124
0 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ FERNANDA CRISTINA STENGER DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE METODOLOGIA ANALÍTICA POR CLAE INDICATIVA DE ESTABILIDADE DO CLORIDRATO DE METFORMINA EM COMPRIMIDOS E ESTUDO DE CITOTOXICIDADE DOS PRODUTOS DE DEGRADAÇÃO Itajaí 2011

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

  • Upload
    dohanh

  • View
    218

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

0

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

FERNANDA CRISTINA STENGER

DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE METODOLOGIA

ANALÍTICA POR CLAE INDICATIVA DE ESTABILIDADE DO

CLORIDRATO DE METFORMINA EM COMPRIMIDOS E

ESTUDO DE CITOTOXICIDADE DOS PRODUTOS DE

DEGRADAÇÃO

Itajaí

2011

Page 2: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

1

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E

SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS

FERNANDA CRISTINA STENGER

DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE METODOLOGIA

ANALÍTICA POR CLAE INDICATIVA DE ESTABILIDADE DO

CLORIDRATO DE METFORMINA EM COMPRIMIDOS E

ESTUDO DE CITOTOXICIDADE DOS PRODUTOS DE

DEGRADAÇÃO

Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Orientadora: Profa. Dra. Tania Mari Bellé Bresolin Co-Orientador: Prof. Dr. Rogério Corrêa

Itajaí, Fevereiro de 2011

Page 3: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

2

DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE METODOLOGIA ANALÍTICA POR CLAE INDICATIVA DE ESTABILIDADE DO

CLORIDRATO DE METFORMINA EM COMPRIMIDOS E ESTUDO DE CITOTOXICIDADE DOS PRODUTOS DE

DEGRADAÇÃO FERNANDA CRISTINA STENGER

‘Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Ciências Farmacêuticas, Área de Concentração Produtos Naturais e Substâncias Bioativas e aprovada em sua forma final pelo Programa de Mestrado em Ciências Farmacêuticas da Universidade do Vale do Itajaí.’

____________________________________ Tania Mari Bellé Bresolin, Dra.

Orientador

__________________________________________________________ Tania Mari Bellé Bresolin, Dra.

Coordenador do Programa Mestrado em Ciências Farmacêuticas Apresentado perante a Banca Examinadora composta pelos Professores:

______________________________________

Profa. Dra. Tania Mari Bellé Bresolin (UNIVALI) Presidente

______________________________________

Prof. Dr. Rogério Corrêa (UNIVALI) Co-orientador

______________________________________

Prof. Dr. Rivaldo Niero (UNIVALI) Membro

______________________________________

Profa. Dra. Simone Gonçalves Cardoso (UFSC) Membro

Itajaí (SC), 28 de fevereiro de 2011

Page 4: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

3

AGRADECIMENTOS

Agradecimento especial aos meus pais Ediles Vedana Stenger e Nilton

Moraes Stenger , por todo apoio financeiro e emocional, a meus irmãos Marina

Stenger e Felipe Stenger , ao amigo e namorado Rafael N. Moura por todo apoio

emocional.

Aos meus professores, Tania Mari Bellé Bresolin, pela orientação, toda

ajuda e tempo incansavelmente dedicados, e Prof. Rogério Corrêa pela co-

orientação e auxilio prestado.

Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

trabalho, ao Prof. Rilton Alves de Freitas por toda ajuda nos ensaios celulares e

pela grande contribuição. Ao Prof. Theodoro Wagner pelas análises de GC-MS

realizadas. Ao Prof. Clóvis Antonio Rodrigues pelo incentivo e colaboração.

À farmacêutica do LAPAM, Luciana Cátia Block , por todo tempo dedicado a

ensinar e auxilio prestados nas análises, à auxiliar Eliziane Ribas pela colaboração

nas análises por CLAE e também à colega Talita G. Cesca pelo auxilio.

À auxiliar de laboratório Sheila Linsmeyer pelo auxilio prestado nas análises

de citotoxicidade e a Bruna Fenner pelo auxílio no laboratório de síntese orgânica.

Ao auxiliar de laboratório Pedro Araldi de Mattos da central analítica, pelo

auxilio nas análises por CLAE e ao Pedro Pablo Perez Netto da Central de RMN,

pelas análises realizadas.

Às minhas amigas, Agda Nascimento , Thais Tomio , Elisa Muller e

Jaqueline Góes pelo companheirismo e apoio nesta caminhada.

Às minhas colegas da Farmácia Marcelli Henriques, Beatris Kuffel e

Daiane P. de Oliveira por todo apoio e incentivo.

Page 5: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

4

DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE METODOLOGIA ANALÍTIC A

POR CLAE INDICATIVA DE ESTABILIDADE DO CLORIDRATO D E

METFORMINA EM COMPRIMIDOS E ESTUDO DE CITOTOXICIDADE

DOS PRODUTOS DE DEGRADAÇÃO

FERNANDA CRISTINA STENGER

Fevereiro de 2011

Orientadora: Profa. Dra. Tania Mari Bellé Bresolin Co-orientador: Prof. Dr. Rogério Corrêa Área de Concentração: Produtos naturais e substâncias sintéticas bioativas. Número de páginas: 123

O cloridrato de metformina é um dos fármacos mais amplamente utilizados no tratamento do diabetes, fazendo parte da Relação Nacional de Medicamentos (RENAME). O perfil de degradação do fármaco nas especialidades farmacêuticas pode apresentar diferença e não existem informações disponíveis sobre o grau de toxicidade dos produtos de degradação. Portanto, o objetivo deste trabalho foi desenvolver e validar métodos de doseamento do cloridrato de metformina por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) verificando se as metodologias são indicativas da estabilidade do fármaco, a fim de comparar o perfil de degradação do fármaco isolado e em comprimidos (medicamento de referência, similar e genérico) e qualificar os produtos de degradação analisando a citotoxicidade. Um método farmacopeico (BRITISH PHARMACOPEIA, 2008) foi adaptado com modificação na composição da fase móvel e, após testes de degradação forçada empregando hidrólise ácida (HCl 1M, 6 h em refluxo), alcalina (NaOH 0,1 M, 24 h), neutra (39 h refluxo), oxidante (H2O2 32 %, 48 h) e fotolítica (254 nm, 3,5 h de exposição) a fim de proporcionar ao menos 10 % de degradação. O método alternativo utilizando par iônico foi desenvolvido com coluna C18, fase móvel composta de heptanosulfonato de sódio 10 mM, pH 3,0:acetonitrila:metanol (75:8:17), fluxo de 1 mL/min, 30°C e detecção em 210 nm, o qual foi validado de acordo com a ANVISA. Observou-se, o aparecimento de produtos de degradação do cloridrato de metformina com boa resolução cromatográfica em ambos os métodos, mostrando serem seletivos e indicativos da estabilidade do fármaco. O método de par iônico foi validado com sucesso, apresentando linearidade na faixa de 5 - 50 µg/mL, com boa precisão (CV < 3,0% intra-dia e interdias), exatidão (recuperação de 100 ± 2,0%) sensibilidade (LD e LQ de 1,47 e 4,90 µg/mL, respectivamente) e robusto frente a pequenas variações de temperatura (29-31°C). Os medicamentos genéricos , similar e de referência apresentaram perfil de degradação semelhante entre si, porém, com menor intensidade do que o fármaco isolado. No estudo de citotoxicidade do fármaco degradado nas diferentes condições selecionadas, empregando células L929, não foi observada citoxicidade, tampouco das especialidades farmacêuticas degradadas por hidrólise ácida. Palavras – chave: Cloridrato de metformina, CLAE, Validação analítica, Produtos de degradação, citotoxicidade.

Page 6: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

5

DEVELOPMENT AND ANALYTICAL VALIDATION OF HPLC

STABILITY INDICATING METHODS FOR METFORMIN

HYDROCHLORIDE IN TABLETS AND CYTOTOXICITY OF THEIR

DEGRADATION PRODUCTS

FERNANDA CRISTINA STENGER

February 2011 Supervisor: Professor. Dr. Tania Mari Bellé Bresolin Co-supervisor: Prof. Dr. Rogério Corrêa Area of Concentration: Natural and synthetic bioactive substances. Number of pages: 123

Metformin hydrochloride is one of the most widely used drugs for the treatment of diabetes, and is part of the National List of Pharmaceuticals (RENAME). The drug degradation profile in pharmaceuticals may be different, and there is no information available on the degree of toxicity of all their degradation products. Therefore, the objective of this work was to develop and validate methods for determining metformin hydrochloride by high performance liquid chromatography (HPLC), verifying whether the methods are indicative of drug stability, in order to compare the degradation profile of the isolated drug and the tablet form (reference, generic and similar) and qualify the degradation products by analyzing their cytotoxicity. The pharmacopeial method was adapted with changes in mobile phase composition, following forced drug degradation tests using acid (1 M HCl, 6 h reflux), alkali (0.1 M NaOH, 24 h) neutral (39 h reflux), oxidant (32 % H2O2 48 h) and photolytic (254 nm, 3.5 h of exposure) hydrolysis to provide at least 10% of drug degradation. An alternative method was developed using ion pair with C18 column, mobile phase containing 10 mM sodium heptanosulfonato, pH 3.0: acetonitrile: methanol (75:8:17), flow 1 mL/min, 30°C and detection at 210 nm, which was val idated according to ANVISA. Various degradation products of metformin hydrochloride were observed, with good chromatographic resolution for both methods, showing that they are selective, and indicative of drug stability. The ion pair method was successfully validated, showing linearity in the range 50 to 50 µg/mL with good precision (CV < 3.0% intra-day and interday), accuracy (recovery 100 ± 2.0 %) sensitivity (LD and LQ of 1.47 and 4.9 mg/mL, respectively) and robustness to small variations in temperature (29 - 31 °C). The degradation profile of the reference, generic and similar medicines were very similar to each other, but with less intensity than the drug alone. In the study of cytotoxicity of the degraded drug, under different forced conditions, using L929 cells, no cytotoxicity was observed, and the same was true for the medicines degraded by acid hydrolysis. Key words: Metformin hydrochloride, HPLC, Analytical validation, degradation products, cytotoxicity

Page 7: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma para realização de estudos de estresse para

degradação em condições oxidativas (BRASIL, 2009)......................................

31

Figura 2 - Fluxograma para realização de estudos de estresse para

degradação em condições neutras (BRASIL, 2009)..........................................

32

Figura 3 - Fluxograma para realização de estudos de estresse para

degradação em condições ácidas ou alcalinas (BRASIL, 2009)........................

32

Figura 4 - Figura esquemática do processo envolvendo agente formador de

pareamento iônico de característica aniônica e amostra ionizada catiônica em

CLAE..................................................................................................................

37

Figura 5 – Estrutura molecular do Cloridrato de metformina............................. 47

Figura 6 - Estrutura molecular das impurezas especificadas do Cloridrato de

metformina..........................................................................................................

49

Figura 7 – Cromatogramas relativos ao ensaio de doseamento: (a) cloridrato

de metformina 25 µg/mL (b) mistura de cloridrato de metformina,

cianoguanidina e melamina, em 25 µg/mL empregando coluna Luna SCX ®,

tampão fosfato de potássio 150 mM pH 3,0:metanol 95:05, fluxo de 1 mL/min,

a 30 °C, com detecção em 218 nm.................... ................................................

73

Figura 8 - Cromatograma de Análise de degradação do fármaco a 25 µg/mL

em água: (a) cloridrato de metformina 20 µg/mL; (b) degradação ácida; (c)

degradação básica; (d) degradação neutra, (e) degradação oxidativa e (f)

degradação por fotólise. Condições cromatográficas conforme Figura 7..........

75

Figura 9 – Cromatograma de degradação do Glifage ®: (a) amostra sem

degradação, (b) degradação ácida, (c) básica, (d) neutra, (e) oxidativa e (f)

fotólise. Condições cromatográficas conforme Figura 7.....................................

80

Figura 10 – Cromatogramas de degradação do Glucoformin ®: (a) amostra

sem degradação, (b) degradação ácida, (c) básica, (d) neutra, (e) oxidativa e

(f) fotólise. Condições cromatográficas conforme Figura 7................................

82

Figura 11 – Cromatogramas de degradação do Genérico ®: (a) amostra sem

degradação, (b) degradação ácida, (c) básica, (d) neutra, (e) oxidativa e (f)

fotólise. Condições cromatográficas conforme Figura 7.....................................

83

Page 8: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

7

Figura 12 – Desenho esquemático das placas de CCD utilizando: fase móvel

CH3Cl:MeOH:Ac. Acético nas proporções: (a) 63,63:31,80:5,45; (b)

50:42,5:75; (c) 64,81:32,40:2,77. M = metformina padrão; D = diciandiamida;

Me = melamina; A = amostra degradada por hidrólise ácida;N = amostra

degradada por hidrólise neutra; O = amostra degradada por oxidação.............

86

Figura 13 – Desenho esquemático das placas de cromatografia em camada

delgada da amostra ácida utilizando como fase móvel (a) CH3Cl:MeOH:Ac.

Acético 63,63:31,80:5,45 (b) CH3Cl:MeOH:Ac. Acético 50:50 (c)

diclorometano:MeOH 50:50 e revelador ninhidrina 5%......................................

87

Figura 14 – (a) Desenho representativo da CCP do cloridrato de metformina

degradado em meio ácido; (b) desenho representativo da recromatografia em

CCD das bandas encontradas em (a) usando fase móvel

diclorometano:metanol 50:50 e revelador ninhidrina 5%....................................

88

Figura 15 – Desenho representativo da CCD obtida com as frações eluídas

da coluna flash na qual foi aplicada a fração 5. Fase móvel

Diclorometano:metanol 50:50, revelador ninhidrina 5%.....................................

88

Figura 16 – Espectro de RMN1 da fração 6 da CCP......................................... 89

Figura 17 - Espectro de RMN1 da subfração 3 da fração 5 da CCP................ 90

Figura 18 – Desenho representativo da CCD obtida com a fração 6 eluída da

CCP, solvente hex:act etila 30:70, reveladas em câmara UV, 254nm...............

91

Figura 19 - Cromatogramas da amostra Glifage® a 20 µg/mL após

degradação ácida, detecção em 204 nm, a 30°C , 1 mL/min, fase móvel

composta de heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0 (A), como agente de

pareamento iônico, com acetonitrila (B) e metanol (C): a) A:B:C (75:05:20) b)

A:B:C (75:10:15); c) A:B:C (75:15:10)................................................................

93

Figura 20 - Cromatogramas da amostra Glifage® a 20 µg/mL após

degradação ácida, detecção em 204 nm, a 35°C , 1 mL/min, fase móvel

composta de heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0 (A), como agente de

pareamento iônico, com acetonitrila (B) e metanol (C): a) A:B:C (75:05:20) b)

A:B:C (75:10:15); c) A:B:C (75:15:10)................................................................

94

Figura 21 - Cromatogramas da amostra Glifage® a 20 µg/mL após

degradação ácida, detecção em 204 nm, a 40°C , 1 mL/min, fase móvel

Page 9: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

8

composta de heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0 (A), como agente de

pareamento iônico, com acetonitrila (B) e metanol (C): a) A:B:C (75:05:20) b)

A:B:C (75:10:15); c) A:B:C (75:15:10)................................................................

95

Figura 22 – Cromatograma da amostra Glifage® após degradação ácida (20

µg/mL) na fase móvel heptanossulfonato de sódio 10 mM pH

3,0:acetonitrila:metanol (75:10:15 v/v), 1 mL/min fluxo e 30 ºC temperatura,

detecção em 210 nm, coluna C18 (Luna®, Phenomenex), no cromatógrafo

Water..................................................................................................................

97

Figura 23 – Cromatograma da amostra Glifage® após degradação ácida (20

µg/mL) na fase móvel heptanossulfonato de sódio 10 mM pH

3,0:acetonitrila:metanol (75:10:15 v/v), 0,8 mL/min fluxo e 30 ºC temperatura,

detecção em 210 nm, coluna C18 (Luna®, Phenomenex), no cromatógrafo

Waters................................................................................................................

97

Figura 24 – Cromatograma da amostra Glifage® após degradação ácida (20

µg/mL) na fase móvel heptanossulfonato de sódio 10 mM pH

3,0:acetonitrila:metanol (75:8:17 v/v ), 1 mL/min fluxo e 30º C temperatura,

detecção em 210 nm, coluna C18 (Luna®, Phenomenex), no cromatógrafo

Waters................................................................................................................

98

Figura 25 – Cromatogramas de análise diciandiamida (Di), melamina (Me) e

cloridrato de metformina (CM) (20 µg/mL) nas condições cromatográficas

citadas na Figura 24.............................................................................................

99

Figura 26 - Cromatogramas de análise do Cloridrato de metformina e das

especialidades farmacêuticas submetidas a hidólise ácida (HCl 1 M 6 h

refluxo), a 25 µg/mL: (a) Cloridrato de metformina (cromatógrafo Shimadzu);

(b) Glifage®, (c) Glucoformin®, (d) Genérico, nas condições cromatográficas

citadas na Figura 18, no cromatógrafo Waters...................................................

100

Figura 27 - Cromatogramas de análise do Cloridrato de metformina e das

especialidades farmacêuticas submetidas a hidólise básica (NaOH 0,1 M 24

h T.A.), a 25 µg/mL: (a) Cloridrato de metformina; (b) Glifage®, (c)

Glucoformin®, (d) Genérico, nas condições cromatográficas citadas na Figura

24, no cromatógrafo Waters...............................................................................

101

Figura 28 - Cromatogramas de análise das especialidades farmacêuticas

submetidas a hidólise neutra (39 h refluxo), a 25 µg/mL: (a) Glifage®, (b)

Page 10: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

9

Glucoformin®, (c) Genérico, nas condições cromatográficas citadas na Figura

24, no cromatógrafo Waters...............................................................................

102

Figura 29 - Cromatogramas de análise do Cloridrato de metformina e das

especialidades farmacêuticas submetidos a oxidação (H2O2 48 h T. A.), a 25

µg/mL: (a) Cloridrato de metformina; (b) Glifage®, (c) Glucoformin®, (d)

Genérico,nas condições cromatográficas citadas na Figura 24, no

cromatógrafo Waters..........................................................................................

103

Figura 30 - Cromatogramas de análise da comprimidos submetidos à

Fotólise (3,5 h exposição a luz UV), a 25 µg/mL: (a) Glifage®, (b)

Glucoformin®, (d) Genérico, nas condições cromatográficas citadas na Figura

24, no cromatógrafo Waters............................................................................... 104

Figura 31 - Gráfico de linearidade do cloridrato de metformina por CLAE em

pareamento iônico com fase móvel heptanossulfonato de sódio 10 mM pH

3,0:acetonitrila:metanol (75:8:17 v/v), 1 mL/min fluxo e 30 ºC temperatura,

detecção em 210 nm, coluna C18 (Luna®, Phenomenex), no cromatógrafo

Waters................................................................................................................

107

Figura 32- Análise microscópica celular. a - células coradas com brometo de

etídio e diacetato de fluorisceína. b - células sem corante. c - células coradas

com corante Giemsa. 1 - condição ácida, 2 - condição básica, 3 - condição

neutra, 4 - condição oxidante, 5 - Fotólise, 6 – Metformina padrão, 7 –

Controle positivo (Triton X100®), 8 - Controle negativo (tampão PBS).............

112

Figura 33 – a) Gráfico de viabilidade celular na análise de citotoxicidade dos

produtos de degradação das especialidades farmacêuticas submetida a

degradação ácida; b) Análise microcópica ds células coradas com diacetato

de fluorisceina e brometo de etídio 1:100, onde: A) Glifage® degradada em

meio ácido, B) Glucoformin® degradada em meio ácido, C) Genérico

degradada em meio ácido, D) Controle negativo tampao PBS e E) controle

positivo Triton X 100®........................................................................................

113

Page 11: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

10

LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Limites permitidos para impurezas..................................................... 30

Tabela 2 - Resultado do doseamento dos medicamentos Glifage ®,

Glucoformin ® e genérico Medley........................................................................

74

Tabela 3 – Porcentagens de degradação do cloridrato de metformina nas

diferentes condições de degradação selecionadas (ácida, base, oxidante,

neutra e fotolítica).................................................................................................

77

Tabela 4 - Porcentagens de degradação do fármaco e comprimidos................ 84

Tabela 5 – Parâmetros cromatográficos da análise por CLAE em pareamento

iônico do cloridrato de metformina após degradação ácida, nas diferentes

temperaturas testadas.......................................................................................... 96

Tabela 6 - Comparação dos percentuais de degradação do cloridrato de

metformina e especialidades farmacêuticas e entre os métodos por

CLAE.................................................................................................................... 105

Tabela 7 - Ensaio de exatidão do método por CLAE de pareamento iônico, por

análise de recuperação do padrão cloridrato de metformina...............................

108

Tabela 8 - Ensaio de Precisão do método por CLAE de pareamento

iônico.................................................................................................................... 109

Tabela 9 - Ensaio de Robustez com variação e temperatura e fluxo da fase

móvel.................................................................................................................... 110

Tabela 10 – Viabilidade celular em L929 do cloridrato de metformina antes e

após sofrer diferentes condições de degradação................................................ 112

Page 12: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

11

LISTA DE QUADRO

Quadro 1 - Condições de estresse sugeridas para medicamentos genéricos

ou similares por ocasião da solicitação de registro, pós-registro ou renovação

de registro junto à ANVISA..................................................................................

33

Quadro 2 - Limites de notificação para impurezas.............................................. 34

Quadro 3 - Limites de identificação para impureza............................................ 34

Quadro 4 - Limites de qualificação para impurezas............................................ 34

Quadro 5 - Ensaios necessários para a validação do método analítico,

segundo sua finalidade........................................................................................

38

Quadro 6 - Limites porcentuais do teor do analito que devem estar contidos

no intervalo de linearidade para alguns métodos analíticos................................ 40

Quadro 7 - Fatores que devem ser considerados na determinação da

robustez do método analítico............................................................................... 44

Quadro 8 - Métodos analíticos para o doseamento da metformina por CLAE... 54

Quadro 9 – Condições cromatográficas testadas durante desenvolvimento da

metodologia de análise do cloridrato de metformina e seus produtos de

degradação..........................................................................................................

64

Quadro 10 - Análise fatorial da variação entre temperatura, e proporção de

fase móvel orgânica no método por CLAE de pareamento iônico.......................

66

Quadro 11 – Ensaio de Exatidão por recuperação do padrão............................ 68

Page 13: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

12

LISTA DE ABREVIATURA

ACN = acetonitrila

Act = acetato

ANVISA = Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CCD = cromatografia em camada delgada

CCP= cromatografia em camada preparativa

CG = Cromatografia gasosa

CG-MS = Cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas

CLAE = Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

CH3Cl = clorofórmio

CV = coeficiente de variação

DMSO = dimetil sulfóxido

DP = desvio padrão

DPR = desvio padrão relativo

EMEA = European Medicines Agency

FDA = Food and Drug Administration

Hex = hexano

HILIC= Cromatografia Líquida de Interação Hidrofílica

ICH = International Comission on Harmonization

LAPAM = Laboratório de Produção e Análise de Medicamentos

LD = Limite de detecção

LQ = Limite de quantificação

MeOH = Metanol

MIE= Métodos indicadores de estabilidade

MS = Espectrometria de massas

MTT = Brometo de 3-(4,5-dimetil-2-tiazolil )-2,5-difenil-2H-tetrazólio

PBS = tampão fosfato de sódio

Rf = fator de retenção

RMN = ressonância magnética nuclear

T. A. = temperatura ambiente

USP = United States Pharmacopoeia

UV = ultravioleta

TDI= Ingestão Diária Total

Page 14: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

13

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 16

2 OBJETIVOS...................................................................................................... 18

2.1 Objetivo geral................................................................................................. 18

2.2 Objetivos específicos..................................................................................... 18

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 19

3.1 Estabilidade de fármacos e medicamentos.................................................... 19

3.1.1 Fatores que influenciam a estabilidade de Fármacos e

medicamentos......................................................................................................

22

3.2 Estudo de estabilidade.................................................................................. 26

3.3 Método Indicativo de Estabilidade.................................................................. 28

3.4 Impurezas e produtos de degradação............................................................ 29

3.4.1 Solventes residuais..................................................................................... 29

3.4.2 Impureza inorgânica.................................................................................... 29

3.4.3 Impureza orgânica ...................................................................................... 29

3.5 Técnicas analíticas para análise de impurezas orgânicas............................. 34

3.5.1 Técnica de pareamento iônico por CLAE.................................................... 36

3.6 Validação de metodologia analítica................................................................ 37

3.6.1 Seletividade ................................................................................................ 39

3.6.2 Linearidade.................................................................................................. 39

3.6.3 Intervalo....................................................................................................... 40

3.6.4 Precisão...................................................................................................... 41

3.6.5 Limite de detecção...................................................................................... 41

3.6.6 Limite de quantificação................................................................................ 42

3.6.7 Exatidão...................................................................................................... 42

3.6.8 Robustez..................................................................................................... 43

3.7 Diabetes Mellitus............................................................................................ 44

3.7.1 Cloridrato de metformina............................................................................. 47

3.7.2 Métodos por CLAE para análise do cloridrato de metformina..................... 49

4 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................... 56

4.1 Materiais......................................................................................................... 56

4.2 Equipamentos ............................................................................................... 57

4.3 Doseamento do cloridrato de metformina nas especialidades

Page 15: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

14

farmacêuticas....................................................................................................... 58

4.4 Estabelecimento das condições de degradação do cloridrato de

metformina ..........................................................................................................

60

4.4.1 Hidrólise ácida............................................................................................. 60

4.4.2 Hidrólise básica........................................................................................... 60

4.4.3 Degradação Neutra .................................................................................... 61

4.4.4 Degradação oxidante.................................................................................. 61

4.4.5 Fotólise........................................................................................................ 61

4.5 Caracterização do produtos de degradação.................................................. 62

4.5.1 Cromatografia em camada delgada (CCD)................................................. 62

4.5.2 Cromatografia em camada delgada preparativa (CCP).............................. 63

4.5.3 Ressonancia magnética nuclear (RMN)...................................................... 63

4.5.4 Coluna Flash............................................................................................... 63

4.5.5 Espectroscopia de massas (MS)................................................................. 63

4.6 Desenvolvimento de método alternativa para análise dos produtos de

degradação por CLAE..........................................................................................

64

4.7 Validação analítica......................................................................................... 66

4.7.1 Linearidade e intervalo................................................................................ 67

4.7.2 Exatidão...................................................................................................... 67

4.7.3 Seletividade................................................................................................. 68

4.7.4 Precisão...................................................................................................... 69

4.7.4.1 Repetibilidade........................................................................................... 69

4.7.4.2 Precisão intermediária.............................................................................. 69

4.7.5 Limite de detecção e quantificação............................................................. 70

4.7.6 Robustez .................................................................................................... 70

4.8 Ensaios de citotoxicidade............................................................................... 70

4.9 Análise estatística.......................................................................................... 71

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ 73

5.1 Doseamento das Especialidades Farmacêuticas.......................................... 74

5.2 Teste de degradação forçada........................................................................ 74

5.3 Caracterização dos produtos de degradação................................................ 85

5.4 Desenvolvimento de Método alternativo para Doseamento do fármaco e

análise dos produtos de degradação por CLAE...................................................

91

Page 16: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

15

5.5 Validação do método de pareamento iônico por CLAE................................. 106

5.6 Citotoxicidade................................................................................................. 111

6 CONCLUSÃO................................................................................................... 115

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 117

Page 17: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

16

1 INTRODUÇÃO

Um dos requisitos básicos para a obtenção do registro de um medicamento

perante o Ministério da Saúde é a realização do estudo de estabilidade, visto que a

estabilidade é inerente ao produto e, em determinadas condições climáticas, pode

sofrer algumas modificações (BRASIL, 2004; EMEA, 2004; KOPP, 2006). O estudo

de estabilidade tem por objetivo determinar o prazo de validade dos medicamentos

bem como acompanhar suas características físico-químicas durante seu

armazenamento.

Alguns fatores podem delimitar a estabilidade dos fármacos, bem como ser a

causa principal da perda de atividade terapêutica, como umidade, calor, pH e

luminosidade, os quais também podem acelerar o processo de degradação dos

mesmos (ENEIDA, 2005; EMEA, 2004; FLORENCE; ATTWOOD, 2003).

A instabilidade dos produtos farmacêuticos pode dar origem aos produtos de

degradação. Estes devem ser notificados, identificados e/ou qualificados quanto ao

grau de toxicidade, por ocasião do registro, pós-registro e renovação de registro de

medicamentos junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), segundo

o Informe Técnico n° 1, de 15 de julho de 2008 (BRA SIL, 2008).

O estudo de estabilidade requer o emprego de metodologias analíticas

validadas que sejam indicadoras de estabilidade (Métodos Indicadores de

Estabilidade-MIE) do analito em estudo. Testes de degradação forçada do analito

podem auxiliar no estabelecimento das vias de degradação, na identificação dos

produtos de degradação e na avaliação da estabilidade intrínseca da molécula além

de validar a capacidade do método analítico de ser indicativo da estabilidade da

amostra em estudo. A natureza dos testes de degradação forçada ou de estresse irá

depender das características individuais do fármaco e do tipo de forma farmacêutica

envolvida (ICH, 2006).

A fim de contribuir para o conhecimento da estabilidade do cloridrato de

metformina, um dos fármacos mais prescritos mundialmente para o tratamento do

Diabetes Tipo II e constante da Relação Nacional de Medicamentos (RENAME)

(BRASIL, 2010a), este trabalho visou desenvolver e adaptar o método analítico por

CLAE descrito na Farmacopeia Britânica (BRITISH PHARMACOPEIA, 2008),

verificando se o mesmo é indicativo da estabilidade do fármaco, além de

Page 18: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

17

desenvolver e validar um método alternativo, empregando coluna C18 e pareamento

iônico.

Em ambos os métodos foi comparado o perfil cromatográfico após a

degradação forçada, em diferentes condições, do cloridrato de metformina (fármaco)

e de diferentes especialidades farmacêuticas (referência: Glifage®, similar:

Glucoformin® e genérico: Cloridrato de metformina, Medley), na forma de

comprimidos de 500 mg. Além de qualificar seus produtos de degradação,

analisando a citotoxicidade em células L929.

Page 19: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

18

2 OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Desenvolver e validar metodologias analíticas por CLAE, indicativas da

estabilidade do cloridrato de metformina, por meio de estudos de degradação

forçada e comparar o perfil de degradação bem como a citotoxicidade dos produtos

de degradação formados.

2.2. Objetivos Específicos

• Selecionar as condições de degradação forçada do cloridrato de metformina;

• Desenvolver e validar métodos analíticos por CLAE indicativos de estabilidade

do cloridrato de metformina;

• Analisar e comparar o perfil de degradação do fármaco isolado e das

especialidades farmacêuticas (comprimidos de 500 mg: referência, genérico e

similar), nas diferentes condições de estresse, por CLAE e CCD;

• Comparar a citotoxicidade do cloridrato de metformina degradado nas

diferentes condições de estresse e das especialidades farmacêuticas usando

células L929.

Page 20: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

19

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Estabilidade de fármacos e medicamentos

Estabilidade de um produto farmacêutico é definida como a capacidade do

mesmo em manter as mesmas características de quando fabricado, durante seu

prazo de validade (ANSEL; LOYD; POPOVICH, 2005).

Os fabricantes são os responsáveis por garantir que os medicamentos

permaneçam inalterados e que os mesmos sejam seguros e eficazes. Para isso,

realizam-se os testes de estabilidade, pois estes são uma maneira de conhecer o

comportamento do fármaco ou medicamento durante seu tempo de utilização

(EMEA, 2004), determinar o prazo de validade dos mesmos, e ainda determinar as

condições ideais de armazenamento (EMEA, 2004; KOPP, 2006);

Dependendo das condições climáticas às quais o produto é exposto, pode

haver a formação de produtos de degradação, que necessitam ser analisados por

métodos analíticos adequados para que possam ser identificados, quantificados e

qualificados (KOPP, 2006).

Além dos produtos de degradação, o fármaco pode apresentar outras

impurezas, como as misturas racêmicas que podem ser geradas durante a sua

síntese. Neste aspecto, é de suma importância a identificação e qualificação destas

impurezas, que podem causar efeitos tóxicos, podendo colocar em risco a vida

humana. Como exemplo de uma mistura racêmica muito conhecida pode-se citar a

talidomida, gerada durante a síntese sem adequado monitoramento (SILVEIRA et

al., 2001).

A talidomida, fármaco sintetizado na Alemanha para tratamento de alergias,

apresentou efeito sedativo e hipnótico, não apresentando efeitos colaterais nos

estudos clínicos preliminares realizados. Os testes realizados em animais não

demonstravam efeitos tóxicos, e os testes acerca de teratogenicidade, naquela

época, restringiam-se a produtos como antineoplásicos, antimetabólicos,

anabolizantes e sais de metais pesados (SILVEIRA et al., 2001).

Este medicamento chegou a ser o mais vendido da década de 60, e era

utilizado em gestantes como antiemético. Porém, com o tempo observou-se que os

fetos apresentavam anomalias, como ausência de membros inferiores e superiores,

Page 21: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

20

denominados focomelia e amelia. Sugeriu-se que um dos seus efeitos teratogênicos

fosse devido à inibição da angiogênese, dificultando o perfeito desenvolvimento do

feto (SILVEIRA et al., 2001).

Depois de muitas investigações foi constatado que estes efeitos deviam-se à

mistura racêmica gerada durante a síntese da talidomida, sendo que apenas um de

seus isômeros era responsável pelos efeitos apresentados, a forma S. Porém,

atualmente, sabe-se que ambos os isômeros (S e R) são capazes de gerar os

efeitos teratogênicos, devido à capacidade de isomerização in vivo do centro quiral

(BARREIRO; FERREIRA; COSTA, 1997).

O termo isomerização refere-se à conversão do fármaco em seu isômero

óptico ou geométrico, que geralmente apresenta atividades diferentes, e pode ser

considerada uma forma de degradação, resultando na perda da atividade

terapêutica. Nesta condição, pode-se citar a adrenalina que em soluções com baixo

pH, tende a racemizar e formar o isômero menos ativo, a tetraciclina, que é

isomerizada em 4-epi-tetraciclina, com atividade reduzida. A pilocarpina sofre

catálise básica através da epimerização. Alguns fármacos como os ésteres de

cefalosporinas, sofrem epimerização reversível (FLORENCE; ATTWOOD, 2003).

Em alguns casos a mistura racêmica não necessariamente é considerada um

risco aos seres humanos, como o caso do rabeprazol, que é comercializado na

forma racêmica e não apresenta problemas. Mesmo assim é importante a

identificação e quantificação, o qual somente é possível através da técnica de

cromatografia quiral (GARCIA et al., 2008).

Outro problema de estabilidade em fármacos que apresentam em sua

estrutura grupos amina é a reação de Maillard. A reação ocorre entre o grupamento

amina, com o grupo carbonila presente na sacarose ou em demais adjuvantes

farmacotécnicos. Como exemplo cita-se o xarope de cloridrato de metoclopramida,

onde foi evidenciada uma perda gradual no teor, com decomposição do fármaco

(FREITAS; MAGALHÃES, 2005).

Outro tipo de instabilidade farmacêutica é o aparecimento de impurezas, as

quais podem ser geradas durante a produção, devido às incompatibilidades

farmacotécnicas, armazenamento inadequado ou até mesmo presença de resíduo

de produtos de limpeza, como no caso do antiretroviral mesilato de nelfinavir

produzido pelo laboratório farmacêutico Roche, em que a matéria-prima produzida

foi contaminada pelo produto de limpeza utilizado nos equipamentos. Análises

Page 22: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

21

químicas detalhadas demonstraram a presença de ácido etil éster metasulfônico.

Com isso, o medicamento foi retirado do mercado prejudicando a terapia de alguns

pacientes que faziam o uso do mesmo (SIMÃO; SILVEIRA, 2007).

Excipientes utilizados nas formulações podem também influenciar na

degradação dos fármacos, seja por incompatibilidade farmacotécnica no momento

da fabricação, seja por tempo de exposição. Pode ocorrer oxidação do fármaco

causando a alteração da coloração do comprimido, ou até mesmo pode ocorrer à

alteração irreversível do princípio ativo, como o caso da lactose que é incompatível

com a neomicina e polimixina (BRANDÃO, 2007). A presença de íons ferro na

formulação contendo ácido ascórbico o transforma em ascorbato de ferro, o qual é

inativo, bem como o próprio ácido ascórbico, por ser um agente oxidante, está

sujeito à redução estrutural (MACHADO, 2007).

A preocupação com a estabilidade de fármacos e medicamentos é crescente,

e os órgãos regulatórios vêm ampliando suas exigências na concessão do registro

de medicamentos para comercialização nos diferentes países (ICH,1996a; 2006;

BRASIL, 2004; 2008).

O estabelecimento de normas regulatórias quanto à impurezas em novos

fármacos tem sido constantemente discutido e atualizado por meio de guias

internacionais, pelo ICH (International Conference on Harmonization of Technical

Requirements) (EMEA 2004; ICH, 2006). No Brasil, a ANVISA publicou

recentemente um Regulamento Técnico (BRASIL, 2008) exigindo a notificação,

identificação e quantificação dos produtos de degradação para o registro e

renovação de registros de todos os tipos de medicamentos (referência, genérico e

similares), mesmo os já tradicionais. Este documento sugere as condições de teste

de estresse aos quais os produtos devem ser submetidos, bem como determina os

limites de identificação, quantificação e qualificação das impurezas para cada faixa

de dose diária ingerida de fármaco.

Neste documento a ANVISA colocou prazo até 31/05/2009 para que as

empresas que não possuíssem método analítico validado para identificação e

quantificação de produtos de degradação empregados em estudos de estabilidade

apresentassem estes estudos para o registro, pós-registro e renovação de registro.

As empresas deveriam apresentar relatório do estudo de estresse, acompanhado de

sua análise crítica e ainda um cronograma de estudo que deveria contemplar o

desenho do estudo de degradação e metodologia analítica que corresponda à

Page 23: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

22

avaliação completa. Já para registros posteriores a 01/06/2009 somente seriam

aceitos estudos de estabilidade contemplando este parâmetro, com estudo, relatório

e conclusões completos (BRASIL, 2008).

Diferente das exigências brasileiras, as normas internacionais exigem a

quantificação e identificação dos produtos de degradação apenas para novas

substâncias, excluindo ainda substâncias semi-sintéticas, peptídeos,

oligonucleotídeos, material vegetal, animal e radiofármacos (FDA, 2003; EMEA

2004; ICH 2006).

3.1.1 Fatores que influenciam a estabilidade de fár macos e medicamentos

A estabilidade pode ser dividida em cinco diferentes tipos: química, física,

microbiológica, terapêutica e toxicológica (ANSEL; LOYD; POPOVICH, 2005).

A estabilidade química é definida como a capacidade de manter integridade

química (teor e produtos de degradação), indicados na embalagem. A física, de

manter as características organolépticas e farmacotécnicas intactas. A

microbiológica, de manter o produto livre de contaminação microbiana, e preservar a

ação antimicrobiana quando existente. A terapêutica, de manter o efeito terapêutico

inalterado e a toxicológica, de assegurar que não haja aumento da toxicidade

(ANSEL; LOYD; POPOVICH, 2005).

Alguns fatores podem afetar diretamente a estabilidade de fármacos e

medicamentos, como a temperatura, umidade, luminosidade, gases atmosféricos, os

quais são fatores extrínsecos ao produto. Já hidrólise, oxidação e fotólise, são

fatores intrínsecos. E ainda há fatores inerentes à formulação, como polimorfismo,

incompatibilidade, pH, tamanho da partícula, vaporização, processo de fabricação,

material de embalagem e transporte (ENEIDA, 2005; EMEA, 2004; FLORENCE;

ATTWOOD, 2003).

A temperatura pode acelerar a velocidade de degradação dos produtos

farmacêuticos, sendo o fator mais importante por não existir material de embalagem

primário que proteja o produto de elevadas temperaturas. Toma-se cuidado com o

local de armazenamento, que deve ser de acordo com as exigências do produto, por

exemplo, acondicionar em temperatura ambiente, sob refrigeração ou congelamento

(ENEIDA, 2005, KOMMANABOYINA; RHODES, 1999).

De acordo com as condições climáticas as quais o produto é exposto, este

pode apresentar um comportamento diferente, e ainda causar efeitos tóxicos devido

Page 24: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

23

a possíveis produtos de degradação, que podem ser gerados durante a sua síntese

ou armazenamento (KOPP, 2006).

Estudos de degradação forçada com aumento de temperatura realizados com

meropenem demonstraram uma drástica modificação na estrutura do seu anel β-

lactâmico, sendo explicado pela descarboxilação e aromatização do anel pirrolidona

resultando num anel pirrólico, o que torna a molécula inespecífica diante do seu

receptor (MENDEZ et al., 2008).

Já a umidade, presente no ar, pode afetar a cinética de degradação dos

produtos farmacêuticos, principalmente se associada à temperaturas elevadas.

Como exemplos de substâncias susceptíveis à umidade citam-se o ácido retinóico, o

ácido ascórbico, o ácido acetilsalicílico e o cloridrato de ranitidina (ENEIDA, 2005).

A hidrólise pode ser gerada pelo simples contato do fármaco ou da

formulação com umidade, ou mesmo com variações no pH da formulação. Muitos

fármacos susceptíveis à hidrólise como os derivados de ácido carboxílico, ou éster,

amida, lactona, lactama, imida ou carbamato (FLORENCE; ATTWOOD, 2003;

YOSHIOKA; ESTELLA, 2000).

A hidrólise de ésteres se dá pela reação bimolecular que envolve a quebra

acil-oxigênio, como exemplo, a procaína, ácido acetilsalicílico, cocaína, fisostigmina,

tetracaína e metildopa. Na hidrólise de amidas ocorre a quebra da ligação amida,

como exemplo nos fármacos: cinchocaína, ergometrina, benzilpenicilina e

clorafenicol. No anel lactama, considerada a decomposição do nitrazepam e

clordiazepóxido, inclui penicilinas e cefalosporinas, como conseqüência a perda do

efeito farmacológico (FLORENCE; ATTWOOD, 2003).

O pH é um fator de influência direta nas formulações, sendo capaz de

aumentar ou diminuir a velocidade das reações, como hidrólise e oxidação, pois

ambas podem ser catalisadas por ácidos e/ou bases. Como exemplo, a buspirona

não sobre efeito do ar e nem de da umidade, mas degrada-se em meio básico,

formando vários produtos de degradação (YOSHIOKA; ESTELA, 2000).

Em estudos de degradação forçada em meio alcalino utilizando o meropenem

como fármaco, foi demonstrado a formação de apenas uma única impureza,

provavelmente porque em meio alcalino os nucleófilos ataquem as ligações

lactâmicas, desestabilizando o anel. Posteriormente estudos de citotoxicidade in

vitro demonstraram que este produto de degradação apresentou-se tóxico reduzindo

Page 25: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

24

a viabilidade celular em torno de 41,17 %, confirmando a importância de se

conhecer, identificar e quantificar estes mesmos produtos (MENDEZ et al., 2008).

Como exemplo de degradação em meio ácido tem-se o rabeprazol, por isso

os comprimidos exigem um tipo de revestimento gastroresistente que os torne mais

protegidos. O rabeprazol é instável e forma produtos de degradação quando exposto

também à luz, ao aumento de temperatura e à condições oxidativas (GARCIA,

2008).

Outro fator importante é a luminosidade, que em determinado comprimento de

onda pode fornecer a energia necessária para que reações como oxidação e

redução se iniciem. Ainda pode gerar outras instabilidades farmacêuticas como

polimerização, rearranjo de anéis, ruptura de ligações, isomerização e racemização

que podem tornar o fármaco não seguro para uso terapêutico (ENEIDA, 2005).

Quando o fármaco é exposto à luz o fenômeno conhecido como fotólise pode

ocorrer, devido à capacidade da molécula de absorver radiação, a qual pode atuar

como principal reagente da reação fotoquímica e ou fotossensibilizador.

Praticamente, todas as substâncias ativas (fármacos) são capazes de absorver luz

UV e/ou luz visível (LACHMAN; LIEBERMEN; KANIG, 2001; MORIWAKI et al, 2001),

devido à presença de grupos cromóforos nas estruturas químicas.

Estudos como os de fotodegradação, onde se emprega a exposição do

produto à determinada luminosidade por um determinado tempo são importantes e

parte integrante dos estudos de estabilidade, pois podem permitir avaliar a perda da

potência do fármaco e ainda geram efeitos adversos, mesmo com mínimas

quantidade de produto tóxico formado (BREIER et al., 2008).

Muitos produtos farmacêuticos são sensíveis à luz, como hidrocortisona,

prednisolona, riboflavina, ácido ascórbico, tiazídicos e ácido fólico. O mecanismo é

ainda desconhecido, mas sabe-se que em alguns casos vem acompanhado de

despigmentação ou formação de pigmento tanto no próprio fármaco, como na

solução em que este se encontra (FLORENCE; ATTWOOD, 2003).

Outro fármaco susceptível ao processo de fotodegradação é a fexofenadina,

anti-histamínico de segunda geração, análogo da histamina (BREIER; STEPPE;

SCHAPOVAL, 2006). Quando submetido ao teste de fotoestabilidade apresentou

dois principais produtos de degradação, identificados como um derivado isopropil e

um derivado benzofenona (BREIER et al., 2008).

Page 26: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

25

A degradação por exposição à luz pode levar à polimerização, que não é

apenas gerada pela exposição á luz, mas também espontaneamente entre dois

fármacos durante a estocagem, e pode desencadear processos alérgicos, como

ocorre em soluções que contém ampicilina e penicilina (FLORENCE; ATTWOOD,

2003; NETO, 2006).

Outra causa muito comum de degradação de fármacos é a oxidação. Sob

influência do oxigênio atmosférico, as moléculas podem sofrer transformações, com

o surgimento de grupos funcionais diferentes, fenômeno conhecido como auto-

oxidação, gerando substâncias muitas vezes inativas ou tóxicas (ENEIDA, 2005).

O processo de oxidação envolve a remoção do átomo eletropositivo

(hidrogênio), radical elétron, ou adição de um átomo eletronegativo (oxigênio) ou

radical. A maioria das reações de oxidação ocorre lentamente sob ação do oxigênio

molecular, e irá continuar até que o radical livre seja destruído ou por uma reação

secundária, que pode quebrar a cadeia (FLORENCE; ATTWOOD, 2003; SKOOG et

al, 2006).

As aminas, por exemplo, são compostos oxidáveis, por uma variedade de

agentes oxidantes, inclusive pela ação do oxigênio do ar. Quando cíclicas são

facilmente oxidadas, pelo fato do grupamento amino ser doador de elétrons,

formando misturas complexas (SOLOMONS; 1996).

Como exemplos de fármacos que sofrem ação oxidativa, têm-se a morfina,

fenilefrina, e também as classes como catecolaminas, esteróides, antibióticos,

vitaminas, óleos vegetais, compostos fenólicos e gorduras (FLORENCE;

ATTWOOD, 2003).

Como o oxigênio é o principal responsável pela reação de oxidação, uma

alternativa para evitar o processo é o preenchimento total dos recipientes, ou a

substituição de oxigênio por outro gás como o nitrogênio ou dióxido de carbono.

Como o processo é um tanto complicado, tem-se a possibilidade de utilizar

adjuvantes farmacotécnicos como antioxidantes, que irão estabilizar os radicais

impedindo a degradação do fármaco. Pode-se utilizar como antioxidantes tocoferóis,

hidroxianisol, butilado butil hidroxitolueno e galatos (FIGUEIREDO; LAPORTA, 2003;

FLORENCE; ATTWOOD, 2003).

Durante a etapa de desenvolvimento dos produtos é importante fazer um

estudo prévio sobre o comportamento dos constituintes da formulação, para evitar

que ocorram incompatibilidades farmacotécnicas, as quais são comuns de ocorrer

Page 27: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

26

entre dois fármacos de uma mesma formulação, entre excipientes e entre

excipientes e fármacos, comprometendo a estabilidade e qualidade da formulação.

(YOSHIOKA; ESTELLA, 2000; KOPP, 2006).

Além disso, algumas etapas durante o processo de fabricação também

podem influenciar na degradação do fármaco, como por exemplo, a trituração, onde

alguns fármacos podem liberar moléculas de água do seu interior e assim formar

grumos, inviabilizando a utilização (ENEIDA, 2005).

Uma das etapas mais importantes é a seleção do material de

acondicionamento, que deve ser feita com muita atenção, pois as embalagens

geralmente são fabricadas com plástico, e podem ter interação com muitos

medicamentos, principalmente as formas farmacêuticas líquidas. As embalagens

devem também ser bem fechadas para impermeabilizar o produto contra umidade,

ar e ainda devem proteger da luz (ENEIDA, 2005).

3.2 Estudo de estabilidade

Para a avaliação das condições de preservação de um medicamento faz-se

necessário um estudo de estabilidade, que tem por objetivo acompanhar um produto

durante todo o seu prazo de validade, analisando as mudanças ocorridas por

exposição aos fatores intrínsecos e extrínsecos, como luminosidade, umidade,

gases atmosféricos, composição e dosagem, incompatibilidade farmacotécnica,

possível interação com material de embalagem, como também analisar se as

condições de armazenamento estão adequadas (BRASIL, 2005).

O estudo se aplica para prever, determinar ou acompanhar o prazo de

validade de quaisquer produtos farmacêuticos que contenham fármacos bem

conhecidos (BRASIL, 2005). Todos os produtos farmacêuticos (novos ou apenas

diferentes) devem passar por testes de estabilidade para poderem ser registrados

nos órgãos competentes que no caso do Brasil é a ANVISA.

Entende-se por diferentes produtos farmacêuticos aqueles cuja substância

ativa seja a mesma já existente, porém em concentrações, vias de administração,

formas farmacêuticas e/ou com sistemas de liberação diferentes (ICH, 1996a;

CANADA, 1998).

Page 28: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

27

O estudo de estabilidade oficial divide-se em acelerado, de longa duração e

de acompanhamento. No estudo de estabilidade acelerado, tem-se por objetivo

acelerar a degradação química ou mudanças físicas de um produto em condições

forçadas de armazenamento. Como a exposição deste produto a temperaturas de 40

ºC ± 2 ºC e umidade relativa de 75 % ± 5 % por um período de 6 meses. Com base

neste estudo poderá ser concedido um prazo de validade provisório de 24 meses. O

prazo de validade deverá ser confirmado com o estudo de longa duração, o qual

deve ser realizado a 30 ºC ± 2 ºC e umidade relativa de 75 % ± 5 %, durante 12

meses ao menos para medicamentos no estado sólido (BRASIL, 2005).

Ao mesmo tempo, o estudo de estabilidade de longa duração foi projetado

para avaliar as características físicas, químicas e microbiológicas do produto durante

seu prazo de validade. Os resultados confirmam o prazo de validade, que variam

para cada classe referida e ainda estabelecem as condições ideais de

armazenamento (BRASIL, 2005).

Adicionalmente, há o estudo de estabilidade de acompanhamento, que auxilia

na avaliação das características físicas, químicas, biológicas e microbiológicas

conforme os resultados obtidos nos estudos de longa duração (ICH, 2003, BRASIL,

2005). O estudo deve ser realizado utilizando as mesmas condições testadas nos

estudos de longa duração, somente pode ser realizado se o produto não sofrer

nenhuma alteração durante os estudos de longa duração. A amostragem

preconizada são dois lotes anuais para indústrias que fabricam mais de quinze lotes

por ano e um lote anual para as que produzem menos de quinze lotes por ano.

Estes lotes recolhidos devem ser submetidos a todas as análises estipuladas no

estudo de estabilidade (BRASIL, 2005).

Em relação à frequência que os testes são realizados, no estudo de

estabilidade acelerado, devem ser realizados todos os testes descritos nos

compêndios oficiais, e a periodicidade deve ser de 0, 1, 2, 3 e 6 meses. O estudo de

longa duração deve ser realizado em 0, 3, 6, 9, 12, 18 e 24 meses, e anualmente

para estudo de acompanhamento e prazos de validade estendidos para mais de 24

meses (BRASIL, 2005; FDA, 2003).

O estudo de estabilidade deve ser executado com o produto na sua

embalagem final, ou se for a granel, os estudos devem demonstrar que as

especificações do produto estão mantidas. Se a embalagem final apresenta barreira

Page 29: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

28

para vapor, como ampola, seringa de vidro preenchida, tubo de alumínio fechado

mecanicamente, não há necessidade de controle de umidade (BRASIL, 2005).

3.3 Método Indicativo de Estabilidade

A fim de monitorar os estudos de estabilidade, é imprescindível empregar

métodos indicadores de estabilidade (MIE), ou seja, métodos analíticos validados

que sejam capazes de detectar alterações nas propriedades do fármaco e do

produto farmacêutico, medindo os analitos sem interferência de produtos de

degradação, impurezas do processo, excipientes ou outras impurezas potenciais

(FDA, 2000). Desta forma pode-se evitar que produtos sejam erroneamente

aprovados nos estudos, mesmo apresentando degradações não detectadas nem

quantificadas pelo método, devido à problemas de sensibilidade e seletividade do

mesmo.

Como parte integrante tem o estudo de degradação forçada, regulamentado

pelo ICH (2003), este estudo apresenta extrema importância, pois com ele tem-se a

formação das impurezas, as quais auxiliam no desenvolvimento de um método que

seja seletivo ao fármaco em estudo.

Para desenvolver um método indicativo de estabilidade, requer primeiramente

ter um conhecimento das características físico-químicas do fármaco, indicando a

maneira como o método será conduzido, fase móvel à ser utilizada, pH, fase

estacionária e definir as rotas de degradação deste fármaco. Se o fármaco não é

conhecido parte se do inicio, fazendo os teste preliminares para selecionar as

melhores condições de análise com base em tentativas (BAKSHI, SINGH, 2002).

Com o método desenvolvido, as amostras degradadas e as impurezas

isoladas, dá-se inicio a identificação destes produtos, que pode ser através de

detectores acoplados ao próprio sistema de CLAE, como exemplo CLAE-MS, onde

com base na massa molecular dos resíduos gerados durante a análise, deduz-se a

estrutura molecular da impureza, ou a amostra degradada sofre um pré tratamento

de maneira a separar a impureza, utilizando a técnica mais adequada de

identificação e com base nisso define-se um padrão para esta impureza que será

utilizada nas análises posteriores. E por fim faz-se a validação deste método.

Portanto o uso de MIE aumenta a confiabilidade dos estudos de estabilidade, pois

assegura a seletividade do método (BAKSHI, SINGH, 2002).

Page 30: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

29

3.4 Impurezas e produtos de degradação

Os produtos de degradação podem ser gerados durante síntese, produção ou

armazenamento e são considerados impurezas (BRASIL, 2008).

Segundo a International Conference on Harmonization of Technical

Requirements for Registration of Pharmaceutical for Human Use (ICH), as impurezas

que habitualmente podem acompanhar uma substância ativa dividem-se em 3

grupos: solventes residuais, impurezas inorgânicas e impurezas orgânicas (ICH,

2006).

3.4.1 Solventes Residuais

Consiste em solventes orgânicos voláteis e são definidos como solventes

utilizados para síntese de matérias primas, excipientes e especialidades

farmacêuticas (ICH, 1997).

A escolha do solvente é decisiva, podendo influenciar na rota sintética e no

rendimento da substância, mas nem sempre se consegue remover completamente

estes solventes pelas técnicas de produção (ICH, 1997).

Os solventes são classificados conforme sua toxicidade. Dá-se preferência

por utilizar os de classe 3, pois são os menos tóxicos, porém a utilização de

solventes mais tóxicos (classe 1 e 2) se justifica avaliando o risco-benefício (ICH,

1997).

A análise destes solventes residuais é feita através de técnicas

cromatográficas, principalmente cromatografia gasosa (JACQ; DADIV; SANDRA,

2008)

3.4.2 Impurezas inorgânicas

Resultam do processo de síntese dos fármacos e incluem reagentes, ligantes

e catalisadores, metais pesados ou resíduos de outros metais e sais inorgânicos

(COSTA, 2005; BRASIL, 2009).

3.4.3 Impurezas orgânicas

São formadas durante a síntese, estocagem do produto ou durante o

processo de fabricação da forma farmacêutica. Podem ser identificáveis ou não

Page 31: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

30

identificáveis, voláteis ou não voláteis incluindo, matérias primas (de partida),

produtos relacionados, produtos intermediários, produtos de degradação, reagentes

ligantes e catalisadores (COSTA, 2005; ICH, 2006; BRASIL, 2009).

No caso de novos fármacos, os estudos de impurezas devem ser conduzidos

para caracterizar a estrutura das mesmas quando estas estiverem em níveis

superiores aos limites de identificação (Tabela 1). Tais limites são calculados com

base no fator resposta do detector (área) do produto de degradação em relação ao

fator resposta do analito. Além disso, qualquer impureza que surja no estudo de

estabilidade nas condições de estocagem recomendadas, em níveis superiores aos

limites de identificação citados acima, também devem ser caracterizados. Quando a

identificação da impureza não é possível deve ser apresentado um relatório

demonstrando as tentativas experimentais realizadas, sem sucesso, por ocasião do

registro do fármaco junto aos órgãos regulatórios. Se as impurezas estiverem em

níveis iguais ou inferiores ao limite de identificação sua caracterização não é exigida

(ICH, 2006).

Tabela 1 - Limites permitidos para impurezas

Dose máxima

Diária

Limite reportado Limite para

identificação

Limite para

qualificação

≥ 2 g/dia 0,05 % 0,10 % ou 1 mg

por dia

0,15 % ou1 mg dia

<2 g/dia 0,03 % 0,05 % 0,05 %

Fonte: ICH (2006).

Segundo o ICH (2006) a qualificação consiste em determinar a segurança

biológica de uma impureza individual ou de um conjunto de impurezas no nível

especificado. Os níveis de impurezas presentes em um fármaco que já tenha sido

adequadamente testado em estudos de segurança e/ou estudos clínicos podem ser

considerados qualificados. Impurezas que sejam também metabólitos presentes em

estudos em humanos e/ou animais, são geralmente consideradas qualificadas. As

impurezas podem ser qualificadas juntas ou separadamente. A qualificação pode ser

especialmente importante quando há evidências de que tais impurezas em certos

fármacos ou classes terapêuticas tenham sido previamente associadas com reações

Page 32: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

31

adversas em pacientes. No Brasil, é exigido das empresas fabricantes ou

importadores de insumos farmacêuticos ativos (IFA), dentro do relatório do processo

de fabricação, o perfil das impurezas orgânicas, inorgânicas e solventes residuais,

além do relatório de estudo de estabilidade e fotoestabilidade, entre outros

documentos, para o devido registro do IFA no país (BRASIL, 2009).

Recentemente foi publicada uma consulta pública pela ANVISA (BRASIL,

2010b) que dispõe sobre o estudo de estabilidade de IFAs na qual são previstos

testes de degradação forçada a fim de auxiliar na identificação dos prováveis

produtos de degradação e os procedimentos analíticos a serem adotados nos

estudos de estabilidade. Este documento postula que os métodos analíticos devem

ser validados e indicadores da estabilidade do fármaco (MIE). Entre os testes de

degradação forçada, devem ser incluídos os efeitos da temperatura, da umidade, da

oxidação e da luz no IFA. Os testes devem também avaliar sua susceptibilidade à

hidrólise em ampla faixa de valores de pH, principalmente se o insumo for utilizado

em uma suspensão ou solução aquosa. São sugeridos fluxogramas para a tomada

de decisão quanto às condições dos testes, conforme exposto nas Figuras 1, 2 e 3.

Porém, não são estabelecidos os percentuais de degradação a serem alcançados

nos testes, limitando-se ao termo “degradação suficiente”.

Figura 1 - Fluxograma para realização de estudos de estresse para

degradação em condições oxidativas (BRASIL, 2010b).

Page 33: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

32

Figura 2 - Fluxograma para realização de estudos de estresse para degradação em

condições neutras (BRASIL, 2010b).

.

Figura 3 - Fluxograma para realização de estudos de estresse para

degradação em condições ácidas ou alcalinas (BRASIL, 2010b).

Page 34: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

33

No informe técnico nº 1 de 15 de julho de 2008 (BRASIL, 2008), o anexo do

Guia para Realização de Estudo de Estabilidade (BRASIL, 2005), exige-se a

apresentação dos estudos de estabilidade incluídos os testes de estresse de

medicamentos genéricos ou similares por ocasião do registro, pós-registro e

renovação de registro, acompanhado da análise crítica, desenho do estudo e

metodologia analítica desenvolvida e validada indicativa de estabilidade, cujo Limite

de Quantificação (LQ) seja menor do que a quantidade mínima de impureza

encontrada.

A normativa acima estabelece que, junto ao processo de solicitação de

registro, o fabricante deve apresentar o resultado de identificação e quantificação de

produtos de degradação, para os estudos de estabilidade acelerada e de longa

duração, referente a 3 lotes. Nesta documentação, a empresa deve apresentar

estudos iniciais, realizados com a forma farmacêutica, submetida à condições de

estresse (Quadro 1), com o objetivo de promover 10 – 30 % de degradação. Na

ausência total de degradação do composto, após 10 dias, o fármaco é considerado

estável. Se a degradação for < 10 %, deve-se aumentar as condições de estresse.

Quadro 1 - Condições de estresse sugeridas para medicamentos genéricos ou

similares por ocasião da solicitação de registro, pós-registro ou renovação de

registro junto à ANVISA

Parâmetro Condição

Aquecimento 60 °C

Umidade 75 % UR ou mais

Solução ácida HCl 0,1 M

Solução básica NaOH 0,1 M

Solução oxidativa H2O2 3 %

Fotólica UV-B fluorescente

Íons metálicos (opcional) Fe2+ ou Cu2+ 0,05 M

FONTE: BRASIL, 2008.

Já a análise crítica dos resultados dos testes deve ser realizado, conforme detalhado

nos quadros 2 a 4, baseando-se na quantidade encontrada em relação à dose

Page 35: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

34

máxima diária, se devem apenas ser notificadas, identificadas ou necessitam

também serem qualificadas.

Quadro 2 - Limites de notificação para impurezas

Dose máxima Diária Limites

= 1 g 0,1 %

< 2 g/dia 0,05 %

FONTE: BRASIL (2008).

Quadro 3 - Limites de identificação para impurezas

Dose máxima Diária Limites

<1 mg 1,0 % ou 5 µg TDI (o que for menor)

1 mg – 10 mg 0,5% ou 20 µg TDI (o que for menor)

> 10 mg – 2 g 0,2 % ou 3 mg TDI (o que for menor)

> 2 g 0,10 %

TDI= Ingestão Total Diária

FONTE: BRASIL (2008)

Quadro 4 - Limites de qualificação para impurezas

Dose máxima Diária Limites

<10 mg 1,0 % ou 50 µg TDI (o que for menor)

10 mg – 100 mg 0,5 % ou 200 µg TDI (o que for menor)

> 100 mg – 2 g 0,2 % ou 3 mg TDI (o que for menor)

> 2 g 0,15 %

TDI= Ingestão Total Diária

FONTE: BRASIL (2008)

3.5 Técnicas analíticas para análise de impurezas o rgânicas

Entre os métodos mais utilizados, cita-se a cromatografia líquida de alta

eficiência (CLAE), a cromatografia gasosa (CG) e a eletroforese capilar, acopladas a

diferentes detectores (COSTA, 2005).

Page 36: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

35

Para impurezas orgânicas, deve-se comparar sempre a um padrão de

referência, porém, em muitos casos, as impurezas são desconhecidas, necessitando

de degradação forçada do ativo para pré supor os produtos possivelmente formados.

(COSTA, 2005).

Os valores de impurezas quantificadas devem ser representados

numericamente. Caso sejam menores que 1%, devem ser apresentadas em duas

casas decimais, e caso sejam maiores que 1%, apresentar em uma casa decimal.

Todas as impurezas que estiverem abaixo do LQ devem ser expressas em

impurezas totais (ICH, 2006).

Um critério de aceitação para limite de impurezas deve ser estabelecido de

acordo com a segurança apresentada, que seja compatível com o processo de

fabricação e com o LQ do método analítico (ICH, 2006).

Os métodos analíticos são um meio de garantir a qualidade dos produtos

comercializados, pois com eles é possível conhecer o comportamento do fármaco

em tecidos biológicos, as concentrações atingidas deste no organismo, dosear o

fármaco na forma farmacêutica produzida, ou uma associação de fármacos no

mesmo medicamento, conhecer os seus produtos de degradação e até mesmo

avaliar os efeitos que estes podem causar no organismo (RAFFIN et al., 2007;

SILVA et al., 2006).

Muitas vezes, essas metodologias são padronizadas e estão descritas em

compêndios oficiais, como as farmacopeias, mas nem sempre são completos, ou

não se adéquam às necessidades de um laboratório farmacêutico. Por exemplo,

muitos medicamentos são comercializados na forma de associação, e, nos

compêndios o doseamento de cada fármaco é indicado isoladamente, o que não é

viável economicamente. Nestes casos, faz-se necessário o desenvolvimento de um

método analítico para dosear os fármacos em uma única análise (RAFFIN et al.,

2007; CAZEDEY et al., 2007; SILVA et al., 2006). A CLAE é uma das técnicas mais

utilizadas para o estudo de múltiplos analitos em uma mesma amostra. O uso do

detector DAD (photo diode array detector) é muito útil para comparar os perfis de

absorção no UV e para estimar a pureza espectral dos picos cromatográficos

(SNYDER; KIRKLAND; GLAJCH, 1997).

Page 37: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

36

3.5.1 Técnica de pareamento iônico por CLAE

Dentro do desenvolvimento de metodologias por CLAE, utilizando

cromatografia de fase reversa para análise de fármacos, conta-se com o auxílio de

técnicas como o pareamento iônico.

Essa técnica é bastante similar às demais técnicas de cromatografia por

CLAE, diferindo na fase móvel onde é utilizado um agente formador de par-iônico,

que contenha um contra íon em relação à substância de interesse. A técnica é mais

utilizada em análise de substâncias ionizáveis e altamente solúveis em água, as

quais terão pouca interação com a fase reversa da coluna cromatográfica

(DONATO; ZANOTTO; BERGOLD, 2004).

Apesar de ter semelhança entre as demais técnicas utilizadas, é um pouco

mais complexa devido ao equilíbrio entre o surfactante, analito e fase estacionária

ser mais lento, além da técnica ser mais sensível a mudanças como pH da fase

móvel, temperatura e concentração do surfactante (BASTOS, 2008).

O efeito do pH pode influenciar diretamente na separação da amostra.

Amostras básicas em baixo pH tendem a se ionizar mais, tendo uma retenção maior

com o surfactante da fase móvel de carga oposta. Por outro lado, em amostras

ácidas o pH mais alto propicia uma melhor separação pois encontra-se na forma

dissociadas e interagem melhor com os surfactantes catiônicos (SNYDER;

KIRKLAND; GLAJCH, 1997).

Para substâncias catiônicas normalmente utilizam-se agentes surfactantes

aniônicos, como sulfonatos de cadeias médias (hexano, heptano, octano), onde a

parte da cadeia apolar vai interagir com a cadeia C18 da sílica, e a parte aniônica vai

interagir com a parte ionizada da amostra em questão (Figura 4). Em amostras cujo

analito seja de característica aniônica pode ser utilizado, como agente formador de

par iônico, o tetrabutilamônio, tendo o mesmo principio de interação fase reversa e

par iônico (JARDIM; COLLINS; GUIMARÃES, 2006).

Page 38: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

37

Figura 4 – Representa o processo envolvendo o agente formador de pareamento

iônico de característica aniônica e amostra ionizada catiônica em CLAE.

Fonte: JARDIM; COLLINS; GUIMARÃES, 2006.

Em amostras como ácidos e bases orgânicos, os quais são substâncias com

tendência a se ionizar, recomenda-se a utilização desta técnica. Além de poderem

ser utilizados como próprios reagentes de pareamento iônico por ter a capacidade

de interagir formando complexos com o analito (DONATO; ZANOTTO; BERGOLD,

2004).

O pareamento iônico apresenta a vantagem de separar uma mistura de

compostos devido à diferença no grau de ionização de cada um, além de possibilitar

a separação de substâncias altamente solúveis em água. Como exemplo de

compostos separados pela técnica de pareamento iônico em cromatografia de fase

reversa tem-se paracetamol, cloridrato de fenilefrina e maleato de carbinoxamina em

formulação de comprimidos, vitaminas hidrossolúveis, como pantotenato de cálcio e

nicotinamida dentre outras (BASTOS, 2008; DONG, 1988). Outro exemplo de

utilização foi a quantificação de componentes de gentamicina em medicamentos de

uso veterinário (PIETRO; CASS, 2007), e rivastigmina (RAO et al., 2005).

3.6 Validação de metodologia analítica

A validação de uma metodologia é necessária para garantir que o método é

apropriado à finalidade pretendida, ou seja, a determinação de modo qualitativo,

Page 39: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

38

semi-quantitativo e quantitativo, tanto para fármacos isolados como para o produto

farmacêutico que o contém (BRASIL, 2003; NBR ISO 9000, 2000).

A validação se aplica a técnicas que utilizem CG e CLAE, métodos não

cromatográficos, porém de doseamento, como titulometria, espectrofotometria UV, e

ainda para testes imunológicos e microbiológicos (RIBANI et al., 2004).

Para que a validação possa garantir que o método atenda às exigências

analíticas e que apresente resultados confiáveis, ele deve apresentar especificidade,

linearidade, intervalo, precisão, sensibilidade, limite de quantificação e identificação

exatidão adequados à análise. A substância de referência deve ser oficializada pela

farmacopeia, mas na ausência, admite-se o uso de padrões internos ou padrões de

trabalho que tenham identidade e teor devidamente identificados (BRASIL, 2003;

INMETRO, 2003). Para realização de testes de validação, os equipamentos devem

todos estar calibrados e os analistas treinados.

Os testes utilizados para validação analítica são divididos em 4 categorias,

diferindo entre si por finalidade a que se destina: categoria I, testes quantitativos

para determinação do princípio ativo em produtos farmacêuticos ou matérias-primas;

categoria II, teste quantitativos ou ensaio limite para determinação de impurezas e

produtos de degradação em produtos farmacêuticos e matérias-primas; categoria III,

teste de performance (dissolução, liberação do ativo, dentre outros); categoria IV,

teste de identificação (BRASIL, 2003).

Ainda para cada categoria será exigido a realização dos parâmetros

relacionados no Quadro 5.

Quadro 5 - Ensaios necessários para a validação do método analítico, segundo sua

finalidade

Parâmetro Categoria I Categoria II Categoria

III Categoria IV

Quantitativo Ensaio limite

Especificidade Sim Sim Sim * Sim

Linearidade Sim Sim Não * Não

Intervalo Sim Sim * * Não

Precisão Repetibilidade Sim Sim Não Sim Não

Intermediária ** ** Não ** Não

Limite de detecção Não Não Sim * Não

Limite de quantificação Não Sim Não * Não

Exatidão Sim Sim * * Não

Page 40: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

39

Continuação Quadro 5

Robustez Sim Sim Sim Não Não

Onde: * pode ser necessário dependendo a natureza do teste especificado.

** se houver confirmação da reprodutibilidade não é necessário a confirmação da

precisão intermediária (BRASIL, 2003).

3.6.1 Seletividade

O método é considerado seletivo se ele é capaz de detectar o fármaco em

presença de outras substâncias como impurezas, produtos de degradação e

excipientes (INMETRO, 2003). Esta é uma das características imprescindíveis para

métodos que sejam utilizados em estudos de estabilidade. Tais métodos devem

demonstrar serem do tipo MIE para os fármacos estudados.

No caso de testes de identificação (qualitativos), o teste deve ter a

capacidade de distinguir o fármaco de demais compostos com estruturas parecidas,

comparando o fármaco com um padrão, e os demais componentes com estrutura

relacionada, comparados aos seus padrões de substâncias relacionadas (BRUCE;

MINKKINEN; RIEKKOLA, 1998).

Em análises quantitativas como teor de impurezas, o resultado pode ser

obtido adicionando certa quantidade de impureza ao fármaco, demonstrando que

não sofre interferência nos resultados quando comparado com amostras não

contaminadas. Na ausência de tais impurezas estas comparações devem incluir

amostras armazenadas sob condições de estresse, como oxidação, luz, calor,

umidade e hidrolise ácido/base em comparação com amostras não degradadas

(BRASIL, 2003).

Outro detalhe importante é que deve garantir a pureza dos picos

cromatográficos (quando se tratarem de técnicas cromatográficas), acoplando ao

sistema um tipo de detector que seja possível identificar que o pico pertence a

apenas um composto, como o detector tipo DAD ou de espectrometria de massas

(MS). A utilização da análise de pureza do pico torna-se interessante de maneira a

demonstrar que o pico refere-se a um único composto (BRASIL, 2003).

3.6.2 Linearidade

Significa dizer que a metodologia é capaz de apresentar resultados

diretamente proporcionais à concentração do analito na amostra, dentro do intervalo

Page 41: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

40

especificado. A recomendação é que o teste seja realizado com, no mínimo, 5

concentrações diferentes do analito (ICH, 2005; BRASIL, 2003).

Após a análise, são confeccionados os gráficos de linearidade. Se houver

relação linear visual, os dados devem ser tratados com análises estatísticas, que

irão determinar o coeficiente de correlação (r), cujo valor mínimo aceitável é de 0,99,

a intersecção com eixo y, coeficiente angular, soma residual dos quadrados mínimos

da regressão linear e desvio padrão relativo. Como critério de aceitação estipulado é

um (r) de no mínimo 0,99 (INMETRO, 2003; BRASIL, 2003).

3.6.3 Intervalo

O intervalo é determinado entre os limites de identificação inferior e superior

de um método analítico. O limite inferior pode ser definido pelo limite de

quantificação, enquanto que o limite superior depende da resposta do equipamento

(INMETRO, 2003).

Geralmente o intervalo de análise estipulado é derivado do estudo de

linearidade, e estabelecido pela confirmação de que o método apresenta exatidão,

precisão e linearidade adequados quando aplicado a amostra que se apresente

dentro do intervalo especificado (BRASIL, 2003).

O Quadro 6 relaciona os limites porcentuais do teor do analito que devem

estar contidos no intervalo de linearidade para alguns métodos analíticos.

Quadro 6 - Limites porcentuais do teor do analito que devem estar contidos no

intervalo de linearidade para alguns métodos analíticos.

Ensaio Alcance

Determinação quantitativa do

analito em matérias-primas ou em

formas farmacêuticas

De 80 % a 120 % da concentração teórica do teste

Determinação de impurezas Do nível de impureza esperado até 120 % do limite máximo

especificado. Quando apresentarem importância toxicológica

ou efeitos farmacológicos inesperados, os limites de

quantificação e detecção devem ser adequados às

quantidades de impurezas a serem controladas

Uniformidade de conteúdo De 70 % a 130 % da concentração teórica do teste

Page 42: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

41

Continuação Quadro 6

Ensaio de dissolução De ± 20 % sobre o valor especificado para o intervalo. Caso

a especificação para a dissolução envolva mais que um

tempo,

o alcance do método deve incluir –20 % sobre o menor valor

e + 20 % sobre o maior valor.

(BRASIL, 2003)

3.6.4 Precisão

É a avaliação da proximidade dos resultados com amostragens múltiplas de

uma mesma amostra. A precisão é dividida em três níveis: repetibilidade, precisão

intermediária e reprodutibilidade (INMETRO, 2003).

Repetibilidade ou precisão intra-corrida, é a concordância entre os resultados

dentro de um curto período com o mesmo analista e mesmos equipamentos. Neste

teste devem ser realizados no mínimo 9 determinações, sendo tréplica de três

concentrações diferentes (alta, média e baixa) ou no mínimo 6 determinações a

100% da concentração teste (BRASIL, 2003).

Precisão intermediária ou precisão inter-corridas, seria a concordância dos

resultados dentro do mesmo laboratório em análises realizadas por analistas, dias

e/ou equipamentos diferentes. Recomenda-se, no mínimo dois dias de análise com

analistas diferentes (BRASIL, 2003; ICH, 2005)

Já a reprodutibilidade ou precisão inter-laboratorial, refere-se resultados

relacionados com análises em laboratórios diferentes, como estudo colaborativo,

geralmente utilizados para padronização de metodologia, como inclusão em

compêndios oficiais (BRASIL, 2003; BRUCE; MINKKINEN; RIEKKOLA, 1998).

A precisão de um método analítico pode ser expressa com os dados de

desvio padrão e desvio padrão relativo (DPR) ou coeficiente de variação (CV), onde

o CV aceitável encontra-se abaixo de 5 % (BRASIL, 2003; INMETRO, 2003).

3.6.5 Limite de detecção

É a menor quantidade de analito detectada, presente na amostra, não

necessariamente quantificado. O limite de detecção (LD) é avaliado por uma solução

de concentração conhecida e decrescente até um menor nível detectável. Para

Page 43: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

42

métodos qualitativos a detecção pode ser feita visualmente até a menor

concentração capaz de ser detectada visualmente (BRASIL, 2003; ICH, 2005).

Para métodos instrumentais como CLAE, CG, o limite de detecção pode ser

estimado pela concentração correspondente a um pico três vezes maior que o ruído

na linha de base. Outro modo seria utilizando a equação 1 (BRASIL, 2003):

LD : DP α x 3 Equação 1

IC

onde LD: limite de detecção; DP α: desvio padrão do intercepto com o eixo y ou

coeficiente linear, de no mínimo, três curvas de calibração construídas contendo

concentrações do fármaco próximas ao limite de quantificação. Ou pode ser obtido a

partir da curva de calibração proveniente da análise de um número apropriado de

amostras do branco; IC: inclinação da curva de calibração ou coeficiente angular.

3.6.6 Limite de quantificação

É a menor quantidade que pode ser determinada com precisão e exatidão

aceitáveis para as condições experimentais estabelecidas. É aplicável

principalmente para detecção de impurezas, produtos de degradação de fármacos

ou produtos farmacêuticos, é expresso em concentração (p/v, p/p, ppm). Assim

como limite de detecção, é utilizada uma solução com concentrações decrescentes

ate o menor nível determinável com precisão e exatidão que produzam um pico dez

vezes maior que o ruído de linha base ou pode ser calculado pela equação 2

(BRASIL, 2003).

LQ : DP α x 10 Equação 2

IC

onde LQ: limite de detecção

3.6.7 Exatidão

É a proximidade dos valores obtidos aos valores reais. Para fármacos pode-

se utilizar um padrão de referência, ou comparar os resultados obtidos na

metodologia que está sendo validada com resultados obtidos de uma metodologia

com a exatidão conhecida (BRUCE; MINKKINEN; RIEKKOLA, 1998; BRASIL, 2003).

Page 44: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

43

Para forma farmacêutica, é analisada uma amostra em que uma quantidade

de fármaco é adicionada a uma mistura dos componentes do medicamento (placebo

contaminado), porém, quando nem todos os componentes do medicamento estão

disponíveis, se aceita a utilização do método de adição de padrão em quantidades

conhecidas a uma amostra de medicamento (ICH, 2005; BRASIL, 2003).

Para análise de impurezas, tem-se a adição das impurezas ou dos produtos

de degradação ao medicamento. Caso não estejam disponíveis, pode-se realizar

outro método bem caracterizado a fim de estimar a exatidão (BRASIL, 2003).

A exatidão é calculada como a porcentagem de recuperação do analito

adicionado em concentração conhecida, conforme a Equação 3 (BRASIL, 2003):

Exatidão = Concentração média experimental x 100 Equação 3

Concentração teórica

A exatidão deve ser realizada após o teste de linearidade e especificidade do

mesmo, com no mínimo nove determinações, ou seja, tréplica de três concentrações

diferentes alta, média e baixa (BRASIL, 2003).

3.6.8 Robustez

Definida como a capacidade do método resistir a pequenas e deliberadas

variações que possam ocorrer nos parâmetros analisados, o que indica a confiança

durante o uso normal (INMETRO, 2003).

Em análises utilizando métodos cromatográficos, recomenda-se que sejam

variados o pH da fase móvel, a composição ou concentração da fase móvel,

diferentes colunas ou lotes diferentes do mesmo fabricante, temperatura do forno, e

fluxo da fase móvel. No quadro abaixo estão descritos alguns dos parâmetros que

devem ser avaliados para a robustez da metodologia (BRASIL, 2003).

Page 45: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

44

Quadro 7 - Fatores que devem ser considerados na determinação da robustez do

método analítico.

Preparo das Amostras ·Estabilidade das soluções analíticas

·Tempo de extração

Espectrofotometria

·Variação do pH da solução

·Temperatura

·Diferentes fabricantes de solventes

Cromatografia Líquida

·Variação do pH da fase móvel

·Variação na composição da fase móvel

·Diferentes lotes ou fabricantes de colunas

·Temperatura

·Fluxo da fase móvel

Cromatografia Gasosa

·Diferentes lotes ou fabricantes de colunas

·Temperatura

·Velocidade do gás de arraste

(BRASIL, 2003)

3.7 Diabetes Mellitus

O Diabetes Melitus é uma patologia de fatores etiológicos múltiplos,

caracterizada principalmente por uma diminuição ou por ausência na produção de

insulina pelas ilhotas pancreáticas, podendo ser acompanhada pelo

comprometimento da ação da mesma no organismo devido à diminuição da

sensibilidade dos receptores celulares (KATZUNG, 2006).

Classificada em quatro categorias: tipo 1 ou diabetes insulinodependente, tipo

2 ou diabetes não insulinodependente, tipo 3 (pacientes que contem diabetes do

tipo 1 e tipo 2 associadas) e tipo 4 ou diabetes gestacional (BEERS; BERKOW,

1999; KATZUNG, 2006).

O Diabetes tipo 1 pode ocorrer em qualquer idade. Porém, é mais comum ser

diagnosticado na infância ou adolescência e é responsável por 10 a 15 % dos casos

de diabetes e caracteriza-se por hiperglicemia, aonde o pâncreas não produz ou

produz quantidades insuficientes de insulina. Cerca de 80 % dos portadores de

diabetes tipo 1 apresentam auto-imunidade contra estas células β-pancreáticas

(MERCK SHARP & DONE, 2010; SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2010).

Page 46: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

45

No Diabetes do tipo 2, geralmente diagnosticada a partir dos 30 anos de

idade, podendo ocorrer também em crianças e adolescentes, é caracterizada por

hiperglicemia, além de resistência celular à insulina. Este tipo de diabetes

comumente está associada à obesidade, especialmente na porção abdominal do

corpo, devido à hiperinsulinemia resultante, que pode levar também à hipertensão e

doença arterial coronariana (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2010).

Em outras etiologias, como doenças não pancreática, terapias farmacológicas

que possam elevar a glicemia pode-se classificar como diabetes do tipo 3. Algumas

mulheres em sua primeira gestação podem apresentar um aumento anormal de

glicose sanguínea, denominado de diabetes gestacional, onde os hormônios

placentários produzidos criam uma resistência a insulina, que se acentua no último

trimestre da gestação (KATZUNG, 2006).

O diagnóstico de diabetes quase sempre é feito em pacientes que realizam

exames rotineiros, pois na maioria dos casos a hiperglicemia é assintomática. A

hiperglicemia, quando sintomática, pode vir acompanhada de sintomas como

glicosúria, diurese osmótica que leva a desidratação, poliúria, polidipsia e perda de

peso. Pode causar, também, visão borrada, fadiga, náusea e propensão a infecções.

Em mulheres com diabetes tipo 2 geralmente se associa com coceira devido à

candidíase vaginal (BEERS; BERKOW, 1999; SOCIEDADE BRASILEIRA DE

DIABETES, 2010).

Devido a longos períodos de hiperglicemia mal controlada, algumas

complicações podem ser observadas, como retinopatias, acompanhada de

hemorragias ou descolamento da retina; doenças macrovasculares, como

aterosclerose; deterioração cutânea e infecções; doenças vasculares periféricas

graves, que podem levar à amputação de membros, em geral inferiores, e nefropatia

evidenciada por albuminúria (MERCK SHARP & DONE, 2010).

Ainda outras complicações, como polineuropatias simétrica, distal e

predominantemente sensorial, caracterizada por adormecimento, formigamento e

parestesias nas extremidades, dores intensas, profundas e debilitantes, perda da

sensibilidade do tornozelo, que dificulta a percepção de traumas. Riscos de

infecções ficam aumentados devido à diminuição da imunidade celular causada por

hiperglicemia aguda e deficiências circulatórias, que podem acarretar em úlceras

indolores, que muitas vezes leva à amputação (BEERS; BERKOW, 1999).

Page 47: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

46

A patologia já virou pandemia, e está em crescimento acentuado,

principalmente em países desenvolvidos, pois a qualidade de vida está alterada,

modificando a alimentação, propiciando o aparecimento da obesidade, hábitos de

vida rotineiros que causam o estresse, envelhecimento populacional e histórico de

diabetes na família (LEAL, 2010).

Esta doença silenciosa representa uma preocupação na saúde pública

mundial, tendo em vista que 35 milhões de pessoas nas Américas apresentavam

esta doença no ano de 2000, com perspectiva de triplicar esta incidência na faixa

etária de 45 – 64 anos e duplicar na faixa de 20 – 44 anos e mais de 65 anos, até

2025 (KING et al., 1998; SARTORELI; FRANCO, 2003).

Segundo a OMS (organização mundial da saúde), 220 milhões de pessoas

são portadoras da patologia no mundo, e esta é responsável por 5 % das mortes. No

Brasil, a prevalência desta em 2009 foi de 6,4 % na faixa etária de 20 – 79 anos,

afetando 258 milhões de pessoas. Estima-se que até o ano de 2030, 439 milhões de

pessoas serão portadoras da patologia (SHAW; SICREE; ZIMMET, 2009).

Nos Estados Unidos da América a prevalência de diabetes na faixa etária de

20 anos de idade foi de 1,9 milhões de pessoas em 2010, sendo que 18,8 milhões

de casos diagnosticados e 79 milhões de pacientes encontram-se na faixa de

prediabéticos (NATIONAL DIABETES FACT SHEET, 2011).

O aumento da incidência desta patologia vem associado ao aumento da

expectativa de vida, bem como ao aumento do sobrepeso e da obesidade. Esta

patologia também é responsável pelo maior número de internações devido às

complicações graves causadas e que necessitam de cuidados médicos integrais

(SARTORELI; FRANCO, 2003).

No tratamento do diabetes a terapia medicamentosa é fundamental, além de

reeducação alimentar e práticas de exercícios físicos. Como terapia medicamentosa

emprega-se, principalmente, a insulina, utilizada com o objetivo de controlar os

pulsos de glicemia após as refeições em todos os tipos de diabetes, mas

principalmente no tipo 1 ou insulinodependente (MERCK SHARP & DONE, 2010).

Além da insulina, existem classes de medicamentos hipoglicemiantes, as

quais auxiliam no aumento da secreção de insulina por estímulo direto no pâncreas,

como exemplo as sulfoniluréias (glibenclamida, tolbutamida, clorpromamida,

glimepirida, glipizida e tolazamida). Já as meglitinidas, como a repaglinida, que não

atua diretamente na hexocitose da insulina e derivados da D-fenilalanina, como

Page 48: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

47

nateglinida que também exerce efeito sobre a secreção da insulina (BEERS;

BERKOW, 1999; KATZUNG, 2006).

Enquanto os fármacos distintos acima atuam aumentando os níveis

plasmáticos de insulina, outros aumentam a sensibilidade dos receptores celulares a

ação da insulina, como as classes farmacológicas das tiazolidinodionas

(pioglitazona, rosiglitazona), e as biguanidas cuja principal representante é a

metformina (KATZUNG, 2006).

3.7.1 Cloridrato de metformina

O cloridrato de metformina é conhecido como cloridrato de 1,1-

dimetilbiguanida (figura 5). Apresenta-se na forma de cristais brancos, solúveis em

água, pouco solúveis em álcool e praticamente insolúveis em acetona, cloreto de

metileno, éter e clorofórmio. É comercializado também na forma de p-

clorofenoxiacetato e pamoato de metformina. O teor de matéria-prima seca na forma

de cloridrato é de 98,5 a 101,0 %, com ponto de fusão na faixa de 222 ºC a 226 ºC

(FARMACOPEIA PORTUGUESA, 2006; BRITISH PHARMACOPOEIA, 2008;

O´NEIL et al., 2006; UNITED STATES PHARMACOPEIA, 2008)

Figura 5 - Estrutura molecular do cloridrato de metformina

Pertencente à classe das biguanidas, a metformina tem tempo de meia vida

de 1,5 – 3 h, não exibe ligação com proteínas plasmáticas e nem é metabolizada

pelo fígado, sendo excretado na urina sob a forma inalterada. Os mecanismos de

ação propostos são vários como (a) estimulação da glicólise nos tecidos e remoção

do plasma, (b) redução da gliconeogênese hepática e renal, (c) redução da absorção

da glicose pelo trato gastrointestinal, (d) redução dos níveis plasmáticos de

glucagon, e ainda, além de hipoglicemiante, pode ser utilizado no tratamento de

ovário policístico (KATZUNG, 2006; O´NEIL et al., 2006).

O fármaco é prescrito quando a terapia com insulina é ineficaz, e sendo um

agente poupador de insulina, não aumenta o peso corporal, não provoca

Page 49: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

48

hipoglicemia, apresentando vantagens em relação às demais classes de

hipoglicemiantes. O esquema de administração varia de 500 mg a 2,55 g ao dia,

ajustando para a menor dosagem eficaz (BEERS; BERKOW, 1999; KATZUNG,

2006).

Como efeitos colaterais apresenta: desconfortos gastrointestinais, como

anorexia, náusea, vômito, desconforto abdominal, diarréia, freqüente em 20 % dos

pacientes, que podem ser evitados se administrar junto com as refeições. Sendo

contra-indicada em pacientes com doença renal, alcoolismo, hepatopatia ou

predisposição a anorexia tecidual (BEERS; BERKOW, 1999; KATZUNG, 2006).

Este fármaco tem sido recentemente redescoberto devido à sua capacidade

de inibir significativamente o crescimento de linhagens celulares de câncer ovariano

e potencializar a quimioterapia (GOTIEB et al., 2008; RATTAN et al., 2011) e está

sendo submetido a testes clínicos de Fase II combinado com quimioterapia em

câncer de pâncreas (UNIVERSITY OF AMSTERDAM, 2011).

Na maioria dos fármacos, em condições inadequadas de armazenamento,

pode ocorrer a degradação e, consequentemente, a formação de impurezas. No

caso do cloridrato de metformina (Figura 5), as impurezas (Figura 6) são

cianoguanidina (A), 4,6-diamino-1,3,5-triazino-2-il)guanidina (B), N,N-dimetil-1,3,5-

triazino-2,4,6-triamina (C), 1,3,5-triazino-2,4,6-triamino ou melamina (D), 1-

metilbiguanida (E) e N-metilmetenamida (FARMACOPEIA PORTUGUESA, 2006;

BRITISH PHARMACOPOEIA, 2008).

A cianoguanidina (A) também chamada diciandiamida, é um dímero de

cianamida e um intermediário da síntese do cloridrato de metformina e da melamina

(D), a qual é um trímero da cianoguanidina (ALI et al., 2008).

Page 50: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

49

CNNHNH2

NH

N

N

N

NH2

NH2 NH

NH2NH

N

N

N

NH2

NH2 N

CH3

CH3

(A) (B) (C)

N

N

N

NH2

NH2 NH2 CH3

NHNHNH2

NH NH

(D) (E)

Figura 6 - Estrutura molecular das impurezas especificadas do cloridrato de

metformina

O limite máximo permitido para a impureza especificada (A) é de 0,01 %. Para

as demais substâncias relacionadas detectáveis o limite permitido é de 0,02 %, ou

no máximo a área do pico obtido no cromatograma da solução padrão melamina (D).

Quanto a metais pesados, é permitido no máximo 10 ppm ou 0,001 %, a perda por

dessecação deve ser de, no máximo, 0,5 % e as cinzas sulfatadas de no máximo 0,1

% (FARMACOPEIA PORTUGUESA, 2006; BRITISH PHARMACOPOEIA, 2008;

UNITED STATES PHARMACOPEIA, 2008).

Quanto às formas farmacêuticas, o cloridrato de metformina está disponível

na forma de comprimido, nas dosagens de 500 mg, 850 mg e 1000 mg . O

medicamento de referência é o Glifage®. Além deste, o laboratório Merck

comercializa o Glifage XR® (comprimidos de ação prolongada) (CAETANO, 2008).

Até 2011 havia 64 especialidades farmacêuticas comercializadas no Brasil com as

doses acima citadas do referido fármaco (ANVISA, 2011).

3.7.2 Métodos por CLAE para análise do cloridrato d e metformina

A maior parte dos estudos com metformina envolve análise do fármaco em

amostras biológicas. Um dos métodos desenvolvidos com objetivos de fazer o

doseamento plasmático dos níveis de metformina foi descrito por Vesterqvist,

Page 51: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

50

Nabbie e Swanson (1998). A amostra de plasma contendo cloridrato de metformina

foi injetada no sistema cromatográfico (CLAE) utilizando uma coluna de troca iônica

preparativa e fase móvel fosfato de amônio 0,05 M. Posteriormente, outra coluna de

troca iônica analítica com fase móvel de fosfato de amônio 0,4 M foi empregada e a

metformina eluiu em 5 min. Após a validação da metodologia, os autores concluíram

que o método é robusto, rápido e sensível para doseamento de metformina em

plasma sanguíneo.

Outro método foi desenvolvido por Porta et al. (2008), para análise do

fármaco em plasma e objetivava a aplicação em ensaios de farmacocinética e

bioequivalência. Foi empregada coluna MetaSil com grupos fenil ligados; fase móvel

composta de tampão fosfato 0,02 M pH 7,0 com acetonitrila (50:50 v/v) em fluxo de

1mL/min; temperatura do forno de 40 ºC e detecção em 236 nm. O método foi

validadeo e os autores argumentam sobre sua aplicação em ensaios de

bioequivalência, avaliação biológica e estudos de farmacocinética.

Ainda com objetivo de doseamento do cloridrato de metformina em plasma

humano, foi utilizado como fase estacionária uma coluna de sílica C18 end capped

(Inertsil ODS-2, 250 x 4,6 mm, 5 µm) e fase móvel constituída de metanol:água

(65:35 v/v), com fluxo de 1mL/min, na temperatura ambiente. Como resultado a

metformina teve tempo de retenção de 15 minutos. A metodologia apresentou

precisão e exatidão para dosagem plasmática de metformina (TACHE et al., 2001).

Zarghi et al. (2003) utilizaram uma coluna µBondapak C18 (150 x 4,6 mm, 4

µm), fase móvel composta de acetonitrila: tampão dodecil sulfato de sódio 0,01 M e

fosfato dihidrogenado 0,01 M (pH 5,1) 40:60 (v/v), com detecção em 235 nm. Os

autores argumentaram que o método apresentou boa sensibilidade, seletividade e

precisão, podendo ser utilizado para estudos de farmacocinética utilizando o

cloridrato de metformina. Este método apresenta a desvantagem do fármaco eluir

em 3,4 min, muito próximo ao volume morto, dificultando a separação das impurezas

que eluam previamente ao fármaco.

Existem ainda metodologias desenvolvidas para doseamento simultâneo do

cloridrato de metformina e outros fármacos, como descrito por Georgita et al. (2007),

onde há a eluição do cloridrato de metformina e glibenclamida na mesma amostra

(plasma). Utilizando coluna Zorbax® CN (150 x 4,6 mm, 5 µm), com pré-coluna

Phenomenex® C18 (2 x 4 mm), fase móvel contendo 50 % de solução de acetato de

amônio 0,01 M, pH ajustado para 3,5 com ácido acético e 50 % de acetonitrila,

Page 52: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

51

volume de injeção de 50 µL, fluxo de 1 mL/min e temperatura do forno de 25 ºC, e

como detector do tipo espectrômetro de massas. As amostras foram contaminadas

com dois produtos de degradação, um de cada fármaco e submetidas à análise. Os

autores concluíram que a metodologia foi validada e que poderia ser utilizada em

estudos de bioequivalência de amostras que contivessem mistura de metformina e

glibenclamida.

Nos compêndios oficiais, o método preconizado para o doseamento da

matéria-prima de cloridrato de metformina é a titulação. A metodologia por CLAE é

indicada apenas para ensaios de substâncias relacionadas, ou seja, análise das

substâncias provenientes do processo de degradação do fármaco, as quais são

consideradas impurezas (FARMACOPEIA PORTUGUESA, 2006; BRITISH

PHARMACOPOEIA, 2008).

Nas Farmacopeias Portuguesa, Britânica e Americana, para a matéria-prima

de cloridrato de metfomina, no item relativo à quantificação das substâncias

relacionadas recomenda-se o emprego de uma solução padrão do cloridrato de

metformina (5 mg/mL), solução padrão do cloridrato de metformina diluída (5 µg/mL),

uma solução da impureza (cianoguanidina-A) na concentração de 1 µg/mL e uma

solução de resolução (mistura de metformina e melamina) nas concentrações de 5

µg/mL e 2 µg/mL, respectivamente. O tempo de corrida deve ser duas vezes o

tempo de retenção do cloridrato de metformina (FARMACOPEIA PORTUGUESA,

2006; BRITISH PHARMACOPOEIA, 2008; UNITED STATES PHARMACOPEIA,

2008).

Como fase estacionária, as farmacopeias recomendam utilizar sílica gel

porosa ligada quimicamente à grupo ácido benzenossulfônico (0,25 m x 4,6 mm, 5

µm). Para a impureza cianoguanidina padroniza-se como fase móvel uma solução

de dihidrogenofosfato de amônio (17 g/L), com pH ajustado para 3,0 com ácido

fosfórico, fluxo de 1 mL/min e volume de injeção de 20 µL (FARMACOPEIA

PORTUGUESA, 2006; BRITISH PHARMACOPOEIA, 2008)

A Farmacopeia Americana recomenda como fase estacionária, sílica porosa

ligada a grupos de troca iônica, ácidos fortes (0,25 m x 4,6 mm, 10 µm), denominada

L9. A fase móvel é a mesma da farmacopeia britânica, o fluxo pode ser variável de

1,0 a 1,7 mL/min e o volume de injeção de 20 µL (UNITED STATES

PHARMACOPEIA, 2008).

Page 53: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

52

Para análise de teor do cloridrato de metformina em comprimidos, o método

preconizado é a técnica de espectrofotometria no UV (BRITISH PHARMACOPOEIA,

2008; UNITED STATES PHARMACOPEIA, 2008).

Nos ensaios de substância relacionada, nos comprimidos, procede-se da

mesma forma que para a matéria-prima, segundo a Farmacopeia Americana

(UNITED STATES PHARMACOPEIA, 2008). A farmacopeia britânica (BRITISH

PHARMACOPEIA, 2008) no ensaio de substâncias relacionadas, mais

especificamente para presença de cianoguanidina (A), a solução é preparada com

os comprimidos do cloridrato de metformina (5 mg/mL) e uma solução com padrão

de cianoguanidina (1 µg/mL), comparando-se os cromatogramas das duas soluções.

A área de qualquer impureza com tempo de retenção diferente da cianoguanidina

não deve ser maior que o pico correspondente à cianoguanidina (0,02 %) (BRITISH

PHARMACOPEIA, 2008).

Neste caso específico de pesquisa de cianoguanidina em comprimidos,

utiliza-se outro sistema de eluente, e a coluna cromatográfica recomentada possui

outras dimensões. O sistema eluente emprega solução de ortofosfato de amônio

dihidrogenado 1,7 %, com pH ajustado para 3,0 com ácido ortofosfórico, fluxo de 1

mL/min, utilizando como fase estacionária a sílica gel porosa com grupos

benzenosulfônico ligados, porém, com 12,5 cm de comprimento por 4,6 mm de

espessura e partículas de 5 µm (Partisphere 5 µm SCX) (BRITISH

PHARMACOPEIA, 2008).

Recentemente foi publicado o resultado de um desenvolvimento e validação

de método de quantificação do cloridrato de metformina, utilizando testes de

degradação forçada. Porém, as condições de degradação aplicada à matéria-prima

não foram especificadas, sendo apenas citada a realização de estresse químico com

ácido, base, agente oxidante, e estresse físico com luz e calor, sem detalhar o

tempo de contato, a temperatura, as concentrações dos agentes degradantes e a

metodologia utilizada (SAKALGAONKAR; MIRGANE; ARBAD, 2008).

As condições cromatográficas aplicadas no referido estudo foram fase

estacionária Inertisil ODS 3V (250 mm x 4,6 mm, 5 µm), fase móvel composta de

uma mistura de acetonitrila e tampão (25 mM de fosfato de potássio dibásico 7:93 e

5 mM de hexano sulfônico sal sódico) 7:93, pH ajustado para 3,0 com ácido

fosfórico, fluxo de 1 mL/min, volume de injeção 20 µL, e comprimento de onda 218

nm. As amostras do padrão cloridrato de metformina e as amostras do cloridrato de

Page 54: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

53

metformina submetidas ao processo de degradação forçado foram diluídas até uma

concentração de 25 ppm. Os autores não observaram nenhum produto de

degradação formado nas condições utilizadas, com contradições nas análises da

linearidade do método (SAKALGAONKAR; MIRGANE; ARBAD, 2008).

O trabalho citado contradiz as monografias farmacopeicas, pois algumas das

estruturas dos possíveis produtos de degradação e impurezas deste fármaco já são

conhecidas e elucidadas, e podem ser geradas por processo de degradação ou até

mesmo ser resíduos da síntese em laboratório, como a diciandiamida, a qual é a

substância de partida na síntese da metformina (BRITISH PHARMACOPOEIA, 2008;

SHALMASHI, 2008).

Ali e colaboradores (2008) desenvolveram e validaram um MIE seletivo para o

cloridrato de metformina, cianoguanidina e melamina, além dos produtos de

degradação gerados em diferentes condições de degradação, empregando

cromatografia líquida de interação hidrofílica (HILIC) em CLAE. O método baseou-se

na interação hidrofílica dos analitos com a sílica da fase estacionária.

Riwari (2009) validou um método MIE por CLAE em fase reversa,

empregando como fase móvel tampão fosfato e metanol (21:79 v/v), porém somente

demonstrou a separação do cloridrato de metformina da impureza cianoguanidina,

sem a realização de testes de degradação forçada.

Bhamare et al. (2011) demonstraram a validação de um Método MIE por

CLAE-UV para a associação do cloridrato de metformina e fenofibrato, usando uma

coluna de fase reversa (Inertsil® ODS). Neste método, como a fase móvel continha

apenas água acidificada e acetonitrila, o cloridrato de metformina eluiu muito

próximo ao volume morto. Os autores aplicaram condições de degradação a fim de

demonstrar a seletividade do método, na presença dos dois fármacos. Porém, não

demonstraram a eluição das impurezas especificadas pelas farmacopéias, que

provavelmente eluiriam antes do cloridrato de metformina, devido à polaridade

elevada destas substâncias.

Os métodos discutidos acima para o doseamento do cloridrato de metformina

na literatura estão resumidos no Quadro 8 abaixo:

Page 55: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

54

Quadro 8 - Métodos analíticos para o doseamento da metformina por CLAE

Fase móvel Tipo de coluna Temp. (°C)

Sistema de detecção (nm)

Referência

Fosfato de amônio 0,4 M Coluna de extração tipo troca-iônica (7,5 x 4,6 mm), com uma válvula de troca e

coluna analítica de troca iônica (250 x 4,6 mm).

Nc UV/232 1

Acetonitrila:dodecil sulfato de sódio 0,01 M e fosfato de sódio dihidrogenado 0,01 M,pH 5,1, (40:60 v/v)

C18 150 x 4.6 mm µbondapak

Nc UV/235 2

Água:metanol (65:35 v/v) C18 endcapped Inertsil ODS-2 (250 x 4,6mm)

T.A. UV/280 3

Tampão fosfato 0,02 M: acetonitrila pH 7,0 (50:50 v/v)

MetaSil-fenil (150 x 4,6mm) 40 UV/236 4

acetato de amônio 0,01 M, pH 3,5 com ácido acético: acetonitrila (50:50 v/v)

Zorbax CN (150 x 4,6 mm, 5 µm), com pré-coluna

Phenomenex C18 (2 x 4 mm)

25 Espectrometria de massas

5

Fosfato de amônio 17 g/L pH 3,0 com ac. fosfórico (ensaio para substâncias relacionadas)

Gel de Sílica poroso de forma irregular com grupos

benzenosulfônicos (5 micrometros) 4,6 x 250 mm

Nc UV/218 6

Acetonitrila: tampão (25 mM de fosfato de potássio dibásico e 5 mM de sal sódico de ácido sulfônico hexano) pH 3,0 com ácido Fosfórico (7:93 v/v)

Sílica C18 endcapped Inertsil ODS-3V (250 x 4,6

mm)

25 UV/218 7

Fosfato de amônio a 17 g/L pH 3,0 com ac. Fosfórico (ensaio para substâncias relacionadas)

Gel de Sílica poroso de forma irregular com grupos benzenosulfônicos (10 µm) 4,6 x 250 mm ou (5 µm) 4,6

x 125 mm

Nc UV/218 8

ortofosfato diidrogenado de amônio 1,7 % pH 3.0 (teor de cianoguanidina em comprimidos)

Gel de Sílica poroso de forma irregular com grupos benzenosulfônicos 12,5 cm x 4 mm (Partisphere 5 µm

SCX)

Nc UV/218 8

Fosfato de amônio monobásico pH 3,0

Spherisorb SCX L9 4,6 x 250 mm (revestida com

ácidos fortes trocadores de cátions)

Nc UV/218 9

Fosfato de sódio hidrogenado 25 mM pH 3,0: acetonitrila (84:16 v/v)

Coluna HILIC – Si 250 x 4,6 mm Waters, 5 µm

T. A. UV/ 218 10

Fosfato de amônio diidrogenado 0,01 mM pH 5.0

Nova-pack silica 4 µm, 150 x 3,9 mm

T. A. UV/232 11

Acetonitrila: água em pH 3 com ác. Ortofosfórico (70:30 v/v)

Inertsil® ODS 30°C UV/250 12

Nc: não consta; T.A.: Temperatura Ambiente; 1) Vesterqvist; Nabbie; Swanson (1998); 2) Zarghi et al. (2003);3) Tache et al. (2001); 4) Porta et al. (2008); 5) Georgita et al. (2007); 6) Farmacopeia Portuguêsa (2005); 7) Sakalgaonkar; Mirgane; Arbad (2008); 8) British Pharmacopeia (2008); 9) United States Pharmacopeia (2008); 10) Ali et al. (2008); 11) Riwani (2009); 12) Bhamare et al. (2011).

Page 56: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

55

Apesar do grande número de metodologias desenvolvidas para o fármaco em

questão, poucas podem ser consideradas MIE. Entre aquelas que cumprem este

requisito, há o emprego de colunas especiais, como é o caso dos métodos

farmacopeicos e o uso da HILIC. Nos métodos que empregaram colunas mais

comuns, de fase reversa, não há uma clara demonstração da separação de mais de

um produto de degradação do fármaco. Tampouco há informação sobre a influência

de diferentes fabricantes e excipientes no perfil de degradação do cloridrato de

metformina, e dados de qualificação quanto à citotoxicidade dos produtos

degradados.

Page 57: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

56

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Materiais

• Acetato de etila PA, marca Isofar

• Acetonitrila grau HPLC, marca J. T. Baker

• Ácido acético PA, marca Nuclear

• Ácido ortofosfórico, marca Merck

• Água ultrapura grau HPLC

• Anfotericina B, marca Fungizona, GIBCO

• Brometo de etídio, marca Sigma Aldrich

• Clorofórmio PA, marca Vetec

• Cloridrato de metformina SQR; 98,2 % teor (procedência China, Lote

20051129)

• Diacetato de fluoresceína, marca Sigma Aldrich

• Diciandiamida PA, marca Sigma Aldrich

• Diclorometano PA, marca Isofar

• Dimetilsulfóxido PA, marca nuclear

• Dodecilsulfato de sódio marca Tedia

• Fosfato de potássio, marca Synth

• Fosfato de potássio monobásico, marca Synth

• Fosfato de sódio dibásico, marca Synth

• Fosfato de sódio monobásico, marca Synth

• Glifage® 500 mg, laboratório merck , lote BR18409

• Glucoformin® 500mg, laboratório Novo Nordisk , lote LVM70304

• H2O2 PA, marca Isofar

• HCl PA ,marca Biotec

• Heptanossulfonato de sódio ,marca Vetec

• Hexano Grau HPLC, marca Isofar

• L-glutamina

• Melamina PA, marca Sigma Aldrich

• Metanol Grau HPLC, marca J. T. Baker

• Metanol PA, marca Vetec

Page 58: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

57

• MTT PA, marca Sigma

• NaOH PA, marca Isofar

• Octanossulfonato de sódio PA, marca Vetec

• Placas cromatográficas de sílica gel 60 F254, marca Merck®

• Placa cromatográficas de sílica gel (2 mm x 20 cm), marca Merck®

• Permanganato de potássio PA, marca Dinamica

• Pool de antibióticos (Neomicina, Estreptomicina e penicilina,) marca GIBCO

• Sílica gel em pó (0,04 – 0,06 mm), marca Merck®

• Soro fetal bovino, marca GIBCO

4.2 Equipamentos

• Balança analítica Mettler Toledo modelo AG 204

• Balança Micro analítica Shimadzu modelo AVW2220D

• Banho de ultrassom cleaner

• Bomba vácuo Marconi modelo 2107V6200TFEZI

• Capela de fluxo laminar Pachane, modelo 400

• Câmara de UV Dist modelo DVIRUV

• Cromatógrafo (Shimadzu modelo LC-10AD LC system) consistindo de uma

bomba binária (LC10AD) e um detector tipo DAD - photo diode array

Shimadzu (SPD-M10A), com injetor automático (SIL-10A) e software Class

VP (version 5.33)

• Cromatógrafo (Waters modelo 600 pump) com detector tipo DAD (2996),

injetor automático (717 plus) e um degaseificador in line (degasser AF) e

software Millennium Empower

• Cromatógrafo (Shimadzu, modelo GCMS-QP2010S) tipo GC-MS com

Detector de Massas (QP-2010, composto por: Analisador de Íons tipo

Quadrupólo com pré-quadrupólo em aço inox), Fonte de Ionização tipo

Impacto de elétrons (EI);com Software GCMSsolution, versão 2.53SU1; Auto

injetor AOC-20i para GCMS-QP2010S e Detector de Ionização de Chama

(FID), modelo FID-2010.

• Câmara de UV Dist Modelo DVIRUV 300

Page 59: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

58

• Estufa de CO2 Ultrasafe Biosystem modelo FTF 212UV

• Espectrômetro supercondutor de RMN Multinuclear com Transformada de

Fourier modelo AC300F MHz para observar 1H/13C equipado com imã

supercondutor BC 47/50, marca Bruker

• Leitor de microplaca ASYS modelo Expert plus UV

• Liofilizador (Thermo Savant, VLP 200) com bomba de vácuo (Thermo Savant,

VPOF 110)

• Microscópio de fluorescência invertida olympus modelo CKX 41

• pHgâmetro Digimed modelo DM 20

• Rotaevaporador Tecnal TE- 211

• Ulrapurificador Easy Pure LE, modelo D 738

4.3 Doseamento do cloridrato de metformina nas espe cialidades farmacêuticas

Inicialmente foi realizado o doseamento de três especialidades farmacêuticas

contendo cloridrato de metformina: o medicamento referência, Glifage® 500 mg cujo

fabricante é o laboratório Merck Sharp & Done, o genérico, do laboratório Medley e o

similar Glucoformin®, do laboratório Novo Nordisk, utilizando método por CLAE

previamente desenvolvido e validado pelo UNIVALI-LAPAM (Laboratório de

Produção e Análise de Medicamentos). O referido método foi adaptado da

Farmacopeia Britânica (BRITISH PHARMACOPEIA, 2008), a qual não utiliza

solvente orgânico na fase móvel (Quadro 8). Este método (LAPAM) consiste no uso

de uma coluna especial de fase ligada (SCX C18 com grupo benzenossulfônico

ligados). A coluna empregada foi do modelo Luna® (Phenomenex) com diâmetro de

4,6 mm e comprimento de 100 mm e tamanho de partícula 5 µm. Como fase móvel

foi utilizada uma solução tampão fosfato de potássio monobásico 150 mM e metanol

95:5 (v/v), pH 3,0 acidificado com ácido fosfórico, fluxo de 1 mL/min, temperatura do

forno de 30 ºC, volume de injeção de 20 µl e detecção em 218 nm.

O método utilizado foi empregado tanto para o doseamento das

especialidades farmacêuticas quanto para selecionar as condições de estresse do

fármaco cloridrato de metformina, para posterior degradação das especialidades

farmacêuticas. Na validação deste método por CLAE, pelo UNIVALI-LAPAM

Page 60: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

59

(comunicação pessoal baseada no relatório de validação analítica RVA 08), foi

previamente determinada a linearidade na faixa de 20 – 200 µg/mL (r2 de 0,9996),

sua exatidão (% de recuperação nos níveis de 80, 100 e 120 µg/mL) com

recuperação média de 101,5 % (CV de 1,30 %), precisão (CV da repetibilidade 0,93

% e da precisão intermediaria de 0,66 %), e robustez quanto à variação de ± 10 %

no fluxo da fase móvel e na temperatura (CV máximo de 0,37 %), sendo

considerado validado de acordo com as normas oficiais (BRASIL, 2003). Porém a

seletividade deste método não havia sido determinada, afim de verificar se o método

é tipo MIE.

No doseamento dos comprimidos, a solução amostra foi preparada pesando-

se 20 comprimidos, triturando e pesando o equivalente a 100 mg de cloridrato de

metformina em um balão volumétrico de 100 mL. A solução foi sonicada por 5 min,

com 50 mL de água purificada, completando o volume com o mesmo solvente . Após

a solução foi filtrada com papel filtro tarja preta, descartando os 20 mL iniciais.

Foram transferidos 5 mL e diluídos para balão de 50 mL com água purificada,

obtendo concentração teórica final de 100 µg/mL. As amostras foram preparadas em

triplicata e cada triplicata foi injetada em duplicata, totalizando 6 análises.

A solução padrão (SP) foi preparada pesando-se o equivalente a 100 mg de

cloridrato de metformina SQR (Substância Química de Referência), em um balão

volumétrico de 100 mL. A solução foi sonicada por 5 min, com 50 mL de água

purificada, completando o volume com o mesmo solvente e após, filtrada com papel

filtro qualitativo, descartando os 20 mL iniciais. 5 mL foi transferido e diluídos para

balão de 50 mL com água purificada, obtendo concentração final de 100 µg/mL.

Como solução de resolução foi utilizado 1 mL da solução de melamina 100 µg/mL

com 5 mL da SP em balão de 50 mL, completando o volume com água purificada.

Após filtração, em filtro de membrana de celulose regenerada com diâmetro

de poro de 0,45 µm, 20 µL das soluções padrão (quintuplicata), amostra e solução

de resolução foram injetadas no cromatógrafo com auxílio de injetor automático. O

cálculo de doseamento dos comprimidos foi realizado utilizando a equação 4:

% = Aa x Mp x Pot x Mc Equação 4

Xap x Ma x 25

Page 61: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

60

Onde: Aa: Área do pico principal (média duplicata) obtido no cromatograma da

Solução Amostra; Mp: Massa do padrão (mg); Pot: Potência (teor) do padrão (%);

Mc: Massa da amostra (mg) correspondente a 100mg de metformina cloridrato; Xap:

média das áreas pico principal obtido solução amostra; Ma: Massa da amostra (mg).

4.4 Estabelecimento das condições de degradação do cloridrato de

metformina

Inicialmente o fármaco foi submetido a teste de degradação forçado nas

condições ácida, básica, neutra, oxidante e fotolítica, a fim de se obter 10 – 30 % de

degradação (BRASIL, 2008). Posteriormente foi analisada por CLAE pelo método

previamente validado pelo UNIVALI-LAPAM, descrito no item 4.3, Os parâmetros

avaliados foram: percentual de degradação do fármaco, aparecimento de picos

suplementares (com absorção na faixa do UV) e resolução em relação ao fármaco.

Após serem estabelecidas as condições de degradação para o fármaco

isolado, de forma a visualizar o aparecimento de picos suplementares nos

cromatogramas com detecção em 218 nm ou 232 nm, o protocolo selecionado foi

repetido com as três formulações comerciais do cloridrato de metformina 500 mg

(Glifage®, Glucoformin® e Genérico Medley). Neste caso empregou-se uma

quantidade de pó equivalente a 12,5 mg de cloridrato de metformina em balão

volumétrico de 25 mL (concentração teórica de 500 µg/mL).

4.4.1 Hidrólise ácida

Uma solução do fármaco na concentração final de 500 µg/mL foi preparada

com HCl 1 M (volume final 25 mL) e submetida à refluxo por 1, 2, 3, 4, 6 e 14 h. A

condição de 6 h sob refluxo foi repetida com as três formulações comerciais.

4.4.2 Hidrólise básica

Uma solução do fármaco na concentração final de 500 µg/mL foi preparada

com solução de NaOH 1 M, 0,1 M e 0,01 M (volume final 25 mL) e deixada em

refluxo por 30 min (para as três concentrações), 1, 2, 4 h (para 1 M). Foi testado,

também, o solvente NaOH 0,1 M sob agitação em temperatura ambiente (T.A.), por

Page 62: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

61

24 e 48 h. A condição de NaOH 0,1 M sob agitação em T. A., por 24 h, foi repetida

com as formulações comerciais.

4.4.3 Hidrólise Neutra

Uma solução do fármaco de concentração final de 500 µg/mL foi preparada

com água ultrapura, mantida sob refluxo por 1, 2, 4, 14, 24, 36 e 39 h. A condição de

39 h foi repetida com as formulações comerciais.

4.4.4 Degradação oxidativa

Foram testados dois agentes oxidantes. Uma solução de concentração de

500 µg/mL do fármaco foi preparada com uma solução de peróxido de hidrogênio

(H2O2) 3 %, mesma concentração de fármaco, sob refluxo, nos tempos de 6, 12 e 24

h. Como não houve degradação significativa foram preparadas amostra com H2O2

10 % e 32 % (500 µg/mL do fármaco), deixados agitando à temperatura ambiente

por 24 e 48h.

A condição de H2O2 32 % por 48 h sob agitação a temperatura ambiente foi

repetida com as formulações comerciais.

4.4.5 Fotólise

Neste teste foram testadas duas condições. Primeiramente o pó foi colocado

em um vidro relógio e deixado em exposição à luz ambiente por 24 h. Na segunda

condição uma solução aquosa do fármaco na concentração de 500 µg/mL em água,

foi colocada em placas de Petri (volume final 25 mL) e deixado em exposição sob

uma lâmpada UV em comprimento de onda 254 nm por 3,5 h, sendo esta última

condição repetida com as formulações comerciais.

Para monitorar as condições de degradação, após os testes, as soluções

foram diluídas até uma concentração teórica de 25 µg/mL com água e analisadas

por CLAE, utilizando uma solução aquosa de cloridrato de metformina (padrão

secundário) a 25 µg/mL recentemente preparada. Como referência para a estimativa

do percentual de degradação. Foi analisada também a resolução dos picos

suplementares que surgiram nos cromatogramas em relação ao pico do analito.

Page 63: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

62

4.5 Caracterização dos produtos de degradação

Embora não fosse um objetivo deste projeto, foram realizadas algumas

tentativas de isolamento e caracterização dos produtos de degradação, empregando

Cromatografia em camada delgada (CCD), Cromatografia em camada preparativa

(CCP), Cromatografia em coluna tipo Flash e análise por RMN H1 e CG-MS.

As amostras degradadas nas condições selecionadas foram primeiramente

secas utilizando fluxo de nitrogênio comprimido com as soluções mergulhadas em

tubos de ensaio com tampa de rosca em banho maria a 60 ºC, sendo redissolvidas

em metanol antes da aplicação nas cromatoplacas. Posteriormente foi testada a

secagem em liofilizador e em roetaevaporador (aquecidas a uma temperatura de 85

ºC, sob vácuo).

4.5.1 Cromatografia em camada delgada

Para as análise em CCD foram empregadas placas cromatográficas de sílica

gel 60 F254 (Merck®). Foram testadas as seguintes fases móveis: MeOH:CH3Cl

(50:50) – (60:40) – (40:60) – (45:55) – (80:20), MeOH:Hex:Ác. Acético (2:1:1gota),

Acetato de etila:Acetona:MeOH:H2O (25:8:3:1), Butanol:Ác Acético: H2O (4:1:5),

MeOH:Ác. Acético (97:3) - (70:30) - (93:7) – (50:50), H2O:MeOH:(NH4)2SO4

(2:1:0,5% p/v), Hex:Act Etila (7:1), Act etila:Ác. Acético (80:20) – (90:10), , MeOH:Ác.

Acético: H2O (1:1:1), MeOH:NH4OH 10% e 20%, CH3Cl:Ác. Acético: H2O

(50:42,5:7,5%) – (50:42,5:7,5%) – (65:35:4), Butanol:Acetona: H2O (6:3:1), Act.

Etila:Acetona: MeOH: H2O (25:8:3:1), CH3Cl:MeOH:Ác. Acético (20:80:4 gotas) –

(60,75:32,71:6,54) – (65,42:28,04:6,54) – (62,5:31,25:6,25) – (53,84:36,88:5,73) –

(48,78:42,58:8,54) – (59,83:34,19:5,98) – (70:30:3 gotas) – (70:30:5 gotas) -

(63,63:31,80:5,45) – (64,81:32,40:2,77), Act etila:Ác. Acético (80:20), Act

etila:Acetona (10:90), Act Etila: Acetona: Ác acético (60:32:8), Diclorometano:MeOH

(50:50) – (60:40) – (40:60).

Como solução reveladora foi utilizada ninhidrina 5 %, em metanol 50 % (em

água, borrifando na placa e revelando com aquecimento à 110 ºC.

Page 64: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

63

4.5.2 Cromatografia em camada delgada preparativa

Prosseguiu-se com a análise da amostra submetida à degradação ácida,

empregando o método em CCP, utilizando placa de sílica gel (2 mm x 20 cm), e

como fase móvel uma mistura de Diclorometano:MeOH (50:50).

4.5.3 Ressonância magnética nuclear

Uma das bandas obtidas na CCP (número 6), aparentemente pura, foi

analisada por RMN H1. A banda 5 que continha dois compostos co-eluindo foi

submetida a uma posterior cromatografia em coluna, com fase estacionária sílica gel

(0,04 – 0,06 mm), em seringa de 20 mL, e como fase móvel utilizou-se 40 mL dos

seguintes sistema de solventes, CH3Cl 100 %, CH3Cl:MeOH 50:50 e MeOH 100%.

As subfrações obtidas foram recromatografadas em CCD, e a sub-banda 3 oriunda

da banda 5 anterior também foi analisada por RMN H1, em metanol deuterado.

4.5.4 Coluna Flash

Em paralelo foi preparada uma coluna tipo Flash com a amostra degradada

na condição de degradação ácida. Para esta coluna foi utilizada sílica gel em pó

(0,04 – 0,06 mm) a qual foi empacotada com CH3Cl e eluída com um sistema de

solvente CH3Cl:MeOH 50:50, auxiliado por um sistema de pressão positiva acoplado

ao sistema cromatográfico fechado. As frações obtidas foram monitoras por CCD e

eluidas no mesmo sistema solvente.

4.5.5 Espectroscopia de massas

Todas as condições de degradação (ácida, básica, neutra, oxidante e fotólise)

em solução de 25 µg/mL foram submetidas à injeção direta no GC-MS QP 2010S,

utilizando o sistema de injeção direta na fonte de íons a 30 ºC, aquecida a 40 ºC/min

até 70 ºC, permanecendo por 2 min e em seguida, aquecida 70 ºC/min até 350 ºC,

permanecendo por 10 min nesta condição (tempo de análise 10 min) na tentativa de

elucidar as estruturas dos compostos gerados pela degradação. Porém, devido à

impossibilidade de análise de tantos compostos em mistura (dados não mostrados),

foi realizada outra CCP nas mesmas condições acima citadas, utilizando a amostra

degradada em condição ácida, para posterior análise por GC-MS.

Page 65: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

64

4.6 Desenvolvimento de método alternativo para anál ise dos produtos de

degradação por CLAE

Na tentativa de buscar um método alternativo, indicador de estabilidade (MIE)

para o cloridrato de metformina, adequado às necessidades e que fosse acessível

aos laboratórios analíticos, foram testadas outras condições, empregando colunas

de fase reversa, com diferentes fases móveis.

As colunas cromatográficas, fases móveis e demais condições testadas estão

descritas no Quadro 9.

Quadro 9 – Condições cromatográficas testadas durante desenvolvimento da

metodologia de análise do cloridrato de metformina e seus produtos de degradação.

Condição Coluna Cromatográfica

Fase móvel Fluxo

mL/min

pH

1 sílica ODS C18 (Luna®,

Phenomenex) 250 x 4,6 mm, 5 µm

Dodecil sulfato de sódio 1 mM e fosfato de sódio monobásico 10 mM,

e metanol (40:60 - 45:55 - 60:40 - 75:25 - 80:20 v/v)

0,8; 0,6 e 0,5

5,5

2 sílica ODS C18 (Luna®,

Phenomenex) 250 x 4,6 mm, 5 µm

Fosfato de sódio monobásico e dibásico 25 mM 50 ppm de ácido

octanossulfônico: metanol (70:30 - 80:20 - 95:05 - 98:02 v/v)

0,8; 0,6 e

0,5

7,5

3 sílica ODS C18 (Luna®,

Phenomenex) 250 x 4,6 mm, 5 µm

Fosfato de sódio monobásico e dibásico 25 mM 100 ppm de ácido

octanossulfônico: metanol (95:05 v/v)

0,5 5,5

4 sílica ODS C18 (Luna®,

Phenomenex) 250 x 4,6 mm, 5 µm

Fosfato de sódio monobásico e dibásico 25 mM 100 ppm de ácido octanossulfônico:acetonitrila (96:04

v/v)

0,5 7,6

5 sílica ODS C18 (Luna®,

Phenomenex) 250 x 4,6 mm, 5 µm

Tampão fosfato de sódio monobásico e dibásico 25 mM:metanol:

acetonitrila (95: 2,5: 2,5 - 95: 4:1 - 95:4,5:0,5 v/v)

0,5 7,5

6 sílica ODS C18 (Luna®,

Phenomenex) 250 x 4,6 mm, 5 µm

Água acidificada com ácido perclórico:acetonitrila (50:50 - 80:20 -

95:05 v/v)

0,5 3,0

Page 66: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

65

Continuação Quadro 9

7 sílica ODS C18 (Luna®,

Phenomenex) 250 x 4,6 mm, 5 µm

Água acidificada com ácido perclórico: metanol (95:05 v/v)

0,5 3,0

8 sílica ODS C18 (Luna®,

Phenomenex) 250 x 4,6 mm, 5 µm

Tampão fosfato de sódio monobásico e dibásico 50 mM: metanol e

acetonitrila (90:7,5:1,5 – 95:3,5:1,5 v/v)

0,5 7,5

9 sílica ODS C18 (Luna®,

Phenomenex) 250 x 4,6 mm, 5 µm

Tampão fosfato de sódio monobásico e dibásico 50 mM: acetonitrila (95:05 -

93:07 v/v)

0,5 7,5

10 Synergi Hydro RP80A ,

Phenomenex ®, 150 x 4,6 mm

Tampão fosfato de sódio monobásico e dibásico 50 mM:acetonitrila (93:07,

95:05 v/v)

0,5, 0,6 e 0,8

7,5

11 XBridge®, 4,6 x150 mm 5 µm

Tampão fosfato de sódio monobásico e dodecilsulfato de sódio com e

metanol (45:55: 50:50)

0,8 5,5

12 XBridge®, 4,6 x150 mm 5 µm

Água acidificada com ácido perclórico:acetonitrila em gradiente de

5 – 100 %

0,8 2,5

13 XBridge®, 4,6 x150 mm 5 µm

Tampão fosfato 0,1 M com 50 ppm de trietilamina:metanol (40:60 - 50:50 –

70:30 – 90:10)

0,8 5,5

Comprimento de onda de detecção: 232 nm; temperatura de 30 °C

Paralelamente foi desenvolvido um método que emprega a metodologia de

pareamento iônico, em coluna C18, adaptado da análise do hidrogeno tartarato de

rivastigmina (RAO et al., 2005), um fármaco bastante hidrofílico e com

características básicas, semelhantes ao cloridrato de metformina.

Para este método foi utilizado uma coluna de sílica ODS C18 (Luna®,

Phenomenex®, 250 x 4,6 mm, 5 µm), monitorando-se em 210 e 232 nm. Foram

testados os fluxos de 0,8 e 1,0 mL/min, nas temperaturas de 30, 35 e 40 °C. Fixou-

se o valor de pH da fase móvel em 3,0 (com ácido ortofosfórico PA), o fluxo em 1,0

mL/min, e a proporção de fase aquosa da fase móvel (heptanossulfonato 10 mM)

em 75 %, foi realizada uma otimização do método em um planejamento fatorial 32

Page 67: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

66

variando a temperatura e a proporção dos dois solventes orgânicos (acetonitrila e

metanol), como mostra o quadro 10.

Quadro 10 - Análise fatorial da variação entre temperatura, e proporção de fase

móvel orgânica no método por CLAE de pareamento iônico

Condição Temperatura fase móvel

ACN:MeOH (v/v)

1 30 ºC

5:20

10:15

15:10

2 35 ºC

5:20

10:15

15:10

3 40 ºC

5:20

10:15

15:10

A solução padrão de cloridrato de metformina utilizada em todas as análises

foi dissolvida em água ultrapura, na concentração de 20 µg/mL e injetado um volume

de 20 µL.

A amostra do medicamento referência Glifage® degradada (20 µg/mL) em

meio ácida foi injetada nas condições acima durante a fase de desenvolvimento do

método, a fim de selecionar a condição que proporcionasse um tempo de análise

adequado, boa resolução entre o analito e os produtos de degradação e a

reprodutibilidade das áreas e tempos de retenção.

4.7 Validação analítica

Após definição de um método alternativo adequado para análise da

metformina e seus produtos de degradação prosseguiu-se com a validação do

método.

Para a validação foram realizados os testes de linearidade, precisão,

exatidão, seletividade, intervalo, limite de detecção e quantificação, e robustez

Page 68: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

67

(BRASIL, 2003). Tais parâmetros foram determinados tendo em vista a aplicação do

método como sendo de categoria I (emprego no doseamento do fármaco de

comprimidos) e na categoria II (emprego do método para detectar e quantificar

impurezas).

4.7.1 Linearidade e intervalo

Para análise da linearidade do método desenvolvido foram selecionadas sete

concentrações crescentes do cloridrato de metformina SP (5, 10, 15, 20, 30, 40 e 50

µg/mL) em água ultrapura grau I, sendo que cada concentração foi preparada em

triplicata e analisada por CLAE em duplicata (totalizando 6 análises de cada

concentração). Foram elaboradas duas curvas analíticas em dois dias diferentes,

com ensaios independentes. Posteriormente foram analisados os dados de média,

desvio padrão, coeficiente de variação (CV) para cada nível de concentração e

realizada a regressão linear, em software Excel 3,0. Obteve-se o coeficiente de

correlação de Pearson (r), a equação da reta, a significância da regressão e análise

dos resíduos (BRASIL, 2003).

4.7.2 Exatidão

A exatidão foi realizada pelo ensaio de recuperação do cloridrato de

metformina SP, onde concentrações descritas no quadro 11 foram adicionadas à

solução amostra (comprimidos de Glifage 500 mg) de concentração conhecida.

A solução amostra foi preparada pesando o equivalente a 10 comprimidos de

500 mg do medicamento referência Glifage® e triturado em gral de porcelana. Desta

mistura foi pesado cerca de 5,27 mg do pó, (equivalente a 5,0 mg do fármaco),

transferido para um balão de 50 mL, acrescentado cerca de 25 mL de água ultrapura

e sonicado por 5 min. Após, foi completado o volume com água (concentração

teórica de 100 µg/mL).

A solução padrão foi preparada pesando-se 25 mg do cloridrato de

metformina SP e dissolvido em água, em balão de 25 mL (concentração de 1

mg/mL).

O ensaio foi realizado em três níveis de concentração 15, 25 e 35 µg/mL,

cada uma das concentrações foi preparada e analisada em triplicata (Quadro 11).

Page 69: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

68

Quadro 11 – Ensaio de Exatidão por recuperação do padrão

Balão 10 mL Volume (mL) da solução

amostra 100 µg/mL

Volume (mL) da solução

padrão a 1000 µg/mL

Concentração

teórica (µg/mL)

1 0,5 0,1 15

2 0,5 0,2 25

3 0,5 0,3 35

4 0,5 -- --

5 -- 0,2 20

Para análise da recuperação do padrão foi utilizada a Equação 3 (ítem 3.5.7),

onde a concentração teórica representa 100 % e o valor obtido pela concentração

adicionada deve estar entre 100 ± 2 % (GREEN, 1996).

4.7.3 Seletividade

Utilizando o ensaio de exatidão com a recuperação do padrão, avaliou-se a

interferência dos excipientes na análise do cloridrato de metformina, através do

cálculo de regra de três abaixo:

ACCM ---------------- 100 %

ACPCM -------------- X %

Interferência: 100 – X %

Onde: ACCM: Área do cromatograma referente ao cloridrato de metformina SP (20

µg/mL) – balão 5; ACPCM: Área do cromatograma referente ao balão 2 com adição

do cloridrato de metformina (20 µg/mL), após descontar a área relativa ao pico da

solução amostra (balão 4).

A seletividade do método também foi avaliada pela resolução entre os picos

de melamina e cloridrato de metformina (UNITED STATES PHARMACOPEIA,

2008), bem como entre os picos de impurezas na amostra degradada por hidrólise

ácida. Outro parâmetro relativo à seletividade do método foi a estimativa de pureza

espectral do pico referente ao cloridrato de metformina, pelo detector DAD, antes e

após os testes de degradação forçada, avaliando se o método é do tipo MIE.

Page 70: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

69

4.7.4 Precisão

4.7.4.1 Repetibilidade

A repetibilidade foi avaliada com três concentrações diferentes de amostra

preparadas em triplicata, com injeção em quadruplicata. Estas amostras foram

preparadas pelo mesmo analista no mesmo dia.

Triturou-se 10 comprimidos de cloridrato de metformina 500 mg (Glifage ®) e

pesou-se o equivalente a 10, 20 e 30 mg de cloridrato de metformina, completando

volume com água em balão de 100 mL. Uma alíquota de 1 mL de cada solução foi

diluída com água em balão de 10 mL, totalizando concentrações de 10, 20 e 30

µg/mL.

Uma solução do padrão foi preparada na concentração de 500 µg/mL e 1 mL

foi transferido em balão volumétrico de 25 mL, para obter solução cuja concentração

final de 20 µg/mL e analisada em triplicata.

Para verificar a adequabilidade do método preparou-se a solução de

resolução pesando-se 10,0 mg de melamina e transferindo-se para balão

volumétrico de 100 mL, sonicado até dissolução. Transferiu-se então 0,5 mL dessa

solução e 1 mL da solução padrão (500 µg/mL) para um balão volumétrico de 25 mL

e completou-se com água, cujas concentrações finais dos dois analitos foi de 20

µg/mL.

As amostras foram filtradas em membrana de 45 µm e injetadas no

cromatógrafo.

Foram calculadas as médias, desvio-padrão e coeficiente de variação para

cada nível de concentração.

4.7.4.2 Precisão intermediária

A precisão intermediária foi avaliada com três diferentes concentrações de

amostra preparadas e analisadas, cada uma em triplicata. Estas amostras foram

preparadas pelo mesmo analista em 2 dias diferentes, conforme descrito no teste de

repetibilidade descrita anteriormente.

Page 71: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

70

4.7.5 Limite de detecção e quantificação

O LD e o LQ foram estimados através do cálculo da equações 1 e 2, descritos

nos itens 3.5.5 e 3.5.6, respectivamente. Os dados foram obtidos no ensaio de

linearidade.

4.7.6 Robustez

Para avaliar a robustez do método foram realizadas pequenas e deliberadas

variações na temperatura do forno (29, 30 e 31 °C) e no fluxo da fase móvel (0,9; 1,0

e 1,1 mL/min).

A solução padrão de cloridrato de metformina a 20 µg/mL e a solução da

amostra Glifage®, submetida à degradação por hidrólise ácida foram empregadas

para a análise da robustez do método, injetada em sextuplicata, em cada condição,

calculando-se o teor do fármaco.

4.8 Ensaios de citotoxicidade

O ensaio foi realizado no Laboratório de Farmacologia in vitro, com orientação

do Prof. Dr. Rilton Alves de Souza.

Para o estudo foi utilizada a linhagem celular L292, pertencente à família dos

fibroblastos. As células foram plaqueadas na quantidade de 20.000 células por poço,

em placa de 96 poços, e deixadas em estufa com 5 % de concentração de CO2, na

temperatura de 37 ºC, com meio de cultura adequado acrescido de soro fetal bovino,

antibiótico e antifúngico, deixados em contato com as células por 24 h antes do

experimento.

O meio de cultivo celular foi renovado e posteriormente foram aplicados 20 uL

de cada amostra diluindo-se para concentrações de 100, 10, 1 e 0,1 µg/mL

preparadas conforme descrito abaixo.

Amostras do fármaco degradadas nas diferentes condições (500 µg/mL)

foram submetidas a processo de secagem utilizando o liofilizador.

Posteriormente foi utilizado o rotaevaporador. As amostras das

especialidades farmacêuticas (500 µg/mL) foram aquecidas a uma temperatura de

85 ºC, sob vácuo, solubilizadas em metanol, evaporando o metanol em capela, com

secador térmico.

Page 72: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

71

O pó restante foi pesado e dissolvido em tampão salino fosfato PBS isento de

cálcio e magnésio, pH 7,45, na concentração inicial de 1000 µg/mL. Após a análise

do pH das amostras, já em fluxo laminar, estas foram filtradas em membrana

esterilizante, e diluídas em tampão PBS, nas diluições de 1000, 100, 10, 1 µg/mL,

antes de serem aplicadas nos poços contendo as células.

Como controle positivo foi utilizado o detergente TritonX 100® e como

controle negativo, o próprio tampão fosfato. As células permaneceram em estufa de

CO2 por mais 24 h.

Para análise de viabilidade celular, após 20 h de exposição, foram

adicionados 20 µL do sal de tetrazólio MTT (sal de brometo metil tetrazólio; 5 mg/mL

preparada em tampão PBS) e deixada em estufa até completar 24 h. Posteriormente

foi removido todo o meio de cultivo e adicionado 200 µL de dimetilssufóxido para

solubilizar os cristais de formazam.

As placas foram lidas em leitor de microplaca com luz UV no comprimento de

onda de 570 a 620 nm e a viabilidade celular foi calculada (equação 5).

Viabilidade (%) = (Abs amostra / Abs controle negativo) x 100 Equação 5

Onde: Abs = absorbância

O teste de microscopia foi realizado como forma de análise de citotoxicidade

observando possíveis mudanças no formato celular. As células foram fixadas com

metanol gelado e deixadas em contato por 10 min. Foi removido o metanol e

adicionado uma mistura de diacetato de fluoresceína e brometo de etídio 1:100,

incubados por 10 min a T. A., o sobrenadante removido e lavado duas vezes com

tampão PBS e posteriormente lidas em microscópio de fluorescência invertida.

4.9 Análise estatística

A análise de dados dos resultados gerados por CLAE foi realizada pelo

programa Excel, utilizando dados como média, desvio padrão e coeficiente de

variação ou desvio padrão relativo (%), analise de regressão, teste T e Anova como

teste a posteriori.

Page 73: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

72

Nos testes de citotoxicidade celular foi utilizado o programa Prisma e como

teste a posteriori o teste de Dounett.

Page 74: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

73

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Utilizando o método desenvolvido e validado no UNIVALI – LAPAM,

empregando coluna SCX, o cloridrato de metformina eluiu em cerca de 8,0 min e as

principais impurezas, cianoguanidina e melamina, em 1,5 e 2,8 min, respectivamente

(Figura 7), demonstrando uma boa resolução entre estes compostos, com boa

simetria (T) dos picos (T = 1,27), com tempo total de corrida de 15 min.

Minutes0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

mA

U0

1020

3040

50

mA

U

0

10

20

30

40

50

Minutes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

mA

U0

100

200

300

400

500

600

700

800

mA

U

0

100

200

300

400

500

600

700

800

Figura 7 – Cromatogramas relativos ao ensaio de doseamento: (a) cloridrato de

metformina 25 µg/mL (b) mistura de cloridrato de metformina, cianoguanidina e

melamina, em 25 µg/mL empregando coluna Luna SCX ®, tampão fosfato de

potássio 150 mM pH 3,0:metanol 95:05, fluxo de 1 mL/min, a 30 °C, com detecção

em 218 nm.

a

b

Page 75: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

74

Os cromatogramas referentes às formulações comerciais apresentaram o

mesmo perfil do fármaco isolado (dados não mostrados). Como os cromatogramas

das especialidades farmacêuticas ficaram muito semelhantes, o método demonstrou

ter boa reprodutibilidade e também seletividade para a separação das duas

principais impurezas do fármaco, a cianoguanidina e a melamina (Figura 7b).

5.1 Doseamento das Especialidades Farmacêuticas

Empregando o método previamente desenvolvido e validado pelo UNIVALI-

LAPAM, as especialidades farmacêuticas empregada neste trabalho foram

analisadas quanto ao teor médio. De acordo com a tabela 2, os medicamentos

analisados apresentaram teor do cloridrato de metformina dentro de 90 – 110 %, e o

CV ficou abaixo de 1,5 % demonstrando estarem de acordo com o especificado pela

farmacopeia britânica (BRITISH PHARMACOPOEIA, 2008).

Tabela 2 - Resultado do doseamento dos medicamentos Glifage ®, Glucoformin ® e

genérico Medley.

Teor (%) CV (%)

Referência-Glifage® 98,60 0,37

Similar - Glucoformin® 100,10 0,20

Genérico - Medley 101,00 1,40

Entre grupos 1,24

5.2 Teste de degradação forçada

Com auxílio desta mesma metodologia citada acima foram selecionadas as

condições de degradação do cloridrato de metformina, inicialmente com o fármaco

isolado (Figura 8). Observou-se que o método por CLAE é seletivo para o analito,

com boa resolução entre este e as demais impurezas que surgiram nas diferentes

condições de estresse avaliados (Figura 8)

Page 76: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

75

Minutes0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

mA

U0

1020

3040

50

mA

U

0

10

20

30

40

50

Minutes1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

mA

U0

1020

3040

5060

70

mA

U

0

10

20

30

40

50

60

70

Minutes0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

mA

U-2

02

46

8

mA

U

-2

0

2

4

6

8

Minutes0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

mA

U-4

-20

24

68

mA

U

-4

-2

0

2

4

6

8

Minutes1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

mA

U-1

0-5

05

1015

mA

U

-10

-5

0

5

10

15

Minutes0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

mA

U-5

05

1015

2025

mA

U

-5

0

5

10

15

20

25

Figura 8 - Cromatograma de análise de degradação do fármaco a 25 µg/mL em

água: (a) cloridrato de metformina (20 µg/mL) ; (b) degradação ácida(HCl 1 M 6 h

refluxo); (c) degradação básica (NaOH 0,1 M 24 h T. A.); (d) degradação neutra

(água 39 h refluxo); (e) degradação oxidativa (H2O2 32% 48 h T.A.) e (f) degradação

por fotólise (água 3,5 h câmara fechada 254 nm). Condições cromatográficas

conforme Figura 7.

b a

d c

e e

Page 77: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

76

Na hidrólise ácida surgiram 3 picos adicionais (2,5, 4,0 e 5,5 min de tempo de

retenção) após o tempo morto (t0), que foi de 1,3 min, e a área do pico do fármaco

diminui, indicando sua degradação na condição selecionada (Figura 8b).

Na hidrólise básica, a área do pico do fármaco também diminuiu e surgiu um

pico adicional em 4,8 min (Figura 8c). Já na hidrólise neutra foi observada uma

diminuição da área do analito e somente um pico adicional, em cerca de 2,0 min

(Figura 8d). Na degradação por oxidação, além da diminuição da área do pico do

analito, surgiram 3 picos adicionais em 3,0, 4,0 e 5,5 min, na exposição à luz UV

houve uma pequena diminuição do pico do analito e surgiram 2 picos adicionais, em

4,0 e 5,5 min. Verificou-se que, em 3 das condições aplicadas, surgiram os picos em

4,0 e 5,5 min, sugerindo tratar-se dos mesmos produtos de degradação.

As amostras degradadas também foram analisadas por CCD item 5.3.

Em relação às condições de degradação, na condição ácida, o refluxo com

tempos superiores a 6 h resultou em um elevado percentual de degradação. Por isso

o tempo ideal de exposição determinado para esta condição foi de 6h em refluxo

com HCl 1 M.

Na degradação básica, inicialmente utilizou-se refluxo, o qual através do

emprego do calor acelera a velocidade das reações, e juntamente com

concentrações mais altas de NaOH, proporcionavam, elevados percentuais de

degradação. Desta forma a condição selecionada foi de 24 h sob agitação mecânica,

na temperatura ambiente com NaOH 0,1 M.

A condição de degradação neutra, utilizando apenas água, necessitou maior

tempo de exposição, com uso de calor para que houvesse degradação do fármaco,

e a condição selecionada foi 39 h em refluxo.

A condição oxidante, com emprego de calor em altas concentrações de

peróxido de hidrogênio proporcionou um percentual muito elevado de degradação do

fármaco. Optou-se pelo emprego da maior concentração de H2O2 (32 %), tempo de

exposição do fármaco necessitou de 48 h com agitação mecânica em temperatura

ambiente.

Na fotólise foi selecionado 3,5 h de exposição à luz ultravioleta (254 nm) com

amostra diluída em água, pois a exposição na forma sólida não resultou em

degradação nas condições avaliadas.

Page 78: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

77

Quanto às características físicas das amostras, enquanto o cloridrato de

metformina apresenta-se como um pó branco, cristalino, a amostra degradada em

condição ácida após terem sido secas pelo processo de liofilização, apresentou-se

como um sólido de coloração amarelada, altamente higroscópicas. Na condição

básica apresentou-se branca e higroscópica.Já nas demais condições apresentaram

com pó branco, fino.

De modo geral as porcentagens de degradação do fármaco isolado (Tabela

3), nas condições de degradação selecionadas, foram maiores do que o

recomendado de 10 – 30 % (BRASIL, 2008). Optou-se pelo uso de condições de

degradação mais drásticas no fármaco isolado tendo em vista o possível efeito

“protetor” dos excipientes nas especialidades farmacêuticas e a observação de um

maior número de impurezas nos cromatogramas, assegurando que o método

analítico empregado fosse indicativo da estabilidade do fármaco.

Tabela 3 – Porcentagens de degradação do cloridrato de metformina nas diferentes

condições de degradação selecionadas (ácida, base, oxidante, neutra e fotolítica).

Condição de degradação Índice de pureza do

pico de metforminaa

Porcentagem de

degradação

Metformina padrão 1.00000 0

Ácido (HCl 1 M, 6 h em refluxo) 1.00000 5,74 %

Base (0,1 M em agitação T.A. por 24 h) 0.99968 84,50 %

Neutra (39 h refluxo com água ultrapura) 0.99959 88,99 %

Oxidante (48 h agitação T. A. H2O2 32 %) 0.99993 72,12 %

Fotólise (3,5 h exposição Luz UV) 0.99999 28,12 %

a estimado pelo detector DAD

Com base nos cromatogramas e análise da porcentagem de degradação

denota-se que houve a degradação do cloridrato de metformina quando submetido

às condições selecionadas, com aparecimento de impurezas, contrariando os

resultados previamente publicados por Sakalgaonkar; Mirgane e Arbad (2008) que

não observaram picos suplementares nos cromatogramas da amostra degradada.

O interesse em estudar os produtos de degradação é auxiliar na exigência de

qualificação das impurezas nas especialidades farmacêuticas e no desenvolvimento

de um método analítico que seja indicador de estabilidade do fármaco (método MIE).

Page 79: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

78

O método tem que demonstrar ser seletivo para análise do fármaco. Para isso

conta-se com o auxilio da análise do índice de pureza, onde neste caso todos os

picos referentes ao cloridrato de metformina nos cromatogramas das amostras

degradadas, apresentaram valores próximos a 1,0 (Tabela 3), indicando ser puros,

com ausência de co-eluição. Portanto, o método demonstrou ser do tipo MIE, onde

impurezas não afetam a seletividade do método.

Um método de eletroforese capilar desenvolvido e validado por Hamdam,

Jaber e Abushoffa (2010) foi empregado na análise do cloridrato de metformina

submetido às condições de degradação neutra (água), ácida (HCl 0,1 M), básica

(NaOH 0,1 M), oxidativa (H2O2 10 %), todas sob refluxo a 80 °C por 6 h e fotolít ica

(exposição a 254 nm por 24 h). Os autores demonstraram uma degradação superior

do fármaco na condição básica, porém, nas demais condições, não foi observada

degradação das amostras.

Em um método desenvolvido por Ali et al. (2008), utilizando a técnica de

HILIC, os autores submeteram o cloridrato de metformina à degradação ácida com

HCl 0,1 N aquecidas a 80 ºC e observaram uma degradação de 12,9 % após 5 h e

de 43,1 % após 8 h, com o surgimento de 2 picos adjacentes, com eluição anterior

ao pico do fármaco. Na degradação básica com NaOH 0,1 N, aquecida a 80 ºC,

analisando em vários tempos até 5 h, os autores observam que o fármaco degrada

com muita intensidade em pouco tempo, degradando 17,6 % em apenas 10 min.

Surgiram vários picos suplementares no cromatograma da amostra degradada e um

pico extra com eluição em 2,5 min, após o pico da cianoguanidina, mostrou aumento

gradativo com o tempo de exposição ao agente alcalino. Na degradação neutra com

aquecimento a 80 ºC por 10 h, não houve o aparecimento de picos extras, tampouco

a degradação do fármaco. Na degradação oxidativa em H2O2 3 % sob aquecimento

a 80 ºC por 5 h, restaram 77,5 % do fármaco e surgiram 3 picos suplementares. Na

degradação fotolítica (exposição a lâmpada UV por 30 dias) surgiu um pico com

tempo de retenção semelhante à cianoguanidina e o teor do fármaco ficou em 93,97

%.

No presente trabalho, optou-se por não empregar calor na degradação

alcalina, portanto, foi necessário um tempo maior de exposição ao NaOH 0,1 M para

resultar em degradação do fármaco (24 h) onde observou-se a presença de somente

um pico suplementar. Provavelmente, a presença do calor, empregado nos trabalhos

supracitados tenha acelerado o processo de degradação do fármaco e propiciado o

Page 80: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

79

surgimento de outros produtos de degradação. No caso da degradação ácida, foi

utilizado uma concentração 10x superior de HCl, o que proporcionou uma leve

degradação do fármaco e o surgimento de 3 picos extras no cromatograma após o t0

(Figura 8b) e na CCD (Figura 12c), sendo a condição que proporcionou degradação

menos intensa na amostra, semelhante ao encontrado por Ali et al. (2008), porém

com mais picos extras. Na condição neutra também foi observado picos extras,

porém houve uma intensa degradação, provavelmente, devido ao tempo 4 vezes

superior ao empregado por Ali et al. (2008). A condição oxidante, no presente

trabalho foi empregado uma concentração e um tempo superior de exposição ao

agente oxidante, sem emprego de calor e o resultado foi semelhante em termos de

percentual de degradação do fármaco e do surgimento de 3 picos extras, em relação

ao trabalho dos referidos autores. Na exposição à luz UV, no presente trabalho

houve maior degradação (28,12 %) e o surgimento de um pico extra, porém, os

referidos autores empregaram um tempo de exposição cerca de 10x superior e

também observaram um pico extra, coincidindo com o tempo de retenção da

cianoguanidina. Verificou-se que houve degradação significativa do fármaco nas

condições selecionadas, as mesmas condições de degradação foram aplicadas nas

especialidades farmacêuticas, Glifage®, Glucoformin® e genérico Medley conforme

figuras 9, 10 e 11.

Page 81: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

80

Minutes0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

mA

U-4

-20

24

68

1012

14

mA

U

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

14

Minutes0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

mA

U-6

-4-2

02

46

810

1214

mA

U

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

14

Figura 9 - Cromatogramas de degradação do Glifage®: (a) amostra sem

degradação, (b) degradação ácida, (c) básica, (d) neutra, (e) oxidativa e (f) fotólise.

Condições cromatográficas idem Figura 7.

Como pode ser observado, especialidade Glifage®, mostrou um perfil de

degradação similar ao apresentado pelo fármaco (figuras 8 e 9); porém, com menor

intensidade. Na hidrólise ácida (figura 9b), somente 2 picos adicionais foram

a b

d c

e f

Page 82: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

81

observados, frente a 3 picos apresentados na degradação do fármaco isolado (figura

8b).

Na hidrólise básica (figura 9c) da especialidade farmacêutica não surgiu o

pico adicional, como observado para o fármaco (figura 8c). O perfil do cromatograma

da amostra submetida à oxidação (figura 9e) somente 1 pico adicional (em 3,0 min)

foi observado nesta especialidade, enquanto haviam 3 picos no fármaco isolado

(figura 8e). Na fotólise desta amostra (figura 9f), não foram observados picos

suplementares, enquanto o fármaco isolado apresentou 2 picos suplementares após

exposto à luz UV (figura 8f).

O analito presente na especialidade farmacêutica sofreu menor grau de

degradação com o surgimento de menor quantidade de produtos de degradação,

quando submetido aos testes de estresse em relação ao fármaco isolado.

Na figura 10 está apresentado o perfil cromatográfico da especialidade

Glucoformin®, o qual apresentou perfil cromatográfico idêntico ao da especialidade

Glifage® após degradação (Figura 9) e ao Genérico Medley (Figura 11).

Page 83: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

82

Minutes0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

mA

U0

1020

3040

50

mA

U

0

10

20

30

40

50

Minutes0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

mA

U-5

05

1015

2025

3035

4045

mA

U

-5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Minutes0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

mA

U-5

05

1015

2025

mA

U

-5

0

5

10

15

20

25

Minutes0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

mA

U-5

05

1015

2025

3035

mA

U

-5

0

5

10

15

20

25

30

35

Minutes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

mA

U-2

0-1

00

1020

3040

mA

U

-20

-10

0

10

20

30

40

Minutes0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

mA

U-1

00

1020

3040

50

mA

U

-10

0

10

20

30

40

50

Figura 10 - Cromatogramas de degradação do Glucoformin®: (a) amostra sem

degradação, (b) degradação ácida, (c) básica, (d) neutra, (e) oxidativa e (f) fotólise.

Condições cromatográficas idem Figura 7.

b a

d c

e f

Page 84: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

83

Minutes0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

mA

U0

1020

3040

50

mA

U

0

10

20

30

40

50

Minutes0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

mA

U-5

05

1015

2025

3035

40

mA

U

-5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Minutes0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

mA

U-5

.0-2

.50.

02.

55.

07.

510

.012

.515

.017

.520

.0

mA

U

-5.0

-2.5

0.0

2.5

5.0

7.5

10.0

12.5

15.0

17.5

20.0

Minutes0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

mA

U-5

.0-2

.50.

02.

55.

07.

510

.012

.515

.017

.5

mA

U

-5.0

-2.5

0.0

2.5

5.0

7.5

10.0

12.5

15.0

17.5

Minutes0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

mA

U-2

0-1

00

1020

3040

mA

U

-20

-10

0

10

20

30

40

Minutes0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

mA

U-1

00

1020

3040

50

mA

U

-10

0

10

20

30

40

50

Figura 11 - Cromatogramas de degradação do medicamento Genérico: (a) amostra

sem degradação, (b) degradação ácida, (c) básica, (d) neutra, (e) oxidativa e (f)

fotólise. Condições cromatográficas idem Figura 7.

Com base nas áreas dos cromatogramas, foi calculado o percentual de

degradação do cloridato de metformina (Tabela 4). Como pode ser observado, a

a b

d c

e f

Page 85: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

84

degradação do fármaco e das especialidades mostraram diferenças tanto no número

e área dos picos (Figuras 8-11) quanto no percentual de degradação do analito

(Tabela 4).

Tabela 4 - Porcentagens de degradação do fármaco e comprimidos

Condição de degradação

Amostra Porcentagem média de degradação

Reagente e Tempo de contato

Ácida Cloridrato de metformina 5,7 HCl 1 M 6 h em refluxo

Glifage 6,6

Glucoformin 16,1

Genérico 20,6

Básica Cloridrato de metformina 84,5 NaOH 0,1 M 24 h Temp ambiente

Glifage 75,5

Glucoformin 53,5

Genérico 57,7

Neutra Cloridrato de metformina 89,0 Água 39 h refluxo

Glifage 84,9

Glucoformin 29,6

Genérico 55,6

Oxidante Cloridrato de metformina 72,1 H2O2 32 % 48 h temp ambiente

Glifage 27,1

Glucoformin 20,9

Genérico 20,9

Fotólise Cloridrato de metformina 28,1 Água exposição 3 h em câmara UV 254

nm Glifage 11,4

Glucoformin 1,5

Genérico 11,4

Exceto na condição ácida, nas demais, houve uma maior degradação do

analito no fármaco isolado do que nas especialidades farmacêuticas.

Provavelmente, a diferença encontrada deve-se à presença e à variedade de

Page 86: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

85

excipientes nas formulações, as quais dispões de agentes umectantes,

opacificantes, polímeros utilizados no revestimento, lubrificantes, antiumectantes,

aglutinantes e desagregantes, como adjuvantes farmacotécnicos, os quais não estão

presentes em todas as formulações, e suas concentrações não estão descritas pelos

fabricantes.

As formulações não dispõem de antioxidantes ou estabilizantes, além de

diferirem nos processos de fabricação, uma vez que não pertencem ao mesmo

fabricante, podendo ser uma das causas na variabilidade nos perfis de degradação.

O método farmacopeico, adaptado pelo UNIVALI-LAPAM, mostrou ser do

tipo MIE para as 3 especialidades farmacêuticas, permitindo selecionar as condições

de degradação do fármaco para posterior desenvolvimento de um método alternativo

por CLAE e análise de citotoxicidade do fármaco e das especialidades farmacêuticas

degradadas.

5.3 Caracterização dos produtos de degradação

Para realizar a CCD preparativa foram utilizadas diferentes fases móveis, a

fim de obter a melhor condição para a separação dos compostos presentes. As

fases móveis que apresentaram melhores resultados, após revelação das

cromatoplacas por solução de ninhidrina 5 %, com auxílio da chapa de aquecimento,

estão representadas na figura 12.

Também revelou-se as placas por UV 254 nm, porém, devido à baixa

absorbância do cloridrato de metformina, que absorve mais em 218 – 232 nm, e das

substâncias geradas durante o processo de degradação, que absorvem no UV,

houve necessidade da revelação química.

Page 87: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

86

(a) (b) (c)

Figura 12 – Desenho esquemático das placas de CCD utilizando: fase móvel

CH3Cl:MeOH:Ac. Acético nas proporções: (a) 63,63:31,80:5,45; (b) 50:42,5:75; (c)

64,81:32,40:2,77. M = metformina padrão; D = diciandiamida; Me = melamina,; A =

amostra degradada por hidrólise ácida;N = amostra degradada por hidrólise neutra;

O = amostra degradada por oxidação.

As condições de degradação básica e fotolítica também foram analisadas por

CCD, porém, não apresentaram resultados satisfatórios, de maneira que não houve

separação entre os produtos gerados no processo de degradação (dados não

mostrados).

A melhor fase móvel foi a da condição c, na qual apresentou uma boa

resolução entre os compostos, mostrando 3 bandas na amostra degradada na

condição ácida, além do analito.

Comparando a análise por CLAE (Figura 8) e por CCD (Figura 12),

apareceram o mesmo número de bandas ou picos adicionais na condição de

degradação ácida, confirmando o número de produtos de degradação nesta

condição. Já na degradação por oxidação, a CCD (Figura 12a) mostra apenas 2

bandas adicionais, enquanto a CLAE (Figura 8e) surgiram 3 picos. Na hidrólise

neutra não foram observados picos adicionais na CCD. Por outro lado na amostra

havia 1 pico adicional, considerando-se a maior sensibilidade da CLAE, por isso os

resultados são relativamente semelhantes.

Devido ao surgimento de um maior número de compostos gerados durante as

condições de degradação optou-se por dar continuidade aos demais experimentos

somente com a condição de degradação ácida.

Foram então testadas outras fases móveis como CH3Cl:MeOH 50:50 e

diclorometano: Metanol 50:50 (Figura 13).

Page 88: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

87

(a) (b) (c)

Figura 13 – Desenho esquemático das placas de cromatografia em camada delgada

da amostra ácida utilizando como fase móvel (a) CH3Cl:MeOH:Ac. Acético

63,63:31,80:5,45 (b) CH3Cl:MeOH 50:50 (c) diclorometano:MeOH 50:50 e revelador

ninhidrina 5 %.

Com a fase móvel da condição c (Figura 13) foram repetidas várias placas

idênticas mostrando-se reprodutível. Utilizando esta fase móvel foi realizada uma

CCP(Figura 14) porém a separação não foi tão eficiente e houve o aparecimento de

bandas suplementares, pois os compostos gerados no processo de degradação

provavelmente apresentam polaridades muito semelhantes uma vez que são

considerados derivados da mesma substância que á o cloridrato de metformina.

Na placa de CCP (Figura 14a) uma maior quantidade de amostra degradada

em meio ácido foi aplicada e houve o aparecimento de seis bandas cromatográfica

ao invés de quatro anteriormente descritas.

As substâncias então ficaram com Rf muito próximo. Todas as bandas de

número 6 foram removidas da placa e dissolvidas em 20 mL de metanol, seguida

pela filtração em papel filtro, evaporação e recromatografadas em CCD, usando a

mesma fase móvel diclorometano:MeOH 50:50 (Figura 14b).

Page 89: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

88

(a) (b)

Figura 14 – (a) Desenho representativo da CCP do cloridrato de metfromina

degradado em meio ácido; (b) desenho representativo da recromatografia em CCD

das bandas encontradas em (a) usando a fase móvel diclorometano: metanol 50:50

e revelador ninhidrina 5 %.

A placa realizada com as bandas extraídas CCP demonstrou baixa resolução

dos compostos derivados com polaridades muito semelhantes. A única banda que

aparentemente estava pura foi à banda seis que anteriormente não estava presente

nas placas de CCD, provavelmente por apresentar-se em quantidades menores no

monitoramento por CCD

Selecionou-se a banda 6 para análise por RMN H1 e a banda 5 onde havia

aparentemente dois compostos foi submetida a coluna cromatográfica sob pressão

(tipo flash) e obteve-se três frações 1 - clorofórmio, 2 – CH3Cl:MeOH 50:50 e 3-

metanólica, (Figura 15) onde a fração metanólica apresentou apenas um composto e

também foi analisada também por RMN H1.

Figura 15 – Desenho representativo da CCD obtida com as frações eluídas da

coluna flash na qual foi aplicada a fração 5. Fase móvel Diclorometano:metanol

50:50, revelador ninhidrina 5 %.

Page 90: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

89

Nenhuma das fases móveis testadas em CCD foi eficaz na separação das

substâncias geradas durante a degradação ácida. Provavelmente devido à

similaridade estrutural entre os produtos de degradação, e à elevada polaridade dos

mesmos, além da presença do HCl o qual pode interagir com as substâncias.

Adicionalmente as substâncias formadas durante a hidrólise ácida podem ter sido

geradas pelo emprego do calor associado ao ácido que possibilitou a formação de

pelo menos 4 substâncias como observado na Figura 13a.

A análise de RMN H1 representadas nas figuras 16 e 17 não possibilitaram

concluir qual composto se refere às substâncias isoladas, necessitando realizar mais

análises como RMN C13, espectrometria de massas e espectroscopia de

infravermelho. Esta última, apesar de evidenciar apenas os tipos de grupos químicos

presente no composto poderia informar se o composto é cíclico apresentando anéis

aromáticos ou alicíclico, complementando as demais análises.

Figura 16 – Espectro de RMN H1 da fração 6 da CCP.

Page 91: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

90

Figura 17 - Espectro de RMN H1 da subfração 3 da fração 5 da CCP

Analisou-se então todas as condições de degradação (ácida, base, neutra,

oxidante e fotolítica) por injeção direta no GC-MS. Devido a presença de muitas

substâncias, não foi possível concluir sobre a natureza dos compostos presentes,

por apresentar uma quantidade muito grande de fragmentos moleculares nos

espectros gerados (dados não mostrados).

A CCP foi repetida e foi extraída, novamente, a banda 6 referida acima. Esta

foi analisada em CCD utilizando-se como fase móvel diclorometano:metanol 50:50.

A CCD indicou que a banda estava aparentemente pura. Na análise por MS,

sugeriu-se que esta banda extraída da CCD preparativa não continha apenas um

composto, o que foi confirmado pela repetição de uma cromatoplaca de CCD,

utilizando sistema eluente Hexano: acetato de etila 30:70, onde houve a separação

daquela banda inicialmente isolada em mais três bandas, com valores de Rf bem

diferentes conforme figura 18.

Page 92: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

91

Figura 18 – Desenho representativo da CCD obtida com a fração 6 eluída da CCP,

solvente hex:act etila 30:70, reveladas em câmara UV, 254 nm.

Constatou-se, com base nos cromatogramas gerados por CLAE que, devido à

semelhança no tempo de retenção, coloração após revelar, espectro de UV, Rf e

nos fragmentos moleculares referentes ao cloridrato de metformina, que em todas as

amostras degradadas havia quantidades consideráveis do fármaco não degradado,

conforme já observado por CLAE. Houve dificuldade em separar compostos que

podem ser derivados do cloridrato de metformina, ou ainda produtos que sofreram

várias etapas de degradação nas condições selecionadas dos testes, pois existe

uma semelhança muito grande de polaridade. Devido ao baixo rendimento da CCP,

gerando pouca quantidade de material para análise não foi possível uma posterior

utilização da banda 6 para nova análise e este estudo necessita ser complementado.

5.4 Desenvolvimento de Método alternativo para Dose amento do

fármaco e análise dos produtos de degradação por CL AE

Muitas tentativas foram executadas afim de desenvolver uma metodologia

que empregasse uma coluna comum, tipo C18, e fases móveis de uso habitual em

laboratórios, conforme demonstrado no quadro 9 (dados não mostrados). Mediante a

elevada hidrofilicidade e basicidade do analito e das impurezas presentes nas

amostras degradadas, não se obteve uma adequada interação dos analitos com a

fase estacionária em fase reversa, o que resultou em picos distorcidos com

assimetria inaceitável, bem como afetou a reprodutibilidade do sistema.

Page 93: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

92

A dificuldade no desenvolvimento dos métodos cromatográficos se deve,

provavelmente à característica químicas do cloridrato de metformina, cujo é

constituído basicamente por grupamentos aminas e amidas, os quais apresentam

tendência a se ionizarem. Em valores de pH de fase móvel alcalino (pH 7,5),

próximos ao limite de pH tolerado pelas colunas cromatográficas (pH 8,0), o

composto apresenta-se em estado parcial de ionização próximo ao seu pKa de 12,4

(LAUDO JANUMET, 2010), o que explicaria as diferenças obtidas nos tempos de

retenção em cada cromatograma em algumas das condições testadas (KROMIDAS,

2005).

Diante destas dificuldades, optou-se então pelo emprego da metodologia de

pareamento iônico, utilizando o heptanossulfonato de sódio, baseado no método de

análise do hidrogeno tartarato de rivastigmina (RAO et al., 2005).

Entre todos os métodos testados, o método empregando o sistema de

pareamento iônico foi o mais adequado. A fase móvel consistiu de

heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0 (A), como agente de pareamento iônico,

com acetonitrila (B) e metanol (C). Na otimização deste método foram testadas 3

temperaturas diferentes e 3 proporções de B e C (quadro 10). Um cromatograma

representativo de cada condição testada neste método está apresentado nas figuras

19, 20 e 21. A amostra utilizada para o desenvolvimento do método alternativo foi o

Glifage® degradado em meio ácido que havia apresentado mais picos adicionais,

detectado pelo método adaptado da Farmacopeia Britânica e previamente validado

pelo UNIVALI-LAPAM (Figuras 8, 9-11).

Page 94: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

93

Minutes0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

mAU

-10

010

2030

4050

mAU

-10

0

10

20

30

40

50

Minutes0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

mAU

-20

020

4060

8010

0

mAU

-20

0

20

40

60

80

100

Minutes0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

mAU

-10

010

2030

4050

6070

8090

mAU

-10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Figura 19 - Cromatogramas da amostra Glifage® a 20 µg/mL após degradação

ácida, detecção em 204 nm, a 30°C , 1 mL/min, fase móvel composta de

heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0 (A), como agente de pareamento iônico,

com acetonitrila (B) e metanol (C): a) A:B:C (75:05:20) b) A:B:C (75:10:15); c) A:B:C

(75:15:10), Coluna sílica ODS C 18 (Luna® Phenomenex 250 x 4,6 mm, 5 µm).

O t0 neste sistema cromatográfico foi de 2,4 min e o número de picos

suplementares foi maior, visualizando-se, ao menos, 4 picos com tempo de retenção

c

b

a

Page 95: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

94

que variaram de acordo com a proporção dos solventes orgânicos na fase móvel

(Figura 19).

Minutes0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

mAU

-10

010

2030

40

mAU

-10

0

10

20

30

40

Minutes0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

mAU

-20

020

4060

80

mAU

-20

0

20

40

60

80

Minutes0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

mAU

-20

020

4060

8010

0

mAU

-20

0

20

40

60

80

100

Figura 20 - Cromatogramas da amostra Glifage® a 20 µg/mL após degradação

ácida, detecção em 204 nm, a 35°C , 1 mL/min, fase móvel composta de

heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0 (A), como agente de pareamento iônico,

com acetonitrila (B) e metanol (C): a) A:B:C (75:05:20) b) A:B:C (75:10:15); c) A:B:C

(75:15:10), Coluna sílica ODS C 18 (Luna® Phenomenex 250 x 4,6 mm, 5 µm).

c

b

a

Page 96: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

95

Minutes0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

mAU

-10

010

2030

4050

6070

mAU

-10

0

10

20

30

40

50

60

70

Minutes0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

mAU

-20

-10

010

2030

4050

6070

80

mAU

-20

-10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Minutes0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

mAU

-20

020

4060

8010

0

mAU

-20

0

20

40

60

80

100

Figura 21 - Cromatogramas da amostra Glifage® a 20 µg/mL após degradação

ácida, detecção em 204 nm, a 40°C , 1 mL/min, fase móvel composta de

heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0 (A), como agente de pareamento iônico,

com acetonitrila (B) e metanol (C): a) A:B:C (75:05:20) b) A:B:C (75:10:15); c) A:B:C

(75:15:10), Coluna sílica ODS C 18 (Luna® Phenomenex 250 x 4,6 mm, 5 µm).

c

b

a

Page 97: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

96

Nestes cromatogramas foram avaliados dados de resolução entre os picos do

cloridrato de metformina e seu pico vizinho, assimetria do pico correspondente ao

analito, tempo de retenção e aspecto do cromatograma.

Analisando primeiramente a influência da temperatura nos cromatogramas, à

medida que aumenta a temperatura tem-se uma diminuição do tempo de retenção

do fármaco, aumento da assimetria e diminuição da resolução entre os picos

cromatográficos. Como exemplo a condição de fase móvel 75:10:15

(hetpanossulfonato:ACN:MeOH) demonstradas na tabela 5.

Tabela 5 – Parâmetros cromatográficos da análise por CLAE em pareamento iônico

do cloridrato de metformina após degradação ácida, nas diferentes temperaturas

testadas

Temperatura ºC Tempo de retenção

(min)

Assimetria Resolução

30 24,705 1,16 4,31

35 21,317 1,20 2,88

40 16,917 1,28 0

Analisando a variação das proporções de fase móvel nestes três níveis

(75:05:20; 75:10:15; 7515:10 heptanossulfonato:ACN:MeOH), observa-se que a

medida que aumenta a proporção de acetonitrila, tem-se a diminuição do tempo de

retenção do pico correspondente ao cloridrato de metformina, bem como a

diminuição da resolução entre os picos e a co-eluição de alguns picos. A assimetria

entre os picos, nestas proporções, não foi alterada significativamente.

Dentre todas as condições testadas, a temperatura que apresentou os

melhores resultados foi a de 30 ºC, com tempos de retenção adequados em todas

as análises, sem distorções nos picos cromatográficos. A proporção que apresentou

melhor resolução entre os picos foi de 75:10:15 para fase móvel

heptanossulfonato:ACN:MeOH, pH 3,0 e fluxo de 1,0 mL/min. Esta condição então

foi adotada como a condição inicial para prosseguir com a otimização do método.

Neste sistema eluente, o cloridrato de metformina apresentou um tempo de

retenção adequado (15 min), boa resolução com relação ao pico vizinho (R = 2,08) e

boa reprodutibilidade nos tempos de retenção (dados não mostrados).

Page 98: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

97

Como a amostra foi armazenada em geladeira, provavelmente possa ter

ocorrido alterações em sua composição, com degradação suplementar, mesmo

armazenada em geladeira e diluída com água. Este fato pode justificar a diferença

no perfil cromatográfico da amostra com os dois métodos (Figura 8b e 13b)

A condição selecionada foi repetida em outro cromatógrafo (Waters), como

forma de demonstrar a robustez do método e o resultado está apresentado na

Figura 22. Observa-se a reprodutibilidade no tempo de retenção do pico

correspondente ao cloridrato de metformina.

Figura 22 – Cromatograma da amostra Glifage® após degradação ácida (20 µg/mL)

na fase móvel heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0:acetonitrila:metanol

(75:10:15 v/v), 1 mL/min fluxo e 30 ºC temperatura, detecção em 210 nm, coluna

C18 (Luna®, Phenomenex), no cromatógrafo Waters.

Na tentativa de melhorar a resolução do pico adjacente ao cloridrato de

metformina, que diminuiu neste cromatógrafo, o fluxo para 0,8 mL/min (Figura 23).

No entanto não houve uma melhora significativa e o tempo de retenção ficou em

19,5 min, prolongando excessivamente a corrida.

Figura 23 – Cromatograma da amostra Glifage® após degradação ácida (20 µg/mL)

na fase móvel heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0:acetonitrila:metanol

(75:10:15 v/v), 0,8 mL/min fluxo e 30 ºC temperatura, detecção em 210 nm, coluna

C18 (Luna®, Phenomenex), no cromatógrafo Waters.

Page 99: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

98

Na sequência foi alterada novamente a proporção de acetonitrila na fase

móvel, utilizando: heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0:acetonitrila:metanol 75:

8:17 (v/v) retornando ao fluxo de 1 mL/min fluxo e mantendo 30 ºC (Figura 24).

Nesta condição, a resolução entre o pico do fármaco e o pico vizinho melhorou,

apresentando uma assimetria adequada.

Figura 24 – Cromatograma da amostra Glifage® após degradação ácida (20 µg/mL)

na fase móvel heptanossulfonato de sódio 10 mM pH 3,0:acetonitrila:metanol

(75:8:17 v/v ), 1 mL/min fluxo e 30º C temperatura, detecção em 210 nm, coluna C18

(Luna®, Phenomenex), no cromatógrafo Waters.

Tendo em vista a otimização deste método, foi analisada a mistura de

diciandiamida, melamina e cloridrato de metformina para verificar a separação entre

os compostos (Figura 25).

Page 100: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

99

Figura 25 – Cromatogramas de análise diciandiamida , melamina e cloridrato de

metformina (MTF) (20 µg/mL) nas condições cromatográficas citadas na Figura 24.

Fazendo uma comparação entre os perfis de absorção nos cromatogramas

das figuras 24 e 25 pode-se observar que umas das impurezas geradas (pico 1 da

figura 24) durante o processo de degradação em meio ácido exibe um perfil de

absorção semelhante à diciandiamida, com mesmo tempo de retenção (3,5 min),

sugerindo ser a mesma substância. Já os demais picos exibiram perfis diferentes.

Apesar do segundo pico da figura 24 apresentar tempos de retenção semelhante à

impureza melamina não parece tratar-se deste composto.

Neste método, houve uma boa separação entre as principais impurezas

conhecidas do cloridrato de metformina, bem como em relação aos produtos de

degradação desconhecidos, formados na condição de hidrólise ácida selecionada

para a especialidade farmacêutica. Foram analisadas também as demais

especialidades farmacêuticas degradadas em todas as condições de degradação

(ácido, base, neutra, oxido e fotolítica), a fim de comparar, neste método, o

percentual e o perfil de degradação das amostras, comprovando se o método é

indicativo da estabilidade do fármaco nas diferentes amostras.

Comparando o Cloridrato de metformina degradado em meio ácido e

analisados no cromatógrafos Shimadzu e Waters, nas mesmas condições

cromatográficas (Figura 26), foi possivel observar alterações nos tempos de

Page 101: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

100

retenção, possivelmente provenientes dos equipamentos, O perfil cromatográfico

desta amostra analisada no método anterior (Figura 8b) apresentava 3 picos

adicionais enquanto a mesma amostra analisada com o método alternativo (Figura

26a), apresenta mais picos adicionais,porém, a resolução do pico do analito e suas

impurezas é adequada em ambos os equipamentos e métodos. As especialidades

farmacêuticas degradadas em meio ácido apresentaram perfil cromatográfico

semelhante, com menor intensidade de degradação, em relação ao fármaco, como

já havia sido observado anteriormente (Figuras 9b-11b).

Minutes0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

mAU

-20

020

4060

80100

mAU

-20

0

20

40

60

80

100

AU

0,000

0,010

0,020

0,030

Minutes2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00

AU

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

Minutes

2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00

18,3

76

AU

0,000

0,010

0,020

0,030

Minutes2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00

18,4

52

Figura 26 - Cromatogramas de análise do Cloridrato de metformina e das

especialidades farmacêuticas submetidas a hidólise ácida (HCl 1 M 6 h refluxo), a 25

µg/mL: (a) Cloridrato de metformina (cromatógrafo Shimadzu); (b) Glifage®, (c)

Glucoformin®, (d) Genérico, nas condições cromatográficas citadas na Figura 24, no

cromatógrafo Waters.

d

c

b

a

Page 102: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

101

A

U

0,000

0,010

0,020

0,030

Minutes2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00

18,2

12

AU

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

Minutes2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00

18,1

19

AU

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

Minutes2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00

18,1

77

Figura 27 - Cromatogramas de análise do Cloridrato de metformina e das

especialidades farmacêuticas submetidas a hidólise básica (NaOH 0,1 M 24 h T.A.),

a 25 µg/mL: (a) Cloridrato de metformina; (b) Glifage®, (c) Glucoformin®, (d)

Genérico, nas condições cromatográficas citadas na Figura 24, no cromatógrafo

Waters.

O perfil de degradação do fármaco após degradação básica (Figura 27a)

apresentou picos adicionais discretos diferindo da análise realizada com o método

baseado na Farmacopeia Britânica onde apresentou somente um pico adicional

mais evidente (Figura 8c). Já os comprimidos tratados sob mesma condição

d

c

b

a

Page 103: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

102

apresentaram perfil semelhante entre si (Figura 27c-27d) e em relação à análise

anterior (Figuras 9c-11c), sem picos adicionais, somente com uma diminuição da

área do pico do analito. Provavelmente os produtos de degradação formados nesta

condição não absorvem no UV.

AU

0,000

0,010

0,020

0,030

Minutes2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00

18,2

85

AU

0,000

0,010

0,020

0,030

Minutes

2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00

18,3

59

AU

0,000

0,010

0,020

0,030

Minutes2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00

18,4

16

Figura 28 - Cromatogramas de análise das especialidades farmacêuticas

submetidas a hidólise neutra (39 h refluxo), a 25 µg/mL: (a) Glifage®, (b)

Glucoformin®, (c) Genérico, nas condições cromatográficas citadas na Figura 24, no

cromatógrafo Waters.

As especialidades degradadas na condição neutra (Figura 28), demostraram

um perfil de degradação semelhante entre si, porém o Glifage® apresenta mais

picos adicionais (Figura 28a), semelhante ao perfil observado nesta mesma amostra,

com o método adaptado da Farmacopeia Britânica (Figura 9d), enquanto as outras

c

b

a

Page 104: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

103

duas especialidades (28b e 28c) não apresentaram picos adicionais após o t0, de

modo similar ao observado no método anterior (Figuras 10d e 11d).

AU

-0,04

-0,02

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

Minutes2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00

18,4

20

AU

-0,04

-0,02

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

Minutes2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00

18,2

86

AU

-0,04

-0,02

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

Minutes2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00

18,3

15

AU

-0,04

-0,02

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

Minutes2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00

2,87

5

7,45

9

8,25

0

9,96

3

10,8

36

18,3

40

23,6

83

Figura 29 - Cromatogramas de análise do Cloridrato de metformina e das

especialidades farmacêuticas submetidos a oxidação (H2O2 48 h T. A.), a 25 µg/mL:

(a) Cloridrato de metformina; (b) Glifage®, (c) Glucoformin®, (d) Genérico,nas

condições cromatográficas citadas na Figura 24, no cromatógrafo Waters.

c

d

b

a

Page 105: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

104

Todas as amostras degradadas, foram armazenadas em geladeira por 6

meses, e mesmo diluídas podem ter continuado a sofrer degradação em algumas

condições, evidenciada pelo aparecimento de mais picos, especialmente na amostra

sob oxidação (Figura 29) em relação à mesma amostra analisada anteriormente no

método adaptado da Farmacopeia Britânica (Figura 8e, 9e-11e). Houve o

aparecimento de 2 picos suplementares, sendo um com tempo de retenção superior

ao do analito nas amostras armazenadas. Porém, ambos os métodos apresentaram

boa resolução entre o analito e suas impurezas

AU

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

Minutes2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00

18,3

47

AU

0,00

0,02

0,04

Minutes

2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00

18,3

78

AU

0,00

0,02

0,04

Minutes2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00

18,3

78

Figura 30 - Cromatogramas de análise da comprimidos submetidos à Fotólise (3,5 h

exposição a luz UV), a 25 µg/mL: (a) Glifage®, (b) Glucoformin®, (d) Genérico, nas

condições cromatográficas citadas na Figura 24, no cromatógrafo Waters.

As especialidades farmacêuticas apresentaram semelhante perfil

cromatográfico com um único pico adicional quando submetidos a fotólise (Figura

b

c

a

Page 106: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

105

30). A mesma amostra recém preparada e analisada no método anterior não havia

apresentado picos adicionais (Figuras 9f-11f), podendo ter sofrido degradação

posterior durante armazenamento. O tempo de retenção deste pico é similar ao da

diciandiamida, com boa resolução em relação ao analito.

A fim de comparar as porcentagens de degradação das especialidades

farmacêuticas, foi analisada a área do pico do analito, em comparação do analito

recém preparado sob mesmas condições cromatográficas(Tabela 6).

As porcentagens de degradação obtidas em outro cromatografo (Waters),

utilizando o método de pareamento iônico, de modo geral, ficaram superiores

aquelas anteriormente obtidas pelo método desenvolvido no LAPAM-UNIVALI,

possivelmente devido às alterações das amostras.

Tabela 6 - Comparação dos percentuais de degradação do cloridrato de metformina

e especialidades farmacêuticas e entre os métodos por CLAE

Condição de degradação

Amostra Porcentagem média de degradação

Método Lapam

Porcentagem média de degradação

Método pareamento iônico

Reagente e Tempo de

contato

Ácida Cloridrato de metformina

5,7 nd HCl 1 M 6 h em refluxo

Glifage 6,6 40,1

Glucoformin 16,1 27,9

Genérico 20,6 35,0

Básica Cloridrato de metformina

84,5 nd NaOH 0,1 M 24 h Temp

ambiente

Glifage 75,5 13,2

Glucoformin 53,5 9,8

Genérico 57,7 16,0

Page 107: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

106

Continuação Tabela 6

Neutra Cloridrato de metformina

89,0 nd Água 39 h refluxo

Glifage 84,9 48,4

Glucoformin 29,6 31,9

Genérico 55,6 31,2

Oxidante Cloridrato de metformina

72,1 nd H2O2 32 % 48 h temp ambiente

Glifage 27,1 72,3

Glucoformin 20,9 91,2

Genérico 20,9 78,9

Fotólise Cloridrato de metformina

28,1 nd Água exposição 3h em câmara

UV 254 nm Glifage 11,4 3,0

Glucoformin 1,5 nd

Genérico 11,4 4,0

nd =não determinado

Com base nos resultados obtidos, ambos os métodos são indicativos de

estabilidade, capazes de detectar compostos com absorção no UV nos

comprimentos de onda de 204 a 390nm (capacidade do detector tipo DAD), e que

mesmo na presença das impurezas os métodos são seletivos e propiciam o

doseamento do fármaco, podendo ser empregados no estudo de estabilidade das

especialidades farmacêuticas. Portanto, o método alternativo desenvolvido foi

submetido à validação analítica.

5.5 Validação do método de pareamento iônico por CL AE

Nos ensaios de linearidade realizados foram construídas duas curvas de

calibração,em dois dias diferentes, nos níveis de 5 – 20 µg/mL. Os dados foram

reunidos e plotados em um gráfico de dispersão (Figura 31).

Page 108: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

107

0

500000

1000000

1500000

2000000

2500000

3000000

3500000

4000000

4500000

0 10 20 30 40 50 60

Figura 31 - Gráfico de linearidade do cloridrato de metformina por CLAE em

pareamento iônico com fase móvel heptanossulfonato de sódio 10 mM pH

3,0:acetonitrila:metanol (75:8:17 v/v), 1 mL/min fluxo e 30 ºC temperatura, detecção

em 210 nm, coluna C18 (Luna®, Phenomenex), no cromatógrafo Waters.

O método mostrou linearidade adequada na faixa de concentração testada,

apresentando a equação de reta y = 78070,61x -38313,4 e r = 0,9995, valor

aceitável de acordo com normas nacionais e internacionais (BRASIL, 2003, ICH,

2005). Na análise de regressão, os valores de Fcalculado (6061,6) e Fcrítico (6,6.10-9),

demonstram que a regressão linear foi significativa. A análise dos resíduos

demonstrou haver pouca dispersão e de forma aleatória em toda a faixa de

concentração estudada (dados não mostrados). O LD calculado baseado na

equação 1 foi de 1,47 µg/mL e o LQ de 4,90 µg/mL (equação 2), demonstrando a

sensibilidade do método.

No ensaio de exatidão a recuperação média do padrão nos níveis de

concentração 10, 20 e 30 µg/mL estão demonstrados na tabela 7.

Page 109: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

108

Tabela 7 - Ensaio de exatidão do método por CLAE de pareamento iônico, por

análise de recuperação do padrão cloridrato de metformina

Nível de concentração

Conc. padrão adicionado

(µg/ml)

Conc. média padrão recuperada

(µg/ml) ± (DP)

% de recuperação médio ± (DP)

CV

Baixa

Média

Alta

10,00

20,00

30,00

10,18 (0,22)

20,18 (0,38)

30,82 (0,25)

101,77 (2,02)

100,88 (1,93)

102,76 (0,83)

1,99

1,91

0,86

Recuperação média (%) 101,78 (1,81) 1,78

DP = desvio padrão; CV = coeficiente de variação

Os dados acima demonstraram que o método apresenta exatidão adequada

com valores de recuperação média de 100 ± 2 % e o CV abaixo de 2 % (GREEN,

1996).

O método demonstrou-se seletivo, pois apresentou uma interferência de

0,88% na presença dos excipientes do comprimido, quando comparado com o

fármaco isolado, calculado de acordo com o descrito no item 4.7.3 (Seletividade).

Também foi evidenciado nos cromatogramas da mistura do analito com as

impurezas comerciais (Figura 26) e das amostras degradadas (Figuras 27-31), uma

boa separação das impurezas em relação ao pico principal referente ao cloridrato de

metformina e ainda pelo elevado índice de pureza do pico do analito estimado pelo

PDA (Tabela 2) nas amostras degradadas.

A precisão do método avaliada pela repetibilidade (intra-dia) e precisão

intermediária (inter-dias), analisando a amostra Glifage®, está demonstrados na

tabela 8.

Page 110: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

109

Tabela 8 - Ensaio de Precisão do método por CLAE de pareamento iônico,

Precisão

Conc teórica

(µµµµg/mL)

Conc prática

(µµµµg/mL)

Teor

(%)

CV

10 10,03 99,78 2,68

1º dia 20 19,83 99,13 1,26

30 30,00 100,00 2,46

2º dia

10 10,11 101,01 2,40

20 19,78 98,91 1,40

30 29,67 98,90 1,66

3º dia

10 9,73 97,31 3,83

20 19,65 98,25 1,23

30 29,40 98,00 1,20

Teor Médio 99,66 2,28

CV = coeficiente de variação

Como pode ser observado as nas análises realizadas em três dias

consecutivos, demonstraram a precisão de método, apresentando um teor médio

dentro do preconizado (90 – 110 %) e um CV médio dentro do especificado de 5 %

tanto para repetibilidade quanto para precisão intermediária (BRASIL, 2003).

Na robustez foi analisado o efeito de pequenas variações de fluxo e

temperatura (± 1 %) do método na área, teor e tempo de retenção do fármaco nas

amostras, cujos resultados estão demonstrados na tabela 9.

Page 111: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

110

Tabela 9 - Ensaio de robustez com variação de temperatura e fluxo da fase móvel

Parâmetro Área (CV) Tempo de retenção

(min) (CV)

Teor (CV)

Temperatura

(ºC)

29 1347528 (1,39) 18,04 (0,18) 100,31 (1,39)

30 1345413 (1,04) 17,87 (0,29) 100,16 (1,04)

31 1336971 (1,38) 17,30 (0,10) 99,53 (1,38)

CV 1,25 1,74 2,09

Fcal/Fcrit 0,63/3,68 8,18/3,68 653,16/3,68

Fluxo (mL/min)

0,9 1515592 (3,06) 17,87 (0,29) 100 (3,06)

1,0 1345413 (1,03) 21,43 (0,18) 100 (1,03)

1,1 1252330 (1,15) 16,99 (0,08) 100 (1,15)

CV 8,94 15,61 10,59

Fcal/Fcrit 125,66/3,68 389,38/3,68 22898,31/3,68

Nos dados de CV da robustez em todas as análises da variação de

temperatura os valores apresentados ficaram dentro do preconizado em até 5 %

(BRASIL, 2003).

O método demostrou ser robusto em relação à pequenas e deliberadas

alterações no fluxo (Tabela 9). Mesmo quando o Fcalc ficou superior ao Fcrit, o CV

ficou próximo de 2% para esta variação em todas os parâmetros cromatográficos

analisados. Por outro lado, o método de cromatografia de par iônico é

significativamente afetado pela temperatura, mesmo em pequenas alterações, como

mostrado pelo CV > 5% e Fcalc >> Fcrit (Tabela 9). Uma alteração na seletividade e no

espaçamento de bandas neste tipo de método são esperados já que dois ou mais

distintos processos contribuem para a retenção da amostra: troca iônica e/ou

Page 112: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

111

processos de fase reversa, ionização do tampão e analito, e adsorção do reagente

de par iônico. Portanto, para a reprodutibilidade da separação neste tipo de método,

é importante termostatizar a coluna (Snyder; Kirkland; Glajch, 1997).

5.6 Citotoxicidade

Nas análises de citotoxicidade medindo a absorbância de cristais de

formazam dissolvidos em dimetilsulfóxido (DMSO), todas as concentrações testadas

(0,1; 1; 10 e 100 µg/mL) apresentaram os mesmos resultados. Portanto, optou-se

por apresentar os resultados da absorção em UV da maior concentração (100

µg/mL) de fármaco degrado em condição ácida, básica, neutra, oxidante e fotólise

(Tabela 10).

Tabela 10 – Viabilidade celular em L929 do cloridrato de metformina antes e após as

diferentes condições de degradação

Amostra Absorbância Viabilidade (%) (CV %)

Ácida 1,083 91,52 (14,95)

Básica 1,099 92,90 (10,99)

Neutra 1,096 92,59 (16,38)

Oxidante 1,210 102,25 (13,89)

Fotólise 1,034 87,41 (12,73)

Cloridrato de metformina 1,006 85,05 (9,03)

Controle + 0,096 7,45 (2,14)

Controle - 1,183 100,00 (0,11)

controle negativo = tampão fosfato ; controle positivo = Triton X 100®

O controle positivo (detergente Triton X 100®) conforme esperado, reduziu

drasticamente o percentual de viabilidade celular (7 %), enquanto que o cloridrato de

metformina e seus produtos de degradação, submetidas às diferentes condições de

degradação, não afetaram significativamente a viabilidade celular. Não houve

diferença destas amostras e do controle negativo tampão fosfato em que a

viabilidade celular ficou em 100 %, indicando ausência de citotoxicidade (Tabela 10).

Page 113: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

112

Para evidenciar o resultado apresentado, foi realizada a microscopia óptica

para análise da morfologia celular e vitalidade celular conforme figura 32.

Figura 32- Análise microscópica celular. a - células coradas com brometo de etídio e

diacetato de fluorisceína. b - células sem corante. c - células coradas com corante

Giemsa. 1 - condição ácida, 2 - condição básica, 3 - condição neutra, 4 - condição

oxidante, 5 - Fotólise, 6 – Metformina padrão, 7 – Controle positivo (Triton X100®), 8

- Controle negativo (tampão PBS).

Com base em todos os testes realizados pode-se concluir que nenhuma das

condições de degradação aplicadas à amostra de metformina apresentou toxicidade

celular, e quando comparado com o controle negativo observou-se que as células

mantém seu formato original e núcleo integro (Figura 32).

Se o controle positivo for analisado observa-se que as células estão em

pequena quantidade, o formato está diferenciado, e a microscopia invertida de

fluorescência demonstrou que as células já não mais apresentam o núcleo bem

delimitado confirmando a toxicidade do mesmo.

O ensaio foi repetido com as especialidades farmacêuticas degradadas na

condição ácida e os resultados estão expostos na figura 33.

Page 114: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

113

a

b

Figura 33 – a) Gráfico de viabilidade celular na análise de citotoxicidade dos

produtos de degradação das especialidades farmacêuticas submetida a degradação

ácida; b) Análise microcópica ds células coradas com diacetato de fluorisceina e

brometo de etídio 1:100, onde: A) Glifage® degradada em meio ácido, B)

Glucoformin® degradada em meio ácido, C) Genérico degradada em meio ácido, D)

Controle negativo tampao PBS e E) controle positivo Triton X 100®.

As amostras foram analisadas em quatro níveis de concentração. No entanto

foram apresentadas apenas os resultados obtidos na concentração de 100 µg/mL

devido ao fato de nenhuma das amostras degradadas apresentarem citotoxicidade,

pois a viabilidade celular foi muito próxima aos valores obtidos pelo controle

negativo. Na análise de microscopia de fluorescência invertida observou-se que as

células mantiveram-se íntegras,e com citoplasma bem delimitado, evidenciando a

ausência de dano celular (Figura 33).

Muitos estudos acerca da toxicidade da melamina estão relatados, pois é uma

substância que apresenta perigo se ingerida, inalada ou absorvida pela pele, além

de ser uma substância comprovadamente cancerígena. Faz parte da composição de

plásticos e pode ser liberada pelo aquecimento deste em contato com os alimentos

Page 115: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

114

(BRADLEY, 2009; EFSA, 2010). A dose letal estipulada (DL 50) é de mais de 3 kg

de peso corporal. A ingestão diária total (TDI), segundo a European Food Safety

Authority (EFSA), é de 0,2 mg/kg (EFSA, 2010).

A melamina sozinha não apresenta tanto risco em nível sistêmico, mas é

capaz de se associar com outras substâncias formando complexos, como, por

exemplo, com o ácido úrico, formando cristais que podem causar danos renais

(EFSA, 2010).

Um estudo com alimentos de origem animal foi realizado com a melamina e

um análogo, o ácido cianúrico. Isolados, nenhuma destas substâncias apresentaram

toxicidade, porém, em associação, que ocorre em alimentos como o leite em pó e

rações animais, pode formar complexos e causar o dano renal (PUSCHNER et al.,

2007).

Estudos em ratos demonstram que a cianoguanidina (diciandiamida) também

apresenta efeito toxico quando administrada, com aumento da uréia sérica,

migração de eosinófilos para epitélio tubular renal, concluindo que num nível de 10%

na dieta é inequivocadamente tóxico (MATSUSHIMA et al., 1991). Segundo a

resolução que regulamenta a fabricação de recipientes plásticos, a cianoguanidina

faz parte da lista positiva para utilização como reticulante para fabricação de

elastômeros (BRASIL, 2001).

Os resultados apresentados nos ensaios de citotoxicidade sugerem que os

produtos gerados durante o processo de degradação provavelmente não se referem

à melamina, evidenciados pelos cromatogramas anteriormente apresentados

(Figuras 25 e 26) onde nenhum dos espectros de absorção se iguala ao desta

substância. A diciandiamida, se presente, parece estar em concentrações abaixo do

considerado tóxico no modelo utilizado. Nos níveis de concentração presente nas

amostras degradadas, os produtos de degradação não apresentaram citotoxicidade,

sendo portanto, qualificados nas amostras estudadas.

Page 116: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

115

6 CONCLUSÃO

As condições de degradação forçada selecionadas para o cloridrato de

metformina, que proporcionaram o aparecimento de picos suplementares nos

cromatogramas foram: 6 h em refluxo, com HCl 1 M (condição ácida); 24 h em

agitação à temperatura ambiente, com NaOH 0,1 M (condição básica); 48 h em

agitação à temperatura ambiente, com H2O2 32 % (condição oxidante); 39 h sob

refluxo com água ultrapura (condição neutra) e 3,5 h de exposição em câmara de

UV, comprimento de onda 254 nm (fotólise);

Os métodos alternativos utilizados na tentativa de isolamentos das

substancias geradas durante o processo de degradação não foram suficientes para

isolar e identificar as impurezas, necessitando de metodologias complementares;

O método por CLAE adaptado da Farmacopeia Britânica (2008) mostrou ser

indicativo da estabilidade do cloridrato de metformina, com boa resolução entre o

fármaco e seus produtos de degradação que absorvem no UV;

Foi desenvolvido com sucesso um método por CLAE, baseado em

pareamento iônico, o qual é indicativo de estabilidade do fármaco, com linearidade

na faixa de 5 - 50 µg/mL (r > 0,999), com LD e LQ de 1,47 e 4,90 µg/mL,

respectivamente, com boa exatidão (recuperação de 100 ± 2,0%) e precisão (CV <

3,0% nos ensaios intra-dia e inter-dias), com boa seletividade (resolução adequado

do pico do analito em relação às impurezas comercias e aos produtos de

degradação gerados nas amostras e elevado índice de pureza do pico do analito

pelo PDA) e indicativo da estabilidade do fármaco. O método apresentou ser robusto

frente à pequenas variações no fluxo da fase móvel, porém, a temperatura deve ser

monitorada para a reprodutibilidade da separação. Portanto o método foi

considerado validado.

As especialidades farmacêuticas apresentaram perfis de degradação

semelhantes ao do fármaco isolado, porém com menor intensidade, provavelmente

devido ao efeito protetor dos excipientes;

A oxidação das especialidades farmacêuticas foi a condição de degradação

que proporcionou o aparecimento de mais picos suplementares nos cromatograma,

pelo método de pareamento iônico;

Page 117: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

116

Os compostos gerados durante a degradação do fármaco nas diferentes

condições de degradação e das especialidades após degradação em meio ácido,

não apresentaram citotoxicidade in vitro frente às células L 929.

Page 118: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

117

REFERÊNCIAS

ADAMS, A. I. H.; GOSMANN, G.; SCHNEIDER, P. H.; BERGOLD, A. M. LC stability of voriconazole and structural elucidation of its major degradation product. Chromatographia, v. 69, p. 115 – 122, 2009. ALI, M. S.; RAFIUDDIN, S.; GHORI, M.; KHATRI, A. R. Simultaneous determination of metformin hydrochloride, cyanoguanidine and melamine in tablets by mixed-mode HILIC. Chromatographia , v. 67, p. 517 – 525, 2008 ANSEL, H. C.; LOYD, V. A.; POPOVICH, N. G. Pharmaceutical dosage forms and drug delivery systems. 7 ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2005. 595p. ANVISA, Medicamentos genéricos comercializados. Disponível em:< http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/anvisa/home/medicamentos. Acessado em: 20/11/2011. BAKSHI, M.; SINGH, S. Development of validated stability-indicating assay methods – critical review. Journal of pharmaceutical and biomedical analysis. n. 28, p. 1011 – 1040, 2002. BARREIRO, E. J.; FERREIRA, V. F.; COSTA, P. R. R. Substâncias enantioméricamente puras (SEP): a questão dos fármacos quirais. Química Nova, v. 20, n. 6, p. 647 – 656, 1997. BASTOS, C. A. Otimização de metodologia por cromatografia liquida em fase reversa por pareamento iônico para análise simultânea de pa racetamol, cloridrato de fenilefrina e maleato de carbinoxamina em formulaçõ es farmacêuticas. 2008. 69f, Dissertação (Mestrado em Química) – Faculdade de Química, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2008. BEERS, M. H.; BERKOW, R. Manual Merck: diagnóstico e tratamento. 17 ed. São Paulo: Roca, 1999. BHAMARE, P. C.; BARI, S. B.; NATARAJAN, S.; PATIL, A. A.; PATIL, S. H.; SHIRODE, P. T. Development and validation of a precise single stability indicating HPLC method for determinations of Metformin hydrochloride and Fenofibrate, in pure form and in pharmaceutical tablets. International journal of pharmaceutical and technol ogy research ,v. 1, p. 505-515, 2011. BRADLEY, D. Melamine Milk. Sciencebase: science news and views. 22 janeiro 2009. Disponível em:< http://www.sciencebase.com/science-blog/melamine-in-milk.html>, Acessado em: 29/01/2011. BRANDÃO, A. C. C. Comprimidos: fatores que podem ocasionar desvio de qualidade. 17 de janeiro de 2007. Disponível em : http://boaspraticasfarmaceuticas.blogspot.com/2007/01/comprimidos-fatores-que-podem.html, acessado em: 07/12/2010. BRASIL, Ministério da saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 123: Disposições gerais sobre embalagens e equipamentos elastoméricos em contato com alimentos, 19 de junho de 2001. DOU:______¸26 de junho de 2001. Disponível em:<

Page 119: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

118

http://ibama2.ibama.gov.br/cnia2/renima/cnia/lema/lema_texto/AGENCIAS/ANVISA/RS0123-190701.PDF>, acessado em: 29/01/2011. BRASIL, Ministério da saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 899: Guia para validação de método analítico e bioanalítico, de 29 de maio de 2003. DOU: ______,02 de agosto de 2003. BRASIL, Ministério da saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 1: Guia para realização de estudos de estabilidade, de 12 de novembro de 2004. DOU: ______, 29 de julho de 2005. BRASIL, Ministério da saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Lista DBC 2006: Princípios ativos, 2006. BRASIL, Ministério da saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Instrução Normativa nº 4. Guia para a realização de estudos de estabilidade para medicamentos dinamizados. 11 de abril de 2007. DOU: _____, 13 de abril de 2007. Disponível em: < ftp://ftp.saude.sp.gov.br/ftpsessp/bibliote/informe_eletronico/2007/iels.abr.07/iels70/U_IN-ANVS-4_110407.pdf> acessado em: 28/01/2011. BRASIL, Ministério da saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Informe Técnico nº1, 15 de julho de 2008. BRASIL, Ministério da saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 57, Registro de insumos farmacêuticos ativos, de 17 de novembro de 2009. DOU: ______, 18 de novembro de 2009. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação nacional de medicamentos essenciais: Rename / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. – 7. ed. – Brasilia : Ministério da Saúde, 2010a. 250 p. BRASIL, Ministério da saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consulta Pública nº 59, de 18 de junho de 2010. Dispõe sobre a realização de estudos de estabilidade de insumos farmacêuticos ativos. D.O.U de 21 de Junho de 2010b. BREIER, A. R.; STEPPE, M.; SCHAPOVAL, E. E. S.; Photodegradation kinetics of fexofenadine hydrochloride using a LC method. Chromatographia, v. 64, p. 725 – 729, 2006. BREIER, A. R.; NUDELMAN, N. S.; STEPPE, M.; SCHAPOVAL, E. E. S. Isolation and structure elucidation of photodegradation products of fexofenadine. Journal of pharmaceutical and biomedical analysis , v. 46, p. 250 – 257, 2008. BRITISH PHARMACOPOEIA. 4. v. London: The stationery office, 2008. BRUCE, P.; MINKKINEN, P.; RIEKKOLA, M. L. Practical method validation: Validation sufficient for an analysis method. Mikrochimica Acta . v. 128, p. 93 – 106, 1998. CAETANO, N. Guia de remédio. 9 ed. Consultoria, projetos e comércio LTDA: São Paulo, 2008, p. 425. CAI, S.; HU, C. Chromatographic determination of polymerized impurities in meropenem. Journal of pharmaceutical and biomedical analysis, v. 37, p. 585 – 589, 2005.

Page 120: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

119

CANADA, Misnister of Health, Therapeutic Products Programme. Stability testing: Requirements for new dosage forms. Ottawa 1998. Disponível em : < http://www.hc-sc.gc.ca/dhp-mps/alt_formats/hpfb-dgpsa/pdf/prodpharma/q1c-eng.pdf> acessado em: 15/10/2010. CAZEDEY, E. C. L.; AZEVEDO, R. C. P.; SILVA, E. F.; ARAÚJO, M. B. Desenvolvimento e validação de metodologia analítica para determinação de itraconazol em produtos farmacêuticos por CLAE. Química nova, v. 30, n. 4, p. 774 – 776, 2007. COSTA, R. C. C. Metodologias analíticas para o controle de produtos farmacêuticos. Química , v. 99, p. 53 – 56, 2005. Disponível em:< http://www.spq.pt/boletim/docs/boletimSPQ_099_053_09.pdf> acessado em : 15/10/2010. DONATO, E. M.; ZANOTTO, A. R.; BERGOLD, A. M. CLAE-PI aplicada ao doseamento de vitaminas do complexo B em misturas: fundamentação e validação do método. Revista brasileira de ciências farmacêuticas. v. 40, n. 3, p. 363 - 371, 2004. DONG, M. W.; LEPORE, J.; TARUMOTO, T. Factor affecting the íon-par chromatography of water soluble vitamins. Journal of chromatography . v. 442, p. 81 – 95, 1988. EMEA. THE EUROPEAN AGENCY FOR THE EVALUATION OF MEDICINAL PRODUCTS. CPMP. Guideline on stability testing for active substance s and medicinal products manufactured in climatic zones III and IV to be mar keted in the EU. Londres, 25 fevereiro 2004. Disponível em:< http://www.emea.europa.eu/pdfs/human/qwp/614203en.pdf> Acessado em: 02 fevereiro 2009. ENEIDA, G. L. Estabilidade: importante parâmetro para avaliar a q ualidade, segurança e eficácia de fármacos e medicamentos. 2005. 178f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Faculdade de Farmácia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005. EFSA. EUROPEAN FOOD SAFETY AUTHORITY. EFSA reduces tolerable intake level for melamine . 10 abr 2010. Disponivel em:< http://www.efsa.europa.eu/en/press/news/contam100413.htm>. Acessado em: 29/01/2011. FARMACOPEIA PORTUGUESA. 8ed. v. 3. Lisboa: Infarmed, 2005. FDA. FOOD AND DRUG ADMINISTRATION. Guidance for industry, stability testing : photostability testing of new veterinary drug subst ance and medicinal products , Rockville, Sept 1999. Disponível em: < http://www.fda.gov/downloads/AnimalVeterinary/GuidanceComplianceEnforcement/GuidanceforIndustry/ucm052391.pdf> acessado em : 15/10/2010. FDA. FOOD AND DRUG ADMINISTRATION. Analytical procedures and methods validation. chemistry, manufacturing, and controls documentation DRAFT GUIDANCE. August 2000. Disponível em: http://www.fda.gov/downloads/Drugs/GuidanceComplianceRegulatoryInformation/Guidances/ucm122858.pdf FDA. FOOD AND DRUG ADMINISTRATION. Guidance for industry Q1A (R2) stability testing of new drug substances and products. Rockville, Nov 2003. Disponível em:< http://www.fda.gov/downloads/RegulatoryInformation/Guidances/ucm128204.pdf>, acessado em 15/10/2010.

Page 121: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

120

FIGUEIREDO,M. A. J.; LAPORTA, L. Requisitos específicos para formas farmacêuticas sólidas. Monografia – Curso de formação especializada em análise de registro de medicamentos, Centro Universitário Franciscano. Santa Maria. 2003. 30p FLORENCE, A. T.; ATTWOOD, D. Princípios físico-químicos em farmácia . 3ed. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2003. FREITAS, B. R.; MAGALHÂES, J. F. Avaliação de xaropes contendo cloridrato de metoclopramida, pelo método de Bratton-Marshall. Revista brasileira de ciências farmacêuticas, v. 41, n. 2, p. 191 – 197, 2005. GARCIA, C. V.; NUDELMAN, N. S.; STEPPE, M.; SCHAPOVAL, E. E. S. Structural elucidation of rabeprazole sodium Photodegradation products. Journal of pharmaceutical and biomedical analysis , v. 46, p. 88 – 93, 2008. GEORGITA, C.; ALBU, F.; DAVID, V.; MEDVEDOVICI, A. Simultaneous assay of metformin and glibenclamide in human plasma based on extraction –less sample preparation procedure and LC/(APCI) MS. Journal of chromatography B , v. 854, p. 211 – 218, 2007. GREEN, M.J. A practical guide to analytical method validation. Analytical chemistry. news & features .1996. HAMDAN, I. I.; JABER, A. K. B.; ABUSHOFFA, A. M. Development and validation of a stability indicating capillary electrophoresis method for the determination of metformin hydrochloride in tablets. Journal of pharmaceutical and biochemical analysis , v. 53, p. 1254 – 1257, 2010. ICH. International Conference on Harmonization of technical requirements for registration of pharmaceuticals for human use. Stability testing: photostability testing of new dr ug substances and products , 4 ed, 6 nov 1996a. ICH. International Conference on Harmonization of technical requirements for registration of pharmaceuticals for human use. Stability testing for new dosage forms , 4 ed, 6 nov 1996b. ICH. International Conference on Harmonization of technical requirements for registration of pharmaceuticals for human use. Q3C Impurities: Residual solvents , dez 1997. ICH. International Conference on Harmonization of technical requirements for registration of pharmaceuticals for human use. Stability testing for new drug substance and produc ts , 7 ed, aug 2003. ICH. International Conference on Harmonization of technical requirements for registration of pharmaceuticals for human use. Validation of Analytical Procedures: Text and Methodology Q2(R1) . Genebra, 2005.

ICH. International Conference on Harmonization of technical requirements for registration of pharmaceuticals for human use. Impurities in new drug substances , 4 ed, 25 oct 2006. INMETRO. INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMATIZAÇAO E QUALIDADE INDUSTRIAL. Orientação sobre validação de métodos de ensaios qu ímicos . DOQ-CGCRE-008, 2003.

Page 122: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

121

JACQ, K., DAVID, F., SANDRA, P. A generic method for the analysis of residual solvents in pharmaceuticals using static headspace- GC-FID/MS, Agilent technologies publication, 2008. JARDIM, I. C. S. F.; COLLINS, C. H.; GUIMARÃES, L. F. L. Cromatografia liquída de alta eficiência. In: ______COLLINS, C. H.; BRAGA, G. L..; BONATO, P. S. Fundamentos de Cromatografia . Campinas: Editora Unicamp, 2006, p. 273 – 298. KATZUNG, B. Farmacologia: básica e clínica . 9 ed.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. KING, H.; AUBERT, R. E. & HERMAN, W. H. Global burden of diabetes. Diabetes care. v. 21, p. 1995 – 2025, 1998. KOMMANABOYINA, B.; RHODES, C. T. Trends in stability testing, with emphasis on stability during distribution and storage. Drug development and Industrial pharmacy, v. 25, n. 17, p. 857 – 868, 1999. KOPP, S. Stability testing of pharmaceutical products in a global environment. RAJ Pharma . May, 2006. p. 291 – 294. Disponível em:< http://www.who.int/medicines/areas/quality_safety/quality_assurance/RAJ2006WHOStability.pdf > Acessado em: 07/12/2010 KROMIDAS, S. Practical problem solving in HPLC . 3. ed. Weinheim: Wiley-VCH, 2005, 177 p. LACHMAN, L.; LIEBERMEN, H. A; KANIG, J. L. Teoria e prática na indústria farmacêutica. Lisboa: Fundação Galouste Guldenkian, v. II, 2001. 1017p. LAUDO JANUMET, MERCK SHARP & DOHME. Disponível em: < http://www.onofre.com.br/onofre/upload/produtos/b_pdf/330086.pdf> acessado em 01/08/2010. LEAL, A. Estudo da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) mostra diabetes mellitus em expansão. 5 de janeiro de 2010. Disponível em: < http://www.ecodebate.com.br/2010/01/05/estudo-da-universidade-federal-de-sao-carlos-ufscar-mostra-diabetes-mellitus-em-expansao/>, acessado em: 07/12/2010. MACHADO, R. B. Medicamentos específicos . II Seminário Nacional de Orientação ao Setor Regulado na Área de Medicamentos. Disponível em: < http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/seminario2_oficina2.pdf>, acessado em: 07/12/2010. MATSUSHIMA, Y.; ONODERA, H.; OGASAWARA, H.; KITAURA, K.; MITSUMORI, K.; MAEKAWA, A.; TAKAHASHI, M. Subchronic oral toxicity study of cyanoguanidine in F344 rats. Eisei shikenjo hokoku. v. 109, p. 6 – 61, 1991. MENDEZ, A.; CHAGASTELLES, P.; PALMA, E.; NADIR, N.; SCHAPOVAL, E. Thermal and alkaline stability meropenem: Degradation products and. International journal of pharmaceutics , v. 350, p. 95 – 102, 2008. MERCK SHARP & DOHME. Manual Merck online: Diabetes Mellitus . Disponível em: <http://www.manualmerck.net/?id=173> , acessado em 21/10/2010.

Page 123: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

122

MORIWAKI, C.; BRESCANSIN, E. G.; HIOKA, N.; MAIONCHI, F.; MATIOLI, G. Estudo da degradação do fármaco nabutenona por fotólise direta. Acta scientarum, v. 23, n. 3, p. 651 – 654, 2001. NATIONAL DIABETES FACT SHEET. Total prevalence of diabetes . 26 de jan 2011. Disponível em: <http://www.diabetes.org/diabetes-basics/diabetes-statistics/>, acessado em: 28/01/2011. NBR ISO/IEC 9000:2000 Sistemas de gestão da qualidade - Fundamentos e vocabulário, 2000. NETO, P. M. M. Tipos de polimerização . Março de 2006. Disponível em :< http://www.fapepi.pi.gov.br/novafapepi/ciencia/documentos/tipos%20de%20polimeriza%E7%E3o.PDF>, acessado em 22/10/2010. O´NEIL, M. J.; HECKELMAN, P. E.; KOCH, C. B.; ROMAN, K.J. The Merck index: an encyclopedia of chemicals, drugs and biologicals. 14ed. New Jersey: Merck & Co; Inc, 2006. PIETRO, A. C.; CASS, Q. B. Quantificação dos componentes da gentamicina em medicamentos veterinários utilizando cromatografia de pareamento iônico e ELSD. 30º Reunião anual as sociedade brasileira de química, Maio, 2007. Disponível em: < https://sec.sbq.org.br/cdrom/30ra/resumos/T0480-1.pdf>, acessado em : 23/11/2010. PORTA, V.; SCHRAMM, S. G.; KANO, E. K.; KOONO, E. E.; ARMANDO, Y. P.; FUKUDA, K.; SERRA, C. H. R. HPLC-UV determination of metformin in human plasma for application in pharmacokinetics and bioequivalence studies. Journal of pharmaceutical and biomedical analysis , v. 43, p. 143 – 147, 2008. PUSCHNER, B.; POPPENGA, R. H.; LOWENSTINE, L. J.; FILIGENZI, M. S.; PESAVENTO, P. A. Assessment of melamine and cyanuric acid tocicity in cats. Journal of veterinary diagnostics investigation . v. 19, n. 6, p. 616 – 624, 2007. Disponível em:< http://jvdi.org/cgi/reprint/19/6/616.pdf>. Acessado em: 29/01/2011. RAO, B.M; SRINIVASU, M.K.; KUMAR, K. P.; BHRADWAJ, N.; RAVI, R.; MOHAKHUD, P. K.; REDDY, G. O.; KUMAR, P.R.A Stability Indicating LC Method for Rivastigmine hydrogen tartrate. Journal of pharmaceutical and biomedical analysis. v. 37, p. 57-63, 2005. RAFFIN, R. P.; COLOMÉ, L. M.; GUTERRES, S. S.; POHLMANN, A. R. Validação de metodologia analítica por cromatografia líquida para doseamento e estudo de estabilidade de pantoprazol sódico. Química nova , v. 30, n. 4, p. 1001-1005, 2007. RIBANI, M; BOTTOLI, C. B. G; COLLINS, C. H.; JARDIM, I. C. S. F.;MELO, L. F. C. Validação em métodos cromatográficos e eletroforéticos. Química nova . v. 27, n. 5, p. 771 – 780, 2004. SAKALGAONKAR, A. A.; MIRGANE, S. R.; ARBAD, B. R. Validated high performance liquid chromatographic stability indicating method for analysis of metformin HCl. Internacional journal of applied environmental sciences , v. 1, p. 1-11, 2008.

SARTORELLI, D. S.; FRANCO, L. J. Tendências do diabetes mellitus no Brasil: o papel da transição nutricional. Cadernos de saúde pública. v. 19, p. S29-S36, 2003.

SHAW, J. E.; SICREE, R. A.; ZIMMET, P. Z. Global estimates of the prevalence of diabetes for 2010 and 2030. Diabetes research and clinical practice, v. 87, n. 1, p. 4 – 14, 2009.

Page 124: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Fernanda Cristina Stenger.pdf · Aos professores Rivaldo Niero por toda ajuda e acompanhamento em meu

123

SHALMASHI, A. New rote to metformin hydrocloride (N,N-dimethyllimidodicarbonimidic diamide hydrocloride) synthesis. Molbank . n. 70, v. 564, 2008. Disponível em: < http://www.mdpi.org/molbank/molbank2008/m564.htm>, acessado em: 21/11/2011.

SILVA, G. R.; LAGES, G. P.; PIANETTI, G. A.; NUNAM, E. A.; SOARES, C. D. V.; CAMPOS, L. M. M. Determinação de lamivudina, estavudina e nevirapina, em comprimidos, por cromatografia líquida de alta eficiência. Química nova, v. 29, n. 6, p. 1159 – 1163, 2006.

SILVEIRA, A. R. J.; PARDINHO, E. C.; GOMES, M. A. R.; BAPTISTA, E. R. Revista virtual de iniciação acadêmica as UFPA, v.1, n. 2, Belém, 2001. Disponível em: < http: // www.ufpa.br/revistaic> acessado em: 02 fevereiro 2009. SIMÃO, M.; SILVEIRA, O. Retrospectiva 2007 : Roche comunica programa nacional e retira o anti-retroviral nelfinavir do mercado brasileiro. Agencia de notícias da AIDS. 7 de junho de 2007. Disponível em : http://www.agenciaaids.com.br/site/noticia.asp?id=9077>, acessado em: 07/12/2010.

SKOOG, D. A.; WEST, D. M.; HOLLER, F. J.; CROUCH, S. R. Introdução a eletroquímica. In: ______ Fundamentos de química analítica . 8 ed, 2006. 999p.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diabetes mellitus tipo 2. Disponível em: <http://www.diabetes.org.br/diabetes-tipo-2>, acessado em 21/10/2010.

SOLOMONS, T. W. G. Oxidation of Amines. In: _______ Organic chemistry . 6 ed, 1996. 1218p.

SNYDER, L. R.; KIRKLAND, J. J.; GLAJCH, J. L. Practical HPLC method development . 2

ed. New York, 1997. 767p.

TACHE, F.; DAVID, V.; FARCA, A.; MEDVEDOVICI, A. HPLC-DAD determination of Metformin in human plasma using derivatization with p-nitrobenzoyl chloride in a biphasic system. Microchemical journal , v. 68, p. 13 – 19, 2001.

TAKEUCHI, Y.; SUNAGANA, M.; ISOBE, Y.; HAMAZUME, Y.; NOGUCHI, T. Stability of a 1 methylcarbapenem antibiotic meropenem (SM-7338) in aqueous solution. Chemical pharmaceutical bulletin, n. 43,v. 4, p. 689 – 692, 1995.

UNITED STATES PHARMACOPEIA. The official compendia of standards: The national formulary. v.3. Rockville: U.S. Pharmacopoeia, 2008.

VESTERQVIST, O.; NABBIE, F.; SWANSON, B. Determination of metformin in plasma by high-performance liquid chromatography after ultrafiltration. Journal of chromatography. B , Biomedical sciences and applications. v. 716, no1-2, p. 299-304, 1998.

YOSHIOKA, S.; STELLA, V. S. Stability of drugs and dosage forms . New York: Kluwer Academic/ Plenum Publishers, 2000. 268p.

ZARGHI, A.; FOROUTAN, S. M.; SHAFAATI, A.; KHODDAM, A. Rapid determination of metformin in human plasma using íon-pair HPLC. Journal of pharmaceutical and biomedical analysis , v. 31, p. 197 – 200, 2003.