68
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR Curso de Engenharia Ambiental GERAÇÃO DE BIOGÁS PROVENIENTE DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM CONDOMÍNIOS VERTICAIS RESIDENCIAIS: Estudo de caso no Condomínio Marquês de Firenze Ac: Gustavo Luiz Gartner Orientador: George Luiz Bleyer Ferreira, Me. Itajaí, junho/2015

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

  • Upload
    lehanh

  • View
    215

  • Download
    1

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

U N I V E R S I D AD E D O V AL E D O I T AJ AÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR

Curso de Engenharia Ambiental

GERAÇÃO DE BIOGÁS PROVENIENTE DE RESÍDUOS SÓLIDOS

URBANOS EM CONDOMÍNIOS VERTICAIS RESIDENCIAIS:

Estudo de caso no Condomínio Marquês de Firenze

Ac: Gustavo Luiz Gartner

Orientador: George Luiz Bleyer Ferreira, Me.

Itajaí, junho/2015

Page 2: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

U N I V E R S I D AD E D O V AL E D O I T AJ AÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR

Curso de Engenharia Ambiental

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

GERAÇÃO DE BIOGÁS PROVENIENTE DE RESÍDUOS SÓLIDOS

URBANOS EM CONDOMÍNIOS VERTICAIS RESIDENCIAIS:

Estudo de caso no Condomínio Marquês de Firenze

Gustavo Luiz Gartner

Monografia apresentada à banca examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Ambiental como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Ambiental.

Itajaí, junho/2015

Page 3: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra
Page 4: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

i

AGRADECIMENTOS

Minha sincera gratidão a todos que me ajudaram de alguma forma.

Em especial agradeço aos meus pais, Jorge e Elisabete e as minhas Irmãs Lu e Ca pelo

apoio em todos os momentos.

Ao meu orientador George Bleyer Ferreira pela orientação sempre tranquila e pela palavra

certa na hora certa.

Agradeço aos engenheiros Alexandre, Bruna, Roberto e Roger pela força e parceria nesses

anos de vida acadêmica, sempre em busca do melhor resultado.

A Senhorita Natália Dartora pelo incentivo a pesquisa, desenvolvimento e superação.

As pessoas do laboratório de Remediação Ambiental e Química Orgânica que cederam o

laboratório para as análises físicas em especial a professora Albertina.

Agradeço ainda aos meus amigos e familiares.

Page 5: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

ii

RESUMO

O presente trabalho estudou a viabilidade da geração de biogás em um condomínio vertical

residencial de Balneário Camboriú/SC, por meio da decomposição anaeróbia de resíduos

sólidos urbanos orgânicos em um biodigestor, com a finalidade de geração de energia elétrica.

Os resíduos sólidos foram coletados no Condomínio Marquês de Firenze, segregados em

sete classes e pesados, apresentando uma geração média de 43 Kg de resíduo sólido urbano

sendo que 38,2% deste representa resíduos orgânicos, 18,72% deste composto orgânico

representa sólidos totais e 92,79% desses sólidos totais representam sólidos voláteis. As

amostragens de resíduo sólido coletadas mostraram que a geração no condomínio não segue

um padrão de geração e composição, havendo dias com crescimento de massa de resíduo,

mas redução de na composição de algumas categorias. Utilizando a média de geração de

sólidos orgânicos do condomínio chegou-se ao resultado da capacidade de produção média

de 898,1 litros de biogás por dia, o que representa 5,7 KW de potência por dia, não havendo

viabilidade financeira para a implantação de um biodigestor no condomínio. No entanto, o

estudo mostra viabilidade no âmbito municipal de Balneário Camboriú – SC haja visto que o

município gera 86,480 toneladas de resíduo por dia, que pode representar uma capacidade

de geração de 11,5 MW de potência por dia.

Palavras-chaves: Biogás. Geração de biogás. Classificação de resíduos domiciliares.

Condomínio residencial.

Page 6: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

iii

ABSTRACT

The present paper studied the viability of biogas generation in a residential condominium of

Balneário Camboriú – SC through the anaerobic decomposition of municipal organic solid

waste in a biodigester for the purpose of electricity generation. The solid waste were collected

in Marquês de Firenze condominium, separated into seven classes and weighty, presenting

an average of 43Kg of urban solid waste which was 38.2% of this solid waste was organic

waste, 18.72% of this organic compound represents total solids and 92.79% of this total solids

represents volatile solids. The collected solid waste samples showed that the solid waste

generation in the condominium does not follow a pattern of composition, there was days with

solid waste mass growth, but reducing the composition of certain categories. Using organic

solid waste generation average came to the result of the production capacity average of 898.1

liters of biogas per day, this value represents a power of 5.7KW per day, with no economic

viability for the implementation of a biodigester in the condominium. However, the study shows

viability at the municipal level of Balneário Camboriú city given the fact that the city generates

86.480 tons of solid waste per day, which may represent a capacity to generate power of

11.5MW per day.

Keywords: Biogas. Biogas generation. Household waste classification. Residential

condominium.

Page 7: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

iv

SUMÁRIO

Agradecimentos ...................................................................................................................... i

Resumo ................................................................................................................................. ii

Abstract ................................................................................................................................. iii

Sumário ................................................................................................................................ iv

Lista de Figuras .................................................................................................................... vii

Lista de Tabelas .................................................................................................................. viii

Lista de Equações ................................................................................................................. x

Lista de Abreviaturas ............................................................................................................ xi

1 Introdução ....................................................................................................................... 1

1.1 Problema de Pesquisa ............................................................................................. 2

1.2 Objetivos ................................................................................................................. 3

1.2.1 Geral ................................................................................................................ 3

1.2.2 Específicos ....................................................................................................... 3

1.3 Justificativa .............................................................................................................. 3

1.4 Delimitação da Pesquisa ......................................................................................... 4

2 Fundamentação Teórica ................................................................................................. 5

2.1 Resíduos Sólidos ..................................................................................................... 5

2.1.1 Definição .......................................................................................................... 5

2.1.2 Classificação dos Resíduos Segundo a ABNT ................................................. 5

2.1.3 Classificação dos Resíduos Sólidos Segundo a PNRS .................................... 6

2.1.4 Geração e Caracterização dos Resíduos Sólidos Urbanos............................... 7

Page 8: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

v

2.1.5 Coleta Seletiva ............................................................................................... 9

2.1.6 Resíduo Orgânico ............................................................................................. 9

2.1.7 Inventário Nacional de Resíduos e o Metano.................................................... 9

2.1.8 Aproveitamento Energético do Metano ........................................................... 10

2.2 Biogás ................................................................................................................... 11

2.3 Biodigestão Anaeróbia ........................................................................................... 11

2.3.1 Biologia Básica ............................................................................................... 11

2.3.2 Potencial de Geração de Biogás..................................................................... 13

2.4 Viabilidade ............................................................................................................. 14

2.4.1 Viabilidade Econômica ................................................................................... 14

3 Metodologia .................................................................................................................. 16

3.1 Classificação da Pesquisa ..................................................................................... 16

3.2 Estimativa do Volume de Resíduo Orgânico e Classificação Quantitativa dos

Resíduos Gerados ........................................................................................................... 16

3.3 Estimativa do Volume de Biogás ........................................................................... 19

3.3.1 Composição dos Dados Teóricos ................................................................... 19

3.3.2 Composição dos Dados Laboratoriais ............................................................ 19

3.3.3 Construção do Biodigestor.............................................................................. 19

3.3.4 Produção de Biogás em um Biodigestor ......................................................... 22

3.3.5 Metodologia Utilizada para Estimar a Produção de Biogás de Forma Teórica 24

3.4 Avaliação de Viabilidade do Projeto ....................................................................... 24

3.4.1 Análise Financeira .......................................................................................... 24

3.4.2 Análise Técnica .............................................................................................. 25

Page 9: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

vi

4 Resultados e Discussão ............................................................................................. 26

4.1 Caracterização dos Resíduos ................................................................................ 26

4.1.1 Caracterização Física ..................................................................................... 28

4.1.2 Determinação de Resíduos Sólidos na Parcela Orgânica ............................... 32

4.2 Condições ideais para o Biodigestor no condomínio .............................................. 34

4.2.1 Composição do Substrato no Biodigestor ....................................................... 34

4.2.2 Estimativa de Geração de Biogás no Biodigestor ........................................... 35

4.3 Start e Operação do Sistema ................................................................................. 36

4.4 Potencial do Condomínio ....................................................................................... 38

4.5 Viabilidade ............................................................................................................. 39

4.5.1 Análise Técnica .............................................................................................. 39

4.5.2 Análise Financeira .......................................................................................... 39

4.6 Proposta de Viabilização da Geração de Energia com Biogás .............................. 43

4.6.1 Viabilização de Geração de Energia Elétrica com Biogás ............................... 43

5 Considerações Finais ................................................................................................... 46

5.1 – Conclusão........................................................................................................... 46

5.2 Recomendações para Trabalhos Futuros .............................................................. 49

6 Referências .................................................................................................................. 50

Page 10: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Área para a segregação do resíduo .................................................................... 17

Figura 2 - Segregação do resíduo........................................................................................ 18

Figura 3 - Montagem do Biodigestor com o sistema de recirculação. .................................. 20

Figura 4 - Montagem do leito fixo do biodigestor. ................................................................. 20

Figura 5 - Manômetro da tubulação de recalque. ................................................................. 21

Figura 6 - Biodigestor finalizado e em operação. ................................................................. 21

Figura 7 - Fluxograma do Processo de Caracterização Física. ........................................... 26

Figura 8 - Fluxograma das etapas executadas até obtenção dos dados laboratoriais e dados

obtidos. ................................................................................................................................ 27

Figura 9 - Quantidade de RSU médio produzido por dia no condomínio durante as 8 amostras

feitas. ................................................................................................................................... 29

Figura 10 - Variação temporal em relação a composição do RSU do condomínio. .............. 30

Figura 11 - Representatividade média de cada categoria na composição do RSU do

condomínio. ......................................................................................................................... 31

Figura 12 - Representação gráfica da composição do RSU orgânico do condomínio. ......... 32

Figura 13 - Volume de produção de biogás por dia. ............................................................. 37

Page 11: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

viii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Participação dos principais materiais no total de resíduos sólidos urbanos coletados

nas cidades brasileiras em 2012. ........................................................................................... 7

Tabela 2 - Comparação entre a participação dos principais RSUs do estado de SC e do Brasil.

.............................................................................................................................................. 8

Tabela 3 - Caracterização do RSU orgânico de Pirangi - SP ................................................. 8

Tabela 4 - Destinação do material reciclável coletado. .......................................................... 9

Tabela 5 - Destinação da Matéria orgânica. ........................................................................... 9

Tabela 6 - Estimativa de emissão de CH4 nos anos de 1990 e 2005. .................................. 10

Tabela 7 - Valores potenciais de geração de gás obtidos por ensaios laboratoriais. ............ 14

Tabela 8 - Datas de realização das amostragens. ............................................................... 18

Tabela 9 - Caracterização física dos resíduos do condomínio. ............................................ 28

Tabela 10 - Determinação de sólidos (peso das amostras).................................................. 32

Tabela 11 - Teor de sólidos e teor de umidade das amostras. ............................................. 33

Tabela 12 - Composição de sólidos fixos e voláteis da amostra seca. ................................. 33

Tabela 13 - Composição do substrato inserido no biodigestor. ............................................ 34

Tabela 14 - Sólidos totais e voláteis presentes no biodigestor. ............................................ 34

Tabela 15 - Potencial de geração de biogás e potencial de geração teórica de biogás no

resíduo contendo 1,879KgSV. ............................................................................................. 35

Tabela 16 - Poder calorífico do biogás e porcentagem de produção de biogás. .................. 36

Tabela 17 - Cálculo do potencial energético a ser gerado no biodigestor. ........................... 36

Tabela 18 - Dados do potencial de geração de energia no condomínio em função dos dados

coletados. ............................................................................................................................ 38

Tabela 19 - Cálculo do retorno financeiro. ........................................................................... 40

Page 12: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

ix

Tabela 20 - Rendimento do Biogás na queima em comparação com GLP. ....................... 42

Tabela 21 - Requisitos mínimos para geração de energia. .................................................. 43

Tabela 22 – Dados de geração de biogás para todo o RSU coletado em Balneário Camboriú.

Cálculos baseados nos dados coletados no Condomínio. ................................................... 45

Page 13: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

x

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 - Tempo de retorno do valor investido. ............................................................... 15

Equação 2 - Teor de sólidos. ............................................................................................... 23

Equação 3 - Teor de umidade. ............................................................................................. 23

Equação 4 – Porcentagem de sólidos fixos. ........................................................................ 23

Equação 5 - Porcentagem de sólidos voláteis...................................................................... 23

Equação 6 - Equação do Tempo de Retorno Payback ......................................................... 25

Equação 7 - Tempo de Retorno do valor investido. ............................................................. 41

Equação 8 - Valor gasto pela bomba em reais..................................................................... 41

Page 14: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

xi

LISTA DE ABREVIATURAS

°C Graus Celsius

ABNT Associação Brasileiras de Normas Técnicas

ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos

Especiais

ANEEL Agência nacional de energia elétrica

CH4 Metano

CO2 Dióxido de Carbono

Gg Giga Grama

GLP Gás Liquefeito de Petróleo

H2 Hidrogênio

Kg Quilograma

Kg.Hab-¹.dia-¹ Quilograma por Habitante por Dia

KVA Quilovolt Ampere

KW Quilowatt

KWh Quilowatt hora

KWh/m³ Quilowatt hora por metro cúbico

L Litro

m² Metro Quadrado

m³/h Metro Cúbico por Hora

MW Megawatt

NL Normal Litro

NL/KgSV Normal litros por Quilograma de Sólidos Voláteis (0°C, 1013hPa)

Nm³ Normal Metro cúbico (0°C, 1013hPa)

PCS Poder Calorífico Superior

pH Potencial Hidrogeniônico

PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos

PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos, os resíduos sólidos

PVC Policloreto de Vinila

RPT Rendimento por Período de Tempo

RS Resíduo sólido

RSU Resíduo Sólido Urbano

SF Sólidos Fixos

SV Sólidos Voláteis

t.dia-1 Tonelada por dia

t/ano Tonelada por Ano

UASB Upflow Anaerobic Sludge Blanket

VI Valor Investido

W Watt

Page 15: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

1

1 INTRODUÇÃO

O Presente trabalho executou um estudo de viabilidade da geração de biogás em um

condomínio vertical residencial de Balneário Camboriú/SC, por meio de resíduos sólidos

orgânicos urbanos digeridos em um biodigestor, com a finalidade de geração de energia

elétrica. O foco principal foi quantificar o volume de resíduo orgânico produzido em um

condomínio, qualifica-lo, estimar o volume produzido de biogás de acordo com seu volume

gerado e avaliar sua viabilidade para a geração de energia elétrica. Pretendeu-se buscar a

viabilidade ambiental, técnica e financeira do projeto.

Com relação à problemática da geração de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) no estado de

Santa Catarina, a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos

Especiais ABRELPE (2012) registrou uma quantidade gerada média de 4.613 [t.dia-1] em

2012. Isso representa uma geração per capita de 0,859 [Kg.Hab-1.dia-1] de RSU. Também

segundo a ABRELPE (2012), no estado de Santa Catarina, 3.112 [t.dia-1] (71,6%) do RSU são

destinados a aterros sanitários; 734 [t.dia-1] (16,9%) são destinados a aterros controlados e

500 [t.dia-1] (11,5%) são destinados a lixões. O RSU orgânico representa 51,4% da

composição gravimétrica gerada nas residências brasileiras, isso representa 2.371 [t.dia-1] de

matéria orgânica destinada a ser enterrada no estado de SC (ABRELPE, 2012). Esse recurso

tem potencial de gerar energia antes de chegar a ser enterrado, ocupando espaço e gerando

custos a população.

Com relação a geração de energia elétrica no país e segundo a Agência Nacional de Energia

Elétrica ANEEL (2014b), a matriz de energia elétrica brasileira é composta principalmente por

usinas hidroelétricas, sendo que o país possui 1.109 usinas hidráulicas em operação,

responsáveis por 63,53% da energia elétrica nacional. Esses dados são seguidos pelas

usinas movidas a gás responsáveis por 10,47% da capacidade instalada; pelas usinas

movidas a petróleo com 5,58% da capacidade instalada e das usinas movidas a biomassa

com 8,37% da capacidade instalada. Dentro das usinas a biomassa estão às usinas movidas

a biogás com 0,06% da capacidade instalada. A ANEEL não informa dados de geração de

energia elétrica devido à queima do RSU. As fontes da matriz energética nacional que utilizam

biomassa, informadas são: bagaço de cana, licor negro, madeira, biogás e casca de arroz.

A pesar do biogás possuir baixa representatividade de geração de energia frente ao cenário

nacional, percebe-se um grande potencial na sua geração. Como já informado anteriormente

estima-se que 51,4% do resíduo sólido urbano brasileiro é composto de matéria orgânica. Isso

representa 865.415 toneladas de matéria orgânica por ano no estado de Santa Catarina, que

está tendo uma disposição final antes do tempo.

Page 16: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

2

Mesmo existindo o recurso natural, existindo a tecnologia para converter esse recurso em

energia, observa-se a falta de energia, em determinados períodos no Brasil. Dentro de um

cenário em que a matriz energética predominante é a hidráulica, e que devido a isso há a

oscilações na capacidade de geração, que a ANEEL homologa a Resolução Normativa 482

(RN482). Ela vem para regulamentar a mini e micro geração de energia elétrica, dando

subsídios para que pessoas físicas possam produzir energia elétrica introduzindo ela na rede

de distribuição por meio do sistema de compensação de energia elétrica.

O trabalho estudou a quantidade de RSU orgânico produzido no Condomínio Residencial

Marquês de Firenze, a quantidade de biogás que deveria ser gerado por meio de um

biodigestor, e sua melhor aplicação para geração de energia elétrica. Propondo medidas que

propiciem a geração de biogás e consequentemente a geração de energia, para a aplicação

em condomínios. Tem o intuito de fornecer subsídios para projetos futuros de geração,

beneficiando o meio ambiente, tanto na redução do RSU destinado a aterros, tanto na redução

do consumo de energia elétrica da rede.

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

O aumento do consumo residencial de energia em Santa Catarina, de 18,3% comparado a

2013, e da Resolução Normativa 482 da ANEEL que regulamenta a produção de energia em

residências e sua introdução na rede por meio do sistema do sistema de compensação de

energia elétrica. Além do crescimento da classe residencial no país de 5,3% ao ano, entre

2005 e 2010, que corresponde a um crescimento de 2,9%/ano no consumo de energia devido

à melhoria de vida (FREIRE, 2011). Aliado à tendência de crescimento econômico do país e

de sua população, observado que apenas 10,63% da matriz de energia elétrica do país,

corresponde à biomassa, eólica e solar (ANEEL, 2014a), que esta pesquisa estudou a

viabilidade da utilização de biogás em condomínios residenciais para geração de energia

elétrica. Será viável a implantação de um sistema de biodigestão de resíduos sólidos

orgânicos, como fonte de metano, para a geração de energia elétrica em condomínios

residenciais urbanos?

Page 17: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

3

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Geral

Analisar a viabilidade da geração de energia elétrica a partir da produção de biogás, em

condomínios residenciais, proveniente de resíduos sólidos urbanos orgânicos gerados no

próprio condomínio.

1.2.2 Específicos

a) Estimar o volume médio de resíduo orgânico produzido em um condomínio residencial;

b) Classificar e qualificar os tipos de resíduos orgânicos gerados;

c) Estimar o volume de biogás produzido para alimentar o biodigestor no objeto de estudo

de caso;

d) Avaliar a viabilidade do projeto de geração de energia.

1.3 JUSTIFICATIVA

No primeiro trimestre de 2014 o consumo de energia elétrica cresceu 11,3% em relação ao

mesmo período de 2013, no estado de Santa Catarina. Destaca-se o consumo residencial

com uma alta de 18,3%, contra uma média de 3,5% registrada nos primeiros trimestres em

anos anteriores. A distribuidora afirma que o crescimento do consumo nesse ano foi 5 vezes

maior que o crescimento das unidades consumidoras no estado. Por sua vez a indústria

obteve um incremento de 8,2% nos três primeiros meses de 2014 e a comercial de 12,1% em

relação ao mesmo período de 2013 (CELESC, 2014).

Nesse contexto de crescimento indústria e consequente aumento do consumo da energia

elétrica, e altos custos ambientais e financeiros na construção de usinas geradoras de energia,

que a ANEEL, desde agosto de 2011, vem discutindo com a sociedade a melhor forma para

a regulamentação de micro e mini produção de energia elétrica no país, culminando com a

homologação, em 2012, da resolução normativa RN482 de 17/04/12, que estabelece

condições para o acesso a micro e mini geração distribuída de energia elétrica, o sistema de

compensação e outras providências (ANEEL, 2012). Para que uma empresa ou pessoa física

se enquadre na RN, deve utilizar centrais geradoras com base em energia hidráulica, solar,

eólica, biomassa ou cogeração qualificada, além de ter uma potência instalada de no máximo

1MW.

Page 18: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

4

Apesar da resolução ter sido aprovada em 2012 para incentivar as pessoas físicas e jurídicas

a investirem em formas alternativas de produção de energia elétrica, apenas 91 registros de

micro e mini geradores de energia elétrica foram cadastrados na ANEEL até abril de 2014

(ANEEL, 2014a).

Baseado nesses dados de crescimento de consumo, interesse do governo na produção de

energia alternativa pela micro e mini geração e da utilização de um subproduto do RSU

orgânico, que foi proposto estudar a geração de energia elétrica e biogás no condomínio. O

trabalho desenvolvido estudou a quantidade de RSU orgânico produzido no condomínio

Marquês de Firenze, a quantidade de gás que deveria ser gerado por meio de um biodigestor,

e sua melhor aplicação para geração de energia elétrica. Tem o intuito de fornecer subsídios

para projetos futuros de geração, beneficiando o meio ambiente, tanto na redução do RSU

destinado a aterros, tanto na redução do consumo de energia elétrica da rede. Esse trabalho

alinha-se a RN482/12 da ANEEL, com potencial de trazer benefícios ambientais, como

redução do volume de resíduo enviado a aterros, a redução do envio de metano a atmosfera

e colaborando para a conservação dos recursos naturais.

1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

Realizou-se a pesquisa no Condomínio Marquês de Firenze localizado no lado Norte, centro

da cidade de Balneário Camboriú – SC. O condomínio possui aproximadamente 14.000 m²

de área total, 80 apartamentos e capacidade máxima de 520 habitantes, segundo a

convenção do mesmo. É um condomínio utilizado por moradores, veranistas e turistas, sendo

que a taxa de ocupação maior se dá durante a temporada de verão, de 15 de dezembro ao

final do carnaval.

O período de coleta de dados dos resíduos sólidos se deu nos meses fora da temporada de

verão, com exceção da coleta do dia 16 de fevereiro, mostrando que a caracterização

executada reflete o período de baixa temporada, ou seja, com pouca influência da

sazonalidade de veranistas e turistas.

A abordagem, Resíduo Sólido Urbano dá-se, apesar do estudo de caso acontecer em um

condomínio, porque em sua caracterização usou-se as categorias, inorgânico, rejeito, poda,

restos de comida, casca, verdura e carne e gordura. Apesar desse resíduo caracterizar-se

também como resíduo domiciliar, optou-se por manter abordagem, resíduo sólido urbano,

para ter um comparativo com os dados da literatura sobre os resíduos sólidos urbanos

municipais, estaduais e nacionais.

Page 19: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

5

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS

2.1.1 Definição

De acordo com a ABNT (2004a) em sua norma NBR 10004:2004, segue as definições de

resíduos sólidos.

2.1.1.1 Resíduos Sólidos

São resíduos sólidos e semissólidos os resíduos resultantes de atividades industriais,

domésticas, hospitalares, comerciais, agrícolas e de serviço de varrição. São incluídos

também nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, bem como

aqueles gerados em equipamentos de controle de poluição. Líquidos cujas particularidades

tornem inviável o lançamento na rede de tratamento de esgoto, ou exijam soluções técnicas

economicamente inviáveis para seu tratamento, também são considerados resíduos sólidos,

de acordo com a norma.

2.1.2 Classificação dos Resíduos Segundo a ABNT

Ainda de acordo com a ABNT, norma NBR 10004:2004 os resíduos sólidos são classificados

em:

Resíduos Classe I – Perigosos;

Resíduos Classe II – Não Perigosos;

o Resíduos Classe II A – Não Inertes.

o Resíduos Classe II B – Inertes.

2.1.2.1 Resíduos Classe I – Perigosos

São aqueles que apresentam periculosidade em função de suas propriedades físicas,

químicas ou infectocontagiosas. Pode apresentar risco à saúde pública e/ou meio ambiente

ou possuir uma das seguintes características: inflamabilidade, corrosividade, toxicidade

reatividade e patogenicidade. Para caracterizar o resíduo classe I deve-se seguir os

procedimentos dispostos na NBR 10007:2004 (ABNT, 2004d) que trata sobre amostragem de

resíduos. Após a amostragem, deve-se seguir os procedimentos dispostos na NBR

Page 20: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

6

10005:2004 (ABNT, 2004b) que trata sobre a obtenção do extrato lixiviado de resíduos

sólidos. Caso o lixiviado apresente algum parâmetro acima da concentração máxima

permitida (Anexo F da NBR 10004:2004), o resíduo será considerado perigoso. Caso o

resíduo não apresente parâmetros acima do permitido, deve-se proceder ao ensaio de

solubilização segundo a NBR10006:2004 (ABNT, 2014c) para a determinação da classe em

II A ou II B.

2.1.2.2 Resíduo Classe II A – Não Perigoso e Não Inerte

São resíduos que não sem enquadram na Classe I – Perigosos e apresentam propriedades

como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.

2.1.2.3 Resíduo Classe II B – Não Perigoso e Inerte

São resíduos que quando submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada

ou deionizada, conforme a NBR 10006:2004 (ABNT, 2004c), não solubilizam nenhum dos

seus constituintes a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água,

excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, de acordo com a norma.

2.1.3 Classificação dos Resíduos Sólidos Segundo a PNRS

Segundo Brasil (2010a), lei 12.305/10, Política Nacional de Resíduos Sólidos, os resíduos

sólidos são classificados quanto sua origem e quanto sua periculosidade:

2.1.3.1 Quanto à Origem

Segundo Brasil (2010a) os resíduos podem ser originários de: domicílios, limpeza urbana,

estabelecimentos comerciais e prestadores de serviço, serviço público de saneamento básico,

indústrias, serviços de saúde, construção civil, agrossilvopastoris, serviços de transportes e

mineração.

Também segundo Brasil (2010a), resíduos sólidos urbanos (RSU) são resíduos originários de

atividades domésticas residenciais urbanas, resíduos de varrição e limpeza de vias públicas

e serviços de limpeza urbana.

2.1.3.2 Quanto à Periculosidade

A Política divide em duas classes de periculosidade: resíduos perigosos e não perigosos:

Perigosos: São aqueles resíduos que possuem características de inflamabilidade,

corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade,

Page 21: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

7

teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam riscos à saúde e ao meio ambiente,

de acordo com a lei, regulamento ou norma técnica.

Não perigosos: São aqueles não enquadrados na categoria perigosos.

2.1.4 Geração e Caracterização dos Resíduos Sólidos Urbanos

A fração orgânica dos resíduos sólidos domésticos é tipicamente formada por materiais como

restos de comida, papéis, trapos, gomas, couro, madeira e resíduos de poda e jardins

(TCHOBANOGLOUS; THEISEN; VIRGIL, 1994 apud AMARAL, 2004).

Em seu documento, panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2012, a ABRELPE (2012) ao

caracterizar o RSU no Brasil, expõe a porcentagem de participação dos principais materiais

na composição do resíduo sólido nas cidades brasileiras. Dentre os 6 (seis) materiais

avaliados (metais; papel, papelão e TetraPak; plásticos; vidro; matéria orgânica e outros)

51,4% da composição se refere à Matéria Orgânica, Tabela 1.

Tabela 1 - Participação dos principais materiais no total de resíduos sólidos urbanos coletados nas cidades brasileiras em 2012.

Material Coletado Participação (%) Quantidade (t/ano)

Metais 2,9 1.640.294

Papel Papelão e TretraPak 13,1 7.409.603

Plásticos 13,5 7.635.851

Vidro 2,4 1.357.484

Matéria Orgânica 51,4 29.072.794

Outros 16,7 9.445.830

TOTAL 100,0 56.561.856

Fonte: ABRELPE (2012)

Segundo a ABRELPE (2013) em 2013 a região Sul do Brasil gerou 21.922 toneladas de RSU

por dia, 2,7% a mais que no ano de 2012. Isso representa uma geração de 0,761 [Kg.hab-

1.dia-1]de RSU. Já no estado de Santa Catarina, em 2013 foram geradas 4.799 toneladas de

RSU por dia, o que representa 0,723 [Kg.hab-1.dia-1]de RSU (ABRELPE, 2013). A cidade de

Balneário Camboriú – SC apresenta pouca diferença da geração de RSU diária em relação

ao Estado de Santa Catarina, apresentando uma geração de 0,799 [Kg.hab-1.dia-1] (SANTA

CATARINA, 2012)

De acordo com o Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Estado de

Santa Catarina (SANTA CATARINA, 2012) a participação de cada resíduo sólido na

Page 22: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

8

composição do total do RSU do estado se diferencia da composição nacional em alguns

aspectos. Tabela 2.

Tabela 2 - Comparação entre a participação dos principais RSUs do estado de SC e do Brasil.

Material Coletado Participação Brasil (%) Participação SC (%)

Metais 2,9 2,6

Papel Papelão e TretraPak 13,1 12,0

Plásticos 13,5 15,0

Vidro 2,4 3,4

Matéria Orgânica 51,4 37,0

Outros 16,7 30,0

TOTAL 100,0 100,0

Fonte: SANTA CATARINA (2012)

A diferença principal apresentada está no volume de matéria orgânica, rejeito e outros

materiais, que compõe o RSU do Estado e do Brasil. Enquanto a matéria orgânica representa

51,4% do volume de resíduo no país, no estado representa apenas 37%. Ainda se observa

que o rejeito e outros materiais, que compões 16,7% do volume no Brasil, no Estado compõem

30%.

Observa-se que as diferentes regiões do Brasil apresentam porcentagens de participação de

resíduos diferentes umas das outras.

No trabalho de Caramelo (2010), em caracterização do RSU da cidade de Pirangi –SP, foi

encontrado uma relação de materiais orgânicos e inorgânicos mais próximo ao encontrado

nacionalmente, com 58,27% do resíduo orgânico em sua composição, Tabela 3.

Tabela 3 - Caracterização do RSU orgânico de Pirangi - SP

Materiais Coletados %

Cascas Diversas 14,08

Verduras 9,74

Legumes 10,61

Folhagens e Podas 13,09

Restos de Comida 10,75

Total de Resíduo Orgânico 58,27

Total de Resíduo Inorgânico 41,73

Fonte: CARAMELO, 2010.

Page 23: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

9

2.1.5 Coleta Seletiva

No município de Balneário Camboriú – SC mais de 90% do município é atendido pela coleta

seletiva (SANTA CATARINA, 2012).

No panorama Estadual a destinação do material reciclável segue os seguintes caminhos

mostrados na Tabela 4:

Tabela 4 - Destinação do material reciclável coletado.

Destino N° de municípios Percentual (%)

Unidade de triagem 40 48

Associação/ Cooperativa de catadores 12 14

Comercializado 8 10

Não informado 23 28

TOTAL 83 100

Fonte: SANTA CATARINA (2012).

2.1.6 Resíduo Orgânico

No estado de Santa Catarina a maioria dos municípios dispõe os resíduos orgânicos em

aterros sanitários ou controlados. As disposições informadas por Santa Catarina (2012) estão

na Tabela 5.

Tabela 5 - Destinação da Matéria orgânica.

Destino N° de municípios Percentual (%)

Aterro sanitário 23 57

Unidade de triagem 6 15

Compostagem 6 15

Não informado 5 13

TOTAL 40 100

Fonte: SANTA CATARINA (2012).

2.1.7 Inventário Nacional de Resíduos e o Metano

O metano (CH4) é um gás oriundo da decomposição orgânica anaeróbia e outras fontes

antropogênicas, e um dos gases considerados como gases do efeito estufa. Seu potencial de

aquecimento global é 21 vezes o potencial de aquecimento do Dióxido de Carbono (CO2)

(AMARAL, 2004).

Page 24: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

10

De acordo com o documento Emissões de Gases de Efeito Estufa no Tratamento e

Disposição de Resíduos (BRASIL, 2010b) as emissões estimadas de CH4 (metano) devido à

disposição dos resíduos sólidos no Brasil e em Santa Catarina, no ano de 1990 e 2005 são

mostradas na Tabela 6.

Tabela 6 - Estimativa de emissão de CH4 nos anos de 1990 e 2005.

Região Emissão em 1990 (Gg) Emissão em 2005 (Gg) Aumento (%)

Brasil 791,67 1104,18 39,47

Santa Catarina 10,94 17,60 60,88

Fonte: BRASIL (2010b)

No Brasil formam estimadas emissões de 791,67 [Gg] CH4 e 1.104,18 [Gg] CH4, nos anos de

1990 e 2005, respectivamente. Um aumento de 39,47% em 15 anos. Já em Santa Catarina

as emissões de metano no ano de 1990 e 2005 foram 10,94 [Gg] CH4 e 17,60 [Gg] CH4,

respectivamente. Um aumento de 60,88% (BRASIL, 2010b).

2.1.8 Aproveitamento Energético do Metano

Como medida mitigadora do efeito estufa, o aproveitamento energético do metano do biogás

tem grande importância, uma vez que com sua combustão o metano se transforma em CO2

fazendo com que seu potencial de efeito estufa se reduza em 21 vezes (AMARAL, 2004).

Segundo Coelho (2001), o biogás é considerado uma fonte de energia renovável e sua

recuperação e seu uso energético apresentam vantagens ambientais, sociais estratégicas e

tecnológicas significativas.

Apesar do potencial de geração de energia, advindas do biogás, não suprir a demanda

energética mundial, quando direcionado o foco aos aterros sanitários, suas vantagens são

atraentes. Considerando apenas 13 grandes aterros espalhados pelo Brasil, o potencial de

geração de eletricidade é de 150 [MW], suficiente para abastecer 100 mil habitantes (ALVES;

LUCON, 2001).

Para Amaral (2004) a biodigestão anaeróbia dentro de reatores apresenta maiores taxas de

geração de metano e maior facilidade operacional e de recuperação do biogás produzido no

processo. Podendo estimular o uso desses biodigestores para o tratamento dos resíduos

sólidos orgânicos.

Page 25: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

11

2.2 BIOGÁS

A produção de gás combustível a partir de resíduos orgânicos é antiga. Esse fenômeno já era

observado por Alessandro Volta, na Itália, em 1776, que descobriu metano no gás dos

pântanos, como resultado da decomposição de restos vegetais em ambientes anóxicos

(NOGUEIRA, 1992).

Pode-se dizer que biogás é o produto de um processo bioquímico decorrente da biodigestão

anaeróbia de resíduos orgânicos, em condições adequadas de umidade, temperatura e

acidez, onde a matéria orgânica é fracionada devido a ação microbiana e transformada em

um gás combustível, denominado biogás, composto de metano e dióxido de carbono

(NOGUEIRA, 1992).

A composição do biogás varia de acordo com o material a ser digerido, com a temperatura e

com o tempo de fermentação. Segundo Magalhães (1986) os principais gases que compõe o

biogás são o metano com 65%, e o dióxido de carbono com 35%, considerados valores médio.

Outros gases são encontrados no biogás, porém, em baixíssimas concentrações (AMARAL,

2004).

2.3 BIODIGESTÃO ANAERÓBIA

O biodigestor é o local onde se desenvolvem as reações de decomposição da matéria

orgânica, podendo operar de forma contínua, ou seja, sendo alimentado com matéria orgânica

durante o funcionamento, simultaneamente à retirada do biofertilizante (biomassa

estabilizada, produto da biodegradação da matéria orgânica, dentro do biodigestor), ou em

batelada, sendo carregado apenas no início do funcionamento e descarregado quando a

produção de biogás atingir níveis muito baixos (NOGUEIRA, 1992).

A compreensão de alguns aspectos básicos associados a biodigestão anaeróbia é de extrema

importância para a operação de um biodigestor. Aspectos como a biologia envolvida,

necessidades nutricionais das bactérias, pH, influência da temperatura e tempo de retenção

da biomassa e efeito de agentes tóxicos afetam diretamente a produção de biogás

(NOGUEIRA, 1992).

2.3.1 Biologia Básica

Existem três grupos microbianos, com comportamentos distintos, que participam da

biodigestão anaeróbia em biodigestores: bactérias fermentativas, bactérias acetogênicas e as

bactérias metanogênicas. Essas bactérias atuam em fases e a fase seguinte depende da

atuação da fase anterior (NOVAES, 1987 apud AMARAL, 2004).

Page 26: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

12

Baseado em Amaral (2004), Nogueira (1992) e Magalhães (1986), pode-se definir os 3

grupos de bactérias e relaciona-lo em 4 fases de atuação na biodigestão anaeróbia:

2.3.1.1 Bactérias Fermentativas – Hidrólise e Acidogênese

São as duas primeiras fases da biodegradação. A hidrólise ocorre quando as moléculas

orgânicas complexas (polissacarídeos, celulose, hemicelulose, pectina, amido, carboidratos,

proteínas e lipídeos), são degradadas em moléculas mais simples (moléculas menores), que

ficam dissolvidas e disponíveis na água circundante. Essa quebra é feita devido a ação

enzimática (como celulase, amilase e protease) excretada pelas bactérias fermentativas

hidrolíticas, pois, não são capazes de absorver grandes moléculas. Após a quebra das

moléculas complexas em simples (como açucares, oligossacarídeos, glicose, aminoácidos e

peptídeos), as bactérias fermentativas podem absorver a molécula, através da parede celular

bacteriana, resultando na fermentação interna dessas moléculas menores. Os produtos

formados por essa fermentação são ácidos graxos voláteis, ácido lático, etanol, álcoois,

butirato, acetato, propionato, lactato, palmitato, hidrogênio, sulfeto de hidrogênio, amônia,

dióxido de carbono e alguns aromáticos como benzoato.

As bactérias fermentativas são anaeróbias estritas, porém 1% dessas bactérias são

facultativas, tendo a capacidade de oxidar a biomassa pela via oxidativa. São importantes

para proteger as bactérias anaeróbias estritas do oxigênio eventualmente presente no

biodigestor (CHERNICHARO, 1997).

A acidogênese ocorre logo após a hidrólise e assim como ocorre com as bactérias

fermentativas, as bactérias fermentativas acidogênicas metabolizam os produtos solúveis,

oriundos da hidrólise, dentro de suas células, excretando ácidos graxos voláteis, álcoois, ácido

lático, dióxido de carbono, hidrogênio, amônia e sulfeto de hidrogênio, além de produzir novas

bactérias.

Esse grupo microbiano é composto frequentemente por bactérias mesofílicas dos gêneros

Bacteróides, Eubacterium, Lactobacillus, Butyribio, Bifidobacterium e Clostridium. Esse último

grupo é encontrado também como termofílico (NOVAES, 1987 apud AMARAL, 2004).

2.3.1.2 Bactérias Acetogênicas – Acetogênese

É o segundo grupo bacteriano e a terceira fase da biodegradação. As bactérias acetogênicas

são um grupo de bactérias intermediárias que oxidam os produtos formados na fase

acidogênicas transformando-os em substrato apropriado para as metanogênicas. De todos os

produtos metabolizados nessa faze, apenas o hidrogênio e o acetato podem ser usados

diretamente pelas bactérias metanogênicas para a produção de metano.

Page 27: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

13

Usualmente chamadas de bactérias acetogênicas, são produtoras de hidrogênio (H2). Elas

metabolizam os produtos resultantes da fase anterior e catabolizam propionato, ácido acético,

álcoois, etanol lactato, butirato, palmitato, aminoácidos, açucares e aromáticos como benzeno

para produzir hidrogênio (H2), Dióxido de Carbono (CO2) e Acetato (NOVAES, 1987 apud

AMARAL, 2004).

2.3.1.3 Bactérias Metanogênicas – Metanogênese

É o terceiro grupo bacteriano e a quarta fase da biodigestão. É a etapa final do processo de

biodegradação anaeróbia de compostos orgânicos em metano e dióxido de carbono. São as

bactérias metanogênicas as únicas responsáveis pela produção de metano. Fazem uso do

substrato como ácido acético, hidrogênio, dióxido de carbono, ácido fórmico, metanol e

monóxido de carbono. As bactérias metanogênicas que fazem uso do ácido acético ou

metanol para a produção de metano são chamadas de acetoclásticas, as bactérias que

produzem metano a partir do hidrogênio e dióxido de carbono são chamadas de

hidrogenotróficas.

Segundo Chernicharo (1997), praticamente todas as espécies de bactérias metanogênicas

são capazes de gerar metano a partir de dióxido de carbono e hidrogênio.

No ponto de vista do tratamento de resíduos sólidos, o processo anaeróbio é mais vantajoso

que a digestão aeróbia, pois, com menos energia disponível aos organismos envolvidos na

biodegradação, existe menor formação de biomassa microbiana por mol de substrato

consumido (QUARESMA, 1992 apud AMARAL, 2004).

2.3.2 Potencial de Geração de Biogás

A previsão do potencial produtivo de biogás é de fundamental importância para estimar o

balanço energético e econômico de instalações produtoras de biogás. Para a determinação

do potencial de geração de biogás existem formulações teóricas e experimentais, onde, as

teóricas consistem em comparar parâmetros de geração de resíduos (Geração X Biogás) da

literatura, com geração de resíduo (apenas geração) do local analisado. As formulações

experimentais consistem na medição real do resíduo gerado e do biogás medido em

experimentos próprios (ALVES, 2008). Vale ressaltar que as formulações teóricas servem de

referência para o trabalho, porém, devem ser analisadas com ressalvas, já que em reações

biológicas existem inúmeros fatores que influenciam na biodegradação anaeróbia, como

temperatura, quantidade de lipídeos, carboidratos, celulose e proteína, dentre outros (NEVES

et al., 2008).

Page 28: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

14

Baseado nos trabalhos de Neves et al. (2008) e De Araújo Morais (2006) apud Alves (2008)

pode-se estimar a quantidade de biogás e Metano por volume de resíduo. Ambos foram

realizados em laboratório com diferentes amostras de resíduos sólidos para poder estimar o

volume de gás por volume de resíduo. A Tabela 7 expressa os resultados encontrados.

Tabela 7 - Valores potenciais de geração de gás obtidos por ensaios laboratoriais.

Referência Material Usado Potencial de Geração

De Araújo Morais, 2006. Resíduo Sólido 312,6 a 410,5 NL biogás / KgSV

Neves et al. 2008 Resíduo de Restaurante 400 a 490 NL CH4 / KgSV

Fonte: NEVES et al. (2008); DE ARAÚJO MORAIS (2006) apud ALVES (2008).

Ambos os trabalhos abordaram os resíduos sólidos urbanos, porém, Neves et al. (2008)

aborda o RSU mais especificamente domiciliar, sem galhos de podas ou varrição, apenas

resíduos alimentícios. Apesar de o trabalho ter sido feito encima de resíduos provenientes de

um restaurante ele tende a representar mais a realidade de um condomínio de Balneário

Camboriú (Cond. Ed. Marquês de Firenze), onde há pouco resíduo de poda no resíduo sólido.

2.4 VIABILIDADE

Um projeto de investimento consiste na identificação e análise das consequências em relação

à tomada de decisão para aplicar recursos de capital. A viabilidade vem para avaliar e dar

base ao tomar de decisões.

2.4.1 Viabilidade Econômica

A viabilidade econômica é um método de análise que consiste em mostrar se determinado

investimento dará lucro econômico, e em caso positivo qual será o tempo de retorno desse

investimento e seu fluxo de caixa (PENA et al., 2011).

Como exemplos de Viabilidade econômica apresentam-se os modelos de:

Valor Presente Líquido – VPL

Taxa Interna de Retorno – TIR

Valor Presente Líquido Atualizado – VPLa

Índice de Lucratividade Líquida – ILL

Retorno Adicional Sobre o Investimento – ROIA

Page 29: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

15

Retorno do Investimento – Payback

2.4.1.1 Valor Presente Líquido – VPL

O valor presente líquido é o valor dos fluxos financeiros na data zero. O VPL se constitui no

mais importante método para tomada de decisões que envolvem fluxo monetário futuro. Ele

engloba os projetos em diferentes horizontes de tempo (curto, médio e longo prazos), também

é possível simular diferentes cenários a partir da alteração da taxa de desconto, o que estaria

associado a modificações no cenário econômico da região. Porém, existem algumas

limitações no uso da técnica, como: o projeto de investimento deve ter uma escala temporal

para que VPL seja determinado e não há critério de risco associado ao cálculo (PENA et al.,

2011).

2.4.1.2 Retorno do Investimento – Payback

O Payback é comumente utilizado na avaliação de investimentos. Segundo Gitman (2004)

apud Pena et al. (2011), payback é o tempo necessário para que a empresa recupere seu

investimento inicial, calculado com suas receitas.

Empreendimentos priorizam aplicações que sejam pagáveis no menor período de tempo. Isto

possibilita novas negociações e novos investimentos com outras taxas e prazos que

possibilitem expandir o negócio. Os ganhos do empreendimento, associados a um rápido

retorno de capital pode representar mais competitividade ao negócio, e de fato tem contribuído

para o sucesso de muitos empreendimentos. O payback é um índice de fácil manuseio e tem

grande potencial de decisão, orientando o investidor para tomar as melhores decisões (PENA

et al., 2011).

Equação 1 - Tempo de retorno do valor investido.

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 =

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑑𝑜

𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑝𝑜𝑟 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 (1)

Page 30: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

16

3 METODOLOGIA

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

De acordo com Neves et al. (2008) a pesquisa pode ser dividida em teórica ou experimental.

Como no trabalho de Amaral (2004), um trabalho teórico, sem experimentos, que explora o

panorama de 2004 e as tecnologias existentes no âmbito da digestão anaeróbia servindo de

base para trabalhos sobre tratamento de resíduos sólidos por meio de digestores anaeróbios

e produção de biogás.

Diferentemente de Amaral (2004), Neves et al. (2008) trabalhou com uma pesquisa

experimental, utilizando resíduos de proteínas, carboidratos, gorduras e amostras de resíduos

de um restaurante, fazendo testes de biodigestão anaeróbia em laboratório. Seus resultados

refletem uma digestão em ambiente extremamente controlado e promove informações para o

entendimento da produção de biogás com resíduos sólidos urbanos orgânicos.

O presente trabalho é caracterizado pela comparação entre resultados teóricos e resultados

experimentais executados no condomínio gerador de resíduo. Trata-se de uma pesquisa

experimental, quantificadora e qualificadora, que visa compreender a produção de biogás

advindo da decomposição anaeróbia de RSU orgânico, em seu ambiente de geração para

utiliza-lo como fonte energética para a produção de energia elétrica. Ademais, objetiva-se o

cálculo teórico da viabilidade financeira para compreender a que ponto é interessante um

investimento nesse tipo de tecnologia nos dias atuais.

3.2 ESTIMATIVA DO VOLUME DE RESÍDUO ORGÂNICO E CLASSIFICAÇÃO

QUANTITATIVA DOS RESÍDUOS GERADOS

Para realizar o estudo de viabilidade foi escolhido o Edifício Condomínio Marquês de Firenze,

um condomínio de 80 apartamentos residenciais, ocupados de forma constante durante a

maior parte do ano. O condomínio possui picos de ocupação nos meses de dezembro, janeiro,

fevereiro e março, voltando a uma ocupação constante durante os demais meses.

A classificação foi feita analisando todo o resíduo gerado durante um período de um dia. Como

o resíduo é enviado as lixeiras até as 16 horas, no final da tarde se procedeu à gravimetria de

todo o resíduo. A gravimetria foi feita em uma garagem previamente definida, onde foi

estendida uma lona de aproximadamente 20 [m²] (Figura 1). Os resíduos foram despejados

na lona e separados em orgânicos e recicláveis de forma manual. A Figura 2 mostra o início

Page 31: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

17

do processo de segregação. Usualmente é utilizada a técnica de quarteamento, onde é

amostrando uma parcela do resíduo a ser classificado, essa parcela é dividida em um

quadrado com quatro células onde se procede a classificação (dos resíduos) das células

opostas entre si, porém nesse caso todo o resíduo do período será classificado, sendo a

amostra coletada a amostra total produzida em um dia. Os resíduos orgânicos foram divididos

em 5 categorias. Quatro categorias foram baseadas no trabalho de Caramelo (2010), que são

cascas, verduras (também entrou frutas e folhas verdes nessa categoria), folhas de podas e

restos de comida (esse último refere-se a restos de comida não passiveis de separação). Uma

categoria foi baseada no trabalho de Neves et al.(2008), que é carnes e gorduras. Uma

categoria foi inserida pelo autor, a categoria rejeitos que se refere a resíduos orgânicos como

papéis de banheiro, tecidos, couros, etc. Os resíduos inorgânicos foram segregados em

apenas uma categoria (resíduos inorgânicos) para compor o total de resíduo gerado em um

dia.

Figura 1 – Área para a segregação do resíduo

Page 32: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

18

Figura 2 - Segregação do resíduo

Durante a classificação os resíduos foram separados em categorias e pesados, atribuindo a

cada categoria seu peso.

Foram realizadas dez amostragens em dez dias diferentes, porém, apenas oito foram

finalizadas. A maior dificuldade para executar as atividades foi o calor durante período

amostrado. A rotina de amostragem consistia em preparação do local, transporte do resíduo

das lixeiras até o local, segregação de todo o resíduo em sacos plásticos, pesagem, registro

da pesagem, envio do resíduo de volta as lixeiras e limpeza do local onde foi feita a

segregação.

A Tabela 8 apresenta as datas em que as amostragens foram realizadas.

Tabela 8 - Datas de realização das amostragens.

DATA 9/12/14 16/2/15 18/3/15 20/3/15 6/4/15 14/4/15 16/4/15 22/4/15

Terça Segunda Quarta Sexta Segunda Terça Quinta Quarta

Durante os finais de semana não foram feitas coletas devido ao movimento no condomínio e

a ocupação da garagem utilizada para a segregação.

Page 33: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

19

A única coleta dentro do período de temporada foi feita no dia 16 de fevereiro, segunda-

feira de carnaval, onde houve a segregação do maior volume de resíduo sólido. Durante a

temporada não foram executadas mais amostragens, fazendo com que a classificação

represente os meses de baixa temporada.

3.3 ESTIMATIVA DO VOLUME DE BIOGÁS

3.3.1 Composição dos Dados Teóricos

Primeiramente foi avaliado o volume de biogás que teoricamente, segundo a fundamentação,

deveria ser produzido no condomínio. Seu potencial de geração foi baseado nos dados De

Araújo Morais (2006) apud Alves (2008) por trabalhar com resíduo de restaurante.

3.3.2 Composição dos Dados Laboratoriais

Os dados laboratoriais foram obtidos nos laboratórios de Remediação Ambiental e Química

orgânica da UNIVALI no dia 8 de abril. Foi analisado uma amostra de resíduo triturado para a

obtenção dos dados de umidade, sólidos totais, sólidos fixos e sólidos voláteis de acordo com

a norma ABNT NBR10664.

3.3.3 Construção do Biodigestor

Para a condução experimental no condomínio foi construído um biodigestor, tipo batelada, de 180 [L] (

Figura 3), de leito fixo (Figura 4), sistema de recirculação com uma moto-bomba

autoescorvante Dancor, modelo AAE de 0,5 [KWh], manômetro de monitoramento de pressão

do encanamento Beamad (Figura 5) de 0 a 160 [psi] e dois medidores de gás, marca LAO,

modelo G-1 (Figura 6).

Page 34: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

20

Figura 3 - Montagem do Biodigestor com o sistema de recirculação.

Figura 4 - Montagem do leito fixo do biodigestor.

Page 35: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

21

Figura 5 - Manômetro da tubulação de recalque.

Page 36: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

22

Figura 6 - Biodigestor finalizado e em operação.

O biodigestor foi montado durante o mês de março, no próprio condomínio, e logo se procedeu

ao teste hidráulico da recirculação do efluente em busca de falhas, vazamentos e aspiração

de ar pela adução da bomba. Durante os testes houve alguns episódios de vazamentos nas

conexões, assim como, aspiração de ar pelas mesmas conexões. Para solucionar esses

problemas se procedeu a selagem das conexões com silicone de vedação o que garantiu

manter o sistema de recirculação vedado.

Após o teste hidráulico o equipamento não apresentou falhas e se encontrava pronto para o

start do biodigestor.

3.3.4 Produção de Biogás em um Biodigestor

Para a produção de biogás no biodigestor foi utilizado RSU orgânico coletado no condomínio.

O resíduo foi segregado, pesado, triturado em um liquidificador e diluído em água para criação

Page 37: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

23

de um efluente. Todo o processo de biodigestão foi feito em meio líquido similar ao

tratamento de esgoto UASB, com o diferencial que foi construído um leito fixo em tubos de

PVC para aumentar a área de fixação das bactérias.

Para a inoculação com bactérias anaeróbias foi utilizado 2Kg de estrume equino coletados e

inoculados no mesmo dia. No dia 14 de abril foi feita a inoculação, sendo que 24 horas depois

já se observava o incremento da produção de biogás.

3.3.4.1 Produção do Composto de Resíduo Orgânico

Foram coletados 10,815 [Kg] de resíduo orgânico durante a gravimetria do dia 6 de abril, estes

foram homogeneizados em um liquidificador e diluídos em 160 litros de água. A diluição não

segue o recomendado por Nogueira (1992) onde os resíduos orgânicos com alto teor de

humidade são diluídos na razão 1 [Kg] : 1 [L], pois, o tratamento dado foi um teste,

transformando o resíduo sólido em efluente.

Após a trituração e homogeneização foi retirado uma amostra do lodo (substrato) para a

análise de sólidos totais e voláteis na UNIVALI

3.3.4.2 Análise de Sólidos

A análise de sólidos foi feita seguindo a norma ABNT NBR10664 (ABNT, 1989), método J, L

e M nos laboratórios de Remediação Ambiental e Química Orgânica na UNIVALI. A amostra

foi separada em dois cadinhos calcinados, previamente tarados, pesada e seca em uma

estufa a 105 [°C] durante 12 horas. Para o cálculo do teor de sólidos usou-se a Equação 2.

Equação 2 - Teor de sólidos.

𝑇𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜𝑠 =

𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑟𝑒𝑠í𝑑𝑢𝑜 𝑠𝑒𝑐𝑜 [𝑔]

𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑎 𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎 [𝑔] (2)

Para a obtenção do teor de umidade usou-se a Equação 3.

Equação 3 - Teor de umidade.

𝑇𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 1 − 𝑇𝑒𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑆ó𝑙𝑖𝑑𝑜𝑠 (3)

Page 38: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

24

Após secar a amostra em estufa seguiu-se com a calcinação da amostra seca na mufla do

laboratório de química orgânica. A amostra foi submetida a temperatura de 550 [°C] durante

uma hora, em seguida foi transferida a um dessecador e logo após pesada. Para o cálculo da

porcentagem de sólidos fixos usou-se a Equação 4.

Equação 4 – Porcentagem de sólidos fixos.

% 𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑓𝑖𝑥𝑜𝑠 =

𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑟𝑒𝑠í𝑑𝑢𝑜 𝑐𝑎𝑙𝑐𝑖𝑛𝑎𝑑𝑜 [𝑔]

𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑟𝑒𝑠í𝑑𝑢𝑜 𝑠𝑒𝑐𝑜 [𝑔]× 100 (4)

Para a obtenção do da porcentagem de sólidos voláteis usou-se a Equação 5.

Equação 5 - Porcentagem de sólidos voláteis.

% 𝑑𝑒 𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑣𝑜𝑙á𝑡𝑒𝑖𝑠

=𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑟𝑒𝑠í𝑑𝑢𝑜 𝑠𝑒𝑐𝑜 − 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑟𝑒𝑠í𝑑𝑢𝑜 𝑐𝑎𝑙𝑐𝑖𝑛𝑎𝑑𝑜

𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑟𝑒𝑠í𝑑𝑢𝑜 𝑠𝑒𝑐𝑜

× 100

(5)

3.3.4.3 Volume de Produção de Biogás

Diariamente registrou-se o volume de biogás produzido no biodigestor por meio de dois

medidores de gás da marca LAO, modelo G-1, ligados em série.

3.3.5 Metodologia Utilizada para Estimar a Produção de Biogás de Forma Teórica

A partir do momento que o biodigestor instalado no condomínio parou de funcionar, procurou-

se atender o objetivo específico “Estimar o volume de biogás produzido para alimentar o

biodigestor no objeto de estudo de caso”, relacionando os dados obtidos na gravimetria e

dados laboratoriais realizados na UNIVALI, com dados da literatura.

Para obter os dados de volume de geração de biogás no condomínio, se procedeu a utilizar

o dado de sólidos voláteis obtido em laboratório e relaciona-lo com o volume de biogás

encontrado nos trabalhos de Neves et al. (2006); Neves et al. (2008); De Araújo Morais (2006)

apud Alves (2008). Os três trabalhos possuem resultados de volume de biogás ou metano por

massa de sólidos voláteis. Dessa forma, sabendo a massa de sólidos voláteis encontra dentro

Page 39: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

25

do biodigestor pode-se estimar o volume de biogás que deveria ser produzido por essa

massa dentro do biodigestor.

3.4 AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DO PROJETO

3.4.1 Análise Financeira

A análise econômica de um investimento é feita levando em conta o fluxo de caixa dos custos

e rendimentos do investimento, ou seja, mais completa. Já a análise financeira faz-se uso dos

custos envolvidos e rendimentos, sem um fluxo de caixa, ou seja, mais simplificado.

A análise financeira da implantação de um biodigestor no condomínio para a geração de

biogás foi realizada em três etapas:

A primeira etapa foi avaliar o volume médio de biogás que poderia ser gerado no condomínio

e relaciona-lo com seu potencial de geração de energia elétrica. Como resultado está o valor

médio que o condomínio poderia economizar na conta de energia elétrica por dia.

A segunda etapa foi avaliar o valor que deveria ser investido inicialmente, os custos de

operação do sistema e os custos de manutenção do sistema.

A terceira etapa foi a análise do retorno de capital (PayBack) (Equação 6), onde o somatório

do valor investido em capital, operação e manutenção é dividido pelo valor do rendimento

gerado pela geração de energia elétrica.

Equação 6 - Equação do Tempo de Retorno Payback

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 =

∑ 𝑉𝐼

𝑅𝑃𝑇 (6)

Onde:

∑ VI = Somatório do Valor investido [R$]

RPT = Rendimento acumulado no dia [R$/dia].

Tempo de Retorno = Total de dias para pagar o investimento.

Page 40: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

26

3.4.2 Análise Técnica

Elaborou-se a análise técnica verificando a possibilidade de geração de RSU orgânico no

condomínio, da instalação de um biodigestor, da instalação de um gerador, da mão de obra

disponível para operar o sistema e da existência da tecnologia para rodar o sistema.

Page 41: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

27

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS

Para facilitara a compreensão da discussão dos resultados elaborou-se dois fluxogramas. A

Figura 7 mostra as etapas da caracterização do resíduo e suas sequências e a Figura 8 mostra

as etapas desde as coletas até a geração dos resultados laboratoriais (dados laboratoriais) e

resultados obtidos (dados obtidos).

Figura 7 - Fluxograma do Processo de Caracterização Física.

TriagemPesagem

Coleta do Resíduo Caracterização Física Determinação de Sólidos

Planilha de

Determinação de:

Sólidos Fixos

Sólidos Voláteis

Planilha de

Classificação:

Rejeito

Poda

Restos de Comida

Carne e Gordura

Casca

Verduras

Inorgânicos

Caracterização dos

Resíduos

A Figura 7 representa o fluxograma do processo de caracterização física. Iniciou-se o

processo com a coleta do resíduo no condomínio seguido pela triagem e pesagem dando

origem a caracterização física do resíduo, registrada em planilha. Após a coleta do resíduo e

caracterização do mesmo, executou-se a coleta de amostra para a determinação de sólidos

totais e voláteis nos laboratórios da UNIVALI, essa coleta foi feita apenas no dia do start do

biodigestor. Após a classificação e a determinação de sólidos, elaborou-se a caracterização

dos resíduos.

A Figura 8 mostra o processo completo da obtenção dos dados obtidos e dados laboratoriais.

Page 42: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

28

Figura 8 - Fluxograma das etapas executadas até obtenção dos dados laboratoriais e dados obtidos.

Ação Corretiva

COLETA DE DADOS EM 8 DIAS DIFERENTES

Biodigestor

Planilha de:

Classificação e

Pesagem

Amostragem

Monitoramento:

Temperatura

pH

Vazão de Biogás e

Operação

Ensaio de

Sólidos na

UNIVALIIdentificação e Ação nos

Problemas

Análise:

Sólidos Totais

Sólidos Fixos

Sólidos VoláteisPlanilha de

Monitoramento

Planilha de Determinação de:

Sólidos Fixos

Sólidos Voláteis

DADOS OBTIDOS e

DADOS LABORATORIAIS

Amostragem de

Resíduo para o

Biodigestor

Page 43: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

29

A Figura 8 representa o fluxograma das etapas executadas para a obtenção dos dados

laboratoriais e obtidos. Representa as 8 coletas de resíduo e sua classificação, além de

representar o início do start no biodigestor, seu monitoramento e o registro de dados

coletados.

Após as coletas de dados se procedeu a análise dos dados e aos cálculos correspondentes

para a verificação da viabilidade da geração de energia elétrica no condomínio.

4.1.1 Caracterização Física

As caracterizações físicas dos resíduos foram realizadas entre dezembro de 2014 e abril de

2015, classificando os resíduos em diferentes categorias conforme especificado

anteriormente. A Tabela 9 apresenta os dados da caracterização realizada no condomínio

mostrando a porcentagem que cada categoria representa na amostra total diária realizada no

condomínio.

Tabela 9 - Caracterização física dos resíduos do condomínio.

DATA 9/12/14 16/2/15 18/3/15 20/3/15 6/4/15 14/4/15 16/4/15 22/4/15

Terça Segunda Quarta Sexta Segunda Terça Quinta Quarta

MATERIAL Representação de cada Parcela Média

Rejeito 28,3% 32,9% 34,0% 28,7% 33,9% 37,9% 32,7% 31,3% 32,5%

Poda 1,4% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 1,3% 0,0% 0,3%

Restos de Comida 24,8% 29,1% 20,0% 19,7% 18,2% 18,3% 15,9% 23,1% 21,1%

Carne e Gordura 2,2% 1,8% 0,5% 0,8% 2,1% 0,3% 1,0% 2,1% 1,3%

Cascas 10,9% 6,1% 8,5% 10,5% 15,2% 12,4% 9,1% 12,4% 10,6%

Verduras 4,5% 4,6% 6,3% 3,9% 6,1% 4,7% 4,4% 3,5% 4,7%

Inorgânico 27,9% 25,6% 30,7% 36,5% 24,5% 26,4% 35,6% 27,6% 29,3%

FO 43,7% 41,6% 35,3% 34,8% 41,6% 35,7% 31,7% 41,1% 38,2%

TOTAL 40,1Kg 84,6Kg 28,4Kg 45,7Kg 33,8Kg 34,7Kg 30,5Kg 48,9Kg 43,3Kg

A partir da observação dos dados da Tabela 9 nota-se que a média da FO (fração orgânica),

composta pelas categorias poda, restos de comida, carne e gordura, cascas e verduras,

coletada no condomínio está próxima a fração orgânica dos resíduos urbanos coletadas no

estado de Santa Catarina segundo a Santa Catarina (2012), em comparação encontrou-se

38,2% de matéria orgânica no RSU do condomínio contra 37% de matéria orgânica no RSU

do estado de Santa Catarina.

Page 44: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

30

A quantidade diária média de RSU gerada no condomínio foi de 43,3 [Kg], como mostrada

na Figura 9, tendo como valor máximo registrado no dia 16 de fevereiro e o valor mínimo

registrado no dia 18 de março, sendo os valores 84,6 [Kg] e 28,4 [Kg] respectivamente.

Figura 9 - Quantidade de RSU médio produzido por dia no condomínio durante as 8 amostras feitas.

Observa-se na Figura 9 que no dia 16 de fevereiro a quantidade de RSU produzida foi o dobro

da média encontrada, isso se deve porque foi feita a coleta na segunda feira de carnaval,

onde a taxa de ocupação do condomínio foi maior devido ao feriado.

Com base na Tabela 9 gerou-se a Figura 10 para facilitar a compreensão da caracterização

física, onde nota-se que não há um padrão de geração de RSU. Cada dia de coleta há uma

representatividade diferente de cada categoria no RSU do condomínio.

40,1Kg

84,6Kg

28,4Kg

45,7Kg

33,8Kg 34,7Kg30,5Kg

48,9Kg43,3Kg

,0Kg

10,0Kg

20,0Kg

30,0Kg

40,0Kg

50,0Kg

60,0Kg

70,0Kg

80,0Kg

90,0Kg

9/12/14 16/2/15 18/3/15 20/3/15 6/4/15 14/4/15 16/4/15 22/4/15Qu

anti

dad

e d

e R

SU T

ota

l am

ost

rad

a p

or

dia

Data

TOTAL Média da Série

Page 45: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

31

Figura 10 - Variação temporal em relação a composição do RSU do condomínio.

Essa variação da composição do RSU se deve provavelmente a variação das atividades

desenvolvidas em cada apartamento do condomínio. Nota-se no dia a dia do condomínio essa

variação, pois cada apartamento possui sua rotina, que influencia na composição do RSU.

Também foi observado que alguns apartamentos armazenam seus resíduos até completarem

determinado volume, para depois enviar ao lixeiro do condomínio. Isso se observa

principalmente com o resíduo inorgânico e rejeito.

Como pode ser observado na Figura 11, os maiores volumes encontrados no RSU do

condomínio são rejeito, inorgânico e restos de comida, compondo 32,5%; 29,3% e 21,1%

respectivamente.

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

9/12/14 16/2/15 18/3/15 20/3/15 6/4/15 14/4/15 16/4/15 22/4/15

Rep

rese

nta

ção

de

cad

a ca

tego

ria

Data

Rejeito Poda Restos de Comida Carne e Gordura

Cascas Verduras Inorgânico

Page 46: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

32

Figura 11 - Representatividade média de cada categoria na composição do RSU do condomínio.

As categorias com a menor representatividade no RSU do condomínio foram carne e gordura

e resíduos de poda com uma geração média de 1,3% e 0,3% respectivamente. Isso se deve

provavelmente ao valor caro da carne no mercado, e a que o condomínio possui recipiente

para coleta de óleo de cozinha, onde gorduras são usualmente destinadas após derretidas.

Já o baixo valor da representatividade da poda, provavelmente se deve ao condomínio ser

um edifício, havendo poucas áreas verdes. Os resíduos de poda encontrados foram

predominantemente de ramos de flores.

Durante a coleta observou-se que a maior parte da composição da categoria restos de comida

é composta por arroz, feijão e pão. Também se observou massa de bolos e tortas, macarrão

e batata. Na categoria cascas, o mais observado foi casca de cítricos, seguido de cascas de

batata e cascas de frutas. Na categoria verduras o mais observado foi folhas verdes em geral

seguido de cebola, tomate e outras frutas e verduras em estado “passado”.

Portanto, analisando apenas a fração orgânica do RSU do condomínio gera-se a

representação gráfica, Figura 12, onde a maior quantidade amostrada pertence a categoria

restos de comida, 55,3% e a menor pertence a categoria poda com 0,9%.

Rejeito32,5%

Poda0,3%

Restos de Comida21,1%

Carne e Gordura1,3%

Cascas10,6%

Verduras4,7%

Inorgânico29,3%

Rejeito

Poda

Restos deComida

Carne eGordura

Cascas

Verduras

Inorgânico

Page 47: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

33

Figura 12 - Representação gráfica da composição do RSU orgânico do condomínio.

A partir da observação dos dados apresentados na Figura 12 e da observação do que

compõem cada categoria, afirma-se, que no caso do condomínio a maior geração de resíduos

(categoria restos de comida) provem de alimentos cereais e é causada devido ao desperdício

de alimentos.

4.1.2 Determinação de Resíduos Sólidos na Parcela Orgânica

Para a determinação do resíduo sólido fixo e do resíduo sólido volátil se procedeu a retirada

de duas amostras do RSU orgânico, já triturado e homogeneizado, antes de sua colocação

do biodigestor. Para sua determinação seguiu-se a norma ABNT NBR10664, método J, L e M

como explicado anteriormente. A Tabela 10 mostra os pesos amostrados e seus respectivos

pesos após secagem em estufa e calcinação

Tabela 10 - Determinação de sólidos (peso das amostras).

Peso das Amostras

Amostra Úmida

Amostra Seca

Amostra Calcinada

Amostra 1.2 20,43 g 3,864 g 0,269 g

Amostra 2.2 18,702 g 3,466 g 0,257 g

Média 19,566 g 3,665 g 0,263 g

Page 48: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

34

Após os ensaios para a determinação dos pesos apresentados na Tabela 10, procedeu-se

aos cálculos do teor de sólidos e do teor de umidade, das amostras, além dos cálculos da

porcentagem de sólidos fixos (SF) e a porcentagem de sólidos voláteis (SV), seguindo as

metodologias L e M, respectivamente. A Tabela 11 mostra o teor de sólidos e umidade das

amostras coletadas.

Tabela 11 - Teor de sólidos e teor de umidade das amostras.

Composição

Teor de sólidos Teor de Umidade

Amostra 1.2 0,189 0,811

Amostra 2.2 0,185 0,815

Média 0,187 0,813

Observa-se na Tabela 11 que em média o resíduo amostrado possui 18,7% de sólidos e

81,3% de água.

Após a separação da água e do sólido se procede a calcinação do sólido amostrado a

temperatura de 550 [°C], e obtém-se os valores da Tabela 12.

Tabela 12 - Composição de sólidos fixos e voláteis da amostra seca.

Composição Orgânica

% de Sólidos Fixos % de Sólidos Voláteis

Amostra 1.2 6,96% 93,04%

Amostra 2.2 7,41% 92,59%

Média 7,19% 92,81%

O resultado da amostra mostra que em média o RSU orgânico do condomínio possui 92,81%

de sólidos voláteis, ou seja, 92,81% dos sólidos totais da amostra tem capacidade de se

transformar em biogás.

Page 49: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

35

4.2 CONDIÇÕES IDEAIS PARA O BIODIGESTOR NO CONDOMÍNIO

4.2.1 Composição do Substrato no Biodigestor

O biodigestor foi carregado no dia 06/04/15 com o RSU orgânico, separado no condomínio.

Após ser triturado e homogeneizado, o substrato produzido foi amostrado para análise de

sólidos totais e voláteis e inserido no biodigestor.

a) Composição do substrato inserido

O substrato foi coletado e pesado no dia 06/04/15 e possui a composição informada na Tabela

13.

Tabela 13 - Composição do substrato inserido no biodigestor.

MATERIAL Volume

[Kg]

Poda 0,000

Restos de Comida 4,730

Cascas 3,965

Carne e Gordura 0,545

Verduras 1,575

TOTAL 10,815

A Tabela 13 mostra que o biodigestor foi carregado principalmente com restos de comida

(carboidratos) e cascas, totalizando uma massa úmida de 10,815 [Kg]. Após sua pesagem e

homogeneização em um liquidificador foi coletado duas amostras para o ensaio de Sólidos

totais e voláteis. O ensaio foi realizado no laboratório de Remediação Ambiental e Química

Orgânica na UNIVALI e resultou nos dados laboratoriais representados na Tabela 14 que

demonstra a quantidade de sólidos dentro do biodigestor.

Tabela 14 - Sólidos totais e voláteis presentes no biodigestor.

Massa do Material [Kg]

Massa de água [Kg]

Massa de Sólidos

Massa de SF [Kg]

Massa de SV [Kg]

10,815 8,790 2,025 0,146 1,879

Como demostrado na Tabela 14, dentro do biodigestor foi inserido 10,815Kg de RSU orgânico,

sendo que 8,79 [Kg] (81,28%) desse resíduo era água; e 2,025 [Kg] (18,72%) eram sólidos.

Após a calcinação do resíduo sólido descobriu-se que 0,146 [Kg] do total de sólidos eram

Page 50: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

36

sólidos fixos e 1,879 [Kg] (92,79% dos sólidos totais) eram sólidos voláteis com potencial

para a geração de biogás.

4.2.2 Estimativa de Geração de Biogás no Biodigestor

Baseado em Neves et al. (2006); Neves et al. (2008); De Araújo Morais (2006) apud Alves

(2008), elaborou-se a Tabela 15 que mostra os potenciais de geração segundo suas

pesquisas e o cálculo da geração teórica a ser produzida dentro do biodigestor instalado no

condomínio.

Tabela 15 - Potencial de geração de biogás e potencial de geração teórica de biogás no resíduo contendo 1,879KgSV.

Referência Potencial de Geração Geração teórica de Biogás

De Araújo Morais, 2006. 312,6 a 410,5 NL biogás / KgSV 587,4 a 771,3 NL Biogás

Neves et al. 2008 400 a 490 NL CH4 / KgSV 751,6 a 920,7 NL CH4

Neves et al. 2006 363 NL CH4 / KgSV 682 NL CH4

Fonte: Adaptado de NEVES et al. (2006); NEVES et al. (2008); DE ARAÚJO MORAIS (2006) apud ALVES (2008).

Para cálculos futuros, utilizou-se o valor de 312,6 [NL de biogás por KgSV], por ser o valor

mais baixo encontrado na literatura que trata sobre geração de biogás através de resíduos

orgânicos provenientes de cozinhas residenciais ou restaurantes. O valor escolhido

representa o volume de biogás produzido, ao contrário dos outros valores informados, que

representam valores de metano, sem incluir outros gases produzidos no biodigestor.

Os resultados de geração de biogás apresentados nesse trabalho representam a pior situação

de geração de biogás, ou seja, levou-se em conta a taxa de conversão mais baixa encontrada

na literatura para a geração de biogás com resíduos orgânicos residenciais.

No biodigestor foram inseridos 1,879 [KgSV], sendo assim, a quantidade teórica de gás que

poderá ser gerada no biodigestor é de 312,6 [NL/KgSV] multiplicado por 1,879 [KgSV]

resultando 587,4 [NL] por dia.

a) Potencial Calórico do Biogás

Para saber qual o poder calorífico do biogás recorreu-se a literatura (Tabela 16) onde mostra

o potencial energético médio do biogás.

Page 51: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

37

Tabela 16 - Poder calorífico do biogás e porcentagem de produção de biogás.

Referência Poder Calorífico do Biogás

[Kcal/m³] Poder Calorífico do Biogás

[KWh/m³] %

CH4

Nogueira. 1986 5500 6,4 60

Silva. 1983 apud Pecora. 2006

5500 6,4 78,7

Fonte: Adaptado de Nogueira (1992) e Silva (1983) apud Pecora (2006).

Ambos autores citados informam que o poder calorífico do biogás varia de acordo com a

porcentagem de metano em sua composição. Também ambos atribuem o valor de

5500Kcal/m³ de biogás como valor médio de potencial, o que representa 6,4 [KWh/m³]. Em

seu trabalho, Nogueira (1992), atribui a porcentagem de 60% de metano na composição do

biogás, já Pecora (2006), conseguiu análises com 78,7% de metano na composição do biogás

em seus estudos.

b) Potencial de Geração no Biodigestor

Para o cálculo da potência gerada no biodigestor diariamente, com uma carga de 10,815 [Kg]

de RSU orgânico; 1,879 [KgSV] e geração 587 [NL] de biogás por dia, criou-se a Tabela 17,

onde informa-se a potência diária máxima que o biodigestor poderia alcançar.

Tabela 17 - Cálculo do potencial energético a ser gerado no biodigestor.

Geração Teórica de Biogás [m³/dia]

Poder Calorífico do Biogás [KWh/m³]

Potencial Calorífico Diário [kWh/dia]

0,587 6,4 3,76

A Tabela 17 informa que, com os dados de resíduo inseridos no biodigestor, a potência teórica

a ser alcançada por dia no biodigestor é de 3,76 [KWh] produzidos por dia. Isso representa

0,16 [KWh] de potência.

4.3 START E OPERAÇÃO DO SISTEMA

Uma vez testado o biodigestor e com o resíduo triturado, se procedeu a carga e diluição do

resíduo no dia 6 de abril. Após a carga a tampa do biodigestor foi fechada e se procedeu a

recirculação do efluente durante um período de oito horas diárias.

Durante os sete dias seguintes foi observado uma produção de biogás de no máximo 0,8 litros

por dia. No dia 14 de abril ouve a inoculação com 2 [Kg] de esterco equino e 24 horas após a

Page 52: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

38

inoculação já se notava um incremento na produção de biogás. Nota- se na Figura 13 que

após a inoculação o volume de biogás sobe a cada dia tendo seu pico máximo no dia 21 de

abril.

Figura 13 - Volume de produção de biogás por dia.

A partir do dia 21 de abril a produção de biogás cai mostrando que o sistema se desequilibrou.

Segundo Nogueira (1992) há um equilíbrio entre bactérias fermentativas e metanogênicas,

quando um grupo se prolifera mais que outro, há um desequilíbrio dentro do biodigestor

baixando o pH dentro do equipamento e inibindo a proliferação de bactérias metanogênicas

responsáveis pela geração do metano.

Durante os dias 24 de abril e 2 de maio esperou que as bactérias metanogênicas

consumissem os ácidos voláteis, produto pelas bactérias fermentativas, e que mostrasse

indícios que o sistema voltaria ao equilíbrio. Não havendo mudança no volume de biogás

produzido, no dia 3 de maio se procedeu a correção do pH com 54 [g] de hidróxido de sódio

em escamas, elevando o pH de 4 para 6. Essa medida foi feita para tentar voltar com um pH

que favorecesse o desenvolvimento de bactérias metanogênicas. A partir do dia 6 de maio,

além da correção do pH o sistema passou a ser inoculado diariamente com 15 [ml] de Bio Liq

WT da marca HydroBac, produto destinado a tratamento de efluentes orgânicos por meio

0 0 0 0 0 0 0,4 0,6 0,8 1,8 2,2 2,45,6

10,2

30,6

103

44

6,21,8 1,6 1,8 0

2,6 3,20,2 1,4 0,6 0 0 0 0

3,2 3 1,6 0,4 0,8 1,6 1,8 0,2

4 4

6 6 6 6

5 5

6 6 6

0

1

2

3

4

5

6

7

0

20

40

60

80

100

120

05/

04/2

015

06/

04/2

015

07/

04/2

015

08/

04/2

015

09/

04/2

015

10/

04/2

015

11/

04/2

015

12/

04/2

015

13/

04/2

015

14/

04/2

015

15/

04/2

015

16/

04/2

015

17/

04/2

015

18/

04/2

015

19/

04/2

015

20/

04/2

015

21/

04/2

015

22/

04/2

015

23/

04/2

015

24/

04/2

015

25/

04/2

015

26/

04/2

015

27/

04/2

015

28/

04/2

015

29/

04/2

015

30/

04/2

015

01/

05/2

015

02/

05/2

015

03/

05/2

015

04/

05/2

015

05/

05/2

015

06/

05/2

015

07/

05/2

015

08/

05/2

015

09/

05/2

015

10/

05/2

015

11/

05/2

015

12/

05/2

015

13/

05/2

015

14/

05/2

015

pH

Vo

lum

e d

e B

iogá

s p

rod

uzi

do

em

Lit

ros

Data

Volume [L] pH

Inoculação Parada Parada do Motor

Page 53: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

39

anaeróbio fazendo com que a produção de biogás voltasse a ocorrer, mesmo assim o

sistema não voltou a entrar em equilíbrio.

No dia 14 de maio o selo hidráulico da moto bomba se rompeu ocasionando o vazamento de

parte do efluente e fazendo com que o sistema de recirculação parasse, causando a parada

definitiva do biodigestor e dando início a etapa de estimativa de biogás baseada na literatura.

4.4 POTENCIAL DO CONDOMÍNIO

Como base nas informações apresentadas no item 4.1 e 4.2, criou-se a Tabela 18, onde

mostra-se o potencial de geração de energia no condomínio em função dos dados de geração

média de RSU no condomínio.

Tabela 18 - Dados do potencial de geração de energia no condomínio em função dos dados coletados.

Item Valor Unidade

Dados

Geração Média 43,3 Kg

% Resíduo Orgânico 38,2%

Potência do Biogás 6,4 KWh/m³

Volume de geração 312,6 NL

biogás/KgSV

% de ST 18,72%

% de SV 92,79%

Sólidos Orgânicos

Geração média de orgânicos

16,5 Kg

Sólidos Totais 3,1 KgST

Sólidos Voláteis 2,9 KgSV

Gás Volume de Biogás 898,1 NL

Potência

Poder Calorífico por dia 5,7 KWh / dia

Poder calorífico por hora

0,24 KWh

Em um cenário com produção média de 43,3 [Kg] de RSU e com 38,2% de sua composição

resíduo orgânico, afirma-se que há a possibilidade de uma geração de 898,1 litros de biogás

Page 54: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

40

produzidos por dia. Isso representa uma potência de 5,7 [KWh] de energia produzida em

um dia. Em outras palavras 0,24 [KWh].

Segundo Pecora (2006) o melhor sistema gerador de energia elétrica para pequenas vazões

de biogás é o motor de ciclo Otto, com rendimento de 30 a 34%, porém no mercado são

encontrados geradores de 1 [KWh] com 22% de rendimento.

Portanto, o potencial de geração de energia elétrica segundo os dados obtidos é de 0,072

[KWh] a 0,082 [KWh]. Isso representar uma lâmpada de 70 [W] ligada por 24 horas.

4.5 VIABILIDADE

4.5.1 Análise Técnica

De acordo com os registros de geração de RSU orgânico no condomínio e com as tabelas

apresentadas no Capítulo 4, o potencial de geração de energia (média diária) é de 5,7

[KWh/dia], ou seja 0,238 [KWh]. Em termos técnicos, esse valor de potência é um limitante na

geração de energia elétrica, uma vez que os geradores de energia elétrica com biogás

disponíveis no mercado (para baixas potencias) operam com eficiência em torno de 22% e

geração mínima de 1 [KWh]. Sendo assim, o condomínio tem a capacidade de transformar

22% de 5,7 [KWh/dia] em energia elétrica, ou seja, 1,254 [KWh/dia].

Tecnicamente há material para a geração de biogás, há espaço físico, há pessoal para operar

o equipamento e existe a tecnologia para rodar o sistema. Do ponto de vista técnico é viável

um projeto de biodigestão e geração de energia elétrica em condomínios.

4.5.2 Análise Financeira

A análise financeira baseia-se em fazer estimativas dos custos envolvidos na implantação e

operação do projeto, custos como: investimento inicial, manutenção, operação, custo de

combustível, assim como receitas geradas durante um determinado período de tempo.

No caso do condomínio a análise foi feita apenas levando em conta o valor do investimento

inicial em um gerador de 1 [KWh]. Nesse caso não foram atribuídos os valores de

manutenção, operação e instalação do biodigestor (Tabela 19).

Page 55: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

41

Tabela 19 - Cálculo do retorno financeiro.

Item Valor Unidade

Dados

Potência do Gerador 1 KWh

Consumo hora 0,7 Nm³ biogás/KWh

Valor do moto gerador 2.190,0 R$

Capacidade de Geração no Condomínio

0,8981 Nm³ biogás/dia

Valor da Tarifa CELESC 0,71 R$/KWh

Potência

Potência Gerada por dia 1,283 KWh/dia

Economia Valor a ser economizado em um dia 0,91 R$/dia

Retorno do Investimento

Retorno do investido em dias 2.404 Dias

Como demonstrado na Tabela 19, o custo inicial do moto gerador modelo DF1500BG de 1Kwh

é de R$2.190,00.

O consumo de combustível pelo moto gerador segundo o fabricante Guangzhou Dingfeng

Machinery Co., Ltd. é de 0,7 [m³] de biogás por [KWh].

A Capacidade de geração de biogás no condomínio é de 0,898,1 [m³/dia].

O valor da energia elétrica cobrada ao condomínio pela CELESC no mês de abril (incluído

impostos) foi de R$0,71/[KWh]. Portanto, ao dividir a capacidade de geração de biogás

(0,8981 [m³/dia]) pelo consumo do gerador (0,7 [m³/KWh]) tem-se o valor da potência elétrica

gerada por dia, nesse caso 1,283 [KWh/dia.] Ao multiplicar valor da potência elétrica gerada

por dia (1,283 [KWh/dia]) pelo valor da tarifa elétrica (R$0,71/[KWh]) tem-se o valor que o

condomínio economizaria, resultando em R$0,91/dia. Ao dividir o valor do investimento no

gerador (R$2.190,00) pelo valor economizado (R$0,91/dia), tem-se o tempo de retorno do

valor pago em dias. Tempo de retorno de 2404 dias, ou seja, 6,59 anos. Para o cálculo usou-

se a Equação 7, Tempo de retorno.

Page 56: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

42

Equação 7 - Tempo de Retorno do valor investido.

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 =

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑑𝑜

𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑝𝑜𝑟 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 (7)

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 =2.190,00 [𝑅$]

0,91 [𝑅$𝑑𝑖𝑎

]

𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑅𝑒𝑡𝑜𝑟𝑛𝑜 = 2.407 [𝑑𝑖𝑎𝑠]

Vale informar que durante a operação o sistema de biodigestão consome energia elétrica na

bomba de recirculação. No caso da utilização de uma bomba de 0,5 [KWh], como foi utilizada

nesse trabalho, o uso de 08 (oito) hora diárias da bomba superaria o valor de energia elétrica

que poderia ser gerado no condomínio por dia. A Equação 8 demonstra o valor gasto

diariamente pela bomba.

Equação 8 - Valor gasto pela bomba em reais

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝐺𝑎𝑠𝑡𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝐵𝑜𝑚𝑏𝑎

= 𝑃𝑜𝑛𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝐵𝑜𝑚𝑏𝑎 × 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝐹𝑢𝑛𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

× 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑜 𝐾𝑤ℎ

(8)

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝐺𝑎𝑠𝑡𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝐵𝑜𝑚𝑏𝑎 = 0,5 [𝐾𝑊ℎ] × 8 [ℎ] × 0,71 [𝑅$

𝐾𝑊ℎ]

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝐺𝑎𝑠𝑡𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑎 𝐵𝑜𝑚𝑏𝑎 = 𝑅$ 2,84

Ou seja, a bomba consome 3,1 vezes mais energia do que pode ser economizado na geração

de energia elétrica no condomínio, não havendo a possibilidade de retorno financeiro.

4.5.2.1 Análise Financeira para a queima do Biogás no Condomínio

Também está sendo apresentado a análise financeira para a queima do biogás.

Page 57: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

43

Como apresentado na Tabela 18, o poder calorífico teórico calculado do biogás produzido

no condomínio é de 5,7 [KWh/dia]. A Tabela 20 mostra o quanto esse biogás poderia render

na queima em comparação com o GLP.

Tabela 20 - Rendimento do Biogás na queima em comparação com GLP.

Item Valor Unidade

Dados

Fogão Consul

Modelo CFS50

Consumo do queimador Normal 1,7 KWh

Potência do Biogás Gerado 5,7 KWh/dia

Valor do GLP a granel 9,12 R$/m³

PCS do GLP 30,7 KWh/m³

Resultado do Consumo de

Biogás

Duração do Biogás Produzido no queimador normal

3,4 Horas

Economia Valor em R$ de GLP consumido durante

3,4h 1,69 R$/dia

Analisando a Tabela 20, onde utilizou-se para o cálculo as especificações técnicas de um

fogão marca Consul, modelo CFS50, com um consumo de 1,7 [KWh] em um queimador

normal e utilizou-se os valores de PCS médio do GLP de 30,7 [KWh/m³] segundo a Liquigás

(2008). O preço do GLP foi atribuído segundo o preço de mercado cobrado ao Condomínio

Marquês de Firenze, sendo ele de R$ 9,12/[m³]. Realizou-se os cálculos com dados teóricos

para a obtenção do valor a ser economizado utilizando o biogás em substituição ao GLP.

Como resultado (Tabela 20), obteve-se que a economia de gás é equivalente ao uso de 3,4

horas de funcionamento do fogão. Isso equivale a uma economia de 1,69 [R$/dia] em gás

GLP. Ou seja, o total de biogás gerado no condomínio pode suprir o equivalente a 3,4 horas

de consumo de GLP em um fogão Consul, modelo CFS50, em um queimador normal que

consome 1,7 [KWh] de potência. Isso representa na conta do condomínio uma economia de

R$1,69 por dia de gás GLP.

Esse valor de economia ainda é inferior ao valor de operação da bomba do biodigestor

apresentado anteriormente. Sendo que o valor consumido pela bomba é 1,7 vezes maior que

o valor economizado com o gás GLP.

Page 58: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

44

Não há viabilidade financeira para a queima do biogás em fogões.

4.6 PROPOSTA DE VIABILIZAÇÃO DA GERAÇÃO DE ENERGIA COM BIOGÁS

4.6.1 Viabilização de Geração de Energia Elétrica com Biogás

4.6.1.1 Viabilização em Condomínios

Para a viabilização da geração de energia elétrica em condomínios há a necessidade de um

condomínio com no mínimo 11.585 habitantes que gere 0,799 [Kg] de RSU por dia. Esse é o

número de habitantes necessário para gerar energia elétrica em um moto gerador STEMAC

modelo G229-3. A Tabela 21 mostra os resultados e os parâmetros utilizados para a obtenção

desses resultados.

Tabela 21 - Requisitos mínimos para geração de energia.

Item Valor Unidade

Dados

Potência do Gerador 16 KWh

Potência do Gerador 384 KWh/dia

Consumo hora 8 Nm³ biogás/h

Consumo Dia 192 Nm³ biogás/dia

Geração de Biogás / SV 0,3126 Nm³

biogás/KgSV

Potência do Biogás 6,4 KWh/m³

Massa de RSU por Habitante dia de Balneário

Camboriú

0,799 Kg.hab-1.dia-1

% de RSU orgânico no total

38,2%

% de ST 18,72%

% de SV 92,79%

Sólidos Orgânicos

Massa de RSU orgânico necessária para gerar a

Potência Requerida 3.535,9 Kg/dia

Sólidos Totais 661,9 KgST/dia

Sólidos Voláteis 614,2 KgSV/dia

RSU Total RSU total 9.256,4 Kg/dia

Habitantes Necessários Habitantes por dia 11.585 Hab./dia

Page 59: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

45

Para procurar a viabilização de um projeto de geração de energia elétrica com biogás

proveniente de RSU orgânico em condomínios, estabeleceu-se como ponto de partida a

potência mínima do moto gerador para a geração de energia elétrica.

Como ponto de partida procurou-se no mercado nacional o menor moto gerador movido a

biogás que possua características de geração elétrica contínua. Foi escolhido o moto gerador

Stemac, modelo G229-3, de 30 [KVA] com potência de geração contínua de 16 [KWh],

consumo de 8 [m³/h] de biogás e valor de R$39.000,00. Para análise das condições

necessárias para o atendimento das necessidades do moto gerador elaborou-se a Tabela 21,

apresentada acima, com os dados necessários.

As taxas de sólidos totais e voláteis no RSU e porcentagem de RSU orgânico, foram atribuídas

de acordo com os valores encontrados no Condomínio Marquês de Firenze. Os valores de

potência e consumo de combustível foram atribuídos de acordo com a fabricante do moto

gerador. Os valores de geração de biogás, potência do biogás e massa de RSU por habitante

de Balneário Camboriú foram retirados da literatura e já foram apresentados anteriormente.

Portanto, não há a viabilização da geração de energia elétrica em condomínios, por meio de

biogás proveniente de RSU orgânico, devido ao número de habitantes necessário para gerar

a quantidade mínima requerida para manter o moto gerador em funcionamento. O número de

habitantes necessário, 11.585 [hab.], e está mais associado a ao número de habitantes de

uma cidade que de um condomínio.

4.6.1.2 Viabilização em Cidades

Uma vez que não há viabilização para a geração de energia em grandes condomínios com

RSU orgânico, propõem-se uma alternativa em escala municipal.

Para a viabilização de um projeto de geração de energia elétrica proveniente de RSU

orgânico, propõem-se uma integralização do sistema de coleta de esgotos municipal com o

tratamento de RSU orgânico, uma vez que as estações de tratamento de esgotos possuem

efluente em abundância com baixa carga orgânica (se comparado a outros efluentes

orgânicos).

A proposta é utilizar as instalações de tratamento de esgoto, que por si já possuem função de

tratamento orgânico, para tratar mais matéria orgânica. Utilizando basicamente o mesmo

princípio utilizado nessa pesquisa, triturando o RSU orgânico e diluindo ele no afluente da

estação de esgoto. A ideia é diminuir o tempo de detenção do RSU orgânico ao máximo,

otimizando assim a produção de biogás e evitando sua destinação aos aterros sanitários.

Page 60: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

46

Segundo Santa Catarina (2012), a cidade de Balneário Camboriú produz em média 86,47

toneladas de RSU por dia. Utilizando a mesma taxa da quantidade de RSU orgânico

amostrada no condomínio, que é aproximadamente a mesma taxa Catarinense, 38,2%, tem-

se o valor de 33,03 [ton./dia] de RSU orgânico.

A Tabela 22 foi gerada para demonstrar o potencial de geração de energia utilizando as 86,48

toneladas de RSU coletadas em Balneário Camboriú diariamente. Para o Cálculo foram

utilizados os mesmos parâmetros utilizados anteriormente como: ST, SV, porcentagem de

resíduo orgânico, volume de geração por quilograma de sólido volátil e potência do biogás.

Tabela 22 – Dados de geração de biogás para todo o RSU coletado em Balneário Camboriú. Cálculos baseados nos dados coletados no Condomínio.

Item Valor Unidade

Dados

Geração Média 86.480 Kg

% Resíduo Orgânico 38,2%

Potência do Biogás 6,4 KWh/m³

Volume de geração 0,3126 Nm³ biogás/KgSV

% de ST 18,72%

% de SV 92,79%

Sólidos Orgânicos

Geração média de orgânicos 33.035,4 Kg

Sólidos Totais 6.184,2 KgST

Sólidos Voláteis 5.738,3 KgSV

Gás Volume de Biogás 1.793,8 Nm³/dia

Potência Poder Calorífico por dia 11.480,3 KWh/dia

Poder calorífico por hora 478,3 KWh

Observa-se na Tabela 22 que o potencial de geração do RSU da cidade é de 11.480,3

[KWh/dia], a uma taxa de conversão 30%, isso corresponde a 3.444,09 [KWh/dia] em energia

elétrica produzida. Para manter a mesma escala de valores, apenas para comparação uma

vez que a o valor de energia elétrica cobrada para a indústria é diferente, e multiplicar a

potência gerada em um dia pelo valor cobrado pela CELESC ao condomínio, 0,71 [R$/KWh],

obtém-se uma economia de R$2.445,30 por dia em eletricidade.

Mais estudos devem ser feitos para validar essa proposta de viabilização, mas baseado no

que foi feito no condomínio pode-se ter uma base do resultado esperado para a viabilização

dessa proposta.

Page 61: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

47

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A busca por fontes de energia alternativa tem sido uma constante, principalmente nos dias

atuais onde houve aumentos tarifários ocasionados pela falta de energia hidroelétrica.

Um dos grandes desafios do referido trabalho foi a montagem e operação do biodigestor.

Muito se encontra na literatura sobre digestão anaeróbia para tratar resíduos e efluentes das

mais diversas fontes, dando uma orientação para a condução e operação de um biodigestor,

mas durante a operação quando algum parâmetro sai fora do previsto, é demorado fazer com

que o sistema volte a um equilíbrio para gerar o resultado esperado. Assim houve a

necessidade de um estudo paralelo, bem como muitas horas de operação e compreensão do

experimento realizado para que se pudesse ter informações suficientes para analisar a

viabilidade do projeto

5.1 – CONCLUSÃO

Esse trabalho teve como intenção avaliar uma das inúmeras alternativas energéticas, a

proveniente de biomassa, para a geração de energia elétrica em condomínios, utilizando

resíduo sólido urbano orgânico para essa geração. A possibilidade de geração com esse tipo

de resíduo não só poderia colaborar com a oferta de energia no mercado, como reduzir o

volume de resíduo nos aterros sanitários municipais.

No início desse trabalho quando se abordou o problema de pesquisa, comentou-se do

crescimento da composição da matriz energética nacional no âmbito de energia renovável,

biomassa, solar e eólica. Esse crescimento pelo interesse nesse tipo de energia fez com

levanta-se a questão: “Será viável a implantação de um sistema de biodigestão de resíduos

sólidos orgânicos, como fonte de metano, para a geração de energia elétrica em condomínios

residenciais urbanos? ”. Objetivando a resposta a essa questão, buscou-se em campo coletar

os dados da composição desse resíduo sólido urbano orgânico, uma vez que essa é a matéria

prima (biomassa) para a geração do biogás. Executou-se oito amostragens bem-sucedidas

no condomínio, segregando e pesando todo o resíduo encontrado nas lixeiras do condomínio,

separando-os em sete categorias diferentes: Rejeito e inorgânico, como resíduos não

passiveis de geração de biogás, e restos de comida, poda, carne e gordura, cascas e verduras

como resíduos passiveis de geração de biogás. A contribuição mais importante desse trabalho

foi essa caracterização do resíduo no local de geração, pois, foi a origem de todo o

experimento e a base para a compreensão da pesquisa.

Quando os dados das oito amostragens de resíduo sólido foram processados e analisados,

as informações e os gráficos gerados mostraram que ao contrário do esperado no início da

Page 62: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

48

pesquisa, a proporção da quantidade gerada por tipo de resíduos gerados (categorias) não

segue um padrão linear no condomínio. Talvez no cenário municipal não haja essa diferença,

mas há a necessidade de uma pesquisa mais aprofundada para poder afirmar. Essa

observação no condomínio mostra que o volume orgânico do resíduo varia

independentemente do volume de geração geral de resíduo, isso deve ser levado em conta

para qualquer tipo de tratamento a ser dado para o resíduo no condomínio. Com relação ao

tratamento anaeróbio em biodigestor observou-se que há a possibilidade de tratar essa

variação e manter o sistema operando, mas o volume de resíduo produzido no condomínio

não é suficiente para sustentar a viabilidade financeira do investimento. Com uma média de

38,2% de material orgânico na composição do resíduo sólido do condomínio e baseado nos

resultados de sólidos totais e voláteis, o teor de sólidos voláteis na composição geral do

resíduo sólido é em média 6,63%, isso significa, que de todo o resíduo do condomínio apenas

6,63% poderá se tornar biogás em um biodigestor, o resto é inorgânico, e/ou rejeito, e/ou água

e/ou minerais. Esse pequeno volume comparado ao volume total não possui capacidade de

sustentar um investimento de biodigestão no condomínio para a geração elétrica.

Agora, se mudar o cenário de um condomínio para uma cidade, como a cidade de Balneário

Camboriú, e baseando as análises nos dados encontrados no condomínio, como o volume de

sólidos voláteis, esse trabalho vem contribuir para a viabilização do uso dos resíduos sólidos

urbanos orgânicos para a geração de energia. O valor de 6,63% sobre o total de 86,480

toneladas por dia de resíduo, representam ao redor de 5.738 [Kg] de sólidos voláteis,

aproximadamente 1979 vezes mais sólidos voláteis e mais biogás que no condomínio. Esse

resíduo poderia estar sendo triturado e tratado paralelamente ao esgoto sanitário como um

sistema integrado de saneamento básico municipal, onde se utilizaria parte do esgoto

sanitário como diluente do resíduo orgânico a uma proporção ideal para a reação anaeróbia.

Pela observação no biodigestor construído no condomínio é essencial a recirculação do

efluente dentro do biodigestor para promover a biodegradação com o resíduo diluído.

Com relação ao que foi proposto nesse trabalho analisam-se os objetivos e seus resultados.

O objetivo específico de estimar o volume médio de resíduo orgânico produzido em um

condomínio residencial foi alcançado. Obteve-se uma média de geração de 38,2% de resíduo

orgânico do total de resíduo sólido produzido no condomínio. Os dados coletados nessa etapa

tiveram grande importância na compreensão dos demais resultados. Foi nessa etapa que se

obteve os valores massa do resíduo, muito importante para a análise de viabilidade.

O objetivo específico de classificar o resíduo orgânico foi alcançado. Classificou-se o resíduo

em 7 categorias sendo que a que apresentou maior massa foi a categoria rejeito com média

Page 63: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

49

de 32,5% da composição total. A categoria orgânica mais abundante foi a categoria Restos

de Comida com média de 21,1% da composição total do resíduo. Nessa etapa foi possível

entender quais resíduos orgânicos prevalecem, mostrando que a maior parte do resíduo

jogado no lixo é carboidrato. Muito do que foi encontrado foi causado por desperdício. A

maioria do que foi encontrado na categoria restos de comida foi desperdício. A segunda maior

categoria é a categoria cascas, uma categoria que não se destaca tanto o desperdício de

alimento por se tratar de uma parte do vegetal que não é comestível. Foi nessa etapa que

foram levantados os dados de sólidos totais e voláteis, muito importantes para a obtenção do

potencial de biogás que poderia ser gerado no condomínio. Sem essa etapa o trabalho não

poderia ser feito.

O objetivo específico de estimar o volume de biogás produzido em um biodigestor no objeto

de estudo de caso foi alcançado utilizando os dados laboratoriais e dados obtidos na

classificação do resíduo mais dados teóricos obtidos na literatura. Os dados foram obtidos

dessa forma, pois, o biodigestor apresentou problemas em sua operação. Segundo Nogueira

(1992) o start da operação do biodigestor é a tarefa mais complicada na operação de um

biodigestor, sendo que algumas vezes há a necessidade em reiniciar o processo. Mesmo com

o biodigestor não gerando dados de biogás foi possível alcançar o objetivo e estimar o volume

de biogás, seu poder calorífico teórico e seu rendimento frente aos valores de sólidos voláteis.

Os objetivos específicos, avaliar o projeto de geração de energia e avaliar a viabilidade da

aplicação de um biodigestor em condomínios, foi alcançado mostrando que há viabilidade

técnica para a construção e operação do biodigestor no condomínio, porém, não há viabilidade

financeira. Uma possível viabilização da geração de energia elétrica com o resíduo seria o

tratamento desse resíduo em escala municipal. A trituração do resíduo, diluição e tratamento

como efluente na EMASA poderia ser alternativa para o aumento da taxa de geração de

biogás, evitando assim que o resíduo orgânico seja enterrado em aterro sanitário.

Embora o trabalho não apresentou viabilidade financeira pode-se observar sua contribuição

na obtenção de dados referente a geração de resíduo doméstico diretamente na fonte,

mostrando as variações dos volumes e tipos de resíduo no passar dos dias. Também contribui

para mostrar o potencial de geração de energia (não somente elétrica) do resíduo sólido

urbano orgânico doméstico no âmbito municipal, abrindo mais uma alternativa energética para

o município com possibilidade de baratear custos operativos de sistemas de saneamento

básico.

Page 64: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

50

5.2 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Apesar deste trabalho não ter tido sucesso com uma biodigestão equilibrada em um

biodigestor que trabalha com resíduo sólido urbano orgânico triturado, esse trabalho defende

a trituração do resíduo sólido orgânico e sua transformação em um efluente para otimizar as

reações químicas. Recomenda-se utilizar esse efluente como substrato para estudos em

reatores anaeróbios para obtenção de dados de eficiência na conversão de sólidos voláteis

em biogás, redução de DQO e tempo de detenção hidráulica.

Acredita-se que o resíduo sólido urbano orgânico é mais valioso, ambientalmente, sendo

transformado o mais rápido possível em biogás, que enterrado em aterros sanitários por

décadas.

Page 65: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

51

6 REFERÊNCIAS

ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil. São Paulo, 2012. Disponível em:

<http://a3p.jbrj.gov.br/pdf/ABRELPE%20%20Panorama2012.pdf>. Acesso em 12 maio, 2014.

ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil. São Paulo, 2013. Disponível em: <

www.abrelpe.org.br/Panorama/panorama2013.pdf>. Acesso em 10 set. 2014.

ALVES, Ingrid Roberta de França Soares. Análise experimental do potencial de geração de biogás

em resíduos sólidos urbanos. 2008. 118 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil,

Departamento de Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Pernambuco, Recife,

2008.

ALVES, J.W.S.; LUCON, O. dos S. 2001. Geração de energia elétrica com gás de lixo. Ambiente

Técnico, CETESB/ASEC, v.1, n.2 p. 1-3, nov. 2001.

AMARAL, F. L. M. do. Biodigestão anaeróbia dos resíduos sólidos urbanos: Um

panorama tecnológico atual . 2004. 108f. Dissertação (Mestre em Tecnologia

Ambiental)-Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), São

Paulo, 2004.

ANEEL. ANEEL aprova regras para facilitar a geração de energia nas unidades consumidoras.

Brasília, 2012. Disponível em:

<http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/noticias/Output_Noticias.cfm?Identidade=5457&id_area=90>.

Acesso em: 05 maio, 2014.

ANEEL. BIG banco informações de geração. Brasília, 2014a. Disponível em:

<http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/AgenteGeracao/agentegeracao.cfm>. Acesso em: 05 maio, 2014.

ANEEL. Matriz de energia elétrica. Brasília, 2014b. Disponível em:

<http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/operacaocapacidadebrasil.asp>. Acesso em: 12

maio, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10664: Águas – Determinação de

Resíduo (sólidos) – Método gravimétrico. Rio de Janeiro: ABNT, 1989. 7 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: Resíduos sólidos - classificação.

Rio de Janeiro: ABNT, 2004a. 71 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10005: Procedimento para obtenção de

extrato lixiviado de resíduos sólidos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004b. 16 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10006: Procedimento para obtenção de

extrato solubilizado de resíduos sólidos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004c. 3 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10007: Amostragem de Resíduos

Sólidos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004d. 21 p.

BRASIL. Lei nº 12305, de 02 de agosto de 2010a. Institui A Política Nacional de Resíduos Sólidos;

Altera A Lei no 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998; e Dá Outras Providências.. Brasília

Page 66: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

52

BRASIL. João Wagner Silva Alves. Ministério da Ciência e Tecnologia. EMISSÕES DE GASES DE

EFEITO ESTUFA NO TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS:SEGUNDO INVENTÁRIO

BRASILEIRO DE EMISSÕES ANTRÓPICAS DE GASES DE EFEITO ESTUFA. Brasília: Ministério da

Ciência e Tecnologia, 2010b. 100 p. Disponível em:

<http://www.cetesb.sp.gov.br/userfiles/file/mudancasclimaticas/geesp/file/docs/publicacao/na

cional/2_comunicacao_nacional/rr/residuos/brasil_mcti_residuos.pdf>. Acesso em: 19 set.

2014.

CARAMELO, Anaira Denise. Uso da fração orgânica de lixo urbano como substrato de biodigestor

e como matéria-prima para formação de mudas de quaresmeira (Tibouchina granulosa) com

duas lâminas de irrigação. 2010.

CELESC. Consumo de energia cresce 11,3% em Santa Catarina. Santa Catarina, 2014. Disponível

em: <http://novoportal.celesc.com.br/portal/index.php/noticias/1289-consumo-de-energia-cresce-113-

em-santa-catarina>. Acesso em: 05 maio, 2014.

CHERNICHARO, Carlos Augusto de Lemos. Reatores anaeróbios. Belo Horizonte: Ed. da UFMG,

1997. 245p

COELHO, Suani Teixeira. Geração de energia a partir do biogás gerado por resíduos urbanos e

rurais. Florianópolis: Centro Nacional de Referência em Biomassa, 2001. Disponível em:

<http://cenbio.iee.usp.br/download/documentos/Nota%20t%E9cnica%20VII%20-%20biog%E1s.pdf>.

Acesso em: 05 out. 2014.

FREIRE, W. Maior poder de compra puxa consumo residencial de energia: números da EPE mostram

que, de 2005 a 2010, demanda dessa classe consumidora cresceu 5,3% ao ano. Jornal da Energia,

São Paulo, 27 set. 2011. Disponível em:

<http://www.jornaldaenergia.com.br/ler_noticia.php?id_noticia=7805&id_tipo=2&id_secao=17>.

Acesso em 12 maio, 2014.

LIQUIGÁS. Perguntas Frequentes. 2008. Disponível em:

<https://www.liquigas.com.br/wps/portal/!ut/p/c1/04_SB8K8xLLM9MSSzPy8xBz9CP0os3hvPwMjIw93I

wODMC9XAyM_fyPnAE8zY0dTM6B8JLK8i5uRgVFQUIBloIeLob-

XKQHdfh75uan6BbkR5QB1IMVD/dl2/d1/L2dJQSEvUUt3QS9ZQnB3LzZfS04wMjJIRzIwMERGMjAyUl

JQOVFIRDFLUjU!/?WCM_GLOBAL_CONTEXT=/wps/wcm/connect/Web

Content/liquigas/menu/glp/perguntas+frequentes/pagina+principal+perguntas+frequentes>. Acesso

em: 27 maio 2015.

MAGALHÃES, Agenor Portelli Teixeira. Biogás: Um projeto de saneamento urbano. São Paulo: Nobel,

1986.

NEVES, Lúcia et al. Enhancement of methane production from barley waste. Elsevier. Braga, p. 599-

603. 24 jan. 2006. Disponível em:

<http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/4997/1/Biomass_and_bioenergy_Neves[1].pdf>.

Acesso em: 14 maio 2015.

NEVES, Lúcia. et al. Influence of composition on the biomethanation potential of restaurant waste at

mesophilic temperatures. Waste management, v. 28, n. 6, p. 965-972, 2008.

NOGUEIRA, Luiz Augusto Horta. Biodigestão: A alternativa energética. São Paulo: Nobel, 1992.

Page 67: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra

53

PECORA, Vanessa. Implantação de uma unidade demonstrativa de geração de energia elétrica

a partir do biogás de tratamento do esgoto residencial da USP - estudo de caso. 2006. 153 f.

Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós-graduação em Energia, Universidade de São Paulo, São Paulo,

2006. Disponível em:

<http://www.iee.usp.br/biblioteca/producao/2006/Teses/tese_vanessapecora.pdf>. Acesso em: 14

maio 2015.

PENA, Heriberto Wagner Amanajás; HOMMA, Alfredo Kingo Oyama; DA SILVA, Félix Lélis. Análise De

Viabilidade Econômica: Um Estudo Aplicado A Estrutura De Custo Da Cultura Do Dendê No Estado Do

Pará-Amazônia-Brasil, 2010. Observatorio Iberoamericano del Desarrollo Local y la Economía

Social, n. 11, 2011.

SANTA CATARINA. SECRETARIA DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

SUSTENTÁVEL. . PLANO ESTADUAL DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS -

PEGIRS. Florianópolis: Secretaria de Desenvolvimento Sustentável, 2012. Disponível em:

<http://www.pmgirsamerios.com.br/amerios/download/residuos solidos/PLANO ESTADUAL DE

GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS_2012.pdf>. Acesso em: 20 set. 2014.

Page 68: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS ...siaibib01.univali.br/pdf/Gustavo Luiz Gartner.pdf · universidade do vale do itajaÍ centro de ciÊncias tecnolÓgicas da terra