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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENFERMAGEM
AMANDA ROCA BLASQUES DE MENDONÇA
PADRÃO DIURNO DE SECREÇÃO DE CORTISOL E
MANIFESTAÇÕES PSICOLÓGICAS DO ESTRESSE EM
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
SÃO PAULO
2014
AMANDA ROCA BLASQUES DE MENDONÇA
PADRÃO DIURNO DE SECREÇÃO DE CORTISOL E
MANIFESTAÇÕES PSICOLÓGICAS DO ESTRESSE EM
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Enfermagem na Saúde
do Adulto da Universidade de São Paulo
para obtenção do título de Mestre em
Enfermagem.
Área de concentração: Enfermagem na
Saúde do Adulto
Orientadora: Profª Drª Juliana Nery de
Souza Talarico
SÃO PAULO
2014
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL
DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU
ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE
CITADA A FONTE.
Assinatura: _________________________________
Data:___/____/___
Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca “Wanda de Aguiar Horta”
Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo
Mendonça, Amanda Roca Blasques de
Padrão diurno de secreção de cortisol e manifestações psicológicas
do estresse em em profissionais de enfermagem / Amanda Roca
Blasques de Mendonça. São Paulo, 2014.
101 p.
Dissertação (Mestrado) – Escola de Enfermagem da Universidade de
São Paulo.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Juliana Nery de Souza Talarico
Área de concentração: Enfermagem na Saúde do Adulto
1. Enfermagem. 2. Estresse. 3. Cortisol. 4. Enfermeiros.
I. Título
FOLHA DE APROVAÇÃO
Nome: Amanda Roca Blasques de Mendonça
Título: Padrão diurno de secreção de cortisol e manifestações psicológicas
do estresse em profissionais de enfermagem.
Dissertação apresentada ao Programa de Enfermagem na Saúde do Adulto
da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo para obtenção do
título de Mestre em Enfermagem.
Aprovado em: ___/____/____
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. _____________________ Instituição:________________
Julgamento:________________ __Assinatura:_________________
Prof. Dr. ____________________ Instituição:__________________
Julgamento:_________________ Assinatura:__________________
Prof. Dr. ____________________ Instituição:__________________
Julgamento:________________ Assinatura:__________________
DEDICATÓRIA:
Dedico este trabalho aos meus amados filhos, Arthur e Allan, que me
motivam a ser uma pessoa melhor todos os dias, a não desistir e batalhar
pelos nossos sonhos, por vocês eu vou “Ao infinito, e além”!
AGRADECIMENTOS:
Agradeço a Deus que, ao longo desses anos, me deu força, sabedoria
e fé para que, durante o processo, não esmorecesse diante a tantas
dificuldades enfrentadas.
À minha amada família, por sempre estar ao meu lado, nos
momentos bons e ruins, sempre me apoiando e incentivando a perseguir
meus sonhos. Obrigada por nunca desistirem de mim, mesmo quando eu
talvez tivesse vontade de desistir.
À minha querida orientadora Profª Draª Juliana Nery de Souza-
Talarico, muito obrigada pela paciência, orientação e especialmente a
compreensão durante esses anos de nossa convivência. Com certeza a Sra. é
um exemplo profissional. Foi uma honra ser sua orientanda.
À Siomara Tavares Yamaguti e Daniela Coelho, muito obrigada pela
ajuda de extrema valia. Sem a presença de vocês, esta pesquisa teria se
tornado muito mais difícil. Obrigada por tudo!
A todos os professores que participaram da minha formação
acadêmica ao longo destes anos, em especial ao meu querido primeiro
grande Mestre Prof Drº Arthur Bittes Junior. Obrigada, sei que sem seu
apoio, hoje não estaria aqui.
Aos supervisores Luiza Almeida e Fernando Spacassassi e gerente
Edinéia Oliveira, do Hospital Ana Costa, meu agradecimento pela
compreensão e apoio durante esses anos.
À minha equipe de enfermagem, meu agradecimento pela paciência
que vocês têm comigo, especialmente durante o final deste trabalho.
Ao PROESA pela oportunidade de desenvolver este projeto.
À FAPESP pelo apoio financeiro.
À CAPES, pela bolsa concedida.
Ao Hospital Universitário da USP pelo acolhimento durante o
desenvolvimento da pesquisa.
Aos profissionais de enfermagem que participaram, meu sincero
agradecimento pela participação.
Muito Obrigada!
RESUMO:
Mendonça ARB de. Padrão diurno de cortisol e manifestações psicológicas
do estresse em profissionais de enfermagem. [dissertação]. São Paulo:
Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2014.
Introdução: A exposição frequente dos profissionais de enfermagem a
estressores relacionados ao trabalho tem sido amplamente descrita na
literatura. Entretanto, a magnitude e intensidade do estresse dependem não
somente dos estressores, mas também da interação destes com a avaliação
cognitiva da situação estressora, com os recursos de enfrentamento e com a
reação psiconeuroendócrina do estresse. Embora diversos estudos tenham
descrito as reações psicológicas do estresse e seu enfrentamento nos
profissionais de enfermagem, pouco se sabe sobre as características da
reação neuroendócrina. Isto é particularmente importante, dado que padrões
atípicos de secreção diurna de cortisol, principal hormônio do estresse, estão
associados ao aumento da susceptibilidade ao desenvolvimento de doenças
cardiovasculares, imunológicas e transtornos mentais. Assim, questiona-se a
frequência de padrões atípicos de cortisol e sua relação com manifestações
psicológicas nestes profissionais. Objetivo: Analisar o padrão diurno de
secreção de cortisol dos profissionais de enfermagem de unidades
hospitalares. Método: Foram incluídos 56 profissionais de enfermagem
randomicamente selecionados, alocados nas unidades ambulatório, clínica
médica, clínica cirúrgica, centro cirúrgico, pronto socorro infantil e adulto,
unidade de terapia intensiva adulto e pediátrica de um hospital universitário.
Para avaliação do padrão diurno de secreção de cortisol foram coletadas
amostras de saliva em dois dias úteis consecutivos de trabalho e, para as
manifestações psicológicas, foram aplicados os instrumentos escala de
estresse percebido (EEP), questionário de sofrimento mental (SRQ-20),
inventário de depressão de Beck (IDB) e escala de estresse no trabalho
(EET). Os dados foram armazenados e analisados utilizando o programa
estatístico SPSS versão 14.0 e o nível de significância adotado foi de 5%.
Resultados: Quanto ao padrão de secreção de cortisol, 42,5% dos
profissionais de enfermagem apresentaram padrão atípico de secreção de
cortisol, sendo que 19,5% eram técnicos de enfermagem. Quanto às
variáveis psicológicas, 54,5% perceberam-se com alto nível de estresse
(EEP), 51,2% referiram que o estresse estava relacionado ao trabalho (EET),
15,5% apresentaram distmia e depressão (IDB) e 56,8% apresentam sinais
de sofrimento mental (SRQ-20). Não houve associação entre padrão de
secreção de cortisol e as variáveis psicológicas. Conclusão: Mais de um
terço da amostra de profissionais de enfermagem apresentou padrões
atípicos de secreção de cortisol, além de relatarem elevados níveis de
estresse, estresse relacionado ao trabalho e sofrimento mental. Estes dados
sugerem que estes profissionais podem estar expostos a uma sobrecarga não
apenas mental, mas biológica, estando expostos ao risco para o
adoecimento.
Palavras-chave: estresse, eixo hipotálamo-pituitária-adrenal, cortisol,
profissionais de enfermagem.
ABSTRACT:
Mendonça ARB de. Diurnal pattern of cortisol and psychological
manifestations of stress among nursing. São Paulo: Escola de Enfermagem,
Universidade de São Paulo; 2014.
Background: Frequent exposure of nurses to work-related stressors has
been widely described in the literature. However, the magnitude and
intensity of the stress depends not only on stressors, but also their
interaction with the cognitive appraisal of stressful situation, the resources
and coping with the psychoneuroendocrine stress response. Although
several studies have described the psychological reactions of stress and
coping with it in nursing, little is known about the characteristics of the
neuroendocrine response of stress. This is particularly important since
atypical patterns of diurnal cortisol secretion are associated with increased
susceptibility to the development of cardiovascular, immunological diseases
and mental disorders. Thus, we arised the question about the frequency of
atypical patterns of cortisol and its relationship with psychological
manifestations in nursing professionals. Objective: To analyze the diurnal
pattern of cortisol secretion of nursing professionals at a hospital setting.
Methods: Fifty six (n = 56) nursing professionals were randomly selected
allocated to the outpatient clinic, medical clinic, surgical clinic, surgical
center, pediatric unit, adult and pediatric emergency department and
intensive care unit of a university hospital. To evaluate the diurnal pattern of
cortisol secretion, saliva samples were collected on two consecutive
working days. For the psychological manifestations of stress the following
instruments were applied: the Perceived Stress Scale (PSS), the Self-report
Questionnaire (SRQ-20), the Beck Depression Inventory (BDI) and the
work-related stress scale (WSS). Data were stored and analyzed using SPSS
version 14.0 and the level of significance was 5%. Results: Regarding the
pattern of cortisol secretion 42.5% of nurses had atypical pattern of cortisol
secretion and 19.2% were from nursing technical professional category.
Regarding psychological variables, 54.5% perceived themselves at high
stress level, 51.2% reported that stress were work-related 15.5% had
depression and dysthymia and 56.8% showed signs of mental distress. There
was no association between pattern of cortisol secretion and the
psycological variables. Conclusion: More than one third of the sample
exhibited atypical pattern of cortisol secretion as well as high levels of
stress, work-related stress and mental distress. These data suggest that these
workers may be exposed not just to psychological overload, but also to
biological burden and could be exposed to a risk for the illness.
Key-Words: stress, hypothalamic-pituiray-adrenal axis, cortisol, nursing.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Figura 8
Figura 9
Ritmo circadiano de secreção de cortisol em humanos.
Fonte: Lupien et al, 2007; adaptado.
Reação alostática e tipos de respostas inadequadas de
estresse. Fonte: McEwen, 1998; adaptado.
Fluxograma de coleta de dados.
Ritmo diurno de secreção de cortisol no primeiro dia
de coleta (A) no segundo dia (B) e a média dos dois
dias (C) dos profissionais de enfermagem do Hospital
Universitário da USP. (São Paulo, 2014)
Médias da AUC total e AUC reatividade da curva de
cortisol secretado ao longo do dia segundo categoria
profissional. (São Paulo, 2014)
Médias da AUC total e AUC reatividade da curva de
cortisol secretado ao longo do dia segundo unidade de
trabalho. (São Paulo, 2014).
Classificação dos profissionais de enfermagem do
Hospital Universitário da USP segundo padrão diurno
de secreção de cortisol. (São Paulo, 2014)
Classificação do padrão diurno de secreção de cortisol
segundo categoria dos profissionais de enfermagem do
Hospital Universitário da USP. (São Paulo, 2014).
Classificação do padrão diurno de secreção de cortisol
segundo unidade de trabalho dos profissionais do
p. 22
p. 24
p. 44
p. 51
p. 52
p. 53
p.
53/54
p. 54
p. 55
Figura 10
Hospital Universitário da USP. (São Paulo, 2014).
Distribuição dos profissionais de enfermagem do
Hospital Universitário da USP segundo intensidade
das variáveis psicológicas. (São Paulo, 2014)
p. 57
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Tabela 2
Tabela 3
Tabela 4
Tabela 5
Tabela 6
Tabela 7
Tabela 8
Tabela 9
Tabela 10
Distribuição dos profissionais de enfermagem do
Hospital Universitário da USP. (São Paulo, 2014)
Caracterização dos profissionais de enfermagem do
Hospital Universitário da USP segundo idade e
escolaridade. (São Paulo, 2014)
Caracterização sociodemográfica dos profissionais de
enfermagem do Hospital Universitário da USP segundo
sexo, estado civil e nível socioeconômico. (São Paulo,
2014)
Classificação dos profissionais de enfermagem segundo a
categoria profissional e alocação nas unidades de
atendimento do Hospital Universitário da USP. (São
Paulo, 2014)
Distribuição dos profissionais de enfermagem do
Hospital Universitário da USP segundo antecedentes
pessoais de saúde. (São Paulo, 2014)
Médias dos valores de pressão arterial, índice de massa
corpórea e razão cintura/quadril dos profissionais de
enfermagem do Hospital Universitário da USP. (São
Paulo, 2014)
Distribuição dos profissionais de enfermagem do
Hospital Universitário da USP segundo concentração
total de cortisol ao longo do dia (AUC total) e no período
da manhã (AUC reatividade). (São Paulo, 2014)
Caracterização dos profissionais de enfermagem do
Hospital Universitário da USP quanto às variáveis
psicológicas. (São Paulo, 2014)
Intensidade das variáveis psicológicas segundo setor de
trabalho e categoria dos profissionais de enfermagem do
Hospital Universitário. (São Paulo, 2014)
Correlação entre as variáveis psicológicas e padrão de
secreção de cortisol dos profissionais de enfermagem do
Hospital Universitário da USP. (São Paulo, 2014)
p. 37
p. 47
p. 47
p. 48
p. 49
p. 49
p. 52
p. 56
p. 58
p. 59
LISTA DE SIGLAS
ACTH
AUC
CAR
COFEN
CC
CLM
CM
CRH
DORT
EEP
EET
EEUSP
FAPESP
HPA
HU
IDB
IMC
IPEA
LER
MEMS
PAD
PAS
PCR
PSA
SNA
SRQ-20
TCLE
UTI-A
UTI-P
USP
Adrenocorticotrópico
Área sob a curva
Cortisol Awakening Response
Conselho Federal de Enfermagem
Centro Cirúrgico
Clinica Cirúrgica
Clinica Médica
Corticotropina
Distúrbio Osteo-Muscular Relacionado ao Trabalho
Escala de Estresse Percebido
Escala de Estresse no Trabalho
Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo
Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo
Hipotálamo-Pituitária-Adrenal
Hospital Universitário
Escala de Depressão de Beck
Índice de Massa Corpórea
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
Lesão por Esforço Repetitivo
Medical Event Monitoring System
Pressão Arterial Diastólica
Pressão Arterial Sistólica
Proteína C Reativa
Pronto Socorro Adulto
Sistema Nervoso Autônomo
Self Reporting-Questionnaire
Termo de Consentimento Livre Esclarecido
Unidade de Terapia Intensiva Adulto
Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica
Universidade de São Paulo
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
1.1 O problema de pesquisa:
1.2 Revisão de Literatura:
1.2.1 Resposta biológica do estresse e sua relação
com o risco para o adoecimento:
1.2.2 A Enfermagem e o Estresse:
2. OBJETIVOS
2.1 Geral
2.2 Especifico
3. HIPÓTESE
3.1 Geral
3.2 Especifica
4. MÉTODO
4.1 Caracterização do local do estudo:
4.2 Aspectos éticos e legais:
4.3 Amostra:
4.3.1 Técnica de amostragem:
4.3.2 Critérios de inclusão:
4.3.3 Critérios de exclusão:
4.4 Variáveis de interesse e instrumentos de coleta de
dados:
4.4.1 Questionário de caracterização geral
4.4.2 Padrão diurno de secreção de cortisol
4.4.3 Avaliação da confiabilidade da coleta de
amostra
4.4.4 Escala de Avaliação de percepção de estresse
4.4.5 Escala de Estresse no Trabalho
4.4.6 Self-Report Questionnaire-20 (SRQ-20)
4.4.7 Inventário de Depressão de Beck
4.5 Procedimento de coleta de dados
p. 19
p. 20
p. 25
p. 31
p.31
p. 33
p. 33
p. 35
p. 35
p. 36
p. 37
p. 37
p. 38
p. 38
p. 39
p. 40
p. 40
p. 40
p. 41
p. 41
4.6 Tratamento estatístico
5. RESULTADOS:
5.1 Caracterização sociodemográfica e de saúde do
trabalhador
5.2 Padrão diurno de secreção de cortisol.
5.2.1 Ritmo diurno de secreção de cortisol
5.2.2 Classificação do padrão diurno de secreção de
cortisol
5.3 Caracterização das variáveis psicológicas do estresse
5.4 Associação entre concentração de cortisol e variáveis
psicológicas do estresse
6. DISCUSSÃO:
6.1 Caracterização da amostra
6.2 Padrão diurno de secreção de cortisol:
6.3 Manifestação psicológica do estresse
6.4 Associação entre padrão diurno de secreção de
cortisol e as manifestações psicológicas do estresse
Limitações do Estudo
7. CONCLUSÃO:
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ANEXOS
Anexo A – Termo de Consentimento Livre Esclarecido
Anexo B – Questionário Sócio-Demográfico de
Identificação
Anexo C – Escala de Estresse Percebido
Anexo D – Escala de Estresse no Trabalho
Anexo E – SRQ-20
Anexo F – Escala de Depressão de Beck
Anexo G – Orientações para Coleta de Saliva
APÊNDICE
Apêndice A – Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa
p. 44
p. 47
p. 49
p. 53
p. 55
p. 58
p. 61
p. 62
p. 65
p. 66
p. 67
p. 70
p. 72
p. 81
p. 84
p. 86
p. 87
p. 89
p. 91
p. 94
p. 98
19
1. INTRODUÇÃO
1.1 O problema de pesquisa:
A Enfermagem é reconhecida pela Organização Internacional do
Trabalho como uma das profissões mais desgastantes devido à carga
horária, o tipo de trabalho e os riscos implicados na profissão, estando
associada a respostas inadequadas de estresse. ¹
A vulnerabilidade dos profissionais de enfermagem ao estresse está
associada à exposição crônica aos estressores cotidianos de trabalho e,
consequentemente, aos hormônios do estresse, podendo sobrecarregar a
reação adaptativa de estresse e tornar esses indivíduos vulneráveis ao
adoecimento. 1,2
Frente a um evento estressor, o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal
(HPA) é estimulado, culminando com a liberação de catecolaminas
(adrenalina e noradrenalina) e glicocorticóides (cortisol em humanos e
corticosterona em animais). Estes hormônios são responsáveis por
desencadear reações físicas, cognitivas e emocionais no organismo, na
tentativa de enfrentar ou controlar a situação estressora. 3,4
A exposição prolongada ou recorrente ao intenso papel catabólico
dos glicocorticóides altera as concentrações de insulina, e a pressão
sanguínea, aumentando assim, o risco para o desenvolvimento de diabetes,
hipertensão arterial e doenças ateroscleróticas. Além disso, o sistema HPA
suprime as funções imunológicas, o que em situações crônicas está
associado ao aumento do risco a infecções 4. Essa exposição repetitiva e
prolongada à reação de estresse pode sobrecarregar o sistema de
manutenção do funcionamento do organismo (carga alostática), culminando
com o adoecimento (sobrecarga alostática).
Embora vários estudos tenham demonstrado o nível elevado de
estresse dos profissionais de enfermagem a partir da identificação de
reações comportamentais e emocionais aos estressores cotidianos de
20
trabalho 3,5
, pouco se sabe a respeito das alterações na atividade
neuroendócrina do estresse nestes profissionais.
Fisiologicamente, a secreção de cortisol ocorre sob um padrão de
regulação circadiana com concentrações elevadas pela manhã (pico após
acordar), declínio gradual à tarde e concentrações mais baixas à noite 6.
Alterações neste padrão de secreção são sugestivos de sobrecarga alostática.
Diferentes estudos demonstraram aumento de cortisol pela manhã
em indivíduos com sobrecarga emocional relacionada ao trabalho (burnout)
e aumento maior de cortisol nos dias úteis em relação aos finais de semana 7,
8, 9, 10. Entretanto, alterações no padrão diurno de secreção e cortisol nos
profissionais de enfermagem ainda não estão totalmente elucidadas na
literatura.
Esse questionamento se torna relevante dada à relação entre estresse
crônico com desenvolvimento de doenças cardiovasculares, imunológicas e
psiquiátricas. A investigação de alterações na atividade neuroendócrina do
estresse em profissionais de enfermagem pode contribuir para a
identificação de grupos de indivíduos susceptíveis ao adoecimento.
Ademais, considerando que o processo de cuidar envolve, além de saberes
técnicos, sentimentos e emoções, o estresse se torna prejudicial não apenas
para o profissional, que poderá se prejudicar emocionalmente e desenvolver
doenças psicossomáticas pela sobrecarga de estresse, diminuindo a
qualidade da assistência prestada, mas especialmente para o paciente, que
será afetado indiretamente pelo estresse, podendo receber um cuidado
menos eficaz. 1
1.2 Revisão de Literatura:
1.2.1 Resposta biológica do estresse e sua relação com o risco
para o adoecimento:
21
Para a Organização Mundial de Saúde, o estresse vem sendo tratado
como uma epidemia global, pois estima-se que cerca de 90% da população
sofra de transtornos relacionados ao estresse. 11
O estresse tem sido amplamente associado a sensações de angustia,
impotência, pressão e sobrecarga. Entretanto, o estresse não é uma resposta
inadequada do organismo ou prejudicial a ele. 3,12
Conceitualmente, o estresse é uma resposta adaptativa do organismo
frente a situações consideradas estressantes que reúnem em si características
como novidade, imprevisibilidade, falta de controle da situação, além de
ameaça à auto identidade ou avaliação social. 3,12
Estes elementos são considerados determinantes psicológicos do
estresse, uma vez que são capazes de desencadear respostas
neuroendócrinas, ativando assim o sistema nervoso autônomo (SNA) e o
eixo HPA. A ativação destes sistemas desencadeia uma sequencia de
respostas fisiológicas a fim de preparar o indivíduo para uma reação de “luta
ou fuga”. 13,14
A ativação do SNA estimula a liberação de catecolaminas
(adrenalina e noradrenalina) pela porção cortical da glândula adrenal. A
liberação das catecolaminas promove dilatação pupilar, aumento da
frequência cardíaca, vasoconstrição periférica e broncodilatação. Ocorre
também a inibição de secreção de insulina pelo pâncreas e aumento da
glicogenólise, elevando as concentrações de glicose circulantes na corrente
sanguínea. Todas essas reações ocorrem única e exclusivamente com o
objetivo de aumentar o fluxo sanguíneo, o aporte de oxigênio nos pulmões e
o fornecimento de energia para o indivíduo, preparando-o para a reposta de
“fuga ou luta”. 15
Secundariamente, ocorre a ativação do eixo HPA. Glândulas
localizadas no hipotálamo secretam o hormônio corticotropina (CRH). Com
a liberação do CRH, ocorre a ativação de secreção de outro hormônio, pela
glândula pituitária, o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). Este, uma vez
liberado, irá, através da corrente sanguínea, até as glândulas suprarrenais. O
22
efeito do ACTH nas suprarrenais é ativar a liberação dos glicocorticóides ou
cortisol em humanos. O cortisol, por sua vez, ultrapassa a barreira
hematoencefálica e interage com receptores cerebrais específicos dos
glicocorticóides localizados no hipocampo, amígdala e região pré-frontal,
inibindo o eixo HPA e, consequentemente, regulando a secreção de cortisol
através deste processo de retroalimentação negativa (feedback negativo).
15,12
Em circunstâncias fisiológicas, ou seja, quando o individuo não está
exposto a situações de estresse, a secreção do cortisol é regulada pelo ciclo
circadiano. Ao longo do dia, o cortisol apresenta concentrações elevadas
pela manhã, com pico trinta minutos após acordar, seguindo com queda
progressiva no restante do dia e concentrações mais baixa no começo da
noite. Este padrão típico de secreção é fundamental para o funcionamento
dos demais sistemas do organismo. 16
Figura 1. Ritmo circadiano de secreção de cortisol em humanos. Fonte:
Lupien et al, 2007; adaptado. 17
Já em situações agudas de estresse, ocorre um aumento abrupto de
secreção de cortisol, com retorno às concentrações basais mediante o fim da
exposição ao evento estressor ou, pelo menos, ao fim da percepção de seu
potencial de ameaça. McEwen 3,12
descreve esta resposta aos estressores
cotidianos como reação alostática. A reação alostática é a resposta
adaptativa do organismo ao evento estressor. Nesta reação, várias alterações
cardiovasculares, metabólicas, imunológicas, cognitivas e emocionais
ocorrem na tentativa de manter o equilíbrio do funcionamento orgânico
frente às demandas da situação estressora em questão. Assim como o
23
organismo tende a recuperar a homeostasia após um processo infeccioso,
aumento da pressão sanguínea ou à hipertermia, nosso organismo busca, na
modificação do funcionamento destes sistemas, os meios para recuperar o
equilíbrio após um evento estressor. 12
Entretanto, a exposição crônica à resposta de estresse pode
sobrecarregar o sistema alostático, comprometendo o funcionamento do
eixo HPA que passa a reagir de forma suprimida ou hiperativada a
estressores subsequentes. Por sua vez, a manutenção do funcionamento
desregulado do eixo HPA e, consequentemente, a secreção inadequada dos
hormônios relacionados, expõem o indivíduo aos efeitos prejudiciais do
estresse. Esta situação de sobrecarga alostática impede a manutenção do
equilíbrio orgânico, tornando o indivíduo susceptível ao desenvolvimento de
doenças crônicas como hipertensão arterial, diabetes mellitus e infarto
agudo do miocárdio, além de problemas cognitivos e transtornos mentais. 13,
15, 16
No cérebro, diante de um evento estressor agudo e à liberação de
catecolaminas e cortisol, ocorre um aumento da atenção e memória pelo
córtex frontal, havendo então um efeito protetor ao indivíduo, pois o mesmo
irá registrar potenciais situações de risco e manter-se em segurança. Porém,
em exposições repetidas ou prolongadas, ocorre o inverso. A atrofia
dendrítica neuronal leva a lapsos e comprometimento da memória. 13, 15, 16
No sistema imunológico, o cortisol pode aumentar a disponibilidade de
células brancas na corrente sanguínea, porém, em situações de estresse
crônico, ocorre supressão do sistema imune, e o sujeito torna-se mais
susceptível a gripes, resfriados e reações alérgicas. 14
No sistema cardiovascular ocorre, durante o dia, a autorregulação da
pressão sanguínea, aumentando ou diminuindo a demanda de acordo com a
necessidade do organismo. Já em situações de sobrecarga e manutenção da
pressão sanguínea elevada, ocorre a aterosclerose dos vasos, aumentando a
resistência vascular periférica, sistemicamente a pressão sanguínea e,
24
consequentemente, o risco para desenvolvimento de doenças
cardiovasculares. 12
Em relação às alterações metabólicas, o aumento crônico da
biodisponibilidade de glicose ocasionado pelo cortisol, pode levar à
resistência à insulina, aumentando o risco do indivíduo para o
desenvolvimento de diabetes melittus, além de afecções cardiovasculares. 12
Figura 2. Reação alostática e tipos de respostas inadequadas de estresse.
Fonte: McEwen, 1998; adaptado.12
A forma pela qual a sobrecarga alostática pode prejudicar o
organismo está ilustrada na figura 2. Em condição normal de reação
alostática, observa-se um pico de resposta fisiológica mediante a exposição
ao evento estressor, com subsequente período de recuperação e
25
restabelecimento do funcionamento do organismo à condição basal.
Entretanto, diante da sobrecarga alostática e da consequente desregulação
dos sistemas envolvidos na resposta de estresse, a reação alostática pode se
tornar repetitiva, causar ausência de adaptação a um mesmo estressor,
reação prolongada ou mesmo resposta alostática suprimida. Ou seja, a
exposição crônica ao estresse pode alterar a reação fisiológica do estresse e,
consequentemente o padrão de secreção de seus mediadores, como o
cortisol.12
Em relação ao ritmo de secreção de cortisol ao longo do dia, Ice et
al descreve alguns padrões atípicos de secreção cortisol associados ao
estresse crônico 4, os quais ele classificou como padrão “flat” e padrão
inconsistente. No padrão “flat”, a concentração de cortisol permanece
elevada, não apenas pela manhã, mas ao longo de todo o dia, não havendo,
portanto, o declínio gradual esperado da secreção de cortisol ao longo do
dia. No padrão “inconsistente”, o indivíduo apresenta alternadamente os
dois tipos de padrão de secreção, ou seja, em um dia ele exibe o padrão
típico e o no outro o padrão “flat”. 4
Identificando padrões atípicos de secreção de cortisol associados ao
estresse crônico, pode-se prever, ainda que hipoteticamente, os efeitos
prejudiciais aos quais os indivíduos estão expostos.
Assim, compreende-se que a exposição crônica a estressores possui
efeitos não apenas psicológicos, mas também físicos, que podem levá-lo ao
adoecimento e até a morte.
Cabe ressaltar, entretanto, que a magnitude e intensidade do estresse
depende da interação entre os estressores (ambientais e internos), a reação
neuroendócrina e os processos cognitivos e mentais elaborados para
avaliação do potencial de ameaça da situação estressora e dos recursos de
enfrentamento 18, 19
. Assim, a intensidade da reação ao estresse psicológico e
ao nível de sobrecarga exposto é individual, já que recursos internos e
pessoais podem modular a magnitude dessa reação.
1.2.2 A Enfermagem e o Estresse:
26
Embora o exercício profissional da enfermagem, e consequentemente as
atribuições legais das categorias que a compõem tenham sido
regulamentados há pouco menos de 30 anos com a lei nº7498, estudos da
década de 90 já descreviam o sofrimento profissional, alterações do sono e
sobrecarga de trabalho relacionado à prática assistencial. 20,21
Em um panorama geral, as equipes de enfermagem estão expostas
constantemente ao contato direto com a dor física e emocional ao contato
com os pacientes e familiares, à morte, a sentimentos relacionados à
impotência, incapacidade frente à situação clínica do paciente, raiva,
sofrimento, e todos os sentimentos que permeiam o binômio saúde-
doença.22
Além disso, os problemas estruturais relacionados à instituição ao
qual o profissional está vinculado afetam-no direta e indiretamente. Dentre
eles estão a escassez profissional, o índice de absenteísmo, a falta de
materiais e condições seguras de trabalho, superlotação, carga semanal de
trabalho, baixa remuneração, dupla jornada de trabalho, entre outras
situações que fazem parte da rotina diária dos profissionais de
enfermagem.23
Em estudo que investigou o índice de absenteísmo dos profissionais
de enfermagem de um hospital do município de São Paulo, observou-se que,
em um período de seis meses, a taxa mensal de absenteísmo para a equipe
de enfermagem foi de 8,7%, sendo 5,6% para enfermeiros e 9,7% para
auxiliares e técnicos de enfermagem, havendo como parâmetro de
comparação o valor de 6% proposto pelo COFEN resolução nº293/2004. 17
Este absenteísmo representou 10.452 dias perdidos de trabalho. Desses,
1.672 dias (16%) corresponderam aos enfermeiros e 8.777 dias (84%) aos
técnicos/auxiliares de enfermagem. 24
Como responsáveis pelo alto índice de absenteísmo, estudos indicam
doenças osteomusculares (LER/DORT) entre as principais responsáveis
pelo afastamento e incapacitação do profissional, seguido por transtornos
psicológicos e psiquiátricos como transtornos de ansiedade, depressão,
27
síndrome do pânico, doenças gastrointestinais, entre outras doenças
associadas ao estresse. 25
Além destes fatores, o relacionamento interpessoal também tem sido
associado com estresse na equipe de enfermagem. O relacionamento entre
pessoas é fundamental para a sobrevivência. Porém, conflitos gerados por
estes relacionamentos são grandes causadores de sofrimento emocional,
como conflito entre colegas de trabalho, entre colaboradores e chefia e
estrutura vertical de liderança, afastando os colaboradores da gestão de
trabalho. 26
Ademais, a controvérsia entre os aspectos generalistas da assistência
e a especificidade técnica demandada nos mais diversos setores hospitalares
em que os profissionais estão inseridos também estão relacionados ao
aumento da carga de estressores ambientais. Em suma, o profissional de
enfermagem está envolto em um panorama de eventos potencialmente
estressantes e desgastantes que podem comprometer seu bem-estar físico e
psicológico, bem como sua saúde. 27
Todos esses fatores descritos reúnem em si os determinantes
psicológicos do estresse, quais sejam as novidades presentes num caso
clínico atípico ou em um conflito interpessoal, a imprevisibilidade e falta de
controle de situações que permeiam o cuidado e a assistência ou a avaliação
social negativa do outro a respeito do trabalho de enfermagem. Neste
sentido, a despeito do tipo de estressor seja emocional, estrutural ou
interpessoal ao qual o profissional de enfermagem está exposto é
indiscutível o caráter estressante da profissão.
Em um estudo realizado com enfermeiros atuantes em unidade de
pronto atendimento de alta complexidade da cidade de São Paulo, de 73
profissionais pesquisados, 27% apresentaram altos níveis de estresse,
incompatível com o desempenho profissional desejado. Os profissionais
relataram que o estresse estava relacionado com a irritabilidade, falta de
paciência e desmotivação profissional.27
28
Dentre os profissionais de enfermagem que atuam em unidades de
terapia intensiva, 67% sofrem de estresse relacionado ao trabalho3. Este fato
deve-se à organização do trabalho, na qual os profissionais encontram-se
constantemente em conflito social, psicológico, estrutural, pois há a seu
redor uma demanda de eventos que fogem a seu controle, levando-os a um
estado de impotência frente às situações que os rodeiam.23
As demandas de estresse podem ser responsáveis pelo adoecimento
do profissional de enfermagem, uma vez que a motivação, o gostar da
prática e a satisfação em ser útil, são os pilares de sustentação do bem estar
no trabalho. Quando a estrutura começa a apresentar falhas e sobrecarregar
o profissional, o mesmo começa a sentir-se doente.24
As características do processo de trabalho desenvolvido pelos
profissionais de enfermagem, que determinam a sua exposição a diferentes
cargas, principalmente, psíquicas e fisiológicas, são causadoras de desgaste
físico e mental, ocasionando, muitas vezes, o afastamento dos trabalhadores
por doença.24
A quantidade de estudos que demonstram o quanto o profissional de
enfermagem se percebe estressado e o quanto isso afeta seu bem-estar
psicoemocional nos faz refletir a respeito de como o estresse se manifesta
nesses profissionais do ponto de vista da resposta biológica.
Em estudo de revisão de literatura que objetivou levantar a relação
entre fatores psicossociais no trabalho e cortisol, foram levantados estudos
que analisaram profissionais de diversas áreas de atuação, ambos os sexos e
sem determinação de faixa etária, onde observou-se relação entre a
demanda-controle no trabalho e elevações nos níveis matinais de cortisol.
Ainda observou-se correlação do estresse e relação demanda-controle com
aumento no risco para doenças cardiovasculares e transtornos emocionais.28
Em estudo que avaliou o estresse e secreção de cortisol em
profissionais de transporte (motoristas de caminhão, que trabalham no turno
diurno), observou-se que estes profissionais apresentam maior secreção de
29
cortisol em dias de trabalho, em comparação aos os dias de folga, sendo que
o cortisol, ao acordar e até 30 minutos após, apresentou-se mais elevado
nestes profissionais. Autores descrevem que o cortisol ao acordar (CAR)
está relacionado ao evento antecipatório do estresse e das demandas do dia-
a-dia. 29
No tocante aos profissionais da área da saúde, estudos apontam que
os profissionais do sexo feminino apresentam níveis elevados de secreção
de cortisol em dias de trabalho em comparação aos homens. Autores
descrevem que esta diferença pode estar associada à dupla jornada de
trabalho, tarefas domésticas e demandas do dia-a-dia. É descrito que esta
elevação possui correlação com resistência à insulina e aumento na proteína
C reativa (PCR). Os autores evidenciam que as médicas que apresentavam
elevação nas concentrações de cortisol também apresentavam alteração de
PCR. 30
Em estudos com profissionais de enfermagem que avaliou dias de
trabalho e folga observou-se que os profissionais não apresentam diferença
na secreção de cortisol em dias de trabalho e folga. Autores indicam
associação entre a elevação do cortisol e o perfil de tolerância a eventos. Ou
seja, quanto menos tolerante o profissional, maior a secreção de cortisol,
tanto no dia de trabalho quanto no dia de folga.31
Este estudo não buscou
padrão de secreção de cortisol. Em outro estudo, houve diferença no nível
de cortisol dos profissionais nos dias de trabalho e folga, onde os
profissionais secretam uma média de cortisol superior ao dia de folga. 32
Entretanto, não há evidência disponível na literatura sobre a presença
de padrões atípicos de secreção de cortisol relacionados ao trabalho em
profissionais de enfermagem. Isto é particularmente importante, visto que a
susceptibilidade destes indivíduos ao adoecimento também precisa ser
analisada do ponto de visto das mudanças biológicas que podem estar
ocorrendo em seu organismo em função do estresse relacionado ao trabalho.
31
2. OBJETIVOS
2.1 GERAL: Analisar o padrão diurno de secreção de cortisol dos
profissionais de enfermagem de unidades hospitalares.
2.2 ESPECÍFICO:
Identificar a frequência de profissionais de enfermagem com padrões
atípicos de secreção diurna de cortisol.
Comparar padrões atípicos de secreção diurna de cortisol entre as
categorias profissionais de auxiliares, técnicos de enfermagem e
enfermeiros, bem como entre os profissionais alocados em unidades
de atendimento ao paciente crítico e não crítico.
Identificar o nível de estresse percebido e relacionado ao trabalho,
bem como as manifestações psicológicas do estresse nos
profissionais de enfermagem.
Comparar o estresse percebido, relacionado ao trabalho e as
manifestações psicológicas entre as categorias profissionais de
auxiliares, técnicos de enfermagem e enfermeiros, bem como entre
os profissionais alocados em unidades de atendimento ao paciente
crítico e não crítico.
Verificar a relação entre concentrações de cortisol, estresse
percebido e relacionado ao trabalho, bem como as manifestações
psicológicas do estresse.
33
3. HIPÓTESE
3.1 Hipótese Geral: Os profissionais de enfermagem apresentam alterações
no padrão diurno de secreção de cortisol, podendo o indivíduo apresentar
padrões atípicos de secreção de cortisol do tipo “flat” ou “inconsistente”.
3.2 Hipóteses Específicas:
Hipótese 1. Os profissionais de enfermagem apresentam frequência
elevada de padrão “flat” ou “inconsistente” de secreção de cortisol.
Hipótese 2. A frequência de padrão atípico de secreção de cortisol é
diferente, a depender da categoria profissional e da unidade de trabalho.
Hipótese 3. Os profissionais de enfermagem apresentam níveis elevados
de estresse percebido e relacionado ao trabalho, bem como sinais de
sofrimento mental.
Hipótese 4. A intensidade do estresse percebido, relacionado ao
trabalho, e das manifestações psicológicas é diferente, a depender da
categoria profissional e da unidade de trabalho.
Hipótese 5. Existe correlação positiva entre concentração de cortisol e
manifestações psicológicas do estresse.
35
4. MÉTODO:
Pesquisa de caráter quantitativo, descritivo-exploratório que visou
identificar o padrão diurno de secreção de cortisol e as manifestações
psicológicas de estresse dos profissionais de enfermagem de diferentes
setores de um determinado hospital.
Este estudo faz parte de um projeto de pesquisa matriz intitulado
“Avaliação de biomarcadores de estresse crônico em profissionais de
enfermagem”, em desenvolvimento sob financiamento da Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP nº protocolo
2013/01637-2.
Assim, o percurso metodológico, a seguir descrito, bem como os
resultados apresentados, estão relacionados somente aos objetivos do
presente estudo.
4.1 Caracterização do local do estudo:
O presente estudo foi desenvolvido na cidade de São Paulo, pelo
Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica da Escola de Enfermagem
da Universidade de São Paulo (EE-USP) e a coleta de dados ocorreu no
Hospital Universitário da USP (HU-USP).
O HU-USP é um hospital de grande porte, de caráter público e
referência no nível secundário de atenção à saúde da cidade de São Paulo.
Por ser um hospital escola, sua missão está alicerçada no ensino, pesquisa e
assistência. O HU-USP recebe alunos das diversas áreas de formação no
ensino em saúde como acadêmicos de medicina, enfermagem,
fonoaudiologia, nutrição, fisioterapia, terapia ocupacional, odontologia,
farmácia e serviço social. O Hospital possui 285 leitos distribuídos entre as
unidades de clinica médica, clínica cirúrgica, pediatria, obstetrícia, berçário,
alojamento conjunto, unidade de terapia intensiva (adulto e pediátrica), além
de leitos em pronto atendimento para observação adulto, infantil e
obstétrica. O hospital conta também com atendimento ambulatorial.
4.2 Aspectos éticos e legais:
36
O projeto de pesquisa foi aprovado pelos Comitês de Ética da EE-
USP (parecer n. 403.390) e HU-USP (parecer n. 415.986) (APENDICE 1).
Todos os participantes foram orientados sobre as implicações éticas
e legais da pesquisa, suas etapas, não obrigatoriedade da participação e
assinaram o Temo de Consentimento Livre Esclarecido (Anexo A).
4.3 Amostra:
A amostra do estudo foi composta por 56 profissionais de
enfermagem randomicamente selecionados, dos turnos da manhã e tarde.
Entre eles, auxiliares de enfermagem, técnicos de enfermagem e
enfermeiros, alocados nas unidades médico-hospitalar do Pronto Socorro
adulto (PSA) e infantil (PSI), Clinica Médica (CM), Clinica Cirúrgica
(CLC), Centro Cirúrgico (CC), Pediatria, Unidade de Terapia Intensiva
adulto (UTI-A) e pediátrica (UTI-P) e Ambulatório do HU-USP.
4.3.1 Técnica de amostragem
A seleção dos participantes se deu por técnica de amostragem
aleatória, com sorteio dos funcionários por clínica, categoria profissional e
turno de trabalho (manhã e tarde). O serviço de Educação Continuada do
HU-USP forneceu a uma lista com os nomes de todos os profissionais do
turno diurno (manhã e tarde), totalizando 270 trabalhadores, distribuídos nas
categorias “enfermeiro”, “técnico e auxiliar de enfermagem” de cada
unidade do HU-USP. A quantidade de profissionais a serem sorteados por
clínica, categoria profissional e turno de trabalho seguiu, então, o percentual
real de funcionários distribuídos nas clínicas e categorias de enfermagem do
turno diurno. Essa estratégia foi utilizada para que a amostra representasse
com maior fidedignidade a população de profissionais de enfermagem do
HU-USP.
O tamanho amostral calculado foi estimado em 189 profissionais de
enfermagem. Assim, foram sorteados 222 funcionários, sendo que 106
foram incluídos segundo critérios de inclusão e exclusão, mas ainda estão
sendo avaliados em função do desenvolvimento do projeto matriz conforme
37
descrito anteriormente, e 116 foram excluídos por uso de medicações
psicoativas ou esteróides, falta de disponibilidade para participar de todas as
etapas do protocolo de estudo e falta de interesse.
Tabela 1. Distribuição dos profissionais de enfermagem do Hospital
Universitário da USP. (São Paulo, 2014).
Aux. Téc. Enf. N Total
Ambulatório 2 10 8 20
Clinica médica 4 19 10 34
Clinica cirúrgica 4 19 9 32
Centro cirúrgico - 25 8 33
Pediatria 3 20 8 31
PS Adulto 4 27 16 47
PS Infantil - 15 4 19
UTI Adulto 2 18 11 31
UTI Infantil 1 13 9 23
4.3.2 Critérios de inclusão:
Os indivíduos que preencheram todos os critérios de inclusão
listados foram elegíveis para o estudo:
Pertencer ao quadro de colaboradores de enfermagem;
Pertencer ao quadro de colaboradores da instituição por no mínimo
um ano;
Ter disponibilidade para participar de todas as etapas do projeto;
Pertencer ao turno diurno.
Assinatura do termo de consentimento livre esclarecido
4.3.3 Critérios de exclusão:
Licença médica superior a quinze dias nos últimos trinta dias;
Tabagista ou história prévia nos últimos cinco anos;
38
Uso abusivo de bebida alcoólica ou história prévia nos últimos
cinco anos;
Uso de medicações que influenciam o funcionamento do eixo
HPA (glicocorticoides, esteroides, beta bloqueadores,
antidepressivos ou qualquer medicação psicoativa);
Ter feito uso de glicocorticoides nos últimos três meses;
Diagnóstico médico de doença neurológica ou psiquiátrica;
Atividade laboral em outra instituição no turno noturno.
Os profissionais de enfermagem do HU-USP, assim como a própria
instituição, possuem um perfil diferenciado em comparação com
profissionais de outras instituições hospitalares. São profissionais com alta
qualificação profissional, ou seja, a maioria dos auxiliares/técnicos de
enfermagem possui ou está em vias de possuir graduação acadêmica em
enfermagem; a maioria dos enfermeiros possui pós-graduação lato sensu e
stricto sensu; possuem média salarial acima da faixa estimada para a
categoria. Além de estarem inseridos em contexto hospitalar diferenciado,
com maior autonomia de atuação e vinculação da assistência ao ensino e
pesquisa. Estes profissionais estavam sob regime de trabalho de 6 horas de
segunda a sexta e escala de 1 plantão de 12 horas no final de semana.
4.4 Variáveis de interesse e instrumentos de coleta de dados:
4.4.1 Questionário de caracterização geral: (Anexo B) Composto por
questões relativas à identificação pessoal, classificação socioeconômica e
antecedentes pessoais de saúde. 33
4.4.2 Padrão diurno de secreção de cortisol: Foi analisado a partir de
amostras salivares coletadas em ambiente domiciliar pelo próprio
participante mediante orientações prévias. Estas amostras foram obtidas a
partir de salivettes contendo algodão, o qual o indivíduo mastiga por
aproximadamente 03 minutos, sendo este, retirado da boca e colocado em
um tubo seco de 05 ml. Posteriormente à coleta, o participante armazena o
39
material no refrigerador de sua casa até o término da coleta quando o
participante deve devolver as amostras ao pesquisador. As amostras de
saliva foram coletadas durante dois dias úteis, consecutivos, imediatamente
ao acordar, 30 minutos após acordar, às 14 horas, às 16 horas e antes de
dormir. As concentrações de cortisol obtidas na primeira hora após acordar
evidenciam o pico circadiano desde glicocorticoide, sendo considerado um
indicador confiável da atividade basal do eixo HPA. 34
Já as concentrações
de cortisol adicionais a serem obtidas à tarde e a noite têm sido consideradas
marcadores confiáveis do ritmo diurno de secreção do cortisol.4 A
determinação da coleta do material em dois dias úteis deve-se ao fato de que
uma única amostra poderia evidenciar um padrão atípico devido a algum
evento isolado ocorrido no dia da coleta, não evidenciando o ritmo de
secreção do cortisol. 4
4.4.3 Avaliação da confiabilidade da coleta de amostra: Considerando
que as amostras de salivas foram coletadas em ambiente domiciliar sem
supervisão do pesquisador e estas devem ser coletadas nos horários
definidos, o uso de dispositivos que possam não apenas lembrar o
participante do horário da coleta, mas certificar o pesquisador de que o
material foi colhido no horário adequado, podem servir como ferramenta
para certificar a confiabilidade do dado obtido. Neste sentido, o único
método validado e disponível para monitorar a coleta feita pelo participante
e analisar a confiabilidade do horário em que a amostra foi coletada é o
Medical Event Monitoring System, (MEMS). Trata-se de um sistema
eletrônico de monitorização desenvolvido para compilar o histórico de doses
dos participantes composto por um frasco de plástico contendo em sua
tampa um circuito microeletrônico que registra o numero de vezes em que o
frasco é aberto e fechado. Uma vez que a coleta tenha sido efetuada, os
eventos são registrados e armazenados no MEMS, sendo então transferidos
para um computador conectado ao MEMS e lido por um programa que
decodifica os registros. Desta forma, o software analisa e apresenta as
informações relacionadas à coleta efetuada pelo paciente. Os resultados são
confiáveis, sendo considerados “padrão ouro” para analisar amostras de
40
saliva coletadas pelos participantes.8 Além disso, com o objetivo de evitar
que o participante se esquecesse dos horários de coleta estipulados foram
enviadas mensagens de texto via telefone móvel (SMS) no dia anterior ao
início da coleta, alertando sobre a necessidade da coleta no dia seguinte ao
acordar; 15 minutos antes de cada coleta da tarde (14h e 16h) e à noite antes
do horário habitual de dormir. Estes envios ocorreram nos dois dias de
coleta de saliva. Além das mensagens tipo SMS, o participante recebia um
diário de coleta, no qual ele deveria anotar todos os horários em que foram
coletadas as salivas, bem como seu horário habitual de acordar e dormir.
4.4.4 Escala de Avaliação de percepção de estresse: (Anexo C) Foi
utilizada a Escala de Estresse Percebido (EEP)35
, adaptada e validada para a
versão brasileira.36
A EEP é composta por 14 questões que verificam o quão
imprevisível, incontrolável e sobrecarregada os pesquisados avaliam sua
vida. Cada item tem a variação de reposta de zero a quatro, (0=nunca;
1=quase nunca; 2=às vezes; 3=quase sempre 4=sempre). As questões com
conotação positiva (4, 5, 6, 7, 9, 10 e 13) têm sua pontuação somada
invertida, da seguinte maneira, 0=4, 1=3, 2=2, 3=1 e 4=0. As demais
questões são negativas e devem ser somadas diretamente. O total da escala é
a soma das pontuações destas 14 questões. Os escores podem variar de zero
a 56 pontos e não há pontuação de corte estabelecida e validada.
4.4.5 Escala de Estresse no Trabalho: (Anexo D) A Escala de Estresse no
Trabalho de Paschoal e Tamayo37
(EET) foi desenvolvida e validada para
avaliar os componentes relativos ao estresse laboral. A escala é composta
por 23 questões em sua versão original, podendo ser utilizada na versão
reduzida composta por 13 questões. Cada alternativa de estressor conta com
uma alternativa de resposta ao evento. As respostas podem variar em 1 –
discordo totalmente, 2 – discordo, 3 – concordo em parte, 4 – concordo e 5
– concordo plenamente. Os escores podem variar de 23 a 115 pontos e o
instrumento não possui nota de corta descrita pelos autores.
4.4.6 Self-Report Questionnaire-20 (SRQ-20)38
: (Anexo E) Traduzido e
validado, composto por 20 questões dicotômicas,39
(sim-não) que analisam
41
traços de sofrimento mental em indivíduos adultos a partir de questões
relacionadas à tristeza, desanimo, falta de apetite, falta de interesse pelas
atividades diárias e alguns sintomas físicos que o indivíduo possa
apresentar. A pontuação de corte para sofrimento mental é de sete respostas
positivas assinalada pelo individuo.
4.4.7 Inventário de Depressão de Beck (IDB) (Anexo F): A escala40
validada na versão brasileira 41
é composta por 21 questões relacionadas à
tristeza, sensação de punição, atividades diárias, satisfação pessoal, apetite,
aparência, saúde e enfrentamento de situações. Para a somatória do
resultado, é associado um valor de 0 a 3 às respostas, nas quais quanto
maior a pontuação maior o grau de tristeza ou insatisfação. Os escores
podem variar de zero a 63 pontos. O instrumento classifica indivíduos com
pontuação acima de 15 pontos em distmia/disforia e acima de 20 pontos
depressão.
4.5 Procedimento de coleta de dados
Inicialmente o projeto de pesquisa foi apresentado às chefias de
enfermagem das unidades de atendimento do HU-USP, bem como aos
representantes das categorias de técnico e auxiliar de enfermagem de cada
unidade em uma reunião de conselho administrativo do Departamento de
Enfermagem do hospital. O objetivo desta apresentação é que as chefias e
representantes dos profissionais de enfermagem pudessem divulgar o estudo
e comunicar que pesquisadores da EE-USP estariam nas unidades
desenvolvendo a pesquisa.
Posteriormente, cada profissional de enfermagem sorteado para o estudo foi
abordado em sua própria unidade de trabalho em local reservado e privativo.
Aos que preenchiam os critérios de inclusão e exclusão, foram esclarecidas
todas as etapas do estudo e solicitada a assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Imediatamente após, os
participantes iniciavam o protocolo de estudo, que ocorreu em três etapas
(Figura 3).
42
1ª. Etapa – Entrevista Individual: Coleta de informações sociodemográficas
(idade, sexo, escolaridade, avaliação econômica, renda mensal),
relacionadas ao trabalho (categoria profissional, tempo de profissão, tempo
de trabalho no HU-USP, jornada dupla diurna em outra instituição, últimas
férias) e relacionadas a antecedentes de saúde (doenças crônicas,
medicações em uso, período menstrual). Nesta mesma entrevista, que
durava aproximadamente 40 minutos, os participantes tinham suas medidas
antropométricas avaliadas (peso, altura, circunferência abdominal e do
quadril), sua pressão arterial aferida (três momentos diferentes 0, 30, 50
minutos após o início da entrevista, com aparelho de aferição digital) e eram
orientados sobre o preenchimento dos questionários de avaliação de
estresse, bem como sobre a coleta de saliva (2ª etapa) e demais das etapas
do estudo. Após as orientações, o participante recebia um kit para coleta de
saliva durante dois dias consecutivos de trabalho. Este kit era composto por
uma caixa de isopor (3L), dois recipientes (garrafas plásticas pequenas)
identificados como “Dia 1” e “Dia 2” e que continham em sua tampa os
dispositivos de monitorização do horário de coleta (MEMS), um gelo
reciclável para retorno das amostras de saliva, além de um diário de coleta
de saliva (Anexo G). Este diário continha orientações escritas sobre o
procedimento, dias e horários para coleta da saliva. Além da orientação
escrita, o participante era orientado verbalmente sobre o procedimento para
coleta de saliva durante dois dias consecutivos de trabalho, bem como sobre
a necessidade de rigor no cumprimento dos horários estabelecidos, registro
dos mesmos no diário de coleta de saliva e não coleta em dias de folga, final
de semana ou falta no trabalho. O pesquisador disponibilizava seu contato
telefônico para necessidade de eventual esclarecimento durante a coleta de
saliva e anotava o número do telefone móvel do participante informando
que o mesmo receberia antes de cada coleta de saliva uma mensagem de
texto do tipo SMS lembrando sobre a coleta e o horário. O participante foi
orientado a coletar as amostras de saliva na mesma semana da entrevista
inicial e armazená-las na geladeira até a data de devolução no HU-USP.
43
2ª Etapa - Coleta de Saliva: No dia seguinte à entrevista, exceto aos finais de
semana e feriado, o participante coletava amostras de saliva ao longo de
dois consecutivos nos horários estabelecidos no projeto de pesquisa (ao
acordar, 30 minutos após acordar, às 14h, às 16h e ao dormir).
3ª Etapa - Desfecho: Até sete dias após a coleta de sangue, o participante
recebeu o pesquisador novamente em sua unidade de trabalho para entregar
as amostras de saliva coletadas e receber R$60,00 em dinheiro como ajuda
de custo para cobrir despesas com alimentação e transporte nos dias de
coleta de dados.
Todos os participantes foram orientados, verbalmente e por escrito
sobre como coletar o material e a tomarem os seguintes cuidados durante a
coleta:
1ª amostra ao acordar: o participante deveria estar em jejum, sem ingerir
alimentos ou escovar os dentes antes da coleta.
2ª amostra 30 minutos após acordar: permanecer em jejum e sem escovar
os dentes.
3ª e 4ª amostra à tarde: não ter ingerido alimentos ou bebidas de qualquer
tipo nos últimos 30 minutos antes da coleta. As mulheres foram orientadas a
retirar batom caso estivessem usando.
5ª amostra ao dormir: não ter ingerido alimentos ou bebidas de qualquer
tipo nos últimos 30 minutos; respeitar o horário habitual de dormir. As
mulheres foram orientadas a retirar batom caso estivessem usando.
Os participantes foram alertados sobre a necessidade de respeitar os
horários de coleta com fidedignidade evitando que suas amostras pudessem
ser invalidas na detecção de que os horários não tinham sido adequadamente
seguidos. Igualmente, os profissionais foram orientados a relatarem
qualquer inadequação durante a coleta para que a mesma fosse corrigida e
não houvesse, portanto, prejuízo em seu resultado.
44
Figura 3. Fluxograma de coleta de dados
4.6 Tratamento estatístico
Inicialmente as variáveis foram analisadas do ponto de vista
descritivo com médias, desvio-padrão e distribuição de frequência. Para
análise dos testes de hipóteses, as variáveis foram inicialmente analisadas
quanto à distribuição normal. As concentrações de cortisol não
apresentaram distribuição normal sendo, portanto, transformadas na base
logarítmica antes de serem submetidas ao tratamento estatístico apropriado.
Para análise do ritmo diurno de secreção de cortisol, utilizou-se
ANOVA para medidas repetidas com correção de Greenhouse na ausência
de esfericidade no padrão de distribuição das variáveis. As comparações
múltiplas (post hoc) foram feitas com teste de Bonferroni. As variáveis
idade, escolaridade, uso de anticonceptivo oral e fase do ciclo menstrual em
que a amostra de saliva foi coletada foram inseridas no modelo estatístico e,
na ausência de efeito ou interação significativa, foram excluídas (p > 0,20).
Para analisar a quantidade de cortisol secretada ao longo do dia foi
calculada a área sob a curva (AUC). Este método de análise de cortisol já foi
descrito e validado e se baseia na fragmentação da AUC em vários trapézios
42. Esta área corresponde às concentrações de cortisol obtidas nos diferentes
tempos ao longo do dia. Calcula-se assim a área de cada trapézio e a
somatória destas áreas representa uma medida global de secreção de
cortisol. Denominou-se AUC total à concentração de cortisol secretada ao
Acesso ao banco
de funcionários
HU-USP
Sorteio
randomizado dos
profissionais
Abordagem dos
profissionais nos
setores
Inclusão/Exclusão
TCLE – dados -
orientações
Coleta domiciliar
saliva D1-D2
Retorno para
devolutiva
45
longo de todo o dia e AUC reatividade à concentração de cortisol secretada
no período da manhã em resposta às demandas fisiológicas impostas pelo
ato de despertar.
Para classificação dos padrões de secreção de cortisol,
primeiramente foi calculada a inclinação da curva de concentração de
cortisol através da função “slope” do software Excel® para cada dia de
coleta de saliva. Posteriormente, obteve-se a diferença entre o “slope” do
primeiro dia, do segundo dia de coleta e o respectivo desvio-padrão. O
participante que tivesse o valor absoluto da diferença de “slope” superior ao
desvio-padrão foi classificado como inconsistente e valores inferiores foram
denominados “típicos”. Para a classificação do padrão “flat”, obteve-se a
média do “slope” dos dois dias. Os participantes com médias mais positivas
foram classificados como “flat”.4
Para análise de frequências (padrão de
cortisol x categoria profissional ou x setor de trabalho) foi utilizado o teste
Qui-quadrado ou teste exato de Fischer.
Coeficientes de correlação de Pearson foram calculados para analisar
a relação entre concentração de cortisol, estresse percebido, estresse no
trabalho, sofrimento mental e depressão.
Os dados foram armazenados e analisados utilizando o programa
estatístico SPSS versão 14.0 e o nível de significância adotado foi de 5%.
47
5. RESULTADOS
5.1 Caracterização sociodemográfica e de saúde do trabalhador:
A amostra foi composta predominantemente por profissionais de
enfermagem do sexo feminino (n= 48 85,7%) sendo, em sua maioria,
casados (n = 39, 70,9%), com uma média de 23 anos de idade e 15,7 anos de
estudo. Em relação à classificação econômica, 41,5% (n=22) pertencia à
classe social B1, seguido por 39,6% (n=21) da classe B2 e os demais
distribuídos entre as classes A e C (Tabela 2 e 3).
Quanto ao turno de trabalho, 53,6% (n=30) estavam alocados no
turno da manhã e 46,4% (n=26) no turno da tarde.
Tabela 2. Caracterização dos profissionais de enfermagem do Hospital
Universitário da USP segundo idade e escolaridade. (São Paulo, 2014)
Tabela 3. Caracterização sociodemográfica dos profissionais de
enfermagem do Hospital Universitário da USP segundo sexo, estado civil e
nível socioeconômico. (São Paulo, 2014)
Variável N %
Sexo
Feminino
Masculino
48
8
85,7
14,3
Estado civil
Solteiro
Casado
Divorciado
13
39
4
21,4
70,9
7,3
Classificação social
A1
A2
B1
B2
C
D
1
7
22
21
2
-
1,8
13,2
41,5
39,6
3,8
Total 56 100
Variável N Mínimo Máximo Média DP± Idade 56 23 67 37,9 9,5
Escolaridade
(anos) 56 5 27 15,7 3,8
48
Quanto à distribuição dos colaboradores por categoria profissional, a
maioria era de técnicos de enfermagem, estando alocados
predominantemente na UTI Adulto (Tabela 4).
Todos os colaboradores trabalhavam em regime de 36 horas semanais
e somente um colaborador possuía outro vinculo empregatício, o qual
desempenhava carga horária de 72h semanais.
Tabela 4. Classificação dos profissionais de enfermagem segundo a
categoria profissional e alocação nas unidades de atendimento do Hospital
Universitário da USP. (São Paulo, 2014)
Variável Categoria profissional
Auxª Técª Enfª
Total por setor
n %
Setor
Ambulatório
Clinica Médica
Clinica Cirúrgica
Centro Cirúrgico
UTI Adulto
UTI Pediátrica
P S Adulto
P S Infantil
Pediatria
0 1 1
3 2 3
1 6 0
0 5 1
0 7 4
1 2 2
0 2 1
0 1 1
2 3 3
2 3,8
7 13,5
6 11,5
11 21,2
5 9,6
3 5,8
2 3,8
8 15,4 2 3,8
Total 7 29 16
52 100
% 13,5 55,8 30,8
100
*04 participantes não informaram o setor de trabalho
a= auxiliar de enfermagem; b= técnico de enfermagem; c= enfermeiro.
Quanto aos antecedentes pessoais de saúde, a maioria não possuía
doença crônica. Dos que possuíam, a hipertensão arterial foi a doença mais
frequentemente referida. (Tabela 5).
49
Tabela 5. Distribuição dos profissionais de enfermagem do Hospital
Universitário da USP segundo antecedentes pessoais de saúde. (São Paulo,
2014)
Variável Sim n (%)
Não n (%)
Diabetes mellitus 11(19,6)
44 (78,6)
Hipertensão arterial 19 (28,6)
36 (69,6)
Acidente vascular
encefálico
4 (7,1)
51 (91,1)
Insuficiência cardíaca
congestiva
1 (1,8)
54 (96,4)
Em relação aos fatores de risco cardiovascular, os colaboradores
apresentaram pressão arterial sistólica (PAS) média de 122 mmHg e
diastólica (PAD) de 77,8 mmHg, índice de massa corpórea médio de 26,7 e
0,8 cm de razão cintura/quadril (Tabela 6).
Tabela 6. Médias do valores de pressão arterial, índice de massa corpórea e
razão cintura/quadril dos profissionais de enfermagem do Hospital
Universitário da USP. (São Paulo, 2014)
Variável Média Mínimo Máximo DP±
PAS 122 96,6 168,3 16
PAD 77,8 60,3 119 12
IMC 26,7 17 42,5 6,3
Cintura/quadril 0,8 0,7 1,2 0,1
a = pressão arterial sistólica, b = pressão arterial diastólica, c = índice de
massa corpórea, d = razão cintura/quadril
5.2 Padrão diurno de secreção de cortisol.
Para análise do padrão diurno de secreção de cortisol foram
considerados o ritmo de secreção de cortisol secretado ao longo do dia, bem
como a classificação em padrões típicos e atípicos de secreção de cortisol.
50
5.2.1 Ritmo diurno de secreção de cortisol
Observamos efeito do tempo na concentração de cortisol ao longo do
dia (F(3,48) = 4,97; p = 0,004), com o pico de cortisol 30 (p < 0,001)
minutos após acordar nos dois dias de coleta (Figura 4). Não foi observado
efeito da idade (p = 0,464), sexo (p = 0,414), uso de anticoncepcional oral (p
= 0,540) e coleta de saliva durante a fase lútea do ciclo menstrual (p =
0,256) nas concentrações de cortisol.
51
Figura 4. Ritmo diurno de secreção de cortisol no primeiro dia de coleta (A)
no segundo dia (B) e a média dos dois dias (C) dos profissionais de
enfermagem do Hospital Universitário da USP. (São Paulo, 2014)
A
B
C
-0,2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
acordar 30' acordar 14h 16h dormir
Co
rtis
ol s
aliv
ar μ
g/d
L
Horário do dia
*
* * *
-0,1
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
acordar 30' acordar 14h 16h dormir
Co
rtis
ol s
aliv
ar μ
g/d
L
Horário do dia
*
*
* *
-0,2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
acordar 30' acordar 14h 16h dormir
Co
rtis
ol s
aliv
ar μ
g/d
L
Horário do dia
*
* * *
52
* indica diferença significativa entre o cortisol ao acordar e o cortisol nos tempos 30’ após
acordar, 14h, 16h e ao dormir (p < 0,05). As barras representam erro padrão. ANOVA para
medidas repetidas.
A AUC total revelou secreção média de 354,5 μg/dL de cortisol ao
longo do dia (média dos dois dias), com média de 22,3 μg/dL somente no
período da manhã (AUC reatividade), representando um aumento de
137,83% na concentração de cortisol 30 minutos após acordar em relação à
concentração ao acordar (Tabela 7).
Tabela 7. Distribuição dos profissionais de enfermagem do Hospital
Universitário da USP segundo concentração total de cortisol ao longo do dia
(AUC total) e no período da manhã (AUC reatividade). (São Paulo, 2014)
Em relação à quantidade de cortisol secretado ao longo do dia
segundo categoria profissional, foi observado que os enfermeiros
apresentaram maior AUC total (422,4 μg/dL) e AUC reatividade (29,3
μg/dL) em comparação aos auxiliares e técnicos de enfermagem. Entretanto,
essa diferença não foi estatisticamente significativa (p ≥ 0,163). Figura 5.
Figura 5. Médias da AUC total e AUC reatividade da curva de cortisol
secretado ao longo do dia segundo categoria profissional. (São Paulo, 2014)
A B
ANOVA de uma via. As barras representam erro padrão.
0
100
200
300
400
500
Auxiliardeenfermagem
Técnicodeenfermagem
Enfermeiro
AUCcorsoltotalu
g/dL
Categoriaprofiss i onal
0
5
10
15
20
25
30
35
Auxiliardeenfermagem
Técnicodeenfermagem
Enfermeiro
AUCrea
vidadeug/dL
Categoriaprofiss i onal
N
Mínimo
Média
Máximo
DP±
AUC total
AUC reatividade
47
47
99
6,9
354,5
22,3
1452,1
106,7
199,6
14,4
Categoria profissional Categoria profissional
53
No tocante à quantidade de cortisol secretado ao longo do dia
segundo setor de trabalho, foi observado que os profissionais alocados nas
unidades não críticas de atendimento (CM, CLC, ambulatório e pediatria)
apresentaram maior AUC total (379,2 μg/dL) e AUC reatividade (25,4
μg/dL) em comparação às unidades de atendimento ao paciente crítico
(PSA, PSI, UTA, UTI e CC). Entretanto, essa diferença não foi
estatisticamente significativa (p ≥ 0,169). Figura 6.
Figura 6. Médias da AUC total e AUC reatividade da curva de cortisol
secretado ao longo do dia segundo unidade de trabalho. (São Paulo, 2014).
A B
As barras representam erro padrão. ANOVA de uma via.
5.2.2 Classificação do padrão diurno de secreção de cortisol
Em relação à frequência de profissionais com padrões atípicos de
secreção de cortisol, foi observado que 34% (n=16) dos trabalhadores
possuíam padrão “inconsistente” e 8,5% (n=4) padrão “flat” (Figura 7).
Figura 7. Classificação dos profissionais de enfermagem do Hospital
Universitário da USP segundo padrão diurno de secreção de cortisol. (São
Paulo, 2014)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
unidadescrí cas unidadesnão-crí cas
AUCcorsoltotalug/dL
Unidadesdetrabalho
0
5
10
15
20
25
30
unidadescrí cas unidadesnão-crí cas
AUCrea
vidad
eug/dL
Unidadesdetrabalho
54
As barras representam erro padrão. Teste Qui-quadrado.
Em relação à distribuição do padrão de secreção de cortisol segundo a
categoria profissional, observou-se que os técnicos de enfermagem estavam
entre os trabalhadores com maior porcentagem de padrão atípico em
comparação aos auxiliares de enfermagem e enfermeiros, sendo 66,7% (n =
4) classificados como “inconsistente”. Entretanto, essa diferença não foi
significativa (χ2 = 4,5; p = 0,346) Figura 8.
Figura 8. Classificação do padrão diurno de secreção de cortisol segundo
categoria dos profissionais de enfermagem do Hospital Universitário da
USP. (São Paulo, 2014).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Consistente Inconsistente Flat
Porcentagem%
Padrãodiurnodesecreçãodecor sol
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Auxiliardeenfermagem
Técnicodeenfermagem
Enfermeiro
Porcentagem%
Categoriaprofiss i onal
Consistente
Inconsistente
Flat
Categoria profissional
55
As barras representam erro padrão. Teste Qui-quadrado.
Em relação à distribuição do padrão de secreção de cortisol segundo
o setor de trabalho, foi observado que as unidades não críticas estavam entre
os setores com maior porcentagem de padrão atípico em comparação às
unidades críticas, sendo 38,1% (n = 8) classificados como “inconsistente” e
9,5% (n = 2) como “flat”. Entretanto, essa diferença não foi significativa (χ2
= 0,484; p = 0,785) Figura 9
Figura 9. Classificação do padrão diurno de secreção de cortisol segundo
unidade de trabalho dos profissionais do Hospital Universitário da USP.
(São Paulo, 2014).
.
As barras representam erro padrão. Teste Qui-quadrado.
5.3 Caracterização das variáveis psicológicas do estresse
Para análise das manifestações psicológicas do estresse foram
considerados os escores obtidos nos instrumentos EEP, EET, SRQ-20 e
IDB, bem como a classificação da intensidade dos mesmos de acordo com a
mediana (≥ mediana = intensidade elevada para EEP, EET) e segundo as
notas de corte descritas no item “Métodos” do estudo (SRQ-20 e IDB).
Em relação à percepção de estresse geral, os participantes obtiveram
pontuação média igual a 24,9 (±6,6) no EEP que pontua de 0 a 56 pontos
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Unidadesnãocrí cas
Unidadescrí cas
Porcentagem%
Unidadedetrabalho
Consistente
Inconsistente
Flat
56
(Tabela 8). Quanto à intensidade, 54,2% (n = 24) dos trabalhadores
apresentaram alto nível de estresse percebido (Figura 10 A), sendo que
66,7% eram auxiliares de enfermagem e 64% dos participantes estavam
alocados em unidades de assistência ao paciente crítico (Tabela 9).
No tocante à percepção de estresse relacionado ao trabalho, os
profissionais obtiveram pontuação média igual a 42,7 (±15,7) no EET que
pontua de 23 a 115 pontos (Tabela 8). Quanto à intensidade, 51,2 % (n = 22)
dos trabalhadores apresentaram alto nível de estresse percebido relacionado
ao trabalho (Figura 10 B), sendo que 56,5% eram técnicos de enfermagem e
56% dos participantes estavam alocados em unidades de assistência ao
paciente crítico (Tabela 9).
Quanto aos sinais de sofrimento físico e mental, os profissionais
obtiveram pontuação média igual a 7,9 (±5,0) no SRQ-20 que pontua de 0 a
20 pontos (Tabela 8). Em relação à intensidade, 56,8 % (n = 25) dos
trabalhadores apresentaram escore indicativo de sofrimento mental (Figura
10 C), sendo que 63,6% eram enfermeiros e 56% dos participantes estavam
alocados em unidades de assistência ao paciente crítico (Tabela 9).
Em relação aos sintomas de depressão, os profissionais obtiveram
pontuação média igual a 10,6 (±6,8) no IDB que pontua de 0 a 63 pontos
(Tabela 8). Quanto à intensidade, 11,1% (n = 5) dos trabalhadores
apresentaram escore indicativo de depressão e 4,4% (n = 2) foram
classificados com distmia (Figura 10 D), sendo que tanto a depressão como
a distmia foram predominantemente detectados nos enfermeiros, nos
trabalhadores das unidades de assistência ao paciente crítico e também nas
unidade não-críticas (Tabela 9).
Tabela 8. Caracterização dos profissionais de enfermagem do Hospital
Universitário da USP quanto às variáveis psicológicas. (São Paulo, 2014)
Variável Média DP± Mínimo Máximo
EEP 24,8 6,5 10 44
IDB
10,6 6,7 0 28
57
SRQ20
7,8 4,9 0 18
EET 42,6 15,6 18 70
a= Escala de estresse percebido, b = inventário de depressão de beck, c = self-report
questionnare 20, d = escala de estresse no trabalho.
Figura 10. Distribuição dos profissionais de enfermagem do Hospital
Universitário da USP segundo intensidade das variáveis psicológicas. (São
Paulo, 2014)
A B
C D
As barras representam erro padrão. Teste Qui-quadrado.
0
10
20
30
40
50
60
70
Baixo Alto
Porcentagem%
Intensidadedoestressepercebido
0
10
20
30
40
50
60
70
Baixo Alto
Porcentagem%
Intensidadedoestresserelacionadoaotrabalho
0
10
20
30
40
50
60
70
Não Sim
Porcentagem%
Sofrimentomental
0
20
40
60
80
100
Normal Distmia Depressão
Porcentagem%
Intensidadedossintomasdedepressão
58
Tabela 9. Intensidade das variáveis psicológicas segundo setor de trabalho e
categoria dos profissionais de enfermagem do Hospital Universitário. (São
Paulo, 2014)
a Teste Qui-Quadrado.
b Teste Exato de Fischer.
EEP = escala de estresse percebido, IDB = escala de depressão de beck,
SRQ-20 = escala de sinais e sintomas de estresse, EET = escala de estresse
no trabalho.
5.4 Associação entre concentração de cortisol e variáveis psicológicas do
estresse
Comparando-se as médias dos escores da EEP, EET, SRQ-20 e IDB
segundo o padrão diurno de secreção de cortisol observou-se que as maiores
pontuações estavam presentes nos participantes com padrão “flat”.
Entretanto, essa diferença não foi estatisticamente significativa (Tabela 10).
Categoria Profissional Unidade de Trabalho
Auxiliar
n (%)
Técnico
n (%)
Enfermeiro
n (%)
Critico
n (%)
Não-crítico
n (%)
EEP
Alto
Baixo
4 (66,7)
2 (33,3)
14 (60,9)
9 (39,1)
5 (41,7)
7 (58,3)
16 (64)
9 (36)
8 (42,1)
11(57,9)
Valor pa
IDB
Normal
Distmia
Depressão
6 (100)
0 (0)
0 (0)
0,472a
20 (83,3)
1 (4,2)
3 (12,5)
9 (75)
1 (8,3)
2 (16,7)
22 (84,6)
1 (3,8)
3 (10,5)
0,223b
16 (84,2)
1 (5,3)
2 (11,5)
Valor pb
SRQ-20
Sim
Não
3 (50)
3 (50)
0,759a
15 (62,5)
9 (37,5)
7 (63,6)
4 (36,4)
14 (53,8)
12 (46,2)
0,970b
11(61,1)
7 (38,9)
Valor pa
EET
Alto
Baixo
Valor pa
3 (50)
3 (50)
0,835a
13 (56,4)
10 (43,5)
0,546a
4 (36,4)
7 (63,6)
14 (56)
11 (44)
0,760b
8 (44,4)
10
(55,6)0,543b
59
Tabela 10. Correlação entre as variáveis psicológicas e padrão de secreção
de cortisol dos profissionais de enfermagem do Hospital Universitário da
USP. (São Paulo, 2014)
* ANOVA uma via.
EEP = escala de estresse percebido, IDB = escala de depressão de beck,
SRQ-20 = escala de sinais e sintomas de estresse, EET = escala de estresse
no trabalho.
Ao verificar associação entre as variáveis psicológicas e a
concentração total de cortisol secretada ao longo dia (AUC total) e durante o
período da manhã (AUC reatividade) não foi observada correlação
significativa (0,575 ≤ p ≥ 0,937).
Considerando que tanto o tempo de exercício na profissão como no
HU-USP poderiam influenciar a concentração de cortisol, optou-se por
analisar a associação entre essas variáveis. Foi observado que quanto maior
o tempo de exercício profissional, maior a concentração total de cortisol
secretada ao longo do dia (r = 0,346; p = 0,020). O tempo de trabalho no
HU-USP se correlacionou significativamente com a concentração de
cortisol.
N Média DP± Valor
de p*
EEP
Consistente
Inconsistente
Flat
EDB
Consistente
Inconsistente
Flat
SRQ-20
Consistente
Inconsistente
Flat
EER
Consistente
Inconsistente
Flat
21
13
3
22
13
3
22
12
3
22
13
3
23,9
24,3
26
9,2
9,7
12,3
6,6
7,4
12,6
42,8
44,4
45
5,3
9,4
5,2
5,8
5,5
12
4,2
5,6
8,3
19
13,9
1,7
0,891
0,725
0,168
0,951
61
6. DISCUSSÃO
Os resultados foram discutidos seguindo a apresentação dos dados,
conforme segue: caracterização da amostra, padrão diurno de secreção de
cortisol, caracterização das manifestações psicológicas e associação entre
concentração de cortisol e as manifestações psicológicas do estresse.
6.1 Caracterização da amostra
Corroborando perfil sociodemográfico dos profissionais de
enfermagem no Brasil, a amostra deste estudo foi constituída
predominantemente por pessoas do sexo feminino, adultos jovens e
pertencentes em sua maioria à categoria técnica de enfermagem. Segundo
dados do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), os profissionais de
enfermagem são, em sua maioria, do sexo feminino (87,4%), distribuídos
predominantemente na faixa etária entre 26 e 45 anos (67%) e pertencem à
categoria técnica de enfermagem (45,5%). 43
Em relação à classe socioeconômica, dados do IPEA demonstraram
que entre 2009 e 2012 a enfermagem (nível superior e médio) foi uma das
carreiras que teve maior geração de postos de trabalho e isso pode estar
associado ao fato de termos evidenciado, no presente estudo, maior
percentual de trabalhadores distribuídos na classe social B. 44
Quanto aos antecedentes pessoais de saúde, os profissionais de
enfermagem em sua maioria não apresentaram doenças crônicas. Porém
dentre as doenças relatadas, as mais frequentes eram hipertensão e diabetes
mellitus. Além disso, dados antropométricos dos trabalhadores e medida da
pressão arterial evidenciam que estes profissionais de enfermagem podem
estar em risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. 45
Essas
características corroboram estudos que demonstraram presença de fatores de
risco cardiovascular nos profissionais de enfermagem. 46,47,48,49
62
6.2 Padrão diurno de secreção de cortisol
Confirmando a principal hipótese do estudo, verificou-se que mais
de um terço da amostra de profissionais de enfermagem apresentou padrão
atípico de secreção de cortisol. O padrão atípico mais frequentemente
observado foi o “inconsistente”, seguindo do padrão “flat”. Isso significa
que estes trabalhadores estão expostos a um ritmo alterado de secreção de
cortisol, caracterizado pela permanência de concentrações elevadas de
cortisol ao longo do dia de maneira constante (por pelo menos dois dias) ou
alternada (um dia sim e em outro não). Corroborando estes achados, alguns
autores identificaram que entre participantes jovens, do sexo feminino, com
idade média de 36 anos, a porcentagem encontrada de indivíduos com
padrão do tipo “inconsistente” foi de 31% e “flat” de 17%50
. Já em
indivíduos idosos, somente 2% apresentam padrão “flat” enquanto que 48%
apresentaram padrão “inconsistente”4. A despeito do grupo etário, o fato de
haver uma grande variabilidade no ritmo da secreção de cortisol ao longo do
dia faz-nos refletir a respeito da consequência que isso possa ter para a
saúde do indivíduo. Considerando que esta alteração no ritmo significa
exposição do individuo a concentrações elevadas de cortisol, pelo menos
por curto período de tempo, levanta-se a hipótese de que isso possa
influenciar o funcionamento dos demais sistemas que estarão também
expostos a concentrações elevadas de cortisol de maneira prolongada e,
portanto, ao efeito negativo dessa exposição. Inclusive, um estudo
conduzido em adultos com idade média de 68 anos, predominantemente do
sexo feminino, evidenciou que aqueles que possuíam padrão “flat” de
secreção de cortisol tiveram pior desempenho cognitivo (fluência verbal).
Além disso, a maioria destes participantes possuía queixa subjetiva de
declínio da memória, sem diagnóstico médico de comprometimento
cognitivo patológico51
. Foi também observado que mulheres com câncer de
mama que possuíam padrão “flat” tiveram tempo de sobrevida menor do
que as que possuíam padrão típico de secreção de cortisol52
. Embora, no
presente estudo, a frequência de padrões atípicos tenha sido diferente entre
auxiliares, técnicos de enfermagem e enfermeiros, entre os profissionais das
63
unidades críticas e não criticas de atendimento essa diferença não foi
significativa.
Além da observação de padrão atípico nos profissionais de
enfermagem, foi observado um aumento de mais 130% na concentração de
cortisol no período da manhã, o que constitui um aumento muito superior ao
descrito na literatura. Em média, durante o período da manhã a concentração
de cortisol aumenta de 50 a 75% durante os primeiros 30 minutos após
acordar independentemente da idade do participante53
, mesmo em dias de
trabalho. 10
A resposta de cortisol ao acordar tem sido considerada um
marcador importante para avaliação do funcionamento do eixo HPA. 53,54
Argumenta-se que o pico de cortisol pela manhã represente um
sincronizador para o ritmo circadiano do eixo HPA 55,56
e que pulsos de
secreção de ACTH e cortisol ocorrem na maioria da pessoas. Embora não
haja um consenso a respeito do exato papel da resposta de cortisol ao
despertar (CAR – cortisol awakening response), postula-se que o aumento
do cortisol ao acordar esteja associado aos mecanismos de representação de
memória prospectiva (previsão) que permitiriam ao indivíduo, ao despertar,
orientar-se no tempo e espaço, bem como a antecipar as demandas do dia
que surge. Fundamentando esta hipótese alguns autores já evidenciaram
maior CAR nos dias de trabalho em relação aos finais de semana10, 57, 58, 59
.
Assim, a análise da CAR constitui um bom indicador do funcionamento da
atividade do eixo HPA. Indivíduos que mantém a CAR elevada mesmo nos
dias sem trabalho apresentam níveis elevados de estresse, neurociticismo e
sentem-se pouco felizes60
. A CAR também está associada ao estresse
relacionado ao trabalho, ao burnout, fatiga e exaustão10, 61
. Embora no
presente estudo não tenhamos encontrado associação entre CAR e as
variáveis psicológicas do estresse, o aumento expressivo da CAR nos
profissionais de enfermagem reforçam a ideia de que eles podem estar
expostos aos efeitos prejudiciais das concentrações elevadas de cortisol e,
consequentemente susceptíveis ao desenvolvimento de doenças relacionadas
ao estresse.
Quanto à concentração total de cortisol (AUC), observou-se que os
64
profissionais de enfermagem apresentaram média superior (AUC = 56,41
μg/dL em dia de trabalho) à encontrada em outro estudo que avaliou
enfermeiros com características sociodemográficas semelhantes à presente
amostra e que também trabalhavam em um hospital universitário32
. De
modo semelhante, esses autores também não encontraram diferença
significativa entre as concentrações de cortisol e o setor de trabalho. O fato
de termos observado concentrações maiores de cortisol em relação ao
estudo descrito por Rocha et al, não necessariamente significa que os
profissionais de enfermagem do HU-USP eram mais estressados. Outros
fatores como os horários de coleta, turno de trabalho, fabricante do kit de
análise de cortisol salivar, inclusão de todas as categorias da enfermagem no
presente estudo, bem como de unidades de atendimento crítica e não crítica
podem explicar a diferença de resultado.
Em relação à categoria profissional, embora sem significância
estatística, os enfermeiros apresentaram concentrações mais elevadas de
cortisol total e ao despertar em relação às demais categorias profissionais.
Este achado pode estar associado às demandas da categoria profissional,
pois o enfermeiro ocupa uma posição com inúmeras responsabilidades nas
instituições hospitalares sendo responsáveis pelas equipes de enfermagem,
pela organização e sistematização da assistência, pela assistência direta a
pacientes críticos, dentre todas as demandas institucionais que recaem sobre
o profissional. 1, 2, 11
No tocante à unidade de trabalho, os profissionais das unidades de
atendimento ao paciente não-critico apresentaram concentrações de cortisol
mais elevadas do que os trabalhadores das unidades criticas. Entretanto, essa
diferença não foi significativa. Em contrapartida, vários estudos
evidenciaram que os profissionais de enfermagem que trabalham nos setores
críticos apresentam nível de estresse maior que os dos setores não críticos.
Segundo os autores, essa diferença esta relacionada à especificidade do
setor, complexidade tecnológica, complexidade assistencial e demandas
psicológicas associadas à assistência. Além disso, o profissional das
65
unidades críticas está mais exposto ao sofrimento, à dor da perda, e a
conflitos emocionais de crenças e valores.
Em conjunto, os achados descritos confirmam a hipótese de que os
profissionais de enfermagem apresentam alterações no padrão diurno de
secreção de cortisol e podem, portanto, estar mais susceptíveis ao
adoecimento. Entretanto, recursos de enfrentamento pessoal, bem como
presença de suporte social podem modular os efeitos negativos do estresse e
devem, portanto, ser incluídos em análises futuras.
6.3 Manifestação psicológica do estresse
Por manifestação psicológica do estresse, considerou-se no presente
estudo o estresse percebido de forma geral e o estresse relacionado ao
trabalho, sintomas de depressão e sofrimento mental.
Confirmando a hipótese de que os profissionais de enfermagem se
percebem estressados, observamos que mais da metade da amostra referiu
estresse no trabalho e sinais de sofrimento mental. Os auxiliares e técnicos
de enfermagem se perceberam mais estressados de forma geral e em relação
ao trabalho dos que os enfermeiros. Entretanto, na categoria de enfermeiros
foi observada maior frequência de profissionais com sofrimento mental.
Quanto à unidade de trabalho, os trabalhadores das unidades criticas se
perceberam mais estressados que os profissionais das unidades não-críticas,
porém, estes apresentaram maior frequência de sofrimento mental. Embora
essas diferenças não tenham sido significativas, elas corroboram diversos
estudos nos quais os profissionais de enfermagem apresentaram níveis altos
de estresse associados a unidades de trabalho críticas como Unidades de
Terapia Intensiva, Pronto Atendimento e Centro Cirúrgico.1,2,5,13,14,1516
.
Entretanto, a maioria dos estudos sobre estresse em enfermagem foi
desenvolvido com trabalhadores alocados em unidades críticas e, portanto, a
comparação com outros setores de trabalho fica comprometida. Outro
estudo similar utilizando o SRQ-20 em profissionais de enfermagem
observou que 33,3% dos profissionais apresentavam sofrimento mental
associado a traços de ansiedade, baixa auto percepção da vida, pensamentos
66
depressivos e auto percepção de sintomas físicos de estresse. 62
Estes
profissionais podem estar incapacitados para desempenho da função de
enfermagem uma vez que o quadro de depressão esta associado ao risco
para adoecimento. 63
Quanto à avaliação dos profissionais relativa a sinais de depressão,
observaram-se sinais em uma pequena porcentagem, sendo o técnico de
enfermagem o profissional com maior frequência de depressão e distmia
comparado com as demais categorias. Em estudo, Schimidt63
evidenciou
que 24,2% dos profissionais de enfermagem apresentavam sinais de
depressão. Um estudo de revisão de literatura apontou que entre 28 a 31%
dos profissionais de enfermagem apresentam depressão. Esta diferença pode
ter sido encontrada devido às características peculiares desta amostra, por
ser composta por profissionais jovens, com uma remuneração significativa e
por aspectos inerentes à estrutura do Hospital. 63
6.4 Associação entre padrão diurno de secreção de cortisol e as
manifestações psicológicas do estresse
Refutando a hipótese de que alterações no padrão diurno de secreção
de cortisol estariam associadas a manifestações psicológicas do estresse, não
foi observada correlação significativa entre concentração de cortisol,
estresse percebido, estresse no trabalho, sintomas de depressão e de
sofrimento mental. Igualmente, não foi observada diferença nas médias dos
instrumentos de estresse, depressão, e sofrimento mental entre os padrões
atípicos de secreção de cortisol. Embora, os maiores escores tenham sido
observados no padrão “flat”, esta diferença não foi significativa.
Corroborando este achado, Rocha et al32
não evidenciou associação
significativa entre estresse no trabalho e concentrações de cortisol em um
amostra composta por 57 enfermeiros. Em contrapartida, vários estudos
demonstraram associação significativa entre cortisol e estresse relacionado
ao trabalho em profissionais de enfermagem64, 65, 66
. Em outras categorias
profissionais, níveis elevados de estresse e sintomas de depressão estavam
associados a concentrações elevadas de cortisol pela manhã.67
A ausência de
significância estatística entre concentrações de cortisol e as variáveis
67
psicológicas do estresse parecem estar mais relacionadas ao pequeno
tamanho amostral do que à hipótese de que as alterações de cortisol destes
profissionais não estão relacionada ao estresse no trabalho. Reforçando a
ideia de que seja realmente a carga de trabalho que esteja influenciando o
ritmo diurno de secreção de cortisol, observou-se que quanto maior o tempo
de exercício na profissão, maior a concentração de cortisol.
Limitações do Estudo
Embora no presente estudo tenham sido observados aspectos
interessantes em relação à concentração de cortisol e manifestações
psicológicas de estresse em profissionais de enfermagem, algumas
limitações precisam ser consideradas na interpretação dos dados
O pequeno tamanho da amostra faz-nos refletir se os resultados
obtidos em relação à frequência de padrões atípicos de secreção de cortisol
não foram subestimados, bem como a ausência de significância estatística
encontrada nas associações entre concentração de cortisol e manifestações
psicoemocionais observadas.
Além disso, os dados representam padrões de estresse de
profissionais de enfermagem de uma única instituição hospitalar o que
compromete a validade externa do estudo e, consequentemente, a
capacidade de generalização dos dados para a população geral de
profissionais de enfermagem. Em relação a isso, e minimizando ainda que
parcialmente essa limitação, os presentes resultados foram obtidos em uma
amostra probabilística, com características sociodemográficas semelhante às
descritas em outros estudos nacionais realizados com profissionais de
enfermagem. Especificamente, as peculiaridades relacionadas à dinâmica de
trabalho no HU-USP, bem como ao seu caráter de ensino, pesquisa e
assistência destacam a necessidade de interpretar os resultados dentro de um
cenário mais favorável do ponto de vista do trabalho e valorização do
profissional em comparação a outros hospitais públicos e privados. Em
contrapartida, o fato de em um cenário hipoteticamente mais favorável e
68
protetor do desgaste do trabalhador se observarem alterações
neuroendócrinas do estresse, bem como manifestações de sofrimento
mental, nos faz refletir sobre como estará então o profissional em outros
hospitais e instituições de assistência à saúde com características menos
favoráveis.
Outros fatores não menos importantes, como padrão de sono e
consumo de cafeína, podem influenciar a concentração de cortisol (REF) e
necessitam ser investigados em outros estudos para analisar a relação entre o
estresse no trabalho e alterações no padrão diurno de secreção de
concentração de cortisol.
70
7. Conclusão
O presente estudo demonstrou que um terço dos profissionais de
enfermagem apresentam padrões atípicos de secreção de cortisol do tipo
“flat” e “inconsistente”, sendo o técnico de enfermagem e os profissionais
alocados nas unidades de atendimento a pacientes não críticos os que
apresentaram maior frequência destes padrões atípicos.
Em relação à percepção de estresse e às suas manifestações
psicológicas, observou-se que mais da metade dos profissionais se percebem
estressados em relação ao trabalho, apresentando sinais importantes de
depressão e sofrimento mental. O auxiliar e técnico de enfermagem, bem
como os profissionais alocados nas unidades de atendimento ao paciente
crítico, foram os que obtiveram maior pontuação nos instrumentos de
avaliação de estresse geral e relacionado ao trabalho. Já a detecção de
sofrimento mental foi predominante observada entre os enfermeiros e nos
profissionais das unidades de atendimento ao paciente não crítico.
Em conjunto, esses achados sugerem que além de se perceberem
estressados, o profissionais de enfermagem apresentam alterações no ritmo
diurno de secreção de cortisol, um alerta sobre a possibilidade destes
indivíduos estarem susceptíveis ao desenvolvimento de doenças
cardiovasculares, imunológicas, transtornos mentais entre outras
relacionadas ao estresse.
72
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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cortisol profiles. Scand J Work Environ Health. 2014;40(3):305–314.
81
ANEXO A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES DE ESTRESSE CRÔNICO EM
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
Prezado senhor (a):
O Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica da Escola de
Enfermagem da Universidade de São Paulo (EE-USP) está desenvolvendo
um estudo transversal sob a coordenação da Profa. Dra. Juliana Nery de
Souza Talarico com o objetivo de avaliar o estresse crônico de profissionais
de enfermagem atuantes em unidades hospitalares. Para isso pedimos sua
autorização para incluí-lo no grupo de estudo, solicitando que responda a
alguns questionários e testes para avaliar seu estresse, bem como coleta de
saliva e sangue para avaliar sua resposta ao estresse.
Inicialmente, o Sr(a) responderá a questionários de identificação pessoal, de
estresse e de depressão, sendo posteriormente necessária a coleta de saliva
para analisar a dosagem de cortisol em seu corpo, um hormônio relacionado
ao estresse e coleta de sangue para avaliar os efeitos do estresse em seu
organismo. Para coletar a saliva será necessário que o Sr(a) mastigue um
pedaço de algodão por aproximadamente 03 minutos.
Esclarecemos que a data e horário para realização de todos os
procedimentos mencionados serão previamente agendados de acordo com
sua disponibilidade e conveniência.
Embora os procedimentos de coleta de saliva e sangue representem risco
mínimo à sua saúde e bem-estar, ressaltamos que caso surja algum
desconforto ao longo de sua participação no estudo o sr(a) poderá retirar seu
consentimento de participação a qualquer momento sem que haja prejuízo
ao sr(a). Esclarecemos que os possíveis riscos relacionados à punção venosa
para coleta de sangue incluem complicações locais como hematoma, flebite
(inflamação da parede do vaso sanguíneo) e infecção local, além de, mais
raramente, complicações infecciosas sistêmicas.
Esclarecemos que não há benefício direto ao participante do estudo, uma
vez que se trata de um estudo exploratório investigando o padrão de
resposta de estresse. Assim, somente ao final do estudo poderemos concluir
como está seu nível de estresse. Entretanto, a partir desta avaliação poderá
ser informado os resultados obtidos com as amostras de saliva e sangue do
Sr(a).
Ademais, garantimos ao senhor acesso, em qualquer etapa do estudo, à
equipe de pesquisa (Enfermeiras Amanda Roca Blasques de Mendonça e
Siomara Tavares Fernandes Yamaguti) e ao pesquisador responsável (Profa.
Dra. Juliana Nery de Souza Talarico), que pode ser encontrada na Av. Dr
Enéas de Carvalho Aguiar, n. 419, telefone (11) 30617544. Se você tiver
alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato
82
com o Comitê de Ética em Pesquisa da EE-USP (CEP- EEUSP) no mesmo
endereço mencionado anteriormente, no telefone (11) 3061-7548 ou pelo e-
mail: [email protected] ou no Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital
Universitário da USP no endereço: Av. Prof. Lineu Prestes, 2565 – Cidade
Universitária – CEP: 05508-000 – São Paulo – SP - Telefone: 3091-9457 –
Fax: 3091-9452 - E-mail: [email protected]
É garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento e
deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo à continuidade de seu
tratamento na Instituição. Além disso, todas as informações obtidas serão
analisadas em conjunto com as de outros voluntários, não sendo divulgada a
identificação de nenhum pesquisado.
O Sr(a) tem o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais
da pesquisa que sejam de conhecimento dos pesquisadores. Ressaltamos que
não haverá despesas pessoais para o sr(a) em qualquer fase do estudo.
Também não haverá compensação financeira relacionada à sua participação.
Se existir qualquer despesa adicional, ela será absorvida pelo orçamento da
pesquisa.
Caso seja detectada alguma alteração nas avaliações realizadas, como
alteração na pressão arterial, exames de sangue e questionário de
investigação de depressão (Escala de Depressão de Beck) o sr(a) será
encaminhado ao ambulatório do Hospital Universitário para avaliação
médica. Assim como em caso de dano pessoal, diretamente causado pelos
procedimentos propostos neste estudo, com nexo causal comprovado, o sr(a)
tem direito a tratamento médico na Instituição, bem como às indenizações
legalmente estabelecidas. Ademais, o pesquisador responsável se
compromete a utilizar os dados e o material coletado somente para esta
pesquisa.
Cabe informar que este termo de consentimento foi elaborado em 2 (duas)
vias e que uma delas ficará com o Sr(a) e outra com o pesquisador
responsável.
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que
li ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo “Avaliação de
biomarcadores de estresse crônico em profissionais de enfermagem”.
Eu discuti com a Mestranda Amanda Roca Blasques de Mendonça sobre a
minha decisão em participar nesse estudo. Ficaram claros para mim quais
são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus
desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos
permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de
despesas e que tenho garantia do acesso a tratamento hospitalar quando
necessário. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei
retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo
o processo.
Data:___/_____/____ RG n.
____________________________________
83
Assinatura do
pesquisado:_________________________________________________
Data:___/_____/____ RG n.
____________________________________
Assinatura da
testemunha:_________________________________________________
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre
e Esclarecido deste pesquisado ou representante legal para a participação
neste estudo.
Data:___/_____/____ RG n.
____________________________________
Assinatura do responsável pelo
estudo:_______________________________________
84
ANEXO B
Questionário Sócio-Demográfico de Identificação
Setor:
( ) Ambulatório ( )Clinica Médica,
( )Clínica Cirúrgica ( )Centro Cirúrgico
( )Pediatria ( )UTIAdulto
( )UTI-Infantil ( )PS Adulto ( )PSInfantil
Nome:_______________________________________________________
__________
Data de Nascimento: ____/_____/_____
Sexo:________________Idade:__________
Estado civil: ( ) solteiro ( ) casado ( ) divorciado ( ) outro
Naturalidade:
_____________________Nacionalidade:________________________
Endereço: ____________________________________Bairro:
__________________
Cidade: _______________Telefone: _________________Celular:
_______________
Anos de estudo: ______________
Carga horária semanal: ________Turno: ( ) manhã ( ) tarde
Trabalha em outra instituição além do HU? ( ) sim ( ) não
Se sim, Quantas horas semanais? ____ Em qual turno? ( ) manhã ( )
tarde
Tempo de trabalho na profissão:____________
Tempo de trabalho no HU: _______________
Uso de medicações nos últimos três meses (nome, dose por dia):
__________________
_____________________________________________________________
_________
_____________________________________________________________
_________
Tabagismo: ( ) sim ( ) não Quanto/ há quanto
tempo:_________________________
Alcoolismo: ( ) sim ( ) não Quanto/ há quanto
tempo:________________________
Reposição Hormonal: ( ) sim ( ) não Quanto
tempo:_________________________
ANTECEDENTES PESSOAIS
Diabetes 0-Não 1-Sim
Hipertensão arterial 0-Não 1-Sim
AVC: 0-Não 1-Sim, quantas vezes:• 1 • 2 • 3 • 4 —5
Infarto/Angina: 0-Não 1-Sim
85
Outros
antecedentes:__________________________________________________
_____
Pressão Arterial 2: __________mmHg
Peso:_____________Altura:_________IMC:____
Circunferência abdominal:__________Cintura:________________________
Quadril:_______Razão cintura quadril: _________
87
ANEXO D
Identificação:____________
A forma como as tarefas são distribuídas em minha área
tem me deixado nervoso
1 2 3 4 5
O tipo de controle existente em meu trabalho me irrita 1 2 3 4 5
A falta de autonomia na execução do meu trabalho tem
sido desgastante 1 2 3 4 5
Tenho me sentido incomodado com a falta de confiança de
meu superior em meu trabalho 1 2 3 4 5
Sinto-me irritado com a deficiência na divulgação de
informações sobre decisões organizacionais 1 2 3 4 5
Sinto-me incomodado com a falta de informação sobre as
tarefas no trabalho 1 2 3 4 5
A falta de comunicação entre mim e meus colegas de
trabalho tem me deixado irritado 1 2 3 4 5
Sinto-me incomodado por ter que realizar tarefas que estão
além de minha responsabilidade 1 2 3 4 5
Fico de mau humor por ter que trabalhar durante muitas
horas seguidas 1 2 3 4 5
Sinto-me incomodado com a comunicação existente entre
mim e meu superior 1 2 3 4 5
Fico irritado com a discriminação /favoritismo no meu
ambiente de trabalho 1 2 3 4 5
Tenho me sentido incomodado com a deficiência nos
treinamentos para capacitação profissional 1 2 3 4 5
Fico de mau humor por me sentir isolado na organização 1 2 3 4 5
Fico irritado por ser pouco valorizado por meus superiores 1 2 3 4 5
As poucas perspectivas de crescimento na carreira tem me
deixado angustiado 1 2 3 4 5
Tenho me sentido incomodado por trabalhar em tarefas 1 2 3 4 5
88
abaixo do meu nível de habilidade
A competição no meu ambiente de trabalho tem me
deixado de mau humor 1 2 3 4 5
A falta de compreensão sobre quais são minhas
responsabilidades neste trabalho tem causado irritação 1 2 3 4 5
Tenho estado nervoso por meu superior me dar ordens
contraditórias 1 2 3 4 5
Sinto-me irritado por meu superior encobrir meu trabalho
bem feito diante de outras pessoas 1 2 3 4 5
O tempo insuficiente para realizar meu volume de trabalho
deixa-me nervoso 1 2 3 4 5
Fico incomodado por meu superior evitar me incumbir de
responsabilidades importantes 1 2 3 4 5
89
ANEXO E
Identificação:________
SRQ 20 -Self Report Questionnaire.
Estas questões são relacionadas a certas dores e problemas que podem ter lhe
incomodado nos últimos 30 dias. Se você acha que a questão se aplica a você e
você teve o problema descrito nos últimos 30 dias responda SIM. Por outro lado, se
a questão não se aplica a você e você não teve o problema nos últimos 30 dias,
responda NÃO.
1-Você tem dores de cabeça
frequente?
SIM ( ) NÃO ( )
2-Tem falta de apetite?
SIM ( ) NÃO ( )
3-Dorme mal?
SIM ( ) NÃO ( )
4-Assusta-se com facilidade?
SIM ( ) NÃO ( )
5-Tem tremores nas mãos?
SIM ( ) NÃO ( )
6-Sente-se nervoso (a), tenso (a) ou
preocupado (a)?
SIM ( ) NÃO ( )
7-Tem má digestão?
SIM ( ) NÃO ( )
8-Tem dificuldades de pensar com
clareza?
SIM ( ) NÃO ( )
9-Tem se sentido triste ultimamente?
SIM ( ) NÃO ( )
10-Tem chorado mais do que
costume?
SIM ( ) NÃO ( )
11-Encontra dificuldades para
realizar com satisfação suas
atividades diárias?
SIM ( ) NÃO ( )
12-Tem dificuldades para tomar
decisões?
SIM ( ) NÃO ( )
13-Tem dificuldades no serviço (seu
trabalho é penoso, lhe causa-
sofrimento?)
SIM ( ) NÃO ( )
14-É incapaz de desempenhar um
papel útil em sua vida?
SIM ( ) NÃO ( )
15-Tem perdido o interesse pelas
coisas?
SIM ( ) NÃO ( )
16-Você se sente uma pessoa inútil,
sem préstimo?
SIM ( ) NÃO (
17-Tem tido idéia de acabar com a
vida?
SIM ( ) NÃO ( )
18-Sente-se cansado (a) o tempo
todo?
SIM ( ) NÃO ( )
19-Você se cansa com facilidade?
91
ANEXO F
ESCALA DE DEPRESSÃO DE BECK
Este questionário consiste em 21 grupos de afirmações. Depois de ler
cuidadosamente cada grupo, faça um círculo em torno do número (0, 1, 2 ou
3) diante da afirmação, em cada grupo, que descreve melhor a maneira
como você tem se sentido nesta semana, incluindo hoje. Se várias
afirmações num grupo parecerem se aplicar igualmente bem, faça um
círculo em cada uma. Tome o cuidado de ler todas as afirmações, em cada
grupo, antes de fazer a sua escolha.
0 não me sinto triste
1 eu me sinto triste
2 estou sempre triste e não consigo
sair disso
3 estou tão triste e infeliz que não
consigo suportar
0 não estou especialmente
desanimado quanto ao futuro
1 eu me sinto desanimado quanto ao
futuro
2 acho que não tenho nada a esperar
3 acho o futuro sem esperança e
tenho a impressão de que as coisas
não podem melhorar
0 não me sinto um fracasso
1 acho que fracassei mais do que uma
pessoa comum
2 quando olho para tras, na minha
vida, tudo o que posso ver é um
monte de fracassos
3 acho que, como pessoa, sou um
completo fracasso
0 tenho tanto prazer em tudo como
antes
1 não sinto mais prazer nas coisas
como antes
2 não encontro um prazer real em
mais nada
3 estou insatisfeito e aborrecido com
tudo
0 não me sinto especialmente
culpado
1 eu me sinto culpado as vezes
2 eu me sinto culpado na maior parte
do tempo
3 eu me sinto sempre culpado
0 não acho que esteja sendo punido
1 acho que posso ser punido
2 creio que vou ser punido
3 acho que estou sendo punido
0 não me sinto decepcionado comigo
mesmo
1 estou decepcionado comigo mesmo
2 estou enjoado de mim
3 eu me odeio
92
0 não me sinto de qualquer modo
pior que os outros
1 sou critico em relação a mim
devido a minhas fraquezas ou meus
erros
2 eu me culpo sempre por minhas
falhas
3 eu me culpo por tudo de mal que
acontece
0 não tenho quaisquer ideias de me
matar
1 tenho ideias de me matar, mas não
as executaria
2 gostaria de me matar
3 eu me mataria se tivesse a
oportunidade
0 não choro mais que o habitual
1 choro mais agora do que costumava
2 agora, choro o tempo todo
3 costumava ser capaz de chorar, mas
agora não consigo mesmo que o
queira
0 não sou mais irritado agora do que
já fui
1 fico molestado ou irritado mais
facilmente do que costumavA
2 atualmente me sinto irritado o
tempo todo
3 absolutamente não me irrito com as
coisas que costumavam irritar-me
0 não perdi o interesse nas outras
pessoas
1 interesso-me menos do que
costumava pelas outras pessoas
2 perdi a maior parte do meu
interesse nas outras pessoas
3 perdi todo o meu interesse nas
outras pessoas
0 tomo decisões mais ou menos tão
bem como em outra época
1 adio minhas decisões mais do que
costumava
2 tenho maior dificuldade em tomar
decisões do que antes
3 não consigo mais tomar decisões
0 não sinto que minha aparência seja
pior do que costumava ser
1 preocupo-me por estar parecendo
velho ou sem atrativos
2 sinto que hpa mudanças
permanentes em minha aparência que
me fazer parecer sem atrativos
3 considero-me feio
0 posso trabalhar mais ou menos tão
bem quanto antes
1 preciso de um esforço extra para
começar qualquer coisa
2 tenho de me esforçar muito até
fazer qualquer coisa
3 não consigo fazer nenhum trabalho
0 durmo tão bem quanto de hábito
1 não durmo tão bem quanto
costumava
93
2 acordo uma ou duas horas mais
cedo do que de hábito e ttenho
dificuldade para voltar a dormir
3 acordo várias horas mais cedo do
que costumava e tenho dificuldade
para voltar a dormir
0 não fico mais cansada do que de
habito
1 fico cansado com mais facilidade
do que costumava
2 sinto-me cansado ao fazer quase
qualquer coisa
3 estou cansado demais para fazer
qualquer coisa
0 meu apetite não esta pior do que o
de hábito
1 meu apetite não é tão bom quanto
costumava ser
2 meu apetite esá muito pior agora
3 não tenho mais nenhum apetite
0 não perdi muito peso, se é que
perdi algum ultimamente
1 perdi mais de 2,5kg
2 perdi mais de 5,0 kg
3 perdi mais de 7,5kg
0 não me preocupo mais do que o de
hábito com m inha saúde
1 preocupo-me com problemas
fisicos como dores e aflições ou
perturbações no estomago ou prisão
de ventre
2 estou muito preocupado com
problemas físicos e é dificil pensar
em outra coisa que não isso
3 estou tão preocupado com meus
problemas físicos que não consigo
pensar em outra coisa
0 não tenho observado qualquer
mudança recente em meu interesse
sexual
1 estou menos interessado por sexo
que costumava
2 estou bem menos interessado em
sexo atualmente
3 perdi completamente o interesse
por sexo
94
ANEXO G
Identificação: ______ ORIENTAÇÕES PARA A COLETA DE SALIVA
O senhor está recebendo dois frasquinhos marcados “1º DIA” e “ 2º DIA”. Em cada um destes frascos existem 05 tubinhos para colher saliva. A saliva deve ser colhida no 1º DIA ____________ e no 2º DIA ______________ Em cada dia o senhor deverá colher:
01 amostra de saliva imediatamente ao acordar.
01 amostra de saliva 30 minutos após acordar.
01 amostra de saliva às 14h.
01 amostra de saliva às 16h.
01 amostra de saliva antes de dormir.
Nos dois dias da coleta de saliva o senhor NÃO pode praticar nenhum exercício físico. 30 minutos antes de colher as amostras de saliva o senhor(a):
NÃO pode escovar os dentes
NÃO pode fumar
NÃO pode ingerir qualquer alimento ou bebida.
1º DIA Horário em que acordou___:_____h
Pegue o frasco branco Dia 1
Retire o salivette escrito “AO ACORDAR”
Retire o algodão de dentro do salivette
Mastigue o algodão por aproximadamente 03 minutos.
Coloque o algodão molhado de saliva novamente salivette.
Anote aqui o horário da coleta: ___:____h
COLOQUE O SALIVETTE NA GELADEIRA (não precisa ser no congelador)
Responda as seguintes perguntas: Você comeu alguma coisa nos últimos 60 minutos? ( ) sim ( ) não Você fumou nos últimos 60 minutos? ( ) sim ( ) não Você bebeu alguma bebida alcoólica nos últimos 60 minutos? ( ) sim ( ) não Você tomou alguma medicação ou vitamina nos últimos 60 minutos? ( ) sim ( ) não Como foi seu sono esta noite? ( ) Muito bom ( ) Bom ( ) Ruim ( ) Muito ruim
30 minutos após, repita o procedimento com o salivette“30 min.
APÓS ACORDAR”
Anote aqui o horário da coleta: ___:____h
COLOQUE O SALIVETTE NA GELADEIRA (não precisa ser no congelador).
às 14h repita o procedimento com o salivette “14H” Anote aqui o horário da coleta: _____:____h
95
COLOQUE O SALIVETTE NA GELADEIRA (não precisa ser no congelador).
às 16h repita o procedimento com o salivette “16H”
Anote aqui o horário da coleta: _____:____h
COLOQUE O SALIVETTE NA GELADEIRA (não precisa ser no congelador).
Antes de dormir repita o procedimento com o salivette “AO DORMIR”.
Anote aqui o horário da coleta: _____:____h
COLOQUE O SALIVETTE NA GELADEIRA (não precisa ser no congelador).
FAÇA O MESMO NO 2º DIA 2º DIA Horário em que acordou___:_____h
Pegue o frasco branco Dia 2
Retire o salivette escrito “AO ACORDAR”
Retire o algodão de dentro do salivette
Mastigue o algodão por aproximadamente 03 minutos.
Coloque o algodão molhado de saliva novamente salivette.
Anote aqui o horário da coleta: ___:____h
COLOQUE O SALIVETTE NA GELADEIRA (não precisa ser no congelador)
Responda as seguintes perguntas: Você comeu alguma coisa nos últimos 60 minutos? ( ) sim ( ) não Você fumou nos últimos 60 minutos? ( ) sim ( ) não Você bebeu alguma bebida alcoólica nos últimos 60 minutos? ( ) sim ( ) não Você tomou alguma medicação ou vitamina nos últimos 60 minutos? ( ) sim ( ) não Como foi seu sono esta noite? ( ) Muito bom ( ) Bom ( ) Ruim ( ) Muito ruim
30 minutos após, repita o procedimento com o salivette“30 min.
APÓS ACORDAR”
Anote aqui o horário da coleta: ___:____h
COLOQUE O SALIVETTE NA GELADEIRA (não precisa ser no congelador).
às 14h repita o procedimento com o salivette “14H” Anote aqui o horário da coleta: _____:____h
COLOQUE O SALIVETTE NA GELADEIRA (não precisa ser no congelador).
às 16h repita o procedimento com o salivette “16H”
Anote aqui o horário da coleta: _____:____h
96
COLOQUE O SALIVETTE NA GELADEIRA (não precisa ser no congelador).
Antes de dormir repita o procedimento com o salivette “AO DORMIR”.
Anote aqui o horário da coleta: _____:____h
COLOQUE O SALIVETTE NA GELADEIRA (não precisa ser no congelador).
Mantenha os tubos na geladeira até a data de retorno no dia ____/_____/_____ às ________h. NÃO precisa ser no congelador. Trazer os tubos com saliva dentro da caixa de isopor com gelo. Trazer os frascos marcados com “1º Dia” e 2º Dia” na própria sacolinha. Se tiver alguma dúvida, por favor, ligue-me: ALINE (11) 98477-3880 OU SIOMARA
(11) 97649-6388 OU AMANDA (13 )991015766