93
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS ROSEMERI ROSA PROPOSTA PARA A ESTRUTURAÇÃO DO CONTROLE E MELHORIA DA QUALIDADE NAS LINHAS DE MONTAGEM DE UMA EMPRESA FABRICANTE DE PRODUTOS TERMOELÉTRICOS E PLÁSTICOS JOINVILLE - SC 2006

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMA

CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

ROSEMERI ROSA

PROPOSTA PARA A ESTRUTURAÇÃO DO CONTROLE E

MELHORIA DA QUALIDADE NAS LINHAS DE MONTAGEM DEUMA EMPRESA FABRICANTE DE PRODUTOS TERMOELÉTRICO

E PLÁSTICOS

JOINVILLE - SC

2006

S

S

Page 2: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

1

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMA

CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

ROSEMERI ROSA

PROPOSTA PARA A ESTRUTURAÇÃO DO CONTROLE E MELHORIA DA QUALIDADE NAS LINHAS DE MONTAGEM DE

UMA EMPRESA FABRICANTE DE PRODUTOS TERMOELÉTRICOE PLÁSTICOS

Trabalho de graduação apresentado ao cursEngenharia de Produção e Sistemas Universidade do Estado de Santa Catacomo requisito para obtenção do títuloEngenheira de Produção e Sistemas.

Orientador: Leandro Zvirtes

JOINVILLE - SC

2006

S

S

o de da

rina, de

Page 3: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

ROSEMERI ROSA

PROPOSTA PARA A ESTRUTURAÇÃO DO CONTROLE E MELHORIA DA QUALIDADE NAS LINHAS DE MONTAGEM DE

UMA EMPRESA FABRICANTE DE PRODUTOS TERMOELÉTRICOE PLÁSTICOS

Trabalho de graduação apresentado ao curso de Engenharia de Produção e SistemasUniversidade do Estado de Santa Catarina, como requisito para obtenção do títuloEngenheira de Produção e Sistemas.

Banca Examinadora

______________________________________________

Prof. Leandro Zvirtes, Msc. Orientador

______________________________________________ Prof. Lírio Nesi Filho, Dr.

______________________________________________ Prof. Régis Kovacs Scalice, Dr.

Joinville, 28/11/2006

2

S

da de

Page 4: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

3

Àqueles que disseram sim e acrecomigo nos novos desafios, aos amigdividiram seus conhecimentos.

ditaram os que

Page 5: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, meus eternos mestres, pelo carinho, amor, paciência e motivação

todos os momentos.

Às minhas irmãs, pelas horas dedicadas a leitura deste trabalho e o auxílio na busc

informações.

Ao Prof. Leandro, pela sua dedicação e paciência na orientação deste trabalho, o

buscou sempre dividir seus conhecimentos e experiências.

Aos meus amigos, por “emprestarem” seus ouvidos aos intermináveis comentário

TCC, pelas sugestões e críticas, pelos conhecimentos compartilhados.

Ao meu amor, meu ouvinte de todas as horas, pelo seu amor, carinho, paciên

compreensão e dedicação, sem medida, em todos os momentos.

À empresa em que trabalho, pela compreensão nos inúmeros momentos em

precisei estar ausente.

À Deus, meu incentivador e motivador em todos os momentos, com certeza sem e

realização de mais esta etapa não seria possível.

À todos que participaram e contribuíram na realização deste trabalho.

a

s

4

em

de

nde

do

cia,

que

le a

Page 6: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

5

RESUMO

O mercado atual exige que as empresas forneçam produtos de qualidade. Para isso elas vêm buscando implantar técnicas capazes de permitir um controle e gerenciamento da qualidade em seus processos. O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma proposta de melhoria para a atividade de controle da qualidade nas linhas de montagem de uma empresa fabricante de produtos termoelétricos e plásticos. Este trabalho surgiu da necessidade de monitorar a qualidade dos produtos oferecidos pelas linhas de montagem, através de indicadores e apontamentos eficientes, capazes de permitir planos de ação quando necessário. Para tanto, foi realizado um levantamento de informações junto aos líderes das linhas, bem como uma análise dos formulários de apontamentos já existentes. Com a contribuição da revisão bibliográfica sobre o assunto, envolvendo o TQC – Controle da Qualidade Total, o Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto de propostas de melhorias para a empresa em análise. As propostas têm por objetivo criar indicadores para o monitoramento da qualidade dos produtos, da produtividade, eficiência, refugo e retrabalho nas linhas de montagem, além da padronização dos processos envolvidos nas atividades estudadas. Estas propostas buscam melhorar a qualidade dos produtos oferecidos, proporcionando competitividade e crescimento para a empresa. O desenvolvimento deste trabalho permitiu a criação de grupos de trabalho para as discussões, que tinham por objetivo levantar informações sobre os dados pesquisados, e com isso foi possível gerar uma motivação no grupo para novas mudanças em busca de melhorias. A troca de conhecimentos, experiências e a integração entre o grupo se fizeram presente nas discussões, assim como se fez presente também entre os integrantes do grupo e demais colaboradores da empresa, principalmente com aqueles das linhas de montagem.

PALAVRAS–CHAVES: Não qualidade. Controle e gerenciamento da qualidade. Indicadores.

Page 7: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – A evolução da qualidade .........................................................................................20

Figura 2 – Mecanismo de Influência da Produtividade............................................................25

Figura 3 – Itens de verificação e itens de controle de um processo .........................................29

Figura 4 – Funções na organização ..........................................................................................32

Figura 5 – Método de Análise e Solução de Problemas – MASP............................................38

Figura 6 – Ciclo PDCA ............................................................................................................41

Figura 7 – Efeito dente de serra................................................................................................41

Figura 8 – Fluxograma do processo de montagem do chuveiro...............................................50

Figura 9 – Fluxograma do processo de montagem da caixa elétrica........................................51

Figura 10 – Fluxograma do processo de montagem do diafragma...........................................52

Figura 11 – Fluxograma do processo de montagem da resistência ..........................................54

Figura 12 – Fluxograma do processo de recebimento de matéria-prima de fornecedores externos............................................................................................................... 67

Page 8: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

7

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Refugos da linha chuveiro.................................................................................... 59

Gráfico 2 – Refugos da linha resistência................................................................................. 60

Gráfico 3 – Refugos da linha caixa elétrica............................................................................. 60

Gráfico 4 – Refugos da linha diafragma.................................................................................. 61

Gráfico 5 – Custo dos refugos por linha.................................................................................. 62

Gráfico 6 – Refugos em volume de peças por linha................................................................ 63

Gráfico 7 – Retrabalho nas linhas de montagem..................................................................... 64

Gráfico 8 – Porcentagem de peças devolvidas em relação à quantidade vendida................... 71

Page 9: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Componentes do produto Chuveiro....................................................................... 49

Tabela 2 – Componentes do produto Caixa elétrica................................................................ 51

Tabela 3 – Componentes do produto diafragma montado....................................................... 52

Tabela 4 – Componentes dos produtos Resistência ................................................................ 53

Page 10: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

9

LISTA DE ABREVIATURAS

ERP – Enterprise Resource Planning

MASP – Método de Análise e Solução de Problemas

PDCA – Plan, Do, Check, Action

TQC – Total Quality Control

TQM – Total Quality Management

Page 11: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................13

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA..........................................................................................13 1.2 OBJETIVO GERAL...........................................................................................................14 1.3 OBJETIVOS ESPECIFICOS .............................................................................................14 1.4 JUSTIFICATIVA ...............................................................................................................14 1.5 METODOLOGIA...............................................................................................................15 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO .......................................................................................16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...........................................................................................17

2.1 GESTÃO DA QUALIDADE .............................................................................................17 2.1.1 Qualidade.........................................................................................................................17 2.1.2 Evolução da Qualidade....................................................................................................20 2.1.3 TQC – Total Quality Control e TQM – Total Quality Management ..............................20 2.1.4 A não qualidade ...............................................................................................................22 2.1.4.1 Custos da não qualidade ...............................................................................................23 2.1.5 Produtividade...................................................................................................................24 2.1.5.1 A medida da Produtividade ..........................................................................................25 2.1.5.2 Eficiência ......................................................................................................................26 2.1.6 Processo...........................................................................................................................26 2.1.6.1 Item de Controle e Item de Verificação........................................................................27 2.1.6.2 Anomalias e Tratamento das Anomalias ......................................................................30 2.2 GERENCIAMENTO DA ROTINA DO TRABALHO DO DIA-A-DIA..........................31 2.2.1 Benefícios do Gerenciamento da Rotina do Trabalho do Dia-a-dia................................33 2.2.2 Grupos de Trabalho .........................................................................................................33 2.2.3 5S’s ..................................................................................................................................34 2.2.4 Indicadores ......................................................................................................................35 2.2.4.1 Indicadores de processo................................................................................................36 2.2.4.2 Indicadores da Qualidade .............................................................................................36 2.3 MÉTODO DE ANÁLISE E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS – MASP .............................37 2.3.1 Ciclo PDCA.....................................................................................................................39

3 METODOLOGIA................................................................................................................44

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA ..........................................................................44 3.2 PESQUISA .........................................................................................................................44 3.3 METODOLOGIA UTILIZADA ........................................................................................45 3.4 ETAPAS DA PESQUISA ..................................................................................................45 3.4.1 Fase exploratória..............................................................................................................45

Page 12: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

11

3.4.2 Formulação do problema .................................................................................................45 3.4.3 Observação e Coleta de dados .........................................................................................45 3.4.4 Análise e interpretação dos dados ...................................................................................46 3.4.5 Elaboração do plano de ação ...........................................................................................46

4. ESTUDO DE CASO ...........................................................................................................47

4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA ..................................................................................47 4.2 ESTRUTURA PRODUTIVA DA EMPRESA ..................................................................47 4.2.1 Linha do Chuveiro ...........................................................................................................48 4.2.2 Linha da Caixa elétrica ....................................................................................................50 4.2.3 Linha do Diafragma.........................................................................................................51 4.2.4 Linha da Resistência........................................................................................................53 4.3 A QUALIDADE NA EMPRESA ......................................................................................54 4.4 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA..........................................................................55 4.4.1 Fase exploratória..............................................................................................................55 4.4.2 Formulação do problema .................................................................................................55 4.4.3 Observação e coleta de dados..........................................................................................56 4.4.4 Análise e interpretação dos dados ...................................................................................57 4.4.4.1 Refugo ..........................................................................................................................58 4.4.4.2 Retrabalho.....................................................................................................................63 4.4.4.3 Experiências anteriores com programas da qualidade na empresa...............................64 4.4.4.4 Mapeamento do fluxo dos processos............................................................................65 4.4.4.5 Procedimento para recebimento e devolução de materiais de fornecedores ................66 4.4.4.6 Inspeção e controle da qualidade nas linhas de montagem ..........................................68 4.4.4.7 Apontamento e indicadores das linhas de montagem...................................................69 4.4.4.8 Padrões de processos utilizados nas linhas de montagem ............................................69 4.4.4.9 Índices de devolução e reclamações identificados pela assistência técnica .................70 4.4.4.10 Procedimento para realização de manutenção nas máquinas e equipamentos ...........72

5. PROPOSTAS DE MELHORIAS PARA O CONTROLE DA QUALIDADE NAS LINHAS DE MONTAGEM DA EMPRESA EM ESTUDO ........................................74

5.1 IMPLANTAÇÃO DO GERENCIAMENTO DA ROTINA DO TRABALHO DO DIA-A-

DIA .....................................................................................................................................74 5.1.1 Definição do coordenador da qualidade ..........................................................................75 5.1.2 Organização do Gerenciamento da Rotina ......................................................................75 5.1.2.1 Descrição do negócio das linhas de montagem............................................................75 5.1.2.2 Definição dos produtos prioritários ..............................................................................76 5.1.2.3 Elaboração do fluxograma de cada processo das linhas...............................................76 5.1.2.4 Elaboração do Procedimento Operacional Padrão .......................................................77 5.1.2.5 Definição dos itens de controle ....................................................................................78 5.1.3 Formação de Grupos de trabalho.....................................................................................79 5.1.3.1 Grupo - Implantação dos 5S’s ......................................................................................80 5.1.3.2 Grupo - Redução de anomalias.....................................................................................80 5.1.3.3 Grupo - Padronização de processos..............................................................................81

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................82

6.1 CONCLUSÕES..................................................................................................................82 6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS..............................................................84

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................86

Page 13: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

12

APÊNDICES ...........................................................................................................................90

APÊNDICE A – Códigos para apontamento de refugo e retrabalho nas linhas de montagem 90APÊNDICE B – Formulário p/ apontamento de refugo e retrabalho nas linhas de montagem91

ANEXO....................................................................................................................................92

ANEXO A – Códigos para apontamento de refugo nas linhas de montagem..........................92

Page 14: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

13

1 INTRODUÇÃO

Visando atender às expectativas de seus clientes e oferecer produtos com qualidade, as

organizações vêm desenvolvendo planos de melhoria dos processos e melhorando o

gerenciamento da qualidade total. Estes planos envolvem a organização como um todo, desde

o recebimento da matéria-prima até a entrega ao cliente. Como resultado destas ações de

melhoria tem-se um produto com melhor qualidade e um processo que busca a minimização

dos desperdícios, otimização da produção e um aprendizado constante em busca da

identificação, análise e solução dos problemas.

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA

O presente trabalho aborda a não qualidade nas linhas de montagem de uma empresa

fabricante de produtos termoelétricos e plásticos. Para fins de conceituação, neste trabalho, a

não qualidade se refere às ineficiências do processo produtivo como retrabalho, defeitos,

atrasos, paradas de máquina, entre outras. A análise da não qualidade contempla o processo de

produção, desde o recebimento da matéria-prima que abastece as linhas de montagem até a

embalagem do produto acabado.

Page 15: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

14

1.2 OBJETIVO GERAL

Propor ações para a estruturação do controle e melhoria da qualidade nas linhas de

montagem de uma empresa fabricante de produtos termoelétricos e plásticos.

1.3 OBJETIVOS ESPECIFICOS

• implementar um sistema para coleta de dados nas linhas de montagem;

• identificar os fatores que geram a não qualidade nas linhas de montagem;

• propor ações para tornar mais eficaz o processo de controle da qualidade;

• implantar indicadores de produtividade e qualidade nas linhas de montagem;

• propor a criação de grupos de trabalho autodirigidos para a melhoria da

qualidade.

1.4 JUSTIFICATIVA

A presença significativa de refugos e do retrabalho nas linhas de montagem, evidencia

a carência de monitoramento da qualidade de produtos e processo. Na grande parte das vezes,

estes são afetados pelo baixo controle nas matérias-primas fornecidas, pela falta de

padronização nos processos e em decorrência da necessidade de treinamento dos

colaboradores. Como conseqüência, a qualidade do produto final é prejudicada, impactando

diretamente na satisfação do cliente, no faturamento e na lucratividade da empresa. Esta falta

de qualidade pode ser identificada também tanto nos fornecedores internos quanto nos

externos, o que mostra de forma clara que é preciso “arrumar a casa”.

Page 16: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

15

A importância deste trabalho se justifica pela necessidade de estabelecer ações para

estruturação do controle e de melhoria da qualidade nas linhas de montagem, visando reduzir

o alto índice de refugos e retrabalho. Ações como a criação de indicadores e a padronização

de procedimentos, permitirão reduzir o impacto provocado pela não qualidade e melhorar o

desempenho dos processos e produtos. Sua implementação, a partir da otimização dos

processos, possibilita a empresa produzir um produto final com melhor qualidade, tornando-a

mais competitiva.

1.5 DELIMITAÇÃO DO TRABALHO

O estudo das ações de melhorias propostas nesse trabalho é direcionado para o

controle da qualidade nas linhas de montagem de uma empresa fabricante de produtos

termoelétricos e plásticos. De forma mais específica, o estudo focará nas linhas de fabricação

do chuveiro, caixa elétrica, resistência e diafragma, envolvendo o processo de produção,

desde o recebimento da matéria-prima que abastece as linhas até a embalagem do produto

acabado. As ações propostas são baseadas na realidade atual da empresa e seus recursos, além

da bibliografia estudada sobre o assunto.

1.5 METODOLOGIA

Quando se discute a qualidade dos produtos atualmente oferecidos pela empresa em

análise, a carência existente no controle e gestão da qualidade torna-se evidente. Tais fatores

se refletem significativamente nas vendas e na aceitação dos produtos pelos clientes e

consumidores.

Esse trabalho busca uma resposta ao problema: a não qualidade nas linhas de

montagem. Logo, segundo Gil (1991), pode ser enquadrado como uma pesquisa, mais

Page 17: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

16

especificamente como pesquisa exploratória quanto aos objetivos e pesquisa-ação quanto aos

procedimentos, pois objetiva proporcionar maior familiaridade com o problema, vista a torná-

lo mais explícito e por envolver a pesquisadora, responsável pelo controle e monitoramento

da qualidade na empresa. O estudo visa identificar os principais fatores que geram a não

qualidade nas linhas de montagem estudadas, buscando o desenvolvimento de uma proposta

para o controle da qualidade e a implantação de melhorias nas linhas de montagem.

O detalhamento das etapas da pesquisa será apresentado no capítulo 3.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

O capítulo 1 aborda o tema proposto, o objetivo geral e os específicos, a justificativa, a

delimitação do trabalho e a metodologia aplicada.

O capítulo 2 apresenta a revisão bibliográfica sobre o tema, onde se buscou abranger

os conceitos necessários para o entendimento do problema exposto, bem como das propostas

de melhorias apresentadas em seus conceitos e ferramentas para implantação e manutenção.

No capítulo 3 é apresentada a metodologia utilizada, detalhando as fases da pesquisa-

ação, desde a fase exploratória até as propostas de melhorias.

No capítulo 4 faz-se a apresentação da empresa, onde se descreve seus processos

atuais, seus procedimentos e os problemas acarretados pela não qualidade.

O capítulo 5 aborda as propostas de melhorias, para que os objetivos traçados em

relação à qualidade dos produtos oferecidos pela empresa sejam alcançados.

E, por fim, os capítulos seguintes apresentam respectivamente as considerações finais

sobre o estudo realizado e as referências bibliográficas utilizadas na pesquisa desenvolvida.

Page 18: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 GESTÃO DA QUALIDADE

2.1.1 Qualidade

Qualidade é a adequação ao uso (JURAN e GRYNA, 1991), é o atendimento das

exigências do cliente (OAKLAND, 1994), é a satisfação do cliente (DEMING, 1990).

Para Crosby (1994), qualidade é definida como o atendimento aos requisitos

(conformance to requirements). Nesse caso, a palavra “requisitos” não deve ser entendida

apenas como especificações de projeto, mas também como requisitos de mercado que

atendem às necessidades dos clientes.

Um produto ou serviço de qualidade é aquele que atende perfeitamente (projeto sem

defeito), de forma confiável (sem defeitos), acessível (baixo custo), segura (segurança do

cliente) e no tempo certo (entrega no prazo certo, no local certo e na quantidade certa) às

necessidades do cliente (CAMPOS, 1999).

Para melhor explicar o que é qualidade, Garvin (2002), identifica oito dimensões ou

categorias:

I. Desempenho: refere-se às características básicas de um produto;

II. Características: são os “adereços” dos produtos, aquelas características

secundárias que suplementam o funcionamento básico do produto;

Page 19: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

18

III. Confiabilidade: reflete a probabilidade de mau funcionamento de um produto,

bem como a probabilidade do produto falhar num determinado período;

IV. Conformidade: refere-se ao grau com que o projeto e as características

operacionais de um produto estão de acordo com padrões estabelecidos;

V. Durabilidade: refere-se à medida da vida útil do produto;

VI. Atendimento: é a rapidez, eficiência e facilidade dos serviços associados ao

produto;

VII. Estética: é a aparência de um produto;

VIII. Qualidade percebida. A qualidade percebida se refere às medidas indiretas que

os clientes utilizam para avaliar a qualidade de um produto.

De acordo com Ishikawa (1993), no contexto da qualidade total, a obtenção desta

envolve as atividades de projeto, fabricação e venda dos produtos, todas gerando satisfação

para o cliente. Para se atingir a qualidade na forma geral, supracitada, tem-se que considerar

quatro aspectos da qualidade:

I. Qualidade (Q): características de qualidade em seu senso restrito, ligada à

satisfação do cliente interno ou externo;

II. Custo (C): características relacionadas a custo e preço de venda;

III. Distribuição (D): características relacionadas a quantidades e prazo de entregas;

IV. Serviço (S): inclui os problemas surgidos após a distribuição do produto e

características que exigem serviços pré-vendas e pós-vendas.

Campos (1992), acrescenta ainda outros dois aspectos que envolvem a qualidade total:

V. Moral: mede a satisfação dos empregados e pode ser medido por meio dos

índices de turn-over, absenteísmo, índices de reclamações, entre outros;

VI. Segurança: avalia a segurança do empregado e dos usuários do produto.

Page 20: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

19

Diante de todas estas definições é visto que a qualidade está relacionada à satisfação

do cliente com o produto ou serviço adquirido, seja ela, na compra ou nos serviços pós-venda.

Para Las Casas (1999), os objetivos da qualidade envolvem:

a) Clientes: exceder suas expectativas no atendimento e soluções providas;

b) Colaboradores: capacitar, valorizar e oferecer condições de desenvolvimento

pessoal e profissional, estimulando o trabalho em equipe;

c) Acionistas: garantir bons níveis de remuneração do capital, conseqüentemente,

atrair novos investimentos;

d) Fornecedores: buscar e manter parceiros que proporcionam relações

comerciais de confiabilidade e credibilidade.

Dentro do nível operacional, estes objetivos da qualidade são transformados em

requisitos ou parâmetros específicos do processo para alcançar as características do produto.

Para o setor operacional, os objetivos da qualidade podem ser expressos referindo-se aos

índices de retrabalho, taxa de não conformidades, índice de segregação do produto, ações

corretivas abertas durante o processo, melhorias contínuas, índice de treinamento, entre

outros. (BARBOSA, 2004).

Atualmente as organizações buscam técnicas e atividades capazes de auxiliar no

controle da qualidade, monitorando o processo de entrada de insumos, de transformação,

reduzindo perdas de produtos, reduzindo índice de segregação de produtos não conforme,

tempo de hora máquina parada, retrabalhos, refugos e outros. As organizações buscam um

processo produtivo capaz de atender as especificações dos produtos obtendo assim a

satisfação total do cliente (BARBOSA, 2004).

Page 21: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

20

2.1.2 Evolução da Qualidade

Garvin (2002), ao traçar a história e evolução da qualidade, afirma que a disciplina

ainda está em formação e que em sua forma original, a qualidade era relativa e voltada para a

inspeção e atualmente, as atividades relacionadas com a qualidade se ampliaram e são

consideradas essenciais para o sucesso estratégico. Segundo ele, estas mudanças na

abordagem da qualidade foram surgindo aos poucos e são produtos de uma série de

descobertas. Pode-se organizar essas descobertas em quatro eras da qualidade distintas:

inspeção, controle da qualidade, garantia da qualidade e administração total da qualidade.

Garvin (2002), descreve as etapas de evolução da qualidade conforme Figura 1:

Figura 1 – A evolução da qualidade. Fonte: Garvin, 1992.

2.1.3 TQC – Total Quality Control e TQM – Total Quality Management

No ano de 1956, A. Feigenbaum formulou e sistematizou os princípios que denominou

Total Quality Control (TQC), definindo-o como “um sistema gerencial baseado na

participação de todos os setores e de todos os empregados de uma empresa” (WERKEMA,

Page 22: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

21

1995), cujo objetivo básico era o de prover um controle preventivo, desde o início do projeto

dos produtos até seu fornecimento aos clientes, com base num trabalho multifuncional

(SLACK et al., 1999).

O TQC é baseado em elementos de várias fontes: utiliza-se do método cartesiano,

aproveita do trabalho de Taylor, utiliza também o controle estatístico de processos, cujos

fundamentos foram lançados por Shewhart, adota os conceitos sobre comportamento humano

de Maslow e por fim aproveita todo o conhecimento ocidental sobre qualidade,

principalmente o trabalho de Juran (CAMPOS,1992).

Para Barbosa (2004), existem três componentes importantes em que consiste o TQC:

satisfação do cliente, melhoria contínua e trabalho em equipe. O autor coloca também que o

controle estatístico do processo, o comprometimento da alta gerência, delegação e cultura

organizacional apropriados são ingredientes críticos para o sucesso do TQC.

O processo de desenvolvimento que iniciou em 1920, com o Controle da Qualidade

seguido pela Garantia da Qualidade e o Controle da Qualidade Total, deu origem ao TQM um

dos mais modernos e populares métodos de gerenciamento (PALADINI, 2004).

Esta noção de administração da qualidade total foi introduzida por Feigenbaum em

1957. Mais recentemente tem sido desenvolvida através de várias abordagens amplamente

conhecidas, introduzidas por “gurus da qualidade”, como Deming, Juran, Ishikawa, Taguchi e

Crosby (SLACK et al., 1999).

Segundo Juran e Gryna (1991), “Uma das maiores aplicações do conceito de

planejamento da qualidade é o planejamento estratégico da qualidade, algumas vezes

chamado de Gestão da Qualidade Total (TQM)”.

O conceito de Gestão da Qualidade Total (TQM) mais aceito hoje é identificado como

o “conjunto de atividades destinadas a viabilizar a política da qualidade e os objetivos gerais

Page 23: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

22

da organização em termos da qualidade. Tais atividades são estruturadas de forma planejada,

abrangente e evolutiva” (PALADINI, 2004).

O TQM, segundo Paladini (2004), tem como princípios:

• foco no cliente;

• visão e comprometimento de longo prazo com a qualidade;

• melhoria contínua com o uso de metodologias e ferramentas;

• abordagem científica: decisão baseada em fatos, priorização dos problemas

críticos;

• educação e treinamento;

• envolvimento e comprometimento dos recursos humanos.

2.1.4 A não qualidade

Não qualidade é quando uma empresa não produz o seu produto com qualidade

suficiente para o atendimento das necessidades do cliente em decorrência das ineficiências do

processo produtivo (VICTOR, 2006).

Victor (2006) coloca também, que é perceptível que o conceito de não qualidade é

diretamente focado ao cliente, que poderá ser um cliente final ou mesmo um cliente interno na

empresa.

Esta não qualidade pode ser mensurada, desde que a empresa possua estrutura

necessária para o levantamento das não conformidades, aplicação e análise da eficácia das

ações corretivas e/ou preventivas. É importante para a empresa avaliar e trabalhar em reduzir

os custos da não qualidade (FROTA, 2002).

Page 24: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

23

2.1.4.1 Custos da não qualidade

Os custos da qualidade são aqueles custos que não existiriam se o produto fabricado

fosse perfeito na primeira vez, e estão associados com as falhas na produção que levam a

retrabalhos, desperdícios e perda de produtividade (JURAN e GRYNA, 1991).

Estes custos atualmente poderiam ser equiparados em importância e também outras

categorias de custos, como os custos com mão-de-obra, engenharia e vendas (FEIGENBAUM

apud ROBLES JR., 2003).

Segundo Feigenbaum apud Robles Jr. (2003), os custos operacionais da qualidade são

aqueles associados com a definição, criação e controle da qualidade, da mesma forma também

com a determinação do valor e retorno da conformidade com a qualidade, confiança e

requisitos de segurança. Têm-se também os custos da não-conformidade, associados com as

falhas e suas conseqüências tanto dentro da fábrica como em mãos dos clientes e

consumidores.

Os custos de falhas internas, segundo Slack et al. (1999), estão associados aos erros

que são detectados na operação interna, ou seja, antes de o produto ser expedido para o

cliente, entre eles estão:

a) custos de peças e materiais refugados;

b) custos de peças e materiais retrabalhados;

c) tempo de produção perdido em razão de erros;

d) modificações nos processos produtivos;

e) falhas do fornecedor;

f) tempo de espera dos equipamentos parados para correções.

Já os custos de falhas externas, para Slack et al. (1999), são aqueles detectados fora da

operação, ou seja, depois que o produto chega ao cliente, alguns são citados pelo autor:

a) perda da confiança do consumidor, o que afetará futuros negócios;

Page 25: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

24

b) consumidores aborrecidos por eventual perda de tempo;

c) custos de garantia;

d) processamento de devoluções;

e) perda de clientes e de mercado.

O estudo dos custos da qualidade é de relevante importância para a competitividade

empresarial, principalmente nas pequenas e médias empresas industriais. Isso porque no

ambiente de mercado atual, em que os preços são basicamente determinados pela

concorrência mercadológica, o aumento do lucro passa necessariamente pela eficiência dos

processos internos (ROBLES JR., 2003).

2.1.5 Produtividade

Depois da Segunda Guerra Mundial o interesse pela produtividade cresceu

acentuadamente, considerando seus fundamentos teóricos e tornando a sua medida cada vez

mais comum (MOREIRA, 2004).

“Produtividade significa a quantidade de produtos ou serviços produzidos com os

recursos utilizados” (GAITHER e FRAIZER, 2001).

Davis, Aquilano e Chase (2001) definem uma medida de produtividade de processo

como sendo a eficiência com que as entradas são transformadas em produtos finais.

Tomando como base às definições anteriores de produtividade, tem-se que o aumento

da produtividade significa um melhor aproveitamento da mão-de-obra, dos equipamentos, da

matéria-prima, da energia, dos recursos como um todo.

Segundo Garcia (2005), aumentar a produtividade é simplesmente usar melhor os

recursos de uma economia, produzindo com custos cada vez menores. O ponto de partida para

aumentar a produção é usar melhor o que se tem.

Page 26: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

25

Para uma organização, a produtividade está ligada à melhoria da competitividade e ao

aumento dos lucros, como mostra a Figura 2. O aumento da produtividade promove uma

redução dos custos do produto ou serviço prestado, possibilitando à empresa ofertar seus

produtos ou serviços por um preço menor e conseqüentemente aumentar a sua

competitividade no mercado.

PRODUTIVIDADE

CUSTOS

COMPETITIVIDADE

PRODUTIVIDADE

LUCRO

CRESCIMENTO

Figura 2 – Mecanismo de Influência da Produtividade. Fonte: Adaptado de Moreira, 2004.

Continuando, o crescimento da competitividade leva a um aumento na participação do

mercado, e, portanto, ampliação dos lucros. A empresa tem mais condições de investir no seu

negócio, quando os lucros são crescentes, o que também leva ao aumento da sua

competitividade e assim sucessivamente, a menos que fatores externos relevantes impeçam

este mecanismo (GARCIA, 2005).

2.1.5.1 A medida da Produtividade

Para Parsons apud Garcia (2005) a medição da produtividade permite que os

indivíduos, organizações e nações estabeleçam onde estão, as metas que desejam atingir, e

que monitorem o progresso em direção a essas metas.

Page 27: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

26

Deve-se considerar que as medidas de produtividade sempre têm alguma imprecisão,

pela dificuldade de medição e pelas controvérsias existentes em alguns conceitos envolvidos.

Se medidas forem realizadas com conceitos diferentes, elas provavelmente não serão

comparáveis. Moreira (2004) alerta que, no caso de variações bruscas de medição, não sejam

tomadas decisões precipitadas, mas sejam investigadas as causas, que podem ser situações

isoladas.

2.1.5.2 Eficiência

Para Rua (2006), eficiência do processo é a relação entre o resultado obtido na

medição de um Indicador de Produtividade e o Índice estabelecido como padrão do processo.

A autora coloca que a eficiência pode ser calculada conforme mostrado a seguir:

s

Assim, este percentu

melhoria no processo for in

previsto.

2.1.6 Processo

“Constitui a unidade

de causas tendo um objetivo

processo” (DELLARETTI e

Recursos previsto

Recursos utilizados X 100

al poderá ser maior ou menor que 100%, maior quando alguma

troduzida e o mesmo passar a consumir menos recursos que o

de gerenciamento básica da qualidade total. [...] É um conjunto

: produzir um efeito específico, que será denominado produto do

DRUMOND, 1992).

Page 28: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

27

Para Werkema (1995), “um processo pode ser definido [...] como um conjunto de

causas que têm como objetivo produzir um determinado efeito, o qual é denominado produto

do processo”.

Uma empresa é também um processo e dentro dela existem vários processos, não só

processos de manufatura como também de serviços. Um processo possui uma série de causas:

os equipamentos de medição, as máquinas, as matérias-primas, a mão-de-obra, entre outras.

Enquanto houver causas e efeitos, haverá processos, e estes são controlados através dos seus

efeitos (CAMPOS, 1999).

“O processo, que é um conjunto de fatores de causa, precisa ser controlado para que se

obtenham bons produtos e efeitos” (ISHIKAWA, 1993).

Dellaretti e Drumond (1992) afirmam, “qualquer processo tem pelo menos um cliente

e, assim sendo, ele tem o mesmo objetivo da empresa, isto é, promover a satisfação total do

cliente”.

2.1.6.1 Item de Controle e Item de Verificação

Item de Controle é o índice numérico estabelecido sobre os efeitos de cada processo

para medir a sua qualidade total, também podendo ser considerado um conjunto de

características mensuráveis de um produto cuja verificação deverá garantir a satisfação do

cliente em relação ao mesmo (INDG, 2006).

Os itens de controle "são usados para verificar os processos e a administração através

de seus efeitos” (ISHIKAWA, 1993).

Para Campos (1999) “um processo é gerenciado através de seus itens de controle que

medem a qualidade, custo, entrega, moral e segurança dos seus efeitos”.

Para Werkema (1995) para que seja possível controlar um processo alguns passos

devem ser seguidos:

Page 29: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

28

a) identificação de seus clientes: identificar os clientes, cujas necessidades

deverão ser satisfeitas, podendo estes clientes ser internos ou externos;

b) identificação do produto a ser entregue: estabelecer as características da

qualidade que são necessárias ao cliente, transformando-as em grandezas

mensuráveis, ou seja, itens de controle, visando a garantia da satisfação do

cliente.

Alguns exemplos de itens de controle são citados por Dellaretti e Drumond (1992):

a) número de reclamações;

b) índice de refugo;

c) custo unitário do produto;

d) índice de retrabalho;

e) índice de produtividade;

f) número de devoluções.

Os itens de controle são estabelecidos sobre o resultado do processo e, portanto definem responsabilidade. Já os itens de verificação são determinados sobre as causas do processo e então definem autoridade. Os bons resultados de um item de controle são garantidos pelo acompanhamento dos itens de verificação. (WERKEMA, 1995).

A Figura 3 mostra o relacionamento ente os itens de controle e verificação de um

processo, onde os itens de verificação medem o desempenho dos componentes do processo:

equipamentos, matéria-prima, condições ambientais, aferição dos equipamentos de medida,

cumprimento dos procedimentos operacionais padrão.

Page 30: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

29

CAUSAS EFEITO

Pessoas Condições Ambientais

Informações do Processo de Medidas

Métodos ou Procedimentos

Insumos

Equipamentos

ITENS DE CONTROLE

RESULTADO

ITENS DE VERIFICAÇÃO

PRODUTO PROCESSO

Figura 3 – Itens de verificação e itens de controle de um processo. Fonte: Adaptado de Werkema, 1995.

Alguns exemplos de itens de verificação são citados por Campos (1992):

a) equipamentos:

- tempo de parada de máquina por mês;

- número de paradas;

- tempo médio entre falhas.

b) matéria-prima:

- dimensional;

- propriedades da matéria-prima;

- níveis de estoque.

- condições ambientais:

- temperatura;

- umidade;

- nível de poeira.

“Um efeito de um processo (medido pelos itens de controle) é afetado por várias

causas, mas apenas poucas causas afetam a grande parte de um item de controle” (CAMPOS,

1999).

Page 31: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

30

Campos (1999), cita também que quando não estamos satisfeitos com o(s) resultado(s)

de um item de controle, temos um resultado indesejável de um processo, ou seja, um

problema.

2.1.6.2 Anomalias e Tratamento das Anomalias

Uma anomalia, ou falha, é tudo que for diferente das condições normais de operação e

de funcionamento de um processo (INDG, 2006).

Segundo Campos (1992), anomalia inclui quebra de equipamento, qualquer tipo de

manutenção corretiva, defeitos em produto, refugos, retrabalhos, insumos fora de

especificação, reclamações de clientes, vazamentos de qualquer natureza, parada de produção

por qualquer motivo, atrasos nas compras, erros em faturas, erros de previsão de vendas, entre

outros. São todos os eventos que fogem do normal.

Campos (1992) cita ainda que não há nada mais urgente numa empresa que eliminar as

falhas, pois ao reduzi-las as necessidades de trabalho que não agregam valor são diminuídas,

ou seja, o trabalho desperdiçado diminui. Estas falhas somente serão eliminadas pela ação das

funções de operação, supervisão, assessoria e principalmente do gerenciamento.

Após a identificação das anomalias é preciso definir o “caso crítico” da organização, o

produto que terá prioridade no tratamento, através das ações corretivas.

Este tratamento tem como finalidade minimizar o impacto dos desvios das condições

normais de operação de um processo sobre os resultados desejados. Quando existem muitas

anomalias, o tempo das pessoas é consumido em combatê-las e não para atingir metas. Toda

anomalia gera trabalho extra e não agrega valor ao produto final. (INDG, 2006).

Segundo Campos (1992), algumas medidas simples e de fácil implementação devem

ser colocadas em prática para o tratamento das anomalias:

Page 32: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

31

I. Mostrar as funções de cada um: o conhecimento das funções desempenhadas por

cada um dentro de sua gerência é muito importante.

- Preparar seus Operadores: todas as pessoas cuja principal função é cumprir

Procedimentos Operacionais Padrões são operadores, e é por esta razão que a

padronização é importante.

- Preparar seus supervisores: o supervisor tem três papéis em seu trabalho:

verificar o cumprimento dos Procedimentos Operacionais Padrão e treinar os

operadores, conduzir o tratamento de anomalias e ajudar o gerente a resolver os

problemas da gerência, atuando na função de assessoria.

II. Estabelecer as funções do gerente: ele deve guardar seu tempo para três ações

básicas: treinar seus colaboradores imediatos, atuar nas anomalias como

relatadas nos Relatórios de Anomalia através do PDCA e atuar junto com suas

chefias, planejando o futuro e conduzindo as melhorias em sua área, atingindo

metas.

2.2 GERENCIAMENTO DA ROTINA DO TRABALHO DO DIA-A-DIA

O Gerenciamento da Rotina do Trabalho do Dia-a-Dia são “as ações e verificações

diárias conduzidas para que cada pessoa possa assumir as responsabilidades no cumprimento

das obrigações conferidas a cada indivíduo e a cada organização”. (CAMPOS, 1992)

O gerenciamento da rotina do trabalho proporciona melhoria na organização por meio

do cumprimento de padrões, atuando nas causas dos desvios. Quando se trata de melhorias

dos resultados, os padrões devem ser revisados (INDG, 2006).

A empresa Heros Consultoria (2006), coloca o gerenciamento do trabalho centrado:

a) na perfeita definição da autoridade e responsabilidade de cada pessoa; b) na padronização dos processos e do trabalho; c) na monitoração dos resultados destes processos e sua comparação com metas;

Page 33: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

32

d) na ação corretiva do processo; e) num bom ambiente de trabalho; f) na busca contínua da perfeição.

Segundo Campos (1992), as funções exercidas pelos colaboradores de uma empresa -

operação, supervisão, gerenciamento e direção - podem ainda ser classificadas em funções

operacionais e gerenciais. A Figura 4 apresenta as funções de uma organização, as quais

podem ser relacionadas com as atividades para o alcance das metas.

GERENCIAIS

OPERACIONAIS

DIREÇÃO

GERENCIAMENTO

SUPERVISÃO

OPERAÇÃO

FUNÇÕES

Figura 4 – Funções na organização. Fonte: Adaptado de Campos, 1992.

No nível gerencial, a direção da organização estabelece as metas que garantem a

vantagem competitiva ou sobrevivência da empresa. O nível gerencial atinge as metas por

meio do PDCA (Plan, Do, Check, Action) e inicia o processo de treinamento do nível

supervisão. Deste modo, a supervisão verifica o cumprimento dos procedimentos operacionais

da função operação e também treina a operação em novos procedimentos. A operação tem o

papel de cumprir os procedimentos. Entretanto, quando ocorre a anomalia, isto é, a falha, a

operação tem também a responsabilidade de relatar as ocorrências, no qual a supervisão

registra e conduz a análise de anomalias informando o nível gerencial que, por sua vez,

elimina as anomalias crônicas e auxilia a supervisão na verificação das causas das anomalias.

Assim, o nível de direção estabelece metas para corrigir esta nova situação dando

continuidade no ciclo (CAMPOS, 1992).

Page 34: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

33

2.2.1 Benefícios do Gerenciamento da Rotina do Trabalho do Dia-a-dia

Alguns benefícios são obtidos com a implantação do Gerenciamento da Rotina do

Trabalho do Dia-a-dia:

a) racionalização e otimização de processos; b) clareza na definição de responsabilidades e autoridades pelos processos; c) integração da equipe diante da busca de melhorias; d) evita retrabalhos; e) busca da melhoria contínua dos processos; f) maior poder de análise de processos em virtude da utilização de ferramentas da

qualidade (INDG, 2006).

2.2.2 Grupos de Trabalho

Uma maneira eficiente de atacar a melhoria de processos ou problemas complexos é

por meio de trabalho em grupo. A abordagem de grupo permite o desenvolvimento dos

indivíduos e das organizações (OAKLAND, 1994).

Segundo Arioli (1998), na administração tradicional a presença crescente de técnicas

sofisticadas e treinamento especializado, visando o aumento da eficiência e competitividade,

traz nichos de linguagem hermética e tecnologias complexas, inacessíveis aos não-

especialistas. O autor cita ainda que nos sistemas da qualidade, o enfoque é para o

treinamento generalizado em técnicas básicas, principalmente estatísticas. Os resultados desta

ação são: qualidade em toda a empresa, custos decrescentes, transparência em todas as áreas

funcionais e motivação permanente. Sendo assim, neste ambiente todos se entendem por

disporem de uma mesma linguagem e um método comum, principalmente na solução de

problemas.

A competitividade, hoje tão almejada pelas organizações, depende cada vez mais da

criatividade e do trabalho em equipe (TOFFLER, 1985).

Embora as responsabilidades individuais estejam longe de se extinguir neste contexto,

o desempenho do indivíduo deve ser cada vez mais explorado dentro do trabalho em equipe.

Desta forma, o desafio gerencial passa a ser descobrir o melhor equilíbrio entre as

Page 35: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

34

contribuições individuais e de equipes para o sucesso da organização (KATZENBACH e

SMITH, 1994).

Naisbitt e Aburdene (1989), alertam que os sistemas de educação devem buscar

preparar os futuros profissionais para as necessidades geradas pela competitividade

internacional. Estas necessidades incluem a capacidade de aprender, raciocinar com lógica,

descobrir soluções criativas para os velhos problemas e trabalhar em equipe.

A teoria da inteligência de Piaget (1967), psicólogo suíço, estabelece que o trabalho

cooperativo favorece a objetividade, porque cada integrante do grupo precisa expor

claramente as suas idéias, compreender as dos demais e compará-las para extrair as suas

conclusões.

2.2.3 5S’s

Nascida no Japão, na década de 60, a técnica dos 5S’s, baseada nos 5 pontos chave,

sintetiza uma filosofia de gestão empresarial que gera mudanças significativas de produção,

transformando o Japão no que é hoje, em termos de qualidade e produtividade.

No Brasil, esta técnica começou a ser utilizada por volta de 1985 . Atualmente, empresas

pequenas, médias e grandes já implantam o programa com muito sucesso, pois perceberam a

importância e a necessidade desta técnica voltada para a qualidade total (HEROS

CONSULTORIA, 2006).

Segundo Lapa (1998), os 5 sensos que compõem os 5S’s são:

1 º - Seiri: senso de utilização, separar o útil do inútil, eliminando o desnecessário;

2º - Seiton: senso de ordenação, identificar e arrumar tudo, para que qualquer

pessoa possa localizar facilmente;

3º - Seisou: senso de limpeza, manter um ambiente sempre limpo, eliminando as

causas da sujeira e aprendendo a não sujar;

Page 36: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

35

4º - Seiketsu: senso de higiene e saúde, manter um ambiente de trabalho sempre

favorável à saúde e higiene;

5º - Shitsuke: senso de autodisciplina, fazer dessas atitudes, ou seja, da

metodologia, um hábito, transformando os 5S's num modo de vida.

O Programa 5S’s é um método prático e simples que visa tornar os ambientes de

trabalho, organizados, ordenados, limpos e saudáveis, constituindo um alicerce ideal para a

implantação do Processo de Melhoria da Qualidade e Qualidade Total, provocando nas

organizações um choque de cultura. O Programa tem por objetivo:

• melhoria das condições de trabalho;

• eliminação dos desperdícios;

• aumento da produtividade;

• prevenção de acidentes;

• melhoria da qualidade de vida;

• melhoria dos processos;

• melhoria do atendimento ao cliente;

• aproveitamento de tempo e espaço;

• desenvolvimento da criatividade (COMPETITIVA CONSULTORIA, 2006).

Hoje é impossível imaginar uma fábrica suja, desorganizada e com pessoas

desmotivadas.

2.2.4 Indicadores

“Indicadores são formas de representação quantificáveis das características de

produtos e processos. São utilizados pela organização para controlar e melhorar a Qualidade e

o desempenho dos seus produtos e processos ao longo do tempo” (SOUZA, 2006).

Page 37: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

36

2.2.4.1 Indicadores de processo

Representação objetiva de características do processo que devem ser acompanhadas ao

longo do tempo para avaliar e melhorar o seu desempenho. Medem a eficiência e a eficácia

dos processos (RUA, 2006). A autora cita os seguintes indicadores de processo:

a) indicadores da qualidade;

b) indicadores de produtividade;

c) indicadores de capacidade.

Os indicadores de produtividade e eficiência já foram estudados nos tópicos 2.1.5.1 e

2.1.5.2, que trata da medida da produtividade. Os indicadores de capacidade não serão

abordados, por não se aplicarem a este estudo.

2.2.4.2 Indicadores da Qualidade

Os indicadores da qualidade medem como o produto ou serviço é percebido pelo

cliente e a capacidade do processo em atender os requisitos dos clientes. Podem ser aplicados

para a organização como um todo, para um processo ou para uma área, e podem ser divididos

em dois tipos: indicadores da não qualidade e indicadores da qualidade (RUA, 2006).

Os indicadores de não-qualidade, segundo Robles Jr. (2003), são medidos pela relação

entre as unidades produzidas com defeito em relação ao total produzido, conforme fórmula

que segue:

Total de Deficiências/Erros/Desperdícios

Total de Saídas (produtos/serviços) X 100

Já os indicadores de qualidade, segundo Robles Jr. (2003), apóiam-se no conceito de

conformidade, sendo o inverso da fórmula de indicadores da não-qualidade. Um exemplo,

Page 38: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

37

citado pelo autor, é o de duas peças defeituosas num lote de cem peças, este lote possui

qualidade de 98% e a não-qualidade 2%.

Total de saídas certas

Total de Saídas (produtos/serviços)

X 100

2.3 MÉTODO DE ANÁLISE E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS – MASP

O MASP (Método de Análise e Solução de Problemas) consiste na utilização do

PDCA e das ferramentas da qualidade para a solução dos problemas (ver Figura 5). É um

método gerencial utilizado tanto na manutenção como na melhoria dos padrões. Este método

constitui-se em peça fundamental para o controle da qualidade (INDG, 2006).

Para Aguiar (2004), o MASP é uma maneira sistêmica de se tratar duas situações

básicas que podem exigir tomada de decisão:

I. Sempre que haja uma situação insatisfatória, um desvio do padrão de

desempenho esperado ou de um objetivo estabelecido, e que se reconheça a

necessidade de corrigir;

II. Sempre que haja uma oportunidade de melhoria ou que surjam alternativas de

ação a escolher, independente da existência de uma situação insatisfatória.

Estas duas situações são tratadas através do MASP, utilizando-se de ferramentas da

qualidade como: Pareto, Histograma, Cartas de Controle, entre outras, de uma maneira

seqüencial e padronizada de acordo com os pressupostos do MASP conforme Figura 5.

A finalidade do MASP é resolver problemas, satisfazendo as pessoas e obtendo

resultados em curto prazo (AGUIAR, 2004). Porém o autor alerta para algumas condições que

devem ser observadas para a sua correta implementação: a gerência deve estar aberta à

Page 39: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

38

participação de todos os funcionários, onde o trabalho em equipe é fundamental para o

sucesso do MASP.

O INDG (2006) coloca duas grandes vantagens do MASP:

I. possibilita a solução de problemas de maneira científica e efetiva;

II. permite que cada pessoa da organização se capacite para resolver os problemas

específicos de sua responsabilidade.

Segundo Campos (1992), o MASP é composto por oito etapas (ver Figura 5):

I. Identificação do problema (definição clara do mesmo);

II. Observação (investigação das características do problema);

III. Análise (descoberta das causas fundamentais);

IV. Planejamento da Ação (planejar a ação de bloqueio das causas do problema);

V. Ação (executar o plano de ação para bloquear as causas fundamentais);

VI. Verificação (verificar se o bloqueio foi efetivo);

VII. Padronização (prevenir contra o reaparecimento do problema);

VIII. Conclusão (recapitulação de todo o processo e planejamento das ações

futuras).

P

C/S

A

D

1. Identificação do Problema

3. Análise

2. Observação

4. Plano de Ação

6. Verificação

7. Padronização

8. Conclusão

5. Ação

S

? 2 N

Figura 5 – Método de Análise e Solução de Problemas – MASP. Fonte:Adaptado de Aguiar, 2004.

Page 40: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

39

Está é a arma mais importante para a alta direção da empresa e a base para a realização

das diretrizes colocadas pelo planejamento estratégico (CAMPOS, 1992). Segundo o autor,

“para que possamos ser competitivos é no mínimo necessário que sejamos todos exímios

solucionadores de problema”.

2.3.1 Ciclo PDCA

O PDCA é um dos métodos mais conhecidos para a implantação de um sistema de

gerenciamento para melhorias e segundo campos (1992), foi criado por Edwards Deming,

estatístico e consultor norte-americano, no início da década de 50.

“O Ciclo PDCA é um método de gestão, representando o caminho a ser seguido para

que as metas estabelecidas possam ser atingidas.” (WERKEMA, 1995).

Werkema (1995) cita ainda que

Quanto mais informações (fatos e dados, conhecimentos) forem agregadas ao método maiores serão as chances de alcance da meta e maior será a necessidade da utilização de ferramentas apropriadas para coletar, processar e dispor estas informações durante o giro do PDCA.

O método PDCA é composto por quatro etapas, bem definidas, conforme mostra a

Figura 6.

De acordo com Ishikawa (1993) as etapas que compõem o PDCA são:

I. Plan = Planejar (P)

Identificação do desvio, problema ou desafio. Nesta etapa é preciso definir

claramente o problema e reconhecer sua importância, investigar as características

específicas do problema com uma visão ampla e sob vários pontos de vista,

descobrir as causas fundamentais e conceber um plano para bloquear as causas

fundamentais.

II. Do = Fazer ou Executar (D)

Page 41: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

40

Tudo o que foi anteriormente planejado é agora executado. Os dados são

coletados para análise, tratados e utilizados na etapa seguinte para verificação do

desempenho do processo. Para isto a educação, o treinamento, a motivação e o

comprometimento das pessoas envolvidas no processo são de extrema

importância para o bloqueio das causas fundamentais.

III. Check = Checar ou Verificar (C)

Verificar se o bloqueio foi efetivo. Nesta etapa os dados coletados são

comparados com a meta e também as ferramentas estatísticas assumem

importância analítica. Algumas ferramentas estatísticas podem ser citadas:

Gráfico de Pareto, Histograma, Gráfico de Controle e Índice de Capacidade de

Processos e Confiabilidade.

IV. Action = Atuar (A)

Etapa importante, onde se prevê que duas possibilidades podem ocorrer:

- a meta é atingida: neste caso adota-se o plano proposto como sendo o padrão a

ser seguido;

- a meta não é atingida: neste caso deve-se agir sobre as causas da frustração da

meta, utilizando-se de ferramentas adequadas para auxiliar na identificação e

resolução das causas fundamentais.

Page 42: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

41

Figura 6 – Ciclo PDCA. Fonte: Adaptado de Campos, 1992. Segundo Campos (1992), o ciclo PDCA é apenas a primeira parte do processo

caracterizado por melhoria dos resultados. Geralmente, quando as etapas subseqüentes ao

ciclo não são seguidas, a tendência é que as coisas caiam na rotina, depois no esquecimento e

por fim tudo volta a ser como era antes, provocando o efeito “dente de serra”, ou seja, o

famoso sobe e desce num ciclo de melhorias. Este efeito pode ser visualizado na Figura 7.

MELHORIA

TEMPO

Figura 7 – Efeito dente de serra. Fonte: Adaptado de Food Design, 2006.

Page 43: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

42

Baseado nisto, Campos (1992), acrescenta uma nova fase no ciclo de melhoria,

chamada de padronização, que serve para manter os resultados obtidos.

O Ciclo PDCA empregado para atingir metas e manter pode ser denominado SDCA,

onde S significa “Standard”. É nessa etapa que se define a meta padrão e padroniza o trabalho

repetitivo, o qual deve ser executado através do procedimento operacional padrão para o

alcance da meta padrão (WERKEMA, 1995).

Para auxiliar na realização destas etapas, segundo Werkema (1995), as ferramentas

normalmente utilizadas são:

I. Estratificação: É uma técnica de análise fracionada ou por parte. Tem como

finalidade realizar análise ou pesquisa mais detalhada ou ainda comparar duas

ou mais situações diferentes.

II. Folha de Verificação: conhecida também por "Check List" é um roteiro, grade

ou planilha para a coleta de dados. Tem como objetivo realizar coletas de

dados de forma organizada, facilitando uma análise posterior.

III. Gráfico de Pareto: é um gráfico de colunas em que os itens analisados são

dispostos em ordem decrescente da esquerda para a direita (coluna maior para

a menor). Tem por objetivo obter melhor visualização, quando se necessita

priorizar diversos itens.

IV. Diagrama de Causa e Efeito: é um diagrama com aspecto semelhante a uma

espinha de peixe, que organiza as sugestões referentes às possíveis causas de

um determinado efeito, em grupos e subgrupos de idéias, o que possibilita

análises por partes. Tem por finalidade organizar as idéias, normalmente

surgidas em uma sessão de Brainstorming, para facilitar a análise e seleção das

melhores sugestões, assim como registrar todos os fatores influentes no

assunto.

Page 44: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

43

V. Histograma: é uma forma de representação gráfica da distribuição de

freqüência através de colunas ou barras, sendo a ferramenta básica para o

Controle Estatístico do Processo e para o Controle Estatístico da Qualidade.

Objetiva a análise das variações de determinada característica do processo,

quanto ao tipo de distribuição, existência de causa especial de variação e a

capacidade de atender às especificações.

VI. Diagrama de Dispersão: é uma técnica de análise para a verificação da

influência de uma determinada variável em outra, quando ambas são

mensuráveis. Tem por finalidade verificar se a variação de uma determinada

característica provoca variação em outra determinada característica.

VII. Gráficos de Controle: é um gráfico de acompanhamento, em que se compara

periodicamente o indicador de uma determinada característica com os

respectivos limites de controle (faixa de variação natural desta característica).

É a principal ferramenta do Controle Estatístico do Processo. Objetiva obter

um sinal que permita visualizar a ocorrência de causa especial de variação, o

que significa a existência de um descontrole no processo, conseqüentemente,

um aumento na probabilidade da ocorrência de produtos não-conforme.

Para a obtenção de melhoria contínua nos processos, Campos (1999) sugere a

utilização do gerenciamento de manutenção com o de melhoria. A melhoria contínua nos seus

padrões garante a melhoria contínua de um processo.

Page 45: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

44

3 METODOLOGIA

3.1 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA

“Um problema é um resultado indesejável de um processo”. (CAMPOS, 1999). O

problema desse trabalho é a não qualidade nas linhas de montagem da empresa estudada,

caracterizada pela presença de refugos, retrabalho, devoluções, entre outros.

3.2 PESQUISA

Para Gil (1991), pesquisa é um procedimento racional e sistemático que tem como

objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. Segundo Asti Vera apud

Marconi e Lakatos (1999), o ponto de partida da pesquisa encontra-se no problema que se

deverá definir, examinar, avaliar, analisar criticamente, para depois ser tentada uma solução.

Quanto ao objetivo, está pesquisa classifica-se como pesquisa exploratória, pois visa

familiaridade com o problema vistas a torná-lo explícito ou à construção de hipóteses (GIL,

1991). Já se tratando dos procedimentos teóricos, é vista como uma pesquisa-ação, pois é

concebida e realizada numa estreita associação com uma ação ou resolução de um problema

coletivo, onde o pesquisador e demais participantes representativos da situação ou problema

estão envolvidos, seja de modo cooperativo ou participativo (THIOLENT apud GIL, 1991).

Page 46: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

45

3.3 METODOLOGIA UTILIZADA

O presente trabalho é classificado como uma pesquisa exploratória quanto aos

objetivos, pois visa se familiarizar com o problema, explicitar e aprimorar as idéias para

solucioná-lo.

O método utilizado é a pesquisa-ação, onde a pesquisadora e demais membros da

empresa, responsáveis pela qualidade, buscam a solução para o problema proposto.

3.4 ETAPAS DA PESQUISA

3.4.1 Fase exploratória

Nessa fase será realizado o contato com as pessoas envolvidas diretamente com a

qualidade das linhas de montagem, os líderes e o supervisor da produção. Além disso, será

realizado um levantamento dos procedimentos, apontamentos e indicadores existentes nas

linhas de montagem em estudo. Estas ações contemplam o levantamento de informações para

a formulação do problema.

3.4.2 Formulação do problema

Com as informações obtidas na fase exploratória, torna-se possível definir o problema

a ser solucionado.

3.4.3 Observação e Coleta de dados

Nessa etapa busca-se realizar uma discussão com o grupo envolvido na pesquisa, com

o objetivo de buscar informações informais, dados históricos não registrados, sugestões e

propostas para a solução do problema.

Page 47: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

46

Dentre as diversas técnicas adotadas para a coleta de dados na pesquisa-ação, as

utilizadas nesse trabalho serão: entrevistas individuais com as pessoas envolvidas no

problema, a observação participante e a pesquisa em registros e documentos existentes nas

linhas para apontamento de refugo, como o novo formulário implantado para o apontamento

de refugos e retrabalho.

Por fim, a revisão da literatura, relacionada aos assuntos pertinentes ao controle e

gestão da qualidade, Gerenciamento da Rotina do Trabalho do Dia-a-Dia e MASP (Método de

Análise e Solução de Problemas) será desenvolvida em paralelo, visando estabelecer os

métodos mais eficazes para o estabelecimento e alcance das melhorias propostas.

3.4.4 Análise e interpretação dos dados

Nessa etapa será desenvolvida a análise estatística e a generalização para a

interpretação dos resultados e propostas de melhorias para o problema em estudo. Gráficos

serão elaborados a partir dos dados coletados pelo formulário implantado nas linhas de

montagem e pelas informações levantadas na etapa de observação e coleta de dados.

3.4.5 Elaboração do plano de ação

A elaboração de um plano de ação vem concretizar a pesquisa-ação com o

planejamento de uma ação destinada a enfrentar o problema que será objeto de investigação.

Desta forma será elaborada a proposta de melhorias, baseada nos objetivos e na delimitação

do trabalho.

Page 48: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

47

4. ESTUDO DE CASO

4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA

A empresa estudada possui sede na cidade de Joinville, e atua no mercado de

termoelétricos e plásticos, na linha de acessórios para banheiro e cozinha. Conta com 32

representantes espalhados pelo Brasil, além de exportar para o Oriente Médio, Mercosul e

América Central. Atualmente possui um quadro de 65 colaboradores efetivos, sendo que no

período de alta da produção chega a 120 colaboradores entre efetivos e temporários.

4.2 ESTRUTURA PRODUTIVA DA EMPRESA

A estrutura produtiva da empresa é composta por três setores: injeção, estampagem e

montagem. Estes setores trabalham em um turno de 8,8 horas diárias em períodos de

produção normal, e nos períodos de alta produção, alguns setores chegam a trabalhar 24 horas

em três turnos.

O setor de injeção é composto por doze máquinas injetoras que produzem somente

para atender a demanda da empresa, tornando-se assim um fornecedor interno da mesma.

O setor de estampagem conta com três máquinas de prensagem, responsáveis pela

produção de itens estampados que compõem os produtos comercializados pela empresa, ou

seja, é também um fornecedor interno.

Page 49: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

48

Já o setor de montagem é composto por oito linhas de montagem, onde três destas

linhas são responsáveis pelo abastecimento das demais. As demais linhas são responsáveis

pela montagem dos produtos finais comercializados pela empresa: linha torneira elétrica,

armário, acessórios, chuveiro e ducha.

O presente trabalho abordará as quatro linhas de montagem – chuveiro, caixa elétrica,

diafragma e resistência - consideradas mais críticas em termos de não qualidade e alguns de

seus principais efeitos, como por exemplo, refugos, retrabalho e devoluções.

4.2.1 Linha do Chuveiro

Responsável pela montagem do produto considerado “carro-chefe” da empresa, é

alimentada pelo setor de injeção, produtos de fornecedores externos e também por três outras

linhas, da caixa elétrica, da resistência e do diafragma.

O número de colaboradores que compõem a linha pode variar de acordo com a

demanda, de 12 colaboradores (situação atual), até 20 colaboradores (período de alta

produção). Com 12 colaboradores produz-se uma média 3500 pçs/turno e com 20 pode chegar

a 7000 pçs/turno.

A seguir, na Tabela 1, são apresentados os componentes necessários para a montagem

de uma unidade do produto pela linha:

Page 50: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

49

Tabela 1 – Componentes do produto Chuveiro COMPONENTE QTDE FORNECEDOR

Resistência 1 Linha Resistência Diafragma montado 1 Linha Diafragma Caixa elétrica montada 1 Linha Caixa Elétrica Corpo 1 Setor de Injeção Sobre porca 1 Setor de Injeção Tampa da caixa elétrica 1 Setor de Injeção Crivo 1 Setor de Injeção Etiqueta de aterramento 1 Externo Chuveirinho montado 1 Setor de Injeção Suporte p/ fixar na parede 1 Setor de Injeção Redutor 1 Setor de Injeção Embalagem plástica c/ mangueira 1 Externo Alça 1 Externo Caixa de reembalagem (12 pçs) 1 Externo

Fonte: Base de dados da empresa, 2006.

Tomando por base o fluxograma apresentado na Figura 8, os pontos de maior

criticidade desta linha estão relacionados às atividades:

• montagem da resistência,

• montagem do crivo no corpo através do torque do dispositivo,

• confecção da tampografia.

A ausência da padronização nestas atividades gera devolução por parte dos clientes e

consumidores, refugo e retrabalho.

Page 51: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

50

1

Receber a Ordem de Produção

Abastecer os postos de trabalho

Montar a resistência no diafragma montado (1)

Montar o conjunto1 na caixa elétrica (2)

Montar o conjunto 2 no corpo (3)

Montar a sobre porca no conjunto 3 com o dispositivo de torque (4)

Montar a tampa da caixa elétrica no conjunto 4 com o dispositivo pneumático (5)

Fazer o teste elétrico no conjunto 5 com o dispositivo de teste

Montar o crivo no conjunto 5 c/ o dispositivo de torque (6)

Colocar a etiqueta de aterramento no conjunto 6 (7) e o conjunto 7 na

embalagem plástica no carrocel (8)

Retirar o conjunto 8 do carrocel e grampear a alça com o auxílio da

grampeadeira (9)

Colocar 12 pçs do conjunto 9 na caixa de reembalagem

Fechar a caixa de reembalagem com o auxílio da embaladeira

Pesar a caixa de reembalagem para conferir a quantidade de peças embaladas

Acomodar a caixa de reembalagem no pallet até completar um pallet

1

Colocar chuveirinho, redutor e suporte e na embalagem plástica

Flambar e tampografar o

corpo

Figura 8 – Fluxograma do processo de montagem do Chuveiro. Fonte: Autor, 2006.

4.2.2 Linha da Caixa elétrica

Composta por seis colaboradores responsáveis pela montagem de itens que compõem

dois produtos da empresa, o chuveiro e a torneira elétrica. A produção desta linha é de 3700

pçs/turno, limitada pela produtividade da máquina de rebitagem, que restringe o número de

postos. Os componentes que compõem a caixa elétrica montada são apresentados na Tabela 2

e as etapas da montagem deste item na Figura 9.

No fluxograma, apresentado na Figura 9, é possível visualizar a atividade crítica do

processo desta linha, a rebitagem dos condutores elétricos na caixa elétrica. Esta atividade

gera o retrabalho, pela necessidade de rebitar novamente os condutores elétricos, o que acaba

Page 52: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

51

por gerar a não qualidade. Outro ponto crítico desta linha é a ociosidade por parte dos

operadores que trabalham na máquina de rebitagem, devido às restrições da mesma.

Tabela 2 – Componentes do produto Caixa elétrica

COMPONENTE QTDE FORNECEDOR

Condutores elétricos 1 Externo Caixa elétrica 1 Setor de Injeção Lâmina 1 Setor de Estampagem Rebite 1 Externo Isolador elétrico 1 Setor de Injeção Cabo de aterramento 1 Externo Pino de aterramento 1 Externo

Fonte: Base de dados da empresa, 2006.

Receber a Ordem de Produção

Abastecer os postos de trabalho

Posicionar as lâminas e os rebites no berço da mesa

Encaixar a caixa elétrica no berço

Montar o fio de aterramento soldado

Montar os condutores elétricos

Acionar a mesa rebitadeira para rebitar os condutores elétricos e o fio de aterramento

Soldar o cabo e pino de

aterramento

Montar o isolador elétrico para concluir a operação

de montagem

Figura 9 – Fluxograma do processo de montagem da caixa elétrica. Fonte: Autor, 2006.

4.2.3 Linha do Diafragma

Responsável pelo abastecimento das linhas do chuveiro e torneira elétrica é composta

por apenas um posto de trabalho, com uma produção limitada pela máquina de 4000 pçs/turno

Page 53: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

52

de um único item. O diafragma montado é composto pelas peças apresentadas na Tabela 3

que segue, e suas operações de montagem estão apresentadas na Figura 10.

Tabela 3 – Componentes do produto diafragma montado

COMPONENTE QTDE FORNECEDOR

Diafragma 1 Externo Disco do diafragma 1 Setor de Injeção Rebite 1 Externo

Fonte: Base de dados da empresa, 2006.

Na linha do diafragma há retrabalho gerado pela não qualidade por parte dos

fornecedores, que enviam diafragmas não-conformes. Este retrabalho ocorre na atividade de

rebitagem do disco no diafragma e inspeção do diafragma pela operadora, pois não há

inspeção do mesmo nas etapas anteriores.

Receber a Ordem de Produção

Abastecer o posto de trabalho

Abastecer a máquina de rebitar com os rebites

Montar o disco do diafragma no Diafragma

Posicionar na rebitadeira

Inspecionar diafragmas

Acionar a rebitadeira para concluir a operação de

montagem

Figura 10 – Fluxograma do processo de montagem do diafragma. Fonte: Autor, 2006.

Page 54: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

53

4.2.4 Linha da Resistência

Produz diariamente 2600 pçs/turno do produto resistência, que abastece as linhas

chuveiro, torneira elétrica e acessórios, e também é comercializado como produto para

reposição. Atualmente é composta por 5 colaboradores que revezam entre 2 máquinas,

responsáveis pela produção de dois modelos diferentes deste produto: 127V e 220V. Esta

linha é considerada o gargalo para a linha chuveiro, e no período de alta produção chega a

trabalhar 24 horas para atender a demanda das linhas que abastece. A resistência é composta

por alguns componentes (ver Tabela 4), sendo que o fio é o responsável por diferenciar o

produto 127V e 220V. Na Figura 11 as etapas que compõem o processo são apresentadas.

Tabela 4 – Componentes dos produtos Resistência

COMPONENTE QTDE FORNECEDOR

Ilhós 1 Externo Isolador térmico 1 Setor de Injeção Terminal pequeno 1 Setor de Estampagem Terminal médio 1 Setor de Estampagem Terminal grande 1 Setor de Estampagem Fio 127V 1 Externo Fio 220V 1 Externo

Fonte: Base de dados da empresa, 2006.

De acordo com o fluxograma da Figura 11, esta linha apresenta como pontos críticos,

o retrabalho gerado pela atividade de desmanche das peças refugadas, bem como o refugo

provocado pela atividade de rebitagem dos terminais.

Page 55: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

54

Receber a Ordem de Produção

Abastecer os postos de trabalho

Montar os terminais pequeno, médio e grande no isolador

térmico

Posicionar o resistor na máquina

Acionar a máquina p/ rebitar o resistor no conj. isolador térmico

Dobrar as pontas do resistor

Resistência Ok?

Não

Sim

Desmanchar o conj. e

reaproveitar a peças boas

Confeccionar o resistor de acordo c/ ordem de produção

Armazenar as resistências na caixa até completar a quantidade

estabelecida por caixa Figura 11 – Fluxograma do processo de montagem da resistência. Fonte: Autor, 2006. 4.3 A QUALIDADE NA EMPRESA

A empresa, no decorrer dos anos, chegou a implantar alguns métodos de controle da

qualidade de fornecedores, produtos e processos. Com o passar do tempo, porém, esses

métodos foram sendo esquecidos e deixaram de ser utilizados pelo grupo. Atualmente com o

mercado cada vez mais competitivo e clientes mais exigentes, a qualidade começa a

reconquistar sua importância dentro da empresa, através da percepção da necessidade de

controle e de melhoria no gerenciamento da qualidade.

Page 56: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

55

4.4 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

4.4.1 Fase exploratória

Durante os contatos com os líderes das linhas de montagem buscou-se identificar

alguns fatores relacionados à qualidade nas linhas, tais como:

a) os principais motivos de refugo por parte dos fornecedores;

b) índice de retrabalho na linha;

c) índice de refugo durante o processo de montagem;

d) padrões de referência utilizados para determinar se um produto está conforme

ou não;

e) formulário para apontamento dos refugos;

f) os índices medidos até então (produtividade, eficiência, rendimento).

Através do contato com o supervisor da produção buscou levantar informações

referentes à confiabilidade dos apontamentos, restrições dos líderes e operadores, dificuldades

de monitoramento da qualidade diante dos recursos disponíveis, relatórios das linhas e os

produtos por ele considerados de maior criticidade. Os contatos realizados se deram através

de entrevista aberta com os envolvidos.

4.4.2 Formulação do problema

A partir das informações obtidas na fase exploratória detectou-se como maior

problema nas linhas de montagem em estudo, a presença significativa da não qualidade. Esta

não qualidade está presente em diferentes formas (refugo, retrabalho, falta de padronização,

entre outras), causando efeitos diversos (devoluções, insatisfação dos clientes, custos da não-

qualidade, rejeição da marca, entre outros).

Page 57: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

56

4.4.3 Observação e coleta de dados

Nesta etapa de observação e coleta de dados estavam envolvidos os líderes, o

supervisor de produção e também responsável por compras e PCP, os responsáveis pelo

recebimento dos materiais, pelo setor de manutenção, a pesquisadora e responsável pela

qualidade, o líder do setor de injeção, a operadora responsável pela atividade de estampagem

e um integrante da equipe de desenvolvimento de produtos.

Inicialmente, realizou-se uma discussão com todos os envolvidos, onde foi realizado

um brainstorming em relação ao problema, de forma a levantar informações sobre:

a) experiências anteriores com programas da qualidade na empresa;

b) mapeamento do fluxo dos processos;

c) procedimento para recebimento de materiais de fornecedores externos e

internos;

d) métodos de inspeção e controle da qualidade utilizados pelos fornecedores

internos e externos;

e) métodos e a freqüência de inspeção e controle da qualidade nas linhas de

montagem;

f) procedimento para recusa de lotes e devolução de produtos não-conformes

recebidos dos fornecedores;

g) apontamento de refugo e retrabalho;

h) medidas da produtividade, eficiência e a qualidade nas linhas;

i) padrões de produtos e processos utilizados nas linhas de montagem;

j) índices de devolução e reclamações identificados pela assistência técnica;

k) procedimento para realização de manutenção nas máquinas e equipamentos.

A partir do levantamento das informações supracitadas, iniciou-se o processo de coleta

de dados.

Page 58: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

57

Primeiramente, buscou-se levantar dados sobre o apontamento dos refugos. O

formulário utilizado pela empresa até então, não permitia uma estratificação eficaz dos dados

coletados, além de não permitir também o apontamento do retrabalho. Para suprir esta

necessidade, implementou-se um novo formulário para coleta de dados nas linhas de

montagem (APÊNDICE A e APÊNDICE B).

Os códigos apresentados neste formulário estabelecem motivos de refugo específicos

para cada linha, isto, para facilitar o entendimento do líder e trazer maior confiabilidade aos

apontamentos.

O novo formulário proporciona um apontamento eficaz, de modo que os itens

refugados possam ter seus motivos identificados de forma mais clara e específica. Isto

permitirá a empresa estabelecer um plano de ação para bloquear a causa raiz. Este formulário

traz também códigos para o apontamento de retrabalho, índice até então não medido nas

linhas.

O sistema ERP – Enterprise Resource Planning da empresa, também foi utilizado na

coleta de dados. A sua utilização teve como objetivo coletar informações, através dos

relatórios fiscais, referentes às peças devolvidas à empresa pelos seus clientes. Com estas

informações e com o relatório de vendas foi possível obter a porcentagem de peças devolvidas

em relação à quantidade vendida pela empresa. Este resultado mostra o quanto da não

qualidade da empresa é percebida pelos clientes, sejam eles diretos ou indiretos.

4.4.4 Análise e interpretação dos dados

A análise dos dados está baseada nos Gráficos de 1 a 8 apresentados a seguir, bem

como nos pontos relacionados na discussão do grupo. É relevante para a análise dos números

o fato da empresa encontrar-se num período de baixa produção nestes dois meses analisados.

Desta forma, as linhas não trabalharam em todo o período da coleta de dados e a produção em

Page 59: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

58

relação aos meses de alta produção está reduzida em aproximadamente 100%, conforme

média dos últimos 10 anos. Os custos, apresentados nos Gráficos de 1 a 5, dos itens

produzidos pela empresa, contemplam apenas os custos de matéria-prima, pois os de mão-de-

obra e os indiretos não são medidos pela empresa.

4.4.4.1 Refugo

Os Gráficos de 1 a 6 apresentados a seguir, refletem os resultados dos dados coletados

nos meses de setembro e outubro do ano de 2006. É importante considerar que no mês de

setembro o novo formulário de apontamento estava em seu primeiro mês de implementação, o

que pode ter resultado em omissão de dados e erros nos apontamentos por parte dos líderes.

O Gráfico 1, apresenta a perda monetária relacionada aos refugos da linha chuveiro.

Analisando o gráfico, vê-se que os motivos que apresentaram maior porcentagem

estão relacionados aos refugos de tampografia e dimensional. O refugo de tampografia é

resultado de uma desestabilização do processo ocasionada também pela falta de padronização

do mesmo, que envolve a flambagem, preparação da tinta e máquina, três fatores de extrema

importância para a qualidade no processo. O refugo de dimensional das peças injetadas deve-

se ao fornecedor e ocorre pela falta de um controle de qualidade com as matérias-primas

recebidas dos fornecedores. Neste caso, o fornecedor é o setor de injeção.

Page 60: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

59

Gráfico de Pareto - Refugo na linha chuveiro - set e out/06

49,15

82,5399,61 100,00

R$ -R$ 25,00R$ 50,00R$ 75,00

R$ 100,00R$ 125,00R$ 150,00

Refugo

tampo

grafia

Dimen

siona

l

Peça q

uebr

ada

Outros

Tipo de refugo

R$

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

FA %

Gráfico de Pareto – set e out/06

Gráfico 1 – Refugos da linha chuveiro. Fonte: Autor, 2006.

Observando o Gráfico 2, que apresenta os refugos da linha resistência, vê-se que o

motivo de refugo de maior expressão na linha da resistência é a rebitagem incorreta. Este é

considerado um refugo de processo ocasionado pela máquina utilizada. Esta máquina não

absorve as variações de tolerância dos componentes que compõem o produto, o que acaba por

gerar estes refugos. Outro fator determinante para estes números é a variabilidade, de causa

desconhecida até então, que esta máquina apresenta em seus parâmetros, o que acaba por

gerar a variabilidade no processo.

Page 61: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

60

Gráfico 2 – Refugos da linha resistência. Fonte: Autor, 2006.

No Gráfico 3 são apresentados os refugos referentes à linha caixa elétrica, onde o

motivo crítico é a rebitagem incorreta, proveniente do processo, onde os fatores de

interferência são: máquina, homem e processo. A máquina por apresentar variações em seu

funcionamento, o homem por não realizar um procedimento padrão e o processo por estar

desestabilizado e não garantir a qualidade dos produtos.

Gráfico de Pareto - Refugo na linha resistência - set e out/06

100,0098,9589,09

76,7862,38

R$ -R$ 30,00

R$ 60,00R$ 90,00

R$ 120,00R$ 150,00

R$ 180,00

Rebitage

m inco

rreta

Termina

is ref

ugo de r

ebite

Peça que

brada

Mola es

capou

Outros

Tipo de refugo

R$

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

FA %

Gráfico de Pareto - Refugo na linha caixa elétrica - set e out/06

100,0099,3497,9696,1893,8190,0686,2982,0877,00

R$ -

R$ 120,00

R$ 240,00

R$ 360,00

R$ 480,00

R$ 600,00

R$ 720,00

Rebitage

m inco

rreta

Olhal d

o chico

te so

ltou

Defeito de

solda

Peça que

brada

Lamina

com re

barba

Lamina

fora

de cen

tro

Peça im

comple

taOutr

os

Dimen

siona

l do re

bite

Tipo de refugo

R$

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

FA %

Gráfico de Pareto – set e out/06

Gráfico de Pareto – set e out/06

Gráfico 3 – Refugos da linha caixa elétrica. Fonte: Autor, 2006.

Page 62: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

61

A linha do diafragma tem seus refugos apresentados no Gráfico 4, onde os motivos

“borracha rasgada” e “rebite refugo de máquina” são os críticos da linha e estão relacionados

aos fornecedores. Apesar de não apresentar números significativos, em relação aos custos,

este produto deve ter um controle capaz de identificar todas as não-conformidades do produto,

pois ele é um dos itens que garantem o funcionamento dos produtos onde é utilizado. O

operador, antes de iniciar a produção, faz uma inspeção em aproximadamente 70% das

borrachas recebidas do fornecedor, gerando assim uma redução em sua produtividade. Este

procedimento visa garantir que os produtos não-conformes não saíram desta linha para as

demais que abastece.

Gráfico de Pareto - Refugo na linha diafragma - set e out/06

41,39

80,6094,22 97,27 100,00

R$ -R$ 5,00

R$ 10,00R$ 15,00

R$ 20,00R$ 25,00

Borrac

ha ra

sgad

a

Rebite

refug

o de m

áquin

a

Diafragm

a com

defei

to

Dimen

siona

l de r

ebite

Peça q

uebra

da

Tipo de refugo

R$

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

FA %

Gráfico de Pareto – set e out/06

Gráfico 4 – Refugos da linha diafragma. Fonte: Autor, 2006.

Os números do Gráfico 5 mostram que os custos de refugo por linha não são tão

expressivos como esperado inicialmente pelos integrantes do grupo de discussão. Porém,

conforme citado anteriormente, os números apresentados, referente aos meses de setembro e

outubro de 2006, referem-se ao período de baixa produção, compreendido entre os meses de

setembro e fevereiro de cada ano. Se uma estimativa anual estimada para estes seis meses de

Page 63: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

62

baixa produção for traçada em relação aos custos apresentados no Gráfico 5, tem-se um

resultado aproximado de R$ 3.300,00. Todavia, se esta estimativa for traçada também em

relação aos seis meses de alta produção, onde se tem um aumento de 100% na produção,

conforme média dos últimos 10 anos, o resultado dos custos anuais com refugo será de

aproximadamente R$ 10.000,00.

Gráfico Pareto - Custo dos refugos por linha - set e out/06

100,0097,4682,50

64,05

0,00

200,00

400,00

600,00

800,00

1.000,00

1.200,00

Caixa elétrica Resistência Chuveiro Diafragma

Linhas

R$

0,0010,0020,0030,0040,0050,0060,0070,0080,0090,00100,00

FA%

Gráfico de Pareto – set e out/06

Gráfico 5 – Refugos por linha. Fonte: Autor, 2006.

Além disso, um fator de importância para a análise, é que os produtos exigem que as

não-conformidades, quando existentes, sejam identificadas em 100% deles, pois grande parte

dos itens que os compõem tem influência direta no funcionamento dos mesmos. Quando isto

não ocorre tem-se a devolução dos mesmos pelos clientes e consumidores, ponto que será

tratado em capítulo posterior.

O Gráfico 6 apresenta o volume total por linha de peças refugadas nos meses em

análise. É possível identificar que há uma porcentagem significativa de peças não-conformes

que estão chegando às linhas de montagem em estudo, assim como de peças que estão sendo

refugadas durante o processo, principalmente nas linhas da resistência e caixa elétrica. Estes

números estão relacionados, em maior número, às peças fornecidas pelo setor de estampagem,

um fornecedor interno. Estes fatores são um problema para as linhas, já que não há um

Page 64: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

63

procedimento de inspeção e controle da qualidade nas mesmas. É possível dizer também que

estes números impactarão diretamente em retrabalho, custos com matéria-prima, custos

indiretos, entre outros envolvidos no processo de fabricação de um produto.

Gráfico de Pareto - Refugo em volume de peças por linha - set e out/06

100,0098,3394,53

63,37

0

5000

10000

15000

Resistên

cia

Caixa el

étrica

Chuveiro

Diafragm

a

Linhas

Qua

ntid

ade

de p

eças

0,00

25,00

50,00

75,00

100,00

FA %

Gráfico de Pareto – set e out/06

Gráfico 6 – Refugos em volume de peças por linha. Fonte: Autor, 2006

4.4.4.2 Retrabalho

O retrabalho medido nos meses considerados nas linhas de montagem em estudo está

apresentado no Gráfico 7. Os números referentes ao mês de setembro/06 não serão analisados,

pois, ao analisar os apontamentos, percebeu-se que os mesmos não foram executados

devidamente, e que os números ali apresentados não refletem a realidade das linhas.

No gráfico é perceptível o grande volume de retrabalho apresentado pela linha

chuveiro, isto se deve a uma não-conformidade que não foi identificada durante o processo, e

apenas foi identificada quando as devoluções e reclamações dos clientes e consumidores

começaram a chegar para a empresa. Esta não-conformidade é proveniente de produtos não-

conformes fornecidos pela linha resistência e também pela falta de padronização no processo

de montagem da resistência.

Page 65: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

64

Gráfico de Pareto - Retrabalho nas linhas de montagem - set e out/2006

100,0098,36

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

Linha c

huve

iro

Outras

Linha

Qua

ntid

ade

de p

eças

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

FA %

Gráfico de Pareto – set e out/06

Gráfico 7 – Retrabalho nas linhas de montagem. Fonte: Autor, 2006.

É válido informar que o retrabalho da linha da resistência é proveniente

exclusivamente do desmanche de peças refugadas durante o processo. Porém estes refugos

não têm como causa única o processo, podendo também ser ocasionados pela não qualidade

dos produtos fornecidos pelos fornecedores internos.

Os números das demais linhas mostram que o retrabalho não é um fator constante nas

linhas. Porém, pela percepção da pesquisadora em meses anteriores, estes números podem

alterar mês a mês, onde uma linha que até então não apresentava retrabalho significativo,

pode passar a apresentar estes números de forma significativa, e isto se dá pela instabilidade

dos processos.

4.4.4.3 Experiências anteriores com programas da qualidade na empresa

A empresa em sua história já passou pela implantação de diversos programas da

qualidade que com o tempo deixaram de ser utilizados. As informações passadas por

colaboradores, presentes na discussão em grupo, que participaram destes programas, mostram

que os mesmos eram estruturados e buscavam a qualidade e a melhoria contínua. Os

Page 66: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

65

colaboradores colocaram ainda, que estes programas foram “caindo” em desuso à medida que

os participantes do programa foram se desligando da empresa. Os programas envolviam

representantes de cada setor da empresa, havia fluxogramas que definiam os processos ligados

a estes programas de qualidade, onde grupos de trabalho eram criados com o objetivo de

dividir as tarefas e buscar a integração dos participantes.

4.4.4.4 Mapeamento do fluxo dos processos

Os processos que envolvem as linhas de montagem não possuem qualquer tipo de

mapeamento de seu fluxo, ou seja, cada colaborador executa as atividades da forma que

considera adequada, ou que lhe foi repassada por outro colaborador.

Os fluxogramas apresentados nas Figuras 9, 10, 11, 12, e 13, em tópico anterior, foram

elaborados pela pesquisadora e não existiam até então na empresa.

Esta ausência do mapeamento do fluxo dos processos gera uma instabilidade no

processo, pois não há um padrão na realização das atividades sejam de recebimento de

materiais, de manutenção das máquinas e equipamentos, de abastecimento das linhas, de

apontamento, expedição, embalagem, armazenamento, entre outras.

Na ocorrência de anomalias também existem dificuldades relacionadas à ausência do

mapeamento do fluxo dos processos. Isto se dá pela dificuldade em rastrear o processo, ou

seja, não é possível identificar as atividades realizadas, nem mesmo a forma com que foram

realizadas. Diversas variáveis surgem no processo diante desta ausência, como o processo de

injeção, moldes, tempo de armazenamento das peças injetadas no estoque, procedimento de

montagem, equipamentos e máquinas, dificultando assim a identificação das causas das

anomalias.

Page 67: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

66

4.4.4.5 Procedimento para recebimento e devolução de materiais de fornecedores

Como colocado em tópico anterior, as linhas de montagem possuem fornecedores

externos e internos, sendo que os internos são os setores de injeção e estampagem. O

recebimento dos materiais provenientes dos fornecedores externos é realizado pelo setor de

recebimento, conforme descreve o fluxograma mostrado na Figura 12.

Observando o fluxograma é possível perceber que não há qualquer tipo de inspeção

dos materiais recebidos relacionada à qualidade, apenas quantidades e informações fiscais são

verificadas.

Já os materiais provenientes dos fornecedores internos são armazenados pelos próprios

operadores na área de estocagem pré-determinada, sendo assim, também não sofrem qualquer

tipo de inspeção e controle da qualidade.

Esta falta de controle da qualidade com os fornecedores acaba gerando os números

vistos anteriormente, que apontam como motivo de refugo crítico nas linhas estudadas os

provenientes de fornecedor. Este fato da ausência de um controle qualidade poderia, de certa

forma, ser suprido se houvesse um trabalho junto aos fornecedores para que estes praticassem

uma qualidade assegurada de seus produtos. É necessário que se realize este trabalho com os

fornecedores, sejam eles, internos ou externos, para que os mesmos controlem a qualidade de

seus produtos.

Page 68: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

67

Receber a Nota Fiscal

Possui pedido de compra?

Conferir valores e

quantidades

Informações conferem?

Passar para o Setor de Compras

Sim

Não

Nota Fiscal devida?

Emitir o Pedido de Compra

Sim

Não

Sim

Passar para o Setor de Compras

Fazer os ajustes devidos

Repassar ao Recebimento

Não

Armazenar os materiais no estoque devido

Emitir a Nota Fiscal de devolução

Figura 12 – Fluxograma do processo de recebimento de matéria-prima de fornecedores externos. Fonte: Autor

Hoje, a empresa não tem conhecimento do controle de qualidade praticado por seus

fornecedores, e sabe-se que muitos deles não possuem qualquer tipo de controle de qualidade

de seus produtos, o que acaba por justificar devoluções freqüentes de lotes não-conformes

recebidos. Porém, esta constatação de que o lote está não-conforme acontece apenas nas

linhas de montagem, o que acaba gerando retrabalho e redução na produtividade. A devolução

destes materiais também não possui um procedimento padrão e varia de fornecedor para

fornecedor. No caso dos fornecedores internos esta devolução não acontece, e as peças com

defeito são separadas e retrabalhadas, quando possível, pelos operadores das linhas.

Page 69: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

68

4.4.4.6 Inspeção e controle da qualidade nas linhas de montagem

As linhas de montagem não possuem um procedimento para inspeção e controle da

qualidade dos produtos por elas montados. Algumas das linhas possuem apenas dispositivos

que auxiliam na inspeção de alguns itens do produto considerados críticos para seu

funcionamento e segurança do consumidor. Porém, o fato destes dispositivos estarem

presentes na seqüência de montagem do produto, impossibilita uma inspeção confiável final

do produto, onde todos os itens considerados críticos para o produto devem ser testados e seus

resultados registrados.

Em alguns momentos, devido à identificação de alguma anomalia, se faz necessário à

realização de testes mais específicos na bancada de testes, porém este teste não possui um

procedimento padrão. Sendo assim, é grande a dificuldade de se identificar a causa da

anomalia, pois os testes acontecem de diferentes formas em diferentes condições, que

envolvem: produto, equipamento e operador.

O fato de os produtos não serem inspecionados nas linhas, acaba gerando rejeição dos

produtos pelos clientes e consumidores. Esta rejeição pôde ser percebida em visitas do Diretor

Comercial da empresa em diversos clientes. A não qualidade produzida pelo processo, desde

o recebimento dos materiais até sua embalagem, acaba sendo identificada pelos clientes e

consumidores.

Outro fator gerado pela falta desta inspeção e controle da qualidade nas linhas, é o de

em muitas vezes as não-conformidades dos produtos serem identificadas apenas quando as

reclamações, por parte dos clientes e consumidores, chegam à empresa. A partir desta

informação é que a empresa traça um plano de ação para identificação e bloqueio da causa da

não-conformidade, e o resultado disto é a insatisfação dos clientes e consumidores e

retrabalhos em grande número, como o que aconteceu no mês de outubro de 2006 na linha

chuveiro (ver Gráfico 7).

Page 70: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

69

4.4.4.7 Apontamento e indicadores das linhas de montagem

Atualmente as linhas de montagem realizam, através dos líderes, o apontamento dos

refugos e do retrabalho. Anteriormente os refugos eram apontados de forma que não

permitiam uma estratificação eficaz dos dados. Os motivos estavam divididos em refugo de

fornecedor, injeção, processo e alguns motivos específicos de cada linha, desta forma não era

possível identificar, por exemplo, o motivo de injeção, que poderia ser dimensional, peça

incompleta, rebarba, entre outros (ver ANEXO A).

O retrabalho, até a implementação deste novo formulário para apontamento nas linhas,

não era medido pela empresa. Sabe-se que não há uma confiabilidade de 100% nos dados

fornecidos pelos apontamentos hoje, isto porque os líderes ainda possuem dificuldades para

aceitação e entendimento deste procedimento.

De certa forma, estes números não demonstram a realidade da empresa em sua

totalidade, ou seja, não são 100% confiáveis, mas são úteis para o conhecimento da realidade

das linhas e a identificação das causas críticas do processo destas linhas como um todo.

Outro ponto a ser tratado neste capítulo são os indicadores. As linhas de montagem

não possuem indicadores, sejam eles de produtividade, eficiência, qualidade e outros, e isto

dificulta a implementação de um processo de melhoria, afinal só se gerencia o que é medido.

Muitas deficiências são mascaradas por esta ausência de indicadores nas linhas, como a falta

de padronização e a instabilidade das máquinas e equipamentos, deficiências visíveis neste

caso estudado.

4.4.4.8 Padrões de processos utilizados nas linhas de montagem

As linhas de montagem não possuem padrões de processo, apenas fichas de instrução

de trabalho que têm um uso inadequado pelos operadores.

Page 71: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

70

As fichas de instrução de trabalho são utilizadas pelos operadores apenas como uma

forma de aprender a fazer correto da primeira vez a atividade, depois disto ela não é mais

utilizada, e o operador passa a realizar a atividade da forma que melhor lhe convir.

Os processos realizados nas linhas de montagem acontecem de forma diferenciada à

medida que o executor, a máquina e o procedimento utilizado são alterados. Este fator gera

dificuldades quando se tem a necessidade de identificar a causa de uma anomalia no processo,

pois o número de variáveis no processo cresce, e a identificação da causa passa a ser algo, de

certa forma, “impossível” para os responsáveis.

Em todo o processo estudado não há um padrão, nem mesmo para os itens

considerados críticos para cada produto, itens estes que deveriam ser verificados e tratados de

forma especial pelos responsáveis pelo processo para a garantia da qualidade do produto.

Os produtos montados e considerados não-conformes não possuem nenhum tipo de

plano de ação padrão para seu tratamento, ou seja, ele é desmanchado e retrabalhado pelos

operadores, e suas não-conformidades não são registradas, e o histórico da linha é assim

perdido.

4.4.4.9 Índices de devolução e reclamações identificados pela assistência técnica

Os números de devolução dos produtos por clientes e consumidores não é medido pela

assistência técnica, porém é possível ter acesso a estes números através de relatórios contábeis

fornecidos pelo sistema ERP (Enterprise Resource Planning) da empresa.

Já as reclamações não são medidas nem controladas pela assistência técnica, ou seja,

as ligações recebidas não são registradas e seus conteúdos são perdidos assim que a ligação é

desligada. O mesmo acontece com as informações que chegam às Assistências Técnicas

espalhadas pelo Brasil que atendem os clientes da empresa.

Page 72: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

71

A falta de atenção para estes números de devolução e reclamações acaba por mascarar

a visão que os clientes e consumidores possuem da empresa, ou seja, a qualidade dos produtos

percebida por eles.

Dados referentes ao número de devoluções dos meses de setembro e outubro/06 foram

coletados, através dos relatórios fornecidos pelo sistema ERP e gerou-se o Gráfico 8, que

aponta a porcentagem da quantidade de peças devolvidas em relação à quantidade vendida

dos produtos fornecidos pelas linhas em análise.

Devolução - setembro e outubro de 2006

Devolução6%

Vendas94%

Gráfico 8 – Porcentagem de peças devolvidas em relação à quantidade vendida. Fonte: Autor, 2006.

O número apontado pelo Gráfico 8 mostra a porcentagem de clientes que perceberam

a não qualidade dos produtos oferecidos pela empresa, não qualidade esta que poderia ser

identificada durante os processos com o controle e gerenciamento da qualidade nas linhas.

Além da percepção dos clientes, sabe-se que a empresa tem custos com a devolução

destes produtos, que hoje são absorvidos por ela em sua totalidade, devido à ausência de um

setor de análise de devolução para estes produtos.

Pode-se ainda traçar uma projeção anual estimada da quantidade de peças devolvidas

em relação à quantidade de peças vendidas do produto analisado, onde se tem um resultado de

Page 73: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

72

21.000 peças. Os valores monetários de perda não serão apresentados, para preservar a

empresa, porém pode-se dizer que são bastante representativos em relação ao faturamento.

4.4.4.10 Procedimento para realização de manutenção nas máquinas e equipamentos

Procedimentos padrões para realização de manutenção nas máquinas e equipamentos

não são utilizados pela empresa. Este ponto foi levantado pelo grupo de discussão com uma

das causas da não qualidade nas linhas de montagem. Tanto as máquinas e equipamentos das

linhas como dos fornecedores internos sofrem manutenções e tem seus parâmetros de

processo alterados, o que gera também uma alteração nas peças que passam por algum

processo através destas máquinas e equipamentos.

Estas alterações sofridas pelas peças através destas máquinas e equipamentos na

maioria das vezes são identificadas apenas quanto uma grande quantidade de peças já foi

montada e até mesmo expedida da empresa para seus clientes. Novamente a não qualidade

produzida não é identificada no processo.

4.4.5 Elaboração do plano de ação

O plano elaborado será apresentado no Capítulo 5, que aborda a proposta de

melhorias, baseada nos seguintes objetivos:

a) criar indicador de produtividade;

b) criar indicador de eficiência;

c) criar indicador de não qualidade;

d) criar indicadores de reclamações e devoluções;

e) criar Procedimentos Operacionais Padrão para as atividades das linhas;

f) padronizar os processos;

Page 74: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

73

g) formar grupos de trabalho autodirigidos para a implantação dos 5S’s,

Gerenciamento da Rotina, estruturação do controle de qualidade e melhoria

contínua nas linhas de montagem e Padronização de processos.

Page 75: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

74

5. PROPOSTAS DE MELHORIAS PARA O CONTROLE DA QUALIDADE NAS LINHAS DE MONTAGEM DA EMPRESA EM ESTUDO

As propostas de melhorias estão fundamentadas na implantação do Gerenciamento da

Rotina do Trabalho do Dia-a-Dia, com o auxílio do MASP – Método de Análise e Solução de

Problemas no tratamento das anomalias.

Esta proposta objetiva a racionalização e otimização dos processos, a busca da

melhoria contínua dos processos, com a integração da equipe diante desta busca de melhorias,

além de um maior poder de análise dos processos em razão da utilização dos indicadores e sua

comparação com as metas e da padronização.

Através das informações apresentadas no Capítulo 4, é visto que a empresa estudada

possui uma série de problemas nas linhas de montagem que geram a não qualidade. Para

minimizar este problema, é proposta a implantação do Gerenciamento da Rotina do Trabalho

do Dia-a-Dia. Esta proposta piloto envolve quatro das linhas de montagem da empresa,

supracitadas, levando em consideração os recursos da empresa.

5.1 IMPLANTAÇÃO DO GERENCIAMENTO DA ROTINA DO TRABALHO DO DIA-A-DIA

Como citado anteriormente, a área da empresa escolhida para o desenvolvimento de

um projeto piloto são as quatro linhas de montagem: chuveiro, resistência, caixa elétrica e

diafragma. Esta ação é resultado do problema localizado nestas linhas – a não qualidade. Este

problema pode ser melhor explicitado, através dos problemas localizados e interfuncionais:

Page 76: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

75

a) Problemas localizados: elevado número de refugos e de retrabalho;

b) Problemas interfuncionais: devolução de mercadorias.

O problema interfuncional pode ser desdobrado em problemas localizados, como por

exemplo, a falta de padronização dos processos, de inspeção e controle dos produtos. Com os

problemas identificados e definidos, o próximo passo é buscar a sua eliminação. Para que isto

aconteça, propõe-se a implantação do gerenciamento da rotina, sugerindo a execução das

seguintes etapas:

I. definição de um coordenador da qualidade;

II. organização do Gerenciamento da Rotina;

III. formação de Grupos de Trabalho.

5.1.1 Definição do coordenador da qualidade

Nesta etapa será definida pela alta administração, a nomeação de um responsável para

coordenar e desenvolver a cultura da qualidade na empresa. Esta pessoa será responsável por

sensibilizar a equipe de funcionários envolvidos no projeto, bem como pelo monitoramento e

controle de qualidade nas tarefas desenvolvidas no projeto piloto.

5.1.2 Organização do Gerenciamento da Rotina

Tem por objetivo verificar se cada processo das linhas de montagem é capaz de

alcançar o nível de qualidade estabelecido.

5.1.2.1 Descrição do negócio das linhas de montagem

A primeira etapa da organização do gerenciamento da rotina é a descrição do seu

negócio. Nesta etapa o negócio de cada linha de montagem deve ser definido. Nele estará

contido o nome da linha, sua missão, as pessoas que a compõem, os equipamentos, os

Page 77: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

76

produtos, os clientes, os produtos que elas recebem de seus fornecedores (internos e externos)

e os fornecedores de cada produto. Esta descrição permitirá aos envolvidos conhecer o

processo como um todo e identificar suas partes de forma clara e correta. Propõe-se que esta

etapa seja realizada com os colaboradores de cada linha juntamente com o supervisor da

produção, e que isto, por sua vez, seja realizado com o auxílio de um quadro que deverá

conter todas estas informações que compõem a descrição do negócio. Após a conclusão da

elaboração do quadro, o mesmo deve ser fixado na linha, para que todos tenham acesso e seja

atualizado sempre que necessário.

5.1.2.2 Definição dos produtos prioritários

Na seqüência, os produtos prioritários de cada linha devem ser definidos, aqueles que

tomam mais tempo, que dão mais problemas, entre outros. Neste caso os produtos das linhas

de montagem são as tarefas realizadas em cada etapa do processo, sendo assim deve-se

definir, então, as tarefas prioritárias. Propõe-se a realização de uma análise em cada posto de

trabalho para que estas tarefas prioritárias possam ser definidas. Esta análise deve ser

realizada pelo grupo composto do supervisor da produção, do líder da linha em análise e da

pesquisadora, observando as tarefas que geram mais refugo, mais retrabalho, que acontecem

em menor ritmo, que são responsáveis pelo funcionamento e segurança do produto e que não

oferecem condições ergonômicas favoráveis ao operador, entre outras.

Esta definição será de extrema importância para a realização da etapa seguinte.

5.1.2.3 Elaboração do fluxograma de cada processo das linhas

Esta etapa contempla a elaboração do fluxograma de cada processo, começando pelo

produto prioritário ou crítico, no caso das linhas, pela tarefa(s) prioritária(s) definida

anteriormente.

Page 78: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

77

Este fluxograma tem por objetivo dar início à padronização da linha, garantindo assim

a qualidade do produto. Os responsáveis por sua elaboração não devem querer fazer perfeito

da primeira vez. Com a elaboração deste fluxograma será possível estabelecer uma análise

crítica sobre o processo perguntando se: este processo é necessário, se cada etapa do processo

é necessária, se é possível simplificar e, ainda, se for possível adotar novas tecnologias em

todo ele ou em parte dele. Após a elaboração do fluxograma, propõe-se a explicitação das

tarefas de cada processo. E por fim, deve ser montado um manual de treinamento para cada

processo considerado importante, que posteriormente deve ter suas informações repassadas

aos operadores de forma clara e objetiva. A proposta coloca a criação de um grupo de trabalho

autodirigido, que deverá ser treinado e orientado, para a realização desta etapa em todas as

linhas em estudo.

5.1.2.4 Elaboração do Procedimento Operacional Padrão

O Procedimento Operacional Padrão, até então inexistente nas linhas de montagem,

devem ser elaborados a partir da verificação de como cada operador, da(s) tarefa(s) está

trabalhando.

Está verificação pode ser realizada através de um check-list, ou até mesmo de uma

câmera de vídeo. Após a realização desta verificação deve-se discutir com os líderes das

linhas e o supervisor da produção as discrepâncias encontradas, e a seqüência correta deve ser

definida pelo grupo.

Com a seqüência correta definida, os operadores devem ser treinados, por um grupo

capacitado, responsável pela disseminação do conhecimento adquirido na pesquisa nas linhas,

e se deve garantir que todos os que executam esta tarefa estão fazendo-a da mesma maneira.

Um Procedimento Operacional Padrão então deve ser desenvolvido, buscando levar ao

Page 79: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

78

operador, da forma mais clara possível, como deve executar a tarefa, e se necessário for,

figuras devem ser incluídas para facilitar a visualização das etapas críticas.

5.1.2.5 Definição dos itens de controle

Com o quadro de descrição do negócio elaborado, com os produtos e clientes

definidos, é possível identificar a necessidade de cada um deles. Os itens de controle devem

medir a qualidade, controle de custo, entrega, moral e segurança dos produtos. Alguns itens a

serem estabelecidos são apresentados a seguir:

1. índice de reclamações;

2. índice de devolução;

3. índice de refugo e retrabalho;

4. índice de produtividade;

5. índice de hora máquina parada;

6. índice de absenteísmo da equipe;

7. número de acidentes na equipe;

Após a definição dos itens, o grupo de pesquisa deve perguntar se os clientes estão

satisfeitos com cada item, e avaliar a situação de cada um, se é boa ou ruim, desta forma os

itens de controle prioritário serão aqueles que estiverem numa situação ruim.

O grupo deve então, estabelecer uma meta para cada item de controle, e estas metas

devem se originar no mercado e provocar um melhoramento contínuo na empresa. Podem até

mesmo se originar de benchmarking e, quando viável, as metas dos concorrentes podem ser

copiadas e depois o grupo traçar um plano de ação para melhorá-la. Sabe-se que a empresa,

hoje, busca muito o benchmarking para estabelecimento dos custos dos produtos.

Page 80: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

79

5.1.3 Formação de Grupos de trabalho

O gerenciamento da rotina é aquele realizado no dia-a-dia, em todas as tarefas e

processos, de forma sistêmica, com a participação de todos os funcionários envolvidos. A

forma sistêmica se dará através do uso da metodologia do PDCA/MASP. Esta metodologia

será utilizada pelos grupos para seqüênciamento das atividades, conforme descrito no tópico

2.3. Assim, a realização de cada uma das etapas será sistematizada, de forma que, o sucesso

destas dependerá do conhecimento, integração e comprometimento do grupo em desenvolvê-

las da melhor forma.

Para contemplar os principais fatores que geram o problema deste estudo, propõe-se a

criação de três grupos de trabalho, multifuncionais, com diferentes objetivos:

Grupo – Implantação dos 5S’s;

Grupo – Redução de anomalias;

Grupo – Padronização de processos.

A composição dos grupos será definida pela administração, gerência e supervisão e

pelo responsável nomeado para coordenar e monitorar a qualidade do processo. Os grupos

serão formados por 4 a 6 pessoas. Os encontros serão realizados através de reuniões

quinzenais e de no máximo 45 a 60 min. de duração, sendo preferencialmente realizados no

horário comercial de trabalho, conforme agenda previamente combinada com as áreas.

O acompanhamento dos grupos de trabalho será feito com reuniões semanais nos

primeiros meses, e posteriormente com reuniões quinzenais e mensais. Além disso, será feito

relatórios para acompanhamento dos grupos e dos resultados das reuniões de acordo com a

execução das etapas do MASP.

Page 81: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

80

5.1.3.1 Grupo - Implantação dos 5S’s

A implantação dos 5S’s objetiva introduzir as pessoas da empresa a uma nova cultura,

com um ambiente de economia, organização, limpeza, higiene, padronização e disciplina,

fatores de prospecção para implantação da gestão da qualidade.

A empresa necessita da implantação dos 5S’s para que seus colaboradores conheçam

esta nova cultura que busca a qualidade e a melhoria contínua. A implantação dos 5S’s é vista

como a base para a qualidade total, porém, para que isto seja possível, faz-se necessário a

capacitação de todos os envolvidos. Além disso, outro fator importante para o sucesso do

programa é o comprometimento da direção e o envolvimento de todos com a melhoria

contínua.

5.1.3.2 Grupo - Redução de anomalias

Nesta etapa de eliminação das anomalias, propõe-se a utilização do MASP. O grupo

deve buscar realizar o trabalho focando nos pontos críticos identificados no processo, tais

como: refugo, retrabalho, ociosidade, produtividade, eficiência, entre outros. O trabalho deste

grupo terá como objetivo a minimização das anomalias existentes no processo, bem como a

otimização e a melhoria contínua.

O grupo responsável por esta etapa deve buscar capacitação para a realização das

atividades que a compõem: treinamento dos operadores, para que eles cumpram os

Procedimentos Operacionais Padrão, relatem a ocorrência de anomalias e auxiliem na

realização das etapas do MASP.

Hoje a empresa encontra dificuldades no cumprimento de padrões estabelecidos e

também no apontamento de anomalia. Portanto, será necessário criar no grupo um ambiente

propício para o relato das anomalias, e mostrar ao operador a importância deste relato bem

como do cumprimento dos padrões estabelecidos.

Page 82: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

81

5.1.3.3 Grupo - Padronização de processos

Para que as metas estabelecidas sejam alcançadas o grupo deve procurar manter e

melhorar os padrões estabelecidos para os processos, e para isto podem utilizar-se do PDCA

de manutenção e de melhoria. Desta forma o grupo estará sempre trabalhando para manter e

melhorar os resultados da empresa.

Uma ação que deve ser tomada para a padronização e melhoria dos processos é a

medição contínua dos itens de controle, o estabelecimento dos Procedimentos Operacionais

Padrão, Instruções de Trabalho e a integração da equipe através de reuniões periódicas para

tratar dos indicadores e conhecer os desvios existentes no processo.

Page 83: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

82

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

6.1 CONCLUSÕES

A realização desta pesquisa permitiu identificar as principais causas da não qualidade

no produto final oferecido aos clientes da empresa, através do mapeamento dos processos das

linhas de montagem. Desta forma, foi possível propor ações de melhorias que envolvem a

padronização dos processos, o controle da qualidade, e por conseqüência a garantia da

qualidade, a implantação do Gerenciamento da Rotina do Trabalho do Dia-a-Dia e do MASP

(Método de Análise e Solução de Problemas). O resultado disto será uma empresa com

produtos de qualidade, colaboradores motivados, competitiva no mercado, com maior lucro e

inovações.

Dificuldades foram encontradas no levantamento de informações, pois a empresa não

possui registros e históricos de várias das informações utilizadas nesta pesquisa, além de não

possuir também um sistema de coleta de dados eficaz.

Os objetivos desse trabalho, apresentados no Capítulo 1, serão explicitados a seguir,

com o objetivo de verificar se os mesmos foram alcançados:

• Implementar um sistema para coleta de dados nas linhas de montagem.

Conforme exposto no tópico 4.4.4.7, o sistema de apontamento existente na empresa

no início da pesquisa não permitia uma estratificação eficaz dos dados. Desta forma, foi

Page 84: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

83

implementado um novo sistema capaz de identificar os refugos, possibilitando a identificação

das causas e elaboração de uma ação para bloqueio das mesmas.

• Identificar os fatores que geram a não qualidade nas linhas de montagem.

O sistema implementado de apontamento, exposto no tópico 4.4.4.7, os relatórios

fornecidos pelo sistema ERP (Enterprise Resource Planning) da empresa, as entrevistas com

os participantes diretos e indiretos da pesquisa e por fim a discussão com grupo, permitiu

identificar algumas das principais causas da não qualidade nas linhas: refugo, retrabalho,

devoluções, a não qualidade por parte dos fornecedores, falta de padronização, a ausência de

indicadores para gerenciar as metas, a falta de inspeção dos produtos e também as deficiências

no controle e gerenciamento da qualidade. Esta identificação dos fatores que geram a não

qualidade nas linhas de montagem está apresentada nos tópicos 4.4.3 e 4.4.4.

• Propor ações para tornar mais eficaz o processo de controle da qualidade

As propostas de melhorias estão apresentadas no Capítulo 5, e fundamentadas na

implantação do Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia, que objetiva delegar aos operadores e

supervisores a rotina diária da empresa, ficando para os demais níveis hierárquicos as

melhorias desta rotina. Com está implantação será possível definir e identificar os processos

da empresa, em suas prioridades, padronizá-los de forma a estabilizá-los e a partir disto iniciar

o processo de melhoria contínua do controle e gerenciamento da qualidade total. A utilização

do MASP foi proposta como método de trabalho dos grupos.

• Implantar indicadores de produtividade e qualidade nas linhas de montagem

A implantação de indicadores de produtividade e qualidade nas linhas de montagem

será uma conseqüência da implantação do Gerenciamento da Rotina do Trabalho do Dia-a-

Dia, pois os itens de controle estabelecidos trarão consigo estes indicadores, que serão

analisados periodicamente pelo grupo tomando como base às metas estabelecidas. Esta

implantação está apresentada no tópico 5.1.2.5.

Page 85: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

84

• Propor a criação de grupos de trabalho autodirigidos para a melhoria da qualidade.

A estrutura da empresa hoje não permite a existência de um grupo dedicado

exclusivamente ao controle e gerenciamento da qualidade, sendo assim todas as propostas de

melhorias estão baseadas na criação de grupos de trabalho autodirigidos, compostos por

membros representantes de setores da empresa, que trabalharão na implantação do

Gerenciamento da Rotina do Trabalho do Dia-a-Dia e seus processos, buscando assim

estabelecer um processo de melhoria contínua nas linhas de montagem da empresa.

6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Sugestões são listadas a seguir:

• Realizar uma pesquisa nos demais setores da empresa, objetivando a

implementação do Gerenciamento da Rotina do Trabalho do Dia-a-Dia, pois se

sabe que a não qualidade presente nos produtos oferecidos pela empresa é uma

conseqüência da não qualidade atribuída aos produtos nos diversos setores que

passam, desde o recebimento da matéria-prima até a entrega ao cliente.

• Buscar levar às pessoas da empresa novos conhecimentos relacionados à

qualidade, ao desperdício, ao trabalho em grupo entre outros, fazendo com que

a cultura hoje existente, possa ser “derrubada”. Esta ação pode se dar através

de treinamentos, palestras e visitas a outras empresas, para que elas tenham a

oportunidade de conhecer outras realidades que estão além “das quatro

paredes” da empresa estudada.

• Realizar uma pesquisa juntamente aos fornecedores, para que seja estabelecido

um procedimento de controle de qualidade, seja ele pela empresa ou até

mesmo pelos próprios fornecedores.

Page 86: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

85

• Realizar um estudo da influência da cultura organizacional na implantação de

projetos de melhoria.

• Buscar realizar um estudo abordando os custos da não-qualidade envolvendo a

organização como um todo.

Page 87: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

86

REFERÊNCIAS AGUIAR, P. C. G. Aplicação da Metodologia de Análise e Solução de Problemas na

Célula Lateral de uma Linha de Produção Automotiva. 2004. 66f. Monografia (Especialização em Gestão Industrial) – Departamento Economia, Contabilidade e Administração, Universidade de Taubaté, Taubaté, 2004.

ARIOLI, E. E. Análise e Solução de Problemas: o método da Qualidade Total com dinâmica

de grupo. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1998.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 9000-1. Normas de gestão da qualidade e garantia da qualidade. Parte1: Diretrizes para seleção de uso. Rio de Janeiro, 1994.

BARBOSA, M. A. Análise do Sistema da Qualidade Total em uma Indústria de Celulose e Papel. 2004. 131 p. Dissertação (Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional) - Departamento de Economia, Contabilidade, Administração e Secretariado, Universidade de Taubaté, Taubaté, 2004.

CAMPOS, V. F. Gerenciamento da Rotina do Trabalho do Dia-a-Dia. 2. ed. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1992.

CAMPOS, V. F. TQC: Controle da Qualidade Total. 8. ed. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1999.

COMPETITIVA CONSULTORIA. 5S’s. Disponível em: <http://www.competitiva.com.br/5.html>. Acesso em 05 dez. 2006.

CROSBY, P. B. Qualidade é investimento. Rio de Janeiro: José Olympio, 1994.

DAVIS, M. M.; AQUILANO, N. J.; CHASE, R. B. Fundamentos da administração da produção. 3 ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

Page 88: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

87

DELLARETTI FILHO, O.; DRUMOND, F.B. Itens de Controle e Avaliação de Processos. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1992.

DEMING, W.E. Qualidade: a revolução da administração. Rio de Janeiro: Saraiva, 1990.

FOOD DESIGN. Sistema de gestão da qualidade. Disponível em: <http://www.foodgesign.com.br>. Acesso em 10 de nov. 2006.

FROTA, A. O Céu e o Inferno das empresas. Revista Banas Qualidade, nº 117, fev. 2002.

Disponível em: < http://www.banaqualidade.com.br>. Acesso em 10 de nov. 2006.

GAITHER, N.; FRAZIER, G. Administração da produção e operações. 8. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001.

GARCIA, P. L. C. Análise dos Resultados de um Programa de Melhoria da

Produtividade em um Laboratório de Refinaria de Petróleo. 2005. 136f. Dissertação de Mestrado para o Curso em Gestão e Desenvolvimento Regional – Departamento de Economia, Contabilidade e Administração, Universidade de Taubaté, Taubaté, 2005.

GARVIN, D. A. Gerenciando a Qualidade: a visão estratégica e competitiva. 3. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo, Atlas, 1991.

HEROS CONSULTORIA. 5S’s. Disponível em: <http://www.herosconsultoria.com.br>. Acesso em 05 dez. 2006.

HEROS CONSULTORIA. Gerenciamento do Trabalho da Rotina Dia a Dia. Disponível

em: <http://www.herosconsultoria.com.br/rotina.php>. Acesso em 30 set. 2006.

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO GERENCIAL - INDG. Glossário. Disponível em: <http://www.indg.com.br/info/glossario/>. Acesso em 01 out. 2006.

ISHIKAWA, K. Controle da Qualidade Total: à maneira japonesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1993.

JURAN, J.M.; GRYNA, F.M. Controle de Qualidade: componentes básicos da função qualidade. v.2. São Paulo: Makron Books, 1991.

Page 89: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

88

KATZENBACH, J.R.; SMITH, D.K. A força e o Poder da Equipes. São Paulo: Makron Books, 1994.

LAPA, R. P. Programa 5S. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1998. LAS CASAS, A.L. Qualidade total em serviços: conceitos, exercícios, casos práticos. 3. ed.

São Paulo: Atlas, 1999.

LONGO, Rose M. J. Gestão da Qualidade na Educação: em busca da excelência. In: SEMINÁRIO CENTRO DE TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL, 1996. São Paulo. Gestão da Qualidade: Evolução Histórica, Conceitos Básicos e Aplicação na Educação. São Paulo: SENAC, 1996.

MARCONI, A. M.; LAKATOS, E.M. Técnicas de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 2004.

NAISBITT, J.; ABURDENE, P. Reinventando a Empresa. São Paulo: Amaná-Key, 1989.

OAKLAND, J.S. Gerenciamento da qualidade total. São Paulo: Nobel, 1994.

PALADINI, E. P. Gestão da Qualidade: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

PIAGET, J. Psicologia da Inteligência. São Paulo: Fundo de Cultura, 1967.

ROBLES JR., A. Custos da Qualidade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

RUA, M. G. Desmistificando o problema: uma rápida introdução ao estudo dos indicadores. Disponível em: <http://www.pr.gov.br/sepl/introduindicadores.doc>. Acesso em: 10 de nov. 2006.

SANTOS, P.A. Implementação de modelo de sistema da qualidade em uma empresa de reboque: avaliação dos resultados. 2002. 120p. Dissertação (Mestrado em Administração) – Departamento de Economia, Ciências Contábeis, Administração e Secretariado, Universidade de Taubaté, Taubaté, 2002.

Page 90: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

89

SILVA, C. E. S. da. Ferramentas Básicas da Qualidade. 2002. Curso de Pós-Graduação Gestão da Qualidade em Serviços. Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco – FCAP, Pernambuco, 2002.

SLACK, N. et al. Administração da Produção. São Paulo, Atlas, 1999. SOUZA, R. A. de. Gestão por Indicadores: medir para evoluir. Disponível em:

<http://www.mct.gov.br/upd_blob/7742.pdf>. Acesso em 08 de nov. 2006.

TOFFLER, A. A Empresa Flexível. Rio de Janeiro: Record, 1985. VICTOR, A. et al. Modelo de Gestão de Fornecedores para Clusters. Disponível em:

<http://www.iem.efei.br >. Acesso em 11 de nov. 2006.

WERKEMA, M. C. C. Ferramentas Estatísticas Básicas para o Gerenciamento de Processo. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1995.

Page 91: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

90

APÊNDICES

EMPRESALINHA DE MONTAGEM DA CAIXA ELETRICA

PFP002 CAIXA ELETRICA ND. / TR. PC PFP005 ISOLADOR ELETRICO N.D. PC PFP010 LAMINA CONTATO GRANDE PC PFP051 LAMINA CONTATO PEQUENA PC PFT427 CABO ATERRAMENTO TR. ELETRICA PC PFT011 CABO COBRE 2,5 MM N.D. BRANCO PC PFT520 CABO COBRE 4 MM N.D. PRETO PC PFT139 CABO ATERRAMENTO N.D. PC PFT005 REBITE BIMETALICO PC PFT116 REBITE MACIÇO DE COBRE 2 X 14 MM PC

RELAÇÃO DE DEFEITOS E RETRABALHO NA LINHA REFUGOS DE INJEÇÃO

0102 Peça Incompleta 0103 Rebarba

REFUGOS DO FORNECEDOR

0210 Fio de Aterramento fora de padrão

0211 Olhal do chicote soltou

0212 Lâmina com rebarba

0201 Rebite fora de padrão

0213 Lâmina fora de centro

0214 Pino de aterramento fora de padrão REFUGOS DO PROCESSO

0311 Defeito de Solda

0300 Peça Quebrada

0312 Rebitagem Incorreta RETRABALHO

0412 Falha na Rebitagem APÊNDICE A – Códigos para apontamento de refugo e retrabalho nas linhas de montagem.

Page 92: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

91

٧ DIA CÓDIGO QTDE MOTIVO OPERADOR OBSERVAÇÕES____/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/____

٧ DIA CÓDIGO QTDE MOTIVO OPERADOR OBSERVAÇÕES____/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/________/____

APONTAMENTOS DE REFUGO

APONTAMENTOS DE RETRABALHO

APÊNDICE B – Formulário p/ apontamento de refugo e retrabalho nas linhas de montagem.

Page 93: UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO … · Gerenciamento da Rotina do Dia-a-Dia e o MASP – Método de Análise e Solução de Problemas, foi desenvolvido um conjunto

92

ANEXO

EMPRESALINHA DE MONTAGEM TORNEIRA ELETRICA

PFP285 SUPORTE BRANCO BICA PC PFP286 BICA BRANCA TORNEIRA PC PFP287 PROTECAO ATERRAMENTO BRANCA PC PFT027 TAMPA CHAVE COM. CROMADA PC PFT028 CANOPLA TORNEIRA CROMADA PC PFT035 ANEL DO CASTELO PC PFT036 PARAFUSO PLASTIC 5 X 12 MM PC PFT054 CAIXA EMB. TORNEIRA 220V PC PFT457 ETIQUETA COD. BARRA 127V BRANCA PC PFT452 ETIQUETA TR. TRANSPARENTE .127V PC PFT055 CAIXA TORNEIRA 127V PC

RELAÇÃO DE DEFEITOS NA LINHA

COD: 0309 REFUGO DE INJEÇÃO COD: 0804 FALHA DURANTE O PROCESSO COD: 0707 DEFEITO DO FORNECEDOR COD: 0408 PEÇAS QUEBRADAS COD: 0222 REFUGO DE CROMAGEM COD: 0907 REFUGO DE ESTAMPAGEM COD: 0109 REFUGO DE EMBALAGEM COD: 0103 REFUGO DA COLAGEM

ANEXO A – Códigos para apontamento de refugo nas linhas de montagem.