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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Comunicação e Marketing em Mídias Digitais
JURANDIR ANTUNES SIQUEIRA
“FLORIPA NA PALMA DA MÃO”: ESTUDO DE CASO APLICATIVO MOBILE PORTAL DE OLHO NA ILHA
SÃO JOSÉ, 2015.
“FLORIPA NA PALMA DA MÃO”: ESTUDO DE CASO APLICATIVO MOBILE PORTAL DE OLHO NA ILHA
Jurandir Antunes Siqueira
Resumo A evolução tecnológica e a comunicação em rede através da internet permitiram a popularização dos dispositivos mobile, que por sua vez estão transformando o modo de se consumir conteúdo. Se antes era preciso sentar em frente a um computador para navegar e se atualizar com as notícias mais recentes, hoje basta ter um smartphone ou tablet para acessar informações, serviços ou interagir nas redes sociais em qualquer lugar onde haja conexão. A medida que os dispositivos vão ficando mais modernos e se adaptando as tendências de consumo, as empresas que oferecem conteúdo jornalístico e de serviços também precisam se reiventar, buscando alternativas para continuarem disputando sua fatia no competitivo e crescente mercado mobile. Este artigo aborda a trajetória de um site/portal de notícias de Florianópolis (SC), especializado em informações hiperlocais, que topou o desafio e implantou de forma pioneira em sua área de cobertura um aplicativo para atender o público conectado. O objetivo é mostrar como o app mobile do site De Olho na Ilha vem ocupando seu espaço, de que forma foi pensado, criado e quais resultados já alcançou desde que foi disponibilizado para os usuários. Para começar a entender este estudo de caso, é preciso se inspirar no próprio slogan do aplicativo: “Floripa na palma da mão”.
Palavras Chaves: aplicativos, mobile, dispositivos móveis, tecnologia, jornalismo online
1. INTRODUÇÃO
“Viver conectado o tempo todo e em qualquer lugar”. O que parecia uma teoria futurística
há menos de 20 anos, quando a internet ainda dava seus primeiros passos, hoje é realidade e
pode ser descrita como a mais pura tradução do mundo mobile. A tecnologia evoluiu e os
dispositivos de acesso à comunicação em rede ganharam forma e conteúdo, facilitando o
conhecimento e contatos sociais, entre outras possibilidades. Smartphones e tablets foram se
integrando ao estilo de vida contemporâneo, se tornando objeto de desejo e consumo que não
pára de crescer.
Segundo pesquisa do Instituto GFK da Alemanha, O número de smartphones vendidos no
mundo bateu 1,2 bilhões em 2014, percentual 23% superior ao do ano anterior. O faturamento
chegou aos US$ 381,1 bilhões, e cresceu 15%. Diferença entre os percentuais mostra que os
preços dos aparelhos cairam de 2013 para 2014. A América Latina é o local onde as vendas de
smartphones estão mais aquecidas, com 109,5 milhões de aparelhos comercializados em 2014.
Esse número é 59% maior que 2013. O faturamento cresceu 52%.
Esta popularização do mercado de dispositivos móveis faz com que empresas voltadas para
a informação e divulgação de serviços, como portais de notícias na internet por exemplo, tenham
a necessidade de investir em programas específicos como aplicativos, para agregar maior valor ao
produto. Conforme descrito em “The Mobile Play Book” (Spero, Jason – Google, 12. Ed), embora a
maioria reconheça que os dispositivos móveis agora são essenciais, muitas empresas ainda estão
inseguras quanto ao modo de operá-los para os seus negócios. Greg Stuart, diretor executivo da
Mobile Marketing Association, reconhece que a maioria dos diretores de marketing está adotando
os dispositivos móveis, “mas há uma lacuna entre saber e fazer. Eles sabem que precisam agir,
mas não sabem como”.
No Google, acredita-se que agora é o momento de preencher esta lacuna. É hora de
realizar ações e não apenas atuar no mercado para celular, mas atuar com sucesso nele. As marcas
precisam pensar seriamente sobre o que significa ter clientes portadores de dispositivos móveis,
ou seja, o aplicativo dedicado, tem que atender o usuário consumidor e suas necessidades diante
de uma estratégia que se expande além do foco, tornando-se um guia mobile confiável, como o
portal De Olho na Ilha (http://deolhonailha.com.br) se propõe. O desafio é tornar-se uma
referência de conteúdo local e aprofundar a relação com seus clientes/usuários.
administra ão de marke n acontece quando pelo menos uma parte em uma rela ão de
troca potencial procura maneiras de obter as respostas dese adas das outras partes. Essa rela ão
deve ser reconhecida e ela deve ser interpretada como arte e ci ncia da escolha de mercados-alvo
e da capta ão, manuten ão e deliza ão de clientes por meio da cria ão, entre a e comunica ão
de um maior valor para o consumidor (KOTLER & KELLER, 2006).
A proposta deste artigo é justificar e buscar respostas para a usabilidade do aplicativo De
Olho na Ilha, desde quando foi lançado nas lojas dos sistemas operacionais iOS (Apple) e Android
(Google). A pesquisa e análise pretendidas, podem vir a ser uma sugestão para planejamento de
marketing mais eficaz, melhoria ou aprimoramento do conteúdo entregue ao público-alvo. A
busca de resultados junto ao Mobile Marketing é sua consequência natural:
Mobile adver sin publicidade para audi ncias em movimento, que se conectam a
marcas, produtos e servi os atrav s de disposi vos móveis. primeiro passo ter “presen a” no
ambiente móvel, ou seja, sua marca deve ser encontrada quando o consumidor for atrás dela
atrav s de disposi vos móveis. Essa recep ão deve levar em conta conte to e localiza ão. Em
eral, do ponto de vista tecnoló ico, a solu ão su erida para presen a um site móvel otimizado
para os diferentes dispositivos (CAVALLINI RICARDO, XAVIER LÉO, SOCHACZZEWSKI, 2012
Em seu trabalho de conclusão de curso pela UNES (Universidade do Espírito Santo) com o
tema “Estrat ias de desenvolvimento de aplicativos móveis em várias plataformas”, publicado no
Blog do autor, Evandro da Silva Amparo concluiu que “independente da tecnologia utilizada,
quando se fala em dispositivos móveis o foco deve estar sempre na experiência que o aplicativo
possibilita ao usuário. Sem isto, outros requisitos importantes podem não ser suficientes para
garantir o sucesso de um aplicativo”. Diante de tantos desafios para oferecer um produto de
qualidade que atenda a expectativa dos usuários (leitores) com aplicativo dedicado, torna-se
imprescindível o planejamento das ações de marketing a serem colocadas em prática e a
apresentação de um conteúdo relevante, acima de tudo. Pensar sempre na experiência é um dos
caminhos: o grande barato é oferecer mais que produtos ou serviços. Por isso, não se deve focar
apenas em vender! Tem que se levar em consideração a questão do relacionamento e da
experiência que a marca será capaz de proporcionar, ao entrar na vida do consumidor por meio
dos dispositivos móveis.
2. OS DESAFIOS DO JORNALISMO NA ERA DIGITAL
Encarar o processo de produção e difusão das informações através das tecnologias digitais
e dentro de um contexto midiático, está sendo um desafio e tanto para quem disputa o mercado e
a audiência. É correto afirmar que vivemos uma verdadeira revolução digital, onde não basta
apenas escrever um texto e publicar na internet. Hoje tudo é multimídia, com pessoas hiper
conectadas que estão transformando o modo de consumir notícia.
Mesmo a contra-gosto, a velha mídia (leia-se jornal, televisão e rádio) vem tentando se
adequar aos novos tempos em que a internet oferece um mundo de possibilidades e descobertas
sem fronteiras, e é preciso evoluir junto com a tecnologia para sobreviver. Com a queda nas
assinaturas e diminuição das vendas de jornais e revistas, um dos sinais mais vísíveis de
esgotamento do velho modelo de negócio é o fechamento de muitas das tradicionais bancas de
jornais de rua e títulos famosos que antes eram sucesso de vendas e público já deixaram de existir
por falta de leitores interessados em ler no papel ou que migraram para o digital.
Utilizar o computador para se informar em muitos casos é mais fácil, prático e barato.
Podemos citar vários exemplos, mas vamos ficar apenas nestes dados, coletados em dois dos
maiores jornais impressos do país, a chamada grande mídia:
"Na Folha de S. Paulo, a média diária de exemplares caiu de 606 mil, em 1995, para 308
mil, em 2005, o que significa uma redução de 49%. Essa queda deve-se, sobretudo, à redução do
número de assinantes, que diminuíram em 38% no período, passando de 440,3 mil , em 1995,
para 272, 4 mil, em 2005. No jornal O Estado de S. Paulo, a circulação passou de 381 mil
exemplares, em 1995 para 230,9 mil, em 2005, o que representa uma redução de 39%.Vemos que
a redução também está associada à fuga de assinantes, que diminuíram em aproximadamente
45% em cinco anos, passando de 351, em 2000, para 195 mil, em 2005" (RIGHETTI & QUADROS,
2008).
O fortalecimento da comunicação através da web fez surgir o chamado “ ornalismo
cidadão”*, que por sua vez provocou uma fissura no monopólio informativo dos veículos
tradicionais de imprensa. O estilo de vida atual, onde se fica conectado o tempo todo, através dos
dispositivos mobile com informação colaborativa via internet e redes sociais, encurralou as
empresas de mídia, que precisaram repensar o modo de contar histórias e o seu próprio modelo
de negócio.
Diante deste quadro, é natural que o mercado publicitário caminhe para onde está o maior
número de pessoas, aqui chamados de receptores da publicidade. Como a tendência é a internet
continuar atraindo cada vez mais usuários, já é possível mensurar uma movimentação da receita
publicitária para a mídia online. Para especialistas, jornais impressos e internet são meios de
informação complementares, e não inimigos prestes a uma guerra na qual só um deles
sobreviverá (CHAPARRO 2005, MEYER 2004). Chaparro (2005, p.1), defende que a internet não
representa qualquer ameaça ao jornalismo impresso e deve ser tratada como aliada. “Em tempos
dominados pelo fascínio da imagem, a internet representa, de alguma forma, o resgate do texto.´
O único consenso entre especialistas e profissionais da mídia é o de que, para sobreviver, os
jornais deverão reavaliar e readequar seu papel (JAWSNICKER, 2008)”.
ornalista e pesquisadora Raquel Recuero entende que “Nesse conte to sur e o que
considero o primeiro desafio do jornalismo: ser um filtro. Filtrar e organizar a informação,
priorizando e aprofundando aquelas que são mais relevantes para a população. Trazer o que há de
relevante e não mais a novidade. A era do "furo" acabou. Nenhum jornalista consegue competir
com 500 milhões de fontes (que é, por exempo, a população do Facebook) que estão diretamente
conectadas às audiências. O novo desafio, que a meu ver cabe ao jornalismo, é organizar o caos
informacional, desenhando o espaço social, trazendo as informações relevantes em determinados
espa os, conte tos e locais (sim, locais, porque o ornalismo precisa ser tamb m hiperlocal)”.
Diversos estudos disponíveis para consulta na internet destacam as transformações que
acompanham a maneira de se consumir notícia. No relatório “Um modelo de ne ócio para o
ornalismo di ital”, publicado na Revista de Jornalismo ESPM (C ST C I TÚLI , 2014), em
pesquisa realizada pelo autor durante temporada como Visiting Research Fellow na Columbia
University Graduate School of Journalism, contatou-se que o jornalismo na internet decretou o fim
do produto noticioso tal como o conhecíamos.
“ notícia não nunca um produto acabado, e não há um ornal matutino ou um tele ornal
noturno que possa sintetizar, em sua totalidade, o trabalho daquela ornada”, dizem os
especialistas do Tow Center**. Sites novos de informação especializada ou geral, como o
BuzzFeed, Huffington Post, DNAInfo ou Politico, livres dos custos pesados de uma indústria
tradicional de jornalismo (com parques gráficos e grandes estruturas administrativas) conseguem
resultados dentro das expectativas. As informações internas dão conta de que estão todos dentro
dos orçamentos – uns dando lucro e outros ainda na fase de investimentos. Têm em comum o fato
de que nasceram livres da influência de uma mãe educada na indústria tradicional do jornalismo
industrial, ou seja, nasceram digitais. Do ponto de vista do conteúdo, eles avançam na ideia da
informação que não para, não tem hora, pode e deve ser refeita, têm olhos para as mídias sociais,
para novos formatos (como o BuzzFeed) e apostam em conteúdos multimídias.
O relatório, um dos mais reveladores do nosso tempo sobre o assunto, destaca também
que as empresas jornalísticas estão condenadas a ir em frente no ambiente digital, se não
quiserem morrer. Para produzir jornalismo de qualidade e perpetuar o papel de moderação
distanciada e crítica em relação aos centros cada vez mais difusos de poder, elas têm de encarar
obrigatoriamente novo modelo de negócio e outra cadeia de valor. Pior, em um ambiente de
disrupção. Os fundamentos para esta nova cadeia de valor, do ponto de vista estratégico, se
apoiam em meia dúzia de pilares que podem ser resumidos assim:
1) Não ter medo de reinventar a empresa, de começar do zero e nem de buscar colaboração dos
jovens, os nativos digitais;
2) entender que a indústria do jornalismo na era industrial era um negócio de distribuição e que a
nova realidade pede um serviço cuja administração da relação digital com o consumidor passa a
ser a chave estratégica;
3) investir em tecnologia;
4) produzir informação de acordo com o espírito de cabeças nascidas digitais (e não analógicas),
mirar no público jovem;
5) sintonizar a empresa jornalística com a realidade do compartilhamento da informação e da sua
superdistribuição – buscar escala na rede;
6) ampliar o leque de serviços que a empresa jornalística
tradicionalmente proporciona, no sentido da oferta de novos
produtos e serviços.
2.1. O Paywall vai pegar no digital?
Anunciado aos quatro ventos como a saída estratégica para as empresas jornalísticas
sobeviverem financeiramente aos novos tempos da era digital, o Paywall (modelo de acesso pago
para ler notícias dos sites onde pode-se tanto conferir a edição impressa, como o conteúdo digital
e atualizações), se mostra eficiente para empresas de nível global, apoiadas em grandes redes de
mídia, mas um enorme desafio para sites hiper locais, por exemplo.
Considerado um duro golpe para o jornalismo Ctrl+C/Ctrl+V e criticado pelos entusistas de
que tudo na internet deve ser grátis, o Paywall inicialmente adotado pelo jornalão americano The
New York Times, rapidamente foi incorporado no Brasil pela Folha de São Paulo e Estado de São
Paulo, entre outros. As empresas jornalísticas defendem na verdade um direito óbvio: cobrir os
custos pela prestação de serviços, já que mantém estruturas que geram custos e pessoal (na
prática) especializado para produzir notícias relevantes.
É certo que o sistema de Paywall funciona como uma isca de degustação: existe um limite
de reportagens que podem ser lidas de graça por mês e após isso é preciso pagar uma assinatura
para acesso ilimitado (reportagens clicadas a partir de redes sociais não entram na conta do
limite).
Pedro Burgo em artigo intitulado O que podemos fazer para salvar o jornalismo, publicado
no site ene, destaca: “ pesar de ser uma solu ão adotada cada vez mais por randes veículos, o
paywall – ou qualquer varia ão de “leitores pa antes” – como principal fonte de receita deve
funcionar até melhor em publicações menores, com temas mais específicos, desde que elas
agreguem algo bastante relevante, exclusivo e caro (no sentido de querido) ao leitor. Uma agência
de notícias sobre o mercado financeiro ou um site sobre comida, games ou futebol podem
encontrar um número de fãs/clientes suficiente para experimentar cada vez mais com modelos de
assinaturas. interessante aqui, acredito, que as “startups de ornalismo” são muito mais
enxutas em termos de custo e estão melhor posicionadas para conquistar assinaturas ou
transformar leitores (que, em veículos menores, normalmente tem uma relação muito mais
próxima com os jornalistas) em financiadores.
Enquanto buscamos entender como o jornalismo online se apresenta e se define frente
aos leitores cada vez mais segmentados e desgarrados de fontes únicas de informação, é preciso
destacar que o formato de se levar as notícias aos interessados também deve ser levado em
consideração. É aí que o mobile mostra sua importância, abrindo um universo de oportunidades
para as empresas jornalísticas.
*Jornalismo Cidadão: Segundo a Wikipédia, significa Jornalismo Colaborativo, Jornalismo
Democrático ou ainda Jornalismo de Rua. Seu conceito é baseado em cidadãos comuns, sem
formação jornalística, participando de forma ativa no processo de coleta, reportagem, análise ou
disseminação de notícias e informações.
**Tow Center: Instituto criado dentro do Curso Superior de Jornalismo da Universidade de
Columbia (Estados Unidos). Sua principal missão é explorar como o desenvolvimento da
tecnologia está mudando o jornalismo, sua prática e o seu consumo - particularmente como
consumidores de notícias buscam formas para avaliar a confiabilidade, normas e credibilidade das
informações.
2. NOTÍCIAS HIPERLOCAIS: A HORA E A VEZ DA INTERNET
A demanda por informações comunitárias sempre existiu. Não é de hoje que a imprensa
vem dedicando espaços para assuntos que interessam somente à uma cidade, bairro ou região.
Mesmo antes do aparecimento da internet os jornais já dedicavam cadernos especiais com títulos
como “Seu bairro” ou “Fala Comunidade”. Na televisão haviam espa os como “RBS Cidade”, que
mostrava problemas relacionados à buracos de rua ou eventos que interessavam aos moradores
do local em destaque.
Mas, foi talvez no rádio, que o chamado jornalismo hiperlocal ganhou consistência e
definição. Um dos modelos que deu certo até agora, mistura exatamente este conceito de rede e
hiperlocalismo. A Rádio CBN é um exemplo apurado de cobertura paroquial, abrindo espaço para
notícias e informações locais, sem esquecer da cobertura nacional, debatendo assuntos que
algumas vezes também tem a ver com a comunidade atendida por esta audiência. Não por acaso,
o slo an da rede “ rádio que toca notícia”.
Em se tratando de internet, tirando grandes portais que formam grupos de mídia
poderosos como Globo, Folha, Estadão e UOL, podemos dizer que o jornalismo hiperlocal já
nasceu com ela. E, foram os blogs que deram o primeiro passo para formatar este tipo de
conteúdo, através de espaços para comentários, publica ões colaborativas (o tradicional “Voc
Repórter”) ou ainda debates em fóruns dedicados sobre determinadas comunidades ou
reportagens investigativas, entre tantas possibilidades.
Não restam mais dúvidas que a cobertura jornalística local e hiperlocal só é possível e
viável com a participação do público na produção de notícias. É o que demonstra o ensaio
“Jornalismo Hiperlocal: luz no fim do túnel” (C STILH C RL S, 2012), onde o autor destaca: “... a
experiência também mostrou que não adianta centenas de pessoas começarem a mandar fotos ou
notícias para um jornal porque ele não terá condições para processar todo esse material. A
alternativa óbvia são sites de noticias produzidos por jornalistas independentes, que funcionam
como intermediários entre o cidadão e a imprensa”.
A principal constatação é a de que são viáveis parcerias entre os independentes e as
empresas, mediante a troca de conteúdo por audiência, no caso de microempreendedores, ou por
experiência, no caso de sites noticiosos locais patrocinados por escolas de jornalismo para formar
profissionais.
É um acordo bom para os dois lados e que garantiu a sobrevivência de projetos como o
Grand Avenue, um site de notícias hiperlocais sobre o bairro de Coconut Grove, em Miami,
produzido por estudantes da Universidade da Flórida em parceria com o jornal Miami Herald.
No artigo Jornalismo hiperlocal no contexto multimídia: um relato da experiência do jornal-
laboratório Contramão Online (LEMOS CÂNDIDA, PEREIRA REINALDO, CENTRO UNIVERSITÁRIO
UNA, 2011), temos bem clara esta visão: A valorização do jornalismo local apresenta-se como
tendência mundial, na qual comunidades podem se expressar e criar laços de identidade em
contraponto à cultura mundializada e à padronização das produções culturais e jornalísticas, em
particular. Ao mesmo tempo, o jornalismo hiperlocal é potencializado por meio das plataformas
multimídias digitais.
Eis a missão do projeto Contramão*: “Realizar a cobertura ornalística hiperlocal na re ião
que circunda a Praça da Liberdade e que se expande por mais alguns quarteirões do seu entorno,
que estão localizados no bairro de Lourdes e parte da região central de Belo Horizonte. Nossa
missão é viabilizar a publicação multimídia de informações sobre os grandes e pequenos eventos
da região, sobretudo, as manifestações culturais, já que a localização geográfica da hiperlocal
contempla importantes instituições culturais e artísticas da cidade. A missão também aborda os
problemas cotidianos e urbanos da população local (C NTR MÃ N LINE)”.
Agora já vimos que o jornalismo hiperlocal não é nenhuma novidade e se estende por
múltiplas vias de cobertura, mas é preciso dizer que com as novas tecnologias, o formato se
tornou um filão da internet, especialmente com a popularização das redes sociais. O leitor quer
encontrar aquilo que lhe interessa e se a informação estiver segmentada dentro de sua
geolocalização, maiores as chances de interatividade e divulgação. Facebook e Twitter que o
digam, só para citar duas das maiores mídias em rede que agregam amigos e seguidores, muitos
dos quais interessados em saber o que acontece ao seu redor, tendo a opção de postar e
compartilhar todo tipo de conteúdo.
Portanto, nada mais lógico e natural que sites e redes sociais voltados para cobertura local
que destaquem condições do trânsito, cobertura e resultados dos times de futebol, falta de
segurança ou eventos da comunidade, por exemplo, tenham lugar garantido entre os leitores,
ajudando a alimentar a audiência na internet com seus cliques infinitos. Segundo Gabriela Zago
(2009), a experiência hiperlocal pode ser observada no portal Bairros.com, criado em 2008,
vinculado à Globo.com. O site, produzido pela equipe de jornais locais da redação da Globo, com a
colaboração de leitores, blogs e moradores, disponibiliza notícias referentes a pequenos espaços
situados na região metropolitana do Rio de Janeiro. Com funcionamento parecido, há a editoria de
Bairros de Zero Hora e o The Local1, iniciativa do The New York Times para criar blogs com
conteúdo hiperlocal. Ainda no Brasil, temos a Agência de Notícias das Favelas**, que se utiliza da
Internet e de sites de redes sociais (como o Facebook) para reunir e veicular informações sobre
acontecimentos nas favelas brasileiras. (ZAGO, 2009, p. 7)
2.1. Jornalismo hiperlocal para inglês ver:
Na falta de um estudo mais aprimorado sobre o tema no Brasil, é interessante destacar
aqui uma das pesquisas mais recentes publicada no site do Centro para Jornalismo Comunitário do
Reino Unido*** “The State of UK Hyperlocal Community News: Survey” (WILLI NS NDREW,
2014). Conduzida por três universidades (Cardiff, Westminster e Birmingham), resultou em um
relatório detalhado sobre os sites hiperlocais do país. O estudo levou em conta a produção,
financiamento e o papel democrático de 183 veículos pesquisados.
Grande parte dos jornalistas desses sites vê sua produção explicitamente como uma forma
de jornalismo local e quase a metade deles possui treinamento ou experiência prévia na profissão.
Um dos aspectos centrais da pesquisa foi descobrir tendências na produção jornalística. A
cobertura de assuntos políticos locais é preponderante e a maioria dos sites produz campanhas e
reportagens investigativas. Quase três quartos dos entrevistados já cobriram campanhas locais e
mais de um terço já instigou uma campanha própria, normalmente sobre cortes em serviços
públicos, contabilidade governamental ou planejamento municipal.
Um dos grandes problemas detectados foi a ausência de visibilidade, onde pouquíssimos
sites alcançam uma alta porcentagem de audiência local. Pequena parcela deles consegue mais de
10 mil visitantes únicos mensais, enquanto a média entre todos os analisados é de 5 mil. Mesmo
com pouca visibilidade, a maioria dos jornalistas continua verificando um crescimento de público,
tanto em seus sites quanto nas redes sociais. Nove entre dez usam o Twitter e 79%, o Facebook.
Mas como eles se mantêm? A publicidade é a principal geradora de renda, mas outros
métodos são utilizados, como patrocínios e editais. A maioria, entretanto, financia suas atividades
com seu próprio bolso. Na pesquisa, seis de cada dez dizem que gostariam de ajuda e
aconselhamento para gerar uma renda sustentável e aumentar o número de leitores.
A conclusão foi que mesmo com a baixa proporção de veículos financeiramente bem-
sucedidos, o cenário ainda é de esperanças. Nove em cada dez jornalistas acreditam que seu
veículo irá conseguir se sustentar neste ano, e oito em dez possuem ambição de expandir seus
sites. E, um dos caminhos para essa ampliação em busca de novos leitores e anúncios passa pela
acessibilidade mobile, que já facilita e populariza com mais ênfase a forma de consumir conteúdo
online, onde o leitor estiver.
*Jornal Laboratório do curso de Jornalismo Multimídia do Instituto de Comunicação e Artes do
Centro Universitário UNA: http://contramao.una.br/
**ANF - Agência de Notícias das Favelas: http://www.anf.org.br/
***Centre for Community Journalism: http://www.communityjournalism.co.uk/research/the-
state-of-uk-hyperlocal-community-news-a-survey/
3. UM APLICATIVO PODE FAZER A DIFERENÇA
Quando se fala em aplicativo como ferramenta para expandir a presença de sites
hiperlocais, logo vem a cabeça a questão da geolocalização e por consequência uma rede social
bem conhecida: o Foursquare. Recentemente a plataforma, que é a mais popular e utilizada para
fazer check-ins em tempo real na internet, virou Swarm, ganhando funcionalidades como bate
papo e outros penduricalhos. Uma espécie de canivete digital para fortalecer a busca local e por
consequência, a interação entre os usuários que compartilham experiências, opiniões e
recomendações de determinado local ou evento.
É a partir deste caminho orientado pela geolocalização que a importância do conteúdo
hiperlocal relevante ganha espaço. Se o site na web já se confirma como fonte de informação para
seu público alvo direcionado, nada mais justo do que estar cada vez mais próximo dele, através
dos dispositivos móveis. A popularização de smartphones e tablets exige uma presença digital
estendida, através de um aplicativo dedicado.
Os números confirmam: dados da IDC (empresa líder em inteligência de mercado e
consultoria nas indústrias de tecnologia da informação, telecomunicações e mercados de consumo
em massa de tecnologia), organizados pela Abinee, apontam que o mercado de smartphones
atingiu 39,9 milhões de unidades de janeiro a setembro de 2014, e já representam 82,2% do total
de celulares comercializados. Até agosto passado, 92% dos smartphones vendidos tinham o
Android como sistema operacional. Para 2015, a chegada de novos modelos phablets
(smartphone com tela acima de 5 polegadas) devem movimentar ainda mais o mercado.
Dentro dessa perspectiva real de crescimento ao acesso mobile, é preciso destacar
também o fenômeno da multi tela, que por sua vez cria novos hábitos de consumo. Com seus
smartphones, tablets e computadores o usuário de internet pode se comunicar e interagir com
empresas. Uma conectividade que cria mais oportunidades para os profissionais de marketing e
provedores de conteúdo. Quanto mais dispositivos móveis em uso, maior a necessidade de
consumir, seja informações ou produtos. A tendência é ficarmos conectados 24 horas. Com a
adoção de múltiplas telas é possível transformar as sessões online, em conectividade constante.
Uma influência que torna possível para as famílias se reunirem na sala, para assistir TV como
antigamente. Só que a diferença, é assistir TV acessando os gadgets ao mesmo tempo, para
navegar, jogar, interagir com amigos, entre outras coisas.
Um caminho sem volta que nos faz entender que esses dispositivos agora, são parte da
nossa vida. E traduzir na prática o comportamento do consumidor multi plataforma é um passo a
mais para o sucesso das campanhas publicitárias em um universo de plataformas digitais
dedicadas e acima de tudo, segmentadas. Em The Mobile Playbook (SPERO JASON, GOOGLE, 2013)
- O guia do executivo ocupado para vencer no mercado de celular – vem a dica: “Personalize sua
experiência, não a adapte. Os clientes querem uma experiência personalizada com base no
dispositivo usado, mas ainda assim exigirão uma experiência completa. Planeje conteúdo próprio
para celular, em vez de simplesmente usar o conteúdo de seu site para computador e adaptá-lo à
uma tela de celular. Para criar um conteúdo para celular, é necessário um passo atrás e
reconsiderar toda a experiência a partir do ponto de vista e das necessidades do usuário celular.
Seu site para celular será diferente do seu site para computador não apenas por causa do
tamanho do dispositivo, mas porque o contexto dos dispositivos móveis revela uma mentalidade
diferente para seus consumidores”.
3.1. A AppEconomy entra em cena:
Sem dúvida, vivemos uma mudança de paradigmas em relação aos computadores. Já existe
até um termo para definir o mercado mobile: AppEconomy, a economia baseada em aplicativos.
Os entusiastas do setor destacam que os apps podem ser considerados máquinas de gerar
dinheiro e empregos. Sua tradução mais literal pode ser: AppEconomy é o nome que se dá para a
economia dos aplicativos que rodam em plataformas como iOS, Android, Windows e uma
infinidade de outras mais novas como as SmartTVs ou até mesmo os carros conectados. Um
universo onde desenvolvedores criam ideias como o WhatsApp ou o Instagram e que ficam
disponíveis para milhões de pessoas nos celulares e tablets mundo afora.
Mas como essa economia dos aplicativos contribui para movimentar o mercado? Dennis
ltermann escreveu em arti o para o site Midiatismo: “Nos EU , os números de empre os
relacionados a aplicativos é semelhante aos da Europa. Segundo Michael Mandel*, existem hoje
nos EUA 752.000 empregos relacionados à economia baseada em aplicativos, um aumento de 40%
em cima da mesma pesquisa feita no ano anterior. A maioria absoluta destes empregos está
relacionada à área de desenvolvimento do aplicativo, mas este mercado envolve muitas pessoas
para trabalhar com desenvolvimento visual, design de interfaces, atendimento ao cliente, suporte
técnico, trabalho com marketing e comunicação e diversas áreas diferentes, assim como qualquer
outra rande empresa”.
No Brasil, infelizmente, ainda não há nenhum estudo relacionado à economia de
aplicativos, nem quantos empregos são gerados por este setor. A falta de incentivos para
Startups** desenvolverem seus projetos ainda torna o nosso mercado tímido, na comparação
com outros países. “Se a AppEconomy abriu uma nova janela de oportunidades (os números são
impressionantes), talvez a maior janela que se abre para um país como o Brasil é que a
AppEconomy subverte essa coisa do custo Brasil que tanto nos consume, mina nossa capacidade
empreendedora e, no longo prazo, nos faz a nós mesmos os maiores prejudicados. Os ciclos se
repetem e mais uma vez patinamos e reforçamos a ideia de que somos "o país do futuro.
A AppEconomy é global -- o mercado é, de fato, potencialmente o mundo -- só como
exemplo, o Waze foi criado em Israel, um pequeno país, mas é usado no mundo todo e foi vendido
para o Google por US$ 1 bi! -- permite empreender de casa sem a necessidade de custos como
aluguel, transporte, pessoal -- pode ser feito com parceiros/sócio de qualquer lugar do mundo, ou
seja com equipes remotas que não se conhecem e usam seu tempo livre para codar e pensar
ideias -- e ainda não requer que a empresa tenha todos os departamentos e áreas que uma
empresa precisa ter, como vendas, financeiro, marketing, etc. (ao menos para come ar)”. É focar
no produto que a AppEconomy faz o resto andar. (Bob Wollheim em A oportunidade da
AppEconomy que o Brasil poderia ver – Brasil Post 2013).
*Michael Mandel: http://www.technet.org/wp-content/uploads/2012/02/TechNet-App-Economy-
Jobs-Study.pdf
**Startup: O termo "startup" sempre é sinônimo de iniciar uma empresa e colocá-la em
funcionamento.
4. O “DE OLHO NA ILHA”
Antes de entrar no estudo de caso do aplicativo, é preciso conhecer a história do site, que
é muito bem definido pelos seus criadores, na se ão “Quem Somos”: O DeOlhoNaIlha é um portal
de comunicação hiperlocal, de propriedade da NacionalVOX - Agência Digital, focado em manter
as pessoas muito bem informadas sobre Florianópolis e Região. Entrou no ar no dia 18 de
dezembro de 2008. Idealizado e criado para contribuir com o desenvolvimento econômico-social de
Florianópolis e Região por meio da informação. Nossa missão é manter muito bem informadas as
pessoas sobre Floripa e Região, organizando e compartilhando conteúdos relevantes e atualizados
da cidade. Conteúdos que mantém você conectado com Floripa: Notícias, Informações,
Oportunidades, Entretenimento, Cultura, História, Lazer, Esporte, Meio Ambiente, Turismo,
Negócios e muito mais! Nosso editorial é focado em conteúdos relacionados com Florianópolis e
região, não tendo nenhum tipo de direcionamento ou favorecimento, pois queremos ganhar
credibilidade sendo um canal de informação imparcial, ético e útil para as pessoas interessadas em
Floripa!
A audiêcia do DeOlhoNaIlha registrou em 2014 mais de 383 mil acessos com uma média de
92,55% de novas visualizações no período, o que demonstra um crescimento excelente para um
site hiperlocal. As visitas e acessos ao site demonstram o interesse de leitores não só do Brasil,
mas de países como Estados Unidos, Argentina, Índia e Portugal. Os dados foram botidos através
do Google Analytics, conforme os gráficos a seguir:
Google Analytics: Visão Geral de público
Localização: total de usuários nos países que acessaram o DONI em 2014
O Portal, que recentemente ganhou novo layout, está dividido em 7 categorias (Notícias de
Florianópolis, Diversão, Cinema, Turismo, Fotos, Câmeras ao Vivo e o INfoesporte, site dedicado à
cobertura dos dois times da capital, Figueirense e Avaí).
Printscreen do Portal feito em 29/03/2015
4.1. Nasce o aplicativo DONI
A ideia de lançar um aplicativo dedicado estava sendo arquitetada há alguns anos e se
tornou realidade em 04 de Outubro de 2013. “Chamei nosso pro ramador na poca, que é
desenvolvedor certificado da Apple e logo planejamos um esboço. Algumas alterações e
alinhamentos de programação com conteúdo e obtivemos a aprovação para ser disponibilizado na
Apple Store. Utilizamos as redes sociais e o próprio site para divulgar o acesso mobile ao DONI. A
recepção foi muito bacana por sermos pioneiros em portal hiperlocal de Florianópolis a lançar um
aplicativo”, destaca Eduardo Gentil, Diretor e criador do Portal.
O app DeOlhoNaIlha começou com o sistema iOS, mas atualmente também pode-se fazer
o download para Android. A plataforma foi criada para oferecer simplicidade e rapidez no acesso,
direto ao ponto que interessa o usuário, com uma interface minimalista e a cor padrão do Portal –
verde e branco - slogan e cinco menus: Agenda (Eventos, Festas, Shows, Baladas, Teatro), Cinema
(Programação de todas as salas da Grande Florianópolis, com trailer e sinopse), Roteiros (Dicas de
Turismo e Lazer na ilha e continente), Notícias (Notícias Gerais publicadas no site e aplicativo ao
mesmo tempo) e Alertas (Notificações de atualizações).
Colagem: telas do aplicativo
Em quase dois anos de vida, o app DeOlhoNaIlha até março de 2015, foi baixado mais de
9.930 vezes na Apple Store (5.250 downloads) e Google Play (4.680 downloads). A área que tem
mais acesso, à exemplo do Portal Web “Cinema”. atualiza ão acontece sempre nas quintas-
feiras e neste dia recebe cerca de 1.000 visitas. A segunda maior procura são as notícias e em
seguida a agenda. Toda vez que o portal tem uma novidade, ela for elevante e de conteúdo geral
com interesse coletivo, feito o “push notification” (notifica ão de aplicativo). É a se ão de
Alertas, um direrencial do app DeOlhoNaIlha. Novas funcionalidades estão previstas para serem
agregadas ao aplicativo nos próximos meses. Uma delas é investir no jornalismo cidadão na
prática, oferecendo mais um instrumento para que os leitores e a comunidade de usuários possa
contribuir com conteúdo: notícias, informações sobre serviços, críticas ou sugestões que visam
contribuir para a cidadania. A ideia é fortalecer o hiperlocalismo na sua essência.
4.2. A Rede Social dá uma força
Quando o aplicativo foi lançado, a estratégia de divulgação para torná-lo conhecido e
incentivar os downloads, foi centralizada no facebook, por ser a rede social de maior relevância e
com grande número de usuários. De acordo com dados obtidos até agora, os anúncios e posts
patrocinados, foram responsáveis por 90% dos downloads. “ estrutura de marketin di ital que
faz parte da nossa expertise no dia a dia da Agência NacionalVOX, junto aos clientes, foi
fundamental para fazer com que as pessoas pudessem conhecer e tivessem interesse em baixar o
app”, informa Eduardo Gentil.
PrintScreen dos anúncios patrocinados (Banner e Facebook)
5. EM BUSCA DA MONETIZAÇÃO
Como toda plataforma na internet, a manutenção e atualização de um aplicativo demanda
custos e horas de trabalho. Mesmo sendo uma extensão do Portal na Web, recebendo os mesmos
conteúdos e oferecido para download grátis aos usuários, o DONI Mobile enfenta o desafio de
monetizar, ou seja, buscar o retorno do investimento e o lucro através de publicidade. Desde
quando foi lançado, o projeto prevê um mínimo de três anos de massificação para que o aplicativo
se torne conhecido e todas as funcionalidades sejam implantadas e testadas, reduzindo erros e
promovendo acertos.
A partir de 2016 a intenção é rentabilizar, mas não apenas com os tradicionais anúncios
diaplay e banners. Para tanto, o setor de marketing está trabalhando em projetos de Native Adds
(publicidade nativa), com objetivo de vincular o conteúdo junto com uma marca. A estratégia é
buscar parcerias com empresas e fazer ações de “co-branding”, baseado em Native Adds.
Se undo o diretor do aplicativo Eduardo Gentil, “Queremos fazer a unção de marcas com
objetivo comum, onde vai ser trabalhado o conteúdo vinculado à pulbicidade de uma forma
natural, mas que tenha aderência. Não tem mais como vender só banners, não se sustenta.
Estamos buscando formas diferentes e inovadoras de publicidade com marcas, tendo o cuidado de
não ser intromissivo, já que a mensagem precisa ser passada naturalmente sem forçar a barra,
trazendo uma sinergia. Estamos na fase de planejamento, estudando como vai ser o processo para
implantação deste modelo de negócio”.
Como os aplicativos já trazem este diferencial da portabilidade, da facilidade de acesso na
palma da mão, a Agência dona do app não quer insistir no estilo tradicional de fazer publicidade.
Há um entendimento que as marcas não querem somente impressão (cliques), mas sim um
engajamento para fortalecer o relacionamento com seu público alvo.
Esta etapa, apesar de desafiadora, é a mais importante para a extensão do projeto. “Se
somos DeOlhoNailha com portal e aplicativo, o objetivo é alcançar o maior número de usuários da
região. Por isso necessitamos das parcerias para trabalhar alinhados em conjunto com as marcas
que estamos prospectando”, destaca.
5.1. Native Ads como modelo de negócio
Pesquisa realizada pela Magna Global revela que a mídia digital será detentora de 30% do
market share global em 2015 e, dois anos depois, em 2017, o segmento deve ultrapassar a receita
de nada menos do que a televisão nos Estados Unidos. Os anúncios em internet tiveram sua
receita publicitária aumentada em 17% em 2014, atingindo os 142 bilhões de dólares. Para este
ano o crescimento esperado fica em torno dos 15%. E não foi só a TV que perdeu força com o
avanço do mobile: as vendas de anúncios para jornais e revistas diminuíram, respectivamente,
4,3% e 7,3%. O investimento em mídia out of home, por sua vez, cresceu 3,4%. Dentro da mídia
digital, o formato de anúncio que mais prospera é a busca paga, com praticamente metade do
investimento contabilizado. Logo em seguida, os formatos em destaque são o display (21%), social
(12%) e vídeo (8%). Em 2015, espera-se que o investimento em publicidade digital represente um
terço das receitas totais, constata o estudo. Em âmbito global, este mercado deve atingir a marca
de 536 bilhões de dólares.
Entre as estratégias que fazem parte da tendência no mercado digital em 2015/2016, destaca-
se a Native Ads, ou Publicidade Nativa e consiste na prática de publicar artigos, postagens e
histórias no meio do conteúdo do site ou rede social, como post patrocinado. O conteúdo é pago e
identificado como publicidade, porém é colocado no meio do site ou canal como se fosse uma
postagem normal. Há diferentes formas de fazer e isso depende muito do canal de comunicação
em que se anuncia, como sites de conteúdo, blogs, revistas, e mídias sociais como Facebook,
Twitter, Youtube e Instagram.
A plataforma e as políticas de cada canal determinam a forma como o native advertising pode
ser feito, como postagens, imagens textos, vídeos, etc. A publicidade nativa (Native Ads) está
associada a maiores resultados e se encaixa, com perfeição, ao contexto geral do marketing de
conteúdo. Os números são impressionantes. Por exemplo: anúncios nativos aumentam 53% a
intenção de compra ao mesmo tempo que geram 82% mais interação com uma marca!
Rodolfo Ravaneda, em artigo intitulado Publicidade Nativa: Multiplique seus resultados com
anúncios publicado no site Empreendedor Cibernético compila os 5 pilares que definem um
anúncio genuinamente nativo, resumidos no infográfico:
Fonte: Empreendedor Cybernético
Native Ads é bom para os consumidores, que não tem sua experiência com o conteúdo
interrompida, não se sentindo tão invadidos, e é bom para a plataforma porque é mais uma forma
de gerar receita. E é bom também para o anunciante, porque alcança uma visibilidade melhor do
que o banner e ainda agrega valor à marca. Essa nova forma de entrar em contato com os clientes
pode ser usada para atraí-los não somente no sentido de associar conteúdo à marca, mas para os
próprios canais de conteúdo dessa empresa. Pode ser um excelente chamariz e o começo de uma
estratégia de marketing de conteúdo.
Este nova modalidade de propaganda tem sido especialmente usada para fazer mobile
marketing, já que é menos intrusiva para o consumidor e é baixa a taxa de cliques em banners na
publicidade em dispositivos móveis. Ironicamente, o maior benefício da publicidade nativa é
também o seu maior desafio. Desenvolver conteúdo e publicar de forma customizada em cada
meio e audiência torna o processo complexo, demorado e caro, pois as vezes é difícil ganhar
escala. A gestão pode também se tornar mais complexa. Dependendo do meio, a monetização e o
ROI (retorno do investimento) podem ser mais difíceis de serem estimados e medidos.
Segundo estudo da Hexagram, publishers avaliam que as formas mais efetivas de
monetização de native advertising são blogs (58%), artigos (56%) e videos (53%). Já os principais
obstáculos de uma maior adoção de native advertising são o custo (44%) e a falta de informação
sobre as origens do tráfego e outras métricas (30%).
6. CONCLUSÃO O mundo já é mobile. As pessoas estão conectadas o tempo todo e em qualquer lugar.
Conectividade com acesso fácil e rápido faz o mundo girar, e de preferência, rápido. Poder acessar
o celular e comprar pela internet ou mesmo pagar com ele é um exemplo perfeito para destacar a
infuência do acesso móvel no dia a dia. Não se admite atualmente, uma marca existir e não estar
na rede, a grande malha de conexão que influencia gostos, costumes e comportamentos em busca
dos resultados, geralmente traduzidos em vendas. Ter um aplicativo dedicado, que ofereça
alcance com poucos cliques é parte da estratégia para marcar presença, mostrando que “ser
digital é ser envolvente e interativo”.
Com as vendas de computadores pessoais caindo e as de smartphones e tablets
aumentando, conforme demostram todos os estudos produzidos na área, abre-se um mercado
imenso para que o acesso mobile seja levado até onde está a demanda. Mas apesar das evidências
se apresentarem, com o intenso desejo do consumidor em passar o tempo todo conectado em
seus gadgets, ainda existe um certo descaso com a visão de futuro, que neste caso já é presente.
E, se formos voltar a atenção para as empresas que se dedicam ao setor de informação e serviços,
ter um aplicativo para iPhone ou Android que ofereça conteúdos adaptados e inovadores, pode
fazer toda a diferença para a sobrevivência de mercado.
Mas, não basta ter um aplicativo e querer fazer dele um sucesso, se as estratégias não
forem ousadas. A iniciativa do DeOlhoNaIlha sempre teve esta premissa: lançar um app que seja
sustentável para se integrar à uma estrutura existente, mas que também possa ser rentável
relevante para seu público. Público este que, graças a internet, está facilmente ao alcance, seja
por ações promocionais e mensuradas ou anúncios patrocinados através das redes sociais.
Vale citar aqui o novo desenho do consumidor, que ho e pode ser chamado de “Prosumer”
ou Prosumidor, uma mistura de consumidor com produtor. Bem informado, curte compartilhar e
comprar coisas. Tudo em rede. É o tipo de fã de uma marca que precisa ser ouvido e monitorado.
Seu comportamento, se gerar dois comentários positivos em uma rede com 1.500 amigos,
potenciais consumidores, vai fazer eco em algum canto da internet. O perfil de consumidor que
fala bem de uma marca no Facebook, por exemplo, tem a possibilidade de influenciar na
preferência de amigos e seguidores.
Pelo que se pode observar neste estudo de caso, uma boa estratégia de marketing baseada
em planejamento e parcerias, pode consolidar o produto (aqui definido como o aplicativo em si) e
torná-lo lucrativo para se manter. A aposta do DeOlhoNaIlha na publicidade nativa, tida como a
principal tendência para o segmento mobile, deve ser percebida como investimento, pois mais do
que nunca, vai precisar da parceria de empresas que acreditem no projeto para dar certo. Com as
ferramentas adequadas que possam se integrar nesse ambiente puramente digital, é possível
atingir as conversões, mas novamente é preciso insistir na importância do planejamento, ações de
SEO, usabilidade e integração com a mídia social.
Ter um aplicativo, significa uma conexão bem próxima entre a marca e o consumidor. É
fundamental possuir um objetivo claro com focos estratégicos, seja no download, aquisição
orgânica, re-compra ou ranking, entre outros fatores. Os desenvolvedores de aplicativos e suas
audiências precisam de ajuda com a aquisição de clientes de forma rentável, e não focar apenas
nas métricas fúteis, como o número de downloads. É aí que entra o “inbound marketing”.
O inbound marketing emprega várias metodologias de ação ganhou maturidade e cresceu
muito nos últimos anos. Podemos aprender muito com o nosso passado e aplicá-lo para o nosso
futuro. Podemos pegar o que sabemos e aplicar no mobile marketing. Destaco aqui três
estratégias de inbound marketing para aplicativos móveis simples que estão proporcionando
resultados, todos adotados na prática pelo app DONI: ser social, contar sua própria história e
conquistar a audiências dos fãs desde o primeiro dia.
“Se voc for realmente relevante para o público, eles vão prestar aten ão em voc ”
(Martha Gabriel- escritora e especialista em mídias digitais).
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