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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE EDUCAÇÃO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE PSICOLOGIA
ANÁLISE DOS EFEITOS DO TREINAMENTO DA MEMÓRIA APLICADO NA “ESCOLA DA MEMÓRIA PARA IDOSOS” EM ITAJAÍ – SC
ANDRÉ LUIZ THIEME
ITAJAÍ (SC) 2009
2
ANDRÉ LUIZ THIEME
ANÁLISE DOS EFEITOS DO TREINAMENTO DA MEMÓRIA APLICADO NA “ESCOLA DA MEMÓRIA PARA IDOSOS” EM ITAJAÍ – SC
Monografia apresentada ao curso de Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí como requisito parcial para a obtenção do título de psicólogo.
Orientadora: Profª. Drª. Márcia Ghisi Mezadri
ITAJAÍ (SC) 2009
3
Dedico este trabalho à minha avó materna Maria Simas de Almeida, primeiro e mais significativo contato que estabeleci com uma pessoa idosa (In memorian)
4
AGRADECIMENTOS
Este trabalho só foi possível graças a contribuição de muitas pessoas. Não
reconhecê-las aqui seria uma falta de ética, e principalmente de humildade. Como
acredito, assim como Carl Sagan (2006), que a humildade, e não somente o ceticismo,
deve ser característica básica de qualquer pesquisador, apresento aqui meus
agradecimentos:
À Secretaria de Assistência Social de Itajaí, na pessoa de Neusa Maria Vieira,
que abriu o espaço para trabalhos como o da “Escola da Memória para Idosos”.
Às Secretarias de Educação e de Comunicação da Prefeitura de Itajaí, sem as
quais o projeto “Escola da Memória para Idosos” não teria saído do papel;
Aos envolvidos no projeto “Escola da Memória para Idosos”, incluindo os
participantes do curso, por consentirem em disponibilizar os dados referentes a esta
experiência;
À minha professora-orientadora Drª. Márcia Ghisi Mezadri, pelos momentos
compartilhados antes e durante a elaboração deste trabalho;
À Banca Avaliadora, Prof. Dr. Eduardo José Legal e Profª. Kátia Simone Ploner
Msc., por concordarem em ler e contribuir com este trabalho, a partir de comentários e
observações;
À coordenação do curso de Psicologia, representada pelo Prof. Dr. Pedro
Antônio Giraldi, que propicia a iniciação e o desenvolvimento científico dos alunos;
Aos meus pais, que também leram o trabalho e sem os quais eu não teria como
estar aqui apresentando;
5
A todos os amigos, familiares (consangüíneos ou não), e colegas que sentiram a
minha ausência, mas entenderam a importância deste trabalho para mim;
E a todos outros anônimos que de uma forma ou de outra, conscientemente ou
não, contribuíram para a execução deste trabalho;
O meu muito Obrigado!
6
SUMÁRIO
RESUMO______________________________________________________________7 1. INTRODUÇÃO _______________________________________________________9 2. OBJETIVOS ________________________________________________________11
2.1 Geral ___________________________________________________________11 2.2 Específicos ______________________________________________________11
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA _________________________________________12 3.1. Envelhecimento __________________________________________________12 3.2. Memória ________________________________________________________14 3.3. Memória e envelhecimento _________________________________________22 3.4. Mantendo o cérebro ativo___________________________________________27
4. MATERIAIS E MÉTODOS _____________________________________________31 4.1. Descrição da amostra______________________________________________31 4.2. Descrição do curso da Memória______________________________________32 4.3. Descrição dos testes utilizados ______________________________________36 4.4. Descrição da análise estatística______________________________________37
5. RESULTADOS ______________________________________________________38 6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS_______________________________________43 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ____________________________________________48 8. REFERÊNCIAS______________________________________________________50
APÊNDICE
ANEXOS
7
ANÁLISE DOS EFEITOS DO TREINAMENTO DA MEMÓRIA APLICADO NA “ESCOLA DA MEMÓRIA PARA IDOSOS” EM ITAJAÍ – SC
Orientadora: Márcia Ghisi Mezadri Defesa: março de 2009
RESUMO
A velhice é uma fase da vida, assim como qualquer outra, na qual a memória pode estar tão ativa quanto possível, desde que o indivíduo se mantenha em atividade intelectual. Este estudo pretende avaliar a influência da estimulação cognitiva na memória de idosos, estudando um treinamento para a memória aplicado na cidade de Itajaí, assim como divulgar o treinamento da memória. A partir dos resultados pode-se entender se este tipo de estimulação beneficia os idosos. Participaram desta pesquisa, 10 idosos que freqüentam um CMU (Centro de Múltiplo Uso). Estes idosos foram avaliados no início e no final do curso através do Mini-Exame do Estado Mental (MEM) e mais dois testes: o teste Memória por Associação e o teste de Memória Lógica. Durante o curso, foram desenvolvidas com eles muitas atividades de fixação de informações, atividades de recordação de memórias do passado além de algumas atividades que favoreceram a atenção e a facilidade em se fazer cálculos. Os testes demonstraram diferença significativa no MEM, mas não nos outros testes de memória aplicados. Dentro do MEM o subteste que apresentou diferença significativa foi o de Atenção e Cálculo, sendo que o de memória apresentou diferença considerável na parte de evocação. A análise dos resultados mostrou a importância dos treinamentos da memória para os idosos.
Palavras-chave: aprendizado; memória; envelhecimento.
8
Área de conhecimento (CNPq): 7.07 Psicologia Subárea do conhecimento (CNPq): 7.07.02.02-0 Processos de aprendizagem, memória e motivação. Membros da Banca:
Kátia Simone Ploner Professora Convidada
Eduardo José Legal Professor Convidado
Márcia Ghisi Mezadri Professora-orientadora
9
1. INTRODUÇÃO
Em nossa sociedade é corrente a idéia de que pessoas idosas apresentem
dificuldade para lembrarem de fatos novos ou de pessoas que conheceram
recentemente. No entanto, estudos demonstram que o idoso pode ter condições de
diminuir estas dificuldades (SONNENMOSER, 2005). A memória pode estar tão ativa
quanto possível, desde que seu usuário a esteja utilizando, como afirmam Katz e Rubin
(2000).
Devido a estigmas da sociedade, o idoso acaba não acreditando na sua
capacidade de memorizar novas informações, e não estimulando, assim, sua memória.
Desta forma o idoso, mesmo passando por situações desconfortáveis, encara-as como
um fato da vida e se adapta a esta condição.
Trabalhos de treinamento da memória e oficinas com idosos relatam
experiências de sucesso em reavivar não só a memória, mas também melhorar sua
auto-estima e a auto-eficácia (AZAMBUJA, 2005; SOUZA, 2005).
Guerreiro e Caldas em 2001, na cidade do Rio de Janeiro, desenvolveram de
forma pioneira a Oficina da Memória®. Um curso para idosos que juntou técnicas
didático-pedagógicas tendo presentes os princípios da neuroplasticidade. Estas
oficinas, e os trabalhos de Azambuja (2005) e Souza (2005), não apresentam dados
que comprovem quantitativamente seu benefício, ou ainda estabilização das
capacidades cognitivas do idoso.
Em Itajaí, no ano de 2007, foi criada a “Escola da Memória para Idosos”. Um
projeto composto por várias ações, como a capacitação de multiplicadores capacitados
a implantar vários cursos de memória para idosos. Três cursos-pilotos foram
10
ministrados, embasados nos estudos citados acima. Estes cursos visam a promoção da
saúde intelectual, melhorando conseqüentemente a qualidade de vida de pessoas
idosos. Participaram destes três cursos, idosos da região freqüentadores das atividades
de dois Centros de Múltiplo Uso. Neste projeto, além de técnicas didático-pedagógicas
e atividades de estimulação e repetição, também foram ministrados conteúdos básicos
sobre neurociência, ajudando-os a compreender o mecanismo de aprendizagem e
memória. A fim de avaliar o estado inicial e pós treinamento dos participantes do curso,
foram aplicados testes para a mensuração das capacidades mnemônicas.
Desta forma o presente trabalho pretende avaliar os dados coletados durante
estas atividades, além de descrever algumas técnicas didáticas empregadas nestes
cursos, para o conhecimento dos resultados dos recursos empregados para que
possam ser divulgados, e replicados de acordo com a pertinência.
11
2. OBJETIVOS
2.1 Geral
• Quantificar o desenvolvimento cognitivo dos idosos que participaram da “Escola da Memória para Idosos”, através dos dados coletados durante o curso.
2.2 Específicos
• Avaliar e comparar os resultados dos testes mnemônicos (MEM, Memória por Associação e Memória Lógica), feitos no início e no término da “Escola da Memória para Idosos”.
• Verificar as prováveis diferenças na capacidade de memória dos participantes, através da comparação dos resultados;
• Oportunizar a replicação das estratégias empregadas nos cursos da “Escola da Memória para Idosos”.
12
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1. Envelhecimento
O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial. Nos últimos anos,
muitos estudiosos voltaram sua atenção e sua preocupação ao processo de
envelhecimento, tentando explicá-lo tanto sob uma visão social (MAGALHÃES, 1987;
BEAUVOIR, 1990), quanto biológica (BEAUVOIR, 1990; PAPALÉO NETTO;
BORGONVI, 1996). Tais estudos são necessários, uma vez que a população idosa
brasileira vem crescendo muito quando comparada à jovem (FREITAS, 2004;
SCHIRRMACHER, 2005). O crescimento da população idosa, ou seja, pessoas maiores
de 60 anos, é algo digno de atenção, a população idosa era de 4,2% em 1950, passou
para 8,65% em 2000 e estima-se que para 2020 esta população esteja em torno de
14% do total. Além de que também poderá se observar o aumento de idosos com mais
de 80 anos, uma vez que população esta cada vez mais longeva (CAMARANO et. al.,
2005).
Um dos teóricos da psicologia, Burrhus F. Skinner, tentou explicar em uma
palestra os eventos incontáveis que acontecem no envelhecimento, a partir de suas
próprias experiências. Esta deu origem ao livro Viva bem a velhice (SKINNER;
VAUGHAN, 1985), nele os autores deixaram um verdadeiro tesouro com sugestões
para manter-se ativo e de como as pessoas podem se comportar para que a velhice
seja uma fase seja mais prazerosa evitando o conflito com as outras gerações.
Como citado anteriormente, existem várias teorias que tentam explicar o
envelhecimento. Algumas explicam como um processo socialmente construído,
fundamentando ser o envelhecimento uma invenção social, uma vez que em algumas
13
culturas, a velhice não existe (MAGALHÃES, 1987). Outras tentam explicá-lo como
sendo baseado em eventos propositais como mutação genética, exaustão reprodutiva e
abordagens neuroendócrinas. Outras ainda baseiam-se em eventos aleatórios como o
desgaste, o ritmo biológico, o acúmulo de resíduos, as ligações cruzadas, a liberações
de radicais livres, e a disfunção do sistema imunológico (CANÇADO; HORTA, 2006).
O envelhecimento, segundo Papaléo Netto (2006), não tem um marcador
biofisiológico. A maioria dos gerontologistas considera esta fase como uma parte de um
continuum que é a vida, tendo início no nascimento e como fim a morte.
Sob os aspectos neuropsicológicos, o envelhecimento é a fase do
desenvolvimento, na qual o ser humano se torna mais singular. Todo o percurso de vida
que o levou até este estágio, está permeado por inúmeros acontecimentos que moldam
a identidade e o comportamento, de acordo com uma história de vida única. Neri e
Fortes (2005) descrevem o envelhecer poeticamente como coletar experiências.
Para Santos e Sá (2000) o processo do envelhecimento é como o curso de um
rio. Neste curso, cada experiência é algo singular, nenhum curso é igual a outro. Duas
pessoas navegando no mesmo rio podem ter experiências diferentes. Desta forma para
se estudar o envelhecimento da população idosa, é importante considerar que estes
indivíduos estão sujeitos a muitos acontecimentos e estes influenciam seu estado atual.
Todo este percurso fica armazenado na memória, um processo cognitivo, que
torna possível o “saber que somos nós mesmos”, pois é nela que está toda a história de
vida e os aprendizados de cada um. A memória está intimamente ligada à identidade e
personalidade de uma pessoa. Sacks (1997) discute dois casos de pacientes com
síndrome de Korsakov, na qual o indivíduo sofre amnésia retrógrada, não consegue
consolidar novas memórias. Estes pacientes ficaram presos em um passado remoto e
14
se vêem com a mesma idade que tinham no início da síndrome. São pessoas com uma
identidade de décadas passadas, vagando pelo presente.
Izquierdo (2002 p.09, grifo do autor) diz que “podemos afirmar que somos aquilo
que recordamos, literalmente. [...] e também somos o que resolvemos esquecer”. A
memória compreende tudo aquilo que de certa forma armazenamos e também a sua
evocação.
3.2. Memória
Memória é uma palavra que origina do nome da deusa grega Mnemosine que era
a deusa da memória, suas filhas inspiravam os poetas colocando idéias em seus
pensamentos, como se a memória fosse colocada na mente dos seres humanos (SÉ;
LASCA, 2005).
A memória é um processo amplo e possui tantas características diferentes entre
si, que Izquierdo (2002) afirma que o correto seria dizer memórias. Crook e Adderly
(2001), debatem sobre as dificuldades de se definir a memória. Tentam explicar que
este potencial de lembrar, através da capacidade de adquirir as experiências, começa
ao nascer e se mantém ao longo da vida. Informam ainda, que pode ser definida como
a habilidade de resgatar o passado, conservá-lo no presente, compará-lo e relacioná-lo
simultaneamente com novas informações. Izquierdo (2002) comenta que o passado, as
memórias, os esquecimentos voluntários, não só dizem quem se é, mas também
permitem se projetar rumo ao futuro, isto é, o potencial do que um indivíduo possa ser.
Conceituando memória, de acordo com Izquierdo (2003), ela compreende tanto a
aquisição, o armazenamento e a evocação da informação. Operacionalmente, podemos
classificar aquisição como a entrada (sensorial ou cognitiva) de qualquer evento através
15
de um dos sistemas neurais ligados à memória. Esta informação passa por uma
seleção, os sistemas só permitem a aquisição dos aspectos mais relevantes para a
cognição, os mais relevantes para a emoção, os mais focalizados pela atenção, os
sensorialmente mais fortes, ou simplesmente priorizados por critérios desconhecidos
(LENT, 2005).
Após serem selecionados, estes eventos podem ser armazenados por um certo
tempo, podendo ser por anos, ou por apenas alguns segundos. Izquierdo (2002)
denomina este evento de armazenamento, já Lent (2005) de retenção, E isto significa
dizer que um evento está disponível para ser lembrado. Com o passar do tempo, alguns
aspectos do evento ou todo ele podem desaparecer, o que chama-se de esquecimento.
Se o evento permanecer por muito tempo na memória, pode-se dizer que ele está
consolidado.
O termo evocação é utilizado para o ato de lembrar. Evocar uma memória
significa trazê-la novamente à atenção para poder ser utilizada mentalmente, ou
exteriorizá-la através do comportamento (LENT, 2005).
As maiores investigações e curiosidades sobre a memória se dão
essencialmente por tentar descobrir onde as memórias são armazenadas e como elas
ocorrem. Para tanto na década de 1950 um pesquisador americano Karl Lashley
postulou que não existiria um centro único no encéfalo onde as memórias são
armazenadas de forma permanente. Nesta perspectiva Donald Hebb sugeriu que
agrupamentos (assemblies) de células distribuídas em grandes áreas do córtex,
trabalhariam juntas para representar a informação, desta forma muitas partes do
encéfalo participam na representação de um único evento (SQUIRE; KANDEL, 2003).
16
Donald Hebb, na década de 40, criou um modelo imaginando que conexões mais
ativas entre as células do sistema nervoso seriam fortalecidas e/ou estabilizadas,
aquelas que permanecessem inativas poderiam ser desativadas e/ou desestabilizadas.
Ainda imaginou que os neurônios estariam reciprocamente ativados em algumas
situações, na qual células agrupadas formariam um circuito. Do conceito de Hebb foi
idealizado as redes neurais, muito comentadas hoje no mundo computadorizado.
O mecanismo de memória envolve um grande conjunto de neurônios e as
ligações que eles fazem entre si, essas conexões são chamadas de sinapses. Naquela
época, Donald Hebb postulou o que hoje se denomina de plasticidade sináptica, uma
forma de modificação estrutural das sinapses, algo que não as tornava rígidas e
imutáveis, sendo as sinapses responsáveis pela transmissão de informações entre dois
neurônios, ou entre um neurônio e um músculo. Quanto mais informações, mais fortes
seriam. Desta forma, pode-se dizer que o sistema nervoso, através dos mecanismos da
neuroplasticidade, pode alterar sua configuração morfológica e fisiológica sob a
influência dinâmica do ambiente em que o indivíduo vive. Estes fenômenos são
encontrados em diferentes animais, lembrando então, que muitas espécies são
capazes de aprender e demonstram isto através de seu comportamento em resposta a
mudanças do ambiente.
Como as sinapses são correspondentes aos locais onde são armazenadas
memórias, tornaram-se o modelo celular e molecular da memória, graças aos trabalhos
de Eric Kandel que observou a memória em um modelo animal, (um molusco marinho,
a Aplysia). O pesquisador estudou a transmissão do sinal nervoso e postulou a teoria
que existe um neurônio facilitador em sinapses da memória e o envolvimento de alguns
17
neurotransmissores como serotonina, acetilcolina, glutamato e outros (SQUIRE;
KANDEL, 2003).
Várias sinapses interligadas formam uma rede de neurônios, que são chamados
de engramas e é nelas que estão consolidadas as memórias, como se fosse uma via,
que leva ao que se quer encontrar. Estas vias estão em constante mudança estruturais.
Elas têm capacidade de modificação, que permite a aquisição de novas memórias e
aprendizagens. Mas também podem acarretar possíveis alterações que são conhecidas
como modificações de memória (IZQUIERDO, 2002; SQUIRE; KANDEL, 2003; LENT,
2005).
Existem vários tipos de classificação da memória. Elas podem ser classificadas
didaticamente tanto quanto à natureza, quanto ao seu tempo de duração.
Quanto à sua natureza, são divididas em:
• implícitas, procedurais ou não declarativas, que são habilidades motoras,
associações e habilidades de resolver quebra-cabeças;
• explícitas, ou declarativas, que podem ser episódicas, de significado ou histórica;
• memória de trabalho, capacidade de integrar as informações atuais com as
previamente armazenadas, criando uma sensação de presente e a possibilidade
de se apresentar respostas apropriadas (DALGALARRONDO, 2000;
IZQUIERDO, 2002; LENT,2005; PURVES et al. 2005).
Além de serem classificadas quanto à natureza, podem ser divididas quanto ao
seu tempo de duração:
• memória imediata, ou de curtíssima duração, cuida de informações que logo
serão utilizadas;
18
• memória recente ou de curta duração, retenção de função por um certo período,
de minutos até uma hora;
• memória remota ou de longo prazo, que envolve a evocação de acontecimentos
do passado. (DALGALARRONDO, 2000; IZQUIERDO, 2002;LENT,2005;
PURVES et al. 2005).
Dentre as memórias procedurais (ou de procedimento) de acordo com Purves et.
al. (2005), existe o chamado priming que é o armazenamento e a evocação através de
dicas (IZQUIERDO, 2002). Outro exemplo de memórias de procedimentos, ou não
declarativas, são as memórias associativas que o autor também considera como uma
classificação. Estas memórias foram conhecidas pelos estudos de Ivan Pavlov, mais
tarde por Watson, e outros estudos feitos por Skinner, onde estão elencadas:
• habituação, gradual diminuição de resposta a um estímulo não ofensivo;
• sensibilização, aumento da percepção de estímulos, eliciado, geralmente, por um
estímulo ameaçador;
• reflexos condicionados, como no experimento de Pavlov, o cachorro que saliva
ao ouvir a campainha que foi associada ao aparecimento de comida;
• respostas condicionadas, ações que o sujeito apresenta para obter ou fugir de
um estímulo agradável ou não, já obtido no passado (IZQUIERDO, 2002;
MYERS, 1999; SKINNER, 1999).
A literatura é lacunar quanto ao local especifico para a aquisição de memórias
não-declarativas. Já para as memórias declarativas, Squire e Kandel (2003), Lent
(2005), e Purves (2005) enunciam que possam ser de responsabilidade do diencéfalo
mediano e estruturas do lobo temporal medial, principalmente o hipocampo. Alguns
19
casos clínicos podem elucidar tais afirmações, como os casos de pacientes com
síndrome de Korsakov apresentados por Sacks (1997). A síndrome gera perda bilateral
de tecido neural nos corpos mamilares e no tálamo medial e acomete geralmente
alcoolistas crônicos, pela deficiência de tiramina (vitamina B1). Ambos apresentavam
amnésia retrógrada.
Alguns outros pacientes, como H.M., N.A. e R.B. citados por Purves (2005) que
sofreram lesões no hipocampo e regiões adjacentes, também demonstraram dificuldade
na aquisição de novas memórias declarativas, sem perda de memórias antigas e não
apresentaram dificuldade em aprender novos procedimentos, que podem ser
consideradas memórias não-declarativas. Estes exemplos demonstram a importância
dessas estruturas na aquisição e manutenção de memórias de longo prazo, mas não na
evocação de memórias antigas.
Depois de algum tempo como memória de curto prazo, as informações podem
ser esquecidas ou consolidadas como memórias de longo prazo. O armazenamento de
informação a longo prazo está relacionado às áreas corticais. Foi observado que
pacientes tratados com terapia eletroconvulsiva, geralmente apresentavam amnésia
retrógrada e anterógrada. Estes pacientes geralmente não se lembravam do tratamento
e de acontecimentos nos dias precedentes, ou eventos ocorridos em um intervalo de 1
a 3 anos. Essa terapia, em desuso atualmente, era caracterizada pela passagem de
corrente elétrica em locais determinados no encéfalo como por exemplo: nas áreas
corticais (PURVES, 2005).
Purves (2005) enuncia que o local cortical de armazenamento de algumas
memórias está relacionado com a função executada por este córtex. Por exemplo, na
área cortical temporal podem ser encontradas as memórias léxicas e somestésicas que
20
são funções deste córtex. Seguindo o mesmo raciocínio, a aprendizagem não
declarativa de longo prazo, vai se consolidando gradualmente nos gânglios da base e
no córtex pré-motor, que são responsáveis pelos movimentos.
A formação de memórias a longo prazo requer uma seqüência de passos
moleculares que duram várias horas. Durante este tempo ela está suscetível a muitas
influências. A estrutura principal da formação de memória é a região CA1 do hipocampo
(IZQUIERDO, 2004). CA1 é umas das subdivisões do corno de Amon, CA1, CA2, CA3
e CA4, que junto com o Giro Denteado são as duas áreas principais da formação
hipocampal (LENT, 2005).
A região CA1 não funciona de forma isolada, ela faz parte de um circuito que
envolve também, o córtex entorrinal e a região CA3. Os aferentes de fora do
hipocampo, chamados fascículos perfurantes, ligam-se à região CA3, através das
células granulares do giro denteado. As células piramidais da região CA3 projetam seus
axônios para fora do hipocampo, mas também enviam colaterais (chamados de
colaterais de Schaffer) à região CA1, formando um circuito reverberante (LENT, 2005).
Este processo é excitado através da estimulação de receptores glutamatérgicos
AMPA, NMDA e metabotrópicos. Os receptores colinérgicos do tipo muscarínico e
noradrenérgico � são ativados simultaneamente e modulam a ação dos receptores
anteriores. Então, várias proteínas-quinase são ativadas pela entrada de cálcio nas
células. A proteína-quinase G ativa três enzimas pós-sinápticas: a que produz óxido
nítrico (óxido nítrico sintetase); a hemeoxigenase, que produz monóxido de carbono; e
a enzima que produz o fator de ativação plaquetário (IZQUIERDO, 2002).
O óxido nítrico (NO) e monóxido de carbono (CO) são gases, o que os torna
neurotransmissores não-convencionais, eles não podem ser armazenados em vesículas
21
sinápticas, pois atravessam livremente as membranas plasmáticas. Assim que são
sintetizados são difundidos em várias direções, podendo influenciar todos os elementos
pré-sinápticos situados no seu raio de ação (LENT, 2005).
Todos estes eventos são importantes para a formação de memória em CA1, mas
aparentemente não têm importância para a potencialização de longa duração
(IZQUIERDO, 2002).
Squire e Kandel (2003), baseados nos estudos feitos com a Aplysia, relatam que
a potencialização de longo prazo está ligada a uma estimulação constante deste ciclo,
moduladas pelos interneurônios serotoninérgicos. Isso vai levar a duas diferenciações
que foram induzidas por alterações na expressão gênica dos neurônios: uma atividade
persistente da proteína-quinase A (PKA) e o crescimento de novas conexões
sinápticas. Como há liberação repetida de serotonina, a PKA é translocada para o
núcleo do neurônio, e dali, inicia as alterações que desencadeiam o processo de longa
duração.
Os picos de atividade do PKA estão acompanhados de aumento de P-CREB
nuclear e também nas mitocôndrias pós-sinápticas. O CREB nuclear está ligado à
síntese de proteínas diversas, algumas delas são as de adesão celular (IZQUIERDO,
2002). Podendo, assim, influenciar na formação de novas sinapses, alterando a
estrutura morfológica neuronal.
Mesmo sendo de longo prazo, estas memórias não estão consolidadas para toda
a vida do indivíduo, elas também podem ser esquecidas, ou modificadas. A
rememoração é muito importante para sua manutenção, mas ela também pode causar
alterações conhecidas como falsas memórias (MYERS, 1999).
A esta capacidade de modificação, e adaptação, foi atribuído o conceito
22
plasticidade cerebral, ou seja, mudanças estruturais nas sinapses podem ser causadas
por eventos vividos pelo individuo. É atribuída à plasticidade o fato de uma pessoa
aprender novas teorias, conceitos, palavras e até maneiras de pensar. Esta capacidade
está presente durante toda a vida do ser humano e é responsável pela habilidade de se
adaptar a um novo ambiente de forma rápida. Tal circunstância ocorre em qualquer
fase da vida, sendo mais rápida e eficaz durante a infância e ainda ativa durante a
velhice (YASSUDA, 2006).
Esta característica pode ser considerada uma aquisição adaptativa muito
importante, levando em consideração a teoria da evolução de Darwin (2007), sendo o
ser humano o animal que quando nasce é muito dependente de seus genitores, tendo
que aprender como sobreviver posteriormente, podendo se adaptar a realmente
qualquer meio, tal como se apresenta (SQUIRE; KANDEL, 2003).
À medida que a pessoa envelhece, estas memórias se tornam mais
consolidadas, por questões de rememoração ao longo da vida. É muito difícil que uma
memória nova tome o lugar de uma memória antiga, mas é muito provável que cause
uma alteração nesta.
3.3. Memória e envelhecimento
Durante a velhice é normal que haja certa perda de memória, afinal já
armazenamos tantas coisas durante toda a vida, que muitas se perdem, e as novas
parecem muito triviais para serem recordadas. Skinner e Vaughan (1985) enunciam
que, durante a velhice, o esquecimento é um dos sintomas mais óbvios.
Ainda assim, a velhice não é a única fase da vida em que há esquecimento.
Izquierdo (2002) discute em sua trajetória cientifica que é preciso esquecer. Para tanto,
23
exemplifica que os médicos formados, descrevem em poucas horas o que aprenderam
durante anos no curso de medicina, e como em poucos minutos pode-se descrever o
que aconteceu no dia anterior, afinal uma descrição, e também a simples recordação
pormenorizada do que aconteceu em um dia, tomaria um outro dia completo!
(IZQUIERDO, 2002).
Estudos demonstram que podem existir diferenças entre idosos e jovens no
momento de gravação. Yassuda (2006) afirma que as pessoas idosas têm maior
dificuldade de usar estratégias para registrar as informações e para organizar as novas
informações de maneira eficiente. Koechlin, Ody e Kouneiiher (2003) defendem a
hipótese de que estas atividades podem estar relacionadas ao córtex pré-frontal.
O envelhecimento cerebral apresenta alterações morfofuncionais e bioquímicas.
Estima-se que o volume encefálico se altere, além da provável diminuição no peso do
cérebro, em relação ao peso corporal. Também podem ser observadas alterações na
substância branca, que resulta na perda de grandes e pequenos neurônios (STUART-
HAMILTON, 2002; PARENTE et. al., 2006).
Para Cançado e Horta (2006), a modificação mais significativa que pode ocorrer
com o envelhecimento é a redução do número dos grandes neurônios. Tal evento pode
causar atrofias das áreas corticais e subcorticais que podem ser observadas mais
intensamente nos lobos frontais e temporais, e conseqüentemente, alargamento dos
sulcos e dilatação dos ventrículos encefálicos.
As alterações no lobo temporal podem estar relacionadas à dificuldade de se
formar novas memórias, já que, como citado anteriormente, esta é uma das áreas
envolvidas na formação e consolidação da memória. Já a alteração no lobo frontal,
sugere dificuldade de atenção e concentração, além da utilização de estratégias para
24
consolidar novas informações (SÉ; QUEROZ; YASSUDA, 2005).
Histologicamente, pode-se encontrar modificações relacionadas ao depósito de
proteínas � amilóide nas células nervosas e na corrente sangüínea. Tal situação pode
causar degeneração dos dendritos e axônios e o aparecimento de placas senis difusas.
Também podem aparecer os emaranhados neurofibrilares constituídos de proteínas
tau. Essas proteínas têm como papel manter a estabilidade do transporte dos
neurotransmissores pelo axônio e, quando fosforiladas de forma anormal, acarretam em
lesões intracelulares nos neurônios, interferindo diretamente no processo de exocitose
e consequentemente na sinalização neuronal (SÉ; QUEROZ; YASSUDA, 2005).
Estas alterações estruturais e neuroquímicas que acontecem durante o processo
de envelhecimento podem estar intimamente relacionadas à diminuição da capacidade
de plasticidade neuronal do encéfalo, diminuindo, assim todas as atividades cognitivas,
já que essa acontece graças à capacidade dos neurônios de formar novas conexões.
Mesmo assim, alguns estudos vêm demonstrando que a plasticidade neuronal
pode ser mantida através de estimulações cognitivas feitas com certa freqüência, em
casa, ou em grupo (KATZ, L. C.; RUBIN, M. 2000; CROOK III, T. H.; ADDERLY, B. D.,
2001; BERKENBROCK, 2003; AZAMBUJA, 2007).
Além desta visão biológica, a visão social demonstra que a cultura também pode
influenciar nas memória das pessoas idosas. Para Magalhães (1987) a velhice é uma
fase socialmente construída, e a visão social de idoso também pode incluir os aspectos
relacionados com a perda de memória. O autor enuncia que dentre as expressões que
a sociedade utiliza para justificar ou exemplificar o esquecimento, o processo de
envelhecimento parece ser o principal, se não for o único responsável, como se o
esquecimento fosse uma característica somente da idade avançada e não ocorresse
25
em outras idades. De acordo com Skinner (1998) as regras, que podem ser transmitidas
entre os indivíduos através da cultura, pela fala de seus componentes, ou criadas pelo
indivíduo para conceituar as contingências do ambiente, controlam o comportamento.
Yassuda (2005) demonstra que, de certa forma, a percepção que o idoso tem
sobre sua memória também pode influenciar no seu desempenho cognitivo. Essa
perspectiva é mais bem correlacionada com estudos que comparam a auto-eficácia e a
metamemória com o desempenho nos testes de memória, embora esta última, ainda
necessite ser comprovada.
Leão e Resende (2005, p. 132) definem a metamemória como “uma construção
multidimensional que envolve um processo forte e dinâmico de pensar sobre a
memória”. Está relacionado ao conhecer a própria memória. Os autores citam quatro
dimensões da metamemória: o conhecimento sobre a memória, saber suas funções e
processos; monitoramento da memória, consciência de como se usa e quais as
condições de sua memória; afetos relacionados à memória; e auto-eficácia relativa à
memória, sendo o sentimento de confiança no domínio da memória.
A avaliação da memória vem sendo estudada atualmente, principalmente no que
se refere à população idosa, que está cada vez mais longeva. Estes estudos são de
grande importância, pois com o aumento da longevidade observa-se maiores
incidências de algumas patologias como, por exemplo, as demências, principalmente a
de Alzheimer (DA). Um dos instrumentos utilizados para se avaliar a memória de idosos
é o Mini-Exame do Estado Mental que é composto por trinta passos que investigam o
desempenho de várias dimensões cognitivas. Este instrumento é dividido em sete
partes, contemplando a orientação temporal e espacial, memória de retenção e de
evocação; além de observações quanto a atenção e cálculo, linguagem e praxia
26
construtiva (BRUCKI, 2003; NITRINI et al., 2005).
Nitrini et al. (2005) recomendam um ponto de corte no resultado do Mini-Exame
do Estado Mental para ser classificada a demência, de acordo com a escolaridade.
Este instrumento pode ser utilizado por vários profissionais da saúde, por ser de fácil
aplicação, e pode ser utilizado como avaliação epidemiológica da demência, graças a
sua fácil aplicação e contagem dos escores.
Dalgalarrondo (2000) desenvolveu, também, alguns testes de memória
simplificados, que podem ser utilizados também em ambiente clínico e por qualquer
profissional da saúde. Ele preconizou o teste de memória por associação de palavras e
o de memória lógica. O primeiro teste avalia quantas palavras a pessoa consegue
recordar a partir da palavra associada a ela. No segundo teste, de memória lógica, é
lida uma história para o examinado, pedindo-se que a repita logo depois, pontuando-se
as informações relembradas para recontar a história.
A avaliação da memória do idoso é importante para saber se realmente a
memória do idoso pode estar afetada, afinal a perda real não é tão grande quanto à
esperada pela visão biológica. Ela não é debilitante, e seu declínio pode ser diminuído
desde que se mantenha um nível de funcionamento ativo. Esta visão é proporcionada
por Duarte (1999 p.75), que afirma que o envelhecimento normal é aquele no qual o
indivíduo “consegue, através [d]o tempo, adaptar-se aos rigores e agressões do meio
ambiente, mantendo-se em estado de equilíbrio morfofuncional”.
É importante lembrar que um envelhecimento saudável, ou bem-sucedido, está
pautado na capacidade do indivíduo em desempenhar as atividades diárias com
independência e autonomia (NERI, 2007; DUARTE, 1999). O conhecimento das
condições da memória do idoso pode permitir que familiares, profissionais, entidades e
27
o poder publico possam programar promoção de saúde cognitiva e, se necessário, a
reabilitação cognitiva (ALMEIDA; BEGER; WATANABE, 2007).
3.4. Mantendo o cérebro ativo
O encéfalo precisa de estimulações diariamente para que a atividade continue, e
não fique emperrado para aquisição e evocação de memórias. Um exemplo de forçar-
se a estas novas estimulações é pegar caminhos novos, experimentar coisas
diferentes. Atividade comum durante a infância, mas que acaba se tornando menos
freqüente quando as coisas mais próximas se tornam familiares, e já se tem uma rotina
“segura” (KATZ; RUBIN, 2000; CROOK; ADDERLY, 2001).
Como discutido anteriormente, na visão social, comumente impõe-se que o idoso
seja esquecido, os comportamentos do idoso se modificam junto com as alterações no
ambiente, exemplos disto acontece quando os idosos se aposentam, eles param de se
expor a tarefas que exijam capacidades cognitivas, diminuindo, assim, o número de
estimulações que recebe (SKINNER; VAUGHAN, 1985). Tal fato pode levar ao declínio
cognitivo nestes idosos resultando na redução de sua autonomia e independência.
De acordo com Katz e Rubin (2000), a neuróbica, ou seja, um programa de
estimulação sensorial preconizado pelos autores, é capaz de ativar novas áreas
cerebrais. Eles ainda afirmam que estas estimulações cerebrais, principalmente as que
ativam diferentes áreas, tornam o cérebro mais ativo, melhorando o desempenho
cognitivo como um todo e favorecendo as demais atividades da vida diária. Os autores
chamam atenção para a memória, considerando-a como a mais beneficiada.
Sob uma visão biológica, os autores afirmam que os exercícios que propõem,
tornam as conexões neurais mais ativas, e também aumentam o número de dendritos.
28
Tornar os dendritos mais ativos e numerosos é uma forma de facilitar as novas
conexões. Já que, como observado no envelhecimento, a perda sináptica e a
dificuldade de neurotransmissão causam esquecimento e fraca retenção de novas
memórias, o oposto deve ser possível.
Este recurso, a neuróbica, também consiste em associar e maximizar as
informações sensoriais, dando grande prioridade aos sentidos menos utilizados como
olfato e o tato, dependendo da atividade. As propostas contidas no livro têm relação
com exposições a novas informações, e novas formas de experimentar informações
antigas (KATZ; RUBIN, 2000).
Outra forma de se beneficiar a memória é um treinamento específico para ela. O
hipocampo é uma das poucas estruturas do sistema nervoso central capaz de dar
origem a novas células (neurogênise), e estudos apontam que quanto mais a memória
for estimulada, menos células novas do hipocampo serão perdidas (CROOK;
ADDERLY, 2001). Para estes autores, os exercícios estão mais ligados à
rememoração. Eles indicam a utilização de associações feitas a partir de informações,
que podem ser obtidas na televisão ou em livros, explorando-as, tentando identificar o
desfecho, ou pesquisando mais sobre o assunto.
Sé e Lasca (2005) dividem as estratégias de treinamento da memória em:
estratégias externas, que são as alterações no ambiente do indivíduo, como a utilização
de agenda, bilhetes autocolantes, recados e organização do ambiente; e estratégias
internas, na qual são elencadas as estratégias de estimulação e as de codificação. As
estratégias internas de estimulação são aquelas usadas para estimular a memória e o
sistema cognitivo com jogos e exercícios, assim como os sugeridos pelos outros
autores (KATZ; RUBIN, 2000; CROOK; ADDERLY, 2001). As estratégias internas de
29
codificação estão relacionadas ao armazenamento de informação, que pode ser
facilitada através do conhecimento de técnicas como, por exemplo, a criação de
imagem visual, o método de lugares, elaboração e organização.
Exercícios mnemônicos são exercícios que ajudam a manter a memória, através
de repetições, associações, e de tarefas como resolver palavras cruzadas e quebra-
cabeças. Estes exercícios podem ser feitos no dia-a-dia, tentando lembrar o nome dos
atores da novela enquanto lava a louça, ou fazendo uma recapitulação da história do
filme assim que ele acabar (CROOK; ADDERLY, 2001). Tais indicações são muito
importantes para a qualidade de vida de pessoas idosas. Entretanto o cumprimento
individualizado destas tarefas pode ser dificultoso e desmotivante para uma população
que ficou sujeita ao isolamento social ao longo dos anos. Desta forma a criação de
grupos de idosos para este fim pode ser muito interessante.
Muitos cursos da memória foram criados a partir desta perspectiva. Todos
trabalham em grupos, mas muitos têm suas peculiaridades. De algumas atividades que
se tem conhecimento, uma foi focada em música (SOUZA, 2005), outra em oficinas de
criação (AZAMBUJA, 2005), outra ainda, focando em atividades do dia-a-dia e
reabilitação para pessoas com Demência Alzheimer (ÁVILA, 2004). Há também as que
focam em exercícios físicos para melhoramento da circulação e mecanismos neurais
(CORTMAN; BERTHOLD, 2002) e há as que focam em múltiplas áreas (GUERREIRO;
CALDAS, 2001; SOUZA; CHAVES, 2003; ALMEIDA; BEGER; WATANABE, 2007). Os
efeitos destas atividades devem ser acompanhados sempre que possível, utilizando
instrumentos que possibilitem uma mensuração.
Um estudo feito por Souza e Chaves (2003), com uma população de 46 idosos,
utilizou o Mini-Exame do Estado Mental para fazer uma comparação do estado mental
30
no início e no final do curso. Neste estudo, foi observado que a pontuação no Mini-
Exame do Estado Mental, aumentou como um todo, mas não houve diferença
significativa na parte específica da memória. Nele, os pesquisadores indicam o uso de
testes mais específicos para a memória, além do Mini-Exame do Estado Mental.
Ao e verificar as iniciativas de treinamento da memória com pessoas idosas,
pode se observar que muitas destas iniciativas não se preocupam em mensurar
cientificamente a evolução da capacidade cognitiva de seus participantes. Desta forma
o presente trabalho visa acompanhar a evolução dos idosos de um curso, oferecido
pela prefeitura de Itajaí, intitulado “Escola da Memória para Idosos”, avaliando e
comparando os resultados dos testes Mini-Exame do Estado Mental, memória por
associação e memória lógica, feitos no início e no término deste curso.
31
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Neste trabalho avaliou-se o desempenho cognitivo de idosos que participaram de
um treinamento para a memória parte do projeto “Escola da Memória para Idosos”, no
qual os idosos eram testados antes e depois dos cursos. O treinamento foi realizado no
ano de 2007 em Itajaí (SC) sendo um projeto idealizado e executado pela
Coordenadoria Temática de Políticas Públicas para as Pessoas Idosas de Itajaí com a
participação da Secretaria de Assistência Social deste município.
4.1. Descrição da amostra
A “Escola da Memória para Idosos” foi ministrada em três cursos para três
turmas diferentes. Participaram do treinamento 30 idosos sem diagnóstico de demência,
pertencentes a grupos de idosos assistidos pelo município. Estes idosos não poderiam
apresentar déficit cognitivo ou distúrbios neurológicos, ou ainda, estarem usando
medicação psicoativas. Para preenchimento destes critérios, os idosos submeteram-se
a uma entrevista através de uma ficha de inscrição contendo os seguintes itens: data de
nascimento, escolaridade, número e idade dos filhos, saúde em geral, uso de
medicamentos, etc. (Anexo 1).
Para a documentação deste trabalho, foram utilizados somente os resultados dos
testes dos idosos que: concluíram o curso, responderam ambos os questionários (pré e
pós), assinaram o termo de compromisso livre e esclarecido para utilização dos dados
em pesquisa. Além destes critérios, para a delimitação da amostra, foram incluídos
apenas os idosos com presença mínima de 70% no curso. A amostra final foi
criteriosamente reduzida a 16 pessoas. Embora esta amostra tenha sido escolhida
32
criteriosamente, somente 10 idosos de uma única turma foram analisados, evitando-se
assim as variáveis que poderiam aparecer entre os cursos. Dentre os idosos que
compõe esta amostra de 10, 7 são mulheres e 3 são homens. Estes idosos
apresentavam idades entre 60 e 87 anos, resultando em uma idade média de 68,5
anos, com desvio padrão (d.p.) de +8,46.
A avaliação de desempenho cognitivo da amostra foi efetuada através de testes
de memória. O Mini-Exame do Estado Mental (MEM) foi escolhido e aplicado antes e
depois do curso, pois, segundo Brucki (2003), é indicado para estudo com pessoas
idosas. Também foram aplicados testes de Memória por Associação e de Memória
Lógica. Todos estes testes podem ser aplicados por qualquer profissional da área de
saúde.
Estes dados foram obtidos pela coordenadoria com ajuda de alguns funcionários
e de um voluntário, durante o andamento do projeto. Além dos testes, foi disponibilizado
um diário de atividades, o qual explica as atividades desenvolvidas, assim como o
registro da presença dos idosos no curso, sendo ambos utilizados neste trabalho. O
representante da coordenadoria assinou um termo de utilização de dados em pesquisa
(Apêndice 1).
4.2. Descrição do curso da Memória
O curso foi ministrado em 17 encontros, totalizando 34 horas/atividade, que
aconteciam apenas uma vez por semana com duração de 2 horas cada. A primeira aula
de cada grupo constou da apresentação e dos objetivos da “Escola da Memória para
Idosos” e apresentação dos componentes do grupo, bem como seus monitores,
33
seguindo-se com uma dinâmica de acumulação dos nomes. Cada componente deveria
apresentar todos os participantes que já tinham se apresentado antes dele no círculo.
Durante o curso, também foram ministrados conteúdos teóricos básicos quanto
ao funcionamento do sistema nervoso e da memória. O neurônio foi introduzido como a
célula nervosa relacionada à memória. Os aspectos da neuroplasticidade também
foram explicados com atividades do curso e dicas foram dadas contextualizando que os
neurônios “deles” poderiam criar mais dendritos, alongariam seus axônios, e a memória
ficaria mais eficiente. Abaixo, as palavras que foram ensinadas aos idosos: neurônio,
axônio, dendrito, telodendro, núcleo e corpo do neurônio (estas informações foram
relembradas posteriormente).
Os participantes, depois de aprenderem partes do neurônio e sua importância
para a memória, construíram seus próprios neurônios com massa de modelar ou no
quadro negro com giz (Anexo 3). No mesmo dia, foi-lhes explicado as redes neurais, e
como elas podem ser expandidas através de pequenas alterações nas condutas
diárias. Para isso foi utilizada a técnica do novelo, e no final, os neurônios de massa de
modelar foram unidos formando uma grande rede (Anexo 3).
Para manter a os encontros descontraídos e propiciar uma quebra no meio de
cada um, forneceu-se “cafés” que eram chamados de Elemento Distrator, o qual
permitia sair da atividade retornando e retomando a atividade após o café. Tal retomada
de atividade visava a repetição a longo prazo com o objetivo de auxiliar o
estabelecimento da memória de longo prazo.
Outro ponto abordado no curso foi a continuidade do ensino do funcionamento
da memória, apresentando o hipocampo como estrutura do cérebro que permite manter
algo na memória por determinado tempo e selecionando o que deve ser armazenado
34
para o futuro, além do que será esquecido. Foi utilizada uma analogia de que o
hipocampo faz o papel de uma bibliotecária, que seleciona as informações importantes
enviando para o local correto, ou descarta o que não é importante. Nesta etapa foram
explanadas informações de como reter algo por mais tempo na memória, utilizando
mecanismos de associação e repetição, além da influência das emoções no
arquivamento da memória.
Durante o curso, foram utilizados muitos jogos e brincadeiras que envolviam
repetição, estimulação e associação. Alguns exemplos disto são as identidades
realizadas com um movimento corporal, como linguagem de sinais; sala dos cheiros;
caixa tátil; jogo da memória e jogo do vestuário. No final do curso, utilizou-se também
estimulação musical, evidenciando ritmos e notas musicais. Para a memorização
através do ritmo, os idosos eram convidados a bater pedaços de madeira, ou “raspá-
los” como reco-reco. Os pedaços de madeira foram especialmente preparados para
esta atividade, e eles repetiram as batidas de forma alternadas. A atividade com notas
musicais consistia em ouvir uma seqüência de notas tocadas no violão, com o violeiro
virado de costas para o grupo, para que os idosos não vissem o braço do instrumento.
Posteriormente outras três seqüências eram tocadas e os idosos deveriam tentar
adivinhar qual das seqüências foi tocada no início do exercício.
As ações também evidenciavam as memórias dos idosos, em muitas atividades
foram levados em consideração jogos de infância, cantigas de roda, aromas e objetos
antigos. Os idosos foram estimulados a contar como era sua vida, os cheiros que
traziam lembranças, e outras vivências em geral.
O treinamento em questão também apresentou atividade lógica, como o
“Sudoku”, que exige atenção espacial e contagem. A atividade matemática
35
desenvolvida no treinamento se deu através Bingo Matemático, que funcionava como
um bingo normal, tendo premiação para estimular a participação no jogo. Entretanto, ao
invés de se “cantar” os números, anunciava-se uma soma ou subtração que resultaria
no número a ser marcado.
E por fim, foram feitas também, atividades motoras, utilizadas na identidade de
movimento, que cada participante manteve até o final do curso, e a atividade
“Confundindo os Neurônios Espelho”. Nesta atividade o monitor fazia certos
movimentos que ao invés de serem repetidos pelos participantes, significava que
tinham que fazer um movimento pré-estabelecido no início da atividade. Também foi
explicado para os idosos que suas dificuldades ocorriam devido à existência de
neurônios responsáveis por imitar os movimentos que vemos.
É importante ressaltar que em todas as atividades, utilizavam-se muitos reforços
positivos na forma de elogios e se confirmava sempre que o mais importante da
atividade não eram os acertos e sim a tentativa da evocar. Foi explicado que acertando
ou não, o fato de tentar lembrar ativaria os axônios e a memória começaria seu
processo de fortalecimento. Tendo em vista que pessoas idosas podem ter diminuição
na velocidade de evocação todo e grupo era orientado para aguardar mais tempo pelas
respostas de seus colegas, oportunizando mais êxito na evocação.
Ao final do curso, foi entregue uma cartilha ilustrada, didaticamente elaborada,
com resumo das informações que foram ministradas durante todo o curso. Nesta
cartilha havia a figura do neurônio, com as estruturas ensinadas; um esquema do
hipocampo e como armazena as informações; além de exercícios de “Sudoku”.
36
4.3. Descrição dos testes utilizados
Os testes (memória de associação, memória lógica e o MEM ) foram aplicados
no início do curso, repetidos e comparados com os resultados do final do curso.
Os testes utilizados foram os seguintes: o teste de memória por associação de
palavras e o teste da história (Anexo 1). O teste de memória por associação de
palavras, consiste em uma lista de 10 palavras dispostas em pares e com alguma forma
de associação entre si (sinônimos, antônimos ou palavras que podem aparecer juntas).
Após breve explicação do procedimento, os dez pares eram lidos pausadamente, e no
final da leitura começava-se a ler a primeira palavra de cada par, e esperava-se que o
idoso dissesse qual estava pareada com ela. Para a análise deste teste, era pontuada
cada resposta correta. A pontuação máxima foi de dez (DALGALARRONDO, 2000).
O teste da história foi utilizado porque é indicado para analisar os aspectos
lógicos da memória. Faz-se a partir da leitura de uma história com quinze informações
distintas entre si que compõe a lógica da história. Explica-se para o indivíduo que ele
deve prestar atenção à história que lhe será contada. No final, pede-se que ele conte a
história para o avaliador, ou lembre de alguns aspectos dela. São pontuados todos os
fatos lembrados, mesmo que não literais (Anexo 1). A pontuação do teste da história é
de 0 a 15 (DALGALARRONDO, 2000).
O Mini-Exame do Estado Mental (NITRINI et al., 2005), em Anexo 2, é um
instrumento importante, pois tem o objetivo de descrever e avaliar os aspectos
cognitivos de pessoas idosas. É composto por trinta passos que investigam o
desempenho em várias dimensões cognitivas. Nele é observado a pontuação (escore)
total, de 30 pontos, divididos em 5 subtestes, contemplando:
• orientação temporal e espacial (0-10 pontos);
37
• memória de fixação e memória de evocação (0-6 pontos)
• atenção e cálculo (0-5 pontos);
• linguagem (0-8 pontos);
• praxia construtiva (0-1 ponto).
4.4. Descrição da análise estatística
Os dados obtidos nos testes sofreram tratamento estatístico e a diferença entre
as médias dos testes final e inicial teve foi testada através do Teste t de Student, com o
nível de significância de p<0,05. Este teste foi escolhido pois é o indicado por Levin
(1987) para se fazer a comparação de médias que são resultantes de duas
mensurações temporariamente distintas.
Através dos resultados cognitivos obtidos pelos alunos, e a indicação do
tratamento estatístico, pode-se analisar o curso da memória pertencente ao projeto da
“Escola da Memória para Idosos”, contribuindo assim para o melhoramento do curso.
38
5. RESULTADOS
A amostra desta pesquisa, que acompanhou o desenvolvimento cognitivo dos
idosos, foi formada por 10 idosos, dos quais 7 são mulheres e 3 homens,
correspondendo a 70% e 30%, respectivamente (Figura 1). A idade dos idosos da
amostra era em média 68,5 anos, com um desvio padrão (d.p.) de +8,46.
Gênero
Masculino30%
Feminino70%
Figura 1. Distribuição de gênero da amostra utilizada no trabalho (n=10).
Os idosos que participaram da amostra deste trabalho, apresentavam níveis
baixos de escolaridade (Tabela 1) sendo a média de escolaridade 4,5 anos, muitos
deles podem ser considerados analfabetos funcionais
39
Tabela 1. Distribuição da escolaridade da amostra (n=10).
Escolaridade (em anos) Freqüência (%)
0 |----- 2 40%
2 |----- 4 40%
4 ou mais 20%
Total 100%
A pontuação máxima (escore) do MEM é 30. Os testes de memória por
associação de palavras e o teste da história tinham no máximo 10 e 15 pontos,
respectivamente. A Figura 2 mostra os resultados das médias dos três testes e sua
pontuação total com os respectivos erros padrão. Analisando os valores médios antes
da aplicação do curso (pré) e depois da aplicação do curso (pós), observa-se diferença
significativa nos valores do MEM dos primeiros testes quando comparados com os
valores dos segundos testes.
Comparando-se os valores médios do teste de associação e os valores médios
do teste de memória lógica, das pessoas em estudo, estes não apresentaram
diferenças significativas.
40
Figura 2. Média (� + E.P.M. por escore) dos escores obtidos nos Testes Mini-Exame do Estado Mental (MEM), Teste de Associação de palavras e Teste Memória Lógica. (**) Indicando diferença significativa entre as médias (p<0,01).
O Mini-Exame (MEM) é dividido em subtestes, todos os subtestes foram
analisados. Na figura 3 apresentam-se as médias dos resultados encontrados. O
subteste Orientação tem no máximo 10 pontos; Atenção e cálculo, 5 pontos; Memória, 6
pontos; Linguagem, 8 pontos; e Praxia construtiva, apenas 1 ponto. (Figura 3).
Pontuação dos Testes
0
5
10
15
20
25
30
MEM
Associação
Lógica Teste
Escore
pré pós
**
41
Mini-Exame do Estado Mental
0
2
4
6
8
10
12
Orientação Atenção eCálculo
Memória Linguagem PraxiaConstrutiva
Subtestes
Esc
oree
pré
pós
Figura 3. Apresentando os escores (X + E.P.M. por escore) dos subtestes que formam o Mini-Exame do Estado Mental. (*) Demonstrando diferença significativa entre as médias (p<0,05).
Analisando os resultados dos valores médios nos cinco subtestes que compõem
o MEM, observa-se que o único que apresentou diferença significativa entre as médias
do primeiro teste quando comparado com as médias do segundo foi o subteste de
atenção e cálculo. Observa-se uma diferença considerável entre os valores médios no
subteste que avaliou a memória. Entretanto a média do teste após a aplicação do curso
da memória não foi significativamente maior quando comparada com a média do teste
aplicado antes do curso.
*
42
Subteste Memória (MEM)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
Fixação Evocação
Subtestes
Esco
re pré
pós
Figura 4. Diferenças entre as médias (� + E.P.M. por escore) dos quesitos Fixação e Evocação que compõem o subteste de memória do Mini-Exame do Estado Mental (MEM). (QS) Indicando uma diferença quase significativa entre as médias (p=0,053).
Para os valores médios do subteste que avaliou a memória, conforme a figura 4,
analisou-se separadamente a memória de fixação e a memória de evocação,
desmembrando-se as médias.
QS
43
6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Tendo em vista o objetivo deste trabalho de avaliar e comparar os testes
aplicados no início e no final do curso, os resultados mostraram que as atividades
cognitivas desenvolvidas com a população idosa são na sua maioria significativas e
pode ser um dos fatores que proporcione mais autonomia e independência para os
idosos.
No grupo que cursou o treinamento da memória, houve a prevalência de
mulheres em relação ao número de homens. Esta situação é muito comum nos vários
lugares em que os idosos se reúnem. Um dos motivos pode ser a prevalência
populacional, uma vez que entre idosos o público feminino era de 55% em 2000, o que
Camarano (2006, p.90) descreve como a “feminização da velhice”. De acordo com a
mesma autora, esta feminização pode se explicada, principalmente, pela baixa
mortalidade da população feminina. Outro motivo, segundo Sais, Ploner e Strey (2003),
pode ser a prevalência de mulheres nos grupos que atendem idosos. Os autores ainda
citam vários motivos para esta prevalência de mulheres nos grupos, como o maior
número de atividades voltadas ao público feminino, a direção destes locais ser
geralmente feminina e o fato de muitos idosos do gênero masculino continuarem
desempenhando sua função. A população desta pesquisa é proveniente de um centro
de atendimento a idosos de Itajaí, assim, a amostra parece replicar o perfil da
população brasileira.
Verificando-se os níveis de escolaridade da amostra (Tabela 1), encontra-se um
nível de escolaridade relativamente baixo, ou seja, 4,55 anos de estudo. Apenas dois
44
alunos apresentavam escolaridade superior a 4 anos. Quando comparadas às médias
da população brasileira, mostra-se ligeiramente superior, pois o tempo de estudo é de
3,4 anos para as mulheres e 3,8 para homens, em 2003 (CAMARANO, 2005). Deve-se
ressaltar que a população da região sul apresenta níveis de escolaridade mais altos,
quando comparados aos da população brasileira em geral. Estes dados poderiam ser
diferentes se a amostra em estudo não fosse composta majoritariamente por mulheres,
gênero que antigamente não “necessitava” de escolarização.
Na Figura 2 a diferença entre as médias das pontuações obtidas no Mini-Exame
(MEM) apresentam diferença significativa (Teste t, p<0,05), e também diminuição no
erro padrão, quando comparados os resultados pré e pós-teste, sugerindo um resultado
final mais homogêneo que os do início do curso. Esta diferença foi encontrada também
nos estudos de Souza e Chaves (2003). Pode-se ver que este tipo de treinamento,
apresenta concretamente um importante papel no melhoramento cognitivo dos idosos.
O estudo de Almeida, Beger e Watanabe (2007), que também utilizou o MEM, e
assemelha-se com este em alguns pontos, só teve aplicação do teste no início do
curso, como caracterização da amostra, sem uma comparação com o estado mental
final.
Apesar de ser um resultado interessante, o Mini-Exame (MEM) avalia o estado
mental como um todo (BRUCKI 2003; NITRINI et al., 2005), e não somente a memória,
que é o foco desta pesquisa. Os testes de memória, por associação e lógica
especificamente (Figura 2), não apresentaram diferença significativa. Entende-se que
este resultado possa refletir a necessidade de técnicas mais efetivas quanto a
estimulação da memória por associação e memória lógica.
45
Algumas estratégias aplicadas no curso foram as técnicas de fixação, priorizando
a repetição de informações. A atividade de repetição cumulativa aconteceu em muitos
encontros, o que deve ter propiciado a atividade de fixação rápida de informações. Sé e
Lasca (2005) enunciam que a repetição é um método de fixação de memória, pois
fortalece o registro da informação.
Observou-se o uso de repetição no curso da memória, porém, não foram
ministradas muitas técnicas de associação e lógica. As técnicas de associação de
informações são aquelas que associam fatos pelo seu significado, ou com informações
antigas, ou até mesmo fazer associação em blocos de informações novas (SÉ; LASCA,
2005). As atividades do curso da memória tinham como objetivo primar por outros
métodos de armazenamento, como por exemplo, a mobilização emocional dos
participantes.
Quanto à estimulação da memória lógica, foi realizada apenas por uma atividade
no curso, o Sudoku. Este tipo de atividade auxilia mais nos processos de atenção, afinal
pode ser considerado um problema de confinamento, no qual há detalhes e regras que
vão levar o indivíduo ao resultado final. Existe apenas um modo de fechar o jogo, salvo
raras exceções. O cálculo exigido pelo jogo se limita à contagem, dos números de 1 a 9
(SIMONIS, 2005). Desta forma, pode-se confirmar que técnicas mais efetivas quanto à
estimulação da memória por associação e memória lógica devem fazer parte do curso
como estratégia de ação.
O aumento na pontuação alcançada no Mini-Exame do Estado Mental pode ser
advindo de qualquer dos subtestes pertencentes a ele, destarte, os subtestes do MEM
foram desmembrados, para se ter maior confiabilidade no desempenho dos
participantes no teste.
46
Na Figura 3, que apresenta os resultados separados para cada subteste com a
média de pontuação, o que mais se evidencia é a melhora no desempenho obtido em:
atenção e cálculo, subteste de 5 pontos; memória, formado pelos pontos de memória
de fixação e evocação (6 pontos); e linguagem com 8 pontos.
No entanto, o único subteste que apresentou diferença significativa foi o de
atenção e cálculo. Durante o curso sobressaíram-se duas atividades que valorizavam o
cálculo, mas eles não aconteceram em apenas uma aula cada. Uma das atividades é o
“Sudoku”, que necessita atenção e contagem de números, mas não a soma (SIMONIS,
2005), esta atividade foi apresentada aos idosos e se prolongou por três encontros. A
criação e utilização do bingo matemático no curso, atividade esta que também
demandou atenção, além da soma dos números cantados para a marcação do número
correto, pode ter auxiliado nos resultados uma vez que estas capacidades (atenção e
cálculo) eram necessárias, afinal se não houvesse atenção, não haveria informação
(números a somar), e a informação não era apresentada pronta (resultado do cálculo).
O bingo matemático foi executado em dois encontros.
Estas duas atividades, o Sudoku e o bingo matemático, além de terem sido
aplicadas por um período considerável de tempo, ocorreram nos encontros próximos ao
final do curso, e da última avaliação, podendo explicar o resultado nos testes como
tendo influência da proximidade temporal. No entanto, os resultados também podem
demonstrar resultados quanto a eficácia das estratégias do curso, uma vez que estas
atividades são diferentes quando comparadas com o que é exigido no subteste
pertencente ao MEM (subtrair 7 de 100 por 5 vezes consecutivas).
Para o subteste de memória, apesar do resultado não significativo, a
diferenciação foi considerável (p=0,092). Também não foi encontrada diferença
47
significativa nos resultados do experimento de Souza e Chaves (2003) para memória,
especificadamente. As autoras sugeriram em seu estudo, a utilização de outros testes
de memória que permitissem melhor avaliação, no entanto os resultados apresentados
não são tão consistentes quanto os resultados deste trabalho.
Quando separados os resultados médios das duas partes do subteste de
memória, fixação e evocação (Figura 4), a diferença entre as médias se mostra mais
significativa para o teste de fixação (p=0,053), mas não para o teste de evocação.
Revendo as atividades do curso, pode-se perceber que apesar de serem
utilizadas técnicas para distração e rememoração, além de recapitulação do último
encontro, estas tarefas não eram obrigatórias, apenas eram apresentadas e discutidas
como elementos que podem desviar a atenção e dificultar o armazenamento de
informações na memória. Os testes, então, expressam o direcionamento adotado e as
capacidades que podem ser estimuladas pelas atividades que foram desenvolvidas.
Quanto às médias dos subtestes de orientação e praxia, não houve diferenças.
No entanto, os idosos apresentaram, em sua maioria, pontuação total no pré-teste, o
que dispensou o trabalho de estimulação destas capacidades.
Além dos dados analisados, também pode-se considerar como positivo o
testemunho dos idosos, que informavam modificações no seu dia-a-dia após o curso da
memória. Muitos relataram maior capacidade para concentração e que algumas
técnicas desenvolvidas do curso e reforçadas na cartilha, estavam modificando do seu
cotidiano. Exemplificado no informativo on-line da prefeitura (PRADO, 2007), onde uma
idosa afirma que o curso foi importante pela interação com outros idosos, aprendizado
sobre neurociência, e da importância de se manter o cérebro ativo.
48
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com os resultados, pode-se dizer que é possível criar ambientes que
estimulem as capacidades cognitivas do idoso. Acredita-se na viabilidade da
implantação de um serviço permanente, que atenda idosos em pequenos grupos (10 a
15 idosos) para que estes possam ser estimulados cognitivamente, proporcionar
interação social, melhorar a auto-estima e a auto-eficácia destas pessoas.
Além disso, parece importante a aplicação de testes que avaliem a capacidade
do idoso antes de se iniciar as atividades. Isto proporciona dados para analisar e
acompanhar a aprendizagem. Tais fatores proporcionam informações sobre as
características do público atendido, norteando o trabalho a ser desenvolvido.
Outras técnicas, conforme discutidas neste trabalho, não tinham necessidade de
ser trabalhadas, já que, os resultados dos testes iniciais não apresentaram déficit, como
por exemplo a praxia.
Ainda assim, para os idosos participantes, a “Escola da Memória para Idosos”
lhes permitiu maior conhecimento sobre suas capacidades e rememoração de
memórias antigas. Este tipo de proposta por si só já proporciona interação social, que
pode proporcionar melhor qualidade de vida.
Este programa, além do seu enfoque sobre a memória, apresenta uma
característica importante que é propiciar o desenvolvimento e/ou a manutenção da
autonomia e da independência dos idosos frente aos seus compromissos e
responsabilidades, além de poder promover a saúde cognitiva dos idosos.
49
De acordo com a amostra apresentada, e o desenvolvimento do curso,
ressaltam-se alguns pontos:
• A importância de grupos pequenos (de 10 a 15 idosos);
• O estímulo de métodos de fixação como a associação e lógica;
• A aplicação de testes, como por exemplo o Mini-Exame do Estado Mental para
nortear um trabalho apropriado à população atendida.
• Favorecer a divulgação dos cursos com o da “Escola da Memória” para que
possa ser aplicado em outros locais.
Para novas pesquisas na área, sugere-se sempre a utilização do Mini-Exame
(MEM), para delimitação e caracterização da amostra, assim como o uso de outras
avaliações de memórias, como lista de animais, Ray Auditory Learning Test, span de
dígitos, o GDS (Escala de Depressão Geriátrica) entre outros.
Faculta-se, também, a possibilidade de se estudar algumas das atividades
desenvolvidas separadamente. Desta forma, seria possível delimitar quais aspectos
cognitivos uma atividade em questão pode desenvolver.
50
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54
APÊNDICE 1 – Termo de Consentimento de Uso de Dados Viemos por meio deste, solicitar permissão para utilizar os dados coletados na Escola da Memória para Idosos em uma pesquisa intitulada “Análise do efeito de exercícios mnemônicos e estimulação cognitiva desenvolvidos na “Escola da Memória para Idosos” no município de Itajaí-SC. Esta pesquisa está sendo desenvolvida por Márcia Ghisi Mezadri e André Luiz Thieme. Seu consentimento é voluntário e não implica em nenhum retorno financeiro. Esta pesquisa destina-se ao conhecimento do efeito de exercícios e estimulação da memória através de recursos de ensino Para isso, estaremos conversando com você sobre o que achou do curso, e como você se sente hoje em relação à sua memória. Suas respostas serão mantidas em sigilo, sendo usadas somente como fonte de dados para pesquisa científica para o trabalho de conclusão do curso de Psicologia, Univali Campus de Itajaí. Os resultados da pesquisa serão divulgados em forma de trabalho científico (Trabalho de Conclusão de Curso, Artigo Científico, Livro). Telefones para contato dos pesquisadores: Márcia Ghisi Mezadri: (47) 99974389 e (47) 33416128. André Luiz Thieme: (47) 99025835 e (47) 32685561. ��������������������������� � �����������������������������
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CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO Eu, _____________________________________, RG_____________, abaixo assinado, concordo em permitir o uso dos dados obtidos no projeto “Escola da Memória para Idosos” no presente estudo. Fui devidamente informado e esclarecido sobre a pesquisa e os procedimentos nela envolvidos. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade. Local e data: __________________________ ____/____/________ Nome: ____________________________________________________________________ Assinatura: __________________________________________ �
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ANEXO 1 - Ficha de Inscrição Escola da Memória
Data Nasc. __________________ Memória remota É casado (a)?_____________________________________ Com que idade casou? _____________________________________ Como se chama seu esposo? _____________________________________ Tem filhos? _____________________________________ Como eles se chamam? ___________________________________ Que idade eles têm? ___________________________________ Onde nasceu? ___________________________________ Foi à escola? ___________________________________ Lembra-se do nome de algum professor? ___________________________ De algum colega de escola? ___________________________________ Como era a cidade de sua infância e a de sua juventude? ___________________________________ O que já fez, em termos de trabalho ou atividade, no passado? ___________________________________ Como aprendeu? ___________________________________ Em que eleições você votou? ___________________________________ Lembra-se do nome dos últimos presidentes da república? ___________(nº de acertos) Memória recente (apresentar-se ao paciente) Onde dormiu esta noite? ___________________________________ Onde estava ontem? ___________________________________ E há uma semana? ___________________________________ No mês passado? ___________________________________ O que comeu ontem? ___________________________________ E hoje? ___________________________________ A que horas levantou-se da cama?_________________________ Trabalhou ou estudou ontem? ___________________________________ Há quanto tempo estamos conversando? ____________________________ Quem sou eu e qual seu nome? ___________________________________ (Fazer desenho do relógio, entregar uma folha para a pessoa e pedir que desenhe a face de um relógio mostrando 9h30m) Memória verbal por associação de Palavras
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Exemplo: Alto-Baixo Grande – Pequeno [ ] __________________________________ Livro – Caderno [ ] __________________________________ Cadeira – Móvel [ ] __________________________________ Chuva – Barro [ ] __________________________________ Criança – Brinquedo [ ] __________________________________ Sol – Verão [ ] __________________________________ Monstro – Medo [ ] __________________________________ Rio – Água [ ] __________________________________ Dinheiro – Luxo [ ] __________________________________ Professor – Escola [ ] __________________________________ Memória Lógica (Pedro) [ ], (de 23 anos) [ ], (ajudante de mecânico) [ ], (morador de Hortolândia) [ ], (foi ao cinema) [ ], (com sua namorada) [ ]. (Na saída da sessão) [ ] (viu um assalto) [ ]. (Dois homens fortes) [ ], (come revólveres na mão) [ ], (disseram a uma velha) [ ] (que entregasse a bolsa) [ ]. (Ela ficou nervosa) [ ], (caiu no chão) [ ], (bateu a cabeça) [ ] e (foi levada ao hospital) [ ]. Pedir para repetir em seguida.
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ANEXO 2 – Mini-Exame do Estado Mental Paciente: ________________________________________________ Data de avaliação: __________ Avaliador: ______________________ Orientação Temporal Dia da Semana (1 ponto) ( ) Dia do Mês (1 ponto) ( ) Mês (1 ponto) ( ) Ano (1 ponto) ( ) Hora aproximada (1 ponto) ( ) Orientação Espacial Local específico (andar ou setor) (1 ponto) ( ) Instituição (residência, hospital, clínica) (1 ponto) ( ) Bairro ou rua próxima (1 ponto) ( ) Cidade (1 ponto) ( ) Estado (1 ponto) ( ) Memória Imediata Ditar: carro, vaso, tijolo. Posteriormente pergunte ao paciente pelas 3 palavras. Dê 1 ponto para cada resposta correta. ( ) Depois repita as palavras e certifique-se de que o paciente as aprendeu, pois mais adiante você irá perguntá-las novamente. Atenção e Cálculo (100-7) sucessivos, 5 vezes sucessivamente (93,86,79,72,65) (1 ponto para cada cálculo correto) ( ) Evocação Pergunte pelas três palavras ditas anteriormente (1 ponto por palavra) ( ) Linguagem 1) Nomear um relógio e uma caneta (2 pontos) ( ) 2) Repetir “nem aqui, nem ali, nem lá” (1 ponto) ( ) 3) Comando:”pegue este papel com a mão direita, dobre ao meio e coloque no chão (3 pontos) ( ) 4) Ler e obedecer:”feche os olhos” (1 ponto) ( ) 5) Escrever uma frase (1 ponto) ( ) 6) Copiar um desenho (1 ponto) ( ) Escore: ( / 30)
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ANEXO 3 – Fotos
Reprodução de um Neurônio feito pelo aluno O.G. 74 anos, na recapitulação de conteúdo, observa-se apenas um equívoco quanto à posição da palavra telodendro.
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Neurônio representado através de massa de modelar após explicação prévia da morfologia evidenciando as estruturas: Dendritos, Corpo, Núcleo, Axônio e Telodendro.
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Criação artística do esquema de processamento de informações feita pelo hipocampo, estimulada após explicação de seu funcionamento.
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Junção dos neurônios de massa formando uma rede neuronal.
62
Atividade de resolução do Sudoku (Números Cruzados), realizada em grupo.