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Universidade de São Paulo
Instituto de Química de São Carlos
Determinação de ácido ascórbico por técnicas eletroquímicas e
cromatográficas. Uma comparação estatística de desempenho.
Pollyana Ferreira da Silva
São Carlos - SP
2015
Pollyana Ferreira da Silva
Determinação de ácido ascórbico por técnicas eletroquímicas e
cromatográficas. Uma comparação estatística de desempenho
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de pós-Graduação em Química do Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Química Analítica e Inorgânica. Orientador: Prof. Dr. Sérgio Antônio Spínola Machado
São Carlos-SP
2015
Dedico este trabalho:
Aos meus pais, Vanda e Gilmar, e a minha irmã, Larissa, e ao Yuri por sempre
estarem ao meu lado e me ajudarem nos momentos difíceis, e, principalmente,
pelos momentos felizes.
“A necessidade é a mãe da invenção”
Platão
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus, pelas bênçãos, oportunidades e conquistas
que me tem concedido.
À Universidade de São Paulo, pela oportunidade de desenvolvimento do
mestrado.
Ao CNPq, pelo auxilio concedido para o desenvolvimento da pesquisa.
Aos meus pais, Vanda e Gilmar, e a minha irmã, Larissa, por serem a base da
minha formação pessoal e profissional.
Ao Yuri, pelo companheirismo, carinho, compreensão e paciência.
Ao Prof. Dr. Sergio Antônio Spínola Machado, pela confiança, ajuda e incentivo
durante o mestrado.
A todos do GMEME, especialmente ao Paulo Raymundo, pela colaboração.
Aos amigos: Érica, Bruna e Ricardo, especialmente a Érica, pela amizade,
companheirismo, carinho, ajuda, “estudos em grupo”, simplesmente por terem
sido minha família e fazerem parte da minha vida.
A todos que contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho,
muito obrigada!
Resumo
As técnicas de voltametria de pulso diferencial e de cromatografia líquida de alta
eficiência foram utilizadas para a detecção do ácido ascórbico (AA) em amostras
farmacêuticas. O eletrodo de carbono vítreo modificado com nanopartículas de
antimônio ancoradas em nanotubos de carbono de paredes múltiplas foi utilizado
para a determinação eletroanalítica de ácido ascórbico. Parâmetros como
eletrólito suporte, volume adicionado do nanocompósito à superfície do eletrodo,
pH do eletrólito, amplitude e incremento de potencial foram avaliados e definidos
os que obtiveram os melhores resultados. A curva analítica obtida para a
determinação de AA com concentrações entre 291-698 mol L-1 em comprimidos
pelo método eletroanalítico apresentou boa linearidade (0,998) e limites de
detecção e quantificação 0,0235mol L-1 e 0,0783mol L-1, respectivamente. O
método cromatográfico utilizado foi validado e A curva analítica obtida para a
determinação de AA com concentrações entre 291-698 molL-1 em comprimidos
através desse método apresentou boa linearidade (0,998) e limites de detecção
e quantificação 0,0594molL-1 e 0,1981molL-1, respectivamente. Os
resultados obtidos foram validados comparados estatisticamente pelo método de
regressão linear descrito por Miller e Miller1, para avaliar a equivalência entre os
métodos foi utilizou-se um teste t de Student pareado, que confirmou a
equivalência dos métodos estudados para esta aplicação.
Palavras Chave: Eletroanálise, Cromatografia líquida de alta eficiência,
comparação estatística, ácido ascórbico.
Índice de Figuras
Figura 1 - Estrutura do ácido ascórbico .............................................................. 3
Figura 2 - Equilíbrio Ceto-enólico do ácido ascórbico ........................................ 3
Figura 3 - Representação da reação de oxidação do ácido ascórbico. .............. 5
Figura 4 - Micrografias dos diferentes tipos de nanotubos de carbono .............. 6
Figura 5 - Forma geral dos limites de confiança para uma concentração
calculada .......................................................................................................... 12
Figura 6 - Método de adição de padrão ........................................................... 16
Figura 7 - Uso de linhas de regressão para comparação de métodos analíticos
......................................................................................................................... 18
Figura 8 - Caracterização do MWCNT (a) e MWCNT-SbNPs (b) por FEG e EDX
......................................................................................................................... 26
Figura 9 - Voltamogramas cíclicos obtidos para os eletrodos de carbono vítreo
não modificado, MWCNT e MWCNT-SbNPs. Eletrólito HCl 0,5 mol L−1 e
velocidade de varredura de 50 mV s−1. ............................................................ 27
Figura 10 - Definição do eletrólito Suporte – Voltametria de Pulso Diferencial do
eletrodo MWCNT-SbNPs nos diferentes eletrólitos contendo AA 521,3 mol L-1
incremento de potencial 10,5 mV, amplitude 50 mV. ....................................... 28
Figura 11 – Voltamogramas de pulso diferencial obtidos em PBS 0,1 mol L-1
contendo 521,3 mol L-1 de ácido ascórbico, pH 6,8, para os eletrodos GC,
MWCNT e MWCNT-SbNPs; incremento de potencial 10,5 mV e amplitude 50
mV. ................................................................................................................... 29
Figura 12 - Relação entre a variação de volume de suspensão adicionado à
superfície do eletrodo de GC e os valores de IPA e EPA ................................ 30
Figura 13 - Relação entre a variação de volume de suspensão adicionado à
superfície do eletrodo de GC e o valor de Ɵ .................................................... 31
Figura 14 - Voltamogramas de pulso diferencial em PBS 0,1 mol L-1 em
diferentes pHs contendo 476 µmol L-1; amplitude 50mV e incremento de
potencial 10,5mV. ............................................................................................. 32
Figura 15 - Relação entre a variação do pH do PBS 0,1 mol L-1 e os valores de
IPA e EPA ........................................................................................................ 32
Figura 16 - Relação entre a variação do pH do PBS 0,1molL-1 e os valores de b
......................................................................................................................... 33
Figura 17 - Relação entre a variação da amplitude e os valores de IPA e EPA em
PBS 0,1 mol L-1 pH 6,8 ..................................................................................... 35
Figura 18 - Relação entre a variação da amplitude e os valores do coeficiente
angular da curva analítica em PBS 0,1 mol L-1 pH 6,8. .................................... 35
Figura 19 - Relação entre a variação do incremento de potencial e os valores
de IPA e EPA em PBS 0,1 mol L-1pH 6,8. ........................................................... 36
Figura 20 - Relação entre a variação do incremento de potencial e os valores
do coeficiente angular da curva analítica em PBS 0,1 mol L-1 pH 6,8. ............. 37
Figura 21 - Voltamogramas de pulso diferencial para concentrações crescentes
de AA – entre 291 e 698 µmol L-1 - em PBS 0,1 mol L-1; amplitude 50 mV e
incremento de potencial 10,5 mV - Determinação de AA em soluções padrão.38
Figura 22 - Gráfico médio das curvas analíticas (n=5) para concentrações
crescente de AA (291, 338, 385, 431, 476, 521, 566, 610, 654, 698 µmol L-1)
em PBS 0,1 mol L-1, amplitude 50 mV e incremento de potencial 10,5 mV -
Determinação de AA em Soluções Padrão. ..................................................... 38
Figura 23 - Voltamogramas de pulso diferencial para concentrações crescentes
de AA – entre 291 e 698 µmol L-1 - em PBS 0,1 mol L-1; amplitude 50 mV e
incremento de potencial 10,5 mV - Determinação de AA em comprimidos. .... 40
Figura 24 - Gráfico médio das curvas analíticas (n=5) para concentrações
crescentes de AA (291, 338, 385, 431, 476, 521, 566, 610, 654, 698 µmol L-1)
em PBS 0,1 mol L-1, amplitude 50 mV e incremento de potencial 10,5 mV -
Determinação de AA em Comprimidos. ........................................................... 40
Figura 25 - Cromatograma do AA na concentração 476 mol L-1. FM: Ácido
acético 2%, fluxo 1,0 mL min -1, Volume de Injeção: 20L, Temperatura da
coluna: ~25°C. .................................................................................................. 43
Figura 26 - Cromatograma obtido para amostra comprimido - demonstração da
seletividade do método. FM: Ácido acético 2%, fluxo 1,0 mL min-1, Volume de
Injeção: 20L, Temperatura da coluna: ~25°C. [AA] 476 µmol L-1 ................... 44
Figura 27 - Gráfico médio das curvas analíticas (n=5) para concentrações
crescentes de AA (291, 338, 385, 431, 476, 521, 566, 610, 654, 698 µmol L-1).
FM: Ácido acético 2%; vazão: 1,0 mL min-1; VI: 20 µL, Tcol: 25°C -
Determinação de AA em soluções padrão. ...................................................... 46
Figura 28 - Gráfico médio das curvas analíticas (n=5) para concentrações
crescentes de AA (291, 338, 385, 431, 476, 521, 566, 610, 654, 698 µmol L-1).
FM: Ácido acético 2%; vazão: 1,0 mL min-1; VI: 20 µL, Tcol: 25°C -
Determinação de AA em comprimidos. ............................................................ 46
Figura 29 – Efeito de matriz na análise cromatográfica, comparação das curvas
analíticas médias para concentrações crescentes de AA (291, 338, 385, 431,
476, 521, 566, 610, 654, 698 µmol L-1) obtidas na análise dos padrões e da
amostra de comprimido. FM: Ácido acético 2%; vazão: 1,0 mL min-1; VI: 20 µL,
Tcol: 25°C. ......................................................................................................... 47
Figura 30 - Gráfico de regressão linear dos valores obtidos pelas técnicas DPV
e HPLC para detecção de AA em soluções padrão. ........................................ 49
Figura 31 - Gráfico de regressão linear dos valores obtidos pelas técnicas DPV
e HPLC para detecção de AA em amostras de comprimido. ........................... 49
Indice de Tabelas
Tabela 1 - Parâmetros utilizados para as técnicas de voltametria cíclica e de
pulso diferencial ............................................................................................... 21
Tabela 2 - Parâmetros Utilizados pela técnica cromatográfica......................... 23
Tabela 3 - Descrição do preparo das soluções estoque de padrão de
concentração 1mg mL-1 .................................................................................... 23
Tabela 4 - Descrição do preparo das soluções para injeção cromatográfica a
partir das soluções estoque de concentração 1mg mL-1 .................................. 24
Tabela 5 - Composição dos materiais, análise semi-quantitativa (EDX) .......... 25
Tabela 6 - Resultados dos parâmetros de validação do método eletroanalítico
para determinação de AA em soluções padrão. ............................................... 39
Tabela 7 - Resultados dos parâmetros de validação do método eletroanalítico
para determinação de AA em amostras de comprimido. .................................. 41
Tabela 8- Resultados dos parâmetros de validação do método eletroanalítico
para determinação de AA por HPLC ................................................................ 47
Lista de Abreviaturas e Siglas
AA Ácido Ascórbico CNT Carbon Nanotubes (Nanotubos de Carbono) DPR Desvio Padrão Relativo DPV Differential Pulse Voltammetry (Voltametria de Pulso
Diferencial) EDX Espectroscopia de raios X por dispersão em energia EPA Potencial de Pico Anódico FM Fase móvel FEG Microscopia Eletrônica de Varredura de Efeito de Campo GC Glass Carbon Electrode (Eletrodo de Carbono Vítreo) GL Graus de Liberdade GMEME Grupo de Materiais Eletroquímicos e Métodos
Eletroanalíticos, HPLC High-Performance 0Liquid Chromatography (Cromatografia
Líquida de Alta Eficiência) IPA Corrente de Pico Anódico LD Limite de Detecção LQ Limite de Quantificação MWCNT Multi-Walled carbono nanotubes (Nanotubos de Carbono de
Paredes Múltiplas) MWCNT-SbNPs Nanotubos de carbono de paredes múltiplas modificados
com nanopartículas de antimônio NPs Nanopartículas VC Voltametria Cíclica tR Tempo de Retenção UV-Vis Ultravioleta-Visível
Sumário
1. Introdução .................................................................................................. 3
1.1 Ácido ascórbico ..................................................................................... 3
1.2 Análises de ácido ascórbico ..................................................................... 4
1.3 Análise Eletroquímica de ácido ascórbico ................................................ 4
1.3.1 Nanotubos de Carbono ...................................................................... 5
1.3.2 Nanopartículas de Antimônio ............................................................. 7
1.4 Métodos Cromatográficos ......................................................................... 8
1.5 Validação de métodos analíticos .............................................................. 9
1.5.1 Linearidade ........................................................................................ 9
1.5.2 Sensibilidade .................................................................................... 12
1.5.3 Exatidão ........................................................................................... 13
1.5.4 Precisão ........................................................................................... 13
1.5.5 Limite de detecção e Limite de quantificação ................................... 14
1.6 Método de adição de padrões ................................................................ 15
1.7 Uso de linhas regressão para comparar métodos analíticos .................. 16
2 Objetivos .................................................................................................. 19
3 Materiais e métodos ................................................................................ 20
3.1 Metodologia eletroquímica utilizada para determinação de ácido
ascórbico ...................................................................................................... 20
3.1.1 Funcionalização dos Nanotubos de Carbono de Paredes Múltiplas
(MWCNT) .................................................................................................. 20
3.1.2 Modificação dos nanotubos de carbono com nanopartículas de
antimônio MWCNT-SbNPs ........................................................................ 20
3.1.3 Caracterização morfológica e estrutural dos nanocampósitos ......... 20
3.1.4 Modificação dos eletrodos de carbono vítreo com nanotubos de
carbono ..................................................................................................... 21
3.1.5 Caracterização eletroquímica dos sensores .................................... 21
3.1.6 Comportamento eletroquímico do ácido ascórbico sobre a superfície
dos sensores MWCNT-SbNPs .................................................................. 21
3.1.7 Utilização de eletrodos modificados para a determinação de ácido
ascórbico ................................................................................................... 22
3.2 Metodologia cromatográfica utilizada para determinação de ácido
ascórbico. ..................................................................................................... 22
3.2.1 Parâmetros Utilizados na análise cromatográfica ......................... 22
3.2.2 Preparo das Soluções padrão de AA ............................................ 23
3.2.3 Preparo das amostras de comprimido .......................................... 24
4 Resultados e Discussão ......................................................................... 25
4.1 Caracterização estrutural e morfológica do nanocompósito MWCNT-
SbNPs........................................................................................................... 25
4.2 Caracterização eletroquímica do nanocompósito MWCNT-SbNPs .... 26
4.3 Análise Eletroquímica do ácido ascórbico ........................................... 27
4.3.1 Avaliação do Eletrólito suporte para determinação de ácido
ascórbico com eletrodos de carbono vítreo modificados com MWCNT-
SbNPs 27
4.3.2 Efeito do MWCNT-SbNPs na superfície do eletrodo de carbono
vítreo para oxidação do ácido ascórbico ................................................... 29
4.3.3 Otimização do volume de suspensão de MWCNT-SbNPs ........... 30
4.3.4 Estudo do pH ................................................................................ 31
4.3.5 Otimização dos parâmetros da Voltametria de Pulso Diferencial ..... 34
4.4 Validação Eletroanalítica de ácido ascórbico ...................................... 37
4.4.1 Obtenção da Curva Analítica média do AA padrão em PBS 0,1molL-1
.................................................................................................................. 38
4.3.2 Obtenção da Curva Analítica média do AA em amostras de
comprimidos .............................................................................................. 40
4.5 Análise Cromatográfica ....................................................................... 43
4.5.1 Validação da Metodologia Cromatográfica ................................... 45
4.5.2 Efeito de Matriz ............................................................................. 47
4.6 Comparação Estatística dos métodos analíticos de determinação do
AA pelo método de regressão linear ............................................................. 48
5. Conclusão ................................................................................................... 51
6. Referências Bibliográficas ........................................................................ 52
3
1. Introdução
1.1 Ácido ascórbico
O ácido l-ascórbico ou vitamina C, Figura 1, é um carboidrato com dois prótons
dissociáveis (pK1 4,04 e pK2 11,25), sua basicidade deve-se a dupla ligação (vinil)
que permite o deslocamento eletrônico entre os grupos hidroxila, formando o equilíbrio
ceto-enólico, Figura 2, sendo sua forma enólica a mais estável.2
Figura 1 - Estrutura do ácido ascórbico
Figura 2 - Equilíbrio Ceto-enólico do ácido ascórbico
Esse composto é um excelente agente redutor devido a sua fácil oxidação ao
ácido dehidroascórbico. Essa vitamina hidrossolúvel participa da síntese do colágeno
como co-fator das enzimas lisil e prolil hidroxilases, responsáveis pela formação e
estabilização do colágeno tripla hélice. Além disso, o ácido ascórbico auxilia no
sistema imunológico protegendo contra diversas doenças provocadas por radicais
livres.
A vitamina C pode ser encontrada em diversos alimentos como frutas cítricas,
laranja, acerola, limão, e vegetais, alface, brócolis, rúcula. Esse ácido e alguns de
seus sais também têm sido utilizados pela indústria alimentícia como conservantes e
aditivos.3
4
1.2 Análises de ácido ascórbico
A determinação do ácido ascórbico pode ser realizada por diferentes técnicas
como: a titulação com uma solução oxidante (normalmente utiliza-se iodeto de
potássio), método padrão utilizado pela farmacopeia brasileira para determinação
desse composto em medicamentos4, a cromatografia líquida de alta eficiência que
pode ser utilizada para sua determinação em amostras aquosas, alimentícias e fluidos
biológicos, claro, desde que sejam utilizados métodos eficientes de extração5,
espectrometria UV-Vis6 e outras técnicas.
Além das técnicas anteriormente citadas, há também as técnicas
eletroanalíticas que podem ser opções frente as anteriores devido a possibilidade de
aplicação em diversas matrizes, assim como as técnicas cromatográficas, no entanto,
possibilitando, na maioria das vezes, a análise direta da amostra, ou seja, sem que
sejam necessários tratamentos e quando o pré-tratamento de amostras torna-se
necessário, esses procedimentos são mais simples e demandam menor tempo e
custo, quando comparados aos realizados previamente a análises cromatográficas.
As técnicas eletroanalíticas relacionam medidas de quantidades elétricas,
como corrente, carga e potencial, com parâmetros químicos, com a concentração do
analito de interesse. Essas técnicas são menos seletivas e sensíveis que as
cromatográficas, mas são mais rápidas e baratas. A aplicação das técnicas
eletroanalíticas para análise de ácido ascórbico utiliza métodos, potenciométricos,
cronoamperométricos ou voltamétricos, que podem ser escolhidos de acordo com o
sensor a ser utilizado.7
1.3 Análise Eletroquímica de ácido ascórbico
O ácido ascórbico é um composto biológico eletroativo e é facilmente oxidado.
A reação eletroanalítica mostra apenas um pico anódico, devido a formação do par
redox irreversível com o ácido deidroascórbico, Figura 3.
5
Figura 3 - Representação da reação de oxidação do ácido ascórbico.
O mecanismo de oxidação do ácido ascórbico descreve uma reação de
transferência eletrônica reversível acoplada a reações químicas irreversíveis, o que
determina um processo irreversível: envolve o compartilhamento de dois elétrons e
dois prótons, para produzir o ácido deidroascórbico. Em valores de pH maiores que o
valor do primeiro pka (aproximadamente 4,04) há compartilhamento de apenas um
próton com o ânion ascorbato como espécie eletroativa.7
1.3.1 Nanotubos de Carbono
Descobertos em 1991, os nanotubos de carbono (CNTs), devido às suas
propriedades eletrônicas, grande resistência mecânica e propriedades químicas, têm
despertado grande interesse em diferentes aplicações e se tornaram um dos
componentes mais utilizados no desenvolvimento da nanotecnologia.8
Existem dois tipos principais de nanotubos de carbono, apresentados na Figura
5: nanotubos de carbono de parede simples (SWCNT, Single-Walled Carbon
Nanotubes) que consistem numa única folha de grafeno enrolada sobre si mesma
para formar um tubo cilíndrico e nanotubos de carbono de parede múltiplas (MWCNT,
Multi-Walled Carbon Nanotubes) que correspondem a um conjunto de três ou mais
nanotubos concêntricos enrolados sobre si. Além disso, outros tipos de CNTs podem
ser sintetizados, como: nanotubos de carbono de paredes duplas, nanotubos de
carbono em formato de cone (cup-stack), sendo que a obtenção destas estruturas
deve-se a variações dos parâmetros de síntese.
6
Figura 4 - Micrografias dos diferentes tipos de nanotubos de carbono
A utilização dos CNTs no desenvolvimento de sensores eletroanalíticos deve-
se a duas de suas principais propriedades: a alta área superficial, permitindo, portanto,
uma amplificação do sinal analítico, e a eletrocatálise, devido ao mecanismo de
transporte de elétrons apresentado por esse material que pode variar desde o tipo
semicondutor até o tipo metálico.9
Alguns estudos10,11 demonstraram que o transporte eletrônico nos CNTs pode
ocorrer de forma balística, sem espalhamento no decorrer do tubo possibilitando a
condução de correntes através de grandes extensões dos CNTs sem a necessidade
de aquecimento, no plano basal. Além disso, o aumento da velocidade no transporte
eletrônico nos CNTs é explicado pela presença de grupos funcionais, localizados,
principalmente, nos planos de borda, que surgem nos CNTs via tratamento em meio
oxidante. Tais planos de borda são encontrados em sua maioria em defeitos presentes
no corpo do tubo e nas extremidades, denominadas “boca do tubo”.
As características de condução balística e a presença de planos de borda
fornecem aos CNTs a capacidade de mediar a transferência de elétrons em reações
com espécies em solução.12
Assim, os nanotubos de carbono atendem as principais características
necessárias para que um material seja utilizado para o desenvolvimento de sensores
eletroquímicos, como: alta velocidade na transferência eletrônica, alta área superficial
e a presença de grupos funcionais que fazem com que os sensores baseados em
CNT - Parede simples CNT - Paredes múltiplas
CNT - Paredes duplas CNT - cone
7
CNTs sejam atrativos para serem modificados com diversos tipos de espécies, como,
por exemplo, nanopartículas metálicas.
1.3.2 Nanopartículas de Antimônio
A nanotecnologia tem contribuído significativamente para a produção de
materiais com melhor desempenho, eficiência e durabilidade. A vantagem de
sensores em nanoescala é a alta porosidade, que leva a uma elevada relação área
superficial/volume. Além disso, possibilita aumento das propriedades catalíticas
devido a melhor dispersão, obtida pelo pequeno tamanho do sensor.13
As propriedades físicas e químicas das nanopartículas metálicas (NPs)
dependem de seu tamanho e forma: quanto menor o tamanho das partículas maior a
sua área superficial, o que melhora a eficiência desses materiais em aplicações como
a catálise, que dependem de sítios superficiais. Quando as nanopartículas metálicas
são suportadas em superfícies reativas sua atividade catalítica aumenta
significativamente. Dentre os principais suportes utilizados para essa finalidade está
o carbono, uma vez que quando suportadas neste material sua separação dos
produtos orgânicos ocorre com maior facilidade, viabilizando sua reutilização.
Nanotubos de carbono de paredes múltiplas têm sido utilizados para esse suporte. 14
Estudos recentes descreveram a utilização dos nanocompósitos (CNTs-NPs)
na área eletroanalítica, como: sensor não enzimático de glicose baseado em
nanopartículas de cobre15, sensor para detecção de arsênio baseado em CNTs
modificados com nanopartículas de Pt-Fe16, sensor para determinação do antibiótico
cefotaxima utilizando carbono vítreo modificado com CNTs-Au-PtNPs17 e sensor para
determinação de ácido ascórbico e dopamina, utilizando ITO modificado com CNTs-
Ag/Ag2S.18
Eletrodos de antimônio vêm sendo cada vez mais utilizados em eletroquímica
devido a suas propriedades intrínsecas como sobrepotencial negativo para evolução
de hidrogênio, podem ser utilizados em uma ampla faixa de potencial e apresentam
baixo sinal de corrente de redissolução. Além disso, o antimônio apresenta
propriedades similares ao bismuto e pode ser utilizado para detecção de metais
pesados. Devido a essas características, há um número significativo de trabalhos que
usam eletrodos de antimônio.19-21
8
Os nanocompósitos baseados em materiais de carbono, como grafite,
nanotubos e grafeno, e nanopartículas de antimônio (SbNPs) tem sido utilizados em
anodos para baterias de lítio, devido a microestrutura não cristalina das SbNPs,
permitindo o mecanismo de inserção gradual do lítio, possibilitando o aumento da
estabilidade do eletrodo.
Há poucos trabalhos publicados que utilizam nanopartículas de antimônio e
nanotubos de carbono em sensores eletroquímicos, entretanto, considerando as
caraterísticas do antimônio e as propriedades eletrônicas dos nanotubos de carbono
os nanocompósitos obtidos utilizando esses materiais são promissores para o
desenvolvimento de sensores eletroquímicos, principalmente devido a soma do alto
poder catalítico das SbNPs com as propriedades eletrônicas dos CNTs sem
comprometê-las.22
1.4 Métodos Cromatográficos
A cromatografia tem como princípio básico a separação de misturas por
interação diferencial dos seus componentes entre uma fase estacionária (líquida ou
sólida) e uma fase móvel (líquida ou gasosa).
Para que ocorra a separação cromatográfica a amostra deve ser dissolvida
numa fase móvel que é forçada através de uma fase estacionária, a qual é fixa numa
coluna ou superfície sólida, dependendo do tipo de cromatografia utilizada.
Os componentes que são retidos pela fase estacionária movem-se
vagarosamente com a aplicação do fluxo da fase móvel enquanto os componentes
que interagem pouco com a fase estacionária movem-se mais rapidamente. Devido a
estas migrações diferenciadas, os vários componentes da mistura se separam em
bandas discretas que podem ser analisadas quali e quantitativamente.23
Há uma vasta quantidade de trabalhos na literatura cujos temas consistem na
determinação cromatográfica de ácido ascórbico em diferentes matrizes como frutos
e sucos24-28, grãos29,30 e fármacos31 e a técnica cromatográfica mais utilizada para tais
determinações é a cromatografia líquida de alta eficiência.
Entretanto, o ácido ascórbico pertence a um grupo de moléculas polares de
difícil retenção pelo método de cromatografia de fase reversa. As fases estacionárias
9
de octadecilsilano (ODS) podem ser utilizadas para a determinação de ácido
ascórbico, no entanto, a retenção deste analito é muito baixa, o que faz com que ele
elua próximo ao volume morto. Para aumentar a retenção utiliza-se uma fase móvel
com alta porcentagem de água (ácidos inorgânicos ou orgânicos, ou tampão
inorgânico em pHs baixos).
Uma fase móvel com pH menor que o pk1 do ácido ascórbico (4,04) deve ser
utilizada para impedir a formação de íons ascorbato e aumentar a retenção do ácido
ascórbico, porém, valores baixos de pH podem acelerar a degradação da sílica
presente na coluna devido à dissolução deste material.
1.5 Validação de métodos analíticos
A validação de um método analítico é realizada para garantir que este seja
adequadamente aplicado ao tipo de amostra em que um ou mais compostos serão
determinados e também para assegurar a confiabilidade dos resultados. Os
parâmetros avaliados num processo de validação são: sensibilidade, linearidade e
faixa de aplicação, precisão, exatidão, limite de detecção, limite de quantificação e
robustez.32
1.5.1 Linearidade
Os resultados obtidos por um método analítico, no mínimo cinco pontos de
concentrações diferentes, são organizados na forma de um gráfico a fim de obter uma
curva analítica. Para tal, devem ser plotados colocando-se o eixo y o sinal obtido pela
técnica e no eixo x os valores de concentração utilizados na medida (ou os padrões
de calibração). Os padrões de calibração devem compreender toda a faixa de
concentração das análises subsequentes e não se deve excluir o valor do branco –
amostra sem o analito – da curva de calibração, visto que muitas vezes esse sinal é
diferente de zero e suscetível a erros, portanto, não se pode subtraí-lo.1
A curva analítica de um método analítico deve ser avaliada quanto a sua
linearidade, para tal, deve-se assumir que sua forma obedece a equação 1:
𝑦 = 𝑎 + 𝑏𝑥 Equação 1
10
Onde, a: intercepto no eixo x e b: coeficiente angular da reta. Os valores de a
e b são determinados por um método matemático conhecido como regressão linear,
e, por isso, esses coeficientes também são denominados coeficientes de regressão.1
1.5.1.1 Linha de regressão de y em x
Assumindo que a curva analítica é descrita pela equação 1, deve-se calcular a
linha que melhor representa dos dados obtidos, para tal considera-se que todos os
erros estão em y. Os valores dos coeficientes a e b, são calculados através do método
dos mínimos quadrados, de acordo com as equações 2 e 3.1
Coeficiente angular, b:
𝑏 = ∑ {(𝑥𝑖−�̅�)(𝑦𝑖−�̅�)}𝑖
∑ (𝑥𝑖−�̅�)2𝑖
Equação 2
𝑎 = �̅� − 𝑏�̅� Equação 3
Sendo o ponto (�̅�, �̅�) a centroide do gráfico.
A linha calculada pelas equações 1, 2 e 3 corresponde a linha de regressão
linear de y em x e é utilizada para estimar as concentrações de materiais testes e o
limite de detecção, assim, os erros associados ao intercepto e ao coeficiente angular
devem ser calculados. Os limites de confiança de a e b são dados pelas equações 4
e 5, respectivamente.1
𝑎 ± 𝑡(𝑛 − 2)𝑆𝑎 Equação 4
𝑏 ± 𝑡(𝑛 − 2)𝑆𝑏 Equação 5
Os valores dos desvios padrão são dados pelas equações 6, 7 e 8.
Primeiramente é calculado o 𝑆𝑦/𝑥 para estimar os erros na direção y, segundo a
equação 6.
𝑆𝑦/𝑥 = √∑ (𝑦𝑖−�̂�𝑖)2
𝑖
𝑛−2 Equação 6
A equação 6 utiliza os y residuais: 𝑦𝑖 − �̂�𝑖, onde os valores de �̂�𝑖 são os pontos
calculados na linha de regressão correspondentes aos valores individuais de x.1
11
𝑆𝑎 = 𝑆𝑦/𝑥 = √∑ 𝑥𝑖
2𝑖
𝑛 ∑ (𝑥𝑖− �̅�)2𝑖
Equação 7
O desvio padrão do coeficiente angular, Sb, é dado pela equação 8.
𝑆𝑏 = 𝑆𝑦/𝑥
√∑ (𝑥𝑖− �̅�)2𝑖
Equação 8
Após o cálculo do coeficiente angular, b, e do intercepto da regressão linear,
pode-se calcular a concentração correspondente a cada sinal medido. Além disso, é
preciso calcular o erro associado a cada concentração. Sabe-se que os valores de a
e b estão sujeitos a erros, sendo assim, a determinação do erro associado a uma
concentração é complexa. Desta forma, utiliza-se um cálculo aproximado, descrito
pela equação 9.1
𝑆𝑥0 = 𝑆𝑥/𝑦
𝑏√1 +
1
𝑛+
(𝑦0−�̅�)2
𝑏2 ∑ (𝑥𝑖−�̅�)2𝑖
Equação 9
Quando o analista faz diversas medidas para obter o valor de y0 a equação 9
deve ser reescrita considerando o número de leituras (m), equação 10.1
𝑆𝑥0 = 𝑆𝑥/𝑦
𝑏√
1
𝑚+
1
𝑛+
(𝑦0−�̅�)2
𝑏2 ∑ (𝑥𝑖−�̅�)2𝑖
Equação 10
Onde, Sx0: desvio padrão estimado de x0; y0: valor experimental de y para a
concentração x0; m: número de leituras; n: número de pontos de calibração.1
Os limites de confiança são calculados segundo a equação 11, com n-2 graus
de liberdade. A Figura 5 apresenta uma forma geral dos limites de confiança para uma
concentração calculada.1
𝑥0 ± 𝑡(𝑛 − 2)𝑆𝑥0 Equação 11
12
Figura 5 - Forma geral dos limites de confiança para uma concentração calculada
Fonte: MILLER; MILLER (2005).
1.5.1.2 Avaliação da linearidade
Para avaliar a linearidade é preciso determinar o coeficiente de correlação
produto momento (r), cujo valor em módulo deve ser próximo de 1,0, pois, quanto mais
próximo de 1,0, menor a dispersão do conjunto de pontos experimentais e menor a
incerteza dos coeficientes de regressão estimados. Valores de r maior que 0,99
significam que os dados obtidos pelo método analítico relacionam-se linearmente. O
valor de r é obtido pela equação 12.1
𝑟 = ∑ {(𝑥𝑖−�̅�)(𝑦𝑖−�̅�)}𝑖
{[∑ (𝑥𝑖−�̅�)2𝑖 ][∑ (𝑦𝑖−�̅�)2
𝑖 ] }1/2 Equação 12
Quando valores muito baixos de r são obtidos é necessário fazer um teste t
bicaudal, considerando-se n-2, comparando-se com o valor tabelado no nível de
confiança desejado. Se o valor de t calculado for maior que o tabelado, a hipótese
nula deve ser rejeitada e pode-se concluir que os dados apresentam correlação
linear.1
1.5.2 Sensibilidade
A sensibilidade demonstra a variação da resposta do método com a variação da
concentração do analito e pode ser expressa pela inclinação da reta de regressão de
calibração, b.1
13
1.5.3 Exatidão
A exatidão representa quão próximo do valor real encontra-se o valor medido.
Para que seja avaliada a exatidão devem-se analisar amostras de diferentes
concentrações preparadas em triplicata, além disso, devem ser realizadas um mínimo
de nove determinações com três diferentes níveis de concentração.33
A exatidão é afetada por erros aleatórios e sistemáticos e pode ser avaliada
utilizando-se ensaios de recuperação.
1.5.3.1 Avaliação da exatidão utilizando ensaios de recuperação
A recuperação de um analito é estimada pela análise de amostras fortificadas
com o mesmo, em pelo menos três concentrações diferentes do mesmo: próxima ao
limite de detecção, próxima à média da faixa de utilização do método e próxima à
concentração máxima permitida. A recuperação é calculada pela equação 13.33
𝑅𝑒𝑐𝑢𝑝𝑒𝑟𝑎çã𝑜 (%) = (𝐶𝑎𝑓− 𝐶𝑎)
𝐶𝑎𝑑𝑥100 Equação 13
Sendo:
Caf: concentração do analito na amostra fortificada;
Ca: concentração do analito na amostra não fortificada;
Cad: concentração do analito adicionada à amostra fortificada.
1.5.4 Precisão
A precisão é uma medida da dispersão entre ensaios independentes, repetidos
de uma mesma amostra sob condições definidas, ou seja, utilizando um determinado
método. É expressa através da repetitividade e da reprodutibilidade, que são
avaliadas pelo desvio padrão. Na prática, em validação de métodos, o número de
determinações é geralmente pequeno e o que se calcula é a estimativa do desvio
padrão absoluto. Outra expressão da precisão é através da estimativa do desvio
padrão relativo (DPR), estabelecida pela equação 14. Normalmente, métodos que
quantificam compostos em macroquantidades requerem um DPR de 1 a 2%.1
𝐷𝑃𝑅 = 𝑠
�̅�𝑥100 Equação 14
Sendo:
14
�̅�: a concentração média determinada
s: o desvio padrão, calculado pela equação 15
𝑠 = √∑ (𝑥𝑖−�̅�)2
𝑖
𝑛−1 Equação 15
1.5.4.1 Repetitividade
A repetitividade descreve a precisão entre replicatas realizadas sob as mesmas
condições de medição: mesmo procedimento, mesmo observador, mesmo
instrumento, mesmas condições ambientes e repetição em curto espaço de tempo. É
expressa quantitativamente pela dispersão dos resultados.1
1.5.4.2 Reprodutibilidade
A reprodutibilidade descreve a precisão entre resultados de medidas de uma
mesma amostra realizadas sob condições variadas de medição. Este é um
componente da validação executado por diferentes laboratórios, é efetuado quando o
laboratório busca a verificação do desempenho dos seus métodos, comparando-se os
dados de validação obtidos por laboratórios diferentes.1
1.5.4.3 Comparação da precisão entre métodos
O teste f pode ser utilizado para se comparar a precisão de dois métodos.
Quando se deseja comparar se um método é mais preciso do que o outro, utiliza-se
um teste f unilateral. O teste f bilateral, por sua vez, é utilizado quando a comparação
é feita a fim de verificar se os métodos diferem-se quanto às suas precisões. O teste
f considera a razão entre duas variâncias de amostras, ou seja, a razão entre os
quadrados dos desvios padrão, como descrito pela equação 16.
𝐹 = 𝑠1
2
𝑠22 Equação 16
A hipótese nula será verdadeira quando a razão entre as variâncias for próxima
a 1; desvios deste valor ocorrem devido a erros aleatórios. Se o valor de F calculado
for maior que o tabelado a hipótese nula é rejeitada. O valor tabelado de F depende
do tamanho das amostras, do nível de significância e do tipo de teste realizado.1
1.5.5 Limite de detecção e Limite de quantificação
A definição de limite de detecção é a concentração mínima de uma substância
que pode ser detectada, mas não necessariamente quantificada, ou seja, a
15
concentração que gera um sinal y significativamente diferente do branco utilizando um
determinado procedimento experimental. O valor do limite de detecção é calculado
pela equação 17.1
𝑙𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑡𝑒𝑐çã𝑜 = 𝑦𝐵 + 3𝑆𝐵 Equação 17
O limite de quantificação é a menor concentração de uma substância de
interesse que pode ser determinada por um método analítico. O valor do limite de
quantificação é calculado pela equação 18.1
𝑙𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎çã𝑜 = 𝑦𝐵 + 10𝑆𝐵 Equação 18
Onde, yB é o sinal do branco e SB é o desvio padrão do branco. No entanto,
deve-se utilizar Sx/y no lugar de SB para a determinação dos limites de detecção e
quantificação.1
1.6 Método de adição de padrões
Esse método é utilizado para amostras que já contêm uma determinada
concentração do analito e que, além disso, têm efeito de matriz. O procedimento
padrão utilizado consiste em utilizar volumes iguais da amostra fortificando-as com
concentrações diferentes do analito e diluir, se necessário, todas as soluções para
volumes iguais. Os sinais medidos apresentam comportamento similar ao da Figura
6. Apesar da diferença visual, calcula-se a linha de regressão normalmente, mas
extrapola-se para quando y=0. O intercepto negativo no eixo x, xe corresponde a
quantidade de analito presente na amostra não fortificada. Este valor é dado pela
razão entre o intercepto e o coeficiente angular da linha de regressão, ou seja, a/b e,
portanto, também é susceptível a erros. Entretanto, o valor de xe não é dado por um
único valor medido de y, então, o desvio padrão desse coeficiente é calculado através
da equação 19.1
𝑆𝑥𝑒=
𝑆𝑥/𝑦
𝑏√
1
𝑛+
�̅�2
𝑏2 ∑ (𝑥𝑖−�̅�)2𝑖
Equação 19
O limite de confiança para xe é determinado pela equação 20.
𝑥𝑒 ± 𝑡(𝑛 − 2)𝑆𝑥𝑒 Equação 20
16
O método de adição de padrão, em termos estatísticos, é um método de
extrapolação menos preciso que as técnicas de interpolação, mas uma alternativa
para a interferência de matriz. Entretanto, esse método apresenta algumas
desvantagens: pode necessitar de maior quantidade de amostra e cada amostra pode
requerer uma curva analítica.1
Figura 6 - Método de adição de padrão
Fonte: MILLER; MILLER (2005).
1.7 Uso de linhas regressão para comparar métodos analíticos
O desenvolvimento de uma nova metodologia requer a validação da mesma,
este procedimento pode ser realizado através da comparação com um procedimento
padrão. Essa comparação é realizada a fim de identificar os erros sistemáticos e
avaliar se os resultados obtidos pelo novo método são maiores ou menores que os
obtido com a aplicação do procedimento padrão.1
A comparação de dois métodos pode ser feita utilizando-se as linhas de
regressão dos mesmos, plotando-se um gráfico como apresentado pela Figura 8. O
eixo y corresponde aos resultados obtidos pelo novo método e o eixo x aos resultados
obtidos pelo método padrão; cada ponto do gráfico representa a concentração de uma
amostra obtida por dois métodos distintos. Assim, devem-se calcular os coeficientes
de regressão, a e b e o coeficiente de correlação produto-momento da linha de
regressão.1
17
Os resultados obtidos devem ser comparados com os comportamentos
apresentados pela Figura 7. O resultado da Figura 7a indica que ambos os métodos
apresentam resultados idênticos para toda a faixa de concentração analisada, de
modo que a linha de regressão tem o intercepto igual a zero e os coeficientes angular
e de correlação iguais a 1; esta é uma situação que não acontece na prática, pois
ainda que não haja erros sistemáticos, os erros aleatórios impedem que ambos os
procedimentos deem resultados idênticos.1
A situação apresentada pela Figura 7b, ocorre quando o sinal do branco for
calculado erroneamente para um dos dois métodos, o que faz com que o intercepto,
a, seja diferente de zero.1
Há também a possibilidade de que o coeficiente angular de uma linha de
regressão seja maior ou menor que 1, como representado nas Figuras 7c e 7d, isso
ocorre devido a existência de erros sistemáticos no coeficiente angular de um dos
métodos. A Figura 7e também representa a ocorrência de erros sistemáticos.1
A situação descrita na Figura 7f pode acontecer quando o analito apresenta
duas formas químicas e apenas um dos métodos é capaz de detectar ambas.1
Há uma preocupação excessiva com o coeficiente de correlação em estudos
comparativos, uma vez que r não tem papel direto no estabelecimento ou não de erros
sistemáticos, visto que mesmo que o valor de r seja muito próximo de 1, a regressão
pode ser um pouco curvada. E em outros casos pode-se verificar que o valor de r não
é tão próximo a 1, mas ainda assim os valores de a e b não são significativamente
diferentes de 0 e 1, respectivamente.1
18
Figura 7 - Uso de linhas de regressão para comparação de métodos analíticos
Fonte: MILLER; MILLER (2005).
19
2 Objetivos
O objetivo principal foi comparar os resultados obtidos via eletroanálise com os
obtidos a partir de metodologias cromatográficas (HPLC) utilizando-se os modelos
estatísticos descritos no livro Miller e Miller.1 após o desenvolvimento, caracterização
e aplicação de uma metodologia eletroanalítica para análise de ácido ascórbico em
amostras farmacêuticas. O objetivo principal foi dividido nas seguintes etapas:
Modificação e caracterização da superfície de eletrodos de carbono
vítreo com nanotubos de carbono e comparação de suas respostas eletroquímicas.
Modificação dos CNTs com nanopartículas de antimônio. Comparação
dos resultados obtidos com aqueles obtidos pelo eletrodo modificado apenas com
CNTs.
Utilização dos eletrodos modificados na quantificação eletroanalítica de
AA e desenvolvimento de uma metodologia eletroanalítica para detecção deste
compostos em fármacos utilizando-se técnicas como voltametrias de pulso diferencial.
Aplicação uma metodologia cromatográfica (HPLC) já publicada para a
detecção do AA, em faixas de concentração coincidentes com as da técnica
eletroanalítica.
Comparação estatística da metodologia eletroanalítica proposta com a
cromatografia líquida de alta eficiência, e determinação da equivalência dos
resultados obtidos pelas duas técnicas.
20
3 Materiais e métodos
3.1 Metodologia eletroquímica utilizada para determinação de ácido
ascórbico
3.1.1 Funcionalização dos Nanotubos de Carbono de Paredes Múltiplas (MWCNT)
Preparou-se 20 mL de uma mistura dos ácidos nítrico e sulfúrico concentrados
na proporção de 1:3 (v:v), à essa mistura adicionou-se 50mg de MWCNT e submeteu-
se a agitação magnética durante nove horas.
Após o período de agitação filtrou-se os MWCNT em membrana de Nylon® de
0,45 m, e lavou-se com água deionizada até que o filtrado atingisse pH próximo de
6. Por fim, secaram-se os MWCNT em estufa durante 12 horas na temperatura de
60°C.
3.1.2 Modificação dos nanotubos de carbono com nanopartículas de antimônio
MWCNT-SbNPs
Para a síntese do nanocompósito MWCNT-SbNPs, pesou-18,7 mg de cloreto
de antimônio em um Eppendorf®, em seguida, adicionou-se 1 mL de etanol P.A. a
esse recipiente. Essa mistura foi agitada em ultrassom durante 30 minutos.
Em um béquer contendo 20 mL de etanol P.A. adicionou-se 40mg de MWCNT
e 40 mg de dodecil sulfato de sódio, essa mistura foi agitada em ultrassom durante 20
minutos para que houvesse dispersão completa dos nanotubos de carbono. Após esta
etapa, adicionou-se 80 mg de borohidreto de sódio, o conteúdo do béquer foi agitado
em banho ultrassônico por mais 20 minutos.
Adicionou-se o conteúdo do eppendorf® lentamente sob agitação ultrassônica,
e agitou-se a mistura final em sonda durante uma hora. Filtrou-se o nanocompósito
em membrana Milipore de Nylon® 0,45 µm e secou-se em estufa durante 12 horas a
60°C.22
3.1.3 Caracterização morfológica e estrutural dos nanocampósitos
A caracterização morfológica e estrutural dos nanocompósitos foi realizada
pelas técnicas de FEG e EDX.
21
3.1.4 Modificação dos eletrodos de carbono vítreo com nanotubos de carbono
Antes da modificação do eletrodo, foi feito o polimento e limpeza mecânica da
superfície do eletrodo de carbono vítreo que foi inicialmente polida em lixa 1200/4000
de carbeto de silício. Em seguida, o eletrodo foi lavado com água deionizada.
Finalmente, 12 µL de uma suspensão contendo MWCNTs em
Dimetilformamida (2 mg de MWCNT:2 mL DMF) foram gotejados em três adições de
4 µL sobre a superfície do carbono vítreo.
O mesmo procedimento é seguido para a modificação do eletrodo de carbono
vítreo com o nanocompósito MWCNT-SbNPs, a rota de síntese desse material está
descrita nas subseções posteriores do procedimento.
3.1.5 Caracterização eletroquímica dos sensores
Utilizou-se a técnica voltametria cíclica em meio ácido, HCl 0,5 mol L-1, para
comparar o comportamento eletroquímico dos diferentes materiais, GC, MWCNT e
MWCNT-SbNPs.
3.1.6 Comportamento eletroquímico do ácido ascórbico sobre a superfície dos
sensores MWCNT-SbNPs
O estudo do comportamento eletroquímico do ácido ascórbico foi realizado
utilizando-se técnicas voltamétricas: voltametrias cíclicas e de pulso diferencial. Os
parâmetros utilizados estão descritos na Tabela I.
Tabela 1 - Parâmetros utilizados para as técnicas de voltametria cíclica e de pulso diferencial
Parâmetros Voltametria Cíclica Voltametria de Pulso Diferencial
Tempo de Equilíbrio 3 s 3 s
Faixa de Potencial -1,2 V a +1,2 V -0,6 V a 0,6 V
Velocidade de Varredura 50 mV s-1 10,5 mV s-1
Incremento de Potencial 3 mV 10,5 mV
Amplitude - 50 mV
22
3.1.7 Utilização de eletrodos modificados para a determinação de ácido ascórbico
3.1.7.1 Determinação de AA Soluções Padrão
O ácido ascórbico foi determinado, primeiramente, a partir de uma solução
padrão deste analito. Preparou-se uma solução estoque na concentração 0,01 mol L-
1 do padrão de AA e adicionou-se à célula eletroquímica, cujo volume inicial da solução
tampão era de 20 mL, primeiramente uma alíquota de 600µL correspondendo à
concentração de 291 µmol L-1 e a partir desta concentração alíquotas sucessivas de
100 µL até a concentração de 698 µmol L-1.
3.1.7.2 Determinação de AA na amostra de comprimido
Para a determinação do AA em amostras de comprimido utilizaram-se 10
comprimidos de aproximadamente 1g contendo 500 mg de AA provenientes de um
mesmo lote. Pesaram-se todos os comprimidos obtendo um valor médio de 982,2 ±
2,31 mg e as amostras foram maceradas com auxílio de um almofariz e um pistilo até
a formação de uma amostra homogênea.
A partir desta amostra considerando-se a quantidade de AA presente na
amostra aproximadamente 50% em massa, preparou-se uma solução estoque de 0,01
mol L-1 pesando-se o dobro da massa calculada na seção 3.1.7.1, e preparou-se 20
mL de uma amostra com aproximadamente 125 µmol L-1 de AA em PBS 0,1 mol L-1
utilizada como amostra inicial. . Após a primeira determinação, a amostra foi fortificada
com quantidades conhecidas de da solução padrão de AA (adição de volumes iguais
aos pré-estabelecidos em 3.1.7.1) e novas quantificações eletroanalíticas foram
realizadas.
3.2 Metodologia cromatográfica utilizada para determinação de ácido
ascórbico.
Para a determinação de ácido ascórbico por cromatografia líquida de alta
eficiência utilizou-se o material de referência certificado (Reagente padrão) da
farmacopeia americana, cuja pureza é de 99,99%.
3.2.1 Parâmetros Utilizados na análise cromatográfica
As amostras preparadas anteriormente foram analisadas por HPLC-UV
conforme as condições cromatográficas descritas na Tabela 2.:28
23
Tabela 2 - Parâmetros Utilizados pela técnica cromatográfica
Equipamento Cromatógrafo líquido de alta eficiência
Detector Ultravioleta no comprimento de onda de 243 nm
Coluna C18 250 mm x 4,6 mm, 5 µm (Sigma Aldrich)
(Ascentis®Supelco)
Temperatura da Coluna 25ºC
Fase Móvel Ácido Acético 2% (V/V)
Fluxo da Fase Móvel 1,0 mL min-1
Volume de Injeção 20 μL
Duração da Corrida
Cromatográfica
5,0 min
Tempo de Retenção
Aproximado
2,7 min
3.2.2 Preparo das Soluções padrão de AA
As soluções de concentrações conhecidas foram preparadas a partir de uma
solução estoque de padrão ácido ascórbico preparada como descrita na Tabela 3.
Tabela 3 - Descrição do preparo das soluções estoque de padrão de concentração 1mg mL-1
Massa de
Material de
Referência (mg)
Volume de
Solução
Preparado (mL)
Diluente Quantidade de
Diluente
Concentração
(µmol L-1)
25 25
Ácido
acético 2%
(V/V)
Quantidade
Suficiente Para
25 mL
5678
As soluções estoque de concentração 1mg mL-1 foram diluídas conforme
descrito na Tabela 4 para injeção cromatográfica.
24
Tabela 4 - Descrição do preparo das soluções para injeção cromatográfica a partir
das soluções estoque de concentração 1mg mL-1
Volume de
Solução
Padrão
Pipetada (L)
Volume de
Solução
Preparado
(mL)
Diluente Quantidade de
Diluente
Concentração
(mol L-1)
256 5,0 Ácido
acético 2%
(V/V)
Quantidade
Suficiente Para
5,0 mL
291,2
298 5,0 Ácido
acético 2%
(V/V)
Quantidade
Suficiente Para
5,0 mL
338,2
339 5,0 Ácido
acético 2%
(V/V)
Quantidade
Suficiente Para
5,0 mL
384,6
379 5,0 Ácido
acético 2%
(V/V)
Quantidade
Suficiente Para
5,0 mL
430,6
419 5,0 Ácido
acético 2%
(V/V)
Quantidade
Suficiente Para
5,0 mL
476,2
459 5,0 Ácido
acético 2%
(V/V)
Quantidade
Suficiente Para
5,0 mL
521,3
498 5,0 Ácido
acético 2%
(V/V)
Quantidade
Suficiente Para
5,0 mL
566
537 5,0 Ácido
acético 2%
(V/V)
Quantidade
Suficiente Para
5,0 mL
610,3
576 5,0 Ácido
acético 2%
(V/V)
Quantidade
Suficiente Para
5,0 mL
654,2
614 5,0 Ácido
acético 2%
(V/V)
Quantidade
Suficiente Para
5,0 mL
697,7
3.2.3 Preparo das amostras de comprimido
O preparo da amostra de comprimido foi feito de maneira análoga ao
procedimento descrito na seção 3.1.7.2, exceto a fortificação da amostra inicial que
seguiu o procedimento descrito na Tabela 4.
25
4 Resultados e Discussão
4.1 Caracterização estrutural e morfológica do nanocompósito MWCNT-
SbNPs
Para a caracterização morfológica e estrutural do nanocompósito MWCNT-
SbNPs utilizaram-se as técnicas de Microscopia Eletrônica de Varredura de Efeito de
Campo (FEG) e Espectroscopia de Energia Dispersiva de Raios X (EDX). A Figura 8
apresenta os resultados obtidos por ambas as técnicas para os materiais MWCNT e
MWCNT-SbNPs.
A análise por EDX é do tipo semi-quantitativa, pois, além de tratar-se de uma
técnica pontual, baseia suas estimativas de composição da amostra. Por esta técnica
são obtidas a composição química das amostras em questão e as percentagens de
cada espécie contida nas mesmas. As composições dos materiais estudados obtidas
por EDX encontram-se na Tabela 5.
Tabela 5 - Composição dos materiais, análise semi-quantitativa (EDX)
Elemento MWCNT MWCNT-SbNPs
Carbono 87,11% 63,55%
Oxigênio 12,89% 11,24%
Antimônio -- 25,21%
Analisando-se as Figuras 8a e 8b é possível verificar na análise por EDX os
picos referentes ao carbono (grafite) em aproximadamente 0,30 keV e de átomos de
oxigênio em aproximadamente 0,58 keV. Enquanto no MWCNT-SbNPs podem ser
observados, além dos picos referentes ao carbono e oxigênio, uma série de picos
referentes ao antimônio entre 3,40 keV e 4,50 keV.
As imagens obtidas por FEG evidenciam a presença das nanopartículas de
antimônio com tamanhos variando entre 5 e 35 nm.
26
Figura 8 - Caracterização do MWCNT (a) e MWCNT-SbNPs (b) por FEG e EDX
4.2 Caracterização eletroquímica do nanocompósito MWCNT-SbNPs
A Figura 9 apresenta os voltamogramas cíclicos obtidos em HCl 0,5 mol L-1
para os eletrodos de carbono vítreo não modificado (GC), modificado com MWCNT e
com MWCNT-SbNPs.
27
Figura 9 - Voltamogramas cíclicos obtidos para os eletrodos de carbono vítreo não
modificado, MWCNT e MWCNT-SbNPs. Eletrólito HCl 0,5 mol L−1 e velocidade de
varredura de 50 mV s−1.
-0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
C
A
I / m
A
E vs Ag/AgCl / V
GC
MWCNT
MWCNT-SbNPsB
Na Figura 9 é possível observar picos anódicos: A em -0,020 e B entre 0,150 e
0,400 V vs. Ag/AgCl referentes aos processos de oxidação do antimônio + e a
formação de uma camada de passivação do óxido de antimônio devido ao aumento
da concentração de antimônio na superfície, respectivamente. E um pico catódico C
em -0,350 V vs. Ag/AgCl referente a redução do óxido de antimônio.22
4.3 Análise Eletroquímica do ácido ascórbico
4.3.1 Avaliação do Eletrólito suporte para determinação de ácido ascórbico com
eletrodos de carbono vítreo modificados com MWCNT-SbNPs
Os eletrólitos suporte avaliados foram solução tampão acetato 0,1 mol L-1, KCl
0,1 mol L-1 e tampão fosfato 0,1 mol L-1. A Figura 10 apresenta os voltamogramas de
pulso diferencial do eletrodo de carbono vítreo modificado com MWCNT-SbNPs nos
diferentes eletrólitos contendo ácido ascórbico na concentração 521,3 µmol L-1.
28
Figura 10 - Definição do eletrólito Suporte – Voltametria de Pulso Diferencial do
eletrodo MWCNT-SbNPs nos diferentes eletrólitos contendo AA 521,3 mol L-1
incremento de potencial 10,5 mV, amplitude 50 mV.
16
20
24
28
I /
A
Tampão Acetato 0,1 mol L-1
AA 521,3 mol L-1
4
8
12
16
20 KCl 0,1 mol L
-1
AA 521,3 mol L-1
I /
A
-0,5 0,0 0,5
4
8
12
16 PBS 0,1 mol L
-1
AA 521,3 mol L-1
I /
A
E vs Ag/AgCl / V
Analisando-se os resultados apresentados na Figura 10 verifica-se que o
eletrólito suporte mais adequado para esta determinação é o Tampão Fosfato 0,1 mol
L-1, uma vez que esse eletrólito possibilita a obtenção de um pico mais bem definido
para o ácido ascórbico quando comparado aos outros eletrólitos estudados.
O tampão acetato apresenta alto valor de corrente de pico anódico, próximo de
28 A, entretanto, o pico do analito coincide com o pico do branco apresentando
apenas um incremento de corrente, dificultando, portanto, a análise quantitativa do
composto estudado. A solução de KCl 0,1 mol L-1 não apresenta pico referente a
oxidação do ácido ascórbico na faixa de potencial aplicada: entre -0,6 V e 0,6 V.
29
4.3.2 Efeito do MWCNT-SbNPs na superfície do eletrodo de carbono vítreo para
oxidação do ácido ascórbico
O efeito da modificação com MWCNT-SbNPs foi avaliado na presença de 521,3
µmol L-1 de ácido ascórbico em PBS 0,1 mol L-1. Os voltamogramas de pulso
diferencial obtidos são apresentados na Figura 11. Os parâmetros utilizados para a
obtenção destes dados foram amplitude 50 mV e incremento de potencial 10,5 mV.
Comparando-se os resultados apresentados na Figura 12, verifica-se que a
modificação do eletrodo de carbono vítreo com Sb-MWCNT apresenta maior corrente
de pico que os eletrodos de carbono vítreo não modificado e modificado com MWCNT.
Um deslocamento de potencial para próximo de zero também pode ser observado,
principalmente quando comparados o eletrodo de carbono vítreo não modificado e o
eletrodo de carbono vítreo modificado com MWCNT-SbNPs, portanto, o segundo é
mais eletrocatalítico para a determinação de ácido ascórbico.
Figura 11 – Voltamogramas de pulso diferencial obtidos em PBS 0,1 mol L-1 contendo
521,3 mol L-1 de ácido ascórbico, pH 6,8, para os eletrodos GC, MWCNT e MWCNT-
SbNPs; incremento de potencial 10,5 mV e amplitude 50 mV.
-0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6
0
2
4
6
8
10
12
14
16
I /
A
E vs Ag/AgCl / V
GC
MWCNT
MWCNT-SbNPs
30
4.3.3 Otimização do volume de suspensão de MWCNT-SbNPs
Os volumes de suspensão estudados foram 4, 8 e 12 L, respectivamente. A
Figura 12 apresenta a variação do potencial de pico anódico e da corrente de pico
anódica em função da variação do volume de suspensão adicionado. A corrente de
pico anódica aumenta linearmente de acordo com o aumento do volume do
nanocompósito. Além disso, o potencial de pico anódico referente a oxidação do ácido
ascórbico diminui linearmente de acordo aumento do volume de suspensão
adicionado, evidenciando o efeito catalítico do nanocompósito.
A Figura 13 apresenta a variação do coeficiente angular, Ɵ da curva analítica
em função da variação do volume de suspensão adicionado.
Figura 12 - Relação entre a variação de volume de suspensão adicionado à superfície
do eletrodo de GC e os valores de IPA e EPA
4 6 8 10 12
0.14
0.16
0.18
0.20
0.22
0.24
EP
A v
s A
g/A
gC
l / V
Volume de Suspensão / L
6
8
10
12
14
16
I PA /
A
31
Figura 13 - Relação entre a variação de volume de suspensão adicionado à superfície
do eletrodo de GC e o valor de Ɵ
3,0 4,5 6,0 7,5 9,0 10,5 12,0
0,012
0,014
0,016
0,018
0,020
/
A L
/
mol
Volume de Suspensão / L
O coeficiente angular, Ɵ, ou seja, a tangente da curva analítica aumenta
linearmente de acordo com o aumento do volume do nanocompósito. Assim pode-se
concluir que a modificação do eletrodo de carbono vítreo também contribui para o
aumento da sensibilidade do método analítico.
Desta forma, combinando os resultados obtidos, o volume de 12 L mostrou-
se o mais indicado para esta aplicação.
4.3.4 Estudo do pH
Os valores de pH foram avaliados considerando-se a região tamponante do
tampão fosfato utilizando-se os valores entre 6,8 ± 1,0. A Figura 14 apresenta os
voltamogramas de pulso diferencial obtidos em PBS 0,1 mol L-1 nos diferentes pH
contendo 476,2 µmol L-1 de AA para o eletrodo de carbono vítreo modificado com
MWCNT-SbNPs.
32
Figura 14 - Voltamogramas de pulso diferencial em PBS 0,1 mol L-1 em diferentes
pHs contendo 476 µmol L-1; amplitude 50mV e incremento de potencial 10,5mV.
-0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6
8
12
16
20
24
28I /
A
E vs Ag/AgCl / V
pH 5,8
pH 6,8
pH 7,8
Figura 15 - Relação entre a variação do pH do PBS 0,1 mol L-1 e os valores de IPA e EPA
5,6 6,0 6,4 6,8 7,2 7,6 8,0
100
120
140
160
180
E v
s A
g/A
gC
l /
mV
pH
22
24
26
28I P
A /
A
33
Figura 16 - Relação entre a variação do pH do PBS 0,1molL-1 e os valores de b
5.6 6.0 6.4 6.8 7.2 7.6 8.0
0.020
0.022
0.024
0.026
0.028
0.030 /
A L
/
mol
pH
Analisando-se tais resultados podem-se verificar a dependência entre a
concentração hidrogeniônica do eletrólito e os valores de corrente e potencial de pico
(Figura 15) e com os valores do coeficiente angular da curva de calibração (Figura
16), ou seja a dependência entre o pH do tampão e a sensibilidade do método.
É sabido que quanto maior o pH maior a facilidade de oxidação do ácido
ascórbico, uma vez que em soluções básicas esse composto encontra-se ionizado,
na forma de ascorbato, que é facilmente oxidado a deidroascorbato.7 Entretanto,
apesar da maior facilidade de oxidação o pH mais básico estudado, 7,8 não apresenta
o maior valor de corrente de pico nem o maior valor de coeficiente angular da reta, b,
ou seja, não apresenta maior sensibilidade.
Portanto, o potencial hidrogeniônico ideal para a quantificação eletroanalítica
do ácido ascórbico determinado é de 6,8.
34
4.3.5 Otimização dos parâmetros da Voltametria de Pulso Diferencial
A fim de verificar as melhores condições de trabalho para a quantificação do
ácido ascórbico, realizaram-se estudos variando-se os parâmetros de amplitude e
incremento de potencial da técnica aplicada, DPV.
4.3.5.1 Amplitude
O efeito da variação da amplitude em função da corrente e potencial de pico
anódico foi avaliado, bem como a Variação do Coeficiente Angular da Curva de
Calibração em função da variação desse parâmetro, os resultados encontram-se
apresentados nas Figuras 17 e 18, respectivamente. O valor do incremento foi fixado
em 10,5 mV.
Analisando-se os resultados obtidos tem-se que os valores da Corrente de Pico
Anódico (IPA) e do coeficiente angular da curva analítica (b) variam linearmente com o
aumento da amplitude de 30 até 50 mV, enquanto o valor do Potencial de Pico Anódico
(EPA) diminui para a mesma faixa de amplitude mantém-se praticamente constante
entre as amplitudes de 30 mV e 60 mV, variando entre 0,150 V e 0,154 V. Assim o
valor de amplitude escolhido para a quantificação do ácido ascórbico é de 50mV.
35
Figura 17 - Relação entre a variação da amplitude e os valores de IPA e EPA em PBS
0,1 mol L-1 pH 6,8
.
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
140
150
160
170
180
EPA
EP
A v
s A
g/A
gC
l /
mV
Amplitude / mV
EPA
IPA
8
10
12
14
16
18
20
22
IPA
I PA /
A
Figura 18 - Relação entre a variação da amplitude e os valores do coeficiente angular
da curva analítica em PBS 0,1 mol L-1 pH 6,8.
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
0,012
0,016
0,020
0,024
/
A L
/
mol
Amplitude / mV
36
4.3.5.2 Incremento de Potencial (Step Potential)
A relação entre a variação do incremento de potencial e os valores de IPA e EPA
e a variação do valor do coeficiente angular da curva analítica apresentam-se nas
Figuras 19 e 20. O valor de amplitude para estas medidas foi fixado em 50mV.
Figura 19 - Relação entre a variação do incremento de potencial e os valores de IPA e
EPA em PBS 0,1 mol L-1pH 6,8.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
140
150
160
170
180
190
200
210
EP
A v
s A
g/A
gC
l /
mV
Incremento de Potencial / mV
6
8
10
12
14
16
I PA /
A
37
Figura 20 - Relação entre a variação do incremento de potencial e os valores do
coeficiente angular da curva analítica em PBS 0,1 mol L-1 pH 6,8.
0,0 1,5 3,0 4,5 6,0 7,5 9,0 10,5 12,0
0,006
0,008
0,010
0,012
0,014
0,016
0,018
0,020
0,022
/
A/
molL
-1
Incremento de potencial / mV
A partir dos dados obtidos pode-se constatar que o melhor valor de incremento
de potencial para determinação de ácido ascórbico é 10,5 mV uma vez que este
apresenta os maiores valores de IPA e b e também o menor valor de EPA.
4.4 Validação Eletroanalítica de ácido ascórbico
Após os estudos das melhores condições experimentais para determinação
eletroquímica de ácido ascórbico com a técnica DPV obtiveram-se cinco curvas
analíticas que apresentaram um comportamento linear da corrente de pico anódico
em função do aumento da concentração do analito como se podem ser verificados
nas Figuras 21 e 22 - esse procedimento foi repetido para soluções padrões de ácido
ascórbico em solução tampão fosfato 0,1mol L-1 pH 6,8 e também para amostras de
ácido ascórbico em comprimido. A partir das cinco repetições obteve-se um conjunto
de valores de corrente de pico médias e seus respectivos erros.
38
4.4.1 Obtenção da Curva Analítica média do AA padrão em PBS 0,1molL-1
Os voltamogramas de pulso diferencial e a curva analítica média obtidos nas
análises do padrão de AA encontram-se na Figura 21 e 22, respectivamente. Os
parâmetros estatísticos representativos da curva apresentada na Figura 22 são
listados na Tabela 6.
Figura 21 - Voltamogramas de pulso diferencial para concentrações crescentes de
AA – entre 291 e 698 µmol L-1 - em PBS 0,1 mol L-1; amplitude 50 mV e incremento
de potencial 10,5 mV - Determinação de AA em soluções padrão.
-0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
I PA /
A
E vs Ag/AgCl / V
PBS 0,1 molL-1
291 molL-1
338 molL-1
385 molL-1
431 molL-1
476 molL-1
521 molL-1
566 molL-1
610 molL-1
654 molL-1
698 molL-1
Figura 22 - Gráfico médio das curvas analíticas (n=5) para concentrações crescente
de AA (291, 338, 385, 431, 476, 521, 566, 610, 654, 698 µmol L-1) em PBS 0,1 mol L-
39
1, amplitude 50 mV e incremento de potencial 10,5 mV - Determinação de AA em
Soluções Padrão.
-100 0 100 200 300 400 500 600 700 800
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32I P
A /
A
[AA] / molL-1
Tabela 6 - Resultados dos parâmetros de validação do método eletroanalítico para
determinação de AA em soluções padrão.
Parâmetro AA padrão em PBS 0,1 mol L-1
Faixa de Concentração (µmol L-1) 291-698
Curva Analítica (µmol L-1) 13,3576 + 0,0216x
Coeficiente de Correlação (R) 0,9999
Precisão (mín-máx) em RSD (%) 3,15-3,51
Recuperação (min-máx, %) 99,00-100,94
LD (mol L-1) 0,0015
LQ (mol L-1) 0,0498
40
4.3.2 Obtenção da Curva Analítica média do AA em amostras de comprimidos
Os voltamogramas de pulso diferencial e a curva analítica média, obtidos nas
análises da amostra de comprimido fortificada com padrão de AA, encontram-se na
Figura 23 e 24, respectivamente. Os parâmetros estatísticos representativos da curva
apresentada na Figura 24 são listados na Tabela 7.
Figura 23 - Voltamogramas de pulso diferencial para concentrações crescentes de
AA – entre 291 e 698 µmol L-1 - em PBS 0,1 mol L-1; amplitude 50 mV e incremento
de potencial 10,5 mV - Determinação de AA em comprimidos.
-0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6
2
4
6
8
10
Amostra
291molL-1
338molL-1
385molL-1
431molL-1
476molL-1
521molL-1
566molL-1
610molL-1
654molL-1
698molL-1
I /
A
E vs Ag/AgCl / V
Figura 24 - Gráfico médio das curvas analíticas (n=5) para concentrações crescentes
de AA (291, 338, 385, 431, 476, 521, 566, 610, 654, 698 µmol L-1) em PBS 0,1 mol L-
41
1, amplitude 50 mV e incremento de potencial 10,5 mV - Determinação de AA em
Comprimidos.
-100 0 100 200 300 400 500 600 700 800
2
4
6
8
10
12I P
A /
A
[AA] / molL-1
Tabela 7 - Resultados dos parâmetros de validação do método eletroanalítico para
determinação de AA em amostras de comprimido.
Parâmetro Comprimido
Faixa de Concentração (µmol L-1) 291-698
Curva Analítica (µmol L-1) 2,8133 + 0,0117x
Coeficiente de Correlação (R) 0,99837
Precisão (mín-máx) em RSD (%) 2,01-4,18
Recuperação (min-máx, %) 108,46-120,36
LD (mol L-1) 0,0235
LQ (mol L-1) 0,0783
Analisando-se os resultados obtidos verifica-se uma diminuição dos valores de
corrente de pico e da sensibilidade na análise dos comprimidos, bem como o
deslocamento do potencial de pico anódico para aproximadamente 0,200 V. Essas
alterações podem ser explicadas pela presença de interferentes na amostra de
comprimido provenientes do excipiente da amostra, uma vez que as amostras foram
analisadas sem tratamento prévio. Esses interferentes podem dificultar a transferência
42
de carga fazendo com que a reação de oxidação do ácido ascórbico aconteça em
potenciais maiores, comparados com os potenciais de oxidação das amostras padrão
(~0,120 V).
Os limites de detecção (LD) e quantificação (LQ) obtidos pela técnica
eletroanalítica foram calculados segundo as equações 17 e 18, respectivamente, para
as amostras de padrão o LD calculado foi de 0,0015 mol L-1 e o LQ 0,0498 mol L-1;
para as amostras de comprimido o LD calculado foi de 0,0235 mol L-1 e o LQ 0,0783
mol L-1. Também foi a média dos pontos para cada amostra e seus respectivos erros,
de acordo equação 21:
�̅� ± 𝑡𝑛−1 𝑠√𝑛 Equação 21
Onde: �̅�: valor médio do sinal obtido, tn-1: 2,78, α: 0,05, e n = 5.
Foram calculados também a equação da reta que melhor descreve o conjunto
médio dos pontos, onde a foi calculado de acordo com a equação 3 e b, de utilizando-
se a equação 2. O coeficiente de correlação linear foi calculado pela equação 12. E a
recuperação e a precisão utilizando-se as equações 13 e 14, respectivamente. Todos
os parâmetros foram calculados de acordo com o método proposto por Miller e Miller.1
Os valores de recuperação obtidos para as amostras de padrão variam entre
99,00-100,94% com DPR máximo 3,51%, enquanto os valores de recuperação
obtidos para as amostras de comprimido variam entre 108,46-120,36%, com DPR
máximo: 4,18. Deste modo, apesar de serem recomendados valores de recuperação
próximos a 100%, desvios desse parâmetro são aceitáveis desde que os valores de
DPR obtidos sejam menores que 5%.34
43
4.5 Análise Cromatográfica
O método cromatográfico utilizado para a determinação do ácido ascórbico
baseia-se num ensaio desenvolvido para determinação do AA em sucos, ou seja,
matrizes orgânicas e complexas. Os parâmetros utilizados encontram-se descritos na
seção 3.3.1 28. A Figura 25 representa o cromatograma do AA (476molL-1), cujo pico
aparece no tempo de retenção tR 2,73 minutos.
Figura 25 - Cromatograma do AA na concentração 476 mol L-1. FM: Ácido acético
2%, fluxo 1,0 mL min -1, Volume de Injeção: 20L, Temperatura da coluna: ~25°C.
Comparando-se os cromatogramas obtidos na determinação de AA 476molL-
1 (nas amostras de padrão e comprimido fortificado) pode-se verificar a seletividade
do método, Figura 26.
44
Figura 26 - Cromatograma obtido para amostra comprimido - demonstração da
seletividade do método. FM: Ácido acético 2%, fluxo 1,0 mL min-1, Volume de
Injeção: 20L, Temperatura da coluna: ~25°C. [AA] 476 µmol L-1
As curvas analíticas médias foram obtidas a partir de três repetições das
diferentes concentrações de ácido ascórbico, de modo que as Figuras 27 e 28
apresentam as curvas médias para os padrões e para as amostras de comprimido
fortificadas, respectivamente.
Amostra não
fortificada
Amostra
fortificada
Solução
Padrão
45
4.5.1 Validação da Metodologia Cromatográfica
Os resultados foram avaliados posteriormente quanto aos valores de
recuperação, precisão, limite de detecção e quantificação, esses parâmetros
encontram-se descritos na Tabela 8.
Os limites de detecção (LD) e quantificação (LQ) obtidos pela técnica
eletroanalítica foram calculados segundo as equações 17 e 18, respectivamente, para
as amostras de padrão o LD calculado foi de 0,0236 mol L-1 e o LQ 0,0788 mol L-1;
para as amostras de comprimido o LD calculado foi de 0,0594 mol L-1 e o LQ 0,1981
mol L-1. Também foi a média dos pontos para cada amostra e seus respectivos erros,
de acordo equação 21, considerando-se os parâmetros descritos na seção 4.3.2.
Foram calculados também a equação da reta que melhor descreve o conjunto
médio dos pontos, onde a foi calculado de acordo com a equação 3 e b, de utilizando-
se a equação 2. O coeficiente de correlação linear foi calculado pela equação 12. E a
recuperação e a precisão utilizando-se as equações 13 e 14, respectivamente. Todos
os parâmetros foram calculados de acordo com o método proposto por Miller e Miller.1
Os valores de recuperação obtidos para as amostras de comprimido variam
entre 89,23-97,15%, com desvio padrão máximo de 4,06%, recomenda-se que esses
valores sejam próximos a 100%, entretanto, nesse caso como o RSD é menor que
5%, valores menores que o ideal são aceitáveis.34 Desta forma o método aplicado
para a análise de comprimidos é preciso.
46
Figura 27 - Gráfico médio das curvas analíticas (n=5) para concentrações crescentes de AA (291, 338, 385, 431, 476, 521, 566, 610, 654, 698 µmol L-1). FM: Ácido acético 2%; vazão: 1,0 mL min-1; VI: 20 µL, Tcol: 25°C - Determinação de AA em soluções padrão.
Figura 28 - Gráfico médio das curvas analíticas (n=5) para concentrações crescentes
de AA (291, 338, 385, 431, 476, 521, 566, 610, 654, 698 µmol L-1). FM: Ácido acético
2%; vazão: 1,0 mL min-1; VI: 20 µL, Tcol: 25°C - Determinação de AA em comprimidos.
0 100 200 300 400 500 600 700 800
1x106
2x106
3x106
4x106
5x106
6x106
7x106
Áre
a /
mA
U m
in-1
[AA] / mol L-1
0 100 200 300 400 500 600 700 800
0
1x106
2x106
3x106
4x106
5x106
6x106
Áre
a /
mA
U
min
-1
[AA] / mol L-1
47
Tabela 8- Resultados dos parâmetros de validação do método eletroanalítico para
determinação de AA por HPLC
Parâmetro Soluções Padrão Comprimido
Faixa de Concentração (mol L-1) 291-698 291-698
Curva Analítica (µmolL-1) -5437 + 7887x 948303 + 7664x
Coeficiente de Correlação (R) 0,9965 0,9983
Precisão (mín-máx) em RSD (%) 0,62-3,7 2,31-4,06
Recuperação (min-máx, %) 98,55-101,47 89,23-97,15
LD (mol L-1) 0,0236 0,0594
LQ (mol L-1) 0,0788 0,1981
4.5.2 Efeito de Matriz
A Figura 29 apresenta uma comparação entre as curvas analíticas médias
obtidas para as análises das soluções padrão e da amostra de comprimido de AA.
Figura 29 – Efeito de matriz na análise cromatográfica, comparação das curvas
analíticas médias para concentrações crescentes de AA (291, 338, 385, 431, 476, 521,
566, 610, 654, 698 µmol L-1) obtidas na análise dos padrões e da amostra de
comprimido. FM: Ácido acético 2%; vazão: 1,0 mL min-1; VI: 20 µL, Tcol: 25°C.
0 200 400 600 800
0,0
2,0x106
4,0x106
6,0x106
Áre
a /
mA
U m
in-1
[AA] / mol L-1
Curva Padrão Comprimido
48
Analisando-se os resultados obtidos verifica-se que como a amostra de
comprimido já continha uma determinada quantidade de AA (~150 µmol L-1) a resposta
obtida para as diferentes concentrações apresentou um incremento proporcional à
esse valor.
4.6 Comparação Estatística dos métodos analíticos de determinação do AA
pelo método de regressão linear
Para a obtenção das curvas de regressão linear primeiramente foram
determinadas cinco curvas de calibração para as técnicas eletroquímica e
cromatográfica, respectivamente, nas mesmas concentrações de padrão e amostra -
neste caso o comprimido – para as diferentes metodologias. A partir das cinco curvas
de calibração obtidas foi calculada uma curva média para ambas as técnicas.
Amostras de concentrações conhecidas, cujas concentrações deveriam fazer
parte da faixa de concentração linear das curvas, foram utilizadas a fim de que suas
concentrações fossem determinadas pela interpolação do sinal obtido (Corrente de
pico anódico para a eletroanálise e área do pico cromatográfico para a cromatografia.)
com a equação da curva de calibração média calculada para ambos os métodos.
Por fim, um gráfico foi construído colocando os valores de concentração obtidos
pela interpolação dos sinais para a análise eletroquímica o eixo y, uma vez que este
é o novo método proposto para a determinação do ácido ascórbico, versus os valores
de concentração obtidos pela interpolação dos sinais para a análise cromatográfica
para cada amostra no eixo x, pois este foi determinado como método padrão de
comparação.
Os gráficos obtidos, representados nas Figuras 30 e 31 para os casos de
análise de amostras de padrão e de comprimidos, respectivamente, são denominados
curvas de regressão linear. Estes gráficos foram avaliados considerando-se os valores
do seu intercepto, a, do seu coeficiente angular ou tangente da reta, b, e do seu
coeficiente de correlação linear, r.
49
Figura 30 - Gráfico de regressão linear dos valores obtidos pelas técnicas DPV e
HPLC para detecção de AA em soluções padrão.
-100 0 100 200 300 400 500 600 700 800
0
100
200
300
400
500
600
700 Y = 20,6348 + 0,93787x
R=0,9962
DP
V /
m
olL
-1
HPLC / molL-1
Figura 31 - Gráfico de regressão linear dos valores obtidos pelas técnicas DPV e
HPLC para detecção de AA em amostras de comprimido.
0 100 200 300 400 500 600 700 800
0
100
200
300
400
500
600
700 Y = 32,63274 + 0,9142x
R=0,99987
DP
V /
m
olL
-1
HPLC / molL-1
50
As figuras 30 e 31 apresentam os gráficos de regressão linear dos valores
obtidos pelas técnicas DPV e HPLC para a determinação de AA em soluções padrão
e amostras de comprimido. Esta metodologia avalia os valores do intercepto e do
coeficiente angular das regressões obtidas.
Os comportamentos obtidos pelas Figuras 33 e 34 comparam-se com o
exemplo representado na Figura 7d, o desvio do valor ideal do intercepto (0) pode ser
explicado por erros do sinal de branco de um dos métodos. Além disso, o desvio do
valor ideal do coeficiente angular (1) é explicado pela ocorrência de erros sistemáticos
no coeficiente de uma das curvas de calibração. O problema no branco é muito comum
em análises eletroquímicas e pode ser explicado, principalmente, pelo efeito da
corrente capacitiva, característica de tais medidas.
A fim de verificar-se a correspondência entre os dois métodos avaliaram-se
ambos os métodos pela realização de um teste t de Student Pareado, os resultados
obtidos foram 1,82 para a análise de soluções padrão e 1,25 para a amostra de
comprimido, valores menores que o tabelado, 2,23 para 10 graus de liberdade e 95%
de confiança.
Assim, o novo método de determinação de AA, DPV, para ambas as amostras
é equivalente à técnica padrão, HPLC.
51
5. Conclusão
Desenvolveu-se uma nova metodologia analítica para determinação de AA em
amostras aquosas, para tal verificou-se o efeito da modificação do eletrodo de carbono
vítreo com os diferentes materiais, o eletrólito suporte e seu respectivo pH, o volume
de nanocompósito adicionado à superfície do carbono vítreo e os parâmetros da
técnica DPV, amplitude e incremento de potencial.
Os valores escolhidos foram aqueles que contribuíram de forma significativa
com a corrente e o potencial de pico anódicos e com a sensibilidade da técnica,
avaliada pela tangente de inclinação das curvas analíticas obtidas para cada
parâmetro.
Otimizados os parâmetros da DPV, aplicou-se a novo método para a detecção
de ácido ascórbico em amostras de comprimido, obtendo-se uma curva analítica
média representada pela equação 2,8133 + 0,0117x, R: 0,99837, LQ: 0,0235 µmol L-
1, LQ: 0,0783 µmol L-1 e RSD inferior a 4,18%.
A metodologia cromatográfica foi aplicada para a determinação de AA em
amostras de comprimido e a curva analítica obtida corresponde à equação 948303 +
7664x, cujo coeficiente de correlação 0,9983, LQ: 0,0594 µmol L-1, LQ: 0,1981 µmol
L-1 com RSD inferior a 4,06% e definida como método padrão
A comparação dos resultados obtidos por ambas as técnicas foi realizada a
partir dos gráficos de regressão linear. Verificou-se que os valores do intercepto e do
coeficiente de correlação obtidos diferem-se do valor ideal, devido a erros aleatórios
nas medidas bem como a erros no sinal do branco, que podem ser explicados pela
corrente capacitiva presente no método eletroanalítico. Um teste t pareado confirmou
a equivalência entre os métodos estudados para determinação de AA em
comprimidos.
52
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