe et al., 1992). Os iGluRs são os próprios canais iônicos, que medeiam a vasta maioria
da neurotransmissão excitatória cerebral e são classificados segundo seus agonistas, como N-
metil-d-aspartato (NMDA), Kainato (KA) e α-amino-3-hidroxi-5-metil-isoxazol-4-propiônico
(AMPA) (Hollmann, Boulter, et al., 1994; Hollmann e Heinemann, 1994; Danbolt, 2001)
(Quadro 3).
54
Quadro 3 – Receptores ionotrópicos do glutamato
Ionotrópicos
Receptor NMDA Kainato AMPA
Subunidades
NMDAR1A-G GluR5-7
(baixa afinidade) GluR1-4
NMDAR2A-D KA1-2
(alta afinidade)
NMDAR3A-B
Fonte: (Cunha, 2008) (adaptado).
1.3.1.1 Receptor N-Metil-D-Aspartato (NMDAR)
O receptor NMDA (NMDAR) é essencial para a plasticidade neuronal e está
envolvido em mecanismos de aquisição de memória e aprendizagem. Eles contêm canais
iônicos que quando ativados permitem o influxo de íons sódio (Na+), Cloreto (Cl
-) e, em
particular, do cálcio (Ca2+
), ampliando os impulsos neurais e favorecendo a despolarização de
neurônios (Bressan e Pilowsky, 2003).
Os iGluRs são tetrâmeros compostos por dois heterodímeros, que funcionam como
canais iônicos para influxo de Na+, Cl
- e Ca
2+ (Hollmann, Maron, et al., 1994).
Especificamente, o NMDAR é formado por três diferentes subunidades de proteínas: NR1,
NR2 e NR3, que são respectivamente, codificados por três famílias de genes: NMDAR1
(Grin1), NMDAR2 (Grin2) e NMDAR3 (Grin3) (Hollmann, Maron, et al., 1994; Danbolt,
2001).
O NR1 é composto por oito isoformas distintas (alelos), devido à presença de três
locais independentes de splicing alternativos do gene Grin1, sendo o seu ligante principal, a
glicina (Bai e Hoffman, 2009). Esta subunidade está presente em todos os tetrâmeros e é
essencial para a funcionalidade do NMDAR.
O NR2 é codificado por quatro famílias de genes Grin2, sendo elas, 2A, 2B, 2C e 2D,
com regulação, distribuição e diversos variantes de splicing, sendo o sítio de ligação
específico do agonista glutamato (Das et al., 1998; Perez-Otano et al., 2001). Seus
componentes são incorporados de acordo com a idade e a região cerebral. Adicionalmente, foi
demonstrado que o balanço entre as subunidades NR2A e NR2B é essencial pra determinar a
55
função neuronal, plasticidade sináptica e manutenção do desenvolvimento normal do SNC
(Geddes et al., 2011).
O NR3 é codificado por duas famílias de genes Grin3, 3A e 3B (Bai e Hoffman,
2009). A subunidade NR3A é distribuída por todo o SNC e a subunidade NR3B é expressa
em neurônios motores, com seu sítio específico para a glicina (Das et al., 1998; Perez-Otano
et al., 2001). O NR3 funciona como componente negativo, quando incluído nas estruturas e
não forma receptores funcionais sozinho, sendo praticamente impermeável ao cálcio (Bai e
Hoffman, 2009).
Um único complexo NMDAR contém duas subunidades NR1 e duas subunidades NR2
(Laube et al., 1998; Monaghan e Jane, 2009), sendo que a subunidade NR3 pode se combinar
com a subunidade NR1 para formar um receptor excitatório sensível à glicina que não
necessite de L-glutamato (Das et al., 1998; Perez-Otano et al., 2001; Chatterton et al., 2002).
Esta composição complexa das diferentes subunidades e variações alélicas constitui a
diversidade funcional dos NMDARs (Bai e Hoffman, 2009).
A expressão dos NMDARs envolve a formação de um complexo de tetrâmeros e o
NMDAR funcional requer a coexpressão de quatro subunidades, sendo duas obrigatórias do
NR1 enquanto as outras duas podem ser do NR2 ou do NR3. O papel dos NMDARs também
requer a ligação simultânea de dois coagonistas, sendo eles, o glutamato e a glicina (ou a D-
serina) (Dingledine et al., 1999; Paoletti e Neyton, 2007) (Figura 1).
A disfunção, em particular a hipofunção dos NMDARs, parece estar envolvida em
várias doenças neurológicas e psiquiátricas e produz sintomas psicóticos que muito se
assemelham à esquizofrenia e outros transtornos psicóticos (Bressan e Pilowsky, 2003). Como
o NMDAR tem múltiplas subunidades e mecanismos de regulação, qualquer alteração de um
único componente pode levar a uma disfunção e contribuir para a neurobiologia subjacente
aos transtornos psicóticos (Cherlyn et al., 2010).
56
Figura 1 – Estrutura do receptor NMDA, com suas subunidades NR1 e NR2 (Paoletti e
Neyton, 2007).
As células neuronais são os principais locais onde ocorre a maior expressão dos
NMDARs. No entanto, a expressão e atividade destes receptores também foram identificadas
em outros tecidos como células gliais (Verkhratsky e Kirchhoff, 2007), ilhotas pancreáticas
(Hinoi et al., 2004), pulmões (Dickman et al., 2004), tecido ósseo (Hinoi et al., 2004), medula
adrenal (Hinoi et al., 2002), rins (Hinoi et al., 2002), queratinócitos (Fischer et al., 2004),
coração (Leung et al., 2002), glóbulos brancos e plaquetas (Boldyrev et al., 2012), embora a
exata função nestes tecidos não esteja completamente esclarecida (Bai e Hoffman, 2009).
O SNC pode influenciar a expressão genética e o metabolismo no sangue periférico
por meio de citocinas, neurotransmissores, ou hormônios (Gladkevich et al., 2004; Marques-
Deak et al., 2005), enquanto que as alterações relacionadas ao sistema imunológico no SNC,
por sua vez, podem se originar do sangue periférico (Michel et al., 2012; Tomasik et al.,
2014). Evidências de perfil molecular e análises de sangue, soro ou plasma revelaram
alterações moleculares em pacientes psiquiátricos, sugerindo que estas doenças podem ser
detectáveis em outros sistemas do corpo, tais como o sangue circulante (Chan et al., 2014).
Consequentemente, biomarcadores validados são urgentemente necessários para ajudar a
resolver essas necessidades clínicas ainda não satisfeitas (Chan et al., 2014).
57
1.3.2 Níveis plasmáticos de glutamato e seus derivados
A hipofunção glutamatérgica pode ocorrer por vários mecanismos diferentes. O
primeiro seria a redução da liberação de glutamato na fenda sináptica; o segundo, a ação de
antagonistas do NMDAR, como a fenciclidina ou a ketamina, que em modelos animais
causaram isolamento social e déficits de memória, a semelhança do que se observa na
esquizofrenia. Além disso, a ação de autoanticorpos bloqueadores destes receptores induzem
em indivíduos saudáveis os sintomas positivos da esquizofrenia, tais como os delírios e
alucinações (Krystal et al., 1994; Coyle, 2006).
Em 2007, Dalmau e seus colegas, descreveram a presença de anticorpos contra o
NMDAR em um grupo de mulheres com teratoma de ovário, as quais apresentavam sintomas
neuropsiquiátricos, entre eles, a psicose (Dalmau et al., 2007; Van De Riet e Schieveld,
2013). Esta condição foi nomeada encefalite anti-NMDAR, uma doença grave, com taxa de
25% de mortalidade e, cujos sinais e sintomas foram associados com a hipofunção do
NMDAR (Dalmau et al., 2008). A partir da replicação desses achados, foi recomendado que,
nos casos de primeiro episódio de transtorno mental com sintomas psicóticos, o diagnóstico
de encefalite anti-NMDAR fosse investigado ativa e rotineiramente, tendo-se em vista o risco
de morte na ausência de um tratamento adequado (Van De Riet e Schieveld, 2013).
Na Tabela 2 estão representados os estudos que avaliaram a presença de anticorpos
anti-NMDA em estudos com pacientes com esquizofrenia e PEP, em comparação com
controles saudáveis. No entanto, a maioria dos estudos apresentam amostras pequenas e são
controversos quanto ao tempo dos testes, ensaios utilizados, especificidades de epítopos,
duração dos transtornos, abuso e dependência de substâncias, uso de medicação,
heterogeneidade da apresentação clínica e presença de condição médica geral.
58
Tabela 2 – Estudos que investigaram anticorpos específicos publicados até março de
2015 (n=8)
Autor, Ano Esquizofrenia PEP Controles Subunidade do NMDAR (Anticorpo)
n total (% positividade de anti-NMDA)
(Zandi et al., 2011) N.R. 46 (6,5) N.R. N.I.
(Rhoads et al., 2011) 7 N.R. N.R. NR1 (IgG)
(Masdeu et al., 2012) N.R. 80 (0,0) 40 (0,0) NR1 (IgG)
(Tsutsui et al., 2012) N.R. 5 (60,0) N.R. NR1/NR2B (IgG)
(Steiner et al., 2013) 121 (3,3) 47 (9,9) 230 (0,0) NR1A e NR1A/NR2B (IgG, IgA, IgM)
(Hammer et al., 2014) 1081 (8,7) 101 (5,9) 1325 (10,8) NR1 e NR1/NR2B (IgG, IgA, IgM)
(Deakin et al., 2014) 46 (4,3) N.R. N.R. NMDAR (IgG)
(Masopust et al., 2015) N.R. 50 (0,0) 50 (0,0) NR1A (IgG)
N.I.: Não Informado; N.R.: Não Realizado
Baseando-se na relevância do sistema glutamatérgico na etiopatogenia da
esquizofrenia, vários estudos objetivaram avaliar a concentração plasmática dos agonistas dos
receptores NMDA, mas seus resultados foram conflitantes. Pacientes esquizofrênicos, quando
comparado com controles, apresentaram níveis plasmáticos aumentados de glutamato
(Sackler et al., 1954; Tortorella et al., 2001; Van Der Heijden et al., 2004). Também foi
relatado aumento dos níveis plasmáticos de glutamato e serina em pacientes com
esquizofrenia e seus familiares de primeiro grau (Cunha, 2008). No entanto, um estudo
demonstrou níveis reduzidos de glutamato no plasma em primeiro episódio de esquizofrenia,
que foram restabelecidos após o primeiro mês de tratamento, sugerindo que há atividade
glutamatérgica reduzida no início da doença (Palomino et al., 2007). Uma meta-análise de 10
estudos encontrou níveis mais elevados de glutamato no sangue de pessoas com esquizofrenia
em comparação com os controles (Song et al., 2014).
No entanto, não há relato na literatura de medidas no sangue periférico das
subunidades NR1 e NR2 em transtornos psiquiátricos graves ou outras doenças, com exceção
de um estudo, que demonstrou a elevação sérica da subunidade NR2, associando-a como
possível biomarcador de acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico. As elevadas
concentrações séricas de NR2 foram atribuídas à gravidade da lesão neuronal, sendo este
tecido injuriado a origem da subunidade NR2 circulante (Dambinova et al., 2012).
Um outro ponto importante é que em várias doenças neuropsiquiátricas, inclusive as
psicoses, pode ocorrer rotura da barreira hematoencefálica (BHC) devido a estresse oxidativo
59
induzido por receptores NMDA (Betzen et al., 2009; Genius et al., 2013). Não está ainda
elucidado como isso poderia afetar as concentrações plasmáticas dos NMDAR, mas poderia
ser uma das justificativas, pois doenças crônicas que apresentam uma inflamação crônica de
baixo grau, como a esquizofrenia, possuem grande formação de radicais livres devido a um
maior estresse oxidativo (Flatow et al., 2013).
O sistema imunitário pode ser modulado por NMDAR, uma vez que estes estão
presentes tanto nas células da resposta imune adquirida (linfócitos T, células B, monócitos),
quanto na da resposta imune inata (neutrófilos). Linfócitos T expressam tanto receptores
ionotrópicos quanto metabotrópicos do glutamato e a estimulação de NMDAR podem induzir
a produção de radicais livres (Boldyrev et al., 2005). Assim, não só o tecido neuronal pode ser
a fonte de receptores de glutamato, mas também as células do sistema imunitário (Khandaker
et al., 2015). No entanto, estudos dirigidos à quantificação plasmática de receptores
glutamatérgicos solúveis são esparsos e não há nenhum estudo dirigido às subunidades NR1
ou NR2.
1.4 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO E CONTRIBUIÇÕES CIENTÍFICAS
ESPERADAS
O ineditismo deste estudo baseia-se na detecção precoce dos indivíduos em sua
primeira manifestação psicótica e na vantagem de compará-los com os irmãos, considerados
pela literatura como indivíduos de alto risco para o desenvolvimento de transtornos psicóticos,
pela maior probabilidade de exposição aos mesmos fatores genéticos e ambientais de risco.
Esse estudo também foi delineado para controlar algumas variáveis de confusão como
a duração dos transtornos mentais, o abuso e dependência de drogas, o uso de medicação, a
heterogeneidade da apresentação clínica, a presença de outra condição médica e a gravidade
dos sintomas. Todos esses fatores poderiam introduzir um viés significativo nos resultados da
função do sistema glutamatérgico e, portanto, afetar a validade e a possibilidade de
generalização.
Estudos conduzidos nas fases iniciais de manifestação dos sintomas psicóticos podem
contornar, pelo menos parcialmente, esses fatores de confusão e trazer contribuições
significativas para uma melhor compreensão dos fatores biológicos nos transtornos psicóticos.
Até onde é do nosso conhecimento, nenhum estudo investigou a presença de
subunidades do NMDAR no sangue periférico de pacientes psiquiátricos, tampouco em
60
indivíduos controles da mesma faixa etária. Do nosso conhecimento, nenhum estudo
investigou a quantificação plasmática das subunidades NR1 e NR2 do NMDAR em primeiro
episódio psicótico.
Sendo assim, esse estudo possibilita um maior conhecimento da funcionalidade do
NMDAR e de suas subunidades nos transtornos psicóticos e de humor e, investiga se existem
alterações nos níveis plasmáticos dos pacientes em PEP comparados aos saudáveis, podendo
utilizá-los como possíveis marcadores de risco para esses transtornos psicóticos.
61
2.Objetivo
62
63
2. OBJETIVO
O objetivo deste estudo foi quantificar os níveis plasmáticos das subunidades NR1 e
NR2 do NMDAR em pacientes em primeiro episódio de transtorno mental com manifestações
psicóticas comparados aos irmãos e controles saudáveis.
2.1 HIPÓTESES
1. Os níveis plasmáticos das subunidades NR1 e NR2 estarão diminuídos nos
pacientes em PEP comparados aos saudáveis.
2. A quantificação plasmática das subunidades glutamatérgicas podem ser possíveis
marcadores biológicos para os transtornos psicóticos.
64
65
3. Metodologia
66
67
3. METODOLOGIA
3.1 LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ESTUDO
Este estudo faz parte do projeto temático “Esquizofrenia e outros transtornos
psicóticos: determinantes sociais e biológicos”, conhecido pelo acrônimo STREAM –
Schizophrenia and other psychosis Translational Research: Environment and Molecular
Biology (FAPESP, 2012/05178-0). O objetivo foi estimar a incidência de esquizofrenia e
outras psicoses (EOP) na região de Ribeirão Preto – SP e investigar possíveis interações entre
fatores ambientais e biológicos na ocorrência destes transtornos mentais. Este, por sua vez,
integra o projeto multicêntrico European Network of National Schizophrenia Networks
Studiyng Gene-Environment Interactions (EU-GEI; http://www.eu-gei.eu/), um consórcio
internacional para investigar etiologia, mecanismos e prognóstico da EOP.
A rede de saúde da região está organizada de forma hierarquizada, de acordo com os
princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), com serviços para o atendimento primário,
secundário e terciário em saúde. Porém, há uma heterogeneidade de serviços disponíveis nas
diferentes cidades, sendo Ribeirão Preto a referência para os atendimentos mais complexos.
Em relação aos serviços de saúde mental, a região de Ribeirão Preto oferece a
possibilidade de acesso a uma rede organizada de serviços de saúde mental, dipondo de
unidades para internação psiquiátrica aguda, distribuídos em enfermarias de hospitais gerais,
hospitais psiquiátricos e serviços de emergências psiquiátricas.
A região de Ribeirão Preto compreende 26 municípios do XIII Departamento Regional
de Saúde do Estado de São Paulo (DRS XIII), divididos em três grandes áreas, o Aquífero
Guarani, Vale das Cachoeiras e Horizonte Verde, respectivamente, representados no mapa
pelas cores azul claro, azul escuro e verde, que totalizam 9.300 Km² e correspondem a uma
população aproximada de 1.300.000 habitantes (IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação
de População e Indicadores Sociais, 2014) (Figura 2).
68
Figura 2 – Representação dos 26 municípios do DRS XIII de Ribeirão Preto.
3.2 DELINEAMENTO DO ESTUDO
Este estudo é transversal, do tipo caso-controle sendo a identificação dos casos e a
coleta de dados realizadas por busca ativa, por contato telefônico e por meio de visitas
periódicas aos serviços de saúde mental do DRS XIII, onde esses pacientes foram
diagnosticados e tratados pela primeira manifestação psicótica.
3.3. PARTICIPANTES
3.3.1 Pacientes
Foram incluídos pacientes em primeiro contato com os serviços de saúde mental por
apresentar primeiro episódio com manifestações psicóticas, na faixa etária de 16-64 anos,
residentes na área de abrangência da região de Ribeirão Preto.
Foram excluídos os pacientes que tiveram contato prévio com serviços de saúde
mental devido os sintomas psicóticos ou aqueles que apresentaram manifestações psicóticas
secundárias a outra condição médica ou induzidos pelo uso de substâncias psicoativas.
69
3.3.2 Irmãos
Os irmãos de pacientes em PEP foram incluídos por representar um grupo de alto
risco, o que pode servir como uma comparação para os casos e controles. Estes foram
convidados a ingressar no estudo caso-controle sempre que (a) havia a concordância por parte
do paciente para o convite; (b) irmão com idade entre 16 e 64 anos e (c) nunca ter apresentado
sintomas psicóticos.
3.3.3 Controles
O grupo controle foi composto por indivíduos voluntários saudáveis que não
apresentaram sintomas psicóticos ao longo da vida e procedentes da mesma área de
abrangência dos casos (DRS-XIII).
Para o projeto maior, o número de controles necessários para compor uma amostra
representativa da população foi calculado com base nos dados do IBGE (www.ibge.gov.br),
relativos ao eleitorado (munícipes acima de 16 anos de idade) caracterizados a partir do censo
de 2010 e planejados a partir das características demográficas de idade e sexo da população da
área de cobertura do DRS XIII. Este planejamento foi feito por dois docentes da Universidade
de Paulo, Prof. Dr. Jair Lício Ferreira Santos, vinculado ao Departamento de Medicina Social
da FMRP/USP e Prof. Dr. Paulo Rossi Menezes, vinculado ao Departamento de Medicina
Preventiva da FM/USP.
A amostra foi ponderada em intervalos de idade, a saber, 15 a 24, 25 a 34 e, igual ou
maior que 35 anos. A seleção dos municípios, uma vez excetuada a cidade sede, foi feita com
o sorteio de dois dentre os agrupados em quatro subgrupos segundo tamanho populacional.
Além de Ribeirão Preto, foram selecionadas oito cidades da região, a saber: Barrinha,
Brodowski, Cravinhos, Guatapará, Jaboticabal, Pradópolis, Santo Antônio da Alegria e
Sertãozinho.
70
3.4 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
3.4.1 Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-IV
O diagnóstico foi estabelecido por meio da Entrevista Clínica Estruturada para o
DSM-IV (Structured Clinical Interview for DSM-IV, SCID) (First Mb et al., 1997). Neste
estudo foi utilizada a versão clínica da SCID, que em estudo brasileiro obteve kappa
ponderado de 0,83 para o diagnóstico primário e, esse valor foi considerado excelente,
indicando que é um instrumento com bom índice de confiabilidade (Del Ben e Al., 2001).
A primeira parte da SCID refere-se à revisão geral constitui-se de questões abertas,
que coletam informações reativas a dados demográficos, história escolar, história ocupacional,
inicio e evolução da doença, história de tratamento e o contexto ambiental. Enquanto a
segunda divide-se em módulos de acordo com os critérios diagnósticos do Eixo 1 do DSM-
IV. Estes módulos contêm perguntas relacionadas aos critérios e são pontuados de acordo
com o julgamento clínico do entrevistador e de outras fontes de informações como, prontuário
médico, história clínica do profissional de saúde e/ou relato de familiares.
3.4.2 Cronograma dos Sintomas de Nottingham
O Cronograma dos Sintomas de Nottingham (Nottingham Onset Cronogram - NOS) é
um instrumento que foi traduzido e adaptado para o português pelos autores do projeto
temático e submetido à retro-tradução. Investiga a data de início dos sintomas psicóticos, a
data de início de tratamento para a psicose e a duração de psicose não tratada em semanas
(ANEXO 1).
3.4.3 Escala de Avaliação Psiquiátrica Breve dos Sintomas Psicóticos
A Escala de Avaliação Psiquiátrica Breve dos Sintomas Psicóticos (Brief Psychiatric
Rating Scale – BPRS) (Overall e R, 1962) é uma escala de avaliação de gravidade de
sintomas psicóticos que pode ser concluída após uma entrevista diagnóstica semiestruturada
utilizando informações referentes aos três dias anteriores. Assim como na SCID, dados
obtidos com familiares e com profissionais de saúde também foram levados em consideração.
71
A escala é constituída por 18 itens com pontuação variando entre zero a quatro, sendo
que maiores pontuações indicam maior gravidade de sintomas. Os itens avaliados pela escala
são: 1- preocupações somáticas, 2- ansiedade psíquica, 3- retraimento emocional, 4-
desorganização conceitual (incoerência), 5- auto depreciação e sentimentos de culpa, 6-
ansiedade somática, 7- distúrbios motores específicos, 8- auto estima exagerada, 9- humor
deprimido, 10- hostilidade, 11- desconfiança, 12- alucinações, 13- retardo psicomotor, 14-
falta de cooperação, 15- conteúdo do pensamento incomum, 16- afeto embotado ou
inapropriado, 17- agitação psicomotora, 18- desorientação e confusão (Crippa et al., 2001).
Em destaque, os itens 3, 4, 6, 7, 13, 14, 16, 17 e 18 devem ser avaliados por meio de
observações feitas durante a entrevista, com o resultado 0 quando não observados. Os demais
itens são avaliados a partir das informações relatadas pelo paciente ou familiar (ANEXO 2).
3.4.4 Lista de medicações presente e ou passada
A lista de medicações presente e ou passada corresponde a todos os medicamentos em
uso atual ou passado, referidos pelos participantes do estudo, familiares ou em consulta a
prontuário médico. Especificamente, para cada medicação psicotrópica houve um código
correspondente, assim como o preenchimento das dosagens corretas, horários, indicações e
tempo de uso (ANEXO 3).
3.4.5 Questionário de Experiências com Maconha
O Questionário de Experiências com Maconha (Cannabis Experiences Questionnaire
– CEQ) (Di Forti et al., 2009) é um instrumento de heteroavaliação composto por 16 questões
que visam detalhar o padrão do uso da maconha, incluindo data de início, freqüência, gastos,
além de sintomas relacionados ao seu consumo. Nesta questionário também incluiu-se um
complemento (”outras drogas/others drugs”), para o rastreamento de dependência de outras
nove substâncias. Este instrumento foi traduzido e adaptado para o português pelos autores do
projeto temático e submetido à retro-tradução (ANEXO 4).
72
3.5 ANÁLISE DAS SUBUNIDADES NR1 E NR2 DO NMDAR
Para todos os participantes foi coletada uma amostra de cinco mililitros de sangue
periférico em tubos de ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) e realizado o preenchimento
do protocolo de sangue (Apêndice A). Para a quantificação plasmática das subunidades NR1 e
NR2 do NMDAR utilizou-se o plasma do sangue periférico, que após a coleta foi
centrifugado e estocado em alíquotas de 500 µl e armazenado no freezer a -70°C no
laboratório de referência da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP).
A detecção quantitativa das subunidades NR1 e NR2 NMDAR foi realizada utilizando
o método de ensaio imunoenzimático em fase sólida (ELISA) (MyBioSource, San Diego, CA,
EUA) composto por 96 poços revestidos de separação e sistema de detecção de peroxidase de
3,3’,5,5’-Tetramethylbenzidine (TMB). Os poços foram pré-revestidos com NMDAR NR1 e
NR2 purificados e, 100 µL das amostras dos participantes foram utilizados para a
quantificação de cada subunidade, totalizando 200 µL.
3.5.1 Kit ELISA para a subunidade NR1 NMDAR
Este kit de imunoensaio permitiu a determinação quantitativa de concentrações Grin1
humana em soro e plasma. Utilizaram-se todos os reagentes e as amostras à temperatura
ambiente antes do uso.
Para as análises dessa subunidade, as placas de microtitulação foram pré-revestidas
com um anticorpo específico para Grin1. Adicionaram-se 100 µl dos diluentes da curva
padrão e 100 µl das amostras em cada poço da placa de microtitulação a um conjugado de 100
µl de biotina preparado de anticorpo específico para Grin1 e 100 µl de avidina conjugada a
Peroxidase de Rábano (HRP) e, incubou-se. Entre esses procedimentos realizou-se a lavagem
com tampão repetida de três a cinco vezes.
Em seguida, uma solução de 90 µl de substrato de TMB foi adicionada a cada poço.
Apenas os poços que continham Grin1, anticorpo conjugado a enzima com biotina e avidina
conjugada apresentaram a mudança de cor.
A reação enzima-substrato foi determinada por meio da adição de 50 μl de uma
solução de parada de ácido sulfúrico e a alteração da cor foi medida pela espectrofotometria a
um comprimento de onda de 450nm ± 2nm. A concentração de Grin1 nas amostras foi então
determinada comparando a densidade óptica (D.O.) às amostras para a curva padrão.
73
3.5.2 Kit ELISA para a subunidade NR2 NMDAR
Este kit corresponde a uma fase sólida do ELISA concebida para a determinação
quantitativa de NMDA-NR2 humano. O NMDA-NR2 se aplica à técnica de imunoensaio
enzimático competitivo utilizando um anticorpo anti-NMDA-NR2 monoclonal e um NMDA-
NR2-HRP conjugado, os quais foram adicionados 50 µL em cada poço.
As amostras deste ensaio e o tampão foram incubadas em conjunto com NMDA-NR2-
HRP na placa pré-revestida de uma hora. Após o período da incubação, os poços foram
decantados e lavados cinco vezes. Os poços foram então incubados com 50 µl de um substrato
A e 50 µl de um substrato B para a enzima HRP. O produto das formas da reação do
complexo enzima-substrato foi a cor azul.
Finalmente, 50 µl de uma solução de parada foi adicionada para parar a reação, a qual
em seguida virou uma solução amarela. A intensidade da cor foi medida
espectrofotometricamente a 450nm num leitor de microplacas e, foi inversamente
proporcional à concentração de NMDA-NR2. As amostras e os conjugados de NMDA-NR2-
HRP competem pelo sítio de ligação do anticorpo anti-NMDA-NR2.
Uma vez que o número de sítios é limitado, à medida que mais sítios foram ocupados
pelo NMDA-NR2 a partir da amostra, menos sítios foram deixados para se ligar ao conjugado
de NMDA-NR2-HRP. A curva padrão foi traçada à intensidade relativa da cor (D.O.) para as
concentrações padrão e, assim a concentração de NMDA-NR2 em cada amostra foi
interpretada. Posteriormente, aplicou-se a escala logarítmica nos valores da concentração,
assim como nas diluições das subunidades NR1 e NR2 NMDAR, a curva padrão tornou-se
linear, facilitando o cálculo das concentrações das amostras (Figura 3).
Figura 3 – Gráfico da curva padrão para receptor NR2 em escala logarítmica.
74
3.5.3 Especificidades e sensibilidade dos kits
A especificidade da subunidade NR1 é a detecção humana do Grin1, sem a reatividade
cruzada com outras estruturas. Este kit compreende uma faixa de detecção de 125-8.000
pg/ml. Para a sensibilidade, a dose mínima detectável de Grin1 humano é de 31,25 pg/ml,
sendo a precisão intra ensaio igual a variação do coeficiente (CV) de <8% e, a precisão inter
ensaio equivalente a CV% <10%.
Dentre a especificidade da subunidade NR2 está a detecção do NR2 humano, também
sem reatividade cruzada com outras estruturas. O seu coeficiente de determinação da curva
padrão é de ≥ 0,95, sua sensibilidade é 0,1 ng/mL e, os coeficientes de precisão intra ensaio e
inter ensaio são iguais a CV< 10%.
A determinação das subunidades NR1 e NR2 NMDAR foram realizadas no
laboratório de Imunologia Clínica do HC-FMRP-USP, coordenado pelo Prof. Dr. Paulo
Louzada Jr.
3.6 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS
3.6.1 Pacientes
A identificação de pacientes em PEP e a coleta sistematizada de dados iniciaram-se
em primeiro de abril de 2012 e, encerraram em 31 de março de 2015, caracterizados por
extensa sequência de instrumentos padronizados e procedimentos, incluindo a análise de
material biológico.
A coleta de dados foi realizada de acordo com a disponibilidade de tempo do paciente,
tanto em hospitais, como nas residências, mesmo aos fins de semana. Utilizaram-se técnicas
de entrevista, observação e revisão dos prontuários médicos. Os possíveis novos casos do
estudo foram verificados, de acordo com os critérios de inclusão previamente estabelecidos e,
quando identificados, os pesquisadores foram aos serviços checarem se esses pacientes
preenchiam os critérios de inclusão. A duração de coleta de dados foi heterogênea entre os
pacientes, devido, por exemplo, a gravidade dos sintomas apresentados.
75
3.6.1.1 Anuência dos serviços de Saúde Mental da região
A direção do DRS-XIII forneceu anuência para a captação de casos para este estudo.
Anteriormente ao início da coleta de dados os pesquisadores envolvidos no estudo fizeram
contato com os serviços de saúde do DRS XIII ligados ao SUS e com os psiquiatras que
atuam na rede de saúde privada da região. Tal contato esclareceu os objetivos do estudo e
solicitou a colaboração dos profissionais para a identificação dos casos, assim como para o
estabelecimento de um fluxo de troca de informações que possibilitaram o contato dos
pesquisadores com os possíveis participantes do estudo.
3.6.1.2 Articulação com a Rede de Assistência à Saúde Mental
Com a finalidade de angariar a cooperação dos profissionais de Saúde Mental da
região para a identificação de pacientes em PEP, o projeto foi amplamente divulgado e
discutido com os interlocutores do DRSXIII, visando o estabelecimento de rotinas para a
identificação de possíveis casos de PEP.
Também foi feito um levantamento dos endereços dos psiquiatras cadastrados no
Centro Médico de Ribeirão Preto, seção regional da Associação Paulista de Medicina, e nos
convênios médicos da cidade e região.
Posteriormente elaborou-se uma carta de apresentação do projeto de pesquisa
contendo contato para o encaminhamento de casos de PEP. Estas cartas foram entregues por
meio de correio impresso e eletrônico e distribuídas em material de eventos científicos
ocorridos em Ribeirão Preto. Além disso, o projeto foi divulgado na mídia local.
Os contatos telefônicos do projeto foram divididos entre a Unidade de Pesquisa
Clínica da Unidade de Emergência (UPCUE) do HCFMRP/USP e a sala da docente
responsável pelo projeto temático no HCFMRP/USP. Fora do horário comercial, os contatos
eram registrados por meio de secretária eletrônica instalada especificamente para esse fim.
De maneira a consolidar a articulação deste projeto de pesquisa com a rede de
assistência, instituiu-se uma unidade ambulatorial para atendimento especializado de PEP, o
Ambulatório de Primeiro Episódio Psicótico (APEP) no HCFMRP/USP, dado como
contrapartida assistencial aos pacientes participantes do estudo.
76
3.6.1.3 Estratégias para captação de participantes
Procedimentos de rastreamento foram estabelecidos para detectar todos os pacientes
com um possível transtorno psicótico que viviam nas áreas definidas pelo projeto e tivessem
contato pela primeira vez com serviços de saúde. Uma estratégia de vigilância foi estabelecida
para todos os serviços que poderiam ser procurados por pacientes em crise psicótica aguda,
incluindo leitos de psiquiatria, emergências psiquiátricas, ambulatórios de saúde mental,
unidades básicas e distritais de saúde. Participantes potencialmente elegíveis foram contatados
e avaliados com a aplicação da SCID para o DSM-IV, após fornecerem consentimento
informado. Todos os que preencherem critérios diagnósticos para inclusão foram então
avaliados com os demais instrumentos.
3.6.2 Irmãos
Aos irmãos, que concordaram em participar do estudo foram agendadas visitas
domiciliares, de acordo com a disponibilidade do participante, para a coleta de dados.
A cada novo participante com diagnóstico confirmado foi questionado a existência de
irmãos que pudessem ser convidados a participar da pesquisa. O contato telefônico com os
irmãos, no entanto, não fora feito sem antes obter-se autorização verbal pelo paciente.
Uma vez aceita a participação na pesquisa, foram agendadas sessões de coleta de
dados em local e horário o mais convenientes ao participante. A maioria das coletas foi feita
em visitas domiciliares.
A mesma bateria de instrumentos de avaliação dos casos foi aplicada aos irmãos.
Estima- se que cada sessão de coleta de dados tenha tido duração de duas horas, com uma
média de três sessões até a completude dos dados.
3.6.3 Controles
Controles populacionais foram incluídos concomitantemente à captação dos casos.
Inicialmente foi utilizado um método de seleção aleatória de setores censitários, ruas e
domicílios, em que os controles foram contatados em suas casas e convidados a participar.
Nos domicílios com mais de um indivíduo elegível, foi convidado para participar aquele
77
disponível no momento e mais interessado em responder aos instrumentos. Os controles
incluídos foram submetidos às mesmas avaliações e procedimentos que os casos. As
avaliações, para todos os participantes, foram realizadas individualmente em local adequado
ao participante e ao pesquisador e que contemplassem as condições de privacidade.
Para a seleção dos controles procedeu-se à identificação dos setores censitários da
cidade e seus respectivos endereços a partir dos dados do senso de 2010 (IBGE). Ribeirão
Preto é composto por 961 setores censitários que foram organizados em uma lista crescente
segundo seu número de identificação.
Posteriormente foram sorteados, aleatoriamente 368 setores com os respectivos
endereços. Foram visitados 342 setores e 26 deles não houve necessidade de visitação, pois a
quantidade prevista de participantes deste grupo já havia sido alcançada. Ao fim, foram
usados 306 setores para a composição da amostra. Decidiu-se pela avaliação de um controle
em cada setor censitário para que houvesse uma maior cobertura geográfica da cidade. Para a
aplicação de toda coleta de dados em cada controle foram gastas três horas, com média de
dois encontros até a completude dos dados.
Na admissão de todos os participantes no estudo, cinco mililitros de sangue venoso
periférico foram coletados para a posterior quantificação plasmática das subunidades NR1 e
NR2 e aplicada a escala BPRS neste momento. O material biológico foi armazenado em
Biorrepositório criado especificamente para este fim e aprovado pelo Comitê de ética em
Pesquisa do HCFMRPUSP.
3.7 AVALIADORES
Foram selecionados profissionais com nível superior completo, com formação e/ou
experiência em saúde mental e, realizado treinamento completo por meio de discussão e
acompanhamento de casos com profissionais mais experientes e pela modalidade de ensino à
distância do consórcio EU-GEI. Este forneceu vídeos representando situações de coleta de
dados e ensaios de preenchimento dos instrumentos de coleta, que foram aplicados em
conjunto e em reuniões de discussão clínica. Assim foram garantidas a validade e
confiabilidade dos dados coletados, considerando-se a extensão e complexidade da bateria de
avaliação propostos aos participantes.
A confirmação dos diagnósticos estabelecidos pela SCID e as avaliações de gravidade
dos sintomas foram feitas por dois psiquiatras familiarizados com a assistência clínica de
78
pacientes portadores desses transtornos, treinados nos instrumentos de diagnóstico e de
avaliação descritos anteriormente, para mantermos a concordância.
3.8 PROCEDIMENTO PARA ARMAZENAMENTO DOS DADOS
Os dados coletados no projeto STREAM foram armazenados na plataforma online do
consórcio internacional EU – GEI, os quais foram inseridos por estudantes de graduação em
Informática Biomédica. Realizado também uma auditoria do banco de dados, com revisão da
digitação e encontrada pouca inconsistência. Isso conferiu maior fidedignidade de nossos
dados.
3.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados foram analisados utilizando o programa Statistical Package for Social
Sciences, versão 20.0 (SPSS Inc). As características da amostra foram apresentadas pela
média ( x ) ± desvio padrão da média e frequências.
Os dados demográficos e clínicos foram submetidos à análise estatística descritiva. As
variáveis nominais foram avaliadas por meio do teste do qui-quadrado (2) ou teste exato de
Fischer e as variáveis as ordinais foram analisadas por meio de ANOVA de uma via ou teste t
de student.
Os níveis plasmáticos das subunidades NR1 e NR2 do receptor glutamatérgico,
duração da psicose não tratada (DUP), tempo de tratamento e escores totais da BPRS foram
submetidos à transformação logarítmica (log na base 10), tendo em vista a ausência de
distribuição normal dessas medidas. As tabelas e figuras são apresentadas com os valores
brutos (Rezende et al., 2016; Tyrka et al., 2009).
A comparação dos níveis plasmáticos de NR1 e NR2 entre os cinco grupos
diagnósticos foram avaliadas por meio de análise multivariada (General Linear Model,
Hotteling’s Trace), tendo como variáveis dependentes os valores de NR1 e NR2, submetidos à
transformação logarítmica. Foram incluídas como fatores fixos as variáveis, grupo
diagnóstico (TP, TAB, TD, irmãos e controles) e sexo (masculino, feminino) e a idade como
covariada. Análises post hoc foram feitas por meio do teste de Bonferroni.
79
Correlações entre os valores log transformados das subunidades NR1 e NR2 e dos
escores da BPRS foram analisadas por meio do coeficiente de Pearson (r).
Também foram realizadas análises secundárias para comparações dos níveis
plasmáticos de NR1 e NR2, de acordo com as seguintes variáveis clínicas: a) uso de
susbtâncias psicoativas (com e sem uso); b) tempo de tratamento, sendo os pacientes
distribuídos em três grupos: sem tratamento, até 11 semanas e 12 semanas ou mais de
tratamento medicamentoso e, c) tempo de doença até o momento da coleta de sangue, sendo
os pacientes divididos em quatro categorias: até 12 semanas de doença, de 13 a 24 semanas,
25 a 52 semanas e 53 semanas ou mais de doença.
A validade preditiva, sensibilidade e especificidade dos níveis plasmáticos das
subunidades NR1 e NR2 do NMDAR foram calculadas utilizando o Receptor Operacional
Characteristic (curva ROC). Para isso, os participantes foram reagrupados em dois grupos:
pacientes (TP, TAB e TD, n = 166) e saudáveis (irmãos + controles, n = 242).
Foram considerados significativos os valores de p < 0,05.
3.10 ASPECTOS ÉTICOS
O projeto temático ao qual este estudo se vincula foi aprovado pela Comissão de
Normas Éticas Regulamentares do HCFMRP-USP (Processo nº 12606/2012), em sua 378º
reunião ordinária realizada em 18/11/2013 (ANEXO 5). Os pacientes, irmãos e controles
tiveram a sua participação voluntária e foram orientados a deixar a pesquisa a qualquer
momento, caso não quisessem mais participar, sem qualquer prejuízo com a instituição. Todos
os participantes assinaram duas cópias do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(ANEXOS 7 e 8), que foram lidas para o paciente ou seu acompanhante, fornecendo-lhes
informações sobre a fundamentação, os objetivos, procedimentos, riscos e benefícios do
estudo ao qual estavam sendo convidados a participar.
Além deste, eles também assinaram o termo de coleta de material biológico que
especificava os procedimentos necessários à coleta. Todas as dúvidas foram esclarecidas e, o
participante era livre para optar sobre a retirada do sangue periférico (ANEXO 6).
O trabalho envolvendo seres humanos é de suma importância para o desenvolvimento
de várias ciências e tecnologias, no entanto, não é mais importante do que o bem-estar físico,
mental e social de qualquer um (Cozby, 2003). Assim, esta pesquisa foi conduzida de forma
ética respeitando as orientações da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (Cns,
80
2012) e garantida a segurança dos participantes não serem identificados, assim como todas as
informações fornecidas foram mantidas em sigilo.
81
4. Resultados
82
83
4. RESULTADOS
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
4.1.1 Pacientes
Dentro do previsto no estudo original, no período de três anos (01 de abril de 2012 a
31 de março de 2015), foram triados 494 pacientes como possível diagnóstico de PEP.
Desses, 322 pacientes tiveram o diagnóstico de PEP confirmado e 172 foram excluídos
(Figura 4).
Figura 4 – Fluxo de triagens de possíveis pacientes em PEP, de inclusões e exclusões
no estudo caso-controle em três anos de coleta (n=494).
Entre as exclusões, a principal razão foi o contato prévio com serviço de saúde mental
(n=71, 41,3%) (Tabela 3).
Tabela 3 – Razões para exclusão de pacientes do estudo (n=172)
Motivos para não exclusão do estudo n Porcentagem
Sintomas somente durante intoxicação por substância 12 7,0
Residência em outro DRS 14 8,1
Fora do intervalo de idade de inclusão 16 9,3
Sintomas melhor explicados por outra condição médica 28 16,3
Ausência de sintomas psicóticos 31 18,0
Contato prévio com serviço de saúde mental 71 41,3
Total 172 100,0
Estudo caso-controle
Critérios de inclusão e exclusão
Triagem 494
pacientes
322 PEP
221 participantes
101 não participantes
172 exclusões
84
Dentre os pacientes não incluídos no estudo caso-controle, a principal razão de não
participação foi a recusa em participar do estudo (n = 44, 43,5%) (Tabela 4). Ou seja, apenas
10,0% dos pacientes em PEP incluídos no projeto temático recusaram a coleta de dados. O
que pode ser justificado pela participação constante de toda a equipe nos processos de
instância de planejamento oficiais do Sistema Único de Saúde (SUS) e comunicação com os
servidores dos municípios do DRS XIII.
Tabela 4 – Razões para a não participação de pacientes em PEP no estudo caso-
controle (n=101) no período de três anos de coleta
Razão de não inclusão no caso-controle n Porcentagem
Abandono do estudo 2 2,0
Em cárcere 3 3,0
Não consegue responder 9 8,9
Perda de contato 43 42,6
Recusa em participar 44 43,5
Total 101 100,0
Dos 221 pacientes em PEP incluídos no projeto temático, 166 (75,1%) participaram da
coleta de sangue periférico, para os quais foram realizadas as análises das subunidades NR1 e
NR2 do NMDAR. A recusa de coleta de sangue periférico foi a única razão para a não
inclusão dos 55 (24,9%) pacientes neste estudo.
Dos 166 incluídos, 106 (64,0%) pacientes eram do sexo masculino. Em relação ao
sexo de cada grupo diagnóstico, tem-se que entre os 84 com diagnóstico de transtornos
psicóticos (TP), 57 (67,9%) eram homens. Já os 51 pacientes com transtorno afetivo bipolar
(TAB) foram compostos por 34 (66,7%) homens e, os pacientes com transtornos depressivos
com sintomas psicóticos (TD) por 15 (48,4%) pacientes do sexo masculino e 16 (51,6%) do
feminino, que somaram 31. Não foram encontradas diferenças significativas na distribuição
dos três grupos diagnósticos com relação ao sexo do participante (χ2 = 3,97; gl = 2; p =
0,137). Porém, os grupos TP e TAB apresentaram predomínio do sexo masculino com
diferenças estatisticamente significantes (respectivamente, p = 0,001 e p = 0,017) (Tabela 5).
85
Tabela 5 – Diagnósticos estabelecidos de acordo com a SCID (DSM-IV) em 166
pacientes em primeiro episódio psicótico identificados durante o período de três anos de
estudo
Diagnóstico (SCID-DSM-IV) Homem Mulher Total p
n % n % n %
Transtornos psicóticos 57 53,8 27 45,0 84 50,6 0,001*
Transtorno psicótico breve 7 6,6 5 8,3 12 7,2 0,564
Transtorno esquizofreniforme 14 13,2 3 5,0 17 10,2 0,008*
Esquizofrenia 28 26,4 16 26,7 44 26,5 0,070
Transtorno delirante 8 7,5 0 0,0 8 4,8 N.A.
Transtorno esquizoafetivo 0 0,0 3 5,0 3 1,8 N.A.
Trantorno afetivo bipolar 34 32,1 17 28,3 51 30,7 0,017*
Transtorno depressivo 15 14,2 16 26,7 31 18,7 0,857
Total 106 64,0 60 36,0 166 100,0
*2, valor de α < 0,05
As variáveis demográficas e clínicas estão descritas na Tabela 6. A idade mínima dos
pacientes foi de 16 e, a máxima de 64 anos ( x = 30,3 ± 12,2), com diferenças significativas
entre os grupos [F(2,163) = 15,45; p < 0,001]. O grupo com TD foi constituído por pacientes
significativamente mais velhos que os demais grupos (vs TAB p < 0,001; vs. TP p = 0,035), e
os pacientes com TP foram significativamente mais velhos que os pacientes com TAB (p <
0,001).
Para a idade de início da psicose, houve diferenças entre os três diagnósticos [F(2,163) =
16,58; p < 0,001]. Análises post hoc pelo teste de Bonferroni mostraram que os pacientes com
TP e TAB possuíam idade menor de início de psicose do que pacientes com TD (p < 0,001).
Não foi encontrada diferença significante na idade de início da psicose do grupo TP,
comparado com o grupo TAB (p = 0,176).
86
Entre os grupos diagnósticos foram encontradas diferenças significantes, na DUP,
[F(2,163) = 5,83; p = 0,004]. Análises post hoc pelo teste de Bonferroni mostraram que casos
diagnosticados como TP possuíam um tempo maior de psicose não tratada do que pacientes
com TAB (p = 0,009) e com TD (p = 0,042). Não foi encontrada diferença significante na
DUP do grupo TD, comparado com o grupo TAB (p = 1,000).
Em relação à escala da BPRS, o grupo do TAB apresentou a maior pontuação em
relação aos demais, porém não foram observadas diferenças estatisticamente significantes
entre os grupos [F(2, 163) = 0,35; p = 0,704] (Tabela 6).
Tabela 6 – Descrição de variáveis sóciodemográficas e clínicas dos pacientes em primeiro episódio psicótico
Variáveis
Transtornos
psicóticos
(n = 84)
Transtorno
afetivo bipolar
(n = 51)
Transtorno
depressivo
(n = 31)
Idade em anos [média (DP)] 30,2 (12,1) 25,1 (8,8) 39,3 (12,2) F(2,163) = 15,45, p < 0,001
Idade de início da psicose [média (DP)] 28,5 (12,0) 24,8 (8,6) 39,2 (12,4) F(2,163) = 16,58, p < 0,001
DUP em semanas [média (DP)] 104,0 (235,2) 13,7 (25,3) 16,1 (24,5)
DUP em semanas (log) [média (DP)] 1,4 (0,7) 0,9 (0,5) 0,9 (0,5) F(2,163) = 13,42, p <0,001
Em tratamento com antipsicótico [média (DP)] 75 (89,3) 48 (94,1) 31 (100,0) 2 = 4,08; gl = 2; p = 0,130
Tempo de tratamento em semanas [média (DP)] 42,3 (50,3) 23,4 (30,1) 33,6 (34,1)
Tempo de tratamento em semanas (log) [média (DP)] 1,2 (0,7) 1,0 (0,6) 1,3 (0,6) F(2,163) = 2,26, p = 0,108
Escore da BPRS = mínimo e máximo 0-24 0-37 0-26
Escore da BPRS [média (DP)] 8,7 (6,7) 9,8 (7,5) 9,0 (6,4)
Escore da BPRS (log) [média (DP)] 0,9 (0,4) 0,9 (0,4) 0,9 (0,4) F(2,163) = 0,30, p = 0,742
DUP = Duração da psicose não tratada; BPRS – Escala de Avaliação Psiquiátrica Breve
87
88
A Tabela 7 demonstra a distribuição dos pacientes em PEP em relação ao uso de
medicações psicotrópicas.
Tabela 7 – Uso das medicações psicotrópicas nos pacientes em PEP
Medicações
psicotrópicas [n (%)]
Transtornos
psicóticos
(n = 84)
Transtorno
afetivo bipolar
(n = 51)
Transtorno
depressivo
(n = 31)
Total
(n = 166)
Anticolinérgicos 10 (11,9) 7 (13,7) 5 (16,1) 22 (13,3)
Antidepressivos 16 (19,0) 4 (7,8) 24 (77,4) 44 (26,5)
Antiepilépticos 9 (10,7) 21 (41,2) 6 (19,4) 36 (21,7)
Antipsicóticos 75 (89,3) 48 (94,1) 31 (100,0) 154 (92,8)
Lítio 2 (2,4) 23 (45,1) 1 (3,2) 26 (15,7)
Sedativos 33 (39,3) 28 (54,9) 17 (54,8) 78 (47,0)
4.1.2 Irmãos
Dos 221 pacientes em PEP, 19 eram filhos únicos e 202 deles tinham irmãos. Para o
projeto temático, 99 irmãos de pacientes psicóticos concordaram em participar do estudo.
(Figura 5). No projeto temático, 100 (49,5%) deles recusaram participar do estudo e três
residiam em outras cidades.
Dentre os 99 irmãos incluídos no estudo maior, 76 (76,8%) submeteram-se à coleta de
sangue e foram incluídos neste estudo. A recusa de coleta de sangue periférico foi a única
razão para a não inclusão dos 23 (23,2%) irmãos neste estudo.
Figura 5 – Distribuição dos irmãos dos pacientes psicóticos que foram incluídos e
excluídos do estudo caso-controle.
221
Possibilidade de irmãos
19
Filho único
100
Recusa em participar
3
Reside em outro estado
99
Irmãos
89
4.1.3 Controles
A previsão do projeto STREAM era a captação de um voluntário por setor censitário,
porém alguns participantes se recusaram a realizar a coleta de sangue,. Por isso, 12 destes
setores tiveram a participação de um voluntário a mais do que foi estimado. Quando o
participante se recusava a coletar o sangue, era dada a continuidade no setor até que fosse
encontrado outro voluntário disponível a participar da pesquisa e a realizar a coleta do
material biológico. Portanto, dos 306 censos sorteados, foram captados 318 pessoas da
comunidade em nove municípios da área de cobertura do DRS XIII e realizadas 272 coletas
de sangue (85,5%), sendo que 46 (14,5%) participantes recusaram fazê-la (Figura 6).
A captação destes participantes teve início em Ribeirão Preto no mês de Março de
2013, enquanto que nas cidades de Cravinhos, Jaboticabal, Guatapará, Barrinha, Sertãozinho,
Pradópolis, Santo Antônio da Alegria e Brodowski (apresentados em ordem de captação)
tiveram início em Fevereiro de 2014. As ordens para o início da captação foram aleatórias e
em algumas cidades aconteceram concomitantemente. A captação de controles de base
populacional encerrou-se em Maio de 2015. Foi realizado um total de 9.208 tentativas de
captação de controles, com média de 29,6 ± 31,9 tentativas de captação para cada controle
efetivamente incluído no estudo.
Para este estudo, foram selecionados 166 (61,0%) controles para as análises das
subunidades NR1 e NR2, que foram pareados por idade e sexo com os pacientes, sendo 106
(63,9%) homens. A idade mínima dos controles foi de 16 e, a máxima de 62 anos ( x = 31,4 ±
12,0).
Depois do pareamento por idade e sexo, os participantes foram sorteados entre aqueles
que estavam pareados a mais e, posteriomente, escolhido um controle para o seu paciente
correspondente.
Figura 6 – Número de controles captados, quantidade de coletas de sangue realizadas e
número de amostras sanguíneas de controles pareadas para análise das subunidades NR1 e
NR2.
Controles
(n = 318)
Coletas de sangue
(n = 272)
NMDAR NR1 e NR2
(n = 166)
90
Quanto ao lugar de procedência dos 408 participantes das análises biológicas, 198
(48,5%) residiam no município de Ribeirão Preto e 210 (51,5%) eram provenientes de 25
cidades vizinhas à região.
4.2 CARACTERÍSTICAS SÓCIODEMOGRÁFICAS DOS PARTICIPANTES
A porcentagem de voluntários homens foi maior no grupo dos pacientes, mais
especificamente nos diagnósticos de TP e TAB, assim como nos controles quando comparada
ao grupo dos irmãos (² = 32,33; gl = 4; p < 0,001). Houve uma maior participação do sexo
feminino no grupo dos irmãos (n = 53), representando 69,8%. Esse dado pode ser explicado,
pelo envolvimento das mulheres no cuidado de seus familiares ou, também, pelo interesse aos
assuntos da saúde não apenas de seu irmão doente como também para si próprio.
Irmãos e controles apresentaram maior tempo de estudo, comparados aos pacientes em
PEP (2 = 41,62; gl = 4; p < 0,001) e, com relação ao estado civil, pode-se notar que os
pacientes com TP e TAB apresentaram menor frequência de vínculo conjugal, comparados ao
TD, irmãos e controles (2 = 53,55; gl = 4; p < 0,001) (Tabela 8).
Tabela 8 – Frequência e porcentagem dos participantes do estudo em relação à
escolaridade e estado civil
*Teste exato de Fisher; p < 0,05.
Abaixo há a demonstração da idade média e desvio-padrão de cada grupo participante
em relação ao sexo, com diferença estatisticamente significante nos pacientes com transtornos
psicóticos (t = 2,87, gl = 82, p < 0,05) (Tabela 9).
Transtornos
psicóticos
(n = 84)
Transtorno
afetivo bipolar
(n = 51)
Transtorno
depressivo
(n = 31)
Irmãos
(n =76)
Controles
(n =166)
Homens [n, (%)]* 57 (67,9) 34 (66,7) 15 (48,4) 23 (30,3) 106 (63,9)
≥ 9 anos de estudo [n, (%)]* 37 (44,0) 20 (39,2) 14 (45,2) 53 (69,7)* 126 (75,9)
Com vínculo conjugal [n, (%)]* 13 (15,5) 10 (19,6) 20 (64,5) 44 (57,9) 83 (50,0)
91
Tabela 9 – Descrição da idade média de cada grupo participante em relação ao sexo
Idade (anos): x (±)
Feminino Masculino Total Valor de p a
Transtornos psicóticos 35,5 (14,2) 27,7 (10,2) 30,2 (12,1) 0,005*
Transtorno afetivo bipolar 27,5 (11,0) 23,9 (7,4) 25,1 (8,8) 0,180
Transtorno depressivo 36,3 (9,5) 42,5 (14,2) 39,3 (12,2) 0,160
Irmão 31,1 (10,7) 32,3 (12,1) 31,5 (11,0) 0,668
Controle 33,1 (12,7) 30,4 (11,5) 31,4 (12,0) 0,163
a
Teste T de Student; *p < 0,05
Dentre os grupos participantes deste estudo, o uso de substâncias psicoativas foi
detectado em, respectivamente, 42,9% dos TP, 54,9% dos TAB, 12,9% dos pacientes com
TD, 2,6% dos irmãos e 9,6% dos controles. Oitenta e seis (21,1%) dos 408 participantes
responderam afirmativamente fazer uso de algum tipo de substância, com diferença
estatisticamente significante entre os grupos (2
= 88,87, gl = 4, p < 0,001) (Tabela 10).
Tabela 10 – Uso de substâncias psicoativas por grupos diagnósticos identificados de
abril de 2012 a março de 2015
Uso de SPA Transtornos
psicóticos
Transtorno
afetivo bipolar
Transtorno
depressivo Irmão Controle Total*
Sem [n (%)] 48 (57,1) 23 (45,1) 27 (87,1) 74 (97,4) 150 (90,4) 322 (78,9)
Com [n (%)] 36 (42,9) 28 (54,9) 4 (12,9) 2 (2,6) 16 (9,6) 86 (21,1)
Total [n (%)] 84 (100,0) 51 (100,0) 31 (100,0) 76 (100,0) 166 (100,0) 408 (100,0)
SPA: Substância psicoativa; *2 = 88,87, gl = 4, p < 0,001
92
4.3 NÍVEIS PLASMÁTICOS DE NR1 E NR2 NMDAR
4.3.1. Níveis plasmáticos de NR1 e NR2
A concentração plasmática das subunidades NR1 e NR2 foi determinada em 166
pacientes, 76 irmãos e 166 controles, totalizando 408 determinações. A média das
concentrações plasmáticas das subunidades NR1 e NR2, em valores absolutos e log
transformados estão descritos na Tabela 11. As figuras 7 e 8 apresentam a distribuição dos
valores absolutos.
Tabela 11 – Média e desvio padrão (DP) das concentrações plasmáticas das
subunidades NR1 e NR2 do NMDAR de acordo com o grupo diagnóstico (n = 408), em
valores absolutos e valores submetidos à transformação logarítmica (Log)
Grupos diagnósticos NR1 (pg/ml) NR2 (ng/ml)
Transtornos psicóticos (n = 84)
Valores absolutos 71,0 (100,3) 2,5 (2,0)
Valores em Log 1,3 (0,8) a b 0,5 (0,3)
a b
Transtorno afetivo bipolar (n = 51)
Valores absolutos 185,7 (319,5) 2,1 (2,2)
Valores em Log 1,4 (1,1) a b 0,4 (0,3)
a b
Transtorno depressivo (n = 31)
Valores absolutos 83,3 (185,0) 2,1 (2,1)
Valores em Log 1,2 (0,9) a b 0,4 (0,3)
a b
Irmãos (n = 76)
Valores absolutos 140,6 (194,8) 6,2 (1,5) c
Valores em Log 1,9 (0,5) 0,9 (1,0)
Controles (n = 166)
Valores absolutos 146,7 (361,1) 4,8 (2,2)
Valores em Log 1,8 (0,6) 0,7 (0,2)
a p < 0,05: irmãos vs (TP, TAB, TD);
b p < 0,05: controles vs (TP, TAB, TD);
c p < 0,05: irmãos vs controles
93
-100
0
100
200
300
400
500500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Trantornos
psicóticos
Transtorno
afetivo bipolarIrmãosTranstorno
depressivo
*
**
Controles
Rec
epto
r N
MD
A N
R1 (
pg/m
l)
Figura 7 – Representação das médias e distribuição dos valores absolutos da
subunidade NR1 NMDAR de cada grupo participante do estudo.
94
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
6.0
6.5
7.0
7.5
8.0
8.5
9.0
9.5
10.0
10.5
Transtornos
psicóticos
Transtorno
afetivo bipolarIrmãosTranstorno
depressivo
**
*
Controles
Rec
epto
r N
MD
A N
R2 (
ng/m
l)
Figura 8 – Representação das médias e distribuição dos valores absolutos da
subunidade NR2 NMDAR de cada grupo participante do estudo.
A análise multivariada apontou para diferenças significativas entre os grupos [F(8, 790)
= 33,68; p < 0,001], tanto para o NR1 [F(4,397) = 21,45; p < 0,001], quanto para o NR2 [F(4,397)
= 10,40; p < 0,001]. As análises post hoc demonstraram que, com relação ao NR1, pacientes
95
com TP não diferiram dos demais pacientes (TAB p = 1,000; TD p = 1,000); mas diferiram de
irmãos (p = 0,001) e de controles (p = 0,001) e que pacientes com TAB e com TD não
diferiram entre si (p = 1,000), mas diferiram de irmãos (TAB p = 0,003; TD p < 0,001) e de
controles (TAB p = 0,009; TD p = 0,001), com níveis significativamente mais baixos entre os
pacientes do que entre os saudáveis. Não foram observadas diferenças significativas entre
irmãos e controles (p = 1,000).
Os níveis de NR2 não foram significativamente diferentes entre os pacientes (TP &
TAB p = 0,925; TP & TD p = 1,000; TAB & TD p = 1,000), mas os pacientes apresentaram
valores significativamente menores do que os irmãos e controles (p < 0,001, para todas as
comparações). Houve uma diferença significativa entre irmãos e controles (p = 0,006).
Não foram observadas associações significativas quanto à idade [F(2,396) = 2,11; p =
0,123] e sexo (F(2,396) = 0,61, p = 0,546; interação grupo diagnóstico & sexo F(8,790) = 1,05, p =
0,396).
4.3.2 Correlação dos níveis plasmáticos de NR1 e NR2 com o escore da BPRS
Houve correlação negativa entre as concentrações plasmáticas do NR2 e o escore da
BPRS, incluindo todos os pacientes e os controles (saudáveis e irmãos) (Pearson, r = - 0,36;
95% IC: -0.44 to -0.27; p < 0,0001) (Figura 9). Não foram observadas correlações
estatisticamente significantes entre os escores do BPRS e os níveis plasmáticos do NR1.
Figura 9 – Correlação entre a concentração plasmática do NR2 e o escore da BPRS.
BPRS
35302520151050
NR
2 (
ng/m
L)
10
8
6
4
2
0
96
4.3.3 Níveis plasmáticos de NR1 e NR2 de acordo com variáveis clínicas
No momento da coleta de sangue, 12 (7,2%) pacientes não usavam medicação, sendo
nove pertencentes ao grupo TP e três ao TAB e 68 (41,0%) estavam em tratamento há menos
de três meses. A Tabela 12 mostra que não foram observadas diferenças significantes entre os
grupos quanto ao tempo de tratamento em relação aos níveis plasmáticos de ambas as
subunidades [NR1: F(2,163) = 1,23; p = 0,294; NR2: F(2,163) = 1,29; p = 0,277].
Tabela 12 – Concentrações das subunidades NR1 e NR2 em relação ao tempo de
tratamento nos pacientes em PEP
Tempo de tratamento n NR1 NR2 Log NR1 Log NR2
Média (DP)
Sem tratamento 12 55,0 (106,6) 2,2 (2,6) 1,0 (1,0) 0,4 (0,3)
Até 12 semanas 68 104,6 (177,9) 2,1 (2,3) 1,3 (1,0) 0,4 (0,3)
12 semanas ou mais 86 118,1 (245,4) 2,4 (1,8) 1,4 (0,9) 0,5 (0,2)
Total 166 108,5 (211,9) 2,3 (2,1) 1,3 (0,9) 0,4 (0,3)
Em relação ao uso de subtâncias psicoativas 68 (41,0%) dos 166 pacientes em PEP
faziam uso de alguma substância. Não foram observadas diferenças estatisticamente
significantes entre os grupos tanto para a subunidade NR1 [F(1,165) = 1,22; p = 0,238], como
para a subunidade NR2 [F(1,165) = 098; p = 0,323] (Tabela 13).
Tabela 13 – Concentrações das subunidades NR1 e NR2 dos pacientes em relação ao
uso de substância psicoativa
Uso de substância psicoativa n
NR1 NR2 Log NR1 Log NR2
Média (DP)
Com 68 132,1 (213,6) 2,1 (2,1) 1,4 (1,0) 0,4 (0,3)
Sem 98 92,1 (210,2) 2,4 (2,1) 1,3 (0,9) 0,5 (0,3)
Total 166 108,5 (211,9) 2,3 (2,1) 1,3 (0,9) 0,4 (0,3)
97
O tempo de doença foi estabelecido por meio da soma do tempo de psicose não tratada
(DUP) com o tempo de tratamento. Trinta e sete (22,3%) pacientes apresentaram até 12
semanas de doença, 32 (19,3%) de 13 a 24 semanas, 28 (16,9%) de 25 a 52 semanas e 69
(41,6%) de 53 semanas ou mais semanas de doença. Não houve diferença estatisticamente
significante entre os grupos quanto ao tempo de doença em relação aos níveis plasmáticos de
ambas as subunidades [NR1: F(2,163) = 1,37; p = 0,254; e de NR2: F(2,163) = 1,01; p = 0,391]
(Tabela 14).
Tabela 14 – Concentrações das subunidades NR1 e NR2 em relação ao tempo da
doença dos pacientes em PEP até o momento da coleta de sangue
4.3.4 Validade preditiva
Para a determinação da validade preditiva do teste, foram considerados os valores
absolutos das concentrações plasmáticas das subunidades NR1 e NR2 e os participantes foram
reagrupados em dois grupos: pacientes (TP, TAB e TD, n = 166) e saudáveis (irmãos e
controles, n = 242).
A análise da curva ROC mostrou que valores inferiores a 17,65 pg/ml da concentração
plasmática do NR1 (área sobre a curva ROC = 0,641) apresentaram sensibilidade de 42,77%,
especificidade de 86,36%, valor preditivo positivo (VPP) de 68,27% e valor preditivo
negativo (VPN) de 92,48.
A análise da curva ROC (área = 0,839) mostrou que o valor de corte ótimo para a
concentração plasmática de NR2 para o diagnóstico de PEP foi abaixo de 3,648 ng/ml, com
sensibilidade de 80,12%, especificidade de 79,34%, VPP de 72,28% e VPN de 84,96%. O
Odds Ratio (OR) foi de 14,72 (5% CI 9,04 – 23,97), ou seja, o indivíduo que apresenta um
Tempo de doença n
NR1 NR2 Log NR1 Log NR2
Média (DP)
Até 12 semanas 37 74,8 (119,5) 1,9 (1,9) 1,1 (1,0) 0,4 (0,2)
13 a 24 semanas 32 139,8 (332,8) 2,6 (2,3) 1,3 (0,9) 0,5 (0,3)
25 a 52 semanas 28 74,8 (98,0) 2,1 (1,9) 1,3 (0,9) 0,4 (0,3)
53 ou mais semanas 69 125,7 (212,6) 2,5 (2,2) 1,5 (0,9) 0,5 (0,3)
Total 166 108,5 (211,9) 2,3 (2,1) 1,3 (0,9) 0,4 (0,3)
98
valor de NR2 abaixo de 3,648 ng/ml tem um risco 14,72 vezes maior de estar doente (PEP) do
que quem não possui a concentração plasmática de NR2 acima de 3,648.
A Tabela 15 mostra a distribuição dos participantes de acordo com os valores de corte
do NR1 (17,65 pg/ml) e do NR2 (3,68 ng/ml) para obtenção de sensibilidade, especificidade,
VPP e VPN.
Tabela 15 – Distribuição dos participantes (pacientes e saudáveis) segundo os pontos
de corte das concentrações plasmáticas das subunidades NR1 e NR2 obtidos a partir das
análises da curva ROC
Pacientes Saudáveis Total
Valor do NR1
< 17,65 pg/ml 71 33 104
> 17,65 pg/ml 95 209 226
Valor do NR2
< 3,648 ng/ml 133 51 184
> 3,648 ng/ml 34 192 226
Total 166 242 408
PEP: Primeiro Episódio Psicótico
99
As figuras 10 e 11 mostram as curvas ROC das subunidades NR1 e NR2.
Figura 10 – Curva ROC das concentrações plasmáticas da subunidade NR1
Figura 11 – Curva ROC das concentrações plasmáticas da subunidade NR2
100
101
5. Discussão
102
103
5. DISCUSSÃO
Esta redução dos níveis plasmáticos das subunidades NR1 e NR2 em pacientes em
primeiro episódio psicótico ainda não foi descrita na literatura e trouxe à tona diversos
questionamentos com relação ao seu papel na etiopatogenia da esquizofrenia e outros
transtornos psicóticos. A primeira questão refere-se à existência ou não de correlação entre
redução dos níveis plasmáticos de NR1 e NR2 no sangue periférico e anormalidades da
função glutamatérgica no SNC implicadas na fisiopatogenia da esquizofrenia. Outro ponto
refere-se a qual seria a fonte tecidual produtora deste receptor e suas subunidades. Finalmente,
pode ser questionado se o tecido neuronal estaria originando mecanismos compensatórios ou
de reparação para corrigir possíveis alterações da função glutamatérgica.
Os dados sóciodemográficos e clínicos da nossa amostra se assemelham a amostras
procedentes de outros países. Um estudo prospectivo de oito anos realizado em Bolonha,
Itália, avaliou a taxa de incidência de pacientes em PEP e a distribuição de vários fatores de
risco, como idade, etnia e abuso de substâncias. A maioria dos pacientes eram homens (56%),
a idade média de início foi 30,5 ± 9,32 anos, a maioria era solteira e vivia com sua família.
Em relação à escolaridade, mais da metade possuía ensino médio ou mais e 59% tinham um
emprego ou eram estudantes (Tarricone et al., 2014). As características demográficas também
foram semelhantes ao estudo conduzido em Singapura, com objetivos de examinar as taxas de
remissão sintomática e funcional em uma coorte de pacientes em PEP. A amostra foi
composta por 51,3% homens, com idade média de 28 anos e a maioria dos pacientes (77,8%)
não era casada (Verma et al., 2012).
Na Austrália, obteve-se uma amostra de aproximadamente 60% do sexo masculino
com idade média de 39 anos. Além disso, observaram alta taxa de desistência em concluir o
ensino médio, a maioria nunca tinha sido casada e estava desempregada (Carr et al., 2004).
Uma revisão sistemática demonstrou que a média de idade de início da psicose foi de 25 ± 4,3
anos (Menezes et al., 2006).
Nossos resultados estão em consonância com dados da literatura quanto à faixa etária,
sendo a maior porcentagem de pacientes em PEP em homens jovens, o que pode ser entendida
pela maior prevalência de homens com diagnóstico de esquizofrenia do que em mulheres
(Tarricone et al., 2014). Dentre os diagnósticos, o grupo com transtorno depressivo foi o mais
velho, em seguida os pacientes com trantornos psicóticos e os mais jovens foram os com o
diagnóstico de afetivo bipolar.
104
Quanto à escolaridade, os pacientes em PEP apresentaram, em sua maioria, o ensino
fundamental incompleto, com menos de nove anos de estudo. Sendo que os saudáveis
apresentaram maior tempo de estudo comparado aos pacientes. Em relação ao estado civil
notou-se que os pacientes com trantornos psicóticos e transtorno afetivo bipolar apresentaram
menor vínculo conjugal, comparados ao transtorno depressivo e aos irmãos, pois no grupo
controle essa porcentagem foi igualada.
Quando se analisou a duração de psicose não tratada (DUP), definida como o tempo
entre a primeira manifestação de sintomas psicóticos e o início do tratamento adequado com
antipsicóticos (Cuesta e Peralta, 2001), o grupo de pacientes com TP apresentou maior DUP (
x = 104,0 ± 235,2 semanas), quando comparado com os grupos de pacientes com TAB ( x =
13,7 ± 25,3 semanas) e TD ( x = 16,1 ± 24,5 semanas). Parcialmente, esses dados referentes
às menores DUP em TAB e TD poderiam ser explicados, respectivamente, por prejuízos
funcionais e sociais e pelo risco de suicídio que requerem maiores internações psiquiátricas
nestes transtornos. Para os doze pacientes que nunca fizeram tratamento para os sintomas
psicóticos, a DUP foi calculada considerando a data da inclusão no estudo. Na revisão
sistemática realizada em 2006, a média da DUP entre os estudos foi de 18,4 ± 10,7 meses,
uma média maior comparada à do nosso estudo (Menezes et al., 2006).
A DUP mais prolongada correlacionou-se com o pior resultado geral sintomático, às
sintomas positivos e negativos mais graves, à menor probabilidade de remissão e ao pior
funcionamento social (correlações 013-018), indicando que a intervenção precoce em
pacientes com psicose pode ter efeitos positivos sobre o curso do transtorno (Penttilä et al.,
2014).
Em relação ao uso das medicações psicotrópicas, os nossos pacientes em PEP
apresentaram uma heterogeinidade do uso. Vinte e dois (13,3%) utilizavam anticolinérgicos,
26 (15,7%) lítio, 36 (21,7%) antiepilépticos, 44 (26,5%) antidepressivos, 78 (47,0%)
sedativos e 154 (92,8%) antipsicóticos, entre estes, os mais utilizados foram 73 (44%)
haloperidol, seguido de 36 (21,7%) por risperidona e 20 (12,0%) olanzapina. Na primeira
avaliação, 12 (7,2%) pacientes em PEP não usavam antipsicóticos, sendo nove pacientes com
TP e três com TAB. Apenas cinco (3,0%) não faziam uso de qualquer medicação psicotrópica
até este momento.
Quanto ao uso de substâncias psicoativas nos participantes do nosso estudo, oitenta e
seis (21,1%) de 408 participantes responderam afirmativamente usar algum tipo de substância
psicoativa. Dentre os pacientes em PEP, 68 (41,0%) responderam afirmativamente fazer uso
105
de alguma substância, sendo a cannabis a principal substância referida nos grupos
diagnósticos dos transtornos psicóticos (25,0%) e do transtorno afetivo bipolar (47,1%).
Em relação às análises realizadas com o sangue periférico dos participantes, este
estudo buscou verificar se a quantificação plasmática das subunidades NR1 e NR2 do
NMDAR poderia ser uma medida indireta da hipofunção glutamatérgica no SNC dos
pacientes em PEP. De forma surpreendente, ambas as subunidades demonstraram-se
diminuídas na quantificação plasmática dos pacientes em PEP comparados aos controles e
irmãos.
Até o momento, não há relato na literatura de medidas no sangue periférico das
subunidades NR1 e NR2 em transtornos psiquiátricos graves ou outras doenças, com exceção
de um estudo que demonstrou a elevação sérica da subunidade NR2, nas 24 horas após a
ocorrência de AVC isquêmico (Dambinova et al., 2012).
Vários estudos têm sugerido que a neurotransmissão glutamatérgica está alterada nos
transtornos mentais com manifestações psicóticas, principalmente na esquizofrenia e no
transtorno afetivo bipolar. Em estudo publicado em 2007, foram medidos níveis de glutamato
no plasma de 56 pacientes em PEP, com diagnósticos variados, como esquizofrenia, TAB e
psicose não especificada. Os pacientes demonstraram diminuição nos níveis de glutamato
periférico que se restabeleceram após o tratamento, o que pode refletir prejuízo da sinalização
do glutamato durante as fases iniciais desses transtornos (Palomino et al., 2007). Entretanto,
não foram encotradas correlações entre os níveis de glutamato e glutamina cerebrais, medidos
por meio de Espectroscopia de Prótons por Ressonância Magnética (H-MRS), como os níveis
de glutamato e glutamina no plasma (Shulman et al., 2006).
O glutamato, principal mediador da neurotransmissão excitatória entre os neurônios,
está presente em outros sistemas e células, como em linfócitos T humano, sugerindo que estas
células são suscetíveis à modulação pelo glutamato (Kostanyan et al., 1997). A relevância
desta observação é substancial, porque uma vez que há evidências do envolvimento do
glutamato são relatadas em muitas condições patológicas caracterizadas por prejuízos na
função imune (AIDS, Alzheimer, epilepsia crônica, esclerose múltipla) (Dröge et al., 1988;
Eck et al., 1989).
Nos últimos anos, os estudos mostraram que as subunidades do NMDAR não são
expressas exclusivamente em neurônios cerebrais, mas também estão presentes em astrócitos,
osteoblastos e osteoclastos e em neurônios periféricos (Patton et al., 1998; Li et al., 2006;
Singh e Kaur, 2009; Neuhaus et al., 2011). Sabemos que receptores NMDA são expressos em
glóbulos brancos e em células endoteliais e que em diversas situações fisiológicas e de
106
doenças, estas células podem ser ativadas via receptor NMDA, especialmente neutrófilos e
linfócitos, regulando os níveis de cálcio intracelular, ativando MAPkinases e induzindo
produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) e de citocinas. A presença de receptores
glutamatérgicos do tipo NMDA em células imunocompetentes fornece fortes evidências para
suportar a interação entre os sistemas imunitários e neuronais (Boldyrev et al., 2012).
Estudo realizado em 2007 avaliou a expressão periférica dos receptores D1, D2
dopaminérgicos e NR1 e NR2B do NMDAR em linfócitos do sangue periférico de pacientes
em abstnência alcóolica e observou um aumento da regulação do número de NMDAR nos
estágios iniciais da abstinência ao álcool. Os autores sugeriram que esta alteração refletiria os
eventos relacionados ao SNC, como já foi proposto para os receptores de dopamina em
pacientes que sofrem de esquizofrenia (Czermak et al., 2004). Outros autores também
consideram possível quantificar os receptores D1, D2, NR1 e NR2B no RNA mensageiro
(mRNA) de linfócitos do sangue periférico para inferir mudanças que possivelmente refletem
alterações cerebrais (Biermann et al., 2007).
Estudos com animais nocaute para a subunidade NR1 são utilizados como modelos
experimentais de esquizofrenia e o autismo. Esses animais expressam, de forma diferente,
níveis de fatores neutróficos e de citocinas. Adicionalmente, as alterações comportamentais
apresentadas por estes animais foram atenuadas pelos antipsicóticos, haloperidol e clozapina.
Observaram-se alterações das vias de fosforilação de proteínas envolvidas na regulação da
transcrição e da tradução, excitabilidade celular e liberação do glutamato. Os resultados
apresentados fornecem novos conhecimentos sobre as consequências moleculares da função
NMDAR alterada nestas doenças – distúrbios neuropsiquiátricos apresentam alterações
sistêmicas que afetam uma ampla gama de tecidos fora do SNC, o que poderia representar
marcadores de diagnóstico para abordagens em psiquiatria (Wesseling et al., 2014).
Tendo-se em vista que a participação glutamatérgica na etiopatogenia da esquizofrenia
provavelmente se dá via receptor NMDA, avaliar a atividade dos NMDARs torna-se premente
nestes pacientes. Esta caracterização é dependente do nível de expressão gênica destes
receptores. Uma metanálise demonstrou a expressão diminuída do RNAm da subunidade NR1
(mRNA-NR1) assim como de proteínas no córtex pré-frontal de 94 pacientes com
esquizofrenia em comparação aos 82 controles. Este resultado apresentou um primeiro passo
para uma compreensão mais profunda da hipofunção do NMDAR numa região cerebral
comprometida na esquizofrenia, o que poderia ser relacionado aos modelos animais
farmacológicos e comportamentais (Catts et al., 2016). No entanto, a partir dos resultados
observados em nosso estudo que indicaram menor concentração plasmática das subunidades
107
NR1 e NR2, questionamos como estaria a expressão dos genes das subunidades NR1 e NR2
nos glóbulos brancos dos pacientes cm esquizofrenia, pois não existem estudos demonstrando
estas alterações no sangue periférico.
Embora existam evidências de hipoexpressão em tecido neuronal da subunidade NR1
em pacientes com esquizofrenia (Gao et al., 2000), os nossos resultados apresentaram redução
para as duas subunidades, embora mais robustos em relação à subunidade NR2. A análise
discriminativa do teste clínico para as subunidaes NR1 e NR2 indicou que a quantificação
plasmática do NR2 foi melhor que a do NR1. A análise dos dados apontou para bons índices
de sensibilidade e especificidade para valores de corte (do inglês, cut off) para NR2 de 3,648
ng/mL e que indivíduos com valores plasmáticos de NR2 inferiores a 3,648 ng/mL
apresentam um risco 14,72 vezes maior de estar doente (PEP) do que indivíduos com níveis
plasmáticos de NR2 abaixo deste valor. Observamos também que ambas as subunidades
estavam diminuídas nos pacientes em PEP. Embora os achados da literatura relacionados ao
NMDAR difiram, eles continuam consistentes com a hipótese da hipofunção glutamatérgica
na esquizofrenia e nossos resultados trazem evidências adicionais corroborando com essa
hipótese. Uma vez que o NMDAR é composto por múltiplas subunidades e diferentes
mecanismos regulatórios, qualquer alteração em um desses componentes poderia levar a uma
disfunção e contribuir para os mecanismos que subjazem a neurobiologia desses transtornos
(Cherlyn et al., 2010).
Em relação as concentrações plasmáticas do NR2 e o escore da BPRS, incluindo todos
os participantes do estudo, houve uma correlação negativa, ou seja, pacientes em PEP que
apresentaram maior pontuação na BPRS e portanto, maior gravidade da sintomatologia,
possuíam menores concentrações plasmáticas da subunidade NR2, comparados aos saudáveis.
Nossos resultados proporcionam evidência adicional de que a diminuição das concentrações
plasmáticas de NR2 pode ser relacionada com a fisiopatologia dos transtornos mentais com
manifestações psicóticas.
Como já mencionado na literatura, as drogas psicotrópicas agem no SNC e podem
alterar as comunicações interneurônios, assim como produzir alterações de comportamento,
cognição e humor, que resultam em efeitos diversos a depender do neurotransmissor
envolvido (Carlini et al., 2001). Estudos em animais mostraram que tanto os antipsicóticos
típicos, como o haloperidol e, os atípicos, a exemplo, a clozapina, podem modular a função do
NMDAR por um mecanismo intracelular. Os dados obtidos no estriado demonstraram que o
haloperidol ativa a via de transdução de sinal por intraneurônios, levando à fosforilação da
subunidade NR1 (Leveque et al., 2000).
108
Outro estudo mostrou que a administração prolongada de neurolépticos (olanzapina,
clozapina e haloperidol) causou uma diminuição na expressão da subunidade, pela diminuição
do número de NMDARs em áreas do Corno de Amon, CA1 e CA2 hipocampais (Krzystanek
et al., 2015). Diante destes achados, torna-se importante correlacionar o tempo de tratamento
e as subunidades do NMDAR (Krzystanek et al., 2015).
Diferentemente do encontrado na literatura, não observamos diferenças entre as
concentrações das subunidades NR1 e NR2 quando comparamos os grupos de pacientes em
relação ao uso ou não de antipsicóticos antes da coleta de sangue. Portanto, a redução das
subunidades NR1 e NR2 encontradas em nosso estudo independem do uso de qualquer
substância, sendo drogas de abuso ou antipsicóticos.
No nosso estudo optamos por analisar o tempo total de doença nos pacientes em PEP,
separando-os em quatro grupos – até 12 semanas, de 13 a 24 semanas, 25 a 52 semanas e mais
de 53 semanas para sabermos se o tempo de doença interferiria nas concentrações das
subunidades NR1 e NR2. No entanto, as análises não mostraram diferenças estatisticamente
significantes entre os grupos, tanto para a subunidade NR1 quanto para a NR2.
Em um levantamento realizado até janeiro de 2016 em bases de referências, como
PubMed e EMBASE, não encontramos nenhum trabalho mostrando que poderia existir uma
associação entre concentrações plasmáticas das subunidades NR1 e NR2 do NMDAR e
psicose. Esta redução dos níveis plasmáticos das subunidades NR1 e NR2 trouxe à tona
diversos questionamentos com relação ao seu papel na etiopatogenia da esquizofrenia e outros
transtornos psicóticos. A primeira questão refere-se à existência ou não de correlação entre a
redução dos níveis plasmáticos de NR1 e NR2 no sangue periférico e anormalidade da função
glutamatérgica no SNC implicadas na fisiopatogenia da esquizofrenia. Outro questionamento
refere-se à fonte tecidual produtora destes receptores. Finalmente, pode ser questionado se o
tecido neuronal estaria originando mecanismos compensatórios ou de reparação para corrigir
possíveis alterações da função glutamatérgica.
Uma evidência seria de que a neurotransmissão excitatória está relacionada com
muitas outras condições patológias, caracterizadas por compromentimento na função imune e
elevadas concentrações de glutamato no plasma, o que também já foi demonstrado nas
psicoses (Song et al., 2014) dando suporte a participação do glutamato na rede de sinalização
imune-neuronal.
Outra importante informação é que a subunidade NR1 foi expressa em células
endoteliais cerebrais, controlando a passagem de monócitos através da barreira hemato-
encefálica. Esses resultados trazem uma importante associação entre a função desta
109
subunidade no SNC e sangue periférico, sendo um alvo promissor para o tratamento de
inflamação crônica no SNC (Reijerkerk et al., 2010).
Foi demonstrado por Dambinova (2012) níveis séricos elevados da subunidade NR2
associando-a como um possível biomarcador de AVC. As concentrações séricas elevadas de
NR2 foram atribuídas à gravidade da lesão neuronal, e este tecido lesionado à origem da
subunidade NR2 na circulação.
Outra condição importante é que no trabalho de Dambinova as concentrações de NR2
são estabelecidas em ug/L e a nossa foi mensurada em ng/ml (1 ug/L = 1 ng/ml). Já o NR1 foi
mensurado em pg/ml, ou seja 1000 vezes menor, indicando a elevada sensibilidade de
detecção dos nossos resultados e também a maior variância na quantificação.
Os conceitos acerca das interações entre o cérebro e a periferia sugerem que o SNC
pode influenciar a expressão genética e o metabolismo no sangue periférico por meio de
citocinas, neurotransmissores ou hormônios (Gladkevich et al., 2004; Marques-Deak et al.,
2005), enquanto que as alterações relacionadas ao sistema imunológico no SNC podem
originar do sangue periférico (Michel et al., 2012; Tomasik et al., 2014). Análises de sangue
periférico (células, soro ou plasma) mostraram que transtornos psiquiátricos podem ocorrer
devido à ausência de uma ou mais subunidades do NMDAR, sugerindo que estas doenças
podem ser detectáveis em outros sistemas do corpo, tais como o sangue circulante (Bock,
2009; Chan et al., 2014).
Em conclusão, nossos resultados contribuem com outros achados da literatura
mostrando uma diminuição nos níveis das subunidades NR1 e NR2 no sangue periférico de
pacientes em PEP, possivelmente participando de mecanismos que subjazem a comunicação
entre o SNC e periférico. Adicionalmente as subunidades NR1 e NR2 poderiam ser utilizadas
como possíveis biomarcadores para diagnóstico de PEP e permitir tratamentos mais
específicos e individualizados. Futuras investigações são necessárias para melhor
entendimento do papel dos genes que codificam os receptores NMDA na esquizofrenia,
especificamente os genes Grin1, Grin2A e Grin2B, considerando suas características
particulares e papel essencial na função do NMDAR e, portanto na fisiologia do SNC
(Martucci et al., 2003).
5.1 LIMITAÇÕES E FORÇA DO ESTUDO
Algumas limitações do estudo precisam ser reconhecidas. Em primeiro lugar, a
maioria dos nossos pacientes já estava em tratamento com antipsicóticos, quando avaliados no
110
início do estudo e, portanto, nossos resultados podem ser indicativos dos primeiros dias ou
semanas de tratamento com essa medicação psicotrópica.
5.1.1 Pontos positivos do nosso estudo
O estudo se concentra nos transtornos psicóticos em sua primeira manifestação
psicótica, sendo esta a abordagem mais adequada quando se pretende avaliar candidatos à
biomarcadores de diagnóstico e prognóstico de doença, visto que auxilia na redução de
possíveis fatores de confusão.
Outro ponto positivo é que utilizamos amostras de pacientes em PEP comparadas aos
controles e irmãos, principal grupo de alto risco.
Por fim e, talvez o mais importante, não há relato na literatura de medidas no sangue
periférico das subunidades NR1 e NR2 glutamatérgicas em transtornos psiquiátricos,
tampouco em indivíduos controles. Do nosso conhecimento, nenhum estudo investigou a
quantificação plasmática das subunidades NR1 e NR2 do NMDAR em primeiro episódio
psicótico, o que torna nosso estudo inédito e relevante para melhor compreensão destes
transtornos.
111
Conclusões
112
113
6. CONCLUSÕES
Os resultados desta investigação permitem concluir que:
1. Os pacientes em PEP apresentaram concentrações plasmáticas diminuídas das
subunidades NR1 e NR2 do NMDAR em comparação aos saudáveis e aos irmãos.
2. Indivíduos com valores plasmáticos de NR2 do NMDAR inferiores a 3,648 ng/ml
apresentam um risco 14,72 vezes maior de estar doente (PEP) de quem não possui o NR2
abaixo deste valor, indicando que o NR2 pode ser um possível biomarcador para diagnóstico
de PEP.
114
115
Referências
116
117
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http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/291953 >.
127
Apêndices
128
129
APÊNDICE A – Protocolo Para Coleta de Sangue
PROTOCOLO PARA COLETA DE SANGUE
PROJETO DE PESQUISA: Esquizofrenia e outros transtornos psicóticos:
determinantes sociais e biológicos
Docente responsável: Paulo Louzada Junior
Pesquisadora responsável: Camila Marcelino Loureiro
DATA DA COLETA:
NOME – INICIAIS:
NOME DA MÃE: NÚMERO STREAM:
SEXO: F ( ) M ( ) IDADE:
CASO: ( ) CONTROLE: ( ) IRMÃO (Ã): ( )
RESIDÊNCIA ATUAL:
TELEFONES DE CONTATO:
DIAGNÓSTICO:
DATA DE INÍCIO DOS SINTOMAS PSICÓTICOS:
DATA DE PRIMEIRO CONTATO COM SERVIÇO DE SAÚDE MENTAL:
SERVIÇO DE SAÚDE MENTAL DE REFERÊNCIA:
COMORBIDADES: SIM ( ) NÃO ( )
o Se sim, descrever: _________________________________
FARMACOLOGIA UTILIZADA (TODAS):
Medicamento Dose diária Data de início Regularidade de uso
130
COLETA DAS SUBUNIDADES: A primeira amostra será coletada no momento em que o
diagnóstico for estabelecido. Para todos os indivíduos será coletado uma amostra de 5 ml de
sangue periférico, em tubo com EDTA, para centrifugação e separação do plasma para
dosagem das subunidades NR1 e NR2 do NMDAR. Os tubos serão mantidos no gelo e a
centrifugação deverá ser realizada em até 2 horas após a coleta das amostras.
REGISTRO DAS COLETAS DE SANGUE
DNA NR1 NR2
Data e hora da coleta
Responsável pela coleta
Data e hora da centrifugação
Responsável pela centrifugação
Data e hora de identificação e
armazenamento
Responsável pela identificação e
armazenamento
Aplicação da BPRS imediatamente antes das coletas de sangue – Escore Total: _______
SEÇÃO TABACO:
SIM ( ) NÃO ( )
o Se sim, descrever: _________________________________
SEÇÃO ÁLCOOL:
SIM ( ) NÃO ( )
o Se sim, descrever: _________________________________
SEÇÃO OUTRAS DROGRAS:
SIM ( ) NÃO ( )
o Se sim, descrever: __________________________________
131
Anexos
132
133
Estudo: EU GEI Data de nascimento
Número do participante: | | | | - | | | | | __|__|-|__|__|-| 1 | 9 |__|__|
Intervalo de tempo: Period – Replicat | 0 |__|-| 0 |__|
Entrevistador: ………………………………………… Data |__|__|-|__|__|-| 2 | 0 |__|__|
ANEXO 1 – Cronograma de Início de Sintomas de Nottingham
Versão modificada de duração de psicose não tratada (NOS-DUP)
Folha de definição
Por favor, registre a data mais precisa possível!
No caso da informação sobre o ano de início ser a única disponível, por favor, registre o dia 1
de julho desse ano como data de início.
No caso da informação sobre o mês de início ser a única disponível, por favor, registre o dia
15 daquele mês como data de início.
Data do início da psicose:
Primeiro dia do episódio psicótico.
Início do episódio psicótico (diagnóstico definitivo) é definido como:
Clara evidência de delírios, alucinações, sintomas de primeira ordem, sintomas catatônicos
durante, pelo menos, uma semana (isto é, pontuação ≥ 4 nos itens P1, “delírios”, P3
“comportamento alucinatório”, P5 “Grandiosidade”, P6 “Desconfiança” ou A9 “conteúdo
incomum do pensamento” da PANSS).
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Data do início do tratamento:
Primeiro dia do início do tratamento.
O início do tratamento é definido como:
Data inicial do tratamento com antipsicóticos mantido durante pelo menos um mês (pelo
menos 75% aderente), ou até que tenha sido alcançada uma resposta significativa (isto é,
“muito melhor” de acordo com o CGI), independentemente do que acontecer primeiro.
Duração da Psicose Não Tratada:
Data do início do tratamento - (menos) Data do início da Psicose
134
Diagnóstico psiquiátrico atual (DSM IV):
Data de contato com serviço de saúde mental
(dia/mês/ano):
Data de início da psicose:
Data de tratamento suficiente:
Paciente usa antipsicóticos? 00 Não 01 Sim
Data do início do tratamento:
(Nota para a entrada de dados: NOS_MED)
Antipsicóticos
Dose total diária
ou dose de
depósito (mg)
Data de tomada regular
(no mínimo 75% de
adesão)
Código (a ser
preenchido pelo
investigador)*
DURAÇÃO DA PSICOSE NÃO TRATADA (DUP) em semanas: ___________
* veja a lista de medicações para incluir os códigos
(Nota para a entrada de dados: NOS_GEN)
.
_ _
_ _
_ _
_ _
135
ANEXO 2 – Escala de Avaliação Psiquiátrica Breve (BPRS)
BPRS
Item Escore
01. Preocupações Somáticas
02. Ansiedade Psíquica
03. Retraimento Emocional
04. Desorganização Conceitual
05. Sentimentos de Culpa
06. Ansiedade
07. Distúrbios Motores Específicos
08. Auto-Estima Exagerada
09. Humor Deprimido
10. Hostilidade
11. Desconfiança
12. Alucinações
13. Retardo Psicomotor
14. Falta de Cooperação
15.Conteúdo Incomum do Pensamento
16. Afeto Embotado
17. Agitação Psicomotora
18. Desorientação e Confusão
Escore Total BPRS
136
ANEXO 3 – Lista de Medicações (Presente e Passada)
137
138
Exemplos de Medicações para Classificação
B. SEDATIVOS (01-02-00): Alprazolam Lorazepam
Clonazepam Midazolam
Diazepam
D. ANTIPSICÓTICOS (01-04-00): Clorpromazina Paliperidona
Clozapina Quetiapina
Haldol Risperidona
Olanzapina Sulpirida
E. LÍTIO (01-05-00): Lítio
F. ANTIDEPRESSIVOS (01-06-00): Amitriptilina Mirtazapina
Citalopram Paroxetina
Fluoxetina Sertralina
Imipramina Venlafaxina
H. ANTIEPILÉPTICOS (02-01-00): Ácido valpróico Fenobarbital
Carbamazepina Topiramato
I. ANTICOLINÉRGICOS (02-02-10): Biperideno
J. ANTI-HISTAMÍNICOS (18-01-00): Prometazina
K. BETABLOQUEADORES (05-02-00): Propanolol
139
ANEXO 4 – Questionário de Experiências com Maconha e de Outras Substâncias Psicoativas
140
141
142
143
144
145
146
147
148
149
150
151
152
153
154
155
156
157
158
159
ANEXO 5 – Aprovação no Comitê de Ética
160
ANEXO 6 – Termo de Consentimento para Guarda de Material Biológico
Eu, Cristina Marta Del-Ben, declaro ser responsável pelo banco de amostras STREAM
criado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade
de São Paulo com o objetivo de guardar amostras de sangue para estudos futuros sobre o
papel dos genes e das reações inflamatórias nas causas de transtornos mentais. Este material é
coletado logo após a conclusão das entrevistas previstas no projeto de pesquisa Esquizofrenia
e outros transtornos psicóticos: determinantes sociais e biológicos, do qual você participa.
Nós precisaremos colher amostras de sangue em três ocasiões (20 ml ao todo – equivalente a
duas colheres de sopa). É importante lembrar que você poderá sentir dor durante a retirada do
sangue e que pode ocorrer o aparecimento de manchas roxas no local. Após coletado, o
material será guardado no Laboratório Multiusuário de Biologia Molecular em Neurociências
da FMRP-USP.
Desta forma, gostaria de convida-lo(a) para guardar uma amostra do seu sangue para
fins de pesquisa e análise científica. Sua participação é voluntária, tendo liberdade de aceitar
ou não que sua amostra seja guardada, sem risco de qualquer penalização ou prejuízo no
atendimento que lhe for prestado. O(A) Sr.(a) também tem o direito de retirar seu
consentimento a qualquer momento.
Eu me comprometo a identificar as amostras e os dados coletados de modo que
garanta o seu sigilo e a sua confidencialidade, para isso a sua amostra de sangue será
identificada por meio de códigos criados especificamente para este banco de amostras. O (a)
senhor(a) me passará todos os dados de como posso lhe encontrar e garanto fornecer as
informações de seu interesse, além de receber eventuais benefícios provenientes do estudo
com seu material biológico.
Declaro que toda nova pesquisa a ser feita com o seu material será buscado novamente
seu consentimento específico, bem como será submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa do
Hospital das Clínicas e da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo.
Agradeço a colaboração, colocando-me à disposição para os esclarecimentos que se
fizerem necessários.
Certificado de Consentimento
Tendo recebido as informações acima, aceito que minha amostra de material biológico seja
armazenada no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, sob a responsabilidade de Cristina
Marta Del-Ben, para fins de pesquisa e análise científica.
Nome e documento de identificação do
participante
Assinatura Data
Nome e documento de identificação da
testemunha imparcial
Assinatura Data
Nome e documento de identificação do
responsável legal
Assinatura Data
Nome do pesquisador Assinatura Data
161
ANEXO 7 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – Casos
Projeto de pesquisa
ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS: DETERMINANTES
SOCIAIS E BIOLÓGICOS
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – CASOS
Você está sendo convidado(a) a participar de um estudo chamado “Esquizofrenia e
outros transtornos psicóticos: determinantes sociais e biológicos”. Antes de você decidir sobre
a sua participação é importante que você entenda porque esta pesquisa está sendo realizada e
do que ela trata. Por favor, leia as seguintes informações com cuidado e fique à vontade para
fazer perguntas, caso haja algo que não esteja claro para você ou se você precisar de mais
detalhes.
Obrigado pelo seu interesse em nosso projeto.
Qual o objetivo deste estudo?
Nós estamos interessados em descobrir se o risco de desenvolver um transtorno
psicótico, cuja principal característica são alterações do pensamento e da percepção dos
estímulos da realidade, caracterizadas pela crença em situações que não existem (delírios) e
por ver e/ou ouvir coisas que outras pessoas não estão vendo ou ouvindo (alucinações). É
determinado por fatores biológicos (como a organização dos genes, alterações no sistema de
proteção de seu organismo e alterações cerebrais) e por fatores ambientais (como pobreza,
discriminação, isolamento social, uso de drogas e a ocorrência de eventos negativos durante a
infância, como divórcio dos pais, humilhação ou abuso). Particularmente, estamos
interessados em compreender se os efeitos destes fatores sociais no risco de psicose são
diferentes, de acordo com os diferentes tipos de genes que as pessoas possuem.
Assim, pretendemos investigar a existência de variações nos casos novos de
transtornos psicóticos considerando-se
a) a associação entre fatores de risco da própria pessoa, de seus familiares e das características
da região onde o participante vive;
b) a existência de alterações no cérebro de pessoas com transtornos psicóticos, comparados
com pessoas sem o mesmo diagnóstico (controles da comunidade e irmãos), através de um
exame de Ressonância Nuclear Magnética;
c) a ocorrência de alterações na organização dos genes e no sistema de proteção do organismo
em pessoas com transtornos psicóticos que apresentam alucinações e/ou delírios,
comparando-as com pessoas sem o mesmo diagnóstico (controles da comunidade e irmãos).
Por que eu fui foi convidado?
Você foi convidado para participar do estudo porque você apresentou um primeiro
episódio psicótico com a presença de alucinações e/ou delírios que desorganizaram seu
comportamento e vive em uma das cidades pertencentes ao Décimo Terceiro Departamento
Regional da Secretaria Estadual de Saúde (DRS XIII), cuja sede é Ribeirão Preto, onde nós
estamos conduzindo o estudo.
Nós pretendemos convidar, em um período de três anos, 300 pessoas que apresentaram
um primeiro episódio psicótico para participar do estudo, assim como 150 irmãos ou irmãs
destes participantes e 300 pessoas que nunca tiveram episódio psicótico. O estudo faz parte de
um grande estudo europeu que está sendo realizado em 15 centros europeus de 5 países. Você
162
deve ter idade entre 16 e 64 anos para participar. Caso você tenha menos de 18 anos, seus pais
ou outro responsável legal deverão concordar com a sua participação no estudo.
Eu sou obrigado a participar?
Esta é uma escolha sua. Antes que você concorde em participar, nós descreveremos o
estudo ao longo desse termo de informação. Nós então pediremos que você assine um termo
de consentimento para demonstrar que você concordou em participar. Você é livre para se
retirar do estudo a qualquer momento, sem dar explicações. Essa escolha não irá afetar os
cuidados de saúde que você recebe.
O que me pedirão para fazer?
Inicialmente, nós pediremos que você responda alguns questionários sobre o seu
passado, sobre as suas condições de saúde atuais e circunstâncias sociais. Perguntaremos
também sobre os seus sintomas e solicitaremos a sua permissão para ler o seu prontuário.
Nós precisaremos colher amostras de sangue em três ocasiões (20 ml ao todo –
equivalente a duas colheres de sopa) para que nós possamos estudar a interação de genes e da
capacidade de proteção de seu organismo com fatores sociais e experiências durante a vida. O
sangue será colhido utilizando material descartável e este procedimento será realizado por
profissionais experientes [médico(a) ou enfermeiro(a)]. É importante lembrar que você poderá
sentir dor durante a retirada do sangue e que pode ocorrer o aparecimento de manchas roxas
no local.
Você também será convidado a realizar de um exame de Ressonância Magnética. Esse
exame será usado para investigarmos se existem diferenças no tamanho e nos níveis de
algumas substâncias de algumas áreas do cérebro entre pacientes e controles.
Pediremos também a sua permissão para convidar seus irmãos e irmãs para participar do
estudo.
Quanto tempo irá durar a coleta de dados?
Nós estimamos que precisaremos de cerca de 6 horas para completarmos todos os
questionários e realizarmos as coletas de sangue. Esperamos completar todas as tarefas em 3
encontros, mas, se você preferir, podemos fazer outros arranjos. Você é livre para fazer
pausas em qualquer momento que desejar ou pode escolher outro horário para retornar em
outra ocasião para terminar a coleta caso se sinta cansado ou indisposto.
O exame de ressonância magnética será realizado em um dia previamente agendado e
deve durar cerca de 40 minutos.
Eu receberei algum pagamento?
Nós iremos ressarcir seus gastos com transporte e alimentação.
Onde o estudo será realizado?
O estudo será realizado no Ambulatório do Hospital das Clínicas (HCFMRP-USP),
nos dias em que você tiver retorno com seu médico. Se você preferir, nós poderemos ir até a
sua casa para realizarmos as entrevistas, porém nós teremos que pedir que você vá até o
Hospital das Clínicas para coletarmos a amostra de sangue e para a realização do exame de
ressonância magnética.
O que acontecerá se eu optar por sair do estudo?
A participação no estudo é absolutamente voluntária. Se você optar por não participar,
essa decisão não irá interferir no seu tratamento, ou no seu relacionamento com o seu médico
ou outros profissionais de saúde. Você é livre para mudar de ideia a qualquer momento. Todas
163
as informações pessoais serão destruídas. Esta situação também se aplica no caso de você se
sentir indisposto para continuar participando do estudo.
Quais são os possíveis riscos e benefícios da participação?
Nós faremos preguntas sobre circunstâncias pessoais e do passado, o que algumas
pessoas podem considerar angustiante. Todos os pesquisadores responsáveis pela coleta de
dados são psicólogos treinados e experientes e oferecerão suporte se você precisar. Você
também poderá achar o dia cansativo e então você poderá fazer uma pausa ou retornar em
outra ocasião para completar as tarefas. Você não tem obrigação de responder nenhuma
questão e você pode sair do estudo a qualquer momento. Um outro inconveniente pode ser um
leve desconforto ao coletar a amostra de sangue e ao realizar o exame de Ressonância
Magnética.
As entrevistas, assim como os exames de imagem e a coleta de sangue serão realizadas
por profissionais treinados com os procedimentos e com experiência no manejo de problemas
emocionais.
O exame de Ressonância Magnética de crânio é um exame seguro, não doloroso, não
invasivo, sem emissão de radiação, e não será administrada anestesia ou contraste, portanto,
não há risco de reações alérgicas. Você ficará deitado acordado enquanto o aparelho faz
imagens do seu cérebro. Algumas pessoas podem se sentir desconfortáveis por ficarem
deitadas em local estreito ou incomodadas com o barulho forte que a máquina de ressonância
faz quando está funcionando. O exame será interrompido imediatamente, e você poderá sair
do aparelho, se desejar, podendo fazer o exame em outro momento.
Você usará protetores de ouvido durante o exame para diminuir o desconforto do
barulho. Terá também à mão uma campainha, que poderá acionar se precisar falar com o
técnico que estará operando o aparelho. Um dos pesquisadores deste projeto estará presente
durante todo o exame de Ressonância Magnética.
Ao participar do estudo você irá nos ajudar a entender mais sobre as diferenças entre
pessoas com e sem psicose (presença de alucinações e delírios), o que pode ajudar a prevenir
que outras pessoas venham a desenvolver transtornos psicóticos no futuro.
O que acontecerá com as minhas informações?
Sua confidencialidade será mantida em todos os momentos e as amostras de sangue,
papéis e dados eletrônicos seguirão as práticas éticas e legais. Todas as informações sobre
você serão manejadas com estrita confidencialidade. Você será identificado por um número,
que será utilizado no lugar dos seus dados pessoais. Isso significa que toda informação que
você nos der será efetivamente anônima. Informações identificáveis (como o seu nome) serão
registradas em uma base de dados separada e protegida por senha, sendo acessível somente
pelo coordenador do estudo. Nós só iremos passar informações suas em situações extremas
como quando nós tivermos o dever de informar os seus cuidadores se nós acreditarmos que
você está em risco de machucar a si ou a outras pessoas.
No final do estudo suas informações serão mantidas seguras por no mínimo 20 anos de
acordo com as boas práticas de pesquisa e não serão utilizados com nenhum outro propósito
além dos descritos no estudo. Se você decidir se retirar do estudo nos iremos destruir toda
informação pessoal que nós temos de você, mas nós poderemos manter seus dados
anonimamente para nossa pesquisa. Os resultados deste estudo serão publicados em jornais
científicos em um nível grupal e não individual. Nós não iremos nunca revelar informações
pessoais sobre você.
Como a quantidade de indivíduos que serão examinados neste estudo é muito grande,
não será possível realizar todos os exames laboratoriais ao mesmo tempo. Para isso o material
terá que ser estocado por algum tempo até a realização dos exames. Pedimos a você
164
permissão para que o sangue seja guardado por tempo indeterminado, visto que este estudo e
outros que têm sido feitos podem trazer novos conhecimentos sobre o assunto podendo haver
necessidade de realização de novos testes com o material guardado. No entanto, novos testes
somente serão realizados após aprovação de um novo projeto de pesquisa pelo Comitê de
Ética em Pesquisa do HCFMRP-USP e você deverá ser novamente consultado para autorizar
os novos testes. Você deverá assinar um outro termo de consentimento a respeito do
armazenamento de amostras de sangue.
Também pedimos sua autorização para enviar parte do sangue coletado para um
laboratório na Inglaterra, para que as informações que estamos colhendo aqui no Brasil
possam ser comparadas com as informações colhidas na Europa. É importante lembrar que
você poderá solicitar o acesso aos resultados de seus exames de sangue caso tenha interesse.
Se seu exame de sangue apresentar alterações que necessitam de intervenção seu médico o
orientará sobre o que fazer e em caso de necessidade será feito acompanhamento clínico e/ou
aconselhamento genético sem que isto lhe traga qualquer custo.
O que acontecerá se eu tiver algum dano em função do estudo?
Caso você tenha algum dano em relação a sua saúde em função da realização do
estudo, lhe será oferecido acompanhamento clínico no Hospital das Clínicas com direito à
assistência integral e a indenização, se for o caso.
Onde eu posso conseguir mais informação sobre o estudo?
Você pode entrar em contato com os responsáveis pelo estudo sobre qualquer dúvida
que você tiver. Os contatos estão detalhados abaixo.
Onde eu posso fazer reclamações e/ou esclarecimentos sobre o estudo?
Se você está descontente ou precisar de esclarecimentos sobre como este estudo você
pode fazer contato, a qualquer momento, com os responsáveis pelo estudo e com o Comitê de
Ética em Pesquisa que garante as boas práticas de pesquisa além de zelar pelo cumprimento
do é descrito neste termo de consentimento livre e esclarecido.
Caso seja necessário os contatos estão abaixo.
Contatos Página do estudo:
www.eu-gei.eu
Comitê de Ética em
Pesquisa-HCRP
Coordenadora
Profa. Dra. Cristina Marta
Del-Ben
CREMESP: 63638
Departamento de
Neurociências e Ciências do
Comportamento
Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto-USP
Avenida Bandeirantes, 3900
CEP: 14049-900
Fone: 16 3602-2607
Pesquisadora responsável Silvia Helena Gallo Tenan
CRP: 06/49802-2
Departamento de
Neurociências e Ciências
do Comportamento
Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto-USP
Avenida Bandeirantes,
3900
CEP: 14049-900
Fone: 16 3602-1296
Email: [email protected]
Avenida dos Bandeirantes,
3900
CEP: 14049-900
Fone: 16 3602-2228
E-mail: [email protected]
Horário de funcionamento:
Segunda à sexta das 8h às
17h.
165
Projeto de pesquisa
ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS: DETERMINANTES
SOCIAIS E BIOLÓGICOS
Coordenadora: Cristina Marta Del-Ben (CREMESP: 63638)
Pesquisadora responsável: Silvia Helena Gallo Tenan (CRP: 06/49802-2)
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – CASOS
Antes de você concordar em participar deste estudo, é importante que você tenha lido
e entendido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que é elaborado em duas vias
sendo uma de propriedade do pesquisador e outra do participante. Todas as páginas, das duas
vias do termo de consentimento deverão ser rubricadas pelo participante e pelo coordenador
do estudo e estes deverão assiná-lo ao seu término. O termo de consentimento contêm
informações importantes sobre a pesquisa e sobre o que será pedido para você fazer. Se você
se sentir inseguro sobre o projeto ou tiver alguma dúvida, você pode fazer perguntas para
qualquer membro da equipe de pesquisa. As declarações abaixo contêm informações
importantes sobre a sua participação no estudo. Por favor, leia estas declarações e coloque as
iniciais do seu nome no espaço apropriado.
INICIAIS
Eu li e entendi o termo de consentimento livre e esclarecido e todas as minhas
dúvidas foram respondidas satisfatoriamente.
Eu entendo que a minha participação no estudo é voluntária e que eu posso
mudar de ideia a qualquer momento, sem motivo ou qualquer prejuízo, e que
isso não irá afetar meu tratamento atual e futuro ou meus direitos legais.
Eu entendo que as minhas informações serão armazenadas confidencialmente e
anonimamente e que não serão repassadas a terceiros ou usadas de outra forma
a não ser para responder questões relevantes para os objetivos do estudo, exceto
quando os pesquisadores tiverem obrigação de informar aos meus cuidadores se
eu estiver em risco de causar danos a mim ou a outras pessoas.
Eu entendo que as minhas informações podem ser utilizadas anonimamente,
contribuindo para apresentações e artigos científicos.
Eu entendo que será pedido que eu dê uma amostra de sangue, com a finalidade
de análises genéticas e imunológicas.
Eu entendo que serei convidado para a realização de exame de ressonância
nuclear magnética do cérebro
Eu dei permissão para que os pesquisadores envolvidos neste estudo acessem
meu prontuário médico para finalidades da pesquisa.
Por meio desta, concordo em participar do estudo EU-GEI e entendo que a minha
participação é totalmente voluntária e que eu posso retirar o meu consentimento em qualquer
momento, sem ter penalidades ou razões.
Nome e documento de identificação do
participante
Assinatura Data
166
Nome e documento de identificação da
testemunha imparcial
Assinatura Data
Nome e documento de identificação do
responsável legal
Assinatura Data
Nome do pesquisador Assinatura Data
167
ANEXO 8 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – Controles
Projeto de pesquisa
ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS: DETERMINANTES
SOCIAIS E BIOLÓGICOS
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - CONTROLES
Você está sendo convidado(a) a participar de um estudo chamado “Esquizofrenia e
outros transtornos psicóticos: determinantes sociais e biológicos”. Antes de você decidir sobre
a sua participação é importante que você entenda porque esta pesquisa está sendo realizada e
do que ela trata. Por favor, leia as seguintes informações com cuidado e fique à vontade para
fazer perguntas, caso haja algo que não esteja claro para você ou se você precisar de mais
detalhes.
Obrigado pelo seu interesse em nosso projeto.
Qual o objetivo deste estudo?
Nós estamos interessados em descobrir se o risco de desenvolver um transtorno
psicótico, cuja principal característica são alterações do pensamento e da percepção dos
estímulos da realidade caracterizadas pela crença em situações que não existem (delírios) e
por ver e/ou ouvir coisas que outras pessoas não estão vendo ou ouvindo (alucinações), é
determinado por fatores biológicos (como a organização dos genes, alterações no sistema de
proteção do seu organismo e alterações cerebrais) e por fatores ambientais (como pobreza,
discriminação, isolamento social, uso de drogas e a ocorrência de eventos negativos durante a
infância, como divórcio dos pais, humilhação ou abuso). Particularmente, estamos
interessados em compreender se os efeitos destes fatores sociais no risco de psicose são
diferentes, de acordo com os diferentes tipos de genes que as pessoas possuem.
Assim, pretendemos investigar a existência de variações nos casos novos de
transtornos psicóticos considerando-se:
a) a associação entre fatores de risco da própria pessoa, de seus familiares e das características
da região onde o participante vive;
b) a existência de alterações no cérebro de pessoas com transtornos psicóticos, comparados
com pessoas sem o mesmo diagnóstico (controles da comunidade e irmãos), através de
exames de Ressonância Nuclear Magnética
c) a ocorrência de alterações na organização dos genes e no sistema de proteção do organismo
em pessoas com transtornos psicóticos, comparando-as com pessoas sem o mesmo
diagnóstico (controles da comunidade e irmãos).
Por que eu fui foi convidado?
Você foi convidado para participar do estudo porque você nunca apresentou um
episódio psicótico com a presença de alucinações e/ou delírios que desorganizaram seu
comportamento e vive em uma das cidades pertencentes ao Décimo Terceiro Departamento
Regional da Secretaria Estadual de Saúde (DRS XIII), cuja sede é Ribeirão Preto, onde nós
estamos conduzindo o estudo.
Nós pretendemos convidar, em um período de três anos, 300 pessoas que apresentaram
um primeiro episódio psicótico para participar do estudo (casos), assim como 150 irmãos ou
irmãs destes participantes e 300 pessoas que como você nunca tiveram episódio psicótico e
que chamamos de controles. O estudo faz parte de um grande estudo europeu que está sendo
168
realizado em 15 centros europeus de 5 países. Você deve ter idade entre 16 e 64 anos para
participar. Caso você tenha menos de 18 anos, seus pais ou outro responsável legal deverão
concordar com a sua participação no estudo.
Eu sou obrigado a participar?
Esta é uma escolha sua. Antes que você concorde em participar, nós descreveremos o
estudo ao longo desse termo de informação. Nós então pediremos que você assine um termo
de consentimento para demonstrar que você concordou em participar. Você é livre para se
retirar do estudo a qualquer momento, sem dar explicações. Essa escolha não irá afetar os
cuidados de saúde que poderá a vir receber no Hospital das Clínicas FMRP-USP.
O que me pedirão para fazer?
Inicialmente, nós pediremos que você responda alguns questionários sobre o seu
passado, sobre as suas condições de saúde atuais e circunstâncias sociais. Perguntaremos
também sintomas psiquiátricos para caracterizar se você já experimentou manifestações
relacionadas à alguma doença mental.
Nós precisaremos colher amostras de sangue em três ocasiões (20 ml ao todo –
equivalente a duas colheres de sopa) para que nós possamos estudar a interação de genes e da
capacidade de proteção de seu organismo como fatores sociais e experiências durante a vida.
O sangue será colhido utilizando material descartável e este procedimento será realizado por
profissionais experientes [médico(a) ou enfermeiro(a)]. É importante lembrar que você poderá
sentir dor durante a retirada do sangue e que pode ocorrer o aparecimento de manchas roxas
no local.
Você também será convidado a realizar de um exame de Ressonância Magnética. .
Esse exame será usado para investigarmos se existem diferenças no tamanho e nos níveis de
algumas substâncias de algumas áreas do cérebro entre pacientes e controles como você.
Quanto tempo irá durar a coleta de dados?
Nós estimamos que precisaremos de cerca de 6 horas para completarmos todos os
questionários e realizarmos as coletas de sangue. Esperamos completar todas as tarefas em 3
encontros, mas, se você preferir, podemos fazer outros arranjos. Você é livre para fazer
pausas em qualquer momento que desejar ou pode escolher outro horário para retornar em
outra ocasião para terminar a coleta caso se sinta cansado ou indisposto.
O exame de ressonância magnética será realizado em um dia previamente agendado e
deve durar cerca de 40 minutos.
Eu receberei algum pagamento?
Nós iremos ressarci-lo por gastos com transporte e alimentação.
Onde o estudo será realizado?
O estudo será realizado no Ambulatório do Hospital das Clínicas (HCFMRP-USP),
nos dias em que você tiver disponibilidade para comparecer ao hospital. Se você preferir, nós
poderemos ir até a sua casa para realizarmos as entrevistas, porém nós teremos que pedir que
você vá até o Hospital das Clínicas para coletarmos a amostra de sangue e para a realização
do exame de ressonância magnética.
O que acontecerá se eu optar por sair do estudo?
A participação no estudo é absolutamente voluntária. Você é livre para mudar de ideia
a qualquer momento. Todas as informações pessoais serão destruídas. Esta situação também
se aplica no caso de você se sentir indisposto para continuar participando do estudo.
169
Quais são os possíveis riscos e benefícios da participação?
Nós faremos preguntas sobre circunstâncias pessoais e do passado, o que algumas
pessoas podem considerar angustiante. Todos os pesquisadores responsáveis pela coleta de
dados são psicólogos treinados e experientes e oferecerão suporte se você precisar. Você
também poderá achar o dia cansativo e então você poderá fazer uma pausa ou retornar em
outra ocasião para completar as tarefas. Você não tem obrigação de responder nenhuma
questão e você pode sair do estudo a qualquer momento. Um outro inconveniente pode ser um
leve desconforto ao coletar a amostra de sangue e ao realizar o exame de Ressonância
Magnética.
As entrevistas, assim como os exames de imagem e a coleta de sangue serão realizadas
por profissionais treinados com os procedimentos e com experiência no manejo de problemas
emocionais.
O exame de Ressonância Magnética de crânio é um exame seguro, não doloroso, não
invasivo, sem emissão de radiação, e não será administrada anestesia ou contraste, portanto,
não há risco de reações alérgicas. Você ficará deitado acordado enquanto o aparelho faz
imagens do seu cérebro. Algumas pessoas podem se sentir desconfortáveis por ficarem
deitadas em local estreito ou incomodadas com o barulho forte que a máquina de ressonância
faz quando está funcionando. O exame será interrompido imediatamente, e você poderá sair
do aparelho, se desejar, podendo fazer o exame em outro momento.
Você usará protetores de ouvido durante o exame para diminuir o desconforto do
barulho. Terá também à mão uma campainha, que poderá acionar se precisar falar com o
técnico que estará operando o aparelho. Um dos pesquisadores deste projeto estará presente
durante todo o exame de Ressonância Magnética.
Ao participar do estudo você irá nos ajudar a entender mais sobre as diferenças entre pessoas
com e sem psicose (presença de alucinações e delírios), o que pode ajudar a prevenir que
outras pessoas venham a desenvolver transtornos psicóticos no futuro.
O que acontecerá com as minhas informações?
Sua confidencialidade será mantida em todos os momentos e as amostras de sangue,
papéis e dados eletrônicos seguirão as práticas éticas e legais. Todas as informações sobre
você serão manejadas com estrita confidencialidade. Você será identificado por um número,
que será utilizado no lugar dos seus dados pessoais. Isso significa que toda informação que
você nos der será efetivamente anônima. Informações identificáveis (como o seu nome) serão
registradas em uma base de dados separada e protegida por senha, sendo acessível somente
pelo coordenador do estudo.
No final do estudo suas informações serão mantidas seguras por no mínimo 20 anos de
acordo com as boas práticas de pesquisa e não serão utilizados com nenhum outro propósito
além dos descritos no estudo. Se você decidir se retirar do estudo nós iremos destruir toda
informação pessoal que nós temos de você, mas nós poderemos manter seus dados
anonimamente para nossa pesquisa. Os resultados deste estudo serão publicados em jornais
científicos em um nível grupal e não individual. Nós não iremos nunca revelar informações
pessoais sobre você.
Como a quantidade de indivíduos que serão examinados neste estudo é muito grande,
não será possível realizar todos os exames laboratoriais ao mesmo tempo. Para isso o material
terá que ser estocado por algum tempo até a realização dos exames. Pedimos a você
permissão para que o sangue seja guardado por tempo indeterminado, visto que este estudo e
outros que têm sido feitos podem trazer novos conhecimentos sobre o assunto podendo haver
necessidade de realização de novos testes com o material guardado. No entanto, novos testes
somente serão realizados após aprovação de um novo projeto de pesquisa pelo Comitê de
170
Ética em Pesquisa do HCFMRP-USP e você deverá ser novamente consultado para autorizar
os novos testes. Você deverá assinar um outro termo de consentimento a respeito do
armazenamento de amostras de sangue.
Também pedimos sua autorização para enviar parte do sangue coletado para um
laboratório na Inglaterra, para que as informações que estamos colhendo aqui no Brasil
possam ser comparadas com as informações colhidas na Europa. É importante lembrar que
você poderá solicitar o acesso aos resultados de seus exames de sangue caso tenha interesse.
Se seu exame de sangue apresentar alterações que necessitam de intervenção seu médico o
orientará sobre o que fazer e em caso de necessidade será feito acompanhamento clínico e/ou
aconselhamento genético sem que isto lhe traga qualquer custo.
O que acontecerá se eu tiver algum dano em função do estudo?
Caso você tenha algum dano em relação a sua saúde em função da realização do
estudo, lhe será oferecido acompanhamento clínico no Hospital das Clínicas com direito à
assistência integral e a indenização, se for o caso.
Onde eu posso conseguir mais informação sobre o estudo?
Você pode entrar em contato com os responsáveis pelo estudo sobre qualquer dúvida
que você tiver. Os contatos estão detalhados abaixo.
Onde eu posso fazer reclamações e/ou esclarecimentos sobre o estudo?
Se você está descontente ou precisar de esclarecimentos sobre como este estudo você
pode fazer contato, a qualquer momento, com os responsáveis pelo estudo e com o Comitê de
Ética em Pesquisa que garante as boas práticas de pesquisa além de zelar pelo cumprimento
do é descrito neste termo de consentimento livre e esclarecido.
Caso seja necessário os contatos estão abaixo.
Contatos Página do estudo:
www.eu-gei.eu
Comitê de Ética em
Pesquisa-HCRP
Coordenadora
Profa. Dra. Cristina Marta
Del-Ben
CREMESP: 63638
Departamento de
Neurociências e Ciências do
Comportamento
Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto-USP
Avenida Bandeirantes, 3900
CEP: 14049-900
Fone: 16 3602-2607
Pesquisadora responsável Silvia Helena Gallo Tenan
CRP: 06/49802-2
Departamento de
Neurociências e Ciências do
Comportamento
Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto-USP
Avenida Bandeirantes, 3900
CEP: 14049-900
Fone: 16 3602-1296
Email: [email protected]
Avenida dos Bandeirantes,
3900
CEP: 14049-900
Fone: 16 3602-2228
E-mail: [email protected]
Horário de funcionamento:
Segunda à sexta das 8h às
17h.
171
Projeto de pesquisa
ESQUIZOFRENIA E OUTROS TRANSTORNOS PSICÓTICOS: DETERMINANTES
SOCIAIS E BIOLÓGICOS
Coordenadora: Cristina Marta Del-Ben (CREMESP: 63638)
Pesquisadora responsável: Silvia Helena Gallo Tenan (CRP: 06/49802-2)
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - CONTROLES
Antes de você concordar em participar deste estudo, é importante que você tenha lido e
entendido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que é elaborado em duas vias
sendo uma de propriedade do pesquisador e outra do participante. Todas as páginas, das duas
vias do termo de consentimento deverão ser rubricadas pelo participante e pelo coordenador
do estudo e estes deverão assiná-lo ao seu término. O termo de consentimento contêm
informações importantes sobre a pesquisa e sobre o que será pedido para você fazer. Se você
se sentir inseguro sobre o projeto ou tiver alguma dúvida, você pode fazer perguntas para
qualquer membro da equipe de pesquisa. As declarações abaixo contêm informações
importantes sobre a sua participação no estudo. Por favor, leia estas declarações e coloque as
iniciais do seu nome no espaço apropriado.
INICIAIS
Eu li e entendi o termo de consentimento livre e esclarecido e todas as minhas
dúvidas foram respondidas satisfatoriamente.
Eu entendo que a minha participação no estudo é voluntária e que eu posso
mudar de ideia a qualquer momento, sem motivo ou qualquer prejuízo, e que
isso não irá afetar meu tratamento atual e futuro ou meus direitos legais.
Eu entendo que as minhas informações serão armazenadas confidencialmente e
anonimamente e que não serão repassadas a terceiros ou usadas de outra forma
a não ser para responder questões relevantes para os objetivos do estudo, exceto
quando os pesquisadores tiverem obrigação de informar aos meus cuidadores se
eu estiver em risco de causar danos a mim ou a outras pessoas.
Eu entendo que as minhas informações podem ser utilizadas anonimamente,
contribuindo para apresentações e artigos científicos.
Eu entendo que será pedido que eu dê uma amostra de sangue, com a finalidade
de análises genéticas e imunológicas.
Eu entendo que serei convidado para a realização de exame de ressonância
nuclear magnética do cérebro
Eu dei permissão para que os pesquisadores envolvidos neste estudo acessem
meu prontuário médico para finalidades da pesquisa.
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Por meio desta, concordo em participar do estudo EU-GEI e entendo que a minha
participação é totalmente voluntária e que eu posso retirar o meu consentimento em qualquer
momento, sem ter penalidades ou razões.
Nome e documento de identificação do
participante
Assinatura Data
Nome e documento de identificação da
testemunha imparcial
Assinatura Data
Nome e documento de identificação do
responsável legal
Assinatura Data
Nome do pesquisador Assinatura Data