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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ- UNIVALI VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E CULTURA ESCOLA DE SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO - MESTRADO PROFISSIONAL AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA NA ALFABETIZAÇÃO COMO FATOR DE COMPREENSÃO E EMPODERAMENTO DE CRIANÇAS: UM ESTUDO DE CASO Itajaí /2019

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ- UNIVALI VICE-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Renata Del Antonio 2019.pdf · (Cópia de computador (Printout(s)). Dissertação apresentada

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ- UNIVALI

VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E

CULTURA

ESCOLA DE SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM SAÚDE E

GESTÃO DO TRABALHO - MESTRADO PROFISSIONAL

AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA NA ALFABETIZAÇÃO COMO

FATOR DE COMPREENSÃO E EMPODERAMENTO DE CRIANÇAS: UM

ESTUDO DE CASO

Itajaí /2019

4

RENATA DEL ANTONIO

AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA NA ALFABETIZAÇÃO COMO

FATOR DE COMPREENSÃO E EMPODERAMENTO DE CRIANÇAS: UM

ESTUDO DE CASO

Dissertação apresentada como requisito parcial a

obtenção do título de Mestre no Programa de Pós-

graduação Stricto Sensu em Saúde e Gestão do

Trabalho - Mestrado Profissional, da Universidade

do Vale do Itajaí.

Orientadora: Profa. Dr

a. Yolanda Flores e Silva

Linha de Pesquisa: Educação na Saúde e Gestão

do Trabalho na Perspectiva Interdisciplinar

Itajaí / 2019

5

Ficha Catalográfica

Bibliotecária Eugenia Berlim Buzzi CRB 14/493.

D37a Del Antonio, Renata, 1979-

Aquisição da linguagem escrita na alfabetização como fator de compreensão e empoderamento de crianças [Manuscrito]: um estudo de caso. / Renata Del Antonio. – Itajaí, SC. 2019

f.148 ; il. ; quad. ; mapa ; graf.

Inclui Referências bibliografias. (Cópia de computador (Printout(s)).

Dissertação apresentada como requisito parcial a obtenção do título de Mestre no Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Saúde e

Gestão do Trabalho - Mestrado Profissional da Universidade do Vale do Itajaí.

“Orientadora: Profa. Dr

a. Yolanda Flores e Silva”.

“Linha de Pesquisa Educação na Saúde e Gestão do Trabalho na Perspectiva Interdisciplinar”.

1. Educação infantil. 2. Empoderamento. 3. Linguagem escrita.

4. Saúde. I. Universidade do Vale do Itajaí. II. Título.

CDU: 372.3

6

7

“A aprendizagem, os conhecimentos

que se adquirem, educam, e isto

não se deve subestimar. Mas, para

que os conhecimentos eduquem, é

preciso educar uma atitude frente

aos conhecimentos. ”

Leontiev (1978)

8

Agradecimentos:

Talvez essa seja a parte mais difícil de ser escrita, a parte onde ao certo não

sabemos a quem agradecer que exista o medo constante do esquecimento de alguém ou

de fatos de nos levam a esta conquista. Mas tentarei fazer, tentarei ser a mais honrosa

possível neste agradecimento.

Primeiramente pedirei a Deus a permissão de agradecer a ele em segundo plano,

apesar de saber e acreditar que tudo dele provem e admito que a ele louvei, ofereci

muito de meu cansaço e por muitas vezes pedi forças (e talvez sanidade mental) para

continuar. Mas gostaria de passar a frente de tudo minha família, que me forneceu

educação, afeto e me constituiu enquanto ser humano, em especial minha mãe, que me

fortaleceu e incentivou nesta caminhada e a meu pai que apesar de não estar mais

presente entre nós deve estar um “cado” orgulhoso.

Meu imenso obrigada, a Profa. Dra. Yolanda Flores e Silva, que com paciência e

sabedoria, me guiou e orientou nessa caminhada, sabendo entender meus anseios e

inseguranças. A ela devo um novo olhar crítico às realidades sociais do mundo. Por

conta dela posso dizer que me tornei melhor, não só no crescimento profissional, mas

também enquanto pessoa.

Aos meus colegas de serviço, ao CME/HU/UFSC, que aguentaram minha

agitação, que muitos ouviram: “gente, me deixa acabar o mestrado que eu faço”. Que

muitas vezes me incentivaram sem nem saber, que me chamar de “Pereirão” me dava

forças para continuar sendo e mantendo meus planos de vitória. E eles sabem o quanto

sempre desejei estar no mestrado e futuramente no doutorado.

Aos colegas/amigos do mestrado (turma 15- MPSGT), todos são especiais nesta

caminhada, mas sempre rola aquela afinidade em especial, aquele povinho que rouba

seu coração, que cria aquela afinidade com direito a batatinha frita e Chopp, aquela

afinidade de contar os problemas de estudo e de vida, que quando estamos ruins

podemos mandar um WhatsApp, aquela que espero dure para sempre. Já sinto saudades:

Aldry, Marcelo, Théo, Grazielli, Marcos, Sandro e Thiago; vocês estarão sempre

presentes em minha história.

A Univali que marcou minha graduação e marca mais uma vez minha trajetória

através do conhecimento. Que aos poucos vai me moldando e esculpindo com saberes e

crescimento.

9

Resumo

DEL ANTONIO, Renata. A aquisição da linguagem escrita na alfabetização como

fator de compreensão e empoderamento de crianças: um estudo de caso. 2019.

145f. Dissertação. (Mestrado Profissional) Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu

em Saúde e Gestão do Trabalho). Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, SC. 2019.

Um dos principais fatores que explicam as condições de analfabetismo refere-se à

escolaridade. No entanto, apesar dos melhores desempenhos estarem relacionados à

maior escolaridade, observa-se que esta não é uma relação linear e uniforme, pois existe

uma grande proporção de pessoas que chegam ao ensino médio ou superior que não

alcançam o grupo mais alto da escala de alfabetismo. Alfabetizar crianças numa

perspectiva de ofertar uma linguagem compreensiva passa a ser um ato educacional

concreto para a inserção destas na sociedade. Desta maneira, a escola se torna uma

provedora de informações de distintas áreas do conhecimento, inclusive as voltadas para

a saúde. Considerando este contexto, o objetivo desta pesquisa foi o de “apresentar os

fatores envolvidos na compreensão da linguagem escrita durante a alfabetização e o que

pode ser utilizado como instrumento e/ou tecnologia para ampliar os estímulos e a

apropriação desta linguagem desde a infância”. Foi uma pesquisa qualitativa, do tipo

estudo de caso, com base epistemológica interpretativa, onde os dados foram coletados

através de uma entrevista semiestruturada com 10 professores em uma instituição

educacional da rede pública de ensino de um município da região metropolitana de

Florianópolis. A coleta dos dados se deu de setembro a dezembro de 2018 com uma

análise que considerou três parâmetros: o saber informado pelos entrevistados, o saber

da mestranda e seu envolvimento com esta temática a partir da sua formação em

Fonoaudiologia e o saber de autores pesquisadores cujas bases de pesquisa são voltadas

a temática primária desta investigação. Após análise foi possível concluir que o

letramento e a contação de histórias foram os dois pontos mais presentes na fala dos

professores entrevistados, porem aspectos importantes como a consciência fonológica,

morfológica, fonêmica, habilidades auditivas, entre outros aspectos, também devem ser

trabalhadas como fatores essenciais para a boa aquisição da linguagem. Também se

pode concluir que muito temos a aprender, que orientações e intervenções

interdisciplinares são excelentes fontes de aprendizado para a educação das crianças,

empoderando-as para que saibam buscar apoio no cuidado a saúde física, emocional e

cultural.

Palavras-chaves: Educação Infantil. Empoderamento. Linguagem Escrita. Saúde.

10

Abstract

DEL ANTONIO, Renata. The acquisition of written language in literacy teaching as

a factor for promoting understanding and empowerment in children: a case study.

2019. 145 f. Dissertation. (Professional Master - Postgraduate Program Stricto Sensu in

Health and Work Management). Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, SC. 2019.

One of the main factors that leads to illiteracy is education. However, although the best

performances are related to higher levels of education, it is observed that this is no

linear or uniform relationship, as there is a large proportion of people who reach high

school or higher, but who do not achieve the highest levels of literacy. Literacy teaching

in children, from the perspective of offering comprehensive language, is a concrete

educational act for their insertion into society. Thus, the school becomes a provider of

information from different areas of knowledge, including health. In this context, this

research aimed to “present the factors involved in understanding written language

during literacy teaching, and that can be used as instruments and/or technology to

expand the stimuli and appropriation of this language from childhood”. This is a

qualitative case study, based on the interpretative epistemological basis. Data were

collected through a semi-structured interview with ten teachers in school of the public

education network of the metropolitan region of Florianopolis. The data collection took

place from September to December 2018, and the data were analyzed considering three

parameters: the knowledge reported by the interviewees, the knowledge of the master‟s

degree student and her involvement with this theme based on her training in Speech

Therapy, and the knowledge of authors whose research is focused on the primary theme

of this investigation. Based on the analysis, it was concluded that literacy and

storytelling were the two most present points in the discourses of the teachers

interviewed, but important aspects such as phonological, morphological and phonemic

awareness, and auditory skills, among others, should also be included, as they are

essential for good language acquisition. It was also concluded that we have much to

learn, and that interdisciplinary guidance and interventions are excellent sources of

learning for children‟s education, empowering them to know how to seek support in

physical, emotional and cultural health.

Keywords: Early Childhood Education. Empowerment. Written language. Health.

11

Lista de Ilustrações:

Figura 1: Santa Catarina 23

12

Lista de siglas

CEI Centro de Educação Infantil

CF Constituição Federal

LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MPSGT Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do trabalho

MS Ministério da Educação

SUS Sistema Único de Saúde

TCLE Termo de Consentimento Livre Esclarecido

TDC Transtornos do desenvolvimento da coordenação

UBS Unidade Básica de Saúde

UNIVALI Universidade do Vale do Itajaí

13

Sumário

Resumo ........................................................................................................................................9

Abstract ......................................................................................................................................10

Lista de Ilustrações:....................................................................................................................11

Lista de siglas .............................................................................................................................12

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO................................................................................................14

1.1Considerações Gerais ........................................................................................................14

1.2 Problema de pesquisa .................................................................................................18

1.3 Objetivos ..........................................................................................................................19

1.4 Percurso metodológico .....................................................................................................19

1.5 Plano de apresentação da dissertação ...............................................................................26

CAPÍTULO 2 – DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA ........................................................27

2.1 Reflexões teóricas sobre „Educação Infantil‟....................................................................27

2.2 A educação infantil como fator de compreensão e empoderamento .................................32

2.3 Instrumentos e estratégias de desenvolvimento da linguagem na Educação Infantil ........54

2.4 Repensando os fazeres: estimulando as crianças na apropriação da linguagem ................65

CAPÍTULO 3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................76

REFERENCIAS: ........................................................................................................................80

APENDICE A ............................................................................................................................91

APENDICE B ............................................................................................................................98

APÊNDICE C ............................................................................................................................99

APÊNDICE D ..........................................................................................................................100

APÊNDICE E .................................................................................Erro! Indicador não definido.

ANEXO 1 ................................................................................................................................108

ANEXO 2 ................................................................................................................................111

14

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.1Considerações Gerais

A construção desta dissertação começou de forma conturbada, cheia de

indecisões, mil reflexões, mudanças de pensar, mas no decorrer de minha caminhada no

mestrado pude perceber algumas respostas as minhas ansiedades pessoais, mas,

principalmente no que se refere ao meu eu profissional. Realizei um movimento

dolorido de desdobrando do meu “saber”, de minhas “verdades únicas”, de minhas

dúvidas e por muitas vezes de minhas fraquezas, mas este movimento se tornou a

certeza do meu querer e força para a longa caminhada que acredito hoje defender.

O Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do trabalho (MPSGT) com sua

proposta interdisciplinar nos leva a uma caminhada interdisciplinar, nos remetendo ao

entendimento dos sujeitos de forma mais ampla e não mais em “picotes” profissionais.

Esta dissertação vai além do sonho de um mestrado, além de um título. Acredito em

uma sociedade mais justa e igualitária, em um país de chances iguais, sendo assim me

lanço a um universo único, por sua beleza e dificuldade, por sua importância

incompreendida descrita um pouco neste trabalho.

A meu ver, a educação surge como fator preponderante para esta igualdade,

sendo a base do empoderamento1 das pessoas e que, enquanto ferramenta pode ampliar

o nível de compreensão das mesmas acerca das suas necessidades e de como fazer para

supri-las. Assim começa um grande questionamento: porque, eventos com discussões

tão impactantes quanto esta não são discutidas de forma ampla na saúde?

Na conferência da Rio+20, um dos objetivos discutidos se relacionou a

Educação de todos, desde a mais tenra idade. Neste evento, a Educação foi apresentada

como uma ferramenta capaz de garantir a educação inclusiva, equitativa e de qualidade,

a fim de propiciar oportunidades de aprendizagem para todos. A „Carta da Terra‟

1 Empoderar: Ação de se tornar poderoso, de passar a possuir poder, autoridade, domínio sobre a sua

própria vida; ser capaz de tomar decisões sobre o que lhe diz respeito. Ação ou efeito de empoderar, de

obter poder. Disponível em: https://www.significados.com.br

15

voltada a Educação, destaca a importância da incorporação de ações de sustentabilidade

que propiciem o desenvolvimento das pessoas – da infância a velhice, nos diversos

campos de conhecimento. Por esta perspectiva a educação é apresentada como uma

ferramenta e/ou instrumento com capacidade de transformação e empoderamento,

propiciando as pessoas o acesso à informação e ao conhecimento, assumindo um papel

importante no processo educacional e de saúde, ao mostrar que o acesso e a

compreensão das informações básicas do processo de viver desde a fase escolar infantil

é um fator determinante para a melhoria de vida com a diminuição e/ou o declínio da

pobreza promovendo prosperidade, bem-estar e uma vida mais saudável e de qualidade

(ONU, 2015). Até mesmo quando pensamos em envelhecimento saudável, devemos

pensar na infância como um momento, onde não somos preparados e muitas vezes

somos podados em muitas ações importantes para um ótimo processo de

autoconhecimento e autonomia, tornando difícil e/ou quase impossível alcançarmos o

ponto máximo de nossas capacidades.

Mediante este contexto, acreditamos ser a escola um espaço que se enquadra

socialmente como provedora de possibilidades, capazes de nos propiciar uma educação

envolvendo abordagens distintas, considerando as diferenças sociais, culturais e

econômicas e as particularidades de cada um de nós desde a infância. A escola, através

de instrumentos e estratégias que propiciem maior compreensão e desenvolvimento de

capacidades pessoais, principalmente no atual momento político, social e econômico de

guerras e intolerâncias que ocorrem no planeta, deveria ser o espaço capaz de nos levar

a luta pela igualdade, solidariedade e paz. Nesse sentido, percebemos que desde os

primeiros contatos com a escola, todo o processo de letramento e alfabetização, deveria

estar inserido em um contexto de ampliação das possibilidades de nossas crianças

obterem empoderamento, autonomia e discernimento sobre o mundo e o futuro que as

espera. Mas, como tornar isto possível? Como a alfabetização, o letramento com o

domínio da linguagem pode ampliar o universo de reflexão das pessoas desde a

infância?

A alfabetização de maneira democrática, através de uma linguagem

compreensiva, é essencial para a construção de uma vida digna a todos, pois prima pela

16

inserção social e desenvolvimento (GONZÁLEZ; MELLO, 2016). O domínio da

linguagem é um produto cultural necessário para o processo comunicativo e para o

desenvolvimento do pensamento. Da mesma forma, a alfabetização é uma aquisição

humana que vai além da apropriação do alfabeto (OLIVEIRA; DE SOUSA BRAZ-

AQUINO; SALOMÃO, 2016). Nesta linha de pensar Mandrá e Diniz (2011) afirmam

que existe significativa incidência de encaminhamentos de crianças em idade escolar

para serviços de atendimento clínico, por não avançarem no processo de alfabetização,

trazidas por queixas relacionadas a dificuldades neste processo.

Frente a estes dizeres e teorias, revejo minha prática profissional, onde

constantemente deparo-me na atuação clínica em Fonoaudiologia, com crianças que

apresentam dificuldades de leitura e escrita e desde cedo são diagnosticadas com

problemas de aprendizagem, marcadas com o discurso predominantemente centrado nas

incapacidades de aprendizagem e de acompanhamento da turma. Este tipo de demanda,

cada vez mais presente na realidade do trabalho que realizo como Fonoaudióloga, a meu

ver traz consequências devastadoras para as crianças e suas famílias. E, nesse sentido, a

educação e particularmente a alfabetização engajada é um elemento importante para o

empoderamento e inclusão social, porque transforma a educação não somente como um

ato constitutivo educacional, mas, também, como fator essencial voltado ao

crescimento, bem-estar e vida saudável.

Diante das dificuldades apresentadas desde a primeira etapa educacional, dois

aspectos se fazem de grande importância nesta pesquisa, um refere-se a compreensão de

quais fatores estão relacionados ao processo de alfabetização e um segundo aspecto de

como elaborar e /ou adequar, em parceria com os professores, um instrumento capaz de

estimular as crianças na apropriação destes aspectos.

Desta forma, o objetivo geral desta pesquisa foi: apresentar os fatores

envolvidos na compreensão da linguagem escrita durante a alfabetização e o que pode

ser utilizado como instrumento e/ou tecnologia para ampliar os estímulos e a

apropriação desta linguagem desde a infância.

17

Este estudo pretende colaborar com adequação de métodos e estimulação

adequada de crianças que estejam no pré-escolar, possibilitando assim o a criação de

suportes que possam priorizar as capacidades preliminares de alfabetização ainda na

educação infantil. Ai muitos me perguntam: “qual a relação da educação infantil com

saúde?”

Responder esta questão envolve assumir preceitos e crenças pessoais e

profissionais sobre a interligação de todos os elementos que compõem a vida com a

nossa forma de ver e cuidar de si. Em nossa constituição federal de 1988 (CF/88), em

seus artigos 196 e 205, nos remete a educação e a saúde como um direito de todos e um

dever do estado. A educação apesar de ser entendida como fundamental para o

desenvolvimento dos indivíduos, em muito ainda não assume seu papel de importância

em nossa sociedade. Em especial a educação infantil, que para muitos é vista como um

processo voltado muito mais para o cuidado de crianças na ausência de seus

responsáveis, do que para orientações e ensinamentos que remetem inclusive ao cuidado

de si e a saúde. No entanto, a educação infantil em sua essência tem muito mais a

oferecer, do que o estabelecido no senso comum, já que é nesta fase que que a criança

desenvolve capacidades e competências fundamentais para o seu pleno

desenvolvimento. Incluindo-se o cuidado a saúde enquanto processo voltado para a

promoção da saúde

Desta maneira, esta pesquisa torna-se importante se pudermos demonstrar a

importância de compreendermos os fatores envolvidos na aquisição da linguagem

escrita durante a alfabetização e quais destes fatores podem ser desenvolvidos durante a

educação infantil, ajudando-a não apenas no processo de ler, escrever e se comunicar,

mas, orientando-a para outros elementos do viver humano, essenciais para se tornarem

empoderadas na adolescência e vida adulta. Com este olhar e perspectiva é que

buscamos através de uma abordagem qualitativa a obtenção de informações a respeito

do que se faz em um Centro de Educação Infantil público. Nossa ideia não é

problematizar no sentido de fazer uma avaliação sobre o que é certo ou errado, mas, sim

de mostrar o que se faz e refletir sobre como é possível melhorar esta realidade

18

ampliando e/ou adequando ações e práticas realizadas no cotidiano deste serviço

voltado ao público infantil.

1.2 Problema de pesquisa

Ao pensarmos em educação, observamos a mesma como sendo um dos maiores

bens de um povo, e, que uma boa educação começa nas séries iniciais, favorecendo uma

alfabetização de qualidade. No entanto, seja em nosso país ou em outros considerados

na periferia do desenvolvimento, o processo inicial de acompanhamento de crianças,

particularmente na alfabetização tem por muitas vezes resultado em insucessos, que

levam a uma defasagem muito grande em todas etapas seguintes do processo

educacional (MARTINS; SPECHELA, 2012).

No entanto, apesar dos melhores desempenhos estarem relacionados à maior

escolaridade, observa-se que não existe uma relação linear e uniforme, pois existe uma

grande proporção de pessoas que chegam ao ensino médio ou superior com claros sinais

de alfabetismo funcional (LIMA; RIBEIRO; CATELLI JR, 2016). A crescente

conscientização da importância da educação infantil nos primeiros anos de vida e no

desenvolvimento posterior, em aspectos sociais e educacionais, tornou-a uma

preocupação mundial, ocasionando a procura por melhores abordagens no que se refere

a cuidados e a educação de crianças desde o nascimento aos cinco anos (HAMS, 2013).

As creches e a pré-escola deveriam acolher a criança para uma vivencia com

outras crianças e ao mesmo tempo para expandir seus conhecimentos, assim como os de

sua família e da comunidade no qual está inserida. A proposta pedagógica articulada a

esses universos busca a diversificação oferecida à criança através das diferentes

aprendizagens (BRASIL, 2016). Contudo, não é desta forma que a educação infantil

vem ocorrendo, existe uma subvalorização da mesma quanto a sua essência,

abrangência e significado. E esta é uma realidade que levou (ou trouxe) a motivação

desta pesquisa, considerando as seguintes questões:

19

• Quais fatores estão associados ao processo de alfabetização de crianças

do pré-escolar?

• Elaborar e /ou adequar em parceria com os professores um instrumento

e/ou tecnologia capaz de estimular as crianças na apropriação da linguagem escrita e

empoderamento durante o processo de alfabetização?

1.3 Objetivos

GERAL:

• Apresentar os fatores envolvidos na compreensão da linguagem escrita

durante a alfabetização e o que pode ser utilizado como instrumento e/ou tecnologia

para ampliar os estímulos e a apropriação desta linguagem desde a infância.

ESPECÍFICOS:

• Descrever a compreensão dos professores da educação infantil acerca do

processo de alfabetização e os fatores necessários a um melhor desempenho das

crianças na aprendizagem da linguagem;

• Descrever as estratégias e instrumentos que os professores utilizam no

aprendizado da linguagem das crianças no cotidiano da sala de aula;

• Elaborar e /ou adequar em parceria com os professores um instrumento

e/ou tecnologia capaz de estimular as crianças na apropriação da linguagem escrita e

empoderamento durante o processo de alfabetização.

1.4 Percurso metodológico

Os aspectos que envolveram a organização metodológica desta investigação

envolveram coleta de dados bibliográfica e documental com perfil bibliométrico, coleta

observacional do espaço selecionado para o estudo e entrevistas de profissionais da

educação de um centro infantil público de um município da região metropolitana de

Florianópolis. Neste tópico mostraremos inicialmente como foi realizada a primeira

20

etapa de estudo (relativa a fundamentação teórica) e em seguida as etapas do trabalho de

campo com as observações e entrevistas.

A – A Organização do estudo bibliográfico / documental

Para estruturação inicial desta dissertação foi realizada uma coleta de dados

bibliométricos com a identificação de artigos científicos na base de dados BVS

(Biblioteca Virtual em Saúde) e CAPES que obedeceu aos seguintes critérios: utilização

dos descritores educação, alfabetização e linguagem infantil em português e inglês:

education, literacy and children‟s language e em espanhol: educación, alfabetización y

bero-am infantil.

Além destes critérios, outros critérios foram adotados para inclusão de

referências bibliográficas e também documentais: disponibilidade na integra de forma

gratuita, estar nos idiomas português e inglês, fornecer informações pertinentes à

alfabetização, linguagem e educação que propiciem esclarecimento sobre a temática

proposta e o alcance dos objetivos e que os artigos tenham sido publicados nos últimos

33 anos (1987-2019). Como critérios de exclusão: artigos incompletos, bases de estudos

relacionadas a síndromes ou diagnósticos de deficiências intelectuais e mentais ou que

não forneciam informações ou discussões referentes aos objetivos desta proposta de

pesquisa.

Para facilitar a análise dos artigos elaborou-se um quadro com dados sobre ano

de publicação, descritores utilizados, periódicos, objetivo, método, resultados,

conclusões, limitações do estudo e sugestões para estudos futuros (Apêndice D)

conforme modelos a seguir (Quadro 1 e Quadro2).

21

Quadro 1: Organização Bibliográfica e Documental

Parâmetros analisados Definição

Descritores Termos/Expressões Organizados em Estruturas

Hierárquicas

Ano Ano de publicação dos artigos selecionados

Periódico Título da Publicação

Objetivo Finalidade pretendida pelo (s) autor (es) na pesquisa

Método Metodologia da Pesquisa

Resultado Resultados Alcançados

Conclusão Síntese das Conclusões

Limitações/sugestões Limitações e/ou Contribuições da Pesquisa

Fonte: Elaborado pela Mestranda (2018)

No quadro 2 apresentamos o resultado da busca bibliográfica / documental

realizada na BVS e CAPES que serviram como base para a formulação dos métodos

estabelecidos nesta dissertação.

Quadro 2: Seleção dos Artigos

Fonte Artigos Português Inglês Espanhol

Descritores Educação,

alfabetização e

linguagem

infantil.

Education,

literacy and

children‟s

language.

Educación,

alfabetización y

lenguaje

infantil.

BVS Resumos 69 526 60

Após leitura 10 31 34

CAPES Resumos 97 89 33

Após leitura 30 15 10

Fonte: Elaborado pela Mestranda (2018)

22

Nesta busca foi possível encontrar vários autores que estabelecem diversos

fatores que se destacam na literatura como desfavoráveis ao processo de alfabetização,

dentre eles:

• Fatores sociais (TAYLOR; CRHRISTENSEN; LAWRENCE, 2013;

MERZ; ZUCKER; LANDRY, 2015; ALVES; CARVALHO; PEREIRA, 2017;

BONKI; DE OLIVEIRA, 2014; DE ALMEIDA LEITE; LOURENÇO DE CAMARGO

BITTENCOURT; RODRIGUES SILVA, 2015);

• Métodos educacionais (OLIVEIRA; NATAL, 2012);

• Ludicidade (TAYLOR; CRHRISTENSEN; LAWRENCE, 2013;

VYGOTSKY, 1998);

• Letramento (RIBEIRO; SOUZA, 2012; CÁRNIO; PEREIRA; ALVES et

al, 2011);

• Habilidades metalinguísticas (HEATH; BISHOP; BLOORET, 2014);

• Linguagem verbal (KAMINSKI; BOLLI MOTA; CIELO, 2011;

BOWYER‐CRANE; SNOWLINGET; DUFF, 2008; ALVES; CARVALHO;

PEREIRA, 2017);

• Motricidade (OKUDA, 2015; DORNELAS; DUARTE &

MAGALHÃES, 2015).

A partir dos dados obtidos na pesquisa (informações bibliográficas e

documentais, entrevistas e a experiência da Mestranda/Pesquisadora) se fez a análise

destes resultados segundo as premissas da análise interpretativa de Geertz (2008).

Importante ter claro que este modelo de análise não pretende trazer resultados

definitivos e fechados, seu propósito é possibilitar a reflexão crítica sobre o papel da

escola e da família na construção da identidade de crianças na educação infantil e como

23

este percurso pode empoderá-la e trazer bem-estar, vida saudável e qualidade de vida a

sua vida adulta. Estes resultados estarão nos tópicos a seguir no formato de artigo

científico ou de texto corrido.

Para realizar a pesquisa que resulta esta dissertação cumpriram-se todos os

preceitos éticos e legais. A proposta foi registrada na Plataforma Brasil e submetida à

aprovação do Comitê de Ética da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), sendo

aprovada por esta comissão com o parecer CAAE- 90282618.3.0000.0120antes de

iniciarmos o trabalho de campo.

Ao longo do ano de 2018, a pesquisa foi realizada cumprindo os preceitos

estipulados de não maleficência, beneficência, justiça e equidade, visando assegurar os

direitos e deveres que dizem respeito aos participantes da pesquisa, à comunidade

científica e ao Estado. Nesse sentido, para a realização da pesquisa foram utilizados: o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para uso nas entrevistas com os docentes

(Apêndice A) e Roteiro de Entrevista (Apêndice B); e o Termo de Anuência da

Secretária de Educação e Escola onde se realizou a coleta de informações in loco

(Anexo 1 e 2 respectivamente);

B – Tipo de pesquisa

Trata-se de uma pesquisa do tipo qualitativa, através de um estudo de caso de

base epistemológica interpretativa onde através de leituras, observações e entrevistas

com professores, coletamos informações sobre os processos educacionais desenvolvidos

em um centro educacional infantil público. Cabe salientar que os passos metodológicos

adotados via abordagem qualitativa levam a uma proposta de pesquisa cujas bases

associam à intuição e os conhecimentos do pesquisador na área de Fonoaudiologia e

áreas afins a temática primária em estudo, que deram sustentação a pesquisa e seus

achados (GOMES, 1990).

C – Universo e população do estudo

A pesquisa, de natureza qualitativa, se deu com 10 professores de um Centro de

Educação Infantil (CEI) em uma instituição pública de um município do estado de Santa

24

Catarina, localizado na região sul do Brasil. A mesma se desenvolveu em etapas

distintas, da elaboração da proposta a sua apresentação na instituição escolhida para a

realização do trabalho de campo e posterior entrevistas com as professoras que

aceitaram participar do processo. As entrevistas (gravadas com autorização das

informantes) se deram na própria instituição em horário estabelecido pelas professoras

no período de outubro a dezembro de 2018 em uma sala reservada.

As perguntas norteadoras estavam relacionadas aos objetivos da pesquisa, com

um roteiro com questões sobre aspectos profissionais (tempo de atuação e formação) e

um segundo roteiro contendo oito perguntas abertas sobre: (1) A análise acerca do

processo de alfabetização nas escolas públicas de nosso país e os aspectos ligados ao

trabalho desenvolvido pela professora; (2) Os aspectos do território que podem ser

impactantes (de forma positiva e negativa) ao desenvolvimento da criança durante a sua

alfabetização (3) As dificuldades das crianças que chamam mais a atenção dos

professores em sala; (4) Profissionais procurados quando precisam de auxílio nas

questões relacionadas à linguagem; (5) Procedimentos e/ou encaminhamentos de

problemas relacionados à linguagem; (6) Protocolo do município e da escola com

relação a encaminhamentos externos quando a criança tem dificuldades de linguagem;

(7) Existência de trabalhos especializados dos educadores com relação às dificuldades

de linguagem ou em relação a outra dificuldade específica; (8) Trabalhos feitos na

escola com as crianças que têm problemas – explicações de como ocorre este tipo de

ação e/ou procedimento.

A fim de preservar a identidade dos participantes, a transcrição dos discursos

apresentados nos resultados e discussão foi feita utilizando as iniciais dos termos:

“Professor Entrevistado” seguido de um número segundo a ordem das entrevistas (PE1,

PE2, PE3, PE4, PE5, PE6, PE7, PE8, PE9, PE10). Devido ao pouco tempo para coleta

dos dados a seleção da instituição ocorreu por sua proximidade e facilidade de acesso a

pesquisadora, bem como, por ele não ter um profissional Fonoaudiólogo, ainda que se

tratando de CEI com muitas demandas nesta área segundo registros da própria secretaria

de educação.

25

A instituição fica na Grande Florianópolis na parte continental. Trata-se de um

centro de educação infantil exclusivamente público da esfera municipal que esta

inserido em uma comunidade carente economicamente que atende em sua maior parte

famílias de baixa renda e escolaridade. Esta localizada no município de São José no

bairro Serraria, um dos mais populosos do município com cerca de 30 mil habitantes. O

bairro possui três centros de educação infantil municipais e três escolas municipais,

parque, supermercado e farmácia, sua população varia em classe social e nível

educacional. O CEI esta localizada em rua calçada de fácil acesso, com comercio

próximo e transporte coletivo, porem em suas proximidades existe grande demanda

social, incluindo a presença de trafico de drogas e carência financeira de boa parte da

população.

O centro de educação infantil atende crianças de 4 meses a 5 anos e 11 meses.

Apresentando em seu quadro de funcionários 8 professoras efetivas. Possui

infraestrutura de ensino: Alimentação escolar, energia da rede pública, água filtrada e

da rede pública, acesso a internet rede pública de esgoto. No que se refere as instalações

de ensino temos, 8 salas, cozinha, berçario, sala dos professores, parque infantil,

banheiro adequado para as crianças com chuveiro, dependencias e vias adequadas a

alunos com deficiencia ou mobilidade reduzida, secretaria, pátio coberto e descoberto.

Figura 01: Santa Catarina

Fonte: https://viagemsantacatarina.com/mapa-de-santa-catarina/

26

1.5 Plano de apresentação da dissertação

Este documento foi elaborado em tópicos constituídos de uma „Introdução‟

onde constam tópicos relacionados a contextualização do tema, justificando sua

importância e as motivações das escolhas realizadas pela mestranda e sua orientadora.

Também estão neste tópico inicial as questões problema, os objetivos da pesquisa e o

percurso metodológico adotado.

No tópico relacionado ao „Desenvolvimento‟ da pesquisa encontram-se os

resultados da mesma subdivididos em três tópicos. No primeiro apresentamos a

fundamentação teórica e nos demais a pesquisa de campo com discussões que remetem

aos objetivos da pesquisa e as etapas de cada momento da investigação segundo o

percurso metodológico adotado.

No „Fechamento‟ do texto temos as considerações finais, referências

bibliográficas e documentais acrescidas nos apêndices e anexos.

27

CAPÍTULO 2 – DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

2.1 Reflexões teóricas sobre ‘Educação Infantil’2

O analfabetismo no Brasil esta diretamente ligado aos níveis e qualidade da

educação Brasileira (LIMA; RIBEIRO; CATELLI JR, 2016). As escolas brasileiras, de

maneira geral, não conseguem dar uma formação que permita aos indivíduos

desenvolver a leitura e escrita, nem muito menos permiti a estes interpretar e/ou

produzir textos. (MARTINS; SPECHELA, 2012).

A LDBEN- lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996)

refere a educação infantil como uma etapa da educação básica, sendo a primeira etapa

para esta educação formal, tendo como objetivo desenvolver a criança de maneira

integral até os seis anos de idade, nos aspectos psicológico, físico, intelectual e social,

sendo complementar a ação da família e da comunidade. Segundo o Ministério da

Educação (MS) os municípios deveriam até 2016 se adequar e garantir de todas as

crianças apartir dos 4 anos estejam na escola, objetivando a alfabetização de todas as

crianças no tempo adequado, preparando-as para as demais fases do processo de

alfabetização (LEONARDO; COMIOTTO; MIARKA, 2016).

Cada criança possui sua especificidade e reconhecer esta é necessário para que

se haja possibilidade de aprendizagem, existindo diferenças de ritmo e de

desenvolvimento das crianças que precisam ser consideradas na prática pedagógica

(BRASIL, 2017)

Desta forma, estar consciente da importância da educação infantil no

desenvolvimento de aspectos sociais e educacionais se faz de extrema importância.

Procurando melhorar as abordagens no que se refere a cuidados e a educação de

crianças de 0-5 anos (HAMS, 2013). No entanto devemos nos lembrar de que leis da

2 Este tópico foi elaborado a partir da revisão bibliométrica citada no tópico do percurso

metodológico.

28

educação bem como os avanços políticos no Brasil, teve sua liberdade democrática

alcançada tardiamente, podemos dizer que isso de fato vem acontecendo nos últimos

trinta anos. Assim ainda existem, principalmente de períodos anteriores e de maneira

muito latente, vestígios do autoritarismo e do poder concentrado predominante,

ocasionando o enrijecimento em práticas que deveriam ser autônomas (RODRIGUES;

ARANDA, 2017).

Importante que se diga que as conquistas voltadas à educação das crianças

incluindo-se o atendimento a educação infantil é algo novo e que necessita ser

estruturado, pois somente a expansão do acesso não significa o atendimento às

especificidades de cada criança (SOUZA; GARCIA, 2015). Nas leis de diretrizes de

bases da educação, tem a Educação Básica e a Educação Infantil como início e a base

do processo educacional, referindo à entrada da criança na creche/pré-escola para um

primeiro momento de socialização. As creches e a pré-escola acolhem a criança para

uma vivencia com outras crianças e ao mesmo tempo para expandir seus

conhecimentos, assim como os de sua família e da comunidade no qual está inserida. A

proposta pedagógica articulada a esses universos busca a diversificação oferecida à

criança através das diferentes aprendizagens (BRASIL, 2016).

Nesse sentido, a Base Comum Curricular refere à transição entre educação

infantil e educação formal como algo a ser realizado com muita atenção e equilíbrio,

para que haja uma boa integração e continuidade do processo de aprendizagem em suas

diferentes etapas. Sobre as capacidades necessárias para essa transição se faz necessário:

(BRASIL, 2017)

Expressar ideias, desejos e sentimentos em distintas situações de interação, por

diferentes meios. Argumentar e relatar fatos oralmente, em sequência temporal e causal,

organizando e adequando sua fala ao contexto em que é produzida. Ouvir, compreender,

contar, recontar e criar narrativas. Conhecer diferentes gêneros e portadores textuais,

demonstrando compreensão da função social da escrita e reconhecendo a leitura como

fonte de prazer e informação (BRASIL, 2017).

29

Nessa perspectiva, a Educação Infantil deve ser vista como uma possibilidade

de desenvolvimento infantil pleno e integral, possibilitando com atos educativos, o

cuidar e o educar como parte da prática pedagógica das instituições de ensino (SOUZA;

GARCIA, 2015). A alfabetização é uma tarefa delegada a escola e a leitura deve se

fazer presente, estimulando a aprendizagem e prevendo as dificuldades que possam

excluir as crianças deste processo (ZILBERMAN, 2008).

Essas perturbações vão ocasionar marcas na potencialidade previstas destas

crianças, podendo afetar nas interações que ajudam na construção, aquisição e uso da

linguagem. Desta maneira, a inversão da prática conhecimento-uso para a prática uso-

conhecimento, onde o uso da linguagem seja capaz de produzir mais conhecimentos

necessários no desenvolvimento da linguagem criativa, crítica e reflexiva (RIBEIRO

TAVARES; BRITO FERREIRA, 2009).

O grande indicador de que algo está errado com a educação de nossas crianças

é constantemente mostrada na mídia, há anos, Mello (2007) discutia como as crianças

da educação infantil e do ensino fundamental estavam estressadas, desinteressadas,

indisciplinadas e medicalizadas. Eram crianças que não gostavam da escola e que

resistiam a continuar frequentando uma escola que as excluía com diagnósticos e uma

série de medidas que não as ajudavam.

Frente a esta realidade temos hoje um número elevado de encaminhamentos de

crianças em idade escolar com queixas de dificuldade de leitura e escrita, ligadas a

dificuldades de sistematização de letras, dificuldades de grafema/fonema e produção

gráfica (BERBERIAN; BORTOLOZZI; MASSI, 2013).

Simões e Assencio-Ferreira (2002) em investigação sobre estes problemas,

observaram que os procedimentos atuais realizados com crianças encaminhadas do

sistema educacional para terapia fonoaudiológica, não melhorou significativamente o

quadro de linguagem das mesmas, ou seja, não tiveram melhora significativa. E os

pesquisadores se perguntaram: por que? O que não está funcionando?

30

Refletindo sobre estas questões, observamos que o Fonoaudiólogo ao assumir

sua inserção na educação infantil, assume também um papel de grande importância

neste processo (ZORZI, 1999) devendo o profissional estar preparado para uma atuação

mais crítica e reflexiva acerca da importância da educação infantil no futuro das

crianças e dos adultos, sendo esta uma preocupação a nível mundial para este milênio

(HAMS, 2013).

Do ponto de vista profissional temos desde 2010, a especialidade

„Fonoaudiologia Educacional‟ reconhecida pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia

(CFFa, 2010), contudo, precisamos ter um maior convívio com os educadores a fim de

estabelecermos, seguindo o pensamento de Oliveira e Natal (2012) onde referem que a

troca de conhecimentos e a parceria podem melhorar e facilitar a atuação

fonoaudiológica nas escolas. Ainda temos uma longa caminhada pela frente, visto que o

que vemos hoje nas pesquisas de fonoaudiologia educacional são estudos voltados

principalmente a patologias da linguagem (AMARAL; FREITAS; CHACON, 2011),

avaliação de crianças (ANDRADE; ANDRADE; CAPELLINI, 2013; DOS SANTOS;

FERREIRA; CIASCA, 2016.); avaliação do ambiente (BATISTA DE CAMPOS;

DELGADO-PINHEIRO, 2014); ênfase no professor (ALMEIDA; KOZLOWS;

MARQUES, 2015; BERBERIAN; BORTOLOZZI; MASSI, 2013) e fatores sociais (DE

ANDRADE FERREIRA; DA SILVA; ARRUDA MANCHESTER DE QUEIROGA,

2014; SCOPEL; SOUZA; LEMOS, 2012), esquecendo outros fatores importantes e

necessários a um processo de aprendizagem efetivo.

Muitos fatores são destacados na literatura como desfavoráveis ao processo de

alfabetização dentre eles:

• Fatores sociais: presente na literatura associado a condições sócias

econômicas (TAYLOR; CRHRISTENSEN; LAWRENCE, 2013; MERZ; ZUCKER;

LANDRY, 2015; ALVES; CARVALHO; PEREIRA, 2017), nível educacional dos pais

(MERZ; ZUCKER; LANDRY, 2015), estimulação da leitura em casa (BONKI; DE

OLIVEIRA, 2014; DE ALMEIDA LEITE; LOURENÇO DE CAMARGO

31

BITTENCOURT; RODRIGUES SILVA, 2015), gênero (BONKI; DE OLIVEIRA,

2014; MERZ; ZUCKER; LANDRY, 2015) entre outros.

• Métodos educacionais: desconhecimento e método inadequados de

estimulação de requisitos essenciais para o desenvolvimento da linguagem em crianças

(OLIVEIRA; NATAL, 2012).

• Ludicidade: presente na educação infantil através do faz de conta em

histórias e brincadeiras (TAYLOR; CRHRISTENSEN; LAWRENCE, 2013), propicia a

construção de mundo auxiliando no entendimento do mundo adulto (VYGOTSKY,

1998).

• Letramento: escrita assume a condição de interação social embasando

práticas sociais (RIBEIRO; SOUZA, 2012; CÁRNIO; PEREIRA; ALVES et al, 2011).

• Habilidades metalinguísticas: consciência fonológica, sintática e

morfológica, além do pensamento lógico matemático estão associados ao

desenvolvimento da leitura e escrita (HEATH; BISHOP; BLOORET, 2014).

• Linguagem verbal: desvio fonológico e atrasos no desenvolvimento da

linguagem influenciam no processo de alfabetização (KAMINSKI; BOLLI MOTA;

CIELO, 2011; BOWYER‐CRANE; SNOWLINGET; DUFF, 2008; ALVES;

CARVALHO; PEREIRA, 2017).

• Desenvolvimento motor: a Psicomotricidade tem como objetivo educar o

movimento, ao mesmo tempo em que desenvolve a inteligência e a afetividade (DA

SILVA; REIS; OLIVEIRA, 2017). Transtornos do desenvolvimento da coordenação

(TDC) podem etiologicamente serem responsáveis por dificuldades relacionadas à

aprendizagem, aquisição e controle das habilidades motoras finas e grossas (OKUDA,

2015).

32

Zubrick e Taylor (2015) destacam à importância de se compreender os padrões

do progresso do desenvolvimento infantil, tanto de maneira geral como no processo de

alfabetização. A adoção de métodos de prestação de serviços de forma universal deveria

ser algo disponível a toda crianças, independentemente do seu status de risco.

Em resumo, para redução dos riscos de baixa alfabetização no início da pré-

escola, existe a necessidade de fornecer oportunidades de desenvolvimento

principalmente através do enriquecimento da linguagem de maneira geral. A escrita é

uma linguagem eminentemente simbólica, que possibilita o desenvolvimento do

pensamento, da consciência e de outras Funções Psíquicas Superiores própria do ser

humano e que desempenha papel e função fundamentais no desenvolvimento

(GONZÁLEZ; MELLO, 2016). Conhecer os preditores que possam sinalizar as

dificuldades das crianças, também deve ser parte de nosso aprendizado junto com os

educadores. Na sequência, a partir de uma investigação sucinta teórica, apresentamos

alguns preditores importantes como exemplos de possibilidades para que possamos

prever e/ou antecipar os problemas de linguagem das crianças.

2.2 A educação infantil como fator de compreensão e empoderamento3

A Constituição Brasileira, bem como a Declaração Universal dos Direitos

Humanos entre outros acordos nacionais e internacionais referem-se à educação como

um dos direitos essenciais básicos de crianças e adultos. A constituição brasileira

reconhece a educação como importante, pois possibilita as pessoas distinguir, acessar e

desfrutar de seus direitos. Mais do que uma vaga nas escolas públicas brasileiras, a

constituição brasileira, afirma ser fundamental pensar na educação como um conjunto

de elementos que pode possibilitar o exercício pleno das pessoas enquanto cidadãs

(BRASIL, 1988).

2

Este tópico está inserido como apêndice no formato de artigo científico. O mesmo

corresponde a dados bibliográficos, documentais, observacionais e de entrevistas

realizadas ao longo do ano de 2018.

33

Para tornar possível que se tenha uma educação para todas as pessoas em todos

os segmentos da sociedade, no Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da educação

nacional em seu Art. 29 define a educação infantil, como a primeira etapa da educação

básica, tendo como finalidade o desenvolvimento integral de crianças até cinco anos de

idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, completando a ação da

família e da comunidade (BRASIL, 1996).

Para tornar possível o acesso à escola a todas as crianças, segundo o Ministério

da Educação, os estados e municípios tinham prazo até o ano de 2016, para adequação a

lei que garante educação a todas as crianças brasileiras. O objetivo principal do governo

era garantir que todas as crianças fossem alfabetizadas no tempo adequado, propiciando

o desenvolvimento e preparando as mesmas para as demais etapas do processo de

alfabetização (LEONARDO, COMMIOTO & MIARKA, 2016). A perspectiva pensada

pelos que atuam na área da Educação era que as crianças pudessem desenvolver

aspectos como a expressividade de suas ideias, desejos e sentimentos; argumentando e

relatando fatos oralmente, em sequencia temporal/causal, tendo a capacidade de

organizar de forma adequada a fala em diversos contextos. Ouvindo, compreendendo,

criando narrativas, contando e recontando; demostrando compreensão da função social

da escrita e tendo a leitura como fonte de informação e vista de forma prazerosa

(BRASIL, 2016, p.51).

O olhar dos educadores brasileiros sobre a Educação Infantil, na ideação do

Ministério da Educação, era proporcionar o desenvolvimento infantil pleno e integral,

possibilitando através de atos educativos, cuidar e educar como parte da prática

pedagógica nas instituições de ensino (SOUZA & GARCIA, 2015). A alfabetização e a

leitura, processo que hoje está como uma tarefa delegada a escola, é parte deste

processo de ensino, que se inicia bem antes da alfabetização, e, que não pode em

hipótese alguma desestimular a aprendizagem ou excluir as crianças deste processo

(ZILBERMAN, 2008).

Contudo, percebe-se como as crianças que estão na educação infantil e no

ensino fundamental, estão estressadas, desinteressadas, indisciplinadas e medicalizadas.

34

São crianças que não gostam da escola e não querem ir as aulas, principalmente quando

são submetidas a diagnósticos e medidas que as excluem. Os diagnósticos associados à

indicação de medicamentos para „conter‟ as crianças tem sido uma prática recorrente

que merece ser analisada (SIGNOR, BERBERIAN, & SANTANA, 2017; MELO,

2007).

Essas perturbações vão ocasionar marcas na potencialidade previstas destas

crianças, podendo afetar nas interações que ajudam na construção, aquisição e uso da

linguagem. Desta maneira, cada vez mais se fará presente a inversão da prática

conhecimento-uso para a prática uso-conhecimento, onde o uso da linguagem seja capaz

de produzir mais conhecimentos necessários no desenvolvimento da linguagem criativa,

crítica e reflexiva (TAVARES & FERREIRA, 2009). Algo que pode ser resultado da

medicalização das crianças com apoio explícito ou implícito da escola e dos

professores. Os problemas oriundos destas práticas não estão sendo avaliados e as que

se opõem a este processo são vistas através de um viés negativo, seja por considerarem

as mesmas superprotetoras ou negligentes em relação aos filhos. Raro aparecerem

autocríticas ao papel da escola e da sua incapacidade em lidar com crianças

consideradas fora do padrão disciplinado esperado (GARCIA, BORGES &

ANTONELI, 2014).

Zubrick e Taylor (2015) referem à importância de uma melhor compreensão

dos padrões do progresso do desenvolvimento das crianças, tanto no que se refere ao

desenvolvimento geral como no processo de alfabetização. Sugerindo a importância de

uma detecção precoce das dificuldades ou alterações nesses padrões, para que se possa

propiciar a criança um melhor desenvolvimento escolar. Mas, os autores salientam a

importância da adoção de métodos de prestação de serviços de forma universal,

disponível para todas as crianças, independentemente do seu status de risco. Este tipo de

serviço propiciaria a inclusão das crianças em programas que permitiriam uma melhor

documentação do crescimento e desenvolvimento das crianças em seu percurso

educacional, a fim de permitir a detecção adequada de crianças com padrões baixos de

prontidão escolar, propiciando uma melhor precisão na busca, prevenção e intervenção

para aqueles que demostrarem necessidade.

35

Pesquisadores como Gonzalez e Melo (2016), afirmam que a redução dos

riscos de baixa alfabetização no início da pré-escola pode ocorrer se for possível

fornecer oportunidades de desenvolvimento através do enriquecimento da linguagem de

maneira geral. A escrita é uma linguagem eminentemente simbólica, que possibilita o

desenvolvimento do pensamento, da consciência e de outras funções psíquicas

superiores própria do ser humano e que desempenha papel e função fundamentais no

desenvolvimento. Conhecer os fatores que possam sinalizar as dificuldades das crianças

deveria ser parte do aprendizado de todos que se relacionam profissionalmente como as

crianças, uma vez que o papel de cidadã e o empoderamento das mesmas somente será

possível se estas puderem compreender o mundo em que vivem.

Considerando esta perspectiva e contexto, este tópico foi elaborado para que

possamos perceber as nuances e a compreensão dos professores da educação infantil

acerca do processo de alfabetização e os fatores necessários a um melhor desempenho

das crianças na aprendizagem da linguagem‟. Aqui temos os resultados segundo os

objetivos específicos 1 e 2 da pesquisa a partir das questões formuladas para os

professores. A interpretação foi realizada na perspectiva da análise interpretativa de

Geertz (2008): referencial teórico + discursos dos professores + compreensão do

processo pela pesquisadora.

A – Compreensão e dificuldades para alfabetização e expressão da linguagem

Diversos fatores são referenciados na literatura como importantes para o

desenvolvimento do processo de alfabetização ou ate mesmo como fator prejudicial.

Visto a dificuldade educacional presente em nosso país, com baixos índices

educacionais demonstrados através dos resultados relativos a aprendizagem das crianças

com uma baixa compreensão do contexto social da qual fazem parte. Um dos primeiros

fatores a ser considerado se refere aos fatores sociais e econômicos, onde temos diversas

e complexas desigualdades que dificultam a apropriação da língua e o uso desta não é

incorporada de forma eficaz pela insuficiência de palavras nas “comunicações”

estabelecidas na rede social ao qual pertencem às crianças e suas famílias (TAVARES;

FERREIRA, 2009).

36

Na sociedade brasileira, 50% das crianças de baixa renda não se apresentam

hábeis (do ponto de vista da linguagem e leitura) a passarem para a 2ª série do ensino

fundamental, fato que retrata a realidade de maior parte das famílias brasileiras que

convivem com privações, ocasionando efeitos no aprendizado das crianças, efeitos esses

muitas vezes só percebidos quando do ingresso na escola (LEITE, BITTENCOURT &

SILVA, 2015).

Tais fatores sociais, tais realidades sociais duras, com diversos problemas e

necessidades que afetam o desenvolvimento das crianças desde muito cedo, estão

presentes nas falas dos professores com o quais interagimos, demarcando a realidade

vivida por essas crianças.

PE04: “...É uma comunidade assim que atravessa uma realidade

assim difícil né, é uma comunidade cercada por... como vou te dizer!

As drogas né, é.... como vou te explicar! É... são realidades duras

né”.

...“a própria situação financeira da família né, social. Cada um é...

uma situação diferente, eu tenho aquele que tem aquela dificuldade

na oralidade tipo a minha “S.”, eu tenho o “J.” o “T” que são

crianças mais carentes e a gente ver eles na hora que precisa de uma

fralda que não tem na mochila, a hora que chega que a higiene não tá

muito boa, sabe? Situações assim que são coisas que a gente convive

no dia a dia”.

PE5: “principalmente lenço umedecido tem fazer mil e uma coisa, da

banho tudo, por que passa 3, 4 dias, uma semanas sem mandar”.

Não estamos aqui para simplesmente levantar a bandeira da ajuda social, das

necessidades sociais de nossas crianças, isso a muito já é sabido por todos: sociedade,

governo, professores, as famílias e todos que fazem parte deste circuito de convivência

com as crianças que iniciam sua vida escolar. Mas, é importante que se veja a relação

entre não aprendizado da própria língua e o não atendimento de necessidades mínimas

37

vida, algo que faz parte do universo das crianças de famílias de baixa renda. As políticas

públicas, que se alternam conforme o poder político vigente, não levam em

consideração a realidade das famílias pobres que chegam a condição da miserabilidade

absoluta e que o uso mínimo da linguagem, com distúrbios de leitura e escrita fazendo

parte deste contexto que se perpetua ano a ano. A falta de trabalho, alimentação básica,

moradia decente e a condição mínima de conforto e bem-estar, com certeza também

influenciam na precariedade das relações sociais, no aumento das violências, dos crimes

e do abandono de crianças. Contribuindo para os altos índices de abandono escolar de

nosso pais. Como uma criança pode aprender com fome? Como posso dormir e ter paz

se ao meu lado vejo guerra? Como entender uma prova ou ter gosto por livros se não

entendo o que estou lendo? Assim a escola passa a ser um ambiente pouco convidativo

e não supre suas necessidades básicas para uma vida saudável e estável.

Merz, Zucker e Landry (2015) referem esta realidade, com suas discrepâncias

educacionais entre classes sociais distintas, diferenças entre crianças que frequentam

ensino particular e público, onde os alunos de escolas particulares apresentam melhor

compreensão de princípios alfabéticos, com maior embasamento e reconhecimento de

palavras, tendo maior capacidade para a alfabetização. Contudo, para os autores, mesmo

entre as crianças pobres que estão em escolas públicas, seria possível reverter este

processo se o ambiente físico de convívio da criança, familiar ou escolar, fosse

organizado para prover mais possibilidades de interação. Passando a escola, segundo

Alves, Carvalho e Pereira (2017), a ser um provedor de resiliência e empoderamento.

A nosso ver, existem muitos fatores de indiferenças no ensino que se apropriam

de ideias educacionais consideradas milagrosas, mas, que não avaliam o contexto das

crianças e suas vidas. Não querendo fazer discursos fatalistas, mas por conta de diversos

fatores, muitas vezes inerentes a nossa capacidade de intervenção, associada a uma

visão determinista e reducionista que se perpetua de geração em geração, acabamos por

cada vez mais diminuir as possibilidades de avanço e crescimento de nossas crianças.

38

Este pensamento se mostra presente na fala a seguir, onde se percebe de um lado

uma preocupação com a realidade posta a essas crianças e do outro uma incoerência de

agira e pensar entre as pesquisadas.

PE4: “daí eu me pegava pensando assim, o que que eu tô fazendo, tô

privando as crianças do conhecimento não que eu queira que eles

aprendam a fazer, mas eu me sinto na obrigação de APRESENTAR

para eles esse mundo, também de forma lúdica, claro sabe. E assim

muitas vezes eu fui barrada pela profissional do período da manhã

porque eu não poderia estar trabalhando aquilo com as crianças que

a forma de ver dela também era diferente e até pela direção assim

sabe, fui chamada a atenção algumas vezes porque não poderia tá

trabalhando assim, daquela forma, como se eu quisesse alfabetizar os

pequenos. Eu não tô querendo alfabetizar ninguém, estou querendo

apresentar...eu acho um crime não apresentar as coisas para as

crianças. Porque que as nossas crianças são menos daqueles que

estão em colégio particular, aí eu fico muito indignada, as vezes tu

escuta fala de profissionais da área, que é incoerente, porque o filho

delas não tá em uma rede pública, tais entendendo? Eu fico muito

INDIGNADA, não é uma coisa que eu não consigo compreender”.

PE9: “alguma criança, por exemplo, porque até seis anos ela tem que

estar na creche, tem que estar no CEI, mas o outro caso pode ser que

aconteça de aquela que não frequentou, então se ela entrar lá, ela vai

estranhar aquele sistema, mas é mais fácil para ela acompanhar do

que o sistema tradicional, se o professor, pegar uma professora

alfabetizadora que puxa por essa linha, nossa... vai que é uma beleza

mas ainda a gente vê muito que elas fica meias perdidas na hora da

alfabetização e elas voltam tudo naquela questão de “B, C, D com A,

DA” e isso não se usa mais, e a gente escuta muito a criança falando

isso né”.

Para Berto, Rabelo e Santos (2012), a globalização atinge em cheio a educação

de nossas crianças. As necessidades dos pais em deixar seus filhos em creches ou aos

39

cuidados de outras pessoas para trabalharem, e todo o afã para sobreviverem com um

salário mínimo, às vezes trabalhando nos finais de semana, limitam o processo de

acompanhamento educacional de seus filhos. Ao mesmo tempo, que lutam para dar

condições econômicas de sustento aos filhos, diminuem a convivência com os mesmos,

gerando desgastes que interferem no comportamento e desempenho escolar. O apoio e

participação dos pais na educação propicia segurança, motiva e estimula o aprendizado

da criança, mas, como fazê-lo diante de todo um quadro de insegurança econômica,

social e cultural? Os autores referem ainda que o acompanhamento dos pais na escola é

essencial para mudanças no processo pedagógico e para a construção de uma educação

de qualidade, principalmente no que se refere ao esclarecimento das dificuldades e a

busca por soluções. Entretanto, em nossa análise, nos questionamos: como tornar

possível a participação efetiva dos pais e da família como um todo neste processo, se as

condições de sobrevivência interferem de forma real e dramática neste processo?

Devemos nós enquanto profissionais atuantes na educação compreender e

trabalhar com estas dificuldades e especificidades, que podem (e são) diferentes em

cada local. Trazer a família para a participação é essencial, apesar de nada fácil. Pereira,

Santos e Nunes (2015) já referiram a importância da participação famíliar na vida

escolar da criança. Os autores dão ênfase nas dificuldades de aprendizado associados à

carência de recursos tais como: falta de contato com livros, brinquedos, jogos de

raciocínio e carência de atividades realizadas fora da escola. Merz, Zucker e Landry

(2015) citam ainda a escolarização dos pais como um preditor significativo para a

prontidão escolar de crianças, bem como os fatores socioeconômicos como: qualidade

do lar, da escola e da vizinhança.

Estamos em uma sociedade voltada cada vez mais para o individual e não só

nossas crianças estão sendo “sugadas” pelo mundo da tecnologia como os próprios

responsáveis (Pais) muitas vezes não assumem, por fatores diversos, a sua importância

na vida de seus filhos.

PE4: “ou ainda a própria participação, o envolvimento da família

neste processo da criança, aquela agenda que vem sem assinar,

40

aquela participação que tu pede para a família, aquela parte que vai

para casa ela, aquela continuação da creche que vai para casa para

ser feito em casa com a família na intenção de chama-lo, para ele

sabe o que está sendo feito aqui, o que o que o filho dele está

vivenciando, experenciando aqui dentro”.

B – Estratégias e instrumentos para o aprendizado da linguagem no cotidiano da sala de

aula

Um fator que poderia ajudar se bem aplicado, presente em nosso mundo

contemporâneo é a tecnologia. Hoje até mesmo os lares mais carentes, tem acesso a

algum tipo de mídia e buscas digitais, mas Almeida Leite e Bittencourt (2015) relatam

em sua pesquisa com pais de crianças de baixo nível sócio econômico, que apesar da

baixa condição cultural e econômica, a maior parte dos entrevistados tem acesso a

algum tipo de tecnologia e internet, no entanto, estes equipamentos têm pouco ou a má

utilização como provedor de melhores condições de estudo, enfatizando a importância

de entender os contextos sociais presentes de nossa sociedade.

PE1: “eu acho que sim...é.. a questão do estímulo né. A gente vê que

as crianças hoje em dia estão muito paradas em celulares, vídeo

game, não que isso não seja bom, o uso da tecnologia é boa, desde

que seja é... destinado um tempo, um objetivo pra aquilo”.

A linguagem dos pais é outro fator já descrito por Merz, Zucker e Landry

(2015), que relatam que a boa responsividade e inferência da linguagem dos pais

aumentam as habilidades de prontidão escolar mesmo em crianças

socioeconomicamente desfavorecidas que entram na pré-escola. Para os autores, a

capacidade de resposta dos pais está diretamente relacionada ao desenvolvimento das

habilidades cognitivas e conhecimento emocional das crianças. Desta forma, o input de

linguagem inferencial fornecida aos pais pode ocasionar benefícios no vocabulário das

crianças.

41

Portanto, intervenções que garantam a capacidade de resposta dos pais durante

a passagem da creche para a pré-escola poderia ser um meio de promoção e

desenvolvimento de habilidades de prontidão escolar entre crianças que vivem em

situação de risco socioeconômico.

O terceiro aspecto discutido por Lima e Bhering (2006) refere-se à qualidade

dos ambientes escolares para crianças, tema que merece atenção uma vez que muitos

dos instrumentos e/ou tecnologias a serem utilizados em sala de aula não são viáveis nas

escolas públicas em função da pouca importância dada a esses serviços, por nossos

governantes e gestores. A sugestão dos autores é que se pondere cada vez mais sobre as

questões envolvidas, para que haja compreensão sobre a realidade, a fim de propiciar

contexto escolar pleno e estimulador ao desenvolvimento de capacidades,

aprendizagem, socialização e cidadania.

Dados obtidos através de investigação realizada por Oliveira e Natal (2012)

demostraram que embora a maioria dos professores tenha a formação necessária e

exigida pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB), existe uma carência de conhecimentos

basais para o desenvolvimento de ações alfabetizadoras como: entender o início deste

processo, os fatores preditores, as dificuldades e condutas adequadas às

individualidades das crianças.

Teixeira e Dickel (2013) referem à atuação do professor no processo de

desenvolvimento de crianças já no berçário, mostrando as repercussões na maneira

como as mesmas passam a compreender o mundo a sua volta e que empecilhos na

primeira infância podem ocasionar fracasso na constituição do sujeito. As autoras

salientam ainda a importância de propiciar as escolas de educação infantil um repensar

de suas práticas, assumindo o seu papel de sujeitos transformadores de suas ações, bem

como facilitadores na formação da criança. Melhorar a qualidade da educação tem uma

relação direta com a educação infantil, assim como, uma reflexão crítica acerca da

importância dos processos linguísticos para o desenvolvimento integral das pessoas.

42

Para a maioria dos professores entrevistados, o Brasil se configura em uma

nação em que a educação tem muitas propostas com muitas capacitações e treinamentos

voltados ao planejamento de ações irreais para a realidade do país. São politicas de

inclusão que não se cumprem, é a carência de insumos básicos, falta de professores,

professores mal remunerados, entre outros elementos.

PE2:”vamos lá comprar umas duas bonecas para sala. Não tem

como, tem muita carência das coisas assim, o espaço ali também é

limitado. Aaa... eu não tenho muito o que falar da comunidade, só que

eles também são muito carentes”.

É necessário compreender que as crianças, em escolas públicas e/ou privadas,

no Brasil ou em países com problemas semelhantes, carecem de ser beneficiadas com

uma educação mais qualificada. Faz-se necessário a luta por políticas e práticas

pedagógicas efetivas para que a escola passe a ser um espaço acolhedor das motivações

e interesses das crianças (NOGUEIRA, 2011). Nesse sentido, faz-se necessário se

pensar em políticas de Estado voltadas para a educação infantil que propiciem o

desenvolvimento de estruturas que incluam estratégias e instrumentos capazes de

melhorar a qualidade ensino na infância, incluindo neste rol uma formação profissional

que atenda a área (TEIXEIRA; DICKEL, 2013).

PE3: “eu trabalhei com o segundo ano também então a dificuldade e

com um quinto ano então a dificuldade que eu senti principalmente

falando 5º ano é a questão de que muitas crianças não estavam

totalmente alfabetizadas e um quinto ano a gente deveria ter uma

noção disso, as crianças já deveriam tá com um bom andamento

disso, só que eu vejo assim que essas novas leis que estão vigorando

que quer acaba postergando alfabetização então..”.

PE6: “no meu ver, trabalhar com as crianças a sílaba é... em uma

receita de bolo, a bula de remédio, eu acho que seria mais inteligente

nisso do que trabalhar as famílias soltas, “BA”,“BÉ”, “BI”, “BÓ”,

“BU”; “DA”, “DÉ”, “DI”, “DÓ”, “DU”, acho que ainda esta muito

43

nisso né, mais tradicionalista, ao meu ver, não que todas sejam assim,

mas a grande maioria é né”.

PE7:”1º, 2º, e 3º ano eles têm a base para se alfabetizar...para ter

esse primeiro contato, depois 4º e depois até nono ano né. Eu não sei,

tem umas coisas assim que...eu ainda acho que os métodos

tradicionais eram mais eficientes, do que hoje em dia”.

A falta de diretrizes ou um objetivo comum na escola, ou o desconhecimento de

que processo adotar para ensinar a criança a ter os primeiros contatos com as letras

parece ser o grande dilema, o que gera divergências e olhares diferenciados entre as

educadoras entrevistadas. Seja através de novos métodos ou dos tradicionais, a critica

sempre se faz presente. Isto é normal, contudo, fica a questão: o que usar, qual método a

escola irá adotar? Ou será o professor? Ou será esta uma escolha da família?

Porém, existe algo que parece ser mais unânime entre as educadoras enquanto

estratégia e /ou instrumento de aprendizado, que se apresenta como benéfica e especial

para as crianças. É a apresentação de uma escola que também seja lúdica e divertida,

com contos de fadas e outras narrativas fantasiosas e cheias de símbolos, na tentativa de

ajudar as crianças a compreenderem o mundo, fornecendo suportes metafóricos para

construção de um olhar em que se incluam um mundo mais simbólico. Nesse sentido, as

educadoras concordam que os contos de fadas assumem um papel importante como

instrumento pedagógico que auxilia no processo de simbolização de forma prazerosa,

algo que Radino (2001) considera o ápice da educação infantil.

Para Wajskop (2017) atividades planejadas e intencionais com a utilização de

literatura infantil apresentada as crianças através das leituras narrativas em voz alta,

podem fortalecer e auxiliar a criança na obtenção de um rico repertório linguístico e

imaginativo. A brincadeira enriquecida e inspirada por histórias infantis lidas em voz

alta constituem uma estratégia fundamental para a aprendizagem da linguagem oral e

este é um ponto que todas as educadoras consideram essencial na educação infantil.

44

Algo semelhante a isso é aplicado pela pedagogia Waldorf, criada em 1919 na

Alemanha por Rudolf Steiner quando fundamentou a Antroposofia, que vê a educação a

partir de uma perspectiva fenomenológica-holística. Sua prática com o uso dos contos,

músicas e narrativas faladas e escritas, são consideradas ações positivas que fazem com

que se ressalte a “boa saúde física e psíquica dos alunos egressos diante dos desafios da

vida, da conquista de capacidade de autonomia e liberdade frente às questões

existenciais” (BACH JUNIOR, 2012, p.11).

As narrações de história nas classes de alfabetização são um fantástico recurso

na educação de crianças, pois propicia uma variedade de temas, necessitam de pouco

recursos materiais, além de trabalhar aspectos como a imaginação, o raciocínio, o senso

crítico, a criatividade, entre outros, além de ser um incentivo para a formação de hábitos

de leitura (LIMA; MARTINS & RODRIGUES, 2016).

Wajskop (2017) afirma, que além do fornecer um rico repertório, as brincadeiras

associadas às narrativas de histórias e contos, leva ao desenvolvimento do letramento e

da alfabetização, pois as crianças passam a utilizar e compreender palavras e expressões

trazidas através dos livros para nomeação de objetos e ações do brincar, desenvolvendo

desta forma habilidades de nomeação, descrição e explicitação semântica consciente.

A contação de história é um dos métodos de intervenção mais comentados pelas

entrevistadas, todas citaram como importante em suas intervenções, e algumas destas

educadoras percebem e compreendem estas histórias como estratégias e instrumentos de

letramento e alfabetização, embora pareçam ter receio de assumir esta possibilidade:

PE6: “a partir do momento quando tu mostras para criança o

livrinho, quanto conta uma história, claro eles não vão estar

alfabetizando porque não estão na idade ainda né. Mas ele está tendo

conhecimento né, então, eu também não posso, não sei, a gente se

perde porque é G1, mas querendo ou não é um começo de letramento

né”.

45

Santos, Kuhnen e Soares (2010) referem dois espaços importantes e distintos no

contexto escolar, um de recurso físico e outro de recursos materiais, que apresentam

diferenças e semelhanças nas configurações de espaço e nas características do brincar

enfatizando a necessidade de compreensão e utilização desses locais como uma fonte

provedora de bem-estar, aprendizagem e qualidade de vida para crianças e adultos. O

espaço físico e os brinquedos proporcionados e utilizados pelas crianças são mediadores

no processo de interações e do brincar. A brincadeira é um dos fundamentais eixos para

o desenvolvimento saudável e integral das crianças, reiteramos que sendo assim é de

essencial importância que às instituições de educação infantil delineiem seus ambientes

lúdicos.

As pesquisas como as citadas acima, apontam para a necessidade de

investimentos em ações de formação continuada que priorizem a temática do brincar,

buscando com a finalidade fortalecer práticas pedagógicas que estejam apoiadas nesta.

Os debates e as abordagens sobre formação continuada na educação infantil dentro da

perspectiva do brincar, enquanto campo de estudo em construção se mostram nas

pesquisas como um campo importante que ainda não foi explorado, compreendendo o

brincar na sua importância articulatória de formação, bem como na sua diversidade de

situações propiciadas ao brincante, através da multiplicidade nas formas de brincar e a

interação entre sujeitos (SOARES, CÔCO & VENTORIM, 2016).

Apesar da grande importância dada à educação infantil, existe uma grande

dissonância entre a educação infantil e o ensino fundamental. Uma brecha da qual não

se discute, na qual ninguém tem acesso, onde a ponte de comunicação parece não existir

e sequer foi planejada.

PE9:”quando a criança sai da Educação Infantil vai para o ensino

fundamental ela tem uma ruptura, querendo ou não tem, porque aqui

ela aprende brincando. Lá já é uma coisa mais sistematizada, o

ensino é mais sistematizado e a brincadeira já ficou no segundo

plano. É como se a criança deixasse de ser criança e agora ela

46

passou a ser aluna, e uma coisa fosse totalmente diferente da outra,

então o que acontece é que tem uma quebra muito grande”.

A fala a cima nos remete ao já exposto por Mello (2010) que referencia a entrada

da criança no ensino fundamental, como o abandono do lúdico, do desenho, da pintura

ou do faz de conta e salienta que desde a pré-escola é importante à manutenção de um

espaço para realização de atividades lúdicas que podem estar engajadas e integradas

com a escrita através de registros, planejamento, regras, lista de brincadeiras, jogos,

memórias, entre outras possibilidades.

O quarto ponto está relacionado ao letramento, termo adotado no Brasil para

distinguir este termo e conceito do conceito de alfabetização. Para Jones e Enriquez

(2009), a aquisição da escrita é considerada alfabetização, já o uso de forma eficaz e

competente da escrita é denominado letramento. Kleiman (2013) refere que o conceito

do letramento apareceu no meio acadêmico passando lentamente para a esfera escolar,

porem mesmo estando cada vez mais presentes na escola, é necessário precisar este

termo e seu uso na prática educacional.

O letramento tem grande importância quando se fala sobre fatores indicadores da

formação de leitores, pois a ele pertence à capacidade de apreensão das pessoas

envolvidas em diversas e variadas práticas sociais de leitura e escrita (SOARES, 2010).

O letramento é sobretudo uma prática social de envolvimento dos sujeitos em variados

contextos sociais conforme as habilidades e conhecimentos que possuem (MORTATTI,

2004).

Rocha e Barros (2017) afirmam que os métodos de ensino devem considerar não

somente o processo de codificação e decodificação, mas, este processo em conjunto

com o significado da mensagem contida no texto. Macedo, Santos e Oliveira (2015)

referem que alunos que participaram de um Programa Fonoaudiológico de Promoção do

Letramento apresentaram melhora nas habilidades de leitura compreensiva, enfatizando

a importância do letramento.

47

Isto implica propiciar saberes e práticas de familiarização com o letramento,

cabendo ao professor, ousar experimentar e desenvolver constantes trocas com seus

alunos, através de práticas letradas que motivam o grupo e atendem aos interesses e

objetivos individuais, formando leitores, despertando curiosidades e fornecendo

segurança no início do processo de escrita (FLEIMA, 2007; ALMEIDA, CIRÍACO &

MONTIEL, 2016). As Educadoras compreendem, assim como Nogueira (2011), que

concepções diferentes referentes a letramento, alfabetização, cultura lúdica e a própria

infância desenrolam-se no cotidiano pré-escolar e do 1º ano, fazendo emergir a

discussão referente à falta de uma política mais sistemática que faça se efetivar as

políticas mais amplas.

PE7: “que seja de experiências mesmo, que a criança vivencie a

infância dela através das experiências e as experiências claro, não

vamos dizer assim, não vamos colocar um mural... porque às vezes as

pessoas sempre ali é uma questão da alfabetização com letras, com

números, e na educação infantil como a criança vivencia através da

experiência, eu dentro da minha prática, eu trabalho muito com

letramento, alfabetização com... porque tá tudo que está em volta da

criança, criança não tem, não esta a parte desse mundo que tá aqui

então tem revistas, tem livros, tem as letras, tem os números, tem a

noção de quantidade, tem todos os conceitos de... todos os conceitos

que tem que ela vai se apropriando durante toda a educação infantil.

Para mim isso já é início para alfabetizar que ajudar, porque vai

trabalhando cognitivo dela vai trabalhando essa questão do do... da

forma como ela ver o mundo.”

PE5: “a gente trabalha de uma forma diferente do ensino

fundamental, mas a gente trabalha matemática, trabalha tudo né,

então desde o momento que trabalho através de música, de história

né, disso tudo, estou alfabetizando eles né, mesmo porque tudo que

eles vejam né, mesmo que eles não sabendo ler o letramento né, eles

sabem identificar e a partir daí é que vai ser mais fácil alfabetizar

né”.

48

PE9: “A questão do letramento a criança já traz com ele, que é uma

leitura de mundo, então a criança já vem, já sabe o que é a cola, o

que é Nescau, o que é arroz; não que ela saiba ler mas ela vê pela

embalagem e faz associação”.

O letramento foi muito falado pelas entrevistadas que enfatizam sua significativa

importância, no entanto não é o único aspecto a ser desenvolvido e trabalhado na

educação infantil. Segundo Santos e Barrera (2007) e Mota (2012) existem outros

fatores envolvidos neste processo e que se destacam por sua importância, como as

habilidades metalinguísticas, relativas à consciência fonológica e morfológica.

A consciência fonológica é amplamente discutida na literatura atual, muitos

autores referem que o desenvolvimento de tais habilidades, já no início da vida escolar

infantil, favorece a aprendizagem da leitura e escrita (SANTOS; BARRERA, 2017;

HERNANDES, FOLSON & OTAIBA, 2012), com alguns pesquisadores relacionando a

consciência fonológica a performance do aluno (ZUANETTI, SCHNECK &

MANFREDIET, 2008).

Inácio e Mota (2016) verificaram que 88,1% dos professores de uma escola do

ensino infantil, relataram desconhecer o que é consciência fonológica, apesar de

fazerem uso de atividades que propiciam o desenvolvimento da mesma, porem estas

atividades acabam por serem utilizadas sem uma reflexão e manipulação adequada das

estruturas da língua. Os mesmos apontam para a necessidade de um trabalho de

intervenção nas práticas de sala de aula, introduzindo atividades de uso, reflexão e

manipulação das estruturas da língua, voltadas principalmente para o desenvolvimento

da consciência fonológica aplicada a prática de alfabetização, que são fatores essenciais

ao processo de aquisição de leitura e escrita.

Trabalhos pautados em sub-habilidades da consciência fonológica citadas em

Brasil (2013) são consciência fonêmica (a mais refinada da consciência fonológica e a

última a ser adquirida, refere-se à capacidade de analisar os fonemas que compõem a

palavra), consciência silábica (capacidade de segmentar as palavras em sílabas), rimas e

49

aliterações (aproximação por meio de sons semelhantes) e consciência sintática

(capacidade de segmentar a frase em palavras, estabelecendo relação e organizando em

sequência com sentido).

A consciência morfológica refere-se ao reconhecimento de unidades maiores

(texto e orações), o processamento morfológico colabora para a escrita (MOTA, 2012) e

é essencial para o processo de leitura, assim como o conhecimento das palavras (DÍAZ;

MIRANDA, 2014). Desta maneira os métodos e abordagens evidenciam o fato de que o

aprendiz deve se constituir de grande riqueza de vocabulário para o favorecimento e a

compreensão de um determinado texto. A consciência morfológica colabora para a

escrita de palavras morfologicamente complexas. Segundo Mota e Silva (2007) algumas

pesquisas associam a consciência morfológica com melhores respostas a atividades

ortográficas.

Outro fator importante refere-se à linguagem verbal. Pesquisas corroboram para

achados envolvendo alterações de linguagem verbal e dificuldades no processo de

escrita. Kaminski, Bolli Mota e Cielo (2011) relatam em sua pesquisa a associação entre

desvio fonológico e dificuldade com tarefas de detecção de fonemas. Ou seja, crianças

com desvio fonológico tiveram um desempenho inferior às com aquisição típica de

linguagem.

No entanto, para que ocorra um adequado desenvolvimento da linguagem, existe

a dependência de fatores intrínsecos e extrínsecos, onde as influências do ambiente ao

qual criança está inserida possui grande importância tanto para o desenvolvimento

lexical como para o fonológico, fatores estes já citados por sua importância. Sendo

assim a estimulação no âmbito familiar e escolaridade é de suma importância, já que as

produções científicas apresentadas assinalam para esta relevância, no entanto, ao mesmo

tempo em que destacam este item, apontam a carência de estudos que relacionem o

desenvolvimento infantil com o ambiente escolar. Outro fator citado refere-se à falta de

estudos sobre vocabulário e fonologia correlacionando-os com os fatores ambientais

escolares e familiares (SCOPEL, SOUZA & LEMOS, 2012).

50

PE8: “acredito que tem essa junção da fala junto. Porque

semana passada ainda, entreguei um relatório para uma

mãe, ainda falei, ele esta com 4 anos na minha turma e ele

fala totalmente errado, ele troca, eu falei para ela e

quando ele chegar lá no primeiro ano vai ser difícil para

ele aprender a escrever, falando eu né, como pedagoga eu

analiso que vai dificultar muita aprendizagem dele”.

Apesar da referência, a troca na fala como fator relacionado a alfabetização, cabe

aqui salientar que durante as conversas com as professoras o assunto linguagem verbal

não foi de fator referido de forma espontânea, relacionado à alfabetização. Este

movimento ocorreu a medida que as perguntas foram sendo conduzidas para esta

vertente ou quando as pesquisadas lembravam de que a pesquisadora era

Fonoaudióloga. Compreender a importância deste aspecto, seu desenvolvimento e

ajudar estas crianças de forma mais adequada é essencial, até mesmo por ser referida

pelas próprias professoras a dificuldade nos encaminhamentos para a rede de apoio. São

encaminhamentos a um sistema de saúde não preparado para atender aos problemas

escolares, com respostas que demoram em encaminhamentos e laudos vazios.

Garantir acesso e uma linguagem rica para as crianças na escola é um fator de

extrema importância (Mota, 2012) e como afirmam Alves, Carvalho e Pereira (2017)

existe a necessidade da realização de mais estudos nesta área, a fim de apresentar o

ambiente da educação infantil e sua influência na linguagem. Trabalhos com esta

perspectiva poderão auxiliar e contribuir para que sejam discutidas políticas de

promoção da cidadania das crianças e consequente do empoderamento da mesma frente

as suas necessidades em diversos caminhos, entre estes o da saúde.

Outro aspecto a ser refletido, considerando as falas e discursos das educadoras,

refere-se a Psicomotricidade, cujo objetivo e /ou meta se volta a educação do

movimento, ao mesmo tempo em que desenvolve a inteligência e a afetividade.

Portanto, a educação psicomotora é indispensável a toda criança (SILVA, REIS &

OLIVEIRA, 2017).

51

Transtornos do desenvolvimento da coordenação (TDC) podem etiologicamente

serem responsáveis por dificuldades relacionadas à aprendizagem, aquisição e controle

das habilidades motoras finas e grossas, que se não tratados afetam o desempenho

acadêmico e social do início da escolarização até a vida adulta (OKUDA, 2015). Para

Okuda (2015), existem muitas dificuldades clínicas e educacionais para a identificação e

o diagnóstico de TDC, em função desta realidade, muitas crianças sofrem na vida

escolar e social.

Outro fator associado ao desempenho escolar diz respeito ao atraso do

desenvolvimento neuropsicomotor, que está associado a diversas condições da infância,

que vão desde a concepção, gravidez e parto, ou até mesmo por fatores antagônicos

como subnutrição, agravos neurológicos e/ou genéticos, podendo também ser uma

condição transitória, pressupondo um acompanhamento e avaliações periódicas

(DORNELAS; DUARTE & MAGALHÃES, 2015).

Estudos fazem associação significativa entre dificuldades motoras e

aprendizagem, principalmente associado ao sexo masculino, convergindo para a ligação

entre dificuldades motoras e dificuldades em outros segmentos da vida das crianças e

trazendo a importância deste assunto para a educação, descrevendo a relação destas

dificuldades com os atrasos no desenvolvimento motor das crianças (SILVA;

BELTRAME, 2011).

Considerando este contexto, as educadoras entendem que se faz necessário

promover estímulos para que ocorra nas crianças, o desenvolvimento de habilidades

voltadas às práticas corporais, estruturação espacial, lateralidade, tônus, orientação

temporal, equilíbrio e postura, auxiliando a psicomotricidade fina e a pré-escrita como

recomenda Okuda (2015). A falta de alguma destas habilidades assusta as educadoras

porque mesmo sem expressar, elas entendem que existem implicações negativas no

processo de alfabetização.

52

PE1: “é essa questão, me assustei, eu fiquei bem assustada, crianças

de 4/5 anos que não sabem sequer empunhar um lápis. Não sabem

nem qual mão vão segurar.

E qual a solução para estes problemas? Como resolver? A perspectiva que se

abre é que ao entregarmos os resultados da pesquisa realizada ao grupo, possamos

estabelecer uma agenda de reflexão e discussão acerca das possibilidades para uma

construção coletiva da escola e seus membros, de uma tecnologia de apoio voltada para

a promoção da cidadania e empoderamento das crianças que estarão na escola nos

próximos anos.

C – Algumas considerações e reflexões de fechamento deste tópico

É sabido que nossa educação pede socorro, principalmente quando falamos da

educação pública, cabendo a nós, profissionais da educação, saúde e todos os

envolvidos preocupados com um futuro digno para nossas crianças, a realização dos

ajustes necessários, de modo a encontrar soluções aos problemas apontados na pesquisa.

Ao iniciar esta pesquisa, minha preocupação era a grande demanda de pais com seus

filhos buscando a clínica fonoaudiológica onde realizamos atendimentos para resolução

de problemas de leitura e escrita. Na época, pensava ser este um problema da qualidade

da educação das escolas públicas. Contudo, muitos destes pais, traziam filhos que

estudavam em escolas privadas. E, foi neste universo que nasceram os primeiros

questionamentos que geraram esta pesquisa.

Com relação ao objetivo geral que iniciou o processo investigativo,

consideramos que o mesmo foi plenamente atendido. Nas entrevistas, as educadoras,

assim como o referencial teórico-bibliográfico utilizado e os conhecimentos da

pesquisadora no campo da Fonoaudiologia, ajudaram na obtenção das respostas. Uma

grande relação de fatores envolvidos na alfabetização e uma vasta discussão sobre a

importância da alfabetização para o desenvolvimento pleno de indivíduos foi feita e

trouxe grandes mudanças no pensar e esperamos futuramente no agir da educação

infantil.

53

Também foi possível perceber, que além de qualquer política pública voltada a

educação, se fazem necessárias políticas públicas de melhoria das condições de vida das

pessoas, famílias e comunidades. Tanto os professores quanto os alunos vivem situações

de miséria, falta de recursos, cansaço, problemas econômicos, sociais e culturais. O

empoderamento cidadão das crianças passa pelo empoderamento dos professores

também.

Embora neste processo a Fonoaudiologia possa contribuir junto à equipe

pedagógica, discutindo estratégias que possam beneficiar o processo de ensino e

aprendizagem e consequentemente na qualidade do ensino, sem que se mudem as

políticas nacionais educacionais e aquelas voltadas para melhorias da qualidade de vida

dos brasileiros, pouco ou nada poderá ser feito por este ou qualquer outro profissional.

Se existem professores que desconhecem elementos importantes relacionados ao

letramento e/ou alfabetização, existem também as más condições educacionais

estabelecidas por políticas que não apoiam as escolas, professores e famílias no

processo de empoderamento escolar das crianças.

A educação infantil vive em uma terra desconhecida, onde na teoria é

importante, mas nas falas e práticas não tem um papel importante em nossa sociedade.

Educar a sociedade para que esta possa ter uma consciência ativa da sua

responsabilidade frente aos problemas da educação infantil é parte do que almejamos ao

elaborarmos esta proposta. A desmistificação do letramento e alfabetização na educação

infantil é essencial para o desenvolvimento das habilidades de nossas crianças. A

cidadania plena pede empoderamento e estar com ela significa ter compreensão sobre si

e dos cuidados necessários ao longo da vida para ser uma pessoa adulta saudável e mais

feliz!

54

2.3 Instrumentos e estratégias de desenvolvimento da linguagem na Educação

Infantil

O termo alfabetização, muitas vezes é associado ao processo de ler e escrever

propriamente dito, no entanto na atualidade, o simples fato de ler e escrever não suprir

adequadamente as demandas sociais, a leitura e escrita de forma mecânica sem

interação plena com diferentes tipos de textos hoje presentes em nossa sociedade, não é

suficiente, tornando o entendimento dos significados e do uso da leitura e escrita em

diversos contextos sociais e em todas as suas diversidades essencial para o

desenvolvimento integral do indivíduo. (JUSTO; RUBIO, 2013).

Vários são os fatores referenciados na tentativa de explicar as condições de

analfabetismo, já que se observa a existência cada vez maior de pessoas que chegam ao

ensino médio ou superior que não alcançam os níveis adequados de alfabetização,

gerando uma demanda educacional imensa e preocupante (LIMA; RIBEIRO; CATELLI

JR, 2016).

A escrita refere-se a algo mais que o processo de inclusão no mundo da escrita,

ela refere-se à compreensão politica e social do mundo que nos cerca. (GOULART,

2014). Tornando a educação infantil como uma possibilidade para o desenvolvimento

integral e pleno (SOUZA; GARCIA, 2015). A importância de o educador atuar na

educação infantil estando atento e preocupado com a organização e a aplicação das

atividades, levando em conta a singularidade de cada uma. Uma maneira é a elaboração

de rotinas levando em consideração o tempo, o espaço e os materiais disponíveis

(HAMS, 2013; DA SILVA; TAVARES, 2016).

Vygotsky (1995) já realizava críticas ao modo utilizado para a educação de

crianças no universo da escrita. Esta crítica se mantém na atualidade e na realidade de

escolares brasileiros, quando as crianças são ensinadas a traçar letras em separado da

linguagem escrita. Vygotsky censurava o ensino do “mecanismo” da escrita antes da

apropriação e compreensão da função social desta, pois ao ser apresentada como um

conjunto de procedimentos a aprendizagem da escrita remete-se a aquisição de um

55

hábito técnico passando a não corresponder às necessidades e iniciativas comunicativas

reais da criança.

Teixeira e Dickel (2013) referem que a melhora da qualidade da educação esta

diretamente ligada à educação infantil, através da estimulação de processos linguísticos.

Intervenções precoces, propiciam compreensão de mundo que a criança faz, sendo de

extrema importância o repensar de práticas e o assumir seu papel de transformador e

estimulador do desenvolvimento da criança. Dois fatores estiveram presentes e

chamaram a atenção no discurso de 60% das entrevistadas; seriam esses o letramento e

a contação de história. Estes seriam elencados pelas entrevistadas como métodos a

serem aplicados para o desenvolvimento das crianças.

A - Letramento

Inserir a criança no mundo das linguagens, oral e escrita, permite a ela plena

aprendizagem e interações. O ato de ouvir, falar e ler são competências linguísticas que

necessitam ser desenvolvidas para além do dia-a-dia familiar, a fim de que as crianças

tenham a possibilidade de construir e reconstruir seus significados, aperfeiçoando a

linguagem e seus aspectos, à medida que vão compondo seus próprios conceitos

(OLIVEIRA; DE SOUSA DAMASCENO; COUTINHO, 2019).

O termo letramento se distingue da alfabetização e são considerados processos

distintos. A aquisição da escrita, o aprende a ler é considerado alfabetização enquanto

ser competente e eficaz no processo de leitura e escrita chama-se letramento (JONES;

ENRIQUEZ, 2009). A alfabetização é um processo de ensino aprendizagem, que tem

por finalidade propiciar a aprendizagem básica da leitura e escrita. Ou seja, a pessoa

alfabetizada aprende habilidades básicas de uso da leitura e da escrita (MARTINS;

SPECHELA, 2012).

O termo letramento é um termo ainda considerado novo e técnico, ele nasceu da

expressão inglesa “literacy” (letrado) em consequência da nova realidade social, aonde

não é mais satisfatório saber ler e escrever. Então, letrado não é aquele que sabe ler e

escrever, juntar letras; mas sim o indivíduo que domina a leitura e a escrita fazendo uso

56

competente e frequente de ambas. Ser letrado é ir além do ler e escrever, é

imprescindível interagir com a leitura e a escrita, dentro e fora do contexto escolar. Ou

seja, ser um individuo que faz uso da leitura e da escrita como prática social. (JUSTO;

RUBIO, 2013).

O letramento tem como objeto de reflexão, os aspectos sociais da língua escrita,

ele assume adotar no processo de alfabetização uma concepção social da escrita, ao

contrario do que se aplica na concepção tradicional que considera a aprendizagem de

leitura e produção textual como a habilidade de aprendizagem individual. Assumir o

letramento significa pensar o que é significativo para a criança dentro de seu contexto

social (KLEIMAN, 2007).

Mas o que seria um texto significativo para a comunidade? Segundo Kleiman

(2007) deve-se partir da bagagem cultural diversificada dos alunos, já que estes têm

suas historias e vivências sociais e já são pertencentes a uma cultura letrada.

PE6: quando tu mostra para criança livrinho, quanto conta uma

história, claro eles não vão estar alfabetizando porque não estão na

idade ainda né. Mas ele está tendo conhecimento né, então, eu

também não posso, não sei, a gente se perde porque é G1, mas

querendo ou não é um começo de letramento né. Porque quando a

gente pega o livrinho, a gente lê, mostra para eles as gravuras, eles

vão, eles não sabem que aquilo ali é uma letra e a gente esta

mostrando. Então eu creio que sim. Eu acho que tem um pouco

haver.

PE8: assim, eles já diminuíram um ano por que o pré, o pré ja

diminuiu, foi para o primeiro ano para escola, já foi para lá para

alfabetizar as crianças lá, porque eu acho que o processo no Brasil as

crianças chegam até o quinto ano sem ser Alfabetizadas na verdade.

E na educação infantil a gente defende muito o processo do lúdico, de

aprender, não que eles não vão aprender o nome deles, as letras, eles

conhecem, só que geralmente... também... bem, eu trabalho menores,

57

quem trabalha com o pré geralmente vai dar, vai dar essa noção, do

letramento que né.

PE9:a gente trabalha aqui na educação infantil você trabalha como

um contexto, é um contexto educativo, é um contexto não são palavras

soltas, é um contexto e quando você chegar no ensino fundamental e

ela está falando palavras soltas por frases ou letras sai daquele

contexto a criança estava acostumada e aí tem uma quebra e

normalmente dificulta um pouquinho a alfabetização daqueles que

estão na creche, aqueles que estão inserindo que hoje, acredito que

não tenha mais, mas pode ser que aconteça né, alguma criança por

exemplo, porque até seis anos ela tem que estar na creche, tem que

estar no CEI, mas o outro caso pode ser que aconteça de aquela que

não frequentou, então se ela entrar lá, ela vai estranhar aquele

sistema, mas é mais fácil para ela acompanhar do que o sistema

tradicional, se o professor, pegar uma professora alfabetizadora que

puxa por essa linha, nossa... vai que é uma beleza mas ainda a gente

vê muito que elas ficam meias perdidas na hora da alfabetização e

elas voltam tudo naquela questão de “B, C, D com A, DA” e isso não

se usa mais, e a gente escuta muito a criança falando isso né.

Sim, não podemos ter dúvidas, o letramento tem grande importância quando

falamos sobre fatores indicadores da formação de leitores, pois a ele pertence à

capacidade de apreensão das pessoas envolvidas em diversas e variadas práticas sociais

de leitura e escrita (SOARES, 2010). O letramento é sobre tudo uma prática social de

envolvimento dos sujeitos em variados contextos sociais conforme as habilidades e

conhecimentos que possuem (MORTATTI, 2004). Mas o que vemos muito presente na

fala das entrevistadas, são dúvidas e mais dúvidas, sobre a importância do letramento,

do brincar, da continuidade do processo educacional como constituintes efetivos e de

como isso se insere no processo de alfabetização. Em função deste contexto a educação

infantil não assume seu verdadeiro valor e importância, isto porque os métodos,

pensamentos e ações estão espalhados e não se conversam.

58

Prazeres (2018) refere a não participação da pré-escola e um ambiente familiar

desfavorável, são fatores preponderantes em relação aos desafios para alfabetizar e

letrar, sendo um fator preponderante para o fracasso escolar; associado ainda a outro

desafio, a progressão sem retenção. Rocha e De Almeida Barros (2017) afirmam que os

métodos de ensino devem considerar não somente o processo de codificação e

decodificação, mas, este processo em conjunto com o significado da mensagem contida

no texto. Macedo, Santos e Oliveira (2015) referem habilidades de leitura

compreensiva, enfatizando a importância do letramento.

Desta forma, novas e diferentes exigências se fazem na formação universitária

de modo a fazer que os professores sejam agentes de letramento. Isto implica propiciar

saberes e práticas de familiarização com o letramento, cabendo ao professor, ousar

experimentar e desenvolver constate troca com seus alunos, através de práticas letradas

que motivam o grupo e atendem aos interesses e objetivos individuais, formando

leitores, despertando curiosidades e fornecendo segurança no início do processo de

escrita (KLEIMAN, 2007; ALMEIDA; CIRÍACO; MONTIEL, 2016).

Vários dizeres e concepções diferentes, no que se refere a letramento,

alfabetização, cultura lúdica e a própria infância, se se desenrolam no cotidiano pré-

escolar e do 1º ano, fazendo emergir a necessidade de discussões referentes à falta de

uma política mais sistemática, afim de efetivar políticas mais amplas (NOGUEIRA,

2011).

PE7: Eu não sei, tem umas coisas assim que...eu ainda acho que os

métodos tradicionais eram mais eficientes, do que hoje em dia. Meu

filho esta com 9 anos e até que se alfabetizou rápido mas, tem coisa

assim que tu vê que... essa questão de conceito mesmo.

Duvidas entre metodologias e ações eficazes ou não, não podem estar presentes

na educação de nossas crianças, principalmente quando nos referimos a uma

comunidade tão vulnerável ao analfabetismo e ao analfabetismo funcional. Estas

incertezas devem ser um alerta a novos governantes e estudiosos, não existe receita

59

milagrosa, valorizar e capacitar os professores, desde os níveis mais básicos se faz de

extrema importância.

B - Contação de histórias:

Ouvir histórias é um ato prazeroso, especialmente quando nos referimos a

crianças, pois a história propicia a imaginação e a fantasia. Apesar da grande

importância da contação de histórias, cada vez mais nos dias de hoje as crianças que tem

contato com livros. Desta maneira, é de grande importância a manutenção de oficinas de

contação de histórias e de leitura, a fim de propiciar o essencial para despertar na

criança o sentimento e o conhecimento que somente a literatura e os livros são capazes

de propiciar (OLIVEIRA; GONÇALVES, 2013). Os pais, em suas jornadas de trabalho

em busca de adquirir sempre mais, acabam impedidos de passar mais tempo com os

filhos, fazendo então a quebra do ciclo, não passando a seus filhos os conhecimentos

aprendidos nas suas infâncias (SILVA; GARCIA; SILVA, 2013).

É nesta descontração lúdica que a criança se move, alonga, exercita, aprende as

letras das cantigas, interage socialmente, expressa o que sente e pensa. A contação de

história e a brincadeira de roda são fontes integradoras de um passado e de um presente,

pois remete o sujeito ao passado e se faz presente na vida das crianças (SILVA;

GARCIA; SILVA, 2013). Com a evolução tecnológica, nos últimos anos, privou nossas

crianças do desenvolvido de atividades mais desafiantes e importantes, que

propiciassem de fato, o desenvolvimento de aspectos morais, físico-motor, afetivo,

social e cognitivo. Não que a tecnologia não possa trazer benefícios:

PE1: eu acho que sim..é... a questão do estímulo né. A gente vê que as

crianças hoje em dia estão muito parados em celulares, vídeo game,

não que isso não seja bom, o uso da tecnologia é boa, desde que seja

é...destinado um tempo, um objetivo pra aquilo, só o que eu percebo

crianças que chegam aos 4, 5 anos e não sabem nem empunhar um

lápis, não sabem fazer uso funcional de objetos, tipo um carrinho e

não sabem que o carrinho é para brincar com o carrinho, atirar o

carrinho na parede.

60

Não se pode negar que atualmente em nosso mundo globalizado, tecnologia no

ensino e na aprendizagem é imprescindível e que sua utilização é importância para a

obtenção e aumento do conhecimento, tanto da criança quanto do professor. Desta

maneira é fundamental que os professores aprendam a manusear e tenham acesso a

esses equipamentos em suas práticas pedagógicas.

A globalização e a vida atribulada dos pais por muitas vezes acaba limitando e

gerando fatores familiares desgastantes e que interferem no desenvolvimento da criança,

afetando seu comportamento e seu desempenho escolar, sendo o apoio e participação

dos pais no processo educativo gera segurança, motivação e estimula o aprendizado da

criança, sendo fator fundamental (BERTO; RABELO; SANTOS, 2012).

Parados em frente à TV, ao celular tablete; a criança se mantém entorpecida por

longos períodos, além da sua capacidade de concentração e ali permanecem

acomodadas, sem reação (DA SILVA; GARCIA; SILVA, 2013). Sendo assim, o

Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, sugere a importância da

realização de atividades como artes e de movimentação corporal, como sons e

movimentos que ofereçam a criança o desenvolvimento de forma lúdica (Brasil, 2017).

A contação de histórias propicia à criança distintas leituras de mundo,

propiciando a criação e imaginação de momentos que a faça realizar relações consigo

própria e com o mundo. A história desenvolve a criatividade, possibilitando o

desenvolvimento e a melhora da autoestima, confiança, o que propicia o

reestabelecimento pleno da criança (ARAUJO; 2009). A contação de história propicia r

momentos lúdicos e constitui uma oportunidade para que os educadores possam pensar

sobre a sua prática e reformula-la, tornando-se, por meio da narração de histórias

infantis, utilizando diversos recursos didáticos, um encantador que cria oportunidades à

criança desenvolvendo seu mundo (DE SOUSA; DALLA BERNARDINO, 2011).

Atividades planejadas e intencionais com a utilização de literatura infantil, por

meio de leitura de histórias em voz alta podem fortalecer auxiliar a criança na obtenção

61

de um rico repertório linguístico e imaginativo. A brincadeira enriquecida e inspirada

por histórias infantis lidas em voz alta constituem uma estratégia fundamental para a

aprendizagem da linguagem oral (WAJSKOP, 2017).

Além da diversão, os contos de fadas e outras narrativas fantasiosas e cheias de

símbolos também ensinam, não sendo um saber institucionalizado, mas sim uma

sabedoria de vida, ajudando as crianças (e os adultos) a compreenderem o mundo

fornecendo ainda suporte metafórico para construção do simbolismo. Sendo assim, os

contos de fadas assumem um papel importante como instrumento pedagógico que

auxilia no processo de simbolização de forma prazerosa (RADINO, 2001). Bach Junior

(2012), refere o uso dos contos, músicas e narrativas faladas e escritas, como ações

positivas que ressaltam a “boa saúde física e psíquica dos alunos.

De Sousa e Dalla Bernardino (2011), referem que a contação de história deve ter

um proposito, pois, crianças que ouvem histórias somente para passar o tempo, sem

tornar a leitura como parte de sua atividade diária, não assumem as características

estimulantes da história. Temos ainda nesse meio a família, que por muitas vezes não

incorporam em suas atividades, a prática de contar histórias. Desta maneira, fatores

como o analfabetismo, a desinformação, o desinteresse pela leitura e pela informação,

são passados e fortalecidos de geração em geração.

PE3: porque tem muitos pais, familiares que não sabem ler, mas

assim do valor que eles dão para o filho ou para criança que esta

interessado em aprender

PE9: o nosso corredor tem duas estantes de livros, algumas famílias

passam, a criança pede porque tá acostumada aqui no trabalho de

leitura a gente tem projeto hora do conto que trabalha a

dramatização e através da leitura, os alunos tem o costume todas as

semanas e um dia sim um não, trabalhando a leitura com as crianças,

então a criança tem essa leitura cotidiana, ai chega na família e ela

não tem esse costume, sabe

62

PE7: elas já têm esse hábito de introduzir a questão da literatura nos

projetos delas, e eles já estão bem habituados, bem acostumados, já

pegam, já leem, já fazem suas pseudoleituras, estão sempre cantando.

E isso estimula bastante, uma criança que ouve bastante história, que

escuta bastante música, que tem esses estímulos direto, com certeza

auxilia bastante, a minha turma é uma turma bem...

PE5: alfabetizar não é só a escrita né, no caso eu trabalho com dois

anos, a gente trabalha de uma forma diferente do Ensino

Fundamental, mas a gente trabalha matemática, trabalha tudo né,

então desde o momento que trabalho através de música, de história

né, disso tudo, estou alfabetizando eles né, mesmo porque tudo que

eles vejam né, mesmo que eles não sabendo ler o letramento né, eles

sabem identificar e a partir daí é que vai ser mais fácil alfabetizar né.

Berto, Rabelo e Santos (2012), referem que o acompanhamento dos pais na

escola é essencial para mudanças no processo pedagógico e para a construção de uma

educação de qualidade, principalmente no que se refere ao esclarecimento das

dificuldades e a busca por soluções. No entanto, o que fazer quando esta é uma

propagação geracional, poderíamos aqui ousar dizer ser um analfabetismo geracional

que assola nosso país. Desta maneira, como fazer com que os pais se interessem e

ajudem seus filhos? Como esperar que pais analfabetos se interessem por livros

infantis? Ou será que estes pais não fazem o movimento por não saberem como

propiciar esta leitura em casa. Diversos são os estudos que referenciam a participação da

família e o ambiente familiar como fatores se relacionam a dificuldades de aprendizado,

como referem Pereira, Santos e Nunes (2015), principalmente quando associados à

carência de recursos tais como: falta de contato com livros, brinquedos, jogos de

raciocínio e carência de atividades realizadas fora da escola.

Ainda Merz, Zucker e Landry (2015) citam a escolarização dos pais como um

preditor significativo para a prontidão escolar de crianças, bem como os fatores

socioeconômicos como qualidade do lar, da escola e da vizinhança.

63

PE4: a própria participação, o envolvimento da família neste

processo da criança, aquela agenda que vem sem assinar, aquela

participação que tu pede para a família, aquela parte que vai para

casa ela, aquela continuação da creche que vai para casa para ser

feito em casa com a família na intenção de chama-lo, para ele sabe o

que está sendo feito aqui, o que o que o filho dele está vivenciando,

experenciando aqui dentro. E aquilo não volta sabe tu manda para

casa, e ele volta na mochila, vai de novo e volta na mochila, que a

mãe não olhou, não viu, não teve interesse de saber do que se tratava

esse tipo de coisa, também uma dificuldade que a gente encontra.

A falta de participação da família é um grande entrave no desenvolvimento e

continuidade do processo educacional. A contação de história assume um papel

importante na educação infantil, pois através dela é possível ter acesso ao

desenvolvimento de vários aspectos importantes da criança. No entanto, podemos

esquecer a importância e necessidade de desenvolvimento de métodos que auxiliem nas

demandas sociais e educacionais que estão envolvidas no desenvolvimento das crianças.

Devemos nos questionar como trazer uma família analfabeta ou iletrada a

desenvolver boas praticas de leitura junto as crianças? Não podemos julgar e apontar

erros em uma população muitas vezes já moldadas a serem menor e ajudar essas

famílias. Temos sim que orientar a auxiliar dentro do possível boas praticas de leituras

no âmbito familiar.

Mateus, Silva e Pereira et al (2013), referem que quando assumimos a educação

infantil como um lugar de construção e reconstrução de conhecimentos, devemos dar

especial atenção à contação de histórias, pois ela contribui na aprendizagem escolar em

diversos aspectos, como: psicológico, físico, cognitivo, social ou moral, tornando o

aluno mais perceptivo a aprendizagem.

64

C – Instrumentos e estratégias:

Ficou claro tanto na busca literária como na pesquisa realizada a importância da

família neste processo, como um dos pilares da educação de todo o sujeito, e é nela que

o indivíduo se alicerça, para que seja na escola o lugar onde esse mesmo sujeito busca o

conhecimento necessário para viver em sociedade, mas uma coisa é clara ambos

deveriam buscar a construção de cidadãos críticos e conscientes de seus deveres e

direitos, no entanto não é isto que vemos nos dias atuais em nosso país. Vimos dias de

uma sociedade, família desestruturada, reprimida e resultante de um sistema excludente

que se propaga por gerações. Professores que se encontram de mãos atadas, frente a

crises e politicas desastrosas e impensadas para uma realidade existente.

Frente a grande tragédia educacional que enfrentamos, analisar estratégias e

instrumentos utilizados para desenvolvimento da linguagem das crianças no cotidiano

da educação infantil, pode ser um primeiro passo para novos planejamentos, pautados

na realidade. Em entrevista as professoras referiram dois grandes pontos que são

trabalhados com nossas crianças: o letramento e a contação de história. O letramento e a

contação de história são fatores importantes referidos na literatura (RIBEIRO; SOUZA,

2012; CÁRNIO; PEREIRA; ALVES et al, 2011; TAYLOR; CRHRISTENSEN;

LAWRENCE, 2013), como fatores que necessários e que propiciam o desenvolvimento

pleno no processo de alfabetização.

No que se refere à alfabetização e letramento, temos que ter a clareza que estes

são dois processos complexos e indissociáveis, no entanto cada qual possui sua

especificidade e necessitam um do outro para que o processo de ensino e a

aprendizagem ocorram de forma expressiva para a criança. A compreensão sobre

letramento na visão de algumas professoras entrevistadas é de que letramento é o

conhecimento de mundo que a criança traz consigo. No entanto cabe salientar que 40%

das entrevistadas não citaram o letramento como importante na educação infantil e que

uma das entrevistadas apesar de citar teve dúvida sobre a importância do termo. O

letramento segundo as entrevistadas é a leitura de mundo, no entanto temos que ter claro

que: “A leitura do mundo antecede a leitura”, o que nos remete ao fato de que a

aprendizagem tem seu inicio antes do ensino formal desta maneira, a criança precisa ser

65

estimulada a ser proficiente em sua língua materna desde cedo, pois ela precisa aprender

como funciona a linguagem e fazer uso dela em diferentes contextos.

A contação de histórias propicia aprendizagens que ocorrem de maneira

harmônica, sem pressões decorrentes das políticas e grades curriculares, sem limitação

da imaginação. Aonde o faz de conta, a ludicidade é um fator importante para o

desenvolvimento de aspectos essenciais na criança, no entanto deve ser um trabalho

consciente e não o simples fator de contar história.

As estratégias mencionadas pelas educadoras são essenciais, no entanto devemos

atentar para a importância de se estruturar de maneira eficiente as estratégias para

propiciarmos o máximo desenvolvimento de nossas crianças, apropriando-as de

conhecimento e curiosidades no que se refere ao mundo da leitura.

2.4 Repensando os fazeres: estimulando as crianças na apropriação da linguagem

O terceiro objetivo desta pesquisa foi o de „elaborar e /ou adequar em parceria

com os professores um instrumento e/ou tecnologia capaz de estimular as crianças na

apropriação da linguagem escrita e empoderamento durante o processo de

alfabetização‟. Para efetivação deste objetivo tínhamos como meta retornar a instituição

de ensino para juntamente com as educadoras elaborar tais estratégias, no entanto, este

movimento não foi possível devido ao pouco tempo para análise e a impossibilidade de

uma agenda que pudesse atender ao tempo das professoras e da mestranda. Como não

foi possível efetivar na prática este objetivo, resolvemos fazer algumas reflexões sobre

possibilidades de alguns fazeres na educação infantil.

Inicialmente, cremos ser importante estabelecer neste capitulo a importância da

Fonoaudiologia no processo educacional. Como referem Santos e Oliveira (2010) esta

relação se caracteriza por períodos de aproximação e distanciamentos. Apesar de ter

suas origens estreitamente atreladas ao campo educacional, a Fonoaudiologia teve seu

desenvolvimento muito respaldado na prática clínica e progressivamente foi se

66

aprimorando e buscando envolver-se nos processos que envolvem a Comunicação e a

Educação.

O Fonoaudiólogo enquanto parte integrante da equipe pedagógica tem muito a

oferecer, acrescentando conhecimentos sobre comunicação humana e estratégias

educacionais que possam beneficiar o processo de ensino e aprendizagem. Sendo a

educação escolar um direito de todos, a Fonoaudiologia auxilia na potencialização de

práticas pedagógicas que contribuam para a melhoria do processo de aprendizagem e,

consequentemente, influenciar na melhoria da qualidade da educação em nosso país

(CFFA, 2015).

No entanto, muito temos a aprender com os profissionais da educação e com as

realidades existentes de nossa educação. Precisamos pensar em uma atuação conjunta,

visando uma melhor forma de atendermos as crianças. Atuações e avalições isoladas,

moduladas, onde a criança é vista como problemática tem gerado um quadro e

demandas incabíveis nos sistemas educacionais e de saúde.

Isso a muito é referido por grandes pesquisadores como Zorzi (1999), quando

ainda no século XX, neste clássico da Fonoaudiologia, este reflete sobre a importância

da inserção do Fonoaudiólogo na educação infantil, assumindo seu papel colaborador e

de grande importância neste processo. A Fonoaudiologia ainda tem uma longa

caminhada pela frente, visto que o que vemos hoje nas pesquisas de fonoaudiologia

educacional são estudos voltados principalmente a patologias da linguagem (AMARAL;

FREITAS; CHACON, 2011), avaliação de crianças (ANDRADE; ANDRADE;

CAPELLINI, 2013; DOS SANTOS; FERREIRA; CIASCA, 2016.); avaliação do

ambiente (BATISTA DE CAMPOS; DELGADO-PINHEIRO, 2014); ênfase no

professor (ALMEIDA; KOZLOWS; MARQUES, 2015; BERBERIAN;

BORTOLOZZI; MASSI, 2013) e fatores sociais (DE ANDRADE FERREIRA; DA

SILVA; ARRUDA MANCHESTER DE QUEIROGA, 2014; SCOPEL; SOUZA;

LEMOS, 2012), sem discutirmos fatores importantes e necessários a um processo de

aprendizagem efetivo.

67

Oliveira e Natal (2011), ao abordarem temas relacionados à Fonoaudiologia

Educacional, asseguram que esta deve enfatizar a troca de conhecimentos entre os

profissionais envolvidos na educação, objetivando a promoção do desenvolvimento da

criança. O fonoaudiólogo deve adotar, durante o planejamento escolar, uma postura

baseada na orientação, voltadas para os profissionais da pedagogia. Contudo, a prática

do Fonoaudiólogo Educacional ainda esta muito voltada ao trabalho preventivo, com

objetivo de detecção de alterações fonoaudiológicas e encaminhamentos ao atendimento

clínico.

Muitas incertezas e alguns aspectos chamaram atenção durante o

desenvolvimento da pesquisa. Alguns pontos aqui serão discutidos, por acharmos de

grande relevância, e que devem ser discutidos nas instituições de forma claras com

todos os envolvidos no processo educacional. Desta forma dividiremos o planejamento

de uma possível elaboração de uma proposta de tecnologia educacional em dois grandes

grupos: uma com ações indiretas e outra com ações diretas.

As ações indiretas referem-se a discussões e ações mais amplas, de ordem

política ou que se apresentem com uma amplitude onde sejam necessárias ações a logo

prazo. E as ações diretas, aquelas que se pautam em ações e pensares do dia-a-dia

pedagógico.

• Ações indiretas:

Oliveira, Natal (2012), obtiveram dados que demonstram que embora a maioria

dos professores tenha a formação necessária, exigida legalmente para o exercício e

atuação como educador, existe muito desconhecimento e dúvidas sobre quando se deve

iniciar o processo de alfabetização, bem como, dos fatores envolvidos que podem

dificultar as ações e condutas voltadas para estas práticas. Teixeira e Dickel (2013)

relatam exemplos sobre a atuação do professor no processo de desenvolvimento de

crianças no berçário, mostrando as repercussões que este contato tem para a

compreensão de mundo das crianças. Para as autoras, a maneira como as crianças

passam a compreender o mundo a sua volta e alguns problemas que sofram nesta

primeira infância podem levar a fracassos, medos e transtornos na constituição destas

68

como sujeitos sociais. As autoras salientam ainda a importância de propiciar as escolas

de educação infantil um repensar de suas práticas, assumindo o seu papel de espaços

transformadores e facilitadores na formação da criança. Melhorar a qualidade da

educação tem uma relação direta com a educação infantil, através da consciência da

importância dos processos sociais e linguísticos que se iniciam neste universo.

É necessário compreender que as crianças das escolas públicas brasileiras (e de

outros países) carecem de ser beneficiadas com uma educação verdadeiramente

qualificada. Faz-se necessário a luta por políticas e práticas pedagógicas efetivas para

que a escola passe a ser um espaço acolhedor das motivações e interesses das crianças

(NOGUEIRA, 2011). Desta maneira, fica clara a necessidade de se pensar em políticas

de Estado voltadas para a educação infantil que propiciem o desenvolvimento de

estruturas para a melhora da qualidade da infância, incluindo neste dizer às instituições

que formam profissionais atuantes nesta área (TEIXEIRA; DICKEL, 2013). Sobre estas

questões algumas professoras colocaram que:

PE2: É.... de contramão assim, eu acho um absurdo, porque que as

nossas crianças da rede pública não podem aprender, tem que ser

privada, é só o lúdico, a brincadeira, e assim tem que ser privado do

conhecimento. Eles não vão ver, lá na rua ele sai e as placas e letras

de nome sabe assim, é a forma que é apresentado as crianças

PE8: porque eu acho que o processo no Brasil as crianças chegam

até o quinto ano sem ser Alfabetizadas na verdade.

A fala das professoras nos remete a descontinuidade do processo educacional,

aonde a educação infantil não conversa com o ensino fundamental. É como pais que não

se conversam sobre a educação dos filhos, como seguir ou entender cada um, levar em

conta as individualidades, entender o que foi ou será ofertado a esta criança. Como fazer

tudo isto sem conversa, sem diálogo? Outro fator que muito chamou a atenção, foi à

falta de uma rede de apoio ao sistema educacional.

69

PE4: Eu acho que deveria ter assim, uma junção, um profissional

destinado a atender a educação, a área da educação, entendesse?

Quando tu vem pra trabalhar e tu encontra aquela dificuldade, tu tem

aquele amparo, essa equipe. Olha é para o setor da Saúde, sei lá, um

profissional destinado a creche, a educação que eu vou encaminhar a

criança, eu tenho aquele profissional para me amparar.

Dificuldades de acompanhamento também presentes na própria demanda do

SUS, do atendimento nas UBS‟s. Não queremos aqui levantar assistencialismo na

educação infantil, mas sim trabalhar com uma realidade presente e latente. Visualizar

esta realidade é necessário, preparar nossas ações para ela também. As dificuldades na

fala foram diretamente associadas, pela maior parte das professoras, as dificuldades

posteriores no processo de alfabetização. No entanto, as mesmas consideram-se de mão

atadas por não terem respaldo de uma rede de apoio e/ou conhecimento mais

especializado para ajudar estas crianças.

Como ajudar essas crianças, do que nos adianta professores conscientes,

atualizados se o sistema que deveria dar continuidade, para ajudar esta criança é falho?

Claro, que isto não exclui a importância e necessidade de se adotar sempre atitudes

individualizadas a cada criança, levando em consideração as especificidades de cada

individuo, mas algumas crianças necessitam de acompanhamento e ajuda de outros

profissionais durante o processo educacional.

Quando questionamos sobre que análises faziam acerca do processo de

alfabetização nas escolas públicas de nosso país e os aspectos ligados ao trabalho

desenvolvido no CEI, as respostas foram em sua maioria uma critica aos métodos

assumidos na educação básica, referindo a dificuldade das crianças em abandonar as

práticas lúdicas e passarem a ter rotinas de estudo. No entanto, sempre colocando em

seus dizeres muitas incertezas de como se da a continuidade do trabalho desenvolvido

no ensino fundamental. Como na fala a seguir, que nos indaga sobre como se dá o

processo educacional nos dias de hoje.

70

PE7: estão manipulando de uma forma que... cortando a

infância dessas criança, mas é uma questão política q não

consegue mexer, vem de cima para baixo e a gente só.... faz de

conta que so.... faz de conta que aceita né, fazer o que.. Mas...

no ensino fundamental pelo que sei agora é por ciclos né?

Nosso sistema de educação atual propicia que alunos passem de um nível para o

outro sem que precise alcançar certas competências exigidas para chegar ao nível

seguinte e tudo isto termina gerando dificuldades, em uma bolinha de problemas que

vem rolando e se torna em um imenso desafio, se torna em abandono escolar, se torna

em indivíduos iletrados, analfabetos “alfabetizados”. O professor passa a ter em suas

aulas, alunos que precisam ser trabalhados de forma mais individualizada, mas esta não

é a realidade de nosso sistema educacional, tornando cada vez mais trabalhoso esse

processo eo atendimento desta demanda. Na figura 01, mostramos alguns aspectos

elencados pelas 10 professoras como algumas das muitas dificuldades educacionais de

nosso país. Na figura 02 as dificuldades no CEI onde atuam.

Figura 01: Dificuldades Educacionais Brasileiras

Fonte: Elaborado pela Mestranda (2018)

6% 7%

27% 40%

20%

Motricidade Violência Falta do lúdico

Métodos inadequados Desinteresse familiar

71

Figura 02 Dificuldades Educacionais no CEI

Fonte: Elaborado pela Mestranda (2018)

É possível perceber as mudanças nos dois elementos: dificuldades no país x

dificuldades locais no CEI. Na vivencia do dia-a-dia, observamos a importância do

estimulo familiar e os problemas econômicos, sociais, culturais e estruturais que fazem

parte do universo das crianças e de seus pais, bem como dos próprios professores. A

falta de estímulo as crianças têm uma relação direta com o CEI ou com as famílias?

Como responder tal questão? Que ações, que tecnologias educacionais podem ajudar

neste processo? Políticas públicas poderia ser a resposta?

Devemos analisar todo o processo educacional de nossas crianças, com um olhar

aberto e atento a melhorias no sistema, nos métodos e até em nós mesmos. Na fala a

seguir, a professora deixa clara a importância do acompanhamento familiar e das

dificuldades geracionais a qual nossas crianças são submetidas:

PE4: porque se hoje eu não assumo os compromissos da Educação

Infantil e daqui a pouco quando vierem os compromissos, quando eu

tiver essa minha parcela de responsabilidade no processo educativo

do meu filho, eu vou fazer assim também? O compromisso vai vir e eu

vou deixar ele voltar? E ele volta para mim e eu devolvo para escola?

10%

20%

20% 20%

10%

20%

Motricidade: Analfabetismo Familiar

Violência Falta de participação familiar

Nível social Destaque a aspectos positivos

72

Os dados desta investigação permitiram concluir que as professoras possuem

carência de conhecimentos fundamentais no que se refere ao processo de alfabetização:

fatores envolvidos e desenvolvimento das crianças. Conhecer e estar atento a fatores

além do letramento e da contação de história, atualizando práticas e dizeres são

essenciais. Pois apesar de vários fatores importantes para o desenvolvimento da

alfabetição estarem presentes em alguns dizeres, estes aparecem de forma solta, isoladas

e sem muita fundamentação ou certeza no que dizem.

Desta forma, políticas educacionais que permitam a criação de estruturas de

apoio e a formação continuada podem e devem constantemente ser desenvolvidos e

neste sentido a fonoaudiologia pode oferecer sua contribuição, assessorando a escola

para reflexão sobre os saberes e dizeres dos professores, contribuindo para a construção

de práticas articuladas com a proposta pedagógica escolar. Este tipo de contribuição

pode ampliar as possibilidades de trabalho dos professores e agilizar algumas ações. Ou

seja, teríamos mais prontidão e menos lentidão, como afirma a professora a seguir:

PE7: demora muito para ter esse insight sabe, parece que a coisa esta

mais lenta, sabe parece que a coisa está mais lenta não sei como é

que tá o processo que eu não estou no ensino fundamental.

Os debates e as abordagens sobre formação continuada na educação infantil

dentro da perspectiva do brincar, enquanto campo de estudo em construção se mostram

nas pesquisas como um campo importante que ainda não foi explorado na sua

totalidade, compreendendo o brincar na sua importância articulatória de formação, bem

como na diversidade de situações propiciadas ao brincante, através da multiplicidade de

formas de brincar e de interação entre os sujeitos (SOARES, CÔCO, VENTORIM,

2016). Pesquisas como as citadas acima, apontam para a necessidade de investimentos

em ações de formação continuada que priorizem a temática do brincar, buscando com a

finalidade fortalecer práticas pedagógicas que orientem mais o letramento e a

capacidade de articular letras, palavras e pensamentos.

73

• Ações diretas:

O desenvolvimento da linguagem a muito é discutido na literatura como um

fator essencial para o desenvolvimento da linguagem escrita segundo Kaminski, Bolli

Mota e Cielo (2011) que destacam a associação entre dificuldade na detecção de

fonemas e desvio fonológico, onde crianças com desvio fonológico podem ter uma

atuação inferior às crianças com aquisição típica. Estas ideias são assumidas pelas

professoras com quem atuamos, que afirmam ser importante a linguagem para a uma

alfabetização eficaz.

PE9: Nós temos crianças aqui, já evoluiu muito, mas

criança que quando entraram aqui só apontava, porque

era o costume em casa e isto dificulta a fala. E para

alfabetizar a criança escreve o que ouve, se ela fala

/LATO/ ela não vai aprender a escrever /RATO/ com R,

ela vai escrever tudo como o “Cebolinha” né ela vai

falar, escrever da forma como ela ouve.

A garantia de acesso à uma linguagem rica é essencial para a construção de um

ambiente educacional mais positivo e significativo para a constituição de pessoas mais

plenas e empoderadas (MOTA, 2012; ALVES; CARVALHO; PEREIRA, 2017).

Desenvolver habilidades linguísticas básicas com consciência fonológica, morfológica e

habilidades matemática (raciocínio), são fatores não mencionados por nossas

entrevistadas, porem fatores muito mencionados na literatura.

Para nós algumas ações diretas compreendem todos esses processos que são

essenciais e devem ser desenvolvidos ainda na primeira infância: conscientizar, discutir

e inserir atividades que propiciem a aquisição e o desenvolvimento destes fatores de

extrema importância. Orientações e um trabalho conjunto entre Fonoaudiologia e

Pedagogia trariam grandes benefícios às crianças, pois juntos, cada um com seu saber e

vivencia, podem traçar um caminho de esperança. As capacitações periódicas, muito

faladas por todas as entrevistadas, oferecidas pela prefeitura através da „Casa do

Educador‟, poderiam incluir encontros e para oficinas e rodas de diálogos entre estes

74

profissionais, com o intuito de fomentar entre os educadores novas habilidades de

ensino e aprendizagem.

Este tipo de trabalho demonstra a prática efetiva do que é assumido pela

Constituição Brasileira, quando esta se refere à educação como um dos fatores

essenciais dos direitos humanos básicos, algo que norteia e prepara as pessoas para

distinguir, acessar e desfrutar de seus direitos (BRASIL, 1988). Esta possibilidade, a

priori, deveria inserir professores, crianças, famílias, adultos e a sociedade como um

todo. Contudo, sabemos que mesmo com todas as leis existentes, incluindo-se aqui a

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), criada em sua primeira

versão em 1961, anterior a nossa constituição atual (BRASIL,1996) não garantem o

ensino de qualidade a todas as pessoas deste país, incluindo-se aqui os próprios

educadores.

Ainda de acordo com as DCNEI, em seu Artigo 9º, as práticas pedagógicas para

a Educação Infantil são as interações e a brincadeira com outras crianças e com os

adultos, para que através de experiências a crianças possam construir e apropriar-se de

conhecimentos, a fim de possibilitar socialização, aprendizagens, desenvolvimento e

sucesso escolar (BRASIL, 2013). No entanto o que vemos, é que nossa educação

infantil não assume seu papel de importância como de fato tem e em muitas falas as

professoras colocam como vêm este processo e o que consideram como mais correto

para a educação infantil:

PE8: Então. Não sei se a R já te explicou, assim a gente debate muito

alfabetização na educação infantil porque na verdade a gente é

contra, não sei se ela chegou a explicar isso ou não.

PE2: Porque que as nossas crianças são menos daqueles que estão

em colégio particular, aí eu fico muito indignada, as vezes tu escuta

fala de profissionais da área, que é incoerente, porque o filho delas

não tá em uma rede pública, tais entendendo? eu fico muito

indignada, é uma coisa que eu não consigo compreender.

75

PE9: Não, não, não, eu vou te explicar porque. a gente não tem

obrigatoriedade de alfabetizar, na educação infantil as crianças

aprendem brincando.

O questionamento sobre qual é a análise que as professoras têm sobre o processo

de alfabetização do país e quais aspectos achavam que podem estar ligados ao trabalho

que realizam, causou uma reação inesperada em muitas educadoras. Em nenhum

momento foi questionado se a alfabetização deveria ser realizada ou não na educação

infantil, estávamos sim questionando sobre o que achavam do processo e a relação do

mesmo sobre o que faziam na sala de aula. Nesse momento o que ficou em nós, foi a

sensação de que os limites e as discussões sobre letramento e alfabetização, ainda são

temáticas que precisam ser melhor trabalhadas e refletidas à luz de pesquisas e práticas

participativas entre os profissionais que desejam ampliar as possibilidades de

empoderamento de nossas crianças.

A importância da Educação Infantil está além do ensino formal, a nosso ver, os

conhecimentos, as potencialidades para escolher o que é melhor para si, a possibilidade

de descobertas com relação a própria existência passa pela educação obtida desde

pequeno. E com essa fala encerramos, enfatizando mais uma vez a importância de se

assumir a educação infantil pela importância que ela realmente tem. A educação deve

em termos de igualdade, ser capaz de oportunizar possibilidades iguais a todos.

Somente assim, através de sujeitos realmente donos de seus saberes podemos dizer que

as ações praticadas “foram escolhas”.

76

CAPÍTULO 3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos ver ao longo desta pesquisa que muitos são os fatores envolvidos no

processo de alfabetização, processo esse aqui referido como pré-requisitos que auxiliam

na aquisição da linguagem. Apesar de reconhecer alguns requisitos importantes para a

alfabetização, muito pouco é feito, poucas atitudes reais são tomadas para valorizar e

desenvolver os fatores necessários ao desenvolvimento das pessoas nas suas infâncias.

Uma ajuda autêntica parte de uma prática efetiva e consciente de todos que nela

estão envolvidos. A fim de propiciar um crescimento mútuo, reconhecendo realidades

transformadoras, para somente assim, crescer lado a lado, todos os dias com novas

histórias de seres únicos. Em nossa sociedade contemporânea a leitura e a escrita estão

presentes em todos os momentos, no entanto não nos basta apenas ler ou decodificar

sentenças. Faz-se necessário muito mais que isso, necessitamos compreender a

informação e saber usá-la de maneira eficaz. Desta forma, a escola tem o papel de

educar seus alunos para viverem nessa sociedade letrada. Ensinar o aluno a apenas

decodificar o código alfabético é pouco para esse contexto em que vivemos, formando

cidadãos capazes de usar a leitura e a escrita no seu dia a dia.

A linguagem deve ser um tema de discussão na Educação Infantil, pois é nesta

etapa que a criança inicia sua inclusão na leitura e na escrita. O ato de falar, ler, escrever

e ouvir são capacidades linguísticas que necessitam ser desenvolvidas muito além do

âmbito familiar, principalmente quando falamos de crianças vulneráveis

linguisticamente e socialmente. Esta é a única forma de fazer com que estas crianças

possam construir e reconstruir seus pensamentos.

O professor precisa aprender antes de tudo a apropriar-se de algumas tecnologias

educacionais para alcançar as crianças. É fundamental que aprendam a trabalhar com

metodologias ativas e também equipamentos que possam auxiliá-los em suas práticas

pedagógicas. No entanto temos que ter a consciência de que nem todos tem acesso à

tecnologia propriamente dita, mas a tecnologia a qual nos referimos aqui não é

relacionada com a informática e computadores, estamos nos referindo a intervenções

77

educacionais que possam despertar a curiosidade de crianças e transportá-las através de

ações lúdicas para processos que gerem conhecimentos criativo e prazeroso.

O letramento há muito tempo assume um papel de importância na educação

infantil, principalmente no discurso dos professores, ele é definido como a leitura de

mundo que a criança faz, precedendo a leitura da “palavra”, o que nos remete ao fato de

que a aprendizagem inicia-se antes do ensino formal e sem a apropriação da escrita, ou

seja, a criança deve ser estimulada a ser proficiente em sua língua materna, pois para

comunicar-se, ela precisa aprender como funciona a linguagem e fazer uso dela em

diferentes contextos. No entanto, cabe salientar que esta não é a única habilidade a ser

desenvolvida na criança, habilidades como consciência fonológica, consciência

fonêmica, habilidades auditivas, entre muitas outras, são tão importantes quanto o

letramento.

Ter estas habilidades significa gerar benefícios à comunidade, quando a criança

passa a ser agente comunicador e disseminador de conhecimento a outros. Trabalhar

com esta perspectiva é aumentar as possibilidades de através dos processos

educacionais obtidos desde a infância, ter pessoas capazes de gerenciar sua vida, sua

saúde, em um processo que leve a um empoderamento que possa se situar em distintos

momentos do cotidiano de vida. Desta forma, podemos concluir que muito temos a

aprender mutuamente, que orientações e intervenções interdisciplinares trariam muito

aprendizado e construções significativas a educação de nossas crianças. A capacidade

inclusa de cuidar-se e ajudar seus semelhantes também podem ter sua gênese na

educação infantil. Isto é um exercício de cidadania.

Atualmente séries e filmes que questionam experiências científicas, vírus

mortais, mutações, entre outras coisas estão na moda, no entanto se pararmos para

pensar e repensar nossas atitudes, dizeres e realidades atuais nos deparamos com uma

devastadora e cruel verdade, na qual nossas crianças estão sendo roubadas, sequestradas

e até mesmo “castradas” socialmente. Através de uma sociedade extremamente

estratificada, com falácias naturalizadas que buscam cada vez mais oprimir e dominar.

78

Diagnósticos precoces e “insensatos” estão transformando nossa sociedade em

uma sociedade medicalizada, mas não me refiro aqui ao simples uso de medicações para

tratamento de doença ou alterações de qualquer espécie, mas sim o que situa a

medicalização não como uma crítica ao poder médico, mas sim quando esta se faz na

busca pela imagem da boa vida, onde a pluralidade de pedagogias da existência

cotidiana tornam alguns fatores desviantes medicalizáveis, inclusos como alvos para

psicofarmacologia e intervenções.

Nesta imagem de boa vida e ser utilizável socialmente estão em desacordo às

crianças que questionam, dão trabalho, se desligam da realidade ou “viajam” em suas

fantasias, desviam e não condizem com a realidade almejada ou possível de ser

suportada ou domada, logo são diagnosticadas como tendo transtornos de déficit de

atenção e hiperatividade (TDAH), autismo, entre outras, e diretamente direcionadas ao

uso de medicamentos, intervenções ou simplesmente vistas como problema social.

Questiono-me se nesta atualidade Albert Einstein, Louis Pasteur ou Thomas Edison,

cientistas que na atualidade seriam considerados em desacordo com o que a sociedade

considera „normal‟ e „saudável‟, teriam realizado suas descobertas ou estariam sendo

dopados e diagnosticados já na primeira infância.

Nossa educação está na rota da dominação social. Estabelecer o saber a um

sujeito passa a ser visto como afronta as necessidades politicas hoje estabelecidas.

Nunca poderemos falar em empoderamento de sujeitos se não falarmos em educação,

em conhecimento, em dar a possibilidade real de ser o que quero ser em lugar de ser o

que me resta ser. É a pedagogia do oprimido referida por educadores como Paulo Freire,

onde a educação é uma prática de liberdade, onde fazer o aluno conhecer a liberdade,

tornando-se apto a se construir crítica e responsavelmente é essencial e necessário para

a dignidade do indivíduo e de uma sociedade.

Remetemo-nos, enquanto profissionais, a adentar a escola, e aqui nos referimos

mais especificamente a educação infantil, com olhar clinico, nos vestindo com a camisa

do saber, buscando encontrar desculpas para as dificuldades ou desvios de padrões. No

entanto, ver o ambiente escolar com este olhar limita sua verdadeira essência, da qual

79

não deveríamos nunca nos perder, a essência do desenvolvimento pleno do indivíduo,

em suas potencialidades, em suas especificidades. Este desenvolvimento se dá através

do acesso ao conhecimento, a informação e é essencial e humanitário, é primordial para

o crescimento de toda uma nação e até mesmo manutenção da vida. Desta forma, a

alfabetização se torna uma das armas mais fortes com o qual poderíamos prover um

povo e suas crianças. Através da educação e da alfabetização, constituímos cidadãos

conhecedores de seus direitos, de suas reais necessidades, donos de seu destino.

Ao não fazermos uma reflexão sobre estas questões, nossa sociedade se

direciona para um verdadeiro genocídio silencioso e socialmente aceitável, atestado por

especialistas, onde os sujeitos e principalmente nossas crianças estão sendo retiradas de

seus corpos de uma forma menos ofensiva que a morte, mas não muito diferente do

genocídio realizado por Hitler nos campos de concentração para purificação da raça.

Atualmente a tecnologia e ciência nos permitem dentro de padrões “éticos e

autorizados” realizarmos uma seleção/adequação dos padrões indesejados

transformando-os em padrões desejados.

No entanto, não dispensando a importância de determinados encaminhamentos e

tratamentos que se fazem necessários, cabe a todos os envolvidos na educação o grande

questionamento, qual será nosso real objetivo dentro do sistema educacional?

Diagnosticar? Apontar falhas ou culpados? Precisamos urgentemente reaver e

reestruturar a educação, para fornecer o que realmente nossas crianças necessitam

educação, cidadania, respeito às individualidades. O processo de alfabetização é fator

primordial para esta cidadania, formando indivíduos realmente empoderados pelo

conhecimento real e não o conhecimento imposto por uma sociedade ou momento;

gerando desta forma uma vida digna.

80

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91

APENDICE A

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E

CULTURA

ESCOLA DE SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM

SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO/MESTRADO PROFISSIONAL

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Pesquisa (Título): AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA NA

ALFABETIZAÇÃO COMO FATOR PREPODERANTE PARA A COMPREENSÃO

E EMPODERAMENTO DE CRIANÇAS: UM ESTUDO DE CASO

Pesquisadora: Mestranda Renata Del Antonio / e-mail: [email protected]

Orientadora: Prof.ª Drª. Yolanda Flores e Silva, e-mail: [email protected]

O ESTUDO: Esta proposta de pesquisa abrange a realização de um estudo sobre “A

aquisição da linguagem escrita na alfabetização como fator preponderante para a

compreensão e empoderamento de crianças: um estudo de caso”, com o objetivo geral:

Apresentar os fatores envolvidos na compreensão da linguagem escrita durante a

alfabetização e o que pode ser utilizado como instrumento e/ou tecnologia para ampliar

os estímulos e a apropriação desta linguagem desde a infância. Os objetivos específicos

são:

A. Descrever a compreensão dos professores da educação infantil acerca do processo de

alfabetização e os fatores necessários a um melhor desempenho das crianças na

aprendizagem da linguagem;

B. Descrever as estratégias e instrumentos que os professores utilizam no aprendizado

da linguagem das crianças no cotidiano da sala de aula;

C. Elaborar e /ou adequar em parceria com os professores um instrumento e/ou

tecnologia capaz de estimular as crianças na apropriação da linguagem escrita e

empoderamento durante o processo de alfabetização.

Considerando o exposto acima, gostaríamos de convidá-lo (a) a participar do referido

estudo e, por meio deste Termo de Consentimento, certificá-lo (a) da garantia de sua

92

participação. Sua participação na pesquisa ocorrerá por meio de entrevista, que será

gravada e, posteriormente, transcrita, mas o (a) senhor (a) não será identificado (a).

Informamos que esta pesquisa pode oferecer riscos de ordem retórica

(constrangimentos, vergonha, tristeza, medo, impaciência, entre outras possibilidades) a

partir da discussão de situações relacionadas ao tema foco da pesquisa. Frente a

qualquer destas situações por favor nos informe para que possamos conversar e

identificar juntos o que poderemos fazer. Solicitamos que não desista imediatamente

sem conversar, considerando os benefícios que obteremos com as ideias e sugestões

promovidas através da pesquisa e de suas informações.

O (a) senhor (a) tem a liberdade de recusar participar do estudo, ou caso aceite, retirar o

seu consentimento a qualquer momento, uma vez que sua participação é voluntária. A

recusa ou desistência da participação do estudo não implicará sanção, prejuízo, dano ou

desconforto. Os aspectos éticos relativos à pesquisa com seres humanos serão

respeitados, mantendo o sigilo do seu nome e a imagem da instituição e a

confidencialidade das informações fornecidas. Os dados serão utilizados

exclusivamente em produções acadêmicas, como apresentação em eventos e

publicações em periódicos científicos onde nenhuma informação que o identifique será

fornecida e/ou colocada nestas produções.

Após ser esclarecido (a) sobre todo o estudo e procedimentos conforme as informações

a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, rubrique todas as folhas e assine ao

final deste documento, com as folhas rubricadas pelo pesquisador, e assinada pelo

mesmo, na última página. Este documento está em duas vias. Uma delas é sua e a outra

é do pesquisador responsável.

PROPÓSITO DO ESTUDO: A alfabetização torna-se determinante para a vida de todos

nós e particularmente das crianças. Alfabetizar numa perspectiva democrática com uma

comunicação realizada através de uma linguagem compreensiva as crianças (e

professores) passa a ser um ato político concreto para a inserção na sociedade e

desenvolvimento futuro destas crianças (e quem sabe suas famílias) enquanto cidadãos

ativos, conscientes de seu papel no processo de transformação da sociedade. A crescente

conscientização da importância da educação infantil nos primeiros anos de vida e no

desenvolvimento posterior, em aspectos sociais e educacionais, tornou-a uma

93

preocupação mundial, ocasionando a procura por melhores abordagens no que se refere

a cuidados e a educação de crianças desde o nascimento aos cinco anos.

SELEÇÃO: Você está sendo convidado (a) a participar deste estudo porque dispensa na

sua prática cotidiana atividades e ações voltadas ao tema desta proposta de pesquisa.

Sua experiência como professor podem ser importantes para o entendimento da

importância e ações voltadas para o processo de alfabetização. Na possibilidade de

negativa em participar da pesquisa, fique tranquilo (a) e não se constranja caso não se

sinta confortável em expor suas ideias acerca da temática que estaremos tratando.

Contudo, ficaremos felizes se pudermos contar com sua preciosa colaboração para que

juntos possamos construir no futuro uma proposta de ação que possa auxiliar crianças

no processo de desenvolvimento adequado da linguagem escrita, bem como orientar

professores que atuam neste processo

PROCEDIMENTOS: Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder as

perguntas a serem realizadas sob a forma de uma entrevista semiestruturada com

questões abertas acerca do que pensa e do que realiza neste setor. Esta etapa deverá

ocorrer após avaliação e aprovação desta proposta no Comitê de Ética de nossa

universidade. Logo que tenhamos estes trâmites de aprovação concluídos, entraremos

em contato com você para agendarmos o dia e horário de sua disponibilidade,

preferência e comodidade para a coleta de informações. Calculamos para a entrevista a

duração aproximada de até 40 minutos. A entrevista será realizada pela pesquisadora

Renata Del Antonio, em uma sala reservada para esta finalidade na escola onde atua ou

outro local de sua preferência a fim de conhecer um pouco mais acerca das dinâmicas

utilizadas por educadores para resolver problemas de linguagem na escola. Se não

considerar adequado a entrevista não tem problema, a decisão final será sua, não se

constranja em dizer o que pensa e o que autoriza ou não para esta pesquisa.

PARTICIPAÇÃO VOLUNTÁRIA: Sua participação nesta pesquisa é voluntária, isto é,

a qualquer momento você pode recusar-se a responder qualquer pergunta ou desistir de

participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua

relação com a pesquisadora ou com a instituição na qual trabalha. Será garantido o

direito à indenização, nos termos da lei e o ressarcimento de despesas, caso necessário.

Também garantimos o arquivamento dos dados da pesquisa, em arquivo físico ou

94

digital, sob guarda e responsabilidade dos pesquisadores, por um período de 5 anos após

o término da pesquisa.

CUSTOS/PAGAMENTOS: Não haverá nenhum custo relacionado a este estudo: você

não irá ter custos financeiros e como sua participação é voluntária, também não terá

nenhuma compensação financeira por sua participação neste estudo.

PERMISSÃO PARA GRAVAÇÃO E TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA:

Gostaríamos também de solicitar a permissão para gravarmos a entrevista que será de

poucas questões. O investigador responsável pelo estudo irá analisar as informações

passadas por você na entrevista, mas, suas respostas serão tratadas de forma anônima e

confidencial, isto é, em nenhum momento será divulgado o seu nome em qualquer fase

do estudo. Quando for necessário exemplificar determinada situação, sua privacidade

será assegurada uma vez que seu nome será substituído por pseudônimo ou numeral. Os

dados coletados serão utilizados apenas NESTA pesquisa e os resultados divulgados em

eventos e/ou revistas científicas sobre o assunto pesquisado. Porém sua identidade não

será revelada em qualquer circunstância e você tem o direito de acesso aos seus dados,

inclusive no formato final do relatório, podendo solicitar cópia da dissertação, de artigos

científicos publicados e trabalhos apresentados em eventos. Adiantamos que todas as

gravações com as entrevistas serão destruídas após a defesa da dissertação, embora

todas elas estejam codificadas de modo que nem mesmo a pesquisadora e sua

orientadora poderão identificar os profissionais informantes após o encontro realizado.

RISCOS: A pesquisa será realizada de modo que possamos diminuir atenuar ou evitar

qualquer possibilidade de risco. Segundo a Resolução CNS 466/12, os riscos no tipo de

estudo como o que será realizado poderão trazer danos à dimensão física, psíquica,

moral, intelectual, social, cultural ou espiritual do ser humano, em qualquer fase de uma

pesquisa e dela decorrente. Este tipo de risco pode expor os participantes de uma

pesquisa, os próprios pesquisadores e os trabalhadores envolvidos ao longo do projeto.

Considerando o contexto da pesquisa admitimos a possibilidade de riscos de

constrangimento diante das perguntas realizadas na entrevista ou se considerar que as

questões possam trazer à tona situações vividas e experiências que lhe causam

sofrimento psíquico. Além dos riscos já citados, apresentamos uma lista de riscos

apontados em seminário do Ministério da Saúde como possíveis de ocorrer em

95

pesquisas qualitativas (ZANATTA & COSTA, 2012; BIOETHICS THESAURUS,

1999):

1. Violência verbal, emocional e/ou física de pessoas que possam não concordar

com sua opinião e participação na pesquisa;

2. Modificação nas emoções com possibilidade de estresse, culpa, perda da

autoestima;

3. Estresse emocional em função do tipo de relacionamento estabelecido entre

pesquisadores e participantes;

4. Discriminação e estigma no trabalho com colegas como resultado da invasão de

privacidade e quebra da confidencialidade, principalmente quando as informações estão

relacionadas a atividades e comportamentos individuais e coletivos que as pessoas não

desejam divulgar;

5. Devolução ou comunicação inapropriada dos resultados dos estudos que possa

gerar situações de conflito ou abalar vínculos com pessoas ou grupos com quem tem

contatos no trabalho;

6. A participação em pesquisas pode resultar em interferência no emprego atual ou

futuro, na elegibilidade para promoções, etc.;

Para evitar todos estes problemas (apresentados de 1 – 6), serão tomadas medidas

quanto ao segredo de identificação dos informantes, nesse sentido, reforçamos a

informação de que todas as gravações com as entrevistas serão destruídas após a defesa

da dissertação, ainda que todas elas estejam codificadas de modo que nem mesmo a

pesquisadora e sua orientadora poderão identificar os profissionais informantes após o

encontro realizado.

Com relação às questões de caráter emocionais, esperamos deixa-lo (a) confortável,

mas, caso você fique constrangido (a) com alguma pergunta, ou que alguma pergunta

lhe faça sentir algum sofrimento psíquico, você poderá deixar de responder à questão,

ou se preferir, poderá encerrar a entrevista, sem nenhum prejuízo a você. O importante é

que você tenha ciência que a pesquisadora estará apta e disposta a realizar a substituição

de procedimentos que o deixem desconfortável ou em risco iminente. É importante que

saiba que haverá supervisão técnica constante da orientadora e você também terá a

certeza de um acompanhamento ético dos profissionais do Comitê de Ética da

96

UNIVALI da qual fazem parte a mestranda e sua orientadora, caso precise de algum

esclarecimento.

DEVOLUTIVA: A devolutiva à Instituição será feita através de carta de agradecimento

pela autorização concedida para a realização de pesquisa e pelo incentivo para a

produção de novos conhecimentos. Será entregue também a cópia da dissertação à

Instituição.

CONTATO PARA PERGUNTAS: Se você tiver alguma dúvida com relação a esta

pesquisa, você deve contatar a mestranda Renata Del Antonio, no telefone 48 98453-

4200 em qualquer período que desejar. Se você tiver alguma dúvida sobre seus direitos

enquanto informante da pesquisa, você pode contatar o Comitê de Ética em Pesquisa em

Seres Humanos - CEP/UNIVALI - Rua Uruguai, n. 458 Centro Itajaí - Bloco F6, andar

térreo. Horário de atendimento: das 8:00 às 12:00 e das 13:30 às 17:30 - Telefone: 47-

33417738 - E-mail: [email protected]

Os resultados do estudo serão divulgados durante a defesa de dissertação da mestranda

Renata Del Antonio e em reuniões do grupo de pesquisa ARGOS no Mestrado em

Saúde e Gestão do Trabalho que funciona no campus da UNIVALI em Itajaí, bloco F6,

no terceiro andar. Garantimos que durante estas reuniões seu nome permanecerá no

anonimato, sendo que se necessário fazer menção ao respondente se usará o que ficou

registrado como pseudônimo ou numeral correspondente à informação prestada por

você.

CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO

Eu, ___________________________________________________, abaixo assinado,

concordo em participar do presente estudo como participante. Fui devidamente

informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me

garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve à

qualquer penalidade ou interrupção de meu acompanhamento/assistência/tratamento.

Local e data:

_____________________________________________________________

Nome:

__________________________________________________________________

Assinatura do Participante ou Responsável:

________________________________________

Telefone para contato:

_____________________________________________________

97

Pesquisador Responsável: Yolanda Flores e Silva

Telefone para contato: 47. 3341 7932 – das 09:30 – 17:30 (Terças / Quartas Feiras)

Pesquisador assistente: Renata Del Antonio

Telefones para contato: 48 98453 4200 – horário comercial.

____________________________________

Assinatura Participante

____________________________________

Assinatura Pesquisador

Renata Del Antonio

_____________________________________

Assinatura Orientador:

Yolanda Flores e Silva

São José, de 2018.

98

APENDICE B

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E

CULTURA

ESCOLA DE SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM

SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO/MESTRADO PROFISSIONAL

Roteiro de Entrevista

Dados de Identificação:

Data de nascimento: ____/____/______

Ano de formação em Pedagogia:________________

Tempo de atuação como Pedagoga:______________________

Tempo de atuação na escola: _______________________

Atua apenas nesta escola?.....................................................

Se não: em quantas?..............................................................

Sua residência é próxima da escola e/ou escolas onde atua?

Tem conseguido se capacitar nos últimos 5 anos? Em que área da sua atuação?

Consegue estudar e fazer leituras relacionadas a sua especificidade de trabalho?

Dados Relacionados aos Objetivos da Pesquisa:

1. Qual a sua análise acerca do processo de alfabetização nas escolas públicas de

nosso país? Que aspectos podem estar ligados ao seu trabalho?

2. Neste território em que se insere a escola, quais aspectos podem ser impactantes (de

forma positiva e negativa) ao desenvolvimento da criança durante a sua alfabetização?

1. Quais dificuldades aspectos das crianças em sala chama mais sua atenção?

Alguma delas você considera que estaria relacionada posteriormente ao processo de

alfabetização

2. Quais profissionais são procurados quando precisam de auxílio nas questões

relacionadas à linguagem?

3. Quais procedimentos e/ou encaminhamentos são realizados quando os

problemas estão relacionados à linguagem?

4. Existe um protocolo do município e da escola com relação a encaminhamentos

externos quando a criança tem dificuldades de linguagem? Ou outras?

5. Existem trabalhos especializados realizados pelos educadores com relação as

dificuldades de linguagem ou em relação a alguma dificuldade específica?

6. Estes educadores realizam que tipo de trabalho com as crianças? Pode explicar

como ocorre este tipo de ação e/ou procedimento?

99

APÊNDICE C

ARTIGO CIENTIFICO 1

EDUCAÇÃO INFANTIL COMO FATOR DE COMPREENSÃO E

EMPODERAMENTO DE CRIANÇAS: UM ESTUDO DE CASO4

RESUMO: A Educação Infantil pode ser uma possibilidade de desenvolvimento

infantil pleno e integral. A alfabetização é uma tarefa delegada a escola e a educação

infantil deve estimular fatores de aprendizagem e prever as dificuldades que possam

excluir as crianças. Este artigo é resultado de pesquisa realizada em um mestrado em

saúde, com objetivo de “descrever a compreensão dos professores da educação infantil

acerca do processo de alfabetização e os fatores necessários a um melhor desempenho

das crianças na aprendizagem da linguagem”. A pesquisa foi de caráter qualitativo, com

pesquisa bibliográfica, observação e entrevista a 10 profissionais de um centro de

educação infantil próximo a capital do estado de Santa Catarina no segundo semestre de

2018. A análise uniu os conhecimentos textuais dos autores pesquisados, os discursos

dos professores e da mestranda, reconhecendo nos discursos a compreensão dos

profissionais quanto aos aspectos relacionados à alfabetização. Os resultados

demonstram que: existem professores que desconhecem elementos importantes

relacionados ao letramento e/ou alfabetização; e existem também más condições

educacionais estabelecidas por políticas inapropriadas. A Fonoaudiologia pode

contribuir junto à equipe pedagógica, discutindo estratégias no processo de ensino e

aprendizagem. Porem somente mudanças nas políticas nacionais educacionais poderá

mudar o quadro atual da Educação Infantil.

Palavras-Chaves: Educação Infantil. Fonoaudiologia. Docentes. Políticas Públicas.

100

APÊNDICE D

ARTIGO CIENTÍFICO 2

INSTRUMENTOS E ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTOS DA

LINGUAGEM NO COTIDIANO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

RESUMO: A alfabetização é uma tarefa delegada a escola e a educação infantil deve

estimular fatores de aprendizagem e prever as dificuldades que possam excluir as

crianças, sendo uma possibilidade de desenvolvimento infantil pleno e integral. A partir

deste pensamento, fez-se pesquisa cujo objetivo foi “descrever as estratégias e

instrumentos que os professores utilizam no aprendizado da linguagem das crianças no

cotidiano da sala de aula”. O suporte metodológico foi qualitativo, utilizando-se dados

bibliográficos, documentais e oriundos de entrevistas com 10 professores de um centro

de educação infantil de um município litorâneo inserido na região metropolitana da

capital do estado de Santa Catarina. A análise foi realizada considerando dados

bibliográficos, os discursos dos professores e conhecimentos dos pesquisadores. Ao

final da investigação os resultados demonstram que duas estratégias principais servem

como base para o desenvolvimento das crianças: letramento e contação de historias,

como resposta em 60% dos discursos dos professores. Com base nos resultados, as

pesquisadoras consideram importante um debate mais amplo de como utilizar estes

instrumentos de forma mais eficiente enquanto uma tecnologia educacional que exige

participação do estado e família, com infraestrutura e preparação da escola e professores

para o pleno domínio destas estratégias de ensino.

Palavras-chaves: Desenvolvimento da Linguagem; Educação Infantil; Fonoaudiologia;

Leitura Escrita.

101

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

VICE-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E

CULTURA

ESCOLA DE SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM

SAÚDE E GESTÃO DO TRABALHO/MESTRADO PROFISSIONAL

EXEMPLO DE ENTREVISTA REALIZADA

Nome: PE1

Ano de formação: 2008 (pedagogia)

P: Qual a sua visão, sua análise frente ao processo de alfabetização nas escolas públicas

do País?

PE1: assim, nessa área da alfabetização eu to um pouco... eu estou começando a me

atualizar agora, por que até então eu estava trabalhando na área da educação especial,

então agora eu to... começando agora, mas eu ainda acredito que a gente ainda tem

muito o que... que caminha, acho que a gente precisa estudar bastante.... iiii eu acho

que.... Agora me deu branco.

P: Não tem problema. Parando para pensar nesse momento, nesta pergunta, tem algum

aspecto que você consideraria relevante para a alfabetização das crianças?

PE1: eu acho que sim... é... a questão do estímulo né. A gente vê que as crianças hoje

em dia estão muito parados em celulares, vídeo game, não que isso não seja bom, o uso

da tecnologia é boa, desde que seja é...destinado um tempo, um objetivo pra aquilo, só o

que eu percebo crianças que chegam aos 4, 5 anos e não sabem nem empunhar um lápis,

não sabem fazer uso funcional de objetos, tipo um carrinho e não sabem que o carrinho

é para brincar com o carrinho, atirar o carrinho na parede, não tem conceito de cor, tu

pergunta uma blusa que cor é, uma blusa amarela. Você pergunta que cor é aquela e ela

diz blusa, entendeu? Por que o conceito de alfabetização é... entra no conceito do uso de

determinados elementos. Eu acho que o estimulo em casa esta faltando muito também,

na sociedade em geral.

P: No território aqui, de inserção da escola, desse centro de educação, tem algum

aspecto que você considera impactante tanto positivo como negativo para o

desenvolvimento posterior...

PE1: é essa questão que me assustei, que eu fiquei bem assustada, crianças de 4/5 anos

que não sabem se quer empunhar um lápis. Não sabem nem qual mão vão segurar.

P: Então se fosse dizer à dificuldade das crianças que você observa na sala...

PE1E: a falta de estímulo... é a falta de estimulo. É a dificuldade, a falta de estímulos.

102

P: E frente a crianças com alguma dificuldade no processo de linguagem, no próprio

pegar um lápis, que vemos que esta fora “digamos” de um padrão de desenvolvimento...

PE1: tenho, tenho, eu tenho crianças com bastante... crianças com dificuldade na

linguagem oral, estão bem aquém, tem crianças que não conseguem se comunicar, a

linguagem oral delas é bem, bem com muita dificuldade. As mães assim, que a gente...

crianças que não tem a oralidade, bem a baixo do esperado, as mães assim: “a porque eu

levei um susto na gravidez, por isso fala assim”. Sabe, assim; bem difícil, na minha sala

eu tenho crianças com bastante dificuldade na oralidade.

P: E quando acontece alguma coisa nesse sentido, vocês tem algum processo a ser

seguido? A quem encaminhar?

PE1: A gente a principio conversa com a família e encaminha para um pediatra para que

o pediatra faça os encaminhamentos. Aqui na creche a gente pede também para que seja

encaminhado na secretaria. Tem todo um tramite também de encaminhamento.

P: Esses processos, encaminhamentos são conhecidos, tem uma rotina a ser seguida, ou

é conforme...

PE1: tem, tem, tem...

P: esse protocolo essa sequencia, é da instituição ou da...

PE1: da secretaria.

P: Existe algum trabalho que vocês realizam aqui, quanto a isso, ou o trabalho é esse

encaminhamento.

PE1: è a gente não tem um... A gente faz de uma maneira geral, em todas as áreas do

conhecimento, é obvio o que a linguagem é... ta dentro da nossa área de trabalho, nessa

área especifica é claro, nós não temos nem formação para isso. A nossa função é quando

a gente identifica é fazer os encaminhamentos, né! Ai leva esses tramites que te falei...

até por que nós não podemos dar diagnósticos a gente só pode encaminhar.

P: sim, sim... As crianças da sua sala são de que idade?

PE1: a minha é grupo multi 4/5, mas tem criança de 3 a 5 anos, então é bem multi

mesmo.

Nome: PE2

Ano de Formação: 2015 (pedagogia)

P: Você conseguiu realizar algum tipo de atualização nos últimos 5 anos?

103

PE2: A gente tem a casa do educador né. Então, cada ano é trabalhado algum tema, esse

ano eles estão expondo é..., as escolas estão expondo trabalhos que foram feitos,

projetos que foram bem sucedidos, que foram bem legais, que as crianças sabe, tiveram

grande aproveitamento, então eles estão passando esses projetos para frente, para outras

instituições, estão compartilhando as vivências, para que dai a gente, naquilo a gente

possa transformar e levar para nossa prática pedagógica, é uma troca de informação, é

bem interessante assim, cada vez que a gente vai, tem uma outra instituição

apresentando, tanto a nossa vai apresentar para as outras né, que a gente também tem

um projeto coletivo que é a hora do refeitório, o fazendo arte e o outro é... a hora do

conto, então é passado o que que a gente faz aqui dentro também né. Então essa é uma

troca de informação mas isso é feito na casa do educador.

P: e isso é feito lá?

PE2: Sim, é por que assim, a gente tem o contra turno né, eu não poderia trabalhar numa

outra instituição, porque um dia da semana eu tenho que estar na instituição o dia

inteiro, tenho que estar disponível, digamos essa semana hoje foi grupo de estudo, foi de

manha, então a gente tem que vir de manhã, tu faz a tua carga horária no grupo de

estudos e à tarde a gente trabalha com as crianças no horário normal. Então um dia da

semana tem que estar envolvido o dia inteiro em função do CEI dessa formação dessa

troca de informação.

P: Esses projetos que você falou daqui, que é o da refeição...

PE2: refeitório, a hora do conto e fazendo arte; hora do conto geralmente esses

professores e a gente monta alguma peça de teatro alguma história, algum conto e a

gente apresenta para as crianças né, é... a participação dos professores, fazendo arte são

oficinas.. maquiagem, pintura de rosto, a gente assim o que da né... a gente faz uma

pesquisa... ai aquele dia é o fazendo arte, é diferente e a tarde toda a manha inteira.

P: uma vez por semana?

PE2: Não, ai tem um cronograma, porque tem um mês, ai no outro não. Tem um

calendário do ano inteiro um cronograma. Ai o fazendo arte o CEI acaba se integrando,

têm uma interação entre todas as turmas, entre os pequenos e os grandes, todo mundo

participa entendeu. É um espaço que fica lá aberto então, fica todo mundo participa cada

criança, vai aonde ela quer, ela faz o que ela quer né; que participa do que ela olhar e

gostaria de saber, assim eu até agora só Participei de um desse fazendo arte porque eu

entrei depois, a hora foi um pouco antes de eu entrar, mas logo a gente já tem um outro

que vai ter a hora do conto que a gente vai ter que se preparar para saber o que vamos

fazer para eles.

P: Qual seria se a tua análise, a tua percepção acerca do processo de alfabetização das

escolas públicas do país?

104

PE2: então, assim ó... agora nesse momento eu tô com G2 então assim, eu não tenho

essa... tão aflorada essa preocupação da alfabetização, mas início do ano estava na

Palhoça o meu G era G5 de lá eles saem para o primeiro ano, ano retrasado trabalhei

G4 G5, eles tinham mais um ano e depois iriam para o primeiro ano, ano anterior

também, G4 G5, então sempre trabalhei como os maiorzinhos, esse ano que foi com os

pequeninhos mesmo, assim... Então minha preocupação sempre foi o que: não

ALFABETIZAR, por que estão em um centro de educação infantil, então trabalhar

vivências, experiências, descobertas, mas nisso também inclui, não alfabetizar, mas eu

me senti na necessidade de apresentar para as crianças, ééé... As letrinhas, os números,

não que esteja alfabetizando, o nome deles, reconhecer o nome dos amigos, por que

assim ó, eu trabalhei no primeiro ano trabalhei sozinha, ééé no G4 G5 em São Pedro de

Alcântara a diretora pediu para mim, lá era apostila da Positivo, então tu tinha que dar

conta de todo o conteúdo é como se fosse um colégio particular tá, todo o conteúdo

mas eu tive uma ressalva da minha diretora: “Olha você tem que trabalhar com eles e

eles têm que sair daqui pelo menos sabendo fazer nome”; porque o que que aconteceu

ano passado, as crianças foram para a primeira série e não sabem fazer o nome e ela já

me pegou um ano antes, do ano antes que ele vão para primeiro ano. Quer dizer, então

que já começa a trabalhar com eles apresentar, lá nem fala apresentar, eu falo apresentar

para amortecer um pouco, iiii... foi o que eu fiz, dentro da apostila tentar trabalhar assim

iiii... foi muito gratificante que era meu primeiro ano da educação, 21 crianças, sozinhas

sem uma auxiliar de sala sem nada e trabalhar com eles e ver que na caminhada ele já

conseguiu colocar o nome na atividade, assim a criança sabe, tu conseguiu, é uma

realização muito grande assim tu vê que tá passando e surgindo frutos, assim né.

Quando eu vim para rede Municipal São José, o negocio complicou, porque se NÃO

pode ter letras na parede, você NÃO pode alfabetizar, você NÃO pode isso, você NÃO

pode aquilo. Por que é educação infantil... ai você pensa assim né, tu tem afilhada, teve

filho, que já são grande, eles estudaram em creches na época não consegui pública, tive

que pagar, a minha afilhada com 3 anos ela contou a evaporação da água, estado físico a

água, com 3 anos de idade ela assinou a identidade dela, daí eu me pegava pensando

assim, o que que eu tô fazendo, tô privando as crianças do conhecimento, não que eu

queira que eles aprendam a fazer, mas eu me sinto na obrigação de APRESENTAR para

ele esse mundo, também de forma lúdica, claro sabe. E assim muitas vezes eu fui

barrada pela profissional do período da manhã porque eu não poderia estar trabalhando

aquilo com a s crianças, que a forma de ver dela também era diferente e até pela direção

assim sabe, fui chamada a atenção algumas vezes porque não poderia tá trabalhando

assim, daquela forma, como se eu quisesse alfabetizar os pequenos, eu não tô querendo

alfabetizar ninguém, estou querendo apresentar. Aí pergunta para essa diretora e para

essa professora aonde os filhos delas estudam, em colégios particulares, que com 3 anos

eles já sabiam fazer um nome, sabiam contar e até falar inglês. Eu acho isso uma...É....

de contramão assim, eu acho um absurdo, porque que as nossas crianças da rede pública

tem que ser privada, é só o lúdico e brincadeira, tem que ser privado do conhecimento

105

eles não vão ver, lá na rua ele sai e as placas e letras de nome sabe assim. É a forma que

é apresentado entendesse, não que eu queira avisar que ele não tá aqui para alfabetizar,

mas eu acho um crime não apresentar as coisas para as crianças. Porque as nossas

crianças são menos daqueles que estão em colégio particular? Aí eu fico muito

indignada, as vezes tu escuta fala de profissionais da área, que é incoerente, porque o

filho delas não tá em uma rede pública, tais entendendo? eu fico muito INDIGNADA,

não é uma coisa que eu consigo compreender.

P: Essa escola que você falou que trabalhou em São Pedro de Alcântara era público ou

particular?

PE2: é público, mas a instituição em si, a cobrança, como funcionava era como se fosse

uma instituição privada. A qualidade de ensino deles até é uma coisa que tu tá na mídia

assim, se tu for pesquisar tem um colégio estadual “O gama” eu acho, ele ganhou

prêmios no município que ele, ele sabe a educação assim, tá bem em alta, eu acho que

esse ano eles não estão mais com apostila, não sei como é que tá, porque daí acabei

perdendo um pouco o contato né, mas até o ano que eu trabalhei era usado apostila da

Positivo.

P: Aqui no território, nessa região onde tá o Centro Educacional. Quais aspectos o que

você diria que é impactante nesse processo, dessas crianças tanto positiva como

negativamente, para esse desenvolvimento futuro.

PE2: É pra te falar a verdade eu não conhecia essa parte de cá Avenida. Já vim até um

pedaço, então assim, tu escuta falar muito, do trafico, que é violento, que é perigoso,

mas eu fui trabalhar no início do ano também na Palhoça, no Frei Damião, uma

comunidade que todo mundo já conhece, lá é bem “punk”, mais complicado do que

aqui, bem complicada, de passar sete carros de policia assim, com as armas expostas, e

a creche estava situada em um local que é um beco, então se acontecer algo você não

tem como sair, é melhor se jogar ali mesmo e já aconteceu de matarem pessoas ali. Aqui

já contaram histórias assim mas, no passado, então assim, eu não sei muito da

comunidade, a gente vê que tem muita gente carente, na minha sala principalmente

assim tem uma carência bem grande, tanto que material eles não... nada nada. Daí tu faz

atividade com as crianças com o que...sabe, eu agora nas férias tive um problema de

saúde acabei ficando de atestado mais de uma semana e acabei no sábado saindo para

fazer uma volta, que acabou ficando tudo, porque tu faz mil planos para aquela tua

semana de férias né mas não deu para fazer nada, era do trono para cama, por hospital,

do hospital pro trono e para cama, enfim como uma rainha, a gente tem, eu tenho cinco

meninas, eu tenho uma boneca na sala para elas brincar aí no sábado eu fui fazer minhas

voltas, e “ai Re” vamos lá comprar umas duas bonecas para sala. Não tem como, tem

muita carência das coisas assim, o espaço ali também é limitado. Aaa... eu não tenho

muito o que falar da comunidade, só que eles também são muito carentes. Mais assim

eu não sei o que te passar.

106

P: Em relação às crianças tem algum aspecto que chama a atenção. Principalmente no

que se refere posteriormente esse processo?

PE2: Então...Assim óh, eu me admiro todos os dias, eu considero eles bebês, aaa...

Agressão deles um com o outro, eu tento trabalhar com eles: por favor, obrigado...

Coisas de maiores, mas já tô tentando inserir com ele e quando pegar um brinquedo.

Menina... Eles se avançam literalmente assim, e agora eles estão adquirindo a fala então

tem coisas que tu consegue compreender, coisas que não, mas às vezes só pelo tom e

pela imposição tu vê que eu não sei se tipo reproduz o que acontece em casa, mas tu fica

assim observando tu fica até apavorada, porque eles são muito pequenos, tipo eles estão

começando a adquirir a fala, mas a reação com essa fala, a maneira como esta sendo

expressado isso é muito agressivo, é empurrado, é xingado, é dado de dedo, é

sabe...avançado é batido, eu acho assim... Meu Deus eles são tão pequeninhos, como

pode ser assim. Eu não sei se é porque eu sempre trabalhei com os maiorzinhos, então

assim, uma outra fase, e passou essas férias, duas semanas sem ver eles, estão assim

transformados, que todo mundo fala que até a metade no semestre, geralmente

professores mais experientes, eles são de uma forma e quando eles vem depois do

segundo semestre de dão, assim uns despertam como dizem assim, a criança não tá nem

aí para nada desperta eles e aquisição da fala tão falando horrores assim sabe muito

engraçado eles cantam, coisas assim que antes saia uma palavra ou outra. Mas a questão

da agressão, da violência me chama muita atenção porque eu acho muito pequeno pra tá

assim sabe, é uma disputa, tudo é muita disputa, eu não sei se em casa de repente tem

mais irmão, tem tantos irmãos assim, mas é uma disputa muito grande assim sabe, isso

me choca um pouco.

P: Quando existem assim algumas dificuldades, tanto nesse sentido como qualquer

outra dificuldade no desenvolvimento, alguma coisa que vocês percebam que chame

atenção nessas crianças, quando preciso de algum auxílio principalmente referente a

linguagem qual...

PE2: agora... nessa situação que a turminha muito pequenininha que não consegue ainda

detectar a dificuldade, mas com os maiores que eu trabalhei o ano passado, a gente na

reunião, com diretor essas coisas que a gente fala e pratica no contra turno, a gente as

vezes relata o que que tá acontecendo com as crianças que têm dificuldade e às vezes a

criança que já está fazendo 5 anos não entende nada do que a criança fala, nada, não

compreende nada. Ano passado eu fiz uma lista, essa lista foi passada para diretora e da

diretora foi para um setor lá na prefeitura, que ia encaminhar para...E nunca foi feito

nada, nenhuma criança teve nenhum tipo de assistência de atendimento, foi chamado

nada, então acho que as coisas funcionam muito assim do diz, do papel, mas não vai

para frente na prática, que eu não vi nada acontecer em nenhuma instituição que eu

tenha trabalhado, que foram poucas, porque faz pouco tempo que me formei; mas assim,

107

eu não vi nada acontecer e olha que ano passado eu tinha umas quatro ou cinco crianças

que a gente tinha muita dificuldade da fala assim, tinha um menino mesmo que a gente

não entendia nada do que ele falava, nada, pensa num nada, outros assim tu entendia

alguma coisa assim lá pela situação, mas tinha dificuldades, mas durante o ano todo,

nada aconteceu, nada. Assim, ai tu toda empolgada, “vou fazer um relatório”, o que é a

cada criança, sua especificidade ali o que ta faltando, entende outra engole algumas

sílabas, sabe. Até porque tu quer ajudar, até porque assim aquelas crianças vão sair dali

para o G5, G6 quando for para a escola, se não tiver um auxílio, alguma ajuda, acho que

eles vão acabar ficando assim entende, as crianças, amigas, não te entende, ai assim que

começa a observar o que já fizeram grandinho e um olhar para o outro, tipo assim não

entendo nada que tá falando sabe, até a criança vai se retraindo e não tem amizade, não

brincar porque o que eu falo ninguém entende mesmo então, a criança vai vai virando

uma bola de neve para criança entendeu, ele vai se fechando mais, as vezes ele se solta

para tentar falar ele vai o que, ele vai se fechar porque o que eu falo ninguém entende.

P: E existe, quando a criança tem uma dificuldade, algum protocolo, algum caminho

que vocês seguem?

PE2: Então esse ano nesta instituição no período da tarde nenhuma professora, pelo que

eu saiba no grupo mencionou alguma coisa, talvez tenha sim, a professora falou com

direção, coordenação e tenha sido feito encaminhamento mas que eu saiba não, assim

do meu conhecimento esse ano não, pode até ser, como eu entrei também depois, tem

professores aqui que já estão mais tempo na mesma instituição, eu sou ACT. Pode ser

que isso tenha acontecido, mas não é do meu conhecimento.

P: E quando têm essas crianças alguma dificuldade e o encaminhamento não acontece,

por mais que vocês façam como você disse, as coisas não vão para frente. Vocês

conseguem buscar junto com essas crianças alguma coisa diferenciada?

PE2: A gente tenta dar mais atenção né, mas a gente também não tem conhecimento às

vezes para lidar com aquela criança, às vezes falta de um conhecimento né, ser

profissional naquilo entendeu, falta especialização o conhecimento mesmo.

P: E nem a quem recorrer?

PE2: Não, por que na instituição não tem.

108

ANEXO 1

109

110

111

ANEXO 2