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UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ARTES
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Treinamento Funcional como Método de Preparação Física
para o Surfe:
Revisão de Literatura
Felipe Cordeiro Barreto
São José dos Campos, SP
2012
UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ARTES
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO
Treinamento Funcional como Método de Preparação Física
para o Surfe:
Revisão de Literatura
FELIPE CORDEIRO BARRETO
Relatório final apresentado como parte
das exigências da disciplina Trabalho de
Conclusão de Curso à Banca
examinadora do curso de Educação
Física da Faculdade de Educação e Artes
da Universidade do Vale do Paraíba.
Orientador: Prof. MSc. Elessandro Váguino de Lima
São José dos Campos, SP
2012
RESUMO
O nível das competições profissionais de surfe, tem se elevado nos últimos
anos, sendo necessário entre os atletas e outros profissionais responsáveis por
sua preparação, uma busca da otimização dos resultados. O objetivo desse
estudo foi verificar parâmetros de treinamento desportivo mais específico pra
modalidade do surfe. Para isso foram revisadas literaturas sobre treinamento
funcional e seus componentes para assim uma melhor forma de aplicação para
a modalidade. Com isso apresentar um programa de treinamento mais
eficiente, gerando maior transferência dentro da especificidade do esporte.
Conclui- se que o treinamento Funcional e seus componentes apresentaram
resultados muitos eficientes na evolução e performance em relação a
preparação física de surfistas.
Palavras-chave: Surfe, Treinamento funcional, Preparação Física.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 5
2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 8
3 OBJETIVOS ......................................................................................................... 9
3.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................ 9
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................... 7
4 METODOLOGIA ................................................................................................. 10
5 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 11
5.1 SURFE ......................................................................................................... 11
5.2 HISTÓRIA DO SURFE ................................................................................. 11
5.3 SURGIMENTO DO SURFE NO BRASIL ..................................................... 12
5.4 VARIÁVEIS NATURAIS DO SURFE ............................................................ 13
5.4.1 ONDULAÇÕES ........................................................................................... 13
5.4.2 FUNDOS .................................................................................................... 14
5.4.3 VENTOS .................................................................................................... 14
5.4.4 MARÉS ...................................................................................................... 14
6 PRINCIPAIS LESÕES NO SURFE .................................................................... 15
6.1 REGIÃO CERVICAL ...................................................................................... 15
6.2 REGIÃO DO OMBRO .................................................................................... 15
5.4.4 REGIÃO LOMBAR ....................................................................................... 15
5.4.4 REGIÃO DO JOELHO .................................................................................. 16
7 CAPACIDADES FÍSICA ENVOLVIDAS NO SURFE ......................................... 17
8 CORE OU QUADRADO LOMBAR .................................................................... 18
9 COMPONENTES DO PROGRAM DE TREINAMENTO FUNCIONAL............... 20
9.1 TREINAMENTO FUNCIONAL E SUAS CARACTERÍSTICAS ........................ 20
9.2 TREINAMENTO FUNCIONAL NO BRASIL ................................................... 21
9.3 TREINAMENTO FUNCIONAL PARA O SURFE ............................................ 22
10 DISCUSSÃO ...................................................................................................... 24
11 CONCLUSÃO .................................................................................................... 25
10 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 26
5
1 INTRODUÇÃO
O Surfe é descrito como um esporte de grande emoção, realizado em
meio líquido natural, que tem sido praticado por pessoas de todas as idades
há séculos (CRALLE, 2000), mas sua origem não segue uma ordem
cronológica, apesar do longo tempo de prática, com sua evolução em três
locais: Peru, Polinésia Francesa e Havaí, com maiores números de relatos
com os povos da Polinésia Francesa, onde navegavam seguindo as
correntes marítimas em direção as ilhas do Pacífico, em embarcações de
junco (espécie de planta típica da região, na qual eram construídas
embarcações, denominadas de totóra, (SOUZA, 2004). Já no Peru eram
chamadas de cabalitos de totóra (fig.1), devido a maneira em que se
montava para navegar, usando a força das ondas surfando ate a praia ao
retornarem da pesca (BOYLE, 2003).
Cabalitos de Totóra
Figura 1: Embarcações chamadas de cabalitos de totora.(SURFERS VILLAGE, 2012).
6
No Havaí a arte evoluiu para tábuas de madeira que eram utilizadas
para deslizar deitado nas ondas, mais tarde evoluindo para a posição em
pé.
Com essa evolução e o aumento da popularização do Surfe, a prática se
expandiu para o mundo todo, tornando- se cada vez mais viável e atingindo
patamares cada vez maiores no meio esportivo, em níveis de competições
profissionais (STEINMAN, 2003), o que também envolve a preparação física
adequada como ponto principal para o alto rendimento dos atletas e a
diminuição dos riscos de lesões, e que hoje é feita de forma amadora, sem
um profissional habilitado no acompanhamento das sessões de treino (LIU
et. al, 2006 apud NUNES JUNIOR; SHIGUNOV, 2010).
Uma alternativa para a preparação dos surfistas é o treinamento
funcional que hoje aparece em grande evidencia.
É um sistema de treinamento focado nos movimentos do homem
primitivo e que também são executados no dia a dia do homem moderno,
como: agachar, avançar, abaixar, puxar, empurrar, levantar e girar,
combinando de forma equilibrada com as valências físicas do próprio corpo,
como: flexibilidade, força, equilíbrio, resistência, coordenação, e velocidade,
(CAMPOS, CORAUCCI NETO, 2008).
Esse método tem como base, treinar a função básica desempenhada
pelo corpo humano em uma atividade, além de fortalecer a musculatura do
quadrado lombar, especificamente conhecida como core, também descrito
como o centro do corpo. Formados por grupos de músculos da região
abdominal anterior e posterior: transverso do abdominal, oblíquo interno e
externo, multifidius, eretor da espinha, ílio-psoas, bíceps femoral, adutor,
glúteo máximo e reto abdominal. Envolvendo também a estrutura da coluna
vertebral, cintura escapular e cintura pélvica.
D’Elia (2010) afirma que estes músculos que compõem o core, são os
grandes e principais responsáveis pela estabilização corporal, região que
deve ser iniciada a produção de força durante todos os movimentos.
Já que no Surfe core deve estar sempre bem treinado, para que haja
uma maior eficiência dos movimentos de rotação de quadril, equilíbrio e
hiper- extensão lombar.
7
Então, para que a metodologia do treinamento funcional possa ser
implantada de forma eficiente a preparação física de surfistas, a
especificidade da modalidade deve ser bem observada, para assim criar
uma sessão de treinos mais adequada, pensando sempre numa
periodização mais organizada.
8
2 JUSTIFICATIVA
Este trabalho através da revisão literária visa colocar treinamento
funcional como uma alternativa de preparação física aos atletas, através de
exercícios que se assemelham aos movimentos mais característicos do
esporte. Já que as capacidades físicas dos surfistas são cada vez mais
exigidas, devido ao grande número de viagens pelos continentes, pelas
competições e o próprio desempenho do atleta na água. Tendo em vista que
hoje o surfe vem sendo trabalhado de maneira convencional e amadora,
outras modalidades como o vôlei, natação, futebol, ciclismo já vem usando a
metodologia do treinamento funcional como forma de preparação,
aumentando suas capacidades físicas mais importantes para a prática da
modalidade e também diminuindo os riscos de lesões.
Mesmo com o treinamento funcional em evidência, sua aplicação na
prática do surfe deve ser inserida, a fim de incrementar a preparação entre
atletas surfistas.
9
3 OBJETIVO
3.1 OBJETIVO GERAL
Apresentar parâmetros metodológicos de treinamento específico ao
surfe.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Verificar os métodos utilizados na preparação física do surfe.
Apresentar as características do treinamento funcional e sua
aplicabilidade na preparação do atleta de surfe
10
4 METODOLOGIA
O presente trabalho caracterizou-se como uma pesquisa exploratória
bibliográfica, através de artigos científicos, sites e bibliografias sobre o surfe, e
sobre treinamento funcional.
As palavras básicas, utilizadas na pesquisa, forma: Surfe, treinamento
funcional e preparação física.
11
5 REVISÃO DE LITERATURA
5.1 Surfe
O surfe ou surf (do inglês) é uma prática desportiva marítima,
considerada parte do grupo de atividades denominadas desportos radicais,
dado o seu aspecto criativo, cuja proficiência é verificada pelo grau de
dificuldade dos movimentos executados ao acompanhar o movimento de uma
onda do mar sobre uma prancha, denominada prancha de surfe, à medida que
esta onda se desloca em direção à praia. (FERNANDES, 2001).
Possui características de demanda aeróbia e anaeróbia com intensidade
de moderada e alta, com quase nenhum contato físico e risco de colisão, que
requer elevado nível de habilidade neuromuscular que envolve movimentos dos
membros superiores, inferiores e da coluna vertebral. (STEINMAN, 2000).
5.2 História do Surfe
Para Souza, (2004), a modalidade do Surfe tem seu principio de
desenvolvimento em três locais especificamente: Peru, Polinésia Francesa e
Havaí por volta do ano de 1500.
No Peru eram usadas embarcações feitas de junco, planta típica da
região, chamadas de cabalitos de totóra, devido a maneira em que se
montava para navegar, usando a força das ondas surfando até a praia ao
retornarem da pesca, com maiores relatos com os povos da Polinésia
Francesa, onde navegavam seguindo as correntes marítimas em direção as
ilhas do Pacífico, nas mesmas embarcações de junco, chamadas somente de
totóra. (FERNANDES, 2001).
Mais tarde esse mesmo povo chegou ao Havaí, levando consigo o
surfe. Foi quando, também que conquistadores ingleses em expedições
conheceram a modalidade e difundiram pela Europa.
12
Mas o primeiro relato concreto da existência do esporte foi feito pelo
navegador James Cook por volta do ano de 1778, que descobriu o
arquipélago do Havaí, e viu os primeiros surfistas em ação, onde se utilizavam
pranchas de madeira fabricadas pelos próprios surfistas para deslizar nas
ondas.
Acreditava-se que ao fabricar sua própria prancha se transmitia
energias positivas nela, e ao praticar o "esporte" se libertava das energias
negativas.
Porém, em 1821, a prática desse esporte foi considerada imoral pelos
missionários, europeus, os quais tinham preconceitos religiosos e queriam
pregar sua fé. Eles alegaram que os havaianos levavam uma vida muito
preguiçosa e precisavam trabalhar mais.
O reconhecimento mundial veio com o campeão olímpico de natação e
pai do surfe moderno, o havaiano Duke Paoa Kahanamoku. Ao vencer os
jogos de 1912, em Estocolmo, onde o atleta disse que sua preparação física
era o surfe, se tornando maior divulgador do esporte no mundo. Com isso o
arquipélago e os esportes passaram a ser reconhecidos internacionalmente.
Na década de 1950 o esporte popularizou-se na costa oeste dos EUA,
tornando-se uma mania entre os jovens, principalmente nas praias do estado
da Califórnia. Durante as décadas de 70 e 80 o esporte espalhou-se por todo
o mundo, dando início ao profissionalismo e campeonatos tendo dinheiro
como prêmio. (SOUZA, 2004; FERNANDES, 2001).
5.3 Surgimento do Surfe no Brasil
Analisando a história do surf em nosso país, pode-se concluir que o seu
surgimento e popularização ocorreram em momentos distintos.
De acordo com SARLI (2001), o santista Thomas Rittscher afirma não
ter visto ninguém surfando no Brasil antes dele. Na praia juntava gente para
assistir e o povo dizia “olha o homem andando em cima da onda”. Isso foi entre
1934 e 1936.
Para Dias, (2007), Osmar Gonçalvez, filho de exportador de café bem-
sucedido, foi o primeiro surfista brasileiro na década de 30 na cidade de
13
Santos, onde seu pai lhe trouxe dos EUA uma revista chamada Popular
Mechanic.
Um dos artigos ensinava como fazer uma prancha. Foi o que Osmar fez
com a ajuda dos amigos João Roberto Suplicy Haffers e Júlio Putz. Foram por
muito tempo os únicos surfistas no país, deslizando sozinho sobre as ondas
da praia do Gonzaga em Santos, com uma prancha de 3,60 metros que
pesava 80 kg.
Mas só na década de 50 que o surfe começa a ter grande expressão
com um grupo de cariocas, liderado por Paulo Preguiça, Jorge Paulo Lehman e
Irencyr Beltrão, que começaram a descer as ondas em Copacabana, em cima
de compensados navais, também chamadas de “portas de igreja” (um
retângulo de madeira pesado, com cerca de dois metros de extensão e com
bico quadrado), (DIAS, 2007).
A explosão mesmo veio nos anos 80, com o apoio da mídia e a
mudança da imagem do surfe perante a sociedade que passou a ver e
reconhecer a modalidade como esporte sério e profissional. (ARAÑA; ÁRIAS,
1996).
Segundo a ASP- World Tour, (2012), Associação de Surfe Profissional, o
Brasil está entre as maiores potências do mundo, ocupando a terceira posição
junto a EUA e Austrália, possuindo o maior número de atletas de mesma
nacionalidade no circuito mundial, alto nível tanto no profissional como no
amador, masculino e feminino.
5.4 Variáveis naturais do Surfe
5.4.1 Ondulações
Para (GRÊ; MEDEIROS, 2001), afirma que as longas distâncias entre as
massas de terra possibilitam que a energia do vento seja transferida para a água
soprando com velocidade o bastante para que a água da superfície se mova, dentro
de um período de tempo não muito curto e sobre uma longa extensão.
Coloca que os ventos transferem energia para a água criando as
ondulações, que carregam consigo quantidades enormes de energia. A altura
14
de uma onda é mais ou menos a metade da velocidade do vento. Assim, se o
vento sopra a 20 quilômetros por hora, as ondas no oceano podem crescer até
10 metros. Quando as ondulações chegam à praia, formam-se as ondas. Uma
onda quebra quando o fundo é suficientemente raso para forçar um movimento
abrupto no equilíbrio orbital. Dessa forma, as ondulações inclinam-se para
frente e arrebentam liberando toda a energia acumulada desde a sua formação
em alto mar.(GRÊ; MEDEIROS, 2001).
5.4.2 Fundos
Existem vários tipos de fundos na extensão litorânea brasileira com
características específicas que podem influenciar na formação das ondas.
O primeiro é formado por um banco de areia e tem o nome inglês de
beach break. Uma onda de beach break quebra em bancos de areia.
Reef break, quebra em fundo de recifes de corais ou de pedras.
Point break, quebra em uma ponta de areia entrando em direção ao
restante da praia, geralmente com fundo de pedras. (GRÊ; MEDEIROS, 2001).
5.4.3. Ventos
Além de ajudarem a formação das ondas, os ventos são responsáveis
por determinar as condições ideais para a prática do surfe, dentro de sua
intensidade e variação. (GRÊ; MEDEIROS, 2001).
5.4.4. Marés
As marés são a subida e a descida das águas do mar causadas
principalmente pela atração gravitacional da Lua sobre a água da Terra.
Em nosso litoral temos duas marés vazantes e duas marés enchentes,
que determinam os níveis de água nas praias. (GRÊ e MEDEIROS , 2001).
15
6 Principais lesões no Surfe
6.1 Região cervical
As quedas em ondas grandes e potentes podem são as mais propícias
em causar lesões conhecidas como chicote. Assim chamadas porque ocorrem
aceleração e desaceleração abrupta do pescoço, que podem resultar numa
hérnia discal aguda.
Durante a remada, que representa cerca de 50% de uma sessão de 90
minutos de surf (no restante o surfista passa 35% esperando a onda e cerca de
5% surfando), o pescoço e mantido em posição de hiperextensão. Esta postura
requer a contração constante dos músculos da nuca e da parte superior, media
e inferior da coluna, o que gera tensão e encurtamento muscular, causando dor
e desconforto, (STEINMAN, 2003).
6.2 Região do Ombro
As dores na região dos ombros são queixas frequentes entre os
surfistas. Elas atingem cerca de 30% dos atletas amadores e uma
porcentagem ainda maior de profissionais. A principal causa, 28 é o número
repetido de braçadas durante as sessões de surf, principalmente se a
ondulação for pesada e a corrente contra. (STEINMAN, 2003).
6.3 Região lombar
A postura em hiperextensão da coluna e recorrentes lesões agudas na
região lombar predispõem o desenvolvimento de anormalidades nas estruturas
anatômicas desse segmento corporal. As anormalidades estruturais mais
comuns entre os atletas são a doença degenerativa do disco intervertebral e a
espondilólise. (MOSCA, 2007). Provavelmente, decorrentes da manutenção da
posição de remada durante grande parte da sessão de surfe. Considera-se a
16
lordose excessiva como uma importante causa de dor postural. Essa lordose
implica numa alteração do ângulo sacral, podendo produzir dor lombar.
Quando há sobrecargas na região da coluna, os músculos multifidos,
eretores da espinha, transverso do abdômen e oblíquos internos estão
diretamente ligados com a estabilização central da coluna. Estudos mostram
que pessoas com lombalgia essas musculaturas apresentam déficits na
velocidade e/ou assimetria de contração. (REINEHR; CARPES; MOTA, 2008).
6.4 Região do joelho
Os joelhos são estruturas essenciais nas manobras Modo surf e sofrem
constante sobrecarga. Como conseqüência, aproximadamente 15% dos
surfistas se queixam de dores recorrentes nos joelhos, principalmente devido
ás forças de rotação ou torção, compressão, combinação de movimentos de
rotação e compressão tão comuns no surf, principalmente nas trocas bruscas
de direção para realização de manobras. (STEINMAN, 2003).
17
7 Capacidades físicas envolvidas no Surfe
Apesar de sempre depender das variações das condições do mar, que
determinarão a intensidade da atividade, o surf envolve alguns exercícios
básicos.
1. Remada para o outside (fundo): surfista deitado sobre a prancha
exige uma resistência predominantemente aeróbica do praticante, que deverá
atravessar a arrebentação das ondas antes de chegar ao local ideal para a
prática da atividade (Resistência aeróbica para remar);
2- Remada para entrar na onda – exige do atleta um bom
condicionamento de força para membros superiores para a realização de
braçadas fortes e rápidas que o permitam adquirir velocidade suficiente para
entrar na onda (Força para entrar na onda);
3- Manobras – exigem do atleta um bom condicionamento de força
(sobretudo nos membros inferiores) para realizar manobras explosivas com
potência, precisão, agilidade, e controle, (Velocidade, força e agilidade para
realizar manobras). Capítulo baseado em: (PALMEIRA; WICHI, 2007).
Logo o surfe o surf uma atividade capaz de desenvolver e manter bons
níveis de aptidão física, técnica, tática e psicológica, embora as condições do
mar devam sempre ser consideradas, pois podem alterar significativamente os
parâmetros fisiológicos associados à modalidade.
18
8 Core ou quadrado lombar
Core ou quadrado lombar quer dizer centro, no corpo humano, centro de
produção de força e geração de estabilidade, e manutenção do alinhamento
postural, (Core 360º, 2012). O core, está localizado no complexo quadril-
lombar-pelve, coluna torácica e cervical, é onde todos os movimentos se
iniciam e é onde se localiza o centro de gravidade do corpo. (AKUTHOTA;
NADLER, 2004; SANTOS; GOUVEIA; CAVALCANTI, 2009).
O core é uma unidade integrada, onde se originam todos os
movimentos, composta de 29 pares de músculos que associados sustentam a
coluna, os órgãos internos e a postura, suportam o complexo já citado, quadril-
pélvico-lombar, esta estrutura se refere aos músculos que controlam e
estabilizam os movimentos da pelve e coluna lombar. (fig. 2). (MONTEIRO;
EVANGELISTA, 2010).
Alencar e Matias (2009) colocam que treinamento da musculatura do
core pode ocorrer em cinco estágios. O primeiro compreende exercícios para
recrutamento de músculos abdominais transverso, oblíquos, glúteos e
posteriores de coxa, mantendo a pelve em posição neutra e associados a
exercícios para ganho de flexibilidade. O segundo trabalha exercícios para
correção de desequilíbrio de força e resistência muscular. No terceiro, prioriza-
se a reeducação para os músculos estabilizadores. O quarto realiza exercícios
avançados de estabilização estática, enquanto no quinto e último estágio, faz-
se uso de exercícios de estabilização dinâmica.
19
Músculos da região do core
Figura 2: (Musculaturas mais conhecidas que compõem do core, Core 360º, 2012).
20
9 Componentes do Programa de Treinamento Funcional
1- Treinamento do Core (ou quadrado lombar)
2- Treinamento de equilíbrio estático e dinâmico
3- Treinamento de Força Muscular (força e potência)
4- Treinamento de Flexibilidade
5- Treinamento Aeróbio. (CORE 360º, 2012)
9.1 Treinamento Funcional e suas características
O que se sabe é que, o percursor do treinamento funcional em si, foi
Paul Chek, nos EUA, há alguns anos atrás, não se sabe ao certo quanto, onde
desenvolveu um sistema que trouxe a reprodução dos movimentos
fundamentais do homem primitivo que também são executados no cotidiano do
homem moderno, como: agachar, avançar, abaixar, puxar, empurrar, levantar e
girar. ( GOLDENBERG; TWIST, 2002; CAMPOS; CORAUCCI NETO, 2004).
O treinamento funcional já não é uma novidade, a funcionalidade do ser
humano já foi uma questão de sobrevivência. Dentro da histórica, na mitologia
grega é observada a importância de uma funcionalidade para sucesso dos
desafios propostos da época, como na Grécia antiga, que podemos
encontramos os Jogos Olímpicos.
Para melhoria do desempenho, os atletas gregos desenvolveram
equipamentos e métodos de treinamento específicos para superação de
resultados. Esta prática, também foi aplicada na Roma Antiga, entre os
gladiadores. (GOLDENBERG; TWIST, 2002).
Para Campos; Neto, (2004), o treinamento funcional, mantém a sua
base como um método de treinamento físico, com a proposta básica de
melhoria da aptidão física relacionada à saúde ou melhoria da aptidão física
relacionada a performance e prevenção de lesões.
21
Método de treinamento no qual suas principais características são de
reproduzir as habilidades biomotoras fundamentais do ser humano, para
produção de movimentos mais eficientes, tendo como vantagem, atender tanto
indivíduos mais condicionados como menos condicionados, com prescrições
dinâmicas de treino, focando o melhor trabalho de fortalecimento da região do
core, trabalhando as valências físicas de forma melhor distribuída, como:
Equilíbrio; Força; Flexibilidade; Resistência; Coordenação; Velocidade.
(D`ELIA, 2010.)
9.2 Treinamento Funcional no Brasil
Após Paul Chek nos Estados Unidos desenvolver todo o sistema modelo
de Treinamento Funcional, o modelo de treinamento chega ao Brasil através de
três pontos. (D`ELIA; SHIMIZU, 2010).
Maior facilidade a informações que o praticante rebece nos dias de
hoje, tornando- o mais exigênte quanto aos métodos de treinamento
que recebe, fazendo- o buscar não só uma boa forma física e um
ganho de saúde mas também boa performance nas atividades que
desenvolve.
A mudança do padrão estético, com o ideal de boa forma física
representado pelos fisiculturistas sendo substituído pelo físico dos
atletas de elite, que aliam boa forma e performance.
A estagnação que os modelos de atividades físicas de academias,
clubes e escolas apresentam, incluindo- se aí a necessidade do
profissional que atua nessa área de possuir mais meios, ferramentas
para garantir seus alunos e assegurar melhor resultados aos seus
atletas.
22
9.3 Treinamento Funcional para o surfe
A prática do surfe envolve adaptação do corpo ao esforço físico e a uma
postura específica a este esforço, assim o treino para esta modalidade requer
uma adaptação do corpo à postura assumida na prancha de surfe.
Para Ferreira et al (2011), a preparação física tem a função de gerar
essa adaptação do corpo ao esforço, mantendo, melhorando o
condicionamento físico ou o desempenho atlético, através de atividades físicas
convencionais, visando focar apenas o condicionamento cardíaco e/ou o
fortalecimento de um grupamento muito reduzido de musculaturas de forma
isolada e muitas das vezes superficiais, com o objetivo de desenvolver o
aperfeiçoamento máximo da modalidade específica.
Liu et AL (2006) relatam em uma análise estatística realizada através de
questionário com 10 surfistas profissionais que competem no Circuito
Profissional Catarinense, com idade média de 24,5 ± 4,1 anos, no estado de
Santa Catarina sobre o tipo acompanhamento que os atletas recebem. A
amostra de uma forma geral apontou que 70% dos surfistas têm o apoio dos
treinadores no processo pedagógico, físico e tático e 50% recebem a
participação de massagistas, e somente 40% apesar de serem orientados
foram submetidos a algum tipo de avaliação física, e ainda destacando que
grande parte desconhece qualquer outro tipo de treinamento em relação a
desempenho de performance.
Bompa & Coronacchia (2000) reforça que os aspectos mais importantes
relacionados com a preparação física, é a prescrição de exercícios devendo ser
feita através das variáveis identificadas através das avaliações físicas.
Ainda assim, Junior; Shigunov (2012), destacam que está bastante
presente o amadorismo no direcionamento de treinamento utilizado no surfe, a
maior parte dos atletas ainda é treinado por ex-atletas, sem uma graduação
acadêmica sem o conhecimento da utilização de modelos de periodização e
prescrições específicas alguma.
Com características diferenciadas dos programas de treinamento
convencionais, o treinamento funcional trabalha com transferências de forças
através de exercícios mais integrados dentro da preparação física, já que a
23
aplicação do método está focado em fortalecer e estabilizar músculos mais
profundos, o Core , e preparar a postura do indivíduo para realizar com mais
eficiência as atividades diárias e atividades esportivas. (Alencar; Matias, 2009).
Para D´lia, (2010), Treinamento físico no qual, se torna cada fez mais
importante para atletas, visto que a falta de coordenação intra-muscular ou
fraqueza na musculatura postural pode levar a movimentos menos eficientes
do corpo.
Já se sabe que o Treinamento Funcional é um método que beneficia
praticantes e atletas de diversos esportes como, corrida, futebol, tênis, velei,
natação entre outros, (FERREIRA et. al, 2011).
O surfe é um esporte com uma grande variação de exigências físicas,
resistência para remar, força para ficar em pé na prancha, explosão para
execução das manobras e a grande exigência da coluna lombar na posição de
hiperextensão, já que o surfista fica a maior parte de tempo da sessão de surfe
nessa posição, postura na qual se pode gerar lesão grave. (PEIRÃO; TIRNOLI,
REIS, 2008).
Com o fortalecimento da musculatura do quadrado lombar ou core, o
trabalho de preparação de forma integrada e específica se torna mais eficiente,
o surfista pode ter mais controle sobre o tronco, produzindo mais força e
energia de transferência para os movimentos realizados, desenvolve o
equilíbrio, flexibilidade dinâmica, coordenação, agilidade no esporte.
(ALENCAR; MATIAS, 2009).
Na ultima década muitos profissionais vem trabalhando com o
treinamento funcional como método de preparação física desportiva, visto que
a proposta do método tem o foco de trabalhar a especificidade do esporte de
forma mais global, dinâmica e integrada, com maior sinergismo, equilíbrio e
assim recrutando um grande número de grupamentos musculares.
24
10 Discussão
Através da revisão de toda a literatura apresentada neste trabalho,
observa-se a importância do treinamento funcional e seus componentes
juntamente com a prática do surfe, para a obtenção de ganhos na preparação
física e desempenho na atividade.
Alencar e Matias, (2009) apresentam que através do treinamento
funcional, focam a necessidade de se trabalhar-se características diferenciadas
dos programas de treinamento convencionais, já que o treinamento funcional
focam transferências de forças, com exercícios integrados dentro da
preparação física, fortalecendo e estabilizando músculos mais profundos,
o Core, e preparando a postura do indivíduo para realizar com mais eficiência
as atividades diárias e atividades esportivas. Já que os modelos de programas
de treino convencionais visam o trabalho mais isolado de musculaturas, com
acionamento de menores grupos musculares e assim gerando menor
transferência as atividades específicas.
Ainda seguindo com o foco que diversos autores destacam o
treinamento funcional e o fortalecimento do core em si, método mais eficiente
dentre as modalidades esportivas nos dias atuais, é necessário que se
verifique as formas mais adequadas de periodização, volume e intensidade,
frequência ideal de treinamento específicos para melhor resultado aos
praticantes. (ALENCAR; MATIAS, 2009; PEIRÃO; TIRNOLI; REIS, 2008;
FERREIRA et. al, 2011).
Desta forma ainda percebe-se pequenas falhas em alguns aspectos
relacionados com a preparação física dos surfistas, pois a prescrição de
exercícios deve ser efetuada a partir de avaliações físicas e controladas por
desequilíbrios identificadas a partir dos testes. (LIU et al, 2006).
O controle, organização, planejamento e estruturação das variáveis
intervenientes na prática do surfe competitivo, são aspectos importantes para o
desenvolvimento do atleta, e o treinamento funcional pode ser uma ferramenta
a ser aplicada para esta finalidade.
25
11 Conclusão
A partir da presente revisão literária pode-se concluir que o treinamento
convencional é bastante utilizado na preparação física dos atletas e o
treinamento funcional pode servir de ferramenta para a melhor performance.
Método no qual gera maior transferência especifica ao esporte
proporcionando o desenvolvimento de resistência, flexibilidade, melhora as
estabilizações posturais aumentando o equilíbrio corporal e transferências de
forças produzidas nas ações motoras.
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