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Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública Fatores de risco para a síndrome visual associada ao uso do computador em operadores de duas centrais de teleatendimento em São Paulo, Brasil Eduardo Costa Sá Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Saúde Pública para obtenção do título de Mestre em Saúde Pública Área de concentração: Saúde Ambiental Orientadora: Profa. Dra. Lys Esther Rocha São Paulo 2010

Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

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Universidade de Satildeo Paulo

Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

Fatores de risco para a siacutendrome visual associada ao

uso do computador em operadores de duas centrais

de teleatendimento em Satildeo Paulo Brasil

Eduardo Costa Saacute

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Sauacutede Puacuteblica para obtenccedilatildeo do

tiacutetulo de Mestre em Sauacutede Puacuteblica

Aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede Ambiental

Orientadora Profa Dra Lys Esther Rocha

Satildeo Paulo

2010

Fatores de risco para a siacutendrome visual associada ao

uso do computador em operadores de duas centrais

de teleatendimento em Satildeo Paulo Brasil

Eduardo Costa Saacute

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Sauacutede Puacuteblica para obtenccedilatildeo do

tiacutetulo de Mestre em Sauacutede Puacuteblica

Aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede Ambiental

Orientadora Profa Dra Lys Esther Rocha

Satildeo Paulo

2010

DEDICATOacuteRIA

Aos meus pais que despertaram em mim a

paixatildeo pela arte de transmitir o conhecimento

AGRADECIMENTOS

Agrave Profa Dra Lys Esther Rocha que me

transmite diariamente a melhor forma de

acreditar em Deus e o verdadeiro significado

da palavra humildade

Aos todos os professores e colaboradores do

Curso de Especializaccedilatildeo em Medicina do

Trabalho do Departamento de Medicina

Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo pelo conviacutevio e

aprendizado

Agrave amiga Elisabeth Oyakawa

RESUMO

Saacute EC Fatores de risco para a siacutendrome visual associada ao uso do computador em operadores de duas centrais de teleatendimento em Satildeo Paulo Brasil [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2010 A siacutendrome visual associada ao uso do computador (CVS) eacute um dos distuacuterbios oculares que vem sendo estudado atualmente por sua alta prevalecircncia mundial e por ser cada vez mais frequente em determinadas profissotildees O objetivo deste estudo eacute estimar a prevalecircncia desta siacutendrome entre operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo (n= 476) atraveacutes de uma pesquisa quantitativa de estudo observacional transversal com o uso de um questionaacuterio estruturado As questotildees foram divididas em soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho fatores de satisfaccedilatildeo fatores de incocircmodo no trabalho e fatores psicossociais relacionados ao trabalho A definiccedilatildeo de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al (2005) ou seja pela presenccedila de um ou mais sintomas oculares especiacuteficos verificados com frequecircncia maior ou igual agrave alternativa ldquoagraves vezesrdquo A anaacutelise estatiacutestica foi realizada a partir do estudo das frequecircncias absolutas e relativas e verificada a associaccedilatildeo atraveacutes do teste do chi-quadrado Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis descritivos inferiores a 5 (p lt 005) Os sintomas referidos foram cansaccedilo nas vistas (739) ldquopesordquo nos olhos (682) ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos (546) lacrimejamento (439) e enfraquecimento da visatildeo (435) A prevalecircncia da CVS foi de 546 entre os operadores estudados Foi verificada ainda associaccedilatildeo entre ser mulher (OR 26 IC95 16-41) falta de reconhecimento no trabalho (OR 14 IC95 11-18) organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento (OR 14 IC95 11-17) e demanda de trabalho (OR 11 IC95 10-13) Neste estudo concluiu-se pela importacircncia das caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo e dos fatores psicossociais no trabalho como associados agrave presenccedila de CVS nos operadores de teleatendimento

Descritores Telemarketing Fadiga visual Fatores de risco Sauacutede do trabalhador

ABSTRACT

Saacute EC Fatores de risco para a siacutendrome visual associada ao uso do computador em operadores de duas centrais de teleatendimento em Satildeo Paulo Brasil [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2010

The visual syndrome associated with computer use (CVS) is an eye disorder that is currently being studied for its high prevalence worldwide and is becoming increasingly common in some professions This study aimed to estimate the prevalence of this syndrome among operators from two call centers located in Satildeo Paulo (n = 476) A quantitative cross-sectional observational study was performed by means of a questionnaire containing questions about socio-demographics lifestyle habits occupational history work status satisfaction factors discomfort factors at work and psychosocial factors related to work The case definition was based on the concept of Computer Vision Syndrome from Blehm (2005) ie the presence of one or more ocular specific symptoms occurring in a frequency greater than or equal to sometimes Statistical analysis was performed for absolute and relative frequencies and examined the association by chi-square The variables that showed p lt 020 or which were described in the explanation of eye disorders were included in multiple regression analysis In the final model remained variables that showed descriptive levels below 5 (p lt 005) The symptoms reported were visual fatigue (739) ldquoheavinessrdquo in the eyes (682) ldquoburningrdquo eyes (546) tearing (439) and vision impairment (435) The prevalence of CVS among operators was 546 Other associations found were being female (OR 26 95 CI 16-41) lack of recognition during work (OR 14 95 CI 11 to 18) organization of work in telemarketing (OR 14 95 CI 11 to 17) and work demands (OR 11 95 CI 10 to 13)This study showed the importance of organizational characteristics and psychosocial factors at work as related to the presence of CVS in telemarketing operators Descriptors Telemarketing Visual fatigue Computer visual syndrome Occupational health

IacuteNDICE

1 INTRODUCcedilAtildeO 08

11 SIacuteNDROME VISUAL ASSOCIADA AO USO DO

COMPUTADOR (CVS - COMPUTER VISION

SYNDROME)

08

12 O TRABALHO EM CENTRAIS DE TELEATENDIMENTO 16

2 OBJETIVOS 23

21 GERAL 23

22 ESPECIacuteFICOS 23

3 MEacuteTODOS 24

31 TIPO DE ESTUDO 24

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO 25

33 INSTRUMENTO 25

331 Construccedilatildeo do questionaacuterio 25

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio 27

34 ANAacuteLISE DOS DADOS 28

4 RESULTADOS 32

41 CARACETERIacuteSTICAS DAS EMPRESAS E DA ATIVIDADE 32

42 CARACTERIacuteSTICAS DOS OPERADORES E DA SITUACcedilAtildeO

DE TRABALHO

34

43 PREVALEcircNCIA DE CVS ENTRE OS OPERADORES DE

TELEATENDIMENTO

42

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

44

5 DISCUSSAtildeO 53

6 CONCLUSOtildeES 64

7 REFEREcircNCIAS 65

ANEXOS 73

Anexo 1 ndash Autorizaccedilatildeo do banco de dados 73

Anexo 2 ndash Termo de responsabilidade do pesquisador 74

Anexo 3 ndash Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio 75

Anexo 4 ndash Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 76

Anexo 5 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 77

Anexo 6 - Roteiro do questionaacuterio 79

Anexo 7 - Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos

operadores de teleatendimento

90

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 SIacuteNDROME VISUAL ASSOCIADA AO USO DO COMPUTADOR

(CVS - COMPUTER VISION SYNDROME)

De acordo com SAMPAIO e HADDAD (2009) estima-se que 90 dos

casos diagnosticados de deficiecircncia visual estejam nos paiacuteses em

desenvolvimento sendo a maior parte deles evitaacutevel por meio de medidas

preventivas ou de tratamentos jaacute existentes As consequecircncias da

deficiecircncia visual envolvem decliacutenio na produtividade e no bem estar e em

custos diretos e indiretos para a sociedade

Entre os distuacuterbios visuais frequentes atualmente inclui-se a

astenopia considerada por alguns como fadiga visual O termo astenopia

de acordo com o Dictionary of Visual Science eacute geralmente utilizado para

designar quaisquer sintomas subjetivos ou desconforto relacionados ao uso

dos olhos ALVES et al (2009) consideram que astenopia inclui sintomas

como cefaleacuteia dor ao redor dos olhos ou acima dos olhos cansaccedilo e

desconforto ocular Os autores consideram ainda que a intensidade e a

frequecircncia dos sinais e sintomas variam e dependem de certos fatores tais

como a magnitude e tipo do erro refrativo a integridade do sistema visual

binocular e a natureza da demanda da visatildeo inclusive no trabalho

Ao lado disso a fadiga visual eacute um dos distuacuterbios oculares que vem

9

sendo estudados atualmente em razatildeo de sua alta prevalecircncia mundial e

por ser cada vez mais frequente em determinadas profissotildees (THOMSON

1998 ZIEFLE 1998 ACOSTA et al 1999 TRAVERS e STANTON 2002

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO 2004 YE et al 2007ab) entre elas a dos

profissionais que trabalham com computador

A ocorrecircncia da fadiga visual em profissionais que utilizam o

computador foi inicialmente descrita em 1982 por ELIAS e CAIL que a

conceituavam como uma modificaccedilatildeo funcional por contraccedilotildees excessivas e

prolongadas dos muacutesculos ciliares do olho com o objetivo de obter uma

focalizaccedilatildeo fina dos objetos Segundo FERGUSON et al (1974) a principal

causa de fadiga visual eacute a vulnerabilidade do sistema de focalizaccedilatildeo da

imagem e dos muacutesculos que controlam os movimentos de fixaccedilatildeo ocular

Alguns autores tecircm definido a fadiga visual associada ao trabalho com

computador como Computer Vision Syndrome (CVS - Siacutendrome Visual

Associada ao uso de Computador) Segundo BLEHM et al (2005) a CVS

pode ser caracterizada pela presenccedila de um ou mais sintomas oculares

(cansaccedilo nas vistas fadiga ocular sensaccedilatildeo de queimaccedilatildeo irritaccedilatildeo ocular

ldquovermelhidatildeordquo ldquovisatildeo borradardquo e ldquoolhos secosrdquo entre outros) como resultado

do uso de monitor de computador

As causas fisiopatoloacutegicas potenciais da CVS foram agrupadas por

BLEHM et al (2005) em trecircs conjuntos de sintomas

a) distuacuterbios oculares dor local sensaccedilatildeo de ardecircncia sensaccedilatildeo de

ldquoqueimaccedilatildeordquo modificaccedilotildees na frequecircncia do piscar lacrimejamento

excessivo e o conhecido ldquoolho secordquo

10

b) distuacuterbios visuais fotossensibilidade dificuldade em focalizar

(visatildeo turva) diplopia (visatildeo dupla) persistecircncia anormal de poacutes imagem e a

instabilidade da imagem na sua definiccedilatildeo oacuteptica e espacial e

c) distuacuterbios gerais cefaleacuteia enxaqueca dores lombares eou

cervicais espasmos musculares nas regiotildees do pescoccedilo e dos ombros

sendo estes uacuteltimos necessariamente acompanhados dos achados oculares

As causas conhecidas da CVS foram classificadas por BLEHM et al

(2005) em fatores intriacutensecos extriacutensecos ambientais e extriacutensecos

oculares Nos fatores intriacutensecos predominam as causas de origem muscular

da fadiga visual ou seja aquelas relacionadas ao mecanismo de

acomodaccedilatildeo do olho BRUNO e CARVALHO (2007) relatam que o termo

acomodaccedilatildeo foi introduzido por Burow em 1841

A funccedilatildeo oacuteptica do olho eacute formar uma imagem niacutetida na retina Um

olho emeacutetrope quando fixa um objeto no infinito tem a sua imagem

focalizada sobre a retina O fenocircmeno de acomodaccedilatildeo corresponde agrave

capacidade de aumentar o poder de refraccedilatildeo do olho a fim de realizar a

completa formaccedilatildeo da imagem na retina com correspondecircncia cerebral

Quando o objeto se desloca do infinito em direccedilatildeo ao olho a imagem

retiniana sofre um deslocamento para traacutes havendo necessidade entatildeo de

um mecanismo de ajuste denominado acomodaccedilatildeo Esse mecanismo

envolve estruturas oculares tais como a cacircmara anterior a pupila o

cristalino a zocircnula o muacutesculo ciliar e os processos ciliares (BRUNO E

CARVALHO 2007)

11

Segundo os autores quando o olho estaacute acomodando aleacutem das

mudanccedilas no cristalino e no sistema zonular o olho simultaneamente

converge e a pupila se contrai Estes fatos ajudam na obtenccedilatildeo de uma

visatildeo niacutetida de objetos que se encontram proacuteximos ao indiviacuteduo e satildeo

conhecidos como resposta proacutexima Ao focalizar um objeto no infinito o olho

encontra-se no estado conhecido como desacomodado ou natildeo acomodado

e caso esteja focalizando um objeto na zona de acomodaccedilatildeo eacute

denominado acomodado

Assim os autores consideram que o mecanismo de acomodaccedilatildeo se

realiza de maneira gradual e proporcional agrave distacircncia do ponto focalizado Eacute

modulado como um sistema realimentado que opera de maneira a aumentar

o contraste luminoso da imagem na retina Natildeo haacute apenas um uacutenico

estiacutemulo e nem um que seja o mais importante Tamanho do objeto

distacircncia borratildeo (contraste da imagem) aberraccedilatildeo cromaacutetica oscilaccedilatildeo da

acomodaccedilatildeo movimentos de varreduras dos olhos e outros fenocircmenos

visuais podem ser responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo da resposta acomodativa

apropriada do olho

Entre as teorias que explicam a acomodaccedilatildeo a de Helmholtz

elaborada no seacuteculo XIX e publicada em 1909 eacute a mais difundida e mais

aceita atualmente Segundo este autor o corpo ciliar eacute ativo durante a

acomodaccedilatildeo (BRUNO e CARVALHO 2007)

Os erros refracionais tambeacutem conhecidos como ametropias tais

como miopia astigmatismo hipermetropia e presbiopia presentes em cada

indiviacuteduo interferem de forma direta e incisiva nos sinais e sintomas

12

caracteriacutesticos da fadiga visual quando natildeo se encontram corrigidas ou

quando estatildeo corrigidas de maneira indevida (hipocorrigidos ou

hipercorrigidos) seja atraveacutes dos oacuteculos seja atraveacutes de lentes de contato

Haacute ainda aqueles relacionados agrave presenccedila de alteraccedilotildees oacuteculo-motoras do

grupo das forias

Os fatores extriacutensecos ambientais incluem iluminamento condiccedilotildees

do ambiente e do posto de trabalho A iluminaccedilatildeo no local de trabalho pode

ser natural ou artificial sendo esta uacuteltima a feita por lacircmpadas eleacutetricas que

podem ser fluorescentes incandescentes de mercuacuterio de soacutedio etc

(BREVIGLIERO et al 2006) Estes autores conceituam iluminamento como

a densidade de fluxo luminoso sobre uma superfiacutecie expresso em lux (lx)

Um lux corresponde a um luacutemen distribuiacutedo numa superfiacutecie de 1 msup2

De acordo com a Portaria nordm 3214 de 08 de junho de 1978 em sua

Norma Regulamentadora (NR) nordm 17 item 1753 a avaliaccedilatildeo deve ser

realizada usando-se um luxiacutemetro com fotoceacutelula corrigida para a

sensibilidade do olho humano e em funccedilatildeo do acircngulo de incidecircncia Para

avaliaccedilatildeo do niacutevel de iluminamento adota-se o criteacuterio de mediccedilatildeo ponto a

ponto nos locais de trabalho e a comparaccedilatildeo com o miacutenimo estabelecido em

lux para cada tipo de atividade como disposto na NR-17 e na NBR-5413 da

ABNT (1992) O iluminamento pode ser inadequado tanto quando se

encontra em niacuteveis abaixo do necessaacuterio para execuccedilatildeo de determinadas

tarefas como quando o ultrapassa levando ao fenocircmeno de ofuscamento

Designa-se por ofuscamento uma condiccedilatildeo de visatildeo na qual haacute um

desconforto ou uma reduccedilatildeo da capacidade de distinguir objetos ou ambos

13

devido a uma distribuiccedilatildeo desfavoraacutevel das luminacircncias ou a luminacircncias

elevadas ou a contrastes excessivos no espaccedilo ou no tempo

(BREVIGLIERO et al 2006)

PICCOLI et al (2004) observaram que a avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de

iluminaccedilatildeo no local de trabalho tem sido focada na mediccedilatildeo do niacutevel de

iluminamento O valor da mediccedilatildeo do iluminamento no campo visual de

trabalho deve ser consistente com a anatomia e a fisiologia oculares

requisitadas na execuccedilatildeo da tarefa e pode ser utilizado como parte da

avaliaccedilatildeo de risco para possiacuteveis distuacuterbios visuais aleacutem de estabelecer o

niacutevel de iluminamento mais adequado nas estaccedilotildees de trabalho

As maacutes condiccedilotildees do local de trabalho estatildeo relacionadas agrave presenccedila

de poeira excessiva ao ar seco secundaacuterio ao uso indevido de

condicionadores de ar que pode levar agrave maior sensibilizaccedilatildeo da coacuternea e

das glacircndulas presentes nas paacutelpebras e consequentemente agrave diminuiccedilatildeo

da produccedilatildeo da laacutegrima Acrescente-se ainda a estrutura e o posicionamento

da cadeira de trabalho que podem levar a dores na coluna vertebral quando

inadequados e que podem ser associados agrave fadiga visual o horaacuterio e

duraccedilatildeo do trabalho principalmente quando em turnos noturnos ou diurnos

com duraccedilatildeo acima da sexta hora trabalhada a qualidade da tela do monitor

e a falta de protetores para as mesmas (BLEHM et al 2005)

BLHEM et al (2005) consideram como fatores extriacutensecos oculares

a) diminuiccedilatildeo do iacutendice do piscarpestanejar b) aumento da exposiccedilatildeo da

superfiacutecie ocular c) uso de lente de contato ou medicamentos d) presenccedila

de doenccedilas sistecircmicas e ou doenccedilas oculares externas

14

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar tambeacutem foi observada por CHARPE

e KAUSHIK (2009) Estes autores relatam que ao lermos um texto em

papel piscamos 22 vezes por minuto poreacutem em frente agrave tela de um

computador reduzimos para sete vezes por minuto o nuacutemero de piscadas

YAN et al (2008) consideram que o brilho da tela do computador conduz a

uma grande alteraccedilatildeo na dinacircmica da laacutegrima o iacutendice do piscar espontacircneo

(spontaneous eye blink rate ndash SEBR) reduz-se significativamente durante o

uso do computador Os autores descrevem que o SEBR corresponde a 15-

16 piscadasminuto durante uma conversaccedilatildeo e que o mesmo diminui

durante o uso do computador para 5-6 piscadasminuto em razatildeo da alta

demanda visual e da grande concentraccedilatildeo mental que se verificam durante

esta atividade

FREUDENTHALER et al (2003) e SCHLOTE et al (2004) descrevem

ainda que temos a tendecircncia de aumentar o tamanho da abertura do olho

diante da tela do monitor o que resulta numa maior evaporaccedilatildeo da laacutegrima

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar e o aumento do tamanho da abertura do

olho podem prejudicar a troca do filme lacrimal o que pode ocasionar o

distuacuterbio conhecido como ldquoolho secordquo segundo BLEHM et al (2005)

Entre os fatores extriacutensecos oculares inclui-se o uso de lentes de

contato e uso de medicamentos O uso de lentes diminui a oxigenaccedilatildeo da

coacuternea e pode levar agrave diminuiccedilatildeo da lubrificaccedilatildeo do olho Haacute casos ainda de

mau posicionamento dessas lentes o que leva a um grande desconforto

ocular O uso de medicamentos por via oral tais como diureacuteticos anti-

histamiacutenicos psicotroacutepicos e anti-hipertensivos levam agrave diminuiccedilatildeo da

15

produccedilatildeo da laacutegrima (BLEHM et al 2005)

Entre as doenccedilas sistecircmicas siacutendromes e doenccedilas oculares externas

que satildeo consideradas como fatores extriacutensecos oculares BLEHM et al

(2005) citam a Artrite Reumatoacuteide a Siacutendrome de Sjogren e as blefarites

posteriores

PICCOLI (2003) atribui agraves modificaccedilotildees dos processos de trabalho e agrave

crescente utilizaccedilatildeo do computador o aumento progressivo das exigecircncias

de eficiecircncia visual e do uso dos componentes do sistema nervoso a isso

relacionado que coordenam os movimentos dos olhos e sua acomodaccedilatildeo

A relaccedilatildeo entre visatildeo e fatores psicossociais do trabalho eacute sugerida

pela ideacuteia de que os distuacuterbios visuais estatildeo relacionados agrave intensidade e agrave

duraccedilatildeo das exigecircncias visuais agrave situaccedilatildeo de trabalho percebida pelo

empregado e agraves caracteriacutesticas fisiopatoloacutegicas do sistema visual de cada

indiviacuteduo (PICCOLI 2003)

A Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (ILO 1986) define os fatores

psicossociais do trabalho como a interaccedilatildeo das percepccedilotildees e da experiecircncia

do trabalhador com aspectos relacionados agraves condiccedilotildees e ao ambiente de

trabalho e tambeacutem ligados ao sistema social Propotildee que sejam analisados

fatores de natureza individual como as capacidades e limitaccedilotildees do

trabalhador em relaccedilatildeo agraves exigecircncias do trabalho E inclui entre as

condiccedilotildees de trabalho a tarefa em si as condiccedilotildees fiacutesicas do posto de

trabalho as relaccedilotildees interpessoais entre colegas chefes e clientes Em

relaccedilatildeo aos fatores sociais menciona as preocupaccedilotildees do trabalhador em

relaccedilatildeo agrave famiacutelia e agrave vida pessoal elementos culturais nutriccedilatildeo condiccedilotildees

16

de transporte e habitaccedilatildeo

A preocupaccedilatildeo com as repercussotildees do trabalho sobre a visatildeo tem

crescido nos uacuteltimos anos Exemplo disso foi a criaccedilatildeo de um comitecirc

cientiacutefico especiacutefico pela Comissatildeo Internacional de Sauacutede Ocupacional

(ICOH - International Commission on Occupational Health) denominado

Comitecirc Trabalho e Visatildeo (ICOH ICWV - International Scientific Committee

on Work and Vision) A proposta do documento elaborado por este comitecirc eacute

de que os distuacuterbios oculares relacionados ao trabalho tecircm origem

multifatorial podendo estar associados agrave atividade de trabalho agraves condiccedilotildees

ambientais e agraves caracteriacutesticas oftalmoloacutegicas individuais (PICCOLI 2003)

SCHAEFER (2009) afirma que o ICOH-ICWV procura desenvolver

sistematicamente o tema com vistas a uma aproximaccedilatildeo mais racional e

completa entre trabalho e visatildeo Segundo o comitecirc os avanccedilos das

pesquisas nesta aacuterea devem proporcionar aos trabalhadores melhores

condiccedilotildees visuais nos locais de trabalho levando a uma maior qualidade no

trabalho e a atividades menos exaustivas e menos estressantes o que pode

resultar em maior produtividade

12 O TRABALHO EM CENTRAIS DE TELEATENDIMENTO

Segundo LIDA (1990) com a difusatildeo do uso dos computadores os

postos de trabalho com monitores se tornaram mais frequentes nas

17

empresas industriais e nos escritoacuterios nos uacuteltimos anos A utilizaccedilatildeo desta

tecnologia proporcionou uma grande evoluccedilatildeo e importantes melhorias na

realizaccedilatildeo das atividades profissionais dos indiviacuteduos como por exemplo o

incremento na qualidade e na produccedilatildeo e maior eficiecircncia

Nos escritoacuterios tradicionais as tarefas eram mais variadas permitindo

mudanccedilas de postura durante a jornada de trabalho No posto de trabalho

atual com o uso do computador o indiviacuteduo permanece quase estaacutetico

durante horas com a atenccedilatildeo fixa na tela do monitor e as matildeos sobre o

teclado realizando diferentes operaccedilotildees Segundo GRANDJEAN e

HUumlNTING (1997) o trabalhador se torna parte do sistema homem-maacutequina

seus movimentos e o espaccedilo de manobras satildeo limitados Esta condiccedilatildeo estaacute

frequentemente relacionada a um desenho inadequado do posto de trabalho

a problemas de iluminaccedilatildeo ou a problemas de visatildeo natildeo corrigidos ou natildeo

corretamente corrigidos para o trabalho a ser desempenhado

A utilizaccedilatildeo de computador de maneira constante eacute uma das

caracteriacutesticas dos Call Centers ou Centrais de Atendimento Telefocircnico que

podem ser definidos como uma estrutura organizacional que compreende

postos de trabalho para atendimento ao cliente por meio da utilizaccedilatildeo de um

terminal de computador e um aparelho telefocircnico (ROCHA e GLINA 2005)

As Centrais de Atendimento Telefocircnico incluem qualquer atividade por

meio de sistemas de informaccedilatildeo com o objetivo de desenvolver accedilotildees

padronizadas e contiacutenuas de marketing eou favorecer a comunicaccedilatildeo com

clientes puacuteblico em geral ou agecircncias governamentais (VILELA e

ASSUNCcedilAtildeO 2004)

18

Os serviccedilos prestados compreendem o fornecimento de informaccedilotildees

ao puacuteblico ou clientes das empresas recebimento de reclamaccedilotildees venda e

assistecircncia teacutecnica de produtos entre outros Eacute a caracteriacutestica da empresa

principal que determina o conteuacutedo do trabalho dos ldquooperadores de

telemarketingrdquo que eacute a denominaccedilatildeo usual dada aos trabalhadores nestes

serviccedilos no Brasil e adotada pela Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

(CBO) - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (BRASIL 2005)

Na Inglaterra esse tipo de atividade jaacute emprega mais funcionaacuterios

diretos do que as induacutestrias de carvatildeo accedilo e automobiliacutestica reunidas Em

uma estimativa realizada em 2002 havia cinco milhotildees de pessoas

empregadas em Call Center nos Estados Unidos e aproximadamente 15

milhatildeo na Europa (TOOMINGAS et al 2002)

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Telemarketing ndash ABT em 2009 o

Brasil ultrapassou a marca de 900 mil trabalhadores envolvidos neste setor

Para se entender a dimensatildeo da importacircncia do estudo das condiccedilotildees de

trabalho dos operadores de telemarketing instituiccedilotildees de pesquisa e

sindicatos de diversos paiacuteses da Europa como Alemanha Beacutelgica Itaacutelia e

outros criaram em 1999 um ldquoquadro de observaccedilatildeo social dos Call

Centersrdquo segundo o qual esse tipo de organizaccedilatildeo tornou-se sinocircnimo de

uma forma moderna de degradaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho

A anaacutelise das caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo do trabalho nos Call

Centers tem suscitado comparaccedilotildees com o modo de organizaccedilatildeo industrial

desenvolvido no iniacutecio do seacuteculo XX por Frederick Winslow Taylor

conhecido por ldquoAdministraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalhordquo com o objetivo de

19

maximizar a produtividade industrial pela via da ldquoracionalizaccedilatildeo do trabalhordquo

O sistema hoje tambeacutem nomeado de ldquotaylorismordquo baseava-se no

conceito de um ldquohomo economicusrdquo ou seja um trabalhador cujo principal

incentivo para trabalhar de modo eficiente seria o salaacuterio Entre os princiacutepios

que norteavam a Administraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalho estavam uma clara

separaccedilatildeo entre planejamentocontrole e a execuccedilatildeo do trabalho a

substituiccedilatildeo do criteacuterio individual do operaacuterio por um criteacuterio considerado

cientiacutefico a eliminaccedilatildeo dos tempos mortos ie improdutivos por meio da

definiccedilatildeo dos tempos meacutedios exigidos para a realizaccedilatildeo das tarefas uma

seleccedilatildeo e um treinamento meticulosos dos empregados para a realizaccedilatildeo

das tarefas (PARAGUAY 2003) A uacutenica fadiga considerada pelo taylorismo

era a fadiga fisioloacutegica (MOURA 1993 apud PARAGUAY 2003)

Segundo BUSCATTO (2002) taylorizaccedilatildeo estresse baixas

remuneraccedilotildees e precarizaccedilatildeo da matildeo de obra satildeo algumas das palavras-

chaves ligadas ao setor de telemarketing

Para VENCO (2006) o forte predomiacutenio do taylorismo indica que a

organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento encontra respaldo na

sofisticaccedilatildeo da tecnologia utilizada nesse setor da economia visto que todas

as movimentaccedilotildees realizadas nas posiccedilotildees de atendimento satildeo registradas

pelo software o nuacutemero de ligaccedilotildees feitas e recebidas o tempo de

atendimento as pausas as vendas realizadas as estatiacutesticas dos resultados

das ligaccedilotildees a indicaccedilatildeo de clientes agrave espera e o tempo excedido de

atendimento entre outros dados Aleacutem disso a tecnologia atua ainda por

meio de um equipamento multifuncional que eacute fundamental para a

20

racionalizaccedilatildeo do trabalho e o aumento da produtividade conhecido como

DAC esse equipamento distribui automaticamente as ligaccedilotildees recebidas

entre os operadores haacute mais tempo ociosos e grava na iacutentegra todos os

atendimentos

Para READ (2001) do ponto de vista da sauacutede o ambiente dos

centros de teleatendimento eacute considerado de meacutedio a alto risco sendo as

principais queixas dores de cabeccedila no pescoccedilo nos membros superiores e

em menor escala nas costas e nos membros inferiores aleacutem de tensatildeo e

fadiga visuais

Do que foi exposto pode-se afirmar que as condiccedilotildees adversas de

trabalho no setor de teleatendimento envolvem problemas relativos agraves

condiccedilotildees e agrave organizaccedilatildeo do trabalho

Para explicar o estresse no trabalho e as repercussotildees na sauacutede do

trabalhador GLINA (2010) cita o modelo de KARASEK e THEORELL (1990)

segundo o qual as caracteriacutesticas do trabalho podem natildeo estar associadas

de forma linear agrave sauacutede do trabalhador mas podem combinar-se

interativamente em relaccedilatildeo agrave sauacutede

Em outras palavras o modelo de anaacutelise formulado por KARASEK e

THEORELL (1990) conhecido como modelo Demanda-Controle pressupotildee

que o estresse ocupacional pode levar agrave doenccedila natildeo pela somatoacuteria de um

conjunto de diversas situaccedilotildees de conflito mas pela relaccedilatildeo entre as

tensotildees geradas pelas exigecircncias do trabalho e a capacidade do trabalhador

em dirimir esse niacutevel de tensatildeo principalmente a partir de suas

possibilidades de tomada de decisotildees e controle sobre o proacuteprio trabalho

21

GLINA (2010) explica ainda que o modelo proposto por eles envolve

uma abordagem tridimensional contemplando os seguintes aspectos

demanda controle e apoio social De acordo com ARAUacuteJO (2010) o

modelo estabelece a partir de combinaccedilatildeo de diferentes niacuteveis de controle e

demanda quatro tipos baacutesicos de experiecircncias no trabalho alta exigecircncia do

trabalho (caracterizada por situaccedilatildeo de trabalho com alta demanda e baixo

controle) trabalho ativo (situaccedilatildeo de alta demanda e alto controle) trabalho

passivo (baixa demanda e baixo controle) e baixa exigecircncia (combinando

baixa demanda e alto controle)

Segundo o modelo citado ndash um dos mais utilizados em todo o mundo

para a avaliaccedilatildeo do estresse no trabalho ndash as piores condiccedilotildees estatildeo

presentes nas situaccedilotildees de trabalho ldquode alta exigecircnciardquo ao mesmo tempo

em que impotildeem ao trabalhador altas exigecircncias (percebidas por ele como

pressotildees psicoloacutegicas) impedem-no de responder com liberdade a essas

mesmas exigecircncias

Para estudarmos os fatores psicossociais relacionados ao trabalho

utilizamos o questionaacuterio sobre Estresse no Trabalho formulado por

KOMPIER e LEVI (1995) com base no modelo Demanta-Controle Segundo

GALASSO (2005) que utilizou o mesmo instrumento para estudar

operadores de uma Central de Atendimento de Serviccedilo de Sauacutede o referido

questionaacuterio requer o conhecimento da percepccedilatildeodefiniccedilatildeo dos sujeitos

sobre as caracteriacutesticas do trabalho compreendendo inclusive as exigecircncias

(pressotildees psicoloacutegicas) que pesam sobre eles e o grau de controle que

percebem ter sobre o proacuteprio trabalho

22

No Brasil existem estudos sobre sintomas osteomusculares entre os

operadores de teleatendimento de empresas de diferentes ramos de

atividade econocircmica (FERREIRA Jr et al 1997 FERREIRA Jr e SALDIVA

2002 ROCHA et al 2005) Poreacutem natildeo foram encontrados estudos sobre a

prevalecircncia de CVS nestes operadores

23

2 OBJETIVOS

21 GERAL

Estimar a prevalecircncia de CVS (Siacutendrome Visual Associada ao uso

de Computador) entre operadores de duas centrais de

atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

22 ESPECIacuteFICOS

Caracterizar a distribuiccedilatildeo da ocorrecircncia de CVS entre os

operadores das Centrais de Atendimento Telefocircnico segundo as

caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico historia ocupacional situaccedilatildeo de trabalho

fatores de satisfaccedilatildeo durante o trabalho e aspectos psicossociais

do trabalho

Verificar as associaccedilotildees existentes entre os casos definidos como

CVS e as variaacuteveis independentes estudadas

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 2: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

Fatores de risco para a siacutendrome visual associada ao

uso do computador em operadores de duas centrais

de teleatendimento em Satildeo Paulo Brasil

Eduardo Costa Saacute

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-

Graduaccedilatildeo em Sauacutede Puacuteblica para obtenccedilatildeo do

tiacutetulo de Mestre em Sauacutede Puacuteblica

Aacuterea de concentraccedilatildeo Sauacutede Ambiental

Orientadora Profa Dra Lys Esther Rocha

Satildeo Paulo

2010

DEDICATOacuteRIA

Aos meus pais que despertaram em mim a

paixatildeo pela arte de transmitir o conhecimento

AGRADECIMENTOS

Agrave Profa Dra Lys Esther Rocha que me

transmite diariamente a melhor forma de

acreditar em Deus e o verdadeiro significado

da palavra humildade

Aos todos os professores e colaboradores do

Curso de Especializaccedilatildeo em Medicina do

Trabalho do Departamento de Medicina

Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo pelo conviacutevio e

aprendizado

Agrave amiga Elisabeth Oyakawa

RESUMO

Saacute EC Fatores de risco para a siacutendrome visual associada ao uso do computador em operadores de duas centrais de teleatendimento em Satildeo Paulo Brasil [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2010 A siacutendrome visual associada ao uso do computador (CVS) eacute um dos distuacuterbios oculares que vem sendo estudado atualmente por sua alta prevalecircncia mundial e por ser cada vez mais frequente em determinadas profissotildees O objetivo deste estudo eacute estimar a prevalecircncia desta siacutendrome entre operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo (n= 476) atraveacutes de uma pesquisa quantitativa de estudo observacional transversal com o uso de um questionaacuterio estruturado As questotildees foram divididas em soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho fatores de satisfaccedilatildeo fatores de incocircmodo no trabalho e fatores psicossociais relacionados ao trabalho A definiccedilatildeo de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al (2005) ou seja pela presenccedila de um ou mais sintomas oculares especiacuteficos verificados com frequecircncia maior ou igual agrave alternativa ldquoagraves vezesrdquo A anaacutelise estatiacutestica foi realizada a partir do estudo das frequecircncias absolutas e relativas e verificada a associaccedilatildeo atraveacutes do teste do chi-quadrado Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis descritivos inferiores a 5 (p lt 005) Os sintomas referidos foram cansaccedilo nas vistas (739) ldquopesordquo nos olhos (682) ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos (546) lacrimejamento (439) e enfraquecimento da visatildeo (435) A prevalecircncia da CVS foi de 546 entre os operadores estudados Foi verificada ainda associaccedilatildeo entre ser mulher (OR 26 IC95 16-41) falta de reconhecimento no trabalho (OR 14 IC95 11-18) organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento (OR 14 IC95 11-17) e demanda de trabalho (OR 11 IC95 10-13) Neste estudo concluiu-se pela importacircncia das caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo e dos fatores psicossociais no trabalho como associados agrave presenccedila de CVS nos operadores de teleatendimento

Descritores Telemarketing Fadiga visual Fatores de risco Sauacutede do trabalhador

ABSTRACT

Saacute EC Fatores de risco para a siacutendrome visual associada ao uso do computador em operadores de duas centrais de teleatendimento em Satildeo Paulo Brasil [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2010

The visual syndrome associated with computer use (CVS) is an eye disorder that is currently being studied for its high prevalence worldwide and is becoming increasingly common in some professions This study aimed to estimate the prevalence of this syndrome among operators from two call centers located in Satildeo Paulo (n = 476) A quantitative cross-sectional observational study was performed by means of a questionnaire containing questions about socio-demographics lifestyle habits occupational history work status satisfaction factors discomfort factors at work and psychosocial factors related to work The case definition was based on the concept of Computer Vision Syndrome from Blehm (2005) ie the presence of one or more ocular specific symptoms occurring in a frequency greater than or equal to sometimes Statistical analysis was performed for absolute and relative frequencies and examined the association by chi-square The variables that showed p lt 020 or which were described in the explanation of eye disorders were included in multiple regression analysis In the final model remained variables that showed descriptive levels below 5 (p lt 005) The symptoms reported were visual fatigue (739) ldquoheavinessrdquo in the eyes (682) ldquoburningrdquo eyes (546) tearing (439) and vision impairment (435) The prevalence of CVS among operators was 546 Other associations found were being female (OR 26 95 CI 16-41) lack of recognition during work (OR 14 95 CI 11 to 18) organization of work in telemarketing (OR 14 95 CI 11 to 17) and work demands (OR 11 95 CI 10 to 13)This study showed the importance of organizational characteristics and psychosocial factors at work as related to the presence of CVS in telemarketing operators Descriptors Telemarketing Visual fatigue Computer visual syndrome Occupational health

IacuteNDICE

1 INTRODUCcedilAtildeO 08

11 SIacuteNDROME VISUAL ASSOCIADA AO USO DO

COMPUTADOR (CVS - COMPUTER VISION

SYNDROME)

08

12 O TRABALHO EM CENTRAIS DE TELEATENDIMENTO 16

2 OBJETIVOS 23

21 GERAL 23

22 ESPECIacuteFICOS 23

3 MEacuteTODOS 24

31 TIPO DE ESTUDO 24

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO 25

33 INSTRUMENTO 25

331 Construccedilatildeo do questionaacuterio 25

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio 27

34 ANAacuteLISE DOS DADOS 28

4 RESULTADOS 32

41 CARACETERIacuteSTICAS DAS EMPRESAS E DA ATIVIDADE 32

42 CARACTERIacuteSTICAS DOS OPERADORES E DA SITUACcedilAtildeO

DE TRABALHO

34

43 PREVALEcircNCIA DE CVS ENTRE OS OPERADORES DE

TELEATENDIMENTO

42

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

44

5 DISCUSSAtildeO 53

6 CONCLUSOtildeES 64

7 REFEREcircNCIAS 65

ANEXOS 73

Anexo 1 ndash Autorizaccedilatildeo do banco de dados 73

Anexo 2 ndash Termo de responsabilidade do pesquisador 74

Anexo 3 ndash Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio 75

Anexo 4 ndash Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 76

Anexo 5 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 77

Anexo 6 - Roteiro do questionaacuterio 79

Anexo 7 - Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos

operadores de teleatendimento

90

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 SIacuteNDROME VISUAL ASSOCIADA AO USO DO COMPUTADOR

(CVS - COMPUTER VISION SYNDROME)

De acordo com SAMPAIO e HADDAD (2009) estima-se que 90 dos

casos diagnosticados de deficiecircncia visual estejam nos paiacuteses em

desenvolvimento sendo a maior parte deles evitaacutevel por meio de medidas

preventivas ou de tratamentos jaacute existentes As consequecircncias da

deficiecircncia visual envolvem decliacutenio na produtividade e no bem estar e em

custos diretos e indiretos para a sociedade

Entre os distuacuterbios visuais frequentes atualmente inclui-se a

astenopia considerada por alguns como fadiga visual O termo astenopia

de acordo com o Dictionary of Visual Science eacute geralmente utilizado para

designar quaisquer sintomas subjetivos ou desconforto relacionados ao uso

dos olhos ALVES et al (2009) consideram que astenopia inclui sintomas

como cefaleacuteia dor ao redor dos olhos ou acima dos olhos cansaccedilo e

desconforto ocular Os autores consideram ainda que a intensidade e a

frequecircncia dos sinais e sintomas variam e dependem de certos fatores tais

como a magnitude e tipo do erro refrativo a integridade do sistema visual

binocular e a natureza da demanda da visatildeo inclusive no trabalho

Ao lado disso a fadiga visual eacute um dos distuacuterbios oculares que vem

9

sendo estudados atualmente em razatildeo de sua alta prevalecircncia mundial e

por ser cada vez mais frequente em determinadas profissotildees (THOMSON

1998 ZIEFLE 1998 ACOSTA et al 1999 TRAVERS e STANTON 2002

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO 2004 YE et al 2007ab) entre elas a dos

profissionais que trabalham com computador

A ocorrecircncia da fadiga visual em profissionais que utilizam o

computador foi inicialmente descrita em 1982 por ELIAS e CAIL que a

conceituavam como uma modificaccedilatildeo funcional por contraccedilotildees excessivas e

prolongadas dos muacutesculos ciliares do olho com o objetivo de obter uma

focalizaccedilatildeo fina dos objetos Segundo FERGUSON et al (1974) a principal

causa de fadiga visual eacute a vulnerabilidade do sistema de focalizaccedilatildeo da

imagem e dos muacutesculos que controlam os movimentos de fixaccedilatildeo ocular

Alguns autores tecircm definido a fadiga visual associada ao trabalho com

computador como Computer Vision Syndrome (CVS - Siacutendrome Visual

Associada ao uso de Computador) Segundo BLEHM et al (2005) a CVS

pode ser caracterizada pela presenccedila de um ou mais sintomas oculares

(cansaccedilo nas vistas fadiga ocular sensaccedilatildeo de queimaccedilatildeo irritaccedilatildeo ocular

ldquovermelhidatildeordquo ldquovisatildeo borradardquo e ldquoolhos secosrdquo entre outros) como resultado

do uso de monitor de computador

As causas fisiopatoloacutegicas potenciais da CVS foram agrupadas por

BLEHM et al (2005) em trecircs conjuntos de sintomas

a) distuacuterbios oculares dor local sensaccedilatildeo de ardecircncia sensaccedilatildeo de

ldquoqueimaccedilatildeordquo modificaccedilotildees na frequecircncia do piscar lacrimejamento

excessivo e o conhecido ldquoolho secordquo

10

b) distuacuterbios visuais fotossensibilidade dificuldade em focalizar

(visatildeo turva) diplopia (visatildeo dupla) persistecircncia anormal de poacutes imagem e a

instabilidade da imagem na sua definiccedilatildeo oacuteptica e espacial e

c) distuacuterbios gerais cefaleacuteia enxaqueca dores lombares eou

cervicais espasmos musculares nas regiotildees do pescoccedilo e dos ombros

sendo estes uacuteltimos necessariamente acompanhados dos achados oculares

As causas conhecidas da CVS foram classificadas por BLEHM et al

(2005) em fatores intriacutensecos extriacutensecos ambientais e extriacutensecos

oculares Nos fatores intriacutensecos predominam as causas de origem muscular

da fadiga visual ou seja aquelas relacionadas ao mecanismo de

acomodaccedilatildeo do olho BRUNO e CARVALHO (2007) relatam que o termo

acomodaccedilatildeo foi introduzido por Burow em 1841

A funccedilatildeo oacuteptica do olho eacute formar uma imagem niacutetida na retina Um

olho emeacutetrope quando fixa um objeto no infinito tem a sua imagem

focalizada sobre a retina O fenocircmeno de acomodaccedilatildeo corresponde agrave

capacidade de aumentar o poder de refraccedilatildeo do olho a fim de realizar a

completa formaccedilatildeo da imagem na retina com correspondecircncia cerebral

Quando o objeto se desloca do infinito em direccedilatildeo ao olho a imagem

retiniana sofre um deslocamento para traacutes havendo necessidade entatildeo de

um mecanismo de ajuste denominado acomodaccedilatildeo Esse mecanismo

envolve estruturas oculares tais como a cacircmara anterior a pupila o

cristalino a zocircnula o muacutesculo ciliar e os processos ciliares (BRUNO E

CARVALHO 2007)

11

Segundo os autores quando o olho estaacute acomodando aleacutem das

mudanccedilas no cristalino e no sistema zonular o olho simultaneamente

converge e a pupila se contrai Estes fatos ajudam na obtenccedilatildeo de uma

visatildeo niacutetida de objetos que se encontram proacuteximos ao indiviacuteduo e satildeo

conhecidos como resposta proacutexima Ao focalizar um objeto no infinito o olho

encontra-se no estado conhecido como desacomodado ou natildeo acomodado

e caso esteja focalizando um objeto na zona de acomodaccedilatildeo eacute

denominado acomodado

Assim os autores consideram que o mecanismo de acomodaccedilatildeo se

realiza de maneira gradual e proporcional agrave distacircncia do ponto focalizado Eacute

modulado como um sistema realimentado que opera de maneira a aumentar

o contraste luminoso da imagem na retina Natildeo haacute apenas um uacutenico

estiacutemulo e nem um que seja o mais importante Tamanho do objeto

distacircncia borratildeo (contraste da imagem) aberraccedilatildeo cromaacutetica oscilaccedilatildeo da

acomodaccedilatildeo movimentos de varreduras dos olhos e outros fenocircmenos

visuais podem ser responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo da resposta acomodativa

apropriada do olho

Entre as teorias que explicam a acomodaccedilatildeo a de Helmholtz

elaborada no seacuteculo XIX e publicada em 1909 eacute a mais difundida e mais

aceita atualmente Segundo este autor o corpo ciliar eacute ativo durante a

acomodaccedilatildeo (BRUNO e CARVALHO 2007)

Os erros refracionais tambeacutem conhecidos como ametropias tais

como miopia astigmatismo hipermetropia e presbiopia presentes em cada

indiviacuteduo interferem de forma direta e incisiva nos sinais e sintomas

12

caracteriacutesticos da fadiga visual quando natildeo se encontram corrigidas ou

quando estatildeo corrigidas de maneira indevida (hipocorrigidos ou

hipercorrigidos) seja atraveacutes dos oacuteculos seja atraveacutes de lentes de contato

Haacute ainda aqueles relacionados agrave presenccedila de alteraccedilotildees oacuteculo-motoras do

grupo das forias

Os fatores extriacutensecos ambientais incluem iluminamento condiccedilotildees

do ambiente e do posto de trabalho A iluminaccedilatildeo no local de trabalho pode

ser natural ou artificial sendo esta uacuteltima a feita por lacircmpadas eleacutetricas que

podem ser fluorescentes incandescentes de mercuacuterio de soacutedio etc

(BREVIGLIERO et al 2006) Estes autores conceituam iluminamento como

a densidade de fluxo luminoso sobre uma superfiacutecie expresso em lux (lx)

Um lux corresponde a um luacutemen distribuiacutedo numa superfiacutecie de 1 msup2

De acordo com a Portaria nordm 3214 de 08 de junho de 1978 em sua

Norma Regulamentadora (NR) nordm 17 item 1753 a avaliaccedilatildeo deve ser

realizada usando-se um luxiacutemetro com fotoceacutelula corrigida para a

sensibilidade do olho humano e em funccedilatildeo do acircngulo de incidecircncia Para

avaliaccedilatildeo do niacutevel de iluminamento adota-se o criteacuterio de mediccedilatildeo ponto a

ponto nos locais de trabalho e a comparaccedilatildeo com o miacutenimo estabelecido em

lux para cada tipo de atividade como disposto na NR-17 e na NBR-5413 da

ABNT (1992) O iluminamento pode ser inadequado tanto quando se

encontra em niacuteveis abaixo do necessaacuterio para execuccedilatildeo de determinadas

tarefas como quando o ultrapassa levando ao fenocircmeno de ofuscamento

Designa-se por ofuscamento uma condiccedilatildeo de visatildeo na qual haacute um

desconforto ou uma reduccedilatildeo da capacidade de distinguir objetos ou ambos

13

devido a uma distribuiccedilatildeo desfavoraacutevel das luminacircncias ou a luminacircncias

elevadas ou a contrastes excessivos no espaccedilo ou no tempo

(BREVIGLIERO et al 2006)

PICCOLI et al (2004) observaram que a avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de

iluminaccedilatildeo no local de trabalho tem sido focada na mediccedilatildeo do niacutevel de

iluminamento O valor da mediccedilatildeo do iluminamento no campo visual de

trabalho deve ser consistente com a anatomia e a fisiologia oculares

requisitadas na execuccedilatildeo da tarefa e pode ser utilizado como parte da

avaliaccedilatildeo de risco para possiacuteveis distuacuterbios visuais aleacutem de estabelecer o

niacutevel de iluminamento mais adequado nas estaccedilotildees de trabalho

As maacutes condiccedilotildees do local de trabalho estatildeo relacionadas agrave presenccedila

de poeira excessiva ao ar seco secundaacuterio ao uso indevido de

condicionadores de ar que pode levar agrave maior sensibilizaccedilatildeo da coacuternea e

das glacircndulas presentes nas paacutelpebras e consequentemente agrave diminuiccedilatildeo

da produccedilatildeo da laacutegrima Acrescente-se ainda a estrutura e o posicionamento

da cadeira de trabalho que podem levar a dores na coluna vertebral quando

inadequados e que podem ser associados agrave fadiga visual o horaacuterio e

duraccedilatildeo do trabalho principalmente quando em turnos noturnos ou diurnos

com duraccedilatildeo acima da sexta hora trabalhada a qualidade da tela do monitor

e a falta de protetores para as mesmas (BLEHM et al 2005)

BLHEM et al (2005) consideram como fatores extriacutensecos oculares

a) diminuiccedilatildeo do iacutendice do piscarpestanejar b) aumento da exposiccedilatildeo da

superfiacutecie ocular c) uso de lente de contato ou medicamentos d) presenccedila

de doenccedilas sistecircmicas e ou doenccedilas oculares externas

14

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar tambeacutem foi observada por CHARPE

e KAUSHIK (2009) Estes autores relatam que ao lermos um texto em

papel piscamos 22 vezes por minuto poreacutem em frente agrave tela de um

computador reduzimos para sete vezes por minuto o nuacutemero de piscadas

YAN et al (2008) consideram que o brilho da tela do computador conduz a

uma grande alteraccedilatildeo na dinacircmica da laacutegrima o iacutendice do piscar espontacircneo

(spontaneous eye blink rate ndash SEBR) reduz-se significativamente durante o

uso do computador Os autores descrevem que o SEBR corresponde a 15-

16 piscadasminuto durante uma conversaccedilatildeo e que o mesmo diminui

durante o uso do computador para 5-6 piscadasminuto em razatildeo da alta

demanda visual e da grande concentraccedilatildeo mental que se verificam durante

esta atividade

FREUDENTHALER et al (2003) e SCHLOTE et al (2004) descrevem

ainda que temos a tendecircncia de aumentar o tamanho da abertura do olho

diante da tela do monitor o que resulta numa maior evaporaccedilatildeo da laacutegrima

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar e o aumento do tamanho da abertura do

olho podem prejudicar a troca do filme lacrimal o que pode ocasionar o

distuacuterbio conhecido como ldquoolho secordquo segundo BLEHM et al (2005)

Entre os fatores extriacutensecos oculares inclui-se o uso de lentes de

contato e uso de medicamentos O uso de lentes diminui a oxigenaccedilatildeo da

coacuternea e pode levar agrave diminuiccedilatildeo da lubrificaccedilatildeo do olho Haacute casos ainda de

mau posicionamento dessas lentes o que leva a um grande desconforto

ocular O uso de medicamentos por via oral tais como diureacuteticos anti-

histamiacutenicos psicotroacutepicos e anti-hipertensivos levam agrave diminuiccedilatildeo da

15

produccedilatildeo da laacutegrima (BLEHM et al 2005)

Entre as doenccedilas sistecircmicas siacutendromes e doenccedilas oculares externas

que satildeo consideradas como fatores extriacutensecos oculares BLEHM et al

(2005) citam a Artrite Reumatoacuteide a Siacutendrome de Sjogren e as blefarites

posteriores

PICCOLI (2003) atribui agraves modificaccedilotildees dos processos de trabalho e agrave

crescente utilizaccedilatildeo do computador o aumento progressivo das exigecircncias

de eficiecircncia visual e do uso dos componentes do sistema nervoso a isso

relacionado que coordenam os movimentos dos olhos e sua acomodaccedilatildeo

A relaccedilatildeo entre visatildeo e fatores psicossociais do trabalho eacute sugerida

pela ideacuteia de que os distuacuterbios visuais estatildeo relacionados agrave intensidade e agrave

duraccedilatildeo das exigecircncias visuais agrave situaccedilatildeo de trabalho percebida pelo

empregado e agraves caracteriacutesticas fisiopatoloacutegicas do sistema visual de cada

indiviacuteduo (PICCOLI 2003)

A Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (ILO 1986) define os fatores

psicossociais do trabalho como a interaccedilatildeo das percepccedilotildees e da experiecircncia

do trabalhador com aspectos relacionados agraves condiccedilotildees e ao ambiente de

trabalho e tambeacutem ligados ao sistema social Propotildee que sejam analisados

fatores de natureza individual como as capacidades e limitaccedilotildees do

trabalhador em relaccedilatildeo agraves exigecircncias do trabalho E inclui entre as

condiccedilotildees de trabalho a tarefa em si as condiccedilotildees fiacutesicas do posto de

trabalho as relaccedilotildees interpessoais entre colegas chefes e clientes Em

relaccedilatildeo aos fatores sociais menciona as preocupaccedilotildees do trabalhador em

relaccedilatildeo agrave famiacutelia e agrave vida pessoal elementos culturais nutriccedilatildeo condiccedilotildees

16

de transporte e habitaccedilatildeo

A preocupaccedilatildeo com as repercussotildees do trabalho sobre a visatildeo tem

crescido nos uacuteltimos anos Exemplo disso foi a criaccedilatildeo de um comitecirc

cientiacutefico especiacutefico pela Comissatildeo Internacional de Sauacutede Ocupacional

(ICOH - International Commission on Occupational Health) denominado

Comitecirc Trabalho e Visatildeo (ICOH ICWV - International Scientific Committee

on Work and Vision) A proposta do documento elaborado por este comitecirc eacute

de que os distuacuterbios oculares relacionados ao trabalho tecircm origem

multifatorial podendo estar associados agrave atividade de trabalho agraves condiccedilotildees

ambientais e agraves caracteriacutesticas oftalmoloacutegicas individuais (PICCOLI 2003)

SCHAEFER (2009) afirma que o ICOH-ICWV procura desenvolver

sistematicamente o tema com vistas a uma aproximaccedilatildeo mais racional e

completa entre trabalho e visatildeo Segundo o comitecirc os avanccedilos das

pesquisas nesta aacuterea devem proporcionar aos trabalhadores melhores

condiccedilotildees visuais nos locais de trabalho levando a uma maior qualidade no

trabalho e a atividades menos exaustivas e menos estressantes o que pode

resultar em maior produtividade

12 O TRABALHO EM CENTRAIS DE TELEATENDIMENTO

Segundo LIDA (1990) com a difusatildeo do uso dos computadores os

postos de trabalho com monitores se tornaram mais frequentes nas

17

empresas industriais e nos escritoacuterios nos uacuteltimos anos A utilizaccedilatildeo desta

tecnologia proporcionou uma grande evoluccedilatildeo e importantes melhorias na

realizaccedilatildeo das atividades profissionais dos indiviacuteduos como por exemplo o

incremento na qualidade e na produccedilatildeo e maior eficiecircncia

Nos escritoacuterios tradicionais as tarefas eram mais variadas permitindo

mudanccedilas de postura durante a jornada de trabalho No posto de trabalho

atual com o uso do computador o indiviacuteduo permanece quase estaacutetico

durante horas com a atenccedilatildeo fixa na tela do monitor e as matildeos sobre o

teclado realizando diferentes operaccedilotildees Segundo GRANDJEAN e

HUumlNTING (1997) o trabalhador se torna parte do sistema homem-maacutequina

seus movimentos e o espaccedilo de manobras satildeo limitados Esta condiccedilatildeo estaacute

frequentemente relacionada a um desenho inadequado do posto de trabalho

a problemas de iluminaccedilatildeo ou a problemas de visatildeo natildeo corrigidos ou natildeo

corretamente corrigidos para o trabalho a ser desempenhado

A utilizaccedilatildeo de computador de maneira constante eacute uma das

caracteriacutesticas dos Call Centers ou Centrais de Atendimento Telefocircnico que

podem ser definidos como uma estrutura organizacional que compreende

postos de trabalho para atendimento ao cliente por meio da utilizaccedilatildeo de um

terminal de computador e um aparelho telefocircnico (ROCHA e GLINA 2005)

As Centrais de Atendimento Telefocircnico incluem qualquer atividade por

meio de sistemas de informaccedilatildeo com o objetivo de desenvolver accedilotildees

padronizadas e contiacutenuas de marketing eou favorecer a comunicaccedilatildeo com

clientes puacuteblico em geral ou agecircncias governamentais (VILELA e

ASSUNCcedilAtildeO 2004)

18

Os serviccedilos prestados compreendem o fornecimento de informaccedilotildees

ao puacuteblico ou clientes das empresas recebimento de reclamaccedilotildees venda e

assistecircncia teacutecnica de produtos entre outros Eacute a caracteriacutestica da empresa

principal que determina o conteuacutedo do trabalho dos ldquooperadores de

telemarketingrdquo que eacute a denominaccedilatildeo usual dada aos trabalhadores nestes

serviccedilos no Brasil e adotada pela Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

(CBO) - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (BRASIL 2005)

Na Inglaterra esse tipo de atividade jaacute emprega mais funcionaacuterios

diretos do que as induacutestrias de carvatildeo accedilo e automobiliacutestica reunidas Em

uma estimativa realizada em 2002 havia cinco milhotildees de pessoas

empregadas em Call Center nos Estados Unidos e aproximadamente 15

milhatildeo na Europa (TOOMINGAS et al 2002)

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Telemarketing ndash ABT em 2009 o

Brasil ultrapassou a marca de 900 mil trabalhadores envolvidos neste setor

Para se entender a dimensatildeo da importacircncia do estudo das condiccedilotildees de

trabalho dos operadores de telemarketing instituiccedilotildees de pesquisa e

sindicatos de diversos paiacuteses da Europa como Alemanha Beacutelgica Itaacutelia e

outros criaram em 1999 um ldquoquadro de observaccedilatildeo social dos Call

Centersrdquo segundo o qual esse tipo de organizaccedilatildeo tornou-se sinocircnimo de

uma forma moderna de degradaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho

A anaacutelise das caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo do trabalho nos Call

Centers tem suscitado comparaccedilotildees com o modo de organizaccedilatildeo industrial

desenvolvido no iniacutecio do seacuteculo XX por Frederick Winslow Taylor

conhecido por ldquoAdministraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalhordquo com o objetivo de

19

maximizar a produtividade industrial pela via da ldquoracionalizaccedilatildeo do trabalhordquo

O sistema hoje tambeacutem nomeado de ldquotaylorismordquo baseava-se no

conceito de um ldquohomo economicusrdquo ou seja um trabalhador cujo principal

incentivo para trabalhar de modo eficiente seria o salaacuterio Entre os princiacutepios

que norteavam a Administraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalho estavam uma clara

separaccedilatildeo entre planejamentocontrole e a execuccedilatildeo do trabalho a

substituiccedilatildeo do criteacuterio individual do operaacuterio por um criteacuterio considerado

cientiacutefico a eliminaccedilatildeo dos tempos mortos ie improdutivos por meio da

definiccedilatildeo dos tempos meacutedios exigidos para a realizaccedilatildeo das tarefas uma

seleccedilatildeo e um treinamento meticulosos dos empregados para a realizaccedilatildeo

das tarefas (PARAGUAY 2003) A uacutenica fadiga considerada pelo taylorismo

era a fadiga fisioloacutegica (MOURA 1993 apud PARAGUAY 2003)

Segundo BUSCATTO (2002) taylorizaccedilatildeo estresse baixas

remuneraccedilotildees e precarizaccedilatildeo da matildeo de obra satildeo algumas das palavras-

chaves ligadas ao setor de telemarketing

Para VENCO (2006) o forte predomiacutenio do taylorismo indica que a

organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento encontra respaldo na

sofisticaccedilatildeo da tecnologia utilizada nesse setor da economia visto que todas

as movimentaccedilotildees realizadas nas posiccedilotildees de atendimento satildeo registradas

pelo software o nuacutemero de ligaccedilotildees feitas e recebidas o tempo de

atendimento as pausas as vendas realizadas as estatiacutesticas dos resultados

das ligaccedilotildees a indicaccedilatildeo de clientes agrave espera e o tempo excedido de

atendimento entre outros dados Aleacutem disso a tecnologia atua ainda por

meio de um equipamento multifuncional que eacute fundamental para a

20

racionalizaccedilatildeo do trabalho e o aumento da produtividade conhecido como

DAC esse equipamento distribui automaticamente as ligaccedilotildees recebidas

entre os operadores haacute mais tempo ociosos e grava na iacutentegra todos os

atendimentos

Para READ (2001) do ponto de vista da sauacutede o ambiente dos

centros de teleatendimento eacute considerado de meacutedio a alto risco sendo as

principais queixas dores de cabeccedila no pescoccedilo nos membros superiores e

em menor escala nas costas e nos membros inferiores aleacutem de tensatildeo e

fadiga visuais

Do que foi exposto pode-se afirmar que as condiccedilotildees adversas de

trabalho no setor de teleatendimento envolvem problemas relativos agraves

condiccedilotildees e agrave organizaccedilatildeo do trabalho

Para explicar o estresse no trabalho e as repercussotildees na sauacutede do

trabalhador GLINA (2010) cita o modelo de KARASEK e THEORELL (1990)

segundo o qual as caracteriacutesticas do trabalho podem natildeo estar associadas

de forma linear agrave sauacutede do trabalhador mas podem combinar-se

interativamente em relaccedilatildeo agrave sauacutede

Em outras palavras o modelo de anaacutelise formulado por KARASEK e

THEORELL (1990) conhecido como modelo Demanda-Controle pressupotildee

que o estresse ocupacional pode levar agrave doenccedila natildeo pela somatoacuteria de um

conjunto de diversas situaccedilotildees de conflito mas pela relaccedilatildeo entre as

tensotildees geradas pelas exigecircncias do trabalho e a capacidade do trabalhador

em dirimir esse niacutevel de tensatildeo principalmente a partir de suas

possibilidades de tomada de decisotildees e controle sobre o proacuteprio trabalho

21

GLINA (2010) explica ainda que o modelo proposto por eles envolve

uma abordagem tridimensional contemplando os seguintes aspectos

demanda controle e apoio social De acordo com ARAUacuteJO (2010) o

modelo estabelece a partir de combinaccedilatildeo de diferentes niacuteveis de controle e

demanda quatro tipos baacutesicos de experiecircncias no trabalho alta exigecircncia do

trabalho (caracterizada por situaccedilatildeo de trabalho com alta demanda e baixo

controle) trabalho ativo (situaccedilatildeo de alta demanda e alto controle) trabalho

passivo (baixa demanda e baixo controle) e baixa exigecircncia (combinando

baixa demanda e alto controle)

Segundo o modelo citado ndash um dos mais utilizados em todo o mundo

para a avaliaccedilatildeo do estresse no trabalho ndash as piores condiccedilotildees estatildeo

presentes nas situaccedilotildees de trabalho ldquode alta exigecircnciardquo ao mesmo tempo

em que impotildeem ao trabalhador altas exigecircncias (percebidas por ele como

pressotildees psicoloacutegicas) impedem-no de responder com liberdade a essas

mesmas exigecircncias

Para estudarmos os fatores psicossociais relacionados ao trabalho

utilizamos o questionaacuterio sobre Estresse no Trabalho formulado por

KOMPIER e LEVI (1995) com base no modelo Demanta-Controle Segundo

GALASSO (2005) que utilizou o mesmo instrumento para estudar

operadores de uma Central de Atendimento de Serviccedilo de Sauacutede o referido

questionaacuterio requer o conhecimento da percepccedilatildeodefiniccedilatildeo dos sujeitos

sobre as caracteriacutesticas do trabalho compreendendo inclusive as exigecircncias

(pressotildees psicoloacutegicas) que pesam sobre eles e o grau de controle que

percebem ter sobre o proacuteprio trabalho

22

No Brasil existem estudos sobre sintomas osteomusculares entre os

operadores de teleatendimento de empresas de diferentes ramos de

atividade econocircmica (FERREIRA Jr et al 1997 FERREIRA Jr e SALDIVA

2002 ROCHA et al 2005) Poreacutem natildeo foram encontrados estudos sobre a

prevalecircncia de CVS nestes operadores

23

2 OBJETIVOS

21 GERAL

Estimar a prevalecircncia de CVS (Siacutendrome Visual Associada ao uso

de Computador) entre operadores de duas centrais de

atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

22 ESPECIacuteFICOS

Caracterizar a distribuiccedilatildeo da ocorrecircncia de CVS entre os

operadores das Centrais de Atendimento Telefocircnico segundo as

caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico historia ocupacional situaccedilatildeo de trabalho

fatores de satisfaccedilatildeo durante o trabalho e aspectos psicossociais

do trabalho

Verificar as associaccedilotildees existentes entre os casos definidos como

CVS e as variaacuteveis independentes estudadas

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 3: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

DEDICATOacuteRIA

Aos meus pais que despertaram em mim a

paixatildeo pela arte de transmitir o conhecimento

AGRADECIMENTOS

Agrave Profa Dra Lys Esther Rocha que me

transmite diariamente a melhor forma de

acreditar em Deus e o verdadeiro significado

da palavra humildade

Aos todos os professores e colaboradores do

Curso de Especializaccedilatildeo em Medicina do

Trabalho do Departamento de Medicina

Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo pelo conviacutevio e

aprendizado

Agrave amiga Elisabeth Oyakawa

RESUMO

Saacute EC Fatores de risco para a siacutendrome visual associada ao uso do computador em operadores de duas centrais de teleatendimento em Satildeo Paulo Brasil [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2010 A siacutendrome visual associada ao uso do computador (CVS) eacute um dos distuacuterbios oculares que vem sendo estudado atualmente por sua alta prevalecircncia mundial e por ser cada vez mais frequente em determinadas profissotildees O objetivo deste estudo eacute estimar a prevalecircncia desta siacutendrome entre operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo (n= 476) atraveacutes de uma pesquisa quantitativa de estudo observacional transversal com o uso de um questionaacuterio estruturado As questotildees foram divididas em soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho fatores de satisfaccedilatildeo fatores de incocircmodo no trabalho e fatores psicossociais relacionados ao trabalho A definiccedilatildeo de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al (2005) ou seja pela presenccedila de um ou mais sintomas oculares especiacuteficos verificados com frequecircncia maior ou igual agrave alternativa ldquoagraves vezesrdquo A anaacutelise estatiacutestica foi realizada a partir do estudo das frequecircncias absolutas e relativas e verificada a associaccedilatildeo atraveacutes do teste do chi-quadrado Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis descritivos inferiores a 5 (p lt 005) Os sintomas referidos foram cansaccedilo nas vistas (739) ldquopesordquo nos olhos (682) ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos (546) lacrimejamento (439) e enfraquecimento da visatildeo (435) A prevalecircncia da CVS foi de 546 entre os operadores estudados Foi verificada ainda associaccedilatildeo entre ser mulher (OR 26 IC95 16-41) falta de reconhecimento no trabalho (OR 14 IC95 11-18) organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento (OR 14 IC95 11-17) e demanda de trabalho (OR 11 IC95 10-13) Neste estudo concluiu-se pela importacircncia das caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo e dos fatores psicossociais no trabalho como associados agrave presenccedila de CVS nos operadores de teleatendimento

Descritores Telemarketing Fadiga visual Fatores de risco Sauacutede do trabalhador

ABSTRACT

Saacute EC Fatores de risco para a siacutendrome visual associada ao uso do computador em operadores de duas centrais de teleatendimento em Satildeo Paulo Brasil [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2010

The visual syndrome associated with computer use (CVS) is an eye disorder that is currently being studied for its high prevalence worldwide and is becoming increasingly common in some professions This study aimed to estimate the prevalence of this syndrome among operators from two call centers located in Satildeo Paulo (n = 476) A quantitative cross-sectional observational study was performed by means of a questionnaire containing questions about socio-demographics lifestyle habits occupational history work status satisfaction factors discomfort factors at work and psychosocial factors related to work The case definition was based on the concept of Computer Vision Syndrome from Blehm (2005) ie the presence of one or more ocular specific symptoms occurring in a frequency greater than or equal to sometimes Statistical analysis was performed for absolute and relative frequencies and examined the association by chi-square The variables that showed p lt 020 or which were described in the explanation of eye disorders were included in multiple regression analysis In the final model remained variables that showed descriptive levels below 5 (p lt 005) The symptoms reported were visual fatigue (739) ldquoheavinessrdquo in the eyes (682) ldquoburningrdquo eyes (546) tearing (439) and vision impairment (435) The prevalence of CVS among operators was 546 Other associations found were being female (OR 26 95 CI 16-41) lack of recognition during work (OR 14 95 CI 11 to 18) organization of work in telemarketing (OR 14 95 CI 11 to 17) and work demands (OR 11 95 CI 10 to 13)This study showed the importance of organizational characteristics and psychosocial factors at work as related to the presence of CVS in telemarketing operators Descriptors Telemarketing Visual fatigue Computer visual syndrome Occupational health

IacuteNDICE

1 INTRODUCcedilAtildeO 08

11 SIacuteNDROME VISUAL ASSOCIADA AO USO DO

COMPUTADOR (CVS - COMPUTER VISION

SYNDROME)

08

12 O TRABALHO EM CENTRAIS DE TELEATENDIMENTO 16

2 OBJETIVOS 23

21 GERAL 23

22 ESPECIacuteFICOS 23

3 MEacuteTODOS 24

31 TIPO DE ESTUDO 24

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO 25

33 INSTRUMENTO 25

331 Construccedilatildeo do questionaacuterio 25

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio 27

34 ANAacuteLISE DOS DADOS 28

4 RESULTADOS 32

41 CARACETERIacuteSTICAS DAS EMPRESAS E DA ATIVIDADE 32

42 CARACTERIacuteSTICAS DOS OPERADORES E DA SITUACcedilAtildeO

DE TRABALHO

34

43 PREVALEcircNCIA DE CVS ENTRE OS OPERADORES DE

TELEATENDIMENTO

42

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

44

5 DISCUSSAtildeO 53

6 CONCLUSOtildeES 64

7 REFEREcircNCIAS 65

ANEXOS 73

Anexo 1 ndash Autorizaccedilatildeo do banco de dados 73

Anexo 2 ndash Termo de responsabilidade do pesquisador 74

Anexo 3 ndash Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio 75

Anexo 4 ndash Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 76

Anexo 5 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 77

Anexo 6 - Roteiro do questionaacuterio 79

Anexo 7 - Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos

operadores de teleatendimento

90

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 SIacuteNDROME VISUAL ASSOCIADA AO USO DO COMPUTADOR

(CVS - COMPUTER VISION SYNDROME)

De acordo com SAMPAIO e HADDAD (2009) estima-se que 90 dos

casos diagnosticados de deficiecircncia visual estejam nos paiacuteses em

desenvolvimento sendo a maior parte deles evitaacutevel por meio de medidas

preventivas ou de tratamentos jaacute existentes As consequecircncias da

deficiecircncia visual envolvem decliacutenio na produtividade e no bem estar e em

custos diretos e indiretos para a sociedade

Entre os distuacuterbios visuais frequentes atualmente inclui-se a

astenopia considerada por alguns como fadiga visual O termo astenopia

de acordo com o Dictionary of Visual Science eacute geralmente utilizado para

designar quaisquer sintomas subjetivos ou desconforto relacionados ao uso

dos olhos ALVES et al (2009) consideram que astenopia inclui sintomas

como cefaleacuteia dor ao redor dos olhos ou acima dos olhos cansaccedilo e

desconforto ocular Os autores consideram ainda que a intensidade e a

frequecircncia dos sinais e sintomas variam e dependem de certos fatores tais

como a magnitude e tipo do erro refrativo a integridade do sistema visual

binocular e a natureza da demanda da visatildeo inclusive no trabalho

Ao lado disso a fadiga visual eacute um dos distuacuterbios oculares que vem

9

sendo estudados atualmente em razatildeo de sua alta prevalecircncia mundial e

por ser cada vez mais frequente em determinadas profissotildees (THOMSON

1998 ZIEFLE 1998 ACOSTA et al 1999 TRAVERS e STANTON 2002

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO 2004 YE et al 2007ab) entre elas a dos

profissionais que trabalham com computador

A ocorrecircncia da fadiga visual em profissionais que utilizam o

computador foi inicialmente descrita em 1982 por ELIAS e CAIL que a

conceituavam como uma modificaccedilatildeo funcional por contraccedilotildees excessivas e

prolongadas dos muacutesculos ciliares do olho com o objetivo de obter uma

focalizaccedilatildeo fina dos objetos Segundo FERGUSON et al (1974) a principal

causa de fadiga visual eacute a vulnerabilidade do sistema de focalizaccedilatildeo da

imagem e dos muacutesculos que controlam os movimentos de fixaccedilatildeo ocular

Alguns autores tecircm definido a fadiga visual associada ao trabalho com

computador como Computer Vision Syndrome (CVS - Siacutendrome Visual

Associada ao uso de Computador) Segundo BLEHM et al (2005) a CVS

pode ser caracterizada pela presenccedila de um ou mais sintomas oculares

(cansaccedilo nas vistas fadiga ocular sensaccedilatildeo de queimaccedilatildeo irritaccedilatildeo ocular

ldquovermelhidatildeordquo ldquovisatildeo borradardquo e ldquoolhos secosrdquo entre outros) como resultado

do uso de monitor de computador

As causas fisiopatoloacutegicas potenciais da CVS foram agrupadas por

BLEHM et al (2005) em trecircs conjuntos de sintomas

a) distuacuterbios oculares dor local sensaccedilatildeo de ardecircncia sensaccedilatildeo de

ldquoqueimaccedilatildeordquo modificaccedilotildees na frequecircncia do piscar lacrimejamento

excessivo e o conhecido ldquoolho secordquo

10

b) distuacuterbios visuais fotossensibilidade dificuldade em focalizar

(visatildeo turva) diplopia (visatildeo dupla) persistecircncia anormal de poacutes imagem e a

instabilidade da imagem na sua definiccedilatildeo oacuteptica e espacial e

c) distuacuterbios gerais cefaleacuteia enxaqueca dores lombares eou

cervicais espasmos musculares nas regiotildees do pescoccedilo e dos ombros

sendo estes uacuteltimos necessariamente acompanhados dos achados oculares

As causas conhecidas da CVS foram classificadas por BLEHM et al

(2005) em fatores intriacutensecos extriacutensecos ambientais e extriacutensecos

oculares Nos fatores intriacutensecos predominam as causas de origem muscular

da fadiga visual ou seja aquelas relacionadas ao mecanismo de

acomodaccedilatildeo do olho BRUNO e CARVALHO (2007) relatam que o termo

acomodaccedilatildeo foi introduzido por Burow em 1841

A funccedilatildeo oacuteptica do olho eacute formar uma imagem niacutetida na retina Um

olho emeacutetrope quando fixa um objeto no infinito tem a sua imagem

focalizada sobre a retina O fenocircmeno de acomodaccedilatildeo corresponde agrave

capacidade de aumentar o poder de refraccedilatildeo do olho a fim de realizar a

completa formaccedilatildeo da imagem na retina com correspondecircncia cerebral

Quando o objeto se desloca do infinito em direccedilatildeo ao olho a imagem

retiniana sofre um deslocamento para traacutes havendo necessidade entatildeo de

um mecanismo de ajuste denominado acomodaccedilatildeo Esse mecanismo

envolve estruturas oculares tais como a cacircmara anterior a pupila o

cristalino a zocircnula o muacutesculo ciliar e os processos ciliares (BRUNO E

CARVALHO 2007)

11

Segundo os autores quando o olho estaacute acomodando aleacutem das

mudanccedilas no cristalino e no sistema zonular o olho simultaneamente

converge e a pupila se contrai Estes fatos ajudam na obtenccedilatildeo de uma

visatildeo niacutetida de objetos que se encontram proacuteximos ao indiviacuteduo e satildeo

conhecidos como resposta proacutexima Ao focalizar um objeto no infinito o olho

encontra-se no estado conhecido como desacomodado ou natildeo acomodado

e caso esteja focalizando um objeto na zona de acomodaccedilatildeo eacute

denominado acomodado

Assim os autores consideram que o mecanismo de acomodaccedilatildeo se

realiza de maneira gradual e proporcional agrave distacircncia do ponto focalizado Eacute

modulado como um sistema realimentado que opera de maneira a aumentar

o contraste luminoso da imagem na retina Natildeo haacute apenas um uacutenico

estiacutemulo e nem um que seja o mais importante Tamanho do objeto

distacircncia borratildeo (contraste da imagem) aberraccedilatildeo cromaacutetica oscilaccedilatildeo da

acomodaccedilatildeo movimentos de varreduras dos olhos e outros fenocircmenos

visuais podem ser responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo da resposta acomodativa

apropriada do olho

Entre as teorias que explicam a acomodaccedilatildeo a de Helmholtz

elaborada no seacuteculo XIX e publicada em 1909 eacute a mais difundida e mais

aceita atualmente Segundo este autor o corpo ciliar eacute ativo durante a

acomodaccedilatildeo (BRUNO e CARVALHO 2007)

Os erros refracionais tambeacutem conhecidos como ametropias tais

como miopia astigmatismo hipermetropia e presbiopia presentes em cada

indiviacuteduo interferem de forma direta e incisiva nos sinais e sintomas

12

caracteriacutesticos da fadiga visual quando natildeo se encontram corrigidas ou

quando estatildeo corrigidas de maneira indevida (hipocorrigidos ou

hipercorrigidos) seja atraveacutes dos oacuteculos seja atraveacutes de lentes de contato

Haacute ainda aqueles relacionados agrave presenccedila de alteraccedilotildees oacuteculo-motoras do

grupo das forias

Os fatores extriacutensecos ambientais incluem iluminamento condiccedilotildees

do ambiente e do posto de trabalho A iluminaccedilatildeo no local de trabalho pode

ser natural ou artificial sendo esta uacuteltima a feita por lacircmpadas eleacutetricas que

podem ser fluorescentes incandescentes de mercuacuterio de soacutedio etc

(BREVIGLIERO et al 2006) Estes autores conceituam iluminamento como

a densidade de fluxo luminoso sobre uma superfiacutecie expresso em lux (lx)

Um lux corresponde a um luacutemen distribuiacutedo numa superfiacutecie de 1 msup2

De acordo com a Portaria nordm 3214 de 08 de junho de 1978 em sua

Norma Regulamentadora (NR) nordm 17 item 1753 a avaliaccedilatildeo deve ser

realizada usando-se um luxiacutemetro com fotoceacutelula corrigida para a

sensibilidade do olho humano e em funccedilatildeo do acircngulo de incidecircncia Para

avaliaccedilatildeo do niacutevel de iluminamento adota-se o criteacuterio de mediccedilatildeo ponto a

ponto nos locais de trabalho e a comparaccedilatildeo com o miacutenimo estabelecido em

lux para cada tipo de atividade como disposto na NR-17 e na NBR-5413 da

ABNT (1992) O iluminamento pode ser inadequado tanto quando se

encontra em niacuteveis abaixo do necessaacuterio para execuccedilatildeo de determinadas

tarefas como quando o ultrapassa levando ao fenocircmeno de ofuscamento

Designa-se por ofuscamento uma condiccedilatildeo de visatildeo na qual haacute um

desconforto ou uma reduccedilatildeo da capacidade de distinguir objetos ou ambos

13

devido a uma distribuiccedilatildeo desfavoraacutevel das luminacircncias ou a luminacircncias

elevadas ou a contrastes excessivos no espaccedilo ou no tempo

(BREVIGLIERO et al 2006)

PICCOLI et al (2004) observaram que a avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de

iluminaccedilatildeo no local de trabalho tem sido focada na mediccedilatildeo do niacutevel de

iluminamento O valor da mediccedilatildeo do iluminamento no campo visual de

trabalho deve ser consistente com a anatomia e a fisiologia oculares

requisitadas na execuccedilatildeo da tarefa e pode ser utilizado como parte da

avaliaccedilatildeo de risco para possiacuteveis distuacuterbios visuais aleacutem de estabelecer o

niacutevel de iluminamento mais adequado nas estaccedilotildees de trabalho

As maacutes condiccedilotildees do local de trabalho estatildeo relacionadas agrave presenccedila

de poeira excessiva ao ar seco secundaacuterio ao uso indevido de

condicionadores de ar que pode levar agrave maior sensibilizaccedilatildeo da coacuternea e

das glacircndulas presentes nas paacutelpebras e consequentemente agrave diminuiccedilatildeo

da produccedilatildeo da laacutegrima Acrescente-se ainda a estrutura e o posicionamento

da cadeira de trabalho que podem levar a dores na coluna vertebral quando

inadequados e que podem ser associados agrave fadiga visual o horaacuterio e

duraccedilatildeo do trabalho principalmente quando em turnos noturnos ou diurnos

com duraccedilatildeo acima da sexta hora trabalhada a qualidade da tela do monitor

e a falta de protetores para as mesmas (BLEHM et al 2005)

BLHEM et al (2005) consideram como fatores extriacutensecos oculares

a) diminuiccedilatildeo do iacutendice do piscarpestanejar b) aumento da exposiccedilatildeo da

superfiacutecie ocular c) uso de lente de contato ou medicamentos d) presenccedila

de doenccedilas sistecircmicas e ou doenccedilas oculares externas

14

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar tambeacutem foi observada por CHARPE

e KAUSHIK (2009) Estes autores relatam que ao lermos um texto em

papel piscamos 22 vezes por minuto poreacutem em frente agrave tela de um

computador reduzimos para sete vezes por minuto o nuacutemero de piscadas

YAN et al (2008) consideram que o brilho da tela do computador conduz a

uma grande alteraccedilatildeo na dinacircmica da laacutegrima o iacutendice do piscar espontacircneo

(spontaneous eye blink rate ndash SEBR) reduz-se significativamente durante o

uso do computador Os autores descrevem que o SEBR corresponde a 15-

16 piscadasminuto durante uma conversaccedilatildeo e que o mesmo diminui

durante o uso do computador para 5-6 piscadasminuto em razatildeo da alta

demanda visual e da grande concentraccedilatildeo mental que se verificam durante

esta atividade

FREUDENTHALER et al (2003) e SCHLOTE et al (2004) descrevem

ainda que temos a tendecircncia de aumentar o tamanho da abertura do olho

diante da tela do monitor o que resulta numa maior evaporaccedilatildeo da laacutegrima

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar e o aumento do tamanho da abertura do

olho podem prejudicar a troca do filme lacrimal o que pode ocasionar o

distuacuterbio conhecido como ldquoolho secordquo segundo BLEHM et al (2005)

Entre os fatores extriacutensecos oculares inclui-se o uso de lentes de

contato e uso de medicamentos O uso de lentes diminui a oxigenaccedilatildeo da

coacuternea e pode levar agrave diminuiccedilatildeo da lubrificaccedilatildeo do olho Haacute casos ainda de

mau posicionamento dessas lentes o que leva a um grande desconforto

ocular O uso de medicamentos por via oral tais como diureacuteticos anti-

histamiacutenicos psicotroacutepicos e anti-hipertensivos levam agrave diminuiccedilatildeo da

15

produccedilatildeo da laacutegrima (BLEHM et al 2005)

Entre as doenccedilas sistecircmicas siacutendromes e doenccedilas oculares externas

que satildeo consideradas como fatores extriacutensecos oculares BLEHM et al

(2005) citam a Artrite Reumatoacuteide a Siacutendrome de Sjogren e as blefarites

posteriores

PICCOLI (2003) atribui agraves modificaccedilotildees dos processos de trabalho e agrave

crescente utilizaccedilatildeo do computador o aumento progressivo das exigecircncias

de eficiecircncia visual e do uso dos componentes do sistema nervoso a isso

relacionado que coordenam os movimentos dos olhos e sua acomodaccedilatildeo

A relaccedilatildeo entre visatildeo e fatores psicossociais do trabalho eacute sugerida

pela ideacuteia de que os distuacuterbios visuais estatildeo relacionados agrave intensidade e agrave

duraccedilatildeo das exigecircncias visuais agrave situaccedilatildeo de trabalho percebida pelo

empregado e agraves caracteriacutesticas fisiopatoloacutegicas do sistema visual de cada

indiviacuteduo (PICCOLI 2003)

A Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (ILO 1986) define os fatores

psicossociais do trabalho como a interaccedilatildeo das percepccedilotildees e da experiecircncia

do trabalhador com aspectos relacionados agraves condiccedilotildees e ao ambiente de

trabalho e tambeacutem ligados ao sistema social Propotildee que sejam analisados

fatores de natureza individual como as capacidades e limitaccedilotildees do

trabalhador em relaccedilatildeo agraves exigecircncias do trabalho E inclui entre as

condiccedilotildees de trabalho a tarefa em si as condiccedilotildees fiacutesicas do posto de

trabalho as relaccedilotildees interpessoais entre colegas chefes e clientes Em

relaccedilatildeo aos fatores sociais menciona as preocupaccedilotildees do trabalhador em

relaccedilatildeo agrave famiacutelia e agrave vida pessoal elementos culturais nutriccedilatildeo condiccedilotildees

16

de transporte e habitaccedilatildeo

A preocupaccedilatildeo com as repercussotildees do trabalho sobre a visatildeo tem

crescido nos uacuteltimos anos Exemplo disso foi a criaccedilatildeo de um comitecirc

cientiacutefico especiacutefico pela Comissatildeo Internacional de Sauacutede Ocupacional

(ICOH - International Commission on Occupational Health) denominado

Comitecirc Trabalho e Visatildeo (ICOH ICWV - International Scientific Committee

on Work and Vision) A proposta do documento elaborado por este comitecirc eacute

de que os distuacuterbios oculares relacionados ao trabalho tecircm origem

multifatorial podendo estar associados agrave atividade de trabalho agraves condiccedilotildees

ambientais e agraves caracteriacutesticas oftalmoloacutegicas individuais (PICCOLI 2003)

SCHAEFER (2009) afirma que o ICOH-ICWV procura desenvolver

sistematicamente o tema com vistas a uma aproximaccedilatildeo mais racional e

completa entre trabalho e visatildeo Segundo o comitecirc os avanccedilos das

pesquisas nesta aacuterea devem proporcionar aos trabalhadores melhores

condiccedilotildees visuais nos locais de trabalho levando a uma maior qualidade no

trabalho e a atividades menos exaustivas e menos estressantes o que pode

resultar em maior produtividade

12 O TRABALHO EM CENTRAIS DE TELEATENDIMENTO

Segundo LIDA (1990) com a difusatildeo do uso dos computadores os

postos de trabalho com monitores se tornaram mais frequentes nas

17

empresas industriais e nos escritoacuterios nos uacuteltimos anos A utilizaccedilatildeo desta

tecnologia proporcionou uma grande evoluccedilatildeo e importantes melhorias na

realizaccedilatildeo das atividades profissionais dos indiviacuteduos como por exemplo o

incremento na qualidade e na produccedilatildeo e maior eficiecircncia

Nos escritoacuterios tradicionais as tarefas eram mais variadas permitindo

mudanccedilas de postura durante a jornada de trabalho No posto de trabalho

atual com o uso do computador o indiviacuteduo permanece quase estaacutetico

durante horas com a atenccedilatildeo fixa na tela do monitor e as matildeos sobre o

teclado realizando diferentes operaccedilotildees Segundo GRANDJEAN e

HUumlNTING (1997) o trabalhador se torna parte do sistema homem-maacutequina

seus movimentos e o espaccedilo de manobras satildeo limitados Esta condiccedilatildeo estaacute

frequentemente relacionada a um desenho inadequado do posto de trabalho

a problemas de iluminaccedilatildeo ou a problemas de visatildeo natildeo corrigidos ou natildeo

corretamente corrigidos para o trabalho a ser desempenhado

A utilizaccedilatildeo de computador de maneira constante eacute uma das

caracteriacutesticas dos Call Centers ou Centrais de Atendimento Telefocircnico que

podem ser definidos como uma estrutura organizacional que compreende

postos de trabalho para atendimento ao cliente por meio da utilizaccedilatildeo de um

terminal de computador e um aparelho telefocircnico (ROCHA e GLINA 2005)

As Centrais de Atendimento Telefocircnico incluem qualquer atividade por

meio de sistemas de informaccedilatildeo com o objetivo de desenvolver accedilotildees

padronizadas e contiacutenuas de marketing eou favorecer a comunicaccedilatildeo com

clientes puacuteblico em geral ou agecircncias governamentais (VILELA e

ASSUNCcedilAtildeO 2004)

18

Os serviccedilos prestados compreendem o fornecimento de informaccedilotildees

ao puacuteblico ou clientes das empresas recebimento de reclamaccedilotildees venda e

assistecircncia teacutecnica de produtos entre outros Eacute a caracteriacutestica da empresa

principal que determina o conteuacutedo do trabalho dos ldquooperadores de

telemarketingrdquo que eacute a denominaccedilatildeo usual dada aos trabalhadores nestes

serviccedilos no Brasil e adotada pela Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

(CBO) - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (BRASIL 2005)

Na Inglaterra esse tipo de atividade jaacute emprega mais funcionaacuterios

diretos do que as induacutestrias de carvatildeo accedilo e automobiliacutestica reunidas Em

uma estimativa realizada em 2002 havia cinco milhotildees de pessoas

empregadas em Call Center nos Estados Unidos e aproximadamente 15

milhatildeo na Europa (TOOMINGAS et al 2002)

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Telemarketing ndash ABT em 2009 o

Brasil ultrapassou a marca de 900 mil trabalhadores envolvidos neste setor

Para se entender a dimensatildeo da importacircncia do estudo das condiccedilotildees de

trabalho dos operadores de telemarketing instituiccedilotildees de pesquisa e

sindicatos de diversos paiacuteses da Europa como Alemanha Beacutelgica Itaacutelia e

outros criaram em 1999 um ldquoquadro de observaccedilatildeo social dos Call

Centersrdquo segundo o qual esse tipo de organizaccedilatildeo tornou-se sinocircnimo de

uma forma moderna de degradaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho

A anaacutelise das caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo do trabalho nos Call

Centers tem suscitado comparaccedilotildees com o modo de organizaccedilatildeo industrial

desenvolvido no iniacutecio do seacuteculo XX por Frederick Winslow Taylor

conhecido por ldquoAdministraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalhordquo com o objetivo de

19

maximizar a produtividade industrial pela via da ldquoracionalizaccedilatildeo do trabalhordquo

O sistema hoje tambeacutem nomeado de ldquotaylorismordquo baseava-se no

conceito de um ldquohomo economicusrdquo ou seja um trabalhador cujo principal

incentivo para trabalhar de modo eficiente seria o salaacuterio Entre os princiacutepios

que norteavam a Administraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalho estavam uma clara

separaccedilatildeo entre planejamentocontrole e a execuccedilatildeo do trabalho a

substituiccedilatildeo do criteacuterio individual do operaacuterio por um criteacuterio considerado

cientiacutefico a eliminaccedilatildeo dos tempos mortos ie improdutivos por meio da

definiccedilatildeo dos tempos meacutedios exigidos para a realizaccedilatildeo das tarefas uma

seleccedilatildeo e um treinamento meticulosos dos empregados para a realizaccedilatildeo

das tarefas (PARAGUAY 2003) A uacutenica fadiga considerada pelo taylorismo

era a fadiga fisioloacutegica (MOURA 1993 apud PARAGUAY 2003)

Segundo BUSCATTO (2002) taylorizaccedilatildeo estresse baixas

remuneraccedilotildees e precarizaccedilatildeo da matildeo de obra satildeo algumas das palavras-

chaves ligadas ao setor de telemarketing

Para VENCO (2006) o forte predomiacutenio do taylorismo indica que a

organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento encontra respaldo na

sofisticaccedilatildeo da tecnologia utilizada nesse setor da economia visto que todas

as movimentaccedilotildees realizadas nas posiccedilotildees de atendimento satildeo registradas

pelo software o nuacutemero de ligaccedilotildees feitas e recebidas o tempo de

atendimento as pausas as vendas realizadas as estatiacutesticas dos resultados

das ligaccedilotildees a indicaccedilatildeo de clientes agrave espera e o tempo excedido de

atendimento entre outros dados Aleacutem disso a tecnologia atua ainda por

meio de um equipamento multifuncional que eacute fundamental para a

20

racionalizaccedilatildeo do trabalho e o aumento da produtividade conhecido como

DAC esse equipamento distribui automaticamente as ligaccedilotildees recebidas

entre os operadores haacute mais tempo ociosos e grava na iacutentegra todos os

atendimentos

Para READ (2001) do ponto de vista da sauacutede o ambiente dos

centros de teleatendimento eacute considerado de meacutedio a alto risco sendo as

principais queixas dores de cabeccedila no pescoccedilo nos membros superiores e

em menor escala nas costas e nos membros inferiores aleacutem de tensatildeo e

fadiga visuais

Do que foi exposto pode-se afirmar que as condiccedilotildees adversas de

trabalho no setor de teleatendimento envolvem problemas relativos agraves

condiccedilotildees e agrave organizaccedilatildeo do trabalho

Para explicar o estresse no trabalho e as repercussotildees na sauacutede do

trabalhador GLINA (2010) cita o modelo de KARASEK e THEORELL (1990)

segundo o qual as caracteriacutesticas do trabalho podem natildeo estar associadas

de forma linear agrave sauacutede do trabalhador mas podem combinar-se

interativamente em relaccedilatildeo agrave sauacutede

Em outras palavras o modelo de anaacutelise formulado por KARASEK e

THEORELL (1990) conhecido como modelo Demanda-Controle pressupotildee

que o estresse ocupacional pode levar agrave doenccedila natildeo pela somatoacuteria de um

conjunto de diversas situaccedilotildees de conflito mas pela relaccedilatildeo entre as

tensotildees geradas pelas exigecircncias do trabalho e a capacidade do trabalhador

em dirimir esse niacutevel de tensatildeo principalmente a partir de suas

possibilidades de tomada de decisotildees e controle sobre o proacuteprio trabalho

21

GLINA (2010) explica ainda que o modelo proposto por eles envolve

uma abordagem tridimensional contemplando os seguintes aspectos

demanda controle e apoio social De acordo com ARAUacuteJO (2010) o

modelo estabelece a partir de combinaccedilatildeo de diferentes niacuteveis de controle e

demanda quatro tipos baacutesicos de experiecircncias no trabalho alta exigecircncia do

trabalho (caracterizada por situaccedilatildeo de trabalho com alta demanda e baixo

controle) trabalho ativo (situaccedilatildeo de alta demanda e alto controle) trabalho

passivo (baixa demanda e baixo controle) e baixa exigecircncia (combinando

baixa demanda e alto controle)

Segundo o modelo citado ndash um dos mais utilizados em todo o mundo

para a avaliaccedilatildeo do estresse no trabalho ndash as piores condiccedilotildees estatildeo

presentes nas situaccedilotildees de trabalho ldquode alta exigecircnciardquo ao mesmo tempo

em que impotildeem ao trabalhador altas exigecircncias (percebidas por ele como

pressotildees psicoloacutegicas) impedem-no de responder com liberdade a essas

mesmas exigecircncias

Para estudarmos os fatores psicossociais relacionados ao trabalho

utilizamos o questionaacuterio sobre Estresse no Trabalho formulado por

KOMPIER e LEVI (1995) com base no modelo Demanta-Controle Segundo

GALASSO (2005) que utilizou o mesmo instrumento para estudar

operadores de uma Central de Atendimento de Serviccedilo de Sauacutede o referido

questionaacuterio requer o conhecimento da percepccedilatildeodefiniccedilatildeo dos sujeitos

sobre as caracteriacutesticas do trabalho compreendendo inclusive as exigecircncias

(pressotildees psicoloacutegicas) que pesam sobre eles e o grau de controle que

percebem ter sobre o proacuteprio trabalho

22

No Brasil existem estudos sobre sintomas osteomusculares entre os

operadores de teleatendimento de empresas de diferentes ramos de

atividade econocircmica (FERREIRA Jr et al 1997 FERREIRA Jr e SALDIVA

2002 ROCHA et al 2005) Poreacutem natildeo foram encontrados estudos sobre a

prevalecircncia de CVS nestes operadores

23

2 OBJETIVOS

21 GERAL

Estimar a prevalecircncia de CVS (Siacutendrome Visual Associada ao uso

de Computador) entre operadores de duas centrais de

atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

22 ESPECIacuteFICOS

Caracterizar a distribuiccedilatildeo da ocorrecircncia de CVS entre os

operadores das Centrais de Atendimento Telefocircnico segundo as

caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico historia ocupacional situaccedilatildeo de trabalho

fatores de satisfaccedilatildeo durante o trabalho e aspectos psicossociais

do trabalho

Verificar as associaccedilotildees existentes entre os casos definidos como

CVS e as variaacuteveis independentes estudadas

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 4: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

AGRADECIMENTOS

Agrave Profa Dra Lys Esther Rocha que me

transmite diariamente a melhor forma de

acreditar em Deus e o verdadeiro significado

da palavra humildade

Aos todos os professores e colaboradores do

Curso de Especializaccedilatildeo em Medicina do

Trabalho do Departamento de Medicina

Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo pelo conviacutevio e

aprendizado

Agrave amiga Elisabeth Oyakawa

RESUMO

Saacute EC Fatores de risco para a siacutendrome visual associada ao uso do computador em operadores de duas centrais de teleatendimento em Satildeo Paulo Brasil [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2010 A siacutendrome visual associada ao uso do computador (CVS) eacute um dos distuacuterbios oculares que vem sendo estudado atualmente por sua alta prevalecircncia mundial e por ser cada vez mais frequente em determinadas profissotildees O objetivo deste estudo eacute estimar a prevalecircncia desta siacutendrome entre operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo (n= 476) atraveacutes de uma pesquisa quantitativa de estudo observacional transversal com o uso de um questionaacuterio estruturado As questotildees foram divididas em soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho fatores de satisfaccedilatildeo fatores de incocircmodo no trabalho e fatores psicossociais relacionados ao trabalho A definiccedilatildeo de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al (2005) ou seja pela presenccedila de um ou mais sintomas oculares especiacuteficos verificados com frequecircncia maior ou igual agrave alternativa ldquoagraves vezesrdquo A anaacutelise estatiacutestica foi realizada a partir do estudo das frequecircncias absolutas e relativas e verificada a associaccedilatildeo atraveacutes do teste do chi-quadrado Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis descritivos inferiores a 5 (p lt 005) Os sintomas referidos foram cansaccedilo nas vistas (739) ldquopesordquo nos olhos (682) ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos (546) lacrimejamento (439) e enfraquecimento da visatildeo (435) A prevalecircncia da CVS foi de 546 entre os operadores estudados Foi verificada ainda associaccedilatildeo entre ser mulher (OR 26 IC95 16-41) falta de reconhecimento no trabalho (OR 14 IC95 11-18) organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento (OR 14 IC95 11-17) e demanda de trabalho (OR 11 IC95 10-13) Neste estudo concluiu-se pela importacircncia das caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo e dos fatores psicossociais no trabalho como associados agrave presenccedila de CVS nos operadores de teleatendimento

Descritores Telemarketing Fadiga visual Fatores de risco Sauacutede do trabalhador

ABSTRACT

Saacute EC Fatores de risco para a siacutendrome visual associada ao uso do computador em operadores de duas centrais de teleatendimento em Satildeo Paulo Brasil [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2010

The visual syndrome associated with computer use (CVS) is an eye disorder that is currently being studied for its high prevalence worldwide and is becoming increasingly common in some professions This study aimed to estimate the prevalence of this syndrome among operators from two call centers located in Satildeo Paulo (n = 476) A quantitative cross-sectional observational study was performed by means of a questionnaire containing questions about socio-demographics lifestyle habits occupational history work status satisfaction factors discomfort factors at work and psychosocial factors related to work The case definition was based on the concept of Computer Vision Syndrome from Blehm (2005) ie the presence of one or more ocular specific symptoms occurring in a frequency greater than or equal to sometimes Statistical analysis was performed for absolute and relative frequencies and examined the association by chi-square The variables that showed p lt 020 or which were described in the explanation of eye disorders were included in multiple regression analysis In the final model remained variables that showed descriptive levels below 5 (p lt 005) The symptoms reported were visual fatigue (739) ldquoheavinessrdquo in the eyes (682) ldquoburningrdquo eyes (546) tearing (439) and vision impairment (435) The prevalence of CVS among operators was 546 Other associations found were being female (OR 26 95 CI 16-41) lack of recognition during work (OR 14 95 CI 11 to 18) organization of work in telemarketing (OR 14 95 CI 11 to 17) and work demands (OR 11 95 CI 10 to 13)This study showed the importance of organizational characteristics and psychosocial factors at work as related to the presence of CVS in telemarketing operators Descriptors Telemarketing Visual fatigue Computer visual syndrome Occupational health

IacuteNDICE

1 INTRODUCcedilAtildeO 08

11 SIacuteNDROME VISUAL ASSOCIADA AO USO DO

COMPUTADOR (CVS - COMPUTER VISION

SYNDROME)

08

12 O TRABALHO EM CENTRAIS DE TELEATENDIMENTO 16

2 OBJETIVOS 23

21 GERAL 23

22 ESPECIacuteFICOS 23

3 MEacuteTODOS 24

31 TIPO DE ESTUDO 24

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO 25

33 INSTRUMENTO 25

331 Construccedilatildeo do questionaacuterio 25

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio 27

34 ANAacuteLISE DOS DADOS 28

4 RESULTADOS 32

41 CARACETERIacuteSTICAS DAS EMPRESAS E DA ATIVIDADE 32

42 CARACTERIacuteSTICAS DOS OPERADORES E DA SITUACcedilAtildeO

DE TRABALHO

34

43 PREVALEcircNCIA DE CVS ENTRE OS OPERADORES DE

TELEATENDIMENTO

42

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

44

5 DISCUSSAtildeO 53

6 CONCLUSOtildeES 64

7 REFEREcircNCIAS 65

ANEXOS 73

Anexo 1 ndash Autorizaccedilatildeo do banco de dados 73

Anexo 2 ndash Termo de responsabilidade do pesquisador 74

Anexo 3 ndash Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio 75

Anexo 4 ndash Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 76

Anexo 5 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 77

Anexo 6 - Roteiro do questionaacuterio 79

Anexo 7 - Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos

operadores de teleatendimento

90

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 SIacuteNDROME VISUAL ASSOCIADA AO USO DO COMPUTADOR

(CVS - COMPUTER VISION SYNDROME)

De acordo com SAMPAIO e HADDAD (2009) estima-se que 90 dos

casos diagnosticados de deficiecircncia visual estejam nos paiacuteses em

desenvolvimento sendo a maior parte deles evitaacutevel por meio de medidas

preventivas ou de tratamentos jaacute existentes As consequecircncias da

deficiecircncia visual envolvem decliacutenio na produtividade e no bem estar e em

custos diretos e indiretos para a sociedade

Entre os distuacuterbios visuais frequentes atualmente inclui-se a

astenopia considerada por alguns como fadiga visual O termo astenopia

de acordo com o Dictionary of Visual Science eacute geralmente utilizado para

designar quaisquer sintomas subjetivos ou desconforto relacionados ao uso

dos olhos ALVES et al (2009) consideram que astenopia inclui sintomas

como cefaleacuteia dor ao redor dos olhos ou acima dos olhos cansaccedilo e

desconforto ocular Os autores consideram ainda que a intensidade e a

frequecircncia dos sinais e sintomas variam e dependem de certos fatores tais

como a magnitude e tipo do erro refrativo a integridade do sistema visual

binocular e a natureza da demanda da visatildeo inclusive no trabalho

Ao lado disso a fadiga visual eacute um dos distuacuterbios oculares que vem

9

sendo estudados atualmente em razatildeo de sua alta prevalecircncia mundial e

por ser cada vez mais frequente em determinadas profissotildees (THOMSON

1998 ZIEFLE 1998 ACOSTA et al 1999 TRAVERS e STANTON 2002

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO 2004 YE et al 2007ab) entre elas a dos

profissionais que trabalham com computador

A ocorrecircncia da fadiga visual em profissionais que utilizam o

computador foi inicialmente descrita em 1982 por ELIAS e CAIL que a

conceituavam como uma modificaccedilatildeo funcional por contraccedilotildees excessivas e

prolongadas dos muacutesculos ciliares do olho com o objetivo de obter uma

focalizaccedilatildeo fina dos objetos Segundo FERGUSON et al (1974) a principal

causa de fadiga visual eacute a vulnerabilidade do sistema de focalizaccedilatildeo da

imagem e dos muacutesculos que controlam os movimentos de fixaccedilatildeo ocular

Alguns autores tecircm definido a fadiga visual associada ao trabalho com

computador como Computer Vision Syndrome (CVS - Siacutendrome Visual

Associada ao uso de Computador) Segundo BLEHM et al (2005) a CVS

pode ser caracterizada pela presenccedila de um ou mais sintomas oculares

(cansaccedilo nas vistas fadiga ocular sensaccedilatildeo de queimaccedilatildeo irritaccedilatildeo ocular

ldquovermelhidatildeordquo ldquovisatildeo borradardquo e ldquoolhos secosrdquo entre outros) como resultado

do uso de monitor de computador

As causas fisiopatoloacutegicas potenciais da CVS foram agrupadas por

BLEHM et al (2005) em trecircs conjuntos de sintomas

a) distuacuterbios oculares dor local sensaccedilatildeo de ardecircncia sensaccedilatildeo de

ldquoqueimaccedilatildeordquo modificaccedilotildees na frequecircncia do piscar lacrimejamento

excessivo e o conhecido ldquoolho secordquo

10

b) distuacuterbios visuais fotossensibilidade dificuldade em focalizar

(visatildeo turva) diplopia (visatildeo dupla) persistecircncia anormal de poacutes imagem e a

instabilidade da imagem na sua definiccedilatildeo oacuteptica e espacial e

c) distuacuterbios gerais cefaleacuteia enxaqueca dores lombares eou

cervicais espasmos musculares nas regiotildees do pescoccedilo e dos ombros

sendo estes uacuteltimos necessariamente acompanhados dos achados oculares

As causas conhecidas da CVS foram classificadas por BLEHM et al

(2005) em fatores intriacutensecos extriacutensecos ambientais e extriacutensecos

oculares Nos fatores intriacutensecos predominam as causas de origem muscular

da fadiga visual ou seja aquelas relacionadas ao mecanismo de

acomodaccedilatildeo do olho BRUNO e CARVALHO (2007) relatam que o termo

acomodaccedilatildeo foi introduzido por Burow em 1841

A funccedilatildeo oacuteptica do olho eacute formar uma imagem niacutetida na retina Um

olho emeacutetrope quando fixa um objeto no infinito tem a sua imagem

focalizada sobre a retina O fenocircmeno de acomodaccedilatildeo corresponde agrave

capacidade de aumentar o poder de refraccedilatildeo do olho a fim de realizar a

completa formaccedilatildeo da imagem na retina com correspondecircncia cerebral

Quando o objeto se desloca do infinito em direccedilatildeo ao olho a imagem

retiniana sofre um deslocamento para traacutes havendo necessidade entatildeo de

um mecanismo de ajuste denominado acomodaccedilatildeo Esse mecanismo

envolve estruturas oculares tais como a cacircmara anterior a pupila o

cristalino a zocircnula o muacutesculo ciliar e os processos ciliares (BRUNO E

CARVALHO 2007)

11

Segundo os autores quando o olho estaacute acomodando aleacutem das

mudanccedilas no cristalino e no sistema zonular o olho simultaneamente

converge e a pupila se contrai Estes fatos ajudam na obtenccedilatildeo de uma

visatildeo niacutetida de objetos que se encontram proacuteximos ao indiviacuteduo e satildeo

conhecidos como resposta proacutexima Ao focalizar um objeto no infinito o olho

encontra-se no estado conhecido como desacomodado ou natildeo acomodado

e caso esteja focalizando um objeto na zona de acomodaccedilatildeo eacute

denominado acomodado

Assim os autores consideram que o mecanismo de acomodaccedilatildeo se

realiza de maneira gradual e proporcional agrave distacircncia do ponto focalizado Eacute

modulado como um sistema realimentado que opera de maneira a aumentar

o contraste luminoso da imagem na retina Natildeo haacute apenas um uacutenico

estiacutemulo e nem um que seja o mais importante Tamanho do objeto

distacircncia borratildeo (contraste da imagem) aberraccedilatildeo cromaacutetica oscilaccedilatildeo da

acomodaccedilatildeo movimentos de varreduras dos olhos e outros fenocircmenos

visuais podem ser responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo da resposta acomodativa

apropriada do olho

Entre as teorias que explicam a acomodaccedilatildeo a de Helmholtz

elaborada no seacuteculo XIX e publicada em 1909 eacute a mais difundida e mais

aceita atualmente Segundo este autor o corpo ciliar eacute ativo durante a

acomodaccedilatildeo (BRUNO e CARVALHO 2007)

Os erros refracionais tambeacutem conhecidos como ametropias tais

como miopia astigmatismo hipermetropia e presbiopia presentes em cada

indiviacuteduo interferem de forma direta e incisiva nos sinais e sintomas

12

caracteriacutesticos da fadiga visual quando natildeo se encontram corrigidas ou

quando estatildeo corrigidas de maneira indevida (hipocorrigidos ou

hipercorrigidos) seja atraveacutes dos oacuteculos seja atraveacutes de lentes de contato

Haacute ainda aqueles relacionados agrave presenccedila de alteraccedilotildees oacuteculo-motoras do

grupo das forias

Os fatores extriacutensecos ambientais incluem iluminamento condiccedilotildees

do ambiente e do posto de trabalho A iluminaccedilatildeo no local de trabalho pode

ser natural ou artificial sendo esta uacuteltima a feita por lacircmpadas eleacutetricas que

podem ser fluorescentes incandescentes de mercuacuterio de soacutedio etc

(BREVIGLIERO et al 2006) Estes autores conceituam iluminamento como

a densidade de fluxo luminoso sobre uma superfiacutecie expresso em lux (lx)

Um lux corresponde a um luacutemen distribuiacutedo numa superfiacutecie de 1 msup2

De acordo com a Portaria nordm 3214 de 08 de junho de 1978 em sua

Norma Regulamentadora (NR) nordm 17 item 1753 a avaliaccedilatildeo deve ser

realizada usando-se um luxiacutemetro com fotoceacutelula corrigida para a

sensibilidade do olho humano e em funccedilatildeo do acircngulo de incidecircncia Para

avaliaccedilatildeo do niacutevel de iluminamento adota-se o criteacuterio de mediccedilatildeo ponto a

ponto nos locais de trabalho e a comparaccedilatildeo com o miacutenimo estabelecido em

lux para cada tipo de atividade como disposto na NR-17 e na NBR-5413 da

ABNT (1992) O iluminamento pode ser inadequado tanto quando se

encontra em niacuteveis abaixo do necessaacuterio para execuccedilatildeo de determinadas

tarefas como quando o ultrapassa levando ao fenocircmeno de ofuscamento

Designa-se por ofuscamento uma condiccedilatildeo de visatildeo na qual haacute um

desconforto ou uma reduccedilatildeo da capacidade de distinguir objetos ou ambos

13

devido a uma distribuiccedilatildeo desfavoraacutevel das luminacircncias ou a luminacircncias

elevadas ou a contrastes excessivos no espaccedilo ou no tempo

(BREVIGLIERO et al 2006)

PICCOLI et al (2004) observaram que a avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de

iluminaccedilatildeo no local de trabalho tem sido focada na mediccedilatildeo do niacutevel de

iluminamento O valor da mediccedilatildeo do iluminamento no campo visual de

trabalho deve ser consistente com a anatomia e a fisiologia oculares

requisitadas na execuccedilatildeo da tarefa e pode ser utilizado como parte da

avaliaccedilatildeo de risco para possiacuteveis distuacuterbios visuais aleacutem de estabelecer o

niacutevel de iluminamento mais adequado nas estaccedilotildees de trabalho

As maacutes condiccedilotildees do local de trabalho estatildeo relacionadas agrave presenccedila

de poeira excessiva ao ar seco secundaacuterio ao uso indevido de

condicionadores de ar que pode levar agrave maior sensibilizaccedilatildeo da coacuternea e

das glacircndulas presentes nas paacutelpebras e consequentemente agrave diminuiccedilatildeo

da produccedilatildeo da laacutegrima Acrescente-se ainda a estrutura e o posicionamento

da cadeira de trabalho que podem levar a dores na coluna vertebral quando

inadequados e que podem ser associados agrave fadiga visual o horaacuterio e

duraccedilatildeo do trabalho principalmente quando em turnos noturnos ou diurnos

com duraccedilatildeo acima da sexta hora trabalhada a qualidade da tela do monitor

e a falta de protetores para as mesmas (BLEHM et al 2005)

BLHEM et al (2005) consideram como fatores extriacutensecos oculares

a) diminuiccedilatildeo do iacutendice do piscarpestanejar b) aumento da exposiccedilatildeo da

superfiacutecie ocular c) uso de lente de contato ou medicamentos d) presenccedila

de doenccedilas sistecircmicas e ou doenccedilas oculares externas

14

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar tambeacutem foi observada por CHARPE

e KAUSHIK (2009) Estes autores relatam que ao lermos um texto em

papel piscamos 22 vezes por minuto poreacutem em frente agrave tela de um

computador reduzimos para sete vezes por minuto o nuacutemero de piscadas

YAN et al (2008) consideram que o brilho da tela do computador conduz a

uma grande alteraccedilatildeo na dinacircmica da laacutegrima o iacutendice do piscar espontacircneo

(spontaneous eye blink rate ndash SEBR) reduz-se significativamente durante o

uso do computador Os autores descrevem que o SEBR corresponde a 15-

16 piscadasminuto durante uma conversaccedilatildeo e que o mesmo diminui

durante o uso do computador para 5-6 piscadasminuto em razatildeo da alta

demanda visual e da grande concentraccedilatildeo mental que se verificam durante

esta atividade

FREUDENTHALER et al (2003) e SCHLOTE et al (2004) descrevem

ainda que temos a tendecircncia de aumentar o tamanho da abertura do olho

diante da tela do monitor o que resulta numa maior evaporaccedilatildeo da laacutegrima

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar e o aumento do tamanho da abertura do

olho podem prejudicar a troca do filme lacrimal o que pode ocasionar o

distuacuterbio conhecido como ldquoolho secordquo segundo BLEHM et al (2005)

Entre os fatores extriacutensecos oculares inclui-se o uso de lentes de

contato e uso de medicamentos O uso de lentes diminui a oxigenaccedilatildeo da

coacuternea e pode levar agrave diminuiccedilatildeo da lubrificaccedilatildeo do olho Haacute casos ainda de

mau posicionamento dessas lentes o que leva a um grande desconforto

ocular O uso de medicamentos por via oral tais como diureacuteticos anti-

histamiacutenicos psicotroacutepicos e anti-hipertensivos levam agrave diminuiccedilatildeo da

15

produccedilatildeo da laacutegrima (BLEHM et al 2005)

Entre as doenccedilas sistecircmicas siacutendromes e doenccedilas oculares externas

que satildeo consideradas como fatores extriacutensecos oculares BLEHM et al

(2005) citam a Artrite Reumatoacuteide a Siacutendrome de Sjogren e as blefarites

posteriores

PICCOLI (2003) atribui agraves modificaccedilotildees dos processos de trabalho e agrave

crescente utilizaccedilatildeo do computador o aumento progressivo das exigecircncias

de eficiecircncia visual e do uso dos componentes do sistema nervoso a isso

relacionado que coordenam os movimentos dos olhos e sua acomodaccedilatildeo

A relaccedilatildeo entre visatildeo e fatores psicossociais do trabalho eacute sugerida

pela ideacuteia de que os distuacuterbios visuais estatildeo relacionados agrave intensidade e agrave

duraccedilatildeo das exigecircncias visuais agrave situaccedilatildeo de trabalho percebida pelo

empregado e agraves caracteriacutesticas fisiopatoloacutegicas do sistema visual de cada

indiviacuteduo (PICCOLI 2003)

A Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (ILO 1986) define os fatores

psicossociais do trabalho como a interaccedilatildeo das percepccedilotildees e da experiecircncia

do trabalhador com aspectos relacionados agraves condiccedilotildees e ao ambiente de

trabalho e tambeacutem ligados ao sistema social Propotildee que sejam analisados

fatores de natureza individual como as capacidades e limitaccedilotildees do

trabalhador em relaccedilatildeo agraves exigecircncias do trabalho E inclui entre as

condiccedilotildees de trabalho a tarefa em si as condiccedilotildees fiacutesicas do posto de

trabalho as relaccedilotildees interpessoais entre colegas chefes e clientes Em

relaccedilatildeo aos fatores sociais menciona as preocupaccedilotildees do trabalhador em

relaccedilatildeo agrave famiacutelia e agrave vida pessoal elementos culturais nutriccedilatildeo condiccedilotildees

16

de transporte e habitaccedilatildeo

A preocupaccedilatildeo com as repercussotildees do trabalho sobre a visatildeo tem

crescido nos uacuteltimos anos Exemplo disso foi a criaccedilatildeo de um comitecirc

cientiacutefico especiacutefico pela Comissatildeo Internacional de Sauacutede Ocupacional

(ICOH - International Commission on Occupational Health) denominado

Comitecirc Trabalho e Visatildeo (ICOH ICWV - International Scientific Committee

on Work and Vision) A proposta do documento elaborado por este comitecirc eacute

de que os distuacuterbios oculares relacionados ao trabalho tecircm origem

multifatorial podendo estar associados agrave atividade de trabalho agraves condiccedilotildees

ambientais e agraves caracteriacutesticas oftalmoloacutegicas individuais (PICCOLI 2003)

SCHAEFER (2009) afirma que o ICOH-ICWV procura desenvolver

sistematicamente o tema com vistas a uma aproximaccedilatildeo mais racional e

completa entre trabalho e visatildeo Segundo o comitecirc os avanccedilos das

pesquisas nesta aacuterea devem proporcionar aos trabalhadores melhores

condiccedilotildees visuais nos locais de trabalho levando a uma maior qualidade no

trabalho e a atividades menos exaustivas e menos estressantes o que pode

resultar em maior produtividade

12 O TRABALHO EM CENTRAIS DE TELEATENDIMENTO

Segundo LIDA (1990) com a difusatildeo do uso dos computadores os

postos de trabalho com monitores se tornaram mais frequentes nas

17

empresas industriais e nos escritoacuterios nos uacuteltimos anos A utilizaccedilatildeo desta

tecnologia proporcionou uma grande evoluccedilatildeo e importantes melhorias na

realizaccedilatildeo das atividades profissionais dos indiviacuteduos como por exemplo o

incremento na qualidade e na produccedilatildeo e maior eficiecircncia

Nos escritoacuterios tradicionais as tarefas eram mais variadas permitindo

mudanccedilas de postura durante a jornada de trabalho No posto de trabalho

atual com o uso do computador o indiviacuteduo permanece quase estaacutetico

durante horas com a atenccedilatildeo fixa na tela do monitor e as matildeos sobre o

teclado realizando diferentes operaccedilotildees Segundo GRANDJEAN e

HUumlNTING (1997) o trabalhador se torna parte do sistema homem-maacutequina

seus movimentos e o espaccedilo de manobras satildeo limitados Esta condiccedilatildeo estaacute

frequentemente relacionada a um desenho inadequado do posto de trabalho

a problemas de iluminaccedilatildeo ou a problemas de visatildeo natildeo corrigidos ou natildeo

corretamente corrigidos para o trabalho a ser desempenhado

A utilizaccedilatildeo de computador de maneira constante eacute uma das

caracteriacutesticas dos Call Centers ou Centrais de Atendimento Telefocircnico que

podem ser definidos como uma estrutura organizacional que compreende

postos de trabalho para atendimento ao cliente por meio da utilizaccedilatildeo de um

terminal de computador e um aparelho telefocircnico (ROCHA e GLINA 2005)

As Centrais de Atendimento Telefocircnico incluem qualquer atividade por

meio de sistemas de informaccedilatildeo com o objetivo de desenvolver accedilotildees

padronizadas e contiacutenuas de marketing eou favorecer a comunicaccedilatildeo com

clientes puacuteblico em geral ou agecircncias governamentais (VILELA e

ASSUNCcedilAtildeO 2004)

18

Os serviccedilos prestados compreendem o fornecimento de informaccedilotildees

ao puacuteblico ou clientes das empresas recebimento de reclamaccedilotildees venda e

assistecircncia teacutecnica de produtos entre outros Eacute a caracteriacutestica da empresa

principal que determina o conteuacutedo do trabalho dos ldquooperadores de

telemarketingrdquo que eacute a denominaccedilatildeo usual dada aos trabalhadores nestes

serviccedilos no Brasil e adotada pela Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

(CBO) - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (BRASIL 2005)

Na Inglaterra esse tipo de atividade jaacute emprega mais funcionaacuterios

diretos do que as induacutestrias de carvatildeo accedilo e automobiliacutestica reunidas Em

uma estimativa realizada em 2002 havia cinco milhotildees de pessoas

empregadas em Call Center nos Estados Unidos e aproximadamente 15

milhatildeo na Europa (TOOMINGAS et al 2002)

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Telemarketing ndash ABT em 2009 o

Brasil ultrapassou a marca de 900 mil trabalhadores envolvidos neste setor

Para se entender a dimensatildeo da importacircncia do estudo das condiccedilotildees de

trabalho dos operadores de telemarketing instituiccedilotildees de pesquisa e

sindicatos de diversos paiacuteses da Europa como Alemanha Beacutelgica Itaacutelia e

outros criaram em 1999 um ldquoquadro de observaccedilatildeo social dos Call

Centersrdquo segundo o qual esse tipo de organizaccedilatildeo tornou-se sinocircnimo de

uma forma moderna de degradaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho

A anaacutelise das caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo do trabalho nos Call

Centers tem suscitado comparaccedilotildees com o modo de organizaccedilatildeo industrial

desenvolvido no iniacutecio do seacuteculo XX por Frederick Winslow Taylor

conhecido por ldquoAdministraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalhordquo com o objetivo de

19

maximizar a produtividade industrial pela via da ldquoracionalizaccedilatildeo do trabalhordquo

O sistema hoje tambeacutem nomeado de ldquotaylorismordquo baseava-se no

conceito de um ldquohomo economicusrdquo ou seja um trabalhador cujo principal

incentivo para trabalhar de modo eficiente seria o salaacuterio Entre os princiacutepios

que norteavam a Administraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalho estavam uma clara

separaccedilatildeo entre planejamentocontrole e a execuccedilatildeo do trabalho a

substituiccedilatildeo do criteacuterio individual do operaacuterio por um criteacuterio considerado

cientiacutefico a eliminaccedilatildeo dos tempos mortos ie improdutivos por meio da

definiccedilatildeo dos tempos meacutedios exigidos para a realizaccedilatildeo das tarefas uma

seleccedilatildeo e um treinamento meticulosos dos empregados para a realizaccedilatildeo

das tarefas (PARAGUAY 2003) A uacutenica fadiga considerada pelo taylorismo

era a fadiga fisioloacutegica (MOURA 1993 apud PARAGUAY 2003)

Segundo BUSCATTO (2002) taylorizaccedilatildeo estresse baixas

remuneraccedilotildees e precarizaccedilatildeo da matildeo de obra satildeo algumas das palavras-

chaves ligadas ao setor de telemarketing

Para VENCO (2006) o forte predomiacutenio do taylorismo indica que a

organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento encontra respaldo na

sofisticaccedilatildeo da tecnologia utilizada nesse setor da economia visto que todas

as movimentaccedilotildees realizadas nas posiccedilotildees de atendimento satildeo registradas

pelo software o nuacutemero de ligaccedilotildees feitas e recebidas o tempo de

atendimento as pausas as vendas realizadas as estatiacutesticas dos resultados

das ligaccedilotildees a indicaccedilatildeo de clientes agrave espera e o tempo excedido de

atendimento entre outros dados Aleacutem disso a tecnologia atua ainda por

meio de um equipamento multifuncional que eacute fundamental para a

20

racionalizaccedilatildeo do trabalho e o aumento da produtividade conhecido como

DAC esse equipamento distribui automaticamente as ligaccedilotildees recebidas

entre os operadores haacute mais tempo ociosos e grava na iacutentegra todos os

atendimentos

Para READ (2001) do ponto de vista da sauacutede o ambiente dos

centros de teleatendimento eacute considerado de meacutedio a alto risco sendo as

principais queixas dores de cabeccedila no pescoccedilo nos membros superiores e

em menor escala nas costas e nos membros inferiores aleacutem de tensatildeo e

fadiga visuais

Do que foi exposto pode-se afirmar que as condiccedilotildees adversas de

trabalho no setor de teleatendimento envolvem problemas relativos agraves

condiccedilotildees e agrave organizaccedilatildeo do trabalho

Para explicar o estresse no trabalho e as repercussotildees na sauacutede do

trabalhador GLINA (2010) cita o modelo de KARASEK e THEORELL (1990)

segundo o qual as caracteriacutesticas do trabalho podem natildeo estar associadas

de forma linear agrave sauacutede do trabalhador mas podem combinar-se

interativamente em relaccedilatildeo agrave sauacutede

Em outras palavras o modelo de anaacutelise formulado por KARASEK e

THEORELL (1990) conhecido como modelo Demanda-Controle pressupotildee

que o estresse ocupacional pode levar agrave doenccedila natildeo pela somatoacuteria de um

conjunto de diversas situaccedilotildees de conflito mas pela relaccedilatildeo entre as

tensotildees geradas pelas exigecircncias do trabalho e a capacidade do trabalhador

em dirimir esse niacutevel de tensatildeo principalmente a partir de suas

possibilidades de tomada de decisotildees e controle sobre o proacuteprio trabalho

21

GLINA (2010) explica ainda que o modelo proposto por eles envolve

uma abordagem tridimensional contemplando os seguintes aspectos

demanda controle e apoio social De acordo com ARAUacuteJO (2010) o

modelo estabelece a partir de combinaccedilatildeo de diferentes niacuteveis de controle e

demanda quatro tipos baacutesicos de experiecircncias no trabalho alta exigecircncia do

trabalho (caracterizada por situaccedilatildeo de trabalho com alta demanda e baixo

controle) trabalho ativo (situaccedilatildeo de alta demanda e alto controle) trabalho

passivo (baixa demanda e baixo controle) e baixa exigecircncia (combinando

baixa demanda e alto controle)

Segundo o modelo citado ndash um dos mais utilizados em todo o mundo

para a avaliaccedilatildeo do estresse no trabalho ndash as piores condiccedilotildees estatildeo

presentes nas situaccedilotildees de trabalho ldquode alta exigecircnciardquo ao mesmo tempo

em que impotildeem ao trabalhador altas exigecircncias (percebidas por ele como

pressotildees psicoloacutegicas) impedem-no de responder com liberdade a essas

mesmas exigecircncias

Para estudarmos os fatores psicossociais relacionados ao trabalho

utilizamos o questionaacuterio sobre Estresse no Trabalho formulado por

KOMPIER e LEVI (1995) com base no modelo Demanta-Controle Segundo

GALASSO (2005) que utilizou o mesmo instrumento para estudar

operadores de uma Central de Atendimento de Serviccedilo de Sauacutede o referido

questionaacuterio requer o conhecimento da percepccedilatildeodefiniccedilatildeo dos sujeitos

sobre as caracteriacutesticas do trabalho compreendendo inclusive as exigecircncias

(pressotildees psicoloacutegicas) que pesam sobre eles e o grau de controle que

percebem ter sobre o proacuteprio trabalho

22

No Brasil existem estudos sobre sintomas osteomusculares entre os

operadores de teleatendimento de empresas de diferentes ramos de

atividade econocircmica (FERREIRA Jr et al 1997 FERREIRA Jr e SALDIVA

2002 ROCHA et al 2005) Poreacutem natildeo foram encontrados estudos sobre a

prevalecircncia de CVS nestes operadores

23

2 OBJETIVOS

21 GERAL

Estimar a prevalecircncia de CVS (Siacutendrome Visual Associada ao uso

de Computador) entre operadores de duas centrais de

atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

22 ESPECIacuteFICOS

Caracterizar a distribuiccedilatildeo da ocorrecircncia de CVS entre os

operadores das Centrais de Atendimento Telefocircnico segundo as

caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico historia ocupacional situaccedilatildeo de trabalho

fatores de satisfaccedilatildeo durante o trabalho e aspectos psicossociais

do trabalho

Verificar as associaccedilotildees existentes entre os casos definidos como

CVS e as variaacuteveis independentes estudadas

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 5: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

RESUMO

Saacute EC Fatores de risco para a siacutendrome visual associada ao uso do computador em operadores de duas centrais de teleatendimento em Satildeo Paulo Brasil [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2010 A siacutendrome visual associada ao uso do computador (CVS) eacute um dos distuacuterbios oculares que vem sendo estudado atualmente por sua alta prevalecircncia mundial e por ser cada vez mais frequente em determinadas profissotildees O objetivo deste estudo eacute estimar a prevalecircncia desta siacutendrome entre operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo (n= 476) atraveacutes de uma pesquisa quantitativa de estudo observacional transversal com o uso de um questionaacuterio estruturado As questotildees foram divididas em soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho fatores de satisfaccedilatildeo fatores de incocircmodo no trabalho e fatores psicossociais relacionados ao trabalho A definiccedilatildeo de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al (2005) ou seja pela presenccedila de um ou mais sintomas oculares especiacuteficos verificados com frequecircncia maior ou igual agrave alternativa ldquoagraves vezesrdquo A anaacutelise estatiacutestica foi realizada a partir do estudo das frequecircncias absolutas e relativas e verificada a associaccedilatildeo atraveacutes do teste do chi-quadrado Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis descritivos inferiores a 5 (p lt 005) Os sintomas referidos foram cansaccedilo nas vistas (739) ldquopesordquo nos olhos (682) ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos (546) lacrimejamento (439) e enfraquecimento da visatildeo (435) A prevalecircncia da CVS foi de 546 entre os operadores estudados Foi verificada ainda associaccedilatildeo entre ser mulher (OR 26 IC95 16-41) falta de reconhecimento no trabalho (OR 14 IC95 11-18) organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento (OR 14 IC95 11-17) e demanda de trabalho (OR 11 IC95 10-13) Neste estudo concluiu-se pela importacircncia das caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo e dos fatores psicossociais no trabalho como associados agrave presenccedila de CVS nos operadores de teleatendimento

Descritores Telemarketing Fadiga visual Fatores de risco Sauacutede do trabalhador

ABSTRACT

Saacute EC Fatores de risco para a siacutendrome visual associada ao uso do computador em operadores de duas centrais de teleatendimento em Satildeo Paulo Brasil [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2010

The visual syndrome associated with computer use (CVS) is an eye disorder that is currently being studied for its high prevalence worldwide and is becoming increasingly common in some professions This study aimed to estimate the prevalence of this syndrome among operators from two call centers located in Satildeo Paulo (n = 476) A quantitative cross-sectional observational study was performed by means of a questionnaire containing questions about socio-demographics lifestyle habits occupational history work status satisfaction factors discomfort factors at work and psychosocial factors related to work The case definition was based on the concept of Computer Vision Syndrome from Blehm (2005) ie the presence of one or more ocular specific symptoms occurring in a frequency greater than or equal to sometimes Statistical analysis was performed for absolute and relative frequencies and examined the association by chi-square The variables that showed p lt 020 or which were described in the explanation of eye disorders were included in multiple regression analysis In the final model remained variables that showed descriptive levels below 5 (p lt 005) The symptoms reported were visual fatigue (739) ldquoheavinessrdquo in the eyes (682) ldquoburningrdquo eyes (546) tearing (439) and vision impairment (435) The prevalence of CVS among operators was 546 Other associations found were being female (OR 26 95 CI 16-41) lack of recognition during work (OR 14 95 CI 11 to 18) organization of work in telemarketing (OR 14 95 CI 11 to 17) and work demands (OR 11 95 CI 10 to 13)This study showed the importance of organizational characteristics and psychosocial factors at work as related to the presence of CVS in telemarketing operators Descriptors Telemarketing Visual fatigue Computer visual syndrome Occupational health

IacuteNDICE

1 INTRODUCcedilAtildeO 08

11 SIacuteNDROME VISUAL ASSOCIADA AO USO DO

COMPUTADOR (CVS - COMPUTER VISION

SYNDROME)

08

12 O TRABALHO EM CENTRAIS DE TELEATENDIMENTO 16

2 OBJETIVOS 23

21 GERAL 23

22 ESPECIacuteFICOS 23

3 MEacuteTODOS 24

31 TIPO DE ESTUDO 24

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO 25

33 INSTRUMENTO 25

331 Construccedilatildeo do questionaacuterio 25

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio 27

34 ANAacuteLISE DOS DADOS 28

4 RESULTADOS 32

41 CARACETERIacuteSTICAS DAS EMPRESAS E DA ATIVIDADE 32

42 CARACTERIacuteSTICAS DOS OPERADORES E DA SITUACcedilAtildeO

DE TRABALHO

34

43 PREVALEcircNCIA DE CVS ENTRE OS OPERADORES DE

TELEATENDIMENTO

42

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

44

5 DISCUSSAtildeO 53

6 CONCLUSOtildeES 64

7 REFEREcircNCIAS 65

ANEXOS 73

Anexo 1 ndash Autorizaccedilatildeo do banco de dados 73

Anexo 2 ndash Termo de responsabilidade do pesquisador 74

Anexo 3 ndash Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio 75

Anexo 4 ndash Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 76

Anexo 5 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 77

Anexo 6 - Roteiro do questionaacuterio 79

Anexo 7 - Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos

operadores de teleatendimento

90

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 SIacuteNDROME VISUAL ASSOCIADA AO USO DO COMPUTADOR

(CVS - COMPUTER VISION SYNDROME)

De acordo com SAMPAIO e HADDAD (2009) estima-se que 90 dos

casos diagnosticados de deficiecircncia visual estejam nos paiacuteses em

desenvolvimento sendo a maior parte deles evitaacutevel por meio de medidas

preventivas ou de tratamentos jaacute existentes As consequecircncias da

deficiecircncia visual envolvem decliacutenio na produtividade e no bem estar e em

custos diretos e indiretos para a sociedade

Entre os distuacuterbios visuais frequentes atualmente inclui-se a

astenopia considerada por alguns como fadiga visual O termo astenopia

de acordo com o Dictionary of Visual Science eacute geralmente utilizado para

designar quaisquer sintomas subjetivos ou desconforto relacionados ao uso

dos olhos ALVES et al (2009) consideram que astenopia inclui sintomas

como cefaleacuteia dor ao redor dos olhos ou acima dos olhos cansaccedilo e

desconforto ocular Os autores consideram ainda que a intensidade e a

frequecircncia dos sinais e sintomas variam e dependem de certos fatores tais

como a magnitude e tipo do erro refrativo a integridade do sistema visual

binocular e a natureza da demanda da visatildeo inclusive no trabalho

Ao lado disso a fadiga visual eacute um dos distuacuterbios oculares que vem

9

sendo estudados atualmente em razatildeo de sua alta prevalecircncia mundial e

por ser cada vez mais frequente em determinadas profissotildees (THOMSON

1998 ZIEFLE 1998 ACOSTA et al 1999 TRAVERS e STANTON 2002

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO 2004 YE et al 2007ab) entre elas a dos

profissionais que trabalham com computador

A ocorrecircncia da fadiga visual em profissionais que utilizam o

computador foi inicialmente descrita em 1982 por ELIAS e CAIL que a

conceituavam como uma modificaccedilatildeo funcional por contraccedilotildees excessivas e

prolongadas dos muacutesculos ciliares do olho com o objetivo de obter uma

focalizaccedilatildeo fina dos objetos Segundo FERGUSON et al (1974) a principal

causa de fadiga visual eacute a vulnerabilidade do sistema de focalizaccedilatildeo da

imagem e dos muacutesculos que controlam os movimentos de fixaccedilatildeo ocular

Alguns autores tecircm definido a fadiga visual associada ao trabalho com

computador como Computer Vision Syndrome (CVS - Siacutendrome Visual

Associada ao uso de Computador) Segundo BLEHM et al (2005) a CVS

pode ser caracterizada pela presenccedila de um ou mais sintomas oculares

(cansaccedilo nas vistas fadiga ocular sensaccedilatildeo de queimaccedilatildeo irritaccedilatildeo ocular

ldquovermelhidatildeordquo ldquovisatildeo borradardquo e ldquoolhos secosrdquo entre outros) como resultado

do uso de monitor de computador

As causas fisiopatoloacutegicas potenciais da CVS foram agrupadas por

BLEHM et al (2005) em trecircs conjuntos de sintomas

a) distuacuterbios oculares dor local sensaccedilatildeo de ardecircncia sensaccedilatildeo de

ldquoqueimaccedilatildeordquo modificaccedilotildees na frequecircncia do piscar lacrimejamento

excessivo e o conhecido ldquoolho secordquo

10

b) distuacuterbios visuais fotossensibilidade dificuldade em focalizar

(visatildeo turva) diplopia (visatildeo dupla) persistecircncia anormal de poacutes imagem e a

instabilidade da imagem na sua definiccedilatildeo oacuteptica e espacial e

c) distuacuterbios gerais cefaleacuteia enxaqueca dores lombares eou

cervicais espasmos musculares nas regiotildees do pescoccedilo e dos ombros

sendo estes uacuteltimos necessariamente acompanhados dos achados oculares

As causas conhecidas da CVS foram classificadas por BLEHM et al

(2005) em fatores intriacutensecos extriacutensecos ambientais e extriacutensecos

oculares Nos fatores intriacutensecos predominam as causas de origem muscular

da fadiga visual ou seja aquelas relacionadas ao mecanismo de

acomodaccedilatildeo do olho BRUNO e CARVALHO (2007) relatam que o termo

acomodaccedilatildeo foi introduzido por Burow em 1841

A funccedilatildeo oacuteptica do olho eacute formar uma imagem niacutetida na retina Um

olho emeacutetrope quando fixa um objeto no infinito tem a sua imagem

focalizada sobre a retina O fenocircmeno de acomodaccedilatildeo corresponde agrave

capacidade de aumentar o poder de refraccedilatildeo do olho a fim de realizar a

completa formaccedilatildeo da imagem na retina com correspondecircncia cerebral

Quando o objeto se desloca do infinito em direccedilatildeo ao olho a imagem

retiniana sofre um deslocamento para traacutes havendo necessidade entatildeo de

um mecanismo de ajuste denominado acomodaccedilatildeo Esse mecanismo

envolve estruturas oculares tais como a cacircmara anterior a pupila o

cristalino a zocircnula o muacutesculo ciliar e os processos ciliares (BRUNO E

CARVALHO 2007)

11

Segundo os autores quando o olho estaacute acomodando aleacutem das

mudanccedilas no cristalino e no sistema zonular o olho simultaneamente

converge e a pupila se contrai Estes fatos ajudam na obtenccedilatildeo de uma

visatildeo niacutetida de objetos que se encontram proacuteximos ao indiviacuteduo e satildeo

conhecidos como resposta proacutexima Ao focalizar um objeto no infinito o olho

encontra-se no estado conhecido como desacomodado ou natildeo acomodado

e caso esteja focalizando um objeto na zona de acomodaccedilatildeo eacute

denominado acomodado

Assim os autores consideram que o mecanismo de acomodaccedilatildeo se

realiza de maneira gradual e proporcional agrave distacircncia do ponto focalizado Eacute

modulado como um sistema realimentado que opera de maneira a aumentar

o contraste luminoso da imagem na retina Natildeo haacute apenas um uacutenico

estiacutemulo e nem um que seja o mais importante Tamanho do objeto

distacircncia borratildeo (contraste da imagem) aberraccedilatildeo cromaacutetica oscilaccedilatildeo da

acomodaccedilatildeo movimentos de varreduras dos olhos e outros fenocircmenos

visuais podem ser responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo da resposta acomodativa

apropriada do olho

Entre as teorias que explicam a acomodaccedilatildeo a de Helmholtz

elaborada no seacuteculo XIX e publicada em 1909 eacute a mais difundida e mais

aceita atualmente Segundo este autor o corpo ciliar eacute ativo durante a

acomodaccedilatildeo (BRUNO e CARVALHO 2007)

Os erros refracionais tambeacutem conhecidos como ametropias tais

como miopia astigmatismo hipermetropia e presbiopia presentes em cada

indiviacuteduo interferem de forma direta e incisiva nos sinais e sintomas

12

caracteriacutesticos da fadiga visual quando natildeo se encontram corrigidas ou

quando estatildeo corrigidas de maneira indevida (hipocorrigidos ou

hipercorrigidos) seja atraveacutes dos oacuteculos seja atraveacutes de lentes de contato

Haacute ainda aqueles relacionados agrave presenccedila de alteraccedilotildees oacuteculo-motoras do

grupo das forias

Os fatores extriacutensecos ambientais incluem iluminamento condiccedilotildees

do ambiente e do posto de trabalho A iluminaccedilatildeo no local de trabalho pode

ser natural ou artificial sendo esta uacuteltima a feita por lacircmpadas eleacutetricas que

podem ser fluorescentes incandescentes de mercuacuterio de soacutedio etc

(BREVIGLIERO et al 2006) Estes autores conceituam iluminamento como

a densidade de fluxo luminoso sobre uma superfiacutecie expresso em lux (lx)

Um lux corresponde a um luacutemen distribuiacutedo numa superfiacutecie de 1 msup2

De acordo com a Portaria nordm 3214 de 08 de junho de 1978 em sua

Norma Regulamentadora (NR) nordm 17 item 1753 a avaliaccedilatildeo deve ser

realizada usando-se um luxiacutemetro com fotoceacutelula corrigida para a

sensibilidade do olho humano e em funccedilatildeo do acircngulo de incidecircncia Para

avaliaccedilatildeo do niacutevel de iluminamento adota-se o criteacuterio de mediccedilatildeo ponto a

ponto nos locais de trabalho e a comparaccedilatildeo com o miacutenimo estabelecido em

lux para cada tipo de atividade como disposto na NR-17 e na NBR-5413 da

ABNT (1992) O iluminamento pode ser inadequado tanto quando se

encontra em niacuteveis abaixo do necessaacuterio para execuccedilatildeo de determinadas

tarefas como quando o ultrapassa levando ao fenocircmeno de ofuscamento

Designa-se por ofuscamento uma condiccedilatildeo de visatildeo na qual haacute um

desconforto ou uma reduccedilatildeo da capacidade de distinguir objetos ou ambos

13

devido a uma distribuiccedilatildeo desfavoraacutevel das luminacircncias ou a luminacircncias

elevadas ou a contrastes excessivos no espaccedilo ou no tempo

(BREVIGLIERO et al 2006)

PICCOLI et al (2004) observaram que a avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de

iluminaccedilatildeo no local de trabalho tem sido focada na mediccedilatildeo do niacutevel de

iluminamento O valor da mediccedilatildeo do iluminamento no campo visual de

trabalho deve ser consistente com a anatomia e a fisiologia oculares

requisitadas na execuccedilatildeo da tarefa e pode ser utilizado como parte da

avaliaccedilatildeo de risco para possiacuteveis distuacuterbios visuais aleacutem de estabelecer o

niacutevel de iluminamento mais adequado nas estaccedilotildees de trabalho

As maacutes condiccedilotildees do local de trabalho estatildeo relacionadas agrave presenccedila

de poeira excessiva ao ar seco secundaacuterio ao uso indevido de

condicionadores de ar que pode levar agrave maior sensibilizaccedilatildeo da coacuternea e

das glacircndulas presentes nas paacutelpebras e consequentemente agrave diminuiccedilatildeo

da produccedilatildeo da laacutegrima Acrescente-se ainda a estrutura e o posicionamento

da cadeira de trabalho que podem levar a dores na coluna vertebral quando

inadequados e que podem ser associados agrave fadiga visual o horaacuterio e

duraccedilatildeo do trabalho principalmente quando em turnos noturnos ou diurnos

com duraccedilatildeo acima da sexta hora trabalhada a qualidade da tela do monitor

e a falta de protetores para as mesmas (BLEHM et al 2005)

BLHEM et al (2005) consideram como fatores extriacutensecos oculares

a) diminuiccedilatildeo do iacutendice do piscarpestanejar b) aumento da exposiccedilatildeo da

superfiacutecie ocular c) uso de lente de contato ou medicamentos d) presenccedila

de doenccedilas sistecircmicas e ou doenccedilas oculares externas

14

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar tambeacutem foi observada por CHARPE

e KAUSHIK (2009) Estes autores relatam que ao lermos um texto em

papel piscamos 22 vezes por minuto poreacutem em frente agrave tela de um

computador reduzimos para sete vezes por minuto o nuacutemero de piscadas

YAN et al (2008) consideram que o brilho da tela do computador conduz a

uma grande alteraccedilatildeo na dinacircmica da laacutegrima o iacutendice do piscar espontacircneo

(spontaneous eye blink rate ndash SEBR) reduz-se significativamente durante o

uso do computador Os autores descrevem que o SEBR corresponde a 15-

16 piscadasminuto durante uma conversaccedilatildeo e que o mesmo diminui

durante o uso do computador para 5-6 piscadasminuto em razatildeo da alta

demanda visual e da grande concentraccedilatildeo mental que se verificam durante

esta atividade

FREUDENTHALER et al (2003) e SCHLOTE et al (2004) descrevem

ainda que temos a tendecircncia de aumentar o tamanho da abertura do olho

diante da tela do monitor o que resulta numa maior evaporaccedilatildeo da laacutegrima

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar e o aumento do tamanho da abertura do

olho podem prejudicar a troca do filme lacrimal o que pode ocasionar o

distuacuterbio conhecido como ldquoolho secordquo segundo BLEHM et al (2005)

Entre os fatores extriacutensecos oculares inclui-se o uso de lentes de

contato e uso de medicamentos O uso de lentes diminui a oxigenaccedilatildeo da

coacuternea e pode levar agrave diminuiccedilatildeo da lubrificaccedilatildeo do olho Haacute casos ainda de

mau posicionamento dessas lentes o que leva a um grande desconforto

ocular O uso de medicamentos por via oral tais como diureacuteticos anti-

histamiacutenicos psicotroacutepicos e anti-hipertensivos levam agrave diminuiccedilatildeo da

15

produccedilatildeo da laacutegrima (BLEHM et al 2005)

Entre as doenccedilas sistecircmicas siacutendromes e doenccedilas oculares externas

que satildeo consideradas como fatores extriacutensecos oculares BLEHM et al

(2005) citam a Artrite Reumatoacuteide a Siacutendrome de Sjogren e as blefarites

posteriores

PICCOLI (2003) atribui agraves modificaccedilotildees dos processos de trabalho e agrave

crescente utilizaccedilatildeo do computador o aumento progressivo das exigecircncias

de eficiecircncia visual e do uso dos componentes do sistema nervoso a isso

relacionado que coordenam os movimentos dos olhos e sua acomodaccedilatildeo

A relaccedilatildeo entre visatildeo e fatores psicossociais do trabalho eacute sugerida

pela ideacuteia de que os distuacuterbios visuais estatildeo relacionados agrave intensidade e agrave

duraccedilatildeo das exigecircncias visuais agrave situaccedilatildeo de trabalho percebida pelo

empregado e agraves caracteriacutesticas fisiopatoloacutegicas do sistema visual de cada

indiviacuteduo (PICCOLI 2003)

A Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (ILO 1986) define os fatores

psicossociais do trabalho como a interaccedilatildeo das percepccedilotildees e da experiecircncia

do trabalhador com aspectos relacionados agraves condiccedilotildees e ao ambiente de

trabalho e tambeacutem ligados ao sistema social Propotildee que sejam analisados

fatores de natureza individual como as capacidades e limitaccedilotildees do

trabalhador em relaccedilatildeo agraves exigecircncias do trabalho E inclui entre as

condiccedilotildees de trabalho a tarefa em si as condiccedilotildees fiacutesicas do posto de

trabalho as relaccedilotildees interpessoais entre colegas chefes e clientes Em

relaccedilatildeo aos fatores sociais menciona as preocupaccedilotildees do trabalhador em

relaccedilatildeo agrave famiacutelia e agrave vida pessoal elementos culturais nutriccedilatildeo condiccedilotildees

16

de transporte e habitaccedilatildeo

A preocupaccedilatildeo com as repercussotildees do trabalho sobre a visatildeo tem

crescido nos uacuteltimos anos Exemplo disso foi a criaccedilatildeo de um comitecirc

cientiacutefico especiacutefico pela Comissatildeo Internacional de Sauacutede Ocupacional

(ICOH - International Commission on Occupational Health) denominado

Comitecirc Trabalho e Visatildeo (ICOH ICWV - International Scientific Committee

on Work and Vision) A proposta do documento elaborado por este comitecirc eacute

de que os distuacuterbios oculares relacionados ao trabalho tecircm origem

multifatorial podendo estar associados agrave atividade de trabalho agraves condiccedilotildees

ambientais e agraves caracteriacutesticas oftalmoloacutegicas individuais (PICCOLI 2003)

SCHAEFER (2009) afirma que o ICOH-ICWV procura desenvolver

sistematicamente o tema com vistas a uma aproximaccedilatildeo mais racional e

completa entre trabalho e visatildeo Segundo o comitecirc os avanccedilos das

pesquisas nesta aacuterea devem proporcionar aos trabalhadores melhores

condiccedilotildees visuais nos locais de trabalho levando a uma maior qualidade no

trabalho e a atividades menos exaustivas e menos estressantes o que pode

resultar em maior produtividade

12 O TRABALHO EM CENTRAIS DE TELEATENDIMENTO

Segundo LIDA (1990) com a difusatildeo do uso dos computadores os

postos de trabalho com monitores se tornaram mais frequentes nas

17

empresas industriais e nos escritoacuterios nos uacuteltimos anos A utilizaccedilatildeo desta

tecnologia proporcionou uma grande evoluccedilatildeo e importantes melhorias na

realizaccedilatildeo das atividades profissionais dos indiviacuteduos como por exemplo o

incremento na qualidade e na produccedilatildeo e maior eficiecircncia

Nos escritoacuterios tradicionais as tarefas eram mais variadas permitindo

mudanccedilas de postura durante a jornada de trabalho No posto de trabalho

atual com o uso do computador o indiviacuteduo permanece quase estaacutetico

durante horas com a atenccedilatildeo fixa na tela do monitor e as matildeos sobre o

teclado realizando diferentes operaccedilotildees Segundo GRANDJEAN e

HUumlNTING (1997) o trabalhador se torna parte do sistema homem-maacutequina

seus movimentos e o espaccedilo de manobras satildeo limitados Esta condiccedilatildeo estaacute

frequentemente relacionada a um desenho inadequado do posto de trabalho

a problemas de iluminaccedilatildeo ou a problemas de visatildeo natildeo corrigidos ou natildeo

corretamente corrigidos para o trabalho a ser desempenhado

A utilizaccedilatildeo de computador de maneira constante eacute uma das

caracteriacutesticas dos Call Centers ou Centrais de Atendimento Telefocircnico que

podem ser definidos como uma estrutura organizacional que compreende

postos de trabalho para atendimento ao cliente por meio da utilizaccedilatildeo de um

terminal de computador e um aparelho telefocircnico (ROCHA e GLINA 2005)

As Centrais de Atendimento Telefocircnico incluem qualquer atividade por

meio de sistemas de informaccedilatildeo com o objetivo de desenvolver accedilotildees

padronizadas e contiacutenuas de marketing eou favorecer a comunicaccedilatildeo com

clientes puacuteblico em geral ou agecircncias governamentais (VILELA e

ASSUNCcedilAtildeO 2004)

18

Os serviccedilos prestados compreendem o fornecimento de informaccedilotildees

ao puacuteblico ou clientes das empresas recebimento de reclamaccedilotildees venda e

assistecircncia teacutecnica de produtos entre outros Eacute a caracteriacutestica da empresa

principal que determina o conteuacutedo do trabalho dos ldquooperadores de

telemarketingrdquo que eacute a denominaccedilatildeo usual dada aos trabalhadores nestes

serviccedilos no Brasil e adotada pela Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

(CBO) - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (BRASIL 2005)

Na Inglaterra esse tipo de atividade jaacute emprega mais funcionaacuterios

diretos do que as induacutestrias de carvatildeo accedilo e automobiliacutestica reunidas Em

uma estimativa realizada em 2002 havia cinco milhotildees de pessoas

empregadas em Call Center nos Estados Unidos e aproximadamente 15

milhatildeo na Europa (TOOMINGAS et al 2002)

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Telemarketing ndash ABT em 2009 o

Brasil ultrapassou a marca de 900 mil trabalhadores envolvidos neste setor

Para se entender a dimensatildeo da importacircncia do estudo das condiccedilotildees de

trabalho dos operadores de telemarketing instituiccedilotildees de pesquisa e

sindicatos de diversos paiacuteses da Europa como Alemanha Beacutelgica Itaacutelia e

outros criaram em 1999 um ldquoquadro de observaccedilatildeo social dos Call

Centersrdquo segundo o qual esse tipo de organizaccedilatildeo tornou-se sinocircnimo de

uma forma moderna de degradaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho

A anaacutelise das caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo do trabalho nos Call

Centers tem suscitado comparaccedilotildees com o modo de organizaccedilatildeo industrial

desenvolvido no iniacutecio do seacuteculo XX por Frederick Winslow Taylor

conhecido por ldquoAdministraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalhordquo com o objetivo de

19

maximizar a produtividade industrial pela via da ldquoracionalizaccedilatildeo do trabalhordquo

O sistema hoje tambeacutem nomeado de ldquotaylorismordquo baseava-se no

conceito de um ldquohomo economicusrdquo ou seja um trabalhador cujo principal

incentivo para trabalhar de modo eficiente seria o salaacuterio Entre os princiacutepios

que norteavam a Administraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalho estavam uma clara

separaccedilatildeo entre planejamentocontrole e a execuccedilatildeo do trabalho a

substituiccedilatildeo do criteacuterio individual do operaacuterio por um criteacuterio considerado

cientiacutefico a eliminaccedilatildeo dos tempos mortos ie improdutivos por meio da

definiccedilatildeo dos tempos meacutedios exigidos para a realizaccedilatildeo das tarefas uma

seleccedilatildeo e um treinamento meticulosos dos empregados para a realizaccedilatildeo

das tarefas (PARAGUAY 2003) A uacutenica fadiga considerada pelo taylorismo

era a fadiga fisioloacutegica (MOURA 1993 apud PARAGUAY 2003)

Segundo BUSCATTO (2002) taylorizaccedilatildeo estresse baixas

remuneraccedilotildees e precarizaccedilatildeo da matildeo de obra satildeo algumas das palavras-

chaves ligadas ao setor de telemarketing

Para VENCO (2006) o forte predomiacutenio do taylorismo indica que a

organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento encontra respaldo na

sofisticaccedilatildeo da tecnologia utilizada nesse setor da economia visto que todas

as movimentaccedilotildees realizadas nas posiccedilotildees de atendimento satildeo registradas

pelo software o nuacutemero de ligaccedilotildees feitas e recebidas o tempo de

atendimento as pausas as vendas realizadas as estatiacutesticas dos resultados

das ligaccedilotildees a indicaccedilatildeo de clientes agrave espera e o tempo excedido de

atendimento entre outros dados Aleacutem disso a tecnologia atua ainda por

meio de um equipamento multifuncional que eacute fundamental para a

20

racionalizaccedilatildeo do trabalho e o aumento da produtividade conhecido como

DAC esse equipamento distribui automaticamente as ligaccedilotildees recebidas

entre os operadores haacute mais tempo ociosos e grava na iacutentegra todos os

atendimentos

Para READ (2001) do ponto de vista da sauacutede o ambiente dos

centros de teleatendimento eacute considerado de meacutedio a alto risco sendo as

principais queixas dores de cabeccedila no pescoccedilo nos membros superiores e

em menor escala nas costas e nos membros inferiores aleacutem de tensatildeo e

fadiga visuais

Do que foi exposto pode-se afirmar que as condiccedilotildees adversas de

trabalho no setor de teleatendimento envolvem problemas relativos agraves

condiccedilotildees e agrave organizaccedilatildeo do trabalho

Para explicar o estresse no trabalho e as repercussotildees na sauacutede do

trabalhador GLINA (2010) cita o modelo de KARASEK e THEORELL (1990)

segundo o qual as caracteriacutesticas do trabalho podem natildeo estar associadas

de forma linear agrave sauacutede do trabalhador mas podem combinar-se

interativamente em relaccedilatildeo agrave sauacutede

Em outras palavras o modelo de anaacutelise formulado por KARASEK e

THEORELL (1990) conhecido como modelo Demanda-Controle pressupotildee

que o estresse ocupacional pode levar agrave doenccedila natildeo pela somatoacuteria de um

conjunto de diversas situaccedilotildees de conflito mas pela relaccedilatildeo entre as

tensotildees geradas pelas exigecircncias do trabalho e a capacidade do trabalhador

em dirimir esse niacutevel de tensatildeo principalmente a partir de suas

possibilidades de tomada de decisotildees e controle sobre o proacuteprio trabalho

21

GLINA (2010) explica ainda que o modelo proposto por eles envolve

uma abordagem tridimensional contemplando os seguintes aspectos

demanda controle e apoio social De acordo com ARAUacuteJO (2010) o

modelo estabelece a partir de combinaccedilatildeo de diferentes niacuteveis de controle e

demanda quatro tipos baacutesicos de experiecircncias no trabalho alta exigecircncia do

trabalho (caracterizada por situaccedilatildeo de trabalho com alta demanda e baixo

controle) trabalho ativo (situaccedilatildeo de alta demanda e alto controle) trabalho

passivo (baixa demanda e baixo controle) e baixa exigecircncia (combinando

baixa demanda e alto controle)

Segundo o modelo citado ndash um dos mais utilizados em todo o mundo

para a avaliaccedilatildeo do estresse no trabalho ndash as piores condiccedilotildees estatildeo

presentes nas situaccedilotildees de trabalho ldquode alta exigecircnciardquo ao mesmo tempo

em que impotildeem ao trabalhador altas exigecircncias (percebidas por ele como

pressotildees psicoloacutegicas) impedem-no de responder com liberdade a essas

mesmas exigecircncias

Para estudarmos os fatores psicossociais relacionados ao trabalho

utilizamos o questionaacuterio sobre Estresse no Trabalho formulado por

KOMPIER e LEVI (1995) com base no modelo Demanta-Controle Segundo

GALASSO (2005) que utilizou o mesmo instrumento para estudar

operadores de uma Central de Atendimento de Serviccedilo de Sauacutede o referido

questionaacuterio requer o conhecimento da percepccedilatildeodefiniccedilatildeo dos sujeitos

sobre as caracteriacutesticas do trabalho compreendendo inclusive as exigecircncias

(pressotildees psicoloacutegicas) que pesam sobre eles e o grau de controle que

percebem ter sobre o proacuteprio trabalho

22

No Brasil existem estudos sobre sintomas osteomusculares entre os

operadores de teleatendimento de empresas de diferentes ramos de

atividade econocircmica (FERREIRA Jr et al 1997 FERREIRA Jr e SALDIVA

2002 ROCHA et al 2005) Poreacutem natildeo foram encontrados estudos sobre a

prevalecircncia de CVS nestes operadores

23

2 OBJETIVOS

21 GERAL

Estimar a prevalecircncia de CVS (Siacutendrome Visual Associada ao uso

de Computador) entre operadores de duas centrais de

atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

22 ESPECIacuteFICOS

Caracterizar a distribuiccedilatildeo da ocorrecircncia de CVS entre os

operadores das Centrais de Atendimento Telefocircnico segundo as

caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico historia ocupacional situaccedilatildeo de trabalho

fatores de satisfaccedilatildeo durante o trabalho e aspectos psicossociais

do trabalho

Verificar as associaccedilotildees existentes entre os casos definidos como

CVS e as variaacuteveis independentes estudadas

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 6: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

ABSTRACT

Saacute EC Fatores de risco para a siacutendrome visual associada ao uso do computador em operadores de duas centrais de teleatendimento em Satildeo Paulo Brasil [dissertaccedilatildeo] Satildeo Paulo Universidade de Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 2010

The visual syndrome associated with computer use (CVS) is an eye disorder that is currently being studied for its high prevalence worldwide and is becoming increasingly common in some professions This study aimed to estimate the prevalence of this syndrome among operators from two call centers located in Satildeo Paulo (n = 476) A quantitative cross-sectional observational study was performed by means of a questionnaire containing questions about socio-demographics lifestyle habits occupational history work status satisfaction factors discomfort factors at work and psychosocial factors related to work The case definition was based on the concept of Computer Vision Syndrome from Blehm (2005) ie the presence of one or more ocular specific symptoms occurring in a frequency greater than or equal to sometimes Statistical analysis was performed for absolute and relative frequencies and examined the association by chi-square The variables that showed p lt 020 or which were described in the explanation of eye disorders were included in multiple regression analysis In the final model remained variables that showed descriptive levels below 5 (p lt 005) The symptoms reported were visual fatigue (739) ldquoheavinessrdquo in the eyes (682) ldquoburningrdquo eyes (546) tearing (439) and vision impairment (435) The prevalence of CVS among operators was 546 Other associations found were being female (OR 26 95 CI 16-41) lack of recognition during work (OR 14 95 CI 11 to 18) organization of work in telemarketing (OR 14 95 CI 11 to 17) and work demands (OR 11 95 CI 10 to 13)This study showed the importance of organizational characteristics and psychosocial factors at work as related to the presence of CVS in telemarketing operators Descriptors Telemarketing Visual fatigue Computer visual syndrome Occupational health

IacuteNDICE

1 INTRODUCcedilAtildeO 08

11 SIacuteNDROME VISUAL ASSOCIADA AO USO DO

COMPUTADOR (CVS - COMPUTER VISION

SYNDROME)

08

12 O TRABALHO EM CENTRAIS DE TELEATENDIMENTO 16

2 OBJETIVOS 23

21 GERAL 23

22 ESPECIacuteFICOS 23

3 MEacuteTODOS 24

31 TIPO DE ESTUDO 24

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO 25

33 INSTRUMENTO 25

331 Construccedilatildeo do questionaacuterio 25

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio 27

34 ANAacuteLISE DOS DADOS 28

4 RESULTADOS 32

41 CARACETERIacuteSTICAS DAS EMPRESAS E DA ATIVIDADE 32

42 CARACTERIacuteSTICAS DOS OPERADORES E DA SITUACcedilAtildeO

DE TRABALHO

34

43 PREVALEcircNCIA DE CVS ENTRE OS OPERADORES DE

TELEATENDIMENTO

42

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

44

5 DISCUSSAtildeO 53

6 CONCLUSOtildeES 64

7 REFEREcircNCIAS 65

ANEXOS 73

Anexo 1 ndash Autorizaccedilatildeo do banco de dados 73

Anexo 2 ndash Termo de responsabilidade do pesquisador 74

Anexo 3 ndash Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio 75

Anexo 4 ndash Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 76

Anexo 5 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 77

Anexo 6 - Roteiro do questionaacuterio 79

Anexo 7 - Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos

operadores de teleatendimento

90

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 SIacuteNDROME VISUAL ASSOCIADA AO USO DO COMPUTADOR

(CVS - COMPUTER VISION SYNDROME)

De acordo com SAMPAIO e HADDAD (2009) estima-se que 90 dos

casos diagnosticados de deficiecircncia visual estejam nos paiacuteses em

desenvolvimento sendo a maior parte deles evitaacutevel por meio de medidas

preventivas ou de tratamentos jaacute existentes As consequecircncias da

deficiecircncia visual envolvem decliacutenio na produtividade e no bem estar e em

custos diretos e indiretos para a sociedade

Entre os distuacuterbios visuais frequentes atualmente inclui-se a

astenopia considerada por alguns como fadiga visual O termo astenopia

de acordo com o Dictionary of Visual Science eacute geralmente utilizado para

designar quaisquer sintomas subjetivos ou desconforto relacionados ao uso

dos olhos ALVES et al (2009) consideram que astenopia inclui sintomas

como cefaleacuteia dor ao redor dos olhos ou acima dos olhos cansaccedilo e

desconforto ocular Os autores consideram ainda que a intensidade e a

frequecircncia dos sinais e sintomas variam e dependem de certos fatores tais

como a magnitude e tipo do erro refrativo a integridade do sistema visual

binocular e a natureza da demanda da visatildeo inclusive no trabalho

Ao lado disso a fadiga visual eacute um dos distuacuterbios oculares que vem

9

sendo estudados atualmente em razatildeo de sua alta prevalecircncia mundial e

por ser cada vez mais frequente em determinadas profissotildees (THOMSON

1998 ZIEFLE 1998 ACOSTA et al 1999 TRAVERS e STANTON 2002

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO 2004 YE et al 2007ab) entre elas a dos

profissionais que trabalham com computador

A ocorrecircncia da fadiga visual em profissionais que utilizam o

computador foi inicialmente descrita em 1982 por ELIAS e CAIL que a

conceituavam como uma modificaccedilatildeo funcional por contraccedilotildees excessivas e

prolongadas dos muacutesculos ciliares do olho com o objetivo de obter uma

focalizaccedilatildeo fina dos objetos Segundo FERGUSON et al (1974) a principal

causa de fadiga visual eacute a vulnerabilidade do sistema de focalizaccedilatildeo da

imagem e dos muacutesculos que controlam os movimentos de fixaccedilatildeo ocular

Alguns autores tecircm definido a fadiga visual associada ao trabalho com

computador como Computer Vision Syndrome (CVS - Siacutendrome Visual

Associada ao uso de Computador) Segundo BLEHM et al (2005) a CVS

pode ser caracterizada pela presenccedila de um ou mais sintomas oculares

(cansaccedilo nas vistas fadiga ocular sensaccedilatildeo de queimaccedilatildeo irritaccedilatildeo ocular

ldquovermelhidatildeordquo ldquovisatildeo borradardquo e ldquoolhos secosrdquo entre outros) como resultado

do uso de monitor de computador

As causas fisiopatoloacutegicas potenciais da CVS foram agrupadas por

BLEHM et al (2005) em trecircs conjuntos de sintomas

a) distuacuterbios oculares dor local sensaccedilatildeo de ardecircncia sensaccedilatildeo de

ldquoqueimaccedilatildeordquo modificaccedilotildees na frequecircncia do piscar lacrimejamento

excessivo e o conhecido ldquoolho secordquo

10

b) distuacuterbios visuais fotossensibilidade dificuldade em focalizar

(visatildeo turva) diplopia (visatildeo dupla) persistecircncia anormal de poacutes imagem e a

instabilidade da imagem na sua definiccedilatildeo oacuteptica e espacial e

c) distuacuterbios gerais cefaleacuteia enxaqueca dores lombares eou

cervicais espasmos musculares nas regiotildees do pescoccedilo e dos ombros

sendo estes uacuteltimos necessariamente acompanhados dos achados oculares

As causas conhecidas da CVS foram classificadas por BLEHM et al

(2005) em fatores intriacutensecos extriacutensecos ambientais e extriacutensecos

oculares Nos fatores intriacutensecos predominam as causas de origem muscular

da fadiga visual ou seja aquelas relacionadas ao mecanismo de

acomodaccedilatildeo do olho BRUNO e CARVALHO (2007) relatam que o termo

acomodaccedilatildeo foi introduzido por Burow em 1841

A funccedilatildeo oacuteptica do olho eacute formar uma imagem niacutetida na retina Um

olho emeacutetrope quando fixa um objeto no infinito tem a sua imagem

focalizada sobre a retina O fenocircmeno de acomodaccedilatildeo corresponde agrave

capacidade de aumentar o poder de refraccedilatildeo do olho a fim de realizar a

completa formaccedilatildeo da imagem na retina com correspondecircncia cerebral

Quando o objeto se desloca do infinito em direccedilatildeo ao olho a imagem

retiniana sofre um deslocamento para traacutes havendo necessidade entatildeo de

um mecanismo de ajuste denominado acomodaccedilatildeo Esse mecanismo

envolve estruturas oculares tais como a cacircmara anterior a pupila o

cristalino a zocircnula o muacutesculo ciliar e os processos ciliares (BRUNO E

CARVALHO 2007)

11

Segundo os autores quando o olho estaacute acomodando aleacutem das

mudanccedilas no cristalino e no sistema zonular o olho simultaneamente

converge e a pupila se contrai Estes fatos ajudam na obtenccedilatildeo de uma

visatildeo niacutetida de objetos que se encontram proacuteximos ao indiviacuteduo e satildeo

conhecidos como resposta proacutexima Ao focalizar um objeto no infinito o olho

encontra-se no estado conhecido como desacomodado ou natildeo acomodado

e caso esteja focalizando um objeto na zona de acomodaccedilatildeo eacute

denominado acomodado

Assim os autores consideram que o mecanismo de acomodaccedilatildeo se

realiza de maneira gradual e proporcional agrave distacircncia do ponto focalizado Eacute

modulado como um sistema realimentado que opera de maneira a aumentar

o contraste luminoso da imagem na retina Natildeo haacute apenas um uacutenico

estiacutemulo e nem um que seja o mais importante Tamanho do objeto

distacircncia borratildeo (contraste da imagem) aberraccedilatildeo cromaacutetica oscilaccedilatildeo da

acomodaccedilatildeo movimentos de varreduras dos olhos e outros fenocircmenos

visuais podem ser responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo da resposta acomodativa

apropriada do olho

Entre as teorias que explicam a acomodaccedilatildeo a de Helmholtz

elaborada no seacuteculo XIX e publicada em 1909 eacute a mais difundida e mais

aceita atualmente Segundo este autor o corpo ciliar eacute ativo durante a

acomodaccedilatildeo (BRUNO e CARVALHO 2007)

Os erros refracionais tambeacutem conhecidos como ametropias tais

como miopia astigmatismo hipermetropia e presbiopia presentes em cada

indiviacuteduo interferem de forma direta e incisiva nos sinais e sintomas

12

caracteriacutesticos da fadiga visual quando natildeo se encontram corrigidas ou

quando estatildeo corrigidas de maneira indevida (hipocorrigidos ou

hipercorrigidos) seja atraveacutes dos oacuteculos seja atraveacutes de lentes de contato

Haacute ainda aqueles relacionados agrave presenccedila de alteraccedilotildees oacuteculo-motoras do

grupo das forias

Os fatores extriacutensecos ambientais incluem iluminamento condiccedilotildees

do ambiente e do posto de trabalho A iluminaccedilatildeo no local de trabalho pode

ser natural ou artificial sendo esta uacuteltima a feita por lacircmpadas eleacutetricas que

podem ser fluorescentes incandescentes de mercuacuterio de soacutedio etc

(BREVIGLIERO et al 2006) Estes autores conceituam iluminamento como

a densidade de fluxo luminoso sobre uma superfiacutecie expresso em lux (lx)

Um lux corresponde a um luacutemen distribuiacutedo numa superfiacutecie de 1 msup2

De acordo com a Portaria nordm 3214 de 08 de junho de 1978 em sua

Norma Regulamentadora (NR) nordm 17 item 1753 a avaliaccedilatildeo deve ser

realizada usando-se um luxiacutemetro com fotoceacutelula corrigida para a

sensibilidade do olho humano e em funccedilatildeo do acircngulo de incidecircncia Para

avaliaccedilatildeo do niacutevel de iluminamento adota-se o criteacuterio de mediccedilatildeo ponto a

ponto nos locais de trabalho e a comparaccedilatildeo com o miacutenimo estabelecido em

lux para cada tipo de atividade como disposto na NR-17 e na NBR-5413 da

ABNT (1992) O iluminamento pode ser inadequado tanto quando se

encontra em niacuteveis abaixo do necessaacuterio para execuccedilatildeo de determinadas

tarefas como quando o ultrapassa levando ao fenocircmeno de ofuscamento

Designa-se por ofuscamento uma condiccedilatildeo de visatildeo na qual haacute um

desconforto ou uma reduccedilatildeo da capacidade de distinguir objetos ou ambos

13

devido a uma distribuiccedilatildeo desfavoraacutevel das luminacircncias ou a luminacircncias

elevadas ou a contrastes excessivos no espaccedilo ou no tempo

(BREVIGLIERO et al 2006)

PICCOLI et al (2004) observaram que a avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de

iluminaccedilatildeo no local de trabalho tem sido focada na mediccedilatildeo do niacutevel de

iluminamento O valor da mediccedilatildeo do iluminamento no campo visual de

trabalho deve ser consistente com a anatomia e a fisiologia oculares

requisitadas na execuccedilatildeo da tarefa e pode ser utilizado como parte da

avaliaccedilatildeo de risco para possiacuteveis distuacuterbios visuais aleacutem de estabelecer o

niacutevel de iluminamento mais adequado nas estaccedilotildees de trabalho

As maacutes condiccedilotildees do local de trabalho estatildeo relacionadas agrave presenccedila

de poeira excessiva ao ar seco secundaacuterio ao uso indevido de

condicionadores de ar que pode levar agrave maior sensibilizaccedilatildeo da coacuternea e

das glacircndulas presentes nas paacutelpebras e consequentemente agrave diminuiccedilatildeo

da produccedilatildeo da laacutegrima Acrescente-se ainda a estrutura e o posicionamento

da cadeira de trabalho que podem levar a dores na coluna vertebral quando

inadequados e que podem ser associados agrave fadiga visual o horaacuterio e

duraccedilatildeo do trabalho principalmente quando em turnos noturnos ou diurnos

com duraccedilatildeo acima da sexta hora trabalhada a qualidade da tela do monitor

e a falta de protetores para as mesmas (BLEHM et al 2005)

BLHEM et al (2005) consideram como fatores extriacutensecos oculares

a) diminuiccedilatildeo do iacutendice do piscarpestanejar b) aumento da exposiccedilatildeo da

superfiacutecie ocular c) uso de lente de contato ou medicamentos d) presenccedila

de doenccedilas sistecircmicas e ou doenccedilas oculares externas

14

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar tambeacutem foi observada por CHARPE

e KAUSHIK (2009) Estes autores relatam que ao lermos um texto em

papel piscamos 22 vezes por minuto poreacutem em frente agrave tela de um

computador reduzimos para sete vezes por minuto o nuacutemero de piscadas

YAN et al (2008) consideram que o brilho da tela do computador conduz a

uma grande alteraccedilatildeo na dinacircmica da laacutegrima o iacutendice do piscar espontacircneo

(spontaneous eye blink rate ndash SEBR) reduz-se significativamente durante o

uso do computador Os autores descrevem que o SEBR corresponde a 15-

16 piscadasminuto durante uma conversaccedilatildeo e que o mesmo diminui

durante o uso do computador para 5-6 piscadasminuto em razatildeo da alta

demanda visual e da grande concentraccedilatildeo mental que se verificam durante

esta atividade

FREUDENTHALER et al (2003) e SCHLOTE et al (2004) descrevem

ainda que temos a tendecircncia de aumentar o tamanho da abertura do olho

diante da tela do monitor o que resulta numa maior evaporaccedilatildeo da laacutegrima

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar e o aumento do tamanho da abertura do

olho podem prejudicar a troca do filme lacrimal o que pode ocasionar o

distuacuterbio conhecido como ldquoolho secordquo segundo BLEHM et al (2005)

Entre os fatores extriacutensecos oculares inclui-se o uso de lentes de

contato e uso de medicamentos O uso de lentes diminui a oxigenaccedilatildeo da

coacuternea e pode levar agrave diminuiccedilatildeo da lubrificaccedilatildeo do olho Haacute casos ainda de

mau posicionamento dessas lentes o que leva a um grande desconforto

ocular O uso de medicamentos por via oral tais como diureacuteticos anti-

histamiacutenicos psicotroacutepicos e anti-hipertensivos levam agrave diminuiccedilatildeo da

15

produccedilatildeo da laacutegrima (BLEHM et al 2005)

Entre as doenccedilas sistecircmicas siacutendromes e doenccedilas oculares externas

que satildeo consideradas como fatores extriacutensecos oculares BLEHM et al

(2005) citam a Artrite Reumatoacuteide a Siacutendrome de Sjogren e as blefarites

posteriores

PICCOLI (2003) atribui agraves modificaccedilotildees dos processos de trabalho e agrave

crescente utilizaccedilatildeo do computador o aumento progressivo das exigecircncias

de eficiecircncia visual e do uso dos componentes do sistema nervoso a isso

relacionado que coordenam os movimentos dos olhos e sua acomodaccedilatildeo

A relaccedilatildeo entre visatildeo e fatores psicossociais do trabalho eacute sugerida

pela ideacuteia de que os distuacuterbios visuais estatildeo relacionados agrave intensidade e agrave

duraccedilatildeo das exigecircncias visuais agrave situaccedilatildeo de trabalho percebida pelo

empregado e agraves caracteriacutesticas fisiopatoloacutegicas do sistema visual de cada

indiviacuteduo (PICCOLI 2003)

A Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (ILO 1986) define os fatores

psicossociais do trabalho como a interaccedilatildeo das percepccedilotildees e da experiecircncia

do trabalhador com aspectos relacionados agraves condiccedilotildees e ao ambiente de

trabalho e tambeacutem ligados ao sistema social Propotildee que sejam analisados

fatores de natureza individual como as capacidades e limitaccedilotildees do

trabalhador em relaccedilatildeo agraves exigecircncias do trabalho E inclui entre as

condiccedilotildees de trabalho a tarefa em si as condiccedilotildees fiacutesicas do posto de

trabalho as relaccedilotildees interpessoais entre colegas chefes e clientes Em

relaccedilatildeo aos fatores sociais menciona as preocupaccedilotildees do trabalhador em

relaccedilatildeo agrave famiacutelia e agrave vida pessoal elementos culturais nutriccedilatildeo condiccedilotildees

16

de transporte e habitaccedilatildeo

A preocupaccedilatildeo com as repercussotildees do trabalho sobre a visatildeo tem

crescido nos uacuteltimos anos Exemplo disso foi a criaccedilatildeo de um comitecirc

cientiacutefico especiacutefico pela Comissatildeo Internacional de Sauacutede Ocupacional

(ICOH - International Commission on Occupational Health) denominado

Comitecirc Trabalho e Visatildeo (ICOH ICWV - International Scientific Committee

on Work and Vision) A proposta do documento elaborado por este comitecirc eacute

de que os distuacuterbios oculares relacionados ao trabalho tecircm origem

multifatorial podendo estar associados agrave atividade de trabalho agraves condiccedilotildees

ambientais e agraves caracteriacutesticas oftalmoloacutegicas individuais (PICCOLI 2003)

SCHAEFER (2009) afirma que o ICOH-ICWV procura desenvolver

sistematicamente o tema com vistas a uma aproximaccedilatildeo mais racional e

completa entre trabalho e visatildeo Segundo o comitecirc os avanccedilos das

pesquisas nesta aacuterea devem proporcionar aos trabalhadores melhores

condiccedilotildees visuais nos locais de trabalho levando a uma maior qualidade no

trabalho e a atividades menos exaustivas e menos estressantes o que pode

resultar em maior produtividade

12 O TRABALHO EM CENTRAIS DE TELEATENDIMENTO

Segundo LIDA (1990) com a difusatildeo do uso dos computadores os

postos de trabalho com monitores se tornaram mais frequentes nas

17

empresas industriais e nos escritoacuterios nos uacuteltimos anos A utilizaccedilatildeo desta

tecnologia proporcionou uma grande evoluccedilatildeo e importantes melhorias na

realizaccedilatildeo das atividades profissionais dos indiviacuteduos como por exemplo o

incremento na qualidade e na produccedilatildeo e maior eficiecircncia

Nos escritoacuterios tradicionais as tarefas eram mais variadas permitindo

mudanccedilas de postura durante a jornada de trabalho No posto de trabalho

atual com o uso do computador o indiviacuteduo permanece quase estaacutetico

durante horas com a atenccedilatildeo fixa na tela do monitor e as matildeos sobre o

teclado realizando diferentes operaccedilotildees Segundo GRANDJEAN e

HUumlNTING (1997) o trabalhador se torna parte do sistema homem-maacutequina

seus movimentos e o espaccedilo de manobras satildeo limitados Esta condiccedilatildeo estaacute

frequentemente relacionada a um desenho inadequado do posto de trabalho

a problemas de iluminaccedilatildeo ou a problemas de visatildeo natildeo corrigidos ou natildeo

corretamente corrigidos para o trabalho a ser desempenhado

A utilizaccedilatildeo de computador de maneira constante eacute uma das

caracteriacutesticas dos Call Centers ou Centrais de Atendimento Telefocircnico que

podem ser definidos como uma estrutura organizacional que compreende

postos de trabalho para atendimento ao cliente por meio da utilizaccedilatildeo de um

terminal de computador e um aparelho telefocircnico (ROCHA e GLINA 2005)

As Centrais de Atendimento Telefocircnico incluem qualquer atividade por

meio de sistemas de informaccedilatildeo com o objetivo de desenvolver accedilotildees

padronizadas e contiacutenuas de marketing eou favorecer a comunicaccedilatildeo com

clientes puacuteblico em geral ou agecircncias governamentais (VILELA e

ASSUNCcedilAtildeO 2004)

18

Os serviccedilos prestados compreendem o fornecimento de informaccedilotildees

ao puacuteblico ou clientes das empresas recebimento de reclamaccedilotildees venda e

assistecircncia teacutecnica de produtos entre outros Eacute a caracteriacutestica da empresa

principal que determina o conteuacutedo do trabalho dos ldquooperadores de

telemarketingrdquo que eacute a denominaccedilatildeo usual dada aos trabalhadores nestes

serviccedilos no Brasil e adotada pela Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

(CBO) - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (BRASIL 2005)

Na Inglaterra esse tipo de atividade jaacute emprega mais funcionaacuterios

diretos do que as induacutestrias de carvatildeo accedilo e automobiliacutestica reunidas Em

uma estimativa realizada em 2002 havia cinco milhotildees de pessoas

empregadas em Call Center nos Estados Unidos e aproximadamente 15

milhatildeo na Europa (TOOMINGAS et al 2002)

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Telemarketing ndash ABT em 2009 o

Brasil ultrapassou a marca de 900 mil trabalhadores envolvidos neste setor

Para se entender a dimensatildeo da importacircncia do estudo das condiccedilotildees de

trabalho dos operadores de telemarketing instituiccedilotildees de pesquisa e

sindicatos de diversos paiacuteses da Europa como Alemanha Beacutelgica Itaacutelia e

outros criaram em 1999 um ldquoquadro de observaccedilatildeo social dos Call

Centersrdquo segundo o qual esse tipo de organizaccedilatildeo tornou-se sinocircnimo de

uma forma moderna de degradaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho

A anaacutelise das caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo do trabalho nos Call

Centers tem suscitado comparaccedilotildees com o modo de organizaccedilatildeo industrial

desenvolvido no iniacutecio do seacuteculo XX por Frederick Winslow Taylor

conhecido por ldquoAdministraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalhordquo com o objetivo de

19

maximizar a produtividade industrial pela via da ldquoracionalizaccedilatildeo do trabalhordquo

O sistema hoje tambeacutem nomeado de ldquotaylorismordquo baseava-se no

conceito de um ldquohomo economicusrdquo ou seja um trabalhador cujo principal

incentivo para trabalhar de modo eficiente seria o salaacuterio Entre os princiacutepios

que norteavam a Administraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalho estavam uma clara

separaccedilatildeo entre planejamentocontrole e a execuccedilatildeo do trabalho a

substituiccedilatildeo do criteacuterio individual do operaacuterio por um criteacuterio considerado

cientiacutefico a eliminaccedilatildeo dos tempos mortos ie improdutivos por meio da

definiccedilatildeo dos tempos meacutedios exigidos para a realizaccedilatildeo das tarefas uma

seleccedilatildeo e um treinamento meticulosos dos empregados para a realizaccedilatildeo

das tarefas (PARAGUAY 2003) A uacutenica fadiga considerada pelo taylorismo

era a fadiga fisioloacutegica (MOURA 1993 apud PARAGUAY 2003)

Segundo BUSCATTO (2002) taylorizaccedilatildeo estresse baixas

remuneraccedilotildees e precarizaccedilatildeo da matildeo de obra satildeo algumas das palavras-

chaves ligadas ao setor de telemarketing

Para VENCO (2006) o forte predomiacutenio do taylorismo indica que a

organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento encontra respaldo na

sofisticaccedilatildeo da tecnologia utilizada nesse setor da economia visto que todas

as movimentaccedilotildees realizadas nas posiccedilotildees de atendimento satildeo registradas

pelo software o nuacutemero de ligaccedilotildees feitas e recebidas o tempo de

atendimento as pausas as vendas realizadas as estatiacutesticas dos resultados

das ligaccedilotildees a indicaccedilatildeo de clientes agrave espera e o tempo excedido de

atendimento entre outros dados Aleacutem disso a tecnologia atua ainda por

meio de um equipamento multifuncional que eacute fundamental para a

20

racionalizaccedilatildeo do trabalho e o aumento da produtividade conhecido como

DAC esse equipamento distribui automaticamente as ligaccedilotildees recebidas

entre os operadores haacute mais tempo ociosos e grava na iacutentegra todos os

atendimentos

Para READ (2001) do ponto de vista da sauacutede o ambiente dos

centros de teleatendimento eacute considerado de meacutedio a alto risco sendo as

principais queixas dores de cabeccedila no pescoccedilo nos membros superiores e

em menor escala nas costas e nos membros inferiores aleacutem de tensatildeo e

fadiga visuais

Do que foi exposto pode-se afirmar que as condiccedilotildees adversas de

trabalho no setor de teleatendimento envolvem problemas relativos agraves

condiccedilotildees e agrave organizaccedilatildeo do trabalho

Para explicar o estresse no trabalho e as repercussotildees na sauacutede do

trabalhador GLINA (2010) cita o modelo de KARASEK e THEORELL (1990)

segundo o qual as caracteriacutesticas do trabalho podem natildeo estar associadas

de forma linear agrave sauacutede do trabalhador mas podem combinar-se

interativamente em relaccedilatildeo agrave sauacutede

Em outras palavras o modelo de anaacutelise formulado por KARASEK e

THEORELL (1990) conhecido como modelo Demanda-Controle pressupotildee

que o estresse ocupacional pode levar agrave doenccedila natildeo pela somatoacuteria de um

conjunto de diversas situaccedilotildees de conflito mas pela relaccedilatildeo entre as

tensotildees geradas pelas exigecircncias do trabalho e a capacidade do trabalhador

em dirimir esse niacutevel de tensatildeo principalmente a partir de suas

possibilidades de tomada de decisotildees e controle sobre o proacuteprio trabalho

21

GLINA (2010) explica ainda que o modelo proposto por eles envolve

uma abordagem tridimensional contemplando os seguintes aspectos

demanda controle e apoio social De acordo com ARAUacuteJO (2010) o

modelo estabelece a partir de combinaccedilatildeo de diferentes niacuteveis de controle e

demanda quatro tipos baacutesicos de experiecircncias no trabalho alta exigecircncia do

trabalho (caracterizada por situaccedilatildeo de trabalho com alta demanda e baixo

controle) trabalho ativo (situaccedilatildeo de alta demanda e alto controle) trabalho

passivo (baixa demanda e baixo controle) e baixa exigecircncia (combinando

baixa demanda e alto controle)

Segundo o modelo citado ndash um dos mais utilizados em todo o mundo

para a avaliaccedilatildeo do estresse no trabalho ndash as piores condiccedilotildees estatildeo

presentes nas situaccedilotildees de trabalho ldquode alta exigecircnciardquo ao mesmo tempo

em que impotildeem ao trabalhador altas exigecircncias (percebidas por ele como

pressotildees psicoloacutegicas) impedem-no de responder com liberdade a essas

mesmas exigecircncias

Para estudarmos os fatores psicossociais relacionados ao trabalho

utilizamos o questionaacuterio sobre Estresse no Trabalho formulado por

KOMPIER e LEVI (1995) com base no modelo Demanta-Controle Segundo

GALASSO (2005) que utilizou o mesmo instrumento para estudar

operadores de uma Central de Atendimento de Serviccedilo de Sauacutede o referido

questionaacuterio requer o conhecimento da percepccedilatildeodefiniccedilatildeo dos sujeitos

sobre as caracteriacutesticas do trabalho compreendendo inclusive as exigecircncias

(pressotildees psicoloacutegicas) que pesam sobre eles e o grau de controle que

percebem ter sobre o proacuteprio trabalho

22

No Brasil existem estudos sobre sintomas osteomusculares entre os

operadores de teleatendimento de empresas de diferentes ramos de

atividade econocircmica (FERREIRA Jr et al 1997 FERREIRA Jr e SALDIVA

2002 ROCHA et al 2005) Poreacutem natildeo foram encontrados estudos sobre a

prevalecircncia de CVS nestes operadores

23

2 OBJETIVOS

21 GERAL

Estimar a prevalecircncia de CVS (Siacutendrome Visual Associada ao uso

de Computador) entre operadores de duas centrais de

atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

22 ESPECIacuteFICOS

Caracterizar a distribuiccedilatildeo da ocorrecircncia de CVS entre os

operadores das Centrais de Atendimento Telefocircnico segundo as

caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico historia ocupacional situaccedilatildeo de trabalho

fatores de satisfaccedilatildeo durante o trabalho e aspectos psicossociais

do trabalho

Verificar as associaccedilotildees existentes entre os casos definidos como

CVS e as variaacuteveis independentes estudadas

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 7: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

IacuteNDICE

1 INTRODUCcedilAtildeO 08

11 SIacuteNDROME VISUAL ASSOCIADA AO USO DO

COMPUTADOR (CVS - COMPUTER VISION

SYNDROME)

08

12 O TRABALHO EM CENTRAIS DE TELEATENDIMENTO 16

2 OBJETIVOS 23

21 GERAL 23

22 ESPECIacuteFICOS 23

3 MEacuteTODOS 24

31 TIPO DE ESTUDO 24

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO 25

33 INSTRUMENTO 25

331 Construccedilatildeo do questionaacuterio 25

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio 27

34 ANAacuteLISE DOS DADOS 28

4 RESULTADOS 32

41 CARACETERIacuteSTICAS DAS EMPRESAS E DA ATIVIDADE 32

42 CARACTERIacuteSTICAS DOS OPERADORES E DA SITUACcedilAtildeO

DE TRABALHO

34

43 PREVALEcircNCIA DE CVS ENTRE OS OPERADORES DE

TELEATENDIMENTO

42

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

44

5 DISCUSSAtildeO 53

6 CONCLUSOtildeES 64

7 REFEREcircNCIAS 65

ANEXOS 73

Anexo 1 ndash Autorizaccedilatildeo do banco de dados 73

Anexo 2 ndash Termo de responsabilidade do pesquisador 74

Anexo 3 ndash Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio 75

Anexo 4 ndash Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica 76

Anexo 5 ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 77

Anexo 6 - Roteiro do questionaacuterio 79

Anexo 7 - Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos

operadores de teleatendimento

90

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 SIacuteNDROME VISUAL ASSOCIADA AO USO DO COMPUTADOR

(CVS - COMPUTER VISION SYNDROME)

De acordo com SAMPAIO e HADDAD (2009) estima-se que 90 dos

casos diagnosticados de deficiecircncia visual estejam nos paiacuteses em

desenvolvimento sendo a maior parte deles evitaacutevel por meio de medidas

preventivas ou de tratamentos jaacute existentes As consequecircncias da

deficiecircncia visual envolvem decliacutenio na produtividade e no bem estar e em

custos diretos e indiretos para a sociedade

Entre os distuacuterbios visuais frequentes atualmente inclui-se a

astenopia considerada por alguns como fadiga visual O termo astenopia

de acordo com o Dictionary of Visual Science eacute geralmente utilizado para

designar quaisquer sintomas subjetivos ou desconforto relacionados ao uso

dos olhos ALVES et al (2009) consideram que astenopia inclui sintomas

como cefaleacuteia dor ao redor dos olhos ou acima dos olhos cansaccedilo e

desconforto ocular Os autores consideram ainda que a intensidade e a

frequecircncia dos sinais e sintomas variam e dependem de certos fatores tais

como a magnitude e tipo do erro refrativo a integridade do sistema visual

binocular e a natureza da demanda da visatildeo inclusive no trabalho

Ao lado disso a fadiga visual eacute um dos distuacuterbios oculares que vem

9

sendo estudados atualmente em razatildeo de sua alta prevalecircncia mundial e

por ser cada vez mais frequente em determinadas profissotildees (THOMSON

1998 ZIEFLE 1998 ACOSTA et al 1999 TRAVERS e STANTON 2002

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO 2004 YE et al 2007ab) entre elas a dos

profissionais que trabalham com computador

A ocorrecircncia da fadiga visual em profissionais que utilizam o

computador foi inicialmente descrita em 1982 por ELIAS e CAIL que a

conceituavam como uma modificaccedilatildeo funcional por contraccedilotildees excessivas e

prolongadas dos muacutesculos ciliares do olho com o objetivo de obter uma

focalizaccedilatildeo fina dos objetos Segundo FERGUSON et al (1974) a principal

causa de fadiga visual eacute a vulnerabilidade do sistema de focalizaccedilatildeo da

imagem e dos muacutesculos que controlam os movimentos de fixaccedilatildeo ocular

Alguns autores tecircm definido a fadiga visual associada ao trabalho com

computador como Computer Vision Syndrome (CVS - Siacutendrome Visual

Associada ao uso de Computador) Segundo BLEHM et al (2005) a CVS

pode ser caracterizada pela presenccedila de um ou mais sintomas oculares

(cansaccedilo nas vistas fadiga ocular sensaccedilatildeo de queimaccedilatildeo irritaccedilatildeo ocular

ldquovermelhidatildeordquo ldquovisatildeo borradardquo e ldquoolhos secosrdquo entre outros) como resultado

do uso de monitor de computador

As causas fisiopatoloacutegicas potenciais da CVS foram agrupadas por

BLEHM et al (2005) em trecircs conjuntos de sintomas

a) distuacuterbios oculares dor local sensaccedilatildeo de ardecircncia sensaccedilatildeo de

ldquoqueimaccedilatildeordquo modificaccedilotildees na frequecircncia do piscar lacrimejamento

excessivo e o conhecido ldquoolho secordquo

10

b) distuacuterbios visuais fotossensibilidade dificuldade em focalizar

(visatildeo turva) diplopia (visatildeo dupla) persistecircncia anormal de poacutes imagem e a

instabilidade da imagem na sua definiccedilatildeo oacuteptica e espacial e

c) distuacuterbios gerais cefaleacuteia enxaqueca dores lombares eou

cervicais espasmos musculares nas regiotildees do pescoccedilo e dos ombros

sendo estes uacuteltimos necessariamente acompanhados dos achados oculares

As causas conhecidas da CVS foram classificadas por BLEHM et al

(2005) em fatores intriacutensecos extriacutensecos ambientais e extriacutensecos

oculares Nos fatores intriacutensecos predominam as causas de origem muscular

da fadiga visual ou seja aquelas relacionadas ao mecanismo de

acomodaccedilatildeo do olho BRUNO e CARVALHO (2007) relatam que o termo

acomodaccedilatildeo foi introduzido por Burow em 1841

A funccedilatildeo oacuteptica do olho eacute formar uma imagem niacutetida na retina Um

olho emeacutetrope quando fixa um objeto no infinito tem a sua imagem

focalizada sobre a retina O fenocircmeno de acomodaccedilatildeo corresponde agrave

capacidade de aumentar o poder de refraccedilatildeo do olho a fim de realizar a

completa formaccedilatildeo da imagem na retina com correspondecircncia cerebral

Quando o objeto se desloca do infinito em direccedilatildeo ao olho a imagem

retiniana sofre um deslocamento para traacutes havendo necessidade entatildeo de

um mecanismo de ajuste denominado acomodaccedilatildeo Esse mecanismo

envolve estruturas oculares tais como a cacircmara anterior a pupila o

cristalino a zocircnula o muacutesculo ciliar e os processos ciliares (BRUNO E

CARVALHO 2007)

11

Segundo os autores quando o olho estaacute acomodando aleacutem das

mudanccedilas no cristalino e no sistema zonular o olho simultaneamente

converge e a pupila se contrai Estes fatos ajudam na obtenccedilatildeo de uma

visatildeo niacutetida de objetos que se encontram proacuteximos ao indiviacuteduo e satildeo

conhecidos como resposta proacutexima Ao focalizar um objeto no infinito o olho

encontra-se no estado conhecido como desacomodado ou natildeo acomodado

e caso esteja focalizando um objeto na zona de acomodaccedilatildeo eacute

denominado acomodado

Assim os autores consideram que o mecanismo de acomodaccedilatildeo se

realiza de maneira gradual e proporcional agrave distacircncia do ponto focalizado Eacute

modulado como um sistema realimentado que opera de maneira a aumentar

o contraste luminoso da imagem na retina Natildeo haacute apenas um uacutenico

estiacutemulo e nem um que seja o mais importante Tamanho do objeto

distacircncia borratildeo (contraste da imagem) aberraccedilatildeo cromaacutetica oscilaccedilatildeo da

acomodaccedilatildeo movimentos de varreduras dos olhos e outros fenocircmenos

visuais podem ser responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo da resposta acomodativa

apropriada do olho

Entre as teorias que explicam a acomodaccedilatildeo a de Helmholtz

elaborada no seacuteculo XIX e publicada em 1909 eacute a mais difundida e mais

aceita atualmente Segundo este autor o corpo ciliar eacute ativo durante a

acomodaccedilatildeo (BRUNO e CARVALHO 2007)

Os erros refracionais tambeacutem conhecidos como ametropias tais

como miopia astigmatismo hipermetropia e presbiopia presentes em cada

indiviacuteduo interferem de forma direta e incisiva nos sinais e sintomas

12

caracteriacutesticos da fadiga visual quando natildeo se encontram corrigidas ou

quando estatildeo corrigidas de maneira indevida (hipocorrigidos ou

hipercorrigidos) seja atraveacutes dos oacuteculos seja atraveacutes de lentes de contato

Haacute ainda aqueles relacionados agrave presenccedila de alteraccedilotildees oacuteculo-motoras do

grupo das forias

Os fatores extriacutensecos ambientais incluem iluminamento condiccedilotildees

do ambiente e do posto de trabalho A iluminaccedilatildeo no local de trabalho pode

ser natural ou artificial sendo esta uacuteltima a feita por lacircmpadas eleacutetricas que

podem ser fluorescentes incandescentes de mercuacuterio de soacutedio etc

(BREVIGLIERO et al 2006) Estes autores conceituam iluminamento como

a densidade de fluxo luminoso sobre uma superfiacutecie expresso em lux (lx)

Um lux corresponde a um luacutemen distribuiacutedo numa superfiacutecie de 1 msup2

De acordo com a Portaria nordm 3214 de 08 de junho de 1978 em sua

Norma Regulamentadora (NR) nordm 17 item 1753 a avaliaccedilatildeo deve ser

realizada usando-se um luxiacutemetro com fotoceacutelula corrigida para a

sensibilidade do olho humano e em funccedilatildeo do acircngulo de incidecircncia Para

avaliaccedilatildeo do niacutevel de iluminamento adota-se o criteacuterio de mediccedilatildeo ponto a

ponto nos locais de trabalho e a comparaccedilatildeo com o miacutenimo estabelecido em

lux para cada tipo de atividade como disposto na NR-17 e na NBR-5413 da

ABNT (1992) O iluminamento pode ser inadequado tanto quando se

encontra em niacuteveis abaixo do necessaacuterio para execuccedilatildeo de determinadas

tarefas como quando o ultrapassa levando ao fenocircmeno de ofuscamento

Designa-se por ofuscamento uma condiccedilatildeo de visatildeo na qual haacute um

desconforto ou uma reduccedilatildeo da capacidade de distinguir objetos ou ambos

13

devido a uma distribuiccedilatildeo desfavoraacutevel das luminacircncias ou a luminacircncias

elevadas ou a contrastes excessivos no espaccedilo ou no tempo

(BREVIGLIERO et al 2006)

PICCOLI et al (2004) observaram que a avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de

iluminaccedilatildeo no local de trabalho tem sido focada na mediccedilatildeo do niacutevel de

iluminamento O valor da mediccedilatildeo do iluminamento no campo visual de

trabalho deve ser consistente com a anatomia e a fisiologia oculares

requisitadas na execuccedilatildeo da tarefa e pode ser utilizado como parte da

avaliaccedilatildeo de risco para possiacuteveis distuacuterbios visuais aleacutem de estabelecer o

niacutevel de iluminamento mais adequado nas estaccedilotildees de trabalho

As maacutes condiccedilotildees do local de trabalho estatildeo relacionadas agrave presenccedila

de poeira excessiva ao ar seco secundaacuterio ao uso indevido de

condicionadores de ar que pode levar agrave maior sensibilizaccedilatildeo da coacuternea e

das glacircndulas presentes nas paacutelpebras e consequentemente agrave diminuiccedilatildeo

da produccedilatildeo da laacutegrima Acrescente-se ainda a estrutura e o posicionamento

da cadeira de trabalho que podem levar a dores na coluna vertebral quando

inadequados e que podem ser associados agrave fadiga visual o horaacuterio e

duraccedilatildeo do trabalho principalmente quando em turnos noturnos ou diurnos

com duraccedilatildeo acima da sexta hora trabalhada a qualidade da tela do monitor

e a falta de protetores para as mesmas (BLEHM et al 2005)

BLHEM et al (2005) consideram como fatores extriacutensecos oculares

a) diminuiccedilatildeo do iacutendice do piscarpestanejar b) aumento da exposiccedilatildeo da

superfiacutecie ocular c) uso de lente de contato ou medicamentos d) presenccedila

de doenccedilas sistecircmicas e ou doenccedilas oculares externas

14

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar tambeacutem foi observada por CHARPE

e KAUSHIK (2009) Estes autores relatam que ao lermos um texto em

papel piscamos 22 vezes por minuto poreacutem em frente agrave tela de um

computador reduzimos para sete vezes por minuto o nuacutemero de piscadas

YAN et al (2008) consideram que o brilho da tela do computador conduz a

uma grande alteraccedilatildeo na dinacircmica da laacutegrima o iacutendice do piscar espontacircneo

(spontaneous eye blink rate ndash SEBR) reduz-se significativamente durante o

uso do computador Os autores descrevem que o SEBR corresponde a 15-

16 piscadasminuto durante uma conversaccedilatildeo e que o mesmo diminui

durante o uso do computador para 5-6 piscadasminuto em razatildeo da alta

demanda visual e da grande concentraccedilatildeo mental que se verificam durante

esta atividade

FREUDENTHALER et al (2003) e SCHLOTE et al (2004) descrevem

ainda que temos a tendecircncia de aumentar o tamanho da abertura do olho

diante da tela do monitor o que resulta numa maior evaporaccedilatildeo da laacutegrima

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar e o aumento do tamanho da abertura do

olho podem prejudicar a troca do filme lacrimal o que pode ocasionar o

distuacuterbio conhecido como ldquoolho secordquo segundo BLEHM et al (2005)

Entre os fatores extriacutensecos oculares inclui-se o uso de lentes de

contato e uso de medicamentos O uso de lentes diminui a oxigenaccedilatildeo da

coacuternea e pode levar agrave diminuiccedilatildeo da lubrificaccedilatildeo do olho Haacute casos ainda de

mau posicionamento dessas lentes o que leva a um grande desconforto

ocular O uso de medicamentos por via oral tais como diureacuteticos anti-

histamiacutenicos psicotroacutepicos e anti-hipertensivos levam agrave diminuiccedilatildeo da

15

produccedilatildeo da laacutegrima (BLEHM et al 2005)

Entre as doenccedilas sistecircmicas siacutendromes e doenccedilas oculares externas

que satildeo consideradas como fatores extriacutensecos oculares BLEHM et al

(2005) citam a Artrite Reumatoacuteide a Siacutendrome de Sjogren e as blefarites

posteriores

PICCOLI (2003) atribui agraves modificaccedilotildees dos processos de trabalho e agrave

crescente utilizaccedilatildeo do computador o aumento progressivo das exigecircncias

de eficiecircncia visual e do uso dos componentes do sistema nervoso a isso

relacionado que coordenam os movimentos dos olhos e sua acomodaccedilatildeo

A relaccedilatildeo entre visatildeo e fatores psicossociais do trabalho eacute sugerida

pela ideacuteia de que os distuacuterbios visuais estatildeo relacionados agrave intensidade e agrave

duraccedilatildeo das exigecircncias visuais agrave situaccedilatildeo de trabalho percebida pelo

empregado e agraves caracteriacutesticas fisiopatoloacutegicas do sistema visual de cada

indiviacuteduo (PICCOLI 2003)

A Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (ILO 1986) define os fatores

psicossociais do trabalho como a interaccedilatildeo das percepccedilotildees e da experiecircncia

do trabalhador com aspectos relacionados agraves condiccedilotildees e ao ambiente de

trabalho e tambeacutem ligados ao sistema social Propotildee que sejam analisados

fatores de natureza individual como as capacidades e limitaccedilotildees do

trabalhador em relaccedilatildeo agraves exigecircncias do trabalho E inclui entre as

condiccedilotildees de trabalho a tarefa em si as condiccedilotildees fiacutesicas do posto de

trabalho as relaccedilotildees interpessoais entre colegas chefes e clientes Em

relaccedilatildeo aos fatores sociais menciona as preocupaccedilotildees do trabalhador em

relaccedilatildeo agrave famiacutelia e agrave vida pessoal elementos culturais nutriccedilatildeo condiccedilotildees

16

de transporte e habitaccedilatildeo

A preocupaccedilatildeo com as repercussotildees do trabalho sobre a visatildeo tem

crescido nos uacuteltimos anos Exemplo disso foi a criaccedilatildeo de um comitecirc

cientiacutefico especiacutefico pela Comissatildeo Internacional de Sauacutede Ocupacional

(ICOH - International Commission on Occupational Health) denominado

Comitecirc Trabalho e Visatildeo (ICOH ICWV - International Scientific Committee

on Work and Vision) A proposta do documento elaborado por este comitecirc eacute

de que os distuacuterbios oculares relacionados ao trabalho tecircm origem

multifatorial podendo estar associados agrave atividade de trabalho agraves condiccedilotildees

ambientais e agraves caracteriacutesticas oftalmoloacutegicas individuais (PICCOLI 2003)

SCHAEFER (2009) afirma que o ICOH-ICWV procura desenvolver

sistematicamente o tema com vistas a uma aproximaccedilatildeo mais racional e

completa entre trabalho e visatildeo Segundo o comitecirc os avanccedilos das

pesquisas nesta aacuterea devem proporcionar aos trabalhadores melhores

condiccedilotildees visuais nos locais de trabalho levando a uma maior qualidade no

trabalho e a atividades menos exaustivas e menos estressantes o que pode

resultar em maior produtividade

12 O TRABALHO EM CENTRAIS DE TELEATENDIMENTO

Segundo LIDA (1990) com a difusatildeo do uso dos computadores os

postos de trabalho com monitores se tornaram mais frequentes nas

17

empresas industriais e nos escritoacuterios nos uacuteltimos anos A utilizaccedilatildeo desta

tecnologia proporcionou uma grande evoluccedilatildeo e importantes melhorias na

realizaccedilatildeo das atividades profissionais dos indiviacuteduos como por exemplo o

incremento na qualidade e na produccedilatildeo e maior eficiecircncia

Nos escritoacuterios tradicionais as tarefas eram mais variadas permitindo

mudanccedilas de postura durante a jornada de trabalho No posto de trabalho

atual com o uso do computador o indiviacuteduo permanece quase estaacutetico

durante horas com a atenccedilatildeo fixa na tela do monitor e as matildeos sobre o

teclado realizando diferentes operaccedilotildees Segundo GRANDJEAN e

HUumlNTING (1997) o trabalhador se torna parte do sistema homem-maacutequina

seus movimentos e o espaccedilo de manobras satildeo limitados Esta condiccedilatildeo estaacute

frequentemente relacionada a um desenho inadequado do posto de trabalho

a problemas de iluminaccedilatildeo ou a problemas de visatildeo natildeo corrigidos ou natildeo

corretamente corrigidos para o trabalho a ser desempenhado

A utilizaccedilatildeo de computador de maneira constante eacute uma das

caracteriacutesticas dos Call Centers ou Centrais de Atendimento Telefocircnico que

podem ser definidos como uma estrutura organizacional que compreende

postos de trabalho para atendimento ao cliente por meio da utilizaccedilatildeo de um

terminal de computador e um aparelho telefocircnico (ROCHA e GLINA 2005)

As Centrais de Atendimento Telefocircnico incluem qualquer atividade por

meio de sistemas de informaccedilatildeo com o objetivo de desenvolver accedilotildees

padronizadas e contiacutenuas de marketing eou favorecer a comunicaccedilatildeo com

clientes puacuteblico em geral ou agecircncias governamentais (VILELA e

ASSUNCcedilAtildeO 2004)

18

Os serviccedilos prestados compreendem o fornecimento de informaccedilotildees

ao puacuteblico ou clientes das empresas recebimento de reclamaccedilotildees venda e

assistecircncia teacutecnica de produtos entre outros Eacute a caracteriacutestica da empresa

principal que determina o conteuacutedo do trabalho dos ldquooperadores de

telemarketingrdquo que eacute a denominaccedilatildeo usual dada aos trabalhadores nestes

serviccedilos no Brasil e adotada pela Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

(CBO) - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (BRASIL 2005)

Na Inglaterra esse tipo de atividade jaacute emprega mais funcionaacuterios

diretos do que as induacutestrias de carvatildeo accedilo e automobiliacutestica reunidas Em

uma estimativa realizada em 2002 havia cinco milhotildees de pessoas

empregadas em Call Center nos Estados Unidos e aproximadamente 15

milhatildeo na Europa (TOOMINGAS et al 2002)

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Telemarketing ndash ABT em 2009 o

Brasil ultrapassou a marca de 900 mil trabalhadores envolvidos neste setor

Para se entender a dimensatildeo da importacircncia do estudo das condiccedilotildees de

trabalho dos operadores de telemarketing instituiccedilotildees de pesquisa e

sindicatos de diversos paiacuteses da Europa como Alemanha Beacutelgica Itaacutelia e

outros criaram em 1999 um ldquoquadro de observaccedilatildeo social dos Call

Centersrdquo segundo o qual esse tipo de organizaccedilatildeo tornou-se sinocircnimo de

uma forma moderna de degradaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho

A anaacutelise das caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo do trabalho nos Call

Centers tem suscitado comparaccedilotildees com o modo de organizaccedilatildeo industrial

desenvolvido no iniacutecio do seacuteculo XX por Frederick Winslow Taylor

conhecido por ldquoAdministraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalhordquo com o objetivo de

19

maximizar a produtividade industrial pela via da ldquoracionalizaccedilatildeo do trabalhordquo

O sistema hoje tambeacutem nomeado de ldquotaylorismordquo baseava-se no

conceito de um ldquohomo economicusrdquo ou seja um trabalhador cujo principal

incentivo para trabalhar de modo eficiente seria o salaacuterio Entre os princiacutepios

que norteavam a Administraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalho estavam uma clara

separaccedilatildeo entre planejamentocontrole e a execuccedilatildeo do trabalho a

substituiccedilatildeo do criteacuterio individual do operaacuterio por um criteacuterio considerado

cientiacutefico a eliminaccedilatildeo dos tempos mortos ie improdutivos por meio da

definiccedilatildeo dos tempos meacutedios exigidos para a realizaccedilatildeo das tarefas uma

seleccedilatildeo e um treinamento meticulosos dos empregados para a realizaccedilatildeo

das tarefas (PARAGUAY 2003) A uacutenica fadiga considerada pelo taylorismo

era a fadiga fisioloacutegica (MOURA 1993 apud PARAGUAY 2003)

Segundo BUSCATTO (2002) taylorizaccedilatildeo estresse baixas

remuneraccedilotildees e precarizaccedilatildeo da matildeo de obra satildeo algumas das palavras-

chaves ligadas ao setor de telemarketing

Para VENCO (2006) o forte predomiacutenio do taylorismo indica que a

organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento encontra respaldo na

sofisticaccedilatildeo da tecnologia utilizada nesse setor da economia visto que todas

as movimentaccedilotildees realizadas nas posiccedilotildees de atendimento satildeo registradas

pelo software o nuacutemero de ligaccedilotildees feitas e recebidas o tempo de

atendimento as pausas as vendas realizadas as estatiacutesticas dos resultados

das ligaccedilotildees a indicaccedilatildeo de clientes agrave espera e o tempo excedido de

atendimento entre outros dados Aleacutem disso a tecnologia atua ainda por

meio de um equipamento multifuncional que eacute fundamental para a

20

racionalizaccedilatildeo do trabalho e o aumento da produtividade conhecido como

DAC esse equipamento distribui automaticamente as ligaccedilotildees recebidas

entre os operadores haacute mais tempo ociosos e grava na iacutentegra todos os

atendimentos

Para READ (2001) do ponto de vista da sauacutede o ambiente dos

centros de teleatendimento eacute considerado de meacutedio a alto risco sendo as

principais queixas dores de cabeccedila no pescoccedilo nos membros superiores e

em menor escala nas costas e nos membros inferiores aleacutem de tensatildeo e

fadiga visuais

Do que foi exposto pode-se afirmar que as condiccedilotildees adversas de

trabalho no setor de teleatendimento envolvem problemas relativos agraves

condiccedilotildees e agrave organizaccedilatildeo do trabalho

Para explicar o estresse no trabalho e as repercussotildees na sauacutede do

trabalhador GLINA (2010) cita o modelo de KARASEK e THEORELL (1990)

segundo o qual as caracteriacutesticas do trabalho podem natildeo estar associadas

de forma linear agrave sauacutede do trabalhador mas podem combinar-se

interativamente em relaccedilatildeo agrave sauacutede

Em outras palavras o modelo de anaacutelise formulado por KARASEK e

THEORELL (1990) conhecido como modelo Demanda-Controle pressupotildee

que o estresse ocupacional pode levar agrave doenccedila natildeo pela somatoacuteria de um

conjunto de diversas situaccedilotildees de conflito mas pela relaccedilatildeo entre as

tensotildees geradas pelas exigecircncias do trabalho e a capacidade do trabalhador

em dirimir esse niacutevel de tensatildeo principalmente a partir de suas

possibilidades de tomada de decisotildees e controle sobre o proacuteprio trabalho

21

GLINA (2010) explica ainda que o modelo proposto por eles envolve

uma abordagem tridimensional contemplando os seguintes aspectos

demanda controle e apoio social De acordo com ARAUacuteJO (2010) o

modelo estabelece a partir de combinaccedilatildeo de diferentes niacuteveis de controle e

demanda quatro tipos baacutesicos de experiecircncias no trabalho alta exigecircncia do

trabalho (caracterizada por situaccedilatildeo de trabalho com alta demanda e baixo

controle) trabalho ativo (situaccedilatildeo de alta demanda e alto controle) trabalho

passivo (baixa demanda e baixo controle) e baixa exigecircncia (combinando

baixa demanda e alto controle)

Segundo o modelo citado ndash um dos mais utilizados em todo o mundo

para a avaliaccedilatildeo do estresse no trabalho ndash as piores condiccedilotildees estatildeo

presentes nas situaccedilotildees de trabalho ldquode alta exigecircnciardquo ao mesmo tempo

em que impotildeem ao trabalhador altas exigecircncias (percebidas por ele como

pressotildees psicoloacutegicas) impedem-no de responder com liberdade a essas

mesmas exigecircncias

Para estudarmos os fatores psicossociais relacionados ao trabalho

utilizamos o questionaacuterio sobre Estresse no Trabalho formulado por

KOMPIER e LEVI (1995) com base no modelo Demanta-Controle Segundo

GALASSO (2005) que utilizou o mesmo instrumento para estudar

operadores de uma Central de Atendimento de Serviccedilo de Sauacutede o referido

questionaacuterio requer o conhecimento da percepccedilatildeodefiniccedilatildeo dos sujeitos

sobre as caracteriacutesticas do trabalho compreendendo inclusive as exigecircncias

(pressotildees psicoloacutegicas) que pesam sobre eles e o grau de controle que

percebem ter sobre o proacuteprio trabalho

22

No Brasil existem estudos sobre sintomas osteomusculares entre os

operadores de teleatendimento de empresas de diferentes ramos de

atividade econocircmica (FERREIRA Jr et al 1997 FERREIRA Jr e SALDIVA

2002 ROCHA et al 2005) Poreacutem natildeo foram encontrados estudos sobre a

prevalecircncia de CVS nestes operadores

23

2 OBJETIVOS

21 GERAL

Estimar a prevalecircncia de CVS (Siacutendrome Visual Associada ao uso

de Computador) entre operadores de duas centrais de

atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

22 ESPECIacuteFICOS

Caracterizar a distribuiccedilatildeo da ocorrecircncia de CVS entre os

operadores das Centrais de Atendimento Telefocircnico segundo as

caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico historia ocupacional situaccedilatildeo de trabalho

fatores de satisfaccedilatildeo durante o trabalho e aspectos psicossociais

do trabalho

Verificar as associaccedilotildees existentes entre os casos definidos como

CVS e as variaacuteveis independentes estudadas

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 8: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

8

1 INTRODUCcedilAtildeO

11 SIacuteNDROME VISUAL ASSOCIADA AO USO DO COMPUTADOR

(CVS - COMPUTER VISION SYNDROME)

De acordo com SAMPAIO e HADDAD (2009) estima-se que 90 dos

casos diagnosticados de deficiecircncia visual estejam nos paiacuteses em

desenvolvimento sendo a maior parte deles evitaacutevel por meio de medidas

preventivas ou de tratamentos jaacute existentes As consequecircncias da

deficiecircncia visual envolvem decliacutenio na produtividade e no bem estar e em

custos diretos e indiretos para a sociedade

Entre os distuacuterbios visuais frequentes atualmente inclui-se a

astenopia considerada por alguns como fadiga visual O termo astenopia

de acordo com o Dictionary of Visual Science eacute geralmente utilizado para

designar quaisquer sintomas subjetivos ou desconforto relacionados ao uso

dos olhos ALVES et al (2009) consideram que astenopia inclui sintomas

como cefaleacuteia dor ao redor dos olhos ou acima dos olhos cansaccedilo e

desconforto ocular Os autores consideram ainda que a intensidade e a

frequecircncia dos sinais e sintomas variam e dependem de certos fatores tais

como a magnitude e tipo do erro refrativo a integridade do sistema visual

binocular e a natureza da demanda da visatildeo inclusive no trabalho

Ao lado disso a fadiga visual eacute um dos distuacuterbios oculares que vem

9

sendo estudados atualmente em razatildeo de sua alta prevalecircncia mundial e

por ser cada vez mais frequente em determinadas profissotildees (THOMSON

1998 ZIEFLE 1998 ACOSTA et al 1999 TRAVERS e STANTON 2002

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO 2004 YE et al 2007ab) entre elas a dos

profissionais que trabalham com computador

A ocorrecircncia da fadiga visual em profissionais que utilizam o

computador foi inicialmente descrita em 1982 por ELIAS e CAIL que a

conceituavam como uma modificaccedilatildeo funcional por contraccedilotildees excessivas e

prolongadas dos muacutesculos ciliares do olho com o objetivo de obter uma

focalizaccedilatildeo fina dos objetos Segundo FERGUSON et al (1974) a principal

causa de fadiga visual eacute a vulnerabilidade do sistema de focalizaccedilatildeo da

imagem e dos muacutesculos que controlam os movimentos de fixaccedilatildeo ocular

Alguns autores tecircm definido a fadiga visual associada ao trabalho com

computador como Computer Vision Syndrome (CVS - Siacutendrome Visual

Associada ao uso de Computador) Segundo BLEHM et al (2005) a CVS

pode ser caracterizada pela presenccedila de um ou mais sintomas oculares

(cansaccedilo nas vistas fadiga ocular sensaccedilatildeo de queimaccedilatildeo irritaccedilatildeo ocular

ldquovermelhidatildeordquo ldquovisatildeo borradardquo e ldquoolhos secosrdquo entre outros) como resultado

do uso de monitor de computador

As causas fisiopatoloacutegicas potenciais da CVS foram agrupadas por

BLEHM et al (2005) em trecircs conjuntos de sintomas

a) distuacuterbios oculares dor local sensaccedilatildeo de ardecircncia sensaccedilatildeo de

ldquoqueimaccedilatildeordquo modificaccedilotildees na frequecircncia do piscar lacrimejamento

excessivo e o conhecido ldquoolho secordquo

10

b) distuacuterbios visuais fotossensibilidade dificuldade em focalizar

(visatildeo turva) diplopia (visatildeo dupla) persistecircncia anormal de poacutes imagem e a

instabilidade da imagem na sua definiccedilatildeo oacuteptica e espacial e

c) distuacuterbios gerais cefaleacuteia enxaqueca dores lombares eou

cervicais espasmos musculares nas regiotildees do pescoccedilo e dos ombros

sendo estes uacuteltimos necessariamente acompanhados dos achados oculares

As causas conhecidas da CVS foram classificadas por BLEHM et al

(2005) em fatores intriacutensecos extriacutensecos ambientais e extriacutensecos

oculares Nos fatores intriacutensecos predominam as causas de origem muscular

da fadiga visual ou seja aquelas relacionadas ao mecanismo de

acomodaccedilatildeo do olho BRUNO e CARVALHO (2007) relatam que o termo

acomodaccedilatildeo foi introduzido por Burow em 1841

A funccedilatildeo oacuteptica do olho eacute formar uma imagem niacutetida na retina Um

olho emeacutetrope quando fixa um objeto no infinito tem a sua imagem

focalizada sobre a retina O fenocircmeno de acomodaccedilatildeo corresponde agrave

capacidade de aumentar o poder de refraccedilatildeo do olho a fim de realizar a

completa formaccedilatildeo da imagem na retina com correspondecircncia cerebral

Quando o objeto se desloca do infinito em direccedilatildeo ao olho a imagem

retiniana sofre um deslocamento para traacutes havendo necessidade entatildeo de

um mecanismo de ajuste denominado acomodaccedilatildeo Esse mecanismo

envolve estruturas oculares tais como a cacircmara anterior a pupila o

cristalino a zocircnula o muacutesculo ciliar e os processos ciliares (BRUNO E

CARVALHO 2007)

11

Segundo os autores quando o olho estaacute acomodando aleacutem das

mudanccedilas no cristalino e no sistema zonular o olho simultaneamente

converge e a pupila se contrai Estes fatos ajudam na obtenccedilatildeo de uma

visatildeo niacutetida de objetos que se encontram proacuteximos ao indiviacuteduo e satildeo

conhecidos como resposta proacutexima Ao focalizar um objeto no infinito o olho

encontra-se no estado conhecido como desacomodado ou natildeo acomodado

e caso esteja focalizando um objeto na zona de acomodaccedilatildeo eacute

denominado acomodado

Assim os autores consideram que o mecanismo de acomodaccedilatildeo se

realiza de maneira gradual e proporcional agrave distacircncia do ponto focalizado Eacute

modulado como um sistema realimentado que opera de maneira a aumentar

o contraste luminoso da imagem na retina Natildeo haacute apenas um uacutenico

estiacutemulo e nem um que seja o mais importante Tamanho do objeto

distacircncia borratildeo (contraste da imagem) aberraccedilatildeo cromaacutetica oscilaccedilatildeo da

acomodaccedilatildeo movimentos de varreduras dos olhos e outros fenocircmenos

visuais podem ser responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo da resposta acomodativa

apropriada do olho

Entre as teorias que explicam a acomodaccedilatildeo a de Helmholtz

elaborada no seacuteculo XIX e publicada em 1909 eacute a mais difundida e mais

aceita atualmente Segundo este autor o corpo ciliar eacute ativo durante a

acomodaccedilatildeo (BRUNO e CARVALHO 2007)

Os erros refracionais tambeacutem conhecidos como ametropias tais

como miopia astigmatismo hipermetropia e presbiopia presentes em cada

indiviacuteduo interferem de forma direta e incisiva nos sinais e sintomas

12

caracteriacutesticos da fadiga visual quando natildeo se encontram corrigidas ou

quando estatildeo corrigidas de maneira indevida (hipocorrigidos ou

hipercorrigidos) seja atraveacutes dos oacuteculos seja atraveacutes de lentes de contato

Haacute ainda aqueles relacionados agrave presenccedila de alteraccedilotildees oacuteculo-motoras do

grupo das forias

Os fatores extriacutensecos ambientais incluem iluminamento condiccedilotildees

do ambiente e do posto de trabalho A iluminaccedilatildeo no local de trabalho pode

ser natural ou artificial sendo esta uacuteltima a feita por lacircmpadas eleacutetricas que

podem ser fluorescentes incandescentes de mercuacuterio de soacutedio etc

(BREVIGLIERO et al 2006) Estes autores conceituam iluminamento como

a densidade de fluxo luminoso sobre uma superfiacutecie expresso em lux (lx)

Um lux corresponde a um luacutemen distribuiacutedo numa superfiacutecie de 1 msup2

De acordo com a Portaria nordm 3214 de 08 de junho de 1978 em sua

Norma Regulamentadora (NR) nordm 17 item 1753 a avaliaccedilatildeo deve ser

realizada usando-se um luxiacutemetro com fotoceacutelula corrigida para a

sensibilidade do olho humano e em funccedilatildeo do acircngulo de incidecircncia Para

avaliaccedilatildeo do niacutevel de iluminamento adota-se o criteacuterio de mediccedilatildeo ponto a

ponto nos locais de trabalho e a comparaccedilatildeo com o miacutenimo estabelecido em

lux para cada tipo de atividade como disposto na NR-17 e na NBR-5413 da

ABNT (1992) O iluminamento pode ser inadequado tanto quando se

encontra em niacuteveis abaixo do necessaacuterio para execuccedilatildeo de determinadas

tarefas como quando o ultrapassa levando ao fenocircmeno de ofuscamento

Designa-se por ofuscamento uma condiccedilatildeo de visatildeo na qual haacute um

desconforto ou uma reduccedilatildeo da capacidade de distinguir objetos ou ambos

13

devido a uma distribuiccedilatildeo desfavoraacutevel das luminacircncias ou a luminacircncias

elevadas ou a contrastes excessivos no espaccedilo ou no tempo

(BREVIGLIERO et al 2006)

PICCOLI et al (2004) observaram que a avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de

iluminaccedilatildeo no local de trabalho tem sido focada na mediccedilatildeo do niacutevel de

iluminamento O valor da mediccedilatildeo do iluminamento no campo visual de

trabalho deve ser consistente com a anatomia e a fisiologia oculares

requisitadas na execuccedilatildeo da tarefa e pode ser utilizado como parte da

avaliaccedilatildeo de risco para possiacuteveis distuacuterbios visuais aleacutem de estabelecer o

niacutevel de iluminamento mais adequado nas estaccedilotildees de trabalho

As maacutes condiccedilotildees do local de trabalho estatildeo relacionadas agrave presenccedila

de poeira excessiva ao ar seco secundaacuterio ao uso indevido de

condicionadores de ar que pode levar agrave maior sensibilizaccedilatildeo da coacuternea e

das glacircndulas presentes nas paacutelpebras e consequentemente agrave diminuiccedilatildeo

da produccedilatildeo da laacutegrima Acrescente-se ainda a estrutura e o posicionamento

da cadeira de trabalho que podem levar a dores na coluna vertebral quando

inadequados e que podem ser associados agrave fadiga visual o horaacuterio e

duraccedilatildeo do trabalho principalmente quando em turnos noturnos ou diurnos

com duraccedilatildeo acima da sexta hora trabalhada a qualidade da tela do monitor

e a falta de protetores para as mesmas (BLEHM et al 2005)

BLHEM et al (2005) consideram como fatores extriacutensecos oculares

a) diminuiccedilatildeo do iacutendice do piscarpestanejar b) aumento da exposiccedilatildeo da

superfiacutecie ocular c) uso de lente de contato ou medicamentos d) presenccedila

de doenccedilas sistecircmicas e ou doenccedilas oculares externas

14

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar tambeacutem foi observada por CHARPE

e KAUSHIK (2009) Estes autores relatam que ao lermos um texto em

papel piscamos 22 vezes por minuto poreacutem em frente agrave tela de um

computador reduzimos para sete vezes por minuto o nuacutemero de piscadas

YAN et al (2008) consideram que o brilho da tela do computador conduz a

uma grande alteraccedilatildeo na dinacircmica da laacutegrima o iacutendice do piscar espontacircneo

(spontaneous eye blink rate ndash SEBR) reduz-se significativamente durante o

uso do computador Os autores descrevem que o SEBR corresponde a 15-

16 piscadasminuto durante uma conversaccedilatildeo e que o mesmo diminui

durante o uso do computador para 5-6 piscadasminuto em razatildeo da alta

demanda visual e da grande concentraccedilatildeo mental que se verificam durante

esta atividade

FREUDENTHALER et al (2003) e SCHLOTE et al (2004) descrevem

ainda que temos a tendecircncia de aumentar o tamanho da abertura do olho

diante da tela do monitor o que resulta numa maior evaporaccedilatildeo da laacutegrima

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar e o aumento do tamanho da abertura do

olho podem prejudicar a troca do filme lacrimal o que pode ocasionar o

distuacuterbio conhecido como ldquoolho secordquo segundo BLEHM et al (2005)

Entre os fatores extriacutensecos oculares inclui-se o uso de lentes de

contato e uso de medicamentos O uso de lentes diminui a oxigenaccedilatildeo da

coacuternea e pode levar agrave diminuiccedilatildeo da lubrificaccedilatildeo do olho Haacute casos ainda de

mau posicionamento dessas lentes o que leva a um grande desconforto

ocular O uso de medicamentos por via oral tais como diureacuteticos anti-

histamiacutenicos psicotroacutepicos e anti-hipertensivos levam agrave diminuiccedilatildeo da

15

produccedilatildeo da laacutegrima (BLEHM et al 2005)

Entre as doenccedilas sistecircmicas siacutendromes e doenccedilas oculares externas

que satildeo consideradas como fatores extriacutensecos oculares BLEHM et al

(2005) citam a Artrite Reumatoacuteide a Siacutendrome de Sjogren e as blefarites

posteriores

PICCOLI (2003) atribui agraves modificaccedilotildees dos processos de trabalho e agrave

crescente utilizaccedilatildeo do computador o aumento progressivo das exigecircncias

de eficiecircncia visual e do uso dos componentes do sistema nervoso a isso

relacionado que coordenam os movimentos dos olhos e sua acomodaccedilatildeo

A relaccedilatildeo entre visatildeo e fatores psicossociais do trabalho eacute sugerida

pela ideacuteia de que os distuacuterbios visuais estatildeo relacionados agrave intensidade e agrave

duraccedilatildeo das exigecircncias visuais agrave situaccedilatildeo de trabalho percebida pelo

empregado e agraves caracteriacutesticas fisiopatoloacutegicas do sistema visual de cada

indiviacuteduo (PICCOLI 2003)

A Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (ILO 1986) define os fatores

psicossociais do trabalho como a interaccedilatildeo das percepccedilotildees e da experiecircncia

do trabalhador com aspectos relacionados agraves condiccedilotildees e ao ambiente de

trabalho e tambeacutem ligados ao sistema social Propotildee que sejam analisados

fatores de natureza individual como as capacidades e limitaccedilotildees do

trabalhador em relaccedilatildeo agraves exigecircncias do trabalho E inclui entre as

condiccedilotildees de trabalho a tarefa em si as condiccedilotildees fiacutesicas do posto de

trabalho as relaccedilotildees interpessoais entre colegas chefes e clientes Em

relaccedilatildeo aos fatores sociais menciona as preocupaccedilotildees do trabalhador em

relaccedilatildeo agrave famiacutelia e agrave vida pessoal elementos culturais nutriccedilatildeo condiccedilotildees

16

de transporte e habitaccedilatildeo

A preocupaccedilatildeo com as repercussotildees do trabalho sobre a visatildeo tem

crescido nos uacuteltimos anos Exemplo disso foi a criaccedilatildeo de um comitecirc

cientiacutefico especiacutefico pela Comissatildeo Internacional de Sauacutede Ocupacional

(ICOH - International Commission on Occupational Health) denominado

Comitecirc Trabalho e Visatildeo (ICOH ICWV - International Scientific Committee

on Work and Vision) A proposta do documento elaborado por este comitecirc eacute

de que os distuacuterbios oculares relacionados ao trabalho tecircm origem

multifatorial podendo estar associados agrave atividade de trabalho agraves condiccedilotildees

ambientais e agraves caracteriacutesticas oftalmoloacutegicas individuais (PICCOLI 2003)

SCHAEFER (2009) afirma que o ICOH-ICWV procura desenvolver

sistematicamente o tema com vistas a uma aproximaccedilatildeo mais racional e

completa entre trabalho e visatildeo Segundo o comitecirc os avanccedilos das

pesquisas nesta aacuterea devem proporcionar aos trabalhadores melhores

condiccedilotildees visuais nos locais de trabalho levando a uma maior qualidade no

trabalho e a atividades menos exaustivas e menos estressantes o que pode

resultar em maior produtividade

12 O TRABALHO EM CENTRAIS DE TELEATENDIMENTO

Segundo LIDA (1990) com a difusatildeo do uso dos computadores os

postos de trabalho com monitores se tornaram mais frequentes nas

17

empresas industriais e nos escritoacuterios nos uacuteltimos anos A utilizaccedilatildeo desta

tecnologia proporcionou uma grande evoluccedilatildeo e importantes melhorias na

realizaccedilatildeo das atividades profissionais dos indiviacuteduos como por exemplo o

incremento na qualidade e na produccedilatildeo e maior eficiecircncia

Nos escritoacuterios tradicionais as tarefas eram mais variadas permitindo

mudanccedilas de postura durante a jornada de trabalho No posto de trabalho

atual com o uso do computador o indiviacuteduo permanece quase estaacutetico

durante horas com a atenccedilatildeo fixa na tela do monitor e as matildeos sobre o

teclado realizando diferentes operaccedilotildees Segundo GRANDJEAN e

HUumlNTING (1997) o trabalhador se torna parte do sistema homem-maacutequina

seus movimentos e o espaccedilo de manobras satildeo limitados Esta condiccedilatildeo estaacute

frequentemente relacionada a um desenho inadequado do posto de trabalho

a problemas de iluminaccedilatildeo ou a problemas de visatildeo natildeo corrigidos ou natildeo

corretamente corrigidos para o trabalho a ser desempenhado

A utilizaccedilatildeo de computador de maneira constante eacute uma das

caracteriacutesticas dos Call Centers ou Centrais de Atendimento Telefocircnico que

podem ser definidos como uma estrutura organizacional que compreende

postos de trabalho para atendimento ao cliente por meio da utilizaccedilatildeo de um

terminal de computador e um aparelho telefocircnico (ROCHA e GLINA 2005)

As Centrais de Atendimento Telefocircnico incluem qualquer atividade por

meio de sistemas de informaccedilatildeo com o objetivo de desenvolver accedilotildees

padronizadas e contiacutenuas de marketing eou favorecer a comunicaccedilatildeo com

clientes puacuteblico em geral ou agecircncias governamentais (VILELA e

ASSUNCcedilAtildeO 2004)

18

Os serviccedilos prestados compreendem o fornecimento de informaccedilotildees

ao puacuteblico ou clientes das empresas recebimento de reclamaccedilotildees venda e

assistecircncia teacutecnica de produtos entre outros Eacute a caracteriacutestica da empresa

principal que determina o conteuacutedo do trabalho dos ldquooperadores de

telemarketingrdquo que eacute a denominaccedilatildeo usual dada aos trabalhadores nestes

serviccedilos no Brasil e adotada pela Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

(CBO) - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (BRASIL 2005)

Na Inglaterra esse tipo de atividade jaacute emprega mais funcionaacuterios

diretos do que as induacutestrias de carvatildeo accedilo e automobiliacutestica reunidas Em

uma estimativa realizada em 2002 havia cinco milhotildees de pessoas

empregadas em Call Center nos Estados Unidos e aproximadamente 15

milhatildeo na Europa (TOOMINGAS et al 2002)

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Telemarketing ndash ABT em 2009 o

Brasil ultrapassou a marca de 900 mil trabalhadores envolvidos neste setor

Para se entender a dimensatildeo da importacircncia do estudo das condiccedilotildees de

trabalho dos operadores de telemarketing instituiccedilotildees de pesquisa e

sindicatos de diversos paiacuteses da Europa como Alemanha Beacutelgica Itaacutelia e

outros criaram em 1999 um ldquoquadro de observaccedilatildeo social dos Call

Centersrdquo segundo o qual esse tipo de organizaccedilatildeo tornou-se sinocircnimo de

uma forma moderna de degradaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho

A anaacutelise das caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo do trabalho nos Call

Centers tem suscitado comparaccedilotildees com o modo de organizaccedilatildeo industrial

desenvolvido no iniacutecio do seacuteculo XX por Frederick Winslow Taylor

conhecido por ldquoAdministraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalhordquo com o objetivo de

19

maximizar a produtividade industrial pela via da ldquoracionalizaccedilatildeo do trabalhordquo

O sistema hoje tambeacutem nomeado de ldquotaylorismordquo baseava-se no

conceito de um ldquohomo economicusrdquo ou seja um trabalhador cujo principal

incentivo para trabalhar de modo eficiente seria o salaacuterio Entre os princiacutepios

que norteavam a Administraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalho estavam uma clara

separaccedilatildeo entre planejamentocontrole e a execuccedilatildeo do trabalho a

substituiccedilatildeo do criteacuterio individual do operaacuterio por um criteacuterio considerado

cientiacutefico a eliminaccedilatildeo dos tempos mortos ie improdutivos por meio da

definiccedilatildeo dos tempos meacutedios exigidos para a realizaccedilatildeo das tarefas uma

seleccedilatildeo e um treinamento meticulosos dos empregados para a realizaccedilatildeo

das tarefas (PARAGUAY 2003) A uacutenica fadiga considerada pelo taylorismo

era a fadiga fisioloacutegica (MOURA 1993 apud PARAGUAY 2003)

Segundo BUSCATTO (2002) taylorizaccedilatildeo estresse baixas

remuneraccedilotildees e precarizaccedilatildeo da matildeo de obra satildeo algumas das palavras-

chaves ligadas ao setor de telemarketing

Para VENCO (2006) o forte predomiacutenio do taylorismo indica que a

organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento encontra respaldo na

sofisticaccedilatildeo da tecnologia utilizada nesse setor da economia visto que todas

as movimentaccedilotildees realizadas nas posiccedilotildees de atendimento satildeo registradas

pelo software o nuacutemero de ligaccedilotildees feitas e recebidas o tempo de

atendimento as pausas as vendas realizadas as estatiacutesticas dos resultados

das ligaccedilotildees a indicaccedilatildeo de clientes agrave espera e o tempo excedido de

atendimento entre outros dados Aleacutem disso a tecnologia atua ainda por

meio de um equipamento multifuncional que eacute fundamental para a

20

racionalizaccedilatildeo do trabalho e o aumento da produtividade conhecido como

DAC esse equipamento distribui automaticamente as ligaccedilotildees recebidas

entre os operadores haacute mais tempo ociosos e grava na iacutentegra todos os

atendimentos

Para READ (2001) do ponto de vista da sauacutede o ambiente dos

centros de teleatendimento eacute considerado de meacutedio a alto risco sendo as

principais queixas dores de cabeccedila no pescoccedilo nos membros superiores e

em menor escala nas costas e nos membros inferiores aleacutem de tensatildeo e

fadiga visuais

Do que foi exposto pode-se afirmar que as condiccedilotildees adversas de

trabalho no setor de teleatendimento envolvem problemas relativos agraves

condiccedilotildees e agrave organizaccedilatildeo do trabalho

Para explicar o estresse no trabalho e as repercussotildees na sauacutede do

trabalhador GLINA (2010) cita o modelo de KARASEK e THEORELL (1990)

segundo o qual as caracteriacutesticas do trabalho podem natildeo estar associadas

de forma linear agrave sauacutede do trabalhador mas podem combinar-se

interativamente em relaccedilatildeo agrave sauacutede

Em outras palavras o modelo de anaacutelise formulado por KARASEK e

THEORELL (1990) conhecido como modelo Demanda-Controle pressupotildee

que o estresse ocupacional pode levar agrave doenccedila natildeo pela somatoacuteria de um

conjunto de diversas situaccedilotildees de conflito mas pela relaccedilatildeo entre as

tensotildees geradas pelas exigecircncias do trabalho e a capacidade do trabalhador

em dirimir esse niacutevel de tensatildeo principalmente a partir de suas

possibilidades de tomada de decisotildees e controle sobre o proacuteprio trabalho

21

GLINA (2010) explica ainda que o modelo proposto por eles envolve

uma abordagem tridimensional contemplando os seguintes aspectos

demanda controle e apoio social De acordo com ARAUacuteJO (2010) o

modelo estabelece a partir de combinaccedilatildeo de diferentes niacuteveis de controle e

demanda quatro tipos baacutesicos de experiecircncias no trabalho alta exigecircncia do

trabalho (caracterizada por situaccedilatildeo de trabalho com alta demanda e baixo

controle) trabalho ativo (situaccedilatildeo de alta demanda e alto controle) trabalho

passivo (baixa demanda e baixo controle) e baixa exigecircncia (combinando

baixa demanda e alto controle)

Segundo o modelo citado ndash um dos mais utilizados em todo o mundo

para a avaliaccedilatildeo do estresse no trabalho ndash as piores condiccedilotildees estatildeo

presentes nas situaccedilotildees de trabalho ldquode alta exigecircnciardquo ao mesmo tempo

em que impotildeem ao trabalhador altas exigecircncias (percebidas por ele como

pressotildees psicoloacutegicas) impedem-no de responder com liberdade a essas

mesmas exigecircncias

Para estudarmos os fatores psicossociais relacionados ao trabalho

utilizamos o questionaacuterio sobre Estresse no Trabalho formulado por

KOMPIER e LEVI (1995) com base no modelo Demanta-Controle Segundo

GALASSO (2005) que utilizou o mesmo instrumento para estudar

operadores de uma Central de Atendimento de Serviccedilo de Sauacutede o referido

questionaacuterio requer o conhecimento da percepccedilatildeodefiniccedilatildeo dos sujeitos

sobre as caracteriacutesticas do trabalho compreendendo inclusive as exigecircncias

(pressotildees psicoloacutegicas) que pesam sobre eles e o grau de controle que

percebem ter sobre o proacuteprio trabalho

22

No Brasil existem estudos sobre sintomas osteomusculares entre os

operadores de teleatendimento de empresas de diferentes ramos de

atividade econocircmica (FERREIRA Jr et al 1997 FERREIRA Jr e SALDIVA

2002 ROCHA et al 2005) Poreacutem natildeo foram encontrados estudos sobre a

prevalecircncia de CVS nestes operadores

23

2 OBJETIVOS

21 GERAL

Estimar a prevalecircncia de CVS (Siacutendrome Visual Associada ao uso

de Computador) entre operadores de duas centrais de

atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

22 ESPECIacuteFICOS

Caracterizar a distribuiccedilatildeo da ocorrecircncia de CVS entre os

operadores das Centrais de Atendimento Telefocircnico segundo as

caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico historia ocupacional situaccedilatildeo de trabalho

fatores de satisfaccedilatildeo durante o trabalho e aspectos psicossociais

do trabalho

Verificar as associaccedilotildees existentes entre os casos definidos como

CVS e as variaacuteveis independentes estudadas

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 9: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

9

sendo estudados atualmente em razatildeo de sua alta prevalecircncia mundial e

por ser cada vez mais frequente em determinadas profissotildees (THOMSON

1998 ZIEFLE 1998 ACOSTA et al 1999 TRAVERS e STANTON 2002

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO 2004 YE et al 2007ab) entre elas a dos

profissionais que trabalham com computador

A ocorrecircncia da fadiga visual em profissionais que utilizam o

computador foi inicialmente descrita em 1982 por ELIAS e CAIL que a

conceituavam como uma modificaccedilatildeo funcional por contraccedilotildees excessivas e

prolongadas dos muacutesculos ciliares do olho com o objetivo de obter uma

focalizaccedilatildeo fina dos objetos Segundo FERGUSON et al (1974) a principal

causa de fadiga visual eacute a vulnerabilidade do sistema de focalizaccedilatildeo da

imagem e dos muacutesculos que controlam os movimentos de fixaccedilatildeo ocular

Alguns autores tecircm definido a fadiga visual associada ao trabalho com

computador como Computer Vision Syndrome (CVS - Siacutendrome Visual

Associada ao uso de Computador) Segundo BLEHM et al (2005) a CVS

pode ser caracterizada pela presenccedila de um ou mais sintomas oculares

(cansaccedilo nas vistas fadiga ocular sensaccedilatildeo de queimaccedilatildeo irritaccedilatildeo ocular

ldquovermelhidatildeordquo ldquovisatildeo borradardquo e ldquoolhos secosrdquo entre outros) como resultado

do uso de monitor de computador

As causas fisiopatoloacutegicas potenciais da CVS foram agrupadas por

BLEHM et al (2005) em trecircs conjuntos de sintomas

a) distuacuterbios oculares dor local sensaccedilatildeo de ardecircncia sensaccedilatildeo de

ldquoqueimaccedilatildeordquo modificaccedilotildees na frequecircncia do piscar lacrimejamento

excessivo e o conhecido ldquoolho secordquo

10

b) distuacuterbios visuais fotossensibilidade dificuldade em focalizar

(visatildeo turva) diplopia (visatildeo dupla) persistecircncia anormal de poacutes imagem e a

instabilidade da imagem na sua definiccedilatildeo oacuteptica e espacial e

c) distuacuterbios gerais cefaleacuteia enxaqueca dores lombares eou

cervicais espasmos musculares nas regiotildees do pescoccedilo e dos ombros

sendo estes uacuteltimos necessariamente acompanhados dos achados oculares

As causas conhecidas da CVS foram classificadas por BLEHM et al

(2005) em fatores intriacutensecos extriacutensecos ambientais e extriacutensecos

oculares Nos fatores intriacutensecos predominam as causas de origem muscular

da fadiga visual ou seja aquelas relacionadas ao mecanismo de

acomodaccedilatildeo do olho BRUNO e CARVALHO (2007) relatam que o termo

acomodaccedilatildeo foi introduzido por Burow em 1841

A funccedilatildeo oacuteptica do olho eacute formar uma imagem niacutetida na retina Um

olho emeacutetrope quando fixa um objeto no infinito tem a sua imagem

focalizada sobre a retina O fenocircmeno de acomodaccedilatildeo corresponde agrave

capacidade de aumentar o poder de refraccedilatildeo do olho a fim de realizar a

completa formaccedilatildeo da imagem na retina com correspondecircncia cerebral

Quando o objeto se desloca do infinito em direccedilatildeo ao olho a imagem

retiniana sofre um deslocamento para traacutes havendo necessidade entatildeo de

um mecanismo de ajuste denominado acomodaccedilatildeo Esse mecanismo

envolve estruturas oculares tais como a cacircmara anterior a pupila o

cristalino a zocircnula o muacutesculo ciliar e os processos ciliares (BRUNO E

CARVALHO 2007)

11

Segundo os autores quando o olho estaacute acomodando aleacutem das

mudanccedilas no cristalino e no sistema zonular o olho simultaneamente

converge e a pupila se contrai Estes fatos ajudam na obtenccedilatildeo de uma

visatildeo niacutetida de objetos que se encontram proacuteximos ao indiviacuteduo e satildeo

conhecidos como resposta proacutexima Ao focalizar um objeto no infinito o olho

encontra-se no estado conhecido como desacomodado ou natildeo acomodado

e caso esteja focalizando um objeto na zona de acomodaccedilatildeo eacute

denominado acomodado

Assim os autores consideram que o mecanismo de acomodaccedilatildeo se

realiza de maneira gradual e proporcional agrave distacircncia do ponto focalizado Eacute

modulado como um sistema realimentado que opera de maneira a aumentar

o contraste luminoso da imagem na retina Natildeo haacute apenas um uacutenico

estiacutemulo e nem um que seja o mais importante Tamanho do objeto

distacircncia borratildeo (contraste da imagem) aberraccedilatildeo cromaacutetica oscilaccedilatildeo da

acomodaccedilatildeo movimentos de varreduras dos olhos e outros fenocircmenos

visuais podem ser responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo da resposta acomodativa

apropriada do olho

Entre as teorias que explicam a acomodaccedilatildeo a de Helmholtz

elaborada no seacuteculo XIX e publicada em 1909 eacute a mais difundida e mais

aceita atualmente Segundo este autor o corpo ciliar eacute ativo durante a

acomodaccedilatildeo (BRUNO e CARVALHO 2007)

Os erros refracionais tambeacutem conhecidos como ametropias tais

como miopia astigmatismo hipermetropia e presbiopia presentes em cada

indiviacuteduo interferem de forma direta e incisiva nos sinais e sintomas

12

caracteriacutesticos da fadiga visual quando natildeo se encontram corrigidas ou

quando estatildeo corrigidas de maneira indevida (hipocorrigidos ou

hipercorrigidos) seja atraveacutes dos oacuteculos seja atraveacutes de lentes de contato

Haacute ainda aqueles relacionados agrave presenccedila de alteraccedilotildees oacuteculo-motoras do

grupo das forias

Os fatores extriacutensecos ambientais incluem iluminamento condiccedilotildees

do ambiente e do posto de trabalho A iluminaccedilatildeo no local de trabalho pode

ser natural ou artificial sendo esta uacuteltima a feita por lacircmpadas eleacutetricas que

podem ser fluorescentes incandescentes de mercuacuterio de soacutedio etc

(BREVIGLIERO et al 2006) Estes autores conceituam iluminamento como

a densidade de fluxo luminoso sobre uma superfiacutecie expresso em lux (lx)

Um lux corresponde a um luacutemen distribuiacutedo numa superfiacutecie de 1 msup2

De acordo com a Portaria nordm 3214 de 08 de junho de 1978 em sua

Norma Regulamentadora (NR) nordm 17 item 1753 a avaliaccedilatildeo deve ser

realizada usando-se um luxiacutemetro com fotoceacutelula corrigida para a

sensibilidade do olho humano e em funccedilatildeo do acircngulo de incidecircncia Para

avaliaccedilatildeo do niacutevel de iluminamento adota-se o criteacuterio de mediccedilatildeo ponto a

ponto nos locais de trabalho e a comparaccedilatildeo com o miacutenimo estabelecido em

lux para cada tipo de atividade como disposto na NR-17 e na NBR-5413 da

ABNT (1992) O iluminamento pode ser inadequado tanto quando se

encontra em niacuteveis abaixo do necessaacuterio para execuccedilatildeo de determinadas

tarefas como quando o ultrapassa levando ao fenocircmeno de ofuscamento

Designa-se por ofuscamento uma condiccedilatildeo de visatildeo na qual haacute um

desconforto ou uma reduccedilatildeo da capacidade de distinguir objetos ou ambos

13

devido a uma distribuiccedilatildeo desfavoraacutevel das luminacircncias ou a luminacircncias

elevadas ou a contrastes excessivos no espaccedilo ou no tempo

(BREVIGLIERO et al 2006)

PICCOLI et al (2004) observaram que a avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de

iluminaccedilatildeo no local de trabalho tem sido focada na mediccedilatildeo do niacutevel de

iluminamento O valor da mediccedilatildeo do iluminamento no campo visual de

trabalho deve ser consistente com a anatomia e a fisiologia oculares

requisitadas na execuccedilatildeo da tarefa e pode ser utilizado como parte da

avaliaccedilatildeo de risco para possiacuteveis distuacuterbios visuais aleacutem de estabelecer o

niacutevel de iluminamento mais adequado nas estaccedilotildees de trabalho

As maacutes condiccedilotildees do local de trabalho estatildeo relacionadas agrave presenccedila

de poeira excessiva ao ar seco secundaacuterio ao uso indevido de

condicionadores de ar que pode levar agrave maior sensibilizaccedilatildeo da coacuternea e

das glacircndulas presentes nas paacutelpebras e consequentemente agrave diminuiccedilatildeo

da produccedilatildeo da laacutegrima Acrescente-se ainda a estrutura e o posicionamento

da cadeira de trabalho que podem levar a dores na coluna vertebral quando

inadequados e que podem ser associados agrave fadiga visual o horaacuterio e

duraccedilatildeo do trabalho principalmente quando em turnos noturnos ou diurnos

com duraccedilatildeo acima da sexta hora trabalhada a qualidade da tela do monitor

e a falta de protetores para as mesmas (BLEHM et al 2005)

BLHEM et al (2005) consideram como fatores extriacutensecos oculares

a) diminuiccedilatildeo do iacutendice do piscarpestanejar b) aumento da exposiccedilatildeo da

superfiacutecie ocular c) uso de lente de contato ou medicamentos d) presenccedila

de doenccedilas sistecircmicas e ou doenccedilas oculares externas

14

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar tambeacutem foi observada por CHARPE

e KAUSHIK (2009) Estes autores relatam que ao lermos um texto em

papel piscamos 22 vezes por minuto poreacutem em frente agrave tela de um

computador reduzimos para sete vezes por minuto o nuacutemero de piscadas

YAN et al (2008) consideram que o brilho da tela do computador conduz a

uma grande alteraccedilatildeo na dinacircmica da laacutegrima o iacutendice do piscar espontacircneo

(spontaneous eye blink rate ndash SEBR) reduz-se significativamente durante o

uso do computador Os autores descrevem que o SEBR corresponde a 15-

16 piscadasminuto durante uma conversaccedilatildeo e que o mesmo diminui

durante o uso do computador para 5-6 piscadasminuto em razatildeo da alta

demanda visual e da grande concentraccedilatildeo mental que se verificam durante

esta atividade

FREUDENTHALER et al (2003) e SCHLOTE et al (2004) descrevem

ainda que temos a tendecircncia de aumentar o tamanho da abertura do olho

diante da tela do monitor o que resulta numa maior evaporaccedilatildeo da laacutegrima

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar e o aumento do tamanho da abertura do

olho podem prejudicar a troca do filme lacrimal o que pode ocasionar o

distuacuterbio conhecido como ldquoolho secordquo segundo BLEHM et al (2005)

Entre os fatores extriacutensecos oculares inclui-se o uso de lentes de

contato e uso de medicamentos O uso de lentes diminui a oxigenaccedilatildeo da

coacuternea e pode levar agrave diminuiccedilatildeo da lubrificaccedilatildeo do olho Haacute casos ainda de

mau posicionamento dessas lentes o que leva a um grande desconforto

ocular O uso de medicamentos por via oral tais como diureacuteticos anti-

histamiacutenicos psicotroacutepicos e anti-hipertensivos levam agrave diminuiccedilatildeo da

15

produccedilatildeo da laacutegrima (BLEHM et al 2005)

Entre as doenccedilas sistecircmicas siacutendromes e doenccedilas oculares externas

que satildeo consideradas como fatores extriacutensecos oculares BLEHM et al

(2005) citam a Artrite Reumatoacuteide a Siacutendrome de Sjogren e as blefarites

posteriores

PICCOLI (2003) atribui agraves modificaccedilotildees dos processos de trabalho e agrave

crescente utilizaccedilatildeo do computador o aumento progressivo das exigecircncias

de eficiecircncia visual e do uso dos componentes do sistema nervoso a isso

relacionado que coordenam os movimentos dos olhos e sua acomodaccedilatildeo

A relaccedilatildeo entre visatildeo e fatores psicossociais do trabalho eacute sugerida

pela ideacuteia de que os distuacuterbios visuais estatildeo relacionados agrave intensidade e agrave

duraccedilatildeo das exigecircncias visuais agrave situaccedilatildeo de trabalho percebida pelo

empregado e agraves caracteriacutesticas fisiopatoloacutegicas do sistema visual de cada

indiviacuteduo (PICCOLI 2003)

A Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (ILO 1986) define os fatores

psicossociais do trabalho como a interaccedilatildeo das percepccedilotildees e da experiecircncia

do trabalhador com aspectos relacionados agraves condiccedilotildees e ao ambiente de

trabalho e tambeacutem ligados ao sistema social Propotildee que sejam analisados

fatores de natureza individual como as capacidades e limitaccedilotildees do

trabalhador em relaccedilatildeo agraves exigecircncias do trabalho E inclui entre as

condiccedilotildees de trabalho a tarefa em si as condiccedilotildees fiacutesicas do posto de

trabalho as relaccedilotildees interpessoais entre colegas chefes e clientes Em

relaccedilatildeo aos fatores sociais menciona as preocupaccedilotildees do trabalhador em

relaccedilatildeo agrave famiacutelia e agrave vida pessoal elementos culturais nutriccedilatildeo condiccedilotildees

16

de transporte e habitaccedilatildeo

A preocupaccedilatildeo com as repercussotildees do trabalho sobre a visatildeo tem

crescido nos uacuteltimos anos Exemplo disso foi a criaccedilatildeo de um comitecirc

cientiacutefico especiacutefico pela Comissatildeo Internacional de Sauacutede Ocupacional

(ICOH - International Commission on Occupational Health) denominado

Comitecirc Trabalho e Visatildeo (ICOH ICWV - International Scientific Committee

on Work and Vision) A proposta do documento elaborado por este comitecirc eacute

de que os distuacuterbios oculares relacionados ao trabalho tecircm origem

multifatorial podendo estar associados agrave atividade de trabalho agraves condiccedilotildees

ambientais e agraves caracteriacutesticas oftalmoloacutegicas individuais (PICCOLI 2003)

SCHAEFER (2009) afirma que o ICOH-ICWV procura desenvolver

sistematicamente o tema com vistas a uma aproximaccedilatildeo mais racional e

completa entre trabalho e visatildeo Segundo o comitecirc os avanccedilos das

pesquisas nesta aacuterea devem proporcionar aos trabalhadores melhores

condiccedilotildees visuais nos locais de trabalho levando a uma maior qualidade no

trabalho e a atividades menos exaustivas e menos estressantes o que pode

resultar em maior produtividade

12 O TRABALHO EM CENTRAIS DE TELEATENDIMENTO

Segundo LIDA (1990) com a difusatildeo do uso dos computadores os

postos de trabalho com monitores se tornaram mais frequentes nas

17

empresas industriais e nos escritoacuterios nos uacuteltimos anos A utilizaccedilatildeo desta

tecnologia proporcionou uma grande evoluccedilatildeo e importantes melhorias na

realizaccedilatildeo das atividades profissionais dos indiviacuteduos como por exemplo o

incremento na qualidade e na produccedilatildeo e maior eficiecircncia

Nos escritoacuterios tradicionais as tarefas eram mais variadas permitindo

mudanccedilas de postura durante a jornada de trabalho No posto de trabalho

atual com o uso do computador o indiviacuteduo permanece quase estaacutetico

durante horas com a atenccedilatildeo fixa na tela do monitor e as matildeos sobre o

teclado realizando diferentes operaccedilotildees Segundo GRANDJEAN e

HUumlNTING (1997) o trabalhador se torna parte do sistema homem-maacutequina

seus movimentos e o espaccedilo de manobras satildeo limitados Esta condiccedilatildeo estaacute

frequentemente relacionada a um desenho inadequado do posto de trabalho

a problemas de iluminaccedilatildeo ou a problemas de visatildeo natildeo corrigidos ou natildeo

corretamente corrigidos para o trabalho a ser desempenhado

A utilizaccedilatildeo de computador de maneira constante eacute uma das

caracteriacutesticas dos Call Centers ou Centrais de Atendimento Telefocircnico que

podem ser definidos como uma estrutura organizacional que compreende

postos de trabalho para atendimento ao cliente por meio da utilizaccedilatildeo de um

terminal de computador e um aparelho telefocircnico (ROCHA e GLINA 2005)

As Centrais de Atendimento Telefocircnico incluem qualquer atividade por

meio de sistemas de informaccedilatildeo com o objetivo de desenvolver accedilotildees

padronizadas e contiacutenuas de marketing eou favorecer a comunicaccedilatildeo com

clientes puacuteblico em geral ou agecircncias governamentais (VILELA e

ASSUNCcedilAtildeO 2004)

18

Os serviccedilos prestados compreendem o fornecimento de informaccedilotildees

ao puacuteblico ou clientes das empresas recebimento de reclamaccedilotildees venda e

assistecircncia teacutecnica de produtos entre outros Eacute a caracteriacutestica da empresa

principal que determina o conteuacutedo do trabalho dos ldquooperadores de

telemarketingrdquo que eacute a denominaccedilatildeo usual dada aos trabalhadores nestes

serviccedilos no Brasil e adotada pela Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

(CBO) - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (BRASIL 2005)

Na Inglaterra esse tipo de atividade jaacute emprega mais funcionaacuterios

diretos do que as induacutestrias de carvatildeo accedilo e automobiliacutestica reunidas Em

uma estimativa realizada em 2002 havia cinco milhotildees de pessoas

empregadas em Call Center nos Estados Unidos e aproximadamente 15

milhatildeo na Europa (TOOMINGAS et al 2002)

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Telemarketing ndash ABT em 2009 o

Brasil ultrapassou a marca de 900 mil trabalhadores envolvidos neste setor

Para se entender a dimensatildeo da importacircncia do estudo das condiccedilotildees de

trabalho dos operadores de telemarketing instituiccedilotildees de pesquisa e

sindicatos de diversos paiacuteses da Europa como Alemanha Beacutelgica Itaacutelia e

outros criaram em 1999 um ldquoquadro de observaccedilatildeo social dos Call

Centersrdquo segundo o qual esse tipo de organizaccedilatildeo tornou-se sinocircnimo de

uma forma moderna de degradaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho

A anaacutelise das caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo do trabalho nos Call

Centers tem suscitado comparaccedilotildees com o modo de organizaccedilatildeo industrial

desenvolvido no iniacutecio do seacuteculo XX por Frederick Winslow Taylor

conhecido por ldquoAdministraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalhordquo com o objetivo de

19

maximizar a produtividade industrial pela via da ldquoracionalizaccedilatildeo do trabalhordquo

O sistema hoje tambeacutem nomeado de ldquotaylorismordquo baseava-se no

conceito de um ldquohomo economicusrdquo ou seja um trabalhador cujo principal

incentivo para trabalhar de modo eficiente seria o salaacuterio Entre os princiacutepios

que norteavam a Administraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalho estavam uma clara

separaccedilatildeo entre planejamentocontrole e a execuccedilatildeo do trabalho a

substituiccedilatildeo do criteacuterio individual do operaacuterio por um criteacuterio considerado

cientiacutefico a eliminaccedilatildeo dos tempos mortos ie improdutivos por meio da

definiccedilatildeo dos tempos meacutedios exigidos para a realizaccedilatildeo das tarefas uma

seleccedilatildeo e um treinamento meticulosos dos empregados para a realizaccedilatildeo

das tarefas (PARAGUAY 2003) A uacutenica fadiga considerada pelo taylorismo

era a fadiga fisioloacutegica (MOURA 1993 apud PARAGUAY 2003)

Segundo BUSCATTO (2002) taylorizaccedilatildeo estresse baixas

remuneraccedilotildees e precarizaccedilatildeo da matildeo de obra satildeo algumas das palavras-

chaves ligadas ao setor de telemarketing

Para VENCO (2006) o forte predomiacutenio do taylorismo indica que a

organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento encontra respaldo na

sofisticaccedilatildeo da tecnologia utilizada nesse setor da economia visto que todas

as movimentaccedilotildees realizadas nas posiccedilotildees de atendimento satildeo registradas

pelo software o nuacutemero de ligaccedilotildees feitas e recebidas o tempo de

atendimento as pausas as vendas realizadas as estatiacutesticas dos resultados

das ligaccedilotildees a indicaccedilatildeo de clientes agrave espera e o tempo excedido de

atendimento entre outros dados Aleacutem disso a tecnologia atua ainda por

meio de um equipamento multifuncional que eacute fundamental para a

20

racionalizaccedilatildeo do trabalho e o aumento da produtividade conhecido como

DAC esse equipamento distribui automaticamente as ligaccedilotildees recebidas

entre os operadores haacute mais tempo ociosos e grava na iacutentegra todos os

atendimentos

Para READ (2001) do ponto de vista da sauacutede o ambiente dos

centros de teleatendimento eacute considerado de meacutedio a alto risco sendo as

principais queixas dores de cabeccedila no pescoccedilo nos membros superiores e

em menor escala nas costas e nos membros inferiores aleacutem de tensatildeo e

fadiga visuais

Do que foi exposto pode-se afirmar que as condiccedilotildees adversas de

trabalho no setor de teleatendimento envolvem problemas relativos agraves

condiccedilotildees e agrave organizaccedilatildeo do trabalho

Para explicar o estresse no trabalho e as repercussotildees na sauacutede do

trabalhador GLINA (2010) cita o modelo de KARASEK e THEORELL (1990)

segundo o qual as caracteriacutesticas do trabalho podem natildeo estar associadas

de forma linear agrave sauacutede do trabalhador mas podem combinar-se

interativamente em relaccedilatildeo agrave sauacutede

Em outras palavras o modelo de anaacutelise formulado por KARASEK e

THEORELL (1990) conhecido como modelo Demanda-Controle pressupotildee

que o estresse ocupacional pode levar agrave doenccedila natildeo pela somatoacuteria de um

conjunto de diversas situaccedilotildees de conflito mas pela relaccedilatildeo entre as

tensotildees geradas pelas exigecircncias do trabalho e a capacidade do trabalhador

em dirimir esse niacutevel de tensatildeo principalmente a partir de suas

possibilidades de tomada de decisotildees e controle sobre o proacuteprio trabalho

21

GLINA (2010) explica ainda que o modelo proposto por eles envolve

uma abordagem tridimensional contemplando os seguintes aspectos

demanda controle e apoio social De acordo com ARAUacuteJO (2010) o

modelo estabelece a partir de combinaccedilatildeo de diferentes niacuteveis de controle e

demanda quatro tipos baacutesicos de experiecircncias no trabalho alta exigecircncia do

trabalho (caracterizada por situaccedilatildeo de trabalho com alta demanda e baixo

controle) trabalho ativo (situaccedilatildeo de alta demanda e alto controle) trabalho

passivo (baixa demanda e baixo controle) e baixa exigecircncia (combinando

baixa demanda e alto controle)

Segundo o modelo citado ndash um dos mais utilizados em todo o mundo

para a avaliaccedilatildeo do estresse no trabalho ndash as piores condiccedilotildees estatildeo

presentes nas situaccedilotildees de trabalho ldquode alta exigecircnciardquo ao mesmo tempo

em que impotildeem ao trabalhador altas exigecircncias (percebidas por ele como

pressotildees psicoloacutegicas) impedem-no de responder com liberdade a essas

mesmas exigecircncias

Para estudarmos os fatores psicossociais relacionados ao trabalho

utilizamos o questionaacuterio sobre Estresse no Trabalho formulado por

KOMPIER e LEVI (1995) com base no modelo Demanta-Controle Segundo

GALASSO (2005) que utilizou o mesmo instrumento para estudar

operadores de uma Central de Atendimento de Serviccedilo de Sauacutede o referido

questionaacuterio requer o conhecimento da percepccedilatildeodefiniccedilatildeo dos sujeitos

sobre as caracteriacutesticas do trabalho compreendendo inclusive as exigecircncias

(pressotildees psicoloacutegicas) que pesam sobre eles e o grau de controle que

percebem ter sobre o proacuteprio trabalho

22

No Brasil existem estudos sobre sintomas osteomusculares entre os

operadores de teleatendimento de empresas de diferentes ramos de

atividade econocircmica (FERREIRA Jr et al 1997 FERREIRA Jr e SALDIVA

2002 ROCHA et al 2005) Poreacutem natildeo foram encontrados estudos sobre a

prevalecircncia de CVS nestes operadores

23

2 OBJETIVOS

21 GERAL

Estimar a prevalecircncia de CVS (Siacutendrome Visual Associada ao uso

de Computador) entre operadores de duas centrais de

atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

22 ESPECIacuteFICOS

Caracterizar a distribuiccedilatildeo da ocorrecircncia de CVS entre os

operadores das Centrais de Atendimento Telefocircnico segundo as

caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico historia ocupacional situaccedilatildeo de trabalho

fatores de satisfaccedilatildeo durante o trabalho e aspectos psicossociais

do trabalho

Verificar as associaccedilotildees existentes entre os casos definidos como

CVS e as variaacuteveis independentes estudadas

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

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87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 10: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

10

b) distuacuterbios visuais fotossensibilidade dificuldade em focalizar

(visatildeo turva) diplopia (visatildeo dupla) persistecircncia anormal de poacutes imagem e a

instabilidade da imagem na sua definiccedilatildeo oacuteptica e espacial e

c) distuacuterbios gerais cefaleacuteia enxaqueca dores lombares eou

cervicais espasmos musculares nas regiotildees do pescoccedilo e dos ombros

sendo estes uacuteltimos necessariamente acompanhados dos achados oculares

As causas conhecidas da CVS foram classificadas por BLEHM et al

(2005) em fatores intriacutensecos extriacutensecos ambientais e extriacutensecos

oculares Nos fatores intriacutensecos predominam as causas de origem muscular

da fadiga visual ou seja aquelas relacionadas ao mecanismo de

acomodaccedilatildeo do olho BRUNO e CARVALHO (2007) relatam que o termo

acomodaccedilatildeo foi introduzido por Burow em 1841

A funccedilatildeo oacuteptica do olho eacute formar uma imagem niacutetida na retina Um

olho emeacutetrope quando fixa um objeto no infinito tem a sua imagem

focalizada sobre a retina O fenocircmeno de acomodaccedilatildeo corresponde agrave

capacidade de aumentar o poder de refraccedilatildeo do olho a fim de realizar a

completa formaccedilatildeo da imagem na retina com correspondecircncia cerebral

Quando o objeto se desloca do infinito em direccedilatildeo ao olho a imagem

retiniana sofre um deslocamento para traacutes havendo necessidade entatildeo de

um mecanismo de ajuste denominado acomodaccedilatildeo Esse mecanismo

envolve estruturas oculares tais como a cacircmara anterior a pupila o

cristalino a zocircnula o muacutesculo ciliar e os processos ciliares (BRUNO E

CARVALHO 2007)

11

Segundo os autores quando o olho estaacute acomodando aleacutem das

mudanccedilas no cristalino e no sistema zonular o olho simultaneamente

converge e a pupila se contrai Estes fatos ajudam na obtenccedilatildeo de uma

visatildeo niacutetida de objetos que se encontram proacuteximos ao indiviacuteduo e satildeo

conhecidos como resposta proacutexima Ao focalizar um objeto no infinito o olho

encontra-se no estado conhecido como desacomodado ou natildeo acomodado

e caso esteja focalizando um objeto na zona de acomodaccedilatildeo eacute

denominado acomodado

Assim os autores consideram que o mecanismo de acomodaccedilatildeo se

realiza de maneira gradual e proporcional agrave distacircncia do ponto focalizado Eacute

modulado como um sistema realimentado que opera de maneira a aumentar

o contraste luminoso da imagem na retina Natildeo haacute apenas um uacutenico

estiacutemulo e nem um que seja o mais importante Tamanho do objeto

distacircncia borratildeo (contraste da imagem) aberraccedilatildeo cromaacutetica oscilaccedilatildeo da

acomodaccedilatildeo movimentos de varreduras dos olhos e outros fenocircmenos

visuais podem ser responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo da resposta acomodativa

apropriada do olho

Entre as teorias que explicam a acomodaccedilatildeo a de Helmholtz

elaborada no seacuteculo XIX e publicada em 1909 eacute a mais difundida e mais

aceita atualmente Segundo este autor o corpo ciliar eacute ativo durante a

acomodaccedilatildeo (BRUNO e CARVALHO 2007)

Os erros refracionais tambeacutem conhecidos como ametropias tais

como miopia astigmatismo hipermetropia e presbiopia presentes em cada

indiviacuteduo interferem de forma direta e incisiva nos sinais e sintomas

12

caracteriacutesticos da fadiga visual quando natildeo se encontram corrigidas ou

quando estatildeo corrigidas de maneira indevida (hipocorrigidos ou

hipercorrigidos) seja atraveacutes dos oacuteculos seja atraveacutes de lentes de contato

Haacute ainda aqueles relacionados agrave presenccedila de alteraccedilotildees oacuteculo-motoras do

grupo das forias

Os fatores extriacutensecos ambientais incluem iluminamento condiccedilotildees

do ambiente e do posto de trabalho A iluminaccedilatildeo no local de trabalho pode

ser natural ou artificial sendo esta uacuteltima a feita por lacircmpadas eleacutetricas que

podem ser fluorescentes incandescentes de mercuacuterio de soacutedio etc

(BREVIGLIERO et al 2006) Estes autores conceituam iluminamento como

a densidade de fluxo luminoso sobre uma superfiacutecie expresso em lux (lx)

Um lux corresponde a um luacutemen distribuiacutedo numa superfiacutecie de 1 msup2

De acordo com a Portaria nordm 3214 de 08 de junho de 1978 em sua

Norma Regulamentadora (NR) nordm 17 item 1753 a avaliaccedilatildeo deve ser

realizada usando-se um luxiacutemetro com fotoceacutelula corrigida para a

sensibilidade do olho humano e em funccedilatildeo do acircngulo de incidecircncia Para

avaliaccedilatildeo do niacutevel de iluminamento adota-se o criteacuterio de mediccedilatildeo ponto a

ponto nos locais de trabalho e a comparaccedilatildeo com o miacutenimo estabelecido em

lux para cada tipo de atividade como disposto na NR-17 e na NBR-5413 da

ABNT (1992) O iluminamento pode ser inadequado tanto quando se

encontra em niacuteveis abaixo do necessaacuterio para execuccedilatildeo de determinadas

tarefas como quando o ultrapassa levando ao fenocircmeno de ofuscamento

Designa-se por ofuscamento uma condiccedilatildeo de visatildeo na qual haacute um

desconforto ou uma reduccedilatildeo da capacidade de distinguir objetos ou ambos

13

devido a uma distribuiccedilatildeo desfavoraacutevel das luminacircncias ou a luminacircncias

elevadas ou a contrastes excessivos no espaccedilo ou no tempo

(BREVIGLIERO et al 2006)

PICCOLI et al (2004) observaram que a avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de

iluminaccedilatildeo no local de trabalho tem sido focada na mediccedilatildeo do niacutevel de

iluminamento O valor da mediccedilatildeo do iluminamento no campo visual de

trabalho deve ser consistente com a anatomia e a fisiologia oculares

requisitadas na execuccedilatildeo da tarefa e pode ser utilizado como parte da

avaliaccedilatildeo de risco para possiacuteveis distuacuterbios visuais aleacutem de estabelecer o

niacutevel de iluminamento mais adequado nas estaccedilotildees de trabalho

As maacutes condiccedilotildees do local de trabalho estatildeo relacionadas agrave presenccedila

de poeira excessiva ao ar seco secundaacuterio ao uso indevido de

condicionadores de ar que pode levar agrave maior sensibilizaccedilatildeo da coacuternea e

das glacircndulas presentes nas paacutelpebras e consequentemente agrave diminuiccedilatildeo

da produccedilatildeo da laacutegrima Acrescente-se ainda a estrutura e o posicionamento

da cadeira de trabalho que podem levar a dores na coluna vertebral quando

inadequados e que podem ser associados agrave fadiga visual o horaacuterio e

duraccedilatildeo do trabalho principalmente quando em turnos noturnos ou diurnos

com duraccedilatildeo acima da sexta hora trabalhada a qualidade da tela do monitor

e a falta de protetores para as mesmas (BLEHM et al 2005)

BLHEM et al (2005) consideram como fatores extriacutensecos oculares

a) diminuiccedilatildeo do iacutendice do piscarpestanejar b) aumento da exposiccedilatildeo da

superfiacutecie ocular c) uso de lente de contato ou medicamentos d) presenccedila

de doenccedilas sistecircmicas e ou doenccedilas oculares externas

14

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar tambeacutem foi observada por CHARPE

e KAUSHIK (2009) Estes autores relatam que ao lermos um texto em

papel piscamos 22 vezes por minuto poreacutem em frente agrave tela de um

computador reduzimos para sete vezes por minuto o nuacutemero de piscadas

YAN et al (2008) consideram que o brilho da tela do computador conduz a

uma grande alteraccedilatildeo na dinacircmica da laacutegrima o iacutendice do piscar espontacircneo

(spontaneous eye blink rate ndash SEBR) reduz-se significativamente durante o

uso do computador Os autores descrevem que o SEBR corresponde a 15-

16 piscadasminuto durante uma conversaccedilatildeo e que o mesmo diminui

durante o uso do computador para 5-6 piscadasminuto em razatildeo da alta

demanda visual e da grande concentraccedilatildeo mental que se verificam durante

esta atividade

FREUDENTHALER et al (2003) e SCHLOTE et al (2004) descrevem

ainda que temos a tendecircncia de aumentar o tamanho da abertura do olho

diante da tela do monitor o que resulta numa maior evaporaccedilatildeo da laacutegrima

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar e o aumento do tamanho da abertura do

olho podem prejudicar a troca do filme lacrimal o que pode ocasionar o

distuacuterbio conhecido como ldquoolho secordquo segundo BLEHM et al (2005)

Entre os fatores extriacutensecos oculares inclui-se o uso de lentes de

contato e uso de medicamentos O uso de lentes diminui a oxigenaccedilatildeo da

coacuternea e pode levar agrave diminuiccedilatildeo da lubrificaccedilatildeo do olho Haacute casos ainda de

mau posicionamento dessas lentes o que leva a um grande desconforto

ocular O uso de medicamentos por via oral tais como diureacuteticos anti-

histamiacutenicos psicotroacutepicos e anti-hipertensivos levam agrave diminuiccedilatildeo da

15

produccedilatildeo da laacutegrima (BLEHM et al 2005)

Entre as doenccedilas sistecircmicas siacutendromes e doenccedilas oculares externas

que satildeo consideradas como fatores extriacutensecos oculares BLEHM et al

(2005) citam a Artrite Reumatoacuteide a Siacutendrome de Sjogren e as blefarites

posteriores

PICCOLI (2003) atribui agraves modificaccedilotildees dos processos de trabalho e agrave

crescente utilizaccedilatildeo do computador o aumento progressivo das exigecircncias

de eficiecircncia visual e do uso dos componentes do sistema nervoso a isso

relacionado que coordenam os movimentos dos olhos e sua acomodaccedilatildeo

A relaccedilatildeo entre visatildeo e fatores psicossociais do trabalho eacute sugerida

pela ideacuteia de que os distuacuterbios visuais estatildeo relacionados agrave intensidade e agrave

duraccedilatildeo das exigecircncias visuais agrave situaccedilatildeo de trabalho percebida pelo

empregado e agraves caracteriacutesticas fisiopatoloacutegicas do sistema visual de cada

indiviacuteduo (PICCOLI 2003)

A Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (ILO 1986) define os fatores

psicossociais do trabalho como a interaccedilatildeo das percepccedilotildees e da experiecircncia

do trabalhador com aspectos relacionados agraves condiccedilotildees e ao ambiente de

trabalho e tambeacutem ligados ao sistema social Propotildee que sejam analisados

fatores de natureza individual como as capacidades e limitaccedilotildees do

trabalhador em relaccedilatildeo agraves exigecircncias do trabalho E inclui entre as

condiccedilotildees de trabalho a tarefa em si as condiccedilotildees fiacutesicas do posto de

trabalho as relaccedilotildees interpessoais entre colegas chefes e clientes Em

relaccedilatildeo aos fatores sociais menciona as preocupaccedilotildees do trabalhador em

relaccedilatildeo agrave famiacutelia e agrave vida pessoal elementos culturais nutriccedilatildeo condiccedilotildees

16

de transporte e habitaccedilatildeo

A preocupaccedilatildeo com as repercussotildees do trabalho sobre a visatildeo tem

crescido nos uacuteltimos anos Exemplo disso foi a criaccedilatildeo de um comitecirc

cientiacutefico especiacutefico pela Comissatildeo Internacional de Sauacutede Ocupacional

(ICOH - International Commission on Occupational Health) denominado

Comitecirc Trabalho e Visatildeo (ICOH ICWV - International Scientific Committee

on Work and Vision) A proposta do documento elaborado por este comitecirc eacute

de que os distuacuterbios oculares relacionados ao trabalho tecircm origem

multifatorial podendo estar associados agrave atividade de trabalho agraves condiccedilotildees

ambientais e agraves caracteriacutesticas oftalmoloacutegicas individuais (PICCOLI 2003)

SCHAEFER (2009) afirma que o ICOH-ICWV procura desenvolver

sistematicamente o tema com vistas a uma aproximaccedilatildeo mais racional e

completa entre trabalho e visatildeo Segundo o comitecirc os avanccedilos das

pesquisas nesta aacuterea devem proporcionar aos trabalhadores melhores

condiccedilotildees visuais nos locais de trabalho levando a uma maior qualidade no

trabalho e a atividades menos exaustivas e menos estressantes o que pode

resultar em maior produtividade

12 O TRABALHO EM CENTRAIS DE TELEATENDIMENTO

Segundo LIDA (1990) com a difusatildeo do uso dos computadores os

postos de trabalho com monitores se tornaram mais frequentes nas

17

empresas industriais e nos escritoacuterios nos uacuteltimos anos A utilizaccedilatildeo desta

tecnologia proporcionou uma grande evoluccedilatildeo e importantes melhorias na

realizaccedilatildeo das atividades profissionais dos indiviacuteduos como por exemplo o

incremento na qualidade e na produccedilatildeo e maior eficiecircncia

Nos escritoacuterios tradicionais as tarefas eram mais variadas permitindo

mudanccedilas de postura durante a jornada de trabalho No posto de trabalho

atual com o uso do computador o indiviacuteduo permanece quase estaacutetico

durante horas com a atenccedilatildeo fixa na tela do monitor e as matildeos sobre o

teclado realizando diferentes operaccedilotildees Segundo GRANDJEAN e

HUumlNTING (1997) o trabalhador se torna parte do sistema homem-maacutequina

seus movimentos e o espaccedilo de manobras satildeo limitados Esta condiccedilatildeo estaacute

frequentemente relacionada a um desenho inadequado do posto de trabalho

a problemas de iluminaccedilatildeo ou a problemas de visatildeo natildeo corrigidos ou natildeo

corretamente corrigidos para o trabalho a ser desempenhado

A utilizaccedilatildeo de computador de maneira constante eacute uma das

caracteriacutesticas dos Call Centers ou Centrais de Atendimento Telefocircnico que

podem ser definidos como uma estrutura organizacional que compreende

postos de trabalho para atendimento ao cliente por meio da utilizaccedilatildeo de um

terminal de computador e um aparelho telefocircnico (ROCHA e GLINA 2005)

As Centrais de Atendimento Telefocircnico incluem qualquer atividade por

meio de sistemas de informaccedilatildeo com o objetivo de desenvolver accedilotildees

padronizadas e contiacutenuas de marketing eou favorecer a comunicaccedilatildeo com

clientes puacuteblico em geral ou agecircncias governamentais (VILELA e

ASSUNCcedilAtildeO 2004)

18

Os serviccedilos prestados compreendem o fornecimento de informaccedilotildees

ao puacuteblico ou clientes das empresas recebimento de reclamaccedilotildees venda e

assistecircncia teacutecnica de produtos entre outros Eacute a caracteriacutestica da empresa

principal que determina o conteuacutedo do trabalho dos ldquooperadores de

telemarketingrdquo que eacute a denominaccedilatildeo usual dada aos trabalhadores nestes

serviccedilos no Brasil e adotada pela Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

(CBO) - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (BRASIL 2005)

Na Inglaterra esse tipo de atividade jaacute emprega mais funcionaacuterios

diretos do que as induacutestrias de carvatildeo accedilo e automobiliacutestica reunidas Em

uma estimativa realizada em 2002 havia cinco milhotildees de pessoas

empregadas em Call Center nos Estados Unidos e aproximadamente 15

milhatildeo na Europa (TOOMINGAS et al 2002)

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Telemarketing ndash ABT em 2009 o

Brasil ultrapassou a marca de 900 mil trabalhadores envolvidos neste setor

Para se entender a dimensatildeo da importacircncia do estudo das condiccedilotildees de

trabalho dos operadores de telemarketing instituiccedilotildees de pesquisa e

sindicatos de diversos paiacuteses da Europa como Alemanha Beacutelgica Itaacutelia e

outros criaram em 1999 um ldquoquadro de observaccedilatildeo social dos Call

Centersrdquo segundo o qual esse tipo de organizaccedilatildeo tornou-se sinocircnimo de

uma forma moderna de degradaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho

A anaacutelise das caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo do trabalho nos Call

Centers tem suscitado comparaccedilotildees com o modo de organizaccedilatildeo industrial

desenvolvido no iniacutecio do seacuteculo XX por Frederick Winslow Taylor

conhecido por ldquoAdministraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalhordquo com o objetivo de

19

maximizar a produtividade industrial pela via da ldquoracionalizaccedilatildeo do trabalhordquo

O sistema hoje tambeacutem nomeado de ldquotaylorismordquo baseava-se no

conceito de um ldquohomo economicusrdquo ou seja um trabalhador cujo principal

incentivo para trabalhar de modo eficiente seria o salaacuterio Entre os princiacutepios

que norteavam a Administraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalho estavam uma clara

separaccedilatildeo entre planejamentocontrole e a execuccedilatildeo do trabalho a

substituiccedilatildeo do criteacuterio individual do operaacuterio por um criteacuterio considerado

cientiacutefico a eliminaccedilatildeo dos tempos mortos ie improdutivos por meio da

definiccedilatildeo dos tempos meacutedios exigidos para a realizaccedilatildeo das tarefas uma

seleccedilatildeo e um treinamento meticulosos dos empregados para a realizaccedilatildeo

das tarefas (PARAGUAY 2003) A uacutenica fadiga considerada pelo taylorismo

era a fadiga fisioloacutegica (MOURA 1993 apud PARAGUAY 2003)

Segundo BUSCATTO (2002) taylorizaccedilatildeo estresse baixas

remuneraccedilotildees e precarizaccedilatildeo da matildeo de obra satildeo algumas das palavras-

chaves ligadas ao setor de telemarketing

Para VENCO (2006) o forte predomiacutenio do taylorismo indica que a

organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento encontra respaldo na

sofisticaccedilatildeo da tecnologia utilizada nesse setor da economia visto que todas

as movimentaccedilotildees realizadas nas posiccedilotildees de atendimento satildeo registradas

pelo software o nuacutemero de ligaccedilotildees feitas e recebidas o tempo de

atendimento as pausas as vendas realizadas as estatiacutesticas dos resultados

das ligaccedilotildees a indicaccedilatildeo de clientes agrave espera e o tempo excedido de

atendimento entre outros dados Aleacutem disso a tecnologia atua ainda por

meio de um equipamento multifuncional que eacute fundamental para a

20

racionalizaccedilatildeo do trabalho e o aumento da produtividade conhecido como

DAC esse equipamento distribui automaticamente as ligaccedilotildees recebidas

entre os operadores haacute mais tempo ociosos e grava na iacutentegra todos os

atendimentos

Para READ (2001) do ponto de vista da sauacutede o ambiente dos

centros de teleatendimento eacute considerado de meacutedio a alto risco sendo as

principais queixas dores de cabeccedila no pescoccedilo nos membros superiores e

em menor escala nas costas e nos membros inferiores aleacutem de tensatildeo e

fadiga visuais

Do que foi exposto pode-se afirmar que as condiccedilotildees adversas de

trabalho no setor de teleatendimento envolvem problemas relativos agraves

condiccedilotildees e agrave organizaccedilatildeo do trabalho

Para explicar o estresse no trabalho e as repercussotildees na sauacutede do

trabalhador GLINA (2010) cita o modelo de KARASEK e THEORELL (1990)

segundo o qual as caracteriacutesticas do trabalho podem natildeo estar associadas

de forma linear agrave sauacutede do trabalhador mas podem combinar-se

interativamente em relaccedilatildeo agrave sauacutede

Em outras palavras o modelo de anaacutelise formulado por KARASEK e

THEORELL (1990) conhecido como modelo Demanda-Controle pressupotildee

que o estresse ocupacional pode levar agrave doenccedila natildeo pela somatoacuteria de um

conjunto de diversas situaccedilotildees de conflito mas pela relaccedilatildeo entre as

tensotildees geradas pelas exigecircncias do trabalho e a capacidade do trabalhador

em dirimir esse niacutevel de tensatildeo principalmente a partir de suas

possibilidades de tomada de decisotildees e controle sobre o proacuteprio trabalho

21

GLINA (2010) explica ainda que o modelo proposto por eles envolve

uma abordagem tridimensional contemplando os seguintes aspectos

demanda controle e apoio social De acordo com ARAUacuteJO (2010) o

modelo estabelece a partir de combinaccedilatildeo de diferentes niacuteveis de controle e

demanda quatro tipos baacutesicos de experiecircncias no trabalho alta exigecircncia do

trabalho (caracterizada por situaccedilatildeo de trabalho com alta demanda e baixo

controle) trabalho ativo (situaccedilatildeo de alta demanda e alto controle) trabalho

passivo (baixa demanda e baixo controle) e baixa exigecircncia (combinando

baixa demanda e alto controle)

Segundo o modelo citado ndash um dos mais utilizados em todo o mundo

para a avaliaccedilatildeo do estresse no trabalho ndash as piores condiccedilotildees estatildeo

presentes nas situaccedilotildees de trabalho ldquode alta exigecircnciardquo ao mesmo tempo

em que impotildeem ao trabalhador altas exigecircncias (percebidas por ele como

pressotildees psicoloacutegicas) impedem-no de responder com liberdade a essas

mesmas exigecircncias

Para estudarmos os fatores psicossociais relacionados ao trabalho

utilizamos o questionaacuterio sobre Estresse no Trabalho formulado por

KOMPIER e LEVI (1995) com base no modelo Demanta-Controle Segundo

GALASSO (2005) que utilizou o mesmo instrumento para estudar

operadores de uma Central de Atendimento de Serviccedilo de Sauacutede o referido

questionaacuterio requer o conhecimento da percepccedilatildeodefiniccedilatildeo dos sujeitos

sobre as caracteriacutesticas do trabalho compreendendo inclusive as exigecircncias

(pressotildees psicoloacutegicas) que pesam sobre eles e o grau de controle que

percebem ter sobre o proacuteprio trabalho

22

No Brasil existem estudos sobre sintomas osteomusculares entre os

operadores de teleatendimento de empresas de diferentes ramos de

atividade econocircmica (FERREIRA Jr et al 1997 FERREIRA Jr e SALDIVA

2002 ROCHA et al 2005) Poreacutem natildeo foram encontrados estudos sobre a

prevalecircncia de CVS nestes operadores

23

2 OBJETIVOS

21 GERAL

Estimar a prevalecircncia de CVS (Siacutendrome Visual Associada ao uso

de Computador) entre operadores de duas centrais de

atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

22 ESPECIacuteFICOS

Caracterizar a distribuiccedilatildeo da ocorrecircncia de CVS entre os

operadores das Centrais de Atendimento Telefocircnico segundo as

caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico historia ocupacional situaccedilatildeo de trabalho

fatores de satisfaccedilatildeo durante o trabalho e aspectos psicossociais

do trabalho

Verificar as associaccedilotildees existentes entre os casos definidos como

CVS e as variaacuteveis independentes estudadas

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 11: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

11

Segundo os autores quando o olho estaacute acomodando aleacutem das

mudanccedilas no cristalino e no sistema zonular o olho simultaneamente

converge e a pupila se contrai Estes fatos ajudam na obtenccedilatildeo de uma

visatildeo niacutetida de objetos que se encontram proacuteximos ao indiviacuteduo e satildeo

conhecidos como resposta proacutexima Ao focalizar um objeto no infinito o olho

encontra-se no estado conhecido como desacomodado ou natildeo acomodado

e caso esteja focalizando um objeto na zona de acomodaccedilatildeo eacute

denominado acomodado

Assim os autores consideram que o mecanismo de acomodaccedilatildeo se

realiza de maneira gradual e proporcional agrave distacircncia do ponto focalizado Eacute

modulado como um sistema realimentado que opera de maneira a aumentar

o contraste luminoso da imagem na retina Natildeo haacute apenas um uacutenico

estiacutemulo e nem um que seja o mais importante Tamanho do objeto

distacircncia borratildeo (contraste da imagem) aberraccedilatildeo cromaacutetica oscilaccedilatildeo da

acomodaccedilatildeo movimentos de varreduras dos olhos e outros fenocircmenos

visuais podem ser responsaacuteveis pela obtenccedilatildeo da resposta acomodativa

apropriada do olho

Entre as teorias que explicam a acomodaccedilatildeo a de Helmholtz

elaborada no seacuteculo XIX e publicada em 1909 eacute a mais difundida e mais

aceita atualmente Segundo este autor o corpo ciliar eacute ativo durante a

acomodaccedilatildeo (BRUNO e CARVALHO 2007)

Os erros refracionais tambeacutem conhecidos como ametropias tais

como miopia astigmatismo hipermetropia e presbiopia presentes em cada

indiviacuteduo interferem de forma direta e incisiva nos sinais e sintomas

12

caracteriacutesticos da fadiga visual quando natildeo se encontram corrigidas ou

quando estatildeo corrigidas de maneira indevida (hipocorrigidos ou

hipercorrigidos) seja atraveacutes dos oacuteculos seja atraveacutes de lentes de contato

Haacute ainda aqueles relacionados agrave presenccedila de alteraccedilotildees oacuteculo-motoras do

grupo das forias

Os fatores extriacutensecos ambientais incluem iluminamento condiccedilotildees

do ambiente e do posto de trabalho A iluminaccedilatildeo no local de trabalho pode

ser natural ou artificial sendo esta uacuteltima a feita por lacircmpadas eleacutetricas que

podem ser fluorescentes incandescentes de mercuacuterio de soacutedio etc

(BREVIGLIERO et al 2006) Estes autores conceituam iluminamento como

a densidade de fluxo luminoso sobre uma superfiacutecie expresso em lux (lx)

Um lux corresponde a um luacutemen distribuiacutedo numa superfiacutecie de 1 msup2

De acordo com a Portaria nordm 3214 de 08 de junho de 1978 em sua

Norma Regulamentadora (NR) nordm 17 item 1753 a avaliaccedilatildeo deve ser

realizada usando-se um luxiacutemetro com fotoceacutelula corrigida para a

sensibilidade do olho humano e em funccedilatildeo do acircngulo de incidecircncia Para

avaliaccedilatildeo do niacutevel de iluminamento adota-se o criteacuterio de mediccedilatildeo ponto a

ponto nos locais de trabalho e a comparaccedilatildeo com o miacutenimo estabelecido em

lux para cada tipo de atividade como disposto na NR-17 e na NBR-5413 da

ABNT (1992) O iluminamento pode ser inadequado tanto quando se

encontra em niacuteveis abaixo do necessaacuterio para execuccedilatildeo de determinadas

tarefas como quando o ultrapassa levando ao fenocircmeno de ofuscamento

Designa-se por ofuscamento uma condiccedilatildeo de visatildeo na qual haacute um

desconforto ou uma reduccedilatildeo da capacidade de distinguir objetos ou ambos

13

devido a uma distribuiccedilatildeo desfavoraacutevel das luminacircncias ou a luminacircncias

elevadas ou a contrastes excessivos no espaccedilo ou no tempo

(BREVIGLIERO et al 2006)

PICCOLI et al (2004) observaram que a avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de

iluminaccedilatildeo no local de trabalho tem sido focada na mediccedilatildeo do niacutevel de

iluminamento O valor da mediccedilatildeo do iluminamento no campo visual de

trabalho deve ser consistente com a anatomia e a fisiologia oculares

requisitadas na execuccedilatildeo da tarefa e pode ser utilizado como parte da

avaliaccedilatildeo de risco para possiacuteveis distuacuterbios visuais aleacutem de estabelecer o

niacutevel de iluminamento mais adequado nas estaccedilotildees de trabalho

As maacutes condiccedilotildees do local de trabalho estatildeo relacionadas agrave presenccedila

de poeira excessiva ao ar seco secundaacuterio ao uso indevido de

condicionadores de ar que pode levar agrave maior sensibilizaccedilatildeo da coacuternea e

das glacircndulas presentes nas paacutelpebras e consequentemente agrave diminuiccedilatildeo

da produccedilatildeo da laacutegrima Acrescente-se ainda a estrutura e o posicionamento

da cadeira de trabalho que podem levar a dores na coluna vertebral quando

inadequados e que podem ser associados agrave fadiga visual o horaacuterio e

duraccedilatildeo do trabalho principalmente quando em turnos noturnos ou diurnos

com duraccedilatildeo acima da sexta hora trabalhada a qualidade da tela do monitor

e a falta de protetores para as mesmas (BLEHM et al 2005)

BLHEM et al (2005) consideram como fatores extriacutensecos oculares

a) diminuiccedilatildeo do iacutendice do piscarpestanejar b) aumento da exposiccedilatildeo da

superfiacutecie ocular c) uso de lente de contato ou medicamentos d) presenccedila

de doenccedilas sistecircmicas e ou doenccedilas oculares externas

14

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar tambeacutem foi observada por CHARPE

e KAUSHIK (2009) Estes autores relatam que ao lermos um texto em

papel piscamos 22 vezes por minuto poreacutem em frente agrave tela de um

computador reduzimos para sete vezes por minuto o nuacutemero de piscadas

YAN et al (2008) consideram que o brilho da tela do computador conduz a

uma grande alteraccedilatildeo na dinacircmica da laacutegrima o iacutendice do piscar espontacircneo

(spontaneous eye blink rate ndash SEBR) reduz-se significativamente durante o

uso do computador Os autores descrevem que o SEBR corresponde a 15-

16 piscadasminuto durante uma conversaccedilatildeo e que o mesmo diminui

durante o uso do computador para 5-6 piscadasminuto em razatildeo da alta

demanda visual e da grande concentraccedilatildeo mental que se verificam durante

esta atividade

FREUDENTHALER et al (2003) e SCHLOTE et al (2004) descrevem

ainda que temos a tendecircncia de aumentar o tamanho da abertura do olho

diante da tela do monitor o que resulta numa maior evaporaccedilatildeo da laacutegrima

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar e o aumento do tamanho da abertura do

olho podem prejudicar a troca do filme lacrimal o que pode ocasionar o

distuacuterbio conhecido como ldquoolho secordquo segundo BLEHM et al (2005)

Entre os fatores extriacutensecos oculares inclui-se o uso de lentes de

contato e uso de medicamentos O uso de lentes diminui a oxigenaccedilatildeo da

coacuternea e pode levar agrave diminuiccedilatildeo da lubrificaccedilatildeo do olho Haacute casos ainda de

mau posicionamento dessas lentes o que leva a um grande desconforto

ocular O uso de medicamentos por via oral tais como diureacuteticos anti-

histamiacutenicos psicotroacutepicos e anti-hipertensivos levam agrave diminuiccedilatildeo da

15

produccedilatildeo da laacutegrima (BLEHM et al 2005)

Entre as doenccedilas sistecircmicas siacutendromes e doenccedilas oculares externas

que satildeo consideradas como fatores extriacutensecos oculares BLEHM et al

(2005) citam a Artrite Reumatoacuteide a Siacutendrome de Sjogren e as blefarites

posteriores

PICCOLI (2003) atribui agraves modificaccedilotildees dos processos de trabalho e agrave

crescente utilizaccedilatildeo do computador o aumento progressivo das exigecircncias

de eficiecircncia visual e do uso dos componentes do sistema nervoso a isso

relacionado que coordenam os movimentos dos olhos e sua acomodaccedilatildeo

A relaccedilatildeo entre visatildeo e fatores psicossociais do trabalho eacute sugerida

pela ideacuteia de que os distuacuterbios visuais estatildeo relacionados agrave intensidade e agrave

duraccedilatildeo das exigecircncias visuais agrave situaccedilatildeo de trabalho percebida pelo

empregado e agraves caracteriacutesticas fisiopatoloacutegicas do sistema visual de cada

indiviacuteduo (PICCOLI 2003)

A Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (ILO 1986) define os fatores

psicossociais do trabalho como a interaccedilatildeo das percepccedilotildees e da experiecircncia

do trabalhador com aspectos relacionados agraves condiccedilotildees e ao ambiente de

trabalho e tambeacutem ligados ao sistema social Propotildee que sejam analisados

fatores de natureza individual como as capacidades e limitaccedilotildees do

trabalhador em relaccedilatildeo agraves exigecircncias do trabalho E inclui entre as

condiccedilotildees de trabalho a tarefa em si as condiccedilotildees fiacutesicas do posto de

trabalho as relaccedilotildees interpessoais entre colegas chefes e clientes Em

relaccedilatildeo aos fatores sociais menciona as preocupaccedilotildees do trabalhador em

relaccedilatildeo agrave famiacutelia e agrave vida pessoal elementos culturais nutriccedilatildeo condiccedilotildees

16

de transporte e habitaccedilatildeo

A preocupaccedilatildeo com as repercussotildees do trabalho sobre a visatildeo tem

crescido nos uacuteltimos anos Exemplo disso foi a criaccedilatildeo de um comitecirc

cientiacutefico especiacutefico pela Comissatildeo Internacional de Sauacutede Ocupacional

(ICOH - International Commission on Occupational Health) denominado

Comitecirc Trabalho e Visatildeo (ICOH ICWV - International Scientific Committee

on Work and Vision) A proposta do documento elaborado por este comitecirc eacute

de que os distuacuterbios oculares relacionados ao trabalho tecircm origem

multifatorial podendo estar associados agrave atividade de trabalho agraves condiccedilotildees

ambientais e agraves caracteriacutesticas oftalmoloacutegicas individuais (PICCOLI 2003)

SCHAEFER (2009) afirma que o ICOH-ICWV procura desenvolver

sistematicamente o tema com vistas a uma aproximaccedilatildeo mais racional e

completa entre trabalho e visatildeo Segundo o comitecirc os avanccedilos das

pesquisas nesta aacuterea devem proporcionar aos trabalhadores melhores

condiccedilotildees visuais nos locais de trabalho levando a uma maior qualidade no

trabalho e a atividades menos exaustivas e menos estressantes o que pode

resultar em maior produtividade

12 O TRABALHO EM CENTRAIS DE TELEATENDIMENTO

Segundo LIDA (1990) com a difusatildeo do uso dos computadores os

postos de trabalho com monitores se tornaram mais frequentes nas

17

empresas industriais e nos escritoacuterios nos uacuteltimos anos A utilizaccedilatildeo desta

tecnologia proporcionou uma grande evoluccedilatildeo e importantes melhorias na

realizaccedilatildeo das atividades profissionais dos indiviacuteduos como por exemplo o

incremento na qualidade e na produccedilatildeo e maior eficiecircncia

Nos escritoacuterios tradicionais as tarefas eram mais variadas permitindo

mudanccedilas de postura durante a jornada de trabalho No posto de trabalho

atual com o uso do computador o indiviacuteduo permanece quase estaacutetico

durante horas com a atenccedilatildeo fixa na tela do monitor e as matildeos sobre o

teclado realizando diferentes operaccedilotildees Segundo GRANDJEAN e

HUumlNTING (1997) o trabalhador se torna parte do sistema homem-maacutequina

seus movimentos e o espaccedilo de manobras satildeo limitados Esta condiccedilatildeo estaacute

frequentemente relacionada a um desenho inadequado do posto de trabalho

a problemas de iluminaccedilatildeo ou a problemas de visatildeo natildeo corrigidos ou natildeo

corretamente corrigidos para o trabalho a ser desempenhado

A utilizaccedilatildeo de computador de maneira constante eacute uma das

caracteriacutesticas dos Call Centers ou Centrais de Atendimento Telefocircnico que

podem ser definidos como uma estrutura organizacional que compreende

postos de trabalho para atendimento ao cliente por meio da utilizaccedilatildeo de um

terminal de computador e um aparelho telefocircnico (ROCHA e GLINA 2005)

As Centrais de Atendimento Telefocircnico incluem qualquer atividade por

meio de sistemas de informaccedilatildeo com o objetivo de desenvolver accedilotildees

padronizadas e contiacutenuas de marketing eou favorecer a comunicaccedilatildeo com

clientes puacuteblico em geral ou agecircncias governamentais (VILELA e

ASSUNCcedilAtildeO 2004)

18

Os serviccedilos prestados compreendem o fornecimento de informaccedilotildees

ao puacuteblico ou clientes das empresas recebimento de reclamaccedilotildees venda e

assistecircncia teacutecnica de produtos entre outros Eacute a caracteriacutestica da empresa

principal que determina o conteuacutedo do trabalho dos ldquooperadores de

telemarketingrdquo que eacute a denominaccedilatildeo usual dada aos trabalhadores nestes

serviccedilos no Brasil e adotada pela Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

(CBO) - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (BRASIL 2005)

Na Inglaterra esse tipo de atividade jaacute emprega mais funcionaacuterios

diretos do que as induacutestrias de carvatildeo accedilo e automobiliacutestica reunidas Em

uma estimativa realizada em 2002 havia cinco milhotildees de pessoas

empregadas em Call Center nos Estados Unidos e aproximadamente 15

milhatildeo na Europa (TOOMINGAS et al 2002)

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Telemarketing ndash ABT em 2009 o

Brasil ultrapassou a marca de 900 mil trabalhadores envolvidos neste setor

Para se entender a dimensatildeo da importacircncia do estudo das condiccedilotildees de

trabalho dos operadores de telemarketing instituiccedilotildees de pesquisa e

sindicatos de diversos paiacuteses da Europa como Alemanha Beacutelgica Itaacutelia e

outros criaram em 1999 um ldquoquadro de observaccedilatildeo social dos Call

Centersrdquo segundo o qual esse tipo de organizaccedilatildeo tornou-se sinocircnimo de

uma forma moderna de degradaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho

A anaacutelise das caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo do trabalho nos Call

Centers tem suscitado comparaccedilotildees com o modo de organizaccedilatildeo industrial

desenvolvido no iniacutecio do seacuteculo XX por Frederick Winslow Taylor

conhecido por ldquoAdministraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalhordquo com o objetivo de

19

maximizar a produtividade industrial pela via da ldquoracionalizaccedilatildeo do trabalhordquo

O sistema hoje tambeacutem nomeado de ldquotaylorismordquo baseava-se no

conceito de um ldquohomo economicusrdquo ou seja um trabalhador cujo principal

incentivo para trabalhar de modo eficiente seria o salaacuterio Entre os princiacutepios

que norteavam a Administraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalho estavam uma clara

separaccedilatildeo entre planejamentocontrole e a execuccedilatildeo do trabalho a

substituiccedilatildeo do criteacuterio individual do operaacuterio por um criteacuterio considerado

cientiacutefico a eliminaccedilatildeo dos tempos mortos ie improdutivos por meio da

definiccedilatildeo dos tempos meacutedios exigidos para a realizaccedilatildeo das tarefas uma

seleccedilatildeo e um treinamento meticulosos dos empregados para a realizaccedilatildeo

das tarefas (PARAGUAY 2003) A uacutenica fadiga considerada pelo taylorismo

era a fadiga fisioloacutegica (MOURA 1993 apud PARAGUAY 2003)

Segundo BUSCATTO (2002) taylorizaccedilatildeo estresse baixas

remuneraccedilotildees e precarizaccedilatildeo da matildeo de obra satildeo algumas das palavras-

chaves ligadas ao setor de telemarketing

Para VENCO (2006) o forte predomiacutenio do taylorismo indica que a

organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento encontra respaldo na

sofisticaccedilatildeo da tecnologia utilizada nesse setor da economia visto que todas

as movimentaccedilotildees realizadas nas posiccedilotildees de atendimento satildeo registradas

pelo software o nuacutemero de ligaccedilotildees feitas e recebidas o tempo de

atendimento as pausas as vendas realizadas as estatiacutesticas dos resultados

das ligaccedilotildees a indicaccedilatildeo de clientes agrave espera e o tempo excedido de

atendimento entre outros dados Aleacutem disso a tecnologia atua ainda por

meio de um equipamento multifuncional que eacute fundamental para a

20

racionalizaccedilatildeo do trabalho e o aumento da produtividade conhecido como

DAC esse equipamento distribui automaticamente as ligaccedilotildees recebidas

entre os operadores haacute mais tempo ociosos e grava na iacutentegra todos os

atendimentos

Para READ (2001) do ponto de vista da sauacutede o ambiente dos

centros de teleatendimento eacute considerado de meacutedio a alto risco sendo as

principais queixas dores de cabeccedila no pescoccedilo nos membros superiores e

em menor escala nas costas e nos membros inferiores aleacutem de tensatildeo e

fadiga visuais

Do que foi exposto pode-se afirmar que as condiccedilotildees adversas de

trabalho no setor de teleatendimento envolvem problemas relativos agraves

condiccedilotildees e agrave organizaccedilatildeo do trabalho

Para explicar o estresse no trabalho e as repercussotildees na sauacutede do

trabalhador GLINA (2010) cita o modelo de KARASEK e THEORELL (1990)

segundo o qual as caracteriacutesticas do trabalho podem natildeo estar associadas

de forma linear agrave sauacutede do trabalhador mas podem combinar-se

interativamente em relaccedilatildeo agrave sauacutede

Em outras palavras o modelo de anaacutelise formulado por KARASEK e

THEORELL (1990) conhecido como modelo Demanda-Controle pressupotildee

que o estresse ocupacional pode levar agrave doenccedila natildeo pela somatoacuteria de um

conjunto de diversas situaccedilotildees de conflito mas pela relaccedilatildeo entre as

tensotildees geradas pelas exigecircncias do trabalho e a capacidade do trabalhador

em dirimir esse niacutevel de tensatildeo principalmente a partir de suas

possibilidades de tomada de decisotildees e controle sobre o proacuteprio trabalho

21

GLINA (2010) explica ainda que o modelo proposto por eles envolve

uma abordagem tridimensional contemplando os seguintes aspectos

demanda controle e apoio social De acordo com ARAUacuteJO (2010) o

modelo estabelece a partir de combinaccedilatildeo de diferentes niacuteveis de controle e

demanda quatro tipos baacutesicos de experiecircncias no trabalho alta exigecircncia do

trabalho (caracterizada por situaccedilatildeo de trabalho com alta demanda e baixo

controle) trabalho ativo (situaccedilatildeo de alta demanda e alto controle) trabalho

passivo (baixa demanda e baixo controle) e baixa exigecircncia (combinando

baixa demanda e alto controle)

Segundo o modelo citado ndash um dos mais utilizados em todo o mundo

para a avaliaccedilatildeo do estresse no trabalho ndash as piores condiccedilotildees estatildeo

presentes nas situaccedilotildees de trabalho ldquode alta exigecircnciardquo ao mesmo tempo

em que impotildeem ao trabalhador altas exigecircncias (percebidas por ele como

pressotildees psicoloacutegicas) impedem-no de responder com liberdade a essas

mesmas exigecircncias

Para estudarmos os fatores psicossociais relacionados ao trabalho

utilizamos o questionaacuterio sobre Estresse no Trabalho formulado por

KOMPIER e LEVI (1995) com base no modelo Demanta-Controle Segundo

GALASSO (2005) que utilizou o mesmo instrumento para estudar

operadores de uma Central de Atendimento de Serviccedilo de Sauacutede o referido

questionaacuterio requer o conhecimento da percepccedilatildeodefiniccedilatildeo dos sujeitos

sobre as caracteriacutesticas do trabalho compreendendo inclusive as exigecircncias

(pressotildees psicoloacutegicas) que pesam sobre eles e o grau de controle que

percebem ter sobre o proacuteprio trabalho

22

No Brasil existem estudos sobre sintomas osteomusculares entre os

operadores de teleatendimento de empresas de diferentes ramos de

atividade econocircmica (FERREIRA Jr et al 1997 FERREIRA Jr e SALDIVA

2002 ROCHA et al 2005) Poreacutem natildeo foram encontrados estudos sobre a

prevalecircncia de CVS nestes operadores

23

2 OBJETIVOS

21 GERAL

Estimar a prevalecircncia de CVS (Siacutendrome Visual Associada ao uso

de Computador) entre operadores de duas centrais de

atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

22 ESPECIacuteFICOS

Caracterizar a distribuiccedilatildeo da ocorrecircncia de CVS entre os

operadores das Centrais de Atendimento Telefocircnico segundo as

caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico historia ocupacional situaccedilatildeo de trabalho

fatores de satisfaccedilatildeo durante o trabalho e aspectos psicossociais

do trabalho

Verificar as associaccedilotildees existentes entre os casos definidos como

CVS e as variaacuteveis independentes estudadas

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 12: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

12

caracteriacutesticos da fadiga visual quando natildeo se encontram corrigidas ou

quando estatildeo corrigidas de maneira indevida (hipocorrigidos ou

hipercorrigidos) seja atraveacutes dos oacuteculos seja atraveacutes de lentes de contato

Haacute ainda aqueles relacionados agrave presenccedila de alteraccedilotildees oacuteculo-motoras do

grupo das forias

Os fatores extriacutensecos ambientais incluem iluminamento condiccedilotildees

do ambiente e do posto de trabalho A iluminaccedilatildeo no local de trabalho pode

ser natural ou artificial sendo esta uacuteltima a feita por lacircmpadas eleacutetricas que

podem ser fluorescentes incandescentes de mercuacuterio de soacutedio etc

(BREVIGLIERO et al 2006) Estes autores conceituam iluminamento como

a densidade de fluxo luminoso sobre uma superfiacutecie expresso em lux (lx)

Um lux corresponde a um luacutemen distribuiacutedo numa superfiacutecie de 1 msup2

De acordo com a Portaria nordm 3214 de 08 de junho de 1978 em sua

Norma Regulamentadora (NR) nordm 17 item 1753 a avaliaccedilatildeo deve ser

realizada usando-se um luxiacutemetro com fotoceacutelula corrigida para a

sensibilidade do olho humano e em funccedilatildeo do acircngulo de incidecircncia Para

avaliaccedilatildeo do niacutevel de iluminamento adota-se o criteacuterio de mediccedilatildeo ponto a

ponto nos locais de trabalho e a comparaccedilatildeo com o miacutenimo estabelecido em

lux para cada tipo de atividade como disposto na NR-17 e na NBR-5413 da

ABNT (1992) O iluminamento pode ser inadequado tanto quando se

encontra em niacuteveis abaixo do necessaacuterio para execuccedilatildeo de determinadas

tarefas como quando o ultrapassa levando ao fenocircmeno de ofuscamento

Designa-se por ofuscamento uma condiccedilatildeo de visatildeo na qual haacute um

desconforto ou uma reduccedilatildeo da capacidade de distinguir objetos ou ambos

13

devido a uma distribuiccedilatildeo desfavoraacutevel das luminacircncias ou a luminacircncias

elevadas ou a contrastes excessivos no espaccedilo ou no tempo

(BREVIGLIERO et al 2006)

PICCOLI et al (2004) observaram que a avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de

iluminaccedilatildeo no local de trabalho tem sido focada na mediccedilatildeo do niacutevel de

iluminamento O valor da mediccedilatildeo do iluminamento no campo visual de

trabalho deve ser consistente com a anatomia e a fisiologia oculares

requisitadas na execuccedilatildeo da tarefa e pode ser utilizado como parte da

avaliaccedilatildeo de risco para possiacuteveis distuacuterbios visuais aleacutem de estabelecer o

niacutevel de iluminamento mais adequado nas estaccedilotildees de trabalho

As maacutes condiccedilotildees do local de trabalho estatildeo relacionadas agrave presenccedila

de poeira excessiva ao ar seco secundaacuterio ao uso indevido de

condicionadores de ar que pode levar agrave maior sensibilizaccedilatildeo da coacuternea e

das glacircndulas presentes nas paacutelpebras e consequentemente agrave diminuiccedilatildeo

da produccedilatildeo da laacutegrima Acrescente-se ainda a estrutura e o posicionamento

da cadeira de trabalho que podem levar a dores na coluna vertebral quando

inadequados e que podem ser associados agrave fadiga visual o horaacuterio e

duraccedilatildeo do trabalho principalmente quando em turnos noturnos ou diurnos

com duraccedilatildeo acima da sexta hora trabalhada a qualidade da tela do monitor

e a falta de protetores para as mesmas (BLEHM et al 2005)

BLHEM et al (2005) consideram como fatores extriacutensecos oculares

a) diminuiccedilatildeo do iacutendice do piscarpestanejar b) aumento da exposiccedilatildeo da

superfiacutecie ocular c) uso de lente de contato ou medicamentos d) presenccedila

de doenccedilas sistecircmicas e ou doenccedilas oculares externas

14

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar tambeacutem foi observada por CHARPE

e KAUSHIK (2009) Estes autores relatam que ao lermos um texto em

papel piscamos 22 vezes por minuto poreacutem em frente agrave tela de um

computador reduzimos para sete vezes por minuto o nuacutemero de piscadas

YAN et al (2008) consideram que o brilho da tela do computador conduz a

uma grande alteraccedilatildeo na dinacircmica da laacutegrima o iacutendice do piscar espontacircneo

(spontaneous eye blink rate ndash SEBR) reduz-se significativamente durante o

uso do computador Os autores descrevem que o SEBR corresponde a 15-

16 piscadasminuto durante uma conversaccedilatildeo e que o mesmo diminui

durante o uso do computador para 5-6 piscadasminuto em razatildeo da alta

demanda visual e da grande concentraccedilatildeo mental que se verificam durante

esta atividade

FREUDENTHALER et al (2003) e SCHLOTE et al (2004) descrevem

ainda que temos a tendecircncia de aumentar o tamanho da abertura do olho

diante da tela do monitor o que resulta numa maior evaporaccedilatildeo da laacutegrima

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar e o aumento do tamanho da abertura do

olho podem prejudicar a troca do filme lacrimal o que pode ocasionar o

distuacuterbio conhecido como ldquoolho secordquo segundo BLEHM et al (2005)

Entre os fatores extriacutensecos oculares inclui-se o uso de lentes de

contato e uso de medicamentos O uso de lentes diminui a oxigenaccedilatildeo da

coacuternea e pode levar agrave diminuiccedilatildeo da lubrificaccedilatildeo do olho Haacute casos ainda de

mau posicionamento dessas lentes o que leva a um grande desconforto

ocular O uso de medicamentos por via oral tais como diureacuteticos anti-

histamiacutenicos psicotroacutepicos e anti-hipertensivos levam agrave diminuiccedilatildeo da

15

produccedilatildeo da laacutegrima (BLEHM et al 2005)

Entre as doenccedilas sistecircmicas siacutendromes e doenccedilas oculares externas

que satildeo consideradas como fatores extriacutensecos oculares BLEHM et al

(2005) citam a Artrite Reumatoacuteide a Siacutendrome de Sjogren e as blefarites

posteriores

PICCOLI (2003) atribui agraves modificaccedilotildees dos processos de trabalho e agrave

crescente utilizaccedilatildeo do computador o aumento progressivo das exigecircncias

de eficiecircncia visual e do uso dos componentes do sistema nervoso a isso

relacionado que coordenam os movimentos dos olhos e sua acomodaccedilatildeo

A relaccedilatildeo entre visatildeo e fatores psicossociais do trabalho eacute sugerida

pela ideacuteia de que os distuacuterbios visuais estatildeo relacionados agrave intensidade e agrave

duraccedilatildeo das exigecircncias visuais agrave situaccedilatildeo de trabalho percebida pelo

empregado e agraves caracteriacutesticas fisiopatoloacutegicas do sistema visual de cada

indiviacuteduo (PICCOLI 2003)

A Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (ILO 1986) define os fatores

psicossociais do trabalho como a interaccedilatildeo das percepccedilotildees e da experiecircncia

do trabalhador com aspectos relacionados agraves condiccedilotildees e ao ambiente de

trabalho e tambeacutem ligados ao sistema social Propotildee que sejam analisados

fatores de natureza individual como as capacidades e limitaccedilotildees do

trabalhador em relaccedilatildeo agraves exigecircncias do trabalho E inclui entre as

condiccedilotildees de trabalho a tarefa em si as condiccedilotildees fiacutesicas do posto de

trabalho as relaccedilotildees interpessoais entre colegas chefes e clientes Em

relaccedilatildeo aos fatores sociais menciona as preocupaccedilotildees do trabalhador em

relaccedilatildeo agrave famiacutelia e agrave vida pessoal elementos culturais nutriccedilatildeo condiccedilotildees

16

de transporte e habitaccedilatildeo

A preocupaccedilatildeo com as repercussotildees do trabalho sobre a visatildeo tem

crescido nos uacuteltimos anos Exemplo disso foi a criaccedilatildeo de um comitecirc

cientiacutefico especiacutefico pela Comissatildeo Internacional de Sauacutede Ocupacional

(ICOH - International Commission on Occupational Health) denominado

Comitecirc Trabalho e Visatildeo (ICOH ICWV - International Scientific Committee

on Work and Vision) A proposta do documento elaborado por este comitecirc eacute

de que os distuacuterbios oculares relacionados ao trabalho tecircm origem

multifatorial podendo estar associados agrave atividade de trabalho agraves condiccedilotildees

ambientais e agraves caracteriacutesticas oftalmoloacutegicas individuais (PICCOLI 2003)

SCHAEFER (2009) afirma que o ICOH-ICWV procura desenvolver

sistematicamente o tema com vistas a uma aproximaccedilatildeo mais racional e

completa entre trabalho e visatildeo Segundo o comitecirc os avanccedilos das

pesquisas nesta aacuterea devem proporcionar aos trabalhadores melhores

condiccedilotildees visuais nos locais de trabalho levando a uma maior qualidade no

trabalho e a atividades menos exaustivas e menos estressantes o que pode

resultar em maior produtividade

12 O TRABALHO EM CENTRAIS DE TELEATENDIMENTO

Segundo LIDA (1990) com a difusatildeo do uso dos computadores os

postos de trabalho com monitores se tornaram mais frequentes nas

17

empresas industriais e nos escritoacuterios nos uacuteltimos anos A utilizaccedilatildeo desta

tecnologia proporcionou uma grande evoluccedilatildeo e importantes melhorias na

realizaccedilatildeo das atividades profissionais dos indiviacuteduos como por exemplo o

incremento na qualidade e na produccedilatildeo e maior eficiecircncia

Nos escritoacuterios tradicionais as tarefas eram mais variadas permitindo

mudanccedilas de postura durante a jornada de trabalho No posto de trabalho

atual com o uso do computador o indiviacuteduo permanece quase estaacutetico

durante horas com a atenccedilatildeo fixa na tela do monitor e as matildeos sobre o

teclado realizando diferentes operaccedilotildees Segundo GRANDJEAN e

HUumlNTING (1997) o trabalhador se torna parte do sistema homem-maacutequina

seus movimentos e o espaccedilo de manobras satildeo limitados Esta condiccedilatildeo estaacute

frequentemente relacionada a um desenho inadequado do posto de trabalho

a problemas de iluminaccedilatildeo ou a problemas de visatildeo natildeo corrigidos ou natildeo

corretamente corrigidos para o trabalho a ser desempenhado

A utilizaccedilatildeo de computador de maneira constante eacute uma das

caracteriacutesticas dos Call Centers ou Centrais de Atendimento Telefocircnico que

podem ser definidos como uma estrutura organizacional que compreende

postos de trabalho para atendimento ao cliente por meio da utilizaccedilatildeo de um

terminal de computador e um aparelho telefocircnico (ROCHA e GLINA 2005)

As Centrais de Atendimento Telefocircnico incluem qualquer atividade por

meio de sistemas de informaccedilatildeo com o objetivo de desenvolver accedilotildees

padronizadas e contiacutenuas de marketing eou favorecer a comunicaccedilatildeo com

clientes puacuteblico em geral ou agecircncias governamentais (VILELA e

ASSUNCcedilAtildeO 2004)

18

Os serviccedilos prestados compreendem o fornecimento de informaccedilotildees

ao puacuteblico ou clientes das empresas recebimento de reclamaccedilotildees venda e

assistecircncia teacutecnica de produtos entre outros Eacute a caracteriacutestica da empresa

principal que determina o conteuacutedo do trabalho dos ldquooperadores de

telemarketingrdquo que eacute a denominaccedilatildeo usual dada aos trabalhadores nestes

serviccedilos no Brasil e adotada pela Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

(CBO) - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (BRASIL 2005)

Na Inglaterra esse tipo de atividade jaacute emprega mais funcionaacuterios

diretos do que as induacutestrias de carvatildeo accedilo e automobiliacutestica reunidas Em

uma estimativa realizada em 2002 havia cinco milhotildees de pessoas

empregadas em Call Center nos Estados Unidos e aproximadamente 15

milhatildeo na Europa (TOOMINGAS et al 2002)

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Telemarketing ndash ABT em 2009 o

Brasil ultrapassou a marca de 900 mil trabalhadores envolvidos neste setor

Para se entender a dimensatildeo da importacircncia do estudo das condiccedilotildees de

trabalho dos operadores de telemarketing instituiccedilotildees de pesquisa e

sindicatos de diversos paiacuteses da Europa como Alemanha Beacutelgica Itaacutelia e

outros criaram em 1999 um ldquoquadro de observaccedilatildeo social dos Call

Centersrdquo segundo o qual esse tipo de organizaccedilatildeo tornou-se sinocircnimo de

uma forma moderna de degradaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho

A anaacutelise das caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo do trabalho nos Call

Centers tem suscitado comparaccedilotildees com o modo de organizaccedilatildeo industrial

desenvolvido no iniacutecio do seacuteculo XX por Frederick Winslow Taylor

conhecido por ldquoAdministraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalhordquo com o objetivo de

19

maximizar a produtividade industrial pela via da ldquoracionalizaccedilatildeo do trabalhordquo

O sistema hoje tambeacutem nomeado de ldquotaylorismordquo baseava-se no

conceito de um ldquohomo economicusrdquo ou seja um trabalhador cujo principal

incentivo para trabalhar de modo eficiente seria o salaacuterio Entre os princiacutepios

que norteavam a Administraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalho estavam uma clara

separaccedilatildeo entre planejamentocontrole e a execuccedilatildeo do trabalho a

substituiccedilatildeo do criteacuterio individual do operaacuterio por um criteacuterio considerado

cientiacutefico a eliminaccedilatildeo dos tempos mortos ie improdutivos por meio da

definiccedilatildeo dos tempos meacutedios exigidos para a realizaccedilatildeo das tarefas uma

seleccedilatildeo e um treinamento meticulosos dos empregados para a realizaccedilatildeo

das tarefas (PARAGUAY 2003) A uacutenica fadiga considerada pelo taylorismo

era a fadiga fisioloacutegica (MOURA 1993 apud PARAGUAY 2003)

Segundo BUSCATTO (2002) taylorizaccedilatildeo estresse baixas

remuneraccedilotildees e precarizaccedilatildeo da matildeo de obra satildeo algumas das palavras-

chaves ligadas ao setor de telemarketing

Para VENCO (2006) o forte predomiacutenio do taylorismo indica que a

organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento encontra respaldo na

sofisticaccedilatildeo da tecnologia utilizada nesse setor da economia visto que todas

as movimentaccedilotildees realizadas nas posiccedilotildees de atendimento satildeo registradas

pelo software o nuacutemero de ligaccedilotildees feitas e recebidas o tempo de

atendimento as pausas as vendas realizadas as estatiacutesticas dos resultados

das ligaccedilotildees a indicaccedilatildeo de clientes agrave espera e o tempo excedido de

atendimento entre outros dados Aleacutem disso a tecnologia atua ainda por

meio de um equipamento multifuncional que eacute fundamental para a

20

racionalizaccedilatildeo do trabalho e o aumento da produtividade conhecido como

DAC esse equipamento distribui automaticamente as ligaccedilotildees recebidas

entre os operadores haacute mais tempo ociosos e grava na iacutentegra todos os

atendimentos

Para READ (2001) do ponto de vista da sauacutede o ambiente dos

centros de teleatendimento eacute considerado de meacutedio a alto risco sendo as

principais queixas dores de cabeccedila no pescoccedilo nos membros superiores e

em menor escala nas costas e nos membros inferiores aleacutem de tensatildeo e

fadiga visuais

Do que foi exposto pode-se afirmar que as condiccedilotildees adversas de

trabalho no setor de teleatendimento envolvem problemas relativos agraves

condiccedilotildees e agrave organizaccedilatildeo do trabalho

Para explicar o estresse no trabalho e as repercussotildees na sauacutede do

trabalhador GLINA (2010) cita o modelo de KARASEK e THEORELL (1990)

segundo o qual as caracteriacutesticas do trabalho podem natildeo estar associadas

de forma linear agrave sauacutede do trabalhador mas podem combinar-se

interativamente em relaccedilatildeo agrave sauacutede

Em outras palavras o modelo de anaacutelise formulado por KARASEK e

THEORELL (1990) conhecido como modelo Demanda-Controle pressupotildee

que o estresse ocupacional pode levar agrave doenccedila natildeo pela somatoacuteria de um

conjunto de diversas situaccedilotildees de conflito mas pela relaccedilatildeo entre as

tensotildees geradas pelas exigecircncias do trabalho e a capacidade do trabalhador

em dirimir esse niacutevel de tensatildeo principalmente a partir de suas

possibilidades de tomada de decisotildees e controle sobre o proacuteprio trabalho

21

GLINA (2010) explica ainda que o modelo proposto por eles envolve

uma abordagem tridimensional contemplando os seguintes aspectos

demanda controle e apoio social De acordo com ARAUacuteJO (2010) o

modelo estabelece a partir de combinaccedilatildeo de diferentes niacuteveis de controle e

demanda quatro tipos baacutesicos de experiecircncias no trabalho alta exigecircncia do

trabalho (caracterizada por situaccedilatildeo de trabalho com alta demanda e baixo

controle) trabalho ativo (situaccedilatildeo de alta demanda e alto controle) trabalho

passivo (baixa demanda e baixo controle) e baixa exigecircncia (combinando

baixa demanda e alto controle)

Segundo o modelo citado ndash um dos mais utilizados em todo o mundo

para a avaliaccedilatildeo do estresse no trabalho ndash as piores condiccedilotildees estatildeo

presentes nas situaccedilotildees de trabalho ldquode alta exigecircnciardquo ao mesmo tempo

em que impotildeem ao trabalhador altas exigecircncias (percebidas por ele como

pressotildees psicoloacutegicas) impedem-no de responder com liberdade a essas

mesmas exigecircncias

Para estudarmos os fatores psicossociais relacionados ao trabalho

utilizamos o questionaacuterio sobre Estresse no Trabalho formulado por

KOMPIER e LEVI (1995) com base no modelo Demanta-Controle Segundo

GALASSO (2005) que utilizou o mesmo instrumento para estudar

operadores de uma Central de Atendimento de Serviccedilo de Sauacutede o referido

questionaacuterio requer o conhecimento da percepccedilatildeodefiniccedilatildeo dos sujeitos

sobre as caracteriacutesticas do trabalho compreendendo inclusive as exigecircncias

(pressotildees psicoloacutegicas) que pesam sobre eles e o grau de controle que

percebem ter sobre o proacuteprio trabalho

22

No Brasil existem estudos sobre sintomas osteomusculares entre os

operadores de teleatendimento de empresas de diferentes ramos de

atividade econocircmica (FERREIRA Jr et al 1997 FERREIRA Jr e SALDIVA

2002 ROCHA et al 2005) Poreacutem natildeo foram encontrados estudos sobre a

prevalecircncia de CVS nestes operadores

23

2 OBJETIVOS

21 GERAL

Estimar a prevalecircncia de CVS (Siacutendrome Visual Associada ao uso

de Computador) entre operadores de duas centrais de

atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

22 ESPECIacuteFICOS

Caracterizar a distribuiccedilatildeo da ocorrecircncia de CVS entre os

operadores das Centrais de Atendimento Telefocircnico segundo as

caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico historia ocupacional situaccedilatildeo de trabalho

fatores de satisfaccedilatildeo durante o trabalho e aspectos psicossociais

do trabalho

Verificar as associaccedilotildees existentes entre os casos definidos como

CVS e as variaacuteveis independentes estudadas

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 13: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

13

devido a uma distribuiccedilatildeo desfavoraacutevel das luminacircncias ou a luminacircncias

elevadas ou a contrastes excessivos no espaccedilo ou no tempo

(BREVIGLIERO et al 2006)

PICCOLI et al (2004) observaram que a avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de

iluminaccedilatildeo no local de trabalho tem sido focada na mediccedilatildeo do niacutevel de

iluminamento O valor da mediccedilatildeo do iluminamento no campo visual de

trabalho deve ser consistente com a anatomia e a fisiologia oculares

requisitadas na execuccedilatildeo da tarefa e pode ser utilizado como parte da

avaliaccedilatildeo de risco para possiacuteveis distuacuterbios visuais aleacutem de estabelecer o

niacutevel de iluminamento mais adequado nas estaccedilotildees de trabalho

As maacutes condiccedilotildees do local de trabalho estatildeo relacionadas agrave presenccedila

de poeira excessiva ao ar seco secundaacuterio ao uso indevido de

condicionadores de ar que pode levar agrave maior sensibilizaccedilatildeo da coacuternea e

das glacircndulas presentes nas paacutelpebras e consequentemente agrave diminuiccedilatildeo

da produccedilatildeo da laacutegrima Acrescente-se ainda a estrutura e o posicionamento

da cadeira de trabalho que podem levar a dores na coluna vertebral quando

inadequados e que podem ser associados agrave fadiga visual o horaacuterio e

duraccedilatildeo do trabalho principalmente quando em turnos noturnos ou diurnos

com duraccedilatildeo acima da sexta hora trabalhada a qualidade da tela do monitor

e a falta de protetores para as mesmas (BLEHM et al 2005)

BLHEM et al (2005) consideram como fatores extriacutensecos oculares

a) diminuiccedilatildeo do iacutendice do piscarpestanejar b) aumento da exposiccedilatildeo da

superfiacutecie ocular c) uso de lente de contato ou medicamentos d) presenccedila

de doenccedilas sistecircmicas e ou doenccedilas oculares externas

14

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar tambeacutem foi observada por CHARPE

e KAUSHIK (2009) Estes autores relatam que ao lermos um texto em

papel piscamos 22 vezes por minuto poreacutem em frente agrave tela de um

computador reduzimos para sete vezes por minuto o nuacutemero de piscadas

YAN et al (2008) consideram que o brilho da tela do computador conduz a

uma grande alteraccedilatildeo na dinacircmica da laacutegrima o iacutendice do piscar espontacircneo

(spontaneous eye blink rate ndash SEBR) reduz-se significativamente durante o

uso do computador Os autores descrevem que o SEBR corresponde a 15-

16 piscadasminuto durante uma conversaccedilatildeo e que o mesmo diminui

durante o uso do computador para 5-6 piscadasminuto em razatildeo da alta

demanda visual e da grande concentraccedilatildeo mental que se verificam durante

esta atividade

FREUDENTHALER et al (2003) e SCHLOTE et al (2004) descrevem

ainda que temos a tendecircncia de aumentar o tamanho da abertura do olho

diante da tela do monitor o que resulta numa maior evaporaccedilatildeo da laacutegrima

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar e o aumento do tamanho da abertura do

olho podem prejudicar a troca do filme lacrimal o que pode ocasionar o

distuacuterbio conhecido como ldquoolho secordquo segundo BLEHM et al (2005)

Entre os fatores extriacutensecos oculares inclui-se o uso de lentes de

contato e uso de medicamentos O uso de lentes diminui a oxigenaccedilatildeo da

coacuternea e pode levar agrave diminuiccedilatildeo da lubrificaccedilatildeo do olho Haacute casos ainda de

mau posicionamento dessas lentes o que leva a um grande desconforto

ocular O uso de medicamentos por via oral tais como diureacuteticos anti-

histamiacutenicos psicotroacutepicos e anti-hipertensivos levam agrave diminuiccedilatildeo da

15

produccedilatildeo da laacutegrima (BLEHM et al 2005)

Entre as doenccedilas sistecircmicas siacutendromes e doenccedilas oculares externas

que satildeo consideradas como fatores extriacutensecos oculares BLEHM et al

(2005) citam a Artrite Reumatoacuteide a Siacutendrome de Sjogren e as blefarites

posteriores

PICCOLI (2003) atribui agraves modificaccedilotildees dos processos de trabalho e agrave

crescente utilizaccedilatildeo do computador o aumento progressivo das exigecircncias

de eficiecircncia visual e do uso dos componentes do sistema nervoso a isso

relacionado que coordenam os movimentos dos olhos e sua acomodaccedilatildeo

A relaccedilatildeo entre visatildeo e fatores psicossociais do trabalho eacute sugerida

pela ideacuteia de que os distuacuterbios visuais estatildeo relacionados agrave intensidade e agrave

duraccedilatildeo das exigecircncias visuais agrave situaccedilatildeo de trabalho percebida pelo

empregado e agraves caracteriacutesticas fisiopatoloacutegicas do sistema visual de cada

indiviacuteduo (PICCOLI 2003)

A Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (ILO 1986) define os fatores

psicossociais do trabalho como a interaccedilatildeo das percepccedilotildees e da experiecircncia

do trabalhador com aspectos relacionados agraves condiccedilotildees e ao ambiente de

trabalho e tambeacutem ligados ao sistema social Propotildee que sejam analisados

fatores de natureza individual como as capacidades e limitaccedilotildees do

trabalhador em relaccedilatildeo agraves exigecircncias do trabalho E inclui entre as

condiccedilotildees de trabalho a tarefa em si as condiccedilotildees fiacutesicas do posto de

trabalho as relaccedilotildees interpessoais entre colegas chefes e clientes Em

relaccedilatildeo aos fatores sociais menciona as preocupaccedilotildees do trabalhador em

relaccedilatildeo agrave famiacutelia e agrave vida pessoal elementos culturais nutriccedilatildeo condiccedilotildees

16

de transporte e habitaccedilatildeo

A preocupaccedilatildeo com as repercussotildees do trabalho sobre a visatildeo tem

crescido nos uacuteltimos anos Exemplo disso foi a criaccedilatildeo de um comitecirc

cientiacutefico especiacutefico pela Comissatildeo Internacional de Sauacutede Ocupacional

(ICOH - International Commission on Occupational Health) denominado

Comitecirc Trabalho e Visatildeo (ICOH ICWV - International Scientific Committee

on Work and Vision) A proposta do documento elaborado por este comitecirc eacute

de que os distuacuterbios oculares relacionados ao trabalho tecircm origem

multifatorial podendo estar associados agrave atividade de trabalho agraves condiccedilotildees

ambientais e agraves caracteriacutesticas oftalmoloacutegicas individuais (PICCOLI 2003)

SCHAEFER (2009) afirma que o ICOH-ICWV procura desenvolver

sistematicamente o tema com vistas a uma aproximaccedilatildeo mais racional e

completa entre trabalho e visatildeo Segundo o comitecirc os avanccedilos das

pesquisas nesta aacuterea devem proporcionar aos trabalhadores melhores

condiccedilotildees visuais nos locais de trabalho levando a uma maior qualidade no

trabalho e a atividades menos exaustivas e menos estressantes o que pode

resultar em maior produtividade

12 O TRABALHO EM CENTRAIS DE TELEATENDIMENTO

Segundo LIDA (1990) com a difusatildeo do uso dos computadores os

postos de trabalho com monitores se tornaram mais frequentes nas

17

empresas industriais e nos escritoacuterios nos uacuteltimos anos A utilizaccedilatildeo desta

tecnologia proporcionou uma grande evoluccedilatildeo e importantes melhorias na

realizaccedilatildeo das atividades profissionais dos indiviacuteduos como por exemplo o

incremento na qualidade e na produccedilatildeo e maior eficiecircncia

Nos escritoacuterios tradicionais as tarefas eram mais variadas permitindo

mudanccedilas de postura durante a jornada de trabalho No posto de trabalho

atual com o uso do computador o indiviacuteduo permanece quase estaacutetico

durante horas com a atenccedilatildeo fixa na tela do monitor e as matildeos sobre o

teclado realizando diferentes operaccedilotildees Segundo GRANDJEAN e

HUumlNTING (1997) o trabalhador se torna parte do sistema homem-maacutequina

seus movimentos e o espaccedilo de manobras satildeo limitados Esta condiccedilatildeo estaacute

frequentemente relacionada a um desenho inadequado do posto de trabalho

a problemas de iluminaccedilatildeo ou a problemas de visatildeo natildeo corrigidos ou natildeo

corretamente corrigidos para o trabalho a ser desempenhado

A utilizaccedilatildeo de computador de maneira constante eacute uma das

caracteriacutesticas dos Call Centers ou Centrais de Atendimento Telefocircnico que

podem ser definidos como uma estrutura organizacional que compreende

postos de trabalho para atendimento ao cliente por meio da utilizaccedilatildeo de um

terminal de computador e um aparelho telefocircnico (ROCHA e GLINA 2005)

As Centrais de Atendimento Telefocircnico incluem qualquer atividade por

meio de sistemas de informaccedilatildeo com o objetivo de desenvolver accedilotildees

padronizadas e contiacutenuas de marketing eou favorecer a comunicaccedilatildeo com

clientes puacuteblico em geral ou agecircncias governamentais (VILELA e

ASSUNCcedilAtildeO 2004)

18

Os serviccedilos prestados compreendem o fornecimento de informaccedilotildees

ao puacuteblico ou clientes das empresas recebimento de reclamaccedilotildees venda e

assistecircncia teacutecnica de produtos entre outros Eacute a caracteriacutestica da empresa

principal que determina o conteuacutedo do trabalho dos ldquooperadores de

telemarketingrdquo que eacute a denominaccedilatildeo usual dada aos trabalhadores nestes

serviccedilos no Brasil e adotada pela Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

(CBO) - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (BRASIL 2005)

Na Inglaterra esse tipo de atividade jaacute emprega mais funcionaacuterios

diretos do que as induacutestrias de carvatildeo accedilo e automobiliacutestica reunidas Em

uma estimativa realizada em 2002 havia cinco milhotildees de pessoas

empregadas em Call Center nos Estados Unidos e aproximadamente 15

milhatildeo na Europa (TOOMINGAS et al 2002)

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Telemarketing ndash ABT em 2009 o

Brasil ultrapassou a marca de 900 mil trabalhadores envolvidos neste setor

Para se entender a dimensatildeo da importacircncia do estudo das condiccedilotildees de

trabalho dos operadores de telemarketing instituiccedilotildees de pesquisa e

sindicatos de diversos paiacuteses da Europa como Alemanha Beacutelgica Itaacutelia e

outros criaram em 1999 um ldquoquadro de observaccedilatildeo social dos Call

Centersrdquo segundo o qual esse tipo de organizaccedilatildeo tornou-se sinocircnimo de

uma forma moderna de degradaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho

A anaacutelise das caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo do trabalho nos Call

Centers tem suscitado comparaccedilotildees com o modo de organizaccedilatildeo industrial

desenvolvido no iniacutecio do seacuteculo XX por Frederick Winslow Taylor

conhecido por ldquoAdministraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalhordquo com o objetivo de

19

maximizar a produtividade industrial pela via da ldquoracionalizaccedilatildeo do trabalhordquo

O sistema hoje tambeacutem nomeado de ldquotaylorismordquo baseava-se no

conceito de um ldquohomo economicusrdquo ou seja um trabalhador cujo principal

incentivo para trabalhar de modo eficiente seria o salaacuterio Entre os princiacutepios

que norteavam a Administraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalho estavam uma clara

separaccedilatildeo entre planejamentocontrole e a execuccedilatildeo do trabalho a

substituiccedilatildeo do criteacuterio individual do operaacuterio por um criteacuterio considerado

cientiacutefico a eliminaccedilatildeo dos tempos mortos ie improdutivos por meio da

definiccedilatildeo dos tempos meacutedios exigidos para a realizaccedilatildeo das tarefas uma

seleccedilatildeo e um treinamento meticulosos dos empregados para a realizaccedilatildeo

das tarefas (PARAGUAY 2003) A uacutenica fadiga considerada pelo taylorismo

era a fadiga fisioloacutegica (MOURA 1993 apud PARAGUAY 2003)

Segundo BUSCATTO (2002) taylorizaccedilatildeo estresse baixas

remuneraccedilotildees e precarizaccedilatildeo da matildeo de obra satildeo algumas das palavras-

chaves ligadas ao setor de telemarketing

Para VENCO (2006) o forte predomiacutenio do taylorismo indica que a

organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento encontra respaldo na

sofisticaccedilatildeo da tecnologia utilizada nesse setor da economia visto que todas

as movimentaccedilotildees realizadas nas posiccedilotildees de atendimento satildeo registradas

pelo software o nuacutemero de ligaccedilotildees feitas e recebidas o tempo de

atendimento as pausas as vendas realizadas as estatiacutesticas dos resultados

das ligaccedilotildees a indicaccedilatildeo de clientes agrave espera e o tempo excedido de

atendimento entre outros dados Aleacutem disso a tecnologia atua ainda por

meio de um equipamento multifuncional que eacute fundamental para a

20

racionalizaccedilatildeo do trabalho e o aumento da produtividade conhecido como

DAC esse equipamento distribui automaticamente as ligaccedilotildees recebidas

entre os operadores haacute mais tempo ociosos e grava na iacutentegra todos os

atendimentos

Para READ (2001) do ponto de vista da sauacutede o ambiente dos

centros de teleatendimento eacute considerado de meacutedio a alto risco sendo as

principais queixas dores de cabeccedila no pescoccedilo nos membros superiores e

em menor escala nas costas e nos membros inferiores aleacutem de tensatildeo e

fadiga visuais

Do que foi exposto pode-se afirmar que as condiccedilotildees adversas de

trabalho no setor de teleatendimento envolvem problemas relativos agraves

condiccedilotildees e agrave organizaccedilatildeo do trabalho

Para explicar o estresse no trabalho e as repercussotildees na sauacutede do

trabalhador GLINA (2010) cita o modelo de KARASEK e THEORELL (1990)

segundo o qual as caracteriacutesticas do trabalho podem natildeo estar associadas

de forma linear agrave sauacutede do trabalhador mas podem combinar-se

interativamente em relaccedilatildeo agrave sauacutede

Em outras palavras o modelo de anaacutelise formulado por KARASEK e

THEORELL (1990) conhecido como modelo Demanda-Controle pressupotildee

que o estresse ocupacional pode levar agrave doenccedila natildeo pela somatoacuteria de um

conjunto de diversas situaccedilotildees de conflito mas pela relaccedilatildeo entre as

tensotildees geradas pelas exigecircncias do trabalho e a capacidade do trabalhador

em dirimir esse niacutevel de tensatildeo principalmente a partir de suas

possibilidades de tomada de decisotildees e controle sobre o proacuteprio trabalho

21

GLINA (2010) explica ainda que o modelo proposto por eles envolve

uma abordagem tridimensional contemplando os seguintes aspectos

demanda controle e apoio social De acordo com ARAUacuteJO (2010) o

modelo estabelece a partir de combinaccedilatildeo de diferentes niacuteveis de controle e

demanda quatro tipos baacutesicos de experiecircncias no trabalho alta exigecircncia do

trabalho (caracterizada por situaccedilatildeo de trabalho com alta demanda e baixo

controle) trabalho ativo (situaccedilatildeo de alta demanda e alto controle) trabalho

passivo (baixa demanda e baixo controle) e baixa exigecircncia (combinando

baixa demanda e alto controle)

Segundo o modelo citado ndash um dos mais utilizados em todo o mundo

para a avaliaccedilatildeo do estresse no trabalho ndash as piores condiccedilotildees estatildeo

presentes nas situaccedilotildees de trabalho ldquode alta exigecircnciardquo ao mesmo tempo

em que impotildeem ao trabalhador altas exigecircncias (percebidas por ele como

pressotildees psicoloacutegicas) impedem-no de responder com liberdade a essas

mesmas exigecircncias

Para estudarmos os fatores psicossociais relacionados ao trabalho

utilizamos o questionaacuterio sobre Estresse no Trabalho formulado por

KOMPIER e LEVI (1995) com base no modelo Demanta-Controle Segundo

GALASSO (2005) que utilizou o mesmo instrumento para estudar

operadores de uma Central de Atendimento de Serviccedilo de Sauacutede o referido

questionaacuterio requer o conhecimento da percepccedilatildeodefiniccedilatildeo dos sujeitos

sobre as caracteriacutesticas do trabalho compreendendo inclusive as exigecircncias

(pressotildees psicoloacutegicas) que pesam sobre eles e o grau de controle que

percebem ter sobre o proacuteprio trabalho

22

No Brasil existem estudos sobre sintomas osteomusculares entre os

operadores de teleatendimento de empresas de diferentes ramos de

atividade econocircmica (FERREIRA Jr et al 1997 FERREIRA Jr e SALDIVA

2002 ROCHA et al 2005) Poreacutem natildeo foram encontrados estudos sobre a

prevalecircncia de CVS nestes operadores

23

2 OBJETIVOS

21 GERAL

Estimar a prevalecircncia de CVS (Siacutendrome Visual Associada ao uso

de Computador) entre operadores de duas centrais de

atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

22 ESPECIacuteFICOS

Caracterizar a distribuiccedilatildeo da ocorrecircncia de CVS entre os

operadores das Centrais de Atendimento Telefocircnico segundo as

caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico historia ocupacional situaccedilatildeo de trabalho

fatores de satisfaccedilatildeo durante o trabalho e aspectos psicossociais

do trabalho

Verificar as associaccedilotildees existentes entre os casos definidos como

CVS e as variaacuteveis independentes estudadas

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 14: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

14

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar tambeacutem foi observada por CHARPE

e KAUSHIK (2009) Estes autores relatam que ao lermos um texto em

papel piscamos 22 vezes por minuto poreacutem em frente agrave tela de um

computador reduzimos para sete vezes por minuto o nuacutemero de piscadas

YAN et al (2008) consideram que o brilho da tela do computador conduz a

uma grande alteraccedilatildeo na dinacircmica da laacutegrima o iacutendice do piscar espontacircneo

(spontaneous eye blink rate ndash SEBR) reduz-se significativamente durante o

uso do computador Os autores descrevem que o SEBR corresponde a 15-

16 piscadasminuto durante uma conversaccedilatildeo e que o mesmo diminui

durante o uso do computador para 5-6 piscadasminuto em razatildeo da alta

demanda visual e da grande concentraccedilatildeo mental que se verificam durante

esta atividade

FREUDENTHALER et al (2003) e SCHLOTE et al (2004) descrevem

ainda que temos a tendecircncia de aumentar o tamanho da abertura do olho

diante da tela do monitor o que resulta numa maior evaporaccedilatildeo da laacutegrima

A diminuiccedilatildeo do iacutendice de piscar e o aumento do tamanho da abertura do

olho podem prejudicar a troca do filme lacrimal o que pode ocasionar o

distuacuterbio conhecido como ldquoolho secordquo segundo BLEHM et al (2005)

Entre os fatores extriacutensecos oculares inclui-se o uso de lentes de

contato e uso de medicamentos O uso de lentes diminui a oxigenaccedilatildeo da

coacuternea e pode levar agrave diminuiccedilatildeo da lubrificaccedilatildeo do olho Haacute casos ainda de

mau posicionamento dessas lentes o que leva a um grande desconforto

ocular O uso de medicamentos por via oral tais como diureacuteticos anti-

histamiacutenicos psicotroacutepicos e anti-hipertensivos levam agrave diminuiccedilatildeo da

15

produccedilatildeo da laacutegrima (BLEHM et al 2005)

Entre as doenccedilas sistecircmicas siacutendromes e doenccedilas oculares externas

que satildeo consideradas como fatores extriacutensecos oculares BLEHM et al

(2005) citam a Artrite Reumatoacuteide a Siacutendrome de Sjogren e as blefarites

posteriores

PICCOLI (2003) atribui agraves modificaccedilotildees dos processos de trabalho e agrave

crescente utilizaccedilatildeo do computador o aumento progressivo das exigecircncias

de eficiecircncia visual e do uso dos componentes do sistema nervoso a isso

relacionado que coordenam os movimentos dos olhos e sua acomodaccedilatildeo

A relaccedilatildeo entre visatildeo e fatores psicossociais do trabalho eacute sugerida

pela ideacuteia de que os distuacuterbios visuais estatildeo relacionados agrave intensidade e agrave

duraccedilatildeo das exigecircncias visuais agrave situaccedilatildeo de trabalho percebida pelo

empregado e agraves caracteriacutesticas fisiopatoloacutegicas do sistema visual de cada

indiviacuteduo (PICCOLI 2003)

A Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (ILO 1986) define os fatores

psicossociais do trabalho como a interaccedilatildeo das percepccedilotildees e da experiecircncia

do trabalhador com aspectos relacionados agraves condiccedilotildees e ao ambiente de

trabalho e tambeacutem ligados ao sistema social Propotildee que sejam analisados

fatores de natureza individual como as capacidades e limitaccedilotildees do

trabalhador em relaccedilatildeo agraves exigecircncias do trabalho E inclui entre as

condiccedilotildees de trabalho a tarefa em si as condiccedilotildees fiacutesicas do posto de

trabalho as relaccedilotildees interpessoais entre colegas chefes e clientes Em

relaccedilatildeo aos fatores sociais menciona as preocupaccedilotildees do trabalhador em

relaccedilatildeo agrave famiacutelia e agrave vida pessoal elementos culturais nutriccedilatildeo condiccedilotildees

16

de transporte e habitaccedilatildeo

A preocupaccedilatildeo com as repercussotildees do trabalho sobre a visatildeo tem

crescido nos uacuteltimos anos Exemplo disso foi a criaccedilatildeo de um comitecirc

cientiacutefico especiacutefico pela Comissatildeo Internacional de Sauacutede Ocupacional

(ICOH - International Commission on Occupational Health) denominado

Comitecirc Trabalho e Visatildeo (ICOH ICWV - International Scientific Committee

on Work and Vision) A proposta do documento elaborado por este comitecirc eacute

de que os distuacuterbios oculares relacionados ao trabalho tecircm origem

multifatorial podendo estar associados agrave atividade de trabalho agraves condiccedilotildees

ambientais e agraves caracteriacutesticas oftalmoloacutegicas individuais (PICCOLI 2003)

SCHAEFER (2009) afirma que o ICOH-ICWV procura desenvolver

sistematicamente o tema com vistas a uma aproximaccedilatildeo mais racional e

completa entre trabalho e visatildeo Segundo o comitecirc os avanccedilos das

pesquisas nesta aacuterea devem proporcionar aos trabalhadores melhores

condiccedilotildees visuais nos locais de trabalho levando a uma maior qualidade no

trabalho e a atividades menos exaustivas e menos estressantes o que pode

resultar em maior produtividade

12 O TRABALHO EM CENTRAIS DE TELEATENDIMENTO

Segundo LIDA (1990) com a difusatildeo do uso dos computadores os

postos de trabalho com monitores se tornaram mais frequentes nas

17

empresas industriais e nos escritoacuterios nos uacuteltimos anos A utilizaccedilatildeo desta

tecnologia proporcionou uma grande evoluccedilatildeo e importantes melhorias na

realizaccedilatildeo das atividades profissionais dos indiviacuteduos como por exemplo o

incremento na qualidade e na produccedilatildeo e maior eficiecircncia

Nos escritoacuterios tradicionais as tarefas eram mais variadas permitindo

mudanccedilas de postura durante a jornada de trabalho No posto de trabalho

atual com o uso do computador o indiviacuteduo permanece quase estaacutetico

durante horas com a atenccedilatildeo fixa na tela do monitor e as matildeos sobre o

teclado realizando diferentes operaccedilotildees Segundo GRANDJEAN e

HUumlNTING (1997) o trabalhador se torna parte do sistema homem-maacutequina

seus movimentos e o espaccedilo de manobras satildeo limitados Esta condiccedilatildeo estaacute

frequentemente relacionada a um desenho inadequado do posto de trabalho

a problemas de iluminaccedilatildeo ou a problemas de visatildeo natildeo corrigidos ou natildeo

corretamente corrigidos para o trabalho a ser desempenhado

A utilizaccedilatildeo de computador de maneira constante eacute uma das

caracteriacutesticas dos Call Centers ou Centrais de Atendimento Telefocircnico que

podem ser definidos como uma estrutura organizacional que compreende

postos de trabalho para atendimento ao cliente por meio da utilizaccedilatildeo de um

terminal de computador e um aparelho telefocircnico (ROCHA e GLINA 2005)

As Centrais de Atendimento Telefocircnico incluem qualquer atividade por

meio de sistemas de informaccedilatildeo com o objetivo de desenvolver accedilotildees

padronizadas e contiacutenuas de marketing eou favorecer a comunicaccedilatildeo com

clientes puacuteblico em geral ou agecircncias governamentais (VILELA e

ASSUNCcedilAtildeO 2004)

18

Os serviccedilos prestados compreendem o fornecimento de informaccedilotildees

ao puacuteblico ou clientes das empresas recebimento de reclamaccedilotildees venda e

assistecircncia teacutecnica de produtos entre outros Eacute a caracteriacutestica da empresa

principal que determina o conteuacutedo do trabalho dos ldquooperadores de

telemarketingrdquo que eacute a denominaccedilatildeo usual dada aos trabalhadores nestes

serviccedilos no Brasil e adotada pela Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

(CBO) - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (BRASIL 2005)

Na Inglaterra esse tipo de atividade jaacute emprega mais funcionaacuterios

diretos do que as induacutestrias de carvatildeo accedilo e automobiliacutestica reunidas Em

uma estimativa realizada em 2002 havia cinco milhotildees de pessoas

empregadas em Call Center nos Estados Unidos e aproximadamente 15

milhatildeo na Europa (TOOMINGAS et al 2002)

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Telemarketing ndash ABT em 2009 o

Brasil ultrapassou a marca de 900 mil trabalhadores envolvidos neste setor

Para se entender a dimensatildeo da importacircncia do estudo das condiccedilotildees de

trabalho dos operadores de telemarketing instituiccedilotildees de pesquisa e

sindicatos de diversos paiacuteses da Europa como Alemanha Beacutelgica Itaacutelia e

outros criaram em 1999 um ldquoquadro de observaccedilatildeo social dos Call

Centersrdquo segundo o qual esse tipo de organizaccedilatildeo tornou-se sinocircnimo de

uma forma moderna de degradaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho

A anaacutelise das caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo do trabalho nos Call

Centers tem suscitado comparaccedilotildees com o modo de organizaccedilatildeo industrial

desenvolvido no iniacutecio do seacuteculo XX por Frederick Winslow Taylor

conhecido por ldquoAdministraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalhordquo com o objetivo de

19

maximizar a produtividade industrial pela via da ldquoracionalizaccedilatildeo do trabalhordquo

O sistema hoje tambeacutem nomeado de ldquotaylorismordquo baseava-se no

conceito de um ldquohomo economicusrdquo ou seja um trabalhador cujo principal

incentivo para trabalhar de modo eficiente seria o salaacuterio Entre os princiacutepios

que norteavam a Administraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalho estavam uma clara

separaccedilatildeo entre planejamentocontrole e a execuccedilatildeo do trabalho a

substituiccedilatildeo do criteacuterio individual do operaacuterio por um criteacuterio considerado

cientiacutefico a eliminaccedilatildeo dos tempos mortos ie improdutivos por meio da

definiccedilatildeo dos tempos meacutedios exigidos para a realizaccedilatildeo das tarefas uma

seleccedilatildeo e um treinamento meticulosos dos empregados para a realizaccedilatildeo

das tarefas (PARAGUAY 2003) A uacutenica fadiga considerada pelo taylorismo

era a fadiga fisioloacutegica (MOURA 1993 apud PARAGUAY 2003)

Segundo BUSCATTO (2002) taylorizaccedilatildeo estresse baixas

remuneraccedilotildees e precarizaccedilatildeo da matildeo de obra satildeo algumas das palavras-

chaves ligadas ao setor de telemarketing

Para VENCO (2006) o forte predomiacutenio do taylorismo indica que a

organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento encontra respaldo na

sofisticaccedilatildeo da tecnologia utilizada nesse setor da economia visto que todas

as movimentaccedilotildees realizadas nas posiccedilotildees de atendimento satildeo registradas

pelo software o nuacutemero de ligaccedilotildees feitas e recebidas o tempo de

atendimento as pausas as vendas realizadas as estatiacutesticas dos resultados

das ligaccedilotildees a indicaccedilatildeo de clientes agrave espera e o tempo excedido de

atendimento entre outros dados Aleacutem disso a tecnologia atua ainda por

meio de um equipamento multifuncional que eacute fundamental para a

20

racionalizaccedilatildeo do trabalho e o aumento da produtividade conhecido como

DAC esse equipamento distribui automaticamente as ligaccedilotildees recebidas

entre os operadores haacute mais tempo ociosos e grava na iacutentegra todos os

atendimentos

Para READ (2001) do ponto de vista da sauacutede o ambiente dos

centros de teleatendimento eacute considerado de meacutedio a alto risco sendo as

principais queixas dores de cabeccedila no pescoccedilo nos membros superiores e

em menor escala nas costas e nos membros inferiores aleacutem de tensatildeo e

fadiga visuais

Do que foi exposto pode-se afirmar que as condiccedilotildees adversas de

trabalho no setor de teleatendimento envolvem problemas relativos agraves

condiccedilotildees e agrave organizaccedilatildeo do trabalho

Para explicar o estresse no trabalho e as repercussotildees na sauacutede do

trabalhador GLINA (2010) cita o modelo de KARASEK e THEORELL (1990)

segundo o qual as caracteriacutesticas do trabalho podem natildeo estar associadas

de forma linear agrave sauacutede do trabalhador mas podem combinar-se

interativamente em relaccedilatildeo agrave sauacutede

Em outras palavras o modelo de anaacutelise formulado por KARASEK e

THEORELL (1990) conhecido como modelo Demanda-Controle pressupotildee

que o estresse ocupacional pode levar agrave doenccedila natildeo pela somatoacuteria de um

conjunto de diversas situaccedilotildees de conflito mas pela relaccedilatildeo entre as

tensotildees geradas pelas exigecircncias do trabalho e a capacidade do trabalhador

em dirimir esse niacutevel de tensatildeo principalmente a partir de suas

possibilidades de tomada de decisotildees e controle sobre o proacuteprio trabalho

21

GLINA (2010) explica ainda que o modelo proposto por eles envolve

uma abordagem tridimensional contemplando os seguintes aspectos

demanda controle e apoio social De acordo com ARAUacuteJO (2010) o

modelo estabelece a partir de combinaccedilatildeo de diferentes niacuteveis de controle e

demanda quatro tipos baacutesicos de experiecircncias no trabalho alta exigecircncia do

trabalho (caracterizada por situaccedilatildeo de trabalho com alta demanda e baixo

controle) trabalho ativo (situaccedilatildeo de alta demanda e alto controle) trabalho

passivo (baixa demanda e baixo controle) e baixa exigecircncia (combinando

baixa demanda e alto controle)

Segundo o modelo citado ndash um dos mais utilizados em todo o mundo

para a avaliaccedilatildeo do estresse no trabalho ndash as piores condiccedilotildees estatildeo

presentes nas situaccedilotildees de trabalho ldquode alta exigecircnciardquo ao mesmo tempo

em que impotildeem ao trabalhador altas exigecircncias (percebidas por ele como

pressotildees psicoloacutegicas) impedem-no de responder com liberdade a essas

mesmas exigecircncias

Para estudarmos os fatores psicossociais relacionados ao trabalho

utilizamos o questionaacuterio sobre Estresse no Trabalho formulado por

KOMPIER e LEVI (1995) com base no modelo Demanta-Controle Segundo

GALASSO (2005) que utilizou o mesmo instrumento para estudar

operadores de uma Central de Atendimento de Serviccedilo de Sauacutede o referido

questionaacuterio requer o conhecimento da percepccedilatildeodefiniccedilatildeo dos sujeitos

sobre as caracteriacutesticas do trabalho compreendendo inclusive as exigecircncias

(pressotildees psicoloacutegicas) que pesam sobre eles e o grau de controle que

percebem ter sobre o proacuteprio trabalho

22

No Brasil existem estudos sobre sintomas osteomusculares entre os

operadores de teleatendimento de empresas de diferentes ramos de

atividade econocircmica (FERREIRA Jr et al 1997 FERREIRA Jr e SALDIVA

2002 ROCHA et al 2005) Poreacutem natildeo foram encontrados estudos sobre a

prevalecircncia de CVS nestes operadores

23

2 OBJETIVOS

21 GERAL

Estimar a prevalecircncia de CVS (Siacutendrome Visual Associada ao uso

de Computador) entre operadores de duas centrais de

atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

22 ESPECIacuteFICOS

Caracterizar a distribuiccedilatildeo da ocorrecircncia de CVS entre os

operadores das Centrais de Atendimento Telefocircnico segundo as

caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico historia ocupacional situaccedilatildeo de trabalho

fatores de satisfaccedilatildeo durante o trabalho e aspectos psicossociais

do trabalho

Verificar as associaccedilotildees existentes entre os casos definidos como

CVS e as variaacuteveis independentes estudadas

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 15: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

15

produccedilatildeo da laacutegrima (BLEHM et al 2005)

Entre as doenccedilas sistecircmicas siacutendromes e doenccedilas oculares externas

que satildeo consideradas como fatores extriacutensecos oculares BLEHM et al

(2005) citam a Artrite Reumatoacuteide a Siacutendrome de Sjogren e as blefarites

posteriores

PICCOLI (2003) atribui agraves modificaccedilotildees dos processos de trabalho e agrave

crescente utilizaccedilatildeo do computador o aumento progressivo das exigecircncias

de eficiecircncia visual e do uso dos componentes do sistema nervoso a isso

relacionado que coordenam os movimentos dos olhos e sua acomodaccedilatildeo

A relaccedilatildeo entre visatildeo e fatores psicossociais do trabalho eacute sugerida

pela ideacuteia de que os distuacuterbios visuais estatildeo relacionados agrave intensidade e agrave

duraccedilatildeo das exigecircncias visuais agrave situaccedilatildeo de trabalho percebida pelo

empregado e agraves caracteriacutesticas fisiopatoloacutegicas do sistema visual de cada

indiviacuteduo (PICCOLI 2003)

A Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (ILO 1986) define os fatores

psicossociais do trabalho como a interaccedilatildeo das percepccedilotildees e da experiecircncia

do trabalhador com aspectos relacionados agraves condiccedilotildees e ao ambiente de

trabalho e tambeacutem ligados ao sistema social Propotildee que sejam analisados

fatores de natureza individual como as capacidades e limitaccedilotildees do

trabalhador em relaccedilatildeo agraves exigecircncias do trabalho E inclui entre as

condiccedilotildees de trabalho a tarefa em si as condiccedilotildees fiacutesicas do posto de

trabalho as relaccedilotildees interpessoais entre colegas chefes e clientes Em

relaccedilatildeo aos fatores sociais menciona as preocupaccedilotildees do trabalhador em

relaccedilatildeo agrave famiacutelia e agrave vida pessoal elementos culturais nutriccedilatildeo condiccedilotildees

16

de transporte e habitaccedilatildeo

A preocupaccedilatildeo com as repercussotildees do trabalho sobre a visatildeo tem

crescido nos uacuteltimos anos Exemplo disso foi a criaccedilatildeo de um comitecirc

cientiacutefico especiacutefico pela Comissatildeo Internacional de Sauacutede Ocupacional

(ICOH - International Commission on Occupational Health) denominado

Comitecirc Trabalho e Visatildeo (ICOH ICWV - International Scientific Committee

on Work and Vision) A proposta do documento elaborado por este comitecirc eacute

de que os distuacuterbios oculares relacionados ao trabalho tecircm origem

multifatorial podendo estar associados agrave atividade de trabalho agraves condiccedilotildees

ambientais e agraves caracteriacutesticas oftalmoloacutegicas individuais (PICCOLI 2003)

SCHAEFER (2009) afirma que o ICOH-ICWV procura desenvolver

sistematicamente o tema com vistas a uma aproximaccedilatildeo mais racional e

completa entre trabalho e visatildeo Segundo o comitecirc os avanccedilos das

pesquisas nesta aacuterea devem proporcionar aos trabalhadores melhores

condiccedilotildees visuais nos locais de trabalho levando a uma maior qualidade no

trabalho e a atividades menos exaustivas e menos estressantes o que pode

resultar em maior produtividade

12 O TRABALHO EM CENTRAIS DE TELEATENDIMENTO

Segundo LIDA (1990) com a difusatildeo do uso dos computadores os

postos de trabalho com monitores se tornaram mais frequentes nas

17

empresas industriais e nos escritoacuterios nos uacuteltimos anos A utilizaccedilatildeo desta

tecnologia proporcionou uma grande evoluccedilatildeo e importantes melhorias na

realizaccedilatildeo das atividades profissionais dos indiviacuteduos como por exemplo o

incremento na qualidade e na produccedilatildeo e maior eficiecircncia

Nos escritoacuterios tradicionais as tarefas eram mais variadas permitindo

mudanccedilas de postura durante a jornada de trabalho No posto de trabalho

atual com o uso do computador o indiviacuteduo permanece quase estaacutetico

durante horas com a atenccedilatildeo fixa na tela do monitor e as matildeos sobre o

teclado realizando diferentes operaccedilotildees Segundo GRANDJEAN e

HUumlNTING (1997) o trabalhador se torna parte do sistema homem-maacutequina

seus movimentos e o espaccedilo de manobras satildeo limitados Esta condiccedilatildeo estaacute

frequentemente relacionada a um desenho inadequado do posto de trabalho

a problemas de iluminaccedilatildeo ou a problemas de visatildeo natildeo corrigidos ou natildeo

corretamente corrigidos para o trabalho a ser desempenhado

A utilizaccedilatildeo de computador de maneira constante eacute uma das

caracteriacutesticas dos Call Centers ou Centrais de Atendimento Telefocircnico que

podem ser definidos como uma estrutura organizacional que compreende

postos de trabalho para atendimento ao cliente por meio da utilizaccedilatildeo de um

terminal de computador e um aparelho telefocircnico (ROCHA e GLINA 2005)

As Centrais de Atendimento Telefocircnico incluem qualquer atividade por

meio de sistemas de informaccedilatildeo com o objetivo de desenvolver accedilotildees

padronizadas e contiacutenuas de marketing eou favorecer a comunicaccedilatildeo com

clientes puacuteblico em geral ou agecircncias governamentais (VILELA e

ASSUNCcedilAtildeO 2004)

18

Os serviccedilos prestados compreendem o fornecimento de informaccedilotildees

ao puacuteblico ou clientes das empresas recebimento de reclamaccedilotildees venda e

assistecircncia teacutecnica de produtos entre outros Eacute a caracteriacutestica da empresa

principal que determina o conteuacutedo do trabalho dos ldquooperadores de

telemarketingrdquo que eacute a denominaccedilatildeo usual dada aos trabalhadores nestes

serviccedilos no Brasil e adotada pela Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

(CBO) - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (BRASIL 2005)

Na Inglaterra esse tipo de atividade jaacute emprega mais funcionaacuterios

diretos do que as induacutestrias de carvatildeo accedilo e automobiliacutestica reunidas Em

uma estimativa realizada em 2002 havia cinco milhotildees de pessoas

empregadas em Call Center nos Estados Unidos e aproximadamente 15

milhatildeo na Europa (TOOMINGAS et al 2002)

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Telemarketing ndash ABT em 2009 o

Brasil ultrapassou a marca de 900 mil trabalhadores envolvidos neste setor

Para se entender a dimensatildeo da importacircncia do estudo das condiccedilotildees de

trabalho dos operadores de telemarketing instituiccedilotildees de pesquisa e

sindicatos de diversos paiacuteses da Europa como Alemanha Beacutelgica Itaacutelia e

outros criaram em 1999 um ldquoquadro de observaccedilatildeo social dos Call

Centersrdquo segundo o qual esse tipo de organizaccedilatildeo tornou-se sinocircnimo de

uma forma moderna de degradaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho

A anaacutelise das caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo do trabalho nos Call

Centers tem suscitado comparaccedilotildees com o modo de organizaccedilatildeo industrial

desenvolvido no iniacutecio do seacuteculo XX por Frederick Winslow Taylor

conhecido por ldquoAdministraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalhordquo com o objetivo de

19

maximizar a produtividade industrial pela via da ldquoracionalizaccedilatildeo do trabalhordquo

O sistema hoje tambeacutem nomeado de ldquotaylorismordquo baseava-se no

conceito de um ldquohomo economicusrdquo ou seja um trabalhador cujo principal

incentivo para trabalhar de modo eficiente seria o salaacuterio Entre os princiacutepios

que norteavam a Administraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalho estavam uma clara

separaccedilatildeo entre planejamentocontrole e a execuccedilatildeo do trabalho a

substituiccedilatildeo do criteacuterio individual do operaacuterio por um criteacuterio considerado

cientiacutefico a eliminaccedilatildeo dos tempos mortos ie improdutivos por meio da

definiccedilatildeo dos tempos meacutedios exigidos para a realizaccedilatildeo das tarefas uma

seleccedilatildeo e um treinamento meticulosos dos empregados para a realizaccedilatildeo

das tarefas (PARAGUAY 2003) A uacutenica fadiga considerada pelo taylorismo

era a fadiga fisioloacutegica (MOURA 1993 apud PARAGUAY 2003)

Segundo BUSCATTO (2002) taylorizaccedilatildeo estresse baixas

remuneraccedilotildees e precarizaccedilatildeo da matildeo de obra satildeo algumas das palavras-

chaves ligadas ao setor de telemarketing

Para VENCO (2006) o forte predomiacutenio do taylorismo indica que a

organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento encontra respaldo na

sofisticaccedilatildeo da tecnologia utilizada nesse setor da economia visto que todas

as movimentaccedilotildees realizadas nas posiccedilotildees de atendimento satildeo registradas

pelo software o nuacutemero de ligaccedilotildees feitas e recebidas o tempo de

atendimento as pausas as vendas realizadas as estatiacutesticas dos resultados

das ligaccedilotildees a indicaccedilatildeo de clientes agrave espera e o tempo excedido de

atendimento entre outros dados Aleacutem disso a tecnologia atua ainda por

meio de um equipamento multifuncional que eacute fundamental para a

20

racionalizaccedilatildeo do trabalho e o aumento da produtividade conhecido como

DAC esse equipamento distribui automaticamente as ligaccedilotildees recebidas

entre os operadores haacute mais tempo ociosos e grava na iacutentegra todos os

atendimentos

Para READ (2001) do ponto de vista da sauacutede o ambiente dos

centros de teleatendimento eacute considerado de meacutedio a alto risco sendo as

principais queixas dores de cabeccedila no pescoccedilo nos membros superiores e

em menor escala nas costas e nos membros inferiores aleacutem de tensatildeo e

fadiga visuais

Do que foi exposto pode-se afirmar que as condiccedilotildees adversas de

trabalho no setor de teleatendimento envolvem problemas relativos agraves

condiccedilotildees e agrave organizaccedilatildeo do trabalho

Para explicar o estresse no trabalho e as repercussotildees na sauacutede do

trabalhador GLINA (2010) cita o modelo de KARASEK e THEORELL (1990)

segundo o qual as caracteriacutesticas do trabalho podem natildeo estar associadas

de forma linear agrave sauacutede do trabalhador mas podem combinar-se

interativamente em relaccedilatildeo agrave sauacutede

Em outras palavras o modelo de anaacutelise formulado por KARASEK e

THEORELL (1990) conhecido como modelo Demanda-Controle pressupotildee

que o estresse ocupacional pode levar agrave doenccedila natildeo pela somatoacuteria de um

conjunto de diversas situaccedilotildees de conflito mas pela relaccedilatildeo entre as

tensotildees geradas pelas exigecircncias do trabalho e a capacidade do trabalhador

em dirimir esse niacutevel de tensatildeo principalmente a partir de suas

possibilidades de tomada de decisotildees e controle sobre o proacuteprio trabalho

21

GLINA (2010) explica ainda que o modelo proposto por eles envolve

uma abordagem tridimensional contemplando os seguintes aspectos

demanda controle e apoio social De acordo com ARAUacuteJO (2010) o

modelo estabelece a partir de combinaccedilatildeo de diferentes niacuteveis de controle e

demanda quatro tipos baacutesicos de experiecircncias no trabalho alta exigecircncia do

trabalho (caracterizada por situaccedilatildeo de trabalho com alta demanda e baixo

controle) trabalho ativo (situaccedilatildeo de alta demanda e alto controle) trabalho

passivo (baixa demanda e baixo controle) e baixa exigecircncia (combinando

baixa demanda e alto controle)

Segundo o modelo citado ndash um dos mais utilizados em todo o mundo

para a avaliaccedilatildeo do estresse no trabalho ndash as piores condiccedilotildees estatildeo

presentes nas situaccedilotildees de trabalho ldquode alta exigecircnciardquo ao mesmo tempo

em que impotildeem ao trabalhador altas exigecircncias (percebidas por ele como

pressotildees psicoloacutegicas) impedem-no de responder com liberdade a essas

mesmas exigecircncias

Para estudarmos os fatores psicossociais relacionados ao trabalho

utilizamos o questionaacuterio sobre Estresse no Trabalho formulado por

KOMPIER e LEVI (1995) com base no modelo Demanta-Controle Segundo

GALASSO (2005) que utilizou o mesmo instrumento para estudar

operadores de uma Central de Atendimento de Serviccedilo de Sauacutede o referido

questionaacuterio requer o conhecimento da percepccedilatildeodefiniccedilatildeo dos sujeitos

sobre as caracteriacutesticas do trabalho compreendendo inclusive as exigecircncias

(pressotildees psicoloacutegicas) que pesam sobre eles e o grau de controle que

percebem ter sobre o proacuteprio trabalho

22

No Brasil existem estudos sobre sintomas osteomusculares entre os

operadores de teleatendimento de empresas de diferentes ramos de

atividade econocircmica (FERREIRA Jr et al 1997 FERREIRA Jr e SALDIVA

2002 ROCHA et al 2005) Poreacutem natildeo foram encontrados estudos sobre a

prevalecircncia de CVS nestes operadores

23

2 OBJETIVOS

21 GERAL

Estimar a prevalecircncia de CVS (Siacutendrome Visual Associada ao uso

de Computador) entre operadores de duas centrais de

atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

22 ESPECIacuteFICOS

Caracterizar a distribuiccedilatildeo da ocorrecircncia de CVS entre os

operadores das Centrais de Atendimento Telefocircnico segundo as

caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico historia ocupacional situaccedilatildeo de trabalho

fatores de satisfaccedilatildeo durante o trabalho e aspectos psicossociais

do trabalho

Verificar as associaccedilotildees existentes entre os casos definidos como

CVS e as variaacuteveis independentes estudadas

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 16: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

16

de transporte e habitaccedilatildeo

A preocupaccedilatildeo com as repercussotildees do trabalho sobre a visatildeo tem

crescido nos uacuteltimos anos Exemplo disso foi a criaccedilatildeo de um comitecirc

cientiacutefico especiacutefico pela Comissatildeo Internacional de Sauacutede Ocupacional

(ICOH - International Commission on Occupational Health) denominado

Comitecirc Trabalho e Visatildeo (ICOH ICWV - International Scientific Committee

on Work and Vision) A proposta do documento elaborado por este comitecirc eacute

de que os distuacuterbios oculares relacionados ao trabalho tecircm origem

multifatorial podendo estar associados agrave atividade de trabalho agraves condiccedilotildees

ambientais e agraves caracteriacutesticas oftalmoloacutegicas individuais (PICCOLI 2003)

SCHAEFER (2009) afirma que o ICOH-ICWV procura desenvolver

sistematicamente o tema com vistas a uma aproximaccedilatildeo mais racional e

completa entre trabalho e visatildeo Segundo o comitecirc os avanccedilos das

pesquisas nesta aacuterea devem proporcionar aos trabalhadores melhores

condiccedilotildees visuais nos locais de trabalho levando a uma maior qualidade no

trabalho e a atividades menos exaustivas e menos estressantes o que pode

resultar em maior produtividade

12 O TRABALHO EM CENTRAIS DE TELEATENDIMENTO

Segundo LIDA (1990) com a difusatildeo do uso dos computadores os

postos de trabalho com monitores se tornaram mais frequentes nas

17

empresas industriais e nos escritoacuterios nos uacuteltimos anos A utilizaccedilatildeo desta

tecnologia proporcionou uma grande evoluccedilatildeo e importantes melhorias na

realizaccedilatildeo das atividades profissionais dos indiviacuteduos como por exemplo o

incremento na qualidade e na produccedilatildeo e maior eficiecircncia

Nos escritoacuterios tradicionais as tarefas eram mais variadas permitindo

mudanccedilas de postura durante a jornada de trabalho No posto de trabalho

atual com o uso do computador o indiviacuteduo permanece quase estaacutetico

durante horas com a atenccedilatildeo fixa na tela do monitor e as matildeos sobre o

teclado realizando diferentes operaccedilotildees Segundo GRANDJEAN e

HUumlNTING (1997) o trabalhador se torna parte do sistema homem-maacutequina

seus movimentos e o espaccedilo de manobras satildeo limitados Esta condiccedilatildeo estaacute

frequentemente relacionada a um desenho inadequado do posto de trabalho

a problemas de iluminaccedilatildeo ou a problemas de visatildeo natildeo corrigidos ou natildeo

corretamente corrigidos para o trabalho a ser desempenhado

A utilizaccedilatildeo de computador de maneira constante eacute uma das

caracteriacutesticas dos Call Centers ou Centrais de Atendimento Telefocircnico que

podem ser definidos como uma estrutura organizacional que compreende

postos de trabalho para atendimento ao cliente por meio da utilizaccedilatildeo de um

terminal de computador e um aparelho telefocircnico (ROCHA e GLINA 2005)

As Centrais de Atendimento Telefocircnico incluem qualquer atividade por

meio de sistemas de informaccedilatildeo com o objetivo de desenvolver accedilotildees

padronizadas e contiacutenuas de marketing eou favorecer a comunicaccedilatildeo com

clientes puacuteblico em geral ou agecircncias governamentais (VILELA e

ASSUNCcedilAtildeO 2004)

18

Os serviccedilos prestados compreendem o fornecimento de informaccedilotildees

ao puacuteblico ou clientes das empresas recebimento de reclamaccedilotildees venda e

assistecircncia teacutecnica de produtos entre outros Eacute a caracteriacutestica da empresa

principal que determina o conteuacutedo do trabalho dos ldquooperadores de

telemarketingrdquo que eacute a denominaccedilatildeo usual dada aos trabalhadores nestes

serviccedilos no Brasil e adotada pela Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

(CBO) - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (BRASIL 2005)

Na Inglaterra esse tipo de atividade jaacute emprega mais funcionaacuterios

diretos do que as induacutestrias de carvatildeo accedilo e automobiliacutestica reunidas Em

uma estimativa realizada em 2002 havia cinco milhotildees de pessoas

empregadas em Call Center nos Estados Unidos e aproximadamente 15

milhatildeo na Europa (TOOMINGAS et al 2002)

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Telemarketing ndash ABT em 2009 o

Brasil ultrapassou a marca de 900 mil trabalhadores envolvidos neste setor

Para se entender a dimensatildeo da importacircncia do estudo das condiccedilotildees de

trabalho dos operadores de telemarketing instituiccedilotildees de pesquisa e

sindicatos de diversos paiacuteses da Europa como Alemanha Beacutelgica Itaacutelia e

outros criaram em 1999 um ldquoquadro de observaccedilatildeo social dos Call

Centersrdquo segundo o qual esse tipo de organizaccedilatildeo tornou-se sinocircnimo de

uma forma moderna de degradaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho

A anaacutelise das caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo do trabalho nos Call

Centers tem suscitado comparaccedilotildees com o modo de organizaccedilatildeo industrial

desenvolvido no iniacutecio do seacuteculo XX por Frederick Winslow Taylor

conhecido por ldquoAdministraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalhordquo com o objetivo de

19

maximizar a produtividade industrial pela via da ldquoracionalizaccedilatildeo do trabalhordquo

O sistema hoje tambeacutem nomeado de ldquotaylorismordquo baseava-se no

conceito de um ldquohomo economicusrdquo ou seja um trabalhador cujo principal

incentivo para trabalhar de modo eficiente seria o salaacuterio Entre os princiacutepios

que norteavam a Administraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalho estavam uma clara

separaccedilatildeo entre planejamentocontrole e a execuccedilatildeo do trabalho a

substituiccedilatildeo do criteacuterio individual do operaacuterio por um criteacuterio considerado

cientiacutefico a eliminaccedilatildeo dos tempos mortos ie improdutivos por meio da

definiccedilatildeo dos tempos meacutedios exigidos para a realizaccedilatildeo das tarefas uma

seleccedilatildeo e um treinamento meticulosos dos empregados para a realizaccedilatildeo

das tarefas (PARAGUAY 2003) A uacutenica fadiga considerada pelo taylorismo

era a fadiga fisioloacutegica (MOURA 1993 apud PARAGUAY 2003)

Segundo BUSCATTO (2002) taylorizaccedilatildeo estresse baixas

remuneraccedilotildees e precarizaccedilatildeo da matildeo de obra satildeo algumas das palavras-

chaves ligadas ao setor de telemarketing

Para VENCO (2006) o forte predomiacutenio do taylorismo indica que a

organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento encontra respaldo na

sofisticaccedilatildeo da tecnologia utilizada nesse setor da economia visto que todas

as movimentaccedilotildees realizadas nas posiccedilotildees de atendimento satildeo registradas

pelo software o nuacutemero de ligaccedilotildees feitas e recebidas o tempo de

atendimento as pausas as vendas realizadas as estatiacutesticas dos resultados

das ligaccedilotildees a indicaccedilatildeo de clientes agrave espera e o tempo excedido de

atendimento entre outros dados Aleacutem disso a tecnologia atua ainda por

meio de um equipamento multifuncional que eacute fundamental para a

20

racionalizaccedilatildeo do trabalho e o aumento da produtividade conhecido como

DAC esse equipamento distribui automaticamente as ligaccedilotildees recebidas

entre os operadores haacute mais tempo ociosos e grava na iacutentegra todos os

atendimentos

Para READ (2001) do ponto de vista da sauacutede o ambiente dos

centros de teleatendimento eacute considerado de meacutedio a alto risco sendo as

principais queixas dores de cabeccedila no pescoccedilo nos membros superiores e

em menor escala nas costas e nos membros inferiores aleacutem de tensatildeo e

fadiga visuais

Do que foi exposto pode-se afirmar que as condiccedilotildees adversas de

trabalho no setor de teleatendimento envolvem problemas relativos agraves

condiccedilotildees e agrave organizaccedilatildeo do trabalho

Para explicar o estresse no trabalho e as repercussotildees na sauacutede do

trabalhador GLINA (2010) cita o modelo de KARASEK e THEORELL (1990)

segundo o qual as caracteriacutesticas do trabalho podem natildeo estar associadas

de forma linear agrave sauacutede do trabalhador mas podem combinar-se

interativamente em relaccedilatildeo agrave sauacutede

Em outras palavras o modelo de anaacutelise formulado por KARASEK e

THEORELL (1990) conhecido como modelo Demanda-Controle pressupotildee

que o estresse ocupacional pode levar agrave doenccedila natildeo pela somatoacuteria de um

conjunto de diversas situaccedilotildees de conflito mas pela relaccedilatildeo entre as

tensotildees geradas pelas exigecircncias do trabalho e a capacidade do trabalhador

em dirimir esse niacutevel de tensatildeo principalmente a partir de suas

possibilidades de tomada de decisotildees e controle sobre o proacuteprio trabalho

21

GLINA (2010) explica ainda que o modelo proposto por eles envolve

uma abordagem tridimensional contemplando os seguintes aspectos

demanda controle e apoio social De acordo com ARAUacuteJO (2010) o

modelo estabelece a partir de combinaccedilatildeo de diferentes niacuteveis de controle e

demanda quatro tipos baacutesicos de experiecircncias no trabalho alta exigecircncia do

trabalho (caracterizada por situaccedilatildeo de trabalho com alta demanda e baixo

controle) trabalho ativo (situaccedilatildeo de alta demanda e alto controle) trabalho

passivo (baixa demanda e baixo controle) e baixa exigecircncia (combinando

baixa demanda e alto controle)

Segundo o modelo citado ndash um dos mais utilizados em todo o mundo

para a avaliaccedilatildeo do estresse no trabalho ndash as piores condiccedilotildees estatildeo

presentes nas situaccedilotildees de trabalho ldquode alta exigecircnciardquo ao mesmo tempo

em que impotildeem ao trabalhador altas exigecircncias (percebidas por ele como

pressotildees psicoloacutegicas) impedem-no de responder com liberdade a essas

mesmas exigecircncias

Para estudarmos os fatores psicossociais relacionados ao trabalho

utilizamos o questionaacuterio sobre Estresse no Trabalho formulado por

KOMPIER e LEVI (1995) com base no modelo Demanta-Controle Segundo

GALASSO (2005) que utilizou o mesmo instrumento para estudar

operadores de uma Central de Atendimento de Serviccedilo de Sauacutede o referido

questionaacuterio requer o conhecimento da percepccedilatildeodefiniccedilatildeo dos sujeitos

sobre as caracteriacutesticas do trabalho compreendendo inclusive as exigecircncias

(pressotildees psicoloacutegicas) que pesam sobre eles e o grau de controle que

percebem ter sobre o proacuteprio trabalho

22

No Brasil existem estudos sobre sintomas osteomusculares entre os

operadores de teleatendimento de empresas de diferentes ramos de

atividade econocircmica (FERREIRA Jr et al 1997 FERREIRA Jr e SALDIVA

2002 ROCHA et al 2005) Poreacutem natildeo foram encontrados estudos sobre a

prevalecircncia de CVS nestes operadores

23

2 OBJETIVOS

21 GERAL

Estimar a prevalecircncia de CVS (Siacutendrome Visual Associada ao uso

de Computador) entre operadores de duas centrais de

atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

22 ESPECIacuteFICOS

Caracterizar a distribuiccedilatildeo da ocorrecircncia de CVS entre os

operadores das Centrais de Atendimento Telefocircnico segundo as

caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico historia ocupacional situaccedilatildeo de trabalho

fatores de satisfaccedilatildeo durante o trabalho e aspectos psicossociais

do trabalho

Verificar as associaccedilotildees existentes entre os casos definidos como

CVS e as variaacuteveis independentes estudadas

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 17: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

17

empresas industriais e nos escritoacuterios nos uacuteltimos anos A utilizaccedilatildeo desta

tecnologia proporcionou uma grande evoluccedilatildeo e importantes melhorias na

realizaccedilatildeo das atividades profissionais dos indiviacuteduos como por exemplo o

incremento na qualidade e na produccedilatildeo e maior eficiecircncia

Nos escritoacuterios tradicionais as tarefas eram mais variadas permitindo

mudanccedilas de postura durante a jornada de trabalho No posto de trabalho

atual com o uso do computador o indiviacuteduo permanece quase estaacutetico

durante horas com a atenccedilatildeo fixa na tela do monitor e as matildeos sobre o

teclado realizando diferentes operaccedilotildees Segundo GRANDJEAN e

HUumlNTING (1997) o trabalhador se torna parte do sistema homem-maacutequina

seus movimentos e o espaccedilo de manobras satildeo limitados Esta condiccedilatildeo estaacute

frequentemente relacionada a um desenho inadequado do posto de trabalho

a problemas de iluminaccedilatildeo ou a problemas de visatildeo natildeo corrigidos ou natildeo

corretamente corrigidos para o trabalho a ser desempenhado

A utilizaccedilatildeo de computador de maneira constante eacute uma das

caracteriacutesticas dos Call Centers ou Centrais de Atendimento Telefocircnico que

podem ser definidos como uma estrutura organizacional que compreende

postos de trabalho para atendimento ao cliente por meio da utilizaccedilatildeo de um

terminal de computador e um aparelho telefocircnico (ROCHA e GLINA 2005)

As Centrais de Atendimento Telefocircnico incluem qualquer atividade por

meio de sistemas de informaccedilatildeo com o objetivo de desenvolver accedilotildees

padronizadas e contiacutenuas de marketing eou favorecer a comunicaccedilatildeo com

clientes puacuteblico em geral ou agecircncias governamentais (VILELA e

ASSUNCcedilAtildeO 2004)

18

Os serviccedilos prestados compreendem o fornecimento de informaccedilotildees

ao puacuteblico ou clientes das empresas recebimento de reclamaccedilotildees venda e

assistecircncia teacutecnica de produtos entre outros Eacute a caracteriacutestica da empresa

principal que determina o conteuacutedo do trabalho dos ldquooperadores de

telemarketingrdquo que eacute a denominaccedilatildeo usual dada aos trabalhadores nestes

serviccedilos no Brasil e adotada pela Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

(CBO) - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (BRASIL 2005)

Na Inglaterra esse tipo de atividade jaacute emprega mais funcionaacuterios

diretos do que as induacutestrias de carvatildeo accedilo e automobiliacutestica reunidas Em

uma estimativa realizada em 2002 havia cinco milhotildees de pessoas

empregadas em Call Center nos Estados Unidos e aproximadamente 15

milhatildeo na Europa (TOOMINGAS et al 2002)

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Telemarketing ndash ABT em 2009 o

Brasil ultrapassou a marca de 900 mil trabalhadores envolvidos neste setor

Para se entender a dimensatildeo da importacircncia do estudo das condiccedilotildees de

trabalho dos operadores de telemarketing instituiccedilotildees de pesquisa e

sindicatos de diversos paiacuteses da Europa como Alemanha Beacutelgica Itaacutelia e

outros criaram em 1999 um ldquoquadro de observaccedilatildeo social dos Call

Centersrdquo segundo o qual esse tipo de organizaccedilatildeo tornou-se sinocircnimo de

uma forma moderna de degradaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho

A anaacutelise das caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo do trabalho nos Call

Centers tem suscitado comparaccedilotildees com o modo de organizaccedilatildeo industrial

desenvolvido no iniacutecio do seacuteculo XX por Frederick Winslow Taylor

conhecido por ldquoAdministraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalhordquo com o objetivo de

19

maximizar a produtividade industrial pela via da ldquoracionalizaccedilatildeo do trabalhordquo

O sistema hoje tambeacutem nomeado de ldquotaylorismordquo baseava-se no

conceito de um ldquohomo economicusrdquo ou seja um trabalhador cujo principal

incentivo para trabalhar de modo eficiente seria o salaacuterio Entre os princiacutepios

que norteavam a Administraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalho estavam uma clara

separaccedilatildeo entre planejamentocontrole e a execuccedilatildeo do trabalho a

substituiccedilatildeo do criteacuterio individual do operaacuterio por um criteacuterio considerado

cientiacutefico a eliminaccedilatildeo dos tempos mortos ie improdutivos por meio da

definiccedilatildeo dos tempos meacutedios exigidos para a realizaccedilatildeo das tarefas uma

seleccedilatildeo e um treinamento meticulosos dos empregados para a realizaccedilatildeo

das tarefas (PARAGUAY 2003) A uacutenica fadiga considerada pelo taylorismo

era a fadiga fisioloacutegica (MOURA 1993 apud PARAGUAY 2003)

Segundo BUSCATTO (2002) taylorizaccedilatildeo estresse baixas

remuneraccedilotildees e precarizaccedilatildeo da matildeo de obra satildeo algumas das palavras-

chaves ligadas ao setor de telemarketing

Para VENCO (2006) o forte predomiacutenio do taylorismo indica que a

organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento encontra respaldo na

sofisticaccedilatildeo da tecnologia utilizada nesse setor da economia visto que todas

as movimentaccedilotildees realizadas nas posiccedilotildees de atendimento satildeo registradas

pelo software o nuacutemero de ligaccedilotildees feitas e recebidas o tempo de

atendimento as pausas as vendas realizadas as estatiacutesticas dos resultados

das ligaccedilotildees a indicaccedilatildeo de clientes agrave espera e o tempo excedido de

atendimento entre outros dados Aleacutem disso a tecnologia atua ainda por

meio de um equipamento multifuncional que eacute fundamental para a

20

racionalizaccedilatildeo do trabalho e o aumento da produtividade conhecido como

DAC esse equipamento distribui automaticamente as ligaccedilotildees recebidas

entre os operadores haacute mais tempo ociosos e grava na iacutentegra todos os

atendimentos

Para READ (2001) do ponto de vista da sauacutede o ambiente dos

centros de teleatendimento eacute considerado de meacutedio a alto risco sendo as

principais queixas dores de cabeccedila no pescoccedilo nos membros superiores e

em menor escala nas costas e nos membros inferiores aleacutem de tensatildeo e

fadiga visuais

Do que foi exposto pode-se afirmar que as condiccedilotildees adversas de

trabalho no setor de teleatendimento envolvem problemas relativos agraves

condiccedilotildees e agrave organizaccedilatildeo do trabalho

Para explicar o estresse no trabalho e as repercussotildees na sauacutede do

trabalhador GLINA (2010) cita o modelo de KARASEK e THEORELL (1990)

segundo o qual as caracteriacutesticas do trabalho podem natildeo estar associadas

de forma linear agrave sauacutede do trabalhador mas podem combinar-se

interativamente em relaccedilatildeo agrave sauacutede

Em outras palavras o modelo de anaacutelise formulado por KARASEK e

THEORELL (1990) conhecido como modelo Demanda-Controle pressupotildee

que o estresse ocupacional pode levar agrave doenccedila natildeo pela somatoacuteria de um

conjunto de diversas situaccedilotildees de conflito mas pela relaccedilatildeo entre as

tensotildees geradas pelas exigecircncias do trabalho e a capacidade do trabalhador

em dirimir esse niacutevel de tensatildeo principalmente a partir de suas

possibilidades de tomada de decisotildees e controle sobre o proacuteprio trabalho

21

GLINA (2010) explica ainda que o modelo proposto por eles envolve

uma abordagem tridimensional contemplando os seguintes aspectos

demanda controle e apoio social De acordo com ARAUacuteJO (2010) o

modelo estabelece a partir de combinaccedilatildeo de diferentes niacuteveis de controle e

demanda quatro tipos baacutesicos de experiecircncias no trabalho alta exigecircncia do

trabalho (caracterizada por situaccedilatildeo de trabalho com alta demanda e baixo

controle) trabalho ativo (situaccedilatildeo de alta demanda e alto controle) trabalho

passivo (baixa demanda e baixo controle) e baixa exigecircncia (combinando

baixa demanda e alto controle)

Segundo o modelo citado ndash um dos mais utilizados em todo o mundo

para a avaliaccedilatildeo do estresse no trabalho ndash as piores condiccedilotildees estatildeo

presentes nas situaccedilotildees de trabalho ldquode alta exigecircnciardquo ao mesmo tempo

em que impotildeem ao trabalhador altas exigecircncias (percebidas por ele como

pressotildees psicoloacutegicas) impedem-no de responder com liberdade a essas

mesmas exigecircncias

Para estudarmos os fatores psicossociais relacionados ao trabalho

utilizamos o questionaacuterio sobre Estresse no Trabalho formulado por

KOMPIER e LEVI (1995) com base no modelo Demanta-Controle Segundo

GALASSO (2005) que utilizou o mesmo instrumento para estudar

operadores de uma Central de Atendimento de Serviccedilo de Sauacutede o referido

questionaacuterio requer o conhecimento da percepccedilatildeodefiniccedilatildeo dos sujeitos

sobre as caracteriacutesticas do trabalho compreendendo inclusive as exigecircncias

(pressotildees psicoloacutegicas) que pesam sobre eles e o grau de controle que

percebem ter sobre o proacuteprio trabalho

22

No Brasil existem estudos sobre sintomas osteomusculares entre os

operadores de teleatendimento de empresas de diferentes ramos de

atividade econocircmica (FERREIRA Jr et al 1997 FERREIRA Jr e SALDIVA

2002 ROCHA et al 2005) Poreacutem natildeo foram encontrados estudos sobre a

prevalecircncia de CVS nestes operadores

23

2 OBJETIVOS

21 GERAL

Estimar a prevalecircncia de CVS (Siacutendrome Visual Associada ao uso

de Computador) entre operadores de duas centrais de

atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

22 ESPECIacuteFICOS

Caracterizar a distribuiccedilatildeo da ocorrecircncia de CVS entre os

operadores das Centrais de Atendimento Telefocircnico segundo as

caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico historia ocupacional situaccedilatildeo de trabalho

fatores de satisfaccedilatildeo durante o trabalho e aspectos psicossociais

do trabalho

Verificar as associaccedilotildees existentes entre os casos definidos como

CVS e as variaacuteveis independentes estudadas

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 18: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

18

Os serviccedilos prestados compreendem o fornecimento de informaccedilotildees

ao puacuteblico ou clientes das empresas recebimento de reclamaccedilotildees venda e

assistecircncia teacutecnica de produtos entre outros Eacute a caracteriacutestica da empresa

principal que determina o conteuacutedo do trabalho dos ldquooperadores de

telemarketingrdquo que eacute a denominaccedilatildeo usual dada aos trabalhadores nestes

serviccedilos no Brasil e adotada pela Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees

(CBO) - Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (BRASIL 2005)

Na Inglaterra esse tipo de atividade jaacute emprega mais funcionaacuterios

diretos do que as induacutestrias de carvatildeo accedilo e automobiliacutestica reunidas Em

uma estimativa realizada em 2002 havia cinco milhotildees de pessoas

empregadas em Call Center nos Estados Unidos e aproximadamente 15

milhatildeo na Europa (TOOMINGAS et al 2002)

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Telemarketing ndash ABT em 2009 o

Brasil ultrapassou a marca de 900 mil trabalhadores envolvidos neste setor

Para se entender a dimensatildeo da importacircncia do estudo das condiccedilotildees de

trabalho dos operadores de telemarketing instituiccedilotildees de pesquisa e

sindicatos de diversos paiacuteses da Europa como Alemanha Beacutelgica Itaacutelia e

outros criaram em 1999 um ldquoquadro de observaccedilatildeo social dos Call

Centersrdquo segundo o qual esse tipo de organizaccedilatildeo tornou-se sinocircnimo de

uma forma moderna de degradaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho

A anaacutelise das caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo do trabalho nos Call

Centers tem suscitado comparaccedilotildees com o modo de organizaccedilatildeo industrial

desenvolvido no iniacutecio do seacuteculo XX por Frederick Winslow Taylor

conhecido por ldquoAdministraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalhordquo com o objetivo de

19

maximizar a produtividade industrial pela via da ldquoracionalizaccedilatildeo do trabalhordquo

O sistema hoje tambeacutem nomeado de ldquotaylorismordquo baseava-se no

conceito de um ldquohomo economicusrdquo ou seja um trabalhador cujo principal

incentivo para trabalhar de modo eficiente seria o salaacuterio Entre os princiacutepios

que norteavam a Administraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalho estavam uma clara

separaccedilatildeo entre planejamentocontrole e a execuccedilatildeo do trabalho a

substituiccedilatildeo do criteacuterio individual do operaacuterio por um criteacuterio considerado

cientiacutefico a eliminaccedilatildeo dos tempos mortos ie improdutivos por meio da

definiccedilatildeo dos tempos meacutedios exigidos para a realizaccedilatildeo das tarefas uma

seleccedilatildeo e um treinamento meticulosos dos empregados para a realizaccedilatildeo

das tarefas (PARAGUAY 2003) A uacutenica fadiga considerada pelo taylorismo

era a fadiga fisioloacutegica (MOURA 1993 apud PARAGUAY 2003)

Segundo BUSCATTO (2002) taylorizaccedilatildeo estresse baixas

remuneraccedilotildees e precarizaccedilatildeo da matildeo de obra satildeo algumas das palavras-

chaves ligadas ao setor de telemarketing

Para VENCO (2006) o forte predomiacutenio do taylorismo indica que a

organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento encontra respaldo na

sofisticaccedilatildeo da tecnologia utilizada nesse setor da economia visto que todas

as movimentaccedilotildees realizadas nas posiccedilotildees de atendimento satildeo registradas

pelo software o nuacutemero de ligaccedilotildees feitas e recebidas o tempo de

atendimento as pausas as vendas realizadas as estatiacutesticas dos resultados

das ligaccedilotildees a indicaccedilatildeo de clientes agrave espera e o tempo excedido de

atendimento entre outros dados Aleacutem disso a tecnologia atua ainda por

meio de um equipamento multifuncional que eacute fundamental para a

20

racionalizaccedilatildeo do trabalho e o aumento da produtividade conhecido como

DAC esse equipamento distribui automaticamente as ligaccedilotildees recebidas

entre os operadores haacute mais tempo ociosos e grava na iacutentegra todos os

atendimentos

Para READ (2001) do ponto de vista da sauacutede o ambiente dos

centros de teleatendimento eacute considerado de meacutedio a alto risco sendo as

principais queixas dores de cabeccedila no pescoccedilo nos membros superiores e

em menor escala nas costas e nos membros inferiores aleacutem de tensatildeo e

fadiga visuais

Do que foi exposto pode-se afirmar que as condiccedilotildees adversas de

trabalho no setor de teleatendimento envolvem problemas relativos agraves

condiccedilotildees e agrave organizaccedilatildeo do trabalho

Para explicar o estresse no trabalho e as repercussotildees na sauacutede do

trabalhador GLINA (2010) cita o modelo de KARASEK e THEORELL (1990)

segundo o qual as caracteriacutesticas do trabalho podem natildeo estar associadas

de forma linear agrave sauacutede do trabalhador mas podem combinar-se

interativamente em relaccedilatildeo agrave sauacutede

Em outras palavras o modelo de anaacutelise formulado por KARASEK e

THEORELL (1990) conhecido como modelo Demanda-Controle pressupotildee

que o estresse ocupacional pode levar agrave doenccedila natildeo pela somatoacuteria de um

conjunto de diversas situaccedilotildees de conflito mas pela relaccedilatildeo entre as

tensotildees geradas pelas exigecircncias do trabalho e a capacidade do trabalhador

em dirimir esse niacutevel de tensatildeo principalmente a partir de suas

possibilidades de tomada de decisotildees e controle sobre o proacuteprio trabalho

21

GLINA (2010) explica ainda que o modelo proposto por eles envolve

uma abordagem tridimensional contemplando os seguintes aspectos

demanda controle e apoio social De acordo com ARAUacuteJO (2010) o

modelo estabelece a partir de combinaccedilatildeo de diferentes niacuteveis de controle e

demanda quatro tipos baacutesicos de experiecircncias no trabalho alta exigecircncia do

trabalho (caracterizada por situaccedilatildeo de trabalho com alta demanda e baixo

controle) trabalho ativo (situaccedilatildeo de alta demanda e alto controle) trabalho

passivo (baixa demanda e baixo controle) e baixa exigecircncia (combinando

baixa demanda e alto controle)

Segundo o modelo citado ndash um dos mais utilizados em todo o mundo

para a avaliaccedilatildeo do estresse no trabalho ndash as piores condiccedilotildees estatildeo

presentes nas situaccedilotildees de trabalho ldquode alta exigecircnciardquo ao mesmo tempo

em que impotildeem ao trabalhador altas exigecircncias (percebidas por ele como

pressotildees psicoloacutegicas) impedem-no de responder com liberdade a essas

mesmas exigecircncias

Para estudarmos os fatores psicossociais relacionados ao trabalho

utilizamos o questionaacuterio sobre Estresse no Trabalho formulado por

KOMPIER e LEVI (1995) com base no modelo Demanta-Controle Segundo

GALASSO (2005) que utilizou o mesmo instrumento para estudar

operadores de uma Central de Atendimento de Serviccedilo de Sauacutede o referido

questionaacuterio requer o conhecimento da percepccedilatildeodefiniccedilatildeo dos sujeitos

sobre as caracteriacutesticas do trabalho compreendendo inclusive as exigecircncias

(pressotildees psicoloacutegicas) que pesam sobre eles e o grau de controle que

percebem ter sobre o proacuteprio trabalho

22

No Brasil existem estudos sobre sintomas osteomusculares entre os

operadores de teleatendimento de empresas de diferentes ramos de

atividade econocircmica (FERREIRA Jr et al 1997 FERREIRA Jr e SALDIVA

2002 ROCHA et al 2005) Poreacutem natildeo foram encontrados estudos sobre a

prevalecircncia de CVS nestes operadores

23

2 OBJETIVOS

21 GERAL

Estimar a prevalecircncia de CVS (Siacutendrome Visual Associada ao uso

de Computador) entre operadores de duas centrais de

atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

22 ESPECIacuteFICOS

Caracterizar a distribuiccedilatildeo da ocorrecircncia de CVS entre os

operadores das Centrais de Atendimento Telefocircnico segundo as

caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico historia ocupacional situaccedilatildeo de trabalho

fatores de satisfaccedilatildeo durante o trabalho e aspectos psicossociais

do trabalho

Verificar as associaccedilotildees existentes entre os casos definidos como

CVS e as variaacuteveis independentes estudadas

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 19: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

19

maximizar a produtividade industrial pela via da ldquoracionalizaccedilatildeo do trabalhordquo

O sistema hoje tambeacutem nomeado de ldquotaylorismordquo baseava-se no

conceito de um ldquohomo economicusrdquo ou seja um trabalhador cujo principal

incentivo para trabalhar de modo eficiente seria o salaacuterio Entre os princiacutepios

que norteavam a Administraccedilatildeo Cientiacutefica do Trabalho estavam uma clara

separaccedilatildeo entre planejamentocontrole e a execuccedilatildeo do trabalho a

substituiccedilatildeo do criteacuterio individual do operaacuterio por um criteacuterio considerado

cientiacutefico a eliminaccedilatildeo dos tempos mortos ie improdutivos por meio da

definiccedilatildeo dos tempos meacutedios exigidos para a realizaccedilatildeo das tarefas uma

seleccedilatildeo e um treinamento meticulosos dos empregados para a realizaccedilatildeo

das tarefas (PARAGUAY 2003) A uacutenica fadiga considerada pelo taylorismo

era a fadiga fisioloacutegica (MOURA 1993 apud PARAGUAY 2003)

Segundo BUSCATTO (2002) taylorizaccedilatildeo estresse baixas

remuneraccedilotildees e precarizaccedilatildeo da matildeo de obra satildeo algumas das palavras-

chaves ligadas ao setor de telemarketing

Para VENCO (2006) o forte predomiacutenio do taylorismo indica que a

organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento encontra respaldo na

sofisticaccedilatildeo da tecnologia utilizada nesse setor da economia visto que todas

as movimentaccedilotildees realizadas nas posiccedilotildees de atendimento satildeo registradas

pelo software o nuacutemero de ligaccedilotildees feitas e recebidas o tempo de

atendimento as pausas as vendas realizadas as estatiacutesticas dos resultados

das ligaccedilotildees a indicaccedilatildeo de clientes agrave espera e o tempo excedido de

atendimento entre outros dados Aleacutem disso a tecnologia atua ainda por

meio de um equipamento multifuncional que eacute fundamental para a

20

racionalizaccedilatildeo do trabalho e o aumento da produtividade conhecido como

DAC esse equipamento distribui automaticamente as ligaccedilotildees recebidas

entre os operadores haacute mais tempo ociosos e grava na iacutentegra todos os

atendimentos

Para READ (2001) do ponto de vista da sauacutede o ambiente dos

centros de teleatendimento eacute considerado de meacutedio a alto risco sendo as

principais queixas dores de cabeccedila no pescoccedilo nos membros superiores e

em menor escala nas costas e nos membros inferiores aleacutem de tensatildeo e

fadiga visuais

Do que foi exposto pode-se afirmar que as condiccedilotildees adversas de

trabalho no setor de teleatendimento envolvem problemas relativos agraves

condiccedilotildees e agrave organizaccedilatildeo do trabalho

Para explicar o estresse no trabalho e as repercussotildees na sauacutede do

trabalhador GLINA (2010) cita o modelo de KARASEK e THEORELL (1990)

segundo o qual as caracteriacutesticas do trabalho podem natildeo estar associadas

de forma linear agrave sauacutede do trabalhador mas podem combinar-se

interativamente em relaccedilatildeo agrave sauacutede

Em outras palavras o modelo de anaacutelise formulado por KARASEK e

THEORELL (1990) conhecido como modelo Demanda-Controle pressupotildee

que o estresse ocupacional pode levar agrave doenccedila natildeo pela somatoacuteria de um

conjunto de diversas situaccedilotildees de conflito mas pela relaccedilatildeo entre as

tensotildees geradas pelas exigecircncias do trabalho e a capacidade do trabalhador

em dirimir esse niacutevel de tensatildeo principalmente a partir de suas

possibilidades de tomada de decisotildees e controle sobre o proacuteprio trabalho

21

GLINA (2010) explica ainda que o modelo proposto por eles envolve

uma abordagem tridimensional contemplando os seguintes aspectos

demanda controle e apoio social De acordo com ARAUacuteJO (2010) o

modelo estabelece a partir de combinaccedilatildeo de diferentes niacuteveis de controle e

demanda quatro tipos baacutesicos de experiecircncias no trabalho alta exigecircncia do

trabalho (caracterizada por situaccedilatildeo de trabalho com alta demanda e baixo

controle) trabalho ativo (situaccedilatildeo de alta demanda e alto controle) trabalho

passivo (baixa demanda e baixo controle) e baixa exigecircncia (combinando

baixa demanda e alto controle)

Segundo o modelo citado ndash um dos mais utilizados em todo o mundo

para a avaliaccedilatildeo do estresse no trabalho ndash as piores condiccedilotildees estatildeo

presentes nas situaccedilotildees de trabalho ldquode alta exigecircnciardquo ao mesmo tempo

em que impotildeem ao trabalhador altas exigecircncias (percebidas por ele como

pressotildees psicoloacutegicas) impedem-no de responder com liberdade a essas

mesmas exigecircncias

Para estudarmos os fatores psicossociais relacionados ao trabalho

utilizamos o questionaacuterio sobre Estresse no Trabalho formulado por

KOMPIER e LEVI (1995) com base no modelo Demanta-Controle Segundo

GALASSO (2005) que utilizou o mesmo instrumento para estudar

operadores de uma Central de Atendimento de Serviccedilo de Sauacutede o referido

questionaacuterio requer o conhecimento da percepccedilatildeodefiniccedilatildeo dos sujeitos

sobre as caracteriacutesticas do trabalho compreendendo inclusive as exigecircncias

(pressotildees psicoloacutegicas) que pesam sobre eles e o grau de controle que

percebem ter sobre o proacuteprio trabalho

22

No Brasil existem estudos sobre sintomas osteomusculares entre os

operadores de teleatendimento de empresas de diferentes ramos de

atividade econocircmica (FERREIRA Jr et al 1997 FERREIRA Jr e SALDIVA

2002 ROCHA et al 2005) Poreacutem natildeo foram encontrados estudos sobre a

prevalecircncia de CVS nestes operadores

23

2 OBJETIVOS

21 GERAL

Estimar a prevalecircncia de CVS (Siacutendrome Visual Associada ao uso

de Computador) entre operadores de duas centrais de

atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

22 ESPECIacuteFICOS

Caracterizar a distribuiccedilatildeo da ocorrecircncia de CVS entre os

operadores das Centrais de Atendimento Telefocircnico segundo as

caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico historia ocupacional situaccedilatildeo de trabalho

fatores de satisfaccedilatildeo durante o trabalho e aspectos psicossociais

do trabalho

Verificar as associaccedilotildees existentes entre os casos definidos como

CVS e as variaacuteveis independentes estudadas

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 20: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

20

racionalizaccedilatildeo do trabalho e o aumento da produtividade conhecido como

DAC esse equipamento distribui automaticamente as ligaccedilotildees recebidas

entre os operadores haacute mais tempo ociosos e grava na iacutentegra todos os

atendimentos

Para READ (2001) do ponto de vista da sauacutede o ambiente dos

centros de teleatendimento eacute considerado de meacutedio a alto risco sendo as

principais queixas dores de cabeccedila no pescoccedilo nos membros superiores e

em menor escala nas costas e nos membros inferiores aleacutem de tensatildeo e

fadiga visuais

Do que foi exposto pode-se afirmar que as condiccedilotildees adversas de

trabalho no setor de teleatendimento envolvem problemas relativos agraves

condiccedilotildees e agrave organizaccedilatildeo do trabalho

Para explicar o estresse no trabalho e as repercussotildees na sauacutede do

trabalhador GLINA (2010) cita o modelo de KARASEK e THEORELL (1990)

segundo o qual as caracteriacutesticas do trabalho podem natildeo estar associadas

de forma linear agrave sauacutede do trabalhador mas podem combinar-se

interativamente em relaccedilatildeo agrave sauacutede

Em outras palavras o modelo de anaacutelise formulado por KARASEK e

THEORELL (1990) conhecido como modelo Demanda-Controle pressupotildee

que o estresse ocupacional pode levar agrave doenccedila natildeo pela somatoacuteria de um

conjunto de diversas situaccedilotildees de conflito mas pela relaccedilatildeo entre as

tensotildees geradas pelas exigecircncias do trabalho e a capacidade do trabalhador

em dirimir esse niacutevel de tensatildeo principalmente a partir de suas

possibilidades de tomada de decisotildees e controle sobre o proacuteprio trabalho

21

GLINA (2010) explica ainda que o modelo proposto por eles envolve

uma abordagem tridimensional contemplando os seguintes aspectos

demanda controle e apoio social De acordo com ARAUacuteJO (2010) o

modelo estabelece a partir de combinaccedilatildeo de diferentes niacuteveis de controle e

demanda quatro tipos baacutesicos de experiecircncias no trabalho alta exigecircncia do

trabalho (caracterizada por situaccedilatildeo de trabalho com alta demanda e baixo

controle) trabalho ativo (situaccedilatildeo de alta demanda e alto controle) trabalho

passivo (baixa demanda e baixo controle) e baixa exigecircncia (combinando

baixa demanda e alto controle)

Segundo o modelo citado ndash um dos mais utilizados em todo o mundo

para a avaliaccedilatildeo do estresse no trabalho ndash as piores condiccedilotildees estatildeo

presentes nas situaccedilotildees de trabalho ldquode alta exigecircnciardquo ao mesmo tempo

em que impotildeem ao trabalhador altas exigecircncias (percebidas por ele como

pressotildees psicoloacutegicas) impedem-no de responder com liberdade a essas

mesmas exigecircncias

Para estudarmos os fatores psicossociais relacionados ao trabalho

utilizamos o questionaacuterio sobre Estresse no Trabalho formulado por

KOMPIER e LEVI (1995) com base no modelo Demanta-Controle Segundo

GALASSO (2005) que utilizou o mesmo instrumento para estudar

operadores de uma Central de Atendimento de Serviccedilo de Sauacutede o referido

questionaacuterio requer o conhecimento da percepccedilatildeodefiniccedilatildeo dos sujeitos

sobre as caracteriacutesticas do trabalho compreendendo inclusive as exigecircncias

(pressotildees psicoloacutegicas) que pesam sobre eles e o grau de controle que

percebem ter sobre o proacuteprio trabalho

22

No Brasil existem estudos sobre sintomas osteomusculares entre os

operadores de teleatendimento de empresas de diferentes ramos de

atividade econocircmica (FERREIRA Jr et al 1997 FERREIRA Jr e SALDIVA

2002 ROCHA et al 2005) Poreacutem natildeo foram encontrados estudos sobre a

prevalecircncia de CVS nestes operadores

23

2 OBJETIVOS

21 GERAL

Estimar a prevalecircncia de CVS (Siacutendrome Visual Associada ao uso

de Computador) entre operadores de duas centrais de

atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

22 ESPECIacuteFICOS

Caracterizar a distribuiccedilatildeo da ocorrecircncia de CVS entre os

operadores das Centrais de Atendimento Telefocircnico segundo as

caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico historia ocupacional situaccedilatildeo de trabalho

fatores de satisfaccedilatildeo durante o trabalho e aspectos psicossociais

do trabalho

Verificar as associaccedilotildees existentes entre os casos definidos como

CVS e as variaacuteveis independentes estudadas

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 21: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

21

GLINA (2010) explica ainda que o modelo proposto por eles envolve

uma abordagem tridimensional contemplando os seguintes aspectos

demanda controle e apoio social De acordo com ARAUacuteJO (2010) o

modelo estabelece a partir de combinaccedilatildeo de diferentes niacuteveis de controle e

demanda quatro tipos baacutesicos de experiecircncias no trabalho alta exigecircncia do

trabalho (caracterizada por situaccedilatildeo de trabalho com alta demanda e baixo

controle) trabalho ativo (situaccedilatildeo de alta demanda e alto controle) trabalho

passivo (baixa demanda e baixo controle) e baixa exigecircncia (combinando

baixa demanda e alto controle)

Segundo o modelo citado ndash um dos mais utilizados em todo o mundo

para a avaliaccedilatildeo do estresse no trabalho ndash as piores condiccedilotildees estatildeo

presentes nas situaccedilotildees de trabalho ldquode alta exigecircnciardquo ao mesmo tempo

em que impotildeem ao trabalhador altas exigecircncias (percebidas por ele como

pressotildees psicoloacutegicas) impedem-no de responder com liberdade a essas

mesmas exigecircncias

Para estudarmos os fatores psicossociais relacionados ao trabalho

utilizamos o questionaacuterio sobre Estresse no Trabalho formulado por

KOMPIER e LEVI (1995) com base no modelo Demanta-Controle Segundo

GALASSO (2005) que utilizou o mesmo instrumento para estudar

operadores de uma Central de Atendimento de Serviccedilo de Sauacutede o referido

questionaacuterio requer o conhecimento da percepccedilatildeodefiniccedilatildeo dos sujeitos

sobre as caracteriacutesticas do trabalho compreendendo inclusive as exigecircncias

(pressotildees psicoloacutegicas) que pesam sobre eles e o grau de controle que

percebem ter sobre o proacuteprio trabalho

22

No Brasil existem estudos sobre sintomas osteomusculares entre os

operadores de teleatendimento de empresas de diferentes ramos de

atividade econocircmica (FERREIRA Jr et al 1997 FERREIRA Jr e SALDIVA

2002 ROCHA et al 2005) Poreacutem natildeo foram encontrados estudos sobre a

prevalecircncia de CVS nestes operadores

23

2 OBJETIVOS

21 GERAL

Estimar a prevalecircncia de CVS (Siacutendrome Visual Associada ao uso

de Computador) entre operadores de duas centrais de

atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

22 ESPECIacuteFICOS

Caracterizar a distribuiccedilatildeo da ocorrecircncia de CVS entre os

operadores das Centrais de Atendimento Telefocircnico segundo as

caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico historia ocupacional situaccedilatildeo de trabalho

fatores de satisfaccedilatildeo durante o trabalho e aspectos psicossociais

do trabalho

Verificar as associaccedilotildees existentes entre os casos definidos como

CVS e as variaacuteveis independentes estudadas

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 22: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

22

No Brasil existem estudos sobre sintomas osteomusculares entre os

operadores de teleatendimento de empresas de diferentes ramos de

atividade econocircmica (FERREIRA Jr et al 1997 FERREIRA Jr e SALDIVA

2002 ROCHA et al 2005) Poreacutem natildeo foram encontrados estudos sobre a

prevalecircncia de CVS nestes operadores

23

2 OBJETIVOS

21 GERAL

Estimar a prevalecircncia de CVS (Siacutendrome Visual Associada ao uso

de Computador) entre operadores de duas centrais de

atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

22 ESPECIacuteFICOS

Caracterizar a distribuiccedilatildeo da ocorrecircncia de CVS entre os

operadores das Centrais de Atendimento Telefocircnico segundo as

caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico historia ocupacional situaccedilatildeo de trabalho

fatores de satisfaccedilatildeo durante o trabalho e aspectos psicossociais

do trabalho

Verificar as associaccedilotildees existentes entre os casos definidos como

CVS e as variaacuteveis independentes estudadas

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 23: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

23

2 OBJETIVOS

21 GERAL

Estimar a prevalecircncia de CVS (Siacutendrome Visual Associada ao uso

de Computador) entre operadores de duas centrais de

atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

22 ESPECIacuteFICOS

Caracterizar a distribuiccedilatildeo da ocorrecircncia de CVS entre os

operadores das Centrais de Atendimento Telefocircnico segundo as

caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico historia ocupacional situaccedilatildeo de trabalho

fatores de satisfaccedilatildeo durante o trabalho e aspectos psicossociais

do trabalho

Verificar as associaccedilotildees existentes entre os casos definidos como

CVS e as variaacuteveis independentes estudadas

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 24: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

24

3 MEacuteTODOS

Este estudo estaacute vinculado ao Projeto de Condiccedilotildees de Trabalho e

Sauacutede de Operadores de Telemarketing (ROCHA 2001) desenvolvido pelo

Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica Medicina Social e do

Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo

(FMUSP) Os dados utilizados neste estudo satildeo considerados secundaacuterios

pois foram retirados de parte da pesquisa daquele projeto (ANEXOS 1 e 2)

Este projeto foi aprovado pela Comissatildeo de Eacutetica da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 3) e da Faculdade de

Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo (ANEXO 4) Em todos os

procedimentos realizados foi apresentado e assinado o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO 5) que continha o

objetivo da pesquisa e destacava o caraacuteter voluntaacuterio e anocircnimo da

participaccedilatildeo de cada operador aleacutem do sigilo das informaccedilotildees coletadas

conforme a Resoluccedilatildeo no 19696 do Conselho Nacional de Sauacutede

31 TIPO DE ESTUDO

O delineamento metodoloacutegico proposto caracterizou-se por pesquisa

quantitativa de estudo observacional transversal (HULLEY et al 2003) o

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

6 REFEREcircNCIAS

ABNT ndash Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR-5413 Iluminacircncia

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ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 25: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

25

que nos permitiu estimar a prevalecircncia dos sintomas da CVS entre

operadores de duas centrais de atendimento telefocircnico de Satildeo Paulo

32 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO

A pesquisa foi realizada em duas centrais de teleatendimento sendo

uma central administradora de planos de sauacutede e uma central de reservas

de uma empresa de transporte aeacutereo A primeira com um total de 134

trabalhadores e a segunda de 397 dos quais 367 eram agentes de reserva

denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento pela Empresa

33 INSTRUMENTO

331 Variaacuteveis Selecionadas do Questionaacuterio

No Projeto Condiccedilotildees de Trabalho e Sauacutede de Operadores de

Telemarketing (ROCHA 2001) foi aplicado um questionaacuterio estruturado

(ANEXO 6) incluindo questotildees sobre queixas visuais adaptadas de ELIAS e

CAIL (1982) O conteuacutedo do questionaacuterio incluiu revisatildeo da literatura

especiacutefica sobre o trabalho com computador e tambeacutem aspectos verificados

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 26: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

26

na anaacutelise ergonocircmica do trabalho (ROCHA et al 2002) O questionaacuterio foi

organizado em aspectos soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida

histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho (condiccedilotildees e organizaccedilatildeo do

trabalho) fatores de satisfaccedilatildeo e de incocircmodo no trabalho aspectos

psicossociais relacionados ao trabalho e repercussotildees na sauacutede

Neste estudo sobre CVS selecionamos as seguintes variaacuteveis do

questionaacuterio geral (os nuacutemeros das questotildees foram citados entre

parecircnteses)

Dados pessoais gecircnero (2) idade (5) escolaridade (6) e estado

civil (7) Entre os haacutebitos de estilo de vida foram incluiacutedos fumo

(37) uso de bebidas alcooacutelicas - frequecircncia (40) se realiza

atividade fiacutesica (57) Em relaccedilatildeo ao trabalho domeacutestico foi

determinada a percepccedilatildeo do esforccedilo realizado nas atividades

domeacutesticas - intensidade (25)

Histoacuteria ocupacional tempo de trabalho como operador de

telemarketing (32) tempo de trabalho na empresa (33) horaacuterio de

trabalho (34) carga horaacuteria semanal (35) hora-extra (36) tempo

de trabalho com terminal de viacutedeo (98) minutos de pausa por dia

(100)

Aspectos da situaccedilatildeo de trabalho a partir da percepccedilatildeo dos

trabalhadores condiccedilatildeo acuacutestica (101) iluminaccedilatildeo (102)

temperatura (103) cadeira (106) mesa (110) espaccedilolayout (112)

instrumento de trabalho (113) nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

(114) e treinamento oferecido (115)

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 27: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

27

Presenccedila de satisfaccedilatildeo no trabalho (116)

Fatores de incocircmodo foram extraiacutedos da anaacutelise ergonocircmica do

trabalho e de entrevistas semi-estruturadas com os operadores

(ROCHA et al 2002) e avaliados nas perguntas de 127 a 151

Fatores psicossociais analisados a partir do modelo criado por

KARASEK e THEORELL (1990) envolvendo cinco dimensotildees

requisitos do trabalhodemanda (152-160) autoridade decisoacuteria

(161-168) discriminaccedilatildeo de tarefas (169-174) condiccedilotildees de

emprego (175-180) apoio dos chefes e colegas (181-188)

Sintomas relacionados com os olhos e visatildeo tais como cansaccedilo

nas vistas ldquopesordquo nos olhos sensaccedilatildeo de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

enfraquecimento da acuidade visual e lacrimejamento (questotildees 89

ateacute 93)

A categorizaccedilatildeo das respostas foi elaborada na forma de cinco

alternativas (nunca raramente algumas vezes frequentemente e sempre ou

oacutetimo bom regular ruim e peacutessimo) conforme especificado no ANEXO 4

Neste estudo natildeo foi realizado exame oftalmoloacutegico e nem avaliada a

presenccedila das ametropias entre os operadores pesquisados

332 Aplicaccedilatildeo do questionaacuterio

A aplicaccedilatildeo dos questionaacuterios foi realizada em 2001 A descriccedilatildeo

sobre o processo de aplicaccedilatildeo do questionaacuterio foi retirada dos relatoacuterios de

pesquisa (ROCHA et al 2002) Os questionaacuterios foram auto-aplicados em

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 28: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

28

diferentes horaacuterios de trabalho sendo preenchidos em sala proacutexima das

atividades exigindo o afastamento do operador do atendimento telefocircnico

Devido ao intenso fluxo de ligaccedilotildees em alguns momentos ocorria a

liberaccedilatildeo de apenas um operador e em outros a liberaccedilatildeo de ateacute quatro

operadores ao mesmo tempo Sempre existia um pesquisador na sala para

retirar duacutevidas e realizar a conferecircncia do preenchimento do questionaacuterio O

tempo meacutedio de preenchimento foi de 40 minutos

No total foram preenchidos 476 questionaacuterios nas duas Centrais Na

Central de Atendimento da empresa de plano de sauacutede (CPS) foram

respondidos 125 questionaacuterios do total de 134 operadores em atividade Os

motivos do natildeo preenchimento foram presenccedila de operadores em feacuterias ou

afastados do trabalho por licenccedila meacutedica Natildeo foram verificados casos de

recusa no preenchimento

Foram preenchidos 351 questionaacuterios na Central de Transporte Aeacutereo

(CTA) dos 397 em atividade Os motivos que levaram 46 desses

profissionais a natildeo participarem da pesquisa foram ausecircncia por feacuterias

licenccedila-maternidade e faltas Registraram-se dois casos de recusa ao

preenchimento

34 ANAacuteLISE DOS DADOS

A anaacutelise dos questionaacuterios foi iniciada com o caacutelculo das frequecircncias

simples das variaacuteveis incluiacutedas neste estudo Foram desenhadas tabelas

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 29: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

29

relativas a todos os quesitos selecionados de acordo com o objetivo dessa

pesquisa

Foram analisadas as questotildees especificadas acima caracteriacutesticas

soacutecio-demograacuteficas dos operadores haacutebitos de estilo de vida histoacuteria

ocupacional situaccedilatildeo de trabalho atual fatores de satisfaccedilatildeo de incocircmodo

durante o trabalho aspectos psicossociais no trabalho e presenccedila de

sintomas visuais e oculares

A apresentaccedilatildeo dos dados iniciou-se com a caracterizaccedilatildeo dos

aspectos soacutecio-demograacuteficos dos operadores haacutebitos de estilo de vida

trabalho domeacutestico histoacuteria ocupacional situaccedilatildeo de trabalho e fatores de

incocircmodo durante o trabalho (Tabelas 1 a 4)

A Tabela 5 apresenta a prevalecircncia dos sintomas visuais (cansaccedilo

nas vistas e enfraquecimento da visatildeo) e oculares (peso nos olhos

queimaccedilatildeo nos olhos e lacrimejamento) com seus intervalos de confianccedila

Foram definidos como presenccedila de sintomas situaccedilotildees em que o operador

referisse a frequecircncia dos sintomas ldquoagraves vezesrdquo ldquofrequentementerdquo e

ldquosemprerdquo

A divisatildeo entre sintomas visuais e oculares refere-se aos mecanismos

fisiopatoloacutegicos causais descritos por BLEHM et al (2005) em relaccedilatildeo agrave

CVS Neste sentido foram considerados como portadores de CVS os

operadores que referiram um ou mais sintomas oculares

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada com a assessoria de um

profissional especializado e constituiu a base para a verificaccedilatildeo da hipoacutetese

deste trabalho da associaccedilatildeo entre as condiccedilotildees de vida e situaccedilatildeo de

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 30: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

30

trabalho com a CVS Para responder aos objetivos do estudo foram

descritas as caracteriacutesticas (nominais) dos teleoperadores segundo a

presenccedila de CVS com as frequecircncias absolutas e relativas (contagem e

percentual) e verificada a existecircncia de associaccedilatildeo por meio do uso de

testes de chi-quadrado testes de razatildeo de verossimilhanccedilas e testes exatos

de Fischer (AGRESTI 1990) (testes bivariados)

As Tabelas 6 a 8 incluiacuteram a prevalecircncia de CVS segundo os dados

soacutecio-demograacuteficos haacutebitos de estilo de vida trabalho domeacutestico histoacuteria

ocupacional e situaccedilatildeo de trabalho

Com o objetivo da reduccedilatildeo do nuacutemero de variaacuteveis incluiacutedas nos

fatores de incocircmodo no trabalho optou-se pela realizaccedilatildeo de anaacutelise fatorial

A aplicaccedilatildeo de anaacutelise fatorial permitiu a obtenccedilatildeo de escores fatoriais a

serem utilizados na segunda fase que corresponde agrave aplicaccedilatildeo da anaacutelise

de regressatildeo linear muacuteltipla Tais anaacutelises foram efetuadas pelo laboratoacuterio

de informaacutetica do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de

Medicina da Universidade de Satildeo Paulo Para a realizaccedilatildeo desta anaacutelise foi

utilizado o programa ldquoStatistical Package for the Social Sciencesrdquo - SPSS -

com o subprograma FACTOR extraiacutedos os fatores atraveacutes do meacutetodo das

componentes principais com autovalores superiores a 10 No ANEXO 7 satildeo

listadas as variaacuteveis assim como as questotildees a elas relacionadas e a matriz

de correlaccedilatildeo com os fatores selecionados (4 componentes) e utilizados na

anaacutelise de regressatildeo Na Tabela 9 satildeo apresentados os fatores com as

variaacuteveis incluiacutedas

Na Tabela 11 foram apresentadas as associaccedilotildees entre a presenccedila

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 31: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

31

de CVS e os aspectos psicossociais do trabalho segundo o modelo de

KARASEK e THEORELL (1990) Baseado neste modelo a soma das

questotildees de requisitosdemanda no trabalho inclui respostas sim agraves

questotildees 152153154156157158159160 e natildeo na questatildeo 155 (total =

9 pontos) Quanto mais elevado o total maior eacute o risco de estresse Quanto

agrave autoridade decisoacuteria a soma das questotildees incluiu respostas sim agraves

questotildees 161 163 164 165 166 167 e 168 e natildeo na questatildeo 162 (total =

8 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto a

discriminaccedilatildeo das tarefas a soma das questotildees incluiu a resposta sim agraves

questotildees 169 171 172 173 e 174 e natildeo na questatildeo 170 (total = 6 pontos)

Quanto mais baixo for o total maior o risco de estresse Quanto agraves

condiccedilotildees de emprego a soma das questotildees incluiu a respostas sim agraves

questotildees 175 a 180 (total = 6 pontos) Quanto mais baixo for o total maior o

risco de estresse Quanto ao apoio dos chefes e colegas a soma das

questotildees incluiu a resposta sim agraves questotildees 181 183 184 185 186 187 e

188 e natildeo na questatildeo 182 (total = 8 pontos) Quanto mais baixo for o total

maior o risco de estresse

Foi criado o modelo de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla utilizando stepwise

forward pelo meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas (NETER et al 1996)

com as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos testes

bivariados inferiores a 20 (p lt 020) ou variaacuteveis de suma importacircncia

cliacutenica para explicaccedilatildeo do distuacuterbio ocular Permaneceram no modelo final

as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia estatiacutestica (p lt 005)

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 32: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

32

4 RESULTADOS

41 Caracteriacutesticas das Empresas e da Atividade

As caracteriacutesticas das Empresas e das atividades dos operadores

foram extraiacutedas dos relatoacuterios de pesquisa (ROCHA et al 2002) A empresa

de plano de sauacutede estava vinculada a um Banco Estatal prestando serviccedilos

de assistecircncia agrave sauacutede aos funcionaacuterios familiares e ex-funcionaacuterios do

Banco atraveacutes da administraccedilatildeo de planos proacuteprios ou da contrataccedilatildeo de

planos de assistecircncia agrave sauacutede A Empresa prestava atendimento para 612

mil beneficiaacuterios dos quais 400283 eram afiliados ao Plano de Sauacutede para

funcionaacuterios 207067 eram afiliados ao Plano de Sauacutede Famiacutelia 2942 eram

usuaacuterios de planos por ela administrados e 2136 eram funcionaacuterios da

proacutepria Empresa

A Central de Teleatendimento da Empresa de Plano de Sauacutede (CPS)

tinha o objetivo de fornecer informaccedilotildees e orientaccedilatildeo aos usuaacuterios sobre tais

planos e conceder autorizaccedilotildees para a realizaccedilatildeo de procedimentos meacutedico-

hospitalares e laboratoriais bem como fornecer informaccedilotildees agraves Unidades

Regionais da Empresa localizadas nas cidades do Rio de Janeiro

Campinas Belo Horizonte Recife Salvador e Satildeo Paulo

A CPS funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana e

feriados contando com quatro turnos de trabalho manhatilde tarde noite e

madrugada

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 33: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

33

Durante o trabalho de campo foi observado que a empresa recebia

uma meacutedia de aproximadamente 120 mil ligaccedilotildees por mecircs cujo volume era

maior agraves segundas e agraves terccedilas-feiras e no iniacutecio do mecircs sendo os horaacuterios

ldquode picordquo entre 9h00min e 11h30min e entre 15h00min e 18h00min A meacutedia

era de 300 a 400 ligaccedilotildees por hora

A Central de Teleatendimento da Empresa de Transporte Aeacutereo

(CTA) tinha como atividade principal realizar reservas para os passageiros

A CTA fazia atendimentos para todo o Brasil com exceccedilatildeo do Rio de

Janeiro A CTA funcionava durante 24 horas inclusive nos finais de semana

e feriados em turnos variaacuteveis de trabalho distribuiacutedos entre manhatilde tarde

noite e madrugada A meacutedia diaacuteria de ligaccedilotildees girava em torno de 18 mil

chegando a atingir cerca de 20 mil agraves segundas-feiras Os horaacuterios

considerados de pico eram entre 9h00min e 12h00min e entre 14h00min e

18h00min

A CTA contava com um total de 397 funcionaacuterios dos quais 367 eram

agentes de reserva denominaccedilatildeo dada aos operadores de teleatendimento

pela Empresa Os Agentes de Reserva dedicavam-se ao recebimento de

ligaccedilotildees de passageiros e agecircncias de viagens fornecendo informaccedilotildees

sobre tarifas alternativas de rotas e horaacuterios de vocircos aleacutem de efetuar as

reservas de passagens

Na atividade dos operadores de teleatendimento das duas Centrais

depois de estabelecer um iniacutecio de conversa ao telefone com o cliente

existia a busca de informaccedilotildees nas telas do computador e a entrada de

informaccedilotildees conforme o motivo da ligaccedilatildeo

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 34: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

34

Em geral o operador dispunha de orientaccedilotildees no sistema para

responder agraves questotildees dos clientes A complexidade da tarefa era

caracterizada pela diversidade dos clientes e de suas solicitaccedilotildees gerando a

necessidade de consulta a documentos e tambeacutem aos colegas e

supervisores para a resoluccedilatildeo das demandas

42 Caracteriacutesticas dos Operadores e das Situaccedilotildees de Trabalho

Na Tabela 1 observa-se que predominaram operadores do sexo

feminino (748) com 15 a 24 anos (468) solteiros (708) e com niacutevel

de escolaridade superior incompleto (454)

Em relaccedilatildeo aos haacutebitos de estilo de vida foi verificado que a maioria

era de natildeo fumantes (649) aleacutem disso que referia utilizar bebida alcooacutelica

ateacute uma vez por semana (412) Dentre os operadores pesquisados

523 referiram realizar atividade fiacutesica contra 477 que natildeo realizavam A

maioria relatou que natildeo realizava trabalhos domeacutesticos (634) (Tabela 1)

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 35: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

35

Tabela 1- Distribuiccedilatildeo dos operadores de teleatendimento segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Total

Caracteriacutesticas N=476

Gecircnero

Feminino 353 (748)

Masculino 119 (252)

Faixa etaacuteria (em anos)

15-24 223 (468)

25-34 167 (351)

35 ou + 86 (181)

Escolaridade

II Grau 113 (237)

Superior Incompleto 216 (454)

Superior Completo 147 (309)

Estado civil

Solteiro 337 (708)

Casado 113 (237)

SeparadoViuacutevo 26 (55)

Fumo

Nunca Fumou 309 (649)

Parou de Fumar 52 (109)

Eacute Fumante Regularmente 69 (145)

Eacute Fumante Eventualmente 46 (97)

Frequecircncia de ingestatildeo de bebidas alcooacutelicas

Natildeo bebe 181 (380)

Ateacute uma vez por semana 196 (412)

Mais de uma vez por semana 99 (208)

Realiza Atividade Fiacutesica

Sim 249 (523)

Natildeo 227 (477)

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico

Natildeo faz trabalho domeacutestico 302 (634)

Esforccedilo leve 152 (319)

Esforccedilo pesado 22 (46)

Somas diferentes do total (472-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 36: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

36

Sobre a histoacuteria ocupacional na Tabela 2 observaram-se taxas de

prevalecircncias maiores entre os operadores cujo (a)

tempo na empresa estava na faixa de 13 a 36 meses (303)

tempo de trabalho na funccedilatildeo esteve na faixa de 13 a 36 meses

(337)

tempo de trabalho com terminal de viacutedeo foi de 1 a 4 anos (544)

carga horaacuteria semanal trabalhada era de 36 horas (872)

Dentre os teleoperadores do estudo a maior prevalecircncia foi daqueles

que natildeo realizavam horas extras (951) e que a jornada de trabalho se

iniciava pela manhatilde (508)

Na Tabela 3 eacute possiacutevel verificar que em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees de

trabalho os operadores deste estudo consideraram em relaccedilatildeo aos fatores

ambientais a condiccedilatildeo acuacutestica como boa (424) a iluminaccedilatildeo como boa

(637) e a temperatura regular (368) O espaccedilolayout foi considerado

bom (587) a cadeira boa (370) a mesa tambeacutem (571) e a qualidade

dos instrumentos de trabalho boa (540) O nuacutemero de funcionaacuterios

existente na aacuterea foi considerado insuficiente (634) o treinamento

oferecido como suficiente (658) e 559 expressaram satisfaccedilatildeo no

trabalho

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

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Editora Plecirciade 2000 p 105-17

Taylor FW Princiacutepios da administraccedilatildeo cientiacutefica Satildeo Paulo Atlas 1998

Toomingas A et al Working conditions and employee health at call centers

in Sweden Stockholm National Institute for Working Life 2002

Travers PH Stanton BA Office workers and video display terminals

physical psychological and ergonomic factors AAOHN J 200250(11)489-

93

Venco S Centrais de atendimento a faacutebrica do seacuteculo XIX nos serviccedilos do

seacuteculo XXI Revista Bras Sauacutede Puacuteblica 200631(114)7-18

Venco S As engrenagens do telemarketing ndash vida e trabalho na

contemporaneidade Campinas SP Arte Escrita Editora 2009

Vilela LVO Assunccedilatildeo AA Os mecanismos de controle da atividade no setor

de teleatendimento e as queixas de cansaccedilo e esgotamento dos

trabalhadores Cad Sauacutede Puacuteblica 200420(4)1069-78

Westin AF Two key factors that belong in a macroergonomic analysis of

eletronic monitoring employee perceptions of fairness and the climate of

organizational trust or distrust Appl Ergon 1992 23(1) 35-42

72

Yan Z Hu L Chen H Lu F Computer Vision Syndrome A widely spreading

but largely unknow epidemic among computer users Comp Human Behav

2008242026-2042

Ye Z Honda S Abe Y Kusano Y Takamura N Imamura Y Eida K

Takemoto T Aoyagi K Influence of work duration or physical symptoms on

mental health among japanese visual display terminal users Ind Health

2007a45328-33

Ye Z Abe Y Kusano Y Takamura N Eida K Takemoto T Aoyagi K The

influence of visual display terminal use on the physical and mental conditions

of administrative staff in Japan J Physiol Anthropol 2007b2669-73

Ziefle M Effects of display resolution on visual performance Human Factors

199840554-68

73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 37: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

37

Tabela 2- Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo tempo na funccedilatildeo tempo na empresa carga horaacuteria horaacuterio de trabalho hora-extra trabalho com terminal de viacutedeo e tempo de pausa

Total

Caracteriacutesticas N=476

Tempo de trabalho na funccedilatildeo

De 03 a 12 Meses 142 (299)

De 13 a 36 Meses 160 (337)

De 37 a 60 Meses 75 (158)

De 61 a 120 Meses 49 (103)

Acima de 121 Meses 49 (103)

Tempo de trabalho na empresa

De 03 a 12 Meses 135 (284)

De 13 a 36 Meses 144 (303)

De 37 a 60 Meses 92 (194)

61 Meses a 120 meses 44 (93)

121 meses ou mais 60 (126)

Carga horaacuteria semanal

30 horas 34 (71)

36 horas 415 (872)

40 horas 27 (57)

Hora-extra

Natildeo 451 (951)

Sim 23 (49)

Horaacuterio de iniacutecio do trabalho

Manhatilde 232 (508)

Tarde 170 (372)

NoiteMadrugada 55 (120)

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo

Menos de 1 ano 53 (111)

De 1 a 4 anos 259 (544)

De 5 a 9 anos 87 (183)

10 anos ou Mais 77 (162)

Tempo de pausa na jornada

De 10 a 20 Minutos 72 (151)

De 21 a 35 Minutos 346 (727)

36 ou Mais 58 (121)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 38: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

38

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos operadores de telemarketing segundo percepccedilatildeo das situaccedilotildees de trabalho

Total

Caracteriacutesticas N=476

Condiccedilatildeo acuacutestica

Bom 202 (424)

Regular 151 (317)

Ruim 123 (258)

Iluminaccedilatildeo

Bom 303 (637)

Regular 133 (279)

Ruim 40 (84)

Temperatura

Bom 141 (296)

Regular 175 (368)

Ruim 160 (336)

EspaccediloLayout

Bom 279 (587)

Regular 97 (204)

Ruim 99 (208)

Cadeira

Boa 176 (370)

Regular 143 (300)

Ruim 157 (330)

Mesa

Bom 272 (571)

Regular 97 (204)

Ruim 107 (225)

Instrumento de trabalho

Bom 257 (540)

Regular 151 (317)

Ruim 68 (143)

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea

Suficiente 117 (246)

Insuficiente 301 (634)

Natildeo sabe 57 (120)

Treinamento oferecido

Suficiente 313 (658)

Insuficiente 149 (313)

Natildeo sabe 14 (29)

Satisfaccedilatildeo no trabalho

Sim 266 (559)

Natildeo 210 (441)

Somas diferentes do total (475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 39: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

39

A Tabela 4 mostra os aspectos mais frequentemente citados pelos

operadores relacionados como fatores de incocircmodo no trabalho Aqueles

que apresentaram frequecircncia de respostas maior de 50

(semprefrequentemente) foram

Pressatildeo da fila de espera (clientes que ficam aguardando

atendimento telefocircnico) (687)

Pequeno nuacutemero de pausas (628)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional (604)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

(586)

Ser ldquovisto tratadordquo como maacutequina (522) e

Falta de reconhecimento pela empresa (524)

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 40: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

40

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores

Total Caracteriacutesticas N=476 Pressatildeo da fila de espera

Semprefrequentemente 325 (687) Algumas vezes 71 (150) Raramentenunca 77 (163)

Pequeno nuacutemero de pausas Semprefrequentemente 299 (628) Algumas vezes 118 (248) Raramentenunca 59 (124)

Postura desconfortaacutevel no trabalho Semprefrequentemente 223 (472) Algumas vezes 136 (288) Raramentenunca 113 (239)

Falta de perspectiva de ascensatildeo profissional

Semprefrequentemente 287 (604) Algumas vezes 110 (231) Raramentenunca 78 (164)

Usuaacuterios natildeo cooperativos que alongam o tempo da ligaccedilatildeo

Semprefrequentemente 279 (586) Algumas vezes 153 (321) Raramentenunca 44 (92)

Falta de autonomia da central Semprefrequentemente 193 (406) Algumas vezes 182 (383) Raramentenunca 100 (211)

Ser ldquovistotratadordquo como maacutequina Semprefrequentemente 248 (522) Algumas vezes 117 (246)

Raramentenunca 110 (232) Exigecircncias de qualidade e reduccedilatildeo do tempo de atendimento

Semprefrequentemente 219 (461) Algumas vezes 131 (276) Raramentenunca 125 (263)

Volume de informaccedilotildees a processar Semprefrequentemente 225 (473) Algumas vezes 146 (307) Raramentenunca 105 (220)

Multiplicidade das solicitaccedilotildees dos clientes Semprefrequentemente 214 (450) Algumas vezes 148 (311) Raramentenunca 114 (239)

Grau de responsabilidade no trabalho Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 135 (284) Raramentenunca 184 (386)

Pressatildeo do supervisor Semprefrequentemente 157 (330) Algumas vezes 144 (302) Raramentenunca 175 (368)

ldquoClimardquo interno de injusticcedila Semprefrequentemente 192 (407) Algumas vezes 144 (305) Raramentenunca 146 (288)

Falta de controle dos horaacuterios de pausa Semprefrequentemente 109 (230) Algumas vezes 137 (288) Raramentenunca 229 (482)

Instrumentos de trabalho inadequados Semprefrequentemente 138 (291) Algumas vezes 163 (344) Raramentenunca 173 (365)

continua

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

6 REFEREcircNCIAS

ABNT ndash Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR-5413 Iluminacircncia

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ABT ndash Associaccedilatildeo Brasileira de Telemarketing Paacutegina de abertura [Acesso

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 41: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

41

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos fatores de incocircmodo no trabalho referidos pelos operadores Continuaccedilatildeo

Total Caracteriacutesticas N =476 Falta de canais de comunicaccedilatildeo para sugestatildeo de melhorias

Semprefrequentemente 171 (362) Algumas vezes 133 (281) Raramentenunca 169 (357)

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa Semprefrequentemente 195 (414) Algumas vezes 152 (323) Raramentenunca 124 (263)

Falta de autonomia no trabalho Semprefrequentemente 198 (419) Algumas vezes 147 (311) Raramentenunca 128 (271)

Falta de reconhecimento pela empresa Semprefrequentemente 249 (524) Algumas vezes 130 (274) Raramentenunca 96 (202)

ldquoClimardquo de ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees

Semprefrequentemente 172 (362) Algumas vezes 149 (314) Raramentenunca 154 (324)

Natildeo ter meios para extravasar tensotildees que surgem no trabalho

Semprefrequentemente 220 (465) Algumas vezes 135 (285) Raramentenunca 118 (250)

Aplicaccedilatildeo da ISO 9000 pela empresa Semprefrequentemente 174 (368) Algumas vezes 118 (250) Raramentenunca 181 (383)

Monitoramento de suas atividades pelo sistema

Semprefrequentemente 152 (320) Algumas vezes 140 (295) Raramentenunca 183 (385)

Monitoramento pelo supervisor (escuta) Semprefrequentemente 158 (333) Algumas vezes 136 (287) Raramentenunca 180 (380)

ldquoQuedasrdquo do sistema Semprefrequentemente 156 (328) Algumas vezes 158 (333) Raramentenunca 161 (339)

Somas diferentes do total (471-475) devem-se agraves questotildees natildeo respondidas

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 42: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

42

43 Prevalecircncia de CVS entre os Operadores de Teleatendimento

Neste estudo foi observado o predomiacutenio de sintomas oculares A

prevalecircncia de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos foi de 546 e de lacrimejamento de

439 Foram consideradas como respostas positivas as referecircncias a

sintomas assinaladas como ldquoagraves vezesrdquo ldquosemprerdquo e ldquofrequentementerdquo

(Tabela 5)

Em relaccedilatildeo aos sintomas visuais cansaccedilo nas vistas (739) e peso

nos olhos (682) nos operadores de teleatendimento foram consideradas

como respostas positivas as referecircncias a sintomas assinaladas como ldquoagraves

vezesrdquo ldquosemprerdquo e frequentemente (Tabela 5)

A prevalecircncia de Siacutendrome Visual associada ao uso de Computador

(CVS) foi de 546 (260 casos) considerando-se os operadores que

relataram a presenccedila de ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos ou lacrimejamento

considerados distuacuterbios oculares Os operadores que relataram distuacuterbios

visuais como enfraquecimento da visatildeo cansaccedilo nas vistas ou peso nos

olhos foram excluiacutedos da classificaccedilatildeo de CVS tendo em vista estes

sintomas serem mais gerais e fisiopatologicamente relacionados ao

mecanismo da acomodaccedilatildeo assim como foi considerada a CVS em outros

estudos da literatura pesquisada

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 43: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

43

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo da prevalecircncia de sintomas visuais e oculares referidos por operadores de teleatendimento

Variaacutevel Frequecircncia IC (95)

Inferior Superior

Sintomas oculares

Queimaccedilatildeo nos olhos

Natildeo 209 439

Sim 260 546 516 606

Lacrimejamento

Natildeo 266 561

Sim 208 439 394 483

Sintomas Visuais

Cansaccedilo nas vistas

Natildeo 124 261

Sim 351 739 699 778

Enfraquecimento da visatildeo

Natildeo 268 565

Sim 206 435 390 479

Peso nos olhos

Natildeo 151 318

Sim 324 682 640 724 foram agrupados como sem a presenccedila de sintomas (natildeo) trabalhadores que referiram este sintoma raramente ou nunca foram agrupados como com a presenccedila de sintomas (sim) trabalhadores que referiram este sintoma sempre frequentemente ou agraves vezes

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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teleatendimento uma breve revisatildeo Rev Bras Med Trabalho 20069(18)62-

79

Sznelwar LI Massetti M Sofrimento no trabalho uma leitura a partir de

grupos de expressatildeo In Sznelwar LI Zidan LN organizadores O trabalho

humano com sistemas informatizados no setor de serviccedilos Satildeo Paulo

Editora Plecirciade 2000 p 105-17

Taylor FW Princiacutepios da administraccedilatildeo cientiacutefica Satildeo Paulo Atlas 1998

Toomingas A et al Working conditions and employee health at call centers

in Sweden Stockholm National Institute for Working Life 2002

Travers PH Stanton BA Office workers and video display terminals

physical psychological and ergonomic factors AAOHN J 200250(11)489-

93

Venco S Centrais de atendimento a faacutebrica do seacuteculo XIX nos serviccedilos do

seacuteculo XXI Revista Bras Sauacutede Puacuteblica 200631(114)7-18

Venco S As engrenagens do telemarketing ndash vida e trabalho na

contemporaneidade Campinas SP Arte Escrita Editora 2009

Vilela LVO Assunccedilatildeo AA Os mecanismos de controle da atividade no setor

de teleatendimento e as queixas de cansaccedilo e esgotamento dos

trabalhadores Cad Sauacutede Puacuteblica 200420(4)1069-78

Westin AF Two key factors that belong in a macroergonomic analysis of

eletronic monitoring employee perceptions of fairness and the climate of

organizational trust or distrust Appl Ergon 1992 23(1) 35-42

72

Yan Z Hu L Chen H Lu F Computer Vision Syndrome A widely spreading

but largely unknow epidemic among computer users Comp Human Behav

2008242026-2042

Ye Z Honda S Abe Y Kusano Y Takamura N Imamura Y Eida K

Takemoto T Aoyagi K Influence of work duration or physical symptoms on

mental health among japanese visual display terminal users Ind Health

2007a45328-33

Ye Z Abe Y Kusano Y Takamura N Eida K Takemoto T Aoyagi K The

influence of visual display terminal use on the physical and mental conditions

of administrative staff in Japan J Physiol Anthropol 2007b2669-73

Ziefle M Effects of display resolution on visual performance Human Factors

199840554-68

73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 44: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

44

44 FATORES ASSOCIADOS Agrave PRESENCcedilA DE CVS ENTRE OS

OPERADORES DE TELEATENDIMENTO

Com o objetivo de estudar os fatores associados agrave presenccedila de CVS

entre operadores de teleatendimento numa primeira fase foram

consideradas estatisticamente significantes (p lt 005) as seguintes

associaccedilotildees gecircnero (ser mulher) referir insatisfaccedilatildeo no trabalho presenccedila

de alta demandarequisitos no trabalho baixa possibilidade de autoridade

decisoacuteria no trabalho e falta de apoio de chefes e colegas no trabalho

(Tabelas 6 a 11)

Visando a construccedilatildeo de um modelo de regressatildeo muacuteltipla foram

selecionadas as variaacuteveis que apresentaram niacuteveis de significacircncia nos

testes bivariados inferiores a 20 (p lt 020) conforme descrito na

metodologia

Em relaccedilatildeo agraves caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas foram selecionadas

as seguintes questotildees gecircnero faixa etaacuteria haacutebito de bebida alcooacutelica e

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica As maiores prevalecircncias ocorreram entre

mulheres jovens (faixa etaacuteria de 15 a 24 anos) operadores que referiram

beber uma vez por semana e que realizavam atividade fiacutesica (Tabela 6)

Em relaccedilatildeo agrave histoacuteria ocupacional foram selecionadas tempo de

trabalho na funccedilatildeo e na empresa (Tabela 7)

Em relaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo de trabalho foram selecionadas as seguintes

variaacuteveis iluminaccedilatildeo temperatura treinamento oferecido nuacutemero de

funcionaacuterios na aacuterea e satisfaccedilatildeo no trabalho (Tabela 8)

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 45: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

45

Tabela 6 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo caracteriacutesticas soacutecio-demograacuteficas haacutebitos de estilo de vida e trabalho domeacutestico

Fator variaacuteveis

Prevalecircncia

P N ()

Gecircnero lt0001

Feminino 214 61

Masculino 46 39

Faixa etaacuteria (anos) 0136

15-24 132 59

25-34 87 52

gt ou =35 41 48

Escolaridade 0340

2ordm Grau 55 49

Superior Incompleto 121 56

Superior Completo 84 57

Estado civil 0888

Solteiro 185 55

Casado 62 55

Separadodivorciadoviuacutevo 13 50

Haacutebito de fumar 0904

Nunca Fumou 171 55

Parou de Fumar 28 54

Fuma Regularmente 35 51

Fuma Eventualmente 26 57

Frequecircncia do uso de bebidas alcooacutelicas 0164

Natildeo bebe 94 52

Bebe ateacute 1 vez por semana 117 60

Bebe mais de 1 vez por semana 49 49

Realiza atividade fiacutesica 0197

Sim 143 57

Natildeo 117 51

Intensidade de esforccedilo no trabalho domeacutestico 0526

Natildeo faz trabalho domeacutestico 160 53

Esforccedilo Leve 86 57

Esforccedilo Pesado 14 64

p= X2 de Pearson

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 46: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

46

Tabela 7 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo histoacuteria ocupacional e jornada de trabalho atual

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

P N ()

Tempo de trabalho na empresa 0115

3 a 12 meses 66 49

13 a 36 meses 91 63

37 a 60 meses 51 55

61 a 120 meses 22 50

121 meses ou mais 29 48

Tempo de trabalho na funccedilatildeo 0 165

3 a 12 meses 70 49

13 a 36 meses 99 62

37 a 60 meses 42 56

61 a 120 meses 23 47

121 meses ou mais 25 51

Carga horaacuteria semanal 0529

30 horas 18 53

36 horas 230 55

40 horas 12 44

Hora-extra 0538

Natildeo 245 54

Sim 14 61

Horaacuterio de trabalho 0792

Manhatilde 128 55

Tarde 92 54

Noite Madrugada 28 51

Tempo de trabalho com terminal de viacutedeo 0295

Menos de 1 ano 29 55

De 1 a 4 anos 151 58

De 5 a 9 anos 43 49

10 anos ou mais 37 48

p= X2 de pearson

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 47: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

47

Tabela 8 ndash Distribuiccedilatildeo da Prevalecircncia de CVS segundo situaccedilatildeo de trabalho

Fator variaacuteveis Prevalecircncia

p N ()

Condiccedilatildeo acuacutestica 0596

Oacutetimo Bom 108 535

Regular 80 530

Ruim 72 585

Iluminaccedilatildeo 0193

Oacutetimo Boa 159 525

Regular 74 556

Ruim 27 675

Temperatura 0169

Oacutetimo Boa 68 482

Regular 98 560

Ruim 94 588

Qualidade dos instrumentos de trabalho 0722

Oacutetimo Boa 140 545

Regular 80 530

Ruim 40 588

Espaccedilolay out 0762

OacutetimoBom 149 534

Regular 56 577

Ruim 54 545

Cadeira 0920

OacutetimaBoa 94 534

Regular 79 552

Ruim 87 554

Mesa

OacutetimaBoa 150 551

Regular 52 536

Ruim 58 542

Treinamento oferecido 0181

Insuficiente 90 604

Suficiente 164 524

Natildeo sei 6 429

Nuacutemero de funcionaacuterios na aacuterea 0115

Insuficiente 175 581

Suficiente 55 470

Natildeo sei 30 526

Satisfaccedilatildeo no Trabalho lt0001

Sim 124 466

Natildeo 136 648

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 48: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

48

Com o objetivo de reduzir o nuacutemero de variaacuteveis foi realizada a

anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo resultando na presenccedila de quatro

componentes T1- reconhecimento no trabalho T2- processo de avaliaccedilatildeo

T3- organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento T4- posto de trabalho

(Tabela 9)

As variaacuteveis relativas ao reconhecimento no trabalho (representadas

pelo componente T1) aparecem em primeiro lugar sendo composto por

falta de autonomia da Central perante a empresa (0622) ldquoclimardquo interno de

injusticcedila (0670) falta de canais de comunicaccedilatildeo (0577) falta de ascensatildeo

profissional (0769) sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0548) falta de

autonomia no trabalho (0747) falta de reconhecimento pela empresa

(0802) ldquotratado vistordquo como maacutequina (0654) ambiguumlidade falta de clareza

nas atribuiccedilotildees (0574) e meios para extravasar as tensotildees (0528) (Tabela

10)

O componente 2 (T2) correspondeu a variaacuteveis do processo de

avaliaccedilatildeo sistema de avaliaccedilatildeo da empresa (0513) ISO-9000 pela

empresa (0682) monitoramento pelo sistema (0804) e monitoramento pelo

supervisor-escuta (0793) (Tabela 10)

O terceiro componente (T3) incluiu aspectos da organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento volume de informaccedilotildees a processar (0689)

multiplicidade de solicitaccedilotildees dos clientes (0718) nuacutemero de pausas

(0607) grau de responsabilidade (0606) e pressatildeo da fila de espera (0640)

(Tabela 10)

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 49: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

49

Tabela 9 ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incocircmodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Componentes

T1- Reconhecimento no Trabalho

Falta de autonomia da Central perante a Empresa 0622

ldquoClimardquo interno de injusticcedila 0670

Falta de canais de comunicaccedilatildeo 0577

Falta de ascensatildeo profissional 0769

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0548

Falta de autonomia no trabalho 0747

Falta de reconhecimento pela Empresa 0802

ldquoTratadovistordquo como maacutequina 0654

Ambiguidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees 0574

Meios para extravasar tensotildees 0528

T2- Processo de avaliaccedilatildeo

Sistema de avaliaccedilatildeo da empresa 0513

ISO9000 pela Empresa 0682

Monitoramento pelo sistema 0804

Monitoramento pelo supervisor-escuta 0793

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

Volume de informaccedilotildees a processar 0689

Multiplicidade de solicitaccedilotildees 0718

Nuacutemero de pausas 0607

Grau de responsabilidade 0606

Pressatildeo da fila de espera 0640

T4- Posto de trabalho

Falta de controle sobre as pausas 0535

Instrumentos inadequados 0730

Postura desconfortaacutevel 0639

ldquoQuedasrdquo do sistema 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 50: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

50

O quarto componente (T4) correspondeu a variaacuteveis do posto de

trabalho falta de controle sobre as pausas (0535) instrumentos

inadequados (0730) postura desconfortaacutevel (0639) e ldquoquedasrdquo do sistema

(0558) (Tabela 10)

A anaacutelise de regressatildeo univariada dos fatores extraiacutedos indicou a

associaccedilatildeo da presenccedila de CVS com a falta de reconhecimento no trabalho

(componente T1) e com os aspectos da organizaccedilatildeo do trabalho

(componente T3) (Tabela 10)

Tabela 10 - Anaacutelise de regressatildeo univariada entre os fatores de incocircmodo e a CVS entre operadores de Teleatendimento

Componentes CVS Meacutedia Desvio Padratildeo N

T1- Reconhecimento no trabalho

natildeo -023 100 203 lt0001

sim 018 096 251

T2- Processo de Avaliaccedilatildeo

natildeo -004 102 203 0491

sim 003 098 251

T3- Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento

natildeo -023 103 203 lt0001

sim 018 094 251

T4- Posto de trabalho

natildeo -006 103 203 0288

sim 004 097 251

Na Tabela 11 satildeo apresentadas as variaacuteveis correspondentes agrave

associaccedilatildeo entre os sintomas de CVS e os fatores psicossociais referidos

pelos teleoperadores

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 51: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

51

Tabela 11 ndash Associaccedilatildeo entre os Sintomas de CVS e fatores psicossociais do trabalho

Variaacutevel Distuacuterbio ocular

Meacutedia DP Mediana Miacutenimo Maacuteximo N P

Requisitos no Trabalho Demanda

natildeo 414 205 4 0 9 215 lt0001

sim 503 191 5 0 9 260

Total 463 202 5 0 9 475

Autoridade Decisoacuteria

natildeo 405 193 4 0 8 215 lt0001

sim 342 198 3 0 8 260

Total 371 198 3 0 8 475

Discriminaccedilatildeo de Tarefas

natildeo 271 143 3 0 6 215 0491

sim 261 125 25 0 6 260

Total 265 133 3 0 6 475

Condiccedilotildees de Emprego

natildeo 277 134 3 0 6 215 0023

sim 250 138 2 0 6 260

Total 262 137 3 0 6 475

Apoio dos chefes e colegas

natildeo 466 215 5 0 8 215 lt0001

sim 399 200 4 0 8 260

Total 429 210 4 0 8 475

Na Tabela 12 satildeo apresentadas as variaacuteveis que permaneceram no

modelo final de regressatildeo muacuteltipla Foram realizadas regressotildees logiacutesticas

com seleccedilatildeo das variaacuteveis explicativas utilizando stepwise forward pelo

meacutetodo da razatildeo de verossimilhanccedilas tendo permanecido no modelo as

variaacuteveis gecircnero reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) organizaccedilatildeo do

trabalho em teleatendimento e demanda A variaacutevel de iluminaccedilatildeo do

ambiente foi forccedilada no modelo mas permaneceu sem significacircncia

estatiacutestica (p = 0228) e foi acrescentada a variaacutevel idade para fazer o ajuste

das demais variaacuteveis pertencentes ao modelo final

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 52: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

52

Tabela 12 - Modelo de regressatildeo final dos fatores associados agrave CVS

Variaacutevel OR IC (95)

P Inferior Superior

Gecircnero Feminino 258 162 413 lt0001

Reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo) 142 114 176 0002

Organizaccedilatildeo do Trabalho em Teleatendimento 140 113 175 0003

Demanda 113 101 127 0041

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 53: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

5 DISCUSSAtildeO

Este estudo em operadores de duas Centrais de Teleatendimento de

Satildeo Paulo verificou uma elevada prevalecircncia (546) de Siacutendrome Visual

associada ao uso de Computador (CVS) quando o operador referiu

lacrimejamento ou ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos agraves vezes frequumlentemente ou

sempre

SANCHEZ-ROMAacuteN et al (1996) analisaram a frequumlecircncia de astenopia

em operadores de teleatendimento no Meacutexico a partir de questionaacuterio e exame

oftalmoloacutegico verificando uma prevalecircncia de 685 Estes autores

consideraram como astenopia quando ao final da jornada de trabalho o

operador apresentasse pelo menos um sinal ou sintoma de fadiga visual

manifestada por presenccedila de hiperemia conjuntival epiacutefora prurido ocular

hipersensibilidade a luz visatildeo dupla visatildeo turva dificuldade para a focalizaccedilatildeo

alteraccedilatildeo da visatildeo de cores sensaccedilatildeo de cansaccedilo nas vistas queimaccedilatildeo nos

olhos olhos doloridos sensaccedilatildeo de corpo estranho e cefaleacuteia No nosso

estudo a prevalecircncia de cansaccedilo na vista foi de 739 ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos

546 lacrimejamento 439 e no estudo de SANCHEZ-ROMAacuteN et al

(1996) estas prevalecircncias foram de 857 514 371 respectivamente

Na Iacutendia BHANDERI et al (2008) analisando 419 operadores que

trabalhavam utilizando computador encontraram a prevalecircncia de 463 de

astenopia Foram considerados astenopia os casos em que os trabalhadores

referissem dois ou mais sintomas apoacutes durante ou apoacutes o trabalho tais como

sensaccedilatildeo de dor ocular aguda ou de ldquoqueimaccedilatildeordquo ou de corpo estranho

prurido ocular lacrimejamento hiperemia conjuntival olho seco alteraccedilatildeo da

visatildeo de cores desconforto visual

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 54: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) em um estudo iraniano

com 150 estudantes de computaccedilatildeo analisam as repercussotildees na sauacutede e as

queixas oftalmoloacutegicas corresponderam a 26 O tempo de uso do computador

durante o dia variou de 2 a 12 horas Entre os sintomas referidos ocorreu a

seguinte distribuiccedilatildeo dor ocular (41) visatildeo turva para longe (205)

lacrimejamento (18) ldquoqueimaccedilatildeordquo (154) e visatildeo turva para perto (51)

Neste contexto eacute importante destacar o nuacutemero crescente de usuaacuterios

do computador no mundo inteiro JEPSEN e THOMSEN (2006) estimam que

dois terccedilos dos empregados em paiacuteses industrializados utilizam o computador

em suas atividades SCHOLTE et al (2004) relatam que com a introduccedilatildeo dos

computadores no dia a dia houve mudanccedilas draacutesticas no modo de vida para

um grande nuacutemero de pessoas tanto no trabalho como no lazer SCHAEFER

(2009) afirma que os impactos mais significativos no ser humano causados

pelo uso do computador foram sobre os olhos a postura corporal e o

relacionamento com o trabalho

Tendo em vista que o nosso estudo tratou das repercussotildees visuais do

trabalho em teleatendimento comparamos nossos resultados com outros

estudos desta categoria profissional

O perfil soacutecio demograacutefico identificado nesta pesquisa foi semelhante ao

observado em alguns estudos como por MARINHO-SILVA (2004) que

demonstrou o predomiacutenio de mulheres jovens na atividade de operadores de

teleatendimento VENCO (2009) descreve que nos paiacuteses industrializados eacute

observada a forte presenccedila das mulheres no setor em meacutedia 7 entre 10

operadores A autora comenta ainda que no Brasil a presenccedila feminina nas

empresas deste ramo eacute estimada entre 80 e 85

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 55: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

Quanto agrave faixa etaacuteria a prevalecircncia entre os operadores deste estudo

correspondeu aos empregados jovens que coincidiu com a faixa etaacuteria da

populaccedilatildeo que procura emprego no nosso paiacutes como considera ASSUNCcedilAtildeO

et al (2006)

Em relaccedilatildeo ao grau de escolaridade entre os teleoperadores

pesquisados o niacutevel superior incompleto correspondeu agrave maior prevalecircncia o

que corrobora o encontrado nas empresas tanto em niacutevel nacional como

internacional (VENCO 2006)

VENCO (2009) relata que se por um lado esse setor vem registrando

altos iacutendices de absorccedilatildeo da forccedila de trabalho por outro observam-se taxas

anuais expressivas de rotatividade Considera que isto se deve ao fato de ser

identificada pelos trabalhadores como uma atividade monoacutetona e repetitiva Os

dados extraiacutedos do Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees Sociais (RAIS) do

Ministeacuterio do Trabalho e Emprego (2010) demonstram que a permanecircncia dos

operadores durante o periacuteodo de experiecircncia ndash noventa dias ndash cresceu

sensivelmente o que coincide com as informaccedilotildees dos teleoperadores

coletadas neste estudo em que a maioria estaacute haacute mais de 13 meses na

empresa

De acordo com as respostas dos teleoperadores nesta pesquisa as

condiccedilotildees ambientais do seu trabalho foram consideradas boas incluindo a

iluminaccedilatildeo Em contra partida GLINA e ROCHA (2003) ao estudarem

operadores de teleatendimento em um banco de Satildeo Paulo encontram

queixas quanto agrave iluminaccedilatildeo do local tais como ldquoeacute fraca agrave noiterdquo e ldquoexistem

ldquoilhasrdquo com iluminaccedilatildeo deficienterdquo chegando ao ponto de obrigar a serem

adotadas posturas inadequadas pelos operadores nos postos de trabalho

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 56: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

A atividade dos operadores em centrais de atendimento telefocircnico

envolve carga mental considerada importante de natureza cognitiva eou

emocional relacionada a aspectos como o contato constante com o puacuteblico a

organizaccedilatildeo da tarefa de maneira estrita a exigecircncia de um ritmo raacutepido a

complexidade do conteuacutedo do trabalho em razatildeo da multiplicidade de

demandas e da necessidade de frequumlentes micro-decisotildees a serem tomadas

de forma instantacircnea o grande volume de informaccedilotildees a processar a

repetitividade das tarefas a desproporccedilatildeo entre as solicitaccedilotildees do trabalho e o

quadro de pessoal disponiacutevel para realizaacute-lo a exigecircncia simultacircnea de que o

operador realize um atendimento de boa qualidade no menor tempo possiacutevel

(ROCHA et al 2005) O que foi demonstrado neste estudo quando apresenta

alta frequumlecircncia de queixas relacionadas aos fatores de incomodo no trabalho

Entre os fatores de incocircmodo estudados chamam a atenccedilatildeo aqueles

relacionados com o reconhecimento no trabalho tais como falta de perspectiva

de ascensatildeo profissional a falta de reconhecimento pela empresa e ser

ldquotratadovistordquo como maacutequina GALASSO (2005) aponta uma consideraccedilatildeo

importante quanto agrave falta de perspectiva de ascensatildeo pois muitas dessas

Centrais satildeo constituiacutedas por uma estrutura organizacional horizontal com

poucos niacuteveis de hierarquia funcional o que dificulta chances de crescimento

A ocorrecircncia dos fatores psicossociais identificados na situaccedilatildeo de

trabalho estudada corroboraram com as apontadas por RAAB e ROCHA (2002)

entre mulheres atendentes de um call center pertencente a um estabelecimento

bancaacuterio por READ (2001) em call centers ingleses e por TOOMINGAS et al

(2002) em call centers suecos

Considerando o modelo Demanda-Controle de KARASEK e THEORELL

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 57: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

(1979) observou-se a associaccedilatildeo entre a CVS e alta exigecircnciademanda baixo

controle inseguranccedila no emprego e falta de suporte social no trabalho Estes

resultados coincidem com os obtidos por FERNANDES et al (2002) que

mostrou a existecircncia de ldquobocircnusrdquo e precircmios de produtividade individual em call

center gerando aceleraccedilotildees do processo e ambiente de competitividade

contiacutenuo

Neste estudo com teleoperadores foi observado que a presenccedila da CVS

foi associada a ser mulher agrave falta de reconhecimento no trabalho (percepccedilatildeo)

agrave falta de organizaccedilatildeo do trabalho em teleatendimento e agrave alta

demandarequisitos no trabalho ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004)

estudaram os analistas de sistemas e demonstraram que entre os fatores

associados agrave fadiga visual foi encontrada a caracteriacutestica de ser mulher o que

coincide com os resultados observados no nosso estudo em operadores de

teleatendimento

A questatildeo da falta de reconhecimento no trabalho verificada neste

estudo como associada aos sintomas visuais foi relatada em relaccedilatildeo aos

aspectos da atividade de diaacutelogo e ao comportar-se como ldquomaacutequinardquo por

SZNELWAR e MASSETTI (2000) que descrevem apesar de estar o tempo

todo se comunicando com os clientes paira a sensaccedilatildeo que em muitas

situaccedilotildees eles estatildeo usando o aparelho fonador e seu ceacuterebro para falar com

o cliente mas natildeo conseguem dialogar As padronizaccedilotildees estipuladas pelos

organizadores do trabalho geraram a queixa de serem ldquovistos ou tratadosrdquo

como maacutequina

A compreensatildeo da associaccedilatildeo dos sintomas visuais com a organizaccedilatildeo

do trabalho em teleatendimento pode ser demonstrada atraveacutes da anaacutelise dos

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 58: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

mecanismos de controle como fizeram as autoras VILELA e ASSUNCcedilAtildeO

(2004) que descrevem detalhadamente os mecanismos de controle da

atividade em uma central de teleatendimento confrontando com as queixas

dos trabalhadores colhidas no Sindicato da categoria relativas a sentimentos

de cansaccedilo esgotamento mental e impotecircncia diante de uma riacutegida

organizaccedilatildeo de trabalho

ROCHA e DEBERT-RIBEIRO (2004) demonstraram associaccedilatildeo entre as

queixas dos analistas de sistemas que apresentavam fadiga visual com alta

carga mental de trabalho equipamentos inadequados e estaccedilatildeo de trabalho

inadequada aleacutem de baixo niacutevel de participaccedilatildeo dos trabalhadores no trabalho

Quanto agrave organizaccedilatildeo do trabalho encontramos uma alta prevalecircncia no

fator ldquopressatildeo da fila de esperardquo representado pelo nuacutemero de clientes

aguardando para serem atendidos por um dos teleoperadores o que coincide

com o achado por GLINA e ROCHA (2003) As autoras descrevem que a

presenccedila da fila levava com que os supervisores aumentassem a pressatildeo

sobre os operadores que poderiam ter que executar horas extras de trabalho

como forma de resolver o problema

Quanto ao fator demandarequisitos do trabalho SANCHEZ-ROMAacuteN et

al (1996) descreveram que entre os fatores de risco para a astenopia o uacutenico

que demonstrou uma associaccedilatildeo significativa (p lt002) foi o relacionado agraves

horas trabalhadas pois 916 trabalhavam de forma contiacutenua durante mais de

quatro horas em frente ao terminal de viacutedeo

No estudo de GHASSEMI-BROUMAND e AYATOLLAHI (2008) as

complicaccedilotildees oftalmoloacutegicas tambeacutem foram mais frequumlentes nos usuaacuterios do

computador entre 4 e 6 horas de exposiccedilatildeo (50) assim como naqueles acima

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

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A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 59: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

da sexta hora trabalhada (52)

VILELA e ASSUNCcedilAtildeO (2004) descrevem que os mecanismos que

operam o controle da atividade dos teleoperadores satildeo muacuteltiplos registro

manual de cada atendimento em formulaacuterio especiacutefico por setor registros

eletrocircnicos e em tempo real da duraccedilatildeo dos atendimentos pelos monitores

presentes fisicamente em uma sala especial que analisam entre outros

gravaccedilotildees dos atendimentos cujo conteuacutedo tom de voz e agilidade no

atendimento satildeo considerados pelo supervisor presente em cada ceacutelula de

atendimento Aleacutem do controle eletrocircnico existe o controle da hierarquia que se

consolida em fichas especiais os horaacuterios de chegada saiacuteda duraccedilatildeo real da

uacutenica pausa permitida e absenteiacutesmo Mensalmente satildeo emitidas fichas que

avaliam a qualidade do atendimento de acordo com os paracircmetros da

empresa autodesenvolvimento aspectos disciplinares e produtividade

Os mecanismos de controle do trabalho observados foram categorizados

em controle do tempo do conteuacutedo do comportamento do volume de serviccedilos

realizados e dos resultados Concluiu-se que a empresa depende do esforccedilo

mental e afetivo dos teleoperadores para conseguir uma interaccedilatildeo com o

cliente e a satisfaccedilatildeo deste uacuteltimo superando as dificuldades sem contudo

ultrapassar os tempos previstos de acordo com as metas comerciais ou romper

o controle imposto O efeito observado eacute o adoecimento dos trabalhadores

(VILELA e ASSUNCcedilAtildeO 2004)

Nesta pesquisa natildeo houve significacircncia estatiacutestica ao estudarmos o

componente 4 ( T4 ndash posto de trabalho) pois atualmente as empresas tecircm

investido em melhores condiccedilotildees de trabalho no que se refere ao mobiliaacuterio e

instrumentos incluindo cadeiras mesas monitores e apoios para peacutes e braccedilos

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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199840554-68

73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 60: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

Sobre as condiccedilotildees gerais do exerciacutecio da profissatildeo a CBO (2005)

explicita ser ldquocomum o trabalho sob pressatildeo quando as filas de espera de

atendimento aumentamrdquo sendo caracteriacutesticas do teleatendimento a

necessaacuteria e contiacutenua utilizaccedilatildeo do telefone a variedade formas de trabalho a

necessidade de relacionamento com os usuaacuterios e a organizaccedilatildeo do trabalho

baseada em ldquoroteiros e scripts planejados e controlados para captar reter ou

recuperar clientesrdquo (SILVA 2006)

A Comunidade Econocircmica Europeacuteia (CEE) atraveacutes do seu Conselho

publicou em 29 de maio de 1990 a Diretiva n ordm 90270CEE que dispunha sobre

as disposiccedilotildees miacutenimas de seguranccedila e sauacutede relativas ao trabalho com VDT

Este documento inclui avaliaccedilatildeo ergonocircmica preacutevia do posto de trabalho por

parte do empregador e a proteccedilatildeo dos olhos dos trabalhadores Para estes

uacuteltimos eacute garantido exame oftalmoloacutegico antes de comeccedilar a trabalhar com

VDT (admissional) aleacutem de exames realizados periodicamente

O Ministeacuterio do Trabalho da Inglaterra atraveacutes do ldquoHealth amp Safety

Executive Local Authorities Enforcement Liaison Committee (HELA)

promulgou uma recomendaccedilatildeo (Advice Regarding Call Centre Working

Practices) em Dezembro de 2001 incluindo os seguintes aspectos para a

sauacutede visual dos operadores regulagem de contrastes de telas micropausas

para descanso visual e exames oftalmoloacutegicos regulares Estas

recomendaccedilotildees basearam-se em pesquisa atraveacutes de questionaacuterios a 1130

trabalhadores de 37 centrais de teleatendimento inglesas

Aqui no Brasil em de marccedilo de 2007 o MTE atraveacutes da Portaria SIT n ordm

9 aprovou o Anexo II da NR-17 Trabalho em TeleatendimentoTelemarketing

nos termos do Anexo I desta Portaria O Anexo II estabelece paracircmetros

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

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in formal and informal jobs in Brazil Scan J Work Environ Health Suppl

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para compreender e transformar as condiccedilotildees de adoecimento na categoria

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Brandimiller PA O corpo no trabalho guia de conforto e sauacutede para quem

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trabalha em microcomputadores 2a ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2002

p79-114

Brevigliero E Possebon J Spinelli R Higiene ocupacional Agentes

bioloacutegiocos quiacutemicos e fiacutesicos 3a ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2006

Bruno OM Carvalho LAV Oacuteptica e fisiologia da visatildeo ndash uma abordagem

multidisciplinar Satildeo Paulo Roca 2007 p59-70

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Brasil Ministeacuterio do Trabalho Portaria nordm 3214 de 08 de junho de 1978

Norma Regulamentadora NR-17 ndash Ergonomia 1990

Buscatto M Les centres drsquoappels usines modernes Les rationalisations

paradoxales de la relation teacuteleacutephonique Sociol Trav 200244(1)99-117

Charpe NA Kaushik V Computer Vision Syndrome (CVS) Recognition and

Control in Software Professionals J Hum Ecol 200928(1)67-9

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DiTecco D Cwitco G Arsenault A Andreacute M Operator stress and monitoring

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Elias R Cail F Contraintes et astreintes devant les terminaux a ecran

cathodique Paris Institut National de Recherche et de Seacutecuriteacute 1982

(Reproduction du texte du rapport no 1109RE v43)

67

Ferguson DA Major G Keldoulis T Visual defect and the visual demands of

tasks Appl Ergon 19745(2)84-93

Fernandes S et al Organizaccedilatildeo e condiccedilotildees de trabalho em telemarketing

repercussotildees na sauacutede psiacutequica dos trabalhadores In Jacques M Codo W

organizadores Sauacutede mental e trabalho ndash leituras Petroacutepolis Vozes 2002

p 247-70

Ferreira Jr M Conceiccedilatildeo GMS Saldiva PHN Work organization is

significantly associated with upper extremities musculoskeletal disorders

among employees engaged interactive computer-telephone tasks of an

International Bank subsidiary in Satildeo Paulo Brazil Am J Ind Med

199731468-73

Ferreira Jr M Saldiva PHN Computer-telephone interactive tasks predictors

of musculoskeletal disorders according to work analysis and workersrsquo

perception Appl Ergon 200233147-53

Fleury ACC Vargas N Aspectos conceituais In Fleury ACC Vargas N

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control study Occup Environ Med 200259182-8

Freudenthaler N Neuf H Kadner G Schlote T Characteristics of

spontaneous eyeblink activity during video display terminal use in healthy

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Galasso LMR Humor e estresse no trabalho fatores psicossociais

estressores e beneacuteficos no trabalho dos operadores de telemarketing [tese]

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2005

68

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69

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Sampaio MW Haddad MAO Baixa visatildeo manual para o oftalmologista Rio

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72

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but largely unknow epidemic among computer users Comp Human Behav

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Ye Z Honda S Abe Y Kusano Y Takamura N Imamura Y Eida K

Takemoto T Aoyagi K Influence of work duration or physical symptoms on

mental health among japanese visual display terminal users Ind Health

2007a45328-33

Ye Z Abe Y Kusano Y Takamura N Eida K Takemoto T Aoyagi K The

influence of visual display terminal use on the physical and mental conditions

of administrative staff in Japan J Physiol Anthropol 2007b2669-73

Ziefle M Effects of display resolution on visual performance Human Factors

199840554-68

73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 61: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

miacutenimos para o trabalho em atividades teleatendimentotelemarketing nas

diversas modalidades desse serviccedilo de modo a proporcionar um maacuteximo

conforto seguranccedila sauacutede e desempenho eficiente Este Anexo indica a

realizaccedilatildeo da anaacutelise ergonocircmica do trabalho (AET) a fim de que possam ser

definidas melhores condiccedilotildees na execuccedilatildeo das tarefas inclusive com a

introduccedilatildeo de novas tecnologias

Os resultados deste estudo apontam que os sintomas ocularesvisuais

associados ao uso de computadores satildeo abrangentes e variados mas para

uma boa qualidade da visatildeo medidas podem ser efetivas tais como a)

iluminaccedilatildeo adequada com niacuteveis apropriados para as necessidades individuais

de cada trabalhador e para o tipo de tarefa executada b) postura adequada

que envolve natildeo soacute o posicionamento dos trabalhadores na cadeira mas

tambeacutem do monitor na mesa da mesa em relaccedilatildeo agrave janela existente na sala

os manuscritos a serem utilizados devem ser legiacuteveis e colocados de forma

faacutecil para a leitura c) estiacutemulo a pausas e mudanccedilas frequumlentes de posiccedilatildeo

criando inclusive condiccedilotildees para afastar o olhar do posto de trabalho por

alguns instantes e d) assegurar exames oftalmoloacutegicos perioacutedicos a fim de

evitar transtornos visuais natildeo corrigidos ou corrigidos inadequadamente

BRANDIMILLER (2002) sugere ainda reduzir o tempo diaacuterio de trabalho com o

computador incluindo a diversificaccedilatildeo de tarefas durante o expediente

Paralelamente os resultados demonstraram a importacircncia do estudo da

CVS pois existe grande relaccedilatildeo entre os sintomas relatados pelos

teleoperadores e aqueles citados por BLEHM (2005) em seu artigo de revisatildeo

aleacutem de corroborar com a ideacuteia da importacircncia e da necessidade do exame

oftalmoloacutegico perioacutedico desses profissionais

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

6 REFEREcircNCIAS

ABNT ndash Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR-5413 Iluminacircncia

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Assunccedilatildeo AA Marinho-Silva A Vilela LVO Guthier MH Abordar o trabalho

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Brandimiller PA O corpo no trabalho guia de conforto e sauacutede para quem

66

trabalha em microcomputadores 2a ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2002

p79-114

Brevigliero E Possebon J Spinelli R Higiene ocupacional Agentes

bioloacutegiocos quiacutemicos e fiacutesicos 3a ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2006

Bruno OM Carvalho LAV Oacuteptica e fisiologia da visatildeo ndash uma abordagem

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Fredriksson K Alfredsson L Ahlberg G Josephson M Kilbom A Wigaeus

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Freudenthaler N Neuf H Kadner G Schlote T Characteristics of

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repercussotildees na sauacutede do trabalhador In Glina DMR Rocha LE

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Roca 2010 p3-30

Glina DMR Rocha LE Fatores de estresse no trabalho de operadores de

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Grandjean E Huumlnting N Ergonomics of posture review of various problems

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Working Practices 2001 [Acesso em 01 ago 2009] Disponiacutevel em

httpwwwhsegovuk

Hulley SB Cumming SR Browner W Grady D Hearst N Newman TB

Delineando pesquisa cliacutenica uma abordagem epidemioloacutegica Porto Alegre

Artmed 2003

ILO 1986 Disponiacutevel em httpwwwiloorg

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Karasek RA Theorell T The environment the worker and illness

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Basic Books 1990

Kompier M Levi L O estresse no trabalho causas efeitos e prevenccedilatildeo

Dublin Fundaccedilatildeo Europeacuteia para a Melhoria das Condiccedilotildees de Vida e de

Trabalho 1995

69

Kuorinka B Jonsson A Kilbom H Vinterberg F Biering-Sorenen G

Andersson Jorgenson K Standardised nordic questionnaires for the analysis

of musculoskeletal symptoms Appl Ergon 198718233-7

Lida I Ergonomia ndash projeto e produccedilatildeo Satildeo Paulo Ed Edgard Bluumlter 1990

Marinho-Silva A A regulamentaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho no setor de

teleatendimento no Brasil necessidades e desafios [Dissertaccedilatildeo] Belo

Horizonte Faculdade de Medicina Universidade Federal de Minas Gerais

2004

Mendes R Patologia do trabalho 2a ed atual ampl Satildeo Paulo Atheneu

2003 p813

Moura AA Novas tecnologias Rev Bras Saude Ocup 199379(21)63-75

Neter J Kutner MH Nachstein CJ Wasserman W Applied linear statistical

models New York McGraw-HillIrwin 1996

NIOSH ndash The National Institute for Occupational Safety and Health 2003

Disponiacutevel em httpwwwnioshcom

Oliveira S Rezende MS Brito J Saberes e estrateacutegias dos operadores de

telemarketing frente agraves adversidades do trabalho Rev Bras Saude Ocup

200631(114)4-6

Paraguay AIBB Organizaccedilatildeo do trabalho In Mendes R Patologia do

trabalho 2a ed atual ampl Satildeo Paulo Atheneu 2003

Piccoli B Molteni G Grieco A Aspetti illuminotecnici e posturali degli

ambienti e dei posti di lavoro attrezzati com VDT Boll Ocul 199069(5)21-9

Piccoli B A critical appraisal of current knowledge and future directions of

ergophthalmology consensus document of the ICOH Committee on ldquoWork

and Visionrdquo Ergonomics 200346(4)384-406

Piccoli B Soci G Zambelli PL Pisaniello D Photometry in the workplace

The rationale for a new method Ann Occup Hyg 200448(1)29-38

70

Raab Glina DM Rocha LE Psychosocial aspects of work of female call

center operators in a bank of Satildeo Paulo Brazil Psykhe 200211109-20

Read BB Ergonomics RX for call centers Call Center Magazine

200114(5)54-66

Rocha LE Estresse ocupacional em profissionais de processamento de

dados condiccedilotildees de trabalho e repercussotildees na vida e sauacutede dos analistas

de sistemas [doutorado] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade

de Satildeo Paulo 1996

Rocha LE Debert-Ribeiro M Working conditions visual fatigue and mental

health among systems analysts in Satildeo Paulo Brazil Occup Environ Med

20046124-32

Rocha LE Condiccedilotildees de trabalho e sauacutede de operadores de telemarketing

Projeto desenvolvido pelo Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica e

Medicina Social e do Trabalho Satildeo Paulo 2001

Rocha LE Glina DMR Marinho MF Nakasato D Risk factors for

musculoskeletal symptoms among Call Center Operators of a bank in Satildeo

Paulo Brazil Ind Health 200543637-46

Rocha LE Glina DMR Work demands and operators strategies in a health

Call Center in Satildeo PauloBrazil In Human factor in organizational design

and management IX Proceedings of the Ninth International Symposium on

Human Factors in Organizational Design and Management Satildeo Paulo

Editora Bluumlcher 2008 p239-44

Sampaio MW Haddad MAO Baixa visatildeo manual para o oftalmologista Rio

de Janeiro Guanabara-Koogan 2009

Sanchez-Romaacuten FR Peacuterez-Lucio C Juaacuterez-Ruiz C Veacutelez-Zamora N M

Jimeacutenez-Villarruel M Factores de risco para la astenopiacutea em operadores de

terminales de computadoras Salud Publica Mexico 199638(3)189-96

71

Schaefer TMC Anaacutelise das alteraccedilotildees do piscar do filme lacrimal e da

superfiacutecie ocular induzidas pelo uso de monitor de computador [tese] Satildeo

Paulo Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo 2009

Schlote T Kadner G Freudenthaler N Marked reduction and distinct

patterns of eye blinking in pacientes with moderately dry eyes during video

display terminal use 2004242(2)306-12

Silva A M Condiccedilotildees de trabalho e adoecimento dos trabalhadores em

teleatendimento uma breve revisatildeo Rev Bras Med Trabalho 20069(18)62-

79

Sznelwar LI Massetti M Sofrimento no trabalho uma leitura a partir de

grupos de expressatildeo In Sznelwar LI Zidan LN organizadores O trabalho

humano com sistemas informatizados no setor de serviccedilos Satildeo Paulo

Editora Plecirciade 2000 p 105-17

Taylor FW Princiacutepios da administraccedilatildeo cientiacutefica Satildeo Paulo Atlas 1998

Toomingas A et al Working conditions and employee health at call centers

in Sweden Stockholm National Institute for Working Life 2002

Travers PH Stanton BA Office workers and video display terminals

physical psychological and ergonomic factors AAOHN J 200250(11)489-

93

Venco S Centrais de atendimento a faacutebrica do seacuteculo XIX nos serviccedilos do

seacuteculo XXI Revista Bras Sauacutede Puacuteblica 200631(114)7-18

Venco S As engrenagens do telemarketing ndash vida e trabalho na

contemporaneidade Campinas SP Arte Escrita Editora 2009

Vilela LVO Assunccedilatildeo AA Os mecanismos de controle da atividade no setor

de teleatendimento e as queixas de cansaccedilo e esgotamento dos

trabalhadores Cad Sauacutede Puacuteblica 200420(4)1069-78

Westin AF Two key factors that belong in a macroergonomic analysis of

eletronic monitoring employee perceptions of fairness and the climate of

organizational trust or distrust Appl Ergon 1992 23(1) 35-42

72

Yan Z Hu L Chen H Lu F Computer Vision Syndrome A widely spreading

but largely unknow epidemic among computer users Comp Human Behav

2008242026-2042

Ye Z Honda S Abe Y Kusano Y Takamura N Imamura Y Eida K

Takemoto T Aoyagi K Influence of work duration or physical symptoms on

mental health among japanese visual display terminal users Ind Health

2007a45328-33

Ye Z Abe Y Kusano Y Takamura N Eida K Takemoto T Aoyagi K The

influence of visual display terminal use on the physical and mental conditions

of administrative staff in Japan J Physiol Anthropol 2007b2669-73

Ziefle M Effects of display resolution on visual performance Human Factors

199840554-68

73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 62: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

A principal limitaccedilatildeo deste estudo eacute o seu desenho epidemioloacutegico

transversal natildeo permitindo inferecircncias de causalidade Aleacutem disso este estudo

envolveu apenas duas centrais natildeo foram incluiacutedos os trabalhadores que

estavam afastados por motivo de sauacutede e as caracteriacutesticas individuais

oftalmoloacutegicas tais como as ametropias Por outro lado esta pesquisa

acrescenta agrave literatura dados especiacuteficos agrave cerca dos fatores associados aos

sintomas visuais em operadores de teleatendimento

A literatura demonstra que as causas dos distuacuterbios visuais relacionados

ao trabalho satildeo geralmente multifatoriais SCHAEFER (2009) relata que

segundo o Comitecirc da International Commission of Health (ICOH ICWV2003) a

maneira atual de lidar com os assuntos de ldquotrabalho e visatildeordquo ainda eacute

monodisciplinar trabalhando-se de forma isolada por exemplo os exames dos

olhos feitos por oftalmologistas a iluminaccedilatildeo planejada pelos engenheiros e

arquitetos a poluiccedilatildeo quiacutemica estudada pelos higienistas ocupacionais Tendo

em vista a complexidade da relaccedilatildeo trabalho e visatildeo estas accedilotildees satildeo limitadas

e pouco eficazes na proteccedilatildeo agrave sauacutede dos trabalhadores

Este estudo aponta a necessidade de accedilotildees nas situaccedilotildees do trabalho

envolvendo modificaccedilotildees das condiccedilotildees do ambiente e organizaccedilatildeo do

trabalho anaacutelise da atividade profissional e ao mesmo tempo avaliaccedilatildeo das

caracteriacutesticas dos trabalhadores Para COSTA e KARA-JOSE () a promoccedilatildeo

da sauacutede ocular eacute necessaacuteria para garantir uma boa qualidade de vida o

individuo deve apresentar capacidade visual que lhe permita o

desenvolvimento de potencialidades e a sua participaccedilatildeo na sociedade

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

6 REFEREcircNCIAS

ABNT ndash Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR-5413 Iluminacircncia

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Piccoli B Molteni G Grieco A Aspetti illuminotecnici e posturali degli

ambienti e dei posti di lavoro attrezzati com VDT Boll Ocul 199069(5)21-9

Piccoli B A critical appraisal of current knowledge and future directions of

ergophthalmology consensus document of the ICOH Committee on ldquoWork

and Visionrdquo Ergonomics 200346(4)384-406

Piccoli B Soci G Zambelli PL Pisaniello D Photometry in the workplace

The rationale for a new method Ann Occup Hyg 200448(1)29-38

70

Raab Glina DM Rocha LE Psychosocial aspects of work of female call

center operators in a bank of Satildeo Paulo Brazil Psykhe 200211109-20

Read BB Ergonomics RX for call centers Call Center Magazine

200114(5)54-66

Rocha LE Estresse ocupacional em profissionais de processamento de

dados condiccedilotildees de trabalho e repercussotildees na vida e sauacutede dos analistas

de sistemas [doutorado] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade

de Satildeo Paulo 1996

Rocha LE Debert-Ribeiro M Working conditions visual fatigue and mental

health among systems analysts in Satildeo Paulo Brazil Occup Environ Med

20046124-32

Rocha LE Condiccedilotildees de trabalho e sauacutede de operadores de telemarketing

Projeto desenvolvido pelo Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica e

Medicina Social e do Trabalho Satildeo Paulo 2001

Rocha LE Glina DMR Marinho MF Nakasato D Risk factors for

musculoskeletal symptoms among Call Center Operators of a bank in Satildeo

Paulo Brazil Ind Health 200543637-46

Rocha LE Glina DMR Work demands and operators strategies in a health

Call Center in Satildeo PauloBrazil In Human factor in organizational design

and management IX Proceedings of the Ninth International Symposium on

Human Factors in Organizational Design and Management Satildeo Paulo

Editora Bluumlcher 2008 p239-44

Sampaio MW Haddad MAO Baixa visatildeo manual para o oftalmologista Rio

de Janeiro Guanabara-Koogan 2009

Sanchez-Romaacuten FR Peacuterez-Lucio C Juaacuterez-Ruiz C Veacutelez-Zamora N M

Jimeacutenez-Villarruel M Factores de risco para la astenopiacutea em operadores de

terminales de computadoras Salud Publica Mexico 199638(3)189-96

71

Schaefer TMC Anaacutelise das alteraccedilotildees do piscar do filme lacrimal e da

superfiacutecie ocular induzidas pelo uso de monitor de computador [tese] Satildeo

Paulo Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo 2009

Schlote T Kadner G Freudenthaler N Marked reduction and distinct

patterns of eye blinking in pacientes with moderately dry eyes during video

display terminal use 2004242(2)306-12

Silva A M Condiccedilotildees de trabalho e adoecimento dos trabalhadores em

teleatendimento uma breve revisatildeo Rev Bras Med Trabalho 20069(18)62-

79

Sznelwar LI Massetti M Sofrimento no trabalho uma leitura a partir de

grupos de expressatildeo In Sznelwar LI Zidan LN organizadores O trabalho

humano com sistemas informatizados no setor de serviccedilos Satildeo Paulo

Editora Plecirciade 2000 p 105-17

Taylor FW Princiacutepios da administraccedilatildeo cientiacutefica Satildeo Paulo Atlas 1998

Toomingas A et al Working conditions and employee health at call centers

in Sweden Stockholm National Institute for Working Life 2002

Travers PH Stanton BA Office workers and video display terminals

physical psychological and ergonomic factors AAOHN J 200250(11)489-

93

Venco S Centrais de atendimento a faacutebrica do seacuteculo XIX nos serviccedilos do

seacuteculo XXI Revista Bras Sauacutede Puacuteblica 200631(114)7-18

Venco S As engrenagens do telemarketing ndash vida e trabalho na

contemporaneidade Campinas SP Arte Escrita Editora 2009

Vilela LVO Assunccedilatildeo AA Os mecanismos de controle da atividade no setor

de teleatendimento e as queixas de cansaccedilo e esgotamento dos

trabalhadores Cad Sauacutede Puacuteblica 200420(4)1069-78

Westin AF Two key factors that belong in a macroergonomic analysis of

eletronic monitoring employee perceptions of fairness and the climate of

organizational trust or distrust Appl Ergon 1992 23(1) 35-42

72

Yan Z Hu L Chen H Lu F Computer Vision Syndrome A widely spreading

but largely unknow epidemic among computer users Comp Human Behav

2008242026-2042

Ye Z Honda S Abe Y Kusano Y Takamura N Imamura Y Eida K

Takemoto T Aoyagi K Influence of work duration or physical symptoms on

mental health among japanese visual display terminal users Ind Health

2007a45328-33

Ye Z Abe Y Kusano Y Takamura N Eida K Takemoto T Aoyagi K The

influence of visual display terminal use on the physical and mental conditions

of administrative staff in Japan J Physiol Anthropol 2007b2669-73

Ziefle M Effects of display resolution on visual performance Human Factors

199840554-68

73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 63: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

6 CONCLUSOtildeES

Nas condiccedilotildees deste estudo concluiu-se que

Foi encontrada a prevalecircncia dos sinaissintomas da CVS encontrou-

se 546 entre os operadores de duas centrais de atendimento

telefocircnico de Satildeo Paulo Brasil

Os sintomas ocularesvisuais mais frequumlentes relatados pelos

teleoperadores foram ldquoqueimaccedilatildeordquo nos olhos e lacrimejamento

Foi verificada associaccedilatildeo importante entre a CVS e o gecircnero (maior

prevalecircncia em mulheres) a falta de reconhecimento no trabalho

(percepccedilatildeo pelos teleoperadores) a falta de organizaccedilatildeo do trabalho

em teleatendimento e a alta demandarequisitos no trabalho na

funccedilatildeo estudada

65

6 REFEREcircNCIAS

ABNT ndash Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas NBR-5413 Iluminacircncia

de interiores Rio de Janeiro 1992 13p

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2008652-9

Assunccedilatildeo AA Marinho-Silva A Vilela LVO Guthier MH Abordar o trabalho

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66

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(Reproduction du texte du rapport no 1109RE v43)

67

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p 247-70

Ferreira Jr M Conceiccedilatildeo GMS Saldiva PHN Work organization is

significantly associated with upper extremities musculoskeletal disorders

among employees engaged interactive computer-telephone tasks of an

International Bank subsidiary in Satildeo Paulo Brazil Am J Ind Med

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of musculoskeletal disorders according to work analysis and workersrsquo

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Freudenthaler N Neuf H Kadner G Schlote T Characteristics of

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Galasso LMR Humor e estresse no trabalho fatores psicossociais

estressores e beneacuteficos no trabalho dos operadores de telemarketing [tese]

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68

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199840554-68

73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 64: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

65

6 REFEREcircNCIAS

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Brandimiller PA O corpo no trabalho guia de conforto e sauacutede para quem

66

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Brevigliero E Possebon J Spinelli R Higiene ocupacional Agentes

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p 247-70

Ferreira Jr M Conceiccedilatildeo GMS Saldiva PHN Work organization is

significantly associated with upper extremities musculoskeletal disorders

among employees engaged interactive computer-telephone tasks of an

International Bank subsidiary in Satildeo Paulo Brazil Am J Ind Med

199731468-73

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of musculoskeletal disorders according to work analysis and workersrsquo

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Hjelm E Wiktorin C Vingard E Work environment and neck and shoulder

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control study Occup Environ Med 200259182-8

Freudenthaler N Neuf H Kadner G Schlote T Characteristics of

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of musculoskeletal symptoms Appl Ergon 198718233-7

Lida I Ergonomia ndash projeto e produccedilatildeo Satildeo Paulo Ed Edgard Bluumlter 1990

Marinho-Silva A A regulamentaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho no setor de

teleatendimento no Brasil necessidades e desafios [Dissertaccedilatildeo] Belo

Horizonte Faculdade de Medicina Universidade Federal de Minas Gerais

2004

Mendes R Patologia do trabalho 2a ed atual ampl Satildeo Paulo Atheneu

2003 p813

Moura AA Novas tecnologias Rev Bras Saude Ocup 199379(21)63-75

Neter J Kutner MH Nachstein CJ Wasserman W Applied linear statistical

models New York McGraw-HillIrwin 1996

NIOSH ndash The National Institute for Occupational Safety and Health 2003

Disponiacutevel em httpwwwnioshcom

Oliveira S Rezende MS Brito J Saberes e estrateacutegias dos operadores de

telemarketing frente agraves adversidades do trabalho Rev Bras Saude Ocup

200631(114)4-6

Paraguay AIBB Organizaccedilatildeo do trabalho In Mendes R Patologia do

trabalho 2a ed atual ampl Satildeo Paulo Atheneu 2003

Piccoli B Molteni G Grieco A Aspetti illuminotecnici e posturali degli

ambienti e dei posti di lavoro attrezzati com VDT Boll Ocul 199069(5)21-9

Piccoli B A critical appraisal of current knowledge and future directions of

ergophthalmology consensus document of the ICOH Committee on ldquoWork

and Visionrdquo Ergonomics 200346(4)384-406

Piccoli B Soci G Zambelli PL Pisaniello D Photometry in the workplace

The rationale for a new method Ann Occup Hyg 200448(1)29-38

70

Raab Glina DM Rocha LE Psychosocial aspects of work of female call

center operators in a bank of Satildeo Paulo Brazil Psykhe 200211109-20

Read BB Ergonomics RX for call centers Call Center Magazine

200114(5)54-66

Rocha LE Estresse ocupacional em profissionais de processamento de

dados condiccedilotildees de trabalho e repercussotildees na vida e sauacutede dos analistas

de sistemas [doutorado] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade

de Satildeo Paulo 1996

Rocha LE Debert-Ribeiro M Working conditions visual fatigue and mental

health among systems analysts in Satildeo Paulo Brazil Occup Environ Med

20046124-32

Rocha LE Condiccedilotildees de trabalho e sauacutede de operadores de telemarketing

Projeto desenvolvido pelo Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica e

Medicina Social e do Trabalho Satildeo Paulo 2001

Rocha LE Glina DMR Marinho MF Nakasato D Risk factors for

musculoskeletal symptoms among Call Center Operators of a bank in Satildeo

Paulo Brazil Ind Health 200543637-46

Rocha LE Glina DMR Work demands and operators strategies in a health

Call Center in Satildeo PauloBrazil In Human factor in organizational design

and management IX Proceedings of the Ninth International Symposium on

Human Factors in Organizational Design and Management Satildeo Paulo

Editora Bluumlcher 2008 p239-44

Sampaio MW Haddad MAO Baixa visatildeo manual para o oftalmologista Rio

de Janeiro Guanabara-Koogan 2009

Sanchez-Romaacuten FR Peacuterez-Lucio C Juaacuterez-Ruiz C Veacutelez-Zamora N M

Jimeacutenez-Villarruel M Factores de risco para la astenopiacutea em operadores de

terminales de computadoras Salud Publica Mexico 199638(3)189-96

71

Schaefer TMC Anaacutelise das alteraccedilotildees do piscar do filme lacrimal e da

superfiacutecie ocular induzidas pelo uso de monitor de computador [tese] Satildeo

Paulo Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo 2009

Schlote T Kadner G Freudenthaler N Marked reduction and distinct

patterns of eye blinking in pacientes with moderately dry eyes during video

display terminal use 2004242(2)306-12

Silva A M Condiccedilotildees de trabalho e adoecimento dos trabalhadores em

teleatendimento uma breve revisatildeo Rev Bras Med Trabalho 20069(18)62-

79

Sznelwar LI Massetti M Sofrimento no trabalho uma leitura a partir de

grupos de expressatildeo In Sznelwar LI Zidan LN organizadores O trabalho

humano com sistemas informatizados no setor de serviccedilos Satildeo Paulo

Editora Plecirciade 2000 p 105-17

Taylor FW Princiacutepios da administraccedilatildeo cientiacutefica Satildeo Paulo Atlas 1998

Toomingas A et al Working conditions and employee health at call centers

in Sweden Stockholm National Institute for Working Life 2002

Travers PH Stanton BA Office workers and video display terminals

physical psychological and ergonomic factors AAOHN J 200250(11)489-

93

Venco S Centrais de atendimento a faacutebrica do seacuteculo XIX nos serviccedilos do

seacuteculo XXI Revista Bras Sauacutede Puacuteblica 200631(114)7-18

Venco S As engrenagens do telemarketing ndash vida e trabalho na

contemporaneidade Campinas SP Arte Escrita Editora 2009

Vilela LVO Assunccedilatildeo AA Os mecanismos de controle da atividade no setor

de teleatendimento e as queixas de cansaccedilo e esgotamento dos

trabalhadores Cad Sauacutede Puacuteblica 200420(4)1069-78

Westin AF Two key factors that belong in a macroergonomic analysis of

eletronic monitoring employee perceptions of fairness and the climate of

organizational trust or distrust Appl Ergon 1992 23(1) 35-42

72

Yan Z Hu L Chen H Lu F Computer Vision Syndrome A widely spreading

but largely unknow epidemic among computer users Comp Human Behav

2008242026-2042

Ye Z Honda S Abe Y Kusano Y Takamura N Imamura Y Eida K

Takemoto T Aoyagi K Influence of work duration or physical symptoms on

mental health among japanese visual display terminal users Ind Health

2007a45328-33

Ye Z Abe Y Kusano Y Takamura N Eida K Takemoto T Aoyagi K The

influence of visual display terminal use on the physical and mental conditions

of administrative staff in Japan J Physiol Anthropol 2007b2669-73

Ziefle M Effects of display resolution on visual performance Human Factors

199840554-68

73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 65: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

66

trabalha em microcomputadores 2a ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2002

p79-114

Brevigliero E Possebon J Spinelli R Higiene ocupacional Agentes

bioloacutegiocos quiacutemicos e fiacutesicos 3a ed Satildeo Paulo Editora SENAC 2006

Bruno OM Carvalho LAV Oacuteptica e fisiologia da visatildeo ndash uma abordagem

multidisciplinar Satildeo Paulo Roca 2007 p59-70

Brasil Ministeacuterio do Trabalho Classificaccedilatildeo Brasileira de Ocupaccedilotildees (CBO)

2005 Disponiacutevel em httpwwwmtecbogovbrindexhtm

Brasil Ministeacuterio do Trabalho Normas Regulamentadoras (NR) 2007

Disponiacutevel em httpwwwmtegovbrlegislacaonormas_regulamentadoras

nr_17_anexo2pdf

Brasil Ministeacuterio do Trabalho e Emprego Relatoacuterio Anual de Informaccedilotildees

Sociais (RAIS) 2010 Disponiacutevel em httpwwwraisgovbr

Brasil Ministeacuterio do Trabalho Portaria nordm 3214 de 08 de junho de 1978

Norma Regulamentadora NR-17 ndash Ergonomia 1990

Buscatto M Les centres drsquoappels usines modernes Les rationalisations

paradoxales de la relation teacuteleacutephonique Sociol Trav 200244(1)99-117

Charpe NA Kaushik V Computer Vision Syndrome (CVS) Recognition and

Control in Software Professionals J Hum Ecol 200928(1)67-9

Cline D Hofstetter HW Griffin JR Dictionary of visual science 4th ed

Radnor Pa Chilton 1989

Costa MN Kara-Jose N Oftalmologia para o cliacutenico Rio de Janeiro Cultura

Meacutedica 2008 p 217

DiTecco D Cwitco G Arsenault A Andreacute M Operator stress and monitoring

practices Appl Ergon 199223(1)29-34

Elias R Cail F Contraintes et astreintes devant les terminaux a ecran

cathodique Paris Institut National de Recherche et de Seacutecuriteacute 1982

(Reproduction du texte du rapport no 1109RE v43)

67

Ferguson DA Major G Keldoulis T Visual defect and the visual demands of

tasks Appl Ergon 19745(2)84-93

Fernandes S et al Organizaccedilatildeo e condiccedilotildees de trabalho em telemarketing

repercussotildees na sauacutede psiacutequica dos trabalhadores In Jacques M Codo W

organizadores Sauacutede mental e trabalho ndash leituras Petroacutepolis Vozes 2002

p 247-70

Ferreira Jr M Conceiccedilatildeo GMS Saldiva PHN Work organization is

significantly associated with upper extremities musculoskeletal disorders

among employees engaged interactive computer-telephone tasks of an

International Bank subsidiary in Satildeo Paulo Brazil Am J Ind Med

199731468-73

Ferreira Jr M Saldiva PHN Computer-telephone interactive tasks predictors

of musculoskeletal disorders according to work analysis and workersrsquo

perception Appl Ergon 200233147-53

Fleury ACC Vargas N Aspectos conceituais In Fleury ACC Vargas N

coordenadores Organizaccedilatildeo do trabalho Satildeo Paulo Atlas 1983 p17-37

Fredriksson K Alfredsson L Ahlberg G Josephson M Kilbom A Wigaeus

Hjelm E Wiktorin C Vingard E Work environment and neck and shoulder

pain the influence of exposure time results from a population based case-

control study Occup Environ Med 200259182-8

Freudenthaler N Neuf H Kadner G Schlote T Characteristics of

spontaneous eyeblink activity during video display terminal use in healthy

volunteers Graefes Arch Clin Exp Ophthalmol 200324(11)914-20

Galasso LMR Humor e estresse no trabalho fatores psicossociais

estressores e beneacuteficos no trabalho dos operadores de telemarketing [tese]

Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo

2005

68

Ghassemi-Broumand M Ayatollahi M Evaluation of frequency of

complications of working with computers in a group of young adult computers

users Pak J Med Sci 200824(5)702-6

Glina DMR Modelos teoacutericos de estresse e estresse no trabalho e

repercussotildees na sauacutede do trabalhador In Glina DMR Rocha LE

organizadoras Sauacutede mental no trabalho da teoria agrave praacutetica Satildeo Paulo

Roca 2010 p3-30

Glina DMR Rocha LE Fatores de estresse no trabalho de operadores de

centrais de atendimento telefocircnico de um banco em Satildeo Paulo Rev Bras

Med Trab (Belo Horizonte) 20031(1)31-9

Grandjean E Huumlnting N Ergonomics of posture review of various problems

of standing and sitting Appl Ergon 19978(3)135-40

HSE - Health amp Safety Executive (HELA) Advice Regarding Call Centre

Working Practices 2001 [Acesso em 01 ago 2009] Disponiacutevel em

httpwwwhsegovuk

Hulley SB Cumming SR Browner W Grady D Hearst N Newman TB

Delineando pesquisa cliacutenica uma abordagem epidemioloacutegica Porto Alegre

Artmed 2003

ILO 1986 Disponiacutevel em httpwwwiloorg

Jepsen JR Thomsen G A cross-section study of the relation between

synptoms and physical findings in computador operators Neurology

200640(6)

Karasek RA Theorell T The environment the worker and illness

psychosocial and physiological linkages In Karasek RA Theorell T Health

work stress productivity and the reconstruction of working life New York

Basic Books 1990

Kompier M Levi L O estresse no trabalho causas efeitos e prevenccedilatildeo

Dublin Fundaccedilatildeo Europeacuteia para a Melhoria das Condiccedilotildees de Vida e de

Trabalho 1995

69

Kuorinka B Jonsson A Kilbom H Vinterberg F Biering-Sorenen G

Andersson Jorgenson K Standardised nordic questionnaires for the analysis

of musculoskeletal symptoms Appl Ergon 198718233-7

Lida I Ergonomia ndash projeto e produccedilatildeo Satildeo Paulo Ed Edgard Bluumlter 1990

Marinho-Silva A A regulamentaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho no setor de

teleatendimento no Brasil necessidades e desafios [Dissertaccedilatildeo] Belo

Horizonte Faculdade de Medicina Universidade Federal de Minas Gerais

2004

Mendes R Patologia do trabalho 2a ed atual ampl Satildeo Paulo Atheneu

2003 p813

Moura AA Novas tecnologias Rev Bras Saude Ocup 199379(21)63-75

Neter J Kutner MH Nachstein CJ Wasserman W Applied linear statistical

models New York McGraw-HillIrwin 1996

NIOSH ndash The National Institute for Occupational Safety and Health 2003

Disponiacutevel em httpwwwnioshcom

Oliveira S Rezende MS Brito J Saberes e estrateacutegias dos operadores de

telemarketing frente agraves adversidades do trabalho Rev Bras Saude Ocup

200631(114)4-6

Paraguay AIBB Organizaccedilatildeo do trabalho In Mendes R Patologia do

trabalho 2a ed atual ampl Satildeo Paulo Atheneu 2003

Piccoli B Molteni G Grieco A Aspetti illuminotecnici e posturali degli

ambienti e dei posti di lavoro attrezzati com VDT Boll Ocul 199069(5)21-9

Piccoli B A critical appraisal of current knowledge and future directions of

ergophthalmology consensus document of the ICOH Committee on ldquoWork

and Visionrdquo Ergonomics 200346(4)384-406

Piccoli B Soci G Zambelli PL Pisaniello D Photometry in the workplace

The rationale for a new method Ann Occup Hyg 200448(1)29-38

70

Raab Glina DM Rocha LE Psychosocial aspects of work of female call

center operators in a bank of Satildeo Paulo Brazil Psykhe 200211109-20

Read BB Ergonomics RX for call centers Call Center Magazine

200114(5)54-66

Rocha LE Estresse ocupacional em profissionais de processamento de

dados condiccedilotildees de trabalho e repercussotildees na vida e sauacutede dos analistas

de sistemas [doutorado] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade

de Satildeo Paulo 1996

Rocha LE Debert-Ribeiro M Working conditions visual fatigue and mental

health among systems analysts in Satildeo Paulo Brazil Occup Environ Med

20046124-32

Rocha LE Condiccedilotildees de trabalho e sauacutede de operadores de telemarketing

Projeto desenvolvido pelo Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica e

Medicina Social e do Trabalho Satildeo Paulo 2001

Rocha LE Glina DMR Marinho MF Nakasato D Risk factors for

musculoskeletal symptoms among Call Center Operators of a bank in Satildeo

Paulo Brazil Ind Health 200543637-46

Rocha LE Glina DMR Work demands and operators strategies in a health

Call Center in Satildeo PauloBrazil In Human factor in organizational design

and management IX Proceedings of the Ninth International Symposium on

Human Factors in Organizational Design and Management Satildeo Paulo

Editora Bluumlcher 2008 p239-44

Sampaio MW Haddad MAO Baixa visatildeo manual para o oftalmologista Rio

de Janeiro Guanabara-Koogan 2009

Sanchez-Romaacuten FR Peacuterez-Lucio C Juaacuterez-Ruiz C Veacutelez-Zamora N M

Jimeacutenez-Villarruel M Factores de risco para la astenopiacutea em operadores de

terminales de computadoras Salud Publica Mexico 199638(3)189-96

71

Schaefer TMC Anaacutelise das alteraccedilotildees do piscar do filme lacrimal e da

superfiacutecie ocular induzidas pelo uso de monitor de computador [tese] Satildeo

Paulo Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo 2009

Schlote T Kadner G Freudenthaler N Marked reduction and distinct

patterns of eye blinking in pacientes with moderately dry eyes during video

display terminal use 2004242(2)306-12

Silva A M Condiccedilotildees de trabalho e adoecimento dos trabalhadores em

teleatendimento uma breve revisatildeo Rev Bras Med Trabalho 20069(18)62-

79

Sznelwar LI Massetti M Sofrimento no trabalho uma leitura a partir de

grupos de expressatildeo In Sznelwar LI Zidan LN organizadores O trabalho

humano com sistemas informatizados no setor de serviccedilos Satildeo Paulo

Editora Plecirciade 2000 p 105-17

Taylor FW Princiacutepios da administraccedilatildeo cientiacutefica Satildeo Paulo Atlas 1998

Toomingas A et al Working conditions and employee health at call centers

in Sweden Stockholm National Institute for Working Life 2002

Travers PH Stanton BA Office workers and video display terminals

physical psychological and ergonomic factors AAOHN J 200250(11)489-

93

Venco S Centrais de atendimento a faacutebrica do seacuteculo XIX nos serviccedilos do

seacuteculo XXI Revista Bras Sauacutede Puacuteblica 200631(114)7-18

Venco S As engrenagens do telemarketing ndash vida e trabalho na

contemporaneidade Campinas SP Arte Escrita Editora 2009

Vilela LVO Assunccedilatildeo AA Os mecanismos de controle da atividade no setor

de teleatendimento e as queixas de cansaccedilo e esgotamento dos

trabalhadores Cad Sauacutede Puacuteblica 200420(4)1069-78

Westin AF Two key factors that belong in a macroergonomic analysis of

eletronic monitoring employee perceptions of fairness and the climate of

organizational trust or distrust Appl Ergon 1992 23(1) 35-42

72

Yan Z Hu L Chen H Lu F Computer Vision Syndrome A widely spreading

but largely unknow epidemic among computer users Comp Human Behav

2008242026-2042

Ye Z Honda S Abe Y Kusano Y Takamura N Imamura Y Eida K

Takemoto T Aoyagi K Influence of work duration or physical symptoms on

mental health among japanese visual display terminal users Ind Health

2007a45328-33

Ye Z Abe Y Kusano Y Takamura N Eida K Takemoto T Aoyagi K The

influence of visual display terminal use on the physical and mental conditions

of administrative staff in Japan J Physiol Anthropol 2007b2669-73

Ziefle M Effects of display resolution on visual performance Human Factors

199840554-68

73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 66: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

67

Ferguson DA Major G Keldoulis T Visual defect and the visual demands of

tasks Appl Ergon 19745(2)84-93

Fernandes S et al Organizaccedilatildeo e condiccedilotildees de trabalho em telemarketing

repercussotildees na sauacutede psiacutequica dos trabalhadores In Jacques M Codo W

organizadores Sauacutede mental e trabalho ndash leituras Petroacutepolis Vozes 2002

p 247-70

Ferreira Jr M Conceiccedilatildeo GMS Saldiva PHN Work organization is

significantly associated with upper extremities musculoskeletal disorders

among employees engaged interactive computer-telephone tasks of an

International Bank subsidiary in Satildeo Paulo Brazil Am J Ind Med

199731468-73

Ferreira Jr M Saldiva PHN Computer-telephone interactive tasks predictors

of musculoskeletal disorders according to work analysis and workersrsquo

perception Appl Ergon 200233147-53

Fleury ACC Vargas N Aspectos conceituais In Fleury ACC Vargas N

coordenadores Organizaccedilatildeo do trabalho Satildeo Paulo Atlas 1983 p17-37

Fredriksson K Alfredsson L Ahlberg G Josephson M Kilbom A Wigaeus

Hjelm E Wiktorin C Vingard E Work environment and neck and shoulder

pain the influence of exposure time results from a population based case-

control study Occup Environ Med 200259182-8

Freudenthaler N Neuf H Kadner G Schlote T Characteristics of

spontaneous eyeblink activity during video display terminal use in healthy

volunteers Graefes Arch Clin Exp Ophthalmol 200324(11)914-20

Galasso LMR Humor e estresse no trabalho fatores psicossociais

estressores e beneacuteficos no trabalho dos operadores de telemarketing [tese]

Satildeo Paulo Faculdade de Sauacutede Puacuteblica da Universidade de Satildeo Paulo

2005

68

Ghassemi-Broumand M Ayatollahi M Evaluation of frequency of

complications of working with computers in a group of young adult computers

users Pak J Med Sci 200824(5)702-6

Glina DMR Modelos teoacutericos de estresse e estresse no trabalho e

repercussotildees na sauacutede do trabalhador In Glina DMR Rocha LE

organizadoras Sauacutede mental no trabalho da teoria agrave praacutetica Satildeo Paulo

Roca 2010 p3-30

Glina DMR Rocha LE Fatores de estresse no trabalho de operadores de

centrais de atendimento telefocircnico de um banco em Satildeo Paulo Rev Bras

Med Trab (Belo Horizonte) 20031(1)31-9

Grandjean E Huumlnting N Ergonomics of posture review of various problems

of standing and sitting Appl Ergon 19978(3)135-40

HSE - Health amp Safety Executive (HELA) Advice Regarding Call Centre

Working Practices 2001 [Acesso em 01 ago 2009] Disponiacutevel em

httpwwwhsegovuk

Hulley SB Cumming SR Browner W Grady D Hearst N Newman TB

Delineando pesquisa cliacutenica uma abordagem epidemioloacutegica Porto Alegre

Artmed 2003

ILO 1986 Disponiacutevel em httpwwwiloorg

Jepsen JR Thomsen G A cross-section study of the relation between

synptoms and physical findings in computador operators Neurology

200640(6)

Karasek RA Theorell T The environment the worker and illness

psychosocial and physiological linkages In Karasek RA Theorell T Health

work stress productivity and the reconstruction of working life New York

Basic Books 1990

Kompier M Levi L O estresse no trabalho causas efeitos e prevenccedilatildeo

Dublin Fundaccedilatildeo Europeacuteia para a Melhoria das Condiccedilotildees de Vida e de

Trabalho 1995

69

Kuorinka B Jonsson A Kilbom H Vinterberg F Biering-Sorenen G

Andersson Jorgenson K Standardised nordic questionnaires for the analysis

of musculoskeletal symptoms Appl Ergon 198718233-7

Lida I Ergonomia ndash projeto e produccedilatildeo Satildeo Paulo Ed Edgard Bluumlter 1990

Marinho-Silva A A regulamentaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho no setor de

teleatendimento no Brasil necessidades e desafios [Dissertaccedilatildeo] Belo

Horizonte Faculdade de Medicina Universidade Federal de Minas Gerais

2004

Mendes R Patologia do trabalho 2a ed atual ampl Satildeo Paulo Atheneu

2003 p813

Moura AA Novas tecnologias Rev Bras Saude Ocup 199379(21)63-75

Neter J Kutner MH Nachstein CJ Wasserman W Applied linear statistical

models New York McGraw-HillIrwin 1996

NIOSH ndash The National Institute for Occupational Safety and Health 2003

Disponiacutevel em httpwwwnioshcom

Oliveira S Rezende MS Brito J Saberes e estrateacutegias dos operadores de

telemarketing frente agraves adversidades do trabalho Rev Bras Saude Ocup

200631(114)4-6

Paraguay AIBB Organizaccedilatildeo do trabalho In Mendes R Patologia do

trabalho 2a ed atual ampl Satildeo Paulo Atheneu 2003

Piccoli B Molteni G Grieco A Aspetti illuminotecnici e posturali degli

ambienti e dei posti di lavoro attrezzati com VDT Boll Ocul 199069(5)21-9

Piccoli B A critical appraisal of current knowledge and future directions of

ergophthalmology consensus document of the ICOH Committee on ldquoWork

and Visionrdquo Ergonomics 200346(4)384-406

Piccoli B Soci G Zambelli PL Pisaniello D Photometry in the workplace

The rationale for a new method Ann Occup Hyg 200448(1)29-38

70

Raab Glina DM Rocha LE Psychosocial aspects of work of female call

center operators in a bank of Satildeo Paulo Brazil Psykhe 200211109-20

Read BB Ergonomics RX for call centers Call Center Magazine

200114(5)54-66

Rocha LE Estresse ocupacional em profissionais de processamento de

dados condiccedilotildees de trabalho e repercussotildees na vida e sauacutede dos analistas

de sistemas [doutorado] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade

de Satildeo Paulo 1996

Rocha LE Debert-Ribeiro M Working conditions visual fatigue and mental

health among systems analysts in Satildeo Paulo Brazil Occup Environ Med

20046124-32

Rocha LE Condiccedilotildees de trabalho e sauacutede de operadores de telemarketing

Projeto desenvolvido pelo Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica e

Medicina Social e do Trabalho Satildeo Paulo 2001

Rocha LE Glina DMR Marinho MF Nakasato D Risk factors for

musculoskeletal symptoms among Call Center Operators of a bank in Satildeo

Paulo Brazil Ind Health 200543637-46

Rocha LE Glina DMR Work demands and operators strategies in a health

Call Center in Satildeo PauloBrazil In Human factor in organizational design

and management IX Proceedings of the Ninth International Symposium on

Human Factors in Organizational Design and Management Satildeo Paulo

Editora Bluumlcher 2008 p239-44

Sampaio MW Haddad MAO Baixa visatildeo manual para o oftalmologista Rio

de Janeiro Guanabara-Koogan 2009

Sanchez-Romaacuten FR Peacuterez-Lucio C Juaacuterez-Ruiz C Veacutelez-Zamora N M

Jimeacutenez-Villarruel M Factores de risco para la astenopiacutea em operadores de

terminales de computadoras Salud Publica Mexico 199638(3)189-96

71

Schaefer TMC Anaacutelise das alteraccedilotildees do piscar do filme lacrimal e da

superfiacutecie ocular induzidas pelo uso de monitor de computador [tese] Satildeo

Paulo Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo 2009

Schlote T Kadner G Freudenthaler N Marked reduction and distinct

patterns of eye blinking in pacientes with moderately dry eyes during video

display terminal use 2004242(2)306-12

Silva A M Condiccedilotildees de trabalho e adoecimento dos trabalhadores em

teleatendimento uma breve revisatildeo Rev Bras Med Trabalho 20069(18)62-

79

Sznelwar LI Massetti M Sofrimento no trabalho uma leitura a partir de

grupos de expressatildeo In Sznelwar LI Zidan LN organizadores O trabalho

humano com sistemas informatizados no setor de serviccedilos Satildeo Paulo

Editora Plecirciade 2000 p 105-17

Taylor FW Princiacutepios da administraccedilatildeo cientiacutefica Satildeo Paulo Atlas 1998

Toomingas A et al Working conditions and employee health at call centers

in Sweden Stockholm National Institute for Working Life 2002

Travers PH Stanton BA Office workers and video display terminals

physical psychological and ergonomic factors AAOHN J 200250(11)489-

93

Venco S Centrais de atendimento a faacutebrica do seacuteculo XIX nos serviccedilos do

seacuteculo XXI Revista Bras Sauacutede Puacuteblica 200631(114)7-18

Venco S As engrenagens do telemarketing ndash vida e trabalho na

contemporaneidade Campinas SP Arte Escrita Editora 2009

Vilela LVO Assunccedilatildeo AA Os mecanismos de controle da atividade no setor

de teleatendimento e as queixas de cansaccedilo e esgotamento dos

trabalhadores Cad Sauacutede Puacuteblica 200420(4)1069-78

Westin AF Two key factors that belong in a macroergonomic analysis of

eletronic monitoring employee perceptions of fairness and the climate of

organizational trust or distrust Appl Ergon 1992 23(1) 35-42

72

Yan Z Hu L Chen H Lu F Computer Vision Syndrome A widely spreading

but largely unknow epidemic among computer users Comp Human Behav

2008242026-2042

Ye Z Honda S Abe Y Kusano Y Takamura N Imamura Y Eida K

Takemoto T Aoyagi K Influence of work duration or physical symptoms on

mental health among japanese visual display terminal users Ind Health

2007a45328-33

Ye Z Abe Y Kusano Y Takamura N Eida K Takemoto T Aoyagi K The

influence of visual display terminal use on the physical and mental conditions

of administrative staff in Japan J Physiol Anthropol 2007b2669-73

Ziefle M Effects of display resolution on visual performance Human Factors

199840554-68

73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 67: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

68

Ghassemi-Broumand M Ayatollahi M Evaluation of frequency of

complications of working with computers in a group of young adult computers

users Pak J Med Sci 200824(5)702-6

Glina DMR Modelos teoacutericos de estresse e estresse no trabalho e

repercussotildees na sauacutede do trabalhador In Glina DMR Rocha LE

organizadoras Sauacutede mental no trabalho da teoria agrave praacutetica Satildeo Paulo

Roca 2010 p3-30

Glina DMR Rocha LE Fatores de estresse no trabalho de operadores de

centrais de atendimento telefocircnico de um banco em Satildeo Paulo Rev Bras

Med Trab (Belo Horizonte) 20031(1)31-9

Grandjean E Huumlnting N Ergonomics of posture review of various problems

of standing and sitting Appl Ergon 19978(3)135-40

HSE - Health amp Safety Executive (HELA) Advice Regarding Call Centre

Working Practices 2001 [Acesso em 01 ago 2009] Disponiacutevel em

httpwwwhsegovuk

Hulley SB Cumming SR Browner W Grady D Hearst N Newman TB

Delineando pesquisa cliacutenica uma abordagem epidemioloacutegica Porto Alegre

Artmed 2003

ILO 1986 Disponiacutevel em httpwwwiloorg

Jepsen JR Thomsen G A cross-section study of the relation between

synptoms and physical findings in computador operators Neurology

200640(6)

Karasek RA Theorell T The environment the worker and illness

psychosocial and physiological linkages In Karasek RA Theorell T Health

work stress productivity and the reconstruction of working life New York

Basic Books 1990

Kompier M Levi L O estresse no trabalho causas efeitos e prevenccedilatildeo

Dublin Fundaccedilatildeo Europeacuteia para a Melhoria das Condiccedilotildees de Vida e de

Trabalho 1995

69

Kuorinka B Jonsson A Kilbom H Vinterberg F Biering-Sorenen G

Andersson Jorgenson K Standardised nordic questionnaires for the analysis

of musculoskeletal symptoms Appl Ergon 198718233-7

Lida I Ergonomia ndash projeto e produccedilatildeo Satildeo Paulo Ed Edgard Bluumlter 1990

Marinho-Silva A A regulamentaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho no setor de

teleatendimento no Brasil necessidades e desafios [Dissertaccedilatildeo] Belo

Horizonte Faculdade de Medicina Universidade Federal de Minas Gerais

2004

Mendes R Patologia do trabalho 2a ed atual ampl Satildeo Paulo Atheneu

2003 p813

Moura AA Novas tecnologias Rev Bras Saude Ocup 199379(21)63-75

Neter J Kutner MH Nachstein CJ Wasserman W Applied linear statistical

models New York McGraw-HillIrwin 1996

NIOSH ndash The National Institute for Occupational Safety and Health 2003

Disponiacutevel em httpwwwnioshcom

Oliveira S Rezende MS Brito J Saberes e estrateacutegias dos operadores de

telemarketing frente agraves adversidades do trabalho Rev Bras Saude Ocup

200631(114)4-6

Paraguay AIBB Organizaccedilatildeo do trabalho In Mendes R Patologia do

trabalho 2a ed atual ampl Satildeo Paulo Atheneu 2003

Piccoli B Molteni G Grieco A Aspetti illuminotecnici e posturali degli

ambienti e dei posti di lavoro attrezzati com VDT Boll Ocul 199069(5)21-9

Piccoli B A critical appraisal of current knowledge and future directions of

ergophthalmology consensus document of the ICOH Committee on ldquoWork

and Visionrdquo Ergonomics 200346(4)384-406

Piccoli B Soci G Zambelli PL Pisaniello D Photometry in the workplace

The rationale for a new method Ann Occup Hyg 200448(1)29-38

70

Raab Glina DM Rocha LE Psychosocial aspects of work of female call

center operators in a bank of Satildeo Paulo Brazil Psykhe 200211109-20

Read BB Ergonomics RX for call centers Call Center Magazine

200114(5)54-66

Rocha LE Estresse ocupacional em profissionais de processamento de

dados condiccedilotildees de trabalho e repercussotildees na vida e sauacutede dos analistas

de sistemas [doutorado] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade

de Satildeo Paulo 1996

Rocha LE Debert-Ribeiro M Working conditions visual fatigue and mental

health among systems analysts in Satildeo Paulo Brazil Occup Environ Med

20046124-32

Rocha LE Condiccedilotildees de trabalho e sauacutede de operadores de telemarketing

Projeto desenvolvido pelo Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica e

Medicina Social e do Trabalho Satildeo Paulo 2001

Rocha LE Glina DMR Marinho MF Nakasato D Risk factors for

musculoskeletal symptoms among Call Center Operators of a bank in Satildeo

Paulo Brazil Ind Health 200543637-46

Rocha LE Glina DMR Work demands and operators strategies in a health

Call Center in Satildeo PauloBrazil In Human factor in organizational design

and management IX Proceedings of the Ninth International Symposium on

Human Factors in Organizational Design and Management Satildeo Paulo

Editora Bluumlcher 2008 p239-44

Sampaio MW Haddad MAO Baixa visatildeo manual para o oftalmologista Rio

de Janeiro Guanabara-Koogan 2009

Sanchez-Romaacuten FR Peacuterez-Lucio C Juaacuterez-Ruiz C Veacutelez-Zamora N M

Jimeacutenez-Villarruel M Factores de risco para la astenopiacutea em operadores de

terminales de computadoras Salud Publica Mexico 199638(3)189-96

71

Schaefer TMC Anaacutelise das alteraccedilotildees do piscar do filme lacrimal e da

superfiacutecie ocular induzidas pelo uso de monitor de computador [tese] Satildeo

Paulo Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo 2009

Schlote T Kadner G Freudenthaler N Marked reduction and distinct

patterns of eye blinking in pacientes with moderately dry eyes during video

display terminal use 2004242(2)306-12

Silva A M Condiccedilotildees de trabalho e adoecimento dos trabalhadores em

teleatendimento uma breve revisatildeo Rev Bras Med Trabalho 20069(18)62-

79

Sznelwar LI Massetti M Sofrimento no trabalho uma leitura a partir de

grupos de expressatildeo In Sznelwar LI Zidan LN organizadores O trabalho

humano com sistemas informatizados no setor de serviccedilos Satildeo Paulo

Editora Plecirciade 2000 p 105-17

Taylor FW Princiacutepios da administraccedilatildeo cientiacutefica Satildeo Paulo Atlas 1998

Toomingas A et al Working conditions and employee health at call centers

in Sweden Stockholm National Institute for Working Life 2002

Travers PH Stanton BA Office workers and video display terminals

physical psychological and ergonomic factors AAOHN J 200250(11)489-

93

Venco S Centrais de atendimento a faacutebrica do seacuteculo XIX nos serviccedilos do

seacuteculo XXI Revista Bras Sauacutede Puacuteblica 200631(114)7-18

Venco S As engrenagens do telemarketing ndash vida e trabalho na

contemporaneidade Campinas SP Arte Escrita Editora 2009

Vilela LVO Assunccedilatildeo AA Os mecanismos de controle da atividade no setor

de teleatendimento e as queixas de cansaccedilo e esgotamento dos

trabalhadores Cad Sauacutede Puacuteblica 200420(4)1069-78

Westin AF Two key factors that belong in a macroergonomic analysis of

eletronic monitoring employee perceptions of fairness and the climate of

organizational trust or distrust Appl Ergon 1992 23(1) 35-42

72

Yan Z Hu L Chen H Lu F Computer Vision Syndrome A widely spreading

but largely unknow epidemic among computer users Comp Human Behav

2008242026-2042

Ye Z Honda S Abe Y Kusano Y Takamura N Imamura Y Eida K

Takemoto T Aoyagi K Influence of work duration or physical symptoms on

mental health among japanese visual display terminal users Ind Health

2007a45328-33

Ye Z Abe Y Kusano Y Takamura N Eida K Takemoto T Aoyagi K The

influence of visual display terminal use on the physical and mental conditions

of administrative staff in Japan J Physiol Anthropol 2007b2669-73

Ziefle M Effects of display resolution on visual performance Human Factors

199840554-68

73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

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69

Kuorinka B Jonsson A Kilbom H Vinterberg F Biering-Sorenen G

Andersson Jorgenson K Standardised nordic questionnaires for the analysis

of musculoskeletal symptoms Appl Ergon 198718233-7

Lida I Ergonomia ndash projeto e produccedilatildeo Satildeo Paulo Ed Edgard Bluumlter 1990

Marinho-Silva A A regulamentaccedilatildeo das condiccedilotildees de trabalho no setor de

teleatendimento no Brasil necessidades e desafios [Dissertaccedilatildeo] Belo

Horizonte Faculdade de Medicina Universidade Federal de Minas Gerais

2004

Mendes R Patologia do trabalho 2a ed atual ampl Satildeo Paulo Atheneu

2003 p813

Moura AA Novas tecnologias Rev Bras Saude Ocup 199379(21)63-75

Neter J Kutner MH Nachstein CJ Wasserman W Applied linear statistical

models New York McGraw-HillIrwin 1996

NIOSH ndash The National Institute for Occupational Safety and Health 2003

Disponiacutevel em httpwwwnioshcom

Oliveira S Rezende MS Brito J Saberes e estrateacutegias dos operadores de

telemarketing frente agraves adversidades do trabalho Rev Bras Saude Ocup

200631(114)4-6

Paraguay AIBB Organizaccedilatildeo do trabalho In Mendes R Patologia do

trabalho 2a ed atual ampl Satildeo Paulo Atheneu 2003

Piccoli B Molteni G Grieco A Aspetti illuminotecnici e posturali degli

ambienti e dei posti di lavoro attrezzati com VDT Boll Ocul 199069(5)21-9

Piccoli B A critical appraisal of current knowledge and future directions of

ergophthalmology consensus document of the ICOH Committee on ldquoWork

and Visionrdquo Ergonomics 200346(4)384-406

Piccoli B Soci G Zambelli PL Pisaniello D Photometry in the workplace

The rationale for a new method Ann Occup Hyg 200448(1)29-38

70

Raab Glina DM Rocha LE Psychosocial aspects of work of female call

center operators in a bank of Satildeo Paulo Brazil Psykhe 200211109-20

Read BB Ergonomics RX for call centers Call Center Magazine

200114(5)54-66

Rocha LE Estresse ocupacional em profissionais de processamento de

dados condiccedilotildees de trabalho e repercussotildees na vida e sauacutede dos analistas

de sistemas [doutorado] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade

de Satildeo Paulo 1996

Rocha LE Debert-Ribeiro M Working conditions visual fatigue and mental

health among systems analysts in Satildeo Paulo Brazil Occup Environ Med

20046124-32

Rocha LE Condiccedilotildees de trabalho e sauacutede de operadores de telemarketing

Projeto desenvolvido pelo Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica e

Medicina Social e do Trabalho Satildeo Paulo 2001

Rocha LE Glina DMR Marinho MF Nakasato D Risk factors for

musculoskeletal symptoms among Call Center Operators of a bank in Satildeo

Paulo Brazil Ind Health 200543637-46

Rocha LE Glina DMR Work demands and operators strategies in a health

Call Center in Satildeo PauloBrazil In Human factor in organizational design

and management IX Proceedings of the Ninth International Symposium on

Human Factors in Organizational Design and Management Satildeo Paulo

Editora Bluumlcher 2008 p239-44

Sampaio MW Haddad MAO Baixa visatildeo manual para o oftalmologista Rio

de Janeiro Guanabara-Koogan 2009

Sanchez-Romaacuten FR Peacuterez-Lucio C Juaacuterez-Ruiz C Veacutelez-Zamora N M

Jimeacutenez-Villarruel M Factores de risco para la astenopiacutea em operadores de

terminales de computadoras Salud Publica Mexico 199638(3)189-96

71

Schaefer TMC Anaacutelise das alteraccedilotildees do piscar do filme lacrimal e da

superfiacutecie ocular induzidas pelo uso de monitor de computador [tese] Satildeo

Paulo Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo 2009

Schlote T Kadner G Freudenthaler N Marked reduction and distinct

patterns of eye blinking in pacientes with moderately dry eyes during video

display terminal use 2004242(2)306-12

Silva A M Condiccedilotildees de trabalho e adoecimento dos trabalhadores em

teleatendimento uma breve revisatildeo Rev Bras Med Trabalho 20069(18)62-

79

Sznelwar LI Massetti M Sofrimento no trabalho uma leitura a partir de

grupos de expressatildeo In Sznelwar LI Zidan LN organizadores O trabalho

humano com sistemas informatizados no setor de serviccedilos Satildeo Paulo

Editora Plecirciade 2000 p 105-17

Taylor FW Princiacutepios da administraccedilatildeo cientiacutefica Satildeo Paulo Atlas 1998

Toomingas A et al Working conditions and employee health at call centers

in Sweden Stockholm National Institute for Working Life 2002

Travers PH Stanton BA Office workers and video display terminals

physical psychological and ergonomic factors AAOHN J 200250(11)489-

93

Venco S Centrais de atendimento a faacutebrica do seacuteculo XIX nos serviccedilos do

seacuteculo XXI Revista Bras Sauacutede Puacuteblica 200631(114)7-18

Venco S As engrenagens do telemarketing ndash vida e trabalho na

contemporaneidade Campinas SP Arte Escrita Editora 2009

Vilela LVO Assunccedilatildeo AA Os mecanismos de controle da atividade no setor

de teleatendimento e as queixas de cansaccedilo e esgotamento dos

trabalhadores Cad Sauacutede Puacuteblica 200420(4)1069-78

Westin AF Two key factors that belong in a macroergonomic analysis of

eletronic monitoring employee perceptions of fairness and the climate of

organizational trust or distrust Appl Ergon 1992 23(1) 35-42

72

Yan Z Hu L Chen H Lu F Computer Vision Syndrome A widely spreading

but largely unknow epidemic among computer users Comp Human Behav

2008242026-2042

Ye Z Honda S Abe Y Kusano Y Takamura N Imamura Y Eida K

Takemoto T Aoyagi K Influence of work duration or physical symptoms on

mental health among japanese visual display terminal users Ind Health

2007a45328-33

Ye Z Abe Y Kusano Y Takamura N Eida K Takemoto T Aoyagi K The

influence of visual display terminal use on the physical and mental conditions

of administrative staff in Japan J Physiol Anthropol 2007b2669-73

Ziefle M Effects of display resolution on visual performance Human Factors

199840554-68

73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 69: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

70

Raab Glina DM Rocha LE Psychosocial aspects of work of female call

center operators in a bank of Satildeo Paulo Brazil Psykhe 200211109-20

Read BB Ergonomics RX for call centers Call Center Magazine

200114(5)54-66

Rocha LE Estresse ocupacional em profissionais de processamento de

dados condiccedilotildees de trabalho e repercussotildees na vida e sauacutede dos analistas

de sistemas [doutorado] Satildeo Paulo Faculdade de Medicina Universidade

de Satildeo Paulo 1996

Rocha LE Debert-Ribeiro M Working conditions visual fatigue and mental

health among systems analysts in Satildeo Paulo Brazil Occup Environ Med

20046124-32

Rocha LE Condiccedilotildees de trabalho e sauacutede de operadores de telemarketing

Projeto desenvolvido pelo Departamento de Medicina Legal Eacutetica Meacutedica e

Medicina Social e do Trabalho Satildeo Paulo 2001

Rocha LE Glina DMR Marinho MF Nakasato D Risk factors for

musculoskeletal symptoms among Call Center Operators of a bank in Satildeo

Paulo Brazil Ind Health 200543637-46

Rocha LE Glina DMR Work demands and operators strategies in a health

Call Center in Satildeo PauloBrazil In Human factor in organizational design

and management IX Proceedings of the Ninth International Symposium on

Human Factors in Organizational Design and Management Satildeo Paulo

Editora Bluumlcher 2008 p239-44

Sampaio MW Haddad MAO Baixa visatildeo manual para o oftalmologista Rio

de Janeiro Guanabara-Koogan 2009

Sanchez-Romaacuten FR Peacuterez-Lucio C Juaacuterez-Ruiz C Veacutelez-Zamora N M

Jimeacutenez-Villarruel M Factores de risco para la astenopiacutea em operadores de

terminales de computadoras Salud Publica Mexico 199638(3)189-96

71

Schaefer TMC Anaacutelise das alteraccedilotildees do piscar do filme lacrimal e da

superfiacutecie ocular induzidas pelo uso de monitor de computador [tese] Satildeo

Paulo Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo 2009

Schlote T Kadner G Freudenthaler N Marked reduction and distinct

patterns of eye blinking in pacientes with moderately dry eyes during video

display terminal use 2004242(2)306-12

Silva A M Condiccedilotildees de trabalho e adoecimento dos trabalhadores em

teleatendimento uma breve revisatildeo Rev Bras Med Trabalho 20069(18)62-

79

Sznelwar LI Massetti M Sofrimento no trabalho uma leitura a partir de

grupos de expressatildeo In Sznelwar LI Zidan LN organizadores O trabalho

humano com sistemas informatizados no setor de serviccedilos Satildeo Paulo

Editora Plecirciade 2000 p 105-17

Taylor FW Princiacutepios da administraccedilatildeo cientiacutefica Satildeo Paulo Atlas 1998

Toomingas A et al Working conditions and employee health at call centers

in Sweden Stockholm National Institute for Working Life 2002

Travers PH Stanton BA Office workers and video display terminals

physical psychological and ergonomic factors AAOHN J 200250(11)489-

93

Venco S Centrais de atendimento a faacutebrica do seacuteculo XIX nos serviccedilos do

seacuteculo XXI Revista Bras Sauacutede Puacuteblica 200631(114)7-18

Venco S As engrenagens do telemarketing ndash vida e trabalho na

contemporaneidade Campinas SP Arte Escrita Editora 2009

Vilela LVO Assunccedilatildeo AA Os mecanismos de controle da atividade no setor

de teleatendimento e as queixas de cansaccedilo e esgotamento dos

trabalhadores Cad Sauacutede Puacuteblica 200420(4)1069-78

Westin AF Two key factors that belong in a macroergonomic analysis of

eletronic monitoring employee perceptions of fairness and the climate of

organizational trust or distrust Appl Ergon 1992 23(1) 35-42

72

Yan Z Hu L Chen H Lu F Computer Vision Syndrome A widely spreading

but largely unknow epidemic among computer users Comp Human Behav

2008242026-2042

Ye Z Honda S Abe Y Kusano Y Takamura N Imamura Y Eida K

Takemoto T Aoyagi K Influence of work duration or physical symptoms on

mental health among japanese visual display terminal users Ind Health

2007a45328-33

Ye Z Abe Y Kusano Y Takamura N Eida K Takemoto T Aoyagi K The

influence of visual display terminal use on the physical and mental conditions

of administrative staff in Japan J Physiol Anthropol 2007b2669-73

Ziefle M Effects of display resolution on visual performance Human Factors

199840554-68

73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 70: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

71

Schaefer TMC Anaacutelise das alteraccedilotildees do piscar do filme lacrimal e da

superfiacutecie ocular induzidas pelo uso de monitor de computador [tese] Satildeo

Paulo Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo 2009

Schlote T Kadner G Freudenthaler N Marked reduction and distinct

patterns of eye blinking in pacientes with moderately dry eyes during video

display terminal use 2004242(2)306-12

Silva A M Condiccedilotildees de trabalho e adoecimento dos trabalhadores em

teleatendimento uma breve revisatildeo Rev Bras Med Trabalho 20069(18)62-

79

Sznelwar LI Massetti M Sofrimento no trabalho uma leitura a partir de

grupos de expressatildeo In Sznelwar LI Zidan LN organizadores O trabalho

humano com sistemas informatizados no setor de serviccedilos Satildeo Paulo

Editora Plecirciade 2000 p 105-17

Taylor FW Princiacutepios da administraccedilatildeo cientiacutefica Satildeo Paulo Atlas 1998

Toomingas A et al Working conditions and employee health at call centers

in Sweden Stockholm National Institute for Working Life 2002

Travers PH Stanton BA Office workers and video display terminals

physical psychological and ergonomic factors AAOHN J 200250(11)489-

93

Venco S Centrais de atendimento a faacutebrica do seacuteculo XIX nos serviccedilos do

seacuteculo XXI Revista Bras Sauacutede Puacuteblica 200631(114)7-18

Venco S As engrenagens do telemarketing ndash vida e trabalho na

contemporaneidade Campinas SP Arte Escrita Editora 2009

Vilela LVO Assunccedilatildeo AA Os mecanismos de controle da atividade no setor

de teleatendimento e as queixas de cansaccedilo e esgotamento dos

trabalhadores Cad Sauacutede Puacuteblica 200420(4)1069-78

Westin AF Two key factors that belong in a macroergonomic analysis of

eletronic monitoring employee perceptions of fairness and the climate of

organizational trust or distrust Appl Ergon 1992 23(1) 35-42

72

Yan Z Hu L Chen H Lu F Computer Vision Syndrome A widely spreading

but largely unknow epidemic among computer users Comp Human Behav

2008242026-2042

Ye Z Honda S Abe Y Kusano Y Takamura N Imamura Y Eida K

Takemoto T Aoyagi K Influence of work duration or physical symptoms on

mental health among japanese visual display terminal users Ind Health

2007a45328-33

Ye Z Abe Y Kusano Y Takamura N Eida K Takemoto T Aoyagi K The

influence of visual display terminal use on the physical and mental conditions

of administrative staff in Japan J Physiol Anthropol 2007b2669-73

Ziefle M Effects of display resolution on visual performance Human Factors

199840554-68

73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 71: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

72

Yan Z Hu L Chen H Lu F Computer Vision Syndrome A widely spreading

but largely unknow epidemic among computer users Comp Human Behav

2008242026-2042

Ye Z Honda S Abe Y Kusano Y Takamura N Imamura Y Eida K

Takemoto T Aoyagi K Influence of work duration or physical symptoms on

mental health among japanese visual display terminal users Ind Health

2007a45328-33

Ye Z Abe Y Kusano Y Takamura N Eida K Takemoto T Aoyagi K The

influence of visual display terminal use on the physical and mental conditions

of administrative staff in Japan J Physiol Anthropol 2007b2669-73

Ziefle M Effects of display resolution on visual performance Human Factors

199840554-68

73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

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73

ANEXOS

ANEXO 1 Autorizaccedilatildeo do banco de dados

74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

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74

ANEXO 2 Termo de responsabilidade do pesquisador

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 74: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

75

ANEXO 3 Aprovaccedilatildeo Comitecirc de Eacutetica do trabalho primaacuterio

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 75: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

76

ANEXO 4 Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica da Faculdade de Sauacutede Puacuteblica

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 76: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

77

ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 77: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

78

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

83

84

85

86

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 78: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

79

ANEXO 6 Roteiro do questionaacuterio

80

81

82

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85

86

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88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 79: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

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ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

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ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 81: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

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ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 82: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

83

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ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 83: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

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ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 84: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

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ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 85: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

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ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 86: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

87

88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

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88

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 88: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

89

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization

Page 89: Universidade de São Paulo Faculdade de Saúde Pública · definição de caso foi dada a partir do conceito de Computer Vision Syndrome de Blehm et al. (2005), ou seja, pela presença

90

ANEXO 7ndash Anaacutelise fatorial dos fatores de incomodo referidos pelos operadores de teleatendimento

Questotildees relacionadas

Componentes

T1 T2 T3 T4

Questatildeo 127 (alongam o tempo da ligaccedilatildeo) 0372 0003 0478 -0047

Questatildeo 128 (falta de autonomia da Central perante agrave Empresa) 0622 0093 0170 0157

Questatildeo 129 (reduccedilatildeo do tempo de atendimento) 0218 0469 0384 0106

Questatildeo 130 (volume de informaccedilotildees a processar) -0003 0380 0689 0124

Questatildeo 131 (multiplicidade de solicitaccedilotildees) 0025 0341 0718 0117

Questatildeo 132 (nuacutemero de pausas) 0369 0070 0607 0160

Questatildeo 133 (grau de responsabilidade) -0046 0478 0606 0125

Questatildeo 134 (pressatildeo do supervisor) 0314 0483 0372 0283

Questatildeo 135 (pressatildeo da fila de espera) 0273 0094 0640 -0016

Questatildeo 136 (ldquoclimardquo interno de injusticcedila) 0670 0180 0119 0322

Questatildeo 137 (falta de controle sobre as pausas) 0238 0090 0298 0535

Questatildeo 138 (instrumentos inadequados) 0314 0014 -0020 0730

Questatildeo 139 (falta de canais de comunicaccedilatildeo) 0577 0153 0090 0307

Questatildeo 140 (falta de ascensatildeo profissional) 0769 0104 0094 0028

Questatildeo 141 (sistema de avaliaccedilatildeo da empresa) 0548 0513 -0032 0173

Questatildeo 142 (falta de autonomia no trabalho) 0747 0303 0141 0074

Questatildeo 143 (falta de reconhecimento pela Empresa) 0802 0189 0172 0130

Questatildeo 144 (ldquotratadovistordquocomo maacutequina) 0654 0230 0241 0207

Questatildeo 145 (postura desconfortaacutevel) 0379 0129 0130 0639

Questatildeo 146 (ambiguumlidadefalta de clareza nas atribuiccedilotildees) 0574 0093 0158 0489

Questatildeo 147 (meios para extravasar tensotildees) 0528 0134 0396 0292

Questatildeo 148 (ISO9000 pela Empresa) 0267 0682 0229 0120

Questatildeo 149 (monitoramento pelo sistema) 0213 0804 0243 0122

Questatildeo 150 (monitoramento pelo supervisor-escuta) 0252 0793 0217 0098

Questatildeo 151(ldquoquedasrdquodo sistema) -0073 0333 -0007 0558

Meacutetodo de Extraccedilatildeo Anaacutelise do Componente Principal

Rotaccedilatildeo Varimax com Kaiser Normalization