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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE MATEMÁTICA ESTATÍSTICA E COMPUTAÇÃO CIENTÍFICA MONOGRAFIA TEOREMA DO RESTO CHINÊS MA673 Dario Silva Nascimento RA 139391 Felipe Ferreira RA 120919 Marcel Bento de Oliveira RA 119826 Campinas Setembro 2016

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE …ftorres/ENSINO/... · problema é utilizado o conceito de congruências e o teorema em questão. Quando o general alinha suas tropas,

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE MATEMÁTICA ESTATÍSTICA E COMPUTAÇÃO CIENTÍFICA

MONOGRAFIA

TEOREMA DO RESTO CHINÊS

MA673

Dario Silva Nascimento RA 139391

Felipe Ferreira RA 120919

Marcel Bento de Oliveira RA 119826

Campinas Setembro 2016

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Sumário

Conteúdo

Sumário ......................................................................................................................................... 2

Introdução ..................................................................................................................................... 3

Um pouco mais sobre a História do Teorema Chinês do Resto ................................................ 3

O Desenvolvimento do Teorema do Resto Chinês .................................................................... 4

Sistemas de congruências ............................................................................................................. 7

Exemplo1 ................................................................................................................................... 7

Solução: ................................................................................................................................. 7

Exemplo 2 .................................................................................................................................. 8

Solução: ................................................................................................................................. 8

Aplicação ..................................................................................................................................... 10

Teorema Chinês dos Restos ........................................................................................................ 12

Demonstração ......................................................................................................................... 12

(Parte 1) ............................................................................................................................... 12

(Parte 2) ............................................................................................................................... 13

Conclusões .................................................................................................................................. 15

Referências .................................................................................................................................. 16

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Introdução

O teorema chinês dos restos - bem como diversos outros assuntos estudados em matemática -

surgiu a partir de algum problema prático. Neste trabalho, articularemos sobre as origens do

teorema, sua parte histórica, aplicações e demonstração.

Não se sabe ao certo, mas a história mais comum sobre o surgimento deste teorema é através

do tipo de contagem que os generais chineses realizavam sobre suas tropas antes e após as

batalhas. Eles ordenavam que as tropas formassem várias colunas com um determinado

tamanho e depois contavam quantas sobravam, e faziam isto para vários tamanhos diferentes.

Por exemplo, um general chinês possuía 1200 tropas antes da guerra. Após a guerra, ele

alinhou as tropas de 5 em 5 de forma que sobraram 3 tropas. Quando alinhou de 6 em 6,

também sobraram 3 tropas. Quando alinhou de 7 em 7, sobrou 1 tropa. E quando alinhou de

11 em 11, não sobrou nenhuma tropa. Quantas tropas o general tinha? Para resolver este

problema é utilizado o conceito de congruências e o teorema em questão.

Quando o general alinha suas tropas, formando colunas de tamanho n, ele está realizando

uma divisão do número de tropas por n, e depois verificando seu resto. Na prática, contar o

resto é muito mais fácil que contar o número total ou o quociente. Daí então o surgimento do

teorema. Resolveremos este exemplo mais adiante.

Um pouco mais sobre a História do Teorema Chinês do Resto

O mais antigo problema de resíduo do mundo foi descoberto no século III, no manuscrito

chinês intitulado Sun Zi Suanjing 孙子算经 (Manual de aritmética do mestre Sun), do qual o

autor era desconhecido.

Atualmente, o problema do resto de Sun Zi Suanjing é popularmente conhecido como o

Teorema Chinês do Resto, pelo motivo da sua primeira aparição no manuscrito do matemático

chinês.

O Teorema do Resto Chinês foi encontrado no Capitulo 3, problema 26 do Sun Zi Suanjing:

Existe um numero desconhecido de objetos, se nós contarmos de 3 em 3, teremos

resto 2, se contarmos de 5 em 5, teremos resto 3, se contarmos de 7 em 7, teremos

resto 2. Descubra o número de objetos.

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Além da questão, o autor Sun Zi Suanjing também providenciou a resposta e o método da

solução como segue abaixo:

Desde a antiguidade, existem muitas pesquisas que foram feitas sobre o Teorema Chinês do

Resto, e atualmente esse teorema evoluiu para uma forma sistemática que pode facilmente

ser descoberto em muitos textos matemáticos.

Desde sua primeira aparição em Sun Zi Suanjing, o Teorema do Resto Chinês continua atraindo

muitos matemáticos antigos de outras civilizações para discutir e acrescentar comentários nos

seus respectivos estudos matemáticos.

O Desenvolvimento do Teorema do Resto Chinês

Somente uma solução foi encontrada em Sun Zi Suanjing. O autor não nos da maiores

explicações do porque os números 70,21 e 15 foram escolhidos nem porque um múltiplo de

105 precisa ser subtraído da soma dos produtos que foram adicionados. O método da solução

em Sun Zi Suanjing sem uma elaboração mais aprofundada levantou muitas questões dentre

os pesquisadores que desejavam dominar o método por completo.

Durante o século XI, o matemático muçulmano Ibn Tahir al-Baghdadi discutiu o Teorema

Chinês do Resto em seu manuscrito AITakmilafi 'lim ai-Hisab. O módulo que ele colocou foi o

mesmo que Sun Zi Suanjing, o qual 𝑚1 = 3, 𝑚2 = 5, 𝑚3 = 7. Entretanto, seu problema foi

𝑥 ≡ 𝑎(𝑚𝑜𝑑 3) ≡ 𝑏(𝑚𝑜𝑑 5) ≡ 𝑐(𝑚𝑜𝑑 7)que não é inteiramente o mesmo que Sun Zi

Suanjing. Estava claro que Ibn Tahir havia avançado em suas escritas sobre o problema do

resto, no qual a,b e c eram restos arbitrários dados em seu problema.

É interessante notar que Ibn Tahir foi o primeiro matemático na antiguidade a explicar a

relação do porque os números 70,21 e 15 foram relacionados com o módulo 3,5 e 7

respectivamente. Ele explicou que para cada módulo, o número relacionado era obtido pela

multiplicação de outro módulo envolvido no problema, dados que os pares são relativamente

primos entre si. Depois disso, a divisão era feita na soma da multiplicação repetidamente ate

que o resto seja 1.

Resposta: 23.

Método: Se contarmos de 3 em 3 e tivermos resto 2, consideramos 140. Se

contarmos de 5 em 5 e tivermos resto 3, consideramos 63. Se contarmos de 7 em 7

e tivermos resto 2, consideramos 30. Adicionando-os, obtemos 233 e subtraindo

210 chegamos a resposta. Se contarmos de 3 em 3 e tivermos resto 1,

consideramos 70. Se contarmos de 5 em 5 e tivermos resto 1, consideramos 21. Se

contarmos de 7 em 7 e tivermos resto 1, consideramos 15. Quando (um número)

excede 106, o resultado é obtido subtraindo por 105.

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O Teorema Chinês do Resto encontrou o seu caminho para a Europa no famoso manuscrito

matemático do Italiano Leonardo Fibonacci, em 1202 intitulado Liber Abaci. Embora o módulo

dado seja o mesmo, o problema do resto no Liber Abaci era levemente diferente que o de Sun

Zi Suanjing no sentido que um dos restos dados era diferente. Entretanto, o método da

solução dada no Liber Abaci era completamente o mesmo que em Sun Zi Suanjing.

Desde Sun Zin Suanjing, o Teorema Chinês do Resto não foi descoberto novamente por

nenhum manuscrito chinês até o século XIII, no livro Xugu Zhaiqi Suanfa 續古摘奇算法

(Continuação do Método Matemático para Esclarecer o Desconhecido) em Yang Hui

Suanfa 楊輝算法 (O Método Computacional de Yang Hui). Yang Hui Suanfa foi uma coleção de

3 livros do Matemático Chinês Yang Hui em 1278.

O problema do resto em Xugu Zhaiqi Suanfa foi exatamente o mesmo que o problema do resto

original e a mesma solução única foram dados para o problema. Em Xugu Zhaiqi Suanfa, Yang

Hui claramente estabeleceu o que ele havia pego o problema do resto do Sun Zi Suanjing.

Entretanto, acrescentou no problema do resto original, propondo outro problema e tornando

assim 4 problemas de resto.

Fibonacci foi o primeiro Europeu a levar adiante a discussão sobre o Teorema do Resto Chinês

em suas escritas. Mais tarde, no século XIV e XV, Isaac Argyros e FraterFrederius discutiram o

problema do resto chinês em suas dissertações Eisagoge Arithmetic e Munich Manuscript

respectivamente, com a mesma solução dada pelo matemático mulçumano Ibn Tahir. Frater

Frederius foi o único matemático depois de Ibn Tahir que ofereceu uma explicação em relação

a um número especifico que era relacionado com o seu respectivo módulo, um mistério não

resolvido desde Sunzi Suanjing.

Não é nenhuma surpresa que a discussão do problema do resto nos trabalhos de Argyros e

Frederius foram similares aos de Ibn Tahir. Em geral muitos trabalhos

de matemáticos europeus na antiguidade eram bastante influenciados em suas pesquisas

pelos trabalhos dos matemáticos muçulmanos. Fibonacci foi o pioneiro dos matemáticos

europeus que fez pesquisas extensivas nos trabalhos matemáticos muçulmanos como Tara'if

al-Hisab do Abu Kamil. Ele mais tarde incorporou muitos dos problemas em seu grande

manuscrito Liber Abar.

A ordem do desenvolvimento cronológico do Teorema do Resto Chinês segue abaixo:

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Matemático

Século

Título do manuscrito

Civilização

Sun Zi

3

Sun Zi Suanjing

Chinesa

Ibn Tahir

11

Al-Tàkmila fi’ Ilm Al- Hisab

Árabe

Leonardo Fibonacci

13

Liber abaci

Europeia

Yabg Hui

13

Buku Xuga Zhaiqi Suanfa dalam

Yang Hui Suanfa

Chinesa

Isaac Argyros

14

Eisagog’ e Arithm’etik’e

Europeia

Frater Frederius

15

Munich Manuscript

Europeia

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Sistemas de congruências

Exemplo1

Em um cesto, há uma quantidade N de ovos. Se os ovos forem agrupados de 3 em 3,

sobram 2. Se os ovos forem agrupados de 4 em 4, sobra 1. Quantos ovos pode haver

no cesto?

Solução:

• 𝑁 ≡ 2 𝑚𝑜𝑑 3 → 𝑁 = 3.𝑎 + 2, 𝑎 ∈ ℕ (1)

• 𝑁 = 1 𝑚𝑜𝑑 4 (2)

Substituindo (1) em (2):

𝑁 ≡ 3.𝑎 + 2 ≡ 1 𝑚𝑜𝑑 4

3.𝑎 + 2 ≡ 1 𝑚𝑜𝑑 4

3.𝑎 ≡ −2 + 1 𝑚𝑜𝑑 4

3.𝑎 ≡ −1 𝑚𝑜𝑑 4

3.𝑎 ≡ 3 𝑚𝑜𝑑 4

Como 3 e 4 são co-primos, vale a lei do cancelamento, assim:

𝑎 ≡ 1 𝑚𝑜𝑑 4

𝑎 ≡ 4. 𝑏 + 1, 𝑏 ∈ ℕ (3)

Substituindo (3) em (1):

𝑁 = 3 4.𝑏 + 1 + 2 = 12. 𝑏 + 3 + 2 = 12. 𝑏 + 5 ⟹𝑁 ≡ 5(𝑚𝑜𝑑12)

Portanto, a quantidade de ovos é 5.

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Exemplo 2

Um general possui 2000soldados para uma batalha. Terminado o confronto o general

precisou verificar suas baixas. Então, mandou que os soldados formassem alinhados de

7 em 7 e verificou que sobraram 5. Em seguida, ordenou que formassem alinhados de

9 em 9 e verificou que sobraram 4. Por fim, fez com que os soldados formassem

alinhados de 10 em 10 e sobrou apenas 1.

Quantos soldados morreram em combate se há mais de 1500 indivíduos na formatura?

Solução:

Podemos traduzir o enunciado do seguinte modo:

• 𝑁 ≡ 5(𝑚𝑜𝑑 7) (1)

• 𝑁 ≡ 4(𝑚𝑜𝑑 9) (2)

• 𝑁 ≡ 1(𝑚𝑜𝑑 10) (3)

Reescrevemos (1) como:

𝑁 = 7.𝑎 + 5 (4)

Substituindo (4) em (2);

7.𝑎 + 5 ≡ 4 𝑚𝑜𝑑 9 ⟹ 7.𝑎 ≡ −5 + 4 𝑚𝑜𝑑 9 ⟹

7.𝑎 ≡ −1(𝑚𝑜𝑑 9) ⟹ 7.𝑎 ≡ 8(𝑚𝑜𝑑 9)

Considerando que não vale a lei do cancelamento, procuramos a classe inversa do 7,

módulo 9. Note que 4 é a classe inversa, pois:

4.7 ≡ 1(𝑚𝑜𝑑 9)

Então,

1𝑎 ≡ 32 𝑚𝑜𝑑 9 ⟹ 𝑎 ≡ 5 𝑚𝑜𝑑 9 ⟹ 𝑎 = 9𝑏 + 5 (5)

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Substituindo (5) em (4):

𝑁 = 7. 9𝑏 + 5 + 5 ⟹𝑁 = 63𝑏 + 40 (6)

Aplicando (6) na equação (3):

63𝑏 + 40 ≡ 1 𝑚𝑜𝑑 10 ⟹ 3𝑏 + 0 ≡ 1 𝑚𝑜𝑑 10 ⟹ 3𝑏 ≡ 1(𝑚𝑜𝑑10)

Novamente, não é possível fazer o cancelamento; então, buscamos a classe de inversa

de 3, módulo 10. Note que 7 é a classe inversa pois:

3.7 ≡ 1(𝑚𝑜𝑑 10)

Logo,

7.3𝑏 ≡ 7.1 𝑚𝑜𝑑 10 ⟹ 21𝑏 ≡ 7(𝑚𝑜𝑑 10) ⟹

1𝑏 ≡ 7 𝑚𝑜𝑑 10 ⟹ 𝑏 ≡ 7 𝑚𝑜𝑑 10 ⟹

𝑏 = 10. 𝑐 + 7 𝑐 ∈ ℕ (7)

Substituindo (7) em (6):

𝑁 = 63. 10𝑐 + 7 + 40 ⟹𝑁 = 630𝑐 + 481 ⟹𝑁 ≡ 481(𝑚𝑜𝑑 630)

Observe que630 = 7.9.10que são os módulos do sistema inicial, mas isso não é uma

coincidência, e mais á frente entenderemos o porque.

As soluções para o sistema são:

𝑁 = 481 𝑚𝑜𝑑 630

{481, 1111, 1741,… }

A Solução que procuramos está limitada pelo enunciado entre 1500 e 2000; assim, a

solução para o problema é 1741.

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Aplicação

Dado o exemplo resolvido pelo sistema de congruências, vamos resolver o mesmo

problema utilizando um algoritmo que se justifica pelo teorema chinês dos restos.

𝐴 𝑀 𝑀′ (𝑀′)−1 𝐴.𝑀. (𝑀′)−1 𝑁 ≡ 5(𝑚𝑜𝑑 7) 5 90 6 6 2700

𝑁 ≡ 4(𝑚𝑜𝑑 9) 4 70 7 4 1120

𝑁 ≡ 1(𝑚𝑜𝑑 10) 1 63 3 7 441

Para a construção da tabela acima consideramos que:

•Na primeira coluna, descrevemos as equações dadas no problema.

•Na segunda coluna, 𝐴, preenchemos com os restos de cada equação.

•Na terceira coluna, 𝑀, o primeiro número está associado à primeira equação de

modo que, tomamos o produto dos dois outros módulos, ou seja:

₋ Referente à equação 𝑁 ≡ 5(𝑚𝑜𝑑 7), tem-se 𝑀 = 9.10 = 90, e assim

sucessivamente.

•Na quarta coluna, 𝑀′, escrevemos a classe de equivalência de cada um dos elementos

da terceira coluna𝑚𝑜𝑑 7, 𝑚𝑜𝑑 9 𝑒 𝑚𝑜𝑑 10.

90 (𝑚𝑜𝑑 7) ≡ 6

70 (𝑚𝑜𝑑 9) ≡ 7

63 (𝑚𝑜𝑑 10) ≡ 3

•Na quinta coluna, (𝑀′)−1,calculamos a classe inversa de cada elemento da coluna 𝑀′,

sempre respeitando o módulo referente a cada linha.

A classe inversa de 6 (𝑚𝑜𝑑 7) é 6, pois 6.6 = 36 ≡ 1 (𝑚𝑜𝑑 7).

A classe inversa de 7 (𝑚𝑜𝑑 9) é 4, pois 7.4 = 28 ≡ 1 (𝑚𝑜𝑑 9).

A classe inversa de 3 (𝑚𝑜𝑑 10) é 7, pois 3.7 = 21 ≡ 1 (𝑚𝑜𝑑 10).

•Na sexta coluna, 𝐴.𝑀. (𝑀′)−1, fazemos o produto dos elementos, referentes à cada

linha

A resposta para o nosso problema será dada em (𝑚𝑜𝑑 7.9.10) e somando-se os

resultados da sexta coluna, ou seja:

4261 𝑚𝑜𝑑 630 ⟹ 481(𝑚𝑜𝑑 630)

Assim, as possíveis respostas para o número 𝑁têm a forma:

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𝑁 = 481 + 630𝑛que nos permite as soluções {481, 1111, 1741, 2371,… }e, como

já vimos, a solução é 1741.

Conhecido o algoritmo, segue o enunciado do teorema chinês dos restos.

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Teorema Chinês dos Restos

Sejam 𝑚1 ,𝑚2 ,… ,𝑚𝑘 inteiros positivos primos dois a dois. Então o sistema

𝑥 ≡ 𝐴1(𝑚𝑜𝑑 𝑚1)

…𝑥 ≡ 𝐴𝑘(𝑚𝑜𝑑 𝑚𝑘)

Tem solução única (𝑚𝑜𝑑(𝑚1 .𝑚2 .… .𝑚𝑘))

Apresentado o algoritmo, faremos a generalização e, a partir da sua compreensão,

estabeleceremos a demonstração do teorema.

𝐴 𝑀 𝑀′ (𝑀′)−1 𝐴.𝑀. (𝑀′)−1

𝑥 ≡ 𝐴1(𝑚𝑜𝑑 𝑚1)

...

𝑥 ≡ 𝐴𝑘(𝑚𝑜𝑑 𝑚𝑘)

𝐴1

... 𝐴𝑘

𝑀1

...

𝑀𝑘

𝑀′1

...

𝑀′𝑘

(𝑀′1)−1

...

(𝑀′𝑘)−1

... ∗

Este algoritmo mostra a solução do nosso sistema de congruências tem a forma:

𝑋 = 𝐴1 .𝑀1 . (𝑀1′)−1 + 𝐴2 .𝑀2 . (𝑀2′)

−1 + ⋯+ 𝐴𝑘 .𝑀𝑘 . (𝑀𝑘 ′)−1

Em que:

𝑀1 = 𝑚2 .𝑚3 .𝑚4 .… .𝑚𝑘

𝑀2 = 𝑚1 .𝑚3 .𝑚4 .… .𝑚𝑘

𝑀3 = 𝑚1 .𝑚2 .𝑚4 .… .𝑚𝑘

𝑀4 = 𝑚1 .𝑚2 .𝑚3 .… .𝑚𝑘

… 𝑀𝑘 = 𝑚1 .𝑚2 .𝑚3 .… .𝑚𝑘−1

Demonstração

(Parte 1)

Mostrar que existe solução e que esta solução tem forma:

𝑋 = 𝐴1 .𝑀1 . (𝑀1′)−1 + 𝐴2 .𝑀2 . (𝑀2′)

−1 + ⋯+ 𝐴𝑘 .𝑀𝑘 . (𝑀𝑘 ′)−1

Para tanto, reescreveremos a suposta solução em módulo 𝑚1:

(𝑚𝑜𝑑 𝑚1 )𝑋 = 𝐴1 .𝑀1 . (𝑀1′)−1 + 𝐴2 .𝑀2 . (𝑀2′)

−1 + ⋯+ 𝐴𝑘 .𝑀𝑘 . (𝑀𝑘 ′)−1

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Note que, 𝑀2 = 𝑚1 .𝑚3 .𝑚4 .… .𝑚𝑘 , isto é, 𝑚1|(𝐴2.𝑀2 . (𝑀2′)−1).

Assim, podemos dizer que 𝐴2 .𝑀2 . (𝑀2′)−1 ≡ 0(𝑚𝑜𝑑 𝑚1).

De forma análoga, estendemos a ideia para os termos seguintes:

𝑚1| (𝐴3 .𝑀3 . (𝑀3′)

−1) ⟹ 𝐴3 .𝑀3 . (𝑀3′)−1 ≡ 0(𝑚𝑜𝑑 𝑚1)

…𝑚𝑘 | (𝐴𝑘 .𝑀𝑘 . (𝑀𝑘 ′)

−1) ⟹ 𝐴𝑘 .𝑀𝑘 . (𝑀𝑘 ′)−1 ≡ 0(𝑚𝑜𝑑 𝑚1)

Assim, temos que,

(𝑚𝑜𝑑 𝑚1 )𝑋 = 𝐴1 .𝑀1. (𝑀1′)−1

Mas, tratando-se de congruências, podemos trocar 𝑀1pela classe de

equivalência (𝑚𝑜𝑑 𝑚1 ):

(𝑚𝑜𝑑 𝑚1 )𝑋 = 𝐴1 .𝑀1. (𝑀1′)−1 ≡ 𝐴1 .𝑀′1 . (𝑀1′)

−1. De forma que

(𝑚𝑜𝑑 𝑚1 )𝑋 ≡ 𝐴1. Mostramos que o modelo resolve a primeira equação do

sistema de congruências.

Utilizando a mesma ideia nas outras equações do sistema, podemos verificar que:

(𝑚𝑜𝑑 𝑚1 )𝑋 ≡ 𝐴1 .𝑀1 . (𝑀1′)

−1 ≡ 𝐴1 .𝑀′1 . (𝑀1′)

−1 ≡ 𝐴1

(𝑚𝑜𝑑 𝑚2 )𝑋 ≡ 𝐴2 .𝑀2 . (𝑀2′)−1 ≡ 𝐴2 .𝑀′

2 . (𝑀2′)−1 ≡ 𝐴2

… (𝑚𝑜𝑑 𝑚𝑘 )𝑋 ≡ 𝐴𝑘 .𝑀𝑘 . (𝑀𝑘 ′)

−1 ≡ 𝐴𝑘 .𝑀′𝑘 . (𝑀𝑘 ′)

−1 ≡ 𝐴𝑘

Deste modo, mostra-se que o modelo proposto resolveu as k equações do sistema de

congruências.

(Parte 2)

Tendo visto que o sistema de congruências tem solução da forma

𝑋 = 𝐴1 .𝑀1 . (𝑀1′)−1 + 𝐴2 .𝑀2 . (𝑀2′)

−1 + ⋯+ 𝐴𝑘 .𝑀𝑘 . (𝑀𝑘 ′)−1

Vamos mostrar que essa solução é única (𝑚𝑜𝑑(𝑚1 .𝑚2 .… .𝑚𝑘))

Vamos supor que exista uma solução 𝑦 tal que 𝑦 ≢ 𝑥. Como 𝑦 é solução do

sistema, em particular

𝑦 ≡ 𝐴1(𝑚𝑜𝑑 𝑚1)𝑥 ≡ 𝐴1(𝑚𝑜𝑑 𝑚1)

⇒ 𝑦 − 𝑥 ≡ 0(𝑚𝑜𝑑 𝑚1) ⇒ 𝑚1|𝑦 − 𝑥

Analogamente;

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𝑚2|𝑦 − 𝑥𝑚3|𝑦 − 𝑥

…𝑚𝑘 |𝑦 − 𝑥

Como 𝑚1 ,𝑚2 ,… ,𝑚𝑘 são primos entre si 2 a 2, pode-se afirmar que

(𝑚1 .𝑚2 .𝑚3 .… .𝑚𝑘)|𝑦 − 𝑥 ⇒ 𝑦 − 𝑥 ≡ 0(𝑚𝑜𝑑(𝑚1 .𝑚2 .𝑚3 .… .𝑚𝑘)), que é

um absurdo! Isso mostra que a solução é única

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Conclusões

Fica claro que na utilização do teorema em questão e do algoritmo, o problema da

contagem de grandes grupos torna-se, de certa forma, muito mais fácil e eficiente.

Portanto o Teorema dos Restos Chinês é de suma importância nesse tipo de problema.

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Referências

https://pt.wikipedia.org/wiki/Teorema_chin%C3%AAs_do_resto

Monografias do acervo

http://legauss.blogspot.com.br/2009/06/o-general-e-o-teorema-chines-dos-

restos.html

Introdução à Aritmética Modular; George Darmiton da Cunha Cavalcanti; CIn – UFPE

https://www.youtube.com/watch?v=tcgi_4DRZM0