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i UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAS APLICADAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – HABILITAÇÃO EM COMÉRCIO EXTERIOR RAFAELA VIEIRA GUTHIA A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: O CASO DA MADEIREIRA BRISA DO MAR São José 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍCENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAS APLICADAS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – HABILITAÇÃO EM COMÉRCIO EXTERIOR

RAFAELA VIEIRA GUTHIA

A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: O CASO DA MADEIREIRA BRISA DO MAR

São José2009

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RAFAELA VIEIRA GUTHIA

A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: O CASO DA MADEIREIRA

BRISA DO MAR

Trabalho de Conclusão de Estágio - apresentado como requisi to para a obtenção do título de Bacharel em Administração – Habilitação em Comércio Exterior, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação São José.

Orientador: Profa. Kellen da Silva Coelho

São José2009

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RAFAELA VIEIRA GUTHIA

A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: O CASO DA MADEIREIRA

BRISA DO MAR

Este Trabalho de Conclusão de Estágio foi julgado adequado e aprovado em sua forma final

pela Coordenação do Curso de Administração da Universidade do Vale do Itajaí, em

Prof(a) MSc. Luciana Merlin BervianUNIVALI – Campus São José

Coordenador(a) do Curso

Banca Examinadora:

Prof(a) Msc. Kellen CoelhoUNIVALI – Campus São José

Professor Orientador

Prof(a) Dra. Nome do Professor (a) Orientador(a)UNIVALI – Campus São José

Membro

Prof(a) Dra. Nome do Professor (a) Orientador(a)UNIVALI – Campus São José

Membro

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AGRADECIMENTOS

Ao criador, pela vida.

À minha família pelo apoio incondicional. eterna gratidão pela constante preocupação

com minha formação pessoal, com o desenvolvimento de meu caráter e conduta ética. Pelo

amor, pelo carinho e desejo de participar de cada vitória da minha vida. Pelos sábios

conselhos.

Aos professores da Universidade do Vale do Itajaí, pela ajuda em todos os momentos

durante estes anos de curso.

Aos colegas de aula, que ao longo do curso foram muitas vezes cúmplices, parceiros e

amigos.

A Madeireira Brisa do Mar por sua postura empresarial que viabilizou a realização da

pesquisa.

À professora Kellen Coelho, pela paciência, apoio e orientação para a realização deste

trabalho.

A todos que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a realização deste trabalho,

meus sinceros agradecimentos.

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Por que Deus criou um só Adão e não muitos de uma vez? Ele o fez para demonstrar que o homem é um universo inteiro.Ele também quis ensinar à humanidade que aquele que matar um ser humano é tão culpado como se tivesse destruído o mundo inteiro.Igualmente, quem salva a vida de um ser humano merece tanto quanto mereceria se tivesse salvo toda a humanidade.

Talmud, Sanhedrin, 37.

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RESUMO

Em uma organização, nos dias de hoje, é importante frisar o quão significativo é o trabalhador para a mesma. Tendo em vista, que os trabalhadores passam a maior parte do tempo dentro da empresa, e esperam não apenas uma remuneração digna, crescimento profissional, um ambiente agradável bem como a auto-realização. A qualidade de vida no trabalho tornou-se hoje, uma questão de sobrevivência para a empresa. Para isso, buscou-se como objetivo desta pesquisa avaliar a qualidade de vida na Madeireira Brisa do Mar. Tomando como partida o objetivo do mesmo, delinearam-se os seguintes objetivos específicos: investigar o nível de segurança no emprego dos trabalhadores na organização em estudo; analisar se os trabalhadores sentem-se seguros em relação a sua estabilidade na organização; verificar se o relacionamento com a chefia interfere na qualidade de vida dos trabalhadores; descrever as possibilidades de desenvolvimento profissional dos trabalhadores na Madeireira Brisa do Mar e identificar as condições físicas e sociais na organização. Nesse sentido esta pesquisa apresenta num primeiro momento o estudo sobre o trabalho e a sua evolução do mesmo ao longo da história, permite também, definir o que é qualidade de vida bem como o estudo sobre a qualidade de vida no trabalho, buscando-se pautar este estudo nos três pilares: trabalho x qualidade x organização. Esta pesquisa caracteriza-se como sendo teórico-empririca, por ser embasada com referencial bibliográfico e por buscar na realidade organizacional a interpretação dos dados. A mesma também se apresenta como sendo de caráter descritivo. O estudo é embasado em uma abordagem qualitativa, onde há uma participação mais direta da pesquisadora, e os tópicos da pesquisa são fundamentados em entrevistas semi-estruturadas, utilizando u m m o d e l o d e e s tudo de caso, aplicadas em trabalhadores da Madeireira Brisa do Mar. Os dados da pesquisa foram obtidos por meio de fontes primárias e secundárias, sendo esta última utilizado referencial bibliográfico e a primeira, como instrumento de coleta de dados a entrevista com os trabalhadores e a observação indireta da pesquisadora.Os resultados, obtidos por meio da avaliação, demonstraram que os trabalhadores,mesmo com um ambiente de trabalho onde as atividades são classificadas como pesadas e grosseiras, sentem-se satisfeitos com a sua qualidade de vida.Os trabalhadores aceitam as tarefas descritas para o cargo, sendo conscientes do que a empresa espera deles e vice-versa. No geral possuem senso de independência, ou seja, tem liberdade de realizar as tarefas sem ter que consultar outra pessoa e grande parte sabe o que faz na empresa. O que se pode observar é que existe companheirismo entre eles. Por fim, essetrabalho conclui que independentemente do trabalho executado, o mesmo pode ser um elemento gerador de qualidade de vida, haja vista que a mesma é subjetiva e vinculada a uma percepção pessoal.

Palavras-chave: Trabalho. Qualidade de vida. Organização.

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ABSTRACT

In a Organization, nowadays, it’s important stress how significant is the worker for it. In

order, that the workers spend most of their time in the company, and expect not a decent

salary, professional growth, an environment friendly and self-realization. The Quality of life

at work has become a matter survival for company. For this, it was the objective of this

research to assess the quality of life in the Sea Breeze Timber’s. Taking as the objective of the

same, outlined the following specific objectives: to investigate the level of employment

security of workers in the organization under study, to examine whether the relationship

interferes with the leadership in quality of life at workers, describe the possibilities for

development professional employees in the Sea Breeze Timber’s and identify the physical and

social conditions in the organization. Accordingly this research presents a first time the study

on work and developments of the same throughout history, can also define what is quality of

life and the study on the quality of life at work, looking up this guide study on the three pillars

work versus quality versus organization. This research is characterized as theoretical and

empirical, being based with bibliographical references and actually seek the interpretation of

organization data. It also presents itself as being descriptive of character. The study is based

on a qualitative approach, where there is a more direct participation of the researcher, and

researcher topics are based on semi-structured, using a model case study, applied to

employees of the Sea Breeze Timber’s. The data from the research were obtained through

primary and secondary sources, the latter being used and the first reference bibliographic as a

tool for data collection to interviews with workers and observation of indirect researches. The

results, obtained by means of evaluation, demonstrated that workers, even with a work

environment where activities are classified as heavy and coarse, feel satisfied with their

quality of life. Workers who accept the duties are imposed, being aware of what the company

expects of them and vice-versa. In general have a sense of independence, or is free to perform

tasks without having to consult another person and most know what is in the company. What

can be seen that there is fellowship between them. Finally, this dissertation concludes that

regardless of the work performed, it can be a factor for quality of life, given that it is bound to

a subjective and personal perception.

Key-words: work; quality of life, organization.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 – Conceitos de Qualidade de Vida........................................................................... 21

Quadro 2 – Conceito e evolução da QVT.................................................................................24

Quadro 3 – A evolução do termo qualidade de vida no trabalho..............................................25

Quadro 4 – Modelo de Walton................................................................................................. 27

Quadro 5 – Modelo de Hackman e Oldhan; Nadler e Lawler..................................................29

Quadro 6 – Modelo de Westley............................................................................................... 30

Quadro 7 – Modelo da Pesquisadora....................................................................................... 32

Quadro 8 – Qualidade de vida..................................................................................................48

Quadro 9 – Ambiente de trabalho.............................................................................................49

Quadro 10 – Riscos...................................................................................................................50

Quadro 11 – Ruídos..................................................................................................................51

Quadro 12 – Poeira...................................................................................................................52

Quadro 13 - Equipamentos de segurança..................................................................................53

Quadro 14 – Insalubridade........................................................................................................54

Quadro 15 - Relacionamento entre colegas..............................................................................55

Quadro 16 – Lazer.....................................................................................................................56

Quadro 17 - Sentimento de segurança......................................................................................57

Quadro 18 – Sindicato...............................................................................................................58

Quadro 19 – Rotatividade.........................................................................................................58

Quadro 20 – Absenteísmo.........................................................................................................59

Quadro 21- Apoio dos superiores.............................................................................................60

Quadro 22 – Autonomia............................................................................................................61

Quadro 23 – Equidade...............................................................................................................61

Quadro 24 – Feedback..............................................................................................................62

Quadro 25 – Treinamento.........................................................................................................62

Quadro 26 - Crescimento na empresa.......................................................................................63

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LISTA DE SIGLAS

QV- QUALIDADE DE VIDA

QVT – QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

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SUMÁRIO

Resumo .....................................................................................................................................vi

Abstract ...................................................................................................................................vii

Lista de Ilustrações................................................................................................................viii

Lista de Siglas...........................................................................................................................ix

1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................................1

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA...................................................................................................2

1.2 PERGUNTAS DE PESQUISA..................................................................................................2

1.3 OBJETIVOS .........................................................................................................................3

1.3.1. Objetivo geral ........................................................................................................................3

1.3.2. Objetivos específicos.............................................................................................................3

1.4 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................................3

1.5 APRESENTAÇÃO GERAL DO TRABALHO.............................................................................4

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................5

2.1 O TRABALHO.................................................................................................................5

2.1.1 Conceito 5

2.1.2 A Evolução da História do Trabalho ....................................................................................6

2.2 QUALIDADE DE VIDA ........................................................................................................8

2.3 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO................................................................................9

2.3.1 Conceito 9

2.3.2 Origem e evolução da QVT ................................................................................................11

2.3.3 Modelos de Qualidade de Vida no Trabalho......................................................................15

3. ASPECTOS METODOLÓGICOS ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ....................................................................................31

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA.................................................................................................32

3.3 TÉCNICA DE COLETA DE DADOS ......................................................................................33

3.4 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS.............................................................................34

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA .......................................................................................36

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................................54

REFERÊNCIAS ..........................................................................................................................56

APÊNDICE ..................................................................................................................................62

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1 INTRODUÇÃO

O trabalho tem um significado muito importante na vida do ser humano, é essencial

que se consiga concretizar seus sonhos e ideais, que permeiam toda a sua vida dentro e fora

do ambiente de trabalho. (ANTUNES, 2000). O local de trabalho está se tornando o meio

primário de satisfação pessoal para os trabalhadores, sendo assim, é necessário que os

dirigentes percebam que os funcionários não querem apenas trabalhar na empresa, mas

pertencer à organização. Mais que simplesmente oferecer trabalho, as empresas podem dar

significado à vida das pessoas, promovendo a integração do indivíduo, trabalho e organização.

(ULRICH, 2000).

Em uma sociedade pós-industrial e sempre atenta aos avanços tecnológicos, as

empresas começaram a perceber que, para alcançar seus objetivos, ou seja, obter a maior

produtividade precisava mudar o tratamento q u e d avam aos s e u s funcionários, com a

concessão de condições adequadas de trabalho, sem as quais, tanto a saúde humana, quando a

saúde financeira organizacional vinha sendo afetada. Com isso, surge uma grande pressão da

sociedade por melhores condições de vida. (GIL, 2001).

A busca pela satisfação do trabalhador e também da tentativa de redução do “mal-

estar”, do esforço físico no trabalho, e melhores resultados para a empresa, levou muitos

autores ao estudo da Qualidade de Vida no Trabalho. Conte (2003) ressalta que a Qualidade

de Vida no Trabalho visa facilitar e satisfazer as necessidades do funcionário ao desenvolver

suas atividades na organização, tendo como idéia básica o fato de que as pessoas são mais

produtivas quanto mais estiverem satisfeitas e envolvidas com o próprio trabalho.

A Qualidade de Vida no Trabalho pode ser focada apenas pela visão do trabalhador e

seu enfoque está na melhoria das condições de trabalho e no aumento da participação do

funcionário no processo organizacional; na perspectiva da organização o seu enfoque está na

produção e na motivação para o trabalho, e em uma perspectiva integrada entre organização e

funcionário, o enfoque é dividido e busca equilibrar os interesses dos trabalhadores e da

organização. (CHAVES, 1998).

O presente trabalho visa a análise da Qualidade de Vida no Trabalho, pela visão do

trabalhador.

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A empresa analisada é a Madeireira Brisa do Mar, Considerada uma empresa de

pequeno porte, com oito funcionários e que trabalham basicamente com o beneficiamento da

madeira.

1.1 Problema de Pesquisa

A maior parte dos funcionários da Madeireira Brisa do Mar está relacionada à linha de

produção, onde o trabalho é repetitivo e monótono, e a maioria apresenta um baixo nível de

instrução, o que restringe que os mesmos possam alcançar funções mais especializadas.

A dificuldade que os gestores enfrentam na tentativa de diminuir o nível de risco que

os funcionários sofrem, provocando muitas vezes, acidentes e um alto grau de absenteísmo.

Os riscos ambientais são originados pela própria natureza da atividade que desempenham,

sendo eles: riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e acidentes. Com isso, os

funcionários não só ficam atrelados a riscos de problemas físicos, mas também, a saúde

mental, ligada à motivação e a satisfação do funcionário.

Dessa forma, criar um ambiente de trabalho agradável e motivar os trabalhadores tem

sido o grande desafio da organização. Na visão de Martins e Laugeni (2005), o desempenho

da qualidade do trabalho na área industrial, é por sua própria natureza menos motivacional,

em virtude das condições físicas que o ambiente apresenta e da monotonia das tarefas,

geralmente simples e repetitivas, o que implica em baixo status da função. Tais fatores podem

comprometer a satisfação do trabalhador nessa área.

O grande problema encontrado na empresa Brisa do Mar é mostrar a importância do

funcionário para a organização.

Frente a esta realidade organizacional, definiu-se o seguinte problema de pesquisa:

Como é a Qualidade de Vida no Trabalho na Madeireira Brisa do Mar?

1.2 Perguntas de pesquisa

x Qual é o nível de segurança no emprego na Madeireira Brisa do Mar?

x Como é a relação entre chefe/subordinado no âmbito da organização em estudo?

x Qual a possibilidade de desenvolvimento profissional dos trabalhadores?

x Como são as condições físicas e sociais na organização?

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1.3 Objetivos

Face ao problema e às perguntas de pesquisa, foram definidos estes objetivos.

1.3.1. Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho é avaliar a qualidade de vida dos trabalhadores na

Madeireira Brisa do Mar.

1.3.2. Objetivos específicos

x Investigar o nível de segurança no emprego dos trabalhadores na organização em

estudo.

x Verificar se o relacionamento com a chefia interfere na qualidade de vida dos

trabalhadores.

x Descrever as possibilidades de desenvolvimento profissional dos trabalhadores na

Madeireira Brisa do Mar.

x Identificar as condições físicas e sociais na organização.

1.4 Justificativa

O estudo da Qualidade de Vida no Trabalho, na Madeireira Brisa do Mar, torna-se

significativo, pois a maioria dos trabalhadores encontra-se concentrados na linha de produção,

onde é elevada a concentração de trabalho repetitivo e monótono, bem como a existência da

preocupação com a higiene e segurança do trabalhador, exigindo nesse trabalho, muitas vezes,

uma sobrecarga física.

É importante que a qualidade de vida esteja presente, principalmente por se tratar de

um ambiente de extremo risco, como são as madeireiras, promovendo assim, a qualidade do

trabalho dos funcionários e o aumento da sua produtividade. E a p reocupação com a

realização pessoal do trabalho, de saúde, do equilíbrio entre tempo dedicado ao trabalho e a

família e a valorização das relações sociais.

O trabalho se torna de grande valia para a sociedade que espera uma crescente

melhoria na qualidade de vida das pessoas, e atualmente vem crescendo a preocupação das

pessoas acerca do tema. Para a universidade, poderá servir como suporte a próximas pesquisas

relacionado com o tema.

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A pesquisa se torna viável devido à facilidade de obter os dados, pois a Madeireira é

uma empresa familiar e o referencial teórico é bem abrangente.

1.5 Apresentação geral do trabalho

O trabalho está subdividido em partes assim distribuídas:

Na introdução encontra-se na primeira parte, em que se faz um breve resumo acerca do

tema que está sendo proposto, a situação problema, bem como os objetivos geral e específicos

e a justificativa para a realização do estudo.

A segunda parte discorre sobre a fundamentação teórica dividida em dois capítulos o

Trabalho e a QVT, distribuídas em origem, conceito e os modelos propostos por diversos

autores.

Já a terceira parte aborda os procedimentos metodológicos utilizados para elaboração

da pesquisa que contém a caracterização da pesquisa, os participantes da pesquisa, as técnicas

de coleta de dados, as categorias de análise e a maneira como serão tratados e analisados os

dados obtidos na pesquisa.

Posteriormente vem a análise de dados coletados na empresa contendo os comentários

efetuados pelos participantes da pesquisa.

Em seguida são abordadas as considerações finais, as referências bibliográficas, bem

como os apêndices e os anexos.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo são discorridos posicionamentos e comentários de autores ligados a

temática em estudo. Sendo assim, são contemplados: o trabalho e a evolução histórica, o

enfoque na qualidade de vida no trabalho e subdividindo-a em origem, conceitos, modelos e

enfoque.

2.1 O TRABALHO

O trabalho é sem dúvida, um dos meios de sobrevivência do indivíduo. É nele que a

pessoa passa a maior parte do tempo. É através do mesmo, que o indivíduo se sente útil, que o

faz produzir e se desenvolver.

2.1.1 Conceito

A palavra trabalho pode ser mencionada como “... a aplicação das forças e faculdades

humanas para alcançar determinado fim; atividade coordenada de caráter físico ou intelectual,

necessária a qualquer tarefa, serviço ou empreendimento; exercício dessa atividade como

ocupação permanente, ofício, profissão”. (FERREIRA, 2003, p.541).

O trabalho sempre teve implícito na natureza humana, para fins de sobrevivência na

busca de alimentos, quanto para a auto-realização do trabalhador. Então podemos dizer que o

trabalho é de extrema importância na constituição da identidade do sujeito. Sendo assim, o

trabalho com todos os seus significados é a base de toda a sociedade e de todas as relações

estabelecidas entre os indivíduos. “É com o trabalho remunerado formal e informal que o

sujeito consegue suprir suas necessidades.” (CORREIA,2000 p.13).

Albomoz (1995) percebe o trabalho como o significado de um esforço afirmado e

desejado e para a realização de objetivos. O trabalho então é nada mais que o esforço e

também o seu resultado, a construção enquanto processo e ação.

De acordo com Chiavenato (1999, p.133)

[...] a interação psicológica entre empregado e organização é basicamente um processo de reciprocidade: a organização realiza certas coisas para e pelo participante e inibi-se de fazer outras, remunera-o, dá-lhe segurança e status; reciprocamente, o participante responde trabalhando e desempenhando suas tarefas.A organização espera que o empregado obedeça à sua autoridade, e o empregado

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espera que a organização se comporte corretamente com ele e opere com justiça. A organização reforça sua expectação por meio do uso da autoridade, e o empregado reforça sua expectação por meio de certas tentativas de influir na organização ou de limitar sua participação.

É importante mostrar como foi o processo de evolução histórica do trabalho, como ele era visto em cada período da história até para depois ser analisado juntamente com os outros temas propostos no trabalho.

2.1.2 A Evolução da História do Trabalho

No início dos tempos a humanidade se agrupava em tribos, vivendo apenas da caça e

da pesca, e utilizando esses meios apenas para a sobrevivência. Após esta fase o homem

descobriu a agricultura. Da agricultura originou o trabalho artesanal, surgindo nessa época o

comércio. Com o desenvolvimento do comércio e as manufaturas, a burguesia, classe ociosa,

se firmou sob muito sacrifício da qualidade do trabalho e a qualidade de vida dos

trabalhadores. (OLIVEIRA, 1999).

Até o final da Idade Média, o trabalho era visto como algo penoso, sacrificante e uma

função desprezada, cabendo apenas pelas classes mais pobres. Essa noção de trabalho só

começou a ser modificada a partir da Idade Moderna com as profundas transformações em

vários campos, como: sociais, culturais, científicas e econômicas. Lassance e Sparta (2003)

ressaltam que com a Reforma Religiosa, o trabalho ficou atrelado a idéia de salvação;virtude e

o ócio passaram a ser condenados. Em suma, todos os movimentos após a Idade Média

fizeram-se perceber o trabalho como algo positivo e permitiram a possibilidade de ascensão

social através do trabalho laboral.

Apesar dos estudos de autores como Cruz (1996) e Mendes (1995) que ressaltam que

naquela época já havia a preocupação com a qualidade de vida dos trabalhadores. Estudiosos

como Hipócrates e Plinio, que descrevem o local de trabalho dos trabalhadores daquela época,

e as doenças recorrentes das ocupações dos mesmos. Nessa época surge a primeira

monografia sobre as relações entre trabalho e doença, de autoria de Paracelso. Mas este

trabalho não surtiu efeito, pois os trabalhadores eram na maioria escravos e a população não

estava preocupada quanto à saúde dos mesmos. (WAISSMANN, 2003).

Até o f inal do Século XVII, a produção era basicamente artesanal e não era

organizada por funções especializadas. Os trabalhadores produziam o produto como um todo,

contando apenas com o trabalho de familiares e aprendizes. Este trabalho era realizado de

forma simples com mão de obra não qualificada e como meio de subsistência.

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Com o passar do tempo percebeu-se a crescente necessidade de uma produção em

série, já que os comerciantes, não conseguiam mais entregar os pedidos no prazo estipulado.

Surgiu na Inglaterra, entre 1760 e 1830, o movimento da Revolução Industrial, com o

surgimento da primeira máquina de fiar. O aumento da produção fez repercurtir em ambientes

de trabalho precários, trabalhos executados sob péssimas condições, onde a iluminação,

ventilação e higiene das fábricas eram péssimas, as máquinas muito perigosas, e a jornada de

trabalho excessiva, um dos fatores que contribuiu para o elevado número de acidentes. Outros

fatores que contribuíram para o agravamento dos acidentes foi o recrutamento de uma grande

quantidade de pessoas, pois estava iniciando uma nova forma de trabalho e as mesmas eram

totalmente despreparadas, servindo como fonte de adoecimento reconhecidamente físico e

afetando também o emocional í�R�VRIULPHQWR�SVtTXLFR. (MIRANDA, 1998).

O emprego de máquina, que era generalizado, trouxe problemas desconhecidos, principalmente pelos riscos de acidentes que comportava. A prevenção e a reparação de acidentes, as proteções de certas pessoas (mulheres e menores) constituíam uma parte importante da regulamentação do trabalho. (NASCIMENTO, 1998, p.6)

Caravantes (1998) menciona que foi no final do Século XIX e início do Século XX,

surge a necessidade de organizar racionalmente o trabalho, em função dos problemas surgidos

com o aumento da produção nas organizações, cuja solução dependia de um envolvimento

dos trabalhadores nesse processo, surgindo assim a Administração Científica – fundada por

Taylor.

Com as idéias de Taylor, tornou-se difícil suportar as condições de trabalho nas

indústrias, sendo que as tarefas eram repetitivas e tediosas, provocando nos trabalhadores,

grandes níveis de absenteísmo e alcoolismo. Começou a existir a preocupação com os

aspectos sociais, surgindo a partir daí a abordagem sócio-técnica, procurando melhores

formas de organizar o trabalho a fim de promover o bem-estar dos trabalhadores. (CORREIA;

CORREIA, 2004).

Pesquisadores como Ferreira, Reis e Pereira (1999) relatam que foi na década de 30,

que surge a Escola de Relações Humanas, originada a partir das conclusões obtidas na

experiência de Hawthorne, como reação à Administração Clássica, enfatizando as pessoas, os

aspectos emocionais no comportamento humano, em detrimento das tarefas e das estruturas

organizacionais.

Robins (2005, p.192) resume a importância dos experimentos de Hawthorne citando

que eles:

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Concluíram que comportamento e sentimento estão intimamente relacionados, que as influências do grupo afetam significativamente o comportamento individual, que os padrões do grupo têm uma forte influência sobre os resultados individuais e que o dinheiro é um fator menor na determinação de resultados se comparado com os padrões do grupo, os sentimentos do grupo e a segurança.

Segundo Caravantes (1998), a abordagem humanística da Escola de Relações

Humanas, trouxe significativas contribuições pra o que mais tarde seria chamado de

“Qualidade de Vida no Trabalho”. Onde ha a preocupação com o fator humano e o

trabalhador deixa de ser tratado como um ícone em prol da produção, e passa a ser uma

pessoa com necessidades e expectativa de vida. (CASTRO, 2002).

2.2 Qualidade de Vida

Para Moreira (2000) definir o que é Qualidade de Vida é difícil já que, a definição se

torna diferente para cada um de nós, pois cada um tem a impressão de que já sabe o que a

expressão quer dizer, ou quando não, sente o que a mesma exprime. A autora ainda acrescenta

que, isto deve-se ao fato do conceito ter passado por transformações ao longo da História.

O termo Qualidade de Vida possui várias abordagens e que cuja conceitualização varia

conforme os elementos que se julga ser mais relevantes para que haja efetivamente a

Qualidade de Vida no Trabalho. Chiavenato (1999) considera que, a qualidade de vida é vista

sob diferentes aspectos, pode ser entendida como: o “bem-estar” para o domínio social; ao

“status da saúde”, na medicina; a nível de satisfação, no domínio psicológico. Apesar da

dificuldade de definir a expressão, não é difícil concluir que qualidade de vida não é sinônimo

de qualidade no ambiente, de quantidade de bens materiais, nem de saúde física. Distingue-se

também de satisfação ou felicidade e não se reduz a condições externas de vida ou

responsabilidade pessoal. Não se pode transformá-la em uma questão interna ou externa, mas

tem-se de admitir que é impossível separar o indivíduo de sua interação ao meio.

Moreira (2000) adverte que, a qualidade de vida por ter uma percepção subjetiva está

atrelada à condição social dos indivíduos. O autor exemplifica a afirmação demonstrando que

uma pessoa que trabalha no corte da cana terá uma percepção diferente sobre qualidade de

vida a de um executivo de uma multinacional. Isto porque as condições concretas impõem

percepções, aspirações, projetos e sonhos de formas distintas para cada um dos indivíduos,

das mais diversas classes sociais, inclusive no interior de uma mesma classe.

Sendo assim, alguns autores a definem, como:

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“Qualidade de Vida é a relação existente entre o que se vive na realidade e o que se

tem como desejável.” (MARQUES, 1996, p. 54).

“Talvez nenhum conceito seja mais antigo, antes mesmo de ser definido, do que

‘qualidade de vida’. Talvez nenhum seja mais moderno do que a ‘busca pela qualidade de

vida’. (BUARQUE, 1993, p. 157).

A Qual idade de Vida que antes era associada apenas ao bem-estar físico ou

considerada um sonho pessoal, ampliou-se também para o âmbito das organizações, com

intuito de movimentar e buscar novas formas de gerir empresas.

2.3 Qualidade de Vida no Trabalho

Nas empresas, a qualidade de vida representa o resgate da valorização e da

humanização do indivíduo no trabalho, integrando todos os fatores críticos de uma boa gestão

de pessoas. (LIMONGE-FRANÇA, 2004).

2.3.1 Conceito

O conceito de Qualidade de Vida no Trabalho é abrangente e precisa ser definido com

clareza. Segundo Limongi-França (2001), o conceito de Qualidade de Vida no Trabalho tem

sido avaliado e questionado através dos anos, e o mesmo não pode ser visto como um

modismo passageiro, mas um processo que consolida a busca do desenvolvimento humano e

organizacional.

Complementando, França e Albuquerque (1998) definem a Qualidade de Vida no

Trabalho como sendo ações de uma empresa que envolve diagnóstico e implantação de

melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais dentro e fora do ambiente de

trabalho, propiciando melhores condições para o desenvolvimento humano durante a

realização do trabalho.

Abrangendo esse conceito, pode-se dizer que a Qualidade de Vida no Trabalho é uma

série de fatores presentes na organização, proporcionando ao trabalhador um bem-estar físico,

mental, econômico e social, permitindo que cada trabalhador resgate sua condição de

indivíduo. (VIEIRA, 1996).

Portanto para Limongi-França (2003) o conceito QVT tem dois critérios fundamentais:

o esforço gerencial para condições favoráveis de vida no trabalho e a percepção das pessoas

da empresa quanto ao seu bem-estar no trabalho.

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os empregados”.

FERNANDES e

BECKER (1988)

“Para reagrupar todas as experiências da humanização do trabalho e que

orientam em função do que se tem convencionado dominar democracia

industrial”.

VIEIRA e HANASHINO

(1990)

Conceito amplo e

contingencial

“[ . . . ] a melhoria das condições de t rabalho – com ex tensão a todas as

f u n ç õ e s d e q u a l q u e r n a t u r e z a d o n í v e l h i e r á r q u i c o , n a s v a r i á v e i s

comportamentais, ambientais e organizacionais que venham, juntamente

com as políticas de Recursos Humanos condizentes, humanizar o emprego,

de forma a obter-se um resultado satisfatório, tanto para os empregados

como para a organização. Isto significa atenuar o conflito existente entre o

capital e o trabalho [...]”.

VIEIRA (1996)

“Um conjunto de fatores (ou indicadores) que, se fazendo presente nas

organizações, proporcionam aos trabalhadores bem-estar físico, mental,

econômico e social, permitindo que cada indivíduo resgate sua condição de

cidadão”.

LIMONGI-FRANÇA

(2003)

“U m c o n j u n t o d e a ç õ e s d e u m a e m p r e s a q u e e n v o l v e d i a g n ó s t i c o e

implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais

dentro e fora do ambiente de trabalho, visando propiciar condições plenas

de desenvolvimento humano para a realização do trabalho.”

Quadro 1 – Conceitos de Qualidade de Vida

Fonte: Merino (2000 apud Oliveira 2006, p.32)

2.3.2 Origem e evolução da QVT

O termo “Qualidade de Vida no Trabalho” foi utilizado pela primeira vez por Eric

Trist e outros pesquisadores do Tavistock Institut,em 1950 . Como Fernandes (1996)

menciona, a expressão veio com o intuito de agrupar o indivíduo, o trabalho e a organização

com base na análise e a reestruturação da tarefa, buscando melhorar a produtividade, reduzir

os conflitos e tornar a vida dos trabalhadores menos penosa. Os pesquisadores desenvolveram

uma abordagem sócio-técnica da organização do trabalho, tendo como objetivo a satisfação

do trabalhador. (RODRIGUES, 1991).

Chiavenato (1999) menciona que, em 1970, o termo Qualidade de Vida no Trabalho

foi usado quando Louis Daves desenvolvia um projeto sobre desenho de cargos. O conceito

de QVT origina uma preocupação com o bem-estar geral e com a saúde dos trabalhadores no

desempenho de suas tarefas, implicando no envolvimento tanto de aspectos físicos e

ambientais como também nos aspectos psicológicos do local de trabalho.

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Entretanto, no ano de 1974 teve uma desaceleração nos estudos da Qualidade de Vida

no Trabalho, segundo Vieira (1996), causado pela crise do petróleo e pela alta inflação que

atingiram os países do ocidente, principalmente os Estados Unidos, gerando um deslocamento

da atenção das empresas para a luta pela sobrevivência, deixando os interesses dos empregados

em segundo plano.

A preocupação com a Qualidade de Vida no Trabalho ressurge na década de 80, onde

a participação dos trabalhadores na organização passou a ser bastante enfatizada nos

programas de Qual idade de Vida no Trabalho, provavelmente em função da classe

trabalhadora estar mais consciente de seus direitos, passando a reivindicar melhores condições

de trabalho, remuneração mais justa, maior autonomia e participação nas decisões que afetam

seu trabalho. Essa atitude faz com que os administradores busquem um estilo de gestão mais

par t ic ipat ivo e democrát ico, visa n d o à m a i o r s a t i s f a ç ã o d o s t r a b a l h a d o r e s e ,

conseqüentemente, ao maior comprometimento com o trabalho. (FERNANDES, 1996).

Para Limongi–França (2003) amplia-se a compreensão do lado humano das

organizações. A possibilidade de viver melhor na empresa aumenta, e uma nova forma de

administrar o bem-estar surge, com competência e habilidade complexa. Tanto a empresa

como os trabalhadores tem muito a ganhar quanto maior for a instrução, a estabilidade social,

afetividade, a saúde e até a moralidade dos seus agentes. Esses são elementos fundamentais

para o bom andamento da organização, e é de responsabilidade da mesma promover tais

projetos, e como não é possível somente dentro das oficinas, vem ressaltar a importância de

um trabalho fora das dependências da organização. (FAYOL, 1990).

Seguindo a mesma linha de raciocínio, Fernandes e Gutierrez (1998) mencionam que,

a Qualidade de Vida no Trabalho é afetada, ainda, por questões comportamentais que dizem

respeito às necessidades humanas e aos tipos de comportamentos individuais no ambiente do

trabalho, de alta importância, como, entre outros, variedade, identidade de tarefa e

retroinformação.

Ao longo do tempo, a Qualidade de Vida no Trabalho foi assumindo um papel

diferente na gestão das pessoas nas organizações.

Apresenta-se a seguir, o quadro 2, segundo Nadler & Lawler apud Fernandes (1996),

da evolução do conceito de Qualidade de Vida no Trabalho, evoluindo das perspectivas

restritas para outras mais amplas.

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Concepções Evolutivas da QVT Característ icas ou Visão

1 – QVT como uma variável

(1959-1972)

Reação do indivíduo ao trabalho. Era investigado como melhorar

a qualidade de vida no trabalho para o indivíduo.

2 – QVT como uma abordagem

(1969- 1974)

O foco era o indivíduo antes do resultado organizacional; mas,

ao mesmo tempo, tendia a trazer melhorias tanto ao empregado

quanto à direção.

3 – QVT como um método

(1972 – 1975)

Um conjunto de abordagens, métodos ou técnicas para melhorar

o ambiente de trabalho e tornar o trabalho mais produtivo e mais

satisfatório. Q V T e r a v i s t o c o m o s i n ô n i m o s d e g r u p o s

autônomos de trabalho, enriquecimento de cargo ou desenho de

novas plantas com integração social e técnica.

4 – QVT como um movimento

(1975 – 1980)

Declaração ideológica sobre a natureza do trabalho e as relações

dos trabalhadores com a organização. Os termos administração

participativa e democracia industrial eram frequentemente ditos

como idéias do movimento de QVT.

5 – QVT como tudo

(1979 – 1982)

Como panacéia contra a competição estrangeira, problemas de

qualidade, baixas taxas de produtividade, problemas de queixas

e outros problemas organizacionais.

6 – QVT como nada

(futuro)

No caso de alguns projetos de QVT fracassarem no futuro, não

passarão de apenas um “modismo” passageiro.

Quadro 2 – Conceito e evolução da QVT

Fonte: (Nadler & Lawler apud Fernandes, 1996, p.42)

Merino (2000 apud OLIVEIRA 2006), faz um quadro comparativo do termo qualidade

de vida no trabalho, apresentado a seguir no Quadro 3.

A N O P E R Í O D O O B S E R V A Ç Ã O

1930Escola das Relações

Humanas

Aspectos psicossociais e motivacionais, na busca do melhor bem

estar e adaptação à tarefa.

1930Escola

Comportamental

Herzberg – destaca-se como pioneiro da QVT, ao propor a teoria

d o s f a t o r e s h i g i ê n i c o s e m o t i v a c i o n a i s e a a b o r d a g e m d o

enriquecimento da tarefa.

1950O r i g e m d a Q V T

(literatura)

Eric Trist – junto com o surgimento da abordagem sócio- técnica

(Tavistock Institute- Londres).

1960 Preocupação com os Cientistas sociais, líderes sindicais – organizar o trabalho com a

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sob a ótica do autodesenvolvimento, criatividade, flexibilidade de horários e relações com o

meio ambiente.

A importância das necessidades humanas varia conforme a cultura de cada indivíduo e

de cada organização, a qualidade de vida não é determinada apenas pelas características

individuais (necessidades, valores, expectativas) ou situacionais (estrutura organizacional,

tecnologia, sistemas de recompensas, políticas internas), mas, sobretudo, pela atuação

sistêmica dessas características individuais e organizacionais. Para demonstrar os fatores que

afetam a qualidade de vida no trabalho foram desenvolvidos modelos de indicadores de

qualidade de vida. Sendo assim, alguns autores apresentam modelos de Qualidade de Vida no

Trabalho. (CHIAVENATO, 1999).

2.3.3 Modelos de Qualidade de Vida no Trabalho

Estudiosos como Walton, Nadler e Lawler; Hackman e Oldhan; Westley; Werther e

Davis; Huse e Cummings criaram indicadores para mostrar os fatores que influenciam na

qualidade de vida no trabalho. Cada modelo distingue entre si, pois identificam fatores

determinantes da qualidade de vida no trabalho de natureza diferente. Podendo esse enfoque,

atribuir-se ao desenho de cargos, remuneração, ambiente físico do trabalho, dimensão da

tarefa entre outros.

2.3.3.1 Modelo de Walton

O modelo de Walton (1973), segundo Rocha (1998) para a Qualidade de Vida no

Trabalho abrange desde as simples necessidades até as aspirações humanas. É o único que

apresenta questões relacionadas com à realização do trabalho priorizando os fatores

higiênicos, condições físicas, aspectos ligados à segurança no trabalho, bem como a

remuneração, sem desconsiderar os outros fatores.Na elaboração do modelo, o autor procurou

considerar em suas categorias a gama de fatores que fariam parte de um ambiente de trabalho

com maior qualidade.

Chiavenato (1999) apresenta os oito fatores e suas respectivas dimensões, bem como

os indicadores relacionados a eles, que servem de guia para pesquisas qualitativas, indicadas

por Walton (1973), conforme o quadro 4 a seguir:

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C R I T E R I O S INDICADORES

1 – Compensação justa e adequada

(Remuneração)

Salário

Jornada de trabalho

2– Condições de trabalhoAmbiente físico seguro e agradável

Salubridade

3 – Uso e desenvolvimento de capacidades

Autonomia

Estima

Capacidade múltipla

Informações sobre o trabalho

4 – Oportunidade de crescimento profissional

e segurança

Carreira

Desenvolvimento pessoal

Estabilidade no emprego

5 – Integração social na organização

Ausência de preconceitos

Habilidade Social

Valores comunitários

6 – Cidadania (Constitucionalismo)

Direitos garantidos

Privacidade

Imparcialidade

7– Trabalho e espaço total de vida (Equilibrio

trabalho e vida)

Liberdade de Expressão

Vida pessoal preservada

Horários previsíveis

8 – Relevância social do trabalhoImagem da organização

Responsabilidade social da organização

Quadro 4 – Modelo de Walton

Fonte: (FERNANDES, 1996)

WALTON (1973) apud FERNANDES (1996) define as oito categorias conceituais,

discorridas a seguir:

Em Compensação Justa e Adequada busca-se a obtenção de remuneração adequada

pelo trabalho realizado, assim como o respeito à equidade interna (comparação com outros

colegas) e à equidade externa (mercado de trabalho).

De acordo com Rodrigues (2008), Walton (1974) analisa que a compensação pode ser

percebida de várias maneiras, pelas relações entre salário e fatores como experiência e

responsabilidade; pelas relações entre salário e talento, ou habilidade; pela demanda de mão-

de-obra ou pela média da compensação da comunidade em questão.

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Em Condições de Trabalho é medido as condições prevalecentes no ambiente de

trabalho. Envolve a jornada e carga de Trabalho, materiais e equipamentos disponibilizados

para a execução das tarefas e ambiente saudável (preservação da saúde do trabalhador). Ou

seja, esse tópico analisa as condições reais oferecidas ao empregado para a consecução de

suas tarefas.

O fator Uso e Desenvolvimento de Capacidades implica o aproveitamento do talento

humano, ou capital intelectual. É forçoso, portanto, reconhecer a necessidade de concessão de

autonomia (empowerent), incentivo à utilização da capacidade plena de cada indivíduo no

desempenho de suas funções e feedbacks constantes acerca dos resultados obtidos no trabalho

e do processo como um todo. Rocha (1998 apud Walton, 1974) ressalta que alguns

funcionários desejam um trabalho segmentado, sem muito esforço e que até mesmo seja

firmemente controlado.

Oportunidade de Crescimento e Segurança abarca as políticas da instituição no que

concerne ao desenvolvimento, crescimento e segurança de seus empregados, ou seja,

possibilidade de carreira, crescimento pessoal e segurança no emprego. Neste fator pode-se

observar, através das ações implementadas pelas empresas, o quanto a prática empresarial está

de fato sintonizada com o respeito e a valorização dos empregados.

“Neste item o autor focaliza a atenção na oportunidade de carreira. E é nele que surge

uma barreira muitas vezes intransponível: a educação formal, que geralmente é pré-requisito

para posições mais elevadas dentro da organização.” (RODRIGUES, 2008, p.83)

Essencialmente, em Integração Social na Organização pode -se efetivamente

observar se há igualdade de oportunidades, independente da orientação sexual, classe social,

idade e outras formas de discriminação, bem como se há o cultivo ao bom relacionamento.

De acordo com Rocha (1998) a igualdade de oportunidades refere-se a ausência de

favoritismo entre os trabalhadores. E com relação ao relacionamento, é imprescindível que

haja um bom relacionamento interpessoal e um espírito de equipe junto aos trabalhadores da

organização e um comprometimento mútuo entre os mesmos.

Constitucionalismo mede o grau em que os direitos do empregado são compridos na

instituição. Implica o respeito aos direitos trabalhistas, à privacidade pessoal (praticamente

inexistente no mundo empresarial moderno), à liberdade de expressão (altamente em cheque,

tendo-se em vista as enormes dificuldades de trabalho com registro de carteira).

No fator Trabalho e o Espaço Total da Vida deveria –se encontrar o equilíbrio entre

a vida pessoal e o trabalho. Rodrigues (2008) ressalta que o trabalho pode influenciar

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negativamente em outros aspectos da vida, como exemplo seria a relação com a família, por

isso é importante buscar o equilíbrio entre eles.

Por fim, em Relevância do Trabalho na Vida investiga-se a percepção do empregado

em relação à imagem da empresa, à responsabilidade social da instituição na comunidade, à

qualidade dos produtos e à prestação dos serviços. Felizmente, esses aspectos vêm tendo

significativos avanços no campo empresarial.

Rocha (1998 apud Walton, 1974) explica que a forma de agir irresponsável de

algumas empresas faz com que muitos trabalhadores menosprezem o seu trabalho, afetando a

auto-estima e com isso, a produtividade.

Goulart e Sampaio (1999) mencionam que o modelo de Walton é um dos mais usados

e citados em trabalhos acadêmicos e científicos e como base para Programas de Implantação

de QVT nas empresas, pois o mesmo cobre desde as necessidades básicas do ser humano até o

ressalto para a auto-realização, não esquecendo das condições da organização. A amplitude do

modelo proposto, levando em consideração fatores internos e externos à organização, permite

ao investigador condições de melhor avaliar o nível de QVT.

Sobre este modelo, pode-se subl inhar que, embora não se desconheçam a diversidade das preferências e às diferenças individuais ligadas à cultura, classe social, educação, formação e personalidade, tais fatores são intervenientes, de modo geral, na qualidade de vida do trabalho da maioria das pessoas. Ou seja, quando tais aspectos não são bem gerenciados, os níveis de satisfação experimentados pelos trabalhadores em geral deixam muito a desejar, repercutindo nos níveis de desempenho. (FERNANDES, 1996, p.52).

2.3.3.2 Modelo de Hackman e Oldhan; Nadler e Lawler

É apresentado o quadro 5 dos modelos de QVT, segundo CHIAVENATO (1999):

Modelo de Hackman e Oldhan Modelo de Nadler e Lawler

Para os autores, as dimensões do cargo produzem

es tados ps ico lógicos c r í t icos que conduzem a

resultados pessoais e de traba lho que a fe tam a

QVT. Apresentadas como:

1- V a r i e d a d e s d e H a b i l i d a d e s : o c a r g o d e v e

r e q u e r e r v á r i a s e d i f e r e n t e s h a b i l i d a d e s ,

conhecimentos e competências da pessoa.

2- I d e n t i d a d e d a t a r e f a : o t r a b a l h o d e v e s e r

realizado do início até o fim para que a pessoa

pos s a p e r c e b e r q u e p r o d u z u m r e s u l t a d o

palpável.

A q u a l i d a d e d e v i d a e s t á f u n d a m e n t a d a e m

quatro aspectos:

1) Participação dos funcionários nas decisões.

2) R e e s t r u t u r a ç ã o d o t r a b a l h o a t r a v é s d o

enriquecimento de tarefas e de grupos autônomos

de trabalho.

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3- Significado da tarefa: a pessoa deve ter uma

clara percepção de como seu trabalho produz

conseqüências e impactos sobre o trabalho das

outras.

4- A u t o n o m i a : a p e s s o a d e v e t e r

r e sponsab i l idade pessoa l pa ra p l ane ja r e

e x e c u t a r a s t a r e f a s , a u t o n o m i a e

independência para desempenhá- las.

5- Retroação do próprio trabalho: a tarefa deve

proporcionar informações de retorno à pessoa

pa ra que e la própr ia possa auto-avaliar seu

desempenho.

6- Retroação Extr ínseca: deve haver o re torno

proporcionado pelos superiores hierárquicos

o u c l i e n t e s a r e s p e i t o d o d e s e m p e n h o n a

tarefa.

7- Inter-r e l a c i o n a m e n t o : a t a r e f a d e v e

possibilitar contrato interpessoal do ocupante

c o m a s o u t r a s p e s s o a s o u c o m c l i e n t e s

internos ou externos.

3) Inovação no s i s tema de recompensas para

influenciar o clima organizacional.

4) Melhoria no ambiente de trabalho quanto às

c o n d i ç õ e s f í s i c a s e p s i c o l ó g i c a s , h o r á r i o d e

trabalho, etc.

Na medida em que em que esses quatro aspectos

s ã o i n c r e m e n t a d o s , h a v e r á u m a m e l h o r i a n a

Qualidade de Vida no Trabalho.

Quadro 5 – Modelo de Hackman e Oldhan; Nadler e Lawler

Fonte: Chiavenato (1999)

Araújo (1996) complementa que o modelo de Hackman e Oldhan trata das relações

entre a satisfação da necessidade individual com a realização das metas organizacionais, por

meio dos pontos: autonomia – fundamental para se obter satisfação, trabalho – é visto como

compensador, e o empenho a este é proporcional a obtenção de resultados positivos; feedback

– relacionado as condições de trabalho e é fundamental para a satisfação das necessidades

psicológicas.

2.3.3.3 Modelo de Westley

Westley (1979 apud Ferandes, 1996) aponta como pontos fundamentais da QVT os

indicadores econômicos (equidade salarial e no tratamento recebido); políticos (segurança no

emprego, direito a trabalhar e não ser discriminado); psicológicos (conceito de auto-realização); e

os sociológicos (conceito de participação ativa em decisões sobre o processo de trabalho). Para

esse autor, os problemas políticos trariam a insegurança; o econômico, a injustiça; o psicológico, a

alienação; e o sociológico, a anomia, ou seja, a falta de envolvimento moral com o trabalho.

Westley (1979 apud Rodrigues, 2008) menciona que a concentração do poder seria o

responsável pela insegurança; a concentração de lucros e a exploração dos trabalhadores estariam

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ligados a injustiça; já a alienação seria o desinteresse entre o trabalho e o próprio trabalhador,ou a

lacuna entre expectativa e realização. ( CODO, 1985, p .8) “o homem al ienado é o homem

desprovido de si mesmo.” E , por último a anomia, que seria a desinteresse pelo trabalho, em

suma, seria a falta de envolvimento moral.

E C O N O M I C O POLITICO PSICOLOGICO SOCIOLOGICO

EQUIDADE SALARIAL

SEGURANÇA NO EMPREGO

REALIZAÇÃO POTENCIAL

PARTICIPAÇÃO NAS DECISÕES

REMUNERAÇÃO ADEQUADA

ATUAÇÃO SINDICAL NIVEL DE DESAFIO AUTONOMIA

BENEFICIOS RETROINFORMAÇÃODESENVOLVIMENTO PESSOAL

RELACIONAMENTO INTERPESSOAL

LOCAL DE TRABALHO

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

GRAU DE RESPONSABILIDADE

CARGA

HORARIA

VALORIZAÇÃO DO CARGO

CRIATIVIDADE VALOR PESSOAL

AMBIENTE

EXTERNO

RELACIONAMENTO COM CHEFIA

AUTO-AVALIAÇÃO

VARIEDADE DE TAREFA

IDENTIDADE COM A TAREFA

Quadro 6 – Modelo de Westley

Fonte: Westley (apud Fernandes, 1996, p.53)

2.3.3.4 Modelo de Werther e Davis

Para Werther e Davis (1983), fatores como supervisão, condições de trabalho, pagamento,

benefícios e projetos do cargo, afetam a QVT, sendo a natureza do cargo o fator que envolve mais

intimamente o trabalhador, já que, para a maioria das pessoas, uma boa vida de trabalho significa

um cargo interessante, desafiador e compensador. Segundo eles, o Projeto de Cargo e a QVT são

influenciados por fatores ambientais, organizacionais e comportamentais.

Fatores Ambientais: o projeto de cargo deve considerar as expectativas sociais e as

habilidades e disponibilidade de empregados potenciais. No entanto, o cargo não poderá ser

tão complexo ao ponto de a organização necessitar fazer novas contratações e, ao mesmo

tempo, não poderá ser muito simples, de maneira a não gerar desconforto quando a mão-de-

obra for mais instruída (Lima, 1995).

Fatores Organizacionais: procura identificar a tarefa que condiz ao cargo, de forma

que haja um fluxo coerente de processos, da utilização de métodos e sistemas que ajustem as

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práticas de trabalho desenvolvidas, resultando, desta forma, na redução do tempo e esforço

dos trabalhadores (Werther; Davis, 1983).

Fatores Comportamentais: neste ponto não se deve simplesmente priorizar a

eficiência, mas, também, a autonomia do trabalhador, a variedade do cargo, a identidade de

tarefa e a retroinformação, tudo isso voltado para um aumento da motivação (Werther; Davis,

1983).

2.3.3.5 Modelo de Huse e Cummings

Segundo Huse e Cummings (1985) dois aspectos básicos devem ser enfocados pela QVT:

a preocupação com o bem estar do trabalhador e com a eficácia organizacional e a participação

dos trabalhadores nas decisões e problemas do trabalho. Sendo estes pontos, operacionalizados

através da participação do trabalhador nos problemas e soluções organizacionais (processo de

tomada de decisão); o projeto do cargo (reestruturação); inovação no sistema de recompensa

(plano de cargos e salários) e melhora no ambiente de trabalho (mudanças físicas e de condições

de trabalho: horários, locais, equipamentos, etc.).

Vale mencionar mais algumas abordagens, como a de Huse e Cummings (1985 apud

Rodrigues, 1994), que definem que qualidade de vida no trabalho envolve pessoas, trabalho e

organização, gerando assim três aspectos: o bem-estar do trabalhador assim como a eficácia

organizacional e a participação de todos os envolvidos no processo decisório. A partir desses

três aspectos, foi desenvolvido o modelo de verificação do nível de QVT baseado na

participação do trabalhador (refere-se ao envolvimento dos trabalhadores no processo

decisório nos diversos níveis da organização); e no projeto de cargo (trata-se do desenho de

cargos, eliminando de vez a alienação do trabalhador, inovação no sistema de recompensa e

melhoria no ambiente de trabalho).

2.3.3.6 Modelo criado pela pesquisadora

Neste momento, convém comentar que, ao analisar os modelos propostos pelos

autores, supra mencionados, assim buscou-se desenvolver um modelo que se enquadra-se

melhor com a realidade da Madeireira Brisa do Mar. Assim, optou por escolher quatro

subcategorias mais relevantes para o estudo,visto que se aproximou da realidade do setor de

produção. As quatro sub-categorias são: condições físicas e sociais, segurança no emprego,

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relação chefe e subordinado e desenvolvimento profissional e com suas indicadores

referentes.

Frente a isso, cabe explicar que indicadores são ferramentas de planejamento e decisão que permitam clareza e critérios, objetividade de avaliação, facilidade de levantamento de informação, visibilidade de dados, efeito de determinadas ações. (LIMONGI-FRANÇA, 1996, p.159).

Para uma maior compreensão visualização das categorias e seus respectivos

indicadores desta pesquisa, formulou-se o seguinte quadro:

SUBCATEGORIAS INDICADORES

Condições físicas e sociais

- ambiente de trabalho

- riscos

- ruídos

- equipamentos de segurança

-insalubridade

-relacionamento interpessoal

-lazer

Segurança no emprego

- sentimento de segurança

- sindicato

- rotatividade

-absenteísmo

Relação chefe/subordinado

- apoio dos superiores

-autonomia

-tratamento de equidade

-feedback de desempenho

Desenvolvimento Profissional-treinamento

- crescimento na empresa

Quadro 7 – Modelo da Pesquisadora

Com intuito de tecer comentários sobre tais subcategorias são apresentados

fundamentos teóricos a seu respeito.

a) Condições físicas e sociais: Estas estão ligadas aos aspectos físicos no trabalho.

De acordo com Huse e Cummings (1985) a implementação de um programa de QVT

deve incluir, a melhoria no ambiente de trabalho, por meio de mudanças físicas e das

condições de trabalho, de modo a proporcionar maior satisfação para os empregados. (LIMA

DAVID; BRUNO-FARIA, 2007).

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a) 1 Ambiente de trabalho: o ambiente de trabalho é composto da parte física e

técnica, bem como e, sobretudo, pelas pessoas que o utilizam.

Há quem acredite que em um ambiente de trabalho agradável as pessoas vão atingir

seus objetivos com menor esforço, já em um ambiente desfavorável, aumenta-se o risco de

acidentes e pode causar danos consideráveis a saúde. (IIDA, 1997). Quando o ambiente de

trabalho não esta adequado, aumenta-se os r iscos de acidentes de t rabalho, como

exemplificado no indicador abaixo.

Campos (1995) relaciona a QVT com a satisfação no ambiente laboral, por meio de [ ]

limpeza, segurança, conforto ambiental, controle de poluição física e acústica, controle de

luminosidade e temperatura.

Walton (1973 apud Vieira, 1996) acrescenta que, as organizações devem oferecer aos

seus funcionários um ambiente seguro e saudável para a realização de suas atividades (...)

condições físicas que reduzem ao mínimo, os riscos de doenças e uma preocupação dos

gestores com o bem-estar das pessoas envolvidas no trabalho.

Quando o ambiente laboral não apresenta boas condições para realizar o trabalho,

acaba por gerar riscos para o trabalhador.

a) 2 Riscos : são os agentes químicos, físicos e biológicos que são encontrados no

ambiente de trabalho.

Melo apud Mesquita (1998) define riscos do trabalho, estes também chamados de

riscos profissionais como sendo os agentes presentes nos locais de trabalho, decorrente de

precárias condições, que afetam a saúde, a segurança e o bem-estar do trabalhador, podendo

ser relativos ao processo operacional (riscos operacionais) ou ao local de trabalho (riscos

ambientais).

Os riscos acometidos nas indústrias madeireiras são grandes, como menciona Leal

(1992) eles enfrentam agentes agressivos como: altas temperaturas, ruído, produtos químicos,

baixo nível de iluminação, poeiras, entre outros, bem como riscos à saúde que estão

associados ao s t ress e , embora, não causem doenças prof iss ionais , aumentem a

vulnerabilidade psicológica e certamente contribuem para o enfraquecimento da saúde e dos

trabalhadores.

Faz-se necessário o desdobramento dos agentes agressivos citados acima.

Saliba (2000) afirma que poeira são partículas sólidas produzidas por ruptura mecânica

de um sólido, seja pelo simples manuseio (limpeza de bancadas), seja em conseqüência de

uma operação mecânica. O desenvolvimento de doenças respiratórias e alérgicas relacionadas

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com a exposição ocupacional a poeira depende da combinação de muitos fatores, entre ele, a

distribuição dos tamanhos de partículas suspensas no ar, a concentração de poeira no

ambiente, a forma e reatividade dessas partículas e o tempo de exposição a essa poeira.

Fernandes (1996) menciona que os locais de trabalho devem dispor de iluminação

adequada que assegure o desempenho visual das tarefas e um ambiente que atenda as

exigências de Segurança e Higiene no Trabalho. Uma iluminação deficiente pode dar origem

a riscos, nomeadamente, fadiga ocular (irritação, redução da acuidade visual, menor rapidez

perceptiva), fadiga visual (menor velocidade de reação, sensação de mal-estar, insônia),

acidentes de trabalho e posturas incorretas de trabalho.

Rodrigues (1994) complementa que a iluminação, uma vez que as madeireiras

possuem seus processos em grandes galpões com aberturas laterais. Apresenta baixo nível de

iluminação, em virtude da presença de divisórias internas, e de armazenamento de produtos

acabados, que impedem a difusão da iluminação.

Mais um dos maiores problemas enfrentados em uma Madeireira são os ruídos.

a) 3 Ruídos - definir ruído não é tarefa fácil quanto identificá-lo ou percebê-lo. O que

permite diferenciá-lo do som é o agente perturbador, desagradável, que muitas vezes pode

variar de um indivíduo para o outro, de acordo com fatores psicológicos de tolerância que

cada um possui. Pode-se entender como todo som percebido, mas não tolerável pelo receptor.

Leal (1992) ressalta que o ruído é o agente que esta presente em quase todos os

processos da indústria madeireira. A sua origem tanto pode ser proveniente das máquinas

como também da própria atividade. O desconhecimento e a negligência em relação às praticas

seguras são evidenciados em um nível de ruído na indústria madeireira de 90 a 120 decibéis.

A percepção de incomodo pelo ruído depende de pessoa para pessoa. Ruídos de alta

freqüência, de alta intensidade, desconhecidos e descontínuos incomodam mais. Os efeitos

negativos do ruído podem ser de ordem psicológica e fisiológica. Pode gerar dificuldade de

comunicação, de concentração mental e de aprendizagem, queda de rendimento, perturbação

de atenção do sono, Fisiologicamente, força o aumento da pressão sonora da voz, estimula o

sistema nervoso autônomo (eleva pressão arterial e a atividade do coração, a concentração dos

vasos sanguíneos periféricos, diminui a atividade dos órgãos de digestão, e aumenta a tensão

muscular) (IIDA, 2000).

Salibas (2004) complementa que, o risco que os trabalhadores estão sujeitos depende

de: tempo de exposição (quanto mais longo, maior o risco), tipo de ruído (contínuo,

intermitente ou súbito), distância da fonte do ruído (quanto menor, maior é o risco),

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sensibilidade individual (varia com a idade e de indivíduo para indivíduo) e danos na audição

(lesões já existentes no aparelho do indivíduo). Assim, na identificação das situações de riscos

deve caracterizar-se o ruído, as fontes e condições de propagação, bem como as medidas de

proteção coletiva e individual adotadas. Deve garantir-se que os aparelhos técnicos utilizados

nas avaliações sonométricas e audiométricas estejam certificados de acordo com as

disposições regulamentares.

A atuação para prevenção do problema é feita com as seguintes medidas: prevenção

pelo planejamento das instalações (tratamento acústico no projeto); diminuição do ruído na

fonte (rever procedimentos, materiais e regulagens); amortecimento da dispersão do som

(vedação da fonte do ruído) e utilização de equipamento de proteção individual (EPI´s), que

fornece uma redução de ruído de até 30 dB (GRANDJEAN, 1998).

Para a diminuição dos riscos de acidentes no trabalho faz-se necessário o uso de

equipamento de segurança, desde que em conformidade com a atividade que exerce.

a) 4 Equipamentos de segurança – equipamentos, podendo ser estes tanto individual

como coletivo, que visam proteger à saúde e a integridade física do trabalhador.

O equipamento de proteção individual, EPI – que é definido como todo dispositivo de

uso individual, de fabricação nacional ou estrangeira, destinado a proteger a saúde e a

integridade física do trabalhador. Fica a empresa obrigada a fornecer aos empregados, sem

custo adicional, EPI adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento

Especificados de acordo com a NR-6, da CLT artigos 166 e 167.

Iida (1990) ressalta que o EPI é recomendado para certas operações onde os riscos são

mais dispersos, tais como ruídos, poeiras, produtos químicos e gases. O autor adverte que os

EPI´s devem ser considerados como a última forma de proteção, para serem usados somente

nos casos em que os outros recursos sejam impraticáveis ou muito dispendiosos, pois geram

desconforto ao operador, interferindo na maioria dos casos no desempenho.

Por mais que se usem os equipamentos de segurança, a indústria Madeireira é

considerada como um lugar insalubre, pois há muitos riscos.

a) 5 Insalubridade – é aquele em que o empregado trabalha com produtos ou em

lugares que possam ser prejudiciais a saúde.

A insalubridade pode ser descrita como sendo as atividades, operações e agentes

insalubres, inclusive seus limites de tolerância, definindo, assim, as situações que, quando

vivenciadas no ambiente de trabalho pelos trabalhadores, ensejam a caracterização do

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exercício insalubre, e também os meios de proteger os trabalhadores de tais exposições

nocivas à saúde. A fundamentação legal, ordinária e específica, que dá embasamento jurídico

à existência dessa NR, são os artigos 189 e 192 da CLT.

Mesmo que o ambiente seja insalubre, se há a presença de sindicato e a empresa paga

esse adicional, não tem porque não ter um bom relacionamento entre os funcionários.

a) 6 Relacionamento Interpessoal – pode ser definido como o tratamento dado a

outrem independente do nível hierárquico, profissional ou social.

A valorização do ser humano, a preocupação com sentimentos e emoções, e com a

qualidade de vida são fatores que fazem toda a diferença. O trabalho é a forma como o

homem, por um lado, interage e transforma o meio ambiente, assegurando a sobrevivência, e,

por outro, estabelece relações interpessoais, que teoricamente serviriam para reforçar a

identidade e o senso de contribuição. (BOM SUCESSO, 1997, p.36).

Ainda que haja um bom relacionamento entre os funcionários faz-se necessário um

momento para si. A qualidade de vida depende dos hábitos, das formas de dividir e utilizar o

tempo diário, da orientação existencial de cada um. Moscovici (2000) ainda satiriza ao dizer

que a vida que não é vivida plenamente de segunda a sexta-feira não será recuperada no fim

de semana... [este aspecto reticente foi adotado pelo autor].

a) 7 Lazer – atividades que os indivíduos podem fazer por livre vontade e as quais

sentem prazer por fazê-las.

As atividades transcorridas no tempo livre, isto é, no tempo liberado do trabalho

profissional, são muito variadas. Podemos citar as atividades sociais, de convívio com a

família e até mesmo cuidados pessoais. As atividades de lazer podem ser compreendias como:

encontros sociais formais e informais, jogos e atividades miméticas, como participante ou

como espectador; miscelânea de atividades esporádicas e prazerosas e multifuncionais, como:

viagens, jantares em restaurantes, caminhadas e etc. (ELIAS; DUNNING, 1992).

b) Segurança no emprego - é a confiança que a empresa passa com relação a

permanência no emprego.

Representa para o trabalhador a garantia de que desenvolvendo um bom trabalho, não

será dispensado. A ameaça de perder o emprego gera para o trabalhador uma grande

insegurança, o que afeta a qualidade de vida no trabalho. Segurança no local de trabalho pode

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ser definida, segundo Ruschel (1993) como a necessidade do trabalhador de ser livre do medo

e ansiedade acerca da segurança, renda e futuro no emprego.

b) 1 Sentimento de Segurança no emprego - é a garantia de um vínculo com a

empresa.

(...) à medida que diminui a segurança no emprego, o medo abre a porta para o sofrimento. Quem sofre é o sujeito, e sofre dentro e fora da organização. O desempregado, excluído do mercado de trabalho, tem medo de não encontrar um novo emprego, e o empregado, que está dentro da organização, sofre com medo e com as pressões que podem virar ameaças, e até mesmo em novas demissões.(CASTELHANHO, 2005, p.15).

Como medida de segurança há a presença dos sindicatos, como mencionado a seguir.

b) 2 Sindicato – associação de pessoas pertencentes à mesma classe ou grupo

profissional que visa a defesa pelos seus interesses profissionais e financeiros.

De acordo com Augusto (2001) os sindicatos foram criados a partir de três princípios

básicos: a organização dos trabalhadores, visando dar um sentido coletivo ao conjunto de

forças de trabalho; a representação, por meio das reivindicações e lutas em defesa dos

interesses e necessidades do conjunto da força de trabalho; e, também, a formação de uma

consciência de classe, objetivando a criação de uma identidade coletiva dos trabalhadores.

A presença do sindicato mostra os direitos e deveres dos funcionários, muitas vezes

diminuindo o índice de rotatividade da empresa.

b) 3 Rotatividade – mudança do trabalhador de função.

Rotatividade é um termo que surgiu do inglês – turnover – este caracteriza a entrada e

saída, admissões e desligamentos, de empregados de uma empresa, em um determinado

período. Esses desligamentos podem ser espontâneos ou provocados pela empresa.

(MENGARDA; FILHO, 1997).

Segundo Pomi (2005) a alta rotatividade é sinônimo de: perda de produtividade, perda

de lucro e de saúde organizacional. Reflete na motivação das pessoas, no comprometimento, e

gera mais absenteísmo, mais rotatividade, interferindo até mesmo exteriormente à empresa,

como na credibilidade junto aos clientes.

Ao índice de rotatividade sempre vem ligado ao de absenteísmo, muitas vezes, porque,

quando há insatisfação e desmotivação por parte do funcionário, estes índices aumentam.

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b) 4 Absenteísmo – é a falta ou ausência do trabalhador no processo de trabalho, seja

por falta ou atraso, ou devido a algum motivo interveniente.

Absenteísmo é o não cumprimento, por parte do trabalhador, da jornada trabalhista,

tanto por atrasar sua entrada ou adiantar sua saída diária, como por não fazer o trabalho numa

jornada completa ou em várias. Ou seja, é a ausência do trabalhador, independente da

justificativa do mesmo. (MENGARDA; FILHO, 1997).

Existem as ausências previstas e as não-previstas. As ausências previstas são aquelas

de direito do trabalhador, podendo ser planejadas com antecedência, como férias, folgas e

feriados. As não previstas são aquelas que, efetivamente, caracterizam como absenteísmo,

pois seu caráter é imprevisível. São exemplos dessa prática as faltas abonadas e injustificadas,

licenças médicas, licença maternidade e paternidade, acidente de trabalho e outras licenças

amparadas por lei. (NASCIMENTO, 2003).

Quando o índice de absenteísmo e de rotatividade são baixos, leva-se a supor que deve

existir um bom relacionamento interpessoal na empresa, claro que agregado de outros fatores.

c) Relação chefe/subordinado – é o elo existente entre o superior e o subordinado em

uma relação de trabalho, tornando o clima organizacional agradável para todos.

Caproni (2002) expõe que o relacionamento chefe/subordinado faz com que haja uma

parceria para obter a eficácia organizacional desenvolvendo a compreensão e a valorização

das relações de autoridade no trabalho.

c) 1 Apoio dos Superiores – confiança que o chefe põem em seus funcionários.

Orientação fornecida pelos superiores hierárquicos aos subordinados quanto à

realização da tarefa, postura de ajuda dos chefes, confiança, tratamento, apoio e compreensão

dispensados pelos chefes e demais aspectos do convívio com a chefia presentes no ambiente

organizacional. (LIMA DAVID; BRUNO FARIA, 2007).

Quando há um bom relacionamento com os superiores, existindo apoio, os superiores

acabam por delegar uma maior autonomia aos funcionários.

c) 2 Autonomia – um trabalhador com autonomia é alguém que decide e determina,

ele mesmo, as decisões perante a sua função.

A autonomia refere-se à liberdade no exercício das funções e na realização das

tarefas. Pode ser compreendido também como um espaço de decisão e intervenção nos

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processos de trabalho, abrangendo também a possibilidade de autocontrole e auto-avaliação, e

ainda, a participação na organização e no funcionamento da empresa, bem como a

oportunidade de influenciar as decisões sobre mudanças na organização do trabalho e nas

condições de trabalho em geral. As desigualdades referentes à autonomia no trabalho tendem

a agravar-se com a expansão de formas flexíveis e, sobretudo, com as formas precárias de

emprego, com a diversificação e a individualização das relações laborais. (KOVACS, 2006).

Por mais que haja a l iberdade entre os funcionários, alguns se sentem mais

injustiçados que os outros, a isso damos o nome de tratamento de equidade.

c) 3 Tratamento de Equidade – reconhecimento de igualdade o direito de cada um,

pode ser definido também, como igualdade entre os funcionários.

O termo “equidade” é o sinônimo de justiça. Um termo que também costuma estar

associado é o de igualdade. Mas, cabe ressaltar que equidade e igualdade não são sinônimos.

A igualdade quando duas pessoas recebem a mesma recompensa. Há equidade quando são

recompensadas em função dos esforços, do mérito, do empenho, das competências. (CUNHA;

et al., 2004).

Muitos funcionários se sentem injustiçados pois muitas vezes, eles não recebem um

retorno dos superiores a cerca do seu trabalho.

c) 4 Feedback de desempenho – é o retorno dado aos avaliados acerca do seu

desempenho.

Feedback pode ser dividido em duas etapas: fornecer e receber. Fornecer consiste em

revelar a percepção sobre como o comportamento do outro está afetando o avaliador, as outras

pessoas, a equipe, ao bom andamento dos trabalhos, a organização. Receber consiste em

reconhecer como os comportamentos estão sendo percebidos ou como estão afetando as

outras pessoas, as equipes de trabalho, os resultados. (GRAMIGNA, 2002).

d) Desenvolvimento Profissional – es tá associado à expectativa de crescimento

profissional obtendo investimentos da organização como treinamentos e cursos em geral e

possibilidades de aplicar conhecimentos em suas atividades. (RUSCHEL, 1993)

d) 1 Treinamento – pode ser entendido como a educação profissional que adapta o

homem para determinado cargo ou função.

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O treinamento de pessoal pode ser caracterizado como o esforço despendido pela

organização para propiciar oportunidades de aprendizagem aos seus integrantes. Entre os

propósitos mais tradicionais do treinamento estão aqueles relacionados à identificação e à

superação de deficiências no desempenho de empregados, à preparação de empregados para

novas funções e ao retreinamento para adaptação da mão-de-obra à introdução de novas

tecnologias de trabalho. (BORGES-ANDRADE; OLIVEIRA-CASTRO, 1996).

d) 2 Crescimento na empresa – A perspectiva de galgar as escalas hierárquicas

traz sentido ao trabalho.

Este é o crescimento desejado e esperado dentro do mundo organizacional. O trabalho

sem sentido seria aqueles que não apresenta potencial de crescimento. (ANTUNES, 1999).

Frente à necessidade de delimitar o foco do estudo, tornando os dados mais

concentrados e operacionalizados, buscou-se pautar este modelo proposto pela pesquisadora

também, como forma de ampliar a visão sobre QVT. Existem vários modos de se levantar os

dados, de se produzir idéias. Várias são as formas de procedimento técnico para o

desenvolvimento de um trabalho científico. A seguir são apresentados os procedimentos

metodológicos para a realização do trabalho.

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3. ASPECTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo são apresentados os procedimentos metodológicos que foram utilizados

nesta pesquisa, bem como o tipo de pesquisa utilizada, os participantes da pesquisa (amostra),

o instrumento utilizado para a coleta de dados, bem como o procedimento utilizado para

analisar os dados. “A pesquisa é um processo reflexivo, sistemático, controlado e crítico que

nos conduz à descoberta de novos fatos e das relações entre as leis que regem o aparecimento

ou ausência deles.” (BARROS, 2000, p. 68).

3.1 Caracterização da Pesquisa

A pesquisa caracteriza-se como teórico-empírica, sendo esta teoria, pois houve uma

pesquisa bibliográfica e empírica porque busca na experiência e na realidade organizacional a

interpretação de dados coletados. A pesquisa tem caráter descritivo, que segundo Barros

(2000) não tem interferência do pesquisador e descreve o objeto de pesquisa. Ainda procura

descobrir a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua natureza, característica, causas,

relações e conexões com outros fenômenos. Descrevendo assim, as características de uma

determinada população, no caso a empresa em estudo, Madeireira Brisa do Mar.

O estudo é embasado em uma abordagem qualitativa e que segundo Martins (1994)

busca a compreensão daquilo que estuda, por meio de uma compreensão mais detalhada dos

significados e uma participação mais direta do investigador, não se preocupando com

generalizações, princípios e leis mantendo o seu foco no individual.

Godoy (1995) acrescenta que com a abordagem qualitativa é possível obter dados

predominantemente descritivos sobre pessoas, processos interativos, por meio de contato

direto com o pesquisador com a situação a ser estudada.

Além disso, o trabalho se caracteriza como um estudo de caso, pois envolve o estudo

específico de um ou poucos objetos de modo que permita o seu amplo e detalhado

conhecimento. Existem algumas vantagens no uso do estudo de caso, como o estímulo a

novas descobertas que pode ocorrer ao longo da análise do caso, o pesquisador esta voltado,

focalizando-o como um todo, além do procedimento de coleta de dados ser bastante simples

comparado aos outros tipos de delineamento. (GIL, 1999).

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[...] estudos de casos são atrativos por algumas razões práticas, normalmente ligados a coleta de dados, com a possibilidade do pesquisador desenvolver o estudo individualmente, e o fato de que a informação se encontra, em geral, confinado num mesmo lugar. (ROESCH, 1999 apud SILVA, 2002, p.83).

Ainda sobre o estudo de caso, Carmo Neto (1996 apud VARGAS, MALDONATO

2001) relata que por meio desse estudo é utilizado casos concretos ao invés de casos

hipotéticos, com a finalidade de permitir que através de maior convivência com a

sintomatologia dos problemas e dificuldades inerentes ao caso, o estudante aprende a

diagnosticar e prognosticar a situação e, sob orientação, indicar a terapia e os medicamentos

que lhe parecem mais adequados.

Por último vale frisar que:

O fato de trabalhar em uma organização pode ser encarado como facilitador para escolha pelo estudo de caso, tanto pelo motivo de facilidade de acesso a uma fonte centralizada como pelo conhecimento prévio da organização. Entretanto, em meio a essas vantagens há o grande risco de envolvimento com as situações internas da empresa e perda da objetividade. O cuidado do pesquisador e sua habilidade no controle dos vieses tem que ser maiores nesses casos. (MELO, 2004, p.27).

3.2 População e Amostra

Neste tópico apresenta-se a população e a amostra a fim de esclarecer a diferença entre

eles, e mostrar quem fará parte da pesquisa.

Esta pesquisa abrange o setor de produção, de uma Madeireira, localizada no norte da

ilha de Santa Catarina, situada nos Ingleses.

A população é composta por todos os funcionários da Madeireira, que são de oito

funcionários, todos do sexo masculino, sendo composto pelo proprietário, um administrador e

todos os outros enquadrados no setor de produção. Segundo Vergara (1998) população pode

ser definida por elementos que possuem as mesmas características e que fazem parte do

objeto de estudo.

Como muitas vezes não se pode utilizar a população toda, até por transformar a

pesquisar em algo inviável tanto pelo tempo como pelo custo, busca-se então, a análise por

parte da população, caracterizando esta como amostragem (ROESCH, 1996).

A amostra então, pode ser caracterizada pelos trabalhadores do setor de produção e é

composta por quatro trabalhadores do sexo masculino.Amostra é parte da população ou do

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universo selecionado de acordo com uma regra ou plano. A amostra pode ser probabilística ou

não-probabilística. (SILVA; MENEZES, 2001, p.32).

Além da população usada na amostra, foi utilizado também a pesquisadora como

observadora, e o que Melo (2004, p.28) define como:

Uma das maneiras mais eficazes de se levantar informações sobre um certo grupo ou organização, consiste em observar o comportamento das pessoas enquanto elas trabalham ou interagem com outras. Essas observações podem abranger desde a observação causal, informal do ambiente de trabalho a observações altamente estruturadas, que utiliza um quadro formal para especificar as atividades e comportamentos. As principais vantagens dessa abordagem são a flexibilidade e a objetividade. Além disso, com a observação pode-se coletar informações do comportamento real e não de relatórios sobre o assunto.

Para fins de resultado, extraíram-se os nomes dos entrevistados e foram representados

por E1, E2, E3 E E4.

3.3 Técnica de coleta de dados

Nesta pesquisa, optou-se por coletar os dados por meio de fontes primárias e

secundárias. Os dados secundários foram obtidos por meio de livros, revistas, revistas

eletrônicas, organizando o trabalho em torno de um referencial teórico, buscando os autores

que melhor trabalharam esse assunto.

(...) a pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, livros, pesquisas, monografias, material cartográfico, etc., sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto. (MARKONI; LAKATOS, 1999, p.73).

A fonte primária refere-se a entrevista que será aplicada com todos os funcionários da

empresa. Entrevista, segundo Richardson (1999, p. 207) “técnica que pe rmi t e o

desenvolvimento de uma estreita relação entre as pessoas. É um modo de comunicação no

qual determinada informação é transmitida de uma pessoa A para uma pessoa B”.

Em um estudo de caso, a entrevista é a fonte de informação mais importante, podendo

assumir formas diversas e ser conduzida de forma mais espontânea, indagando-se o

respondente sobre os fatos ou pedir sua opinião acerca de determinados eventos. (GIL, 1999)

As entrevistas estruturadas possuem questões previamente formuladas isto é, o

entrevistador estabelece um roteiro prévio de perguntas, não há liberdade de alterar os tópicos

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ou fazer inclusão de outras questões. (BARROS, 2000). Por isso a técnica usada, foi a de

entrevista semi –estruturadas que segundo Triviños (1987, p.146):

a entrevista semi-estruturada é um dos principais meios que tem o investigador para realizar a coleta de dados (...), a entrevista semi-estruturada valoriza a presença do investigador, oferece todas as perspectivas possíveis para que o informante alcance a liberdade e a espontaneidade necessárias, enriquecendo a investigação.

Para sustentar os procedimentos metodológicos e atender a fidelização dos dados

coletados, foi utilizado no momento da coleta de dados, a gravação por meio de fita cassete

dos diálogos ocorridos na entrevista, e que posteriormente foram transcritas e analisadas. Haja

vista, que é importante salientar que a transcrição dos dados deve ser fidedigna para que não

ocorra a distorção dos mesmos.

Depois de coletados os dados, os mesmos serão analisados como expostos a seguir.

3.4 Tratamento e análise dos dados

A análise de dados é a descrição dos dados e a interpretação deles. (MINAYO, 2003).

J á Lüdke (1986) complementa que significa trabalhar todo o material obtido durante a

pesquisa, ou seja, os relatos da observação, as transcrições de entrevista, as análises de

documentos e as demais informações disponíveis. Sendo assim, a tarefa de análise implica em

observar todo o material, dividir em partes, relacionar as partes, identificar as tendências e

padrões relevantes, reavaliar tendências e padrões num segundo momento, buscar relações e

inferências num nível de abstração mais elevado.

Em resumo, esta etapa compreende três finalidades: compreender os dados coletados,

responder a pergunta de pesquisa que foi formulada e expandir o conhecimento sobre o

assunto pesquisado. (MINAYO, 2003).

Posteriormente a análise de dados, a parte seguinte é a interpretação dos mesmos.

Divididos em: classificação, codificação e tabulação. A classificação é a divisão do todo em

partes, reunindo-os em classes ou grupos, de acordo com os objetivos e interesses da pesquisa.

Já a codificação é a atribuição de símbolos a classificação de dados e por último vem a

tabulação que é a disposição dos dados em forma de tabelas. (BARROS, 2000).

Por meio da abordagem qualitativa, há várias possibilidades de aplicação e dentre elas,

cita-se: a elaboração de teorias, métodos, princípios para estabelecer resultados; e, inventar,

ratificar seu conteúdo, abandonar certas vias e tomar direções privilegiadas. (MINAYO;

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SANCHES, 1993). Os autores ainda acrescentam que é por isso que a abordagem qualitativa

se apresenta no campo da subjetividade e do simbolismo.

Gomes (1994) faz menção que na análise final dos resultados empíricos se estabelece

um entrelace entre os dados e os referenciais teóricos da pesquisa, para que assim possam ser

respondidas as perguntas da pesquisa com base em seus objetivos.

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4 RESULTADO E DISCUSSÃO DOS DADOS

4.1 Caracterização da Empresa

A indústria madeireira envolve diversos processos de produção com uma variedade de

produtos finais, sendo muitos desses caracterizados como intermediários, pois são utilizados

novamente na confecção de outros produtos da cadeia produtiva.

A madeireira Brisa do Mar teve seu início em, Ela esta localizada na região Norte da

Ilha de Santa Catarina, no ba i r ro de Ingleses, Florianópolis - S C . A mesma utiliza

inicialmente a madeira em tora industrializada, que já esta pronta para ser serrada e se

transformar em chapas de madeira maciça e lâminas.

Os produtos derivados da madeira em tora, depois de beneficiadas, poderão ser

utilizados para a obtenção de produtos de maior valor agregado, recebendo um tratamento

específico em cada etapa do processo. O processo de beneficiamento e industrialização da

madeira é variado, deste modo ela apresenta, a partir de sua extração um quadro muito amplo

de utilização desde a tora “in natura” até o processo final de beneficiamento.

Os produtos originados da madeira em tora industrializada são toras já prontas para

serem cerradas em chapas. Já são limpas de galhos e outros resíduos: chapas de madeira

maciça; lâminas. Usadas para móveis e indústria de construção civil.

A madeira serrada é oriunda de madeiras cepilhadas que viram dormentes, madeira

aplainada, vigas, etc. Os painéis de madeira são confeccionados por diversos processos de

produção dependendo de seus tipos específicos, laminados, compensados, aglomerados,

chapas de fibra.

Serrados: os serrados compreendem uma vasta gama de produtos, todos originários da

madeira sólida. Dentre estes, destacam-se as tábuas, pranchas, dormentes, vigas, caibro, forro,

rodapé, estrados, etc. Esse segmento usa tanto madeiras nativas como reflorestada, com

aumento crescente destas últimas face às restrições ambientais. Normalmente possuem

espessura superior a 5 mm.

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4.2 Resultados

Neste capítulo, são apresentados os resultados da análise dos dados coletados por meio

das entrevistas realizadas na Madeireira Brisa do Mar. É na análise dos dados que são

respondidos os questionamentos do trabalho.

Tendo em vista, a preocupação da pesquisadora com o alcance de retorno investigativo

de cada indicador, os dados são apresentados por meio de quadros onde constam

concomitantemente, os questionamentos e os relatos mais marcantes obtidos no período de

coleta.

Na seqüência, são apresentadas as respectivas interpretações e inferências.

Para um melhor compreendimento, foi questionado aos entrevistados o que e l e s

entendiam por Qualidade de Vida. Como foi relatado por um entrevistado e apresentado a

seguir:

Qualidade de vida – termo utilizado para medir a qualidade das condições de vida,

fatores como saúde, educação, bem-estar físico, psicológico, emocional e mental, expectativa

de vida. Além desses fatores, a qualidade engloba também, elementos como a família,

amigos, emprego e outras circunstâncias da vida.

Questionamento Relato

O que você entende por QV?

“Entendo que é o que a vida está me proporcionando.

Uma moradia em bom estado, com saneamento básico,

energia elétrica, água, calçamento. O direito a educação

para mim e meus filhos, direito à saúde e lazer.” (E1)

Quadro 8 – Qualidade de vida

Em se tratando da definição de Qualidade de Vida, percebeu-se que os entrevistados

tiveram dificuldades de conceituar a QV; tal que o mesmo tem um conceito amplo e não

havendo uma definição única gerada pelos autores, conforme visto na referencial teórico. Os

entrevistados mencionaram que naquele dado momentos tinham uma idéia do que era

qualidade de vida, podendo esta concepção ser mudada, em outra esfera da vida.

Os quesitos que os entrevistados mais evidenciaram ligando-os à qualidade de vida

foram: bem-estar, possuir um trabalho saudável, conciliar a vida profissional, familiar e

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social. A qualidade de vida segundo Moller (1997, p. 18) “pode ser dividida em seis

dimensões: física, social, profissional, emocional, intelectual e espiritual”.

Outro entrevistado menciona que para ele, QV é “Bom, acho que é uma questão de

bem-estar. Quando eu me sinto bem comigo mesmo.” (E2)

Campbell, Converse e Rodgers citados por Hahn (1984 apud RODRIGUES, 1994, p.

97) menciona em estudo realizado acerca dos quesitos para uma qualidade de vida maior,

assim compreendeu-se que:

A família ou a vida fora do trabalho como os primeiros em maiores motivos para a Qualidade de Vida. O trabalho aparece em segundo plano,ou seja, “atividades fora do trabalho” em 1° posição; “vida familiar” em 2°; “padrão de vida” (que depende do trabalho) em 3°; e trabalho em 4° lugar. Mas 50% desta mesma amostra concorda que a maioria das coisas que acontecem em suas vidas envolvem diretamente ou indiretamente seus empregos.

Como mencionado no item anterior, o ambiente de trabalho é um indicador de análise,

proposto pela pesquisadora, para avaliar a qualidade de vida no trabalho.

Ambiente de trabalho – o ambiente de trabalho é composto da parte física e técnica,

bem como e, sobretudo, pelas pessoas que o utilizam.

Questionamento Relato

Como é o ambiente

de trabalho?

“... No pátio de toras a gente passa um pouco de calor, pegamos uma

chuvinha, é meio incômodo, mais já estamos acostumados. Ali no galpão

tem os equipamentos a serra de fita,serra circular, plaina, lixadeira é

um pouco escuro mais galpão é assim mesmo. Também tem muita

poeira, as serragens, o barulho também incomoda.” (E3)

Quadro 9 – Ambiente de trabalho

Em relação ao ambiente de trabalho percebe-se que não é um ambiente agradável. Os

entrevistados mencionaram quase que em 100% que há pouca iluminação, poeira, ruídos,

visto que se percebe assim, um alto nível de insatisfação por parte dos entrevistados com

relação ao local de trabalho. Para Valle- Vieira (2004, p.67) “o trabalhador não deve estar

exposto a condições físicas que possam ser perigosas ou horários excessivos que sejam

prejudiciais à sua saúde”.

Melo (2007) afirma que a insatisfação no local de trabalho pode enfraquecer o bom

desempenho profissional. Em contrapartida, um local agradável vai geral motivação e renderá

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muito mais, sendo que o mesmo será desempenhado com mais prazer, uma vez que o

indivíduo passa maior parte do tempo no local de trabalho e é extremamente importante

sentir-se bem neste local.

Para finalizar, Couto (2002) complementa que os males ergonômicos mais comuns são

as exposições aos fenômenos meteorológicos diversos, como: calor ou frio excessivo, chuvas,

ventos, associados a alto dispêndio energético e os grandes esforços no carregamento e

manuseio de equipamentos e outros objetos pesados.

O ambiente laboral em uma madeireira apresenta grande concentração de riscos, tanto

físicos como mentais, haja vista, que o trabalho desempenhado é um trabalho massante.

Verificou-se a importância do questionamento sobre os mesmos.

Riscos - são os agentes químicos, físicos, biológicos, existentes no ambiente de

trabalho.

O segundo indicador diz respeito aos riscos enfrentados no local de trabalho, como

exposto no quadro a seguir.

Questionamento Relato

“Eu pessoalmente quase não corro risco algum, pois

administro o pessoal e fico noescritório. O risco que as

vezes me é imposto é quando eu vou à oficina levar algum

pedidoou explicar alguma coisa, podendo ali saltar algum

pedaço de madeira.” (E1)Q u a i s o s r i s c o s m a i s

enfrentados na atividade que

você desenvolve? “Olha, tudo aqui se corre risco. Ao descarregar as toras se

tem risco, ao empilhar asmadeiras também. Na oficina têm

as máquinas, que pode saltar um pedaço de madeira

o u p e r d e r o d e d o o u à m ã o . T a m b é m t ê m a p o u c a

iluminação, a poeira.” (E4)

Quadro 10 – Riscos

Os entrevistados deixaram bem claro que é grande, o risco que eles sofrem ao

desempenhar seu trabalho, pois mesmo utilizando os equipamentos adequados, ainda assim o

risco de acidente é alto, por se tratar de um trabalho agressivo. Para Loures-Vale e Martinez

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(2001, p .7) “fator de risco é qualquer traço ou característica que possa predizer a

probabilidade de um indivíduo vir a manifestar determinada doença...”

O maquinário utilizado é pesado, sendo eles: cortadeira de taco, aplainadeira, lixadeira

entre outros, o qual o trabalhador fica muito exposto, e com os membros superiores muito

próximos acarrentando um alto grau de perigo para o trabalhador, mesmo com a utilização das

luvas e do óculos equipamentos indicados para a proteção do mesmo.

Melo apud Mesquita (1999) enumera as seguintes medidas de proteção de riscos como

sendo as mais importantes em relação ao trabalho: a) seleção médica e profissional; b) exames

médicos periódicos; c) rodízio ou limitação do tempo da exposição; d) limpeza: higiene

pessoal e das roupas; e) equipamento de proteção individual (EPI).

Como todos os entrevistados mencionaram um nível alto de ruído, e a pesquisadora

como observadora indireta também está ciente que, em uma madeireira é alto o nível de

ruídos, fez-se necessário o questionamento sobre o mesmo.

Ruídos – definir ruído não é tarefa fácil quanto identificá-lo ou percebê-lo. O que

permite diferenciá-lo do som é o agente perturbador, desagradável, que muitas vezes pode

variar de um indivíduo para o outro, de acordo com fatores psicológicos de tolerância que

cada um possui. Pode-se entender como todo som percebido, mas não tolerável pelo receptor.

Questionamento Relato

“Bom, o meu trabalho é desempenhado basicamente dentro do

escritório; então o grau de ruídos não é tão alto, não preciso usar

equipamento auricular, porém, o barulho que chega ao escritório

ainda é desconfortante”. (E1)

“Olha, é alto o grau de ruído. Uso o protetor auricular”. (E2)

Há ruídos? Qual o

grau de intensidade?

“Uso o auricular porque não tem como agüentar esse barulho”. (E3)

Quadro 11 – Ruídos

De acordo com Grandjean (1998) o som passa a ser percebido como ruído quando ele

é incômodo ou não é desejado. Vale ressaltar que, por mais que os entrevistados usem o

protetor auricular, quando os mesmos saem do galpão para o pátio eles acabam retirando o

protetor e muitas vezes retornam ao galpão sem os mesmos.

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O mesmo autor acrescenta que os ruídos possuem efeitos negativos que podem ser de

ordem psicológica e fisiológica. Pode gerar dificuldade de comunicação, de concentração

mental e de aprendizagem, queda de rendimento. Fisiologicamente, força o aumento da

pressão sonora da voz, estimula o sistema nervoso autônomo (eleva a pressão arterial e a

atividade do coração, a concentração dos vasos sanguíneos periféricos, diminui a atividade

dos órgãos de digestão, e aumenta a tensão muscular.

Há máquinas que possuem o som muito alto, ultrapassando 100 (decibéis), outras são

de 50 (decibéis), mas em nenhum momento elas ficam ligadas o tempo integral, funcionando

de acordo com o pedido feito. Se as mesmas fossem ligadas todas ao mesmo tempo, seria

insuportável ao ambiente.

O descanso diário recupera a surdez temporária, porém quando o descanso não é

suficiente, há um efeito cumulativo e a surdez lentamente passa de temporária para

permanente. (IIDA,1997).

Outro ponto a se destacar seria a poeira encontrada na Madeireira, conforme

questionamento a seguir.

Poeira – é uma suspensão de partículas no ar, gerada mecanicamente, constituída por

partículas sólidas formadas por ruptura mecânica de um sólido.

Permitiu-se também abranger a entrevista, argumentando sobre a poeira encontrada na

Madeireira, eis as respostas dos entrevistados:

Questionamento Relato

Sabe-s e q u e a I n d ú s t r i a

Madeireira apresenta uma

grande quantidade de poeira,

como você se protege com

relação a ela?

“Quando utilizo a serra circular começam a sair poeiras

formando “uma nuvem” edepois ficam os restos no chão, a

serragem ou então quando uso a plaina, sobra os cepilhos.

Mas, não é só na oficina, poeira tem nas pilhas de madeira

também.” (E4)

“Uso o óculos como proteção, porque a todo momento tem

resíduos de poeira. (E3)

Quadro 12 – Poeira

Saliba (2000) define poeira como partículas sólidas produzidas por rupturas mecânicas

de um sólido, seja pelo manuseio (dos equipamentos), seja em conseqüência das operações

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mecânicas a que resultam em serragens, cepilho (resíduos gerados pelas plainas no

beneficiamento da madeira). (NASCIMENTO; DUTRA e NUMAZAWA, 2006).

Os entrevistados mencionaram que a poeira é quase mais maléfica que o ruído, pois ao

respirar a poeira afeta os pulmões causando alergia e renite. Outro ponto a se observado é que

o pó misturado com o suor e o uso dos protetores auriculares formam uma massa que entope o

ouvido, tornando-se muito desconfortável e ante-higiênico.

Com a presença de tantos risco, há a necessidade de questionar se há o uso de

equipamentos de segurança para o funcionário podendo estes serem tanto coletivos como

individuais.

Equipamentos de segurança – equipamentos, podendo ser estes tanto individual

como coletivo, que visam proteger à saúde e a integridade física do trabalhador.

No processo de industr ia l ização da madeira , os t rabalhadores ut i l izam os

galpões/barracões industriais, manipulando máquinas antigas e obsoletas, não automatizadas,

fazendo com que ocorra a necessidade do uso dos Equipamentos de Segurança.

Questionamento Relato

Quais os tipos de equipamentos de

segurança usados?

“Uso os protetor auricular, óculos, botina e a luva.”

(E3)

Quadro 13 - Equipamentos de segurança

Todos os entrevistados, com exceção do E1, que não trabalha no chão de fábrica,

mencionaram usarem os equipamentos de proteção individual. O uso dos equipamentos de

proteção individuais (EPI´s) é às vezes considerado a forma mais eficiente de controle e

monitoramento dos riscos ambientais e, praticamente, a única maneira de proteger o

trabalhador contra os acidentes de trabalho. O incentivo ao uso dos EPI é uma ação que tende

a trazer bons resultados na madeireira e o uso dos mesmos, diminuem o risco de acidente de

trabalho. (SCOPINHO; FREITAS e SILVA, 1999).

Tendo em vista, há agressividade dos riscos eminentes na Madeireira, a mesma

mostra-se ser um ambiente insalubre, explica-se aos entrevistados o que significa

insalubridade e posteriormente, questiona-se sobre o mesmo.

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Insalubridade – é aquele em que o empregado trabalha com produtos ou em lugares

que possam ser prejudiciais a saúde.

Brasil (1991) afirma no Artigo nº189 da Consolidação das Leis do Trabalho que, serão

consideradas atividades insalubres aquelas que, por sua natureza, condição ou método de

trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância

fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus

efeitos.

Questionamento Relato

Seu trabalho é considerado

insalubre?

“É insa lubre , e ganhamos o adicional, já definido pelo

Sindicato”. (E3)

Quadro 14 – Insalubridade

Como mencionado pelos entrevistados, é definido pelo sindicato e todos recebem o

adicional de insalubridade de grau máximo. Tanto o pó, como o ruído tornam o serviço

insalubre. O mesmo se torna insalubre de alto grau pelo fato do ruído ser muito alto e uma

grande concentração de poeira e o ar também ser insatisfatório. Brasil (1999) acrescenta que

deve ser acrescido ao salário do trabalhador um adicional correspondente a um valor

correspondente a 10%, 20% ou 40% sobre o Salário Mínimo Nacional, para as atividades

consideradas insalubres de grau mínimo, médio e máximo, respectivamente.

A pesquisadora através de um olhar de observadora indireta pode verificar que, tendo

em vista o ambiente de trabalho e as respostas proferidas pelos entrevistados, o mesmo não é

satisfatório como relatado pelos trabalhadores analisados. Haja vista que, é um ambiente que

apresenta uma grande quantidade de riscos como mencionado anteriormente.

Porém, não são apenas as condições físicas ao qual o trabalhador está exposto que será

avaliado, outro indicador analisado é a questão social, como mencionado a seguir.

Relacionamento entre colegas – pode ser definido como o tratamento dado a outrem

independente do nível hierárquico, profissional ou social.

A convivência entre as pessoas é um fato marcante em termos do destino da vida de

cada um. O sucesso ou insucesso na formação de vínculos interpessoais é inegavelmente fonte

de alegria ou sofrimento e pode, conseqüentemente, ser um poderoso determinante dos níveis

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dos sentimentos de auto-estima de cada um. (BERGAMINI, 1982). Mas, faz-se necessário o

relacionamento com os colegas no ambiente de trabalho.

Questionamento Relato

Como é o seu relacionamento

com os colegas?

“Como a Madeireira tem poucos funcionários, o nosso

grau de relacionamento é tão estrito que acaba por nos

tornarmos como uma família”. (E1)

“Todo mundo aqui se dá muito bem”. (E4)

Quadro 15 - Relacionamento entre colegas

O quesito relacionamento com os colegas mostra-se muito bom, já que a empresa é

familiar e de pequeno porte, todos os entrevistados mencionaram a relação entre colegas

como sendo uma relação familiar. Chiavenato (2004) salienta que as pessoas não conseguem

separar seu trabalho da vida pessoal, o problema que acontece a uma pessoa vai acompanhá-la

no trabalho, prejudicando seu desempenho e também a organização. Existem pessoas que,

sozinhas, conseguem administrar seus problemas de forma a não prejudicar seu trabalho. Mas,

há também, pessoas que não conseguem separar os empecilhos da vida pessoal do trabalho.

A interação opera em dois aspectos: as relações interpessoais informais no ambiente

de trabalho e o sistema de comunicação formal, que é requerida como parte do trabalho.

Significa as oportunidades e as demandas que se apresentam nos contato profissional, formal

e informal, durante o horário de trabalho.

Para isso, deve haver apoio da organização e dos gerentes dela, para que o trabalhador

sinta-se mais motivado para o trabalho.

Outro ponto importante é o tempo livre ou lazer que a empresa proporciona aos

trabalhadores.

Lazer – atividades que os indivíduos podem fazer por livre vontade e as quais sentem

prazer por fazê-las.

Rugiski e Pilatti (2004) afirmam que o lazer faz oposição às rotinas da vida social,

entre às quais são encontradas as ocupações profissionais. Uma das funções do lazer se torna

evidente: o papel que as reações emocionais representam, por desempenhar funções de quebra

da rotina, gerando assim uma excitação agradável. Desta forma, a pesquisadora portou-se de

questionar como é o olhar do lazer pelos entrevistados na Madeireira Brisa do Mar.

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Questionamento Relato

Que tipos de lazer a empresa

oferece?

“Olha, não temos lazer não. Só as pausas e a Madeireira

dá duas refeições café da manha e café da tarde”. (E1)

Quadro 16 – Lazer

Todos os entrevistados afirmaram que não tem nenhum tipo de lazer dentro da

empresa. A empresa por ser de pequeno porte e com poucos funcionários não vê como uma

premissa agregar programas de lazer dentro da organização. Esta prefere que o lazer seja

desempenhado conforme o funcionário preferir, até porque a mesma percebe o lazer como o

desligamento do funcionário com a organização e onde o mesmo se vê livre. A introdução de

pausas no trabalho adiam o surgimento das manifestações da fadiga e a queda da produção

como conseqüência da fadiga, é reduzida. (GRANDJEAN, 1998).

Alguns bens materiais (em seu sentido genérico, que incluem as artes, a diversão e o lazer) e o seu consumo são indispensáveis para atender às necessidades humanas, visto que, sem eles, o desgaste físico ao qual estamos sujeitos em nosso cotidiano, oriundo de uma maior carga de trabalho, reduziria a nossa qualidade de vida. Sem mencionar o fato de que estaríamos sendo privados do prazer proporcionados por eles. (MOREIRA, 2000, p.32).

Além das condições físicas e sociais a qual o funcionário foi avaliado, buscou-se

também a percepção dos entrevistados com relação ao estreitamento de laços de chefe e

empregado. Com isso, fez-se o questionamento com relação a segurança que a empresa passa

aos funcionários, tendo como resultado os questionamentos e relatos a seguir.

Sentimento de segurança – é a confiança que a empresa passa com relação a

permanência no emprego.

O trabalho organizacional é vital e pode ser visto como parte inseparável da vida

humana. E a QVT influencia ou é influenciada por vários aspectos da vida fora do trabalho.

Logo se faz necessário uma análise da vida do trabalhador fora do meio organizacional, para

que Handy (apud RODRIGUES, 1994, p.93)

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Questionamento Relato

Você se sente seguro em

relação ao seu trabalho?

“Eu já trabalho há 6 anos na empresa. Não tenho insegurança

com relação ao meu emprego.” (E1)

“Trabalho há bastante tempo na Madeireira Acredito no trabalho

que eu faço e não tenho medo de ser demitido, pois acho que não

serei (risos).” (E3)

Quadro 17 - Sentimento de segurança

Cem por cento dos entrevistados afirmam que tem segurança com relação ao seu

emprego. Ruschel (1993, p. 96) esclarece que:

é recomendável que seja entendido tanto pelos empregados como pelas empresas que à segurança no emprego deve estar intimamente relacionada do desempenho no trabalho. Na medida em que o funcionário tiver consciência de que através de um bom desempenho na função, não haverá demissão, conseqüentemente, abstém-se uma maior qualidade de vida no trabalho.

Milkovich (2000, p.275) a dispensa de funcionários por uma empresa é uma ação

extrema. Ainda de acordo com o autor, seja por questões pessoais de alguns empregados ou

por necessidade de cortes de pessoal, os empresários devem evitá-la. Entretanto, as dispensas

são um fato da vida organizacional, e os administradores precisam saber gerenciá-las

eficazmente. Como mencionado na entrevista, os trabalhadores não tem insegurança quanto

ao seu emprego, já que os mesmos estão há algum tempo na Madeireira.

Os entrevistados se sentem seguros, tendo em vista que é difícil encontrar pessoas para

desempenhar o trabalho braçal, principalmente hoje em dia. E à medida que elas vão

trabalhando, os próprios trabalhadores vão se adaptando em suas funções, a não ser que seja

um regulador de máquinas.

Além do sentimento de segurança, um fator importante a ser questionado é a relação

dos entrevistados com o sindicato.

Sindicato – associação de pessoas pertencentes à mesma classe ou grupo profissional

que visa a defesa pelos seus interesses profissionais e financeiros.

Ferrari (2005) define sindicato como sendo uma espécie de associação. Pode ser

compreendida como sendo uma associação l ivre de empregados, empregadores ou

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trabalhadores autônomos para a defesa dos interesses profissionais respectivos. Enunciando,

apenas, a situação profissional dos indivíduos e o fim de defesa dos seus interesses.

Questionamento Relato

Qual a sua relação com o sindicato? Participa?“Faço parte do sindicato sim”. (E2)

“Participo”. (E4)

Quadro 18 – Sindicato

Lambert, et al (2007, p.280) salienta que a indústria de transformação da madeira é

uma atividade considerada insalubre, uma vez que os ambientes de trabalho apresentam altos

ruídos e condições de ar insatisfatório (pó de madeira), o que obriga os trabalhadores a

utilizarem protetor auricular e máscara. Com isso, mostra a necessidade do trabalhar

participar do sindicato para que seus interesses sejam atendidos.

Rotatividade – mudança do trabalhador de função.

A necessidade das organizações em estabelecer relacionamentos de longo prazo com

seus colaboradores faz com que sejam implantadas ações para minimizar a rotatividade de

pessoal ou turnover. (ANDRADE e NICOLETI, 2008).

Questionamento Relato

Há um alto grau de rotatividade na

empresa?

“Não tem muita rotatividade. Os funcionários são de

casa, já possuem alguns anos de casa.” (E1)

Quadro 19 – Rotatividade

O entendimento do mencionado pelos entrevistados a respeito da rotatividade, fez-se

entender que não há uma grande rotatividade na organização. Visto que os trabalhadores

mencionaram estar a bastante tempo na mesma. E o que mais leva à permanência do

trabalhador na organização é o horário de trabalho e a gratificação, conforme mencionado nas

entrevistas.

O índice de rotatividade também acompanha o índice de absenteísmo, e faz-se o

questionamento sobre o mesmo, conforme o quadro a seguir.

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Absenteísmo – é a falta ou ausência do trabalhador no processo de trabalho, seja por

falta ou atraso, ou devido a algum motivo interveniente.

Refere-se a atrasos, faltas e saídas antecipadas no trabalho, de maneira justificada ou

injustificada. Há uma necessidade de analisar cuidadosamente cada atraso, faltas ou saídas

durante o expediente de trabalho, pois quando somadas, certamente dará uma diferença de

jornada de trabalho no mês.

Questionamento Relato

Qual a sua incidência de falto no seu

trabalho?

“Só falto quando estou doente mesmo, não costumo

faltar.” (E4)

Quadro 20 – Absenteísmo

Com análise nas entrevistas, os funcionários só faltam em casos justificáveis, a

empresa visa contratar trabalhadores residentes próximo a localização da mesma, visto que o

gestor vê, com isso, um menor índice de absenteísmo.

A maioria dos entrevistados respondeu que não costumam faltar sem causa justa e por

causa do incentivo da empresa em dar recompensas para quem não faltar.

Se atrela a isso também o fator de relacionamento com a chefia além do apoio do

mesmo. Sendo assim, a pesquisadora faz o questionamento com base nesse indicador, como

mencionado a seguir.

Apoio dos superiores – confiança dos superiores em relação aos seus funcionários.

O comportamento real das pessoas corresponde àquilo que eles acreditam que seja esperado delas e como consequência disso o papel representado e o papel subjetivo se correspondem. O jogo do papel da liderança parece estar muito ligado às expectativas dos subordinados e à habilidade do líder em perceber corretamente aquilo que é esperado dele, sendo-lhe possível, dessa forma, desempenhar com maior eficiência sua função à medida que consiga representar o papel prescrito por aquele grupo, naquele dado momento. (BERGAMINI, 1982, p.103)

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Questionamento Relato

Que apoio é oferecido dos

supervisores com relação

ao trabalho?

“Eu gosto de trabalhar com o Nino. Ele sempre me apoiou,

incentivou para eu comprar minha casa, pagar meu carro. Ele

sempre quer me ver crescer profissionalmente e como pessoa

também”. (E1)

“O Nino é um excelente patrão. Ele fez eu comprar uma

casinha que hoje agradeço por ter comprado, um carro pra não

ter que ficar dependendo de ônibus”. (E3)

Quadro 21 – Apoio dos superiores

Os entrevistados mencionam ter um bom relacionamento com o superior. Padilha e

Souza (1999) reforçam a idéia de que, quando as relações de trabalho tornam-se mais

respeitosas quando se prestigia o potencial de cada um, quando ocorre uma relação de

conf iança no ambiente de t rabalho, as poss ibi l idades de sucesso são maiores e

consequentemente, a QVT.

Seguindo a mesma linha Moscorini (2001) cita que a capacidade de cultivar amizades

e manter relacionamentos, as habilidades interpessoais para viver e trabalhar em grupo

precisam ser desenvolvidas para criar um convívio harmonioso e sadio.

Por último, Vergara (2000, p.167) complementa:

A comunicação é a base do trabalho em equipe. Pensamentos e sentimentos precisam ser explicitados, numa comunicação franca e aberta e em clima de respeito mútuo. Problemas precisam vir à tona e ser resolvidos. (...) As informações precisam fluir, porque esse fluxo não só alimenta o processo de comunicação como também afasta as pessoas da alienação, inimiga do engajamento.

O apoio dos superiores também da autonomia para os funcionários, como mencionado

a seguir, conforme percebido pela pesquisadora através da observação indireta.

Autonomia – um trabalhador com autonomia é alguém que decide e determina, ele

mesmo, as decisões perante a sua função.

Capacidade de fazer as coisas independentemente, por si só.

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Questionamento Relato

Você t em au tonomia no

trabalho?

“Aqui cada um tem autonomia para desempenhar seu

trabalho. A empresa é pequena então todos se ajudam”. (E1)

Quadro 22 – Autonomia

A pesquisadora percebeu com base nas entrevistas, que os funcionários têm autonomia

para desempenhar seu trabalho. Pois os mesmos entram com a função de serviços gerais, e os

mesmos que vão moldando e se adaptando ao trabalho que mais lhe agradar. A autonomia

preconizada significa se “virar” sozinho quando o trabalho prescrito não é capaz de responder

à complexidade do trabalho real. (SENFIELD, 2004).

A autonomia, porém desenvolve muitas vezes, um sentimento de injustiça em alguns

funcionários, por isso, a pesquisadora fez menção em questionar sobre a equidade na

Madeireira.

Equidade – reconhecimento de igualdade o direito de cada um, pode ser definido

também, como igualdade entre os funcionários.

A pesquisadora viu a necessidade de questionar sobre o tratamento de justiça, ou a

equidade para os entrevistados, conforme relato no quando a seguir:

Questionamento Relato

Existe tratamento de justiça? Ou você acha que

alguns têm mais “regalias” que os outros?“Não acho que exista diferença não.” (E3)

Quadro 23 – Equidade

Os entrevistados acreditam que possuem um tratamento de equidade, e que segundo

Fernandes (1996) a não discriminação visa à satisfação do trabalhador em relação às

igualdades de oportunidades e de discriminação à raça, sexo, credo, origens, estilo de vida e

aparência.

Schmidt (2004) cita que a autonomia permite que um trabalhador controle tanto o

conteúdo como os termos da situação de trabalho. Definida por Stamps (1997) como o grau

de independência, iniciativa e liberdade relacionadas ao trabalho, permitidas ou necessárias

nas tarefas diárias.

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Para uma melhor autonomia, é importante que os superiores sempre dêem um

feedback para os funcionários.

Feedback – retorno dado a outrem em relação a determinada ação

Outro questionamento foi com relação ao feedback de desempenho.

Questionamento Relato

Existe feedback por parte dos

superiores?

“Acho que existe sim, temos reuniões quinzenais onde é

exposto o rendimento do pessoal e o nosso chefe

demonstra satisfação”. (E2)

Quadro 24 – Feedback

Percebe-se que há sim, feedback por parte dos superiores e que todos os trabalhadores

estão engajados no processo do trabalho. O superior reúne quinzenalmente os trabalhadores

para conscientizá-los do que produziram e o que deixaram de produzir e o que poderá ser feito

para melhorar. Abbud (1998) refere-se ao feedback como um parâmetro para o funcionário

checar seu desempenho, e ele se faz necessário por dois motivos: para andar no caminho certo

ou corrigir falhas e para não ser surpreendido, da noite para o dia, como uma demissão

inesperada.

Além do feedback, os superiores precisam sempre dar suporte aos funcionários,

principalmente no que se refere a treinamentos.

Treinamento – pode ser entendido como a educação profissional que adapta o homem

para determinado cargo ou função.

O penúltimo indicador visava o treinamento, se existe treinamento para desempenhar o

trabalho, segue o que foi relatado:

Questionamento Relato

H á t r e i n a m e n t o p a r a o

desenvolvimento das tarefas?

“Só existe treinamento quando há contratação de novos

funcionários. Então tem treinamento de 15 dias.” falta

identificação

Quadro 25 - Treinamento

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Conforme observação da pesquisadora f az -se necessário um maior treinamento

principalmente para a utilização dos equipamentos de segurança. Treinar o ato intencional de

fornecer os meios para proporcionar a aprendizagem, é educar , ensinar , é mudar o

comportamento, é fazer com que as pessoas adquiram novos conhecimentos, novas

habilidades, é ensiná-las a mudar de atitudes. Treinar no sentido mais profundo é ensinar a

pensar, a criar e a aprender a aprender. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TREINAMENTO

E DESENVOLVIMENTO, 1994).

Outro indicador importante para avaliação é o crescimento na empresa, pois é um fator

chave para a avaliação da qualidade, visto que o crescimento profissional é de suma

importância.

Crescimento na empresa – é a valorização que o chefe demonstra ao funcionário,

podendo este almejar a níveis mais altos na organização.

Questionamento Relato

Você sente que poderá crescer

na empresa?

“Aqui todo mundo sabe fazer de tudo dentro do galpão,

então não tem como crescer. Só se for pra trabalhar junto

com o Tomas.” (E4)

“É até da pra crescer. Trabalhar no escritório tirando

notas e pedidos.” (E2)

Quadro 26 - Crescimento na empresa

Nota-se que há uma divergência entre o que os entrevistadores acham sobre o

crescimento na empresa. Mas, a pesquisadora como observadora indireta, constatou que o

empregado pode passar da categoria de ajudante para motorista. Bem como, no pátio da

madeireira, ele pode passar de ajudante para classificador de madeira ou ajudante de operador

de máquina para operador.

Em suma, constatou-se que a QVT na Madeireira Brisa do Mar é satisfatória. Inclusive

por não se tratar de um trabalho muito agradável, sendo um trabalho rude e que causa

desconforto, os funcionários relataram que gostam do trabalho e da convivência nele. Para os

entrevistados o trabalho não é apenas uma forma de ganhar o seu sustento, e sim uma maneira

de desenvolver seus conhecimentos na área de serviços gerais de uma madeireira e de

conviver harmoniosamente com os colegas de trabalho.

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Sendo assim, observa-se que por mais operacional que o trabalho seja, ele pode

propiciar a satisfação do trabalhador, tendo em vista não apenas o trabalho em si, mais a

qualidade de vida no trabalho, como percebida na Madeireira, onde o ambiente de trabalho

não é agradável e apresenta riscos, porém a Qualidade de Vida no Trabalho não é apenas

referente ao ambiente laboral em si, mais como um conjunto de fatores e pela análise das

entrevistas é visto que os trabalhadores da Madeireira Brisa do Mar estão satisfeitos com a

mesma.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Qualidade de vida e a busca para melhorar essa qualidade de vida é uma procura

incessante do ser humano. Há uma necessidade de querer viver-se bem, de tentar superar as

condições adversas e a qualidade de vida está intimamente ligada ao bem-estar, a esse

sentimento de felicidade bem como o serviço e os bens materiais indispensáveis para o ser

humano. Com base na pesquisa, e com os resultados apresentados nas entrevistas, pode-se

pautar que para os entrevistados a qualidade de vida dos mesmos é satisfatória. Por não haver,

no momento da entrevista, quase nenhuma insatisfação com relação ao ambiente de trabalho,

a segurança que a empresa passa ao funcionário, bem como o relacionamento com os

superiores e o desenvolvimento profissional.

Na investigação em relação a estabilidade no emprego, os dados mostraram que os

trabalhadores se sentem seguros, e a empresa adota todas as medidas legais para que os

mesmos possam trabalhar de maneira tranqüila. Percebe-se que não há uma grande

rotatividade, outro ponto favorável para o sentimento que os funcionários tem de segurança

no emprego. Com relação ao sentimento de segurança, o que se exprime é a garantia que o

trabalhador tem que realizando um bom trabalho não será demitido de uma hora para outra.

O relacionamento chefe/subordinado também foi avaliado pelos entrevistados se afeta

a qualidade de vida no trabalho dos mesmos, os dados analisados, mostraram que o bom

relacionamento entre chefe e subordinado torna a qualidade de vida melhor, por se sentirem

bem, viver em harmonia e ter incentivo da chefia para uma qualidade de vida melhor. Os

entrevistados mencionaram ter autonomia dentro da empresa, bem como tratamento de

equidade e apoio dos superiores tanto em questões relacionadas ao próprio trabalho como

questões pessoais.

As possibilidades de desenvolvimento profissional dos trabalhadores na Madeireira

Brisa do Mar não são muitas. Mesmo assim, os entrevistados mencionaram se sentir bem, pois

estão sendo bem remunerados. Porém não há treinamentos na empresa. Quanto a questão de

promoção não ficou muito concreto que ocorra na organização, mesmo que mencionados por

alguns entrevistados.

E a última subcategoria analisada foi as condições físicas, verificou-se que o ambiente

de trabalho dos funcionários da Madeireira Brisa do Mar é de grandes riscos, por mais que se

utilize os equipamentos de segurança. Tendo em vista um ambiente de insalubridade, os

trabalhadores recebem um adicional de insalubridade. Com relação as condições sociais o que

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mais contribui para o relacionamento interpessoal são as amizades e os elos que se criam

dentro da organização.

Pode-se notar que a qualidade de vida de um trabalhador, não está atrelado apenas aos

aspectos condicionais, mas também pelo ambiente de trabalho e as condições motivacionais

que este lhe oferece. Tudo isso, conciliado as condições de vida fora da empresa,

relacionamento com a família, lazer.

Como sugestões para futuras pesquisas com base na atividade do ramo Madeireiro,

seria interessante verificar de que forma ela influencia ou atinge a comunidade local e

também um estudo sobre a responsabilidade ambiental.

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APÊNDICE

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Questionário

1) O que você entende por qualidade de vida?

2) Como é o ambiente de trabalho?

3) Quais os riscos mais enfrentados na atividade que você desenvolve?

4) Há ruídos? Qual o grau de intensidade?

5) Quais os tipos de equipamentos de seguranças usados?

6) O que é trabalho insalubre?

7) Como é seu relacionamento com os colegas?

8) Que tipos de lazer a empresa oferece?

9) Você se sente seguro com relação ao seu trabalho?

10) Qual a sua relação com o sindicato? Participa?

11) Há um alto grau de rotatividade na empresa?

12) Qual sua incidência de falto ao seu trabalho?

13) Que apoio é oferecido dos supervisores com relação ao trabalho?

14) Você tem autonomia no trabalho?

15) Existe tratamento de justiça? Ou você acha que alguns tem mais regalias que os outros?

16) Existe feedback por parte dos superiores?

17) Há treinamento para o desenvolvimento das tarefas?

18) Você sente que poderá crescer na empresa?