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BIBLIOTECA Faculdade de Ciências Farmacêuticas Universidade de São Paulo Universidade de São Paulo Faculdade de Ciências Farmacêuticas Programa de Pós-Graduação em Fármaco e Medicamentos Área de Insumos Farmacêuticos Antimaláricos potenciais: planejamento e síntese de pró-fármacos "triglicerídicos" de primaquina Guilherme Costa Matsutani Dissertação para obtenção do grau de MESTRE Orientadora: Profa. Titular Elizabeth Igne Ferreira São Paulo 2004 n'\..25

Universidade de São Paulo Faculdade de Ciências ... - USP€¦ · malária é uma doença sem controle total e de preocupação mundial. , 2. OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS Face à

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BIBLIOTECAFaculdade de Ciências Farmacêuticas

Universidade de São Paulo

Universidade de São PauloFaculdade de Ciências Farmacêuticas

Programa de Pós-Graduação em Fármaco e MedicamentosÁrea de Insumos Farmacêuticos

Antimaláricos potenciais: planejamento e síntese de

pró-fármacos "triglicerídicos" de primaquina

Guilherme Costa Matsutani

Dissertação para obtenção do grau deMESTRE

Orientadora:Profa. Titular Elizabeth Igne Ferreira

São Paulo2004

n'\..25

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-----DEDALUS - Acervo - CQ

IIIUIIIJI~~III

Ficha CatalográficaElaborada pela Divisào de Biblioteca e

Documentação do Conjunto das Químicas da USP.

Matsutani, Guilherme CostaM434a Antimaláricos potenciais: planejamento

fármacos "triglicerídicos" de primaquinaMatsutani. -- São Paulo, 2004.

168p.

e sintese de pró­Guilherme Costa

Dissertação (mestrado) - Faculdade de Ciências Farmacêuticasda Universidade de São Paulo. Departamento de Farmácia.

Orientador: Ferreira, Elizabeth Igne

I. Fármaco: Planejamento: Química farmacêutica 2.Antimaláricos : Farrnacodinâmica I. T. 11. Ferreira,Elizabeth Igne, orientador.

615.19 CDD

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Guilherme Costa Matsutani

Antimaláricos potenciais: planejamento e síntese de

pró-fármacos "triglicerídicos" de primaquina

Comissão Julgadorada

Dissertação para obtenção do grau de Mestre

Profa. Tit. Elizabeth Igne Ferreiraorientadora/ presidente

Praf. Or. Massuo Jorge Kato1

0

examinador

Profa. Ora. Veni Maria Andrés Fellii examinador

São Paulo, 18 de março de 2004.

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Ao meu pai Akira Matsutani...

" O homem que venceu na vida, foi aqueleque viveu bem, riu muito e amou muito;conquistou o respeito dos homens inteligentese o amor das crianç~s; que preencheu um lugare cumpriu uma missão; que deixa o mundomelhor do que encontrou, seja como uma flor,um poema perfeito, o salvamento de uma alma;que procurou nos outros e deu aos outros omelhor de si mesmo".

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AGRADECIMENTOS

• À professora titular Elizabeth Igne Ferreira pelo exemplo de dedicaçãoao seu trabalho e seus orientados;

• À minha mãe Regina Glycia Matsutani, por uma vida de trabalho, luta,dedicação e amor a mim e minha família;

• Ao professor Carlos Alberto Brandt pela sábia orientação em síntese eanálise espectral;

• À professora Veni Maria Felli por todo apoio e orientação;

• À professora Nilsa Wadt por todo incentivo e apoio desde os tempos degraduação;

• À doutora Carla Menezes por toda a revisão e orientação neste trabalho;

• À minha Tia Glicéria Costa, pela moradia, apoio e principalmenteamizade nos momentos mais difíceis;

• À minha namorada Érica Torquato e sua família por todo amor ecompreensão;

• Aos meus irmãos Nelson Freitas, Regis Costa de Freitas e Fábio deFreitas os quais são mais do que irmãos, verdadeiros pais;

• A parceira de laboratório Kátia Botelho pela paciência diária;

• Ao Colega de laboratório Gustavo Trossini pela amizade e troca deidéias;

• Aos doutores Diogo de Oliveira Silva e Iguatemi Costa, por todos osensinamentos e parceria;

• Ao doutorando Hélio Santa Rosa Costa e Silva pelas intermináveisdiscussões em português e inglês;

• A Rachei e Sérgio Salvarani, por terem me recebido em sua casa comoum filho;

• Aos meus grandes amigos Israel Clemente, Renato Salvarani e ChristianSouza Santos, assim com a suas famílias, por todo incentivo, amizade ecarinho;

• A Fundação de Amparo a Pesquisa, FAPESP, pela bolsa de mestradoconcedida a este pós-graduando (Processo: 01/09385-5).

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,ANTIMAlARICOS POTENCIAIS:, ,

PLANEJAMENTO E SINTESE DE TRIGLICERIDIOS DEPRIMAQUINA

Mestrando:GUIlHERME COSTA MATSUTANIORIENTADORA: Profa. Titular ELIZABETH IGNE FERREIRA

A malária é uma doença que atinge 40% da população mundial e está entre

as três maiores doenças infectantes do planeta, juntamente com a AIDS e a

tuberculose. As crianças são as principais atingidas, uma vez que se estima que

uma criança morra de malária a cada 40 segundos. As principais regiões atingidas

são as que relacionam o clima tropical com altos índices de pobreza, como por

exemplo a África sub-Sahariana. Este quadro agrava-se com o surgimento de

cepas c/oroquino-resistentes do Plasmodium falciparum, principal agente

causador da malária grave. Muitos dos fármacos aplicados na terapêutica da

malária apresentam inúmeros efeitos adversos, baixa biodisponibilidade e alta

toxicidade, o que dificulta o emprego na terapêutica. Diante deste quadro urge o

desenvolvimento de novos fármacos antimaláricos. A primaquina, fármaco

desenvolvido na segunda guerra mundial, é o único esquizonticida tecidual

disponível até o momento, porém apresenta baixa biodisponibilidade, em razão da

meia-vida curta, e alta toxicidade. Estas características apresentadas pela

primaquina podem ser atenuadas com o emprego da latenciação. O trabalho em

questão visa ao desenvolvimento de pró-fármacos "triglicerídicos': também

conhecidos com lipóides. Os pró-fármacos lipóides utilizam a digestão e absorção

dos lipídeos para promover absorção, aumentando a biodiponibilidade e tempo de

meia-vida, conseqüentemente, diminuindo a toxicidade. Serão sintetizados como

transportadores os diglicerídicos dos ácidos palmítíco, esteárico e decanóico.

Estes ligar-se-ão à primaquina através dos espaçantes succnil, maleil e ftali/.

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO 2

2. OBJETIVOS E JUSTIFiCATiVAS 4

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFiCA........ 7

3.1 MALÁRIA...... 7

3.1.1 Distribuição geográfica................................... 7

3.1.2 Espécies de Plasmódios 10

3.1.3 Ciclo biológico do parasito 11

3.1.4 Patogenia 16

3.1.5 Quimioterapia da Malária 17

3.1.5.1 Histórico 17

3.1.5.2 Classificação da Terapêutica 19

3.1.5.2.1 Classificação quanto a ação no ciclo

biológico............................................ 19

3.1.5.2.2 Classificação Química............................................. 20

3.1.5.2.3 Primaquina.............................................................. 36

3.1.5.2.4 Quimioterapia e Resistência.................................... 39

3.1.6 Novas Tendências na Luta Antimalárica 42

3.1.7 O desenvolvimento de pró-fármacos 43

3.1.7.1 Pró-Fármacos Clássicos. 44

3.1. 7.2 Bioprecursores ~ 46

3. 1. 7.3 Pró-fármacos mistos.... 47

3.1.7.4 Fármacos dirigidos.......................................................... 48

3.1.7.5 Pró-fármacos "Triglicerídicos"...................................... 50

3.1.8 Planejamento Antimalárico Potencial............................. 54

3.1.8.1 Síntese dos transportadores diglicerídicos................. 56

3.1.8.2 Síntese utilizando a 1,3-dibromo-2-propanol 60

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3.1.8.3 Reações de condensação 62

4. MATERIAL E MÉTODOS............ 65

4.1 MA TERIAL 65

4.2 METODOS 66

4.2.1. Síntese 66

4.2.1.1. Síntese dos transportadores diglicerídicos... 66

4.2.1.2 Síntese de hemiamidas de primaquina 66

4.2.1.3.Síntese dos derivados "triglicerídicos" de. . 67prlmaqul na .

4.2.3. Anãl ises......... 68

4.2.3.1 Análise cromatográfica.... 68

4.2.3.1.1 POR CCD................................................................. 68

4.2.3.1.2 Determinação da faixa de fusão............................... 69

4.2.3.1.3Análise elementar................................................... 69

4.2.3.1.4Espectrometria de massas...................................... 69

4.2.3.1.5 Análises espectrométricas................................... 69

5. EXPERIMENTOS 70

5.1 SINTESE 70

5.1.1 Síntese dos diésteres do glicerol...... 70

5.1.1.1 Síntese do 1,3-dipalmitoilglicerol 70

5.1.1.2 Síntese do 1,3-diestearilglicerol 72

5.1.1.3 Síntese do diglicerídeo do ácido decanóico 72

5.1.1.3.1 Tentativa síntese do ácido decanóico..................... 73

5.1.2 Síntese de hemiamidas de primaquina 75

5.1.2.1 Síntese da succinilprimaquina 76

5.1.2.2 Síntese de maleilprimaquina 77

5.1.2.3 Tentativa de síntese da ftalilprimaquina 78

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5.1.3 Síntese dos derivados triglicerídicos de. . 78prlmaqulna .

5.1.3.1 Síntese da diestearilma/eilprimaquina.......................... 79

5.1.3.2 Tentativa de síntese de diestearilsuccinilprimaquina.. 80

5.1.3.3 Tentativa de síntese de dipalmitoilmaleilprimaquina.. 81

5.1.3.4 Tentativa de síntese do dipalmitoilsuccinilprimaquina 82

5.1.3.5 Tentativa síntese do dipalmitoilftalilprimaquina........... 83

5.1.3.6 Síntese do diestearilftalilprimaquina.......................... 84

5.1.3.7 Síntese do ftalildiestearilglicerol e

ftalildipalmitoilglicerol................................................................ 8!i

5.1.3.8 Tentativa de síntese do dipalmitoilftalilprimaquina...... 86

5.1.3.9. Síntese do didecanoilsuccinilprimaquina 87

5.1.3.10. Síntse do didecanoilmaleilprimaquina 88

6. RESULTADOS E DiSCUSSÃO.......................................... 89

6.1 SíNTESE DOS DIGLICERíDIOS DOS ÁCIDOS

PALMíTICO E ESTEÁRICO 89

6.1.1 Síntese do diestearilglicerol. 97

6.1.2 Síntese do didecanoilglicerol. 101

6.1.2.1 Síntese do ácido decanóico 101

6.1.2.2 Síntese do diglicerídio do ácido decanóico 104

6.2 SíNTESE DAS HEMIAMIDAS DE PRIMAQUINA....... 107

6.3 SíNTESE DOS DERIVADOS ttTRIGLICERíDICOS" DE

PRIMAQUINA 118

6.3.1 Síntese dos derivados diglicerídicos de

primaquina utilizando o grupo ftalil como espaçante. 136

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6.3.1.2 Tentativa de síntese do

ftalildipalmitoilg/icerol e fta/ildiestearilglicerol 138

6.3.1.3 Tentativa de síntese do dipalmitoilftaliprimaquina....... 142

6.4. Síntese dos derivados IITriglicerídicos" do ácido

decanóico.............. 145

7. CONCLUSÕES PARCiAiS 149

8. PERSPECTIVAS PARA O TRABALHO................................. 151

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFiCAS............. 153

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos Utriglicerídicos" de primaquina

1.fNTRODUÇÃO

Considerada como doença social, por estar relacionada com pobreza

e falta de condições sanitárias adequadas, a malária é uma das moléstias que

causou e ainda causa, mais sofrimento ao ser humano (Sachs, Malaney, 2002).

Atualmente, esta parasitose é uma das mais disseminadas doenças

endêmicas nas áreas tropicais e subtropicais (Olliaro, 1996; WHO, 1992). Mais de

40% da população mundial em 101 países encontram-se sob áreas de risco de

contaminação. -Segundo dados da -Organização -Mundial da Saúde, a malária está

entre as três maiores doenças infecciosas do planeta, sendo comparada com a

AIDS e tuberculose pelo número de infectados (RolI Back Malaria, 2002) e pelo

risco de contrair a parasitose.

Este quadro agrava-se devido ao aparecimento de formas resistentes de P.

falciparum, o principal agente causador da parasitose. Mudanças climáticas e o

desflorestamento também têm contribuído para o aumento do número de

infectados (Malária Foundation International, 2001). Estas mudanças levam ao

favorecimento da multiplicação do mosquito Anopheles, que atua como agente

transmissor da doença, assim como à exposição dos humanos ao mosquito

infectado.

Anualmente, registram-se no mundo 300-500 milhões de casos clínicos,

sendo que 90% destes encontram-se na África sub-Sahariana, onde a pobreza

predomina. Não existem dados precisos, porém acredita-se que a mortalidade

causada pela malária seja da ordem de um milhão de pessoas por ano, atingindo,

principalmente, crianças (RolI Back Malaria, 2002).

Estima-se que uma criança morra a cada 40 segundos, resultando na

perda de mais de 2000 crianças por dia devido à parasitose (Sachs, Malaney,

2002). A malária possui estreita relação com pobreza e subdesenvolvimento

Guilhenne Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos" de primaquina 3

sócio-econômico, uma vez que se expande em áreas muito pobres, levando a

população a perder sua capacidade de trabalho, aprendizagem e

desenvolvimento, promovendo aumento das contaminações pela doença, como

um ciclo vicioso. Portanto, nas regiões em que a malária evoluiu muito, a

sociedade prosperou pouco (Sachs, Malaney, 2002).

Diversos programas sociais vêm sendo desenvolvidos para o controle da

parasitose, principalmente nas áreas mais pobres, onde a doença aumenta

constantemente. Estes programas consistem em melhorias sanitárias, erradicação

do mosquito através de da aplicação do inseticida DDT em lagoas e pontos de

água parada, utilização de "mosquiteiros" sobre camas e, o mais importante,

educação da população quanto aos perigos da malária e como evitar o contágio

(RolI Back Malaria, 2002).

No Brasil, a mais recente intervenção para o controle da malária foi o Plano

de Intensificação das Ações para Controle da Malária na Região Amazônica

(PIACM). O PIACM apresentou bons resultados como diminuição de 38% das

infestações pela malária e diminuição de 35 % dos óbitos por malária. Visando à

maior amplitude no controle desta endemia, o PIACM foi substituído pelo

Programa Nacional de Controle da Malária (PNCM). Este programa apresenta as

principais estratégias no controle da doença:

.:. Apoio à estruturação dos serviços locais de saúde;

.:. Diagnóstico e tratamento da doença;

.:. Fortalecimento da vigilância da malária;

.:. Capacitação de recursos humanos;

.:. Educação em saúde, mobilização social;

.:. Controle seletivo de vetores;

.:. Pesquisa.

Espera-se que a interação destas estratégias possa diminuir a incidência

desta parasitose (Plano Nacional de Controle da Malária, 2002) .

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos" de primaquina 4

A despeito de estes programas e mesmo com os avanços na terapêutica, a<

malária é uma doença sem controle total e de preocupação mundial. ,

2. OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS

Face à necessidade de quimioterápicos realmente úteis contra malária,

especialmente malária resistente, e menos tóxicos, em se tratando de malária

sensível, é imperativa a busca de novas alternativas que enriqueçam o arsenal

terapêutico contra a parasitose.

A primaquina, fármaco desenvolvido durante a segunda guerra mundial

(Ferreira, 1982.), surgiu a fim de diminuir os efeitos tóxicos causados pelo seu

protótipo, a pamaqina. Atualmente, é o único esquizonticida tecidual disponível na

terapêutica, atuando, inclusive, contra os hipnozoítos. Além disto, a primaquina é

ativa contra o P. vivax, espécie esta que é predominante no Brasil.

Infelizmente, este fármaco apresenta problemas de absorção, alta taxa de

biotransformação que pode levar a problemas graves de toxicidade, como anemia

intravascular.(Williams, Lemke, 2002; Ferreira 2002; Olliaro 2001; Casteel, 1993;

Augusto, Schereiber, Mason, 1988; Mihaly et aI, 1984).

Ante à possibilidade de se aprimorar a ação de compostos de atividade

comprovada em malária e face aos resultados obtidos com transportadores

"triglicerídicos" de outras classes terapêuticas como as descritas por Paris e

colaboradores (1980, 1979), Garzon Abuerpeh e colaboradores (1983), Jacob,

Hesse e Shashoua (1987), Deverre e colaboradores (1989) e Lambert (2000),

pretende-se sintetizar derivados de primaquina utilizando diésteres do glicerol

com ácidos graxos - ácidos palmítico, esteárico e outros de cadeia longa, como o

decanóico, como transportadores, e ácidos dicarboxílicos - succínico, maléico e

ftálico -- como grupos espaçantes.

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos" de primaquina 5

Grupos espaçantes são utilizados com o propósito de se distanciar o

fármaco do transportador de modo a facilitar o acesso da' enzima envolvida à

ligação compreendida (Korolkovas, 1988). É possível, dessa forma, obter-se pró­

pró-fármacos, ou pró-fármacos duplos, ou em cascata, como também são

denominados (Friis, Bundgaard, 1996; Wermuth,1_996; Bundgaard,1991, 1985),

permitindo o controle de ação.

Espera-se que os derivados sintetizados, a exemplo do que se observa com

os triglicerídeos naturais (Jones, 1980; Lambert, 2000), sejam cindidos pela lipase

pancreática nas posições 1 e 3, liberando os monoglicerídeos com a primaquina e

espaçante na posição 2 como observa-se na figura 1.

R--I(° .o

R-{)-o-O

H0)-0HO O

2R-{OH

~j.II··8~,

I Lipasepancreática

~i

Figura 1: Pró-fármacos triglicerídicos e sua liberação pela lipase

pancreática.

Esta liberação do fármaco poderá ser analisada por ensaios in vitro, através

de hidrólise química, em plasma e em presença de lipase pancreática, como

descrito por Scriba (1993).

Guílherme Costa Matsutaní

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos" de primaquina 6

Após absorção do monoéster derivado, o antimalárico poderá ser liberado

paulatinamente, prolongando a ação, diminuindo, em paralelo, a toxicidade. Esta

diminuição da toxicidade deve-se ao fato de que com a diminuição da

metabolização causada pelo espaçante, ocorrerá também a diminuição da

formação de compostos tóxicos.

Os compostos obtidos serão ensaiados em malária experimental em

camundongos infectados com P. berghei.

A obtenção dos transportadores diglicerídicos foi otimizada em nosso

grupo de pesquisa, propondo-se rota sintética de menos passos (Sanai, Ferreira,

2000), representando vantagens em relação àquelas propostas na literatura

(Lambert, 2000; Scriba, Lambert, Poupaert, 1995; Scriba, 1993).

Espera-se que o compostos finais apresentem maior biodisponibilidade,

maior tempo de meia-vida e, principalmente, menor toxicidade que a primaquina.

A figura 2 mostra os pró-fármacos de primaquina pretendidos:

,...o~

R-{ O O '("'ti"YR.À('-"yNH

R~ H

O

R = palmítico = C H R'= -CH2-CH2- succinil15 32

esteãrico= C17

H20

-CH=CH- maleU

decanólco= C,H2• d ftalil

Figura 2: Pró-fármacos "triglicerídicos" de primaquina

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "trigliçerídicos" de primaquina 7

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 MALÁRIA

A palavra malária é de origem italiana e significa "Mal ar" (Ferreira, 1982),

pois, inicialmente, se acreditava que a doença estava ligada às águas paradas e

aos insetos oriundos destas águas. Esta teoria foi confirmada por Meckel no início

do século XIX, quando conseguiu visualizar pela primeira vez o agente causador

da parasitose. Em 1878, Laveram classificou o parasito como Oscil/aria malariae,

posteriormente classificado como Plasmodium fa/ciparum.

Acredita-se que esta doença foi responsável pela derrocada de exércitos

e até mesmo impérios, como por exemplo o império romano (Ferreira, 1982).

Estudos mostram que esta doença propagou-se principalmente durante

as grandes guerras mundiais, nas quais as condições sanitárias eram as piores

possíveis e os soldados tornavam-se grande transmissores da doença (Ferreira

1982).

3.1.1 Distribuição geográfica

A malária apresenta sua maior concentração nos trópicos, onde a

temperatura encontra-se entre 20 e 30 ·C e a umidade é alta. Esta temperatura e

a umidade favorecem a multiplicação do anofelinos, transmissores da parasitose

(Ferreira, 1982; RoII Back Malaria, 2002).

Na África, principalmente na região sub-saariana, encontram-se os

maiores focos da doença em razão de que não s6 o clima favorece a transmissão

da doença, mas também as condições econômicas e sociais (Malaria Foundation

International, 2002; RolI Back Malaria, 2002).

Guilherme Costa Maisutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos" de primaquina 8

Outras regiões como a Ásia e o Oriente médio também se apresentam

como áreas de risco para a contaminação pela parasitose.

O mapa (Figura 3) a seguir mostra a distribuição mundial das áreas de

risco da malária.

_~"'"

"

"

_ Alto Risco

6 Risco Moderado

Baixo Risco

"

0 0

4) .

"t <>... o, oJ'. <> o

~E~~.o- 7J'

(),o ó?~

.,

Figura 3: Distribuição mundial das áreas de risco de infecção por malária.

Fonte: RolI Back Malária-WHO, 2002

Em 2000, no Brasil, foram registrados 610.878 novos casos de malária,

indicando que houve aumento no número de novos casos em relação ao ano de

1999, em que se registraram 609.504 casos (Funasa, 2002).

A maioria dos casos de contágio encontra-se nas regiões Norte e Centro­

Oeste do País, especialmente na região conhecida como Amazônia Legal, que

envolve os estados do Acre, Amapá, Amazônia, a porção oeste do Maranhão,

Mato Grosso, Tocantins, Pará, Rondônia, Roraima. A figura 4 mostra as principais

áreas de risco de contaminação pela malária no Brasil.

Guilherme Costa Matsutani B I 'J •• • ••

Faculdade de Ciências FarmacéuticasUniversidade de São Paulo

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos" de primaquina 9

Figura 4: Distribuição das áreas de risco de malária no Brasil.

Fonte: RolI Back Malaria, 2002

Duas espécies de plasmódio predominam como agentes causadores da

malária no Brasil, o P. vivax e o P. falciparum, sendo que o primeiro vem

aumentando sua ocorrência, como pode ser observado na figura 5.

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 10

700 ' ,

600 11-------·

500

4001 ~ "Y •• ,'

300

200' ~ --

100

o~nnN~~a~MM.~••~~~.~~.~N"01

-POSI"IWAS -IW..ClPARUM -VlVAX

RlN1E:CEMt~'-IWIA

Figura 5: Infestações por malária no Brasil por P. vívax X P. fa/cíparum.

Fonte: Sucam/Funasa 2002. Disponível na internet em www.funasa.gov.br

3.1.2 Espécies de Plasmódios (Di Santi, Boulos, 2000)

Existem quatro tipos de plasmódios capazes de transmitir a malária aos

seres humanos:

P/asmodium fa/ciparum: responsável pela febre terçã maligna, malária

grave e malária cerebral. É o agente responsável pela maioria das

mortes relacionadas à malária.

P/asmodium vivax: responsável pela febre terçã benigna. Encontra-se

em todas as regiões onde a malária é endêmica. Pode aparecer na

forma mista com a malária causada pelo P. fa/cíparum.

P/asmodium ma/ariae: parece ser o tipo mais antigo de plasmódio das

quatro espécies causadoras da malária. É responsável pela febre

quartã.

P/asmodium ova/e: é o mais raro dos quatro tipos de plasmódios, sendo

encontrado na África tropical. Apresenta um tipo diferente de febre terçã

Guilherme Costa Matsutani

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benigna, similar à apresentada pelo P. vivax, porém com sintomas mais

brandos e de mais fácil tratamento.

Deve-se ressaltar que esta classificação terçã e quartã é relativa aos

períodos de 48 e 72 horas, que correspondem ao momento em que o plasmódio

promove a lise dos eritrócitos. No entanto, esta classificação é meramente

didática, uma vez que o número de infestações e de gerações pode promover

febre contínua no paciente.

3.1.3 Ciclo biológico do parasito

o parasito da malária desenvolve-se no homem, hospedeiro invertebrado,

no qual ocorre a fase assexuada do ciclo - esquizogonia pré-eritrocítica hepática e

esquizogonia eritrocítica -, e no mosquito vetor, em que se desenvolve a fase

sexuada - esporogonia (Di Santi, Boulos, 2000).

No homem, o ciclo biológico inicia com a injeção de esporozoítos na

corrente sangüínea através da picada do mosquito infectado. Os esporozoítos

invadem os hepatócitos pela secreção de enzimas proteolíticas encontradas na

porção anterior, denominada taça apical. Tais enzimas facilitam a invasão dos

hepatócitos. Nestes, inicia-se a fase de esquizogonia tecidual, com a produção de

merozoítos a partir de esquizontes teciduais evoluídos dos esporozoítos, que,

após romperem a célula infectada, caem na corrente sangüínea, infectando

eritrócitos. Esta fase é conhecida como período pré-eritrocítico da malária.

A fase pré-eritrocítica dura sete dias no Plasmodium falciparum e P. vivax,

nove dias no P. ovale e treze a dezesseis dias, no P. malariae. O número de

merozoítos liberados por esquizonte tecidual hepático é de cerca de 40.000, no P.

falciparum, 10.000, no P. vivax, 15.000, no P. ovale e 2.000, no P. malariae (Di

Santi, Boulos, 2000).

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos" de primaquina 12

Os merozoítos liberados dos merócitos de células hepáticas após a

esquizogonia tecidual invadem eritrócitos, transformando-se em trofozoítos jovens.

A seguir, estes se transformam em trofozoítos maduros ou amebóides e, por

esquizogonia, se transformam em esquizontes, que darão origem a novos

merozoítos, liberados no sangue. Os merozoítos podem parasitar novas hemácias

ou se diferenciar em gametócitos: macro e microgametócitos (Di Santi, Boulos,

2000).

A esquizogonia sangüínea ocorre em períodos diferenciados, segundo a

espécie do parasito, sendo de 24 horas, nos casos de P. vivax, P. ovale e P.

falciparum, e de 72 horas, em se tratando de P. malariae (Di Santi, Boulos, 2000).

O ciclo esporogônico tem início com a ingestão de micro e

macrogametócitos pela fêmea do mosquito anofelino durante a hematofagia. No

estômago do mosquito, o microgametócito gera, por extlagelação, em média, oito

microgametas. Estes, em constante agitação, rompem a parede do corpo residual

do microgameta ganhando a luz estomacal do inseto à procura de macrogametas.

Os macrogametócitos variam estruturalmente: de um a dois corpos polares se

desenvolvem, formando os macrogametas (Di Santi, Boulos, 2000).

Após a união com o microgametócito, há fusão dos núcleos, gerando o

oocineto, que se move intensamente para se encistar na parede do estômago do

inseto; com isto, há formação do oocisto ou zigoto. Os esporozoítos são formados

por meiose, a partir dos esporoblastos, e são liberados gradualmente do oocisto

por perfurações nas células da parede do mesmo (Di Santi, Boulos, 2000).

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos" de primaquina 13

Estes ganham a hemolinfa, invadindo as vísceras do inseto, incluindo as

glândulas salivares, alcançando logo após o duto salivar, de onde inicíam o ciclo

após nova hematofagia (figura 6)

oelg,oo .t:::~g..~ oE E

~

Merozoítos

endotélio

Figura 6: Ciclo biológico do parasita.

Fonte: Adaptado de Miller et aI., 2002

o projeto genoma do Plasmodium falciparum, desenvolvido através dos

esforços de um conjunto internacional de grupos de pesquisadores que têm como

participantes The Institute for Genomic Research, The Welcome Trust Sanger

Institute, Stanford Genome Technology Center, Liverpool School of Tropical

Medicine, entre outros, trouxe informações importantes a respeito do ciclo

biológico do agente causador e patogenia da malária (Miller et al.,2000).

Uma das constatações mais importantes diz respeito à fase sangüínea do

ciclo do P. falciparum, mais especificamente a fase intra-eritrocitária. No interior do

eritrócito, o plasmódio, por meio dos genes das famílias VAR (Variant antigen),

. RIF (Repeat Interspeed Family), STEVOR (Subtelomeric Variant Open Reading

Guílherme Costa Matsutani

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Frame) e CLAG (Citoadhesive Linked Asexual Stage Gene), produz proteínas que

modificam a membrana do eritrócito infectado, promovendo o fenômeno da

citoaderência, em que ocorre a adesão do eritrócito infectado à parede do vaso

sangüíneo (Miller ef aI., 2002; Nogueira, Wunderlich, Silva 2001; Craig, Scherf,

2001; Bowman, Horrocks, 2000) . Este processo é importante para o ciclo de vida

do plasmódio, pois evita que o eritrócito infectado sofra degradação pelo baço e

sistema imune. Esta adesão ainda tem uma segunda função, a de dar tempo para

que ocorra a maturação e liberação do trofozoítos.

Como mencIonado anteriormente, é necessário que o plasmódio no interior

do eritrócito produza proteínas que modifiquem a membrana dessa célula e ocorra

a citoadesão. Estas proteínas produzidas pelos genes da família VAR são

conhecidas como Pfemp (Plasmodium falciparum erifhrocyte membrane protein ­

Proteína de membrana eritrocítica do Plasmodium falciparum). As Pfemp são

diferenciadas em Pfemp-1, Pfemp-2 e Pfemp-3, com funções diferenciadas. A

Pfemp-2 e a Pfemp-3 promovem a formação de estruturas conhecidas como

knobs (figura 7) (Miller ef aI. ,2000).

Guilherme Costa Matsutani

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~_::/''-- ~ veAM-1

E-selectin~ >TSP ç

espectrina

ankirinaBanda 3modificada

B3Célulainfec

EndotélioFigura 7: Proteínas de membrana responsáveis pela adesão e seus

respectivos receptores.

Fonte: Adaptado de: Malaria parasite metabolic pathways sites.hujLac.illmalarial

maps/PfEMP1.html. [acessado em agosto de 2002]

Estas estruturas atuam como suporte para a Pfemp-1, proteína diretamente

responsável pela citoadesão. A C/ag 9, proteína expressa pelos genes da família

clag e localizados na porção subtelomérica do cromossomo 9 do plasmódio,

também exerce função semelhante no fenômeno de citoadesão (Miller et ai., 2002;

Craig, Scherf, 2001; Bowman, Horrocks, 2000).

Guilherme Costa Matsutani

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Tanto a Pfemp-1 como a C/ag 9 realizam a fixação do eritrócito infectado

ao endotélio, ligando-se a receptores específicos. Entre estes receptores o CD36

realiza papel fundamental, sendo o principal ponto de interação entre o endotélio e

as proteínas de adesão. No cérebro os receptores do tipo KHARP (Knob

Associated Hystidine Rich Protein) exercem igual papel, agravando os casos de

malária cerebral. Em contrapartida, a fixação na placenta ocorre através dos

receptores CSA e do ácido hialurônico. A Figura 6 mostra as proteínas de

membrana e seus respectivos receptores.

Outro fenômeno desvendado pelo seqüenciamento do genoma do

plasmódio foi a formação de rosetas. As rosetas, agregados de células

sangüíneas infectadas semelhantes a pequenos trombos, são formadas através

da expressão dos genes das famílias RIF e STEVOR, juntamente com a família

VAR. De maneira similar à citoadesão, as rosetas formam-se através da ligação

das proteínas rifins e stevor, juntamente com a Pfemp-1, a diversos tipos de

receptores.

3.1.4 Patogenia

Entre as espécies de P/asmodium, somente o P. fa/ciparum leva o paciente

a quadro fatal, além de envolver cepas extremamente resistentes aos fármacos

usuais.

Para a caracterização da patologia malárica, devem ser destacados três

elementos principais: febre, acesso malárico e anemia. O acesso malárico, que

corresponde à fase de esquizogonia sangüínea, é caracterizado por febre intensa,

que se prolonga por períodos de tempo característicos (dias), dependendo da

espécie do parasito, culminando com calafrio, calor e suor. O paciente, apesar da

febre, sente calafrios por trinta minutos e começa, então, a sensação de calor

intenso e a febre pode alcançar 41°C, assim permanecendo por duas horas,

Guilhenne Costa Matsutani

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quando começa a ceder. A periodicidade dos acessos é intimamente determinada

pela espécie do parasito, sendo de 48 horas, em P. vivax e P. falciparum, e 72

horas, no P. malariae (Di Santi, Boulos, 2000; Miller et al.,2000).

A anemia é provocada por três fatores principais: destruição das hemácias

após as esquizogonias, e destruição de hemácias infectadas e sadias no baço,

devido à formação de auto-anticorpos por antígenos aderidos à superfície das

hemáceas, que não são reconhecidas pelo organismo. Além da anóxia vísceral

provocada pela anemia, os complexos antígeno-anticorpo dificultam o fluxo

sangüíneo, pela aderência dos mesmos na parede vascular. É o que se conhece

por marginação eritrocitária, que pode culminar com o edema, anóxia, necrose e

morte do paciente, principalmente em infecções de P. falciparum (Di Santi, Boulos,

2000; Miller et al.,2000).

Nas infecções por P. falciparum, alguns fatores indicam prognóstico

desfavorável ao paciente, entre eles: alta parasitemia, febre prolongada, icterícia,

redução do volume urinário, desorientação e hemorragia.

A evolução da infecção, em geral, depende da cepa do Plasmodium, da

existência de parasitos resistentes e se o paciente já foi infectado anteriormente

ou não. Há casos em que a evolução conduz a quadro de malária grave, tais como

hemorragia, edema cerebral e pulmonar, insuficiência renal aguda, entre outros.

3.1.5 Quimioterapia da Malária

3.1.5.1 Histórico

A droga chinesa Ch'ang Shang, descrita no "Livro das Ervas",foi o primeiro

indício da terapia da malária. Esta droga consistia na raiz pulverizada da planta

Dichroa febrifuga, utilizada para atenuar os sintomas da malária e febres

análogas. Posteriormente, verificou-se a presença do alcalóide febrifugina

(Ferreira, 1982).

Guilherme Costa Matsutani

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Um passo de extrema importância para a terapêutica da malária foi o

isolamento da quinina no início do século 19. Costuma-se dizer que este alcalóide

da Cinchona é a substância que mais contribuiu para amenizar o sofrimento da

humanidade, sendo largamente aplicada na terapêutica da malár~, inclusive na

forma de chá de quina. Devido- à dmculdade em sintettzar esta substância e ao- seu

alto- custo, este- chá de- quina- foi empregado- durante várias décadas (Casteel,

1997}.

Em 1891, l::hrlich e Guttmann atribuíram a atividade antimalárica ao cloreto

de metíltionínio. Esta descoberta teve grande importância na terapêutica da

malária, pois esta -estrutura serviu de .precursorpara -o primeiro -antimalárico

-sintético, -a -pamaquina, obtido-em 1-924. Posteriormente, MiefzcheMau55

sintetizaram a mepacrina, igualmentepotente-(Ferreira, -1-982).

Durante a segunda guerra mundiêil -houve intenso programa de

oesenvólvimento de antimalaricos, resúltando na síntese de 130.000 a 140.000

novas entidades químicas, algumas delas utilizadas até os dias de hoje. Pode-se

citar como exemplo primaquina e a mais utilizada de todas, a cloroquina (Casteel,

1997).

Novamente devido a uma guerra foi criado outro programa de

desenvolvimento de antimaláricos. Desta vez os responsáveis foram os

americanos, que investiram intensamente na pesquisa de novas substâncias com

atividade antimalárica. Foram analisadas aproximadamente 250.000 moléculas

afim de proteger os soldados na campanha do Vietnã. Resultado positivo foi a

descoberta da mefloquina, fármaco promissor na luta antimalárica (Ferreira, 1982).

Na década de 70 pesquisadores chineses isolaram a artemisinina da

Artemisia annua. Esta molécula apresenta alta atividade antimaiárica inclusive

contra cepas cloroquina-resistentes de P. falciparum (Ferreira, 2002).

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de prá-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 19

Mais recentemente, no final da década de 1980, foram, ainda, introduzidas

halofantrina e atovaquona (Ferreira, 2002).

Embora exista número grande de moléculas ainda se buscam fármacos que

combinem eficácia e segurança na terapêutica da malária e que, também,

combatam cepas resistentes do plasmódio (Ferreira, 2002).

3.1.5.2 Classificação da Terapêutica (Williams, Lemke, 2002; Ferreira,

1982)

Os quimioterápicos antimaláricos podem ser classificados quanto_à ação. no.

ciclo bímógico e quanto à classe química (Williams, Lemke, 2002; Ferreira, 1982}.

3.1.5.2.1 Classificação quanto à ação no ciclo biológico

Esta classificação baseia-se na ação em diferentes estágios de

desenvolvimento do plasmódio. Segundo ela, os antimaláricos podem ser:

Esquizonficidas sangüíneos: são fármacos que atuam sobre a fase eritrocítica

do plasmódio. Nesta fase encontra-se a maior parte dos antimaláricos, uma

vez que é mais fácil o tratamento no sangue. Os esquizonticidas sangüíneos

podem ser divididos segundo··crtempo- necessário para exercerem a sua ação.

Antimaláricos como cloroquina, quinina e mefloquina e outros com natureza

alcaloídica, como também os derivados endoperóxidos, .apresentam ação

rápida. Já os fármacos das classes dos antifolatos, pirimetamina e

trimetroprima, e antibióticos, como a tetracidina, necessitam de maior tempo.

para e-xercer sua ação- e, p0f isso, devem- ser administraoos-am--associação.·

aos-pFimeir-os:

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláticos Pbtenicais: Planejamento e Síntese de prá-fámiacos "trigliceridicos"de primaquina 20

Esquizonticidas teciduais: atuam sobre as formas teciduais primárias do

plasmódio existentes no hepatócito, evitando a ocorrência do estágio

eritrocítico e posterior transmissão da parasitemia. Esta classe de fármacos.

tem como- exemplo- a· primaqu~na. e o..pmguanil.. Devido· à· sua· alta· toxjddade, a­

PF~maqu~n-a tem seu uso- festr-~to~

Gametociticidas: fámacos que atuam sobre a forma sexuada do plasmódio.

Estes antimaláricos destroem os gametócitos, impedindo a transmissão para o

hospedeiro invertebrado, o mosquito anofelino. São exemplos cloroquina

primaquina e quinocida.

Esporonticidas: atuam sobre a forma infectante do parasita, impedindo a

esporogonia no hospedeiro vertebrado. Clorguanil e pirimetamina são

exemplos de esporonticictas.

Quanto ao efeito provocado, os antimaláricos podem apresentar três

efeitos: cura clínica: alívio dos sintomas sem a eliminação total dos parasitas; cura

radical: eliminação completa do parasita, tanto na fase eritrocítica como na fase

hepática; efeito quimioprofi/ático: destruição dos esquizontes teciduais primários

ou dos esquizontes à medida que são liberados do tecido para a corrente

sangüínea.

3.1.5.2.2 Classificação Química (Woster, 2003; Williams, Lemke, 2002; Ferreira

2002; Casteel, 1993; Gilles, 1987; Ferreira, 1982)

De acordo com a estrutura química, os antimaláricos, podem ser divididos

em:

Guilherme Costa Matsutani

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4-quinolinometanóis

Os principais representantes dos 4-quinolinometanóis são os alcalóides da

quina. Estes alcalóides já eram utilizados pelos peruanos, sob a forma de chá da

planta, muito antes da chegada dos europeus na América. A quinina, principal

alcalóide encontrado na Cinchona sp, apresenta alta dificuldade e alto custo em

ser sintetizada. Portanto, até os dias de hoje, em regiões de extrema pobreza

ainda se toma o chá da planta, ou se realiza-se a extração do alcalóide (Woster,

2003; Williams, Lemke, 2002; Ferreira 2002; Ferreira, 1982).

Os compostos desta classe apresentam estruturalmente um anel

quinolínico substituído na posição 4 por um grupo carbinólico. Estes compostos

apresentam na sua cadeia lateral núcleos quínuclidínico ou piperidínico (Williams,

Lemke, 2002; Casteel, 1993; Ferreira, 1982).

A principal representante desta classe é a quinina. Esta molécula apresenta

na sua cadeia lateral quatro centros quirais, sendo que os encontrados nas

posições 8 e 9 são responsáveis pelo aumento ou diminuição da atividade

antimalárica de acordo com sua configuração. A quinina apresenta configuração

(-)-88 e 9R e a quinidina é o isômero (-)-8R e 98, duas a três vezes mais ativo que

a quinina. A cinchonina e a cinchonidina apresentam a configuração (+)-8R e 98

e (+)-88 e 9R, respectivamente, sendo a cinchonina mais ativa que a cinchonidina.

A figura 8 mostra as estruturas dos quinolinometanóis derivados da quinina.

R1 ~I~N

R1= - OCH 3; R2= -CHT CH2; (-) as, 9R quinina

R1= - OCH 3; R2= -CHT CH2; (-) aR, 9S quinidina

R1=-H; R2=-CH2-CH2; (-) aR, 9S cinchonina

R1=-H; R2=-CHT CH2; (-) as, 9R cinchonidina

Figura 8: Estruturas dos 4-quinolinometanóis derivados da quinina.

Guilherme Costa Matsutani

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Quanto à relação estrutura-atividade dos 4-quinolinometanóis, deve-se

destacar que nas posições 2 e 8 o grupamento trifluormetílico promove aumento

da meia-vida. A hidroxila na posição 9 deve ser mantida, pois a oxidação desta

leva à perda de atividade. Na posição 6 do anel quinolínico (R1), há aumento de

atividade quando se mantém o grupamento metoxila (Casteel, 1993; Korolkovas,

1982).

Acredita-se que o mecanismo de ação da quinina esteja relacionado com a

inibição da formação de hemozoína, resultado da destoxificação do parasita.

Embora estes fármacos tenham sido largamente empregados na

terapêutica, com o surgimento de novos agentes quimioterápicos mais potentes,

juntamente com o fato de que a dose terapêutica é muito próxima da tóxica, a

quinina e seus derivados tiveram o seu uso restringido para cepas resistentes à

cloroquina, quando em associação com as tetraciclinas.

4-aminoquinolinas

As 4-aminoquinolinas foram introduzidas durante a segunda guerra

mundial. A principal molécula representante desta classe é a cloroquina. Devido à

sua alta eficácia e baixa toxicidade a cloroquina foi largamente empregada na

terapêutica da malária. Durante a década de 1950, no Brasil, o sal de cloroquina

passou a ser incorporado ao sal de cozinha, a fim de promover a profilaxia da

parasitose. Esta prática promoveu o surgimento de cepas de P. falciparum

resistentes à cloroquina (Williams, Lemke, 2002; Casteel, 1993; Ferreira, 1982;

Korolkovas, 1982).

A cloroquina apresenta atividade como esquizonticida sangüíneo e, em

casos de cepas sensíveis, promove cura radical.

Guilherme Costa Matsutani

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Quanto às suas características estruturais, as 4-aminoquinolinas clássicas

apresentam anel quinolínico, substituído na posição 4 por nitrogênio amínico

secundário, ligado a cadeia lateral que mantenha distância de 4 carbonos entre o

nitrogênio secundário e o nitrogênio terciário terminal. Substituições nas posições

2 e 8 do anel quinolínico promovem a diminuição da atividade antimalárica. A

diminuição da flexibilidade da cadeia lateral através da introdução de anel

aromático promove o aumento da atividade e da toxicidade. No nitrogênio

terciário, a substituição de um dos grupos etila por hidroximetilleva à molécula da

hidroxicloroquina, com potência semelhante à da cloroquina e com atividade anti­

reumática. A figura 9 mostra a estrutura da cloroquina.

HN~C~!CI~NJ

Figura 9: Estrutura da cloroquina.

o mecanismo de ação das 4-aminoquinolinas ainda não foi bem elucidado,

porém existem três hipóteses: intercalação entre as bases de DNA; inibição da

formação da hemozoína e alcalinização do vacúolo digestivo (CasteeJ, 1993;

Korolkovas; 1982.)

Na hipótese da intercalação entre as bases de DNA a cloroquina se

intercala entre as bases nitrogeadas, impedindo a transcrição de ácidos nucléicos.

o segundo mecanismo proposto consiste na inibição da formação da

hemozoína e é o mecanismo mais aceito. A hemozoína, também conhecida como

pigmento malárico, é produto da digestão das hemácias consumidas pelo

parasitas. Este pigmento é responsável pela destoxificação do ferro do grupo

heme na forma de ferriprotoporfirina. No processo de formação do pigmento, a

ferriprotoporfirina é convertida em hemozoína, a qual não apresenta toxicidade

Guilherme Costa Matsutani

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para o parasita. No mecanismo de ação proposto, a c1oroquina liga-se à

ferriprotoporfirina, formando complexo tóxico ao parasita e também impedindo a

polimerização do grupo heme, que geraria a hemozoína (Casteel 1993;

Korolkovas, 1982 Ferreira 1982).

o terceiro mecanismo proposto, o da alcalinização do vacúolo digestivo,

sugere que o caráter dibásico da cloroquina altere o pH, de 5,2, no interior dessa

organela, impedindo, assim, que as enzimas envolvidas na digestão da hemácia

exerçam sua atividade (Casteel, 1993; Korolkovas 1982, Ferreira 1982).

Fenantrenometanóis

A classe dos fenantrenometanóis foi descoberta também durante a segunda

guerra mundial. Inicialmente, dois fármacos foram os iniciais para esta classe:

WR 33,063 e WR 122,455, sendo que ambos apresentavam boa atividade para

cepas resistentes à cloroquina. O terceiro a ser sintetizado e principal

representante desta classe foi a halofantrina. Este fármaco apresenta-se como

esquizonticida sangüíneo, especialmente nos estágios mais maduros do

plasmódio (Williams, Lemke, 2002; Casteel, 1993).

A estrutura da halofantrina é composta por um sistema 9-fenantreno

substituído com cadeia lateral contendo o grupo dibutilaminopropanol, o qual

parece ser o substituinte ideal para a melhor atividade biológica (Casteel, 1993).

A figura 10 mostra a estrutura dos fenantrenometanóis.

Guilherme Costa Matsutani

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~N

F3C

CF3

WR 122455

F3C

HO

WR 33063

I~

CI

CI

halofantrinaFigura 10: 9-Fenantrenometanóis.

No início da década de 1980, pesquisadores da Academia de Ciências

Médicas da China introduziram na terapêutica a combinação da lumefantrina, um

análogo dos fenantrenometanóis, com o artemeter. Esta associação foi

aproveitada pela empresa Novartis, a qual introduziu no mercado a associação

sob a marca Coartem ®. A figura 11 mostra a estrutura da lumefantrina.

Guilherme Costa Matsutani /'# BIBL\Otf\J/'(faculdade de Ciências ~arrnacêu\\Cal

Ul\i~els\dade de Sào paulo

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "trigliceridicos" de primaquina 26

N~

~CI

CIFigura 11: lumefantrina.

Quanto ao mecanismo de ação desta classe de compostos, este

assemelha-se ao das 4-aminoquinolinas, interagindo com a ferriprotoporfirina IX,

impedindo a formação da hemozoína (Casteel, 1993).

Sultonas e suHonamidas

Com a descoberta da atividade antimalárica da sulfanilamida, diversos

derivados foram testados com a finalidade de encontrar novos antimaláricos

destas classes.

Entre estes analisados, dois destacaram-se: a sulfadoxina e o

sulfametoxipiridazina. Estudos baseados nestes compostos levaram à utilização

da dapsona como antimalárico. Também, podem-se citar como exemplos desta

classe sulfametoxazol e sulfizoxazol (Williams, Lemke 2002; Casteel, 1993).

Estes compostos apresentam atividade antimalárica devido à sua

capacidade de inibir a diidropteroato sintase parasitária, enzima envolvida em

uma das etapas de biossíntese de ácido fólico, essencial para o parasita. Estes

compostos concorrem com o ácido p-aminobenzóico - PABA -- pelo sítio ativo da

enzima. Esta classe de compostos apresenta melhor desempenho no combate da

malária, quando combinada com outros antifolatos que atuam em outra enzima da

Guilherme Costa Matsutani

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biossíntese de ácido fólico, ou seja, inibindo a diidrofolato redutase (Korolkovas

1982).

Atualmente, estes compostos são recomendados apenas em regiões onde

há resistência do P. falciparum à cloroquina (Williams, Lemke 2002).

A figura 12 mostra as estruturas das sulfonas e sulfonamidas.

-o- N~H2N ~!J S02NH~N

sulfametoxipiridazina ?

~ N~H2N~S02NH~

O 0-sulfadoxina I

H2N\) S02 () NH2

dapsona

OH2N~S02NH~

sUlfametoxaz0-f('

-O- f IH2N ~ fi S02NH O.-N

sulfisoxazol

Figura 12: Estruturas das sulfonamidas e sulfonas antimaláricas.

Biguanidas e Triazinas

o principal representante desta classe é o proguanil. Este composto,

introduzido na década de 1940, apresenta atividade esporonticida e também

esquizonticida tecidual, podendo ser utilizado como agente profilático (Ferreira,

1982).

Após 20 anos da descoberta da atividade antimalárica do proguanil,

descobriu-se que a forma ativa deste composto é a sua forma cíclica, o cicloguanil

(Ferreira, 1982).

Guilherme Costa Matsutani

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Estudos de relação estrutura-atividade mostram que a adição de átomos de

cloro no anel aromático melhora a atividade antimalárica. A figura 13 mostra as

estruturas das biguanidas e triazinas.

CI

ICIQ CiOI ~ NH NH I ~ NH NH

--7 NHJl.NHJl.NH~ d- NHJl.NHJl.NH~clorproguanil

proguanil

CI~ cicloguanila

~N/'-.-NA NA NH2H2N

Figura 13: Biguanidas e triazinas.

o mecanismo de ação destes compostos consiste na inibição da enzima

diidrofolato redutase, bloqueando a biossíntese de pirimidinas.

2,4-diaminopirimidinas

A pirimetamina e a trimetoprima são os dois principais fármacos da classe

das 2,4-diaminopirirmidinas. A pirimetamina foi desenvolvida em 1950, como

antagonista do ácido fólico para emprego como agente antitumoral (Ferreira,

1982).

Esta classe apresenta alta similaridade estrutural com cicloguanil e igual

mecanismo de ação. Sua potência é maior que a do proguanil, provavelmente por

não necessitar biotransformação (Korolkovas, 1982).

A figura 14 apresenta as estruturas de trimetoprima e pirimetamina.

Guilherme Costa Matsutani

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o"""'"

0 ..........

NH2

H2NIíN~

N~ #'

CI .........0pirimetamina trimetoorima

NH2

H2NIíN~

N~ #'

Figura 14: Estruturas da pirimetamina e trimetroprima.

Acridinas

As acridinas foram introduzidas na terapêutica nos anos 1930, com o

desenvolvimento de mepacrina. Este fármaco foi largamente utilizado na segunda

guerra mundial, porém atualmente é considerado obsoleto na terapêutica da

malária. Esta molécula apresenta atividade de esquizonticida sanguínea de ação

rápida, além de ser gametociticida (Williams, Lemke, 1982; Casteel, 1993).

A associação da f10xacrina e da pironaridina vem sendo utilizada como

esquizonticida sangüíneo. A figura 15 mostra as estruturas das acridinas.

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CICI

0-

7H(

~N'-../

mepacrina

HN

pironaridina

o"""'"

oo o

f10xacrina

CF3

Figura15: Estruturas das acridinas e derivados.

Nattoquinonas

A atovaquona é o protótipo das 1,4-naftoquinonas. Esta molécula é

comercializada sob a marca MALARONE @, pela empresa GLAXO-SMITHKLlNE,

em associação com o proguanil (Williams, Lemke, 2002).

Quando administrada na forma de monoterapia, a atovaquona apresenta

alto índice de resistência -- 1 em 3 pacientes apresentam formas resistentes do

parasita. Em compensação, quando administrada combinada com o proguanil, a

cura passa a ser total (Olliaro, 2001) .

Acredita-se que este alto índice de resistência esteja relacionado com a alta

Iipofilicidade da molécula, a qual expõe o parasita a baixas concentrações do

fármaco por longo tempo.

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A figura 16 mostra a estrutura da atovaquona.

o

CI

OH

OFigura 16: Atovaquona.

A atovaquona atua sobre a cadeia de transporte de elétrons, inibindo,

assim, a coenzima Q e, com isto, a biossíntese de timidina é bloqueada (Williams,

Lemke, 2002; ülliara, 2001) .

Antibióticos e Outros Antibacterianos

Alguns antibióticos podem ser utilizados na terapêutica da malária. Embora

estes compostos não sejam os mais eficazes antimaláricos, seu uso vem sendo

reconsiderado, devido ao surgimento das cepas resistentes.

Entre os antibióticos mais utilizados na terapêutica da malária podem-se

citar a tetraciclina, a doxiciclina, a clindamicina e a azitromicina. Estes antibióticos

são utilizados em associação com outros antimaláricos como a artemisinina e

derivados quinolínicos.

Estudos mais recentes têm mostrado que fluorquinolonas como o

ciprofloxacino e o norfloxacino podem apresentar atividade antimalárica, porém

são necessários estudos mais detalhados.

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Arlemisinina e derivados contendo "ponte endoperóxido" (Meshinick, 2002;

Robert; Benoit-vical, Oechy-Cabaret, 2001)

Os chineses vêm, há muito tempo, utilizando o chá da planta Arlemisia

annua para o tratamento de febre. Na década de 1970, foi isolada da planta a

artemisinina (figura 17).

H ~H3

H3C

oFigura 17: Artemisinina.

A artemisinina apresenta alta atividade antimalárica, inclusive contra cepas

resistentes do plasmódio.

Estruturalmente a artemisinina e seus derivados são lactonas

sesquiterpênicas apresentando uma ponte endoperóxido, à qual se credita sua

atividade antimalárica.

Estudos mostram que esta ponte endoperóxido liga-se ao ferro proveniente

do grupo heme, levando à formação de radicais livres, promovendo lesões nos

lipídios de membrana e impedindo a formação de proteínas essenciais ao

parasita.

O estudo realizado por Robert e colaboradores, em 2001, utilizou

manganês para averiguar o provável mecanismo de ação da artemisinina. A figura

Guilherme Costa Matsutani

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18 mostra o modelo para o mecanismo de ação da atemisinina e seus derivados

resultante desse estudo.

°R1

0-b'H o-{ .",HIr 1 '6 M.f 11'j'S5

~~ sCH \ 6CH2

N .r 2 j:t 4\- l' 4CH2 --- I CH2~ 21~H --q;'J

3':'; .H

M+3TPP

M+2TPP~

.~~tH

~6?H2 transferência

1" tH2 • eletrônica~

~ H

Csaída do metal

H3C

o

Figura 18: Mecanismo de ação da artemisinina, Por-porfirina; TPP --o Fonte:

Robert; Benoit-vical, Dechy-Cabaret, 2001

Desde a descoberta da artemisinina muitos análogos foram desenvolvidos,

muitas vezes visando a simplificações moleculares e muitas vezes ao equilíbrio de

sua Iipofilicidade.

Uma característica apresentada pela artemisinina é a sua altalipofilicidade,

o que prejudica sua absorção. Diversos pró-fármacos foram sintetizados

buscando-se diminuir a Iipofilicidade destes compostos. Os principais pró­

fármacos sintetizados encontram-se na figura 19:

Guilherme Costa Matsutani

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H3C

CH3H;

OR

R- H diidroartemisinina

R CH3 artemeter

R=CH2-CH3 arteter

R-COCH2CH2COONa artesunatosódico

R =CH2C6H5COOH ác. artelínico

Figura 19: Artemisinina e seus pró-fármacos .

Entre os exemplos de análogos que visam à simplificação molecular da

artemisinina, pode-se citar o artefleno. Este derivado encontra-se em fase clínica

de testes (Figura 20).

F3C

CF3Figura 20: Artefleno.

8-aminoquinolinas (Augusto, Schereiber, Mason, 1988; Mihaly et aI., 1984)

As 8-aminoquinolinas foram introduzidas na terapêutica, em 1925, com o

desenvolvimento da pamaquina, o protótipo da classe. Seu maior representante é

a primaquina. A primaquina apresenta sua maior atividade voltada para o P. vivax,

atuando principalmente na fase hepática do parasita, sendo o único fármaco ativo

contra os hipnozoítos, formas latentes do parasita, evitando recaídas da malária.

Guilherme Costa Matsutani

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Esta classe de antimaláricos apresenta anel quinolínico substituído na

posição 8 por um grupo amino ligado a cadeia alquílica lateral. Esta cadeia lateral

deve conter o grupo metilbutilamino, obedecendo a distância de 4 carbonos entre

os dois nitrogênios. Outra substituição importante para a atividade é a metoxila na

posição 6 do anel quinolínico.

Um impedimento para o uso da primaquina como antimalárico corrente na

terapêutica é a sua alta toxicidade. O efeito adverso mais grave causado pela

primaquina é a anemia hemolítca.

Diversas modificações foram realizadas em sua estrutura visando à

diminuição da toxicidade e melhoria de sua atividade. As modificações mais

importantes estão relacionadas ao aumento de lipofilicidade. Grupos alquílico.s e

anéis aromáticos são as principais substituições. Também são encontrados

grupos trifluormetílicos.

O composto WR 225448 vem apresentando boa atividade no estágio

exoeritrocítico do parasita, em dose eficaz muito menor que a da primaquína. Já o

derivado WR 238605 é ativo no estágio pré-eritrocítico, inclusive em cepas

cloroquina-resistentes. Este composto também mostra atividade contra

hipnozoítos e gametócitos.

A bulaquina vem sendo utilizada na índia, em associação com a cloroquina

e comercializada sob o nome Aabalquin. A figura 21 mostra as principais 8­

aminoquinolinas.

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/o~

1 ~N~,--"N~NH N

pamaquina

/o~

~N~

H2N~NH

primaquina

/0'ÇOH'N~: NA

quinocida

Q'CF3

/OWO

'- I"" "" /0O .Q .& w~

N O.........H,N NH .&' N

WR....... ~ étNH~NHWR 238605 O O I

bulaquina

Q'CF3

/OWOI ~ ~.Q .&

H,N~NH N

Figura 21: 8-Aminoquinolinas.

3.1.5.2.3 Primaquina

Como anteriormente mencionado. a primaquina foi um dos fármacos

desenvolvidos durante a segunda guerra mundial. Estudos posteriores mostram

que este fármaco também apresenta atividade antimalárica.

Esta 8-aminoquinolina apresenta atividade principal como esquizonticida

hepático, porém pode apresentar atividade como esquizonticida sangüíneo. Uma

característica importante da atividade da primaquina é a sua atividade contra

hipnozoítos. o que evita a recrudescência. (Williams. Lemke, 2002; Ferreira 2002;

Olliaro 2001; Casteel, 1993; Augusto, Schereiber, Mason. 1988; Mihaly et aI,

1984).

Devido à sua alta toxicidade. a primaquina não pode ser utilizada por

longos períodos, o que dificulta seu emprego na terapêutica. O principal efeito

Guilherme Costa Matsutani

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adverso é a hemólise intravascular. Acredita-se que a primaquina, quando

oxidada, leva à formação de radicais livres, os quais promovem a Iise celular. Esta

hipótese dos radicais livres também está relacionada com seu mecanismo de

ação. Por esta hipótese, a primaquina apresenta sua atividade devido à formação

de espécies reativas que atuam como radicais livres causando estresse oxidativo .

(Dua et aI, 2002; Williams, Lemke, 2002; Ferreira 2002; Casteel, 1993; Vásquez­

Vivar, Augusto, 1992; Augusto, Schereiber, Mason, 1988; Mihaly et aI, 1984;

Ferreira, 1982)

o estresse oxidativo causado pela primaquina está, provavelmente,

relacionado com o surgimento de metabólitos fenólicos, como a 6­

hidroxiprimaquina e a 5,6-diidroxiprimaquina, os quais posteriormente podem ser

oxidados a quinona-imina. Este derivado pode, através de redox-ciclização, gerar

espécies reativas de oxigênio. Estas espécies podem se ligar a biomoléculas, o

que, possivelmente, é responsável pela atividade antimalárica e pelos efeitos

adversos correspondentes (Vásquez-Vivar, Augusto, 1992; Augusto, Schereiber,

Mason, 1988) .

Pessoas que são deficientes na enzima glicose-fosfato-desidrogenase

(G6PD) apresentam maior suscetibilidade à hemólise causada pela primaquina. A

G6PD apresenta importante papel no processo redox eritrocitário. A G6PD

converte glicose-6-fosfato em 6-fosfoglico-cr-lactona, o que leva à conversão de

NADPH em NADPH+. O NADPH é utilizado pelo eritrócito para reduzir a forma

oxidada da glutationa. A glutationa reduzida atua como um tampão mantendo os

resíduos de cisteína da hemoglobina e de outras proteínas no estado reduzido.

Níveis reduzidos de G6PD resultam no excesso de NADPH, tornando os

ertirócitos especialmente suscetíveis a danos por oxidantes (Williams, Lemke,

2002; Ferreira 2002; Casteel, 1993; Vásquez-Vivar, Augusto, 1992; Augusto,

Schereiber, Mason, 1988; Mihaly et aI, 1984; Ferreira, 1982).

Guilherme Costa Matsufani

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Mihaly e colaboradores (1988) demonstraram que a primaquina sofre alta

biotransformação, sendo rapidamente convertida em seu principal metabólito, a

carboxiprimaquina. Devido à alta polaridade da carboxiprimaquina, a distribuição

torna-se restrita ao plasma, fazendo com que seja eliminada rapidamente (Mihaly

et aI., 1984).

A alta suscetibilidade da primaquina à biotransformação também é

responsável por sua alta toxicidade. O estudo da farmacocínética da primaquina

mostra que além da formação da carboxiprimaquina também são geradas as

espécies reativas responsáveis, de maneira ambígua, pela atividade e toxicidade.

A figura 22 mostra os metabólitos da primaquina.

HN

H2N~primaquina

o~o~

o HN

HO~b...car oXlprlmaquma

OHOHOH

HN HN

H2N~ H2N~6-hidroxiprimaquina 5, 6-hidroxiprimaquinaFigura 22: Primaquina e seus principais metabólitos.

A alta taxa de biotransformação da primaquina a torna séria candidata ao

uso de pró-fármacos que aumentem sua resistência metabólica e seu tempo de

meia-vida, conseqüentemente. Pró-fármacos de primaquina já vêm sendo

desenvolvidos e apresentando bom resultados. Vangapandu (2003) e

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colaboradores sintetizaram e avaliaram "travas trimetílicas" da primaquina, visando

à ação como esquizonticidas sangüíneos.

3.1.5.2.4 Quimioterapia e Resistência

A despeito da existência de agentes antimaláricos úteis e daqueles

potencialmente ativos, a prevalência de infecções resistentes e multi-resistentes a

fármacos diminui a eficácia de alternativas quimioprofiláticas e quimioterápicas

(Ferreira, 2002; Korolkovas, 2002; Greenwood, 1995; Ferreira, 1993; Foster, 1991;

Cowman, Foote 1990; Keystone, 1990; Korolkovas, 1988; Gilles, 1987; Bruce­

Chwat, 1986; Ferreira, 1982). Ainda que reversores da resistência à cloroquina

venham sendo ensaiados (Menezes et aI., 1997, 1999, 2002a,b; Srivastava,

Pandey, Bhaduri, 1995), a situação é grave, sobretudo no caso de infecções por

P. falciparum, nas quais tem-se registrado alta incidência de óbito. Mesmo

associações de quimioterápicos, concebidas com o intuito de se diminuir a

resistência, têm suscitado o aparecimento de cepas de plasmódios resistentes.

Ademais, a mefloquina, alternativa saudada como esperança, sobretudo à malária

resistente à cloroquina (Karbwang, 1990), vem suscitando o aparecimento de

resistência desde seu lançamento (Olliaro, 1996; Peters, 1995; Panisko, 1990),

sobretudo com o uso não racional. Também, a artemisinina (Olliaro, 1996;

Panisko, 1990), comercializada em alguns países, como a China, apresenta

problemas de biodisponibilidade, provocando recrudescência, especialmente na

forma de comprimidos. Pró-fármacos derivados deste antimalárico, entre eles o

arteter (Tripathi, 1996), vêm sendo experimentados.

A figura 23 mostra a distribuição mundial de resistência da malária aos

quimioterápicos.

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M.UJ.j,{lA lJllõUUIIUIIUN ,u,v 1U:l"UIULI1IlItl<U IUlIiJ"il.u<t-':E

•••lO:1.11")

ftKTó....... r

Figura 23: Distribuição mundial da malária resistente

Fonte:http://www.who.int

Como mencionado anteriormente, o P. falciparum apresenta característica

interessante e de extrema importância para o seu combate. A MDR (Multi-Drug

Resistance) ou multi-resistência a fármacos foi visualizada primeiramente em

células neoplásicas e consiste na capacidade que uma célula apresenta em

resistir à ação de diversos antineoplásicos de classes químicas e mecanismos de

ação distintos. (Olliaro, 2001).

Muitos são os mecanismos de resistência do plasmódio e tão importante

quanto conhecer o mecanismo de ação dos fármacos empregados é conhecer os

mecanismos de resistência aos mesmos.

As sulfas, antibacterianos utilizados na quimioterapia da malária, atuam

inibindo a enzima diidropteroato sintase (DHPS) e, conseqüentemente, a

biossíntese de ácido fólico. Fármacos como as biguanidas e a pirimetamina

também impedem a síntese de ácido fólico, porém atuam em outra enzima da

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cascata metabólica, a diidrofolato redutase (OHFR). Nos dois casos, o plasmódio

promove mutações nos sítios ativos de ambas as enzimas, modificando

aminoácidos dos receptores. A tabela 1mostra os aminoácidos e suas seqüências

nas enzimas normais e nas mutantes (Williams, Lemke, 2002; Olliaro 2001;

Casteel, 1993; Gilles. 1987; Ferreira, 1982)

Tabela I: Seqüências de minoácidos das enzimas diidropteroato sintase e

diidrofolato redutase normal e mutante

Enzima Posição AANonnal AA F.resistente

DHFR 108 Ser Asn

51 Asn Ile

59 eis Arg

164 Ile Leu

16 Ala VaI

DHPS 437 Ala Gli

540 Lis Glu

581 Ala Gli

436 Ser Phe/Ala

613 Ala Ser/Tir

Fonte: OlIiaro, 2001.

Como mencionado anteriormente, a atovaquona apresenta alto índice de

resistência. Quanto ao seu mecanismo de resistência o plasmódio promove

alterações no sítio ativo da co-enzima Q responsável pela transferência de

elétrons, impedindo a ligação da atovaquona com a co-enzima Q (Woster 2003;

Williams, Lemke, 2002; Ferreira, 2002; Olliaro, 2001; Gilles,1987; Ferreira, 1982)

o mais importante mecanismo de resistência a ser estudado é o

mecanismo de resistência às quinolinas, especialmente à cloroquina, uma vez que

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este é o principal fármaco empregado na terapêutica da malária. O mecanismo de

resistência à cloroquina começa com a super-expressão do gene Pfmdr-1

(Plasmodium falciparum multi-drug resistance-1). Este gene expressa uma

glicoproteína conhecida como glicoproteína P (GPP). Esta glicoproteína pode

atuar como canal de transporte ou então como transportador da cloroquina dentro

do vacúolo alimentar do plasmódio, promovendo, desta maneira, o efluxo do

fármaco. Menezes e colaboradores (1997, 1999, 2001a, 2001b) estudaram a

aplicação de fármacos reversores de resistência também conhecidos como

quimiosenssibilizantes. Estes podem agir de duas maneiras distintas: promovendo

bloqueio físico da GPP e impedindo o efluxo do fármaco, ou inibindo a hidrólise de

ATP, necessária para o efluxo.

3.1.6 Novas Tendências na Luta Antimalárica

Diante das dificuldades encontradas na terapêutica da malária, até aqui

apresentadas, inúmeros esforços vêm sendo aplicados no desenvolvimento de

novas "armas" contra a malária.

Novos alvos vêm sendo pesquisados para o desenvolvimento de

antimaláricos, com a cooperação das mais diversas áreas, como a genômica,

bioquímica, química e bioinformática (Woster, 2003; Williams, Lemke, 2002;

Ferreira, 2002; Ridley, 2002).

A vacina antimalárica vem sendo criada através do esforço multilateral do

MustDO (Multi-Stage DNA-based Ma/aria Vacine Operation). Esta vacina pretende

atacar a as formas pré-eritrocíticas e eritrocíticas da malária, utilizando como alvos

cinco genes que codificam antígenos nas formas pré-eritrocíticas do parasita,

desta forma ativando o sistema imune contra o parasita (Woster, 2003; Williams,

Lemke, 2002; Ferreira, 2002; Ridley, 2002).

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Ainda relacionado com a bioquímica do parasita, Moura e colaboradores

(2001) vêm trabalhando na biossíntese de isoprenóides e isoprenilação de

proteínas. Tanto os isoprenóides como as proteínas isopreniladas são de grande

importância para o parasita. Estes estudos mostram que a mevastatina pode inibir

estas etapas do metabolismo do parasita, eliminando-o.

o estudo de quinases, como as CDKs (Cyclin-Dependent Kinases), que

controlam a divisão celular, apoptoses, transcrição e diferenciação em células

normais e tumorais, vêm sendo alvos promissores para inibidores de crescimento

do plasmódio (Woster, 2003).

Mesmo com estes novos alvos e técnicas, a malária ainda é uma doença

sem controle e que exige novas armas o mais rápido possível.

3.1.7 O desenvolvimento de pró-fármacos

A latenciação (Chung, Ferreira, 1999; Wermuth, 1996; Wermuth, Gaignault,

Marchandeau, 1996; Balant, Doelker, 1995; Bundgaard, 1985, 1991),

transformação de fármaco em forma de transporte inativa, que, por meio de

reações químicas e/ou enzimáticas, libera o fármaco para exercer sua ação, é

método bastante promissor de introdução de novos fármacos. Constitui-se em

processo de modificação molecular, que visa, sobretudo, a alterações da

farmacocinética de fármacos, aumentando-lhes a biodisponibilidade ou

prolongando-lhes a ação. Possibilita, ademais, a resolução de problemas de

formulação, que, não raro, se constituem em obstáculo à aplicação terapêutica.

Por meio desse processo é possível, também, obter formas latentes de ação

seletiva e de toxicidade diminuída. A consecução desses objetivos depende de

diversos fatores, ressaltando-se como um dos principais a escolha de

transportadores adequados a cada um deles.

De acordo com Wermuth (1996) os pró-fármacos podem ser divididos em :

Guilherme Costa Matsutani

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Pró-fármacos clássicos

Bioprecursores

Pró-fármacos mistos

Fármacos dirigidos

3.1.7.1 Pró-Fármacos Clássicos

Os pró-fármacos clássicos têm por objetivo promover a melhoria da ação do

fármaco através do aumento da biodisponibilidade, diminuição da toxicidade,

aumento da seletividade, aumento do tempo de meia-vida e diminuição da

excreção e até mesmo corrigir problemas de formulação. Para promover estas

melhorias deve-se escolher o transportador adequado, que apresente as

características necessárias para a melhoria pretendida. A característica mais

procurada em transportadores é a Iipofilicidade, ou pelo menos, grupos que

aumentem a lipofilicidade da molécula.

Nos pró-fármacos clássicos os transportadores devem apresentar ligações

lábeis, as quais podem ser facilmente cindidas enzimática ou quimicamente.

Espera-se que os pró-fármacos sejam inativos ou que possuam menos atividade

per se.

Um exemplo de pró-fármaco de maior biodisponibilidade é a pivampicilina,

em que se obtém maior absorção da ampicilina, através de éster duplo lipofílico. A

figura 24 mostra a estrutura da pivampicilina (Friis, Bundgaard, 1996).

Guilherme Costa Matsutani

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NH2

o

) O

+Figura 24: Estrutura da pivampicilina.

Takata e colaboradores (1994) corrigem problemas de formulação da

vitamina E através da latenciação. Esta vitamina é pouco solúvel em água oque

dificulta sua administração parenteral. Através da latenciação pode-se torna-lá

mais hidrossolúvel.

A seletividade de um fármaco pode ser aumentada de acordo com seu

transportador (figura 25), como é o caso do antibacteriano N-acetil-L­

y-glutamilsulfametoxazol, em que ocorre liberação renal do suIfametoxazol, por

meio de transportador cuja ligação é especificamente cindida por enzimas, que

predominam nos rins (Wilk, Mizoguchi, Orlowski, 1978).

o-S02NH~NH ~ # . N,O~

OHFigura 25: N-Acetil-L-y-glutamilsulfametoxazol.

Os pró-fármacos poliméricos conferem ação prolongada de um fármaco

através de sua liberação igualmente prolongada. O pró-fármaco polimérico de

Guilherme Costa Matsutani

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mitomicina C utilizando a succinilquitosana como matriz polimérica apresenta não

apenas liberação prolongada, como também, diminuição da toxicidade

apresentada pela mitomicina (Song, Onish, Nagai, 1992).

Os pro-fármacos reclprocos constituem em estratégia de latenciação em

que o transportador também é um fármaco com atividade, porém com mecanismo

de ação diferente. A sultamicilina é um exemplo de pró-fármaco recíproco entre a

ampicilina, antibiótico J3-lactãmico, e o sulbactam, inibidor da J3-lactamase. Com

isto é possível utilizar a ampicilina em infecções por bactérias resistentes. A figura

26mostra a estrutura da sultamicilina (Singh, Sharma, 1994).

NH2

NJ=(SO

OO"""'-""'0VS02 II ~ -N

# \--Figura 26: Estrutura da sultamicilina.

3.1.7.2 Bioprecursores

Os bioprecursores não apresentam transportadores como os pró-fármacos

clássicos, sendo necessária a biotransformação para originar o fármaco

propriamente dito. Os bioprecursores sofrem maiores alterações estruturais que

os pró-fármacos clássicos.

O alprazolam, ansiolítico da classe dos benzodiazepínicos, somente é

obtido após a ciclização in vivo da N-alquilaminobenzofenona, sendo um exemplo

de bioprecursor ( Lahti, Gal, 1976).

Guilherme Costa Matsutani

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A figura 27 mostra a ciclização da N-alquilaminobenzofenona em

alprazolam.

•CI

"'IN,~N~N

~}-NH

Figura 27: ciclização da da N-alquilaminobenzofenona em alprazolam.

3.1.7.3 Pró-fármacos mistos

Os pró-fármacos mistos consistem na fusão de pró-fármacos clássicos e de

bioprecursores. Neste tipo de pró-fármaco a molécula passa por várias

transformações, que permitem a liberação do fármaco em um local específico.

Embora a biotransformação ocorra no transportador do pró-fármaco e não no

fármaco, o Chemical Delivery System (sistema químico de liberação), ou COS,

pode ser enquadrado nessa classe. Neste sistema desenvolvido por Bodor e

colaboradores (Prokai, Prokai-Tatrai, Bodor, 2000), o fármaco é ligado ao

trigolinato, que corresponde ao ácido nicotínico reduzido. Este complexo confere

aumento de lipofilicidade ao fármaco fazendo com que a molécula consiga

transpor a barreira hematoencefálica. Uma vez transposta essa barreira, o pró­

fármaco sofre ação do sistema redox, fazendo com que a porção do trigolinato

adquira carga e não consiga ultrpassar a barreira. Uma vez "presa", a molécula

sofre hidrólise e libera o fármaco. Este tipo de sistema já foi aplicado para a

dopamina, fenitoína e vários fármacos antivirais, como a zidovudina. A figura 28

ilustra o mecanismo de liberação do "Chemical Delivery System".

Guilherme Costa Matsutaní

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0-<-"."= liI

I . -CH3

u:Ia

L--

o

~-'AA-=L, \

o

~ AA-=

L,~

BHE= Barreira hematoencefálica

o

O( + 'AA~N

L3

Figura 28: Esquema de liberação do Chemical Delivery System.

3.1.7.4 Fármacos dirigidos

Os fármacos dirigidos apresentam transportadores seletivos, que podem

interagir com receptores específicos, liberando o fármaco em seu local de ação.

Com este planejamento podem-se diminuir efeitos adversos causados pela ação

inespecífica de fármacos em outros alvos.

Podem ser utilizados como transportadores para este tipo de latenciação

estruturas que interagem com receptores de enzimas ou com sítios presentes na

superfície de células-alvo. Entre eles encontram-se peptídeos, polímeros

sintéticos, anticorpos monoclonais , eritrócitos e fibroblastos.

O ADEPT (Antibody-Directed Enzime Prodrug Therapy) é um dos mais

avançados tipos de fármaco dirigido. Neste tipo de latenciação a terapêutica

Guilherme Costa Matsutani

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ocorre em duas etapas. Na primeira etapa ocorre a administração de um sistema

anticorpo-enzima. Este sistema liga-se ao antígeno alvo encontrado na célula alvo

ou ao antígeno presente no fluído extra-celular. Na segunda etapa o pró-fármaco

é administrado e sofre hidrólise pela enzima ligada ao anticorpo, liberando o

fármaco nos arredores da célula alvo (Takakura, Hashida, 1995).

Anticorpos monoclonais ligados à f3-lactamase vêm sendo aplicados no

ADEPT. Este sistema apresenta a vantagem de que a f3-lactamase é uma enzima

bacteriana, não encontrada em seres humanos. Outra vantagem é que se pode

latenciar o fármaco com um f3-lactâmico, por exemplo uma cefalosporina, que será

hidrolisada pela f3-lactamase liberando o fármaco (Takakura, Hashida, 1995. A

figura 29 mostra o esquema de liberação do ADEPT.

antígeno

primeira etapa segunda etapa

células tumoraÍs

Figura 29: Mecanismo de liberação do ADEPT. Fonte: (Takakura,

Hashida, 1995).

Guilherme Costa Matsutani

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Um exemplo de ADEPT que vem sendo estudado com vistas à aplicação na

terapêutica antitumoral é aquele que utiliza pró-fármaco cefalosporina­

doxorrubicina na segunda etapa. Neste pró-fármaco utilizam-se anticorpos

monoclonais antimelanoma.

Sistema baseado no ADEPT que utiliza a genômica como ponto de partida

é o GDEPT ou VDEPT(McNeish et aI., 1997) estudado com vistas à aplicação em

quimioterapia antineoplásica. Este, por meio de técnicas de transfecção ou

hibridação no DNA, permite a expressão de determinada enzima em quantidade

maior que a encontrada em células normais. Na segunda etapa, administra-se o

pró-fármaco ou bioprecursor, especificamente biotransformado pela enzima alvo

da expressão.

3.1.7.5 Pró-Fármacos "Triglicerídicos"

Os pró-fármacos "triglicerídicos", também conhecidos como pró-fármacos

lipóides, tentam mimetizar triglicerídeos, comportando-se como tal, o que é de

grande interesse quando se pretende diminuir efeitos adversos, melhorar a

biodisponibilidade e prolongar a ação de um fármaco (Jones, 1980).

O emprego inicial deste tipo de pró-fármaco foi realizado no final da década

de 1970, em que foram desenvolvidos pró-fármacos triglicerídicos de AINES ­

Analgésicos Antiinflamatórios Não-Esteróides --, visando à diminuição da

toxicidade gástrica destes compostos (Jones, 1980) .

Paris e colaboradores (1979) ligaram o ácido acetilsalicílico diretamente à

posição 2 do diglicerídio através de ligação éster. O 1,3-diacil-2-acetilsalicilil

diglicerídeo resultante recebeu variações nas cadeias de ácidos graxos, do

diglicerídeo, utilizando cadeias mais longas ou cadeias curtas. Estes derivados

conseguiam manter a atividade do ácido acetilsalicílico, porém com menos danos

Guilherme Costa Matsutani

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gástricos. Esta estratégia também foi aplicada para outros AINES como a

indometacina, o cetoprofeno, ibuprofeno e naproxeno.

Estes pró-fármacos também podem ser utilizados para o direcionamento do

fármaco à linfa. Com isto é possível burlar o sistema porta-hepático evitando,

assim, a eliminação pré-sistêmica. Como exemplos podem-se citar o GABA e o

c10rambucil (Jacob, Hesse, Shasoua, 1987; Garzon-Aburpeh et aI., 1983). O

clorambucil, quimioterápico utilizado no tratamento de tumores linfáticos, também

foi latenciado com diglicerídeo, afim de promover direcionamento para a linfa

(Charman, Porter, 1996).

Mais recentemente, Scriba e colaboradores(1993) passaram a desenvolver

pró-fármacos "triglicerídicos" de fenitoína com o objetivo de melhorar a

biodisponibilidade, uma vez que o fármaco é pouco lipofílico. Nestes pró-farmacos

os diglicerídeos foram ligados ao fármaco através de espaçante succinílico. A

figura 30 mostra os diglicerídeos de fenitoína.

Guilherme Costa Matsutani

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Jl../"'... ./ NHR.COO=>-O _ 11' O"-./Nr

R-COO O

3a-f

a) C7H17 caprílico

b) C10H21 undecanóico

c) C11H23 láurico

d) C13H27 mirístico

e C17 H35 esteárico

f) C17H35 oléico

Figura 30: Pró-fármacos diglicerídicos de fenitoína.

Como mencionado anteriormente, os pró-fármacos "triglicerídicos" utilizam­

se do metabolismo e absorção dos lipídeos para aumentar a absorção do fármaco.

Para a melhor compreensão deste mecanismo, é necessária breve

explanação quanto à absorção dos lipídios ( figura 31).

Uma vez ingeridos, tanto os lipídios quanto os pró-fármacos "triglicerídicos"

iniciam seu processo de "digestão" no intestino delgado. Este processo consiste

em três etapas: emulsificação dos glóbulos de gordura, hidrólise enzimática e

dispersão dos produtos de digestão em forma absorvível (Charman, Porter 1996).

Guilherme Costa Matsutani

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A lipase pré-duodenal é responsável pelo início do processo de digestão e,

juntamente com o suco gástrico, promove a emulsificação inicial conforme mostra

a figura 31.

A fase fundamental para os pró-fármacos "triglicerídicos" é a hidrólise

enzimática. Os triglicerídeos são, na maior parte, hidrolisados pela Iipase

pancreática. A lipase pancreática promove a quebra das ligações ésteres dos

triglicerídeos com especificidade para as posições 1 e 3, liberando ácidos graxos e

o 2-monoglicerídio (Charman, Porter, 1996). Esta é a base para a estratégia dos

pró-fármacos Iipóides, visto que se o fármaco for ligado à posição 2 do triglicerídio

permanecerá intacto até alcançar os vasos sangüíneos (Lambert, 2000; Scriba,

Lambert, Poupaert, 1995; Scriba, 1993). A terceira e última fase do processo de

digestão compreende a ação dos sais biliares, os quais solubilizam o produto da

digestão dos lipídios.

Imediatamente após a fase de digestão inicia-se a absorção. A absorção

dos Iipídeos ocorre através do sistema linfático, em razão de que os quílomicrons

são grandes demais para serem absorvidos pelos capilares, dirigindo-se, portanto,

para os vasos linfáticos (Charman, Porter, 1996).

Após a absorção, os ácidos graxos e os 2-monoglicerídeos dão origem à

retro-síntese de triglicerídeos. No caso dos pró-fármacos lipóides, esta re-síntese

não ocorre, uma vez que o pró-fármaco permanecerá sob a forma de 2­

monoglicerídio até alcançar a corrente sangüínea, na qual sofrerá hidrólise por

lipases inespecíficas (Charman, Porter, 1996). A figura 31 mostra a absorção dos

lipídios e dos pró-fármacos lipóides.

Guilherme Costa Matsutaní

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Moléculas de IipídeosMucosa intestinal~ ---

Ácidos graxos .... #'

O, Sais 8iliaNs 0° °0 ~

OO~o:~O("".P"C"~"-2:~=-_==~~O V 2-Monoghcerídeo

Micelas

~ ~H ~-~~H~ • H:>-O-E-Nf1 I '-- I

Retículo endoplasmático

Ácidos graxos~~

~

. VasosMucosa, intestinal Linf-á.tjc~s

------. .t'Ãii.I~

Re-síntese detriglicerídeos

Formação de /~l_"'--'I

qui lomícrons

Exocitose dosquilomfcrons

Figura 31: Absorção e digestão dos lipídeos e dos pró-fármacos triglicerídicos.

3.1.8 Planejamento de antimalárico potencial

Infelizmente, o ritmo de desenvolvimento de novos fármacos não

acompanhou o agravamento da situação, que se deu com o aumento da

incidência de resistência (Olliaro, 1996; White, 1992). Poucos compostos

potenciais encontram-se em ensaios na fase clínica. A persistência dessa situação

Guilherme Costa Matsutani

BIBLiOTECAFaculdade de Ciências Farmacêutica!>

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 55

na próxima década poderá conduzir a situação muito mais grave, com a

disseminação de malária completamente não-tratável.

Associações de quimíoterápicos antimaláricos, como derivados

pirimidínicos e sulfonamidas ou sulfona, como a dapsona e outros, podem ser

empregados como alternativa ao tratamento de malária resistente à cloroquina

(Korolkovas, 2000; Panisko, 1990; Ferreira, 1982), desde que haja sensibilidade

às mesmas: como citado previamente têm sido observadas formas de resistência

à associação pirimetamina e sulfadoxina (White. 1991; Panisko, 1990; Payne,

1987). Também, a Organização Mundial da Saúde alerta para os efeitos adversos

dessas associações, o que implica busca de derivados de menor toxicidade. Em

trabalhos anteriores, Ferreira, Cruz e Korolkovas (1992), Cruz, Ferreira e

Korolkovas (1997) sintetizaram formas latentes poliméricas de associações de

derivados pirimídicos, pirimetamina e trimetroprima, com sulfonamidas

antimaláricas e dapsona. empregando amido e celulose oxidados. como

transportadores, com o objetivo de obter pró-fármacos de ação prolongada e

menor toxicidade. Alguns dos derivados obtidos mostraram-se ativos em malária

experimental por P. berghei (Ohara et aI., 1995), utilizando-se o método de ensaio

biológico de Osdene e colaboradores (1967), com adaptações.

Por outro lado, a primaquina, esquizonticida tecidual mais utilizado até o

presente (Ferreira, 2002; Korolkovas. 2002), têm problemas relacionados à alta

toxicidade e à meia-vida curta, em razão da alta taxa de biotransformação à qual é

submetida. Derivados menos tóxicos de primaquina vêm sendo sintetizados no

sentido de aprimorar a atividade do antimalárico (Ferreira, 1993).

Os pró-fármacos "triglicerídicos" ainda podem diminuir a toxicidade e

promover o aumento da absorção de fármacos pouco biodisponíveis.

Guilherme Costa Matsutani

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3.1.8.1 Síntese dos transportadores diglicerídicos

Diglicerídeos vêm sendo empregados nas indústrias alimentícia, cosmética,

em síntese orgânicas e como transportadores de fármacos (Bentley, McCrae,

1970)

Diversos são os métodos de obtenção destes diglicerídeos. Estes

empregam diversas etapas e reagentes, além do que estes compostos podem

apresentar regio-isômeros como os 1,3-diglicerídeos e os 1,2-diglicerídeos, o que

dificulta sua obtenção. (Fureby et ai, 1977).

Estas sínteses geralmente exigem o emprego de grupos protetores, sendo

necessária a posterior desproteção. Estes compostos também podem ser obtidos

através de métodos enzimáticos empregando, por exemplo, a Iipase pancreática

(Fureby et aI., 1997). Barry e Craig (1954) iniciaram a metodologia utilizando a 1,3­

diidroxi-2-propanona. Esta metodologia foi aprimorada por Bentley e McCrae

(1970) e tornou-se a metodologia mais utilizada para a obtenção de diglicerídeos

simétricos.

o emprego de protetores requer a posterior clivagem, em seguida à

esterificação. Um exemplo de grupo protetor é o f3,f3-tricloroetoxicarbonil. Este

grupo protetor bloqueia a hidroxila secundária mantendo livres as hidroxilas

primárias (Windolz, Johnston, 1967). A Figura 32 mostra a obtenção de

diglicerídeos utilizando este grupo protetor

Guilherme Costa Matsutaní

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Ho--

H~

O

CI 11)..--oH + ~~

CI"\ O CICI

~ :J-oy~CIO CI

..IHv

yo~CIO CI

+ 2 R-COOH

R\

f}4 CI CI,.J 0,+

R\ R\

f}4 CI Cllvagem ~ f HR.J O '--f-e, R.J

CI

Figura 32: Obtenção de diglicerídeo utilizando o grupo protetor (3,(3-

tricloroetoxicarbonil.

A metodologia do éter tritnico consiste na formação de ligação éter na

posição 1, seguida da esterificação nas posições 1 e 2. Em seguida ocorre a

liberação do grupo tritnico seguido de rearranjo gerando o diglicerídeo simétrico

(Hartman, 1958). A figura 33 mostra a obtenção de diglicerídeos utilizando grupo

tritil.

Guilherme Costa Matsutani

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::J-oH + CI I I •

R=ácido graxo1/+ 2 RCOOH

clivagem~

o 0yRR)l~O

-O

oO O R R-{

11 Y rearranjo ~R.........Oy · o--roH-O R-.f

R=ácido graxo ~OFigura 33: Obtenção de diglicerídeo utilizando o grupo tritílico.

Guilherme Costa Matsufani

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A síntese utilizando a preparação enzimática emprega a lipase pancreática

para obtenção do diglicerídeo. Os diglicerídeos são obtidos através da

esterificação do glicerol com ácidos graxos como o ácido láurico. Utilizando a

enzima extraída do R. arrhízus é possível obter rendimento de até 99%. A

desvantagem do processo é o tempo de reação de 168 h (Fureby et a/., 1997)

(figura 34).

HO

HO

o

H3C--(H 0)-'Lipasel 168 'OH + 2 R-COOH .. OH

i

H3C-{

Figura 34: obtenção de diglicerídeos por Iipase pancreática.

Barry e Craig (1954) desenvolveram a síntese utilizando a 1,3­

diidroxipropanona, com o grupo tioéter como grupo protetor. Esta síntese envolve

vários passos, o que a torna muito trabalhosa. Em conseqüência, Bentley e

McCrae (1970) aperfeiçoaram esta metodologia, originando a metodologia para

síntese de dilglicerídeos mais utilizada. Nesta síntese ocorre a esterificação entre

cloreto de ácido e a 1,3-diidroxipropanona, com a posterior redução da cetona a

álcoól. A figura 35 mostra a síntese desenvolvida por Bentley e McCrae.

Guilherme Costa Matsutani

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HO

~O + 2 R-COOCI

HO~

O

H3C--{

Y=O

H3C-{

redução•

o

H3C--{

--~ ~OO

H3~

O

H3C--{J-OHOH3C-{O

Figura 35: método desenvolvido por Bentley e McCrae (1970)

3.1.8.2 Síntese utilizando a 1,3-dibromo-2-propanol

Uma nova síntese de diglicerídeo foi planejada em nosso laboratório, sendo

iniciada por Sanai e Ferreira (2000). Nesta metodologia utilizava-se a 1,3-dicloro­

2-propanol. Esta rota sintética inicial conduziu à síntese empregada neste

trabalho, utilizando a 1,3-dibromo-2-propanol (dibromidrina).

A substituição da dicloridrina pela dibromidrina é justificada pelo fato de o

bromo ser grupo abandonador melhor que o cloro. A esterificação ocorre entre o

bromo e o ácido graxo, utilizando o 1,8-diazobiciclo[5,4,0,]undec-7-eno (DBU)

como catalisador.

o método de obtenção de ésteres utilizando haletos orgânicos e ácido

carboxílico surgiu com o trabalho de Ono e colaboradores (1978), os quais

sintetizaram diversos ésteres através deste método, incluindo ésteres de

aminoácidos. A grande vantagem desta reação está na sua facilidade de

obtenção, relativamente curto tempo de preparação e bom rendimento.

Guilhenne Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de prá-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 61

A principal diferença entre este método e os demais processos de obtenção

de ésteres está no íon carboxilato formado. Nesta síntese, o par iônico não fica

livre como em outras sínteses, surgindo um complexo entre o carboxilato e o

DBU(A), formado por ligação de hidrogênio entre o hidrogênio do ácido carboxílico

e os nitrogênios do DBU. Carboxilatos podem atacar tanto o hidrogênio como o

carbono do haleto, porém este complexo ataca preferencialmente o carbono ligado

ao halogênio. Pode-se dizer que este tipo de reação se caracteriza como reação

do tipo SN2 (Furniss et ai., 1988).

A figura 36mostra o mecanismo de reação entre haleto e ácido carboxílico,

utilizando DBU como catalisador.

R'-C-CH2-Br-< H ~Dv+

jR--'(O + Q HBr

o N ~N

\' U

R---{O D0-..··.. :······0

R-{O Do-I •••• H..··..N:······.N• I V·

.. R' i .-CH2-Sr

•Q+uo

R-{OH

Figura 36: Mecanismo de reação utilizando DBU como catalisador.

Fonte: Ono et aI., 1978.

Guilherme Costa Matsutani

.' BIBLIOTECAFaculdade de Ciências Farmacêuticas

Universidade de São Paulo

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A principal vantagem desta metodologia na síntese de diglicerídeos é que a

reação ocorre em apenas uma etapa, sem a necessidade de grupos protetores ou

da redução de acetona a álcool.

3.1.8.3 Reações de condensação (Costa, Pinheiro, Vasconcelos, 2003)

As reações de condensação visando à formação de ésteres e amidas

podem ocorrer através de diversas metodologias. Estas variam de acordo com a

reatividade das moléculas e suas características.

Metodologia importante na obtenção de ésteres e amidas é a utilização de

agentes condensantes como as carbodiimidas. Estas carbodiimidas são

largamente empregadas na síntese de peptídeos.

A carbodiimida mais utilizada é o DCC (dicicloexilcarbodiimida), um agente

desidratante largamente empregado em indústrias e laboratórios, sendo bastante

conveniente para a síntese de ésteres e peptídeos.

Este agente condensante apresenta átomo de carbono extremamente

eletrofílico, uma vez que se encontra ligado a dois átomos de nitrogênio por

ligações duplas e reage com o íon carboxilato, via adição nucleofílica, conduzindo

ao intermediário A. Esta primeira etapa necessita ser auxiliada por uma base

fraca para a ativação da carbonila. O intermediário A encontra-se em equilíbrio

com a O-acil isouréia B, que, combinada com o álcool por adição nucleofílica,

conduz à formação de C, que se encontra em equilíbrio com as espécies D e E. A

espécie E sofre eliminação rápida de N,N-dicicloexiluréia (DCU), um bom grupo

abandonador, que leva à formação do éster.

A figura 37 mostra o mecanismo de reação do DCC.

Guilhenne Costa Matsutani

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prototropismoIIÇJ

()Ny ROR'~X

OHD

A

ác;do-baS! Q- rYNyNH

V O R

O-acil-isouréia B yO

prototropismo.-

QrYN~H

V 0yRO

QQ

NyNHO R/""'--+Y

R' I 0-

C H

+ R'/""'--OH - -

base fraca protonada

tC2NyNrY O RVR./,,-.;y

E

+

eliminação'"'

+ó--? ·

O-acil-isouréia B

ÇJ()

NyO R

YO

oR-{

OH

+

O

'/""'--oARéster

QrYNyN­V 0yR

A O

N,N-dicicloexiluréia

Figura 37: Mecanismo de obtenção de ésteres utilizando DCC como agente

condensante. Fonte: Costa, Pinheiro, Vasconcelos, 2003 .

Guilherme Costa Matsufani

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A catálise através do DCC costuma levar à formação de anidridos, muitas

vezes, diminuindo o rendimento de reação. Este anidrido pode ser convertido em

éster com o auxílio do dimetilaminopiridina (DMAP), o qual pode levar à formação

de éster, uma vez que se liga ao anidrido, e formando espécie acetilante, que

atuará como bom grupo abandonador, provocando a formação do éster. A figura

38 mostra a formação do éster através do DMAP.

o

,Lot _ .)lOH +)l~'rQN"" ~N"'"=-=-- I~ I

/N,

,L)l +

o

)l~" +~N/

I

Q/N,

R

R-j--OH­

R

+Q;i'" -H-O· I

-Á~ /

R NR I

R

+NQ;i'"-Á

0 ~ IN/

R IR R

OH

+~'r - .H,( R R+ () ~ li \/Ro ~N"'" A o-1- Y ./'-0/\-Á I R .....N...... + R

R R H

I.

Q/N........

Figura 38: Mecanismo de reação do DMAP.

Fonte:Costa, Pinheiro, Vasconcelos, 2003

Guilherme Costa Matsutani

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 MATERIAL

- acetona p.a. (Merck)

- acetato de etila p.a. (Merck)

- ácido esteárico

- ácido palmítico (Aldrich)

- ácido sulfúrico p.a. (Merck)

- anidrido maléico (VETEC)

- anidrido ftálico (VETEC)

- anidrido succínico

- carbonato de potássio

- carbonato de sódio

- clorofórmio p.a.(Merck)

- clorofórmio deuterado (Aldrich)

- decanol

- 1,8-diazobiciclo[5.4.0]undec-7-ene (OSU) (Sigma)

1,3-dibromo-2-propanol (dibromidrina) (Sigma)

- diciclicoexilcarbodiimida (OCC) (Merck)

- diclorometano p.a (Merck)

- dimetilaminopiridina (OMAP)(Sigma)

- etanol p.a (Merck)

- f1uoresceína dissódica

- difosfato de primaquina (Itacá SA)

- permanganato de potássio (FCF-USP)

- placa cromatográfica para CCO sílica-gel60 F254 (Merck)

- sílica-gel 60 (100-200 #) grade 634 (Aldrich)

- sílica-gel 60 (70-230 #) grade 634 (Merck)

- trietilamina (Aldrich)

- tetraidrofurano (Merck)

Guilherme Costa Matsutani

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Todos os solventes e reagentes foram tratados e purificados conforme

literatura (Perrin, Amarego, Perrin, 1980).

4.2 MÉTODOS

4.2.1. Síntese

4.2.1.1. Síntese dos transportadores diglicerídicos

Os diésteres do glicerol são sintetizados a partir da reação do 1,3-dibromo-

2-propanol (dibromidrina), com ácidos graxos: palmíticb e esteárico; ácidos de

cadeia longa: enântico e decanóico, com DeU, sob refluxo por período de tempo

que depende do ácido utilizado. Obtêm-se os 1,3-diacilgliceróis por tratamento

com metanol, para purificação (Furniss et aI., 1988). O esquema 1 apresenta a

reação geral envolvida.

B)-o )lO DBUH + 2 Reflux~

Br R OH

R= palmitico = C1sH32

esteárico= C17H20

decanóico= C9H20

O

R>HO

R-\

Esquema 1: Obtenção dos derivados diglicerídicos.

4.2.1.2 Síntese de hemiamidas de primaquina

Após a reação dos anidridos succínico, maléico e ftálico (em excesso) com

fosfato de primaquina em meio com trietilamina e sob refluxo de uma hora, são

Guilherme Costa Matsutani

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obtidas as hemiamidas de primaquina. Estas são isoladas de acordo com o

espaçante ligado.

A reação geral compreendida encontra-se a seguir (Esquema 2).

/0l"'r"l /0l"'r"l0-<:>=0 + '("tI' lriemam;:a O O '("tI'

~NH Refluxo Ã. Á. ~NH~N I HO ~ N I

,= -CH2-CH2- anidrido succínico-CH2-CH2- succinilprimaquina

-CH=CH- maleilprimaquina

-CH=CH-

banidrido maléico

anidrido ftálico

R'=

b ftalilprimaquina

Esquema 2: Reação geral das hemiamidas de primaquina.

4.2.1.3. Síntese dos derivados "triglicerídicos" de primaquina

Os derivados triglicerídicos de primaquina são sintetizados a partir da

reação das hemiamidas de primaquina com os diésteres do glicerol, juntamente

com um agente condensante, como dicicloexilcarbodiimida (DCC), em presença

de dimetilaminopiridina (DMAP).

A reação geral encontra-se no esquema que segue (Esquema 3).

Guilherme Costa Matsutani

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o

R~....,r-0H

O

R-{O

+ O O

HOÃRIÀN~NH~_ I

OCC/OMAP..R_I? ,,0b O O WÁ.Á NJo R ~NH

R--\ ~ I

R = palmítico = C 15H32 R'=

esteárico= C17H20

decanóico= C 9H20

-CH2-CH2- succinil

-CH=CH- maleil

() ~1iI

Esquema 4: Reação geral de condensação do derivados "triglicerídicos" deprimaquina.

4.2.2 Análises

4.2.2.1 Análise cromatográfica

4.2.2.1.1 POR CCO

Foram efetuadas em placas de camada delgada de sílica-gel G60 da Merck,

para o acompanhamento das reações e para avaliação da pureza de alguns

Guilherme Costa Matsutani

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produtos sintetizados. As fases móveis empregadas variaram de acordo com o

experimento.

4.2.2.1.2 Determinação da faixa de fusão

As faixas de fusão foram determinadas em aparelho Büchi, capilar, com

calibração segundo a Farmacopéia Brasileira IV.

4.2.2.1.3 Análise elementar

A análise de C, H, N realizada em Analisador Perkin-Elmer 2400, na Central

Analítica, IQ, USP.

4.2.2.1.4 Espectrometria de massas

A espectrometria de massas foi realizada em espectrômetro de Massas

Shimadzu GCMS-QP sosoa, disponível na FCF, USP.

4.2.2.1.5 Análises espectrométricas

As análises no infravermelho foram efetuadas no espectrofotômetro FTIR

Bomem. Já as de 1H RMN e de 13C RMN foram efetuadas em espectrômetro

Brücker 300 MHz, na FCF, USP.

Guilherme Costa Matsutani

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5. EXPERIMENTOS

5.1 SíNTESES

5.1.1 Síntese dos diésteres do glicerol

Os diésteres do glicerol foram sintetizados a partir da reação do 1,3­

dibromo-2-propanol (dibromidrina), com ácidos graxos: palmítico, esteárico e

decanóico com DBU, sob refluxo por período de tempo que depende do ácido

utilizado.

5.1.1.1 Síntese do 1,3-dipalmitoilglicerol

O

R-{DBU 0)-Reflux~ O OH

R= palmítico R--<O

B O

)-OH+ 2 )lBr R OH

As sínteses dos diésteres do glicerol foram realizadas seguindo

procedimento padrão, com modificações na estequiometria dos reagentes, no

tempo de reação e nas técnicas de purificação. O procedimento foi realizado da

seguinte forma: Em balão de 100 mL de fundo redondo, solubilizou-se o ácido

palmítico em 35 mL de THF, adicionando-se o DBU e manteve-se sob agitação

por 30 minutos. Em seguida, foi adicionada a dibromidrina, submetendo-se a

mistura reacional a refluxo e agitação, havendo formação de precipitado branco.

O refluxo foi interrompido e manteve-se a mistura sob agitação até o seu

resfriamento. O precipitado foi filtrado e desprezado e o sobrenadante, evaporado

sob pressão reduzida, obtendo, assim, um sólido branco amarelado. O sólido

Guilhenne Costa Matsutani

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obtido foi então purificado e submetido à secagem sob pressão reduzida. O

sólido obtido foi analisado no IV e por RMN.

A tabela 11 mostra os experimentos e as condições em que foram

Exp. purificação T. Dibromidrina ác. DBU Rend Obs. Faixa de(mmol) Palmítico (mmoJ) fusão

(mmol)1 Lavagem com 4h 3,5 7 7 Àgitação

etanol2 Coluna 4h 3,5 7 7 Agitação

cromatográfica(6:1diclrometanoacetato deetila)

3 Extração 4h 3,5 7 7 AgitaçãoclorofórmioáQua

4 Couna 4h 3,5 7 7 10% Agitaçãocromatográfica(diclorometano:acetato de etila8:1)

5 Purificação 6h 3,5 7 7 Agitaçãocom metanol

6 Purificação 4h 3,5 12 12 Agitaçãocom metanol

7 Purificação 4h 4,25 7 7 Agitaçãocom metanoI

8 Purificação 4h 3,5 7 14 33% Agitação 62-64°Ccom metanol

9 Purificação 4h 3,5 7 14 40% Aqueci- 62-64°Ccom metanol mento

nosprimeiros30minutos

realizados:

Tabela 11: Experimentos realizados para a obtenção do 1,3-dipalmitoilglicerol

Guilhenne Costa Matsutani

/616L101ECA.. ._ ..~ ripnr.ias Farmacéuticas

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5.1.1.2 Síntese do 1,3-diestearilglicerol

oR-{

er O Deu 0J-H + 2 A Reflux~ OH

e R OH O

R= esteárico R-\Experimento 10 t

Em balão de 125 mL de fundo redondo, solubilizaram-se 1,98 g (7 mmol) de

ácido esteárico em 30 mL de THF. Adicionaram-se 2,0 mL (14 mmoL) de DBU e

manteve sob agitação por 30 minutos. Em seguida, foi adicionado 0,38 mL

(3,5 mmol) de dibromidrina e manteve-se sob refluxo por quatro horas até a

formação de precipitado. Em seguida, retirou-se a reação do refluxo, mantendo-se

sob forte agitação até o resfriamento. Em seguida, procedeu-se à filtração e à

evaporação à pressão reduzida. O sólido branco isolado foi purificado de duas

maneiras: em coluna cromatográfica, utilizando como fase móvel diclorometano e

acetato de etila (8:1), e através da cristalização com metanol. Os produtos obtidos

por meio das duas formas de purificação foram submetidos à análise no IV e de

RMN. Faixa de fusão 62-68 °C

5.1.1.3 Síntese do diglicerídeo do ácido decanóico

s o~H+2 ÁsrJ··..., R OH

R=decanóico

Guilherme Costa Matsutaní

.. OO}-OH

o

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos· de primaquina 73

5.1.1.3.1 Tentativa síntese do ácido decanóico

Experimento 11

OHKMn04 ..

Em balão de 500 mL adicionaram-se 11 mL (57 mmol) de decanol em uma

solução de 1,22 g (8,8.10-3mol) de carbonato de potássio em 12 mL de água. Em

seguida, adicionou-se ao meio reacional outra solução de 12,8 g (74 mmol) de

permanganato de potássio em 230 mL de água. Manteve-se a mistura reacional

sob agitação magnética, utilizando banho de gelo e água, sob temperatura de 4-6

°C, durante 4 horas. Em seguida, retirou-se o banho de gelo e prosseguiu-se sob

agitação à temperatura ambiente por 12 horas. Após esse período, realizou-se a

extração com 5 porções de 50 mL de éter. Durante a extração, a fase etérea foi

acidificada com solução de ácido sulfúrico 0,1 M. As frações etéreas foram

reunidas e submetidas à evaporação rotatória sob pressão reduzida. O

concentrado resultante foi submetido à destilação horizontal sob pressão reduzida.

Retirou-se a fração entre 240-245 oCo

Experimento 12

Em erlemeyer de 500 mL foram adicionados 11 mL (5,7 mmol) de decanol

em solução de 1,22 g (11,5 mmol) de carbonato de sódio em 12 mL de água. Em

seguida, adicionou-se ao meio reacional outra solução de 12,8 g (74.10-2 moi) de

permanganato de potássio em 230 mL de água. Manteve-se a mistura reacional

sob agitação mecânica, utilizando-se banho de gelo e água, sob temperatura de

4-6 °C, durante 4 horas. Em seguida, retirou-se o banho de gelo prosseguiu-se

com agitação à temperatura ambiente por 12 horas. Após esse período,

centrifugou-se a mistura reacional, separando-se a fase líquida da fase sólida.

Realizou-se a extração com 5 porções de 50 mL de éter em ambas as fases. A

Guilherme Costa Mafsufani

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fase etérea proveniente da fase líquida foi concentrada e o líquido resultante foi

submetido à destilação horizontal sob pressão reduzida. A porção proveniente da

porção sólida foi suspensa em água e extraída com três porções de 100 mL de

éter. A fase etérea resultante foi submetida à agitação com solução de carbonato

de sódio por três horas. Em seguida, a fase aquosa foi separada da orgânica e

então acidificada com solução 0,1 M de ácido sulfúrico. Após a acidificação a fase

aquosa foi extraída com três porções de éter de 100 mL. As frações etéreas

foram reunidas e submetidas à evaporação rotatória sob pressão reduzida.

Experimento 13

Em 230 mL de água desionizada solubilizaram-se 11,8 g (74 mmol) de

permanganto de potássio, adicionaram-se 11,13 mL (57 mmol) de decanol e

manteve-se sob agitação mecânica por oito horas e em banho de gelo. Após as

oito horas, interrompeu-se a agitação e transferiu-se o meio reacional para funil de

separação de 500 mL. Adicionaram-se 150 mL de éter dietílico e manteve-se a

mistura em descanso por duas horas, a fim de promover a separação de fases.

Após as duas horas extraiu-se a fase etérea. À fase etérea resultante,

adicionaram-se 100 mL de solução aquosa de hidróxido de sódio 0,1 M e

manteve-se sob forte agitação magnética por 3 horas. Após as três horas, a

agitação foi interrompida e separou-se a fase aquosa da fase etérea, através de

funil de separação. A fase aquosa foi acidificada com solução de ácido sulfúrico

1 M e, então, realizou-se novamente a extração com éter, coletando-se a fase

etérea. A porção etérea resultante foi seca com sulfato de sódio e, posteriormente,

evaporada sob pressão reduzida em evaporador rotatório. O sólido obtido foi seco

em bomba de alto vácuo e analisado por RMN 1H.

Guilherme Costa Matsutani

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Experimento 14

Em 230 mL de água desionizada solubilizaram-se 11,8 g (74 mmol) de

permanganto de potássio, adicionaram-se 11,13 mL (57 mmol) de decanol e

manteve-se sob agitação mecânica por oito horas e em banho de gelo. Após as

oito horas, interrompeu-se a reação e manteve-se o meio reacional em repouso

por 24 horas. Após as 24 horas, o meio reacional foi filtrado e a fase líquida

colocada em funil de separação. Isolou-se a fase aquosa, a qual foi acidificada

com solução 1 M de ácido sulfúrico, a qual foi novamente levada ao funil de

separação e realizou-se extração com três porções de éter. O éter foi evaporado,

obtendo-se então o ácido decanóico. A amostra foi submetida a RMN.

Rendimento: 40%. Faixa de fusão 26-28 oCo

Experimento 15 3

Solubilizou-se 0,382 g (2,22 mmol) de ácido decanóico, juntamente com

0,68 mL (4,4 mmol) de DBU e manteve-se sob agitação e refluxo por 30 minutos.

Após os 30 minutos, adicionou-se 0,22 mL (1,1 mmol) de dibromidrina e iniciou-se

o refluxo por 4 horas. Filtrou-se, então, a mistura sob pressão reduzida. O filtrado

resultante foi submetido à evaporação sob pressão reduzida e o sólido

proveniente, submetido à secagem à pressão reduzida. Após a secagem a mistura

foi solubilizada em metanol e, então, mantida sob refrigeração por 2 horas. Em

seguida, a amostra foi retirada da refrigeração e filtrada. O produto obtido foi

analisado por RMN 1H. Rendimento: 38%; faixa de fusão: 37-41 oCo

5.1.2 Síntese de hemiamidas de primaquina

Após a reação dos anidridos succínico, maléico e ftálico com fosfato de

primaquina em meio com trietilamina e sob refluxo de uma hora, obtiveram-se as

Guilherme Costa Matsutani

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hemiamidas de primaquina. Estas foram isoladas de acordo com o espaçante

ligado.

5.1.2.1 Síntese da succinilprimaquina

o ..-°Wo + N .o--cr H2~NH trletilam~arefluxo

.2 H3P04

Experimento 16

~~~l??N(C2HshH3P04

Em balão de 125 mL, de fundo redondo, foram adicionados 5 g (1,1 mmol)

de fosfato de primaquina, solubilizados em 50 mL de etanol, juntamente com

3,06 mL (1,5 mmol) de trietilamina. Manteve-se sob agitação e aquecimento até

que a mistura começasse a refluxar, quando, então, foram adicionados 1,4 g (1,4

mmol) de anidrido succínico, deixando-se sob refluxo e agitação forte. Após 1

hora, desligou-se o refluxo e manteve-se sob agitação até o resfriamento.

Adicionaram-se, aproximadamente, 20 mL de água destilada, retirando-se quase

todo etanol, sob pressão reduzida. Em seguida, adicionaram-se, aos poucos,

20 mL de água até a precipitação, filtrando-se sob pressão reduzida. O filtrado foi

aquecido e, então, adicionado de acetona para a recristalização. Filtrou-se

novamente e adicionou-se água lentamente, até o resfriamento, sempre com

agitação manual. Em seguida, retirou-se o excesso de acetona em

rotaevaporador, até a precipitação. Isolou-se o precipitado mediante filtração sob

pressão reduzida. O sólido amarelado obtido foi analisado no IV.

Guilherme Costa Matsutani

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5.1.2.2 Síntese de maleilprimaquina

o.-cr0

",0

~~~'rieti'am;n:I refluxo

'2 H3P04

HO-J /OW~ _ N~HN

N +(C2H5hH3PO

Experimento 17

Em balão de 125 mL solubilizaram-se 2,27 g (5mmol) de difosfato de

primaquina em 20 mL de etanol, sob agitação magnética. Adicionaram-se 1,4 mL

(7 mmol) de trietilamina e iniciou-se o refluxo. Adicionou-se 0,62 g (6,3 mmol) de

anidrido maléico e prosseguiu-se com o refluxo por uma hora. Em seguida,

extraiu-se o solvente através de rotaevaporação, sob pressão reduzida. Tentou­

se solubilizar o composto em acetona e constatou-se o surgimento de

sobrenadante turvo, o qual foi extraído e submetido a aquecimento. Durante o

aquecimento ocorreu a precipitação de cristais amarelos, os quais foram filtrados

sob pressão reduzida e analisados no IV. Os cristais amarelos apresentaram faixa

de fusão entre 108°C e 113°C.

Experimento 18

Em balão de 125 mL solubilizaram-se 2,27 g (5 mmol) de difosfato de

primaquina em 20 mL de etanol, sob agitação magnética. Foram adicionados 2 mL

(10 mmol) de trietilamina e deixou-se refluxar por 10 minutos. Após 10 minutos,

adicionou-se 0,62 g (6,3 mmol) de anidrido maléico e manteve-se sob refluxo e

agitação por 2 horas. Após o refluxo, extraiu-se o solvente através de

rotaevaporação, sob pressão reduzida. O sólido obtido foi solubilizado em acetona

a quente. Adicionou-se água desionizada aos poucos. Deixou-se a mistura resfriar

até o surgimento de cristais amarelos. Os cristais foram isolados por filtração e

analisados no IV e por RMN 1H e 13C. O produto obtido apresentou ponto de fusão

entre 118°C e 121°C.

Guilherme Costa Matsutani

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5.1.2.3 Tentativa de síntese da ftalilprimaquina

b H:~.2 H3P04

trietilamina•

refluxo

'-0'Q)N~NH

O~ +

HO>--Ü N(C2H5hH3PO

Experimento 19

A síntese da ftalilprimaquina seguiu o mesmo procedimento empregado

no experimento 18 (síntese da maleilprimaquina), em que foram utilizados 2,27 9

(5 mmol) de primaquina, 1,4 mL de trietilamina (7 mmol) e 20 9 (6,4 mmol) de

anidrido ftálico, devidamente solubilizados em 20 mL de etanol. Para a purificação

da ftalilprimaquina foram empregadas 3 técnicas distintas: através de

recristalização com acetona, separação por coluna cromatográfica utilizando como

fase móvel clorofórmio/metanol 85:15, em que foram recolhidas as primeiras

frações, e, finalmente, através de extração com diclorometano/água. Em todas as

tentativas de purificação as amostras foram analisadas no IV.

5.1.3 Síntese dos derivados triglicerídicos de primaquina

Os derivados triglicerídicos de primaquina foram sintetizados a partir da

reação das hemiamidas de primaquina com os diésteres do glicerol, juntamente

com um agente condensante, como dicicloexilcarbodiimida (DCC), em presença

de dimetilaminopiridina (DMAP).

Guilhenne Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos" de primaquina 79

5.1.3.1 Síntese da 1,3-diestearil-2-maleilprimaquina

°

",.0

:=>-OHP° j~NHyJOH

0

0

/O~

0=>-0- ~ .1 "y"'N'"I~'N~

CH3

Experimento 20

Em balão de 50 mL foram solubilizados 0,072 g (0,2 mmol) de

maleilprimaquina em 20 mL de tetraidrofurano (THF) juntamente com 0,080 g

(0,38 mmol) de DCC, sob agitação magnética por 30 minutos. Em seguida,

adicionaram-se 0,126 g (0,2 mmol) de diestearilglicerol juntamente com 0,015 g

(5 mmol) de DMAP e manteve-se a mistura reacional sob forte agitação e banho

de gelo por quatro horas. Em seguida, prosseguiu-se com a agitação por 48 horas

à temperatura ambiente. Interrompeu-se a agitação e manteve-se a mistura

reacional em geladeira por 24 horas, a fim de facilitar a precipitação dos cristais de

dicicloexiluréia (DCU), os quais foram filtrados e desprezados. O filtrado obtido foi

submetido à evaporação sob pressão reduzida. Uma vez evaporado o solvente, o

sólido obtido foi eluído em coluna cromatográfica utilizando diclorometano/acetato

de etila (6:1) como fase móvel e f1uoresceína sódica como revelador. Foram

coletadas as frações com Rf = 0,7. O produto obtido, de cor amarela clara, foi

submetido à análise no IV e por RMN 1H e 13C.

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 80

5.1.3.2 Tentativa de síntese de 1,3-diestearil-2-succinilprimaquina

°

° ,,0

:>-OH+'Ç)o . j ~NHyJOH

00 /o~

oy- ~ .1 "'f"'N'"!~-N~

CH3

Experimento 21

a procedimento utilizado para a síntese deste composto foi semelhante ao

descrito para a diestearilmaleilprimaquina. Em balão de 50 mL foram solubilizados

0,058 g (0,16 mmol) de succinilprimaquina em 20 mL de tetraidrofurano (THF),

juntamente com 0,07 g (0,33 mmol) de DCC, sob agitação magnética por 30

minutos. Após 30 minutos foram adicionados 0,100 g (0,16 mmol) de

diestearilglicerol, juntamente com 0,012 g (1,2 mmol) de DMAP e manteve-se a

mistura reacional sob forte agitação e banho de gelo por quatro horas. Em

seguida, prosseguiu-se com a agitação por 48 horas à temperatura ambiente.

Interrompeu-se a agitação e manteve-se a mistura reacional em geladeira por 24

horas a fim de facilitar a precipitação dos cristais de DCU, os quais foram filtrados

e desprezados. a filtrado obtido foi submetido à evaporação sob pressão

reduzida. Uma vez evaporado o solvente, o sólido obtido foi eluído em coluna

cromatográfica utilizando-se diclorometano:acetato de etila (8: 1) como fase móvel

e f1uoresceína sódica como revelador. Foram coletadas as frações com Rf =0,8.

a produto obtido, de cor amarela clara, foi submetido à análise no IV.

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos· de primaquina 81

Experimento 22

Nesta repetição do experimento 11 foram realizadas algumas modificações.

As quantidades de DCC e DMAP foram reajustadas em relação à

succinilprimaquina. No experimento anterior foram utilizados 2 moi de DCC em

relação a 1 moi de succinilprimaquina. Neste experimento foram utilizados 3 moi

de DCC em relação a 1 moi de succinilprimaquina. A fase móvel da coluna

cromatográfica foi modificada para diclorometano:acetato de etila (6:1), coletando­

se as frações de Rf=0,6. O produto obtido foi analisado no no IV e por RMN 1H e

13C.

5.1.3.3 Tentativa de síntese de 1,3-dipalmitoil-2-maleilprimaquina

:=>-OH 7l(LNH~OH! o

o /0~::::::>-0. ~ 1 '("N<'

o r~-N~CH3

Experimento 23

A tentativa de condensação entre o dipalmitoilglicerol e a maleilprimaquina

foi realizada da mesma maneira que as tentativas de condensação anteriormente

descritas. Foi utilizado 0,072 9 (0,12 mmol) de dipalmitoilglicerol em proporção

estequiométrica com 0,045 9 (0,12 mmol) de maleilprimaquina. Como agente

condensante utilizou-se 0,05 9 (0,24 mmol) de DCC, juntamente com 0,005 9

(O,04 mmol) de DMAP como catalisador. A fase móvel empregada foi de

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 82

diclorometano:acetato de etila (6:1). Foram coletadas as frações de Rf 0,6. O

produto obtido foi analisado no IV.

Experimento 24

Foram empregadas as mesmas quantidades de reagentes e o mesmo

método de condensação que o anterior, porém o derivado diglicerídico foi re­

purificado, a fim de melhorar o rendimento da reação. O produto obtido foi

analisado no no IV e por RMN 1H e 13C.

5.1.3.4 Tentativa de síntese do 1,3-dipalmitoil-succinilprimaquina

o B+ o

J-OH? ~NH~OHo

o

j /OWo o NH

o:::>-O~N~CH,o oo

Experimento 25

A síntese da dipalmitoilsuccinilprimaquina ocorreu conforme o método geral

de condensação dos derivados diglicerídicos. Foram empregados 0,24 9 (4,4

mmol) de dipalmitoilglicerol juntamente com 0,158 9 (4,4mmol) de

succinilprimaquina utilizando 0,086 9 (4,17 mmol) de DCC e 0,10 9 (8,3 mmol) de

DMAP. A fase móvel empregada foi de diclorometano acetato de etila 8:2. O

produto obtido foi analisado no IV e por RMN 1H e 13C.

Guilhenne Costa Matsutani

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5.1.3.5 Tentativa síntese do 1,3-dipalmitoil-2-ftalilprimaquina

o!R--{

:>-OH-<oR R=palmítico

Experimento 26

/0'9) /0'9)NH~NH NH~NH+;:0 I 0;:0 Io OCCIDMAE R--{ o

HO :rR-{

o

Em balão de 50 mL solubilizaram-se 0,054 9 (1,33 mmol) de

ttalilprimaquina, juntamente com 0,047 9 (2,4 mmol) de OCC em 15 mL de THF.

Após 30 minutos de agitação intensa adicionou-se 0,076 9 (1,33 mmol) de

dipalimtoilglicerol e 0,010 9 (1 mmol) de OMAP. Seguiu-se sob forte agitação por

4 horas, em banho de gelo, e por mais 48 horas à temperatura ambiente. Após 48

horas, a agitação foi interrompida e a mistura reacional levada à geladeira por 24

horas. Em seguida, o solvente foi evaporado e o sólido resultante submetido a

análise cromatográfica. A análise por CCO foi realizada utilizando diversas fases

móveis. As principais foram: diclorometano/acetato de etila 6:1;

diclorometano/acetato de etila 8:1; clorofórmio/metanol/ácido acético 95:5:3;

clorofórmio/metanol 85: 15.

Experimento 27

Em balão de 50 mL solubilizou-se 0,054 9 (1,3 mmol) de ttalilprimaquina,

0,076 9 (1,3 mmol) de dipalmitoilglicerol, 0,047 9 (2,4 mmol) de OCC e 0,010 9

(1 mmol) de DMAP. A mistura foi mantida sob forte agitação e banho de gelo por

Guilherme Costa Matsutani

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quatro horas. Manteve-se, então, a agitação à temperatura ambiente por mais 48

horas. Utilizou-se análise cromatográfica da mistura reacional.

5.1.3.6 Síntese do 1,3-diestearil-2-ftalilprimaquina

oR-(

J-OH:-{

oR R=esteárico

~'9) /0'9)NH~NH NH~NH

::;:0 DCC/DMAE~~R-{

o

Experimento 28

Este experimento foi realizado utilizando-se o mesmo procedimento

aplicado no experimento 27. Empregaram-se 0,050 9 (1,2 mmol) de

ftalilprimaquina, 0,076 9 (1,2 mmol) de diestearilglicerol, 0,049 9 (2,4 mmol) de

OCC e 0,006 9 (0,7 mmol) de DMAP. Efetuou-se análise por CCO.

Experimento 29

Este experimento ocorreu da mesma maneira que o experimento 8.

Empregaram-se 0,080 9 (1,28 mmol) de diestearilglicerol, 0,052 9 (1,28 mmol) de

ftalilprimaquina, 0,049 9 (2,5 mmol) de OCC e 0,01 9 (0,8 mmol) de OMAP.

Guilherme Costa Matsutani

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5.1.3.7 Síntese do 2-ftalil-1,3-dipalmitoilglicerol

oR-{

J-OHR-{

O

R=palmítico

Experimento 30

OH

Em balão de 100 mL foram adicionados 0,506 9 (9,0 mmol) de

dipalmitoilglicerol, juntamente com 0,131 9 (9,0 mmol) de anidrido ftálico,

solubilizado em 20 mL de THF. A mistura reacional foi mantida sob refluxo durante

5 horas, utilizando-se 0,05 mL de ácido acético como catalisador. Após o refluxo, o

solvente foi evaporado em evaporador rotatório e o sólido obtido foi eluído em

coluna cromatográfica, utilizando-se como fase móvel diclorometano e acetato de

etila 8:1 As frações que apresentaram Rf 0,6 foram evaporadas. O produto obtido

foi submetido a RMN 1H e 13C.

5.1.3.7 Síntese do 1,3-ftalil-diestearilglicerol

O

R-{:=>-OH

R-\R=esteárico

Guilherme Costa Matsutani

OH

O

R-" O~ refluxo .. b '---.lI

ácido acético YR-\

BIBLIOTECAFaculdade de Ciências Farmacêuticas

Universidade de São Paulo

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Experimento 31

Utilizando a mesma técnica aplicada a para a síntese do

ftalildipalmitoilglicerol, foi sintetizado o. ftalildiesterilglicerol. Os reagentes foram

empregados nas seguintes proporções: 0,5 9 (8 mmol) de diestearilglicerol, 0,12 9

(8 mmol) de anidrido ftálico e ácido acético 0,5 mL, todos solubilizados em 15 mL

de THF.

5.1.3.8 Tentativa de síntese do dipalmitoilftalilprimaquina

R-{ 00

R-<~

OH/0

+H2N~NH

R= esteârico DCC/DMAP

/0

N~Ho

R-{ O~0)-OO

R1,Depois de obtido o intermediário ftalildipalmitoilglicerol tentou-se realizar a

condensação com a primaquina.

Guilhenne Costa Matsutani

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Experimento 32

Em balão de 50 mL solubilizou-se 0,144 g (3,2 mmol) de difosfato de

primaquina em 20 mL de etanol. Adicionou-se 0,1 mL (6,4 mmol) de trietilamina e

manteve-se sob agitação por 40 minutos. Após os 40 minutos adicionaram-se

0,224 g (3,2 mmol) de ftalildipalmitoilglicerol, O,098g (4,8 mmol) de DCC e 0,02 g

(2,4 mmol) de DMAP, todos devidamente solubilizados em 20 mL de THF. A

mistura foi mantida em banho de gelo por 4 horas e, em seguida, sob forte

agitação por 48 horas. O solvente foi, então, evaporado e o produto resultante

eluído em coluna cromatográfica, utilizando-se como fase móvel diclorometano e

acetato de etila 8:1. Foram retiradas as frações com Rf 0,8. O produto obtido foi

analisado por RMN 1H.

5.1.3.9.Síntese do 1,3-didecanoil-2-succinilprimaquina

Experimento 34

Em balão de 50 mL foram solubilizados 0,079 g (O,22mmol) de

succinilprimaquina em 20 mL de tetraidrofurano (THF), juntamente com 0,09 g

(0,44 mmol) de DCC, sob agitação magnética por 30 minutos. Após 30 minutos

foram adicionados 0,09 g (0,22 mmol) de didecanoilglicerol, juntamente com

0,012 g (1,2 mmol) de DMAP e manteve-se a mistura reacional sob forte agitação

e banho de gelo por quatro horas. Em seguida, prosseguiu-se com a agitação por

48 horas à temperatura ambiente. Interrompeu-se a agitação e manteve-se a

mistura reacional em geladeira por 24 horas a fim de facilitar a precipitação dos

cristais de DCU, os quais foram filtrados e desprezados. O filtrado obtido foi

submetido à evaporação sob pressão reduzida. Uma vez evaporado o solvente, o

sólido obtido foi eluído em coluna cromatográfica utilizando-se

diclorometano:acetato de etila (8:1) como fase móvel e f1uoresceína sódica como

revelador. Foram coletadas as frações com Rf = 0,8. O produto obtido, de cor

amarela clara, foi submetido à análise no IV.

Guilherme Costa Matsutaní

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5.1.3.10 Síntese do 1,3-didecanoil-2-maleilprimaquina

Experimento 35

Em balão de 50 mL foram solubilizados 0,072 g (0,20 mmol) de

maleilprimaquina em 20 mL de tetraidrofurano (THF) juntamente com 0,080 g

(0,38 mmol) de DCC, sob agitação magnética por 30 minutos. Em seguida,

adicionaram-se 0,100 g (0,2 mmol) de didecanoilglicerol juntamente com 0,015 g

(5 mmol) de DMAP e manteve-se a mistura reacional sob forte agitação e banho

de gelo por quatro horas. Em seguida, prosseguiu-se com a agitação por 48 horas

à temperatura ambiente. Interrompeu-se a agitação e manteve-se a mistura

reacional em geladeira por 24 horas, a fim de facilitar a precipitação dos cristais de

dicicloexiluréia (DCU), os quais foram filtrados e desprezados. O filtrado obtido foi

submetido à evaporação sob pressão reduzida. Uma vez evaporado o solvente, o

sólido obtido foi eluído em coluna cromatográfica utilizando diclorometano/acetato

de etila (6: 1) como fase móvel e f1uoresceína sódica como revelador. Foram

coletadas as frações com Rf = 0,7. O produto obtido, de cor amarela clara, foi

submetido à análise no IV e por RMN 1H e 13C.

Guilherme Costa Matsutani

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6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 SíNTESE DOS DIGLICERíDEOS DOS ÁCIDOS PALMíTICO EESTEÁRICO

Nesta tentativa (experimento 1), foram realizadas algumas modificações em

relação ao método anteriormente descrito (Sanai, Ferreira, 2000). Utilizou-se

tetraidrofurano, ao invés de benzeno. Também, foi realizada tentativa de

purificação do produto, utilizando etanol, sem efetuar a liofilização. Outra

modificação realizada foi o tempo de reação, que aumentou de duas para quatro

horas.

A análise no infravermelho (espectro 1) mostrou que a substituição do

benzeno por tetraidrofurano foi eficiente, pois se observou a banda de estiramento

de carbonila de éster (1733 cm-1). Já em relação à purificação com etanol, esta se

mostrou ineficiente, pois o espectro apresentou banda de carbonila de ácido

(1701 cm-1) e contaminação com glicerol (1647 cm-1

). De maneira igual, a extração

realizada no experimento 3 também se mostrou ineficaz, apresentando as

mesmas bandas na análise no infravermelho.--_.- ---_."

\

..... ,.

1733 C=O, éster ".

.,.

~~~ ~-~~~~""-"----~-

1700, C=O ácido

Espectro 1 (IV, KBr, vcm-1): Dipalmitoilglicerol impuro.

A coluna cromatográfica utilizada no experimento 2 não se mostrou

totalmente eficiente para a purificação do produto, mesmo que a análise no

Guilherme Costa Matsuiani

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infravermelho (espectro 2) não tenha mostrado as bandas relacionadas às

impurezas anteriormente mencionadas. No entanto, a análise por RMN 13C

mostrou sinais na região de 65 ppm a 70 ppm referentes a carbonos carbinólicos

do monoglicerídeo, o que indica a formação do diglicerídeo e o monoglicerídeo do

ácido palmítico. Conseqüentemente, por meio de cromatografia em coluna não se

conseguiu separar o mono do diglicerídeo. Isto se deve ao fato de que as CCOs

utilizadas para acompanhar a coluna cromatográfica inicialmente foram reveladas

com iodo re-sublimado, o qual não permitia visualizar a mistura de glicerídeos.

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Guilherme Costa Matsutani

Espectro 2 (IV, KBr, v cm-1): Dipalmitoilglicerol.

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Atribuições:IV (KBr, v, cm-1): 3457 (larga, vOH); 2921,2851 (forte, vC-H alifático);

1731 (forte, vC=O éster); 1178(fraca, vC-O)

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Espectro 3 (RMN 13C, COCb, 75 MHz, õ ppm): Mistura de diglicerídeo com

monoglicerídeo.

Para a obtenção do diglicerídeo puro foi necessário utilizar um revelador

que pudesse evidenciar a mistura de glicerídeos para, posteriormente, encontrar

fase móvel mais adequada para separar a mistura em questão. O revelador

utilizado foi a f1uoresceína sódica, que apresentou bons resultados para a

revelação das placas. A partir daí pesquisaram-se fases móveis com variações

nas proporções de diclorometano e acetato de etila. O sistema solvente que

apresentou a melhor separação entre os glicerídeos foi a mistura de

diclorometano:acetato de etila (8:1), sendo, então, a fase móvel escolhida para

realizar a separação entre o di e o monoglicerídeo realizada no experimento 4.

Guilhenne Costa Matsutani

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oJl 1OO~H

O l'

Figura 33: Oipalmitoilglicerol.

Os três sinais encontrados na região de 65-70 ppm mostram que a

separação foi eficiente, apesar do resíduo de monoglicerídeo observado. Outro

indício da formação do diglicerídeo e sua purificação é o multipleto na região de

3,5 ppm, observado por RMN 1H, característico do hidrogênio localizado na

posição 2 do diglicerídeo.

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Espectro 4 (RMN 1H, 300 MHz, COCb. o ppm): Oipalmitoilglicerol

puro.

RMN1H(300 MHz, COCh, o ppm): 0,85-0,89(t,CH3 ,6H); 1,25-1,40 (m, CH2,

48H);1 ,62-1 ,75 (m, CH2, 4H); 2,31 (t,CH2,4H); 3,43-3,53(m,CH,1 H); 4,06­

4,22(m,OCH2,4H ).

Guilherme Costa Matsutani

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RMN 13C (75 MHz, COCb, O ppm): 174,31 (Cs; C19), 68,77 (C2);

65,41 (C3,C7); 34,48(C28,C11); 32,30(C42, C2S); 29,50-30,06(C13-24,C3D-41); 25,27(C12­

C29); 23,06(C43,C26); 14,49(C27,C44)

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Espectro 5 (RMN 1H, 300 MHz, COCb, o ppm): Região ampliada do

espectro 4.

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos» de primaquina 94

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Espectro 6 (RMN 13C, 75 MHz, COCb, Õ ppm): Oipalmitoilglicerol puro.

Uma vez obtido o produto realizou-se a otimização desta síntese. Dessa

forma, foi possível não apenas obter maior rendimento da reação, mas também

desenvolver metodologia mais fácil, rápida e econômica para a obtenção de

derivados diglicerídicos.

Inicialmente, o tempo de reação foi aumentado, mantendo-se a

estequiometria original da reação, A análise cromatográfica realizada no

acompanhamento da reação, através de CCO, mostrou que à medida que o tempo

era aumentado, ocorria a rápida conversão do diglicerídeo em triglicerídeo,

resultando, assim, na maior parte de mono e triglicerídeo, o diglicerídeo

aparecendo como contaminação (experimento 5). Esta formação de triglicerídeo,

além de diminuir a obtenção do diglicerídeo, dificultava significativamente qualquer

tentativa de recristalização, devido à proximidade de polaridade com o

diglicerídeo.

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos" de primaquina 95

Posteriormente, foram realizadas variações na estequiometria dos

reagentes, mantendo o tempo em quatro horas de reação. As proporções dos

reagentes estão na tabela I, a seguir.

Tabela 111 - Estequiometria dos reagentes utilizados na síntese dos diglicerídeos

Reagente Método Exp.6 Exp.7 Exp.8

original

Ac. palmítico 7 10 7 7

(mmol)

DBU (mmol) 7 10 7 14

Dibromidrina 3,5 3,5 4,25 3,5

(mmol)

Através da análise por CCO, pode-se observar que o aumento da

quantidade de ácido graxo proporcionou a formação do triglicerídeo e não a do

diglicerídeo, de maneira similar ao que ocorreu quando o tempo de reação foi

aumentado (Experimento 6).

o aumento da proporção de dibromidrina levou à formação de muito

monoglicerídeo e não do derivado dissubstituído (Experimento 7).

A modificação que apresentou melhor resultado foi o aumento na proporção

de OBU em relação ao ácido graxo. Esta modificação confirmou que a reação não

apresentava melhor rendimento devido à formação de baixa concentração de

carboxilato, com ataque ineficiente do ácido carboxílico à dibromidrina. Notou-se

que a proporção de dois moI de OBU para um de ácido carboxílico melhorou o

desempenho da reação (Experimento 8), propiciando rendimento de 35%.

Para tentar melhorar, ainda mais, a ativação do ácido carboxílico, adotou­

se, ainda, nova modificação no procedimento da reação. Na técnica original,

mantinha-se o ácido graxo em agitação com OBU, sem aquecimento, a fim de

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos" de primaquina 96

ativar a carbonila. Optou-se, então, pela manutenção da mistura sob refluxo, o que

levou a pequena melhora no rendimento, de 35% para 40% (experimento 9) .

O aumento no tempo de reação, ultrapassando 4 horas, levou à obtenção

do triglicerídeo.

Finalmente, novo método de purificação foi desenvolvido para substituir a

coluna cromatográfica. Para realizar a purificação desta reação, foram testados

diversos solventes que conseguissem solubilizar o ácido graxo, o monoglicerídeo

e que precipitassem o diglicerídeo. A maior dificuldade observada relaciona-se ao

fato de que mono e diglicerídeo apresentam polaridades muito próximas.

Entre os diversos solventes testados, o metanol foi eficiente em purificar a

mistura reacional, deixando apenas o diglicerídeo. A análise por RMN C13 mostra

na região de 60 a 70 ppm apenas dois sinais, um referente aos carbonos 1 e 3 do

glicerol e outro ao carbono ligado à hidroxila em 2. Este espectro (espectro 7)

mostra que o produto se encontra mais puro que aquele obtido pelo método por

coluna cromatográfica, em que se observavam sinais referentes ao

monoglicerídeo.

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 97

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Espectro 7: Dipalmitoilglicerol purificado com metano!.

6.1. 1 Síntese do diesteari/glicerol

Após a obtenção do dipalmitoilglicerol (experimento 5) foi realizada a

síntese do diestearilglicerol (experimento 10), a qual apresentou os mesmos

problemas na purificação através da coluna cromatográfica. Foram realizadas

análises cromatográficas em colunas com sistemas solvente diclorometano:

acetato de etila nas proporções de 6:1 e de 8:1, sendo este último o sistema

solvente mais indicado para a separação de di e monoglicerídeos. A análise no

infravermelho (espectro 8) mostrou a presença da hidroxila do glicerol (3459 cm-1)

e de carbonila do éster (1729 cm-1), sem apresentar a carbonila de ácido.

Também foi realizada a purificação com metanol, que se mostrou mais eficiente no

caso do diestearilglicerol.

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de prá-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 98

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Figura 36 : Diestearilglicerol.

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Espectro 8 (IV, KBr, vcm-1): Oiestearilglicerol.

Atribuições: IV (KBr, v cm-1): 3459 (larga, vOH ) ; 2922,2850 (intensa, vC-H); 1729

(forte, yC=O éster)

RMN1H(300 MHz, COCh, õ ppm): O,85-0,89(t,CH3 ,6H); 1,25-1,40 (m, CH2,

48H);1,62-1,75 (m, CH2, 4H); 2,31 (t,CH2,4H); 3,43-3,53(m,CH,1H); 4,06­

4,22(m,OCH2,4H ) .

Guilherme Costa Matsutani

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RMN 13C (75 MHz, COCb, Õ ppm): 174,31 (Cs; C19), 68,77 (C2);

65,41 (C3,C7); 34,48(C28,C1Ü; 32,30(C42, C2S); 29,50-30,06(C13-24,C30-41); 25,27(C12­

C29); 23,06(C43,C26); 14,49(C27,C44)

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Espectro 9 (RMN 1H, 300 MHz, COCb. õ ppm): Oiestearilglicerol.

A análise de RMN C13(espectro 10) também mostra a carbonila de éster

em 174,31 ppm, apresentando quatro sinais na região de 65-70 ppm, indicando

apenas a contaminação por acetato de etila, solvente utilizado na coluna

cromatográfica.

o espectro 11 mostra o dois sinais na região de 65-70 ppm referentes aos

carbonos 1 e 3 do diglicerídeo, comprovando o sucesso da purificação.

Guilherme Costa Matsufani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pro-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 100

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Espectro 10 (RMN 13C, 75 MHz, CDCI3, , Õ ppm): Diestearilglicerol

purificado com coluna diclorometano/acetoto 8:1.

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Espectro 11 (RMN 13C, 75 MHz, COCI3, , Õ ppm): Diestearilglicerol purificado

com metano!.

Guilherme Costa Matsutani

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6.1.2 Síntese do didecanoilglicerol

6.1.2.1 Síntese do ácido decanóico

A síntese do ácido decanóico consistiu na oxidação do decanol a ácido,

utilizando permanganato de potássio como agente oxidante.

No experimento 11 foram encontradas diversas dificuldades. Durante o

processo reacional, foi utilizada agitação magnética, o que não foi adequado, visto

que o meio reacional tornou-se muito espesso. Outra dificuldade encontrada,

também relacionada com a viscosidade do produto, foi o processo de filtração.

Após a agitação, o ideal seria que o meio reacional fosse submetido à filtração, o

que não foi possível devido à alta viscosidade do sistema. Por fim, o processo de

destilação horizontal sob pressão reduzida promoveu a esterificação entre o

decanol e o ácido decanóico, dificultando a purificação do produto. A análise do

espectro de RMN 1H (espectro 39) mostrou a presença dos hidrogênios ligados a

carbonos carbinólicos pertencentes ao decanol, assim como o sinal em 6,3 ppm

referente à hidroxila. A análise de RMN 13C (espectro 13) mostrou sinais de

carbono carbonílico de ácido e éster localizadas em 178 e 174 ppm,

respectivamente.

Guilherme Costa Matsutani

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Espectro 12 (RMN 1H, 300 MHz, CDCb, o ppm): Tentativa de síntese do

ácido decanóico (experimento 11).

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Espectro 13(RMN 1H, 75 MHz, CDCb, o ppm): Tentativa de síntese do

ácido decanóico (experimento 11).

Nos experimentos 12 e 13 foram realizadas modificações visando corrigir os

problemas encontrados no experimento 11 .

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 103

A agitação magnética foi substituída pela agitação mecânica e ao invés de

se tentar a filtração foi realizada centrifugação. A modificação de maior impacto foi

a tentativa da formação de sal sódico do ácido, com isto evitando a destilação

horizontal. A análise de RMN 1H (espectro 14) mostrou a ausência dos sinais

referentes a hidrogênios ligados a carbonos carbinólicos. A análise de RMN 13C

(espectro 15) mostrou o sinal em 180 ppm referente à carbonila do ácido e à

ausência de sinais de carbonos carbinólicos.

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Figura 37: Ácido decanóico.

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Espectro 14 (RMN 1H, 300 MHz, CDCb, oppm): Ácido decanóico.

Atribuições RMN 1H: (300 MHz, CDCb, oppm): 0,87 (t, CH3, H12); 1,26 (m,

12 CH2); 1,65 (m, CH2 H5); 2,34 (t, CH2, H4)

Guilherme Cosia Matsutani

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Durante o processo de síntese observou-se a formação do sal potássico do

ácido decanóico, dispensando, assim, a etapa de formação do sal sódico. Com

isto realizou-se o experimento 14, no qual se trabalhou com a fase aquosa, a qual

foi acidificada obtendo-se então 40% de rendimento do ácido decanóico.

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Espectro 15 (RMN iH, 75 MHz, CDCb, oppm): Ácido decanóico.

Atribuições RMN i3C (75 MHz, CDCb, oppm) 180,16 (C2); 34,40 (C4); 32,24

(CiO); 29,78 (Ca); 29,63 e 29,45 (C6, C7 e Cg); 25,08 (Cs); 23,05 (Ci1) 14,49 (Ci2).

6.1.2.2 Síntese do diglicerídio do ácido decanóico

Uma vez obtido o ácido decanóico, iniciou-se a síntese do seu diglicerídeo,

descrita no experimento 15. Esta síntese seguiu conforme o método otimizado de

obtenção de diglicerídeos, previamente descrito. Encontrou-se apenas pequena

dificuldade na purificação com metanol. Devido à cadeia alquílica deste

diglicerídeo ser menor que a do dipalmitoil e diestearilglicerol e,

Guilherme Costa Matsutani

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conseqüentemente, ser menos Iipofílico, foi necessário utilizar banho de gelo para

a recristalização do didecanoilglicerol.

A análise por H1 RMN mostrou o multipleto em 3,43-3,53 ppm, referente ao

hidrogênio ligado ao cabono carbinólico encontrado na posição 2 do glicerol,

característico em derivados diglicerídicos. O espectro 16 mostra o produto obtido.

Igualmente característico de diglicerídeos, o sinal em 1,49 ppm, referente

às cadeias alquílicas, pode ser observado.

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Figura 37: Didecanoilglicerol.

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Espectro 16: RMN1H(300 MHz, CDCb, Õ ppm): Didecanoilglicerol.

Guilherme Costa Matsutani

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Atribuições: RMN1H(300 MHz, COC!3, o ppm): O,85-0,89(t,CH3,6H); 1,25-1,40 (m,

CH2, 24H);1 ,62-1 ,75 (m, CH2, 4H); 2,31 (t,CH2,4H); 3,43-3,53(m,CH,1 H); 4,06­

4,22 (m,OCH2,4H ).

A análise de RMN C13 mostrou o sinal em 174 ppm, referente aos

carbonos de carbonila de éster. Também, podem-se observar apenas dois sinais

em 62 e 70 ppm, correspondentes aos carbonos do esqueleto do glicerol nas

posições 1 e 3 e a posição 2, respectivamente. O espectro 17 de RMN C13

confirma ter-se obtido o produto esperado.

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Espectro 17 RMN 13C (75 MHz, COCh, Õ ppm): Oidecanoilglicerol.

Atribuições RMN 13C (75 MHz, COCb, Õ ppm): 174,16 (C5; C19), 68,62 (C2);

65,25(C3,Cy); 34,32(C20,C11); 32,06(C1y, C26); 29,33-29,61 (C13-15,C22-25);

25,10(C12-C21); 23,06(C2y,C18); 14,49(C19,C28)

Guilherme Costa Matsutani

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6.2 SíNTESE DAS HEMIAMIDAS DE PRIMAQUINA

Obteve-se a succinilprimaquina por meio do método padronizado em nosso

laboratório, descrito no experimento 16.

A análise do espectro no infravermelho (espectro 18) mostra bandas de

estiramento localizadas em 1670 cm-1 e 1648 cm-\ indicando a presença da

carbonila de amida, e banda de estiramento em 1715 cm-1, indicando a presença

da carbonila ácida. Estas bandas levam à constatação de que houve a ligação

entre o anidrido succínico e a primaquina.r--.., i « ---r---r.._......,..--r- ( í i _0) I i I ,.--- r I i .----r---1

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Espectro 18 (IV, KBr, v cm-1): Succinilprimaquina.

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Atribuições IV (KBr, v cm-1): 3451 (forte, yOH ), 3266 (forte,. N-H )

3088,3006 (fraca, yC-H aromático) 2958,2926,2863 (fracas, vC-H alifático),1715

(forte, ~ C=O ácido) 1670, 1648 (forte, yC=O amida).

Guilherme Costa Matsutaní

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 108

A síntese da maleilprimaquina foi um pouco mais trabalhosa, sendo

necessárias algumas modificações.

No experimento 17 obteve-se um produto com características semelhantes

às da succinilprimaquina: cor amarelada, ponto de fusão entre 108°C e 111°C.

Realizada a análise no infravermelho constatou-se que não havia as bandas de

amida (1625-1640 cm-1) e de ácido (1710 cm-1

), mostrando que o produto não

havia se formado (espectro 11).

Atribuições IV (KBr, v cm-1): 3422 (Iargq :vOH e :vNH), 2972, 2938(intensa,

vC-H alifático) 2803, 2749, 2491 (fraca, vN-H sal amínico); 1615(intensa, v C-N)

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Espectro 19 (IV, KBr, v cm-1): Produto da reação (experimento 17).

Acredita-se que o produto amarelo descrito seja a primaquina na forma de

monofosfato. Outro indicador da formação do sal é o fato de que o composto

Guilherme Costa Matsutani

BIBLIOTECAFaculdade de Ciências Farmacêuticas

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 109

precipitou em acetona a quente, o que é característico de alguns sais. A análise

por CCO indicou que o composto obtido apresenta Rf semelhante ao do difosfato

de primaquina.

Vários fatores podem ter contribuído para que não se tenha formado o

produto e sim o sal. Q tempo de reação, o volume de trietilamina e a qualidade do

anidrido empregado são alguns parâmetros que podem ser modificados

facilmente.

Como correção, o volume de trietilamina foi aumentado de 1,4 mL para

2 mL e a mistura foi mantida sob refluxo por 15 minutos, antes de se adicionar o

anidrido maléico, a fim de evitar a formação do sal.

Q tempo de reação foi aumentado de uma para duas horas. Quanto ao

anidrido, este foi re-sublimado, a fim de eliminar impurezas com o ácido maléico

(experimento 18).

Q produto isolado apresentou cor amarela e ponto de fusão entre 118°C

e 123°C.

A análise no infravermelho mostrou as bandas de amida (1640 cm-1) e de

ácido (1708 cm-1), caracterizando a hemiamida de primaquina.

Atribuições: IV (KBr, v cm-1): 3382 (intensa, vN-H); 3244 (intensa,v O-H),

3066 (fraca, vC-H aromático), 2951 (intensa, vC-H alifático); 1898 (umbrelJa, :vC-H

de aromático substituído), 1708 ( fort~, vC=Q ácido), 1640 (forte, vC=Q amida),

1614(forte, deformação N-H de amina); 1605 (deformação C=C aromático)

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 110

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Espectro 20 (IV, KBr, v cm-1): Maleilprimaquina.

A estrutura foi submetida à RMN 1H e de 13C. Através da análise do

espectro de RMN 1H (espectro 22), foi possível observar os sinais referentes aos

hidrogênios ligados ao C=C do ácido maléico com primaquina.

Atribuições: RMN 1H(300 MHz, COCb, 8 ppm): 8,56-8,53 (dd, CH, H2);

7,95-7,96 (dd, CH, H4); 7,63 (s, NH, H16), 7,32-7,36 (dd, CH, H3); 6,37-6,38 (d,

CH, H8); 6,31-6,32 (d, CH, H10); 6,19-6,22 (di CH, H23); 5,99-6,04 (d, CH, H22);

3,88 (5, CH3, H20);3,58-3,64 (q, CH, H12); 3,29-3,41 (m, CH2, H15); 1,69-1,74 (di

CH2, H13, 14); 1,27-1,29 (d, CH2, 21).

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 112

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7:

Espectro 22 (RMN 1H,300 MHz, COCb, ôppm): Maleilprimaquina, Regiões

ampliadas do espectro 21, correspondente à faixa de 6,0 ppm até 6,4 ppm, (Os

dois dubletos localizados em campo mais alto são referentes aos hidrogênios

ligados aos carbonos 22 e 23).

Quanto à análise por RMN 13C, o espectro não foi esclarecedor, portanto,

foi necessário que se utilizasse a técnica bidimensional HMQC (espectro 23).

Nesta técnica ocorre a correlação entre o 13C e seu respectivo 1H e com ela

foi possível a determinação dos carbonos com maior precisão.

Guilherme Costa Matsutani

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Espectro 23(RMN, CDCh): HMQC de maleilprimaquina.

Guilherme Costa Matsutani

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Espectro 24 (RMN COCIs): HMQC de maleilprimaquina. Espectro

ampliado na faixa de 6,0 a 8,5 ppm.

o espectro 24 mostra a correlação entre os hidrogênios H22 e H23 com

os seus respectivos carbonos, confirmando a estrutura da maleilprimaquina.

Quanto à síntese da ftalilprimaquina (experimento 19), encontraram-se

dificuldades referentes à sua purificação e cristalização. A análise no

infravermelho do produto bruto (espectro 25) indica que houve a formação do

composto desejado, uma vez que se puderam visualizar as bandas de carbonila

de ácido (1715 cm-1) e de carbonila de amida (1645 cm-1

).

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 115

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Espectro 25 (IV, NaC!v cm-1): Ftalilprimaquina bruta.

Na tentativa de recristalização ocorreu a formação de precipitado amarelo

e muito fino, o qual não foi possível isolar, mesmo concentrando a amostra ao

máximo. Provavelmente, o método de recristalização utilizado não foi eficaz.

A análise no infravermelho permitiu concluir que a purificação por meio de

coluna cromatográfica não foi eficaz, pois apesar de se observar a presença do

ácido (1712 cm-1), não foi possível encontrar a banda de amida (espectro 26).

Guilherme Costa Matsutani

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3300. 2600. 1900. ~200. 500. CM-1

Espectro 26 (IV, NaCI, v cm-1): Ftalilprimaquina eluída em coluna

cromatográfica.

A eluição pela coluna cromatográfica também se mostrou ineficaz, pois foi

obtida uma substância de aspecto viscoso, que a análise no infravermelho indicou

não se tratar do grupo ftalil ligado à primaquina: observou-se a banda da carbonila

de ácido, porém não a carbonila de amida.

o terceiro método empregado na purificação da ftalilprimaquina consistiu

na extração do composto com diclorometano e água com a posterior

recristalização de acetona. No processo de extração, era esperado que a

ftalilprimaquina migrasse para a fase orgânica, no caso o diclorometano.

Surpreendentemente, o composto migrou para a fase aquosa, que,

posteriormente, foi evaporada, obtendo-se precipitado amarelo escuro e amorfo,

através da recristalização de acetona. Uma hipótese para esta afinidade para a

fase aquosa seria o fato de que o nitrogênio do anel quinolínico estivesse

Guilherme Costa Matsutani

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protonado (Figura 39), portanto o composto estaria na forma de monofosfato de

ftalilprimaquina.

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HO

~NHN I .H3PO

Figura 39: Composto com nitrogênio quinolínico protonado.

A análise no infravermelho mostrou que o composto obtido realmente é a

ftalilprimaquina, pois podem ser observadas as bandas de ácido a 1711 cm-1 e de

amida a 1618 cm-1.

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Espectro 27 (IV, KBr, v cm-1): Ftalilprimaquina provavelmente

protonada.

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 118

Atribuições IV (Ka~, v cm-1): 3422 ( larga, vN-H amínico, vO-H, vC-H

aromático); 2966 ( larga, vC-H alifático); 1711 (fraca, vC=O ácido); 1615 (intensa,

vC=O amida).

6.3 Síntese dos derivados "triglicerídicos" de

primaquina

As sínteses dos derivados diglicerídicos foram realizadas utilizando THF

como solvente. A escolha deste solvente deve-se ao fato de que a dicicloexiluréia

(DCU), subproduto obtido nas sínteses que empregam DCC, é insolúvel em THF,

facilitando, assim, sua retirada. Este procedimento é de grande valia, uma vez que

DCU sempre é difícil de ser retirado.

As condições reacionais para a síntese da diestearilmaleilprimaquina

(experimento 20) mostraram-se adequadas. Como citado anteriormente, o

emprego da f1uoresceína como revelador para glicerídios permitiu melhor

visualização das placas de CCD, para acompanhamento da coluna

cromatográfica, porém ainda assim, devido aos Rf muito próximos, pode-se

concluir que o composto apresenta pequena contaminação do diglicerídeo de

partida.

A análise no infravermelho (espectro 28) mostrou a presença das bandas

de carbonilas de éster a 1736 cm-1 e de amida a 1625 cm-1, comprovando a

formação do composto pretendido.

Atribuições: IV (KBr, ycm-1): 3331 (intensa, vN-H, amínico); 2927, 2851

(fortes, vC-H alifático); 1736 (forte, vC=O éster); 1625 (intensi:1 vC=O amida); 1575

(fraca, vC=C aromático).

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 119

RMN 1H(300 MHz, CDCb,8 ppm): 8,46-8,47 (dd, CH, H2); 7,85 -7,88 (dd,

CH, H4); 7,23-7,27 (dd, CH, H3); 6,78-6,83 (d, CH, H8); 6,70-6,75 (d, CH, H10);

6,29-6,28 (d, CH, H23); 6,22-6,21 (d, CH, H22); 5,23, (m,CH,H27); 4,28(dd, CH2,

H32); 4,24 (dd, CH2, H28); 3,82 (s, CH3, H20);3,57-3,64 (q, CH, H12); 3,31-3,52

(m, CH2, H15); 2,30 (t, 2 CH2, H53 e H36); 1,64-166 (d, CH3, H21); 1,58 (m,

2.CH2, H54 eH37) 1,26-1,27 (d, CH2, H13, H14); 1,18 (m ,CH2 ,56 H do ácido

graxo); 0,88 (t, CH3, 6 H, H69 e H52) (espectro 21).

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Espectro 28 (IV, KBr, YCm-1): Diestearilmaleilprimaquina.

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Figura 40: Diestearilmaleilprimaquina.

A análise por RMN 1H (espectro 30) mostra o multipleto em 5,3 ppm,

referente ao hidrogênio ligado ao carbono 2 do diglicerídio, antes localizado em

3,5 ppm. Este deslocamento para campo mais baixo mostra que houve a reação

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 120

na hidroxila em 2, formando ligação éster entre a maleilprimaquina e o

diglicerídeo.

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Espectro 29 (RMN1H,

Oiestearilmaleilprimaquina.

300 MHz, COCb, o ppm):

Outra informação importante obtida no espectro de RMN 1H (espectro 30)

é a presença dos sinais referentes aos hidrogênios ligados aos carbonos

olefínicos do anidrido maléico. Estes sinais estão na forma de dois dubletos

presentes na região de 6,0 - 6,5 ppm.

Juntamente com os sinais supracitados, deve-se ressaltar a presença dos

sinais referentes aos hidrogênios quinolínicos da primaquina, os quais podem ser

observados na região de 7,0 - 8,5 ppm (espectro 31).

Guilherme Costa Matsutaní

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 121

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Espectro 30 (RMN1H, 300 MHz, COCb, 8 ppm): Região de 4,8-6,0 ppm , da

diestearilmaleilprimaquina mostrando o multipleto em 5,3 ppm referente ao H2.

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Espectro 31 (RMN1H, 300 MHz, COCI3, Õ ppm): Região ampliada de 6,0 a

8,0 ppm, da diestearilmaleilprimaquina mostrando sinais referentes ao anel

quinolínico da primaquina.

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 122

Outra observação importante para a determinação da estrutura em

questão é a presença dos sinais referentes às cadeias alifáticas dos diglicerídeos,

localizados na região de 0,8 - 2,0 ppm, especialmente o sinal em 1,2 ppm,

correspondente aos CH2 das cadeias alquílicas (espectro 32).

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Espectro 32 (RMN1H, 300 MHz, COCI3, 8 ppm): Região ampliada de

0,8-2,0 ppm. O sinal em 1,2 ppm é referente à cadeia alquílica do diglicerídeo.

Através da análise de RMN 13C (espectro 33), foi possível concluir pela

presença dos ésteres das posições 1, 2 e 3 do diglicerídeo ligado ao fármaco,

representados pelos sinais dos carbonos carbonílicos, localizados em

172 e 173 ppm. Os sinais na região de 65-70 ppm indicam a presença apenas do

triglicerídeo.

Guílherme Costa Matsutaní

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 123

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Espectro 33 (RMN13C, 75 MHz,COCb, Õ ppm): Oiestearilmaleilprimaquina.

o experimento 21, a síntese do diestearilsuccinilprimaquina, apresentou

algumas dificuldades em relação ao experimento 20. O procedimento empregado

para realizar a síntese foi o mesmo, porém não ocorreu a condensação do

diestearilglicerol com succinilprimaquina. Outro problema encontrado foi a

separação por coluna cromatográfica, em que ocorreu a mistura da

succinilprimaquina com o diglicerídeo.

A análise no infravermelho (espectro 34) mostra a presença das bandas

de estiramento carbonila, referentes aos ésteres do diglicerídeo a 1735 cm-1 e do

grupo ácido da succinilprimaquina a 1714 cm-1.

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos" de primaquina 124

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Espectro 34 (IV, KBr,

diestearilsuccinilprimaquina.

Atribuições: IV (KBr, v cm-1): 3460 (intensa, vN-H, amínico); 2918, 2840

(fortes, vC-H alifático); 1735 (forte, vC=Q éster); 1714(forte, vC=Q ácido); 1627

(fraca, vC=O amida); 1575 (fra~, vC=C aromático).

Acredita-se que a condensação não ocorreu devido às proporções de DCC,

DMAP e succinilprimaquina. Outro fator pode ter sido a contaminação do

diglicerídeo pelo monoglicerídeo.

As devidas alterações foram realizadas no experimento 22, em que as

proporções entre DCC, DMAP e succinilprimaquina foram modificadas.

A fase móvel empregada também foi modificada, passando de

diclorometano: acetato de etila 8:1 para 6:1.

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 125

A análise no infravermelho (espectro 35) mostra que houve a formação do

composto, uma vez que podem ser visualizadas as bandas referentes a

estiramento carbonila de éster a 1737 cm-1 e a amida a 1626 cm-1. Ainda é

possível visualizar a banda em 3328 cm-1, pertencente ao nitrogênio amínico da

primaquina, e as bandas 2924 cm-1 e 2861 cm-1, referentes aos CH2 da cadeia

alifática do glicerídeo.

Atribuições: IV (KBr, v cm-1): 3328 (intensa, vN-H, amínico); 2924, 2861

(fortes, vC-H alifático); 1737 (intens~, vC=O éster); 1626 (forte, vC=O amida);

1578 (fraca, vC=C aromático).

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Espectro 35 (IV, KBr, v cm-1): Diestearilsuccinilprimaquina.

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A análise por RMN 1H (espectros 36 e 37) revelou a presença do multipleto

em 5,28 ppm, correspondente ao hidrogênio ligado ao carbono 2 do diglicerídio.

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicaís: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 126

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Figura 41: Diestearilsuccinilprimaquina.

Da mesma maneira que a diestearilmaleilprimaquina, o espectro (espectro

36) também mostra as bandas referentes à porção quinolínica da primaquina,

localizada na região de 6,0 a 8,5 ppm, juntamente com os dois tripletos localizados

em 2,38 ppm e 2,40 ppm, pertencentes ao grupo succinil ligado à primaquina e ao

diglicerídeo. Também podem ser observados os sinais das cadeias alifáticas dos

diglicerídeos localizados em 1,35 ppm (espectro 38).

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Espectro 36 (RMN1H,300MHz, CDCb, oppm): Diestearilsuccinilprimaquina.

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 127

Atribuições: RMN 1H(300 MHz, COCb8 ppm): ): 8,51 (dd, CH, H2); 7,92 ­

7,89 (dd, CH, H4); 7,31-7,30 (dd, CH, H3); 6,31 (d, CH, H8); 6,26 (d, CH, H10);

5,20, (m,CH,H27); 4,25-4,26(dd, CH2, H32); 4,14 -4,12 (dd, CH2, H28); 3,87(5,

CH3, H20);3,40-3,60 (q, CH, H12); 3,26 (m, CH2, H15); 2,45-2,38 (t, CH2,

H22);2,40-2,38 (t, CH2 H23) 2,30 (t, 2 CH2, H53 e H36); 1,65 (d, CH3, H21); 1,57

(m, 2.CH2, H54 eH37) 1,14 (d, CH2, H13, H14); 1,23 (m ,CH2 ,56 H do ácido

graxo); 0,83 -0,88 (t, CH3, 6 H, H69 e H52).

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Espectro 37 (RMN1H, 300 MHz, COCb, ..8ppm): Região ampliada de

4,6-6,0 ppm mostrando o o multipleto em 5,2 ppm referente ao hidrogênio ligado

no carbono 2 do diglicerídio.

Guilherme Costa Matsutani

Bii:JL.IOTECAFacuidade de Ciências Farmacêuticas

Universidade de São Paulo

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 128

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Espectro 38 (RMN1H,300 MHz, CDCb, oppm): Regiões ampliadas de

0,8-2,6 ppm, mostrando os dois tripletos referentes ao grupo succiníl ligado à

primaquina e ao diglicerídeo.

Quanto ao espectro RMN 13C (espectro 39), é possível a visualização do

sinal de carbonila de éster em 173 e 172 ppm, juntamente com os sinais em 55,

62 e 69 ppm, referentes aos carbonos 1, 2 e 3 do diglicerídeo.

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos· de primaquina 129

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Espectro 39(RMN13C,75 MHz, COCb,8 ppm): Oiestearilsuccinilprimaquina.

A síntese dos derivados do diglicerídeo do ácido palmítico obedeceu ao

mesmo procedimento que aquela dos diglicerídeos do ácido esteárico.

o produto da síntese da dipalmitoilmaleilprimaquina (experimento 23) foi

analisado no infravermelho (espectro 40), constatando-se que a reação não

ocorreu. Pode-se observar a presença da banda de estiramento carbonila de ácido

a 1712 cm-1 e de éster a 1735 cm-\ indicando que não houve a ligação do

glicerídeo com a hemiamida de primaquina.

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 130

Atribuições: IV (KBr, v cm-1): 3462 (fraca, vN-H, amínico); 2922, 2861

(fortes, vC-H alifático); 1735 (forte, vC=Q éster); 1715(forte, vC=Q ácido); 1642

(fraca, vC=Q amida).

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): Tentativa de síntese da dipalmitoilmaleilprimaquina.

Acredita-se que o composto pretendido não se formou devido à

contaminação do diglicerídeo pelo monoglicerídeo. Portanto, no experimento 24 o

diglicerídeo foi repurificado.

Q composto obtido foi analisado no infravermelho (espectro 41) e

mostrou as bandas de estiramento carbonila de éster a 1735 cm-1 e de amida a

1626 cm-1, assim como se observaram as bandas de CH2 alifático 2926 cm-1 e

2801 cm-1. Também puderam ser observadas as bandas referentes ao nitrogênio

amínico e ao anel quinolíco, localizadas em 3346 cm-1 e 3332 cm-1,

respectivamente.

Guilherme Costa Matsutani

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Atribuições IV (KBr, y cm-1): 3346 (intensa, vN-H, amínico); 3332

(larga, vO-H) 2926, 2801 (fortes, vC-H alifático); 1735 (fraca, vC=O éster); 1626

(fraca, vC=O amida); 1576 (fraca, vC=C aromático).

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Espectro 41 (IV, KBr•.Ycm-1): Dipalmitoilmaleilprimaquina.

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Figura 42: Dipalmitoilmaleilprimaquina.

De maneira análoga aos outros derivados diglicerídicos, a

dipalmitoilmaleilprimaquina apresentou multipleto na região de 5,23 ppm na

análise de RMN 1H (espectro 42, 43), assim como os sinais da maleilprimaquina

na região de 6,0-8,5 ppm.

Guilherme Costa Mafsufaní

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Espectro 42 (RMN1H,300 MHz,COCb, Õ ppm): Oipalmitoilmaleilprimaquina.

Atribuições: RMN 1H(300 MHz, COCb, õ ppm): 8,46-8,47 (dd, CH, H2);

7,85 -7,88 (dd, CH, H4); 7,23-7,27 (dd, CH, H3); 6,78-6,83 (d, CH, H8); 6,74(d,

CH, H10); 6,29-6,28 (d, CH, H23); 6,0 (d, CH, H22); 5,29, (m,CH,H27); 4,28(dd,

CH2, H32); 4,24 (dd, CH2, H28); 3,82 (s, CH3, H20);3,57-3,64 (q, CH, H12); 3,31­

3,52 (m, CH2, H15); 2,30 (t, 2 CH2, H53 e H36); 1,64-166 (d, CH3, H21); 1,58 (m,

2.CH2, H52 eH37) 1,22 (d, CH2, H13, H14); 1,23 (m ,CH2, 48 H do ácido graxo);

0,88 (1, CH3, 6 H, H50 e H65).

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 133

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Espectro 43 (RMN1H, 300 MHz, CDCh, õppm): Região de 5,0-6,0 ppm

ampliada, dipalmitoilmaleilprimaquina.

Finalizando as sínteses dos derivados diglicerídicos de primaquina, foi

realizada a síntese da dipalmitoilsuccinilprimaquina (experimento 25). Neste

experimento a análise no infravermelho (espectro 44) mostra as bandas de

estiramento carbonila de éster a 1721 cm-1, porém pode-se observar que há

pequena contaminação por ácido, já que a banda de éster parece encobrir a

banda do contaminante. Observa-se, também, que há a banda de estiramento

carbonila de amida a 1625 cm-1, indicando que houve a ligação entre o glicerídeo

e a hemiamida, ainda que o produto final tenha contaminação.

Atribuições: IV (KBr, y cm-1): 3328 (fraca, ~N-H, amínico); 2929, 2851

(fortes, ~C-H alifático); 1721 (fraca, ~C=O éster); 1626 (forte, ~C=O amida); 1575

(fraca, ~C=C aromático).

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 134

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6B.5~.-4I

51.42........~ii ...

34.28~

Espectro 44 (IV, KBr,.v cm-1): Dipalmitoilsuccinilprimaquina.

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0 01 /'Q?o~o~o ~ ~l' N

o NH~NH

Figura 43: Dipalmitoilsuccinilprimaquina.

A análise de RMN 1H (espectros 45, 46) mostra o multipleto em

5,23 ppm, indicando que houve a ligação do composto, embora a amostra

estivesse muito diluída e o espectro mal definido.

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 135

Também são observados os sinais relativos à porção quinolínica da

primaquina em 6,0-8,0 ppm e as cadeias alifáticas do glicerídeo em 1,3 ppm.

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Espectro 45(RMN

Oipalmitoilsuccinilprimaquina

1H, 300 MHz, COCb. ..8 ppm):

Atribuições: RMN 1H(300 MHz, COCb, 8 ppm): 8,52 (dd, CH, H2); 7,92 ­

7,89 (dd, CH, H4); 7,31-7,30 (dd, CH, H3); 6,32 (d, CH, H8); 6,27 (d, CH, H10);

5,20, (m,CH,H27); 4,24 (dd, CH2, H32); 4,14 -4,12 (dd, CH2, H28); 3,88(s, CH3,

H20);3,45 (q, CH, H12); 3,26 (m, CH2, H15); 2,30 (t, CH2, H22);2,16 (t, CH2 H23)

1,95 (t, 2 CH2, H53 e H36); 1,68 (d, CH3, H21); 1,57 (m, 2.CH2, H54 eH37) 1,20

(d, CH2, H13, H14); 1,24 (m ,CH2 ,48 do ácido graxo);0,83 -0,88 (t, CH3, 6 H, H50

e H65).

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 136

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Espectro 46 (RMN 1H, 300 MHz, CDCb, Õppm): Região ampliada de

5,0- 6,0 ppm mostrando o sinal em 5,23 ppm.

6.3.1 Síntese dos derivados diglicerídicos de primaquina

utilizando o grupo ftalil como espaçante

As sínteses dos derivados diglicerídicos de primaquina utilizando o grupo

ftalil como espaçante apresentaram algumas dificuldades. Inicialmente, foram

utilizados como reagentes de partida dipalmitoilglicerol e diestearilglicerol,

juntamente com a hemiamida de primaquina, ftalilprimaquina, utilizando como

agentes condensantes DCC e DMAP.

Esta primeira metodologia foi realizada de duas maneiras diferentes. Na

metodologia aplicada nos experimentos 26 e 27, solubilizou-se a ftalílprimaquina e

manteve-se sob agitação com o DCC, para posteriormente adicionar os

diglicerídeos com o DMAP.

Guilherme Costa Matsutaní

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 137

A análise cromatográfica realizada para acompanhar a reação, assim como

a realizada após 48 horas de reação, indicou que não houve a formação do

produto desejado.

A provável explicação para a não formação do produto está no fato de que

o grupo ftalil da ftalilprimaquina apresenta suas carbonilas muito próximas e em

uma estrutura rígida, o que favorece a ciclização da carbonila do grupo ácido com

o nitrogênio da amida. A ativação da carbonila pelo DCC aumenta esta ciclização.

A Figura 43 mostra a ciclização proposta para o grupo ftalil./owN~NH ° /oW

+ I R--(0>b DCC/DMAP :>-+~o.. OH ~NH

HO L IR palmítico; esteárico R-\ o

oR-{

J-OHo

'R-\Figura 44: Reação de ciclização provável da ftalilprimaquina.

Para tentar evitar ou até mesmo diminuir a formação do derivado cíclico, a

técnica anteriormente descrita foi modificada. Ao invés de adicionar a

ftalilprimaquina com o DCC e posteriormente adicionar o diglicerídeo,

desenvolveu-se a reação com adição concomitante dos reagentes, como relatado

nos experimentos 28 e 29. Com isto, esperava-se que a carbonila da

ftalilprimaquina seria ativada, reagindo imediatamente com o diglicerídeo, o que a

análise cromatográfica indicou não ter ocorrido.

Diante das dificuldades expostas, propôs-se uma nova rota sintética, em

que o grupo ftalil fosse primeiramente ligado ao diglicerídeo, formando o

hemiéster do diglicerídeo, para então reagir com a primaquina.

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 138

6.3.1.2 Tentativa de síntese do ftalildipalmitoilglicerol e

ftalildiestearilglicerol

o hemiéster do diglicerídeo foi obtido através da reação do anidrido ftálico

com o diglicerídeo do ácido palmítico, utilizando-se ácido acético como

catalisador, conforme descrito no experimento 30.

A análise por RMN H1 mostrou sinais na região de 8,0 a 6,0 ppm, referentes

aos hidrogênios do grupo ftalil. Sinal muito importante pode ser observado em 5,4

ppm. Este multipleto, originalmente em 3,5 ppm, é referente ao hidrogênio

localizado na posição 2 do glicerol em derivados diglicerídicos. Esta passagem de

3,5 para 5,4 ppm indica que ocorreu a substituição da hidroxila alcóolica por éster

na posição 2, uma vez que há desproteção dos hidrogênios pelo caráter do grupo

carbonílico. Ainda podem-se observar os sinais referentes às cadeias alquílicas do

diglicerídeo na região de 1,36 ppm. O espectro 47 mostra os sinais descritos.

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Figura 45: Ftalildipalmitoilglicerol.

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 139

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Espectro 47 (RMN1H, 300 MHz, CDCb, oppm): Ftalildipalmitoilglicerol.

Atribuições: RMN1H(300 MHz, CDCh, o ppm): 0,78-0,82(t,CH3,6H); 1,18­

1,36 (m, CH2, 40H);1 ,54-1,49 (m, CH2, 4H); 2,20-2,30(t,CH2,4H); 4,24­

4,18(dd,OCH2,2H ); 4,38-4,33(dd,OCH,2H); 5,45-5,44 (m, CH, 1H, CH12); 7,49­

7,53 (t, CH aromático, H5); 7,58 -7,61 (t, CH aromático, H4); 7,80-7,81 (d, CH aromático, H6);

7,81-7,83 (d, CH aromático, H3).

A análise por RMN C13 mostra sinal em 173 ppm, indicando a presença das

carbonilas dos ésteres do diglicerídeo. °carbono referente à carbonila do éster do

grupo fialil aparece em 167 ppm. O sinal do carbono do ácido carboxílico pode ser

observado em 171 ppm. Observam-se, na região de 128 a 132 ppm, seis sinais

referentes aos carbonos do anel aromático do grupo fialil.

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 140

Na região de 60 a 70 ppm podem se observar dois sinais, um referente aos

carbonos 1 e 3 e outro referente ao carbono 2 do diglicerídeo substituído.

O espectro 48, a seguir, mostra os sinais descritos.

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Espectro 48( RMN13C , 75 MHz, CDCb, Õ ppm): Ftalildipalmitoilglicerol.

Atribuições.- RMN13C (75 MHz, CDCI3, oppm): 173,82 (C2o; C1s); 171 (C9);

167(C7) 132, 64(Cü, 132,04(C6); 131,32 (Cs); 130,86(C2); 130,35(C3); 128,97(C4);

70,67 (C12); 62,04(C13,C18); 34,25 (C22,C37); 32,13(C34, C49); 29,91-29,31 (C24­

33,C39-48); 25,03-24,89(C22-C37); 22,90(C3S,CSO); 14,49(C36,CS1).

A síntese do ftalildiestearilglicerol (experimento 31) procedeu da mesma

maneira. O espectro apresenta sinais que indicam a presença do composto. De

maneira semelhante, comprovou-se a ligação do diglicerídeo através do multipleto

em 5,4 ppm. O espectro de RMN 13C (espectro 50) apresentou também as

carbonilas de éster em 173 e 167 ppm e a carbonila de ácido em 171 ppm. A

seguir, encontram-se os espectros de e RMN 1H (espectro 49) e 13C (espectro 50)

do ftalildiestearilglicerol.

Guilherme Costa Matsutani

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Espectro 49 (RMN 1H, 300 MHz, CDCh ô ppm): Ftalildiestearilglicerol.

Atribuições: RMN1H(300 MHz, CDCh, ô ppm: 0,78-0,82(t,CH3,6H); 1,18­

1,36 (m, CH2, 48H);1 ,54-1,49 (m, CH2, 4H); 2,20-2,30(t,CH2,4H); 4,24­

4,18(dd,OCH2,2H ); 4,38-4,33(dd,OCH,2H); 5,45-5,44 (m, CH, 1H, CH12); 7,49­

7,53 (t, CH aromático, H5); 7,58 -7,61 (t, CH aromático, H4); 7,80-7,81 (d, CH aromático, He);

7,81-7,83 (d, CH aromático, H3).

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Figura 46: Ftalildiestearilglicerol.

Gt(ilherrne Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 142

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Espectro 50(RMN13C, 75 MHz, COCI3, oppm): Ftalildiestarilglicerol.

Atribuições: RMN 13C (75 MHz, COCI3, oppm): 173,82 (C20; C1S); 171 (C9);

167(C7) 132, 64(C1), 132,04(Cs); 131,32 (Cs); 130,86(C2); 130,35(C3); 128,97(C4);

70,67 (C12); 62,04(C13,C18); 34,25 (C22,C39); 32,13(C36, CS3); 29,91-29,31 (C24­

35,C41 -S2); 25,03-24,89(C22-C39); 22,90(C37,CS4); 14,49(C38,CSS)'

6.3.1.3 Tentativa de síntese da dipalmitoilfta/iprimaquina

No experimento 32 foi tentada a condensação entre o ftalildipalmitoilglicerol

e a primaquina.

A primeira dificuldade encontrada foi a escolha do sistema solvente. Como

citado anteriormente, esta reação de condensação do diglicerídeo ocorria

utilizando THF como solvente. No entanto, como o difosfato de primaquina não é

solúvel em THF, decidiu-se realizar a reação em duas etapas, utilizando a mistura

de etanol e THF.

Guilherme Costa Matsutaní

B \ a L \ o 1 t. C i'Faculdade de Ciências Farmacêulica~

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "trig/icerídicos" de primaquina 143

Na primeira etapa, o difosfato de primaquina foi submetido à agitação com

trietilamina e etanol como solvente, a fim de liberar a base livre de primaquina. Na

etapa seguinte, os agentes condensantes e o diglicerídeo foram adicionados à

reação em solução com THF. Esta mistura apresentou aspecto de emulsão. Este

sistema solvente utilizado não permitiu a precipitação do DCU formado durante a

síntese. Embora não podendo retirar o DCU através de filtração, pode-se eliminá­

lo através da coluna cromatográfica.

A análise por 1H RMN mostrou na região de 8,5 ppm a 6,0 ppm os sinais

referentes à primaquina, juntamente com os sinais do grupo ftalil ligado ao

diglicerídeo. Pode-se notar na região 7,55 a 7,44 ppm dois triplos dubletos, que

representam dois hidrogênios (26 e 27) do anel aromático do grupo ftalil. Antes da

condensação do ftalildiglicerídeo, estes hidrogênios eram representados por dois

dubletos. O aparecimento destes triplos dubletos indica que após a condensação

passou a ocorrer o acoplamento meta entre os hidrogênios do grupo ftalil.

Ainda, na região de 6,0-8,0 ppm puderam-se notar dois quadrupletos

acoplando entre si. Estes quadrupletos indicam a contaminação pelo ácido ftálico

formado na síntese do ftalil diglicerídeo.

Pode-se observar na região de 5,0-6,0 ppm o multipleto referente ao

hidrogênio da posição 2 do glicerol, aqui representado por H31 . Houve pequeno

deslocamento desse mulipleto de 5,4 para 5,5 ppm, indicando a ligação do

diglicerídeo.

Deve-se mencionar que não é possível observar alguns sinais, como, por

exemplo, os sinais dos hidrogênios H21 , H13, H14 e H15. Estes encontram-se

encobertos pela cadeia alquílica do diglicerídeos. O espectro 51 de RMN 1H do

derivado diglicerídico de primaquina e a respectiva ampliação da região

6,0-8,5 ppm (espectro 52) são mostrados a seguir.

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos" de primaquina 145

Atribuições: RMN1H(300 MHz, COCh,..o ppm): O,78-0,82(t,CH3,6H); 1,18­

1,36 (m, CH2, 40H, H57-tl6 e H42_51);1,60-1,64 (m, CH2, 4H,H56 e H41); 2,32­

2,37(t,CH2,4H, H55 e H40); 3,58-3,64(q, CH, H12); 3,87 (s, CH3, H20)4,08-4,14

(dd,OCH2,2H, H32); 4,16-4,18(dd,OCH,2H, H36); 5,52 (m, CH, 1H, CH31); 6,27 (d,

CHquinolfnico" H10);6,31 (d, CHquínolfnico" H8); 7,32-7,29 (dd, CHquinoffnico, H3);7,33 (d,

CH aromático, H24); 7,35 (d, CH aromático, H27); 7,44-7,47 (td, CH aromático, H25); 7,50-7,55

(td, CH aromático, H26); 7,84 (s, NH11 ); 7,87 (s, NH11); 7,91-7,88 (dd, CHquinolínico,

H4);8,50-8,52 (dd, CH quinolfnico, H2)

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oJ2° Il'

Figura 47: Oipalmitoillftalilprimaquina.

6.4.Síntese dos derivados diglicerídicos do ácido decanóico

o didecanoilsuccinilprimaquina foi obtido através do experimento 34. Para a

obtenção deste derivado partiu-se do diglicerídeo do ácido decanóico, o qual foi

condensado com a succinilprimaquina.

A análise por RMN 1H (espectro 53) mostra que houve a formação do

produto pretendido, pois apresenta o multipleto em 5,03 ppm, referente ao

hidrogênio localizado na posição 2 do glicerol. O espectro 54 destaca o multipleto

em 5,3 ppm.

O espectro 53 ainda apresenta os sinais referentes à primaquina na

região de 6,0-8,0 ppm e a porção do glicerídeo em 1,0-2,0 ppm.

Guilherme Costa Matsutani

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 147

Atribuições: RMN1H(300 MHz, COCh, o ppm): 0,85-0,89(t,CH3,6H); 1,25­

1,40 (m, CH2, 24H);1,62-1,75 (m, CH2, 4H); 2,31(t,CH2,4H); 3,82 (s, OCH3, 3H);

4,06-4,22 (m,OCH2,4H ); 5,03 (m, CH, 1H); 6,22-6,21 (d, CH, 1H);. 6,29-6,28 (d,

CH, 1H); 6,70-6,75 (d, CH, 1H); 6,78-6,83 (d, CH, 1H); 7,23-7,27 (dd, CH, 1H);

7,85 -7,88 (dd, CH, 1H); 8,46-8,47 (dd, CH, 1H).

A análise por 13C (espctro 55) mostra que existe a contaminação com

succinilprimaquina. O sinal encontrado em 177 ppm, referente a carbono

carboxílico, confirma a contaminação.

Esta contaminação provavelmente ocorreu devido à fase móvel empregada

na coluna cromatográfica. Como este diglicerídeo é menos Iipofílico em relação

aos de cadeia mais longa, isto fez com que o Rf do diglicerídeo e da

succinilprimaquina se aproximassem, dificultando a separação.

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Espectro 55 (RMN 13C, 75 MHz, COCI3, o ppm): Oidecanoilglicerol

contaminado.

Guilherme Costa Matsutaní

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Antimaláricos Potenicais: Planejamento e Síntese de pró-fármacos "triglicerídicos' de primaquina 148

A condensação da maleilprimaquina com o didecanoilglicerol também se

mostrou eficaz, apresentando o multipleto em 5,2 ppm, o que identifica a

condensação do derivado diglicerídico.

° espectro 56 mostra a condensação do derivado didecanoilglicerol com a

maleilprimaquina.

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Espectro 56 (RMN iH, 300 MHz, COCh,.õppm): Oidecanoilmaleiprimaquina.

Atribuições: RMN1H(300 MHz, COCb, õ ppm): 0,85-0,89(t,CH3,6H); 1,25-1,40 (m,

CH2, 24H);1 ,62-1 ,75 (m, CH2, 4H); 2,31 (t,CH2,4H); 3,82 (s, OCH3, 3H); 4,06-4,22

(m,OCH2,4H ); 5,23 (m, CH, 1H); 6,22-6,21 (d, CH, 1H); 6,29-6,28 (d, CH, 1H);

6,70-6,75 (d, CH, 1H); 6,78-6,83 (d, CH, 1H); 7,23-7,27 (dd, CH, 1H); 7,85 -7,88

(dd, CH, 1H); 8,46-8,47 (dd, CH, 1H).

Guilherme Costa Matsutani

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7. CONCLUSÕES

~ Foram sintetizados derivados diglicerídicos dos ácidos palmítico, esteárico e

decanóico, como transportadores de primaquina, na obtenção de pró-fármacos

de ação prolongada e menor toxicidade. O método utilizado foi desenvolvido

por ocasião da realização do presente trabalho;

~ Através das tentativas para otimizar a síntese dos diglicerídeos pode se

concluir que a reação não apresentava melhor desempenho devido à ativação

insuficiente do ácido graxo pelo DBU. O aumento na proporção de DBU em

relação ao ácido graxo e o aquecimento nos primeiros 30 minutos levou ao

aumento do rendimento;

~ Na síntese dos diglicerídeos, o tempo ideal de reação é de 4 horas, embora o

rendimento tenha sido da ordem de apenas 40%;

~ Com a otimização de síntese dos diglicerídeos foi possível realizar purificação

menos trabalhosa e custosa, uma vez que a coluna cromatográfica foi

dispensada, poupando gastos com solvente e sílica;

~ Para a obtenção do diglicerídio de decanoíla, foi sintetizado o ácido decanóico.

O método empregado, com formação do sal potássico in situ, mostrou-se útil,

propiciando aumento do rendimento desse ácido, o que conduziu ao

desenvolvimento, com êxito, da síntese do respectivo diglicerídeo;

~ A síntese das hemiamidas de primaquina foi realizada com eficácia, no caso

da ftalilprimaquina, inclusive, que apresentou algumas dificuldades sintéticas,

posteriormente superadas;

Guilherme Costa Matsutani

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~ A condensação entre os diglicerídeos -- dialmitoilglicerol e diestearilglicerol -- e

as hemiamidas de primaquina - succinil e maleil -J utilizando os agentes

condensantes OCC e OMAP, mostrou-se satisfatória;

~ A purificação dos derivados diglicerídicos por coluna cromatográfica não foi

totalmente eficaz e ainda pode ser aprimorada;

~ A síntese do derivado triglicerídico de primaquina utilizando grupo fialil como

espaçante mostrou-se ineficaz, quando se utilizou fialilprimaquina como

reagente de partida;

~ A síntese do fialildipalmitoilglicerol e do fialildiestearilglicerol para a síntese

posterior do pró-fármaco mostrou-se eficaz, utilizando-se refluxo e ácido

acético como catalisador. No entanto, há necessidade de se aprimorar a

purificação;

~ Utilizando-se o fialildiglicerídeo J comprovou-se que é possível evitar a

ciclização do grupo fialil e conseqüentemente condensar o diglicerídeo com a

primaquina.

~ Todos os derivados triglicerídicos sintetizados apresentaram degradação após

30 dias.

Guilherme Costa Matsutani

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8. PERSPECTIVAS PARA O TRABALHO

.:. Avaliar as causas da degradação dos compostos;

.:. Sintetizar derivados diglicerídicos do ácido undecilênico

.:. Sintetizar os padrões dos prováveis produtos de liberação para realizar os

ensaios de estabilidade e liberação enzimática;

.:. Realizar ensaios de estabilidade química e liberação enzimática conforme

descrito em metodologia a seguir:

Ensaios cinéticos (Scriba, 1993)

Os ensaios de liberação do fármaco serão realizados por 3 métodos de

hidrólise: química, em plasma humano e de ratos e aquela mediada por lipase

pancreática porcina.

Hidrólise química

A hidrólise química será estudada à temperatura de 37±0,2 °C, em

tampões 0,05 M de glicina/HCI, citrato de sódio/HCI, fosfato, borato e glicina/HCI,

ajustados para força iônica igual a 0,5, pela adição de porções equivalentes de

KCI.

Hidrólise em plasma humano e de ratos

Será realizado em plasma heparinizado de humanos e ratos.

Hidrólise com lipase pancreática porcina

As amostras dos derivados "triglicerídicos" a serem analisadas devem ser

dispersas em mistura de 1:4 de etanol e os derivados em teste com solução

aquosa a 25 mM de taurodesoxicolato de sódio, mediante sonicação. Esta

dispersão deverá ser incubada com Iipase pancreática porcina (375 UmL-\ em

Guilherme Costa Matsutani

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0,1 M de ácido 1,4-piperazinodietanossulfônico, pH 6,5, ou tampão Tris pH 7,4 e

8,5, à temperatura de 37°C. As soluções incubadas deverão ser resfriadas em

0,5 ~l de ácido perclórico 0,5 M gelado, diluídas em 850 ~l de solução de água e

acetonitrila (80:20,vlv) e posteriormente centrifugadas a 2 500g, por 10 minutos.

O líquido sobrenadante deve ser analisado em HPlC.

•:. Avaliar a atividade biológica dos compostos sintetizados:

Ensaio biológico

O ensaio dos compostos obtidos em malária experimental por P. bergheí

será efetuado no Instituto de Medicina Tropical, Faculdade de Medicina da USP,

com a colaboração do Prof. Dr. Heitor Franco Andrade Júnior.

O ensaio consiste na utilização de grupos de quatro camundongos

inoculados com 1x107/ml em cada camundongo mais o composto em teste, em

várias diluições conforme o derivado. Após o primeiro dia de inóculo, são feitas

lâminas de esfregaço de sangue colhido da cauda do camundongo. As lâminas

são fixadas com metanol e coradas com corante Giemsa, para posterior leitura em

microscópio óptico. Acompanha-se a parasitemia a cada dois dias, verificando-se

o índice de mortalidade e a invasão das células pelo parasita.

Por último, os resultados de parasitemia são calculados em porcentagem e

análisados em gráfico.

Guilherme Costa Matsutani

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